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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 ISSN 2359-1684 IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ELO DE PROCESSAMENTO DE DIAMANTE NA ÍNDIA RAQUEL ROCHA JULIANA ARAÚJO TORRES MARIA LUÍSA PESSÔA RAMON IVO PORTELA SARA DE ABREU JORDANI SUMÁRIO O ambiente de compevidade do elo no país de desno 2 Mapeamento do Contexto Global do Elo Dimensão Políca 4 Dimensão Econômica 5 Dimensão Social 6 Dimensão Tecnológica 7 Análise do Risco no ambiente domésco Ambiente Políco 8 Ambiente Legal Regulatório 10 Relações Externas 12 Ambiente Econômico 12 Sumarização dos riscos 17 Tendências e perspecvas 18 Referências Bibliográficas 19 Anexo A - Escopo Geográfico 23 Anexo B - Pardos Nacionais 24 Anexo C - Índia e a Corrida Armamensta 25 O presente relatório possui o objevo de viabilizar a internacio- nalização de tecnologias para aprimorar o elo de processa- mento referente à cadeia global de valor (CGV) do diamante na Índia, visando seu aperfeiçoamento e consequente agregação de valor, visto que a configuração do comércio internacional de diaman- tes tem sido remodelada nas úlmas décadas. As avidades de corte e polimento mudaram (com exceção das pedras mais valiosas) da Bélgica, Israel e EUA para Índia e China. Ademais, a Índia tornou-se um dos principais centros de reciclagem de diamante no mundo, ou seja, realiza o reaproveitamento de diamantes que seri- am descartados pela indústria (FATF, 2013). Tais alterações foram consequências de fatores como mão de obra barata e abundante. O presente estudo está composto por quatro etapas: (1) Análise do Ambiente de Compevidade do elo (processamento) no país de des- no (Índia), evidenciando caracteríscas e importância nesta CGV; (2) Mapeamento do Contexto Global do Elo, idenficando fatores polí- cos, econômicos, sociais e tecnológicos; (3) análise dos riscos no ambi- ente domésco indiano, por meio de quatro dimensões que afetam os negócios internacionais na Índia, sendo elas sistema políco, legal regulatório, políca econômica e relações externas; e (4) tendências e perspecvas que impactam a implementação de tecnologias no elo. O estudo prévio da CGV do diamante possibilitou inferir que devido à alta concentração dos elos ao redor do mundo 1 , o mais adequado nes- ta indústria seria o aprimoramento de um elo já existente. Ou seja, invesr em um país que apresente uma posição de destaque em detri- mento da criação de um elo novo em um outro desno, o que tornaria este processo inviável devido ao alto invesmento demandado. Por meio destas avaliações de oportunidades e impactos foi possível concluir que a proposta apresentada neste trabalho é viável, visto que a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces- samento, que ainda é realizado, majoritariamente, de forma manual. Logo, o uso de tecnologias tende a potencializar a produvidade no país e, consequentemente, aumentar a atravidade de invesmentos no setor de diamantes, além de incrementar suas receitas. 1 O escopo geográfico pode ser encontrado no anexo A.

IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ELO DE …raia.espm.br/wp-content/uploads/2018/11/diamantes_india-editado.pdf · a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces-samento,

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 ISSN 2359-1684

IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO

ELO DE PROCESSAMENTO DE DIAMANTE

NA ÍNDIA

R A Q U E L R O C H A J U L I A N A A R A Ú J O T O R R E S M A R I A L U Í S A P E S S Ô A R A M O N I V O P O R T E L A S A R A D E A B R E U J O R D A N I

SUMÁRIO

O ambiente de competitividade do elo no país de destino 2

Mapeamento do Contexto Global do Elo

Dimensão Política 4

Dimensão Econômica 5

Dimensão Social 6

Dimensão Tecnológica 7

Análise do Risco no ambiente doméstico

Ambiente Político 8

Ambiente Legal Regulatório 10

Relações Externas 12

Ambiente Econômico 12

Sumarização dos riscos 17

Tendências e perspectivas 18

Referências Bibliográficas 19

Anexo A - Escopo Geográfico 23

Anexo B - Partidos Nacionais 24

Anexo C - Índia e a Corrida Armamentista 25

O presente relatório possui o objetivo de viabilizar a internacio-nalização de tecnologias para aprimorar o elo de processa-mento referente à cadeia global de valor (CGV) do diamante

na Índia, visando seu aperfeiçoamento e consequente agregação de valor, visto que a configuração do comércio internacional de diaman-tes tem sido remodelada nas últimas décadas.

As atividades de corte e polimento mudaram (com exceção das pedras mais valiosas) da Bélgica, Israel e EUA para Índia e China. Ademais, a Índia tornou-se um dos principais centros de reciclagem de diamante no mundo, ou seja, realiza o reaproveitamento de diamantes que seri-am descartados pela indústria (FATF, 2013). Tais alterações foram consequências de fatores como mão de obra barata e abundante.

O presente estudo está composto por quatro etapas: (1) Análise do Ambiente de Competitividade do elo (processamento) no país de des-tino (Índia), evidenciando características e importância nesta CGV; (2) Mapeamento do Contexto Global do Elo, identificando fatores políti-cos, econômicos, sociais e tecnológicos; (3) análise dos riscos no ambi-ente doméstico indiano, por meio de quatro dimensões que afetam os negócios internacionais na Índia, sendo elas sistema político, legal regulatório, política econômica e relações externas; e (4) tendências e perspectivas que impactam a implementação de tecnologias no elo.

O estudo prévio da CGV do diamante possibilitou inferir que devido à alta concentração dos elos ao redor do mundo1, o mais adequado nes-ta indústria seria o aprimoramento de um elo já existente. Ou seja, investir em um país que apresente uma posição de destaque em detri-mento da criação de um elo novo em um outro destino, o que tornaria este processo inviável devido ao alto investimento demandado.

Por meio destas avaliações de oportunidades e impactos foi possível concluir que a proposta apresentada neste trabalho é viável, visto que a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces-samento, que ainda é realizado, majoritariamente, de forma manual. Logo, o uso de tecnologias tende a potencializar a produtividade no país e, consequentemente, aumentar a atratividade de investimentos no setor de diamantes, além de incrementar suas receitas.

1 O escopo geográfico pode ser encontrado no anexo A.

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O Ambiente de Competitividade do Elo no País de Destino

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 2

G lobalmente, a indústria do diamante é organizada

em uma cadeia produtiva, que inclui atividades

como exploração e mineração, triagem, corte e

polimento, fabricação de gemas/joias e demais produtos.

Devido à dispersão verticalizada de seu escopo geográfico,

tem-se interposições positivas e negativas, diretas e indire-

tas de um elo a outro, refletindo em toda a cadeia.

Para analisar a viabilidade da internacionalização, o

foco será a implementação de tecnologias no elo de proces-

samento do diamante. Os diamantes são ímpares devido às

suas propriedades físicas de dureza, condutividade térmica e

brilho (BAIN & COMPANY, 2011). Além do diamante natural

tem-se também o diamante sintético (mesmas propriedades

químicas, porém produzidos em laboratório). As vendas de

diamantes sintéticos foram estimadas em US$ 150 milhões,

em 2017, contra US$ 80,1 bilhões em 2016 do diamante

natural (FORBES/DANZINGER, 2017; STATISTA, 2017).

Entre os elos estudados para o processo de internacio-

nalização, elencou-se o elo de processamento destinado ao

setor de gemas e joias, o qual envolve as atividades de de-

sign, corte, lapidação e polimento. A escolha deste elo deu-

se devido ao mesmo ser o intermediário entre o mercado de

pedras brutas e o de joias de luxo (conforme a figura abai-

xo), o que representa a agregação de valor ao diamante bru-

to através da lapidação e a posterior possibilidade de criação

de gemas/joias genuínas, exclusivas e personalizadas no

mercado de joias de luxo. Segundo o portal de estatística,

STATISTA (2017), no ano de 2016, o valor global total de ata-

cado de diamantes lapidados totalizou US$ 25,6 bilhões.

É neste elo que os diamantes são transformados de

pedras ásperas a gemas. O corte do diamante requer conhe-

cimento especializado, além de ferramentas e equipamentos

específicos. Este processo consiste em cinco etapas: deter-

minação do corte; clivagem ou serragem ideal para quebrar

o diamante bruto em pedaços; explosão para dar ao diaman-

te a forma desejada; polimento para cortar as facetas; e ins-

peção final para garantir a qualidade da peça (BAIN & COM-

PANY, 2011).

Atualmente, o processamento do diamante é feito de

duas formas: manual e por meio de tecnologia de alta preci-

são - as quais utilizam softwares para criar moldes em 3D e

depois aplicam lasers para cortar e polir a pedra. No entan-

to, nem todos os países processadores fazem uso destas

tecnologias, visto que requerem maiores investimentos e

mão de obra treinada para manuseá-las. Por outro lado, é a

forma mais indicada para o aproveitamento da pedra.

De acordo com Cajano (2016), Índia e China destacam-

se como principais players globais no elo de processamento,

posto que juntas, em 2016, detinham cerca de 80% do mer-

cado de corte e polimento de diamantes. Segundo o autor, a

Índia corta e pole mais de 40% dos diamantes com mais de

um quilate, com padrão de qualidade similar àquela dos

mercados desenvolvidos. Dados recentes apresentaram que

em 2017 a Índia foi responsável por cerca de 85% do corte e

polimento do diamante mundial, sendo que 12 em cada 14

diamantes vendidos no mundo são cortados e polidos na

Índia (GJEPC, 2017).

A Índia é atualmente o maior importador e exportador

de diamantes do mundo (OEC, 2017). O setor de gemas e

joias contribui com 7% do PIB indiano e cerca de 16% das

exportações para outros países, além de empregar mais de

4,64 milhões de pessoas. Ademais, o mercado de joias na

Índia engloba mais de 300 mil players, em sua maioria, pe-

quenos empresários. Desde 2017, o business indiano corres-

ponde a US$ 60 bilhões, e até 2022, segundo projeções, de-

ve atingir entre US$ 100 e US$ 110 bilhões (IBEF, 2018).

Apesar de ser um país que já tem uma posição de des-

taque neste setor, existem alguns gargalos que podem ser

minimizados, entre eles a falta de qualificação e treinamento

dos trabalhadores para o uso de tecnologias e o acesso às

mesmas por parte dos pequenos empresários - que repre-

sentam cerca de 80% do setor (ABN AMRO, 2017). De acor-

do com um estudo feito pela Associated Chambers of Com-

merce and Industry of India (ASSOCHAM), em 2016 os traba-

lhadores do setor de gemas e joias na Índia receberam, em

média, US$ 3.700,00 por ano; o salário mais baixo da indús-

tria manufatureira. Ademais, muitos dos players no elo de

processamento são de pequeno porte e/ou de empresa fa-

miliar e não estão equipados para trabalhar com tecnologias

a laser para o corte da pedra.

Diante deste panorama, a Índia apresenta-se, perante o

cenário internacional, como um país adequado para receber

a internacionalização de tecnologias para aprimorar o elo de

processamento de diamante, uma vez que o país domina as

atividades que o compõem, requerendo apenas investimen-

tos constantes em novas tecnologias de lapidação, que con-

solidará o elo em sua totalidade, por meio da agregação de

valor a cada pedra processada.

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O Ambiente de Competitividade do Elo no País de Destino

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 3

Figura 1: Cadeia Produtiva do Diamante

Fonte: Elaborada pelos autores

.

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Mapeamento do Contexto Global do Elo

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 4

P ara realizar a internacionalização de um elo é preci-

so levar em consideração diversos fatores que po-

dem colaborar ou causar empecilhos para a expan-

são das atividades no âmbito global. Sendo assim, as pers-

pectivas que devem ser analisadas são os âmbitos políticos,

econômicos, sociais e tecnológicos, visto que todas incidem

diretamente sobre o possível sucesso ou o fracasso da ativi-

dade.

Dimensão Política

Entre os riscos prováveis elencados com relação à

dimensão política e possíveis impactos na internacionaliza-

ção de tecnologias para aprimorar o elo de processamento

da CGV do diamante estão: o comércio ilegal das pedras; as

guerras e conflitos armados; o terrorismo; a fragilidade polí-

tica dos governos; e o Sistema de Certificação do Processo

de Kimberley.

Entre as características que tornam os diamantes

vulneráveis ao comércio ilegal tem-se: baixo peso (relação

massa versus tamanho relativamente pequena); alta durabi-

lidade e capacidade de reter valor em longos períodos de

tempo; não rastreabilidade; facilidade de compra e venda

fora do sistema bancário formal; origem (lícita versus ilícita)

não distinguível (FATF, 2013).

Neste contexto de comércio ilegal, a África é um ce-

nário onde grupos armados radicais como Hezbollah, Boko

Haram, Al-Shabab e Al Qaeda disputam o poder e aprovei-

tam-se da extração de diamantes existente em vários países

e da fragilidade local do Estado, muitas vezes em situação de

conflito, para o financiamento ilegal de suas atividades

(FEITEIRA et al., 2016).

O nível de fragilidade da governabilidade em um Esta-

do, em casos extremos, os denominados Estados Falidos2,

repercutem na solidez do elo de processamento, isso porque

isso porque a falta de segurança ocasionada pela instabilida-

de política (disputa pelo poder), conflitos armados e, em

casos extremos, até ataques terroristas, afeta a regularidade

das atividades, ocasionando prejuízos ao setor (GOMES,

2008). De acordo com o Fund for Peace (2017), em seu Fragi-

le States Index, a maioria dos Estados Frágeis3 concentra-se

no continente africano, local responsável por 60% da produ-

ção mundial de diamantes. Essa instabilidade afeta a dinâmi-

ca de extração do diamante e pode gerar reflexos diretos no

elo de processamento, haja vista que este requer constante

reabastecimento pela indústria mineradora.

O acontecimento recorrente de conflitos armados

resultante da extração de diamantes levou o Conselho de

Segurança das Nações Unidas a impor sanções contendo

proibições de importações de diamante bruto provenientes

de vários países. O propósito era impedir a fonte de financia-

mento de movimentos rebeldes (MACEDO e FILHO, 2004).

De sanções passou-se, em 2002, à criação do Sistema de

Certificação do Processo de Kimberley (SCPK), por meio da

Resolução 56/263, na Assembleia Geral das Nações Unidas

(ONU, 2010).

O SCPK é atualmente o principal instrumento interna-

cional que busca evitar que diamantes ilegais ou de áreas de

conflito possam financiar conflitos armados e a violência por

movimentos rebeldes que tentam minar governos legítimos,

além de certificar o não abuso dos direitos humanos no pro-

cesso de mineração (ANM, 2015; FATF, 2013). Atualmente, o

acordo une 81 países e seus signatários afirmam garantir

99,8% da produção global de diamantes de origem de áreas

não conflituosas (KIMBERLEY PROCESS, 2017).

Ainda que em uma baixa percentagem, os diamantes

de sangue4 fazem parte do mercado global, demonstrando

falhas no processo legal regulatório aplicado. DeBoom

(2016), sugere a criação de um novo mecanismo regulador

internacional, pois a falta de capacidade de monitoramento

e fiscalização enfraqueceu a legitimidade do SCPK na política

internacional.

Assim, o diamante está envolvido em complexas

2 Estados Falidos são Estados que proporcionam uma quantidade limitada de bens públicos essenciais como saúde, educação e segurança. Progressivamente tais bens passariam a ser distribuídos por atores não-estatais. O legislativo apenas ratificaria as decisões do executivo en-quanto o judiciário seria apenas uma extensão do soberano. A infraestrutura do país estaria comprometida e a economia privilegiaria uma oligarquia próxima ao poder (ROTBERG, 2004). 3

Estados Fracos (Frágeis) são Estados que possuiriam clivagem étnica e/ou religiosas capazes de desencadearem um conflito. Ademais sua

capacidade de distribuir bens públicos seria mais limitada (ROTBERG, 2004). 4 Diamantes de sangue são qualquer diamante que seja extraído em áreas controladas por forças opostas ao governo legítimo e internacional-

mente reconhecido de um país e vendido para financiar ações militares contra esse governo (ONU, 2000).

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Mapeamento do Contexto Global do Elo

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 5

questões de ordem internacional, sustentando grupos arma-

dos e atividades terroristas. Desta forma, a criação de meca-

nismos que garantam a autenticidade do diamante contribui

com a legitimidade do país no setor e, consequentemente,

minimiza os possíveis riscos na dimensão política local, hu-

manitária e os impactos ao elo.

Dimensão Econômica

A dimensão econômica é analisada para compreen-

der cenários e mitigar riscos presentes que possam impactar

o elo e o setor. No que tange a esse tema, alguns tópicos a

serem apresentados são: dinâmicas do mercado e de preço;

restrições econômicas; e acordos no âmbito da OMC.

Segundo dados da Bain & Company (2017), espera-se

que a demanda por diamantes brutos cresça de 1% a 4% ao

ano. Esse crescimento baseia-se na economia dos EUA e no

crescimento contínuo da classe média na China e na Índia,

visto que são países que representam o maior consumo de

joias de diamante do mundo. A contribuição do elo de pro-

cessamento para exportação mundial representa 52,7% em

relação a cadeia em sua totalidade.

De acordo com Paul Zimnisky, principal analista do

setor mundial de diamantes, existe a previsão de uma con-

tração de 3,4% da oferta global de diamantes brutos em

2018. Logo, isso resultará em um aumento de preços de

aproximadamente 3% a 4%. De acordo com Zimnisky, entre

os principais players da indústria, somente a De Beers5 irá

aumentar sua produção neste ano, por outro lado, a Alrosa

e Rio Tinto reduzirão (ZIMNISKY, 2018).

Entretanto, vinculado à queda na produção mundial

de diamantes está o aumento da demanda, e também dos

preços dos diamantes em 2018, a qual tem o crescimento

previsto de 2% a 4% ao redor do mundo. Esse cenário, apre-

sentado pelo Zimnisky Global Rough Diamond Price Index

(2018) pode implicar no aumento de 3% a 5% nos preços de

diamantes brutos e polidos em 2018.

Como visto no gráfico abaixo, desenvolvido pela Bain

& Company (2017), no primeiro semestre de 2017, os preços

dos diamantes bruto aumentaram 3%, enquanto os preços

dos diamantes polidos diminuíram 3%. Apesar das persisten-

tes preocupações com a economia global, a indústria do

diamante foi resistente em 2011. Embora tenha diminuindo

Figura 2: Variação de preços de diamantes brutos e polidos

Fonte: BAIN & COMPANY, 2017.

5 De Beers Group é um dos maiores players no setor de gemas e joias. É uma das empresas que controla desde o elo de pesquisa e desen-

volvimento até o de processamento.

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Mapeamento do Contexto Global do Elo

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 6

as vendas, a demanda mundial continuou crescendo. Esta

performance está alinhada ao desenvolvimento da categoria

de luxo e, também, a desvalorização do dólar pós crise de

2008.

O valor agregado ao longo da cadeia do diamante é

expressivo, assim, US$ 15 bilhões em diamantes brutos tor-

nam-se US$ 24 bilhões em diamantes polidos, por exemplo,

quando transformado em joias de diamantes passam a ter

um valor de varejo de US$ 71 bilhões. No entanto, a deman-

da por diamantes polidos converte maior valor a indústria

do que a demanda por diamantes brutos (BAIN & COM-

PANY, 2012).

No que diz respeito a assuntos comerciais, pode-se

mencionar que, em 2003, 11 países membros da OMC solici-

taram a renúncia de três regras presentes no acordo do

GATT 1994. Foram elas: o tratamento da nação mais favore-

cida (Artigo I:1); eliminação de restrições quantitativas

(Artigo XI:1); e administração não discriminatória de restri-

ções quantitativas (Artigo XIII:1). Essa decisão visa reprimir o

comércio de diamantes de sangue, enquanto apoiam o co-

mércio de diamantes legítimos no âmbito do Processo Kim-

berley. Entre as decisões, foram abrangidas questões como:

a proibição à exportação e importação de diamantes brutos

para não participantes do Processo de Kimberley. No entan-

to, tal medida foi aprovada somente em 2012, tornando-se

conhecida como WT/L/876 14 (WTO, 2003).

Constata-se, portanto, que no cenário atual é vanta-

joso o investimento em tecnologias neste elo, visto que a

demanda por diamantes polidos converte maior valor à in-

dústria comparado a de diamantes brutos. Apesar da previ-

são de queda da oferta mundial de diamantes brutos, o re-

sultado para membros do setor em geral será positivo em

virtude do aumento da demanda e consequente valorização

dos preços em toda a cadeia produtiva.

Dimensão Social

No que diz respeito à dimensão social presente em

níveis globais, apresentando-se em maior ou menor força

em determinados países, os aspectos elencados são: viola-

ção dos direitos humanos (trabalho infantil) e conflitos rela-

cionados a diamantes de sangue.

Em escala global os países especializados no corte e

polimento do diamante são a Índia e a China. Uma das prin-

cipais razões pelo crescimento deste elo nesses países espe-

cificamente é sua alta disponibilidade de mão de obra bara-

ta. Isso sugere que parte da rentabilidade desta indústria

provém do pagamento de baixos salários e de condições

insalubres da indústria – evidenciando violações de direitos

humanos e de leis trabalhistas firmadas internacionalmente.

O crescimento da indústria mobilizou a migração de famílias

campesinas para a cidade, tendo como uma das consequên-

cias o aumento do trabalho infantil, cuja mão de obra é utili-

zada no polimento do diamante (PHUKAN, 2015).

Em 1992, a Índia tornou-se o primeiro país do mundo

a aderir ao Programa Internacional de Eliminação do Traba-

lho Infantil (IPEC), criado pela Organização Internacional do

Trabalho (OIT) em 1991. Contudo, os índices nesta indústria

ainda são altos, devido ao fato de muitas das fábricas atua-

rem na ilegalidade e o governo não ter o controle sobre a

atividade. Ademais, as crianças, além de serem numerosas

no país, são consideradas as mais propícias para a execução

da lapidação das pedras, visto que suas mãos são delicadas

e estas têm a visão precisa, sendo possível fazer cortes com

exatidão (GOEL, 2015).

Os diamantes de sangue são caracterizados por deri-

varem de conflitos armados no continente Africano, confor-

me já mencionado na questão do comércio ilegal. Com as

guerras civis, as milícias lutam entre si para a obtenção de

território rico em diamantes e como resultado, nas últimas

duas décadas, ocorreram mais de 3,7 milhões de mortes e

pelo menos um milhão de deslocados (BRILLIANT EARTH,

2016).

Com tal questão está enraizada dentro da CGV do

diamante, para ser comercializado exige-se o certificado de

origem da gema/joia, contribuindo para que esses produtos

não sejam provenientes de áreas onde ocorrem derrama-

mentos de sangue. No entanto, a verdade é que a indústria

por si só não consegue ter o controle sobre 100% da proce-

dência das pedras comercializadas, assim cerca de 80% dos

diamantes no mundo são extraídos de áreas onde não há

preocupações com violações de direitos humanos

(BRILLIANT EARTH, 2016).

Portanto, nota-se que a dimensão social está intima-

mente ligada aos custos de produção e extração do diaman-

te. Quanto mais barato e exploratório o uso da mão de obra,

mais vantajoso e atraente economicamente o diamante se

torna para membros que lideram o setor. E, apesar das ten-

tativas de proibição do comércio de diamantes de sangue,

encontram-se, ainda, obstáculos na cadeia como um todo,

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Mapeamento do Contexto Global do Elo

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 7

pois o foco das iniciativas de controle está na regulamenta-

ção dos Estados Membros e não na atuação das empresas

dando margem para graves violações dos direitos humanitá-

rios.

Dimensão Tecnológica Levando em consideração os aspectos tecnológicos

relacionados ao elo de processamento, tem-se algumas parti-

cularidades a serem observadas no âmbito global. Entre elas

estão a variável de pesquisa e desenvolvimento; a infraestru-

tura tecnológica; e as regulamentações que podem ajudar ou

dificultar o desenvolvimento do elo.

Sob esta ótica, é possível dizer que o elo de processa-

mento do diamante está intimamente ligado ao de Pesquisa e

Desenvolvimento, visto que as empresas deste setor estão

sempre em busca de melhorias, seja em novas formas de

realizar a mineração ou em tecnologias para cortar os dia-

mantes brutos, com o objetivo de reduzir perdas da pedra.

Para atingir tal objetivo, os principais players do setor criaram

centros de pesquisa com foco em inovação, em países como

Estados Unidos, Brasil, Rússia, China, Austrália, Reino Unido,

Bélgica, Alemanha, África do Sul, entre outros que podem ser

observados no escopo geográfico (Anexo A) (DE BEERS, 2017;

DOMINION DIAMOND, 2016; ALROSA, 2017; RIO TINTO,

2017; ENDIAMA, 2017).

O elo de processamento é realizado a partir de proces-

sos manuais e tecnológicos, sendo que existe uma tendência

para o aumento de tecnologias de ponta nas etapas que o

compõem, com o objetivo de aumentar a rentabilidade do

processo (BAIN & COMPANY, 2017). Entre as etapas deste elo

estão a marcação, o corte ou serragem do formato que o

diamante vai receber e o polimento. A marcação, é tradicio-

nalmente feita de forma manual, no entanto, as empresas

que detêm mais recursos financeiros utilizam sistemas de

computador que analisam a pedra, criam protótipos digitais

em 3D e determinam a melhor maneira de efetuar o corte

com a ajuda de lasers de precisão. O formato escolhido do

diamante pode ser alcançado através do atrito entre duas

pedras girando em sentidos opostos ou também através de

lasers que darão a forma escolhida à pedra que depois será

polida para chegar no brilho desejado (AWDC, 2017; SARINE,

2016; BEYOND 4Cs, 2017).

Sendo assim, é possível observar que o uso da tecnolo-

gia no processamento de diamante está presente em várias

etapas deste elo. No entanto, não são todos os países proces-

sadores que utilizam esta ferramenta, especialmente porque

requer maior investimento e, também, mão de obra especia-

lizada para o manuseio de tecnologias de precisão.

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Análise do Risco no Ambiente Doméstico

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 8

E ste tópico busca identificar e conhecer o contexto

doméstico da Índia. O objetivo é demonstrar o

cenário atual indiano e os riscos presentes em seu

ambiente doméstico. Para tal, serão discutidas as variáveis

dos ambientes: político, legal regulatório, das relações exter-

nas e do ambiente econômico.

Ambiente Político

Em busca de elencar os principais riscos decorrentes

do ambiente político, o presente estudo expõe como as insti-

tuições indianas, por meio de suas ações, direta ou indireta-

mente, acarretariam prejuízos para o elo no país. Assim este

discriminará os seguintes riscos que afetam o elo de proces-

samento na Índia: transparência pública (corrupção e lava-

gem de dinheiro); estabilidade política (fragmentação políti-

co partidária) e segurança pública e violência (terrorismo).

O Transparency International, em seu relatório Global

Corruption Barometer, identificou em 2017 que, na Índia,

69% das pessoas alegaram ter pagado suborno para acessar

serviços públicos. Referente às empresas, cerca de 19,6%

declararam que fizeram um pagamento ou deram um pre-

sente informal, que foi solicitado para conseguir acesso aos

serviços. Para obtenção de serviços básicos como energia

elétrica e água, o índice de empresas que já pagaram subor-

no é de respectivamente 51,5% e 52,5%.

Quanto ao Índice de Percepção de Corrupção, o país

ocupa o posto de 81 das 180 nações avaliadas. Nesse índice,

quanto menor o número de classificação, melhor a percep-

ção sobre corrupção, ou seja, o país é mais confiável

(TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2017). Esta estatística não

contribui com sua imagem como um destino atraente para

fazer negócios. Entretanto, para o Global Edge (2017) em

suas classificações de Risco País e a Avaliação do Clima de

Negócios, apesar de ressalvas, a Índia foi classificada como

um país de risco aceitável, sendo um destino indicado para

se fazer negócios.

Dentro deste contexto de combate à corrupção tem-

se a Lei de Proteção aos Denunciantes, criada em 2012, e as

emendas à Lei de Prevenção à Corrupção de 2013 (NISHITH

DESAI ASSOCIATES, 2016). A primeira lei mencionada não foi

operacionalizada até o momento, segundo o ex-ministro

Jairam Rames (THE ECONOMIC TIMES, 2017). E quanto a lei

de Prevenção à Corrupção, criada em 1988, esta recebeu

emendas no ano de 2013, e visa incluir tópicos como subor-

no e conduta criminosa (PRS LEGISLATIVE RESEARCH, 2017).

Ademais, destaca-se a lei do Lokpal, que entrou em vigor em

2014, e tem como escopo investigar e processar casos de

corrupção contra funcionários públicos incluindo ministros.

Também abrange questões referentes à lavagem de dinhei-

ro, transações financeiras e leis para direcionar receitas e

ativos não divulgados, seja na Índia ou no exterior (GLOBAL

LEGAL INSIGHTS, 2018).

Alguns estudos mostram que parte da comercializa-

ção do diamante na Índia está associada à lavagem de di-

nheiro, isso se dá pelo fato do país não ter um preço fixo ou

mesmo relativamente fixo para o diamante. Esse fator possi-

bilita a comercialização por um valor superior ao valor real

ou de mercado. Esse tipo de supervalorização favorece a

lavagem de dinheiro e descredibiliza o setor perante outros

países (FATF, 2013).

A ausência de transparência pública, representada

pela corrupção e pela lavagem de dinheiro, reflete-se em

prejuízos diretos ao setor, visto que tais práticas encarecem

a atividade, devido aos gastos não contabilizados no orça-

mento, além de expor as empresas a práticas irregulares.

Dessa forma, o risco de ausência de transparência pública é

qualificado como muito alto, com certa possibilidade de

ocorrer e impacto alto. Essa análise baseou-se no fato de

que a ausência de transparência pública é uma prática co-

mum no país, ou seja, está no dia-a-dia das empresas enca-

recendo as atividades.

Com relação ao grau de fragmentação política parti-

dária indiano, qualquer cidadão ou grupo tem o direito de

fundar um partido. Não há restrições para tal a não ser que a

(s) pessoa(s) devem ser cidadão(s) da Índia. O que, apesar de

possibilitar uma possível representação para todos os seg-

mentos da sociedade, cria uma quantidade exorbitante de

partidos políticos (MEHRA, 2007).

Atualmente, a Índia tem sete partidos nacionais (vide

figura anexo B) (MAPS OF INDIA, 2018), 24 estaduais e 2044

partidos políticos registrados, porém não reconhecidos

(ELECTION COMMISSION OF INDIA, 2018). Uma das conse-

quências dessa fragmentação partidária é a maior dificulda-

de para o partido eleito formar uma base parlamentar que

lhe dê governabilidade (BBC BRASIL, 2016).

Nesses casos requer-se um governo com uma base

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 9

aliada forte ou com uma sólida rede de relacionamentos

que garanta a concretização de seu plano de governo, caso

contrário, pode-se criar um contexto segmentado, difícil de

formar coalizões e de governar, resultando em prejuízos

generalizados a sociedade.

Com base na composição política partidária da Índia

o risco da fragmentação política partidária é alto, com certa

possibilidade de ocorrer e impacto moderado. Visto que, a

dificuldade na governabilidade a longo prazo gera uma con-

juntura de estagnação afetando a economia do país trazen-

do prejuízos para os mais diversos setores induzindo a cri-

ses e em casos mais extremos a recessões econômicas. Co-

mo consequência, a indústria do diamante e o elo de pro-

cessamento podem ser afetados mesmo que de forma indi-

reta.

O terrorismo é uma das variáveis presentes dentro

do fator de segurança pública e violência. Apesar de ser

uma ameaça ao país, observa-se uma gradativa queda no

número de mortos (civis, militares e terroristas) na última

década. No ano de 2017, o número total de fatalidades ter-

roristas foi de 803, sendo que em 2018 já foram catalogadas

357 mortes, há dez anos atrás, em 2008, esse número foi de

2.596 mortos (SOUTH ASIA TERRORISM PORTAL, 2018).

Quando comparado a outros países, a Índia apresen-

ta uma peculiaridade em relação a esse aspecto, pois suas

ameaças terroristas emanam essencialmente de seu próprio

território, consequência do extremismo de esquerda, do

separatismo étnico, da militância religiosa e do terrorismo

proveniente do Paquistão (BASUMATARY, 2017).

O terrorismo afeta o elo de processamento de uma

forma indireta, visto que os locais onde existe maior inci-

dência de ataques estão próximos dos maiores centros de

Figura 3 - Mapa Índia: Terrorismo versus Elo do diamante

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de MAKE IN INDIA (2017) e TIMES OF INDIA (2017).

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 10

processamento, como apresentado no mapa abaixo. O efei-

to de um ataque terrorista a uma planta de processamento,

por exemplo, resulta em prejuízos tanto no âmbito social

quanto no econômico. Diante dos recorrentes ataques na

fronteira com o Paquistão, esta certamente é uma região a

ser evitada.

Dessa forma, o risco de terrorismo na Índia é qualifi-

cado como alto, com possível possibilidade de ocorrer e

impacto alto, visto que as zonas de ataques terroristas são

próximas dos estados processadores de diamante e os in-

vestimentos realizados nos centros de processamento seri-

am parcialmente perdidos em caso de ataques.

Em síntese, o ambiente político indiano requer refor-

mas por parte do governo, como forma de oportunizar me-

lhorias ao país que, consequentemente, recairiam positiva-

mente sobre o ambiente de negócios e indiretamente sobre

o elo. Tais gargalos apresentados podem reduzir potenciais

ganhos ao elo, todavia, não afetam contundentemente a

viabilidade do negócio no país.

Ambiente Legal Regulatório

No processo de internacionalização de tecnologia

para aprimorar o elo de processamento, é necessário enten-

der o funcionamento das leis e regulamentações para a en-

trada de novas empresas no país, assim como o funciona-

mento da relação Estado-Setor-Consumidor. Os fatores que

serão analisados são: as regras de conduta das empresas,

abrangendo variáveis como responsabilidade ética e social;

e as condições legais às empresas estrangeiras investirem

no país, tendo como variável as leis de investimento estran-

geiro.

Após o desenvolvimento econômico da Índia, o Mi-

nistério de Assuntos Corporativos aprovou a Lei de Concor-

rência de 2002 e a Lei de Responsabilidade Limitada em

2008. O objetivo de ambas é proibir práticas comerciais an-

ticompetitivas e proteger os interesses dos consumidores,

visando garantir o livre comércio. Embora a Índia seja criti-

cada por apresentar regulamentações complexas, a maioria

destas são consistentes em todo o país e, acima de tudo,

podem ser praticadas em qualquer estado, mesmo que seja

um país federalista6 (AMRITT, 2018).

Para uma melhor compreensão da atuação das em-

presas na Índia, deve-se analisar como transcorrem os me-

canismos processuais e a burocracia no país. De acordo com

o Doing Business (2018), na Índia, os salários industriais mu-

dam de estado para estado, sendo aproximadamente US$

3,50 por dia para os trabalhadores não qualificados. Os salá-

rios de cortadores e polidores variam de US$ 80 a US$ 100

por semana e dependem de aspectos como experiência e

habilidade para realizar outros tipos de cortes (ARORA,

2015). As leis que regem esse tema, de remunerações e

salários, são definidas pelo Artigo (1936) e pela Lei de Salá-

rio Mínimo (1948) (SANTANDER TRADE, 2017).

Como membro da OIT, a Índia oferece proteção a

seus trabalhadores. Contudo, ainda existe o uso de mão de

obra infantil, além da falta de mão de obra qualificada para

o trabalho. Apesar de ser o segundo país que mais cresce no

mundo, a Índia pode ser classificada como um país de baixa

renda, no qual o desemprego afeta 3,6% da população ativa

do país (WORLD BANK, 2017). Apesar disso, a indústria de

diamantes emprega, atualmente, 4,64 milhões de trabalha-

dores qualificados e semiqualificados em toda a Índia, ade-

mais, estima-se que o setor concederá emprego a mais de

8,23 milhões de pessoas até 2022 (MAKE IN INDIA, 2017).

Quando comparadas Índia, China e África do Sul; a

Índia é o país que tem a produção por quilate mais barata,

gastando US$ 10 por quilate no corte e polimento de dia-

mantes, enquanto a China gasta US$ 17 e a África do Sul de

US$ 40 a US$ 60 (ARORA, 2014). O risco da mão de obra não

qualificada na Índia é muito alto, com certa possibilidade de

ocorrer e impacto alto. Logo, a mão de obra qualificada não

está presente em toda indústria e está relacionada à perfor-

mance e resultados do elo de polimento da cadeia de dia-

mantes na Índia.

Em 2016 o governo indiano adotou a Lei de Emenda

ao Trabalho Infantil, estabelecendo a idade mínima para o

trabalho aos 14 anos e elevando para 18 anos a idade míni-

ma para trabalhos que apresentam riscos, seguindo padrões

6 De acordo com Barros (2018): "O estado federal é um estado soberano constituído de estados federados (estados-membros) dotados,

não de soberania, mas apenas de autonomia, os quais têm poder constituinte próprio, decorrente do poder constituinte originário que fez a federação."

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 11

internacionais. Essa lei também aumenta as penalidades às

empresas por empregarem crianças em trabalho infantil proi-

bido, no entanto o cenário ainda é preocupante de acordo

com a OIT (UNITED STATES DEPARTAMENT OF LABOR, 2016).

No último censo de 2011 (realizado a cada 10 anos), a popu-

lação de crianças na faixa etária de 5 a 14 anos, no país, é de

aproximadamente 260 milhões, destas 3,9% estão trabalhan-

do, o que representa 10,1 milhões de crianças, sendo que

deste montante, 2 milhões estão em centros urbanos (ILO,

2017).

Quanto aos riscos da mão de obra infantil, este é qua-

lificado como alto, com certa possibilidade de ocorrer e im-

pacto moderado, posto que a Índia recriminou a maioria das

formas de escravidão moderna, incluindo tráfico de pessoas,

escravidão, trabalho forçado.

De acordo com UK India Business Council (2017), as

leis de investimento estrangeiro direto (IED) da Índia foram

substancialmente liberalizadas nos últimos anos. A maioria

dos setores do país está aberto ao IED, o que significa que as

empresas estrangeiras não precisam de aprovação prévia

para investimento, nem pelo Governo e nem pelo Banco Cen-

tral indiano: Reserve Bank of India. Os investidores devem

apenas informar o banco, em até 30 dias, do recebimento da

remessa externa. Entre os setores que têm o chamado "auto

route" - ou seja, a entrada direta de investimentos - está o de

gemas e joias. Observa-se no gráfico a seguir que a Índia re-

cebe mais investimentos do que investe em outros países.

Entre 2000 e 2017 foram investidos, em território indiano,

US$ 1,1 bilhões em diamantes e ornamentos de ouro (INVEST

IN INDIA, 2018).

Não se sabe ao certo quanto dessa porcentagem de

IED é destinada ao elo de processamento, mas usando o

exemplo do International Institute of Diamond Grading and

Research (IIDGR) - um instituto comandado pelo De Beers

Group - só no ano passado, o grupo investiu cerca de US$ 5

milhões na unidade de Surat, no estado de Gujarat. Esta ins-

talação emprega cerca de 100 pessoas e tem a capacidade

para processar o equivalente a US$ 500 milhões por ano

(MAKE IN INDIA, 2018).

A queda ou a ausência de investimentos estrangeiros

podem comprometer a evolução da economia indiana e con-

sequentemente do setor de diamantes, visto que é um país

receptor de IED. Logo, o risco é qualificado como um risco

médio, possível de ocorrer e de impacto moderado pelo fato

Gráfico 1 - Entrada e Saída de Investimento Externo Direto (em % do PIB)

Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WORLD BANK, 2017.

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 12

de 80% das empresas do setor ser familiar ou de pequeno

porte.

Em suma, iniciativas, tanto por parte do governo quan-

to do setor privado, são necessárias para uma mudança de

cenário em relação a exploração da mão de obra indiana, res-

peitando normas internacionais dos direitos humanos. São

necessárias, portanto, leis mais rígidas, com penalidades efeti-

vas que impeçam a continuidade desse ciclo exploratório.

Relações Externas

O risco de conflitos territoriais é alto, com provável

possibilidade de ocorrer e impacto moderado. Por ser uma

zona de tensão permanente, localizada ao norte da Índia, não

influencia diretamente o elo, visto que os principais centros de

processamento estão localizados mais ao sul do país.

A variável corrida armamentista ocasionada pelas dis-

putas territoriais e religiosas, também compõe o quadro de

riscos ao qual a Índia está inserida. Tanto a Índia quanto o

Paquistão são potências atômicas que possuem, respectiva-

mente, 130 e 140 ogivas nucleares (dado ilustrado na figura

presente no anexo C). Além disso, o governo indiano está ex-

pandindo sua capacidade de mísseis balísticos lançados por

submarinos (SIPRI, 2017; NTI, 2017).

Ambos desenvolveram ao máximo seu aparato militar.

A partir disso, os conflitos na Caxemira passaram a ser obser-

vados com atenção pela comunidade internacional. Dessa for-

ma, a variável de corrida armamentista representa um risco

alto, com uma rara probabilidade e impacto significante. Esta

corrida armamentista é preocupante pois a paz na região é

vista como frágil, por ser uma área que registra uma tensão

crescente não somente entre a Índia o Paquistão, mais tam-

bém entre a Coreia do Norte e Coreia do Sul e entre a China e

o Japão (SIPRI, 2013).

Em relação à agenda transnacional do país, tem-se pro-

váveis ameaças advindas da China. Estas poderiam ser mitiga-

das por meio da aceitação e inserção da Índia na Cooperação

Econômica Ásia-Pacífico (APEC), pleiteada por mais de 20

anos, o que resultaria em um maior equilíbrio de poder entre

as duas nações (FORBES, 2017). Outra forma utilizada pelo

país, a fim de conter a expansão chinesa na região do Mar do

Sul da China, é a aliança estratégica estabelecida com Japão,

Austrália e EUA. Entretanto, o fortalecimento das relações

entre Índia e EUA pode provocar uma certa tensão no âmbito

do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e da Orga-

nização para Cooperação de Xangai, na qual Índia e China fa-

zem parte de um grupo em comum (SPUTNIKNEWS, 2017).

A rota de comércio do mar da China representa para a

Índia, aproximadamente, US$ 66 bilhões, ou seja, 2% do total

que é exportado pelo mar chinês. De acordo com a Conferên-

cia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

(UNCTAD), cerca de 60% do comércio marítimo passa pela

Ásia, através do Mar da China Meridional que transporta cerca

de um terço da navegação global. Sendo o transporte maríti-

mo uma das principais formas de escoamento do diamante,

parte do que é importado e/ou exportado pela Índia seria afe-

tada com o domínio exclusivo da China sobre essa região. Des-

sa forma, o risco de invasão do mar da China é médio, com

rara possibilidade de ocorrer e impacto moderado, em decor-

rência da representatividade do valor monetário que é trans-

portado na região.

Nota-se, portanto, que o fator de conflitos externos

ainda é um gargalo que precisa ser conduzido de forma diplo-

mática e não bélica. As tensões geradas pela corrida arma-

mentista e o armamento nuclear criam preocupações perante

a comunidade internacional o que pode acarretar em prejuí-

zos ao país pela imposição de sanções e a fuga de capitais.

Ambiente Econômico

A análise do ambiente econômico de um país tem co-

mo objetivo a compreensão dos impactos, dos âmbitos macro

e microeconômico, que podem apresentar consequências po-

sitivas ou negativas no desempenho dos negócios no país em

questão. Serão analisadas políticas monetária, fiscal, cambial e

comercial, a fim de tornar tangível o risco para as empresas

processadoras de diamante.

A Índia é a sétima maior economia do mundo. Com um

PIB real de US$ 2,264 trilhões, o país teve um crescimento

anual de 6,5% em 2017 (WORLD BANK, 2017) - o menor desde

2013. O PIB indiano representa 2,98% do PIB mundial, fazendo

com que a Índia só perca para a China em relação ao cresci-

mento econômico. Todavia, este crescimento é pouco inclusi-

vo, visto que a Índia ocupa a posição 60 de 79 economias no

Inclusive Development Index (2017) do World Economic Fo-

rum. Ou seja, é um país extremamente desigual, sendo que 1%

mais rico da população, domina cerca de 53% da riqueza do

país. Este aumento de desigualdade compromete o ritmo que

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 13

as pessoas saem da pobreza extrema e começam a participar

ativamente da economia do país, especialmente porque pou-

co mais de ⅓ da população que vive com menos de US$ 1,90

mora na Índia (WEFORUM, 2017).

Considerando os dados acima, determina-se a desi-

gualdade social como um risco alto, com certa possibilidade

de ocorrer e com impacto moderado. Devido à essas condi-

ções de extrema pobreza em que se vive grande parte da

população indiana, muitos não se aperfeiçoam e nem se qua-

lificam, o que impacta diretamente a performance do elo de

processamento de diamante na Índia.

No que tange à política monetária do país, o Reserve

Bank of India (RBI) manteve a taxa de juros em 6%, a mais

baixa desde 2010 (vide gráfico abaixo), o que é condizente

com a política monetária "neutra" que o país está adotando,

ou seja, dar maior flexibilidade para o governo decidir o que

fazer com base no comportamento da economia (REUTERS,

2017; WIRE, 2018). Essa postura tende a mudar, visto que a

taxa de inflação atingiu 5,21% em 2017, indo além da proje-

ção do RBI de 4,3% a 4,7% para o ano passado (RBI, 2018).

Gráfico 2 - Taxa de Juros indiana (em %)

Fonte: TRADING ECONOMICS (2018).

Gráfico 3 - Inflação anual na Índia

Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WORLD BANK, 2017 e RESERVE BANK OF INDIA, 2017.

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 14

Em relação à inflação, esta teve um aumento de 5,5%,

de 2016 para 2017, impulsionada pelo aumento de preços

dos alimentos e do combustível, como mostra o gráfico 3. O

RBI acredita que o país terá uma inflação em aproximada-

mente 4,5% e crescimento econômico em 7,4%; enquanto

economistas locais acreditam que a inflação tende a subir

para 5,6% e o país deve manter o crescimento de 6,5% (RBI,

2018; ECONOMIC TIMES INDIA, 2018). Como consequência

deste segundo cenário, a inflação acaba reduzindo as taxas de

juros, a poupança e também atua como um entrave ao de-

senvolvimento do país.

Em suma, o crescimento da inflação é qualificado co-

mo um risco alto, possível de ocorrer, e de impacto alto para

o setor de diamantes. A restrição do poder de compra da po-

pulação ocasiona, indiretamente, a redução das receitas dos

empresários, que tem como consequência o corte de custos

de gastos, que pode acarretar na demissão de funcionários.

Em relação à política fiscal do país, o déficit orçamen-

tário, que representa a diferença entre os gastos do governo

e a arrecadação dos impostos, chegou a 6,34% do PIB em

2017 (RBI, 2018). Já a dívida pública, os gastos e receita do

governo mantiveram-se praticamente imutáveis, apesar de

elevado no que tange a dívida governamental.

Analisando o gráfico 4, a respeito do panorama finan-

ceiro da Índia percebe-se que as variáveis Receita do Gover-

no, Gastos do Governo e Dívida Pública têm-se mantidas

constantes ao longo dos últimos dez anos. Com base nessa

análise, o risco desse panorama é médio, sendo improvável o

acontecimento e de impacto moderado, pois a manutenção

destas condições contribui tanto para a solidez das empresas

já estabelecidas, quanto para àquelas que desejam entrar no

país e trabalhar com o elo de processamento.

Enquanto isso, a taxa de câmbio Rúpia Indiana, em

relação ao Dólar Americano, apresentou resultados variáveis.

Desde 2011, a moeda indiana se desvalorizou, saindo de INR$

46,11 atingindo INR$ 67,20 em 2016. Entre outubro de 2017

até o início de janeiro de 2018, com a queda do preço do dó-

lar americano e a entrada de capital, a moeda indiana apreci-

ou. No entanto, começou a se desvalorizar no início de feve-

reiro devido a uma expectativa de aumento de taxas de juros

americanas e a preocupação com os preços elevados do pe-

tróleo (RBI, 2018). Atualmente (28/04/2018), a equivalência é

US$ 1,00 para INR$ 66,58 (BANCO CENTRAL DO BRASIL,

2018).

Sendo assim, pode-se dizer que o aumento da taxa de

câmbio pode ser caracterizado como muito alto, com certa

possibilidade de acontecer, gerando um impacto alto. Ou

seja, quanto mais elevada esta equivalência dólar/rúpia, mais

caro é para a Índia importar produtos. No caso do elo de pro-

Gráfico 4 - Panorama financeiro da Índia (% do PIB)

Fonte: Elaborado pelos autores com dados do FMI, 2018. * Previsão do FMI.

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cessamento, este necessita de abastecimento constante

para funcionar, dessa forma, fica mais caro para os empresá-

rios do setor importar as pedras que serão polidas.

Sob a ótica de balança comercial, observa-se que esta

é deficitária, visto que a Índia importa mais que exporta.

Entre os anos de 2008 e 2017, a variação foi de cerca de

11%, sendo que o maior aumento foi após a crise de 2011

(GLOBAL EDGE, 2017). O setor de gemas e joias é responsá-

vel por 15,71% das exportações do país - tido como um dos

setores que mais cresce na Índia. A Índia também é um dos

principais importadores de diamante bruto posto que estes

abastecem o elo de processamento e posteriormente serão

exportados para outros hubs. Entre os anos de 2004 a 2017,

o país importou o equivalente a US$ 17,15 bilhões de dia-

mante (IBEF, 2018).

Por ser um país que importa mais que exporta, pode-

se qualificar o risco de balança comercial deficitária como

alto, com certa possibilidade de ocorrer e com impacto mo-

derado. A mesma lógica aplicada para explicar taxa de câm-

bio pode ser utilizada para ilustrar os riscos da balança co-

mercial indiana, especialmente porque esta é influenciada

diretamente pela mudança de câmbio.

As melhorias na infraestrutura do setor contribuem

para a redução de gargalos no escoamento da produção e da

mão de obra utilizada no setor de diamantes. Sendo assim, o

Gem & Jewellery Skill Council of India (GJSCI) promove o de-

senvolvimento de National Occupational Standards (NOSs),

que especifica o padrão de performance no trabalho de pro-

cessamento (MAKE IN INDIA, 2017). A expectativa é que até

2022, mais de 4 milhões de pessoas sejam treinadas (CARE

RATINGS, 2017). Ademais, existe um portal online de empre-

gos para este setor com o propósito de diminuir o gap entre

trabalhadores desempregados e a demanda empresarial.

Também foram criadas as Special Notified Zones

(SNZs) que garantem o fornecimento regular de diamante

bruto no país e de fácil acesso às empresas que processam a

pedra; assim, diminuem o número de intermediários e o

custo final. No ano de 2015, o Gem & Jewellery Export Pro-

motion Council (GJEPC) em conjunto com Bharat Diamond

Bourse (BDB), criaram o India Diamond Trading Center (IDTC)

localizado em Mumbai, com uma SNZ operando sob leis es-

peciais, cujo objetivo é tornar a Índia um centro de comércio

de diamantes mundial. Há também um processo de criação

de uma SNZ similar em Surat, denominado Gujarat Hira

Bourse (IDTP.ORG, 2016).

Além disso, o Jewellery Park - polo do mercado de

Gráfico 5 - Balança comercial indiana

Fonte: Elaborado pelos autores com dados de TRADE MAP, 2018.

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SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 16

joias e indústrias correlatas - está em construção em Mum-

bai e tem como objetivo redirecionar as principais empre-

sas de diamante da região para lá e também oferecer aos

trabalhadores oportunidades de trabalho com qualidade.

Por fim, os Common Facility Centres (CFCs), que servem

como espaço para ensinar trabalhadores manuais a fazerem

uso de tecnologias de processamento, através de treina-

mento, além de oferecer produtos tecnológicos para em-

presas de pequeno e médio porte com um preço diferencia-

do.

O risco referente à infraestrutura do setor é qualifi-

cado como médio, com possível possibilidade de ocorrer e

impacto baixo. Ou seja, novas medidas do governo, junta-

mente com o setor privado, podem contribuir com o desen-

volvimento do setor, consequentemente com o elo de pro-

cessamento, entretanto, a inexistência de tal parceria não

altera significativamente o cenário atual.

No que tange a política tarifária, Modi introduziu

uma série de medidas políticas destinadas a simplificar as

regulamentações para empresas estrangeiras. Entre essas

iniciativas estão a redução da prática de aplicação de im-

postos contra empresas estrangeiras e a implementação do

GST7 (RAO, 2017). Estas medidas tendem a colocar o país no

patamar dos outros centros internacionais como Antuérpia

e Israel. Além disso, cortará intermediários e aumentará a

oferta de diamantes brutos no país, reduzindo custos para

pequenos comerciantes (BLOOMBERG, 2017).

Desde a implementação do GST, cerca de 94% do

diamante lapidado será beneficiado devido a menor taxa,

sendo atualmente de 0,25%. O GST anterior era de 3% em

pedras lapidadas. Este reajuste ajudará a impulsionar as

exportações, o que resultou em um ânimo para os proces-

sadores de diamantes e toda a cadeia produtiva (BUSINESS

STANDARD, 2017).

Nos últimos seis meses, estão ocorrendo manifesta-

ções de insatisfações por parte dos principais processadores

de diamante para que haja uma política tarifária mais sim-

plificada. Atualmente, para que estes tenham acesso aos

diamantes brutos que abastecem o elo, é necessário pagar

o imposto de importação (0,25%), que será reembolsado

nas exportações (somente para aqueles que pedirem). Po-

rém, até que este ciclo seja fechado (compra-

processamento-exportação-reembolso) demora em média

6-7 meses (BETTER DIAMOND INITIATIVE, 2018).

O risco referente a complexidade tarifária do setor é

qualificado como alto, com provável possibilidade de ocor-

rer e representa um impacto moderado. Caso não ocorra

mudanças significativas nesta dinâmica, parte dos processa-

dores informaram interesse em transferir seus negócios

para a Rússia (país com maior volume de mineração de dia-

mante e um forte parceiro comercial indiano). Com isso

uma das consequências seria a diminuição do market share

de 85% que a Índia possui no processamento mundial de

diamante.

Portanto, de acordo com as variáveis analisadas ob-

serva-se que a economia indiana está atualmente em as-

censão e apresenta uma certa estabilidade no cenário atual.

Logo, o ambiente financeiro e econômico não apresenta

significativas ameaças aos investidores que ali querem in-

vestir.

7 O GST é um imposto único sobre o fornecimento de bens e serviços, desde o fabricante até o consumidor. Créditos de impostos pagos em cada estágio estarão disponíveis no estágio de adição de valor, o que torna essencialmente um imposto somente sobre o acréscimo de valor em cada estágio. O consumidor final terá, assim, apenas o GST cobrado pelo último distribuidor da cadeia de fornecimento, com benefícios definidos em todas as etapas anteriores (GST.GOV, 2018).

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Análise do Risco no Ambiente Doméstico

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 17

Figura 4 - Matriz de riscos

Fonte: Elaborado pelos autores.

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Tendências e Perspectivas

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 18

B uscando analisar a viabilidade da internacionaliza-

ção de tecnologias para aprimorar o elo de proces-

samento do diamante na Índia e fundamentado na

análise dos fatores e suas respectivas variáveis, este trabalho

visa elencar e compreender os principais riscos que o ambien-

te de negócios indiano traz para o elo.

Ao explorar a Matriz de Risco elaborada por meio da

análise de riscos presentes nos ambientes político, legal regu-

latório, econômico e relações externas, observa-se três cate-

gorias de riscos: muito alto, alto e médio. Entre os riscos ca-

racterizados como muito alto (principais ameaças para o elo)

identificou-se: transparência pública; câmbio; e mão de obra

não qualificada. Entre os definidos como alto (maioria) tem-

se: fragmentação política partidária; balança comercial defici-

tária; desigualdade social; mão de obra infantil; conflitos ter-

ritoriais; complexidade tarifária; terrorismo; inflação; e armas

de destruição em massa. E por fim, entre os riscos assinala-

dos como médios estão: IED; infraestrutura; panorama finan-

ceiro; e invasão mar da China.

Para a análise de cenários adotou-se os riscos de au-

sência de transparência pública e mão de obra não qualifica-

da. Sob uma ótica otimista, o cenário positivo apresenta alta

transparência pública e mão de obra qualificada. Como cená-

rio negativo tem-se o contrário, ou seja, baixa transparência

pública e mão de obra não qualificada.

O cenário positivo representa que a sociedade pode

acompanhar os serviços prestados pelo governo e identificar

fraudes que impeçam o desenvolvimento do país. Além disso,

resulta na redução de burocracia e das formas de corrupção

(propinas, lavagem de dinheiro e subornos), transmitindo

maior confiabilidade aos investidores externos e internos.

Estima-se que, a longo prazo, empresas do setor privado e

empregadores usem padrões éticos de recrutamento e práti-

cas de emprego justas, ajustando-se aos padrões internacio-

nais dos direitos do trabalhador, reduzindo gradativamente o

uso de mão de obra infantil e o trabalho informal no país,

garantindo melhores condições aos trabalhadores. Ademais,

tem-se melhores resultados na indústria de diamantes por

meio da possibilidade de uso de novas tecnologias, cuja con-

sequência é um melhor aproveitamento da pedra, o que re-

sulta em um aumento das receitas.

Em contraposição, no cenário negativo, a ausência de

transparência traz consequências como entraves financeiros

e legais aos negócios, ocasionando uma maior burocratização

das atividades, podendo elevar seu custo final. Em relação à

predominância de mão de obra não qualificada no mercado,

esta dificulta a introdução ou uso de tecnologias, gerando

obstáculos ao desenvolvimento do elo e em um aumento da

pressão internacional por violar direitos trabalhistas

(condições salariais e sociais).

Além destes dois cenários, é importante levar em con-

sideração a terceira variável de riscos muito altos: a taxa de

câmbio. Uma vez que, ocorre uma valorização do dólar em

relação à rúpia, o fluxo de investimentos estrangeiros aumen-

ta posto que se torna mais barato investir na Índia, deixando

os setores do país mais atrativos. No entanto, quando acon-

tece o contrário (rúpia valorizada em relação ao dólar), torna-

se mais barato para os empresários locais abastecerem a ca-

deia de processamento, além de diminuir os custos para a

compra de tecnologias que melhorem o elo e que possam

aumentar a produtividade do mesmo.

Apesar dos riscos e impactos identificados, não há

variáveis que inviabilizam o estabelecimento e/ou aprimora-

mento do elo ou de atividades correlatas ao setor. A Índia,

além de ser um país com mão de obra jovem, numerosa e

barata, tem passado por reformas como forma de aumentar

sua abertura comercial e atrair investimentos estrangeiros

que, consequentemente, auxiliam no fomento da indústria e

dos serviços locais.

Um dos diferenciais do país, no que tange o setor de

diamante e o elo de processamento, é o programa Make in

India, uma iniciativa do governo para tornar o país um pólo

de design e um grande hub de produtos manufaturados. Ade-

mais, o país apresenta oportunidades em relação ao custo de

produção, demanda expressiva e uma política governamental

voltada à exportação. Diante disso, considera-se a Índia como

sendo um país vantajoso em relação ao aprimoramento do

processo tecnológico de lapidação das pedras, sendo esta,

portanto, uma proposta viável.

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WORLD NUCLEAR ASSOCIATION. India, China and the Non-Proliferation Treaty. 2016. Disponível em: <http://www.world-nuclear.org/information-library/safety-and-security/non-proliferation/india,-china-npt.aspx>. Acesso em 18 mai. 2018.

WORLD TRADE ORGANIZATION. 2003. Disponível em: <https://www.wto.org/english/news_e/news03_e/goods_council_26fev03_e.htm> Acesso em: 17 mar. 2018.

ZIMNISKY, Paul. Global Diamond Supply Expected to De-crease 3.4% to 147M Carats in 2018. 2018. Disponível em: <http://www.paulzimnisky.com/global-diamond-supply-

expected-to-decrease-3-4-to-147m-carats-in-2018>. Acesso em: 19 mai. 2018.

Anexo A - Escopo Geográ fico

Page 23: IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ELO DE …raia.espm.br/wp-content/uploads/2018/11/diamantes_india-editado.pdf · a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces-samento,

ANEXOS

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Figura 5 - Escopo Geográfico da cadeia do diamante

Fonte: Elaborado pelos autores.

Anexo B - Pártidos Nácionáis

Page 24: IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ELO DE …raia.espm.br/wp-content/uploads/2018/11/diamantes_india-editado.pdf · a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces-samento,

ANEXOS

SÉRIE RISCOS EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, VOLUME 5, 2018 24

Figura 6 - Partidos Nacionais da Índia

Fonte: MAPS OF INDIA, 2018.

Anexo C - Í ndiá e á Corridá Armámentistá

Page 25: IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO ELO DE …raia.espm.br/wp-content/uploads/2018/11/diamantes_india-editado.pdf · a Índia apresenta um gap tecnológico, no que tange ao elo de proces-samento,

ANEXOS

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Figura 7 - Número de ogivas nucleares por país

Fonte: Arms Control Association, 2018.