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Geografia das ReligiõesProf. Yuri Xavier
O que é?
Geografia da religião é o estudo do impacto da geografia, ou seja, do lugar e do
espaço, na crença religiosa.
Outro aspecto da relação entre religião e geografia é a "geografia religiosa", na qual
as ideias geográficas são influenciadas pela religião, como na fabricação de mapas
e a "geografia bíblica", que se desenvolveu no século XVI para identificar locais
citados na Bíblia.
Religião: definição
A palavra religião deriva do termo latino Re-Ligare, que significa religação com o divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas
de pensamentos que tenham como característica fundamental um conteúdo
metafísico, ou seja, além do mundo físico.
As religiões são formadas por histórias, muitas vezes mitos de personagens que, de
alguma forma, conseguiram convencer as pessoas de que há um ser maior –ou
vários seres maiores, no caso das religiões politeístas –que criou tudo e tudo
controla. Desde que o ser humano passou a se organizar em cidades, impérios e
grupos cada vez maiores, as crenças são difundidas, incorporam traços culturais de
outros povos conquistados e sofrem transformações ao longo dos anos.
Tipos de religiões: Politeísmo
Politeísmo: sistema ou crença religiosa que admite mais de um deus.
Deuse
segíp
cio
s.
Tipos de religiões: Monoteísmo
Monoteísmo: doutrina religiosa que defende a existência de uma única divindade.
Culto ou adoração de um único deus.
Principais religiões
Atualmente existem inúmeras religiões
sendo praticadas no mundo, as principais
são:
Principais religiões: Cristianismo
Cristianismo: 29% da população mundial éadepta ao Cristianismo. A religião que temcomo única divindade Jeová – ou Javé –possui algumas vertentes, como oProtestantismo, idealizado por MartinhoLutero e o Cristianismo Ortodoxo, quesurgiu após a separação do ImpérioRomano em 476 d.C. A Igreja CatólicaRomana está mais presente nas Américas(com exceção dos Estados Unidos, quepossui grande maioria protestante), naÁfrica Central e na Europa Ocidental. AIgreja Ortodoxa possui mais adeptos naEuropa Oriental e na Rússia. Já oProtestantismo está presente na Austrália,no sul da África e nos países escandinavos;
Principais religiões: Islamismo
Islamismo: 23% da população mundial segue atradição do Islamismo, que tem em Alá suadivindade e em Maomé, o principal nomeprofético. A distribuição de pessoas que têmcomo religião o Islamismo é feitaprincipalmente no Norte da África, em todo oOriente Médio e no sudoeste asiático. Háduas principais vertentes do Islã: os xiitas e ossunitas. Embora haja seguidores das duasvertentes em quase todo o Oriente Médio, aconcentração de xiitas é muito menor eresume-se ao Iraque, ao Irã e ao Iêmen.Outras vertentes menos conhecidas tambémexistem, mas possuem poucos seguidores.
Principais religiões: Hinduísmo
Hinduísmo: a religião tradicional indiana é praticada por mais de um bilhão de pessoas
em todo o mundo, ou seja, aproximadamente 15% da população mundial. Mais da
metade vive na Índia e no Nepal, mas há praticantes em mais de 15 países em todo o
mundo, incluindo os Estados Unidos. A principal divindade é o Brâman, mas há várias
divindades adoradas e cultuadas pelos praticantes do Hinduísmo. Brâman, na
verdade, pode assumir vários avatares e representar várias entidades, o que faz com
que o Hinduísmo seja de certa forma politeísta.
Budismo: é uma religião criada por Buda, um príncipe chamado Sidarta Gautama.
Surgiu na Índia, no século VI a.C. Dentro do budismo não existe hierarquia, até
porque não há um deus, somente um líder espiritual, que é o Buda. No mundo
existem cerca de 400 mil seguidores, sobretudo, na Ásia.
Principais religiões: Budismo
Ateísmo e Agnosticismo
Ateísmo: doutrina ou atitude de espírito que nega
categoricamente a existência de Deus, asseverando a
inconsistência de qualquer saber ou sentimento direta ou
indiretamente religioso, seja aquele calcado na fé ou
revelação, seja o que se propõe alcançar a divindade em
uma perspectiva racional ou argumentativa.
Denominação atribuída às concepções heterodoxas ou
dubitativas a respeito da existência da divindade, tais
como o panteísmo, o ceticismo, o deísmo enciclopedista
etc.
Agnosticismo: doutrina que reputa inacessível ou incognoscível ao entendimentohumano a compreensão dos problemas propostos pela metafísica ou religião (aexistência de Deus, o sentido da vida e do universo etc.), na medida em queultrapassam o método empírico de comprovação científica.
Religião e globalização
Atualmente a geografia das religiões é bem
definida, mas, com a globalização atingindo
um nível surpreendente de câmbio entre os
povos, é possível encontrar seguidores de
uma religião do extremo oriente do planeta
morando no extremo ocidente e vice-versa.
A disposição dos povos nos dias atuais é
importante para entendermos a geografia
das religiões e como estas religiões exercem
influências positivas e negativas sobre os
povos do mundo.
A religião e o fanatismo
Fanatismo religioso é uma forma de fanatismo caracterizada pela devoção incondicional,
exaltada e completamente isenta de espírito crítico, a uma ideia ou concepção
religiosa. Em geral, o fanatismo religioso também se caracteriza pela intolerância
em relação às demais crenças religiosas. Um fanático religioso é, muitas vezes, um
indivíduo disposto a se utilizar de qualquer meio para afirmar a primazia da sua fé
sobre as demais.
Fanatismo religioso
Há na história mundial vários exemplos de pessoas que usam a religião como
preceito para praticar atos de crueldade e “seleção” daqueles que – segundo os
“conceitos da religião” – são as únicas pessoas dignas de permanecer. Casos como
as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, pelo Nazismo, pelas Cruzadas,
entre tantos outros, são exemplos de que o fanatismo religioso, sobretudo
aquele que não leva em conta as crenças alheias, pode provocar diversos
sentimentos – inclusive ódio e insensibilidade – nas pessoas que praticam
religiões. O poder de interpretação que o ser humano tem é o que torna as
diversas crenças tão importantes, mas tão perigosas para a manutenção da
ordem e da vida na Terra.
Religiões e conflitos atuais
Depois da II Guerra Mundial, a ONU adotou a Declaração Universal dos DireitosHumanos, que colocava em pauta o “respeito universal e observância dos direitoshumanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, línguaou religião”. O ideal foi reforçado em 1999, ano em que líderes budistas,protestantes, católicos, cristãos ortodoxos, judeus, muçulmanos e de várias outrasreligiões se reuniram para assinar o Apelo Espiritual de Genebra. O documentopedia aos líderes políticos e religiosos algo simples: a garantia de que a religiãonão fosse mais usada para justificar a violência.
Passados muitos anos e outras muitas tentativas de garantir a liberdade religiosa,grande parte dos conflitos que hoje acontecem no mundo ainda envolve crenças edoutrinas, que se misturam a uma complexa rede de fatores políticos, econômicos,raciais e étnicos. De “A a T”, conheça alguns conflitos atuais que têm, entre suasmotivações, a intolerância religiosa
Afeganistão
Grupos em conflito: fundamentalistas radicais muçulmanos e não-muçulmanos
O Afeganistão é um campo de batalhas desde a época em que Alexandre, oGrande, passava por lá, em meados de 300 a.C. Atualmente, dois gruposdisputam o poder no país, em um conflito que se desenrola há anos. De umlado está o Talibã, movimento fundamentalista islâmico que governou o paísentre 1996 e 2001. Do outro lado está a Aliança do Norte, organizaçãopolítico-militar que une diversos grupos demográficos afegãos que buscamcombater o Regime Talibã.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Aliança do Norte passou areceber o apoio dos Estados Unidos, que invadiram o Afeganistão em buscado líder do Al-Qaeda, Osama Bin Laden, estabelecendo uma nova repúblicano país. Em 2011, americanos e aliados comemoraram a captura e morte dolíder do grupo fundamentalista islâmico responsável pelo ataque às TorresGêmeas, mas isso não acalmou os conflitos internos no país, que continuasendo palco de constantes ataques talibãs.
Nigéria
Grupos em conflito: cristãos e muçulmanos
Não é apenas o rio Níger que divide o país africano: a população
nigeriana, de aproximadamente 148 milhões de habitantes, está
distribuída em mais de 250 grupos étnicos, que ocuparam diferentes
porções do país ao longo dos anos, motivando constantes disputas
territoriais. Divididos espacialmente e ideologicamente estão também os
muçulmanos, que vivem no norte da Nigéria, e cristãos, que habitam as
porções centro e sul. Desde 2002, conflitos religiosos têm se acirrado no
país, motivados principalmente pela adoção da sharia, lei islâmica, como
principal fonte de legislação nos estados do norte. A violência no país já
matou mais de 10 mil pessoas e deixou milhares de refugiados.
Iraque
Grupos em conflito: xiitas e sunitas
Diferentes milícias, combatentes e motivações se misturam no conflito
que tem lugar em território iraquiano. Durante os anos de 2006 e 2008, a
Guerra do Iraque incluía conflitos armados contra a presença do exército
dos Estados Unidos e também violências voltadas aos grupos étnicos do
país. Mas a retirada das tropas norte-americanas, em dezembro de 2011,
não cessou a tensão interna. Desde então, grupos militantes têm liderado
uma série de ataques à maioria xiita do país. O governo iraquiano estima
que, entre 2004 e 2011, cerca de 70 mil pessoas tenham sido mortas.
Israel
Grupos em conflito: judeus e mulçumanos
Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina em um Estado judeu e outro árabe. Um anodepois, Israel foi proclamado país. A oposição entre as nações árabes estourou umaguerra, que, com o crescimento do território de Israel, deixou os palestinos sem Estado.Como tentativa de dar fim à tensão, foi assinado em 1993 o Acordo de Oslo, que deuinício às negociações para criação de um futuro Estado Palestino. Tudo ia bem até chegara hora de negociar sobre a situação da Cisjordânia e da parte oriental de Jerusalém – dasquais nem os palestinos nem os israelenses abrem mão.
Na Palestina, as eleições parlamentares de 2006 colocaram no poder o grupofundamentalista islâmico Hamas. O grupo é considerado uma organização terrorista pelasnações ocidentais e fracassou em formar um governo ao lado do Fatah – partido queprega a reconciliação entre palestinos e israelenses. O Hamas assumiu o poder da Faixade Gaza. E o Fatah chegou ao da Cisjordânia, em conflitos que se prolongaram atéfevereiro de 2012, quando os dois grupos fecharam um acordo para a formação de umgoverno. Mas segundo o site da Al Jazeera, rede de notícias do Oriente Médio, a rixacontinua. Eleições parlamentares e presidenciais serão conduzidas nos dois territórios e atensão internacional permanece pela possibilidade do Hamas voltar a vencer no processoeleitoral.
Sudão
Grupos em conflito: muçulmanos e não-muçulmanos
A guerra civil no Sudão já se prolonga há mais de 46 anos. Estima-se que os
conflitos, que misturam motivações étnicas, raciais e religiosas, já tenham
deixado mais de 1 milhão de sudaneses refugiados. Em maio de 2006 o
governo e o principal grupo rebelde, o Movimento de Libertação do
Sudão, assinaram o Acordo de Paz de Darfur, que previa o desarmamento
das milícias árabes, chamadas janjawid, e visava dar fim à guerra. No
mesmo ano, no entanto, um novo grupo deu continuidade àquela que foi
chamada de “a pior crise humanitária do século” e considerada genocídio
pelo então secretário de estado norte-americano Colin Powell, em 2004.
Tailândia
Grupos em conflito: budistas e mulçumanos
Um movimento separatista provoca constantes e violentos ataques no sul
da Tailândia e criou uma atmosfera de suspeita e tensão entre
muçulmanos e budistas. Apesar dos conflitos atingirem os dois grupos,
eles representam parcelas bastante desiguais do país: segundo dados do
governo tailandês, quase 90% da população do país é budista e cerca de
10% muçulmana.
Tibete
Grupos em conflito: Partido Comunista da China e budistas
A regulação governamental aos monastérios budistas teve início
quando o Partido Comunista da China marchou rumo ao Tibete,
assumindo o controle do território e anexando-o como província, em
1950. Mais de meio século se passou desde a violenta invasão, que
matou milhares de tibetanos e causou a destruição de quase seis mil
templos, mas a perseguição religiosa permanece. Um protesto pacífico
iniciado por monges em 2008 deu início a uma série de protestos no
território considerado região autônoma da República Popular da China.
Religiões do mundo
Religião no Brasil
A religião no Brasil é muito diversificada e caracteriza-
se pelo sincretismo. A Constituição prevê a liberdade
de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente
separados, sendo o Brasil um Estado laico. A legislação
brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância, sendo
a prática religiosa geralmente livre no país. Segundo
o Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de
2005, elaborado pelo Departamento de Estado dos
Estados Unidos, a "relação geralmente amigável entre
religiões contribui para a liberdade religiosa" no
Brasil. O Brasil é um país religiosamente diverso, com
a tendência de mobilidade entre as religiões e o
sincretismo religioso.
Principais religiões e crenças no Brasil e
seus seguidores (ano de 2000, IBGE)Religião ou Crença Nº de seguidores noBrasil
Igreja Católica Apostólica Romana 124.980.132
Igreja Católica Ortodoxa 38.060
Igreja Batista 3.162.691
Igreja Luterana 1.062.145
Igreja Presbiteriana 981.064
Igreja Metodista 340.963
Assembleia de Deus 8.418.140
Congregação Cristã do Brasil 2.489.113
Igreja Universal do Reino deDeus 2.101.887
Igreja do EvangelhoQuadrangular 1.318.805
Igreja Deus é Amor 774.830
Outros Penteconstais / Neopentecostais 2.514.532
Igreja Adventista do SétimoDia 1.209.842
Testemunhas de Jeová 1.104.886
Mórmons 199.645
Espiritismo 2.262.401
Umbanda 397.431
Budismo 214.873
Candomblé 127.582
Igreja Messiânica 109.310
Judaísmo 86.825
Tradições esotéricas 58.445
Islamismo 27.239
CrençasIndígenas 17.088
Orientais (bahaísmo, hare krishna, hinduísmo,taoísmo, xintoísmo, seicho-no-iê) 52.507
Outras religiões 41.373
Sem declaração / nãodeterminadas 741.601
Sem religião 12.492.403
Dados de 2010 (Censo do IBGE):
Católica Apostólica Romana: 64,6%
Evangélicas: 22,2%
Espírita: 2%
Umbanda e Candomblé: 0,3%
Sem religião 8%
Outras religiosidades: 2,7%
Não sabe / não declarou:0,1%
Religiões no Brasil: 1872 a 2010