Indigenas; nativos; Nações_Identidades e classificações de estado

Embed Size (px)

Citation preview

Centro de Estudos Sociais

Universidade de Coimbra

Unio Europeia

e-cadernos cesPROPRIEDADE E EDIO

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS - LABORATRIO ASSOCIADO UNIVERSIDADE DE COIMBRAwww.ces.uc.pt COLGIO DE S. JERNIMO APARTADO 3087 3001-401 COIMBRA PORTUGAL E-MAIL: [email protected] TEL: +351 239 855570 FAX: +351 239 855589

CONSELHO DE REDAO DOS E-CADERNOS CES

MARTA ARAJO (Directora) ANA CORDEIRO SANTOS CECLIA MACDOWELL SANTOS JOS MANUEL MENDES LAURA CENTEMERI MARIA JOS CANELO MATHIASTHALER SILVIARODRGUEZMAESO

AUTORES

GABRIEL GATTI, IGNACIO IRAZUZTA, CLEMENS ZOBEL, MARIA PAULA G. MENESES, SILVIA RODRGUEZ MAESO, RICHARD MOHR, GABRIELA DE FREITAS FIGUEIREDO ROCHA, CSAR A. OR ROCCA, ADRIANA ARISTA ZERGADESIGN GRFICO DOS E-CADERNOS CES DUPLO NETWORK, COIMBRA www.duplonetwork.com

PERIODICIDADE TRIMESTRAL

VERSO ELECTRNICA ISSN 1647-0737

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS, UNIVERSIDADE COIMBRA, 2009

2

CIDADANIAS IDENTIDADES, CIDADANIAS E ESTADO: ESTRATGIAS ESTRATGIAS POLTICAS E GOVERNAMENTALIDADE

ORGANIZAOSilvia Rodrguez Maeso

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS 2010 2010

3

ndiceIntroduo.......................................................................................................................... 5 Gabriel Gatti Algunas ancdotas y un par de ideas para escapar de las ficciones modernas acerca de la identidad colectiva ............................................................. 8 Ignacio Irazuzta La identidad como identificacin de idnticos. El gobierno hacia poblaciones emigradas......................................................................................... 23 Clemens Zobel The Indigenes de la Rpublique and political mobilization strategies in postcolonial France .......................................................................... 52 Maria Paula G. Meneses O indgena africano e o colono europeu: a construo da diferena por processos legais ...................................................... 68 Silvia Rodrguez Maeso Ciudadanos indgenas, racismo y luchas polticas en una comunidad de la periferia de Quito ................................................................ 94 Richard Mohr Responsibility and the Representation of Suffering: Australian Law in Black and White .............................................................................................. 123 Gabriela de Freitas Figueiredo Rocha A territorialidade quilombola ressignificando o territrio brasileiro: uma anlise interdisciplinar .................................. .147 Csar A. Or Rocca La etnicidad y sus usos. Reflexiones acerca de la difusin de la etnicidad .................................................................................................... 163 Adriana Arista Zerga La importancia de llamarse indgena: manejo y uso poltico del trmino indgena en Lircay Per ............................................................... .178

4

Introduo* Introduo1No mbito das cincias sociais e humanas, assim como da gesto poltica, as identidades foram ocupando, desde a dcada de 1960, um lugar cada vez mais central, tanto nos contextos ocidentais, como nos contextos considerados perifricos. Vou assinalar, assumindo as generalizaes, trs campos relacionados entre si onde se desenvolveram os debates sobre a identidade: (i) a questo do reconhecimento da diferena e a sua gesto dentro de modelos multiculturais, ora em sintonia com, ora em conflito, e inclusivamente desafiando, os princpios do Estado liberal; (ii) as discusses acerca do sucesso histrico e legitimidade poltica do Estado-Nao em diferentes contextos, as reconfiguraes dos nacionalismos e das identidades nacionais, bem como a sua vinculao ao conceito e prtica da cidadania; (iii) os processos de aco colectiva que redefinem as relaes entre cultura e poltica, indicando a (re)emergncia de modalidades identitrias que se definem nas disporas, nos espaos de fronteira e nas redes socioeconmicas cada vez mais globalizadas. Estas trs grandes reas de estudo e de debate poltico falam de processos cuja historicidade est marcada pelas relaes de poder e, concretamente, por determinadas formas de regular o privilgio da cidadania tais como o racismo, o colonialismo ou as polticas de tutela do imigrante-trabalhador. Os textos que integram este nmero transitam, em maior ou menor medida, por estas temticas a partir de contextos e geografias diversas e de mltiplos olhares disciplinares e tericos. Destacaria vrios elementos que servem como nexo das diferentes abordagens e objectos de estudos aqui apresentados: em primeiro lugar, para alm das crticas s posies essencialistas na anlise das identidades, discute-se como as relaes sociais se constituem na tenso entre mltiplas inscries e categorias (e.g. indgena, grupo tnico, nacionalidade), assim como a sua vigncia nas relaes sociais e polticas contemporneas. Em segundo lugar, h uma nfase na historicidade das formas*

Este nmero tem a sua origem no Curso de Formao Avanada: Indgenas, nativos, naes: identidades colectivas e classificaes tnicas organizado no CES (4-6 de Dezembro de 2008) e que contou com a participao de Silvia Rodrguez Maeso, Gabriel Gatti, Maria Paula Meneses, Clemens Zobel e Julio Sousa. Agradeo aos avaliadores que colaboraram neste nmero emitindo os seus pareceres cientficos dos artigos apresentados.

5

de governamentalidade das populaes, da sua relao com o territrio (nacional) e, de forma mais ampla, do seu prprio lugar (ou no-lugar) na historiografia. Finalmente, em terceiro lugar, as estratgias polticas que marcam o processo de reconfigurao identitria e as dificuldades de construo e afirmao de subjectividades polticas so analisadas na relao tensa que estabelecem com o Estado. Organizao deste nmero O texto que abre este nmero, da autoria de Gabriel Gatti, explora o velho modelo moderno no qual as cincias sociais encerraram a identidade (a posse de nome, histria, territrio), assim com as possibilidades de outros modelos de anlise para dar conta de formas de pertena que no rompem com o modelo clssico, mas se apropriam dele para o utilizarem astutamente. Ignacio Irazuzta estuda a identidade na dispora, mais concretamente a dos mexicanos emigrados. Mas a sua anlise desloca-se da populao emigrada para se centrar na sua gesto pelo governo mexicano atravs do Instituto dos Mexicanos no Exterior , nas racionalidades e estratgias que usa para delimitar e governar populaes que partilham a nacionalidade, mas ficam excludos do exerccio da cidadania outorgada pelo Estado-Nao. O artigo de Clemens Zobel analisa a petio Nous sommes des Indignes de la Rpublique (Ns Somos os Indgenas da Repblica), publicada em Frana, em Janeiro de 2005, como um exemplo de estratgia poltica para denunciar situaes ps-coloniais marcadas por um universalismo republicano excludente. Zobel coloca ainda a necessidade de lutar pelo direito a uma cidadania plena atravs da mobilizao de identificaes religiosas, tnicas ou raciais. Tambm Paula Meneses se centra na categoria de indgena, mas no contexto da administrao colonial portuguesa em Moambique, no incio do sculo XX. Com especial nfase na legislao colonial, o texto vai analisando a forma como frica e as suas populaes so concebidas como espaos a domesticar (isto , a civilizar), ficando fora dos princpios republicanos de igualdade que regulam o espao metropolitano. A engenharia legal colonial e as ideologias racistas nas quais se inserem produzem uma constante tenso entre a soberania territorial e a soberania nacional. O texto de Silvia Rodrguez Maeso insere-se tambm na historicidade dos imaginrios civilizacionais republicanos, neste caso, no contexto equatoriano. Partindo da tenso entre as polticas de assimilao das populaes camponesas-indgenas (i.e. a sua desindianizao) e o reconhecimento da sua diferena cultural, so analisados dois processos de luta poltica numa comunidade da periferia da rea metropolitana de Quito. O artigo evidencia o lugar do racismo na ideia e prtica de cidadania, assim como a 6

precariedade e a fora da identidade indgena na mobilizao poltica e na luta antiracista. Richard Mohr explora a relao entre as fundaes ticas das sociedades de colonos e das populaes aborgenes na Austrlia contempornea, o seu apoio na legislao, e as condies socioeconmicas sobre as quais se vive e se imagina a nao. Centrandose nos conceitos de sofrimento e responsabilidade poltica, o artigo analisa dois debates recentes e o papel crucial da legislao para discutir a persistente desvantagem das populaes indgenas perpetuada por uma legislao que legitima os privilgios dos colonos brancos (i.e. na propriedade da terra). Coloca-se, neste debate, a questo da subjectividade poltica dos aborgenes, geralmente representados como irresponsveis e como vtimas passivas. O texto de Gabriela Rocha analisa os processos de formao territorial do EstadoNao brasileiro a partir das lutas pelo territrio das comunidades de quilombos e do reconhecimento legal do Estado brasileiro, que garante o seu direito titularidade das terras onde habitam. A autora explora a complexidade da aplicao desse dispositivo normativo tomando em conta as diferentes noes de territorialidade, bem como os diferentes processos de identificao tnico-cultural que impregnam estas noes. Csar Or estuda no seu texto as diferentes concepes da categoria etnicidade, apontando, a partir do contexto da regio andina peruana, para a necessidade de novos marcos de interpretao que dem conta dos usos emergentes da mesma. Nesta perspectiva, o autor assinala o ciberespao e a etnicidade virtual como campos onde so expostos os novos processos de articulao da etnicidade, que revelam a relao cada vez mais intensa entre as novas tecnologias da informao e a comunicao e as construes identitrias. Finalmente, o artigo de Adriana Arista Zerga examina processos de uso da categoria e da identidade indgena em Lircay, uma localidade do Departamento de Huancavelica, na zona andina peruana, profundamente afectada pelo conflito armado vivido no pas durante duas dcadas (1980-2000). No contexto de um crescente apoio da cooperao internacional, com a presena de numerosas ONGs na zona, a autora assinala o papel de lderes locais emergentes na reelaborao e usos do discurso indgena e o lugar da populao nesta nova tessitura poltica, na qual o/as habitantes locais so muitas vezes colocados como aprendizes da sua identidade indgena. Silvia Rodrguez Maeso

7

ALGUNAS ANCDOTAS Y UN PAR DE IDEAS PARA ESCAPAR DE LAS FICCIONES MODERNASACERCA DE LA IDENTIDAD COLECTIVA1

GABRIEL GATTIUNIVERSIDAD DEL PAS VASCO / EUSKAL HERRIKO UNIBERTSITATEA FACULTAD DE CIENCIAS SOCIALES / GIZARTE ZIETZIEN FAKULTATEA CEIC (CENTRO DE ESTUDIOS SOBRE LA IDENTIDAD COLECTIVA) DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGA 2 / SOZIOLOGIA 2 SAILA Resumen: El texto es de pretensiones modestas; busca regresar sobre la idea de identidad para hacerle una crtica, ms que constructiva, deconstructiva y proponer no tanto alternativas que puedan hacerse paso por las estrecheces tericas del trmino y, si cabe, reemplazarlo, sino un diagnstico, que puede resumirse as: que de tan estrecho, el concepto de identidad convencional, moderno y sociolgico, no sirve para entender las identidades contemporneas. Palabras clave: Identidad colectiva, modernidad sociolgica, identidad dbil.

LOS LMITES DE LA IDENTIDAD. UNA PORQUERA NECESARIA Este texto quiere proponer algunas cosas simples para manejar un trmino de uso fcil en el lenguaje banal pero de honduras casi cavernosas en cuanto afrontamos su reflexin en profundidad. Ese trmino es la identidad, cosa sencilla de enunciar, s, pero en efecto muy difcil de pensar: est repleto de trampas y salvaguardas, de parapetos que lo preservan de la duda, mismas salvaguardas y parapetos que los que protegen nuestras convicciones como cientficos sociales, las mismas adems que nos resguardan de las amenazas que hacen peligrar las certezas que derivan de nuestra vieja condicin de modernos.Este artculo es una reedicin ligeramente revisada del publicado previamente en la revista Berceo (153, 1326, 2007), editada por el Instituto de Estudios Riojanos. Agradezco a Berceo y al IER su autorizacin para reeditarlo.1

8

Esas convicciones y esas salvaguardas constituyen enormes lastres, de los que, seamos o no cientficos sociales, parecera que no nos es posible librarnos. Estos lastres, pesados, s, dificultan enormemente la reflexin sobre la identidad, que an al da de hoy contina encerrada en la mstica de lo semper idem, por mucho que esa mstica se suavice con imgenes polticamente correctas pero intelectualmente tramposas: multiculturalismo, interculturalismo exitosas alternativas, es bien cierto, en el territorio de los best-seller de la sociologa y de la gestin poltica de la diferencia pero de dbil construccin intelectual, pues no escapan, intentar mostrar al lector las razones, de los lastres que impiden navegar a una lectura de la identidad atrapada por la retrica de lo idntico, lo permanente, lo encerrado y lo duradero. Todos estos son datos que mortifican el trabajo del cientfico social cuando piensa en la identidad y le impiden librarse de las deudas que proceden de las viejas herencias, esas que nos conducen a pensar en la identidad como algo que remite como por necesidad a lo slido, lo firme, lo recortado, lo estable. Apetece por eso, cuando uno hace este diagnstico, hacer lo que ya sugiri LviStrauss en 1973 cuando en el prlogo que firma con Jean Marie Benoist y que da comienzo al libro que edit sobre la identidad, uno de los primeros dedicados al tema, escribe que identidad es poco ms que una especie de refugio virtual al que es necesario que nos refiramos para explicar cierto tipo de cosas, pero que no tiene jams existencia real (), un lmite al que no corresponde, en realidad, ninguna experiencia (Lvi-Strauss y Benoist, 1977: 332), no mucho ms que una ficcin epistemolgica (Wilden, 1983: 491). Apetece en efecto tomar esta va y empezar a pensar la identidad con otro concepto, menos lastrado, menos pesado. Si lo que digo es cierto ms valdra cerrar aqu el texto, abandonar de una vez por todas el concepto, por peligroso y, sobre todo, por intil, pues nada describe de un mundo, el contemporneo, sin nada que se lleve bien con esos adjetivos. Y sin embargo no es del todo as: pues la idea de identidad, ficticia o no, tramposa o no, lastrada por enormes pesos como est, sirve, pues en ella, por ella, se vive. Ser una porquera, pero es una porquera necesaria. Ya Stuart Hall advirti de esa necesidad de guardarse de la crtica excesiva del trmino, de evitar ese pecado muy comn de la crtica antiesencialista que, encomendada a la misin de deshacerse de los vicios de nuestros viejos dola, terminaba por tirar el agua de la baera con nio y todo. Ojo: no sometamos a escarnio al trmino sin buscarle reemplazo: La identidad es un concepto que funciona bajo borradura (); una idea que no puede pensarse a la vieja usanza, pero sin la cual ciertas cuestiones clave no pueden pensarse en absoluto (Hall, 2003: 14). Debemos pues mantener vivo el concepto pero para pensarlo ya no como cierre del ser sino como uno ms de los activos que intervienen en el hacer de los agentes, en las luchas por 9

representar y habitar la vida social. No se trata ya, entonces, de pensar la identidad como puro signo dispuesto a ser deconstruido por las hbiles herramientas del sagaz intelectual. Lo es, s; pero crea realidad. Es realidad. Bruno Latour y milie Hermant describen muy bien este proceso cuando dicen que al deconstruir no descubrimos un mundo de signos separado de todo y que no se remite ms que a s mismo. Con lo que damos es con algo que es producto de muchos aos de representaciones: de muchos aos hablando de sociedades, de comunidades, de naciones, de identidades, de pertenencias; tantos aos que conviene que a los cientficos sociales crticos con la idea de identidad se nos recuerde cada tanto que los textos hacen mella en la realidad y que circulan en redes prcticas e instituciones que nos ligan a situaciones (1999: 166). Merece pues la idea de identidad que se le de una nueva oportunidad, que se la repiense, an sea para recomenzar la rueda de la crtica y proponer para ella usos ms ajustados a la realidad emprica de las identidades contemporneas. Dmosela entonces; critiquemos de nuevos los viejos usos de la identidad esos que me llevarn a decir que ya no hay identidades fuertes y que ya no sirven, en consecuencia, las propuestas ancladas en los imaginarios propios de esas identidades fuertes y propongamos usos nuevos lo que me conducir a concluir sugiriendo un adjetivo nuevo para pensar la identidad, dbiles, ms adecuado, dir, a la empiricidad de las formas de entender lo colectivo y la pertenencia en las sociedades contemporneas, adecuado porque, de un lado, entiende la identidad como un rgimen de la accin y no como un rgimen del ser; adecuado luego porque sabe que la identidad no se puede ya pensar ms que como una representacin que se habita. Construir este recorrido acudiendo a lenguajes si no otros, s no del todo comunes en un artculo de ciencias sociales: unas cuantas ancdotas y algn cuento, pequeo arsenal con el cual se procurar argumentar tres cosas: (Primero) La reclusin del pensamiento moderno en general y de las ciencias sociales en particular en un modelo acerca de lo que es identidad que excluye de su horizonte de posibilidad toda forma de ella que no sea la que responda afirmativamente a un interrogatorio que las inquiera sobre si tienen nombre, historia y territorio propios. (Segundo) La naturalizacin de ese modelo a un grado de esencializacin tal que hoy entendemos que o se tiene identidad de esa manera o, directamente, no se tiene y la asociacin de ese modelo con dos figuras tambin naturalizadas en nuestro imaginario, el Estado-nacin y el individuo-ciudadano. (Tercero) La multiplicacin no obstante de formas de entender la pertenencia que se alejan radicalmente de la arquitectura del nombre, territorio e historia que caracteriz a las identidades modernas y que rompen, y de modo abrupto, con las esencializaciones que se derivaron de esa arquitectura, formas de entender la pertenencia que nos obligan 10

a reelaborar nuestros modelos para entender la identidad. Es ms: que nos obligan a pensar en la identidad sin caer nuevamente en la tentacin de encerrarla en un modelo. ENCERRADOS EN UN MODELOHace ya unos cuantos aos, aprovechando una estancia de investigacin en Pars me dediqu, como cualquier turista, a recorrer la ciudad. Era la poca de llegada en masa de contingentes de turistas procedentes de los pases del Este, recin incorporados a las glorias del turismo de masas y del consumo tecnolgico. En sas, saliendo de la biblioteca que est enfrente del Panten de los hombres ilustres, en pleno centro de la ciudad, observo que se detiene un autobs lleno de viajeros polacos. Disciplinada y uniformemente, uno a uno, descienden del autobs armados de sofisticadsimas armas para capturar imgenes, sobre todo de una que por entonces causaba furor por su novedad pero que ahora es ya demasiado comn para que nos provoque sorpresa: cmaras de video o de fotos en las que el fotgrafo sujeto que observa ve lo que quiere fotografiar su objeto en una pantalla incorporada al cuerpo de la cmara. Lo relevante de la ancdota no est tanto en esta poderosa virguera tecnolgica y en sus posibilidades, sino en lo que deriva: todos los turistas, casi sin excepcin, en lugar de mirar primero al objeto de su inters, pensarlo, disfrutarlo y despus capturarlo, si ha lugar, con sus instrumentos, procedan al revs, bajaban del autobs mirando la pantalla, capturaban con la mquina su objeto, cerraban la pantalla y sin mirar nunca directamente al objeto, volvan a subir al autobs. En su imaginario el objeto era objeto filtrado por el instrumento para ver; sin ese instrumento el objeto careca de sentido.

Los turistas miran a la pantallita para capturar los objetos de su deseo Qu hacen los cientficos? Algo bastante parecido: los astrofsicos miran las fotos que enva el ltimo ingenio que la NASA haya enviado al espacio, los economistas observan los datos que produce, mes tras mes, el Instituto Nacional de Estadstica, los meteorlogos observan los ndices de los termmetros y de los barmetros, y los socilogos leen las tablas que generan, quincena tras quincena, los ordenadores asociados a algn sociobarmetro. Es slo cuando son vistos por el filtro de nuestras herramientas de anlisis que los objetos materia de nuestra atencin e inters se hacen visibles. Si no, no existen. No interesa mucho detenerse aqu en este problema, no porque carezca de importancia sino al contrario, porque es demasiado grueso. En la ocasin baste decir qu indica lo mucho que pesa en el hacer de la ciencia la idea de modelo y cmo a veces el modelo se impone sobre lo que modeliza. Es decir, seala al problema de cmo la mirada cientfica se cierra sobre s y enclaustra a su objeto en los modelos desde los que ve. No es poco problema, pues es ciertamente ste de la modelizacin de la realidad un denominador comn a la ciencia moderna: es el mecanismo por el que los modelos ganan el estatuto de real y la representacin cientfica se realiza. Pasa en todos los mbitos y afecta a todo tipo de objetos, desde los hermosos zoolgicos, museos

11

etnogrficos o jardines botnicos hasta los fros censos estadsticos. Tambin pasa con la idea misma de sociedad, una entidad histrica, contingente en parte, producto en gran medida de un trabajo de modelizacin, que hoy ha sido ya naturalizada como universal y ahistrica (Donzelot, 1984; Gatti, 2003b). Pero como deca, no interesa mucho detenerse aqu en este problema. Lo cierro entonces afirmando que con los modelos para pensar la realidad, para pensar las realidades en las que la ciencia se ha interesado, ha sucedido lo que a los turistas del Este con las cmaras para ver bellezas arquitectnicas: que el instrumento para ver sustituye al objeto. Gran problema en efecto, pues si el ejercicio de hacer ciencia naci con la pretensin de comprender la naturaleza y construy para ello modelos (mapas, conceptos) que la imitaban, ha terminado exigindole a aqulla que se ajuste a los modelos que haba inventado para entenderla (Dupuy, 1994). Es un problema que algunos como Jean Baudrillard supieron ver al redactar enunciados de la contundencia de ste: el territorio ya no antecede al mapa, es el mapa el que antecede al territorio. Como dijo von Foerster, hoy el paisaje es el mapa (apud Krieg, 1994: 125). El problema comienza cuando el modelo para ver nubla la vista de quien mira, y subsume bajo lo que l le dicta todo lo que observa.Es lo que le sucedi, es ste otro relato, al investigador de una fbula de Arthur C. Clarke, empeado en dar con la meloda ideal, con la cancin de canciones. Ese investigador, cuenta Clarke, estaba convencido de que todas las melodas existentes son aproximaciones burdas a una meloda ideal (1985: 66). Y le aconteci una terrible tragedia, la de encontrar semejante maravilla; tragedia, s, pues al encontrarla la meloda domin la mente del investigador, no pudindose hacer nada para que escapase de ese bucle infinito: El patrn se haba establecido y no poda romperse. [Daba] ms y ms vueltas eliminando todos los dems pensamientos (ibdem: 68). Encontr la llave, y se qued encerrado con ella.

Tal es la consecuencia no deseada del uso de modelos: el modelo dice lo normal y se hace normativo cuando, con el tiempo, an a riesgo de quedarnos encerrados en esa meloda ideal, el modelo se transforma en el filtro que media nuestra relacin con el mundo y todo lo que no pasa por l simplemente consideramos que no es. IDENTIDADES ATRAPADAS EN LA MELODA IDEAL: EL PODEROSO ATRACTIVO DE LAS COSASCON NOMBRE, TERRITORIO E HISTORIA

Buscando deconstruir cul ha sido la cmara de fotos que en ciencias sociales utilizamos para enfocar la identidad, algunos han pensado que aquella que registre de los objetos slo cuatro criterios, la pureza, el orden, la coherencia, y la homogeneidad (Albertsen y Diken, 2000); otros indican que lo que las ciencias sociales ven es slo lo que tiene 12

identidad, garantiza relaciones estables, y asegura continuidad (Aug, 1994); algunos como Bruno Latour (1993, 2001) entienden que lo que fascina a la ciencia social es lo manejable y duradero, y que por esa razn desdea lo que no condice con esas caracterizaciones, que es lo que le resulta incmodo Cualquiera de esas hiptesis sirve. Inspirndome en ellas, entiendo que la meloda ideal de las ciencias sociales, cuando se acerca a la identidad requiere de sta para que sea tal (y para que en consecuencia se le preste atencin) que posea tres rasgos: poseer un Nombre propio; ser propietaria una Historia singular; poder decirse duea de un Territorio diferenciado.2 Con propiedad del nombre me refiero al encierro del objeto en un dato que resuma su fundamento. Jvenes, nacionalistas, espaoles, mujeres, vascos son nombres que operan como referencias para el agente y para el analista, datos que sirven para substanciar un colectivo, anclaje necesario para determinar lo que es propio de lo que con ese nombre se nombra (Descombes, 1996: 300). Quiero referirme con ello a cmo los cientficos sociales no entendemos que haya vida social sin la presencia de esta suerte de garante metasocial del orden social (Touraine, 1984: 166) que es el nombre que ordena un colectivo. Podemos pensar que la construccin de un nombre es un mecanismo necesario para organizar lo disperso, orientar la accin, indicar los caminos del anlisis3. Y en efecto, los nombres son tiles de enorme funcionalidad para instituir centros de referencia, lugares que orienten la identidad de una sociedad y conservorios de las claves que la constituyen. Sirven para afirmar la identidad de lo nombrado; para determinar los rasgos por los que esa identidad se objetiva como diferencia natural; para conocer los referentes con arreglo a los que se dibujan los caminos que prohben o permiten imaginar el paso entre unidades as diferenciadas. Pero eso no quiere decir que sin nombre no se sea, no se tenga identidad. Lo cierto es que, sin embargo, en nuestra manera de imaginar la vida social, poseer un nombre se ha convertido en un rasgo indispensable. En cuanto a las propiedades del tiempo y del espacio en la modernidad se leen, respectivamente, como Historia y como Territorio, tiempos serios, rgidos, lineales. Uno de nuestros clsicos, Georg Simmel (1986, 1990) ayuda a pensar que en el occidente moderno, el tiempo con sentido es el tiempo con forma de Historia, instancia desde la que construimos nuestras narrativas colectivas que no suele estar muy alejada de esta forma: recorrido de un sujeto desde el confuso origen del fsil (Foucault, 1997) a la firme y slida actualidad de una identidad ya cristalizada. En cuanto al espacio, tambin Simmel ayuda2 3

El detalle de esta triple cualidad de las identidades de la sociologa aparece trabajado en Gatti (2007). Puede alimentarse esta reflexin de ms trabajos: Lapierre (1995); Descombes (1996); Landowski (1993). La obra clsica de Fredrick Barth (1976), sobre la idea de grupo y frontera tnicas o la tambin clsica elaboracin de Edward Shils (1972), sobre la idea de centro simblico, contribuyen enormemente a enriquecer esta reflexin.

13

a pensar que en la modernidad, poca de las ciencias sociales, ste se organiza como Territorio, espacio rgido, slido, rodeado de fronteras. Firme y estable. Credo y deseado como definitivo. Sea como sea, como con la propiedad del nombre, tener espacio y tiempo y tenerlos de esa manera es requisito exigible para ser. Si no se tienen, no se es. LOS OBJETOS QUE REALIZAN LOS SUEOS DE UNIDAD Y TOTALIDAD DE LAS CIENCIASSOCIALES

Tres ancdotas ilustran este epgrafe, muy distintas en lo aparente por la, tambin en lo aparente, diferente naturaleza de sus fuentes. Pero en realidad el mecanismo que las tres ancdotas activan es el mismo: 1) La primera refiere a un graffiti que vi hace unos cuantos aos en un pueblo de Guipzcoa. En l se lea este enunciado: Cuando los perros del imperio an no saban ladrar nosotros ya ramos una nacin. 2) Hace menos aos, en junio de 2005, le en la edicin nacional de EL PAS una entrevista con Martn Almagro, Catedrtico de Prehistoria de la Universidad Complutense de Madrid y a la sazn responsable del Diccionario histrico que por entonces editaba, en cmodos fascculos, el peridico madrileo. Entre elogio y elogio al rigor de la publicacin Almagro seala: La prehistoria conforma mucho ms de lo que parece la historia de un pueblo (). En el caso de Espaa las diferencias entre un gallego y un vasco a nivel de humor, de formas de entender la vida, ya existan entonces. 3) Un poco despus de eso, en septiembre de 2006, o de boca de J. M. Aznar, como omos todos, lo siguiente, expuesto en una conferencia en Georgetown: No se oye a ningn musulmn pedir perdn por conquistar Espaa y estar all ocho siglos, del ao 711 a 1492. Aunque una hable de Euskal Herria, la otra de las actuales Comunidades Autnomas del Estado espaol y la tercera de Espaa, las tres ancdotas apuntan al mismo mecanismo para construir identidad: el pasado se lee desde las identidades construidas en el presente y configuradas hoy o como Estado-nacin o como remedo de Estado-nacin o como deseo de Estadonacin, interpretndose que ese pasado constituye una manifestacin primigenia de nuestras pertenencias actuales, una muestra de lo que hoy somos, de la cosa que entonces ya ramos. Tanto que le otorgamos los mismos nombres, territorio e historia con el que, hoy, designamos nuestra identidad.

Lo que en ciencias sociales realiza las aspiraciones de nuestros procedimientos de registro, dar con objetos con nombre, territorio e historia, es, para los socilogos, el Estado-nacin (o cosas similares en forma: Comunidades Autnomas, naciones estables), para los antroplogos las islas (o cosas similares en forma: culturas, grupos), para los psiclogos los individuos (o cosas similares en forma: personas, sujetos). Todas son figuras ordenadas, coherentes, estables como el Estado, indivisibles como el individuo. Siempre incontaminadas, siempre en su sitio; nunca sucias ni desordenadas. Con nombre, territorio e historia claros y visibles. Y es que el imaginario del nombre, el territorio y la historia no es una pura idealidad. Sujeta nuestra manera de pensar la identidad, la aprisiona; es nuestra pauta, tanto que la

14

hemos naturalizado: o se es as o no se es. O se tiene este tipo de identidad o no se tiene ninguna. Y ese tipo de identidad, como digo, ha sido en ciencias sociales encarnada por el Estado (para las ciencias de lo colectivo) y el individuo (para las de lo personal). En cuanto a la primera figura, con una puntera certera y envidiable Ignacio Lewkowicz resume lo que he intentado decir cuando mantiene que el Estado-nacin es la pan-institucin donadora de sentido, el principio general de consistencia (Lewkowicz et al., 2003: 31 y 65) de la modernidad sociolgica, aquello que nos proporciona metforas, ideas del tiempo y del espacio, conceptos y moldes, lo que soporta nuestra geometra bsica. No se piense, debe quedar claro, que cuando se dice Estado se est orientando la reflexin hacia algo que es una mera entidad administrativa o una forma de organizacin histricamente situada, concreta, de la vida social; se est pensando en el troquel desde el que se imagina toda forma que adopte lo colectivo en la modernidad. Lo digo de un modo an ms taxativo: en el argumento que defiendo, entiendo que la metfora Estado-nacin coloniza toda idea de identidad y de sociedad parida en la modernidad, tanto por afirmacin como por negacin. S que con eso me sito en el lado contrario de algunas sociologas para las que existen formas de identidad colectiva anteriores al Leviatn (comunidad, tribus). En mi argumento, estas formas son, no antecedentes del Estado-nacin en la lnea del tiempo que une las formas de organizacin colectiva, sino producto ellas tambin del imaginario del propio Estadonacin, que las piensa o como sus antecedentes, o como sus desechos o, tambin, como sus aspiraciones. Lo vuelvo a decir: lo comunitario o lo tribal, lo colectivo en general, slo puede ser pensado en la modernidad desde la sociedad troquelada por el Estado-nacin. Valgan para redondear la idea estas palabras de Jos Lus Pardo: la comunidad es el problema que el Estado de derecho permite plantear, no el que no puede resolver. Lejos de reprimir la comunidad, la sociedad la hace posible (). La comunidad es una invencin de la sociedad (2001: 38. nfasis aadido). En cuanto a la segunda figura, la del individuo-ciudadano, la revisin de cierta bibliografa, de calado, sobre la genealoga de la misma, sobre su sociognesis (fundamentalmente, aquella literatura enganchada al ncleo problemtico de las reflexiones de Norbert Elias (1990) y, ms que l, de Michel Foucault (1989)), permite ver como ste es tambin un producto de la historia devenido con el tiempo modelo de toda identidad personal. Naturalizado como modelo. Aunque lo cierto es que el trmino, individuo, es de invencin reciente: En la praxis social de la antigedad clsica la identidad grupal del ser humano particular, su identidad como nosotros, vosotros y ellos, todava desempeaba, comparada con la identidad como yo, un papel demasiado importante para que 15

pudiera surgir la necesidad de un trmino universal que representara al ser humano particular como a una criatura casi desprovista de un grupo social (Elias, 1990: 182). En cualquier caso, de igual modo que el Estado-nacin es el til del que nos valemos para cartografiar los sujetos colectivos, nuestra cmara de fotos para acercarnos a ellos y singularizarlos y pensarlos, la figura, tambin de constitucin reciente, moderna pues, del individuo-ciudadano es imprescindible para cartografiar los orgenes y la forma de nuestra idea de persona. La idea de individuo entendido como agente racional, autoconsciente, soberano y ltimo filtro de los imaginarios colectivos que por l anclan con el hic et nunc de la experiencia de la realidad, con su materialidad, es moderna y reciente aunque se ha hecho, modelizacin mediante, ahistrica y universal. Otra meloda ideal, que nos cierra en este caso en la conviccin de que la identidad personal nos lleva, tendencialmente, a lo indiviso, a lo semper idem. Pues lo cierto es que ahora, o somos as o no somos capaces de pensar que somos. En efecto, ese yo racional y reflexivo, una figura plena de historicidad, se ha naturalizado y ha devenido, por esa operacin, un universal sociolgico que acompaa a la condicin humana (Bjar, 1988: 15). As, ese ser humano autonomizado, se imagina desde entonces como entidad universal, se le reconoce como el elemento central del orden social y se le protege en tanto tal leyndolo como ciudadano con derechos fundamentales e inalienables (Prez-Agote, 1996: 24). Y hoy? Sucede que la equiparacin entre sociedad y Estado-nacin y entre persona e individuo-ciudadano se ha naturalizado hasta el punto que sin ellas ni siquiera podemos pensar y que las caractersticas que se presuman para ambas formaciones histricas, Estado-nacin e individuo-ciudadano, han pasado a ser imaginadas como prerrequisitos necesarios para toda identidad que se quiera consistente. De nuevo Lewkowicz: Estado e individuo-ciudadano han devenido nuestros productores de solidez (2004: 171). Sus nombre, territorio e historia son, la matriz de todo nombre, territorio e historia. Constituyen, s, nuestra meloda ideal, en la que estamos atrapados viendo slo aquellos objetos que responden a una determinada caracterizacin, objetos estables, homogneos, sin ambigedades ni fallas; objetos que se mantienen y duran. Objetos cmodos. Objetos, en fin, que responden a una arquitectura similar a la del Estadonacin y del individuo-ciudadano. Y es as vuelvo a las tres ancdotas del arranque del epgrafe que, sin duda ni mcula, Euskadi se naturaliza como esencia, Espaa se constituye como eternidad, o que las Comunidades Autnomas actuales se configuran como caracteres nacionales presentes en el peculiar humor gallego de un hombre de la Edad del hierro.

16

LO QUE SE ESCAPA DEL MODELO. LAS IDENTIDADES DBILESEra adolescente cuando padec un mal, menor, que me oblig a ir al mdico. Nada grave, pero me dolan intensamente dos partes del cuerpo, no recuerdo cules. Si recuerdo que de tanto que dolan no poda dejar de pensar que los dos malestares, si no eran producto de una misma causa, s deban tener entre ellos algo de eso que los socilogos cuantitativos llaman correlacin positiva. No deba ser as dada la reaccin del mdico: los dos dolores no pueden ir juntos y si van no tienen relacin alguna, me dijo. Doctores tiene la Iglesia as que tendra razn. Lo cierto es que me sigui doliendo un tiempo y, aunque sin explicacin posible, los dos dolores se manifestaron siempre unidos.

Cierta ceguera producida por su modelo de trabajo puede ser el problema de aquel galeno, ceguera en todo caso respecto de todo aquello que funcione mal con sus cartografas, que no se corresponda con sus mapas para aprehender su parcela del mundo. Cartografa peligrosa: lo que no est en el mapa no existe. Hagamos del cuento algo til para pensar el tema de este texto. Pensemos primero que aquel mdico es un cientfico social; pensemos ahora que lo que tiene que diagnosticar es una identidad de nombre confuso, de territorio indeciso, de historia poco definida. El socilogo que actu as dir algo parecido a mi amigo el colegiado: te equivocas; no es posible que haya identidades que sean tales si no poseen un nombre, un territorio una historia firme. Qu poseen varios me dices? Peor an! Dnde ha visto eso?. Por doquier, diremos al salir de la consulta. Pues en efecto, hoy, esos que vistos desde nuestras viejas, firmes, estables e indivisas identidades parecan subproductos, residuos superfluos, proliferan. Y muy a nuestro pesar: son muy incmodos para trabajar con ellos. Proliferan ciertamente situaciones, fenmenos, sujetos, objetos en los que se mezcla lo que antes no era posible mezclar: nombres, historias, territorios. Hablando de otra cosa pero apuntando al mismo problema Bruno Latour lo expresa bien: Cuando nuestro mundo se encuentra invadido por embriones congelados, sistemas expertos, mquinas digitales, robots con sensores, maces hbridos, bancos de datos, drogas psicotrpicas [], cuando nuestros peridicos despliegan todos esos monstruos a lo largo de sus pginas y ninguna de estas quimeras se siente bien instalada ni del lado de los objetos ni del lado de los sujetos, ni entre medias, entonces es preciso hacer algo (1993: 80). Es preciso, en efecto, para pensar identidades sin nombre, territorio ni historia o identidades que cabalgan entre nombres, territorios e historias ya hechos. Y ciertamente abundan: las naciones sin Estado y los Estados sin nacin; los poseedores de varios registros de identidad o los que no poseen ninguno; los que parasitan identidades; los 17

que para ser se agazapan bajo la fortaleza del Estado-nacin para hacer suya la identidad que esa poderosa figura protege; los sujetos que se resguardan en la ficcin de unidad del individuo-ciudadano, aunque la vivan distradamente, a distancia. La figura de las identidades dbiles quiere servir para captar el rgimen de identidad de esas posiciones que escapan de las ficciones de la esencia, la unidad, la estabilidad o la duracin, que escapan de la ficcin del nombre, territorio e historia nicos y estables. Que son adems las posiciones de identidad dominantes al da de hoy: consumidores, emigrantes, extranjeros Y es que caben en efecto muchas cosas y personas, y redes, y experiencias en el espacio que est fuera de campo de las cmaras fotogrficas de la sociologa. En realidad, muchas de ellas no son nuevas pero ahora, de tan multiplicadas, las empezamos a ver y reclamamos para ellas conceptos que las atrapen. Nada nuevas, ciertamente: desde la forma extranjero del viejo Georg Simmel (1986), a la figura poderosa del forastero del tambin clsico Alfred Schtz (1974), pasando por aqullos cuya agencia se desarrolla en la fase liminar de los ritos de paso tal cual los analizaron Arnold van Gennep (1986) o Victor Turner (1988), o tambin por los fugados que describe Sandro Mezzadra (2005), los banidos que analiza con brillantez Giorgio Agamben (1998), los habitantes de las banlieues tal y como los describen Franois Dubet y Dider Lapeyronnie (1992), los cyborgs de Donna J. Haraway (1995), o, por poner punto final a esta lista, los hbridos culturales de Nstor Garca Canclini (1989). Todas estas quimeras bailan entre los polos de las distinciones clsicas de las ciencias sociales, son seres hbridos de miembro y de no miembro, de identidad y de no identidad, de nombres y pertenencias distintas. Todas esas figuras son terriblemente incmodas para una sociologa armada de una cartografa de la construccin del sentido erigida desde un esquema que busca identidades claras e indivisas; nombres slidos, coherentes, duraderos. Viven en el intermedio entre viejas pertenencias, entre nombre, territorio e historia ya hechas. No hay cmara de fotos que los registre. Cmo pensarlas? Volvamos al principio del texto: el trmino identidad nos sirve. Pero no pensemos ya en l como en una esencia sino como en un territorio, un territorio tan artificial como habitable: artificial, pues resulta de un trabajo reiterado e intenso de representacin puesto en prctica por cientos de artefactos entre los que los desplegados por las ciencias sociales; habitable, pues en l vivimos y en l desplegamos nuestro sentido de la pertenencia. Lo digo ms fcil: la identidad no remite a un ser; remite a un lugar donde la identidad se hace y se vive en las representaciones de la identidad. As pues, la identidad como un espacio donde introducirse, donde estar. Es pues la ciencia de lo social parte integrante, y parte importante, del instrumental de eso que Foucault y la sociologa crtica post-foucaultiana, 18

lo he comentado ms arriba, llamaron biopoltica. Pero podemos ir ms all de Foucault y los post-foucaultianos, ms all de la denuncia constructivista que ellos desarrollan para pensar que en los lugares producto del trabajo de la representacin se construye identidad; que en ellos hay y se desarrolla vida. Arrancando, as, con una sociologa de corte post-constructivista (Gatti, 2003a), buscamos no ya slo desvelar y denunciar el espectacular poder de la representacin, sino tambin observar la habitabilidad de ese espectculo; observar que en los territorios que la ciencia disea mal que bien se crea sentido. Pensemos que ese territorio es el configurado con el troquel de nuestra vieja lectura de la identidad. Daremos en l con nombres, territorios e historias ya asentados, con nombres, territorios e historias que toman forma de Estados-nacin, de individuos, de comunidades Estn habitados? S, claro, por supuesto. Y mucho y por muchos Por quines? Por entidades que viven en ellos y asumen sus nombres, territorios e historias aunque pueden no hacerlo, aunque pueden hacer lo mismo con otros nombres, territorios e historias y otras pertenencias. Eso son las identidades dbiles: identidades escondidas entre las grietas de las escenas tuteladas por la lgica de las viejas identidades, las de la meloda ideal de las ciencias sociales, pero que no se reducen a ellas. No son sin embargo un tipo de identidad que sustituya a las viejas identidades. Al contrario: requieren de ellas, pues se aprovechan de su inmenso poder, de la contundencia de sus propiedades, de la solidez de su nombre, de su territorio y de su historia. Se esconden en ellos para existir. Las modalidades dbiles no son, pues, nuevas formas de la identidad, no son posiciones firmes, sino disposiciones ante las identidades ya existentes. Se apropian de nombres, de lugares, de historias; de patrimonios y de patronmicos propios de otros, sin por eso alcanzar la estabilidad, la unidad, la coherencia, la visibilidad que, armados por el arsenal de la ciencia moderna, habamos presumido que eran los rasgos necesarios para decir de algo que posea una identidad. Son formas de interpretar la pertenencia para las que vale una vieja figura del imaginario de tradicin hispana, el pcaro: usan, consumen, ocupan las figuras con las la modernidad sociolgica haba pensado y modelizado la identidad. Tienen estos pcaros de la identidad, eso s, sus rasgos. Son peculiares, lo advierto. Destaco tres: su invisibilidad; la astucia; su condicin de parsito.4 Lo invisible es su ubicacin, un espacio-tiempo escurridizo, clandestino, que se escurre es necesario de los registros del poder y de la mirada de la ciencia. Es condicin de supervivencia.

4

Desarrollo ampliamente estas imgenes en Gatti (2007).

19

La astucia es su rgimen de accin. No se lea sta solo como argucia o como treta, sino como prudencia, como la accin precavida de un agente que acta en un mundo que no es suyo y del que sabe que no sabe hasta que acta, al que conoce actuando, ajustndose a la oportunidad, guindose por las situaciones. Es un rgimen de accin agotador: indica que estas identidades estn permanentemente hacindose, adaptndose, mezclando en funcin de las situaciones. La astucia de las identidades dbiles indica que la identidad se construye en la constante experimentacin con las identidades ya existentes, que la identidad ya no es si es que alguna vez lo fue una cuestin de esencias, sino me apoyo en Franois Dubet (1994) una actividad, un trabajo: un trabajo de experimentacin, de prueba. Es se el agente de las modalidades dbiles. Un agente que, por un lado, habita en los nombres, territorios e historias de identidades ya constituidas, que pone en prctica su guin y que, con arreglo a l acta lo que se ha escrito para su personaje; pero que, por otro lado, se desenvuelve en su actuacin mostrando la arbitrariedad que constituye la identidad de su personaje, su condicin de ficcin y lo ineluctable de esa condicin. Ese agente es y entindase esto en trminos sustantivos no adjetivos un parsito: parasita territorios ya hechos, parsita identidades fuertes de las que toma nombres, territorios e historias en los que cobijarse y, an provisionalmente, hacer identidad. La del parsito es una accin de asalto a las identidades cristalizadas, ante las que se dispone acoplndose a sus formas, habitndolas, ocupndolas. Lo ya existente es su medio; la adaptacin a l es su tctica. Tendr que ir de nuevo al mdico; el sntoma persiste y el vademcum no indica bien qu prescribir. GABRIEL GATTI: Profesor titular de universidad (teora sociolgica) en la universidad del Pas Vasco, coordinador del centro del Centro de Estudios sobre la Identidad Colectiva, coresponsable del comit de recherche n.1 (identit, Espace et politique) de la AISLF. Contacto: [email protected].

Referencias bibliogrficasAgamben, G. (1998), Homo sacer. El poder soberano y la nuda vida. Valencia: Pre-Textos. Albertsen, N. y B. Diken (2000), What is the social?, Department of Sociology, Lancaster University Aug, M. (1994), Los no lugares. Espacios del anonimato. Una antropologa de la sobremodernidad. Barcelona: Gedisa.

20

Barth, F. (1976), Los grupos tnicos y sus fronteras. Mxico D.F.: FCE. Bjar, H. (1988), El mbito ntimo. Privacidad, individualismo y modernidad. Madrid: Alianza Editorial. Clarke, A. C. (1985), La meloda ideal, en Cuentos de la Taberna del Ciervo Blanco. Madrid: Alianza. Descombes, V. (1996), Les institutions du sens. Pars : Minuit. Donzelot, J. (1984), Linvention du social. Essai sur le dclin des passions politiques. Pars : Fayard. Dubet, F. (1994), Sociologie de lexprience. Pars: Seuil. Dubet, F. y Lapeyronnie, D. (1992), Les quartiers dexil. Pars: Seuil. Dupuy, J.-P. (1994), Aux origines des sciences cognitives. Pars: La Dcouverte. Elias, N. (1990), La sociedad de los individuos. Barcelona: Ediciones Pennsula. Foucault, M. (1989), Historia de la sexualidad. Madrid: Siglo XXI. Foucault, M. (1997), Las palabras y las cosas. Una arqueologa de las ciencias humanas. Madrid: Siglo XXI. Garca Canclini, N. (1989), Culturas hbridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad. Mxico D.F.: Grijalbo. Gatti, G. (2003a), Las modalidades dbiles de la identidad. De la identidad en los territorios vacos de sociedad y de sociologa, en Poltica y Sociedad, 40/41. Gatti, G. (2003b), Neovascos, jardines botnicos y representacin sociolgica. De la identidad como un espectculo habitable, en Inguruak, 37. Gatti, G. (2007), Identidades dbiles. Madrid: CIS. Hall, S., 2003, Introduccin: quin necesita identidad?, en S. Hall y P. du Gay (eds.), Cuestiones de identidad cultural. Buenos Aires: Amorrortu. Haraway, D. J. (1995), Ciencia, cyborgs y mujeres. La reinvencin de la naturaleza. Valencia: Ctedra-Universidad de Valencia. Krieg, P. (1994), Puntos ciegos y agujeros negros. Los medios como intermediarios de las realidades, en P. Watzlawick y P. Krieg (eds.), El ojo del observador. Contribuciones al constructivismo. Barcelona: Gedisa. Landowski, E. (1993), Formes de laltrit et formes de vie, en Recherches Smiotiques/Semiotic Inquiry, 13 (1-2). Lapierre, N. (1995), Changer de nom. Pars: Stock. Latour, B. (1993), Nunca hemos sido modernos. Ensayo de antropologa asimtrica. Barcelona: Debate. Latour, B. (2001), La esperanza de Pandora. Ensayos sobre la realidad de los estudios de la ciencia. Barcelona: Gedisa. Latour, B. y Hermant, . (1999), Esas redes que la razn ignora: laboratorios, bibliotecas, colecciones, en F. J. Garca Selgas y J. B. Monlen (eds.), Retos de la posmodernidad. Ciencias Sociales y Humanas. Madrid: Trotta.

21

Lvi-Strauss, C. y Benoist, J. M. (1977), Conclusion, en C. Lvi-Strauss (ed.), Lidentit. Pars: Grasset. Lewkowicz, I. (2004), Pensar sin Estado. La subjetividad en la era de la fluidez. Buenos Aires: Paids. Lewkowicz, I.; M. Cantarelli y Grupo Doce (2003), Del fragmento a la situacin. Notas sobre la subjetividad contempornea. Buenos Aires: Altamira. Mezzadra, S. (2005), Derecho de fuga. Migraciones, ciudadana y globalizacin, Traficantes de sueos, Madrid Pardo, J. L. (2001), La sociedad inconfesable, en Archipilago, 49 Prez-Agote, A. (1996), La sociedad se difumina, el individuo se disgrega, en A. Prez-Agote e I. Snchez de la Yncera (eds.), Teora social y complejidad, CIS, Madrid Schtz, A. (1974), Estudios sobre teora social, Amorrortu, Buenos Aires Shills, E. (1972), Center and periphery. Essays in macrosociology, Chicago University Press, Chicago Simmel, G. (1986), Sociologa. Estudios sobre las formas de socializacin (2 tomos), Alianza Editorial, Madrid Simmel, G. (1990), El problema del tiempo histrico, en El individuo y la libertad, Pennsula, Barcelona Touraine, A. (1984), Le retour de lacteur. Essai de sociologie, Fayard, Pars Turner, V. (1988), El proceso ritual. Estructura y antiestructura, Taurus, Madrid van Gennep, A. (1986), Los ritos de paso, Taurus, Madrid Wilden, A. (1983), Systme et structure. Essais sur la communication et lechange, Boral-Express, Montreal

22

LA IDENTIDAD COMO IDENTIFICACIN DE IDNTICOS. EL GOBIERNO HACIA POBLACIONESEMIGRADAS

IGNACIO IRAZUZTA*TECNOLGICO DE MONTERREY, CAMPUS MONTERREY, MXICO/CENTRO DE ESTUDIOS SOBRE LA IDENTIDAD COLECTIVA (CEIC), UNIVERSIDAD DEL PAS VASCO Resumen: Durante los aos noventa, en el marco de un profuso tratamiento del fenmeno y el concepto de dispora por parte de las ciencias sociales, comienza a ser frecuente el uso de esta categora para designar a las poblaciones emigradas. En el presente trabajo se analiza la dispora como una prctica social concreta en la experiencia de un grupo de funcionarios pertenecientes a una agencia gubernamental encargada de administrar los asuntos de los mexicanos emigrados, el Instituto de los Mexicanos en el Exterior: cul es la concepcin de la poblacin que se gobierna entre estos agentes burocrticos?, cmo se genera conocimiento sobre dicha poblacin siendo que no habita el territorio del Estado y que frecuentemente, adems, ha emigrado en situacin de irregularidad y, por lo tanto, sorteando los dispositivos de contabilizacin tanto del Estado de origen como del de destino?, qu argumentos habilitan para la intervencin gubernamental sobre estas poblaciones? Desde la perspectiva gubernamental, la identidad se presenta como una estrategia para la identificacin de idnticos, para la definicin de grupos de poblacin sobre criterios distintos, aunque semejantes, a los que proveen las instituciones polticas modernas para tal identificacin. Si a partir del confn territorial del Estado-nacin la emigracin supona un abandono ms o menos relativo de la vida social de la comunidad y el ingreso en otro mbito de vinculacin social y poltica, las nuevas circunstancias habilitan criterios transnacionales para la intervencin poltica, autorizando burocracias que actan ms all de los lmites territoriales del Estado. Palabras clave: Disporas, gobierno, identidad, Mxico.It is crucial to distinguish the desire for power from the need to become empowered Barbara Christian, (apud Brah, 2003: 187)

*

Este trabajo se inscribe en el proyecto Gobernar la Migracin: un estudio del personal funcionarial del Instituto de los Mexicanos en el Exterior, financiado por el Consejo Nacional de Ciencia y Tecnologa de Mxico (CONACYT, 2007-2009) y fue redactado durante la estancia de investigacin en el CEIC auspiciada por la Fundacin Ikerbasque for Science.

23

1. LAS CIENCIAS SOCIALES REDESCUBREN LAS DISPORAS Y LOS GOBIERNOS NUEVASPOBLACIONES

Coincidiendo con tiempos de proclamada apertura econmica y relativa relajacin de las estructuras polticas del Estado, las ciencias sociales de los ltimos aos de la dcada del ochenta fueron artfices del redescubrimiento de las disporas. Quiz inspiradas por la larga tradicin inmigratoria de Norteamrica,1 por el multiculturalismo o por la poltica de minoras, lo cierto es que el fenmeno es especialmente tratado en la bibliografa en lengua inglesa.2 En 1991 aparece la revista Diaspora. A Journal of Transnational Studies, la cual se propone como una publicacin de artculos de investigaciones multidisciplinarias sobre el tema inscribindolo dentro del denominado campo del transnacionalismo. Para su editor, K. Tlyan, las disporas representan la comunidad ejemplar del momento transnacional (1991: 1), entre otras cosas porque desafan los patrones de territorialidad e identidad exclusivos de los Estados nacionales (Tlyan, 1996: 5). Otra publicacin seera del momento dorado de las disporas es la compilacin de textos fundamentales que publican Braziel y Mannur en Theorizing Diaspora. Lo que las autoras definen como Diaspora Studies se sustenta en dos hiptesis bsicas que actualizan el inters por este tipo de comunidades: en primer lugar, sostienen que las disporas obligan a repensar las rbricas de la nacin y el nacionalismo, a la vez que reconfiguran las relaciones entre ciudadanos y Estados-nacin y, en segundo trmino, ofrecen una multiplicidad de espacios deslocalizados de contestacin a las hegemnicas y homogneas fuerzas de la globalizacin (2003: 7-10). Este otro trmino el de globalizacin destaca en el baturrillo de palabras claves de la poca y, entre todas las definiciones que se han propuesto y los debates sobre su novedad histrica, algunas sostienen que el momento global es capaz de mostrar la presencia de lo ausente y de poner en evidencia el hecho de que el espacio social ya no coincide con la localizacin; ya no est definido por la presencia fsica en un lugar determinado (Marramao, 2007: 31). Siendo as, y a diferencia de otros tiempos histricos, las disporas adquieren entonces un valor positivo. Schnapper (1999) cree que es la formacin de las naciones modernas lo que le dio al trmino un significado esencialmente negativo en la medida en que stas territorializan el vnculo poltico y, al exceder las disporas esa demarcacin territorial, se las considera como una manifestacin anmica, en tanto que crean1

Algunos autores relacionan la larga tradicin inmigratoria en Estados Unidos con el origen y desarrollo de las ciencias sociales, especialmente la sociologa, en ese pas (cf.: Morawska, 1990; Lie, 1995). 2 Son incluso escasas las traducciones al espaol de los mltiples artculos y libros sobre la temtica de las disporas. Si acaso, uno de las pocas sea la de Clifford, Las disporas, aparecida dentro de su libro Itinerarios transculturales (1999).

24

espacios que escapan al control poltico (1999: 229).3 Por lo tanto, si se acuerda con las posiciones que, como la de la autora mencionada, enfatizan el debilitamiento del Estadonacin y del patriotismo nacional (Schnapper, 1999: 227), esta valoracin se revierte en sentido positivo haciendo declinar las polticas y las teoras asimilacionistas de la inmigracin.4 El fenmeno se inscribe adems en un contexto en el que el protagonismo de lo cultural y lo subjetivo es tal que la razn del sujeto, que en dcadas pasadas era relegada al lugar residual de la ideologa y la falsa conciencia (Sarlo, 2006), cobra ahora toda su entidad y se trasvasa del plano de lo individual al de lo colectivo propiciando el surgimiento de todo tipo de identidades.5 Las diaspricas entre ellas. Tal es la proliferacin de investigaciones y publicaciones en torno a las disporas que el concepto parece volverse proftico de su significado ms esencial. Diaspora diaspora es el ttulo de un artculo (Brubaker, 2005) que, entre otros muchos, denuncian la dispersin y constante drenaje semntico del trmino y su prdida de capacidad denotativa. No slo se emplea esta denominacin para aludir a exilados, expatriados, inmigrantes, grupos tnicos, etc. sino, incluso, a otro tipo de identidades que poco tienen que ver con el desplazamiento y la migracin, como dispora yankee, dispora liberal, dispora conservadora, dispora gay, dispora digital, etc. (Brubaker, 2005: 3). Ante tal situacin, la mayora de los autores hacen llamados al orden semntico enumerando una serie de caractersticas comunes que, como especie de requisitos, deben reunir las identidades diaspricas para ser merecedoras de tal rbrica6 y, algunos entre ellos,En este sentido, Hannah Arendt ha analizado la situacin de ilegalidad de los refugiados y aptridas en la Europa de entreguerras, un contexto de ferviente formacin y reformacin nacional que dejaba a muchos individuos fuera de toda comunidad, carentes entonces de nacionalidad y, por lo tanto, de todo derecho, reducidos a su condicin natural de humanos, a un estado de desnudez que nada les poda garantizar. Las intervenciones que se justifican en los derechos humanos dan cuenta de situaciones extremas, de una radical exclusin de los derechos subjetivos. Frecuentemente, son individuos expulsados de la humanidad, situacin que se da slo cuando el mundo ha arribado a algn tipo de organizacin: Slo en una Humanidad completamente organizada poda llegar a identificarse la prdida del hogar y el status poltico con la expulsin de la Humanidad (Arendt, 1982: 375). 4 Algunas de estas concepciones asimilacionistas vean en las etnicidades resultantes de los procesos de migracin una especie de residuo simblico transitorio en el paso hacia la asimilacin y, por lo tanto, estas identidades eran interpretadas como meramente expresivas y polticamente marginales (Gans, 1979). 5 La situacin de dispora, al cuestionar la posicin de sujeto nativo, parece especialmente proclive a detonar las relaciones entre afecto, modalidades psquicas, relaciones sociales y poltica (Brah, 2005: 5). Esta especial disposicin a la subjetividad que producen las disporas hace que sea frecuente la utilizacin de tcnicas de investigacin como la autobiografa. Al respecto dice Brah: el modo autobiogrfico es til aqu como una herramienta disruptiva que revela mi narrativa como un relato interpretativo [] primariamente significativo como rememoracin colectiva (2005: 10). 6 El texto que se ha constituido en referencia para dar cuenta de estas caractersticas es el de Safran (1991). El autor menciona las siguientes: que el grupo se halle disperso de su sociedad de procedencia en al menos dos lugares perifricos a aquel centro; que mantenga una memoria o mito acerca de aqulla; que circule entre el grupo la creencia de no ser plenamente aceptados en la sociedad receptora; que se conciba la sociedad de origen como lugar de eventual retorno; que procuren el mantenimiento o la restauracin de su territorio originario; y que conste entre los atributos del grupo la dotacin de sentido de la relacin de ste con su pas o lugar de procedencia. El empeo en categorizar y definir a las disporas a partir de una serie de atributos, rasgos que en general se delinean sobre el poderoso antecedente histrico de disporas como la juda y/o la armenia, ha recibido crticas que ven en este propsito cierta tendencia a esencializar las formas sociales y, de este modo, a cancelar cualquier posibilidad de anlisis sobre los cambios que operan en dichas formas (Brah, 2003; Ragazzi, 2009). Brubaker define a esta tendencia como una especie de grupismo, es3

25

entienden que esta profusin promiscua de significados se corresponde o se explica con la propia dispersin de la idea de sociedad y con la crisis de las instituciones que mantenan relativamente amarrados la sociedad y el individuo-ciudadano a los confines territoriales del Estado-nacin (Touraine, 2000; Dubet, 2006; Brah, 2003). Y la apreciacin no est exenta de correlatos empricos, por lo menos en lo que a la migracin se refiere: las tres ltimas dcadas del siglo pasado registran un cuantioso incremento del movimiento internacional de poblaciones exhibiendo unas migraciones que guardan algunas caractersticas paradjicas: mientras que los Estados ya no controlan tanto la salida de las personas, en cambio, se muestran muy restrictivos para darles entrada, creando as situaciones de exclusin jurdica y social para gran cantidad de gente que migra en condiciones de irregularidad y permanece en las nuevas sociedades de manera indocumentada (Vertovec y Cohen, 1999). Pero, adems del nfasis puesto en esta dimensin subjetiva e inscrita dentro de la cuestin de las identidades colectivas, algunos autores remarcan una derivacin prescriptiva del fenmeno y el progresivo inters por las disporas de disciplinas acadmicas de corte ms pragmtico. Si el tratamiento ms frecuente provena de la Antropologa, la Sociologa o los Estudios Culturales, se reclama ahora una mayor dedicacin por parte de la Ciencia Poltica o las Relaciones Internacionales (Adamson y Demetriou, 2007; Ragazzi, 2009). Dentro de estas disciplinas acadmicas, algunos autores se muestran ms proclives a aportar argumentos que favorezcan la integracin de los no nacionales tanto a las sociedades de residencia como a las de origen (Sheffer, 2003; Shain, 1999; Vertovec y Cohen, 1999; Fitzgerald, 2004), o analizar los fundamentos para posibilitar una especie de ciudadana externa (Baubck, 2003). Otros, en cambio, se sitan desde perspectivas ms crticas. En este sentido, Adamson y Demetriou, por ejemplo, sostienen que, desde la perspectiva de las Relaciones Internacionales, las disporas podran incorporarse dentro de otra cartera de problemas comunes para la disciplina, como los procesos de regionalizacin, el cosmopolitismo y la emergencia de estructuras de gobierno global, como temas alternativos a los clsicos del paradigma realista que son merecedores de un ms pronunciado tratamiento emprico (2007: 514). En esta misma tendencia, y coincidiendo con la perspectiva de anlisis en la que se inscribe este y otros trabajos propios (Irazuzta e Yrizar, 2006; Irazuzta, 2009), Ragazzi (2009), aborda el creciente inters y accin de los gobiernos hacia las disporas. Desde lo que el autor define como una Sociologa Poltica Internacional y basado en

decir, de sustancialismo que inhibe el anlisis. Por ello, cree el autor, debe entenderse a las disporas como una expresin (Idiom), como una posicin, como un reclamo (2005: 12) puesto que, como ya lo sealaba Hall a propsito de las nuevas etnicidades, la identidad parece haberse desarraigado, es decir, experimentado una perdida de las garantas que le ofreca la naturaleza (Hall, 2003).

26

una relectura actualizada de la gubernamentalidad foucaultiana,7 Ragazzi defiende la hiptesis de que los cambios en las polticas de gobierno hacia las poblaciones residentes en el exterior y la creciente constitucin de estas poblaciones como disporas pueden ser mejor comprendidas no slo como polticas externas sino como resultado de un ms amplio cambio estructural en el arte de gobierno y en particular en el modo en que las relaciones entre autoridad, territorio y poblacin son racionalizadas, organizadas, ejercidas y legitimadas en los niveles transnacional e internacional. (2009: 383) El mrito y la conveniencia de tal enfoque radica en que sita la cuestin de las disporas en el contexto de las transformaciones econmicas y sociales que produce el neoliberalismo y, de esta forma, permite observar ejercicios gubernamentales ms all del marco territorial de los Estados nacionales. Asimismo, el enfoque de la gubernamentalidad permite comprender esos procesos de empoderamiento de los individuos y las colectividades, lo cual les conduce a desempear un rol activo en el gobierno de sus propios asuntos y a distanciarse progresivamente de aquella otra modalidad impersonal de gobierno, propia de los Estados nacionales (Ragazzi, 2009: 389). En definitiva, el consejo de Foucault de cortar la cabeza del rey (Foucault, 1981) para dejar aflorar en el anlisis las mltiples y diseminadas formas de gobierno que germinan a la sombra del Estado, parece redundar en nuevos acercamientos a la cuestin de la dispora. Y lo cierto es que el redescubrimiento del fenmeno diasprico es tambin ms o menos contemporneo de una relativa relajacin de las estructuras poltico-institucionales que, entre otras formas, se manifiesta en la proliferacin de nuevas instancias y prcticas de gobierno que redefinen las dicotomas de lo pblico y lo privado y de lo interno y lo externo. La teora poltica contempornea asiste a la presencia de nuevas modalidades de ejercicio gubernamental que se plantean en los trminos de una reforma del Estado (Camou, 2001) que incorpora nuevas agencias, ajenas al tradicional mbito estatal del gobierno, en la produccin de bienes y servicios pblicos (MacIntyre Hall y Kennedy, 2008): en su expresin ms pragmtica, son frecuentes las intervenciones mltiples y focalizadas del llamado gobierno por polticas pblicas (Aguilar Villanueva, 2007) o las variadas formas del governance o gobernanza que entiende al gobierno como casiRelectura que los llamados anglofoucaultianos, en el contexto del paso del welfarismo al neoliberalismo tatcherista, haban emprendido ya para analizar el crecimiento, redefinicin y proliferacin de un tejido burocrtico que propenda a una pronunciada concepcin del gobierno como conduccin de conductas (Rose y Miller, 1992; Dean, 2004).7

27

cualquier forma de coordinacin social (Mayntz, 2000). En general, como la tradicin foucaultiana de la gubernamentalidad lo viene a sealar, se observa un despliegue atomizado del gobierno que se materializa en copiosas burocracias que actan incluso ms all del Estado (Rose y Miller, 1992). A tono con la cuestin, algunas experiencias muestran un renovado inters de los Estados por las poblaciones emigradas propiciando la formacin de nuevas agencias gubernamentales que emprenden intervenciones ms all del territorio estatal y, de esta forma, interpelan a la poblacin desplazada como su dispora. Los ausentes se hacen ahora presentes siendo invocados como artfices, o potenciales propiciadores, del desarrollo de sus pases o comunidades de origen.8 Una de estas experiencias es la del Instituto de los Mexicanos en el Exterior, sobre la que he desarrollado una investigacin de campo9 y de la que ahora, previamente a una descripcin de la institucin, dar cuenta en lo referido a las formas de objetivar e intervenir sobre los mexicanos del exterior. Hacia el final, las consideraciones irn dirigidas a reflexionar sobre las relaciones entre gobierno y poblacin y a proponer una perspectiva de la identidad desde las instituciones de gobierno que indica el desplazamiento del nfasis en la identidad hacia nuevas formas de identificacin de poblaciones e individuos.

Es significativo al respecto la publicacin del informe de la Organizacin Internacional para las Migraciones titulado Disporas como agentes para el desarrollo en Amrica Latina y el Caribe (Ginebra, 2007). Disponible en: http://www.iom.int/jahia/webdav/site/myjahiasite/shared/shared/mainsite/media/docs/news/4diaspora_desarrol lo.pdf. Tambin alude al mismo fenmeno la publicacin de sendos volmenes de las ponencias que, bajo el auspicio del Instituto de los Mexicanos en el Exterior, se han ido presentando a las jornadas de reflexin sobre la experiencia de dependencias gubernamentales de diferentes pases con sus disporas (Gonzlez Gutirrez, 2006). 9 El trabajo consisti en una revisin de documentos y en la realizacin de una serie de entrevistas en profundidad con el personal funcionarial del IME, tanto con los que se desempean en la sede de la ciudad de Mxico del Instituto (18 entrevistas) como con quienes lo hacen en los consulados mexicanos en Estados Unidos (9 entrevistas). El objetivo de la investigacin era explicar la mentalidad de gobierno que anima los emprendimientos de los funcionarios del IME y su traduccin en prcticas y programas concretos a partir de las concepciones sobre la poblacin y los problemas a los que dichas prcticas van dirigidas. Aunque las entrevistas fueron abiertas, se dise parte de su guin sobre algunas variables principales. Por un lado, a ciertos aspectos generales estaban contemplados en la totalidad de las entrevistas (1 . Estructura a organizativa; 2. Carrera y trayectoria personal de los entrevistados; 3 . Gobierno por redes y trabajo en red). Por otro lado, otras cuestiones concernan a aspectos particulares que se relacionaban con la funcin ejercida por cada entrevistado (1b. Bancarizacin y remesas; 2b. Redes de negocios con migrantes de alta calificacin laboral; 3b. Programas de desarrollo comunitarios; 4 b. Programas de salud; 5b. Programas de educacin; 6b. La poblacin que se gobierna; 7b. Dispora y comunidad transnacional; 8b. Consulados y matrcula consular; 9b. Informacin; 10b. Liderazgos comunitarios y Consejo Consultivo del IME). Para el presente artculo se han tenido en cuenta los registros correspondientes a los puntos 1b; 3b; 6b; 7b y 8b. En el presente texto se har un uso frecuente de algunos de los registros de estas entrevistas, los cuales se indicarn por el nmero de la entrevista (E1, E2) y por la designacin de las variables mencionadas (1b, 3b). Por razones del espacio disponible en este artculo, y por los argumentos que el mismo pretende poner de relieve, no se analizan en profundidad aspectos importantes de la poltica del IME, como los concernientes a la promocin cultural de la nacionalidad dirigidos a estrechar vnculos afectivos con su pas de origen. Dicha faceta del anlisis, inscrita fundamentalmente en los registros de la variable 9b, est siendo abordada para ser publicada prximamente.

8

28

2. LA EXPERIENCIA DEL IME: UN GOBIERNO DE ENLACE El Instituto de los Mexicanos del Exterior (IME) surge en el ao 2003 consolidando una poltica de acercamiento del gobierno de Mxico hacia la poblacin mexicana y de origen mexicano residente en el exterior, fundamentalmente en los Estado Unidos y Canad. Desde los aos 90, varios proyectos y programas de gobierno, especialmente agencias de los estados mexicanos de mayores ndices de emigracin, vienen desarrollando estrategias para incrementar y formalizar los vnculos con la poblacin emigrada movidos por el inters en promover negocios a partir de las remesas o por hallar auspicios electorales entre las comunidades de migrantes (Smith, 2008). En el caso del gobierno federal, y en gran medida ante la declarada necesidad de concentrar una variedad dispersa de contactos y emprendimientos, en 1990 se crea el Programa de Comunidades Mexicanas en el Exterior (PCME). El Programa, que operaba al interior de la Secretara de Relaciones Exteriores (SRE), puso nfasis en el diseo de polticas sociales y culturales que tendieran a cambiar la imagen del migrante e impulsar el vnculo con la mexicanidad (Figueroa-Aramoni, 1999). Fue, adems, un instrumento de auscultacin de la realidad de los migrantes en Estados Unidos para la reforma de la ley de nacionalidad en Mxico que se dar en 1997 (Gonzlez Gutirrez, 2003: 168).10 La novedad del IME con respecto a otros emprendimientos institucionales que le precedieron es que en su funcionamiento incorpora un Consejo Consultivo (CCIME) integrado en principio por 100 consejeros electos por las comunidades de inmigrantes, 10 asesores especiales designados por la SRE y los representantes de los gobiernos estatales con mayores proporciones de poblacin emigrada. El IME se define como un rgano desconcentrado de la Secretara de Relaciones Exteriores, lo cual le otorga facultad decisoria en determinadas materias o mbitos territoriales (Fernndez Ruiz, 2006: 435). La desconcentracin administrativa le otorga al IME un carcter ad hoc que responde a y propicia la especializacin en los asuntos que administra y las funciones que ejerce. La especializacin, en cuanto al conocimiento focalizado sobre lo que se gobierna, y la eficacia y eficiencia de su intervencin, inspirar constantemente la prctica administrativa del Instituto. Pero otra de las caractersticas fundamentales del IME es que, salvo por algn programa especfico, no produce polticas propias sino que, como lo he puesto de manifiesto en otro lugar haciendo uso de una expresin comn entre sus funcionarios (Irazuzta, 2009), oficia de enlace entre varias instancias administrativas. El grueso de esta funcin de enlace se concentra en las diversas secretaras de Estado mexicanas

La nueva Ley de nacionalidad mexicana, publicada en el Diario Oficial de la Federacin el 23 de enero de 1998, establece que las personas nacidas como ciudadanos mexicanos no pierden la nacionalidad de origen al hacerse ciudadanos de otro pas.

10

29

ante las cuales el IME intercede para hacer llegar sus polticas a la poblacin del exterior. Pero tambin enlaza organizaciones de migrantes en Estados Unidos (los llamados clubes o federaciones de oriundos), otras organizaciones de la sociedad civil que atienden asuntos referidos a la inmigracin e, incluso, entidades privadas como agencias aseguradoras y financieras, que ofrecen sus servicios y productos en las oficinas consulares en Estados Unidos. En fin, una densa red de vnculos que extiende la labor gubernamental ms all de las delimitaciones modernas de la poltica dando vida a un espacio que, utilizando las denominaciones acadmicas contemporneas, el propio Instituto y los agentes que ste pone en contacto llaman transnacional.11 Es decir, esa especie de hbitat intersticial entre dos o ms estados nacionales en el que se inscriben prcticas y actores sociales de nueva o renovada hechura. Procurando relacionar este emprendimiento institucional con el contexto poltico, social y econmico en el que se inscribe, habra que destacar al menos tres factores: en primer lugar, la apertura de las economas nacionales, consagrada institucionalmente con la firma del Tratado de Libre Comercio de Amrica del Norte en 1994 (TLCAN). La fluidez en el trnsito de mercancas y productos financieros que dicho tratado propicia se contradice con las restricciones polticas a la circulacin de personas que, junto con lo que anteriormente implic la sancin de la Immigration Reform and Control Act (IRCA) de 1986, modifica el patrn de circularidad migratoria haciendo que los emigrantes tiendan a radicarse definitivamente en Estados Unidos, especialmente de forma no autorizada. Desde el ao 2000 y hasta el presente, con especial crecimiento durante el segmento 2000-2005, la inmigracin indocumentada ha ido creciendo hasta estimarse actualmente en 7 millones de personas (Passel y Cohn, 2008). Permisividad econmica y restriccin poltica a la circulacin de personas podran ser los trminos que sintetizan este primer factor. En segundo lugar, hay que destacar el advenimiento en Mxico de la democracia competitiva y la alternancia de partido en el poder. La asuncin a la presidencia de la Repblica en el ao 2000 del Partido Accin Nacional provee a la nueva administracin de legitimidad para efectuar una especie de corte de caja (Alba, 2004) con respecto a los mexicanos en Estados Unidos en la medida en que se entiende le permite al nuevo gobierno auto eximirse de responsabilidades con respecto a las causas de la emigracin. Ello incentiva la generacin de polticas hacia los emigrados en tanto tales,El transnacionalismo ha sido merecedor de un copioso debate desde finales de la dcada del ochenta, especialmente por parte de las teoras de la migracin (Basch, Glick Schiller y Szanton Blanc, 1994; Guarnizo y Smith, 1998; Levitt y Glick Schiller, 2004; Waldinger y Fitzerald, 2004). Tal ha sido el uso del concepto que ha pasado a transformarse en lo que los antroplogos llamaran una categora nativa, es decir, los actores sociales se la han apropiado y la utilizan para definir sus acciones, tanto desde el gobierno como desde las organizaciones de migrantes, lo cual sita a la perspectiva cientfica a tener que abordarla como tal, o sea, como una definicin social y no cientfica, ms en la forma de una categora de prcticas que de una categora de anlisis, tal como las define Brubaker (2005) a propsito de las disporas.11

30

es decir, asumiendo su estatus de residentes en otro pas y, simultneamente, en correspondencia con el punto anteriormente indicado, la posibilidad de desarrollar negocios y flujos financieros entre ambos lados de la frontera, especialmente en la forma de remesas que, a partir del progresivo perfeccionamiento en las tcnicas de medicin, el Banco de Mxico ir contabilizndolas hasta posicionarlas como una de las primeras fuentes de ingresos de la economa nacional. Finalmente, es necesario destacar que la democracia liberal y la economa de mercado concurren en progresivas prcticas de relajamiento institucional apelando a la necesidad de una reforma del Estado como frmula que, con diferentes matices, conduce a una redefinicin de la funcin pblica que involucra en ocasiones la delegacin a agentes privados de funciones ejercidas tradicionalmente por el aparato estatal. Podramos decir que se produce una reformulacin de la distincin entre poltica y administracin como dicotoma tpico ideal de funcionamiento de la poltica moderna (Bresser-Pereira, 2004). En este sentido, si bien en el caso mexicano hay una notable promocin para instaurar un servicio civil de carrera sustentado en mritos y competencias ajustndose normativamente as al tipo ideal weberiano de funcionario, simultneamente se privilegia en ste la iniciativa personal en la formulacin de proyectos y, en general, la capacidad de agencia para el planteamiento de polticas ms que la supeditacin de sta a la jerarqua del ordenamiento burocrtico. En definitiva, teniendo en cuenta los procesos y emprendimientos de apertura econmica y poltica, el contexto parece estar caracterizado por desregulaciones mltiples que propician giles fluidos financieros y de mercancas, copiosos movimientos de poblaciones desde los lugares de origen y nuevas modalidades de intervencin poltico-administrativa desafiantes de las delimitaciones territoriales del Estado-nacin y de los criterios de lo pblico y lo privado, modalidades que asumen adems una concepcin liberal del sujeto, como dotado de capacidad de agencia para la transformacin de su situacin personal y de la de su comunidad. 3. LOS GOBIERNOS, LA POBLACIN Y LA IDENTIDAD COMO IDENTIFICACIN 3.1 La dispora como topnimo para poblaciones desplazadas Como se dijo anteriormente, el despuntar de las disporas durante la dcada de los noventa se inscribe dentro de ese terreno definido insistentemente como transnacional. Se trata de un mbito que se va constituyendo progresivamente en hbitat de unas poblaciones que han perdido relativamente el asidero de su objetividad, es decir, el territorio estatal-nacional, por efecto de su desplazamiento. En este contexto, el apelativo de dispora, connotado antes negativamente y reservado para grupos especficos, se hace extensivo ahora a muchos grupos de migrantes, adquiere un valor positivo y se 31

convirte en un recurso para delimitar una poblacin que, por su propio carcter disperso,12 se considera que exige formas novedosas de gobierno. Es significativo lo que al respecto comenta un alto funcionario del IME: El concepto no le gusta a mucha gente, sobre todo a colegas mos de la funcin pblica, porque significa pueblo disperso []. La referencia que tienen es hacia la prdida, hacia comunidades que no van a regresar. Mi interpretacin es que todos somos vctimas de esta ilusin de la impermanencia [sic], queremos creer que la gente que se va, va a regresar; todos queremos creer eso, el pas de recepcin, pues, no quiere aceptar que los cambios que esta dispora trae consigo son permanentes, los migrantes son los primeros en decir yo vengo un rato, pero me voy a morir en mi pas de origen, y el gobierno del pas de origen, pues, tampoco puede fcilmente hacerse a la idea de que la gente se fue y no hay manera de repatriarla, porque es una prdida muy difcil de aceptar, por lo menos desde el discurso oficial. [] A m en lo personal me empez a interesar mucho el trmino, desde la perspectiva de Relaciones Internacionales. Primero, porque nos haca menos excepcionales de lo que nos creamos, la mexicana no es la nica dispora. Segundo, porque haba una literatura, hay una literatura, que se empezaba a consolidar, en torno al uso de ese concepto para definir a un nuevo actor internacional que poda influir entre las relaciones de los Estados. O sea, a m me interesaba que aqu en Mxico se utilizaran los trminos ms, ms exactos. Tercero, trabajando en la Cancillera [] yo vea que la connotacin negativa que tena el trmino dispora estaba siendo trasformada en el caso de otros Estados. Entonces, ya no era; en el caso de Mxico nunca hubo ese trauma fundacional que hay en otras disporas como la juda o la armenia; la expulsin de la tierra prometida... En el caso de Mxico, es una migracin laboral que a lo largo de nueve o diez dcadas ha ido decantando y asentando en los Estados Unidos sobre todo, y ese sentido el trmino dispora, poda obtener una connotacin positiva, ms autoafirmativa, ms de autoestima respecto al esfuerzo por adquirir una identidad propia vinculada con el pas de origen. (E1: 6b/7b)

Uno de los aspectos ms debatidos respecto a la consideracin de la migracin de origen mexicano en Estados Unidos como dispora es, precisamente, la ausencia de carcter disperso. Gonzlez Gutirrez, quien no duda respecto a la pertinencia del concepto, seala: A diferencia de las disporas tradicionales, que se caracterizan por ser pueblos dispersos en diferentes regiones del mundo, la mexicana es una dispora sui generis cuya dispersin en el extranjero se reduce prcticamente a un solo pas: Estados Unidos (Gonzlez Gutierrez, 2003: 165). Por lo dems, tambin podra argumentarse que la dispersin no tiene necesariamente que hacer referencia a diferentes pases y que es posible dar cuenta de una existencia dispersa de mexicanos en todo el territorio de los Estados Unidos.

12

32

La reflexin del funcionario es lo suficientemente densa como para que la desglosemos para su anlisis. Un aspecto destacado del relato es el sealamiento que se hace sobre la reticencia hacia el concepto de dispora, el cual se repite desde tres lugares: desde la clase poltica de la sociedad de emigracin, ya que la dispersin de la poblacin respecto de su territorio de origen evoca la prdida de control poltico sobre la misma; tambin desde la clase gobernante de la sociedad de acogida, la que muy frecuentemente se muestra renuente a la incorporacin de los inmigrantes y, finalmente, el concepto genera rechazo entre los propios migrantes, reacios muchas veces a asumir su situacin de desplazamiento por efecto de unas subjetividades gestadas por la pertenencia afectiva a su lugar de procedencia (nostalgia) que les genera expectativas de abandono de esa situacin, las cuales escasamente se materializan. Contando con este cuadro situacin, la recuperacin del concepto desde el campo de las Relaciones Internacionales implica el reconocimiento de un actor que por su naturaleza intersticial entre Estados Estados que, por definicin tradicional, abrazan exclusivamente a sus poblaciones (Torpey, 1998) puede resultar influyente en la modificacin de las relaciones polticas entre stos al intervenir en lo que suele designarse como la relacin bilateral, en este caso, entre Mxico y Estados Unidos. Se trata de una concepcin de la dispora que, subrayando su pertenencia nacional de origen, se pretende que sea capaz de constituirse en un grupo de presin que respalde y favorezca la posicin del pas de procedencia en sus relaciones con el de recepcin, modificando de esta forma una relacin histrica que se presume implcitamente enquistada en viejas tradiciones de poltica exterior mexicana. Al mismo tiempo, siguiendo el anlisis del informante, la constitucin como grupo bajo tal denominacin de dispora, hara posible dotar de valor positivo al trauma del desplazamiento para ganarle terreno a la exclusin dentro de la sociedad de recepcin y, as, lograr que la poblacin emigrada se autoafirme en la adquisicin de una identidad propia vinculada con su pas de origen. Desde estas tres aristas de negacin que demarcan la vulnerabilidad del grupo (de parte del gobierno de la sociedad de procedencia, del de la sociedad de recepcin y de parte de los propios migrantes que no asumen su estatus de poblacin desplazada) se construyen los fundamentos ticos que justifican el gobierno hacia una poblacin que halla en la denominacin de dispora un cerco apelativo para su objetivacin una vez que aqulla, por la propia situacin de dispersin, ya no permite que sea el Estado-nacin el que la proporcione.13 Como lo he puesto de manifiesto en otro trabajo (Irazuzta, 2009) la13

Los Estados modernos no slo monopolizan los medios de violencia. Segn Torpey (1998), al ser stos los que abrazan exclusivamente a sus poblaciones tambin monopolizan los medios de movimiento, y la emisin de documentos que autorizan entradas y salidas as lo demuestra. Este ejercicio de limitacin es lo que permite la objetivacin de las poblaciones, la cual es efectuada a travs de aparatos estadsticos centralizados capaces de contabilizar su identidad. En situaciones de incremento descontrolado de flujos en

33

dispora se presenta as como topnimo de poblaciones en situaciones de desplazamiento que encuentran en lo intersticial, transnacional, extraterritorial, su peculiar lugar de existencia. Esta parece ser la concepcin que se desprende de la siguiente declaracin de uno de los directores del IME, empeado en rescatar la utilidad del concepto para [] poder incorporar el servicio a mexicanos que estn ms all del territorio [] Vas a la escuela y te dicen que el mundo est dividi en pases, cada pas est definido por una frontera, esas fronteras contienen el territorio, dentro del territorio vive una poblacin, y slo a nombre de esa poblacin es que el gobierno puede hablar, el gobierno que tiene el monopolio y uso legitimo de la violencia dentro de ese territorio. Bueno, nosotros tenemos un boquete de 11 millones de personas que nacieron en Mxico, ms otros quizs 19 millones estadounidenses de descendencia mexicana [], por lo que estamos obligados a hablar por ellos, porque el gobierno del pas que enriquecen con su trabajo, no les reconoce ni siquiera el derecho de residir legalmente en ese pas, donde residen desde hace muchos aos, no digamos el derecho de hacerse ciudadanos. Mxico est obligado a responder frente a esta situacin que no controla, trasformando sus instituciones. Qu significa para m esto?, pues yo siento un esfuerzo cotidiano por hacer sensibles a distintas agencias sobre la necesidad de hacer sus servicios ms all de las fronteras. Por otro lado, significa una lucha cotidiana tambin, encontrar maneras de manejar el conflicto, el conflicto natural que hay entre comunidades y lderes de migrantes que son principalmente sospechosas y desconfiadas del gobierno de su pas de origen, no por ser mexicanas sino por ser migrantes. En qu se traduce la cotidiana vocacin trasnacional, digamos, del IME?, en que estamos manejando ese conflicto, reconocemos que la relacin es esencialmente conflictiva, toda esta energa la tratamos de canalizar con fines productivos reconociendo la autonoma de estas gentes, y la independencia y su espritu. (E1: 6b/7b) Como se ve, es la peculiar situacin de esta poblacin lo que llama al diseo de nuevas arquitecturas administrativas que adaptan los sistemas de gobierno estatales a las necesidades de gobernar ms all de sus fronteras. Como lo destacan algunos

los movimientos de poblaciones, los Estados se muestran deficitarios en producir estas contabilidades, lo cual se suele traducir en un importante indicador de su crisis. Alain Badiou sugiere esta posibilidad cuando dice: Todo derrumbe estatal pone a la orden del da lo incalculable (2006: 39). El autor propone que el Estado entendido como estado de una situacin, es lo que asegura la cuenta estructural de las partes de esa situacin, la cual lleva, por lo general, un nombre propio de nacin (2006: 54).

34

enfoques afines a la gubernamentalidad foucaultiana (Rose y Miller, 1992; Dean, 2004; Ragazzi, 2009), el ejercicio de gobierno ms all del Estado va acompaado de la dotacin de capacidad de agencia en los individuos y de la promocin entre stos de vnculos comunitarios gestados alrededor de una pertenencia y percepcin comn de su situacin. La filosofa de los nuevos tiempos priv