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Hepatites B e D
O vírus da hepatite B (HBV) é um pequeno vírus de DNA que infecta
primariamente hepatócitos. Aproximadamente 350 milhões de pessoas estão
cronicamente infectadas com o vírus e 30% da população mundial apresenta
evidência sorológica de infecção passada ou recente (Trépo et al., 2014).
A principal via de transmissão do HBV se dá por contato com sangue
contaminado. No entanto, outros fluidos corporais incluindo o sêmem, saliva,
secreções cervicais e lágrimas podem abrigar o vírus. Além disso, o HBV
consegue sobreviver até sete dias em superfícies do ambiente.
Após a infecção por HBV, o período de incubação é de 1 a 4 meses e as
manifestações clínicas, tanto na infecção aguda quanto na crônica, podem
variar de casos assintomáticos a sintomas de cirrose e hepatite fuminate.
A hepatite B aguda é uma síndrome clínica com sintomas semelhantes
aos de um resfriado como mal-estar, fadiga, anorexia, náusea e vômito. Sinais
físicos incluem icterícia e ligeira hepatomegalia. A doença aguda é mais grave
em casos de coinfecção com vírus da hepatite D ou na presença de doenças
hepáticas subjacentes. A hepatite B fuminante é rara, ocorrendo em apenas 0,1
a 0,5% dos pacientes e é caracterizada por uma evolução rápida da doença
acompanhada de sinais de falha renal como coagulopatia, encefalopatia e
edema cerebral. A patogenia desta forma da doença ainda não está muito
esclarecida, mas provavelmente ocorre devido a uma exacerbada resposta
imune ao vírus.
A hepatite B crônica é definida pela presença do marcador viral HbsAg
por mais de 6 meses. Os sintomas, quando presentes, podem ser não-
específicos como fadiga, náusea e mialgia. Os níveis séricos das
aminotransferases, na maioria dos casos, está elevado. A presença de
icterícia, esplenomegalia, ascite e encefalopatia sugere cirrose. As principais
causas de mortalidade por hepatite crônica são a cirrose e o carcinoma
hepatocelular (HCC).
Manifestações extrahepáticas podem ocorrer em aproximadamente 20%
dos casos de infecção por HBV e são provavelmente mediadas por complexos
imunes circulantes. Estas incluem neuropatias, mialgia, artralgia,
glomerulonefrite, uveíte e síndrome de Raynauld.
O diagnóstico da hepatite B ocorre principalmente por meio de testes
sorológicos para antígenos e anticorpos associados à infecção. HbsAg é o
principal antígens para infecção por HBV e é o primeiro marcador a aparecer
após uma infecção aguda. HBsAg aparece no soro entre 1 a 10 semanas após
à exposição ao vírus, antes do aparecimento dos sintomas ou elevação da ALT
sérica. Em pacientes em recuperação, os níveis de HbsAg geralmente ficam
indetectáveis após 4 a 6 meses, seguidos do desenvolvimento de anti-HBs.
IgM anti-HBc é um anticorpo que indica infecção natural. O diagnóstico de
hepatite B crônica se dá pela presença persistente de antígenos HBsAg por
mais de 6 meses.
O tratamento da hepatite B aguda é sintomático e a utilização de
fármacos antivirais é contraindicada pelo fato de cerca de 95% dos casos
serem auto-limitados. O tratamento da hepatite crônica ocorre por meio da
administração de interferon e antivirais; incluindo lamivudina, adefovir,
entecavir, e tenofovir e é capaz de reduzir a incidência de cirrose e HCC.
A prevenção contra a infecção por HBV se dá por meio da vacinação,
que é eficaz em mais de 90% dos pacientes, e da ausência de práticas que
possibilitem o contato com sangue ou outros fluidos contaminados com o vírus.
O vírus da hepatite D (HDV) é um vírus de RNA que é, na natureza,
apenas encontrado em pacientes infectados com o HBV. As regiões de maior
incidência incluem o mediterrâneo, norte da áfrica e américa do sul. HDAg é a
única proteína viral conhecida expressa durante a infecção por HDV e
anticorpos IgM e IgG contra esta podem ser encontrados no soro de indivíduos
contaminados. O mecanismo pelo qual o HDV gera dano hepático ainda é
desconhecido.
O HDV é transmitido, de forma semelhante ao HBV, por meio de sangue
e outros fluidos contaminados. Após a exposição, existe um período de
incubação de 3 a 7 semanas. As infecções agudas por HDV são auto-limitadas
na maioria dos casos e as infecções crônicas ocorrem em aproximadamente
2% dos casos. Os casos de hepatite fuminante são 10 vezes mais comuns na
presença de coinfecção com HBV. Os casos de coinfecção em paceintes com
hepatite B crônica são graves e associados ao desenvolimento de cirrose em
60 a 80% dos casos. Apenas IFN-α e PEG IFN-α possuem atividade antiviral
demonstrada contra o HDV.
Referências
Trepo C, Chan HL, Lok A. Hepatitis B virus infection. Lancet (2014) 384 (9959):2053–63.
Mandell, Douglas, and Bennett's Principles and Practice of Infectious Diseases, pp. 1703–1704, Saunders, 8th edition, 2014.