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In a silent way (& improvisos)

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uns escritos de querino, esse livreto publicado pelo selo candeeirocafe em maio de 2012

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in a silent way (& improvisos)

querino

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in a silent way

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(I) In a silent way

a sensação de impossíveis realizados

tomando forma

– percebo

que tudo está perto o bastante

para dizermos das coisas

Distância

– há, sim, um pouco de loucura em tudo isso

e há ainda quem simplesmente passa

(queremos apenas o que podemos ter

e não temos mais

do que somos).

Shh...

Isso é sobre os dias até aqui

sobre o tinto, as bacantes

sobre o corpo sobre o chão

mais uns passos e... Por que

o céu nessa distância

?

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Não é necessário qualquer pergunta

Caminhamos todo o tempo até aqui

e talvez seja este o lugar que tanto ansiamos

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(II)

In a silent way:

nos sabemos na noite primordial,

jardim de silêncios.

Há aqui qualquer coisa que se move,

que

tal

vez

nos

per

ca a

razão: Eu sei, e

nesse instante

eu sou aquele que teu nome mais secreto guarda

que(m) diz tua palavra mais aguda

que(m) refaz teus começos

e te inventa

a poesia –

quero antes o teu olhar mais puro, a tua

verdade não dita: vontade de apenas ser,

vontade de apenas ser o que apenas é:

Eu sou

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(III)

In a silent way.

Eis, agora, um não-manifesto

para

a Arte (o que estremece):

o gosto da língua

nessa fala de multidões

lugar comum

veredas / a cura

quero antes o possível, não uma imagem: um sim.

(o que isso diz)

Na verdade, o que pretendo é a voz do mistério,

essa coisa louca que chama o nome: Poesia

à beira de (vontade de)

uma distância nada – imerso

intermezzo;

e pouco me importa a realidade (basta!)

quero antes a verdade de nossos dias mais felizes

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(I)

– o que importa dizer:

atravessamos o halo de nossa presença

e nos encontramos nesse instante

feito quem soubesse a verdade

e não há verdade alguma,

sabemos

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(improvisos)

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(para ser lido na parte I, após o verso “tomando forma”)

a construção do labirinto

há esses corredores que se formam

há cada vez menos espaço

há algo que

estranhamente

reconheço: formas e visões

e uns primeiros passos

rumo a essa investida mais perspicaz –

palavra, diz cá aquela que sob o nome importa

dizer – há caminhos

cada

vez

mais

regrados. há estranhos

do lado de fora: para dentro, para dentro!

(esqueço

que certa feita

estivemos por aqui, mas nada sabíamos

a respeito. uma coisa ou duas, talvez)

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há certas complicações,

certas considerações – percebo

que nada disso tem lá muito sentido,

mas nada impede que continuemos:

observo

o que ainda mal distancio na paisagem

(a calma)

– há, enfim, algo de instante em tudo isso

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(para ser lido na parte II, após o verso “a poesia –”)

terminal

A cidade reflui em sua hora mais exata

um silêncio cor de bruma:

Eu não reconheço esses passos, ela diz

: eu não reconheço esses passos

corro tantas ruas, vidas

eu não reconheço esses passos

enquanto atravesso alamedas no caso de nossa fuga

eu não reconheço esses passos

mas a diante um velho toca a sua panela de mola

eu não reconheço esses passos

por tudo o que nos espera exatamente aqui

eu não reconheço esses passos

e o que será então

eu não reconheço esses passos

volta e meia olho para trás

eu não reconheço esses passos

o sol no asfalto bate em minha testa que estilhaça o mundo

eu não reconheço esses passos

uma gilete rasga entre os dentes o calor de meio-dia

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eu não reconheço esses passos

da corisa escorre sangue na retina do pesadelo

eu não reconheço esses passos

tanto faz se agora jogo, se agora mato

eu não reconheço esses passos

encontro palavras que me lançam ao desconhecido

eu não reconheço esses passos

e nessa galeria o Amor

eu não reconheço esses passos

a realidade é demasiada

eu não reconheço esses passos

vejo o tráfego a pressa a fome

eu não reconheço esses passos

vejo meninas que nunca dizem Sim

eu não reconheço esses passos

vejo a certeza e pés ao chão

eu não reconheço esses passos

e há ainda essa conversa de futuro

eu não reconheço esses passos

mas percebo que por aqui há também qualquer coisa que se move

eu não reconheço esses passos

há algo que chama o meu nome

eu não reconheço esses passos

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in a silent way

eu não reconheço esses passos

in a silent way

eu não reconheço esses passos

in a silent way

eu não reconheço esses passos

eu escrevo um poema

eu...

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(para ser lido na parte III, após o verso “(...) de nossos dias mais felizes”)

e então é isso

(essas ruas são de teu nome o leitmotiv

– observo agora por entre as frestas

que portas e janelas apresentam

e penetro intensamente: Somos estrangeiros para qualquer amor,

o desejo (somos o que quer que seja

um cigarro que se apaga sob a luz do candeeiro

movimento que se desenha através dos lençóis da memória

corpo intenso, vazio pleno

e esses objetos todos dispersos por sobre o chão cor de poeira

a reivindicar cada qual para si

um lugar de precisão

nesse confuso novelo, labirinto em que nos perdemos

enquanto o batuque, a dança; saliva e dentes

rasgam, e também sob as unhas

os muros todos que se levantam e não somos

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Publicado em Maio de 2012 (1ª edição, ebook)

Capa, fotografia: Giselli Moreira

candeeirocafe.wordpress.com