Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO ndash CE
DEPARTAMENTO DE EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO - DEC
CURSO DE PEDAGOGIA - AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM
EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
GLAUCILEIDE NUNES DE MELO
PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola
municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB
JOAtildeO PESSOA
2018
GLAUCILEIDE NUNES DE MELO
PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola
municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia com aacuterea de aprofundamento em Educaccedilatildeo do Campo ministrado pela Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) Campus I - Joatildeo PessoaPB como exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura plena em Pedagogia Orientadora Profa Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
JOAtildeO PESSOA
2018
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus pela forccedila e coragem durante toda
essa caminhada A Jailson Batista Dos
Santos pelo apoio diaacuterio A professora
Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na
orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram
possiacutevel a conclusatildeo deste TCC
ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo
Nelson Mandela
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para
concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo
por mim traccedilado
Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que
mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a
sua realizaccedilatildeo
Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser
professora
Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste
trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de
conclusatildeo de curso
Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu
incentivo diaacuterio
Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira
para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida
Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya
Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que
sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para
que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia
dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso
Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos
pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo
Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala
de aula e que os levarei para minha vida
Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo
e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para
essa conquista
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
GLAUCILEIDE NUNES DE MELO
PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola
municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia com aacuterea de aprofundamento em Educaccedilatildeo do Campo ministrado pela Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) Campus I - Joatildeo PessoaPB como exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura plena em Pedagogia Orientadora Profa Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
JOAtildeO PESSOA
2018
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus pela forccedila e coragem durante toda
essa caminhada A Jailson Batista Dos
Santos pelo apoio diaacuterio A professora
Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na
orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram
possiacutevel a conclusatildeo deste TCC
ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo
Nelson Mandela
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para
concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo
por mim traccedilado
Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que
mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a
sua realizaccedilatildeo
Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser
professora
Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste
trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de
conclusatildeo de curso
Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu
incentivo diaacuterio
Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira
para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida
Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya
Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que
sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para
que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia
dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso
Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos
pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo
Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala
de aula e que os levarei para minha vida
Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo
e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para
essa conquista
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus pela forccedila e coragem durante toda
essa caminhada A Jailson Batista Dos
Santos pelo apoio diaacuterio A professora
Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na
orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram
possiacutevel a conclusatildeo deste TCC
ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo
Nelson Mandela
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para
concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo
por mim traccedilado
Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que
mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a
sua realizaccedilatildeo
Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser
professora
Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste
trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de
conclusatildeo de curso
Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu
incentivo diaacuterio
Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira
para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida
Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya
Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que
sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para
que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia
dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso
Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos
pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo
Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala
de aula e que os levarei para minha vida
Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo
e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para
essa conquista
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo
Nelson Mandela
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para
concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo
por mim traccedilado
Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que
mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a
sua realizaccedilatildeo
Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser
professora
Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste
trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de
conclusatildeo de curso
Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu
incentivo diaacuterio
Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira
para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida
Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya
Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que
sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para
que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia
dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso
Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos
pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo
Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala
de aula e que os levarei para minha vida
Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo
e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para
essa conquista
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para
concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo
por mim traccedilado
Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que
mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a
sua realizaccedilatildeo
Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser
professora
Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira
que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste
trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de
conclusatildeo de curso
Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu
incentivo diaacuterio
Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira
para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida
Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya
Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que
sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para
que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia
dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso
Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos
pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo
Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala
de aula e que os levarei para minha vida
Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo
e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para
essa conquista
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
RESUMO
O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial
Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
ABSTRACT
The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity
Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
LISTA DE SIGLAS
AEE - Atendimento Educacional Especializado
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil
ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados
SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade
UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba
UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia
UnB - Universidade de Brasiacutelia
UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO13
CAPIacuteTULO I 15
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO 15
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19
14 O Preconceito Racial no contexto escolar21
15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24
CAPIacuteTULO II 27
ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27
21 Caracterizaccedilatildeo da escola27
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28
212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30
22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37
REFEREcircNCIAS39
APEcircNDICE 41
ANEXO 43
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
14
INTRODUCcedilAtildeO
O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com
tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal
do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o
preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de
Pedras de Fogo Paraiacuteba
O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo
Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos
durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias
observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na
escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um
grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos
pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse
problema existente na escola
Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo
as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a
cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por
isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura
(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e
formaccedilatildeo do povo brasileiro
Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as
causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos
anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido
problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos
especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o
papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis
fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e
identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar
No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na
metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo
utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo
justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
15
complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma
educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo
com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem
Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e
em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes
(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado
Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino
da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao
preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de
capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na
escola
Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos
No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e
sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo
escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o
resultado da nossa pesquisa
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
16
CAPIacuteTULO I
CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A
EDUCACcedilAtildeO
11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico
De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada
dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios
negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus
destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos
portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e
disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor
Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os
negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram
precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo
para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando
tentavam fugir eram impedidos e castigados
A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute
mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se
revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir
daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos
escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE
2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo
Para Lopes (2005)
Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)
A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue
fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu
cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
17
contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente
escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente
A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo
utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-
brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento
promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos
preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas
Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento
da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo
De acordo com Silva (2007 p 43)
Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes
Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de
transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra
conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo
racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma
escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa
sociedade
A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola
um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater
esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo
podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal
realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta
curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
18
12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003
A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639
que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de
incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os
niacuteveis da escolaridade brasileira
Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as
instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta
dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram
para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciecircncia Negra
A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram
oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana
Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de
desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da
necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela
poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-
brasileira
Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer
parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua
contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo
respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A
Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)
sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias
Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa
temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para
abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os
professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique
apenas no papel e passe a ser concretizada
Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
19
Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra
O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola
como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas
sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de
nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a
educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as
diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia
amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de
conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas
Segundo Verccedilosa (2012 p42)
[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos
Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o
professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e
assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos
sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele
tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o
papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se
faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o
preconceito racial
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
20
13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees
Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino
ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo
julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter
os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior
ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute
aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo
Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de
valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos
preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de
valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social
Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na
convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos
nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que
surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos
Para Gomes (2005 p 54)
O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro
O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo
agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade
sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica
fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo
que se estaacute relacionada ao outro
O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo
escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288
de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
21
oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o
combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim
muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o
preconceito racial
Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e
desigualdade racial
I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)
A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro
cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que
na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um
papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo
deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute
um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo
de preconceito especialmente o racial
Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)
O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma
escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
22
professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos
diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das
praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da
origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se
usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural
banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e
socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel
ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas
Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)
Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da
sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas
racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o
respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em
meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como
instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de
desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no
rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse
sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos
conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e
etnia (liacutengua e cultura)
14 O Preconceito Racial no contexto escolar
A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e
adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico
do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
23
diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave
discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres
de boa e maacute qualidade respectivamente
Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o
professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo
agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento
da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem
transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for
detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de
mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente
Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute
plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de
suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram
que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua
cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo
As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no
seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um
curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura
A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um
conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos
histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas
pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua
docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula
Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua
dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais
didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica
a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno
branco
O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
24
alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)
O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente
problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e
responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia
da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo
cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo
corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses
alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo
escolar
Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante
Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)
A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na
promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no
cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de
trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus
estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar
e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos
na escola
Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de
convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de
poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses
alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela
natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que
ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na
relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
25
25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo
Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave
exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem
como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da
educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de
identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai
determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu
aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o
papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e
sua funccedilatildeo social
Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo
do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e
aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas
concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar
social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional
No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina
(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma
da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de
paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos
paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico
de accedilatildeo e poder
Conforme explicam os autores
O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)
As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo
eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do
Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
26
agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do
aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo
A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de
Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada
e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo
multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a
reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo
Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo
Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que
A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)
Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos
trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo
do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do
campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do
Campo e da Escola do Campo
Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade
de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo
de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona
com sua vida no campo
Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus
sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em
que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do
campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo
reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de
Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na
valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
27
Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa
temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que
contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-
brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo
isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os
professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos
problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola
A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a
igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de
reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e
ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional
Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada
com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de
Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser
trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
28
CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA
21 Caracterizaccedilatildeo da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo
prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-
PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um
lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio
Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros
Fonte Acervo pessoal 2018
Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal
nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural
desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio
municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em
Pedras de Fogo
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
29
Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola
Infraestrutura
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados
A escola possui banheiro
Sim
Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais
A escola possui sala multifuncional
Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui biblioteca
Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola
A escola possui cozinha
Sim
A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees
A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica
Sim
O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores
A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias
Natildeo
A escola possui sala de leitura
Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula
A escola possui quadra de esportes
Natildeo
Fonte Proacutepria autora 2018
Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia
corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais
profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees
segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e
sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao
espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a
escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo
211 Aspectos pedagoacutegicos da escola
A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases
que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas
prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo
coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes
do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os
resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas
considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
30
A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu
objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo
e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo
escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e
pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias
cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua
proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o
todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se
ao longo do crescimento e formaccedilatildeo
Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos
desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo
satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios
A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma
diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16
professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute
formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua
maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)
e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo
Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola
Aspectos Administrativos
SimNatildeo
CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos
relacionados
A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar
Sim
Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola fornece materiais didaacuteticos aos
alunos
Sim
Eacute fornecido atraveacutes do MEC
A Escola possui associaccedilatildeo de alunos
Natildeo
A escola possui conselho escolar
Sim
Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade
A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar
Natildeo
Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo
A escola possui sala multifuncional
Sim
A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno
A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
31
atendimento para alunos com dificuldades de
aprendizagem
A escola possui proposta de atendimento para
alunos com deficiecircncias
Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional
Fonte Proacutepria autora 2018
A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e
discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como
questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano
escolar
212 A relaccedilatildeo escola e comunidade
A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma
educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde
todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e
respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das
normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque
a comunidade existe
A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso
educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e
participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela
relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na
comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que
se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades
A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da
participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E
a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a
escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e
planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola
Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a
gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como
desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A
participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
32
pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a
escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das
accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres
22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial
Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos
raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema
apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse
tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais
Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados
demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16
professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo
populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa
perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como
sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia
segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas
Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas
Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018
Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento
racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram
que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40
Branca33
Negra33
Parda33
Amarela (asiaacutetica)
0
Indiacutegena0
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
33
anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar
que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional
Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com
especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e
Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada
em Histoacuteria
Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos
professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua
formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para
proceder nossas anaacutelises
Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial
Fonte Proacutepria autora 2018
A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento
apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas
entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer
seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees
psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo
Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum
tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04
Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula
Professora A
ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo
Professora B
ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo
Professora C
ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo
Professora A
ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
34
Fonte Idem
Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram
cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o
preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo
ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees
Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia
levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita
que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com
um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula
Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente
precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito
na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro
didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das
professoras a seu respeito
Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos
Fonte Idem
Professora B
ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo
Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo
Professora A
ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo
Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo
Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
35
As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado
Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros
didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa
evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o
preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias
accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico
Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico
Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que
contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto
Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola
Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola
Fonte idem
Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no
Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante
documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa
temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em
conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de
uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que
ela se conheccedilardquo
Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse
tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro
a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07
Professora
A
Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo
Professora B
Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel
Professora C
Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
36
Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola
Fonte Idem
A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do
preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada
Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da
crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no
prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a
importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua
identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal
temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um
respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante
No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da
Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente
Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra
Professora A
ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo
Professora B
ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo
Professora C
ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo
Professora A
ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo
Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo
Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
37
Fonte Idem
Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da
Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo
construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e
desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da
comunidade escolar
Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se
que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo
sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos
sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito
racial
danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
38
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e
vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes
apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural
brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que
tal estudo eacute complexo pela sua diversidade
Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e
responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das
mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades
para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para
educaccedilatildeo
Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma
sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto
educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente
privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel
mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e
ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que
somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico
possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural
Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por
liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais
africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto
na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da
Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e
cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica
Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute
consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta
uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do
mesmo no cotidiano educacional
Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da
pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do
preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
39
trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo
soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo
Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma
preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva
docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de
transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade
eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente
igualitaacuteria
Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na
docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da
proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de
estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe
tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na
escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente
reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento
dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
40
REFEREcircNCIAS
ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em
lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002
CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
41
MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018
PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
42
APEcircNDICE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB
CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I
CURSO DE PEDAGOGIA
AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO
QUESTIONAacuteRIO
Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem
como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir
para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute
agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui
prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa
cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da
legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo
1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE
GEcircNERO
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA
Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa
RACcedilAETNIA
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena
FAIXA ETAacuteRIA
( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos
QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR
( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo
( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado
( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado
( ) Superior completo ( ) Outro
SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR
RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute
TERMINANDO_________________________________________
QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc
POSSUI _________________________________________
2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
43
1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais
( ) Sim ( ) Natildeo
2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula
( ) Sim ( ) Natildeo
4 Se sim poderia relatar
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos
de cunho racista ou que sugira preconceito racial
( ) Sim ( ) Natildeo
6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula
Como
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc
__________________________________________________________________
________________________________________________________________
9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc
participa das atividades
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Termo de consentimento informado
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante
44
Eu_____________________________________________________________ RG
___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito
Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino
Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de
Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE
NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio
escrito
___________________________________________________ Assinatura do (a) participante