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Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina a iconografia regional aplicada no design de produtos de valor agregado

Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina

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Trabalho de conclusão de curso apresentado à UNISUL em 2008

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Page 1: Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina

Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina

a iconogra�a regional aplicada no design de produtos de valor agregado

Page 2: Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina

A valorização da Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina: a iconografia regional aplicada no design de produtos de valor agregadoAcadêmica Luíza Almeida Barroso - Prof. Orientador: Roberto Forlin - Prof. Co-Orientador: Eduardo Barroso Neto

PRANCHA 1/3 TCC do Curso de Design - UNISUL 2008.1

OBJETIVO GERALRealizar uma pesquisa identificadora dos principais elementos iconográficos da Ilha de Santa Catarina e demonstrar seu potencial de aplicação em produtos de alto valor agregado.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS- Criação de uma listagem com os principais ícones culturais da Ilha de Santa Catarina;- Levantamento fotográfico dos ícones selecionados;- Proposição de padronagens utilizando-se dos ícones gráficos, como forma de exemplificar o potencial de aplicação;- Proposição da aplicação da iconografia em produtos, destinados ao público de turistas de alto nível (souvenirs com valor agregado).

JUSTIFICATIVAHoje em dia vivemos na “economia da experiência”, onde os produtos que tenham histórias para contar e remetam a feitos e lugares com seu saber e fazer tradicionais, são muito mais valorizados e desejados. O “turismo experiencial” é um exemplo disso, nele o turista busca acima de tudo experiências inesquecíveis e únicas, lembranças e emoções autênticas. Diante disto, os designers buscam, além de solucionar questões de utilização e produção, resgatar a emoção das pessoas frente a um objeto de maior carga afetiva, construindo um novo repertório formal e cognitivo da cultura material.

PROCEDIMENTO METODOLÓGICOFase de pesquisa iconográfica: a aplicação de questionários destacou os principais elementos visuais e simbólicos da Ilha de Santa Catarina. O resultado é então tabulado e cruzado, gerando uma lista com os ícones mais representativos. Esta lista é comparada aos ícones já listados por outros autores, e àqueles presentes na obra de artistas plásticos reconhecidos na cidade e aos símbolos oficiais da cidade. O passo seguinte é a documentação fotográfica dos ícones e conseqüente tratamento gráfico a fim de transformá-los em elementos sintéticos. Estes ícones tornam-se então elementos de base para a criação do catálogo de iconografia, com a proposição de padronagens e aplicações em produtos.

Fase de projeto: baseada em três grandes fases cronológicas: problematização, concepção e especificação. Durante a primeira fase de problematização é realizado o levantamento de dados e a delimitação do projeto, para dar forma à questão a ser respondida pelo projeto Na fase de concepção ocorre a geração de alternativas. A terceira fase seria a especificação do projeto através do detalhamento técnico do produto proposto, as aplicações finais da solução e seu protótipo.

Aspectos Naturais

Paisagem Construída

Singularidade Cultural

Cultura Gastronômica

Símbolos Festivos

§ Morro da cruz

§ Lagoa da Conceição

§ Costa da Lagoa

§ Figueira § Praias § Mar § Árvore

garapuvu § Orquídea

Laelia purpurata

§ Ave Martim-pescador

§ Vento sul

§ Ponte Hercílio Luz

§ Mercado Público

§ Praça XV § Alfândega § Calçadão da

R. Felipe Schimidt

§ Igreja de Sto Antônio de Lisboa

§ Bairro Santo Antônio de Lisboa

§ Bairro Ribeirão da Ilha

§ Igreja da Lagoa da Conceição

§ Igreja do Campeche

§ Hospital de Caridade

§ Forte de Anhatomirim

§ Avenida Beira-Mar

§ Casarões

§ Pescadores § Barcos § Rendeiras /

renda de bilro

§ Manezinho § Banhistas § Bruxas § Boitatá § Pão-por-

Deus § Cerâmica § Engenhos § Inscrições

rupestres

§ Farinha § Cachaça § Peixes § Frutos do

mar § Pirão

§ Carnaval § Farra do

Boi § Festa de

Navegantes

§ Festa do Divino

§ Boi-de-Mamão e seus personagens

§ Festa do Senhor dos Passos

§ Pau-de-Fitas

§ Terno de Reis

§ Carnaval

Oportunidades Ameaças § Criação de rotas gastronômicas § Crises econômicas § Estabilidade econômica do Brasil § Dólar baixo – baixa do turismo interno § Crescimento turismo experiencial § Descontinuidade política § Aumento da demanda do Conesul § Burocracia § Bom IDH § Impostos altos § Ampliação do Aeroporto § Falta de visão estratégica § Duplicação da BR-101 § Caos da alta-temporada § Belezas naturais § Poluição § Patrimônio histórico § Maré vermelha § SC melhor estado para turismo 2007 § Mudanças climáticas

DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO – FASE DE PROBLEMATIZAÇÃOEsta etapa do projeto tem como objetivo desenvolver um produto para demonstrar o potencial de utilização da identidade cultural como fator agregador de valor em um produto, através do uso da iconografia pesquisada na etapa anterior.

O turismo tem desempenhado um papel fundamental na economia e no desenvolvimento da Ilha de Santa Catarina desde a década de 70, quando começou a ganhar credibilidade e atrair investimentos públicos e de diversos setores empresariais. Uma alternativa para transformar o turismo sazonal em atividade perene e de presença marcante durante todo o ano seria o investimento no turismo ligado à gastronomia. As rotas gastronômicas têm como finalidade potencializar o poder de atração da gastronomia de dada região, além de desenvolver a economia do local. Segundo a UNESCO, as rotas têm como função “promover o conhecimento entre diferentes civilizações, culturas e religiões, mostrando suas inter-relações e influências recíprocas.” Elas são organizadas geralmente em torno de um produto ou traço cultural que origina o nome da rota.

ANALISE DA DEMANDANa década de 90, começou-se a aventar a hipótese de que a melhor opção para a cidade seria investir na atração do turista de classe A, aquele que gera divisas por possuir um maior poder de compra e com alto nível de escolaridade, em detrimento ao turismo de massa, ou seja, aquele que atrai um grande número de turistas, porém com poder econômico inferior e educação idem.

Com a ênfase no turismo de classe A, o consumidor dos produtos turísticos da cidade passa a exigir maior qualidade, diversidade e originalidade nestes produtos e serviços. Para atender a esta demanda, são propostas as seguintes ações:- Agregar valor às experiências vividas pelo turista, investindo em cultura, história e estética;- Propor a venda de produtos ligados ao serviço turístico – investir em design e marketing no projeto destes produtos;- Valorizar a tradição gastronômica da cidade, destacando-a como atrativo turístico – adequar a cultura da comida ao gosto sofisticado do público-alvo.

- Para atender então à demanda de produtos de qualidade, com valor agregado, vinculados a serviços atrativos ao turista e valorizando a tradição gastronômica

da cidade, propomos o projeto de um prato em cerâmica, estampado com a iconografia da Ilha. Destinado à degustação de receitas tradicionais da culinária ilhôa, seriam vendidos e/ou ofertados pelos restaurantes como souvenirs desta experiência turística efêmera e imaterial que é a gastronomia.

PROSPECÇÕES E TENDÊNCIAS DO MERCADO- ECONOMIA DA EXPERIÊNCIA E STATUS STORIES

Na economia da experiência o status é ligado à visibilidade da experiência. Como as experiências são efêmeras, o reconhecimento deste status vem da comunicação posterior do consumidor desta experiência aos seus pares, contando uma história que lhe poderá lhe proporcionar admiração e status. Para que esta história seja contada, é necessário que este produto, serviço ou experiência apresente algo com potencial para começar uma conversação. É essencial também que o conteúdo de base para esta história seja fornecido durante o consumo/utilização: o produto deve indicar sua proveniência, suas características que o tornam autêntico, único e atraente.Ao unir a experiência gastronômica com produtos que apresentem ao consumidor/turista ícones representativos da identidade cultural da Ilha de Santa Catarina, são aplicados princípios relativos a essas duas tendências de mercado: a economia da experiência e o status stories. De acordo com os preceitos da economia da experiência, a vivência gastronômica deixa de ser um mero serviço e passa a ser uma experiência, digna de ser vivida e usufruída nos mínimos detalhes. Esta experiência, por ser única, autêntica e de qualidade, pode transmitir ao

consumidor uma sensação de que ele participou de algo especial, que o torna por si especial, podendo então originar a vontade de comunicar sobre esta experiência, tornando-a uma status story.

ANÁLISE DE OFERTA / CONCORRENTES E SIMILARES

PRATO DA BOA LEMBRANÇAA cada vez que um prato da Boa Lembrança é pedido em um restaurante associado, o cliente recebe como souvenir, ao final da refeição, um prato de cerâmica com uma ilustração ligada à receita selecionada.

CERÂMICA ARTESANAL DA CASA DA ALFÂNDEGAPratos de cerâmica vermelha decorados e esmaltados, como também louças de porcelana pintada. Os temas das pinturas: iconografia da Ilha de Santa e outras figuras que não têm relação alguma com a cidade. A maioria dos pratos de cerâmica vermelha não é recomendada para uso com alimentos por causa da utilização de esmalte transparente, que geralmente apresenta micro-fissuras que podem servir de base para colônias de bactérias, e a presença de chumbo em alguns esmalte utilizados na pintura, que pode causar contaminação nos alimentos.

ROTEIRO GASTRONÔMICO NORTE DA ILHANesta rota gastronômica adotou-se um prato cuja receita foi elaborada em parceria com a UNISUL, servido em todos os 12 restaurantes da rota, e ao degustá-lo o visitante leva de lembrança um prato de cerâmica típico do artesanato da Ilha. É importante notar que este prato não serve de suporte

para a refeição, ele é apenas decorativo, portanto provavelmente não foi projetado visando o consumo de alimentos, que exigem a utilização de esmaltes sem chumbo. O prato tem como ilustração a logomarca do roteiro gastronômico e da marca de vinhos Miolo, patrocinadora do projeto.

ANÁLISE DO CLIENTEDe maneira a exemplificar a aplicação da iconografia regional num souvenir ligado ao turismo cultural e gastronômico, foi selecionado um restaurante local que servirá de modelo para esta demonstração: o Restaurante Ostradamus. Este estabelecimento é utilizado a título de exemplo, podendo o mesmo projeto ser aplicado a outros restaurantes. No caso de o projeto vir a ser aplicado a uma rota ou confraria de restaurantes, cada restaurante contaria com um prato diferente que representaria através da iconografia o seu entorno.O Ostradamus está localizado na Freguesia do Ribeirão da Ilha, um dos pontos de maior importância para o turismo cultural da cidade pelo seu conjunto arquitetônico constituído de casarios e da Igreja Nossa Senhora da Lapa.De modo a valorizar a identidade cultural do entorno do restaurante Ostradamus, foram desenvolvidos ícones e padronagens baseados nos aspectos mais marcantes da localidade: o mar e os pescadores, os casarios luso-brasileiros, a Igreja e a Festa do Divino, comemorada com entusiasmo pela comunidade local.

ANÁLISE DO PÚBLICOO público-alvo deste projeto é composto pelo grupo de turistas exigentes e que buscam qualidade nos produtos e serviços durante suas férias. Público-alvo da faixa de 35 a 50 anos, provenientes das classes sociais A e B dos estados RS, SC, PR, SP e RJ e da Argentina e do Chile.

ICONOGRAFIA DA ILHA DE SANTA CATARINA

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Casario Pescadores Igreja N. Sra. Lapa Festa do Divino

A valorização da Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina: a iconografia regional aplicada no design de produtos de valor agregadoAcadêmica Luíza Almeida Barroso - Prof. Orientador: Roberto Forlin - Prof. Co-Orientador: Eduardo Barroso Neto

PRANCHA 2/3 TCC do Curso de Design - UNISUL 2008.1

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A valorização da Identidade Cultural da Ilha de Santa Catarina: a iconografia regional aplicada no design de produtos de valor agregadoAcadêmica Luíza Almeida Barroso - Prof. Orientador: Roberto Forlin - Prof. Co-Orientador: Eduardo Barroso Neto

PRANCHA 3/3 TCC do Curso de Design - UNISUL 2008.1

Protótipo Embalagem Conceito

Padronagem das estampas

O prato foi escolhido como objeto de projeto para a aplicação da iconografia no universo da experiência gastronômica por sua importância e seu papel de objeto principal e primordial para o ato da refeição à mesa. Sua utilização individual cria uma relação de intimidade com o utilizador no ato da degustação culinária, otimizando o seu caráter de objeto catalisador das memórias da experiência vivida – um souvenir no melhor sentido da palavra. A área de trabalho disponível também conta como ponto a favor para sua adoção como objeto de estudo, assim como a possibilidade de utilizá-lo com finalidade funcional e decorativa.

Os pratos são utilizados para a apresentação de uma multiplicidade de receitas e iguarias e são um objeto comum a todos os estabelecimentos gastronômicos, caráter que viabiliza a proposta do prato como souvenir-símbolo de uma confraria de restaurantes ou das rotas gastronômicas da Ilha.

A foto polaroid é um objeto que faz parte da memória afetiva do público-alvo, que viveu a época do auge desta tecnologia. Representa para eles a materialização instantânea de uma lembrança, e portanto será utilizada como metáfora-conceito do projeto, pois este tem como objetivo materializar em um souvenir a experiência gastronômica.

No momento em que o consumidor receber o prato com a comida na mesa, será como se ele recebesse uma fotografia daquele prato, pois a posição da comida dentro do prato e o formato do prato, que a enquadra e a coloca no foco visual, criam a percepção de algo a ser retratado. Durante a degustação da comida, o fundo do prato vai revelando-se aos poucos, da mesma forma que a fotografia polaroid se revela aos olhos do usuário, e, portanto em um segundo momento, ao final da refeição, a imagem que é enquadrada pela fotografia não é mais a comida, e sim os ícones, estampados no fundo, que lembram ao usuário que a experiência gastronômica não tem ligação apenas com a comida, mas também com o entorno onde ela é degustada. Este prato torna-se assim um souvenir desta experiência, e a partir de então se transforma num gatilho para ativar lembranças e conversas sobre aquela refeição, aquele restaurante, aquele lugar, aquelas histórias.

Embora a escolha da metáfora da polaroid possa ser vista como elemento restritivo dado seu caráter efêmero na memória das pessoas por estar relacionado a um breve período da historia tecnológica do final do século XX e não ser mais produzida, isso não invalida seu uso como fonte de inspiração. A proposta trata na verdade de apresentar e relacionar a gastronomia com o espaço territorial representado pelos seus ícones, que são estampados no prato e ficam escondidos sob a comida servida, sendo revelados ao final da degustação, numa representação visual do sentido de permanência, comum às avaliações gastronômicas e enológicas.