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9º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Sala de Recuperação Anestésica e Central de Material e Esterilização
9º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Sala de Recuperação Anestésica e Central de Material e Esterilização
GERENCIAMENTO DE MATERIAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Maria Lúcia Habib PaschoalEnf. Assistente Técnico de Direção
Superintendência- HU-USP
IntroduçãoOs recursos materiais
tendência de maior utilização desses recursos na atenção à saúde
influenciando o crescimento de seus custos.
Necessidade de reflexão sobre gastos, captação de recursosfinanceiros e otimização de resultados.
Em relação à composição dos custos hospitalares, observa-se que os materiais são fatores que mais elevam esses custos após o quadro de
pessoal, reforçando a necessidade e a importância de dados e informações sobre os materiais e seus custos (Long, 2005).
IntroduçãoHospital Universitário da USP
ü Materiais de consumo 49% do custeio do hospital.
Esses recursos representam, em média, de 15% a 45% do orçamento das organizações hospitalares brasileiras
(Castilho, Leite, 1991; Vecina Neto, Ferreira Júnior, 2001).
ü O HU trabalha com cerca de 3.000 itens de materiais de consumo, cuja média mensal de unidades consumidas é de 1.500.000, com custo anual de R$18.800.000,00.
Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Materiais informatizado (SGM)
ü O Impacto dessa reestruturação redução de consumo e estoque de material diminuição dos custos.
1º setor assistencial do hospital a ser implantado o SGM.Centro Cirúrgico Maior consumo de material médico hospitalar (R$2.060.991,69 -
17,54% - 19 setores assistenciais do hospital).
Gerenciamento de materiais em hospitais
Informatização do processo de gerenciamento de materiais
ü A aplicação de tecnologia de informação no processo logístico de materiais em serviços de saúde é escasso no Brasil. Sistemas informatizados foram implantados em algumas organizações de saúde privadas e mais estruturadas economicamente. No entanto, não há nenhuma referência na literatura nacional sobre essas experiências.
ü O sistema informatizado, utilizando código de barras e leitoras ópticas para o gerenciamento de materiais nas organizações de saúde, tem sido utilizado em alguns países, como Estados Unidos, França e Canadá.
Gerenciamento de materiais do HU-USPSistema Tradicional ( desde 1981).
Os materiais eram distribuídos aos usuários, conforme as cotas de material preestabelecidas com reposição em datas fixas.
Problemas apresentados: previsão mensal com cotas mal-dimensionadas, perda de controle do estoque, desconhecimento total do consumo, desperdício e extravio de material, ocorrendo um custo elevado para a instituição.
Sistema de Gestão de Materiais informatizado - SGM (desde 2008).
Modelo pautado no sistema Just in Time:ü eliminação do desperdício, estoque mínimo; ü reposição de materiais a partir de uma demanda real existente; ü distribuição dos materiais com mais frequência e em pequenas quantidades nos setores do
hospital.
Criação de software:Um sistema de informação compatível e integrado aos sistemas preexistentes no HU, utilizadoo conceito de três camadas (apresentação, negócio, armazenamento de dados), as ferramentas de desenvolvimento NET (Dot Net) e o banco de dados Oracle (Conallen, 2002).
Gerenciamento de materiais do HU-USPSistema de Gestão de Materiais - SGM
SNDSND ALMOXARIFADOALMOXARIFADO
MEDMED
PEDPED
AMBAMB
HDHD
HEMODIALHEMODIAL
MET GRAFMET GRAF
ENDOSCENDOSC
ANAT PATOLANAT PATOL
AS VAS V AS IVAS IV AS IIIAS III AS IIAS II
AS IAS I
FarmáciaFarmácia
UTI InfUTI Inf UTI AdUTI Ad PA InfPA Inf PA AdPA Ad CCCC
CIRCIR
ACAC
BERBER
RADIOLRADIOL
COCO
LABORATLABORAT
CMECME
UBASUBAS
SNDSND ALMOXARIFADOALMOXARIFADO
MEDMED
PEDPED
AMBAMB
HDHD
HEMODIALHEMODIAL
MET GRAFMET GRAF
ENDOSCENDOSC
ANAT PATOLANAT PATOL
AS VAS V AS IVAS IV AS IIIAS III AS IIAS II
AS IAS I
FarmáciaFarmácia
UTI InfUTI Inf UTI AdUTI Ad PA InfPA Inf PA AdPA Ad CCCC
CIRCIR
ACAC
BERBER
RADIOLRADIOL
COCO
LABORATLABORAT
CMECME
UBASUBAS
Fluxo de estoque e de Área de Suprimentos – SGM
Reestruturação do processo de logística de materiais no hospital.
Gerenciamento de materiais do HU-USP
Sistema de Gestão de Materiais - SGM
O SGM foi planejado contemplando três áreas:
ü compras;
ü estoque;
ü produção.
Processo do SGM- ciclo de vida de um material dentro do HU-USP.
Gerenciamento de materiais do HU-USP
Área de Suprimentos-I
(AS-I)
Equipe do SGM:
ü administrador do sistema
ü enfermeiro
ü técnico de enfermagem
Gerenciamento de materiais do HU-USPProdução de kit da Área de Suprimentos – I
Gerenciamento de materiais do HU-USP Consumo (baixa) do material da Área de Suprimentos – I
Gerenciamento de materiais do HU-USPDevolução (estorno) do material para Área de Suprimentos – I
Gerenciamento de materiais do HU-USPDevolução (estorno) do material para Área de Suprimentos – I
Informar o número do KIT
ou a matrícula do paciente
Itens do KIT
Itens pedidosavulsos
Gerenciamento de materiais do HU-USPPesquisa realizada
Comparados dois modelos de gestão de materiais: -Sistema Tradicional- SGM
Dados levantados: - quantidade e o custo dos materiais consumidos e estocados no Centro Cirúrgico;
- procedimentos cirúrgicos realizados; - intercorrências no intraoperatório;- características dos pacientes.
No período do estudo, não houve modificações na equipe cirúrgica e nem nas técnicas das cirurgias mais realizadas.
Campo de estudo
Centro Cirúrgico
Gerenciamento de materiais do HU-USP
População e amostra
População 400 itens de materiais médico-hospitalares utilizados no Centro Cirúrgico.
Amostra 293 materiais médico hospitalares - consumo e estoque de materiais antes
e após a implantação do SGM (não foi possível obter todos os dados dos
400 itens no ano de 2007)
Para o estudo do consumo de materiais dos 81 kits, trabalhou-se com os 400 itens.
Período da coleta de dados
01 de fevereiro a 31 de maio de 2007 4 meses anterior à implantação do SGM,01 de fevereiro a 31 de maio de 2008 4 meses após 44dias do início da implantação do
SGM
Análise dos dadosCaracterização do movimento cirúrgico e dos pacientes no período estudado
Movimento cirúrgico
Total de 3.036 cirurgias realizadas.
ü Em 2007 1.581 cirurgias.ü Em 2008 1.455 cirurgias.
Cirurgias mais realizadas: ü Apendicectomia
ü Laparotomia exploradora
ü Colecistectomia vídeo laparoscópicaü Herniorrafia inguinal unilateral
Teste não-paramétrico
de Mann-Whitney (p=0,343)
Caracterização dos pacientesü Predomínio do sexo masculino ( 52% e 54%).
ü Idade média de 41,83 (52%) e 41,70 (55,6%).
ü Classificação física do paciente na classe 1 (52% e 55,6%) Considerado saudável normal, sem distúrbio fisiológico, psicológico, bioquímico ou orgânico.
ü Cirurgias de pequeno porte (52,0% e 52,4%).
ü Intercorrências durante as cirurgias do ano de 2008 porcentagem e número maior de casos (teste qui-quadrado de <0,001) do que o ano de 2007.
Talvez a justificativa do dado encontrado possa ser
atribuída a uma melhor notificação pelos
médicos.
42.765,0045.824,50Mediana
6.445,005.722,70dp 8,13
41.115,2544.753,50Média
46.72447.034Maio
44.80944.615Abril
40.72150.418Março
32.20736.947Fevereiro
% DE REDUÇÃO20082007MÊS
Análise dos dadosComparação do consumo e do custo mensal do material
400 itens de materiais 107 não foi possível obter dados em 2007.
Foram estudados 293 itens de materiais.
Tabela 1 - Total de itens consumidos em cada mês nos anos de 2007 e 2008, São Paulo -2008
Análise dos dadosComparação do consumo e do custo do material por item
Consumo do material por item.
Tabela 2 - Valores do número de itens de materiais, média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo de materiais consumidos, segundo os anos de estudo, São Paulo – 2008
3742.62503.133,34561,302932008
0,001
5341.00003.279,35610,972932007
pMEDIANAMÁXIMOMÍNIMOdpMÉDIANANO
A quantidade média de itens consumidos em 2007 é significativamente maior que em 2008.
Análise dos dadosComparação do consumo e do custo do material por item
Consumo total dos itens de materiais.
Dos 293 itens 177 itens diminuíram
103 itens aumentaram
13 itens mantiveram iguais
Redução61%
Aumento35%
Igual4%
Figura 1. Distribuição da quantidade de itens de materiais consumidos no ano de 2008, comparados ao ano de 2007, São Paulo - 2008
Análise dos dados
Comparação do consumo e do custo do material por itemCusto total dos 293 itens.
467.234,06
457.153,99
420.000,00 430.000,00 440.000,00 450.000,00 460.000,00 470.000,00 480.000,00
ano 2008
ano 2007
Figura 2. Distribuição do custo do material consumido nos anos de2007 e 2008. São Paulo-2008
ü Aumento de R$10.080,07.ü Atribuída aos 103 itens (35,15%) que tiveram aumento do consumo dos materiais e
que representam unitariamente um custo maior.Com o SGM é possível conhecer o consumo real dos materiais, com uma
tendência em diminuir o consumo e não necessariamente diminuir o custo.
Análise dos dados
Comparação do consumo e do custo do material por item
Tabela 3 - Distribuição do número de itens de material e a porcentagem do custo por unidades consumidas no ano de 2007 e 2008, São Paulo - 2008
100,00100,00293Total
19,5022,10178Menor que 100 unidades consumidas
80,5077,90115100 a 45.000 unidades consumidas
200820072007 e 2008
CUSTO %ITENSUNIDADES CONSUMIDAS
Análise dos dadosComparação do consumo e do custo do material por itemTabela 4- Relação do consumo e do custo dos materiais que apresentaram de 100 a45.000 unidades consumidas nos anos de 2007 e 2008, São Paulo – 2008
- 960,90523,40130Atadura algodão ortopédico 10cm x1,80m18
32461,28158350,34120Cateter intravenoso perif´érico 14g83
13828,111248731,241.102Torneira 3 vias plástico282
-33208,008003121.200Saco p/ lixo 30L branca 59x62cm 238
1715.133,446171.896,96228Condensador higroscópio adulto102
- 7516,0010064,00400Saco plástico branco leitoso 20 x 40 cm placenta240
-264.500,439396.058,091.264Compressa gaze branco 30cm x 30cm campo op.96
62294,25697181,53430Sonda de aspiração traqueal 14 fr259
-50172,006883451.380Compressa gaze branco 7,5cm x 7,5cm estéril99
28879,091.981687,831.550Luva cirúrgica 8,0 estéril220
-1010.125,731.98911.199,902.200Campo impermeável 110-150cm x 200-230cm mesa44
- 6636,57159108,10470Sabonete de glicerina 20 g236
- 4918,5430936,00600Agulha hipodérmica 13mm x4,5mm descartável5
-322.526,781.69536972.480Equipo macrogotas128
- 2327.520,733.83235.909,095.000Compressa gaze branco 45x 45 cm campo op. estéril97
-13138,472.385159,662.750Agulha hipodérmica 30mm x 7mm descartável8
- 5111,0712322,50250Seringa 3 ml descartável244
-8917,003.275998,483.566Seringa 20ml descartável243
-18510,823.204621,793.900Seringa 10ml descartável241
-82.126,853.8672.318,804.216Escova assepsia seca132
Custo R$Consumo
QtCusto R$
Consumo Qt
% da diferença dos anos
20082007
DESCRIÇÃO DO MATERIALCÓDIGO
Análise dos dados
Comparação do consumo e do custo do material por item
Sistema tradicional - a manutenção de altos estoques, materiais em abundancia,induz o consumo excessivo e desenfreado do material.
Sistema Just in Time - real necessidade de uso, controle de consumo, evitar desperdícios e minimizar custos (Barbieri, Machline, 2006; Pozo, 2007).
“É criar a cultura de pensar antes de consumir”.
Dos 115 itens que apresentaram acima de 100 a 45.000 unidades consumidas:
ü 70 (60,87%) itens apresentaram redução;
ü 45 (39,13%) itens apresentaram aumento do consumo de material.
Análise dos dadosComparação do consumo e do custo do material por item52 itens de fios cirúrgicos
Figura 3. Quantidade dos fios cirúrgicos consumidos nos anos de 2007 e 2008, São Paulo - 2008
Dos 52 tipos de fios, 1 (1,92%) manteve a mesma quantidade consumida, 23 (44,24%) diminuíram e 28 (53,84%) aumentaram.
O mito de grandes consumos, muitos tipos de fios e alto custo é consequência de um estoque em grandes quantidades por desconhecimento real do consumo de fios.
Quantidade de fios cirúrgicos
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
180
181
182
183
184
185
186
187
188
Item 2007 2008
Qua
ntid
ade
35,327.31464,750.10277.416Total em 2008
37,97.28462,111.92219.206Maio
34,37.04565,713.47120.516Abril
37,57.67462,512.79120.465Março
30,85.31169,211.91817.229Fevereiro
% DE AVULSOS EM RELAÇÃO AO
TOTAL
TOTAL DE ITENS AVULSOS
CONSUMIDOS% DE KIT
TOTAL DE ITENS CONSUMIDOS
DOS KIT
TOTAL DE ITENS CONSUMIDOS
MÊS/2008
Análise dos dados
Consumo dos kits cirúrgicos e anestésicos em 2008
No período de fevereiro a maio de 2008, foram utilizados 81 kits, envolvendo
a população de 400 itens de materiais.
Tabela 5- Distribuição de itens consumidos em 2008, São Paulo - 2008
Análise dos dadosConsumo dos kits cirúrgicos e anestésicos em 2008
No Hospital Universitário, a meta é aumentar em até 80% o consumo de materiais em kit e diminuir cada vez mais os materiais consumidos de maneira avulsa.
Dos 81 kits utilizados, 54(66,6%) um consumo de material abaixo de 51,9%.
O kit de toracotomia infantil é o kit que apresenta a menor porcentagem de itens consumidos com 19,2%.
Ou seja, 80,8% do material deste kit não são consumidos e são devolvidos para a Área de Suprimentos do CC.
Consumo dos materiais dos kits mais utilizados no CC do HU-USP
ü O consumo de materiais do kit anestésico adulto é de 33,8%;
ü O kit de cirurgia laparoscópica com 42,7% dos materiais utilizados;
ü O kit de laparotomia exploradora com 43,6 %;
ü O kit de herniorrafia com 51,9%.
-12,4699.724,85-26,2263.662700.180,00179.140799.904,80242.802TOTAL
-3,235.730,95-15,348.497171.612,1046.892177.343,1055.389Maio
-10,3619.953,00-25,5115.450172.570,2045.097192.523,2060.547Abril
-23,9555.892,61-37,6526.317177.423,4043.575233.316,0069.892Março
-9,2218.148,29-23,5113.398178.574,3043.576196.722,6056.974Fevereiro
% CUSTOCUSTO% QTDEQTDECUSTO (R$)QTDECUSTO (R$)QTDE
DIFERENÇA DOS ANOS20082007
MÊS
Análise dos dadosAvaliação do estoque de materiais do Centro Cirúrgico no período estudado
Tabela 6- Distribuição mensal de itens estocados no Centro Cirúrgico nos anos de 2007 e 2008, São Paulo - 2008
Análise dos dadosAvaliação do estoque de materiais do Centro Cirúrgico no período estudado
Como será possível estocar itens sem conhecer o consumo real dos materiais?
O estoque de materiais do Centro Cirúrgico foi reestruturado em 2008 eliminar o desperdício, diminuir os itens estocados
desnecessários, otimizar espaço e minimizar custos.
Desse modo, ao implantar o SGM em 2008, utilizando o ponto mínimo e o abastecimento com reposição contínua do material, possibilitou avaliar e obter um nível de estoque menor e, consequentemente, a diminuição do custo.
Conclusão
Portanto, o SGM é uma ferramenta indispensável para obter dados do consumo real, do estoque e auxiliar na gestão de materiais para reduzir o desperdício e o capital empatado desnecessariamente.