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Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica
Nº 109 - agosto / 2018
Comunhão Anglicana
https://www.google.com/search?q=F%C3%
A9rias+com+Deus&tbm=isch&source=lnt&tbs=isz:l&sa=X&ved=0ahUKEwjt8ObuzpvcAhUNecAKHRqoC0YQpwUIHw&biw=1280&bih=901&dpr=1#imgrc=5Vj4
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PRESIDÊNCIA
DOS CULTOS
Dá-me, Senhor, força e coragem pa-ra vencer os momentos de desespero e cansaço.
Ajuda-me, para que eu seja paciente e compreensivo, simples e modesto.
Neste momento, ofereço-Te todas as
minhas preocupações, angústias e sofrimentos, para que eu seja mais digno de Ti.
Aceita, Senhor, que eu una os meus sofrimentos aos sofrimentos do teu Filho Jesus Cristo, que por amor de nós deu a sua vida no alto da Cruz.
Ámen.
OREMOS PELOS
DOENTES
02 – Rodrigo Miguel Fernandes
04 – Ana Maria Machado
07 – Marcos Ruben Soares
07 – Pedro Miguel Fernandes
10 – Maria Miguel Fernandes
13 – José Mário Gonçalves
18 – Catarina Pratas
18 – Luís Gomes
27 – Sara Meneses
29 – Paulo Jorge Soares
30 – Débora Mariana Soares
31 – Mafalda Fernandes
31 – Pedro Nuno Fernandes
05 Presbítero Carlos Duarte
12 Presbítero Carlos Duarte
19 Leitor Pedro Fernandes
26 Leitor Pedro Fernandes
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S. João 6,24-35
S. João Evangelista teve a
preocupação de nos narrar o
que considerou necessário
para que creiamos que Je-
sus é o Filho de Deus. Por
isso, quando Jesus deu de
comer a uma multidão que
só de homens eram uns cin-
co mil, com apenas cinco
pães e dois peixes, não se
limitou a descrever o mila-
gre e manteve-se atento aos acontecimentos subsequentes.
A multidão, que fora alimentada por Jesus, ficou na expectativa que
Jesus a continuasse a alimentar continuamente, como aconteceu ao po-
vo de Israel no deserto, onde cada manhã encontrava o maná para se
alimentar.
O milagre de dar de comer a uma multidão de mais de cinco mil pesso-
as com apenas cinco pães e dois peixes, pode ser interpretado como
uma parábola viva. É esse o entendimento que tiramos das palavras
proferidas por Jesus quando a multidão, no dia seguinte, foi à procura
de Jesus e lhe perguntaram: Mestre, quando é que chegaste aqui? Jesus
respondeu: vocês procuram-me porque comeram até ficarem satisfeitos
e não por compreenderem o significado dos meus milagres. Trabalhem,
não pela comida que se acaba, mas por aquela que dá a vida eterna.
O diálogo de Jesus com a multidão continuou, dizendo-lhes que a von-
tade de Deus era que deviam acreditar naquele que ele enviou. E eles
perguntaram-lhe que sinal nos mostras, para acreditarmos em ti?
Então, não acreditaram em Jesus quando tinham sido alimentados no
dia anterior? O modo de pensar do povo estava muito dependente do
conhecimento que lhes era transmitido sobre a Lei e os Profetas. Não
4
conseguiram escutar a mensagem de arrependimento anunciada por João
Baptista e continuada por Jesus no início do seu ministério. Para eles, Jesus,
pelos sinais que fazia, era talvez um dos profetas.
Por isso não compreendiam os milagres de Jesus. O que os preocupava era o
pão de cada dia. O sentido espiritual da vida era secundário. Os ensinamentos
dos doutores da Lei, dos escribas ou dos fariseus eram um conjunto de nor-
mas religiosas que procuravam cumprir para não serem castigados.
Para o povo, o pão dado aos israelitas no deserto, no tempo de Moisés, eram
pão vindo do céu, que lhes matou a fome e permitiu a sobrevivência do povo
ao longo da travessia do deserto.
Jesus corrigiu-os: o pão dado por Moisés não era o pão do céu. O verdadeiro
pão do céu é dado por meu Pai e esse pão, sou eu. Pão que dá a vida. Aquele
que me aceita nunca mais há-de ter fome.
Que pão procuramos para a nossa vida e que pão oferecemos aos que revelam
sinais de fome? Que a leitura deste milagre e da sua sequência nos leve a en-
contrar o verdadeiro Pão da Vida e a oferecê-lo aos outros. Carlos Duarte, Presbítero
S. Lucas 9,28-36
Este texto sobre a Transfiguração de Jesus é também as de Moisés e de Elias,
comummente esquecidos. Esse esquecimento é muitas vezes usado por fa-
ções New Age para afirmar que no cristianismo primitivo se acreditava na
reencarnação, neste caso de Moisés e de Elias. Daí ter eu decidido abordar
sem medo este assunto, que por vezes parece o cristianismo querer evitar,
largando espaço a este tipo de especulações que só baralham os fiéis.
Começando pelo início do texto; a escolha dos apóstolos Pedro, João e Tiago
para irem orar com o Senhor num lugar reservado e alto. Pelas escrituras po-
demos deduzir que Pedro e João foram escolhidos pelas funções que o Se-
TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR 6 DE AGOSTO
5
nhor lhes tinha explicitamente indi-
cado, mas sobre as quais eles não
tinham (nem podiam, humanamente
falando) plena consciência do que
elas acarretavam. Mas porquê Tia-
go? Podemos especular, mas a ver-
dade é que não sabemos.
Oraram e Jesus transformou-se em
luz resplandecente, mas não em fan-
tasma; a descrição nunca relata a omissão da sua forma física, mas antes esta
ser imersa numa imensa Luz translúcida e forte («como um relâmpago»). Ao
longo da história da Igreja universal, foram várias foram as pessoas que atin-
giram este estado na oração, ou próximo dele; não é também por acaso, penso
eu, que o Evangelho de João é chamado o Evangelho da Luz; a experiência
aqui relatada certamente que o marcou indelevelmente na sua fé, tendo certa-
mente compreendido a ressurreição articulando-a com a transfiguração de
Jesus, o Cristo (o Messias).
O texto relata-nos o espanto/pavor que os apóstolos sentiram, aumentado com
a aparição de Moisés e Elias, também transfigurados, ou seja: o que eles vi-
ram foi os corpos ressuscitados desses dois profetas e portanto já imersos e
resplandecendo na Luz de Deus. De notar que nem Moisés nem Elias usaram
as tendas para dormir, como Pedro propôs, nem a conversa foi cruzada entre
os transfigurados com os apóstolos. Moisés e Elias não estavam pois encarna-
dos num corpo físico com as características dos humanos.
De notar por fim que foi durante o sono dos apóstolos que a transfiguração
ocorreu, não tendo eles presenciado o momento em que ela preciso (ou o pro-
cesso) de tal evento. Trata-se claramente de um alerta para a preguiça que
temos em orar em nos mantermos perseverantes na oração; só a constância e
perseverança pode eventualmente fazer-nos vislumbrar algo parecido com a
transfiguração nos outros, dado que quem estava transfigurado não manifes-
tou qualquer sinal de que algo extraordinário estava a ocorrer. Clara Oliveira
6
S. João 6,35.41-51
No Evangelho de hoje só podem acolher Jesus aqueles que são dóceis
à ação de Deus Pai nas suas vidas. Dessa maneira, o evangelista deixa
claro que ninguém chega a Deus por esforço próprio, senão por mise-
ricórdia divina.
Pode levar à confusão pensar que o Pai atrai arbitrariamente uns, e
outros não. Não poderia estar mais longe do amor de Deus este pensa-
mento!
Deus age no coração de todos os homens e mulheres sem distinção,
quem O percebe e livremente se deixa conduzir por Ele, aceita Jesus e
sua proposta de vida.
E Jesus continua afirmando que ele é o pão da vida. Obviamente, seus
ouvintes judeus tinham na sua memória o maná oferecido por Deus ao
povo durante o êxodo.
Mas para que não fiquem dúvidas, Jesus esclarece a diferença entre
esse maná e ele: “Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no
entanto, morreram. Eis aqui o pão que desceu do céu: quem dele co-
mer nunca morrerá”.
O texto contrapõe dois tipos de alimento: um que não conduz à vida
definitiva (o maná do deserto), e o outro conduz à vida que dura para
sempre.
Quem realiza essa plenitude de vida é Jesus, o filho de carpinteiro, ele
mesmo se faz comida e bebida para saciar a fome e sede de eternidade
da humanidade.
Assim como a pri-
meira parte do
evangelho faz refe-
rência ao mistério
da encarnação, o
pão descido do céu
é o filho de Maria
e José, estes últi-
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mos versículos nos introduzem no mistério da paixão.
“E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a
vida”.
Ele, que é o dom do Pai, se oferece livremente (Jo 10,18), oferece sua própria
carne. Aqui temos que entender esta palavra não como substância do organis-
mo humano, senão como a condição mortal de Jesus.
No Prólogo, o evangelista usa também a palavra carne para referir-se à forma
como o Verbo se faz presente no meio de nós (Jo 1,14).
É, portanto, toda a existência de Jesus que nos é revelada, no seu sentido mais
profundo. Aquele que se encarnou, que assumiu a nossa humanidade é quem,
pela sua morte, nos introduz definitivamente na terra prometida.
Quem acolhe Jesus e seu projeto, nasce como homem ou mulher novos, cons-
trutores de um mundo novo. J. Rafael Coelho
S. João 6,51-58
Por vezes é indispensável recorrer cuidadosamente ao Antigo Testamento
para entender melhor certas atitudes e ensinos de Jesus. Ele nunca (re) negou
essa Escritura, mas por vezes ultrapassou-a. Outras vezes deu-lhe uma inter-
pretação diferente daquela que os fariseus atribuíam e consideravam infalível
e intocável. Nalguns casos, isto levou-o a incompreensões, e noutros até cau-
sou escândalos e perseguições.
Jesus era melhor aceite em casas particulares. Mas nas multidões podia haver
espias, e provocadores. Contudo deve ter sido nas sinagogas que os adversá-
rios estavam mais atentos e mais fortes. E o ponto máximo era no Templo,
onde podemos falar de inimigos mortais.
Estas palavras de abertura podem ser uteis para o texto deste dia. No versícu-
lo 51 Jesus diz: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu”. Quem poderia enten-
20º DOMINGO COMUM 19 DE AGOSTO
8
der? Para os judeus, enviado do céu era
o maná… E do céu não vinham ho-
mens – só anjos. Jesus podia estar a
dizer duas “heresias” duma só vez?
Mas atenção, alguns ensinos de Jesus
eram, no início, destinados apenas aos
discípulos. Mais tarde eles deveriam
retransmiti-los. Dando tempo ao tem-
po.
O maná, alimento de origem pouco
conhecida, alimentava o corpo durante
algumas horas. Jesus afirma que o “pão vivo” alimentará eternamente. Algo
inesperado para quem ouvia. Mas houve um sinal do poder que Jesus tinha
para alimentar, conforme a necessidade de cada caso – a multiplicação dos
pães, sinal de poder e de amor. O pão vivo é uma proclamação de que há di-
ferenças incomensuráveis. O pão vivo é também comparado à carne. Esta é o
alimento mais substancial – ao contrário dos ossos e esqueletos (símbolos de
morte, ver por ex.: Ezequiel 37: 1 e 2). A carne significa corpo e também sig-
nifica vida, no sentido terrestre. Os judeus sabiam que nos cercos de Jerusa-
lém a fome dramática levou a horríveis atos de canibalismo. Jesus dar a sua
carne a comer tinha um sentido muito diferente disso. Era dar na cruz o seu
corpo em sacrifício.
Para os judeus, o sangue significava a própria vida. Era por isso sujeito a vá-
rias proibições (ex.: Levítico 7: 26 e 27), aliás rigorosas. Os judeus deviam
abster-se de sangue. Como podia pois Jesus recomendar beber sangue, para
mais humano… Embora representado pelo vinho, decerto vinho tinto. Sangue
significava perigo / proibição / morte. E vinho significava alegria. Como con-
ciliar as duas coisas em simultâneo? (é aqui que as Testemunhas de Jeová
têm interpretações erradas).
Num mundo violento com tanto sangue derramado em vão, lembremos as
transfusões de sangue, que salva, vidas – algum rabi pensaria em proibi-las?
O sangue de Jesus foi derramado, mas não em vão. Não se destina a dar vida
9
a um doente, mas dará vida a todos nós, doentes espiritualmente. Destina-se a
tornar a Eternidade aberta à humanidade.
Em Jesus, a renovação profunda do sentido das coisas e da doutrina pretende
levar sempre à renovação espiritual de quem O ouve e, no limite, á renovação
de todo o mundo. Nalguns aspetos, renovação já aqui e, em sentido mais ple-
no, aceso ao “mundo” que não é preciso renovar – o Mundo já perfeito e imu-
tável o “Reino dos Céus”. Acreditamos nisto e com a ajuda de Deus para ele
caminhamos já. Jorge Barros, Pastor
S. João 1,43-51
Quem procurar neste texto do Evangelho o nome de S. Bartolomeu arrisca-se
a não o encontrar. Trata-se de mais um desafio extraordinário que a Sagrada
Escritura nos prepara com o objetivo de nos tornar mais atentos e não ficar-
mos convencidos do seu literalismo, ou que tudo nela é tão evidente que só
não a entende logo à primeira vista quem tem má vontade ou nela procura
defeitos. Tanto quanto me tenho apercebido, dar um nome a uma criança ra-
ramente é tarefa fácil. Entram em consideração os nomes preferidos dos pais,
dos avós, entram em cena os nomes de família, os padrinhos às vezes também
querem ser levados em conta na escolha. Escolhem-se nomes para homenage-
ar pessoas que foram ou são importantes na vida das famílias. Há poucos
anos em conversa com uma amiga minha médica num hospital do Porto acer-
ca das trocas de exames médicos, de radiografias, de resultados de análises e
outros procedimentos médicos, até gente que morre e depois vai-se a ver es-
tão vivas, ela me dizia que a agressividade com que o grande público reage a
estes erros é por desconhecer a quantidade de pessoas que chegam ao serviço
de saúde com os mesmo nomes e por estranha coincidência às vezes nascidos
no mesmo ano e no mesmo dia como já tinha sido experiência dela.
S. BARTOLOMEU, APÓSTOLO 24 DE AGOSTO
10
Quase todos nós passamos por
um tempo das nossas vidas em
que não gostamos do nosso no-
me, queríamos outro. Esse desejo
pode provocar dificuldades em
lidarmos com nós próprios. O
nosso nome expõe-nos de uma
forma tão lancinante que às ve-
zes parece que foi escolhido para
nos agredir. Os artistas são acon-
selhados pelos seus empresários
a mudar de nome porque os seus
nomes verdadeiros “não ven-
dem”. Quem conhece a Sra. D. Louise Ciccone? Ninguém! No entanto é vi-
zinha da Catedral Lusitana em Lisboa, e conhecemo-la pelo nome de
“Madonna”. Os escritores usam pseudónimos que é uma palavra que vem
diretamente do Grego: pseudo – que significa mentira, e onoma - que signifi-
ca nome, logo, nome falso. A nossa lei permite mudarmos de nome até certa
idade, mas é tão caro que nem vale a pena pensarmos nisso. Então andamos
aqui à procura do nome de Bartolomeu, que fez parte do grupo dos discípu-
los. Ele está neste texto de João com o nome de Natanael, que em hebraico
significa “dado por Deus”. Nas narrativas dos outros Evangelhos ele é cha-
mado Bartolomeu, que significa em Aramaico “Filho de Talmay” e em Gre-
go, significa “Filho de Ptolomeu”. Pensa-se portanto que é o mesmo discípu-
lo. Este caminho do significado dos nomes é fascinante: “Sarai” quando duvi-
dou de Deus teve como castigo ver o seu nome reduzido uma letra passando a
“Sara”; Abrão, quando confiou em Deus teve como prémio visível entre os
seus pares o acrescento de uma letra e passou a ser “Abraão”. O seu filho
Isaac recebeu este nome porque significa “ filho do riso”. Jacob passou a cha-
mar-se por ordem de Deus: Israel, que significa “o que lutou contra Deus e os
homens e venceu”. Simão passa a chamar-se Cefas – que significa em grego
“cabeça” e depois passa a Pedro, que em latim significa “Pedra”. Usamos
11
com frequência a expressão: “conheço só de nome” que é uma forma educada
de dizer que não conhecemos nada, ou muito pouco. Natanael diz que não
pode vir nada de bom de um lugar com o nome de Nazaré, no entanto Jesus
“acuso-o” de ser um bom judeu. Natanael/ Bartolomeu teve um repente e é o
único de toda a Escritura a dirigir-se a Jesus de forma agressiva quando lhe
pergunta: de onde me conheces tu? Jesus responde-lhe que antes de lhe falar,
antes de chegar até si, já tinha experimentado o mais importante de tudo: já o
tinha visto. É a associação de ver a pessoas e saber os seus nomes que torna a
vida humana num verdadeiro momento de alegria, convívio e paixão. Pode-
mo-nos contentar em saber o nome e não ter interesse em conhecer pessoal-
mente, mas não podemos ver e conhecer as pessoas sem saber os seus nomes,
porque só assim entramos pela vida dentro uns dos outros para construirmos
mundos novos. Pouco se sabe sobre Natanael/Bartolomeu, uma coisa sabe-
mos que Jesus antes de o chamar já o tinha visto. Talvez seja assim connosco
também e com a nossa fé. Eu nunca o vi a Ele, mas sei que Ele me vê a mim.
“Leva tu contigo o Nome/ De Jesus o Salvador/Este Nome dá conforto/Hoje
sempre e onde for/ Nome Bom, doce à fé/ Esperança do porvir.” José Manuel Cerqueira, Pastor
S. João 6,55-69
O Evangelho deste domingo põe claramente a questão das opções que nós,
discípulos de Jesus, somos convidados a fazer. Todos os dias somos desafia-
dos pela lógica do mundo, no sentido de alicerçarmos a nossa vida nos valo-
res do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda, do
“politicamente correto” e todos os dias somos convidados por Jesus a cons-
truir a nossa existência sobre os valores do amor, do serviço simples e humil-
de, da partilha, da simplicidade, da coerência com os valores do Evangelho. É
inútil esconder a cabeça na areia, estes dois modelos de existência nem sem-
pre podem coexistir e, frequentemente, excluem-se um ao outro. Temos de
21º DOMINGO COMUM 26 DE AGOSTO
12
fazer a nossa escolha, sa-
bendo que ela terá conse-
quências no nosso estilo
de vida, na forma como
nos relacionamos com os
outros, na forma como o
mundo nos vê e, natural-
mente, na satisfação da
nossa fome de felicidade e
de vida plena. Não pode-
mos tentar agradar a Deus
e ao nosso mundo e viver
uma vida “morna” e sem
exigências, procurando
conciliar o inconciliável.
A questão é esta, estamos
ou não dispostos a aderir a Jesus e a segui-l’O no caminho do amor e do dom
da vida?
Os “Doze” ficaram com Jesus, pois estavam convictos de que só Ele tem
“palavras que comunicam a vida definitiva”. Eles representam aqueles que
não se conformam com a banalidade de uma vida construída sobre valores
efémeros e que querem ir mais além; representam aqueles que não estão dis-
postos a gastar a sua vida em caminhos que só conduzem à insatisfação e à
frustração; representam aqueles que não estão dispostos a conduzir a sua vida
ao sabor da preguiça, do comodismo, da instalação; representam aqueles que
aderem sinceramente a Jesus, se comprometem com o seu projeto, acolhem
no coração a vida que Jesus lhes oferece e se esforçam por viver em coerên-
cia com a opção por Jesus que fizeram no dia do seu Batismo. Esta opção
pelo seguimento de Jesus precisa de ser constantemente renovada e constan-
temente vigiada, a fim de que o nível da coerência e da exigência se mante-
nha. Jorge Filipe Fernandes
13
MELODIAS DO REINO Uma das atividades preparadas para os participantes na inicia-
tiva “venha o teu reino” foi um workshop chamado melodias
do reino. Orientado pelo Pastor José Manuel Cerqueira, con-
tou com a participação de vários elementos da nossa comuni-
dade cristã, num total de 9 pessoas. Da paróquia do Redentor participaram
Pedro Fernandes, Mafalda Fernandes e eu.
O nosso orador, bastante entusiasmado com o tema, conseguiu cativar-me. O
que começou como uma aula sobre métrica e “melodias” presentes nos escri-
tos da bíblia, e que se prolongou por algum tempo, a dada altura adquiriu
uma vertente um pouco mais prática e decidimos escolher um hino para apre-
sentar aos demais grupos. E a “aula” ganhou um outro “ritmo”, muito a pro-
pósito do tema. Começou calma, baixou de intensidade, ganhou alguma velo-
cidade e terminou em alta. Percebemos que um mesmo hino pode ser inter-
pretado com maior ou menor ritmo, e que durante a nossa vida, ou consoante
o nosso estado de espírito, os ritmos mudam. Um ritmo mais lento convida a
uma certa introspeção e um ritmo mais acelerado entusiasma o nosso espírito.
Depois de terminado o workshop foi tempo de almoço partilhado e de conví-
vio entre todos. Enquanto fazia o reconhecimento do local, dado que esta foi
apenas a minha 2ª visita à catedral, encontrei uma série de livros antigos. Li-
vros tão antigos que em alguns as capas eram inexistentes ou estavam rasga-
das, as folhas amarelecidas e roídas nas bordas e ao desfolhar as mesmas sen-
tia-se o cheiro a bafio. Não foi o suficiente para me dissuadir e entretanto
deparei-me com um livro de psalmos – verdadeiramente delicioso, pela anti-
guidade, pela diferença de escrita e pelas imagens. Homem tocando uma li-
ra… mesmo a propósito.
E nesse momento tive a certeza de ter sido chamada a esse local e a abrir
aquele livro e a ver aquela imagem! Deixo-vos com uma imagem que é uma
pequena parte dessa página. E se tiverem oportunidade, visitem a sala biblio-
teca que fica atrás do coro e abram, uma vez mais, um qualquer livro esqueci-
do… só para lhe dar um novo ritmo! Sara Meneses
14
O que fazer com a minha fé? 1. Falava comigo em voz baixa, nervosa
e recheada de ansiedade, na espera do
resultado dos exames que fizera dias
antes. Que era tumor, parecia certo, mas
se benigno ou maligno, só se saberia
com certeza depois da sua extração e
posterior análise. Referia casos das suas
amizades ou só do seu conhecimento a
procurar o que pudesse para sossegar o
seu medo. Por um momento parou de
falar e disparou a seguir: «porquê a
mim?». A pergunta pairou na onda preguiçosa do lago do silêncio, sem res-
posta.
Marta, no episódio da morte e ressurreição de seu irmão Lázaro (S. João 11)
vive essa mesma angústia, o mesmo sentimento de desalento e medo perante
a fragilidade humana, «Senhor, se aqui tivesses estado, o meu irmão não teria
morrido» (vº 21). Jesus não a conforta com palavras circunstanciais, apenas
expressa uma das Suas mais importantes declarações: «Eu sou a ressurreição
e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá, e todo aquele que
vive e crê em mim não morrerá» (vº 26). E remata com uma pergunta que
apela à seriedade e ao compromisso: «acreditas nisto?». Marta responde:
«Sim, Senhor, eu acredito» (vº 27), como quem realmente não compreende
mas vai procurando acreditar, em processo de fé.
2. A fé cristã foi-se fixando ao longo dos séculos por via de formulações, a
mais importante das quais é o Credo. Mas convém ter presente a extraordiná-
ria declaração cheia de humanidade daquele pai que, perante a possibilidade
de ver o seu filho livre da doença que o destruía, responde a Jesus gritando
15
«Eu creio! Ajuda a minha incredulidade!» (S. Mar 9,24).
A circunstância e a necessidade podem fazer o(a) crente declarado(a), mas a
fé não pode resumir-se a isso. Tem de ser acompanhada por um processo de
interiorização que corresponda a uma entrega confiante ao infinito amor de
Deus que ninguém pode delimitar ou definir. Uma coisa é recitar o Credo, a
fé declarada, repetida vezes sem conta, tal como se encontra nos formulários
litúrgicos. Outra, é procurar entender, aceitar e seguir sem condições Aquele
a quem intimamente nos confiamos. Nesse sentido, a fé, como um colírio,
permite-nos “ver” a realidade ou as realidades que nos cercam com um outra
perspetiva, a da humildade e da confiança, a do sentido face ao sacrifício.
Recordo aquele homem que, acometido dum enfarte do miocárdio e depois
de informado de que só no dia seguinte com a alta de algum paciente da re-
pleta unidade de cuidados intensivos poderia ser-lhe ministrado o tratamento
adequado, sossegou o seu familiar aflito: «vai embora porque Ele está comi-
go!».
3. Mas, também, é bom que não esqueçamos de que os que acreditamos no
Deus de Jesus Cristo («quem me vê a mim, vê o Pai» S. João 14,9) somos
convidados a viver a fé como um exercício de humildade que contém a cons-
ciência da fragilidade humana e o sentimento íntimo de gratidão. Assim co-
mo um caminhar entre segurança e penumbra, luz e dúvida. Na verdade, a via
da fé não é uma manifestação de força, de segurança ou de certeza, «mas a
radical exposição da nossa fragilidade».
Na fé interiorizada vários são os percursos, à medida das características de
cada um(a), mas, se sincera, está lá como necessária a marca da dúvida. Co-
mo escreveu o teólogo e cardeal Newman «a fé é mais confiança do que evi-
dência, é mais arriscar do que possuir, é mais caminho do que confortável
instalação num ponto de chegada». Então, o(a) crente preenchido com a con-
fiança no seu Pai do céu, especialmente no tempo da angústia e temor, procu-
ra a luz da Sua presença tateando no meio das sombras.
4. O autor da carta aos Hebreus, no capítulo 11, usa 17 vezes a expressão
“Foi pela fé…” e descreve as diversas consequências da fé em variadas per-
16
sonagens do Antigo Testa-
mento. Isto é, a fé ativada,
consequente, aceite como
compromisso, muda o com-
portamento das pessoas na
relação com Deus e com os
outros. Como aquele caso
de alguém que depois de
uma compra e já longe da
loja se dá conta do engano
da menina da caixa a seu
favor e volta à loja para de-
volver a importância que realmente devia pagar pelo que comprou. E me ex-
plicou: «um crente em Jesus podia lá ficar com o dinheiro que lhe não era
devido». A isto muitos chamarão hombridade moral, honradez, atitude de
cidadania, porém, o que está por detrás deste proceder tem a ver com uma fé
humildemente aceite, formada e pensada pela qual se rege uma vida.
‘Que fazer com a minha fé?’ é uma pergunta com que nos devemos confron-
tar, pois, a fé, como refere Anselmo Borges numa das suas crónicas sema-
nais, é sobretudo um combate, como se pode perceber da seguinte declaração,
uma espécie de testamento de um judeu que morreu em 1943 no gueto de
Varsóvia: "Creio no Deus de Israel, embora ele tenha feito todo o possível
para que não acredite... Deus ocultou o seu rosto ao mundo. As folhas em que
escrevo estas linhas vou encerrá-las nesta garrafa vazia e escondê-la aqui en-
tre os tijolos da parede, debaixo da janela. Se alguém a encontrar um dia e ler
estas linhas, talvez entenda o sentimento de um judeu - um entre milhões -
que morreu como abandonado de Deus, esse Deus no qual acredita tão firme-
mente." José Tolentino Mendonça, “O pequeno caminho das grandes perguntas”, Quetzal, pág 54 Citado por José Tolentino Mendonça, idem, pág 82 “O Mágico de Auschwitz”, DN 03nov2017
+ Fernando Soares, Bispo Emérito
17
Será que, para um
cristão, pode haver
“férias sem Deus”, a
ponto de ter de se
lembrar que as férias
devem ser sempre
“com Deus”? Ou se-
rá, simplesmente,
que importa privilegiar as férias como ocasião propícia para um “mais”
e “melhor” tempo com Deus do que o dia a dia apressado que todos, em
maior ou menor escala, vamos vivendo? A religiosidade, nas suas multifacetadas expressões, não significa sempre
nem garante por si só o acolhimento autêntico do verdadeiro Deus. A tendên-
cia a construir um Deus à nossa imagem e semelhança bem como o uso do
nome de Deus em vão são realidades bem mais presentes na vida diária do
que estaremos dispostos a admitir.
A descoberta de Deus que a fé possibilita não é uma posse, mas um percurso
de vida, ou seja, nunca encontrámos Deus ao ponto de não O termos conti-
nuamente de procurar. E a consciência deste elemento estruturante do viver
na fé coloca-nos não só num dinamismo existencial de acolhimento e de bus-
ca como nos desperta para uma perceção do que é verdadeiramente importan-
te e prioritário na existência cristã e no viver como Igreja. Nesse dinamismo
de acolhimento e de busca há situações, momentos, expressões, que podem
ser sinal privilegiado ou ocasião marcante de descoberta de Deus e de encon-
tro com Ele. O que acontecerá, através das múltiplas e inesperadas interpela-
ções que podem emergir dos acontecimentos e experiências mais diversos da
vida:. É nesta perspetiva de acolhimento e de busca que as férias podem ser,
então, um momento significativo de encontro com Deus. Não porque Deus
esteja ou tenha de estar mais presente nelas que noutras circunstâncias quoti-
dianas, mas simplesmente porque os horizontes do nosso olhar poderão ser
mais amplos e profundos, alguns dos sinais da presença de Deus neste mundo
(por vezes tão opaco!) podem tornar-se mais percetíveis, talvez os ouvidos do
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nosso coração possam estar mais sensíveis às suas interpelações.
mais sensível do sofrimento e das necessidades alheios...
“Férias com Deus” serão, então, aquelas que nos ajudem a dar mais um passo
neste percurso, sempre inacabado ao longo da vida, de irmos descobrindo
quem é o Mistério que chamamos Deus e o que Ele significa verdadeiramente
para nós, como Amor que suporta o nosso viver e como Esperança definitiva
para o nosso morrer. José Eduardo Borges de Pinho, Professor da UCP
Adaptado de http://www.paroquias.org/noticias.php?n=755
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01 a 05 XXIX Campos de Férias dos Jovens
05 Culto Dominical - 11h
12 Culto Dominical - 11h
19 Culto Dominical - 11h
26 Culto Dominical - 11h
AGOSTO - AGENDA PAROQUIAL E DIOCESANA
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ACTIVIDADES REGULARES DA PARÓQUIA
Templo - Rua Visconde de Bóbeda
Área social - Rua Barão de S. Cosme, 223
Cultos Dominicais - 11 horas
Escola Dominical - 2 classes (crianças e jovens) - Domingos, 10 horas
Loja Social - 3º sábado de cada mês - 15h
Propriedade: Paróquia do Redentor ♦ Equipa Redatorial: Jorge Filipe Fernandes, José Manuel Santos,
Pedro Miguel Fernandes ♦ Redação: Rua Barão de S. Cosme, 223 4000-503 PORTO ♦ Periodicidade:
Mensal ♦ Contactos: www.paroquiaredentor.org; [email protected]; [email protected]
♦ O conteúdo dos diferentes artigos deste Boletim é da responsabilidade dos seus autores, e não representa
necessariamente a posição da Paróquia do Redentor ou da Igreja Lusitana.
ÚLT
IMA P
AG
INA -
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SA C
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“O povo, ao ver que Jesus não estava ali, foi à sua procura”… E eu,
procuro Jesus quando O sinto afastado? Ou vou desleixando a paró-
quia, a oração, o desejo de O re-encontrar?
“Vocês procuram-me porque comeram, e não por me perceberem”, diz
Jesus… E eu, porque procuro Jesus? Para garantir uma vida mais fá-
cil? Para sentir emoções já sentidas? Ou porque quero mesmo escutar
o que Ele me pede, quero mesmo fazer a Sua vontade?
Diz ainda Jesus: “Eu sou o pão que dá vida”… A amizade com Jesus é
mesmo alimento para mim, é fonte de paz e de alegria? Ou ainda não
cheguei a sentir verdadeiramente que a fé, a relação com Deus, me faz
uma pessoa mais inteira e mais feliz?
http://www.lugarsagrado.com/node/187254