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György Lukács ou Georg Lukács (AFI : [ɟørɟ lukɑːtʃ], Budapeste , 13 de abril de 1885 — Budapeste, 5 de junho de 1971 ) foi um filósofo húngaro de grande importância no cenário intelectual do século XX . Segundo Lucien Goldmann , Lukács refez, em sua acidentada trajetória, o percurso da filosofia clássica alemã : inicialmente um crítico influenciado por Kant , depois o encontro com Hegel e finalmente, a adesão ao marxismo . Seu nome completo era Georg Bernhard Lukács von Szegedin em alemão ou Szegedi Lukács György Bernát em húngaro. Período pré-marxista Parte da série sobre o Marxismo Trabalhos teóricos [Expandir] Ciências sociais [Expandir] Economia [Expandir] História [Expandir] Filosofia [Expandir] Representantes[Expandir] Crítica[Expandir] Portal do comunismo v e

György Lukács ou Georg Lukács

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György Lukács ou Georg Lukács (AFI: [ɟørɟ lukɑːtʃ], Budapeste, 13 de abril de 1885 — Budapeste, 5 de junho de 1971) foi um filósofo húngaro de grande importância no cenário intelectual do século XX. Segundo Lucien Goldmann, Lukács refez, em sua acidentada trajetória, o percurso da filosofia clássica alemã: inicialmente um crítico influenciado por Kant, depois o encontro com Hegel e finalmente, a adesão ao marxismo. Seu nome completo era Georg Bernhard Lukács von Szegedin em alemão ou Szegedi Lukács György Bernát em húngaro.

Período pré-marxista

Parte da série sobre o

Marxismo

Trabalhos teóricos [Expandir]

Ciências sociais [Expandir]

Economia [Expandir]

História [Expandir]

Filosofia [Expandir]

Representantes[Expandir]

Crítica[Expandir]

 

Portal do comunismo

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Enquanto estudava na Universidade de Budapeste, Lukács foi membro de vários círculos socialistas que o colocaram em contato com o anarco-sindicalista Ervin Szabó, que o introduziu nas obras de Georges Sorel. Seu enfoque neste período foi, portanto, modernista e anti-positivista. De 1904 a 1908, ele esteve envolvido num grupo teatral que produziu peças de dramaturgos como Henrik Ibsen, August Strindberg e Gerhart Hauptmann.

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Lukács passou a maior parte deste período na Alemanha: estudou em Berlim em 1906 e, novamente, em 1909-10, onde fez amizade com Georg Simmel, e em Heidelberg, em 1913, onde se tornou amigo de Max Weber, Ernst Bloch e Stefan George. O sistema idealista que Lukács subscrevia neste tempo era derivado do neokantismo que dominava as universidades da Alemanha, mas também de algo de Platão, Hegel, Kierkegaard, Dilthey e Dostoievsky.

Lukács retornou a Budapeste em 1915 e liderou um círculo intelectual predominantemente de esquerda, que incluía figuras eminentes tais como Karl Mannheim, Béla Bartok, Béla Balázs e Karl Polanyi entre outros.

[editar] Período marxista sob o domínio de Stálin

À luz da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa, Lukács repensou suas idéias. Ele tornou-se um dedicado marxista neste período e juntou-se ao clandestino Partido Comunista da Hungria em 1918. Como parte do curto governo da República Soviética da Hungria, Lukács foi feito Comissário do Povo para a Educação e Cultura (foi representante do Comissariado para Educação Zsigmond Kunfi). Durante este período da República Soviética da Hungria, Lukács trabalhou como comissário na Quinta Divisão do Exército Vermelho Húngaro.

Depois que a República Soviética da Hungria foi derrotada, Lukács entra na clandestinidade indo para Viena. Ele foi preso, mas salvo da extradição graças aos esforços de um grupo de escritores que incluía Thomas Mann e Heinrich Mann.

Lukács voltou sua atenção para o desenvolvimento das idéias Leninistas no campo da filosofia. Sua maior obra neste tempo foi a coletânea de ensaios "História e Consciência de Classe", primeiramente publicada em 1923. Estes ensaios demonstram seu esforço em prover o leninismo de uma melhor base filosófica do que o próprio Lênin tinha feito. Ao lado do trabalho de Karl Korsch, o livro foi atacado no quinto congresso do Comintern, em julho de 1924, por Grigory Zinoviev. Em 1924, logo depois da morte de Lênin, Lukács também publicou um curto estudo sobre ele: Um Estudo sobre a Unidade de seu Pensamento. Em 1925, ele publicou uma revisão crítica do Manual do Materialismo Histórico de Nikolai Bukharin.

Como húngaro exilado, ele permaneceu ativo na esquerda do Partido Comunista da Hungria, e se opôs ao programa de Béla Kun. Suas Teses sobre Blum de 1928 clamava pela derrubada do regime de Horthy por meio de uma estratégia similar à Frente Popular dos anos 1930. Ele advogou uma ditadura democrática do proletariado e camponeses como um estágio de transição até a ditadura do proletariado. A estratégia de Lukács foi condenada pelo Comintern e posteriormente ele fez uma autocrítica política.

Lukács viveu em Berlim de 1929 a 1933, mas mudou-se para Moscou após a ascensão do nazismo, permanecendo lá até o fim da Segunda Guerra Mundial. Como Lukács viveu na União Soviética durante os anos 1940, ele foi considerado como agente do aparato de segurança soviética assim como Imre Nagy foi. (Vede Granville, Joanna. "Imre Nagy, aka "Volodya" - a dent in the martyr's halo?" Cold War International History Project Bulletin 5 (1995): 28, 34-36; KGB Chief Kryuchkov to CC CPSU, 16 June 1989 (trans. Joanna Granville). Cold War International History Project Bulletin 5 (1995): 36 [from: TsKhSD, F. 89, Per. 45, Dok. 82.]).

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Depois da Guerra, Lukács se envolveu no estabelecimento do novo governo da Hungria, como membro do Partido Comunista Húngaro. Desde 1945 Lukács foi membro da Academia de Ciências Húngara. Entre 1945 e 1946 ele criticou duramente os filósofos e escritores não-comunistas. Este trabalho crítico foi parte da obrigação do trabalho de Lukács no partido, embora ele certamente também acreditasse na necessidade da crítica do pensamento não-comunista como intelectualmente deficiente. Lukács foi acusado de jogar um jogo "administrativo" (legal-bureaucratic) de remoção dos intelectuais independentes e não-comunistas como Béla Hamvas, István Bibó e Lajos Prohászka, Károly Kerényi da vida acadêmica húngara. Intelectuais não-comunistas, como Bibó, foram freqüentemente presos, forçados a entrar em manicômios e admitidos em trabalhos de menor envergadura intelectual (como trabalhos de traduções) ou ainda forçados a trabalhos manuais durante o período de 1946–1953. Claudio Mutti diz que Lukács foi o membro da comissão do partido responsável pela feitura de listas de livros e trabalhos anti-democráticos e socialmente aberrantes. No jargão daqueles tempos "anti-democrático" era usado para significar anti-partidário ou anti-comunista e socialmente "aberrante" era usado para se referir a afirmações moral e eticamente consideradas fora da muito estreita ética oficial do Partido Comunista. As listas de trabalhos banidos (em três partes totalizando 160 páginas) eram distribuídas pelo Departamento de Propaganda e Informação do escritório do Primeiro Ministro. Os autores destes trabalhos eram silenciados pela lei, ou despedidos. Embora somente pela crítica intelectual, ou também pelos meios "administrativos", Lukács teve culpa pela censura da sociedade civil húngara durante a era de Tática Salami, de 1945 a 1950, na qual se estabeleceu o governo de Mátyás Rákosi.

Entretanto, a posição política pessoal de Lukács a respeito de estética e política cultural foi sempre que a cultura socialista deveria eventualmente triunfar em termos de qualidade, mas que este conflito devia se dar como competição cultural, não como medidas "administrativas". Em 1948–49 a posição de Lukács pela tolerância intelectual dentro do partido culminou no seu expurgo, quando Mátyás Rákosi voltou com sua famosa Tática Salami sobre o próprio Partido Comunista Húngaro. Lukács foi reintegrado na vida do partido em meados dos anos 1950, e foi usado pelo partido durante os expurgos da associação de escritores em 1955-56 (Veja Aczel, Meray Revolt of the Mind). Contudo, Aczel e Meray acreditavam que Lukács esteve apenas presente nos expurgos e citam que Lukács deixou o presidium e as reuniões como primeira evidência de relutância.

[editar] Período da desestalinização

Em 1956 Lukács tornou-se ministro do breve governo comunista revolucionário liderado por Imre Nagy ao qual a União Soviética se opôs. Neste tempo, a filha de Lukács liderou a juventude comunista revolucionária. A posição de Lukács na Revolução Húngara de 1956 foi a de que o Partido Comunista Húngaro necessitava se retratar dentro da coalizão governamental dos socialistas, e rapidamente reconstruir sua credibilidade diante do povo húngaro. Com isto, enquanto ministro do governo revolucionário de Imre Nagy, Lukács também participou da refundação do Partido Comunista Húngaro em novas bases. Este partido foi rapidamente cooptado por János Kádár depois do 4 de Novembro de 1956.(Woroszylski, 1957).

Durante a Revolução Húngara de 1956, Lukács esteve presente nos debates da anti-partidária e revolucionária sociedade comunista Petofi, enquanto continuava a fazer

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parte do aparato partidário. Durante a Revolução, como mencionado no "Diário de Budapeste", Lukács defendeu um novo alinhamento ao Partido Comunista da União Soviética. No ponto de vista de Lukács, o novo partido poderia ganhar a liderança social pela persuasão ao invés da força. Lukács concebeu uma aliança entre os dissidentes jovens do partido, o revolucionário Partido Social Democrata Húngaro e o Partido Comunista Soviético de Lukács como o mais jovem parceiro. Depois de 1956, Lukács por pouco evitou a execução, e não reintegrou-se no aparato partidário devido ao seu papel no governo revolucionário de Nagy. Os seguidores de Lukács foram indiciados por crimes políticos ao longo dos anos 1960 e 70, e vários deles fugiram para o Ocidente. O livro de Lukács sobre o Jovem Hegel e a Destruição da Razão foi usado para argumentar que ele havia se tornado um crítico do stalinismo como uma irracional distorção do Hegeliano-Marxismo de Lukács.

Após a derrota da Revolução, Lukács foi deportado para a Romênia com o resto do governo Nagy mas ao contrário de Nagy, ele sobreviveu aos expurgos de 1956. Retornou a Budapeste em 1957. Lukács abandonou publicamente suas posições de 1956 e fez uma autocrítica. Tendo abandonado suas primeiras posições autocriticamente, Lukács permaneceu leal ao Partido Comunista até sua morte em 1971. Entretanto, Lukács tornou-se o maior crítico do Partido Comunista da União Soviética e Hungria em seus últimos anos, após os levantes na França e Tchecoslováquia de 1968.

[editar] Obra

História e Consciência de Classe

Escrito entre 1919 e 1922 e publicado em 1923, "História e Consciência" inicia a corrente de pensamento que passou a ser conhecida como marxismo ocidental. O livro é notável pela contribuição ao debate concernente à relação entre sociologia, política e filosofia com o marxismo e pela reconstituição da teoria marxista da alienação, antes dos escritos de juventude do jovem Marx terem sido publicados. O trabalho de Lukács elabora e expande-se sobre teorias marxistas tais como ideologia, falsa consciência, reificação e consciência de classe.

Para Lukács, "ideologia" é realmente a projeção da consciência de classe da burguesia, que funciona para prevenir que o proletariado atente para a real consciência de sua posição revolucionária. A ideologia determina mais a "forma de objetividade" do que a estrutura do conhecimento por si mesmo. A ciência do real deve se ater, de acordo com Lukács, ao pensamento da "totalidade concreta" através de que é possível pensar objetivamente um período histórico. Destarte, as chamadas "leis" eternas da economia são desmistificadas como ilusão ideológica projetada pelo objetivismo ("O que é Marxismo Ortodoxo?", parágrafo 3º). Ele também escreve: "Somente quando o coração do ser mostra-se como ser social, pode aparecer como um produto, inconsciente, da atividade humana, e esta atividade, por sua vez, é o elemento decisivo de transformação do ser." ("O que é Marxismo Ortodoxo?", parágrafo 5º). Finalmente, o "marxismo ortodoxo" não é definido como uma interpretação de O Capital como se este fosse uma Bíblia, mas como fiel ao método marxiano, à sua dialética.

Lukács apresenta a categoria da reificação argumentando que, devido à natureza íntima da sociedade capitalista, as relações sociais transformam-se em 'coisificação', impedindo

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o surgimento da consciência de classe. É neste contexto que um partido leninista emerge, no sentido de um revigorado marxismo dialético.

Já no ensaio homônimo à obra, “História da Consciência de Classe” (1920), Lukács lida primeiramente com a ausência da conceituação de classe em Marx, definindo-a como posição no modo de produção. A cada classe no capitalismo há uma consciência equivalente. Essa consciência não consiste no entendimento pessoal ou psicológico dos interesses individuais dos membros da classe, tampouco a soma ou a média desses entendimentos, mas seu sentido histórico: a história permite que uma consciência seja interpretada racionalmente e adjudicada à classe.

Lukács concentra-se, então, na análise de duas classes: burguesia e proletariado. A burguesia, apesar de poder teoricamente entender a totalidade da sociedade, tem sua compreensão obstada pelos seus interesses e sua consciência assim fadada a uma falsa consciência. O proletariado tem o potencial pleno para a consciência da totalidade porque tem interesse na destruição do modo de produção capitalista; falta-lhe, porém, desvencilhar-se da falsa consciência tomada emprestada da burguesia, que estruturalmente e ideologicamente submete o todo da sociedade aos seus interesses. Para o filósofo húngaro, a revolução proletária não viria passivamente, mas como resultado da tomada de consciência pelo proletariado. As crises do capitalismo forçariam o proletário a abrir os olhos, conscientizar-se de sua posição de classe e identificar seus interesses com aqueles indicados historicamente.

No fim da carreira, Lukács repudiou as idéias de "História e Consciência de Classe", em particular a crença no proletariado como sujeito-objeto da história (1960: posfácio da tradução francesa), mas escreveu uma defesa deles, assim como fizera em 1925 e 1926. Este livro Lukács chamou "A Defesa de História e Consciência de Classe" e somente foi publicado em húngaro, em 1996, e inglês, em 2000. Esta obra talvez tenha sido o mais importante texto marxista desconhecido do século XX.

[editar] Crítica literária e estética

Além de ser um pensador do marxismo político, Lukács foi também um dos mais influentes críticos literários no século XX. Sua importante obra de crítica literária começou bem cedo em sua carreira, com A Teoria do Romance, um trabalho seminal de teoria literária. O livro é uma história do romance enquanto forma literária, e uma investigação de suas distintas características, e demonstra forte inspiração hegeliana.

Lukács posteriormente, quando mais afeito às idéias do marxismo clássico, repudiaria A Teoria do Romance, escrevendo uma introdução que o descreve como errôneo, apesar de conter um anti-capitalismo romântico que seria mais bem desenvolvido depois dentro do marxismo. (Esta introdução também contém sua famosa rejeição de Theodor Adorno e outros expoentes do marxismo ocidental, como tendo tomado assento no "Grand Hotel Abyss".)

O trabalho de crítica literária de Lukács inclui o bem conhecido ensaio "Kafka ou Thomas Mann?", no qual Lukács argumenta em favor da obra de Thomas Mann como uma superior adequação às condições da modernidade, enquanto critica o modo de inserção de Franz Kafka no modernismo. Lukács opôs-se às inovações formais de escritores modernistas como Kafka, James Joyce, e Samuel Beckett, preferindo a

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estética tradicional do realismo. Ele defendia o caráter revolucionário dos romances de Sir Walter Scott e Honoré de Balzac. Lukács afirmava que ambos os autores, a despeito de suas nostalgias dos tempos aristocráticos, escreviam com um acurado senso crítico por causa de suas oposições à ascensão da burguesia (diferindo-se da oposição reacionária). Este ponto de vista foi expresso no seu último livro O Romance Histórico.

Além desse trabalho, são notáveis os textos "Notas sobre o romance" e "Narrar ou descrever?", em que o autor se debruça mais meticulosamente sobre a concepção marxista da literatura. No primeiro desses textos, Lukács faz uma revisão histórica da formação do gênero romanesco, desde as suas origens, passando pela época de sua consolidação histórica e chegando a prognósticos (considerados precipitados por vertentes teóricas de cunho marxista, mas substancialmente divergentes da de Lukács) a respeito das suas feições quando do triunfo do proletariado.

Ao mesmo tempo, o romance começa a adquirir forma, tendo como principal exemplo o livro de Miguel de Cervantes, Dom Quixote. Segundo Lukács, com o capitalismo, há a passagem de uma consciência coletiva para uma consciência individualista que leva, mais tarde, à formação do romance enquanto forma predominante da sociedade burguesa. Nesse sentido, o romance caminha para a solução realista, depois de ter passado pelo romance histórico de Walter Scott; surge, portanto, o romance realista como forma literária que apreende a individualidade como parte de uma estrutura mais geral. Dito de outro modo, de acordo com Lukács, orientado pelas principais teses do materialismo dialético, o romance realista é a forma literária por excelência da burguesia na medida em que privilegia o tipo - isto é, uma situação típica vivenciada por um personagem típico -, colocado sobre um pano de fundo histórico relevante; assim, de acordo com essa perspectiva, tem-se uma compreensão geral das contradições que engendram a sociedade burguesa e capitalista, uma vez que a situação narrada permite vislumbrar não só a particularidade que define a literatura, mas também o quadro geral de construção da mentalidade e de desvendamento das contradições e ideologias da sociedade capitalista. Nesse sentido, as ações, muito mais do que as minúcias descritivas, interessam mais ao crítico. Lukács destaca, então, a obra de Honoré de Balzac como paradigmática dessa relação.

Adiante, nesse mesmo ensaio, Lukács manifesta o seu repúdio pelas formas literárias naturalistas, que, segundo ele, em favor de "formalismos", sacrificam o nível actancial da narrativa, a fim de relevar aspectos da realidade que não necessariamente contribuem para um esclarecimento do público acerca de sua condição social. Dessa forma, escritores como Gustave Flaubert - e, mais tarde, todo o empreendimento das vanguardas históricas - são muito mal vistos pelo pensador húngaro.

O outro ensaio, "Narrar ou descrever?" retoma os aspectos abordados no ensaio acima. De forma programática, Lukács afirma que, em nome da construção de uma consciência mais crítica acerca do papel social dos sujeitos - que, segundo ele, é um dos objetivos da arte -, o "narrar" é preferível ao "descrever", na medida em que o primeiro revela contradições a partir de situações típicas, e o segundo descamba para formalismos que alienam o público.

Além desses ensaios, Lukács escreveu longos volumes sobre Estética. É notável, nessa sua produção, a reiteração de idéias sobre a deontologia da arte e da literatura. De acordo com o seu ponto de vista, que reflete apenas um dos desdobramentos possíveis e

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consolidados da epistemologia marxista - ao qual se opõe, por exemplo, o ponto de vista de Theodor Adorno, o papel principal da arte é contribuir para a transformação da consciência do indivíduo, apresentando-lhe formas alternativas e profundamente críticas de confronto com a sociedade capitalista e seu modo de produção. Como vimos acima, Lukács acredita que apenas o realismo artístico pode produzir esse grau de comprometimento e consciência. Todavia, cumpre lembrar que essa visão estreita contribuiu, mais tarde, para a erupção do Realismo Socialista russo, que condenou, entre outros, artistas de vanguarda engajados na produção artística comprometida com os ideais marxistas, apesar de partirem para a crítica da sociedade burguesa segundo outro viés.

[editar] Bibliografia

Lenin: A Study in the Unity of His Thought. ISBN 1-85984-174-0. History and Class Consciousness. ISBN 0-262-62020-0. The Theory of the Novel. ISBN 0-262-62027-8. Defense of History and Class Consciousness. ISBN 1-85984-747-1. Woroszylski, Wiktor. Diary of a revolt: Budapest through PolishTrans. Michael

Segal. [Sydney : Outlook], 1957. (Pamphlet). Aczel, Tamas and Meray, Tibor. Revolt of the Mind: a case history of

intellectual resistance behind the iron curtain Greenwood Press. Reprint: 1975. Granville, Joanna. "Imre Nagy, aka "Volodya" - a dent in the martyr's halo?"

Cold War International History Project Bulletin 5 (1995): 28, 34-36. Kadvany, John (2001). Imre Lakatos and the Guises of Reason. Durham and

London: Duke University Press. ISBN 0-8223-2659-0. KGB Chief Kryuchkov to CC CPSU, 16 June 1989 (trans. Joanna Granville).

Cold War International History Project Bulletin 5 (1995): 36 [from: TsKhSD, F. 89, Per. 45, Dok. 82.].

Sobre a Obra Capa de História e Consciência de Classe

Sobre o Autor

O legendário livro de Lukács exerceu sua primeira e profunda influência sobre a jovem intelectualidade como expressão teórica das transformações histórico-mundiais dos anos 20. Lukács deparava messiânica e efusivamente a dialética marxista: "Não é o predomínio de motivos econômicos na explicação da história que distingue de maneira determinante o marxismo da ciência burguesa, mas o ponto de vista da totalidade." Conferir à

   

Georg Lukács, (1885-1971) foi um filósofo húngaro de grande importância no cenário intelectual do século XX. Estudou na universidade de Budapest e foi membro de vários círculos socialistas que o colocaram em contato com o anarco-sindicalista Ervin Szabó. O sistema filosófico que Lukács aderiu nesta época era derivado do neokantismo que dominava as universidades da Alemanha, juntamente com

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totalidade uma posição central em contraste com a prioridade do econômico correspondia à crítica radical de esquerda às posições da socialdemocracia. Apesar de suas ambiguidades, sua oscilação entre leninismo e luxemburguismo, entre marxismo e weberianismo, entre partidos e conselhos operários, esta obra de Lukács tem méritos indiscutíveis, tal como a sua discussão sobre a categoria totalidade e da consciência burguesa.

as idéias de Platão, Hegel, Kierkegaard, Dilthey e Dostoievsky. Após a Revolução Russa, Lukács se aproximou do marxismo. É desta época que surge História e Consciência de Classe, no qual ele demonstrava influências do passado e sua nova referência teórica, o marxismo. Depois deste breve período marcado por uma grande influência do marxismo, Lukács, em parte devido a crítica do leninismo russo, fez uma revisão de suas teses através de sua autocrítica (posfácio ao livro citado) e aderiu à ideologia bolchevique. Com a ascensão do stalinismo, Lukács passou a defender o regime e a se dedicar a obras sobre estética. 

Os ProlegômenosA belíssima edição de Prolegômenos para uma Ontologia do Ser Social, de György Lukács (1885-1971), segue a empreitada da Boitempo Editorial de fornecer novas bases teóricas para o desenvolvimento de um pensamento marxista renovado em nosso país. Com justa razão, Nicolas Tertulian, no posfácio, situa o significado concreto desse autêntico “testamento filosófico” – um prolegomenon – que consumiu as últimas energias de Lukács, ainda ancorado em extrema lucidez revolucionária, mas acometido de moléstia incurável. Segundo o filósofo romeno, Lukács pretendia, “com o texto da grande Ontologia, exprimir com suficiente clareza suas próprias intenções fundamentais. (…) Para expor, em termos mais claros e sintéticos, o seu programa de reconstrução da Ontologia. Concebidos, pois, como introdução ao texto principal da Ontologia, os Prolegômenos representam, de fato, uma vasta conclusão”.

Segundo Lukács, o atributo da objetividade é ineliminável dos seres naturais (orgânicos e inorgânicos) e do ser social em sua historicidade. A história é a história da

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transformação das categorias. As categorias são formas determinadas dos seres, modos particulares da existência. O trabalho como forma originária do ser social propicia o salto da generidade muda para a generidade humana. A irreversibilidade do processo histórico abre a possibilidade de superação dos estranhamentos que impedem a realização da generidade humana como ser-para-si real da existência humana.

Ao longo de sua vida, estabeleceu um confronto bastante vigoroso contra a hegemonia do neopositivismo, a filosofia avalista do mundo mercantil reificador, do capitalismo manipulatório. Combateu de modo intransigente o taticismo stalinista dos partidos operários. Por essa razão, enfatizava que: “Só o renascimento do marxismo, cujo conteúdo é, em última análise, apenas o socialismo como unidade teórico-prática da integração econômica com a generidade autêntica e, embora paulatinamente, difícil de realizar, pode dar resposta correta a esse complexo de questões”.

Antonio Rago Filho é editor da revista Projeto História (PUC-SP)

Prolegômenos para uma Ontologia do Ser SocialGyörgy LukácsTrad.: Lya Luft e Rodnei Nascimento Boitempo415 págs. – R$ 58,00

Filósofo e crítico húngaro (13/4/1885-4/6/1971). Conhecido por ter elaborado uma teoria

marxista da arte, é chamado de o Marx da estética. Nasce em Budapeste, onde começa

os estudos, complementados em Berlim e Heidelberg, na Alemanha.

Sua primeira obra de repercussão na Europa é a coletânea de ensaios A Alma e as

Formas, de 1911. Entra para o Partido Comunista Húngaro em 1918 e é nomeado

comissário do povo para a educação. Vive exilado em Viena entre 1919 e 1929, quando

publica História e Consciência de Classe (1923), obra fundamental do marxismo

heterodoxo.

Entre 1930 e 1933 dá aulas no Instituto Marx-Engels, em

Moscou. De volta à terra natal, leciona estética e filosofia da

cultura na Universidade de Budapeste. Os críticos de

esquerda reprovam seu apreço por escritores "da

burguesia", como Goethe, Shakespeare e Balzac.

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Embora defenda uma estética com base no marxismo, opõe-se ao controle político dos

artistas. Durante a intervenção soviética na Hungria, em 1957, é preso e deportado para a

Romênia, onde permanece cinco meses.

O Pensamento Estético Do Jovem Gyorgy Lukács À Luz Da Filosofia

Da Existência De Soren Kierkegaard

Título (Inglês): The esthetic thought of the young gyorgy lukács to the light of the philosophy of

the existence of soren kierkegaard

Linha de fomento: Bolsas - no Brasil - Mestrado

Beneficiário:

Willian Mendes Martins

Outros trabalhos do(a) pesquisador(a)

Responsável:

Marcio Benchimol Barros

Instituição: Fac Filosofia Ciencias Marilia/Unesp

Processo: 10/06859-5

Início: 01 out. 2010

Término: 30 set. 2012

Área do conhecimento: Ciências humanas - Filosofia

Resumo: Pretende-se com este trabalho investigar o pensamento estético e filosófico do filósofo

húngaro György Lukács (1885-1971), especificamente algumas de suas obras juventude, quais

sejam, A alma e as formas (1911), Filosofia da arte (1912-1914) e A teoria do romance (1916), e

algumas obras do pensador dinamarquês Sören Kierkegaard, das quais destacamos O conceito

de ironia constantemente referido a Sócrates (1841), O Conceito de Angústia (1844), As obras do

Amor (1847). Será nosso intento compreender e analisar as questões convergentes no

pensamento dos dois autores, alcançando assim uma delimitação de conceitos importantes

desenvolvidos na obra de Kierkegaard, e retomados por Lukács nas citadas obras de sua

juventude. (AU)

Relacionando as duas obras lukácsianas mais expressivas anteriores à Teoria do romance (do ponto de vista da abordagem e da explicitação do problema filosófico da Totalidade), a História do drama e A alma e as formas, poderíamos referir-nos à idéias estéticas de Lukács,

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sumariamente, como neokantianas, particularmente influenciadas pelo "sociologismo" de Ferdinand Tönnies e pela "filosofia da vida" de Dilthey e Simmel. No entanto, como observou de maneira pertinaz em 1968 uma de suas alunas então mais expressivas, o jovem Lukács de Heidelberg já invertia a maneira como Kant colocara a questão estética. Para Agnes Heller, Lukács já não punha mais como questão central na sua Filosofia da arte (ao contrário do velho filósofo de Königsberg) o juízo estético, e sim a própria obra de arte como centro ontológico de sua investigação: "‘As obras de arte existem. O que é que lhes permite existir?’. Foi esse o programa que deu o tom à sua primeira tentativa de criar um síntese estética. E, já então, não era o Belo e nem a relação deste com o Agradável que constituíam para Lukács o problema central da estética, e sim a arte enquanto produto humano „(Heller, 121). De fato, a Filosofia da arte trata da obra artística como um "sistema fechado", que não poderia ser determinado nem pelas "vivências" de seu criador nem pela "compreensão" gerada pela interpretação do sujeito receptor. Ali o autor escreve que: „A única coisa que agora já podemos saber com segurança sobre a sua essência (da obra de arte – L.M.) é algo puramente negativo: a certeza de que nem a vivência de quem cria, cuja “expressão” deve ser a obra, de acordo com determinados ângulos, nem a de quem frui, a quem a vivência foi “comunicada” e por quem ela foi “entendida”, podem dizer qualquer coisa adequada sobre aquela „(Lukács, op. cit., 45). Ao mesmo tempo em que estabelece firmemente a autonomia da obra de arte com relação ao seu criador e seu receptor, o jovem Lukács revigora a teoria do "gênio" segundo a qual o artista criaria "entre si e o ouvinte um reino florescente de perfeição fechada em si". Assim, a obra artística seria "diferente e mais do que o que viveu na consciência do criador". Por isso mesmo, através da obra de arte não seria possível se atingir uma completa compreensão do conteúdo que é (por si só já não completamente) comunicado. Assim, obra é entendida na Filosofia da arte como um "esquema de possíveis realizações", no qual o passado seria permanentemente "vivenciado" por quem a contempla no presente e a contemplará no futuro. O fragmento da Filosofia da arte resume a concepção estética do jovem Lukács, que compreende a arte como a ação fundadora de 89 FD4 (2000) ARTIGOS

No fulcro desta transição encontrava-se a busca lukácsiana por uma solução para a questão da dialética entre indivíduo e sociedade – ou, em termos filosóficos, entre o Singular e a Totalidade. Freqüentador assíduo do círculo restrito que se reunia na residência de Max Weber, Lukács opunha-se frontalmente ao “culto do indivíduo”

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promovido por seu anfitrião. Pois o jovem filósofo divisava precisamente no individualismo um dos problemas cruciais do Ocidente. A posição de Lukács contrastava claramente com a de Weber exatamente na medida em que este colocava no centro de seu interesse a defesa dos direitos do indivíduo (até mesmo quando estes parecessem quixotescos).

Várias décadas mais tarde, em seu prefácio de 1962 à Teoria do romance, Lukács afirmará retrospectivamente que o livro fora escrito numa atmosfera "de um permanente desespero diante da situação mundial".7 Este desespero teria se originado precisamente na conflagração mundial, porque o filósofo, ao contrário da maioria dos intelectuais seus contemporâneos, não a reconhecia como a expressão de seus anseios pela unidade da cultura alemã, mas exatamente como o seu contrário: o heroísmo e a "comunidade" estabelecidos pela guerra não passariam de uma completa submissão da personalidade, apesar de todas as iniciativas pessoais que surgiriam aqui e ali durante o conflito (Lukács, Dostojewski, 11). Paradoxalmente, com o advento da Primeira Guerra, Lukács e Weber pareciam inverter as suas posições filosóficas. Em uma carta de Lukács a Paul Ernst de 1915, fica-nos evidente que o seu autor, em que pese à sua obsessão messiânica pela humanidade como um todo, inscrevia a individualidade (ou a “alma”) num âmbito muito mais livre do que o da subordinação “pós-hegeliana” da subjetividade aos ditames das instituições estatais, tal como o fazia à altura da eclosão da guerra o próprio Weber. Assim é que a Lukács causava ojeriza a idéia da guerra como fator de união popular e de liberação nacional: „Não nego de forma alguma que haja pessoas cuja alma – pelo menos em parte – relacionem-se com o espírito objetivo e as suas formações. Eu só protesto contra o fato de que estas relações sejam essencialmente tidas como normativas, que elas surjam com a pretensão de que todo mundo ligue o destino de sua alma a elas. (Por isso vejo o moderno serviço 7 “Ela (a Teoria do romance – L.M.) surgiu portanto num clima de permanente desespero com a situação mundial. Somente então o ano de 1917 me trouxe uma resposta às questões até então aparentemente insolúveis” (TR, 6). 91 FD4 (2000) ARTIGOS

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militar geral e obrigatório como a mais infame escravidão que já houve)“ (Karádi & Fekete, 352).

O projeto lukácsiano em torno de Dostoievski inscrevia-se centralmente na rejeição do autor ao individualismo da vida ocidental, à qual pretendia contrapor a religiosidade e o ecumenismo do escritor russo8. Em decorrência deste esforço histórico-filosófico, o estudo pretendido via-se na premência de confrontar o “ser humano essencial” com as formas sociais assumidas pela humanidade ao longo do transcorrer histórico, movendo-se filosoficamente já sobre o solo de uma objetividade concreta.

Assim é que, logo em seguida à Filosofia da arte, Lukács irá estabelecer funcionalmente na Teoria do romance uma nítida homologia entre o desenvolvimento social concebido como totalidade e a evolução das formas literárias. Ali o filósofo irá apontar as determinações e os limites que os sucessivos períodos históricos impingiriam à subjetividade criadora. As simetrias existentes entre os períodos de desenvolvimento da humanidade e as correspondentes formas artístico-literárias, ali sumária e esquematicamente descritas, expressam a compreensão das instituições históricas concretas (Gebilde) como palcos e parâmetros já muito mais substanciais na reflexão estética do que aqueles esboçados em A alma e as formas.

Até certo ponto pode-se considerar A teoria do romance como uma firme retomada dos princípios sociológicos contidos na História do desenvolvimento do drama moderno, pelo fato de o autor conceber historicamente (de forma mais mediatizada, ainda que insistentemente insuficiente e abstrata) a realização da "essencialidade humana" no interior da sociedade moderna (sucedânea da comunidade antiga; a contraposição da antigüidade com a modernidade fora já o cerne metodológico da História do drama). O caráter insuficiente e abstrato da concepção histórica lukácsiana de A teoria do romance resulta, tal como na História do drama e em A alma e as formas, no comprometimento e na anulação dos próprios avanços crítico-sociológicos logrados ao longo do texto. Tais avanços vêem-se sabotados profundamente no momento em que Lukács estabelece como ponto de chegada a utopia puramente metafísica e religiosa da obra

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um novo mundo de valores em oposição ao mundo empírico; mas o texto igualmente preserva a contradição já indicada e verificável na História do desenvolvimento do drama moderno e em A alma e as formas: ao mesmo tempo em que insinua a possibilidade de a arte constituir-se numa intransitiva "fonte de ilusões", o autor expressa paradoxalmente a esperança de que ela possa ser a portadora dos mais profundos segredos metafísicos. Transferido para a questão da função social da arte, o dilema expressa-se no pensamento do jovem Lukács num claro paradoxo. A obra de arte é concebida como um instrumento com o qual – através de um rito de atualização semântica absolutamente individual – o sujeito receptor sacralizar-se-ia como uma entidade fechada em si mesma. Nesta acepção, a arte reafirmaria o ser humano como indivíduo isolado no mundo, indivíduo cuja linguagem somente poderia tornar-se acessível à comunidade por meio de um pacto, pois tal “comunidade” constituir-se-ia ela mesma numa ficção semântica. Mas – e aqui está a contradição –, ao mesmo tempo a arte é compreendida, em vista de sua suposta condição de veículo transmissor de realidades metafísicas essenciais e universais, como um lugar onde a sociedade reconher-se-ia como uma realidade possível e necessária.

Neste segundo termo do paradoxo lukácsiano a obra de arte assumiria uma função profundamente antiindividualista. Nela, ao contrário da suposição de um irremediável isolamento (suspenso somente durante o transcorrer da fruição estética), o sujeito identificar-se-ia como elo numa grande corrente humana, como membro de um mundo de valores autênticos.

Tal dualidade, oculta no âmago do pensamento do jovem filósofo, somente poderia ter-se mantido em estado inalterado de repouso, como uma contradição teórica jamais resolvida, nos marcos de uma calmaria social como a que predominara até as vésperas de 1914. Em decorrência da deflagração da guerra e das expectativas (equivocadas) alimentadas por grande parte da intelectualidade alemã (inclusive pela principal referência intelectual de Lukács à época de Heidelberg, Max Weber) com relação à função “emancipadora” da guerra6, Lukács viu-se impelido ao abandono consciente de um dos dois termos da contradição.

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Obras:

A alma e as formas (1911)