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Gestão da Comunicação: diferencial no Projeto de Extensão Hora de Falar de
Bullying1
Josenia AUSTRIA2
Juliana Lima Moreira RHODEN3
Valmor RHODEN4
Universidade Federal do Pampa, São Borja.
RESUMO
Este trabalho apresenta resultados parciais do projeto de extensão Hora de Falar de
Bullying, desenvolvido pelos cursos de Relações Públicas-ênfase em produção cultural
e Licenciatura em Ciências Humas da Unipampa e, posteriormente incluindo outros
cursos, de forma interdisciplinar. Para isso, primeiramente, traz o estudo bibliográfico a
cerca do tema Bullying, conceitos, envolvidos e consequências deste problema que afeta
de forma negativa o ambiente escolar. Em seguida, mostra as estratégias desenvovidas
no projeto, analisando-se por fim, o envolvimento do gestor da comunicação, neste
caso, o Relações-Públicas, utilizando suas estratégias e habilidades para o alcance dos
objetivos do projeto.
PALAVRAS-CHAVE
Bullying; Escola; Extensão; Violência na Escola; Relações-Públicas.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas as questões relativas a violência escolar, entre elas, o
fenômeno Bullying está no centro de amplas discussões, inclusive vemos surgir projetos
de lei que obriga as escolas a adotarem medidas de prevenção, conscientização,
diagnose e combate ao Bullying. Trata-se de uma temática que vem tendo grande
importância e que merece atenção também por parte das universidades.
1 Trabalho apresentado no IV SIPECOM - Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação.
2 Estudante de Graduação 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Relações Públicas – ênfase em produção
cultural da UNIPAMPA, e-mail: [email protected]
3 Coordenadora do projeto. Professora de Psicologia da UNIPAMPA, email: [email protected]
4 Orientador do trabalho. Coordenador do Curso de Comunicação Social – Relações Públicas – ênfase em produção
cultural da UNIPAMPA, email: [email protected]
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O projeto de Extensão Hora de Falar de Bullying: fomentando discussões com a
comunidade escolar de São Borja traz uma proposta interdisciplinar e de ações
articuladas, visando a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão e procura viabilizar a
relação transformadora entre a universidade e a sociedade, possibilitando a produção e a
troca de conhecimentos. A proposta deste projeto iniciou nos cursos de Relações
Públicas – ênfase em Produção Cultural e Licenciatura em Ciências Humanas, da
Universidade Federal do Pampa, atualmente conta também com a inserção de
acadêmicos dos cursos de Publicidade e Propaganda, Ciências Políticas e pós-graduação
em Políticas e Intervenção em Violência Intrafamiliar, além de voluntários da
comunidade que atuam em suas diversas de suas ações.
A proposta do projeto surgiu de uma demanda das escolas que participaram em
2012 do projeto de extensão: “Educação Emocional na Escola: O aluno aprendendo
novas formas de Ser e Conviver”, que teve como objetivo principal auxiliar no
desenvolvimento pessoal e social de jovens alunos. A queixa de alguns professores e
alunos sobre determinados comportamentos agressivos e o fato de muitas vezes não
saberem o que fazer, levou-nos a discussão do tema Bullying no decorrer do projeto e
nos instigaram a querer aprofundar e ampliar essa reflexão com mais alunos e
professores, e incluindo também os pais.
Assim, foram definidos como públicos-alvo pais, alunos, professores e
comunidade em geral. E como objetivo principal, informar, conscientizar e mobilizar a
comunidade escolar a cerca do fenômeno Bullying, a fim de alertar para o problema
muitas vezes banalizado e confundido com brincadeiras entre crianças e adolescentes.
Para desenvolvê-lo foi seguida a seguinte metodologia:
a) Pesquisa bibliográfica, discussões e capacitações em grupo.
b) Parceria com instituições públicas, dentre elas a coordenadoria regional
de educação, oito escolas estaduais do município e empresas privadas
com apoios e patrocínios.
c) Pesquisa de campo – questionário aplicado a 921 alunos de 4º a 6º ano,
do ensino fundamental, buscando verificar a incidência de Bullying.
d) Palestras com pais.
e) Formação de professores.
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f) Atividades artísticas de conscientização do tema – teatro, música,
brincadeiras, debate e interação com alunos.
g) Publicidade e propaganda – criação de cartilha, camisetas, banner, estes
para dar apoio às atividades direcionadas e VT, spot’s, releases para
circulação nos meios de comunicação (rádio, jornais e televisão).
h) Site – foi criado no endereço: <horadefalardebullying.com.br>, com
objetivo de registrar fotos e notícias do projeto, disseminar conhecimento
sobre o tema e dar subsídio aos professores com sugestão de atividades,
livros, filmes, artigos e outros.
i) Mostra de projetos anti-bullying – esta ação, esta em andamento e tem
por objetivo propiciar discussões em sala de aula de sobre bullying e
metodologias de prevenção, bem como, integrar as várias escolas
participantes, em um único evento, onde alunos e professores apresentam
os resultados (projetos criados em cada escola), incentivando as mesmas
na sua implementação.
j) Avaliação de cada estratégia de acordo com suas especificações e
compiladas em relatório final.
Assim, as páginas posteriores apresentarão detalhadamente como foi e esta
sendo desenvolvida cada etapa deste projeto de extensão, iniciando pela exposição dos
conceitos preliminares sobre Bullying.
Por fim, analisa, o envolvimento do gestor da comunicação, neste caso, o
Relações-Públicas, utilizando suas habilidades e conhecumento na construção do
planejamento, entendendo e aproximando públicos, desenvolvendo a pesquisa,
utilizando seus contatos com a mídia, coordenando a execução do projeto, e com sua
experinência em imagem institucional, disponibilizando recursos e atraindo
investimentos de organizações parceiras que buscam agregar valor através imagem
positivas ao associarem-se em projetos de repercussão social.
Conceitos preliminares
A violência é entendida por diferentes culturas, como o uso excessivo do
emprego de força contra algo ou alguém. É compreendida, também, como, qualquer
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ação que se afasta de sua natureza, que invade os limites de tolerância pessoal e/ou
social e, não respeita a peculiaridade da pessoa humana. Uma das formas de violência
debatida e que tem merecido atenção por parte de pesquisadores, é denominada na
literatura internacional, bullying.
De acordo com Costa (2011, p.360):
É um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou
psicológica, intencionais e repetitivos, praticados por um individuo
(bully – valentão) ou grupo de indivíduos com a intenção malévola e
com objetivo determinado de intimidar ou agredir fisicamente,
moralmente, outro indivíduo, (ou grupo de indivíduos) incapazes de se
defender.
Bullying trata-se de um comportamento na maioria das vezes consciente,
intencional, deliberado, hostil e repetido, de uma ou mais pessoas, cuja intenção é ferir
outros. Pode assumir várias formas, tais como: violência e ataques físicos; gozações
verbais, apelidos e insultos; ameaças e intimidações; extorsão ou roubo de dinheiro e
pertences; exclusão do grupo de colegas, etc.
Apesar de muitas vezes banalizado, considerado como simples comportamento
de um grupo de crianças ou adolescentes, justificado como brincadeiras sem grandes
consequências, as consequências do bullying podem ser desastrosas. Podem inclusive,
tomar proporções infinitamente maiores das que pretendia o agressor, desde a
diminuição da autoestima, suicídio e até atitudes agressivas com resultados homicidas.
Há três tipos de pessoas envolvidas no bullying, considerados os personagens do
bullying: o agressor, a vítima e os espectadores.
O agressor ou autor de bullying tende a envolver-se em uma variedade de
comportamentos antissociais e geralmente desde cedo apresenta uma aversão às normas,
com muita dificuldade de aceitar serem contrariados ou frustrados. Silva (2010, p.43) ao
se referir aos agressores, aponta:
Eles podem ser de ambos os sexos. Possuem em sua personalidade
traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, estas
características estão associadas ao um perigoso poder de liderança
que, em geral, é obtido ou legitimado através da força física ou de
intenso assédio psicológico. O agressor pode agir sozinho ou em
grupo. Quando ele esta acompanhado de seus “seguidores”, seu poder
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de “destruição” ganha reforço exponencial o que amplia seu território
de ação e sua capacidade de produzir mais e novas vítimas.
Dentre os protagonistas do bullying estão também as vitimas, geralmente são
crianças e adolescentes mais retraídos, tímidos e inseguros, com baixa autoestima, têm
poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de
agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixa autoestima, resistem ou recusam-se a
ir para escola, chegando a desenvolver várias consequências psíquicas e
comportamentais. Silva (2010) cita como principais consequências: sintomas
psicossomáticos, transtorno do pânico, fobia escolar, fobia social, transtorno de
ansiedade generalizada, depressão, anorexia e bulimia, transtorno obsesssivo-
compulsivo (TOC), transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e ainda outros
quadros menos frequentes como esquizofrenia, suicídio e homicídio.
Em relação a estas consequências, a autora, salienta:
[...] a vulnerabilidade de cada indivíduo, aliada ao ambiente externo,
ás pressões psicológicas e ás situações de estresse prolongado, pode
deflagrar transtornos graves que se encontravam, até então,
adormecidos. Desta forma, devemos refletir de maneira bastante
conscienciosa que, além de o bullying ser uma prática inaceitável nas
relações interpessoais, pode levar a quadros clínicos que exijam
cuidados médicos e psicológicos para que sejam superados (SILVA,
2010, p.32).
Há também os espectadores, são aqueles que presenciam a violência contra
colegas, porém não a pratica e nem sofre. Os espectadores muitas vezes se calam por
medo de serem a próxima vítima, portanto, apenas testemunham as ações dos
agressores. Geralmente são divididos em três grupos distintos; espectadores passivos
que são os que se calam, mesmo não concordando as atitudes dos bullies; os
espectadores ativos que apesar de não participarem ativamente dos ataques contra as
vítimas, manifestam “apoio moral”, com risadas e palavras de incentivo e os
espectadores neutros que não demonstram sensibilidade pelas situações que presenciam.
Essas reflexões sobre o tema Bullying denotam um fenômeno que pode ser
encontrado em qualquer lugar e contexto. O que nos inspira ao questionamento da
incidência de práticas de bullying na cidade de São Borja e que ações direcionadas a
6
comunidade escolar envolvida, possam ser desenvolvidos com o intuito de reduzir esse
tipo de comportamento violento entre as crianças e adolescentes.
Primeira etapa do Projeto de Extensão
Com objetivo de ampliar o conhecimento do que realmente é bullying, já que
muitas vezes, é banalizado ou confundido com brincadeiras entre alunos, e preparar os
acadêmicos para produções posteriores de materiais de comunicação dirigida, a
conduzir debates nas escolas e orientar e sanar dúvidas que poderiam etapas iniciais do
projeto, surgir durante as atividades práticas foi organizado atividades direcionadas ao
grupo de acadêmicos que iriam atuar nas escolas. Foi realizado estudo bibliográfico,
através de grupos de estudos, palestras, dinâmicas e capacitações e oficinas.
O material de estudo utilizado foi centralizado, principalmente, na leitura em
grupo e debate dos capítulos do livro intitulado Bullying: Mentes perigosas nas escolas5,
este que apresenta além de conceitos claros e atuais, depoimentos, reflexões e histórias
verídicas.
Além disso, no grupo de estudos utilizou-se de dinâmicas que proporcionaram
aos participantes exporem suas experiências, e também experimentar algumas das
situações que vivenciam os personagens de bullying (agressores, vítimas e
observadores). Observaram vídeos-depoimentos e, através de vários encontros
delinearam a implementação do projeto, metodologias e sua inserção nas escolas.
Dentre as capacitações realizadas, a equipe contou com a presença de uma
professora6 da área de direito e experiência na área de educação e assistência social, que
trouxe diversas orientações, disponibilizou as principais leis sobre bullying e apresentou
exemplos de ações penais relativas ao tema. Nesta ocasião ficou evidenciado que
conforme a lei estadual nº 13.474/10, todas as instituições de ensino e educação infantil
tem por obrigação promover ações de combate ao bullying, podendo inclusive serem
indiciadas penalmente quando omitem-se dessas práticas dentro da escola ou quando os
alunos estão, por assim dizer, sob suas responsabilidades.
A mesma lei apresenta em seu artigo 2º, o seguinte conceito para Bullying,
5 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: objetiva, 2010.
6 Waleska Belloc Barbosa.
7
[...] qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e
repetitiva, entre pares, que ocorra sem motivação evidente, praticada
por um indivíduo ou grupo de indivíduos, contra uma ou mais pessoas,
com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar, ou
ambos, causando dano emocional e/ou físico à vítima, em uma relação
de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Somando-se a isso essa lei, está em tramitação na Câmara de Vereadores de São
Borja, projeto de lei semelhante, que entre outras coisas, orienta as escolas a inserirem
em seu componente curricular, temáticas “antibullying”.
Figuras de 1 a 3: Fotografias de alguns encontros de capacitação realizados com integrantes do projeto.
Outra capacitação realizada foi coordenada por acadêmico7 da Unipampa,
Especializando em Políticas e Intervenção em Violência Intrafamiliar e Especializando
em Tecnologia da Informação e Comunicação aplicadas à Educação. A capacitação teve
como tema “Bullying e Educomunicação” e também serviu para incentivar o uso de
recursos tecnológicos para o desenvolvimento do projeto, em especial por possuir um
recurso de grande alcance como o site “http://horadefalardebullying.com.br”.
Houve ainda outros encontros, com discussões relativas ao assunto Bullying,
educação e implementação de recursos, entre outros preparando a aplicação das
estratégias. Nas etapas seguintes os encontros continuaram a acontecer, porém de uma
forma mais esporádica, de acordo com as necessidades da equipe.
Pesquisa de campo
Por conseguinte, foi investigada a incidência de Bullying nas escolas estaduais
de São Borja, através de pesquisa de campo. Neste sentido, foi apontando quais as
7 pós-graduando Romulo Tondo.
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principais ações de bullying que ocorrem, nível de incidência e o que provoca nos
personagens envolvidos.
A pesquisa foi realizada em oito Escolas Estaduais do município de São Borja,
onde 921 alunos do 4º a 6º ano do ensino fundamental, de idades entre 8 a 16 anos
responderam ao questionário.
Esse questionário não continha conceito de Bullying, para facilitar a
compreensão dos alunos, para isso, foi utilizado os termos “intimidação ou agressão”.
As perguntas inteiravam 12 questões fechadas, com opções de múltiplas respostas.
Através da pesquisa foi possível constatar que mais da metade das crianças
participantes, já haviam sofrido algum tipo de intimidação ou agressão, como
xingamentos, ameaças, apelidos e outros. Em torno de 78% das crianças entrevistadas,
responderam ter visto algum colega sendo agredido ou intimidado na sua escola.
Quando eles foram perguntados sobre que tipos de intimidação ou agressão já
fizeram aos colegas apenas 57,2% responderam que não intimidam ou agridem os
colegas, essa resposta aumenta para 62% quando perguntados por que intimidam ou
agridem e como se sentem após o ocorrido.
Quanto ao que os motiva, a maioria, 20,4% disseram que intimidam ou agridem
os colegas apenas por brincadeira, 18% porque sentem-se provocados e 5% dizem que
os colegas merecem.
Nas questões seguintes, a orientação dada no questionário era para que apenas
aqueles que já tivessem sido intimidados ou agredidos seguissem respondendo. Assim,
apenas um grupo que variou entre 33,9% a 47,8% não respondeu as questões seguintes.
Os alunos intimidados ou agredidos que disseram sentirem-se mal com o
ocorrido foram 25,7%, 23% sentiram-se irritados, 12,4% sentiram-se envergonhados,
8,5% tiveram medo e 9,7% não sentiram nada.
Quanto à reação, a maioria disse ter se defendido, totalizando 24%, 18,3%
falaram para família e 13,7% não fizeram nada.
É importante ressaltar que aqui há apenas um fragmento dos resultados obtidos,
tanto no que tange a pesquisa de campo e que estas respostas serviram como base,
juntamente com o estudo bibliográfico para delinear as estratégias empregadas
posteriormente.
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Ação para alunos
Para compor as ações direcionadas aos alunos, buscou-se uma técnica que
fugisse ao cotidiano da sala de aula e que ao mesmo tempo, sensibilizasse e
disseminasse o conhecimento do que é bullying e suas consequências, optando-se pelo
teatro e a música.
A escolha do teatro como estratégia direcionada aos alunos deu-se, devido ao
teatro proporcionar um maior interesse naqueles que assistem, muitas vezes mexendo
com as emoções e facilitando a interiorização da mensagem.
Segundo Lima & Pereira “aprendizado como imposição, obrigação, regra, é até
aceito pelos educandos, porém não assimilam nem levam como base de educação para a
vida” (LIMA & PEREIRA, 2011, p.5).
O uso desta metodologia para discutir o fenômeno Bullying - teatro, a música e o
diálogo – proporcionou a reflexão sobre os personagens envolvidos no contexto
bullying (agressores, vítimas e espectadores) de maneira lúdica e criativa, contagiando a
plateia de várias idades e as convidando a todo disseminar essa ideia.
Os mesmo autores elucidam que
[...] esteja o aluno como espectador ou como figurante, o teatro é um
poderoso meio para gravar na sua memória um determinado tema, ou
para levá-lo, por meio de um impacto emocional, a refletir sobre
determinada questão moral ou um conhecimento novo. (LIMA &
PEREIRA, 2011, p.6).
Além disso, no uso destas ações na escola, também veem de encontro com a
necessidade de envolver a comunidade escolar com a produção cultural, incentivo ao
uso de recursos diferenciados de ensino em sala de aula e o desenvolvimento do gosto
pela arte desde a infância.
Até o momento, mais de 400 alunos já participaram desta ação em três escolas,
ainda falta pelo menos cinco escolas, previstas para serem executadas durante o mês de
setembro.
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Figuras de 4 a 6: Fotografias da equipe durante ação direcionada aos alunos
Ação para os professores
Para os professores, foi planejada oficina, desenvolvida nos encontros de
formação, permitindo através de dinâmicas de grupo, que eles expusessem suas
dificuldades, compreendessem como se caracteriza e buscassem novas alternativas para
diminuir essas práticas nas escolas, comprometendo-os para continuação do projeto.
O encontro direcionado para os professores contemplou os seguintes momentos:
1) Quebra-gelo, onde professores e acadêmicos puderam se conhecer.
2) Apresentação geral do projeto.
3) Apresentação de alguns conceitos de bullying, através de vídeo com a fala e
orientação da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes
perigosas nas escolas: Bullying”.
4) Apresentação e discussão dos resultados da pesquisa de campo
5) Dinâmica de grupo, na qual os professores expõem suas dificuldades,
experiências e através de trocas, sugerem soluções para a redução do
bullying nas escolas.
6) Sensibilização através de mensagem de incentivo a continuidade do trabalho
e apresentação de fotos da atividade feita com os alunos.
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Figuras de 7 a 9: Fotografias de alguns encontros de formação de professores.
Ação para os pais
Para pais, que na maioria das vezes, não são atingidos por campanhas anti-
bullying e que são eles que podem atuar na prevenção de ações de violência na fase
infantil, devido ao contato e influência que exercem sobre os personagens envolvidos,
foi ofertada palestra informativa e educativa com professora da área de psicologia. A
proposta era orientá-los a respeito do bullying, as consequências e como reconhecer e
agir perante suas manifestações.
Figuras de 10 a 12: Fotografias da palestra direcionada aos pais de alunos.
A Comunicação no Projeto Hora de Falar de Bullying
Além do uso de pesquisa e eventos, outras ferramentas de comunicação foram
empregadas, como a criação de identidade visual, utilizada em todas as etapas e ações
do projeto das ações, criação de materiais de apoio, como banner, camisetas, cartilhas e
assessoria de imprensa, que realizou a cobertura e o registro das etapas desenvolvidas.
Figura 13: um dos modelos de camiseta do projeto
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Figura 14: Modelo de folder/cartilha
O contato permanente com a mídia permitiu o alcance de vários espaços como a
publicações de matérias em jornais. Além disto está previsto para os meses de outubro e
novembro a veiculação de spot em rádio ( Fronteira FM e Cultura AM), anúncio em
jornal impresso local (Folha de São Borja) e vt’s (RBS TV, região da sucursal
Uruguaiana que abrange a fronteira oeste) sobre a temática do projeto. Todos os espaços
alcançados com parcerias, ou seja, gratuitos ao projeto, através da intervenção da área
de Relações Públicas.
Já na internet, foi desenvolvida um site <http://horadefalardebullying.com.br>
com objetivo de registrar fotos e notícias do projeto, disseminar conhecimento sobre o
tema e servir de subsídio aos professores com sugestão de atividades, livros, filmes,
artigos, entre outros.
Figura 15: Print do site do projeto – destaca os subitens da aba Materiais disponibilizados e/ou sugeridos.
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A utilização desses veículos de comunicação em massa teve o intuito de alcançar
a comunidade em geral, já que também foi incluída como público de interesse do
projeto e assim disseminar o projeto por todo o município de São Borja e região.
Relações Públicas: o gestor no Projeto Hora de Falar de Bullying
Sabe-se que o planejamento é uma das funções básicas do profissional de Relações-
Públicas, somado ao conhecimento das técnicas e estratégias de comunicação. É o Relações-
Públicas um profissional com potencial para gerenciar a comunicação dentro das
organizações ou mesmo em uma infinidade de projetos. Como é o caso o que esta sendo
apresentado o projeto de extensão universitária “Hora de Falar de Bullying”.
Este projeto contou com a inserção e participação de vários cursos e bolsistas
durante as etapas de execução. Porém, como sua proposta tem como um dos objetivos
principais a disseminação de conhecimentos através de ações direcionadas a públicos de
interesse, das quais se utilizou a comunicação estratégia e dirigida, a fim de atingir esses
resultados, articulados, planejados e gerenciados pela área de Relações Públicas,
responsável pelo cumprimento de todas as etapas nele empregadas.
Assim, pode ser lembrando o que recomenda Margarida Kunch, que
Atender a novas demandas dependerá da capacitação e da
agressividade dos agentes, ou seja, dos profissionais de relações
públicas. São eles que devem demonstrar aos dirigentes das
organizações como esta área pode agregar valor às suas atividades e
contribuir para uma maior responsabilidade social e corporativa.
(KUSCH, 2003, p14)
Além disso, esse profissional domina o uso do planejamento, o que possibilita uma
melhor organização, permitindo à coordenação e à equipe acompanhar o processo a ser
desenvolvido. Sabendo aonde se queria chegar, motivando e compreendendo a conexão
entre cada estratégia, diminuindo improvisos e consequentemente os muitos contratempos,
repercutindo de forma global em benefício para todos os envolvidos.
Partindo do pressuposto que para se atingir um determinado público é necessário
adequar a informação e os meios para conseguir tal propósito, o planejamento deste projeto
de extensão foi dividido em etapas que permitiram contemplar as especificidades de cada
grupo – pais, professores, alunos e comunidade. Assim, para os primeiros, foi utilizada a
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comunicação dirigida, através de eventos, materiais de apoio e outras estratégias específicas
aos interesses de cada grupo.
Outro fator relacionado com essa profissão, diz respeito à mídia. O Relações-
Públicas, através do contato com a imprensa, consegue destacar espaços na mídia e atingir a
comunidade são-borjense, através de publicações jornalísticas, veiculação de VT’s e spots
elucidativos e mesmo gerenciando ferramentas digitais, produzindo conteúdos que gerem
interesse aqueles dos quais é dirigida.
Dentro do projeto, outro destaque é dado a articulação de esforços, por meio dos
conhecimentos de Relações Públicas em agregar valor a imagem institucional, e assim,
conquistar importantes parcerias. Sabendo dos interesses das organizações em conquistar
mais públicos e, consolidar sua uma imagem positiva, aliando-se a propostas de cunho
social, que gerem visibilidade, o Projeto Hora de Falar de Bullying contou com pelo menos
nove patrocinadores, que tiveram seus nomes expostos em publicações, materiais gráficos,
camisetas, menções em eventos, exposição de banners durante as atividades realizadas,
entre outros que geraram benefícios para as ambas as partes envolvidas.
Considerações Finais
Analisando a repercussão, interesse e entusiasmo que os públicos demonstraram
durante a aplicação das estratégias desenvolvidas, e mesmo pelo feedback recebido, foi
possível perceber que as ações alcançaram os objetivos propostos pelo projeto que é
elucidar e esclarecer sobre o tema aos públicos envolvidos e afetados.
Porém, a redução efetiva de manifestações de bullying só ocorrerá através da
continuidade e permanência de ações como estas nas escolas e dentro da famílias,
incentivando a mudança hábitos no comportamento dos alunos e de toda a comunidade
escolar.
Desta forma, conclui-se que propostas como essas contribuem com as
necessidades das escolas, auxiliam na redução da violência em todos os níveis da
sociedade, já que as ações de bullying em muitos casos dão início a outras praticas
violentas e comportamentos agressivos. E, sobretudo, alertou sobre o problema a toda
comunidade através de campanhas e divulgação de informações contribuindo com as
políticas públicas de educação.
15
Além disso, as estratégias implementadas não limitam-se ao uso das Relações
Públicas. Apenas, destaca-se que, são os profissionais desta área quem dominam as
ferramentas necessárias para atingir um maior número de públicos e conseguem
planejar estratégias mais adequadas aos interesses de cada um dos públicos-alvo. Pode
assim, ampliar os resultados das campanhas e projetos desenvolvidos, dando mais
visibilidade e alcance as propostas.
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<http://seer.franca.unesp.br/index.php/estudosjuridicosunesp/article/view/346>. Acesso em: 11
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LIMA, Marli Batista; PEREIRA, José Cláudio. O teatro como técnica de desenvolvimento
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TEIXEIRA, G. Manual antibullying: para alunos, pais e professores. Rio de Janeiro: Best
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