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GONÇALO LOBO PINHEIRO hojemacau LAG 2015 | SEGURANÇA Anúncio de fronteiras com reconhecimento biométrico CANÍDROMO Ninguém quer ver os galgos a correr MÚSICA Nuno Flores em concerto surpresa DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 10 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº3307 ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 Um ofício do coração “Palavras Cansadas da Gramática” é o título da nova obra de Yao Jingming ou Yao Feng, o pseudónimo do homem para quem escrever é um ofício do dia a dia. Os labirintos da escrita, os meandros da nova paisagem de Macau e o eterno sistema cultural da China nas palavras do poeta e tradutor que não se cansa de aproximar as culturas portuguesa e chinesa. PÁGINAS 4-6 SOCIEDADE PÁGINA 7 EVENTOS CENTRAIS YAO JINGMING APRESENTA NOVO LIVRO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB

Hoje Macau 10 ABR 2015 #3307

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Hoje Macau N.º3307 de 10 de Abril de 2015

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hojemacaualbano martins | economista

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Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 s e x ta - f e i r a 1 0 D e a b r i l D e 2 0 1 5 • a N o x i v • N º 3 3 0 7

entrevista págiNas 2-3

um ofíciodo coração“Palavras Cansadasda Gramática” é o título da nova obra de Yao Jingming ou Yao Feng, o pseudónimo do homempara quem escrever é um ofíciodo dia a dia. Os labirintosda escrita, os meandros da nova paisagem de Macau e o eterno sistema cultural da Chinanas palavras do poeta e tradutorque não se cansa de aproximaras culturas portuguesae chinesa.

págiNas 4-6 sociedade págiNa 7 eventos ceNtrais

yao jingming apresenta novo livro

agência comercial pico • 28721006

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ficou num hotel perto do Grand Lisboa. Ficou impressionado com aquele prédio monstruoso. Vai escrever muita coisa sobre Macau, partindo do Grand Lisboa. Aquela construção representa a realidade de Macau, o desenvolvimento louco e menos desequilibrado. Não podemos sempre pensar em desenvolvimento, sem ter em conta o preço que estamos a pagar. Faz falta um planeamento urbanístico bem pensado e bem conseguido. Esta confusão arquitectónica estra-gou a paisagem cultural de Macau.

Ainda gosta de viver cá?Gosto, mas às vezes sinto-me um pouco chateado. Não tenho razões para me queixar, mas já deixou de ser Macau, uma cidade poética, lírica, confortável. Macau está a perder essa característica. E se calhar é o preço que Macau está a pagar. O dinheiro não pode mandar em tudo.

Falando da sua carreira como tradutor. Já disse que gostava de voltar a traduzir Carlos Drummond de Andrade. Há esse projecto?Para mim é um poeta fantástico, tão direito, inventa qualquer coisa do dia-a-dia e faz entrar isso na poesia. Por isso acho que a poesia dele serve de exemplo para nós, outros poetas. Qualquer coisa pode entrar na poesia, mas tudo depende da sua competência.

Depende da forma?Não só forma, mas da sensibilidade e do olear, através do qual se observa o mundo e as coisas. Às vezes, [faz-se poemas] de uma coisa pequenina e, para uma pessoa [que não é poeta, isso] não é nada poético. Mas, o poeta tem de explorar o poder mágico da palavra e transformar qualquer coisa num poema. Gostaria imenso [de voltar a traduzir], mas é um projecto de longo prazo. O projecto que tenho

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2 hoje macau sexta-feira 10.4.2015entrevista

AndreiA SofiA [email protected]

Apresenta na próxima segunda--feira o livro “Palavras Cansadas da Gramática”. Que livro é este? O que é que os leitores podem esperar desta obra?Não faço ideia. Quando escrevo não penso na reacção por parte do leitor. Fazer poesia, para mim, é um ofício do dia-a-dia, mas também é um ofício do coração. Por dentro há sempre uma voz.

Que diferenças podemos encon-trar entre este livro e os que já publicou? Este livro tem uma parte de poe-mas que já tinham sido publicados. Outros poemas são novos, por isso não é um livro totalmente inédito. Uma parte de poemas foram tradu-zidos pela minha amiga Fernanda Dias. É um livro complicado, uma mistura de vários tipos de textos. Mas gostei muito deste livro, porque é publicado fora de Macau e os poemas são acompa-nhados pelas minhas fotografias.

São linguagens diferentes que se complementam.

Há muitos poetas que dizem que o poema não é algo tão trabalha-do como um romance. Como é o seu processo de escrita?Neste tipo de poemas mais curtos não trabalho muito. Quando sai uma ideia, ou faísca, apanho e de-pois escrevo no papel. De início são versos e depois trabalho um bocado para os desenvolver, ou para fazer um poema, porque uma frase ou um verso não são suficientes para fazer um poema. Conheço poetas, meus amigos, que trabalham muito com o poema, deixam-no na gaveta. É como o vinho, com o tempo vai ficando melhor. Eu trabalho de outra maneira. Quando tenho uma ideia, faço já. Gosto da sensação do poema quando fica finalizado.

Tem poemas sobre Macau, um sobre a zona do Cotai. Que Ma-cau encontramos na sua poesia? A presença de Macau ainda não é forte o suficiente na minha escrita.

Não o inspira?Inspira, mas se calhar ainda estou a acumular, a preparar-me para fazer um poema. Um poema grande que pretende dizer o que é essencial e o que pertence a Macau. Uma vez que Macau representa uma coisa muito diferente e importante, que-ria fazer um poema sobre Macau com calma e tempo.

Essa altura ainda não chegou?Chegam ideias, tomo notas, da história, realidade, a mistura de culturas... é tudo importante e a fonte para fazer um bom poema. Vou fazer qualquer dia. (risos) Sobre esse poema (sobre o Cotai), fiquei inspirado pelos casinos. Quando chegam amigos meus da China acompanho-os sempre aos casinos e também faço observa-ção. Mas esse luxo para mim é muito superficial e fácil. Então olhei para aqueles candeeiros que parecem luxuosos, mas se calhar são de plástico e foram fabricados em Guangdong. E sei um pouco como é o trabalho dos operários nessas fábricas, em condições menos dignas, mas fazem esses produtos de luxo para uma coisa mais capitalista. Então, para mim, esse tecto está a sangrar.

Essa ostentação desilude-o? Es-perava mais de Macau, gostava que seguisse outro rumo?Claro. Durante o Festival Literá-rio de Macau [Rota das Letras], convidei o poeta Xi Chuan, que

[com a editora Livros do Meio] será traduzir e publicar uma antologia de poemas de poetas portugueses, uma vez que já se publicaram os “500 Poemas Chineses”. A nossa ideia é publicar este livro na China, com a parceria com uma editora chinesa, para que o livro possa chegar a mais pessoas, em vez de ficar a dormir no armazém de Macau.

O mercado editorial de Macau é difícil, em termos de publicação? Há um paradoxo: é uma cida-de onde publicar é muito fácil. Qualquer autor, mesmo que o seu trabalho não tenha muita qualida-de, pode publicar, uma vez que aqui ainda não há editoras muito profissionais. Macau está cheia de publicações, publica-se muito por

“Palavras Cansadas da Gramática”é o novo livro do poeta Yao Feng, ou Yao Jingming, lançado em Lisboa e agora apresentado em Macau. Numa conversa sobre a literatura de dois mundos, o poeta e tradutor mistura-se com o homem que é dono de uma imensa sensibilidade cultural e que acha que Macau é “um armazém de livros”, onde todos publicam mas pouco se vende”

Yao Jingming, poeta, apresenta novo livro na próxima segunda-feira

“Macau deixou de ser uma cidade poética, lírica, confortável”

“Quando escrevo não penso na reacção por parte do leitor. Fazer poesia, para mim, é um ofício do dia-a-dia, mas também é um ofício do coração. Por dentro há sempre uma voz”

“Não podemos sempre pensar em desenvolvimento, sem ter em conta o preço que estamos a pagar. Faz falta um planeamento urbanístico bem pensado e bem conseguido. Esta confusão arquitectónica estragou a paisagem cultural de Macau”

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a ser feitas alterações e já ven-dem livros em chinês. Penso que poderiam apostar nisso: poderia atrair mais clientes chineses, turistas. Sobretudo livros que na China não se conseguem obter devido a algumas limitações. Essa tarefa não é fácil, e para esta livraria dar muito lucro, penso que seria uma ilusão.

Mas, apesar disso, é importante que se mantenha.Claro, é essencial. Isso tem a ver com a manutenção das caracte-rísticas culturais de Macau. Se tirássemos a Livraria Portuguesa a cultura de Macau ficaria mais pobre.

Que outros projectos editoriais pensa desenvolver nos próximos tempos?Estou a finalizar a antologia de Eugénio de Andrade, um trabalho encomendado por uma editora chinesa. Será uma antologia mais completa e vai ser integrada numa colecção de poetas estrangeiros. Se calhar para o ano será publica-do. Também estou a coordenar o terceiro encontro de poetas luso--chineses. Vou levar oito poetas, três de Macau e cinco da China. O encontro será entre o dia 1 e 5 de Junho em Lisboa.

Em Portugal ainda há um grande desconhecimento da China e dos chineses? É importante criar estes encontros?É importante publicar mais e as visitas também são importantes. Faço sempre estas coisas, sirvo de intermediário. Noto que na China há um interesse crescente em rela-ção à história, cultura e literatura portuguesas. Fernando Pessoa, na China, tem muitos leitores. O “Livro do Desassossego” já vai na quarta edição. Esse interesse é muito grande e forte.

A poesia de Pessoa, e de outros poetas, é muito diferente da poesia chinesa. Os leitores con-seguem compreender?É muito diferente, mas os chine-ses percebem que é um tipo de poesia universal. Pessoa, através

3 entrevistahoje macau sexta-feira 10.4.2015

ano. Mas quando as publicações saem, pouca gente compra, e não se consegue entrar na China, em Hong Kong ou Taiwan. Nunca o Governo ou o sector pensaram em criar uma rede de distribuição das suas publicações.

No Instituto Cultural (IC), nunca pensou nesse projecto?Pensava, tinha essa ambição, mas é complicado. Seria uma decisão um bocado política e sensível. Macau pode criar uma plataforma online para vender os seus livros. O Governo cooperaria com editoras privadas na criação de um website, onde os livros seriam vendidos. Macau pu-blica tanto, mas não pensa em como promover as vendas e distribuição. Outra forma é encontrar um parceiro,

uma editora da China ou Taiwan, para fazer reedições e ser distribuído na China.

Em relação às livrarias, fazem falta mais, com maior diversi-dade de títulos?Não penso que faltem livrarias em Macau. Poderiam dinamizar-se mais esses espaços. Em Taiwan, Zhuhai e Cantão ou na China a livraria deixou de ser um sítio que só vende livros. Aqui poderia ser um espaço cultural e polivalente.

Falando da Livraria Portuguesa, o contrato de concessão acaba para o ano. Está bem ou precisa de ser renovada? A meu ver a livraria está a fun-cionar bem. O espaço poderia

ser mais dinamizado. Mas tem muitas limitações: o mercado é muito pequenino, há poucos portugueses ou leitores de li-vros portugueses. Os livros que chegam de Portugal para Macau são muito caros. E depois há uma limitação física, o espaço é pequeno e não há margem de alargamento. Acho que têm vindo

Yao Jingming, poeta, apresenta novo livro na próxima segunda-feira

“Macau deixou de ser uma cidade poética, lírica, confortável”

“O poeta tem de explorar o poder mágico da palavra e transformar qualquer coisa num poema”

“Macau publica tanto, mas não pensa em como promover as vendas e distribuição”

dos seus diferentes heterónimos, construiu um mundo tão vasto e complicado... Cada leitor pode tirar benefícios da sua escrita. Na China há muitos comentários e grupos de discussão sobre Pessoa, Saramago e Eugénio de Andrade. Com cada vez mais traduções para chinês esse interesse não vai parar de crescer. Mas penso que Macau aqui também poderia fazer mais e aproveitar os seus recursos, e tra-balhar um pouco mais em termos de aproximar as duas culturas.

Não tem feito suficiente. Já o ano passado disse a um jornal chinês que, a par da criação do Fórum Macau, era importante criar um fórum para o intercâmbio cultural entre a China e os países de língua portuguesa.

Fez a sua formação no tempo da Revolução Cultural, quando trabalhou com camponeses. Como olha para a China de hoje, completamente diferente desse tempo?Não é completamente diferente. É diferente, mas no essencial é a mesma China.

Mas a sociedade mudou muito.A China tem vindo a conhecer enormes mudanças mas o sistema e cultura são os mesmos. As pessoas têm uma vida melhor e isso é fan-tástico. Penso sempre na questão da fome, ao longo da história, e que perturbava e influenciava a cultura chinesa e até a identidade dos chineses. Mas agora a China está numa situação muito boa, e em princípio os chineses deixaram de passar fome. Mas claro que tudo depende de região em região. Du-rante a minha infância havia uma grande pobreza. Mas há problemas por resolver.

Os tempos que passou no campo influenciaram-no na sua vida profissional e pessoal? Aprendeu muito com esse tempo?No Rota das Letras esteve uma escritora chinesa que passou pela mesma experiência, mas eu tive mais sorte, porque trabalhei num campo nos subúrbios de Pequim. Todos os dias trabalhava com camponeses, era uma vida dura, mas era pequeno, tinha 17, 18 anos, tive de trabalhar muito, levantar-me de madrugada. Mas não me queixo. Faz parte da vida, essa experiência foi bastante rica, porque permitiu-me ver como é que os camponeses viviam.

“A China tem vindo a conhecer enormes mudanças mas o sistema e cultura são os mesmos”

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4 hoje macau sexta-feira 10.4.2015lag 2015Folhetos obscenos Admitida necessidade de revisão da lei

Wong Sio Chak admitiu ontem que a lei que

regula a venda e exposição de material pornográfico e obsceno “tem de ser revista”, principalmente devido ao conceito de pornografia. O Secretário para a Segurança disse na AL que a questão dos folhetos com material pornográfico, distribuídos em vários pontos do território, é uma questão muito delicada e de difícil consenso.

“Esta é uma matéria que requer muita atenção da so-ciedade. Há diferenças na interpretação da lei”, afirmou, sublinhando que talvez haja de facto necessidade de rever a lei. o Secretário para a Segurança afirmou haver dificuldades na acusação das pessoas que distribuem os folhetos de pu-blicidade a prostituição, uma vez que existe, por vezes, uma diferença entre juízes e polícia no que ao conceito de porno-grafia diz respeito.

“os tribunais podem não estar de acordo, um juiz pode não achar que é pornografia. Este é um trabalho difícil”, sublinhou. Wong Sio Chak disse ainda que as multas para quem distribui estes panfletos têm de ser aumentadas e que o conceito de “pornografia” deve ser explicado melhor. A revisão desta lei tem vindo a ser pedida pelos deputados.

De difícil resolução são também os casamentos ilegais. Para Wong Sio Chak esta é também uma questão muito complexa pela existência de um registo de casamento. “Se um residente do interior da China vem cá e casa com um residente local e há um registo, quem diz que esse casamento é falso? Há um registo. Agora se as pessoas não vivem juntas isso já é uma opção delas”, argumentou. “Temos que ponderar a revisão da lei”, afirmou o Secretário, frisando uma vez mais os “conflitos na interpretação da própria lei”. - F.A.

a S fronteiras de Macau vão passar a contar com um sistema de reconhecimento bio-

métrico. Isso mesmo anunciou ontem Wong Sio Chak, na Assembleia Legislativa (AL), naquele que foi o primeiro dia de apresentação das Linhas de Acção governativa (LAg) da pasta da Segurança.

o sistema servirá, segundo o Secretário da tutela, para identificar pessoas que estão “na lista negra” e impedir a sua entrada em Macau. De acordo com a tradução em por-tuguês, Wong Sio Chak terá mesmo falado numa lista negra, algo que, quando confrontado pelo HM há alguns meses, o Secretário para a Segurança assegurou não existir em Macau. O sistema pode entrar em funcionamento ainda em 2015.

“o reconhecimento biométrico [vai ser] implementado para o ano,

Ella lEi pEdE lEi para trabalho ilEgal Enquanto turista A deputada Ella Lei pediu ontem na Assembleia Legislativa (AL) uma lei própria para punir os trabalhadores ilegais que chegam a Macau como turistas, mas que depois arranjam trabalho. Frente ao Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que ontem apresentou as LAg deste ano para a sua tutela, a deputada disse ser necessário “encarar seriamente as questões” de pessoas que chegam a Macau “com visto de turista, com a intenção de arranjar trabalho” e dos que ficam cá depois de o visto de turista deixar de estar válido e continuam a trabalhar “de forma ilegal”. Ella Lei, deputada que se senta pelos operários, disse mesmo que “o controlo da imigração não pode ser pouco rigoroso” e queixa-se de falta de “instrumentos legais fortes”. - J.F.

Fil ipa araújo [email protected]

joana [email protected]

Fronteiras Governo lança sistema de reconhecimento biométrico

Caras marCadas

mas vai ser lançado ainda este ano”, começou por apontar. “Se houver alguém na lista negra, consegui-mos, através deste equipamento, reconhecer de imediato a pessoa.”

A questão do impedimento de entrada de determinadas pessoas nas fronteiras tem vindo a levantar polémica entre os deputados, que questionam como é tomada a de-cisão de impedir alguém de entrar em Macau. As autoridades dizem que essa é feita com base na lei de segurança nacional. Jornalistas e activistas, bem como deputados de Hong Kong já foram impedidos de entrar na RAEM, mesmo que, de

acordo com os seus testemunhos, viessem apenas em férias e não tivessem participado em manifes-tações no território.

Ontem, Au Kam San voltou a frisar a situação do bebé de um ano que foi impedido de entrar devido a problemas com a identificação, mas Wong Sio Chak disse apenas que a lei está a ser bem aplicada pelas autoridades.

Símbolo de preocupAção As fronteiras foram, aliás, o assun-to mais mencionado na apreciação dos deputados, nomeadamente a falta de segurança, a necessidade

de aumento de recursos humanos e meios como o raio-x para garantir a segurança.

O deputado Kou Hoi In explicou que é necessário diminuir o número de emigrantes ilegais que aproveitam os vários postos fronteiriços para entrar ilegalmente no território. Para o deputado são necessários procedi-mentos mais informatizados para que este número de infractores diminuir. Também a deputada Kwan Tsui Hang reforçou a necessidade do governo garantir a segurança das fronteiras que irão, segundo a deputada, ter cada vez mais afluência devido à internacionalização de Macau.

Si Ka Lon também criticou o grande número de emigrantes ilegais, situação que segundo o mesmo, o governo tem que ter prioridade para resolver. Em resposta, Wong Sio Chak esclareceu que apesar de haver mais postos fronteiriços – e abertos mais horas – foi contratada uma em-presa de segurança local privada para, desde o ano novo chinês, “manter a ordem nos postos fronteiriços”. Algo que vai continuar a acontecer.

Relativamente à emigração ilegal, o Secretário admitiu a difi-

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5 lag2015hoje macau sexta-feira 10.4.2015

Terrorismo Macau “tem medidas” mas são segredoMacau tem medidas de combate ao terrorismo, assegura Wong Sio Chak, mas não podem ser reveladas. É a resposta do Secretário para a Segurança, que disse ontem na AL, em resposta aos deputados, que a questão do terrorismo é uma questão que preocupa também Macau e que as autoridades “prestam atenção a esta matéria”, mas não adiantou pormenores. “Várias tarefas estão a desenvolver-se, mas não é o momento oportuno para falar sobre isso, porque são tarefas secretas”, disse, frisando que em causa está a segurança do Estado.

Droga Menos jovens delinquentes

N a hora da sua apresentação Wong Sio Chak não trouxe muitas novidades. Novos

conceitos de policiamento, mais e melhores técnicas policiais para prevenção e controlo, optimização dos equipamentos das passagens fronteiriças, reforço dos laços com as regiões vizinhas e estu-dos e mais estudos são os pontos defendidos pelo Secretário e sua equipa.

No discurso de abertura dos dois dias de apresentação das Linhas de acção Governativa (LaG) da pasta da Segurança, o Secretário Wong Sio Chak pouca ou quase nenhuma sur-presa trouxe ao plenário da assembleia Legislativa (aL). Organizado em nove pontos de trabalho, o Secretário explicou quais os planos para este ano para a sua tutela. O combate ao crime foi a primeira promessa proferida por Wong Sio Chak, que defende: é uma necessidade importante para garantir a esta-bilidade da sociedade.

Para este combate, o Governo vai “elevar a eficácia da redução da ocorrência de crimes, resolver em tempo oportuno os crimes graves e manter uma atitude dissuasora”. Para o Secretário é “indispensável” a criação de um sistema racional na concepção e no funcionamento, por isso, defende, as autoridades poli-ciais “têm que empregar todos os meios, esforços e recursos”, aproveitando e coordenando “todas essas sinergias para que da sua eficaz execução resulte a concretização do fim da preven-ção de criminalidade”.

as autoridades policiais são um ponto que vai merecer grande dedicação por parte deste novo Governo. O Secretário explicou que os planos pretendem trazer um melhoramento das técnicas policiais e fortalecimento da capacidade policial de preven-

“O reconhecimento biométrico[vai ser] implementado para o ano, mas vai ser lançado ainda este ano. Se houver alguém na lista negra, conseguimos, através deste equipamento, reconhecerde imediato a pessoa”Wong Sio Chak Secretáriopara a Segurança

FronteiraS GoVErno LAnçA SiStEMA dE rEConhECiMEnto bioMÉtriCo

CaraS marCadaS

culdade de resolução do problema, exemplificando que, na Ilha da Montanha, por o Governo não querer construir uma “espécie de prisão” é possível, “em apenas 17 segundos”, passar a fronteira de forma ilegal. “Vamos esforçar-nos para resolver o problema. as autoridades locais e chinesas têm mantido contacto nesse sentido”, garante.

Wong Sio Chak explicou aindaque o Governovai implementar três linhas conceptuais: policiamentoactivo, policiamento comunitárioe policiamento de proximidade, pretendendo atingir um “novo modelode trabalho policial”

Segurança PromeSSaS de reForço no território e naS regiõeS vizinhaS

activo, comunitário e próximo

DuraNte a apresentação das LaG para a sua pasta,

Wong Sio Chak esclareceu que o número de jovens delinquen-tes quanto ao crime de drogas diminuiu. resultado, defende, da postura activa da Polícia Judi-ciária (PJ) de prevenção ao crime.

“De acordo com a PJ sobre a delinquência juvenil, no crime de drogas, existem três verten-tes, os menores de 16 anos, os entre os 17 e 18 anos e os dos 19 até aos 21. em 2012 houve registo de 49 jovens delinquen-

tes, em 2013 foram 55 jovens e em 2014 foram 39 jovens. Com base nestes dados verificamos que há uma tendência de queda nos casos de drogas com jovens envolvidos. em 2013, a questão da droga foi muito mais grave, porque na altura os jovens praticavam tráfico nas próprias escolas. Com isto, decidiu-se realizar sessões de esclareci-mento com os docentes e pais nas próprias escolas, foram realizadas 41 sessões de escla-recimento, para dar informações

aos pais, alunos e professores. Por isso 2014 apresentou uma queda de crimes”, argumentou o Secretário para a Segurança.

Dados mais recentes, avan-çou, indicam que em 2014 não existiu qualquer caso de tráfico de droga envolvendo jovens. “as sessões tiveram um grande efeito”, remata. Sobre o Cyber-Bullying, o Secretário esclarece que apesar de não existir legal-mente esse conceito, a PJ “está muito atenta e dá muita importân-cia a esta questão”. - F.A.

ção e de controlo, assim como implementar ainda mais a coo-peração policial e colaboração na salvaguarda da segurança inter-regional.

“a experiência e as técnicas tradicionais de investigação po-licial não são bastantes, pelo que ampliaremos o recurso dos meios tecnológicos, apoiando-nos nos equipamentos sofisticados e inovadores, por forma a estarmos na linha da frente no combate ao crime, na prevenção e no controlo sistemático dos níveis de segurança”, afirmou.

O reforço na formação técnica do pessoal e o aperfeiçoamento dos procedimentos do trabalho técnico são também pontos de aposta, já que Wong Sio Chak pretende que as diferentes cor-porações policiais “possuam capacidade técnica e capacidade de execução quando se deparem com situações de segurança complexas”.

O aumento do número de cri-mes transfronteiriços faz com que o novo grupo de trabalho tenha como objectivo para o ano que decorre um aumento no reforço das relações e de cooperação para o desenvolvimento “regio-nal integral”, reforçando com os serviços homólogos, “quer nas regiões quer com outros países vizinhos”. a troca de informa-ções “de natureza criminal” será reforçada, assim como a organi-zação de “actividades de socorro, gestão de segurança e das acções de formação técnica”, diz Wong, que ainda assim lamenta o “vazio legal” de não haver ainda acordos de cooperação penal com a China e Hong Kong.

NovA visão Wong Sio Chak explicou ainda que o Governo vai implementar três linhas conceptuais: poli-ciamento activo, policiamento comunitário e policiamento de

proximidade, pretendendo atingir um “novo modelo de trabalho policial”.

“Para o desenvolvimento do conceito de policiamento activo, promoveremos uma sistemática aproximação à população resi-dente, numa atitude pro-activa de recolha de informações relativas à criminalidade e outros factores que influenciem a segurança comunitária”, clarifica o Secre-tário, adiantando que o Governo irá elaborar “programas e planos específicos dirigidos à prevenção e ao combate à criminalidade”.

a forma de chegar à socieda-de, necessidade defendida pelo Secretário passará por uma opti-mização da “vertente das relações públicas”. Para isso, o Governo vai criar uma equipa que promo-va a aproximação à comunidade, ainda que Wong Sio Chak diga ter “reservas” no que à inclusão de “auxiliares de polícia” diz respeito.

HierArquicAmeNte segurosa optimização dos regimes disciplinares entre as ordens hierárquicas é um dos pontos garantidos pela nova equipa. através do estabelecimento e aperfeiçoamento dos mecanismos operativos internos e externos, diz o Secretário, o Governo irá asse-gurar a melhor comunicação pela cadeira hierárquica, “garantindo uma boa transmissão das ordens”, implicando assim um aperfeiçoa-mento dos regulamentos internos e a “auditoria do seu cumprimen-to”. É necessário, diz o Governo, reforçar a consciência e o sentido dos trabalhadores, sensibilizando--os para o cumprimento da lei. Wong Sio Chak explica ainda que o Governo quer que os diri-gentes e chefias de Macau sejam “modelos de referência”, assim sendo, o executivo irá premiar mas também punir sempre que for necessário, “optimizando” as equipas. - F.A.

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6 lag2015 hoje macau sexta-feira 10.4.2015

O Secretário para a Segu-rança avançou ontem, durante a apresentação

das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela, que vão ser recrutados mais agentes, mas o nível de recursos humanos na área das forças policiais vai manter-se quase igual. Isto, por-que o Secretário afirmou que, no presente ano, serão recrutados mais 400 agentes policiais, mas é preciso entender que cerca de 300 dos actuais agentes se vão aposentaram.

“Ou seja, em termos práticos vamos apenas aditar cem novas pessoas”, esclareceu Wong Sio Chak. O recrutamento dos no-vos agentes é justificado pela necessidade de melhor servir a população, mas o Secretário para a Segurança admite dificuldades.

“Temos de pensar na qualida-de do pessoal, é preciso apostar [nisto], para que se consiga servir e trabalhar para a população”, frisou.

Wong Sio Chak diz que “o trabalho mais importante do Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) é prestar apoio à reinserção social dos reclu-sos”, através da realização de acções de formação workshops e seminários “voltados para os valores da vida em sociedade”. Assim, garante o Secretário, o EPM pretende dar continuidade a cooperar com a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) na implementação do ‘Programa de emprego antes da liberdade condicional dos reclusos’. Mas é precisamente na prisão que as coisas se tornam mais complicadas no que aos recursos humanos, questão que muitas vezes tem vindo a ser discutida, diz respeito.

Isto, pelos próprios novos agentes não apresentarem inte-resse em fazer parte da corpora-ção. Wong Sai Chak admitiu que nem sempre se consegue recrutar o número suficientes de agentes,

seja em que departamento for. A EPM é pior.

“Muitas vezes não consegui-mos recrutar o pessoal suficiente, podemos estar descontentes. A Polícia Judiciária até é mais atraente [para as novos agentes], mas a EPM não é tão atraente”, afirmou, admitindo as “dificul-dades” existentes.

Ordem na casaRelativamente aos vários secto-res da Segurança, o Secretário admitiu que é necessária alguma simplificação de serviços. É preciso, disse, racionalizar os recursos humanos e, para isso, é preciso “dar atenção à capacida-de de cada trabalhador”.

“A nível de técnicas é preciso reforçar as tecnologias e aper-feiçoar os regimes instituídos. A nível de estrutura é preciso evitar sobreposição de funções, simplificar o procedimento, reduzir etapas desnecessárias e a nível de gestão é preciso faci-litar a burocracia e simplificar os serviços”, clarificou, frisando que esta racionalização de quadro não equivale a despedimento, ou seja, a um menor número de tra-balhadores. “É preciso reforçar a capacidade e formação qualitati-va para criar uma equipa íntegra e eficiente”, rematou.

Sobre a entrada em funcio-namento da nova prisão, cujas obras já deviam estar concluí-das, Wong Sio Chak nada disse, frisando apenas que pretendia que esta abrisse “o mais breve possível”. - F.a.

Macau “vai precisar” de legislaçãocom novas zonas marítimas As novas zonas marítimas que passarão a ser da jurisdição de Macau, depois da autorização de Pequim, vão necessitar de ser alvo de legislação. Isso mesmo assegurou ontem Wong Sio Chak na Assembleia Legislativa, aquando da apresentação das LAG para a sua tutela. O Secretário para a Segurança disse “ser um problema muito importante” o facto de não haver uma lei que regule a jurisdição de Macau sobre as novas zonas marítimas, que o território pediu a Pequim. A China concedeu atribuir a Macau a administração de águas territoriais, depois de, em 2012, Macau ter feito o pedido. “Temos de ter uma lei e a questão da capacidade de execução da lei também temos de ver se somos capazes. Tem de haver colaboração entre a PSP e os Serviços de Alfândega”, começou por apontar Wong Sio Chak. “Temos de nos preparar bem, se estas águas forem [autorizadas] a Macau, então temos de ter uma lei.”

O deputado Au Kam San entregou uma interpelação escrita ao Governo onde ques-

tiona a viabilidade do investimento feito com uma parte da reserva financeira do Executivo na provín-cia do Guangdong e no Banco de Desenvolvimento da China, devido ao pouco retorno obtido.

No documento, o deputado directo referiu que ao longo do tempo a taxa de retorno sempre foi baixa, sendo que, no ano passado, o Governo apenas terá tido um ganho de 2%. “De facto, o cofre

dos residentes de Macau não pára de sofrer uma depreciação. Con-frontada com retornos tão baixos, a sociedade deve suspeitar destes investimentos”, escreveu.

Au Kam San recordou que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, admitiu que o Governo tenciona investir parte da reserva financeira na região vizinha do continente, com uma previsão de retorno na ordem dos 4 a 5%, enquanto que a outra parte será aplicada através do Banco de Desenvolvimento da China e Fundo de Desenvolvimento Luso-Chinês.

O deputado criticou ainda o Governo por não fazer uma revisão da baixa taxa de retor-no, mesmo que seja “através do Governo da província de Guang-dong”. “O Governo [da província de Guangdong] não parece grande especialista de investimentos e os resultados do Banco de Desenvolvimento da China não são extraordinários. Como é que eles vão assegurar um retorno de 4 a 5%? E no caso desse retorno não ser obtido, quais vão ser os responsáveis?”, questionou o deputado. - F.F.

Salário mínimo Ella Lei pede revisão a cada dois anos

RecuRsos Humanos RecRutamento

EPM, o patinho feio

BAIxO reTOrnO dOS InveSTIMenTOS feITOS nA ChInA queSTIOnAdO

Dinheiros suspeitos

A deputada Ella Lei considera que em Macau está em falta

um mecanismo de revisão do salá-rio mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança na área de administração de propriedades.

A lei que vai entrar em vigor já no próximo mês estabelece que o actual valor pago à hora a cada trabalhador – de 26 patacas – passará a ser de 30 patacas, correspondendo assim a 6240 patacas mensais. Ao jornal Ou

Mun, Ella Lei disse considerar que o ajustamento vem “atrasa-do” no que diz respeito ao nível de inflação, representando um valor mais baixo do que consi-dera que deveria ser.

No entanto, as críticas da depu-tada vão mais longe. A represen-tante da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) aponta que devia ser criado um mecanismo pensado para rever o montante de salário mínimo

de dois em dois anos, devido às flutuações da inflação. A deputada considera que o ajustamento devia coincidir com o desenvolvimento económico da região. Ao diário de língua chinesa, Ella Lei frisou novamente a ideia que tem vindo a defender há muito: o salário mínimo deveria abranger todos os sectores profissionais e não apenas o dos empregados de limpeza e segurança da área de administração de propriedades.

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7sociedadehoje macau sexta-feira 10.4.2015

Leonor Sá [email protected]

c idadãos da RaEM con- tactados pelo HM consi-deram, na sua maioria, que o canídromo deveria

deixar de servir para corridas de cães e apostas para passar a ser um local dedicado às indústrias culturais e criativas ou à prática de actividades desportivas. Há quem, mesmo não estando por dentro do assunto, ache por bem encerrar a actividade de apostas, justificando a falta de grandes margens de lucro e a falta de interesse por aquilo que outrora foi considerado um grande entretenimento em Macau.

Jason Chao, que é não só re-sidente local como vegetariano e apoiante de ideais democráticos, apoia, sem dúvida, o fim daquela actividade. “Como defensor dos direitos dos animais, acho que as corridas têm que ser cessadas, uma vez que considero ser um tratamento errado para com os [cães]”, começou por referir ao HM o activista. “sou um apoiante acérrimo de todos os mecanismos que acabem com o tratamento de-sumano aos animais”, continuou.

Já para Hugo Bandeira e Ma-nuel Correia, dois residentes locais, a questão passa mais pela falta de interesse naquela actividade que muitos consideram lúdica. Ban-deira é jurista e vive em Macau há já alguns anos. Embora as corridas de cães sejam uma prática que viu bastante sucesso nas décadas de 80 e 90, enchendo bancadas e bancadas, hoje em dia apresentam quotas de receitas ínfimas, quando comparando com os números de há dez ou 20 anos.

“Não tenho uma opinião forte sobre esta questão, porque não sou grande aficcionado em apostas de

Canídromo Residentes concoRdam com fim das coRRidas

algo de mais produtivoao contrário do que se possa pensar, parte da sociedade está atenta à questão das corridas de galgos no canídromo da RaEM. a maioria considera mesmo que estas deviam acabar, permitindo que o espaço seja reaproveitado para actividades desportivas ou culturais

corridas de cães”, começa por referir o advogado.

Este será certamente o argu-mento de várias pessoas que por cá estão há menos de uma década, já que as apostas em corridas de cães foram altamente populares antes deste pe-ríodo, mas foram perdendo expressão ao longo dos anos. No entanto, uma coisa é certa: Hugo Bandeira optaria por um uso diferente daquele mesmo espaço. o quê, exactamente, não se sabe, mas certamente algo que fosse mais útil para a maioria da população.

Também agnes Lam, especia-lista em Comunicação na Univer-sidade de Macau (UM), partilha da ideia do fim do espaço enquanto canídromo. Esta é, no entanto, a perspectiva de alguém que assis-tiu em primeira mão ao sucesso e

posterior decadência desta actividade. as corridas já não

têm, de acordo com a também ex-jornalista, o impacto de outro-

ra. “acho que as corridas deviam acabar, até porque hoje em dia já não é um jogo de apostas popular e não tem grande audiência”, justifica a académica da UM.

agnes Lam não especifica valores de lucro, mas frisa que o local poderia ser transformado para outras actividades, nomea-damente para o desporto escolar. “Podemos também ter uma área de exposições lá dentro, por exemplo”, acrescentou.

“Todo o espaço é pouco”Para quem cá aterrou recente-mente, o canídromo mostra ser

um local decadente, numa zona da cidade que não viu o mesmo desenvolvimento de zonas como o Cotai ou o centro da península. É isso mesmo que o designer Manuel Correia parece sentir.

“Não me parece que seja um local muito frequentado e tem até um ar decadente, parece que foi esquecido”, disse ao HM. Também o designer considera que o edifício deveria ter outra finalidade no caso das corridas deixarem de acontecer.

“Qualquer coisa ligada à cultura e de promoção das indústrias cria-tivas. Não conheço bem o espaço interior, mas o traço da arquitectura [exterior] define um certo tempo e era de se reaproveitar aquilo para o público em geral, não só para quem gosta das corridas, uma coisa mais

comunitária, uma vez que aquela é uma zona de alta densidade [po-pulacional]”, remata o co-fundador da Lines Lab. Estas parecem ser, para Manuel Correia, opções viá-veis para não deixar morrer aquele edifício da areia Preta.

“Em geral, isto parece-me sempre melhor, até porque em Macau, todo o espaço é pouco”, colmatou.

o canídromo parece por vezes ter sido esquecido pelo tempo e é visto por muitos como um local onde já só os cães e o coelho de pano correm, ao contrário do dinheiro das apostas que hoje já pouco se fazem. Embora Jason Chao seja contra a continuação das corridas caninas, acredita que o espaço pode ser útil. Tal como Manuel Correia, vislumbra ali um espaço para a prática de actividades culturais ou desportivas. Chao lem-bra que aquele edifício – localizado na avenida do Conselheiro Borja – deve ser conservado e reaprovei-tado devido ao seu valor histórico, já que é um dos marcos que define a cidade desde muito cedo.

“o problema agora é saber o que fazer com o edifício, mas acho que devia ser totalmente transfor-mado num local para a realização de projectos culturais, por exem-plo”, acrescentou. actualmente, funciona ali um campo de futebol que está frequentemente ocupado por equipas juvenis. Jason Chao concorda com este propósito, mas vai mais longe: “Pode sofrer uma transformação para oferecer mais actividades além do futebol”, disse.

é preciso saber porquêagnes Lam também é da opinião de que o espaço deveria ser revertido num local recreativo mais abran-gente. No entanto, a mesma cidadã coloca outra questão que parece igualmente interessante. “se o Governo quiser continuar com as corridas de cães, deveria justificar a continuidade do canídromo, obrigando a empresa [sTdM] a explicar as razões para isso mesmo, juntamente com números e valores das receitas”, referiu ao HM. além disso, a académica considera que, na eventualidade das corridas se manterem, é necessário estabelecer normas mais rígidas e rigorosas sobre o tratamento e cuidado dos animais. “É preciso que haja um controlo apertado quanto à forma como as pessoas tratam os cães, porque hoje em dia são relativa-mente maltratados, pelo que se diz”, lamentou.

No início desta semana, a so-ciedade Protectora dos animais (aNiMa) criou uma nova petição para pedir ao Governo que ponha fim às corridas de cães naquele que é um dos espaços mais emblemá-ticos da cidade. o encerramento da actividade é justificado pela aNiMa com o sofrimento causado aos animais.

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8 sociedade hoje macau sexta-feira 10.4.2015

Flora Fong [email protected]

Joana [email protected]

A companhia de constru-ção Top Builders disse ontem ao HM não ser responsável pela cons-

trução do parque de oficinas do metro há dois anos. É a resposta da empresa quando questionada sobre a multa de mais de dez milhões de patacas aplicada pelo Governo a si e à Mei Cheong, com quem a Top Builders fez uma joint-venture.

Já o Gabinete para as Infra--Estruturas de Transportes (GIT) garantiu ao HM que a Top Builders se mantém como construtora do parque de oficinas do metro, em conjunto com a Mei Cheong, num consórcio. E o porta-voz disse ainda que a joint-venture foi, sim, multada em mais de dez milhões de patacas.

A história é diferente da parte da Top Builders, quando um res-ponsável da empresa de apelido Lei disse que “a companhia já não é responsável da construção do Parque de Materiais e Oficina do Metro Ligeiro há dois anos” e endossa para a Mei Cheong as responsabilidades. “A empresa res-ponsável é a Empresa Construtora Mei Cheong”, frisou Lei, ainda que tenha sido às duas empresas que foram adjudicadas as obras de construção, segundo o respectivo despacho do Chefe do Executivo.

Cessação em Cima da mesaEntretanto, de acordo com o Jornal Tribuna de Macau (JTM), o Gover-no sugeriu ao consórcio das duas empresas de construção do metro ligeiro – a Mei Cheong e a Top Builders – a rescisão do contrato da empreitada das obras.

Segundo declarações de um responsável da Mei Cheong ao JTM, a proposta de indemniza-ção apresentada pela empresa foi rejeitada pelo GIT mas têm havido negociações relativamente à even-tual cessação do contrato.

A celeuma teve início, de acordo com o director comercial da Mei Cheong, Spencer Ngan, aquando do início dos atrasos das obras. Sobre o assunto, Carole Iao – porta-voz do GIT – apenas referiu ao JTM que o caso poderá ser encaminhado para

Homem morre em acidente por excesso de velocidadeUm condutor de mota morreu depois de um acidente causado por excesso de velocidade, durante a manhã de ontem perto da Rotunda da Amizade. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o homem, de 40 anos e residente de Hong Kong, estaria demasiado perto do automóvel à sua frente quando se deu o choque, tendo caído de imediato do motociclo. Depois, um autocarro da Wynn acabou por atropelar o indivíduo. Entretanto, a PSP já veio confirmar as suspeitas de que a mota estaria demasiado perto do veículo da frente, tendo acrescentado que o condutor do shuttle-bus tem 50 anos e é do interior da China, não tendo acusado álcool no sangue na altura do acidente.

Biblioteca do Parque Central da Taipa abre quarta-feira Abre ao público, ainda que a título experimental, a biblioteca do Parque Central da Taipa. O anúncio foi feito ontem pelo Instituto Cultural (IC), sendo que esta biblioteca passa a ser a maior da ilha. O novo espaço precisa de pelo menos mais 30 trabalhadores para funcionar plenamente e estas pessoas estão a ser contratadas através do sistema de recrutamento central da Função Pública. A contribuição do IC para a construção da biblioteca chegou perto dos dois milhões de patacas.

Exposição de artigos de luxo cancelada

Metro TOP BUIlDERS nEgA EnvOlvIMEnTO nA COnSTRUçãO

Governo tenta rescindir contratoAgora, a Top Builders diz que não é responsável pelas obras de construção do parque e oficina do metro há dois anos, tendo endossado a responsabilidade para a Mei Cheong, a empresa com que fez uma joint-venture precisamente para estas obras. De acordo com o JTM, o Governo terá pedido a rescisão do contrato com as duas companhias

a barra dos tribunais, estando ainda “em negociações”.

Ngan não parece ter receio, enquanto dirigente da empresa, de que o caso vá para a justiça, mos-trando-se mesmo confiante. Há, de acordo com o responsável, um “problema grave na coordenação

e comunicação” entre o Executivo e as empresas construtoras, acres-centando mesmo que há propostas alternativas que não chegaram a ser aprovadas pelo GIT. Ngan vai mais longe e diz mesmo não existi-rem, no quadro de funcionários do departamento estatal, engenheiros

estruturais e mecânicos, profissio-nais necessários para a aprovação dos documentos. O diário refere, no entanto, que o representante da Mei Cheong se recusou a falar de valores concretos no que respeita à indemnização sugerida pela mesma ao Governo.

UMA exposição de artigos de luxo, como relógios, jóias e

moedas antigas da Europa e da Ásia, que ia ter lugar em Macau acabou por ser cancelada. A causa? “O combate contínuo à corrupção no interior da China” e os “limites de entrada aos funcionários públi-cos nos casinos”.

De acordo com o site “eawa-tchshow”, esta seria a primeira exposição dedicada a mostrar de forma conjunta relógios, jóias e moedas clássicas, sendo que a sua organização estava a cabo da companhia de Hong Kong Imex Asia. A empresa tencionava rea-lizar a exposição no Hotel Grand

Emperor, a 2 e 3 de Maio deste ano, como forma de construir uma ponte entre os comerciantes da Europa e os da Ásia.

“Como o negócio a retalho de Hong Kong está, neste momento, a enfrentar recessão, Macau pode oferecer condições perfeitas para desenvolver o mercado asiático”, lia-se no site.

No entanto, um aviso recente publicado na mesma página da in-ternet, e assinado por Vincci Tung, responsável da empresa, pedia desculpa e anunciava que a expo-sição ia ser cancelada “por causa da campanha de anti-corrupção contínua no interior da China” e “devido à proibição de entrada nos casinos de altos cargos e fun-cionários públicos”, uma vez que a exposição ia ter lugar num destes espaços. “Ia trazer um impacto directo na admissão de clientes VIP” na exposição, reflectia Vincci Tung. - F.F.

Rua dos Estaleiros Relatóriodeverá ser entregue até Junho

GUILHERME Ung Vai Meng anunciou ontem que os es-

pecialistas que estão a concluir as escavações arqueológicas na Rua do Estaleiro – em Coloane – deve-rão entregar o relatório conclusivo até Junho deste ano. De acordo com a Rádio Macau, o documento vai ajudar a que o Instituto Cultural (IC) e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) decidam se o local deve ser preservado e aberto ao público. O relatório vai conter informações sobre as duas diferentes fases de escavações de que o espaço foi alvo, onde primeiramente se encontrou um forno que data da dinastia Tang. Para proteger o local, os especialistas colocaram um telhado de madeira por cima da construção antiga.

Até Fevereiro passado, foram encontrados cerca de 500 artefac-

tos num espaço de 200 metros quadrados que os peritos consi-deram ser de diferentes períodos históricos, incluindo Neolítico, Idade do Bronze e das dinastias chinesas Tang, Song e Qing. A mesma notícia avança que o IC está agora à espera da conclusão e envio do relatório para saber que fim dar àquele local.

“Para já é muito perigoso [abrir o local ao público]. A chuva pode estragar as escavações. Temos de esperar pelo relatório para per-cebermos se devemos proteger esta zona. Depende, portanto, do relatório mas estamos confiantes, porque o IC e a DSSOPT estão em constante comunicação e se o relatório disser que devemos pro-teger e não mexer em nada, vamos proteger de certeza”, garantiu o presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, à rádio.

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 10.4.2015

Joana [email protected]

O Governo reuniu ontem com os moradores do Edifício Sin

Fong Garden, evacuado há quase três anos devido a problemas na estrutura, e pediu aos moradores que fosse fixado um prazo para a resolução do problema. O encontro acontece dias antes de mais uma manifestação em frente ao prédio, orga-nizada pelos proprietários.

O Executivo apela nova-mente a que os condóminos se decidam face à reconstru-ção ou demolição do edifí-cio. Tal como o porta-voz dos moradores tinha dito ao HM, a resolução não está à vista porque há quem não queira reconstruir o prédio ou demoli-lo, mas a lei dita que só com 100% de concordância se pode avan-çar. Os moradores, ainda assim, querem levar a cabo a manifestação amanhã para mostrar ao Chefe do Execu-tivo “a situação do prédio”. Já da parte do Executivo, é dito que a solução está nas mãos de quem lá morava.

“A Administração reitera que ao longo de dois anos e meio, desde a ocorrência do incidente, nunca baixou os braços no acompanhamento

Polémica sobre Doca dos Pescadores desvalorizada

Jogo afecta compra de casas de luxo

Prometida construção de túnel pedestre no Monte da Guia

“A Administração vai prestar auxílio na elaboração do plano de reparação e ponderará em proceder ao adiantamento de pagamentodas despesas de reparação”

Sin Fong garden Governo pede prazo para resolução do problema

“o caso não se pode arrastar”do caso e que manteve sem-pre o estreito diálogo com os condóminos”, começa por dizer um comunicado do Governo. “A Administração sempre envidou os seus es-forços no acompanhamento do caso, mas devido à falta de consenso absoluto de todos os condóminos, foi impossível dar início da execução dos trabalhos de reconstrução ou de repara-ção do edifício.”

O Governo diz que mesmo que o edifício não apresente problemas de estabilidade, o facto de ficar prolongadamente sem reparação, poderá pôr em causa a segurança da população. “Além disso a não resolução até hoje do caso veio já afectar bastante a vida normal dos condóminos e moradores, pelo que a Administração apela aos condóminos das fracções habitacionais, da loja comercial e dos lugares de estacionamento para chegarem ao consenso com a maior brevidade possível, de modo a dar tanto quantos antes início à reconstrução ou repara-ção do edifício”, frisa o Governo.

Disponível para repararRecorde-se que ambos os relatórios de peritagem indi-

cam que o edifício tanto pode ser objecto de obras de repa-ração, como de reconstrução. A maioria dos condóminos

optou pela reconstrução do edifício e o Executivo as-segura que vai prestar toda o auxílio se esse for o caso.

“A Administração vai prestar auxílio na elabora-ção do plano de reparação e ponderará em proceder ao adiantamento de pa-gamento das despesas de reparação”, lê-se. “A Administração prestará assistência administrativa e técnica, nomeadamente em termos de agilização da apreciação do projecto conforme o projecto ante-riormente aprovado e ainda ponderar na revisão da le-gislação para a dispensa do pagamento dos respectivos encargos fiscais.”

Lembre-se que a As-sociação dos Amigos de Jiangmen comprometeu-se

em comparticipar em 60% o pagamento das despesas de reconstrução e a Macau Social Enterprise Com-pany também se ofereceu voluntariamente para a prestação de assistência técnica na reconstrução do edifício.

Na opinião do Secretá-rio Raimundo do Rosário, da pasta dos Transportes e Obras Públicas, “o caso não se pode arrastar mais tem-po”, pelo que foi proposto que o Grupo de Trabalho Interdepartamental dedica-do ao problema “negocie um prazo razoável com os proprietários”. Mais ainda, dado que o problema se deu num dos pilares devido à má qualidade do cimento, o Governo exorta os con-dóminos a “exercerem os seus direitos dentro da lei, buscando judicialmente a responsabilização e a devida reparação do incidente”.

A Federação das Asso-ciações de Operários

de Macau (FAOM) e a As-sociação Choi In Tou Sam entregaram a sugestão de criação de túnel para peões na Monte da Guia ao Secre-tário para os Transportes e Obras Públicas, Raimun-do do Rosário, o qual já prometeu a construção do projecto, sem ter avançado qualquer calendário.

Com base num inquérito feito à população, as associa-ções sugerem a construção de um túnel para peões ao lado do túnel para veículos na zona do Monte da Guia. O projecto, caso venha a ser feito, deverá encurtar para quatro minutos a passagem da avenida Horta e Costa para os ZAPE.

O inquérito foi feito em meados de Março deste ano nas redes sociais. De um total de 826 respostas, 94% concordou com a construção do túnel pedonal, enquanto que 89% referiu que irá utilizar o

a expansão da altura dos novos edifícios na doca dos pescadores para 90 metros, algo que poderá comprometer a vista do Farol da Guia, já levou o deputado au Kam san a questionar o projecto, mas ontem o Governo desvalorizou a questão. Citado pela rádio macau, lao Iong, chefe do departamento do planeamento urbanístico da direcção dos serviços

de solos, obras públicas e Transportes, disse que os 15 dias de consulta pública sobre o projecto foram suficientes e que terão sido recolhidas cerca de 500 opiniões sobre o projecto na parcela a da doca dos pescadores, cujos prédios iriam ter, inicialmente, 60 metros de altura. Também a associação novo macau criticou o facto da consulta pública ter sido feita durante os feriados do Ching ming.

apesar do preço médio das fracções ditas de luxo ter aumentado, a verdade é que a queda das receitas do Jogo fez com que menos investidores tenham aposta na compra de casas deste segmento em macau. segundo o jornal ou mun, casas com valores cifrados entre as três e as seis milhões de patacas tiveram mais saída no mercado. ronald Cheung, director-executivo da agência imobiliária midland macau, referiu que nos passados

três meses os negócios acima das dez milhões de patacas registaram uma quebra, devido à queda de apostas na salas vIp dos casinos. mas ronald Cheung confirmou que as casas de três a seis milhões de patacas tiveram mais procura, já que os investidores quiseram aproveitar o “ajustamento do mercado”. Também os bancos estarão a dar mais apoio aos que ainda não compraram casas, através da dívida hipotecária.

túnel quando estiver cons-truído.

Depois do encontro com Raimundo do Rosário, Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tou Sam, referiu ao HM que já tinha solicitado ao Secretá-rio para as Obras Públicas e Transportes a implemen-tação do projecto o mais rápido possível. Lam U Tou lembrou ainda declarações do Secretário, que já tinha prometido construir o túnel. No entanto, Raimundo do Rosário terá garantido que devido ao “excesso de trabalho” na tutela não pode ser avançado qualquer calendário.

O responsável acres-centou ainda que as as-sociações apresentaram mais opiniões em relação ao aumento de veículos em circulação e ao projecto de

construção do Metro Li-geiro, tendo sido exigi-

das novas orientações para as políticas

de transportes em Macau. - F.F.

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10 china hoje macau sexta-feira 10.4.2015

a China está a projectar a construção de uma linha férrea no “tecto do mundo”, ligando o

Tibete ao Nepal, que poderá en-volver a abertura de um túnel sob o monte Evereste, anunciou ontem a imprensa oficial.

O projecto, destinado a “im-pulsionar o comércio e o turismo na região”, poderá estar concluído em 2020.

U m ex-líder provincial do Partido Comunista Chinês (PCC), Liao Shaohua, foi

ontem condenado a 16 anos de prisão por corrupção e abuso de poder, no segundo veredicto do género anunciado no espaço de 24 horas.

Liao Shaohua, antigo membro do Comité Permanente da orga-nização do PCC na província de Guizhou, sudoeste da China, rece-beu subornos no valor de mais de 13,2 milhões de yuan durante oito anos e causou um prejuízo fiscal de 3,1 milhões de yuan, concluiu o tribunal.

A sentença teve em conta algu-mas “atenuantes”, dado que o réu “confessou os crimes” e “devolveu parte dos seus ilegais rendimentos”.

O julgamento decorreu em Xian, capital da província de Shaanxi, norte da China.

Liao Shaohua faz parte dos “tigres” (altos funcionários e quadros dirigentes) visados pela campanha anti-corrupção lançada pela liderança do PCC desde que

Incêndio Retirados 30 mil perto de fábrica Quase 30 mil pessoas foram retiradas das imediações da fábrica de produtos químicos do leste da China, que sofreu uma explosão no domingo, seguida de incêndio, anunciaram as autoridades, indicando que o fogo está sob controlo. O acidente, que fez seis feridos, forçou a retirada de 29.096 residentes das proximidades da “Dragon Aromatics”, situada na cidade de Zhanghzhou, na província de Fujian, a qual se dedica à produção de paraxileno (PX) – um agente químico usado na produção de plásticos, nomeadamente garrafas, e de poliéster. Após a explosão de domingo, seguiram-se vários incêndios, declarados extintos, e que depois se reacenderam. Dois depósitos de armazenamento da fábrica continuavam ontem em chamas, tendo as autoridades garantido, porém, que o fogo está sob controlo. Propriedade do grupo petroquímico taiwanês Xianglu, a fábrica sofreu, em Julho de 2013, uma outra explosão, sem que tenham sido registadas vítimas mortais ou fugas tóxicas.

PrOJeCtADA linhA FérreA sOb O MOnte evereste

Um comboio no “tecto do mundo”A linha entre o Tibete e o Nepal “atravessará provavelmente o monte Evereste” e implicará a construção de “alguns túneis muito extensos”

CorrUpção ex-lider regional Condenado a 16 anos de prisão

menos um “tigre” no activo

Trata-se de uma linha com 540 quilómetros de extensão, entre Xigaze, a segunda maior cidade do Tibete, e Kerung, junto à fronteira com o Nepal.

Um perito da Academia Chine-sa de Engenharia, Wang mengshu, citado pelo China Daily disse que o estudo do projecto, ainda em fase preliminar, foi “solicitado pelo Nepal”.

Em Dezembro passado, durante

uma visita ao Nepal, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, pediu aos seus anfitriões que estudassem a possibilidade de estender a projectada linha até à capital do país, Katmandu, e a outras regiões.

A linha entre o Tibete e o Ne-pal “atravessará provavelmente o monte Evereste” e implicará a construção de “alguns túneis muito extensos”, adiantou o referido

perito. E devido à geografia, a ve-locidade dos comboios não deverá ultrapassar os 120 kms/hora.

Até à abertura da linha Gol-mud-Lhasa, em 2006, o Tibete era a única região da China sem caminho-de-ferro.

Olhares distintOsNa altura, exilados tibetanos condenaram a obra como “uma ameaça ao ecossistema” da região e uma forma de Pequim “apertar o controlo político” sobre o Tibete.

Para o Governo chinês, que considera aquele território “parte integrante da China desde o século XIII”, o caminho-de-ferro visa au-mentar o acesso a uma das regiões mais isoladas do país e desenvolver a sua economia.

O líder espiritual dos tibetanos, o dalai lama, galardoado em 1989 com o Premio Nobel da Paz, vive exilado na vizinha Índia, na sequên-cia de uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, há 56 anos.

Situada na cordilheira dos Hi-malaias, a atual Região Autónoma do Tibete, com apenas três milhões de habitantes, ocupa uma área cerca de 14 vezes maior que Portugal.

O Evereste, na fronteira entre a China e o Nepal, é o monte mais alto do mundo, com 8.848 metros.

o actual presidente, Xi Jinping, assumiu a chefia do partido, em Novembro de 2012.

Na quarta-feira passada, ex--presidente da câmara de Nanjing, Ji Jianye, foi condenado a 15 anos de prisão por corrupção.

“Directa ou indirectamente”, o antigo autarca recebeu subornos de 11,32 milhões de yuan entre 1999 e 2012, em troca da concessão de autorizações de construção ou transferências de emprego, disse o tribunal.

A corrupção é uma das princi-pais fontes de insatisfação popu-lar na China, a par da poluição e das crescentes desigualdades so-ciais, e é encarada pela liderança do PCC como a maior ameaça à sua credibilidade e permanência no poder.

Entre as dezenas de “tigres” presos nos últimos dois anos e meio figura um antigo chefe da Segurança, Zhou Yongkang, que chegou a fazer parte do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder na China.

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11 chinahoje macau sexta-feira 10.4.2015

Japão Cientistas criam teste mais rápido para detectar o Ébola

A universidade japonesa de Nagasaki divulgou ontem

que desenvolveu um método para detectar a presença do vírus do Ébola em cerca de 11 minutos, sendo mais rápido do que as técnicas actuais.

O novo método foi desen-volvido por uma equipa de cien-tistas do Instituto de Medicina Tropical daquela universidade, em parceria com a empresa japonesa Toshiba, permitindo aos médicos detectar mais ra-pidamente a doença e iniciar o tratamento nos pacientes.

Os investigadores reali-zaram uma prova do teste na Guiné-Conacri em Março, quando foi aplicado em 100 pessoas, segundo um comuni-cado da Toshiba.

O método emprega uma substância que amplifica so-mente os genes específicos do Ébola encontrados numa amostra de sangue ou outro fluido corporal.

Se o vírus está presente, a substância sofre uma reacção e turva o líquido, provocando uma confirmação visual do con-tágio em cerca de 11 minutos.

Este método será mais rá-pido do que o teste que se em-prega actualmente para detectar o Ébola, o RT-PCR, que leva entre duas e seis horas quando é feito por uma pessoa com os conhecimentos adequados.

Desde o início do surto de Ébola na África Ocidental, há mais de um ano, foram regis-tados cerca de 25 mil casos da doença, que provocou 10 mil mortes.

Trata-se da maior epidemia de Ébola desde que foi detecta-do em 1976, a 100 quilómetros do rio que deu o nome ao vírus, na República Democrática do Congo.

região

U MA cidade da província chinesa de Guangdong cancelou os planos para a construção de uma incine-

radora na sequência de uma onda de protestos, informou ontem o South China Morning Post.

Segundo o jornal de Hong Kong, o governo da cidade de Luoding anunciou a decisão na sua página na Internet, depois de milhares de residentes terem participado num protesto, esta terça-feira.

Pequim preservativos nas universidades

Protestos obrigam a cancelamento de incineradora

A bem da saúde públicaMilharesde manifestantes protestaram contra a instalaçãode uma incineradoraa menos de um quilómetrodas suas casas

“As pessoas estão irritadas com a escolhado local da incineradora porque está dentrode um raio de um quilómetro das suas casas”

Os incidentes começaram na segunda-feira, quando vários manifestantes organizaram uma iniciativa pacífica para mostrar a sua oposição ao projecto por causa dos problemas para o ambiente e pelos efeitos sobre os residentes que poderia causar.

Testemunhas afirmaram que apesar do carácter pacífico do acto, os manifestantes foram agredidos por mais de uma centena de homens vestidos de negro, armados com cassetetes e escudos.

Segundo as mesmas fontes,

O município de Pequim quer instalar máquinas de vender

preservativos nas universidades da cidade ainda este ano para tentar “reduzir o risco de propagação” da sida entre os estudantes, anunciou ontem a imprensa oficial.

“Já entramos em contacto com a comissão municipal de Educação e é virtualmente certo que chegaremos a um consenso sobre esta questão”, dis-se Xie Hui, director do departamento de controlo e prevenção de doenças da Comissão Municipal de Saúde e Planeamento Familiar.

O número de chineses dos 15 aos 24 anos contaminados com o vírus da sida quase duplicou entre 2008 e 2012 e na maioria dos casos, a infecção transmitiu-se através de relações homossexuais, indiciam

estatísticas oficiais. Em Pequim, nos primeiros dez meses do ano passado, registaram-se 2.932 novos casos de sida, mais 21,3% do que em igual período de 2013, entre os quais mais de cem estudantes.

No total, os casos de sida na capital chinesa atingiram 18.635 em Outubro passado.

“A infecção entre os jovens, incluindo estudantes universitários, aumentou nos últimos anos. As autoridades precisam de melhorar a informação e educação acerca da sida”, disse um médico chinês citado pelo China Daily.

Pequim ter cerca de um milhão de estudantes universitários, espa-lhados por mais de 70 instituições, correspondendo a 1% da população do município.

pelo menos mil residentes manifes-taram-se em frente a uma fábrica de cimento, propriedade da empresa à qual foi adjudicado o contrato de construção da incineradora.

A subir de tomPara protestar contra o recurso à violência por parte dos agentes, os moradores voltaram a realizar um protesto na terça-feira, desta feita munidos com pedras e garrafas de vidro.

Fontes governamentais indica-ram que apenas 400 pessoas parti-

ciparam no protesto de terça-feira e que o mesmo terminou sem registo de feridos, enquanto testemunhas falaram em pelo menos mil ma-nifestantes.

“As pessoas estão irritadas com a escolha do local da inci-neradora porque está dentro de um raio de um quilómetro das suas casas”, referiu ao jornal um jovem residente.

No passado fim de semana, mil pessoas também se manifestaram na Mongólia Interior contra uma fábrica química por causa dos efeitos tóxicos nas terras de cultivo.

Os agentes tentaram dispersar os manifestantes, recorrendo a ba-las de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, numa acção que resultou num morto e em cerca de uma centena de feridos.

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12 eventos hoje macau sexta-feira 10.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

uma FoRTuna peRigoSa • Ken FollettO verão anuncia-se quente e, numa tarde de maio, um jovem morre afogado numa pedreira inundada de água. O incidente ocorre em Windfield School, uma escola frequentada por rapazes oriundos de classes abastadas, permanece encoberto em mistério conduzindo a uma trágica saga de amor, poder e vingança que envolve sucessivas gerações de uma família de banqueiros. A história decorre entre a riqueza e a decadência de uma Inglaterra vitoriana, entre a City londrina e colónias distantes. O leitor acompanha a família Pilaster durante o período áureo do império britânico. Ken Follett inspirou-se num caso real de bancarrota ocorrido no século XIX para escrever este romance extraordinário.

1089 , o livRo peRdido daS oRigenS de poRTugal • emílio mirandaAno de 1089. Uma nação em formação ergue-se na bruma do tempo, movida pelo forte e leal braço do povo, pelo arrojo de senhores feudais e pela fé nos ditames da Igreja e dos seus ministros. Num velho mosteiro, são muitas e sinceras as preces, mas também as manobras pela conquista do poder nesse novo território.

Manga“Naruto” chega ao Venetian em forma de dança e teatro

A conhecida série ja-ponesa de Manga

“Naruto” vem a Macau. No palco do Venetian, de 22 a 24 de Maio, os fãs podem ver uma versão ao vivo da banda desenhada, que vai incluir dança, representação e teatro e acrobacias. O espectácu-lo – denominado “Live Spectacle Naruto” – junta 25 personagens em palco, onde se incluem Koudai Matsuoka, como a perso-nagem principal - Naruto Uzumaki -, Ryuji Sato, como Sasuke Uchiha, Yui Ito como Sakura Haruno e Kenta Suga como Gaara.

A banda desenhada “Naruto” começou a ser publicada em 1994, sendo escrita por Masashi Kishi-moto. Passou para séries televisivas de Anime atra-vés do Studio Pierrot e Aniplex em 2002, tendo também sido materiali-zada em filme, em 2004, com “Ninja Clash in The Land of Snow”. As séries Manga são distribuídas em mais de 35 países e regiões.

O espectáculo que acontece no próximo mês no Venetian baseia-se nos primeiros 27 volumes da banda desenhada e concentra-se principal-mente na vida de Naruto. Os bilhetes custam entre 280 a 1080 patacas e estão à venda a partir de hoje. O espectáculos estão marca-dos para as 20h00.

AndreiA SofiA [email protected]

Q UANdO sai de casa, mesmo para ir de férias, Nuno Flores leva consi-

go um objecto do qual não se separa nunca: o violino. desde há muito que este instrumento é o centro da vida do músico, que ajudou a fundar ‘Os Corvos’ e tocou com os ‘Quinta do Bill’, em Portugal. “O violino é o meu melhor amigo, nunca me separo dele, mesmo que vá de férias”, conta ao HM.

desta vez, Nuno Flores resolveu vir visitar Macau e, para não fugir à regra, trouxe o seu violino. Mas não vai tocar só para si. É amanhã que o concerto acontece no Centro de design de Macau, na Areia Preta, a partir das 19h30, com entrada gratuita.

“Não gosto de pôr rótulos nas coisase gosto que as coisas fluam. [o concerto] Vai ser com músicos convidadosde Macau e também faço o conviteaos músicos que queiram aparecer,que serão bem-vindos”

O Centro de design de Macau acolhe este sábado um “concerto surpresa” do violinista Nuno Flores, fundador do grupo Corvos e ex-Quinta do Bill. O público poderá assistir a uma interacção com músicos locais, onde o improviso será palavra de ordem

NuNo Flores ex-Quinta do Bill, em concerto este sáBado

“o violino é o meu melhor amigo”“Tudo começou com José

Manuel Simões, um amigo de longa data. Ele convidou-me a vir a Macau para conhecer, é a minha primeira vez aqui e estou a adorar. Como ele tem alguns conhecimentos, perguntei se havia a possi-bilidade de pôr os dedos em dia. Não gosto de ficar muito tempo sem tocar. Gosto imen-so de aprender com músicos locais e de diferentes culturas e o convite surgiu assim. Então o José Manuel Simões lembrou-se deste Centro de design de Macau era o local ideal para o concerto”, contou ao HM.

O “concerto surpresa” será isso mesmo: um lugar onde não há espaço para a rigidez de um alinhamento. “Não gosto de pôr rótulos nas coisas e gosto que as coisas fluam. Vai ser com músicos convidados de Macau e também faço o convite aos músicos que queiram aparecer, que serão bem-vindos”, conta. “Vamos deixar a energia fluir e o des-tino acontecer e, consoante o que estivermos a sentir no momento, tocamos. Não uso alinhamento no meu espectá-culo e nunca fiz isso, a não ser quando estava nas bandas, ‘Os Corvos’ ou ‘Quinta do Bill’. Tínhamos um alinhamento e os concertos eram todos iguais. Ao fim de um tempo a pessoa sente uma necessidade de viajar e de improvisar e deixar acontecer a magia”, acrescenta.

Actualmente, Nuno Flores dá espectáculos a solo, inti-tulados “Nuno Flores – The Crow Ibiza” (O Corvo Ibiza), lugar onde vive metade do ano.

ego dos músicos Apesar de estar neste mo-mento a solo, Nuno Flores não deixa de recordar os tempos em que esteve na banda ‘Os Corvos’. Não só já

não faz parte do grupo como assume ter “uma liberdade enorme”.

“Às vezes é bom seguir caminhos diferentes e con-

seguir ultrapassar algumas coisas. Numa banda há sem-pre muitos egos e os músicos têm sempre um ego enorme. Somos muitos narcisistas e

egocêntricos. Foi importante para mim ter perdoado situa-ções que aconteceram. Neste momento sou um corvo a solo”, revelou Nuno Flores, para quem “a música é uma linguagem universal”.

Sendo associado da GreenPeace, Nuno Flores é um adepto da mãe natureza e dos produtos naturais. Para lá da música com que preenche a sua vida profissional, o vio-linista não deixa de apelar às pessoas para que façam reci-clagem do lixo que produzem ou que plantem uma árvore.

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13 eventoshoje macau sexta-feira 10.4.2015

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A s comemorações dos 800 anos do Português, celebra-dos em 2014, chegaram a

Macau, no âmbito das actividades promovidas pela Associação Oito séculos de Língua Portuguesa, que organizou ontem uma palestra para alunos do ensino secundário. Perante uma audiência de alunos do 11.º ano da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Maria José Maya, presidente da associação criada em 2012 para promover o idioma, falou da importância e da história da Língua Portuguesa, da sua evolução a partir do latim e da influência do grego, até aos dias de hoje.

“É bom sabermos de onde a lín-gua vem mas é extraordinariamente importante perceber o momento em que estamos”, salientou, justificando o lema das comemorações, iniciadas a 5 de Maio de 2014, “A Língua Portuguesa é o som presente d’esse mar futuro”, emprestado de um verso de Fernando Pessoa.

Até 10 de Junho deste ano, a associação vai continuar a promover iniciativas em Por-tugal e noutros territórios com presença do idioma. Os 800 anos daquele que é considerado o primeiro documento escrito em português - o testamento de D. Afonso II, de 27 de Junho de 1214 - foram o mote para actividades de promoção da língua envolvendo

É o tema de mais uma festa dedicada ao indie/rock em Macau: “Walk

All Over You” promete tra-zer as sonoridades dos me-lhores hits da música indie e rock dos anos 60,70, 80 e 90. A acontecer na Live Mu-sic Association (LMA), na Avenida Coronel Mesquita em Macau, a festa organi-zada pelo conhecido grupo local Flipside apresenta aos fãs o DJ sérgio Rola e o DJ Devlar, dois residentes do território, e um convidado especial directamente de Portugal.

“Vamos trazer o DJ storyTellers”, começa por explicar ao HM um dos

organizadores, o também DJ, Devin Wilhelm. “A festa vai começar de forma mais eclética, com diversas sonoridades indie e rock, numa grande mistura.”

Progressivamente, noite dentro, a “Walk All Over You” vai trazer sons mais de-dicados ao estilo electrónico.

Esta é a segunda festa dedicada ao indie/rock organizada pelo Flipside e a decisão de levar a cabo mais uma noite semelhante deveu-se principalmente ao sucesso da primeira festa.

As portas abrem às 22h00 e os bilhetes para a festa custam 120 patacas com uma bebida incluída.

música Flipside organiza Festa hoje

Noite dedicada ao rock na LMA

português assinalados 800 anos na epm

Camões uniu-nosos vários países e regiões ligados à lusofonia, explicou Maria José Maya.

A associação juntou outra efe-méride a estas comemorações: os 400 anos da publicação da “Pere-grinação”, de Fernão Mendes Pinto, em 1614.

Foram várias, então, as activida-des já assinaladas, entre emissões filatélicas, lançamento de medalhas, exposições, colóquios e tertúlias, como a que decorreu ontem na EPM.

No final da sessão, Maria José Maya revelou uma carta que os alunos da Escola secundária Fernão Mendes Pinto escreveram para os alunos da EPM. “separam-nos oito horas mas une-nos Camões”, escreveram os estudantes do 12.º ano.

Ligações maraviLhosasFazendo referência ao uso de pau-zinhos, ao hábito de beber chá e à “maravilhosa simbiose entre a cultura portuguesa e chinesa” que acreditam existir em Macau, os alunos de Al-mada pediram, no fim, uma resposta

à sua carta.“Eles não sabem que apanhan-

do o transporte público, as para-gens são ditas em português. Podem contar-lhes, é uma maneira de construir pontes”, aconselhou Maria José Maya.

Em declarações à agên-cia Lusa, no final da sessão, a professora sublinhou o seu agrado com a presença

da Língua Portuguesa em Macau, onde não vinha desde

1999, não só em autocarros como em sinais na rua e nos

nomes dos estabelecimentos.

No entanto, admitiu que “na rua [o uso do português] é inferior ao esperado”, afirmando que gostaria de ver a língua “mais difundida”.

Ainda assim, elogiou o número elevado de instituições que oferecem cursos de português e sublinhou o interesse da associação em cooperar com Macau para actividades de pro-moção da língua.

“Vão continuar as parcerias e vão surgir novos projectos sempre com o objectivo de contribuir para promover a língua portuguesa - divulgação de autores, divulgação das culturas dos países de língua oficial portuguesa. Macau estará sempre inserido nestes projectos”, garantiu. - Lusa/hm

“É bom sabermosde onde a língua vem mas é extraordinariamente importante percebero momentoem que estamos”maria josé maya presidenteda associação oito séculosde língua portuguesa

nuno Flores ex-Quinta do Bill, em concerto este sáBado

“o violino é o meu melhor amigo”

A formação musical de Nuno Flores começou no Conservatório Nacional de Lisboa, no tempo em que o estudante de violino tinha de ler as longas e pesadas pautas que lhe deixam os músculos tensos e sem a possibilidade de improvisar como tanto gosta. Depois, Nuno estudou Musicologia na Universidade Nova de Lisboa, tendo feito parte da Orquestra sinfó-nica Juvenil, da Orquestra Metropolitana de Lisboa ou mesmo da Orquestra Calouste Gulbenkian.

Para além de fazer parte d’ ‘Os Corvos’ e ‘Quinta do Bill’, Nuno Flores colabo-rou com nomes como Rodri-go Leão, tendo participado no álbum “Mysterium”, com os UHF, Paulo Bragança ou Moonspell. Também já fez uma perninha como dj, tendo actuado com Pete Tha Zouk, Luís Leite ou Dj Vibe em várias discotecas em Lisboa.

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14 hoje macau sexta-feira 10.4.2015

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 10.4.2015

de tudo e de nada AnAbelA CAnAs

É uma palavra bonita e colorida como todas as que têm is. Mas tão breve que fica algo enorme em suspenso por tudo o que não é dito. Não é ir a, ou ir para. Ir, indo, uma expressão curiosa

da inércia da vida. Numa intensão contida, na melan-colia, no estoicismo, no receio de parecer demasiado optimista, mas sem querer adiantar razões para algum pessimismo que é etéreo, congénito ou circunstancial. É uma expressão fatalista mas sem demasiada intensi-dade. Aquela com que se diz: vou indo. Em resposta a um como estás, até porque muitas vezes retórico. Mas ir, indo, sem interpor obstáculos inúteis e ruidosos que tolhem os movimentos, é uma leve afirmação da sim-ples e fluida fruição do espaço e do tempo. Não inte-ressa como, não interessa porquê e não interessa onde. Ir simplesmente nessa vaga de líquida mansidão. É uma palavra pequeníssima mas que consegue conter em si a mais imensa possibilidade de nos levar longe. Deixa uma suspensão em que se poderia imaginar nunca an-tever o fim. Ou um propósito que seja mais do que ir, como fim em si.

Em Português as palavras ligadas à viagem, são cruamente destruidoras. Partir, abalar. Implicam, mais do que o acto de ir, o acto de romper com um lugar, uma situação, uma pessoa. Quebrar laços, agitar a tec-tónica existencial, própria ou de alguém. Ou Pior ainda, aquela outra que é brutal: arrancar. E que abre um outro imaginário de miúdos arremessados abruptamente para a guerra, princesas arrancadas à infância para ir casar longe e com príncipes desconhecidos…mas isso seria divergir na primeira encruzilhada.

Se pensar aqui, neste instante, onde fui nos últimos tempos, chego à estranha conclusão de que não fui. Ia dizer: a lado nenhum, mas corrigi a tempo de diferen-ciar aqueles muitos pequenos lugares aonde fui, dia após dia, e sabendo que fui ali, do ir, esse outro fenómeno subtilmente diferente. Não fui. Pelo menos não posso dizer de ter ido, indo. Excepto talvez uma vez. Em que fui levada não por mim, e fui sem pensar. E fui indo. E quando dizia que não fui, não posso deixar de reparar na confusão entre os dois verbos, neste seu tempo particu-lar, entre o ter ido e o ter sido. E certamente que todas as vezes nestes últimos tempos em que não fui indo, fui sendo um pouco menos. Daquelas em que fui, a algum lado, fazer algo e com alguma intensão, fui levada, muito

embora por mim, muitas vezes por razões, a montante, alheias a mim. Aqueles motivos assumidos como nossos, que preenchem uma vida de coisas e de acções que sen-do fruto directo da nossa vontade, fazem parte de uma cadeia complexa de causas e efeitos no final das quais estamos ligeiramente estranhos ao lugar em que fomos parar pala sucessão de opções feitas. São uma domes-ticação da outra vontade ou natureza mais verdadeira, mais preguiçosa talvez, mais egocêntrica, menos civi-lizada, menos social. Um enquadramento de princípios que vamos assumindo, numa teia de responsabilidades de compromissos, e interdependências, motivos extrín-secos que nos impedem de separar o móbil da acção de ir. E se para Descartes o movimento é um dos modos da matéria, sem qualquer outra natureza da ordem das finalidades, das forças ou outros princípios que geram a acção, a liberdade ontológica deveria permitir ao ser, deslocar a sua matéria pelo mundo, intelectualizado ou imaginado, independentemente de intensões.

Mas, esta ideia de ir, redundante e saborosamen-te prolongada na variante ir indo, está ligada também àquela outra de fazer as coisas com o tempo. Ao longo do tempo. Que é uma maneira de o dizer que logo em si parece prolongá-lo. Com todo o tempo, sem horários e limites estreitos. Está ligada talvez a um outro tempo de que sou eternamente nostálgica. Dividida e dividido o que tenho em fatias que dificilmente consigo esticar excepto à noite, à custa do sono. O ir, indo, é o luxo de

poder parar em qualquer sítio, e deixar derivar a partir daí todas as possibilidades que se insinuam, para além daquela que era a direcção inicial. A direcção, mas não necessariamente o sentido. Ou continuar serenamente até chegar a um ponto que se intuiu de início como o final do querer. Estarei a falar de uma certa forma de liberdade.

A primeira vez que viajei para mais longe, fi-lo sozi-nha e, com o gosto em que já se insinuava esta minha idiossincrasia, sem planos. Com um mapa da Europa. E deliciosamente sem planos.

Dantes, quando entrava no carro do meu pai, para alguma viagem, eu descalçava os sapatos, encostava a cabeça, e dormitava. Quando entrava em qualquer car-ro, eu descalçava os sapatos e dormitava. Em qualquer bar em qualquer sítio do mundo, eu encostava a cabeça à mesa e dormitava. Era uma certa forma de me deixar embalar. Em sonhos vagos. Com planadores e barcos à vela. Uma outra forma de ir. Indo. Pequenina, em janta-res de família, eu encontrava um canto para me enroscar e dormitava embalada pelo ruído animado deles todos. Ali mesmo. Uma espécie de vizinhança, tornada abstra-ta pelo simples fechar dos olhos e deixar-me levar por aquele torpor, que não chegava a ser o sono.

Parece que passei uma vida a dormitar mas não é bem assim. É talvez o facto excessivo de ter tido sempre um olhar escancarado para tudo, que me fazia ter essa vontade de abandono. Tenho saudades. Hoje sou sem-pre eu quem conduz o meu carro. Mas é também por isso que de vez em quando, gosto de conduzir pela noite fora sem destino. Só para ir, não a um lugar determi-nado, mas determinada na intenção de ir simplesmente indo, sem ser a lugar nenhum. Rolar simplesmente em estradas amplas, de preferência ligeiramente estranhas, escolhidas por isso e por uma certa fantasmagoria. Fora de sítios, para não tropeçar no quotidiano. Ou então caminhar, mas não é tão inócuo de sensações, nem tão distanciado. E nesse ir, não acontecer nada, não deixar marcas, não registar impressões, sentindo só o travo cal-mo da inquietação, da melancolia, e um laivo de eterni-dade fora do tempo. É uma pequena parcela de intoxica-ção de felicidade, que como diz Joseph Conrad no Lord Jim, só depende da minha vontade: “The flavour is with you- with you alone, and you can make it as intoxica-ting as you please.”

Ir

Hoje sou sempre eu quem conduz o meu carro. mas é também por isso que de vez em quando, gosto de conduzir pela noite fora sem destino. só para ir, não a um lugar determinado, mas determinada na intenção de ir simplesmente indo, sem ser a lugar nenHum

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16 hoje macau sexta-feira 10.4.2015h

A 10 de Abril de 1586, por carta do Vice-rei da Índia D. Duarte de Menezes, Conde de Tarouca, foi confirmada a Macau a deno-

minação de “Cidade do nome de Deus na China”.

Macau, quando os portugueses aqui chegaram tinha como nome Haojing (Es-pelho da Vieira) devido à existência abun-dante deste bivalve nas suas águas. Situada numa península a Sul da grande Ilha dos Montes Odoríficos (Xiangshan), onde es-tava integrada desde 1152, os chineses já aqui viviam pelo menos desde o início da dinastia Yuan (1279-1386).

Em 1553, os mercadores portugueses entraram nesta península com menos de 4 km² e colocaram as suas mercadorias a se-car. Não era a primeira vez, pois já tinham vindo em 1535, quando aqui existia uma alfândega. Nesse ano de 1553 só puderam erguer abrigos temporários, tendo encon-trado na zona de Mong Ha uma grande al-deia cujos residentes eram agricultores e na Barra, o Templo de A-Má, construído em 1488, em torno do qual vivia uma comuni-dade de pescadores. Sem grandes certezas, entre ambas existiria também uma terceira aldeia, a do Patane.

Em 1542 os portugueses chegaram aci-dentalmente ao Cabo Kadokura, na ilha de Tanegashima e como foram bem acolhidos, começaram as viagens regulares ao Japão, inicialmente feitas pelos alevantados por-tugueses. Foi então que, ao redor de Can-tão, as ilhas de Sanchão (Shanghuan) e Lampacau ganharam um imenso movimen-to e em 1543, quinhentos portugueses aí negociavam com os chineses sedas, chá e porcelanas, a troco de prata.

Era a loucura! Os lucros das viagens ao Japão eram fabulosos e os portugueses precisavam de bases mais a Norte. Então, conjugando interesses com os comercian-tes chineses e pela permissividade dos governantes das províncias de Fuquiam e de Zhejiang, foi possível aos portugueses criarem povoações em Chincheu e Liam-po. Mas em 1548-49 também esses tempo-rários estabelecimentos, por não terem a permissão do Imperador, foram destruídos.

Como os barcos portugueses estavam proibidos de entrar no continente chinês, apenas tacitamente lhes era permitido construir cabanas provisórias nas ilhas de Sanchoão e Lampacau, para continuarem a servir de base ao comércio e esperarem pelos chineses, que vinham de Cantão ne-gociar as sedas por prata.

Em 1553, os mercadores portugueses aportaram em Haojing, a pretexto de te-rem os seus barcos danificados pela tem-pestade e pediram alguma terra emprestada para secarem as mercadorias tributárias, o que foi autorizado a Leonel de Sousa pelo

FAZ HOJE 429 ANOSQUE MACAU É CIDADE

haidao Wan Bo (subintendente dos Assun-tos de Defesa Costeira). Essa autorização de estadia temporária em cabanas de col-mo, que depois deviam ser destruídas, ser-viu para os portugueses aí permanecerem e trazendo materiais de construção, como tijolos e madeira, começaram a erguer ca-sas com um carácter definitivo. Tal ocor-reu entre 1553 e 1557, durante o mandato do mandarim Wang Bo (Wang Bai) como haidao. Assim o início do estabelecimento oficial e fixação portuguesa em Macau.

Segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang, em Revisitar os Primórdios de Macau, hou-ve dois superiores motivos que levaram ao assentamento dos portugueses em Macau. O primeiro, o reconhecimento por parte das autoridades chinesas da superioridade bélica portuguesa e o aproveitar as esqua-dras bem equipadas destes para guardar dos piratas japoneses a sua costa, em vez de reconstruir de novo uma armada, extin-ta após das viagens de Zheng He, o que ficaria extremamente caro e não havia di-nheiro para tal.

O segundo motivo foi a falta do âmbar cinzento trazido pelas antigas embaixadas tributárias dos países vizinhos, mas que ago-ra escasseava. Os portugueses conseguiam esse produto e de uma qualidade muito superior ao arranjado por vezes pelos man-darins. Assim, “a partir de 1555 as repetidas ordens de procura do âmbar cinzento dadas por Pequim” levaram a que as autoridades de Guangdong já deixassem “os portugueses estar à vontade em terra e os palhais que es-tes construíam passaram a casas.”

Os primeirOs habitantes

Em 1553, os portugueses viviam a bordo dos seus barcos, mas logo a seguir cons-truíram algumas barracas, destruídas após o período comercial que coincidia com o início e o fim das monções e ao terminar as feiras eram daí expulsos, como refere o Revisitar os Primórdios de Macau.

Numa carta de 20 de Novembro de 1555, Fernão Mendes Pinto faz a primeira referência a Amagau, sendo nesse ano que aí os portugueses começaram a habitar per-manentemente.

Estes, marinheiros e comerciantes, che-gavam a Macau vindo de barco e aqui pas-savam uma temporada esperando tanto a abertura da feira da seda de Cantão, como para seguir viagem para o Japão e depois via Malaca, em direcção à Índia e Lisboa. Perante as fortunas conseguidas pelo tra-to, muitos já com longos anos de viagens, com a permissão de aí se estabelecerem, ficaram e daqui controlavam os seus ne-gócios. Por isso, investiram na construção de boas casas e tinham mulheres chinesas escravizadas, segundo Ye Quan, um le-

trado chinês que em 1565 visitou Macau. [Revisitar...] Esse chinês foi quem deixou registadas as primeiras observações sobre a vida de Macau e conta: “Dos bárbaros há quem tenha 5 ou 6 crianças (compradas a pessoas que as furtam da China) e uma de-zena de meninas”...”não são menos de mi-lhares os homens e as mulheres, criados e concubinas dos bárbaros, todos de famílias chinesas honradas. Isto é tão odioso como lamentável.” Os portugueses também trou-xeram mulheres de Malaca e da Índia com quem viviam amancebados.

Apenas em 1557 e devido ao desejo dos mercadores portugueses contarem com um lugar permanente para esperarem a abertu-ra da época de comerciar no porto de Can-tão, lhes foi permitido construir habitações permanentes, começando assim a forma-ção de uma povoação definitiva.

Dos iniciais habitantes de Macau en-contra-se Pedro Velho, a quem em 1552 o Padre Francisco Xavier predissera a data da sua morte. Também o espanhol Pedro Quintei-ro foi um dos primeiros e dos mais importantes residentes e viveu para cima de quatro dezenas de anos. A sua casa, uma das melhores na altura, foi onde os jesuítas se hospedaram até 1562. Aqui faleceu em 1593, já septuagenário. [Revisi-tar...]

Como refere Fernan-do Correia de Oliveira em “500 Anos de Contactos Luso-Chineses” ao citar Jorge Manuel dos Santos Alves, os primeiros habi-tantes de Macau foram para além dos chineses já referidos atrás, que aqui viviam muito antes da chegada dos portugueses entre a colina de A-Má e a Barra, outros como um grupo de chineses mer-cadores e financeiros que ligados aos portugueses e aos luso-asiáticos, co-merciantes aventureiros, em Macau começaram a talhar uma nova cidade. E à medida que esta cres-cia, os chineses relacio-nados com os negócios e também outros que eram informadores dos manda-rins, foram também ten-do por isso uma posição de notáveis no campo social e político da ci-

dade. Já os reinóis que aqui chegavam na Nau da Prata, como também era chamada a Nau do Trato, apenas se interessavam pelos negócios e tão rapidamente vinham, como partiam, sem nenhum interesse pelos ma-caenses, aqueles que se instalaram a viver e a constituir família em Macau.

No ano de 1557, Gregório Gonçalves que foi o primeiro Vigário de Macau, aqui construiu uma igreja e ficou a residir inin-terruptamente até 1569. No seu diário, fez uma descrição sobre os primeiros anos de Macau: “Em 1556, chegaram notícias a di-zer que os chineses concordaram em me-lhorar as relações com os portugueses e fui enviado para lá (Macau). No primeiro ano estive lá com sete cristãos. No segundo ano lá permaneci com setenta e cinco cristãos e fomos presos por estadia ilegal. Postos em liberdade no ano seguinte, começámos a construir casas e uma igreja.”

Leonel de Sousa foi o primeiro dos ca-pitães-mor de Macau, quando por duas ve-

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 10.4.2015

José simões morais

zes aqui esteve com a nau ancorada, entre Julho de 1557 até chegar a monção, em Ju-nho do ano seguinte. Como Capitão-mor da viagem da Nau do Trato era o represen-tante do rei e do Vice-rei ou governador da Índia Portuguesa, quando nos meses de monção esperava para seguir viagem. Nos tempos em que se encontrava fora, era Ma-cau governada por um conselho esponta-neamente formado pelos habitantes mais importantes.

Segundo Eduardo Ribeiro, Luís de Ca-mões esteve em Macau em 1562 vindo na Nau do Trato desde Goa e aqui escreveu um dos cantos dos Lusíadas, enquanto exercia o cargo judicial de Provedor-mor dos defuntos e ausentes.

C. R. Boxer refere uma carta do jesuí-ta italiano Padre João Baptista do Monte que diz: “Chegamos a este porto aos 23 de Agosto (1563) dia de S. Bertholameu, fomos recebidos e agasalhados em casa de um amigo da Companhia o qual se chama Guilherme Pereira, por virmos em compa-nhia de seu irmão Diogo Pereira da Índia para esta terra, o qual vinha por Capitão--mor dos portugueses que estão neste por-to, como também por trazer carta de Em-baixador do Vice-rei para o Rei da China.” Diogo Pereira, fidalgo muito rico e gran-de amigo de S. Francisco Xavier, chegou

a Macau enviado pelo Vice-Rei, Conde de Redondo, para organizar a povoação. Como Capitão de Terra, veio para gover-nar a povoação por dois ano, em lugar dos Capitães-mores de Macau, para que não acontecessem semelhantes desordens como as que ocorridas a Fernão Peres de Andrade, pelas quais o Embaixador foi pre-so em Cantão. Exerceu o cargo de 1563 até 1587, tal era a popularidade e a confiança que gozava, mal grado o decreto real de 1563 que abolia esse posto. Contava Ma-cau já 800 moradores portugueses.

Segundo os historiadores Jin Guo Ping, Wu Zhiliang: “Em 1564, Tang Kekuan ge-neral cantonense vem a Macau pedir ajuda militar portuguesa para reprimir o motim dos marinheiros de Zhelin.” Segundo Bea-triz Basto da Silva, em Abril, por “ques-tões de salário fizeram amotinar as tropas em Zhelin e estas, unidas a traficantes de sal e piratas de Hainan, moveram corso no litoral e saque a Cantão. A resolução de tão grave perturbação coube à conjugação de esforços das autoridades militares de Guangdong e à artilharia naval dos portu-gueses de Macau. A vitória foi alcançada a 7 de Outubro seguinte. Acontecimento que implicitamente outorgou a posse de Macau aos portugueses, já que nenhum documen-to (chapa imperial) regista um tratado para

conceder a posse”.Quando o Bispo do

Japão e China, Melchior Carneiro chegou a Ma-cau em Junho de 1568, fi-xou residência e criou um hospital para leprosos e nesse mesmo ano a Santa Casa da Misericórdia.

O Padre Gregório Gonzales, no seu diário refere que “em doze anos (até 1568), Macau trans-formou-se numa enorme povoação, com três igre-jas, um hospital para os pobres e uma casa de ca-ridade. Ao todo são cinco mil cristãos.” Em 1564, no seu memorial ao Impera-dor, o mandarim Pang Shangpeng, corrobora este padre: “Nos últimos anos, os portugueses têm vindo a estabelecer-se em Haojingao (...) e agora já estão construídas mais de mil casas.” Foi a par-tir deste memorial que, paralelamente ao nome “Haojingao,” passou a constar um outro nome para referir Macau: o de “Ao Men (“Ou Mun” em cantonense).”

“Os chineses apenas podiam permanecer du-rante o dia no território de Macau, devendo re-gressar às terras de ori-gem ao anoitecer.”

“Em 1572-73 os re-

presentantes de Macau vão a Cantão en-contrar-se com o Hai-Tau da cidade, en-carregue das relações com os portugueses, para lhe entregarem 500 táeis de prata, que era o saguate (tradicional presente de cor-tesia que todos os anos era oferecido a títu-lo pessoal, como sendo a peita do Haitao. Como quando lho entregaram o Hai-Tau se encontrava acompanhado por outros mandarins, este explicou-lhes tratar-se do pagamento do foro dos moradores de Ma-cau, destinado ao tesouro do imperador.” Informação de Carlos Estorninho. Este foro de maior ou menor montante pago desde 1573, continuou até 1849.

“Guo Fei afirmou que na cidade havia uma avenida encruzilhada cujas ruas con-duziam a quatro direcções, ladeadas por grades e com os nomes dessas mesmas direcções; as casas que ficavam dos lados esquerdo e direito tinham dez números de porta, tirados com vinte caracteres do li-vro de Luao. Tratava-se na verdade de duas artérias que se cortavam ortogonalmente, onde ficaram inicialmente só estrangeiros: as Ruas Wèi, Wéi, Huai e De. Mais tarde, também se estabeleceram chineses, come-çando esses comerciantes a ocupar o lado direito da Rua De, e espalhando-se depois para a Rua Huai; Braga chamou-lhe Aveni-da da Cruz. A construção destas ruas deve ter ficado terminada na sua primeira fase em 1581, segundo uma informação do go-vernador Che de Cantão; esta cronologia é aceite por Beatriz Basto da Silva, que não parece ter dúvida quanto à existência desta espécie de bairro em 1573.” Pedro Dias em Urbanização de Macau

Sobre as Portas do Cerco construídas pelos chineses Montalto de Jesus diz: “No istmo, entre a península da Macau e o con-tinente, os chineses construíram então um muro-barreira com um portão, onde um mandarim e uma esquadra de soldados im-pediam aos estrangeiros a passagem para o continente, exceptuando aqueles a quem o mandarim fornecera um passaporte. A bar-reira foi construída, em 1573, claramente como uma delimitação de fronteira, mas servia também para controlar o aprovisio-namento da colónia, embora o objectivo declarado fosse apenas o de evitar a incur-são dos negros fugitivos de Macau. O por-tão-barreira, conhecido pelos portugueses como Porta do Cerco, era aberto periodi-camente para abastecer a colónia de pro-visões, numa feira, celebrada num espaço cercado para além da barreira, após a qual esse portão era fechado e selado com seis papéis carimbados. Sobre o portão havia uma inscrição chinesa: Temei a nossa gran-deza e respeitai a nossa virtude”...”A feira era, a princípio, celebrada de cinco em cin-co dias, periodicidade depois alargada para de quinze em quinze. O resultado desta alteração não prevista foi a escassez de co-mida, em consequência da qual os pobres de Macau morreram de fome.”

Segundo estudos do Padre Manuel Tei-xeira, a criação da Diocese de Macau ocor-reu a 23 de Janeiro de 1576, tendo o Papa Gregório XIII, pela bula Super specula mi-litantis ecclesiae, erigido o bispado portu-

guês de Macau, com jurisdição em toda a China, Japão, Coreia e ilhas adjacentes.

Em 1582 ocorreu um episódio que criou uma certa angústia pois parecia ser mais rá-pida a saída dos portugueses de Macau, do que os padres conseguirem missionar na China. Um novo mandarim veio substituir o anterior Vice-rei de Cantão, que tinha a administração também de Macau e este acusava os portugueses de terem tribunais na terra, que estava sobre a alçada do im-perador. Também condenava a permanên-cia aqui de estrangeiros, cafres e japoneses, que não eram queridos pelos chineses. O Vice-rei ordenou que o Capitão de Macau e o Bispo fossem a Zhaoqing, onde vivia, mas estes foram substituídos pelo Ouvidor e no lado do clérigo por dois italianos, Mi-chele Ruggieri e Francesco Pacio. A dele-gação levou presentes como sedas e cristais que o Vice-Rei pagou para mostrar que as ofertas não eram suborno. Graças a este presente que muito agradou o Vice-rei, os portugueses passaram a ter uma permanên-cia em Macau com uma maior aprovação chinesa e os padres a possibilidade de po-der viver na China. Mas segundo os his-toriadores Jin Guo Ping, Wu Zhiliang “a tomada da atitude de Chen Rui em relação aos portugueses no qual diz respeito à sua residência em Macau, consentida e tolera-da até essa altura, não teria sido uma ca-sualidade, muito menos um acto pessoal, fazia parte da política fronteiriça chinesa a nível nacional, um passo estratégico deci-dido e traçado por Pequim. A solução do problema de Macau era muito benéfico a vários títulos: além de evitar uma possível interligação entre os portugueses e os pi-ratas, poderia requisitar o serviço militar dos portugueses no combate aos piratas. A acomodação dos portugueses era a solução do problema da pirataria de Cantão, que há muito tempo andava a dar dores de cabeça à Corte de Pequim.”

Em 18 de Dezembro de 1582 a cidade prestou juramento de fidelidade a Filipe II de Espanha mas, como a China não per-mitia que os espanhóis aqui exercessem a sua autoridade, Macau continuou com a bandeira portuguesa e nunca a substituiu. Também por isso, em 1583 foi fundado o Senado para a governar.

“Em 1584 o imperador da China inves-tiu o procurador de Macau num mandari-nato de segundo grau com jurisdição sumá-ria sobre os chineses em Macau.” Montalto de Jesus. Este ‘olho dos bárbaros’, como os mandarins lhe chamavam, em casos im-portantes era substituído pelo prefeito de Xiangshan.

Assim a 10 de Abril de 1586, por carta do Vice-rei da Índia D. Duarte de Menezes, Conde de Tarouca, foi confirmada a Macau a denominação de “Cidade do nome de Deus na China”, dando-se-lhe juntamen-te os mesmos privilégios que tinham sido concedidos à de Santa Cruz de Cochim, que eram os de Évora. Nesta mesma data o Vice-Rei Dom Duarte de Meneses passou um alvará, dando poderes e faculdades ao Senado (Câmara de Macau), para prover os seus oficiais por triénios.

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18 publicidade hoje macau sexta-feira 10.4.2015

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19desportohoje macau sexta-feira 10.4.2015

Governo da Região Administrativa Especial de MacauServiços de Saúde

AvisoPara a comemoração do Dia Internacional do Enfermeiro 2015, a Comissão Organizadora dos Serviços de Saúde da RAEM, tem a honra de convidar todos os enfermeiros, alunos de enfermagem e enfermeiros reformados do território para o jantar de comemoração que se realizará no dia 8 de Maio, pelas 19:00H, no Restaurante “Plaza”.Contamos com a vossa presença.

Local: Restaurante “Plaza”Data: 08/05/2015 (6a Feira)Hora: 19:00 (a partir das 15 horas a sala estará disponível para convívio).

Programa: Jantar, sorteio, espectáculo de variedades, atribuição de prémio para os enfermeiros com 20 e 30 anos de serviço em prol do território

Prazo de inscrição: até o dia 15/04/2015 (A validade da inscrição esgota-se com o preenchimento dos lugares disponíveis)

Inscrição e Contactos: - Inscrevem os enfermeiros, de Serviços de Saúde, Hospital Kiang

Wu, Hospital Universitário de Ciência e Tecnologia de Macau e Instituto Politécnico de Macau, nas instituições pertencentes.

- Outros e-mail [email protected] - Enfermeiro reformado Cristina Boyol Tel: 66893054

Serviços de SaúdeComissão Organizadora do Dia Internacional do Enfermeiro

Macau, 27 de Março de 2015

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Sérgio FonSeca [email protected]

A Federação Inter-nacional do Au-tomóvel (FIA) anunciou no pas-

sado dia 20 de Março que o Circuito da Guia irá receber a primeira Taça do Mundo FIA de GT. Esta decisão do Conselho Mundial da FIA caiu com alguma surpresa, mas foi considerada bem--vinda por alguns.

“Excelente notícia, é a melhor corrida de GT do mundo”, escreveu na rede social Twitter Maro Engel, o vencedor do ano passado da Taça GT Macau, corrida que se deverá este ano adaptar a uma nova realidade.

Desde 2013 que a FIA tem intenções de realizar uma Taça do Mundo para viaturas de Grande Turismo, um evento singular em que pilotos de topo de vários cam-peonatos de GT se pudessem reunir sob um regulamento comum e enfrentar num só evento. Stéphane Ratel, ex--organizador do FIA-GT e das séries Blancpain GT, foi o primeiro a oferecer-se para organizar o evento.

“Disse à FIA que estava interessado em organizar, mas seria vital encontrar uma localização capaz de disponibilizar o financia-

GT Primeira Taça Fia do mundo vai ser em macau

Subida de estatuto

“Obviamente que são boas notícias para o território, pois assim a prova vai beneficiar de prestígio internacional. Contudo, para os pilotos de Macau fica tudo mais complicado, porque correr com um GT3 minimamente competitivo requer um orçamento só disponível com apoios fortes”Rodolfo Ávila Piloto

mento para reunir um plantel realmente global”, disse o empresário suíço.

O ex-piloto espanhol Jesus Pareja e promotor do campeonato europeu Inter-national GT Open, também mostrou interesse na altura: “a Taça do Mundo será um grande sucesso, logo que seja independente de qual-quer campeonato”, disse.

Baku, a capital do Azer-baijão, e o seu circuito citadi-no chegaram a ser apontadas para receber o evento, mas a ex-república soviética optou por organizar um Grande Prémio de Fórmula 1 em vez disso. No final do ano passado, no Conselho Mun-dial em Doha, a FIA voltou a relançar a ideia, mas faltava finalmente encontrar um promotor à altura, financeira

e desportivamente capaz de colocar o projecto de pé.

Depois de seis anos a pontuar para o campeonato GT Asia Series, este ano a competição asiática já confir-mou que a prova de final de ano na RAEM não marcará pontos e ainda é desconhe-cido quantos pilotos do GT Asia Series serão convidados para o evento este ano.

Segundo a resolução da FIA, a corrida será aberta a viaturas com homologação GT3, o que poderá significar o expectável fim das viaturas ex-troféu monomarca (clas-se GTM) na Taça GT Macau.

“Obviamente que são boas notícias para o terri-tório, pois assim a prova vai beneficiar de prestígio internacional. Contudo, para os pilotos de Macau fica tudo

mais complicado, porque correr com um GT3 minima-mente competitivo requer um orçamento só disponível com apoios fortes”, explicou Rodolfo Ávila, piloto de Macau quarto classificado da edição 2012, ao HM.

A Comissão do Grande Prémio de Macau não comen-tou publicamente esta notícia e a FIA prometeu divulgar mais informação mais tarde.

programa definidoNa última reunião da Co-missão do Grande Prémio de Macau foi apresentado o programa da edição deste ano que inclui um total de sete provas, duas das quais com o título de Grande Prémio, nomeadamente o Grande Prémio de Macau Fórmula 3 – Taça Intercontinental da FIA e o 49º Grande Prémio de Motos de Macau, duas corridas principais de carros, a Corrida da Guia e a Taça GT Macau, e ainda as três corridas de apoio: a Taça de Carros de Turismo de Macau, Macau Road Sport Challenge e uma outra corrida comer-cial a anunciar. Entretanto, a Corrida da Guia foi registada no calendário internacional da FIA como “Corrida da Guia 2.0 Turbo”. O 62º Grande Prémio de Macau será realizado entre 19 e 22 de Novembro.

Liga BBVA Cartão amarelo a Cristiano Ronaldo gera polémicao cartão amarelo que cristiano ronaldo levou por alegada simulação está a gerar muita controvérsia na imprensa espanhola. depois da forte reacção por parte do treinador carlo ancelotti e dos jogadores «merengues», que não têm dúvidas que foi penalty, a imprensa espanhola divide-se, com a de madrid a defender que o árbitro errou ao mostrar o cartão amarelo, visto que o defesa contrário derrubou o goleador português. a imprensa catalã já não tem as mesmas dúvidas que o jogador português decidiu «mergulhar» na área. resta saber se o real madrid irá ou não recorrer do cartão amarelo, que impede a presença de cr7 na próxima partida.

Premier League Chelsea apresenta proposta por jovem japonês chelsea apresentou uma proposta pelo jovem avançado japonês Yoshinori muto, do Fc Tóquio, confirmou o clube esta quinta-feira. «É verdade que recebemos uma proposta oficial do chelsea por muto, mas nada está ainda decidido», confirmou o dirigente do emblema japonês, naoki ogane, à imprensa japonesa. segundo avança o sports nippon, o clube de José mourinho apresentou uma proposta que ronda os 5,5 milhões de euros pelo passe do jogador de 22 anos. «sinto-me bastante orgulhoso por esta oferta do chelsea, uma equipa magnífica, mas não há ainda qualquer decisão tomada», disse o avançado o internacional japonês. muto, que se estreou como profissional em 2014 e no qual marcou 13 golos em 33 jogos no campeonato japonês, já leva três tentos em quatro partidas disputadas nesta época.

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20 (F)utilidades hoje macau sexta-feira 10.4.2015

tempo períodos de chuva min 15 max 18 hum 80-98% • euro 8.5 baht 0.2 yuan 1.2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

O que fazer esta semana

Aconteceu Hoje 10 de abril

Hoje “Walk all Over YOu”, festa de indie/rOCk

live Music association, 22h00

Bilhetes a 120 patacas com uma bebida incluída

sOHO fridaY nigHts

City of dreams, soho

Bilhetes a 150 patacas com buffet incluído

amanhãbaile de MasCaradOs da assOCiaçãO

dOs MaCaenses

Jardim de infância d. José da Costa nunes, 18h30

Bilhetes entre as 150 e as 250 patacas

diariamente expOsiçãO de fOtOgrafia de erWin Olaf

(até 8 de MaiO)

Casa garden

entrada livre

expOsiçãO “landfall”, de eriC fOk (até 25 abril)

art for all

entrada livre

expOsiçãO “HOMenageM a Mestres inspiradOres”

(até 10 de MaiO)

armazém do boi

entrada livre

expOsiçãO “valquíria”, de JOana vasCOnCelOs

(até 31 de OutubrO)

MgM Macau, grande praça

entrada livreSe escutarmos com atenção ouviremos as vibrações mais ínfimas da matéria. Para distrair das ensurdecedoras da mente.

o titanic parte de Southampton com destino a nova Iorque• O Titanic deixa o porto de Southampton (Inglaterra), rumo a Nova Iorque (EUA), a 10 de Abril de 1912, numa viagem que terminaria quatro dias depois, com um choque num iceberg. Assim se resume o naufrágio do histórico navio, o inafundável Titanic, que tinha no comando o Capitão edward J. smith. O gigante dos mares – o maior navio de passageiros de então –, embate num iceberg, o que determina o naufrá-gio e a morte de 1523 pessoas, de um total de 2240 que seguiam a bordo.Na madrugada de 14 para 15 de Abril de 1912, afunda-se no Oceano Atlântico, quatro dias depois da partida. A 10 de Abril assinala-se o início da única viagem do Titanic.Outros factos se assinalam, no dia em que o Titanic partiu de Southampton. Mais de mil anos antes, em 847, é eleito o Papa Leão IV e em 1808, Napoleão oferece a coroa espanhola ao seu irmão, José.Já no ano de 1815, neste dia, dá-se a maior erupção vul-cânica registada até a actualidade, no Monte Tambora, na Indonésia. Mais de 100 mil pessoas morrem.A 10 de Abril de 1970, os fãs dos Beatles ouvem Paul McCartney anunciar o fim dos ‘quatro de Liverpool’, durante uma entrevista. era o fim da mítica banda britânica.e também neste dia, mas em 2010, um acidente com um Tupolev da Força Aérea Polaca mata 96 pessoas que seguiam a bordo. Entre as vítimas, o presidente polaco, Lech Kaczycski e Miron Chodakowski, arcebispo da Igreja Ortodoxa da Polónia.Nasceram neste dia Jaime V da Escócia (1512), Samuel Hahnemann, físico alemão (1755), Jean Lannes, marechal francês (1769), Mohammed Nadir Shah, rei do Afeganistão (1880), Cornell Capa, fotógrafo norte-americano (1918), Omar Sharif, actor egípcio (1932), Eddie Hazel, músico norte-americano (1950), e Steven Seagal, actor norte--americano (1951).

O mais recente álbum do cantor e compositor norte-americano debruça-se mais sobre um estilo acústico. “Rise” é a primeira canção, que dá início ao álbum e nos “levanta” – mesmo - o espírito. Segue-se “Love Someo-ne”, que é também a música mais popular. no total, “Yes!” contém 14 canções. e “Yes!” dá-nos o mote para acreditarmos nas energias positivas que precisamos na nossa vida. - Flora Fong

“YeS!”(jASon MrAz, 2014)

U m d i S C O h O j e

Sala 1faSt and furiouS 7 [c]filme de: Jame WanCom: paul Walker, vin diesel, dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]filme de: Jame WanCom: paul Walker, vin diesel, dwayne Johnson19.15

Sala 2two thumbS up [c]Filme de: Lau Ho-IeungCom: Francis Ng, Simon Yam, leo ku, patrick tam, Cheng Ho-nam14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 3Sponge bob movie: Sponge out of the water [a]faladO eM CantOnêsfilme de: paul tibbitt16.00

Sponge bob movie: Sponge out of the water [3d] [a]faladO eM CantOnêsfilme de: paul tibbitt21.30

home [a]faladO eM CantOnêsfilme de: tim Johnson14.15, 17.45, 19.30

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21opiniãohoje macau sexta-feira 10.4.2015

As perguntas feitas pelos deputados aos responsáveis governamentais, assim como os esclarecimentos por estes apresentados, parecem conversas pré-preparadas em que as mesmas questões são colocadas inúmeras vezes, enquanto que as respostas são monótonas e pouco elucidativas

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertopaul chan wai chi*

“Uma Faixa, Uma Estrada” da RAEM

O debate anual sobre as Linhas de Acção Governativa sobre cinco das áreas de governa-ção já teve início e vai de-correr até ao dia 17 de Abril. Para além dos jornalistas que se dedicam à cobertura deste evento, desconfio que poucos cidadãos de Macau cheguem a prestar atenção

à totalidade dos temas em discussão, tendo em conta que o mencionado debate acaba por ser mais uma sessão de esclarecimento sobre questões administrativas, incluindo uma fase para esclarecer as dúvidas dos participantes assim como uma oportunidade para levantar objecções, do que um debate propriamente dito. As perguntas feitas pelos deputados aos responsáveis governamentais, assim como os esclarecimentos por estes apresentados, parecem conversas pré-preparadas em que as mesmas questões são colocadas inúmeras vezes, enquanto que as respostas são monó-tonas e pouco elucidativas. Torna-se assim uma perda de tempo escutar ao processo em directo, sendo então mais proveitoso ler a cobertura dos jornais no dia seguinte.

A administração de Macau vai permanecer inalterada desde que tenha rendimentos estáveis e suficientes para enfrentar os problemas que o futuro acarretar. Mas no caso dessas dificul-dades se concretizarem, as perguntas dirigidas pelos deputados não conseguiram extrair dos nossos governantes propostas adequadas para resolver as dificuldades que a sociedade en-frenta no presente. Isto porque estas mesmas intervenções já foram apresentadas por diversas vezes no passado, ora por via oral assim como recorrendo a interpelações escritas, sem no entanto apresentarem nada de novo no que toca ao seu conteúdo. Mesmo assim, não é comum

surgirem críticas dirigidas especificamente à fraca qualidade da administração deste Gover-no. Em vez disso, tanto os deputados como os dirigentes públicos parecem mais focados em drenar as energias uns dos outros por via deste exercício público.

É assim caso para perguntar qual é o futuro para o qual Macau se está a dirigir? Na verdade, esse caminho encontra-se de-terminado pela política “Uma Faixa, Uma Estrada” do Governo Central.

O conceito “Uma Faixa, Uma Estrada”, proposto pelo Presidente Xi Jinping em 2013, é uma política chinesa para organizar o desenvol-vimento económico multinacional para o século XXI através do “Silk Road Economic Belt”

(SREB) em áreas terrestres e o “Maritime Silk Road” para as regiões marítimas. A iniciativa visa facilitar o desenvolvimento da China em conjunto com as suas regiões vizinhas debaixo de um tema que visa colaborações mutuamente benéficas para ambas as partes. No que toca a Macau, este quadro visa maximizar as vanta-gens únicas da RAEM, em colaboração com o Governo Central, para construir a “Guangdong--Hong Kong-Macau Big Bay Area”. Quer isto dizer que o desenvolvimento futuro de Macau vai ser decidido pelas autoridades de Pequim, tendo em conta que qualquer abordagem administrativa tem obrigatoriamente de ser

coordenada de acordo com os planos do Go-verno Central. Assim, o Governo do Território fica encarregado de assegurar a subsistência da sua população, enquanto que a orientação política é fornecida por Pequim. Isto acontece por as gentes de Macau terem o hábito de per-manecerem silenciosas e estarem habituadas a colocar o seu destino nas mãos de outros, contentando-se apenas em manter o status quo. É por esta razão que acredito que Macau está a ser encaminhado pelo Governo Central num quadro do tipo “Uma Faixa, Uma Estrada”, estando o Gabinete de Ligação do Governo Central na Região Administrativa Especial de Macau encarregado da implementação desta política na RAEM.

No debate que teve lugar na Assembleia Legislativa, o Secretário para a Economia e Finanças revelou que algumas das reservas de Macau seriam usadas para investimentos que acarretariam retornos avultados para a cidade através do Governo Provincial de Guangdong, assim como do China Development Bank. Os deputados não apresentaram nenhuma objecção contra esta medida nem tão pouco nenhuma intervenção de carácter social. Na realidade, este é o cerne da questão.

Qualquer investimento envolve uma tomada de risco, e altos retornos implicam um risco ainda maior. Mas nem mesmo o

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Governo Provincial de Guangdong nem o China Development Bank podem garantir que os investimentos da RAEM sejam sempre lucrativos, com rendimentos elevados e sem prejuízos. Considero assim irresponsável esta medida que coloca as reservas financeiras de Macau debaixo da gestão de uma organização localizada fora das nossas fronteiras. Ainda para mais, isto indica que altos quadros da Administração encarregados das finanças públicas não são capazes de assumir estas funções. Neste caso, este funcionários públicos devem ser substituídos de forma a salvaguardar os fundos públicos. Na verdade, as reservas da RAEM não são muito grandes quando compa-radas com as de outros países, enquanto que o sistema financeiro da cidade não é capaz de suportar as perturbações das bolsas de valores nem as flutuações de câmbio das reservas es-trangeiras. Assim, se conseguir salvaguardar as suas reservas e o seu capital, considero que a Administração já conseguiu completar a sua missão básica. Deve-se assim evitar a procura de sucesso rápido e de benefícios instantâneos. A colocação das reservas financeiras da cidade sob a gestão de uma organização estrangeira apresenta assim um reflexo do estado actual da Administração, que se encontra dirigida pelo Estado Chinês e na procura de um rumo concebido pelos mesmos. Torna-se assim compreensível que o número de vice-directores do Gabinete de Ligação do Governo Central na Região Administrativa Especial de Macau tenha subido para cinco elementos.

Sendo uma parte integrante da República Popular da China, será que os cidadãos da RAEM alguma vez se preocuparam com o seu direito de expressão no futuro próximo?

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22 opinião hoje macau sexta-feira 10.4.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Após a publicação do segundo hino de homenagem a José sócrates, os principais obser-vadores chegaram a algumas conclusões interessantes. A primeira, e mais evidente, foi esta: entre os maiores apoiantes do antigo primeiro--ministro, não há ninguém com ouvido para a música.

Creio que talvez haja aqui uma precipitação. Na minha opinião, a desarmonia de ambas as canções pretende obter um efeito duplo: colocar em evidência o carácter também desarmónico da justiça portuguesa e infligir ao ouvinte um sofrimento semelhante ao que José sócrates padece no cárcere. No segundo hino, os versos “se quiseres dizer presente / portugal vai estar contigo / amanhã” pa-recem ser interpretados por um tecido de vozes que inclui um apreciador contumaz de bagaceiras, duas feirantes e um coro de, pelo menos, meia dúzia de leitões.

Portugal é uma brincadeira de crianças. Isto de alguém acabar preso é uma novidade que sobressalta. Não admira que os poetas se agitem

RicaRdo aRaújo PeReiRain Visão

Aspectos da poesia de louvor a José Sócrates

Nestes hinos de homenagem, a poesia é ainda mais interessante do que a música. O poema do primeiro hino é, à maneira de Neruda, uma canção desesperada. O poeta começa por interpelar o próprio só-crates: “Diz-me porquê, diz-me / Nós não sabemos nada”. Trata-se de uma poesia que lamenta não ter acesso a processos judiciais, o que é bastante original. Esta-mos perante um poema que substitui as perguntas, já estafadas, da poesia lírica (por exemplo: “Qual é a essência do amor?”), por uma questão que mergulha nos problemas concretos da vida (“Quais são, afinal, os fundamentos legais desta prisão preventiva?”) A primeira quadra termina com a promessa “Mas resisti-remos por ti / Até que seja madrugada”, indicando que os apoiantes de sócrates têm coisas combinadas para a manhã do dia seguinte. Resistem até de madruga-da, mas depois, provavelmente, têm de ir trabalhar - o que volta a introduzir no poema um tom prosaico, lembrando uma vez mais que estamos a falar de gente de carne e osso, que sofre, trabalha e canta francamente mal. Mais à frente, surge um verso irónico: “ser livre não tem preço”. Uma evidente referência à liberdade de Ricardo salgado, cujo preço foi, precisa-mente, três milhões de euros.

No segundo hino, o poema conta uma história: “Era uma vez uma criança / que sonhava ver nos montes ventoinhas a ro-dar”. O poeta leva-nos para a infância de sócrates, um menino que, como tantos, fantasiava com a instalação de dispositi-vos geradores de energias alternativas. A intenção do poema é óbvia: os projectos de José sócrates foram sonhados na infância, e nenhuma criança sonha com corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O ex-primeiro-ministro continua a ser aquele menino, o que agrava o sentimento de injustiça relativamente à sua detenção. Não se pune um menino com a prisão. Orelhas de burro talvez sejam um castigo apropriado. Uma palmada, no máximo. É curioso notar que este menino venceu, nas eleições, outro menino, o menino guerreiro. portugal é uma brincadeira de crianças. Isto de alguém acabar preso é uma novidade que sobressalta. Não admira que os poetas se agitem.

cartoon por Stephff

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Page 23: Hoje Macau 10 ABR 2015 #3307

hoje macau sexta-feira 10.4.2015 23Perfil

Flora [email protected]

T em a profissão com que sempre sonhou e, diz, dá para sobreviver: Solo Hase-gawa é fotógrafo e, apesar de agora

ser profissional e ter clientes e amigos que gostam do seu trabalho, anteriormente fazia como muitas pessoas em Macau – tinha uma profissão fixa, com um salário alto.

Solo fala connosco no seu estúdio de fotografia. O profissional tira principal-mente fotos de noivos e de cerimónias de casamento, mas este local nem sempre foi o seu sítio de trabalho. O jovem trabalhou como bombeiro durante três anos, mas, gradualmente, começou a perceber que ser bombeiro não era o seu objectivo. Foi aí que surgiu uma ideia: e se trabalhasse conforme o seu interesse e desenvolvimento pessoal? O que surgiu primeiro na sua cabeça foi a fotografia.

No primeiro ano a tentar ser realizar o seu sonho, Solo pediu uma licença sem vencimento, ainda que mantivesse o seu cargo nos bombeiros. Depois, percebeu mesmo que a fotografia era o que gostava de fazer. Decidiu sair dos bombeiros, torna-se fotógrafo profissional e deixa para trás um salário fixo e bem pago.

“Deixei o salário, bem alto, passei a

ganhar apenas cinco mil patacas por mês, quando ainda precisava de pagar a renda e as prestações do meu carro. Comi pão em todas as refeições durante meio ano”, conta com um sorriso.

Apesar de nos confessar que, durante seis meses, as dificuldades foram muitas, quando questionado sobre se teve algumas preocupa-ções depois de deixar o Corpo de Bombeiros, Solo não hesita quando responde: “nenhuma”.

A determinação parece ser uma caracte-rística do nosso entrevistado. “Quando estou determinado em fazer alguma coisa, faço. Não me concentro nas falhas, penso, isso sim, em maneiras de ter sucesso.”

Solo admite ter tido menos rendimento, mas sorri, quando nos diz que o trabalho não é duro. “O desenvolvimento dá-se de forma dinâmica.”

E foi preciso apenas um ano para que o rendimento de Solo Hasegawa chegasse quase ao nível de um salário enquanto bom-beiro. Ao longo do tempo, esse rendimento foi subindo cada vez mais e Solo admite que conseguiu ter mais liberdade e tempo para a família.

Com o sucesso a bater à porta, o jovem abriu o seu primeiro estúdio de fotografia, em conjunto com outros estúdios e equipas. Acabou por desistir deste, contudo, devido a várias dificuldades que encontrou.

“Os meus parceiros achavam que era im-possível desenvolver o mercado de Macau, devido a existirem muitos jovens em Macau. Já eu acho que é pena Macau ter apenas a indústria de Jogo e deve sempre haver pio-neiros e alguém que tenha iniciativas. Se nós levarmos a cabo estas iniciativas, as gerações mais novas podem aprender com as nossas experiências. Quando somos determinados e temos confiança, conseguimos fazer tudo.”

Depois do fecho do primeiro estúdio, o sonho de ser fotógrafo não deixou a cabeça de Solo. O jovem dedicou-se durante um ano a tirar vários cursos, tanto em Macau, como na China continental e no estrangeiro.

O destino quis que, no Verão do ano pas-sado, Solo encontrasse um grupo de amigos

que, com ele, criaram o segundo estúdio de fotografia. Conjugar esforços sempre é mais fácil do que fazer as coisas individualmente, diz-nos Solo, que pensou nisso quando quis juntar os amigos e abrir o novo espaço. Chama-se Zenzorz e reúne profissionais de fotografia, design, moda e eventos.

“Descobri que estes meus amigos tinham conceitos muito semelhantes aos meus e isso reacendeu a centelha da inspiração: quería-mos muito desenvolver uma moda original de Macau e acho que essa a possibilidade é grande, porque actualmente muitos artistas já desenvolveram as suas próprias marcas no território.”

Agora, o trabalho principal de Solo é tirar fotografias de casamento, mas o jovem quer, no próximo ano, organizar uma viagem de trabalho à Europa. Este ano, tem planos para trabalhar mais com moda e investir mais recursos e tempos nesta vertente. Isto porque, confessa-nos, Solo já faz trabalhos com uma das candidatas ao concurso de beleza Missa Macau 2008, Sónia Hoi.

Desenvolver a sua carreira de sonho é a meta de Solo Hasegawa, que no mês passado participou pela primeira vez num concurso de fotografia: o Live Pre Wedding Competition, que teve lugar na China e foi organizado por uma associação de fotógrafos de Inglaterra.

Solo HaSegawa, FoTógraFo

Sonhador determinado

“Quando estou determinado em fazer alguma coisa, faço. Não me concentro nas falhas, penso, isso sim, em maneiras de ter sucesso”

Solo HaSegawa

Page 24: Hoje Macau 10 ABR 2015 #3307

hoje macau sexta-feira 10.4.2015pu

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Tailândia Encontrada morta menina desaparecida em incêndio em ‘ferry’ Uma menina israelita de 12 anos, dada como desaparecida depois de um incêndio ter destruído, esta quarta-feira, um ‘ferry’ lotado de turistas no sul da Tailândia, foi encontrada morta, informou ontem a polícia. Mergulhadores descobriram o corpo da jovem no interior da casa de banho, um dia depois de mais de 100 turistas terem sido retirados do mar, numa operação dramática realizada na tarde de quarta-feira, após um incêndio ter deflagrado no ‘ferry’ que estabelecia a ligação entre Krabi e Phuket, no sul da Tailândia. A menina foi a única vítima mortal do acidente. Entre os passageiros retirados do mar figuram cidadãos do Reino Unido, Suíça, Estados Unidos e China.

BES Manifestantes entram na sededo Novo Banco

AlguNs dos manifestantes dos lesa-dos do papel comercial do grupo Es-

pírito santo (gEs) conseguiram quebrar a força policial e entraram ontem na sede do Novo Banco na Avenida da liberdade, em lisboa, pelas 13:45 .

Os restantes manifestantes, cerca de 150 pessoas, constatou a agência lusa no local, continuavam no exterior da sede do edifício do Novo Banco batendo nos vidros e gritando: “Queremos o nosso dinheiro”.

Apesar de os manifestantes estarem junto do Novo Banco, o alvo das críticas e protestos tem sido o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.

Os manifestantes propunham após o protesto junto do Novo Banco ir em direc-ção à sede da Tranquilidade, detida pela Apollo Management, um dos candidatos que tem sido avançado pela imprensa como interessado no Novo Banco.

O presidente da associação de lesados, Ricardo Ângelo, justifica que a administra-ção do Novo Banco, liderada por Eduardo stock da Cunha, “está completamente manietada pelo Banco de Portugal”.

Os manifestantes iniciaram o percur-so no balcão do Novo Banco no Rossio e estiveram em frente à sede do banco santander Totta, na Rua do Ouro.

Depois da passagem pela Tranquili-dade os protestantes planeavam ir ainda para a Fosun, outro eventual candidato à compra, terminando a visita na embai-xada da China, na rua de são Caetano à lapa, uma vez que um outro possível interessado, a seguradora Anbang, não tem representação em Portugal.

U MA empresa de ar-quitectura portuguesa apresenta esta sexta--feira em Díli o projec-

to de ampliação do complexo da Presidência da República de Timor-leste, que aposta na “dignidade, estabilidade e sobriedade” e criar um “lugar de memória, passada e futura”.

O projecto da gonçalo len-castre Arquitectos engloba obras no valor de mais de 20 milhões de euros que se destinam a “dotar a Presidência da República de Timor-leste de um espaço físico com a dignidade e funcionalida-de” necessárias.

Da ampliação fazem parte, entre outros, a nova Residên-cia Presidencial e o Museu da Presidência.

Trata-se de introduzir, de forma faseada, novos espaços exteriores e edifícios em terre-nos adjacentes a sul e poente do actual complexo, anteriormente usados como heliporto e onde actualmente estão instalações de apoio à Presidência.

Prevê ainda a requalifica-ção e ampliação das estruturas já existentes. Neste projecto, explica a empresa que venceu

Oferecido pelo Governo chinês, o Palácio Presidencial Nicolau Lobato começou a ser construído em 2005 e foi inaugurado a 27 de Agosto de 2009, dias antes do 10.º aniversário do referendo de autodeterminação

Timor ARqUiTECToS PoRTUgUESES AMPliAM PAláCio PRESidEnCiAl

Em nome da memória futuraum concurso internacional com empresas de todo o mundo, é ainda predominante a “marca histórica de resistência e resi-liência que são o traço distintivo do povo de Timor-leste”.

Além de transmitir as ideias de “dignidade, estabilidade e sobrie-dade”, o projecto quer também criar, um “lugar de memória, pas-sada e futura”, que reconheça “os acontecimentos que formaram a nação timorense” mas que sirva também como testemunho para as gerações futuras.

Para isso, o projecto incluirá uma Nova Praça Cerimonial de entrada (Praça da Parada), um Memorial, no centro da praça, e um novo Museu da Presidência.

plantaOs jardins, praças e pátios terão espelhos de água, com plantas

como a citronela para repelir mosquitos e sistemas para fazer circular a água.

O projecto assenta em dois eixos - norte-sul e nascente--poente - com duas entradas, sendo que na principal, junto à Avenida Presidente Nicolau lo-bato, estará a Praça Cerimonial e os novos espaços de acesso mais público: o Memorial e o Museu da Presidência.

A sul estará um novo pátio ajardinado, um grande claustro quadrado e um novo núcleo de edifícios da Presidência sendo que, em torno deste pátio se organizarão a Casa Civil, o gabinete da Presidência, e o “Observatório da Pobreza”, bem como salas de recepção e espaço multiusos.

Na outra entrada estará a Praça Central, com acesso à

nova Residência e ao edifício da Casa Militar.

Oferecido pelo governo chinês, o Palácio Presidencial Nicolau lobato começou a ser construído em 2005 e foi inaugurado a 27 de Agosto de 2009, dias antes do 10.º aniversário do referendo de autodeterminação.

O edifício substituiu o mítico “Palácio das Cinzas”, o edifício que durante a ocupação indonésia tinha acolhido os ser-viços de polícia e de registo de automóveis (o sAM/sAT), que ficou praticamente destruído na onda de violência de 1999 e que foi inaugurado a 28 de Outubro de 2002.

Na altura da inauguração, o então Presidente da República, Xanana gusmão, disse que a escolha do nome de Palácio das Cinzas era “uma homenagem ao próprio processo” de luta pela independência de Timor-leste.

“É um apelo à contenção de despesas públicas em rubricas pouco relevantes ou menos urgentes. se não há uma boa gestão do país, as receitas do petróleo serão uma desgraça”, disse na altura.