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Universidade Candido Mendes
Diretoria de Projetos Especiais Projeto ”A Vez do Mestre”
Indisciplina Aplicada a Criança
Por
Raquel Ferreira Mascarenhas
Orientador
Carlos Alberto Cereja de Barros
Rio de Janeiro
2005
2 Universidade Candido Mendes
Diretoria de Projetos Especiais Projeto “A Vez do Mestre”
Indisciplina Aplicada a Criança
OBJETIVOS:
Apresentar ações, capazes de nortear o trabalho de
Supervisão Educacional quanto mediador de
relacionamentos dentro da escola. Objetivando
habilidades, estratégias, técnicas e instrumentos que
fazem parte das competências em que o Supervisor
Educacional atua.
3
AGRADECIMENTO
A Deus
... A Você ...
que foi o único responsável pela história da minha vida.
... A Você ...
que me uniu a outras classes, traços, raças e abraços e
fez do meu ideal a semente de nossa amizade.
... A Você ...
que em meus sonhos e orações nunca deixou de ser
real, meu mais profundo agradecimento.
A Você ... Deus
A Você ... Pai
Neste momento só posso te dizer obrigada!
4
DEDICATÓRIA
“ Foram anos de luta por um objetivo que as vezes
deixava dúvida.Valia a pena tanto sacrifício? Mas as
dúvidas foram se transformando em certezas e cheguei a
onde estou, para a minha alegria e daqueles que sempre
tinha umas palavra de apoio a me dar.
A essas pessoas , quero dedicar esse momento especial
de minha vida, pois tenho certeza que elas estão
vibrando por me ver galgar um caminho que parecia
difícil.” Autor: Desconhecido
5
EPÍGRAFE
“Faz parte do instinto de perpetuação da espécie os pais
cuidarem dos filhos, mas é a educação que os qualifica
como seres civilizados” Içami Tiba
6
RESUMO
A pesquisa busca lidar com a Indisciplina da Criança, sem recorrer a castigos
mantendo vivo o interesse do aluno através do resgate do Papel da Supervisão
quanto mediador de relacionamento. Visando que o professor entenda os
problemas não para justificar, mas para ajudar a mudar, tendo uma relação
diferenciada e qualificada com o seu aluno.
7
METODOLOGIA
Os Supervisores poderão obter respostas e traçar diretrizes que levará a
escola a um suporte disciplinar, através de pesquisas bibliográficas, múltiplas
abordagens teóricas, possíveis encaminhamentos práticos para o problema da
indisciplina na escola, observação do objeto de estudo e experiências da rotina
escolar.
Um panorama contemporâneo dos novos referenciais teóricos, pedagógicos
com a participação de psicólogos, sociólogos, psicanalistas e pedagogos que
discutem a indisciplina com uma visão atualizada propondo soluções criativas
para a compreensão e manejo do problema.
Iniciar a pesquisa conhecendo um pouco das normas tradicionais do
passado foi o primeiro passo para que fosse possível fazer um paralelo com os
modelos atuais.
A necessidade dos Supervisores Educacionais mediar relacionamentos onde
possa inibir a indisciplina e criar conceitos atuais de disciplina manteve a
motivação de ser possível criar novos parâmetros que devem ser
considerados.
A proposta desta pesquisa é tornar claro os meios que devem ser utilizados
para lidar com a indisciplina sem recorrer a castigos mantendo vivo o interesse
do aluno.
Os conflitos são inerentes à natureza humana e eles constituem uma
oportunidade, o desenvolvimento das relações interpessoais nas escolas,
desde que sejam resolvidos de forma apropriada.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------9
CAPÍTULO 1: Á MODA ANTIGA----------------------------------------------------------11
CAPÍTULO 2: A CRIANÇA TROCADA EM MIÚDOS--------------------------------16
CAPÍTULO 3: PROMOVENDO DISCIPLINA EM FAMÍLIA------------------------25
CAPÍTULO 4: EXPERIÊNCIAS QUE PREPARAM PARA A VIDA--------------34
CAPÍTULO 5: DISCIPLINA COM PRAZER--------------------------------------------40
CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------------47
BIBLIOGRAFIA---------------------------------------------------------------------------------50
ÍNDICE--------------------------------------------------------------------------------------------51
9
INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea em que vivemos a escola continua
reproduzindo modelos antigos de disciplina, apenas com uma diferença, hoje
nossas crianças ignoram os vínculos com os valores do passado.
As escolas se omitem, toleram e não dão a devida atenção a outros
aspectos do educar, cujo conhecer seu aluno é o primeiro passo.
Diante das encruzilhadas do trabalho diário, todos parecem, em alguma
medida, marcados por uma cisão fundamental: de um lado a autoridade e o
controle absoluto, de outro a linha divisória entre disciplina e violência. Por
onde ir ? O que fazer ?
A indisciplina gera violência e ela está presente em todos os centros
educacionais ainda que se apresente de forma distinta.
A educação exige maior atenção dos pais para não exagerar no cuidado com
os filhos e andar em sintonia com a escola. Aos professores, diretores,
orientadores e alunos devem-se evitar tornarem-se reféns do emaranhado de
significados e valores que a disciplina escolar comporta.
O professor exerce sobre os alunos uma liderança que é institucional, isto é,
que decorre da sua própria posição na estrutura da escola. Mas o bom
andamento das atividades escolares e do relacionamento professor-aluno
depende de como essa liderança é exercida.
Há muita a indisciplina na escola deixou de ser um evento esporádico e
particular no cotidiano das escolas, tendo se tornado um dos maiores
obstáculos pedagógicos nos dias atuais. Assim a maioria dos educadores
busca a forma mais apropriada de atender ou administrar o ato da indisciplina.
10
Parece simples falar sobre a indisciplina na escola ou em sala de, mas a
medida que vamos desdobrando seus efeitos, percebemos que estamos diante
de um acontecimento sustentado por posições éticas e políticas diante da
existência.
Pensando no que acontece em sala de aula com os professores diante de
uma turma desinteressada, apática e bagunceira consideramos que cada
aluno tem sua própria história, vida e personalidade. Juntos eles somam tudo
isso a uma coleta de repleta energia o que é visto freqüentemente como
indisciplina. A maioria dos educadores não sabe ao certo como interpretar ou
administrar o ato da indisciplinado, compreender ou reprimir ? encaminhar ou
ignorar ?
É possível impor limites saudáveis, o maior estímulo para ter disciplina é o
desejo de atingir os objetivos e assumir as conseqüências de seus atos.
Este trabalho oferece bons argumentos para que todos que estão envolvidos
com a escola possam se preparar para lidar com indisciplina de forma que ela
venha se transformar em um gratificante processo de educacional.
No capítulo 1, vemos a filosofia adotada ao longo do tempo para se manter a
disciplina na escola, em seguida no capítulo 2, desvendamos a criança como
ela realmente é , e a medida que vamos conhecendo-à o capítulo 3 , vem
mostrando a importância da família na imposição de limites. O capítulo 4, tem a
finalidade de mostrar as falhas e os cuidados que devemos ter,
complementando no capítulo 5 a responsabilidade da escola em
proporcionar as crianças dos dias atuais uma disciplina com responsabilidade
e prazer .
11 Capítulo 1
1- Á MODA ANTIGA
Observe algumas recomendações disciplinares, de 1922, o ideal de
comportamento na escola antiga:
Os alunos devem se apresentar na escola minutos antes das 10h,
conservando-se a ordem no corredor da entrada, para seguirem para o pátio,
onde entoavam o Hino Nacional e oficial da escola. Formados dois a dois
dirigiam-se as suas classes acompanhados de suas respectivas professoras,
que exigiam silêncio, que entrassem na sala com calma e sem arrastar as
cadeiras.
A orientação é que deviam sempre andar sem arrastar os pés, evitar
balançar os braços e movimentos desodernados do corpo.
Em classe a disciplina era severa: silêncio absoluto, não poderia estar em
pé mais de um aluno, a turma sempre deveria deixar a sala na mais perfeita
ordem, caso contrário perdiam o recreio ou sofriam alguma pena se gritassem,
fizessem correria ,danificassem algo , sujassem o pátio e etc. Era bastante
comum que os educadores aplicassem ,sem muita dúvida , sanções
pedagógicas como, por exemplo ,escrever mil vezes “não devo conversar na
aula” ou ficar em pé horas a fio na frente da classe.
Vale também acrescentar que ,até o século XVIII ,era impossível que
alguém acalentasse aquele tipo de dúvida.
A disciplina ,mostra-se ,além de cruel ,absolutamente inoperante.
Quando a escola é sinônima de constrangimento e castigo , a motivação
para aprender cai a níveis insignificantes.
12 Como no passado , hoje a escola continua a sofrer não só com o regime
político da época , mais com a crise econômica e social. Se a educação não é
prioridade nosso futuro está comprometido.
Como se não bastassem as inúmeras dificuldades que nossa educação
enfrenta, existe aqueles que se sobrepõe aos interesses financeiros de
algumas pessoas ou grupos empresariais que fazem da educação seu principal
vilão. Não medem a qualidade do ensino pouco se importa com a real
formação do aluno, visam apenas o lucro.
Para começar vamos adotar os conceitos atuais de disciplina ,que vem a ser
o reconhecimento do grupo a que estaremos nos referindo.
Esse reconhecimento pressupõe ao aluno , onde o Supervisor e professor
devem pensar juntos em uma forma de combater a indisciplina e formar
cidadões autônomos ,emancipados ,livres e conscientes, capazes de fazer
suas próprias escolhas.
Ninguém nasce rebelde ou indisciplinado: trata-se de um comportamento
construído. Se antigamente disciplina equivalia ao silêncio absoluto ,a disciplina
hoje desejada é a do interesse e da participação.
É importante que o aluno fale dê sua opinião ,de modo que a escola possa
acompanhar suas descobertas e sua aprendizagem.
Eles adoram aprender desde que o conhecimento não lhes pareça impingido
e sobretudo quando o seu interesse e participação são estimulados ,gostam de
ser respeitados , valorizam a sinceridade e o jogo aberto de um professor.
Júlio Groppa Aquino em seu livro “Indisciplina na escola:Alternativas teóricas
e Práticas” nos revelam experiências na tentativa de elucidar a problemática
indisciplina na escola , compreender ou reprimir ? encaminhar ou ignorar ?
A indisciplina em sala de aula seria decorrência da falta de valores de nosso
tempo ? Porém que valores ?
13 Anteontem ,o professor falava a alunos dispostos a atacar ,ontem a certos
alunos pré-dispostos a discordar e propor ,hoje se vê auditório de surdos. O
importante é saber se situar sobre o problema em questão que segundo
Aquino;
“Disciplina é bom porque ,sem ela , a poucas chances de
se levar a bom termo um processo de aprendizagem.
Porém a que preço ? A rigor a disciplina em sala de aula
pode equivaler à simples boa educação:possuir modos
de comportamento que permitam o convívio pacífico.
Pura aparência ,portanto da qual não se procuram
motivos.” (1996, p.10 )
O aluno bem comportado pode sê-lo ,por medo do castigo ou por
conformismo , pouco importa afinal isso é desejável. A indisciplina em sala de
aula e decorrente do enfraquecimento do vínculo entre a moralidade e
vergonha ? Toda moral pede disciplina ,mas toda indisciplina não é moral.
O que há de moral em permanecer em silêncio horas a fio ,ou em fazer fila ?
nada ,evidentemente. Portanto ao abordar a questão da disciplina pela
dimensão da moralidade ,não está pensando que toda indisciplina seja
condenável moralmente falando ,nem que o aluno que segue as normas
escolares seja necessariamente amante das virtudes.
Mais ainda certos atos de indisciplina podem ser genuinamente morais:por
exemplo quando um aluno é humilhado ,injustiçado e se revolta contra as
autoridades que o vitimizam. Portanto ,tenhamos cuidado em condenar a
indisciplina sem ter examinado a razão de ser das normas impostas e dos
comportamentos esperados e se sem exigir as mesmas condutas e
compreensão dos alunos em idades diferentes.
A partir disso a escola deve lembrar a seus alunos e a sociedade como um
todo. que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania.
14 E, para ser cidadão ,são necessários sólidos conhecimentos ,memória ,respeito
ao público , um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais e
diálogo.
Se admitirmos que as práticas escolares são testemunhas das
transformações históricas, isto é , que seu perfil vai adquirindo novos contornos
de acordo com as contingências sócio-culturais, temos que admitir também que
a indisciplina nas escolas revela algo interessante sobre os nossos dias.
Com a crescente democratização política do país e, em tese, a
desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se criou. Temos
diante de nós um novo aluno, um novo sujeito histórico, mas, em certa medida,
guardamos como padrão pedagógico a imagem daquele aluno submisso e
temeroso. De mais a mais, ambos, professor e aluno, portavam papéis e perfis
muito bem delineado.
É possível afirmar que a escola de antes tinha um caráter elitista e
conservador, destinando-se prioritariamente as classes sociais mais
privilegiadas ou melhor o acesso das camadas populares a escola era
obstruído pela própria estruturação escolar da época. O que nos dias atuais
atestam, no entanto, é que as estratégias de exclusão, além de continuarem
existindo, sofisticaram-se.
Se antes as dificuldades residiam no acesso propriamente, hoje o fracasso
contínuo encarrega-se de expulsar aqueles que se aventuram neste trajeto, de
certa forma, ainda, elitizado e militarizado.
Quais significados, então, poderíamos subtrair dos fenômenos que rodam
essa nova escola, incluída aí a indisciplina ? Ela pode está indicando o impacto
do ingresso de um novo sujeito histórico, com outras demandas e valores,
numa ordem arcaica e despreparada para absorvê-lo plenamente.
15 A indisciplina então seria o sintoma de injunção da escola idealizada e gerida
para um determinado tipo de sujeito e sendo ocupada por outro.
Equivaleria, pois, a um quadro difuso de instabilidade gerado pela
confrontação deste novo sujeito histórico a velhas formas institucionais
cristalizadas, ou seja, denotaria a tentativa de rupturas, pequenas fendas em
um edifício secular como a escola, potencializando assim uma transição
institucional, mais cedo ou mais tarde, de um modelo autoritário de conceber e
efetivar a tarefa educacional para o modelo menos elitista e conservador.
Desde este ponto de vista sócio-histórico, a indisciplina passaria, então, a
ser força legítima de resistência e produção de novos significados e funções,
ainda insuspeitos, à instituição escolar.
Para aqueles preocupados com a problemática da indisciplina, o
aprofundamento das discussões, sem dúvida exige um recuo estratégico do
pensamento. Quais os significados da indisciplina escolar ? E quais os
recursos possíveis de enfrentamento do tema quando tomado como objeto de
reflexão ou problema concreto ? É certo que a relação escola-professor-aluno
na questão da indisciplina, moralidade e moralidade precisam ser revistas e
postas em ordem.
16 Capítulo 2
2- A CRIANÇA ,TROCADA EM MIÚDOS
Não é fácil para o adulto entender a criança , por isso o trabalho com ela
deve começar a partir do conhecimento de suas características.
Embora o professor ofereça variadíssimos estímulos aos pequeninos ,muitas
vezes ele se vê diante de uma classe demasiadamente inquieta ,insatisfeita e
turbulenta. Quando isso ocorrer em primeiro lugar o professor deve buscar se
sentir mais confiante para que possa enfrentar a situação.
Diante de tais problemas o Supervisor deve trabalhar o corpo docente para
que ele não haja de modo impensado ,adotando atitudes exageradas.
Conscientizar os docentes pode ser o 1º passo para que antes de chamarem a
atenção de seus alunos procurem refletir: Por que a criança está agitada? Se o
assunto está atraente? e outras, mas não devem tomar decisões precipitadas
,especialmente quando estiverem tensos.
O professor também deve considerar cada criança individualmente e antes
de lhe fazer uma negativa reflita sobre os seus desejos , para fazer o
julgamento de acordo com suas particularidades. Se medidas enérgicas forem
necessárias , devem ser tomadas com sabedoria ,pois atitudes descuidadas
podem trazer prejuízos.
Uma boa maneira de promover um bom relacionamento entre Superviso r-
Professor – Aluno é estreitar os laços de amizade ,assim reduzirá em grande
parte as condutas erradas e as falhas podendo facilitar a orientação firme e
convicta do que está sendo transmitida a criança.
17 Convém estar atenta a algumas orientações mínimas, mais fundamentais, a
característica da fase infantil. Se a criança é:
Curiosa – procure explorar a curiosidade apresentando materiais didáticos e
variados para que possam manusear.
Imaginativa – não é só o corpo da criança que se movimenta. O equilíbrio
também tem uma dose de imaginação que faz com que a criança crie um
mundo de fantasias.
Afetiva – a afetividade da criança é passiva e ativa ao mesmo tempo. É imensa
sua necessidade de afeição , se essa necessidade não for satisfeita , a criança
se tornará retraída.
A criança é aberta não só impressões sensoriais , como também ao carinho.
Precisa de amor da mesma maneira que precisa de ar puro.
Sugestionável e Crédula – a criança acredita facilmente naquilo que falamos,
por isso é preciso muito cuidado e sabedoria para educá-las e fazer com que
venham adquirir bons hábitos e atitudes.
Instável – a sensibilidade da criança varia muito ,seus sentimentos são tão
violentos quanto de pouca duração. Tem uma capacidade profunda tanto para
amar como também para ser hostil.
Receptividade – a criança receptiva aprende com mais facilidade, enquanto
que a apática terá mais problemas devido a falta de reciprocidade com o
mundo exterior.
Detalhista – não possui visão panorâmica , sua tendência é se fixar num
pormenor que a impressiona.
18 Espontânea – não tem capacidade de inibição ,pois não sabe conviver no
mundo presente , não tem idéia precisa do futuro é apenas um prolongamento
do presente.
Egocêntrica – pensa e age como se fosse o centro do mundo.
É bom lembrar que a criança está em contínua evolução e que exige que o
professor também conheça a psicologia dos seus primeiros anos de vida , sob
pena de tentar compreendê-las. O Supervisor pode elaborar junto com o corpo
docente uma espécie de ficha para uma sondagem traçando o perfil do aluno
sobre as experiências emocionais dos primeiros anos de vida que tem tudo a
ver com a evolução de sua personalidade.
2.1 A personalidade da criança
A personalidade consiste numa reunião ativa de comportamentos
interligados que vão sendo construídos a partir do nascimento até a idade
adulta.
Nesse longo tempo ,experiências adquiridas são capazes de construir sua
identidade através de forças que agem no interior organizando suas
experiências. Tal organização ocorre em dois sentidos:tem de ser visível para
si mesmo e adaptada à sociedade. Em outros termos ,a personalidade se
constrói ,de certo modo,comprometida não apenas com um projeto individual
,mais também com a sociedade.
Ela pode alternar-se ,tomar esse ou aquele rumo ,progride ou regride de
acordo com os grandes ou traumáticos acontecimentos ocorridos durante a
vida.
19 Em resumo podemos dizer que a personalidade se forma nas seguintes
dimensões:
Física – é a constituição individual resultante da herança genética das forças
do meio.
Temperamento Emocional – compreende a s características emotivas
resultantes do complexo fisiológico e da construção sistemática de cada um.
Subjetiva – é a área que diz respeito a vivências e aprendizagens ossadas
,bem como o auto conceito de cada um.
Caráter – corresponde ao conjunto de qualidades que se fazem necessárias
para o indivíduo adaptar-se ao meio em que vive.
O caráter infantil é moldado entre 2 à 5 anos de idade ,por isso o ambiente
doméstico é fundamental e influencia muito nessa formação.
Se observarmos uma criança em sua variedade de situações ,verificaremos
que há um modo de agir constante que nos chama a atenção.
Segundo Tiba em seu livro “Disciplina,limite na medida certa” muitos motivos
podem levar o aluno a se comportar de forma inadequada em atividades que
necessitem de umas integrações funcionais com outras pessoas ,cujo relaciono
a seguir:psiquiátricos,neurológicos,deficiência mental,distúrbios da
personalidade,distúrbios neuróticos,etapas do desenvolvimento como confusão
pubertária,onipotência juvenil,síndrome da 5ª série,distúrbios leves de
comportamento,uso e abuso de drogas.
Distúrbios relacionais: educativos,entre os próprios colegas,influência de
amigos,distorções de auto-estima. Distúrbios e desmandos dos professores.
Tais distúrbios decorrem de alterações incontroláveis. São mais fortes que
as normas ditadas pelo ambiente. Surgem de modo abrupto ou insidioso ,em
20 qualquer lugar de maneira inesperada ,transformando totalmente a
personalidade da pessoa afetada e surpreendendo as demais.
O próprio sujeito não consegue avaliar as dimensões de sua inadequação
,pelo contrário tem plena convicção de que está absolutamente certo.
O Supervisor deve orientar ao professor que ao se deparar com tais
dificuldades o melhor é encaminhar a orientação ou direção da escola para que
a família seja convocada e esclarecida quanto as necessidades de tratamento
especializado para o aluno.
O professor deve estar atento pois nem eles estão livres de sofrer tais
distúrbios ,pois pode projetar seu mundo interior sobre o outro ,ele pode acabar
vendo no aluno insubordinado o filho desobediente. Então passa agir como um
pai tentando fazer o filho obedecer-lhe a qualquer custo e não como um
professor tentando restabelecer a ordem na classe.
Novamente faz-se lembrar as palavras de Tiba:
“Pais e professores tem que amadurecer também com
o desenvolvimento dos filhos e dos alunos. O mínimo
exigido é a mudança de relacionamento com eles.”
(2002, p. 64 )
Sem essa iniciativa ,dificilmente alguém tomará alguma atitude para sanar o
problema ,que ,quando detectado pelos pais ou professores ,talvez se encontre
num estágio muito avançado. Porém não adianta o professor fazer sua parte se
a orientação escolar não fizer a dela ,não é tarefa do professor tratar o aluno
,mais cabe a escola encaminhá-lo a um serviço especializado.
Nesses casos é importante que a escola esteja em constante contato com o
profissional encarregado do tratamento e vice-versa. Se o problema foi
detectado na escola ela tem mais condições que a sua família de avaliar sua
evolução. Tiba também esclarece:
21 “Os problemas da indisciplina não estão apenas ligados
com a natureza da criança , os distúrbios ou a criação
dos pais , mas também com os problemas de
relacionamento.” (2002, p.148 )
Um aluno pode reagir de maneiras diferentes dependendo das atitudes do
professor ou do seu modo de fazer um pedido.
Vale a pena lembrar que quanto menos integrado ou frágil psicologicamente
este aluno estiver mais problemas tenderá a encontrar na convivência escolar.
Dividindo espaços ,atenções e emprestar suas coisas faz parte de suas
dificuldades afinal tentam fazer da escola a continuação de sua casa ,mas cada
um dos colegas pode estimular pontos que ainda não foram desenvolvidos em
casa.
Cabe ao professor ,com base em seus conhecimentos ,intuição e ajuda de
seus orientadores ,descobrir o melhor método para lidar com tais dificuldades
,sem ,no entanto ,prejudicar a classe. Caso esses problemas permaneçam
,pode ser necessário solicitar ajuda externa.
2.2 Violência
É uma semente colocada na criança pela própria família ,que encontrando
terreno fértil dentro de casa ,se tornará uma planta rebelde na escola. Sem
impor-lhe regras ou limites ,ela acredita que suas vontades são leis e todos
devem acatar.
Para à criança ,a violência é o recurso para vencer qualquer contrariedade ,a
escola é uma segunda chance que todos devem aproveitar.
22 O professor pode estimular a rivalidade e a competição entre os alunos para
melhor aprendizado ,mas jamais permitir que briguem ou discutam de forma
destrutiva. A discussão acalorada pode ser educativa desde de que a
possibilidade de aprendizagem supere a de destruição. Para tanta ,o professor
deve deixar bem claro os limites e regras da competição e cuidar para que
sejam respeitados. Qualquer tipo de violência em classe ,deve ser impedida.
Se as regras forem impostas “no meio do caminho” seja para que as
circunstâncias for ,se forem alteradas conforme acontece os fatos as regras
perdem a credibilidade.
Ofender ,segregar ,agredir ,roubar ,ou destruir materiais da escola ,do
professor ou do colega ,pichar os muros ,paredes ,soltar bombas ,são
comportamentos que a escola e o professor não devem permitir.
Aluno que não respeita os outros precisa ou ser educado ou ser tratado.
A educação cabe aos pais e a escola. O tratamento cabe aos pais e ao
profissional competente . Um aluno que “apronta” e fica impuni infringe regras e
fere os direitos dos outros alunos. Muitas vezes ,mais vale um limite bem
demarcado que todo esforço psicológico para tentar entender os problemas do
aluno.
A escola não pode ser vista apenas como reprodutora de violência, de
conflitos, opressão. É importante argumentar que apesar dos mecanismos
social e cultural as escolas também produzem sua própria violência e
indisciplina.
“Se ensinar é mais do que transmitir conteúdos, ou seja, é
poder gerir relações com o saber, a aprendizagem implica
uma tensão, uma violência para aprender.”(Benavente,
1994, p.152)
23 Muitas das vezes o professor imagina que a garantia de seu lugar se dá pela
manutenção da ordem , mas a diversidade dos elementos que compõe a sala
de aula impede a tranqüilidade da permanência nesse lugar. Ao mesmo tempo
em que a ordem é necessária, o professor desenvolve um papel violento e
ambíguo, pois se, de um lado, ele tem a função de estabelecer limites da
realidade, das obrigações e das normas, de outro, ele desencadeia novos
dispositivos para que o aluno, ao se diferenciar dele, tenha autonomia sobre o
próprio aprendizado e sobre a sua própria vida.
“Como os diretores de escola, professores, educadores
em geral irão negociar com os conflitos?Não se trata de
receitar formas que levem a essa negociação, mesmo
porque não existe plano algum que solucione o problema
da violência e da indisciplina de modo a eliminá-la por
completo, com todas as turbulências do dia-dia,
localizando as formas através das quais elas se
compõem em relação aos limites e às correções da
instituição.” ( Baudry , 1988, pp.5-17)
É preciso construir práticas organizacionais e pedagógicas que levem em
conta as características das crianças que freqüentam as escolas. A
organização do ano escolar, dos programas de aulas, a arquitetura dos prédios
e sua conservação não podem estar distantes dos gostos e das necessidades
dos alunos, pois, quando a escola não tem significado para eles, a mesma
energia que leva ao envolvimento, ao interesse, pode transformar-se em apatia
ou explodir em indisciplina e violência.
Como encontramos um equilíbrio entre os interesses dos alunos e as
exigências institucionais ? É preciso deixar de acreditar que paz é ausência de
conflito.
24 Empreendimentos que flexibilizem o tempo e o espaço do território sobre as
questões, podem dar início ao despontar de uma solidariedade interna que
recuse o coletivismo, isto é , a imposição autoritária de comandos, e que
engendre uma luta pelo coletivo, ou seja, uma atividade conjunta que rompa
com o isolamento das pessoas e crie uma comunidade de trabalho.
Essa comunidade faz nascer a proximidade afetual que possibilita a troca
recíproca, sem eliminar a autonomia das pessoas e as suas diferenças. Mas
para que exista essa solidariedade, é preciso correr o risco da separação,da
hostilidade que atravessa todas as redes da trama social escolar e que faz
lembrar as bases do funcionamento. Os múltiplos confrontos e o viver ambíguo
( entre a harmonia e o conflito ) integrado a uma ação coletiva, não atomizada,
são os fatores que concretizam a paixão do estar - junto, o gostar da escola,
ainda que apenas para encontrar os amigos.
25 Capítulo 3
3- PROMOVENDO DISCIPLINA EM FAMÍLIA
A criança aprende pelo relacionamento afetivo que outro ser humano
estabelece com ela e também com o que precisa do relacionamento entre os
pais. Por isso todo cuidado é pouco.
Para destacar a importância da figura materna na família, não é justo nos
referirmos ao casal como “pais”, porque então a mãe desaparece. Quando a
escola convoca os pais, quem mais atende são as mães, e quando mães são
chamadas nenhum pai comparece a reunião...
O pai é sempre mencionado e reverenciado, mas na maioria das vezes, os
filhos ainda são responsabilidade da mulher, mesmo que ela trabalhe fora e a
sua participação no orçamento familiar seja maior que a masculina. Ainda
sobrevive a cultura que a última palavra é a do pai. É ele quem manda.
A mulher saiu para o mercado de trabalho sem deixar com tudo, de ser mãe.
E nem por isso os homens se tornaram mais pais, só recentemente alguns
começaram a participar mais da educação dos filhos.
O mundo mudou existem casais experimentando novos arranjos familiares,
mais a velha divisão de papéis insiste em se manter:o pai trabalha e por isso
não precisa participar da educação das crianças, que é responsabilidade da
mãe, mesmo que ela trabalhe fora. A mulher mantém mais estrutura familiar
que o homem. Portanto uma família sem mãe sofre muito mais o risco de
desagregação, de cada um ir para um canto, que uma família sem pai. A
ligação da mãe com o filho é tão grande que supera a razão.
Ela tende a perder um pouco da objetividade na hora de avaliar o que a
criança está fazendo por causa do “instinto” materno. Dentre as muitas
26 espécies de mãe que existem, destaco dois tipos extremos: superprotetoras e
cobradoras.
As mães superprotetoras correm maior risco que as cobradoras de não
educar bem os filhos.
“As crianças precisam ser protegidas e cobradas de
acordo com suas necessidades e capacidades” (Tiba,
2002, p.39 )
As crianças devem ser protegidas nas situações em que elas não
conseguem se defender e cobradas naquilo que estão aptas a fazer.
“Todo delinqüente só vai em frente porque encontra o
terreno livre e é um sedutor” ( Tiba, 2002, p.39 )
Mas com total incapacidade de tomar conta da sua própria vida, muito
provavelmente será incapaz de ajudar outras pessoas. O medo de traumatizar
a criança às vezes é tão grande que acaba traumatizando mais por falta de
uma ação corretiva e responsabilizadora.
Para isso, o maior segredo é a mãe obedecer a seus próprios “nãos”.
Significa que só deve proibir algo que ela realmente possa sustentar.
Se a criança vai mal na escola, a mãe passa a noite em claro, achando que
a culpa é sua “quem sabe se eu não trabalhasse fora, isso não teria
acontecido”, não é na última prova do ano que o aluno é reprovado, desde as
primeiras provas, o inteligente, mais folgado filhinho vai deixando para estudar
nos últimos instantes e acaba mal. Repete esse mesmo esquema em outras
provas e no final do ano já não há mais tempo para a recuperação.
27 O mesmo ocorre com os primeiros “nãos” que o danado do filhinho não
ouve. Depois não atende ao que lhe é pedido, essa folga é a semente da
delinqüência...
“A mulher precisa tomar muito cuidado para não
transformar seu amor de mãe numa doação que atropela
o filho.” ( Tiba, 2002, p.41 )
Educar dá trabalho, pois é preciso ouvir o filho antes de formar um
julgamento; prestar a atenção em seu a pedidos de socorro ( nem sempre
claros ) para ajudá-lo a tempo;identificar junto com o filho onde ele falhou, para
que possa aprender com o erro;ensiná-lo a assumir as conseqüências em lugar
de simplesmente castigá-lo,por mais fácil que seja, não resolver pele o filho um
problema que ele mesmo tenha capacidade de solucionar, não assumir sozinho
a responsabilidade pelo que o filho fez, por exemplo ressarcir prejuízos
provocados por ele ou pedir notas a professores.
Muitos pais machos foram filhos de pais também machos. Se pais machos
soubessem educar, seus filhos também saberiam educar e não teríamos hoje
uma geração de jovens tão bem criados porém mal-educados.
Em geral, não é fácil levar a teoria para a prática. A maior dificuldade surge
quando conflitos externos dos pais interferem nas ações educativas, e isso não
depende da idade dos filhos.
A omissão, que permite a criança fazer tudo o que tem vontade, ou a
explosão diante de qualquer deslize do filho, além de não educar,distorcem a
personalidade infantil, tornando a criança folgada ou sufocada.
No futuro, ela poderá se revoltar quando for contrariada ou tiver forças
suficientes para se rebelar contra o opressor. Portanto, é importante que os
pais busquem ajuda quando não consegue fazer o que sabem que tem que ser
feito.
28
A boa educação não se deve pautar pelos conflitos ou problemas que os
pais tiveram na infância, mas pelas necessidades de cada filho. Mesmo o que
o casal tenha três filhos, cada um deve ser tratado como se fosse único, pois
embora os três tenham a mesma genética o que impera é a individualidade.
No que se refere aos estudos os pais devem buscar soluções mais eficazes
do que simplesmente achar que, por freqüentar uma boa escola, o filho está
aprendendo. Na criança, talvez isso até seja verdade. A aprendizagem também
depende do que ele quer aprender, se ela acha gostoso saber das coisas,
“aprender é como comer”.
Estudar e comer não são caprichos, mas obrigações. A comida alimenta a
saúde física e o estudo alimenta a saúde social, aprender é vital.
Educar não é deixar a criança fazer só o que quer, isso dá mais trabalho do
que simplesmente cuidar, porque equivale a incutir na criança critérios de valor.
A criança é regida pela vontade de brincar, de fazer. A cada movimento,
está descobrindo coisas, num processo natural de aprendizagem, junto entra
outros valores. É interessante notar como desde tenra idade a simples
repressão já não funciona, é preciso estabelecer uma diferença ao incentivar
um comportamento certo, pois a simples aprovação é uma recompensa para a
criança, como o silêncio é uma permissão.
Tampouco é natural que os pais se voltem contra a escola que adverte seu
filho sem saber os reais motivos, os pais creditam piamente nos filhos como se
eles nunca mentissem e atacam ferozmente todos que ousarem mexer com
eles . Essas famílias educam para a transgressão social, pois reforçam suas
delinqüências. Aprovar tudo o que a criança faz ensina-lhe que quem ama
satisfaz todas as suas vontades, mas a própria vida vai se encarregar de
29 contrariá-la. Quando não quer ficar na escola sem a mãe, por exemplo, a
criança pode entender que a escola não a ama.
São regras psicopedagógicas, é a primeira norma clara que a criança vai ter
que enfrentar caso não tenha aprendido outras regras em casa.
“A educação das crianças deve abranger também a
busca da felicidade comunitária.” ( Tiba, 2002, p.76 )
Muitos pais estão preocupados com o fato de seus filhos serem hiperativos e
possuírem déficit de atenção, necessitando de cuidado médico-psicológico
especial. O que temos observado é que tanto os pais como a escola tem se
equivocado, a maioria dessas crianças é, na verdade mal- educadas, apesar
de bem criadas.
Agora temos vistos exageros e confusão a respeito. A Ritalina não atua
sobre mal-educados.
Ainda assim, diagnósticos apressados e equivocados têm feito crianças mal-
educadas ficarem a vontade sobre o pretexto de serem dominadas pelo DDA.
Portanto antes de os pais e professores lidarem com seus filhos ou alunos
apenas como um mal-educado ou um portador de DDA é preciso que procurem
um médico e recebam a orientação correta, para a base de uma boa educação.
Observe alguns dos principais sintomas presentes no portador de DDA, mas
que também podem estar presentes no mal-educado.
· Distrair-se com pensamentos internos e cometer muitos erros por pura
distração.
· Não ouvir a pergunta até o fim e já ir respondendo.
· Não ler a pergunta até o fim e esquecimentos no geral.
30
· Não esperar a vez de ser chamado.
· Interromper a fala dos outros.
· Agir antes de pensar e desanimar com facilidade.
· Tirar freqüentes notas baixas apesar da inteligência.
· Permanecer muito tempo ligado no que interessa e desligar-se do que
não interessa.
· Acordar eufórico querendo resolver tudo naquele dia, mas acabar sendo
vencido pela preguiça, entre outros.
Há porém algumas diferenças notáveis entre um portador de DDA e um
mero mal-educado. O portador de DDA continua agitado diante das situações
novas, isto é , não consegue controlar seus sintomas, já a criança mal-educada
primeiro avalia o terreno e manipula situações buscando obter vantagens sobre
o outro.
3.1 Medida que educa
Castigos estão diretamente relacionados ao estado de humor dos pais,que
invariavelmente repetem os mesmos erros. Castigo, como primeira medida não
educa uma criança folgada, o que educa é assumir as conseqüências de seus
atos.
Quem aprendeu a ter lucros na delinqüência precisa a começar a ter prejuízos
para que o equilíbrio se restabeleça, na hora de estabelecer um prejuízo é
importante que a criança entenda que seu comportamento traz
conseqüências.Nada de jogar as conseqüências para o futuro, ela precisa
entender que não usufruir é de sua exclusiva responsabilidade.
É natural a criança de várias maneiras, querer recuperar o que foi
31 perdido através do choro, depressão, agressão, cara fechada, mau humor ,
chute, raiva. Ela tem o direito de reagir e os pais devem dizer tudo bem em
reagir, mas sua reação não deve mudar o que estabeleceram.
A explicação educativa desta medida é fazer a criança sentir a perda que um
mal comportamento traz. O ser humano se recente de dois tipos de perda: a
material e a psicológica. Só a perda material não vai adiantar .
Para o atendimento integral a uma criança é necessário formar novas bases
de relacionamento, para isso é preciso seguir alguns passos:
Parar – parar o que estiver fazendo ou pensando e dar atenção total a criança.
Caso não possa parar naquele exato momento, vale colocar uma das mãos no
ombro da criança enquanto diz que logo vai atendê-la, evite dizer para a
criança ocupar-se com outra coisa enquanto você termina o que está fazendo,
pois nem sempre ela volta outra vez pelo o mesmo motivo.
Ouvir – é a parte racional. Os pais devem olhar no fundo dos olhos da criança,
como se a ouvissem com os olhos, a criança precisa aprender a se expressar.
Olhar – é a parte instintiva. Num piscar de olhos, uma pessoa consegue ver
tantas coisas que levaria muito tempo explicá-las com palavras.
Pensar – todos os elementos percebidos tanto dos visualmente quanto
verbalmente, mais o sentido educativo que se imprimir na formação da
criança, devem fazer parte da resposta a ser dada. Sentido educativo é o
objetivo a ser atendido com a educação que está sendo dada.
Agir – essa ação ou resposta deve ser bem clara e objetiva. Melhor ainda se
você puder se assegurar que a criança realmente saciou sua vontade.
Pode ser que os pais achem complicado responder dessa maneira cada vez
que seus filhos os atropelarem com perguntas e atitudes, mais com o tempo se
32 adquiri a prática, e sua ação integradora surge quase que automaticamente.
Logo, não há necessidade de largar tudo e sair correndo, pois a criança será
mais imediatista quanto os pais.
Se a parceria entre a escola for formada desde os primeiros passos da
criança, todos terão muito a lucrar. A criança que estiver bem vai melhorar e a
que estiver problemas receberá a ajuda da escola quanto a dos pais para
superá-los.
Quando a escola e os pais falam a mesma língua e têm valores
semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não quer jogar a
escola contra os pais e vice-versa.
Quando há conflito, tendem a tirar vantagens pessoais e acompanham quem
mais lhe agradar. Assim quando os pais não concordam com a escola è com
ela que deve resolver as discordâncias, desse modo a criança não se apoiará
nos pais para se insurgir contra a escola.
Os pais precisam ficar atentos, já que a escola é livre escolha deles.
Há pais que, por pagar a escola, acham que esta é responsável pela a
educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos
ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria
escola. Os pais , no entanto, estão sendo coniventes com a má educação dos
filhos, os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para beneficiar o
filho/aluno.
As famosas escolas de”filhinhos de papai” debatem muito a questão de
limites porque é impossível permitir que cada aluno estabeleça seu critério
particular dentro da escola,que é um espaço social.
33 “Para recuperar um aluno, o melhor é o tratamento, não a
expulsão. O estudante desajustado pode ser um câncer
tratável na estrutura escolar.” ( Tiba, 1996, p.171 )
O saber é essencial, portanto estudo não se negocia, como se vai estudar é
que cabe a possibilidade de conversa e negociar horários. Se os pais
acompanharem o rendimento escolar desde o começo do ano, poderão
identificar precocemente essas tendências e, com o apoio dos professores,
reativar seu interesse.
“A escola é essencial para vida. Não pode estar sujeita a
caprichos infantis.” ( Tiba, 2002, p.187 )
Já que a parceria entre a família e a escola deve ser estabelecida desde o
princípio, é fundamental que os pais estejam atentos a escolha de uma
instituição afina com os valores da família. Convém estar atento aos seguintes
aspectos:
· Instalações físicas – espaço interno e externo.
· Corpo de funcionários – é importante não só conversar com a diretora
ou orientadora mias também com os professores e crianças que convivem ali
no dia-dia.
· Alunos – observe o comportamento dos alunos que freqüentam a
escola e conversar com eles para saber o que acham da escola.
· Localização – deve ser levada em consideração mais não determinar a
escolha da escola.
· Os pais devem preparar a ida a escola com observações que indique
ser um lugar prazeroso.
A escola deve aproveitar essa oportunidade para ser bem ouvida e útil,
num momento em que a família está totalmente perdida sobre a maneira como
deve proceder.
34 Capítulo 4
4- EXPERIÊNCIAS QUE PREPARAM PARA VIDA
Um dos primeiros passos a ser tomado para que o problema da indisciplina
seja revertido é reconhecer que nossos educadores não estão preparados para
impor um modelo democrático na relação com os alunos. Muitos ainda mantêm
uma relação ambígua frente as agressões, que são relegadas a segundo
plano, onde valores morais são negligenciados, dando-se prioridade a outros
conteúdos educacionais, que por outro lado, deveria ser considerado o
contexto sócio-cultural.
O problema não pode ser vencido a partir de antigos paradigmas
disciplinares de poder, de comandos ou do estabelecimento de regras rígidas.
A construção de um espaço de solidariedade e criação, no sentido de superar
as normas de controle, privilegiando o agir dos sujeitos no cotidiano, num
processo de aprendizagem e ação sobre o aprender pode adquirir um
significado de ousadia,criatividade e de resistência.
A intenção não é negar a necessidade de disciplina mais fortalecer um plano
anterior a ela que é a aprendizagem e a relação que ela pode gerar com o
saber. Nesse sentindo, entendo que o ato pedagógico, enquanto momento de
construção de conhecimento, não precisa ser um ato silenciado, que reduz o
professor a única condição de ensinar, ao contrário é o momento de emergir
das falas, do movimento, da rebeldia, da ânsia de descobrir e construir juntos.
Uma forma de avançar na compreensão que envolve a questão da
indisciplina na escola seria através do conhecimento sobre o que ocorre em
toda a realidade escolar, ou seja,entendê-la no contexto das práticas que
fazem o dia-dia das escolas. Isto porque a prática pedagógica é estruturada a
partir dos quadros de referências ideológicos, morais e sociais de todos
35 envolvidos na dinâmica escolar ,tais quadros se cruzam com todo universo
simbólico e cultural que dão sentidos a atitudes e comportamentos.
Assim as práticas dos docentes estão estruturadas a partir desse
cruzamento o que significa, portanto, que as representações de escola que os
professores interiorizam, suas concepções de saber, poder e ensino,
necessitam ser analisada quando se evocam as questões disciplinares
compreendidas no conjunto das práticas cotidianas da escola.
“As crianças vivem num espaço de solidariedade nos
seus grupos de brincadeiras, de vivência, e que, portanto,
desconhecem o conceito de indisciplina porque é uma
idéia criada pelos adultos e que reflete uma sociedade
com que as crianças ainda não sabem lidar,que é a
sociedade da concorrência e da competição.” ( Aquino,
1996, p.123 )
Como em qualquer relacionamento humano, na disciplina é preciso levar em
consideração as características de cada um dos envolvidos além das
características do ambiente.
O professor para ensinar tem que saber o que ensina, sala da aula não é
consultório, escola não é clínica, por tanto na função de coordenador de
alunos, o professor tem que identificar as dificuldades existentes na classe para
poder dar um bom andamento a aula.
Os professores devem se ajudar mutuamente, como fazem os estudantes.
Se muitos alunos se queixam de um único professor é sinal de que algo está
errado. A única forma de solucionar um problema é identificar o erro, o fato de
ser professor não é garantia de estar sempre certo.
36 Cabe a Supervisão ser um exemplo a ser seguindo, para que antes de tecer
comentários sobre o seu professor o ouça para que não gere um ambiente de
insegurança e desconforto.”A função da escola é vender o seu peixe.”
Como todo empregado ,o professor têm direitos e obrigações, eventuais
insatisfações e desavenças devem ser resolvidas por meio de canais
competentes. Numa escola que cada professor atua como bem entende,
haverá, com toda certeza, discórdias dentro do corpo docente e os alunos
saberão aproveitar-se dessas desavenças, jogando um professor contra o
outro.
Por isso é importante que os professores adotem um padrão básico diante
das atitudes perante as indisciplinas mais comuns,como se todos vestissem o
mesmo uniforme comportamental.
“O aluno também é peça-chave para a disciplina escolar
e o sucesso da aprendizado.” ( Tiba, 1996, p.119 )
Atualmente a maior dificuldade que a escola enfrenta é a falta de motivação
dos alunos para estudarem, entretanto quando estão interessados em alguma
coisa em particular são as pessoas mais animadas,empreendedoras e
disciplinadas.
O ambiente também interfere na disciplina, classe muito barulhentas, salas
muito quente, escuras, alagadas, ou sem condições de acomodar todos os
estudantes são locais pouco prováveis de se conseguir uma boa disciplina. No
entanto a condição ambiental mais prejudicial é o estado psicológico do grupo.
Uma escola em crise, que esteja passando por greves, bem como as brigas
entre as classes e professores, e aulas ministradas durante grandes eventos
populares são situações que dificultam o aprendizado. Outro exemplo é quando
um professor trabalha numa instituição que sempre protege o aluno,
37 independente de estar com a razão ou não, não tem o respaldo da instituição
quando precisa. Quem pode trabalhar nessas condições?
4.1 Todo cuidado é pouco
O agrupamento de estudantes numa sala de aula apresenta algumas
características que levam dificuldades de trabalho ao professor, tais como:
· Alunos com idades cronológicas semelhantes,mas com o
desenvolvimento emocional que não acompanha a idade cronológica.
· Estudantes com a mesma idade e sexo diferente tem seu lado positivo e
negativo.
· Cada aluno traz dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus
próprios valores.
· Cada um tem a suas características psicológicas pessoais.
· Alunos transferidos de outras escolas podem ter históricos escolares
bem diferentes de seus novos colegas.
· O professor é o tempo todo analisado pelos alunos.
· O professor pode ser um canhão, mas cada aluno é um revolve.
· Estão o tempo todo fazendo comparações das atitudes do professor
com essa ou aquela turma.
· As freqüentes faltas de alunos que possuem dificuldades, mas só
aparecem nos dias de provas.
Agora também observe que algumas atitudes do professor podem geram
dificuldades para ele mesmo:
· Fazer provas dificílimas para que os alunos “bagunceiros” tirem notas
baixas.
· Ter sempre razão, obrigar o aluno a fazer um exercício só porque está
mandando.
38
· Proteger determinado aluno.
· Perseguir um aluno.
· Realizar atividades massivas.
· Abusar da autoridade.
· Achar que o aluno não tem vez nem voz.
· Ficar impaciente, nervoso agressivo,gritar para que o aluno cale a boca
ou dar trabalhos extras só para descontar sua raiva.
· Falar palavrões.
· Tirar pontos do aluno.
· Exagerar nos trabalhos para simplesmente ocupá-lo no final de semana.
· Não dedicar tempo para tirar dúvidas dos alunos.
· Exigir que o aluno seja igual a ele, entre outros.
4.2 Falhas da escola
Um país que não cuida da educação de seu povo está condenando o seu
futuro. O elo significativo são os professores, que, entretanto, também são os
mais massacrados por essa corrente da educação. O elo mais fraco são os
alunos os mais prejudicados.
Tudo isso prenuncia, como conseqüência um futuro sombrio para o pais em
que esses professores não desempenham seu papel corretamente e no qual os
alunos não recebem os bens culturais a que tem direito.
Muitas escolas seguem a máxima do comércio fazendo com que os
professores entrem em choque com os alunos, gerando o problema da
indisciplina. Dessa forma essas escolas estão colaborando para falta de ética.
A quem se aproveite do silêncio do professor , que se calam diante de sua
própria impotência, decepção e mágoa. Quanto menor for dado ao professor
39 maiores serão o lucro da empresa ( escola ) sem levar em consideração as
horas a fio que os mesmos levam para preparar uma aula e corrigir provas.
O que estamos ensinando aos nossos alunos quando um professor é
substituído várias vezes, não é respeitado o vínculo professor-aluno, quando os
alunos sabem que foram aprovados somente porque a escola não quer perder
a sua clientela, fora as escolas que temendo ser “antipáticas” permitem o uso
de cigarros em suas dependências, mesmo sendo contrário a lei. Do mundo
todo chegam notícias de alunos que levam armas para a escola, as armas
estão sempre a serviço da morte,seja de quem for.
Ameaçar ou matar alguém com arma de fogo é o último passo de um
caminho que começou com os pais guardando uma arma em casa ou
negligenciando quando conseguem na rua. Até que um dia tem a ousadia de
levar a arma para a escola demonstrando que já lhe falta saúde mental e social
para o convívio social.
Contudo a repressão pura e simples não educa. A violência sempre
escapará por novas brechas, é preciso que a escola faça um amplo trabalho de
prevenção à violência, envolvendo ativamente não só os alunos, mas seus
pais.
40 Capítulo 5
5- DISCIPLINA COM PRAZER
Construir um novo saber é uma experiência extremamente
recompensadora. Torna-se um trabalho prazeroso para toda equipe escolar.
Como nem todo assunto pode interessar todo mundo todos os dias, convêm
fazer um acordo com a classe, estabelecendo as regras do jogo, todos
participarão da feitura das regras, mas, uma vez acatadas pela maioria a turma
se obriga a cumpri-las. Caso uma ou várias regras, com o tempo, não funcione
mais, discute-se com os alunos a criação de novas regras.
Essa postura não pode passar a imagem de professor “bonzinho” , mas sim
do professor que é interessado pela classe como um todo. É fundamental dizer
sempre a verdade, o dia-dia na sala de aula prepara certas armadilhas para o
professor, convém algumas orientações mínimas mais fundamentais:
Para que o indivíduo possa estudar precisa ter um sentido de organização e a
liberdade de fazê-lo ou não. Uma vez que tendo se decidido pelo sim , o passo
seguinte é conseguir envolvimento programático e útil.
· Precisa haver na sala uma mesa para que o aluno possa apoiar o seu
material e principalmente apoiar os dois braços. Para um melhor rendimento
deve se sentar próximo a mesa.
· É importante que a sala seja em um local ventilado e iluminado.
· Não convém sobrecarregar as tarefas diárias do aluno.
· Antes de mias nada é preciso estabelecer um tempo de rendimento dos
alunos, para melhor programar os intervalos e administrar melhor o horário.
Quando o discípulo está pronto o mestre aparece.
· Não repreenda o aluno na frente da classe; chame-o em separado para
uma conversa.
41
· Nunca humilhe um aluno com atos ou palavra.
· Se alguém for motivo de riso por parte da classe, interrompa tudo e
discuta com a classe o motivo desse comportamento, até que todos se
conscientizem que não se deve rir dos outros pois gera uma falta de respeito.
· Evite a todo custo ter um queridinho na classe.
· Não discrimine ninguém por sua aparência, origem social ou mesmo
comportamento inadequado.
· Seja sincero, franco e aberto.
· Certifique-se que todos compreenderam e assimilaram as regras
estabelecidas.
· Dê-lhes oportunidade de se manifestar durante a aula.
· O professor deve ter muita criatividade para tornar sua aula apetitosa, os
temperos fundamentais são: alegria, bom humor, respeito humano e disciplina.
· Faça convites à participação, estabelecendo limites entre o adequado e
o inadequado, sabendo ouvir e exigir quando necessário.
· Estabeleça avaliações mais eficazes.
· Abaixo decoreba.
· Tenha jogo de cintura, não assuma um único tipo de postura perante as
diferentes classes.
A disciplina não depende exclusivamente de um indivíduo: pressupõe a
existência do disciplinador e do disciplinado em função de um objetivo, num
determinado contexto. Em qualquer atividade que envolva seres humanos
temos que contar com suas diversas personalidades e com o relacionamento
estabelecido entre eles. O contexto da indisciplina relaciona-se com o local. O
horário e os valores culturais vigentes. Daí a complexidade de acordo com o
tema, pois uma regra pode variar conforme a hora, o lugar e as pessoas
envolvidas.
Disciplinar é um ato complementar, isto é, depende das características
pessoais do disciplinador e do disciplinado. Portanto, diferentes professores
conseguiram diferentes resultados em uma mesma classe. A recíproca é
42 verdadeira: diferentes classes promoverão diferentes comportamentos num
mesmo professor.
Em linhas gerais disciplina é um conjunto de regras éticas utilizadas para
atingir um objetivo. A ética é entendida aqui como critério qualitativo do
comportamento humano que envolve e preserva o bem-estar biopsicossocial.
Esse conjunto de regras pode ser:
· Treinado simplesmente.
· Adquirido pela própria experiência.
· Aprendido por intermédio de alguém que atue como professor.
· Absorvido por imitação de um mestre.
“O objetivo da criança é ser como as pessoas que tanto
admira,quanto maior for a admiração mais a criança se
torna um mestre. ( Tiba, 1996, p.176 )
A disciplina para o estudo é uma conquista obtida por meio de um longo
treino, com o seu auxilio a criança gasta menos tempo para realizar suas
atividades e com o hábito do estudo a performance melhora e provavelmente
não será necessário repetir um texto diversas vezes.
Foram tantas as mudanças de mentalidade e comportamento nessas últimas
décadas que tanto os pais quanto as escolas precisam adaptar-se a um novo
sistema em busca da saúde social.
“Para viver em sociedade, o ser humano não necessita
apenas de inteligência. Precisa viver segundo a ética,
participando ativamente das regras de convivência.”
( Tiba, 1996, p.111 )
43
5.1 O que cabe a escola ?
Atualmente, o contato social é muito precoce. Ainda sem completar a
educação familiar, a criança já está na escola. O ambiente social invade o
familiar não só pela escola mas também pela televisão, Internet etc.
Não se obedece mais a ordem: primeiro o indivíduo, depois a família, por último
a sociedade, há uma mescla do ambiente familiar e comunitário. Se ele
prejudica ou não as novas gerações ,é cedo para avaliar.
É possível perceber que a criança tem tido dificuldade em estabelecer limites
claros entre a família e a escola, principalmente quando os próprios pais
delegam a escola a educação dos filhos. Até parece que quem educa é a
escola e cabe o pai e a mãe uma posição recreativa.
“A educação com vistas à formação do caráter, da auto-
estima e da personalidade da criança ainda é, na maior
parte, responsabilidade dos pais.” ( Tiba, 2002, p.180 )
A escola sozinha não é responsável pela formação da personalidade, mas
tem o papel complementar da família. Por mias que a escola infantil propicie
um clima familiar à criança, ainda assim é apenas uma escola.
A escola oferece condições de educação muito diferentes das existentes na
família. A criança passa a pertencer a uma coletividade, que é a sua turma,sua
classe sua escola. É um crescimento em relação ao “eu” de casa, pois ali ela
praticamente é o centro.
Ser tanto luz quanto mariposas, general e soldado, pai e filho possibilita
grandes aprendizados as crianças .
44 A escola também tem atividades específicas conforme as idades das
crianças, o que não acontece em casa, onde se vive da forma que cada um
pode.
“A escola percebe facilidades, dificuldades e outras
facetas na criança que em casa não eram observadas,
muito menos avaliadas.” ( Tiba, 2002, p.182 )
Um dos deveres da instituição escolar que é o de estabelecer a fronteira
entre o público e o privado, não tem se realizado porque os professores se
deixam submeter às dificuldades infantis de se comportar em grupo. Na espaço
do espaço privado da casa para o mundo público, a intervenção da escola é
fundamental.
E quem deve ensinar que a escola é um lugar de convivência, com regras
para intermediar as relações são os professores, que devem assumir o seu
papel. Se os alunos não aprendem a se comportar em público a partir das
vivências que têm na escola, como vamos ficar ?
É bom que a escola faça um paralelo levantando questões
problematizadoras do ofício pedagógico, por meio de palestras e a formação
continuada dos professores. Ser um profissional da educação significa:
· Recusar todo paternalismo e benevolência externa.
· Ter perseverança e paciência em relação aos resultados do trabalho
educacional.
· Levar os alunos a reconhecerem a importância do seu trabalho.
· Não rivalizar com os alunos.
· Assumir sem pudores o papel de introduzir o aluno no mundo público,
de acompanhar o aluno na iniciação no intrincado mundo da vivência social.
45
· Adquirir uma proximidade indolor com as novas gerações.
· Não se esqueça que o direito de posse do território escolar são dos
alunos.
· Assegure aos alunos o direito de escolha.
· Mostrar aos alunos como arcar com suas decisões e escolhas.
· Colocar-se como sujeitos na questão da disciplina.
· Não assumir um papel de monitoramento na questão dos limites.
· Que o professor deve minar o futuro sem se esquecer do presente.
· Considerar a relação com seus alunos e a importância de sua função
para eles.
· Ter encantamento pelo conhecimento.
· Recriar, refundar, reinaugurar o conhecimento e nunca transmiti-lo.
· Propor atividades.
· Ter domínio teórico sobre o que está sendo dito.
· Exercer o ofício com competência e generosidade.
· Ser um profissional ético.
São duas gerações que ocupam lugares sociais diferentes na escola e na
sociedade.
“A crise de autoridade não se originou na escola, mas na
política.” ( Sayão, 2004, p.44 )
Os professores precisam se dar conta de que, se determinado aluno não
teve a chance de ter uma família acolhedora, educativa, formadora etc. , é
exatamente para ele que a educação escolar se faz mais necessária.
Questões que envolvem as atitudes dos alunos devem estar desvinculadas
do conhecimento. Assumir o papel de autoridade é :
“Portar-se na platéia como coadjuvante, de modo lógico e
viril, mas também acolhedor” ( Aquino, 2004, p.47 )
46
A geração dos mais novos está ai reclamando sua vez e o tempo
definitivamente não para. É preciso urgentemente reavaliar o projeto de
educação para as massas.
47
CONCLUSÃO
Pensando nos profissionais que estão em contato diário com os alunos e
responsáveis que constituem o universo escolar, procurei abordar temas onde
as escolas de hoje estão cedentas por alternativas teóricas e práticas.
Foi a fim de resgatar uma escola que tenha a possibilidade de vida
democrática, que busquei informações para quem se dispuser a trabalhar com
as novas gerações.
Qual é o nosso dilema atual ? Dei-me conta, que vivemos num país
fraturado social e economicamente, a partir daí, a questão fundamental passou
a ser como fazer com que a escola seja um espaço acolhedor e produtivo para
todas as crianças, estabelecendo uma pedagogia de sucesso.
Hoje a escola cobra que os pais ajudem os filhos, que acompanhem a vida
escolar deles passo a passo. No meu entendimento, esse tipo de cobrança,
além de equivocada, faz confundir as fronteiras da instituição escola e família.
Em conseqüência disso a escola passa a focalizar boa parte de seu trabalho
na família, roubando tempo e energia dos professores que deveriam ser gastos
com os seus “alunos”.
Isso tem trazido conseqüências sérias para a escola e suas funções o que
dificulta e até impede o exercício dos direitos e deveres democráticos na
prática e a escola perde o seu eixo de ação.
Tenho visto que cada vez mais, os afetos vêm se tornando mais importantes
do que o conhecimento, já que ele é o elemento que dá liga às relações
familiares. E tudo que a escola parece almejar, é tornar-se a segunda família
de seus alunos.
48 A escola tem imaginado que pode se estruturar de forma que compense a
falta da família, desse modo os alunos ficam carentes de família e escola. A
família é alçada à condição de figura quando deveria ser, no máximo, fundo, no
cenário pedagógico. Desta forma instala-se uma inversão de papéis e a falta de
limites.
O que tudo indica é que hoje alguns professores acreditam que não pode
conter o aluno quando necessário ou não querem. A verdade é que eles não
sabem ao certo como proceder nesse relacionamento a fim de colaborar para a
autonomia e a liberdade possível.
Em contra partida percebi que a escola contemporânea está coalhada por
preocupações assistencialistas ou psicologizantes e muito pouca atenta a
dimensão do conhecimento e sua complexidade característica. Mas é bom
lembrar que no Brasil a escola é uma das únicas instituições sociais que vem
experimentando a idéia de democracia.
Então retomo que precisamos assumir o papel de resgatar as dificuldades de
nossa geração e recriar com os mais novos, cada um tem um lugar a ocupar,
conhecer, reconhecer e aplicar é a tarefa daqueles que assumiram um
compromisso com a educação.
Nunca se é professor por completo a um espaço em aberto e em constante
mutação no ofício docente, um espaço instituinte da própria profissionalidade.
O fato de a profissão jamais se esgotar, faz parte, a meu ver, da própria
constituição do campo pedagógico.
Muitas coisas já foram feitas e outras mais ainda estão por fazer, se não nos
dispusermos a fazer quem as fará ? este trabalho levou-me a refletir sobre
como a escola deve fazer o mapeamento do ensino e da aprendizagem com
aluno, reconstruindo sua prática.
49 Disciplina e limites se apresentam a partir do momento em que eles
aprendem de fato o que eles realmente são.
Vejo que os profissionais da educação se apresentam como guerreiros que
todos os dias lutam contra a pressão, a negatividade, o medo, o conformismo,
o preconceito, a ignorância e a apatia. Mas também possui grandes aliados: a
inteligência, a curiosidade, a individualidade, a criatividade, a fé, o amor e o riso
que uma criança pode os impulsionar.
Há quem diga que o grande temor dos professores é transitar na incerteza e,
com isso, perder o controle da situação, mas viver é transitar na incerteza. E
não é pelo fato de que a incerteza é perene que precisamos abrir mão do norte
que nos guia. Ou seja, não é pelo fato de que os experimentos que realizamos
não conseguem dar conta de tudo que se propõem, que não acontecem coisas
surpreendentes no meio do caminho.
Concluo com um trecho do John Lennon citado por Sayão em seu livro “Em
defesa da escola”.
“A vida é o que acontecem com você quando você esta
preocupado fazendo planos” . ( 2004, p. 93 )
O que acontece no cotidiano escolar tem de ser tomado como objeto de
instigação do pensamento.
50
BIBLIOGRAFIA
GROPPA,Júlio Aquino: Alternativas teóricas e práticas. Organizado por Júlio
Groppa Aquino. 8ª ed.São Paulo: Summus, 1996.
OLIVEIRA,Pérsio Santos.Introdução à Sociologia.Organizado por Pérsio
Santos de Oliveira,18ª ed, São Paulo,SP:Ática,1997.
SAYÃO,Rosely: Em defesa da escola. Organizado por Rosely Sayão, Julio
Groppa Aquino. 1ª ed, Campinas,SP: Papirus, 2004.
TIBA,Içami: Quem ama educa!. Organizado por Içami Tiba. 111ª ed.São Paulo:
Editora Gente, 2002.
TIBA,Içami: Disciplina no limite certo. Organizado por Içami Tiba.1ª ed.São
Paulo: Editora Gente, 1996.
Texto retirado da Internet: www.topgyn.com.br. Política de Privacidade e
Segurança do TopGyn, 1-2 p., 2003.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------9
CAPÍTULO 1: À MODA ANTIGA-------------------------------------------------11
CAPÍTULO 2: A CRIANÇA TROCADA EM MIÚDOS--------------------------------16
2.1 A Personalidade da criança----------------------------------------------18
2.2 Violência------------------------------------------------------------------------21
CAPÍTULO 3: PROMOVENDO DISCIPLINA EM FAMÍLIA------------------------25
3.1: Medida que educa---------------------------------------------------------30
CAPÍTULO 4: EXPERIÊNCIAS QUE PREPARAM PARA VIDA-----------------34
4.1 Todo cuidado é pouco----------------------------------------------------37
4.2 Falhas da escola------------------------------------------------------------38
CAPÍTULO 5: DISCIPLINA COM PRAZER---------------------------------------------40
5.1 O que cabe a escola-----------------------------------------------------43
CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------------47
BIBLIOGRAFIA--------------------------------------------------------------------------------50
ÍNDICE--------------------------------------------------------------------------------------------51
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da monografia: Indisciplina Aplicada a Criança
Autor: Raquel Ferreira Mascarenhas
Orientador: Carlos Alberto Cereja Barros
Data de entrega:__/__/__.
Considerações avaliativas:
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Avaliado por:________________________________Grau _________
____________________,________ de _______________ de ______.
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ATIVIDADES CULTURAIS EXTRA-CLASSE