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Indígenas do Brasil 2010_PDF

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Nesta presente revisão (DAI/AMTB 2010),foram feitas 27 pesquisas de campo, 76entrevistas, consultados os bancos de dadosdo IBGE, FUNASA e FUNAI, entre outros,com um total de 4.200 dados avaliados.Um grupo de trabalho foi formado para arevisão do Banco de Dados: Edson Bakairi,Stan Anonby, Wilsamara Filgueiras, AndreasFuchs, Richard Eger e Ronaldo Lidório. Váriosirmãos colaboraram de maneira preciosa

ao longo da revisão, aos quais somosimensamente gratos. Agradecemos de formaespecial também a Elisabete Wiens, CassianoLuz, Adriano Hedler, David Phillips, MarceloCarvalho e Gedeon Lidório, que investiramtempo e esforço nesta tarefa. Os diretores doDAI/AMTB, Rocindes Correia e Edward Luz,coordenaram o andamento do trabalho e oprocesso de conclusão das análises.

Os resultados apresentam um quadroeclético, que envolve crescente migraçãourbana, uma explosão de indivíduos quepassam a se autodeclarar indígenas nosúltimos 15 anos, acelerada perda da línguamaterna nas etnias periféricas às áreasurbanas e intensicação dos problemasde saúde, educação e subsistência nosambientes de aldeamento.

O demonstrativo estatístico quanto àpresença evangélica e missionária tambémapresenta dados que nos fazem reetir. AIgreja Indígena está em franco crescimento,o que se dá a partir das relações intertribaislocais, atuação missionária com ênfase nodiscipulado e treinamento indígena e trêsfortes movimentos indígenas nacionais. Apresença missionária coordena mais de duascentenas de programas e projetos sociaisde relevância que minimizam o sofrimentoem áreas críticas, sobretudo em educação esaúde, e valorizam a sociedade indígena local.O registro linguístico, associado à produçãode material para letramento, é outro vigorosofruto das iniciativas missionárias, que seenvolvem especialmente com grupos àmargem do cuidado e interesse da sociedade.

O universo indígena brasileiro,diversicado e multicultural, tem

sido constante alvo de dimensionamentoestatístico e sociocultural. Neste documento,apresentarei o relatório da Coordenaçãode Pesquisa do Departamento de AssuntosIndígenas (DAI) da Associação de MissõesTransculturais Brasileiras (AMTB), que possui41 agências missionárias liadas, as quaisabrigam missionários vinculados a mais de

120 diferentes denominações evangélicas.O presente relatório é fruto da análise

do Banco de Dados do DAI e conclusões noque se refere às tendências demográcas,composição étnica e iniciativas evangélicasentre os povos indígenas em diversasáreas. Observaremos as 37 etnias indígenasvivendo em risco de extinção, as 41emergentes e o processo de urbanizaçãoem 111 diferentes grupos. Veremos as 121etnias pouco ou não evangelizadas, as 95sem presença missionária e as 38 línguascom clara necessidade de tradução bíblicaou projeto especial de oralidade. Seremostambém informados sobre os 257 programase projetos sociais coordenados pela ForçaMissionária Evangélica junto aos povosindígenas e sua expressiva relevância.

A Coordenação de Pesquisa concluiu em2010 uma ampla pesquisa e revisão de dados  juntamente com seus parceiros: ConselhoNacional de Pastores e Líderes EvangélicosIndígenas (CONPLEI), ETHNOLOGUE/SIL,PNA100, SEPAL, Instituto Antropos, diversospesquisadores de campo e colaboradores deanálise. As pesquisas étnicas têm caminhadode forma frutífera no movimento missionárioevangélico brasileiro. Carl Harrison, Rinaldode Mattos, Isaac Souza, Ana Bacon, OsvaldoÁlvares, Ted Limpic, Enoque Faria e PauloBottrel, entre outros, desenvolveram comcompetência ao longo dos anos estapesquisa, organização e análise de dados,cujo resultado é o Banco de Dados doDepartamento de Assuntos Indígenas daAMTB.

Realização: Departamento de Assuntos Indígenas da Associaçãode Missões Transculturais Brasileiras (DAI-AMTB)

Coordenação do DAI-AMTB: Edward Luz, Rocindes Corrêa,Ronaldo Lidório, Cassiano Luz

Coordenação de Pesquisas e Organização: Ronaldo Lidório

Arte e Diagramação: Renan Yoshima

Fotos: Adriano Hedler

Impressão: Imprensa da Fé - www.imprensadafe.com.br

Todos os direitos reservados por: DAI-AMTB, Rua PrincesaFrancisca Carolina, 201 Sala 7 - Vila Primavera, São Bernardo doCampo - SP - CEP 09770-340. E-mail: [email protected]

É permitida a reprodução desde que citada a fonte

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A seguir, serão apresentados os dados ealgumas implicações associadas a eles. Nasegunda parte deste relatório, será fornecidoo demonstrativo estatístico com um resumodos dados e visualização de grácos.

sejam principais: reavivamento cultural,movimentação política e busca pelosincentivos governamentais.

A Fundação Nacional da Saúde (FUNASA),órgão vinculado ao Ministério da Saúde,apresentou relatórios recentes, segundoos quais 520.000 indígenas estão sendoatualmente atendidos em 34 DistritosSanitários Especiais Indígenas (DSEI’s)vinculados ao Sistema Único de Saúde

(SUS). 54,2% dessa população localiza-sena Amazônia Legal e 26%, em estados daregião Nordeste.

O DAI/AMTB, analisando as etniasconhecidas e em estudo, reconhece apopulação de 616.000 indígenas em 2010.Dentre esses, 52% habitam em aldeamentose 48% em regiões urbanizadas ou emurbanização. Cerca de 60% da populaçãoindígena brasileira habita a Amazônia Legal,composta pelos estados do Amazonas, Acre,Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins,Mato Grosso e parte do Maranhão. A partirdas leituras de movimentos demográcos,porém, em 5 anos haverá igualdade entreaqueles que habitam as aldeias e os quevivem nas pequenas e grandes cidades. Apartir de 2015, a quantidade de indígenashabitando centros urbanos será certamentemaior e apresentará um aumento gradual.

Há uma marcante presença de etniasminoritárias no quadro geral – 35 etnias sãoformadas por até 100 pessoas; 85 possuem

entre 101 e 500 pessoas; 31, entre 501 e 1.000pessoas; 56, entre 1.001 e 5.000 pessoas;10, entre 5.001 e 10.000 pessoas; 7, entre10.001 e 20.000; e 4 são formadas por umapopulação acima de 20.000 pessoas. 76etnias não possuem situação populacionaldeterminada e 36 partilham sua populaçãocom países limítrofes.

Segundo a Fundação Nacional doÍndio (FUNAI), há 611 Terras Indígenas (TIs)reconhecidas ou em fase de reconhecimento,que correspondem a 13% das terras do paíse a 21% da Amazônia Legal.

TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS

O crescimento da população geraldos povos indígenas no Brasil é muitosignicativo. Em 1991, a população indígenaocial do Brasil era formada por 294.000indivíduos. A partir do ano 2000, porém,

o IBGE passa a registrar aumentos de até150% no número de indivíduos que seautodeclaram indígenas, principalmente nasáreas urbanas ou em urbanização. 734.000pessoas se declararam indígenas na pesquisado IBGE do ano 2000, perfazendo um total dequase 900.000 em 2010. Há diversos motivospara tal crescimento estatístico. Observa-se que tal fenômeno de autodeclaraçãoem grande escala ocorreu principalmentenas regiões urbanas e em urbanizaçãodo Nordeste e Sudeste. Os motivos sãoos mais diversos, mas avaliamos que três

DEMONSTRATIVODEMOGRÁFICO

POPULAÇÃO TOTAL:616.000 INDIVÍDUOS

Vivendo em aldeamentos: 52%

Vivendo próximo a áreas urbanizadasou em áreas urbanas 48%

DISTRIBUIÇÃO DAPOPULAÇÃO NAS ETNIAS

De 1 a 100 pessoas: 35De 101 a 500 pessoas: 85De 501 a 1.000 pessoas: 31De 1.001 a 5.000 pessoas: 56De 5.001 e 10.000 pessoas: 10De 10.001 a 20.000 pessoas: 07

Com mais de 20.000 pessoas: 04Com população partilhada com países limítrofes: 36Com população indeterminada: 76

TERRAS INDÍGENAS (TIS) RECONHECIDASOU EM FASE DE RECONHECIMENTO

Das terras do país 13%

Da Amazônia Legal 21%

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOL IDÓRIO/ WWW.INDIGENA.ORG.BR

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COMPOSIÇÃO ÉTNICA

A percepção do dimensionamento étnicopassa por diversos ltros que nublam umaestatística mais segura. Um desses ltros éa existência dos grupos ainda isolados, ouseja, etnias que habitam em áreas remotase que possuem pouco ou nenhum contatocom os demais segmentos indígenas ounão-indígenas. Há 37 grupos listados nessacategoria, mas esse número pode chegar a 52.

Há também várias etnias tratadas deforma unitária, mas que de fato são gruposcom distintas identidades socioculturais elinguísticas. Um exemplo seriam os Yanomami,frequentemente listados como um grupoindígena, mas que compõem diversas etniasdistintas. O mesmo ocorre com os chamados“Maku”, um termo genérico e pejorativoutilizado para se referir a pelo menos 5diferentes etnias.

Por m, há também os grupos ressurgidos

(ou emergentes) que, pela miscigenaçãocom não-indígenas (e outros fatores dedispersão), perderam por algum tempo suaautoidenticação étnica. Por diversos motivos,vários voltaram a solicitar seu reconhecimentocomo povos indígenas e formam 41 etniasem todo o território nacional. Se incluirmosnessa categoria aqueles que, mesmo nãotendo perdido a sua autoidenticação porum período, experimentaram um intensoe crescente envolvimento com a sociedadeexterna (também chamados de “aculturados”em alguns meios), teremos o total de 94 grupos.

Desta forma, entre as etnias conhecidas(228), as isoladas (27), as parcialmenteisoladas (10), as possivelmente extintas (9),as ressurgidas (41) e as ainda a pesquisar (25),reconhecemos um quadro formado por 340grupos.

É importante destacar que 37 dessasetnias vivem em risco de extinção, levandoem consideração sua população (inferiora 35 pessoas), elementos socioambientaisdesfavoráveis, limitado acesso à assistência desaúde, conitos e dispersão, constituindo os 5principais fatores no processo de extinção deum grupo.

Um dado relevante refere-se ao crescenteprocesso de urbanização. 111 etnias possuemrepresentação em pequenas e grandescidades e declaram que os elementos deatração são: (1) busca por educação formal emportuguês; (2) proximidade de uma melhorassistência à saúde; (3) acesso a produtosassimilados (especialmente roupas, alimentos,

entretenimento e álcool); e (4) expectativade melhor subsistência. Os dados quanto aoprocesso de urbanização e suas implicaçõessocioculturais, sociolinguísticas e familiaresainda são inconclusivos, porém, apontam, emgrande parte, para um cenário por demaispreocupante, formado por sérias deciênciasde inclusão social, empobrecimento da dietaalimentar e diculdade de acesso às iniciativasde assistência pública.

DEMONSTRATIVOÉTNICO

EXISTEM 340ETNIAS INDÍGENAS

NO NOSSO PAÍS

Reconhecidas ocialmente: 228

Isoladas: 27

Parcialmente isoladas: 10

A pesquisar: 25

Possivelmente extintas: 09

Ressurgidas: 41

ETNIAS URBANIZADAS OU EM PROCESSO DE URBANIZAÇÃO111PRINCIPAIS FATORES:

Busca por educação formal em português

Proximidade a uma melhor assistência de saúde

Acesso a produtos assimilados(especialmente roupas, alimentos, entretenimento e álcool)

Busca por melhor subsistência

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOL IDÓRIO/ WWW.INDIGENA.ORG.BR

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INICIATIVAS EVANGÉLICAS

A Igreja Indígena está presente, emdiferentes níveis de representação, em 150etnias, possuindo igreja local com liderançaprópria em 51 e sem liderança própria em 99.

Há presença missionária evangélica em182 etnias indígenas, representando mais de30 Agências Missionárias Evangélicas e quase100 diferentes denominações.

Em 165 dessas etnias, há programase projetos sociais coordenados pormissionários evangélicos. Dessas, 92 possuemum programa social ativo, 54 possuem doisprogramas sociais ativos, e 19 possuemtrês ou mais programas, perfazendo 257programas e projetos com ênfase nas áreasde educação (análise linguística, registro,letramento, publicações locais e tradução),saúde (assistência básica, primeiros socorros eclínicas médicas), subsistência e sociocultural(valorização cultural, promoção da cidadania,mercado justo e inclusão social). Apenas 17etnias com presença missionária evangélicanão possuem um programa social ativo. Maisde 90% de todos os programas e projetossão subsidiados por igrejas, empresas erepresentantes evangélicos do Brasil. Essesnúmeros demonstram que a presençamissionária evangélica está, histórica etradicionalmente, sempre associada ainiciativas sociais e culturais, especialmenteàquelas com forte valor para o povo local.

Dentre as 182 etnias com presençamissionária evangélica, 132 possuemindígenas evangélicos, e 50 não possuem. Há

16 seminários e cursos bíblicos no Brasil comênfase no preparo indígena e 3 movimentosnacionais de iniciativa e coordenaçãoindígena evangélica: o Conselho Nacionalde Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas(CONPLEI), a Associação de MulheresEvangélicas Indígenas (AMEI) e a AssociaçãoIndígena de Tradutores Evangélicos (AITE).

Um outro movimento nacional com ênfasenos direitos humanos e especial combateao infanticídio foi iniciado pela ATINI – VOZPELA VIDA e reuniu, nos últimos anos, apoioe participação de todos os segmentos

evangélicos, despertando o debate, expondofatos contundentes e resultando em ações devalorização à vida e apoio a crianças em riscode infanticídio.

Há 121 etnias pouco ou não evangelizadas,ou seja, aquelas em que não há presençamissionária evangélica nem mesmopresença da Igreja Indígena. Outros fatores,como acesso a outras etnias evangelizadase dispersão demográca, também foramconsiderados nessa categoria. Das 121 etniaspouco ou não evangelizadas, 74 habitamáreas viáveis. O restante se divide entre áreasparcialmente restritas (13) ou restritas (34).

Não há presença missionária em 95etnias conhecidas, 27 etnias isoladas e 25a pesquisar, totalizando 147 etnias sempresença missionária.

Dentre as 150 etnias com presençaevangélica indígena, 99 não possuemliderança própria e 51 não dispõem de acessoa nenhum programa de ensino bíblico, oque demonstra que a Igreja Indígena estáem franco crescimento; porém, não háproporcional desenvolvimento do ensinoe treinamento, o que pode gerar gravesproblemas, como sincretismo e nominalismo.

DEMONSTRATIVO DEREPRESENTATIVIDADE

EVANGÉLICA

HÁ 150 ETNIASCOM PRESENÇA DA

IGREJA INDÍGENA

SÃO 182 ETNIASCOM PRESENÇA

MISSIONÁRIAEVANGÉLICA

Com igreja e liderança local: 51

Com igreja, mas sem liderança local: 99

Sem representantes evangélicos indígenas: 50

Com representantes evangélicos indígenas: 132

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOLIDÓRIO / WWW.INDIGENA.ORG.BR

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DEMONSTRATIVO DEREPRESENTATIVIDADE

EVANGÉLICA 

SÃO 182 ETNIASCOM PRESENÇA

MISSIONÁRIAEVANGÉLICA

Com um programa social ativo: 92

Com dois programas sociais ativos: 54

Com três ou mais programas sociais ativos: 19

Sem programas sociais ativos: 17

Há no total 257programas sociaisentre indígenascoordenadospor missionáriosevangélicos

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOLIDÓRIO / WWW.INDIGENA.ORG.BR

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SEMINÁRIOS E CURSOS COMÊNFASE NO PREPARO INDÍGENA

MOVIMENTOS NACIONAISEVANGÉLICOS INDÍGENAS

Conplei

 Amei

 AITE

(Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas)

(Associação de Mulheres Evangélicas Indígenas)

(Associação Indígena de Tradutores Evangélicos)

INDÍGENAS EVANGÉLICOSQUE PARTICIPARAM DE

ENCONTROS DO CONPLEI

LÍDERES EVANGÉLICOS INDÍGENASQUE PARTICIPARAM DE SEMINÁRIOS,

CURSOS E TREINAMENTO

1.690

485

2.350

512

2006 / 2007

2006 / 2007

2008 / 2009

2008 / 2009

DEMONSTRATIVO DEREPRESENTATIVIDADE

EVANGÉLICA

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOL IDÓRIO/ WWW.INDIGENA.ORG.BR

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ANÁLISE LINGUÍSTICA E TRADUÇÃO DABÍBLIA

Consideramos a existência de 181 línguasindígenas no Brasil, apesar das diferentesdiscussões e estudos ainda inconclusivos sobrevárias delas.

Em 54 línguas, há programas de análiselinguística e letramento em andamento, sobiniciativa evangélica. Em 31 dessas línguas, hátambém programas de tradução bíblica emandamento. No momento, contamos com 58

línguas que possuem porções bíblicas, o NovoTestamento ou a Bíblia completa em seu próprioidioma, material este que serve a 66 etnias.

Em 3 línguas, há a Bíblia completa (queservem a 7 etnias); em 32, há o Novo Testamentocompleto (que servem a 36 etnias); e em 23, háporções bíblicas, que servem ao mesmo númerode etnias.

Há 10 línguas com clara necessidade detradução bíblica, 28 com necessidade de umprojeto especial de tradução com base naoralidade e 31 com situação ainda indenida,a avaliar. Essas 31 línguas a avaliar são faladaspor 59 etnias. Tanto as línguas com necessidadede projetos de tradução quanto aquelascom necessidade de um projeto especial deoralidade possuem pouquíssima possibilidadede compreensão do Evangelho em algumaoutra língua, por outros meios de comunicaçãoou outros grupos próximos.

Há cerca de 132 etnias indígenas que falamo português – 66 delas falam somente oportuguês e 66 são bilíngues ou trilíngues como português. Dessas 132 etnias, 48 manifestam

a necessidade de uma nova versão da Bíbliaem português, que facilite o seu entendimento.Este assunto será alvo de maiores pesquisas e seavalia a possibilidade de desenvolvimento deum material oral para esta nalidade.

Segundo Moore (2006), dentre as línguasvivas indígenas brasileiras, 13% possuemdescrição completa; 38%, descrição avançada;29%, descrição incipiente; 19%, pouca ounenhuma descrição e 1% encontra-se emsituação indenida.

O pesquisador alemão Michael Kraus (1992)arma que 27% das línguas sul-americanas não

são mais aprendidas pelas crianças. Isso signicaque um número cada vez maior de criançasindígenas perde o poder de comunicação emuma língua indígena a cada dia. As razões vãodesde a imposição socioeconômica nas etniasmais próximas dos vilarejos e povoados até afalta de valorização sociocultural do grupo, oque fortalece os fatores de atração em direção àsociedade envolvente.

Estima-se que, na época da conquistapelos portugueses, eram faladas 1.273 línguasno Brasil. Ou seja, perdemos 85% de nossadiversidade linguística em 500 anos. Estudiososarmam que há uma crise sociolinguística noestado de Rondônia, onde 65% das línguasestão seriamente em perigo por não seremmais usadas pelas crianças e por terem pequenonúmero de falantes.

A perda linguística está associada a perdasculturais irreparáveis, como a transmissão doconhecimento, formas artísticas, tradições orais,perspectivas ontológicas e cosmológicas.

Através de iniciativas ligadas à AITE(Associação Indígena de Tradutores Evangélicos),ALEM (Associação Linguística EvangélicaMissionária), AMEM (A Missão de EvangelizaçãoMundial), Amanajé, APMT (Agência Presbiterianade Missões Transculturais), ATE (AssociaçãoTranscultrural Evangélica), JAMI (JuntaAdministrativa de Missões) da ConvençãoBatista Nacional, JOCUM (Jovens com UmaMissão), JMN (Junta de Missões Nacionais) daConvenção Batista Brasileira, MEIB (MissãoEvangélica aos Índios do Brasil), MICEB (MissãoCristã Evangélica do Brasil), Missão EvangélicaCaiuá, Missão Indígena UNIEDAS, MEVA (Missão

Evangélica da Amazônia), MNTB (Missão NovasTribos do Brasil), SIL (Sociedade Internacional deLinguística), entre várias outras, a presença delinguistas, educadores e tradutores missionárioscatalogando, analisando e produzindo materialde letramento nas línguas indígenas colaborapara a valorização linguística, social e cultural dapopulação indígena como um todo.

Assim, entende-se que o evangelho nãoapenas responde aos questionamentos daalma humana, como também contribui paraa sobrevivência individual, social, cultural elingüística dos povos indígenas no Brasil.

DEMONSTRATIVOLINGUÍSTICO E DE

TRADUÇÃO BÍBLICA

LÍNGUAS SERVEM A 57 ETNIAS

PROJETOS EM ANDAMENTO:

13% possuem descrição completa

Análise linguística em andamento: 23

38% possuem descrição avançada

Tradução bíblica em andamento: 31

29% possuem descrição incipiente

19% possuem pouca ou nenhuma descrição

1% em situação indenida

DESCRIÇÃO LINGUÍSTICA 181

54

LÍNGUAS INDÍGENAS DO BRASIL

58 LÍNGUAS TÊMPORÇÕES BÍBLICAS, ONOVO TESTAMENTO OU ABÍBLIA COMPLETA, QUESERVEM A 66 ETNIAS.

Bíblia completa: 03 línguas(servem a 7 etnias)NT completo: 32 línguas (servem a 36 etnias)Porções bíblicas: 23 línguas (servem a 23 etnias)

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOL IDÓRIO/ WWW.INDIGENA.ORG.BR

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DEMONSTRATIVOLINGUÍSTICO E DE

TRADUÇÃO BÍBLICA 

Falantes somente do português: 66

Bilíngues ou trilíngues com o português: 66

132ETNIAS FALANTES DO PORTUGUÊS

EXISTEM69 LÍNGUAS SEM ABÍBLIA TRADUZIDA

Com clara necessidade de tradução: 10Com necessidade de projetos especiais de oralidade: 28Situação indenida e a avaliar: 31

48 ETNIAS EXPRESSAM NECESSIDADE DENOVA VERSÃO BÍBLICA EM PORTUGUÊS

DESAFIOS REPRESENTADOS

Perante tal quadro, vários desaos seapresentam, e destacarei os que estão ligadosa (1) pesquisa e avaliação, (2) evangelização ediscipulado, (3) tradução e uso das Escriturasbíblicas, (4) treinamento indígena, (5) novosmissionários e iniciativas, (6) apoio a projetos emandamento e (7) apoio especializado.

De pesquisa e avaliação

O objetivo é dimensionar a realidade étnica,linguística e sociocultural e colaborar na

elaboração de novas iniciativas de relevância junto aos povos indígenas do Brasil.

As 42 etnias remotas e as 37 etnias com riscoou já em processo de extinção demandamatenção.

As 121 etnias pouco ou não evangelizadasdemandam pesquisa para avaliação deestratégias adequadas de cooperação einteração com tais povos.

Ampla pesquisa necessita também serrealizada entre as 111 etnias em processode urbanização, os fatores de atração e asimplicações para tais grupos.

As 59 etnias que falam línguas ainda a seremavaliadas demandam pesquisa sociolinguística.

É necessário também avaliar a demandade 48 etnias falantes do português, sejam elasmonolíngues, bilíngues ou trilíngues, e queexpressam a necessidade de uma versão maiscompreensível da Bíblia no próprio português.

De evangelização e discipulado

Das 121 etnias pouco ou não evangelizadas,

74 habitam áreas chamadas viáveis, ou seja, emque é possível uma interação com os povosindígenas sem maiores barreiras. Outras 47habitam áreas restritas ou parcialmente restritas.Chama a nossa atenção o alto número deetnias sem conhecimento do Evangelho emáreas relativamente abertas e sem iniciativasevangélicas e missionárias.

Há ainda 95 etnias indígenas conhecidassem presença missionária, demonstrandoque a grande necessidade dos movimentosmissionários ainda são os recursos humanos.

Considerando que mais de 40% das ações

missionárias em andamento demandam comurgência mais pessoas para assegurar o seuprosseguimento, e que 95 etnias permanecemsem presença missionária, podemos estimar anecessidade de no mínimo 357 novas unidadesmissionárias (solteiros ou casais) para reforçar otrabalho existente e iniciar novos. Levando emconsideração as ações especializadas bem comoo trabalho administrativo, logístico e pastoralque tanto precedem quanto acompanham taisiniciativas, asseguradamente seriam necessáriasno mínimo 500 novas unidades missionáriaspara fazer frente ao presente desao total.

Isso não será possível sem (1) a mobilizaçãoda Igreja brasileira no recrutamento e envio; (2)o apoio às organizações missionárias; (3) o apoioàs instituições de ensino e preparo missionário,teológico, missiológico, antropológico elinguístico; e (4) muita oração.

As 37 etnias com conrmado ou possívelrisco de extinção bem como as 111 emprocesso de urbanização formam dois gruposcom movimentos demográcos distintos,mas igualmente carentes de evangelização ediscipulado.

De tradução e uso das Escrituras

O desao nesta área se faz presente tanto nas10 línguas com carência conrmada de traduçãobíblica, nas 28 com necessidade de um projetoespecial de oralidade, como também nas 54 quepossuem projetos linguísticos e de tradução emandamento. É imperativo apoiarmos aquelesque já estão no caminho, com longo trabalho járealizado, e não somente investirmos em novasiniciativas.

Há também um desao apresentado emrelação ao uso das Escrituras em muitas etnias

que já possuem a Bíblia ou porções bíblicas emsua língua materna. Há 17 etnias com acessoà Bíblia (seja porção, Novo Testamento ouVelho Testamento) na língua materna, mas semindígenas evangélicos entre eles. Ou seja, a Bíbliaestá presente, mas não está sendo usada.

Há ainda outras 25 etnias com o mesmo acessoà Bíblia, e com existência da Igreja Indígena local,mas sem liderança própria.

Vemos, portanto, que nesta área precisamosolhar para os que já estão caminhando, para quenão parem ao longo do caminho; para os queirão iniciar a caminhada com novos desaos,

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOLIDÓRIO / WWW.INDIGENA.ORG.BR

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e para aqueles cujo trabalho de tradução já foiconcluído, mas o uso das Escrituras necessita serreavivado. Precisamos de educadores e mestresna mesma proporção de linguistas e tradutores.

De treinamento indígena

As 99 etnias com igreja evangélica, mas semliderança própria, representam a extensão dodesao de treinamento em nossos dias. Junta-se a isso o fato de que 67 dessas etnias possuempouco acesso a cursos bíblicos, e 54 não possuemnenhum acesso.

A Igreja Indígena vive um momento decrescente interesse na capacitação bíblica eem outras diversas áreas, porém, sofre com aausência de treinamento perante a demandae necessidade. É necessário observarmos paraonde o vento sopra e nos juntarmos a estemovimento. Entre os anos de 2006 e 2007, háregistro de 1.690 indígenas que participaramde encontros e congressos do CONPLEI ouapoiados pelo CONPLEI. Em 2008 e 2009, essenúmero subiu para 2.350, demonstrando ogrande interesse pela comunhão interétnica,treinamento e capacitação.

Há, portanto, necessidade de fortaleceros seminários e cursos já implementadospara o treinamento indígena, investir emnovas iniciativas, como a Capacitação BíblicaMissionária Indígena (CBMI), e também encorajaros movimentos de treinamento da própriainiciativa indígena, como o CONPLEI.

Uma das conclusões estratégicas mais claras eurgentes nestes últimos anos é esta: é necessárioinvestir de forma intencional e abundante notreinamento dos líderes indígenas evangélicos.

De novos missionários e iniciativasComo foi mencionado, há grande necessidade

de no mínimo 500 novas unidades missionáriasnos próximos anos para fazer frente àsdemandas e oportunidades. É de senso comumque eles (1) tenham compromisso com Cristoe a obra missionária entre os povos indígenas;(2) estejam desejosos de se envolverem comdesaos e programas de médio e longo prazo;(3) sejam aptos ao aprendizado de uma novalíngua e cultura; (4) tenham forte desejo de seenvolverem com o universo indígena de formaintegral; (5) sejam aprovados segundo a Palavrade Deus (1 Timóteo 3).

Há necessidade de novos missionários tantopara a condução de projetos mais antigos, emandamento, como em novas iniciativas. Emambas as situações, as principais atividadessão: (1) evangelização e plantio de igrejas; (2)discipulado e treinamento de líderes indígenas;(3) desenvolvimento de ações sociais relevantes;(4) tradução bíblica e projetos especiais deoralidade; (5) apoio especializado: logística,transporte e comunicação; missiologia,linguística e antropologia; (6) pesquisa edesenvolvimento de estratégias.

De apoio a projetos em andamentoÉ necessário dar atenção às atividades

missionárias em andamento, especialmenteaquelas em fase de consolidação ou conclusão(mais de 10 anos). Pela índole da Igreja EvangélicaBrasileira e seu afã por novas iniciativas, nãoraramente deixamos para trás preciosassementes que foram lançadas na terra há umaou mais décadas e que precisam de maioratenção e apoio. Rero-me, portanto, à presençamissionária em 182 etnias, aos 257 programassociais em atividade, aos projetos de linguísticae tradução em 54 línguas, aos três grandesmovimentos evangélicos indígenas e aos 16seminários e cursos com ênfase no treinamentoindígena. Há clara necessidade de apoio para aconsolidação e continuidade de tais atividades.

De apoio especializado

Em diversas atividades missionárias hánecessidade de apoio técnico especializado,essencial para a qualidade da produção.Podemos citar áreas como a linguística,antropologia, missiologia, pesquisa,desenvolvimento comunitário, ações sociais,

consultoria jurídica, transporte, comunicação elogística. Sem um adequado fortalecimento noapoio especializado as ações missionárias entreos povos indígenas perderão força, qualidade eoportunidade.

Podemos observar o que instituições einiciativas como Asas do Socorro representamem relação a apoio logístico, transporte,comunicação e ações sociais. Tais iniciativasespecializadas multiplicam as ações missionáriase são fundamentais para boa parte do trabalhorealizado.

DEMONSTRATIVO DERISCO DE EXTINÇÃO

TOTAL DEETNIAS: 49

Etnias recentemente reconhecidas como extintas: 03

Etnias possivelmente extintas: 09

Etnias com conrmado risco de extinção: 11

Etnias com possível risco de extinção: 26

Principais contribuintespara o processo de extinção:

População inferior a 35 pessoasElementos socioambientais desfavoráveisLimitado acesso à assistência de saúdeConitos e dispersão

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DEMONSTRATIVOQUANTO À 

EVANGELIZAÇÃO

Com acesso viável: 74

Com acesso restrito: 34

Com acesso parcialmente restrito: 13

Conhecidas: 95

Isoladas: 27

A pesquisar: 25

EXISTEM 121ETNIAS POUCO OU

NÃO EVANGELIZADAS

147 ETNIAS NÃOPOSSUEM PRESENÇA

MISSIONÁRIA EVANGÉLICA

Desafio de Pesquisa e Avaliação

Desafio de Evangelização e Discipulado

Etnias remotas (com pouco ounenhum contato externo):

Etnias com risco ou em processo deextinção:

Etnias pouco ou não evangelizadas:Etnias urbanizadas ou em processode urbanização:

Etnias com línguas a avaliar, quantoà tradução bíblica:

Necessidade de uma nova versãobíblica em português:

Etnias pouco ou não evangelizadas: 121

Em áreas viáveis: 74Em áreas restritas ou parcialmente restritas: 47

Etnias conhecidas e sem presença missionária: 95

Etnias com conrmado ou possível risco de extinção: 37

Etnias em processo de urbanização: 111

42

37

121

111

59

48

DEMONSTRATIVO DODESAFIO REPRESENTADO

Fonte:DAI-AMTB / RONALDOLIDÓRIO / WWW.INDIGENA.ORG.BR

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Desafio de Tradução e Uso das Escrituras

Desafio de Treinamento Indígena 

Etnias com clara necessidade detradução bíblica:

Etnias com necessidade de projetoespecial de oralidade:

Etnias com acesso à Bíblia na língua

materna, mas sem representaçãoevangélica ou uso das Escrituras:

Etnias com acesso à Bíblia na línguamaterna e igreja local, mas semliderança própria:

Etnias com igreja evangélica, mas semliderança própria:

Etnias com igreja evangélica, maspouco acesso a treinamento bíblico:

Etnias com igreja evangélica, masnenhum acesso a treinamento bíblico:

10

99

28

67

17

54

25

DEMONSTRATIVO DODESAFIO REPRESENTADO

Desafio de Novos Missionários

Desafio de apoio a projetos em andamento

Desafio de Novas Iniciativas

Com compromisso com Cristo e a obra missionária

Com envolvimento de médio/longo prazo

Aptos ao aprendizado de uma nova língua e cultura

Com forte desejo de um envolvimento integral com odesao indígena

Atividades missionárias em fase de consolidação ouconclusão (mais de 10 anos)

Atividades missionárias especializadas (linguística,antropologia, desenvolvimento de ações sociais eapoio logístico)

Atividades de treinamento indígena

Evangelização e plantio de igrejas

Discipulado e treinamento de líderes indígenas

Desenvolvimento de ações sociais relevantes (saúde,educação e inclusão social)

Tradução bíblica e projetos especiais de oralidade

Apoio especializado: transporte, logística,comunicação, linguística e antropologia

Pesquisa e desenvolvimento de estratégias

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CONCLUSÃO

O sincero desejo de se relacionar de forma relevante com os povos indígenas não é suciente paraassegurar posturas, abordagens e iniciativas acertadas. Faz-se necessário um relacionamento dialógico,constante autoavaliação e discernimento.

A AMTB, em seu código de valores expresso na introdução do livro A Questão Indígena (EditoraUltimato), arma que o movimento missionário evangélico possui alvos de forte colaboração com apreservação cultural, social e linguística das sociedades indígenas de nosso país, tais como:

– Contribuir para que o indígena valorize e permaneça em sua própria terra natal (sua ‘homeland’),evitando migrações tempestivas com consequência social negativa para as beiras dos grandes rios,centros em urbanização ou urbanizados.

– Colaborar para que haja um bom programa de educação na própria língua materna, valorizando-a e

possibilitando que seus fatos históricos e sociais sejam por eles registrados, preservados e transmitidosperante este contexto de rápida inuência social externa que não raramente invalida a língua maternapara um grupo.

– Colaborar para que haja programas em áreas vitais, como a saúde, que respondam às necessidadesessenciais dos grupos indígenas.

– Contribuir para que, em processos já em andamento de integração com a sociedade não-indígena,se colabore com os mecanismos de valorização étnica, cultural e linguística, a m de que o gruponão seja diluído perante a sociedade maior. Também colaborar com o grupo em sua busca por umaconvivência digna com outros, quando fora da sua terra natal.

Mais adiante, expõe sua crença no Evangelho que liberta, daí seu desejo de partilhá-lo com todos ospovos. Para tanto, distingue a evangelização da catequese, dizendo: “Esta evangelização difere-se dacatequese em relação ao conteúdo, abordagem e comunicação. O conteúdo da catequese é a Igreja,com seus símbolos, estrutura e práticas, sua eclesiologia. O conteúdo da evangelização é o Evangelho,os valores cristãos centrados em Jesus Cristo. A abordagem da catequese é impositiva e coercitiva. Aabordagem da evangelização é dialógica e expositiva. A catequese se comunica a partir dos códigosdo transmissor, sua língua e seus costumes, importando e enraizando valores. A evangelização se dácom a utilização dos códigos do receptor, sua língua, cultura e ambiente, respeitando os valores l ocaise contextualizando a mensagem.”

Cremos, portanto, que a experiência transformadora de João Batista é plano de Deus para todo omundo: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira opecado do mundo”. (Jó 1:29)

BIBLIOGRAFIA CONSULTADAIBGE. Tendências demográcas: uma análise dos indígenas com base nos resultados da amostra dos censos demográcos 1991 e 2000. Rio deJaneiro: IBGE, 2005.

FUNASA. Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena – Siasi – Demograa dos Povos Indígenas. Quantitativos de pessoas , 1999.Consulta online: www.funasa.gov.br

KRAUSS, M. The world’s languages in crisis. Language, n. 68, 1992.

LEWIS, Paul, editor. Ethnologue: Languages of the World. 16th edition. Dallas, Tex.: SIL International. O nline version: www.ethnologue.com

MOORE, D. Brazil: Language Situation. In: BROWN, K. (org. geral). Encyclopedia of language and linguistics. Oxford: Elsevier, 2006.

PAGLIARO, Heloísa (org.), Demograa dos Povos Indígenas no Brasil. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz e Associação Brasileira de EstudosPopulacionais, 2005.

RICARDO, C. A. & Ricardo, Fany. Povos indígenas no Brasil 2000/2006. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006.

SILVA, Cácio. Tradução da Bíblia para línguas indígenas do Brasil: Realizações, desaos e possibilidades. Revista Povos, ano 1, n.2. Rio de Janeiro:Betesda, 2006.

SOUZA, Isaac Costa de & Lidório, Ronaldo (Org). A questão indígena: Uma luta desigual. Viçosa: Ultimato, 2008

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