20
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 11 DE DEZEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3232 hojemacau CONTAR MACAU É o desejo de Pedro Cardeira, realizador do documentário sobre Mio Pang Fei, que afirma haver ainda muitas histórias do passado e do presente para dar a conhecer. No entanto, para Cardeira, a indústria tem pela frente um longo caminho para se desenvolver. Falta de profissionais e de infra-estruturas são algumas das lacunas apontadas. PÁGINAS 2-3 PUB POLÍTICA PÁGINA 4 POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 8 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB JUSTIÇA Procurador apela à revisão do Código Penal LEI BÁSICA Os ratos de Li Gang e outros avisos TJB Cinco anos de prisão para português

Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Hoje Macau N.º3232 de 11 de Dezembro de 2014

Citation preview

Page 1: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 1 1 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 2 3 2

hojemacauCONTAR MACAU

É o desejo de Pedro Cardeira, realizador do documentário

sobre Mio Pang Fei, que afirmahaver ainda muitas histórias

do passado e do presentepara dar a conhecer. No entanto,

para Cardeira, a indústria tempela frente um longo caminho

para se desenvolver.Falta de profissionais e de

infra-estruturas são algumasdas lacunas apontadas.

PÁGINAS 2-3

PUB

POLÍTICA PÁGINA 4 POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 8

AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006

PUBJUSTIÇA Procurador

apela à revisãodo Código Penal

LEI BÁSICAOs ratos de Li Gange outros avisos

TJB Cinco anos de prisão para português

Page 2: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

2 hoje macau quinta-feira 11.12.2014ENTREVISTA

A questão das indústrias cultu-rais e criativas tem sido muito focada pelo Governo. A seu ver, há espaço e potencial para o seu desenvolvimento?Confesso que às vezes tenho receito da palavra ‘indústria’, porque remete para produção em massa, que é uma coisa que assusta. Olha-se para o tamanho da região e vê-se que não há grande mercado, é limitado. No entanto, a cultura tem que ser mais do que mera produção... Tem que ser uma forma de dizer ‘Isto é Macau’, tal como outros países o fazem. Não podemos pensar apenas a nível eco-nómico, mas sim de uma imagem e identidade da região. É evidente que é possível criar, mas temos que olhar para fora, não só para dentro.

Há quem diga que Macau só ser-ve como rampa de lançamento para os artistas irem para fora e que não é possível apenas beber do território...Esse é precisamente a consequên-cia de não ter sido criado um plano para as indústrias criativas há mais tempo. Óbvio que não podemos es-perar resultados amanhã, nem para o ano, porque demora a construir.

O que faz mais falta aqui?Há muita falta de profissionais de cinema, infra-estruturas e escolas

Pedro Cardeira é o responsável pelo documentário sobre o artista chinês Mio Pang Fei, que recentemente estreou no território. A ideia de realizar uma longa-metragem sobre o artista, conta Cardeira ao HM, surgiu devido “à ponte fantástica” que Mio consegue, com a sua obra, fazer entre Ocidente e Oriente

PEDRO CARDEIRA, REALIZADOR DO DOCUMENTÁRIO “MIO PANG FEI”

A PONTE ENTRE DOIS MUNDOS

CINEMA INDÚSTRIA DEVERÁ DEMORAR DEZ ANOS PARA SE DESENVOLVER

“Não existem pessoas qualificadas”especializadas... Há vários cursos, mas estão ligados à multimédia e aos meios de comunicação.

Apoios governamentais, princi-palmente?O cinema privado, sem apoios do Go-verno, mesmo a nível mundial, quase não existe. Grande parte dele vem dos governos de todo o mundo, como os casos de Hong Kong, do continente, de Taiwan ou dos Estados Unidos. Acho que não há mal nenhum em haver apoio do Governo e é assim que se começa. Em Macau, acho que todas as iniciativas são bem-vindas e devem continuar.

Se não há profissionais nem infra-estruturas, quem é que vai dar aulas e em que escolas?Foi aos bocadinhos que se come-çou em Portugal. É preciso pegar nos que já cá estão, até porque há talento na região... Acho que é preciso trazer gente de fora e fazer workshops, por exemplo, porque é um método prático. Acho que é muito positiva a norma de 50% da equipa [de uma produção] ter que

ser local, mas não podemos ter ilusões e esperar que ocupem todos os cargos superiores, porque não existem [pessoas qualificadas]. É importante que as pessoas venham e tenham formação. Aprende-se imenso nas filmagens, por exemplo.

É disso que a indústria cinema-tográfica local mais carece?Sem dúvida. Isso e infra-estruturas. Este filme [Mio Pang Fei] foi todo feito em Macau, à excepção das misturas de som, que foram feitas em Lisboa, porque cá não há um estúdio. Tem que se ir para fora, mas não vejo nenhum problema com isso. As infra-estruturas encomendam-se e chegam cá, mas a formação de pessoal leva muito

tempo e as pessoas podem ir para fora. Mas gostava de ver isso partir daqui, [para que se] criem as tais raízes. Quanto tempo estima que tudo isto leve para ter resultados?Na visão optimista: se amanhã abrisse uma escola de cinema aqui, diria que cinco anos. Na versão pessimista... 15 anos.

E a realista?Diria dez anos. Mas para isso, estes passos têm que ser dados já.

A responsabilidade é do Governo?Não podemos pôr a responsabi-lidade toda no Governo, porque também parte das instituições e das escolas e universidades. Acho que existe vontade para fazer tudo isto, mas é evidente que há muita coisa para gerir e talvez esta [indústria] não seja a questão mais urgente. Temos que olhar para fora e tenho pena, por exemplo, que as pessoas de Macau não viajem tanto. É a tal mentalidade do inter-culturalismo que tem que mudar.

Mas isso é complexo...Sim e demora tempo, mas acho que é função dos agentes culturais ajudar nisso mesmo. Vejo muita curiosidade, mas também igno-rância e desconhecimento. Não podemos esperar que as coisas mudem com um decreto-lei. Te-

A cultura tem que ser mais do que mera produção... Tem que ser uma forma de dizer ‘Isto é Macau’

O cinema privado, sem apoios do Governo, mesmo a nível mundial, quase não existe. Acho que não há mal nenhum em haver apoio do Governo e é assim que se começa. Em Macau, acho que todas as iniciativas são bem-vindas e devem continuar

Page 3: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

3 entrevistahoje macau quinta-feira 11.12.2014

Acho que ainda há muito para contar sobre Macau... Falta, no fundo, contar as histórias. Há coisas muito interessantes... há muito para contar, não sódo passado, comodo presente

Percebi que a obra dele era uma ponte fantástica [entre o Oriente e o Ocidente]. Ele nunca largou a tradição chinesa. O que fez foi pegar nas técnicas ocidentais para expressar a sua própria cultura

CINEMA INDÚSTRIA DEVERÁ DEMORAR DEZ ANOS PARA SE DESENVOLVER

“Não existem pessoas qualificadas”mos que ser todos nós a contribuir para isso.

No que diz respeito aos problemas actuais do território. As rendas são apontadas como um dos maiores.É o grande problema para qualquer pessoa e gostaria de ver o Gover-no a ajudar nesse sentido, seja na cedência de espaços, por exemplo. Estou convencido que vai haver apoios a esse nível.

Falou-se na construção de uma cidade cinematográfica na Ilha da Montanha. Qual é a sua opi-nião sobre isto?Tenho sempre algum receio no que toca a projectos desta dimensão, porque já conheci vários e nunca resultaram. Fui a um grande estúdio de cinema em Alicante e que era extraordinário, mas nunca funcionou porque a logística tornou-se demasia-do cara. Não conheço este projecto, mas para fazer isso, Macau teria que ser apenas uma parte porque teria que se ir buscar pessoas e produções a outros locais, em termos de equi-pamentos e profissionais. Há muita coisa que a região pode oferecer e de que a indústria precisa.

Como por exemplo...É o caso dos hotéis. Quando se filma

aqui e vem uma equipa de mais de 30 pessoas, o alojamento é uma preocupação. Hotéis aqui não faltam e poderia haver parcerias nesse sen-tido, ou com empresas de ‘catering’ para as refeições da equipa.

Sendo Macau um território de pequena dimensão, será que po-demos falar de uma situação de facilitismo para atingir sucesso na área da cultura?Podem acontecer coisas boas e haver espontaneidade por parte de alguém que não seja formada, até porque, às vezes as pessoas formadas estão mais fechadas. O Mio Pang Fei diz que as pessoas

às vezes se fecham num casulo e não conseguem rompê-lo... É uma coisa muito difícil de fazer. Isso não tem que ser negativo, se servir para as pessoas se conhecerem a si próprias. O que às vezes pode acon-tecer é as pessoas convencerem-se de que atingiram um ponto que não atingiram.

Voltando à ideia da divisão e tole-rância entre comunidades. Muitos artistas portugueses acabam por fazer somente trabalhos destina-dos à comunidade lusa, ficando assim confinados. Sim, esses foram os muros criados em Macau e acho que está na al-tura de os deitar abaixo. Acho que tudo passa por conhecer “o outro” e achei interessante ver que, para a comunidade portuguesa, Macau acabava na Horta e Costa. O que gosto na região é de me perder nas ruas dos Três Candeeiros, do Porto Interior...

Considera que os artistas locais deviam ir para fora?Não tenho nada contra o facto de as pessoas irem para fora, mas gostava de fossem criadas raízes aqui. O IC financia longas-metragens, por exemplo. Macau tem a perspectiva das co-produções e só esse subsídio não chega, mas é assim que se co-

LEONOR SÁ MACHADO [email protected]

Realizou um filme sobre Mio Pang Fei. Como sur-giu a ideia? A ideia surgiu quando o meu cunhado – que é chinês, tal como a minha mulher – me mostrou um livro sobre Mio Pang Fei, tendo também sido aluno dele. Comecei a olhar para as imagens e achei aqui-lo fascinante, no sentido em que é arte contemporânea, mas senti que havia qualquer coisa de diferente daquilo a que estava habituado. Foi então que o meu cunhado me disse ‘Obviamente que é diferente, ele é chinês e é arte chinesa’. Peguei na vida e obra de Mio Pang Fei para me ajudar a aproximar da cultura chinesa. A minha mulher é chinesa e os meus filhos estão entre estes dois mundos e senti necessidade de procurar saber mais sobre esta cultura e país. Percebi, finalmente, que a obra dele era uma ponte fantástica [en-tre o Oriente e o Ocidente]. Ele nunca largou a tradição chinesa. O que fez foi pegar nas técnicas ocidentais para expressar a sua própria cultura.

Como é que a sua ligação a Macau aconteceu?

A primeira vez que vim cá foi para fazer ‘Em volta’, [filme] do Ivo Ferreira, que me apresentou a minha mulher. Depois fomos para Portugal e há quatro anos decidimos voltar por uma questão familiar. Tinha um filho que já não queria falar chinês porque estava em Portugal... Acho que não percebem a necessidade de falar uma língua que não é aquela quem falam com toda a gente. Não conhecia ninguém quando cheguei, portanto comecei do zero.

Comecei a estabelecer os contactos com Mio Pang Fei e a família, expus a minha ideia e assim foi. Ele até me disse uma coisa engraçada: ‘Vai ser interessante ver um ocidental a fazer um filme sobre mim’.

A perspectiva diametral...Tentei sempre equilibrar essa questão e não quis fazer um filme com um olhar exó-tico. Quis, por outro lado, criar a ponte [entre as duas culturas], de forma a que vá nos dois sentidos: para um chinês que queira ficar a saber mais sobre a cultura ocidental e vice-versa. Não é uma coisa que identifique quem fez, mas sim para criar uma ponte. Apresentei o projecto ao Instituto Cultural e ao Carlos Marreiros, até que consegui alguns apoios.

Apoios do IC e do Albergue SCM?Sim e mais tarde da Funda-ção Rui Cunha e da própria CUT, associação local, e de outras instituições que foram apoiando o filme ao longo do seu percurso.

O que sente que aprendeu com Mio Pang Fei?Aprendi imenso sobre a cultura chinesa, mas não só. Também da cultura ociden-

tal, até porque sou realizador e não especialista em artes plásticas. Gosto muito e até fiz carreira como director de fotografia e assistente de câmara, em que a luz e a estética tinham um papel importante. Estudei pintura clássica e tive até alguns pro-fessores que nos mostravam arte contemporânea e do Modernismo para explicar essas questões da luz. Apren-di imenso nas conversas que tive com Mio Pang Fei. Mes-mo nas conversas longe da câmara e da equipa... Como professor, também tem o dom da palavra e aprendi muito sobre o espírito chinês e era uma das coisas que

estava à procura. As bases de Mio são tradicionais... É um apaixonado pela Ópera de Pequim e pela caligrafia e levou-me a conhecer um pouco disso tudo.

Do que trata, verdadeira-mente, este documentário?De várias coisas. Obviamen-te do amor de Mio Pang Fei à arte, mas também o lado do inter-culturalismo que ele desenvolve.

O que entende por “inter--culturalismo”?O grande objectivo é es-tabelecer um diálogo para conhecer melhor “o outro”. Através desse conhecimen-to, conhecemo-nos melhor a nós próprios. Ou seja, fazer com que o outro sirva como um espelho que nos diz quem somos. Mio e o seu trabalho mostra que ainda é

possível abrir fronteiras para ir conhecer o outro.

E olhando para Macau, como é que esse conheci-mento se processa?Macau sempre teve esta ponte entre dois mundos, mas nunca foi uma terra de inter-culturalismo. Há casos preciosos, mas sempre foi mais uma terra multicul-tural.

Em que sentido?É um sítio onde sempre houve muitas comunidades, uma enorme tolerância, mas que vivem em mundo paralelos. Se olharmos para a cidade e a forma como foi construída, vemos que os portugueses ficavam pela Praia Grande e os chineses no Porto Interior... Estava tudo dividido e acho que isso ainda acontece. Acho fantástico quando aparece alguém como Mio Pang Fei, que chega aqui e começa a fazer pontes. É nisso que quero que as pessoas pen-sem: “o que é isso do inter--culturalismo e como é que pode ser feito?”. É altura de começarmos a arrumar as questões coloniais, até para o bem da comunidade e a pensar no futuro. É a forma de sedimentar a tão referida identidade de Macau.

PERFILPedro Cardeira nasceu, viveu e formou-se em Cinema no Conservatório Nacional e já colaborou com Manoel de Oliveira. Tem feito várias viagens ao território desde 1999, mas foi há quatro anos que decidiu mudar-se, com a sua mulher – chinesa de gema e que conheceu em Macau – e filhos, para Macau. Em 2012, co-fundou a produtora local Inner Harbour Films, tendo um currículo longo na área da fotografia. Vive, de certa forma, atrás das câmaras e lentes e é o conceito de “interculturalidade” que fascina este realizador, que não tenciona deixar Macau. Pelo menos não para já.

meça. Não deixa de ser de Macau só por ser uma co-produção.

Tenciona continuar por cá?Sim, não sei por quanto tempo, mas mais algum. Acho que ainda há muito para contar sobre Macau... Falta, no fundo, contar as histórias. Há coisas muito interessantes... há muito para contar, não só do passado, como do presente. É isso que tem que se procurar, vivendo e experienciando para poder fa-zer. Vamos tentar entrar em mais festivais e mostrar o filme no continente. - L.S.M.

Page 4: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

GCS

4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 11.12.2014

CECÍLIA L [email protected]

O procurador-ge- ral do Minis-tério Público (MP), que sairá

do cargo a 20 de Dezem-bro, disse ontem à imprensa chinesa que é já tempo para modificar o Código Penal. Ho Chio Meng, que vai ser subs-tituído pelo juiz Ip Son Sang, quer ainda que não possam existir crimes sem legislação específica, como acontece quando, por exemplo, um crime está a ser legislado mas ainda não tem punições, caso do assédio sexual.

“Não deve existir o ‘pe-ríodo branco’ para os novos crimes”, disse, referindo-se ao período entre a feitura da lei e a ausência de punição.

Leong Man Cheong no comando da PSP. Ma Io Kun nos SPU PME Recursos Humanos aceleram pedidos de TNR

O actual adjunto do coman-dante-geral dos Serviços

de Polícia Unitários (SPU), Leong Man Cheong, será o novo comandante da Polícia de Segurança Pública (PSP), avança o jornal Ou Mun. O cargo era ocupado por Ma Io Kun, que sai do cargo de comandante da PSP, mas vai para comandante dos SPU.

Desde 1995 que Leong Man Cheong ocupa o lugar de Comandante do 1º Grupo de Intervenção da Divisão de Intervenção da Unidade Tác-tica de Intervenção de Polícia (UTIP) da PSP e desde 2003 que começou a desempenhar funções de oficial de ligação dos SPU. Entre 2005 e 2008 foi comandante interino da UTIP da PSP, sendo então no-meado em 2013 para Chefe do

O Gabinete para o Recursos Humanos (GRH) afirmou ontem que vai acele-

rar os pedidos de importação dos trabalha-dores não-residentes (TNR) das pequenas e médias empresas (PME) para coordenar o equilíbrio da procura e da oferta.

A Chefe do GRH, Lou Soi Peng, e o seu vice Chan Un Tong, afirmaram ao Jornal Ou Mun reconhecer que todos os sectores de Macau precisam de uma grande quanti-dade de recursos humanos, especialmente devido à inauguração de hotéis e casinos no próximo ano, o que vai fazer com que a mão-de-obra das PME possa vir a ser seduzida pelas grandes empresas, afectando estas e fazendo com que a mobilidade dos trabalhadores locais venha a ser maior.

Departamento de Operações da PSP. No início deste ano foi nomeado para adjunto do comandante-geral dos SPU.

Ontem, o Ou Mun anun-ciou ainda o que já tinha sido avançado pelo HM esta se-mana, que Chau Wai Kuong, actual sub-director da Polícia

Judiciária (PJ) será o novo di-rector desta autoridade. Chau Wai Kuong entrou nas Forças de Segurança em 1984, entrou na PJ da Administração portu-guesa em 1988, em 2003 era o chefe da Departamento de Informações na PJ, em 2004 foi chefe do Departamento de Investigação na PJ e desde 2010 que está no cargo de sub-director da PJ. Como também outro sub-director da PJ, Cheong Iok Kuan, vai mudar de cargo para ser Chefe de Gabinete do Secretário para a Segurança, o actual Chefe do Departamento do Informações e Apoio, Sit Chong Meng, e Chefe do Departamento de Estudos e Planeamento, Tou Sok Sam, vão ser promovidos a sub--directores.

“Pergunto-me que medidas podemos tomar para aumentar a nossa eficiência, deixando que a nossa justiça não seja uma justiça tardia? Devemos todos pensar nisto”HO CHIO MENG Procurador-geral do MP

A poucos dias de deixar o cargo, o procurador-geral do MP, Ho Chio Meng, levanta várias questões sobre a qualidade da justiça no território e alerta para a necessidade da revisão do Código Penal

PEDIDA REVISÃO DO CÓDIGO PENAL E ALTERAÇÕES A INTERROGATÓRIOS

As várias faces da justiçaO mesmo responsável

afirma que, aquando dos interrogatórios aos envolvi-dos em processos, se adopte novamente o sistema antigo, onde quem tem de prestar declarações às autoridades pode fazê-lo no MP e essas declarações serão usadas em tribunal.

“Um envolvido, ou um arguido, tem de prestar de-clarações à polícia, ao MP, e ainda no tribunal. Depois de um ou dois anos, a sua memória poderá apresentar falhas. Actualmente, as declarações na polícia e no MP não podem ser prova no tribunal. Deverá este siste-ma ser melhorado? Acho que devemos perceber que metade é sistema e a outra metade são seres humanos”, afirmou.

SOCIEDADE DESENVOLVIDA Questionado sobre os úl-timos anos da justiça em Macau, Ho Chio Meng diz apenas que “nos últimos 15 anos houve uma quantidade gigante de processos” e lança a questão: “pergunto--me que medidas podemos tomar para aumentar a nossa eficiência, deixando que a nossa justiça não seja uma justiça tardia? Devemos todos pensar nisto”, afirmou.

O procurador acrescen-tou ainda que deve exis-tir um fortalecimento na

construção de um sistema judicial, uma protecção do sistema jurídico e do Estado do Direito. Só assim, diz, se poderá ajudar a consolidar

as perspectivas da socie-dade. Mas Ho Chio Meng assegura estar consciente de que é preciso investir na formação dos juízes, ale-

gando que apesar dos novos juízes terem boa qualidade e conhecerem a sociedade de território, falta-lhes experiência. Actualmente,

frisa, “o MP tem um sistema de formação e, por isso, no futuro será possível tomar como referência outras regiões e criar uma escola para a formação dos juízes e os procuradores”.

Relativamente às quei-xas da sociedade ao MP, Ho Chio Meng afirmou que a sociedade tem tido um desenvolvimento rápido e que por isso, os cidadãos apresentam exigências com nível mais alto. Na visão do procurador, é preciso ouvir as opiniões para promover a eficiência e forma de tra-balho, para assim conseguir acompanhar os pedidos da sociedade. O responsável do MP não deixa ainda de mencionar que, apesar de a lei de Macau ter origem na lei de Portugal, sendo “uma sociedade de chine-ses”, o procurador “deverá pensar como representante das características da sua sociedade”.

Por isso mesmo, os responsáveis referiram que vão ser tomadas medida auxiliares para acelerar os pedidos das PME para a importação de TNR, me-lhorando os processos e aliviando as dificuldades de recursos humanos.

Como há opiniões que apontam ainda que o GRH adia sempre os pedidos em causa, os responsáveis quiseram falar do assunto ao jornal, a quem asseguraram que o GRH trata de todos os pedidos de forma justa e prática, especialmente para os sectores novos e para as PME. “Como por exemplo, um negócio de um casal que pede TNR, do ponto de vista da lei pode não satisfazer as condições para aprova-ção desse pedido. Porém, o GRH trata o caso como sendo de dois residentes locais que criam uma nova empresa e que não conseguem recrutar trabalhadores locais e, então, aprovamos o pedido de TNR”, dizem, frisando que todas as aprovações são consideradas de acordo com a situação real do mercado. - F.F. Ma Io Kun

Page 5: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

5 políticahoje macau quinta-feira 11.12.2014

O director do Gabi-nete de Ligação do Governo Central em Macau deu uma

entrevista à agência noticiosa Xi-nhua onde defende que a RAEM é o “modelo” a adoptar no que concerne à implementação da Lei Básica. Li Gang deixa ainda um aviso aos jovens que estejam, eventualmente, a pensar fazer manifestações semelhantes à de Hong Kong e vai mais longe: para o responsável, quem dis-ser que a Lei Básica não é boa, será “desprezado como um rato de rua”.

Em declarações citadas pelo jornal inglês de Hong Kong South China Morning Post

Vitória da Conceição continua nas FinançasVitória da Conceição vai continuar na liderança dos Serviços de Finanças por mais um ano. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, a directora do organismo viu o seu contrato renovado, já desde o dia 15 de Novembro, por “possuir competência profissional e experiência adequadas para o exercício das suas funções”.

Operários querem Governo a comunicar online Um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) feito a 1041 pessoas revela que 80% dos inquiridos considera que os dirigentes do Governo deveriam criar o hábito de comunicar com os residentes através da internet. Contudo, cerca de metade dos entrevistados pensa que essa iniciativa não terá quaisquer resultados práticos, nem vai influenciar as decisões políticas. A FAOM recomenda, por isso, que o Governo fortaleça este tipo de comunicação e que aproveite as plataformas online, por forma a encorajar a participação dos residentes no processo de criação de políticas por parte do Executivo. A FAOM acrescentou ainda que as comunicações já existentes com as associações não podem substituir a plataforma online de diálogo com o Governo. Na opinião dos Operários, o Executivo poderia garantir uma maior eficiência e poupança através da internet na resposta aos cidadãos.

Infiltrações Deputado pede revisão do Código CivilO deputado Si Ka Lon disse que o Centro de Inter-serviços para o Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios (CITIA), da tutela do Instituto de Habitação (IH) ainda não conseguiu resolver muitos casos, não só porque os proprietários não conseguem coordenar a manutenção dos prédios, mas também porque a eficiência da entidade é baixa. Si Ka Lon escreveu ainda, numa interpelação escrita entregue ao Governo, que deve considerar-se a possibilidade de rever o Código Civil para que existam regras mais claras na manutenção dos edifícios e nas sanções a aplicar nestes casos, uma ideia que já tinha sido apresentado pelo IH. Dados de Setembro revelam que o CITIA tinha um total de 10.846 processos autuadas, tendo sido resolvidos 7743 casos, 71,39% do total. Das 1043 situações, 9,62%, estavam relacionadas com os donos dos apartamentos, que não fizeram reparações após as inspecções do Governo. Em apenas 235 casos, 2,16%, o IH não conseguiu contactar os proprietários ou encontrar possibilidades de cooperação nos processos de inspecção.

LI GANG DIZ QUE A RAEM É “MODELO” PARA A LEI BÁSICA

Aviso à manifestação

“Ele deixou passar uma mensagem muito clara para os jovens de Macau, dizendo-lhes que não devem fazer nada que não estejana Lei Básica, tal como o que estáa acontecer em Hong Kong”LARRY SO Académico

Quem criticar a Lei Básica em Macau “será desprezadocomo um rato de rua”, até porque, por cá, a populaçãonão só aprende, como promove a mini-constituição. É estaa visão de Li Gang, director do Gabinete de Ligaçãodo Governo Central em Macau, que frisa que o territórioé um modelo a ser seguido

(SCMP), Li Gang afirma que “ao longo dos últimos 15 anos, o conceito ‘Um País, Dois Sis-temas’ tem sido implementado de forma compreensiva... em Macau” e que, por cá, a popu-lação gosta da forma como está elaborada a mini-constituição da RAEM.

“Toda a comunidade adere, dá apoio, aprende e promove a Lei Básica. A população de Macau agradece ao Governo Central e agradece à Lei Básica”, frisa ao jornal.

Para Li Gang, Macau é um território onde “quem diga que a Lei Básica não é uma coisa boa

será desprezado como se fosse um rato de rua”.

CLAREZA NO RECADOOuvido pelo diário inglês de Hong Kong, o ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM) Larry So estabelece uma ligação entre as declarações do director do Gabinete de Ligação e os recentes acontecimentos protagonizados pelo movimen-to ‘Occupy Central’, em Hong Kong, onde Li Gang estava antes de vir para Macau.

“Ele deixou passar uma mensagem muito clara para os jovens de Macau, dizendo-lhes que não devem fazer nada que não esteja na Lei Básica, tal como o que está a acontecer em Hong Kong”, referiu ao SCMP.

Na mesma entrevista, Li Gang não deixou de fazer co-mentários sobre a actual situação económica de Macau, referindo--se à necessidade de implementar uma verdadeira diversificação, tal como disse recentemente Li Fei, secretário-geral do Comité Permanente da Assembleia Po-pular Nacional (APN).

“Desenvolver uma economia diversificada é uma missão im-portante e uma exigência que o Governo Central tem para Ma-cau”, frisou. Para Li Gang, essa diversificação deve acontecer em parceria com Hong Kong e a província de Guangdong.

Page 6: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

HOJE

MAC

AU

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau quinta-feira 11.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

D EPOIS do aumento de 5,59% das tarifas de abastecimento de água pagas pelo Governo à

Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM), a em-presa prepara-se para apresentar uma nova proposta. À margem da segunda reunião do ano entre a empresa, Governo e represen-tantes dos consumidores, Félix Fan, director-executivo da Macau Conselho para os

Assuntos Médicos com novos membrosPaulo Comandante é o novo membro para o Conselho para os Assuntos Médicos, em substituição de Lam Iat Cho. Paulo do Lago Comandante é presidente da Associação dos Investigadores Praticantes e Promotores da Medicina Chinesa de Macau, uma associação ligada aos serviços de saúde do território há mais de dez anos. Fan Wong Iao Ha é também um novo membro, substituindo Choi Mio Iong Alves. As nomeações constam de um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), assinado pelo ainda Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U.

Autoridades com novas instalações nas fronteiras

P OR forma a responder ao ajustamento dos horários

das fronteiras, a Polícia de Segurança Pública (PSP) e os Serviços de Alfândega ga-rantiram ontem que as novas instalações e equipamentos já estão “praticamente com-pletos” junto às fronteiras das Portas do Cerco, do Cotai e Ilha Verde.

Vong Vai Man, sub--intendente da Alfândega, garantiu, contudo, que os novos equipamentos serão sujeitos a um período experi-mental de duas semanas, uma vez que não se sabe quantas pessoas irão atravessar a fronteira. No Cotai, o posto transfronteiriço vai ainda sofrer obras de ampliação, apesar de ainda não existir um calendário concreto.

Quanto à fronteira na Ilha Verde, Wong Kim Hong, che-fe dos Serviços de Emigração junto do comissariado da fronteira das Portas do Cerco, disse que a patrulha na zona vai ser “consolidada”, uma vez que os estacionamentos ilegais “possam ser mais”.

6 SOCIEDADE

ÁGUA SAAM VAI PEDIR NOVO AUMENTO DE TARIFAS

Combater as pressões

CLIENTES SATISFEITOSO encontro de ontem serviu também para apresentar os resultados de um inquérito de satisfação aos clientes promovido pela SAAM e realizado por uma “entidade independente”. Segundo um comunicado, 509 clientes foram inquiridos, sendo que 78% “manifestaram satisfação sobre o grau de desempenho geral” da empresa. Já 80% dos inquiridos “estavam satisfeitos com a fiabilidade do abastecimento de água”. “A maioria dos inquiridos focava mais a estabilidade do fornecimento, seguindo-se a razoabilidade da tarifa e a responsabilidade social corporativa”, refere o mesmo documento.

Water, confirmou essa mesma informação ao HM.

“Estamos a planear fazer um novo pedido de aumento no próxi-mo ano. Entre 2013 e 2014 a Macau Water exigiu um aumento de tarifas, que foi sempre abaixo do Índice de Preços do Consumidor (IPC). Isso faz com que a nossa capacidade financeira não seja sustentável”, explicou.

Félix Fan assegura ainda que “todas as vezes que existe um aumento é ligeiramente inferior” ao IPC. “Espero que o público e o

Governo possam compreender os pedidos da SAAM, pois sem esse apoio não podemos manter o nosso nível de serviço, especialmente em termos de segurança”, adiantou.

Confrontada com a possibilida-de de uma nova proposta, Susana Wong, directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), mostrou-se surpreendida. “Outra vez? Foi feito um aumento em Agosto. Temos de ver os dados, no final do ano ou no início do próximo vamos ter os dados sobre os lucros

e desempenho da empresa. Não tenho nenhum comentário neste momento”, disse ao HM.

NOVA CENTRAL EM SEAC PAI VANA reunião de ontem serviu ainda para a SAAM apresentar os pro-jectos para o próximo ano. Para além da conclusão de uma nova central de abastecimento de água, em meados do próximo ano, orçada em 120 milhões de patacas, a em-presa vai construir uma nova central na zona de Seac Pai Van. Esta irá abranger 60% da actual capacidade de abastecimento e terá um custo de 800 milhões de patacas, disse Félix Fan ao HM.

“Os novos casinos vão abrir no Cotai, a população está a aumentar e isso vai trazer grandes desafios ao fornecimento de água”, explicou.

Félix Fan, director-executivo da SAAM, garantiu que seráfeita uma proposta ao Executivo no próximo ano para o aumento das tarifas de abastecimento de água, por forma a responderà inflação. Susana Wong mostrou-se surpreendida e nãoquis comentar novo pedido

“Estamos a planear fazer um novo pedido de aumento no próximo ano”FÉLIX FAN Director-executivoda Macau Water

“Este projecto não vai apenas garantir a quantidade de água ne-cessária mas também a segurança. Actualmente a maioria do forneci-mento de água vem da zona norte, cuja capacidade já está a 100%. No caso de haver algum problema com algum dos canais, o forneci-mento na zona do Cotai poderá estar em perigo, principalmente para os grandes clientes. Temos de estar preparados para os potenciais riscos”, acrescentou o director executivo da SAAM.

Susana Wong garantiu existir a “necessidade” de novas infra-estru-turas. “O Cotai vai crescer e vão ser desenvolvidos os novo aterros nos próximos anos. Há ainda o aumento da população e todas as actividades económicas, então a necessidade de abastecimento de água também vai aumentar”, concluiu.

Page 7: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

PUB

7 sociedadehoje macau quinta-feira 11.12.2014

FIL IPA ARAÚ[email protected]

A “Base de Dados com Informações sobre as Mulhe-res”, anunciada

em Março deste ano pelo Governo e que começou a ser elaborada em Janeiro, poderá estar concluída no segundo semestre do próximo ano. Quem o diz é Lam Pui Seong, secretária-geral da Comissão dos Assuntos das Mulheres.

“Prevemos que [a base] esteja concluída no segun-do semestre do próximo ano, mas ainda precisamos de recolher opiniões e decidir os [tópicos]”, es-clareceu. Para já o acervo de informações está orga-nizado por oito tópicos, seguindo os critérios da UNESCO.

“Escolhemos oito tó-

Macau Terceira cidade mais cara para alojamentoUma contagem do website de alojamento Airbnb revela que Macau está em terceiro lugar no que diz respeito ao preço das casas. A lista, elaborada pelo website GoEuro e citada na edição online da revista Macau Business, visa um total de 150 cidades em todo o mundo. Tendo em conta vários tipos de alojamento para viajantes, desde hotéis e casas de férias, Macau surge como o terceiro território mais caro. A cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, é tida como a cidade mais cara do mundo para ficar alojado. O website Airbnb é uma plataforma online para a troca de alojamento para turistas.

Decretado Dia Nacional de Luto por Nanquim Decretado em Fevereiro pelo Governo Central, o “Dia Nacional de Luto pelas Vítimas do Massacre de Nanquim” será celebrado no próximo sábado em Macau, estando previstas, a partir das 9 horas, “actividades solenes” no pátio da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau, em Coloane. Chui Sai On, Chefe do Executivo, estará presente na efeméride, bem como os antigos e recém indigitados Secretários, os líderes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, do Exército de Libertação do Povo Chinês na RAEM, do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM e ainda “individualidades dos diversos sectores sociais de Macau”.

MULHERES BASE DE DADOS PRONTA EM 2015

Filhos são adiados“As mulheres estão a começar a ter o seu primeiro filho um pouco mais tarde, aos trinta anos. Achamos que deviam ter as suas crianças um poucomais cedo,não colocando em riscoa sua saúde”LAM PUI SEONG Secretária-geralda Comissão dosAssuntos das Mulheres

picos porque seguimos o critério da UNESCO, atra-vés do plano de acção de Pequim, e nele medimos: Mulher e a População, Mu-lher e a Família, Mulher e a Saúde, Mulher e a Educa-ção, Mulher e a Economia e a Garantia Social, Mulher e a Violência, Mulher e as Actividades Políticas e por fim, Mulher e o Meio de Comunicação”, afirmou.

A base de dados será assim uma forma, segun-

do a secretária-geral, de recolher informações de várias áreas relativamente às mulheres, que estarão apresentadas em forma de tabelas, pirâmides e com-parações.

No olhar da Comissão, o “trabalho desenvolvido pelos Serviços de Saúde na área da mulher tem sido bom”, no que respeita às doenças exclusivas da mulher. Área que, segun-do a secretária-geral da Comissão, merece toda a atenção por parte do grupo e da sociedade.

FILHOS MAIS TARDEAnalisando os dados de nas-cimentos, Lam Pui Seong explica que o número de partos tem aumentado, mas também a idade para o pri-meiro filho. “[As mulheres] têm o primeiro filho numa idade jovem, entre os 25 e os 27 anos. Mas verificámos também que as mulheres estão a começar a ter o seu primeiro filho um pouco mais tarde, aos trinta anos. Achamos que as mulheres deviam ter as suas crianças um pouco mais cedo, não colocando em risco a sua saúde”, esclareceu.

Depois da reunião com os SS, a Comissão explica que é claro um aumento de mulheres a amamentar, taxa que atingiu já os 87% em 2013, segundo a Comissão. Por essa mesma razão, a Comissão explicou que vai apelar a que sejam criados mais espaços públicos para amamentar.

“No ano passado, as mu-lheres usaram as instalações e equipamentos para dar de mamar e, comparando com os anos anteriores, podemos verificar que as mulheres estão a aderir mais a dar de mamar. Por isso, o número está mais elevado”, afirmou, indicando que a Comis-são “verificou que várias

PLANO FUTUROEm 1995, em Pequim surgiu, através da 4ª Comissão dos Assuntos das Mulheres, um Plano de Acção de Pequim, no qual foram definidos vários objectivos, políticas e estratégicas relativamente às mulheres. A secretária-geral explica então que, no próximo ano, no 20º aniversário do plano de acção da capital chinesa, a Comissão irá seguir as indicações desse mesmo documento “e construir um plano de desenvolvimento adequado à realidade de Macau e também colaborar com os serviços”.

espaços públicos não têm instalações necessárias”.

Relativamente à desi-gualdade de género, Lam Pui Seong defendeu que Macau está num “bom nível”. “Macau comparado com 138 outros países em relação à desigualdade de género fica em 10º lugar. Não é mau”, rematou.

Segundo a Comissão dos Assuntos das Mulheres, a idade para dar à luz tem vindo a aumentar, o que constitui para Lam Pui Seong, secretária-geral da Comissão, um risco acrescido para a saúde

Page 8: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

8 sociedade hoje macau quinta-feira 11.12.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Tribunal Judicial de Base (TJB) decidiu condenar um cidadão português, residente em Macau, a

uma pena de prisão de cinco anos e seis meses, por um crime de violação, dois de coacção sexual, um de ofensas à integridade física e ainda por um cri-me de gravação de fotografias ilícitas. A leitura da sentença, ocorrida ontem durante a tarde, determinou a conde-nação do homem que terá praticado os actos contra a sua companheira, uma macaense, que se constituiu assistente no processo.

Fonte próxima do arguido disse ao HM que vai ser apresentado o re-curso da sentença, numa fase em que serão apresentadas mais provas que visam defender o agora condenado. A mesma fonte demonstra absoluta certeza sobre a inocência do homem.

“Ele foi condenado sem factos. Não se provou nada e não percebo como é que uma pessoa pode ser condenada sem provas e sem factos. Foi tudo com base em suposições e o testemunho de uma pessoa que se diz vítima mas que não é vítima nenhuma, porque passeia--se pelas ruas toda contente e de cabelo pintado”, disse ao HM.

A experiência da juíza que leu a sen-tença também foi posta em causa pela mesma fonte. “Em Macau não se faz justiça e aqui está a prova. Estes juízes

LEONOR SÁ [email protected]

U M estudo conduzido pe- la Universidade de São José (USJ) mostra que

o nível de consciencialização da população local sobre questões ambientais está acima do esperado, aproximando-se mesmo dos valores de cidades dos EUA ou da Turquia. De acordo com os resultados ontem anunciados por Eric Tsang, director associado da UNESCO-UNEVOC, a média de 3,66 – numa escala máxima de cinco pontos – de Macau é “uma pontuação satisfatória”, ficando muito próxima da Pensilvânia, por exemplo. Além disso, ex-plicou o especialista, foram mais de 66% as pessoas que disseram ter um “conheci-mento relativamente bom” em termos de conscienciali-zação ambiental.

Embora a poluição tenha sido listada como um dos problemas do território, as questões da habitação e da educação estão à frente.

O mesmo estudo revelou ainda que a grande maioria das pessoas considera a po-luição um assunto importante. De entre esta fatia de inqui-ridos, 56,5% argumenta que a poluição do ar é a pior de todas as formas.

“A biodiversidade não parece ser um assunto assim tão sério para estas pessoas”, referiu Tsang. São, ainda, os mais novos e residentes em-pregados e com formação de ensino superior quem mais conhecimentos tem sobre o ambiente na RAEM.

A apresentação dos resul-tados do estudo foi feita por Émilie Tran, coordenadora do programa de Estudos Governamentais, e por Tsang. O estudo foi encomendado pela Fundação Macau e teve

como objectivo avaliar o nível actual de consciencialização da população do território, integrando 1005 pessoas residentes no território.

A grande maioria disse ainda ter “bastante mais co-nhecimento” do que tinha há dez anos. Outra das conclu-sões deste estudo passa pela diferença entre aquilo que as pessoas julgam saber e aquilo que realmente sabem sobre o ambiente: estes dois níveis não correspondiam, ou seja, as pessoas sentiam que sabiam mais além dos seus verdadeiros conhecimentos.

HIPOCRISIA EM BARDAOs responsáveis pelo estudo utilizaram uma escala espe-cífica para “medir” e avaliar o valor de consciencialização e conhecimento das pessoas face a este assunto. A mesma escala estabelece quatro di-ferentes campos e a grande maioria dos inquiridos foi caracterizada como “Crentes” – 661 pessoas –, seguindo-se os “Hipócritas”.

O mesmo estudo, que servia também para ajudar à criação de programas e medi-das de sensibilização, concluiu que 1,79% dos inquiridos – 18 pessoas – se integram no grupo dos “Persistentes”, caracterizados por quem não tem conhecimentos nem se preocupa com a questão. É, contudo, este o grupo que mais pode ser sensibilizado. “Como? Através de incentivos económicos, principalmente aos jovens”, explicou Tsang.

Para mais de 80% dos inquiridos, a mudança no seu comportamento face à preser-vação ambiental apenas altera-ria se o seu estilo de vida fosse diferente. Além disso, explicou Emilie Tran, há actualmente mais pessoas dispostas a pagar para ajudar o ambiente do que há duas décadas.

ESTUDO CONSCIENCIALIZAÇÃOAMBIENTAL ACIMA DO ESPERADO

Outras prioridadesUm cidadão português, residente em Macau, foi ontem condenado pelo Tribunal Judicial de Base a cinco anos e seis meses de prisão por crimes de teor sexual cometidos contra a companheira macaense. Vai haver recurso da sentença, mas a defesa assegura que a decisão é justa

PORTUGUÊS CONDENADO A MAIS DE CINCO ANOS DE PRISÃO

Sexo, fotografias e vídeo

“Em Macau não se faz justiça e aqui está a prova. Estes juízes que vêm da China não sabem ajuizar estes casos, não têm ‘background’e experiência. A juíza estava a ler a sentençae não dizia coisacom coisa”FONTE PRÓXIMA DO CONDENADO

que vêm da China não sabem ajuizar estes casos, não têm ‘background’ e experiência. A juíza estava a ler a sentença e não dizia coisa com coisa, todos olhavam uns para os outros sem nada perceber”, acrescentou.

Por ser à porta fechada, não foi possível ao HM assistir ao jul-gamento. A advogada do arguido, Carla Pires, também não quis prestar declarações.

A VEZ DA DEFESASegundo o jornal Ponto Final, o casal conheceu-se em 2010, tendo partilhado casa. Em Agosto de 2013 terão ocorrido os crimes, sendo que a assistente chegou a ser tratada no

hospital com fracturas em duas cos-telas, que o homem diz terem sido consequência de um passeio com o cão. Uma discussão entre o casal, alegadamente porque o cidadão português terá pedido a separação, desencadeou o processo. O homem condenado disse em tribunal que a relação que mantinha com a compa-nheira era marcada por relações se-xuais sadomasoquistas, o que incluía a gravação de imagens e fotografias. Todos os actos seriam consentidos entre os dois, frisou ainda.

Para Pedro Leal, advogado da vítima e assistente no processo, con-siderou a sentença justa. “Ele estava acusado pelo Ministério Público (MP) e pela assistente de vários crimes, mais do que aqueles que ficaram provados. Perante a moldura penal de cada um deles e o que foi aplicado, parece-me uma decisão justa”, disse ao HM.

O condenado, que já se encontrava em prisão preventiva no Estabeleci-mento Prisional de Macau (EPM) há mais de um ano, assim vai continuar até que seja dado avanço ao recurso. “Numa primeira opinião, diria que a sentença me parece justa face aos crimes pelos quais ele foi condenado. Se houve ou não mais crimes, é uma situação que terei de ver com mais atenção. Mas pareceu-me uma decisão equilibrada”, acrescentou Leal. Os crimes por que o cidadão português respondia poderiam originar uma pena de prisão até 12 anos.

Page 9: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

OU M

UN T

IN T

OI

9 sociedadehoje macau quinta-feira 11.12.2014

CECÍLIA L [email protected]

S AM Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), acredita que Macau já conseguiu

criar um sistema judiciário inde-pendente e que corresponde às necessidades da RAEM e assegura que a língua chinesa já é a mais utilizada nos processos judiciais em Macau.

Numa entrevista que deu à Xinhua, agência do continente, Sam Hou Fai explica que Macau mudou desde a transição, sendo que o sistema judicial está incluído nestas alterações.

“Antes da transição, Macau não tinha o seu próprio sistema judicial, era apenas uma pequena região de Portugal - nos termos da lei -, sujeita a um controlo rigoroso”, apontou o responsável máximo dos tribunais de Macau. “Hoje em dia, sob a garantia do princípio ‘um país, dois sistemas’, Macau já criou um sistema judicial independente que é correspondente à realidade da RAEM.”

Sam Hou Fai foi nomeado presidente do TUI em 1999. Para o responsável, durante os últimos 15 anos, os tribunais da RAEM amadureceram, bem como os seus profissionais.

“Durante os esforços [levados a cabo] nestes 15 anos, as organi-zações judiciárias já ganharam a

FLORA [email protected]

O presidente do Insti-tuto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai

Meng, disse à Xinhua, em entrevista, que pretende tornar Macau num “museu ao ar livre”. Ung Vai Meng referiu ainda que tem vindo a testemunhar as mudanças ocorridas em Macau, que de uma “cidade decadente” se transformou num território com um património reco-nhecido em todo o mundo.

TRIBUNAIS SAM HOU FAI ASSEGURA QUE SISTEMA É ADEQUADO

Saber amadurecer

“Hoje em dia, sob a garantia do princípio ‘um país, dois sistemas’, Macau já criouum sistema judicial independente queé correspondenteà realidade da RAEM” SAM HOU FAI Presidente do Tribunal de Última Instância

UNG VAI MENG CHINESES “VÃO COMEÇAR A VALORIZAR MAIS O PATRIMÓNIO”

Um museu ao ar livre

judicial. Apresentando números que considera provarem as melho-rias nos trabalhos dos tribunais, o responsável indica à Xinhua que os tribunais de Macau passaram de ter 23 juízes a ter 45 e de cem funcionários judiciais a ter 234.

Segundo os dados dos Censos, os três tribunais da RAEM trataram de 19.535 casos no ano judiciário passado, um número duas vezes maior do que o primeiro ano da RAEM.

FALAR CHINÊS O presidente do TUI não deixou ain-da de apontar que a língua chinesa já conseguiu ter o papel dominante nos processos em Macau. “Antes da transição, a língua [utilizada] era a língua portuguesa, mas a maioria dos envolvidos não dominavam essa língua e, por isso, houve muitas dificuldades nos processos. Agora, a maioria dos documentos emitidos para os envolvidos nos processos são bilingues e os funcionários bilingues recrutados pelos tribunais já aumentaram de 14 pessoas no ano 2000 para mais de 40 pessoas. O TUI, o Tribunal Administrativo, os Juízos Criminais e os Juízos de Pequenas Causas Cíveis do Tribunal Judicial de Base (TJB) já resolveram totalmente o problema do uso do chinês e noutros tribunais também a taxa do uso do chinês ou ambas as línguas ultrapassou os 75%.”

Ung Vai Meng revelou sentir-se “orgulhoso” sobre o facto de 13% do território de Macau ser composto por áreas protegidas, com mais de 20 museus. Para o presidente do IC, esse número de espaços culturais já é suficiente.

“Macau é tão pequeno, mas existem tantos lugares que são património cultural, tantas instituições ligadas à cultura, então devíamos criar um museu ao ar livre”, defendeu na entrevista. Esta tem sido, aliás, uma ideia já referida por Ung Vai Meng

aos meios de comunicação locais, tendo sido divulgada pela primeira vez há quatro anos e sido “bem recebida pelos residentes”.

SEMPRE A ESTIMARUng Vai Meng lem-brou ainda que, na década de 80, o património já era alvo de protec-ção em muitos p a í -ses

europeus, mas que essa ideia estava “afastada da realidade” de Macau.

“Fazia a promoção junto dos meus colegas para a necessidade de se proteger o património cultural, mas a população em geral não entendia porque é que se deviam proteger casas ve-lhas”, disse o presidente do IC à Xinhua.

Apesar disso, Ung Vai Meng acredita que, nos

próximos anos, os chi-neses vão começar

a valorizar mais o património histórico, ten-do lembrado a data histórica de 2005, quan-do o Centro

Histórico de Macau entrou para a lista da UNESCO.

Uma das novidades apre-sentadas por Ung Vai Meng prende-se com a futura cola-boração do IC com associa-ções e entidades privadas de cariz cultural, para que mais relíquias históricas possam ser descobertas.

“Existe, por exemplo, uma associação ligada à área da carpintaria que tem uma história com mais de 150 anos. É a única que consagra o trabalho de Lu Ban, um famoso arquitecto na China antiga. Estamos a discutir a cooperação com essa associa-ção, para que o lugar se possa transformar num espaço de exposição junto do público”, concluiu à Xinhua.

O presidente do TUI sublinha o desenvolvimento positivo dos tribunais do território que, após a Transferência de Soberania, alcançaram já a “posição e dignidade que deveriam ter”

posição e dignidade que deveriam ter”, começou por dizer, explicando que Macau é uma região pequena onde toda a gente tem ligação uma à outra e, por isso, é preciso criar um sistema forte e que seja bem gerido, para que se consiga fazer justiça. “Em particular, precisamos de fun-cionários judiciais que [consigam] enfrentar enormes mudanças so-ciais, honestos e auto-disciplinados para resistir à tentação e a todos os tipos de interferências e pressões directas ou indirectas, de forma destemida e fiel.”

Sam Hou Fai também não quis deixar de dizer que, desde os 15 anos da transição, foi aumentada a eficiência judicial, reforçada a trans-parência e reforçada a cooperação

Page 10: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

O ANJO DA GUARDA • Robert Muchamore Ryan já salvou a vida de Ethan mais do que uma vez. Ethan chama-lhe o seu anjo da guarda. Mas Ryan trabalha para a CHERUB, uma organização secreta com uma vantagem essencial: nem os criminosos mais experientes suspeitam que crianças os possam vigiar. A família de Ethan gere um império milionário no mundo do crime, e a missão de Ryan é destruí-lo. Será Ryan capaz de completar a missão dele sem destruir o seu amigo Ethan?

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

10 hoje macau quinta-feira 11.12.2014EVENTOS

Énula

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NA CHÁVENA

Nome botânico: Inula helenium L.Família: Asteraceae (Compositae).Nomes populares: Énula-campana; Inula; Inula-campana.

Originária do sudoeste da Europa e Ásia ocidental, a Énula é uma planta robusta e vigorosa que pode alcançar os 2 metros de altura. Apresenta folhas grandes e espessas, lanceoladas, e vistosas flores amarelas, liguladas na periferia e tubulo-sas ao centro, formando grandes capítulos.O seu nome latino helenium, faz alusão a Helena. Para a mitologia grega, a Énula surgiu das lágrimas de Helena, esposa de Menelau, cujo rapto originou a Guerra de Tróia. Embora a lenda termine aqui, realça--nos a importância desta planta para a época. De facto, enquanto planta medicinal, a Énula tem uma história gloriosa, tendo sido elogiada por vários médicos, botânicos e naturalistas ao longo do tempo: Teofrasto, Dioscórides e Plínio na Antiguidade; Santa Hildegarda na Idade Média; Mattioli e Laguna no Renascimento. Foi ainda utilizada para combater a febre, na ausência da Quina. Em fitoterapia usam-se as raízes e rizomas.

COMPOSIÇÃOPlanta muito rica em inulina, a Énula contém ainda triterpenos, óleo essencial (helenina ou cânfora de Inula), compostos amargos, mucilagem, frutosanas, fitos-teróis, azuleno, resina e sais minerais (potássio). Aroma canforado.

ACÇÃO TERAPÊUTICAPlanta com acção electiva sobre o sistema respiratório, a Énula suaviza e desinflama a vias respiratórias acalmando a tosse, fluidifica as mucosidades facilitando a expectoração e combate os espasmos e as alergias; é antibiótica, sendo eficaz in vitro contra o bacilo de Koch, bactéria causa-dora da tuberculose; aumenta a sudação favorecendo a eliminação das toxinas infecciosas e auxiliando a baixar a febre, ao mesmo tempo que estimula as defesas orgânicas e tonifica todo o organismo. É útil nas afecções respiratórias de origem infecciosa ou alérgica, acompanhando--se de tosse produtiva ou tosse seca e irritativa, como bronquite e asma; utili-zada no tratamento da tuberculose antes do aparecimento dos antibióticos, pode ainda hoje oferecer os seus préstimos como adjuvante. Erva segura, eficaz e bem

tolerada, é especialmente indicada para crianças, idosos e pacientes debilitados ou convalescentes.Pelas propriedades tónicas e amargas, a Énula abre o apetite e tonifica o estô-mago favorecendo a digestão; aumenta a produção de bílis no fígado e estimula o seu esvaziamento pela vesícula. Falta de apetite, vómitos, gastrite, má digestão, perturbações do fígado e vesícula são outras das suas indicações. Esta planta tem ainda uma notável ação contra vermes e parasitas intestinais.

OUTRAS PROPRIEDADESUsada externamente, a Énula desinfecta, desinflama e favorece a cicatrização de feridas e a cura de contusões; tem sido empregue na acne, eczema, erupções cutâneas diversas, prurido e úlceras varicosas. Destrói fungos e parasitas que afectam a pele e o couro cabeludo o que justifica a sua utilização nas micoses, sar-na e pediculose (infestação por piolhos).

COMO TOMAR• Uso internoDecocção: 1 colher de sobremesa por chávena de água. Tomar 3 chávenas por dia. Pode adoçar-se com mel.Em tintura ou xarope, em fórmulas para as afecções respiratórias ou digestivas.As raízes cristalizadas podem ser ingeridas como um doce.• Uso externoDecocção: 30 gramas por litro de água. Em lavagens ou compressas.

RECEITA – VINHO MEDICINALDurante 7 dias, deixar em maceração 30 gramas de raízes de Énula pisadas e par-tidas aos pedaços em 60 gramas de álcool puro. Adicionar um litro de vinho branco generoso e deixar em maceração mais 10 dias. Filtrar e guardar em garrafa de vidro escuro, bem rolhada. Tomar 3 colheres de sopa por dia. Como tónico.

PRECAUÇÕESNão se aconselha a sua administração a grávidas e lactantes. Embora raramente, pode ocasionar reacções alérgicas. Devido às lactonas sesquiterpénicas, doses ele-vadas podem originar vómitos e diarreia e, externamente, dermatites em peles sensíveis. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

Dez artistas plásticos contemporâneos, de diversas gerações, marcam presença na exposição que estará patente no Clube Militar até 21 de Dezembro

C ERCA de 60 obras de artistas portugueses vão estar expostas no Clube Militar

entre 16 a 21 de Dezembro. As peças são todas originais e, de acordo com a organização,

CLUBE MILITAR ARTISTAS PORTUGUESES MOSTRAM 60 OBRAS

Diversidade e vitalidade da arte contemporâneaestão representados artistas consagrados e de renome internacional, como Júlio Pomar, Graça Morais e José Luís Tinoco.

Júlio Pomar, nascido em Lisboa em 1926, frequentou as escolas superiores de Belas Artes de Lisboa e do Porto e é consagrado há muito como um dos maiores nomes da arte europeia. “A sua criação é diversa, incluindo pintura,

desenho, gravura, escultura, ilustração e cerâmica. Rea-lizou obras de decoração mural em azulejo para as estações do Alto do Moinho no Metropolitano de Lisboa e do Botanique em Bruxelas”, revela um comunicado da organização.

Graça Morais nasceu em 1948, em Vieiro, Trás-os--Montes. Em 1971 licenciou--se na Escola Superior de

Page 11: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

O ANJO DA GUARDA • Robert Muchamore Ryan já salvou a vida de Ethan mais do que uma vez. Ethan chama-lhe o seu anjo da guarda. Mas Ryan trabalha para a CHERUB, uma organização secreta com uma vantagem essencial: nem os criminosos mais experientes suspeitam que crianças os possam vigiar. A família de Ethan gere um império milionário no mundo do crime, e a missão de Ryan é destruí-lo. Será Ryan capaz de completar a missão dele sem destruir o seu amigo Ethan?

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O GOLPE DOS TRAFICANTES • Maria Inês Almeida, Joaquim Vieira Durante um passeio a uma ilha algarvia, o barco onde viajavam Duarte, Marta e alguns amigos é roubado por traficantes. Os dois jovens seguem uma pista para tentarem descobrir o paradeiro dos ladrões. Só que, no meio desta aventura, ficam cercados por gente com más intenções, e então tudo se vai complicar.

11 eventoshoje macau quinta-feira 11.12.2014

CCM procura crianças para Coro InfantilAté ao próximo dia 17 de Dezembro o Centro Cultural de Macau (CCM) está a aceitar inscrições de crianças entre os oito e os 16 anos para que possam fazer parte do novo Coro Infantil para o próximo ano. O custo de inscrição é de 20 patacas, valor não reembolsável, para além de uma propina semestral de 200 patacas. As aulas, dadas em cantonense com apoio de inglês, irão decorrer todos os domingos entre as 11h e as 13 horas. As audições decorrem entre os dias 27 e 28 de Dezembro.

IPOR Workshop de dança para crianças dirigido por Tiago CadeteDividido em duas sessões, o Instituto Português do Oriente (IPOR), juntamente com a Companhia de Dança Contemporânea Eira, levam a cabo esta sexta-feira e sábado, o workshop ‘Não quero ser um livro’. A actividade é destinada a crianças dos seis aos 12 anos e pretende “estimular o imaginário individual e colectivo, através de jogos e exercícios”. Dirigido por Tiago Cadete, o workshop tem um custo de 30 patacas, com inscrições até dia 18 de Dezembro, e acontecerá no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-Geral de Portugal em Macau.

Albergue SCM Esboços de Yu Chang para celebrar transição O Albergue SCM vai ter em exposição obras do artista Yu Chang. “Celebração do 15.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China – Esboços de Yu Chang” é o nome da exposição. O evento tem data marcada para dia 17 de Dezembro, às 18h30, altura em que se fará a cerimónia de abertura. A mostra, contudo, estará disponível ao público até dia 20 de Janeiro do próximo ano, todos os dias das 12h00 às 20h00 e com entrada livre.

CLUBE MILITAR ARTISTAS PORTUGUESES MOSTRAM 60 OBRAS

Diversidade e vitalidade da arte contemporânea

Belas Artes do Porto e desde 1978 que tem exposto por todo o mundo. Recebeu vários pré-mios e está representada em diversas colecções públicas e privadas.

José Luís Tinoco, nasci-do em Leiria em 1932, tirou Arquitectura na ESBAP e é arquitecto, pintor, ilus-trador, cartoonista, músi-co, multi-instrumentista e letrista. De 1956 até hoje

já participou em mais de duas centenas de exposi-ções em Portugal e no es-trangeiro. Recebeu vários prémios e está representado em diversas colecções pú-blicas e privadas.

TALENTOS VÁRIOSAo todo, são dez os artistas plásticos portugueses que marcam presença na expo-sição, onde, além dos acima referidos, há ainda obras de “diversas gerações, que patenteiam a diversidade e vitalidade da arte contempo-rânea portuguesa”. É o caso de Paulo Ferreira, João Paulo, Maria João Franco, Velhô, Filipe Amaral, Alexandre Baptista e Gil Maia.

A mostra abre ao público a 16 de Dezembro e estende--se até dia 21, sendo que se integra nas actividades de celebração da transição de soberania. Estará patente no Salão Ho Yin do Clube Militar, onde poderá ser vi-sitada diariamente das 11h00 às 19h00.

A selecção dos trabalhos foi feita pelos comissários Maria de Lurdes Ferreira e José Duque Vicente e a exposição é organizada não só pelo Clube Militar de Macau, como pela APAC - Associação para a Promoção de Actividades Culturais.

Page 12: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

12 CHINA hoje macau quinta-feira 11.12.2014

A empresa chinesa procura adquirir uma maior capacidade de acção nos mercados europeus, africanos e da América do Sul

A Haitong espera “reforçar a sua presença no mer-cado financeiro interna-cional” com a compra do

Banco Espírito Santo Investimento (BESI), disse a empresa chinesa num comunicado enviado ontem à agência Lusa.

Trata-se da primeira aquisi-ção da Haitong fora da China – a operação custou 379 milhões de euros - e é também considerada uma das maiores operações do género efectuadas nos últimos anos por empresas financeiras chinesas.

Conforme o acordo celebrado na segunda-feira com o Novo Banco português, proprietário do BESI, a compra será feita através de uma subsidiária do grupo, a Haitong Internacional Holding Limited (HTIH), criada em 2007 em Hong Kong para “realizar in-vestimentos e desenvolver acções no estrangeiro”.

No comunicado enviado à agência Lusa em Pequim, a Hai-tong descreve o BESI como “um banco de investimento com “forte rentabilidade e alta eficiência operacional”.

“A rede de distribuição e a base de clientes do BESI são boas”, o que permitirá à Haitong “ganhar capacidade nos mercados maduros

Fabricantede telefones lança purificador do ar ‘inteligente’ O fabricante chinês de telefones móveis Xiaomi, que em apenas três anos se converteu no terceiro maior vendedor de telemóveis do planeta, lançou um purificador do ar “inteligente” que pode ser activado de forma remota com um ‘smartphone’, revelou ontem a imprensa chinesa. O novo aparelho terá um custo de 899 yuanes, muito inferior ao da maioria dos purificadores do ar na China, um país onde, devido aos altos índices de poluição das suas cidades, este género de produtos são cada vez mais procurados. O produto é capaz de purificar 406 metros cúbicos de ar por hora e medir periodicamente a qualidade do ar existente à volta do aparelho, apresentando informações para que os proprietários saibam quando este deve ser colocado em funcionamento, acrescentou a agência Xinhua. Além do purificador, a Xiaomi lançou também recentemente televisões, tablets e outros equipamentos electrónicos.

Maior viagem ferroviária da História liga China a MadridA mais longa viagem ferroviária da História terminou terça-feira em Madrid depois de um comboio de mercadorias ter percorrido 13.052 quilómetros entre Yiwu, leste da China, e a capital espanhola, anunciou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. Trata-se de uma distância superior à que separa o Pólo Norte do Pólo Sul e demorou 21 dias. O comboio saiu de Yiwu no dia 18 de Novembro com 40 vagões, transportando 1.400 toneladas de mercadorias, nomeadamente enfeites de natal, e regressará de Madrid com presunto, azeite, vinho e outros produtos espanhóis. “É uma nova ‘Rota da Seda’ para o século XXI, com a diferença que agora, o comércio é nos dois sentidos”, disse a presidente da Câmara de Madrid, Ana Botella, citada pela Xinhua. Encarada como possível alternativa ao transporte marítimo, que demora o dobro do tempo, a viagem ferroviária atravessa oito países: China, Cazaquistão, Rússia, Bielorrússia, Polónia, Alemanha, França e Espanha.

U M antigo dirigente chinês foi ontem condenado a

prisão perpétua por corrupção, num caso denunciado por uma ex-amante do responsável do Governo.

O veredicto contra Liu Tienan, antigo vice-director da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Re-forma, a principal agência de planeamento económico do país, constitui o mais recente caso de punição de dirigentes em consequência da campanha anti-corrupção levada a cabo pelo Partido Comunista.

“Foi condenado a prisão perpétua por suborno”, disse o Tribunal Popular Intermé-dio de Langfang, através da sua conta de Weibo, a versão chinesa do Twitter.

Segundo o tribunal, em causa estão 35,58 milhões de yuans em subornos.

“O tribunal considera que o acusado Liu Tienan, como funcionário do Governo, usou o seu cargo para conseguir compensações de outros, recebeu ilegalmente dinheiro ou presentes de outros, tanto directamente como através do seu filho Liu Decheng. As

suas actividades resultaram no crime de suborno”, disse o tribunal.

As acusações contra Liu surgiram depois de a sua amante divulgar informação incriminatória a um jornalista que a colocou online, incluindo detalhes sobre negócios duvi-dosos, credenciais académicas falsas e ameaças de morte.

Liu tinha relações com o antigo ‘czar’ da segurança Zhou Yongkang e com o antigo líder da Companhia Nacional de Petróleo da China, Jiang Jiemin, ambos sob investiga-ção por corrupção.

HAITONG QUER REFORÇAR POSIÇÃO INTERNACIONAL COM COMPRA DO BESI

À conquista do outro mundo

“A rede de distribuição e a base de clientes do BESI são boas”, o que permitirá à Haitong “ganhar capacidade nos mercados maduros da Europa e nos mercados emergentesde América do Sule África”COMUNICADO DA HAITONG

da Europa e nos mercados emer-gentes de América do Sul e África”, destaca o comunicado.

Além das filiais em Londres, Madrid, Nova Iorque e Varsóvia, o BESI tem sete subsidiárias fora de Portugal, duas das quais no Brasil e outras tantas no Reino Unido.

A Haitong não indica se procu-rará aumentar as suas operações no Brasil ou em Angola, países com quem a China tem hoje “estreitas relações”, mas assinala que “Por-tugal mantém boa comunicação económica e cultural com os outros países de língua portuguesa”.

“A cooperação económica e comercial entre a China e Portugal, especialmente a cooperação entre as instituições financeiras, é de im-portância estratégica”, acrescenta o comunicado.

INVESTIMENTO COM HISTORIALSedeada em Xangai, com uma maioria de capital proveniente do Estado e de empresas públi-cas, a Haitong é uma das mais

antigas companhias de valores mobiliários da China, tendo sido fundada em 1988.

A compra do BESI pela Haitong é o quarto grande investimento chinês em Portugal, depois de a

China Three Gorges ter pago 2.700 milhões de euros por 21,35% do capital da EDP, em 2012.

Os outros grandes investimen-tos chineses em Portugal, que no conjunto somaram mais de 1.800 milhões de euros, foram feitos pela State Grid, também na área da energia, e pela Fosun, nos sectores dos seguros e da saúde.

Antes do BESI, a última grande aquisição financeira da China no estrangeiro foi a compra da socie-dade de investimentos CSLA ao banco francês Crédit Agricole por 1.250 milhões de dólares, em 2013.

Também no ano passado, o China Construction Bank comprou um banco no Brasil e em 2011, o Industrial and Comercial Bank of China (ICBC) adquiriu 80% do capital de um banco argentino.

A China é a segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, e possui as maiores divisas externas do planeta, estimadas em cerca de 3.88 biliões de dólares.

Dirigente condenado a prisão perpétua devido a subornos

Page 13: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

PUB

13 chinahoje macau quinta-feira 11.12.2014

A comarca de An- hai, na província

continental chinesa de Fujian, revogou a proibição de os seus habitantes poderem casar com pessoas de fora da localidade, uma prática que este-ve em vigor durante quatro séculos.

Responsáveis das oito povoações de Anhai reuniram-se no final de Novembro para estudar o fim da proibição, que foi ofi-cialmente consagrada a 4 de Dezembro, des-tacou o diário China Daily.

Enquanto vigorou a proibição houve casais que mantiveram relações secretas, por serem naturais de di-ferentes povoações da comarca, e outros ter-minaram as relações por temerem castigos.

Nas zonas remotas da China rural subsis-tem algumas tradições que no resto do país fo-

ACADÉMICOS REFORMA NA SAÚDE NÃO BENEFICIA UTENTES

No bolso dos outros

“A maioria da despesa fiscalfoi desperdiçada, indo parar aos hospitais e empresas farmacêuticas”WEN XUEGUO Docenteda Academia Chinesade Ciências Sociais

Request for Proposal – Provision of the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance” and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at

Macau International Airport

1. Company: Macau International Airport Company Limited (CAM)2. Method: Open Request for Proposal (RFP)3. Objective: To select ONE operator to provide the “Ground Handling”, “Aircraft Maintenance”

and “Cargo & Mail” Subconcession Activities at Macau International Airport. 4. Validity of the Proponents’ proposals: The validity period of the Proponents’ proposals shall be

270 days counting from the deadline for submission of proposals.5. Minimum qualification: For details, please refer to Page 11 of the Request for Proposal6. Request for Proposal documents:

Request for Proposal Documents and other pertinent information are available on www.macau-airport.com until the deadline for submission of proposal. Please always check the website for additional information, clarifications or modifications of the Request for Proposal documents that may be published from time to time.

7. Location and time for submission of Proponents’ proposals:Macau International Airport Company Limited (CAM)4th Floor, CAM Office Building, Avenida Wai Long, Taipa, Macau S.A.R.Monday to Friday (except public holidays) 9:00a.m-1:00p.m and 2:30p.m to 5:30p.m (Macau Local Time)

8. Deadline for submission of Proponents’ proposals:12:00 noon of 18 March 2015 (Macau Local Time).

9. Proposal evaluation criteria: Company Profile 240 pointsFinancial Proposal and Pro-Forma Statement 200 pointsBusiness Plan 560 points------------------------------------------------------------------------------------------------Total 1,000 points

10. CAM reserves the right to reject any proposal in full or in part without stating any reasons.

A S medidas fiscais para reformas na área da saúde têm reforçado as contas

dos hospitais e empresas, mas não fizeram muito para me-lhorar o sistema de saúde da China, criticam especialistas citados pela agência Xinhua.

Desde que começaram a avançar as medidas de res-truturação, em 2009, que os gastos com a saúde no país aumentaram 20% ao ano, segundo a agência de notícias oficial chinesa.

O Governo Central planeia outro aumento de financia-mento do sector para 2015, desta vez sob a forma de vales de 360 yuan disponibilizados à população, tanto das zonas urbanas como rurais.

No entanto, apesar destas injecções financeiras, as ne-cessidades médicas de muitos cidadãos estão ainda longe de serem atendidas, de acordo com um relatório sobre a reforma na saúde divulgado ontem pela

Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS, na sigla ingle-sa) e pela Imprensa Académica de Ciências Sociais.

“É por isso que o público continua a queixar-se do custo dos cuidados de saúde”, disse Wen Xueguo, da CASS.

“A maioria da despesa fiscal foi desperdiçada, indo parar aos hospitais e empre-

sas farmacêuticas”, afirmou Wen, acrescentando que os rendimentos dos médicos e farmacêuticos aumentaram significativamente mas a qualidade dos serviços não melhorou.

Segundo o especialista, continua a existir uma de-pendência dos hospitais em relação às vendas de medica-mentos, sendo essencial rever o seu aumento de preço.

Segundo um relatório elaborado por especialistas da Academia Chinesa de Ciências Sociais as reformas fiscais no sector da saúde estão longe de satisfazer os cidadãos e têm servido para engordar as contas de empresas farmacêuticas e hospitais

O relatório sugere que o Governo permita aos hospitais negociarem os preços quando adquirem os medicamentos e abolirem qualquer controlo sob o seu custo de modo a permitir que este desça, impe-dindo subornos comerciais.

Anhai revoga proibição de casamentos com gente de fora

ram caindo em desuso, desde as sociedades matriarcais, em que as mulheres e homens não se casam e podem ter vários companhei-ros, a lugares onde são realizadas bodas entre cadáveres.

Esta última prática, conhecida como o “minghun”, consis-te na celebração de cerimónias de casa-mento entre jovens que morreram antes de se casarem, já que a tradição estabelece que esse matrimónio será consumado na outra vida.

Page 14: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

14 hoje macau quinta-feira 11.12.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

O 90º aniversário de Mário Soares suscitou homena-gens sentidas, agradeci-mentos precoces, silêncios

significativos e, sobretudo, um eflúvio memorialista de um mar de gente que entendeu que convinha partilhar os “melhores momentos de Soares comigo próprio”, uma forma particularmente in-teressante de lembrar outrem. A história também se faz de pequenas histórias e até de anedotas, mas só quem viveu muito tempo e muitos acontecimentos fundadores mobilizaria esta precipitação multitudinária dos que se assim se que-rem fazer recordar, sabendo que, como Soares disse um dia, saborosamente, “já todos estiveram contra mim e já todos votaram em mim”.

Em todo o caso, Soares foi uma das figuras dominantes da política por-tuguesa do pretérito século XX, com António Salazar, o ditador, e Álvaro Cunhal, o dirigente do PCP. Mas esse tempo já lá vai há muito e ele continua aqui, pelo novo século fora, a provocar ondas com gosto matreiro e a ensaiar uma nova política que grita que quer renascer contra a roleta financeira. O seu prazer da hipérbole, da impaciên-cia, da imprevisibilidade, lastimáveis defeitos para o mundo arrumado que legisla as nossas vidas, essas são as suas virtudes para quem estima tal atitude de descompromisso.

Mas fica sempre a pergunta: o que é que o trouxe a esta pujança, a este poder de chamar a atenção e de fazer? Ou, o que significa este voluntaris-mo esforçado? Dom Quixote no seu Rocinante? Fastio de ficar de lado?

Para saber como Mário Soares che-gou aqui e o que o faz correr sempre, a resposta é a luta pela hegemonia. Foi sempre a luta pela hegemonia que construiu a entidade política Soares e foi ele que a fez, sabendo o que fazia. Contra a ditadura mas também con-tra as forças dominantes na política de oposição, Soares esgueirou-se pela fresta estreita da resistência e de alian-ças oposicionistas a que não aceitou subordinação, navegando entre o PCP e os budas da 1ª República, depois bus-cou o apoio da social-democracia eu-ropeia, afirmou um partido, levou-o ao governo, desdisse promessas eleitorais, foi primeiro-ministro ao centro e com a direita, acolheu-se na Europa anun-

Francisco LouçãIN TUDO MENOS ECONOMIA

MÁRIO SOARESUM RELUTANTE GRAMSCIANO POR ADAPTAÇÃO

ACONSELHO TODOS OS ADVERSÁRIOS E CRÍTICOSDE SOARES A QUE APRENDAMQUE A LUTA PELA HEGEMONIAÉ A PROVA DA POLÍTICA. NÃO SÃOAS ALIANÇAS, É A HEGEMONIA,A POLÍTICA PURA

ciando que ela seria o quantum de mo-dernidade que faltava ao país, mudou de discurso quanto achou que era ne-cessário, surpreendeu aliados, retirou--se para voltar, foi presidente com uma campanha moderada para a primeira volta e à esquerda para a segunda, de-testou Blair e esqueceu Hollande, fez trinta por uma linha. E tudo o que fez foi submetido a este único princípio: determinar o jogo, escolher o ritmo e a ocasião, criar ou manter hegemonia.

Esta hegemonia foi um jogo de xa-drez e, para alguém que suspeito que nem deve ter paciência para um tabu-leiro, foi um jogo com basto movimen-to e poucas regras.

Gramsci, e nada na sua vida o aproxima de Soares, um comunista na

prisão de Mussolini e o outro social--democrata (no sentido europeu, a língua portuguesa é muito traiçoeira) da viragem do século, tratava a he-gemonia como “a supremacia de um grupo social que se manifesta de duas formas, como ‘dominação’ e como ‘li-derança intelectual e moral’”. Mais, este “consentimento espontâneo” dos grupos dominados será a forma de exercer o poder pela burguesia, que, assim, cria o consenso suficiente para as suas ideias e para a naturalização da desigualdade social e da relação entre as classes. A noção gramsciana de he-gemonia evoca portanto uma forma de poder dominante e dominador, es-tabilizador portanto.

Ora, Mário Soares, gramsciano re-lutante e adaptativo, que não cuida dos objectivos históricos do comunista italiano, nem dos seus revolucionários conselhos operários, nem aliás de qual-quer dos seus conselhos (como mo-destamente diz de Marx, “nunca tive capacidade de o entender”), dedicou--se a uma versão mais tu cá tu lá desta noção de hegemonia, simplesmente a que ele queria realizar: o movimento antes de mais nada, a luta pela conquis-ta de cada vitória, triangulando forças, aliando-se se necessário com a “avó do Diabo”, para usar o termo leninista que ficou esquecido, mudando logo que

fosse útil. Essa é a sua história da luta instável por uma hegemonia sempre periclitante, mas o certo é que nenhum político português dos tempos moder-nos teve o sucesso que ele alcançou.

O primado da política é, para Soares, ganhar e perder em eleições, mas erguer-se sempre até à força sufi-ciente para fazer uma rota. Creio, por isso, que o cerne da sua história, tão secundarizada pelos seus adversários que nela antes registam as oscilações e deambulações, é a demonstração por todas as formas de um caminho per-sistente, de uma política duramente pragmática tantas vezes no limite ou para além do limite das convicções, na penumbra e na luz, mas sempre determinada pela decisão de conquis-tar a hegemonia. Se há alguma coisa a aprender nesta história irreplicável, então aconselho todos os adversários e críticos de Soares a que aprendam que a luta pela hegemonia é a prova da po-lítica. Não são as alianças, é a hegemo-nia, a política pura. É preciso sempre começar por se saber para onde se quer ir ou nunca se chega a lugar nenhum.

Resta a moral desta história que está a ser escrita. É que Mário Soares não está satisfeito com o lugar a que chega-mos, como podia? Ele quer ser “o gajo que lhes atira mais às trombas” por isso mesmo. Olha à sua volta e a Europa é Merkel, a economia são as empresas chinesas ou quejandas, a finança é a lo-taria, o Orçamento é a dívida, Belém é Cavaco Silva, a França é Le Pen, o futuro tresanda. E por isso quer recon-ciliar-se consigo mesmo, com o fulgor da sua luta anterior pela hegemonia, como se tudo ainda fosse possível: quer mexer nas coisas, afastar obstáculos, estimar novas promessas como se fos-sem filhos, tentar juntar consigo tribos desavindas, apontar baterias ao casi-no da especulação, citar a palavra de Bergoglio contra a economia que mata, esperar sempre esperançosamente.

Sentimos-lhe no fôlego que já lá vai muito tempo e muita desilusão. Mas desenganem-se os que festejam as velas como se fossem curtas: se há alguém que sabe que a social-democra-cia de Willy Brandt, de Olof Palme e de Mitterrand já não tem lugar neste mundo, é ele. Quando se chega longe, aprende-se a humildade de querer re-começar.

Page 15: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 11.12.2014

N ELLA Maissa iniciou os es-tudos de piano aos 5 anos. Posteriormente estudou pia- no com Bufaletti, Alfredo

Casella e Vianna da Motta e composição com Ferrari Trecate. Obteve o diploma em piano pelos Conservatórios de Milão e Pesaro e a licenciatura em direito pela Universidade de Parma.

Nella Maissa tornou-se portuguesa pelo casamento com Renato Maissa, em 1936, na sinagoga de Milão, tendo--se fixado em Portugal três anos mais tarde, mesmo no rebentar da II Grande Guerra. Foi a partir daqui que desen-volveu uma longa e intensa carreira como concertista, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo tido um papel determinante na divulgação da música portuguesa. A pianista dedicou a maior parte da sua carreira à divul-gação da música nova e ao repertório menos conhecido de compositores portugueses, como João Domingos Bomtempo, Fernando Lopes-Graça, Luís de Freitas Branco, Jorge Croner de Vasconcelos, Cláudio Carneyro e Armando José Fernandes, que lhe es-creveram concertos e dedicaram so-natas. A Nella Maissa se devem tam-bém as primeiras audições de peças fundamentais da música portuguesa contemporânea como os Concertos

Michel Reis

A pianista Nella Maissa, Nascida em Turim em 1914, de origem judia mas naturalizada portuguesa, morreu na madrugada do dia 26 de Novembro, em Lisboa, vítima de problemas respiratórios. A intérprete fizera 100 anos no passado dia 7 de Maio,e vivia no larda Casa do Artista

PIANISTA NELLA MAISSAMORRE AOS 100 ANOS

A PIANISTA DEDICOU A MAIOR PARTE DA SUA CARREIRAÀ DIVULGAÇÃO DA MÚSICA NOVA E AO REPERTÓRIO MENOS CONHECIDO DE COMPOSITORES PORTUGUESES

de Ruy Coelho, Joly Braga Santos e Armando José Fernandes e ainda as estreias em Portugal de Ludus Tonalis de Hindemith - gravou esta importan-te obra para transmissão na rádio em 1958 -, os Prelúdios de Frank Martin, diversas obras de Olivier Messiaen e os concertos para piano e orques-tra de Sergey Prokofiev, Béla Bartók, Paul Hindemith, Luigi Dallapiccola, Dmitri Shostakovitch, Alexandre Tansman e George Gershwin.

Realizou diversos concertos sinfó-nicos e recitais em Portugal, França, Inglaterra, Suíça, Itália, Espanha e ou-tros países da Europa, várias digressões ao Brasil e à África do Sul e recitais de música portuguesa em Florença por ocasião da Capital da Música Europeia em 1986, em Ávila no 1º Festival Ibérico, em Roma, em Budapeste, na Roménia, em Paris e em Washington, onde o crítico do The Washington Post classificou o seu recital como “esplên-dido”.

Cristina Fernandes, critica musi-cal, na entrada dedicada à pianista na  Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, escreve que “Desde o início da sua carreira, Nella Maissa manifes-tou preferência pela interpretação de obras menos conhecidas do período clássico e romântico, pelo repertório contemporâneo e por obras de com-positores portugueses, que divulgou nacional e internacionalmente”.

Para além da longevidade física, Nella Maissa manifestou também uma grande longevidade artística, já que o seu último concerto em público fê-lo já com 94 anos, em Junho de 2008, na Casa da Música, no Porto. Só abando-nou os palcos quando ficou cega.

Com cerca de 80 anos, Maissa fora alvo de uma homenagem nacional no Teatro Tivoli, em Lisboa, onde tocou com a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Manuel Ivo Cruz. Uma década antes, em 1986, a Secretaria de Estado da Cultura atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural e, em 1989, com a Comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada pelo Estado português. Foi ainda distinguida com o Prémio Especial da Imprensa, em 1974, pela sua actividade de divulga-ção da música portuguesa. Em Janeiro de 2004 foi condecorada em Itália com o grau de Grande Oficial de Ordem

da Solidariedade Italiana. Recebeu um prémio no primeiro Concurso para Jovens Concertistas e obteve o 1º Prémio do Concurso Internacional de Música Vianna da Motta, por unanimi-dade.

A Secretaria de Estado da Cultura do Governo de Portugal, numa nota enviada à comunicação social, mani-festou “público pesar pelo falecimen-to de Nella Maissa”, a quem classifica como “notável pianista e concertista”. E salientou “a forte relação” que a pia-nista manteve, “desde muito cedo, com Portugal e com a Cultura Portuguesa,

desempenhando um importante papel na divulgação de autores portugueses, a nível nacional e internacional”.

Entrevistado pelo jornal Público por ocasião da morte da pianista, o compo-sitor Alexandre Delgado, que conheceu bem, privou de perto e foi amigo da pianista, considera que Nella Maissa foi uma figura importantíssima da música, uma intérprete de eleição, que dedicou grande parte da sua carreira aos com-positores portugueses, citando a gra-vação da integral da música para piano de Domingos Bomtempo como um dos feitos maiores da carreira de Maissa. Delgado acrescenta que Nella Maissa era possuidora de uma grande capaci-dade técnica, de um estilo expressivo, mas ao mesmo tempo muito racional no modo como executava as obras, realçando que a pianista não era adep-ta de grandes brilharetes, nem tinha a pose do grande solista que muitas vezes se coloca acima do compositor. Nota ainda que a pianista, que nunca deixou de ter um sotaque italiano, foi uma se-nhora de uma frontalidade espantosa, característica que manteve até ao fim.

Page 16: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

PUB

16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 11.12.2014

AvisoFaz-se público que se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação

de provas, para o preenchimento de quatro lugares de técnico-adjunto de radiocomunicações de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de técnico-adjunto de radiocomunicações, do quadro de pessoal da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT). Os respectivos detalhes constam do Boletim Ofícial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 50, II série, de 10 de Dezembro de 2014 e estão divulgados nas páginas electrónicas da DSRT (http://www.dsrt.gov.mo) e da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Podem também ser obtidos na Divisão Administrativa e Financeira da DSRT sita na Avenida do Infante D. Henrique, n.os 43-53A, The Macau Square, 22.º andar, Macau.

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO

ANÚNCIO

A Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, faz público que, de acordo com o Despacho de 24 de Novembro de 2014 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de realização de um Espectáculo do Fogo de Artifício destinado à Celebração do Ano Novo Lunar de 2015.Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macautourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo.Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 19 de Dezembro de 2014.O limite máximo do valor global da prestação de serviço é de MOP2.500.000,00 (dois milhões e quinhentas mil patacas).Critérios de apreciação das propostas e percentagem:

Preço 60%Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço - Descrição do equipamento a ser utilizado para lançamento e sistema sonoro- Plano de transporte dos materiais pirotécnicos- Plano do operação do lançamento- Descrição do local do lançamento

20%

Plano do programa do lançamento 10%Experiência do concorrente 10%

Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:30 horas do dia 26 de Dezembro de 2014, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais de RAEM ou em inglês, prestar a caução provisória de MOP50.000,00 (cinquenta mil patacas), mediante 1) depósito em numerário à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem da Direcção de Serviços de Turismo 4) por transferência bancária na conta da Fundo de Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau.O acto publico do concurso será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 29 de Dezembro de 2014.Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho.Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso.Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.Direcção dos Serviços de Turismo, aos 2 de Dezembro de 2014

A DirectoraMaria Helena de Senna Fernandes

O treinador do PSG diz que “a Bola de Ouro está a tornar-

-se repetitiva” e considera que Messi e Ronaldo, “dois extraterrestres”, deviam ser ambos galardoados.

O treinador do Paris Saint-Germain sugeriu que Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, “dois extraterres-tres”, recebam ambos a Bola de Ouro, o troféu que distingue o melhor futebo-lista do ano.

“A Bola de Ouro está a tornar-se repetitiva. Há ape-nas o caso do (Manuel) Neu-er, que é um guarda-redes e que, por isso, é particular. Mas, o Messi e o Ronaldo... Não sei se a France Football pode fazê-lo, mas devíamos entregar duas Bolas de Ouro. Eles merecem, porque são dois extraterrestres”, brincou Laurent Blanc, na conferência de imprensa de antevisão do encontro com o Barcelona, para a Liga dos Campeões.

Benfica disputa Taça da Liga com Nacional, Arouca e MoreirenseO Benfica, detentor da Taça da Liga de futebol, vai disputar o acesso às meias-finais da competição com Nacional, Arouca e Moreirense, ditou o sorteio ontem realizado, no Porto. Os “encarnados”, que lideram a I Liga e já conquistaram cinco das sete edições da Taça da Liga, vão defrontar três clubes primo-divisionários no Grupo A, num dos dois grupos com quatro equipas. O outro é o agrupamento B, que integra Estoril-Praia, Marítimo, Gil Vicente e Sporting da Covilhã, da II Liga. FC Porto e Sporting ficaram colocados em grupos com cinco equipas, com os “dragões” a encontrarem Académica, Rio Ave e Sporting de Braga, da I Liga, e União da Madeira, do segundo escalão, e os “leões” a defrontarem Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Boavista e Belenenses.

Árbitro Jorge Sousa no clássico do DragãoO árbitro portuense Jorge Sousa foi ontem nomeado pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol para o clássico entre FC Porto e Benfica, da 13.ª jornada da I Liga portuguesa. O jogo entre “dragões” e “águias” está agendado para domingo às 20:00 no Estádio do Dragão. Em causa está a liderança do campeonato, com o Benfica com 31 pontos e o FC Porto com 28. Um triunfo ou empate manterá os “encarnados” na frente, enquanto uma vitória dos portistas lhes dará o comando, com o mesmo número de pontos.

BLANC RESOLVE O PROBLEMA: UMA BOLA DE OURO PARA CADA UM

Prémio para “dois extraterrestres”

Questionado sobre o mesmo assunto, o defesa brasileiro David Luiz res-pondeu sucintamente: “De-viam entregá-la ao Laurent Blanc.”

“Neuer fez uma grande época, mas o Messi e o Ro-naldo, é outra coisa. Messi e Ronaldo são de outro nível”, acrescentou o antigo jogador do Benfica.

O internacional brasilei-ro comentou ainda os três “hat-tricks”, nos últimos quatro jogos, conseguidos por Messi, que seu adver-sário directo no jogo desta quarta-feira.

“É muito. Ele pode descansar um pouco. É um grande jogador e sabemos perfeitamente que será um encontro com muito trabalho para os defesas”, concluiu.

“O Messie o Ronaldo... Não sei se a France Football pode fazê-lo, mas devíamos entregarduas Bolasde Ouro”LAURENT BLANCTreinador do PSG

Page 17: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

hoje macau quinta-feira 11.12.2014 (F)UTILIDADES 17

TEMPO CHUVA FRACA MIN 15 MAX 18 HUM 65 -95% • EURO 9 .8 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

ACONTECEU HOJE 11 DE DEZEMBRO

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

João Corvo fonte da inveja

Mesmo sabendo-a oca, vale sempre a pena desfolhar a rosa... ou a mulher.

C I N E M ACineteatro

SALA 1EXODUS: GODS AND KINGS [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver14.30, 21.00

EXODUS: GODS AND KINGS [3D] [C]Um filme de: Ridley ScottCom: Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver18.00

SALA 2THE THEORY OF EVERYTHING [B]Um filme de: James MarshCom: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, Charlie Cox14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3THE BEST OF ME [B]Um filme de: Michael HoffmanCom: Michelle Monaghan, James Marsden, Luke Bracey14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE THEORY OF EVERYTHING

“CAIM”(JOSÉ SARAMAGO, 2009)

Surpreender-se-ão as almas que lerem “Caim” como se de um qualquer romance se tratasse. Esta é a última obra de José Saramago, o escritor português cujo talento considero ser como o vinho: quanto mais velho, melhor. “Caim” remonta a uma das mais conhecidas histórias da Bíblia, mordazmente satirizando a Igreja Católica e a forma como a sociedade a perspectiva. Um dos aspectos mais relevantes da obra é a escrita, vezes sem conta, da palavra “deus” em minúsculas. A moral e na-

tureza da obra depende, claro está, da interpretação de cada olhar e mentalidade, mas é decerto digna de recordar. A colecção das suas obras caracteriza-se por uma crítica satírica à sociedade e ao mundo que nos rodeia e “Caim” não é excepção. José Saramago é portu-guês, mas preferiu viver grande parte da sua vida em Espanha. Foi nomeado Prémio Nobel da Literatura em 1998, para falecer há já 14 anos, deixando-nos um dos conjuntos literários mais aprazíveis da contemporaneidade. - Leonor Sá Machado

É rubricado o Protocolo de Quioto• Discutido e negociado em Quioto, no Japão, o Protocolo de Quioto foi aberto para assinaturas a 11 de Dezembro de 1997, entrando em vigor em 55 países. Hoje é dia de assi-nalar esse acontecimento histórico, que marca o combate ao aquecimento global. Recorda-se ainda o realizador centenário Manoel de Oliveira, que nasceu neste dia.O Protocolo de Quioto estabelece o compromisso de redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.Foi discutido entre diversos países em Quioto, no Japão, em 1997. Viria a ser ratificado em 15 de Março de 1999 e passou a vigorar a 16 de Fevereiro de 2005, em 55 países, depois de ratificado pela Rússia (em 2004).O Protocolo de Quioto surgiu com a finalidade de combater o aquecimento global e as alterações climáticas – um dos grandes desafios da Humanidade. Chefes de estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, EUA, Brasil, China, Índia, México e África do Sul já estabeleceram um acordo de princípio sobre o futuro do Protocolo de Quioto.Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura global desça entre 1,4 e 5,8 graus centígrados até 2100.Nasceram a 11 de Dezembro Felix Nussbaum, pintor alemão, vítima do Holocausto (1904), Manoel de Oliveira, realizador português (1908), Marie Windsor, actriz norte-americana (1919), Paul Greengard, neurocientista norte-americano, Nobel da Medicina (1925), e John Kerry, político norte--americano (1943).

U M L I V R O H O J E

• HojePALESTRA “A BORDERLESS VILLAGE:BINDING/BOUNDING SPIRITUAL TIESAMONG PHLONG MIGRANTS IN GREATERBANGKOK”, COM INDRE BALCAITEInstituto Ricci, 18h30Entrada livre

ABERTURA DO VAFA (FESTIVAL DE VÍDEO-ARTE)Fundação Oriente, 18h30Entrada livre

• Sexta-feiraEXPOSIÇÃO “113º 55 ‘E 21º 11’ N”, DE SOFIA AREALFundação Oriente, Casa Garden, 18h30Entrada livre

• Sábado VISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

• DomingoVISUALIZAÇÃO DE FILMES DO VAFAFundação Oriente, 19h00Entrada livre

PARADA “DESFILE POR MACAU, CIDADE LATINA”Ruínas de São Paulo, Tap Seac, Bairro de São LázaroEntrada livre

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS”DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store,Rua Almirante SérgioEntrada livre

EXPOSIÇÃO PÁSSAROS DE MACAU,DE JOÃO MONTEIRO (ATÉ DIA 29/12) Consulado-geral de Portugal em MacauEntrada livre

WORKSHOP DE LANTERNAS TRADICIONAIS(ATÉ DIA 13/12)Albergue SCM, das 19h00 às 21h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “REGIÃO OBSCURA” DE HEIDI LAU Museu de Arte de MacauEntrada livre

COTAI WINTER(PISTA DE GELOE ACTIVIDADES)Venetian Macau,todo o dia Entrada livre

Page 18: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 11.12.2014

C ONCLUO hoje aqui uma pequena série de artigos que dediquei especialmente a alguns aspectos da cultura chinesa que são para nós, ocidentais, de mais difícil “digestão”. Não quero com isto dizer que a forma de encarar o mundo, ou a vida, resolver os problemas e lidar

com outros seres humanos seja melhor numa ou na outra cultura – é apenas “diferente”. Teríamos bastante em ganhar com alguns dos costumes locais, e na realidade acaba-mos sempre por assimilar qualquer coisa, nem que seja à custa de muitos equívocos, desilusões e mal-entendidos. No fim, mesmo que contrariados e com uma sensação de estrangulamento por não se aceitar a nossa reles condição de “bárbaros”, acabamos por ceder, nem que seja para nos fazer a vida mais fácil.

Do outro lado também existe algum desconforto, e nem sempre os chineses con-seguem conviver bem com as imposições da tal “harmonia”, que acaba por servir melhor a alguns, muito poucos, deixando a maioria com nada mais que a pífia consolação de que “pelo menos estão vivos”. Pode parecer pouco para nós, povo de gente refilona, de sangue na guelra e pêlo na venta, mas é preciso recordar que estamos aqui a falar de um povo que praticamente só vive em tempo de paz e ordem desde há pouco mais de 60 anos – em cinco milénios de civilização .

O confucionismoé a sapataria Charlesda filosofia chinesa, ondehá de tudo para todosos gostos, e ninguém se pode queixar de calçarum meio número

Filó? Sofia? Estou Confúcio!

bairro do or ienteLEOCARDO

Eles até concordam que alguns dos nossos preceitos são os mais indicados, e a certo pon-to chegam a invejar a nossa “libertinagem”, que para nós é apenas “liberdade”. Há uma expressão regional, utilizada em Macau e Hong Kong, que reza assim: 人生没有捷徑 , ou seja, “na vida não existem atalhos”, e a aprendizagem requer sacrifícios, sendo que todas as experiências são válidas, mesmo as negativas. A esse respeito existe um provérbio, que nos diz甜, 酸,苦, 辣, 都必須品嚐, ou “doce, salgado, amargo e picante, é preciso provar de todos um pouco” – é uma combi-nação curiosa entre a culinária e a filosofia, o efeito placebo no tratamento paleativo.

Às vezes é necessário ser muito 禪, ou seja, muito “zen” para evitar entrar em deses-pero nessa atribulada caminhada pela estrada que levará à tão almejada “harmonia”. Se há algo que os chineses mantêm dos tempos do Império, é o mais rigoroso cumprimento dos protocolos impostos pela pirâmide hierárqui-ca. A obediência e o respeito que se impõem chegam a colocar em causa os ditames da “dura lex”, e do próprio senso comum – todos bebem dessa imensa fonte que nunca parou de jorrar chamada “Confucionismo”. Por algum motivo a filosofia confucionista tem resistido a todas as etapas da História da China, desde a que temos hoje, até às mil e uma que existiram antes de se “atinar” com esta – portanto “serve”: o confucionismo é a sapataria Charles da filosofia chinesa, onde há de tudo para todos os gostos, e ninguém se pode queixar de calçar um meio número.

Assim como nós portugueses consideramos D. Afonso Henriques o fundador da Nação, e Viriato o “paciente zero” dessa doença cró-nica, hereditária e incurável a que chamamos “lusitanidade”, é Confúcio o arquitecto de todo esse “chow mein” de contradições que é o povo chinês.

Quando nascemos e até à idade adulta devemos obediência aos nossos pais, que ao mesmo tempo têm o dever de nos ali-mentar, vestir e cuidar de nós, bem como garantir a nossa escolaridade. Uma vez na escola, devemos obediência ao professor, e este tem a responsabilidade de garantir que os seus alunos aprendem. O professor deve ser alguém dotado do saber e da ca-pacidade de o transmitir, o子 , o “zí”, ou o “homem justo”, o mestre (no fundo isto é Confúcio, ele próprio um professor, a falar em causa própria) - “quando um jovem é

mal alimentado, a culpa é dos pais, mas se é mal educado, a culpa é do professor”. Posto isto, na hora de enfrentar os desafios da vida adulta deixamos o lar, a tutela e protecção dos pais, e passamos a dever obediência ao chefe, pois do seu sucesso e prosperidade depende o nosso ganha-pão, e deste depen-dem a nossa mulher, que deve obediência ao marido, o provisor, e dos pequenos discí-pulos de Confúcio, descendentes dos outros agora grandes, e dos outros já idosos a quem se deve respeito, e de outros ainda que já partiram, mas a quem se deve o culto. Todos estes, mas todos, desde o avô até ao bebé, passando pelo operário e a mãe dos filhos, e sem esquecer as alminhas no além, que não se manifestam e por isso não discordam, devem obediência ao Estado, pois é este a força motriz que permite o funcionamento desta imensa engrenagem confuciana, e dentro desse Estado, a supremacia pertence ao líder, que será sempre incontestado e todo--poderoso, o supra-sumo dos “zí”, coberto de “zen” da cabeça aos pés.

Agora para fazer a gestão de tudo isto é muito simples: os que estão na situação de filho, esposa, assalariado e de alguma forma subordinados ao Estado lêem Confúcio; os que estão na posição de professor, patrão ou chefe de família mandam os outros ler Con-fúcio, até ao dia em que se chega ao topo da pirâmide, e passamos nós a ser Confúcio . Só nós, “bárbaros” a quem falta um Confúcio que nos oriente no ocidente, não encontramos uma roca para o nosso fúcio. Perdão, fuso.

ANT

ÓNIO

LOP

ES R

IBEI

RO, O

PAI

TIR

ANO

Page 19: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

hoje macau quinta-feira 11.12.2014

‘‘édi toon t em

macauhorah

hojeglobalw w w. h o j e m a c a u . c o m . m of a c e b o o k / h o j e m a c a ut w i t t e r / h o j e m a c a u

L I GUE - S E •PA R T I L H E •V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

www.hojemacau.

com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

DIÁRIO 19DE BORDO

O poderdas formigas

MANIFESTANTES FILIPINOS queimam uma representação do presidente Benigno Aquino III, durante um protesto para marcar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, ontem. Os manifestantes pedem o fim das mortes de líderes activistas, justiça para as vítimas de violação dos direitos humanos e pelo fim do assédio de polícia e exército às uniões dos trabalhadores

“Não há qualquer tipo de restrições para abrir uma clínica. Mesmo uma pessoa que não tenha o curso, pode ser veterinário em Macau e isso não é bom. Há cinco anos soube de uma pessoa que abriu um espaço e não era veterinário, mas dizia que era. Macau deveria criar algum tipo de restrições para clínicas e hospitais, para existir um bom sistema de tratamento para os animaise qualificações paraos seus profissionais”JOEL• Dono de uma clínica veterinária, ao HM

“Como as receitas não estão bem, as operadoras podem dizer que precisam de diminuir o número de trabalhadores, ou até os salários, e por poderem usar a queda como desculpa, os trabalhadores estão preocupados. Por isso, não vamos organizar qualquer protesto neste momento, vamos dar tempo para que as operadoras possam ajustaro seu próprio negócio”LEI KUOK KEONG• Vice-presidente da Forefront of The Macau Gaming, sobre as manifestações contra as operadoras de Jogo

“Actualmente,os contratos de concessãodo Governo não têm qualquer penalidade.Não haver punição impulsiona a prorrogaçãoe excesso de despesasdas obras públicas”TONG NOI TONG• Membro da Associaçãode Pequenas e Médias Empresasde Macau, sobre a ausência de legislação para multar os construtores que atrasem obras públicas

NAS ESTRATÉGIAS dos gover-nos há coisas que são prioritárias e outras que são, simplesmente, relegadas para um segundo plano, na medida em que se considera não se-rem fundamentais para a população que se administra. Normalmente, os governos dão prioridade aos aspectos económicos. Não porque estejam preocupados com o bem estar do povo e com o seu desafogo financeiro, mas porque os senhores que influenciam o poder assim obrigam. Na medida em que os grandes movimentos de dinheiro interessam aos homens de modo muito mais evidente que qualquer outro fenómeno, os governos em-barcam neste desiderato, remam a favor deste vento que, no mundo actual, se considera ser o fulcro da actividade humana, a saber, a produção de riqueza, nem que esta seja obtida não através da produção mas da simples venda de serviços.Actualmente quase parece um dis-parate falar de outros valores, insistir na importância da formação, desde que esta não seja orientada no tal sentido produtivo, no tal objectivo de aumentar a riqueza. É vago e ridí-culo apelar a outros objectivos (por exemplo, não lucrativos) porque ninguém parece querer perceber.Este efeito contemporâneo tem as suas consequências. As artes, por exemplo, estão cada vez mais subordinadas à circulação capita-lista, desinseridas de um contexto de produção individual, um legado do romantismo que cada vez mais perdemos. Parece que a sociedade prescinde das suas cigarras e preten-de hoje ter o amável e cantador bicho travestido de formiga, na medida em que exige uma contrapartida produtiva da qual ele está desligado à partida. Tudo isto vem a propósito de uma reflexão extrema sobre o Teatro D. Pedro V. Há mais de uma década que pouco ou nada ali se passa. Trata-se, no entanto, de uma jóia dessa coroa que Macau possui e lhe atribui o papel de entreposto ocidental no Oriente. É que no já famoso imbróglio que envolve de modo misterioso este edifício também perpassa, subtil, a história da cigarra e da formiga. Senão vejamos. Quanto a cigarras, estas são há muito mantidas afasta-das de um ambiente que lhes seria natural: o palco de um teatro. A nível de formigas, temos de dois tipos: o que por ali estrebucha na colheita de migalhas e o outro, menos perigoso, a formiga branca que, segundo reza a lenda, devora deliciada as madeiras do vetusto espaço.Moral da história: ao invés de ter filmes, um grupo de teatro residente, exposições, enfim, uma direcção cultural qualquer, o D. Pedro V con-tinua entregue às formigas. Como já dissemos elas são de dois géneros: o primeiro, contenta-se com umas migalhas que vão caindo e é de difícil desinfestação; o segundo é mais fácil de eliminar.

EPA/

RITC

HIE

B. T

ONGO

“Acho que ainda há muito para contar sobre Macau... Falta,no fundo, contar as histórias. Há coisas muito interessantes... há muito

para contar, não só do passado, como do presente”Pedro Cardeira, realizador | Pgs. 2-3

Page 20: Hoje Macau 11 DEZ 2014 #3232

cartoonpor Stephff

RESSACA

hoje macau quinta-feira 11.12.2014

Pergunta: Uma loja instala o sistema de videovigilância à sua porta, porém, o âmbito filmado abrange a rua pública e outras lojas vizinhas, violando assim a lei?Resposta: Se as imagens obtidas pelo sistema de videovigilância podem identificar uma pessoa singular, são dados pessoais o tratamento dos dados neste caso está sujeito à “Lei da Protecção de Dados Pessoais” nos termos dos seus artigos 4.º, n.º 1, alínea 1) e 3.º, n.º1. Genericamente, as entidades têm condições de legitimidade para efectuar a videovigilância no seu âmbito das suas actividades operacionais (incluindo em frente

do seu portão do local de funcionamento) com necessidade de assegurar os direitos e interesses legais delas, no entanto, essas entidades têm que observar os princípios constantes no artigo 5.o da mesma lei, o princípio de proporcionalidade, inclusive. Para além disso, as instituições devem tomar medidas para corresponder aos direitos dos titulares, direito de informação, inclusive. Genericamente, as instituições devem colar anúncios da frase “A zona está vigiada pelo equipamento de videovigilância pela finalidade de segurança ou/e para garantia da qualidade de serviço” nas entradas, saídas, balcão de atendimento ou lugares visíveis. Caso contrário, podem constituir infracção administrativa nos termos do n.o 1 do artigo 33.o da mesma lei.

(O texto é oferecido pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais. A linha aberta é 28715666.)

PUB

FilipinasTufão Hagupit afectou 800.000 trabalhadores

CERCA de 800.000 trabalhado-res nas Filipinas foram afec-

tados pelo tufão Hagupit, vendo o seu meio de subsistência danificado, disse ontem a Organização Interna-cional do Trabalho (OIT). Destes, cerca de 370.000 trabalhadores encontravam-se em situação de emprego precário, vivam na pobreza e aceitavam qualquer trabalho que estivesse disponível, informou a OIT em comunicado. No centro das Filipinas, 20% da população empregada foi afectada pelo tufão - mais de metade destes trabalhadores tinha empregos precários. Em res-posta ao impacto do Hagupit, a OIT vai disponibilizar 1,5 milhões de dólares norte-americanos e apoiar o Governo através da criação de ‘empregos de emergência’. Os pro-gramas de ‘emprego de emergência’ da OIT garantem um salário mínimo, segurança social, seguro de saúde e acidentes, e asseguram a segurança no local de trabalho através de pes-soal e equipamento médico, como máscaras, luvas e roupa.

O fundador do Facebook, Marc Zuckerberg, já aprendeu a falar chinês e anda a ler o Presidente Xi Jinping, tentando aparente-

mente agradar às autoridades chinesas, que desde 2009 bloqueiam o acesso à sua popular rede social.

Na última operação de charme, Mark Zuckerberg recebeu no seu gabinete na Califórnia o regulador da Internet na China, Lu Wei, que se deixou fotografar sentado na secretária do fundador do Facebook, sobre a qual estava pousado um exemplar do livro

FACEBOOK ZUCKERBERG TENTA DESBLOQUEAR ACESSO DOS CHINESES

Outras operações de charmeO patrão da famosa rede social recebeu na Califórnia o regulador da Internet na China, Lu Wei

“Xi Jinping: A governação da China”. Uma fotografia da visita, com Lu Wei e Zuckerberg sorridentes e bem-dispostos, foi afixada no início desta semana num portal do governo chinês (www.china.com.cn), suscitando muitos comentários na imprensa tradicional e nas redes sociais.

Mark Zuckerberg “está a esforçar-se por entrar na China”, assinalou um internauta.

“O Mark já pode aderir ao Partido Co-munista, não é?”, observou outro.

O livro de Xi Jinping - um volume de cerca de 500 páginas que reúne extractos de discursos, entrevistas e instruções do líder chinês - foi lançado em Outubro passado em nove línguas, entre os quais inglês e português.

DAR A CONHECERXi Jinping assumiu há apenas dois anos a chefia do Partido Comunista Chinês mas é já considerado um dos mais poderosos lideres a aparecer no país nas últimas décadas.

“Comprei vários exemplares deste livro também para dar aos meus colegas. Quero que eles compreendam o socialismo com características chinesas”, disse Mark Zu-ckerberg a Lu Wei, o ministro que dirige a Administração do Ciberespaço da China.

O fundador do Facebook já tinha surpreendido as autoridades chinesas em Outubro passado, durante uma conferência numa universidade de Pequim, em que falou quase uma hora em chinês.

Segundo gracejou na altura, decidira aprender chinês para falar com a sogra, uma vietnamita de origem chinesa.

O número de chineses que utilizam a internet ultrapassou os 640 milhões em Junho passado, aumentando em média 2,3 milhões por mês.

Alegando “razões de segurança nacio-nal”, o governo chinês bloqueia o acesso ao Facebook e a outros populares ‘websites’ no resto do mundo, como o Twitter e o Youtube.

O acesso ao Facebook na China está bloqueado desde Julho de 2009, quando tumultos étnicos causaram cerca de 200 mortos no remoto Xinjiang, uma província do noroeste do país, de maioria muçulmana.

As autoridades atribuíram a responsabili-dade dos tumultos a separatistas residentes no estrangeiro que “utilizaram as redes sociais para mobilizar os desordeiros e incitar ao ódio entre as etnias da região”.

Durante vários meses, todo o Xinjiang - um território com mais de o dobro da su-perfície da Península Ibérica - esteve sem internet.

O governo chinês não prescinde, contu-do, do alcance das novas tecnologias para difundir a sua política.

Como a CCTV (Televisão Central da China) e outros órgãos oficiais de comuni-cação, também o portal www.china.com.cn está disponível no Facebook e no Twitter.

Pelas fotografias divulgadas na imprensa oficial chinesa, Lu Wei parecia bastante agra-dado com a visita às instalações do Facebook e como o seu anfitrião, prescindiu da gravata.

Mas quanto ao Facebook propriamente dito, continua tudo como antes - bloqueado.

A única maneira de saltar a chamada “Grande Firewall da China” é através de uma VPN (Virtual Proxy Network) situada fora do país, cuja assinatura semestral custa cerca de 40 dólares.

Muitos chineses já fazem isso, mas muitos outros parecem sentir inibição para instalar a referida VPN e aceder assim a ‘sites’ proibidos pelo governo.

640milhões utilizadores de internet

na China, no mês de Junho