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31/08/2011 1 História Social da Infância e da Família Introdução Na sociedade medieval a ideia de infância não existia; isto não é sugerir que as crianças fossem negligenciadas, esquecidas ou desprezadas. A ideia de infância não deve ser confundida com a afeição pelas crianças : ela corresponde a uma atenção à natureza particular da infância, essa natureza particular que distingue a criança do adulto, mesmo do jovem adulto. Na sociedade medieval faltava essa atenção. (ARIÈS, P. Centuries of Childhood, 1962, p. 128) Conceito de Infância Sentido Etimológico: Derivação do Latim In (sufixo de negação) fans ou fantis (Particípio presente do verbo Falar) Infans ou Infantis: Atribui-se àquele que não fala, que tem pouca idade ou que ainda é criança.

Infancia e Familia [Modo de Compatibilidade]

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Serviço Social

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    Histria Social da Infncia e da Famlia

    Introduo

    Na sociedade medieval a ideia de infncia no existia;isto no sugerir que as crianas fossemnegligenciadas, esquecidas ou desprezadas. A ideiade infncia no deve ser confundida com a afeiopelas crianas: ela corresponde a uma ateno natureza particular da infncia, essa naturezaparticular que distingue a criana do adulto, mesmodo jovem adulto. Na sociedade medieval faltava essaateno.

    (ARIS, P. Centuries of Childhood, 1962, p. 128)

    Conceito de Infncia

    Sentido Etimolgico:

    Derivao do Latim

    In (sufixo de negao)

    fans ou fantis(Particpio presente do verbo Falar)

    Infans ou Infantis:Atribui-se quele queno fala, que tem poucaidade ou que ainda criana.

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    Conceito de Infncia

    Sentido Comum:

    Entende-se criana por oposio ao adulto: posio estabelecida pela falta de idade ou de

    maturidade e de adequada integrao social.

    Jogos Infantis, Pieter Bruegel

    Conceito de Infncia

    Sentido Histrico: (KUHLMANN, 1998)Infncia e educao infantil: uma abordagem

    histrica

    Crtica Aris: Histria da Infncia contadapor adultos e fontes histricas de famliasabastadas. Ex: dirio de Lus XIII.

    Conceito de Infncia

    Sentido Histrico: (ARIS, 1973)Histria Social da Criana e da Famlia

    O estudo de Aris possui dois fios condutores

    1. A ausncia do sentidode infncia, tal como umestgio especfico dodesenvolvimento do ser humano,at o fim da Idade Mdia, abreas portas para uma interpretaodas chamadas sociedadestradicionais ocidentais.

    2. Processo de definio dainfncia como um perodo distintoda vida adulta tambm abre asportas para uma anlise do novolugar assumido pela criana e pelafamlia nas sociedades modernas.

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    Conceito de infncia

    Estudos de Aris: ele investigou as mudanas nas ideias sobre a organizao da famlia, a criana e as relaes geracionais desde a Idade Mdia at o sculo XVIII.

    Para esse autor a infncia uma construo social e nesse sentido os historiadores deveriam considerar as crianas e suas vidas com seriedade.

    Sentido Histrico

    Duas fases:

    Antes SEC XVII: Velha Sociedade Tradicional

    Depois SEC XVII:

    Sociedade Industrial

    1. Criana mal vista pelos adultos;

    2. Morbidade Natural;3. Crianas retratadas como

    adultos;4. Sentimento Geral: Coisinha Engraadinha

    1. Posicionamento da igrejae Estado sobre aEducao: Advento daescolarizao;

    2. Educao comoDisciplinamento etransferncia deconhecimentotcnico;

    3. Mo de obra industrial;

    Aris um dos primeiros investigadores ainvestigar essa temtica e seus estudos forambaseados em fontes documentais variadascomo iconografia leiga e religiosa, dirios defamlia, cartas, registros de batismo einscries em tmulos.

    Anlise comparativa desses documentos

    Tese central de Aris:

    A idia de infncia coresponde a uma ateno natureza particular da infncia, quedistingue a criana do adulto.

    Essa noo era ausente na sociedade medievale ir passar por mudanas graduais atchegarmos a noo atual existente sobreinfncia.

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    Ausncia na sociedade medieval dessa ideia de criana como um ser distinto do adulto.

    Ausncia das pinturas medievais e naquelas em que estavam presentes pareciam mais com adultos em miniatura

    Sculo XIII mudana na forma de se retratar a criana.

    Introduo dos puttos ou putti Putti: uma criana, geralmente do sexo

    masculino e representado frequentemente com asas

    Esse primeiro reconhecimento e interesse pelainfncia provocou o sentimento depaparicao, que emergiu completamente nosculo XVI, quando a infncia foi vista comotempo de inocncia e candura.

    Relato de Mme Svign (Aris, p. 101)

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    Sentimento de moralizao sculo XVI aosculo XVIII.

    Surge como uma manifestao da sociedadecontra a paparicao da criana e propesepara-la do adulto para educa-la noscostumes e na disciplina dentro de uma visomais racional

    ....no posso conceber essapaixo que faz com as pessoasbeijem as crianas recm-nascidas, que no tm aindamovimento na alma, nemforma reconhecvel no corpopela qual se possam tornaramveis, e nunca permiti deboa vontade que elas fossemalimentadas na minhafrente.... (MONTAIGNE, apudARIS,1981, p. 101).

    A atitude de Montaigne foi assimilada e ampliadapor outros moralistas que enfatizavam que ainfncia perodo de imaturidade e que ascrianas devem ser treinadas e disciplinadas.

    Esse sentimento de moralizao, segundo Arisfoi a base para o desenvolvimento da Psicologiada criana, que teve tremenda influncia nasconcepes de infncia e educao das crianasnos tempos contemporneos.

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    Assim, foi dentro desse contexto moral que aeducao das crianas foi inspirada, atravs doposicionamento de moralistas e educadores e,principalmente, com o surgimento da famlianuclear gerada: o modelo de famliaconservadora, smbolo da continuidadeparental e patriarcal que marca a relao pai,me e criana.

    Consequentemente, houve a necessidade daimposio de regras e normas na novaeducao e a formao de uma crianamelhor doutrinada atendendo novasociedade que emergia.

    Tal concepo de indivduo que aparece fazcom que a criana seja alvo do controlefamiliar ou do grupo social em que ela estinserida.

    Escola e durao da Infncia

    Os educadores do sculo XVII conseguiam impor seu sentimento grave de infncia longa graas ao sucesso das instituies escolares e prticas de educao que eles orientaram e disciplinaram.

    Inicialmente a escola no era uma instituio reservada especialmente s crianas e a diviso em classes regulares e separadas por idade foi tardia

    Os jesutas, os oratorianos e os jansenistas dosculo XVII que enfatizaram o sentido daparticularidade infantil, o conhecimento dapsicologia infantil e a preocupao emelaborar um mtodo adaptado a essapsicologia.

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    No fim do sculo XVII se convencionou que a preparao para a vida deve ser assegurada pela escola. A famlia e a escola retiram juntas a criana da sociedade dos adultos.

    A escola confinou uma infncia outrora livre num regime disciplinar cada vez mais rigoroso, que nos sculos XVIII e XIX resultou no enclausuramento total do internato.(p. 278).

    O autor descreve que o aparecimento da infnciaest aliado ao sentimento mais elementar dafraqueza das crianas e da responsabilidade moralque mestres sentem em relao a ela.

    Introduo do elemento disciplina no sistemaeducativo.

    A educao se desvincula do sentido de cultura epassa a servir para disciplinar o indivduo, ainda nainfncia.

    Apesar de no incio no haver uma separao entreclasses sociais na escola, havia separao de gnero,a aprendizagem destinadas s meninas era apenas aaprendizagem domstica.

    Educao nica destinada a todos sem separaesde classes sociais

    A partir do sculo XVIII, a escola nica foi substitudapelos sistemas de liceu e escola.

    Concluso sobre as teorias sobre a infncia de Aris

    Segundo Aris, o mundo moderno obcecadopelos problemas fsicos, morais e sexuais dainfncia, visto que a partir da propagao dasideias moralistas os pais foram vistos comoguardies espirituais e responsveis, peranteDeus, pela alma e at pelo corpo de seus filhos.(1962, p 411-412)

    Essa atitude de extremo controle da criana pelafamlia, pela escola e pela Igreja privou a crianada liberdade que ela tinha entre os adultos.

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    Segundo Aris, foram infligidos o chicote, a priso,em suma as correes reservadas aos condenadosdas condies mais baixas (p.413)

    Fica evidente que Aris no acredita que as coisastenham melhorado para as crianas. Na verdade eleentende a progressiva separao entre as crianas eos adultos como parte das mudanas que resultaramnas separaes por classe social e raa na sociedademoderna.

    Seu reconhecimento da contradio em negara liberdade s crianas, em nome de suaprpria proteo e da educao moral, estdiretamente relacionada concepocontempornea de criana como problemasocial.

    Conceito de Infncia

    Sculo XIX e o Surgimento das Legislaes Universais:

    1. Aperfeioamento das Democracias;2. Concretizao dos princpios cientficos;3. Declarao dos Direitos Humanos (1948);4. Declarao dos Direitos da Criana e

    Adolescente (1959);5. Estatuto da Criana e do Adolescente (1990)

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    FAMLIA HISTRICO.

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    A CONFIGURAO DE FAMLIA NO SEU SURGIMENTO EST ATRELADA AO CASAMENTO MONOGMICO, HETEROSSEXUAL, AO MODELO PATRIARCAL E A PROPRIEDADE PRIVADA.

    1 Cenrio Antiguidade

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    A FAMLIA EXISTENTE NA IDADE MDIA SCULOS XIV E XV EST IMPREGNADA DE AES PBLICAS. H UMA EXTERIORIZAO DAS ATIVIDADES E DA VIDA. AUSNCIA DA NOO DE PRIVACIDADE COMO A CONHECEMOS HOJE (ARIS, P. 190)

    2 Cenrio Idade Mdia

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    MAS DE FATO AT O FIM DO SCULO XVII, NINGUM FICAVASOZINHO. A DENSIDADE SOCIAL PROIBIA O ISOLAMENTO EAQUELES QUE CONSEGUIAM SE FECHAR NUM QUARTO PORALGUM TEMPO, ERAM VISTOS COMO FIGURAS EXCEPCIONAIS:RELAES ENTRE PARES, RELAES ENTRE PESSOAS DA MESMACONDIO, MAS DEPENDENTES UMAS DAS OUTRAS, RELAESENTRE SENHORES E CRIADOS - ESTAS RELAES DE TODAS ASHORAS E DE TODOS OS DIAS JAMAIS DEIXAVAM UM HOMEMSOZINHO. ESSA SOCIABILIDADE DURANTE MUITO TEMPO SE HAVIAOPOSTO FORMAO DO SENTIMENTO FAMILIAR, POIS NOHAVIA INTIMIDADE.(ARI, P. HISTRIA SOCIAL DA CRIANA E DA FAMLIA, P.264)

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    NO FIM DO SCULO XVI E DURANTE O SCULO XVII VAI SURGIR UM NOVO SENTIMENTO DE FAMLIA QUE VEM ACOMPANHADO DE MUDANAS SIGNIFICATIVAS EM RELAO S CRIANAS. A CRIANA TORNOU-SE UM ELEMENTO INDISPENSVEL DA VIDA COTIDIANA, E OS ADULTOS PASSARAM A SE PREOCUPAR COM SUA EDUCAO, CARREIRA E FUTURO(ARIS, P. HISTRIA SOCIAL DA CRIANA E DA FAMLIA)

    2 Cenrio Idade Mdia

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    NO SCULO XVIII A FAMLIA MODERNA, AO CONTRRIO, SEPARA-SE DO MUNDO E OPE SOCIEDADE O GRUPO SOLITRIO DOS PAIS E FILHOS. TODA ENERGIA DO GRUPO CONSUMIDA NA EDUCAO DAS CRIANAS, CADA UMA EM PARTICULAR, E SEM NENHUMA AMBIO COLETIVA: AS CRIANAS MAIS DO QUE A FAMLIA... ESSA EVOLUO DA FAMLIA MEDIEVAL... DURANTE MUITO TEMPO SE LIMITOU AOS NOBRES... AINDA NO INICIO DO SCULO XIX, UMA GRANDE PARTE DA POPULAO, A MAIS POBRE E MAIS NUMEROSA, VIVIA COMO AS FAMILIAS MEDIEVAIS, COM AS CRIANAS AFASTADAS DOS PAIS. (ARIS, P. HISTRIA SOCIAL DA CRIANA E DA FAMLIA)

    4 Cenrio Modernidade A casa perde o carter de local pblico que possua

    em certos casos do sculo XVII, em favor do clube ou caf, que por sua vez tornam-se menos frequentados. A vida profissional e a vida familiar abafaram essa outra atividade, que outrora invadia vida toda: a atividade das relaes sociais.

    (ARIS, P. HISTRIA SOCIAL DA CRIANA E DA FAMLIA)

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    A Europa como civilizao mais avanada,promove/sofre guerras que vo alterar as formas derelaes pessoais e sociais. Impondo um sentimento deurgncia em viver todas as coisas j.Neste contexto a famlia tambm ser alterada, acriana ser entendida como esperana, h umaextenso da famlia pelo esprito da solidariedade,esprito de comunidade e de cuidado mtuo.

    5 Cenrio Ps- Guerra

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    Diversidade de organizao das famlias

    FAMLIAS TRADICIONAISFAMLIAS MONOPARENTAISFAMLIAS RECASADASFAMLIAS AMPLIADASFAMLIAS HOMOPARENTAIS

    FAMLIA HOJE

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    NO EXISTE UMA FAMLIA IDEAL OU UM MODELO PR-DETERMINADO DE FAMLIA, EXISTEM FAMLIAS REAIS.

    INDEPENDENTE DE SUA CONFIGURAO, A FAMLIACONTINUA SENDO A INSTITUIO SOCIAL RESPONSVELPELOS CUIDADOS, PROTEO, AFETO E EDUCAO DASCRIANAS PEQUENAS, OU SEJA, O PRIMEIRO EIMPORTANTE CANAL DE INICIAO DOS AFETOS, DASOCIALIZAO, DAS RELAES DE APRENDIZAGEM.

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    DADOS DO IBGE/1999: 30,5% DAS FAMLIAS BRASILEIRAS COM CRIANAS AT SEIS ANOS VIVEM COM RENDA PER CAPITA MENSAL IGUAL OU INFERIOR AO SALRIO MNIMO. RESULTA EM TODA ORDEM DE EXCLUSO E INFNCIA REDUZIDA. FAMLIA E DESIGUALDADE ECONMICA

    FAMLIA: DESIGUALDADE ECONMICA

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    FAMLIA:1. NCLEO PARENTAL, FORMADO POR PAI,

    ME E FILHOS;2. 2. PESSOA DO MESMO SANGUE,

    PARENTELA;3. 3. LINHAGEM, ESTIRPE;4. GRUPO DE GNEROS DE ANIMAIS OU

    PLANTAS COM CARACTERES COMUNS;5.CONJUNTO DE TIPOS COM AS MESMAS

    CARACTERSTICAS BSICAS.

    (Minidicionrio Luft. p.321).

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    A FAMLIA, TEM ESPECIAL PROTEO DO ESTADO.(C.F captulo VII, Art,226. 1988)

    FAMLIA

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    FAMLIA DE ORIGEM AQUELA DE NOSSOS PAIS; FAMLIA DE REPRODUO AQUELA FORMADA PELO INDIVDUO COM OUTRO ADULTO E OS FILHOS DECORRENTES.(PRADO, D. IN O QUE FAMLIA, P.13)

    FAMLIA

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    FAMLIA UMA NOVA TICA UM NOVO COMPROMISSO IDENTIDADE/VNCULO E DIREITO A DIFERENCIAO.

    FAMLIA

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    REPRODUO SOCIALIZAO AFETO PROTEO EDUCAO...

    FUNES DA FAMLIA