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Elisa Padinha Campos Nº USP. 5640261 Licenciatura em Matemática Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Brolezzi gxtàÜÉ x Xwâvt†ûÉ `tàxÅöà|vt gxtàÜÉ x Xwâvt†ûÉ `tàxÅöà|vt gxtàÜÉ x Xwâvt†ûÉ `tàxÅöà|vt gxtàÜÉ x Xwâvt†ûÉ `tàxÅöà|vt MAT 0451 – Projeto de Ensino de Matemática Universidade de São Paulo São Paulo Dezembro/2009

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Elisa Padinha Campos Nº USP. 5640261

Licenciatura em Matemática Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Brolezzi

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MAT 0451 – Projeto de Ensino de Matemática Universidade de São Paulo

São Paulo Dezembro/2009

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ÍNDICE

1. Introdução 2

2. Motivação: Um Breve Comentário Sobre a

Didática Francesa e o Ensino da Matemática 4

3. A Educação Não – Formal 9

4. O Teatro e o Ensino de Matemática 12

5. As Esquetes 17

5.1 – Introdução 17

5.2 – Conteúdos Matemáticos 19

5.3 – Textos Dramáticos 27

5.4 – Ensaios 48

6. A Apresentação da Esquete “O verdadeiro gênio da Matemática” 60

6.1 – Aspectos do Local de Aplicação 60

6.2 – A Apresentação 62

6.3 – A Opinião de Membros da Instituição e

dos Participantes deste Projeto 66

6.4 – Questionário Pós – Espetáculo 69

7. Considerações Finais 79

8. Referências Bibliográficas 81

9. Anexos1 83

1 Por conta do limite de espaço, não foi possível disponibilizar a grande maioria dos anexos que relatam todas as etapas do trabalho seja no aspecto teatral, seja quanto à aprendizagem matemática dos atores.

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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que existem diversos tipos de inteligência que estão relacionados aos

órgãos dos sentidos, às capacidades artísticas, aos conhecimentos científicos e às

linguagens. Essas capacidades devem ser levadas em consideração no momento em que

acontecem reflexões sobre as diferentes formas de ensinar/aprender e de resolver

problemas.

Muitos alunos veem a capacidade de aprender Matemática quase como um dom,

dom esse que está sempre relacionado ao acerto ou ao erro, ao saber ou não saber

resolver um problema, quando, na verdade, eles poderiam utilizar suas capacidades mais

desenvolvidas para aprender e solucionar esses problemas. Através dessa utilização de

capacidades, o professor poderia investir nas outras competências que não foram

desenvolvidas - pois todas elas são importantes - respeitando o tempo de que os alunos

necessitam para desenvolvê-las.

É inegável que o tempo e o desgaste que a função docente carrega em si culmina

em certa desmotivação por parte do professor para perceber a individualidade dos alunos

e para inovar em suas aulas, afinal, alguns fatores devem ser levados em consideração

como baixos salários, extensa jornada de trabalho, entre outros. O fato é que os alunos

precisam dessa difícil motivação dos professores, precisam sentir que há uma certa

preocupação por parte deles em fazê-los entender e principalmente gostar daquilo que

estão aprendendo.

É preciso também levar em consideração a fase em que os alunos se encontram.

No Ensino Fundamental II, os alunos são, em sua maioria, crianças e adolescentes que,

por muitas vezes, têm que esquecer de quem realmente são para dar lugar a uma

educação séria e sem individualidades. Ou então, os alunos que querem desfrutar um

pouco mais da idade em que se encontram são considerados indisciplinados ou mal-

educados, quando, na verdade, querem apenas brincar! O fato é que essa energia

poderia ser utilizada para fins educativos, assim o aluno poderia se divertir e ao mesmo

tempo aprender, muitas vezes, sem perceber.

Refletindo sobre tais aspectos e tendo por base observações de que o teatro,

essencialmente, tem a capacidade de ensinar seja sobre um autor ou uma história ou um

tipo de expressão artística, o presente trabalho visa sugerir a técnica teatral como uma

possível saída para o ensino de algum conteúdo da disciplina de Matemática, tendo por

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base reflexiva estudos e análises sobre a Didática Francesa, em especial, as situações

didáticas; os tipos de educação, dando ênfase à educação não-formal e o estudo de

autores que sugerem o teatro como técnica de ensino-aprendizagem e que, inclusive,

obtiveram excelentes resultados na apresentação das peças feitas com alunos ou com

atores, em sua maioria, estudantes universitários da área a que a peça está relacionada.

Para efeito de verificação da viabilidade desse projeto, uma, dentre as duas

esquetes que foram confeccionadas, fora produzida e representada. Os atores

convidados não eram profissionais e não tinham qualquer relação com a Matemática,

muitos até não tinham qualquer afeição por essa disciplina. Entretanto, os ensaios foram

realizados durante 3 meses e houve a preocupação de que os atores também

aprendessem o conteúdo, para que entendessem o que deveriam explicar, claramente,

aos alunos.

Com todo esse estudo e aplicação, pretende-se propor a técnica teatral como uma

das maneiras de se conduzir o processo educacional, colocando essa técnica não como

uma metodologia a ser aplicada na totalidade das aulas, mas como um projeto paralelo

em que professores e alunos poderiam agir juntos ou pode-se, como no caso desse

trabalho, formar grupos, ensaiar e colocar os alunos na posição de expectadores. Em

ambos os casos, assim como em qualquer outra sugestão de metodologia de ensino, o

foco deve ser o aluno e seu aprendizado.

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2. MOTIVAÇÃO: UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE DIDÁTICA FRANCESA E ENSINO

DE MATÉMÁTICA

Para que se possa entender como se dá o processo de ensino-aprendizagem, é

necessário que alguns estudos sobre a educação sejam analisados a fim de que esses

possam influenciar positivamente nos caminhos desse projeto, principalmente em sua

parte prática: confecção de esquetes, ensino do conteúdo aos atores e durante a

apresentação da esquete. Além disso, esses estudos são importantes para que haja

reflexão por parte da classe docente se certas práticas educacionais estão, de fato,

beneficiando o protagonista do cenário escolar: o aluno.

Diversas práticas educacionais foram perdidas ao longo do processo de

transformação do ensino, como, por exemplo, a metologia utilizada por Sócrates, em

tempos longínquos. Segundo Freitas [1], o princípio básico dessa prática é que deve

haver uma valorização dos conhecimentos prévios dos alunos que brotam de acordo com

questionamentos propícios feitos pelo mestre. Esse mestre não tinha como objetivo impor

o conhecimento, nem demonstrar sua sabedoria, em vez disso, o mestre buscava

conduzir o aluno a fim de que esse chegasse ao saber.

É importante que fique claro que o esperado não é que essa prática seja aplicada

a rigor na educação atual, afinal trata-se de outro contexto, de outros alunos, professores;

o que se espera é que sirva de inspiração. O ponto principal dessa metodologia, que

deveria ser objeto de reflexão da classe docente, é o fato de se dar a oportunidade ao

aluno de elaborar seu conhecimento, de responder, após reflexão, às questões que lhe

forem propostas.

Em contraposição à prática citada anteriormente, é comum acontecerem outras

situações em sala de aula que influenciam negativamente a aprendizagem do aluno.

Seriam os efeitos didáticos que, conforme Pais [2], são resultados de alguns aspectos:

metodologia de ensino, formação do professor, nível dos alunos, dos conceitos, entre

outros. Os efeitos didáticos conhecidos são: Efeito Topázio, Efeito Jourdain, Efeito da

Analogia, Deslize Metacognitivo e Efeito Dienes, os quais faremos uma breve abordagem

a seguir, segundo Pais [2].

O Efeito Topázio é a situação didática em que o professor, vendo que o aluno

apresenta uma certa dificuldade, tenta ajudar esse aluno, antecipando a resposta que o

educando deveria conseguir por si mesmo. Sob forma de exemplificação desse efeito,

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pode-se recorrer à própria origem do nome “Topázio”: trata-se de uma peça teatral em

que um dos personagens é o professor que realiza um ditado e percebe que um aluno

escreveu “ os carneiro”, então tenta ajudá-lo dizendo novamente a expressão reforçando

o “s” no final. O aluno acaba realizando o pedido do mestre, mas não por ter assimilado

os conceitos de ortografia e gramática, e sim para satisfazer a vontade daquele que

estava fazendo o ditado.

Ao fazer com que o aluno acredite que seus conhecimentos ingênuos se

transformem em um discurso revestido de sabedoria, o professor está realizando a

situação denominada Efeito Jourdain. Em Pais [2], pode-se ver um exemplo de ocorrência

do Efeito Jourdain: “ [...] o aluno, envolvido em uma atividade relacionada ao teorema de

Pitágoras, desenha um quadrado sobre cada um dos lados de um triângulo retângulo. O

professor, pressentindo a dificuldade de trabalhar com a validação da proposição, diz para

o aluno que ele acaba de “descobrir” uma demonstração do teorema, usando o conceito

de congruência. Admite que estaria faltando uma formalização, mas que o aluno já teria

revelado um conhecimento importante. Esse falso conhecimento da “demonstração do

teorema” permanece na superficialidade, não tendo nem mesmo aproximado da essência

do saber matemático em questão.”

A analogia entre um conhecimento adquirido pelo aluno, anteriormente e o que se

pretende ensinar pode ser um recurso didático que traria benefícios ao aprendizado,

porém depende da maneira que essa analogia é feita, pois pode ocorrer o Efeito da

Analogia. Esse efeito trata do uso abusivo de metáforas, que de modo geral, não

expressam o sentido correto das ideias associadas. Em Pais [2], há um exemplo

ilustrativo desse efeito em que o autor de um livro de quinta série do Ensino Fundamental

compara a densidade populacional com o conceito matemático de densidade dos

números reais. Essa comparação não demonstra a preocupação em comparar conjuntos

finitos e infinitos, conjuntos não enumeráveis e enumeráveis.

Quando as explicações de um professor passam a ter origem em suas próprias

concepções do saber cotidiano, ocorre o que se chama de Deslize Metacognitivo. Em

geral, esse efeito didático aparece quando o aluno apresenta dificuldades e o professor

retoma as explicações com base em suas concepções. Ao ver que tal situação fez com

que o aluno entendesse algo, o professor pode passar a utilizar esse recurso

constantemente e aí é que está o problema, pois o recurso didático pode tornar o

conteúdo deveras superficial.

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O Efeito Dienes é um fenômeno didático que ocorre quando o professor, por conta

de sua longa experiência com a ciência em que atua, acaba distorcendo os reais objetivos

de um dado conhecimento e o substitui por alguma crença pessoal, olhando

subjetivamente para esse conteúdo. Isso pode fazer com que o currículo escolar se

aproxime mais do senso comum que da ciência. Um exemplo em que esse efeito pode

ocorrer com facilidade é na Teoria dos Conjuntos, que foi introduzida ao currículo escolar

por conta do movimento “Matemática Moderna” e que muitos autores e professores, até

os dias atuais, não conseguem lidar cientificamente e acabam fazendo-o subjetivamente.

Os efeitos didáticos narrados anteriormente têm todos um problema em comum: a

ausência ou a mínima preocupação com a construção do conhecimento do aluno, o que

era muito valorizado na metodologia socrática comentada anteriormente. Entretanto,

existem esforços por parte de estudiosos da educação em entender os caminhos do

aprendizado do aluno e em causar reflexão por parte da classe docente. É importante que

fique claro que a intenção desses estudiosos não é generalizar os processos de

aprendizagem; o que se pretende é subsidiar a prática docente com reflexões úteis para

desencadear em um ensino de qualidade.

Para que se entenda tais subsídios, é necessário que as definições de situação

didática e de situação adidática estejam, de fato, compreendidas. Recorre-se a Freitas [1],

que apresenta a definição de situação didática apresentada por Brousseau:

“Uma situação didática é um conjunto de relações estabelecidas explicitamente

e/ou implicitamente entre um aluno ou um grupo de alunos, num certo meio,

compreendendo eventualmente instrumentos e objetos, e um sistema educacional (o

professor) com a finalidade de possibilitar a esses alunos um saber constituído ou em vias

de constituição [...]”.

E em Pais [2], tem-se a definição de situação adidática que também fora realizada

por Brousseau: “Quando o aluno torna-se capaz de colocar em funcionamento e utilizar

por ele mesmo o conhecimento que ele está construindo, em situação não prevista de

qualquer contexto de ensino e também na ausência de qualquer professor, está

ocorrendo então o que se pode chamar de situação adidática”

A relação entre essas duas situações é que quando se realizam situações didáticas

significativas conduzidas corretamente pelo professor, as situações adidáticas aparecem

e rompem com a concepção de que, sozinho, o aluno deve somente repetir a resolução

do exercício-modelo feito pelo professor. Mas como fazer com que as situações didáticas

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levem o aluno à construção do seu conhecimento? Em Pais [2], defende-se a concepção

de que as situações didáticas de apresentação de um conteúdo devem introduzir um

contexto que seja significativo para o aluno, ou seja, fazer com que o aluno queira

aprender, se sinta interessado, a fim de que não se perca a dimensão do valor educativo

de dado conhecimento. Se o contexto priorizado pelo professor for, exclusivamente, os

limites do saber matemático puro, o que ocorre é uma confusão entre o saber científico e

o saber escolar e um certo desinteresse por parte de muitos alunos. Um outro ponto forte,

defendido em Pais [2], é a questão da valorização dos conhecimentos prévios dos alunos

para que os educandos adquiram certo grau de segurança e vejam sentido no processo

de aquisição do conhecimento.

Dessa forma, tendo em vista todos esses estudos sobre o processo de construção

da aprendizagem, o presente trabalho intenciona apresentar uma situação didática (e em

algumas circunstâncias, situação adidática) diferenciada, que leve em consideração a

questão da significação de um dado conteúdo para o aluno e os conhecimentos prévios

que esses possuem. Além disso, deseja-se realizar questionamentos que levem à

construção do conhecimento, parecido com o que citamos que acontecia na metodologia

socrática. Tudo isso de forma que o educando não seja passivo em seu processo de

apropriação do saber, como acontece, negativamente, nos efeitos didáticos narrados

anteriormente.

A situação didática que se pretende utilizar é a técnica teatral, tendo em vista que

diversos trabalhos foram realizados utilizando tal técnica e obtiveram êxito com relação à

aprendizagem dos alunos. Pretendendo-se introduzir a técnica teatral ao cenário escolar,

recorre-se a um pensamento encontrado em Lauand [3]:

“ A queixa que sempre se ouve hoje contra o ensino da matemática elementar é a

de que é pesado, árido, carente de motivação, etc. Bem diferente [...] é o ensino medieval.

A pouca matemática que se conhece na época é ensinada de modo vivo, prático, atraente

e bem-humorado. Entre os fins desse ensino está, além da utilidade prática, o

desenvolvimento da inteligência dos alunos.”

O que se pode observar é que as novas técnicas para o ensino são, na verdade,

um resgate do que era feito em metodologias utilizadas antigamente, com algumas

modificações, é claro. Não se pode esquecer de que nos encontramos em outro contexto,

em escolas com muito mais alunos, o que pode dificultar certas metodologias

diferenciadas. O fato é que a situação em que a Educação se encontra não pode

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permanecer, pois os alunos se apresentam cada vez mais desmotivados e acostumados

com a passividade ao aprenderem, não percebendo o prejuízo que isso lhes causa.

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3. A EDUCAÇÃO NÃO - FORMAL

O tradicional aprendizado dentro da sala de aula tem se modificado. Espaços

diferenciados, dinâmicos, ou mesmo viagens culturais, aparecem como parte do processo

de ensino-aprendizagem em diversas instituições. O fato é que a educação passou a ser

fragmentada em tipos, entretanto, ao mesmo tempo em que existem tais fragmentos, há

um fim em comum: contribuir ao ensino.

Os tipos de educação são conhecidos como: educação formal, educação informal e

educação não-formal. Em Marandino [4], há definições para esses segmentos feitas por

Crombs, Prosser e Ahmed (1973, apud Smith 2001) que consideram “[...] educação formal

como sistema de educação hierarquicamente estruturado e cronologicamente graduado,

da escola primária a universidade, incluindo os estudos acadêmicos e as variedades de

programas especializados e de instituições de treinamento técnico; educação informal

como o verdadeiro processo realizado ao longo da vida, onde cada indivíduo adquire

atitudes, procedimentos e conhecimentos da experiência cotidiana e das influências

educativas de seu meio – da família, no trabalho, no lazer e nas diversas mídias de

massa; e a educação não-formal que se caracteriza por qualquer atividade organizada

fora do sistema formal de educação – operando separadamente ou como parte de uma

atividade mais ampla – que pretende servir a clientes previamente identificados como

aprendizes e que possui objetivos de aprendizagem.”

Em se tratando da educação formal, instituída há muito tempo, sabe-se que sua

contribuição é extremamente significativa dentro dos muros da escola, na sala de aula,

através de livros, apostilas, cadernos. A educação informal é aquela que ocorre

naturalmente, sob influência do conteúdo social e auto-conduzida, ou seja, o aluno é

quem vai conduzir sua aprendizagem por vezes, sem que ele mesmo perceba.

Quando se fala em educação não-formal, trata-se de procedimentos de ensino que

diferem da maneira tradicional, tendo como sinônimos “educação não-convencional” ou

“educação aberta”, ou seja, esse tipo de educação é aquela que ocorre fora do sistema

escolar, mas que possui, sem sombra de dúvidas, fins educativos. Em Marandino [4], há

uma citação de Chagas (1993) que entende que a “educação não-formal é veiculada

pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de

diversas ordens, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito de ensinar

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ciência a um público heterogêneo”. É possível perceber a sugestão de lugares em que

esse tipo de educação pode ocorrer.

Em reportagem [5], Marina Rosenfeld afirma que espaços como os citados

anteriormente “têm se mostrado eficientes no processo de aprendizagem” e que

“tornaram-se aliados no desenvolvimento e na formação de pessoas de todas as faixas

etárias”. Diz ainda que em museus e em centros de ciência, as crianças podem

questionar o quanto quiserem “sem terem medo de que a pergunta caia nas provas”, ou

seja, elas “não estão lá para serem aprovadas”.

O questionamento leva os alunos a serem cientistas e questionar é algo que se faz

nesses lugares. Deve-se, entretanto, ter o devido cuidado para que esse tipo de atividade

não se torne apenas um entretenimento, sem aprendizagem, de fato.

Esses espaços - museus, centros de ciência, entre outros - segundo D’Ambrósio

[6], têm se tornado cada vez mais dinâmicos: “o conceito de museu associado a um

depósito de coisas do passado, é agora complementado por um conceito de museu

dinâmico, onde se vai não só para apreciar, mas para exercer crítica e criar”. O museu

dinâmico tem obtido resultados positivos, pois os alunos se interessam mais por esse tipo

de experiência, culminando numa aprendizagem significativa. Outro ponto a ser levado

em consideração, é que espaços dessa modalidade, trabalham com o concreto, o que,

para os alunos, é de extrema importância, é uma fase da aprendizagem.

Dentre esses espaços interativos, pode-se destacar a Estação Ciência-USP. Trata-

se de um centro de ciências cujo objetivo é popularizar e promover a educação científica

de forma lúdica e prazerosa [7]. Nesse espaço educativo, há atividades nas áreas de

Astronomia, Meteorologia, Física, Geologia, Geografia, Biologia, História, Informática,

Tecnologia, Matemática e Humanidades, com a presença constante de monitores que

explicam ou tiram dúvidas dessas atividades.

As atividades, em sua grande maioria, contam com a manipulação do observador

e, próximo à atividade, além da explicação de como realizá-lo, há um cartaz explicativo

com muitas cores, desenhos e esquemas de explicações resumidos na medida certa.

Como o próprio nome sugere, o espaço faz o visitante realizar “viagens ao mundo do

conhecimento científico, conhecimento esse que precisa ser alimentado sempre com

novas pesquisas”. [7]

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Nesse espaço, também há apresentações de teatro como forma de divulgação do

conhecimento. A Cia Fábula da Fíbula, que será comentada posteriormente, era o grupo

de teatro oficial da Estação Ciência e que ainda realiza trabalhos para esse fim.

O fato é que a educação não-formal propicia certos aspectos que nem sempre são

atingidos pela educação formal, pois muitas vezes, segundo D’Ambrosio [6], “a escola

oferece um espaço passivo de ouvir e ver o conhecimento velho, congelado, com a

esperança de que o aluno será capaz de descongelar esse conhecimento para aplicá-lo a

situações novas.” D’Ambrósio diz que vê “a escola voltada para um ambiente próximo a

uma assembleia de aprendizado, onde ideias originárias de experiências e situações fora

da aula são expostas pelos alunos (palestrantes), discutidas pela classe e o professor

servindo como moderador. Breves exposições de natureza teórica serão, ocasionalmente,

inseridas pelo professor nas discussões”.

À luz de todas essas discussões sobre educação formal, informal e principalmente

sobre educação não-formal, pretende-se apresentar a técnica e a linguagem teatral como

uma das formas diferenciadas em que o conhecimento pode ser transmitido, ou seja

como uma forma de educação não-formal, pois trata-se de um outro ambiente e uma nova

linguagem com que o ensino é conduzido. Mesmo podendo ocorrer dentro de uma sala de

aula, o teatro faz com que o espaço seja modificado para a construção de um novo

espaço em que será contada uma história com fins educativos.

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4. O TEATRO E O ENSINO DE MATEMÁTICA

Em Scampini [8], encontra-se a seguinte citação de Fainguelernt (1999, p.140):

“No campo educativo, faz-se necessária uma mudança de perspectiva de métodos

de ensino que sejam essencialmente expositivos, onde o professor é o transmissor e o

aluno é o receptor de conhecimentos, para métodos que levem o aluno a selecionar,

assimilar, processar, interpretar e conferir significações aos estímulos e configurações.”

Esse ponto de vista reforça a ideia de que as situações didáticas devem ter como

um de seus objetivos obter uma posição ativa do aluno em seu processo de

aprendizagem, onde esse possa participar, investigar, formular pensamentos, e,

principalmente, sentir prazer em adquirir o saber específico. Uma situação didática onde

esses objetivos educacionais poderiam ser encontrados seria a aprendizagem através da

técnica teatral, na qual o aluno pode ser o expectador – caso em que ele apenas assiste a

uma peça educativa e na qual não houve sua participação – ou pode ser um artista, onde

ele participa ativamente, lembrando que essa participação pode ser na atuação da peça

ou na parte técnica/criativa.

A técnica teatral, que tem sido utilizada por professores e alunos de licenciatura,

tem se mostrado muito eficiente para o ensino. Para exemplificar, podemos citar o grupo

teatral Ouroboros, da UFSCar, que utiliza a técnica teatral para ensinar a Química, a

história de grandes cientistas e para a educação ambiental. Além disso o grupo promove

encontros com vários outros grupos que possuem os mesmos objetivos e, com isso, como

se pode conferir em Lupetti [9], eles realizam um trabalho primoroso no qual o público-

aluno se encanta e aprende.

Nesses trabalhos, os alunos são membros da plateia e, portanto assistem ao

trabalho de um grupo de atores/professores. Para que haja êxito no entendimento dos

alunos, há um estudo rigoroso do conteúdo científico envolvido, evitando assim que haja

dúvida por parte dos atores ao representarem. Deve haver preocupação, outrossim, com

a dicção, com o volume da voz e com a expressão corporal para que os alunos possam

acompanhar devidamente o espetáculo.

Com relação a utilização da técnica teatral para ensinar matemática, em Vargas

[10], encontramos referência a peças teatrais nos E.U.A, na Espanha e na Costa Rica,

país de origem dos autores, que estaria dando seus primeiros passos nesse tipo de

técnica. No Brasil, o professor João B. Nascimento, da UFPA, e o professor Elvézio

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Scampini Junior obtiveram resultados satisfatórios em trabalhos onde os alunos utilizavam

esse recurso para aprenderem a matemática, como descrevem em Nascimento [11] e

Scampini [8], respectivamente.

O Núcleo de Artes Cênicas da Estação Ciência foi criado em 1999 por artistas da

Cooperativa Paulista de Teatro, técnicos e pesquisadores da Universidade de São Paulo

com o intuito de divulgar a ciência por meio de atividades como palestras, cursos,

apresentações de espetáculos de dança, teatro, circo e música. A montagem de peças

teatrais era realizada pela Cia da Fábula da Fíbula, que realizou um espetáculo chamado

“Monocórdio de Pitágoras: uma história de cordel”, uma produção infanto juvenil que tinha

por objetivo realizar uma ligação entre música e matemática contando a história de

Pitágoras de Samos. Num laboratório, Pitágoras explica e exemplifica de modo didático e

cênico todas as experiências realizadas com instrumentos e leva o público a reconstruir o

raciocínio realizado por Pitágoras. A peça é um enorme sucesso e tem obtido resultados

satisfatórios.

Mas o que seria, de fato, o Teatro Educativo? O Teatro Educativo, segundo Cobra

[12] “consiste em trazer para a sala de aula as técnicas do teatro e aplicá-las na

comunicação do conhecimento” e com isso, conforme Nascimento [11], contribuir para

atrair o interesse e a curiosidade do aluno, pois o teatro é dinâmico e tem uma história

envolvida que poderia ser o primeiro passo para que o aluno se interessasse em prestar

atenção na apresentação. E, além disso, o autor defende que a linguagem teatral tem alto

poder de fixação do conteúdo, pois esse estaria inserido num contexto, relacionado a

algum aspecto interessante que poderia ajudar o aluno a lembrar desse conteúdo,

utilizando-o no momento propício e, claro, poderia auxiliá-lo em sua vida cotidiana, o que

seria o real objetivo da Educação, segundo Castro [13]:

“Creio que o objetivo final da educação não é outro se não elevar a qualidade de

vida dos seres humanos para que a passagem fugaz por este curioso planeta resulte

verdadeiramente em algo memorável. Se esse não é o objetivo da série de experiências

educativas que propusermos, a educação provavelmente perde todo o seu sentido.”

No caso em que o aluno participa do processo de construção da peça, existem

vantagens que devem ser levadas em consideração, uma delas seria a atitude de parceria

e co-responsabilidade entre professor e aluno. Essa união, segundo Scampini [8] é

deveras valiosa e fortifica a relação professor-aluno, afinal, o teatro propicia situações em

que todos os envolvidos têm que participar com afinco.

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Outra vantagem da utilização do teatro no ensino seria criar nos alunos - caso em

que esses sejam participantes da peça como atores, sonoplastas, iluminadores, entre

outras funções - a noção de responsabilidade e organização, que são deveras importante

para o bom desempenho escolar e da vida futura. É essencial, outrossim, que os alunos

percebam a importância de cada um deles para que se consiga chegar a um produto final

com qualidade; é como se cada um fosse uma peça de um quebra-cabeça, que só estará

completo se cada uma dessas peças completar o seu espaço devidamente.

O contato com a técnica teatral traz muitos benefícios no que se diz respeito à

comunicação oral e corporal do aluno, pois deve haver a preocupação com a dicção, com

o volume de voz e com a postura, para que esses elementos culminem no entendimento

da história e do conteúdo, por parte do expectador. E, mais do que o entendimento do

expectador, o contato com essas técnicas pode trazer aprendizados para os alunos que

serão muito úteis em seu futuro, principalmente profissional, afinal saber se comunicar é

imprescindível para ter êxito, seja numa entrevista de emprego, numa palestra, ou numa

reunião de negócios. Para o professor, essas técnicas também poderão ser úteis, pois

existem muitos professores que têm problemas de dicção, de volume de voz e de postura,

e, por vezes, não os percebem ou não têm a oportunidade de refletir sobre eles.

Além desses benefícios citados anteriormente, não se pode esquecer a grande

vantagem de o aluno entrar em contato com dado conhecimento e entendê-lo

verdadeiramente a fim de que ele possa ser transmitido à plateia. Esse contato e

pesquisa podem ser feitos de forma que aconteçam situações adidáticas, já explicadas

anteriormente, que são extremamente significativas para o processo de aprendizagem

dos educandos. Quando o aluno é participante do processo e realiza essa experiência de

pesquisar, de buscar suas próprias conclusões, ele desenvolve seu pensamento crítico,

sua autonomia e esses elementos serão de extremo valor para que o produto final seja

construído com muita aprendizagem e dedicação.

Mas como seria a linguagem teatral no ensino da Matemática, especificamente?

Conforme Vargas [10], “ao pensar em Matemática, vêm na mente números,

símbolos, fórmulas, cálculos, figuras, livros, etc. É difícil enxergar o ensino da Matemática

de uma forma criativa, divertida ou fácil, ao contrário, muitos vêm a Matemática como uma

ciência enfadonha, difícil e com o ensino magistral que não passa da utilização de uma

lousa ou de um livro.”

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Ao contrário do que parece a muitos, a Matemática pode ser ensinada com o

auxílio das técnicas teatrais sob várias formas. Pode ser com a criação de “personagens-

conceitos” (expressão criada por Castro [13]), ou seja, a personificação de algum

conteúdo, por exemplo, os números primos são os personagens da peça “ Diálogo entre

primos” , que encontramos em Castro [13]. Pode-se contar alguma passagem da história

da Matemática, pois ela mesma já é vinculada a algum conceito criado por algum

matemático ou discutido na época. Ou, pode-se ainda, criar situações em que os

conceitos matemáticos apareçam contextualizados, ou seja, em histórias com

personagens da vida real ou de histórias em quadrinhos, de desenhos animados em que

apareçam algum conteúdo matemático que possa ser aprendido, que é o principal de todo

esse trabalho.

Mas além dessas aprendizagens, não podemos esquecer daquela que é bastante

importante: o teatro proporciona a discussão e reflexão de valores morais que são

essenciais para os educandos, pois o conhecimento deve vir acompanhado de sabedoria

moral para que esse não seja desperdiçado ou mal utilizado pelos alunos. Essa questão

aparece em Vargas [10]:

“O teatro pode ser um dos caminhos que levam os estudantes ao mundo

matemático cheio de vida, de sentimentos e ações, onde consigam se identificar com as

situações dos personagens e com o que se pode aprender não só sobre Matemática, mas

também sobre valores e relações sociais, modificando a ideia de que a Matemática é

enfadonha, difícil e sem relação com a vida cotidiana.”

Uma questão que precisa ficar clara aos professores e educadores é que o objetivo

desse trabalho não é defender que a técnica teatral deva ser utilizada cotidianamente

como metodologia de ensino; não há indícios de que isso seria possível por conta da

ausência de tempo disponível de aula e do trabalho que esse tipo de atividade, para ser

bem feita, demanda. A técnica teatral, no ensino da Matemática, teria como um de seus

objetivos ser um projeto paralelo, ou um trabalho em que os alunos poderiam apresentar

no final do curso e serem avaliados, ou uma forma de realizarem apresentações para os

colegas de toda a escola, para que esses revejam ou aprendam algum tópico de

Matemática e, claro, se divirtam enquanto o fazem.

Mais uma vez, o que se espera não é o total apego a uma certa metodologia, como

se essa fosse sublime e indiscutível, espera-se inspirar o professor, trazer-lhe novos

artifícios que poderiam ser úteis, caso os seus próprios não tenham surtido algum efeito

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positivo na aprendizagem dos alunos, que é o principal de todo o contexto escolar.

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5. SOBRE AS ESQUETES

5.1 – Introdução

“A Educação teria que ser um grande espetáculo (no melhor sentido do termo)

todos os dias. O professor deveria chegar à sala motivado com suas propostas e os

alunos deveriam contagiar-se desse espírito e dessa emoção para aprenderem

felizmente.” (Castro, 2002)

Tendo por base a afirmação acima, os objetivos das esquetes, que serão

apresentadas logo mais, é fazer com que o aluno se envolva, se contagie - e assim

aprenda devidamente dado conteúdo - aprecie as técnicas teatrais e discuta sobre os

valores morais envolvidos no espetáculo, pois tudo isso lhe será muito útil em sua vida

social e profissional. E, quanto ao professor, que esse também se veja motivado em sua

profissão, e que o teatro seja uma forma de o professor perceber a necessidade de tornar

o aluno ativo, em seu processo de construção do conhecimento.

Muitas práticas educacionais atuais, como os efeitos didáticos vistos anteriormente,

afastam os alunos da educação, podendo fazer com que sejam excluídos da sociedade,

seja por conta de sua ausência de conteúdo ou ausência de pensamento crítico e, claro,

não são esses os objetivos da Educação. As esquetes são apresentadas como forma de

inspiração para que haja alguma evolução na aprendizagem da Matemática e no

interesse dos alunos por essa ciência tão importante.

A preocupação, no momento de criação tais esquetes, foi motivar os alunos a se

envolverem com o espetáculo e com o conteúdo apresentado nele e, para isso, o

conteúdo das esquetes deveria estar de acordo com algum assunto que interessasse os

alunos, de fato. Assim, para aqueles que dizem não gostar de Matemática, haveria uma

motivação inicial.

Outro objetivo a ser cumprido na criação das esquetes foi tornar o conhecimento

Matemático envolvido de alcance universal, ou seja, acessível ao público que prestigiaria,

seja esse público composto por alunos de diversas séries, por pais de alunos ou por

professores de outras disciplinas. É inegável que o grau de fixação de dado conteúdo

será diferente de acordo com o público-alvo, entretanto, houve a preocupação de que o

conteúdo ficasse o mais claro possível para todos que assistissem ao espetáculo. É claro

que existe a possibilidade de criar esquetes e peças teatrais mais especificas para um

dado público, mas essa não foi a motivação do presente trabalho.

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A esquete 1, “O verdadeiro gênio da Matemática”, trata-se de um passeio pela

Análise Combinatória feito através da busca dos personagens pelo projeto que Cadu, o

gênio da Matemática em teste, realizou para que pudesse ser escolhido como o líder dos

eventos de sua escola. Esse projeto é roubado por alguém que deixou envelopes

enigmáticos, os quais Cadu e seus amigos devem desvendar para que encontrem o

projeto a ser entregue ao diretor da escola em apenas um dia.

Tanto a criação dos personagens - jovens com personalidades diferentes e

marcantes - quanto a forma como se abordou os conteúdos matemáticos, tiveram seu

foco voltado para o interesse e entendimento dos alunos, a fim de que esses pudessem,

inicialmente, se verem envolvidos com a história em si e, quando menos imaginassem,

estariam participando e aprendendo matemática.

A esquete 2, “ Um amor em conjunto”, é uma introdução à Teoria dos Conjuntos

sob a forma de uma narração do amor entre um Conjunto Par e um Ímpar que não

poderiam ficar juntos por conta de sua intersecção não ter nenhum elemento, ou seja, os

filhos seriam conjuntos vazios, que são desprezados pela sociedade. Os pais, que são os

governantes dos dois povoados de conjuntos existentes, são contra esse amor e somente

quando o conjunto Universo explica-lhes que, na verdade, eles deveriam pensar na união

dos dois que daria origem a um novo Conjunto Universo a quem ele daria o nome de

Conjunto dos Números Naturais.

Nessa esquete, utilizou-se a ideia de Castro [13]: personagens-conceito. Esse tipo

de personagem é aquele que carrega nele mesmo (em suas falas e na dos outros

personagens, em seu figurino, em seus gestos...) alguns dos conceitos matemáticos que

se pretende ensinar durante a esquete. Ao criar tais personagens, deve-se sempre ter

cuidado ao designar características para eles, pois os alunos podem transportar tais

características aos conceitos, podendo ter medo ou não gostar desse conteúdo por conta

da personalidade que lhe foi dada durante a apresentação.

Para que houvesse êxito no ensino do conteúdo matemático contido nas esquetes,

fora necessário o estudo desse conteúdo; estudo esse que também será realizado pelos

atores ou pelos alunos – caso em que os alunos serão participantes do processo – na

preparação da peça . Esse momento é deveras importante para os atores ou alunos

participantes, afinal é nessa parte do processo que eles terão de entender

verdadeiramente o conteúdo, para que não haja dúvidas ao representar as esquetes, ou

pareça que eles apenas decoraram o texto sem entender, de fato, o que ele significa.

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5.2 – Conteúdo Matemático

Esta seção visa apresentar o conteúdo a ser abordado nas esquetes da forma

como são mostrados nos livros didáticos, apostilas, entre outros. Alguns desses

conteúdos não serão aprofundados e nem apresentados como fórmulas nas esquetes,

pois essas não têm um público-alvo específico e talvez esse público não esteja apto a

entender esse tipo de linguagem.

Esquete 1: “ O verdadeiro gênio da Matemática”

Conteúdos: Introdução à Análise Combinatória e à Probabilidade

Assuntos: Operação da Multiplicação, Princípio Fundamental da Contagem, Fatorial de

um número natural, Arranjos, Permutações, Combinações e a definição de Probabilidade.

Principais referências: Centurión [14], Ieezi [15]

* Operação da Multiplicação:

- A união de conjuntos disjuntos, com a mesma quantidade de elementos, sugere a

operação Multiplicação:

A B C

4 + 4+ 4 = 12

3 x 4 = 12

- A Multiplicação pode ser associada a situações que envolvem adições de parcelas

iguais:

5 x 7 = 7 + 7 + 7 + 7 + 7 = 35

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- Os números multiplicados chamamos de fatores e o resultado da multiplicação de

produto:

3 x 6 = 18

3 e 6 são fatores

18 é o produto

* Princípio Fundamental da Contagem (PFC):

- Seja uma dada ação constituída por duas etapas sucessivas, onde a primeira etapa

pode ser realizada de m maneiras distintas e a segunda etapa pode ser realizada de n

maneiras possíveis. Então, para se saber o número de possibilidades para se efetuar a

ação completa, com as duas etapas, basta fazer m x n :

Em uma lanchonete, tem-se 3 possibilidades de sanduíche (misto-quente, x-salada, hot-

dog), e 2 possibilidades de bebida (refrigerante, água). De quantas maneiras pode-se

fazer o pedido na lanchonete?

refrigerante

Misto-Quente ____ água

refrigerante

X-Salada ___ água

refrigerante

Hot-Dog ___ água

Então temos 6 possibilidades. Se usarmos o PFC, 3 x 2 = 6.

- Esse princípio pode ser generalizado em ações constituídas de mais de uma etapa.

* Fatorial de um número natural:

- Definição: Dado um número natural n, definimos o fatorial de n (indicado por n!) através

das relações:

I- n! = n . (n-1) . (n-2) . ... . 3. 2. 1 , para 2≥n

II- Se n = 1, n! = 1

III- Se n = 0, n!= 1

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Ex: 6! = 6.5.4.3.2.1 = 720

* Arranjos, Permutações e Combinações:

- Todo problema, pelo menos teoricamente, poderia ser resolvido utilizando o PFC. Mas,

na prática, a utilização só desse princípio pode se tornar muito complicada, por isso

existem outras técnicas de contagens que ajudam na resolução dos problemas. Aqui,

definiremos apenas os agrupamentos (arranjos, permutações e combinações).

- Arranjos: Dado um conjunto com n elementos distintos, chama-se Arranjo dos n

elementos, tomados k a k, a qualquer sequência ordenada de k elementos distintos

escolhidos entre os n existentes. O número total de arranjos é dado por:

A n,k =( )!

!

kn

n

−, onde kn ≥

A senha de um cartão eletrônico é formada por duas letras distintas acompanhas

por uma sequência de três algarismos distintos. Quantas senhas poderiam ser feitas?

Dentre as 26 letras do alfabeto, queremos apenas 2 para formar a senha, então fazemos

A26,2.

Dentre os 10 algarismos, queremos apenas 3 para formar a senha, então fazemos A10,3.

Então, pelo PFC, fazemos A26,2 X A10,3 = 468.000

Ou, fazemos: 26 . 25 . 10 . 9 . 8 = 468.000, pois temos 26 possibilidades para a primeira

letra da senha, 25 possibilidades para a segunda (pois já usamos uma letra na primeira),

10 possibilidades para o primeiro algarismo, 9 possibilidades para o segundo (pois um já

foi utilizado para o primeiro algarismo), 8 possibilidades para o terceiro algarismo( pois já

foram utilizados dois algarismos).

- Permutações: Dado um conjunto com n elementos distintos, chama-se Permutação dos

n elementos a todo arranjo desses n elementos tomados n a n. O número total de

permutações de n elementos, indicado por Pn, é dado por:

Pn = A n,n = ( )

!!0

!

!

!n

n

nn

n==

Quantos são os anagramas da palavra SOL?

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P3 = 3! = 6

Ou, fazemos: 3. 2. 1 = 6 pois temos 3 possibilidades para a primeira letra, 2 possibilidades

para a segunda letra (pois já utilizamos uma letra) e 1 possibilidade para a última letra

(pois já usamos 2 letras).

- Combinações: Dado um conjunto com n elementos distintos, chama-se Combinação dos

n elementos de A, tomados k a k, qualquer subconjunto de A formado por k elementos. O

número total de combinações é dado por:

C n,k = ( )!!

!

knk

n

−⋅

Uma classe é formada por 10 alunos. Deseja-se formar uma comissão de três alunos para

representação discente na escola. De quantas maneiras poderemos fazer essa escolha?

Dentre os 10 alunos, queremos 3 para a representação discente, então fazemos:

C10,3 = 120. Mas por que não podemos usar o Arranjo?

Porque, nesse caso, a ordem com as quais se convida os alunos não importa, ou seja, se

forem chamados os alunos ABC ou ACB ou BAC ou BCA ou CAB ou CBA, será o mesmo

grupo de alunos representantes, logo, utilizamos a fórmula da combinação.

Ou, então fazemos: 1206

8910=

⋅⋅ pois temos 10 opções para o primeiro aluno

representante, 9 opções para o segundo aluno (pois um já foi escolhido) e 8 opções para

o terceiro (pois 2 já foram escolhidos). Porém para cada trinca de alunos, existem 6

possibilidades iguais, portanto temos que dividir por 6 para que seja considerado apenas

um caso de cada trinca.

* Probabilidade:

- A definição intuitiva de Probabilidade é dada por:

P = número de casos “favoráveis” ou “específicos” , onde 10 ≤≤ P número de casos “possíveis” ou “total de casos”

- Pode-se indicar uma probabilidade, através de uma fração, de um número decimal ou de

uma porcentagem.

Uma urna contém 15 bolas numeradas de 1 a 15. Uma bola é extraída ao acaso da urna.

Qual a probabilidade de ser sorteada uma bola com número maior ou igual a 11?

Casos favoráveis: 11, 12, 13, 14, 15 – 5 casos

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Casos possíveis: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 – 15 casos

Probabilidade: %33...33,015

5===P

Esquete 2: “Um amor em conjunto”

Conteúdo: Introdução à Teoria dos Conjuntos

Assuntos: Definição de Conjunto, Tipos de Conjuntos, Diagrama de Venn, Operações dos

Conjuntos, Problemas que envolvem Conjuntos

Principais referências: Giovanny [16], Xavier[17]

* Definições:

- Conjunto: Em matemática não se define conjunto. No entanto, todo estudante tem em si

a noção intuitiva de conjunto por conta de tudo aquilo que está ao seu redor. Por exemplo:

seus pais e seus irmãos são o conjunto “família”. De uma maneira não exata, pode-se

dizer que conjunto é uma coleção de objetos ou pessoas ou números e etc. Mas essa

definição não é exata, pois pode-se ter conjuntos com um só elemento ou conjuntos sem

nenhum elemento.

- Elemento: Os componentes de um conjunto são chamados de elementos.

No conjunto das vogais, os elementos são a, e, i, o, u .

* Tipos de Conjuntos:

- Conjunto Finito: É aquele que tem um número limitado de elementos.

O conjunto de dedos de uma das mãos de um ser humano normal tem 5 elementos

- Conjunto Infinito: É aquele que tem um número ilimitado de elementos.

O conjunto dos números primos é um conjunto infinito.

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- Conjunto Universo: Trata-se do conjunto ao qual pertencem os elementos de todos os

conjuntos considerados.

Quando estudamos a geometria plana, o conjunto universo é formado por todos os pontos

de um dado plano

- Conjunto Unitário: Trata-se do conjunto que possui um único elemento.

O conjunto dos dias da semana que começam com a letra D é um conjunto unitário, pois

somente Domingo começa com a letra D.

- Conjunto Vazio: trata-se do conjunto que não possui nenhum elemento.

O conjunto dos dias da semana que começam com a letra X é um conjunto vazio, pois

nenhum dia da semana começa com a letra X.

- Subconjunto: Um conjunto A é subconjunto de outro conjunto B quando qualquer

elemento de A também pertence a B.

O conjunto dos dias da semana que começam com S é um subconjunto do conjunto dos

dias da semana.

- Diagrama de Venn: É uma forma de representar conjuntos

a e

i o

u

Conjunto das Vogais

- Igualdade: Dois conjuntos são iguais quando possuem os mesmos elementos

a o

o a

Conjunto das vogais da palavra carro Conjunto das vogais da palavra sapo

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* Operações:

- União de conjuntos: A união de dois conjuntos A e B é o conjunto formado por todos os

elementos que pertencem a A ou a B.

1 3 3 10 7 3 1

4 1 4 4 10 7

A B AUB

- Intersecção de conjuntos: A intersecção de dois conjuntos A e B é o conjunto formado

pelos elementos que são comuns a A e a B, isto é, pelos elementos que pertencem a A e

também pertencem a B.

1 9 2

2 5 10 7

A B

A∩ B= 5

O elemento 5 pertence ao conjunto A e ao conjunto B simultaneamente, logo ele é a

intersecção entre os conjuntos A e B.

- Diferença de conjuntos: A diferença entre dois conjuntos A e B é o conjunto dos

elementos que pertencem a A, mas que não pertencem a B.

1 3 6 1 3

5 2 4 8 5

A B A\B

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* Problemas que envolvem conjuntos:

- Trata-se de problemas em que se utiliza as operações de conjunto e o diagrama de

Venn para facilitar a resolução.

Numa escola de 630 alunos, 350 deles gostam de Português, 210 gostam de Espanhol e

90 gostam das duas matérias (Português e Espanhol). Quantos alunos gostam apenas de

Espanhol?E de Português? E de nenhuma das outras matérias?

P E

350 -90 = 260 90 210-90 = 120

630 – (260+90+120) = 160

A intersecção dos conjuntos representa os alunos que gostam de Espanhol e Português;

350 alunos gostam de Português, mas nesses 350 alunos estão inclusos os alunos que

gostam só de Português e os que gostam de ambas as matérias. Subtrai-se a quantidade

de alunos que gostam das duas matérias dos que gostam de Português, dado pelo

enunciado, encontrando-se os que gostam só de Português (igual para Espanhol). E,

encontram-se os alunos que não gostam de nenhuma das matérias, ao subtrair a

quantidade de alunos que gostam de Espanhol, de Português e das duas.

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5.3 – Texto dramático

Esquete 1: “ O verdadeiro gênio da Matemática”

Personagens (por ordem de entrada em cena):

Diretor da escola

Rodrigo - aluno do 2º colegial

Cadu - aluno da 7ª série/8ºano

Pati - aluna da 7ª série/8ºano

Manu - aluna da 7ª série/8ºano

Beto - aluno da 7ª série/8ºano

Flora - aluna da 7série/8ºano

Guto - irmão mais novo de Cadu

Mãe de Cadu

OBS: A decodificação dos envelopes encontram-se ao final da esquete.

Sala do diretor. Estão presentes os alunos Cadu e Rodrigo.

DIRETOR: Como vocês sabem, todos os anos, nossa escola opta por um tema que será

desenvolvido em todos os eventos e escolhemos um líder que será responsável por

cuidar de todos esses eventos. Bom, esse ano o tema geral sugerido por nós da direção

da escola seria a Matemática. Acreditamos que vocês dois seriam os alunos ideais para

serem líderes. Como são bons alunos, claro que vocês devem ter um rascunho de um

projeto que um dia imaginavam apresentar para mim, certo? (os dois alunos demonstram

que sim) Quero que tragam esse projeto específico até amanhã.

RODRIGO: Eu já tenho o meu aqui, Sr. Diretor, posso entregá-lo?

DIRETOR: Se você acredita que está pronto...Claro!

CADU: Como a professora Márcia já havia comentado essa possível escolha, eu preparei

o meu projeto (tenta achar na mochila)...Só um minuto que está difícil de achar...Que

estranho! Tenho certeza de que estava aqui....era um envelope igualzinho a esse do

Rodrigo...

DIRETOR: Igualzinho? (Cadu faz que sim com a cabeça) Tudo bem, Carlos Eduardo!

Você tem tempo para encontrá-lo...

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RODRIGO: Espero que não... pior que você faz tudo a mão, né Cadu? Seu irmãozinho

me contou no treino de futebol que você não digita seus trabalhos. Deixa só você chegar

“no” colegial e ver como é difícil fazer os trabalhos enormes que a gente tem que fazer, a

mão... Por que você tem essa mania?

CADU: (irritado) Bom, acho que não preciso ficar me justificando para você...

RODRIGO: Nossa, não precisa ficar nervoso, eu só queria entender o porquê...E você

guarda seus trabalhos todos na mochila ? (pausa, sinal de intervalo)

DIRETOR: Rodrigo, isso não vem ao caso... Acho que está tudo esclarecido. Podem ir

para o intervalo (os alunos saem – Diretor conversando com seu objeto) Esses meus

alunos...só me dão trabalho...e quer saber? Eu adoro isso!! ( ri - sai de cena)

Pátio da escola. Manu e Flora conversam, Beto aprontando com Manu sem que ela

veja.

PATI: Ai, gente!!! Vocês vão “na” festa da Amandinha? Como vocês sabem, eu adoro criar

roupas, vejam só as que eu fiz para a festa! São duas calças: uma jeans e uma preta, e

três blusinhas liiindas: uma de flores, uma amarela e uma listrada... mas não sei com qual

eu vou!!!

MANU: É, você tem muitas opções, Pati...Vamos pensar: (pede participação da plateia

para segurar os moldes das roupas) escolhendo a calça jeans, você tem três opções para

a blusa e, escolhendo a calça preta, você também tem as mesmas três opções para a

blusa. Somando as três opções para cada calça, você tem 6 opções, entendeu?

PATI: Acho que sim: pode ser a calça jeans com a blusa de flor, a calça jeans com a blusa

amarela, a calça jeans com a blusa listrada, aí são três opções, do mesmo jeito com a

calça preta e tcharam!!! 6 opções!!

BETO: Até que a Patizinha está esperta! (riem, exceto Pati) Galera, será que o Cadu vai

ser suspensado?

TODOS: Suspenso!!

BETO: É, suspenso...

FLORA: (calma) E por acaso o Cadu deu algum motivo pra isso? Que mania de pensar

besteira...(Cadu se aproxima) Aí vem ele...

BETO: (desesperado) E aí, Cadu? Quantos dias?

CADU: Um dia.

BETO: (mais desesperado) Um dia? Eu não disse que ele ia ser suspenso? Só não sabia

quantos dias...

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CADU: (grosseiro) Quem disse que eu fui suspenso? Quem (pausa). Tenho apenas um

dia para refazer meu projeto de meses, porque perdi e não passei para o computador...

MANU: Você e sua mania de fazer tudo a mão...você não aprende...

CADU: Eu pedi sua opinião por acaso?

PATI: (tentando amenizar a situação) Aiii, Caduuu!!! Sabia que eu posso escolher entre

duas calças e três blusas para ir “no” aniversário da Amandinha?

CADU: (pensando somente em seu projeto) Então você tem 6 possibilidades de roupa, o

que pouco me importa.

BETO: (para Manu - cochichando) Essa sensibilidade do Cadu me toca profundamente

(riem)

FLORA: Como é que você conseguiu calcular as opções tão rápido?

CADU: Isso se chama Princípio Fundamental da Contagem, vi isso num livro...é ridículo:

quando você tem tantas escolhas para uma coisa e tantas para a outra é só multiplicá-

las...(debochando) Nem você, Manu, sabia disso??

MANU: (sensata) Não, por quê? Mas descobrimos pensando, não vejo nenhum problema

nisso...

PATI: (empolgada) Quer dizer que se eu tiver 5 bolsas e 7 sapatos, posso vestí-los

de...7x5...7x5...35 maneiras diferentes?

CADU: (enfastiado) Sim, senhora.

PATI: (muito empolgada) E se eu tiver 4 pulseiras e 10 relógios posso combiná-los de 40

maneiras diferentes?

CADU: Sim, Pati!

PATI: (eufórica) UHUUU! 40 opções!!

BETO: Ah, meu Deus, que frescuribilidade!!

TODOS: (sem entender) O quê?

BETO: Frescuribilidade, ué...aquilo que toda mulher emperequetada tem (todos olham

repreendendo Beto - irônico) Gente, querem fazer o favor de não desviar do foco...Cadu,

voltando ao seu projeto...não é possível que tenha sumido... (enquanto isso, as meninas

conversam)

CADU: Pois é, cara! Vou dar uma procurada em casa, mas tenho certeza de que deixei

nas minhas coisas!

BETO: Duvido que você tenha perdido... Se precisar de alguma coisa ,aí, é só gritar lá em

casa que eu já chego... “Cê”sabe, né?

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CADU: Sei, sei...Bom, vamos ver (bate o sinal indicando o fim do intervalo). Duas aulas

de Português e uma de Geografia...ninguém merece...

BETO: Relaxa, cara! Tenho assunto pra aula inteira...

CADU: Mas nota, não! Beto, quer colocar um pouco de juízo nessa cabeça?

BETO: Ah! Cadu, depois a gente marca de estudar...e quer saber, você também não pode

falar nada, que sua nota de Português foi um...(Cadu tampa a boca dele)

CADU: Quer ficar quieto, a Manu vai ficar se achando, se souber dessa minha nota, só

porque ela tirou 10...

FLORA: Meninos, estamos indo para a aula...vocês ficam?

BETO: “Bora” ,Cadu! (saem)

Na casa de Cadu, no ateliê de sua mãe, encontram-se a própria mãe, que está

pintando, e o irmão mais novo Guto, que está fazendo sua lição de casa.

GUTO: Mãe, 3+3+3 é 9?

MÃE: É sim, filho!

GUTO: E 3 x 3 é 9?

MÃE: É sim, Guto.

GUTO: Então, porque eles complicam tudo? Eu já entendi o sinal de mais, agora tenho

que aprender tudo de novo para o de multiplicação?

MÃE: (entrando) Ô, filhote! O sinal da multiplicação só veio para ajudar. Pense bem, e se

fosse 3 + 3 + 3 + 3...20 vezes, não é mais fácil fazer 20 x 3 direto?

GUTO: Verdade, mãe! Só que eu não entendo, porque tem que fazer 3 x 0 e 3 x 2

separado para saber quanto é 3 x 20? Por que eles inventam tanto?

MÃE: Então, filho, na verdade, você está só fazendo a multiplicação por partes. Você está

fazendo 3 vezes as unidades, que nesse caso são 0 unidades e 3 vezes as dezenas, que

são duas. Isso é um jeitinho mais rápido, mas a ideia é sempre facilitar uma adição.

Depois você vai aprender a simplificar a multiplicação com uma operação chamada

potência, mas deixemos para o momento certo...

GUTO: Caraca, mãe, você sabe tudo de Matemática, hein?

MÃE: Um pouquinho, meu amor (campainha – Cadu entra). Oi filho! Como foi na escola

hoje?

CADU: Mais ou menos...Mãe, você lembra de um envel...

MÃE: Filho, chegou esse envelope para você...

CADU: Putz, é o meu projeto! Você viu quem dei...(começa a abrir)

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MÃE: Não vi quem deixou, deve ter sido o carteiro...

CADU: O Carteiro só passa de segunda, mãe...Alguém deve ter achado e...caraca, cadê

o projeto?? O que é esse monte de envelopes? E esse molho de chaves??

GUTO: Alguém roubou o seu projeto e está te dando as dicas de onde ele está. (Cadu e

sua mãe se olham com cara de “ esse menino sabe tudo”)

CADU: Acho que é isso mesmo, Guto! Vou abrir o envelope de número 1, (pensa) não,

vou abrir o último, quem sabe eu não precise nem ler os outros: “ Muito bem, Cadu! Agora

você já sabe onde está o seu envelope. Agora você tem até às 6 horas da tarde de hoje

para ir a esse lugar, antes que ele feche e você não consiga recuperar seu projeto. A

chave, dentre todas essas que você tem na mão, é aquela que tem o número que é a

solução do próximo enigma. Qual é a chance de você acertar a chave correta na primeira

tentativa?”

GUTO: Claro que a pessoa que fez isso não ía ser tão burra de dizer : (remedando) “Olha

Cadu, seu projeto está dentro do seu armário”...Ah! Assim não teria graça nenhuma, né?

(Cadu e mãe se olham novamente com cara de “esse menino sabe tudo”)

CADU: Vou ler o primeiro, então: “Olá, Cadu! Será que você é mesmo o grande gênio, o

líder nato da Matemática? Prove, então! Aí, estão alguns probleminhas que te ajudarão a

encontrar o lugar onde está seu projeto e a chave que te leva até ele. Eu acho esses

enigmas bem fáceis e você? Você deve saber quem eu sou, mas se me delatar, estará

assumindo para toda a escola que não seria um bom líder, pois tem medinho da

Matemática. Um abraço!”

MÃE: Filho, fale agora quem fez isso que eu converso com o diretor e está tudo resolvido.

CADU: Claro que não, mãe. Até parece que eu preciso da minha mamãezinha para

resolver os meus problemas. Eu aceito esse desafio. Vou chamar os meus amigos (vai

até a porta e grita) Chamada urgente! Chamada urgente! Pronto, eles já vêm. (Todos vão

entrando aos poucos).

PATI: Ai, Caduzinho, o que foi? Estava fazendo minha chapinha e escolhendo, entre as

minhas 6 opções, a roupa do aniversário da Amanda...

CADU: Que bom, agora você vai fazer algo de útil!!

PATI: Você tem inveja da minha beleza, hunf! Viu como ele me trata, tia?

MÃE: Não ligue!!

FLORA: Aconteceu alguma coisa?

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CADU: (irônico) Não, não, Florinha, eu chamei vocês para verem a Patrícia fazer

chapinha, porque eu não tenho nada mais importante para fazer...

FLORA: (rindo delicadamente) Caduzinho, eu adoro o seu humor, sabia?

MANU: Cheguei, pessoal!

BETO: Quem morreu? Quem foi sequestragnado?

TODOS: Sequestrado!

BETO: É, sequestrado!

CADU: Meu projeto!

FLORA: Como assim, Cadu? Tem certeza?

CADU: (começa a ficar mais acelerado, inicia sua postura de líder) Deixaram o envelope

do meu projeto com vários outros dentro e um molho de chaves. Tem um monte de

enigmas que eu preciso resolver. Vou abrir o segundo envelope: “Que bom que você

aceitou o desafio! É assim que tem que ser! Bom, você terá que resolver os enigmas e

surgirá uma frase, pois os números encontrados representam as letras e em cada

envelope os números mudam de lugar.

BETO: Vai nessa, Cadu!

CADU: (eufórico) Patrícia lê os envelopes, Flora faz as decodificações, Manu nas contas,

beleza, pessoal?

BETO: E eu??

CADU: Beto...? É...você distrai o Guto!!

BETO: Nada contra o Gutinho, mas não tem nada mais inútil para “mim” fazer, não?

FLORA: Betinho, ele está brincando, você vai ajudar na parte do raciocínio...

(cochichando) E é para EU fazer...

MANU: (sincera) Depende de qual é a definição de raciocínio que vocês conhecem...

PATI: Ai, Cadu! Vou abrir logo o próximo (abre o terceiro e dá o código para Flora – os

códigos devem aparecer em tamanho considerável para que a plateia possa acompanhar

o processo) 10! (ler 10 exclamação)

BETO: O que significa isso? Tipo, falar 10 contente? (contente) 10!

FLORA: Vou ver o que significa 10 nesse código...(pausa) Tem muitas possibilidades!!

MÃE: Eu acho que eu me lembro desse sinal! Ele quer dizer que você deve multiplicar

todos os números menores que 10, inclusive o 10.

BETO: Como assim, tia?

MÃE: Por exemplo: 3! (ler como 3 exclamação) é 3 x 2 x 1 x 0...

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CADU: Mas, mãe, se multiplicar por 0, qualquer número com exclamação vai dar 0.

MÃE: É verdade! Então 3! é 3 x 2 x 1.

CADU: Então quer dizer que 5! é 5 x 4 x 3 x 2 x 1 (dá outros exemplos com a participação

da plateia), no nosso caso, 10! é a mesma coisa que 10 x 9 x 8 x 7 x 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1.

MÃE: Isso aí, filho! E esse número é conhecido como Número Fatorial!

CADU: Interessante...não conhecia esse tipo número...

BETO: (irônico) Nossa! Mudou a minha vida conhecer esse número Fatolabial!

TODOS: FATORIAL!!!

BETO: É...fatorial...

CADU: Segundo os meus cálculos isso dá...3628800 (expor como está fazendo as

contas)

MANU: Os meus também deram isso!!

FLORA: Então, isso quer dizer...DIRTEOR ou DIRTERO...o que é isso?

MANU: Ou, DIRETOR!!!

CADU: Isso, DIRETOR!!

PATI: Próximo envelope: “Quantas palavras de 4 letras, com ou sem sentido, posso

escrever com as letras da palavra AMOR, sem repetição de letra?”

BETO: (chama a ajuda da plateia para segurar as letras e depois as “casas”) Pode ser

MAOR, OMAR, ROMA, RAMO...já perdi a conta!

MANU: Acho que podemos usar o Princípio Fundamental da Contagem que o Cadu nos

ensinou no intervalo.

CADU: Como, Manu? Acho que é melhor escrevermos as possibilidades!

MANU: Não, olha só...Nós temos palavras sempre de 4 letras, certo?

CADU: Sim, e daí?

MANU: E daí que temos 4 escolhas para a primeira letra, 4 para a segunda, 4 para a

terceira, 4 para a quarta, daí pelo Princípio Fundamental da Contagem é só multiplicar:

4 x 4 x 4 x 4,

CADU: E isso daria 256, que, com certeza, não quer dizer coisa alguma!!

PATI: Que é ND...e não tem o 6!!!

CADU: Não disse? Não tem nada a ver...estaca zero!! (pausa) Esperem, tem uma falha

no que a Manu disse, eu tenho 4 escolhas para a primeira letra, mas não tenho 4 para a

segunda.

PATI: Por quê, Cadu?

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CADU: Porque eu não posso repetir a letra que já usei na primeira escolha, então tenho 3

possibilidades para a próxima letra.

MANU: Na terceira escolha tenho apenas duas letras, pois já usei duas e na quarta

escolha apenas uma, pois já usei 3! Multiplicando as escolhas pelo Princípio Fundamental

da Contagem temos 4 x 3 x 2 x 1.

PATI: O 4 feliz!!!

MANU: Que é 24!

FLORA: Que significa NA!!!

CADU: DIRETOR NA??

MANU: Calma, Cadu...isso pode estar na ordem trocada.

PATI: Próximo envelope: “ Para eleição do corpo dirigente de uma empresa, candidatam-

se oito pessoas. De quantas maneiras poderão ser escolhidos presidente e vice-

presidente?”

BETO: É o Princípio Fundamental da Canoagem!!!

TODOS: Contagem!!!

BETO: É...contagem!!

CADU: Por quê, Beto??

BETO: (sem graça) Ah! Sei lá...por que o outro foi...

MANU: Não vamos perder tempo...olhem só no que pensei: (chama a plateia para que se

levantem) temos que escolher o presidente, então temos 8 escolhas possíveis para esse

cargo.

CADU: E se já escolhi um para presidente, ele não está mais entre as minhas escolhas

para vice. Então tenho 7 possibilidades para vice.

PATI: Pelo P-F-C, que eu dei um apelido, porque já estou íntima desse Princípio

Matemático, é só multiplicar as escolhas, ou seja, 8 x 7.

GUTO: 56! Essa eu sei!

FLORA: E isso significa DO!!

BETO: DIRETOR NADO? DIRETOR DONA?

GUTO: Tinha que ser DIRETOR DONO, porque ele é homem!! (riem – toque entre Guto e

Beto)

BETO: Gutinho, tu é demais, cara!!

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PATI: (gritando) Querem prestar atenção em miiim?? Próximo: “Quantos trios com 2

meninos e 1 menina posso formar em uma sala que possui 10 meninos e 8 meninas? Ao

resultado some 6!”

MANU: Primeiro vamos ver os meninos: (pede participação da plateia) tenho 10

possibilidades para escolher o primeiro menino e...

PATI: Hummm, Manu, não conhecia esse seu lado de escolher meninos...(Manu e Cadu

se olham)

MANU: (envergonhada) Quer parar com isso? Voltando: tenho 10 possibilidades para

escolher o primeiro menino e ...como já escolhi um, tenho 9 possibilidades para escolher

o segundo e é só multiplicar, certo Cadu?

CADU: Sim, só que a dupla Cadu e Beto e, Beto e Cadu é a mesma, então cada dupla de

meninas foi contada duas vezes, logo temos que dividir o resultado por dois.

BETO: Como é que você consegue ser tão esperto? Dá um pouquinho de inteligência

para mim? E, essa dupla, Cadu e Beto não tem nenhuma igual mesmo...nós somos

imbatíveis!! Lembra quando a gente era criança que a gente se meteu numa...

FLORA: (cochichando) Betinho, não atrapalhe a concentração. (Beto fica cochichando

com Flora)

CADU: E para as meninas temos 8 possibilidades de escolha, pois só queremos uma

menina por trio. Então temos que fazer 10 x 9 x 8 e o que der dividir por 2.

MANU: 360 e tem que somar 6!!

GUTO: Quanta conta!! (momento ilusão do Guto, cada personagem assume um número e

dança em sua imaginação...

BETO: Guto!!Guto!! Tá tudo bem??

GUTO: Aham, depois eu te conto!!

CADU: 360 + 6! Então é 360 + 6.5.4.3.2.1 que é 720, isso dá...

MANU: 1080.

CADU: (grosseiro) Eu sei fazer contas!!!

MANU: Mas não era para eu te ajudar?

FLORA: (interrompendo) Que significa...SALA!!

CADU: Quais eram as palavras mesmo?

FLORA: DIRETOR, NA, DO e SALA...(pausa para ver se as crianças dizem)

BETO: NA SALA DO DIRETOR!!!

MANU: Beto, que rapidez de raciocínio, hein?

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PATI: Gente, eu sei que todos estão muito felizes em descobrir que o Beto tem um

cérebro, mas ainda não terminamos de ler os envelopes...(pigarreia) Vamos ver o próximo

envelope: “ Muito bem, Cadu! Agora você já sabe onde está o seu envelope. Agora você

tem até às 6 horas da tarde de hoje para ir a esse lugar, antes que ele feche e você não

consiga recuperar seu projeto. A chave, dentre todas essas que você tem na mão, é

aquela que tem o número que é a solução do próximo enigma. Qual é a chance de você

acertar a chave correta na primeira tentativa?”

CADU: (Cadu conta as chaves) Se eu tenho 20 chances, pois são 20 chaves...não

consigo entender. Acho que é uma dica para eu correr para lá e ir tentando uma por uma.

MANU: Não, Cadu! E se alguém vir você tentando abrir a porta da sala do diretor?

BETO: Aí é que você vai ser suspensado mesmo!

TODOS: Suspenso!!!

MANU: Você vai pegar uma chave dentre as 20 chaves e essa é a correta...

CADU: Não sei, não sei o que fazer...

MANU: (pegando na mão de Cadu) Calma, a gente vai descobrir o que é....(os dois se

olham - todos se entreolham)

CADU: (sem graça) É...então...uma dentre 20...isso parece razão, não parece?

MÃE: Para mim parece porcentagem, 20 chaves é 100%, uma chave é ...5%!

PATI: Como é que a senhora fez isso tão rápido, tia?

MÃE: Se 20 chaves equivalem a 100% das chaves... o que eu fiz com o 20 para ele virar

100?

PATI: Multiplicou por 5?

MÃE: Isso! Então se eu tenho uma chave e multiplico por 5, tenho?

FLORA e PATI: 5%!!

CADU: E se eu fizer uma razão dá um sobre 20 que é 0,05.

MANU: Então só pode ser a chave 5!!

PATI: Esperem aí! Quer dizer que se existirem 20 meninas em uma festa, a chance de eu

ser escolhida pelo mais gatinho é 1 sobre 20 ou 5%??

MÃE: É sim, Pati!!!

BETO: Xiii...difícil, hein Pati?

PATI: Bobo!

CADU: Vamos logo, podemos chegar tarde demais!!

MÃE: Vão com cuidado e com calma...vai dar tudo certo!!!

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BETO: Como é que a senhora tem tanta certeza disso...

MÃE: (titubeando) É...sexto sentido de mãe...

Escuro. Todos estão tentando abrir a porta.

BETO: (cochichando) E se alguém pegar a gente? Posso perder minha credutibilidade

para o conselho de classe.

TODOS: (cochichado) Credibilidade.

PATI: (cochichando) Beto, desculpe a sinceridade, mas você já está de recuperação,

queridinho...

FLORA: (cochichando) Não faz mal, Betinho, eu te ajudo a estudar e você vai arrasar nas

provas!!

Abrem a porta, acendem a luz. Estão o diretor e Rodrigo.

CADU: Eu..eu..posso explicar...meu proje..

BETO: (desesperado) Eu não tinha nada a ver com isso, eu ju...

DIRETOR: Acalmem-se todos!! Cadu, quais são as possibilidades para você estar aqui,

nessa situação?

CADU: (pausa) Ou o Rodrigo está querendo que eu me dê mal, porque fez com que o

senhor me flagrasse invadindo a sua sala...ou o senhor já sabia de tudo.

DIRETOR: Uma dentre duas chances. Chamamos de Probabilidade!! Nesse caso: um

sobre dois, ou 50%?

CADU: (bravo) O senhor sabia! Não compreendo...

DIRETOR: Carlos Eduardo, deixe-me explicar uma coisa: Eu queria testar você!

BETO: Legal, cara!! Você foi testado pelo diretor..

CADU: Será que você pode ficar quieto e deixar que se ouça o que ele tem a dizer?

(Beto fica sentido, Cadu percebe que exagerou, inicia uma reflexão).

DIRETOR: Queria ver se tinha mesmo condições de ser o líder desse ano, ou seja, se

realmente você é um gênio da Matemática. E você conseguiu!

CADU: Nesse caso, acho que... não posso aceitar!

DIRETOR: Como?

CADU: Eu não sou um gênio, porque... não resolvi esses enigmas sozinho... eu não

posso ser o líder. Foram eles que me ajudaram... e eu nem mereço a amizade deles, pois

estou sempre brigando, respondendo mal para eles. Beto, desculpa? (Beto se aproxima e

faz um cafuné em Cadu)

PATI: Cadu, a gente te entende...

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FLORA: Cadu, a gente sabe que não é por mal...

MANU: A gente gosta muito de você!!

DIRETOR: Carlos Eduardo, eu sei de tudo isso. Sua mãe me ajudou a organizar tudo e

me ligou para dizer que vocês estavam vindo para cá. Você será o líder, mas seus

amigos vão estar ao seu lado para te ajudar, te aconselhar e te alegrar, como sempre.

Certo, pessoal?

TODOS: Claro!

DIRETOR: Você não desconfiou quando viu o Rodrigo entregar um envelope igual ao seu

para mim? Pensei que fosse mais esperto!

CADU: Nem percebi.

DIRETOR: Tudo bem, isso já não importa mais. O Rodrigo foi meu grande ajudante e será

o seu em todos os nossos eventos Matemáticos.

CADU: Acho ótimo! Achei os problemas bem interessantes.

RODRIGO: E vocês são realmente muito espertos, pois esses problemas se referem a

assuntos do meu ano, 2º colegial e vocês estão na 7ª série!

BETO: Você ouviu isso, né, Sr. Diretor! (enfático) Eu - poderia - ser - do - segundo -

colegial...então, já estou aprovado para a 8ª série!!!UHU!!

DIRETOR: Adoro seu senso de humor, Sr. Felizberto!

BETO: Pelo amor de Deus, não me chame por esse nome!!

FLORA: Ah, Betinho, é lindo seu nome!!

MANU: O Beto é a pessoa mais feliz que eu conheço!!

PATI: Ai, Betinho, desculpa, mas se fosse Roberto seria beeem melhor!!

FLORA: (cochichando) Patizinha, nem sempre a sinceridade é o melhor caminho...

DIRETOR: Será que posso dar o meu veredicto?

BETO: Claro, querido e idolatrado diretor, o senhor pode tudo o que quiser? Quer que eu

limpe seus óculos? (sorriso amarelo)

DIRETOR: (dá um sorriso contido) Na presença de todos os seus amigos, eu lhe declaro

o líder dos projetos da escola desse ano!

TODOS: Aêêê! (palmas)

BETO: Aêêê, ninguém vai ser suspensoriado!!!

TODOS: Suspenso!

BETO: Ah, vocês entenderam! (apaga a luz).

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ENVELOPE 3:

A=6, B=7, C=1, D=3, E=8, F=9, G=1, H=7, I=6, J=5, K=5, L=4, M=5, N=7, O=0, P=4, Q=4,

R=0 OU 2, S=5, T=8, U=4, V=5, X=1, Y=7, Z=1, W=4.

ENVELOPE 4:

A=4, B=1, C=3, D=5, E=3, F=7, G=3, H=8, I=1, J=0, K=8, L=8, M=1, N=2, O=7, P=1, Q=8,

R=0, S=3, T=7, U=8, V=3, X=7, Y=1, Z=0, W=7

ENVELOPE 5:

A=1, B=3, C=2, D=0, E=7, F=8, G=4, H=2, I=7, J=0, L=9, M=3, N=2, O=6, P=3, Q=9, R=2,

S=4, T=7, U=4, V=3, X=0, Y=4, Z=8, W=2

ENVELOPE 6:

A=0, B=2, C=4, D=3, E=5, E= 6, G=9, H=2, I=7, J=6, L=8, M=3, N=9, O=0, P=5, Q=3,

R=4, S=2, T=0, U=7, V=2, X=0, Y=5, Z= 4, W=2

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Esquete 2: “Um amor em conjunto”

Personagens (por ordem de entrada em cena):

Narrador

Pai Par – governante do povoado Par

Mãe Par – governante do povoado Par

Filha Par

Pai Ímpar – governante do povoado Ímpar

Mãe Ímpar – governante do povoado Ímpar

Conjunto Vazio

Conjunto Unitário

Ao fundo, vê-se a divisão nítida entre dois territórios. Deve haver algo que indique essa

limitação. Um dos territórios é o Par e o outro é o Ímpar, deve haver uma caracterização

para que cada território tenha sua identidade. Entra Narrador, sujeito divertido.

NARRADOR: Olá, pessoal!! Estou aqui para contar para vocês uma história parecida com

a de Romeu e Julieta, sabem? Aquela em que dois jovens têm problemas para ficar

juntos, pois suas famílias não permitem que se envolvam e no final os dois jovens morrem

por causa desse amor? Pois é ... Mas acalmem-se!! Nessa história que irei lhes contar

não haverá mortes, afinal, os números nunca morrem...Antes de começar nossa história,

gostaria de explicar-lhes a ideia de conjunto (abre um saco, mostra e explica os objetos)

Isto é um conjunto de canetas e cada uma delas é um elemento desse conjunto. Isto é a

foto de um time de futebol; um time é um conjunto e cada jogador é um

elemento...quantos elementos tem o conjunto dos jogadores que estão em campo

jogando? (espera resposta) Então esse é um conjunto finito, ou seja, é aquele que a

gente consegue contar e dizer, com certeza, os elementos que ele possui, certo? Bom, na

nossa história, que tem todos os tipos de conjuntos, os governantes dos dois povoados

são conjuntos infinitos, ou seja, a gente não consegue contar seus elementos, porque

existem números que “não acabam mais” em cada um deles...para representar esses

conjuntos usa-se reticências, os famosos três pontinhos, afinal não dá pra escrever todos

os números que eles possuem...E, agora, vamos à história!!!

PAI PAR: Querida esposa, já está em tempo de nossa filha arrumar um pretendente para

se casar...

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MÃE PAR: Sim, marido...lembro-me quando fui apresentada a você...meus olhos se

iluminaram quando vi que você era igualzinho a mim: era o conjunto dos números pares

assim como eu...todos os elementos que eu possuía eram como os seus...

PAI PAR: Lembra-se da minha primeira fala para você?

MÃE PAR: “Que seja infinito, assim como nós, o nosso amor!!” Como esquecer?

PAI PAR: E assim como nós, nossa filha nasceu o conjunto dos números pares...

NARRADOR: Pausa na história!! Vocês sabem quem são os números pares, não é?

Quais são? (espera a resposta) Ah! Então está bem, podem continuar a história...

MÃE PAR: Linda, nossa filha é mais linda deste povoado. Acho que já está na hora de ela

se casar...o que acha marido?

PAI PAR: É verdade, mas temos que mantê-la sob nossa proteção...imagine se algum dia

ela invade o outro povoado, o povoado Ímpar?? Eu não gostaria de arrumar confusão

com os governantes de lá.

MÃE PAR: É verdade, marido! Se isso acontecer, perdemos a credibilidade de todos os

moradores dessa cidade: os nossos subconjuntos...

NARRADOR: Pausa, de novo!! O que seriam subconjuntos? São conjuntos que possuem

nenhum, alguns ou todos os elementos de um outro conjunto. Podemos dizer também

que o subconjunto é aquele que esta contido num conjunto maior. Por exemplo, o

conjunto formado pelos elementos 2, 4, 6, 8, 10 é um subconjunto do conjunto dos

números pares, porque possui alguns de seus elementos, ou seja, está contido nele

(mostra símbolo de estar contido) Esse é o símbolo que representa que um conjunto está

contido em outro conjunto. Nesse caso, o conjunto A está contido em B. No povoado dos

pares existem diversos subconjuntos que moram ali e são governados pelo casal conjunto

dos números pares. Continuando...

PAI PAR: Além disso, podemos sofrer algum castigo do Sr. Universo, o conjunto mais

importante por aqui, pois todos nós, dos dois povoados, estamos contidos nele...ele é

aquele que tudo vê!!

MÃE PAR: Ah, marido!! Nós nem sabemos se esse tal de Universo existe

mesmo...(trovão) Nossa!!

PAI PAR: Não brinque com essas coisas!! Não sabemos o que o Sr. Universo é capaz de

fazer...(entra a filha)

FILHA PAR: Oi, pai...Oi mãe!!Que cara de assustados!

PAI PAR: Imagine...estávamos conversando sobre o seu casamento...(congelam-se)

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NARRADOR: Enquanto isso, no povoado Ímpar...

PAI ÍMPAR: Esposa, precisamos encontrar uma pretendente para o nosso filho...já está

em tempo...

MÃE ÍMPAR: Mas ela tem que ser um conjunto dos números ímpares assim como

nós...para que a intersecção dos dois continue sendo o conjunto ímpar...

NARRADOR: Intersecção?? O que é isso, minha gente? Fazer a intersecção de dois

conjuntos é formar um novo conjunto que tenha os elementos que os dois primeiros

tinham em comum. Vamos utilizar o Diagrama de Venn...quem foi Venn? Um lógico-

matemático inglês. Mas então, (mostra dois conjuntos de números) O que esses dois

conjuntos têm em comum? (espera a resposta, depois mostra um conjunto somente com

os elementos que os dois primeiros possuem em comum) Isso! Então a intersecção desse

com esse é igual a esse, certo? Através do Diagrama de Venn podemos representar a

intersecção desta forma (mostra os dois diagramas interseccionados, depois mostra o

símbolo da intersecção) Este é o símbolo da intersecção. Aqui significa: fazer a

intersecção de A com B. Falei demais, né ? Vamos voltar à história...

PAI ÍMPAR: Sim, teremos que escolher uma esposa com os mesmos elementos que nós

possuímos, ou seja, igual a nós, para que nossa família perdure e para que não tenhamos

problemas com ele...

MÃE ÍMPAR: Ele quem?

PAI ÍMPAR: (cochichando) O Sr. Universo que é o mais importante dos conjuntos por

aqui...

MÃE ÍMPAR: E ele existe, por acaso? (trovão) Acho que sim...

FILHO ÍMPAR: Trovão estranho, assim, no meio do dia...

MÃE ÍMPAR: Posso saber onde foi?

FILHO ÍMPAR: Fui dar umas voltas pelo povoado, por quê? Agora sou prisioneiro e não

sabia?

PAI ÍMPAR: Não é isso, filho! Você pode dar passeios desde que sejam pelo NOSSO

povoado...nada de ir para OUTROS lugares, se é que me entende...

FILHO ÍMPAR: (contrariado) Entendo, pai...

MÃE IMPAR: Filho, queremos conversar com você sobre o seu casamento...(os dois

filhos respondem ao mesmo tempo)

FILHOS: Casamento?? (começa uma confusão, uma discussão em ambas as famílias)

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NARRADOR: (saem os pais) É, parece que nossos jovens conjuntos par e ímpar não

querem se casar tão cedo, deve ser porque ainda não encontraram um grande amor...

FILHA PAR: Não aguento mais isso, não posso fazer nada do meu jeito...Eu quero me

apaixonar por alguém e só então me casar. E qual é a graça de me casar com alguém

igualzinho a mim, com os mesmos elementos? Esse conjunto pode não me acrescentar

nada, pois tudo que ele tem eu já possuo.

FILHO ÍMPAR: Casar...casar com alguém que posso nem ter me apaixonado...isso é um

absurdo, claro que não! (os dois andam na mesma direção de cabeça para baixo até que

veem uma marca no chão que separa os povoados)

FILHOS: Quero ir além!! (se assustam) Quem é você?? (riem)

FILHO ÍMPAR: Fale você primeiro...

FILHA PAR: Eu...sou a futura governante do povoado Par e você?

FILHO ÍMPAR: Que coincidência, sou o mesmo que você, só que do povoado Ímpar...

FILHA PAR: Ah! E...como é o seu povoado?

FILHO ÍMPAR: Somos todos conjuntos de números ímpares, sabe? 1, 3, 5, 7...Também

tem o conjunto vazio. E cada morador desse povoado é um subconjunto nosso, alguns

são infinitos outros finitos...

FILHA PAR: Eu nunca entendi muito bem essa história de infinito...se nós infinitos, como

podemos ser escritos?

FILHO ÍMPAR: Pelo que sei, nós somos uma representação, porque realmente é

impossível mostrar a quantidade de números que temos, por isso esses três pontinhos

aqui (mostra uma parte do corpo onde aparecem as reticências em tamanho

considerável). Isso significa que tenho números que não acabam mais...

FILHA PAR: Acho que entendi. Meu povoado é parecido com o seu. E assim como você e

seus pais, meus pais e eu somos conjuntos que contêm todos os outros...mas eu não

conheço quase ninguém...

FILHO ÍMPAR: Então venha, você vai adorar conhecer os meus amigos...(puxa-a)

FILHA PAR: Você está louco...se al...(ficam bem próximos, se olham durante alguns

instantes)...acho melhor você me soltar, se alguém vir a gente assim, pensará alguma

coisa...

FILHO ÍMPAR: E eu por acaso estou preocupado?? Vou continuar conversando com

você, vamos ver se você tem cócegas...

FILHA PAR: Pare com isso...eu sinto muita cócega...pare já...

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FILHO ÍMPAR: Viu, como não me importo?? Venha vamos conhecer meus amigos...

FILHA PAR: Está bem, assim você pára de me fazer cócegas...(riem, saem de cena, entra

conjunto Vazio é a casa dele lugar sem nenhuma decoração, sem nenhum objeto, os dois

batem à porta com força)

C. VAZIO: (acordando) Anh? Quem está aí? Olha que eu estou com uma metralha-

números em minhas mãos e posso atirar a qualquer instante!!!

FILHO ÍMPAR: Eu sei que você não tem armas nas mãos , porque você não tem nada em

sua casa...abra logo Vazio, sou eu!!

C. VAZIO: (abrindo a porta) Ah...era você! Que susto!! E quem é essa amiga??

FILHA PAR: Muito prazer! Sou filha dos governantes do povoado Par...

C. VAZIO: O quê?? Pelo Sr. Universo, que nem sei se existe (trovão), o que faz aqui??

FILHO ÍMPAR: Fui eu que a convidei para conhecê-lo.

C. VAZIO: E você me acha interessante? (para a Filha Par) Olhe só, garotinha, sou o

Conjunto Vazio: não tenho nada, não faço nada e todos desse povoado me desprezam,

mas não estou nem aí...(triste) Vivo essa vida vazia, sem graça ou melhor, sem nada,

sem nenhum elemento para me constituir, mas mesmo assim, vivo...

FILHA PAR: Ei, eu acho que tem alguém igual ao senhor em meu povoado. Já ouvi falar

dela... quem sabe os senhores não...

C. VAZIO: Não, não podemos!! Eu sei de sua existência, mas ela pertence ao outro povo,

e não podemos misturar as coisas...

OS DOIS: (assustados) Como assim?

C. VAZIO: Meus queridos, ninguém deste povoado pode casar, ou seja, interseccionar

com alguém do outro povoado, pois as intersecções são vazias, entendem? Não existem

números que são pares e ímpares ao mesmo tempo...por isso, não haverá filhos ou eles

nascerão todos como eu...vazios...e eu não quero esse destino para eles...(sai-

entristecido)

FILHA PAR: Isso é bem triste!!Não tinha idéia de todas as coisas que acontecem nos

povoados!!

FILHO ÍMPAR: Eu também acho...eu quero mudar isso, mas não sei como...meus pais

não estão nem aí...estão confortáveis na posição em que se encontram e querem que eu

me case logo e assuma o meu lugar, continuando com essa bobagem...E eu sei que

todas as garotas desse povoado querem casar comigo, mas todas só querem a posição

de esposa do governante e para mim isso é muito pouco, sabe? Eu quero ver um

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sentimento de verdade nos olhos da minha esposa, sentir que junto a ela posso mudar

essas injustiças que vejo e gostaria de unir os dois povoados...somos todos números,

porque não podemos conviver juntos??

FILHA PAR: Tudo isso que você está dizendo é muito bonito...eu confesso que estou

impressionada! Eu nunca conheci ninguém como você...Me sinto até uma pessoa melhor

só em tê-lo conhecido...

FILHO ÍMPAR: Imagine...assim me deixa sem graça...Você que é uma garota incrível!

Sensível e adorável!!

NARRADOR: E durante dias e dias eles se encontravam, conheciam conjuntos dos

povoados, conversavam com esses conjuntos...até que um dia...(há alguém observando

todo o diálogo a seguir)

FILHO ÍMPAR: Sabe, eu queria te dizer que...você é uma garota incrível...e que...eu

estou...apaixonado por você...pronto, falei!

FILHA PAR: É...bem...é melhor paramos por aqui...nosso amor é impossível...nossos pais

jamais permitiriam...

FILHO ÍMPAR: Você disse NOSSO AMOR...eu sei que também está apaixonada por

mim...eu sinto!! Se esse Sr. Universo existir, ele há de nos dar uma ajudinha...Venha,

quero lhe apresentar outros amigos...(saem)

C. UNITÁRIO: Hahaha...acho que os governantes não vão gostar nada, nada de saber

desse namorico dos dois...tratarei de informar os senhores governantes ímpares e

mandarei um mensageiro avisar aos senhores pares...(sai)

NARRADOR: Para quem não conhece, esse é um dos conjuntos unitários desse

povoado. Chama-se Unitário porque tem apenas um elemento, nesse caso o número 3.

Eles vivem sozinhos, pois só fazem fuxico sobre os outros números...Nada de bom pode

sair disso...(entram Filha Par e Filho Ímpar brincando, correndo como dois

apaixonados...entram os pais de ambos)

PAI PAR: Mas o que significa isso??

PAI ÍMPAR: Filho, vamos embora já!! E nunca mais se envolva com alguém do outro

povoado, entendeu?

FILHO ÍMPAR: Pai, nós estamos apaixonados!! Finalmente encontrei alguém por quem

me interessasse de verdade!!

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PAI ÍMPAR: Mas vocês não podem ficar juntos!! Se um dia se casarem, não poderão ter

filhos!! Não há nenhum número par e ímpar ao mesmo tempo! A intersecção é vazia!

Vamos embora, já!!

NARRADOR: (para os personagens-bravo) Pausa nessa história!!

TODOS: Quem é você??

NARRADOR: (tira a roupa e mostra uma outra roupa reluzente) Sou o Conjunto Universo

desses povoados, o rei, o soberano de todos você!! Eu contenho todos os conjuntos dos

dois povoados...

TODOS: OHHH!!

FILHA PAR: Então o Sr. existe mesmo?

NARRADOR: (irônico) Não, não...isso é só fruto da imaginação de todos vocês...claro que

existo!!

PAI PAR: O ... O ... O ...que você, quer dizer, meu senhor faz aqui?

NARRADOR: Vim para dizer-lhes que estão fazendo muito errado em proibir que esses

dois bonitinhos se unam.

MÃE PAR: Por que, sr. Conjunto Universo?

NARRADOR: Porque vocês aqui apenas pensam na intersecção dos conjuntos, pensam

em verificar apenas o que vocês têm em comum, excluindo aqueles que são diferentes,

quando, na verdade, tem-se que pensar em união. O senhor Conjunto dos números

ímpares saberia me dizer o que isso significa??

PAI ÍMPAR: (sem graça) Claro, senhor...trata-se da união dos elementos de dois

conjuntos...

NARRADOR: E digo mais, o resultado da união desses dois jovens será um conjunto

assim como eu e ocupará o meu lugar...

FILHO ÍMPAR: Não entendi...

NARRADOR: Se realmente acontecer a união do conjunto dos ímpares, você e o conjunto

dos números pares, sua namoradinha, o filho de vocês será o conjunto dos números

pares e ímpares, ou seja, o Universo desse povoado e eu lhe daria o nome de conjunto

dos números Naturais, o que acham?

FILHA PAR: Não era Universo?

NARRADOR: Ele continua sendo o Conjunto Universo desses povoados, mas quero dar-

lhe um nome diferente: Conjunto dos números Naturais!!

FILHO ÍMPAR: Está bem!! Quando tivermos nosso filho, lhe daremos esse nome!!

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NARRADOR: Bom, agora, tenho que ir, espero que acabem todas as diferenças entre

vocês por aqui.

MÃE ÍMPAR: Nossas diferenças nunca foram levadas em conta, pois ao tentarmos fazê-la

sempre sobramos nós mesmos...

NARRADOR: Para quem não sabe, diferença para os conjuntos é o seguinte: se você faz

um conjunto A menos um conjunto B (mostra) Você tem que tirar os elementos de B que

também estão em A, e assim terá o resultado (para a Mãe Ímpar) O que eu dizia eram as

diferenças entre vocês governantes e seus povos, pois essas sim têm resultados!! E entre

esses dois povoados, não preciso nem dizer que sou extremamente contra essa

separação. Vocês têm que ficar juntos, pois todos são importantes, são necessários!!

Vocês aí, quem gosta mais de números pares?? E de números ímpares? E dos dois? E

de nenhum dos dois?? (anota os resultados, faz a conta e diz quantos gostam de

números pares e de ímpares, explica que gostar dos dois é uma intersecção e como

calculou). Estão vendo, todos os conjuntos são queridos e devem ser valorizados...Viva

os conjuntos!!

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5.4 – Ensaios

A esquete “O verdadeiro gênio da Matemática” fora escolhida para ser apresentada

em algumas escolas públicas para que, de certa forma, fosse possível estudar os

aspectos da esquete que, de fato, funcionaram e os que não funcionaram, durante a

apresentação. A esquete conta com 9 personagens que seriam representados por 8

atores (um deles faria 2 personagens) que não têm ou têm bem pouca ligação com a

Matemática. A identidade dos atores será revelada mais adiante. Todos os atores, além

de não terem ou terem pouca ligação com a Matemática, disseram ter bastante

repugnância em relação a essa disciplina, pois não tinham boas lembranças da época em

que estudaram na Escola Básica, portanto, seria um grande desafio interessá-los por

essa disciplina e ainda fazê-los romper a barreira do não-entendimento.

Os ensaios iniciaram no dia 16.08.2009, às 10:30, com duração de 2 horas, uma

vez por semana; a partir do dia 30.08.2009, a pedido dos próprios atores, os ensaios

passaram a ter 2 horas e meia de duração, sendo que sempre iam além desse

combinado. Os ensaios foram preparados com a intenção de mesclar a parte do conteúdo

matemático, que os atores deveriam saber muito bem e, não só isso, os atores deveriam

saber explicar com segurança e clareza; e a parte teatral, ou seja, a preparação dos

personagens, da sonoplastia, do cenário. Em muitos grupos teatrais, como podemos ver

em Koudela [18], ocorre um “Protocolo” no início de todos os ensaios. Esse protocolo tem

a intenção de ser uma espécie de resumo do que aconteceu no ensaio anterior. O ator

que fica responsável pelo protocolo pode dar ênfase ao que ele desejar, da maneira como

queira, ou seja, ele pode se utilizar de qualquer tipo de manifestação artística para

apresentar a sua visão sobre o ensaio anterior. Os protocolos de todos os ensaios

seguem em anexo.

A seguir faremos a descrição de como fora cada ensaio destacando ambas as

partes, Matemática e Teatral, que foram desenvolvidas durante os mesmos:

16.08.2009 – Ensaio I :

Neste primeiro ensaio, o foco fora dado à parte matemática, já que os atores não

tinham conhecimento do tema que estaria presente na esquete e, além disso, precisavam

se desprender do asco em relação à matemática. Para tanto, procurou-se promover

situações didáticas em que houvesse um aprendizado significativo dos atores-alunos e

além disso, como vemos em Abrantes [19], situações didáticas que não ignorassem os

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conhecimentos prévios que eles possuíam e que desenvolvessem suas competências

matemáticas. Como cada um tem a sua forma de entender, interpretar e resolver um

problema, procurou-se fornecer um arsenal de possibilidades para que eles utilizassem

aquela que preferissem.

Foram feitas 6 atividades, 2 em duplas e o restante em conjunto. A primeira

atividade consistia em descobrir de quantas formas era possível vestir um manequim,

sabendo que existiam 4 camisetas e 2 calças que poderiam ser utilizadas. Entregou-se

aos atores uma folha em branco, o manequim e, em um envelope, as peças de roupa

recortadas. Muitos se surpreenderam com a atividade dizendo que aquilo não era

matemática, o que demonstra uma visão do que é e como se aprende matemática para

eles: baseada apenas em contas.

Tratava-se de 4 duplas: 2 duplas fixaram uma blusa de cada vez, viram quantas

calças poderiam colocar e somaram os resultados. Uma dupla fez o dobro de

possibilidades, pois contou o verso em branco das roupas como sendo uma opção e outra

dupla escreveu todas as possibilidades para encontrar o valor. Uma das dupla também

escreveu as possibilidades apenas para confirmar suas suspeitas, mas efetivamente se

utilizaram de outras técnicas, que já foram narradas. Quando todos haviam terminado de

resolver (as duplas estavam isoladas), reuniu-se os atores a fim de que cada dupla

pudesse explanar o que havia concluído. Com esse tipo de trabalho em que os atores-

alunos tinham de explicar seu raciocínio, desenvolve-se a oralidade e a forma de como

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explicar os problemas. Após a explanação de cada dupla, começou a ser perguntado o

que aconteceria se fossem tantas blusas e tantas calças e, eles perceberam que bastava

multiplicar; foi então que se apresentou a eles o Princípio Fundamental da Contagem.

A segunda atividade consistia em dizer quantas palavras, com ou sem sentido, com

as letras da palavra AMOR poderiam ser formadas, novamente em duplas. Entregou-se a

eles um envelope contendo as letras para aqueles que quisessem utilizar. Uma dupla

fixou uma letra e viu o que acontecia com as outras, duas duplas contaram e escreveram

as possibilidades e uma dupla formou palavras de uma, duas, três e quatro letras, dizendo

um valor muito mais alto que o esperado. O erro não foi deles, na verdade, não estava

claro que as palavras deveriam ter 4 letras. Então, fora desfeito o equívoco e, em

conversa em grupo, fora explicado que eles poderiam ter utilizado o Princípio

Fundamental da Contagem. Explicou-se que esse era um caso de Permutação e que a

definição de número Fatorial estava ali implícita.

A próxima atividade pedia aos atores que, em um único grupo, contassem de

quantas formas poderiam se sentar nas cadeiras numeradas (1 e 2). Foi uma confusão

produtiva, pois alguns ditavam modos de como se sentar, outro desistiu de discutir,

sentou-se sozinho e escreveu todos os casos possíveis, e alguns ficavam perguntando:

“onde é que poderia usar o Princípio Fundamental da Contagem aqui?”. Até que um dos

atores decidiu analisar cadeira por cadeira o que acontecia: “na primeira cadeira podem

se sentar 8 pessoas, mas na segunda só podem se sentar 7, multiplico e encontro o

resultado, certo??” Os outros concordaram. Como estavam todos muito engajados já se

colocou a próxima pergunta: e quantos apertos de mão vocês podem dar? Em seguida

veio a pergunta: “mas, eu dar um aperto de mão em fulano e fulano dar um aperto de mão

em mim é mesma coisa?” Respondeu-se que sim. E logo eles concluíram que bastava

dividir o resultado por dois, pois cada caso encontrado anteriormente na cadeira, seria

contado duas vezes.

Para que pudessem entender e até pesquisar mais sobre o assunto, explicou-se

que a terceira atividade tratava-se de um Arranjo e a quarta atividade tratava-se uma

Combinação. As fórmulas foram apresentadas e discutiu-se quando a atividade seria um

Arranjo, uma Combinação ou uma Permutação. Alguns disseram que se lembravam

desses assuntos, outros que tinham pavor, não imaginado que era tão prático e outro

disse não ter estudado esse assunto, talvez pelo tempo em que não entrava em contato.

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Introduzindo a idéia de probabilidade, perguntou-se a eles qual a chance de, ao

jogar uma moeda, cair cara. E quase que em coro eles responderam “metade”. Então foi

perguntado: e quando se joga um dado, qual a chance de cair o número 1. Alguns

reponderam “uma”. E seguindo-se com as interrogações, perguntou-se: uma dentre

quantas? “Seis”- eles responderam. Então explicou-se a ideia de probabilidade, dizendo

as formas que poderia ser representada e aproveitando para revisar alguns assuntos

como fração, porcentagem e número decimal, em que mostravam dificuldade. Alguns

deram alguns exemplos aos colegas para que entendessem melhor o que era

porcentagem e como a calculavam mentalmente.

Em seguida, para a próxima atividade, pediu-se a um voluntário que contasse o

valor do total de notas que ali estavam (as notas foram confeccionadas). O voluntário

contou uma por uma realizando uma soma. Então perguntou-se se não existia outra

maneira de contar aquele dinheiro e o próprio voluntário disse que poderia ver quantas

notas tinham e fazer “de cabeça” quanto dava. Aí estava a ideia da multiplicação e eles a

compreenderam muito bem, afinal já tinham um grande conhecimento prévio sobre isso,

mas nunca haviam parado para refletir. Continuando com as reflexões sobre a

multiplicação, apresentou-se aos atores o ábaco, apenas um dos atores conheciam, afinal

era estudante de pedagogia e já havia trabalhado com ele em sua faculdade. Explicou-se

os mecanismos do instrumento: base 10, o que ocorre na soma, na subtração e claro na

multiplicação, pois no texto aparece o raciocínio envolvido por trás do algoritmo da conta

de vezes que muitos não tinham nem ideia.

Encerradas as atividades, os atores expuseram a experiência de as terem

realizado e, em linhas gerais, se mostraram bem empolgados, dizendo o quão diferente

aquela “aula” havia sido em relação a tudo o que tinha visto durante a vida escolar. Foi

deveras gratificante ver que é possível gerar o interesse por parte de qualquer pessoa

pela Matemática, e ver que as situações didáticas para se abordar um dado conteúdo

podem influenciar no gosto ou não por essa disciplina. É claro que nem todos os assuntos

dão essa abertura tão vasta para se trabalhar com atividades práticas, mas quando

possível, elas devem sim ser trabalhadas.

A fim de que os trabalhos com a matemática e com a explanação de raciocínio

continuassem, fez-se uma lista com exercícios parecidos com os que foram abordados no

primeiro ensaio. Os atores deveriam sortear um exercício e, a cada semana, de acordo

com a numeração do exercício, haveria a apresentação da resolução de um deles. A

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regra era que eles poderiam pesquisar e conversar com quem quisessem, menos comigo,

propiciando assim situações adidáticas para desenvolvimento do conhecimento, como

explica Pais [2].

Para iniciarmos os trabalhos com a parte teatral da esquete, o texto fora entregue e

fora pedido para que os atores imaginassem física e psicologicamente os personagens e

relatassem em fichas, que foram distribuídas individualmente e que seriam apresentadas

no próximo ensaio. As resoluções de todos os exercícios estão em anexo.

22.08.2009 – Ensaio II:

A primeira atividade do ensaio fora a apresentação do Protocolo por um dos atores.

Esse protocolo deu ênfase aos comentários que surgiram durante à facção dos exercícios

e, também deu boas vindas ao resgate aos tempos de escola desse ator. Os protocolos

estão todos em anexo.

Em seguida, o primeiro exercício fora apresentado. O exercício era o seguinte:

“Pedro mora em Santa Jabiraca e quer viajar para Lumpa – Trumpa passando por

Jequitiba para visitar sua mãe. Existem 5 caminhos que levam Santa Jabiraca Lumpa -

Trumpa, 10 caminhos que levam Santa Jabiraca a Jequitiba e 6 caminhos que levam

Jequitiba a Lumpa – Trumpa. De quantas maneiras Pedro pode ir a Lumpa – Trumpa,

sabendo que ele pretende visitar a mãe dele.” O ator que o resolveu, se utilizou de duas

técnicas: o desenho e o Princípio Fundamental da Contagem. Com certa insegurança,

disse que teve dados que ele não utilizou, foi então explicado que nem todos os

problemas têm a quantidade exata de valores que serão necessários para resolver.

Existem problemas que não possuem todos os dados e outros que possuem dados a

mais, esses tipos de exercício, como também aqueles que apresentam mais de uma

solução ou nenhuma solução, desenvolvem o pensamento crítico do alunos. Esses tipos

de exercícios estão bem descritos em Viana [20].

Trabalhou-se então a caracterização dos personagens. Cada ator disse a sua

opinião quanto ao físico e ao psicológico. Foi possível verificar que muitas das ideias

foram bem parecidas. Com essas ideias bem definidas, criou-se uma tabela com esses

dados discutidos sobre os personagens que encontra-se em anexo. A intenção não era

fixar aquelas características de modo que elas não poderiam ser mudadas, a intenção

fora auxiliar os atores na criação dos personagens, entretanto esses estariam livres para

criar e modificar o que havia sido decidido, desde que a mudança fosse coerente com o

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texto, e isso realmente aconteceu com alguns personagens. Para encerrar esse ensaio,

leu-se pela primeira vez o texto em grupo. Como os personagens ainda não estavam

definidos, aleatoriamente, alguém leu um personagem e surgiram dúvidas quanto ao

sentido de algumas falas. Essa leitura também propiciou uma primeira mudança no texto,

para que as intenções das falas ficassem mais claras.

Para o próximo ensaio, além do Protocolo e do Problema, fora pedido que os

atores pensassem num objeto de identificação para cada personagem, objeto esse que

diria muito sobre o personagem e que seria utilizado por ele o tempo todo.

30.08.2009 – Ensaio III:

O Protocolo fora apresentado com ênfase na caracterização das personagens, por

isso, construiu-se um boneco para que cada um colocasse ali o que mais lhe interessasse

de seu personagem quando esse fosse determinado. Em seguida, fez-se a apresentação

do segundo problema que era o seguinte: “Quantos anagramas posso formar com as

letras da palavra BONITA que terminem com vogal?” O ator apresentou bastante

dificuldade, fazendo as palavras uma a uma e utilizando erradamente o Princípio

Fundamental da Contagem, entretanto, os colegas o ajudaram e ele conseguiu entender e

resolver corretamente o exercício.

Depois, fez-se uma dinâmica, dividindo os atores em dois grupos. Os atores

deveriam imaginar diversas atribuições a dois objetos cujas reais funções eram

praticamente impossíveis de serem descobertas e ganharia o grupo que desse mais

atribuições aos objetos. Um grupo conseguiu atribuir 18 e o outro 19, ganhando a

competição. Discutiu-se os objetos de identificação que foram expostos na mesma tabela

em que se encontram as características, deixando claro, novamente, que os atores

poderiam mudar no decorrer dos ensaios.

Fez-se então a divisão dos personagens para que os atores iniciassem seus

estudos mais a fundo e pudessem decorar suas falas:

� Beto – Renato Stéfani Ruffo (estudante do curso de Artes Cênicas da

Universidade de São Paulo)

� Cadu – Rafael Aloise Curatolo (estudante do curso de Pedagogia da

Universidade de São Paulo)

� Diretor – Luiz Carlos Colombo (professor de Ciências e Biologia da Escola

Básica)

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� Flora – Elisabeth Gonçalves (estudante de curso Pré-Vestibular, aspirante ao

curso de Medicina)

� Guto – Rafael Gomes Leopoldo (técnico não-profissional de teatro)

� Mãe – Sônia Maria Chiconi Balteiro (decoradora/artesã)

� Manu – Adna Silva Evangelista (estudante do curso de Estética da Universidade

Anhembi - Morumbi)

� Pati – Gláucia Cristina de Lima Redondo (estudante de Fisioterapia da

Universidade Cidade de São Paulo)

� Rodrigo – Rafael Gomes Leopoldo

� Sonoplastia – Luciana Di Tota Boni (professora de Português e Inglês)

Após a divisão, fez-se uma leitura, agora com os personagens já divididos e os

atores começaram a dar seus primeiros toques pessoais aos personagens. Finalizando o

ensaio, decidiu-se o próximo ator que realizaria o Protocolo e pediu-se que os atores

fizessem uma “árvore de relações” entre o seu próprio personagem e os outros. Essa

árvore deveria contemplar o parentesco, as afinidades, as opiniões, os sentimentos que o

personagem de determinado ator sentia em relação ao dos outros. As árvores de relações

estão em anexo.

05.09.2009 – Ensaio IV:

Aconteceu a apresentação do Protocolo referente ao ensaio anterior, o qual deu

ênfase aos objetos de cada personagem através de imagens e utilizou-se os termos do

conteúdo matemático envolvido para fazer algumas colocações divertidas que ocorreram

durante o ensaio, há alguns erros de Matemática que foram corrigidos pessoalmente.

O próximo problema que fora apresentado era o seguinte: “A placa dos carros

possui 3 letras e 4 números. De quantas formas podemos obter placas que não tenham

letras nem números que se repetem?” O ator que realizou esse problema demonstrou

domínio sobre o conteúdo, explanando apenas com o Princípio Fundamental da

Contagem e, em seguida, com fórmulas. Alguns atores, não conseguiram entender a

explicação via fórmula e ficaram perguntando porque a fórmula era daquele jeito,

procurou-se deixar claro que algumas fórmulas surgiram para facilitar um raciocínio mais

complexo, mas que era razoável que eles preferissem fazer os exercícios sem fórmula.

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Fez-se um relaxamento para que os atores voltassem à pré-adolescência e

trouxessem à tona os sentimento vividos naquela época. Durante o relaxamento, foram

colocadas questões que encaminhassem a busca dos atores:

- Os primeiros traços de mulher;

- O primeiro olhar diferente para alguém;

- A descoberta do mundo;

- A curiosidade no outro;

- O desejo de conhecer o desconhecido, o proibido;

- Um grupinho para me adequar;

- O cabelo dela é melhor que o meu;

- Por que eles não me aceitam como eu sou?;

- Queria que meus pais fossem assim;

- Por que não consigo tirar essas notas?;

- Acho que estou parecendo ridícula;

- Será que ela gosta de mim?;

- Por que minha mãe não me deixa sair também?;

- Por que meus pais brigam tanto?;

- Por que eles nunca me entendem?;

Após esse momento de lembranças e sentimentos, foi pedido para que, em duplas,

os atores conversassem e decidissem uma cena da vida de cada um para representarem.

Os atores representaram as cenas e foi deveras interessante, pois além de se

emocionarem, os atores disseram que levariam aquele momento consigo quando

estivessem criando suas personagens. Em seguida, em duplas, os atores discutiram as

relações entre seus personagens e montaram uma cena que não estava no texto que

envolvessem as personagens. As cenas foram:

1. Mãe acordando Guto

2. Flora e Manu conversando sobre Cadu, pois Manu estaria apaixonada por ele.

3. Pati pede ao diretor para fazer uma prova substitutiva, pois seus pais estão se

separando e irá ter reunião familiar.

13.09.09 – Ensaio V:

Fora apresentado o protocolo referente ao ensaio anterior, que, através da

linguagem do gibi, procurou destacar as cenas cômicas que haviam ocorrido no ensaio

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anterior. Também houve a explanação do seguinte problema: “Numa empresa, há 5

médicos, 2 atendentes e 10 faxineiros. As férias são tiradas em grupos de 3 médicos, 1

atendente e 3 faxineiros. De quantos modos podemos formar os grupos de férias?” O ator

utilizou-se somente de fórmulas, pois disse lidar melhor com elas. Então, fora pedido aos

atores que pensassem na resolução sem a apresentação de fórmulas. Alguns tiveram

dificuldades para entenderem o porquê de se realizar algumas divisões. Só depois de se

retomar alguns exercícios que fora utilizado esse tipo de técnica é que eles se lembraram.

Percebeu-se que o ator que fora escolhido para fazer o personagem Cadu, estava

com dificuldades para encontrar a introspecção que tal personagem necessitava em

alguns momentos, então, sentados em círculo, com o ator ao centro, fora pedido que ele

dissesse a cada um dos colegas ali presentes o que sentia em relação a eles e, com

muita dificuldade ele encontrou a introspecção em alguns momentos.

Em seguida, fez-se, novamente, cenas em duplas para que as relações descritas

nas “árvores de relações” fossem trabalhadas. As cenas apresentadas foram as

seguintes:

1. Mãe e Diretor combinando sobre toda a artimanha do projeto de Cadu.

2. Manu e Beto conversando sobre Cadu

3. Pati pedindo ajuda a Cadu, por ter faltado a uma aula de Matemática e a professora ter

se recusado a explicar-lhe o conteúdo.

Em seguida, encenou-se a esquete, fazendo as marcações das primeiras cenas, e

vendo o que seria necessário para que ocorressem perfeitamente. Para o próximo ensaio,

além do Protocolo designado a um ator e o problema, os atores deveriam iniciar os

pensamentos sobre a vida de sua personagem, constituindo assim, uma biografia.

20.09.2009 – Ensaio VI:

Esse protocolo deu ênfase aos episódios que aconteceram extra-ensaio,

comentando-se bem pouco sobre as cenas e os primeiros ensaios da esquete. Em

seguida, houve a apresentação do exercício: “Um casal deseja sentar numa dada fileira

do cinema, que possui 10 lugares disponíveis. De quantas formas eles podem se sentar

sabendo que desejam sentar sempre juntos?” O ator não conseguiu resolver esse

exercício, que era facilmente resolvido através de desenhos, porque achou que se

desenhasse seriam casos demais e não encontrou uma “fórmula” que o ajudasse a

resolver. Enquanto ocorria essa explicação por parte do ator, outros atores já estavam

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tentando resolver o exercício e rapidamente deram a resposta, procurando explicar para o

ator que não havia conseguido resolver que ele não tinha que ficar “preso à fórmulas”,

mas que tinha de se arriscar a resolver os problemas. Essa atitude dos colegas foi

deveras interessante e mostra a capacidade que os “alunos” têm de influenciar

positivamente um outro “aluno”.

O ator que fora escolhido para interpretar o personagem Diretor, mostrava-se bem

retraído em cena, quase que estático, quando, na verdade, ele mesmo havia concordado

em fazer do Diretor um homem moderno e extrovertido. Como se tinha informação de que

esse ator sempre curtiu o estilo musical rock, buscou-se algumas músicas desse perfil e

fora pedido que ele cantasse e dançasse essas músicas. O resultado fora positivo, mas

não ocorreu o total desapego com a estatividade que o ator possui quando representa um

personagem, esse rompimento ocorreu durante os últimos ensaios antes da

apresentação.

Como sempre, foram feitas cenas em dupla para fortalecer as relações entre os

personagens. As cenas desse ensaio foram:

1. Mãe demonstrando seu conhecimento matemático ao filho Cadu e esse, discretamente,

sentindo orgulho de sua mãe.

2. Manu conversando com Diretor sobre as dificuldades que Beto está apresentando em

relação à algumas disciplinas.

3. Pati tenta brincar com Guto, mas esse não lhe dá atenção.

4. Beto pede ajuda a Flora para ensiná-lo valsa para o aniversário de Pati, pois Flora é

dançarina.

Novamente, foram ensaiadas as primeiras cenas, com um pouco mais de rigor em

relação às intenções do texto e as marcações que foram definidas no outro ensaio. Uma

das decisões tomadas em conjunto fora a utilização de uma camiseta que seria o

uniforme da escola. Então, um dos atores se dispôs a fazer um logotipo da escola para

ser bordado na camiseta. Mas, para dar um ar mais “teatral”, os atores teriam que

customizar suas camisetas, então foi pedido para que fizessem um projeto de

customização.

27.09.2009 – Ensaio VII:

O protocolo fora apresentado e teve como foco as sensações que o ator teve no

ensaio anterior, pois fora ele que realizou as danças referidas anteriormente. Ele se

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mostrou muito empolgado com os resultados. Um problema também fora apresentado:

“Jogando 2 moedas diferentes, simultaneamente, qual é a probabilidade de obter duas

faces iguais?” O ator resolveu o problema corretamente e de forma interessante: através

de uma tabela. Escreveu a probabilidade de todas as formas que aprendeu a lidar.

Aconteceram as cenas para a fortalecer a relação entre os personagens que serão

descritas a seguir:

1. Beto e Guto combinam de demonstrar a Cadu o quanto gostam dele.

2. Mãe recebe Manu em casa e faz algumas perguntas e colocações, em relação ao

Cadu, que a deixam extremamente envergonhada.

3. Diretor e Flora conversam sobre um reforço de História que Flora iria ministrar.

04.10.09 – Ensaio VIII:

O protocolo apresentado procurou descrever os acontecimentos intra e extra

ensaio e propiciou diversas risadas de todos os atores. Um problema fora resolvido: “Num

baralho de 52 cartas, qual é a probabilidade de se obter uma carta de copas ou uma

dama?” O ator que resolveu tal exercício fez uma pequena confusão achando que o

baralho era composto por duas cores então fez o dobro de chances, além disso,

confundiu a escrita da probabilidade em forma de fração, colocando total de casos no

numerador e os casos favoráveis no denominador. Mas os colegas, novamente,

auxiliaram e fizeram com que o ator conseguisse resolver o problema adequadamente.

Conseguiu-se avançar até a metade da esquete, ressaltando intenções e

marcações. A sonoplastia também fora introduzida e teve-se a idéia de utilizar apitos para

enfatizar algumas cenas.

Nesse ensaio, iniciou-se a confecção das camisetas e de objetos a serem usados

no cenário. Todos os atores participaram ajudando uns aos outros, membros da família

também auxiliaram na mão-de-obra.

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12.10.2009 – Ensaio IX:

O protocolo apresentado procurou abranger toda as discussões feitas no ensaio

anterior, inclusive sobre a facção dos objetos. O problema apresentado fora: “Quantos

números de 3 algarismos distintos posso formar que sejam maiores que 300?” O ator

confundiu-se achando que os números não precisariam ter dígitos distintos, mas

pensando assim, resolveu adequadamente. Em seguida, se dispôs a resolvê-lo sendo os

algarismos distintos e conseguiu. Os colegas mantiveram a postura de auxílio nos

momentos adequados.

Ensaiou-se com afinco a esquete e continuou-se a confeccionar os objetos e

figurinos.

Os ensaios seguintes foram apenas para confecção e ensaio da esquete.

O último ensaio antes da apresentação também fora utilizado para que os atores

resolvessem os problemas que seriam apresentados aos alunos, para que pudessem

auxiliar aos alunos em suas dúvidas e para que eles mesmos não mostrassem dúvida

frente aos alunos.

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6. A APLICAÇÃO DA ESQUETE “O VERDADEIRO GÊNIO DA MATEMÁTICA”

6.1 – Aspectos do Local de Aplicação

A apresentação fora realizada na EMEF Presidente João Pinheiro, no dia 07.11.09

(sábado). A escola é localizada na Rua Edgar Garcia Vieira, nº 140, próxima ao metrô Vila

Matilde, Zona Leste de São Paulo.

A grande maioria dos alunos é de classe média-baixa ou baixa, há muitos alunos

na lista de espera para ingressarem nessa escola, pois essa é considerada uma das

escolas modelo da região em que está localizada.

A proposta pedagógica da escola possui um grande diferencial e funciona assim há

25 anos (1984-2009). Nessa instituição, os professores são polivalentes, ou seja,

lecionam todas as matérias (exceto Inglês, Artes e Educação Física). Então, se um

professor formou-se em Matemática, ao assumir uma sala do 1º ao 9º ano, ele deverá

ensinar todas as disciplinas. Os professores têm momentos de estudos em grupo, para

que possam aprender com os colegas das disciplinas específicas algo que não tenha

compreendido em seu trabalho individual, nesse tempo em conjunto, os educadores

também fazem materiais didáticos a serem utilizados por todos.

Os alunos possuem um tempo para trabalho individual em que só devem tirar

dúvida com o professor, geralmente esse tempo individual é antes de se iniciarem as

aulas, para que eles possam revisar e realizar algumas atividades da aula anterior. O

modelo de Polivalência adotado por essa instituição é baseado nos princípios e recebeu

auxílio durante todos esses anos da Escola Vera Cruz, instituição particular de ensino

localizada na Vila Madalena.

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A diretora informou que os alunos têm ciência do modelo da escola e sabem das

limitações dos professores para as disciplinas que não dominam. Quando um professor

realmente não entende dado conteúdo ou não consegue explicar para os alunos, há a

possibilidade de pedir ajuda a um professor específico daquela área. Segundo os

membros dessa escola, há uma relação de afeto muito grande entre os alunos e os

professores, pois esses estão juntos por um longo período. Esse tipo de prática

pedagógica veio a sanar dificuldades que a instituição possuía, como índice de

reprovação e ausências contínuas dos professores.

A escola têm tido problemas com drogas. Há alunos que traficam no interior da

escola, mas os diretores tentam controlar como podem, pedindo aos professores, por

exemplo, que não autorizem idas ao banheiro e etc... Os arredores da escola também são

pontos de tráfico e a violência no bairro é considerável.

A escola conta com funcionários bem receptíveis, dispondo-se a ajudar e a

trabalhar fora de horário específico para auxiliar nos preparativos para a apresentação.

Trata-se de uma instituição limpa e apresentável. Os alunos contam com um pátio interno

extremamente aconchegante e que facilita o trabalho dos agentes escolares. Seria nesse

espaço que a apresentação seria realizada. Em linhas gerais, a escola parece ser um

ambiente muito agradável para se estudar e trabalhar.

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6.2 – A Apresentação da Esquete “O Verdadeiro Gênio da Matemática”

** O que antecedeu a apresentação

Devido às mudanças causadas pela gripe influenza A, muitas escolas estaduais e

municipais realizaram aulas aos sábados para que pudessem repor as que foram

suspensas por conta dessa doença. Muitos professores ficaram revoltados, alguns se

recusam a ir à escola, ou então, se vão, não dão aula. Por conta desses problemas, a

EMEF Presidente João Pinheiro, local onde seria realizada a apresentação, decidiu

colocar, quando possível, atividades diferenciadas aos sábados. Então, quando fora

proposta uma apresentação de teatro que, além de distraí-los, era educativa, a Assistente

de Direção (cargo também conhecido como Vice-Direção) aceitou de prontidão.

A princípio fora sugerido que a apresentação fosse feita para todas as séries do

Ensino Fundamental II, mas já havia uma atividade de Educação Física programada para

as 7as e 8as séries, portanto a apresentação seria apenas para as 5as e 6as séries.

Ficou combinado que a esquete aconteceria dia 07.11.2009, pela manhã, por volta das

08:30, pois os alunos teriam que chegar às 8, iriam para as salas e, quando tudo

estivesse pronto, poderiam se posicionar para assistir.

Como a Assistente de Direção havia avisado da possível ausência de alunos,

preocupou-se em divulgar a apresentação a fim de que as crianças se interessassem em

assistir. Fora feito um cartaz com fotos de ensaios contendo também o dia em que a

apresentação seria feita. No cartaz, não fora colocado o nome da esquete, pois o nome

contém o termo “Matemática” e muitos alunos poderiam ter certo receio de que seria

apenas uma aula de um assunto que poderiam não gostar.

Para que não pudessem ocorrer eventuais surpresas, no dia anterior a

apresentação, como fora previamente combinado, alguns dos atores foram à escola a fim

de que se certificassem de que havia a infra-estrutura necessária, que no caso, seria

apenas um aparelho de som em perfeito estado. Além disso, fora pedido novamente que

fosse disponibilizado um funcionário às 7 horas, no dia da apresentação, para que se

pudesse fazer os ajustes necessários. Nesse dia anterior a apresentação, também fora

colocado um tecido ao fundo para que o local, onde seria apresentada a esquete,

perdesse seu aspecto comum, que os alunos viam todos os dias. Também fora estudada

a possibilidade de virar o painel, pois seriam utilizados seus dois lados, e, dependendo da

altura, essa virada poderia não ocorrer, mas ocorreu sem nenhum problema.

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** A apresentação

Como fora combinado, às 7 horas, no período da manhã, havia um funcionário para

abrir a escola e ajudar a terminar a instalação do aparelho de som, iniciada no dia

anterior. Os professores não haviam sido avisados sobre os horários, então houve a

preocupação de fazer esses avisos, assim não atrapalharia a programação do grupo de

teatro.

Os atores ensaiaram, se preparariam com seus respectivos figurinos e

maquiagens. Antes do início da apresentação, houve uma conversa com os atores e

equipe técnica para que alguns pontos ficassem claros, pontos esses que foram sempre

destacados em cada ensaio: falar claro, alto, com perfeita dicção, as explicações serem

feitas com cuidado para que não houvesse erros conceituais e nos resultados das

operações; não chamar os alunos de “crianças”, sempre de “pessoal, galera”, pois muitos

alunos ali já eram bem maduros para a idade.

Por volta das 8:40, os alunos começaram a se acomodar para a apresentação. Em

conversa com a Assistente de Direção, fora perguntado onde os alunos sentariam para

assistirem à apresentação. A assistente disse que, sem problema algum, sentariam no

chão do pátio interno. Percebendo-se que a universitária do curso de Educação Física

que faria a atividade com as 7as e 8as séries não estava presente, fez-se um convite a

essas classes para que assistissem também ao espetáculo e esse pedido foi aceito de

prontidão.

Com todo esse processo de convite e acomodação, num total de 60 alunos e 15

funcionários, iniciou-se a apresentação às 9 horas. Antes da apresentação da esquete, de

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fato, deu-se alguns avisos aos alunos para que a apresentação pudesse ocorrer da

melhor maneira possível. Fora pedido que os alunos desligassem os celulares, se

mantivessem comportados e que teriam momentos em que eles teriam de participar.

Explicou-se que a peça se tratava de um grupo de amigos que tentava resgatar o projeto

de Matemática de um deles, o possível gênio da Matemática, e que esse resgate seria

feito através de enigmas que a pessoa que roubou havia deixado. Quando ouviram a

palavra Matemática, alguns alunos fizeram uma feição de frustração, mal sabiam eles a

surpresa que teriam.

Tendo feito os avisos, a apresentação fora iniciada. A esquete é iniciada com uma

música bem alegre para que os alunos comecem a se animar com a apresentação. Os

alunos, timidamente, começaram a bater palmas e se olhavam com feição de

estranhamento, há uma suposição de que eles não esperavam que a peça sobre

Matemática teria aquele aspecto.

Os alunos mantiveram-se atentos, não desgrudaram os olhos das cenas. Quando,

na segunda cena, foram convidados a participarem os alunos ficaram tímidos, com medo

da exposição, mas conseguiu-se a participação dos 4 alunos que era necessária e ao

terminarem a participação os colegas bateram palmas para eles. Tudo foi ocorrendo como

esperado, os alunos riam demasiadamente, se divertiam com as cenas em que era

esperado.

Na cena em que a mãe ensina para o filho a multiplicação, ouviu-se um aluno

comentar: “mas eu tô na sétima série, eu já sei fazer multiplicação”, o colega para quem

ele fez o comentário se manteve quieto, assistindo a apresentação. Essa postura do

garoto fez com que houvesse a preocupação em incluir, nos avisos pré-espetáculo, a

afirmação de que alguns assuntos abordados os alunos já conheceriam.

Depois disso, ocorreu a cena em que os atores desvendavam os enigmas, cuja

participação dos alunos era fundamental. Nesse momento, houve um certo receio de a

peça ficasse maçante para os alunos, tendo em vista que os alunos se mostraram

inicialmente tímidos e até poderiam estar incomodados de serem expostos perante os

colegas; e qual não foi a surpresa quando os atores pediram a ajuda da plateia e os

alunos começaram a pedir e levantar a mão para que pudessem participar, inclusive os

alunos mais velhos que inicialmente, pareciam contrariados em ter que assistir à esquete.

As outras partes da esquete ocorreram também sem quaisquer problemas, os

alunos rindo e se divertindo nas horas certas, e extremamente atentos nos momentos em

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que assim teriam de ficar. A apresentação fora filmada e está a disposição para eventual

interesse.

Finalizada a apresentação, fora perguntado aos alunos e aos funcionários se eles

tinham realmente gostado da esquete e todos se mantiveram quietos, entretanto com um

sorriso no rosto. Não se podia afirmar nada: se os alunos gostaram ou se não tinham

gostado. Em conversa com o grupo e após o contato com as crianças, concluiu-se que,

na verdade, os alunos poderiam, realmente, estar extasiados, sem conseguir esboçar os

sentimentos que haviam vivido e quanto aos funcionários, que vieram conversar

individualmente com o grupo, pode-se notar a surpresa, que naquele momento, não

poderia ser expressa em palavras.

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6.3 – A Opinião de Membros da Instituição e dos Participantes do Projeto

** Funcionários da escola:

Os funcionários da instituição: professores titulares, professores readaptados,

inspetores, vigilantes, serventes (limpeza e cozinha) assistiram com muita atenção à

apresentação da peça, rindo somente nas cenas em que era esperado que isso

ocorresse, sem fazer qualquer comentário durante a apresentação.

Ao final do espetáculo, muitos funcionários fizeram questão de vir conversar com a

equipe perguntando sobre a origem desse projeto, a autoria do texto, há quanto tempo

fazíamos esse tipo de trabalho e se voltaríamos a nos apresentar na escola. Alguns

funcionários trabalham em mais de uma instituição escolar e pediram nosso contato para

eventuais apresentações. Uma professora readaptada, que tem um filho professor de

Matemática disse que achou a iniciativa tão incrível que ia pedir para que ele entrasse em

contato com a equipe e negociasse uma apresentação na escola em que ele trabalha.

Muitos elogios foram feitos comentando sobre o grau de aceitação, atenção e

respeito dos alunos, o que sempre foi extremamente difícil de controlar. Houve também

comentários sobre a peça em si, no sentido de elogiar atuação, direção, criatividade e

cuidado com cenário, adereços e figurinos. Todos incentivaram a continuação e

ampliação de práticas como essa, dizendo que resolvem dificuldades que eles,

funcionários, tinham e não sabiam como resolver, como por exemplo, serem ouvidos

pelos alunos a fim de que esses aprendessem o conteúdo e aspectos que modificassem a

sua inadequada forma de se comportar.

Esses comentários feitos, quase todos, um a um aos membros da equipe,

emocionaram e motivaram a continuação do trabalho.

Há depoimentos gravados em vídeo de alunos e da única funcionária que aceitou

ser filmada, os outros ficaram intimidados em fazê-lo.

** Participantes do Projeto:

Os participantes do projeto, no ensaio que antecedeu a apresentação, tiveram que

responder os problemas que seriam apresentados aos alunos de forma que isso servisse

de avaliação, se eles de fato aprenderam e também para que não tivessem quaisquer

dúvidas no momento em que fossem auxiliar aos alunos quando estes estivessem

resolvendo seus questionários.

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Uma questão foi modificada antes de ser entregue aos alunos e os atores tiveram

que respondê-la verbalmente para que não tivessem dúvidas. O desempenho dos atores

em seus questionários foi satisfatório, havendo apenas algumas dúvidas quanto ao

problema dos cavalos (que será apresentado na seção “Questionário Pós - Espetáculo”),

mas as dúvidas foram retiradas sem maiores problemas.

Um outro questionário, após terem apresentado a esquete, foi distribuído aos

participantes do projeto e eles o responderam sem quaisquer interferências externas. A

seguir, o questionário e comentários interessantes sobre as respostas apresentadas:

(todos os questionários encontram-se em anexo)

1. Como era a sua relação com a Matemática antes deste trabalho? Houve alguma

modificação?

A maioria dos membros da equipe, como era esperado, responderam que

possuíam uma relação estritamente relacionada a passar de ano ou que a Matemática era

um “bicho de sete cabeças” e que após o projeto puderam enxergá-la de uma maneira

mais dinâmica e divertida, aprendendo muito!

Resposta ilustrativa: “Sempre achei que a Matemática fosse um “bicho de sete

cabeças”, mas com esse trabalho percebi que pode ser divertido aprender.”

2. Você aprendeu Matemática com esse projeto? Comente.

Todos responderam que aprenderam com o projeto. No caso dos que já conheciam

o tema, disseram ter se envolvido mais com ele, no caso dos que não se lembravam

mais, disseram que foi interessante aprender de maneira dinâmica.

Resposta ilustrativa: “Com certeza! Sinceramente, na escola não aprendi de

verdade certas matérias, apenas decorava para as provas, agora, vendo na prática, tudo

torna-se mais fácil.”

3. Você acredita que iniciativas de ensinar Matemática através do teatro são realmente

válidas? Por quê?

A opinião dos membros que participaram do projeto, por unanimidade, é a de que

realmente, práticas como essa devem ser utilizadas, pois os alunos se interessam e a

aprendizagem é alcançada de maneira divertida.

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Respostas ilustrativas: “Sim, porque torna a matéria mais clara, chama a atenção

das crianças e diverte ao mesmo tempo em que ensina.”

“COM CERTEZA! Nem sempre o comum faz o efeito desejado, é bom inovar, pois

isto trás vantagens no aprendizado!”

4. Você acredita que os alunos gostaram do espetáculo? Eles aprenderam?

De maneira geral, embora tenham achado que os alunos aprenderam muito, houve

os que sugeriram que devem ocorrer algumas modificações para que o aprendizado seja

alcançado com maior intensidade.

Resposta ilustrativa: “A reação deles não negou. Durante a peça todos prestando

atenção e participando e ao fim comentando que gostaram. Acredito que não

conseguiram entender tudo, mas boa parte.”

5. Faça um balanço dos aspectos positivos e negativos que você pode notar nesse

trabalho desde os primórdios à apresentação e aplicação dos questionários.

Como aspectos positivos, fora citado o trabalho com os atores, o êxito da esquete e

o aprendizado do conteúdo. Como aspectos negativos, falou-se sobre o

comprometimento de alguns atores e a falta de tempo e de data para apresentações.

Respostas ilustrativas: “Foi um trabalho inteiro, cheio de altos e baixos, mas que

mostrou os melhores resultados possíveis. Apesar das limitações e obstáculos, foi um

sucesso – e esse é o maior resultado.”

6. Dê sugestões e críticas para um possível próximo trabalho.

Pedem para haver mais comprometimento, e para que haja continuidade desse

trabalho. Sugerem também o trabalho com outras disciplinas, mais datas para

apresentações e mais tempo para ensaios.

Respostas ilustrativas: “ Englobar outras disciplinas. Visitar as escolas e pedir para

cada professor um tema do conteúdo para que possamos montar o espetáculo.”

“ O importante é que tenha um próximo trabalho! ”

Em linhas gerais, tanto os funcionários da escola quanto os participantes do projeto

demonstraram grande admiração e aceitaram o projeto como uma metodologia de ensino

válida.

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6.4 – Questionário Pós – Espetáculo

Após a apresentação da esquete, acreditou-se ser necessária a aplicação de um

questionário, assim como é feito pelo grupo Ouroboros [9], para que se pudesse obter o

grau de aceitação e de aprendizagem dos alunos com relação à esquete. Segue o

questionário (alguns questionários respondidos encontram-se em anexo):

Questionário Pós-Espetáculo

O VERDADEIRO GÊNIO DA MATEMÁTICA

Nome:

Escola:

Idade: _________ Série: ___________ Data: ____/ ____/ ____

1. O que você achou da história?

( ) Educativa ( ) Interessante

( ) Muito comprida ( ) Muito rápida, queria que tivesse mais tempo

( ) Outros: ______________

2. O que você achou dos personagens da peça?

( ) Inteligentes ( ) Engraçados

( ) Parecem-se com meus amigos de verdade ( ) Não gostei

( ) Outros: ______________

3. Qual foi o seu personagem favorito?

( ) Cadu ( ) Manu ( ) Beto ( ) Guto ( ) Pati

( ) Flora ( ) Mãe ( ) Rodrigo ( ) Diretor

Por quê?

4. O que você mais aprendeu com essa peça?

( ) Matemática ( ) Como tratar melhor os meus amigos e as pessoas a minha volta

( ) Como me divertir com os amigos ( ) Não aprendi nada

( ) Outros: ______________

5. Responda:

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a-) Em uma lanchonete, há 3 possibilidades de sanduíche (misto-quente, x-salada, hot-dog), e 2 possibilidades de bebida (refrigerante, água). De quantas maneiras pode-se fazer o pedido na lanchonete? b-) Quanto é 4! ? c-) De quantas maneiras posso escrever a palavra PEÇA mudando suas letras de lugar formando palavras com ou sem sentido? d-) Numa corrida, há 10 cavalos competidores. De quantas maneiras esse cavalos podem chegar nas três primeiras colocações? e-) Jogando um dado honesto, qual é a chance de que a face virada para cima seja 2? E um número par?

Antes de entregar aos alunos os questionários, foi dito a eles que agora fariam uma

prova valendo de 0 a 10, os alunos se divertiram com o comentário. Em seguida, foi

explicado a eles que o questionário era apenas para que a peça fosse melhorada,

segundo a opinião deles. Pediu-se para que os alunos devolvessem o lápis que lhes seria

emprestado, pois outras crianças precisariam deles quando assistissem à esquete.

Durante a aplicação dos questionários, os atores se distribuíram de forma a auxiliar

os alunos em suas dúvidas. Os atores haviam sido notificados de que não poderiam dar a

resposta do exercício de forma alguma, ajudando o mínimo possível e relembrando o que

havia acontecido na peça. Entretanto, houve a preocupação de deixar claro aos atores de

que o importante era que os alunos aprendessem com aquele projeto, não saindo com

dúvidas e dificuldades, embora a total compreensão por parte de todos os alunos é quase

impossível.

Alguns fatos que ocorreram nesse momento foram extremamente emocionantes

para todos os membros do grupo. Os alunos se mostraram de uma carência enorme,

querendo abraçar, tirar fotos e até pediram autógrafo a todos os atores, até a sonoplasta

foi requisitada e quando disse que não precisava autografar, pois não havia atuado, foi

surpreendida pelos alunos que disseram que ela também havia participado e que

comandar o som era muito importante.

Alguns alunos procuraram os membros da equipe para dizerem que queriam fazer

parte do grupo, pedindo para que anotassem o telefone deles e entrassem em contato.

Uma garotinha, Fernanda, portadora de encefalia, conquistou o grupo, arrancando

emoções a todo o instante. Essa aluna tinha necessidade de tocar, de olhar e ficava

vislumbrada com as nossas palavras, dando até depoimento sobre a peça.

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Interessante foi ver que todos os alunos, sem exceção, se mostraram dispostos a

fazer o questionário, sem fazer qualquer tipo de reclamação ou pedido para que não

respondessem. Todos os alunos fizeram os questionários, tirando as dúvidas quando

necessário; depois, os alunos entregaram aos membros da equipe, devolvendo também o

lápis que lhes fora emprestado. Um aluno deixou a equipe impressionada: respondeu os

exercícios corretamente e com muita organização.

Os alunos tiraram fotos, conversaram com os membros da equipe, pedindo para

que voltassem o mais rápido possível. Muitos pediram para que houvesse outra

apresentação à tarde, dizendo que viriam sem sombra de dúvidas. Na imagem a seguir,

não se encontram todo os alunos, pois algumas séries já haviam ido para a sala de aula.

Tabelas, quantificação e análise dos dados coletados pelo questionário sobre a esquete

O VERDADEIRO GÊNIO DA MATEMÁTICA

Com exceção da questão 3, os alunos só poderiam escolher uma opção para as questões

de múltipla escolha. No total, havia 60 alunos.

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1. O que você achou da história?

Educativa 35

Interessante 22

Outros 3

Muito comprida 0

Muito rápida 0

Total 60

A partir dos resultados, pode-se concluir que os alunos, em sua maioria, acharam a

peça educativa e interessante, e não houve os que não gostaram da peça. Os alunos que

colocaram a opção “Outros”, fizeram apenas elogios. Fazendo um balanço dessa

apresentação, o resultado sobre o que os alunos acharam da história foi positivo.

2. O que você achou dos personagens da

peça?

Engraçados 38

Inteligentes 10

Parecem com meus amigos 8

Outros 4

Não gostei 0

Total 60

Os resultados indicam que os alunos se divertiram com a peça, por terem achado,

em sua maioria, os personagens engraçados e tiveram certa admiração pelos

personagens por os acharem inteligentes. Alguns alunos disseram que os personagens

se parecem com os amigos, o que é um resultado positivo, visto que os atores são mais

velhos e se esforçaram ao máximo para atingirem seus objetivos. Nenhum aluno disse

não gostar dos personagens, significa que, no geral, esses atingiram seus objetivos.

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3. Qual foi o seu personagem favorito?

Beto 42

Cadu 7

Pati 7

Flora 4

Diretor 2

Mãe 2

Manu 2

Rodrigo 2

Guto 1

Os resultados apontam o personagem Beto como favorito, personagem esse que

fora representado pelo aluno de Graduação em Artes Cênicas da Universidade de São

Paulo. Os alunos que deram a justificativa do porquê terem escolhido esse personagem,

em sua maioria, justificaram que ele era muito divertido e engraçado, mas algumas

respostas surpreenderam:

Eduardo V. P. da Silva (12 anos – 6ª série) Beto – “falava as coisas erradas e era radical e os outros personagens corrigiam” Pedro Gabriel I. Borgiela (13 anos – 7ª série) Beto – “sei lá foi os erros de português igual eu”

Alguns alunos gostaram também dos personagens Cadu, dizendo que ele era

inteligente e engraçado (na seriedade), e também da personagem Pati, por se

identificarem:

Eduardo (12 anos – 5ª série)

Cadu – “porque ele é muito bom nas comtas”

Lucas C. Paulino (12 anos – 6ª série) Cadu – “por ser inteligente e ter amigos sensacionais” Maria Érica Lopes de Barros (11 anos – 5ª série) Pati – “Eu sou quase igua ela”

Outros personagens também foram citados:

Luiz Guilherme O. de Freitas (13 anos – 7ª série) Diretor – “A por que sim” Gabriel Almeida B. (13 anos – 7ª série) Mãe – “Foi o que mais ajudou no enigma”

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4. O que você mais aprendeu com essa peça?

Matemática 36

Como tratar melhor meus amigos 14

Como me divertir com meus

amigos 8

Em branco 2

Não aprendi nada 0

Outros 0

Como era desejado, os alunos disseram, em sua maioria, ter aprendido Matemática

e como tratar melhor os amigos. A intenção da esquete era realmente essa: ensinar o

conteúdo, mas também a questão moral. Outros alunos realmente se divertiram e

disseram que aprenderam a como se divertir com os amigos e, demonstrando novamente

um resultado positivo da aplicação da esquete, nenhum aluno disse que não aprendeu

nada.

5. Responda:

a-) Em uma lanchonete, há 3 possibilidades de

sanduíche (misto-quente, x-salada, hot-dog), e 2

possibilidades de bebida (refrigerante, água). De

quantas maneiras pode-se fazer o pedido na

lanchonete?

Totalmente certo 39

Certo (só com resposta) 13

Erro nas contas 1

Incompleto 0

Totalmente errado 7

Em branco 0

Os resultados para esse problema foram positivos, tendo em vista que não

apresentava um grau de complexidade considerável. Muitos alunos colocaram só a

resposta o que dificulta tomar uma posição de que realmente entenderam ou copiaram

dos colegas.

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b-) Quanto é 4! ? Totalmente certo 43

Certo (só com resposta) 8

Erro nas contas 4

Incompleto 0

Totalmente errado 4

Em branco 1

Os alunos realizaram esse exercício sem qualquer dificuldade. Deve-se levar em

conta que esse exercício não tinha nenhum tipo de contextualização, era apenas

aplicação do conceito de número fatorial, entretanto tendo em vista que esses alunos

nunca tiveram nenhum contado com esse tipo de número, foi interessante perceber que

eles realmente aprenderam com a peça.

c-) De quantas maneiras posso escrever a palavra

PEÇA, mudando suas letras de lugar formando

palavras com ou sem sentido?

Totalmente certo 16

Certo (só com resposta) 6

Erro nas contas 2

Tentou escrever as palavras 17

Incompleto 5

Totalmente errado 14

Em branco 0

Essa questão fez com que a equipe refletisse sobre a apresentação que com

certeza será modificada para que os resultados sejam satisfatórios. Durante a

apresentação, os alunos deram boas risadas com o personagem Beto lendo as palavras

formadas com as letras da palavra AMOR e com isso, não deram maior atenção à forma

correta de se resolver o problema. Em outras apresentações que por ventura

acontecerem, corrigirá esse erro a fim de que os alunos não façam como fizeram de

tentar escrever as possibilidades e não conseguirem resolver. Outro aspecto interessante,

foram os alunos que no lugar de fazerem a resposta em relação à palavra PEÇA, fizeram

em relação à palavra AMOR, que é a palavra apresentada no texto, isso mostra uma falha

na leitura e compreensão de enunciado.

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d-) Numa corrida, há 10 cavalos competidores. De

quantas maneiras esse cavalos podem chegar nas três

primeiras colocações?

Totalmente certo 20

Certo (só com resposta) 1

Erro nas contas 9

Incompleto 13

Totalmente errado 17

Em branco 0

Essa questão gerou muitas dúvidas nos alunos, como era esperado, devido ao

grau de complexidade que era maior que o das questões anteriores, mas os membros da

equipe buscaram auxiliar esses alunos a fim de que esses pudessem realizar com êxito o

exercício. Muitos alunos apresentaram problemas com a tabuada e por isso erraram em

contas. Ao perguntarem quanto daria determinada multiplicação, foi pedido para que

fizessem o algoritmo da tabuada, de ir somando até chegar ao resultado desejado.

e-) Jogando um dado honesto, qual é a chance de que a face virada para cima seja 2? E um número par?

Totalmente certo 23

Erro nas contas 1

Incompleto 6

Totalmente errado 30

Em branco 0

Os alunos tiveram muita

dificuldade em resolver esse exercício, além de ser um assunto difícil e pouco abordado

na peça, percebeu-se que poucos exemplos foram dados durante a apresentação. Isso

também será modificado para posteriores apresentações.

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Após a aplicação dos questionários, percebeu-se que alguns problemas no

questionário que devem ser modificados para outras apresentações:

- O primeiro e o terceiro problema utilizam as mesmas quantidades utilizadas na

esquete. Pode ser que muitos alunos tenham respondido apenas porque lembraram do

valor obtido na apresentação.

- O problema com o número fatorial deve ser modificado, a fim de os alunos

tenham que realizar mais multiplicações, tendo em vista que muitos apresentaram

dificuldades que poderiam ser sanadas pelos atores.

- Sentiu-se a necessidade de colocar, na pergunta sobre qual personagem haviam

gostado mais a opção “Mais de um” perguntando, em seguida, quais. Pois o índice de

alunos que pediram e insistiram em colocar mais de um, inclusive todos, fora muito

grande. Muitos conseguiu-se convencer, entretanto, alguns teimosos (sem qualquer

desrespeito e avisando que o fariam, pois não seria justo escolher apenas um) o fizeram.

- Houve a necessidade de colocar a pergunta de qual personagem os alunos não

gostaram, para que melhoras fossem feitas.

- Uma questão que pedisse as críticas e sugestões para a esquete seria também

interessante, para levantar o espírito crítico dos alunos e verificar o que eles realmente

gostaram ou não.

- Controle maior e mais enérgico sobre os alunos que querem copiar a resposta

dos colegas.

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Em geral, os resultados foram satisfatórios e possibilitaram reflexões que

desencadearão em melhorias para possíveis próximas apresentações.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há sempre uma insegurança em propor algo novo. O medo de que possa ser uma

bobagem, de que possa ser fruto apenas de sua imaginação e que não pode vir a ser algo

real, que dê certo invade energicamente.

O estudo teórico sobre situações didáticas possibilitou o conhecimento de como o

ensino e a aprendizagem podem ocorrer de maneira positiva e negativa dependo de como

o educador os encaminha.

Saber que o ensino acontece de maneira satisfatória em ambientes além da sala

de aula e dos laboratórios tradicionais de uma escola também estimulou a produção de

um trabalho que saísse do convencional, não propriamente “fora” da escola, mas fora do

que se está habituado.

Unir a técnica teatral ao ensino de algum conteúdo Matemático parecia um desafio

difícil, tendo em vista que pouco se encontrou sobre pessoas que ousaram fazê-lo e que,

facilmente, poderia ser apenas uma aula em que algum “personagem” que seria o

professor representaria (no caso em que esse fosse ator) e estaria explicando. Mas o fato

é que o Teatro Educativo realmente existia e, de fato, apresentava resultados

extremamente satisfatórios.

Tendo por base esses argumentos, foi possível confeccionar duas esquetes que

contemplassem conteúdos ensinados na Escola Básica, mas que ao mesmo tempo

divertissem e entretivessem o expectador, visto que muitos não gostam de Matemática e,

distraídos com a história, aprenderiam e poderiam passar a se interessar por essa

disciplina.

O fato é que, na opinião dos que participaram do processo e dos que assistiram à

apresentação de uma das esquetes, o espetáculo alcançou os objetivos iniciais:

conseguiu a atenção dos alunos, fez com que refletissem sobre a moral envolvida e

aprendessem boa parte dos conteúdos, sendo que um dos alunos aprendeu todo o

conteúdo sem auxílio de nenhum membro da equipe técnica, ou seja, o conteúdo estava

ali, é que os alunos têm graus de apreensão diferentes. Como se trata da maioria dos

alunos, será feito um trabalho de melhora para que o aprendizado seja alcançado. Não se

pode esquecer de falar sobre o aprendizado que os atores e envolvidos com a esquete

ganharam e até passaram a ter interesse por essa disciplina.

Propor metodologias diferenciadas para solucionar possíveis problemas ou para

simplesmente modificar um pouco o ambiente de aprendizado é válido, mas deve haver

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cuidado para que não se torne algo superficial e apenas entretenimento, por isso a

verificação e a reflexão sobre o processo deve ser feita o tempo todo, por parte do

professor que está propondo esse tipo de metodologia. Mas o fato é que devem existir

essas metologias diferenciadas, pois os alunos se mostraram interessados, querendo

mais e não há motivação maior do que essa para que esse tipo de trabalho continue.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FREITAS, J. L. M. de; “Situações didáticas”. In: MACHADO, Silvia Dias Alcântara.

Educação Matemática: uma introdução. São Paulo: EDUC, 1999

[2] PAIS, L. C.; “Didática da Matemática: uma análise da influência francesa”. Belo

Horizonte: Autêntica, 2002

[3] LAUAND, L. J.; “ Educação, Teatro e Matemática Medievais”.São Paulo: Editora

Perspectiva, 1986.

[4] MARANDINO, M.; SILVEIRA, R. V. M. Da; CHELINI, M. J.; FERNANDES, A . B.,

RACHID, V.; MARTINS, L. C.; LOURENÇO , M. F.; FERNANDES, J. A .; FLORENTINO,

H. A . “ A Educação não formal e a divulgação científica: o que pensa quem faz?”.

Publicado nos anais do IV Encontro Nacional de Pesquisas em Educação em Ciências –

ENPEC – 2004.

[5] ROSENFELD, M. “ Museu e Centro de Ciências são importantes na aprendizagem” -

Reportagem do Portal Aprendiz da UOL – http://aprendiz.uol.com.br/content/phodejovef.mmp, (

abril 2005)

[6] D´ AMBROSIO, U. “ O papel do Museu no processo de divulgação da ciência” .

Ano:1999. Site: http://vello.sites.uol.com.br/museu.htm

[7] Estação Ciência – USP, site: www.eciencia.usp

[8] SCAMPINI JR.,E.; “Teatro como técnica para a aprendizagem da Matemática” –

Universidade Dom Bosco.

[9] LUPETTI, K. O. et al.; “Ouroboros: Teatro para divulgar ciência, tecnologia e cultura.” -

UFSCar

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[10] VARGAS, M. A; GUTIÉRREZ,G. C.; ALFARO, Y. R.; “El teatro como herramienta

metodológica em la Enseñanza de la Matemática”. Anais do V Congresso sobre

Enseñanza de la Matemática. Costa Rica, 2007.

[11] NASCIMENTO, J. B.; “Matemática e teatro – Tema transversal: Educação para o

trânsito. Informativo do Instituto Hipasiano de Matemática/ 001 – UFPA

[12] COBRA, R. Q.; “O Teatro Educativo”. In: www.cobra.pages.nom.br/ecp-

teatropedag.html Acesso: 20.05.09

[13] CASTRO, I. R.; “Teatromático”. Espanha: Editora Nivola, 2002

[14] CENTURIÓN, M.; “Conteúdo e Metodologia da Matemática: Números e Operações”.

São Paulo: Editora Scipione, 2002.

[15] IEZZI, G.; DOLCE, O; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R.; ALMEIDA, N. de;

“Matemática: Ciência e Aplicações”.Vol. 2. São Paulo: Editora Atual, 2001.

[16] GIOVANNY, J. R.; BONJORNO, J.; “ Matemática: uma nova abordagem” - Vol. 1.

São Paulo: Editora FTD, 2000.

[17] XAVIER, L. de O.; “Matemática Moderna” - Coleção Ginasial Ilustrada. São Paulo:

Editora Formar.

[18] KOUDELA, I. D.; “Um protocolo dos protocolos”. Revista da Funarte, Montenegro, v.1,

p. 9 -11, 2001.

[19] ABRANTES, P. ; SERRAZINA, L.; OLIVEIRA, I. “A Matemática na Educação Básica”

Coleção Reflexão Participada – Ministério da Educação/ Departamento da Educação

Básica – Lisboa, 1999.

[20] VIANA, C.R. ; “Resolução de Problemas”; Temas de Educação I, 2002, pp 401-410

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8. ANEXOS

A seguir, atividades realizadas durante os ensaios, questionários, fotos e

depoimentos dos envolvidos no projeto.

Observação: por conta do limite do espaço, muitos anexos não foram colocados.

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BIOGRAFIAS DOS PERSONAGENS

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Felizberto Campos Mendonça Neto

Família muito rica, sempre teve muito conforto, mas não se encaixava dentro desta vida. Não é do tipo que renega o que sabe/tem, mas possui um jeito simples, “despojado das coisas”, o que incomodava muito seus pais. Beto sabe a diferença entre os talheres, sabe regras de etiqueta, mas toma “tubaína” no saquinho tranqüilamente e comeria uma coxinha engordurada na cantina do bairro, sem ter lavado a mão.

Sempre foi muito curioso e gostava de ir atrás de coisas para fazer, sempre gostou de espaços abertos e de não ser vigiado. Por isso a escola às vezes lhe chateia, pois se sente em um ambiente muito fiscalizado, que se altera pela figura do Diretor.

Beto estuda com Cadú (foi ele quem deu este apelido para o amigo, justamente para tirar a formalidade de Carlos Eduardo) desde o pré. Sempre estavam nas festas de aniversário, alias Cadú era um dos poucos amigos que os pais de Beto deixava freqüentar sua casa. Desconfio que os pais fossem amigos anteriormente, ou quem sabe colegas, mas já se conheciam antes.

Quando foram para 5ª série os pais de Beto começaram a se desentenderem ainda mais, as brigas eram constantes em casa, e principalmente pelo futuro de Beto, o pai desejava que ele soubesse dar continuidade ao projeto de vida dele, e sua mãe não se importava muito também com os desejos do filho, que se via encurralado e pouco ouvido. Beto vai para a sexta série e seu pai resolveu fazer uma viagem ao exterior e queria que seu filho fosse com ele. Ai começou um verdadeiro pesadelo para Beto que era obrigado a encarar de vez o padrão de filho estabelecido pelo pai e deixar as conquistas criadas aqui na escola (começou a participar do time do colégio, fazia natação no clube do colégio, havia começado a melhorar suas notas, as amizades). Brigas fortíssimas pai de Beto mostrando planilhas e mais planilhas de gastos com ele, bate em Beto de maneira agressiva(socos), sua mãe entrando em crises de depressão e não consegue fazer muita coisa pelo filho, chorando compulsivamente e Beto sem saber o que fazer foge de casa e vai tentar viver no farol.

Obviamente não consegue, mas passa duas noite fora de casa e vai para casa de Cadú. Chegando lá Marley obviamente conversa com ele antes de avisar os pais e consegue convencer o pai a ir para sua viagem e deixá-lo terminar os estudos aqui. Aparentemente há um acordo amigável e Beto fica aqui. Ele se sentia extremente rejeitado e muito magoado pela surra que havia levado, porém o ambiente familiar de afeto e compreensão ajudam a se recuperar.

No ano seguinte o pai de Beto volta e tenta mais uma vez obrigá-lo a viajar e um nossa crise começa, Beto fica tão desesperado em perder seu primeiro amor (uma garota que fazia circo perto do colégio onde estudavam) e como que se as cicatrizes continuassem a doerem em seu intimo Beto se vê perdido e tenta se suicidar e Cadú que ajuda o amigo a não se matar.

A relação com a escola é bastante engraçada ao mesmo tempo em que se sente aprisionado pela estrutura ele gosta de aprender determinadas coisas e tem muita facilidade em estudar, mas tem muita preguiça e pouca organização de seus estudos, deixando tudo para depois e não abrindo mão de aproveitar sua vida para ser um aluno nota dez. Não é do tipo que desrespeitava ao professor mas vivia fazendo piadas e isso incomoda muitas vezes, o que o levava para fora das aulas algumas vezes. Fez uma gracinha ou outra, mas nada muito sério que atingisse os outros ou que agredisse alguém. Não é repetente.

A figura do diretor é bastante familiar a ele pois sabe dos problemas que estava vivendo só conversou com Beto uma vez, mas estava sempre em contato com Marley e os pais de Beto. Se ele agradar op diretor é para ser o representante de classe, ou para não ser reprovado. Pode ter feito algo como estourar o extintor do colégio ou soltar um rato em sala de aula, por isso está com medo.

Contraponto da alegria vem muito de seu jeito mas depois da mudança de casa vem pela Marley que incentiva-o a se soltar, a falar mais, a pintar, Beto gosta de fazer desenhos abstratos e pintar grafittes. Essa grande sintonia entre

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os dois às vezes gera um ciúmes em Cadú, pois Beto abre mão de todas as coisas para ficar ao lado de Marley, pois sente esse carinho e essa compreensão que não via em seus pais, vai constantemente para ela no mercado, olha o Guto, vai vender seus quadros.

Forte relação com a musica gosta de musicas mais acústicas e nem sempre tão alegres, ouve coisas mais “fossas”. Gosto por esportes e atividades físicas, corpo forte(magrelo mas tem muita resistência e força), é bastante competitivo nos jogos. Adoro o circo, mesmo depois da ida daquele circo embora ele continua se interessando por fazer malabares. Transita entre muitas tribos que afetam um pouco seu visual , mas ele não muda completamente.

Gosta de ficar com alguumas meninas, tem um jeito charmoso sem querer ser, mas gosta de se apaixonar, tem a medida para mandar flores em ser brega, não mas escreveria anda muito bonito.

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Carlos Eduardo Godoy Nascimento

Carlos Godoy Nascimento é um menino nascido no dia 29/02/1996, na cidade de São Paulo. Cadu, como geralmente é chamado, é um menino de 13 anos muito inteligente, adiantado para a sua idade e, ao mesmo tempo, possuidor de um comportamento um tanto quanto impulsivo e arrogante, para determinadas situações que enfrenta.

Cadu traz como característica de seu espírito um longo número de existências na matéria, sendo este um dos fatores que faz com que sua inteligência se destaque2. Na escola em que estuda possui um ótimo desempenho em exatas, com destaque para a matemática, sendo esta área do conhecimento muito apreciada por ele por influencia de sua mãe. Marley é uma mãe presente e muito prestativa que, além de desenvolver projetos na comunidade, trabalha com obras de Arte em seu ateliê e adora matemática.

Porém, Cadu possui um comportamento muito introspectivo. Dois fatores movimentam essa característica de sua personalidade são:

1) Cadu traz como um dos objetivos de sua existência, nesta vida, o trabalho em coletivo. Em vidas passadas sempre utilizou de seus conhecimentos para fins próprios, menosprezando e humilhando os que julgava serem inferiores a ele. Tal característica fez com que, ao decorrer de suas existências anteriores, criasse pendências com um grande número de pessoas, que nesta vivência enquanto Cadu, deveria utilizar de sua habilidade intelectual para beneficiar o maior número de pessoas possível. Deste modo, seu objetivo passa a ser o de entender que um verdadeiro grande gênio realiza seus trabalhos em prol de um bem coletivo, sendo necessário, muitas vezes, abdicar de suas vontades próprias para beneficiar a mais pessoas. Contudo, Cadu muitas vezes é grosso e age de maneira estúpida sem necessidade, marca esta de seu orgulho que ainda cisma em permanecer.

2) Carlos é um pai pouco presente na vida de Cadu. Ele passa a maior parte do tempo em viagens de negócios, dando pouca atenção à sua família. Apesar de serem, atualmente, uma família de classe média, já passaram por grandes dificuldades financeiras na época em que Cadu tinha seus cinco anos - época essa em que nasceu Augusto Godoy Filho, ou Guto, seu irmão que hoje tem 08 anos. Considerando que Marley dedicava - e ainda dedica - a maior parte do tempo na função de mãe, Carlos, programador de softwares para computadores, tinha um salário abaixo do necessário para arcar com as despesas de sua família, até melhorem um pouco a condição de vida com a entrada de Carlos na JBC - empresa na qual ele trabalha atualmente. Antes do aumento do padrão de vida da família de Cadu, seu pai tinha grandes discussões com Marley, acusando-a de não contribuir significativamente com a divisão dos gastos da casa, agindo, muitas vezes, de maneira enérgica, sendo grosso e estúpido. Cadu ouvia as discussões dos pais por trás da porta do quarto, e quando possível, observava essas discussões pelo vão da porta entreaberta. Apesar de não entender o contexto das brigas, por ser muito pequeno, Cadu tinha como referência de seu pai essa postura estúpida e grossa, que incorporou, inconscientemente, à sua personalidade. Esse fator, somado a tendência que Cadu tem de se sobrepor a outras pessoas, contribui para o seu temperamento.

Teve um dia que um colega de trabalho do pai de Cadu perdeu o emprego, por causa de um hacker que invadiu seu computador e roubou todos os dados da empresa. Quando Carlos contou esse fato para Marley, no quarto, Cadu ouvia toda a conversa por atrás da porta, e deste dia em diante, com medo de ser plagiado, Cadu não utilizou mais computadores para fazer seus trabalhos escolares – ele sabe mexer muito bem, mas tem medo.

Marley é uma Super Mãe! Na verdade, ela acaba assumindo o papel de pai e de mãe por seus dois filhos, por isso é “super”! Sempre preocupada com a educação dos filhos, é muito prestativa e acolhedora. Cadu conta tudo para ela – ou melhor, quase tudo, pois não conta as encrencas que já se meteu com o Beto, seu melhor amigo. Teve um dia que Cadu estava com muita febre e Marley passou a noite toda cuidando do filho. Neste mesmo dia até o Guto ficou no quarto com o irmão, pois o carinho dentro daquela casa era (e continua sendo) muito grande. Cadu lembra e muito bem de sua mãe ao seu lado, não só neste dia, mas em todos em que ele precisou, por isso ele a respeita e muito e a ama

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intensamente. O Gutinho além de gostar e de admirar muito sua mãe, também reconhece a importância de Cadu em sua vida. O Guto é um irmão muito especial, pois ele é muito inteligente e sua missão é ajudar seu irmão no que ele veio cumprir. Pela diferença de idade, os dois não se entendem muito bem às vezes, mas Cadu gosta muito de seu querido e estimado irmão.

Na escola, Cadu se comporta quase que indiferente as aulas da sétima série. Justamente por ser muito inteligente, por estar além de sua idade, não valoriza algumas disciplinas, pois a julgam fáceis e não as dá a devida importância. Mas, achar algumas disciplinas fáceis não quer dizer que Cadu tire boas notas nelas. Já em matemática, sua maior paixão, ele não só estuda como tira excelentes notas. Cadu recebe muito apoio da professora Márcia – sua professora predileta, que dá aulas de matemática pra ele desde a quinta série - que de todos os professores tem um contato mais próximo com ele e o incentiva. O gosto pela matemática é tão grande que Cadu não se satisfaz em estudar apenas os conteúdos de sua série, ele está sempre na biblioteca da escola, orientado pela professora Márcia, disposto a se aprofundar no estudo da matemática, e foi em uma dessas suas visitas à biblioteca que ele leu o livro sobre o Princípio Fundamental da Contagem.

Por Cadu se interessar muito pela matemática, Ivan Pereira, diretor do Centro Educacional Mater-A-Lumini, o escolheu para ser o representante - líder - do MaterAmática, um dos principais projetos da escola. Este projeto é voltado para os alunos do Ensino Fundamental II e Médio, onde eles desenvolvem e solucionam exercícios de matemática de uma forma divertida e curiosa - e já neste momento, na adolescência, Cadu inicia sua trajetória de um verdadeiro gênio.

Mas, indo ao encontro dos seus objetivos de vida - mesmo que em um projeto não muito grande frente aos obstáculos que Cadu ainda enfrentará quando as circunstâncias forem mais abrangentes - Cadu não participou do projeto MaterAmática sozinho. Ele contou com a ajuda de seus amigos Beto, Manu, Pati e Flora, para além de sua Mãe e de seu irmãozinho. Entre outros fatores, eles foram fundamentais para que Cadu reconhecesse sua postura grosseira e talvez, neste momento, essa conduta herdada de seu pai tenha se diluído frente aos sentimentos de seus amigos, iniciando uma mudança na vida de Cadu.

O grupo de amigos de Cadu é composto por cinco pessoas - Beto, Manu, Pati, Flora e o próprio Cadu - todos estudantes da mesma série, da mesma escola. O Beto, ou melhor, Felizberto, é um menino e tanto. Cadu o admira e muito. São amigos desde antes da primeira série, pois suas famílias sempre foram próximas. Apesar de Beto dar vários motivos para Cadu se afastar dele, ocorre o contrário, cada vez estão mais próximos. Mesmo o Beto sendo desorganizado e um pouco atrapalhado Cadu conversa com ele sobre tudo, o que dificilmente faria com outras pessoas. O Beto acaba sendo o contraponto do Cadu em várias situações, pelo seu jeito engraçado e exagerado de ser. Às vezes, Cadu gostaria de ser igual ao amigo. Mas só às vezes, principalmente no que se refere à maneira com que Beto trata os amigos.

Beto e Cadu já passaram por várias aventuras juntos: se meteram em “encrencas”, já viram a vizinha trocando de roupa, arrancaram a peruca do professor de ciências, colaram em provas, enfim...uma dupla e tanto. De todas essas histórias a mais engraçada e curiosa foi no dia em que Beto e Cadu foram a um show de uma banda que eles gostam. Eles já estavam na sétima série, lá para o mês se setembro, e era uma sexta-feira. Como era mais do que normal um sempre ir à casa do outro, Beto disse para sua mãe que iria dormir na casa do Cadu e Cadu disse que iria dormir na casa do Beto. Tendo dado uma bela desculpa para suas mães, os dois foram para o show que começava tarde da noite. Eles se perderam no metrô de São Paulo e foram parar do outro lado da cidade. Perdidos e com fome pararam em um Mc Donald’s. Quando eles terminaram de comer e se informaram com a moça do caixa sobre o caminho para se chegar ao local do show, eles perceberam que gastaram o dinheiro da entrada em comida, sobrado apenas o dinheiro para voltar para casa. Já eram onze horas da noite, e saindo do Mc, indo de volta para o metrô, eles tinham a impressão de que estavam sendo seguidos. Quando viraram para trás viram um grupo de moleques mais velhos andando próximos deles. Cadu estava desesperado, dizendo que como a ideia, de ir ao show escondido, era do Beto a culpa era toda dele por estarem nesta situação. Mas, Beto estava tranquilo dizendo que sabia sair daquela situação; ele parou, se virou em

2 O espírito, por já ter passado por diversas vidas, traz práticas vindas de experiências de encarnações anteriores, experiências essas, que neste caso, justificam a inteligência de Cadu.

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direção ao grupo de moleques e disse: “Código ZL zona sul, papagaio manco! Nóis somos Lagartixa e Rabiola. Tá rolando alguma coisa ou cês vai persegui a gente mesmo?!” Cadu mal conseguiu ouvir o que Beto disse. Estava quase que em estado de choque! E pra seu maior espanto os moleques viraram e foram embora. Cadu e Beto não haviam percebido, mas, na verdade, aqueles rapazes foram também ao Mc e estavam indo para um estacionamento ali perto, mas quando se depararam com o Beto e com o que ele disse ficaram com medo e voltaram para o restaurante.

Lagartixa e Rabiola, ou melhor, Beto e Cadu entraram no metrô e foram pra casa. No caminho não pararam de falar um só minuto no acontecido. Beto estava se vangloriando dizendo que havia aprendido esta “tática” com alguns colegas da rua da casa dele. Euforia total! Mas Cadu estava apreensivo, eles estavam indo para sua casa e não sabia como ia entrar sem que sua mãe percebesse. Quando chegaram Cadu abriu o portão de casa com o máximo de cuidado. O plano era entrarem pela porta dos fundos, que dava para a cozinha, pois não havia trincos. Quando Cadu estava virando a chave a luz de fora da cozinha acendeu. Os dois deram um pulo e Beto já estava bolando o que ia dizer para a mãe de Cadu. Neste instante eles lembraram, que na parte de fora, havia um sensor que acendia a luz sozinha quando alguém se movimentava. Passado o susto eles entraram na ponta dos pés e foram dormir. Na manhã do dia acordaram bem cedo, arrumaram a cama, saíram para o quintal, abriram o portão da rua e começaram a gritar: “tchau tia, bom serviço! Tchau mãe até mais tarde!”, voltando pra dentro de casa, fazendo barulho. Quando entraram na cozinha deram de cara com Marley, que estava de pijama perguntando: “Beto, sua mãe foi trabalhar de sábado, de novo?”. De vez em quando era normal a mãe de Beto fazer isso, pois em alguns sábados saía para trabalhar bem cedo e deixava seu filho na casa de Cadu. Os dois que já tinham combinado tudo estavam com seu plano dando certo. Beto respondeu: “Minha mãe esqueceu que ia trabalhar hoje, senão eu tinha vindo dormir aqui, né tia?. Ela mandou te pedir desculpa.”. Marley, além de já estar acostumada com a falta de responsabilidade que a mãe do Beto tinha, ainda estava com muito sono. Falou que não tinha problema. Disse para os “seus filhos” que ia voltar a dormir e pra eles não fazerem muito barulho para não acordarem o Guto. Os dois acenaram com a cabeça, e assim que ela saiu caíram na gargalhada, abafando suas risadas. Depois de se “acalmarem” foram descansar mais um pouco. Apesar de ter dado tudo certo – ou quase tudo - deste dia em diante Cadu se comprometeu a não aceitar mais de cara as propostas do amigo, para não entrarem mais em encrencas.

Beto e Manu já se conheciam, pois uma vez o Beto deixou cair refrigerante na roupa dela e deste aquele dia eles passaram a conversar. Teve outro dia que, no recreio, logo no começo da sexta série, o Beto estava conversando com o Cadu, quando avistou Manu. Foi nesta ocasião que Cadu e Manu se conheceram. Ela se apaixonou a primeira vista, mas ele não reparou. Manu e Cadu se tornaram amigos, mas ela continuava a guardar aquele amor não correspondido.

No final da sexta série o diretor Ivan Pereira promoveu no colégio as Olimpíadas de Matemática, em que o melhor aluno de cada sala ganharia um passaporte para o Hopi Hari. Cadu participou desta olimpíada, não pelo prêmio, mas pela matemática, pois ele queria mostrar para todos que ele era o melhor. Ele teve o melhor desempenho de sua sala e ganhou o passaporte, mas como Cadu não gosta dos brinquedos do parque deu sua entrada para Beto, que deu pulos de alegria com o presente do amigo. Mas, Cadu não se contentava. Queria ser o primeiro colocado do Fundamental todo. Estudou, estudou e chegou à final. Nas vésperas da última prova, Cadu estava dando uma estudada na Biblioteca, e foi à estante procurar um livro de lógica para se exercitar. Estava concentrado em achar o livro “O universo matemático da lógica”. E, ao ficar nas pontas dos pés para pegar o livro que estava na última prateleira, Cadu se desequilibrou e caiu em cima de alguém que estava ali próximo. Ele rapidamente se levantou, estava no “des” de “desculpa” e quando viu, era a Manu. Os dois se entreolharam. Cadu terminou de pedir desculpa e notou algo de diferente em Manu. Ela também era uma das finalistas das olimpíadas, mas Cadu não a viu como concorrente, ele estava é admirando por ela estar na biblioteca procurando o mesmo livro que ele. Na grande Final, Cadu foi o grande vencedor. Manu ficou na quarta colocação – além de Cadu, que era da sexta série na época, havia perdido apenas para dois alunos da oitava série.

Beto, que nunca foi burro, percebeu que Cadu e Manu estavam diferentes e, como sempre achou que se Cadu tivesse uma namorada ele deixaria de ser tão fechado, ficou fazendo a cabeça do amigo de que Manu era a menina perfeita para ele. Apesar de Cadu se irritar com as provocações do amigo, ele sabia que realmente alguma coisa havia acontecido na biblioteca aquele dia, mas não falou nada. Ele deixou isso de lado e apenas se aproximou mais de Manu.

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Manu era amiga de Pati e Flora, e não demorou muito para que todos se juntassem. Foi no começo da sétima série que o grupo dos cinco amigos se consolidou, e que por coincidência, ou não, moravam todos muito próximos. Marley, uma mãe muito atenciosa com já dito anteriormente, estava sempre presente na escola de Cadu ajudando o diretor Ivan a executar algum de seus projetos. Em uma destas idas à escola, ao observar seu filho no intervalo, sem que fosse vista, Marley percebeu que Cadu tinha aumentado seu círculo de amigos, que já não era formado só pelo Beto – quem já o conhecia de longa data e gostava muito dele. Aos poucos, sem que Cadu se incomodasse, convidava-os para tomar um lanche em sua casa. Desta forma, a casa de Cadu acabou se tornando um dos pontos de encontro dos cinco amigos.

Pati é uma menina muito espalhafatosa e Cadu se irrita muito com esse seu jeito expansivo de ser, mas na verdade sempre acha graça no final. Cadu também se dá super bem com Flora, reconhece sua inteligência, mas não demonstra. Ela é muito importante para Cadu, e mais importante ainda por Cadu saber que Beto gosta dela. Beto e Cadu estudam juntos na mesma sala, já Flora, Pati e Manu estudam na outra sétima série. Eles até já pensaram em ir na sala do diretor Ivan para pedir que ano que vem todos estudem juntos na mesma sala, mas acharam que não iria dar muito certo, então pediram ajuda para Marley, que era amiga de Ivan. O Diretor e a mãe de Cadu realmente conversaram sobre isto, quer dizer, não especificamente sobre isto, mas Ivan havia arquitetado, junto com Marley, todo o Projeto MaterAmática, em que Cadu e seus amigos seriam os protagonistas. Tudo feito! Uma aventura no Universo de Cadu, que o ajudou a reconhecer o papel de um verdadeiro líder.

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Biografia Guto

Será que escrever em caderno é diferente que escrever em diário? Porque diário é coisa de menina e caderno não! Então... lá vai...

Dedé, é o nome que eu dei pra você ta caderno, eu sou o Guto, ou melhor dizendo, o Augusto Godoy Filho, não gosto muito do meu nome porque parece nome de velho. Nasci no dia 03 de Março de 2001, novo século! Hehehehe tenho 8 anos, moro com minha mãe, Marley e meu irmãozão, o Cadu. Meu pai é programador de computadores, ele viaja muitão, ele se chama Augusto também! Gosto muito dele. Não o vejo muito, sinto a maior saudade dele, mas quando ele está em casa, e não está fazendo os projetos dele, a gente brinca de “A era do gelo”, eu sou o dinossaurão e ele é o esquilinho, aquele engraçado pra caramba...

Minha mamãe? Ela é a mais linda do mundo, faz cada coisa tão lindona! Ela é artista plástica e trabalha num outro emprego que eu não sei direito! Eu gosto muito de ficar no ateliê dela, pintando, brincando, fazendo lição de casa e vendo ela fazer um montão de coisas. As vezes o Cadu aparece por lá , ele é um chato! Mas eu gosto muito dele! Sonho em ser igual ele porque ele é mó responsável e quando meu pai viaja, ele fica como o “1º homem da casa” e eu sou o 2º hehehe Mas não entendo, nosso pai é programador, formado em computação, e ele odeia computador, e não digita nada... Ele é estranho! Hehehehe...

Me lembro de duas coisas muitíssimo legal que aconteceram comigo, a primeira, foi quando minha mamãe pintou uma camiseta pra mim de um dinossauro jogando vídeo game, por que são as coisas que eu mais gosto de fazer, brincar com o Dino e jogar vídeo game, principalmente quando eu to jogando com o Beto, um amigo muito legal do meu irmão que eu conheci tem um tempão, quando ele foi lá em casa a primeira vez. Logo dessa vez vi que ele seria meu amigo 5 estrelas! Essa foi a segunda coisa legal que aconteceu comigo e que eu me lembro a cada dia.

Falando em amigos, tenho 3 melhores amigos na escola que eu estudo, a Disceri Domus, o Lucas, o Duda e o Enzo, brincamos o dia todo de Bem 10 e de Dinossauro, mas só na hora do lanche, porque quando eu to na sala de aula, presto atenção em tudo que a professora fala.

Ah, tem uma coisa maior triste, é quando meu papai viaja. Choro bastantão de muito, e tenho saudades dele.

O que eu mais gosto de fazer é jogar vídeo game e brincar com o Dino, ele até faz lição comigo! Adoro assistir TV também, o meu desenho preferido é Bem 10, ele é meu ator de desenho preferido. Um filme que eu fui assistir no cinema e que eu gostei muito foi “A era do gelo 3D”, a parte do dinossauro é a mais legal!

No dia que eu fui ao cinema com minha mãe, depois ela foi ao teatro e voltou falando uma frase que eu achei muito legal, acho que é “ser ou não ser, eis a questão...”, tudo bem que eu não entendi muito, mas quando ela fala todo mundo fica pensando.

Mas minha vida seria bem mais legal se eu vivesse no mundo dos dinossauros, aí eu ia conhecer um montão, tudo de verdade!

Bom, na escola, eu vou muito bem, mas nem tanto quanto o Cadu. Gosto de todas as matérias e matemática não é diferente, mas eu não entendo porque eles inventam tanto, tem um montão de sinal, não entendo, seu eu já aprendi o sinal de mais, por que tenho que aprender o de vezes? Já vi no caderno do Cadu, uns sinais que eu nunca tinha visto antes. Que chatisse! Mas o que eu gosto mesmo é de História, ainda mais agora que minha professora ta falando da pré-história e dos dinossauros. Eu to no 2º ano, ou antiga 3ª série.

Eu amo minha mamãe e meu irmãozão, mas eles dizem que eu dô um pouquinho de trabalho para eles. Eles querem o quê? Eu sou só uma criança!!! Um dia, quando eu era pequenininho, eu tava andando de carrinho, o Bibi do Cadu, na rampa da garagem do prédio da minha vovó, aí eu caí e levei um tombão, levei ponto e tudo, ficou uma

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cicatriz do lado direito do meu olho direito. Apesar disso, têm vezes pareço mais velho, mas mesmo assim sou uma criança. Hehehehe

Já vai...

Tenho que ir Dedé, minha mãe ta me chamando para ir almoçar e depois escovar os dentes.

Eca...

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Biografia de Ivan Pereira Cardoso

Idade: 40 anos

Data de nascimento: 09/09/1969

Estado civil: separado

Foi casado com Beatriz Rigoletto Sampaio (Publicitária) durante 17 anos, tem uma filha Anna Carolina Sampaio Cardoso de 15 anos.

A separação foi amigável, não podendo mais segurar o relacionamento, os dois decidiram por essa alternativa. Agora ambos já estão envolvidos com outras pessoas, Beatriz com Murilo (jornalista) e Ivan com Cláudia Regina Caldeira (promoter de várias casas noturnas). Anna Carolina tem uma relação muito boa com os relacionamentos dos pais.

Ivan, não só é diretor em uma escola como também toca bateria em uma banda durante os finais de semana na região da Vila Madalena e também do Bexiga, isso é para aumentar a renda. Ele já toca a mais de vinte anos é um sonho realizado.

Formado em Ciências Biológicas pela Universidade de Guarulhos, possui pós-graduação em história da educação brasileira, e é mestre em pedagogia, o seu trabalho de conclusão de curso foi voltado para o ensino de música, pois desde muito pequeno ele foi apaixonado por música, como incentivador do raciocínio, desenvolveu projetos em várias escolas carentes com esse tema, e sempre obteve auxílio de várias pessoas de diferentes áreas, como matemáticos, profissionais de educação física, pedagogos, literários, físicos, geógrafos, etc.

Ivan é fã de várias bandas de música, porém sempre teve uma queda pelo Gun’s and Roses, ele chegou a ir a vários shows da banda, aqui e no exterior, e em um desses shows conheceu um cara que se tornaria um de seus melhores amigos. Hoje o filho desse seu amigo, o Rodrigo, estuda na escola que Ivan é diretor, ele está na 2ª série do Ensino Médio, e é um ótimo aluno, esperto em várias matérias, só tira boas notas. Quando Ivan quer conversar sobre música com alguém mais jovem ele fala com o Rodrigo, e fica por dentro de várias novidades nesse assunto.

Outra pessoa muito amiga de Ivan é uma artista plástica, seu nome Marley Godoy, parece que foi ontem que Ivan conheceu a Marley e o seu esposo, na época, em um barzinho que ele estava tocando, mãe de dois meninos, que também estudam na escola que ele é diretor, o mais novo é o Guto esperto esse moleque, e o mais velho é o Carlos Eduardo, outro menino que Ivan gosta muito, pois é muito inteligente. Sempre que pode Ivan e Anna Carolina vão até a casa de Marley para bater um belo papo (exposições, museus, música, galerias, etc) e conversar sobre os vários projetos que ela ajuda na escola.

A sala do diretor é muito sóbria, não tem muitos quadros, fotos ou objetos, exceto por um relógio de mesa com um símbolo da banda Gun’s and Roses que foi presente de sua filha.

Ivan sempre foi muito preocupado com o rendimento escolar de seus alunos, e por isso sempre procurou saber um pouco da vida de cada família, para auxiliar de alguma forma dentro e fora do recinto escolar. Uma dessas formas de ajuda veio com os projetos que englobam todas as séries da escola:

• Projeto Solução – voltado para auxiliar os alunos no vestibular; • Projeto Cada Macaco no seu Galho – voltado para o ensino fundamental I, onde as crianças desenvolvem

trabalhos manuais como pintura, escultura, etc; • Projeto MaterAmática – voltado para os alunos do Ensino Médio e Fundamental II, onde eles desenvolvem e

solucionam exercícios de matemática de uma forma divertida e curiosa; • Projeto um Sol em Mi Maior – música para todos os alunos, contendo histórias cantadas, apresentações de

alunos (individual ou em grupos). • Projeto Letra Livre - voltado para todos os alunos, eles aprendem e fazem poesias, contos, histórias; • Projeto O Luxo do Lixo – voltado para todos os alunos, eles reciclam plásticos, vidros, papéis e alumínios,

transformando-os em obras de arte, instrumentos musicais, brinquedos, etc.

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Grande parte desses projetos a Marley auxilia dando total apoio técnico, e todos os resultados finais são compartilhados com algumas comunidades carentes próximas da escola.

Com esse incentivo todos os participantes, os alunos e seus familiares, os funcionários, professores e o diretor do Centro Educacional Mater-A- Lumini, o CEM como é conhecida a escola, se integram harmoniosamente

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Biografia

Nome: Marley Godoy

Data nascimento: 28/09/1971

Idade: 38 anos

Marley neta de Espanhol é casada com Carlos um neto de Italiano, teve dois filhos Carlos Eduardo (Cadu) e Augusto (Gutinho). Cadu o seu primeiro filho, que veio antes do esperado e apressou o seu casamento, com isto não conseguiram planejar e estruturar o casamento, que já começou com a ajuda de parentes e familiares, com casa de aluguel, e Carlos ainda cursando ciências da computação, Marley que adorava fazer cálculos e desenhar queria fazer arquitetura e urbanismo, com tudo contentou-se no momento como a profissão mais abençoada por Deus ser mãe de Cadu. Ao passar dos anos Marley fez vários cursinhos de pintura, artesanato e até um curso mais longo de decoração e com isto ajuda nas despesas da casa, quanto a ser arquiteta fica para depois porque não tem condições financeiras no momento e mais uma gravidez sem esperar, onde nasceu Guto. Mas Marley adora seus filhos, procura ser uma mãe carinhosa, amiga e moderna, mas Cadu parece que não aceita muito esse seu jeito, vive repreendendo sua mãe principalmente perante seus amigos, porque ela adora a turma de Cadu, age às vezes como se tivesse a mesma idade, e isto o Cadu detesta, porém Gutinho ama essa sua maneira de ser e vive colado nela, junto ao seu ateliê sempre querendo aprender como se faz as coisas, e isto às vezes deixa Marley furiosa porque não quer deixar de dar atenção a Guto, mas ele acaba atrapalhando o seu trabalho. Marley acha que Cadu é um garoto que está além de seu tempo, esta ficando maduro demais para sua idade de 13 anos, pois esta sempre de cara amarrada, sempre pensando em resolver os problemas das nossas vidas, é tímido e muito inteligente ,e isto tudo deve ser por falta do pai, apesar de ainda serem casados Carlos viaja muito a trabalho para montar programas em computadores de empresas, e quando esta em casa fica atrás de projetos para outras, e com isto Cadu se tornou o homem da casa ( é assim sempre que o pai fala quando sai de viagem) .Cadu trata o irmão Guto de 8 anos como um bebezão (diga de passagem que a mãe também o faz) e adora o amigo e confidente Beto que mora mas na casa de Marley do que na sua.Agora o Gutinho além de adorar a mãe e fissurado em dinossauros e vídeo game, por isto quando o Beto está em casa, Marley consegue trabalhar em paz, pois Gutinho não desgruda do Beto jogando vídeo game e brincando de Jurrasic Park. Teve um dia deste que Guto queria que sua mãe pintasse para ele em sua camiseta um dinossauro jogando vídeo game, e enquanto ela não o fez não deu sossego

Marley adora ler, no momento esta lendo um livro de Yoga para aprender a relaxar e descontrair sua musculatura, gosta de ouvir a radio alfa FM, pois toca músicas que recordam a sua mocidade ,mesmo que está radio não toque as músicas de Fábio Junior que ela adora.Gostaria de ter um marido do estilo das musicas de Fabio, romântico, apaixonado e louco por ela, mas aprendeu que tudo isto é ilusão, um filme, uma cena a mais, e que mais vale um amor com pé no chão .Marley também é uma pessoa muito responsável e esta sempre em dia com seus compromissos e segue dois lemas de vida:

- Nunca deixe para amanhã o que se pode fazer hoje

- sempre fazer as primeiras coisas primeiras (isto porque quando cheia de compromissos ela sempre vê o que é o mais importante da lista e vai resolvendo até que quando menos espera já resolveu tudo)

Marley é uma pessoa alegre e muito feliz, que tem dois filhos maravilhosos e um marido comum.

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Biografia Manu

Chamo-me Manoela Padinha Boni e desde pequena sou chamada de Manu. Nasci no dia 02 de agosto de 1996, em São Paulo. Adoro essa cidade, principalmente a parte cultural, influência dos meus pais. Adoro cinema, os romances. Teatro, Shakespeare, estou lendo Romeu e Julieta. Museus, o da língua portuguesa. Ir a bibliotecas e shows, principalmente se forem de mpb, adoro Luiza Possi, além de linda, ela canta muito bem e as letras de suas músicas são perfeitas. Hoje estou com 13 anos.

Tive uma infância normal ao lado de meu pai Mauricio, minha mãe Elisa, meu irmão mais velho Marcelo e minha irmã Maria Eduarda, a do meio, e os amo exageradamente. Tenho uma relação muito boa com todos, mas minha maior afinidade é com Marcelo, ele me passa a sensação de porto seguro, ele é o único com qual consigo realmente conversar e não é por que os outros não me passam confiança, mas parece que com eles tenho um certo bloqueio. Marcelo me da atenção, se interessa pelas coisas que eu faço.

Meus pais por causa do trabalho, são professores, eram, e ainda são um pouco ausentes, quando eu saio para escola eles já saíram para trabalhar e quando voltam, eu já estou dormindo. Nos vemos praticamente aos fins de semana, mas que eles passam grande parte do tempo preparando aulas e corrigindo provas e exercícios, por isso espero muito as férias, pois é quando conseguimos viajar a família toda. Maria Eduarda vive trancada em seu quarto, com seus fones de ouvido ou no telefone com as amigas.

Marcelo então assumiu e assume em minha vida várias posturas: a de irmão que me ensinou a andar de patins e cuido de mim quando levei meu primeiro tombo, a de amigo que me da o ombro pra chorar quando acho que ninguém gosta de mim e os meninos só gostam da Juliana Paes ou a postura de pai, quando me ensinou a ser centrada e a assumir minhas responsabilidades. Um fato marcante que aconteceu comigo e Marcelo, foi quando estamos brincando no parque do Ibirapuera e ele caiu de bicicleta. Eu não sabia o que fazer, só chorava e ele que teve que me acalmar dizendo que estava tudo bem.

Minha família pertence à classe média-alta da cidade, devido aos bons empregos de meu pai e minha mãe. Ambos são renomados professores de matemática. Acho que vem de berço eu gostar dessa matéria, eles me ensinaram desde pequenininha que ela não é um “bicho de sete cabeças”. Eu e minha irmã estudamos no melhor colégio da região, MaterLumine, onde estou cursando a sétima série do ensino fundamental e minha irmã o segundo ano do ensino médio. Já meu irmão, acabou de ingressar no primeiro ano da faculdade de Direito.

Modéstia a parte, sou umas das melhores alunas da sala, vou bem em todas as matérias, mas longe de mim esnobar meus amigos, pelo contrário, tento ajudar a todos sempre que posso. Só que às vezes isso é ruim, porque parece que isso incomoda outros alunos que me chamam de “nerd”, “cdf”, “traça de livro”, “rata de biblioteca”, dentre outras coisas.

Minha paixão, além da matemática, é o português. Desde pequena meus pais e minha tia Luciana, que é professora de português, me incentivaram muito a ter uma boa leitura e graças a isso passei a escrever também. Tenho um diário onde escrevo muitas poesias, que jamais ninguém leu. Sei que ainda sou nova pra pensar nisso, mas acho que farei letras na faculdade! A única matéria que não me dou muito bem é a Educação Física, sou preguiçosa para atividades físicas, mas até que às vezes consigo me divertir nas aulas. Por falar em aulas, gostaria de aprender a tocar algum instrumento, acho lindo quem toca piano, mas não tenho muita coordenação motora.

Graças a minha irmã, conheci a minha melhor amiga, Flora. Elas fazem dança juntas. A conheci em umas das apresentações. Flora dança muito bem. Por coincidência caímos na mesma sala no ano passado e esse ano também. Como sempre fui muito tímida, foi Flora quem se aproximou de mim. Além de boa aluna, ela tem uma tranqüilidade invejável, principalmente para alguém ansiosa como eu. Nós somos muito unidas, confio muito em Flora, apenas ela e meu diário sabem meus segredos. O maior deles é sobre um garoto, Carlos Eduardo, desde que o vi me encantei, além de lindo, tem um ar misterioso que me envolveu. Sempre o observei de longe e ele provavelmente nem sabia de minha existência.

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No ano passado, o nosso diretor Ivan, homem bastante atual, criativo e dedicado aos seus alunos, promoveu em nosso colégio uma olimpíada de matemática e que o aluno de cada sala que fosse para a final ganharia um passaporte para o Hopi Hari. Um dia estudando para a olimpíada na biblioteca da escola, como numa cena de filme, deixei sem querer um livro cair no chão, e quando vejo, é o Carlos Eduardo quem esta me ajudando a pegá-lo. Fico mais vermelha que um tomate e a única coisa que consigo dizer é “obrigada”. Ele simplesmente sorriu e foi embora. Ai que sorriso!

Eu consegui chegar a final, mas não ganhei, afinal não é fácil competir com os alunos do colegial. Carlos Eduardo foi o vencedor da turma dele, e fomos juntos ao parque. No inicio fiquei bastante deslocada porque não tinha amizade com nenhum dos alunos vencedores e percebi que ele também. Por causa do meu medo de ir à maioria dos brinquedos, sem perceber acabei puxando assunto com ele e ele me incentivou a ir neles. Acabamos nos aproximando. A partir desse dia, começamos o que para todos é uma amizade, mas que para mim é algo mais.

O tempo foi me mostrando seus defeitos, como a sua arrogância, seu egoísmo, que ainda não descobri uma forma de ajudá-lo a modificar-se, mas consigo enxergar qualidades nele, o que acho que ninguém mais enxerga, principalmente a sua sensibilidade.

Com ele andava o Beto, quer dizer ainda anda. Um garoto divertido, mas infantil, tem umas brincadeiras que não me agradam, pouco esforçado, não leva a escola a sério e foge das responsabilidades. Eu não consigo pensar da mesma forma que ele, e isso acaba nos impedindo de nos aproximar. Ele deve me achar uma nerd, chata, mas isso não me impede de tentar me relacionar com ele, mesmo isso sendo muito difícil para mim, acho que no fundo, só me relaciono com ele por causa do Cadu.

Completando a turma, temos a Patrícia, ou como ela gosta de ser chamada: Pati! Menina super extrovertida. Parece que para ela, não existe tempo ruim. No inicio foi difícil para mim, tímida como sou, me acostumar com o jeito dela, mas agora parece que sd uma certa forma, nos completamos. Eu não consigo me abrir muito com a Pati, mas ela tem a sensibilidade de não me cobrar nada, sabe que esse é meu jeito. Há um tempo atrás, ela fez para mim e para a Flora uma pulseira, para representar a nossa amizade. Achei isso tão fofo e a pulseiras são lindas, eu quase não tiro. A minha é roxa, minha cor preferida, a da Flora é rosa e a dela vermelha.

A minha amizade com Cadu passou dos muros do Colégio. Conheci a família dele e praticamente adotei seu irmãozinho, o Guto, como meu irmão mais novo. Ele é um amor, super carinhoso, alegre e bastante inteligente, se ele não ficar arrogante, será um mini Cadu, só que menos tímido. Ele é super extrovertido, o meu oposto, mas acho que a convivência com a Pati, esta me fazendo acostumar com pessoas assim. Já a Dona Marley, tenho um respeito muito grande por ela, mas fico muito sem graça perto dela. Parece que ela sabe que gosto do Cadu, não sei como, mas sabe! Talvez seja o tal sexto sentido de mãe! O pai dos meninos eu não conheço, o Cadu não fala dele, mas o Gutinho um dia disse que ele vive viajando!

Apesar de não ser popular e ter muitos amigos, prezo muito os que tenho. Acho que a amizade é a base para qualquer ser humano sobreviver e mesmo às vezes, não conseguindo demonstrar, eles sabem que podem contar sempre comigo, tento ajudá-los mesmo que não me peçam ajuda. Nós não podemos ficar sem água, sem comida, sem dormir, mas também não podemos ficar sem amigos, sejam eles de sangue ou de espírito.

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Oi Meu nome é Patrícia Amélia Couto Serafim, Pati para os mais íntimos! Eu tenho 13 anos e nasci no dia 19 de setembro de 1996. Meu pai conta que era uma segunda e que chovia muito, mas que eu vim para alegrar o dia deles.A propósito meu pai se chama Alberto Gusmão Serafim, tem 40 e é lindo, minha mãe se chama Laura Couto Magalhães Serafim e tem 38 anos.

Meu pai trabalha muito fica fora o dia todo e minha mãe também mas nem sempre é para trabalhar! Hehehehe...Ele é empresário de uma multinacional de importação e exportação, e acabou desenvolvendo um novo método de conservação de alimentos, ele é muito inteligente por isso tem o cargo que tem hoje. Por ser muito importante para a empresa as vezes fica fora semanas, viajando para outras cidades, com isso sinto muita falta dele, mas sempre que ele volta ele tenta ficar junto de mim, e acaba sempre falando: “ Nossa como você cresceu! Mas ainda é minha menininha!”

Já a minha mãe ela cuida de uma loja muito chique que a mãe dela, vó Amélia( Por isso o meu segundo nome!) deixou para ela, sabe minha avó era muito bonita e inteligente também, trabalhou muito mas conseguiu fazer o que desejava, que era a sua loja, lá tem roupas muito legais e lindas também, ela sempre dava oportunidade para os estilistas novos que queriam mostrar o seu trabalho, me espelho muito nela, gosto muito dessa campo da moda, até já faço uma coisinhas como pulseiras e tal e quando a Flora deixa eu faço uns enfeites para ela usar em suas apresentações, espero um dia ser uma grande estilista ou coisa assim para que todos usem o que eu produzir e até quem sabe abrir uma loja como a minha avó!O vovô eu não conheci, mas dizem que ele era muito engraçado, igual a minha avó.Hoje em dia quem fica lá é minha mãe, nem sempre né, ela gosta mesmo é de ir para os shoppings ou spas, ficar mais bonita como ela diz, ela tem umas amigas frescas e acaba saindo com elas quase toda noite! Minha mãe pode-se dizer que é uma madame! =) Bom resumindo vocês devem achar que eu fico em casa sozinha né, mas não eu tenho uma companheira inseparável,a Glorinha, meus pais dizem que ela chegou em casa logo depois que eu nasci para ajudar a minha mãe, pois eu imagino que ela não devia ter muita prática.

Mas a glorinha é muito engraçada eu passo o dia rindo com ela, e ela sempre me ajuda nas lições de casa. É ela quem me recebe em casa e passa os dias comigo, quando eu quero ir ao shopping ou ao parque é ela quem vai! E também serve de modelo para mim, ela sempre diz que eu maltrato ela, mas isso é mentira, poxa eu preciso de um modelo para fazer as minhas pulseiras, colares e enfeites de cabelo, só que eu acho que a Manu e a Flora já estão cansadas, mas ela sempre me ajuda mesmo assim. Hehehehe...eu gosto muito da glorinha, acho que se ela não existisse eu ia ficar muito sozinha, porque as outras pessoas que trabalham em casa são muito chatas! Ela sempre diz que eu to crescendo muito rápido e que eu sou bonita como a minha mãe claro, que eu fico muito feliz porque a minha mãe é muito bonita! Mas ela também fala que eu sou inteligente e esperta como o meu pai, por isso eu vou tão bem na escola e eu fico feliz com isso.

Bom minha família não é muito grande, tenho uns primos perdidos pelo interior e a gente acaba só se vendo em festas como natal, páscoa ano-novo. Mas sabe tem um primo meu mais velho, ele se chama Junior é filho do irmão do meu pai o tia Carlos, gente ele é lindo, nossa, quero um dia casar com um homem assim, alem de ser muito bonzinho comigo ele tem 17 anos agora e namora com uma menina fresca lá, quem sabe um dia né quando eu ficar mais velha e mais bonita! A glorinha fala que é amor platônico eu não sei o que é isso, mas espero que seja uma coisa boa! O jú tem uma irmã a amadinha, ela tem quase a mesma idade que eu tem 11 anos, mas a gente se diverte muito quando ela vem visitar a gente, a tia Rita que é mãe deles é super legal, eu adoro conversar com ela, as vezes converso mais com ela do que com a minha mãe!

Bom mas acho que a essas visitas vão acabar ficando mais demoradas, porque os meus pais estão se separando, acho que o papai cansou de ver a mamãe gastando tanto dinheiro e quase não ficando em casa.Um dia meu pai chegou bem cedo em casa era o finalzinho da tarde eu até achei estranho, e ele disse que precisava conversar comigo, a gente foi para o jardim, ai ele me contou que ele ou a mamãe ia acabar indo embora de casa, mas que eu não precisa me preocupar que independente disso eu veria os dois igualmente, não sei o porque mas as únicas coisas em que eu conseguia pensar eram se a glorinha iria continuar morando comigo e se eu mudaria para longe dos meus amigos! Meu pai disse que eu teria que ser muito madura, mais do que eu já era, eu disse para ele não se preocupar que eu me viraria bem, mas exigi que a glorinha continuasse comigo!

Hoje em dia eles estão assim, discutindo as vezes mas eu só ouço de vez em quando até porque eles quase nunca estão em casa. A vovó Marta e o vovô Claudio, moram na praia sabe e sempre que dá a gente vai visitá-los e teve uma vez que a gente foi, este final de semana foi o mais legal que eu já tive, meu pai me acordou todos os dias pulando em cima de mim, e eu sempre ouvia o barulho do mar pela janela do meu quarto e nossa no café da manha a vovó fazia TUDO o que eu queria para comer, foi muito legal, acho que eu vou lembrar para sempre dessa vez.

Acho que eu não contei da escola onde eu estudo né, tem muito gente legal e que sempre me fazem rir! Principalmente aquele diretor doido que tem lá, ma eu me divirto com ele, ele parece ter a nossa idade e sempre faz coisas legais para a gente, tem a professora de matemática também a tia Elisa, gente ela é muito engraçada e as vezes nem parece que é professora de matemática de tão legal que é a aula dela! Mas é claro que meus dias não teriam graça sem meus amigos: Manu, Flora, Beto, e Cadu, o Cadu é o

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mais inteligente sabe as vezes perto dele me acho uma burrinha! Eu a Manu e a Flora somos melhores amigas, tipo as meninas super-poderosas! A gente até usa uma pulseira igual que é claro fui eu quem fiz para nós.

Eu adoro ir estudar, hehehe...dizem que eu sou muito esperta e eu fico feliz com isso, me da mais vontade de estudar! Fora da escola eu adoro dançar qualquer tipo de musica, acho que é por isso que eu vou em quase todas as apresentações da Florinha, ela dança tão linda! Eu e a Manu ficamos sempre de boca aberta! Bom acho que já deu para vocês perceberem como a minha vida é legal com todas essas pessoas legais a minha volta, por isso eu amo muito eles e sempre quero ter eles por perto! Para mim gente tem que se divertir sempre e é isso que eu procuro fazer sempre junto dos meus amigos!

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Biografia Rodrigo

Meu nome é Rodrigo Nascimento Cardoso, nasci em São Paulo, no dia 09 de Novembro de 1993, portanto, tenho 15 para 16 anos.Curto muito Rock and Roll, principalmente Guns N’Roses. Sei que sou um pouco novo para curti-los, mas isso é influência do meu pai, Roberto, que sempre curtiu. Ele sempre compra CD’s novos e originais, ele diz que, como temos uma situação financeira estável, faz questão de comprar só originais.

Em casa é assim mesmo, todo mundo “influencia” todo mundo. Do meu pai, como disse, herdei o rock na veia, da minha mãe, Fátima, o amor pelos estudos. Amo os dois, é claro, entre nós três não tem problema algum, mas minha irmã... essa me enche o saco o dia todo, ela é muito “patricinha”. Já que estou falando de família, me lembro de duas coisas que me marcaram, a primeira foi quando meu pai me deu seu lenço dos EUA que usava quando tinha minha idade, é como ele que vou à escola sempre. O outro, é meio chato, foi quando meu cachorro, Axl, morreu. Fiquei bem triste.

Mas chega de falar da família, porque o assunto aqui sou eu! Tenho alguns defeitos, sou meio mimado e medroso. Morro de medo, principalmente, de fantasmas, sempre acho que eles estão por perto. Mas tenho uma ótima qualidade, sou muito observador e atento.Observo sempre as pessoas que são importantes para mim, como o Sr. Ivan, o diretor da escola. Sonho em um dia ser como ele. Um excelente diretor. Um homem super inteligente. Ele também curti “Guns”, que eu sei! Eu já vi um CD nas coisas dele... Fora Guns, em geral, tenho outros ídolos, da música, Iron Maiden, Rolling Stones e Aerosmith, das artes visuais, gosto muito do Van Gogh, e em relação à atores, gosto de muitos, nacionais e internacionais, mas varia muito de papel que ele faz, por exemplo, eu curto pra caramba o filme “Entrevista com Vampiro”, Brad Pitt trabalhou muito bem, entre outros muitos exemplos como este.

Bom, acredito que todo mundo percebe que sou fã de Guns, gosto de todas as músicas, mas a melhor é Chinese Democracy, do Cd novo de mesmo nome, é um conjunto, tanto a música quanto a letra são ótimas, mas tem uma estrofe que mais gosto de que utilizo como meu lema de vida: “Sei que sou um caso clássico, veja minha vida desencantada. A culpa é do Falum Gong, eles viram o fim e agora você não vai suportar.”

Como meu lema diz, minha vida é meio desencantada, eu vejo o que passa na televisão e só vejo tristeza e desencanto. O mundo está acabando. Daqui a pouco, não teremos mais nada, por conta disso, escrevo algumas coisas, que eu gosto, mas que as outras pessoas dizem que é tudo meio depressivo. Não acho. Mas fico sempre meio deprê quando estou no meu mundo, no meu quarto. Na escola tento ser meio normal, mas não consigo muito.

Gosto pra caramba da escola, e acredito que ela serve para mudarmos o nosso futuro. Estudo na CEML (Centro Educacional Mater Lumini), e agora o Sr. Ivan inventou um negócio matemático para eu “testar” uns alunos da 7ª série tem uma galerinha bem inteligente, que manda benzão em tudo, tem um lá, o Cadu, que é meio estranho, mas indiferente pra mim. Também tem a namoradinha dele, a Manu, ela é nervosa demais, será que eles são namorados mesmo? Não sei! Só sei que queria namorar a Flora, ela é linda, á bailarina, mas nem olha pra mim... Aff, nessa galera aí, tem uma menininha fútil demais, parece minha irmã, dá até nojo, ela se chama Patrícia, tem nome melhor? Ah, tem também o doido do Felizberto, todo mundo o chama de Beto, esse, é doido de pedra...

Gosto de matemática, sou o melhor aluno da minha sala, o 2ºA, mas não é só em matemática que me dou bem, nas outras também, exatas, humanas ou biológicas. Pena que eu não sou muito popular na escola, as pessoas fogem de mim, acho que têm um pouco de medo, meu cabelo comprido, minha calça rasgada, todo o meu visual,não namoro, por isso. Mas tem um pessoal que surte as mesmas coisas que eu, tem o Wander, a Talita e o Rodolfo, andamos os quatro juntos, mas só nós mesmo, somos o “Quarteto do Rock” , esse é o nome da nossa banda. Eu, toco violão e guitarra, o Wander, batera, o Rodolfo, baixo e a Talita, canta. Uma banda completa!

Mas nada me abala em meus estudos, nem a banda, pelo contrário, até me ajuda. Prestarei vestibular de música, entrarei na UNESP, se Deus quiser!

Bom, é isso.

Acredito que já falei um pouco de tudo.

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ATORES, VOLUNTARIAMENTE, ESCREVEM SOBRE ESSE PROJETO

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“A semente do pensamento é o sonho...”

(título de Rubem Alves)

Luciana Boni

Eu tinha um outro texto preparado para colocar aqui, mas os acontecimentos do final de semana me inspiraram a escrever outra coisa... E é sempre uma coisa boa ser inspirada do jeito que eu fui...

Um dos meus autores brasileiros contemporâneos favoritos é Rubem Alves. Ele escreveu algumas das crônicas que mais me tocaram – sobre literatura, sobre poesia e sobre educação – e eu adoro ler tudo que ele escreve, seja no jornal, seja no site dele, seja nos livros que eu procuro comprar sempre que posso. É um risco às minhas palavras começar esse texto com um trecho de uma crônica dele, mas eu preciso arriscar...

“Pois não é isso que são a matemática, a física, a química, a biologia, a história, o português? Brinquedos,

desafios à inteligência. Mas, para isso, é claro, é preciso que o professor saiba brincar e tenha uma cara de criança,

ao ensinar. Porque cara feia não combina com brinquedo...”

Curiosamente, eu não sei dizer, exatamente, quando foi que eu decidi ser professora. Eu sei que eu estudei para ser tradutora, que tive uma experiência ruim como professora no meio do caminho, que jurei que nunca ficaria em pé na frente de uma sala de aula, mas que, de repente, tudo que eu via no meu futuro era isso. Aula particular, em sala de aula, não importa. Eu gosto de ensinar, gosto de esperar pela luz nos olhos de alguém que entende uma matéria, gosto de comemorar um exercício resolvido corretamente, uma nota alta, uma vitória com a qual eu colaborei mesmo que um pouco... Dar aulas é uma coisa incrível para mim, mas nada se compara à experiência que eu tive ontem...

Minha cunhada – sim, sempre ela – me envolveu em um projeto muito bonito, que envolve a Matemática (paixão dela, não minha, mas que eu sei respeitar =-P) e o Teatro (paixão dela, que transmitiu pra mim nesses quase três anos de convivência). Porque além de ser uma atriz talentosa e dedicada, ela também é uma professora fantástica e ela sempre sonhou em unir as duas coisas. Juntaram-se a essa paixão os amigos talentosos e igualmente dedicados que ela conquistou na vida dela e o que começou como um projeto de ensino culminou em uma manhã mágica de inspiração e emoção.

“O Verdadeiro Gênio da Matemática” é uma peça de teatro, escrita por ela e interpretada por um grupo de amigos que se amam muito entre si - além de amarem o que fazem - e conta a história de um menino que precisa da ajuda dos amigos para resolver enigmas matemáticos que indicarão o caminho para que ele recupere um projeto importante. É uma peça que ensina matemática, que ensina amizade, que ensina amor. Como eu falei várias vezes já: é uma peça mágica.

Foram poucos meses de ensaio, algumas muitas limitações e obstáculos, mas, no fim das contas, deu tudo mais do que certo. Não sei como foi a sensação de quem estava no palco, dando vida à história e desmistificando algo que é visto como um bicho de sete cabeças pela maioria das crianças, mas, para mim, foi algo inigualável. Eu estava ali do lado, controlando o som, mas pude acompanhar de perto o brilho no olhar de crianças que não imaginavam que a Matemática podia ser divertida. Eu vi a concentração delas, eu gravei na minha memória cada reação, cada sorriso, cada expressão de surpresa, de medo, de alegria. Ali do lado, eu segurei minhas lágrimas várias vezes, só pela oportunidade de sentir a admiração exalando de um grupo de crianças que, eu acredito, nunca tinha visto uma coisa daquelas...

O legal foi, também, o depois da peça. Os comentários que as crianças faziam entre si ou para nós, que andávamos em volta deles segurando a emoção; os olhares que eles davam para os atores, cheios de sonhos, de alegria, de admiração... A forma como alguns deles se aproximavam, conversavam como adultos ou simplesmente ficavam calados, como se quisessem absorver a energia boa, a mágica, que haviam testemunhado naquela manhã... Não consigo, até agora, parar de reviver cada minuto da manhã de ontem e não deixo, nenhuma vez, de me emocionar.

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Eu acho que, de alguma forma, tinha que estar lá para entender o que foi tão mágico e tão sensacional. Não é fácil inspirar da forma como esse grupo inspirou ontem. Não é fácil conquistar da forma que esse grupo conquistou ontem. Em pouco menos de uma hora, eles ganharam 60 crianças de uma forma extremamente marcante e especial. O engraçado é que, dentro desse grupo, a maioria não é e nem pretende ser professor – mas ontem eles foram muito mais do que isso. Eles foram educadores, eles foram inspiradores – foram tudo que um professor precisa ser para fazer a diferença.

Mais do que marcar a vida de um grupo de crianças, eu sei bem que o dia de ontem marcou a vida da gente. Assim como eu tenho certeza que aquelas crianças não vão esquecer tão cedo o “teatro de matemática” a que assistiram ontem, eu sei que um grupo de atores não vai esquecer tão cedo a sensação que viveu ontem... A palavra mágica se repetiu diversas vezes nesse texto, mas é a única forma que eu tenho de explicar o que eu senti – e ainda sinto. Repetitivo, talvez, mas sincero, com certeza.

Falar parabéns é pouco e insuficiente. E eu sempre acabo escrevendo um texto quase que filosófico demais em momentos marcantes na minha vida – é o máximo que eu posso fazer. Espero, sinceramente, que esse projeto só cresça e continue marcando a vida não só das crianças, mas de todas as pessoas envolvidas...

“Os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor:

intérpretes de sonhos.” (Rubem Alves)

Publicado em: http://justlucyb.blogspot.com

Querida Elisa! muito obrigado por confiar em mim, por me dar essa força, acreditar em uma pessoa é uma forma de respeito e amizade.

Eu que gosto muito de escrever não estou conseguindo pois ainda estou na energia da apresentação.

Conte comigo sempre que precisar para novos projetos!!!!

Beijão

Luiz!

Meus amores, mais uma vez foi ótimo trabalhar com vocês ainda mais num trabalho tão gratificante como esse. É dificil expressar o que foi aquele momento pra mim, ainda mais agora que estou super cansada. Só queria agradecer mais uma vez a companhia de vocês, a Metade por ter me convidado pra fazer parte desse lindo projeto e por mudar datas e horarios para que eu pudesse participar.

Eu amooo vocês!

e eu adoraria ver as fotos haahahah.

Beeeeijos

Elisabeth Gonçalves

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Li, Obrigada por proporcinar todos esses momentos que tivemos juntos e principalmente o de sabado!!!! Foi realmente lindo, não me arrependo em nenhum momento de ter topado em participar!!!! Obrigada tbm pela dica...vou analisar....

GENTEEEE....obrigada por estarem junto tbmmm nessa!!!!

AMEI AMEI AMEI....

Faço das minhas as palavras da Beth...amei trabalhar com vcs mais uma vez...e espero que outra venhammm....

Glaucia

Bom pessoal eu não sou tão boa com as palavras...hehe...mas queria dizer: Obrigada! Obrigada pelas risadas, pelas conversas, obrigada por me ensinar de novo oq é fazer teatro...obrigada pela emoção...obrigada pelo olhos cheios de lagrimas...obrigada pela amizade de vocês!

Li...você disse um pouco de cada um...então eu tomo liberdade de falar de você: Parabens pela iniciativa, são pessoas como você que a educação do Brasil está precisando! Obrigada pelo convite, pela oportunidade, é muito bom trabalhar tendo um texto maravilhoso (nunca escondi minha opinião desde o inicio), um elenco e técnica escolhido a dedo (MARA!!!) e uma direção muito competente e eu não estou puxando o saco também, estou falando a verdade, você não deixou a desejar nem um pouquinho e como disse ali em cima...eu voltei a descobrir o que era fazer teatro com você...com vocês!

Estou feliz de mais por ter topado essa maluquice sua!!!rs E olha que você sabe o "pavor" que tenho pela matemática....mas se vc acha que atingiu seu objetivo de ensinar alguma coisa a essas "crianças", digo muito mais que isso...você ensinou alguma coisa a essa crinaça aqui!!!!

Como a lu disse "Foi mágico, sem dúvida nenhuma."

E reforçando oq muitos ja disseram...temos que continuar...isso não pode parar!!!!

Beijinhos...

Adna