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Relatórios TN Petróleo Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje: GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE DEGUSTAÇÃO

Indústria de Óleo e Gás hoje

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Relatórios TN Petróleo

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

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Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

Coordenação editorial: Benício Biz

Pesquisa e texto: Cesar Faccioli

Fontes da pesquisa: Revista TN Petróleo, T&B Petroleum Magazine, Agência Petrobras,

Agência Brasil, Sinaval, ANP, Onip, Abimaq, IBP, Agência Estado, Ministério dos

Transportes, Ministério de Ciência e Tecnologia, Unicamp, Coppe-UFRJ, Unica, Cosan,

Transpetro, BNDES, Jornal do Commercio-RJ e Gazeta Mercantil.

Diagramação: Laércio Lourenço

Fotos: Keystone, Agência Petrobras, ASCOM – Unicamp, CTC – Centro de Tecnologia

Canavieira, Banco de Imagens Stock.xcng, Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)

Copyright, janeiro 2013: Benício Biz Editores Associados

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Informação de valor para os negócios é o que a Benício Biz produz

em todas as suas publicações. Mantendo uma estreita relação com

importantes centros de pesquisa, instituições brasileiras, internacionais e

consultores da indústria de petróleo e gás, a Benício Biz gera conteúdos

de ponta que servem de fonte de consulta permanente para quem faz

negócios nesse importante e complexo mercado.

Relatórios TN Petróleo 3

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

SOBRE O AUTOR – Cezar Faccioli começou a trabalhar em cobertura econômica na época do Plano Cruzado, primeira tentativa de domar a hiperinflação nos anos 1980. Desde então, entre planos de estabilização, moratórias e breves períodos de crescimento, o Brasil busca seu caminho para o crescimento sustentável. Faccioli acompanhou esse processo no último quarto de século, em periódicos como O Globo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil e Jornal do Commercio. Escreveu sobre macroeconomia, petróleo, infraestrutura, fusões e aquisições, privatização, em colunas como “Inside” (Jornal do Commercio), “Panorama Econômico” (O Globo) e “Informe Econômico” (Jornal do Brasil). E leva dessa experiência a crença renovada de que o Brasil, mesmo que não pareça, pode dar certo. Com a ambientalmente arriscada e nem sempre transparente indústria do petróleo como parte do problema, mas chave da solução.

SOBRE A BENÍCIO BIZ EDITORES ASSOCIADOS – A empresa publica, há 15 anos, as revistas TN Petróleo, T&B Petroleum (versão em inglês e espanhol), e os websites TN Petróleo, T&B petroleum, TN Projetos Sociais, TN Sustentável e Portal Naval. Possui uma equipe com larga experiência na área de jornalismo, produção e criação gráfica. Os serviços oferecidos pela Editora são: publicação de revistas, livros de arte e técnicos, catálogos, fôlderes, anúncios, identidade visual, relatórios, banners, sites e apresentações multimídia.

SOBRE A TN PETRÓLEO – Com sede no Rio de Janeiro, a revista está há 15 anos no mercado. Sua linha editorial abrange matérias, reportagens e artigos técnicos assinados por profissionais do setor. Tem tiragem de 15 mil exemplares. Perfil dos leitores: empresários, engenheiros, executivos, diretores, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores no setor de óleo, gás e biocombustíveis. Periodicidade: bimestral. Nosso site, com mais de 130 mil acessos por mês, traz uma seleção das notícias mais importantes do setor. Visite-nos em www.tnpetroleo.com.br.

SOBRE OS RELATÓRIOS TN – Atualizados constantemente, os Relatórios TN Petróleo trazem informações sobre os principais setores da economia no Brasil, sintetizadas a partir do trabalho diário dos diversos colaboradores da revista TN Petróleo, uma fonte de informação especializada, reconhecida e abalizada após quase 15 anos acumulando conhecimentos e informação. As análises de dados, o conteúdo dos Relatórios de Negócios, seguramente, são uma valiosa fonte de informação que pode ajudar a planejar, implementar planos, descobrir oportunidades de negócios, e auxiliar a tomar decisões de forma crítica.

RELATÓRIOS JÁ PUBLICADOS

Petróleo no Brasil – Investimentos, Desafios e Oportunidades (PN Petrobras 2006-2010 – português e inglês)

Petróleo no Brasil – Investimentos, Desafios e Oportunidades (PN Petrobras 2007-2011 – português e inglês)

Nova Matriz Energética no Brasil: Fontes Alternativas de Energia, Combustíveis Renováveis e GN (português e inglês)

Novas Perspectivas para a Indústria Naval Brasileira, edição 2005 (português e inglês)

A Nova Indústria Naval e os Portos Brasileiros, edição 2008

Etanol no Brasil – A Tecnologia e os Novos Negócios do Combustível Verde, edição 2008

Rodadas de Licitações de Blocos da ANP e Refinarias no Brasil

IMPORTANTE – O conteúdo deste relatório tem caráter informativo, sendo divulgado como uma ferramenta auxiliar do processo de tomada de decisão, portanto, não deve ou pode desencadear, justificar ou sustentar qualquer operação, ou ainda substituir o julgamento dos seus destinatários, sendo estes, por isso, inteiramente responsáveis pelos atos que pratiquem. Assim e apesar de considerar que o conjunto de informações contidas na publicação foi obtido junto de fontes consideradas fiáveis, qualquer alteração nas condições de mercado poderá implicar alterações de seu conteúdo neste relatório. As opiniões aqui expressas são resultado da análise de formadores de opinião, consultores e especialistas, sistematizados pelos autores. A reprodução total ou parcial deste documento não é permitida sem autorização prévia da Benício Biz Editores Associados.

4 Relatórios TN Petróleo

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

Sumário

Introdução – Com a graça de Dilma ..................................................................................... 7

Capítulo 1 – Planos da Petrobras terão que sair do papel .............................................. 11

Capítulo 2 – Ousadia é marca dos programas da Petrobras ..........................................31

Capítulo 3 – Linha do tempo do petróleo no Brasil .........................................................49

Capítulo 4 – Glossário ..........................................................................................................55

Capítulo 5 – Últimas notícias ..............................................................................................111

Financiamentos do BNDES para projetos de infraestrutura no exterior foram destaque em 2012 ..... 113

Economista considera que 2012 foi ano negativo para o setor industrial ................................................ 114

Atividade industrial no Brasil desacelera....................................................................................................... 115

Brasil puxará alta do PIB na América Latina ................................................................................................. 116

Poço Carcará confirma grande potencial do Bloco BM-S-8 ....................................................................... 117

Novo gerente-geral da UO-ES toma posse .................................................................................................... 118

China encerrou o ano como o maior parceiro comercial do Brasil ........................................................... 118

Cidade de Itajaí chega à Bacia de Santos ....................................................................................................... 119

Petrobras declara comercialidade de dois campos ...................................................................................... 119

Produção da Petrobras no Brasil aumenta 1,5% em novembro de 2012 .................................................. 120

Governo quer fiscalização mais rígida nas elétricas ................................................................................... 121

Aveva amplia sua presença no Brasil, nas áreas offshore e naval ............................................................ 121

Vendas da indústria fluminense têm aumento de 5,4% em novembro ..................................................... 122

Produção no pré-sal bate novo recorde ........................................................................................................ 122

Nova descoberta no pós-sal de Marlim Sul ...................................................................................................123

OGX inicia produção do terceiro poço em Tubarão Azul .............................................................................124

Chuvas serão insuficientes para recuperar reservatórios de energia ......................................................124

Karoon inicia perfuração do primeiro poço de exploração no Brasil ........................................................124

ONS conta com termoelétricas para manter abastecimento de energia ................................................. 125

Produção industrial registra queda de 0,6% de outubro para novembro ................................................ 125

Siderúrgicas reajustam preços em janeiro .................................................................................................. 126

Estoques de petróleo dos EUA têm maior queda em 10 anos ....................................................................127

21% das empresas globais pretende investir no Brasil ...............................................................................127

Projeção para crescimento econômico em 2013 diminui ........................................................................... 128

Plataforma ‘hi-tech’ expande alcance da Shell .............................................................................................129

Relatórios TN Petróleo 5

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Petróleo recua com alívio pelo acordo sobre abismo fiscal ...................................................................... 130

Conter queda da produção é o desafio da Petrobras em 2013 ................................................................... 131

Baosteel aumentará preços de produtos de aço ...........................................................................................133

Argentina reduz carga tributária para estimular produção de petróleo ...................................................133

Reservatórios do NE acumulam baixa de 1,2% .............................................................................................133

Petrobras vê ganho de US$ 3,3 bi com a recuperação de campos ............................................................134

Banco do Brasil destinou R$ 3,5 bi para projetos eólicos ...........................................................................134

Refinaria Abreu e Lima vai produzir diesel verde ........................................................................................135

Petrobras comunica indícios de hidrocarbonetos em Tupi Sul ..................................................................136

Sapinhoá inicia produção comercial ...............................................................................................................136

Geração térmica custou R$ 929 milhões em dezembro ..............................................................................137

Argentina tenta estimular produção de petróleo ..........................................................................................137

Termelétrica de Uruguaiana volta a gerar energia .......................................................................................138

AL compra 8% mais aço da China ...................................................................................................................138

Com baixa nos reservatórios, quase 25% da energia vem de termelétricas ...........................................138

CSN planeja aumento de preços de produtos para a partir do dia 18 .......................................................139

Petrobras atinge recorde de processamento de petróleo .......................................................................... 140

Grupo CPFL Energia não vê risco de racionamento no país ..................................................................... 140

Bolívia aumenta em 38% venda de gás ao Brasil ........................................................................................ 140

IBGE: produção industrial cresce em oito locais pesquisados .................................................................. 141

HRT conclui testes de formação em poço no Amazonas ............................................................................ 141

Pacific Rubiales prevê investir US$1,7 bi em 2013 ....................................................................................... 141

Geração térmica custou R$ 929 milhões em dezembro ............................................................................. 142

Petrobras deve ter ganhos com geração a gás ............................................................................................ 142

Lobão nega risco de desabastecimento de gás para indústria ..................................................................143

Graça Foster: não vai faltar gás para atender termelétricas ......................................................................143

Governo vai rever lógica do menor preço e usar mais térmicas no futuro ............................................. 144

Gasto com térmicas forneceria 60% a mais de energia solar .................................................................. 145

Autorizada a realização da 11ª rodada ........................................................................................................... 146

ANP aguarda publicação do CNPE sobre número de blocos ..................................................................... 146

Presidente da Odebrecht cobra do governo mais fiscalização das licitações .........................................147

Reservas provadas da Petrobras apresentam leve aumento ......................................................................147

ANP ofertará 172 blocos de 17 setores .......................................................................................................... 148

6 Relatórios TN Petróleo

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

Relatórios TN Petróleo 7

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Entrosamento com o Planalto e estilo ge-rencial semelhante ao da presidente cre-denciam a nova direção da Petrobras a buscar objetivos ambiciosos, revendo o Plano de Negócios 2012/2016.

Com a graça de Dilma

Introdução

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Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

Dilma Rouseff cumprimenta Graça Foster, a primeira mulher a presidir a Petrobras.

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

No habitual jeito direto de quem aprendeu com a vida, o ex--presidente Luiz Inácio Lula da

Silva chegou a brincar, depois de examinar o orçamento da estatal, que o Brasil devia ser gerido ao contrário: escolhia--se no voto direto o presidente da Petrobras, e este indicava o presidente da República. Exagero, claro, mas com um fundo de verdade, pois a esta-tal responde, direta ou indire-tamente, por mais da metade dos investimentos previstos no Plano de Aceleração do Cres-cimento (PAC), a menina dos olhos do governo.

A troca de José Sergio Gabrielli, economista de

formação e militante do PT da Bahia, por Maria José das Graças Foster, funcionária de carreira da

Petrobras e amiga da presi-dente Dilma Rousseff há mais de 40 anos, abre caminho para um inédito entrosamento entre o Planalto e a Petrobras.

Analistas de bancos de investimento e dirigentes de empresas da cadeia produti-va de óleo e gás se dividem: parte saúda o maior acesso do comando da Petrobras ao cen-tro de decisões do País, o que

de cara resultou em dois rea-justes de preços de derivados, repassados há três anos. Outra fatia, igualmente ponderável, teme que a harmonia entre duas das maiores fontes de poder se dê à custa de espa-ços do setor privado, conforme sinalizado pela mudança nas regras para os leilões.

O relatório desenvolvido pela TN Petróleo busca escla-recer os novos caminhos da empresa mais influente da economia brasileira, e os obs-táculos no caminho da nova gestão. Não falta ambição nas metas do novo comando, nem disposição para acompanhar pari passu o cumprimento dos objetivos traçados. No docu-mento, buscamos investigar as possibilidades maiores ou menores que essa combinação de ousadia nos horizontes e disciplina na condução é capaz de abrir para a estatal, além dos riscos dessa opção geren-cial ser paralisada por conflitos com funcionários e parceiros em investimentos.

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Cobrança contínua e monitoramento passo a passo são as armas de Graça Foster.

Planos da Petrobras terão que sair do papel

Capítulo 1

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

“Historica-mente, a Petrobras não cum-pre suas metas de

produção...” O slide de aber-tura da apresentação do Plano de Negócios 2012/2016 resume bem o espírito de profunda revisão imposto à companhia pela nova presidente, Maria das Graças Foster. A nova direção não mede palavras ao criticar a frustração de ‘metas ousadas’, mas pouco realis-tas, como a previsão no PN 2009-2013 de 2,430 milhões de barris diários para 2011, com a oferta efetiva não ultrapassan-do 2,022 milhões. A produção de 2011 não alcançou sequer a meta mais modesta de 2,1 milhões de barris, fixada no próprio ano e, portanto com a equipe de José Sergio Gabrielli, então presidente, já ciente dos problemas na entrega e operação de equipa-mentos de sondagem e perfu-ração. Não era a primeira, nem a maior frustração: em 2005, a produção realizada ficou em 1,684 milhão de barris diários, bem abaixo do patamar previs-to quatro anos antes, de 1,900 milhão.

Para reverter esse quadro, a receita prevista no Plano vai além da adoção de controles rígidos de gestão, prevista por consultores independentes como Adriano Pires e o ex-pre-sidente da Petrobras Armando Guedes Coelho como a marca provável de Maria das Graças Foster à frente da estatal. Mais do que um freio de arrumação, uma sacudida para estabele-cer métodos mais impositivos de gerência cotidiana, o que

a nova presidente promoveu foi um cavalo de pau, uma manobra em que a frenagem brusca é complementada por uma mudança de sentido. Pro-jetos caros à direção anterior, como a compra de refinarias em Pasadena (EUA) e Okina-wa (Japão), ou a construção de super-refinarias no Maranhão e no Ceará, foram revertidos ou, pelo menos, adiados por um bom período.

Mesmo os projetos que so-breviveram aos cortes, como a Refinaria do Nordeste (RNEST, em Suape, Pernambuco) e o Comperj, terão que sofrer mu-danças profundas. A começar pelos orçamentos. “A ideia é liberar recursos do Abaste-cimento (refino e transporte, principalmente) pelo aumen-to de eficiência, e reforçar o caixa para os investimentos em Exploração & Produção, de retorno mais elevado”, analisa Armando Guedes Coelho, pre-sidente do Conselho de Ener-gia da Firjan. A renegociação de contratos e o acompanha-mento estrito dos cronogramas são os principais instrumentos para a obtenção de economias, mas a atração de investidores externos, que tragam pacotes de financiamento em condi-ções vantajosas, está em pauta.

Os recentes reajustes de preços da gasolina e do óleo diesel na refinaria vinculam--se a essa estratégia. A direção anterior já havia apontado uma defasagem com relação às co-tações internacionais, reserva-damente, mas evitava quei-xas públicas. Além disso, as divergências acumuladas entre Gabrielli e Dilma Rousseff, que não escondia de ninguém no Governo o plano de substi-

tuir o economista baiano pela engenheira química Graça Foster, dificultavam um acerto entre a estatal e o Planalto. Feita a mudança desejada por Dilma no comando da Petro-bras, ficou mais fácil explorar o espaço aberto pela queda da inflação e a retração no nível de atividade da economia.

“Isso reduziu o potencial multiplicador do reajuste, o temido ‘efeito gasolina’. Ainda mais que o Governo cortou a zero a alíquota da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). A medida foi questionável pelos efeitos sobre o programa do álcool e o estímulo ao uso da gasolina, mais poluente do que o etanol e na qual o Brasil voltou a ser importador líqui-do, mas funcionou para conter o impacto inflacionário, ao menos até agora”, argumenta Adriano Pires.

Pouco mais de uma semana depois do reajuste na gaso-lina, o Governo anunciou o mesmo para o óleo diesel. A cautela que cercava o anúncio é explicável pela estrutura logística do país, fortemente dependente (64%) do trans-porte rodoviário de cargas. O diesel, por isso, tem um forte impacto sobre os custos de movimentação de mercadorias, tanto nos alimentos quanto nos bens de consumo em geral. O percentual anunciado (6%) soa insuficiente para o apetite de potenciais investidores, mas sugere que o Governo voltou a se preocupar pelo menos com a situação de caixa da sua maior companhia.

“No quadro atual, de vir-tual monopólio da Petrobras e uso do controle de preços para

Relatórios TN Petróleo 31

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Desafio é cumprir cronograma, dadas as dimensões inéditas das iniciativas.

Ousadia é marca dos programas da Petrobras

Capítulo 2

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Dobrar a oferta doméstica de óleo e gás natural em menos de dez anos, retomando investimentos

em novas unidades de refino interrompidos há três décadas, são desafios para qualquer empresa no mundo. No caso da Petrobras, o componente adicional é a necessidade de equilibras os imperativos de lucro comuns às companhias abertas com o estímulo à pro-dução local e ao surgimento de fornecedores brasileiros de padrão internacional, ineren-tes ao controle estatal.

Esse desafio não chega a ser inédito para a Petrobras e a cadeira produtiva do setor, que com o auxílio de pes-quisas acadêmicas de ponta conduziu o país à liderança na descoberta de petróleo em águas profundas e à autos-suficiência volumétrica em petróleo bruto. A urgência imposta pelo governo federal, a cobrança de resultados pelos acionistas depois da maior capitalização da História (R$ 167 bilhões) e as dificuldades técnicas inerentes à explora-ção do pré-sal, contudo, ele-vam o desafio a níveis nunca antes experimentados.

O recurso da estatal para superar esses obstáculos – mantido e submetido a contro-les mais rígidos pela gestão de Maria das Graças Foster – é o lançamento de programas focados nas principais necessi-dades da empresa.

Os principais são:Prominp (Programa de Mobili-

zação da Indústria Nacio-nal de Petróleo e Gás Na-tural), que abriga o Plano

Nacional de Qualificação Profissional (PNQP);

Progredir – programa de financiamento de fornece-dores;

Prorefam (Programa de Re-forma e Modernização da Frota de Apoio Marítimo);

EBN – programa de estímulo à criação de empresas brasi-leiras de navegação;

Promef (Programa de Moder-nização e Expansão da Frota, gerido pela subsidiá-ria Transpetro);

Proef (Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos).Até o anúncio em novem-

bro do Infralog, para melhorar a infraestrutura logística, e do Programa de Otimização de Custos, cujas metas virão a público em dezembro – mas já nos estudos preliminares iden-tificou um potencial de econo-mia de R$ 15 bilhões, o caçula da turma é o Proef, depois ampliado para gerir a Unidade de Operações-Rio (UO-Rio), passando a englobar 47% da oferta doméstica de petróleo.

O foco do Proef é retomar os níveis históricos de produ-tividade e retorno, próximos a 90%, na Bacia de Campos, de onde saem 85% do petróleo no Brasil. No lançamento, a presidente da Petrobras reuniu o diretor de Exploração & Pro-dução, os três gerentes executi-vos da área e 35 gerentes, para detalhar subprograma por sub-programa. Na coletiva de anún-cio do Proef, o novo diretor de Exploração da Petrobras, José Formigli, fez menção a um Pro-grama de Gestão de Conteúdo Local, ainda sem data prevista, mas com a tarefa fundamental de pôr em dia o cronograma

de investimentos da estatal, ameaçado constantemente por atrasos no fornecimento. O in-vestimento ultrapassa US$ 5,6 bilhões, para retomar os picos históricos de produtividade, da ordem de 90%.

Durante a apresentação, na Base de Imbetiba, em Macaé, Graça Foster deixou claro o quanto à recuperação da produtividade é urgente para a nova direção: “Essa preocu-pação vem de muito tempo, quando eu ainda era diretora de Gás e Energia. Todos nós temos compromissos enormes. Todo o óleo produzido é um retorno aos nossos acionistas, aos investidores e a nossos controladores. Mas é, acima de tudo, um compromisso com o Brasil”.

O Proef serviu para de-monstrar que a presidente não teme o custo político e de imagem dos ajustes que con-sidera necessários: parte do prejuízo do primeiro semestre, inédito desde 1999 na compa-nhia, deveu-se ao impacto dos gastos com o fechamento de poços.

No médio prazo, a expecta-tiva da Petrobras e da maioria dos analistas de bancos de investimento, mesmo os mais críticos à companhia, é de que o abandono dos poços menos rentáveis e a abertura de novas frentes eleve o retorno médio, mas no curto prazo o efeito foi negativo.

PROMINPAo criar, em 2003, o Pro-

minp (Programa de Mobili-zação da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), o governo federal teve a visão estratégica de começar a for-

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

Linha do tempo do petróleo no Brasil

Capítulo 3

50 Relatórios TN Petróleo

Indústria de óleo e gás no Brasil, hoje:

Relatórios TN Petróleo 51

GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

1932 – Monteiro Lobato e Edson Carvalho fundam a Companhia Petróleo Nacional.

1938 – Criação do Conselho Na-cional do Petróleo.

1941 – Início da produção do primei-ro campo comercial do Brasil, na cidade de Candeias (BA).

1950 – Os Estados Unidos produzem 51,9% do petróleo mundial.

1953 – Após 22 meses de deba-tes na Câmara e no Senado, é criada a Petrobras. A Refina-ria Landulpho Alves (Rlam) é incorporada ao patrimônio da Petrobras.

1957 – É criado o Instituto Brasi-leiro de Petróleo e Gás Natural (IBP). Descoberta de dois primeiros campos de petróleo pela Petrobras na Bacia de Sergipe/Alagoas – Tabuleiro dos Martins e Jequié.

1959 – Início da prospecção de petróleo em Sergipe.

1960 – Criação do Ministério de Minas e Energia e também da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

1961 – Fundação da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), primeira a ser construída no Brasil.

1962 – A Petrobras dá início às atividades de distribuição de combustível. Governo institui o monopólio da importação de petróleo e derivados. Produ-ção da Petrobras atinge 100 mil barris por dia.

1963 – Descoberta do campo de Carmópolis, com reserva de 324 milhões de barris, o maior campo terrestre no Brasil.

1965 – Criação do Centro de Pes-quisas da Petrobras (Cenpes), que iniciou as atividades no ano seguinte. Descoberta do Campo de Miranga (BA).

1966 – Inauguração da fábrica de Asfalto de Fortaleza, no Ceará, mais tarde denominada Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor).

1967 – Criação da Petroquisa, para atuar na área de petro-química. Petrobras prioriza a exploração na plataforma continental.

1968 – A primeira descober-ta de petróleo no mar foi em Sergipe, no Campo de Guaricema, a 80 m de profundidade, o que confir-mou a existência de petróleo na plataforma continental brasileira. Neste mesmo ano, entra em operação a primei-ra plataforma de perfuração de petróleo construída no Brasil, a P-1. Início dos levantamentos geo-físicos na Bacia de Campos.

1969 – Descoberta de petróleo no Espírito Santo.

1971 – Aquisição da Refinaria Isa-ac Sabá (Reman), em Manaus. Criação da BR Distribuidora.

1972 – Início das operações do Complexo Petroquímico de São Paulo, primeiro polo pe-troquímico do Brasil. Criação da Petroquímica do Nordeste (Copene). Início das atividades da Usina Protótipo do Irati, em São Mateus do Sul, no Paraná, realizando pela primeira vez a extração de óleo do xisto. Criação da Braspetro, subsidiária internacional da Petrobras.

1973 – Descoberta do campo de Ubarama, no mar do Rio Gran-de do Norte. Entra em produ-ção o campo de Guaricema e a Bacia do Espírito Santo. Formada a Agência Interna-cional de Energia (IEA), na França. Começo da produção comercial no Mar do Norte.

1974 – É descoberta a Bacia de Campos, situada na cos-ta norte do estado do Rio de Janeiro, estendendo-se até o sul do Espírito Santo, com cerca de 100.000 m2. A

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Glossário

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

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Abandono de Áreas – Processo constituído do abandono de poços e da desativação das instalações na Área de con-cessão. PORTARIA ANP Nº 114, DE 25/07/2001

Abandono de Campo – Processo que compreende abandono de poços, desativação e alie-nação ou reversão de todas as instalações de produção. RESOLUÇÃO ANP Nº 27, DE 18/10/2006

Abandono de Poço – Série de operações destinadas a res-taurar o isolamento entre os diferentes intervalos permeá-veis podendo ser permanente, quando não houver interesse de retorno ao poço; ou tem-porário, quando por qualquer razão houver interesse de retorno ao poço. RESOLUÇÃO ANP Nº 27, DE 18/10/2006

Abastecimento Nacional de Combustíveis – Considerado de utilidade pública, abrange as seguintes atividades: I – produção, importação, expor-tação, refino, beneficiamento, tratamento, processamento, transporte, transferência, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, co-mercialização, avaliação de conformidade e certificação do petróleo, gás natural e seus derivados; II – produ-ção, importação, exportação, armazenagem, estocagem, distribuição, revenda, co-mercialização, avaliação de conformidade e certificação do biodiesel; III – comerciali-zação, distribuição, revenda e controle de qualidade de álcool etílico combustível. LEI Nº 9.847, DE 26/10/1999

Abegás – Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado. Socieda-de Civil sem fins lucrativos, reúne, como associadas, as empresas concessionárias dos serviços de distribuição de gás canalizado dos vários estados da federação, acionis-tas e empresas participantes da indústria do gás no Brasil.

Abendi – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção. Ex-Abende. Enti-dade sem fins lucrativos que visa difundir as técnicas de END e Inspeção no mercado nacional e internacional.

Abraco – Associação Brasileira de Corrosão. Entidade sem fins lucrativos, tem como objetivo congregar profissio-nais que estejam diretamente voltados para o conhecimento e solução dos problemas de corrosão, assim como promo-ver intercâmbio com entidades nacionais e internacionais.

ABS – American Bureau of Ship-ping. Sociedade classificadora que atua no setor naval e offshore, plantas industriais, oleodutos, linhas férreas, construção civil, etc.

Acidente – Qualquer evento

inesperado que cause danos ao meio ambiente ou à saúde humana, prejuízos materiais ao patrimônio próprio ou de terceiros, ocorrência de fata-lidades ou ferimentos graves para o pessoal próprio ou para terceiros ou a interrupção das operações da Instalação por mais de 24 (vinte e quatro) horas. RESOLUÇÃO ANP Nº 43, DE 06/12/2007 (vide Re-gulamento Técnico do SGSO)

Adequação ao Uso – Condições necessárias para que uma Instalação (ou equipamento) seja projetada, mantida, inspe-cionada, testada e operada de maneira apropriada para o requerido uso, desempenho, disponibilidade e efetividade. RESOLUÇÃO ANP Nº 43, DE 06/12/2007 (vide Regulamen-to Técnico do SGSO)

Administrador do Plano – Empre-gado designado pelo gerente da instalação para atualização e manutenção do Plano de Controle de Emergência (PR).

Aframax – Navio petroleiro para transporte de óleo cru. A capacidade de carregamento está na faixa de 80 mil a 120 mil toneladas de porte bruto (TPB). O nome é baseado na

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

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GRANDES E NOVOS DESAFIOS À FRENTE

FINANCIAMENTOS DO BNDES PARA PROJETOS DE INFRAESTRUTURA NO ExTERIOR FORAM DESTAqUE EM 2012Agência Brasil – 02/01/2013

O DESTAQUE, em 2012, tem sido o apoio às exportações vincula-das a projetos de infraestrutura no exterior. “Ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido uma carteira de projetos e isso vai se refletindo em desembolsos bas-tante robustos. Devemos terminar o ano com mais ou menos US$ 1,5 bilhão, ou o correspondente a R$ 3 bilhões, nesse segmento. Talvez seja, individualmente, o que mais se destaca”, informou.

As operações estão concen-tradas em projetos de infraes-trutura na América Latina e na África, entre os quais obras de hidrelétricas, aquedutos, gasodu-tos, operações de transporte, me-trôs, rodovias, ferrovias, parques eólicos. “É um conjunto bastante diversificado”.

Nos últimos três ou quatro anos, a participação média anual do comércio exterior nos desem-bolsos totais do banco tem ficado entre 10% e 15% por ano, revelou Luciene Machado. Ela lembrou que há dez anos, quando o banco não tinha tantas atribuições como atualmente - quando participa, inclusive, da política industrial do governo federal - o apoio à ex-portação chegou a responder por 20% a 25% do total liberado.

Para a superintendente, a participação da área de comér-cio exterior nos desembolsos do banco no próximo ano não deve aumentar. “É uma coisa que não deve acontecer, porque existem todas essas outras ati-vidades a desempenhar”. Outro fator que deve contribuir para isso é a manutenção do cenário externo adverso, que mostra ainda elevadas oscilações e incertezas, disse.

“É por isso que a gente, de alguma forma, comemora ter podido manter os desembol-sos e, portanto, sustentado as exportações em níveis mais ou menos equivalentes aos do ano passado. Porque as incertezas são de fato maiores e isso faz, além de tudo, que a concorrên-cia externa se acirre, que países desenvolvidos lancem outros mecanismos”. A expectativa, segundo ela, é de que em 2012 as liberações de recursos para apoio às exportações fiquem estáveis em comparação a 2011.

Para 2013, a projeção ainda é de cenário difícil, com cresci-mento pequeno em relação a este ano ou estabilidade em termos de valores em dólar, para “expur-gar o efeito da taxa de câmbio nos desembolsos”. Em termos de percentual nos desembolsos, Luciene trabalha com a perspec-tiva de manutenção do nível atual, entre 10% e 15%. O desembolso anual do banco está previsto em R$ 150 bilhões este ano.

Exportações de projetos na área de infraestrutura e de bens de capital (equipamentos e máquinas para a indústria) devem concentrar boa parte da atenção

do BNDES no ano que vem, con-firmou Luciene. “Há uma vertente muito forte, porque o conjunto de projetos que temos hoje no portfólio é bastante representa-tivo. Vamos ver desembolsos de operações já contratadas, que são bastante expressivas”. A previsão é elevar, no próximo ano, a fatia de R$ 3 bilhões esperada para 2012, nesse segmento.

Dentro da pauta de expor-tação brasileira financiada pelo banco, os projetos de infraestru-tura e material de transporte são os setores de competitividade destacada, principalmente na América Latina e na África. Os principais produtos exporta-dos com suporte financeiro do BNDES são ônibus, caminhões, aviões, máquinas rodoviárias, maquinário agrícola, equipamen-tos de geração e transmissão de eletricidade, carros de metrô.

Luciene destacou também que as construtoras brasileiras têm alcançado sucesso com suas estratégias de internacionaliza-ção na América Latina princi-palmente, atuando não só como exportadoras mas como investi-doras. “Isso estamos vendo pela capacidade delas de conseguir

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