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HISTÓRIA CULTURA
I - ORIGENS
Península Ibérica – Mescla Étnica
Sobreposição de inúmeras civilizações correspondentes a povos cujo
movimento migratório era interrompido pelo mar.
Vestígios antropológicos:
Paleolítico Superior (c. 5000.000 a.C.)
Sucessivos trabalhos em pedra até aos períodos dos metais
Riqueza mineira como o cobre e o estanho atrai exploradores, temos
o exemplo do mais antigo vestígio de exploração económica vindo
do oriente, em Torres Vedras, no Castro do Zambujal
Culturas mais típicas do ocidente da Peninsular com traços e
influencias Orientais.
Cultura Megalítica
Construção de grandes pedras (antas, menires, etc.)
Cultura Campiforme
Especialmente na região do Tejo
Vasos de cerâmica em forma de campanha
Invasão de povos do Centro da Europa (1º Milénio)
Celtas
Artesãos
Instrumentos de ferro e ouro
Misturam-se com povos já instalados no Território, dando origem
a:
o Celtiberos (tribos celtibéricas)
Lusitanos – Celtiberos que vivem entre o Douro e o Tejo
Galaicos – Celtiberos que vivem a norte do Tejo (Origem Celta -
Galiza)
II – DOMINIO ROMANO
Em 209 A.C. desembarcam as primeiras tropas romanas na Península
(Catalunha - Ampúrias) - Entraram e ameaçaram colonizar
200 Anos depois - Península Romanizada (Excepto Pais Basco)
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Acção colonizadora Romana
Elimina quase completamente as diferenças culturais e linguísticas
Conduz à formação de uma população homogénea, denominada
população hispano romana
Organização colonial Romana (anterior organização económica –
tribos, propriedades colectivas, economia de substancia)
Eramos povos bárbaros pois não dominávamos a língua latina.
a) Exploração dos recursos locais
Agricultura (ex.: vinha) → Exportava-mos para Roma
Exploração Mineira (ex.: volfrâneo)
Pesca (exportação de peixe conservado com sal)
b) Emprego da moeda
Instrumento de troca
Cunhagem de moeda
c) Unidade agrícola predominante - VILLA
Núcleo de terras férteis que o proprietário explorava
directamente com os escravos ou parcelas dispersas,
cultivadas por colonos semi-livres que entregavam uma
parte da produção ao proprietário.
(com a decadência económica do Sec.III, a situação dos
colonos aproximou-os dos
escravos)
d) Unidade Social das províncias
Romanas
Rede de estradas
Construção de pontes
Acção administrativa
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e) Províncias Romanas – Capitais
Galécios – Brácara
Lusitânia – Mérides
Resistência Lusitânia
Viriato (147 a.C. – 139 a.C.)
III – INVASÕES BARBARAS
SÉC. V 409/420 A.C.
Povoações Peninsulares quase não opuseram resistência as invasões
Bárbaras.
Suevos
Fundam um reino que dominava, aproximadamente, o actual
território português, com sede em Braga
Actividades maioritariamente agrícolas
Visigodos
Unificam toda a península sobre domínio político
Instala-se a organização de dioceses e paróquias
Clero
Representante da antiga cultura peninsular
Classe socialmente dominante
Todos os trabalhadores da “villa” eram considerados filhos da
igreja. ( , ecclesiae » filigrês » fregues » Junta de
Freguesia)
Sobre a VILLA, unidade de exploração agrícula, surge a Freguesia,
unidade moral nascida do culto e da vizinhança.
IV – OCUPAÇÃO MUCULMANA
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711 D.C.
Invasão árabe destrói a monarquia visigótica e a organização
senhorial baseada na posse de villas, mas não elimina a organização
moral das paróquias.
Os proprietários nobres eram obrigados ao serviço militar, contudo os
nobres resistem.
LEI:
Igualdade de direitos para quem aceitasse a nova religião
Tributação e liberdade de culto para quem conservasse a antiga fé
Morte ou venda como escravo para quem resistisse pela força
Os servos, ou semi-livres, ficam nas villas:
Destruindo assim a organização senhorial
Reúnem-se para resolver problemas da vida colectiva, tomando
decisões acerca de moagens, águas, pastagem, justiça, defesa,
etc.
Nascimento dos conselhos: Forma de organização social assente na
autoridade da vizinhança
Contributos Muçulmanos:
Introdução de novas plantas, árvores e produtos hortícolas
Técnicas de aproveitamento de água
Moagem hidráulica
Introdução da roda vertical da azenha
Aumento da produtividade da terra
Dispensam o trabalho escravo
Facilitam a propriedade individual
Nascimento da horta: pequena exploração agrícola, relacionada
com o abastecimento urbano da pequena classe média rural
V – RECONQUISTA
Os nobres proprietários visigodos, a quando da ocupação muçulmana,
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refugiaram-se nas montanhas do norte da Península, nas Astúrias.
Séc. IX e X
Inicio da Reconquista (Lenda de Pelàgio)
O Rei das Astúrias
o seu reino com refugiados visigodos
alcançou a primeira vitória sobre os muçulmanos na
reconquista, em Covadonga, Astúrias, em 718 D.C.
Galiza
Região onde a luta entre cristãos e Árabes foi mais renhida.
Modelou alguns traços sociais da população e foi o local de
origem da sociedade medieval Portuguesa.
Consequências da Reconquista:
As populações revoltaram-se diversas vezes contra os
reconquistadores (nobres):
a) Porque estes não aceitavam as organizações dos vizinhos:
b) Estes só tinham um objectivo – apoderarem-se das terras e
de tudo aquilo que ai havia, incluindo pessoas
(habitantes,servos).
As revoltas não eram de carácter religioso, pois não existem
indícios de adesão ao credo islâmico.
A ideia de cruzada só surge em 1096 – data da 1º cruzada
As populações voltaram à sua primitiva servidão
1) Norte do Douro: A população é constituída por senhores e
servos, ( Norte senhorial, Nobreza e Clero);
2) Sul do Douro: As instituições espontâneas de governo popular
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e a muçarabização dos populares duraram mais tempo
(Conquista definitiva de Coimbra – 1064);
3) Entre Douro e Minho: Terra dos Senhores e Mosteiros
(Topónimos: vila,paço - casa de propietarios);
4) Entre o Tejo e Douro: Terra de Concelhos e do Rei;
5) Alentejo: Terra de Ordens Militares e de trabalhadores por
conta alheia.
a) As condições sociais anteriores a fundação da nacionalidade geram
uma tensão entre as zonas de servidão e as zonas de liberdade
b) Coutos: a importância dos coutos resulta deste desnível social
→ Gozavam de privilégios quanto à justiça e impostos, etc. Em
1082 passou a ser a designação de uma extensão de terras onde
era proibida a entrada a estranhos.
Reconquista(Ritual): a ocupação das terras conquistadas fazia-se com o toque de
trombetas e a bandeira da realeza desfraldada.
a) Este RITUAL era, simbolicamente, a exteriorização da
implantação:
Domínio religioso, político e social
Domínio do evangelho contra o Corão (novo estado cristão
contra o sarraceno)
Domínio dos senhores contra os “servos”, ou seja, da
sociedade senhorial contra a sociedade foral.
“Norte Atlântico”: País senhorial e feudal, origem da nobreza
medieval e da nobreza portuguesa em todas as épocas.
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a) Forneceu ao país o modelo de representação social que
predominam em toda a sua história até ao fim do sec. XIX.
“Norte Interior”: Local onde se forma o espírito municipalista, a
partir do Concelhos do tempo da reconquista.
Oferece ao país o modelo de organização municipal, que se
estenderá ao resto do país com a ajuda do estado.
“Sul Mediterrâneo”: Área onde sempre se manteve a tradição de uma
economia urbana, que sempre predominou sobre a economia real.
a) Oferece ao país um modelo urbano do qual se desenvolveu uma
política nacional, com a ajuda do estado.
b) Sempre se fortaleceu mais na utilização de recursos materiais e de
processos de dominação de tipo urbano do que dos
correspondentes recursos agrícolas.
Condados:
a) O Governo e a defesa dos territórios eram entregues a ricos
homens, nobres que os governavam com o título de condes.
b) Portugal (Portuscale) – nome de uma povoação próxima da foz do
Douro.
c) O Condado de Portugal foi durante mais de um século governado
por ricos homens da mesma família, os Mendes.
d) O governo de Coimbra fundou também um condado desde a sua
primeira conquista (em 878) até ser novamente conquistado pelos
Mouros.
e) Após a segunda metade da conquista cristã (em 1064) o governo
foi exercido não por um nobre hereditário mas por Sesmando,
moçárabe descendente de judeus de Tentúgal, que tinha sido
governado em Sevilha e vai exercer uma importante acção
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administrativa.
f) Em 1111 a população burguesa de Coimbra e Sesmando revoltam-
se contra o Conde D. Henrique, impondo-lhe a concessão de
garantias e a proibição de entrada na cidade dos seus funcionários.
A conquista da independência
a) Os factores da independência
O feudalismo – tendência da alta nobreza para fugir à
vassalagem
Existência de uma comunidade etnicamente diferenciada
Antagonismo de interesses entre o norte senhorial e o sul
municipal – existência de forças populares que apoiaram o
Rei
Rivalidade dos nobres portugueses em relação aos da Galiza
Luta do clero (Bispos) no sentido da independência das suas
dioceses em relação às sés de Compostela e Toledo (acção de
D. João Peculiar, Bispo de Braga)
b) Fundação da monarquia (a unificação politica do Norte e do
Sul dará origem ao reino de Portugal)
1. Em 1096 Afonso VI, Rei de Leão e Castela reuniu num só
condado os territórios de Portucal e Coimbra
2. Os territórios foram concedidos a um cavaleiro francês,
Henrique de Borgonha, que casou com D. Teresa, filha do
Rei (D. Henrique morre em 1112?/1114?)
(1120 – condessa D. Teresa doa o burgo do Porto ao Bispo D.
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Hugo)
(1123 – o Bispo D. Hugo concede foral aos burgueses do
Porto)
3. Em 1127 D. Afonso Henriques enfrenta a mãe na batalha de
S. Mamede, ajudado pelos burgueses de Guimarães, apodera-
se do Governos do Condado; Recusa autoridade ao Rei de
Leão.
(1139 – Batalha de Ourique)
4. Tratado de Zamora – (1143) – é concedido a D. Afonso
Henriques o título de Rei (que já usa desde 1139). Só em
1179 o título é reconhecido pelo Papa.
c) Conquista do sul (conquista de Lisboa, Alcácer do Sal,
Silves – auxilio dos cruzados estrangeiros, que passavam nos
portos portugueses a caminho do oriente – Terra Santa
1. Conquistas de Santarém e Lisboa – 1147 – colocam a
fronteira na linha do Tejo.
2. Em 1158 conquista de Alcácer do Sal – tenta-se a
ocupação do Alentejo (Beja e Évora – 1159)
3. Entre 1165/6 – 1167/9 – Geraldo, o Sem-Pavor,
apoderou-se de grande parte do Alentejo, dos dois lados
do Guadiana
(1167 – Afonso Henriques prisioneiro do Rei de Leão,
aliado dos Mouros de Badajoz)
4. 1189 – Conquista de Silves e de todo o ocidente algarvio
(Almorávidas – confraria de monges e nobres berberes,
que reinou no Magreb e na Andaluzia – Al-Andaluz – nos
séculos XI e XII – capital Marraquexe, os Almorávidas
refizeram a unidade da Espanha cultural Andaluza. Foram
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derrubadas pelos Almoádas – tomada de Marraquexe em
1147)
(1160 – ofensiva almoáda na P. Ibérica – dinastia
Berbere que destronou os Almorávidas e reinou no norte
de África e Andaluzia de 1147 a 1269. Invadiram e
dominaram o sul da P. Ibérica pondo em causa a
segurança dos reinos Cristãos)
(Anos 80/90 – perda dos territórios cristãos a sul do Tejo)
(Almoádas foram derrotados em Espanha, na batalha
Novas de Tolosa – 1212 – entraram em decadência na
África do Norte, acabando por ser derrotados pelos
merinidas.
d) A Política Real: Proteção aos Concelhos
Não se conhece nenhuma nomeação de condes nos reinados
dos primeiros Reis (centralização do poder na figura do Rei);
Não há notícias de Governos locais, além dos concelhos e das
ordens monástico-militares;
Os ricos homens exerciam a sua autoridade em nome do Rei;
Só o Rei tinha o direito de cunhar moeda;
A orientação política predominante é a de apoio aos
concelhos, que asseguram a administração e o pagamento dos
impostos, e fornecem as tropas aos Reis;
As terras dos nobres e da igreja estavam isentas do
pagamento de imposto, ao contrário do que acontecia com a
propriedade popular;
A administração através dos municípios representava uma
vantagem económica para a coroa;
D. Sancho I começa a confiscar os bens dos nobres que o não
CULTURA PORTUGUESA DOS SEC. XII E XIII
A. TRÊS MATRIZES CULTURAIS
As três culturas estão ligadas territorialmente, apesar dos credos
religiosos serem “incompatíveis”. A contradição cultural e o
triunfo da cultura menos avançada, deixarão marcas na maneira de
ser nacional, como a intolerância religiosa, subestimação da
cultura, aprendizagem, etc.
1. Cristã: Difundida pelo culto religioso e pela pregação
1.1. Cultura cristã – Grupo portador da cultura literária e
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quiseram servir e doa esses bens a concelhos recentemente
criados, para a construção de muralhas.
VI – PORTUGAL NOS SÉC. XII E XIII
D. Afonso Henriques:
Entre 1127 e 1184 – concessão de 44 forais
Entre 1170 e 1185 – cunhagem das primeiras moedas portuguesas
de ouro – “Morabitinos”
Entre 1130 e 1140 – construção de igrejas românicas e das Sés do
Porto e de Coimbra – Ordem de Santa Cruz
Em 1153 – fundação da abadia de Alcobaça – Ordem de Cister
São Bernardo: Ordem do Templo
Em 1160 – construção do Castelo de Tomar e início da construção
da Sé de Lisboa
D. Sancho I (1185/1211):
Foral da Covilhã (+57 forais)
Revolta da Nobreza
1199 – Fundação da Guarda
Guerras com Leão
Conflitos entre o Rei e os Bispos de Coimbra e do Porto
Revolta dos Burgueses contra os Bispos
D. Afonso II (1211/1223)
1211 – Cortes de Coimbra – primeiras Leis Gerais
Revolta da Nobreza
Franciscanos e Dominicanos em Portugal
Conquista definitiva de Alcácer do Sal
técnicas mais atrasadas, levará à destruição de tudo o que
pudesse recordar as culturas vencidas: monumentos,
documentos, ideias, etc. A inquisição em 1136 será a
ultima fase dessa destruição.
2. Árabe: Irradiada dos centros urbanos e absorvida por
importantes sectores da população. Alto nível literário e
técnico.
2.1. Nível Literário: Poesia “Carjas” – Cavadores de Silves
2.2. Nível Técnico: Ourivesaria, Metalurgia, Astrologia,
Advocacia, Arquitectura
3. Judaica: Ministrada nas escolas das comunidades judaicas
existentes em todas as povoações importantes
3.1. Judeus: Afirmam-se a nível das profissões que assumem
maior preparação cultural, medicina, farmácia, finanças,
etc.
(Sinagoga mais importante do País é em Tomar)
Talmude o "Toda a cidade onde as crianças não foram à escola,
está destinada a perecer"
o Vasta compilação de comentários sobre a lei religiosa
do TORA (lei escrita)
o Constitui a obra mais importante do Judaísmo pós-
bíblico. Está escrito em hebraico e em aramaico. Foi
elaborado nas escolas da Palestina, no Séc. IV, e nas
da Babilónia, nos Séc. VI-VII, tem duas redacções
distintas:
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D. Sancho II (1223/1245)
1226 – Revolta da Nobreza contra o Rei
Cortes de Coimbra
Morte de Santo António de Lisboa (1231), canonizado em 1232
Campanhas militares no Alentejo e Algarve
Manifesto dos Burgueses do Porto contra o Bispo
Clero e concelhos queixam-se ao Papa do estado do Reino
O Papa depõe Sancho II (1245)
1245 – 1247 – Guerra civil
D. Afonso III (1248/1279)
1249 – conquista definitiva do Algarve
Guerra com Castela pela posse do Algarve
Lisboa, sede do Governo
Cortes de Coimbra (1261)
Tratado de Badajoz sobre a posse do Algarve (1267)
Construção do convento de S. Domingos (Elvas), 1º edifício
Gótico
Cortes de Santarém apoiam o Rei contra o clero
O Papa lança um interdito sobre Portugal, mas D. Afonso III não
cede
O “Talmude Palestino” – chamado
impropriamente de “Jerusalém”.
O “ Talmude Babilónico” – mais
aprofundado e importante.
A contradição cultural e o triunfo da cultura menos avançada,
deixarão marcas na maneira de ser nacional: intolerância religiosa,
subestimação da cultura / aprendizagem …
B. CULTURA LITERÁRIA E TRADIÇÃO ORAL
1. São do sec. XII os mais antigos documentos escritos em Português,
( Testamento de Afonso II)
2. Nas catedrais e em alguns mosteiros o clero é ensinado. Em 1192,
Sancho I doa 400 morabitinos a St. Cruz de Coimbra, para os
monges irem estudar para França. No sec. XII, Alcobaça torna-se
um dos mais importantes centros culturais de Portugal.
Bibliotecas com códices de quase todas as regiões da Europa, estes
códices (obras religiosas) serão traduzidas pelos monges de Cister
(Teocêntrismo a nível do clero, nobreza, povo, etc)
3. O mais antigo trovador, que vem da tradição celta (bardo), é João
Soares de Paiva ( 1141– pertence a geração de D. Sancho I. C →
Escárnio) O mais recente é o Conde de Barcelos (M.1354)
4. CANCIONEIRO: contêm a fixação escrita (em cantigas) de uma
antiga tradição oral
4.1. Cancioneiro da Ajuda, dos finais do séc. XIII
4.2. Cancioneiro da Biblioteca Nacional, do séc. XVI
4.3. Cancioneiro do Vaticano, dos sécs. XIV XVI
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5. CANTIGAS:
5.1. Cantigas de Amigo: Têm origem na tradição folclórica do
nordeste peninsular, que se combinam com as “Carjas”,
poesias de origem árabe e com a tradição Lírica judaica.
Barcarolas ou Marinhas
Bailias ou Bailadas
Cantigas de Romaria
Albas
Etc.
5.2. Cantigas de Amor: Influências provençais
Canções ou cantigas de mestria
Tenções
Etc
5.3. Cantigas de Escárnio e Maldizer: Sátira, directa ou velada, a
certos aspectos da vida da corte, em especial recaindo sobre os
jograis.
6. ROMANCES ou RIMANCES: Géneros de composição transmitida
oralmente em que, pela primeira vez, a língua falada ganha forma
literária, género poético-narrativo foram o ponto de partida para o
actual romance.
6.1. Romanço:
Fase linguística
Conjunto de falares da Românica
Linguística
Domínio do latim como língua da civilização do
Império Romano do ocidente, que se fragmenta com as
invasões do sec. V
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6.2. Rimances: contados por jograis / segréis e menestréis »
Narram lendas de heróis e santos,
6.3. Trovadores / nobres portugueses:
Sancho I
D. Dinis
Filho de Dinis, O conde de Barcelos
6.4. Trovadores / nobres espanhóis:
Afonso X, O Sábio, compõe em galaico-português as
“Cantigas de Santa Maria”
1. ARQUITETURA / ESCULTURA – As Catedrais Românicas
1. São de estilo românico e de inspiração francesa as grandes
construções religiosas: Alcobaça, Sés de Braga, Coimbra,
Lisboa, Porto, Lamego, Viseu, Guarda…
2. Influencia francesa na arquitectura religiosa reflecte uma
forte acção cultural europeia em luta contra o
moçarabismo peninsular (paróquias: igrejas românicas de
uma só nave e cobertura de telha – trabalho de artistas
portugueses)
3. Tomar – Igreja dos Templários (Charola de Tomar) –
influências Bizantinas trazidas pelos cavaleiros dos
lugares santos (cruzados) – esta influência é uma
excepção na época. (os templários têm como santo S. João
Baptista)
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VII – PORTUGAL NOS SÉCS. XIII E XIV
D. Dinis (1279/1325):
Guerra com o Infante D. Afonso, futuro Afonso IV
Inicio das negociações para a concordata com o Clero
Escultura – baixos relevos dos capitéis – animais fantásticos,
figuras humanas, temas vegetalistas estilizadas – trabalho
ingénuo (“Naif”) e primitivo
Lei que obriga o Clero a vender todos os bens adquiridos a partir
de 1279
1288 - Fundação do Estudo Geral
1293 – Aprovação da Bolsa de Mercadores
1295 – Inicio das construções do Mosteiro de Odivelas (D.Dinis
é sepultado)
GUERRA COM CASTELA
1279 - Tratado de Alcanizes, fixação da fronteira com Castela
1307 – Termina a construção da Sinagoga da Comunidade
Judaica de Lisboa
O Rei de França tenta apoderar-se da riqueza dos Templários
(pessoas riquissímas)
1315 – Fundação da Ordem de Cristo
1317 – O Genovês Pesagno é nomeado almirante da frota real
Portuguesa
1318 – Inicio da construção do claustro de D. Dinis em Alcobaça
1321/1324 – Revolta de D. Afonso e guerra civil
1318 – Inicio da construção do claustro de D. Dinis, em
Alcobaça
Inicio da construção de Santa Clara de Vila do Conde e da Igreja
de Leça do Bailio
1323 – Claustro da Sé de Évora
CULTURA PORTUGUESA DOS SEC. XIII E XIV
1211/1325: Literatura, universidade, transição para o Gótico
1. Literatura de Corte e Literatura do Povo: Durante todo o séc. XII, a
Poesia escrita foi abundante.
A 1ª fase é de origem popular, nas cantigas de Amigo e etc.
Com Afonso III, que viveu em França de 1227 a 1245, vem o
gosto provençal de amor cortês
Galanteria Palaciana
Anteriormente a influência provençal chegou com a
Ordem de Clunny no sec. XI. Guerreiros e colonos
franceses ajudaram, na reconquista, e no comércio com
França, principalmente na compra de tecidos
Chegaram assim, até hoje, cerca de 2000 cantigas de
amigo, de amor e de escárnio e maldizer, geralmente em
cancioneiros.
TROVADORES: Termina o ciclo de lirismo trovadoresco
(1325/1352)
Viveram, em geral, na corte de Afonso III, de D. Dinis, e do
Conde de Barcelos. Em Castela nas cortes de Fernando III e
Afonso X.
Nacionalidade dos Trovadores (Costa Pimpão):
Portugueses - 52
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D. Afonso IV (1325/1352)
Termina o ciclo do lirismo trovadoresco (devido à peste negra)
Galegos - 22
De fora - 13
Não se sabe a origem - 47
Poesia associada ao Canto:
Cantores
Instrumentos Musicais
Bailarinos
ARTISTAS:
a) Trovadores: Era o poeta, quase sempre fidalgo, que compunha
a letra e música das canções amorosas e satíricas. Se tinha boa
voz, cantava.
b) Jogral: Era um cantor e tangedor ambulante que ia de corte em
corte, executando canções quase sempre alheias.
c) Segrel: Era um trovador de baixa estirpe, que ia de terra em
terra, acompanhado do seu Jogral. Viajava a cavalo.
(Exclusivo na literatura galaico-portuguesa)
d) Menestrel: O mesmo que o Jogral, no sec. XIII, começa a
designar um musico-poeta.
e) Soldadeira: Mulher, quase sempre de moral duvidosa, que com
uma criada, acompanhava os Jograis e Menestréis.
POVO: Cultiva a poesia oral dos Jograis
Há indícios de uma épica popular em torno dos feitos de
Afonso Henriques, posteriormente fixada na “Crónica Breve
de Santa Cruz de Coimbra”.
Uma parte da Literatura oral é de origem religiosa.
Afonso X, O Sábio, regista, nas suas cantigas um Romance,
que refere na região de Santarém
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2. O ENSINO: Fundação da Universidade
Com o desenvolvimento da burguesia, a cultura tende a
laicizar-se, mandando os filhos estudar no estrangeiro.
A procura do ensino leva à criação do ESTUDO GERAL, em
Lisboa.
1288: Apresentação do pedido
1290: Primeira carta régia que refere o estudo geral
1308: Transferido posteriormente para Coimbra
Dois grandes vultos representam a cultura monástica e
burguesa
Santo António de Lisboa: Estudou em Santa Cruz de
Coimbra, ensinou teologia aos Franciscanos em Itália. Foi
canonizado em 1232, um ano após a sua morte.
Pedro Hispano: Filho de um médico de Lisboa, professor
de medicina lógica em várias universidades, conhecedor
da ciência árabe. É ele o único Papa Português, conhecido
como João XXI, em 1277.
TRANSIÇÃO DO ROMANÍCO PARA O GÓTICO
A vinda das Ordens Mendicantes para Portugal:
1216: Devotos de S. Francisco → Franciscanos
1217: Dominicanos / Dominicanas
Coincide com a construção dos primeiros monumentos Góticos
Monumentos iniciados no séc. XII (ex. Alcobaça e Sé de
Évora) rematam com abóbadas ogivais.
Com o triunfo de Afonso III dá-se um Renascimento artístico,
marcado pela construção dos primeiros monumentos góticos
o Santarém → Convento de S. Francisco, S. João do
Alporão e Santa clara;
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VIII – PORTUGAL NOS SÉCS. XIV E XV
Séc: XIV (1325-1398) / Séc. XV (1401-1500)
1325/1398 – 1401/1500
Reinado de D. Afonso IV (1325/1357):
1325: Termina o ciclo do lirismo trovadoresco
Guerra com Castela
1340: Guerra do Salado
1344: Conde D. Pedro redige a “Crónica Geral de Espanha”
Expedições portuguesas as Canárias (alargar fronteiras alem
mar)
Lei do trabalhador rural obrigatório (cultivar terra, ocupar
terra de mar)
o Coimbra → Convento de St. Clara-a-velha
o Beja e Estremoz → Convento de S. Francisco
o Elvas → Convento de S. Domingos
Reinado de D. Dinis
o Odivelas → Mosteiro de Odivelas
o Alcobaça → “Claustro do Silêncio”
Túmulos no interior das igrejas
Arquitetura Civil / Militar / Religiosa
Sé do Porto (Estilo Românico e Gótico)
1355: Execução de D. Inês de Castro
D. Pedro I (1357/1367):
1357:
Aliança com Castela
Auxílio naval na luta contra de Aragão
Inicio da construção dos túmulos de D. Pedro e D. Inês de
Castro no Mosteiro de Alcobaça
Cortes em Elvas
D. Fernando I (1367/1383):
1ª Guerra com Castela (Atoleiros)
Casamento com D. Leonor de Teles
Oposição popular e repressão
2ª Guerra com Castela (Valverde)
Construção da muralha Fernandina por trabalhadores obrigatórios
CULTURA PORTUGUESA DOS SEC. XIV E XV
A “Matéria da Bretanha” chega a inspirar uma obra original, o
“Romance de Amadis”, cujo êxito vai durar até ao séc. XVI.
O livro de linhagem do Conde D. Pedro, Filho de D. Dinis, é a
primeira dessas obras com cunha literária. Deve-se também a
ele a compilação da primeira grande crónica portuguesa, a
“Crónica geral de Espanha” em 1344.
Aparecem os primeiros livros de História, com objectivo
Práticos:
Como a definição de parentesco
Justificação de direitos de património
Políticos:
Mostrar que foram quem foram os Nobres a ajudar o Rei na
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Lei das Sesmarias (lei dos trabalhos obrigatórios
Companhia das Naus
1381/1382: 3ª Guerra com Castela (Aljubarrota)
Cerco de Lisboa → Sem mantimentos
1383: Morte do Rei
Crise Dinástica de 1383 / 1385
o Revolta de Lisboa
Sublevação dos Camponeses
1835
o Cortes em Coimbra
o Mestre de Avis é aclamado Rei (Dr. João das
Regras)
o Batalha de Aljubarrota (Vencida pelos
portugueses através do uso da tecnica do
quadrado)
D. João I (1385/1433):
1385: Corte em Viseu
Reposição das leis do trabalho obrigatório e do tabelamento
de preços
Cortes em Coimbra
1391: 1ª fase da Construção do Mosteiro da Batalha
1401: Casa de Bragança
Casamento de D. Afonso, Conde Barcelos, com única filha
do St. Contestável Nuno Alvares Pereira, D. Brites
Regulamento de paz com Castela
Os burgueses do Porto formam uma câmara de comércio
1415: Início da Expansão Portuguesa (Conquista de Ceuta)
1418: Descoberta de Porto Santo
fundação da Monarquia
Escultura Gótica, Ascética e Burguesa
As primeiras construções arquitectónicas são conventos e igrejas,
de Franciscanos e Dominicanos, simples e austeros.
É notável a escultura dramaticamente religiosa:
“Cristo no Tumulo” no Museu Machado de Castro
Capitéis do Convento de Celas
Simultaneamente, os Burgueses, perpetuam a sua memória através
de estátuas jacentes sobre ricos túmulos.
O túmulo e capela de Bartolomeu Joanes, na Sé de Lisboa, são
um monumento à memória deste mercador.
A obra máxima, iniciada nos finais do sec. XIV (1388), é o
Mosteiro da Batalha, concepção original de um arquitecto
português, Afonso Domingues, foi continuada por um mestre
estrangeiro, Huguet.
Século XV - Crónicas, Imprensa, e o Manuelino
Reanimação Cultural
Com o triunfo da Revolução de 1383 / 1385 dá-se uma renovação
cultural na corte. O Rei João I e os Infantes D. Duarte e D. Pedro
foram eles próprios o impulso dessa renovação, sendo hábeis
escritores.
No “Leal Conselheiro”, D. Duarte recomenda que os jovens nobres
aprendam a ler e a escrever latim, que leiam bons livros de
literatura moral e romances de cavalaria.
A universidade não acompanha este progresso
20
1425:
Início da Colonização da Madeira
Exploração da Costa Africana
1427:
Descoberta do Açores
Fernão Lopes inicia a redacção das Crónicas dos Reis
D. Duarte (1433/1448):
1434:
Passagem do Cabo Bojador
Expedição a Tânger
Oposição dos Burgueses ao poder dos Nobres
Regência de D. Pedro
1441: Chegam a Portugal os primeiros escravos negros
Infante D. Henrique obtém o monopólio do comércio do
Bojador. (Filho do Mestre de Avis / Grão Mestre da Ordem
de Cristo)
Príncipe D. Pedro era o Príncipe das Sete Partidas
D. Afonso V (Filho do Mestre de Avis) (1448/1487):
Combate de Alfarrobeira
Feitoria de Arguim
Conquista de Alcácer Ceguer
1460: Descoberta das ilhas de Cabo Verde
Morte de Infante D. Henrique
1462: Povoamento de Santiago em Cabo Verde
1464: Expedição a Marrocos
Batalha do Toro
Exportação de açúcar da Madeira para o Norte da Europa
Rota açucareira, das especiarias e do Ouro
Os juristas de maior nomeada são formados no estrangeiro
Em 1427, a sociedade queixa-se que os Corregedores nomeados
pelo Rei são “simples escudeiros sem ciência”, o Rei contesta,
afirmando que não há letrados em números suficiente.
História Fernão Lopes (1380?/1460?)
Na cultura não religiosa, o ramo mais cultivado é a história, que
encontra o seu mais lato expoente em Fernão Lopes
De origem popular, nasce cerca de 1380. Não se sabe onde estudou
Foi nomeado guardador-mor das escrituras da Torre do Tombo
(1418) e aposentou-se em 1454
A sua obra, de surpreendente calor estilístico e aguda compreensão
do povo, no curso da história, é a mais alta expressão atingida pela
cultura medieval portuguesa
Seguem-se-lhe, na função de cronistas oficiais. Gomes Eanes de
Zurara, Rui de Pina e Garcia de Resende, mas houve muitos outros
cronistas cujas obras desapareceram por motivos de censura
política, depois da batalha de Alfarrobeira.
Progressos técnicos: ciência náutica e imprensa
A experiência do mar levou a aperfeiçoamentos na construção
naval: caravela de casco largo, pequeno calado, muito velame,
permite navegar mais depressa e transportar mais provisões
Cosmógrafos judeus, baseados na ciência náutica dos árabes,
aperfeiçoam os processos de navegação astronómica
(determinação da posição do navio pela estrela polar e pela
altura do sol)
A imprensa, nascida na Alemanha (1440 – Gutemberg), só chega a
Portugal nos finais do século
Há várias impressões judaicas até 1496, data em que as
sinagogas são encerradas
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D. João II (1487/1495):
1487:
Construção do Castelo da Mina
Execução do Duque de Bragança
Passagem do Cabo da Boa Esperança
1494: Tratado de Tordesilhas
Arquitectura e Pintura
O mais importante monumento é a Batalha, cuja construção
prossegue ao longo de todo o século
O Gótico flamejante desliza para o Manuelino, que enriquece
as estruturas do Gótico com um aabundante decoração
naturalista
Na pintura, quase inexistente nos séculos anteriores, surge uma
surpreendente obra-prima: o políptico de S. Vicente ou das
Janelas Verdes (1460-1480), retrato de uma sociedade nos
seus vários estratos
É o ponto de partida para a formação de uma escola de pintura
nacional
Literatura (Séc. XV – XVI)
Entre 1350 e 1450 – interregno nas produções fonéticas
nacionais
Após D. Dinis – reis deixaram de ser poetas
Nova nobreza sem grande cultura
Possíveis causas: comércio, enriquecimento da burguesia,
descobertas e conquistas, custo de vida, lavaram os fidalgos e
restantes portugueses a entregarem-se a actividades de maior
proveito económico
Séc. XV – mudança na poesia palaciana
Os reis tornam-se mecenas (à semalhança do que se
fazia no estrangeiro – inicio renascimento)
D. Afonso V – politica de vasto intercâmbio com a
Espanha (a vida na corte espanhola é deslumbrante
(“Reis Católicos”) – contagia portugueses – poesia com
papel importante)
A nobreza embora não goste de D. João II (1481/1495),
vem para a corte. Cortesãos e damas ociosas, entregam-
22
se a torneios poéticos, a bailes, a “donear” …
D. João II vê com gosto a nobreza entretida
Dá-lhe prestigio
Não conspira contra ele nem contra o seu
“absolutismo”
Literatura – “Cancioneiro Geral de Garcia de Resende”
(1516) G. Resende (1470?/1536)
Abrange a produção poética (286 poetas/1000 poesias,
15% em castelhano) que teve lugar nos reinados de D.
Afonso V, D. João II e D. Manuel (dedicado a D. Joºao
II)
IX – PORTUGAL NOS SÉCS. XVI
D. Manuel I (1495/1521):
1498: Vasco da Gama chega a Índia
1500: Descoberta oficial do Brasil
1502:
Construção do Mosteiro dos Jerónimos
1ª Representação de Gil Vicente
1506: Massacre de Cristão Novos
1510: Conquista de Goa
1511:
Conquista de Malaca
Ordenações Manuelinas
1514:
Construção da Torre de Belém
Reforma de Forais
D. João III (1521/1557):
1527: 1º censo populacional
CULTURA PORTUGUESA DOS SEC. XVI
Os grandes escritores – a densidade e valor da produção literária
faz do século XVI um dos momentos mais altos da cultura
portuguesa
Gil Vicente (1465?/1537) – Teatro (1502/1536 – mais de 40
peças de teatro e algumas obras menores) – penetrante
observação das transformações sociais da época
Sá de Miranda (1481/1558) – poesia – soneto/teatro
Luís de Camões (1524/1580) – obra lírica notável. Epopeia “Os
Lusíadas” (1ª ed. 1572) – modelo clássico cujo tema é a
história nacional → Criador da epopeia e da redondilha maior
Cronistas → Denunciam a corrupção
João de Barros (1496/1570) – “Crónica do Imperador
Clarimundo” (1522) / “Ásia” (“Décadas” de 1552 a 1615)
Diogo de Couto (1542/1616) – “Diálogo do Soldado
Prático” / “Décadas”
Monólogo do Vaqueiro (oferecido a D.
Leonor pelo nascimento de D. João III
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1529:
Tratado de Saragoça
Posse das Molucas
1533/1535: Processo e condenação de Gil Vicente
1536: Inquisição
1537: Fundação da Companhia de Jesus
1538/1539: Roteiros de D. João de Castro
1542: Abandono de Safim e Azamor
1º Índex de Livros proibidos
Fundação do Colégio de Artes em Coimbra
Imprensa Universitária em Coimbra
Fundação de Piratininga, que deu origem a S. Paulo
1555: Franceses instalam-se em Guanabara
D. Sebastião (1557/1578)
1562: Regência
1º D. Catarina
2º Cardeal D. Henrique
o 1565: Fundação do Rio de Janeiro
1568: Governo de D. Sebastião
Pragmáticas contra o luxo e os ociosos
Publicação do 1º mapa de Portugal
1572: 1º edição de “Os Lusíadas”
1575: Fundação de Luanda
1578: Batalha de Alcácer Quibir
1580:
Regência de Cardeal D. Henrique
Cortes em Almeirim para decisão de herdeiro ao trono
Invasão Espanhola
Damião de Góis (1502/1574) – Cronista oficial de D.
Manuel – “Crónica do Rei Dom Manuel”
1. Literatura de Viagens (“Narrativa”)
(livro de Marco Polo (Séc. XIII) – traduxido em 1502 por
Valentim Fernandes)
Frei Pantaleão de Aveiro – “Itinerário da Terra Santa” (1523)
Fernão Mendes Pinto (1510 – 1583) – “Peregrinação” – relata
as viagens pelo oriente
Nasce em Montemor-o-Velho (perto de Coimbra) e em
1537 embarca para a Índia. Percorre Diu, Meca, Ormuz,
Goa, Malaca, Nanquim, Conchichina, Japão, Sião, Samatra,
etc.
Foi criado de servir e soldado, comerciante e embaixcador,
escravo, corsário e até Jesuíta
“Histórias Trágico-Marítimas” e “Relações” (vários autores)
de naufrágios ocorridos ao longo de meio século, entre 1552 e
1602, publicados depois dos naufrágios, geralmente por um
sobrevivente.
As “Relações” foram compiladas por Bernardo Gomes de
Brito, bibliografo, em 1735/1736, durante o reinado de D.
João V
Estas têm três aspectos de grande relevância:
Documentos Históricos
Documentos Humanos
Obras Literárias
2. Humanismo e experimentalismo Antropocentrismo
Humanismo:
Influencias renascimento Italiano e Francês
Estudo de autores gregos e latinos levam alguns autores a
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escreverem algumas das suas obras em latim.
Em 1541 foi recrutado um grupo de humanistas notáveis, para
ensinarem no Colégio das Artes em Coimbra, criado nessa
altura, contudo a suspeita de heresia faz com que fechasse
pouco tempo depois.
A observação de novas realidades descobertas e a contradição
entre essas experiências e a ciência antiga, levaram alguns
intelectuais a uma posição crítica e indagada.
“Aprendesse mais com os Portugueses num dia, do que
com os Romanos em cem anos” Garcia da Horta
Essa atitude científica é sincrónica com a que levou, na Europa,
aos progressos da ciência moderna, não chega a penetrar na
Universidade nem a ter continuadores em Portugal, devido a
inquisição e ao ensino religioso que na Europa da reforma
protestante, que gerava o capitalismo, o protestantismo, a
ciência, esteve afastada de Portugal
1545/1563:
Concilio de Trento
Contra reforma
3. Na acção missionaria
Sec. XV E XVI:
Saíram para o Oriente cerca de 2.000 padres e leigos
A Companhia de Jesus exerce a mais notável acção cultural
Portuguesa no Oriente, difundindo a língua portuguesa e a
imprensa.
A língua portuguesa chega a ser a língua franca, seguindo-
lhe os “crioulos” de base Portuguesa.
Os Jesuítas estudaram e deram a conhecer à Europa, línguas e
costumes dos locais.
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O Colégio de S. Paulo em Goa, frequentado por alunos de
muitos países da Ásia, foi um activo centro de aproximação
dos povos.
No Brasil, acção igualmente notável
Em 1554, o padre Manuel da Nobrega funda, no interior
do Sertão, um colégio destinado à catequisação de
indígenas – surge a cidade de S. Paulo, à sua volta
4. Do Manuelino ao Classicismo (maneirismo)
Expressão arquitectónica dos descobrimentos – Mosteiro dos
Jerónimos / Torre de Belém
Janela do Convento de Cristo (Tomar) / Capleas Imperfeitas
(Batalha)
O renascimento italiano quase não se encontra eco em Portugal
Em Coimbra há um centro de escultura, mas de mestres franceses
Primeira grande obra clássica – S. Vicente de Fora (Fim do
Século – Filipe Terzio)
X – PORTUGAL NOS SÉCULOS XVI – XVII
1581 – As cortes de Tomar proclamam rei Filipe II de Espanha (I de
Portugal)
Derrota da Invencivel Armada (1588)
Ataque inglês a Lisboa (1589)
Ataque Anglo-Francês ao Recife
Publicação da 1ª parte da Monarquia Lusitana
Ataques Holandeses aos portos brasileiros
1598/1621 – Reinado de Filipe II
Ordenações Filipinas (1602)
Teatro popular: Edições de Chiado e Afonso Alvares
Os Holandeses cercam Malaca (1606)
Reforma dos estatutos da Universidade
CULTURA PORTUGUESA DOS SEC. XVI - XVII
Contra-reforma católica
Resistência ao movimento da reforma (movimento
predominantemente religioso – principio do séc. XVI –
dissidente da Igreja católica – preparado pela decomposição
dos princípios fundamentais, que tinham servido de base a
idade média
Causas:
Desprestígio do papado e secularização do clero
Desenvolvimento da mística de st. Agostinho, que leva
à salvação apenas pela fé
Decadência da teologia eclesiástica, face ao apogeu das
correntes críticas renascentistas da Bíblia (1º Erasmo de
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Perseguição aos lentes (professores universitários) que são
cristãos-novos
Até 1700 - apogeu do azulejo português
Rodrigues Lobo (Leiria, 1580-1622): Corte na Aldeia (1619);
“Condestável de Portugal, D. Nuno Álvares Pereira” (Poesia
épica, 1609)
1621/1640 – Reinado de Filipe III
Ataques holandeses e Ingleses ao Brasil, Índia, África e Macau
(1622-1630)
Reconquista da Baía pelos Portugueses
Motins no Porto contra o agravamento dos impostos (1628)
O Padre António Vieira (1608/1697) prega o 1º sermão a uma
confraria de escravos negros
Motins populares no Alentejo (o Manuelinho de Évora – 1637 –
revolta reprimida de modo sangrento
1640 – Restauração da Independência
1640/1655 – Reinado de D. João IV
Inicio da Guerra da Independência (1641)
Publicação do 1º jornal português (1641)
Batalha de Guararapes contra os Holandeses, no Brasil (no séc.
XVI os holandeses levaram o protestantismo para o Brasil)
Reconquista de Luanda com uma expedição organizada no Brasil
1655/1668 – Reinado de D. Afonso VI
Regência de D. Luísa de Gusmão
Paz com Holanda (1661)
Golpe de Estado, inicio do governo do Conde de Castelo Melhor
abdicação de D. Afonso VI (1667)
Paz com Espanha (1668) (Ceuta não é recuperada)
Francisco Manuel de Melo (1606/1666) – O Fidalgo Aprendiz
(1665) (Le Bourgeois Gentil Homme, Moliére)
Roterdão e depois Lutero)
Objectivo da Reforma
Retorno ao espírito evangélico
Reforma dos costumes eclesiásticos
Recusa do negócio das indulgências
Contacto mais directo com os ensinamentos da Bíblia
Lutero – um dos promotores mais prestigiados – 1517 – publica
95 teses sobre as indulgências – excomungado por Leão X e
desterrado por Carlos V
Contra-reforma – instrumentos – inquisição; companhia de
Jesus; Índex dos livros proibidos
Funcionam em Portugal desde meados do século XVI e
dominam completamente a cultura do século XVII,
caracterizada pela ausência de pensamento laico e da
atitude científica de tipo moderno, já então dominante na
Europa
A Inquisição exerceu uma violenta acção de extermínio
sobre ideias e pessoas
A “Companhia de Jesus” orientou a sua acção no sentido de
conquistar as elites e o sentimento popular. Com esse fim,
fundou colégios em todas as cidades e povoações
importantes
Um grupo de mestres de Coimbra (os Conimbricenses)
preparou uma obra didáctica, o Curso Conimbricense, que
compendiava a ciência que a Companhia de Jesus
considerava certa, constituída pela filosofia de Aristóteles,
tal como a entendiam os teólogos do séc. XVI
Aristóteles – filosofa grego, segue os cursos de Platão,
em Atenas
É preceptor de Alexandre, o Grande, na Macedónia
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1668/1683 – D. Pedro Regente (Maria Francisca de Sabóia)
Lei da Protecção à Industria Nacional – acção do Conde da
Ericeira (1667)
Intensificação da exportação do Vinho do Porto para Inglaterra
(1680)
Morte de D. Afonso VI (1683)
O Padre António Vieira, afastado de Lisboa, chega ao Maranhão
Expulsão definitiva dos Holandeses do Brasil (1654)
1683/1706 – Reinado de D. Pedro II
Proibição do uso de tecidos estrangeiros (1686)
Padre Manuel Bernardes (1644/1710) Luz e Calor (1696 – Prosa
poética – tratados da vida espiritual – perfeição das almas – de
António Vieira – problemas sociais e humanos)
Descoberta do ouro do Brasil (1697)
Última reunião das cortes (1703)
Tratado de Methwen (1703) – os ingleses compravam o Vinho do
Porto e os Portugueses os tecidos ingleses
Intervenção na Guerra de Sucessão de Espanha (1704)
A sua metafísica abarca questões de fundo, como o
poder do espírito e os seus limites. A liberdade do
Homem e o seu sentido. A transcendência da
divindade e os seus mistérios
Para além da metafísica, estudou a física, a lógica, a
linguagem e a História natural
O Curso Conimbricense teve grande repercussão dentro
e fora de Portugal, tendo sido a base do ensino até
meados do séc. XVIII
Teve igualmente um papel decisivo na
impermeabilização da cultura portuguesa as correntes
renovadoras, que levavam a formação da ciência e da
filosofia modernas
Literatura
Características da produção literária
Nacionalismo e bilinguismo
Culto da forma (cultismo) e da ideia (conceptismo)
Tom apologético
Uso do milagre como método explicativo (Sermão de Santo
António aos Peixes)
Predilecção pela história/messianismo/sebastianismo
Padre António Vieira (1608/1697) – maior vulto
literário do séc. de origem muito humilde, nasce em
Lisboa, mas é educado no ambiente mais livre da Baía –
Brasil
1635 – António Vieira sacerdote Jesuíta
Dedicou-se à evangelização das aldeias Baianas
Prega contra os invasores holandeses e huguenotes
(Franceses calvinistas) – ambos protestantes
Tenta defender aborígenes contra a escravatura
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1640 – Enviado para a Europa (Paris, Ruão, Haia,
Amesterdão), por D. João IV, para várias missões
diplomáticas
1650 – Imbuído de ideias mercantilistas, parte para
Itália, para negociar a entrada de Judeus em Portugal,
esperando que com eles entrassem as suas fortunas –
simultaneamente ataca o Santo Oficio
1653 – Volta ao Brasil (Maranhão). Hostilizado
pelos colonos, defende os índios escravizados do
Maranhão e advoga a favor deles, junto de D. João
IV
Funda a Junta das Missões, ajudado pelo Governo a
favor da libertação dos índios
1661 – Volta a Lisboa para dar conta da resistência
dos colonos às medidas de protecção dos índios
D. João IV já tinha morrido e o Conde de Castelo
Melhor, seu inimigo, deixa que a inquisição o prenda
(1665/1668)
1668/9 – Livre da prisão, vai até Roma, onde
Cristina da Suécia o nomeia seu pregador
1681 – Desiludido, apesar do amor à pátria, volta ao
Brasil e aos indígenas (aí morre em 1697)
Obras mais conhecidas: Sermões e Cartas
Conventos – cultiva-se a História
Frei Bernardo de Brito (1586/1617) (Historiador de
Alcobaça) – 1ª e 2ª parte (1597 e 1609) da Monarquia
Lusitana (acontecimentos –
verdadeiros/inventados/lendários – desde Adão até ao
Conde D. Henrique – História da Pátria lusa)
Frei António Brandão (1584/1637) (Historia dos de
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Alcobaça) 3ª e 4ª parte (1632) da Monarquia Lusitana
(desde o Conde D. Henrique a D. Afonso III)
Frei Luis de Sousa (1555/1632) – Vida de Frei
Bartolomeu dos Mártires
Cultura Popular
Intensa produção de folhetos de cordel
Edita-se várias vezes o Pranto de Maria Parda (G.
Vicente)
O povo reúne-se nos pátios, onde se representa um
teatro (comédias) de origem popular, em grande parte
espanhol
Intelectuais juntam-se nos salões e/ou academias
As artes – Maneirismo – Barroco
A arquitectura exprime a contra-reforma
A liberdade (opulenta) do classicismo é contida pelas formas
correctas e frias dos templos Jesuítas
Exemplos:
Sé nova de Coimbra
Seminário de Santarém
Igreja de S. Roque
Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, é uma excepção, embora
incompleta, é o mais audacioso monumento do séc. XVIII
português
Dentro dos edifícios, contudo – formas de arte de raiz popular
A talha dourada, os revestimentos de azulejo, as imagens de
barro (Barristas de Alcobaça) e de madeira, os móveis de gosto
português
Primeiros tapetes de Arraiolos
Colchas de Castelo Branco
Em parte estas formas de arte substituem a arte importada do
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oriente e da flandres: os tapetes da Pérsia ou as tapeçarias de
Arras
Artistas do povo (emigração) levam estas técnicas a Goa e ao
Brasil, onde a talha e o azulejo atingem grande esplendor (o
mesmo acontecerá com a calçada portuguesa – Brasil)
Academias (surgem após a Restauração
Século XVII
Academia dos singulares
Academia dos generosos
Século XVIII
Academia real da história
Academia das ciências
Acádia lusitana