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7/25/2019 Histria e Memria Nos Contos de Fadas.
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HISTRIA E MEMRIA NOS CONTOS DE FADAS DOS IRMOS GRIMM
Swellen Pereira Corra (UEMS) 1
Serei apenas eu, as memrias, as palavras
e o resto nada mais. Lucas Silveira.
RESUMO
Considerando a produo literria como fonte documental da ist!ria e
testemuna da mem!ria" sero analisados al#uns contos dos $rmos %rimm"
o&'etiando encontrar al#umas mem!rias presentes na o&ra
* carter de mem!ria se d a partir do conte+to ist!rico cultural" carter
te+tual e o dilo#o popular
Palaras, cae- .ist!ria" Mem!ria" $rmos %rimm
INTRODUO
/ o&ra literria por si s! constitui em um te+to da cultura de uma sociedade na 0ual
foi produida e nos permite conecer e refletir so&re a realidade da 2poca 0ue a remete"
&em como da0uela em 0ue foi ela&orada * liro de literatura 2 um est3#io do re#istro de
prticas" como do pensamento" 0ue armaena os ideais" informa4es" sonos" e+perincias
e e+pectatias" sendo assim um reposit!rio da mem!ria coletia" preserando o
es0uecimento por meio da impresso" uma pea do ima#inrio" 0ue a#re#a m5ltiplas
ima#ens
6essa forma" sero analisados al#uns contos dos %rimm com o intuito deidentificar a mem!ria indiidual" coletia" cultural 7endo como &ase te!rica Perter 8ur9e"
Sandra :ata; Pesaento e :ac0ues
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fama" fila de >eus e de Mnem!sine deusa da mem!ria com um dom de faer lem&rar
tudo 0ue era cantado /m&as tinam como tarefa faer lem&rar" lo#o Clio pudesse
superar Mnem!sine por portar o estilete da escrita pois fi+aa em narratia tudo a0uilo
0ue era cantado no Monte Parnaso?
/ mem!ria oral tina papel principal tanto na fi+ao da identidade coletia de
um #rupo e na fundao de seus mitos de ori#em 0uanto @ transmisso do sa&er Com o
sur#imento da escrita oue uma mudana sens3el @ mem!ria coletia" de transmisso
oral" possi&ilitando os omens se fi+ar no espao e no tempo a sua ist!ria e a sua
cultura
/ utiliao da lin#ua#em escrita uma ampliao considerel da capacidade de
armaenamento de nossa mem!ria" 0ue permite ultrapassar os limites do corpo para
outras formas de preserao como &i&lioteca" ar0uio" museu" foto#rafia" pinturas" etc"
conecida como =oa .ist!ria Cultural" 0ue se trata de pensar a cultura como um
con'unto de si#nificados partilados e constru3dos pelos omens para e+plicar o
mundoA
A MEMRIA HUMANA TAMBM IMAGINRIA
* conecimento constru3do dia a dia pelo omem 2 o tecido da mem!ria em
ao" ou se'a" da ineno 0ue se une ao 0ue oue de fatoB$ma#inar o 0ue poderia ter
sido ou o 0ue pode ir a ser um dos atri&utos da fico =os estudos antropol!#icos e
ist!ricos est craado na su&'etiidade do pes0uisador" por isso Peter 8ur9e afirma
0ue o passado 2 maleel e fle+3el" modificando,se constantemente @ medida 0ue
nossa mem!ria reinterpreta e ree+plica o 0ue aconteceu
6esde o desco&rimento da escrita " aprend,la si#nifica 0ue se est pronto para
mane'ar uma ferramenta de poder 7odo a0uele 0ue escree tem o poder de fi+ar um
fato sendo ele real ou ima#inrio" um mito ou tradio de acordo com o #rau desu&'etiidade relatio
Dalter 8en'amin diia 0ue a .ist!ria foi escrita pelos encedores" nunca pelos
encidos" e 0ue seria necessrio reescreer a nossa ist!ria captando dados ta+ados
como insi#nificantes 0ue foram dei+ados para trs Portanto mem!ria e cultura so
2 PESAVEN!" Sandra #atah$. %a&'tulo (.
) PESAVEN! P.1*+ ,evista Palavra" SES% 2-11. P.
* BU,/E" Peter. %a&'tulo (((. P.0)
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constru3das mutuamente" por meio de processos comple+os de luta de memoriao e
de es0uecimento" de re#istro e de recuperao" de #rafias e decifra4es de lin#ua#ens
MEMRIA INDIVIDUAL E COLETIVA
=os s2culos $ e $$ na ciiliao %reco,romana e+istia a .upomnmata" uma caderneta
indiidual onde eram anotadas coisas lidas" ouidas ou pensadas" ou se'a" uma mem!ria
estendia aos pensamentos dos omens Essas cadernetas seriam como um suporte @
mem!ria
*s upomnmata podem ser considerados os precursores dos dirios"
cu'o sur#imento 2 dotado no in3cio da Era Crist" e conieram com
outra forma escrita de si 0ue depois se tornou um documento demem!ria so&re os pensadores e escritores do passado- a
correspondncia (Feista Palara Sesc ?G11)
7odos esses re#istros s! foram realiados com a necessidade do omem em re#istrar"contar" eterniar um fato ou um acontecimento
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0uantidades de informa4es e a&arcar todos os meios inentados anteriormente para
re#istrar e armaenar a mem!ria
KL a mem!ria reflete o 0ue aconteceu na erdade e a ist!ria reflete amem!ria" parece o'e demasiado simples 7anto na ist!ria 0uanto a
mem!ria passaram a reelar,se cada e mais pro&lemticas(8UFE pNG)
OS CONTOS DE FADAS E OS CONTISTAS.
*s Contos de Oadas sur#iram a milares de anos indos de uma tradio oral" ou
se'a" sendo recontados de #erao em #erao e #anando noas fronteiras /pesar de
enfrentarem al#umas mudanas culturais referentes ao tempoespao preserou sua
essncia" a caracteriao de um Conto de Oadas- os pro&lemas e+istenciais uniersal"
mostrando o por0u de suas narratias serem to catiantes e entendidas por diersas
#era4es em diferentes conte+tos
Em 1QR1" Carles Perrault comeou a escreer suas narratias folcl!ricas em
&usca da defesa da literatura francesa e da causa feminista" 0ue tina sua so&rina Mlle
.2ritier como l3der /penas em 1QRQ" com a adaptao de Pele de /sno 2 0ue comea
a escreer para crianas orientando sua formao moral Em 1QRN" Perrault pu&licou
Contes de ma Mre lT*;e (Contos de Mina Me %anso) com seu material recolido
diretamente da tradio popular oral" e sua principal fonte" proaelmente" foi a &a& de
seu filo" mas realiou adapta4es" pois escreia para a corte francesa /o diri#ir o liro
ao filo de
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Perrault" Marie Cat2rine dT/ulno; e outros Perce&endo a naturea literria
afrancesada destes contos" retiraram da se#unda edio dos Contos para a criana e para
o lar com e+ceo de Capeuino Iermelo" por0ue sua iina acrescentou um
Oinal Oeli" passando assim a faer parte da tradio literria alem Somente com os
%rimm 2 0ue os Contos de Oadas se populariaram
A MEMRIA E OS CONTOS
*s contos de fadas traem consi#o a mem!ria coletia" 0ue em pela tradio
oral do conto" a indiidual" ou se'a" a maneira como o autor reescree o conto Perrault
modifica o conto dei+ando a sua essncia cruel" por2m acrescentou uma moral no final"
os $rmos %rimm tam&2m fieram as suas modifica4es
Em se tratando de mem!ria" as coletVneas feitas pelos irmos %rimm mostram
uma fase de transio entre a iso pessimista co&erta de iolncia" t3pica de educao
medieal e a iso idealista dos iluministas.
=o liro de Maria 7atar" Contos de Fadas (?GGB)" comenta 0ue os contos
atra3ram ao lon#o dos tempos tanto defensores como cr3ticos seeros 0ue deploraram a
iolncia das ist!rias Mas atra2s desses contos se mostraam e mostram o 0ue
ocorreu de fato" traendo consi#o a mem!ria social e cultural
Pensando nas narratias orais como mem!ria" os escritores tieram um pepal
importante para a cultura francesa e alem" pois transformaram contos do folclore
popular em ist!rias infantis" permitindo assim atra2s da mem!ria releituras dos mais
diersos temas ist!ricos
*s irmos :aco& (1NW,1WQA) e Dilelm %rimm (1NWQ,1WR)" 0ue re#istraram
Capeuino Iermelo" Fapunel" 8ranca de =ee e os Sete /n4es" ia'aram
pela /lemana por olta de 1WGG e recoleram diretamente da mem!ria popular as
anti#as lendas #ermVnicas" conseradas pela tradio oral /o procurarem as ori#ens da
realidade ist!rica #ermVnica" depararam,se com a fantasia das ist!rias mesclado ao
fantstico e ao tom m3tico dos relatos /s ist!rias eram transcritas" por2m no eram
oltadas para leitores pe0ueninos Se#undo 7atar" 0uando os %rimm desenoleram seu
primeiro plano de compilar contos populares alemes" tinam em mente um pro'eto
erudito"
KL 0ueriam capturar a o XpuraT do poo alemo e preserar nap#ina impressa a poesia oracular da #ente comum 7esouros
folcl!ricos inestimeis ainda podiam ser encontrados circulando empe0uenas cidades e aldeias" mas os fios #meos da industrialiao e
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da ur&aniao ameaaam sua so&reincia e e+i#iam ao imediata(7/7/F ?GGB- AG)
* 0ue esta sendo proposto neste arti#o 2 como a mem!ria sendo ela indiidual"
coletia" ist!rica" pode au+iliar numa noa releitura partindo de sua mem!ria pessoal
(indiidual)" tirando como e+emplo o conto de Capeuino Iermelo
* conto recolido por Perrault e pelos irmos %rimm" com suas caracter3sticas
diferenciais" cu'a mem!ria coletia e indiidual" para e+emplificar as atuais releituras da
ist!ria Ca&e lem&rar 0ue na erso de Perrault a Capeuino 2 deorada pelo lo&o"
na erso dos irmos %rimm" a menina e a a! so salas pelo caador 0ue as tira da
&arri#a do lo&o a&rindo,a com uma tesoura- depois de al#umas tesouradas" aistou um
#orro ermelo Mais al#umas" e a menina pulou fora" #ritando- X/" eu estaa to
aparoadaY Como estaa escura na &arri#a do lo&oT (apud 7/7/F ?GGB- AB) Se#undo
7atar tanto Perrault 0uanto os %rimm se empenaram em arrancar os elementos
#rotescos" o&scenos" dos contos ori#inais camponeses" pois em al#uns a Capeuino
come os restos do lo&o sa&oreando a carne e &e&endo ino
Partindo disso Cico 8uar0ue de .olanda atra2s desses relatos de mem!ria
criou sua pr!pria capeuino" por2m 2 a Capeuino /marelo(1RNR) e outros
escritores tam&2m recriam uma noa persona#em
CONSIDERAES FINAS
Esses contos de tradio oral 0ue foram transcritos atra2s da mem!ria coletia
e indiidual a'udou a manter ia uma cultura" de um poo 0ue sofreu com as
in0uisi4es de reis" assim como os contos &rasileiros" o folclore" 0ue mant2m ia a
nossa cultura atra2s de diersos relatos
/final" o liro de literatura 2 um est3#io do re#istro de prticas" como do
pensamento" 0ue armaena os ideais" informa4es" sonos" e+perincias e e+pectatias"
sendo assim um reposit!rio da mem!ria coletia" preserando o es0uecimento por meioda impresso" uma pea do ima#inrio" 0ue a#re#a m5ltiplas ima#ens
REFERNCIAS BIBIOGRFICAS
LE GOFF" :ac0ues" .ist!ria e mem!ria :ac0ues
7/25/2019 Histria e Memria Nos Contos de Fadas.
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ESTS,Clarissa Pin9ola Contos dos $rmos %rimm /r0uio em pdf
BUNN, 6aniela 6a .ist!ria oral ao liro infantil UOSC
PAIVA, Maria 8eatri Oacciolla *s contos de fadas- suas ori#ens ist!rico,culturais
BORGES, Ialdeci Feende .ist!ria"