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INCLUSÕES FLUIDAS NOS MINERAIS ASSOCIADOS À
MINERALIZAÇÃO URANÍFERA DA JAZIDA DO
ENGENHO (ANOMALIA 09), PROVÍNCIA URANÍFERA
DE LAGOA REAL – BAHIA
Aurélio da Silva de Souza
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência
e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como
requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre
2009
Livros Grátis
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2
Comissão Nacional de Energia Nuclear
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações,
Minerais e Materiais
INCLUSÕES FLUIDAS NOS MINERAIS ASSOCIADOS À MINERALIZAÇÃO
URANÍFERA DA JAZIDA DO ENGENHO (ANOMALIA 09), PROVÍNCIA
URANÍFERA DE LAGOA REAL – BAHIA.
Aurélio da Silva de Souza
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e
Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito
parcial à obtenção do Grau de Mestre
Área de concentração: Ciência e Tecnologia dos Minerais e Meio
Ambiente
Orientador: Dr. Francisco Javier Rios
Co-Orientador: Dr. Kazuo Fuzikawa
Belo Horizonte
2009
Aos meus pais Manuel e Elizabeth,
meus irmãos Silvana e Vítor.
À Adinéia, meu amor.
AGRADECIMENTOS
À Deus.
À Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) pelo auxílio financeiro concedido
durante o mestrado e ao Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN)
pela infra-estrutura e suporte técnico.
Ao meu orientador Dr. Francisco Javier Rios pela confiança, e incentivo ao meu
contínuo aprimoramento profissional desde a graduação.
Ao prof. Dr. Kazuo Fuzikawa pela colaboração, discussão e críticas no desenvolvimento
do trabalho.
Às Indústrias Nucleares do Brasil (INB) pelo suporte às atividades de campo. Agradeço
especialmente ao Geólogo Evando Carele de Matos.
À todos do Laboratório de Inclusões Fluidas e Metalogênese (LIFM): Prof. Correia
Neves, Alexandre, James, Soninha, Beth Kerpe, Ana Rosa, Cláudia, Gabriel, Lucas, Lucilia, e
Tatiana pelo apoio e as valiosas discussões.
Ao Dr. Luis Garcia pelas análises de microssonda eletrônica, acrescida de discussões.
Ao prof. Dr. Bruce W.D. Yardley e sua equipe pela realização das análises de LA-ICP-MS.
Ao Chico Rocha pela confecção das lâminas e paciência no ensinamento de ofício tão
meticuloso.
À Pós-Graduação, professores e todos da equipe da secretaria: Roseli, Fulgêncio e
Cerisa. Agradeço também à Nívia, Lenira e Virgínia pela revisão das referências
bibliográficas.
Ao amigo Ivan, meus colegas do CDTN e à turma de mestrado 2007.
Muitas são as pessoas a agradecer, nem todas mencionadas aqui, e mesmo as
mencionadas, não consigo quantificar, nestas páginas, o auxilio que cada uma me prestou
durante este trabalho.
Meu sincero agradecimento a todos.
Inclusões Fluidas nos Minerais Associados à Mineralização Uranífera da Jazida do Engenho
(Anomalia 09), Província Uranífera de Lagoa Real – Bahia.
Aurélio da Silva de Souza
RESUMO
A Jazida do Engenho (anomalia 09) está situada ao norte da Província Uranífera de
Lagoa Real. A mineralização está associada aos albititos, rochas constituídas de plagioclásio,
de composição albita a albita-oligoclásio, em porcentagem volumétrica igual ou superior a
70%. Também ocorrem epidositos mineralizados. Os minerais essenciais do albitito são
piroxênio, granada, “albita”, anfibólio, e biotita.
Neste trabalho foi estudada, por inclusões fluidas, boa parte dos minerais (piroxênio,
granada, plagioclásio, titanita, epidoto) que constituem a seqüência mineralógica associada à
mineralizações uraníferas dos albititos desta jazida.
Os fluidos associados a piroxênio, granada e epidoto, aquo-salinos, primários e sem
fases carbônicas apresentam características semelhantes, com leves variações. Todos
apresentam média a alta salinidade (de 14 a 18% equivalente em peso de NaCl), onde os
maiores valores correspondem ao piroxênio e os menores à granadas e epidotos.
Os fluidos associados ao metassomatismo sódico, que gerou o plagioclásio albítico nos
albititos, embora sejam aquo-salinos e sem fases carbônicas, apresentam salinidades muito
inferiores às observadas no piroxênio, granada e epidoto, sugerindo processo de diluição bem
mais intensos. Desta maneira, os fluidos da anomalia 09 apresentam uma diluição no sentido
das fases minerais mais recentes.
Os resultados sugerem que os processos de fomação do piroxênio ocorreram sob
condições de pressão equivalente a 3,5 kbar que corresponde a profundidades de
aproximadamente 10 km. Entretanto, a dilatação observada nas IF da albita durante o
aquecimento, originaram uma dispersão nas medidas de Th, tornando pouco confiáveis os
cálculos de pressão para esse mineral.
A microscopia de IF em plagioclásios dos gnaisses (encaixantes dos albititos) sugere
que, provavelmente, haveria fluidos carbônicos primários associados a esses minerais. Os
fluidos com CO2 que aparecem nos gnaisses talvez também estejam presentes nos albititos,
provavelmente como fluidos tardios ou intergranulares. Esta suposição baseia-se no fato de ter
sido encontrado (durante os estudos de esmagamento nos albititos) indícios da presença de
gases carbônicos.
Estas tendências sugerem a ocorrência de duas etapas de albitização no setor de Lagoa
Real: um associado a fluido composto por H2O + CO2 + sais (na encaixante gnáissica) e outro
(no albitito) formado por uma fase aquo-salina.
Os dados obtidos neste trabalho sugerem que, provavelmente, o Brasiliano foi um
evento térmico sem um fluido predominante associado, pelo menos no setor de Lagoa Real.
Do contrário, esse fluido deveria estar presente nos minerais da paragênese mineral.
Finalmente, os dados obtidos na Jazida do Engenho permitiram verificar a ocorrência de
um quadro de fluidos que apresentam variações composicionais em, pelo menos, três estágios
diferentes: Piroxênio magmático → Px metamórfico associado a urânio → albita
(poligonizada) associada a urânio, faltando posicionar o fluido associado à albita precoce.
Fluid Inclusions in minerals associated to uranium mineralization in Engenho Deposit
(anomaly 09) Lagoa Real Uranium Province – Bahia
Aurélio da Silva de Souza
ABSTRACT
The Engenho deposit (anomaly 09) is south-eastern from Cachoeira Mine (anomaly
13), in the northern part of the Province. The uranium mineralization is associated to
“albitites” (over 70% of albite/oligoclase). Epidosites with uranium may also occur. The
“albitite” main minerals are pyroxene, garnet, albite/oligoclase feldspar, amphibole and
biotite.
Pyroxene, garnet, plagioclase, titanite and epidote are the minerals associated to the
uranium mineralization.
The fluids related to pyroxene, garnet and epidote are aqueous-saline, primary and
with no carbonic phases and are constant, with small variations. They all present medium to
high salinity (14 to 18wt% NaCl eq.), the higher values being related to pyroxene and the
lower ones related to garnet and epidote.
The fluids associated to albite/oligoclase, although aquo-saline and with no carbonic
phases, show salinities much lower than in pyroxene, garnet and epidote, suggesting a intense
dilution process indicating dilution toward the later minerals phases.
The data suggest the pyroxene formation process occurring under a 3,5 kbar pressure
condition which corresponds to approximately 10km depth. The dispersion on Th in albites,
due probably to the overheating and non elastic increase in volume, precluded a reliable
pressure calculation.
The IF’s microscopy in plagioclase gneiss (albitites host-rocks) suggests the
probability of primary carbonic fluids associated to these minerals. The fluids with CO2
showed in the gneiss maybe also be present in the albitites, probably as late or intergranular
fluids. This assumption is based on the fact that signs of carbonic gases were shown during
crushing tests.
These tendencies suggest the occurrence of two albitization phases in this Lagoa Real
area: one associated to a fluid composed by H2O + CO2 + salts (in the gneiss host) and
another (in the albitite) formed by an aqueous-saline phase.
The data indicate the Brasiliano event as a thermal event without a predominant fluid
associated, at least in this Lagoa Real area. Otherwise, the presence of this fluid should be
present in the mineral paragenesis.
Finally, the data from the Engenho deposit indicate the occurrence of fluids showing
compositional variations in, at least, three different stages: magmatic pyroxene →
metamorphic pyroxene associated to uranium → albite (recristalized) associated to uranium.
The place of the aqueous-carbonic fluid associated to previous albite is still unknown.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Reservas mundiais de urânio (IBRAM, 2009)................................................................................. 17 FIGURA 2 - Principais ocorrências de urânio no Brasil (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS
MINERAIS – CPRM, 2008). ................................................................................................................................ 18 FIGURA 3 - Representação esquemática do pequeno volume irradiado pelos elétrons que incidem em uma
amostra polida (extraído de GONÇALVES, 2005). .............................................................................................. 22 FIGURA 4 - Sistema NaCl – H2O, diagrama temperatura-composição a 1 bar. Todas as fases coexistem com
vapor. (modificado de CRAWFORD, 1981). ........................................................................................................ 26 FIGURA 5 - Mapa de Localização da Província Uranífera de Lagoa Real (modificado de OSAKA e AMARAL,
1998)...................................................................................................................................................................... 28 FIGURA 6 - Mapa de locação de furos e limites da reserva da anomalia 09 (modificado de RAPOSO, MATOS,
1982)...................................................................................................................................................................... 31 FIGURA 7 - Mapa Geológico da região da Província Uranífera de Lagoa Real. (modificado de CHAVES et al,
2007)...................................................................................................................................................................... 33 FIGURA 8 - Modificado de Stein et al (1980). .................................................................................................... 34 FIGURA 9 – Estrutura caracterizando torção helicoidal. (Figura extraída de CRUZ et al, 2007) ....................... 35 FIGURA 10 - Desenho esquemático do modelo genético proposto por Fyfe (1979). (Extraído de FUZIKAWA et
al, 1982). ................................................................................................................................................................ 37 FIGURA 11 - Anomalia 09 – Mapa radiométrico e seção vertical. (RAPOSO, MATOS, 1982). ....................... 41 FIGURA 12 - Afloramento de albitito na anomalia 09. ....................................................................................... 42 FIGURA 13 - Detalhe do afloramento mostrado na figura anterior. Observar minerais secundários de urânio. . 42 FIGURA 14 - Piroxênio e anfibólio associado à granada. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. Px-
Piroxênio, Gr-Granada, Anf-Anfibólio, Plg-Plagioclásio. .................................................................................... 54 FIGURA 15 - Contatos retos e ponto triplo em cristais de plagioclásio. Luz transmitida polarizada - Nicóis
cruzados. ................................................................................................................................................................ 54 FIGURA 16 - Carbonato substituindo o plagioclásio. Luz transmitida polarizada - Nicóis cruzados ................. 55 FIGURA 17 - Magnetita parcialmente martitizada. Luz refletida polarizada - Nicóis descruzados..................... 55 FIGURA 18 - Uraninita associada ao piroxênio. Podem ser observados halos pleocróicos (cor caramelo)
resultantes do decaimento radioativo. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. ..................................... 55 FIGURA 19 - Titanita associada ao piroxênio. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. ...................... 55 FIGURA 20 - Porfiroclasto de anfibólio com inclusões minerais associado a anfibólios sem estas inclusões. Luz
transmitida polarizada - Nicóis descruzados, ampliação 50X. Anf – Anfibólio. ................................................... 56 FIGURA 21 - Microclina. Luz transmitida polarizada - Nicóis cruzados. Micr – Microclina. ............................ 57 FIGURA 22 - Cristais de titanita associados ao anfibólio. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. Tit –
Titanita. ................................................................................................................................................................. 57 FIGURA 23 - Plagioclásio recristalizado com pequena quantidade de cálcio, este não ultrapassa 10% da
composição do mineral. ......................................................................................................................................... 58 FIGURA 24 - Região contendo “plagioclásio primário” (anterior á fase de recristalização) e plagioclásio
recristalizado. Legenda: 1 – Plagioclásio primário; 2 – Plagioclásio recristalizado; 3 – Microclina; 4 – Pistacita; 5
– Zoizita / clinozoizita. Imagem obtida pela microssonda. ................................................................................... 59 FIGURA 25 – 1 – Plagioclásio primário. ............................................................................................................. 59 FIGURA 26 - 2 - Plagioclásio recristalizado. ....................................................................................................... 60 FIGURA 27 – 3 – Microclina ............................................................................................................................... 60 FIGURA 28 – 4 - Epidoto com Fe. Epidoto propriamente dito. ........................................................................... 60 FIGURA 29 – 5 – Zoizita / clinozoizita. .............................................................................................................. 61 FIGURA 30 - Classificação - Ca-Mg-Fe de piroxênios estudados nas lâminas FEN146-38,4 e FEN146-39,5 das
respectivas amostras. N- número de pontos representados. Wo- Wollastonita; En- Enstatita; Fs-Ferrosilita.
Classificação realizada com o software PX-NORM (STURM, 2002). ................................................................. 61 FIGURA 31 - Classificação – Q-J de piroxênios estudados nas lâminas FEN146-38,4 e FEN146-39,5 das
respectivas amostras. N- número de pontos representados. Q = Ca + Mg +Fe+2
; J = 2Na. Classificação realizada
com o software PX-NORM (STURM, 2002) ........................................................................................................ 62 FIGURA 32 - Amostra: FEN154-69,0. Inclusão mineral em piroxênio. Foto tirada com câmera de infravermelho
em luz transmitida. ................................................................................................................................................ 63 FIGURA 33 - Inclusão mineral em piroxênio. Imagem obtida pela microssonda. ............................................... 63 FIGURA 34 - Análise qualitativa de piroxênio. ................................................................................................... 64 FIGURA 35 - Análise qualitativa de inclusão mineral no piroxênio. ................................................................... 64 FIGURA 36 - Inclusão x hospedeiro. Observar interferência do hospedeiro no resultado da análise. ................. 64
FIGURA 37 - Análise qualitativa por microssonda. Epidoto propriamente dito em epidosito. ........................... 66 FIGURA 38 - Epidosito zonado. Imagem obtida por microssonda. ..................................................................... 66 FIGURA 39 - Epidoto em albitito. ....................................................................................................................... 67 FIGURA 40 - Epidoto em albitito com núcleo de allanita. Imagem obtida por microssonda. ............................. 67 FIGURA 41 - Análise qualidativa da inclusão de allanita no epidoto da figura anterior. .................................... 68 FIGURA 42 – (a) Epidoto disseminado em albita. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. (b) Epidoto
com núcleo de allanita. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. ........................................................... 68 FIGURA 43 - titanita em piroxênio-albitito. ........................................................................................................ 69 FIGURA 44 - Titanita em microclina-gnaisse ...................................................................................................... 69 FIGURA 45 - FEN 37-167,9m – azul= qtz, vermelho = titanita ou alanita, verde= apatita. O verde e vermelho
podem representar efeito de borda. Imagem obtida pela microssonda. ................................................................. 70 FIGURA 46 - Análise qualitativa. Amostra: FEN37-167,9m – Zircão. ............................................................... 70 FIGURA 47 - Análise qualitativa. Amostra: FEN146-39,5m – Zircão. ............................................................... 70 FIGURA 48 - Inclusão fluida primária na albita. Bifásica, de ocorrência rara..................................................... 71 FIGURA 49 - Inclusão fluida secundária na albita. Monofásica. ......................................................................... 72 FIGURA 50 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Pode ser observada uma pequena fase sólida semi-
retangular junto à borda inferior da inclusão. ........................................................................................................ 73 FIGURA 51 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Esta não apresenta a forma alongada característica. ........ 73 FIGURA 52 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Estriadas ao longo do comprimento da inclusão. ............ 74 FIGURA 53 - Inclusão fluida primária em granada. Ocorrem agrupadas sem orientação. Também podem estar
isoladas, mas é menos freqüente. Observar a fase sólida de cor laranja. ............................................................... 75 FIGURA 54 - Inclusão fluida aquo-salina, bifásica, primária, isolada, em granada. ........................................... 75 FIGURA 55 - Trilhas de inclusões secundárias em titanitas. Devido ao tamanho pequeno não foi possível
identificar as fases. ................................................................................................................................................ 76 FIGURA 56 - Plano de inclusões fluidas secundárias. Ocorrem inclusões bifásicas e monofásicas. ................... 76 FIGURA 57 - Inclusões fluidas em epidoto. Ocorrem agrupadas, limitadas ao grão. Raramente isoladas. ......... 77 FIGURA 58 - Inclusão fluida isolada em epidoto. ............................................................................................... 77 FIGURA 59 - Inclusão fluida aquo-salina com fases sólidas. .............................................................................. 78 FIGURA 60 - As inclusões geralmente não têm orientação e têm formas variadas. ............................................ 78 FIGURA 61 - Zircão. Amostra: FEN146-39,5m .................................................................................................. 79 FIGURA 62 - Inclusões secundárias no zircão da figura acima. Piroxênio-albitito. ............................................ 79 FIGURA 63 - Inclusões aparentemente primárias no zircão. Microclina-gnaisse. ............................................... 80 FIGURA 64 - Detalhe das inclusões da figura acima. .......................................................................................... 80 FIGURA 65 - Histograma da temperatura de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 83 FIGURA 66 - Histograma da temperatura de homogeneização total em inclusões fluidas primárias em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 83 FIGURA 67 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias em piroxênio-
albitito mineralizado. ............................................................................................................................................. 84 FIGURA 68 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 84 FIGURA 69 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
piroxênio-albitito estéril. ....................................................................................................................................... 85 FIGURA 70 - Histograma das temperaturas de homogeneização total de inclusões fluidas primárias de
piroxênios em piroxênio-albitito estéril. ................................................................................................................ 85 FIGURA 71 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
granada-albitito estéril. .......................................................................................................................................... 86 FIGURA 72 - Histograma das temperaturas eutéticas em inclusões fluidas primárias de piroxênio em piroxênio-
albitito mineralizado. ............................................................................................................................................. 86 FIGURA 73 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de albitas em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 87 FIGURA 74 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de albitas em
piroxênio-albitito estéril. ....................................................................................................................................... 88 FIGURA 75 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas de albitas em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 88 FIGURA 76 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de albitas
em piroxênio-albitito estéril. ................................................................................................................................. 88 FIGURA 77 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de granadas em
granada-albitito estéril. .......................................................................................................................................... 90
FIGURA 78 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de granadas em
piroxênio-albitito mineralizado. ............................................................................................................................ 90 FIGURA 79 - Histograma das temperaturas eutéticas do fluido em inclusões fluidas primárias de granadas em
granada-albitito estéril. .......................................................................................................................................... 91 FIGURA 80 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de granadas
em granda-albitito estéril. ...................................................................................................................................... 91 FIGURA 81 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de epidotos em
epidosito estéril...................................................................................................................................................... 92 FIGURA 82 - Histogramas das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de
epidotos em epidosito estéril. ................................................................................................................................ 92 FIGURA 83 - Inclusões fluidas analisadas por LA-ICP-MS. ............................................................................... 95 FIGURA 84 - Diagrama representando os principais elementos obtidos por LA-ICP-MS. (ANEXO 3). ........... 96 FIGURA 85 - Diagrama representando os principais elementos obtidos por LA-ICP-MS. (ANEXO 3). ........... 97 FIGURA 86 - Diagrama de salinidade x temperatura de homogeneização total. ............................................... 102 FIGURA 87 - Gráfico das isócoras de piroxênios e albitas em albititos. Simplificação do ANEXO 5. ............ 103 FIGURA 88 - Representação da salinidade x eutético do piroxênio primário estudado por Chaves et al (2009) e
do piroxênio metamórfico da AN09. ................................................................................................................... 106 FIGURA 89 - Zoneamento geral da Província Uranífera de Lagoa Real. .......................................................... 108
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Dados de fases selecionadas para soluções aquosas de cloretos geralmente
encontradas em inclusões fluidas (CRAWFORD, 1981). ........................................................ 26
TABELA 2 - Amostragem e descrição petrográfica. Background RAD: 100 cps. ................. 30
TABELA 3 - Comparação entre alguns depósitos de urânio em albititos descritos na literatura
(modificado de POLITO et al, 2009). ...................................................................................... 50
TABELA 4 - Análise química, por microssonda eletrônica, representativa de granadas
encontradas em granada-albitito. Planilha para cálculo de fórmula mineral (BRADY et al,
2009). ........................................................................................................................................ 65
TABELA 5 - Resumo dos resultados da microtermometria de inclusões fluidas. Média das
temperaturas das inclusões do ANEXO 4. ............................................................................. 101
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AN09 Anomalia 09
CDTN Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
IF Inclusão fluida
INB Indústrias Nucleares Brasileiras
LA-ICP-MS Espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado por
ablação à laser
LIFM Laboratório de Inclusões Fluidas e Metalogênese
LR Luz refletida
LT Luz transmitida
ME Microssonda eletrônica
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1.1. OBJETIVOS .................................................................................................................... 19
1.2. JUSTIFICATIVAS .......................................................................................................... 19
1.3. METODOLOGIAS ......................................................................................................... 20
1.4. TÉCNICAS ANALÍTICAS ............................................................................................ 21
1.4.1. MICROSCOPIA ÓPTICA .......................................................................................... 21
1.4.2. MICROSSONDA ELETRÔNICA .............................................................................. 21
1.4.3. INCLUSÕES FLUIDAS .............................................................................................. 22
1.5. LOCALIZAÇÃO E ACESSO ........................................................................................ 28
1.6. AMOSTRAGEM ............................................................................................................. 28
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA ................................................................................................ 32
2.1. GEOLOGIA REGIONAL .............................................................................................. 32
2.1.1. SERRA DO ESPINHAÇO SETENTRIONAL .......................................................... 32
2.1.2. CHAPADA DIAMANTINA ........................................................................................ 32
2.1.3. SUÍTE INTRUSIVA LAGOA REAL ......................................................................... 33
2.2. MINERALIZAÇÃO URANÍFERA ............................................................................... 35
2.3. OS DIFERENTES MODELOS METALOGENÉTICOS ........................................... 36
2.4. DATAÇÕES ..................................................................................................................... 38
2.5. GEOLOGIA LOCAL ...................................................................................................... 40
2.5.1. MODO DE OCORRÊNCIA DOS CORPOS E GEOMETRIA ............................... 40
CAPÍTULO 3 - METASSOMATISMO SÓDICO ASSOCIADO A JAZIDAS
MINERAIS DE URÂNIO ...................................................................................................... 46
3.1. O METASSOMATISMO SÓDICO ............................................................................... 46
3.2. EXEMPLOS DE METASSOMATISMO SÓDICO ASSOCIADO A URÂNIO NO
BRASIL ................................................................................................................................... 47
3.3. O METASSOMATISMO SÓDICO EM DEPÓSITOS MINERAIS DE URÂNIO
FORA DO BRASIL: ............................................................................................................... 49
CAPÍTULO 4 - ESTUDOS PETROGRÁFICOS E DE INCLUSÕES FLUIDAS ........... 53
4.1. PETROGRAFIA .............................................................................................................. 53
4.2. MICROSSONDA ............................................................................................................. 57
4.3. INCLUSÕES FLUIDAS ................................................................................................. 71
4.3.1. PETROGRAFIA DAS INCLUSÕES FLUIDAS ....................................................... 71
4.3.2. MICROTERMOMETRIA .......................................................................................... 80
4.3.3. PLATINA DE ESMAGAMENTO .............................................................................. 93
4.3.4. LA-ICP-MS ................................................................................................................... 93
CAPÍTULO 5 - DISCUSSÕES .............................................................................................. 98
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO ........................................................................................... 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 111
ANEXOS..............................................................................................................................118
17
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
O Brasil é o décimo segundo maior produtor mundial de Urânio. A produção é de
aproximadamente 230 ton/ano de U3O8 (concentrado de urânio), podendo atingir a capacidade
nominal de 400 ton/ano. A demanda atual do país é, porém, de 430 ton/ano (IBRAM, 2009).
Os três maiores produtores mundiais de urânio, responsáveis por mais da metade da
produção de urânio, são Canadá, Austrália e Cazaquistão, com 9,8 mil ton/ano, 7,6 mil
ton/ano e 5,2 mil ton/ano, respectivamente (IBRAM, 2009).
O Brasil possui a sétima maior reserva de urânio do mundo, com 310 mil toneladas,
alcançando um total de 7% das 4,41 milhões de toneladas do planeta (FIG. 1).
A produção nacional de urânio destina-se a pesquisas médicas, agrícolas, e
principalmente para a produção de energia elétrica nas usinas Angra I e Angra II, que
representam 2,5% da matriz energética do país (DIAS, MATTOS, 2007).
FIGURA 1 - Reservas mundiais de urânio (IBRAM, 2009).
As principais ocorrências de urânio no Brasil estão indicadas na FIG. 2.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 18
FIGURA 2 - Principais ocorrências de urânio no Brasil (COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS
MINERAIS – CPRM, 2008).
A Província Uranífera Lagoa Real está situada no centro-sul do Estado da Bahia. Com
base em parâmetros geoeconômicos foi escolhida para atender a demanda brasileira de urânio
(MATOS et al, 2003). Todo o urânio extraído da província é proveniente da mina da
Cachoeira (anomalia 13). Sob o ponto de vista econômico, o urânio ocorre primariamente na
forma de óxido, que constitui o mineral-minério uraninita (MATOS et al, 2003).
A pesquisa uranífera na região central do Cráton do São Francisco se iniciou em 1971,
através de levantamentos radiométricos autoportados e aerogeofísicos. Resultados relevantes
foram, contudo, obtidos apenas a partir de 1977 (MATOS et al, 2003).
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 19
Atualmente, são consideradas como jazidas/depósitos, dez áreas (doze anomalias),
apresentando um total de 100.770 toneladas de U3O8, com teor médio de 2.100 ppm (MATOS
et al, 2003).
Os estudos geológicos da província de Lagoa Real encontram-se em diferentes níveis de
detalhe. Áreas adjacentes às jazidas situadas na parte central e norte da província, onde
ocorrem coberturas terciárias, podem possivelmente apresentar anomalias de urânio em
profundidade. Osaka e Amaral (1988) realizaram estudos preliminares de processamento
digital para caracterização espectral dos solos residuais da Província Uranífera de Lagoa Real,
já que os minerais secundários de urânio concentram-se predominantemente nos solos
lateríticos.
Os fluidos presentes nos minerais das rochas do Complexo Lagoa Real, principalmente
aqueles contidos nos minerais dos albititos, foram estudados por diversos autores, dentre eles
Alves e Fuzikawa (1984), Chaves et al (2009), Fuzikawa (1980), Fuzikawa et al (1988)
Fuzikawa e Alves (1988) e Oliveira et al (2007).
1.1.OBJETIVOS
Vários modelos metalogenéticos foram propostos para explicar a gênese da
mineralização uranífera de Província Uranífera de Lagoa Real. Chaves et al (2007), Cruz
(2004), Fyfe (1979), Lobato (1985), Lobato e Fyfe (1990), Maruéjol (1989) dentre outros. O
presente estudo tem por finalidade, utilizando como ferramenta principal o estudo de
inclusões fluidas (IF), determinar a composição dos fluidos mineralizadores associados à
paragênese mineral dos albititos uraníferos da Jazida do Engenho (anomalia 09) e dos
albititos estéreis, encaixante microclina gnaisse e epidositos estéreis associados, contribuindo
com dados que possam dar suporte aos modelos metalogenéticos já propostos para a
Província.
1.2.JUSTIFICATIVAS
Durante a fase de prospecção e pesquisa de novos depósitos minerais procura-se utilizar
o modelo de depósito mineral coerente no contexto geológico em que se trabalha. Entretanto,
a Província Uranífera de Lagoa Real, devido a sua complexidade geológica e por constituir
um tipo de depósito pouco conhecido, ainda possui controvérsias acerca da gênese da
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 20
mineralização uranífera. Estudos de inclusões fluidas contidas nos minerais associados à
paragênese uranífera permitirão obter informações acerca da temperatura de formação,
pressão, densidade e composição do fluido aprisionado; dados fundamentais que contribuirão
para elucidar a gênese da mineralização uranífera.
Pesquisas direcionadas à gênese de depósitos minerais, neste caso urânio, têm papel
decisivo no aproveitamento deste recurso, pois irá auxiliar futuros trabalhos de prospecção de
urânio. Isso torna imprescindível a compreensão da geoquímica dos fluidos presentes na
formação destes depósitos minerais.
1.3.METODOLOGIAS
Para elaboração desta dissertação foi utilizada a seguinte metodologia:
1. Pesquisas bibliográficas;
2. Amostragem – Consistiu na coleta de amostras representativas de albititos durante
visita técnica à INB (Indústrias Nucleares do Brasil). A visita foi realizada em setembro de
2007, ocasião em que foram coletadas amostras de furos de sondagens e de superfície da
Jazida do Engenho (anomalia 09). A amostragem foi complementada com amostras enviadas
pelo geólogo da INB, Evando Carele de Matos e por amostras disponíveis no Laboratório de
Inclusões Fluidas e Metalogênese (LIFM) do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia
Nuclear (CDTN).
3. Elaboração de lâminas (polidas e bipolidas) realizada no laboratório de laminação
do CDTN, onde o autor deste trabalho confeccionou várias lâminas sob orientação de
Francisco Rocha;
4. Petrografia - Estudo petrográfico para caracterização dos minerais e determinação da
paragênese; Para este trabalho foram utilizados os microscópios petrográficos LEITZ
ORTHOLUX II POL BK e LEICA DMRXP.
5. Microssonda eletrônica - A microanálise dos minerais permitiu uma classificação
mais detalhada dos minerais identificados na microscopia óptica e também a identificação dos
minerais que não foram determinados seguindo aquela técnica. As análises foram realizadas
utilizando um equipamento JEOL JXA8900RL do consórcio UFMG/CDTN com tensão de
aceleração de 15-20 kV e corrente de feixe de elétrons de 12nA. Foi seguida a orientação de
Garcia, (2001).
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 21
6. Inclusões fluidas (IF)
- Microscopia das IF (Petrográfica) - Caracterização morfológica das inclusões, modo
de ocorrência no mineral e classificação por tipologia de acordo com o estabelecido por
Roedder (1984). Verificação de presença de inclusões fundidas nos cristais.
- Microtermometria - Procura caracterizar qualitativamente e quantitativamente fluidos
contidos nas IF. Foram utilizadas, além das lâminas bipolidas de IF, lâminas polidas mais
delgadas devido à dificuldade de visualização das IF em minerais pouco transparentes.
- Ablação Laser (LA-ICP-MS)- Estudos microcomposicionais (multielementares) das
inclusões fluidas e minerais hospedeiros com objetivo de caracterizar quantitativamente os
elementos traços dos fluidos.
Os itens de 4 a 6 estão detalhados a seguir.
1.4.TÉCNICAS ANALÍTICAS
1.4.1.Microscopia Óptica
A microscopia óptica geralmente antecede o uso de outras técnicas analíticas nos
estudos petrográficos, pois permite a observação e geralmente fácil identificação de grãos
minerais maiores que 20 micra. Consiste no estudo dos minerais por luz polarizada utilizando
um microscópio petrográfico (KLEIN, 2002).
Neste trabalho foram utilizadas lâminas delgadas polidas, pois estas permitem a
identificação tanto das fases opacas (à luz refletida) como das transparentes (à luz
transmitida). Este tipo de lâmina também será utilizada em análise de Microssonda eletrônica
(técnica descrita a seguir).
1.4.2.Microssonda Eletrônica
Trata-se de um método não destrutivo de análise, baseado na produção de um feixe de
elétrons incidente (diâmetro de 10 nm) sobre uma superfície polida e metalizada do mineral.
A Microssonda Eletrônica (ME) consiste de um canhão eletrônico e duas ou mais lentes
eletrônicas operando sob vácuo (FIG. 3). Elétrons produzidos pelo canhão são acelerados a
uma energia de 1 a 40 keV. Um pequeno e focalizado feixe de elétrons sobre a amostra é
obtido utilizando lentes eletrônicas (GARCIA, 2001). Este feixe, ao atingir a amostra, desloca
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 22
elétrons de suas posições iniciais, que quando retornam à suas posições originais, podem
emitir raios-X característicos de cada elemento químico (CRUZ, 1995). O espectro de energia
obtido pode ser analisado por diferentes cristais do espectrômetro por dispersão de onda
(WDS), ou pelo sistema de energia dispersiva (EDS) (CRUZ, 1995).
As duas técnicas podem ser consideradas complementares, uma vez que elas não são
utilizadas exatamente da mesma maneira. Suas vantagens e desvantagens tornam-nas úteis
para diferentes propósitos. As principais vantagens do EDS estão na rápida obtenção de um
espectro e em sua alta eficiência de detecção. Entretanto, sua resolução espectral e sua relação
sinal/ruído deixa muito a desejar. Sendo assim, quando se deseja análises quantitativas e
análise elementar a nível de traços deve-se utilizar a técnica WDS (GARCIA, 2001).
FIGURA 3 - Representação esquemática do pequeno volume irradiado pelos elétrons que incidem em uma
amostra polida (extraído de GONÇALVES, 2005).
1.4.3.Inclusões fluidas
Inclusões Fluidas são porções de fluidos inclusos nos minerais. Uma vez que essas
inclusões são amostras de fluidos há muito desaparecidos e que estão presentes no corpo de
minério desde alguma época pretérita, e que podem ser as soluções primordiais a partir dos
quais os corpos de minério se formaram, estes fluidos têm sido extensivamente estudados
(ROEDDER, 1984). Os estudos de IF fornecem dados importantes sobre as origens e
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 23
trajetórias prováveis dos fluidos de minérios e informações das temperaturas, composições,
densidades e pressões dessas soluções (ROEDDER, 1984). As pricipais técnicas
complementares de estudo utilizadas nesta dissertação foram:
- Microscopia Petrográfica: A Microscopia petrográfica das IF é estudo preliminar e
fundamental para realização dos demais métodos. Permite reconhecer a morfologia das IF e
de possíveis fases sólidas presentes, a gênese das IF, o número de fases existentes, as
diferentes razões entre as fases, dentre outras características. (FUZIKAWA, 1985).
- Microtermometria: Na microtermometria as amostras são resfriadas e/ou aquecidas em
platinas especiais adaptadas aos microscópios petrográficos. As medidas são efetuadas
durante testes de aquecimento e/ou resfriamento das amostras. Esta alteração da temperatura
provocará mudança de fase dos compostos da IF. Estes resultados serão comparados aos
resultados de substâncias já experimentalmente estabelecidos e utilizados como padrões.
Deste modo podem-se obter as temperaturas e pressões mínimas de formação, densidade e
composição dos fluidos contidos nas inclusões (FUZIKAWA, 1985). Para desenvolver esses
estudos serão seguidas as orientações de Roedder (1984), Shepperd et al (1985), dentre outras.
- Platina de Esmagamento: Equipamento simples utilizado para esmagar um grão mineral
imerso em um meio líquido. Com a técnica é possível uma determinação qualitativa dos gases
presentes nas inclusões fluidas. Conforme o gás a ser detectado utiliza-se determinado líquido
de imersão. O processo é acompanhado ao microscópio petrográfico (FUZIKAWA, 1985)
- LA-ICP-MS: A ablação por laser é um método relativamente novo e versátil de introduzir
amostras sólidas em atomizadores (ALLAN et. al, 2005).
O método Laser Ablation (LA-ICP-MS - Espectrômetro de Massa por Plasma
Indutivamente Acoplado com Ablação a Laser), pode ser utilizado para determinar os
elementos (em ppm e ppb) contidos nas inclusões fluidas. Como o método utiliza um feixe de
laser (diâmetro de cerca de 20 micra) aplicado na superfície da amostra, lâminas delgadas
podem ser analisadas. Devido à possibilidade de análises in situ e sua alta resolução espacial é
possível seu emprego em inclusões fluidas.
As análises utilizam padrões e o acompanhamento da análise é feito por microscópio
ótico (ALLAN et. al, 2005). Trata-se de um método destrutivo.
O LA é um instrumento acoplado ao ICP-MS que permite um sólido ser analisado de
forma direta, ou seja, não é necessário processo de dissolução úmida. Pela extração direta dos
íons da superfície da amostra é feita uma análise iônica utilizando o espectrômetro de massas.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 24
A proposta de Sorby, por sua publicação em 1858, marca o início do estudo dos fluidos
relacionados à formação de depósitos minerais. Ele evidenciou que os fluidos contidos em
cavidades nos minerais forneciam pistas a respeito do ambiente geológico na época de sua
formação. Isto devido às inclusões fluidas estarem presentes em amostras dos vários
ambientes geológicos e por permanecerem preservadas por milhões ou mesmo bilhões de
anos. Muitas das conclusões propostas por Sorby, que tiveram resistência por parte da
comunidade geológica da época, continuam vigentes e válidas pra os atuais estudos de
inclusões fluidas (ROEDDER, BODNAR, 1997).
Os estudos de inclusões fluidas de depósitos minerais permitem identificar IF que são
características de alguns tipos de depósitos minerais. Por isso as inclusões fluidas podem
também auxiliar na identificação do tipo de sistema de fluidos mineralizadores que estão em
estudo. Entretanto, não indicam a existência de um depósito de minério, pois a avaliação do
potencial de uma área explorada depende de muitos fatores adicionais. Pelo estudo dos fuidos
é possível determinar várias condições físico-químicas reinantes durante a cristalização ou
recristalização do mineral hospedeiro. Assim, podem-se estabelecer as condições limitantes
para a formação de um determinado depósito mineral. Deste modo, o estudo das inclusões
fluidas podem direcionar para a porção do sistema onde é mais provável ocorrer a
mineralização, mas não pode demonstrar que a mineralização esteja presente. Porém é
indispensável na identificação do ambiente geológico (ROEDDER, BODNAR, 1997).
Em planejamentos das estratégias exploratórias são utilizados modelos geoquímicos que
propõem elucidação para os vários estágios no transporte por fluido e deposição de minérios.
As inclusões fluidas fornecem dados indispensáveis para o desenvolvimento destes modelos
geoquímicos (ROEDDER, BODNAR, 1997).
CLASSIFICAÇÃO DAS INCLUSÕES FLUIDAS:
A parte primordial no estudo de inclusões fluidas é realizada durante a microscopia
petrográfica. Para qualquer interpretação dos dados de inclusões fluidas é essencial a distinção
entre as três possíveis origens de inclusões fluidas. Durante o crescimento de um mineral,
porções do fluido no qual este evento esteja ocorrendo podem ficar aprisionadas nas
irregularidades da superfície de crescimento do cristal. Inclusões formadas desta maneira são
classificadas como inclusões primárias (ROEDDER, 1984). Caso o evento seja um
fraturamento de um mineral após sua cristalização final, porções do fluido no qual o evento
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 25
esteja ocorrendo podem ficar aprisionadas após posterior cicatrização destas fraturas,
originando inclusões secundárias. Um terceiro tipo são as inclusões pseudo-secundárias,
formadas pela cicatrização de fraturas que se desenvolveram ainda durante o crescimento do
mineral (ROEDDER, 1984).
O MÉTODO E SEUS PRINCÍPIOS:
De acordo com Roedder e Bodnar (1997), o estudo das inclusões fluidas é baseado nos
seguintes princípios fundamentais:
a) Uma amostra representativa de um fluido homogêneo formador de minério é
aprisionado e selado durante o crescimento de um cristal em um depósito de minério;
b) Nada é acrescentado ou perdido na inclusão após o aprisionamento;
c) O volume da cavidade circundando o fluido da inclusão não aumenta ou diminui após
o aprisionamento;
d) É conhecida a relação entre o verdadeiro evento aprisionante (espaço e tempo) e o
processo geológico de interesse (ex.: deposição de minério);
e) Os efeitos da pressão são insignificantes ou são conhecidos.
A desconsideração destes princípios pode tornar os dados confusos ou enganadores.
FLUIDOS AQUOSOS:
Estudos de inclusões fluidas mostram que a maioria dos fluidos aquosos contêm sais
dissolvidos. Para as soluções salinas, estas composições são apresentadas como equivalentes
da % em peso de NaCl necessário para produzir o rebaixamento da temperatura de fusão do
gelo (FIG. 4). O fornecimento da salinidade em equivalência de NaCl se justifica devido ao
fato de o NaCl ser o componente mais comum dissolvido nas soluções das inclusões fluidas e
os outros componentes não afetarem muito a correlação entre a temperatura de fusão e a
salinidade (CRAWFORD, HOLLISTER, 1992).
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 26
FIGURA 4 - Sistema NaCl – H2O, diagrama temperatura-composição a 1 bar. Todas as fases coexistem com
vapor. (modificado de CRAWFORD, 1981).
Abaixo estão representados na tabela dados de fases geralmente encontradas em
inclusões fluidas (TAB. 1).
TABELA 1 - Dados de fases selecionadas para soluções aquosas de cloretos geralmente encontradas em
inclusões fluidas (CRAWFORD, 1981).
Espécies
dissolvidas
Eutético
(temperatura ºC)
Eutético
(composição %p/p) Fases sólidas
NaCl -20,8 23,3 NaCl NaCl.2H2O hydrohalita
KCl -10,6 19,7 KCl KCl silvita
CaCl2 -49,8 30,2 CaCl2 CaCl2.12H2O antarticita
MgCl2 -33,6 21,0 MgCl2 MgCl2.12H2O
NaCl-KCl -22,9 20,17 NaCl
5,81 KCl
NaCl-CACl2 -52,0 1,8 NaCl
29,4 CaCl2
NaCl-MgCl2 -35 1,56 NaCl
22,75 MgCl2
A composição das inclusões fluidas aquosas em um sistema metamórfico depende das
composições das rochas hospedeiras e do equilíbrio mineral-fluido enquanto a natureza das
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 27
espécies no sistema C-O-H nas IF parece depender significativamente do grau metamórfico.
Em minerais hospedeiros de inclusões fluidas, que não seja o quartzo, as composições dos
fluidos aquosos podem mudar após o aprisionamento do fluido devido a trocas iônicas entre o
fluido e o hospedeiro (CRAWFORD, HOLLISTER, 1992). Deste modo, as estimativas das
composições dos sais dissolvidos devem ser feitos com cautela se o mineral hospedeiro das
inclusões fluidas contém íons que possam sofrer trocas com o fluido contido na inclusão
(CRAWFORD, HOLLISTER, 1992).
ESTUDOS REALIZADOS:
Os estudos de inclusões fluidas foram desenvolvidos no LIFM/CDTN. Para a
caracterização microscópica das IF foi utilizado um microscópio LEICA DMRXP. As
análises microtermométricas foram realizadas em uma platina de aquecimento/resfriamento,
modelo Chaixmeca, que permite variações de temperatura no intervalo de -180ºC a +600ºC
utilizando um sistema de circulação de N2 líquido e uma resistência elétrica.
Também foi utilizada uma platina FLUID INC. (de fabricação norte-americana) que
permite atingir temperaturas negativas de –196ºC (temperatura do N2 líquido) e temperaturas
positivas de 700ºC, por utilizar um sistema conectivo que faz com que os gases (aquecidos ou
resfriados) ajam diretamente sobre a amostra.
As observações foram realizadas utilizando um microscópio petrográfico LEITZ
ORTHOLUX II POL BK, ao qual a platina é acoplada.
A composição do fluido foi determinada a partir de medidas obtidas durante o
resfriamento. Já o aquecimento forneceu a temperatura de homogeneização total utilizada
para estimativa da temperatura mínima de formação da IF. Estes estudos foram realizados
supondo-se que o fluido presente no momento de seu aprisionamento era homogêneo.
O equipamento foi calibrado utilizando IF artificiais disponíveis no LIFM/CDTN:
Bubbles Inc. P.O. Box 10146 – Blacksburg, VA USA 24062-0146 – Synthetic Fluid Inclusion
Reference Set.
A interpretação dos dados microtermométricos é realizada por comparação a diagramas
de fases de sistemas experimentalmente conhecidos e disponíveis na literatura. O tratamento
dos resultados foi feito utilizando o programa MacFlinCor (BROWN, HAGEMANN, 1994).
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 28
Devido à determinação indireta da composição do fluido pela microtermometria, os
dados foram reforçados por estudos por LA-ICP-MS.
1.5.LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A Província Uranífera de Lagoa Real abrange uma área de 1200 km2 e está localizada
na região centro-sul do Estado da Bahia (FIG. 5). Seus limites geográficos são definidos pelas
coordenadas geográficas 42º09’- 42º23’W e 13º45’- 14º07’S (PRATES, 2008).
FIGURA 5 - Mapa de Localização da Província Uranífera de Lagoa Real (modificado de OSAKA e AMARAL,
1998).
A partir de Salvador, o acesso rodoviário à área é feito por rodovias asfaltadas BR-
116/30, que interligam essa cidade à Vitória da Conquista-Brumado-Caetité, num total de 740
Km. O acesso à anomalia 09 é feito pela BR 122, percorrendo 28 km de Caetité a Maniaçu. A
partir daí percorre-se uma estrada sem pavimentação asfáltica por 12 km.
1.6.AMOSTRAGEM
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 29
Foi realizada em setembro de 2007 uma visita técnica à Província Uranífera Lagoa Real
para coletar amostras da AN09. Foram acrescentadas a estas amostras, outras enviadas pelo
geólogo Evando Carele de Matos (INB) e amostras disponíveis no LIFM/CDTN. Na TAB. 2
está a relação de amostras, com suas respectivas radioatividades, medidas em cintilações por
segundo (cps), empregando-se cintilômetro modelo SRAT SPP2.
O mapa de locação de furos e limites da reserva da AN09, (dados de 1982) estão
indicados na FIG. 11. Furos posteriores foram realizados, porém ainda se encontram em
coordenadas locais, o que impediu a locação destes. Segundo informações obtidas na INB,
estes furos estão locados na parte norte da anomalia. Os furos 037 e 033, nos quais foram
coletadas amostras, estão representados no mapa da FIG. 6.
Para seleção das amostras foi considerada a presença dos minerais objetos de estudo
(piroxênio, granada, albita, titanita e epidoto) além da ocorrência ou não de mineralização.
Também se considerou o tempo e custo da preparação das amostras, uma vez que o autor da
dissertação participou da preparação das lâminas no Laboratório de Laminação do CDTN. As
amostras sublinhadas, TAB. 2, representam as amostras utilizadas no trabalho.
SELEÇÃO DAS AMOSTRAS:
Após a observação mesoscópica (TAB. 2.), as amostras foram selecionadas (amostras
grifadas) e enviadas ao Laboratório de laminação do CDTN. Foram preparadas lâminas
delgadas polidas, adequadas para estudo ao microscópio petrográfico tanto em luz transmitida
quanto em luz refletida e também utilizadas para análises por microssonda eletrônica após
recobrimento da lâmina com uma fina camada de carbono.
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS 30
TABELA 2 - Amostragem e descrição petrográfica. Background RAD: 100 cps.
FURO Cota (m) ROCHA RAD.
cps DESCRIÇÃO
FEN 033 245,0 Epidosito 100 Amostra não oxidada, não fraturada, Textura granoblástica, granulação média. Apresenta
epidoto e titanita.
FEN 037 125,22 Plagioclásio
gnaisse 100
Amostra não oxidada de granulação média. Não fraturada; medianamente foliada; textura
granoblástica a nematoblástica. Foliação localmente retorcida.
FEN 037 135,0 Plagioclásio
gnaisse 100
Amostra não oxidada de granulação média. Não fraturada; medianamente foliada; textura
granoblástica. Foliação não retorcida.
FEN 037 167,9 Plagioclásio
Gnaisse 100
Amostra não oxidada de granulação média. Não fraturada; medianamente foliada; textura
granoblástica. Foliação não retorcida.
FEN 133 39,0 Granada
albitito 100
Apresenta granada em grande quantidade. Amostra não oxidada, não fraturada, Textura
granoblástica, granulação média.
FEN 136 83,0 Granada
albitito 100
Apresenta granada e piroxênio. Granulação média, textura granoblástica.
FEN 136 96,5 Anfibolito 100 Amostra não oxidada, não fraturada. Textura nematoblástica. Granulação média.
FEN 144 77,8 Magnetita
Albitito 300
Nível constituído essencialmente de magnetita. Moderadamente fraturado, não oxidado.
FEN 146 38,4 Granada albitito 100 Apresenta granada, anfibólio, piroxênio e carbonatos. Textura granoblástica.
FEN146 39,5 Piroxênio albitito 250 Apresenta piroxênio e titanita. Textura granoblastica. Pouco fraturada, não oxidada.
Granulação média.
FEN 154 29,0 Microclina
gnaisse 100
Apresenta biotita, anfibólio, magnetita e subordinadamente titanita e carbonato. Textura
grano-nematoblástica.
FEN 154 36,6 Piroxênio albitito 400 Apresenta piroxênio, anfibólio, granada e magnetita. Foliado, medianamente fraturado, pouco
oxidado.
FEN 154 40,10 Piroxênio albitito 100 Apresenta piroxênio, anfibólio, biotita, magnetita e carbonato; por vezes foliado;
medianamente fraturado e oxidado.
FEN 154 60,10 Piroxênio albitito 100 Apresenta piroxênio, anfibólio, granada, carbonato e magnetita. Medianamente oxidado.
FEN 154 69,0 Piroxênio albitito 500 Apresenta piroxênio, anfibólio, granada, carbonato e magmetita; muito fraturado;
medianamente oxidado.
Superfície 0,0 Piroxênio albitito 800 Amostra medianamente oxidada de granulação média. Não fraturada; medianamente foliada;
textura grano-nematoblastica.
Superfície 0,0 Microclina
gnaisse 100
Amostra bastante fraturada e oxidada. Textura grano-nematoblástica. Apresenta quartzo,
feldspato, biotita e anfibólio.
31
FIGURA 6 - Mapa de locação de furos e limites da reserva da anomalia 09 (modificado de
RAPOSO, MATOS, 1982)
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 32
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA
2.1.GEOLOGIA REGIONAL
A geologia da Província Uranífera de Lagoa Real está inserida no Complexo Lagoa
Real, porção sul do Aulacógeno do Paramirim (COSTA et al, 1985) (FIG. 7). O Complexo é
constituído por rochas da Suíte Intrusiva Lagoa Real e por um conjunto de rochas diabásicas,
anfibolíticas e charnoquíticas que ocorrem intercaladas com os litotipos daquela suíte.
Inseridos na Suíte estão os granitóides São Timóteo (1,7 Ga) e o conjunto de álcalis-gnaisse e
albititos de ocorrência no vale do Paramirim (CRUZ, 2004).
As rochas do Complexo Lagoa Real estão encaixadas nos ortognaisses migmatíticos do
Complexo Paramirim e nos Terrenos “Greenstone Belts” Ibitira-Ubiraçaba e Umburanas, de
idades arqueana. O contato do Complexo Lagoa Real com as rochas da infra-estrutura se faz
através das zonas de cisalhamento Licínio de Almeida, a oeste, e São Timóteo, a leste (CRUZ,
2004).
A parte leste do aulacógeno está representada pela Chapada Diamantina e a oeste está a
Serra do Espinhaço, delimitando a Província Uranífera de Lagoa Real.
2.1.1.Serra do Espinhaço Setentrional
A bacia do Espinhaço Setentrional está situada no Estado da Bahia, onde aflora como
unidades continentais e marinhas de origem tafrogênica. Essas unidades encerram rochas
vulcânicas e sedimentares arenosas, pelíticas e carbonáticas, cujo início da efusão e deposição
se deu no Estateriano (1,75-1,70 Ga) (CPRM, 2008).
A bacia abarca dois riftes superpostos, um paleo a mesoproterozóico e outro
neoproterozóico, preenchidos pelos grupos Oliveira dos Brejinhos e Santo Onofre (CPRM,
2008).
2.1.2.Chapada Diamantina
A Chapada Diamantina é dividida em dois domínios Ocidental e Oriental. Estes
domínios estão separados pelo lineamento Barra do Mendes-João Correia, que corresponde a
uma estrutura de direção NNW/SSE marcada por falhas contracionais. No Domínio
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 33
Ocidental, as dobras são mais apertadas e o vulcanismo é expressivo; já o Domínio Oriental
são dobras suaves e vulcanismo restrito, exclusivamente fissural (pequenos diques e soleiras
máficas) (CPRM, 2008).
FIGURA 7 - Mapa Geológico da região da Província Uranífera de Lagoa Real. (modificado de CHAVES et al,
2007).
2.1.3.Suíte Intrusiva Lagoa Real
A Suíte Intrusiva Lagoa Real é formada pelo Granito São Timóteo e os Ortognaisses
Lagoa Real. O Granito São Timóteo abrange uma fácies isotrópica, enquanto os Ortognaisses
Lagoa Real encerram uma fácies gnáissica a augengnáissica, milonítica. Os albititos,
portadores da mineralização uranífera, estão associados à tectonofácies gnáissico-milonítica
(CPRM, 2008) (FIG. 8).
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 34
FIGURA 8 - Modificado de Stein et al (1980).
Os albititos formam corpos lenticulares e tabulares de tamanhos diversos que podem ter
alguns metros de comprimento alcançando quilômetros de extensão. A espessura destes
corpos pode ter desde alguns centímetros até cem metros. Estes corpos foram encontrados até
850 metros de profundidade com base em sondagens percussivas e mergulham segundo uma
lineação de origem cataclástica (RIBEIRO et al, 1984).
As rochas da Suíte intrusiva Lagoa Real e os litotipos intercalados mergulham para W
na extremidade sul dos alinhamentos, com atitude vertical na parte central e mergulho para E
na extremidade norte. Esta estrutura possui extensão aproximada de 33 km, parcialmente sob
cobertura de sedimentos terciários e quaternários, caracterizando uma torção helicoidal.
(BRITO et al,1984) (FIG. 9).
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 35
FIGURA 9 – Estrutura caracterizando torção helicoidal. (Figura extraída de CRUZ et al, 2007)
2.2.MINERALIZAÇÃO URANÍFERA
A mineralização primária é constituída pela uraninita e pechblenda (MATOS et al,
2003). A uraninita é o mineral principal e ocorre em cristais microcristalinos e
microgranulares, predominantemente associada aos minerais máficos, granada e piroxênio
(PRATES, 2008).
Vários minerais secundários foram citados como torbernita (RIBEIRO et al, 1984),
uranofana, beta-uranofana, autunita, sklodowskita, haiweeita (CHAVES, 2005). Prates (2008)
observou tyuyamunita, além de provável vanuralita.
Cada corpo de albitito pode conter um ou vários níveis mineralizados, e estes níveis
podem apresentar extensões não mineralizadas. A passagem da zona mineralizada para a
estéril é geralmente nítida e brusca (BRITO et al,1984).
Para Hoffmann (1982), analisando as tendências de comportamento da mineralização
uranífera nas jazidas da Rabicha e Cachoeira, o estilo de dobramento (dobras intrafoliais do
tipo em bainha) deve representar o condicionamento principal da mineralização uranífera
naquelas áreas. Os corpos lenticulares de minério estariam, assim, localizados nos flancos de
grandes dobras isoclinais, onde as maiores zonas mineralizadas coincidiriam com as zonas de
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 36
maior ocorrência de duas direções de lineações minerais, estabelecendo um controle estrutural
de segunda ordem. Estas lineações poderiam ser interpretadas como zonas de intersecção de
duas foliações ou então deveriam representar eixos de dobras secundárias, localizadas nos
flancos de dobras isoclinais maiores (BRITO et al,1984).
Raposo e Matos (1983) e Raposo (1983) admitem um controle através de zonas de
pequenas falhas, decorrentes de esforços cisalhantes regionais. As rochas portadoras de urânio
mostram diferentes graus de cominuição e cisalhamento, indicando que a mineralização está
ligada à cataclase. A mineralização é do tipo extratiforme e apresenta preferência por níveis
de albititos portadores de minerais ferro-magnesianos e/ou calcíferos (BRITO et al,1984).
Desta forma, o condicionamento da concentração uranífera seria determinado pela
interação de fatores tectônicos e litológicos.
A mineralização teria um controle litotectônico, ocorrendo disseminadamente nos
albititos ao longo da foliação sob a forma de “ore shoots”, com “pitch” desenvolvido na
direção do mergulho da lineação mineral. A lineação de origem cataclástica parece
condicionar zonas de maior enriquecimento em urânio. Assim, a geometria da mineralização
seria de “charutos achatados” paralelamente à foliação Sn e alongados segundo a lineação
(BRITO et al,1984).
Há, também, a possibilidade de dobras do tipo “drag folds” ou do tipo isoclinal
constituírem, localmente, estruturas de recondicionamento da mineralização. Essas dobras,
formadas em decorrência de ação cisalhante, estariam submetidas também a esforços de
compressão lateral, originando cerramento dos flancos e conseqüente espessamento das
camadas nas charneiras. Zonas de alívio de pressão seriam formadas, onde se situariam as
concentrações de minério (BRITO et al,1984).
2.3.OS DIFERENTES MODELOS METALOGENÉTICOS
Desde a descoberta dos albititos mineralizados em Lagoa Real em 1977, vários modelos
genéticos foram propostos para a mineralização uranífera.
Em 1979, Fyfe propôs o primeiro modelo conhecido por “Thin Skinned Tectonics” que
defendia que a mineralização uranífera teria sido causada por uma tectônica de empurrão
(Brasiliano), onde os granito-gnaisses do embasamento teriam sido empurrados sobre os
sedimentos do Supergrupo Espinhaço (FIG. 10). Desse modo, os sedimentos do Espinhaço
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 37
(bloco inferior) teriam sofrido um metamorfismo progressivo e os granitos sobrejacentes
sofreriam metamorfismo retrogressivo. Com a inversão do gradiente térmico foi criada uma
pressão ao longo das zonas de fraturamento, provocando uma circulação de fluidos
responsável pelo metassomatismo sódico e consequentemente pela mineralização uranífera.
Esse modelo foi posteriormente reforçado pelos estudos de Lobato (1982, 1983a, 1983 b,
1985).
FIGURA 10 - Desenho esquemático do modelo genético proposto por Fyfe (1979). (Extraído de FUZIKAWA et
al, 1982).
Geisel (1981) apresentou uma hipótese na qual a mineralização uranífera e as rochas
cataclásticas se relacionam à processos diapíricos policíclicos. Soerguimentos subsequentes
de diápiros levaram a um posicionamento epizonal no início do ciclo Brasiliano. Estes
processos originaram eventos metassomáticos superpostos a eventos cataclásticos, afetando o
embasamento arqueano, metassedimentos e rochas metavulcânicas do Proterozóico.
Entretanto, modelo desse tipo está associado a abundante deposição de sílica, sendo que
em Lagoa Real ocorre uma lixiviação da silica. Resultados de obtidos para os albititos
indicaram fluidos meteóricos ou águas conatas de bacias fechadas ( 0 a -4‰). E fluidos
aquosos de modelos magmáticos se situam na faixa de +5 a +10‰ (FUZIKAWA, ALVES,
1988).
Maruèjol (1989) propôs que uma alteração tardi-magmática estaria limitada aos albititos
e que a fonte do urânio seriam as rochas encaixantes dos albititos. Segundo esta teoria o
cavalgamento tardi-brasiliano não teria papel genético sobre a mineralização uranífera. O
metassomatismo que deu origem aos albititos seria anterior ao desenvolvimento das zonas de
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 38
cisalhamento e a circulação dos fluidos, responsável pela alteração das rochas do Complexo
Lagoa Real e pelo transporte do urânio, ocorrido 300 Ma após a intrusão dos granitos.
Cruz (2004) e Cruz e Alkimin (2007) reconheceram duas famílias de estruturas
deformacionais, a primeira compressional e a segunda distensional. Anteriormente às fases
compressionais ocorreu um evento metassomático denominado por Cruz, metassomatismo
Ms1 e foi considerado o responsável pela albitização (CRUZ, 2004).
A diferença entre o modelo de Maruèjol (1989) e o proposto por Cruz (2004) refere-se à
época da albitização que, para Maruèjol, ocorreu no Mesoproterozóico.
Finalmente, Chaves et al (2007) propõem que o urânio está associado a um
magmatismo sienítico (1904 +/- 44 Ma, idade mínima, por intercepto superior da discórdia U-
Pb em zircões através de LA-ICP-MS) pertencente às séries alcalinas relacionadas ao evento
Transamazônico ocorrido no Bloco do Paramirim. A principal fonte do urânio seriam estas
rochas sieníticas ricas em albita e em titanita uanífera. Ainda no Transamazônico, durante o
desenvolvimento de zonas de cisalhamentos, os sienitos foram deformados, simultânea ou
subseqüente a cristalização. Houve intensa recristalização dos minerais magmáticos em um
sistema quase fechado, que levou a uraninita a se precipitar sob controle do potencial redox.
Durante o evento Brasiliano, uma segunda geração de uraninita foi formada.
2.4.DATAÇÕES
Várias metodologias foram, e ainda estão sendo utilizadas para a datação de eventos em
Lagoa Real. Stein et al (1980) utilizaram idades U/PB de 820 Ma em uraninitas para a
mineralização do urânio. Já Turpin et al (1988), por meio de zircões, determinaram idades
U/PB de 1725 Ma. E idade de 1395 Ma para a mineralização de urânio com retrabalhamento a
480 Ma.
Cordani et al (1992) dataram, por meio de zircões, a intrusão do Granito São Timóteo
em 1700 a 1720 Ma.
Pimentel et al (1994) dataram a intrusão do Granito São Timóteo e dos albititos há 1746
Ma (idades 207
Pb/206
Pb em zircões), concluindo que o protólito do albitito é o próprio granito.
Segundo estes autores a alteração hidrotermal, a formação do albitito e a mineralização de
urânio são contemporâneas datadas de 960 Ma (idades U/PB em titanitas de albititos). Nos
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 39
estágios finais do Ciclo Brasiliano, há cerca de 500 Ma ocorreu recristalização, remobilização
e perda de Pb.
Cruz (2004) obteve idades 207
Pb/206
Pb de 1743 ± 28 Ma em titanitas dos gnaisses Lagoa
Real. Esta é uma idade mínima para a cristalização das titanitas, que está muito próxima das
idades conhecidas para a cristalização do granito (cerca de 1750 Ma). Sendo assim a
cristalização da titanita ocorreu no episódio magmático.
Datações recentes pela técnica LA-ICP-MS (CHAVES et al, 2007) em zircões de
gnaisses e albititos uraníferos apresentaram idades de 2009 ± 78 Ma para os gnaisses,
correlacionando-os ao processo de cristalização magmática e idades de 1904 ± 44 Ma e 483 ±
100 Ma para os albititos. Estas idades se relacionam respectivamente aos eventos
orogenéticos Orosiriano e Brasiliano.
Chaves et al (2007) dataram, por LA-ICP-MS, uraninitas associadas a granadas e a
epidotos, obtendo-se idades de 1868 ± 69 Ma e 605 ± 170 Ma, respectivamente. A
procedência da granada e do epidoto foi correlacionada ao evento orogenético Orosiriano no
intercepto superior e ao evento Brasiliano no intercepto inferior.
Por outra parte, titanita e zircão, com teores variáveis de urânio e chumbo, foram
estudados por meio de datação química U-Th-Pb em microssonda eletrônica. (AVELAR,
2008).
Nesse estudo, a titanita revelou várias idades, como 2052 ± 80 Ma, correlacionada à
cristalização magmática. Idade análoga a obtida por zircões dos gnaisses, mencionada
anteriormente. Várias outras idades foram obtidas: 1701 ± 57 Ma, 1488 ± 64 Ma, 1298 ± 69
Ma, 1108 ± 78 Ma e 978 ± 58 Ma, relacionadas a eventos hidrotermais sofrido pelo mineral.
Esta ultima idade é análoga a referida por Pimentel et al (1994), 960Ma. Também foram
datadas uranofanas ricas em Fe e Pb, que apresentaram cinco idades muito próximas das
obtidas para a titanita. A metodologia não forneceu bons resultados para allanita e epidoto. A
primeira apresentou cinco idades com valores acima da idade da Terra. Assim, sugere-se que
o Pb mobilizado nos eventos hidrotermais (em número de cinco, indicado pela datação na
titanita) foi sucessivamente incorporado na allanita, mineral que já existiria, pelo menos em
parte, sincrônico com a titanita. Entretanto, o epidoto apresentou uma única idade muito
antiga, interpretada como incorporação de chumbo em um único evento, provavelmente o
Brasiliano, indicando sua formação mais tardia na rocha.
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 40
Finalmente, a datação química de Avelar (2008) forneceu idades de 26,7 Ma e 10,9 Ma.,
em uranofana e autunita, respectivamente, indicativas de intemperismo recente.
2.5.GEOLOGIA LOCAL
A AN09 está situada na parte setentrional da estrutura sigmoidal (helicoidal) que se
estende, desde a anomalia 02/12, até a anomalia 13 (Mina Cachoeira). Essa estrutura
apresenta caimento para SW na parte meridional, tornando-se vertical na porção central e na
porção setentrional muda para o quadrante NE. Apesar dessa estrutura, a foliação apresentada
pelas rochas metassómáticas é regionalmente concordante com o posicionamento
submeridiano das rochas do Espinhaço Setentrional.
A foliação na área da AN09 possui atitude N40ºE/60ºNE. Já a lineação secundária
apresenta atitude média de 40ºNE e está contida no plano da foliação. É caracterizada pelo
paralelismo linear dos minerais (principalmente dos anfibólios).
As falhas são direcionais ou ligeiramente oblíquas à foliação geral das rochas. O
falhamento é do tipo inverso, com movimentação de E para W.
Dois sistemas principais, geralmente subverticais definem o fraturamento. Um
aproximadamente paralelo à direção geral da foliação e outro ligeiramente perpendicular.
Também existem fraturas suborizontais de desplacamento (atectônicas), paralelas à superfície
topográfica.
Não foram observados dobramentos. As poucas dobras encontradas em testemunhos de
sondagem são de pequena amplitude, intrafoliais, do tipo isoclinal. Ocorrências de estruturas
de fluxão e flexuramento sigmoidal são comuns (NUCLEBRAS, 1984).
2.5.1.Modo de Ocorrência dos Corpos e Geometria
A área é escassa em afloramentos, geralmente são encontrados blocos e matacões. A
cobertura de solo residual de cor marron-avermelhada representa cerca de 80% da superfície.
A seguir está representado o mapa radiométrico e seção vertical da anomalia 09 (FIG. 11).
.
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 41
FIGURA 11 - Anomalia 09 – Mapa radiométrico e seção vertical. (RAPOSO, MATOS, 1982).
ALBITITOS:
Ocorrem sob a forma de corpos lenticulares e tabulares, sigmóides, alongados em planta
e concordantes com a direção geral da foliação (FIG. 12 e 13).
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 42
FIGURA 12 - Afloramento de albitito na anomalia 09.
FIGURA 13 - Detalhe do afloramento mostrado na figura anterior. Observar minerais secundários de urânio.
Os contatos com as rochas encaixantes geralmente são gradacionais, mas podem ser
abruptos. As feições texturais em escala menor representam os corpos dos albititos.
Geralmente o alongamento dos corpos de albititos é de 2 a 3 vezes maior que a extensão.
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 43
Assim, a geometria dos corpos se assemelham a de charutos achatados paralelamente à
foliação e alongados segundo a lineação.
EPIDOSITOS:
Os epidositos têm sua ocorrência restrita à região da AN09. São rochas verdes a verde-
amarelo, geralmente mineralizadas em urânio de atitudes análogas aos albititos. São rochas
constituídas por 60% ou mais de epidoto (BRITO et al, 1984). Posteriormente a quantidade de
epidoto para classificação desta rocha passou a 70% (CRUZ, 2004). Apresentam textura
granoblastica de granulação fina a média e sua mineralogia inclui epidoto, oligoclásio,
aegirina-augita, hornblenda e como acessórios, microclina, titanita, zircão e apatita
(LOBATO, 1990). Os epidositos são encontrados, nos furos existentes, até profundidades
máximas de 100m. Os corpos variam de poucos centímetros a um ou dois metros de
espessura.
A formação do epidoto estaria associada a eventos distensionais, posteriormente à
formação dos albititos (CRUZ, 2004).
MICROCLINA-GNAISSE:
São geralmente de cor cinza, variando à coloração rosa, possuem porcentagem de
microclina superior a 70%. Estão, geralmente, associados aos albititos formando corpos
descontínuos. Os corpos têm larguras variando de centímetros a 2 metros. Ocorrem
intercalados entre os albititos e epidositos. A textura varia de fanerítica média a grossa,
inequigranular, granoblástica poligonal e mortar. (CRUZ, 2004).
ANFIBOLITOS:
Os anfibolitos estão amplamente distribuídos na parte central da AN09. Estão
orientados em três direções distintas. Os corpos com direção N45ºW estão ligeiramente
concordantes com a foliação geral das rochas (N40ºW). Possuem comprimento de até 400m,
espessura média da ordem de 10m e extensão em profundidade de 290m (obtida por
sondagem). Corpos intrusivos sob a forma de diques verticais têm direções N10ºW e N75W e
cortam obliquamente as rochas, em geral interceptam os corpos uraníferos. A extensão
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 44
máxima dos corpos é de 400m, espessura média de 10m e extensão em profundidade de 260m
(obtida por sondagem) (NUCLEBRÁS, 1984).
Os anfibolitos formam corpos tabulares, de larguras variáveis de 0,3 a 25 metros,
distribuídos por todo o Complexo Lagoa Real. São mesocráticos, apresentam coloração verde
escura a preto-esverdeada e texturas fanerítica média, equigranular, nematoblástica. Exibem
foliação metamórfica bem desenvolvida, marcada pela orientação planar da hornblenda
(CRUZ, 2004).
Na AN09 os anfibolitos encontram-se largamente distribuídos na região central da
jazida. Exibem três direções bem definidas:
- os corpos com direção N45ºW apresentam-se ligeiramente concordantes com a
foliação geral das rochas (N40ºW) apresentam-se ligeiramente concordantes com a foliação
geral das rochas (N40ºW). O plagioclásio presente é de composição oligoclásica e o anfibólio
é a hornblenda. Possuem comprimento de até 400m, espessura média da ordem de 10m e
extensão em profundidade investigada por sondagem de 290m.
- os corpos de direções N10ºW e N75ºW apresentam caráter intrusivo, sob a forma de
diques subverticais, cortando obliquamente as rochas em geral. Interceptam também os corpos
uraníferos, depreciando a reserva em cerca de 10%, conforme estudos efetuados no
EBHO.PM pela seção de cálculo de reservas. O plagioclásio (labradorita) e o anfibólio
(hornblenda), dispõem-se de forma caótica. A extensão máxima é de 400m, espessura média
em torno de 10m e extensão em profundidade atestada por trabalhos de sondagem de até
260m (NUCLEBRÁS, 1984).
CORPOS MINERALIZADOS:
Vários corpos de albititos e epidositos mineralizados foram individualizados pelos
mapeamentos de superfície e subsuperfície. Os corpos são constituídos por vários níveis
mineralizados, cujas dimensões variam de centímetros a dezenas de metros.
As ocorrências dos diversos corpos mineralizados foram agrupadas em três zonas
distintas. Na zona sul os albititos mineralizados ocorrem numa faixa de 200m de largura por
1.040m de comprimento. Na zona central estão concentrados os melhores corpos
mineralizados da AN09, no que se refere ao teor médio, à extensão e espessura. Diques de
anfibolitos de direções N10ºW e N75ºW cortam estes corpos depreciando as reservas em
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA 45
10%. Já a zona norte apresenta dois corpos principais constituídos por vários níveis
mineralizados (NUCLEBRAS, 1984).
46
CAPÍTULO 3 - METASSOMATISMO SÓDICO ASSOCIADO A
JAZIDAS MINERAIS DE URÂNIO
3.1.O METASSOMATISMO SÓDICO
No metassomatismo um sistema de rochas é percolado por fluidos e a razão fluido/rocha
é elevada. Durante o metassomatismo a composição química da rocha é alterada, pois pode
haver a substituição, perda ou ganho dos elementos químicos presentes nos minerais da
mesma devido ao fluxo de fluidos. Nesse processo ocorre, comumente, a preservação das
texturas originais da rocha, preservando o tamanho e a forma dos minerais originais
(CHOUDURI, 2003).
Processos metassomáticos ocorrem em rochas geralmente mais reativas como, por
exemplo, calcários, mas podem ocorrer em qualquer tipo de rocha desde que ocorra conflito
geoquímico entre o fluido e a rocha em condições termodinâmicas adequadas para as reações
de substituição de minerais (GLOSSÁRIO GEOLÓGICO, 2009).
O metassomatismo ocorre principalmente em regiões de falhas, de chaminés vulcânicas
e de encaixantes de intrusivas ricas em fluidos fortemente aquecidos. A ele associa-se a
substituição de um mineral por outro(s) com a manutenção da forma do mineral substituído
(pseudomorfose). Várias jazidas estão relacionadas com processos metassomáticos, como, por
exemplo, scheelita em tactitos, albititos uraníferos, galena e esfalerita em calcários
metassomatizados, etc., (GLOSSÁRIO GEOLÓGICO, 2009).
O metassomatismo é chamado de sódico quando fluidos, em geral aquosos, ricos em
sódio (Na) entram em contato com as rochas, levando à formação de rochas ricas em fases
sódicas como, por exemplo, a albita, NaAlSi3O8. (SOUSA, 2007)
O metassomatismo sódico tem abrangência regional; e apesar do processo do
metassomatismo ser bem compreendido atualmente, a questão da fonte de sódio para as
reações metassomáticas ainda é problemático (SOUSA, 2007).
Rochas metassomáticas podem ser formadas pela cristalização de minerais sódicos a
partir de fluidos magmáticos ou metamórficos. Por isso, é de grande relevância que estudos
geoquímicos e texturais sejam feitos na rocha resultante e em suas encaixantes para melhor
conhecimento da origem do fluido rico em sódio.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 47
A albitização metassomática de feldspato é um fenômeno relativamente comum em
vários ambientes geológicos, de diagenéticos a hidrotermais, e envolve a substituição de um
feldspato pré-existente por albita praticamente pura (PUTNIS, PUTNIS, 2007).
Comumente, rochas albitizadas de origem metassomática têm elevados teores de Na2O
(5-11%), Sr (10-110 ppm) e metais raros (> 10 ppm), teores baixos de K2O (0,1-0,4%), CaO
(0,1-2%), e Rb (0-110 ppm) e concentração de SiO2 varia de 59 a 76% (ABDALLA et al,
1996; MAGHRAOUI et al, 2002; MARK, 1998; SCHWARTZ, 1992).
A lixiviação hidrotermal de quartzo do granito é freqüentemente associada com o
metassomatismo sódico e/ou potássico, que promove alterações importantes na mineralogia
primária, juntamente com concomitantes alterações na composição de toda a rocha
(CHATHELINEU, 1986).
O enriquecimento em albita pode também estar relacionado a processos puramente
magmáticos preferivelmente a processos hidrotermal-metassomáticos. Sua composição rica
em albita é devida ao alto conteúdo de F no magma extremamente fracionado que expande o
campo de estabilidade do quartzo e altera a composição rumo a albita, no sistema quartzo-
feldspato potássico-albita. Embora tal granito seja atribuído como albitito, o processo é
distinto do albitito resultante de interações fluido rocha (KYSER, CUNEY, 2008, Cap 6).
3.2. EXEMPLOS DE METASSOMATISMO SÓDICO ASSOCIADO A URÂNIO NO
BRASIL
3.2.1.Província Uranífera de Lagoa Real
Segundo Cruz (2004) ocorreu um evento metamórfico e três eventos metassomáticos na
região. O primeiro metassomatismo, de natureza sódica (predominante) e cálcica
(subordinada), provocou a albitização dos granitóides São Timóteo (1,75Ga). A associação
mineralógica que marca a alteração metassomática, pré-deformacional, é representada pela
hastingsita, albita, alanita, monazita, fluorita, magnetita, titanita e uraninita. Este foi o evento
de albitização, mas não o de formação dos corpos de albititos como são atualmente. No
segundo evento, que envolve metassomatismo concomitante com metamorfismo, predomina a
assembléia constituída por quartzo, albita (grãos poligonais recristalizados), microclina (grãos
poligonais recristalizados), oligoclásio (grãos poligonais recristalizados), andradita-
grossularita, almandina, hastingsita, hedembergita, aegirina-augita, titanita, uraninita,
magnetia e hematita. A transformação mineral foi acompanhada por processo de oxidação.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 48
Um terceiro evento metassomático associado a metamorfismo regressivo possui associação
mineralógica constituída por actinolita/tremolita, mica branca, quartzo e clorita. O último
evento, metamorfismo regressivo, estaria associado a zonas de cisalhamento normais e levou
à formação de epidoto, calcita e quartzo.
3.2.2.Espinharas
Localizado próximo a São Jose de Espinharas, PB; ocorre em gnaisses e xistos
precambrianos com granitos intrusivos associados que foram alterados por processos
metassomáticos, como abitização e hematitização, com lixiviação de sílica e enriquecimento
em fosfato. As principais reações durante o processo metassomático são: Dissolução do
quartzo até o total desaparecimento, restando cavidades não preenchidas ou preenchidas
parcialmente numa fase posterior, por sílica ou calcita; Alteração parcial ou total da biotita em
clorita; Liberação de Fe3+
de diversos minerais, principalmente da biotita, e oxidação de Fe2+
em Fe3+
com formação de hematita sob a forma de minúsculas palhetas no plagioclásio;
Substituição do feldspato-potássico (microclina) por albita (albitização). Consiste em um
depósito de urânio do tipo epigenético, de origem metassomática (SANTOS, ANACLETO,
1985).
3.2.3.Itataia
Está localizado a cerca de 170 km a sudoeste de Fortaleza, CE. As principais litologias
que circundam o depósito são paragnaisses com grandes lentes carbonáticas.Ambos são
cortados por diversas apófises graníticas e pegmatíticas. Possui dois tipos de minério, um com
massas uniformes de colofano e o outro de vênulas e stockwork, de minério de colofano em
mármores, gnaisses e em epissienitos. O urânio ocorre em hidroxi-apatita criptocristalina. A
fonte de urânio e fósforos estaria relacionada a granitos pós-orogênicos, que submetidos à
ação de fluidos convectivos, originaram as rochas epissieníticas. Essa alteração se
caracterizaria pela lixiviação do quartzo, albitização, cloritização e apatitização com
deposição de urânio associado à apatita (temperatura de 200-350ºC). Finalmente, a fase com
intensa deposição de colofana uranífera teria ocorrido no intervalo de 50ºC a 130ºC, através
do preenchimento e substituição dos mármores e epissienitos, pelo material colofânico.
Teores mais expressivos de Na2O correspondem ao epissienito, comprovando qua a
metassomatose sódica atuou nessa rocha (MENDONÇA et al, 1985).
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 49
3.3.O METASSOMATISMO SÓDICO EM DEPÓSITOS MINERAIS DE URÂNIO
FORA DO BRASIL:
Depósitos metassomáticos ocorrem em rochas estruturalmente deformadas que foram
alteradas por processos relacionados ao metassomatismo, comumente associado à introdução
de sódio, potássio ou cálcio. Exemplos destes tipos de depósitos são Krivoy-Rog, Zheltye
Vody (Ucrânia); Valhalla e Skal próximos a Mount Isa, Austrália; Lianshanguan, China
(HORE-LACY, 2008).
Uma comparação entre as características desses depósitos e os brasileiros (PULR e
Espinharas) são apresentados na TAB. 3.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 50
TABELA 3 - Comparação entre alguns depósitos de urânio em albititos descritos na literatura (modificado de POLITO et al, 2009).
Depósito (País) Rocha hospedeira Grupo de alteração Geoquímica do depósito Temperatura de
formação Referências
Valhalla
(Austrália)
Siltito e arenito de
granulometria fina
derivado de rochas
vulcânicas máficas.
Alteração precoce: albita, riebeckita, calcita,
brannerita. Alteração contemporânea a mineralização:
brannerita, apatita, zircão, albita, riebeckita, calcita.
Alteração tardia: uraninita, hematita, dolomita, clorita,
cofinita, quartzo, galena, pirita, sulfeto de Cu.
Perda: Si (?), K, Ba, Rb.
Enriquecimento: Na, Ca,
U, Zr, P, V, Y e Sr.
Th/U = 0.05.
340-380ºC (geoquímica
isotópica)
POLITO et al
(2009)
Vários
exemplos não
denominados de
depósitos de U
em albititos.
(Ucrânia)
Quartzo-mica-xisto,
quartzo-carbonato
gnaisse, anfibolito,
siltito, rochas vulcânicas
máficas.
Estágio de alteração 1: albita, riebeckita, ou
arfvedsonita, carbonato, magnetita, stilpenomelano,
traços de apatita, titanita e brannerita.
Estágio de alteração 2: albita, apatita, carbonato,
zircão, hematita, pirita, uraninita, titanato de urânio e
brannerita.
Alteração tardia do estéril: aegirina, calcita, hematita,
martita, talco.
Alteração tardia da rocha mineralizada: uraninita,
coffinita, calcita, dolomita, biotita, óxidos de Fe,
epidoto, clorita, sulfetos de Fe-Cu-Pb.
Perda: Si.
Enriquecimento: Na, Ca,
U, Zr, P, V, Y e Sr.
Alteração a 300-500ºC
nos estágios 1 e 2.
Alteração tardia: 150-
200ºC.
BELEVTSEV
(1980);
DAHLKAMP
(1993);
KALYAEV
(1980);
TUGARINOV
(1980);
ZHUKOVA
(1980)
Lagoa Real
(Brasil)
Granitos subalcalinos e
ortognaisses
Albita, piroxênio, granada, uraninita, zircão, allanita,
carbonato.
Perda: Si, K, Rb.
Enriquecimento: Na, Ca,
Sr.
Vide mais adiante. LOBATO et al
(1983);
TURPIN et al
(1988)
Espinharas
(Brasil)
Granitos leucocráticos e
ortognaisses acrescido
de paragênese de biotita-
anfibólio mesocrático.
Albita, riebeckita, clorita, calcita, coffinita, apatita,
silicatos de Ti, xenotimio.
Perda: Si, K, Rb, Sr.
Enriquecimento: Na, Ca,
Fe, U, Th, Nb, Y e Pb.
Th/U = 0.45.
Não estudado. PORTO DA
SILVEIRA et al
(1991)
Skuppesavon
(Suécia)
Rochas metavulcânicas
de composição traquítica
a riolítica.
Alteração precoce: albita, piroxênio cálcico, granada,
magnetita, epidoto, anfibólio.
Alteração contemporânea a mineralização: uraninita,
titanita, uranotitanitas, oxi-hidróxidos de Fe, calcita.
Alteração tardia: Calcita, epidoto, hematita, quartzo,
clorita, galena.
Perda: Si, K.
Enriquecimento: Na, Ca,
Al e U.
Não estudado. ADAMEK,
WILSON (1979);
SMELLIE,
LAURIKKO
(1984)
Batólito de
Kurupung
(Guiana)
Monzogranito, sienito,
episienito.
Albita, carbonato, clorita, zircão hidrotermal,
uraninita, óxidos de Ti e U.
250-350ºC (inclusões
fluidas); 210-280ºC
(geoquímica da clorita)
CINELUA,
CUNEY (2006)
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 51
3.3.1.Valhalla
Valhala é uma das 107 ocorrências de U que foram registradas em rochas
metassedimentares do Paleoproterozóico datadas de 1800 a 1700 Ma. As rochas hospedeiras
da mineralização foram inicialmente alteradas com o desenvolvimento de albita, riebeckita
magnesiana rica em F, calcita, magnetita rica em Ti-V ± brannerita ± uraninita ± dolomita em
uma rocha fortemente foliada. Depois as rochas foram brechadas, alteradas e cimentadas por
albita, riebeckita, calcita, apatita, hematita, zircão rico em U e uraninita que representa a
mineralização principal. O sítio hidroxílico da apatita e riebeckita dentro da zona mineralizada
contém uma grande proporção de F, sugerindo que o complexo fluoreto-U pode ter sido
importante para o transporte do U. Valores de δ18
O de calcita e riebeckita coexistindo dão
temperaturas de 340 a 380ºC para o estágio de mineralização. Os valores δ18
O e δDfluid
assinalam para mineralização e temperaturas mais consistentes com fluidos derivados de
metamorfismo regional de rochas metassedimentares próximas (KYSER, CUNEY, 2008).
A natureza e origem dos fluidos que formaram outros depósitos além de Valhalla
raramente são documentadas e na maioria dos casos é especulativa (POLITO, 2009).
3.3.2.Lianshanguan
Na China, depósitos relacionados a metassomatismos apresentam alto potencial de
produção (FINCH et al, 1993). Por exemplo, um depósito típico de urânio relacionado a
metassomatismo é o de Lianshanguan (Pré-cambriano), Província de Liaoning no nordeste da
China. O urânio ocorre em zonas fraturadas de quartzitos, xistos e granitos migmatizados do
paleoproterozóico. Apresenta conteúdo de urânio anômalo no embasamento granítico e nas
rochas hospedeiras.
O ambiente de deposição está ligado à Formação Langzishan formada em ambiente
nerítico litorâneo. A mineralização está ligada a vários estágios: 2,11 Ma para os sedimentos
metamorfisados; 1,89 Ma para estágio de metassomatismo alcalino e 1,83 Ma para o estágio
hidrotermal. As rochas hospedeiras são quartzitos, xistos e granitos. Os minerais do minério
são: uraninita + uraninita oxidada ± galena + pirita ± esfalerita ± calcopirita. Inclusões fluidas
em fluorita, calcita e quartzo associado com uraninita mostram temperaturas de 280ºC a
350ºC para o estágio metassomático e 160ºC-230ºC para o estágio hidrotermal.
CAPÍTULO 3 – METASSOMATISMO SÓDICO 52
O minério foi produzido por metamorfismo de alto grau e metassomatismo. Apresenta
intensa albitização, sericitização e silicificação local, ainda cloritização e calcitização (Li
Wanyuan et al, 1990).
3.3.3.Krivoy-Rog
A mineralização de urânio relacionada a metassomatismo sódico na Ucrânia é
geralmente de baixo grau, em geral 0,01%, mas pode alcançar 0,3% localmente (KYSER,
CUNEY, 2008).
O metassomatismo sódico e a mineralização de urânio são claramente controlados por
estruturas tectônicas. Na escala regional, a região mineralizada está localizada ao longo de
lineamentos, extendendo por várias dezenas de kilômetros. Todos estes lineamentos da
Província Uranífera Ukraniana estão localizados dentro da estrutura Krivoy-Rog-Kremenshug
ou estão paralelos aos limites do bloco continental. Estes lineamentos foram inicialmente
ativados à alta temperatura com formação de milonitos e estruturas granoblásticas poligonais
em albitas, cuja orientação é paralela à foliação regional das rochas metamórficas. Na escala
de depósito, a mineralização uranífera é estritamente controlada por estruturas quase verticais
a mergulho moderado. A fonte do fluido responsável pelo metassomatismo sódico e
dissolução do quartzo é supostamente metamórfico, derivado de zonas anatéticas e percolando
por extensas fraturas. Contudo, há uma diferença de 200 Ma entre o metamorfismo regional e
o processo de mineralização. Porém, consideráveis variações na descrição da idade do granito
hospedeiro (1800 a 2200 Ma) e da mineralização não permitem um modelo genético seguro
(KYSER, CUNEY, 2008).
Até o momento, não há dados publicados de IF nestes depósitos.
53
CAPÍTULO 4 - ESTUDOS PETROGRÁFICOS E DE INCLUSÕES
FLUIDAS
Os minerais presentes nas amostras estudadas foram caracterizados, inicialmente,
através de microscopia petrográfica e microssonda eletrônica, seguido da identificação e
classificação das inclusões fluidas. Os dados microtermométricos foram reforçados por
estudos de LA-ICP-MS.
O estudo de inclusões fluidas foi direcionado aos minerais, piroxênio, granada, albita e
epidoto. A escolha destes minerais se deve à associação da uraninita principalmente aos
minerais, piroxênio e granada (FUZIKAWA et al, 1988). A albita corresponde a mais de 70%
da rocha nos albititos e o epidosito, rocha constituída por 60% ou mais de epidoto, tem
ocorrência restrita à anomalia 09 (BRITO et al, 1984).
Além destes minerais foram estudadas inclusões fluidas minerais acessórios titanita e
zircão. Porém, os estudos de inclusões fluidas ficaram restritos à microscopia e não puderam
ser aprofundados (estudo microtermométrico) devido ao tamanho diminuto das inclusões
fluidas nestes minerais.
Devido a características intrínsecas às inclusões, como tamanho e forma; não foi
possível obter todos os dados realizáveis durante um estudo microtermométrico em todos os
minerais analisados. A maior dificuldade foi a observação do ponto eutético que ficou restrita
a poucas medidas, embora confiáveis.
4.1.PETROGRAFIA
Foram estudadas petrograficamente amostras representantes de um granada-albitito,
piroxênio-albitito e microclina-gnaisse (encaixante do albitito). A descrição a seguir apresenta
as feições petrográficas observadas nestas amostras. Uma análise mais detalhada não foi
possível devido à dificuldade encontrada no trabalho de laminação.
AMOSTRA: AN09/FEN146-38,4M.
Rocha: granada albitito (não mineralizada)
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 54
Foram identificados os minerais granada, piroxênio, anfibólio, plagioclásio, carbonato,
epidoto, magnetita, zircão, muscovita e opacos.
A granada é xenoblástica de cor castanho claro, apresentando inclusões de plagioclásio,
carbonato e piroxênio. Tem ocorrência isolada ou em agregados (FIG. 14).
O anfibólio apresenta-se xenoblástico a sub-idioblástico. Possui cor verde e ocorre com
menor freqüência que o piroxênio. Os cristais são geralmente tabulares.
O piroxênio possui cor verde claro e ocorre em agregados, geralmente associado a
granada. Possui hábito granular com textura granoblástica.
O plagioclásio é xenoblástico, inequigranular, possui geminação segundo a Lei da
Albita. Apresenta regiões poligonizadas evidenciadas por pontos triplos e contato reto entre os
cristais (FIG. 15). A extinção é fracamente ondulante. Apresenta inclusões de diferentes tipos
minerais como piroxênio, carbonato e magnetita. O carbonato ocorre substituindo o
plagioclásio (FIG. 16).
A magnetita ocorre disseminada na rocha (FIG. 17). Tem textura xenoblástica a
subidioblástica e ocorre como cristais em forma de cubos e octaedros. Geralmente está
martitizada.
FIGURA 14 - Piroxênio e anfibólio associado à
granada. Luz transmitida polarizada - Nicóis
descruzados. Px-Piroxênio, Gr-Granada, Anf-
Anfibólio, Plg-Plagioclásio.
FIGURA 15 - Contatos retos e ponto triplo em cristais
de plagioclásio. Luz transmitida polarizada - Nicóis
cruzados.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 55
FIGURA 16 - Carbonato substituindo o plagioclásio.
Luz transmitida polarizada - Nicóis cruzados
FIGURA 17 - Magnetita parcialmente martitizada.
Luz refletida polarizada - Nicóis descruzados.
AMOSTRA: AN09/FEN146-39, 5M.
Rocha: piroxênio albitito (mineralizado).
Os minerais principais desta amostra são, piroxênio, plagioclásio, titanita, microclina e
uraninita.
O piroxênio é xenoblástico de cor verde apresentando pleocroísmo. Possui inclusões de
uraninita que são responsáveis pela mineralização da rocha (FIG. 18). O plagioclásio
apresenta contatos retos e recurvados, em algumas áreas foram observados pontos triplos. A
titanita apresenta cor castanho-claro com tons castanho a caramelado (FIG. 19). Possui
geminação da albita, extinção fraca a ondulante. Na albita foram observadas inclusões de
piroxênio, magnetita, quartzo, apatita e zircão.
FIGURA 18 - Uraninita associada ao piroxênio.
Podem ser observados halos pleocróicos (cor caramelo)
resultantes do decaimento radioativo. Luz transmitida
polarizada - Nicóis descruzados.
FIGURA 19 - Titanita associada ao piroxênio. Luz
transmitida polarizada - Nicóis descruzados.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 56
AMOSTRA: AN09/FEN37-167, 9M.
Rocha: microclina gnaisse.
Apresenta textura granoblástica a inequigranular.
Foram identificados os minerais microclina, plagioclásio, anfibólio, zircão, biotita,
quartzo, titanita (branca).
O mineral máfico predominante é o anfibólio. Este tem duas ocorrências: ocorre em
cristais maiores com inclusões minerais de textura xenoblástica e em cristais menores mais
poligonizados de forma tabular e sem inclusões (FIG. 20). Ocorrem associados ou isolados.
A microclina apresenta textura granoblástica e ocorre associada ao plagioclásio (FIG.
21). Apresenta inclusões de quartzo.
A titanita tem cor branca, ocorrendo em agregados apresentando pequenos cristais em
relação aos demais constituintes da rocha (FIG. 22).
O plagioclásio apresenta grãos poligonais, menos poligonizados que os observados nos
albititos. Além de grãos maiores que àqueles.
O quartzo apresenta cristais xenomórficos de extinção ondulante.
FIGURA 20 - Porfiroclasto de anfibólio com inclusões minerais associado a anfibólios sem estas inclusões. Luz
transmitida polarizada - Nicóis descruzados, ampliação 50X. Anf – Anfibólio.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 57
FIGURA 21 - Microclina. Luz transmitida polarizada -
Nicóis cruzados. Micr – Microclina.
FIGURA 22 - Cristais de titanita associados ao
anfibólio. Luz transmitida polarizada - Nicóis
descruzados. Tit – Titanita.
A microclina aparece na região apresentando tanto a cor rósea comum quanto cor
branca. A microclina de cor branca é responsável por erros durante a classificação
mesoscópica. Pois devido ao critério para caracterização mesoscópica dos albititos, que se
baseia na sua cor branca, este erro pode ser comum (PRATES, FUZIKAWA, 1985). A
amostra descrita representa a microclina de cor branca.
4.2.MICROSSONDA
As amostras descritas na petrografia foram analisadas por microssonda para melhor
reconhecimento dos minerais e suas peculiaridades. Foram analisados quantitativamente os
minerais, albita, piroxênio, granada, epidoto, titanita e anfibólio. Outros minerais e inclusões
minerais foram analisados qualitativamente. Alguns destes, em tentativas de se identificar
inclusões fundidas em minerais. Entretanto, nenhuma inclusão fundida foi encontrada nos
minerais analisados.
ALBITA
Mineral que dá nome à rocha, albititos. Têm esta denominação os plagioclásios
recristalizados que compõem mais de 70% da rocha. Sob análise por microssonda observou-se
que esta “albita” pode variar até o padrão AN10 (FIG 23).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 58
FIGURA 23 - Plagioclásio recristalizado com pequena quantidade de cálcio, este não ultrapassa 10% da
composição do mineral.
Segundo Chaves et al (2007) há porções preservadas da rocha que guardam a textura e
mineralogia duma fase magmática. Uma região que representa esta fase estaria representada
na FIG 24. As FIG. 25 a 29 mostram os resultados qualitativos desta região. Os resultados
quantitativos estão no ANEXO 2.
A região analisada, observada por microscópio petrográfico, deixa evidente a presença
dos minerais plagioclásio e epidoto. O plagioclásio ocorre de dois tipos, um bem
poligonizado, límpido, como o observado em todas as amostras de albititos, produto de
recristalização. Foi denominado como albita poligonizada (geração tardia de plagioclásio). O
outro, bastante raro, apresenta forma irregular, cristais maiores, aparência turva. Contém
minerais inclusos derivados de processo de saussuritização, confirmado posteriormente pela
análise por microssonda. Este foi denominado de geração precoce de plagioclásio.
A análise por microssonda revelou que os cristais inclusos no plagioclásio precoce são
epidotos sem Fe. Pode ser zoizita ou clinozoizita, porém não foi possível identificar pelo
microscópio petrográfico devido ao tamanho reduzido dos minerais. Já os epidotos
recristalizados, visíveis ao microscópio petrografico, são epidotos propriamente ditos. Nesses
setores também foi observada presença de microclina.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 59
FIGURA 24 - Região contendo “plagioclásio primário” (anterior á fase de recristalização) e plagioclásio
recristalizado. Legenda: 1 – Plagioclásio primário; 2 – Plagioclásio recristalizado; 3 – Microclina; 4 – Pistacita; 5
– Zoizita / clinozoizita. Imagem obtida pela microssonda.
FIGURA 25 – 1 – Plagioclásio primário.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 60
FIGURA 26 - 2 - Plagioclásio recristalizado.
FIGURA 27 – 3 – Microclina
FIGURA 28 – 4 - Epidoto com Fe. Epidoto propriamente dito.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 61
FIGURA 29 – 5 – Zoizita / clinozoizita.
PIROXÊNIO
O piroxênio foi analisado no granada-albitito (estéril) e no piroxênio-albitito
(mineralizado) apresentado no diagrama ternário e binário a mesma composição para ambos
(FIG. 30 e 31). Os dados referentes à construção dos diagramas encontram-se no ANEXO 1.
FIGURA 30 - Classificação - Ca-Mg-Fe de piroxênios estudados nas lâminas FEN146-38,4 e FEN146-39,5 das
respectivas amostras. N- número de pontos representados. Wo- Wollastonita; En- Enstatita; Fs-Ferrosilita.
Classificação realizada com o software PX-NORM (STURM, 2002).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 62
FIGURA 31 - Classificação – Q-J de piroxênios estudados nas lâminas FEN146-38,4 e FEN146-39,5 das
respectivas amostras. N- número de pontos representados. Q = Ca + Mg +Fe+2
; J = 2Na. Classificação realizada
com o software PX-NORM (STURM, 2002)
Pela composição química das análises de piroxênio este pode ser definido como
hedenbergita, mineral silicato do grupo dos clinopiroxênios cálcicos: CaFeSi2O6 (DANA,
1976) que é uma variedade de piroxênio (pertencente à solução sólida diopsídio-hedenbergita-
augita) encontrada em rochas metamórficas (principalmente de metamorfismo de contato e
escarnitos) (DEER et al, 1974).
INCLUSÃO MINERAL EM PIROXÊNIO
Observada através do microscópio ótico apresenta forma de losango com uma inclusão
ao centro (FIG. 32). Já a microssonda demonstrou tratar-se de uma cavidade cujo centro é
composto de algum mineral de urânio (FIG. 33). Este não pôde ser identificado devido ao seu
tamanho reduzido, pois análise quantitativa teria influência do hospedeiro. Este tipo de
inclusão mineral foi observada apenas em piroxênios da amostra FEN 154-69,0. A seguir
estão análises qualitativas do hospedeiro e da inclusão (FIG. 34 a 36)
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 63
FIGURA 32 - Amostra: FEN154-69,0. Inclusão mineral em piroxênio. Foto tirada com câmera de infravermelho
em luz transmitida.
FIGURA 33 - Inclusão mineral em piroxênio. Imagem obtida pela microssonda.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 64
FIGURA 34 - Análise qualitativa de piroxênio.
FIGURA 35 - Análise qualitativa de inclusão mineral no piroxênio.
FIGURA 36 - Inclusão x hospedeiro. Observar interferência do hospedeiro no resultado da análise.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 65
GRANADA
A granada foi classificada como andradita (TAB. 4). A andradita é a granada de
ocorrência nos albititos, já citadas por diversos autores (CHAVES et al, 2007; LOBATO,
1982; entre outros).
TABELA 4 - Análise química, por microssonda eletrônica, representativa de granadas encontradas em granada-
albitito. Planilha para cálculo de fórmula mineral (BRADY et al, 2009).
Amostra FEN146-38,4 FEN146-38,4 FEN146-38,4
SiO2 35,80 35,71 35,63
TiO2 0,15 0,16 0,39
Al2O3 4,17 4,13 4,66
Cr2O3 0,00 0,00 0,00
Fe2O3 0,00 0,00 0,00
FeO 24,60 24,69 24,44
MnO 0,31 0,37 0,35
MgO 0,03 0,05 0,04
CaO 30,74 30,75 30,20
V2O3 0,00 0,00 0,00
total 95,80 95,87 95,71
Oxigênios 12 12 12
TSi 3,03 3,02 3,01
TAl 0,00 0,00 0,00
AlIV 0,42 0,41 0,02
Fe3 1,51 1,53 1,46
Fe2 0,23 0,21 0,27
V 0,00 0,00 0,00
Mn 0,02 0,03 0,03
Ca 2,78 2,78 2,74
Ti 0,01 0,01 0,02
Alm 7 7 9
And 72 72 68
Gros 20 20 22
Pyr 0 0 0
Spes 1 1 1
Gold 0 0 0
Uva 0 0 0
Total 100 100 100
EPIDOTO
O epidosito tem ocorrência restrita a anomalia 09 (BRITO et al, 1984). São rochas de
cor verde a verde-amarelada com mais de 70% de epidoto em sua composição (CRUZ, 2004).
Análise qualitativa em microssonda permitiu classificá-lo com epidoto propriamente dito
(FIG. 37).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 66
FIGURA 37 - Análise qualitativa por microssonda. Epidoto propriamente dito em epidosito.
Alguns cristais de epidoto ocorrem zonados, mas a análise qualitativa por microssonda
não evidenciou diferença composicional entre a borda e o núcleo (FIG. 38).
FIGURA 38 - Epidosito zonado. Imagem obtida por microssonda.
O epidoto propriamente dito também é encontrado no piroxênio-albitito (FIG. 39).
Ocorre como acessório e em alguns cristais foi observado que o núcleo é composto por alanita
(FIG. 40 e 41), observação feita por Cruz (2004) e constatada neste trabalho. Estes cristais são
pequenos, geralmente tem tamanho médio de 150 micra. (FIG. 42a, b). A análise quantitativa
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 67
em epidoto de um granada-albitito confirmou a composição química para epidoto
propriamente dito (ANEXO 1).
FIGURA 39 - Epidoto em albitito.
FIGURA 40 - Epidoto em albitito com núcleo de allanita. Imagem obtida por microssonda.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 68
FIGURA 41 - Análise qualidativa da inclusão de allanita no epidoto da figura anterior.
FIGURA 42 – (a) Epidoto disseminado em albita. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados. (b) Epidoto
com núcleo de allanita. Luz transmitida polarizada - Nicóis descruzados.
ANFIBÓLIO
O anfibólio foi analisado por microssonda em amostras de piroxênio-albitito, granada-
albitito e microclina-gnaisse. Foi classificado como hornblenda (ANEXO 1).
TITANITA
Foi selecionada uma amostra de piroxênio-albitito e de microclina-gnaisse (encaixante
do albitito). A titanita presente no piroxênio-albitito tem cor carne, já a presente no
microclina-gnaisse é branca. O principal objetivo foi identificar, através de análise por
microssonda, a presença de Pb e/ou U nestas amostras.
(a) (b)
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 69
Analisados por microssonda não apresentaram sinais de Pb ou U (FIG. 43 e 44). Foi
identificada apenas uma pequena diferença na quantidade de ferro e alumínio destas amostras
(ANEXO 2)
FIGURA 43 - titanita em piroxênio-albitito.
FIGURA 44 - Titanita em microclina-gnaisse
ZIRCÃO
O zircão ocorre como mineral acessório. É encontrado no albitito e na encaixante
(microclina gnaisse) (FIG. 45). Com a finalidade de compará-los, foram submetidos à análise
qualitativa por microssonda, que não evidenciou diferença entre eles (FIG. 46 e 47).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 70
FIGURA 45 - FEN 37-167,9m – azul= qtz, vermelho = titanita ou alanita, verde= apatita. O verde e vermelho
podem representar efeito de borda. Imagem obtida pela microssonda.
FIGURA 46 - Análise qualitativa. Amostra: FEN37-167,9m – Zircão.
FIGURA 47 - Análise qualitativa. Amostra: FEN146-39,5m – Zircão.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 71
4.3.INCLUSÕES FLUIDAS
4.3.1.Petrografia das Inclusões Fluidas
INCLUSÕES FLUIDAS NA ALBITA POLIGONIZADA:
Foram observados dois tipos de inclusões fluidas à temperatura ambiente: monofásicas
e bifásicas. As inclusões bifásicas têm tamanho médio de 20 micra, são alongadas e muito
raras. Têm formas irrregulares, podem também apresentar formas semi-retangulares (FIG.
48), relevo baixo. A bolha representa 10% do volume da inclusão. Correspondem às inclusões
primárias contemporâneas à recristalização da albita. Existem dois tipos de albitas, as
poligonizadas e com pontos triplos, muito abundantes e as albitas de forma irregular muito
rara, provavelmente anterior à poligonizada. Nesta última albita não foram encontradas
inclusões fluidas.
Já as inclusões monofásicas, possuem dois lados paralelos enquanto as outras duas faces
são irregulares (FIG. 49). Em alguns casos apresentam estrias no sentido alongado da
inclusão. Têm tamanho médio de 10 a 15 micra. São bastante abundantes.
FIGURA 48 - Inclusão fluida primária na albita. Bifásica, de ocorrência rara.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 72
FIGURA 49 - Inclusão fluida secundária na albita. Monofásica.
INCLUSÕES FLUIDAS NO PIROXÊNIO:
São inclusões de baixo relevo que mostram, à temperatura ambiente, uma fase líquida e
uma fase vapor. Podem estar presentes fases sólidas incolores (FIG. 50). Estas não têm
proporção definida e nem quantidade certa de ocorrência na inclusão, podendo ocorrer uma
ou mais fases sólidas na mesma inclusão. Ocorrem alongadas paralelamente à clivagem
mineral, sendo assim, classificadas como primárias. Algumas podem ter formato arredondado,
porém menos frequente (FIG. 51); outras podem apresentar estrias (FIG. 52). O tamanho
médio é de 10 a 20 micra. São inclusões isoladas, podendo formar pequenos grupamentos.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 73
FIGURA 50 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Pode ser observada uma pequena fase sólida semi-
retangular junto à borda inferior da inclusão.
FIGURA 51 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Esta não apresenta a forma alongada característica.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 74
FIGURA 52 - Inclusão fluida primária em piroxênio. Estriadas ao longo do comprimento da inclusão.
INCLUSÕES FLUIDAS EM GRANADAS
Fuzikawa e Alves (1988) apontam para a dificuldade de se encontrar inclusões fluidas
em granada nas rochas da área do projeto Lagoa Real. Devido a essa dificuldade, também
encontrada na anomalia 09, foram estudadas inclusões de um granada albitito não
mineralizado, única amostra que apresentou bastantes inclusões. Poucas inclusões de um
piroxênio-albitito mineralizado puderam ser estudadas.
Estas inclusões estão dispersas na granada (FIG. 53) podendo ocorrer isoladas (FIG.
54). Foram observadas inclusões fluidas primárias de relevo forte, escuras, de formas
irregulares a semipoligonizadas (hexagonais). As inclusões possuem uma fase líquida, uma
bolha (gás/vapor) e fase sólida. A fase sólida presente pode ser incolor ou de cor laranja. Foi
observada, em algumas inclusões, a presença das duas fases sólidas ou mais. As fases sólidas
são semipoligonizadas, também ocorrendo fases amorfas. As inclusões possuem tamanho
médio de 10 a 20 micra. A bolha corresponde a 10% do volume da inclusão.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 75
FIGURA 53 - Inclusão fluida primária em granada. Ocorrem agrupadas sem orientação. Também podem estar
isoladas, mas é menos freqüente. Observar a fase sólida de cor laranja.
FIGURA 54 - Inclusão fluida aquo-salina, bifásica, primária, isolada, em granada.
INCLUSÕES FLUIDAS EM TITANITAS
Foram observadas inclusões alongadas, irregulares, com fortes sinais de deformação.
São bifásicas, porém, provavelmente devido ao estrangulamento das inclusões durante
processo de deformação há também inclusões monofásicas (FIG. 55). Foram observadas
trilhas de inclusões em fraturas do mineral, estas raramente ultrapassam 5 micra (FIG. 56).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 76
FIGURA 55 - Trilhas de inclusões secundárias em titanitas. Devido ao tamanho pequeno não foi possível
identificar as fases.
FIGURA 56 - Plano de inclusões fluidas secundárias. Ocorrem inclusões bifásicas e monofásicas.
INCLUSÕES FLUIDAS NO EPIDOTO (EPIDOSITO)
Na literatura, não há registro de estudos anteriores de inclusões fluidas em epidotos de
Lagoa Real.
As inclusões fluidas do epidoto no epidosito são pequenas, raras vezes ultrapassam 10
micra. Ocorrem agrupadas, raramente isoladas, estão limitadas ao mesmo grão (FIG. 57 e 58).
A forma é irregular a alongadas e geralmente têm relevo forte. Algumas inclusões estão
orientadas em relação ao crescimento do cristal. Geralmente ocorrem em grandes quantidades.
A grande maioria das inclusões tem uma fase líquida e uma bolha, esta ocupa cerca de
10% do volume da inclusão. Podem estar presentes uma ou mais fases sólidas (FIG. 59). Há
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 77
dois tipos de fases sólidas, uma incolor e outra de cor laranja, esta é como a que ocorre nas
granadas. Como nas granadas, são provavelmente fases aprisionadas com o fluido. A presença
das fases sólidas na inclusão pode variar muito, podem estar presentes fases incolores e fases
de cor laranja na mesma inclusão.
No grupo de inclusões podem estar presentes inclusões monofásicas (vazias?). Algumas
apresentam fases sólidas (FIG 60).
FIGURA 57 - Inclusões fluidas em epidoto. Ocorrem agrupadas, limitadas ao grão. Raramente isoladas.
FIGURA 58 - Inclusão fluida isolada em epidoto.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 78
FIGURA 59 - Inclusão fluida aquo-salina com fases sólidas.
FIGURA 60 - As inclusões geralmente não têm orientação e têm formas variadas.
INCLUSÕES FLUIDAS EM ZIRCÃO.
No piroxênio-albitito mineralizado, em cristais de zircão, foram encontradas inclusões
fluidas secundárias (FIG. 61 e 62). Já na amostra da encaixante, microclina gnaisse, foram
encontradas inclusões no zircão de características distintas da amostra mineralizada. Estas
estão alinhadas ao longo do eixo de crescimento do cristal, contudo são muito pequenas e
escuras para que se possa identificar qualquer fase (FIG 63 e 64).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 79
FIGURA 61 - Zircão. Amostra: FEN146-39,5m
FIGURA 62 - Inclusões secundárias no zircão da figura acima. Piroxênio-albitito.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 80
FIGURA 63 - Inclusões aparentemente primárias no zircão. Microclina-gnaisse.
FIGURA 64 - Detalhe das inclusões da figura acima.
4.3.2.Microtermometria
INCLUSÕES FLUIDAS EM PIROXÊNIOS
Medidas microtermométricas em piroxênios foram realizadas em amostras de
piroxênio-albitito mineralizado e estéril. A obtenção dos dados microtermométricos foi
bastante difícil e demorada devido ao tamanho das inclusões, e por ocorrerem geralmente
isoladas. A cor do mineral também dificultou a visualização das mudanças de fase durante os
testes microtermométricos. Fuzikawa e Alves, 1988 mencionam um escurecimento do mineral
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 81
durante seu resfriamento, que dificultou a obtenção de dados. Este fenômeno também foi
observado em algumas inclusões da AN09.
Foram estudados dois tipos de inclusões com características primárias. O primeiro tipo
apresenta fases sólidas e aquosas e o segundo tipo apenas fluidos.
A criometria foi realizada em 40 inclusões em piroxênios de amostras mineralizadas. A
maioria das inclusões fluidas apresentaram temperatura de fusão do gelo a –12ºC, que
corresponde a salinidade equivalente a 16% em peso de NaCl. (FIG. 65)
A microtermometria demonstrou que ambos tipos possuem fluidos de mesma
salinidade. São, portanto contemporâneas e a fase sólida foi aprisionada com o fluido quando
se formou a inclusão. As fases sólidas aparecem aleatoriamente nas IF. Algumas IF
apresentam apenas uma fase sólida, ao mesmo tempo em que, inclusões próximas apresentam
mais de uma fase sólida e ainda formas irregulares. Devido a estas características e após
aquecimento destas inclusões a temperaturas de cerca de 450ºC sem que houvesse alteração
na fase sólida, a possibilidade de se tratar de cristais de saturação foi descartada.
As amostras não apresentam dispersões significativas nos resultados obtidos durante a
criometria. Apenas a amostra de superfície apresenta um desvio, a temperatura de fusão do
gelo foi a –14ºC. Porém são apenas duas medidas, pois devido à pequena quantidade de
inclusões e seu tamanho (< 10 micra) não foi possível obter outras medidas nesta amostra.
A temperatura de homogeneização mostrou uma dispersão grande, porém, mais de 70%
das medidas, realizadas em 46 IF, apresentam valores de +270 a +290ºC. (FIG. 66). As FIG.
67 e 68 apresentam o somatório das amostras estudadas, tanto para resfriamento quanto para
aquecimento.
As inclusões em amostras estéreis apresentaram os mesmos resultados das amostras
mineralizadas. E os dados, tanto de criometria quanto de aquecimento, não apresentaram
dispersão. (FIG 69 e FIG. 70)
Também foram estudadas 12 inclusões de piroxênio em amostra de granada-albitito. A
temperatura de fusão do gelo obtida ficou no intervalo de –11 a –12ºC. Esta temperatura
corresponde a mesma salinidade para o piroxênio encontrado em amostras de piroxênio-
albitito, 16% em peso equivalente de NaCl. (FIG. 71).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 82
Oliveira et al (2007) obtiveram valores de –11 a –13ºC para fusão do gelo em
piroxênios em amostras de albititos de Lagoa Real. Os dados são coerentes com os obtidos
neste trabalho.
A temperatura do eutético em inclusões de piroxênio, obtida em seis inclusões da
amostra FEN154-36,6m, estão na faixa de -52 a -54ºC (FIG 72).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 83
IF EM PIROXÊNIO (MINERALIZADO)
FIGURA 65 - Histograma da temperatura de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
piroxênio-albitito mineralizado.
IF EM PIROXÊNIO (MINERALIZADO)
FIGURA 66 - Histograma da temperatura de homogeneização total em inclusões fluidas primárias em
piroxênio-albitito mineralizado.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 84
FIGURA 67 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias em piroxênio-
albitito mineralizado.
FIGURA 68 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias em
piroxênio-albitito mineralizado.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 85
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Fre
qu
ên
cia
-11 -12 -13
Temperatura (ºC)
IF EM PIROXÊNIO (ESTÉRIL)
FEN 154 - 40,10m
FIGURA 69 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
piroxênio-albitito estéril.
0
2
4
6
8
10
12
Fre
qu
ên
cia
270 280 290
Temperatura (ºC)
IF EM PIROXÊNIO (ESTÉRIL)
FEN 154 - 40,10m
FIGURA 70 - Histograma das temperaturas de homogeneização total de inclusões fluidas primárias de
piroxênios em piroxênio-albitito estéril.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 86
0
2
4
6
8
10
Fre
qu
ên
cia
-11 -12 -13
Temperatura (ºC)
IF EM PIROXÊNIO (ESTÉRIL)
FEN 133 - 39,0m
FIGURA 71 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de piroxênios em
granada-albitito estéril.
0
1
2
3
Fre
qu
ên
cia
-52 -53 -54
Temperatura (ºC)
IF EM PIROXÊNIO (MINERALIZADO)
FEN 154 - 36,6m
FIGURA 72 - Histograma das temperaturas eutéticas em inclusões fluidas primárias de piroxênio em piroxênio-
albitito mineralizado.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 87
INCLUSÕES FLUIDAS EM ALBITAS
Inclusões fluidas em albitas de piroxênio-albitito mineralizado apresentaram
temperaturas de –0,4 a –3,9ºC para a fusão do gelo. As inclusões de albitas em piroxênio-
albitito estéril mostraram resultados semelhantes, além de dispersão menor. Correspondem a
salinidades de 3% em peso equivalente de NaCl. (FIG 73 e 74)
Fuzikawa e Alves (1988) obtiveram medidas de temperatura de fusão do gelo próximas
a -2,0ºC em IF primárias de albitas. Contudo, para as diferentes amostras estudadas por estes
autores a salinidade apresentou uma ampla dispersão.
A dispersão das medidas para homogeneização do fluido foi muito grande, variando de
+ 200 a + 320ºC. (FIG 75 e 76).
Alves e Fuzikawa (1984) mostraram que as IF em plagioclásios dos albititos de Lagoa
Real podem apresentar efeito de dilatação quando submetidas a superaquecimentos. Assim,
presume-se que durante o aquecimento, pequenas porções do fluido possam ter vazado por
microfissuras produzidas na inclusão, o que explicaria a dispersão das medidas de
homogeneização.
FIGURA 73 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de albitas em
piroxênio-albitito mineralizado.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 88
0
1
2
3
4
5
6
Fre
qu
ên
cia
-1 -2
Temperatura (ºC)
IF EM PLAGIOCLÁSIO (ESTÉRIL)
FEN 154 - 40,10m
FIGURA 74 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de albitas em
piroxênio-albitito estéril.
FIGURA 75 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas de albitas em
piroxênio-albitito mineralizado.
0
0,5
1
1,5
2
Fre
qu
ên
cia
190 230 252 325
Temperatura (ºC)
IF EM ALBITA (ESTÉRIL)
FEN 154 - 40,10m
FIGURA 76 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de albitas
em piroxênio-albitito estéril.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 89
INCLUSÕES FLUIDAS EM GRANADAS
Em granadas foram estudadas inclusões fluidas de amostras de granada albitito-estéril.
As amostras mineralizadas que foram selecionadas não apresentaram inclusões fluidas. Para
complementação e comparação, foram realizadas três medidas em inclusões de granadas de
piroxênio-albitito mineralizado. Uma quantidade mais expressiva de medidas não foi possível
devido à pequena quantidade de granadas encontradas na amostra, somado a pouca
quantidade de inclusões fluidas presentes.
Foi feita criometria em 61 inclusões da amostra FEN133-39, correspondente à rocha
granada-albitito estéril. Os resultados foram bastante consistentes, com temperaturas entre –9
a –10ºC, correspondendo a salinidades de 14% em peso equivalente de NaCl. São
ligeiramente inferiores às do piroxênio (FIG 77). Estes resultados mostram que a granada
possui um fluido com salinidade levemente inferior à do piroxênio.
Foi possível estudar inclusões em granadas do piroxênio-albitito mineralizado da
amostra de superfície. Porém, são pequenas e raras. Três medidas de fusão de gelo foram
feitas com temperaturas entre –7 a –8ºC, correspondendo a salinidades de 12% em peso
equivalente de NaCl. (FIG. 78). Temperatura um pouco inferior das encontradas em granadas
de amostras de granada-albitito.
A temperatura do eutético em inclusões de granada, obtida em três inclusões da amostra
FEN133-39, estão na faixa de -52 a -53ºC (FIG. 79).
Oliveira et al (2007) estudou inclusões fluidas em granadas em albititos de Lagoa Real e
também obteve valores de temperatura para o eutético semelhantes (entre -51 e -54ºC). Os
dados são coerentes aos deste trabalho.
A temperatura de homogeneização está entre +200 e +240ºC para as amostras estéreis
(FIG 80). As mineralizadas foram enviadas para análises quantitativas por LA-ICP-MS e não
puderam ser aquecidas, pois durante o aquecimento estas poderiam vazar, o que poderia
interferir nos resultados.
Oliveira et al (2007) obteve valores de –12ºC para fusão do gelo em granadas de
albititos de Lagoa Real. A salinidade para essa temperatura corresponde a cerca de 16% em
peso equivalente de NaCl, sendo um pouco mais salino que o fluido encontrado em granadas
da AN09.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 90
0
10
20
30
40
50F
req
uên
cia
-9 -10
Temperatura (ºC)
IF EM GRANADA (ESTÉRIL)
FEN 133 - 39,0m
FIGURA 77 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de granadas em
granada-albitito estéril.
0
1
2
Fre
qu
ên
cia
-7 -8
Temperatura (ºC)
IF EM GRANADAS (MINERALIZADO)
Superfície
FIGURA 78 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de granadas em
piroxênio-albitito mineralizado.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 91
0
1
2
Fre
qu
ên
cia
-52 -53
Temperatura (ºC)
IF EM GRANADAS (ESTÉRIL)
FEN 133 - 39,5m
FIGURA 79 - Histograma das temperaturas eutéticas do fluido em inclusões fluidas primárias de granadas em
granada-albitito estéril.
0
5
10
15
20
25
Fre
qu
ên
cia
200 210 220 230
Temperatura (ºC)
IF EM GRANADA (ESTÉRIL)
FEN 133 - 39,0m
FIGURA 80 - Histograma das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de granadas
em granda-albitito estéril.
INCLUSÕES FLUIDAS EM EPIDOTOS DE EPIDOSITO ESTÉRIL
Epidotos nas amostras de albititos mineralizados estudadas neste trabalho são cristais
muito diminutos e não apresentaram inclusões fluidas. Os estudos foram então, direcionados
para inclusões em epidotos de epidosito estéril.
Como foi dito anteriormente na parte de microscopia, estas inclusões são muito
pequenas, o que dificultou o estudo microtermométrico. Porém, como as inclusões são muitas,
foi possível estudar algumas. Foi feito criometria em 11 inclusões e aquecimento em 10.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 92
A temperatura de fusão do gelo está entre –9,0 e –10,0ºC, idêntica a encontrada nas
granadas (FIG 81).
Já a homogeneização do fluido ficou acima das medidas da albita, do piroxênio e
granada. Sem apresentar dispersão, todas estão na faixa de +340 a +350ºC (FIG 82).
0
1
2
3
4
5
6
7
Fre
qu
ên
cia
-9 -10
Temperatura (ºC)
IF EM EPIDOTOS (ESTÉRIL)
Epidosito
FIGURA 81 - Histograma das temperaturas de fusão do gelo em inclusões fluidas primárias de epidotos em
epidosito estéril.
0
1
2
3
4
5
6
Fre
qu
ên
cia
340 350
Temperatura (ºC)
IF EM EPIDOTOS (ESTÉRIL)
Epidosito
FIGURA 82 - Histogramas das temperaturas de homogeneização total em inclusões fluidas primárias de
epidotos em epidosito estéril.
As IF citadas na microscopia como monofàsicas ou vazias, devido ao tamanho pequeno
destas inclusões, não apresentaram mudança de fase visível durante o teste
microtermométrico.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 93
4.3.3.Platina de Esmagamento
MINERAIS CLAROS
Foi feito teste de esmagamento em minerais claros de amostras de albitito e microclina-
gnaisse. O fluido utilizado foi glicerina. Observaram-se indícios de fases carbônicas tanto no
albitito quanto na encaixante (microclina gnaisse). Esta, porém, indicou quantidades maiores
de fases carbônicas que o albitito. Dos vários testes para cada litologia, o microclina-gnaisse
apresentou resultados correspondentes a “fraco” e o albitito apresentou resultados
correspondentes a “muito fraco”. Esta classificação foi obtida pela carta comparativa dos
gases liberados durante o teste de esmagamento com a platina Chaixmeca.
A classificação da liberação de gases passa por: nulo, muito fraco, fraco, médio, forte e
muito forte (RASUMNY, 1957, 1960, citado por FUZIKAWA, 1985).
4.3.4.LA-ICP-MS
Estas análises foram realizadas no LA-ICP-MS Laboratory do Institute of Geological
Science da Universidade de Leeds, Inglaterra, sob a responsabilidade do Professor Bruce
Yardley. O equipamento utilizado foi o ICP-MS Agilent 7500c e o sistema de LA Geolas Q.
Em inclusões fluidas o método é aplicado fazendo-se um furo por ablação a laser
através do hospedeiro. Por este método foram analisadas quantitativamente inclusões em
piroxênio, granada e albita. Inclusões em epidoto não puderam ser estudadas, pois até a data
de envio das inclusões para análise por LA-ICP-MS não tinham sido encontradas inclusões
fluidas nas amostras com epidoto.
Foram enviadas 09 amostras de inclusões fluidas para análise. Três inclusões em
granadas, três em piroxênios e três em albitas. Por causa do pouco tempo disponível para
análise, foram realizadas análises em apenas 06 destas amostras (FIG. 83), pois cada amostra
enviada possuía apenas uma inclusão e a troca de amostras aumenta bastante o tempo gasto
nas análises. Regiões com várias inclusões fluidas não foram enviadas para análise, pois
geralmente apresentam inclusões menores para as amostras da anomalia 09. Mesmo assim,
durante a ablação o furo causado pelo laser foi bem maior que todas as inclusões enviadas.
Parte do hospedeiro foi analisada com a inclusão. Os dados apresentados nas FIG. 84 e
85 foram tratados com objetivo de retirar a interferência do hospedeiro. Para os cálculos foi
utilizada uma tabela da concentração em peso normalizada para salinidade equivalente em
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 94
NaCl (ppm). Utilizou-se salinidade padrão equivalente a 3% em peso de NaCl.
Posteriormente, no LIFM/CDTN, estas salinidades foram corrigidas para as salinidades
equivalentes a cada tipo de inclusão fluida estudada (ANEXO 3).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 95
FIGURA 83 - Inclusões fluidas analisadas por LA-ICP-MS.
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 96
INCLUSÃO NO PIROXÊNIO
A inclusão PX24 apresentou valores elevados para o Ca, Fe e Mg (FIG. 84). A
quantidade de Ca e Fe se fundamentam pelo hospedeiro da inclusão (hedembergita -
CaFeSi2O6). Em minerais hospedeiros de inclusões fluidas, que não seja o quartzo, as
composições dos fluidos aquosos podem mudar após o aprisionamento do fluido devido a
trocas iônicas entre o fluido e o hospedeiro (CRAWFORD, HOLLISTER, 1992).
Devido ao minúsculo tamanho das IF analisadas (<10 micra) ficaram dúvidas sobre a
representatividade dos resultados. Evidentemente todos os resultados estão presentes, porém,
não se sabe se estão restritos ao mineral hospedeiro, ao fluido, ou aos dois.
INCLUSÃO NA ALBITA
A inclusão PL2 apresentou valor expressivo apenas para o Ca e Na; e teores de traços de
Mg, K, Ca, Mn, Fe, Cu, Zn, As, Sr, Sb, Ba e Pb (FIG. 84). Sobre a representatividade dos
resultados, na albita tem-se a mesma situação observada nos piroxênios. O valor elevado para
o cálcio, provavelmente é interferência do hospedeiro que tem composição padrão AN10.
FIGURA 84 - Diagrama representando os principais elementos obtidos por LA-ICP-MS. (ANEXO 3).
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS 97
INCLUSÕES EM GRANADAS
Chaves et al (2009) estudaram, por LA-ICP-MS, as granada e confirmaram a presença
dos elementos: Si, Ca, Ti, V, Fe, Al e Sr na estrutura do mineral. No fluido encontraram Na,
Mg, Rb, Sr, Ba, Pb e U. Estes autores não observaram teores de Zn e Cu (FIG. 85). Sendo
assim, por extrapolação, considera-se que Zn e Cu poderiam estar presentes no fluido desse
mineral.
FIGURA 85 - Diagrama representando os principais elementos obtidos por LA-ICP-MS. (ANEXO 3).
98
CAPÍTULO 5 - DISCUSSÕES
Neste trabalho foram estudados, por inclusões fluidas, boa parte dos minerais
(piroxênio, granadas, plagioclásio, titanita, epidoto) que constituem a seqüência mineralógica
associada à mineralizações uraníferas dos albititos.
Segundo Kyser e Cuney (2008) os depósitos de U de Lagoa Real foram fortemente
deformados durante o evento Brasiliano a cerca de 500 Ma e a paragênese mineral foi
totalmente recristalizada com formação de estrutura granoblástica poligonal para quartzo e
feldspatos, implicando em uma alta temperatura de deformação (500-600ºC). Desta maneira,
o evento de deformação teria levado ao completo desaparecimento da textura inicial,
impedindo a reconstituição de uma sucessão paragenética, e o desenvolvimento de qualquer
estudo de inclusões fluidas voltados para a caracterização das soluções responsáveis pelo
processo de alteração e mineralização. De forma semelhante, impediria a definição das
condições tectônicas prevalecentes na área quando a mineralização se formou.
Nas próximas páginas discutiremos sobre o significado e a interpretação dos fluidos
encontrados nas rochas estudadas neste trabalho e sua aplicação metalogenética.
QUADRO DE FLUIDOS NOS ALBITITOS DA JAZIDA DO ENGENHO
Os estudos pioneiros de IF desenvolvidos em Lagoa Real na década de 80, por Alves e
Fuzikawa (1984), Fuzikawa (1980, 1982), Fuzikawa et al (1988), Fuzikawa e Alves (1988),
chamaram a atenção para a tendência preliminar que sugere um aumento no volume de
fluidos entre as anomalias situadas ao sul da área e aquelas localizadas nos setores central e
norte. Essa tendência foi confirmada no andamento deste trabalho, e por outros que ora estão
em andamento (por exemplo, dissertação de mestrado de Lucilia Aparecida Ramos de
Oliveira, anomalia 03, com previsão de defesa 2010), ou recentemente finalizados (CHAVES
et al, 2009, anomalia 13).
Esse aumento no volume de fluidos pode ser constatado pela ocorrência de IF (raras nos
minerais das anomalias do sul e muito abundantes no norte) e pela associação mineral. Nesse
sentido, deve-se destacar que, no centro e norte de Lagoa Real, aumenta o volume de
anfibólios (minerais hidratados), originados pela alteração de piroxênios. E, no extremo norte
(anomalia 31), aparecem teores importantes de clorita (informação verbal: FUZIKAWA, K).
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 99
Surgem, então, perguntas importantes sobre o papel dos fluidos, que devem ser
colocadas e discutidas com base nos dados obtidos neste trabalho. Por exemplo:
Até que ponto o evento Brasiliano obliterou os fluidos pré-existentes nos minerais dos
albititos?
O evento Brasiliano, em Lagoa Real, foi um evento somente térmico, ou teve fluidos
associados?
Os minerais originados por processos metamórfico / metassomáticos (ex. granadas,
piroxênios) foram originados durante ou antes do Brasiliano?
A albitização é pré-brasiliana ou sin-brasiliana?
Existiu um único processo de albitização?
E sobre a afirmação de Kyser e Cuney (2008), colocada no início da discussão,
podemos perguntar: Se o Brasiliano obliterou tudo, porque encontramos tantos fluidos
diferentes na associação mineral dos albititos? Os dados obtidos neste trabalho sugerem que,
provavelmente, o Brasiliano foi um evento térmico sem um fluido predominante associado,
pelo menos no setor de Lagoa Real. Do contrário, esse fluido deveria estar presente nos
minerais da paragênese mineral.
Entretanto, o que se observa é a presença de fluidos com composição, salinidade e
temperaturas diferentes e/ou aproximadas em determinados casos (TAB. 5 e FIG. 86). Os
fluidos associados a piroxênio, granada e epidoto, aquo-salinos, primários e sem fases
carbônicas apresentam características semelhantes, com leves variações. Todos apresentam
média a alta salinidade (de 14 a 18% equivalente em peso de NaCl), onde os maiores valores
correspondem ao piroxênio e os menores à granadas e epidositos. Com relação às
temperaturas, observa-se, novamente, um decréscimo entre os valores registrados para o
piroxênio e para a granada. Isto sugere que, entre a formação destes dois minerais ocorreu um
processo de diluição e diminuição da temperatura. O processo de diluição também deve estar
relacionado à formação do epidosito. Porém, as altas Th registradas neste mineral sugerem um
evento térmico posterior. Cruz (2004) e Chaves et al (2007), associam o epidoto a evento
posterior à formação da granada. Os epidositos seriam resultado da transformação dos
oligoclasitos, contemporâneos aos albititos. Uma parte dos corpos mapeados por Costa et al
(1985) como albitito são oligoclasitos (CRUZ, 2004).
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 100
Os resultados microtermométricos obtidos em granadas são equivalentes às
determinações de Chaves et al (2009) em amostras da Jazida da Cachoeira (AN13), AN09 e
AN07. Este autor estudou inclusões fluidas em augita que denominou de piroxênio primário e
constatou por LA-ICP-MS a presença de Na, Rb e Ba nos fluidos. De acordo com o autor
estes elementos também aparecem nos fluidos da granada, embora sejam incompatíveis com a
estrutura desse mineral. Como a granada teria se formado a partir da augita, esses elementos
teriam se acumulado no fluido das IF junto com Na, Mg, Rb, Sr, Ba, Pb, U235
e U238
.
No presente trabalho, os estudos por LA-ICP-MS em piroxênios indicaram a presença
de Ca, Fe e Mg o que deve indicar o reflexo da composição do hospedeiro, hedembergítico.
Nas granadas foi observada uma situação similar. Porém o LA-ICP-MS indicou teores
elevados de Cu e Zn no fluido, fato não observado anteriormente por Chaves et. al. (2009).
SOBRE A PRESENÇA DE Cu e Zn NAS GRANADAS
O elemento Cu veio com o fluido que precipitou a granada, mas provavelmente não
ficou na estrutura, e foi aprisionado nas inclusões fluidas, podendo ter migrado para fora do
sistema. Ribeiro et al (1984) citam a presença de torbernita em Lagoa Real (fosfato de uranila
cuja fórmula é Cu[(UO2)(PO
4)]
2 . 8-12 (H
2O)). É possível que o Cu liberado na precipitação
da granada possa ter originado o mineral de urânio torbernita.
A presença de Zn se explica pela afinidade deste com Cu. Nesse sentido, é bom destacar
que mineralizações de Cu e Zn são citadas na Chapada Diamantina (STEIN et al,1980). Para
esses autores, estas mineralizações seriam paragenéticas à mineralização de urânio e
associadas a fenômenos endógenos ligados a uma atividade magmática de idade
paleoproterozóica (CRUZ, 2004).
FLUIDOS ASSOCIADOS AO METASSOMATISMO SÓDICO
Os fluidos associados ao metassomatismo sódico, que gerou o plagioclásio albítico nos
albititos, embora sejam aquo-salinos, sem fases carbônicas, apresentam salinidades muito
inferiores (FIG. 86), sugerindo processo de diluição bem mais intensos. Desta maneira, os
fluidos da anomalia 09 apresentam uma diluição no sentido das fases minerais mais recentes.
Esta observação não caracteriza substituição de minerais máficos por albita.
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 101
TABELA 5 - Resumo dos resultados da microtermometria de inclusões fluidas. Média das temperaturas das
inclusões do ANEXO 4.
Rocha Mineral Amostra Tfgelo Thtot Te %p/p
NaCl
Piroxênio albitito /
mineralizado
piroxênio FEN154-69,0m -11,9 286 15,8
Piroxênio albitito /
mineralizado
piroxênio Superfície -14,6 277 18,3
Piroxênio albitito /
mineralizado
piroxênio FEN154-36,6m -12,1 283 -53,4 16,1
Piroxênio albitito / estéril piroxênio FEN154-40,10m -12,4 281 16,3
Piroxênio albitito /
mineralizado
plagioclásio FEN146-39,5m -1,7 210 2,8
Piroxênio albitito /
mineralizado
plagioclásio FEN154-36,6m -2,5 303 4,0
Piroxênio albitito / estéril plagioclásio FEN154-40,10m -2,2 255 3,6
Piroxênio albitito /
mineralizado
granada Superfície -8,0 11,7
Granada albitito / estéril granada FEN133-39m -10,4 222,9 -52,9 14,3
Epidosito / estéril epidoto Epidosito -10,3 348,9 14,3
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 102
FIGURA 86 - Diagrama de salinidade x temperatura de homogeneização total.
A dispersão observada nas Tht dos plagioclásios pode ter sido conseqüência dos
processo de dilatação estudados anteriormente por Alves e Fuzikawa (1984).
Entretanto, os fluidos associados à albitização não são somente aquo-salinos. Nos
gnaisses encaixantes dos albititos a anomalia 03 (Rabicha) foram encontrados, recentemente,
fluidos aquo-carbônicos primários associados à albitas (AMORIM, 2009). Além disso, esses
fluidos apresentam salinidades intermediárias a altas (FIG. 86). Isto prova a existência de,
pelo menos, dois diferentes fluidos que originaram processos de albitização em rochas
situadas espacialmente muito perto umas das outras (albititos e encaixantes gnáissicas).
ISÓCORAS, GEOTERMÔMETROS E PRESSÃO DE FORMAÇÃO
Lobato et al (1983a) e Lobato et al (1983b), obtiveram, por geotermometria de isótopos,
temperaturas de 500ºC – 540ºC (P = 4 kbar) para os albititos. Os resultados foram obtidos a
partir dos pares isotópicos quartzo-piroxênio, quartzo-magnetita e quartzo-feldspato. Cruz
(2004) obteve, por geotermometria, temperaturas entre 580ºC (P = 5 kbar) e 745ºC (P = 10
kbar) nos albititos. Nos gnaisses a temperatura variou entre 667ºC (P = 5 kbar) e 715ºC (P =
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 103
10 kbar). Por estes resultados, tomando-se como base o intervalo de temperatura de 500ºC-
600ºC foi possível comparar as isócoras obtidas pelos fluidos (ANEXO 5).
Utilizando esses geotermômetros como temperatura de referência, sua interseção com as
isócoras obtidas para o piroxênio e albita sugerem que os processos de fomação do piroxênio
e da albita ocorreram sob condições de pressão equivalente, de 2,8 a 5 kbar (média de 4 kbar)
que corresponde a profundidades entre 9 e12 km (FIG. 87).
Para o piroxênio, os resultados são confiáveis. Porém, para os plagioclásios sugere-se
utilizar o valor mínimo de pressão (2,8 kbar) em função de que a dilatação durante o
aquecimento poderia ter gerado resultados incorretos.
FIGURA 87 - Gráfico das isócoras de piroxênios e albitas em albititos. Simplificação do ANEXO 5.
DADOS OBTIDOS VS. MODELOS ANTERIORES QUE ABORDAM DISCUSSÕES
SOBRE FLUIDOS
Se partirmos da premissa de que a albitização dos albititos ocorreu após a formação do
piroxênio e da granada, e que o metassomatismo sódico teve lugar antes do evento brasiliano,
podemos sugerir que este último não obliterou totalmente os fluidos pré-existentes.
Na FIG. 89 é apresentado um resumo dos modelos metalogenéticos e das idades obtidas
até o momento para o setor de Lagoa Real.
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 104
Não foi objetivo deste trabalho elaborar mais um modelo e, sim apresentar novos dados
sobre fluidos que permitam corroborar, ou não, as teses anteriormente apresentadas
fomentando uma discussão construtiva. Nessa linha, sobre o modelo geral apresentado por
Cuney e Kyser (2008) Maruejol (1989) e sustentado com dados de Lobato e Fyfe (1990) e
Cruz (2004) (item 2 da FIG. 89), pode-se dizer que a Ab1 do gnaisse apresenta fluidos aquo-
carbônicos, e que a Ab1 do albitito mineralizado não apresenta IF (FIG. 89).
A microscopia de IF em plagioclásios dos gnaisses (encaixantes dos albititos) sugere
que, provavelmente, haveria fluidos carbônicos primários associados a esses minerais. O
diminuto tamanho das IF (< 5 micra) impediu corroborar microtermometricamente esta
suposição. Entretanto, estudos preliminares de esmagamento (em minerais claros) indicaram a
presença de fluidos carbônicos. Estes resultados são coerentes com resultados recentemente
obtidos por Amorim (2009) que provam a existência de IF aquo-carbônicas primárias em
cristais de albita do gnaisse encaixante dos albititos da anomalia 03 (Jazida da Rabicha),
localizada mais ao sul. Essas IF registram temperatura de homogeneização do CO2 na faixa de
29ºC a 31ºC e temperatura de homogeneização total na faixa de 350-400ºC. A salinidade
corresponde a 12,86% equivalente em peso de NaCl. As isócoras desse fluido sugerem
pressões de formação inferiores às registradas no plagioclásio da AN09 (AMORIM, 2009).
Estas são as primeiras evidências da presença de fluidos com CO2 nas encaixantes dos
albititos. Estudos anteriores (FUZIKAWA et al, 1988) não haviam detectado esses
componentes nas rochas, sugerindo que a ausência de inclusões com CO2 nos albititos e
gnaisses é resultado de decrepitação durante o metamorfismo (provavelmente do ciclo
Brasiliano). Fuzikawa et al (1988) observaram, ainda, que as amostras com forte foliação
apresentaram inclusões menores do que as menos tectonizadas. Seriam as AN03 e AN09
áreas de menor deformação, e ainda preservando fluidos carbônicos?
Os fluidos com CO2 que aparecem nos gnaisses talvez também estejam presentes nos
albititos, provavelmente como fluidos tardios ou intergranulares. Esta suposição baseia-se no
fato de terem sido encontrados (durante os estudos de esmagamento nos albititos) indícios
claros da presença de gases sob pressão (carbônicos). Esses compostos moleculares aparecem
em quantidades bastante inferiores daquelas observadas nas encaixantes. Reitera-se que nos
minerais estudados nos albititos não foram encontradas IF primárias com fases carbônicas.
Estas tendências sugerem a ocorrência de dois processos de albitização no setor de
Lagoa Real: um associado a fluido composto por H2O + CO2 + sais (na encaixante gnáissica)
e outro (no albitito) formado por uma fase aquo-salina. E, provavelmente, originados a
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 105
pressões e profundidades diferentes. Uma comparação detalhada entre os diferentes fluidos
responsáveis por albitização em Lagoa Real está em andamento sob liderança da mestranda
Lucilia A. R. de Oliveira / CDTN.
A ausência de IF na Ab1 do albitito mineralizado pode ser devida ao cisalhamento bem
mais intenso a que foi submetido.
Os piroxênios “magmáticos”, estudados por Chaves et al (2007) não foram observados
na AN09. Por outra parte, o piroxênio estudado neste trabalho, se comparados com os
piroxênios estudados por Chaves et al (2009), não apresentam “inclusões fundidas”. Os
valores de salinidades obtidos no piroxênio “magmático” são muito semelhantes aos obtidos
nesta dissertação. A única diferença está na temperatura eutética, onde o piroxênio
“magmático” de Chaves et al (2009) apresenta temperaturas inferiores (-65ºC), (FIG. 88).
Destaca-se que o fluido salino encontrado nos piroxênios desta dissertação tem valores
coerentes à salinidade e ao eutético encontrado por Chaves (2009) para IF secundárias em
augitas.
Portanto, as tendências encontradas sugerem que os fluidos do piroxênio da AN09
seriam diferentes do fluido do “piroxênio magmático” estudado por Chaves (2009). São,
provavelmente, gerações distintas.
Ainda, sobre a proposta de Chaves et al (2007), não foi encontrada a “titanita
magmática” com teores de U, nem evidências de pertitas nas amostras estudadas.
Chaves et al (2007) chamam de magmática a albita precoce do albitito mineralizado e
estéril. De acordo com essa proposta, seria de esperar que os fluidos da albita magmática, ou
albita precoce (de albitito), fossem diferentes dos fluidos da albita da encaixante. Porém, a
falta de IF nos cristais do albitito, não permite fazer essa verificação na AN09.
Provavelmente a deformação na anomalia 09 foi intensa o suficiente para alterar as
feições ígneas primárias (piroxênio e titanita “magmáticos”, sugeridos por Chaves et al
(2007)).
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 106
FIGURA 88 - Representação da salinidade x eutético do piroxênio primário estudado por Chaves et al (2009) e
do piroxênio metamórfico da AN09.
Portanto, a albita primária, referida por Chaves et al (2007), foi encontrada na AN09.
Porém, nesta geração de albita não foram encontradas inclusões fluidas.
Finalmente, os dados obtidos na Jazida do Engenho permitiram verificar a ocorrência de
um quadro de fluidos que apresentam variações composicionais em, pelo menos, três estágios
diferentes: Piroxênio magmático (CHAVES et al, 2007) → Px metamórfico (CHAVES et al,
2007) associado a urânio → albita (poligonizada) associada a urânio, faltando posicionar o
fluido associado à albita precoce.
Os fluidos presentes nas IF dos minerais estudados (piroxênio, granada, epidoto e albita)
são semelhantes. Todos possuem composição aquo-salina. A pequena diluição observada
entre o fluido contido nos piroxênios e o contido nas granadas, seguido por uma diluição mais
acentuada em relação à albita, permite mais de uma interpretação genética. LOBATO ET AL
(1982, 1983 e 1985) citam a participação de fluidos do Supergrupo Espinhaço no processo de
mineralização, como detalhado anteriormente. Porém, estudos de inclusões fluidas
apresentaram salinidades baixas para as amostras do Supergrupo Espinhaço. Os resultados
destas amostras e o modelo proposto por FYFE (1979) e discutido por LOBATO (1982,
1983a, 1983b e 1985) são incompatíveis. (FUZIKAWA & ALVES, 1988). No entanto, este
fluido meteórico pode não ter causado a albitização, porém, ter sido responsável pelo processo
de diluição evidente nos minerais dos albititos. Os resultados desta dissertação não descartam
a possibilidade de tratar-se de sistema isoquímico, como acredita Chaves (2007).
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 107
A elucidação da origem do fluido mineralizador na PULR depende da continuação dos
estudos sobre a gênese do urânio nesta província. Estudos de IF devem continuar sendo feitos
a fim de dar suporte às diversas interpretações, rumo a um modelo mais completo.
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO 108
FIGURA 89 - Zoneamento geral da Província Uranífera de Lagoa Real.
Legenda:
1) Chaves et al 2007.
2) Cuney (2009) e Maruejol (1988), sustentado por Cruz (2004) e Lobato, Fife (1990).
3) Fluidos da AN09 (esta dissertação).
a) idade do magmatismo sienítico.
b) Idade do evento orogenético Orosiriano, seguido por cinco sucessivos eventos hidrotermais.
c) idade do granito-gnaisse São Timóteo.
d) idade da mineralização uranífera (TURPIN et al, 1988).
e) alteração hidrotermal e recristalização que acompanham a mineralização uranífera (PIMENTEL et al, 1994).
f) idade de formação da uraninita (STEIN et al, 1980).
g) = item c).
109
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO
Neste trabalho foi estudada, por inclusões fluidas, boa parte dos minerais (piroxênio,
granada, plagioclásio, titanita, epidoto) que constituem a seqüência mineralógica
associada à mineralizações uraníferas dos albititos da Jazida do Engenho (anomalia
09), Lagoa Real.
Os fluidos associados a piroxênio, granada e epidoto, aquo-salinos, primários e sem
fases carbônicas apresentam características semelhantes, com leves variações. Todos
apresentam média a alta salinidade (de 14 a 18% equivalente em peso de NaCl), onde
os maiores valores correspondem ao piroxênio e os menores à granadas e epidositos.
Os fluidos associados ao metassomatismo sódico, que gerou o plagioclásio albítico
nos albititos, embora sejam aquo-salinos e sem fases carbônicas, apresentam
salinidades muito inferiores às observadas no piroxênio, granada e epidoto, sugerindo
processo de diluição bem mais intensos. Desta maneira, os fluidos da anomalia 09
apresentam uma diluição no sentido das fases minerais mais recentes.
Os resultados sugerem que os processos de fomação do piroxênio ocorreram sob
condições de pressão equivalente a 3,5 kbar que corresponde a profundidades de
aproximadamente 10 km. Entretanto, a dilatação observada nas IF da albita durante o
aquecimento, originaram uma dispersão nas medidas de Th, tornando pouco confiáveis
os cálculos de pressão para esse mineral.
A microscopia de IF em plagioclásios dos gnaisses (encaixantes dos albititos) sugere
que, provavelmente, haveria fluidos carbônicos primários associados a esses minerais.
O diminuto tamanho das IF (< 5 micra) impediu corroborar microtermometricamente
esta suposição.
Os fluidos com CO2 que aparecem nos gnaisses talvez também estejam presentes nos
albititos, provavelmente como fluidos tardios ou intergranulares. Esta suposição
baseia-se no fato de ter sido encontrado (durante os estudos de esmagamento nos
albititos) indícios claros da presença de gases carbônicos.
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO 110
Estas tendências sugerem a ocorrência de dois processos de albitização no setor de
Lagoa Real: um associado a fluido composto por H2O + CO2 + sais (na encaixante
gnáissica) e outro (no albitito) formado por uma fase aquo-salina.
Os dados obtidos neste trabalho sugerem que, provavelmente, o Brasiliano foi um
evento térmico sem um fluido predominante associado, pelo menos no setor de Lagoa
Real. Do contrário, esse fluido deveria estar presente nos minerais da paragênese
mineral.
Finalmente, os dados obtidos na Jazida do Engenho permitiram verificar a ocorrência
de um quadro de fluidos que apresentam variações composicionais em, pelo menos,
três estágios diferentes: Piroxênio magmático → Px metamórfico associado a urânio
→ albita (poligonizada) associada a urânio, faltando posicionar o fluido associado à
albita precoce.
111
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ANEXO 118
ANEXO
ANEXO 119
ANEXO 1 _ Análises da Microssonda Eletrônica – Parte 1
ANEXO 120
TABELA 1. Dados da microssonda eletrônica.
No Na2O Cl FeO MgO K2O MnO Al2O3 CaO SiO2 TiO2 Total Amostra
1 0,017 0,005 24,598 0,03 0 0,312 4,166 30,742 35,802 0,15 95,821 FEN146-38,4-Granada-10-1
2 0,012 0,003 24,694 0,053 0 0,366 4,131 30,747 35,714 0,162 95,881 FEN146-38,4-Granada-10-2
3 0,015 0 24,441 0,038 0,009 0,35 4,661 30,2 35,631 0,386 95,731 FEN146-38,4-Granada-10-3
4 0,025 0,003 14,192 0,008 0,009 0,016 21,274 22,523 37,165 0 95,214 FEN146-38,4-Epidoto-9-1
5 0,035 0 13,927 0,002 0,014 0,067 21,363 22,591 37,416 0,053 95,468 FEN146-38,4-Epidoto-9-2
6 0,055 0,018 12,977 0,008 0,012 0,096 21,762 22,497 37,316 0,057 94,794 FEN146-38,4-Epidoto-9-3
7 1,013 0,009 22,878 3,209 0 0,243 1,192 21,166 48,801 0,036 98,545 FEN146-38,4-Pirox-8-1
8 1,027 0,011 22,898 3,111 0,017 0,182 1,231 21,304 48,381 0,031 98,191 FEN146-38,4-Pirox-8-2
9 1,086 0,005 22,381 3,22 0,028 0,226 1,19 20,937 47,642 0,04 96,754 FEN146-38,4-Pirox-8-3
10 1,473 0,113 28,056 3,363 1,852 0,272 11,224 11,04 38,058 0,232 95,657 FEN146-38,4-Anfibolio-7-1
11 1,305 0,112 27,809 3,258 1,738 0,275 10,563 10,958 37,923 0,285 94,201 FEN146-38,4-Anfibolio-7-2
12 1,395 0,106 27,823 3,237 1,865 0,328 11,021 11,12 37,781 0,279 94,931 FEN146-38,4-Anfibolio-7-3
13 0,051 0,005 1,786 0,006 0,022 0,09 4,761 27,621 30,07 30,625 95,036 FEN37-167,9-Titanita-5-1
14 0,038 0,005 1,927 0 0,002 0,077 5,056 28,062 30,021 30,181 95,368 FEN37-167,9-Titanita-5-2
15 0,077 0,016 1,785 0,006 0,009 0,141 4,842 27,381 29,763 29,87 93,886 FEN37-167,9-Titanita-5-3
16 1,455 0,351 32,755 0,304 2,092 0,492 11,5 10,573 37,486 0,905 97,834 FEN37-167,9-Anfibolio-4-1
17 1,362 0,334 32,647 0,345 2,035 0,506 11,238 10,494 37,977 0,754 97,617 FEN37-167,9-Anfibolio-4-2
18 1,43 0,356 32,58 0,34 2,057 0,591 11,613 10,507 37,247 0,715 97,356 FEN37-167,9-Anfibolio-4-3
19 1,41 0,321 32,219 0,337 2,058 0,473 11,534 10,573 36,886 0,715 96,454 FEN37-167,9-Anfibolio-6-1
20 1,352 0,331 32,654 0,32 2,078 0,46 11,402 10,623 36,942 0,723 96,81 FEN37-167,9-Anfibolio-6-2
21 1,477 0,341 32,175 0,337 2,029 0,576 11,407 10,487 36,759 0,73 96,241 FEN37-167,9-Anfibolio-6-3
22 0,056 0 2,608 0,087 0,028 0,015 3,261 27,285 29,043 30,566 92,949 FEN146-39,5-Titanita-2-1
23 0,166 0,025 2,324 0,049 0,005 0,033 1,682 26,461 29,41 32,556 92,705 FEN146-39,5-Titanita-2-2
24 0,114 0,025 2,197 0,04 0,045 0,037 1,854 27,33 29,306 32,752 93,694 FEN146-39,5-Titanita-2-3
25 1,609 0,012 16,207 7,295 0,003 0,344 1,122 21,27 50,256 0,013 98,128 FEN146-39,5-Pirox-1
26 1,425 0,003 16,282 7,416 0,003 0,375 1,073 21,19 49,783 0 97,549 FEN146-39,5-Pirox-2
27 1,158 0,049 15,208 7,081 0,018 0,325 0,817 21,4 49,427 0,01 95,482 FEN146-39,5-Pirox-3
28 1,586 0,027 22,015 7,118 1,595 0,28 8,739 11,005 41,498 0,231 94,088 FEN146-39,5-Anfibolio-3-1
29 1,426 0,027 22,06 7,168 1,673 0,234 8,858 11,223 41,68 0,301 94,644 FEN146-39,5-Anfibolio-3-2
30 1,456 0,031 21,583 7,689 1,419 0,213 7,989 11,326 42,886 0,245 94,83 FEN146-39,5-Anfibolio-3-3
ANEXO 121
ANEXO 2 _ Análises da Microssonda Eletrônica – Parte 2
ANEXO 122
TABELA 2. Dados da microssonda eletrônica.
nº Na2O K2O FeO Al2O3 CaO SiO2 Total Amostra
1 10,13 0,06 0,01 20,04 0,56 68,22 99,02 Albita-1 prim
2 10,25 0,08 0,00 20,00 0,31 71,06 101,70 Albita-2 prim
3 10,22 0,01 0,12 19,35 0,16 68,34 98,26 Albita-3 prim
4 8,45 0,23 0,11 21,03 2,11 65,59 97,52 AlbitaR-1
5 8,45 0,19 0,12 21,53 2,69 65,79 98,78 AlbitaR-2
6 8,37 0,30 0,10 22,12 3,14 66,13 100,17 AlbitaR-3
7 8,31 0,09 0,10 21,12 4,84 67,02 101,46 Albita-4 prim
8 10,18 0,02 0,17 18,87 0,29 60,80 90,32 Albita-5 prim
9 9,83 0,10 0,62 19,69 1,04 66,64 97,91 Albita-6 prim
10 0,64 16,69 0,11 18,78 0,05 65,27 101,55 Microclina-1
11 0,68 16,67 0,14 18,65 0,05 65,17 101,36 Microclina-2
12 0,60 16,92 0,02 18,75 0,00 64,46 100,75 Microclina-3
13 0,22 0,01 13,40 21,62 22,20 37,75 95,20 Fe-Epidoto-1
14 0,04 0,00 14,55 22,21 23,44 37,43 97,69 Fe-Epidoto-2
15 0,44 0,00 13,88 21,76 22,79 37,21 95,68 Fe-Epidoto-3
16 0,03 0,00 13,97 21,68 22,91 37,39 95,98 Fe-Epitodo-4
17 0,02 0,05 0,13 24,47 26,55 44,61 95,83 Epidoto-1
18 0,02 0,03 0,06 24,53 26,64 42,96 94,25 Epidoto-2
19 0,08 0,00 0,07 24,48 26,27 43,57 94,46 Epidoto-3
ANEXO 123
123
ANEXO 3 _ Análises por Ablação à Laser - Plasma Indutivamente Acoplado -
Espectrometria de Massa (LA-ICP-MS) das Inclusões Fluidas
ANEXO 124
124
TABELA 3. Concentração em peso (ppm) normalizada para equivalente em peso de NaCl.
Amostra Li7 Na23 Mg24 K39 Ca44 Mn55 Fe57 Cu63 Zn66 As75 Sr88 Sb121 Ba137 Pb208
ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
Peso atômico 6,94 22,99 24,31 39,1 40,08 54,94 55,85 63,55 65,38 74,92 87,62 121,75 137,33 207,02
GR2.csv 3.410,51 37.503,55 0,00 10.608,20 0,00 0,00 0,00 0,00 12,93 0,00 52,09 0,00 0,00 0,00
GR3b.csv 0,00 28.150,28 0,00 5.224,84 0,00 0,00 0,00 7.367,82 30.016,59 290,12 0,00 96,28 0,00 349,60
IF04.csv 0,00 4.297,75 322,46 972,54 27.181,08 215,22 12.544,74 0,00 0,00 0,00 63,66 0,00 12,86 0,00
PX24.csv 15,76 2.254,90 9.842,30 116,67 27.791,95 319,25 11.882,49 0,00 21,18 0,00 7,61 0,00 0,00 0,00
PL02.csv 0,00 9.916,41 0,46 266,53 1.448,32 0,00 53,88 0,43 0,51 0,10 33,69 0,00 9,63 2,49
IF05a.csv 25,04 40.000,06 0,00 11.993,55 0,00 0,00 0,00 0,00 83,61 0,00 0,00 0,00 0,00 61,28
IF05b.csv 0,00 46.311,86 0,00 1.255,94 0,00 0,00 0,00 0,00 196,86 0,00 0,00 0,00 0,00 83,83
ANEXO 125
ANEXO 4 _ Dados da Microtermometria das Inclusões Fluidas
ANEXO 126
TABELA 4. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%)
Th
(°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol molar
(l)
(cm³/mol)
FEN146-39,5m PX4 -9,2 0,1 250 L 1 2.574 13.078 0,044 494 542 0,92 21,51
FEN146-39,5m PX7 -11 0,1 282 L 1 3.014 14.977 0,052 512 590 0,903 22,27
FEN146-39,5m px7a -11 0,1 282 L 1 3.014 14.977 0,052 512 590 0,903 22,27
FEN146-39,5m px13a -11 0,1 295 L 1 3.014 14.977 0,052 512 590 0,889 22,63
FEN146-39,5m px14 -9 0,1 295 L 1 2.524 12.855 0,043 492 536 0,869 22,74
FEN146-39,5m px14a -9 0,1 291 L 1 2.524 12.855 0,043 492 536 0,873 22,62
FEN146-39,5m px18 -16 0,1 289 L 1 4.126 19.427 0,069 561 719 0,93 22,37
FEN146-39,5m px19 -11,8 0,1 285 L 1 3.202 15.764 0,055 519 611 0,907 22,32
FEN146-39,5m px19a -11,8 0,1 285 L 1 3.202 15.764 0,055 519 611 0,907 22,32
FEN146-39,5m px23 -16 0,1 285 L 1 4.126 19.427 0,069 561 719 0,934 22,28
FEN154-69,0m px24 -12,5 0,1 L 1 3.363 16.427 0,057
FEN154-69,0m px25 -12,9 0,1 L 1 3.454 16.795 0,059
FEN154-69,0m px26 -12 0,1 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-69,0m px27 -12 0,1 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-69,0m px28 -12 0,1 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-69,0m px29 -12,7 0,1 313 L 1 3.409 16.612 0,058 528 634 0,884 23,03
FEN154-69,0m px30 -12 0,1 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-69,0m px30a -12,3 0,1 L 1 3.317 16,24 0,056
FEN154-69,0m px30b -12,3 0,1 L 1 3.317 16,24 0,056
FEN154-69,0m L 1
Superficie px34 -14,7 0,1 277 L 1 3,85 18.368 0,065 548 685 0,934 22,1
Superficie px39 -14,5 0,1 L 1 3.807 18,2 0,064
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 127
TABELA 5. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%) Th (°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl) Te (°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol
)
FEN154-36,6 px42 -11 0,1 275 L 1 3.014 14.977 0,052 512 590 0,911 22,09
FEN154-36,6 px43a -11 0,1 280 L 1 -54,3 3.014 14.977 0,052 512 590 0,905 22,22
FEN154-36,6 px43b -12 0,1 291 L 1 -53,9 3.248 15.956 0,055 521 616 0,902 22,44
FEN154-36,6 px43c -12 0,1 280 L 1 3.248 15.956 0,055 521 616 0,913 22,16
FEN154-36,6 px44 -13,5 0,1 282 L 1 3.588 17.334 0,061 536 654 0,922 22,21
FEN154-36,6 px45 -12 0,1282 282 L 1 3.248 15.956 0,055 521 616 0,911 22,21
FEN154-36,6 px46 -12 0,1 282 L 1 3.248 15.956 0,055 521 616 0,911 22,21
FEN154-36,6 px47a -12 0,1 288 L 1 -53,3 3.248 15.956 0,055 521 616 0,905 22,36
FEN154-36,6 px47b -12 0,1 303 L 1 -53,4 3.248 15.956 0,055 521 616 0,889 22,76
FEN154-36,6 px48 -11 0,1 295 L 1 3.014 14.977 0,052 512 590 0,889 22,63
FEN154-36,6 px49 -12 0,1 295 L 1 3.248 15.956 0,055 521 616 0,898 22,54
FEN154-36,6 px50 -13 0,1 L 1 3.476 16.886 0,059
FEN154-36,6 px51 -12,8 0,1 271 L 1 3.431 16.704 0,058 529 636 0,928 21,94
FEN154-36,6 px51b -12 0,1 279 L 1 3.248 15.956 0,055 521 616 0,914 22,13
FEN154-36,6 px52 -12,6 0,1 L 1 3.386 16.519 0,057
FEN154-36,6 px52a -12,6 0,1 L 1 3.386 16.519 0,057
FEN154-36,6 px53 -12 0,1 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-36,6 px54 -12,1 0,1 265 L 1 -52,3 3.272 16.051 0,056 522 618 0,929 21,83
FEN154-36,6 px55 -12,5 0,1 L 1 3.363 16.427 0,057
FEN154-40,10 px56a -12,3 0,1 278 L 1 3.317 16,24 0,056 524 624 0,918 22,1
FEN154-40,10 px56b -12,4 0,1 278 L 1 3,34 16.333 0,057 525 626 0,918 22,13
FEN154-40,10 px57 -12,4 0,1 278 L 1 3,34 16.333 0,057 525 626 0,918 22,13
FEN154-40,10 px58a -12,2 0,1 279 L 1 3.295 16.145 0,056 523 621 0,916 22,14
FEN154-40,10 px58b -12,5 0,1 L 1 3.363 16.427 0,057
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 128
CONTINUAÇÃO TABELA 5. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%) Th (°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol)
FEN154-40,10m px59a -12,4 0,1 279 L 1 3,34 16.333 0,057 525 626 0,917 22,15
FEN154-40,10m px59b -12,9 0,1 282 L 1 3.454 16.795 0,059 530 639 0,918 22,22
FEN154-40,10m px60 -13,9 0,1 282 L 1 3.676 17.686 0,062 540 664 0,925 22,19
FEN154-40,10m px61a -13,7 0,1 282 L 1 3.632 17.511 0,061 538 659 0,923 22,18
FEN154-40,10m px61b -13,8 0,1 282 L 1 3.654 17.598 0,062 539 662 0,924 22,21
FEN154-40,10m px62 -11,1 0,1 275 L 1 3.038 15.077 0,052 513 593 0,911 22,07
FEN154-40,10m px63 -11,1 0,1 275 L 1 3.038 15.077 0,052 513 593 0,911 22,07
FEN154-40,10m px64 -12 L 1 3.248 15.956 0,055
FEN154-40,10m px65 -12,3 0,1 L 1 3.317 16,24 0,056
FEN154-40,10m px66 -12,3 0,1 277 L 1 3.317 16,24 0,056 524 624 0,919 22,08
FEN154-40,10m px67 -12,3 0,1 277 L 1 3.317 16,24 0,056 524 624 0,919 22,08
FEN154-40,10m px68 -12,3 0,1 293 L 1 3.317 16,24 0,056 524 624 0,902 22,47
FEN154-40,10m px69 -12,1 0,1 293 L 1 3.272 16.051 0,056 522 618 0,901 22,51
FEN154-40,10m px70 -12,1 0,1 293 L 1 3.272 16.051 0,056 522 618 0,901 22,51
FEN154-40,10m px71 -12,1 0,1 L 1 3.272 16.051 0,056
FEN154-40,10m px72 -12,1 0,1 L 1 3.272 16.051 0,056
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 129
TABELA 6. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF Tf (°C)
VolFrac
Vap (%)
Th
(°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol)
FEN146-39,5m plg2 -0,4 0,1 205 L 1 0,114 0,662 0,002 380 232 0,865 20,93
FEN146-39,5m plg3 -2 0,1 215 L 1 0,58 3.278 0,01 404 296 0,875 21,05
FEN146-39,5m plg3a -1,7 0,1 L 1 0,492 2.794 0,009
FEN146-39,5m plg4a -1 0,1 L 1 0,287 1.651 0,005
FEN146-39,5m plg4b -1,7 0,1 L 1 0,492 2.794 0,009
FEN146-39,5m plg4c -1,7 0,1 L 1 0,492 2.794 0,009
FEN146-39,5m plg8 -2,6 0,1 220 L 1 0,756 4.232 0,013 413 320 0,878 21,13
FEN146-39,5m plg9 -2,5 0,1 203 L 1 0,727 4.074 0,013 412 316 0,896 20,69
FEN146-39,5m L 1
FEN154-69,0m plg13a -2,2 0,1 300 L 1 0,639 3.598 0,011 407 304 0,743 24,83
FEN154-36,6m plg19a -2,2 0,1 323 L 1 0,639 3.598 0,011 407 304 0,696 26,54
FEN154-36,6m plg19b -2,2 0,1 L 1 0,639 3.598 0,011
FEN154-36,6m plg21 -0,8 0,1 L 1 0,229 1.322 0,004
FEN154-36,6m plg28 -3,5 0,1 303 L 1 1,02 5.624 0,018 426 356 0,767 24,42
FEN154-36,6m plg32 -2,5 0,1 290 L 1 0,727 4.074 0,013 412 316 0,769 24,1
FEN154-36,6m plg34 -3,9 0,1 303 L 1 1.136 6.225 0,02 432 371 0,776 24,26
FEN154-36,6m L 1
FEN154-40,10m plg35a -2 0,1 190 L 1 0,58 3.278 0,01 404 296 0,904 20,37
FEN154-40,10m plg35b -1,8 0,1 L 1 0,521 2.956 0,009
FEN154-40,10m plg35c -2,5 0,1 L 1 0,727 4.074 0,013
FEN154-40,10m plg36a -2,1 0,1 252 L 1 0,609 3.438 0,011 406 300 0,825 22,37
FEN154-40,10m plg36b -2,1 0,1 L 1 0,609 3.438 0,011
FEN154-40,10m plg37 -2,8 0,1 325 L 1 0,815 4.546 0,014 416 328 0,707 26,27
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 130
TABELA 7. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%)
Th
(°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol)
Superficie gran1 -8,1 0,1 L 1 2.294 11.821 0,04
Superficie gran4 -8,9 0,1 L 1 2.499 12.743 0,043
Superficie gran5 -7,1 0,1 L 1 2,03 10.606 0,035
FEN133-39m gran73 -9,8 0,1 215 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,957 20,81
FEN133-39m gran73a -9,8 0,1 215 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,957 20,81
FEN133-39m gran74 -9,8 0,1 215 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,957 20,81
FEN133-39m gran74a -9,8 0,1 216 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,956 20,83
FEN133-39m gran75 -10,7 0,1 215 L 1 -53,2 2.942 14.673 0,05 509 582 0,963 20,8
FEN133-39m gran76 -10,7 0,1 215 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,963 20,8
FEN133-39m gran76a -10,7 0,1 215 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,963 20,8
FEN133-39m gran76b -10,7 0,1 215 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,963 20,8
FEN133-39m gran77 -9,8 0,1 235 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,94 21,2
FEN133-39m gran77a -9,8 0,1 237 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,938 21,24
FEN133-39m gran77b -9,8 0,1 237 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,938 21,24
FEN133-39m gran78 -9,8 0,1 L 1 2.724 13.732 0,047
FEN133-39m gran78a -9,8 0,1 L 1 2.724 13.732 0,047
FEN133-39m gran78b -9,8 0,1 L 1 2.724 13.732 0,047
FEN133-39m gran79 -10,6 0,1 236 L 1 2.918 14.571 0,05 508 579 0,945 21,21
FEN133-39m gran80 -10,6 0,1 235 L 1 -52,5 2.918 14.571 0,05 508 579 0,946 21,19
FEN133-39m gran81 -10,5 0,1 235 L 1 2.894 14.468 0,05 507 577 0,945 21,21
FEN133-39m gran82 -10,6 0,1 235 L 1 2.918 14.571 0,05 508 579 0,946 21,19
FEN133-39m gran83 -10,6 0,1 221 L 1 2.918 14.571 0,05 508 579 0,958 20,92
FEN133-39m gran83a -10,6 0,1 221 L 1 2.918 14.571 0,05 508 579 0,958 20,92
FEN133-39m gran83b -10,6 0,1 221 L 1 2.918 14.571 0,05 508 579 0,958 20,92
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 131
CONTINUAÇÃO TABELA 7. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%)
Th
(°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol)
FEN133-39m gran84 -10,5 0,1 222 L 1 2.894 14.468 0,05 507 577 0,956 20,96
FEN133-39m GRAN85 -10,8 0,1 L 1 2.966 14.775 0,051
FEN133-39m gran85a -10,8 0,1 L 1 2.966 14.775 0,051
FEN133-39m gran85b -10,8 0,1 L 1 2.966 14.775 0,051
FEN133-39m gran86 -10,7 0,1 L 1 2.942 14.673 0,05
FEN133-39m gran86a -10,7 0,1 L 1 2.942 14.673 0,05
FEN133-39m gran87 -10,7 0,1 237 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,945 21,21
FEN133 GRAN17 -10,2 0,1 216 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,959 20,81
FEN133 GRAN18 -10,2 0,1 217 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,958 20,83
FEN133 GRAN19 -10,2 0,1 217 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,958 20,83
FEN133 GRAN20 -10,2 0,1 218 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,957 20,84
FEN133 GRAN21 10,2 0,1 218 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,957 20,84
FEN133 GRAN22 -10,3 0,1 216 L 1 2.846 14,26 0,049 505 572 0,96 20,83
FEN133 GRAN23 10,3 0,1 216 L 1 2.846 14,26 0,049 505 572 0,96 20,83
FEN133 GRAN24 -10,2 0,1 217 L 1 2.822 14.156 0,048 504 569 0,958 20,83
FEN133 gran25 -10,3 0,1 217 L 1 2.846 14,26 0,049 505 572 0,959 20,85
FEN133 gran26 -10,4 0,1 233 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,946 21,14
FEN133 gran27 -10,5 0,1 207 L 1 2.894 14.468 0,05 507 577 0,969 20,69
FEN133 gran28 -10,4 0,1 203 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,971 20,59
FEN133 gran29 -10,4 0,1 234 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,945 21,16
FEN133 gran30 -10,4 0,1 231 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,948 21,1
FEN133 gran31 -10,4 0,1 234 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,945 21,16
FEN133 GRAN32 -10,4 0,1 233 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,946 21,14
FEN133 gran33 -12,4 0,1 231 L 1 3,34 16.333 0,057 525 626 0,961 21,14
FEN133 gran34 -10,3 0,1 234 L 1 2.846 14,26 0,049 505 572 0,944 21,18
FEN133 gran35 -10,5 0,1 207 L 1 2.894 14.468 0,05 507 577 0,969 20,69
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 132
TABELA 8. Dados microtermométricos tratados no programa MacFlinCor para o sistema H2O-NaCl-[KCl] (Bodnar & Vityk).
Amostra IF
Tf
(°C)
VolFrac
Vap (%)
Th
(°C) Th to NaCl/(NaCl+KCl)
Te
(°C)
M NaCl
(mol/kg)
%p/p
NaCl
X
(NaCl)
T c
(°C)
P c
(bar)
d (l)
(g/cm³)
Vol
molar (l)
(cm³/mol)
Epidosito EP89 -9,8 0,1 345 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,811 24,56
Epidosito EP90 -9,8 0,1 345 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,811 24,56
Epidosito EP91 -10,7 0,1 353 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,811 24,7
Epidosito EP92 -10,7 0,1 345 L 1 2.942 14.673 0,05 509 582 0,823 24,35
Epidosito EP93 -9,8 0,1 345 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,811 24,56
Epidosito EP94 -9,8 0,1 351 L 1 2.724 13.732 0,047 500 558 0,802 24,84
Epidosito EP95 -10,4 0,1 351 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,81 24,68
Epidosito EP96 -10,4 0,1 351 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,81 24,68
Epidosito EP97 -10,4 0,1 351 L 1 2,87 14.364 0,049 506 574 0,81 24,68
Epidosito EP98 -10,8 0,1 L 1 2.966 14.775 0,051
Epidosito EP99 -10,8 0,1 352 L 1 2.966 14.775 0,051 510 585 0,814 24,66
Te = temperatura eutética; Tf = temperatura de fusão do gelo; Th = temperatura de homogeneização para líquido (L) ou vapor (V); Vol. Vap. = volume da fase vapor; M =
molalidade; X = fração molar; Tc = temperatura crítica; Pc = pressão crítica; d (l) = densidade da fase líquida; Vol. Molar (l) = volume molar da fase líquida.
ANEXO 133
ANEXO 5 _ Isócoras
ANEXO 134
FEN 146 - 39,5m - Piroxênio (mineralizado)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
FEN 154 - 69,0m - Piroxênio ((mineralizado)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
300 400 500 600 700 800 900 100
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
FEN 154 36,6m - Piroxênio (mineralizado)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
FEN 154 - 40,10m - Piroxênio (estéril)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ssão
(b
ar)
FEN 146 - 39,5m - Plagioclásio (mineralizado)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
FEN 154 - 36,6m - Plagioclásio (mineralizado)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
200 300 400 500 600 700 800 900
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
FEN 154 - 40,1m - Plagioclásio (estéril)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ssão
(b
ar)
Amostra de Superfície - Granada (mineralizada)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
ANEXO 135
FEN 133 - 39,0m - Granada (estéril)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
Epidosito - Epidoto (estéril)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (ºC)
Pre
ss
ão
(b
ar)
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