Upload
others
View
6
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INE5403
FUNDAMENTOS DE
MATEMÁTICA DISCRETA
PARA A COMPUTAÇÃO
PROF. DANIEL S. FREITAS
UFSC - CTC - INE
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.1/27
4 - INTROD. À ANÁLISE COMBINATÓRIA
4.1) Arranjos (permutações)
4.2) Combinações
4.3) O Princípio do Pombal
4.4) Relações de Recorrência
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.2/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Quando o problema é encontrar uma fórmula para uma seqüênciadefinida recursivamente, esta fórmula recursiva é chamada derelação de recorrência.
As definições recursivas de seqüências, que já vimos, são exemplosde relações de recorrência.
Lembre que, para definir uma seqüência recursivamente, umafórmula recursiva deve ser acompanhada por informação sobre oinício da seqüência.
Esta informação é chamada de condição inicial para aseqüência.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.3/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Exemplo 1:
(a) A relação de recorrência an = an−1 + 3 com a1 = 4
recursivamente define a seqüência:
4, 7, 10, 13, . . ..
(b) A relação de recorrência fn = fn−1 + fn−2 , f1 = f2 = 1 definerecursivamente a seqüência de Fibonacci:
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, . . .
Relações de recorrência aparecem naturalmente em muitosproblemas de contagem e na análise de problemas de programação.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.4/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Exemplo 2 (1/2): Seja A = {0, 1}. Forneça uma relação derecorrência para cn: número de strings de comprimento n em A∗
que não contêm 0’s adjacentes.
Solução:
0 e 1 são as únicas strings de comprimento 1 ⇒ c1 = 2
c2 = 3: as únicas strings deste tipo são 01, 10, 11
Em geral, toda string w de comprimento n − 1 que não contém00, se concatenada com 1, forma uma string 1 · w
de comprimento n e não contêm 00
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.5/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Exemplo 2 (2/2): Seja A = {0, 1}. Forneça uma relação derecorrência para cn: número de strings de comprimento n em A∗
que não contêm 0’s adjacentes.
Solução:
Única outra possibilidade de início para uma string “boa” decomprimento n: 01
ou seja, pode até começar com 0, desde que seguido por 1
estas strings são da forma 01 · v
onde v é uma string “boa” de comprimento n − 2
Portanto: cn = cn−1 + cn−2
com as condições iniciais: c1 = 2 e c2 = 3 2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.6/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Exemplo 3 (1/2): Suponha que queremos listar todas as seqüênciasde n elementos sem repetições que podem ser construídas a partirdo conjunto {1, 2, 3, . . . , n}.
Uma abordagem para resolver este problema é procederrecursivamente:
Passo 1: produza uma lista de todas as seqüências semrepetições que podem feitas a partir de {1, 2, 3, . . . , n − 1}
Passo 2: Para cada seqüência do passo 1, insira n em cada umdos n locais possíveis:
no início, no final e entre cada par de números na seqüência
imprima o resultado e remova n
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.7/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Exemplo 3 (2/2): Listar seqüências de n elementos sem repetiçõesconstruídas do conjunto {1, 2, 3, . . . , n}.
O número de ações do tipo “inserir-imprimir-remover” é o númerode seqüências de n elementos.
ou: n vezes o número de seqüências produzidas no passo 2
logo:
nro de seqs de n elems = n×(nro de seqs de (n − 1) elems)
isto fornece uma fórmula recursiva para o número de seqüênciasde n elementos
condição inicial?
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.8/27
RELAÇÕES DE RECORRÊNCIA
Uma técnica para encontrar uma fórmula explícita para a seqüênciadefinida por uma relação de recorrência é o backtracking.
Ilustrado no exemplo a seguir...
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.9/27
BACKTRACKING
Exemplo 4 (1/2): A relação de recorrência an = an−1 + 3 coma1 = 2 define a seqüência: 2, 5, 8, . . ..
Fazemos o “backtracking” de an substituindo a definição dean−1, an−2 e assim por diante
até que um padrão fique claro:
an = an−1 + 3 ou an = an−1 + 3
= (an−2 + 3) + 3 = an−2 + 2 · 3
= ((an−3 + 3) + 3) + 3 = an−3 + 3 · 3
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.10/27
BACKTRACKING
Exemplo 4 (2/2): A relação de recorrência an = an−1 + 3 coma1 = 2 define a seqüência: 2, 5, 8, . . ..
eventualmente, chegaremos a:
an = an−(n−1) + (n − 1) · 3
= a1 + (n − 1) · 3
= 2 + (n − 1) · 3
logo, uma fórmula explícita para a seqüência é:
an = 2 + (n − 1)3 2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.11/27
BACKTRACKING
Exemplo 5 (1/2): Use o backtracking para encontrar uma fórmulaexplícita para a seqüência definida pela relação de recorrênciabn = 2.bn−1 + 1 com condição inicial b1 = 7.
Solução:
Começamos substituindo a definição do termo anterior nafórmula:
bn = 2bn−1 + 1
= 2(2bn−2 + 1) + 1
= 2[2(2bn−3 + 1) + 1] + 1
= 23bn−3 + 4 + 2 + 1
= 23bn−3 + 22 + 21 + 1
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.12/27
BACKTRACKING
Exemplo 5 (2/2): Use o backtracking para encontrar uma fórmulaexplícita para a seqüência definida por bn = 2.bn−1 + 1 comcondição inicial b1 = 7.
Solução:
Note que um padrão está aparecendo com as re-escritas de bn.Nota: não há regras feitas para esta “re-escrita”.
Pode ser necessário experimentar um pouco.
O backtracking terminará em:
bn = 2n−1bn−(n−1) + 2n−2 + 2n−3 + · · · + 22 + 21 + 1
= 2n−1b1 + 2n−1 − 1 (ver exerc. de indução)
= 7 · 2n−1 + 2n−1 − 1 (usando b1 = 7)
= 8 · 2n−1 − 1 = 2n+2 − 1 2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.13/27
BACKTRACKING
Nota 1: duas somas muito úteis, que já foram provadas:
S1) 1 + a + a2 + a3 + · · · + an−1 = an
−1a−1
S2) 1 + 2 + 3 + · · · + n = n(n+1)2
Nota 2: o backtracking pode não revelar um padrão explícito para aseqüência definida por uma relação de recorrência.
Em seguida, veremos uma técnica mais geral para resolver umarelação de recorrência...
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.14/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Antes uma definição útil...
Uma relação de recorrência é uma relação homogênea linear degrau k se for da forma:
an = r1an−1 + r2an−2 + · · · + rkan−k
aonde os ri’s são constantes
De maneira informal:
cada parcela é construída do mesmo (“homogêneo”) modo:
cada parcela é um múltiplo de um dos k (“grau k”) termos queantecedem an (“linear”)
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.15/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Exemplo 6:
(a) A relação cn = (−2)cn−1 é uma relação de recorrênciahomogênea linear de grau 1.
(b) A relação an = an−1 + 3 não é uma relação de recorrênciahomogênea linear.
(c) A relação fn = fn−1 + fn−2 é uma relação de recorrênciahomogênea linear de grau 2.
(d) A relação gn = g2n−1 + gn−2 não é uma relação homogênea
linear.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.16/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Seja uma relação de recorrência homogênea linear de grau k:
an = r1an−1 + r2an−2 + · · · + rkan−k
A sua equação característica é dada pelo polinômio de grau k a elaassociado:
xk = r1xk−1 + r2x
k−2 + · · · + rk
as raízes desta equação têm um papel chave na fórmula explícitapara a seqüência definida pela relação de recorrência e ascondições iniciais
O caso geral pode ser resolvido, mas veremos apenas o grau 2
neste caso, é comum escrever a equação característica como:
x2 − r1x − r2 = 0
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.17/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Teorema 1:
(a) Se a equação característica x2 − r1x − r2 = 0, da relação derecorrência an = r1an−1 + r2an−2, tem duas raízes distintass1 e s2, então a fórmula explícita para a seqüência é dada por:
an = usn1 + vsn
2
(b) Se a equação característica x2 − r1x − r2 = 0 tem uma raízúnica s, a fórmula explícita é dada por:
an = usn + vnsn
onde u e v dependem das condições iniciais.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.18/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Prova de (a): (duas raízes distintas: an = usn1 + vsn
2 )
já que s1 e s2 são raízes de x2 − r1x − r2 = 0, temos:
s21− r1s1 − r2 = 0 e s2
2− r1s2 − r2 = 0
vamos mostrar que: an = usn
1+ vsn
2, n ≥ 1
define a mesma seqüência que: an = r1an−1 + r2an−2
primeiro, note que as condições iniciais são satisfeitas, pois u e v vêm de:
a1 = us1 + vs2 e a2 = us21
+ vs22
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.19/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Prova de (a): (duas raízes distintas: an = usn1 + vsn
2 )
já que s1 e s2 são raízes de x2 − r1x − r2 = 0, temos:
s21− r1s1 − r2 = 0 e s2
2− r1s2 − r2 = 0
vamos mostrar que: an = usn
1+ vsn
2, n ≥ 1
define a mesma seqüência que: an = r1an−1 + r2an−2
primeiro, note que as condições iniciais são satisfeitas, pois u e v vêm de:
a1 = us1 + vs2 e a2 = us21
+ vs22
então: an = usn
1+ vsn
2
= usn−2
1s21
+ vsn−2
2s22
= usn−2
1(r1s1 + r2) + vsn−2
2(r1s2 + r2)
= r1usn−1
1+ r2usn−2
1+ r1vsn−1
2+ r2vsn−2
2)
= r1(usn−1
1+ vsn−1
2) + r2(usn−2
1+ vsn−2
2)
= r1an−1 + r2an−2 2
Prova de (b): totalmente similar.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.20/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Exemplo 7: Encontre uma fórmula explícita para a seqüência:
cn = 3cn−1 − 2cn−2
condições iniciais: c1 = 5 e c2 = 3
Solução:
a relação dada é homogênea linear de grau 2
equação associada: x2 = 3x − 2
ou: x2 − 3x + 2 = 0, raízes: 1 e 2
o teorema 1 mostra que u e v vêm da solução de:
c1 = u.(1) + v.(2) e c2 = u.(1)2 + v.(2)2
levando a: u = 7 e v = −1
daí, pelo teorema 1, temos:
cn = 7 · 1n + (−1) · 2n = 7 − 2n2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.21/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Exemplo 8: Resolva a relação de recorrência dn = 2dn−1 − dn−2,com condições iniciais d1 = 1.5 e d2 = 3.
Solução:
equação associada para esta rel. homog. linear: x2 − 2x + 1 = 0
com uma raíz múltipla: 1
pelo teorema 1(b): dn = u.(1)n + v.n.(1)n
usando esta fórmula e as condições iniciais, temos que:
d1 = 1.5 = u + v.(1) e d2 = 3 = u + v.(2)
cuja solução é: u = 0 e v = 1.5
logo: dn = 1.5n 2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.22/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Nota: apesar da seqüência de Fibonacci ser bem conhecida, a suaforma explícita levou mais de 200 anos para ser encontrada...
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.23/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Exemplo 9: Encontre uma fórmula explícita para a seqüência deFibonacci: fn = fn−1 + fn−2, onde f1 = f2 = 1
Solução:
relação de recorrência homogênea linear de grau 2
equação característica: x2 − x − 1 = 0
cujas raízes são: s1 = 1+√
5
2e s2 = 1−
√
5
2
O u e o v do teorema 1 vêm da solução de:8
<
:
1 = u.( 1+√
5
2) + v.( 1−
√
5
2)
1 = u.( 1+√
5
2)2 + v.( 1−
√
5
2)2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.24/27
EQUAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Exemplo 9: Encontre uma fórmula explícita para a seqüência deFibonacci: fn = fn−1 + fn−2, onde f1 = f2 = 1
Solução:
relação de recorrência homogênea linear de grau 2
equação característica: x2 − x − 1 = 0
cujas raízes são: s1 = 1+√
5
2e s2 = 1−
√
5
2
O u e o v do teorema 1 vêm da solução de:8
<
:
1 = u.( 1+√
5
2) + v.( 1−
√
5
2)
1 = u.( 1+√
5
2)2 + v.( 1−
√
5
2)2
o que leva a: u = 1√
5e v = − 1
√
5
e a fórmula explícita para a seqüência de Fibonacci fica:
fn = 1√
5( 1+
√
5
2)n − 1
√
5( 1−
√
5
2)n
2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.25/27
RELAÇÃO DE RECORRÊNCIA X INDUÇÃO
Algumas vezes é útil conhecer algumas propriedades de umarelação de recorrência com a qual estamos trabalhando.
Em virtude da forte conexão entre recorrência (recursão) e induçãomatemática, são comuns as provas para estas propriedadesutilizarem indução.
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.26/27
RELAÇÃO DE RECORRÊNCIA X INDUÇÃO
Exemplo: Uma propriedade dos números de Fibonacci: fn ≤ ( 53 )n
(um limite superior para a rapidez de crescimento dos nros)
Prova (por indução forte):
Passo básico: P (1) é 1 ≤ 53 , o que, evidentemente, é V.
Passo indutivo:
usar P (j), j ≤ k, para mostrar P (k + 1) : “fk+1 ≤ ( 53 )k+1”
fk+1 = fk + fk−1 ≤ ( 53 )k + ( 5
3 )k−1
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.27/27
RELAÇÃO DE RECORRÊNCIA X INDUÇÃO
Exemplo: Uma propriedade dos números de Fibonacci: fn ≤ ( 53 )n
(um limite superior para a rapidez de crescimento dos nros)
Prova (por indução forte):
Passo básico: P (1) é 1 ≤ 53 , o que, evidentemente, é V.
Passo indutivo:
usar P (j), j ≤ k, para mostrar P (k + 1) : “fk+1 ≤ ( 53 )k+1”
fk+1 = fk + fk−1 ≤ ( 53 )k + ( 5
3 )k−1
= ( 53 )k−1( 5
3 + 1)
= ( 53 )k−1( 8
3 )
< ( 53 )k−1( 5
3 )2
= ( 53 )k+1
2
Prof. Daniel S. Freitas - UFSC/CTC/INE/2007 – p.28/27