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Volume 16 número 1 Maio 1998 ISSN 0102-0536 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA Vice-Presidente Luiz Gomes Correa EMATER-MG 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Iniberto Hammerschmidt EMATER-PR 1º Tesoureiro Pedro Henrique Monnerat UENF-CCTA 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Editora Alice M. Quezado Soares Embrapa Hortaliças Editor Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Editor Danilo F. Silva F o INPA Editor José Magno Q. Luz UFU Editor Luis Antônio B. Salles Embrapa Clima Temperado Editor Marcelo Mancuso da Cunha IICA- SRH Editora Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Editor Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Editora Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9066/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br hortbras@ cnph.embrapa.br Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio. 1998. ÍNDICE CARTA DO EDITOR 3 PESQUISA Aquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio. R. A. Kluge; D. Sávio Rodrigues; K. Minami. 4 Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tipos de embalagens. J. T. Neto; R. A. Kluge; A. P. Jacomino; J. A. Scarpare F o. ; A. Y. Iwata. 7 Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola. H. Stuker; P. Boff. 10 Avaliação da produtividade do tomateiro em cultivo protegido através de um modelo de simulação da produção. J. L. Andriolo; T. da S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 13 Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro. J. S. Costa; A. M. R. Junqueira; W. L. C. Silva; F. H. França. 19 Produção de melão em função de diferentes sistemas de condução de plantas em ambiente protegido. S. R. Martins; R. M. Peil; J. E. Schwengber; F. N. Assis; M. E. G. Mendez. 24 Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes. J. B.C. da Silva; J. Nakagawa. 31 Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados. M. F. Lima; C. A. Lopes. 38 Métodos para avaliação de materiais de enchimento utilizados na peletização de sementes. J. B. C. da Silva; J. Nakagawa. 44 Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suínos. J. L. Loures; P. C. R. Fontes; M. . A. N. Sediyama; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso. 50 Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão. J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira. 56 Análise dialélica de cinco cultivares de feijão para resistência ao crestamento bacteriano comum. R. Rodrigues; N. R. Leal; A. Lam-Sánchez. 61 Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio. S. R. P. de Castro; A. S. L. Ferraz Jr. 65 Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilização de cama-de-aviário. M. C. Vieira; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso; P. R. Mosquim. 68 Dormência, vernalização e produção de alho após diferentes tratamentos de frigorificação de bulbilhos-semente. M. Y. Reghin; T. Kimoto. 73 PÁGINA DO HORTICULTOR Efeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidade do melão amarelo. J. B. Menezes; E. B. de Castro; E. F. Praça; L. C. Grangeiro; L. B. A. Costa. 80 Degenerescência em cultivares de batata-doce. A. B. Cecílio Fº.; M. S. Reis; R. J. de Souza; M. Pasqual. 82 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Controle químico de pragas de solo na lavoura de batata. L. A. B. Salles. 85 Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996. P. A. S. Gonçalves. 87 NOVA CULTIVAR “Embrapa/CIP-PP018” e “Embrapa/CIP-PP039”: novos clones de batata resistentes à pinta-preta, 1997. S. Brune; P. E. de Melo; A. C. de Ávila. 89 “UEL-2”: cultivar de feijão-de-vagem tipo manteiga de crescimento determinado. J. C. Athanázio; L. S. A. Takahashi; R. M. Endo; G. L. da Silva. 92 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 93

ÍNDICE - abhorticultura.com.br · Storage of beet roots ‘Early Wonder’ at different kinds of package. J. T ... (Universidade de São Pau-lo ... Fruit continuously stored at 5ºC

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Volume 16 número 1Maio 1998

ISSN 0102-0536

SOCIEDADE DEOLERICULTURADO BRASILPresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTAVice-PresidenteLuiz Gomes CorreaEMATER-MG1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloIAC

2º SecretárioIniberto HammerschmidtEMATER-PR

1º TesoureiroPedro Henrique MonneratUENF-CCTA

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIALDA HORTICULTURABRASILEIRAPresidente

Paulo Eduardo de MeloEmbrapa Hortaliças

EditoraAlice M. Quezado SoaresEmbrapa Hortaliças

EditorAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTA

EditorDanilo F. Silva FoINPA

EditorJosé Magno Q. LuzUFU

EditorLuis Antônio B. SallesEmbrapa Clima Temperado

EditorMarcelo Mancuso da CunhaIICA- SRH

EditoraMirtes Freitas LimaEmbrapa Semi-Árido

EditorRenato Fernando AmabileEmbrapa Cerrados

EditoraSieglinde BruneEmbrapa Hortaliças

CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9066/9051Fax: (061) 556-5744www.hortbras.com.brhortbras@ cnph.embrapa.br

Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio. 1998.

ÍNDICE

CARTA DO EDITOR3

PESQUISAAquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio.R. A. Kluge; D. Sávio Rodrigues; K. Minami. 4Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tipos de embalagens.J. T. Neto; R. A. Kluge; A. P. Jacomino; J. A. Scarpare Fo.; A. Y. Iwata. 7Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola.H. Stuker; P. Boff. 10Avaliação da produtividade do tomateiro em cultivo protegido através de um modelode simulação da produção. J. L. Andriolo; T. da S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 13Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro.J. S. Costa; A. M. R. Junqueira; W. L. C. Silva; F. H. França. 19Produção de melão em função de diferentes sistemas de condução de plantas em ambienteprotegido. S. R. Martins; R. M. Peil; J. E. Schwengber; F. N. Assis; M. E. G. Mendez. 24Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.J. B.C. da Silva; J. Nakagawa. 31Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados. M. F. Lima; C. A. Lopes. 38Métodos para avaliação de materiais de enchimento utilizados na peletização de sementes.J. B. C. da Silva; J. Nakagawa. 44Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suínos.J. L. Loures; P. C. R. Fontes; M..A. N. Sediyama; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso. 50Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão.J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira. 56Análise dialélica de cinco cultivares de feijão para resistência ao crestamento bacterianocomum. R. Rodrigues; N. R. Leal; A. Lam-Sánchez. 61Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio.S. R. P. de Castro; A. S. L. Ferraz Jr. 65Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilizaçãode cama-de-aviário. M. C. Vieira; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso; P. R. Mosquim. 68Dormência, vernalização e produção de alho após diferentes tratamentos de frigorificação debulbilhos-semente. M. Y. Reghin; T. Kimoto. 73

PÁGINA DO HORTICULTOREfeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidade do melão amarelo.J. B. Menezes; E. B. de Castro; E. F. Praça; L. C. Grangeiro; L. B. A. Costa. 80Degenerescência em cultivares de batata-doce.A. B. Cecílio Fº.; M. S. Reis; R. J. de Souza; M. Pasqual. 82

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTEControle químico de pragas de solo na lavoura de batata. L. A. B. Salles. 85Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996. P. A. S. Gonçalves. 87

NOVA CULTIVAR“Embrapa/CIP-PP018” e “Embrapa/CIP-PP039”: novos clones de batata resistentesà pinta-preta, 1997. S. Brune; P. E. de Melo; A. C. de Ávila. 89“UEL-2”: cultivar de feijão-de-vagem tipo manteiga de crescimento determinado.J. C. Athanázio; L. S. A. Takahashi; R. M. Endo; G. L. da Silva. 92

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 93

Address:Caixa Postal 07-19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051/9066Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety of Vegetable Science

Volume 16 number 1May 1998

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio. 1998.

INDEX

EDITOR'S LETTER3

RESEARCHIntermittent warming of tomatoes: effects upon chilling injury.R. A. Kluge; D. Sávio Rodrigues; K. Minami. 4Storage of beet roots ‘Early Wonder’ at different kinds of package.J. T. Neto; R. A. Kluge; A. P. Jacomino; J. A. Scarpare Fo.; A. Y. Iwata. 7Sampling size in the evaluation of Botrytis leaf blight in onion plots.H. Stuker; P. Boff. 10Evaluation of tomato fruit yield under protected cultivation by a simulation model.J. L. Andriolo; T. da S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 13Central-pivot irrigation impact on the Brazilian tomato pinworn control.J. S. Costa; A. M. R. Junqueira; W. L. C. Silva; F. H. França. 19Greenhouse melon production in different plant cultivation systems.S. R. Martins; R. M. Peil; J. E. Schwengber; F. N. Assis; M. E. G. Mendez. 24Methods for evaluating cements for seed pelleting.J. B.C. da Silva; J. Nakagawa. 31Development of black eye on potato tubers. M. F. Lima; C. A. Lopes. 38Methods to evaluate stuffing materials for seed pelleting.J. B. C. da Silva; J. Nakagawa. 44Fruit yield and nutrient contents in tomato plants grown in substrate containing swine manure.J. L. Loures; P. C. R. Fontes; M..A. N. Sediyama; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso. 50In vitro embryo induction in sweet pepper anthers.J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira. 56Diallel analysis in bean cultivars for common bacterial blight resistance.R. Rodrigues; N. R. Leal; A. Lam-Sánchez. 61Yield and leaf nitrate levels on lettuce grown with different sources of nitrogen.S. R. P. de Castro; A. S. L. Ferraz Jr. 65Peruvian carrot growth and yield as function of phosphate fertilization and use of poultry house litter.M. C. Vieira; V. W. D. Casali; A. A. Cardoso; P. R. Mosquim. 68Dormancy, vernalization and garlic production after different treatments using frigorification.of garlic bulbs. M. Y. Reghin; T. Kimoto. 73

GROWER'S PAGEEffect of post-harvest exposition to solar radiation on the quality of melon fruits.J. B. Menezes; E. B. de Castro; E. F. Praça; L. C. Grangeiro; L. B. A. Costa. 80Degeneration of sweet potato cultivars.A. B. Cecílio Fº; M. S. Reis; R. J. de Souza; M. Pasqual. 82

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTChemical control of soil insect pests in potato fields. L. A. B. Salles. 85Efficiency of insecticides to control the onion thrips . P. A. S. Gonçalves. 87

NEW CULTIVAR“Embrapa/CIP-PP018” and “Embrapa/CIP-PP039”: New potato clones resistant to early.blight, 1997. S. Brune; P. E. de Melo; A. C. de Ávila. 89““UEL-2”: a bush type snap bean cultivar.J. C. Athanázio; L. S. A. Takahashi; R. M. Endo; G. L. da Silva. 92

INSTRUCTIONS TO AUTHORS 93

3Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

carta do editor

Aqui estamos novamente, caro leitor, caro sócio da SOB, abrindo mais um número danossa Horticultura Brasileira. Sabemos que devíamos ter chegado antes, mas ainda que

tentássemos a toda prova, não nos foi possível. Continuamos trabalhando forte no sentido depublicarmos a revista em sua data exata, porém conscientes de que é preciso dar uma passo decada vez. Estamos conseguindo nos aproximar mais e mais de nossos objetivos, prova de que asmudanças que implementamos estão no caminho certo.

Uma dessas mudanças, talvez a mais significativa no sentido de direcionar a HorticulturaBrasileira para um novo tempo, foi a ampliação da nossa Comissão Editorial. Como pode servisto na página de rosto deste número de Horticultura Brasileira, a partir do volume 16 estamoscontando com a colaboração de novos editores associados, além daqueles que já vinham traba-lhando conosco em 1997. São eles Antônio T. Amaral Júnior, da UENF, em Campos dos Goytacazes(RJ); Danilo F. da Silva Filho, do INPA, em Manaus (AM); José Magno Q. Luz, atualmente naUFU, em Uberlândia (MG) e; Renato Fernando Amabile, da Embrapa Cerrados, em Brasília(DF). A eles damos as boas-vindas!

Outra boa mudança foi a aquisição de nosso próprio computador. Agora estamos com a secre-taria bastante ágil, podendo fornecer imediatamente e com muita segurança as informações queautores e leitores de Horticultura Brasileira nos solicitam com frequência. Além disso, todo oregistro de trabalhos, autores e endereços passa a ser informatizado, o que facilita sobremaneirao trabalho na secretaria irá se refletir, sem dúvida, em maior presteza no atendimento aos usuários.

Assim, estamos soprando ares inovadores em Horticultura Brasileira, essa grande empreitada nossa Sociedade de Olericultura. Que não pode parar!

Para encerrar, lembramos aos leitores que continuamos com a seção EXPEDIENTE, um es-paço aberto para que se comuniquem com a Comissão Editorial ou, utilizando Horticultura Bra-sileira como veículo, com os demais sócios da SOB.

4 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

pesquisaKLUGE, R.A.; RODRIGUES, D.S.; MINAMI, K. Aquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio. Horticultura Brasileira, Brasília, v.

16, n. 1, p. 4-6, maio 1998.

Aquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio.

Ricardo Alfredo Kluge1; Domingos Sávio Rodrigues2; Keigo Minami1

1 USP-ESALQ, Depto. de Horticultura, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba - SP; 2 UNESP-FCA, Depto. de Horticultura, C. Postal 237,18603-970 Botucatu - SP

RESUMOCom o objetivo de estudar o efeito do aquecimento intermitente

de tomates sobre danos devidos ao resfriamento, foi realizado umensaio no Departamento de Horticultura (Universidade de São Pau-lo - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) em Piracicaba(SP), onde frutos de tomate ‘Santa Clara’ foram mantidos a 5ºC e90-95% de umidade relativa durante 28 dias continuamente (con-trole) ou aquecidos por 24, 48, 72 ou 96 h a 25oC após dez dias dearmazenamento a 5oC. O delineamento experimental adotado foiinteiramente casualizado, com cinco tratamentos. Foram utilizadascinco repetições com cinco frutos por parcela. Os frutos armazena-dos continuamente a 5ºC e os aquecidos por 24 ou 48 h apresenta-ram depressões superficiais e podridões significativamente superio-res aos frutos aquecidos por 72 h, além de coloração menos intensa.Não ocorreram danos devido ao resfriamento nos frutos aquecidospor 96 h. Não houve diferença na firmeza de polpa e no teor desólidos solúveis para frutos aquecidos ou não, enquanto a perda depeso total foi maior nos frutos aquecidos por 72 ou 96 h, se compa-rada aos frutos aquecidos por 24 h e os não aquecidos.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., pós-colheita,refrigeração, armazenamento refrigerado.

ABSTRACTIntermittent warming of tomatoes: effects upon chilling

injury.The aim of this experiment was studying the effect of intermittent

warming of tomatoes upon chilling injury. The experiment wascarried out in the Department of Horticulture of University of SaoPaulo, High-School of Agriculture “Luiz de Queiroz” located inPiracicaba (SP), Brazil. ‘Santa Clara’ tomato fruits were continuouslystored at 5ºC and 90-95% relative humidity during 28 days (control)or warmed after ten days at 5ºC during 24, 48, 72 or 96 hour-long at25oC. The experiment was in a completely randomized design withfive treatments. Five replications and five fruits per plot were used.Fruit continuously stored at 5ºC and those warmed for 24 or 48 hpresented injury and rottenness significantly higher if compared withfruits warmed for 72 h and, in addition, a poor color development.There were no chilling injury in fruits warmed for 96 h. There wasno difference on pulp firmness and soluble solids between warmedand no-warmed fruits. Total weight losses were higher in fruitswarmed for 72 or 96 h if compared with no-warmed and 24 h-warmedfruits.Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., post-harvest, refrigeration,cold storage.

(Aceito para publicação em 12 de maio de 1998)

A refrigeração tem sido conside-rada o método mais efetivo de

preservação da qualidade de muitos pro-dutos hortifrutícolas, pois as baixas tem-peraturas retardam a respiração, a produ-ção de etileno, o amadurecimento dos fru-tos, a senescência, as mudanças metabó-licas indesejáveis e o desenvolvimento depodridões pós-colheita. Para produtos sen-síveis ao resfriamento, principalmente osde origem tropical, as baixas temperatu-ras resultam, frequentemente, em maisefeitos indesejáveis do que desejáveis(Wang, 1994). Entretanto, se o produto nãoé refrigerado, apresenta vida útil pós-co-lheita curta, ocasionando elevadas perdasquantitativas e qualitativas.

O tomate é sensível aos danos cau-sados pelo frio, entretanto, sua vida útil

pós-colheita aumenta quando os frutossão mantidos a baixas temperaturas. Oponto de mudança da capacidade dearmazenamento caracteriza a tempera-tura crítica, que para tomate é de 7 a13oC. A sensibilidade de frutos de to-mate ao resfriamento varia em funçãoda cultivar, estádio de maturação e tem-po de exposição a baixas temperaturas(Autio & Bramlage, 1986; Lin et al.,1993; Shewfelt, 1993). Moline (1976)verificou que tomates expostos a tem-peraturas de 2oC por dez dias apresen-taram alterações na conversão decloroplastos em cromoplastos, resultan-do em pouco desenvolvimento da colo-ração, devido à redução na síntese delicopeno, o pigmento que dá a cor ver-melha ao tomate.

Os sintomas característicos de danosdevidos ao resfriamento em tomates sãodepressões superficiais, podridõesfúngicas (principalmente Alternariaspp.) e amadurecimento irregular, carac-terizado por pouco desenvolvimento dacoloração, modificações na textura e nosabor (McColloch et al., 1968;Hardenburg et al., 1986). A intensidadedestas injúrias normalmente aumentaquando os frutos são expostos a condi-ções ambientais e, em alguns casos, osdanos só aparecem após a transferênciados frutos para temperaturas mais altas(Morris, 1982).

Com o objetivo de reduzir os distúr-bios causados por baixas temperaturas,vem sendo pesquisado o aquecimentointermitente (Wang, 1994). Esta técni-

5Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

KLUGE, R.A.; RODRIGUES, D.S.; MINAMI, K. Aquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio.

ca consiste na interrupção da tempera-tura baixa de armazenamento, por umou mais períodos, nos quais o produto ésubmetido à temperatura mais elevadaretornando, posteriormente, à tempera-tura baixa. Em hortaliças, o aquecimentointermitente tem apresentado resultadospromissores em pepino (Cabrera &Saltveit Jr., 1990), pimentão (Wang &Baker, 1979) e abobrinha (Kramer &Wang, 1989), enquanto que em frutasesta técnica tem mostrado sucesso comlimão (Cohen, 1988) e pêssego (Klugeet al., 1996).

O objetivo do presente trabalho foiverificar o efeito do aquecimento inter-mitente sobre os danos devido aoresfriamento em frutos de tomate ‘San-ta Clara’ refrigerados.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado do De-partamento de Horticultura da USP-ESALQ, Piracicaba (SP), no período de10 de outubro a 07 de novembro de 1995.Utilizou-se tomates maduros (totalmen-te vermelhos e firmes) da cultivar SantaClara, com diâmetro médio de 5 cm,oriundos da região de Capivari (SP).

Foram avaliados cinco tratamentos:T1 - frutos armazenados continuamen-te até 28 dias (controle); T2 - frutos ar-mazenados até 28 dias, com aquecimen-to por 24 h do décimo ao décimo-pri-meiro dia; T3 - frutos armazenados até28 dias com aquecimento por 48 h dodécimo ao décimo-segundo dia; T4 -

frutos armazenados até 28 dias comaquecimento por 72 h do décimo ao dé-cimo-terceiro dia; e T5 - frutos armaze-nados até 28 dias com aquecimento por96 h do décimo ao décimo-quarto dia.Em todos os tratamentos, o armazena-mento refrigerado foi realizado em câ-mara a 5 + 0,5oC e 90-95% UR. O aque-cimento a partir do décimo dia consistiuna colocação dos frutos a 25 + 1oC e 70-80% UR. Após os 28 dias de refrigera-ção a 5oC, os frutos foram submetidos auma comercialização simulada de trêsdias a 25 + 1oC e 70-80% UR.

As seguintes avaliações foramefetuadas: a) perda de peso em porcen-tagem - diferença entre o peso inicial eaquele verificado imediatamente após28 dias de refrigeração e após a comer-cialização simulada; b) incidência dedepressões superficiais e podridões -segundo escala subjetiva de 1 a 8, onde1 = sem depressões e podridões (0% daárea deprimida ou podre); 2 = 1 a 5%; 3= 6 a 15%; 4 = 16 a 30%; 5 = 31 a 45%;6 = 46 a 60%; 7 = 61 a 75% e 8 = >75%. Para a identificação de fungos foiutilizada microscopia; c) cor - avaliadacom o auxílio de uma escala subjetivade coloração, preconizada por Pratt &Workman (1962): onde 0 = fruto madu-ro, com coloração verde; 1 = fruto comquebra da coloração verde; 2 = frutoscom coloração entre verde e rosa; 3 =frutos inteiramente rosa; 4 = frutos to-talmente vermelhos e firmes (quali-dade comestível); 5 = frutos intensamen-te vermelhos e firmes; e 6 = frutos comamolecimento perceptível (início de

senescência); d) teor de sólidos solúveis(SS) - determinado em refratômetromanual, fazendo-se a leitura em %; e)firmeza de polpa - determinada compenetrômetro Magness-Taylor com pon-teira 5/16 polegadas de diâmetro, fazen-do-se duas leituras na porção equatorialde cada fruto, após remoção de peque-na porção da casca. Os resultados de fir-meza foram expressos em Newtons.

O delineamento experimental foiinteiramente casualizado, com cinco tra-tamentos e cinco repetições. Cada par-cela foi composta por cinco frutos. Osresultados obtidos foram submetidos àanálise de variância. A comparação dasmédias foi feita pelo teste de Tukey a1% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o armazenamento, as per-das de peso variaram de 2,34 (tratamen-to sem aquecimento) a 3,72% (aqueci-mento por 96 h). Os frutos que foramaquecidos por 72 ou 96 h apresentaramperda de peso significativamente maiordo que aqueles armazenados continua-mente a 5oC (Tabela 1). Este tipo de res-posta era esperado, uma vez que quan-do a temperatura aumenta há um incre-mento no déficit de pressão de vaporentre os tecidos internos do fruto e oambiente, conduzindo a uma perda deágua pelo produto, na forma de vapor,sendo tanto maior quanto maior for otempo de exposição às temperaturasmais altas (Grierson & Wardowski, 1978).

edsaroHritrapaotnemiceuqa

Cº5àaidomicédod

)%(osepedadrePseõsserpeDsiaicifrepus

seõdirdoP

otnemanezamrA latoT edadireveseduarG 2

0 a43,2 1 a03,3 a0,8 a9,6

42 ba47,2 a79,3 ba9,6 a4,6

84 ba22,3 ba50,4 0,6 b a0,6

27 26,3 b b81,5 c1,4 b2,3

69 b27,3 b20,5 d0,1 c0,1

)%(.V.C 95,51 35,41 32,8 42,01

Tabela 1. Perda de peso e ocorrência de depressões superficiais e podridões em frutos de tomate ‘Santa Clara’ submetidos ou não aoaquecimento intermitente durante o armazenamento por 28 dias a 5oC e 90-95% UR. Piracicaba, USP-ESALQ, 1995.

1/ Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 1% de probabilidade pelo teste de Tukey;2/ 1 = sem “pitting” e podridões (0% da área deprimida ou podre); 2 = 1 a 5%; 3 = 6 a 15%; 4 = 16 a 30%; 5 = 31 a 45%; 6 = 46 a 60%; 7 =61 a 75% e 8 = > 75%.

6 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

KLUGE, R.A.; RODRIGUES, D.S.; MINAMI, K. Aquecimento intermitente de tomates: efeito sobre injúrias pelo frio.

Durante a comercialização simulada nãohouve diferença significativa entre os tra-tamentos para perda de peso, tendo varia-do de 0,83% (aquecimento por 48 h) a1,56% (aquecimento por 72 h).

Na avaliação da perda total de peso,que corresponde à soma da perdaverificada durante o armazenamento ea comercialização simulada, verificou-se que os frutos aquecidos por 72 ou 96h tiveram perda de peso significativa-mente superior aos frutos não aqueci-dos ou aquecidos por 24 h (Tabela 1).

Com exceção dos frutos aquecidos por96 h, todos os tratamentos apresentaramdepressões superficiais e podridões, sen-do mais severas nos frutos não aquecidose nos aquecidos por 24 ou 48 h (Tabela 1).O aquecimento por 24 h foi estatisticamen-te semelhante ao controle, enquanto oaquecimento por 96 h diferiu de todos ostratamentos e impediu o desenvolvimen-to de injúrias devidas ao resfriamento (Ta-bela 1). As podridões foram causadas pelofungo Alternaria alternata e incidiramapenas nos locais onde havia depressõessuperficiais, concordando com observa-ções previamente relatadas por outros au-tores (McColloch et al., 1968; Hardenburget al., 1986).

Os frutos aquecidos por 48, 72 e 96h desenvolveram melhor coloração apósa refrigeração que os frutos aquecidospor 24 h ou aqueles não aquecidos, queapresentaram coloração menos acentu-ada devido ao maior tempo de exposi-ção a baixas temperaturas de armazena-mento, que reduz a síntese de licopeno(Moline, 1976).

Não houve diferença significativaentre os tratamentos para firmeza de pol-pa. Os frutos, após três dias de sua retira-da da refrigeração, apresentaram firme-za de 15,79 Newtons, em média. Espe-rava-se que os frutos aquecidos tivessemmenor firmeza quando comparados aosfrutos continuamente refrigerados. Entre-tanto, isto não ocorreu. Este mesmo com-portamento foi observado por Kluge etal. (1996) quando submeteram pêssegosao aquecimento intermitente.

Para o teor de sólidos solúveis nãohouve diferença significativa, entre os tra-tamentos, com os valores para a caracte-rística tendo oscilado entre 3,02 a 3,30 %.

Verificou-se que o aquecimento in-termitente em frutos de tomate cultivar

‘Santa Clara’ pode ser utilizado com oobjetivo de reduzir os danos de resfria-mento, o que está de acordo com os tra-balhos de Cabrera & Salveit Jr. (1990)e Wang (1994). A resposta dos frutossubmetidos ao aquecimento intermitenteainda está sendo estudada. SegundoWang (1994), estas respostas podem ser:a) aumento da atividade metabólica du-rante o aquecimento, que permite ao te-cido do fruto metabolizar o excesso desubstâncias tóxicas acumulada duranteo resfriamento; b) restauração de possí-veis danos ocorridos nas membranas,organelas ou rotas metabólicas duranteo resfriamento; c) restabelecimento dealguma substância que foi esgotada ouimpedida de ser sintetizada durante oresfriamento; e d) aumento da síntesede ácidos graxos polinsaturados, queprotegem as membranas dos danos de-vidos ao resfriamento.

A utilização de baixas temperaturasde armazenamento, abaixo da crítica,que para produtos de origem tropical éde 10oC (Chitarra & Chitarra, 1990),apresenta como inconvenientes o apa-recimento de distúrbios fisiológicos cau-sados pela redução drástica no metabo-lismo dos frutos, prejudicando a suaaparência, o processo normal de ama-durecimento e a sua vida útil pós-colhei-ta (Wang, 1994). Neste sentido, o aque-cimento intermitente pode ser utilizado,pois o seu efeito na redução dos danosdevido ao resfriamento permite oarmazenamento de produtos sensíveis,como tomate, berinjela, pepino, pimen-tão, abobrinha, melancia e outros(Kader, 1992) a temperaturas mais bai-xas, resultando na supressão dos proble-mas anteriormente relacionados e noaumento da sua vida útil de comerciali-zação (Wang, 1994). São necessárias, po-rém, mais pesquisas quanto à utilizaçãodeste tratamento em frutos, procurandorelacionar o tempo de exposição a baixastemperaturas com o surgimento de danos,visando prolongar o seu período de vidaútil pós-colheita e aplicar o aquecimentono momento mais apropriado.

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7Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O Brasil perde em pós-colheitaaproximadamente 35% de pro-

dutos hortícolas produzidos anualmente(Brasil, 1993). As causas destas perdas sãovariadas, incluindo modificações metabó-licas associadas à respiração e à senescên-cia, perda de matéria fresca, danos mecâ-nicos, doenças e distúrbios fisiológicos(ASHRAE, 1994), problemas de nature-za tecnológica, como manuseio e armaze-namento inadequados, uso de embalagensinapropriadas e transporte de produtos re-cém-colhidos em estradas precárias(Chitarra & Chitarra, 1990; Brasil, 1993;Sigrist, 1993; Tsunechiro et al., 1994).

TESSARIOLI NETO, J.; KLUGE, R.A.; JACOMINO, A.P.; SCARPARE FILHO, J.A.; IWATA, A.Y. Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ emdiferentes tipos de embalagens. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 7-10, maio 1998.

Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tiposde embalagens.

João Tessarioli Neto; Ricardo A. Kluge; Ângelo P. Jacomino; João A. Scarpare Fo.; Adriano Y. Iwata.USP-ESALQ, Depto. de Horticultura, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba - SP.

RESUMO

A conservação pós-colheita de raízes de beterraba cv. EarlyWonder foi estudada em diferentes tipos de embalagem: saco depolietileno de baixa densidade (20 e 70 µ de espessura), selados ouperfurados; filme de PVC (20 µ); e sem embalagem (controle). Asembalagens, contendo as raízes, foram mantidas à 20oC e 60-70%de umidade relativa. Foram determinadas a perda de matéria frescae a pressão de turgescência (método da aplanação) após seis, doze e18 dias de armazenamento. O delineamento experimental adotadofoi inteiramente casualizado, em fatorial 6 x 3 (seis tratamentos etrês períodos de avaliação). Foram utilizadas quatro repetições comcinco raízes por parcela. Não houve interação entre os fatores estu-dados. Todos os tratamentos diferiram significativamente (P = 5%)do controle sem embalagem, que apresentou maiores valores de perdade matéria fresca (24,44%, em média) e menores valores de pressãode turgescência (0,64 kgf.cm-2, em média). Murchamento destasraízes foi observado após doze dias de armazenamento. As raízesembaladas em polietileno selado apresentaram significativamente(P = 5%) os menores valores de perda de matéria fresca (0,26% paraa espessura 70 µ e 0,96% para a espessura 20 µ, em média) emcomparação com os demais tratamentos. Entretanto, esses tratamen-tos provocaram o aparecimento de brotações adventícias nas raízes.O polietileno perfurado e o PVC não promoveram brotação e asbeterrabas apresentaram, em média, perda de matéria fresca de 3,89%para o polietileno 70 µ, 2,72% para polietileno 20 µ e 4,51% paraPVC. A pressão de turgescência variou de 1,91 a 2,28 kgf.cm-2 entreas embalagens estudadas.

Palavras-Chave: Beta vulgaris L., atmosfera modificada, polieti-leno, PVC, perda de matéria fresca, pressão de turgescência.

ABSTRACT

Storage of beet roots ‘Early Wonder’ at different kinds ofpackage.

The postharvest storage of beet roots ‘Early Wonder’ was studiedat different kinds of packages: sealed or perforated low densitypolyethylene bags (20 µ and 70 µ of thickness), PVC films (20 µ),and without package (control). The packages containing the rootswere stored at 20oC and 60-70% relative humidity. Fresh weightloss and turgescence or pressure (by flattening method) wereevaluated six, twelve, and 18 days after storage. The experimentwas in a completely randomized design with 6 x 3 factorial (sixtreatments and three periods of evaluation). Four replications andfive roots per plot were used. There was no interaction between thefactors studied. All treatments were significantly different (P = 5%)if compared to the control without package, which presented thehighest fresh weight loss (24.44%, on average) and the lowest turgorpressure (0.64kgf.cm-2, on average). Shrivelling of these roots wasobserved after storage for twelve days. Roots kept in sealedpolyethylene presented significantly (P = 5%) the lowest fresh weightloss values (0.26% for 70 µ and 0.96% for 20 µ, on average) ifcompared to the other treatments. However, these treatments causedroot sprouting. There was no sprouting in beet roots kept in perforatedpolyethylene bags or PVC films and beets presented fresh weightlosses of 3.89 for polyethylene 70 µ, 2.72% for polyethylene 20 µand 4.51% for PVC film, on average. The turgor pressure variedfrom 1.91 to 2.28 kgf.cm-2 between the packages studied.

Keywords: Beta vulgaris L., modified atmosphere, polyethylene,PVC, fresh weight loss, turgor pressure.

(Aceito para publicação em 8 de abril de 1998)

A beterraba é uma importante espécieolerícola que apresenta as raízes como omais importante produto comercial. Oestado de São Paulo apresentou no ano de1995 um área explorada com esta hortaliçade 2.645 ha, correspondendo a uma pro-dução de 70.691 toneladas e um valor to-tal de U$ 7.432.000,00 (Secretaria deAgricultura e Abastecimento, 1997). Deacordo com a mesma fonte, a beterrabasitua-se no 12o. lugar, considerando-se ovalor econômico da sua produção, à fren-te de outras tradicionais exploraçõesolerícolas, como pepino, berinjela, abó-bora, abobrinha e feijão-de-vagem.

O murchamento das raízes, a perdade turgor ou firmeza, a rebrota e o apa-recimento de doenças, são as principaiscausas de perdas pós-colheita de beter-raba durante armazenamento e comer-cialização (Tucker et al., 1980; Salunkhe& Desai, 1984; Hardenburg et al., 1986;ASHRAE, 1994). Estas perdas são mai-ores durante a comercialização, onde astemperaturas são comumente mais al-tas e a umidade relativa é, quase sem-pre, mais baixa. Nestas condições, osprocessos de respiração e transpiraçãosão aumentados. Agrawal & Srivastava(1987) verificaram, em condições de alta

8 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

temperatura (36oC) e baixa umidade re-lativa (50%), que as beterrabas podemperder mais de 10% em matéria frescaem apenas dois dias, com uma elevadaperda na turgescência. Tsunechiro et al.(1994) relataram perdas na ordem de8,4% na comercialização de beterrabas,nos diferentes segmentos do mercado va-rejista da cidade de São Paulo.

O teor de água nas raízes de beterra-ba varia de 85 a 90% e parte desta águaé perdida através da transpiração, que éo principal processo envolvido na per-da pós-colheita de matéria fresca. Atranspiração ocorre em consequência dodéficit de pressão de vapor (DPV), oqual representa a diferença entre a umi-dade dos tecidos do produto e a umida-de do ar circundante (Grierson &Wardowski, 1978; Chitarra & Chitarra,1990). O DPV é dependente da tempe-ratura e da umidade relativa do ar. Paraumidade relativa do ar constante, a per-da de matéria fresca é maior a tempera-turas mais altas, enquanto que para tem-peratura constante, a perda de matériafresca é maior em umidade relativa maisbaixa (Hardenburg et al., 1986). A per-da de matéria fresca através da transpira-ção pode resultar em murcha e modifi-cações na textura e aparência do produ-to, reduzindo sua aceitação no mercado(Woods, 1990; Shewfelt, 1993).

O brotamento, comum em hortali-ças de raízes e tubérculos após a colhei-ta, também constitui uma fonte de per-da em beterraba, sendo freqüente emambiente com elevada temperatura eumidade (Bourne, 1981). O brotamentoprovoca uma rápida transferência dematéria seca e água da raiz para abrotação e, como consequência, ocorreperda de massa (Chitarra & Chitarra,1990). As alterações relacionadas aumen-tam a predisposição das raízes às injúri-as mecânicas durante o transporte ecomercialização, favorecem o apareci-mento de doenças pós-colheita e dimi-nuem o valor comercial da beterraba.

A atmosfera modificada vem sendoutilizada em várias espécies de hortali-ças e frutas com o objetivo de minimizaras perdas de matéria fresca, manter osatributos de qualidade, suprimir o de-senvolvimento de patógenos e aumen-tar o período de conservação dos pro-dutos (Chitarra & Chitarra, 1990; Gorris& Peppelenbos, 1992). Para a obtençãode atmosfera modificada pode-se recor-rer a diversos métodos, tais como: man-

ter o produto em embalagens de plásti-co (filmes de PVC, sacos de polietilenoe outros), utilizar ceras ou similares, oufazer um controle atmosférico do recin-to de armazenamento (atmosfera con-trolada). Todos estes métodos reduzema concentração de O

2 disponível ao pro-

duto e aumentam a de CO2, diminuindo

a sua taxa respiratória e ritmo de suasenescência (Zagory & Kader, 1988). Amagnitude com que os níveis de O

2 são

reduzidos e os de CO2 aumentados de-

pende do método de obtenção da atmos-fera modificada. Quando se utilizamembalagens plásticas, as concentraçõesde O

2 e CO

2 geradas dentro da embala-

gem dependem das características domaterial utilizado e da velocidade deconsumo e liberação dos gases por par-te do produto. A embalagem plásticaadequada é aquela que propicia umaconcentração de O

2 suficientemente bai-

xa para retardar a respiração, porémmais alta que a concentração crítica emque inicia a respiração anaeróbica. Alémdisso, a embalagem adequada deve im-pedir o acúmulo excessivo de CO

2 que

pode provocar danos no produto emba-lado (Gorris & Peppelenbos, 1992).

A manutenção de alta umidade rela-tiva ao redor do produto é outra carac-terística desejável na utilização de em-balagens plásticas, pois nesta situaçãoo DPV é reduzido, provocando menortranspiração e, consequentemente, me-nor perda de matéria fresca. Entretanto,alguns autores recomendam fazer per-furações nas embalagens para evitar aformação de excessiva umidade (100%),que favorece a proliferação de agentespatogênicos (Geeson, 1989; Gorris &Peppelenbos, 1992).

As raízes de beterraba apresentam,como condições ótimas de armazena-mento, temperatura de 0oC e umidaderelativa do ar de 90-95%, podendo serconservadas por quatro a seis mesesnestas condições (Hardenburg et al.,1986). Em condição ambiente, entretan-to, a umidade relativa e as oscilações detemperatura determinam a sua capaci-dade de armazenamento, o que tornadifícil a determinação do potencial deestocagem desta hortaliça. A utilizaçãode embalagem de plástico durante oarmazenamento sob condição ambienteou na comercialização é pouco estuda-da para beterraba. A utilização de sacosde polietileno ou filmes de PVC, que sãomateriais relativamente baratos, fáceis

de serem encontrados e os mais usadosem produtos hortifrutícolas (Yam et al.,1992), pode ampliar a vida útil desteproduto hortícola, reduzindo as perdaspós-colheita. O objetivo deste trabalhofoi verificar os efeitos de diferentesembalagens plásticas na conservação deraízes de beterraba ‘Early Wonder’.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Laborató-rio de pós-colheita do Departamento deHorticultura da Escola Superior de Agri-cultura “Luiz de Queiroz”, Universidadede São Paulo, em Piracicaba (SP). Raízesde beterraba ‘Early Wonder’ foram colhi-das, lavadas e selecionadas conforme odiâmetro (60-80 mm). Três horas após acolheita, as raízes foram acondicionadasem bandejas de isopor (25 x 20 x 5 cm) ecolocadas em diferentes tipos de embala-gem (tratamentos): controle (sem emba-lagem); filme de PVC (20 µ de espessu-ra); saco de polietileno (20 µ de espessu-ra) selado; saco de polietileno (20 µ deespessura) perfurado (24 perfurações de7 mm); saco de polietileno (70 µ de es-pessura) selado; e saco de polietileno (70µ de espessura) perfurado (24 perfuraçõesde 7mm). O polietileno utilizado foi debaixa densidade.

Os tratamentos foram colocados emlaboratório à temperatura de 20 +1oC eumidade relativa de 60 a 70%. Foram re-alizadas avaliações seis, doze e 18 diasapós o início do armazenamento, sendoconsideradas as seguintes variáveis: a)perda de matéria fresca, determinada peladiferença, em %, entre o peso inicial e opeso após cada período dearmazenamento; b) pressão de turges-cência, determinada pela técnica daaplanação, utilizando-se um aplanadorhorizontal, conforme metodologia deCalbo & Nery (1995). Os resultados fo-ram expressos em kgf.cm-2.

O delineamento experimental foi in-teiramente casualizado, em fatorial 6 x 3(seis tratamentos e três períodos dearmazenamento). Foram utilizadas quatrorepetições com cinco raízes por parcela.Os dados observados para a variável per-da de matéria fresca foram transformadosem arco seno da raiz quadrada de x/100.Os resultados foram submetidos à análisede variância e as médias comparadas peloteste de Tukey ao nível de 5% de probabi-lidade.

TESSARIOLI NETO, J. et al. Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tipos de embalagens.

9Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

TESSARIOLI NETO, J. et al. Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tipos de embalagens.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as duas variáveis analisadas, oteste F da análise da variação acusoudiferenças significativas para o fatorembalagem e período de conservação(P<0,01), não havendo, entretanto, efei-to significativo de interação entre os fa-tores estudados para nenhuma das ca-racterísticas (P>0,05).

A perda de matéria fresca aumentou aolongo das avaliações em todas as embala-gens testadas. Essa elevação é normal, umavez que a beterraba, sendo um produto vivo,sofre perda de matéria fresca com o tempoatravés dos processos de respiração etranspiração (Gorris & Peppelenbos, 1992).A intensidade destas perdas, entretanto,variou de acordo com a embalagem utili-zada (Tabela 1). As raízes não embaladasapresentaram murcha a partir do sexto diade conservação, com perda de matéria fres-ca superior a 10%. Doze dias após o iníciodo armazenamento essa perda alcançou21,03% e as beterrabas apresentavam-seinadequadas para a comercialização. Temsido relatado que as perdas de matéria fres-ca acima de 15% provocam o mur-chamento e perda do turgor de beterrabas,tornando-as inapropriadas para a comer-cialização (Agrawal & Srivastava, 1987).Nos demais tratamentos não observou-semurcha até o final do período de avaliação(18 dias).

Entre as embalagens testadas, as per-das de matéria fresca verificadas nas raízesembaladas em polietileno selado foram,em média, significativamente menores doque as verificadas no polietileno perfura-do e no filme de PVC (Tabela 1). Isto deve

ter ocorrido porque o polietileno seladomantém umidade relativa mais alta emtorno das raízes, reduzindo o déficit depressão de vapor com maior intensidadedo que o polietileno perfurado, onde aumidade tende a sair da embalagem atra-vés das perfurações. Para PVC, a maiorperda de matéria fresca se deve a sua mai-or permeabilidade ao vapor de água, quan-do comparado com o polietileno (Gorris& Peppelenbos, 1992).

As perfurações nas embalagens deplástico evitam o acúmulo de CO2, o queé prejudicial para produtos que apresen-tam elevada taxa respiratória, e impedema condensação de umidade na superfícieinterna do plástico, diminuindo a ocorrên-cia de podridões (Geeson, 1989). No pre-sente trabalho, não ocorreu podridão emnenhum dos tratamentos, entretanto, na-queles com polietileno selado, foi verifi-cado o aparecimento de brotações adven-tícias, possivelmente em função domicroclima formado dentro da embala-gem. Essas brotações iniciaram-se comdoze dias de armazenamento e sua inten-sidade foi maior com 18 dias. O estímuloà brotação tem sido relatado como um dospossíveis prejuízos da atmosfera modifi-cada em hortaliças de raízes (Kader, 1992).

A pressão de turgescência também foiafetada pelos tratamentos (Tabela 1). Asraízes não embaladas tiveram a pressãode turgescência drasticamente reduzida aofinal do período de avaliação, enquantoas raízes embaladas, independente daembalagem utilizada, mantiveram valoresde turgor mais altos, não havendo dife-renças significativas entre embalagens.Esse resultado deve-se à maior preserva-

ção da água nas raízes embaladas, o quemantém o seu turgor. A pressão deturgescência, que é um dos principais com-ponentes da firmeza de hortaliças e frutas(Calbo & Nery, 1995), demonstrou ser umbom parâmetro para determinar a perdade firmeza e o murchamento das raízesde beterraba. Verificou-se a existência decorrelação negativa significativa entre aperda de matéria fresca e a pressão deturgescência (r2 = -0,907), o que aumentaa importância da utilização de métodosque reduzam a perda de água nas raízesde beterraba durante a conservação.

O acondicionamento de raízes beter-rabas ‘Early Wonder’ em embalagensplásticas demonstrou ser um método efi-ciente na redução da perda de matéria fres-ca desta hortaliça em armazenamento por18 dias à 20oC e 60-70% UR, com as per-das atingindo valores inferiores a 10%.Sem a utilização de embalagens plásticas,as perdas podem alcançar valores eleva-dos e reduzir a vida útil das raízes. A uti-lização de plásticos também promoveu amanutenção da turgescência das raízes, naproporção de quatro a cinco vezes superi-or do que a turgescência verificada nasraízes não embaladas. Em relação aos di-ferentes tipos de plásticos, mesmo tendosido verificado um melhor efeito dopolietileno selado na redução da perda dematéria fresca e manutenção da pressãode turgescência, sua utilização pode pro-mover o aparecimento de brotações, quediminuem a aceitação do produto no mer-cado. Em função disso, é mais aconselhá-vel a utilização de embalagens plásticasperfuradas, ou filmes de PVC para con-servação de raízes de beterraba.

Tabela 1. Perda de matéria fresca (%) e pressão de turgescência (kgf.cm-2) de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ acondicionadas emdiferentes tipos de embalagens durante o armazenamento à temperatura de 20oC1. Piracicaba, USP-ESALQ, 1996.

megalabmE )%(acserfairétamedadreP 2 )2-mc.fgK(aicnêcsegrutedoãsserP 3

)megalabmemes(elortnoC a44,42 /4 a46,0

CVP b15,4 b19,1

02oneliteiloP µ odarufrep b27,2 b52,2

02oneliteiloP µ odales c69,0 b52,2

07oneliteiloP µ odarufrep b98,3 b79,1

07oneliteiloP µ odales c62,0 b82,2

)%(.V.C 21,61 39,51

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ Os valores referem-se às médias dos três períodos de armazenamento (seis, doze e 18 dias);2/ Análise realizada sobre valores transformados para arco seno X / 100 ;3/ Pressão de turgescência na colheita = 2,64kgf.cm-2

10 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

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STUKER, H.; BOFF, P. Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 10-13,maio 1998.

Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteirosde cebola.

Henri Stuker1; Pedro Boff2.1EPAGRI S/A, C. Postal 277, 88301-970 Itajaí - SC; 2EPAGRI S/A C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga - SC.

RESUMOO tamanho da amostra, em experimentação agrícola, é um dos

principais problemas a ser definido pelos pesquisadores. A determi-nação deste parâmetro depende do grau de precisão que é desejado eda homogeneidade dos elementos populacionais. Especial atenção deveser tomada quando forem usadas amostras destrutivas. Com o objeti-vo de determinar o tamanho ótimo da amostra na avaliação da inci-dência de queima-acinzentada, causada por Botrytis squamosa, emcanteiros com mudas de cebola, conduziu-se este experimento naEPAGRI, em Ituporanga (SC). Doze populações de cebola semeadasna segunda semana de maio, em canteiros com 12 m2, foramamostradas, semanalmente, em dez épocas. Avaliou-se a proporçãode folhas doentes, diâmetro do pseudocaule e a porcentagem de áreafoliar lesionada. A característica porcentagem de área foliar lesionadaapresentou alta variabilidade no primeiro mês de avaliação, resultan-do em amostras com grande número de plantas. Considerando umerro amostral de 10% da média, os resultados permitiram concluirque o tamanho de 96% das amostras, para o diâmetro do pseudocaule,foi menor que 20 plantas e a média para as 120 amostras foi de 7,8plantas. Para proporção de folhas doentes, 95% das amostras apresen-taram tamanho inferior a 40 plantas, com um tamanho médio de 15,4plantas por amostra. A porcentagem de área foliar lesionada proporci-onou tamanho da amostra menor que 65 plantas somente a partir de42 dias após a emergência. Considerando a praticidade na quantificaçãodas características e o número de plantas a serem amostradas, a pro-porção de folhas doentes é a mais indicada para a quantificação daincidência de queima-acinzentada em canteiros de cebola.

Palavras-chave: Allium cepa, Botrytis squamosa, amostragem,doenças.

ABSTRACTSampling size in the evaluation of Botrytis leaf blight in onion

plots.

Sampling size in agricultural experiments is one of the mostcritical problems to be defined by researchers. The determination ofthis parameter depends on the degree of accuracy desired and on thehomogeneity of population elements. Special attention is neededwhen destructive sampling is used. An experiment was conductedat EPAGRI, in Ituporanga (SC), with the purpose of determining theoptimum sampling size for estimating the incidence of Botrytis leafblight, caused by Botrytis squamosa, in an onion nursery. Twelvepopulations, seeded in the second week of May, cultivated in 12 m2

plots, were weekly sampled, at ten different dates. The proportionof diseased leaves, pseudo-stem diameter and percentage of leaf areadamaged were estimated. Percentage of leaf area damaged showedhigh variability in the first month of evaluation, resulting in sampleswith a great number of plants. Considering a sampling error of 10%of the mean value, for pseudo-stem diameter, a 96% sampling sizewas lower than 20 plants and the average for 120 samples was equalto 7.8 plants. For proportion of diseased leaves, a 95% of samplingsize amounted to less than 40 plants. Percentage of leaf area damagedwas determined in samples with less than 65 plants only after 42days after emergence. Considering the practicability in quantifyingthe characteristics and the number of plants to be sampled, thevariable proportion of diseased leaves was the most appropriate forquantifying the incidence of Botrytis leaf blight in onion plots.

Keywords: Allium cepa, Botrytis squamosa, sampling, diseases.

(Aceito para publicação em 07 de abril de 1998)

TESSARIOLI NETO, J. et al. Conservação de raízes de beterraba ‘Early Wonder’ em diferentes tipos de embalagens.

11Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Em sistemas de cultivo com trans-plante de mudas, como em ce-

bola, a semeadura é realizada em parcelasde alta densidade, impossibilitando a ava-liação individual de todas as plantas. Nes-sas condições, são muitos os estresses queafetam as plantas, entre eles as doenças.Em cebola, na região produtora do AltoVale do Itajaí (SC),a queima-acinzentadacausada por Botrytis squamosa, é a doen-ça da cebola que merece mais atençãoapresentando como sintoma mais típicoa queima-acinzentada na lâmina da fo-lha. A doença acontece mais frequente-mente na fase de mudas e o fungo énecrotrófico, isto é, precisa matar o teci-do vegetal para esporular (Boff, 1994).

Na avaliação da queima-acinzentada,a amostragem destrutiva afeta o patossis-tema e consequentemente o desenvolvi-mento da doença (Boff, 1994). Por isso,sempre que possível deve-se optar por ava-liações não destrutivas e, na impossibilida-de, deve-se buscar um número mínimo deplantas que permita avaliar a intensidadeda doença na população (Boff & Stuker,1993). Esse plantas constituirão a amostra.

A amostragem é uma técnica ampla-mente utilizada no estudo de populações.Isto decorre das vantagens que este pro-cesso proporciona, dentre outras, o menorcusto e rapidez na obtenção e análise dosdados (Braga, 1986). Porém, utilizando aamostragem, os resultados estão sujeitos aum certo grau de incerteza, já que os dadosmensurados em amostras podem conduzira uma variação aleatória composta de duaspartes: a primeira relativa ao método de me-dição (ruído) e a segunda relativa ao pró-prio material e também por considerar ape-nas uma parte da população (Heath, 1981).Estes erros podem ser reduzidos trabalhan-do-se com instrumentos de medida maisprecisos e com uma amostra dimensionadapara a precisão desejada (Campos, 1985).A dimensão de uma amostra é característi-ca e depende do grau de precisão desejadono estudo e, principalmente, da homoge-neidade dos elementos na população (Cam-pos, 1985). Ao dimensionarmos uma amos-tra, necessitamos do conhecimento prévioda variância da população e do grau de pre-cisão desejado. Quando não dispomos deinformações sobre a variabilidade da po-pulação a ser amostrada, deve-se realizaruma pré-amostragem, em pequena escala,a fim de que se possa obter estimativas dosparâmetros populacionais (média e variân-cia) que serão usados na obtenção do me-lhor tamanho de amostra (Silveira Júnioret al., 1980).

O objetivo deste trabalho foi identi-ficar a característica capaz de determi-nar o menor tamanho ótimo de amostra(número de plantas) para quantificar aincidência de queima-acinzentada emcanteiros de cebola.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naEPAGRI S.A., Estação Experimental deItuporanga (SC), situada a 475 m de alti-tude, durante os ciclos de cultivo 1992 e1993. A cultivar utilizada foi EMPASC351 Seleção Crioula. A semeadura, dedoze canteiros, foi realizada na segun-da semana de maio. As avaliações fo-ram realizadas semanalmente a partir do21o. dia após a emergência até o 88o.,ocasião do transplante. Os tratos cultu-rais foram realizadas conforme reco-mendado pelo Sistema de Produção(EMPASC/ACARESC, 1991).

Para avaliar a incidência da queima-acinzentada em cebola durante a fase demuda, foram quantificadas as seguintescaracterísticas: proporção de folhas doen-tes, obtida pelo quociente entre folhas comsintomas da doença e total de folhas; por-centagem de área foliar lesionada, obtidapor meio de avaliação visual da planta e;diâmetro do pseudocaule (mm), medidocom paquímetro e avaliado por manter es-treita relação com a área foliar sadia res-ponsável pela realização da fotossíntese edesenvolvimento da planta.

A população de plantas foi definidacomo sendo aquela presente em canteirosde 12 metros quadrados (12x1, tamanhopadrão usado pelos produtores do AltoVale do Itajaí) com aproximadamente1.500 plantas por canteiro. Doze popula-ções (canteiros), representadas por dife-rentes tratamentos de pulverizações comfungicida, foram amostradas semanal-mente em dez épocas, seguindo-se o de-senvolvimento fenológico das plantas. Onúmero de dias após a emergência (dae)para a realização das avaliações foram: 21,28, 35, 42, 52, 60, 67, 74, 82 e 88.

Para determinar o tamanho ótimo daamostra, considerou-se a populaçãocomo sendo infinita (n < 0,05 N) e ado-tou-se a técnica de amostragem casualsimples (Cochran, 1965).

Para estimar os parâmetros popula-cionais, média e desvio-padrão, consi-derou-se uma amostra inicial (pré-amos-tra) de 30 observações, decorrentes daavaliação de 30 plantas por canteiro. Em

seguida determinou-se uma aproximaçãoao tamanho ótimo de amostra n. Quandon era maior que 30, voltava-se a campopara coletar aleatoriamente tantas plantasquantas necessárias para a formação daamostra ou até atingir 150 plantas (can-teiros com aproximadamente 1.500 plan-tas e dez épocas de avaliação). Se n fossemenor que 30 retirava-se aleatoriamenteda pré-amostra o número de plantas esta-belecido, estimando-se novamente osparâmetros populacionais. A estimativadesses parâmetros foi usada para determi-nar o tamanho ótimo de amostra quandoo objetivo era quantificar a incidência dedoenças em canteiros de cebola.

Na obtenção da equação de n, parao dimensionamento da amostra, fixou-se a precisão d (semi-amplitude do in-tervalo de confiança) a ser consideradano experimento e tomou-se a probabili-dade P { | y Y− | ³ d } =α, onde 1-αé o coeficiente de confiança do intervalo.Pela técnica da amostragem casual sim-ples, a semi-amplitude do intervalo de con-fiança é: d = t .s/ n(n - 1) ; /2α . Seelevarmos todos membros ao quadradoe isolarmos n, obtém-se a fórmulan=(t s )/d2 2 2. , que relaciona o valorde n (tamanho da amostra) ao grau deprecisão adotado. Fixou-se o valor daprecisão d nesse trabalho em 10% dovalor da média. Temos também que t =valor tabelado com n-1 graus de liber-dade, s = desvio-padrão amostral e n =tamanho ótimo da amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação da proporção de folhasdoentes de doze populações, o valor mé-dio de n foi de 15,4 plantas, tendo o míni-mo de 0,7 e máximo de 47,4 plantas (Ta-bela 1). Então, se utilizarmos a caracterís-tica proporção de folhas doentes paraquantificar a incidência de queima-acinzentada em mudas de cebola, quinzeplantas seriam suficientes para populaçõesinfinitas, com precisão de 10% da média.Para as características diâmetro do pseudo-caule (Tabela 2) e porcentagem de áreafoliar lesionada (Tabela 3), seriam neces-sárias amostras de 7,9 e 266,8 plantas, res-pectivamente. A característica porcentagemde área foliar lesionada, que teve altavariância nas primeiras avaliações, pode-ria ser utilizada somente a partir de 42 diasapós a emergência sendo que, neste caso, otamanho da amostra deveria ser de 65 plan-

STUKER, H.; BOFF, P. Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola.

12 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

tas, estabilizando-se em 25 plantas nas úl-timas avaliações (Tabela 3). Para a carac-terística proporção de folhas doentes seri-am necessárias apenas onze plantas poramostra para avaliações a partir de 42 diasapós a emergência. A redução no tamanhoda amostra a partir de 42 dias após a emer-gência, para as características porcentagemde área foliar lesionada e proporção de fo-lhas doentes, deve-se à redução da variân-cia, que foi mais alta nas primeiras avalia-ções. Nesta fase a muda é muito pequena eapresenta reduzido número de folhas, difi-cultando a quantificação dos sintomas dadoença. Esse é um problema de variaçãoaleatória do método de medição e do pró-prio material (Heath, 1981). Para diâmetrodo pseudocaule não há problema com avariância, pois o método de quantificaçãoé mais exato.

Observando a distribuição de fre-qüência do número de amostras, a carac-terística diâmetro de pseudocaule tem otamanho ótimo menor que 20 plantas em96% das amostras. Por outro lado, na ca-racterística proporção de folhas doentes,95 % das amostras tem tamanho ótimomenor que 40 plantas. A característicaporcentagem de área foliar lesionada temapenas 65% das amostras com tamanhoótimo menor que 100 plantas.

Os resultados obtidos neste trabalhopermitem concluir que para avaliar a in-cidência da doença queima-acinzentadaem canteiros de mudas de cebola, o tama-nho da amostra depende da característicautilizada para quantificar a doença e daidade das mudas. Foi possível percebertambém que a pré-amostragem proporci-ona uma boa estimativa da variância paradeterminar o tamanho ótimo da amostra.A característica porcentagem de área foliarlesionada, por ter sido considerado ape-nas o aspecto visual da planta, foi maisfácil de ser obtida. Porém, foi também acaracterística que, devido à subjetivida-de, apresentou a maior variabilidade, o queleva a amostras com grande número deplantas, não sendo recomendada paraamostras destrutivas. Quando foi utiliza-do o diâmetro do pseudocaule obteve-seas amostras de menor tamanho (seis a onzeplantas) para todo o período de avaliação,mas sua aplicação fica condicionada aouso da relação diâmetro do pseudocaule eincidência da doença, o que pode trazeralguma dificuldade a nível de produtor. Aproporção de folhas doentes, uma carac-terística de fácil obtenção, proporcionouum tamanho de amostra aceitável (cinco

STUKER, H.; BOFF, P. Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola.

sópasaiDaicnêgreme

oãçautiSartsomaadohnamaT

ominíM omixáM oidéM12 artsoma-érP 2,11 0,85 8,92

artsomA 3,01 4,64 9,7282 artsoma-érP 6,61 4,53 8,92

artsomA 4,91 9,53 2,0353 artsoma-érP 7,5 1,42 7,51

artsomA 8,5 2,33 6,7124 artsoma-érP 1,0 7,11 1,8

artsomA 1,1 4,74 3,825 artsoma-érP 9,0 3,7 4,3

artsomA 7,0 4,71 5,506 artsoma-érP 4,4 3,62 6,41

artsomA 8,1 6,42 5,4176 artsoma-érP 5,4 1,91 9,01

artsomA 5,1 3,13 6,5147 artsoma-érP 8,4 9,71 5,7

artsomA 7,0 7,52 5,828 artsoma-érP 3,5 9,62 1,41

artsomA 6,3 7,13 6,4188 artsoma-érP 9,2 1,9 1,5

artsomA 2,1 8,24 5,11lareG artsoma-érP 1,0 8,95 6,31

artsomA 7,0 4,74 4,51

Tabela 1. Tamanho da amostra necessário para avaliar a incidência de queima-acinzentada(Botrytis squamosa) em canteiros de cebola obtido a partir de uma pré-amostragem de 30plantas, considerando a proporção de folhas doentes. Ituporanga, EPAGRI, 1992/1993.

sópasaiDaicnêgreme

oãçautiSartsomaadohnamaT

ominíM omixáM oidéM12 artsoma-érP 8,2 1,6 4,4

artsomA 3,3 9,72 9,0182 artsoma-érP 3,4 9,23 6,9

artsomA 2,0 1,52 0,753 artsoma-érP 6,2 4,6 3,4

artsomA 8,0 9,61 2,524 artsoma-érP 3,3 5,41 5,5

artsomA 8,0 3,62 5,825 artsoma-érP 1,4 6,8 1,6

artsomA 5,0 6,01 5,706 artsoma-érP 2,4 1,21 7,6

artsomA 6,1 4,42 2,876 artsoma-érP 7,3 1,71 5,7

artsomA 2,1 1,61 9,747 artsoma-érP 3,4 4,9 2,6

artsomA 0,1 7,61 2,828 artsoma-érP 1,5 1,01 3,7

artsomA 9,0 4,51 7,788 artsoma-érP 1,5 9,9 3,7

artsomA 9,2 5,41 1,8lareG artsoma-érP 6,2 9,23 5,6

artsomA 2,0 9,72 9,7

Tabela 2. Tamanho da amostra necessário para avaliar a incidência de queima-acinzentada(Botrytis squamosa) em canteiros de cebola obtido a partir de uma pré-amostragem de 30plantas, considerando o diâmetro do pseudocaule. Ituporanga, EPAGRI, 1992/1993.

13Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

a 30 plantas), sendo a mais indicada paraquantificar a incidência de queima-acinzentada em mudas de cebola.

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Avaliação da produtividade do tomateiro em cultivo protegido atravésde um modelo de simulação da produção.Jerônimo Luiz Andriolo; Tatiana da S. Duarte; Loeni Ludke; Etiane C. Skrebsky1UFSM - CCR, Depto. de Fitotecnia, 97119-900 Santa Maria - RS.

RESUMO

O modelo TOMPOUSSE foi utilizado para comparar o rendimento po-tencial ao rendimento real de frutos de tomateiro obtidos em cultivoprotegido no Departamento de Fitotecnia da UFSM, em Santa Maria(RS). O modelo utilizou como parâmetros de entrada a radiação solarglobal, a temperatura do ar e a densidade de plantas. Esses parâmetrosforam integrados para simular a produção semanal e acumulada de fru-tos ao longo do ciclo de produção, no decorrer dos períodos outono-inverno e primavera-verão. A produção semanal apresentou forte vari-ação, tanto entre colheitas sucessivas como entre os valores simulados eobservados em cada colheita. O rendimento acumulado no decorrer dociclo mostrou pequenas diferenças entre os valores observados e simu-lados. O híbridos Monte Carlo e Carmen atingiram rendimentos próxi-mos daqueles considerados potenciais para a cultura. Conclui-se que omodelo TOMPOUSSE é um instrumento útil para avaliar o rendimento acu-mulado do cultivo e poderá também ser utilizado para indicar o poten-cial de produção em diferentes condições climáticas.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, modelização, radiaçãosolar, crescimento, desenvolvimento, rendimento.

ABSTRACT

Evaluation of tomato fruit yield under protected cultivation bya simulation model.

The potential tomato fruit yield was estimated by the simulationmodel TOMPOUSSE and compared to the actual yield of fruits obtained ongreenhouse tomato crops grown at the Crop Technology Department,at Federal University of Santa Maria, in Santa Maria, state of Rio Gran-de do Sul. Model input parameters were global solar radiation, airtemperature and plant density. These parameters were integrated tosimulate fruit yield at weekly intervals and also evolution of cumulativefruit yield throughout the cropping period. Results showed strongvariation between observed and simulated fruit yield values integratedat weekly intervals. When cumulative fruit yield was compared duringthe cropping period, small differences were observed between observedand simulated values. Hybrid Monte Carlo reached fruit yield valuesconsidered near to the potential fruit yield of a tomato crop. It wasconcluded that simulation model TOMPOUSSE may be utilised efficientlyto evaluate cumulative fruit yield and also to estimate potential yield ofthe crop under different climatic conditions.

Keywords: Lycopersicon esculentum, modeling, solar radiation,growth, development, yield.

(Aceito para publicação em 22 de abril de 1998)

sópasaiDaicnêgreme

oãçautiSartsomaadohnamaT

ominíM omixáM oidéM12 artsoma-érP 2,581 1,627 6,583

artsomA 8,251 4,646 9,36382 artsoma-érP 3,124 5,136.5 3,168.1

artsomA 3,172 9,562.3 7,057.153 artsoma-érP 7,502 5,046 2,293

artsomA 3,901 8,722 2,97124 artsoma-érP 0,96 4,171 2,311

artsomA 9,76 7,102 5,11125 artsoma-érP 5,46 1,601 6,97

artsomA 3,74 4,201 3,5606 artsoma-érP 3,63 5,511 3,66

artsomA 9,13 6,89 8,3676 artsoma-érP 9,33 4,601 7,45

artsomA 5,72 2,46 9,0547 artsoma-érP 4,12 8,54 4,23

artsomA 5,22 0,64 9,2328 artsoma-érP 8,41 3,53 1,42

artsomA 6,11 6,33 3,5288 artsoma-érP 7,41 1,54 8,52

artsomA 2,6 9,44 1,42lareG artsoma-érP 7,41 5,136.5 5,303

artsomA 2,6 9,562.3 8,662

Tabela 3. Tamanho da amostra necessário para avaliar a incidência de queima-acinzentada (Botrytissquamosa) em canteiros de cebola obtido a partir de uma pré-amostragem de 30 plantas, consi-derando a porcentagem de área foliar lesionada. Ituporanga, EPAGRI, 1992/1993.

STUKER, H.; BOFF, P. Tamanho da amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola.

14 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O aperfeiçoamento dos métodosde simulação do crescimento e

desenvolvimento das plantas que vemocorrendo há algumas décadas muito temauxiliado a compreensão do processo deprodução vegetal. Através dos modelosde simulação, as etapas intermediáriasque compõem o longo caminho entre afotossíntese e a elaboração dos produtoscomercializáveis são transformadas emequações. Essas equações são combina-das em uma determinada sequência deforma a permitir a simulação da respostada planta às diversas condições do ambi-ente que afetam o rendimento final.

Vários modelos têm sido desenvol-vidos nos últimos anos para simular ocrescimento e desenvolvimento de cul-turas protegidas, especialmente o toma-teiro (TOMGRO, Jones et al.,1991;TOMSIM, Bertin & Heuvelink, 1993;Heuvelink, 1996). Esses modelos sãocapazes de reproduzir com bastante pre-cisão o comportamento da planta a in-tervalos curtos de tempo, da ordem dedias ou até de horas. Integram equaçõesdetalhadas da fotossíntese, respiração,transpiração, emissão de órgãos e ou-tros processos, até terminar com a pre-visão do crescimento dos frutos. São deconstrução complexa e operam com umgrande número de variáveis, o que difi-culta sua utilização na prática, especi-almente para os usuários com poucosconhecimentos em informática. Parasuperar esse inconveniente, Gary et al.(1996) desenvolveram um modelo maissimples, denominado TOMPOUSSE. Aidéia que deu origem a esse modelo estábaseada em observações que associama produtividade das plantas em ambi-ente protegido à quantidade de radiaçãosolar recebida durante o ciclo de produ-ção (Cockshull et al.,1992; De Konning,1994). Sua estrutura está organizadapara operar no intervalo de tempo deuma semana, utilizando o programaEXCEL na versão 5.0 ou posterior, in-tegrando como variáveis de entrada asmédias semanais de radiação solar glo-bal e de temperatura do ar.

O presente trabalho compara os re-sultados de simulações realizadas pelomodelo TOMPOUSSE aos dados de produ-ção de quatro cultivos de tomateiro con-duzidos em estufas, localizadas no De-partamento de Fitotecnia da Universi-

dade Federal de Santa Maria (RS). Asaplicações do modelo no âmbito de cul-tivos protegidos também são discutidas.

MATERIAL E MÉTODOS

a. Estrutura do modeloO organograma geral da produção de

biomassa estimada pelo modelo estáesquematizado na Figura 1. As variáveisde entrada são a radiação solar global e atemperatura do ar. A transmissividadedos materiais de cobertura das estufas foiconsiderada igual a 0,8, com base nasmedidas feitas em Santa Maria (Buriolet al., 1995). Para estimar a penetração eintercepção da radiação solar incidentedentro da cobertura vegetal (e

i), o mode-

lo utiliza a seguinte relação:

ε i = 1- e-k.IAF (1),

onde IAF significa o índice de áreafoliar e k o coeficiente de extinção da luz,considerado igual a 0,8 para uma cober-tura de plantas de tomateiro (Bertin,1993). Para efetuar as simulações, omodelo utiliza um valor fixo de IAF iguala 4, baseado no fato de que a área foliarde uma planta em fase de produção émantida sempre próximo desse valor,através da poda das folhas basais dasplantas que é realizada à medida que osfrutos são colhidos. Da radiação solarincidente dentro das estufas, a fração PARfoi considerada como sendo de 47%.

Para estimar a conversão da radia-ção solar recebida em matéria seca totaldas plantas (MS) foi utilizado o valorde 3,1 gramas de MS por unidade (MJ)de PAR incidente (Challa et al.,1995).O modelo considera que a fração dematéria seca total da planta alocada paraos frutos aumenta linearmente duranteos primeiros 60 dias e se estabiliza nafração de 0,70, a partir da emissão daoitava inflorescência. O teor de MS deum fruto não é constante, mas diminuià medida que o processo de maturaçãoavança. Para estimar o teor de matériaseca (TMS) dos frutos no momento dacolheita, é utilizado o modelo de DeKonning (1994):

TMS = A - B x cos 2 p x (DAYNO -C)/365 (2),

onde DAYNO representa o númerojuliano do dia, o coeficiente A representao valor médio anual, em %, do teor de

MS dos frutos (5,39%), B significa aamplitude de variação do teor de MS(0,743) e C é um coeficiente de correção(16). O modelo incorpora também equa-ções relativas ao desenvolvimento daplanta. A velocidade de emissão de no-vas inflorescências (NI) é dependente datemperatura do ar segundo a relação:

NI = 0,05 T - 0,08524h× (3),

onde T24h

representa a temperaturamédia do ar das 24 horas. Essa relaçãofoi estabelecida a partir de observaçõesrealizadas em cultivos conduzidos nointervalo de temperatura entre 16 e22,7ºC. Acima desse limite de tempera-tura, o modelo considera um valor fixoigual a uma inflorescência emitida porsemana. Abaixo de 16ºC, o modeloextrapola a mesma relação. O número defrutos que se desenvolvem (“pegamento”de frutos) é considerado dependente darelação entre a oferta e a demanda deassimilados. A duração do período decrescimento dos frutos (CF), em sema-nas, no período entre a fecundação e acolheita é dependente da temperatura,sendo estimada pela equação:

CF = - 0,59 T + 19,4m× (4),

onde Tm representa a temperatura

média do ar durante todo o período decrescimento do fruto. Essa relação é vá-lida para o intervalo entre 17 e 22,4ºC.Acima desse limite, o modelo considerao período fixo de seis semanas para ocrescimento completo de um fruto. Abai-xo de 17ºC, o modelo considera que ocrescimento dos frutos fica paralisado.

As relações e os valores dos coefi-cientes descritos acima foram determi-nados pelos autores do modelo a partirde observações feitas em plantas de to-mateiro conduzidas com alta tecnologia,na França e na Holanda. Esses coefici-entes foram mantidos sem alteração paraefetuar as simulações objeto deste tra-balho e considerados como os valoresmáximos potenciais que um tomateiropode apresentar quando geneticamentebem adaptado, sem restrições hídricasou minerais e corretamente manejado.

b. Simulações realizadasPara efetuar as simulações foram

calculadas as médias semanais de pro-dução de frutos de quatro cultivos detomateiro conduzidos na primavera e nooutono, na área experimental do Depar-

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tamento de Fitotecnia da UFSM, no anode 1996. Os cultivos foram implanta-dos no interior de quatro estufas depolietileno, do tipo Pampeana, com áreaunitária de 500m2, no decorrer do ano de1996, utilizando os híbridos Monte Carloe Carmen. O primeiro totalizou três cul-tivos, sendo um no outono-inverno e doisna primavera-verão (Tabela 1). O híbri-do Carmen foi cultivado uma única vez,no período primavera-verão. Em cadaestufa, os cultivos foram implantados emcinco fileiras orientadas no sentido Nor-te-Sul, na densidade de 2,2 plantas.m-2.A condução e o manejo das plantas foirealizado de acordo com as técnicas con-vencionais adotadas na produção comer-cial do tomateiro na região de SantaMaria. O híbrido Monte Carlo, indeter-minado, do tipo salada e com frutosgraúdos (beefsteak), foi submetido à podaapical após a quarta inflorescência. Ohíbrido Carmen, também indeterminadoe do tipo salada, porém com a caracte-rística longa-vida e frutos redondos, foiconduzido sem poda apical. A colheitados frutos foi realizada duas vezes porsemana, considerando-se maduros osfrutos que apresentavam pelo menos50% da epiderme com coloração rosaou vermelha. Ao final do ciclo, os da-dos de cada colheita foram integradospara determinar os valores semanais deprodução de frutos.

No interior de cada uma das estufas,foram registrados diariamente os valo-res da temperatura do ar, com o uso determohigrógrafos, no transcorrer do pe-ríodo compreendido entre as datas deinício da antese da primeira inflores-cência e de final da colheita dos frutosde cada um dos cultivos. Calculou-se atemperatura média diária do ar a partirda máxima e da mínima e efetuou-se a

média semanal. A radiação solar foi es-timada durante o mesmo período, a par-tir da insolação diária medida no PostoMeteorológico do Departamento deFitotecnia, situado ao lado da área ex-perimental. Para efetuar essa estimati-va, utilizou-se o método de Estefanel etal. (1990), para a região de Santa Ma-ria, e os resultados foram integradospara obter médias semanais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 2 mostra as médias sema-nais de radiação solar e de temperaturado ar e as figuras 3 e 4 apresentam osresultados das simulações realizadas,expressos respectivamente em produçãosemanal e acumulada de frutos ao lon-go do ciclo de cada um dos cultivos.Tanto a produção semanal observadacomo aquela simulada mostraramflutuações. A flutuação da produção si-mulada foi consequência sobretudo dasvariações da intensidade da radiaçãosolar incidente, pois o modelo é muitosensível a esse parâmetro do ambiente(Figura 2). Entretanto, verificou-se umavariação mais acentuada nos resultadosda produção semanal observada, nosquatro cultivos.

A produção semanal acumulada (Fi-gura 4) mostrou menor flutuação que aprodução semanal. A evolução dos va-lores simulados e observados foi bas-tante similar nos quatro cultivos. Veri-ficou-se uma tendência do modelo emsuperestimar o rendimento nas primei-ras quatro semanas do período de pro-dução de primavera do híbrido MonteCarlo (Figura 4a,b). Ao final desses doiscultivos, notou-se uma diminuição daprodução observada, que não é previstapelo modelo. No outono, a superes-timativa inicial não foi confirmada e, de

maneira contrária ao observado na pri-mavera, a produção no período desde asexta semana até o final do ciclo tendea ser ligeiramente maior que aquela es-timada pelo modelo (Figura 4c). Ape-sar dessas diferenças, a produção dosdois híbridos sempre se situou em valo-res muito próximos daqueles simuladospelo modelo.

As fortes flutuações constatadas nosvalores da produção semanal de frutosse devem tanto a causas fisiológicascomo operacionais. As causas fisioló-gicas estão associadas às variações naintensidade da radiação solar incidentee se refletem diretamente nas estimati-vas feitas pelo modelo. Essas variaçõesrepercutem diretamente sobre a produ-ção de matéria seca pela planta e devem,portanto, ser consideradas normais den-tro das condições ambientais existentesna região. Entretanto, a discrepânciaentre os valores da produção semanalobservada e simulada são atribuídas so-bretudo ao procedimento de colheitaadotado. O ponto de colheita dos frutosfoi determinado de maneira empírica porcritérios visuais ligados à coloração dosfrutos. A falta de critérios precisos paradeterminar o momento da colheita é co-mum no caso de híbridos que não perten-cem ao grupo longa-vida, pois a maturaçãodos frutos desses materiais ocorre em pou-cos dias. A falta de critérios rígidos decolheita pode aumentar a produção emuma colheita, em detrimento da colheitaseguinte. Para que o modelo possa ser uti-lizado corretamente a fim de estimar orendimento em intervalos curtos de tem-po, se faz necessário efetuar a colheita dosfrutos segundo critérios bem definidos.Restrição semelhante já havia sido obser-vada pelos autores do modelo em toma-teiro na Europa.

*odirbíHsataD gk(latotoãçudorP

msoturf 2- lp 1- )arudaemeS oãçarolfariemirP atiehlocoicínI atiehloconimréT

olraCetnoM 1 69/70/82 69/80/82 69/01/42 69/21/81 0,9

olraCetnoM 2 69/70/82 69/80/82 69/01/42 69/21/81 5,01

olraCetnoM 3 69/10/22 69/30/62 69/50/70 69/70/52 5,7

nemraC 69/80/30 69/90/42 69/11/62 69/21/32 3,6

Tabela 1. Informações básicas sobre os cultivos utilizados para realizar as simulações e comparações com o modelo TOMPOUSSE. SantaMaria, UFSM, 1997.

*/ Os índices identificam os diferentes cultivos do mesmo híbrido.

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O modelo simula a produção sema-nal acumulada com boa precisão. Tantoas flutuações semanais ligadas à radia-ção solar como aquelas ligadas ao pro-cedimento de colheita ficam compensa-das, mostrando uma evolução clara aolongo do ciclo. Esses resultados confir-mam trabalhos anteriores de Cockshullet al. (1992) e De Konning (1994) queassociaram o rendimento do tomateiroem ambiente protegido à disponibilida-de de radiação solar durante o períodode crescimento da planta. No outono,nota-se uma tendência da produção ob-servada ser maior que aquela estimadapelo modelo, considerada como tetopotencial. Essa diferença está associa-da provavelmente ao efeito da tempera-tura sobre o crescimento dos frutos. Osdados que foram utilizados originalmen-te para ajustar o modelo são provenien-tes de plantas conduzidas em estufasaquecidas e com ventilação forçada,com amplitude térmica diária situadadentro do limite entre 15 e 25ºC. Noscultivos conduzidos em Santa Maria,sem aquecimento e apenas com venti-lação natural, a mesma amplitude tér-mica diária pode atingir valores entre 10e 35ºC, especialmente no outono. Tem-peraturas médias diárias similares po-dem ser obtidas com disponibilidadestérmicas totalmente diferentes ao longodo dia. O crescimento diário dos frutossofre a influência da sua temperatura,que pode ser superior à temperatura doar circundante, pois a transpiração de umfruto é muito reduzida (Huguet, 1985).O modelo considera a temperatura dosfrutos igual àquela do ar e essa premis-sa pode não ser verdadeira, especialmen-te em plantios de outono.

O trabalho realizado evidencia doisaspectos importantes para a evolução dotomateiro em cultivo protegido no Suldo Brasil. O primeiro aspecto mostraque no decorrer do ciclo produtivo doshíbridos testados, a produção de frutosatinge valores próximos daqueles con-siderados potenciais para a planta, si-milares aos obtidos nas lavouras alta-mente tecnificadas do hemisfério norte.Entretanto, o rendimento final da plan-ta não depende somente do potencial deprodução, mas também da duração doperíodo produtivo. Esse aspecto ficaevidente na Figura 4d, onde o rendimen-

to acumulado do híbrido Carmen, deapenas 6,3 Kg.m-2, é consequência deum período de produção de frutos res-trito a aproximadamente doze semanas,em consequência das temperaturas ex-cessivamente elevadas observadas nofinal do período. Para obter novos gan-hos de produtividade, ações de pesqui-sa devem ser preferencialmente concen-tradas nessa questão. Novas técnicas demanejo devem ser pesquisadas a fim deprolongar o período produtivo das plan-tas e/ou reduzir a duração do períodovegetativo anterior à floração.

O segundo aspecto do trabalho con-siste na confirmação de que o rendimen-to de frutos depende diretamente daquantidade de radiação solar recebidapela planta. O zoneamento dos cultivosprotegidos e/ou a determinação dasmelhores épocas de cultivo devem pas-sar a ser realizados preferencialmentecom base na disponibilidade de energiasolar ao longo do ano. No tocante aomanejo das plantas, devem ser pesqui-sadas novas práticas capazes de aumen-tar a fração da energia solar intercepta-da no interior das estufas, especialmen-te nos meses de inverno.

Figura 1. Organograma geral do modelo TOMPOUSSE (Gary et al., 1996).

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Figura 2. Médias semanais de radiação solar e de temperatura do ar medidas no transcorrer do período de produção das plantas e utilizadaspara realizar as simulações. (Os índices na grafia do híbrido Monte Carlo identificam os cultivos, conforme Tabela 1. Os valores de radiaçãosolar dos cultivos 1 e 2 do híbrido Monte Carlo são idênticos porque se referem ao mesmo período de tempo).

Figura 3. Produção semanal de frutos de tomateiro do híbrido Monte Carlo em cultivo de primavera (A, B) e de outono (C) e do híbridolonga-vida Carmen em cultivo de primavera (D). Santa Maria, UFSM, 1996. (Índices de acordo com a Figura 2).

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Engo Agro.

Christian Gary, pesquisador da Stacionde Bioclimatologie do INRA, emAvignon, França, pela cessão do mode-lo TOMPOUSSE e ao Prof. NereuAugusto Streck pela cessão dos dadosde produção utilizados para comparar aprodução simulada e observada do hí-brido Monte Carlo.

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Figura 4. Produção semanal acumulada de frutos de tomateiro do híbrido Monte Carlo em cultivo de primavera (A, B) e de outono (C) e dohíbrido longa-vida Carmen em cultivo de primavera (D). Santa Maria, UFSM, 1996. (Índices de acordo com a Figura 2).

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Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro1.

Juliana S. Costa2; Ana Maria R. Junqueira2; Washington Luiz C. Silva3; Félix Humberto França3

2/Universidade de Brasília - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 70.900-910 Brasília - DF; 3/Embrapa Hortaliças, C. Postal218, 70.359-970 Brasília - DF.

RESUMO

De outubro de 1995 a março de 1996 foi realizado um estudo naEmbrapa Hortaliças para avaliar o impacto da irrigação via pivôcentral em ovos, larvas e minas de Tuta absoluta em plantas de to-mate, cultivar IPA-5. Foram realizados três experimentos, com plan-tas de 40, 60 e 90 dias de idade. O delineamento utilizado foi intei-ramente casualizado, com irrigação na intensidade de 21, 61 e 77mm/h, além de testemunha, sem irrigação por aspersão. As avalia-ções foram feitas em folhas dos terços superior, médio e basal dasplantas, tomando 20 plantas por parcela. As mudas de tomate forammantidas livres de infestação pela traça-do-tomateiro até a idadedeterminada, quando, então, adultos foram liberados para oviposiçãopor um período de 48-72 horas antes da aplicação da irrigação, emcampo, sob pivô-central. A partir do número de ovos e larvas obser-vados antes e imediatamente após a irrigação, quantificou-se a por-centagem de ovos e larvas removidos. Foi realizada ainda, sete diasapós a irrigação, uma contagem do número de minas. A irrigaçãopor aspersão teve efeito significativo na remoção de ovos em todasas idades. A posição da folha na planta afetou significativamente aremoção de ovos apenas em plantas com 60 dias de idade, quandohouve significativamente maior remoção no terço superior da plan-ta (41,97%). A remoção de larvas foi afetada significativamente pelairrigação por aspersão, mas não pela posição da folha, exceto emplantas com 40 dias de idade. Nestas plantas observou-se interaçãosignificativa entre a intensidade de irrigação e a posição da folha,havendo significativamente maior remoção de larvas (44,58%) noterço basal das plantas que receberam 21 mm/h. O número de minasformado sete dias após a irrigação foi afetado significativamentepela intensidade de irrigação e pela posição da folha em plantas com60 e 90 dias, sendo observada, em plantas com 90 dias de idade,interação significativa entre intensidade de irrigação e posição dafolha. Nestas plantas, o número de minas atingiu o valor máximo(42,25), significativamente superior aos demais, nas folhas do terçosuperior das plantas que receberam 21 mm/h de irrigação. Concluiu-se que a irrigação por aspersão tem potencial para ser incluída nomanejo integrado da traça-do-tomateiro.

Palavras-chave: Lycopersicum esculentum, Tuta absoluta, manejointegrado de pragas, idade da planta, dinâmica populacional.

ABSTRACT

Central-pivot irrigation impact on the Brazilian tomatopinworn control.

An experiment was carried out at Embrapa Hortaliças, fromOctober 1995 to March 1996, to evaluate the impact of sprinklerirrigation applied by a central-pivot irrigation system on eggs, larvaeand larval feeding of the Brazilian tomato pinworm, Tuta absoluta,in tomato plants, cultivar IPA-5. Three experiments, correspondingto 40, 60 and 90-day old plants, were carried out in a completelyrandomized design, with three irrigation levels (21, 61 and 77 mm/h) and a control, where water was applied without wetting foliage.Evaluation was performed at three different leaf position (top,medium, basal), in 20 plants per plot. Tomato plants were grownfree from infestation until reaching the established ages, when adultsof Tuta absoluta were let to lay eggs on them from 48 to 72 hours.Just after, plants were taken to the central-pivot area. The number ofeggs and larvae before and immediately after irrigation wererecorded. Damage caused by larval feeding was recorded seven daysafter irrigation. Egg and larvae removal by the sprinkler irrigationsystem was significantly higher than that observed at the control. Atall ages, irrigation by central pivot removed eggs significantly. Leafposition on plant affected egg removal only on 60-day old plants,where a significant higher egg removal (41.97%) was observed ontop leaves. Larvae removal was significantly affected by irrigation,but not by leaf position, except for 40-day old plants, wheresignificant interaction between irrigation intensity and leaf positionwas observed. In this case, a significant higher larvae removal(44.58%) was recorded on the basal leaves of plants irrigated with21 mm/h. The number of larval galleries was significantly affectedby irrigation rates and leaf position on 60 and 90-day old plants. For90-day old plants, it was observed a significant interaction: thenumber of larval galleries reached its significant maximum (42.25)in top leaves of plants irrigated with 21 mm/h. It was concluded thatthe central pivot irrigation system is a potential tool in the integratedmanagement of the Brazilian tomato pinworm.

Keywords: Lycopersicum esculentum, Tuta absoluta, integratedpest management, plant age, population dynamics.

(Aceito para publicação em 07 de maio de 1998)

O tomate para fins industriais vem,nos últimos anos, se expandindo

em novas regiões, em especial no cerrado,abrangendo áreas dos estados de Goiás ede Minas Gerais (Melo, 1993). Com o au-mento do cultivo tem sido constatada, nes-tas regiões, a ocorrência de diversas pra-

gas, como por exemplo a traça-do-toma-teiro, Tuta absoluta (Meyrick)(Lepidoptera: Gelechiidae) (Povolný, 1993;1994). Por ser uma praga muito prolífera,a população deste inseto cresce rapidamentecausando sérios danos à cultura do toma-teiro (Coelho & França, 1987). As larvas

da traça-do-tomateiro danificam folhas,hastes, flores e frutos e ocorrem durantetodo o ciclo da cultura, independente doperíodo em que o tomateiro seja cultivado(França & Castelo Branco, 1992).

A presença dessa praga em tomatei-ro no Brasil foi observada pela primeira

1. Trabalho realizado como parte das exigências para conclusão do curso de Engenharia Agronômica pela primeira autora

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vez em 1980, em Jaboticabal - SP, dani-ficando tomate rasteiro (Moreira et al.,1982), tendo sido constatada também noVale do Salitre, Juazeiro (BA), em 1981(Moraes & Normanha Filho, 1982).Dois anos mais tarde, em 1983, a pragafoi constatada no município de SantaTeresa (ES) (Scarnini et al., 1983), cau-sando severos danos e perdas, em algunscasos de até 100% da produção. Desdeentão, a traça-do-tomateiro tem se dis-seminado rapidamente por várias regi-ões produtoras de tomate do país, pro-vavelmente seguindo o fluxo de comer-cialização do produto, quando caixascontendo frutos infestados com larvas epupas são transportadas de um local aoutro (Coelho & França, 1987).

O uso de inseticidas é uma das prá-ticas mais comuns no controle desta pra-ga. Porém, os agricultores têm utiliza-do os inseticidas em dosagens cada vezmaiores e, ainda, em intervalos de apli-cação cada vez mais curtos (Moreira etal., 1982 e Haji et al., 1986; CasteloBranco et al., 1996; Picanço et al., 1996)o que deixa dúvidas em relação à efici-ência desse método de controle. De acor-do com Faria (1992) o controle químicojá se mostrou ineficiente para altos ní-veis de ataque da praga na região doSubmédio São Francisco contribuindopara o aumento da resistência da pragaaos inseticidas usados e para o aumentodo custo de produção, além de apresen-tar riscos de contaminação ao homem,ao meio ambiente e ao produto final.

Para um controle racional e econô-mico da traça é necessário um maiorconhecimento de sua dinâmica popula-cional a fim de se identificar as épocasem que a traça aparece no campo e emque momento começa a causar dano àplanta (Matta e Ripa, 1981). CasteloBranco (1992), estudando a flutuaçãopopulacional da traça-do-tomateiro noDistrito Federal, verificou que sua po-pulação é influenciada pela precipitaçãopluviométrica, sendo que os picos depopulação ocorrem durante os mesesmais secos (julho a setembro). Nos me-ses chuvosos (outubro a abril), precipi-tações mensais superiores a 100 mmmantiveram baixos o número de ovos elarvas. De acordo com Coelho et al.(1984), os ovos da traça são depositados,na maioria, no ápice da planta, assim elesficam expostos à ação da precipitação

atmosférica, o que poderia ser exploradocomo alternativa de controle.

Estudos realizados em repolho rela-tam que a irrigação por aspersão pro-moveu remoção de ovos, larvas e pupasde Plutella xylostella (Lepidoptera:Yponomentidae) (Wakisaka et al., 1990,Talekar & Yang, 1992; Oliveira et al.,1997). Haji et al. (1989) verificaram quea irrigação por aspersão, com uma de-terminada intensidade de aplicação,pode ser utilizada no controle da traça-do-tomateiro. Nos resultados obtidospor Haji et al. (1989), menores popula-ções da traça foram mantidas em parce-las irrigadas por aspersão quando com-paradas àquelas onde utilizou-se irriga-ção por sulco. No entanto, Haji et al.(1989) não quantificaram o efeito da ir-rigação na remoção de ovos e larvas datraça do tomateiro.

O objetivo deste trabalho foi avaliar oimpacto da água de irrigação aplicada viapivô central na remoção de ovos e larvase na evolução do número de minas de Tutaabsoluta em plantas de tomate.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizadosno período de outubro de 1995 a marçode 1996 na Embrapa Hortaliças, Brasí-lia (DF), utilizando-se plantas de toma-te, cultivar IPA-5. Foram realizados trêsexperimentos separados no tempo, re-presentando três idades de planta (40,60 e 90 dias). O delineamento experi-mental utilizado foi inteiramente casua-lizado, com níveis de irrigação em fai-xas, aplicados na intensidade de 21, 61e 77 mm/h, além da testemunha (águaaplicada na superfície do vaso). As ava-liações foram feitas em três posições dafolha na planta (terços superior, médioe basal). Para cada idade e intensidadede irrigação foram avaliadas 20 plantas.Portanto, como foram avaliadas três ida-des sob quatro intensidades de irrigação(incluindo a testemunha), o número to-tal de plantas avaliadas nos três experi-mentos foi de 240. Para aplicação dostratamentos, as plantas, mantidas emvasos, foram alocadas no campo, sob opivô-central.

Os níveis de irrigação utilizados fo-ram determinados de acordo com a po-sição das plantas em relação ao pivô-central. As plantas posicionadas próxi-mo ao ponto-pivô (centro) receberam 21mm/h de irrigação; as plantas na meta-

de da linha lateral receberam 61 mm/he aquelas colocadas na extremidade dalinha lateral receberam 77 mm/h. Taisníveis de irrigação foram quantificadosatravés de pluviômetros tipo “lata” ins-talados paralelamente à linha lateral dopivô em cada posição utilizada para oexperimento. Foram distribuídos dezpluviômetros em cada posição distan-ciados um metro entre si. Após umaúnica passagem do pivô sobre os pluvi-ômetros, fez-se a leitura da quantidadede água aplicada em milímetros utilizan-do proveta graduada sendo então obti-da a lâmina aplicada. A intensidade deirrigação (mm/h) foi calculada atravésdos dados de lâmina aplicada e do tem-po gasto pela linha lateral do pivô parapercorrer os pluviômetros instalados. Aintensidade menor (21mm/h) correspon-deu a um tempo de aplicação de uma horae dez minutos; a intensidade de 61mm/hcorrespondeu a 38 minutos e; a intensi-dade maior (77 mm/h) correspondeu a30 minutos. Em todos os tratamentos alâmina média foi de 23,14 mm.

As mudas de tomate foram produzi-das em bandejas de isopor em casa-de-vegetação. Após terem atingido aproxi-madamente 15 cm de altura foram trans-plantadas para vasos, ainda em casa-de-vegetação. Ali permaneceram até atin-girem as idades de 40, 60 e 90 dias paraentão serem transportadas para outrotelado, onde adultos da traça-do-toma-teiro foram liberados para oviposiçãopor um período de 48-72 horas antes dasplantas serem levadas para o campo paraa área do pivô-central. Após o períodode infestação, antes das plantas recebe-rem o tratamento de irrigação, fez-seuma primeira contagem do número deovos, larvas e minas em uma folha decada um dos terços da planta para cadaidade. Logo após a contagem, as plan-tas de mesma idade, incluindo as teste-munhas, foram levadas para o campo.Primeiramente foram levadas as plan-tas de 40 dias de idade com as testemu-nhas, depois as de 60 dias e testemu-nhas e por último as plantas de 90 dias eas testemunhas. No campo, plantas demesma idade foram distribuídas ao mes-mo tempo sob o pivô-central, perpendi-cularmente à linha lateral, nas três posi-ções definidas anteriormente. As plan-tas permaneceram no campo o temposuficiente para que o equipamento deirrigação passasse por elas uma única

COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA, W.L.C., FRANÇA, F.H. Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro.

21Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

vez. As plantas testemunhas permane-ceram fora do alcance do pivô central,durante o tempo necessário para que opivô irrigasse as outras plantas. Logoapós a irrigação, as plantas foram trans-portadas para uma casa-de-vegetaçãonão infestada pela traça-do-tomateiro.Foi efetuada, então, uma segunda con-tagem de ovos e larvas nas mesmas fo-lhas onde foi realizada a primeira con-tagem, antes da irrigação. Sete dias apósa irrigação, foi avaliado o número deminas formado nessas mesmas folhas.

A partir do número de ovos e larvasobservados antes e imediatamente apósa irrigação foi possível quantificar a por-centagem de ovos e larvas removidosem função do tratamento de irrigação.Os dados de porcentagem de ovos e lar-vas removidos pela irrigação por asper-são foram transformados em arco seno.O número de minas formado sete diasapós a irrigação foi transformado emraiz quadrada (Snedecor & Cochran,1989). Após a transformação os dadosforam submetidos à análise de variânciae as médias foram comparadas pelo tes-te DMS a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

OvosPara remoção de ovos, não foi obser-

vada interação significativa entre a inten-sidade de irrigação e a posição da folhana planta nas idades avaliadas (Tabela 1).

Observou-se efeito significativo dairrigação por aspersão na remoção deovos em todas as idades. Em plantas com40 dias verificou-se que houve maiorporcentagem de remoção de ovos nosníveis de irrigação de 21 e 61 mm/h(64,56 e 57,51%, respectivamente). Emplantas com 60 dias de idade ocorreumaior porcentagem de remoção nas in-tensidade de 77 mm/h (62,29%) e, emplantas com 90 dias de idade, as porcen-tagens significativamente mais altas deremoção de ovos foram observadas paraos níveis de irrigação de 61 e 77 mm/h(60, 44 e 50,16%, respectivamente).

Observou-se efeito significativo daposição da folha na planta apenas emplantas com idade de 60 dias. No terçosuperior houve maior porcentagem deremoção de ovos (41,97%) que nos ter-ços médio e basal, 26,91% e 26,46%,respectivamente (Tabela 1).

No geral, a porcentagem de remo-ção de ovos foi maior (42,47%) paraplantas com 40 dias de idade que paraplantas com 60 e 90 dias, 31,78% e36,48%, respectivamente (Tabela 1).Isto ocorreu, possivelmente, devido àdisposição e ao menor número de fo-lhas nas plantas mais novas, o que con-feriu menor proteção aos ovos, ficandoos mesmos mais expostos ao efeito dairrigação.

LarvasPara larvas, observou-se que houve

interação significativa entre a intensi-dade de irrigação e a posição da folha

na planta apenas em plantas com idadede 40 dias. Neste caso, houve maiorporcentagem de remoção de larvas(44,58%) na intensidade de irrigação de21 mm/h, nas folhas do terço basal daplanta (Tabela 2). Em plantas com 60dias de idade observou-se que não hou-ve influência significativa da intensida-de de irrigação e da posição da folha naplanta na remoção de larvas (Tabela 2).A intensidade de irrigação influenciousignificativamente a porcentagem deremoção de larvas em plantas com 90dias de idade havendo maior remoçãode larvas (36,43%) quando foi aplicado61 mm/h. A posição da folha na plantanão teve influência significativa na re-moção de larvas em plantas com 90 diasde idade (Tabela 2).

A porcentagem de remoção de lar-vas através da irrigação foi menor que aporcentagem de remoção de ovos, pos-sivelmente, devido ao hábito da larvade se abrigar em minas no mesófilofoliar, ficando a mesma protegida, en-quanto os ovos se encontravam expos-tos na superfície das folhas.

MinasQuanto à formação de minas sete

dias após a irrigação, observou-seinteração significativa entre a intensi-dade de irrigação e a posição da folhana planta apenas para plantas com 90dias (Tabela 3). Em plantas com 90 diasde idade, observou-se no tratamentoonde foram aplicados 21 mm/h, maiornúmero de minas formadas (42,25) noterço superior da planta (Tabela 3).

COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA, W.L.C., FRANÇA, F.H. Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro.

atnalpadedadI)said(

anoãçisoPatnalpadahlof

)h/mm(oãçagirriedaidémedadisnetnIaidéM

.tseT 12 16 77roirepusoçreT *00,0 Aa19,56 Aa89,55 Aa89,83 A22,04

04 oidémoçreT 00,0 Aa98,66 Aa49,15 Aa08,25 A19,24**vc lasaboçreT 00,0 Aa98,06 Aa26,46 Aa96,15 A03,44%77,12 aidéM c00,0 a65,46 ba15,75 b28,74 74,24

roirepusoçreT 00,0 Aa92,85 Aa73,93 Aa22,07 A79,1406 oidémoçreT 00,0 Aa43,83. Aa27,41 Aa95,45 B19,62vc lasaboçreT 00,0 Aa13,02 Aa74,32 Aa70,26 B64,62

%24,22 aidéM d00,0 cb89,83 c58,52 a92,26 87,13roirepusoçreT 00,0 Aa75,32 Aa58,76 Aa74,45 A74,63

09 oidémoçreT 00,0 Aa82,24 Aa51,76 Aa92,35 A96,04vc lasaboçreT 00,0 Aa70,04 Aa03,64 Aa37,24 A82,23

%34,62 aidéM c00,0 b13,53 a44,06 ba61,05 84,63

Tabela 1. Porcentagem de remoção de ovos de Tuta absoluta em plantas de tomate. Brasília, UnB-FAV/Embrapa Hortaliças, 1996.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste DMS;** cv = coeficiente de variação.

22 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA, W.L.C., FRANÇA, F.H. Impacto da irrigação via pivô-central no controle da traça-do-tomateiro.

atnalpadedadI)said(

anoãçisoPatnalpadahlof

)h/mm(oãçagirriedaidémedadisnetnIaidéM

.tseT 12 16 77

roirepusoçreT *a00,0 Ba00,0 Aa00,5 Aa00,0 B52,1

04 oidémoçreT b00,0 Ba05,7 Aa24,51 Aa00,5 BA89,6

**vc lasaboçreT c00,0 Aa85,44 Ab17,7 Ab05,2 A07,31

%77,12 aidéM 00,0 63,71 83,9 05,2 13,7

roirepusoçreT 00,0 Aa52,11 Aa00,0 Aa00,5 A60,4

06 oidémoçreT 00,0 Aa85,22 Aa00,0 Aa00,52 A09,11

vc lasaboçreT 00,0 Aa00,51 Aa05,7 Aa00,02 A36,01

%24,22 aidéM b00,0 a82,61 b05,2 a76,61 68,8

roirepusoçreT 00,0 Aa33,8 Aa35,73 Aa00,0 A74,11

09 oidémoçreT 00,0 Aa38,01 Aa57,14 Aa05,7 A20,51

vc lasaboçreT 00,0 Aa00,51 Aa00,03 Aa64,7 A21,31

%34,62 aidéM b00,0 b93,11 a34,63 b99,4 02,31

Tabela 2. Porcentagem de remoção de larvas de Tuta absoluta em plantas de tomate. Brasília, UnB-FAV/Embrapa Hortaliças, 1996.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste DMS;** cv = coeficiente de variação.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste DMS;** cv = coeficiente de variação.

atnalpadedadI)said(

anoãçisoPatnalpadahlof

)h/mm(oãçagirriedaidémedadisnetnIaidéM

.tseT 12 16 77

roirepusoçreT Aa57,6 Aa02,7 Aa06,7 Aa53,6 A79,6

04 oidémoçreT Aa05,51 Aa00,8 Aa56,8 Aa00,8 A40,01

**vc lasaboçreT Aa00,8 Aa07,6 Aa53,5 Aa54,4 A31,6

%77,12 aidéM a80,01 a03,7 a02,7 a72,6 17,7

roirepusoçreT Aa05,32 Aa03,51 Aa09,42 Aa09,03 A56,32

06 oidémoçreT Aa57,51 Aa02,51 Aa54,61 Aa55,72 A47,81

vc lasaboçreT Aa00,1 Aa55,5 Aa59,3 Aa09,6 B53,4

%24,22 aidéM b24,31 b20,21 b01,51 a87,12 85,51

roirepusoçreT Bb57,6 Aa52,24 Bb08,6 Bb56,41 A16,71

09 oidémoçreT Bb05,1 Bb09,51 Bb08,9 Bb06,01 A54,9

vc lasaboçreT Bb00,1 Bb55,4 Bb02,6 Bb50,8 B59,4

%34,62 aidéM b80,3 a09,02 b06,7 ba01,11 76,01

Tabela 3. Número de minas de Tuta absoluta formado sete dias após a irrigação em plantas de tomate. Brasília, UnB-FAV/Embrapa -Hortaliças, 1996.

23Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Não foi observada influência sig-nificativa da intensidade de irrigaçãoe da posição da folha na planta na for-mação de minas em plantas com 40dias de idade. Para plantas com 60 diasde idade houve formação de um nú-mero significativamente maior de mi-nas nas plantas que receberam 77 mm/h (21,78). Observou-se ainda, emplantas com 60 dias de idade, influên-cia significativa da posição da folhana planta na formação de minas. Noterço superior e médio dessas plantashouve maior número de minas forma-das, 23,65 e 28,74 respectivamente,que no terço basal (4,35).

Considerações GeraisObservou-se um controle da traça-

do-tomateiro pela irrigação por asper-são, aplicada via pivô-central, através daremoção simultânea de ovos e larvas. Airrigação por aspersão removeu ovos elarvas da traça-do-tomateiro de manei-ra significativa quando comparada aotratamento testemunha, aplicação deágua apenas na superfície dos vasos. Osdados estão de acordo com as observa-ções feitas por Haji et al. (1989) onde airrigação por aspersão foi capaz de con-trolar a traça-do-tomateiro quando com-parada à irrigação por sulco.

A irrigação por aspersão teve influ-ência significativa na remoção de ovospara todas as idades da planta e a posi-ção da folha na planta influenciou sig-nificativamente na remoção de ovosapenas em plantas com 60 dias de ida-de, quando houve maior remoção deovos no terço superior da planta. A por-centagem de controle de larvas foi in-fluenciada pela irrigação por aspersão,mas não pela posição da folha na plan-ta, exceto em plantas com 40 dias deidade, onde observou-se interação en-tre a intensidade de irrigação e a posi-ção da folha na planta. O número deminas sete dias após a irrigação foi in-fluenciado pela intensidade de irrigaçãoe pela posição da folha na planta emplantas com 60 e 90 dias de idade, ha-vendo interação significativa entre in-tensidade de irrigação e posição da fo-lha em plantas com 90 dias de idade.Concluiu-se que a irrigação por asper-são tem potencial para ser componentede programas de manejo integrado datraça-do-tomateiro.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq peloapoio financeiro e pela concessão debolsas, à Embrapa Hortaliças pelo apoiologístico, aos funcionários da EmbrapaHortaliças, em especial Paulo Leonar-do de Lima, Hozanan Pires Chaves, JoséGomes Teixeira e Ronildo Cosmo Gon-çalves, pela colaboração nos experimen-tos e à Dra. Concepta M. M. Pimentel(UnB-FAV) e Paulo Eduardo de Melo(Embrapa Hortaliças) pelas sugestões naanálise estatística dos experimentos.

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Produção de melão em função de diferentes sistemas de condução deplantas em ambiente protegido.

Sérgio Roberto Martins; Roberta M. Peil; José Ernani Schwengber; Francisco N. Assis; Marta Elena G.Mendez.UFPel – Faculdade de Agronomia, C. Postal 354, 96010-900, Pelotas - RS. Email: [email protected]

RESUMO

O trabalho objetivou avaliar a produção, em ambiente protegido,de duas cultivares de meloeiro, Melina e Amarelo, submetidas a doissistemas de condução de plantas (tutorado e rasteiro), e raleio de fru-tos (com raleio: quatro frutos por planta; sem raleio: todos os frutos),em dois sistemas de cobertura de solo (com plástico preto e desnudo).Também foi avaliada a distribuição da colheita ao longo do tempo equalidade dos frutos. O experimento foi conduzido no campus daUniversidade Federal de Pelotas, de janeiro a abril de 1996, em estufacoberta com filme de polietileno de baixa densidade (PEBD). O deli-neamento experimental adotado foi de blocos ao acaso com três repe-tições (fatorial 2 x 2 x 2 x 2: cultivar, cobertura do solo, tutoramentoe raleio). As análises mostraram que não houve interação significati-va entre os fatores para as características rendimento, número de fru-tos por área, peso do fruto e produção por planta. Somente para onúmero de frutos por planta houve interação significativa entre siste-ma de condução e cobertura do solo – o solo coberto incrementou onúmero de frutos por planta no sistema de condução rasteiro. A culti-var Melina apresentou maior peso médio de fruto (1,22 kg) e maiorrendimento (6,64 kg/m2) que a cultivar Amarelo (0,99 kg e 5,18 kg/m2), sendo que não diferiram quanto ao número de frutos por planta.As plantas tutoradas mostraram médias de 7,55 kg/m2, 1,81 frutos/planta e peso de fruto de 1,25 kg e, no sistema rasteiro, 4,26, 1,32 e0,96, respectivamente. Quanto ao raleio de frutos, somente uma pe-quena parte das flores fixaram seus frutos e poucas plantas tiverammais de dois frutos. Obteve-se, em média, 1,56 frutos por planta. Amais alta produtividade (8,90 kg/m2), considerando a média dos siste-mas de cobertura do solo, foi obtida com a cultivar Melina, tutorada esem raleio. A cultivar Melina apresentou melhor uniformidade na dis-tribuição da produção entre os três períodos de colheita (50 - 60, 60 -70 e 70 - 80 dias após o transplantio), bem como maior precocidade.A cultivar Amarelo foi quase que totalmente colhida até os 70 diasapós o transplantio. A condução rasteira mostrou maior produtivida-de no período inicial de colheita que a condução tutorada para ambasas cultivares. A cobertura do solo mostrou maior uniformidade nadistribuição da produção nos três períodos de colheita, também apre-sentando maior precocidade, para ambas as cultivares. A cultivarAmarelo apresentou a maior proporção dos seus frutos com menos de1 kg, enquanto a cultivar Melina apresentou a maior parte dos frutoscom peso entre 1 a 1,5 kg. A cultivar Amarelo apresentou frutos commaior teor de sólidos solúveis totais (12,4° Brix) que a cultivar Melina(9,1° Brix), embora através de análise sensorial não tenha sido possí-vel identificar preferência de consumo. Os avaliadores associaram ascaracterísticas de aquosidade e aroma dos frutos da cultivar Melina aotradicional melão gaúcho.

Palavras-chave: Cucumis melo, produtividade, estufa, teor desólidos, tutoramento, raleio, cobertura morta, temperatura eumidade do solo.

ABSTRACT

Greenhouse melon production in different plant cultivationsystems.

The aim of the work was to evaluate the behavior in greenhouseof two melon cultivars, Melina and Yellow, submitted to: two systemsof plant conduction: supported and unsupported; fruit thinning (fourfruits per plant) and no thinning, and covered (black polyethylene)and no covered soil. Distribution of harvest throughout time andfruit quality was also evaluated. The experiment was carried outunder greenhouse, covered with low density polyethylene film, atthe Campus of the Federal University of Pelotas, from January toApril, 1996. Treatments distribution followed the randomized blocksdesign in a factorial 2 x 2 x 2 x 2 (cultivar, soil covering, plant supportsand fruit thinning), with three replications. There were no significantinteraction for yield and number of fruits per area; fruit weight, andyield per plant. Only number of fruits per plant was affected by asignificant interaction between plant conduction and soil coveringsystems - covered soil increasing the number of fruits in theunsupported plants. Cultivar Melina showed greater average fruitweight (1,22 kg) and greater yield (6,64 kg/m2) than cultivar Yellow(0,99 kg and 5,18 kg/m2), but there were no significant differencesbetween them related to number of fruits per plant. Plant supportingsystems greatly influenced all characteristics. Supported plantsyielded in average 7,55 kg/m2 of fruits; 1,81 fruits/plant, and a fruitweight of 1,25 kg, while unsupported plants showed for the samecharacteristics, respectively, 4,26 kg/m2, 1,32, and 0,96 kg. Relatingto fruit thinning, only a small part of the flowers set fruits; few plantshad more than two fruits, in average 1,56 per plant. For soil coveringsystems, the highest yield (8,90 kg/m2) was obtained by cultivarMelina, supported and without thinning. Cultivar Melina showedmore uniformity in fruit harvesting distribution (50-60, 60-70, 70-80 days after transplant) as well as earliness. Cultivar Yellow wasalmost completely harvested at 70 days after transplanting.Unsupported plants showed higher yield at earlier harvesting stagesfor both cultivars. Soil covering resulted in a more uniform fruitharvesting distribution for the three harvesting periods, also showinggreater earliness, for both cultivars. Cultivar Yellow showed greaterproportion of fruits with less than 1 kg, while the cultivar Melinashowed the majority of the fruits between 1,0 to 1,5 kg. CultivarYellow showed a higher total soluble solids content (12,4o Brix) thancultivar Melina (9,1o Brix). However sensorial analysis did not revealany consumer preference. Cultivar Melina’s watery and flavorcharacteristics were associate to the typical gaúcho melon.

Key-words: Cucumis melon, yield, greenhouse, solid soluble, plantsupports, fruit thinning, mulching, soil temperature and humidity.

(Aceito para publicação em 27 de abril de 1998)

25Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O rendimento de uma cultura,além de sua expressão genéti-

ca, é o resultado da eficiência do apro-veitamento da radiação solar intercep-tada. A este respeito, Fereres Castiel(1995) observa que a produção das cul-turas depende de três processos: ainterceptação da radiação solar incidentepelos órgãos fotossintéticos da planta;a conversão da energia nas ligações quí-micas dos produtos fotossintetizados; atranslocação dos mesmos nos distintosórgãos da planta. A eficiência será mai-or na medida em que as condiçõesambientais (clima e solo) sejam adequa-das e pode ser favorecida por práticasfitotécnicas tais como: densidade ótimade plantio, cobertura do solo, métodosde condução de plantas, poda, desbastee raleio. A utilização de germoplasmaeficiente, o aproveitamento racional dacapacidade de uso do solo e das condi-ções climáticas e, principalmente, daadequação de tecnologias de apoio e mei-os de produção disponíveis ao homem sãopremissas básicas para a produção agrí-cola (Ortolani & Camargo, 1987).

As interações estabelecidas entreplanta, ambiente e as práticas fitotécni-cas utilizadas, condicionam respostasfisiológicas e consequentemente agro-nômicas, não só do ponto de vista quan-titativo (rendimento em kg/m2), comotambém qualitativo (característicasorganolépticas e nutricionais) e espaci-al (distribuição da colheita ao longo dotempo). Estas associações são bastanteevidenciadas no meloeiro, especialmen-te quando cultivado em ambiente pro-tegido, onde as características ambien-tais de clima e solo são alteradas (me-nor radiação solar global, evapotrans-piração e vento, maior radiação difusa,temperatura e umidade relativa do ar)pela própria estrutura da mesma e do fil-me de polietileno utilizado (Farias et al.,1993a; Farias et al., 1993b; Schneider etal., 1993; Farias et al., 1994; Camachoet al.,1995). Essas características sãoafetadas também pelo manejo de água,cobertura do solo, práticas de tutoramen-to e poda, entre outros. López Gálvez etal. (1993), na Espanha, demonstraramas relações existentes no cultivo de me-lão em estufa entre densidade, rendi-mento e precocidade de colheita; densi-dade, precocidade e peso de frutos; ge-ometria de cobertura da estufa, interce-

ptação da radiação solar e colheita. NoBrasil, Farias (1988), enfatizou as rela-ções entre densidade, poda, cobertura dosolo e rendimento.

No Rio Grande do Sul, a viabilida-de da produção de melão foi comprova-da através dos trabalhos de pesquisa re-alizados na UFPEL, onde se observourendimentos de até 5,0 kg/m2 em culti-vo em estufa (Farias, 1988). Isto permitevislumbrar uma alternativa promissorapara a sócio-economia local, atualmentebastante afetada pelo MERCOSUL, dadoàs características de não complemen-taridade com as economias argentina euruguaia sobretudo no setor primário, eao atraso da agropecuária gaúcha no to-cante à incorporação de tecnologiasmodernas e em relação à produtividadee qualidade (Brum,1995). Especialmen-te no caso do melão, o Rio Grande doSul é, na atualidade, um estado tipica-mente importador, muito embora nopassado tenha sido pioneiro no cultivodesta espécie. O mesmo ocorre com os23 municípios da região de Pelotas, per-tencentes à “metade sul do Estado”,onde em 1996 foram cultivados somen-te 70 hectares, da área total de 32.512hectares cultivados com hortaliças(EMATER, 1996; CEASA, 1997). Maisrecentemente destaca-se o aparecimen-to de novos tipos de melão no mercadoconsumidor, especialmente pela amplia-ção da oferta e demanda provocadas peloMERCOSUL. Melões tipo Gália(rendilhado, net-melon) de alta qualidade(sabor, aroma, textura) e com valor agre-gado superior aos demais tipos, estão sen-do produzidos na Argentina, principal-mente em regiões de clima seco e quentee exportados para o Brasil (Mazzuz, 1996).Com respeito à região de Pelotas, o culti-vo do melão a campo é limitado devido àocorrência, na maior parte do ano, de altaumidade relativa do ar e alta precipitaçãoe de temperaturas mais baixas que aque-las exigidas pela cultura (Mota et al., 1986;Matallana & Montero, 1993). Estas carac-terísticas climáticas afetam sobremaneiraos solos da região, em sua maior partehidromórficos, frios e de fácil enchar-camento.

Outra questão extremamente impor-tante é a forma de condução das plantase a prática de raleio de frutos. Em estu-fa, as plantas de meloeiro são habitual-

mente conduzidas de forma tutorada epodada; assim o crescimento em alturafavorece uma melhor ocupação de área,visto o pequeno espaçamento adotado(Cermeño, 1979). Neste tipo de condu-ção freqüentemente ocorre o aborta-mento da maioria das flores ou dos fru-tos recém formados, de modo que ape-nas uma pequena parte completa o seudesenvolvimento. Experimentos de-monstraram que neste sistema, usu-almente, somente dois a três frutos porplanta atingem a maturação (Farias,1988). Há de considerar-se também ademanda de mão-de-obra dispensadapara a prática usual de raleio dos frutosque, na maioria das vezes, não tem semostrado efetiva para garantir maiorrendimento e qualidade dos mesmos emestufas, visto o já citado aborto naturalrealizado pela própria planta (Monteiro& Mexia, 1988).

Em países onde a técnica da plasti-cultura já está consolidada, como Japãoe Espanha, é comum adotar-se a condu-ção rasteira e espaçamentos tambémreduzidos para o cultivo de híbridos ecultivares nobres de melão em estufa.Entre vários motivos, os produtores ado-tam essa prática com os objetivos degarantir maior precocidade de colheitae maior número de frutos, atingindo-se,em média quatro frutos por planta(Fujishita & Masuda, 1994). LópezGálvez et al. (1993) em pesquisas commelão tipo Gália cultivado de forma ras-teira em estufa, concluem que densida-des superiores a duas plantas/m2 não sãoaconselhadas; advertem ainda ser neces-sário otimizar o aproveitamento da ra-diação solar sobre a cultura utilizandouma densidade de plantas adequada, queno caso do melão pode ser muito distin-ta entre cultivares em função das dife-rentes características de crescimento.Portanto, não são claras as vantagensresultantes da opção entre os distintossistemas de condução e da adoção doraleio, pois as respostas das cultivares aessas práticas variam muito.

Em função das considerações expos-tas, este trabalho teve três objetivos prin-cipais: a) avaliar as respostas de duascultivares de meloeiro a diferentes sis-temas de condução da planta (tutoradaou rasteira) e raleio de frutos em ambi-ente protegido; b) avaliar a distribuição

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da colheita das duas cultivares de me-lão, ao longo de três períodos, conside-rando os diferentes sistemas de condu-ção de plantas e cobertura de solo (seme com filme polietileno preto; c) avaliara qualidade dos frutos (peso e teor desólidos solúveis totais).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de ja-neiro a abril de 1996, no Campus daUniversidade Federal de Pelotas (UFPel),localizado no município do Capão doLeão (RS). O clima da região é Cfa naclassificação de Köeppen, isto é, climatemperado, de chuvas bem distribuídase verão quente (Mota et al., 1975). Otrabalho foi conduzido no interior deestufa plástica tipo túnel alto, com es-trutura de ferro galvanizado, teto emarco, com dimensão de 8 x 40 m e altu-ra máxima de 3,5 m, coberta compolietileno de baixa densidade (150 m)com aditivo antiultravioleta, disposto nosentido norte-sul.

O delineamento experimental ado-tado foi de blocos ao acaso com três re-petições e fatorial 2 x 2 x 2 x 2 (culti-var: Melina e Amarelo; cobertura dosolo: com filme preto e solo desnudo;condução de plantas: sistema de tutora-mento e rasteiro; raleio de frutos: com esem raleio). Cada parcela (1,2 m x 2,5m) foi constituída por duas linhas deplantas no espaçamento de 0,50 m en-tre plantas e 0,80 m entre linhas,totalizando dez plantas por parcela.

Nos tratamentos de cobertura do soloutilizou-se solo desnudo (sem cobertu-ra) e coberto com filme de polietilenopreto de 50 m. As cultivares utilizadasforam Amarelo (Hortec Sementes),melão tipo Espanhol, e Melina (RijkZwaan/ F1) melão tipo Gália, semeadasem 8 de janeiro, em copinhos de papel,efetuando-se o transplantio 21 dias após,com as plantas apresentando três a qua-tro folhas definitivas.

Para o tutoramento, as plantas foramconduzidas verticalmente em fita deráfia presa ao solo por uma pequena es-taca e, na outra extremidade, presa a umfio de arame estendido ao longo da li-nha de cultivo na altura de 2,5 m. A podafoi realizada mantendo-se a haste prin-cipal e eliminando-se os ramos secun-

dários após o segundo nó e todos os ra-mos terciários. Ao atingir a linha de ara-me, a haste principal foi despontada.Quanto ao sistema de condução rastei-ro, ao apresentarem seis folhas definiti-vas, as plantas foram despontadas apóso quarto nó. A partir daí, selecionaram-se dois ramos secundários que foramdespontados após o sétimo nó. Os ra-mos terciários foram podados a partirdo segundo nó e os ramos quaternáriosdeixados crescer livremente. O raleio foirealizado deixando-se quatro frutos porplanta, eliminando-se os demais (nasplantas rasteiras selecionaram-se doisfrutos por haste secundária); com rela-ção a este fator, o segundo tratamentoutilizado foi “sem raleio”, ou seja, dei-xando todos os frutos.

Para a irrigação foi utilizado siste-ma de mangueiras de gotejamento (va-zão de 0,67 l/h por gotejador), com ma-nejo de água realizado a partir de dadosde tensiometria e de tanque de evapora-ção classe A colocado no interior daestufa. Foram monitorados a tempera-tura e umidade relativa do ar, com usode termohigrógrafo em abrigo no inte-rior da estufa; a temperatura do solo emdistintas profundidades (2, 5, 10 e 15cm) em distintos horários (8, 12 e 16horas) foi medida com geotermômetroslocalizados no centro da estufa, em cadatratamento.

Nos tratamentos sem cobertura (solodesnudo) periodicamente foram realizadascapinas manuais. Para todos os tratamen-tos foi realizado tratamento fitossanitáriono início do ciclo vegetativo com Benomil(solução de 70 g/ 100 l água).

Foram observadas as característicasnúmero e peso de frutos por parcela que,posteriormente, foram transformadosem dados de peso médio de fruto, ren-dimento por área e peso de frutos porplanta. A qualidade dos frutos foi avali-ada pela classificação destes em cincogrupos (< 1kg; 1 - 1,5 kg; 1,5 - 2 kg; > 2kg). A distribuição da colheita foi ava-liada em três períodos: 50 - 60, 60 - 70,70 - 80 dias após o transplantio. O teorde sólidos solúveis totais foi determi-nado através de Brix medido comrefratômetro manual. Também foi feitauma análise sensorial com a participa-ção de 200 pessoas (estudantes e pro-fessores da UFPel). Estas avaliações

foram feitas no segundo período de co-lheita, com cinco frutos por parcela con-siderando cultivar, condução de plantae cobertura de solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância indicou quenão houve interação entre os fatores paraas características rendimento, número defrutos por área, peso do fruto e produçãopor planta. Somente para o número defrutos por planta houve interação entresistema de condução e cobertura do solo.

Verificou-se um maior rendimentoda cultivar Melina (6,64 kg/m2) em re-lação à cultivar Amarelo (5,18 kg/m2)devido ao maior peso médio de fruto(1,22 e 0,99 kg/m2, respectivamente paraas duas cultivares). O peso dos frutosestá intimamente relacionado às carac-terísticas próprias de crescimento decada cultivar (Knavel, 1988). Estes ren-dimentos são bastante superiores aosobtidos em cultivo de melão gaúcho, acampo, em Pelotas (RS), cujo valormédio de produção é de 0,8 kg/m2

(EMATER, 1996). Para a cultivar Ama-relo, rendimento de 5,1 kg/m2 e pesomédio de fruto de 1,23 kg foram obti-dos em estufa plástica, para a cultivarValenciano Amarelo, por Farias (1988),em Pelotas, no verão. Para o estado doParaná, Hamerschimidt (1997) cita orendimento médio de 3 kg/m2 para ocultivo de melão em estufa. Com rela-ção ao melão tipo Gália os rendimentosobtidos no presente trabalho foram su-periores àqueles citados para cultivo àcampo por Fortunato et al. (1997), emPortugal (3,1 a 3,7 kg/m2 ), e por Francoet al. (1997) na Espanha (3,5 kg/m2).Entretanto, Posada Sanchez (1993) eAlarcón et al. (1997) citam valores derendimento para o melão tipo Gália,cultivado em substrato em estufa, de 8,5kg/m2 e 11 kg/m2, respectivamente.

Observou-se que o sistema de con-dução tutorado apresentou melhores res-postas para todas as características ana-lisadas (Tabela 1). O tutoramento pro-piciou um maior número de frutos porplanta e maior peso médio de fruto, oque levou a um maior rendimento. Essetrato cultural influenciou fortemente orendimento para ambas as cultivares,apresentando um incremento de 97%para a cultivar Melina e 54% para a cul-

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tivar Amarelo, quando comparados aosrendimentos alcançados na conduçãorasteira. Observa-se que ambas as cul-tivares apresentaram médias de produ-tividade bastante elevadas, quando sobtutoramento: 8,81 kg/m2 e 6,30 kg/m2,para a cultivar Melina e cultivar Ama-relo, respectivamente, o que já não ocor-reu na condução rasteira (4,47 kg/m2 e4,06 kg/m2). Estes resultados são simi-lares, aos encontrados por Pais &Marreiros (1997), em Portugal, para omelão tipo Gália cultivado de forma ras-teira em estufa (4,7 km/m2) e porSanchez et al. (1997), na Espanha, quan-do em cultivo de forma tutorada (6,7 a8,8 kg/m2). Portanto, o tutoramento domeloeiro é uma prática adequada e in-dispensável para garantir maior produ-tividade, pois propicia um melhor apro-veitamento da área e da radiação, bemcomo, melhor ventilação.

Quanto ao raleio, no presente traba-lho não observou-se influência sobrenenhuma das características analisadas(Tabela 1). Somente uma pequena partedas flores fixaram frutos, sendo quepoucas plantas tiveram mais de dois fru-tos. Estas deficientes condições de ma-nutenção dos frutos na planta, abaixo dohabitual, podem ser devidas a condiçõesacentuadas de competição, pois os mes-mos foram mantidos em ramificaçõessecundárias sucessivas. Hughes et al.(1983) demonstraram que este efeito éestendido até a folha situada no sextonó acima deste; assim, frutos situadosmuito próximos uns dos outros compe-tem entre si pelas mesmas folhas, o quepode levar a um expressivo aborto flo-ral e grande perda de frutos recém-fixa-dos. Outros autores, tais como Farias(1988), no Brasil, e Monteiro & Mexia(1988), em Portugal, trabalhando coma prática do raleio, também verificarama impossibilidade de garantir mais doque dois a três frutos por planta.Figueiredo (1996) recomenda para o cul-tivo de melão tipo rendilhado em estufadeixar somente dois frutos por planta.

A cobertura de solo é apontada comofavorável ao rendimento de diversasculturas. No presente trabalho não seobservou influência da mesma no pesomédio dos frutos e tão pouco no rendi-mento (Tabela 1). Tal ausência designificância também foi observada por

Farias (1988), com uso de cobertura dosolo com filme transparente, o qual atri-buiu este resultado aos efeitos propor-cionados pela estufa como um todo, quenivelaria as respostas dos distintos tra-tamentos, minimizando os efeitos dacobertura plástica do solo. Entretanto,somente para o número de frutos porplanta houve interação entre o sistemade cobertura do solo e o sistema de con-dução – o solo coberto incrementou onúmero de frutos por planta no sistemade condução rasteiro (Tabela 2). Paracultivo de melão a campo Schales(1994), também não encontrou relaçãoentre uso de cobertura de solo com fil-me preto e peso de frutos, chamando aatenção para o fato do tamanho do frutodepender mais da cultivar.

As colheitas iniciaram-se 49 dias apóso transplantio (70 dias após a semeadu-ra) e estenderam-se por 38 dias (18 demarço a 24 de abril). Cabe destacar quea colheita iniciou-se com a cultivar

Melina, cultivada de forma rasteira, se-guido da forma tutorada quatro dias de-pois. Para a cultivar Amarelo, tanto naforma tutorada como rasteira, a colheitainiciou 59 dias após o transplantio. Acultivar Melina apresentou melhor dis-tribuição da produção ao longo dos trêsperíodos de colheita, com maior preco-cidade (24,44%) em relação à cultivarAmarelo (11,18%) para o primeiro perí-odo. Entretanto ambas cultivares apre-sentaram a maior a parte da produção nosegundo período de colheita: 58,17% e86,09% para as cultivares Melina e Ama-relo, respectivamente (Figura 1).

Quanto ao sistema de condução deplantas, ambas as cultivares se compor-taram de maneira semelhante, apresen-tando maior parte da produção (90%)no segundo período de colheita. Entre-tanto para o primeiro período de colhei-ta, o sistema rasteiro de cultivo apresen-tou maior precocidade (23,17%) em re-lação ao sistema tutorado (12,45%).

MARTINS, S.R. et al. Produção de melão em função de diferentes sistemas de condução de plantas em ambiente protegido.

olosodarutrebocmoCoãçudnocedsametsiS

orietsaR odarotuT

arutrebocmoC a94,1 a67,1

arutrebocmeS b41,1 a58,1

Médias seguidas de mesma letra nas colunas, dentro de cada fator, não diferem entre si a 5%de probabilidade pelo teste de Duncan.

Tabela 2. Número de frutos por planta para a interação entre sistema de condução e cober-tura do solo. Pelotas, UFPel, 1996.

otnemidneRm/gk( 2)

No edm/soturf 2

oturfoseP)gk(

/oãçudorP)gk(atnalP

/soturf.oNatnalp

ravitluCanileM

oleramAa46,6

b81,5a42,5a71,5

a22,1b99,0

a99,1b55,1

a75,1a55,1

oãçudnoCodarotuT

orietsaRa55,7

b62,4a20,6

b93,4a52,1

b69,0a62,2

b82,1a18,1

b23,1

oielaRoielarmoCoielarmeS

a29,5a98,5

a22,5a02,5

a01,1a11,1

a87,1a77,1

a65,1a65,1

arutreboCmoCmeS

a12,6a06,5

a34,5a89,4

a21,1a90,1

a68,1a86,1

a26,1a94,1

Tabela 1. Produção de melão em função da cultivar, sistema de condução, sistema de raleiode frutos e sistema de cobertura de solo. Pelotas, UFPel, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas, dentro de cada fator, não diferem entre si a 5%de probabilidade pelo teste de Duncan.

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giões altamente produtoras de melão emestufa, os agricultores utilizarem o sis-tema rasteiro para antecipar a colheita,tentando coincidência desta com a épo-ca de maior preço de mercado. Porexemplo, em Almeria, Espanha, se bus-ca colher no final de junho, já que ju-lho/agosto é o período de maior ofertade produto no mercado, com respectivaqueda de preço (Rico Avila, s/d). Poroutro lado se busca a diminuição doscustos de produção (Vicente Conesa &Conesa Garcia, 1996). Assim, deve-seponderar a antecipação da colheita paraa época de mais alto preço no mercado,considerando que o sistema de condu-ção de plantas influenciam no rendimen-to da cultura.

Com relação ao peso dos frutos, acultivar Melina apresentou a maior par-te da produção de forma razoavelmentedistribuída entre os grupos de < 1kg, 1 -1,5 kg e 1,5 - 2 kg, com 62,5% dos fru-tos entre 1 a 2 kg. A cultivar Amareloapresentou 78% da produção com fru-tos inferiores a 1 kg. O peso dos frutosde melão está intimamente relacionadoà densidade de plantio e às característi-cas de crescimento de cada cultivar(Knavel, 1988). Outros autores obser-varam relação entre frutos de baixo peso(<1 kg) e precocidade de colheita, des-tacando que maior tamanho de fruto sepode alcançar com técnicas de poda eraleio (López Gálvez et al., 1993). Nopresente trabalho 5,7% dos frutos dacultivar Melina apresentaram peso su-perior a 2 kg (chegando alguns entre 3,5e 3,7 kg), especialmente em função doefeito da poda, que privilegiou o apare-cimento de frutos junto ao pé da plantaem detrimento dos espaços intermediá-rios da mesma, o que é indesejável pelocontato dos frutos com o solo bem comopela baixa demanda no mercado por fru-tos com peso superior a 2 kg.

A cobertura do solo proporcionouainda um aumento da temperatura dosolo em todas as profundidades estuda-das, especialmente nos horários de mai-or disponibilidade de energia radiante earmazenamento de calor (12 e 16 ho-ras). Os maiores incrementos de calorforam de 2,8; 3,4; 5,0 e 5,8°C nas pro-fundidades de 15, 10, 5 e 2 cm, respec-tivamente, às 16 horas, para um dia tí-pico (temperatura mínima e máxima do

Figura 1. Distribuição percentual da colheita de melão por cultivar (a), sistema de condu-ção de plantas (b) e cobertura de solo (c). Pelotas, UFPel, 1996.

Também para ambas as cultivares, a prá-tica de cobertura do solo, provocou umamelhor distribuição ao longo dos trêsperíodos de colheita, com maior preco-cidade (22,13%) para o primeiro perío-do em relação ao solo desnudo (13,5%)(Figura 1). O efeito do uso da coberturado solo na precocidade da colheita demelão também foi observado por outrosautores, tanto em cultivo a campo(Schales, 1994), como em túnel baixo(Yard, 1992). Da mesma forma, Araújo& Castellane (1996) citam resultados decultivo de melão em estufa, onde a co-bertura do solo proporcionou, para acultivar Eldorado 300, antecipação na

colheita, maior dimensão e peso médiode frutos, bem como maior resistênciano armazenamento em pós-colheita. Adiferença entre cultivares quanto à dis-tribuição da colheita está associada acaracterísticas genéticas. Entretanto, doponto de vista comercial, ou seja valorde mercado, a questão da precocidadeestá vinculada ao binômio oferta/de-manda, sua relação com o rendimento ecustos do sistema de condução de plan-ta. Estes aspectos são determinantes naeleição da cultivar. Embora o tutora-mento proporcione maiores rendimen-tos em função de maior peso e númerode frutos por parcela, é comum em re-

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ar de 21,4 °C e 28,8oC, respectivamen-te). Este efeito tem sido amplamenteregistrado na bibliografia estrangeira enacional. No Brasil destacam-se os tra-balhos desenvolvidos na UniversidadeFederal de Santa Maria (Streck et al.,1994, 1995, 1996), Universidade Esta-dual Paulista (Araújo & Castellane,1996; Souza, 1996) e Universidade Fe-deral de Pelotas (Farias, 1988; Volcanet al., 1995) com uso de plástico pretoem espécies tais como melão, pimen-tão, morango, abóbora, abobrinha e to-mate, tanto a campo como em estufa, ecom uso de plástico transparente emculturas e em trabalhos de solarização.Yard (1992), na França, observou paracultivo de melão tanto em túneis baixoscomo a campo, aumento médio de 1°Cna temperatura do solo, a 10 cm de pro-fundidade; adverte porém que o efeitode ganho de calor depende do tipo defilme plástico utilizado na cobertura,dimensões (espessura, largura) e caracte-rísticas óticas e térmicas, assim como dasexigências específicas de cada espécie.

Quanto à umidade do solo, na pre-sença de cobertura plástica a tensão deágua no mesmo permaneceu por maistempo em níveis inferiores entre os in-tervalos de irrigação (até -0,02 MPa) emcomparação ao solo desnudo que alcan-çou até -0,07 MPa. A cobertura do soloé importante para o manejo da água deirrigação, podendo diminuir de 10 a 40%a evaporação de água do solo (BretonesCastillo,1985). Com esta técnica, alémda redução da necessidade hídrica, ou-tros trabalhos têm observado, na cultu-ra do melão, um aumento no rendimen-to assim como na percentagem de fru-tos de maior tamanho, mantendo a ten-são de água no solo até -0,02 MPa(Dainello, 1994). Tais efeitos, propor-cionados pela cobertura do solo, tam-bém são citados por Araújo & Castellane(1996), para abacaxi, tomate, pepino,cebola, pimentão e abóbora, bem comoa menor incidência de plantas daninhasem alho e morango, a exemplo do ob-servado no presente trabalho. Apesar dasdiferenças de valores da tensão de águaentre solo coberto e desnudo, ambos es-tão dentro da exigência da cultura (-0,03a -0,08 MPa), conforme Doorembos &Pruitt (1977). Entretanto vários autoresalertam, no caso do melão, para a ne-

cessidade de umidade constante e uni-formemente distribuída (Cermeño, 1979;Robles, 1985). A falta de água, especial-mente no caso do melão rendilhado, im-pede o rendilhamento dos frutos dimi-nuindo seu valor de mercado, enquantoo excesso hídrico provoca rachadura nosmesmos, em detrimento da qualidade, easfixia as raízes (Figueiredo, 1996).

Em relação ao teor de sólidos solú-veis totais, a cultivar Amarelo apresen-tou média de 12,4° Brix (mínimo de 9,0°e máximo de 15,5°), enquanto a culti-var Melina apresentou frutos com valormédio de 9,1° Brix (mínimo de 6,2° emáximo de 11°). Estes valores tambémforam registrados para o melão em cul-tivo a campo no Brasil, tanto em culti-vares tipo amarelo (cultivar Eldorado),com Brix variando de 10o a 12o (Moura& Nakagawa, 1996), como em tipoGália (rendilhado) com valores próxi-mos a 8° Brix (Menezes et al., 1996).Para o cultivo de melão tipo Gália emestufa, pesquisas realizadas na Espanhamostram valores de Brix entre 11,5o e14,4o (Sanchez et al., 1997) e, em Por-tugal, entre 16,2o e 17o Brix (Fortunatoet al., 1997). Para a cultivar Amarelo, otratamento com cobertura do solo pro-porcionou valores de grau Brix (13o)superiores aos obtidos com solo desnu-do (11,9o). Para a cultivar Melina, o teorde Brix foi ligeiramente superior para osolo desnudo (9,3o) em relação ao solocoberto (8,9o). Quanto ao sistema decondução de plantas, os teores de Brixforam ligeiramente superiores para asplantas tutoradas, em ambas cultivares.No teste de degustação não se detectoudiferença na preferência entre as culti-vares. Entretanto, grande parte dos quepreferiram frutos da cultivar Melina,associaram as características cor de pol-pa, aroma e aquosidade com os frutosdo tradicional melão gaúcho.

O melão tipo Gália (Melina) podeser uma interessante alternativa para oBrasil, especialmente pelo seu alto va-lor no mercado externo como interno.Está entre os melões denominados no-bres e são muito comercializados naComunidade Econômica Européia. É oprincipal tipo cultivado em Israel, repre-sentando 15% do volume da produçãoe 31% da exportação da Espanha(Menezes et al., 1996). Neste país, em

uma das principais regiões produtorasde melão, Campo de Cartagena, o tipoGália ocupa 47% da área total cultivadacom melão (Vicente Conesa & ConesaGarcia, 1996).

Tendo em vista os resultados obtidosno presente trabalho, pode-se concluirque a cultivar Melina apresentou melho-res respostas agronômicas quanto a ren-dimento por área, peso médio de fruto edistribuição de colheita. Com relação aosistema de condução de plantas, otutoramento influenciou positivamente osaspectos quantitativos de colheita. Quan-to à cobertura de solo, embora não tenhaapresentado efeito significativo sobre osprincipais componentes do rendimento,o filme de polietileno preto mostrou sereficaz no controle de ervas daninhas e nacapacidade de armazenamento de calore água no solo.

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Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletizaçãode sementes1 .

João B.C. da Silva2; João Nakagawa32 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília - DF; 3 UNESP - FCA, C. Postal 237, 18603-970 Botucatu - SP.

RESUMO

Os péletes são confeccionados basicamente com um materialseco, não solúvel em água, de granulometria fina, denominado deenchimento, e um cimentante, que deve ser um adesivo não fitotóxico,solúvel em água e de reidratação rápida. Na falta de metodologiapara avaliação de materiais para peletização, desenvolveram-semétodos para avaliação de cimentantes e de outros materiais, porsimulação do processamento de péletes. O mais adequado consistiuna confecção de blocos-sementes compostos da mistura umedecidade areia mais adesivo, moldados em calha com 10 cm de compri-mento e seção interna quadrada com 0,5 cm de lado, contendo dezsementes por bloco. Os blocos foram secados e posteriormente co-locados para germinar, avaliando-se o comportamento das plântulasem relação às oriundas de sementes nuas. Foram avaliadas colas àbase de acetato de polivinila das marcas: Cascorez, Grudi Extra,Cascorez Extra, Perapret-va, Cascofix e Tudo Cola, sendo a colaCascorez Extra a que mostrou os melhores resultados, não prejudi-cando o crescimento das plântulas, apresentando curto tempo dereidratação e menos de um minuto para a quebra da resistência físi-ca. A cola de marca Grudi Extra causou toxidez em plântulas depepino, reduzindo a porcentagem de germinação e causando a for-mação de raízes tortuosas e com extremidades necrosadas. Foramavaliados também os produtos: goma arábica, carboximetilcelulosee croscarmelose, sendo que todos apresentaram características inde-sejáveis como cimentante para peletização.

Palavras-chave: pélete, adesivo, colas.

ABSTRACT

Methods for evaluating cements for seed pelleting.Pellets are made mainly of dry and fine coating material and

cement (adhesive) that must be nonfitotoxic, water soluble and withquickly rehidratation. Methods for evaluating materials for seedpelleting are unknown. The main objective of this work was todevelop methods for simulating the pelleting process, for selectingadhesives or others materials for seed coating. The most suitablemethod was based on making seed-blocks by sowing seeds in a gutter-like mold, having 10 cm length and internal square section with0.5 x 0.5 cm, covered with filter paper and filled of moistened mixtureof fine sand plus glue. The block was removed, dried and furtherplaced in germinators to compare the behavior of the seedlings inrelation to the ones obtained from bare seed. Five glue trade marksof polyvinyl acetate (PVA) were tested. The treatment with CascorezExtra presented the best results, allowing a normal seedlingdevelopment. This glue required a short time for rehidratation andlost the physical resistance in less than one minute. One of theseglue was fitotoxic to cucumber seedlings, by reducing seedgermination and by causing root damage. Carboximethilcelluloseand croscarmelose were unsuitable like cement. Arabic gumpresented some undesirable characteristics for pelleting purpose.

Keywords: pellet, coat, adhesives, glues.

(Aceito para publicação em 28 de março de 1998)

Peletização é a aplicação de umrevestimento rígido e seco que

visa modificar individualmente o forma-to e o tamanho das sementes, tornando-as esféricas. Esse tratamento tem diver-sas vantagens nos processos de semea-dura manual ou mecânica, na aplicaçãode pequenas quantidades de nutrientes,reguladores de crescimento e inoculan-tes e também como veículo para aplica-ção de inseticidas, fungicidas e repelen-tes de pássaros. Entretanto, alguns tiposde péletes constituem barreiras para a ger-minação das sementes, retardando o cres-cimento e causando a desuniformidadena emergência das plântulas.

Os péletes são confeccionados basi-camente com um material seco, não so-

lúvel em água, inerte, de granulometriafina, e um cimentante que deve ser umadesivo não fitotóxico e solúvel em água.

O arranjo das partículas finas e aocupação dos espaços entre elas (poros)pelo cimentante e pela água de irriga-ção formam barreira à troca gasosa en-tre a semente e o ambiente externo aopélete, causando geralmente o atraso noprocesso de germinação, o que consti-tui o principal entrave à ampla utiliza-ção de sementes peletizadas.

O retardamento da germinação dasemente pode ser de um a dois dias(Roos & Moore III, 1975) até 20 diasou mais (Sachs et al., 1981; Sachs et al.,1982), mas geralmente são obtidas ta-

xas de germinação final semelhantes àgerminação das sementes nuas. Vencidaa barreira do pélete, que geralmente éinferior a 2 mm de espessura, a plântulapassa a não sofrer qualquer efeito dapeletização, resultando índices normaisde produtividade e qualidade (Robinson& Johnson Jr., 1970; Robinson et al.,1975; Halsey & White, 1980; Chrimes& Gray, 1982; Morton, 1985; Henriksen,1987; Yamanouchi, 1988).

A movimentação da água entre osporos e o ambiente externo ao péletedepende da drenagem da água livre e daforça de retenção da água pelas partícu-las, que por sua vez, é função do tama-nho dos poros, da tensão superficial dos

1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à UNESP - FCA, Botucatu (SP).

32 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

materiais utilizados, da espessura dacamada e da viscosidade da soluçãoaquosa. Quanto menores as partículassólidas, menor é o volume de poros,maior a força de retenção de água porcapilaridade e maior dificuldade de tro-ca gasosa (Kiehl, 1979).

A integridade física dos péletes,quando secos, e a quebra da resistênciaao serem umedecidos são característi-cas muito importantes. Os péletes nãodevem se desmanchar ou quebrar duran-te o processo de classificação, no trans-porte, no manuseio ou na semeaduramecanizada e, ao serem umedecidosapós a semeadura devem se desintegrarcom facilidade, para não constituíremresistência à germinação. Para isso, uti-lizam-se cimentantes (adesivos) quedevem ter como principais proprieda-des: não serem fitotóxicos, terem afini-dade com os demais ingredientes, seremsolúveis em água e serem prontamentereidratáveis.

A firmeza da ligação entre as partí-culas define a consistência do pélete e,quanto maior a proporção do ingredi-ente cimentante, ou quanto maior a su-perfície de contato, considerando tantoo tamanho das partículas quanto a suaporosidade, maior é a ação de fixaçãodas estruturas.

A afinidade entre o cimentante e osdemais ingredientes, ou o equivalenteao poder de fixação do produto, é fatorimportante, no sentido de aplicar o me-nor volume de solução ou a menor pro-porção de cimentante no pélete. Embo-ra não se tenha encontrado qualquer bi-bliografia relacionada a este assunto,espera-se que, utilizando menor quanti-dade de cimentante, se tenha, na cama-da de peletização, uma solução de bai-xa viscosidade, ao reidratar o pélete apósa semeadura. Isso porque, geralmente,os adesivos são produtos visguentos e aviscosidade afeta a drenagem da águaretida nos poros.

A utilização de produtos orgânicosde fácil digestão microbiana, tais comoaçúcar (Kanashiro et al., 1978), amido(Ghosh & Elawady, 1973; Veverka,1983), caseína e gelatina, podem serúteis no processo de inoculação demicroorganismos benéficos mas nãodevem ser utilizados na peletização, porservirem de substrato para a prolifera-

ção de microorganismos patogênicos,podendo aumentar a ocorrência de do-enças na fase de germinação, que é umafase crítica de suscetibilidade aospatógenos (Tonkin, 1984).

A maioria dos trabalhos a respeitode péletes de semente, se refere à avali-ação de péletes-sementes produzidospor firmas especializadas. Poucos sãoos que tratam dos ingredientes, chegan-do ao processamento dos péletes e ne-nhum se refere a estudos de ingredien-tes fora do processo de produção depéletes.

O objetivo deste trabalho foi desen-volver ou adaptar metodologias que per-mitam estudar, em separado, cada ingre-diente, com possibilidade de avaliar suasinterferências com os demais fatores etambém com a semente, visando iden-tificar e qualificar os materiais para apeletização de sementes.

MATERIAL E MÉTODOS

Para permitir o contato íntimo doscimentantes com as sementes, sem uti-lizar o processo de peletização, foramconfeccionados blocos moldados, com-postos da mistura de areia fina (grânu-los menores que 300 mm) e cimentante,umedecidos até formar uma pasta comconsistência adequada para o enchimen-to dos moldes em formato de calhas,forrado internamente com papel-toalhaumedecido.

Após o enchimento do molde, as se-mentes foram colocadas individualmentecom uso de pinça e aplanou-se a superfí-cie com espátula, fazendo compressão damassa, para expulsão de bolhas de ar. Osblocos foram removidos dos moldes e se-cados em estufa de circulação forçada dear a 38 – 40oC, por 24 horas, constituin-do-se os blocos-sementes.

Ensaio 1Utilizou-se sementes de pepino da

cultivar Rubi como planta indicadora defitotoxidade e testaram-se colas à basede acetato de polivinila (PVA) das mar-cas Cascorez, Grudi Extra, CascorezExtra, Perapret-va e Tudo Cola, nas con-centrações de 30 e 60 % (peso/peso) dasolução, o que correspondeu a 5,4 e 10,8% de peso de cola / peso de areia. Utili-zou-se cinco sementes por bloco, mol-dados em moldes metálicos no formato

de calha, com 10 cm de comprimento ecom seção interna quadrada com 1 cmde lado, forrados com uma fita de pa-pel-toalha com 3 cm de largura e 11 cmde comprimento.

Como testemunhas, foram adiciona-dos quatro tratamentos, sendo: a - blo-cos com areia e semente, umedecidoscom o volume de água correspondenteao utilizado no preparo da solução de30 %; b - ídem, utilizando o volume deágua correspondente ao utilizado no pre-paro da solução de 60 %; c - ídem, utili-zando o volume de água corresponden-te ao de solução aplicado; e d - semen-tes não umedecidas, mas submetidas aomesmo tempo de secagem.

Em uma bandeja perfurada forradacom papel-toalha, colocou-se uma ca-mada de aproximadamente 0,5 cm deareia, fez-se a semeadura dos blocos-sementes e adicionou-se areia suficien-te para cobri-los. O conjunto foi pesadoe, descontando-se o peso da bandeja,colocou-se a quantidade de água corres-pondente a 50 % da capacidade de re-tenção de água pela areia. O conjuntofoi coberto com plástico transparentefixado em um suporte (quadro) metáli-co com 3 cm de altura e colocado emcâmara para germinação à temperaturade 20 – 30oC, na presença de luz.

Cada bandeja continha todos os tra-tamentos, distribuídos de forma aleató-ria, constituindo uma repetição, no de-lineamento de blocos casualizados, sen-do que a parcela constituiu-se de quatroblocos-sementes.

A partir do terceiro dia do início doteste de germinação, foram feitas leitu-ras diárias do número de plântulas queiniciaram a emergência. No décimo dia,foi feita a lavagem das plântulas e me-didos o comprimento da parte aérea, ocomprimento da maior raiz e peso dosistema radicular, discriminando-se tam-bém o número de plântulas considera-das normais. Calculou-se o índice develocidade de germinação, utilizando-se a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995).

Para análise estatística foi utilizadoo esquema fatorial 5 x 2 (cinco colas eduas concentrações) e quatro testemu-nhas, distribuídos em blocos casuali-zados, com seis repetições.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.

33Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Para confirmar a toxidez observadano tratamento que continha cola da mar-ca Grudi Extra, utilizou-se basicamentea mesma metodologia, tendo como tes-temunha a cola de marca Cascorez, naconcentração de 30 %, por ter apresen-tado os melhores resultados, tendo comoplantas indicadoras o tomate da culti-var Agrocica Botu-13 e pepino da culti-var Rubi.

Ensaio 2Foram testados os materiais: carbo-

ximetilcelulose (CMC), acetato de poli-vinila (cola PVA da marca Cascofix),croscarmelose (marca Explocel) e gomaarábica (p. a.), avaliados em mistura comareia, utilizando-se moldes do tipo calha,com 10 cm de comprimento e com seçãoquadrada de 0,5 cm de lado, contendo 10sementes de alface da cultivar Aurélia.

As misturas foram feitas nas propor-ções de 0,5; 1,0; 2,0; e 4,0 % (v/v) paraCMC e croscarmelose, tendo como basea indicação do fabricante (BlanverFarmoquímica, s. n. t.), que recomenda aproporção de 2 % para a fabricação dedrágeas de remédio, e utilizaram-se as pro-porções de 5,0; 10,0 e 20,0 % para gomaarábica e 1,25; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 % paracola de PVA, com base nos trabalhos rea-lizados por Silva & Márton (1992). Em-bora sejam relatadas as relações de volu-me/volume, as medições foram feitas compesagem das quantidades corresponden-tes aos volumes desejados.

Após a secagem, os blocos foramtransferidos para gerbox, contendo pa-pel de filtro plissado, umedecidos e co-locados em câmara de germinação a20oC, na presença de luz. Foram con-feccionados seis blocos de cada mistu-ra e cada bloco constituiu uma parcela.Fez-se a contagem diária da emergên-cia de plântulas por bloco, consideradaa partir do surgimento de qualquer es-trutura da mesma.

Dez dias após o início do teste degerminação, os blocos foram desman-chados com uso de jato de água e asplântulas foram classificadas quanto àformação das estruturas, em normais eanormais. Foi calculado o índice de ve-locidade de germinação, utilizando afórmula proposta por Silva & Nakagawa(1995), considerando o tempo médioque antecede o início da germinaçãoigual a três dias e a germinação poten-cial da semente igual a 100 %.

A análise dos dados foi executadasegundo o delineamento de experimen-tos inteiramente casualizados, tomandocomo parcela o bloco contendo dez se-mentes, em seis repetições.

Ensaio 3Avaliou-se o tempo de dissolução dos

blocos confeccionados com areia ecimentante, determinando-se a força ne-cessária para a sua ruptura ao longo dotempo de dissolução. Foram utilizadosblocos com 0,5 e 1,0 cm de largura e 10cm de comprimento, areia com grânulosmenores que 300 mm, colas das marcasCascorez, Cascorez Extra, Grudi Extra ePerapret-va, nas concentrações de 30 e60 % p/v, aplicando 18 ml da solução para100 g de areia, correspondentes às rela-ções de 5,4 e 10,8 % de peso de cola /peso de areia, respectivamente.

Cada bloco foi colocado em bande-ja com água, removeu-se o papel-toa-lha utilizado na forração do molde emediu-se a resistência à ruptura do blo-co a cada minuto, utilizando o equipa-mento denominado de “Push-pull”, des-crito a seguir. Em uma primeira etapautilizou-se a ponta-de-prova do tipo per-furação, fazendo uma perfuração a cada1 cm do bloco e, posteriormente, utili-zou-se a ponta tipo corte, cortando trans-versalmente, cerca de 1 cm do bloco acada minuto. O número de medições, atédez, dependeu da resistência dos blocos,pois, após a resistência atingir valoresinferiores a 0,1 kgf, não foi mais possí-vel medir, face ao limite de precisão doequipamento.

O equipamento denominado de“Push-pull” (Ito et al., 1980) é dotadode um dinamômetro com capacidade de5 kgf e precisão de 0,1 kgf, fixado emuma plataforma móvel, acionada por umgatilho que tem a função de permitir aaplicação da força de forma contínua,de acordo com a pressão manual exer-cida sobre esta peça.

Para uma das marcas do cimentanteverificou-se que, ao final de dez minu-tos, a resistência ainda era superior àcapacidade máxima de medição do equi-pamento (5 kgf). Neste caso adotaram-se intervalos de 10 minutos, fazendo-semais sete avaliações.

Foram feitas quatro repetições, se-guindo-se o delineamento de blocoscasualizados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaio 1Foram avaliadas cinco marcas de

cola à base de PVA e observou-se que ataxa de germinação obtida na maioriados tratamentos não diferiu entre si e tãopouco da testemunha, exceto para a colada marca Grudi Extra (Tabela 1).

A metodologia adotada permitiu ocrescimento normal das estruturas dasplântulas. Com exceção para as quecresciam em contato com a cola da mar-ca Grudi Extra, todas as plântulasemergidas eram normais. Observou-seainda que o comprimento da parte aé-rea das plântulas foi também semelhan-te entre os diversos tratamentos, ocor-rendo o mesmo para as raízes. Contu-do, obteve-se coeficientes de variaçãorelativamente altos (20 a 32 %).

A cola de marca Cascorez Extra foia que permitiu o melhor comportamen-to das plântulas, não afetando a germi-nação, que ocorreu com velocidade se-melhante às obtidas nos tratamentos tes-temunhas. As demais colas, exceto a demarca Grudi Extra não afetaram a ger-minação e tão pouco a formação deplântulas normais, mas reduziram a ve-locidade de germinação (Figuras 1 e 2).

Estes resultados corroboraram as in-formações contidas em trabalhos comsementes peletizadas realizados por vá-rios autores, que afirmam que a peleti-zação causa retardamento no processode germinação das sementes, mas per-mite a formação de um número final deplântulas semelhante ao obtido com se-mentes nuas (Millier & Sooter, 1967;Robinson & Johnson Jr, 1970; Robinsonet al.,1975; Sachs et al., 1981; Sharples,1981; Chrimes & Gray, 1982; Robinsonet al., 1983).

Na segunda etapa do teste de toxidezconfirmaram-se os danos causados pelacola de marca Grudi Extra, verifican-do-se novamente grande redução naporcentagem e na velocidade de germi-nação de sementes de pepino (Tabela 2),provocando a formação de plântulascom raízes mais curtas, com menormassa e tortuosas.

Para tomate, o efeito desta cola foimenor, ocorrendo apenas a formação deraízes mais finas, quando a concentra-ção era de 60 %, e ligeira redução nataxa de germinação.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.

34 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Ensaio 2O produto carboximetilcelulose

(CMC), misturado com areia nas pro-porções testadas, formou uma massacom aspecto viscoso e pouco pegajosa.Por ocasião do reumedecimento, verifi-cou-se que os blocos confeccionadoscom 0,5 % do produto absorveram águarapidamente, ocorrendo a quebra da re-sistência em pouco tempo. Nos demaistratamentos, formou-se uma camadagelatinosa em volta dos blocos, dificul-tando a infiltração da água. O produtoprejudicou a germinação das sementes,resultando na morte da maioria dasplântulas (Tabela 3).

O produto à base de croscarmelosenão se comportou como adesivo, for-mando blocos que se esboroavam comfacilidade e se desmanchavam rapida-mente quando umedecidos. Quanto aosefeitos na germinação das sementes, esteproduto não causou sinais de fitotoxidez.A formação do número relativamenteelevado de plântulas anormais deveu-seà saída das plântulas do substrato (blo-co esboroado), ficando a maioria dasraízes, exposta à desidratação.

A goma arábica, aplicada na propor-ção de 2,5 %, formou blocos que seesboroavam facilmente. Na proporçãode 5 %, os blocos se quebravam comleve toque e, nas proporções de 10 e 20%, eram rígidos o suficiente para seremmanuseados.

Quanto ao efeito do produto na ger-minação das sementes, não se observa-ram sinais de fitotoxidez e obteve-se boaproporção de plântulas consideradasnormais, nos tratamentos em que o pro-duto foi aplicado nas proporções de 2,5e 5 %. Os blocos confeccionados com10 % do cimentante apresentaram bai-xa taxa de germinação das sementes e,aqueles que continham 20 %, não per-mitiram a germinação.

Com a utilização da cola à base dePVA, formaram-se blocos com maiorresistência, em relação aos confeccio-nados com goma arábica, pois os blo-cos que continham 2,5 % de PVA nãose quebravam com tanta facilidadequanto os que continham 5 % de gomaarábica.

O fato de proporcionar maior forçade adesão em baixa concentração é umacaracterística interessante, porque os

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.

Tabela 1. Efeito de cinco marcas de cola à base de PVA na germinação de 20 sementes e nocrescimento de plântulas de pepino da cultivar Rubi, utilizando-se blocos-sementes molda-dos, compostos da mistura de areia e cola, em duas concentrações. Botucatu, UNESP, 1996.

)p/p%(oãçartnecnoC

sotnematarT 03 06 aidém

siamronsalutnâlpedoremún

zerocsaC aA0,02 aA2,91 8,71

artxEzerocsaC aA0,02 aA0,81 0,91

av-terpareP aA0,81 aA2,71 6,71

aloCoduT aA4,81 aA0,81 2,81

artxEidurG bA0,21 bA2,9 6,01

ahnumetseT 1 aA0,81 aA0,02 0,91

ahnumetseT 2 - - 8,61

ahnumetseT 3 - - 2,91

%1,02=VC

oãçanimregededadicolev 4

zerocsaC cbA4,44 cA7,53 0,04

artxEzerocsaC aA7,27 aA9,66 9,96

av-terpareP dcA5,93 cA2,23 9,53

aloCoduT bA4,15 baA4,06 9,55

artxEidurG dA3,23 dB8,41 6,32

ahnumetseT 1 aA5,96 cbaA3,35 4,16

ahnumetseT 2 - - 0,05

ahnumetseT 3 - - 5,76

%1,23=VC

)mc(siamronsezíaredotnemirpmoc

zerocsaC aA7,8 aA8,7 2,8

artxEzerocsaC aA8,9 aA4,8 1,9

av-terpareP aA4,8 aA2,9 8,8

aloCoduT bA7,5 aA0,6 8,5

artxEidurG aA6,8 aA4,7 0,8

.metset-aierA 1 aA3,9 aA3,7 3,8

ahnumetseT 2 - - 2,8

ahnumetseT 3 - - 6,7

%1,72=VC

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferemestatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ Antes da secagem, os blocos-sementes receberam o volume de água correspondente aoutilizado para compor as soluções de cola;2/ Ídem, aplicando-se o volume de água correspondente ao volume total da solução;3/ As sementes foram colocadas na estufa no mesmo período, sem umedecimento;4/ Calculado com a fórmula proposta por Silva & Nakagawa (1995), adotando-se os valoresde A = 4 e P = 100 para sementes de pepino e A = 5 e P = 98 para sementes de tomate.

35Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

adesivos são, geralmente, produtosvisguentos e a presença de solução vis-cosa no interior da camada de peletiza-ção pode dificultar a drenagem do ex-cesso de umidade e, consequentemente,prejudicar a germinação, pela restriçãoda troca gasosa.

Quanto aos efeitos na germinação eno crescimento das plântulas, confir-mou-se o comportamento observado noteste anterior, sendo portanto, dentre osprodutos testados, o que apresentou asmelhores características para utilizaçãocomo cimentante para confecção depéletes de sementes.

Ensaio 3

Durante o teste de resistência, veri-ficou-se que as colas das marcasCascorez, Cascorez Extra e Grudi Ex-tra se dissolveram rapidamente, reduzin-do a resistência à ruptura a valores in-significantes, em poucos minutos, mes-mo quando a concentração era elevada.Quando a concentração da cola era de30 % (5,4 % de peso de cola / peso deareia), a dissolução destas colas foi pra-ticamente instantânea, pois ao final doprimeiro minuto, a resistência havia de-crescido de mais de 5 kgf (bloco seco)para aproximadamente 0,5 kgf e decres-ceu ainda mais nos minutos seguintes(Figura 3), indicando que ocorreu absor-ção rápida de água até o interior dos blo-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.

oãçartnecnoCealoC )ºn(aicnêgremE 1 .dicolev 2 )mc(aeréa.p 3 )mc(ziar.pmoc 4 )lp/g(ziarosep 5

ibuRravitluc-onipep%03-zerocsaC a4,61 a2,85 b86,7 a71,21 a334,0

%03-artxEidurG b8,21 b4,41 ba55,8 a23,11 ba933,0%06-artxEidurG c0,6 b3,7 a13,9 b59,6 b441,0

31-utoBacicorgAravitluc-etamot%03-zerocsaC a2,91 a7,85 b96,5 a71,8 a140,0

%03-artxEidurG a2,91 a8,16 a03,6 a99,7 a040,0%06-artxEidurG a0,81 a7,75 ba79,5 a02,9 b920,0

)%(.V.C 0,81 6,32 5,7 9,51 6,82

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.1/ Número de plântulas que emergiram;2/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva & Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 4 eP = 100 para sementes de pepino e A = 5 e P = 98 para sementes de tomate;3/ Comprimento da parte aérea;4/ Comprimento da maior raiz;5/ Peso de matéria fresca.

Tabela 2. Efeito de colas à base de PVA, das marcas Cascorez e Grudi Extra, na germinação de 20 sementes e no crescimento de plântulasde pepino e tomate, utilizando blocos-sementes com 0,5 cm de espessura. Botucatu, UNESP, 1996.

Tabela 3. Efeito dos produtos à base de carboximetilcelulose (CMC), croscarmelose, gomaarábica e acetato de polivinila (PVA), na germinação de dez sementes de alface, cultivarAurélia, utilizando-se substrato areia para confeccionar blocos-sementes moldados com 0,5cm de espessura. Botucatu, UNESP, 1996.

oãçisopmoC)v/v%(

aicnêgremE)salutnâlpedºn(

salutnâlp)ºn(siamron

edadicoleV 1

CMC5,0 b5,5 b5,4 b1,91

2 c3,3 c0,0 c7,54 d0,0 c0,0 c0,0

)aun.mes(ahnumetseT a0,01 a8,9 a0,56esolemracsorC

5,0 cb1,8 b1,7 b2,240,1 ba0,9 d4,4 b2,940,2 c6,7 c1,5 c2,730,4 a3,9 b7,6 b3,64

ahnumetseT a0,01 a8,9 a0,56acibáraamoG

5,2 a2,9 b2,8 b3,550,5 a7,8 b2,8 b7,350,01 b0,6 c7,5 c1,830,02 c0,0 d0,0 d1,71

ahnumetseT a0,01 a8,9 a0,56AVP5,2 a7,9 a3,9 b9,350,5 a3,9 a0,9 cb3,740,01 a3,9 a2,9 c9,14

ahnumetseT a0,01 a8,9 a0,56)%(.V.C 5,9 2,11 3,51

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas não diferemestatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 3 e P = 100.

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cos. Esta é uma característica interes-sante como material cimentante para usoem peletização, pois, em contrapartida,indica a facilidade de drenagem e, porconseqüência, a troca gasosa, que temsido relatada como o principal efeito noretardamento e diminuição da germina-ção de sementes peletizadas.

A cola da marca Perapret-va apre-sentou a menor velocidade de dissolu-ção, mantendo os blocos com resistên-cia bastante elevada durante o períodoinicialmente proposto para avaliação(dez minutos). Outros blocos confecci-onados com esta cola foram então sub-metidos a períodos mais longos deimersão e verificou-se que somente após70 minutos, a resistência decresceu aníveis não mensuráveis com o equipa-mento utilizado (Figura 4). Após 24horas em imersão, ainda era possívelmanusear os pequenos blocos cortados,embora não fosse possível medir as suasfirmezas.

Quando as colas foram aplicadas àconcentração de 60 % (10,8 % de pesode cola / peso de areia) houve maiordemora na queda da resistência mas,atingiu níveis não mensuráveis ao finaldo período normal de avaliação, excetoa cola de marca Perapret-va, que apre-sentava ainda, resistência de aproxima-damente 2 kgf.

A espessura dos blocos e o tipo daponta-de-prova utilizada (ponta de cor-te e ponta de perfuração) não tiveraminfluência para os tratamentos em queocorriam dissolução rápida das colasmas, para a cola de marca Perapret-va,em ambas concentrações e para a damarca Cascorez, na concentração de 60%, os blocos com 1 cm de espessuraapresentaram decréscimo mais lento daresistência e esta foi maior quando seutilizou a ponta-de-prova tipo corte (da-dos não apresentados).

A dissolução da cola ocorre em fun-ção da permeabilidade do bloco, poisquanto mais rápido ocorrer o umede-cimento das camadas mais internas,mais rápida a queda da resistência doconjunto. Ao fazer as medições com aponta-de-prova do tipo perfuração, ocor-ria, com freqüência, o desvio lateral daponta, em razão de que o centro do blo-

Figura 1. Efeito de colas à base de PVA de diversas marcas e na concentração de 30 % (p/p), na germinação de sementes de pepino, cultivar Rubi. Botucatu, UNESP, 1996.

Figura 2. Efeito de colas à base de PVA, de diversas marcas e na concentração de 60 % (p/p), na germinação de sementes de pepino, cultivar Rubi. Botucatu, UNESP, 1996.

Figura 3. Valores médios de resistência à ruptura durante o umedecimento de blocos con-feccionados com areia mais cimentantes (colas à base de PVA), na concentração de 30 %,moldados com 0,5 e 1,0 cm de espessura. Botucatu, UNESP, 1996.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes.

37Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

co tinha maior resistência que as late-rais. Portanto, mesmo apresentando al-guns resultados semelhantes, é preferí-vel utilizar a ponta do tipo corte, que dámaior estabilidade na realização dasmedições e resulta em uma maior faixade diferenciação entre os produtoscimentantes.

Além da permeabilidade, a reduçãoda resistência da mistura é função dasolubilidade dos polímeros que geral-mente se formam durante o processo desecagem e da afinidade entre os materi-ais (cimentante e enchimento).

Portanto, a metodologia foi útil comodado comparativo, na fase de seleção demateriais, não sendo, entretanto, sufici-ente para definir padrões de resistência.

Em conclusão, os métodos desenvol-vidos permitiram identificar os cimen-tantes com características mais adequa-das à peletização de sementes, avalian-do seus efeitos na germinação das se-mentes, na resistência física e no tempode dissolução dos materiais.

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Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados1 .

Mirtes F. Lima 2; Carlos A. Lopes32 Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina - PE; 3 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF.

RESUMO

A evolução da doença olho-preto foi avaliada em tubérculos debatata, provenientes de plantas, cultivares Achat e Baronesa, inocu-ladas com Fusarium solani (Fs) (sin. F. solani f. sp. eumartii), emcasa-de-vegetação, e em tubérculos inoculados com 20 isolados deFs. Nos dois primeiros ensaios, dois lotes de tubérculos com (infec-ção aparente) e sem (infecção latente) sintomas aparentes, foramarmazenados a 4ºC ou à temperatura ambiente (27±2ºC) e a evolu-ção dos sintomas foi avaliada segundo uma escala de seis notas (0 =sem sintomas aparentes; até 5 = deterioração do tubérculo >50%).Posteriormente, os tubérculos foram plantados em casa-de-vegeta-ção e os sintomas avaliados nos tubérculos, após a colheita. A con-servação a 4ºC não impediu o avanço da doença nos dois lotes detubérculos armazenados. Tubérculos com infecção aparente deteri-oraram mais rapidamente do que aqueles com infecção latente. Ossintomas da doença foram reproduzidos nas plantas oriundas dostubérculos infectados plantados em casa-de-vegetação. Plantas pro-venientes de tubérculos com infecção aparente apresentaram sinto-mas característicos da doença mais prontamente do que aquelas pro-venientes de tubérculos com infecção latente. No terceiro ensaio,avaliou-se a evolução de olho-preto em tubérculos, cultivares Achate Baronesa, inoculados com 20 isolados de Fs e mantidos a 10±1ºCe a 27±2ºC. Tubérculos armazenados a 27ºC apresentaram uma maiortaxa de deterioração, embora correspondente ao nível 1 da doença.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, resistência, Fusarium solani.

ABSTRACT

Development of black eye on potato tubers.The development of black eye was evaluated on stored infected

potato tubers from plants of cultivars Achat and Baronesa, inoculatedwith Fusarium solani (Fs) (sin. F. solani f. sp. eumartii), and ontubers inoculated with twenty isolates of Fs, comprising threeexperiments. In first and in second assays, tubers without (latentinfection) and with (apparent infection) symptoms were stored atconventional cold temperature (4ºC) or at room temperature(27±2ºC). Symptom evolution was assessed by a 0-5 scale, being 0= tuber showing no apparent symptoms and 5 = 50-100% of rottedtuber. In addition, after evaluation, infected tubers were planted inpots in a greenhouse and disease severity was rated on tubers afterharvesting. The storage of infected tubers at 4ºC did not stop diseaseprogress for both tuber groups. Tubers with apparent infection rottedfaster than those with latent infection. Symptoms of black eye werereproduced on plants originated from infected tubers regardless ofinfection level. Plants originated from tubers with apparent infectionshowed characteristic symptoms of the disease earlier than thoseoriginated from tubers with latent infection. In the third assay, twentyisolates of Fs were inoculated in tubers of cultivars Achat and Baro-nesa and stored at 10±1ºC or at room temperature (27±2ºC). Tuberskept at room temperature rotted faster; however, they showedinfection corresponding to level 1 of the disease.

Keywords: Solanum tuberosum, resistance, Fusarium solani.

(Aceito para publicação em 19 de março de 1997)

A podridão-seca, causada porFusarium spp., é uma das prin-

cipais doenças da batata em condiçõesde armazenamento, causando deteriora-ção de tubérculos, com perdas conside-ráveis (Carpenter, 1915; Boyd, 1952),dependendo do grau de contaminação edos ferimentos nos tubérculos, além datemperatura e umidade no armazena-mento. A doença pode causar perdas nocampo, no armazenamento e durante otransporte de tubérculos (Ayres &Robinson, 1954; Alvarado & Gúzman,1969). No Brasil, a doença possui pou-ca importância para batata-consumo,que normalmente é comercializada pou-cos dias após a colheita. Entretanto, éconsiderada uma das principais doençasda batata-semente, que fica armazena-da por três a quatro meses, até que os

tubérculos emitam brotações em tama-nho adequado para o plantio.

Cerca de 20 espécies de Fusariumpodem causar doenças em batata, sen-do as murchas e as podridões as maisimportantes (Hwang & Evans, 1985).Dentre estas espécies, destaca-seFusarium solani (Fusarium solani f. sp.eumartii Carp.) (Escande et al., 1973),um patógeno considerado economica-mente importante na América do Norte(Brooks, 1953), principalmente nos Es-tados Unidos (Haskell, 1916; Goss,1924), e na América do Sul (Gerlach &Nirenberg, 1982), sendo considerada adoença mais importante desta cultura naArgentina (Escande & Radtke, 1971).No Brasil, a doença foi relata apenasrecentemente (Lopes & Ventura, 1996).Esta espécie de Fusarium caracteriza-se por causar escurecimento das gemas

e do anel vascular em tubérculos recém-colhidos, além de podridão seca locali-zada, que se torna indistinguível da po-dridão seca provocada por outras espé-cies de Fusarium.

A doença olho-preto, como é conhe-cida no Brasil, já foi constatada nos es-tados de Santa Catarina e São Paulo,onde as perdas atingiram cerca de 80%(Lopes, 1994). A doença foi relatadaprimeiramente nos Estados Unidos, em1915, causando sérias perdas em tubér-culos armazenados (Carpenter, 1915).Na Argentina, o olho-preto foi respon-sável pela substituição da cultivarHuinkul, devido a um ataque muito for-te nos tubérculos nos anos de 1948/49(Calderoni, 1978).

O ataque do fungo ocorre próximoà floração das plantas. O patógeno pe-netra através das raízes, estolões, talos

1 Trabalho desenvolvido na Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), com o apoio do CNPq.

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subterrâneos e batata-mãe, o que sugerea ineficácia do tratamento de tubérculos-sementes com fungicidas de contato oupreventivos antes do plantio (Radtke &Escande, 1973a). Estes autores observa-ram que o pré-tratamento de pedaços detubérculos-sementes com fungicidassistêmicos não controlou a doença. En-tretanto, segundo Leach & Webb (1981)e Mantecón et al. (1984), perdas devidasa estas podridões podem ser reduzidascom o uso de thiabendazole aplicado aostubérculos logo após a colheita ou antesdo plantio.

A partir da constatação da doençaolho-preto no Brasil e de sua aparente-mente rápida disseminação (Lopes &Ventura, 1996), os produtores e compra-dores de batata-semente têm enfrenta-do grandes dificuldades em lidar com oproblema, já que, praticamente, nãoexistem informações sobre a epidemio-logia da doença no país. Estas informa-ções são de grande importância para sedefinir os níveis de tolerância desta do-ença na legislação de batata-sementenacional, bem como para estabelecer ospadrões aceitáveis nas inspeções paracertificação.

O objetivo deste trabalho foi estu-dar a evolução dos sintomas internos eexternos em tubérculos de batatainfectados com Fusarium solani, arma-zenados à temperatura ambiente e sobrefrigeração.

MATERIAL E MÉTODOS

Temperatura de armazenamentona evolução da doença

Estudou-se o efeito da temperaturade armazenamento na deterioração detubérculos de batata da cultivar Achat.Os tubérculos foram provenientes deplantas inoculadas via imersão de raízesem suspensão de esporos (106 conídios/ml) do isolado CNPH-31 de Fs, prove-niente de Canoinhas (SC). O ensaio foiconduzido em casa-de-vegetação naEmbrapa Hortaliças, Brasília (DF)(Lima & Lopes, 1997). Após a colheitados tubérculos, dois lotes de 180 tubér-culos cada, foram selecionados segun-do a presença de sintomas aparentes (in-fecção externa e/ou interna branda - lote1) e sintomas latentes (sem sintomas in-ternos e/ou externos aparentes - lote 2).

Os tubérculos foram acondicionados emsacos de papel e mantidos em câmarafria à temperatura de 4ºC. Avaliaçõesforam feitas até o início da brotação dostubérculos, que ocorreu cerca de 120dias após o armazenamento. Os tubér-culos com sintomas aparentes foramcontados e classificados em seis cate-gorias, de acordo com a severidade dossintomas apresentados: 0 = sem sinto-mas aparentes; 1 = até 5%; 2 = 6-10%;3 = 11-25%; 4 = 26-50%; 5 = 51-100%do tubérculo deteriorado. Os resultadosobtidos foram transformados em índicede deterioração (ID), utilizando-se a fór-mula ID =∑ (CxP)/N, onde C = notaatribuída a cada classe de sintomas; P =número de tubérculos em cada classe desintomas e N = número total de tubér-culos avaliados, adaptado de Empig etal. (1962). O objetivo foi observar otempo necessário para que tubérculoscom sintomas aparentes (lote 1) apre-sentassem completa deterioração e emquanto tempo aqueles com sintomas la-tentes (lote 2) manifestariam sintomasaparentes da doença. Os dados foramtransformados para porcentagem de tu-bérculos deteriorados em cada nível daescala de avaliação.

Após o término do período de avali-ação, os tubérculos completamente de-teriorados (nota = 5) foram descartadose os remanescentes com notas entre 0 e4 foram utilizados como batata-semen-te para montagem de um ensaio em casa-de-vegetação. O experimento, incluin-do os dois lotes de tubérculos (sintomasaparentes e sintomas latentes), consis-tiu de cinco tratamentos (0 = tubérculosem infecção aparente; 1 = 1-5%; 2 = 6-10%; 3 = 11-25%; 4 = 26-50% do tu-bérculo infectado). O delineamento ex-perimental foi blocos ao acaso, com cin-co tratamentos e seis repetições, e a par-cela foi constituída por seis vasos comuma planta cada. A avaliação do estandefoi feita 25 dias após o plantio dos tu-bérculos, quando observaram-se sinto-mas na parte aérea. Efetuou-se a conta-gem do número de plantas murchas, se-manalmente, 36, 43 e 50 dias após oplantio dos tubérculos. Para efeito deanálise estatística, os dados foram trans-formados para x + 1 e as médias dostratamentos comparadas pelo teste deTukey a 5% de probabilidade.

Após o período de avaliação dasplantas e colheita, os tubérculos foram

misturados, de onde separou-se, aleato-riamente, dois lotes de 100 tubérculoscada, com (lote 1) e sem sintomas ex-ternos (lote 2), que foram avaliadosquanto à presença ou ausência de infec-ção vascular.

Evolução dos sintomasEsta avaliação foi feita em tubércu-

los de batata provenientes de plantas dascultivares Achat e Baronesa, inoculadasvia imersão de raízes com suspensão deesporos (106 esporos\ml) do isoladoCNPH-31 de Fs (Lima & Lopes, 1997).Ao final do ciclo das plantas, os tubér-culos foram colhidos e dois lotes, de 100tubérculos cada, foram selecionadospara cada cultivar, um com (infecçãoaparente) e outro sem sintomas internose/ou externos (infecção latente). Os tu-bérculos com tamanho padrão maior que7 cm de comprimento e peso acima de50 g foram selecionados segundo a pre-sença de sintomas brandos de podridão,correspondente ao nível 1 de doença(nota 1 = até 5% do tubérculo apodreci-do) para infecção aparente, e sem sinto-mas aparentes para infecção latente(nota 0 = tubérculo sem sintomas apa-rentes). Os tubérculos foram acondici-onados em sacos de papel e mantidos àtemperatura ambiente (27 ± 2ºC). Utili-zando-se a mesma escala de seis notas,anteriormente descrita para o experi-mento 1, classificaram-se os diferentesgraus de deterioração dos tubérculos, emoito avaliações, sendo a primeira e asegunda 38 dias e 54 dias após a colhei-ta, respectivamente, e, as demais, a in-tervalos regulares de nove dias, durante72 dias. Os dados foram transformadospara x + 1e a comparação das médi-as foi feita segundo o teste de Tukey, a5% de probabilidade.

Os tubérculos com nota 5 foram des-cartados, aqueles com nota 0 (infecçãolatente) foram separados e os que apre-sentavam notas de 1-4 foram mistura-dos para cada cultivar, resultando em umensaio com dois lotes de tubérculos (in-fecção latente e infecção aparente) eduas cultivares. Os tubérculos foramplantados em canteiros de 10 m2 de área,contendo 32 linhas de 1m de compri-mento. Os canteiros eram isolados epossuíam bordas de placa de cimentopara não permitir a disseminação dopatógeno. O ensaio foi um fatorial 2x2 eos tratamentos (1 = tubérculos com in-

LIMA, M.F.; LOPES, C.A. Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados.

40 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

fecção latente e 2 = tubérculos com in-fecção aparente) foram dispostos em blo-cos ao acaso com quatro repetições. Aunidade experimental foi constituída poroito plantas espaçadas por 20 cm. A ava-liação foi feita pela contagem do núme-ro de plantas murchas 20 e 52 dias apóso plantio em campo e pela presença ouausência de sintomas internos e/ou ex-ternos nos tubérculos, após a colheita.

VirulênciaA virulência de vinte isolados de

Fusarium solani (Tabela 2), provenien-tes de Canoinhas (SC), Vargem Grandedo Sul (SP) e Mucugê (BA), foi avalia-da em tubérculos de batata, das cultivarAchat e Baronesa. Tubérculos colhidose armazenados em câmara-fria (4ºC) por60 dias e aparentemente livres de doen-

ças foram selecionados por peso (>50g). Após lavados, os tubérculos foramdesinfestados com hipoclorito de sódio(0,5% por dois minutos), enxaguadosem água estéril e secos à temperaturaambiente. Para produção do inóculo, osisolados cresceram em meio de batata-dextrose, em frascos Erlenmeyer de 250ml (100 ml/frasco). Os frascos forammantidos sob agitação (140 rpm) porsete dias à temperatura ambiente (27 ±2ºC), preparando-se, a partir dos esporoscoletados, uma suspensão de concentra-ção 106 conídios/ml. Inoculou-se 10 µlda suspensão de esporos na porção me-diana de cada tubérculo; uma almofadade três alfinetes entomológicos n0. 3 foipassada através da gota de inóculo, per-furando o tubérculo a uma profundida-

de de 2-3 mm. Após inoculados, os tu-bérculos foram acondicionados em ban-dejas com papel toalha umedecido eenvoltas em sacos de plástico, de modoa propiciar umidade relativa próxima a100%. As bandejas foram incubadas emcâmara-fria (10 ± 1ºC) no escuro, con-dição de armazenamento de batata-se-mente, ou à temperatura ambiente (27± 2ºC). As médias dos tratamentos fo-ram comparadas pelo teste de Tukey a5% de probabilidade.

O experimento foi instalado em de-lineamento inteiramente casualizado,com os tratamentos dispostos em par-celas subdivididas. Foram feitas quatrorepetições, com três tubérculos por par-cela. Considerou-se o fator cultivar naparcela e o fator isolado do fungo na

LIMA, M.F.; LOPES, C.A. Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados.

atiehlocasópasaiD

otnematarT atoN 1 83 45 36 27 18 09 99 801

-tahcAravitluc 0 - - - - - - - -

mocsolucrébuT 1 - - - - - - - -

samotnis 2 04 62 32 11 3 3 3 3

setnerapa 3 73 24 53 93 34 14 04 63

4 32 41 21 81 02 8 8 01

5 - 81 03 23 43 84 94 15

-tahcAravitluc 0 99 89 69 68 38 28 18 66

mocsolucrébuT 1 1 2 3 31 61 51 51 03

setnetalsamotnis 2 - - - - - 2 3 -

3 - - 1 1 1 1 1 4

4 - - - - - - - -

5 - - - - - - - -

-asenoraBravitluc 0 - - - - - - - -

mocsolucrébuT 1 86 16 06 53 82 72 62 7

samotnis 2 32 82 42 74 64 74 73 65

setnerapa 3 9 7 8 01 51 51 7 4

4 - 4 8 8 11 11 03 33

5 - - - - - - - -

-asenoraBravitluc 0 001 001 001 001 39 29 29 09

mocsolucrébuT 1 - - - - 7 8 8 01

setnetalsamotnis 2 - - - - - - - -

3 - - - - - - - -

4 - - - - - - - -

5 - - - - - - - -

Tabela 1. Porcentagem de tubérculos de batata, cultivares Achat e Baronesa, com diferentes níveis de infecção causada por Fusarium solani(sin. = F. solani f. sp. eumartii) em temperatura ambiente (27 ± 2ºC). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1994.

1/ Escala de notas para avaliação de severidade da doença: 0 = tubérculo sem sintomas; 1 = até 5%; 2 = 6 -11%; 3 = 6 - 25%; 4 = 25 - 50%;5 = mais de 50% do tubérculo apodrecido.

41Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

subparcela. A avaliação foi efetuadamedindo-se o diâmetro da lesão em doissentidos, com paquímetro, sete dias apósa inoculação, para temperatura ambien-te e sete, quatorze e 24 dias após ainoculação, para tubérculos armazena-dos a 10ºC. As médias dos tratamentosforam comparadas pelo teste de Tukeya 5% de probabilidade.

Após a avaliação, os tubérculos ino-culados provenientes do armazenamentoa 10ºC, foram plantados em casa-de-ve-getação, onde foram avaliados os sinto-

mas da parte aérea das plantas e os sinto-mas nos tubérculos, após a colheita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Temperatura de armazenamentoHouve um aumento gradativo no

grau de infecção para os dois lotes detubérculos armazenados. Conforme es-perado, a deterioração ocorreu mais ra-pidamente para os tubérculos com in-fecção aparente (Figura 1). As porcen-tagens de tubérculos infectados para as

notas entre 3 e 5 (25 e 100% do tubér-culo infectado) foram 51,1%, 58,9% e59,4%, 90, 120 e 135 dias após oarmazenamento, respectivamente. Paraos tubérculos com infecção latente, nãohouve alteração significativa até o tér-mino do período de avaliação, onde ob-servou-se apenas 2,7% dos tubérculoscom sintomas aparentes.

Na avaliação do estande, 25 diasapós o plantio dos tubérculos, observou-se a presença de brotação em 100%,86,7%, 83,3%, 76,7% e 63,3% dos tu-

LIMA, M.F.; LOPES, C.A. Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados.

º.nodalosI

arutarepmeT)Cº1±72(etneibma 1 )Cº1±01(airfaramâC 2

tahcA asenoraB tahcA asenoraB

1-HPNC fedc00,5 g91,3 a63,5 cba84,4

3-HPNC fed88,3 gf65,3 a53,5 ba37,4

4-HPNC fedcb36,5 gfe60,4 dcba48,4 cba15,4

6-HPNC dcba57,7 gf65,3 cba41,5 a88,4

8-HPNC cba57,8 fedc52,6 edcba85,4 ba86,4

01-HPNC f18,2 g00,3 dcba59,4 ba86,4

11-HPNC f57,2 g75,2 e06,3 gfed68,3

21-HPNC ba34,9 gfed13,5 ed39,3 hgfe17,3

41-HPNC edcba72,7 fedc13,6 edcba43,4 hg92,3

51-HPNC ba86,9 cba60,9 ed89,3 h61,3

71-HPNC a19,01 gfe00,4 ba03,5 edcb42,4

02-HPNC ba34,9 ba52,01 edc11,4 edcb02,4

12-HPNC cba25,8 dcb49,7 ed00,4 hgf35,3

13-HPNC a36,01 a21,11 edcba07,4 a88,4

33-HPNC cba60,9 ba96,9 edcba94,4 ba16,4

43-HPNC fe44,3 g13,3 ba62,5 dcba14,4

53-HPNC ba18,9 edc05,6 edc90,4 fedc99,3

04-HPNC cba93,8 ba96,9 edc30,4 edcb02,4

44-HPNC ba27,9 edc36,6 edcb12,4 fedc10,4

34-HPNC cba28,8 edc05,6 edc90,4 edcb51,4

)%(VC 53,01 6,51 96,61 83,9

Tabela 2. Reação de tubérculos de batata, cultivares Achat e Baronesa, inoculados com Fusarium solani e mantidos em temperaturaambiente (27 ± 2ºC) e em câmara fria (10 ± 2ºC). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1994.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ Leitura realizada sete dias após a inoculação;2/ Leitura realizada 21 dias após a inoculação;3/ Dados originais transformados para x + 1

42 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

bérculos, respectivamente, para os tra-tamentos 0, 1, 2, 3 e 4 (0 = infecção la-tente; 1 = até 5%; 2 = 6 - 10%; 3 = 11 -25%; 4 = 26 - 50% do tubérculoinfectado). Cerca de 18% dos tubércu-los (27 tubérculos) plantados nos vasosapodreceram no solo antes da emergên-cia das plântulas, principalmente paraos tratamentos 3 e 4, cujas porcentagensde deterioração foram maiores. A ma-nifestação de sintomas nas plantas ocor-reu cerca de 25 dias após o plantio dostubérculos, quando observou-se iníciode necrose na haste e folhas murchas emplantas ainda pequenas.

Houve diferença significativa 36, 43e 50 dias após o plantio dos tubérculos(P = 0,05). Trinta-e-seis dias após oplantio dos tubérculos, os tratamentos0 (infecção latente) e 1 (até 5% de in-fecção no tubérculo), apresentaram asmenores porcentagens de plantas mur-chas, 0% e 5,0%, respectivamente, en-quanto que os tratamentos com 3 (11 -25%) e 4 (26 - 50%), exibiram, respec-tivamente, 50% e 38,3%. Na avaliação50 dias após o plantio dos tubérculos,houve um aumento significativo deplantas murchas para o tratamento cominfecção latente (32,7%), sendo com-parável ao tratamento com até 5% do tu-bérculo infectado (52,7%). Plantas obti-das de tubérculos com infecção latenteexibiram sintomas mais tardios da doen-ça, muito provavelmente, devido à con-dição latente do fungo nos tubérculos.

Para os lotes de tubérculos selecio-nados (infecção latente e infecção apa-rente) observou-se que aqueles prove-nientes de tubérculos com infecção la-tente produziram 9% de tubérculos comsintomas internos e externos, 60% ape-nas com sintomas externos e 31% semnenhum sintoma aparente. Para tubér-culos provenientes do lote com infec-ção aparente, a produção de tubérculoscom sintomas internos e externos foi de70%, com sintomas externos apenas20% e 10% sem sintomas aparentes.

Estes resultados indicam que a elimi-nação de tubérculos com sintomas apa-rentes da doença, antes do armazena-mento, é uma medida eficaz na reduçãodos problemas de podridão-seca em ba-tata-semente. Indicam, também, que tu-bérculos aparentemente sadios (infecçãolatente), embora em menores proporções,

podem desenvolver a doença mais tardee servir como fonte inicial de inóculo.

Evolução dos sintomasA podridão causada por Fs aumen-

tou durante o período de armazenamentodos dois lotes de tubérculos. Para os lo-tes com sintomas aparentes, a deterio-ração dos tubérculos foi mais rápida emais intensa do que para os lotes comsintomas latentes, principalmente paraa cultivar Achat. Setenta-e-dois diasapós a inoculação, 100% e 65% dos tu-bérculos das cultivares Achat e Baro-nesa, respectivamente, apresentavamgraus de infecção aparente significati-vos (notas variando de 2 a 4). Obser-vou-se, entretanto, que apenas 1% dostubérculos da cultivar Achat e 0% dostubérculos da cultivar Baronesa exibi-ram infecção latente (Tabela 1).

Vinte dias após o plantio dos tubér-culos em campo, observou-se 58,6% e53,3% de plantas murchas provenien-tes de tubérculos com sintomas aparen-tes, respectivamente, das cultivaresAchat e Baronesa e nenhuma plantamurcha para aquelas provenientes detubérculos com infecção latente. Trin-ta-e-dois dias após a primeira avaliação,todas as plantas estavam mortas.

Comparando-se os dois ensaios an-teriores com relação à cultivar Achat,constatou-se que, em tubérculos cominfecção aparente armazenados a 4ºC,

somente após 90 dias pode-se observaruma distribuição em quatro ou cincocategorias de notas, segundo a severi-dade de sintomas (Figura 1), enquantoesta distribuição já pôde ser observada38 dias após a colheita, quando os tu-bérculos foram mantidos à temperaturaambiente (Tabela 1). Vale ressaltar, tam-bém, que 135 dias após o armazenamen-to a 4ºC, menos de 10% do número to-tal de tubérculos com infecção aparenteapresentavam nota 5 (mais de 50% dotubérculo deteriorado) (Figura 1); emcontraste, aqueles mantidos à tempera-tura ambiente apresentavam 51% dototal com nota 5,108 dias após a colhei-ta (Figura 1).

Estes resultados indicam que a in-fecção latente nos tubérculos pode serimportante na transmissão da doença embatata-semente aparentemente sadia.

VirulênciaA evolução dos sintomas nos tubér-

culos inoculados com Fs se deu muitolentamente nos dois ambientes. Obser-vou-se que, semelhante ao que ocorreuno ensaio 1, tubérculos mantidos à tem-peratura ambiente apodreceram maisrapidamente, entretanto, não exceden-do ao nível 1 de doença da escala utili-zada nos ensaios anteriores (Tabela 2).

Houve diferença estatística entre ostratamentos; os fatores isolado e cultivarforam significativos à temperatura am-

Figura 1 - Índice de deterioração (ID) em tubérculos de batata, cultivar Achat, com infec-ção (A) aparente e (B) latente, provenientes de plantas inoculadas com Fusarium solani(sin. = F. solani f.sp. eumartii) em casa-de-vegetação e armazenados a 4ºC. ID = Σ (CxP)/N, onde C = nota atribuída a cada classe de sintomas; P = número de tubérculos em cadaclasse de sintomas e N = número total de tubérculos avaliados, adaptado de Empig et al.(1962). Escala de severidade: 0=sem sintomas aparentes; 1=até 5%; 2=6-10%; 3=11-25%;4=26-50%; 5=51-100% do tubérculo deteriorado. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1994.

LIMA, M.F.; LOPES, C.A. Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados.

43Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

biente e em câmara fria. Considerando-se que, nos dois ambientes, a interaçãoisolado x cultivar não foi significativa (P= 0,05), optou-se por realizar uma análi-se estatística separadamente para cadacultivar, dentro de cada um dos ensaios.

A temperatura de 10 ± 1ºC não foieficiente em impedir o desenvolvimen-to da infecção nos tubérculos inocula-dos, tendo sido observadas lesões de3,60 a 5,36 mm de diâmetro naquelesda cultivar Achat e de 3,16 e 4,88 mmem tubérculos da cultivar Baronesa (Ta-bela 2). O apodrecimento dos tubércu-los nesta temperatura ocorreu à uma taxade 0,17 a 0,26 mm/24 h para a cultivarAchat e de 0,15 a 0,23 mm/24 h para acultivar Baronesa. Comparativamente,para os tubérculos armazenados à tem-peratura ambiente (27 ± 2ºC), esta taxafoi de 0,39 a 1,56 mm/24h para a culti-var Achat e de 0,43 a 1,59 mm/24 h paraa cultivar Baronesa, sendo, portanto, 2,6a 6,12 vezes maior que aquela observa-da para tubérculos inoculados mantidosa 10 ± 1ºC. À temperatura ambiente, osdiâmetros das lesões ficaram compre-endidos no intervalo de 2,75 a 10,91 mmpara a cultivar Achat e de 3,00 a 1,13mm para a cultivar Baronesa (Tabela 2).

O isolado CNPH-31 destacou-secomo um dos mais virulentos nas duascultivares à temperatura ambiente, comdiâmetro médio de lesão de 10,63 mmem tubérculos de ’Achat’ e 11,13 mmnaqueles da cultivar Baronesa (Tabela 2).

Temperaturas inferiores a 10ºC po-dem impedir o desenvolvimento da po-dridão causada por Fusarium solani(Goss, 1924, citado por Escande et al.,1973). Entretanto, Escande et al. (1973)observaram que os níveis de podridãoaumentam durante o período de armaze-namento dos tubérculos em câmara-friae que a temperatura de 4ºC não foi efi-caz em impedir o avanço da doença.Estes autores também constataram quea doença não pode ser eliminada duran-te o processo de classificação dos tubér-culos, por não apresentarem sintomasexternos, apenas internos. No presentetrabalho, observou-se que Fs desenvol-veu-se nos tubérculos infectados e ar-mazenados a 4ºC, à temperatura ambi-ente (27 ± 2ºC) e a 10 ± 1ºC. Observou-se também que baixas temperaturas fo-ram eficientes em retardar o desenvol-

vimento da doença apenas em tubércu-los com infecção latente, enquanto ocor-reu um aumento significativo na porcen-tagem daqueles com infecção aparente(Figura 1). Estes resultados sugerem quea seleção de tubérculos-sementes antesda frigorificação é uma eficiente manei-ra de se reduzir o inóculo inicial. Valetambém ressaltar que, tubérculos cominfecção latente, portanto, que apresen-tavam-se aparentemente sadios e semsintomas externos, quando cortados,podiam exibir sintomas internos.

A redução no crescimento do fungoem baixas temperaturas (4ºC), assimcomo o seu desenvolvimento em tempe-raturas mais altas (14-19ºC) também fo-ram observados para outras espécies deFusarium, como F. oxysporum f. sp.tuberosi (Harisson & Livingstone, 1966),F. roseum e F. oxysporum (Alvarado &Gúzman, 1969). A inoculação de isola-dos de Fs diretamente em tubérculos debatata e incubação à temperatura de 23ºCfoi utilizada por Carpenter (1915), queobservou sintomas de podridão típica,com lenticelas deprimidas e escure-cimento do parênquima.

As plantas provenientes de tubércu-los infectados plantados em campo oucasa-de-vegetação reproduziram os sin-tomas típicos da doença na parte aérea,cuja severidade variou segundo o nívelde infecção em que o tubérculo foi clas-sificado inicialmente, antes do plantio.Sintomas como severa podridão sub-terrânea da haste, resultando em murcharápida da planta infectada foram obser-vados em plantas provenientes de tubér-culos com altos índices de infecção. Sin-tomas semelhantes ocorrem quando ainvasão de pedaços de tubérculos-semen-tes por Fs ocorre via solo (Haskell, 1916).

Seminario et al. (1970) detectaramdiferenças entre cultivares, através dainoculação de porções de micélio deFusarium spp. em tubérculos, manuten-ção em câmara-úmida e incubação àtemperatura ambiente, com avaliaçãoquinze dias após a inoculação. Radtke& Escande (1973b) testaram a patogeni-cidade de isolados através da inoculaçãode tubérculos e concluíram ser este mé-todo eficiente na distinção de diferen-tes níveis de virulência entre isolados.Leach & Webb (1981) selecionaramclones resistentes a Fusarium spp. atra-

vés da inoculação, com uma seringa, de102 esporos do fungo por sítio, a umaprofundidade de 7mm. Os autores con-cluíram que a seleção do local a ser ino-culado tem pequeno ou nenhum efeitono grau de resistência ou suscetibilidadeda cultivar ou clone testado e que asuscetibilidade à doença foi, geralmen-te, mais alta em tubérculos armazena-dos, do que em tubérculos avaliadoslogo após a colheita.

A inoculação de tubérculos, nestetrabalho, embora utilizada uma concen-tração bem mais alta (106 conídios/ml)do que a utilizada por Leach & Webb(1981), foi efetuada na superfície dotubérculo, onde a almofada de alfinetesperfurou a gota de inóculo a uma pro-fundidade de apenas 2 a 3 mm. Prova-velmente, a quantidade de inóculo ne-cessária para causar uma maior infec-ção, não tenha penetrado a uma profun-didade suficiente, permanecendo partedesse inóculo sobre a película, na parteexterna do tubérculo. A inoculação deconídios em tubérculos, com seringa auma profundidade maior, pode ter sidouma técnica mais efetiva, uma vez quetodo o inóculo é colocado diretamenteem contato com os tecidos do tubércu-lo, favorecendo, assim, o desenvolvi-mento da infeção.

Portanto, a inoculação de tubércu-los com Fs é um método viável comotécnica adicional na avaliação da resis-tência de cultivares à doença ou mesmoem testes de patogenicidade de isolados.

LITERATURA CITADA

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Métodos para avaliação de materiais de enchimento utilizados napeletização de sementes1 .

João Bosco C. da Silva2; João Nakagawa32 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília – DF; 3 UNESP - FCA, C. Postal 237, 18.603-970, Botucatu – SP.

RESUMO

O enchimento é a fração maior da camada de peletização e deveconstituir-se de materiais inertes, insolúveis em água e de granulometriafina e uniforme, para que se forme porosidade suficiente para evitar arestrição da troca gasosa entre a semente e o ambiente externo ao pélete.Desenvolveu-se metodologias para simular o processo de peletização eavaliar os materiais, isoladamente ou em misturas com cimentantes ououtros ingredientes. A metodologia mais apropriada constituiu-se daaplicação da massa umedecida do material em teste, em um molde noformato de calha, com 10 cm de comprimento e seção interna quadradade 0,5 x 0,5 cm, forrado com papel-toalha umedecido. Após o enchi-mento dos moldes, fez-se a semeadura e os blocos foram removidospara gerbox, contendo substrato de papel de filtro plissado. Foram tes-tados doze materiais e obtiveram-se os melhores resultados com areia emicrocelulose isolados, misturados entre si ou com calcário. Os materi-ais termofosfato, concinal e croscarmelose impediram a germinaçãodas sementes. Os materiais calcário puro, caulim, serragem de pinho,serragem de eucalipto e esfagno triturado permitiram alguma germina-ção, mas todas as plântulas eram anormais. O xaxim triturado permitiuboa germinação, mas com elevado número de plântulas anormais, ob-servando-se também, o crescimento de fungos. A bentonita permitiu ocrescimento normal das plântulas, mas formou uma massa compacta emuito pegajosa, o que é característica indesejável como material paraenchimento.

Palavras-chave: pélete, areia, materiais orgânicos, alface(Lactuca sativa).

ABSTRACT

Methods to evaluate stuffing materials for seed pelleting.Stuffing is the major portion of a seed pellet. It must be an inert mate-

rial, water insoluble, with fine and uniform particles, and able to formenough pores to avoid restriction of gas exchange between seed and theenvironment outside the pellet. The main objective of this research was todevelop methods for simulating the pelleting process, for selecting materialsalone or in mixture with adhesives or other ingredients. The most suitablemethod was to make seed-blocks by sowing seeds in a gutter-like mold,10 cm long and with an internal square section of 0.5 x 0.5 cm, coveredwith filter paper and filled with moistened samples of the material to betested. Blocks were removed and transferred to gerbox containing pleatedfilter paper and placed in germinators to compare the seedling performancein relation to others obtained from bare seeds. Twelve materials weretested, and the best results were obtained when seed-blocks made of sandor microcellulose alone, mixed with each other or with lime.Termophosphate, “concinal” (dried and crushed seaweed) andcroscarmelose inhibited seed germination. Lime alone, caulinite, pine oreucalyptus sawdust, and crushed sphagnum (Mayaca sp) allowed someseed germination but with abnormal development. Crushed “xaxim”(Dicksonia sp) allowed seed germination, but with high number ofabnormal seedlings and with undesirable fungi development. Bentoniteallowed good seedling development, but the compact and sticky massformed is an undesirable characteristic for seed coating.

Keywords: pellet, coating, sand, organic material, lettuce(Lactuca sativa)

(Aceito para publicação em 28 de maio de 1998)

1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à UNESP - FCA, em Botucatu (SP).

LIMA, M.F.; LOPES, C.A. Evolução da doença olho-preto em tubérculos de batata armazenados.

45Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

A peletização de sementes é aaplicação de uma cobertura só-

lida seca, composta basicamente por ummaterial inerte de granulometria fina(material de enchimento) e um cimen-tante solúvel em água, visando dar àsemente nova forma e novo tamanho.

Em princípio, o material de enchi-mento deve constituir-se de partículasgrossas e uniformes, visando formarporos grandes. Ocorre entretanto gran-de limitação na granulometria do mate-rial de enchimento, porque as partícu-las não podem rolar livres (não agrega-das às sementes). Se isso ocorrer, aspartículas aderem entre si, formandopéletes vazios (sem sementes). Utilizan-do-se partículas grandes ocorre tambémmaior dificuldade para promover a suaadesão à superfície das sementes, emrazão de seu peso e do maior atrito como material em movimento. Isso leva àutilização de maior quantidade de ade-sivo, o que promove também a adesãoentre sementes, causando a formação depéletes com mais de uma semente, o queé indesejável.

À medida que os péletes vão se for-mando, aumenta-se a superfície de con-tato e o peso, permitindo então o uso dematerial mais grosseiro. Mas, na fase deacabamento, é necessário utilizar nova-mente materiais mais finos, para se ob-ter uma superfície lisa e uniforme. Háportanto, necessidade de estabelecer agranulometria mais adequada e a pro-porção dos ingredientes para cada fasee cabe ao operador desenvolver a habi-lidade de identificar o momento da apli-cação dos ingredientes. As informaçõescontidas nos dois parágrafos anterioresnão foram publicadas. São observaçõesfeitas durante a realização dos trabalhos:Silva & Márton, 1992; Silva et al., 1992;Silva et al. 1993a e Silva et al. 1993b.

A relação entre a granulometria domaterial utilizado na peletização e a ve-locidade de germinação das sementes foidemonstrada por Sachs et al. (1982),comparando o desempenho de semen-tes nuas com péletes-semente confecci-onados com argila e outros confeccio-nados com uma primeira camada deareia fina (grânulos menores que 75mm) e recobertos com areia mais gros-sa (grânulos de 75 a 105 mm). As se-mentes peletizadas com areia apresen-

taram maior velocidade de germinaçãoque as peletizadas com argila, mas nãoatingiram a mesma velocidade de ger-minação que as sementes nuas, emboraas porcentagens de germinação finaistenham sido bastante próximas entre si,para os três tratamentos.

São poucos os trabalhos que tratamda avaliação dos ingredientes parapeletização de sementes. Todos eles sereferem ao processamento dos péletes enenhum trata de estudos de ingredien-tes sem utilizar o processo de produçãode pélete.

O objetivo deste trabalho foi desen-volver e adaptar metodologias que per-mitam estudar, em separado, os ingre-dientes de enchimento e suas misturas.

MATERIAL E MÉTODOS

Semeadura na camada de substratoUtilizou-se uma tela de nylon fixa-

da sobre um quadro em acrílico, medin-do cerca de 1 cm de altura e 10 cm delado, utilizando-se o gerbox modifica-do para teste de envelhecimento preco-ce, colocando o quadro de tela na posi-ção invertida. Sobre a tela colocou-seuma folha de papel-substrato germiboxe sobre este distribuiu-se uma amostrade 50 ml dos materiais a serem testados,formando uma camada uniforme comaproximadamente 0,5 cm de espessura(utilizou-se volume como medida emrazão da diferença de densidade entreos materiais). Efetuou-se a semeadurade 50 sementes de alface da cultivarAurélia, à profundidade de 0,2 a 0,3 cm.O conjunto foi umedecido com águadestilada, por meio de aspersão, e colo-cado em câmara de germinação a 20o C.

Foram avaliados os materiais areia,microcelulose, calcário calcítico, calcá-rio dolomítico, caulim, concinal (algasmarinhas trituradas), termofosfato,croscarmelose, xaxim (Dicksonia sp.)triturado, esfagno (Mayaca sp.) tritura-do, serragem de pinho (Pinus sp.) e ser-ragem de eucalipto (Eucalyptus sp.).

O uso da tela sobre o suporte teve afinalidade de permitir a drenagem daágua excedente, simulando a condiçãonatural, pois as sementeiras são abun-dantemente irrigadas uma ou mais ve-zes ao dia. Com isso pretendeu-se evi-tar a necessidade de controlar a umida-

de dos substratos em teste, levando-seem conta que eram materiais com pro-priedades físicas e químicas diferentes.

Os materiais de origem vegetal (ser-ragens, xaxim e esfagno), quando secosnão absorvem água facilmente, em razãoda forte tensão superficial, que impede omolhamento. Nestes casos, foi necessá-rio preparar previamente uma massa comágua e o material a ser testado.

O ensaio foi montado conforme odelineamento experimental completa-mente casualizado, com duas repetições.

Ao montar o teste, observou-se quealguns materiais, principalmente calcá-rio, caulim e termofosfato absorviamrelativamente grande quantidade deágua, o que poderia ser fator de impedi-mento à germinação, podendo causaranoxia às sementes. Fez-se então umteste, utilizando-se o mesmo procedi-mento descrito anteriormente e abrindo-se pequenas covas com aproximada-mente 0,3 cm de diâmetro e na profun-didade da camada de substrato. Fez-sea semeadura e cobriram-se as sementescom areia fina. Com isso, pretendeu-segarantir a drenagem e promover o are-jamento necessário à germinação.

Utilização de blocos-semente mol-dados

Amostras de 50 ml dos materiais jácitados foram pesadas e umedecidas atéformar uma pasta com consistência su-ficiente para ser manuseada com espá-tula, no enchimento dos moldes paraconfecção de blocos-semente, à seme-lhança do que foi descrito em trabalhoanterior (Silva & Nakagawa, 1998).

Utilizaram-se dez sementes de alfa-ce da cultivar Aurélia por bloco, mol-dado em calha, com 10 cm de compri-mento e seção quadrada de 0,5 cm delado. Após a secagem por 24 horas a 38- 40oC, os blocos-semente foram trans-feridos para gerbox contendo papel defiltro plissado. Foram confeccionadosdez blocos para cada material, colocan-do-se cinco blocos (50 sementes) porgerbox e levando-se os gerbox para câ-mara de germinação à temperatura de20oC, na presença de luz. Quando ne-cessário, a umidade foi reposta por meiode pulverização, tendo como referênciavisual a mudança de coloração dossubstratos.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento para peletização de sementes.

46 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Foram feitas contagens diárias daemergência das plântulas por bloco, con-siderando emergidas aquelas que emiti-am qualquer estrutura para fora do blo-co. Dez dias após o início do teste degerminação, os blocos foram desman-chados com jato de água e as plântulasforam classificadas. Foi calculado o ín-dice de velocidade de germinação, uti-lizando a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995), considerando o tem-po médio que antecede o início da ger-minação de três dias e a germinaçãopotencial da semente de 100%:

V = S [G1/(Ti - A)] x (100/N) x (100/P), onde:

V = índice de velocidade de germi-nação;

Gi = número de sementes germina-das a cada dia;

Ti = tempo em dias, contados a par-tir do início do teste de germinação;

A = tempo médio que antecede oinício da germinação;

N = número de sementes em teste e;P = potencial de germinação da se-

mente.

A análise dos dados foi executadasegundo o delineamento inteiramentecasualizado, tomando-se como parcelao bloco contendo dez sementes, em seisrepetições.

Avaliação de misturas de materi-ais para enchimento

Os resultados do ensaio 1 indicarama possibilidade de utilização dos mate-riais areia, calcário dolomítico, calcáriocalcítico e microcelulose. Era necessá-rio combinar os materiais, visando as-sociar as propriedades que poderiamatenuar o efeito no retardamento da ger-minação da semente, já que, individu-almente, todos apresentaram algumarestrição.

Foram utilizadas misturas de dois adois dos materiais citados, em propor-ções complementares, na razão de zero;25; 50; 75 e 100% de volume/volume,utilizando como medida os pesos cor-respondentes aos volumes desejados. Asmisturas foram homogeneizadas eumedecidas até formar uma pasta, con-forme descrito para o ensaio anterior,sendo então pesada. As demais etapasseguiram a metodologia descrita no itemanterior.

Avaliação de misturas contendobentonita.

Foram utilizados moldes com 0,3 cmde espessura e confeccionados blocos-semente com 5 cm de comprimento,contendo cinco sementes de alface dacultivar Salad Bowl por bloco, seguin-do-se a metodologia descrita anterior-mente e aplicando-se as misturas debentonita e calcário dolomítico e debentonita e areia fina, nas proporçõescomplementares de zero; 25; 50; 75 e100%, na relação volume/volume.

As parcelas foram constituídas pordez blocos-semente (50 sementes) porgerbox, em três repetições, no delinea-mento experimental inteiramente casua-lizado, tendo como testemunha as se-mentes nuas colocadas sobre papelgermitest.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Semeadura na camada de substratoOs substratos microcelulose e areia

fina promoveram os melhores resulta-dos, permitindo a germinação normaldas sementes de alface. Para o substratoareia, obteve-se 44% de emergência dasplântulas até três dias após a semeadu-ra. Ao final do teste obteve-se a emer-

gência de 88% das plântulas, sendo 78%consideradas normais, apresentando omaior índice de velocidade entre osmateriais em teste (Tabela 1).

A microcelulose causou ligeiro re-tardamento na germinação das semen-tes, porém com ótima taxa de emergên-cia das plântulas, sendo 44 delas classi-ficadas como normais e quatro comoanormais, do total de 50 sementes. Amicrocelulose é portanto potencialmen-te útil como ingrediente para peletizaçãode sementes, mas é de difícil aplicaçãoquando o processo de peletização utili-za jato de ar comprimido para aplica-ção do cimentante, pois trata-se de umproduto de baixa densidade e granu-lometria fina.

Os materiais termofosfato yoorin,concinal e croscarmelose impediramtotalmente a germinação. Nestes trata-mentos, as poucas plântulas que inicia-ram o processo de crescimento apresen-tavam raízes curtas, com necrose nasextremidades.

Os tratamentos com serragem de pi-nho, serragem de eucalipto, esfagno tri-turado, calcário calcítico, calcáriodolomítico e caulim causaram impedi-mento ao crescimento radicular, masobservou-se a formação de 20 até 60%

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento para peletização de sementes.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.1/ Número de sementes que emitiram alguma estrutura de crescimento;2/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 3 e P = 100.

otartsbuS aicnêgremE 1 siamronsalutnâlp edadicolev.i 2

esolulecorciM a84 a44 b7,05

anifaierA a44 ba93 a0,18

odarutirtmixaX a14 b82 a5,47

ocitíclacoiráclaC b82 c0 c7,32

otpilacueedmegarreS c91 c0 c4,02

odarutirtongafsE c91 c0 dc5,51

ohnipedmegarreS d9 c0 ed4,8

miluaC d8 c0 e7,4

ocitímolodoiráclaC d8 c0 e6,4

nirooyotafsofomreT d0 c0 e0,0

lanicnoC d0 c0 e0,0

esolemracsorC d0 c0 e0,0

Tabela 1.Efeito de diversos substratos na germinação de 50 sementes de alface, cultivar Aurélia,semeadas a 0,5 cm de profundidade na camada dos substratos. Botucatu, UNESP, 1996.

47Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

de plântulas com bom crescimento daparte aérea. Muitas raízes tiveram cres-cimento superior a 3 mm e embora te-nham formado plântulas anormais, de-ram indicação que cresceriam o sufici-ente para ultrapassar a camada depeletização.

A salinidade, estimada pela condu-tividade elétrica da solução de satura-ção (EMBRAPA, 1979) pode ter sidoum dos motivos da restrição à germina-ção das sementes imposta por concinale termofosfato, que apresentaram valo-res de 7,6 e 6,5 mS/cm, respectivamen-te. Para os demais materiais, parece nãoser este o fator restritivo. Outras causasprováveis dos efeitos prejudiciais àgerminação foram a ocorrência de pro-dutos alelopáticos nos materiais orgâ-nicos e a vedação à troca gasosa, asso-ciada à alta taxa de retenção de umida-de exercida pelos materiais de granu-lometria muito fina (caulim e calcário).Estes efeitos podem ocorrer em funçãoda espessura da camada de material eda diluição de princípios ativos na águade irrigação. Portanto, se for considera-do que a camada de recobrimento dasemente peletizada tem cerca de 2 mmde espessura (aproximadamente 4 mmde diâmetro), é possível que alguns des-ses materiais não sejam tão prejudiciaisquando utilizados na peletização.

A semeadura em xaxim triturado per-mitiu boa germinação, resultando na for-mação de 28 plântulas normais e 13 anor-mais, do total de 50 sementes (Tabela 1).Porém, em todos os substratos de origemvegetal (xaxim, esfagno e serragens) ob-servou-se a formação de estruturas defungos, mesmo sendo submetidos à se-cagem por três dias em estufa de circula-ção forçada de ar a 100oC, antes da moa-gem. Este inconveniente pode restringiro uso daqueles materiais em processoindustrial de peletização de sementes, porserem potencialmente fontes de contami-nação ou por favorecerem o crescimentode organismos fitopatogênicos, emboranão sejam considerados ricos em subs-tância de fácil digestão.

A utilização da areia na coberturadas sementes colocadas nas covas fei-tas na camada dos materiais favoreceua emergência das plântulas, indicandoque, mesmo colocando o suporte parapromover a drenagem do excesso deumidade, a quantidade de água retida nacamada de substrato foi excessiva e pro-

vavelmente reduziu a germinação dassementes por anoxia, mas confirmou oefeito deletério ao sistema radicular,causado por alguns materiais.

Utilização de blocos-semente mol-dados

Os resultados deste ensaio forampraticamente os mesmos obtidos com ométodo de semeadura na camada desubstrato e revelaram como materiaispromissores: areia, microcelulose exaxim triturado (Tabela 2). Contudo,tanto esta metodologia quanto a anteri-or podem ter sido excessivamente res-tritivas, por exigirem que a sementerompesse uma camada de material maisespessa que o raio médio de péletes.Comparando ainda os dois métodos, ode confecção de blocos parece ser maisadequado, por permitir a aplicação dequantidades exatas de material em cadabloco, com maior controle da espessurada camada que envolve a semente, etambém por propiciar maior controle daumidade no substrato.

Avaliação de misturas de materi-ais para enchimento

Utilizando-se misturas de materiais,verificou-se que a maior emergência deplântulas e maior velocidade de emer-

gência ocorreu nos tratamentos em quea areia era o único material (Tabela 3).A mistura de areia com microcelulosenão prejudicou significativamente aemergência das plântulas, mas a adiçãode microcelulose retardou a germinaçãodas sementes. A presença dos calcáriosnas misturas, tanto com areia quantocom microcelulose prejudicou forte-mente a emergência das plântulas e ain-da mais o número de plântulas conside-radas normais, sendo o calcário dolo-mítico ligeiramente mais prejudicial,provavelmente devido à sua menorgranulometria.

Comparando-se os resultados geraisdestes tratamentos aos obtidos compéletes confeccionados com calcário,tendo como cimentante cola à base dePVA (Silva & Márton, 1992), verifica-se que a restrição à germinação e à emer-gência das plântulas foi muito drásticacom a utilização da presente metodo-logia, provavelmente em razão da es-pessura da camada que revestiu as se-mentes (espessura dos blocos). Todos osmateriais eram de granulometria relati-vamente fina, favorecendo a retenção deumidade, o que pode ter resultado nadeficiência de oxigênio.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento para peletização de sementes.

otartsbuS aicnêgremE 1 siamronsalutnâlp edadicolev.i 2

esolulecorciM a94 a64 b7,93

anifaierA a54 b73 a7,36

odarutirtmixaX b03 c12 c1,82

otpilacueed.rreS b52 d0 c6,22

ohnipedmegarreS c8 d0 d6,2

odarutirtongafsE c6 d0 d6,3

miluaC c1 d0 d0,0

ocitímolodoiráclaC c0 d0 d0,0

ocitíclacoiráclaC c0 d0 d0,0

lanicnoC c0 d0 d0,0

esolemracsorC c0 d0 d0,0

)%(.V.C 6,81 2,01 0,72

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.1/ Número de sementes que emitiram alguma estrutura de crescimento;2/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 3 e P = 100.

Tabela 2.Efeito de diversos substratos na germinação de 50 sementes alface, cultivar Aurélia,utilizando a semeadura em blocos moldados com 0,5 cm de espessura. Botucatu, UNESP, 1996.

48 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Avaliação de misturas contendobentonita.

Ao introduzir a bentonita como in-grediente de enchimento, houve grandedesuniformidade no crescimento dasplântulas, provavelmente porque abentonita tem como propriedade a fortecoesão entre as partículas e a gelati-nização da suspensão em água, atuandoportanto como cimentante de baixo po-der adesivo. Com isso, quando o produ-to foi aplicado em grande proporção,formaram-se blocos rígidos quando se-cos e uma massa compacta e gelatinosaquando umedecida. Utilizando-se blo-cos com 0,3 cm de espessura, observou-se que a bentonita pura ou em misturacom areia ou com calcário não causousinais de fitotoxidez e não prejudicou agerminação das sementes (Tabela 4). Amistura de bentonita e calcário causoumaior retardamento na emergência dasplântulas e a mistura contendo areia cau-sou a formação de maior número deplântulas consideradas anormais (dife-rença entre emergência e normais).

O fato de ter sido utilizado o moldemais delgado (0,3 cm) favoreceu a saí-da de algumas plântulas do substrato eestas tombavam e expunham as raízes àdesidratação, resultando na formação deplântulas anormais. A facilidade que asplântulas tiveram para romper a cama-da mais delgada de substrato pode jus-tificar o menor efeito prejudicial docalcário, em relação aos resultados ob-tidos nos testes anteriores.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Analisando os resultados obtidos nosquatro experimentos, pôde-se concluirque a utilização dos substratos micro-celulose e areia fina permitiram os me-lhores resultados, com germinação nor-mal das sementes de alface. Entretanto,a microcelulose causou ligeiro retarda-mento na germinação das sementes, po-rém com ótima taxa de emergência dasplântulas. Os materiais termofosfatoyoorin, concinal e croscarmelose, por suavez, impediram totalmente a germinação.

A presença dos calcários nas mistu-ras, tanto com areia quanto com micro-celulose, prejudicou fortemente a emer-gência das plântulas e, ainda mais, onúmero de plântulas consideradas nor-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento para peletização de sementes.

)v/v%(oãçisopmoC aicnêgremE 1 siamron.lP edadicoleV.Í 2

aierA esolulecorciM

001 0 a84 a34 a7,86

57 52 a74 ba14 b7,04

05 05 a44 b53 c2,52

52 57 a94 ba93 c9,12

0 001 a64 a24 c7,32

)%(VC 2,4 1,8 3,41

aierA ocitíclac.claC

001 0 a84 a24 a1,37

57 52 a94 a63 b3,65

05 05 b5 b3 c4,3

52 57 b0 b0 c0,0

0 001 b0 b0 c0,0

)%(VC 0,71 1,02 5,22

aierA ocitímoloD.claC

001 0 a05 a04 a4,87

57 52 ba34 b52 b7,05

05 05 b04 c51 c9,32

52 57 c3 d1 d9,1

0 001 c0 d0 d0,0

)%(.V.C 7,21 3,71 5,81

esolulecorciM ocitíclac.claC

001 0 a04 a83 a7,32

57 52 a14 a33 a2,02

05 05 b02 b11 b0,7

52 57 c6 c2 b6,2

0 001 d1 c0 b0,0

)%(VC 6,81 2,12 0,32

esolulecorciM ocitímolod.clac

001 0 a54 a23 a5,91

57 52 b62 b51 b2,01

05 05 c4 c3 c2,2

52 57 c3 c2 c3,1

0 001 c3 c2 c7,1

)%(VC 8,61 8,81 7,52

Tabela 3.Efeito de diversas composições de materiais de enchimento, na germinação de 50sementes de alface, cultivar Aurélia, utilizando-se blocos-semente moldados com 0,5 cm deespessura. Botucatu, UNESP, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.1/ Número de sementes que emitiram alguma estrutura de crescimento;2/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva &Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 3 e P = 100.

49Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

mais. Por outro lado, a semeadura emxaxim triturado permitiu boa germina-ção. Porém, em todos os substratos deorigem vegetal (xaxim, esfagno e serra-gens) observou-se a formação de estru-turas de fungos. A introdução debentonita como ingrediente de enchi-mento causou grande desuniformidadeno crescimento das plântulas.

LITERATURA CITADA

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SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento para peletização de sementes.

)v/v%(oãçisopmoC aicnêgreme 1 siamron.lp edadicolev.i 2

001-atinotneB 0-oiráclaC a9,84 a5,74 cb3,34

57 52 a6,84 a9,64 b5,44

05 05 a2,74 ba6,64 b6,44

52 57 a3,84 ba0,64 c7,93

0 001 b0,54 b3,44 c6,63

001-atinotneB 0-aierA a0,84 ba0,64 b1,54

57 5 a0,84 b6,44 b4,84

05 05 ba5,64 b5,34 ba8,45

52 57 ba6,64 b3,44 a7,16

0 001 a0,74 ba4,64 a5,06

aunetnemeS a0,84 a0,74 a7,56

)%(VC 26,6 51,8 27,12

Tabela 4. Efeito das misturas de bentonita e areia e de bentonita e calcário dolomítico, na germinação de 50 sementes de alface, cultivarSalad Bowl, utilizando-se blocos-semente moldados com 0,3 cm de espessura. Botucatu, UNESP, 1996.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1/ Número de sementes que emitiram alguma estrutura de crescimento;2/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva & Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A = 3 eP = 100.

50 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

LOURES, J.L.; FONTES, P.C.R.; SEDIYAMA, M.A.N.; CASALI, V.W.D.; CARDOSO, A.A. Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado emsubstrato contendo esterco de suínos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 50-55, maio 1998.

Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substratocontendo esterco de suínos.

Juvenal L. Loures1; Paulo Cezar R. Fontes1; M a. Aparecida N. Sediyama2; Vicente Wagner D. Casali1;Antônio Américo Cardoso1.1 UFV - Depto. de Fitotecnia, 36571-000 Viçosa - MG; 2 EPAMIG, 36571-000 Viçosa – MG.

RESUMO

Este trabalho objetivou avaliar o efeito da adição de esterco desuíno no substrato sobre a produtividade e os teores de nutrientesno tomateiro, cv. Santa Clara, cultivado em sacos plásticos, emcondições de estufa. Os tratamentos foram constituídos por umamistura contendo 5 L de solo e 5 L de diferentes proporções deesterco de suínos: substrato comercial Solomax (0/100, 20/80, 40/60, 60/40, 80/20 e 100/0 %, v/v). Os seis tratamentos foram distri-buídos em blocos casualizados, com dez repetições, com uma plantacada. Após o transplantio, na densidade de 4,44 plantas/m2, o to-mateiro foi conduzido verticalmente com uma haste, deixando-sequatro cachos por planta. Os nutrientes, exceto o P, foram forneci-dos diariamente via água de irrigação, por gotejamento. Após dezcolheitas, as maiores produções total, comercial e de frutos extrasforam obtidas com as proporções de 26,38; 26,78; e 33,46 % (v/v)de esterco: Solomax, respectivamente. A produtividade comercialmáxima alcançada foi 16,5 kg/m2, correspondendo a 98,7 g/m2/dia, considerando o período de permanência da cultura na estufa.Os teores de N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Cu, Mn e Zn na matéria secados folíolos associados à máxima produção comercial foram: 4,77;0,74; 2,70; 1,53; 0,90; 0,46 dag/kg e 70, 17, 158 e 129 mg/kg,respectivamente. A boa produtividade comercial alcançada pelotomateiro neste trabalho indica ser esta uma alternativa tecnica-mente viável para o uso do esterco de suíno.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, plasticultura,matéria orgânica, folíolos, pecíolos, estado nutricional.

ABSTRACT

Fruit yield and nutrient contents in tomato plants grown insubstrate containing swine manure.

The objective of the experiment was to evaluate the effects ofswine manure addition in the substrate on fruit yield and nutrientcontents in tomato plants, cv. Santa Clara, grown in plastic bags, ingreenhouse conditions. Treatments consisted of a mixture containing5 L of soil and 5 L of swine manure and the commercial substrateSolomax mixed at different proportions (0/100, 20/80, 40/60, 60/40,80/20 e 100/0 %, v/v). Treatments were arranged in a completerandomized block design, with ten replications of one plant each.After transplanting, at 4,44 plants/m2, plants were vertically trainedand pruned to one stem and four clusters. Nutrients, except P, weresupplied daily through trickle-irrigation water. After ten harvests,the highest total, commercial and extra tomato fruit yields wereobtained with 26.38; 26.78 and 33.46 % (v/v) ratios, respectively.The highest commercial yield was 16,5 kg/m2, corresponding to 98,7g/m2/day, taking into account the crop permanence inside the plastichouse. The estimated N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Cu, Mn and Zn levelsin the leaflets dry matter associated with the highest marketable yieldwere 4.77; 0.74; 2.70; 1.53; 0.90; 0.46 dag/kg and 70, 17, 158, and129 mg/kg, respectively. The high marketable yield attained by thesetomato plants pointed out one technically possible alternative to useswine manure waste.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, plasticulture, organicmatter, leaflets, petioles, nutritional status.

(Aceito para publicação em 18 de maio de 1998)

O uso de resíduos orgânicos,principalmente de bovinos, na

produção de hortaliças é uma práticarotineira. Porém, a utilização de estercode suínos com a mesma finalidade é umaprática rara, apesar do avanço tecnoló-gico na produção de suínos confinadosgarantir a produção de apreciáveis volu-mes de dejetos no mesmo lugar. De acor-do com Costa (1989), cada mil quilos depeso vivo de suínos produzem 15 tone-ladas de excrementos por ano. Esses re-síduos, lançados em cursos d’água, têmalto potencial poluente. Konzen (1983)relatou que o esterco de suíno é cem ve-zes mais poluente que o esgoto urbano.

A cultura do tomateiro, por sua vez,necessita receber matéria orgânica para

a maximização da produtividade. As-sim, o uso de esterco de suínos comoadubo orgânico para a produção de to-mate representaria benefício à comuni-dade, pela redução da poluição de fon-tes de água de consumo e; ao produtor,pela melhoria das condições físico-quí-micas do solo. Apesar da viabilidade, ouso exclusivo deste adubo orgânico innatura é difícil, devido ao baixo teor denutrientes e às dificuldades de armaze-namento, transporte e aplicação. Destaforma, a associação entre fertilizantesorgânicos e minerais pode contribuir namelhoria da produtividade e da quali-dade dos frutos.

Maior produtividade e melhor qua-lidade dos frutos de tomate são também

obtidas com plantios efetuados em es-tufas plásticas. Na agricultura, o uso deagrofilmes, denominado de plasticul-tura, teve início na década de 40, masessa técnica somente na década de 80passou a ser aplicada de forma mais in-tensa na agricultura brasileira, especi-almente na produção de flores e hortali-ças (Salvetti, 1983). Entretanto, o culti-vo protegido de hortaliças tem acarre-tado problemas, como salinização dosolo, desequilíbrios nutricionais e ocor-rência de doenças e pragas, advindos dasua utilização contínua (Abak, 1994).Esses problemas requerem tratamentosperiódicos do solo, normalmente feitocom brometo de metila, em países ondea sua utilização não é proibida. Porém,

51Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

o uso repetido do brometo causa sériosproblemas de higiene e sanidade e possi-bilidade de poluição das águas e deacúmulo de resíduos em frutos (Calabrettaet al.,1994).

Para evitar esses problemas, solu-ções alternativas ao cultivo tradicionalde plantas no solo em ambientes prote-gidos têm sido propostas, sendo umadelas o cultivo em sacos plásticos con-tendo substrato apropriado (Papadoulos,1991; Berjon, 1995). Diversos materi-ais orgânicos e inorgânicos podem serusados para a síntese destes substratos,sendo a turfa normalmente utilizada(Papadoulos, 1991). Em plantas orna-mentais, o uso de estercos de origemanimal devidamente curtidos tem sidobem sucedido como alternativa à utili-zação da turfa como substrato, já queseu emprego é ecologicamente questio-nável (Chong & Rinker, 1994).

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar a produção de tomate cul-tivado em sacos plásticos, em estufa,utilizando-se esterco de suínos comocomponente do substrato, e determinaros teores de nutrientes em folíolos epecíolos associados à máxima produçãocomercial de frutos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido, emestufa, tipo túnel alto, coberta com plás-tico transparente de 0,1 mm de espes-sura, laterais possíveis de serem aber-tas, construída segundo as especifi-cações de Shallenberger et al. (1995),na Horta Velha do Fundão, pertencenteà Universidade Federal de Viçosa, noperíodo de 17 de abril a 29 de setembrode 1996. Utilizou-se a cultivar SantaClara, sob a técnica de “cultivo em sacoplástico”, que consiste na produção detomate em recipientes preenchidos comsubstrato (Papadoulos,1991).

A semeadura foi realizada em 17 deabril de 1996. Após 30 dias, as mudasselecionadas foram transplantadas parasacos plásticos contendo 5 L de solomais 5 L de uma mistura com diferen-tes proporções de esterco de suínos e desubstrato comercial (Solomax), consti-tuindo os tratamentos. As proporções deesterco em relação ao Solomax, queconstituíram os tratamentos, enumera-

dos de 1 a 6, foram de 0, 20, 40, 60, 80e 100 % (v/v). O solo utilizado foicalcariado (2 g calcário/kg solo) paraelevar a saturação de bases para 70% erecebeu adubação fosfatada (1,4 g P/dm3

mistura), utilizando-se o superfosfatosimples. O esterco utilizado, obtido pelaraspagem do dejeto, fração sólida, nopiso cimentado de baias, na pocilga, foiseco à temperatura ambiente, durante 30dias, sendo em seguida curtido em pi-lhas durante 90 dias.

Os seis tratamentos foram distribuí-dos em duas estufas plásticas iguais, nodelineamento de blocos casualizados,com dez repetições. Cada parcela foiconstituída de um saco plástico trans-parente (0,30 m de comprimento, 0,22m de largura e 0,15 m de altura) conten-

do uma planta. Os sacos, após preenchi-mento com os substratos, foram coloca-dos no chão das estufas, em fileira du-pla, nos espaçamentos de 0,3 x 0,5 x 1,0m, sendo 0,3 m entre plantas, 0,5 entrefileiras simples e 1,0 m entre fileiras du-plas, com a densidade de 4,44 plantas porm2, formando uma “almofada” de apro-ximadamente 0,16 m de altura.

O solo utilizado na mistura, antes doinício do experimento, possuía as seguin-tes características químicas e físicas: pHH

2O (1:2,5) = 5,3; P = 2,8 mg/dm3; K =

95 mg/dm3; Ca++ = 0,9 cmolc//dm3; Mg++

= 0,7 cmolc/dm3; Al+++ = 0,4 cmolc/dm3;

H+ + Al+++ = 4,8 cmolc/dm3; SB = 1,83

cmolc/dm3; CTC efetiva = 2,23 cmol

c/dm3;

CTC total = 6,63 cmolc/dm3; argila = 58

dag/kg; silte = 12 dag/kg; areia = 30 dag/

LOURES, J.L. et al. Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suínos.

sacitsíretcaraC )v/v(otartsbus/oníusedocretseoãçroporP

001/0 08/02 06/04 04/06 02/08 0/001

5,2:1O2H-Hp 06,7 04,7 02,7 08,7 02,8 03,8

md/gm(P 3) 1 8 959 789 8192 5622 0482

md/gm(+K 3) 1 09 897 0251 6122 9053 4034

md/clomc(+2aC 3) 2 01,8 06,7 07,7 06,5 01,4 02,3

md/clomc(+2gM 3) 2 04,2 04,2 04,2 04,2 03,2 01,2

md/clomc(+3lA 3) 2 0 0 0 0 0 0

md/clomc(lA+H 3) 3 03,0 09,0 02,1 06,0 06,0 06,0

md/clomc(avitefeCTC 3) 57,01 10,21 79,31 76,31 74,51 43,61

md/clomc(latotCTC 3) 50,11 19,21 71,51 72,41 70,61 49,61

)%(V 03,79 00,39 01,29 08,59 03,69 05,69

)m/Sd(acirtéleedadivitudnoC 4 07,1 33,5 27,01 90,11 54,41 50,71

)gk/gk(edadimuetnelaviuqE 4 162,0 483,0 504,0 904,0 044,0 574,0

mc/g(alucítrapededadisneD 3)4 70,2 21,2 41,2 90,2 30,2 11,2

mc/g(etnerapaedadisneD 3) 4 46,0 56,0 36,0 16,0 26,0 36,0

m(latotedadisoroP 3 m/ 3) 4 096,0 396,0 507,0 807,0 496,0 107,0

ocinâgroonobraC 5 )gk/gad( 63,7 65,7 84,7 84,7 04,7 65,7

)gk/gad(acinâgroairétaM 96,21 30,31 98,21 98,21 57,21 30,31

)gk/gad(latotN 6 92,0 24,0 85,0 37,0 88,0 30,1

N/CoãçaleR 92,52 26,71 08,21 02,01 93,8 23,7

Tabela 1. Características químicas e físicas das misturas que constituíram os tratamentos,antes da adubação com fósforo. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1996.

1/ Extrator Mehlich - 12/ Extrator KCl 1 mol/L.3/ Extrator Ca(OAc)

2 0,5 mol/L pH 7,0.

4/ De acordo com o Laboratório de Física do Solo da UFV.5/ Método Walkley Black.6/ Método Kjeldahl.

52 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

kg. As características químicas e físicasdas misturas que constituíram os seis tra-tamentos encontram-se na Tabela 1.

Após o transplantio, o tomateiro foiconduzido com uma haste e tutorado nosistema de cerca cruzada. A poda apicalfoi realizada no aparecimento do quin-to cacho, deixando-se quatro cachos porplanta. A irrigação, feita com água depoço artesiano, foi feita por gotejamen-to, utilizando-se mangueiras “Queen-Gill.” Inicialmente, a demanda de águapela cultura foi estimada com base naevaporação de um tanque classe “A”,considerando-se o coeficiente do tanquecomo 0,85 e os coeficientes de culturavariáveis, dependendo do estádio dedesenvolvimento do tomateiro (Volpe &Churata-Masca, 1988). Entretanto, devi-do início de murcha das plantas foi ne-cessário aplicar mais água, o que foi fei-to por estimativa, baseando-se na deman-da de água pelo tomateiro cultivado emestufa plástica, segundo trabalhos dePapadoulos (1991) e Peil et al. (1994).

Os nutrientes, exceto P, foram for-necidos à cultura por meio da água deirrigação, duas vezes ao dia: no períododa manhã e à tarde, durante 18 sema-nas. As fontes de nutrientes utilizadasforam: MgSO

4.7H

2O (comercial), KCl

(comercial), Ca(NO3)

2.4H

2O (P.A),

H3BO

3 (P.A), CuSO

4.5H2O (P.A),

MnSO4.H

2O (P.A), (NH

4)

6Mo

7O

24.4H

2O

(P.A) e ZnSO4.7H

2O (P.A). As quanti-

dades aplicadas por planta, durante ociclo foram: N = 8;8 g; P= 12,6 g; K =

21,3 g; Ca = 12,6 g; Mg = 4,63 g; S =6,2 g; B = 97,7mg; Mn = 97,7 mg; Zn =39,1 mg; Cu = 19,5 mg; Mo = 9,3 mg eFe = 289,4 mg. A concentração dos nu-trientes e o volume de solução aplicadapor planta, durante o ciclo do tomatei-ro, são apresentados na Tabela 2.

No 56o dia após o transplantio fo-ram colhidas as duas folhas imediata-mente abaixo do terceiro cacho, quan-do este apresentava 50% de flores aber-tas. Os materiais colhidos foram indivi-dualmente separados em pecíolos efolíolos, secos, moídos, mineralizadose analisados, determinando-se os teoresde N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Cu, Zn e Mn.

Os frutos foram colhidos semanal-mente, totalizando-se dez colheitas (15de agosto a 29 de setembro de 1996),quando seus ápices apresentavam colo-ração avermelhada. Os frutos sem de-

feitos foram classificados em função deseu diâmetro transversal (Tabela 3) e osdefeituosos, foram separados, pesadose quantificados, independentemente doseu diâmetro. A produção total de fru-tos foi obtida pelo somatório das clas-ses de 1 a 7, a produção comercial, pelosomatório das classes de 1 a 6 e, a pro-dução extra, pelo somatório das classesde 1 a 4.

Os resultados obtidos foram inter-pretados por meio das análises devariância e de regressão. Quando possí-vel, os modelos de regressão linear,quadrático, cúbico e quártico foram uti-lizados para estimar as respostas dasplantas às proporções de esterco suínono substrato. As significâncias dos coe-ficientes das análises de variância e deregressão foram consideradas até o ní-vel de 5% de probabilidade pelo teste F.

LOURES, J.L. et al. Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suíno.

olciC setneirtuN

TAS 1 N K aC gM S B nM nZ uC oM eF aid/L 2

L/gm

.º2,.º1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 52,0

.º4,.º3 36 251 09 42 23 05,0 05,0 02,0 01,0 50,0 5,1 53,0

.º8,.º7,.º6,.º5 36 251 09 42 23 05,0 05,0 02,0 01,0 50,0 5,1 57,0

.º9 36 251 09 42 23 05,0 05,0 02,0 01,0 50,0 5,1 09,0

.º01 701 852 351 04 45 58,0 58,0 43,0 71,0 80,0 5,2 09,0

.º31,.º21,.º11 701 852 351 04 45 58,0 58,0 43,0 71,0 80,0 5,2 00,1

.º61,.º51,.º41 701 852 351 04 45 58,0 58,0 43,0 71,0 80,0 5,2 08,0

.º81,.º71 621 403 081 84 46 00,1 00,1 04,0 02,0 01,0 3,0 08,0

Tabela 2. Concentração dos nutrientes e volume de solução aplicada por planta durante o ciclo do tomateiro. Viçosa, Universidade Federalde Viçosa, 1996.

1/ SAT = semana após o transplante.2/ Quantidade aplicada todos os dias.

soturFedessalC )mm(lasrevsnarTortemâiDroiaM

)1(AAAodúarG ortemâid ≥ 7,08

)2(AAodúarG 7,96 ≤ 7,08<ortemâid

)3(AodúarG 0,06 ≤ 7,96<ortemâid

)4(artxeoidéM 8,45 ≤ 0,06<ortemâid

)5(laicepseoidéM 0,05 ≤ 8,45<ortemâid

)6(oneuqeP 0,04 ≤ 0,05<ortemâid

)7(ogufeR 0,04<ortemâid

Tabela 3. Classes de tomate em função do maior diâmetro transversal do fruto. Viçosa,Universidade Federal de Viçosa, 1996.

Adaptado da Portaria Ministerial no 553, de 30 de agosto de 1995, do MARA.

53Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O teste “t” foi utilizado para testar oscoeficientes da regressão até o nível de5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção total de frutos por plan-ta foi influenciada (P=0,05) pelos tra-tamentos (Figura 1). A máxima produ-ção total estimada (3.701 g/planta) foiobtida com a proporção de 26,38 % deesterco: Solomax. Portanto, com esta re-lação, as condições físico-químicas ebiológicas da mistura dos dois substratosforam maximizadas. O esterco, nestaproporção, provavelmente propicioumelhoria do Solomax, principalmenteaumentando os teores de P, K e N e au-mentando a CTC, o valor V e a condu-tividade elétrica do estrato de saturação,além de provocar decréscimo na rela-ção C/N do substrato. Observou-se aredução na produção total de frutos porplanta quando proporções mais eleva-das de esterco: Solomax foram utiliza-das. Provavelmente, a redução da pro-dução total de frutos tenha ocorrido emrazão dos altos valores de pH (> 7,80) ede condutividade elétrica do extrato desaturação (> 11,0), embora possa tam-bém ter havido excesso de fósforo dis-ponível e de potássio trocável nos trata-mentos com proporções de esterco:Solomax acima de 60 % (Tabela 1). Deacordo com Cooper (1972), o pH maisfavorável ao crescimento do tomateiroé de 5,0 a 7,0. Arnon & Jonhson, cita-dos por Malavolta (1985), observaramreduzido crescimento de raízes de toma-te e acentuada queda na absorção defósforo devido a competição com OH-

em pH 9,0; também relataram que empH acima de 7,0 pode ocorrer o íonaluminato, prejudicial às plantas.

Existe estreita relação entre o cres-cimento das plantas e a pressão osmóticada solução do solo, sendo esta depen-dente da concentração total dos saisexistentes. A presença de quantidadesexcessivas de sais é, portanto, prejudi-cial às plantas, em razão da elevação dapressão osmótica da solução, restringin-do a absorção da água e de nutrientes e,consequentemente, a produção. De acor-do com “U.S. Salinity Laboratory”, ci-tado por Bernardo (1986), o tomate éplanta tolerante à salinidade, produzin-do satisfatoriamente em valores de

Figura 1. Produção total de frutos de tomate, por planta, em função das proporções deesterco de suíno: Solomax. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1996.

Figura 2. Produção comercial de frutos de tomate, por planta, em função da proporçãoesterco de suíno: Solomax. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1996.

condutividade elétrica (CE) de 4 a 10dS/m, o que está de acordo com os re-sultados encontrados no presente traba-lho, em que a máxima produção totalestimada de frutos por planta foi obtidoentre os valores de CEs de 5,33 a 10,72dS/m. Nichols et al. (1994), trabalhan-do com tomate em cultivo hidropônico,observaram redução significativa naprodução de frutos com o aumento dacondutividade elétrica, sendo o decrés-cimo observado a partir de 4 dS/m.

O excesso de potássio pode ser pre-judicial às plantas, podendo causar re-duções na produção (Sampaio, 1996) ena qualidade dos frutos, em razão dacompetição desse elemento com os íonscálcio e magnésio pelos sítios de absor-ção, desbalanço nutricional e dificulda-de de absorção de água pelo tomateiro

(Cadahia, 1989; Marschner, 1995). Oexcesso de fósforo na solução do solotambém pode ser prejudicial às plantas,o que foi observado por Foehse & Jungk,citados por Marschner (1995), ao veri-ficarem que altas concentrações de fósfo-ro na solução (> 100 mM) inibiram a for-mação de pelos radiculares no tomateiro.

A produção comercial de frutos porplanta foi influenciada (P=0,05) pelostratamentos, sendo que a máxima pro-dução comercial (3.669 g/planta) foi es-timada com a proporção de 26,78 % deesterco: Solomax (Figura 2). Esta pro-dução, considerando 4,44 plantas porm2, corresponderia a produtividade de162 t/ha, em 165 dias de ciclo, que ébem superior a média nacional de 41t/ha (Anuário Estatístico do Brasil,1994). Esta produção comercial, no

LOURES, J.L. et al. Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suínos.

54 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

período de 165 dias, eqüivaleria a 98,7g/m2/dia, valor próximo de 118,0 g/m2/dia obtido por Fontes et al. (1997) emcultura desenvolvida com a cultivarSunny, em condições de solo, em es-tufa plástica, nos meses de maio a ou-tubro. Na Holanda, a produtividade dotomate produzido em casa-de-vegeta-ção está aumentando e é a maior entreos países europeus. Em 1984, a produ-tividade holandesa era cerca de 200 t/ha (Vooren et al., 1986), passando para460 t/ha em 1993 (Aldanondo Ochoa,1995). Portanto, a produtividade diá-ria passou de 55 para 126 g/m2/dia depermanência da cultura na estufa.

A máxima produção comercial(3.669 g/planta) foi próxima da máxi-ma produção total (3.701g/planta), in-dicando pequena produção de frutos nãocomercializáveis, o que é vantajoso parao produtor de tomate. A exemplo doacontecido com a produção total, foiverificada diminuição na produção defrutos comerciais nas proporções maiselevadas de esterco: Solomax. Tambémverificou-se efeito dos tratamentos (P=0,05) na produção de frutos extras (Fi-gura 3), sendo que a máxima produção(2.886 g/planta) foi estimada com a pro-porção de 33,46 % de esterco: Solomax.

Os teores de N, P, Ca, Mg, Fe, Cu,Mn e Zn nos pecíolos das duas folhasdo tomateiro, localizadas abaixo doterceiro cacho, coletadas por ocasião doflorescimento, foram influenciados (P=0,05) pelas diferentes proporções de es-terco: Solomax; o mesmo não ocorreucom os teores de K e S. Os teores esti-mados desses elementos nos pecíolosassociados às proporções de esterco:Solomax que proporcionaram as má-ximas produções total, comercial e defrutos extras (Tabela 4) estão dentro dafaixa de suficiência, à exceção dos deN e Mg, que foram ligeiramente supe-riores, e dos de K, que ficaram abaixo(Jones Jr. et al., 1991). Nos folíolos, asconcentrações de N, P, K, Ca, Mg, Fe,Cu e Zn foram influenciadas pelos tra-tamentos. Os teores estimados dessesnutrientes nos folíolos associados àsproporções de esterco: Solomax queproporcionaram as máximas produçõestotal, comercial e de frutos extras (Ta-bela 4) podem servir como critérios

Figura 3. Produção de frutos extras de tomate, por planta, em função da proporção estercode suíno: Solomax. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1996.

LOURES, J.L. et al. Produção e teores de nutrientes no tomateiro cultivado em substrato contendo esterco de suínos.

setneirtuNoãçudorP

latoT laicremoC artxE

oloíceponroeT

Na 67,4 77,4 58,4

Pa 47,0 47,0 67,0

Ka 07,2 07,2 07,2

aC a 35,1 35,1 05,1

gM a 09,0 09,0 09,0

Sa 64,0 64,0 64,0

eF b 00,07 00,07 00,37

uC b 00,71 00,71 00,71

nM b 00,851 00,851 00,161

nZ b 00,821 00,921 00,831

oloílofonroeT

Na 90,4 01,4 51,4

Pa 16,0 16,0 26,0

Ka 05,2 15,2 65,2

aC a 13,2 03,2 91,2

gM a 37,0 37,0 27,0

eF b 00,153 00,253 00,063

uC b 00,52 00,52 00,52

nM b 00,2221 00,2221 00,2221

nZ b 00,051 00,151 00,351

Tabela 4. Teores estimados de nutrientes em pecíolos e folíolos das duas folhas de tomatei-ro localizadas abaixo do terceiro cacho, coletadas por ocasião de seu florescimento, associ-ados às máximas produções total, comercial e de frutos extras de tomate. Viçosa, Universi-dade Federal de Viçosa, 1996.

a/ Expresso em dag/kg de matéria seca.b/ Expresso em mg/kg de matéria seca.

55Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

preliminares de avaliação do estadonutricional do tomateiro cultivado emsacos plásticos.

Na revisão de literatura não foramencontrados trabalhos versando sobrea produção de tomate em sacos plásti-cos no Brasil. Considerando a produti-vidade alcançada no presente trabalho,o uso do esterco de suínos como partedo substrato para produção de tomateem sacos plásticos, em condições pro-tegidas, mostrou-se tecnicamente viá-vel, o que pode constituir uma opçãode uso desses resíduos.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),pelo custeio parcial do trabalho queconstituiu parte da tese de mestrado doprimeiro autor. À Eucatex Mineral Ltda.,pela cessão do substrato comercialSolomax. Ao Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq) pela concessão de bolsaspara o primeiro e segundo autores.

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Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão.

José Magno Q. Luz1; José Eduardo B. P. Pinto2; Polyana Aparecida D. Ehlert2; Estér Solange Cerqueira2.1UFC - Deptº. Fitotecnia, C. Postal 12.168, 60.356-001 Fortaleza - CE; 2UFLA - Deptº. Agricultura, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG.

RESUMO

Avaliou-se o efeito do Thidiazuron (TDZ) em combinação como período de incubação a 35oC, na indução de embriões adventíci-os em anteras de genótipos híbridos de pimentão. Os botões foramcoletados quando sépalas e pétalas tinham tamanhos aproximada-mente iguais, correspondendo ao estádio de anteras commicrosporos uninucleados. As anteras foram plaqueadas em meiobásico C suplementado com TDZ nas concentrações 0,005, 0,05,0,45 e 4,5 mM e colocadas no escuro a 35oC por dois ou oito dias,em esquema fatorial com quatro repetições, sendo cada placa umaparcela contendo 20 a 24 anteras. Após o período no escuro, asanteras permaneceram em ambiente com 26oC e 16 horas de luzaté o décimo-segundo dia pós-inoculação. Posteriormente, foramtransferidas para o meio R adicionado de 0,5 mM de cinetina. Após30 dias, os genótipos mais responsivos foram PIX22C#31 x linha004, PIX21C04#4 x linha 004 e PIX22C#21 x Ikeda com, respec-tivamente, 22,3, 17,9 e 15,4% de anteras com embrióides e 177,9,121,6 e 133,5 embrióides por 100 anteras. Os embrióides apresen-tavam os estádios globular e torpedo. O TDZ a 4,5 mM foi o quemelhor induziu a embriogênese somática. Não houve interação entreas concentrações de TDZ e o período de incubação a 35oC, sendo operíodo de oito dias o mais favorável. Em outro experimento, comos mesmos genótipos e mesmo delineamento, avaliou-se a influ-ência do TDZ e do meio MS na regeneração dos embrióides. Asanteras foram inoculadas em meio C com 4,5 mM de TDZ e após odécimo-segundo dia pós-inoculação, transferidas para meio MS(50 e 100% de sais) em combinação com TDZ (0,05, 0,45 e 4,5mM). O genótipo PIX22C#31 x linha 004 destacou-se tendo 36,6% de anteras induzidas. O meio MS com 50% de sais e com 0,45mM de TDZ foi o mais favorável. Houve baixa regeneração deplantas (1,1%), em meio MS com 50% de sais acrescido de 0,45mM de TDZ e MS completo com 4,5 mM de TDZ. Os resultadosdemostraram claramente que o TDZ no meio de indução promovealta frequência de embrióides mas com baixas taxas de conversãoem plantas.

Palavras-chave: Capsicum annuum L., cultura de anteras, meiode cultura, Thidiazuron.

ABSTRACT

In vitro embryo induction in sweet pepper anthers.The influence of Thidiazuron (TDZ) on sweet pepper androgenesis

was evaluated at a wide range of concentrations in combination withdifferent incubation times at 35oC. Anthers of different F

1 genotypes:

PIX21C12#35 x Agronômico 08, PIX21C04#4 x line 004, PIX22C#31x line 004, PIX21C15#45 x Ikeda and PIX22C#21 x Ikeda, were tested.Floral buds were collected when sepals and petals were of equal sizecorresponding to the uninucleated stage of microspores. Anthers wereplaced in Petri dishes containing C medium, supplemented with TDZ(0.005, 0.05, 0.45 e 4.5 mM) and incubated in the dark at 35oC for twoor eight days, in a factorial design with four replications. Each replicateconsisted of one Petri dish containing 20 to 24 anthers. After thisincubation period, the anthers were kept at 26oC under a 16-hourphotoperiod until the 12th day after inoculation. Thereafter, anthers weretransferred to R medium, supplemented with Kinetin (0.5 mM). After30 days, the most responsive genotypes were PIX22C#31 x line 004,PIX21C04#4 x line 004, and PIX22C#21 x Ikeda, with respectively22.3, 17.9 and 15.4% anthers with embryoids and 177.9, 121.6 and133.5 embryoids per 100 anthers. The embryoids reached both theglobular and torpedo stage. Androgenesis induction was most effectiveon the concentration of 4.5 mM of TDZ. There was no interactionbetween TDZ concentration and incubation time at 35oC. Eight daysexposure to dark was the most favorable period of incubation. Anotherexperiment, with the same genotypes and the same design, evaluatedthe influence of TDZ and MS medium upon embryoid regeneration.Anthers were placed in C medium supplemented with TDZ (4,5 mM)and after the 12th day, they were transferred to MS medium with 50% or100% of the salts, in combination with TDZ (0.05, 0.45 and 4.5 mM).Genotype PIX22C#31 x line 004 stood out with 36.6% of inducedanthers. MS medium with a half dilution of minerals salts (50%) inassociation with TDZ at 0.45 mM was the best embryo-inducingtreatment. There was low percentage of plantlet regeneration (1.1%), inthe half strength MS medium supplemented with 0.45 mM TDZ, and inmedium MS containing 4.5 mM of TDZ. These results clearlydemonstrate that TDZ addition to the induction medium increased theembryoids frequency but with low convertion rate into plantlets.

Keywords: Capsicum annuum L., anthers culture, Thidiazuron.

(Aceito para publicação em 31 de maio de 1998)

O pimentão (Capsicum annuumL.), é uma solanácea predomi-

nantemente autógama. No Brasil, clas-sifica-se entre uma das dez mais impor-tantes hortaliças, sendo os seus frutosconsumidos de forma imatura ou ma-dura e ainda industrializados para pro-dução de alimentos e corantes. Os pro-gramas de melhoramento desta cultura,visam resistência a doenças, maior es-pessura de polpa, frutos de cor verde

escura quando imaturos, precocidade etendência cada vez maior da exploraçãoda heterose.

O tempo para obtenção de linhagensendogâmicas pelo melhoramento con-vencional, visando a criação de novascultivares híbridas ou não, pode ser re-duzido através da obtenção de haplóidesem gerações segregantes, com posteri-or produção de plantas homozigotasatravés da duplicação do número de

cromossomos em uma única etapa. Amaior eficiência de seleção é a outravantagem do melhoramento com uso dehaplóides, especialmente quando a va-riação de dominância é significativa.

Para a maioria das espécies, a me-lhor técnica in vitro para obtenção dehaplóides é a cultura de anteras. No en-tanto vários fatores influenciam no su-cesso desta técnica, citando dentre osmais importantes, o meio de cultura e

57Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

as condições de luz e temperatura apósa inoculação. Segundo Vagera (1990),os primeiros trabalhos com pimentão,usaram os meios MS (Murashige &Skoog, 1962) modificado e de Linsmaier& Skoog (1965), mas com baixa efici-ência na obtenção de embrióides e plan-tas, sendo 3, 5 e 0,1%, respectivamen-te. Resultados similares foram obtidospor George & Narayanaswamy (1973).Posteriormente, Sibi et al. (1979) obti-veram maior êxito e os seus meios deno-minados de C e R, passaram a ser usadosna cultura de anteras desta espécie.

Condições de escuro e alta tempera-tura nos primeiros dias após a inocu-lação têm efeito positivo na cultura deanteras em diferentes espécies (Yang etal., 1992; Zhou et al.,1992; Wolyn &Feng, 1993;). O mesmo foi verificadopara o pimentão (Dumas De Vaulx etal.,1980; Dumas De Vaulx et al.,1981;Nervo et al., 1994).

O Thidiazuron (TDZ (Mok et al.1982), é um regulador de crescimento,derivado da uréia, cuja composição quí-mica é N-phenil-N´-1,2,3-thiadiazol-5-iluréia, com estrutura sem anel purínico,ao contrário do que acontece nascitocininas. Este produto foi relatadocomo tendo ação citocinínica e por isto,tem sido cada vez mais usado na culturade tecidos (Visser et al., 1992; Lu, 1993).

O mecanismo de ação do TDZ nãoé perfeitamente conhecido. No entanto,algumas hipóteses deste mecanismo são:1. é possível que o TDZ promova dire-tamente o crescimento através de umaação biológica similar a uma citocinina;2. promoveria a conversão de ribonu-cleotídeos das citocininas em ribonu-cleosídeos biologicamente mais ativos,caracterizando um papel de indução e;3. que ainda iniba a degradação dascitocininas, promovendo um acúmulodestas, sendo que esta última é baseadano fato da alta regeneração de brotosdependentes de citocinina, bem como,a regulação dos níveis endógenos(Capelle et al., 1983; Mok & Mok, 1985e Thomas & Katterman, 1986). O TDZ(Mok & Mok, 1985) pode levar à pro-dução de etileno e o fechamento dosestômatos, o que é característico de açãocitocinínica.

Os experimentos a seguir tiveramcomo objetivo verificar o efeito de TDZ

combinado com períodos de incubaçãoa 35oC, na indução de embrióides emanteras de diferentes genótipos de pi-mentão e o efeito deste regulador emdiferentes concentrações de sais do meioMS, na maturação dos embrióides.

MATERIAL E MÉTODOS

Nos dois experimentos os genótiposutilizados foram os híbridos F

1:

PIX21C12#35 x Agronômico 8,

PIX21C04#04 x linha 004, PIX22C#31x linha 004, PIX21C15#45 x Ikeda ePIX22C#21 x Ikeda. As linhagensPIX21C12#35, PIX21C04#04 ePIX21C15#45 são resistentes aosnematóides-das-galhas Meloidogynejavanica e M. incognita (Peixoto, 1995),tendo como fonte de resistência o aces-so PM 217 e “background” as cultiva-res Margareth e Magda. As linhagensPIX22C#31 e PIX22C#21 têm as mes-mas características, mas apresentam como

LUZ, J.M.Q; PINTO, J.E.B.P.; EHLERT, P.A.D.; CERQUEIRA, E.S. Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão.

CoieM RoieM

:)L/gm(setneirtunorcaM

ONK3

0512 0512

HN4

ON3

8321 8321

OSgM4

H7,2O 214 214

lCaC2

H2,2O 313 313

HK2

OP4

241 241

ON(aC3)2

H4,2O 05 05

HaN2

OP4

H,2O 83 83

HN(4)2

OS4

43 43

lCK 7 7

:)L/gm(setneirtunorciM

OSnM4

H,2O 031,22 031,02

OSnZ4

H7,2O 526,3 522,3

H3

OB3

051,3 055,1

IK 596,0 033,0

aN2

OoM4

H2,2O 881,0 831,0

OSuC4

H5,2O 610,0 110,0

lCoC2

H6,2O 610,0 110,0

:)L/gm(sodicáonimaesanimatiV

lotisoni-oim 003,05 003,05

)lCH(anixodirip 005,5 005,5

ocinítocinodicá 007,0 007,0

)lCH(animait 006,0 006,0

oicláCedotanetotnap 005,0 005,0

21Banimativ 030,0

anitoib 500,0 500,0

anicilg 001,0 001,0

:)L/gm(eFedsotaleuQ

aN2

.A.T.D.E 56,81 56,81

OSeF4

H7,2O 09,31 09,31

:)L/g(setnenopmocsortuO

esoracas 03 03

ragá 8 8

Tabela 1. Composição dos meios C e R (Sibi et al., 1979). Lavras, UFLA, 1995.

58 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

fonte de resistência e “background”, res-pectivamente, PM 687 a cultivar Agro-nômico 08.

As plantas doadoras dos botões fo-ram obtidas e mantidas em casa-de-ve-getação, sob temperatura de 20 a 26o C.Os botões florais foram coletados quan-do o tamanho das pétalas era aproxima-damente igual ao das sépalas, correspon-dendo a anteras contendo microsporosuninucleados. Os botões florais foramdesinfestados em álcool a 70% por 20segundos e hipoclorito de sódio a 2%por dez minutos em câmara de fluxolaminar. Em seguida foram lavados trêsvezes em água destilada e autoclavada.As anteras foram retiradas sob micros-cópio estereoscópio em aumento de 40vezes para posterior inoculação em pla-cas de Petri. As anteras danificadas fo-ram descartadas.

O delineamento experimental utili-zado foi blocos casualizados com qua-tro repetições em esquema fatorial, sen-do cada placa uma parcela composta deanteras provenientes de quatro botões,totalizando 20 a 24 anteras por placa,para cada genótipo. As inoculações dasanteras ocorreram entre a sexta e a dé-cima semanas após o transplantio dasmudas, o que segundo Kristiansen &Andersen (1993) é a época de melhoresrespostas. As anteras coletadas ao lon-go de uma semana eram suficientes paraum bloco de tratamentos. A partir de 30dias após a inoculação, com o auxíliode um microscópio estereoscópio emaumento de 80 vezes, avaliou-se a per-centagem de anteras com embrióides, decalos embriogênicos e o número deembrióides por 100 anteras. Foi feitaanálise de variância dos dados obtidossendo as diferenças e interações signi-ficativas submetidas a testes de níveisou regressão conforme o caso.

No primeiro experimento as anterasforam inoculadas em placas contendo 25ml do meio C (Tabela 1), com pH ajus-tado para 5,9 e previamente autocla-vado, suplementado com TDZ nas con-centrações 0,005; 0,05; 0,45 e 4,5 mMe colocadas no escuro a 35oC por doisou oito dias. Após este período, perma-neceram em sala de crescimento com 25± 2oC e 16 horas de luz até o décimo-segundo dia pós-inoculação. Posterior-mente, as anteras foram transferidas parao meio R (Tabela 1) adicionado de 0,5mM de cinetina.

Os embrióides nos estádios globulare torpedo, foram retirados das anterascom auxílio de bisturi de ponta fina elogo em seguida transferidos para placacontendo meio R adicionado de 9,3 mMde cinetina, visando a maturação dosmesmos e posterior regeneração emplântulas. O mesmo foi efetuado paraos calos embriogênicos.

Em um segundo experimento, asanteras foram inoculadas em placas con-tendo 25 ml do meio C, com pH 5.9 epreviamente autoclavado, suplementadocom TDZ na concentração de 4,5 mM ecolocadas no escuro à 35oC por oito dias.Após este período permaneceram emsala de crescimento com 25 ± 2oC e 16horas de luz até o décimo-segundo diapós-inoculação, completando a fase deindução. Logo em seguida, iniciou-se afase de maturação, sendo as anterastransferidas para o meio MS (Murashige& Skoog, 1962) completo ou com me-tade de sua composição de sais, combi-nado com TDZ nas concentrações de0,05, 0,45 e 4,5 mM. O pH destes mei-os também foi ajustado para 5,9 antesde serem autoclavados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o teste F a 1% deprobabilidade, as porcentagens deanteras com embrióides e de calosembriogênicos e o número de embri-óides por 100 anteras, foram influenci-

adas significativamente pelas doses deTDZ, pelo período de incubação a 35oC eainda pelos genótipos. No entanto só hou-ve interação entre TDZ e genótipo para onúmero de embrióides por 100 anteras(Figura 1). Houve um aumento significa-tivo na indução de embriõesandrogenéticos à medida em que se au-mentou a concentração do TDZ, indo de85,6 na concentração de 0,005 mM para159,7 com 4,5 mM, considerando osgenótipos em conjunto. Verifica-se entãoum papel importante do TDZ na induçãode embrióides em anteras de pimentão.

Com relação à porcentagem deanteras com embrióides (Figura 2),ocorreu um incremento conforme au-mentou-se os níveis de TDZ, até 0,45mM. Acima desta concentração houveuma tendência à estabilização, comomostra a equação de regressão assintó-tica (Equação de Mitscherlisch). O mes-mo verificou-se para a porcentagem decalos, o que concorda com Lu (1993),que afirma que às vezes o TDZ leva aoexcesso de calos quando comparado auma citocinina, por exemplo BAP. Tra-balhos têm comprovado uma melhoreficiência do TDZ na indução embriogê-nica e na regeneração de brotações ad-ventícias, quando comparado a citoci-ninas e auxinas, principalmente com2,4-D, a auxina mais efetiva na induçãode embriões somáticos (Visser et al.,1992; Lu, 1993).

Figura 1. Efeito de concentrações de TDZ sobre o número de embrióides por 100 anteras,para os híbridos PIX21C12#35 x Agronômico 8,(H1); PIX21C04#04 x 004 (H2); PIX22C#31x linha 004 (H3); PIX21C15#45 x Ikeda (H4) e PIX22C#21 x Ikeda (H5), com dados emconjunto do tempo a 35oC de incubação. Lavras, UFLA, 1995.

LUZ, J.M.Q; PINTO, J.E.B.P.; EHLERT, P.A.D.; CERQUEIRA, E.S. Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão.

59Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

nor quantidade de reguladores de cres-cimento tendo aumento na qualidadeembriogênica e ganhos na produção deplantas. Pode-se atribuir este fato a umaumento na ação metabólica dos regu-ladores de crescimento quando em al-tas temperaturas.

Com relação à influência do TDZ nomeio MS na fase de maturação verifi-cou-se que, de maneira geral, os embri-ões permaneceram nos primeiros está-dios de desenvolvimento, globular e tor-pedo, sem ocorrer a maturação. Os ca-los continham embrióides nos mesmosestádios. Provavelmente o TDZ conti-do no meio MS, visando a regeneração,continuou a estimular a indução deembrióides. A transferência das anteraspara o meio de cultura MS com con-centrações crescentes de TDZ, causouum aumento na porcentagem de calosembriogênicos até a concentração de0,45 mM e a partir desta ocorreu queda.O mesmo ocorreu para o número deembrióides por 100 anteras, na concen-tração de 50% de sais do meio MS. Noentanto no meio MS completo, houveum pequeno aumento de 136,2 para140,6 entre as concentrações de 0,45 e4,5 mM. A composição de 50% de saisdo MS, foi mais favorável em todos osgenótipos para o número de embrióidespor 100 anteras (Tabela 3). Os genótiposmais responsivos foram PIX22C#31 xlinha 004 e PIX22C#21 x Ikeda com207,7 e 235,6 embrióides por 100anteras, respectivamente.

Verificou-se que a indução deanteras foi maior a medida em que au-mentou-se a concentração de TDZ nosmeios MS, principalmente no MS com50% da concentração de sais, quandocomparado a anteras provenientes domesmo meio de indução (meio C + 4,5mM de TDZ por 8 dias à 35oC) etransferidas para o meio R adicionadode 0,5 mM de cinetina, do primeiroexperimento (Tabela 4). A porcentagemde calos aumentou até a concentraçãode 0,45 mM. Resultados semelhantesocorreram para o número de embrióidespor 100 anteras na presença de 50% dossais do meio MS. No entanto, no meioMS completo (100% dos sais) houve au-mento de 136,2 para 140,6 embrióidespor 100 anteras.

No primeiro experimento não hou-ve qualquer regeneração de plântulas,

Os híbridos responderam com dife-rente intensidade sendo que após 30dias, os mais responsivos foram:PIX22C#31 x linha 004, PIX21C04#4x linha 004 e PIX22C#21 x Ikeda com,respectivamente, 22,3, 17,9 e 15,4% deanteras com embrióides e 177,9, 121,6e 133,5 embrióides por 100 anteras. Di-ferença entre genótipos é comum emtrabalhos com cultura de anteras de vá-rias espécies, inclusive para o pimen-tão, como nos trabalhos de Dumas de

Vaulx et al. (1981), Kristiansen &Andersen (1993) e Nervo et al. (1994).

O período de oito dias de incubaçãofoi mais favorável a todas as caracterís-ticas avaliadas (Tabela 2), o que con-corda com o observado por Dumas deVaulx et al. (1980); contudo, Dumas deVaulx et al. (1981) verificaram interaçãoentre concentrações de 2,4-D e os perí-odos de dois e oito dias a 35oC, sendoque a alta temperatura no início do cul-tivo das anteras permite que se use me-

Figura 2. Efeito de concentrações de TDZ sobre as porcentagens de anteras com embrióides(AE) e calos embriogênicos (CE), considerando dados em conjunto dos genótipos e dotempo de incubação a 35oC. Lavras, UFLA, 1995.

LUZ, J.M.Q; PINTO, J.E.B.P.; EHLERT, P.A.D.; CERQUEIRA, E.S. Indução in vitro de embriões em anteras de pimentão.

odsiasoãçartnecnoCSMoiem

sodirbíhsopitóneG 1

1H 2H 3H 4H 5H

SM%05 b7,131 a6,791 a9,891 b9,411 a5,802

SM%001 c1,67 a0,641 a9,361 c3,08 b4,401

Tabela 3. Influência da concentração de sais do meio MS e do genótipo sobre o número deembrióides por 100 anteras inoculadas. Lavras, UFLA, 1995.

Médias seguidas de mesma letra nas linhas não diferem entre si a 5% de probabilidade peloteste de Tukey.1 PIX21C12#35 x Agronômico 8 (H1); PIX21C04#04 x 004 (H2); PIX22C#31 x linha 004(H3); PIX21C15#45 x Ikeda (H4) e PIX22C#21 x Ikeda (H5).

Cº53aopmeT EA% EC% 1 A001/BME 2

saidsiod b5,41 b6,4 b8,011

saidotio a8,61 a9,7 a3,221

Tabela 2. Porcentagens de anteras com embrióides (%AE) e calos embriogênicos (%CE), enúmero de embrióides por 100 anteras (EMB/100A), para diferentes tempos de incubaçãoa 35oC. Dados dos genótipos e dozes TDZ agrupados. Lavras, UFLA, 1995.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de teste F.1/ Dados transformados para Arco Seno Raiz de X/1002/ Dados transformados para Raiz de X.

60 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

permanecendo os embrióides nos está-dios globular ou no máximo torpedo,mesmo quando transferidos para o meioR adicionado de 9,3 mM de cinetina,contrariando o verificado por Dumas deVaulx et al. (1981). No segundo, ocor-reram apenas duas regenerações diretasem plantas no genótipo PIX22C#31 xlinha 004, sendo uma no meio MS com50% dos sais acrescido de 0,45 mM deTDZ e outra no meio MS completocom 4,5 mM de TDZ. Estas regenera-ções equivalem a taxas muito baixas(1,1%), semelhante ao alcançado porGeorge & Narayanaswamy (1973). Asplantas obtidas não alcançaram o ple-no desenvolvimento in vitro, morren-do aproximadamente 52 dias após ainoculação das anteras.

Os calos embriogênicos não regene-raram, apenas se proliferaram quandotransferidos para o meio R com 9,3 mMde cinetina, degenerando-se ao longo de60 dias. A degenerescência pode estarrelacionada com a liberação de etileno(Auboiron et al., 1990) devido à inten-sa atividade mitótica e intensa respira-ção que com o processo de degenera-ção acentua-se mais ainda. Pode terocorrido também a exaustão ou toxidezdo meio devido à evaporação de água,concentrando o mesmo. Observou-setambém que em média 13,1% dos ca-los embriogênicos já estavam necro-sados a partir de 30 dias pós-inoculaçãodas anteras. Até o momento, os traba-lhos com cultura de anteras de pimen-tão não tinham relatado a emissão decalos embriogênicos com a utilizaçãodo TDZ, sendo que a androgênese ocor-ria diretamente, o que é mais desejá-vel, pois de acordo com Grattapaglia& Machado (1990), a fase de calospode favorecer o aparecimento de anor-malidades genéticas.

Com base nos resultados apresenta-dos e condições em que foi realizado otrabalho, concluiu-se que o TDZ possuium grande potencial na indução deembrióides, em anteras de pimentão,mas com baixas taxas de conversão emrelação ao número de embrióides sendoeste o ponto de estrangulamento da téc-nica. Sugere-se maior estudo de fatoresque possam estar relacionados à fase dematuração dos embriões obtidos.

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oãçarenegeredsoieMZDT

µµµµµMEA% A001/BME solaC%

siaS%05-SM 50,0 2,02 4,961 4,61

54,0 6,23 9,112 1,91

45,4 6,34 0,821 6,11

siaS%001-SM 50,0 1,51 4,66 9,01

54,0 7,22 2,631 9,31

45,4 1,32 6,041 4,9

5,0+RoieM µ anitenicedM 2,32 1,961 1,31

Tabela 4. Influência da combinação de TDZ com a concentração de sais do meio MS e domeio R nas porcentagens de anteras com embrióides (%AE), número de embrióides por 100anteras (EMB/100A) e calos embriogênicos (%Calos). Dados dos genótipos agrupados.Lavras, UFLA, 1995.

61Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

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Análise dialélica de cinco cultivares de feijão para resistência aocrestamento bacteriano comum.

Rosana Rodrigues; Nilton R. Leal; Alfredo Lam-SánchezUENF - CCTA, Av. Alberto Lamego 2000, Horto, 28015-620 Campos dos Goytacazes - RJ.

RESUMO

Em um programa de melhoramento de feijão-de-vagem visandoresistência ao Crestamento Bacteriano Comum (CBC), três genótiposde feijão-de-vagem (a cultivar Alessa e as linhagens HAB 52 e HAB198) foram cruzadas em esquema de dialelo (sem recíprocos) comduas linhagens de feijão-comum (BAC-6 e A-794), que apresentambom nível de resistência ao CBC. As reações nas folhas e vagensdos progenitores e F

1’s foram avaliadas em casa-de-vegetação, em

blocos ao acaso, com cinco repetições e uma planta por parcela, noperíodo de abril a julho de 1996. O inóculo consistiu em suspensãobacteriana na concentração de 107 células/ml, aplicado nas folhasatravés do método das lâminas paralelas e, nas vagens, com auxíliode micropipeta (10 µl da suspensão). As folhas foram inoculadas 25dias após a semeadura e, as vagens, quando se encontravam com assementes desenvolvidas. Em ambos os casos, as avaliações ocorre-ram oito dias após as inoculações. Para avaliação das folhas utili-zou-se uma escala de notas de 1 (resistente) a 5 (suscetível), en-quanto nas vagens a avaliação foi efetuada medindo-se o tamanhoda lesão (mm). Análise dialélica baseada no modelo de Gardner &Eberhart foi usada para obter estimativas dos efeitos genéticos parareações ao patógeno nas folhas e vagens. Para as folhas, apenas oefeito de genótipos foi significativo, evidenciando que ação gênicaaditiva está envolvida no controle do caráter. As linhagens BAC-6 eA-794 foram identificadas como as mais promissoras. Em vagens,os efeitos de genótipos e de heterose foram significativos, identifi-cando-se os híbridos ‘Alessa’ x ‘A-794’, ‘Alessa’ x ‘BAC-6’, ‘HAB52’ x ‘A-794’ e ‘HAB 52’ x ‘BAC-6’ como promissores. A correla-ção entre a reação ao CBC em folhas e vagens foi significativa, po-rém de baixa magnitude (r = 0,312).

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., feijão-de-vagem,Xanthomonas campestris pv. phaseoli, doenças, melhoramento,resistência

ABSTRACT

Diallel analysis in bean cultivars for common bacterial blightresistance.

In a breeding program, for improve resistance to the commonbacterial blight (CBB) in snap beans, diallel crosses (withoutreciprocals) were made using three snap bean cultivars (high yielding)and two dry bean lines (CBB resistant). Leaf and pod reactions ofparents and F1’s were evaluated under greenhouse conditions in arandomized block design, with five replications and one plant perplot, from April to July, 1996. Leaves were inoculated with 107

bacterial cells/ml using the razor blade procedure. A dissecting needlewas used to inoculate pods. Leaves were inoculated 25 days afterplanting and pods when seeds were full developed. Leaf and poddisease reactions were determined eight days after inoculation. Leafreaction was rated according to a scale ranging from 1 (resistant) to5 (susceptible), and pod reaction was rated according to the lengthof water-soaking lesion from the point of inoculation. Gardner andEberhart’s model was used to estimate genetic effects for pathogenreaction in leaves and pods. Significant differences were detectedfor parental effect for leaf reaction, indicating that additive geniceffect is involved. Lines BAC-6 and A-794 were the genotypes thatshowed the best results. Significant differences were found in bothparental and heterosis effect for pod reaction and hybrids ‘Alessa’ x‘A-794’, ‘Alessa’ x ‘BAC-6’, ‘HAB 52’ x ‘A-794’, and ‘HAB 52’ x‘BAC-6’ were the superior combinations. A significant, althoughlow, correlation value between leaves and pods was found (r = 0,312).

Keywords: Phaseolus vulgaris L., snap beans, diseases, breeding,Xanthomonas campestris pv. phaseoli, resistance.

(Aceito para publicação em 26 de fevereiro de 1998)

A produção de feijão sofre muitos prejuízos devido a bactéri-

as, fungos e viroses. Entre as doençasbacterianas destaca-se o crestamento-bacteriano-comum (CBC), causado porXanthomonas campestris pv. phaseoli(Xcp), que pode provocar perdas na pro-dução de 20 a 80% (Afanador, 1981). Assementes são a principal fonte de inóculoe aumentos na ocorrência do CBC po-dem ser correlacionadas à prática dos pro-dutores de usarem sementes próprias, quemuitas vezes estão contaminadas(Mukunya et al., 1981). Apesar do uso

de sementes sadias ser indicado comométodo de controle da doença (Mohanet al., 1983), essa prática não garante ocontrole total, já que o patógeno podesobreviver nos restos de cultura e emplantas hospedeiras. Associado ao uso desementes de boa procedência, o controledo CBC depende do desenvolvimento decultivares resistentes (Kimati, 1980).

A obtenção de cultivares resistentes,porém, está associada à identificação defontes de resistência, à recombinação degenomas e à escolha adequada deparentais que produzam populações

segregantes promissoras. A técnica decruzamentos dialélicos é útil na seleçãode progenitores, já que se baseia nosvalores genéticos e na capacidade decombinação desses progenitores. Ométodo dialélico permite também a de-terminação do controle genético do ca-ráter, o que orienta a condução das po-pulações segregantes (Ramalho et al.,1993).

Estudos sobre a herança da reação àXcp nas folhas e interior e exterior dasvagens em cruzamentos dialélicos en-volvendo seis progenitores foram con-

62 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

duzidos por Valladares-Sanchez et al.(1983). O modelo de Gardner &Eberhart (1966), Análise II, foi usadopara obter estimativas dos efeitos gené-ticos para reações ao patógeno nas dife-rentes partes das plantas. A reação a Xcpfoi quantitativamente herdada em todosos experimentos. Efeitos de heterosepara reação na folha foram detectadossob condições de campo. Reações inter-na e externa nas vagens foram altamen-te correlacionadas entre si, mas peque-na associação entre folha e vagem foiobservada. Altas correlações foram de-tectadas entre as reações de genótiposobservados na casa-de-vegetação e nocampo, indicando que testes na casa-de-vegetação podem predizer o comporta-mento no campo (Valladares-Sanchez etal., 1983).

A herança e herdabilidade das rea-ções em folha e vagem e infecção desementes por Xcp, bem como a herançae associação entre cor do caule, pubes-cência foliar (dois marcadores facilmen-te observados) e reação a Xcp foramestudados em três tipos de cruzamentos(Arnaud-Santana et al., 1994). A rea-ção a Xcp foi quantitativamente herda-da nos três órgãos da planta. Valores deherdabilidade variando entre baixos emédios foram obtidos para reações emfolha e sementes. Valores baixos deherdabilidade foram obtidos para reaçãode vagem a Xcp. Nenhuma associaçãosignificativa foi encontrada entre reaçãofoliar a Xcp e cor do caule ou pubes-cência da folha. Dois isolados dopatógeno foram utilizados e houve di-ferença entre os genótipos obtidos naF

2 quanto ao comportamento em rela-

ção à Xcp.

Os objetivos do presente trabalhoforam obter e testar progênies a partirde cruzamentos dialélicos entre genó-tipos com diferentes tipos de reação emfolhas e vagens, estimando os efeitosgenéticos da reação do hospedeiro aopatógeno.

MATERIAL E MÉTODOS

Os genótipos utilizados nos cruza-mentos, em esquema de dialelo, semrecíprocos, foram a cultivar de feijão-de-vagem Alessa, que apresenta hábitodeterminado, resistência a ferrugem e foi

considerada moderadamente resistentea Xcp em ensaios preliminares; as linha-gens de feijão-de-vagem HAB 52 eHAB 198, cedidas pela EMATER - GO,ambas de hábito determinado e suscetí-veis a Xcp e; as linhagens de feijão-co-mum A-794 e BAC-6, provenientes doIAPAR e resistentes a Xcp (Arnaud-Santana et al., 1994; Rodrigues et al.,1996). Foram efetuados 983 cruzamen-tos no período de maio a outubro de1995, obtendo-se um total de 563 se-mentes, o que significa uma taxa depegamento de aproximadamente 57,3%.

O ensaio para avaliação da resistênciafoi conduzido sob condições de casa-de-vegetação em área de convênio UENF/PESAGRO-RIO - Estação Experimentalde Campos, no período de 15 de junho a22 de setembro de 1996. Utilizou-se odelineamento em blocos ao acaso, comcinco repetições, cada qual representadapor uma planta. O cultivo das plantas foifeito em vasos de plástico, com capacida-de para 5 kg de solo, em substrato prepa-rado com uma mistura 1:1:1 (v/v/v) desolo, areia e esterco, tratado previamentecom brometo de metila.

O isolado bacteriano Xp CNF 15, ce-dido pelo Centro Nacional de Pesquisa deArroz e Feijão, da EMBRAPA, foi utili-zado para inoculação. As bactérias foramcultivadas em meio DYGS (RodriguesNeto et al., 1986) por aproximadamente48 h e, o inóculo, preparado em soluçãosalina (0,8%), com a concentração ajus-tada através de espectrofotômetro (600nm) para 5 x 107 células/ml (Afanador,1981). As inoculações foram efetuadas 30minutos após a suspensão bacteriana tersido preparada.

A inoculação foliar foi feita 25 diasapós a semeadura. Dois folíolos da pri-meira folha expandida de cada plantaforam inoculados pelo método das lâ-minas paralelas (Pastor-Corrales et al.,1981). Uma solução salina foi usadacomo controle no terceiro folíolo da fo-lha. As vagens foram inoculadas aindaverdes, quando as sementes estavamcompletamente formadas. Para inocu-lação, uma perfuração foi feita com agu-lha no início da sutura da vagem, ino-culando-se duas vagens por planta. Emseguida, depositou-se 10 µl da suspen-são bacteriana no interior da vagem comauxílio de micropipeta.

A avaliação das plantas foi efetuadaoito dias após a inoculação, por quatroavaliadores, baseando-se na seguinteescala para as folhas: porcentagem deárea inoculada com sintomas (1,0 = 1 a5% de necrose; 2,0 = 6 - 25%; 3,0 = 26- 50%; 4,0 = 51 - 75%; 5,0 = 76 - 100%).As médias obtidas com base nas quatronotas foram utilizadas nas análises devariância e dialélica. As plantas comnível de resistência de 1 a 2,5 foramconsideradas resistentes.

Para as vagens, a avaliação foi feitapela medida do tamanho da lesão a par-tir do ponto de inoculação (x), com oauxílio de paquímetro, de acordo com aseguinte escala: resistente = 0 < x < 1mm; moderadamente resistente = 1 < x< 2 mm; moderadamente suscetível = 2< x < 3 mm; suscetível = 3 < x < 4 mm;altamente suscetível = x > 4 mm.

Para análise dos dados, utilizou-seo Programa GENES, desenvolvido peloSetor de Genética do Departamento deBiologia Geral da Universidade Fede-ral de Viçosa. A análise dialélica foi re-alizada de acordo com o modelo pro-posto por Gardner & Eberhart (1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diferenças significativas entre osgenótipos foram detectadas tanto parareação em folhas (RF) quanto em va-gens (RV). A cultivar Alessa e as linha-gens HAB 52 e HAB 198 foram consi-deradas suscetíveis para RF (notas mé-dias maiores que 2,5), enquanto as li-nhagens A-794 e BAC-6 mostraram-seresistentes (Tabela 1). A cultivar Alessae a linhagem HAB 198 apresentaramsuscetibilidade também para RV, en-quanto as linhagens HAB 52, A-794 eBAC-6 foram resistentes.

Os quadrados médios associados aosefeitos de genótipos foram significati-vos para os caracteres estudados. Aheterose foi significativa apenas para areação ao CBC em vagens e a decom-posição dos efeitos da heterose emheterose média, varietal e específicamostrou que houve significância paratodos os componentes.

Os resultados desse estudo mostra-ram que os genótipos contribuíram com64,65% e 76,25% da variação entregenótipos para RF e RV respectivamen-

RODRIGUES, R.; LEAL, N.R.; LAM-SÁNCHEZ, A. Análise dialélica de cinco cultivares de feijão para resistência ao crestamento bacteriano comum.

63Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

te. O efeito de genótipos é significativoquando esses diferem quanto à capaci-dade geral de combinação (Vencovsky& Barriga, 1992), indicando que açãogênica aditiva está envolvida no controledo caráter. Efeitos gênicos aditivos in-dicam que a resistência pode ser fixadaem indivíduos homozigotos de geraçõesavançadas. Os efeitos de genótipos paraas linhagens Bac-6 e A-794 foram ne-gativos e significativos para RF e RV,mostrando que os valores obtidos pararesistência em folhas e vagens nessesprogenitores foram menores que a mé-dia geral. Desse modo, esses genótipossão os que contribuem para reduzir osvalores obtidos para a característica noshíbridos em que participam, o que sig-nifica aumentar a resistência nas com-binações híbridas. Verificou-se aindaque as linhagens HAB 198 e A-794 fo-ram os genótipos que diminuíram osvalores para reação ao CBC em vagens,ou seja, que aumentaram a resistênciaao CBC neste órgão da planta.

Efeitos de heterose, indicando açãogênica dominante ou epistática, contri-buíram para 35,35% e 23,75% da varia-ção para RF e RV, respectivamente.Heterose média e heterose específicaforam significativas para RF e RV, en-quanto heterose varietal foi significati-va apenas para RV. A heterose específi-ca foi predominante no efeito heterótico

para RF (26,42%), enquanto a heterosemédia foi predominante para RV(10,24%). Os efeitos heteróticos não fo-ram significativos porém para a reaçãoao CBC em folhas. Em relação à essecaráter, a variabilidade genética entre asmédias da tabela dialélica é explicadaessencialmente pela heterogeneidade doefeito dos genótipos parentais.

A existência de divergência genéti-ca entre os progenitores testados podeser comprovada através da significânciado quadrado médio da heterose médiapara a reação ao CBC em vagens. Ape-sar da detecção da variabilidade para oscaracteres assinalados, essa variabilida-de foi suficiente para identificar diferen-ças em termos de heterose varietal ape-nas para reação ao CBC em vagens.Uma possível explicação para esse fatoé que os progenitores não apresentamdiferenças nas respectivas freqüênciasgênicas médias, resultando em umamesma dispersão da freqüência gênica.A heterose varietal é uma função da di-ferença entre a média do parental noscruzamentos e a média de todos os cru-zamentos, assim como a diferença en-tre a média do genótipo per se e a mé-dia de todos os parentais. O sinal e amagnitude da heterose varietal depen-dem dessas diferenças.

Para a reação ao CBC em vagens, asdiferenças entre as médias da tabela

dialélica, além de serem explicadas pelaheterogeneidade dos parentais, são tam-bém devidas à heterogeneidade do com-ponente de média, que corresponde àcapacidade específica de combinaçãodas cultivares (Gardner & Eberhart,1966; Ramalho et al., 1993). A cultivarAlessa e as linhagens BAC-6 e A-794apresentaram efeito heterótico negativo.Observa-se ainda que houve discrepân-cia entre os sinais de v

i e h

j para a culti-

var Alessa e as linhagens HAB 198 eBAC-6. Esse fato ocorre quando umacultivar é muito divergente em relaçãoàs demais. Como já discutido para re-sistência em folhas, os valores negati-vos são os que indicam os genótipossuperiores. As combinações que mais sedestacaram para essa característica fo-ram ‘HAB 198’ x ‘BAC-6’, ‘HAB 198’x ‘A-794’, ‘Alessa’ x ‘A-794’ e ‘Alessa’x ‘HAB 52’.

Os resultados obtidos nesse trabalhoestão de acordo com aqueles obtidos porRava et al. (1987), que avaliando rea-ção em folhas, para dez cruzamentos, evagens, para seis cruzamentos, conclu-íram que ação gênica aditiva para resis-tência foi significativa em todos os ca-sos. Além dos efeitos aditivos, outrostipos de ação gênica também foramidentificados em alguns dos cruzamen-tos estudados, o que dificulta conclusõessobre a herança da resistência à Xcp.

RODRIGUES, R.; LEAL, N.R.; LAM-SÁNCHEZ, A. Análise dialélica de cinco cultivares de feijão para resistência ao crestamento bacteriano comum.

iaP/oãçaeRadetraP

atnalP1F

aidéM esrepiapod

otiefE)iv(lateirav

adotiefE.ravesoreteh

)jh(

25BAH 891BAH 6-CAB 497A-RAPAI

asselA FR 57,2 04,2 54,2 06,1 **58,2 *003,0+ 111,0-

VR 01,2 01,2 05,1 05,1 **07,2 **946,0+ **650,0-

25BAH FR 04,2 05,1 26,2 **00,3 *945,0+ 400,0+

VR 57,1 51,1 52,1 **57,1 **601,0- **700,0+

891BAH FR 84,2 51,2 **21,3 *025,0+ 961,0-

VR 50,2 56,1 **04,3 **602,0+ **235,0+

6-CAB FR 05,1 **03,1 *504,0- 750,0+

VR 04,1 **02,1 **903,0- **814,0-

497-A FR **00,2 *569,0- 022,0+

VR **02,1 **156,0- **060,0-

Tabela 1. Reação a Xanthomonas campestris pv. phaseoli em folhas (RF) e em vagens (RV) de progenitores per se e em cruzamentos e estimativados efeitos de cinco genótipos de Phaseolus vulgaris e seus respectivos F

1 resultantes de dialelo. UENF, Campos dos Goytacazes, 1996.

*,** Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente.

64 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O coeficiente de correlação para oscaracteres resistência em folhas e resis-tência em vagens foi significativo, po-rém, de baixa magnitude (r = 0,312).Rava et al. (1987), observaram que ocoeficiente de correlação entre a reaçãode folhas e de vagens para populaçõesF

2 de oito cruzamentos foi positiva e sig-

nificativa somente em presença de doisprogenitores específicos (PI 207262 eMéxico 168). Para os demais cruzamen-tos, a reação em folhas e vagens segre-gou independentemente.

Diversos estudos têm indicado pa-drões de herança quantitativa para rea-ção foliar a Xcp em feijão-comum(Coyne & Schuster, 1974; Saettler,1977; Valladares-Sanchez et al., 1979;Webster et al., 1980; Yoshii, 1980;Arnaud-Santana et al., 1994). Algunspesquisadores têm investigado a reaçãoa Xcp também em vagens e sementes(Valladares-Sanchez et al., 1983;Aggour et al., 1989; Arnaud-Santana etal., 1994). A maioria desses estudos in-dica que não há associação entre reaçãoem folhas e vagens, demonstrando aimportância de se avaliar ambos a fimde desenvolver genótipos resistentes.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FundaçãoEstadual do Norte Fluminense -FENORTE, pelo apoio financeiro a estetrabalho; ao Dr. Aloísio Sartorato, daEmbrapa Arroz e Feijão, pelo envio doisolado Xp CNF 15; à Dra. Vânia Moda-Cirino, do IAPAR, pelo envio das semen-tes das linhagens BAC-6 e IAPAR-A794,e aos técnicos José Accácio da Silva eVitória Régia Melo de Almeida Mirandapelo auxílio no preparo do inóculo e namanutenção do isolado bacteriano.

LITERATURA CITADA

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sotnemazurC)jis(acifícepsEesoreteH

sahloF snegaV

25BAHXASSELA 251,0+ **762,0-

891BAHXASSELA 580,0- **330,1+

6-CABXASSELA 892,0+ **763,0-

497A-RAPAIXASSELA 563,0- **004,0-

891BAHX25BAH 472,0- **330,0-

6-CABX25BAH 243,0- **761,0+

497A-RAPAIX25BAH 564,0+ **331,0+

6-CABX891BAH 252,0+ **335,0-

497-AX891BAH 801,0+ **764,0-

497-AX6-CAB 802,0- **337,0+

Tabela 2. Estimativas de heterose específica (sij) para reação ao crestamento-bacteriano-

comum em folhas e vagens de dez populações F1 de Phaseolus vulgaris produzidos a partir

de cruzamentos dialélicos. UENF, Campos dos Goytacazes, 1996.

65Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

CASTRO, S.R.P. de; FERRAZ JR.; A.S.L. Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 65-68, maio 1998.

Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferen-tes fontes de nitrogênio.

Suzana R. P. de Castro; Altamiro S. L. Ferraz Jr.UEMA - Laboratório de Nutrição de Plantas, C. Postal 3004 , 65054-970 São Luís - MA.

RESUMO

Plantas de alface podem acumular elevadas quantidades de N-NO

3 nas folhas em função de adubação nitrogenada excessiva, inde-

pendente da fonte do adubo ser mineral ou orgânica, e a ingestão dealtos níveis de nitrato pode ser prejudicial à saúde dos consumido-res. Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes fontes de nitro-gênio na produção e teor de N-NO

3 das folhas da alface repolhuda,

cultivar Aurélia, conduziu-se um experimento inteiramentecasualizado, com três repetições, utilizando-se vasos com capacida-de de 2 dm3, em estufa, na Universidade Estadual do Maranhão, emSão Luís. Foram utilizados como tratamentos os adubos orgânicoslodo de esgoto, esterco de galinha, azola e leucena, correspondentea 10 g/dm3 e os adubos minerais uréia e sulfato de amônio, em dosesequivalentes a 50 mg de N/dm3. Todos os tratamentos receberamadubação básica com 250 mg de P

2O

5/dm3, 75 mg de K

2O/dm3 e

micronutrientes. As plantas foram colhidas 48 dias após otransplantio, quando procedeu-se às determinações de matéria fres-ca e seca da parte aérea, N-total e N-NO

3 das folhas. As produções

de matéria fresca nos tratamentos com o lodo de esgoto e leucenaforam significativamente maiores, que nos demais tratamentos. Asplantas adubadas com o lodo de esgoto apresentaram teor de N-NO

3

superior àqueles dos demais tratamentos, embora esses teores te-nham se mantido abaixo daqueles permitidos pela legislação. Nãoforam observadas diferenças entre os adubos minerais em nenhumadas características avaliadas.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., lodo de esgoto, azola, leucena,esterco de galinha, adubos nitrogenados.

ABSTRACT

Yield and leaf nitrate levels on lettuce grown with differentsources of nitrogen.

Lettuce plants can accumulate high levels of NO3-N in leaves as

consequence of excessive nitrogen fertilization, despite of thefertilizer source, organic or mineral, and the assimilation of highNO

3-N levels can be harmful for consumers. With the objective of

evaluating the effect of different N-sources in yield and leaf level ofNO

3-N in lettuce, cultivar Aurélia, a completely randomized

experiment was carried out the Maranhão State University (UEMA),with three replications. The experiment was set in greenhouseconditions, using pots of 2 dm3. Treatments included organic manure(sewage sludge, poultry manure, azolla and leucaena leaves) appliedat 10 g/dm3 and inorganic N at 50 mg N/dm3, as urea and ammoniumsulfate. All treatments received basal dressing of 250 of P

2O

5 mg/

dm3, 75 mg of K2O/dm3 and micronutrients. Plants were harvested

48 days after transplanting for determination of fresh and dry weights,and total N and NO

3-N in leaves. Fresh weight in plants treated with

sewage sludge and leucaena were significantly higher than in othertreatments. Leaf NO

3-N

was superior in plants treated with sewage

sludge than in other treatments, although all NO3-N levels were below

the threshold allowed by law. There were no differences betweeninorganic N sources for any of the characteristics analyzed.

Key-words: Lactuca sativa L., sewage sludge, poultry manure,azolla, leucaena, nitrogen manure.

(Aceito para publicação em 06 de abril de 1998)

Plantas de alface podem acumular elevadas quantidades de N-

NO3 nas folhas, representado ameaça à

saúde dos consumidores. Esses altos te-ores se acumulam em função de aduba-ção nitrogenada excessiva, independen-te da fonte de adubo ser mineral ou orgâ-nica (Maynard et al., 1976; Richardson& Hardgrave, 1992). Dentre as fontes deadubos nitrogenados mais utilizados emalface, destacam-se o salitre do Chile, auréia e o sulfato de amônio, sendo quenão há concordância quanto à melhorfonte de N para a espécie (Pereira et al.,1989). As condições fisiológicas ineren-tes à alface, tais como eficiência de uti-lização do nitrogênio sempre menor que50% (Alexander, 1965) e a absorção de

aproximadamente 80% do N-total ex-traído nas últimas quatro semanas dociclo (Katayama, 1993), explicam o in-teresse no uso de fertilizantes desolubilização lenta (Pereira et al., 1989).Nesse sentido, a matéria orgânica adi-cionada ao solo tem efeito imediato eainda residual por meio de um processomais lento de decomposição e liberaçãode nutrientes. Além disso a matéria or-gânica melhora as condições químicas,físicas e biológicas do solo, o que tornainteressante sua utilização como fontede nitrogênio para a cultura da alface(Vidigal et al., 1995).

Dos diversos adubos orgânicos uti-lizados como fonte de nitrogênio paraas plantas, destacam-se o esterco de ga-

linha, os compostos orgânicos, o ester-co de curral, os dejetos de suíno, osadubos verdes (preferencialmenteleguminosas), o lodo de esgoto e aazola. Apesar do uso de matéria orgâ-nica ser uma prática bastante antiga,existem poucas informações sobre osefeitos no rendimento e qualidade daalface quando submetidos a aplicaçãode diferentes materiais orgânicos (Ricciet al., 1994).

Considerando que a cultura da alfa-ce é pesadamente adubada, principal-mente com fertilizantes nitrogenados,desenvolveu-se este trabalho com o ob-jetivo de avaliar o efeito de fontes denitrogênio mineral e orgânico nos teo-res de nitrato das folhas e na produção.

66 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emestufa, no campus da Universidade Es-tadual do Maranhão, em São Luís, noperíodo de 26 de outubro a 13 de de-zembro de 1994, com alface repolhuda,cultivar Aurélia.

Para o cultivo das plantas foram uti-lizados vasos com capacidade para 2dm3. Utilizou-se como substrato, amos-tras provenientes da camada de 0 a 20cm de profundidade de um solo podzó-lico vermelho-amarelo, distrófico, tex-tura arenosa/média, cuja análise reve-lou as seguintes características quími-cas: pH (CaCl

2): 4,2; alumínio: 1,0

mmolc.dm-3; cálcio: 11 mmol

c.dm-3;

magnésio: 9,0 mmolc.dm-3; potássio: 0,8

mmolc.dm-3; acidez potencial: 44

mmolc.dm-3; matéria orgânica: 2,0%, de-

terminados segundo EMBRAPA (1979).A correção da acidez do substrato foifeita usando uma dose equivalente a 2,47t/ha da mistura de CaCO

3 : MgCO

3 (sais

p.a) na proporção estequiométrica de4:1, suficiente para elevar a porcenta-gem de saturação em bases (V) para70%, e o pH do substrato para 6,5.

O delineamento experimental utili-zado foi inteiramente casualizado, comsete tratamentos e três repetições. Ostratamentos foram: testemunha (semadubo nitrogenado); aplicação de uréia(50 mg de N/dm3), aplicação de sulfatode amônio (50 mg de N/dm3), plantasde Azolla sp (10 g/dm3); folíolos deLeucaena leucochephala (10 g/dm3);esterco de galinha (10 g/dm3) e lodo deesgoto de uma cervejaria (10 g/dm3). Osfertilizantes químicos uréia e sulfato deamônio foram aplicados três dias apóso transplantio, como solução de sais p.a,em dose única de 50 mg de N/dm3. Osadubos orgânicos foram postos para se-car em estufa a 65°C até peso constan-te, triturados em moinho tipo Willeypara passar em peneira de 40 mesh eincorporados ao substrato oito dias an-tes do transplantio. Determinou-se aumidade a 65°C e o N-total segundoTedesco et al. (1982) (Tabela 1).

Todos os tratamentos receberamuma adubação básica com 250 mg deP

2O

5 /dm3 como superfosfato triplo, 75

mg de K2O/dm3 como cloreto de potás-

sio e micronutrientes na forma de solu-

ção nas seguintes concentrações: Boro:0,81 mg/dm3

, Molibdênio: 0,15 mg/dm3

,

Cobre: 1,33 mg/dm3, Ferro: 1,55 mg/dm3

, Manganês: 3,66 mg/dm3

, Zinco:

4,00 mg/dm3, incorporados ao substratooito dias antes do transplantio (Novaiset al., 1991).

O semeio foi feito em bandejas dealumínio contendo terra fina seca ao arproveniente dos primeiros 20 cm de umpodzólico vermelho-amarelo. Dez diasapós a germinação, quatro mudas foramtransplantadas para cada vaso. O des-baste foi feito 18 dias após o trans-plantio, deixando-se duas plantas porvaso. A irrigação do substrato foi feitade forma a manter a umidade em tornode 70% da capacidade de retenção deágua, pelo método da pesagem.

Decorridos 48 dias, foram retiradasquatro folhas por vaso, duas de cadaplanta, entre 8:00 e 9:00 hs da manhã,procedendo-se à extração de N-solúvelem etanol 80% (Fernandes, 1983) paraa posterior determinação colorimétrica

do nitrato (Cataldo et al., 1975). Asplantas foram cortadas rente ao solo,pesadas para determinação da matériafresca e postas a secar em estufa a 65°C,por 72 horas, para determinação da ma-téria seca. Em seguida foram moídas emmoinho tipo Willey, peneira de 40 mesh,retirando-se amostras homogeneizadaspara realizar a determinação do N-total(Tedesco et al., 1982).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As maiores produções de matériafresca foram obtidas nos tratamentoscom o lodo de esgoto e leucena, comoadubo orgânico (Tabela 2). Isso prova-velmente ocorreu devido aos teores deN-total mais elevados desses adubosorgânicos, com conseqüente menoresrelações C/N (Tabela 1), o que favore-ceu a mineralização do nitrogênio, tor-nando-o mais disponível. SegundoCassman & Munn (1980), a quantidadede N no material em decomposição éque determinará, em grande parte, a pre-

Tabela 2. Produção de matéria fresca e seca, teores de N-total e N-NO3 em folhas de alface,

cultivar Aurélia, com diferentes fontes de nitrogênio. São Luís, UEMA, 1994.

CASTRO, S.R.P. de; FERRAZ JR.; A.S.L. Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio.

socinâgrosobudA )%(edadimUedgk/glatot-N

acesairétamN/CoãçaleR

anecueL 09,1 2,54 58,8

allozA 62,3 3,53 33,11

ahnilagedocretsE 56,0 4,11 90,53

otogseedodoL 07,1 5,95 27,6

Tabela 1. Umidade, teor de N-total e relação C/N dos adubos orgânicos. São Luís,UEMA, 1994.

sotnematarTairétaMedoãçudorP seroeT

acserF)atnalp/g(

aceS)atnalp/g(

gk/g(latot-N)S.M

ON-N 3 gk/g()F.Med

ahnumetseT *d4,52 c4,3 d8,01 b66,0

oinômaedotafluS c9,54 cb8,5 dc0,41 b64,0

aiérU cb6,15 cba2,6 cb0,91 b24,0

otogseedodoL a0,59 ba1,8 a4,13 a90,1

ahnilagedocretsE c2,64 cb6,5 d9,21 b45,0

alozA b6,46 ba6,6 dcb1,51 b05,0

anecueL a5,58 a8,8 cb0,91 b73,0

%V.C 3,01 0,61 4,01 8,91

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5%de probabilidade pelo teste Tukey.

67Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

dominância do processo de minera-lização ou imobilização do nitrogênio eo conseqüente suprimento de N-orgâni-co (Hooke & Burke, 1995).

A máxima produção de matéria fres-ca foi obtida com o teor de N-total emtorno de 30 g/kg de matéria seca, no tra-tamento com lodo de esgoto (Figura 1),teores estes superiores àqueles observa-dos por Pereira et al. (1989). Entretan-to, a produção de matéria fresca porplanta foi baixa quando comparadaàquelas obtidas em outros trabalhos, oque pode ser atribuído às temperaturaselevadas predominantes durante o perí-odo experimental.

Os tratamentos em que foram utiliza-dos adubos orgânicos, com exceção do es-terco de galinha, proporcionaram maiorprodução de matéria seca em relação a tes-temunha (Tabela 2). Essas diferenças po-dem ser justificadas pelo alto teor de Nnas folhas da leucena e no lodo de esgoto,resultando em maior disponibilidade deN para a alface, refletindo em maior pro-dução de matéria seca. Segundo Maynard(1976), o nitrogênio é um nutriente quepromove um bom desenvolvimentovegetativo em alface. Esse nutriente au-menta o nível de crescimento das folhas,o índice de área foliar e consequentementeos níveis de fotossíntese líquida, resultan-do em maior acúmulo de matéria seca(Marschner, 1986).

outros. Os demais tratamentos não diferi-ram da testemunha (Tabela 2). Os níveiselevados de N-NO-

3 com o uso do lodo de

esgoto provavelmente ocorreram devidoà sua menor relação C/N e ao alto teor deN-total desse resíduo, o que deve ter pro-porcionado uma maior velocidade demineralização e nitrificação, resultandoem maior absorção de N. De acordo comPereira et al. (1989) o acúmulo de N-NO

3

nas plantas pode ocorrer devido a absor-ção excessiva de N em função da baixarelação C/N do adubo orgânico. O máxi-mo teor de N-NO

3 obtido no experimento

ainda assim não foi superior ao limite es-tabelecido pela Legislação da Alemanha(3 g/kg de matéria fresca). Também seencontram inferiores aos valores observa-dos por Richardson & Hardgrave (1992),em duas cultivares de alface.

O lodo de esgoto e a leucena foram asfontes de nitrogênio que mais contribuí-ram para aumentar a produção da alface,constituindo-se em alternativas para subs-tituir as fertilizações com adubos mine-rais e esterco de galinha. Entretanto, o lodode esgoto elevou os teores de N-NO

3, de-

vendo a sua recomendação ser acompa-nhada do monitoramento desses teores.

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Os teores de matéria seca produzi-dos com adubos minerais, sulfato deamônio e uréia, não diferiram entre si etão pouco superaram aqueles produzi-dos no tratamento sem adubação nitro-genada (testemunha). Este resultadoprovavelmente ocorreu devido à aplica-ção ter sido feita em uma única dose, naépoca em que as raízes estavam poucodesenvolvidas para absorver maioresquantidades de N.

O lodo de esgoto proporcionou teo-res mais elevados de N-total nas folhas,diferindo significativamente dos demaistratamentos (Tabela 2). Isto pode ter ocor-rido em virtude desse resíduo apresentarum teor de N-total superior aos demaisadubos orgânicos, e ainda, quando com-parados aos adubos minerais, apresentamaior liberação de N durante todo o ci-clo da cultura. O teor de N-total das fo-lhas de alface no tratamento com sulfatode amônio não diferiu significativamen-te da testemunha e tão pouco dos trata-mentos com aplicação de uréia, estercode galinha, azola ou leucena. Os baixosteores de N-total observados com adu-bação mineral devem ter ocorrido emfunção da aplicação desses adubos tersido feita em dose única, na fase inicialdo crescimento da planta.

No tratamento com lodo de esgotohouve maior acúmulo de N-NO

3, dife-

rindo significativamente de todos os

Figura 1. Produção de matéria fresca (g/vaso) de alface em função dos teores de N-total nasfolhas. São Luís, UEMA, 1994.

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Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubaçãofosfatada e da utilização de cama-de-aviário.*

Maria do Carmo Vieira 1; Vicente Wagner D. Casali2; Antônio Américo Cardoso2; Paulo Roberto Mosquim3.1 UFMS - DCA, C. Postal 533, 79804-970 Dourados - MS; 2 UFV - Depto. de Fitotecnia; 3 UFV - Depto. de Biologia Vegetal, 36571-000Viçosa - MG.

RESUMO

Foi realizado a campo um experimento em Latossolo Roxo distrófico(LRd), argiloso, com o objetivo de estudar a resposta da mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) à adubação com fósforo (P) emcinco doses (4,3; 25,8; 43,0; 60,2 e 81,7 kg/ha de P), na forma desuperfosfato triplo, e à utilização de cama-de-aviário (C), em cinco doses(1, 6, 10, 14 e 19 t/ha). Os tratamentos foram definidos pela matriz expe-rimental PLAN PUEBLA III, resultando nas seguintes combinações de P(kg/ha) e C (t/ha): 4,3 e 6; 25,8 e 1; 25,8 e 6; 25,8 e 14; 43,0 e 10; 60,2 e 6;60,2 e 14; 60,2 e 19 e 81,7 e 14. O delineamento experimental utilizadofoi blocos casualizados, com nove tratamentos e quatro repetições. Cadaparcela apresentou área de 3,5 m2, com dez plantas arranjadas em fileirasduplas. O espaçamento entre plantas foi de 0,50 m; entre fileiras simples,de 0,60 m e; entre fileiras duplas, de 0,80 m. Durante o ciclo, foram medi-das as alturas das plantas a cada quinze dias. A colheita foi feita novemeses após o plantio. Observou-se que a altura das plantas variou poucoem função dos tratamentos, ficando as alturas máximas entre 31 cm (4,3kg/ha de P e 6 t/ha de C) e 37 cm (60,2 kg/ha de P e 19 t/ha de C),respectivamente, 234 e 260 dias após o plantio. A produção de matériaseca de raízes comercializáveis foi independente de doses de cama-de-aviário, mas aumentou linearmente com as doses de fósforo, variando de0,42 t/ha (4,3 kg/ha de P) a 1,3 t/ha (81,7 kg/ha de P); não foi possível,portanto, obter as doses recomendáveis para a produção máxima. A pro-dução de raízes comercializáveis cresceu linearmente com as doses de Pe de C e foi de 10 t/ha, em média, por tratamento, correspondendo a cercade 80% da produção total.

Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, adubaçãoorgânica, matrizes experimentais, raízes tuberosas.

ABSTRACT

Peruvian carrot growth and yield as function of phosphatefertilization and use of poultry house litter.

A field experiment was carried out on a clayey Dusky Red Latosol(typical haplorthox) in Dourados, state of Mato Grosso do Sul, Brazil, toevaluate the response of Peruvian carrot (Arracacia xanthorrhiza Bancroft)to phosphorus (P) fertilization at 4.3; 25.8; 43.0; 60.2, and 81.7 kg/ha astriple superphosphate, as well as the response to application of poultryhouse litter (C) at levels of 1, 6, 10, 14 e 19 t/ha. Treatments were definedby the PLAN PUEBLA III experimental matrix, resulting in the followingphosphorus (kg/ha) and poultry house litter (t/ha) combinations: 4.3 x 6;25.8 x 1; 25.8 x 6; 25.8 x 14; 43.0 x 10; 60.2 x 6; 60.2 x 14; 60.2 x 19, and81.7 x 14. The experimental design was a completely randomized blockswith nine treatments and four replications. Each plot consisted of an areaof 3,5 m2, with ten plants grouped in double rows with a distance of 0.50m between plants; 0.60 m between simple rows and 0.80 m betweendouble rows. During the vegetative cycle, plant height were measuredevery fifteen days. Harvest was done nine months after planting. It wasobserved that plant height presented little variation due to treatments andmaximum heights were between 31 cm (4.3 kg/ha of P and 6 t/ha of C)and 37 cm (60.2 kg/ha of P and 19 t/ha of C) respectively, 234 and 260days after planting. Dry matter production of marketable roots wasindependent from poultry house litter levels, but increased linearly withphosphorus doses, ranging from 0.42 t/ha (4.3 kg/ha of P) to 1.3 t/ha (81.7kg/ha of P). Therefore, it was not possible to obtain the doses to themaximum production. Marketable root yield increased linearly with theP and C doses, being 10 t/ha in average per treatment. It corresponded toabout 80% of the total production.

Keyword: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, organic fertilization,experimental matrix, tuberous roots.

(Aceito para publicação em 19 de março de 1998)

* Parte da tese de doutorado da primeira autora, apresentada à Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (MG).

CASTRO, S.R.P. de; FERRAZ JR.; A.S.L. Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio.

69Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

As recomendações de adubação paramandioquinha-salsa ainda hoje em usono Brasil foram estabelecidas com basenos resultados dos primeiros trabalhosde pesquisa realizados com a espécie emSão Paulo, na década de 60, por Silva etal. (1962) e Silva et al. (1966). Segun-do esses autores, a aplicação de fósforoem doses de até 80 kg/ha de P

2O

5, em

solo tipo massapé, induziu ao aumentolinear da produção, enquanto a aplica-ção de nitrogênio, a partir da dose de 50kg/ha, determinou a redução na produ-ção de raízes. Estudando a mandio-quinha-salsa em um Latossolo verme-lho-amarelo distrófico, com P = 8,1 mg/kg, Mesquita Filho et al. (1996) obtive-ram resposta de natureza quadrática daplanta à adubação fosfatada. A produ-ção máxima de raízes comercializáveis,estimada por derivação (12.750 kg/ha)ocorreu com 585,6 kg/ha de P

2O

5 e 90%

da produção máxima (11.475 kg/ha)com 374,7 kg/ha de P

2O

5. Essas quanti-

dades se correlacionam, respectivamen-te, a 26,1 e 19,8 mg/kg de P-disponível(Mehlich-1). Resposta quadrática aofósforo também foi obtida, em condi-ções de solo sob cerrado (1,9 µg/cm3 deP), em cenoura, hortaliça que tal comoa mandioquinha-salsa, apresenta comoproduto comercial a parte subterrânea;o máximo rendimento da lavoura com aaplicação de 314 kg/ha de P (MesquitaFilho et al.,1985).

Em um solo (LE) com 8 mg/kg de P,Novais et al. (1993) constataram que osníveis críticos de fósforo no solo paraprodução de 9,8 g de matéria seca departe aérea de mandioquinha-salsa porvaso, 75 dias após o plantio, foram de276 mg/kg de P (Mehlich-1) e 268 mg/kg de P (Bray-1). O nível crítico de Pnas plantas variou de 0,29%, no solo coma mais alta capacidade tampão de P –CTP (solo LE, com 400 mol de P.18-8 gsolo/un de potencial de fosfato) a 0,52%no solo com a segunda CTP (solo LE,com 119 400 mol de P.18-8 g solo/un depotencial de fosfato ).

Sabendo-se também que o ciclo damandioquinha-salsa é relativamente lon-go e que a fertilidade do solo influi na pro-fundidade atingida pelas raízes, Marouelli& Carrijo (1984) incluíram nas recomen-dações de adubação da planta, o uso defontes de fósforo de solubilidade média eresíduos orgânicos, como estercos bemcurtidos, tortas, farinhas de ossos oufarelos. Desta forma, também o uso de

resíduos orgânicos é benéfico à lavoura,já que pode aumentar a disponibilidadede fósforo para as plantas, provavelmentepela formação de complexos humo-fosfato mais assimiláveis e pelo revesti-mento dos sesquióxidos de ferro e alumí-nio pelo húmus, evitando a adsorção defósforo solúvel (Kiehl, 1985). Além dis-so, há aumento da flora microbiana, queatua como melhoradora da estrutura dossolos, favorecendo o desenvolvimento dosistema radicular e, em conseqüência, aaquisição de nutrientes como o P, de bai-xa mobilidade no solo (Allison, 1973).

Entretanto, não se conhecem a quan-tidade e a freqüência com que os resídu-os orgânicos devem ser aplicados ao soloa fim de proporcionar bons rendimentosda lavoura de mandioquinha-salsa e per-mitir a utilização eficiente dos nutrien-tes pelas plantas. Segundo Nogueira etal. (1984), existem poucas referências arespeito da interação solo e desenvolvi-mento da mandioquinha-salsa, porém,verifica-se que melhores produções sãoobtidas em solos de textura média, 15 a35% de argila, profundos, bem drenadose ricos em matéria orgânica. Para a bata-ta, por exemplo, que também apresentacomo produto comercial um órgão sub-terrâneo, Franco & Bianchini (1995) con-cluíram ser possível a redução da aduba-ção química utilizando um complemen-to de adubação orgânica, por não teremverificado diferença significativa entre amaior dose de adubação química usada(4,13 t/ha de 4-14-8) e adubações inter-mediárias associadas ao húmus.

Há consenso entre diversos autores(Camargo, 1952; Normanha & Silva, 1963;Silva & Normanha, 1963; Senna Neto,1976; EMBRATER/EMBRAPA, 1982;Filgueira, 1982; COMISSÃO DE FERTI-LIDADE DO SOLO DO ESTADO DEMINAS GERAIS, 1989; Balbino et al.,1990) em recomendar o uso de adubos or-gânicos associados aos adubos mineraispara o cultivo de mandioquinha-salsa.

O objetivo deste trabalho foi estu-dar o efeito da adubação fosfatada e douso de cama-de-aviário no crescimentoda planta e na produção de raízes demandioquinha-salsa, clone BGH 5746(Amarela-de-Carandaí).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido naHorta do 28o. Batalhão Logístico, em

Dourados (MS), no período de abril de1993 a janeiro de 1994, em um Latos-solo roxo distrófico, originalmente sobvegetação de cerrado, textura argilosa.Os teores de argila, silte, areia fina eareia grossa do solo foram, respectiva-mente: 630, 150, 110 e 110 g/kg. Ascaracterísticas químicas de amostras dosolo e da cama-de-aviário foram, res-pectivamente: pH H

2O = 5,3 e 6,6; P

(mg/kg) = 7,1 (extrator Mehlich-1, con-forme Braga & Defelipo, 1974) e1.300,0; K (mg/kg) = 90,0 e 2.100,0;Al+3 (cmol/dm3) = 0,0 e 0,0; Ca+2 (cmol/dm3) = 29 e 450; relação C/N = 15/1.

Estudou-se o efeito de cinco dosesde fósforo – P (4,3; 25,8; 43,0; 60,2 e81,7 kg/ha), na forma de superfosfatotriplo, e cinco doses de cama-de-aviá-rio – C (1, 6, 10, 14 e 19 t/ha em baseúmida), distribuídos à lanço e incorpo-rados com rotoencanteirador ao solo, auma profundidade de 0 – 20 cm, umasemana antes do plantio. As doses mé-dias de fósforo e de cama-de-aviáriousadas foram estabelecidas com basenas recomendações da literatura (Silva& Normanha, 1964; Monteiro, 1980;Filgueira, 1982; COMISSÃO..., 1989;Balbino et al., 1990) e a definição dasoutras doses e dos tratamentos foi feitapelo uso da matriz experimental PLANPUEBLA III (Turrent & Laird, 1975),que resultou nas seguintes combinaçõesde P (kg/ha) e C (t/ha), respectivamen-te: 4,3 e 6; 25,8 e 1; 25,8 e 6; 25,8 e 14;43,0 e 10; 60,2 e 6; 60,2 e 14; 60,2 e 19e 81,7 e 14. O delineamento experimen-tal utilizado foi blocos casualizados,com nove tratamentos e quatro repeti-ções. Cada parcela apresentou área de3,5 m2, com dez plantas arranjadas emfileiras duplas. O espaçamento entreplantas foi de 0,50 m; entre fileiras sim-ples, de 0,60 m e; entre fileiras duplas,de 0,80 m. Os rebentos utilizados nestetrabalho foram obtidos de plantas culti-vadas na UFMS – NCA, em Dourados,utilizando rebentos obtidos do Banco deGermoplasma de Hortaliças – BGH, daUniversidade Federal de Viçosa. No diado plantio, os rebentos foram prepara-dos pelo corte da parte aérea e basal,transversalmente. Os tratos culturaiscompreenderam irrigações, feitas poraspersão, com turnos de rega de três aquatro dias; três capinas, feitas com en-xada; e duas aplicações de clorpirifós eparation-metil, para controle de infes-tações por pulgões.

VIEIRA, M. do C. et al. Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilização de cama-de-aviário.

70 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

A característica avaliada durante o ci-clo foi altura das plantas, medida de todasplantas da parcela, quinzenalmente, a par-tir de 45 dias até 285 dias após o plantio.

A colheita, três plantas competitivaspor parcela, foi realizada nove mesesapós o plantio, utilizando como indica-dor do ponto de colheita o amarele-cimento e secamento das folhas externasdas plantas. As plantas colhidas foramlavadas e as raízes foram destacadas parapré-secagem ao ar livre; depois, forampesadas individualmente para a classifi-cação. Considerou-se comercializáveis asraízes com peso igual ou maior que 25 g,tendo sido separadas em cinco classes:extra (com mais de 100 g), graúda (80 –100 g), grande (60 – 80 g), média (40 –60 g) e pequena (25 – 40 g). As raízescom menos de 25 g foram consideradasnão-comercializáveis (refugo). Para ob-tenção da matéria seca das raízes comer-cializáveis, as raízes das três plantas co-lhidas em cada parcela foram cortadasem fatias, colocadas em estufa com cir-culação de ar forçada, à temperatura de70 + 2oC, até peso constante.

Às médias de altura de plantas, fo-ram ajustadas equações de regressão,com o emprego de polinômios ortogo-nais. A significância dos modelos foitestada pelo teste F e, os coeficientes deregressão dos modelos selecionados,pelo teste t, até o nível de 5%.

Os dados de produção foram submeti-dos à análise de variância, para determina-ção do erro experimental da matriz. Paraestimar as superfícies de resposta, foramajustados os modelos quadrático e quadrá-tico base raiz quadrada às médias por trata-mento (Alvarez V., 1991). Cada compo-nente dos modelos foi testado até o nívelde 5% pelo teste F, tendo sido utilizado oquadrado médio do erro experimental damatriz. Cada efeito individual do modeloescolhido foi testado também até o nívelde 5% pelo teste F, corrigido em função doerro experimental, usando o valor t calcu-lado. Para realização das análises, foi utili-zado o programa SAEG-UFV.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Altura das plantasO padrão das curvas de crescimento

da altura de plantas no período em estu-do variou pouco em função dos trata-mentos (Figura 1), o que demonstra queprevaleceu o padrão de crescimento

Figura 1 – Altura de plantas de mandioquinha-salsa, clone BGH 5746, em função do tempo(T), da adubação fosfatada (P) e do uso de cama-de-aviário (C). Dourados, UFMS, 1993. ( 1(kg/ha de P e t/ha de C) = 4,3 e 6; 2 = 25,8 e 1; 3 = 25,8 e 6; 4 = 25,8 e 14; 5 = 43,0 e 10; 6= 60,2 e 6; 7 = 60,2 e 14; 8 = 60,2 e 19; 9 = 81,7 e 14) * e ** Significativos a 5 e 1% deprobabilidade, respectivamente, pelo teste F.

Y1 = 7,575 - 0,163 T + 0,00266** T2 - 0,00000626**T3

R2 = 0,98

Y2 = 8,07 - 0,182* T + 0,00253** T2 - 0,00000564**T3

R2 = 0,98

Y3 = 10,56 - 0,245*T + 0,00302** T2 - 0,00000671**T3

R2 = 0,98

Y7 = 5,881 - 0,137 T + 0,0026** T2 - 0,00000622** T3

R2 = 0,98

Y8 = 12,642 - 0,315** T + 0,00375** T2 - 0,00000844** T3

R2 = 0,98

Y9 = 13,792 - 0,327**T + 0,00342** T2 - 0,00000723** T3

R2 = 0,98

Y4 = 9,507 - 0,206* T + 0,00264** T2 - 0,00000579** T3

R2 = 0,99

Y5 = 9,24 - 0,215* T + 0,00293** T2 - 0,00000669** T3

R2 = 0,99

Y6 = 10,115 - 0,224** T + 0,00267** T2 - 0,0000057** T3

R2 = 0,99

característico da espécie, como obser-vado nos trabalhos de Bustamante(1988), Soares (1991) e Vieira et al.(1996). Estes autores também observa-ram que o padrão das curvas de cresci-mento em altura das plantas da mandio-quinha-salsa ‘Amarela de Carandaí’ foicúbico e pouco variável em função dos

tratamentos utilizados. Soares (1991)avaliou o desempenho de 30 clones demandioquinha-salsa e constatou que oscaracteres avaliados, dentre eles, a altu-ra de plantas, apresentaram, de modogeral, correlações genotípicas de altamagnitude e correlações de ambiente debaixa magnitude, o que indica a mode-

VIEIRA, M. do C. et al. Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilização de cama-de-aviário.

71Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

rada influência do ambiente. A alturamáxima das plantas neste trabalho va-riou de 31 cm (4,3 kg/ha de P e 6 t/ha deC) a 37 cm (60,2 kg/ha de P e 19 t/ha deC), com 234 e 260 dias de ciclo, respec-tivamente, e decresceu a partir dessadata, devido à senescência das folhasmais velhas, que eram as mais altas.Segundo Bustamante (1988), as plantasde mandioquinha-salsa mais altas sãoem geral mais exuberantes e possuemmaior área foliar, havendo correlação po-sitiva (r = 0,70) entre a produção da par-te subterrânea e da parte aérea(Bustamante, 1988; Soares, 1991). Câ-mara (1985) obteve correlação positiva(r = 0,52) entre a produção de raízescomercializáveis e o peso da matériaseca da parte aérea das plantas demandioquinha-salsa. Desta forma, oacompanhamento do desenvolvimentoda parte aérea é importante para se fa-zer uma avaliação prévia de quais plan-tas são mais produtivas.

Matéria seca de raízes comer-cializáveis

A produção de matéria seca de raízescomercializáveis foi independente dasdoses de cama-de-aviário, mas aumen-tou linearmente com as doses de fósfo-ro (Figura 2), variando de 0,42 t/ha (4,3kg/ha de P) a 1,3 t/ha (81,7 kg/ha de P),o que indica que não se utilizaram do-ses suficientes para se obter a produção

máxima. Mesquita Filho et al. (1996),usando doses de 0 a 393 kg/ha de P, emum Latossolo vermelho-amarelo distró-fico, obtiveram produção máxima deraízes comercializáveis de mandio-quinha-salsa, estimada por derivação(12.750 kg/ha), com 255,7 kg/ha de P.Esses autores consideram que as respos-tas da espécie ao fósforo só serãominimizadas quando os teores de P dis-ponível (Mehlich – 1) forem superioresa 19,8 mg/kg. O comportamento em re-lação ao fósforo confirma os resultadosobtidos por Silva et al. (1962) e Silva etal. (1966), em relação à resposta demandioquinha-salsa ao uso de fósforo.É provável que a espécie seja eficientena utilização foliar de fósforo para aprodução de biomassa ou tenha respon-dido a outro nutriente veiculado pelosuperfosfato triplo, como cálcio, porexemplo. A hipótese da eficiência sebaseia no fato de que Câmara (1984),trabalhando em um solo Podzólico ver-melho-amarelo câmbico distrófico, faseterraço, com P = 20 mg/kg, observouque os teores de fósforo nas folhas demandioquinha-salsa variaram de 378,15a 468,78 mg/100 g de matéria seca, dossete aos onze meses de ciclo, denotan-do a apreciável eficiência de absorçãode P pela planta.

A maior produção de biomassa emresposta a P resulta de sua função nas plan-tas como regulador de fósforo inorgânico

(Pi) na fotossíntese, no metabolismo e napartição de assimilados nas folhas, sendo,por isto, um dos principais fatoreslimitantes do crescimento (Marschner,1986). O fósforo parece regular, também,a síntese de amido nos amiloplastos decélulas de armazenamento, atuando naADP – glicose pirofosforilase, que é aenzima-chave na regulação da síntese deamido em órgãos de reserva, como porexemplo, tubérculos de batata e raízes demandioca (Sowokinos, 1981; Hawker &Smith, 1982).

Produção de raízes comercializáveisA produção de matéria fresca de

raízes comercializáveis cresceu linear-mente com as doses de fósforo e cama-de-aviário. A produção média por trata-mento foi de 10 t/ha e representou cer-ca de 80% da produção total de raízesde mandioquinha-salsa (Figura 3),exceto a das plantas cultivadas sob ascombinações das duas menores doses defósforo com as duas menores doses decama-de-aviário utilizadas (4,3 e 6 e25,8 e 1 kg/ha de P e t/ha de C, respec-tivamente), que foram de cerca de 60%.A soma da produção de raízes extras +graúdas, de maior cotação comercial, foide cerca de 55% da produção total e re-sultou dos tratamentos em que se com-binou 60,2 e 14 e 60,2 e 19 kg/ha de P et/ha de C, respectivamente. A produçãode refugos, ao contrário, resultou deplantas cultivadas sob as menores do-ses de P e C (4,3 e 6 e 25,8 e 1 kg/ha deP e t/ha de C, respectivamente). Não seencontrou referências sobre a porcenta-gem de raízes comercializáveis normal-mente produzidas pela planta em rela-ção à produção total de raízes. Por issoacredita-se que a produção de 80% pos-sa dar bom retorno econômico ao agri-cultor. Câmara (1984) cita que a somadas classes extra + especial representa66% da produção comercial. No entan-to, a classificação desse autor foi base-ada no comprimento e diâmetro dasraízes e as raízes comercializáveis fo-ram distribuídas em apenas três classes(extra, especial e primeira). Sediyama(1988) encontrou 13,82; 35,68 e 50,50%,para raiz extra, especial e primeira,considerando a produção de raízescomercializáveis como 100% da produ-ção total. A produção média de mandio-quinha-salsa, avaliada por Santos (1993)nos estados de SC, RS, PR e DF é de 10,5t/ha e, a média nacional, segundo Mes-quita Filho et al.. (1996), é de 9,0 t/ha.

Figura 2 – Matéria seca de raízes comercializáveis de mandioquinha-salsa, clone BGH5746, em função da adubação fosfatada (P) e do uso de cama-de-aviário (C). Dourados,UFMS, 1993. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F

VIEIRA, M. do C. et al. Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilização de cama-de-aviário.

72 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Assim, considerando que para o es-tado de Mato Grosso do Sul não há re-gistros de produção de mandioquinha-salsa pelo produtor, o valor obtido nes-te experimento, comparado às médiasde produção nacional, indica que é viá-vel o cultivo da espécie no estado; isso,apesar de não ter sido obtida a produti-vidade máxima teórica.

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Figura 3 – Raízes das classes extra, graúda, grande, média, pequena e refugo, em percenta-gem da produção total de raízes de mandioquinha-salsa, clone BGH 5746, em função daadubação fosfatada e do uso de cama-de-aviário. Dourados, UFMS, 1993.

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Dormência, vernalização e produção de alho após diferentes tratamentosde frigorificação de bulbilhos-semente1.

Marie Yamamoto Reghin1; Tosiaki Kimoto 2.1 UEPG, C. Postal 992, 84010-790 Ponta Grossa - PR; 2 UNESP, C. Postal 237, 18603-970 Botucatu - SP

RESUMOForam estudados os efeitos dos períodos de frigorificação a 15°C e

4°C na superação da dormência, vernalização e produtividade de alho,cv. Roxo Pérola de Caçador. Bulbos-semente com IVD (Índice Visualde Dormência) inicial de 21,6% foram submetidos aos seguintes trata-mentos de frigorificação: três períodos a 15°C (dez, quinze e 20 dias)combinados com quatro períodos a 4°C (30, 40, 50 e 60 dias), em fatorial3 x 4. A distribuição das parcelas foi feita em três blocos casualizados.Estabeleceu-se um cronograma de entrada e saída das amostras de bul-bos-sementes aos períodos de frigorificação a 15°C e a 4°C, tendo iní-cio em 11 de janeiro de 1995, de forma que as amostras de todos ostratamentos fossem retiradas na mesma data, em 01o. de abril de 1995.O plantio foi realizado em 05 de abril de 1995. Foram avaliados o IVDapós tratamentos de frigorificação e, após o plantio, a emergência deplantas em diferentes épocas. Durante o desenvolvimento das plantas,amostras foram coletadas periodicamente para observar a época de di-ferenciação bulbar. Após a colheita e cura dos bulbos, efetuou-se a toa-lete e a classificação dos bulbos segundo a classe, em tipos 6, 5, 4 e 3+2.Observou-se que quase a totalidade dos períodos de frigorificação a15°C + 4°C foram efetivos para o aumento do IVD, da média de 21,6%para 66,3%, não ocorrendo diferença significativa entre si; somente nomenor período de ambas as temperaturas, observou-se o menor valorde IVD (59,5%), que diferiu significativamente dos demais. A eficiên-cia dos tratamentos a 15°C + 4°C também foi observada quatorze diasapós o plantio, quando se obteve mais de 90,0% de plantas emergidas.O efeito mais notável dos períodos de frigorificação a 4 °C foi promo-ver a vernalização, o que possibilitou a diferenciação dos bulbilhos, emmédia, 51 dias após o plantio, mesmo nas condições de fotoperíodoscurtos de maio/junho. Portanto, este tratamento supriu a exigência dacultivar em fotoperíodo longo e temperatura baixa para ocorrer a dife-renciação. Quanto maior o período de vernalização a 4°C, de 30 para 60dias, mais precoce foi a diferenciação, possibilitando a colheita naentressafra, no mês de agosto, e com predomínio de bulbos de qualida-de, graúdos, do tipo 5. Do ponto de vista prático, para planejar o plantioem abril, recomenda-se períodos de frigorificação mais curtos, comodez dias a 15°C + 40 dias a 4°C, que apresentou valor de IVD adequa-do, de 64,2%, e não diferiu significativamente dos resultados de perío-dos mais longos.

Palavras-chave: Allium sativum L., IVD (Índice Visual de Dormência).

ABSTRACTDormancy, vernalization and garlic production after different

treatments using frigorification of garlic bulbs.The effects of frigorification at 15°C and 4°C on dormancy breaking,

vernalization and production of garlic, cultivar Roxo Pérola de Caçadorwere studied. Garlic bulbs with initial IVD (Dormancy Visual Index) of21,6% were submitted to the following frigorification treatments: threeperiods at 15°C (ten, fifteen, and 20 days) combined with four periodsat 4°C (30, 40, 50, and 60 days), in a factorial trial 3 X 4. Plots at thefield trial were arranged in a completely randomized block design withthree replications. A frigorification entrance and exit cronograma to thegarlic bulbs was established with frigorification periods of 15°C and4°C. These periods started on January 11, and finished on April 01,1995. This schedule made possible that samples from all treatmentswere removed at the same date of frigorification. Planting was set onApril 05, 1995. IVD data after frigorification treatments and emergenceof plants at different periods after planting were evaluated. During plantdevelopment, samples were periodically collected to check bulbdifferentiation period. After harvested and dried, bulbs were cleanedand classified in the following classes of size: 6, 5, 4 and 3 + 2. Almostall frigorification periods at 15°C + 4°C were effective in increasingIVD from the average of 21,6% to 66,3%. No statistical differencebetween treatments was observed. The lowest and significant differentvalue of IVD (59,5%) was observed only with the treatment of the lowestperiod for both temperatures. The efficiency of frigorification treatmentswas also observed at fourteen days after planting, when more than 90%of plants had emerged. The most important effect of frigorification periodsat 4°C was vernalization, which made differentiation of bulbs possible at51 days after planting even under conditions of short photoperiods fromMay to June. This suggests that the cultivar requirements for bulbdifferentiation, concerning long photoperiods and low temperatures, weresupplied. The longer the vernalization period at 4°C, from 30 to 60 days,the earlier was differentiation, which made possible earlier harvests andpredominance of high quality bulbs, class 5. By a practical point of view,in order to plant bulbs in April, it is recommended a frigorification periodof ten days at 15°C + 40 days at 4°C, since it showed an adequate IVDvalue (64,2%) that was not significantly different from those obtainedwith longer frigorification periods.

Keywords: Allium sativum, IVD (Dormancy Visual Index).

(Aceito para publicação em 24 de maio de 1998)

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor apresentada à UNESP-FCA, Botucatu (SP).

VIEIRA, M. do C. et al. Crescimento e produção de mandioquinha-salsa em função da adubação fosfatada e da utilização de cama-de-aviário.

74 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

Nos últimos anos, o sistema decultivo de alho nobre com

bulbilho-semente previamente frigorifi-cado em regiões de inverno ameno tempermitido aos produtores colocar um pro-duto de melhor qualidade no mercado,durante a entressafra (Cheng, 1975;Ferreira et al., 1981; Silva, 1987; Kimotoet al., 1996). Como o plantio é realizadomais cedo do que as épocas tradicionaisdo extremo sul do País (final de maio ajulho), no momento do plantio, osbulbilhos-semente encontram-se no es-tado de dormência profunda, estando comIVD (Índice Visual de Dormência) mui-to baixo, o que dificulta a definição dotratamento a ser utilizado, bem como asua duração.

O IVD é uma medida que permite vin-cular a qualidade fisiológica dos bulbilhospara o plantio, sendo um índice entre alongitude da folha de brotação (A) e a lon-gitude total da folha de reserva (B), emum corte longitudinal pela fase convexado mesmo, se expressando em porcenta-gem do quociente entre A e B (Muller,1982). Conforme Burba et al. (1982), oIVD se apresenta como um parâmetro amais para pesquisa de tratamentos de alho-semente com produtos ou sistemas demanejo que interferem com a dormência.

Uma das técnicas mais utilizadas pararomper a dormência é expor os bulbilhos-semente às baixas temperaturas duranteum período mais ou menos prolongado.As temperaturas mais usadas no Brasilestão em torno de 4°C (Silva & Alva-renga, 1984; Silva & Casali, 1987;Ferreira, 1989). Por outro lado, tem sidoobservado que a maioria dos trabalhosforam realizados em bulbilhos-semente

com IVD alto, mais de 70,0%, onde in-discutivelmente a dormência não maisrepresenta problema.

Portanto, a frigorificação tem sidousada com intuito quase exclusivo de seobter o efeito de vernalização e não aquebra de dormência, o que torna a plan-ta menos exigente em fotoperíodo lon-go para a diferenciação bulbar. Dessemodo, a utilização de cultivares tardiascomo Roxo Pérola de Caçador pode serfeito em locais que não atendem total-mente as exigências climáticas desta, emfotoperíodo longo e temperatura baixapara a diferenciação bulbar, tal como naregião sudeste do Brasil. ConformeLeopold & Kriedmann (1975), citadospor Dennis Jr. (1987), deve haverinteração entre vernalização e fotope-ríodo e essa interação é suplementar oucomplementar, pois as baixas tempera-turas podem substituir a exigência defotoperíodo.

Deve ser lembrado que em tempe-raturas em torno de 7°C , ocorre avernalização e a quebra da dormênciaem muitas espécies; contudo, tempera-turas de 10 a 15°C, parecem aumentar aresposta a baixa temperatura na quebrade dormência, não tendo efeito similarpara a vernalização (Dennis Jr., 1987).Em 1958, Mann & Minges já haviamdemonstrado que bulbilhos tratados empré-plantio a 10°C por um, dois e trêsmeses, originaram muitas plantas quenão apresentaram diferenciação. Ficaevidente que nem sempre temperaturasque estimulam a quebra de dormênciatem efeito vernalizador.

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar o efeito de períodos com-

binados de tratamento a 15°C e 4°C nasuperação da dormência de bulbilhos-semente, vernalização e produtividadede alho, cv. Roxo Pérola de Caçador emplantio durante o mês de abril de 1995.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido com acultivar Roxo Pérola de Caçador, ampla-mente utilizada no cultivo frigorificado.Esta cultivar pertence ao grupo de alhosnobres, apresenta bulbos com películabranca e bulbilhos com túnica roxa e di-ferencia-se das demais cultivares nacio-nais por apresentar alta produtividade, boaconservação, porém com predisposição aopseudo-perfilhamento classificada comode média a alta (Müeller et al.,1987).

O alho-semente utilizado no experi-mento foi proveniente de Guarapuava(PR), colhido em novembro de 1994,sem tratamento de vernalização. Amos-tras contendo 35 bulbos cada, por repe-tição, foram colocadas em câmarasfrigoríficas distintas, depositando pri-meiro na temperatura de 15°C e poste-riormente para o choque frio de 4°C, deforma que todas tivessem coincidênciana data de saída dos tratamentos, em 01o.

de abril de 1995.Os tratamentos constaram de três

períodos de permanência a 15°C (dez,quinze e 20 dias) e quatro períodos depermanência a 4°C (30, 40, 50 e 60 dias),totalizando doze tratamentos. O experi-mento foi tratado como um fatorial 3 X4, com três repetições dispostas em blo-cos ao acaso (Tabela 1).

Os lotes de alho-semente foramfrigorificados na forma de bulbos intei-

REGHIN, M. Y.; KIMOTO, T. Dormência, vernalização e produção de alho após diferentes tratamentos de frigorificação de bulbilhos-semente.

)C°4(said+)C°51(saiD )Cº51(adartnE )Cº51(adíaS )Cº4(adartnE )Cº4(adíaS06+02 orienaj11 orienaj13 orienaj13 lirbaº1006+51 orienaj61 orienaj13 orienaj13 lirbaº1006+01 orienaj12 orienaj13 orienaj13 lirbaº1005+02 orienaj12 orierevef01 orierevef01 lirbaº1005+51 orienaj62 orierevef01 orierevef01 lirbaº1005+01 orienaj13 orierevef01 orierevef01 lirbaº1004+02 orienaj13 orierevef02 orierevef02 lirbaº1004+51 orierevef50 orierevef02 orierevef02 lirbaº1004+01 orierevef01 orierevef02 orierevef02 lirbaº1003+02 orierevef01 oçram20 oçram20 lirbaº1003+51 orierevef51 oçram20 oçram20 lirbaº1003+01 orierevef02 oçram20 oçram20 lirbaº10

Tabela 1. Tratamentos e datas de entrada e saída dos bulbilhos-sementes dos períodos respectivos a 15°C e 4°C. Botucatu, UNESP,1995.

75Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

ros em câmara-fria. Antes do plantio, osbulbos foram debulhados e os bulbilhospassados por peneiras usando-se somen-te bulbilhos retidos nas peneiras 2 e 3.

Para as avaliações do IVD (ÍndiceVisual de Dormência), foram utilizadasamostras de dez bulbilhos ao acaso porrepetição, fazendo-se cortes com estileteno sentido longitudinal. Com paquímetrode aço, fez-se leituras do comprimentototal da folha de reserva e da folha debrotação. Avaliou-se o IVD quando cadaamostra terminou seu período a 15°C eantes que a mesma fosse submetida aosperíodos a 4°C. Em bulbilhos sem trata-mento de frigorificação, mantidos emcondições ambientais de laboratório, oIVD foi avaliado semanalmente até 17de julho, quando esta característica atin-giu 100%, apenas para referência no quetange ao comportamento do IVD.

O plantio foi realizado em 05 de abrilde 1995 na Fazenda experimental SãoManuel da UNESP-FCA, campus deBotucatu, localizado a 750 m de altitu-de. Cada parcela com comprimento de2,5 m e 1,2 m de largura constou de cin-co linhas longitudinais espaçadas de0,22 m entre si e 0,1 m entre plantas,totalizando 125 plantas por parcela. Aadubação foi realizada com base nosresultados da análise do solo, utilizan-do-se na adubação básica, torta demamona (5.000 kg/ha), termofosfato(500 kg/ha), cloreto de potássio (200 kg/ha), bórax (50 kg/ha) e sulfato de zinco

(30 kg/ha). A adubação de cobertura foirealizada 68 dias após o plantio, quan-do a diferenciação dos bulbilhos estavaevidente, com nitrocálcio (75 kg/ha) ecloreto de potássio (90 kg/ha).

Após o plantio, avaliou-se a porcen-tagem de emergência de plantas sete,quatorze, vinte e 28 dias após o plantio.Durante o desenvolvimento das plantas,coletou-se amostras, periodicamente, deuma planta da bordadura por parcela,das três repetições de cada tratamento,para observar a época de diferenciaçãobulbar; para tal, as plantas foramdissecadas e avaliadas com o auxílio dalupa. Considerou-se a amostra diferen-ciada, quando duas ou mais plantas apre-sentaram os bulbilhos diferenciados. Acolheita foi realizada em etapas, de acor-do com a maturação, donde se obtevediferentes ciclos para a cultura. Foramas seguintes as datas de colheita: 02 deagosto para os tratamentos 1, 2 e 3; 08de agosto, para 4, 5 e 6; 16 de agostopara 7, 8 e 9 e; 23 de agosto para os tra-tamentos 10,11 e 12. Até esta ocasião,as plantas provenientes de bulbilhos-semente sem tratamento não haviam sediferenciado. Após a cura, realizou-se atoalete e classificação dos bulbos deacordo com o diâmetro transversal, se-gundo normas e padrões do Ministérioda Agricultura, baseada na Portaria n°89 de 07 de abril de 1982, para se obteros dados de produtividade.

Os dados obtidos para IVD por oca-sião do término do fator períodos a

15°C, IVD por ocasião do término dosfator períodos a 4°C, porcentagem deemergência sete, quatorze, 20 e 28 diasapós o plantio em função dos períodosa 15°C, porcentagem de emergênciasete, quatorze, 20 e 28 dias após o plan-tio em função dos períodos a 4°C e por-centagem de peso dos bulbos das clas-ses 6, 5, 4 e 3 + 2 em função dos perío-dos a 4°C, foram submetidos à análisede variância (Teste F). Quando ainteração entre os fatores não foi signi-ficativa, foi feita a análise de regressãopolinomial para o fator que apresentounível de significância mínimo de 5%,podendo-se chegar a equações de, nomáximo, segundo grau para o fator pe-ríodos a 15°C ou terceiro grau para ofator períodos a 4°C. Nos casos em quea interação entre os fatores foi signifi-cativa, foi feita a análise de regressãopolinomial considerando-se o efeito deum dos fatores dentro de cada nível dooutro fator, podendo-se chegar a atéquatro equações de, no máximo, segun-do grau para períodos de 15°C dentrode cada nível de períodos a 4°C, ou en-tão, até três equações de, no máximo,terceiro grau para períodos de 4°C den-tro de cada nível de períodos de 15°C.O nível mínimo de significância adota-do nas análises de variância foi 5% deprobabilidade. Cada equação escolhidacomo mais representativa do efeito dosfatores foi significativa no referido ní-vel, sendo também a que apresentoumaior coeficiente de correlação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As amostras foram tratadas em épo-cas diferenciadas, de acordo com o pe-ríodo de cada tratamento, resultando emdiferenças de até 40 dias entre a primei-ra amostra, submetida a 15°C em 11 dejaneiro, e a que por último recebeu omesmo tratamento térmico, em 20 defevereiro (Tabela 1). Foi observado efei-to significativo da interação temperatu-ras x período. A avaliação do IVD detodas as amostras antes do início do tra-tamento a 4°C permitiu a constataçãode que os períodos a 15°C influencia-ram os valores de IVD de todos os tra-tamentos correspondentes a períodos a4°C, com exceção do período de 60 dias(Figura 1). Os resultados da análise dosdados da avaliação de IVD após os trata-mentos a 15°C, antes do período a 4°C,

Figura 1. Índice Visual de Dormência - IVD (%) - avaliado após tratamentos a 15oC, emfunção dos períodos de tratamentos a 15ºC, em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérolade Caçador. Botucatu - SP, 1995.* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F;**Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

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tomada em diferentes dias, têm sua re-presentação nas Figuras 1 e 2, em fun-ção da interação entre períodos a 15°Ce períodos a 4°C ter sido significativa.Na Figura 2 estão os resultados da aná-lise de variância que recebeu enfoqueinverso ao anteriormente feito: avaliou-se o efeito que os períodos de exposi-ção a 4°C tiveram sobre o IVD, em cadaum dos períodos a que os bulbos semen-te foram submetidos a 15°C. Como ostratamentos a 4°C ainda não haviam sidoaplicados, pois as amostras haviam aca-bado de sair da câmara a 15°C, por oca-sião da avaliação em questão, os resul-tados obtidos refletiram o efeito da di-ferença de data em que cada amostraentrou, pela primeira vez, na câmara defrigorificação. Tais resultados mostra-ram que quanto maior foi o período defrigorificação a 4°C, menor foi o IVDpara cada um dos períodos a 15°C, ain-da que a intensidade dessa queda tenhasido variável para cada um deles. Emverdade, os tratamentos cujo período deexposição a 4°C foi de 60 dias, foramaqueles que primeiro sofreram frigori-ficação (11, 16 e 21 de janeiro). Em se-guida, estão os tratamentos cujo perío-do de exposição a 4°C foi de 50 dias(21, 26 e 31 de janeiro), depois os de 40dias (31 de janeiro e 05 e 10 de feverei-ro) e, por último, os de 30 dias (10, 15 e20 de fevereiro). Assim, o que influen-ciou a queda de IVD em função dos pe-ríodos a 4°C, foi o fato de os bulbos-sementes terem entrado em tratamentotérmico (15°C) mais “novos”.

A época de entrada das amostras a15°C foi fundamental pois quanto maistarde os bulbilhos-semente foram trata-dos e quanto maior o período de trata-mento, maior também o valor do IVD(Figura 2). Desse modo, os bulbilhos-semente colocados em tratamento apóso mês de janeiro apresentaram respostamais evidente estando com cerca de 90dias da colheita e IVD de 22,6%.

Considerando o IVD inicial baixo,21,6%, os períodos de tratamento a 15°Cforam decisivos no aumento do IVD;contudo, foram insuficientes para con-siderar o lote pronto para o plantio quan-do se obteve, no maior período de trata-mento, o IVD médio de 30,0%. Ferreiraet al. (1986) apontaram que a intensi-dade de dormência é medida pelo IVD,

não devendo o alho ser plantado comIVD inferior a 70,0%.

Em contraste, observando o compor-tamento do IVD ao longo do tempo debulbilhos-semente que não receberamtratamento, praticamente não foi obser-vada diferença (21,6% no início, em 11de janeiro e 22,6% quando se armaze-nou a última amostra a 15°C, em 20 defevereiro). Pode-se inferir que mesmonão tendo sido detectado aumento sen-sível no IVD de bulbilhos sem tratamen-to, outras mudanças mais complexas, anível bioquímico devem ocorrer parajustificar o efeito significativo do trata-mento a 15°C, mesmo se tratando debulbilhos com IVDs baixos. Estes da-dos contrastam parcialmente com osobtidos por Ledesma et al. (1980),Arguello et al. (1983), Burba (1983),

Silva & Casali (1987), que atribuem àdormência profunda que ocorre logoapós a colheita a não assimilação de es-tímulo para superação da dormência oubrotação. Ainda, conforme Burba(1983), os bulbilhos com dormênciaprofunda não conseguem assimilar es-tímulos dos tratamentos que permitamuma brotação uniforme e rápida e, paraque isto ocorra, há necessidade do IVDestar próximo ao nível de 40,0%. Omesmo foi verificado nas primeiras épo-cas de tratamento (11, 16 e 21 de janei-ro), que não apresentaram resposta sig-nificativa ao estímulo aplicado de 15°C.

Após o tratamento a 15°C + 4°Cobservou-se que os períodos de 40, 50 e60 dias a 4°C não apresentaram diferen-ça significativa no IVD (Figura 3); tãopouco os períodos de 15 e 20 dias a 15°C

Figura 2. Índice Visual de Dormência - IVD (%) - após tratamento a 15oC, em função dosperíodos de tratamentos a 4ºC, em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérola de Caçador.Botucatu, UNESP, 1995.* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F;**Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

Figura 3. Índice Visual de Dormência - IVD (%) - após tratamentos a 15ºC e 4ºC, emfunção dos períodos de tratamentos a 15ºC, em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérolade Caçador. Botucatu, UNESP, 1995.** Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

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(Figura 4). Contudo, nas últimas amos-tras tratadas, no menor período de ambasas temperaturas, verificou-se o menorvalor de IVD, que diferiu significativa-mente dos demais. Este fato demonstraque o período de tratamento é fator es-sencial a ser considerado. Mesmo pro-cedendo ao tratamento mais tarde, perí-odos muito curtos poderão tornar-seineficientes.

Praticamente todos os períodos detratamento a 15°C + 4°C foram efeti-vos para o aumento do IVD e, portanto,da superação da dormência. No entan-to, não foram suficientes para elevar oIVD a valores próximos de 100,0%, pro-vavelmente em função do IVD inicial(21,6%), o que indicava estado de

dormência profunda, sendo necessáriooutros fatores que não o frio para pro-vocar maiores mudanças. No final dostratamentos o IVD médio foi de 66,3%.Nessa época, o IVD de bulbilhos semtratamento apresentou o valor de 25,6%,atingindo valor similar (70,7%) somen-te em 07/06/95. Esse tempo represen-tou um ganho em torno de 60 dias, fa-zendo-se tratamento em bulbilhos-se-mente.

Os períodos a 15°C influenciaram sig-nificativamente na emergência de plantassomente sete dias após o plantio; quantomaior o período de tratamento, maior aporcentagem de plantas emergidas (Figu-ra 5). Já os períodos a 4°C influenciaramsignificativamente a porcentagem de plan-

tas emergidas sete, quatorze e 20 dias apóso plantio; com 28 dias após o plantio, osdados não mais apresentaram diferençasignificativa (Figura 6). A medida quehouve aumento do período, menor foi aporcentagem observada, sugerindo a ocor-rência de efeito depressivo com o aumen-to do período de tratamento. No entanto,geralmente tem-se constatado de que oarmazenamento em temperaturas baixasantes do plantio estimula maior emergên-cia (Cheng, 1975; Ferreira, 1989) e ser estaocorrência, função do período de frigori-ficação (Ledesma et al., 1980; Ferreira etal., 1981; Silva, 1982; Seno, 1990).

Já Silva & Casali (1987) observa-ram que no plantio de fevereiro, afrigorificação, apesar de não provocarmaiores alterações no IVD, mostrou umefeito marcante na emergência. No pre-sente trabalho, contudo, com 40 dias defrigorificação, a emergência ainda foibaixa (<85%) nos plantios de fevereiroe março. Para essas épocas, períodos defrigorificação maiores que 30 dias nãomais causaram aumentos na emergên-cia, sugerindo como no IVD, que ou-tros fatores fisiológicos estão envolvi-dos no desaparecimento da dormêncianesse estádio.

Considerando a média do IVD ini-cial de 21,6% e o IVD após os tratamen-tos, de 66,3%, a frigorificação superoua dormência, promoveu uma emergên-cia rápida e uniforme, quando quatorzedias após o plantio apresentou mais de90,0% de plantas emergidas. Este resul-tado contrasta com os obtidos por Burba(1983) que relatou que utilizandobulbilhos-semente com nível de dor-mência elevado na frigorificação, hábaixa porcentagem de emergência.

Um efeito notável da vernalizaçãofoi possibilitar a diferenciação em con-dições de dias curtos. Observou-se que,prolongando o tratamento de 30 para 60dias de vernalização a 4°C, a época dediferenciação diminuiu de 60 para 43dias. Estes dados obtidos com a cv. RoxoPérola de Caçador, comparados aos deuma cultivar de ciclo semelhante, aChonan, são bastante contrastantes,pois, em condições normais, esta leva-ria 130 dias do plantio à bulbificaçãocompleta (Burba, 1983).

Nas condições brasileiras, a preco-cidade na diferenciação é importante por

Figura 4. Índice Visual de Dormência - IVD (%) - após tratamentos a 15ºC e 4ºC, emfunção dos períodos de tratamentos a 4ºC, em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérolade Caçador. Botucatu, UNESP, 1995.** Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

Figura 5. Porcentagem de emergência (arcsen raiz %) sete, quatorze, 20 e 28 dias após oplantio, em função dos períodos de tratamentos a 15ºC em bulbilhos-sementes de alho, cv.Roxo Pérola de Caçador. Botucatu, UNESP, 1995.* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F;**Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

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permitir colheita no período de entres-safra, podendo-se colocar a produção nomercado a preços melhores. A diferen-ciação bulbar ocorreu principalmentenos meses de maio e junho para o trata-mento com menor período de verna-lização (30 dias); estes meses abrangemdias cada vez mais curtos, inadequadospara a diferenciação. De acordo comAoba (1966), plantas de alho proveni-entes de bulbilhos sem tratamento pré-vio de frio não formam bulbos sob con-dições de oito a 16 horas de comprimen-to de dia. Fazendo tratamento pré-plan-tio, houve bulbificação; quanto maisbaixa foi a temperatura e mais longo operíodo de tratamento, o efeito foi maissignificativo. Na cultivar Roxo Pérolade Caçador, observou-se que a verna-lização a 4°C pode substituir plenamentea exigência em fotoperíodos mais lon-gos induzindo as plantas a diferencia-ção bulbar, levando somente 51 dias, emmédia, do plantio a diferenciação.

O ciclo da cultura variou de 119 a140 dias, o que representou grande in-fluência dos tratamentos em promoverprecocidade da colheita, em agosto, queé considerado período de entressafra.Quanto mais longo o período de trata-mento, de 30 para 60 dias, mais precocefoi a colheita; nesta época, plantas debulbilhos-semente sem tratamento ain-da não apresentavam diferenciaçãobulbar, demonstrando que somente comvernalização pré-plantio é possível oplantio em abril. Müeller & Biasi (1989)observaram que a cultivar Roxa Pérolade Caçador sem tratamento pré-plantioe plantada no início de abril em SantaCatarina possui ciclo de aproximada-mente 250 dias.

Quanto à porcentagem de bulbosclassificados, observou-se que os perí-odos a 15°C não apresentaram efeitosignificativo na produção de qualquerclasse de bulbo. Já os períodos a 4°Cafetaram significativamente a produçãoem algumas classes (Figura 7). A pro-dução percentual das classes 6 e 4 nãoapresentou diferença significativa emfunção dos períodos a 4°C. No entanto,houve efeito significativo na classe 5: àmedida em que aumentou o período detratamento, ocorreu aumento da produ-ção. Além disso, o maior percentual daprodução foi de bulbos da classe 5, o

que representa fator desejável ao pro-dutor, por serem os bulbos de tamanhograúdo. O contrário foi observado comos bulbos da classe 3+2, pequenos emiúdos, com efeito significativo dosperíodos a 4°C: com o aumento dos pe-ríodos de tratamento reduziu o percen-tual desses bulbos.

A produtividade, com média de3.881,2 g/3m2, ou seja, 12,9 t/ha, foi altaem todos os tratamentos se comparada àmédia brasileira que é de 4,3 t/ha(Camargo Filho et al., 1992). Este resul-tado indica que nem sempre os tratamen-tos que promovem maiores adiantamen-tos na bulbificação e consequentementereduzem o ciclo comprometem a produ-ção e qualidade comercial do produto,como relatado por Mann & Minges(1958), Cheng (1975) e Ledesma et al.

(1980). Outros fatores como época deplantio, tratamento pré-plantio e as con-dições ambientais posteriores ao trata-mento, também têm influência. Confor-me Ledesma et al. (1980) existe um es-tado fisiológico ideal em que os efeitosda frigorificação, combinados com umadeterminada época, resultam em umaprodução favorável, como observado nopresente trabalho.

Nas condições do presente trabalho,a combinação dos períodos de frigori-ficação a 15°C + 4°C foi altamente fa-vorável porque promoveu a superaçãoda dormência em bulbilhos com IVDbaixo (21,6%), possibilitou a diferenci-ação bulbar em condições de dias cur-tos e principalmente a colheita precoce,no período de entressafra (agosto), comboa produtividade (12,9 t/ha) e predo-

Períodos a 4ºC (dias)Figura 6. Porcentagem de emergência (arcsen raiz %) sete, quatorze, 20 e 28 dias, emfunção dos períodos de tratamentos a 4ºC em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérolade Caçador. Botucatu, UNESP, 1995.* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F;**Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

Períodos a 4ºC (dias)Figura 7. Porcentagem de peso dos bulbos (arcsen raiz %) das classes 6, 5, 4 e 3+2, emfunção dos períodos de tratamento a 4ºC, em bulbilhos-sementes de alho, cv. Roxo Pérolade Caçador. Botucatu, UNESP, 1995.** Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F.

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mínio de bulbos graúdos, da classe 5. Doponto de vista prático, para o produtor pla-nejar o plantio em abril, recomenda-seperíodos mais curtos de frigorificação,como dez dias a 15°C e 40 dias a 4°C,realizado imediatamente antes do plantio.

LITERATURA CITADA

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Efeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidade do melãoamarelo.

Josivan B. Menezes1; Elenimar B. de Castro2; Everardo F. Praça1; Leilson C. Grangeiro1; Lyssandro B. A.Costa1.1 ESAM - Depto. de Química e Tecnologia - Núcleo de Estudos em Pós-colheita; C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró - RN; 2FRUNORTELtda., Rua Vereador José Bezerra - S/N, 59.650-000 Açu - RN.

RESUMO

O efeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidadedos frutos de dois híbridos de melão amarelo (Gold Mine e Agroflora646) foi avaliado em um experimento conduzido no Pólo AgrícolaMossoró - Açu. Frutos completamente maduros foram submetidosaos tratamentos de exposição ao sol (zero, uma, duas, três ou quatrohoras) entre os horários de 10:00 e 15:00 horas. Em seguida os frutosforam armazenados à temperatura ambiente (28,5oC e UR = 67%)durante 32 dias. O delineamento experimental utilizado foi inteira-mente casualizado em esquema fatorial 2 x 5 com seis repetições,com dois frutos por parcela. O primeiro fator referiu-se aos híbridos e,o segundo, ao tempo de insolação pós-colheita. O tempo de insolaçãopós-colheita não afetou significativamente as características avalia-das: aparência externa e interna, firmeza da polpa e sólidos solúveis.O híbrido Golden Mine apresentou polpa significativamente mais fir-me e melhor aparência externa. O híbrido Agroflora 646 mostrou-semais suscetível a danos causados pela exposição à insolação.

Palavras-chave: Cucumis melo, injúria pelo sol, firmeza da polpa.

ABSTRACT

Effect of post-harvest exposition to solar radiation on thequality of melon fruits.

The effect of solar radiation on post-harvested fruits of twoCucumis melo var. inodorus hybrids (Gold Mine and Agroflora 646)was studied. At harvest time, fruits were exposed to solar radiation fornone, one, two, three or four hours, between 10:00 and 15:00 hs. andstored for 32 days at room temperature (28,5oC e RU = 67%). Melonswere grown in the Mossoró - Açu region, Rio Grande do Norte state,Brazil. A two (hybrids) x five (exposition to solar radiation interval)factorial experiment, arranged in a completely randomized design withsix replications (two fruits per replication) was used. Interval of post-harvest exposition to solar radiation affected none of the analyzedtraits: external and internal appearance, pulp firmness and soluble solidscontent. Hybrid Golden Mine showed a significantly higher pulpfirmness and better external aspect. Hybrid Agroflora 646 fruits weremore susceptible to solar radiation injury.

Keywords: Cucumis melo, solar injury, pulp firmness..

(Aceito para publicação em 08 de maio de 1998)

O melão (Cucumis melo L.) éuma olerícola de clima tropi-

cal e sua exploração é hoje uma das ativi-dades agrícolas de maior expressão eco-nômica do Nordeste, sendo o Rio Grandedo Norte o maior produtor. Esse cresci-mento é justificado principalmente pelascondições edafoclimáticas favoráveis en-contradas na região, associado às boas co-tações do produto no mercado.

O cultivo de melões amarelos predo-mina e representa a maior extensão daárea plantada nessa região, pelo fato deapresentarem excelente vida útil pós-co-lheita (25 a 35 dias) em condições ambi-ente, resistência ao transporte e boa acei-tação nos mercados interno e externo(Cunha, 1993; Gonçalves et al., 1996).Atualmente, os híbridos Agroflora 646 eGold Mine são os mais cultivados e ex-

portados para o mercado europeu. O pri-meiro, destaca-se pela sua resistência aomanuseio pós-colheita e, o segundo, pelasua qualidade organoléptica.

Devido à rusticidade dessas cultiva-res, no pólo agrícola Mossoró - Açu é cos-tume após a colheita, a permanência dosfrutos no campo por algumas horas, ex-postos diretamente à insolação e a altastemperaturas, na maioria das vezes noshorários mais quentes do dia (10:00 a15:00 h). Tem-se mostrado que a exposi-ção dos frutos à ação de irradiação UV e aaltas temperaturas pode provocar o apa-recimento de injúria em melão (Lipton &O’Grady, 1980; Lipton & Peterson, 1987),conhecida como injúria pelo sol ouyellowing solar, que é função de um fatorde severidade (FS = % de incidência Xtaxa de severidade da temperatura).

Objetivou-se neste trabalho verificaro efeito do tempo de exposição pós-co-lheita à insolação sobre a qualidade de doishíbridos de melão amarelo (Agroflora 646e Gold Mine).

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos foram provenientes de umplantio comercial do polo agrícolaMossoró - Açu, no mês de dezembro,1996. A região possui clima quente eseco, precipitação média de 423 mm/ano, temperatura máxima de 33oC, mí-nima de 29oC e insolação de 282,4 h parao mês de dezembro.

A colheita foi realizada 63 dias apóso plantio, quando os frutos estavamcompletamente maduros, adotando-secomo índice a coloração dos frutos (fru-

81Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

to amarelo-ouro). Em seguida, os fru-tos foram selecionados e embalados emcaixa de mercado externo (tipo 5 e 6) esubmetidos aos seguintes tratamentos(entre o período de 10:00 e 15:00h): 1 -controle (não exposição ao sol); 2 - ex-posição ao sol durante uma hora; 3 -exposição ao sol durante duas horas; 4 -exposição ao sol durante três horas e 5 -exposição ao sol durante quatro horas.Após a aplicação dos tratamentos, osfrutos foram armazenados à temperatu-ra ambiente (28,5oC e UR = 67%) du-rante 32 dias. No final deste períodoavaliou-se a aparência externa e internade acordo com Menezes et al. (1995),onde 1 = excelente e 5 = péssima, fir-meza da polpa, medida com penetrô-metro Mc Cormick modelo FT 327 (3 -27 lbs) com pluger de 8 mm de diâme-tro, na região mediana da parte comes-tível de cada fatia (quatro leituras porfruto), eqüidistante em relação ao com-primento e à espessura da polpa e; o teorde sólidos solúveis totais (PROTRADE,1995). O delineamento experimentalutilizado foi inteiramente casualizado,em esquema fatorial 2 x 5, onde o pri-meiro fator referiu-se aos híbridos(Agroflora 646 e Gold Mine) e, o se-gundo, ao tempo de insolação pós-co-lheita (zero, uma, duas, três e quatro ho-ras) com seis repetições. A parcela ex-perimental foi composta de dois frutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve interação significativaentre os fatores cultivar e o período de

exposição ao sol em nenhuma das ca-racterísticas. O tempo de insolação pós-colheita não afetou significativamenteas características avaliadas (p < 0,05) .No entanto, foi verificada diferença en-tre os híbridos (teste Tukey, 5%) paraos fatores firmeza da polpa e aparênciaexterna (Tabela 1).

O teor de sólidos solúveis totais foisuperior a 9% para os dois híbridos (Ta-bela 1). Estes valores são bastantes de-sejáveis do ponto de vista de comerciali-zação, pois este é um importante fatorde qualidade em muitos países, inclusi-ve no Brasil.

As aparências externa e interna nãosofreram mudanças significativas com otempo de insolação pós-colheita, entretan-to, o híbrido Agroflora 646 apresentou-semais suscetível ao aparecimento de injú-rias durante o armazenamento. Tais man-chas são características do processo desenescência mais acelerado no híbrido AF646. Isto indica que o produtor deste hí-brido, deve tomar maiores cuidados coma proteção do fruto no campo após a co-lheita. Em relação à firmeza da polpa,houve diferença significativa entre os hí-bridos, com destaque para o Gold Mineque apresentou valores superiores (média= 26,42 N) em relação ao Agroflora 646(média = 16,61 N). Sob o ponto de vistade manuseio pós-colheita, a firmeza éessencial, já que frutos com maior firme-za são mais resistentes a injúrias mecâni-cas durante o transporte e comercialização.

Conclui-se que a exposição ao sol apósa colheita não prejudicou a qualidade dofruto. Sugere-se que estudos mais profun-dos sejam realizados, utilizando-se tem-pos maiores de exposição dos frutos à in-solação, bem como avaliando-se outrosfatores de qualidade. É importante tam-bém, verificar a suscetibilidade do melãoamarelo à injúria pelo frio após ser sub-metido à insolação no campo.

LITERATURA CITADA

CUNHA, P.M.G. Efeito do ácido giberélico sobrealgumas características pós-colheita do me-lão cv. Valenciano Amarelo. Mossoró: ESAM,1993. 35 p. (Monografia de graduação).

GONÇALVES, F.C.; MENEZES, J.B.; ALVES,R.E. Vida útil pós-colheita de melão ‘Pielde Sapo’ armazenado em condição ambien-te. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14,n. 1, p. 49 - 52, maio 1996.

LIPTON, W.J.; O’GRADY, J.J. Solar injury of“Crenshaw” muskmelons: the influence ofultraviolet radiation and of high tissuetemperatures. Agricultural Meteorology, v.22, p. 235 - 247, 1980.

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PROTRADE. Melons - Export Manual: tropicalfruits and vegetables. Eschborn: GT2, 1995.36 p.

MENEZES, J.B. et al. Efeito do tempo de insolação pós-colheita sobre a qualidade do melão amarelo.

Tabela 1. Efeito da insolação pós-colheita sobre o teor de sólidos solúveis, firmeza da polpa, aparência externa e aparência interna em doishíbridos de melão amarelo. Mossoró, ESAM, 1997.

sacitsíretcaraC sodirbíH)h(oãçalosniedopmeT

0 1 2 3 4

sievúloSsodilóS eniMnedloG *A01,01 A82,9 A52,01 A73,9 A23,9

646FA A82,9 A81,9 A17,9 A22,9 A74,01

aploPadazemriF eniMnedloG A71,62 A66,72 A53,52 A34,62 A74,62

646FA B53,61 B32,51 B34,61 B26,71 B04,71

anretxEaicnêrapA 1 eniMnedloG B24,1 B33,1 B80,2 B33,1 B85,1

646FA A85,2 A33,3 A33,3 A00,4 A80,3

anretnIaicnêrapA 1 eniMnedloG A00,1 A00,1 A33,1 A33,1 A00,1

646FA A00,1 A76,1 A71,1 A05,1 A05,1

* Médias seguidas de mesma letra (nas linhas e colunas) não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.1 Escala: 1 - excelente e 5 - péssima.

82 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

CECÍLIO FO., A.B.; REIS, M. dos S.; SOUZA, R.J.; PASQUAL, M. Degenerescência em cultivares de batata-doce. Horticultura Brasileira, v. 16, n. 1, p. 82-84,maio 1996.

Degenerescência em cultivares de batata-doce.

Arthur Bernardes Cecílio Filho1; Maurício dos S. Reis2; Rovilson J. de Souza3; Moacir Pasqual3.1UNESP – FCAV, Depto. de Horticultura, Rod. Carlos Tonanni Km 5, 14870-000 Jaboticabal – SP; 2EMATER, 25955-040 Teresópolis -RJ.; 3UFLA – Depto. de Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras - MG.

RESUMO

O presente trabalho foi conduzido no Setor de Olericultura daUniversidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras (MG), com oobjetivo de avaliar a degenerescência de ramas de batata-doce apósa limpeza através de cultivo de meristemas. Foram avaliados os fa-tores cultivares (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Vita K,Coquinho e Peçanha Rósea) e ramas após dois ciclos de campo, mascom origem inicial distinta (propagação convencional e cultura demeristema). Empregou-se blocos ao acaso, em esquema fatorial 5 x2, com três repetições e parcelas de doze plantas. As cultivares fo-ram plantadas em espaçamento de 0,80 x 0,40 m, em parcelas de3,84 m2. As ramas utilizadas como propagação convencional foramobtidas de plantios anteriores realizados no próprio campo experi-mental. As ramas originalmente obtidas de cultura de meristemaforam indexadas e aquelas livres de vírus foram posteriormente cul-tivadas em campo por dois anos, sem controle de reinfecção. Obser-vou-se que a limpeza clonal, mesmo no terceiro ciclo de campo,proporcionou produtividade total e comercial de raízes de batata-doce, respectivamente, 52,5% e 84% superiores às plantas proveni-entes de ramas de propagação convencional. A cultivar PeçanhaRósea apresentou desempenho significativamente inferior às demaispara produção total, enquanto as cultivares Brazlândia Branca, VitaK e Brazlândia Rosada foram as que apresentaram as produçõescomerciais significativamente mais altas. Para número de raízes nasclasses Extra A (300-400 g), Extra (200-300 g) e Especial (150-200g) não houve diferenças significativas para os fatores avaliados. Nãofoi observada interação significativa entre os fatores para nenhumadas características avaliadas.

Palavras-chave: Ipomoea batatas, produtividade, número deraízes, cultura de meristema, vírus.

ABSTRACT

Degeneration of sweet potato cultivars.The present work was carried out at the Horticultural Sector of

Lavras Federal University, in Lavras (MG), with the objective ofevaluating sweet potato cuttings degeneration in the field after viruscleaning through meristem culture. The factors evaluated werecultivars (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Vita K, Coquinho,and Peçanha Rósea) and cuttings after two field expositions, butprimarily obtained from different sources (conventionally propagatedand meristem culture). Randomized block design was used, infactorial scheme 5 x 2, with three replications and twelve-plant plots.The cultivars were planted in 0,80 x 0,40 m spacing, in plots of 3,84m2. For the establishment of the experiment, cuttings correspondingto the conventional treatment, were obtained from previous fieldcrops, while cuttings originally obtained from meristem culture, wereobtained from indexed (without virus) plants, also maintained fortwo cycles in the field. It was observed that the effect of meristemculture and virus cleaning, even in the third field cycle, providedtotal and commercial yields respectively 52,5 and 89% higher thanplants obtained through conventional methods of propagation. Cul-tivar Peçanha Rósea had a significantly lower total yield incomparison to the others, while cultivars Brazlândia Branca, Vita Kand Brazlândia Rosada showed a significantly higher commercialyield. For number of roots in classes Extra A (300-400 g), Extra(200-300 g) and Special (150-200 g), there were no significantdifferences. No significant interactions were observed for thecharacteristics under investigation.

Keywords: Ipomoea batatas, yield, number of roots, meristemculture, virus.

(Aceito para publicação em 08 de abril de 1998)

Com uma produção anual de603.347 t de raízes, a batata-

doce é a quarta hortaliça em quantidadeproduzida no Brasil (Anuário...,1994)sendo comercializada, principalmente,na forma in natura. Encontra-se distri-buída em todos os estados brasileiros,com destaque para produção no RioGrande do Sul, Santa Catarina, Paraíba ePernambuco (Anuário...,1994). Dados daFAO (1994), mostram que a produtivi-dade da batata-doce no Brasil se encon-tra em cerca de 10 t/ha, muito aquém daprodutividade obtida em outros países,como por exemplo, Israel (54,4 t/ha).

O baixo rendimento da cultura podeestar relacionado, entre outros fatores,

ao acúmulo de doenças viróticas, carac-terística comum entre plantas propaga-das por várias gerações sucessivas atra-vés de métodos assexuais. Este acúmulode viroses promove danos considerá-veis, como redução e deformação foliar,com reflexo negativo sobre o rendimen-to das raízes de batata-doce (Ngeve &Bouwkamp, 1991; Pozzer et al., 1994)e reduções na produção comercial daordem de 50 a 90 % da (Nome & Salva-dores, 1980; Ngeve, 1990). Dentre osvírus descritos que infectam a batata-doce, o sweet potato feathery mottlevirus (SPFMV) é o mais comumenteencontrado em todo o mundo (Moyer& Salazar, 1989), sendo que as cultiva-

res diferem em relação à resistência aovírus (Ngeve,1990).

A cultura de tecidos tem como umade suas aplicações a produção de plan-tas livres de vírus (Nome & Salvado-res, 1980), o que é feito por meio decultura de meristemas (Caldas, 1988).Embora Alkhalifa & Chambliss (1985)tenham observado que a propagaçãoconvencional da batata-doce proporci-onou maior produção e menor percen-tagem de raízes fora de padrão em duasdas três cultivares por eles estudadas,Alves (1988) obteve ganho de 30 % naprodução com emprego de plantas obti-das de cultura de meristema. Silva et al.

83Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

(1991), por sua vez, verificaram aumen-tos da ordem de 108 %, enquanto Car-valho & Leal (1990) observaram ganhosde 153 a 167 % na produtividade dasplantas de batata-doce submetidas à lim-peza clonal em relação às plantas oriun-das do cultivo convencional.

Entretanto, apesar dos ganhos veri-ficados com a limpeza clonal seremsubstanciais, são poucas as informaçõesdisponíveis sobre o grau de reinfecçãodas plantas em condições de campo.Pozzer et al. (1994), visando obter in-formações sobre a degenerescência emplantas livres de vírus através da cultu-ra de meristemas, conduziram experi-mentos com as cultivares BrazlândiaBranca, Brazlândia Roxa e Coquinho,onde constataram que uma alta percen-tagem das plantas já estava infectadaapós sete meses no campo, sendo que acultivar Coquinho se encontrava com80% de infecção. Estes mesmos auto-res, comparando plantas livres de vírusem primeiro e segundo ciclo no campo,constataram que as plantas livres de ví-rus em primeiro ciclo foram superioresem relação às de segundo ciclo, sendoque estas últimas não diferiram das plan-tas oriundas de plantio convencional,concluindo-se, portanto, que apenas umciclo de campo foi suficiente para queas plantas fossem novamente infectadas

em níveis semelhantes aos anteriores àlimpeza.

O presente trabalho foi realizado vi-sando avaliar a degenerescência de cul-tivares de batata-doce em terceiro ciclode cultivo, após limpeza clonal.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido noSetor de Olericultura da UniversidadeFederal de Lavras, em Lavras (MG). Oensaio foi instalado em 11 de novem-bro de 1992, sendo avaliados os fatorescultivares (Brazlândia Branca, Brazlân-dia Rosada, Vita K, Coquinho e PeçanhaRósea) e ramas após dois ciclos em cam-po, mas com origem inicial distintas(propagação convencional e cultura demeristemas), dispostos em blocoscasualizados, em esquema fatorial 5 x2, com três repetições e parcelas de 2,40m de comprimento por 1,60 m de largu-ra (3,84 m2), contendo doze plantas. Oespaçamento empregado foi de 0,40 mentre plantas por 0,80 m entre leiras,tendo essas 0,40 m de altura. Por oca-sião do plantio, realizou-se adubaçãocom 600 Kg/ha da formulação 4-14-8.As irrigações foram realizadas a cadadois dias, aplicando-se uma lâmina de10 mm. Foram realizadas duas capinasaté a cobertura do solo pela cultura, não

tendo sido efetuadas pulverizações con-tra pragas e/ou doenças.

As ramas de propagação convenci-onal foram obtidas de cultivo anterior,na própria área experimental. As ramasprovenientes da limpeza clonal foramobtidas da segunda multiplicação emcampo, na própria área experimental, deplantas obtidas no Laboratório de Cul-tura de Tecidos, Departamento de Agri-cultura, UFLA, e indexadas, não seconstatando plantas infectadas.

A colheita foi realizada em maio de1993, avaliando-se produção total deraízes, produção comercial de raízes (re-presentada pela soma das classes ExtraA, Extra e Especial) e número de raízesnas classes comerciais: classe Extra A,com raízes entre 300 e 400 g; Extra, comraízes entre 200 e 300 g e; Especial, comraízes entre 150 e 200 gramas. Os da-dos das características produção total ecomercial sofreram transformações do

tipo x +10 e x+0 5, , para núme-

ro de raízes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se significância dos fato-res isoladamente para as característicasprodução total e comercial de raízes, nãotendo sido constatada interação entre osfatores avaliados nas características es-tudadas.

Plantas que passaram pela limpezaclonal (3o. ciclo de cultivo das plantasem condições de campo) mostraram-sesuperiores em 52,5 % àquelas oriundasde propagação convencional, quanto àprodução total de raízes, indistintamen-te da cultivar empregada (Tabela 1).Estes resultados diferiram daqueles ob-servados por Pozzer et al. (1993), ondenão foram verificadas diferenças signi-ficativas de produção entre plantas desegundo ciclo de propagação de plantaslivres de vírus e plantas oriundas de pro-pagação convencional. Entre os genó-tipos, a cultivar Peçanha Rósea apresen-tou desempenho inferior às demais,exceto à cultivar Coquinho, que não di-feriram entre si (Tabela 1).

Quanto à produção comercial deraízes, as cultivares Brazlândia Branca,Vita K e Brazlândia Rosada apresenta-ram significativamente as produtivida-

CECÍLIO FO., A.B.; REIS, M. dos S.; SOUZA, R.J.; PASQUAL, M. Degenerescência em cultivares de batata-doce.

Tabela 1. Produção total e comercial de raízes de batata-doce, em função das cultivares eorigem das ramas. Lavras, UFLA, 1995.

)ah/t(latotoãçudorP laicremoCoãçudorP 1 )ah/t(

samarsadmegirO

ametsiremedarutluC **A07,83 *a03,41

lanoicnevnoCoãçagaporP B04,52 b06,7

seravitluC

acnarBaidnâlzarB A30,74 a05,02

KatiV A33,34 ba78,61

adasoRaidnâlzarB A51,53 ba53,9

ohniuqoC BA85,92 b20,6

aesóRahnaçeP B21,11 b90,5

)%(VC 08,91 01,53

* Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas, para cada fator, não diferem entresi a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.** Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas, para cada fator, não diferementre si a 1% de probabilidade pelo teste Tukey.1/ Considerando-se como comercial as raízes pertencentes às classes Extra A (300-400 g),Extra (200-300 g) e Especial (150-200 g).

84 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

des mais altas. Foi verificada, também,uma superioridade da ordem de 84 %para as plantas provenientes de ramasoriginadas inicialmente de cultura demeristema (Tabela 1). Esses resultadosconcordam com resultados obtidos poroutros pesquisadores, que constataramredução de produtividade total (Ngeve& Bouwkamp, 1991; Pozzer et al.,1994) e comercial (Nome & Salvado-res, 1980; Ngeve, 1990) de raízes como avanço da degenerescência dos clonesde batata-doce.

Para o número de raízes nas classesExtra A, Extra e Especial, mesmo nãohavendo interação ou efeito significati-vo dos fatores isoladamente, constatou-se uma diferença no número de raízesproduzidas nas classes Extra A e Extrasuperior a 70 %, em favor de plantasoriundas originalmente de cultura detecidos.

Conclui-se, portanto, que os benefí-cios fisiológicos propiciados pela lim-peza clonal, expressos no incremento deprodutividade das cultivares avaliadas,podem manifestar-se por alguns ciclosde cultivo, favorecendo a amortizaçãodo custo das mudas de cultura de teci-dos. Entretanto, a divergência entre os

resultados observados neste experimen-to e aqueles verificados por Pozzer etal. (1993), que já no segundo ciclo decultivo não constataram diferença sig-nificativa de produtividade entre plan-tas de propagação convencional e plan-tas que passaram pela limpeza clonal;muito provavelmente, se deve ao localde cultivo da batata-doce, o qual atuadecisivamente sobre a população dovetor favorecendo ou não, maior rapi-dez de reinfecção virótica das plantas.

LITERATURA CITADA

ALKHALIFA, M.A.; CHAMBLISS, O.L.Feasibility of tissue culture propagation ofsweet potatoes for foundation and stockevolution of different propagationprocedures. HortScience, v. 20, n. 40, p. 665,1985.

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CECÍLIO FO., A.B.; REIS, M. dos S.; SOUZA, R.J.; PASQUAL, M. Degenerescência em cultivares de batata-doce.

85Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997.

insumos e cultivares em teste

SALLES, L.A.B. Controle químico de pragas de solo na lavoura de batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 85-87, 1998.

Controle químico de pragas de solo na lavoura de batata.

Luiz Antonio B. SallesEMBRAPA - Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas - RS.

RESUMO

O ataque de pragas é um dos problemas mais importantes emlavouras de batata. Muitas delas são controladas através de insetici-das. Neste trabalho, foram avaliadas as performances de cinco inse-ticidas comerciais recomendados para o controle de pragas de solona lavoura de batata. O experimento foi desenvolvido na safra deprimavera, quando ocorre maior incidência e dano de insetos pragasem tubérculos no Rio Grande do Sul. A área onde se desenvolveu otrabalho era de solo franco-arenoso, boa drenagem e havia sido culti-vada com batata por diversas safras, assegurando assim maior unifor-midade e intensidade de infestação de pragas. Utilizou-se a cultivarBaronesa, sabidamente suscetível a pragas de solo. As parcelas expe-rimentais foram constituídas de quatro fileiras com 10 metros linea-res, deixando-se as duas fileiras externas como bordadura. O delinea-mento experimental foi blocos ao acaso, com quatro repetições. Osinseticidas foram usados nas dosagens recomendadas e aplicados nosulco do plantio: aldicarbe 150G, 13 kg/ha; carbofuran 50G, 40 kg/ha; disulfoton GR100, 15 kg/ha; fipronil 20G, 5 kg/ha e; forato 50G,60 kg/ha. Carbofuran 50G e forato 50G foram os que tiveram as me-lhores performances. Disulfoton GR100 e fipronil 20G tiveram de-sempenho semelhante entre si, porém inferior aos anteriores. O inse-ticida-nematicida aldicarbe 150G foi o que propiciou a menor prote-ção dos tubérculos. O uso de inseticidas de solo na batata propiciou oaumento da produtividade e da qualidade aparente do tubérculo.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, inseticidas, produtividade.

ABSTRACT

Chemical control of soil insect pests in potato fields.A field trial was conducted to evaluate the performance of five

commercial insecticides to control soil insect pests of potato. It wasconducted during spring, when incidence and damage of potato tubersby insect pests is highest in Rio Grande do Sul, Brazil. The trial wasconducted in a sandy soil area, well drained and cultivated withpotatoes for many seasons. The experimental design was arandomized blocks with four replications and plots of four potatorows with 10 linear meters each. Insecticides were used atrecommended commercial dosage and applied in planting furrow:aldicarb 150G, 13 kg/ha; carbofuran 50G, 40 kg/ha; disulfotonGR100, 15 kg/ha; fipronil 20G, 5 kg/ha; and phorate 50G, 60 kg/ha.Carbofuran 50G and phorate 50G had the best field performances.Disulfoton GR100 and fipronil 20G had equal performance but lowerthan carbofuran 50G and phorate 50G. Aldicarb 150G had the lowestperformance as a potato tuber protector against insect pest damage(mainly from Diabrotica speciosa and Heteroderes sp larvae). Soilinsecticides increased potato yield and tuber external quality.

Keywords: Solanum tuberosum, chemical control, yield.

(Aceito para publicação em 17 de maio de 1998)

A batata é um dos alimentos básicos da população brasileira.

Porém, a produtividade dessa lavoura noBrasil é muito baixa, principalmente secomparada à produtividade dos países eu-ropeus, tradicionais produtores. A produ-ção brasileira chega ao redor de 2,5 milhõesde toneladas e está centralizada nos esta-dos de Minas Gerais, São Paulo, Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No sul do Brasil são cultivados anu-almente, em dois períodos (março a ju-nho e setembro a dezembro), mais de100.000 ha com batata consumo. O RioGrande do Sul, apesar de ter a maior áreaplantada, detém a menor produtividademédia entre os cinco estados maioresprodutores de batata do Brasil. A área

total cultivada em 1995 foi de 48.230ha, sendo o rendimento médio de 9,9 t/ha (Fioreze et al., 1997).

Um dos problemas que mais preju-dicam a produtividade em batata é o ata-que de insetos pragas. Os tubérculos debatata sofrem o ataque de diversas es-pécies, sendo os mais comuns no sul doBrasil a vaquinha (Diabrotica speciosa,Cerotoma spp), o bicho-arame(Heteroderes spp), a lagarta-rosca(Agrotis spp) e o coró (Dyscinetus spp,Diloboderus abederus), além dosnematóides causadores de galhas(Meloidogyne spp) (Bonine, 1997). Oresultado do ataque destas pragas é a de-preciação comercial do tubérculo e, de-pendendo do grau de ataque, até o refu-

go no comércio. Consequentemente,inseticidas para controlar as pragas desolo estão sendo cada vez mais usados(Santos & Fernandes, 1997). As formu-lações granuladas predominam, embo-ra já haja formulações líquidas que tam-bém demonstram eficiência (Balcabaoet al., 1997; Santos & Fernandes, 1997).

O objetivo desta pesquisa foi verifi-car a performance de inseticidas comer-ciais recomendados (UFSM, 1996) parao controle das principais pragas que ata-cam os tubérculos de batata.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido du-rante a primavera de 1996, na

86 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

EMBRAPA - CPACT, em Pelotas (RS).A área onde se desenvolveu o trabalhoera de solo franco arenoso, boa drena-gem e havia sido cultivada com batatapor diversas safras, assegurando assimmaior uniformidade e intensidade deinfestação de pragas. A cultivar Baro-nesa, sabidamente suscetível às pragasmencionadas (Bonine & Salles, 1997),foi utilizada e plantada de acordo comas técnicas usuais da região (UFSM,1996). As parcelas experimentais foramconstituídas por quatro fileiras com dezmetros lineares, deixando-se as duas fi-leiras externas como bordadura. O deli-neamento experimental utilizado foi blo-cos ao acaso, com quatro repetições. Ostratos culturais restringiram-se à capi-na, amontoa e aplicação de fungicidasna parte área. Não foi utilizada irriga-ção, tão pouco inseticida na folhagem.

Os inseticidas estudados foramaldicarbe 150G, na dosagem de 13 kg/ha; carbofuran 50G, na dosagem de 40kg/ha; disulfoton GR100, na dosagemde 15 kg/ha; forato 50G, na dosagem de60 kg/ha e; fipronil 20G, na dosagemde 5 kg/ha. A aplicação dos produtos foimanual, com o aplicador AGR-BR.Como material inerte, para aplicação depequenas quantidades de produto, usou-se areia peneirada e seca. O adubo foiaplicado no sulco, a seguir os tubércu-los e, então, o inseticida. Após cada umadestas fases foi colocada uma leve ca-mada de solo para evitar o contato diretodo adubo e inseticida com a batata-se-mente. O plantio e aplicação dos inseti-cidas foi feito em 27de setembro de 1996.

A avaliação de danos foi efetuada nasduas fileiras centrais da parcela, onde ostubérculos foram colhidos, classificadose, dos que passaram na peneira de 3,5 x3,5 cm, 100 foram avaliados. A área útilda parcela foi colhida integralmente para

avaliação da produção. Utilizou-se asseguintes categorias de dano para classi-ficar os tubérculos: 1= sem furos; 2 = uma três furos; 3 = quatro a sete furos; 4 =oito a onze furos e 5 = com mais de onzefuros por tubérculo. Foram consideradosos danos (furos) típicos das larvas devaquinha e bicho-arame. Desconsiderou-se outros tipos de lesões nos tubérculosque pudessem ter sido causadas por lar-vas de coró ou lagarta-rosca, devido àbaixíssima incidência no experimento.

Os dados obtidos, em percentagem,foram transformados pela fórmula deBLISS, realizando-se a análise de variân-cia e comparando-se as médias pelo testede Duncan, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve grande incidência de larvas devaquinha e de bicho-arame na área ex-perimental, o que se evidencia na análi-se dos dados (Tabela 1). Na testemunha,somente 2,5% dos tubérculos não apre-sentaram danos. Os resultados deste ex-perimento refletem, portanto, o potenci-al de proteção dos tubérculos de batata,através dos produtos e dosagens testados.

Os produtos carbofuran 50G e forato50G foram os que melhor protegeramos tubérculos, já que 43,7% e 31,2% dosmesmos, respectivamente, não apresen-taram danos das duas principais pragasde solo que ocorreram no experimento.Os produtos disulfoton GR100 e fipronil20 G tiveram desempenho semelhanteentre si no controle de larvas de vaqui-nha e bicho-arame, constituindo-se emuma segunda categoria de eficiência. Oproduto aldicarbe 150G foi o que pro-piciou menor controle.

Na categoria cumulativa A (tubércu-los com até sete furos), destacaram-secomo os melhores os produtos carbofuran50G e o forato 50G. Estes dois produtosforam superiores aos demais na proteçãodos tubérculos de batata ao dano de pra-gas de solo, seguidos pelo fipronil 20G edisulfoton GR100 (Tabela 2).

A produtividade total foi praticamen-te igual entre as parcelas tratadas com osprodutos carbofuran 50G, forato 50G,disulfoton GR100 e fipronil 20G. Nasparcelas com aldicarbe 150G houve me-nor produção (Tabela 3). Atribui-se aqueda na produtividade ao fato de o ata-que das larvas de vaquinha nos estolões

SALLES, L.A.B. Controle químico de pragas de solo na lavoura de batata.

sotnematarTonadedairogetaC

1 2 3 4 5G051ebracidlA c2,6 ba2,13 a0,53 cba7,31 cb7,31G05narufobraC a7,34 ba0,04 b5,21 c5,2 d2,1

001RGnotoflusiD cb2,11 ba0,53 a5,23 cb7,3 d2,1G05otaroF a2,13 a7,34 ba0,02 - -

G02linorpiF cb0,01 ba7,83 a5,23 cba2,61 dc5,2ahnumetseT c5,2 c2,6 ba7,32 a2,13 a2,63

Tabela 1. Percentagem de tubérculos de batata enquadrados nas categorias de dano causados por larvas de vaquinha e bicho-arame. Pelotas,EMBRAPA-CPACT, 1996.

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan.

otudorP)%(onadedairogetaC

)B-A(açnerefiDA1 B2

G051ebracidlA cb5,27 cb5,23 0,04G05narufobraC a2,69 d7,3 5,29

001RGnotoflusiD cba7,87 dcb2,12 5,75G05otaroF a2,69 d7,3 5,29

G02linorpiF cba2,18 dcb7,81 5,26ahnumetseT d5,23 a5,76 0,53

Tabela 2. Percentagem de tubérculos enquadrados nas categorias de dano A e B causadospor larvas de vaquinha e bicho-arame. Pelotas, EMBRAPA-CPACT, 1996.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si a de 5%de probabilidade pelo teste de Duncan.1/ A= tubérculos com até sete furos;2/ B= tubérculos com mais de sete furos.

87Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

e nos tubérculos recém formados ser ca-paz de causar o abortamento destes ór-gãos e, consequentemente, reduzir a pro-dução, com reflexo na produtividade.

Concluiu-se que os produtos carbo-furan 50G, na dosagem de 40 kg/ha, e

forato 50 G, na dosagem de 60 kg/ha, fo-ram os produtos que propiciaram melhordesempenho geral no controle e proteçãodos tubérculos de batata ao ataque de pra-gas de solo. Estes dois produtos, além dofipronil 20G, nas dosagens testadas, pro-piciaram as maiores produções, indican-do haver a proteção dos estolões e dos tu-bérculos do ataque de pragas.

LITERATURA CITADA

BALCABAO, M.; MANETTI, P.L.; ALVAREZCASTILHO, H.A.; SAN MARTINHO, S.;VINCINI, A.M.; LOPEZ, A.N. Persistenciaen el suelo de los inseticidas Utilizados en elCultivo de Papa. In: CONGRESSO BRA-SILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16., 1997,Salvador. Resumos... Salvador: SEB/EMBRAPA-CNPMF, 1997. p. 188.

BONINE, D.P. Suscetibilidade de cultivares debatata (Solanum tuberosum L.) à Diabroticaspeciosa (Germ.) (Coleoptera:Chrysomelidae)e ocorrência de outras pragas subterrâneas.Pelotas: UFPEL, 1997. 59 p. (Tese mestrado).

BONINE, D.P.; SALLES, L.A.B. Suscetibilidadede cultivares de batata ao dano de larvas deDiabrotica speciosa no tubérculo, em quatrolocais do Rio Grande do Sul. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA,16., 1997, Salvador. Resumos... Salvador:SEB/EMBRAPA-CNPMF, 1997. p. 320.

FIOREZE, C.; THUROW, S.; ROJAHN, P.;SECCHIN, J. Diagnóstico das regiões pro-dutoras de batata do Rio Grande do Sul. In:SEMINÁRIO DE ATUALIZAÇÃO DACULTURA DA BATATA. 1., 1997, SantaMaria. Resumos... Santa Maria: UFSM-CCR, 1997. (no prelo).

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MA-RIA - UFSM. Recomendações técnicas parao cultivo da batata no Rio Grande do Sul eSanta Catarina. Santa Maria, 1996. 64p.

SANTOS, A.C.; FERNANDES, O.D. Eficiênciade diferentes formulações de Clorpirifós nocontrole de larvas de Diabrotica speciosa(Coleoptera: Chrysomelidae) em batata. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEENTOMOLOGIA, 16., 1997, Salvador. Re-sumos... Salvador: SEB/EMBRAPA-CNPMF, 1997. p. 163.

GONÇALVES, P.A. de S. Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 87 -89, maio 1998.

Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996.

Paulo Antônio de S. GonçalvesEPAGRI S.A., C. Postal 121, 88400-000, Ituporanga - SC.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi triar princípios ativos para o controlede Thrips tabaci em cebola, que apresentassem classe toxicológicamais baixa e de grupos químicos diferentes daqueles atualmente utili-zados em Santa Catarina, a fim de diminuir os efeitos negativos aohomem e ambiente e evitar resistência da praga. O experimento foiconduzido na EPAGRI, Estação Experimental de Ituporanga (SC), du-rante o período de 26 de agosto (transplante) a 04 de dezembro de 1996(colheita). A cultivar utilizada foi a Crioula em espaçamento de 40 cmx 7,5 cm. O delineamento usado foi blocos ao acaso com oito tratamen-tos e quatro repetições, com parcela de 2,8 m x 3,0 m. Os tratamentosforam clorpirifós 720 g.i.a/ha (utilizado como padrão), cyromazine 90g.i.a/ha, pyridaphention 480 g.i.a/ha, etofenprox 108 g.i.a/ha, clorpyrifós+ enxofre 720 + 800 g.i.a/ha, enxofre 800 g.i.a/ha, imidacloprid 98 g.i.a/ha e testemunha. O número de ninfas de T. tabaci foi avaliado semanal-mente a campo com lupa manual, 75 mm de diâmetro, 24 horas apósaplicação. A eficiência dos inseticidas foi determinada pela fórmula deAbbott. A produtividade comercial e peso médio de bulbos foi avalia-da em 60 bulbos por parcela. Os princípios ativos que destacaram-secom relação à testemunha foram: clorpirifós 720 g.i.a/ha + enxofre 800g.i.a/ha, clorpirifós 720 g.i.a/ha, imidacloprid 98 g.i.a/ha,pyridaphenthion 480 g.i.a/ha. A produtividade comercial não diferiuentre os tratamentos com controle químico, sendo que apenaspyridaphention 480 g.i.a/ha foi superior à testemunha. O peso médio debulbos dos tratamentos com controle químico também não foi superiorà testemunha. Portanto, a aplicação de inseticidas não necessariamentecausou incrementos significativos na produtividade.

Palavras-chave: Allium cepa, Thrips tabaci, controle químico.

ABSTRACTEfficiency of insecticides to control the onion thripsThe objective of this work was to trial insecticides for the onion

thrips control, Thrips tabaci, aiming to find products with lowertoxicological class and chemical groups different from those already inuse in Santa Catarina State, Brazil, in order to reduce negative effects toman, environment, and to avoid resistance of the pest. The experimentwas carried out at EPAGRI, Ituporanga, Santa Catarina State, Brazil,from August 26 (transplanting) to December 12, 1996 (harvest). Thecultivar used was “Crioula”. A randomized block design with fourreplicates was used, with 2,8 m x 3,0 m plots, and plant spacing of 40,0cm x 7,5 cm. The treatments were chlorpyriphos 720 g.a.i/ha (check),cyromazine 90 g.i.a./ha, pyridaphenthion 480 g.a.i./ha, etofenprox 108g.a.i./ha, chlorpyriphos 720 g.a.i./ha + sulfur 800 g.a.i/ha, sulfur 800g.a.i./ha, imidacloprid 98 g.a.i./ha, and untreated check. The onion thripspopulation was evaluated weekly in five plants per plot in the field withhand magnifying glass 75 mm diameter, 24 hours after spraying. Theefficiency of insecticides was determined by the Abbott’s formula. Yieldand medium weight of bulbs were determined in 60 bulbs per plot. Theinsecticides distinguished against untreated check were: chlorpyriphos720 g.a.i./ha, chlorpyriphos 720 g.a.i./ha + sulfur 800 g.a.i./ha,imidacloprid 98 g.a.i./ha, pyridaphenthion 480 g.a.i./ha. Yield did notdistinguish between treatments with chemical control, and onlypyridaphenthion 480 g.a.i./ha was superior than the untreated check.The average weight of bulbs of treatments with insecticides was notsuperior than the untreated check. Therefore, the spraying of insecticidesdid not provide significant increment in yield.

Keywords: Allium cepa, Thrips tabaci, chemical control.

(Aceito para publicação em 22 de abril de 1998)

SALLES, L.A.B. Controle químico de pragas de solo na lavoura de batata.

Tabela 3. Produção total de tubérculos comdiferentes inseticidas. Pelotas, EMBRAPA-CPACT, 1996.

otudorPedadivitudorP

)ah/gk(G051ebracidlA b2,23G05narufobraC a5,53

001RGnotoflusiD ba2,43G05otaroF a1,53G02linorpiF a7,53ahnumetseT b1,03

Médias seguidas de mesma letra na colunanão diferem estatisticamente entre si a 5%de probabilidade pelo teste de Duncan.

88 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O tripes, Thrips tabaci, á a prin-cipal praga da cebola em Santa

Catarina (EMPASC/ACARESC, 1991).Atualmente os produtores têm utiliza-do uma ampla variedade de inseticidaspara controle do inseto, destacando-sepiretróides (cipermetrina, deltametrina,lambdacialotrina) e fosforados (dimeto-ato, acefate, paration metílico, metami-dofós, clorpirifós). O uso prolongadodos mesmos princípios ativos pode ge-rar a resistência da praga a médio pra-zo. Além disso, há necessidade de triarprincípios ativos de classe toxicológicamais baixa (III e IV), pois a maioria dosagricultores pouco utilizam equipamen-to de proteção individual durante a apli-cação de agrotóxicos. Esse trabalho tevecomo objetivo selecionar princípios ati-vos de grupos químicos não similaresàqueles comumente usados na região doAlto Vale (SC), bem como aqueles declasse toxicológica mais baixa.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naEPAGRI (Estação Experimental deItuporanga - SC) de 26 de agosto (trans-plante) a 04 de dezembro de 1996 (colhei-ta). A cultivar utilizada foi Crioula. Omanejo da cultura seguiu o sistema de pro-dução para Cebola (EMPASC/ACARESC, 1991), exceto o controle deervas daninhas que foi feito com enxada.O delineamento utilizado foi blocos aoacaso com oito tratamentos (clorpirifós720 g.i.a/ha, utilizado como padrão,cyromazine 90 g.i.a/ha, pyridaphenthion480 g.i.a/ha, etofenprox 108 g.i.a/ha,clorpirifós + enxofre 720 + 800 g.i.a/ha,

enxofre 800 g.i.a/ha, imidacloprid 98 g.i.a/ha, testemunha) e quatro repetições. O ta-manho de parcela foi de 2,8 m x 3,0 m,com espaçamento de 40 cm x 7,5 cm. Osistema de condução da cultura foi plan-tio direto sobre palhada de mucuna,Stilozobium sp. A adubação de base foide 700 kg NPK/ha fórmula 5-20-10. Ocontrole de doenças restringiu-se aomíldio, causado por Peronosporadestructor, utilizando-se metalaxil +mancozeb, com respectivamente 120,0 e960,0 g.i.a/ha. Foi utilizada irrigação poraspersão quando necessário.

A aplicação dos inseticidas foi reali-zada nas seguintes datas com respecti-vos dias após o plantio (DAP): 17 (53DAP) e 24 de outubro (60 DAP), 01o. (67DAP), 13 (79 DAP) e 21 de novembro(87 DAP). As avaliações foram realiza-das 24 horas após a pulverização, a cam-po, com contagem do número de ninfasem todas as folhas com auxílio de lupamanual, 75 mm de diâmetro. O pulveri-zador utilizado foi o de pressão constan-te (CO

2). A produtividade foi avaliada em

60 bulbos por parcela, sendo seleciona-dos apenas aqueles de padrão comercial(acima de 4 cm de diâmetro). O númerode ninfas e a produtividade foram sub-metidos à análise de variância e ao testede Tukey ao nível de 5% de probabilida-de (Gomes, 1987). A eficiência dos in-seticidas foi calculada pela fórmula deAbbott (Nakano et al., 1981).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os princípios ativos que destacaram-se com relação à testemunha nas seguin-tes datas com respectivos níveis de efi-

ciência foram: clorpirifós 720 g.i.a/ha+ enxofre 800 g.i.a/ha (25/10, 69,3%;14/11, 70,1%; 22/11, 90,2%),clorpyrifós 720 g.i.a/ha (25/10, 62,7%;22/11, 86,9%), imidacloprid 98 g.i.a/ha(04/11, 84,5%; 14/11, 61,9%; 22/11,82,2%), pyridaphenthion 480 g.i.a./ha(04/11, 78,4%; 22/11, 78,6%) (Tabela1). Mayer et al. (1987) em Quincy, Wa-shington, observaram reduçõespopulacionais de tripes em cebola atétrês semanas após a aplicação declorpirifós 560 e 1120 g.i.a/ha. Gonçal-ves (1997) constatou a eficiência de 77%de clorpirifós 720 g.i.a/ha.

A produtividade comercial não dife-riu entre os tratamentos com controlequímico, exceto para pyridaphention queapresentou nível superior em relação aocyromazine e à testemunha (Tabela 2).Mayer et al. (1987) também não consta-taram aumentos na produtividade em re-lação à testemunha ao utilizaremclorpirifós 560 e 1120 g.i.a./ha no con-trole de tripes em cebola. Em contrastecom Gonçalves (1997) que observou au-mento significativo na produtividadecom clorpirifós 720 g.i.a./ha. O pesomédio de bulbos também não diferiu en-tre inseticidas, exceto parapyridaphention e clorpirifós + enxofreque foram superiores a cyromazine (Ta-bela 2). Portanto, não foram observadosincrementos significativos na produtivi-dade devido à aplicação da maioria dosinseticidas. Provavelmente o manejo desolo na área experimental, sob plantiodireto, contribuiu para que a testemunhaapresentasse nível de produtividade se-melhante à maioria dos tratamentos.

GONÇALVES, P.A. de S. Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996.

Tabela 1. Número médio de ninfas de Thrips tabaci (N) e porcentagem de eficiência, fórmula de Abbott (EF), dos inseticida testados.Ituporanga, EPAGRI, 1996.

sotnematarT snegasoD*oãçailavaedsataD

01/41 01/81 01/52 11/40 11/80 11/41 11/22

)ah/a.i.g( N N FE N FE N FE N FE N FE N FE

)PC(sófiriprolC )1(0,027 0,21 a9,9 2,72 c2,6 7,26 cba1,21 1,36 ba8,6 6,46 dc5,51 7,06 b2,5 9,68

enizamoryC 0,09 8,01 a4,8 2,83 ba9,81 0,0 a7,33 0,0 ba9,02 0,0 a3,46 0,0 a8,33 1,51

noihtnehpadiryP 0,084 3,01 a5,01 8,22 cba7,21 5,32 c1,7 4,87 ba3,8 8,65 dcb6,42 6,73 b5,8 6,87

xorpnefotE 0,801 2,01 a7,41 0,0 a2,02 0,0 a4,04 0,0 a1,72 0,0 a6,86 0,0 a4,63 5,8

erfoxnE+PC )2(+)1( 2,9 a3,5 0,16 c1,5 3,96 cb4,9 3,17 b6,5 8,07 d8,11 1,07 b9,3 2,09

erfoxnE )2(0,008 1,11 a2,51 0,0 a3,22 0,0 a8,73 0,0 ba5,02 0,0 ba4,14 0,0 a6,54 0,0

dirpolcadimI 0,89 9,01 a7,8 0,63 cb4,8 4,94 c1,5 5,48 ba3,41 5,52 d0,51 9,16 b1,7 2,28

ahnumetseT 7,21 a6,31 ba6,61 ba8,23 ba2,91 cba4,93 a8,93

%.V.C 4,81 3,52 1,41 5,71 2,42 5,11 1,51

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.* Data antes das pulverizações

89Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

AGRADECIMENTOS

Ao técnico agrícola Marcelo Pitz esua equipe pelo apoio na condução dotrabalho.

LITERATURA CITADA

EMPASC/ACARESC. Sistema de produção paracebola - Santa Catarina. Florianópolis, 1991.51 p. (Sistemas de produção 16).

GOMES, F.P. Curso de Estatística Experimental.Piracicaba: Nobel, 1987. 467 p.

GONÇALVES, P.A. de S. Eficácia de inseticidassintéticos e naturais no controle de tripes emcebola. Horticultura Brasileira, Brasília, v.15, n. 1, p. 32 - 34, maio 1997.

MAYER, D.F.; LUNDEN, J.D.; RATHBONE, L.Evaluation of insecticides for Thrips tabaci(Thysanoptera: Thripidae) and effects ofthrips on bulb onions. Journal of EconomicEntomology, v. 80, n.4, p. 930 - 932, 1987.

NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI,R.A. Entomologia Econômica. Piracicaba:ESALQ - USP, 1981. 314 p.

GONÇALVES, P.A. de S. Eficácia de inseticidas no controle de tripes em cebola, 1996.

sotnematarTsnegasoD)ah/a.i.g(

edadivitudorP)ah/t(laicremoc

edoidémoseP)g(oblub

sófiriprolC 0,027 ba5,41 ba2,74

enizamoryC 0,09 b7,01 3,63 b

noihtnehpadiryP 0,084 a1,61 a0,15

xorpnefotE 0,801 ba4,21 ba0,04

erfoxnE+sófiriprolC 0,008+0,027 ba6,51 a4,05

erfoxnE 0,008 ba1,11 ba6,73

dirpolcadimI 0,89 ba5,31 ba2,34

ahnumetseT b8,01 ba8,83

Tabela 2. Produtividade comercial média e peso médio de bulbos da cultivar Crioula.Ituporanga, EPAGRI, 1996.

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidadepelo teste de Tukey.

90 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

O clone Embrapa/CIP-PP018 éo resultado do cruzamento en-

tre os progenitores MAINE-28 e 378.015-16, realizado pelo Centro Internacional dela Papa, CIP, no Peru, em 1985. Avaliadona Embrapa Hortaliças em 1990, o cloneEmbrapa/CIP-PP018 foi selecionado emcampo pela resistência à pinta-preta, igualà da cultivar Aracy, utilizada como pa-drão de resistência. O clone apresentou,60 dias após o plantio, 12% de área foliarinfectada. Como fator de comparaçãopara a resistência apresentada por esteclone, pode ser mencionado que a culti-var Bintje, padrão de suscetibilidade,apresentou na mesma época, 50% deárea foliar infectada. O clone Embrapa/CIP-PP018 apresentou ainda boa preco-cidade, com ciclo de 86 dias, durante aépoca chuvosa em Brasília.

Os tubérculos apresentam aspecto

agronômico favorável, tendo formatoalongado e uniforme, película amarela elisa e polpa amarela-clara. Avaliado paratolerância ao esverdeamento, tubérculoslavados, após 20 dias de exposição à luzdifusa, foram classificados em 6,3, o quecorresponde a um esverdeamento entremédio e forte, em uma escala de 1 (ausên-cia completa de esverdeamento) a 9(esverdeamento muito forte). Como ter-mo de comparação, tubérculos da culti-var Achat, padrão de suscetibilidade aoesverdeamento, expostos às mesmas con-dições foram classificados com nota 6,7na mesma época. Tanto a cultivar Achat,quanto o clone Embrapa/CIP-PP018, jámostraram esverdeamento fraco após cin-co dias de exposição à luz difusa. Não fo-ram observados defeitos fisiológicos ex-ternos ou internos nos tubérculos do cloneEmbrapa/CIP-PP018. A produtividade

média estimada para cultivo durante aépoca quente e chuvosa em Brasília foide 21 t/ha de tubérculos comerciais, emsegunda exposição ao campo. O teor dematéria seca dos tubérculos, após cultivosob as condições ambientais citadas ante-riormente, foi de 18,1%, tendo sido ob-servado para tubérculos da cultivar Bintje,obtidos nas mesmas condições de culti-vo, um teor de matéria seca de 18,3%.Teste prévio de fritura realizado com oclone Embrapa/CIP-PP018 resultou emaptidão potencial ao processamento. Ostubérculos do clone Embrapa/CIP-PP018podem ainda ser utilizados para comer-cialização in natura.

O clone Embrapa/CIP-PP018 possuiplantas vigorosas, de hastes fortementepigmentadas, com asas onduladas. Asfolhas têm a nervura principal pigmen-tada e são de inserção obtusa. Os folíolos

BRUNE, S.; MELO, P.E. de; ÁVILA, A.C. “Embrapa/CIP-018” E “Embrapa/CIP-039”: novos clones de batata resistentes à pinta-preta, 1997.

nova cultivar

BRUNE, S.; MELO, P.E. de; ÁVILA, A.C. “Embrapa/CIP-018” E “Embrapa/CIP-039”: novos clones de batata resistentes à pinta-preta, 1997. HorticulturaBrasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 89-90, maio 1998.

“Embrapa/CIP-PP018” e “Embrapa/CIP-PP039”: novos clones de bata-ta resistentes à pinta-preta, 1997.

Sieglinde Brune; Paulo Eduardo de Melo; Antônio Carlos de Ávila.Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF. E.mail: [email protected]

RESUMO

A pinta-preta, causada pelo fungo Alternaria solani, é a princi-pal doença fúngica da batateira em condições de alta umidade e tem-peratura. O fungo tem efeito drástico sobre a cultura, provocandoperdas na produtividade de até 73%. A utilização da resistência ge-nética é uma medida eficiente de controle, além de ser segura para oambiente e para o homem. Pode ser utilizada isoladamente ou emassociação a outros métodos. No programa de melhoramento debatata executado pela Embrapa Hortaliças vêm sendo avaliadas anu-almente diversas famílias clonais obtidas de cruzamentos realizadosno Centro Internacional de la Papa (CIP) para resistência ao fungo,ao mesmo tempo observando-se suas características agronômicas.Entre os genótipos selecionados, destacaram-se os clones Embrapa/CIP-PP018 e Embrapa/CIP-PP039, com boas características agro-nômicas e alto nível de resistência. Ambos podem ser empregadoscomo progenitores em programas de melhoramento de batata pararesistência à pinta-preta.

Palavras-chave: Solanum tuberosum, Alternaria solani,germoplasma, fungo, melhoramento.

ABSTRACT

“Embrapa/CIP-PP018” and “Embrapa/CIP-PP039”: Newpotato clones resistant to early blight, 1997.

Early blight, caused by Alternaria solani, is the main potato aerialdisease when high air humidity and hot weather conditions prevail.A. solani has drastic effects over the crop, causing yield losses up to73%. The use of genetic resistance is an efficient control measureand, in addition, is harmless to environment and humans. Geneticresistance can also be used isolated or in association with other controlmethods. At the potato breeding program carried out by EmbrapaHortaliças, several clonal families obtained from crosses made atthe Internacional Potato Center (CIP) are evaluated every year forresistance to early blight and agronomic characteristics. Among theselected genotypes, clones Embrapa/CIP-PP018 and Embrapa/CIP-PP039 stood out, showing good agronomic traits and high level ofresistance. Both can be used as progenitors in potato breedingprograms that aim resistance to early blight.

Keywords: Solanum tuberosum, Alternaria solani, germplasm,fungus, breeding.

(Aceito para publicação em 06 de abril de 1998)

91Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

primários tem tamanho e largura médi-os, com bordas medianamente ondula-das, raras vezes apresentando coalescên-cia. A freqüência de folíolos secundári-os é média. Nas condições de Brasília,o florescimento é abundante, sendo opedúnculo floral comprido e pigmen-tado. As flores, de cor azul púrpura, sãomedianamente pigmentadas. Frutificamuito bem, além de produzir bastantepólen. Os brotos dos tubérculos, quan-do desenvolvidos sob luz difusa, apre-sentam formato oval, base de coloraçãofortemente azul púrpura e pouco pubes-cente. O ápice é medianamente aberto.Os brotos têm baixa intensidade deprimórdios radiculares e brotações la-terais curtas.

Tubérculos ou plantas in vitro doclone Embrapa/CIP-PP018 estão dispo-níveis para instituições interessadas emtrabalhos conjuntos com a EmbrapaHortaliças.

O clone Embrapa/CIP-PP039, porsua vez, é o resultado do cruzamento en-tre MAINE-47 e ATLANTIC, realiza-do pelo CIP, no Peru em 1986. Avalia-do na Embrapa Hortaliças em 1990, oclone Embrapa/CIP-PP039 foi selecio-nado pela boa resistência à pinta-preta,superior à resistência apresentada pelacultivar Aracy, utilizada como padrãode resistência, nas mesmas condições decultivo. O clone Embrapa/CIP-PP039apresentou, 60 dias após o plantio, 25%de área foliar infectada, contra 50% da

cultivar Bintje. O clone Embrapa/CIP-PP039 apresentou ainda ciclo vegetativode 82 dias, quando cultivado na épocachuvosa e quente em Brasília.

Os tubérculos apresentam aspectoagronômico favorável, tendo formatooval-arredondado, película amarela, ás-pera, polpa amarela-clara e olhosmedianamente profundos. Avaliado paratolerância ao esverdeamento, tubércu-los lavados, após 20 dias de exposiçãoà luz difusa, obtiveram nota 3,3, em umaescala de 1 (ausência completa deesverdeamento) a 9 (esverdeamentomuito forte), podendo ser classificadoscomo de esverdeamento fraco. Comotermo de comparação, a cultivar Achat,padrão de suscetibilidade ao esverdea-mento dos tubérculos, obteve a nota 3,0após cinco dias de exposição à luzdifusa, ao passo que o clone Embrapa/CIP-PP039 obteve a nota 1,5 com o mes-mo tempo de exposição. Não foram en-contrados defeitos fisiológicos internosou externos nos tubérculos. A produti-vidade média estimada para cultivo emépoca quente e úmida, em Brasília, foide 18 t/ha de tubérculos comerciais, emsegunda exposição ao campo. O teor dematéria seca dos tubérculos, para asmesmas condições de cultivo, foi de18,1%, tendo sido observado para tubér-culos da cultivar Bintje, obtidos nasmesmas condições de cultivo, um teorde matéria seca de 18,3%. Teste préviode fritura e o formato dos tubérculoscredenciam o clone Embrapa/CIP-

PP039 para utilização potencial para oprocessamento na forma de fatias. O for-mato do tubérculo e a aspereza da pelí-cula são fatores que dificultam bastantea sua utilização na comercialização innatura de tubérculos.

Além de resistência à pinta-preta ecaracterísticas agronômicas favoráveis,o clone Embrapa/CIP-PP039 apresentaainda imunidade ao vírus X da batata.

O clone Embrapa/CIP-PP039 possuiplantas vigorosas, de hastes mediana-mente pigmentadas e asas retas. As fo-lhas, de inserção obtusa, são bem fecha-das pelos folíolos. Os folíolos primáriossão grandes e de largura média, com altafreqüência de coalescência. Os folíolossecundários são medianamente freqüen-tes. O seu florescimento em Brasília éabundante, sendo o pedúnculo floralcomprido e pigmentado. As flores sãobrancas internamente e levementepigmentadas externamente. Frutificamuito bem, produzindo frutos de colora-ção roxa e quantidade mediana de pólen.Os brotos dos tubérculos, quando desen-volvidos sob luz difusa apresentam for-mato oval, base azul-púrpura fortementepigmentada, pubescência média e inten-sidade média de primórdios radiculares.O ápice é medianamente aberto e asbrotações laterais são curtas.

Como o clone Embrapa/CIP-PP018,o clone Embrapa/CIP-PP039 tambémencontra-se à disposição de instituiçõesinteressadas em trabalhos conjuntoscom a Embrapa Hortaliças, na forma detubérculos e de plantas in vitro.

92 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

ATHANÁZIO, J.C.; TAKAHASHI, L.S.A.; ENDO, R.M.; SILVA, G.L. da. “UEL-2”: cultivar de feijão-de-vagem tipo manteiga de crescimento determina-do. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 91, maio 1998.

“UEL-2”: cultivar de feijão-de-vagem tipo manteiga de crescimentodeterminado.

João Carlos Athanázio; Lúcia S.A. Takahashi; Romeu M. Endo; Geraldo L. da SilvaUniversidade Estadual de Londrina, C. Postal 6001, 86.051-990 Londrina -PR

RESUMO

“UEL-2” é uma cultivar de feijão-de-vagem de crescimento de-terminado obtida a partir de linhagens de feijão-de-vagem provenien-tes do ‘Centro Internacional de Agricultura Tropical’ - CIAT (Cali,Colômbia), selecionada em campo para adaptação e resistência a pra-gas e doenças. “UEL-2” produz vagens achatadas, de coloração ver-de-clara, que atingem o ponto de colheita em aproximadamente 55dias após o plantio. Amostras de sementes podem ser solicitadas aoDepartamento de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, melhoramento, seleção.

ABSTRACT

“UEL-2”: a bush type snap bean cultivar.“UEL-2” is a bush type snap-bean cultivar developed from lines

obtained in the International Center for Tropical Agriculture - CIAT(Cali, Colombia) and selected in the field for adaptation and resistanceto pests and diseases. “UEL-2” yields flat light green poods, thatreach harvest time around 55 days after sowing. Seed samples canbe obtained at Londrina State University, Department of Agronomy.

Keywords: Phaseolus vulgaris, breeding, selection.

(Aceito para publicação em 05 de março de 1998)

“UEL-2” é uma cultivar de feijão-de-vagem de crescimento determinadoque produz vagens achatadas, popular-mente conhecidas como do tipo man-teiga, desenvolvida no Departamentode Agronomia da Universidade Esta-dual de Londrina.

ORIGEM E SELEÇÃO

No processo de seleção foram utili-zadas linhagens de feijão-de-vagem pro-venientes do Centro Internacional deAgricultura Tropical - CIAT. Inicialmen-te foram cultivadas 41 linhagens a par-tir das quais, considerando-se a capaci-dade de adaptação, reação a pragas edoenças em condições de cultivo emcampo, porte de planta, ciclo e caracte-rísticas das vagens, foram selecionadasquatorze. Após ensaios comparativoscom cultivares conhecidas na região,finalmente foi selecionada a linhagemque deu origem à cultivar UEL-2.

DESCRIÇÃO

As plantas da cultivar UEL-2 sãoeretas, com crescimento determinado,atingindo um altura média de 40 cm.Apresentam flores brancas, com oflorescimento ocorrendo de forma concen-trada aproximadamente 35 dias após a se-meadura. As vagens são retas, com secçãoachatada, coloração verde-clara, compri-mento médio de 14 cm, largura de 0,9 cm,

atingindo o ponto de colheita em torno de55 dias após o plantio. As sementes, quan-do maduras, são de coloração branca.

SEMENTES

Amostras de sementes da cultivarUEL-2 podem ser solicitadas ao Depar-tamento de Agronomia da Universida-de Estadual de Londrina.

93Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997.

expediente

Números disponíveis por R$ 5,00 (cinco reais)

Gostaríamos de apresentar aos sócios esta novaseção de Horticultura Brasileira. Com ela pretendemos abrir um canal de comunicação entre os

leitores e a Comissão Editorial e vice-versa. Nesta seção es-taremos publicando breves avisos, sugestões e críticas. Já nopróximo número esperamos contar com a colaboração dosleitores, que devem enviar seus textos digitados para a Co-missão Editorial. Por questões de espaço, nem todas as notasrecebidas poderão ser publicadas e algumas poderão serpublicadas apenas parcialmente.

CAMISISAS DA HORTICULTURA BRASILEIRA

Estão disponíveis, para venda, camisas Polo daHorticultura Brasileira, nos tamanhos P, M e G ao preço deR$ 13,00, já incluídas as despesas de envio. Quem desejaradquirir, deve enviar um cheque nominal (Horticultura Bra-sileira) no valor correspondente a quantidade de camisas, in-dicando os tamanhos pedidos.

NÚMEROS ATRASADOS DE HORTICULTURABRASILEIRA E LIVRO DA BATATA

Temos disponíveis alguns números atrasados deHorticultura Brasileira, além de alguns exemplares do Livroda Batata. Caso queira completar sua coleção e/ou adquirir olivro, basta fazer um depósito no valor correspondente noBanco do Brasil, agência 1003-0 (Agência 504 Norte -Brasília), conta corrente 69.124-0, ou enviar cheque nominalà Horticultura Brasileira. Junto ao cheque ou à cópia do reci-bo de depósito (que deve conter o seu nome), indique os nú-meros que deseja receber e o endereço. Não esqueça de indi-car também telefone, fax e e.mail. Os valores abaixo já inclu-em as despesas de correio.

ESTA PÁGINA DEVE TER O EXPEDIENTE IGUAL AO NÚMERO 15_2APENAS SUBSTITUIR O TEXTO

94 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

ESTA PÁGINA DEVE TER O EXPEDIENTE IGUAL AO NÚMERO 15_2

95Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

ESTA PÁGINA DEVE TER O EXPEDIENTE IGUAL AO NÚMERO 15_2

96 Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997.

normas

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Instruções para apresentação de trabalhos à revistaHorticultura Brasileira:

I . O periódico, em português, é composto das seguintesseções:

1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Eco-nomia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos eCultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente.

II . Definição das seções:

1. ARTIGO CONVIDADO : sobre tópico de interesseatual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre,porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigató-ria a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatu-ra, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso hajatabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicosou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l),(m) e (n) de PESQUISA;

2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comis-são Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender àalínea (b) de PESQUISA;

3. PESQUISAa) Artigo relatando um trabalho original, referente a re-

sultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos si-multaneamente à publicação em outro periódico ou veículode divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após sub-metidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publica-dos, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida auto-rização por escrito da Comissão Editorial de HorticulturaBrasileira;

b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, pro-cessados em microcomputador, em programa Word 6.0 ousuperior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze;

c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado daanuência à publicação de todos os autores, assim como decópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação daanuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil depelo menos um dos autores;

d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho,que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espé-cies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que nãohaja nome comum em português. Ao título deve seguir o nomee endereço postal completo dos autores (veja padrão de apre-sentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algumautor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apre-sentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé,com numeração consecutiva. Anotações como entidades

financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas emAGRADECIMENTOS;

e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. Aspalavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem re-petir termos para indexação que já estejam no título; 2.Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. Oabstract, o título em inglês e keywords devem ser versõesperfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4.Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradeci-mentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas.

f) Referências à literatura no texto deverão ser feitasconforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú &Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilizea expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempreem itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duveet al., 1951);

g) As referências bibliográficas citadas no texto deverãoser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabé-tica, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigodo(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por umaletra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho,como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada refe-rência deverá obedecer as normas vigentes da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue:

Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta,separados por ponto-e-vírgula. Independente do número deautores, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do artigo. Título do Periódico (emHorticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a uti-lização de abreviações), cidade de publicação (apenas paraperiódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quan-do a informação estiver disponível), paginação inicial e fi-nal, mês (indicando com inicial maiúscula os meses paraperiódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódi-cos em português, e abreviando-se na terceira letra quandoo nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publi-cação. Recue o início de uma eventual segunda linha de re-ferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage.Journal of the American Society for HorticulturalScience, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972.

Livro : NOME DOS AUTORES (em caixa alta, sepa-rados por ponto-e-vírgula. Independente do número de auto-res do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sem-pre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Ci-dade de publicação: editora, ano de publicação. Número total

97Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha dereferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:

ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍ-TULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Inde-pendente do número de autores, todos devem ser relaciona-dos, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et allina LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In: NOMEDOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIVRO (emcaixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente donúmero de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERA-TURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileirasempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações).Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Páginasinicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linhade referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inici-al. Veja o exemplo:

ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed.Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465 - 536.

Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título datese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: insti-tuição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tesemestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual se-gunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:

SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p.(Tese mestrado).

Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em cai-xa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do nú-mero de autores do artigo, todos devem ser relacionados, ve-dando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LI-TERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DOCONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em HorticulturaBrasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA),número do congresso. (seguido de ponto), ano de realizaçãodo congresso, cidade de realização do congresso. Título dapublicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reti-cências): Local de edição da publicação: editora ou institui-ção responsável pela publicação, ano de publicação. Páginasinicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventualsegunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;

FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mine-ral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p.357 - 364.

h) A citação de resumos apresentados em congressos deveser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto nocaso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;

i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idadedeve ser limitada a no máximo 50% do total de referências,exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quanti-dade razoável;

j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras queapresentem dados relevantes à interpretação do assunto e quenão possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Da-dos apresentados em figuras não devem ser apresentados no-vamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devemser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com nu-meração consecutiva;

k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas,rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta or-dem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabe-las e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, oleitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem sernecessário que consulte o texto. As tabelas devem ser confi-guradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word,ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas hori-zontais devem aparecer somente entre o título e o corpo databela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando foro caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha;

l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem serindicadas de acordo com a nomenclatura adotada pelaChemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067,publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas de-vem ser apresentadas no rodapé;

m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de no-mes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a refe-rência ao princípio ativo;

n) No caso do trabalho conter fotografias, a ComissãoEditorial deve ser consultada. No caso de fotografias colori-das, os autores devem cobrir os custos adicionais.

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL : trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural, tendo formalivre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a),(b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresen-tar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Casohaja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação.Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências aagrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas(j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

5. PÁGINA DO HORTICULTOR : Comunicação ounota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor.Observar o mesmo padrão de PESQUISA.

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE : comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendoobedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) dePESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatóriaa sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmu-las químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de foto-

98 Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

grafias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

7. NOVA CULTIVAR : Comunicação relatando o regis-tro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obede-cer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUI-SA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PES-QUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract,título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e)de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a suaanuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulasquímicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografi-as, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

8. EXPEDIENTE : seção destinada à comunicação en-tre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seção Expedi-ente. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidaspoderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas ape-nas parcialmente.

9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) dePESQUISA não serão aceitos.

10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f),(g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos au-tores para que sejam adequados sem serem registrados nasecretaria da revista.

11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUI-SA permanecerão na secretaria da revista, com processo detramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constanteno aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pelaComissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações con-tidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos auto-res, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalhoserá excluído dos registros da secretaria da revista.

III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seçõesPESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serãoapreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialis-tas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre aconveniência de sua publicação do trabalho, com base naqualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submeti-dos à publicação nas demais seções, a critério da ComissãoEditorial, podem também ser apreciados por assessores adhoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempreque consultados indicar alterações que adequem o artigo aopadrão de publicação da revista.

IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação em Horticultura Brasilei-ra, v. 14 em diante.

V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Edi-torial. Se necessário, modificações nas normas de publicaçãoserão feitas posteriormente.

VI. Os originais devem ser enviados para:Horticultura Brasileira

C. Postal 190

70.359-970 Brasília - DFTel.: (061) 385.9051 / 385.9066 / 385.9000

Fax: (061) 556.5744

E.mail: [email protected]. Assuntos relacionados mudança de endereço, filiação

à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento deanuidade, devem ser encaminhados à diretoria da SOB, noseguinte endereço:

UENF - CCTA

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99Hortic. bras., v. 16, n. 1, maio 1998.

INCLUIR OS RESUMOS DO 38º CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA