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Infektion Magazine #13 - Abril 2012

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Moonspell; The Firstborn; Job For A Cowboy; DOWNLOAD PDF + "Xenogenesis": http://www.mediafire.com/?csfpjs7jm2j4k1c Enthroned; Valkiria; Pilgrim; Sanctus Nosferatu; The Foreshadowing; The Grotesquery; Azaghal; Crimson Cult; Iodine

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ELEMENTOS À SOLTA, LDARua Adriano Correia Oliveira 153 1B3880-316 OvarPORTUGAL

EDITORJoel Costa

DIRECÇÃO / DESIGN & PAGINAÇÃOCátia Cunha & Joel CostaElementos À Solta, LDA

GESTOR DE MARKETINGDavide Gravato

CONCERTOSLiliana Quadrado

EQUIPAAna MirandaAnna CorreiaBruno FarinhaCarlos CarianoCátia CunhaDavid HortaDavide GravatoFlávio SantiagoÍris JordãoIvan SantosJaime FerreiraJoão LemosJoana RodriguesJoel CostaJosé BrancoLiliana QuadradoMarcos FarrajotaMónia CamachoNarciso AntunesRita LimedeRuben InfanteRute GonçalvesValentina FerreiraValter SimõesVanessa CorreiaWilliam Fernandes

FOTOGRAFIACréditos nas páginas

[email protected]. 92 502 80 81

06 em estúdio (belphegor)08 studio profile (anexo 16)10 artwork (pedro sena)14 report oriental metal

57 a penúltima gota60 infeção urinária de marte64 reviews

22 Moonspell26 The Firstborn32 Job For A Cowboy34 Enthroned36 Valkiria40 Pilgrim

44 Sanctus Nosferatu48 The foreshadowing52 The Grotesquery54 Azaghal56 Crimson Cult58 Iodine

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Participa na 5ª edição da compilação “In-fected”, promovida em conjunto pela In-fektion Magazine e Infektion Records. Envia um tema original em formato MP3 ou WAV para [email protected] e se fo-res selecionado só precisas de efetuar um pagamento no valor de 15€ para ajudar nos custos de produção. Em troca recebes meia página de publicidade grátis numa edição di-gital da Infektion à tua escolha e um exem-plar da compilação. As compilações são du-plicadas no formato Card Sleeve e limitadas a 100 unidades. As compilações são gratui-tas, no entanto quem as quiser receber paga 1€ pelos portes de envio.

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Os austríacos BELPHEGOR vão entrar nos “Mana Stu-dios”, em São Petersbur-

go/Flórida, no dia 29 de Maio de 2012. A banda vai trabalhar com Erik Rutan, que vai ficar a cargo da produção do novo - e ainda sem título - álbum, que será editado no final do ano pela Nuclear Blast Records.

Helmuth, vocalista e guitarris-ta, comenta:“Contactei o Erik pela primeira vez por volta de 2006. Na altu-ra falamos na produção do ál-bum «Bondage Goat Zombie» mas ele não estava disponí-vel. Desta vez tem que ser! O nosso som, a atitude... a nos-sa marca, por assim dizer, é a simbiose de tudo aquilo que é extremo e saiu deste glorioso género: Diabolical Black Dea-

th Metal. Desde fevereiro de 2012 que estamos a ensaiar e a compor arduamente. Gravar este novo capítulo com o Erik é perfeito, uma vez que ele sabe exatamente aquilo que que-remos. As novas composições estão repletas de intensidade e agressão pura. A combina-ção da frieza, atmosfera e os elementos doentios do Me-tal Europeu com o som brutal Americano é o nosso plano. Esta experiência vai ser ultra--doentia! Vou trabalhar com artistas motivados, possuídos e entusiásticos, no sentido de manter a chama acesa em to-das as vertentes: produtores, músicos, etc. Sem regras; tudo é permitido. Esta é a razão principal pela qual os BELPHE-GOR sobreviveram durante quase 20 anos”.

Erik Rutan, produtor, acres-centa:“Estou muito entusiasmado por gravar e misturar o novo álbum dos BELPHEGOR no Mana Studios. Depois de mui-tas conversações com o Hel-muth e depois de ouvir alguns momentos do novo material, posso dizer que a banda está muito focada e determina-da em criar uma obra-prima. Criaremos a besta que os fãs de BELPHEGOR têm vindo a aguardar.”

Entretanto os BELPHEGOR manterão os fãs a par dos en-saios e das sessões de grava-ção através da publicação de notas no site oficial da banda.

Fotografia: Nuclear Blast Records

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Como surgiu a oportunidade de criar o estúdio Anexo 16? Era algo com que já sonhavas há muito tempo?No tempo que estive a estudar som procurei especializar-me nesta área o máximo possível de modo a conseguir entrar num mercado ex-tremamente competitivo. Por con-sequência de no nosso mercado haver muita escassez de oportuni-dades, apercebi-me que não seria nada fácil e aí então comecei a de-senvolver o projeto do Anexo 16.

Foi algo extremamente trabalho-so e as dificuldades foram muitas, mas por essas mesmas dificuldades chego a este ponto e tenho um gos-to especial em poder, finalmente, dizer que todo o trabalho valeu a pena. Não podemos esperar que as oportunidades nos batam à por-ta, é preciso ter uma mentalidade empreendedora para podermos realmente singrar nesta nossa dura realidade. Considero que Portugal tem um ótimo potencial e cada vez mais, conheço novos projetos que

não ficam nada a dever a outros tantos projetos estrangeiros, há muita qualidade.

Na tua opinião, quais são as van-tagens de trabalhar contigo? E quais os serviços que o Anexo 16 oferece?Talvez a maior vantagem será o meu método. Sou extremamente exigente com o meu trabalho e com as bandas que trabalham comigo. Tento tirar o máximo de cada músi-co e o meu papel passa por perce-

Sediado em Ovar, o Anexo 16 é uma nova solução para bandas que queiram gravar num ambiente profissional e bastante acolhedor. Falamos com o produtor João Baptista acerca deste novo espaço.

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ber como é que as pessoas funcio-nam. Ter um musico confortável e à vontade, é meio caminho andado para uma boa gravação. Nesta área tudo conta, é a soma das partes e eu tento ser metódico ao máximo para não deixar nada ao acaso. A nível de serviços, tento sempre pri-meiro reunir-me com os artistas de modo a encontrar a solução mais indicada para cada um. Estamos a falar de música, onde cada caso é um caso, posto isto e sempre em conjunto, encontramos a melhor solução. Temos um leque alargado de serviços: Gravação em estúdio (demos, Eps, álbuns); reamping; sala de ensaios (com possibilidade de gravação); publicidade (flyers, cartazes, lonas/telas, autocolantes, logos para bombos, etc.); merchan-dise (t-shirts, sweats, bonés, pins, etc.); produção de jingles para rá-dio e/ou televisão.

Explica-nos um pouco como fun-ciona o teu método de trabalho.O meu método de trabalho consis-te, numa primeira fase, em conver-sar bastante com os músicos para que não hajam dúvidas em relação ao resultado pretendido. Sempre que possível, antes de gravar ouço sempre a banda em questão, para conhecer a sua sonoridade, per-ceber as suas dinâmicas e se for o caso, aconselhar os músicos nos pontos que considere importantes. Posteriormente é feito um planea-mento cuidado de todas as fases da gravação de modo a que tudo corra da melhor forma possível.

Tens alguma novidade ou algum projeto em mãos do qual gosta-rias de referir?Estou neste momento a trabalhar com os Small Town Syndrome. É uma banda recente mas com ele-

mentos experientes de outros pro-jetos. Este é mais um projeto com muita qualidade e vale a pena ficar atento ao que aí vem, poderão ou-vir em breve.

Como é que os nossos leitores podem entrar em contacto com o Anexo 16?Através do site www.anexo16s-tudios.com onde além das infor-mações técnicas do estúdio, está disponível uma galeria elucidativa do espaço e formas de contacto. É possível marcar também visitas ao estúdio, além de conhecerem o espaço, podemos conversar e debater ideias para encontrarmos a solução indicada, sem qualquer compromisso.

Entrevista: Joel CostaFotografia: Joel Tavares

facebook.com/joeltavaresfotografia

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Ao ver o teu portefólio pela primeira vez, deu para entender que dás

imensa atenção aos pormeno-res e nada acontece por acaso. Fala-me um pouco acerca do teu método de trabalho e qual a tua técnica favorita.Bem, realmente os pormenores são algo a que dou bastante aten-ção. Cada desenho tem o seu ob-jetivo e/ou técnica e no meu caso devem ser mesmo os pormenores. Penso que dão bastante vida aos desenhos e que é o que os torna mais “credíveis”, palpáveis, pró-ximo da realidade, sendo um dos meus objetivos. No entanto depen-de muito que a tipo de ilustração é que estou dirigido, pois isso acaba sempre por variar. Técnica favorita, todos os meus desenhos são inicia-dos e concluídos com grafite. Por vezes adiciono tinta da china, car-vão e outros materiais que possam dar um contraste intenso ao dese-nho, acabando então pela pintura digital.

Como é que as ideias se formam na tua cabeça? Consegues imagi-nar exatamente aquilo que que-res passar para o papel?Felizmente consigo. Por vezes te-nho imagens gravadas na minha ca-beça e faço um esboço rapidamen-te num papel, mesmo que não me lembre de detalhes. De seguida vou simplesmente esboçando, fazendo testes do que ficaria bem ou mal,

acabando então com o resultado pretendido. Já as ideias, é como tudo, vão surgindo. Há umas fases boas, outras más, porém nas más é sempre bom para irmos treinando a percetibilidade do traço e as téc-nicas em questão (risos).

Falaste-me que neste momento estás mais interessado na divul-gação do teu trabalho do que noutros fatores. Fala-nos um pouco disto...Não querendo dar um passo maior que a perna, porque sou apenas um amador, de momento estou a tentar iniciar-me na área da ilus-tração, no que toca a criação de lo-gótipos, capas para EPs ou demos, fantasia, e outro leque de hipóte-ses. Portanto penso que primeiro de tudo seja a divulgação do nosso trabalho, mostrando-me disponível para aceitar trabalhos de forma a promover e dar uma imagem ca-racterística à ilustração pretendi-da, para conseguir então divulgar o meu trabalho!

Como é que os nossos leitores te podem contactar?A maneira mais fiável será envian-do-me um e-mail para: [email protected] então contactarem-me para o 919924188.

Entrevista: Joel Costa

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Hoje em dia, todos nós estamos mais do que familiarizados com o Death Metal Sueco, o Black

Metal Norueguês, o Folk da Finlândia, etc. Mas a pergunta que se impõe é: quantos de vocês já ouviram falar de Metal Oriental? (E por Metal Oriental refiro-me ao Heavy Metal do Médio--Oriente, onde os instrumentos e as sonoridades orientais têm uma grande influência nas composições). Quantos de vocês dedicaram a vossa atenção à audição da música que se faz nestes países?

Foi a pensar nisso que Kobi Farhi, vo-calista dos israelitas Orphaned Land, preparou uma compilação intitulada «Oriental Metal Vol. 1», compilação essa dedicada exclusivamente à di-vulgação de bandas vindas de países como Israel, Tunísia, Egipto, Turquia, entre muitos outros. Muitas destas bandas certamente fazem parte da vossa lista de favoritos, ou pelo menos alguns dos nomes não vos serão estra-

nhos, no entanto vamos falar um pou-co melhor daquilo que é este género musical e quais as suas raízes.

O Metal Oriental terá sido criado há 20 anos atrás, quando os Orphaned Land definiram o género. Muitas bandas decidiram então juntar-se a este con-ceito, tornando-o mais rico, diverso e poderoso. A maioria das bandas que compõem o Metal Oriental têm mem-bros Judeus e Muçulmanos, não signi-ficando que os mesmos sejam devotos à respetiva religião. As músicas são cantadas em inglês, hebraico ou árabe, podendo ainda ser ouvidas outras lín-guas nativas. O melhor de tudo é que estas bandas co-existem pacificamen-te. Os seus países podem ter conflitos e as suas bandeiras podem transportar cores e símbolos diferentes, mas nos seus corações estão unidos pela mes-ma bandeira: a bandeira da esperança, da amizade, da fraternidade... A ban-deira do Metal Oriental!

Texto: Joel Costa // Fotografias cedidas pelas respetivas editoras

ORIENTAL METAL VOL. 11. Orphaned Land – Sapari (ISRAEL)2. Amaseffer - Slaves For Life (ISRAEL)3. Arkan - Deus Vult (MARROCOS / FRANÇA)4. Pentagram - Lions In A Cage (TURQUIA)5. Myrath - Merciless Times (TUNÍSIA)6. Almana Shchora – Elohim (ISRAEL)7. Nervecell - The Taste Of Betrayal (DUBAI)8. Khalas - Haz El Adala Mayel (PALESTINA)9. Nile – Kaffir (ESTADOS UNIDOS)10. Melechesh - Grand Gathas Of Baal Sin (ISRAEL)11. Ahl Sina - Fountains Of Muses (EGIPTO)

Esta compilação, criada por Kobi Farhi (Orpha-ned Land) e editada pela Century Media Recor-ds, reúne alguns dos nomes mais sonantes do estilo oriental, como Orphaned Land, Nile, Mele-chesh, entre outros. Na altura em que a compi-lação era lançada, os Orphaned Land recebiam um prémio de paz e amizade da Turquia, pela coragem em cruzar fronteiras, factor que parece ser intransponível para muitos.

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Formados em Israel no ano de 1991, o estilo único des-ta banda de Progressive

Metal do Médio-Oriente acu-mulou uma imensa legião de fãs no mundo inteiro. Os Orphaned Land utilizam diversas línguas nas suas composições, nome-adamente o Inglês, Hebraico, Árabe, Iemenita, entre outros, bem como um sem fim de ins-trumentos Orientais e tradicio-nais como saz, santur, flautas Árabes, bouzouki e cumbus. Esta mistura resulta numa sonorida-de exótica, pesada e fascinan-te. As bandeiras de Israel e do Líbano estão sempre presentes nos seus concertos e na plateia podemos sempre encontrar fãs de todas as etnias e religiões a cantar juntos em Hebraico e

Árabe. Estes fãs exibem também com orgulho tatuagens alusivas à banda, apesar desta situação os colocar em risco nos seus pa-íses.

O último disco a ser lançado pelos Orphaned Land foi “The Neverending Way Of ORwarrio-rOR”, que reúne temas como “Sapari”, “From Broken Vessels” e “Disciples Of The Sacred Oath II”, dando ainda lugar a mo-mentos mais orientais e tradi-cionais, como é o caso de “Olat Ha’Tamid” ou “Bereft In The Abyss”.

Para quem tem curiosidade em deixar-se levar por este magnífi-co género musical, os Orphaned Land são um excelente ponto

de partida, tanto a nível lírico como na complexidade das suas abrangentes composições musi-cais.

Recentemente a banda lançou um DVD intitulado “The Road To Or Shalem”, que exibe um concerto da banda dado no seu país de origem, em Tel-Aviv. Um item a não perder não só para os fãs deste projeto, mas também para quem quiser ser deliciado com a magia que só este género vos pode oferecer.

Na compilação “Oriental Metal Vol. 1” participam com o tema “Sapari”.

Editora: Century MediaSite: www.orphaned-land.com

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Com influências e raízes em países como Algéria, Mar-rocos e Tunísia, os Arkan

são uma banda de Paris que decidiram conectar-se musical-mente à região conhecida como Magreb, que reúne os países acima mencionados bem como a Líbia, Mauritânia e o Sahara Ocidental.

Foi em 2005 que Foued Moukid, ex-baterista e percussionista dos The Old Dead Tree, uma banda francesa de Dark Metal, co-nheceu o vocalista e guitarrista Abder Abdellahoum, que tinha pertencido aos Dawn Of Decli-ne. Ambos os músicos partilha-vam a mesma visão: misturar Death Metal com sonoridades do Oriente, mais propriamente

com sons étnicos da Algéria e Marrocos. Os músicos decidiram então dar uma nova (e radical) vida às suas carreiras musicais e fundaram os Arkan. Para com-pletar a banda, recrutaram os guitarristas Samir Ramila e Mus Elkamal e encontraram também Florent Jannier, antigo membro dos Whisper-X que assumiu os growls. Estavam assim forma-dos os Arkan e prontos para dar seguimento à sua visão e partilhá-la com o mundo. Para encontrar a fórmula certa para o som, os Arkan passaram algum tempo a aperfeiçoar o seu estilo e em menos de um ano já ha-viam integrado na sua estrutura musical instrumentos orientais como o oûd, mandola, derbou-ka, bendir, cajon, bem como vo-

cais tradicionais masculinos e femininos.

O registo mais recente da ban-da data de Abril de 2011. Com edição a cargo da francesa Se-ason Of Mist, “Salam” combina riffs de Metal agressivos com ambientes e atmosferas Árabes, fazendo um jogo perfeito entre os growls poderosos de Florent Jannier e a voz limpa e hipnótica de Sarah Layssac.

Na compilação “Oriental Metal Vol. 1” participam com o tema “Deus Vult”, que conta com a participação de Kobi Farhi nos vocais.

Editora: Season Of MistSite: www.arkan.fr

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Formados na cidade de Je-rusalém em 1993 por um jovem guitarrista chamado

Ashmedi, os Melechesh foram sempre uma banda visionária que inventaram e definiram um género musical muito próprio. A mistura de Black Metal crú com a bateria e as guitarras a irem buscar elementos mediterrâni-cos, resultou numa demo feno-menal intitulada “As Jerusalem Burns” e no EP “The Siege Of Lachish”, registos que deram à banda alguma popularidade. No entanto, foi o álbum “As Jerusa-lem Burns… Al’Intisar” que colo-cou Jerusalém e Bethlehem no mapa do Metal Extremo.

Devido a diversas razões demo-gráficas e sócio-políticas, Ash-

medi muda-se para a Europa em 1998.

Os Melechesh são uma banda multidimensional que procuram explorar as várias facetas deste sub-género musical. Podemos até mesmo dizer que a banda é a resposta aos pedidos de muitos fãs de Metal Extremo, que não só procuravam algo diferente e honesto como também queriam que a qualidade fosse sobrepos-ta à quantidade.

Mais recentemente, foi possível constatar a presença de instru-mentos tradicionais nas suas composições, como é o caso de yayli tanbur, Azeri Tar, baglama saz, sitar da Índia e santur Per-sa, dando ainda lugar à presença

de guitarras de 12 cordas bem como à influência e aura da ci-dade de Instambul, o local eleito para as gravações da banda.

Tudo isto pode ser ouvido e sen-tido no último longa-duração da banda, “The Epigenesis”, que teve edição a cargo da alemã Nuclear Blast.

Na compilação “Oriental Metal Vol. 1” participam com o tema “Grand Gathas Of Baal Sin”.

Editora: Nuclear BlastSite: www.melechesh.com

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Formados em 1993 por Karl San-ders (guitarra / voz), Chief Spires (baixo / voz) e Pete Hamoura (bateria), os Nile não precisaram de muito tempo para combinar o seu interesse na história, cul-tura e conhecimento do Egip-to com a ferocidade do Death Metal moderno. Recorrendo a uma abordagem sinfónica para a composição e os arranjos, os Nile atacaram de imediato a cena Metal com uma propos-ta Death Metal com sons do Médio-Oriente, tendo também as suas letras inspiradas em ins-crições Egípcias, esculturas em templos, papiros, hieróglifos e pinturas de túmulos represen-tando batalhas antigas, rituais e cerimónias religiosas. Em 1996, Toler-Wade junta-se à banda

como segundo guitarrista e co-meçam a trabalhar naquele que seria o seu álbum de estreia, “Amongst The Catacombs Of Nephren-Ka”, uma excelente proposta que lhes proporcionou uma tour mundial com os Mor-bid Angel.

Depois de diversos lançamen-tos, 2009 vê o lançamento da última proposta da banda até à data, intitulada “Those Whom The Gods Detest”, que se defi-ne como um ataque maciço de Death Metal combinando tudo aquilo a que a banda já nos havia habituado: brutalidade implacável, mitologia egípcia, interlúdios do Médio-Oriente e duelos de guitarra incríveis. Este é um grande destaque na dis-

cografia dos Nile, bem como na cena atual do Death Metal. Este disco foi editado pela Nuclear Blast Records.

No ano o DVD “Making Things That Gods Detest” é lançado, contendo um documentário, um videoclip e alguns momentos em estúdio e em tour.

Na compilação “Oriental Metal Vol. 1” participam com o tema “Kaffir”.

Editora: Nuclear BlastSite: www.nile-catacombs.net

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Alpha Noir/Omega White, as duas partes de MOONSPELL formam o todo da dimensão humana. Longe de se excluir, acolhem-se. Musicalmente é um álbum inspirado que dá corpo a conceitos e ideias que desenvolve com fluidez sem perder a sua estrutura e algum mistério. Usa a realida-de e o mito com mestria e envolve-nos sempre profundamente. Fernando Ribeiro falou-nos um pouco das ideias por trás da música.

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Alpha Noir, Omega White são títulos que transportam uma cer-

ta atmosfera e que se impõem em dualidade, quase numa oposição Yin/ Yang. Foi nessa perspetiva que os criaram?Acredito que a nossa perspetiva possa ser interpretada por uma data de conceitos e simbolismos que existam nas religiões e cul-turas, mas isso não quer dizer que tenham estado na origem das nossas ideias. O que se pro-curou com Alpha e Ómega, musi-calmente falando, foi dividir Mo-onspell nas suas duas metades e estendê-las cada qual sobre a sua luz com um muro invisível entre as duas. Este disco duplo é manifesto da nossa fome em nos representar a nós, enquanto criadores, o mais possível antes de chegarmos às contas públi-cas. Ter ambas as naturezas da nossa música contempladas, cada qual sobre a sua luz foi o que procurámos fazer. Lirica-mente o Alpha fala de uma es-pécie de recomeço, do abando-nar progressivo, por exclusão da partes, das direções que nos são dadas todos os dias por homens que são menores. O Noir diz-nos que esse começo não será fácil. O Ómega é o abrigo das nossas

emoções mais pessoais, pessoas que partiram, desejos que não realizámos. É White porque pro-cura a mesma paz que se encon-tra quando murmuramos algo a alguém, algo que não consegui-mos calar.

Ainda assim, a face mais visí-vel e dominante continua a ser “noir”. O lado negro tem mais poder?Depende. Pessoalmente vejo o Alpha como um disco mais mo-tivacional, que alerta para o pe-rigo do conformismo e da perda do individualismo que nos ca-racteriza enquanto ser humano. Não adianta ir à manifestação na rua se de seguida vamos para o café vadiar. Sempre trabalhámos o lado solar e lunar das coisas e há continuidade neste novo dis-co. O lado que tem mais poder é o fator humano que alberga am-bas as nossas naturezas, é desse que falamos e não de uma apo-logia de um pretenso lado negro e do seu poder estelar. Falamos sim de uma plenitude que o aco-lhe.

A capa de Seth Siro Anton é uma obra de arte cheia de subtileza e poder. Os cisnes evocam as emoções por trás

do “lago dos cisnes” (cisne branco/cisne negro)?Nunca nos ocorreu essa com-paração apesar de ser a segun-da vez que nos perguntam so-bre isso. Eu e o Seth pensámos neste design juntos e trocámos muitas coordenadas filosóficas e culturais mas nem por uma vez mencionámos o lago dos cisnes. Em todo o caso todo o nosso trabalho é simbolista, e o Seth encarna essa tendência no seu trabalho. Ele tem sempre carta branca para apresentar o seu grafismo e também eu vejo imensa coisa que provavelmen-te nem lá está, só na minha ca-beça, desde as figuras na capa que ninguém sabe se vão beijar ou atacar, até à Deusa prostituta da Pérsia que aparece muitas ve-zes no Ómega e que me lembra sempre uma estátua que encer-ra um jazigo no Alto de S. João que o Seth nunca visitou. Arte é interpretação, felizmente.

O lobisomem continua a ser um mito fascinante no nosso imaginário?Para nós, obviamente. Repre-senta o nosso contacto com um animal que nos pode ensinar muito a nível de comportamen-to em grupo sem nunca deixar

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a sua individualidade selvagem. Os mitos mundiais são férteis mas em Portugal também temos a nossa quota parte de skincraw-lers ou shapshifters, nas aldeias de Trás-os-Montes, nas encruzi-lhadas minhotas. Acima de tudo é uma história, esta canção, uma apropriação de um mito ou fá-bula com uma moral: a de que gostamos do que gostamos e a de que somos o que somos, re-cusando a salvação de uma so-ciedade conservadora como a Portuguesa, onde até pessoas que ouvem o mesmo estilo de música que tu, passam a vida a moralizar e a tentar indicar-te o caminho.

Como surge a colaboração com o realizador Filipe Melo?Já tínhamos trabalhado com o Filipe exatamente há dez anos no teledisco do I will see you in my dreams. Liguei-lhe e ele aceitou de imediato. O tema prestava-se a uma aproximação mais clássica, sem CGI, ou chro-ma, com atores, cenário, planos coreografados. Toda essa ener-gia e essas ideias vieram do Fi-lipe que aproveita também para homenagear as suas influências cinematográficas. Do que vi do teledisco que estreia em final de

abril devo dizer que se fez um pe-queno filme, algo que pelo seu carácter apaixonado e pelo que toda a gente pôs, com sacrifício, em 20 horas de rodagem segui-das, que terá um impacto gigan-te e que será muito importante também para levar este tema e este disco ainda mais longe.

Porque optaram pela língua portuguesa na música “Em nome do medo”?Teve uma relação direta com o projeto que eu, o Pedro Paixão e o Sidónio dos Bizarra fizemos para a Optimus Discos com a poesia do Miguel Torga, o Orfeu Rebelde. Foi uma experiência passageira mas que deixou al-gumas marcas, em especial pela utilização do Português num registo mais duro. O desafio foi trazer tudo isto para o universo do Alpha mas desde que ouvi o instrumental deste tema que soube de imediato que uma le-tra simples mas sentida e sobre-tudo inteligível em Português tornaria este tema mais forte e, na minha opinião, um dos me-lhores do disco.

Podes falar um pouco sobre “Opera Carne”?É um tema que reflete bem a in-

fluência Thrash que trouxemos, não por o Thrash ser popular outra vez, mas para emprestar Dinâmica e frescura aos nos-sos temas. Esse riff inicial entra harmoniosamente com uma at-mosfera bem mais Moonspell e também é um tema que nos agradou muito quando o fina-lizámos. A letra remete para a obra da carne, para as decisões baseadas na luta entre o dese-jo e a razão e como as frontei-ras entre ambos se desvanecem mais vezes do que nós alguma vez pensaríamos...

E o amor, é mesmo uma blas-fémia?No sentido dessa canção sim. Ela evoca a entrada de Cristo numa cidade que antes dessa visita estava bem, vivendo, lutando, amando, na nossa luta quotidia-na entre bestialidade e neces-sidade de superação. O mensa-geiro do amor chegou e cidade ficou devastada.

“Sine Missione” é uma belís-sima composição. Marca a transição para “Omega Whi-te”?Trabalho dos músicos, Pedro Pai-xão à cabeça. Acredito que mar-que mais o fim do Alpha do que

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uma transição. É definitivamen-te uma música de saída e lem-bra-me o trabalho feito no Me-morial com Proliferation. Acho que saiu bem melhor do que muitas bandas que confiam na orquestra para lhes dar grande-za mas esquecem-se que origem está sempre na dedicação e ima-ginação posta na composição. É uma música que marca a saída da arena que é o Alpha.

Jean Rouch fez um documen-tário chamado “Alpha Noir”. Existe alguma relação com o vosso “Alpha Noir”?Não conheço o Jean Rouch nem o seu trabalho. Também vi na In-ternet, depois de me ocorrer o título, só para verificar que ne-nhuma outra banda o tinha. Mas não, nenhuma relação.

Como conheceram Tue Mad-sen? Trabalhou connosco no Under Satanae e depois no Night Eter-nal. É uma pessoa excelente, com uma paciência e dedicação que só rivaliza com o seu talento. Foi um trabalho duro e intenso nestes dois discos mas acho que também ele ficou apaixonando pelo desafio de ter texturas e sons diferentes para o disco. Fez

um trabalho excelente e conti-nuamos a contar com ele.

A música é mais poderosa quando apoiada num concei-to? Para mim, música que não sirva um conceito, uma história para contar, um sentimento que se estruture na letras e canções, não entra no meu radar. Mo-onspell terá sempre um concei-to que explorar nos seus discos. Quando essa fonte secar, a ban-da para e morre. Toda a música que ouço é conceptual, entre os meus discos preferidos esta-rão sempre discos como Abigail (King Diamond) ou Hammerhe-art (Bathory).

Com que perspetiva encaram o concerto de 12 de maio no Campo Pequeno?Com a expectativa de dar mais um passo e apresentar no nos-so país um espetáculo em gran-de, sem medo de falhar, sem preconceitos e mostrar onde os Moonspell chegaram apesar de todos os obstáculos e das vozes negativas. Estamos já a traba-lhar intensamente para que se reúnam as condições todas para uma noite em que os nossos fãs, quem realmente acredita e

gosta de ajudar os Moonspell a chegar mais longe tenham todos uma experiência com que nos possamos motivar ainda mais e claro orgulhar.

Que diferenças encontram entre o público português e o público estrangeiro?Os públicos são todos diferen-tes. Até de cidade para cidade, quanto mais de país para país. O nosso tem as suas qualidades e os seus defeitos tal como todos os outros, tal como as bandas que vão ver, Moonspell incluído. Mas, na verdade, é com orgulho que vejo que Moonspell já tem um público em Portugal que nos quer ver, comprar os nos-sos discos, sem queixume, sem compromissos, sem se acharem mais ou menos por isso. A esses agradeço profundamente.

Entrevista: Mónia Camacho

Fotografia:Paulo Moreira

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“Lions Among Men” é a nova proposta dos nacionais The Firstborn. Estivemos à conversa com o vocalista Bruno Fernandes, que partilhou connosco alguns pormenores relacionados com esta fantástica edição!

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Parabéns pelo novo disco! Parece-me que com esta nova proposta os The

Firstborn encontraram um bom equilíbrio entre a sono-ridade e a temática do mesmo. Fala-nos um pouco deste pro-cesso... “Lions Among Men” foi algo difícil de se fazer?Muito obrigado, e devo dizer que concordo em absoluto relativa-mente ao equilíbrio conseguido. Quanto ao processo, talvez subs-tituísse o “difícil” por “moroso”... embora o trajeto estivesse já bem delineado, a nossa escrita não é de todo estanque e continua a en-volver uma grande percentagem de tentativa e erro, o que envol-ve demasiadas variáveis para que consigamos estipular um prazo verosímil para dar por concluído um tema, quanto mais um disco. Ainda assim, o conceito está cada vez mais consolidado, o que nos confere uma base de trabalho bastante sólida, em claro contras-te com o passo no escuro que foi, por exemplo, o «The Unclenching of Fists». Procuramos, obviamen-te, que essa mesma pedra basilar não se torne numa condicionan-te que nos conduza à estagnação criativa.

Em “Lions Among Men” o bu-dismo está mais uma vez pre-sente nas vossas letras e na própria energia da música com que nos brindam. Escolheste alguma doutrina ou escola em particular para as letras?

Para este «Lions Among Men» baseei-me bastante na escola Mahayana, o “Grande Veículo” da filosofia Budista. Esta engloba uma míriade de doutrinas diver-gentes e até antagónicas, mas to-das partilham o mesmo princípio base: a Iluminação como benefí-cio de todos os seres, e não ape-nas do indivíduo. É curioso que refiras a questão da energia con-tida na música, foi precisamente um dos pontos em que mais insis-timos ao longo da composição do disco... que cada nota transmitis-se uma energia condizente com a mensagem veiculada nas letras. Fico muito satisfeito ao constatar que, em maior ou menor escala, o tenhamos conseguido.

Dirias que vocês são uma ban-da de ambiente, no sentido em que depositam imensos tipos de energia nas vossas compo-sições? Como é que consegues transmitir este ambiente e este feeling através da música?Como disse, foi algo intencional. Neste disco, não bastava que o riff fosse bom ou que a ponte so-asse bem... era imperativo que nos transmitissem algo paralelo ao conteúdo das letras, para que assim funcionassem como um todo. Foi, aliás, um dos nossos objetivos para o «Lions Among Men» – que todos os elementos interagissem entre si como par-celas de um todo homogéneo e coeso.

Como é, para uma pessoa es-piritual como tu, viver num Mundo cheio de regras?Mais que uma “pessoa espiritual”, considero-me um membro da so-ciedade e procuro viver como tal. As regras existem desde sempre, e não deixa de ser curioso consta-tar até que toda a religião acaba por ditar, ainda que veladas, as suas regras para o comportamen-to do Homem em sociedade... que são os Dez Mandamentos bíblicos senão um conjunto de regras primordiais? O próprio Co-rão foi revisto, transformando-se gradualmente em guia de condu-ta social, sendo adaptado pelos poderes seculares para assim fa-cilitar a transmissão dos códigos de conduta que pretendiam in-cutir ao seu povo. Ou seja, até a própria espiritualidade acaba por ser subvertida à necessidade de imposição dessas regras elemen-tares, sendo que nas primeiras ci-vilizações as fronteiras entre o se-cular e o temporal eram, também por isso, muito ténues. As regras permitem-nos funcionar em so-ciedades gregárias, e pensar que é possível fazê-lo de outra forma é, infelizmente, mera utopia. Isso não me impede de cultivar a es-piritualidade no meu quotidiano, no entanto – pelo contrário, até reforça essa necessidade.

Este álbum foi gravado no MDL Estúdios e, segundo li, o período de gravação foi algo longo. Porquê? E estás satis-

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feito com o resultado final?O resultado não poderia ter sido mais satisfatório, o André Tavares fez um trabalho exemplar e teve uma paciência quase infinita para o nosso perfeccionismo... que foi uma das razões para o processo se ter arrastado durante aproxi-madamente seis meses. Outro dos fatores a considerar foi o fac-to de esse período ter sido pontu-ado por várias pausas, não foram seis meses efetivos de trabalho. Ainda assim, foi um trabalho mo-roso mas gratificante, e resultou num álbum que ainda hoje nos satisfaz plenamente e cujo som tem sido amplamente elogiado por todos.

Fala-nos um pouco do títu-lo escolhido: “Lions Among Men”...“Lions Among Men” é uma das designações, na tradição Budis-ta, para os bodhisattvas (aque-les que estão no caminho para a Iluminação). Pessoalmente, creio que todos temos o potencial de nos tornarmos esses mesmos “leões entre homens”, se apren-dermos a dar valor ao que é re-almente importante e deixar de parte o supérfluo e o inatingível. Aprendamos a apreciar o que te-mos e quem somos, e estaremos no caminho para sermos pessoas mais felizes e sábias, o que para

mim corresponde claramente a um estado mais “iluminado”.

“Lions Among Men” teve edi-ção a cargo da Rastilho Recor-ds. O facto de terem assinado por uma editora nacional vai condicionar a vossa exposição no mercado internacional ou este tipo de barreiras já são coisa do passado?Creio serem, como dizes, cada vez mais uma coisa do passado. Com a banalização do e-commerce e da plataforma digital as frontei-ras físicas tendem a esbater-se e as pessoas compram a música de que gostam, venha ela de onde vier. Obviamente seria mais sim-ples chegar ao público estando numa das grandes editoras ale-mãs ou americanas, mas a Rasti-lho tem vindo a fazer um ótimo trabalho de promoção pelo que creio termos feito a escolha acer-tada. É uma editora que prima pelo ecletismo do seu catálogo e por um vincado sentido de perse-verança (ou teimosia, consoante a perspetiva), e encontro nesses fatores um claro paralelo com aquilo que é também a essência de The Firstborn.

O que se segue para os The Firs-tborn? Alguma ação na estra-da, presumo...Haverão certamente alguns con-

certos de apresentação deste «Lions Among Men», mas para já a única data confirmada é no próximo dia 29 de abril, na 15ª edição do SWR Barroselas Metal-fest. Primaremos pela qualidade dos espetáculos (ou assim ten-taremos) e não pela quantida-de, portanto se tiverem alguma curiosidade em ver como soa este «Lions Among Men» ao vivo, não deixem para depois. Aproveito para anunciar que temos os nos-sos últimos três álbuns, «The Un-clenching of Fists», «The Noble Search» e «Lions Among Men», disponíveis para download em alta qualidade na nossa página no Bandcamp. Pagam o que en-tenderem, se quiserem deixar um contributo para apoiar a banda será ótimo, mas mesmo que es-colham levar os discos sem pagar preferimos que o façam através de nós, ao invés de recorrerem a um qualquer site de qualidade duvidosa (em que os mp3 estão frequentemente demasiado com-primidos e mal editados)... assim poderão ouvir os álbuns como nós pretendemos que o sejam: claros, orgânicos e poderosos.

Entrevista: Joel CostaFotografia: Viral Propaganda

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Depois de terem conseguido bom tempo de antena com o lançamento de 2009 «Ruination», os norte-americanos JOB FOR A COWBOY estão de volta com «Demonocracy», um registo poderoso e muito completo que traz consigo tudo aquilo que a banda foi capaz de dar. Falamos com o vocalista Jonny Davy a respeito do novo registo.

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Parabéns pelo vosso novo trabalho. Para mim, “Demonocracy” é

o álbum mais completo que os JOB FOR A COWBOY algu-ma vez fizeram. Como vês este novo disco? Dirias que “De-monocracy” foi melhor con-seguido que “Ruination”? Sem dúvida! Acho que posso afirmar que se ouvires os dois álbuns em contraste um com o outro, vais conseguir ver uma grande diferença em termos de maturidade. Estivemos imenso tempo à volta deste disco e estamos muito orgulhosos do mesmo.

Fala-nos um pouco do con-ceito de “Demonocracy”... Em que se inspiraram para criar as novas músicas? As letras mantêm-se idênticas ao que fizeram nos traba-lhos anteriores?As letras têm uma atitude mui-to política, tal como foi visível no “Ruination”. Nos géneros musicais extremos, as bandas têm a tendência de cair sem-pre nos mesmos estereótipos, como por exemplo violência, morte, zombies... Acho que já

percebeste a ideia. Sempre res-peitei bandas como os Napalm Death ou os Misery Index, que escrevem sobre a realidade e os verdadeiros males do nosso Mundo.

Qual a história por detrás da personagem da artwork? O que é que esta figura meta-de-humana / metade-cabra significa para vocês?É um tributo aos Iron Maiden e ao “Eddie” que está sempre re-lacionado com a artwork deles.

Atingiram todos os objeti-vos propostos com “Ruina-tion” (2009)?Gostaria de acreditar que sim. Esse ciclo foi muito divertido e foram provavelmente os me-lhores anos da banda.

Entre os lançamentos de “Ruination” e “Demono-cracy” lançaram dois EPs. Quão importantes foram es-tas edições para os JOB FOR A COWBOY?Honestamente, não tão impor-tantes como os nossos full-len-ghts. Só gravamos os EPs para nos divertirmos.

Na tua opinião que papel teve Jason Seucof (produ-tor) no processo de cresci-mento da banda?Respeitamos muito o Jason. Quando estamos no estúdio dele vêmo-lo como o sexto membro da banda. Respeita-mos muito a sua opinião e as suas ideias.

De momento encontram-se em tour. Como estão a cor-rer as coisas?Muito bem e com muitos bons momentos. Já somos grandes amigos de todas as bandas!

Gostarias de dizer algo aos fãs Portugueses?Ouçam o nosso novo álbum, “Demonocracy”! Mostrem aos vossos amigos!

Demonocracy saiu no dia 6 de

Abril pela Metal Blade Records.

http://www.facebook.com/jobforacowboy

Entrevista: Joel CostaFotografia: Tom Couture

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O trono permanence ocupado e o espírito reinante continua a ser Satã. «Obsidium» é o novo álbum de Enthroned que mantém a sua identidade intacta.

Podemos falar um pou-co da escolha de “Obsi-dium” para o título des-

te novo álbum?Nornagest: Obsidium repre-senta duas coisas. Por assim dizer os dois lados da mesma moeda: Bloqueio, uma posição do ponto de vista militar e ao mesmo tempo, conquista e sa-bedoria dentro deste facto, de um ponto de vista oculto. A es-colha deste conceito é por isso óbvio para nós.

O ideal satânico ainda é uma influência para Enthroned?Sim, e será sempre já que é o que somos, e a razão de existir de Enthroned.

Qual foi a primeira música a ser criada para Obsidium?Deathmoor.

Pode falar-nos da música “The Final Architect”?“The Final Architect” é um títu-lo sobre a definição do ser no

decorrer de algumas experien-cias e o resultado disso através da destruição de alguns obstá-culos específicos e desafios que nos conduzem ao homem em que nos tornamos.

A voz é muito importante no resultado final da persona-lidade deste álbum. Tiveram isso em consideração ao criar a música ou foi algo que surgiu apenas com a in-terpretação?

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A voz é muito importante, tal-vez mais importante do que os outros instrumentos, já que é o meio pela qual a mensagem, os sentimentos e a aura da banda se tornam uma realidade. Por isso, é óbvio dizer que é o ele-mento que lidera em qualquer tipo de música feita com alma e coração.

Na última faixa a voz é cla-ra e as palavras declamadas, porquê esta mudança na vo-calização face ao resto do disco?Deve-se ao conceito contido na letra, a dualidade pela qual um ser tem de passar para se en-contrar. Ser o caçador e a presa. Neste caso a presa porque nos referimos a um personagem cristão que tenta encaixar-se aos olhos dos outros, alegando fidelidade ao oculto, mas claro que falha porque é fraco. Isto de uma forma genérica, porque a ideia é mais profunda, claro.

A bateria foi sempre um ins-trumento emblemático na banda. E este álbum mostra que mantém o seu lugar pre-ponderante na estrutura musical. É influência de le-gado? Ou é a personalidade musical de Garghuf que vem ao de cima.O Garghuf tem o seu próprio toque e as suas ideias, todos os

bateristas tiveram. Esta é uma regra elementar em qualquer banda deste género, diria eu. Por isso não é algo que Enthro-ned esteja a fazer a um nível específico, mais do que com as guitarras ou o baixo ou outra coisa. Tudo é importante.

A banda já não tem nenhum dos seus membros fundado-res. Porquê manter a banda em vez de criar uma nova?Porque a força criadora que tem feito, composto o princi-pal conceito, música e tudo o mais em Enthroned nos últimos 17 anos, ainda está presente. O que importa se os membros originais já lá não estão se o criador daquilo em que Enthro-ned se tornou ao longo de 20 anos ainda lá está? E porquê criar uma banda nova se a mú-sica e o conceito continuam os mesmos?

Diz-se da vossa banda, que faz Black Metal inteligente. O que é para vós a inteligên-cia na música?Eu pessoalmente nunca disse isso, mas para mim a música inteligente é aquela que é fei-ta com honestidade com base numa relação musical e numa combinação de dois níveis per-feitos de osmose. Uma banda que faça o que tem de fazer sem tentar encaixar-se ou trair

o que são por outras razões que não sejam aquelas pelas quais se juntaram.

A vossa banda tem um certo ar cénico. A imagem dos mú-sicos é importante no con-ceito da banda?Claro, porque mostra quem somos e quem sempre fomos. Não usamos fantasias, apenas acrescentamos alguns elemen-tos como a tinta para conferir elementos ritualistas às nossas cerimónias, tal como faríamos em rituais privados.

Tocar ao vivo é também um dos vossos pontos fortes. Querem partilhar algo re-lativamente à tour deste ál-bum?Estamos a trabalhar nela, algu-mas datas já estão planeadas para a Roménia e para o Rei-no Unido e estamos a agendar tours para a Europa e para o outro lado do atlântico breve-mente.

Entrevista: Mónia Camacho

Fotografia: Sure Shot Worx

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O prolífero Valkus Valkiria resolveu parar para respirar e aprimorar o produto final a todos os níveis. A Infektion teve o privilégio de conversar com o mentor do projeto que nos explicou o que mudou em “Here the Day Comes”.

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Como apresentarias “Here the Day Comes” aos leitores da In-fektion? Trata-se de um álbum conceptual?Sim, é. O conceito do novo álbum é baseado num único dia, em que cada canção corresponde a um período definitivo da vida. Come-cei por compor uma única canção, bastante longa, e, em seguida, dividi-a nas sete faixas que se po-dem encontrar no CD, cada uma delas relacionada com um mo-mento do dia e da vida. O concei-to final é representativo do quão efémera é a vida. Cada dia que vivemos poderia ser sintetizado num dia longo, o que não significa que no nosso ponto de vista “car-pe diem”, mas simplesmente: seja paciente, vida terá acabado antes que possas ter dado conta.

Desta vez demoraste três anos a lançar o álbum. Quais foram as razões?Fomos muito prolíferos nos úl-timos cinco anos, produzindo quatro álbuns e uma demo. Isso deveu-se principalmente ao fac-to de em 1998 termos iniciado uma pausa que durou oito anos e, em seguida, era natural que rea-gíssemos desencadeando todas as nossas energias criativas que estiveram comprimidas por tan-to tempo. Depois de lançarmos o “Upon this Earth” era tempo de podermos respirar um pouco, considerando o que foi feito e o que ainda poderia ser feito.

Pela primeira vez, Valkiria gra-vou com um baterista verdadei-ro. Qual a razão da escolha de Giuseppe Orlando (dos Novem-bre), que também misturou o álbum?Sempre admirámos o estilo dele porque é único. A bateria progra-mada foi nossa opção por muitos anos, e só um baterista talentoso como ele poderia fazer-nos mudar de opinião. Ele é definitivamente o baterista perfeito para a nossa música. O facto de que temos gra-vado no seu estúdio significa que ele é também um excelente enge-nheiro de som.

Depois de terem ganho noto-riedade no underground, com quatro álbuns autofinancia-dos, finalmente são editados pela Bakerteam Records. Como foi o vosso acordo? Em que as-petos este contrato pode fazer evoluir a música de Valkiria? Sempre fomos uma banda não conformista, optando por nunca nos amarrarmos a uma editora até ao ano passado. Mas depois de “Here the Day Comes” decidi-mos fazer mais em termos de pro-moção, porque seria lamentável se este álbum não atingir o maior número possível de ouvintes. A Internet foi nosso único canal de promoção até agora, por conse-guinte, entrámos em contato com algumas editoras e a Bakerteam foi aquela com a melhor propos-ta. A única diferença do passado é que estamos a aumentar a nossa

visibilidade, o que não vai mudar nada em termos de abordagem musical.

Desde a vossa formação, em 1996, muita água correu. Em 2012, podemos considerar que se estão paulatinamente a afas-tar de um projeto a solo de Valkus Valkiria para se torna-rem numa banda completa? Comecei como um projeto a solo, mesmo que era essa a minha in-tenção. Outros músicos capazes são sempre bem-vindos. Como tal, estamos dispostos a adicionar outros membros permanentes à banda, porque acreditamos que, por vezes, sermos dois é um limite mínimo.

Tornar Valkiria numa banda ao vivo é um passo natural?É uma ideia que nos atrai muito. Tocar ao vivo seria excelente, in-felizmente, as dificuldades são muitas. A oportunidade de fazer uma tournée decente não surge ao virar da esquina. Além disso, hoje torna-se cada vez mais difícil cobrir mesmo que apenas parte dos custos de uma tour. Acho que podemos apenas trabalhar e es-perar que alguma coisa boa possa acontecer, que nos permitirá su-perar todos os obstáculos.

Para o novo álbum, houve a preocupação em que a grava-ção, produção e mistura signi-ficassem um passo em frente? Fizemos as coisas corretamente

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desta vez para que o resultado fi-nal fosse um trabalho profissional. Misturámos e gravámos a bateria no estúdio Outersound. Confiá-mos a mistura ao Jens Bogren que hoje em dia é um dos melhores produtores de Metal na Europa. E estamos muito satisfeitos com o resultado final.

Outra mudança notória foi vosso cuidado com a imagem e artwork, reforçada pelo belo videoclip que fizeram para “Sunrise”. Como foi o processo de criação visual para este dis-co?Originalmente, eu criei uma capa com um monte de imagens cola-das a representarem uma espécie de cemitério com algumas criatu-ras em sofrimento. Mas como não estávamos satisfeitos com o re-sultado final, decidimos alterá-la. Foi então que encontrei a imagem ideal na internet, pela qual me apaixonei.As cores são lindas e bastante in-tensas, a luz que é filtrada só pode ser a do amanhecer, que é exata-mente o mesmo estado de espíri-to do conceito do CD.O vídeo sintetiza parte do concei-to: “Sunrise” é a juventude mas-culina, que é mostrada pela meni-

na que quer saber a verdade e fica chocada, e que só vai encontrar a paz quando voltar para a água, o que representa o conhecimento e a sabedoria e também o fim, por-que quando estes são plenamente atingidos: então chega a morte.

Sinto que o som de Valkiria cresceu de forma bastante sig-nificativa, de uma abordagem mais Black Metal (no início) para um Dark Epic/Gothic Me-tal – se bem que sempre focado na atmosfera. Como explicas essa evolução e o denominador comum da “atmosfera” sempre presenta na vossa música?A música é emoção e isso gera at-mosfera que é obviamente dife-rente dependendo da sensibilida-de do ouvinte. A atmosfera criada por Valkiria destina-se a levar o ouvinte a uma dimensão diferen-te, para escapar da opressão des-te mundo.

Provavelmente muitas pessoas comparam o vosso som com Katatonia, especialmente na era “Brave Murder Day”. Mas consigo identificar também uma faceta emocionalmente forte bem mediterrânica, que, por exemplo Novembre também

tem. Quais são as vossas princi-pais influências hoje em dia?Nós somos influenciados por mui-tas bandas e as que mencionaste tiveram um papel muito impor-tante, sem dúvida. Quanto ao som mais mediterrânico, pode tratar--se de uma influência inconsciente pelo facto de ter nascido no sul de Itália, mas, em geral, não concor-do com aqueles que relacionam um género musical com uma área geográfica específica. Acontece também que muitos músicos ten-dem a inserir soluções específicas (instrumentos tradicionais ou vo-calizações...) na sua sonoridade, forçando uma ligação música-ter-ritório, mas na minha opinião, a maior parte das vezes, o resultado não é espontâneo.

Algumas palavras finais?Obrigado pelo apoio e espero po-der vir a tocar no vosso país em breve.

Entrevista: José Branco

Fotografia: Bakerteam Records

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“Misery Wizard” é o álbum de estreia dos norte-americanos Pilgrim. Falamos com o vocalista e guitarrista The Wizard sobre este novo e aliciante projeto.

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Parabéns pelo vosso álbum de estreia. O que pensas em rela-ção a este novo lançamento?

Obrigado. Estamos aliviados por final-mente o termos editado.

Porquê “Pilgrim” (peregrino)? Consideram-se como peregrinos na cena Doom Metal?Sim, somos peregrinos tanto na cena Doom Metal como na nossa jornada pela vida juntos como amigos.

Lançaram um EP e um Split antes de “Misery Wizard”. Quão impor-tantes foram estas edições para a banda e para os vossos seguido-res?Foram bastante significativas. A demo tape foi algo excitante pois nunca tí-nhamos lançado a nossa música em formato físico. O split também foi algo muito bom de se fazer porque gostamos muito de Ice Dragon, tanto da música como deles enquanto pes-soas. Queríamos que esse Split repre-sentasse a amizade entre as nossas bandas e acredito que represente.

Gravaram a vossa primeira demo sem o Count Elric no baixo. Até que ponto é que ele se tem envol-vido no processo de composição?Todas as músicas neste disco foram criadas antes do Elric se ter juntado à banda, por isso tem-se envolvido muito pouco. No entanto, no nosso próximo disco, vamos mostrar algu-mas das suas habilidades na compo-sição!

Qual é a tua abordagem favorita para escrever as letras? Quais são os teus temas prediletos?Demonologia, espadas e feitiçaria, aliens, conspirações, a merda do noss mundo... coisas deste género. São como filtros para aquilo que eu tenho a dizer.

Este álbum oferece-nos alguns ri-ffs de guitarra muito bem conse-guidos. Estás satisfeito com esta performance em particular?

Sim, estamos todos muito contentes. O disco acabou por não sair exata-mente como queríamos, mas apren-demos a gostar dele.

O que te deixa mais orgulhoso em “Misery Wizard”?O facto de termos conseguido termi-ná-lo!

Este álbum tem um som muito solto! Foi essa a intenção? Pas-sar para o estúdio aquilo que são quando tocam ao vivo?Não era esse o objetivo, mas acabou por se desenvolver dessa forma. Es-tavamos em estúdio sob o efeito de anfetaminas e o Krolg estava doente, com gripe ou uma coisa assim, e en-tão fizemo-nos ao trabalho à veloci-dade da luz até que passado uns dias foi tipo “Foda-se, acabamos. Fixe!”. Ainda bem que tivemos um produtor para nos ajudar.

O dia-a-dia dos membros da ban-da tem algum peso na música que criam?Um pouco, não muito. Talvez no sen-tido em que somos pessoas muito miseráveis. Tentamos não o ser mas é difícil quando o teu mundo é repug-nante.

No teu entender, o que mudou na cena Doom Metal?Não gosto de falar de cenas musicais. Sou demasiado novo e inexperiente, pelo que não sei absolutamente nada de cenas musicais.

Fala-me dos vossos planos... Pode-mos contar com uma tour Euro-peia este ano?Sim. Vamos estar em Copenhaga no festival Heavy Days in Doom Town e depois em Oslo com algumas bandas cujo nome não me ocorre de momen-to (risos).

Entrevista: Joel CostaEditora: Metal Blade

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Os Sanctus Nosferatu são uma banda açoriana de black/death metal e lançam agora o seu primeiro longa-duração, “SAMCA”, um assalto explosivo de black/death metal. O baixista Nuno Carreiro, mais conhecido por “Terceirense”, esteve à conversa com a Infektion.

A banda aparece em 2002. Como se juntaram?A banda forma-se em 2002

comigo e com o Hélder. Poste-riormente, aconteceram diversas entradas e saídas de elementos até à formação atual. Fico extre-mamente feliz por ter na banda

os dois guitarristas com quem co-mecei a dar os primeiros acordes. A entrada da Camila trouxe-nos singularidade e mais melodia, ao passo que a entrada do Nuno Cos-ta permitiu-nos uma maior veloci-dade de execução e Groove.

Porquê o nome “Sanctus Nos-feratu”?O nome tem por base a mitologia vampírica, assentando no Clã Nos-feratu. O termo “Sanctus” surge para conferir maior grandeza ao nome, pois as nossas letras re-latam o início do domínio do clã

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Nosferatu sobre os restantes clãs.

Um facto original na banda é o da voz da banda ser do sexo feminino, capaz dos mais terrí-veis guturais, mas também de uma beleza melódica e limpa. Isto traz alguma caraterística diferenciadora em relação às outras bandas de death/black metal?Este facto permite-nos, sem dú-vida, dispor de mais soluções em termos de composição musical (relativamente à conciliação da melodia com a agressividade, não só a nível instrumental mas, tam-bém, a nível vocal) e imagem da banda.

Quais são as vossas principais

influências musicais?As nossas principais influências são Cradle of Filth, Dimmu Borgir, Iron Maiden, Hecate Enthroned, Immortal, Slayer e Death.

Por serem das ilhas, têm mais dificuldade em se mostrar ao mundo? Existe, de facto, mais dificuldades em meios mais pe-quenos?Uma das principais dificuldades sentidas aqui em São Miguel é o pequeno número de eventos mu-sicais direcionados para o metal, resultando numa menor rotativi-dade em palco, que aliada à nossa localização geográfica, pois de-pendemos de um meio de trans-

porte aéreo para tocarmos fora dos Açores, implica um aumento exponencial dos custos. Por incrí-vel que pareça, sai mais barato trazer a Lisboa uma banda, por exemplo, alemã com nome firma-do no metal do que uma banda underground açoriana. Parece ri-dículo, mas é a realidade num país que se diz democrático mas que mantém monopólios absurdos como a SATA. Relativamente a ou-tras formas de promoção enquan-to houver internet está ok (risos).

Que pensam do estado atual do metal em Portugal, e do death/black, mais propriamente? Atualmente, existe em Portugal um leque relativamente signi-ficativo de bandas de enorme

qualidade, qualidade essa não só demonstrada “dentro de portas” como no estrangeiro, nomeada-mente W.A.K.O., Corpus Christii e Switchtense.

Passados 10 anos, lançam o primeiro álbum. Não é tempo demais? Teve a ver com as cons-tantes mudanças no princípio da formação? Um dia alguém disse: “Tens todo o tempo do mundo para lançares o primeiro álbum. Depois desse é que já não se sabe”. Sou sincero em afirmar que ninguém queria que o primeiro registo surgisse 10 anos após a formação da banda, mas diversos imprevistos apare-

ceram. Daí a demora. Contudo, não pensamos sobre isso. Esta-mos concentrados na promoção do álbum, em fazê-lo chegar ao maior número de pessoas possí-veis e tentar firmar o nosso nome no metal nacional. Posteriormen-te, outros objetivos surgirão. Esta-mos bem cientes do longo e árduo trabalho que temos pela frente.

Qual é o balanço desta primei-ra década de existência?O balanço terá que ser necessaria-mente positivo, senão a banda já não estaria no ativo. Participamos em algumas compilações, ven-cemos um concurso, tocamos ao lado de algumas bandas do nosso gosto pessoal, mas isso pertence ao passado. Com o lançamento

deste álbum, uma nova fase irá iniciar-se e é nessa que estamos super concentrados.

Existem diferenças entre a vos-sa promo “Revelation” e o “SA-MCA”. Porquê a mudança de so-noridade?A alteração da sonoridade deve--se, numa primeira instância, à evolução natural dos membros da banda, quer a nível técnico, como a nível de preferências musicais. Tornámo-nos uma banda mais sólida com uma sonoridade mais à nossa imagem e com maior con-sistência.

Quem é o principal compositor

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das letras? Porquê os temas da mitologia vampírica?Como principal compositor das letras e, tendo eu por base o bla-ck metal, principalmente Cradle of Filth, em termos líricos o vam-pirismo é uma temática por mim explorada há diversos anos. Feliz-mente a mesma enquadra-se com a sonoridade da banda.

E todos participam na compo-sição das canções? Como as constroem?Os temas são compostos de forma aleatória. Por vezes nos ensaios surgem riffs ou um dos elementos compõe um tema quando está em casa a tocar sozinho. Não temos fórmula para composição (risos).

O último tema do albúm, “Re-flection”, distingue-se de tudo o resto. Porque terminam de uma forma tão melódica?O objetivo primordial para o ál-bum terminar de forma tão me-lódica incide na reflexão sobre o mesmo, pois todos os temas estão inter-relacionados e gostaríamos que o ouvinte tivesse um momen-to calmo e relaxado para pensar sobre toda a luxúria, intriga, sen-sualidade e carnificina ouvida an-teriormente.

A capa do albúm foi uma su-gestão do autor ou um pedido vosso?Foi um misto de ideias entre o Martin e a banda. Estamos con-tentes com o resultado final. Um artwork direto que foca a perso-nagem central de toda a lírica do álbum SAMCA.

Estão satisfeitos com o produ-to final ou agora alteravam alguma coisa ao albúm?Estamos satisfeitos com o produto final. Alterar agora alguma coisa implicava também remover um pouco do sentimento implícito em algo que foi composto num deter-minado momento. Honestamen-te, não alteraria nada, mas confes-so que no futuro, as experiências vividas na composição e gravação de “SAMCA”, serão uma base sóli-da para o próximo trabalho.

E a seguir? Uma tour de promo-ção do álbum?Isso é o que estamos a tentar. Fe-lizmente, existem alguns contac-tos do continente mas que, infe-lizmente, esbarram por enquanto, nos elevados custos, como já re-feri anteriormente. Contudo, não é motivo para desmotivação, até pelo contrário. Sendo assim, datas

agendadas ai não temos, mas es-peremos em breve ter novidades.

Os membros da banda continu-am com projectos paralelos ou vão, agora, apostar mais nos Sanctus Nosferatu?Todos nós tocamos em outras bandas e isso não implica qual-quer tipo de desleixo. Portanto, continuaremos a trabalhar de igual forma como até agora.

Que esperam do futuro? Exis-tem planos?Como já referi numa primeira ins-tância, tentaremos promover o nome da banda junto do maior número de pessoas possível, tam-bém a elaboração de um video-clip, realização de uma tour de promoção do álbum e, posterior-mente, chamar a atenção de edi-toras/distribuidoras, já que “SA-MCA” será uma edição de autor. Aproveito também para agrade-cer à Infektion Magazine esta en-trevista e desejar a continuidade do excelente trabalho.

Entrevista: Ivan Santos

Fotografia: Sanctus Nosferatu

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O último volume da trilogia inicial de álbuns da banda italiana mostra uma sonoridade que extravasa os cânones do Gothic Doom Metal. O teclista da banda Francesco Sosto, ajudou-nos a dissecar “Second World”, um álbum que abriu espaço para mais atmosfera, mais impacto e mais sangue.

Second World” é um álbum conceptual e o último capítu-lo de uma trilogia. A ideia de

alargar o conceito a três discos surgiu em primeira instância ou evoluiu mais tarde?Bem, em geral, nunca partimos com essa premissa em mente, sempre que começamos a trabalhar num álbum - chegamos a um conceito à medida que as músicas e ideias vão surgindo. Só a partir do momento em que percebemos que tipo de atmos-fera está a ser criada é que ficamos com uma ideia mais concreta sobre a criação de um álbum conceptual. Foi assim para os dois primeiros álbuns, e também em “Second World”. O fac-to termos chegado a esta trilogia foi apenas uma consequência lógica da

evolução do nosso som.

E que evolução é essa? Quais as principais diferenças que conse-gues apontar em comparação com os registos anteriores?O “Second World” tem muitas se-melhanças com “Days of Nothing” e “Oionos” e acho que ainda vai mais longe, graças a novas opções e solu-ções que decidimos introduzir nestes dez temas. Há alguns momentos no álbum onde é possível sentir que a sonoridade ultrapassa os cânones do Gothic Doom Metal, por assim dizer. Mas tirando isso, é o bater do coração que faz a diferença neste álbum, mais do que nunca. Existe mais atmosfera, mais impacto e mais sangue, mas ao mesmo tempo certificámo-nos que o

nosso som evoluísse, tendo presente o trabalho desenvolvido nos dois pri-meiros trabalhos.

Podes contar-nos um pouco mais sobre o processo de composição, hoje em dia?Muita coisa mudou em relação aos primórdios da banda. No início da nossa experiência enquanto The Foreshadowing era habitual eu, o Andrea e o Alessandro (os guitarris-tas) nos reunirmos para gravar algu-mas demos. Hoje em dia é bastante diferente, dado que somos banda completa e é possível desenvolver a nossa música na sala de ensaio. Isso não significa que nos tenhamos es-quecido do quão importantes foram as nossas demos no passado - aliás,

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na verdade, alternamos as duas ma-neiras para fazer escrever os temas e os arranjos.

O novo álbum tem um som incri-velmente limpo e cheio. Como foi a gravação e a mistura?Foi bastante trabalhoso. Fizemos o máximo para dar uma excelente qualidade às faixas, uma vez que foi a nossa primeira experiência a tra-balhar com uma lenda como Dan Swanö e não queríamos que o nosso trabalho fosse meramente superfi-cial. Como sempre, gravamos a bate-ria (tal como a guitarra acústica) nos Outer Sound Studios com o nosso querido amigo Giuseppe Orlando e as vozes nos Temple of Noise Studios, com a ajuda do Christian Ice. Em se-guida, gravamos nós mesmos as guitarras, baixo e teclados. Tudo em relação à mistura e masterização foi obra do Dan Swanö, a quem temos de reconhecer o mérito de ter sido capaz de entrar no espírito preten-dido para cada tema e ter feito uma grande produção.

Porque razão recorreram a Tra-vis Smith para fazer o artwork?Sempre admirámos o trabalho incrí-vel desenvolvido por ele, mas não há nenhuma razão em particular para termos escolhido o Travis Smith para este álbum. Sempre nos relacioná-mos bem com o Seth Siro Anton e podíamos ter continuado a traba-lhar com ele no “Second World”. Só que pretendíamos um trabalho com caraterísticas diferentes para este álbum: mais ilustrativo, sugestivo e paisagismo - isto considerando que o Seth é mais surrealista. No entanto, foi ótimo trabalhar com o Travis, pois ele foi muito profissional e capaz de aceder a todas as nossas sugestões.

Até agora, The Foreshadowing tem patenteado uma grande evo-lução a todos os níveis, num es-forço contínuo para encontrar um estilo próprio. Em que sentido achas que a banda pode primar pela diferença?

Acreditamos que é muito importan-te não ficar preso ao género Gothic Doom Metal. A maioria dos elemen-tos da banda não se limita a ouvir Metal. Gostamos imenso de Swans e Neurosis, ou de artistas como Phi-lip Glass, que pouco têm a ver com o Metal. Acho que ouvir música de to-dos os géneros ajuda a abrir a mente e a direcioná-la para novas soluções – mas é importante direcionar para um estilo, caso contrário pode ser confuso. Obviamente que somos for-temente influenciados por sons obs-curos e pelo Metal. Como tal, sempre nos temos movido por sonoridades mais negras, apesar da diversidade de géneros que apreciamos.

Embora as letras mostram uma abordagem muito apocalíptica e as influências de Gothic Doom Metal ainda estarem bem presen-tes na vossa essência, achas que, devido à componente mais meló-dica e atmosférica da vossa sono-ridade, conseguem cativar mais gente fora do Metal a ouvir The Foreshadowing?Seria muito bom para nós se fosse-mos ouvidos por gente fora do Metal – seria algo que eu não excluiria, uma vez que algumas das nossas canções têm uma estrutura simples e são bas-tante “catchy” e fáceis de ouvir. Mas também depende da publicidade. Suspeito que é algo que não depende de nós. Pode estar relacionado com o tipo de distribuição e exposição que a banda tem - caso contrário não seria possível explicar que bandas como Metallica, ou até mesmo Opeth, tam-bém sejam ouvidas por um público que não é fã de Metal.

Itália vem “exportando” várias bandas importantes relacionadas com o Metal gótico e melódico. Na tua opinião, trata-se de uma coincidência? Sentes que os ita-lianos, como outras bandas de origem mediterrânica, têm uma maneira pessimista de expressar a sua arte?Provavelmente em Itália tenha existi-

do um interesse neste género espe-cífico e isso levou à criação de uma cena musical. Mas, na minha opinião, não reduziria a cena ao gótico, até porque nos sentimos mais “Doom” do que “Gótico”, por exemplo, e o mesmo sucede com muitas outras bandas italianas. Acho que o interes-se por determinados géneros mais obscuros vem em grande parte do clima de pessimismo e negatividade que se têm vivido em Itália nos últi-mos tempos – ou, de alguma forma, os jovens ao ouvirem esta música tentem diferenciar-se da maioria das pessoas que concordam com certas regras e convenções que a sociedade nos impõe.

Quem são os planos para espetá-culos ao vivo? O palco é um aspeto importante para a banda?Temos vindo a trabalhar para encon-trarmos uma boa tournée para pro-mover o “Second World”, o que se tem revelado uma tarefa difícil – uma vez que ainda não conseguimos en-contrar o promotor adequado sério que o faça de forma séria. É evidente que os espetáculos ao vivo são essen-ciais para uma banda como nós, pois é a parte melhor e mais gratificante de tocar numa banda. Na verdade nunca tocamos em Portugal e o gos-taríamos muito que isso acontecesse!

Uma vez que estão a encerrar uma trilogia, sentem que isso pode ser um pretexto/oportunidade para explorar outras sonoridades, no futuro?Ainda é muito cedo para pensar nis-so. Tal como disse antes, não decidi-mos a priori sobre o que vai incidir o próximo álbum, por conseguinte, não é algo sobre o qual nos estejamos a debruçar neste momento. Dir-te-ia que tudo é possível, embora o mais provável é que não aborde outra vez a temática do Apocalipse.

Entrevista: José BrancoFotografia: Sure Shot Worx

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Inspirado nos contos de H. P. Lovecraft, Kam Lee (ex-Massacre) criou um projeto que com-bina os elementos que definiram a sua vida: terror e death metal. Falamos com o músico acerca deste projeto paralelo e da sua visão geral do estado do death metal.

Os The Grotesquery come-çaram como um projeto paralelo, mas parece-me

que procuram fazer as coisas de uma forma bastante profis-sional, fazendo dos The Grotes-query uma banda sólida. O que vos fez criar a banda? Os contos de terror sempre fizeram parte das vossas vidas?Bem... somos tão sólidos quanto qualquer banda de estúdio, sim. Eu e o Rogga decidimos formar os The Grotesquery logo após termos trabalhado juntos com os Bone Gnawer. A razão principal era ter a possibilidade de criar conceitos lí-ricos relacionados com os tópicos abordados pelo escritor H. P. Love-

craft, bem como outros clássicos contos de terror relacionados com o oculto. Musicalmente queríamos explorar o Death Metal old school... aquele feeling dos anos 90, mas ser-mos também capazes de incorporar outras influências musicais. Não fa-zer isto de forma a fugirmos muito ao caminho que queríamos seguir com o Death Metal, claro, mas o su-ficiente para trazer algo diferente. No que toca ao terror, esse sempre fez parte da minha vida. Sempre me considerei como um fã de terror em primeiro lugar e como um músico de death metal em segundo. Desis-tiria mais facilmente da música do que do terror.

“The Facts And Terrifying Testa-ment of Mason Hamilton: Tsa-thoggua Tales” apresenta um conceito muito complexo. Foi difícil criar todas estas ideias? Onde foste buscar inspiração para isto?No início não era suposto eu criar mais um álbum conceptual, mas devido ao interesse e suporte dos fãs decidi então enveredar por esse caminho. Decidi então escrever le-tras que girassem em torno de ou-tra história. Já tinha esta ideia de fazer algo baseado nas histórias de Lovecraft mas basear-me também em criações de outros escritores. Logo que decidi criar um álbum conceptual segue o único caminho

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lógico, que foi dar seguimento à história do primeiro álbum mas de uma forma que não fosse uma con-tinuação direta do outro álbum. Há algumas conexões com o álbum an-terior mas neste a história centra--se com uma personagem diferente chamado Mason Hamilton. A histó-ria decorre entre os anos de 1946 e 1947, quase 20 anos depois da his-tória do primeiro álbum terminar. Com o primeiro álbum, a story line durou cerca de 20 anos e a história deste álbum relata apenas algumas semanas da vida da personagem principal. Acho que encontrei ins-piração no fundo do meu ser. Sem-pre quis ser escritor e ser capaz de criar histórias de terror. As minhas influências para The Grotesquery vêm dos meus escritores favoritos, como é o caso do H. P. Lovecraft, Edgar Allan Poe, mas também de escritores contemporâneos como Stephen King, Clive Barker, Brian Lumely e Neil Gaimen.

Podemos esperar mais álbuns conceptuais no future? É algo que caminhe lado a lado com os The Grotesquery?Sim, acredito que agora isto faça parte dos The Grotesquery, de uma forma ou de outra. Tenho muitas mais histórias para contar e espero que os The Grotesquery sejam um bom veículo para a sua divulgação.

Com um conceito tão forte, como foi para ti criares esta at-mosfera de Asilo? Encontrar o som perfeito para as tuas histó-rias foi um processo natural ou algo mais complicado?(Risos) Bem... sou considerado um tanto maluco pela maioria das pes-soas, por isso creio que tenho uma espécie de asilo no estado da minha mente, pelo que não foi difícil de re-alizar estes processos.

Tu tens diversos projetos musi-cais. O que te faz entregar-te a

todas estas bandas?Tal como o Rogga (que tem mais projetos musicais que eu), eu tam-bém gosto de ter a possibilidade de expressar o meu gosto pelo Death Metal e de trabalhar com excelen-tes músicos que também se sentem desta forma. Se eu tivesse que tra-balhar apenas com uma banda... Sinto que não teria a oportunidade de trabalhar com certas pessoas a tempo inteiro como o posso fazer ao tocar com eles na mesma banda. Esses músicos que partilham o mes-mo estado de espírito que eu, bem como a mesma direção musical, são do mundo inteiro. Algumas pesso-as da Europa ou de outros países, também têm uma grande aprecia-ção pelo Death Metal e por letras relacionadas com terror e para mim é muito fácil trabalhar com estes músicos. A internet foi uma grande ajuda ao trazer o mundo às pesso-as, por isso porque não utiliza-la? O mundo é agora um lugar mais abrangente mas consegue também ser algo muito mais pequeno do que aquilo que era. É certo que é uma boa ideia respeitar certos pa-râmetros do estilo de música que sigo mas não quero ser limitado por isso. Não quero limitar-me a traba-lhar apenas com músicos da minha área... a internet trouxe-me a pos-sibilidade de trabalhar com músi-cos como eu em qualquer lugar do mundo.

O que sentes em relação ao esta-do atual do Death Metal? É algo com que te identificas?Sempre senti que o Death Metal está dividido... vamos sempre ter aqueles que são fiéis às suas raízes e aqueles que, tal como eu, per-manecem underground. O Death Metal está infestado de “posers”, “fakes” e oportunistas, bem como com pessoas que têm sensibilida-des de Rock Star. Odeio Rock Stars e odeio egos maníacos. Comecei no Death Metal em 1983, muito antes

de ser um género aceite e reconhe-cido. Aquilo que achava nessa altu-ra é aquilo que acho ainda hoje; o Death Metal, o Black Metal e ou-tros géneros do underground não eram supostos serem aceites pelas massas. Mas agora é uma moda, uma comodidade. Odeio isso. A mim não me interessa ter um mi-lhão de fãs que me adoram porque eu não quero ser adorado. Prefiro ter o respeito de 10 bons amigos e fãs do meu trabalho do que cente-nas de milhares de ovelhas que só gostam de mim porque uma revis-ta qualquer disse para gostarem de mim. Respeito as pessoas que pen-sam por si e nunca quis ser um Rock Star. Quando estou em tour não sou daqueles que me escondo nos bas-tidores. Estou sempre disponível, ando no meio do público ou então vou para o bar beber uma cerveja, mas estou sempre disponível para falar com os fãs. Agora esses pre-tensiosos que ficam fechados no autocarro de tour são uns “fakes” e não querem saber absolutamen-te nada dos fãs. Só se interessam pelo dinheiro. Mas vamos ao que interessa: a música sofreu muitas alterações para se poder falar nis-so, mas tal como faço em todos os meus projetos, tento manter-me fiél às raízes do som e do estilo que definiu o Death Metal, que é o esti-lo do início dos anos 90. Nunca me vão ver pegar num microfone e fa-zer aqueles guturais profundos se-melhantes a um elefante a cagar-se nem muito menos imitar um porco.

Vão tocar ao vivo para promo-ver este álbum?Gostaria imenso de poder tocar com os The Grotesquery, mas isso estará sempre dependente do Rog-ga e dos outros músicos. Estou sem-pre pronto para tocar mas isso não é tão fácil para os outros.

Entrevista: Joel CostaFotografia: Sure Shot Worx

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Com edição a cargo da Moribund Records, “Nemesis” é a nova proposta dos finlandeses Azaghal. Estivemos à conversa com o vocalista Niflungr que partilhou informações refe-rentes às gravações e à composição do novo álbum.

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Fala-me um pouco sobre “Nemesis”… Qual foi a tua abordagem neste disco e

qual o teu objetivo enquanto compunhas este novo álbum?Não houve um objetivo em par-ticular. Tínhamos apenas muitas músicas preparadas e essa altu-ra foi a melhor para gravar um novo álbum. Desta vez fizemos a maior parte das letras em inglês apenas para experimentar e ver como saía. Talvez tentemos algo diferente na próxima vez.

E em relação ao processo de gravação? Como é que “Neme-sis” ficou tão bom?O processo de gravação em si foi rápido. A bateria foi gravada em dois dias, bem como os vo-cais. Para as guitarras e o baixo precisamos de uns três ou qua-tro dias, sendo que tudo isto era feito em apenas algumas horas diárias. Gravamos no mesmo es-túdio de sempre (Cursed), que é propriedade do nosso guitarris-ta JL Nokturnal. Ele já tem esta ideia de como os nossos álbuns devem soar, o que tornou o pro-cesso de gravação algo simples e rápido. O Narqath fez a mistura e a masterização no final. Isto faz com que sejamos totalmente in-dependentes dos outros, no que toca à produção, o que significa que conseguimos sempre chegar ao som desejado sem muito es-forço.

Os nomes “Azaghal” e “Neme-sis” vêm da mitologia. A mi-tologia é algo que te suscite muito interesse? E qual o sig-nificado de ambos os termos?Pessoalmente, gosto muito de ler sobre as mitologias das mais diversas culturas. Azaghâl foi o rei dos Anões de Broadbeam, se-gundo J. R. R. Tolkien. Tolkien ins-pirou, ainda que minimamente, algumas das músicas de Azaghal no fim dos anos 90. Na mitologia Grega, Nemesis é o espírito da vingança.

Gostei muito da atmosfera presente em “Vihasta ja Veri-töistä”. De que nos fala esta música?Esta música fala sobre o eleito que regressa do submundo para espalhar a palavra da blasfémia e do Deus da nova era.

E em relação às outras músi-cas? “Nemesis” segue algum conceito ao longo da sua ex-tensão?Vejo este álbum como algo equi-librado no que respeita ao con-teúdo lírico. Assim sendo, não o considero como um álbum con-ceptual.

Quão importantes são os “no-mes de guerra” para uma ban-da de Black Metal?Em relação às outras bandas não

sei, mas nós usamos nomes al-ternativos e este tipo de visual para refletir e canalisar alguns aspetos das nossas personalida-des e pontos de vista.

Como descreves a cena Metal finlandesa?Ultimamente não tenho seguido atentamente o Metal finlandês, mas reparei que há por aí mais bandas como nunca houve. Ago-ra se isto é algo bom ou não já não sei dizer.

Alguma tour Europeia pla-neada para promover “Neme-sis”?Para já só agendamos um concer-to na nossa terra natal, Hyvinkää, onde vamos tocar pela primeira vez. De resto não entramos em negociações para agendar uma grande tour Europeia.

Palavras finais para os fãs Portugueses...Obrigado e lembrem-se de cha-tearem as promotoras locais para trazer os Azaghal ao vosso país!

Entrevista: Joel Costa

Fotografia: Moribund Records

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Falem-nos um pouco sobre a banda… Como é que se for-maram?

Eu e o Alex já tocávamos juntos há mais de 20 anos e depois dos Styg-ma IV terem terminado, criar uma nova banda era algo natural. Já co-nhecíamos o Peter (baterista) há muito tempo e ele era a única esco-lha possível para este instrumento, pois é um dos melhores bateristas do Universo. Quando conhecemos o Walter, o vocalista, pela primeira vez, foi feito perfeito; um excelente vocalista e uma pessoa muito sim-pática.

Porquê Crimson Cult?Soa bem, parece bem... (risos).

Quão diferentes são os Crimson Cult dos Stygma IV?Com os Stygma IV sempre tivemos um toque algo progressivo. Já com os Crimson Cult tudo é feito de uma forma mais direta sem perder a per-feição instrumental.

Como descreves o vosso género

musical?O melhor Metal que já ouviste neste Planeta!

O vosso álbum de estreia teve boas reviews. Isso teve alguma influência na produção de “Tales Of Doom”? Estavam mais nervo-sos?Não, pois tínhamos melhores condi-ções no estúdio e tiramos o tempo necessário para a produção deste novo álbum.

Em que é que “Tales Of Doom” di-fere do vosso álbum de estreia?O som está muito melhor em “Tales Of Doom” e foi um processo muito mais simples pois já nos conhecía-mos melhor desta vez.

O que é que os fãs podem esperar do novo álbum?“Tales Of Doom” é o álbum mais pe-sado que alguma vez escrevi!

Quem escreveu as letras do novo álbum? De que nos falam as mes-mas?

Eu e o Walter somos os responsá-veis pelas letras e cada música conta uma história de destriuição. Desde rapazes a serem levados com violên-cia por padres, vítimas mantidas em celas e serem abusadas, políticos que destroem o nosso planeta, sol-dados inocentes que têm que matar pessoas, a “santa” inquisição, etc.

Vão editar algum single? Se sim, qual será a música escolhida?Não existem planos para a edição de um single agora, mas se acontecer será a editora a escolher.

Vão entrar em tour este ano?Vamos ver o que acontece. Gostaria imenso de visitar Portugal!

Palavras finais...Ouçam o nosso novo álbum. Estou certo de que vão gostar!

Entrevista: Joana Rodrigues

Fotografia: Pure Steel Records

Depois de um excelente feedback obtido com o álbum de estreia, os Crimson Cult estão de volta com “Tales Of Doom”, um álbum que explora os podres de mundo. Falamos com Günther:

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Fingir (Ser)

Será que quem as palavras usafinge sentir o que diz?

somos estrangeirosem nossas terrasreis da palavrae turistas da realidade

fingimosmas sentimossomos aqueles que corrempelo corredor fechado

vamos e voltamoscom nossas palavras descrevemosa viagem que fazemos

sentimos,globalmentemas egoísta não há!

somos loucos fingidoresactoresda vida que vivemos

somos ou fingimos?fingimos serdiriam muitosenquanto a si mesmos se tentam explicar

esta vidaeste sentimentoesta máscara de tormentoque fingimos sentir

somos então atormentadospor actores sermos

actuamos em peçasque fingimos sentirsomos, vivemos

fingimos para sersomos para sentiractuamos para viver

somos humanose sempre o fingimos ser

Com Indiferença

Caminhando pensativocigarro nos lábiosinalando o fumovendo nas suas curvas momentos sábios

o tempo por nós passadeixa marcas de fumocondensadas neste cigarroque agora consumo

formas e vidaspassam enquanto se queimadeixam para trásas cinzas de um tempo perdido

Deixado no chão como beata acabadavivido, destruídocom ar de chama fraca

no fim da rua a esquinaa decisão de deixar ou partirde o tempo esquecer para a vida viver

perderdiriam muitosenquanto o fumo sobeassim a si mesmo se consomeentre folhas ácidaspensadas docemente numa vida de pensamento preeminente

fogo, fumoa vida deixada à beira da estradaa beata fumada é assim esquecidaperdida

em formas de fumofogo de vistaficamos andandocigarro fumandocom indiferença porque a vidaé para o temposentença

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Porque raios haveria eu de me in-teressar pelos Wraygunn?

É bem capaz de ser um dos melho-res projectos de Pop/ Rock portu-guês nos dias de hoje, com uma boa e sofisticada produção que percorre os Blues e a Soul com balanço para revisitá-las sem clo-nagens nostálgicas ou mimetimos chatos. Este projecto está na linha de revitalização da música (negra) norte-americana onde encontra-mos paralelos e influências de Jim White ou (claro) Jon Spencer Blues Explosion. Wraygunn sabem o que fazem e têm pinta. Mas seja-mos sinceros não passam de Pop / Rock, coisinha fofinha para agradar pessoas, marcas de telemóveis e jingles publicitários. Quem quiser o “Pop canibal” que o oiça, ao menos esta tem qualidade – coisa rara em Portugal.

O que me fascinou neste novo e quinto registo da banda é a cora-gem senil e provinciana de lhe inti-tular de L’art brut (Arthouse / EMI; 2012). Art Brut!? Mas aonde? Em meio dúzia de desenhos de um tal Artur (?) que está na embalagem do disco? A pretensão de usar o termo cunhado por Jean Dubuffet para mais uma produção medíocre de música ligeira é de bradar aos céus. Talvez porque nos últimos anos tenha havido movimentações neste tipo de arte como os aconte-cimentos (mais ou menos mediáti-cos) do Hospital Miguel Bombarda / Pavilhão de Segurança, a recupe-ração do filme Jaime de António Reis e Margarida Cordeiro, os Sub-sídios da MMMNNNRRRG, criação da Associação Portuguesa de Arte Outsider, exposição de António Pe-ralta no Museu de Etnologia ou a futura grande mostra de Art Brut

na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, etc… Até uma daquelas revistas de novas tendências pane-leirosas, ou a Dif ou a Parq já não me lembro, já publicou um artigo sobre “art brut” há poucos me-ses... O termo deve estar mesmo na moda, até há uns ranhosos do Indie Rock ingleses / alemães cha-mados de Art Brut...

E como Wraygunn e as centenas de bandas Pop / Rock deste planeta nada têm mais nada a dizer, decici-diram investir neste “novo” concei-to “cool”. O que é estranho porque vivemos momentos terríveis de crise económica, social e ambien-tal que são ricas para comentário político ou para exercício de novas praticas de inovação / mudança – mas não, os Wraygunn fazem parte daquela facção do Rock que afirma que não se mete em política, que o Rock é apenas para divertir, etc… Pá, divirtam-se, façam dinheiro com os concertos, façam-se à vida, agora não se armem em espertos que o pessoal não é burro!

É natural que quem descubra a Art Brut fique fascinado por ela e queira divulgá-la ou associar-se a ela – eu que o diga com o projec-to editorial MMMNNNRRRG. Os seus autores, todos eles margi-nais do mundo da arte comercial ou institucional, fazem arte (dese-nho, pintura, escultura, instalação, arquitectura, decoração) a maior parte das vezes em autismo com o mundo, fazem-no porque é a única forma de expressão que conhecem e os resultados que surgem ten-dem a ser cosmogónicos e inéditos em criatividade – estes artistas não têm as referências artísticas da cul-tura oficial. Exemplos: o brasileiro Estevão Silva da Conceição criou

na sua favela um edifício parecido com as construções de Antoni Gau-di sem no entanto alguma vez ter conhecido a obra do arquitecto ca-talão; Henry Dagger criou o maior livro de sempre de 15 145 páginas onde conta a história das suas “Vi-vian Girls”, um universo que criou em seis décadas às escondidas de todos até o seu quarto ser invadi-do após a sua morte. Na música também há “outsiders” - para além daqueles que se gostam de chamar “underground” porque ser “under-ground” é uma forma de auto-pro-moção - como André Robillard, Da-niel Johnston ou Wesley Willis… Podia dar mais mil exemplos, em nenhum deles se encontraria um paralelo com Wraygunn porque esta malta da banda não sofre de doenças mentais, sabe vender bem o seu peixe e têm tanta visão ou imagética como centenas de outros branquinhos do mundo oci-dental que gostam de Rock.

O última tema do disco, I’m for real, tenta ser a única justificação deixada pela banda para se afirmar como criadores compulsivos e que se estão a cagar para categorias musicais, que ‘tão fartos de fakes e isso tudo. Yeah! Somos a cena real, tásjaver!? Sim vejo perfeitamente até porque até percebo “america-no”...

O que é bom na “cultura digital” é que tudo é imaterial, recebi o disco dos Wraygunn em sistema de des-carga, ouvi o que tive de ouvir no Mediaplayer e a seguir deitei-o no caixote do lixo do PC. Só falta car-regar na função “esvaziar recicla-gem”.

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Quatro anos depois de “ObZen”, e uma legião de novos imitadores no seu

encalço, os Meshuggah provam que estão noutro campeonato e que para o provarem nem pre-cisam de muito esforço. Desde “Destroy, Erase, Improve” (1995), talvez o seu álbum mais represen-tativo, que os suecos vêm trilhan-do o seu próprio caminho, como inovadores dentro do Metal mais extremo. Em “Koloss”, a banda assina dez faixas de puro recorte técnico, nem sempre com o pé a fundo no acelerador, optando por concentrar-se num groove “grava-lhão” que tão bem carateriza o seu estilo de composição djent. Temas como a abertura “I am Colossus” e “Swarm” são representativos de um álbum onde o quinteto não se limitou a exibir exercícios técnicos e, ao invés disso, com maturida-de, deixou as composições fluí-rem da forma mais brutal e eficaz possível. Com o tempo, a banda

vem ganhando respeito em vários quadrantes musicais, e, com este conjunto de temas, reforçarão de certeza o estatuto de banda pro-gressiva de referência dentro do Metal extremo. Naquele que po-derá ser o álbum do ano, em 2012 os Meshuggah voltam a superar--se, naquele que é um passo lógico na sua carreira. Reconhecem-se os ingredientes habituais: estruturas polirrítmicas, um baterista mons-truoso, guitarras “graves” e vozes guturais. Contudo, “Koloss” é efe-tivamente um registo mais aces-sível, mas que exibe a banda com excelência e essência inalteradas, num conjunto de canções intem-porais. Os detratores da banda ficam com menos um argumento para criticar, pois os Meshuggah não se estão a repetir e continu-am sem temer a experimentação. O álbum está disponível em edição especial CD+DVD.

José Branco

MESHUGGAHKOLOSS

(NUCLEAR BLAST)

9.5/10

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Assinando aqui o seu álbum de estreia, os belgas Adustum pretendem afirmar-se através do seu Black Metal no estado mais puro: esotérico, espiritu-al e underground. Ao longo de quatro temas, relativamente longos e que se estendem até à meia hora de duração to-tal, o trio destila puros hinos ocultistas. Nestes conseguem encontrar um sempre difícil meio-termo entre a boa quali-dade da gravação e produção, mas com uma sonoridade que não é excessivamente polida ou demasiado crua. Adustum é a palavra em latim para “incen-diar”, o que realmente espe-lha na plenitude a energia que emana de “Searing fires and lu-cid visions”. Neste ritual sónico, destaque para o tema de aber-tura “V.O.H.I.R. – Exvocatium Daemonicus”, um hino que apela à invocação do demónio interior. Nas cortantes presta-ções dos músicos, destaca-se a quase desumana ação do ba-terista, em especial no último tema, o mais experimental e polirrítmico “Psalm CLVI – The Rites of Lunar Blood”. Apesar de não acrescentar nada de ex-cecionalmente novo ao pano-rama Black Metal, trata-se de uma boa adição ao rol de inte-ressantes bandas do catálogo da alemã World Terror Com-mittee, num trio que merece ficar debaixo de olho. Nota fi-nal para a qualidade da edição em digipack, com um artwork magnífico.[6.5/10] José Branco

ADUSTUMSEARING FIRES AND LUCID VISIONSWORLD TERROR COMMITTEE

Oito anos após o seu nasci-mento, os Britânicos Architects oferecem o seu sexto álbum: Daybreaker. Este álbum é uma marca na carreira do quinteto de Brighton, que os leva numa nova direção lírica. O facto de, segundo os próprios, terem alcançado uma maturidade psicológica e intelectual, levou--os a deixar o umbiguismo das letras que falam de ex-namo-radas, para se dedicarem a es-crever sobre as injustiças e pro-blemas que afetam milhares de pessoas pelo mundo fora. Musicalmente, Daybreaker é um bom álbum de uma banda que faz uma aproximação mo-derna ao metal. Os fãs poderão encontrar os riffs que caracte-rizam o género e povoam as faixas com pertinência, sem cair na repetição ou na apatia. A mestria das seis cordas é tra-zida até nós pela dupla Tom Se-arle e Tim Hillier-Brook. A voz de Samuel Carter é bem berra-da e com finalizações mais me-lódicas, muito bem exploradas.Para quem ouvir este álbum, chamo especialmente a aten-ção para as faixas Alpha-Ome-ga, a faixa título Daybreak, Behind the Throne e Devil’s Is-land. A faixa que encerra estes 41 minutos de metal, Unbelie-ver, deixa o ouvinte como que num limbo, dado a sua beleza e simplicidade. É mais um re-gisto da nova guarda do metal, muito bem construído e criado. Para quem procura na música significados políticos, Daybre-aker não vai desiludir. [8/10] Narciso Antunes

ARCHITECTSDAYBREAKERCENTURY MEDIA RECORDS

Os americanos Black Sheep Wall trazem-nos um novo ál-bum, o segundo disco de estú-dio da banda. Ao começar a ou-vir “No Matter Where It Ends” a sensação é que estamos a presenciar algo de poderoso. Uma voz gutural e profunda, juntamente com um baixo for-te, bateria arrebatadora, en-fim, parecem estar reunidos os elementos para um grande dis-co metal. No entanto, continu-ando a ouvir, não podemos dei-xar despercebida a repetição da mesma sonoridade, faixa após faixa. A surpresa e espe-rança iniciais foram-se, e fica a sensação de que se poderia ter feito mais. Não deixa de ser um bom álbum e merece ser ouvi-do. É como se fosse uma pare-de sonora a vir contra nós, e é certo que não nos deixa indife-rentes. Na verdade, desperta qualquer coisa de melancólico que nos deixa numa saboro-sa apatia. “Torrential” e “Am-bient Ambitions” são os temas melhor conseguidos, quando ouvidos individualmente. Se ouvirmos o álbum todo de se-guida, perdem-se no meio das outras faixas cuja homogenei-dade exagerada as esconde. Comparativamente ao primeiro álbum, “I Am God Songs”, pare-ce que algo se perdeu. Talvez as consecutivas mudanças no alinhamento da banda tenham deixado consequências. No geral, é um bom álbum, e se o ouvirmos ocasionalmente pro-porcionará decerto momentos musicalmente bastante agra-dáveis.[5/10] Íris Jordão

BLACK SHEEP WALLNO MATTER WHERE IT ENDSSEASON OF MIST RECORDS

Convém esclarecer previamen-te que, em “The Portal Tapes”, estamos perante a reedição da demo de 1995, gravada após a separação da banda, por um projecto de nome Portal com-posto pelos membros de Cynic (à excepção de Sean Malone) e a vocalista/teclista Aruna Abrams. Tendo em conta a data do registo original, seria de esperar que fosse beber in-fluências ao clássico “Focus”. Pelo contrário, este trabalho encontra-se mais próximo das divagações pós-“Traced in Air”, mas sem a maturidade e coe-rência que lhes conhecemos. “The Portal Tapes” soa a uma espécie de tubo de ensaio de novas ideias, sim senhor, mas onde a finalidade principal se-ria dar trabalho a uma amiga desempregada (Abrams) que até tinha uma voz etérea o su-ficiente para encaixar lá bem. O álbum começa com uma mão cheia de boas faixas de rock progressivo, de ambiên-cias jazzísticas, electrónicas, planantes e, por vezes, exóti-cas. Porém, algures a partir de “Crawl Above”, a banda entra numa lógica de simplificação (ou de “popificação”) com so-luções fáceis e monótonas – que os escassos apontamentos de virtuosismo não conseguem disfarçar – tornando os restan-tes temas sérios candidatos a música de elevador. Para os fãs trata-se de um documento que funciona como o elo que falta-va para compreender o percur-so da banda. Para os restantes, será apenas o elo mais fraco. [6/10] Ana Miranda

CYNICTHE PORTAL TAPESSEASON OF MIST RECORDS

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Apelidados de “supergrupo”, por ser composto por elemen-tos dos Evanescence, Seven-dust, Virgos Merlot e Stereo-mud, os Dark New Day lançam agora “New Tradition”, sete anos depois do álbum de es-treia. É um álbum mais com-plexo, com riffs mais crús e gui-tarras mais amplificadas. Com uma boa produção e melodias bem estruturadas, o disco en-trega até à última faixa, aqui-lo que promete na primeira. “New Tradition” fala da monta-nha-russa de sentimentos que todos nós sentimos no dia-a--dia. As letras são consistentes, mantendo as mesmas emoções ao longo de cada canção e es-tando em harmonia com o som produzido. A bateria entrega uma espectacular atmosfera tempestuosa com címbalos eléctricos, enquanto a voz de Brett Hestla consegue aquela intensidade do rock “à antiga”, cheia de adrenalina e fúria. O conteúdo desde álbum, eleva aquilo que já foi feito no pri-meiro, mas sem ser repetitivo. Não vai agradar a todos os ro-ckers, até porque não se distin-gue, verdadeiramente, de tudo o resto que é feito por aí, mas que não deixa de ser bom Hard Rock Alternativo. Os fãs deste tipo de música devem dar uma oportunidade aos novos riffs abrasivos dos Dark New Day. E, apesar da maior parte das canções terem sido escritas em 2005, durante a produção do primeiro álbum, este New Tra-dition não deixa de soar con-temporâneo e moderno.[7/10] Ivan Santos

DARK NEW DAYNEW TRADITIONGOOMBA MUSIC / SOULFOOD

Segundo trabalho do sexte-to holandês, “The Clouds Are Burning” apresenta-nos quatro extensas composições cujas características apontam sem hesitações para os primeiros trabalhos da tríade britânica - Paradise Lost, My Dying Bride e Anathema - que popularizou o doom/death metal há já cerca de duas décadas. Intercalando secções vagarosas e arrasta-das com passagens up tempo acompanhadas pelos habituais interlúdios acústicos, a pro-posta do colectivo mostra-se competente, bem executada e com uma produção cuidada. A abertura “My Body Glows Red” é promissora, construída tendo como base um hipnótico riff que aparece e reaparece durante todo o tema. Segue-se “The Insistance’s Wish”, que se destaca do resto do álbum pelo piscar de olho ao black metal. “Tempest” e o tema homóni-mo discorrem algo superficial-mente, sem que nada fique particularmente no ouvido, marcados sobretudo pela pre-visibilidade dos riffs e das tran-sições. Em estreia nos Faal e absolutamente digna de nota é a cavernosa prestação vocal deWilliam Nijhof, dos míticos Spina Bifida, a revelar não ter perdido a intensidade que o tornou conhecido nos anos 90. Sem surpresas ou inovações, os Faal optam por jogar pelo seguro, produzindo um disco tradicionalista, com o intuito de se estabelecerem junto dos fãs do género, mas que dificil-mente transcenderá o mesmo.[6/10] Jaime Ferreira

FAALTHE CLOUDS ARE BURNINGVÁN RECORDS

Responsáveis por um dos mais bizarros lançamentos de 2006, estão agora de regresso os For-mloff com o seu segundo tra-balho. Considerando a diver-sidade demonstrada em “Adjø Silo”, seria quase impossível tentar prever a direcção toma-da pelo duo norueguês neste seu novo “Spyhorelandet”, e talvez a melhor descrição seja mesmo a de black metal avan-tgarde. Com uma constante predisposição para inovar - um pouco à semelhança dos seus saudosos conterrâneos Beyond Dawn e Ved Buens Ende, dos quais se aproximam em ter-mos sonoros - as composições dos Formloff caracterizam-se pela variedade de secções e de ambientes nos quais, partin-do de uma base black metal, incorporam rudimentos tanto próximos do free jazz como de facções mais progressivas do metal. Todos os temas pos-suem uma multiplicidade de elementos que os particulari-zam, não deixando no entanto de haver um sentido de unida-de por todo o álbum. Destaco aacentuada estranheza de “Faen!” assim como o impres-sionante final com “Den GamleJorda” e “Drokkne I Ei Flo Ta Åske”, como que a sintetizarem tudo o que ficou para trás. Ir-repreensíveis na execução, os Formloff criaram um disco at-mosférico, gélido e introspeti-vo, mas acima de tudo original e capaz de repetidamente nos despertar o interesse, graças à constante descoberta de novos detalhes a cada audição. Reco-mendado![7.5/10] Jaime Ferreira

FORMLOFFSPYHORELANDETEISENWALD

Exibindo um auspicioso início com “An Overdose on Cosmic Galaxy”, o primeiro álbum a solo do multi-instrumentista australiano Tim Yatras promete oferecer uma interessante mis-tura de pop electrónico e rock psicadélico com influências bla-ck metal. No entanto, à medida que se avança pelas composi-ções, essa impressão desvane-ce-se cada vez com maior in-tensidade. “Asteroid of Sorrow” soa a algo inacabado e os temas que assentam numa preponde-rância de black metal, clichés e exaustos. Os interlúdios pura-mente eletrónicos, ao invés de criarem ambiente e introduzi-rem o tema seguinte, parecem desenquadrados e até mesmo irrelevantes, tal como o epílogo neo-clássico “Wish”. A simbio-se dos vários estilos revela-se muitas vezes exagerada e sem razão para a sua existência, a não ser a tentativa excessiva de se tornar numa obra abrangen-te, tentativa essa que resulta antagonicamente e remete o trabalho para o restrito nicho das curiosidades e nada mais. “Wish” falha peremptoriamen-te o objectivo proposto, vague-ando sem rumo por estilos dís-pares, incapaz de os conjugar com sucesso. Não que as músi-cas, escutadas individualmente, sejam intrinsecamente más. O principal problema reside na falta de contextualização e de coerência de um álbum que, inevitavelmente, acaba por se assemelhar a uma estranha e irregular compilação.[4/10] Jaime Ferreira

GERMWISHEISENWALD

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Os finlandeses “Hamilton Groo-ve”, formaram-se em 2006 com uma aposta muito clara em percorrer os caminhos tortuo-sos do Jazz, do Blues e da mú-sica experimental e em criar uma sonoridade única. Tendo lançado o seu álbum de estreia “Motel” em 2009, surgem ago-ra com o seu 2º longa-duração intitulado “Kingdom of No-thing”. “Kingdom of Nothing” é uma verdadeira caixinha de surpresas, uma viagem musi-cal alucinante, onde a banda se aventura em mares revol-tos e em aventuras fantásticas, levando-nos com eles a bordo do seu navio de piratas ou da sua nave espacial, consoante a imaginação nos ditar. A sua sonoridade envolvente, nal-guns momentos melancólica e noutros frenética, é absoluta-mente fascinante. É impossível resistir a temas como: “Hollow days”, “So in love”, “Monkey in a jail”, “King of rats” (uma das minhas faixas preferidas do disco), “Take your time” e “Lovelorn lady”. Em suma: “Kingdom of Nothing” é uma obra completa, musicalmente muito interessante e tão sur-preendente que nos prende desde a primeira á última faixa. É um disco frenético, vibrante, intenso e emocionante. Abso-lutamente irresistível. A não perder.[9.5/10] Rute Gonçalves

HAMILTON GROOVEKINGDOM OF NOTHINGINVERSE RECORDS

Jeff Loomis é daqueles músicos raros que dispensa apresenta-ções. Considerado por muitos como um dos melhores guitar-ristas da atualidade, foi o grande responsável por ter catapultado os “Nevermore” para o estrela-to, banda onde permaneceu du-rante 20 anos. Em 2011, Loomis decide abandonar coletivo (para grande desagrado de muitos fãs) e dedicar-se exclusivamente a uma carreira a solo, lançan-do agora o seu segundo registo “Plains of Oblivion”. Se o disco de estreia de Loomis “Zero Order Phase” foi sem dúvida uma boa surpresa, “Plains of Oblivion” consegue superar em muito esse primeiro registo, com uma clara evolução ao nível da composição e apostando numa grande varie-dade de ambientes e sonorida-des que conseguem manter os sentidos bem despertos durante todo o álbum. Exemplos disso são: “Mercurial”, “Requiem for the living”, “Surrender”, “The ultimatum”, “Tragedy and har-mony” e “Chosen Time”. Com uma produção irrepreensível de Peter Wichers, o disco conta com participações especialís-simas de músicos de exceção como Marty Friedman, Chris Po-land, Tony McAlpine, Attila Voros e contributos vocais de Christine Rhodes e Ihsahn e como não po-dia deixar de ser, o destaque vai para o virtuosismo de Loomis, que como sempre, nos deslum-bra com a sua forma única de to-car guitarra. “Plains of Oblivion” é um trabalho refrescante, que toca vários géneros musicais e transborda de talento. Um disco destinado ao sucesso. [9/10] Rute Gonçalves

JEFF LOOMISPLAINS OF OBLIVIONCENTURY MEDIA RECORDS

Os “Job for a Cowboy” são uma banda norte-americana de De-ath Metal, nascida em 2003 no Arizona. Originalmente forma-da pelo vocalista Jonny Davy, os guitarristas Ravi Bhadriraju e Andrew Arcurio,o baixis-ta Chad Staples e o baterista Andy Rysdam, a banda lançou em 2004 uma demo contendo quatro canções, tendo no ano seguinte gravado o EP “Doom”. Em 2006,e após uma extensa tour, a banda assina um con-trato com a Metal Blade Re-cords, tendo lançado “Gene-sis” em 2007 e “Ruination” em 2009. “Demonocracy” é um disco bastante intenso e forte, como aliás a banda já nos tem vindo a habituar com anterio-res registos, ou não fosse este um disco de puro Death Metal. Com uma secção rítmica super poderosa (nas mãos compe-tentes do baterista Jon Rice e do baixista Nick Schiendzielos) e com um guitarrista multi--facetado, como é Tony San-nicandro, o disco revela uma enorme solidez e uma grande maturidade musical. Temas a ter em atenção são: “Nou-rishment trough bloodshed”, “Imperium Wolves”, “Black dis-charge” e “Fearmonger”. Com “Demonocracy”, os Job for a Cowboy, conseguem finalmen-te mostrar com toda a pujança aquilo de que são capazes e o seu verdadeiro potencial no mundo do Death Metal. É, sem dúvida, um bom trabalho. Para ouvir com atenção. [7/10] Rute Gonçalves

JOB FOR A COWBOYDEMONOCRACYMETAL BLADE RECORDS

Depois do lançamento do seu álbum de estreia “Weltenflush” em 2009, os alemães Kain es-tão de regresso á ribalta com o novo álbum “Omega”, dando continuidade á saga Black Me-tal que sempre os caracterizou.“Omega” não prima pela ori-ginalidade, apesar de conse-guir manter um bom nível de qualidade musical. Cantado inteiramente na língua alemã, as hipóteses de chegarem a um público internacional são bastante limitadas e a banda encontra-se ainda bastante presa a influências e sonori-dades do passado. No entanto, existem alguns temas que vale a pena destacar como: “Fleis-cheslust”, “Rachepfad”, “Das blut der sonne”, “Sturz des li-chtbringers”, e “Nephilim”. Em suma, “Omega” está longe de ser um álbum brilhante,não conseguindo marcar a diferen-ça ou criar algo de inovador, mas consegue manter bem vivo o espírito do Black Metal e,certamente, agradará aos fãs incondicionais do género.[6/10] Rute Gonçalves

KAINOMEGAMDD RECORDS

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Os “Klone” são uma banda francesa de Rock e Metal, nas-cida em 1999 e que têm feito um percurso musical bastante interessante. Tendo lançado o seu disco de estreia “Duplica-te” em 2003, que teve excelen-tes críticas, os Klone voltam ao estúdio logo no ano seguinte para gravar “High blood pres-sure”, mas é só em 2009 com o álbum “All seeing eye” que a banda atinge o auge da sua po-pularidade, tornando-se uma referência no panorama do me-tal francês. “The Eye of needle” é um EP com apenas 3 faixas: The Eye of Needle (Part 1) que abre as hostilidades, dando ao disco, um certo ambiente mais calmo e melódico, com vários elementos que ajudam a criar uma atmosfera mais introspec-tiva, e “The Eye of Needle (Part 2)” que acelera bastante o rit-mo e dá ao disco uma energia bastante forte. O registo fecha com chave de ouro com “Mons-ter”, uma faixa inédita, criada nas sessões do último disco da banda “Black days”. “The Eye of needle” é um excelente tra-balho, que revela uma banda bastante segura de si e pronta para continuar a surpreender. Apesar das óbvias influências de Tool, Isis e Devin Townsend, os Klone conseguem manter-se fiéis a si próprios mas sempre explorando novas sonoridades e sem medo de arriscar. Vale a pena ouvir.[8/10] Rute Gonçalves

KLONETHE EYE OF NEEDLEKLONOSPHERE/SEASON OF MIST

Imprevisibilidade é, sem dúvi-da, uma das caraterísticas que melhor define o grupo fundado em 1987 por František Štorm na antiga Checoslováquia. Ao longo da sua carreira, apresen-taram black metal quase tradi-cional em “Ritual”, uma épico em forma de opereta com “Ji-lemnický Okultista”, o perfeita-mente inclassificável “Šlágry” e um antecipado regresso às lides após 14 anos de inactivi-dade com “Mantras”, em 2009.Decorridos apenas três anos, eis que chega aos escaparates “Vracejte konve na místo” - por mais bizarro que pareça, “Põe os regadores no seu lugar” - o novo trabalho dos surpreen-dentes checos. Sem receios em quebrar tabus e constantemen-te a ultrapassar barreiras auto--impostas por uma cena peran-te a qual sempre se colocaram à margem, tanto pelas compo-sições como pela panóplia de sonoridades menos comuns a que recorrem, o resultado final é sublime. Árdua tarefa é des-tacar temas - opto por realçar “Šumava” e “Pantheismus Do-bra”, apenas por darem maior proeminência ao inesperado berimbau - mas todo o álbum merece uma audição cuidada e integral. Estando na presença de uma das obras mais inven-tivas, originais e refrescantes que ouvi nos últimos anos, não posso senão afirmar que este é um disco absolutamente brilhante, que deveria garantir aos Master’s Hammer um lugar de destaque não só no black metal mas na música em geral.[9/10] Jaime Ferreira

MASTER’S HAMMERVRACEJTE KONVE NA MÍSTOEDIÇÃO DE AUTOR

A mensagem é curta e direta: “Hoje não vamos ter fado”. É assim que é feita a apresenta-ção de “Morte ao Fado”, uma tape do projeto de punk na-cional Miss Cadaver. Dadas as boas-vindas é a vez da banda dedicar uns curtos segundos a prestar homenagem a Amália através de um “espirro” dado pelo ânus (é de referir que a única coisa que os Miss Cada-ver têm em comum com Amá-lia é o facto de cantarem em Português), dando depois lugar a uma boa dose de crossover com temas como “Ca-mo-rra”, “Abismo”, “Justiça Azul”, entre outros. As letras retratam te-mas sociais e políticos enquan-to são acompanhadas por um instrumental vitorioso, tam-bém ele a pedir uma revolu-ção. “Morte ao Fado” retrata o imenso poder do underground nacional (não fosse também este registo lançado em for-mato cassete) e salvo algumas linhas líricas mais banais ou previsíveis, é um bom registo que demonstra a tenacidade e qualidade do trabalho de Ruy, que assume a responsabilidade (e grande que ela é) da compo-sição e dos instrumentos (à ex-cepção da bateria). O pós 25 de Abril ouve-se na voz dos Miss Cadaver.[7/10] Joel Costa

MISS CADAVERMORTE AO FADO (TAPE)FUKK THAT RECORDS

O primeiro álbum de Moons-pell em quatro anos represen-ta um novo fôlego por parte da banda. Os nove temas de “Alpha Noir” são simultanea-mente incendiários e melódi-cos. Com canções mais diretas e catchy que no seu antecessor “Night Eternal”, ao longo de 40 minutos de Dark Metal, pode-mos encontrar as atmosferas góticas e épicas características do seu som. A principal nuance deste álbum é a forma como os temas estão construídos: mais orientados para as guitarras e sem notas desnecessárias, o que corresponderá às expecta-tivas de um fã de qualquer gé-nero de Metal. A abertura “Axis Mundi” mostra bem a mestria da banda em combinar vários andamentos e estilos. Nas faixas seguintes continuam a destacar-se os leads de Ricardo Amorim (potenciados pela pro-dução de Tue Madsen), sobre-tudo no single “Lickanthrope”, ao estilo de Cradle of Filth, as-sim como no tema título, onde impera um feeling mais góti-co. Destaque ainda para “Em Nome do Medo”, talvez a me-lhor faixa do álbum, cantada em português. Colocando de parte os arranjos floreados, os Moonspell valorizaram as vir-tudes melódicas de cada uma das canções. Aliás, só após vá-rias audições do álbum é que a sua verdadeira essência tende-rá a emergir. A edição especial de “Alpha Noir” vem com um segundo disco com oito temas originais, “Omega White”, que explora o lado mais atmosféri-co da banda.[8/10] José Branco

MOONSPELLALPHA NOIRNAPALM RECORDS

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Jeffrey Dunn percorreu, indubi-tavelmente, um longo caminho desde “Welcome to Hell” até aos dias de hoje. Para ser mais preciso, passaram-se 31 anos, durante os quais a influência dos Venom em quase todos os espectros do metal se revelou notória, assim como a evolu-ção do guitarrista, cujo nome de guerra Mantas continua a inspirar respeito e admiração. Tendo como parceiros outros dois ex-Venom - Tony Dolan no baixo e voz e Anthony Lant (irmão de Cronos, que entre-tanto abandonou a banda) na bateria - criou em 2010 os MPire of Evil, cujo primeiro longa-duração vê agora a luz do dia, após um EP do ano pas-sado quase exclusivamente de versões. Assim que dispara a abertura “Hellspawn” - rápida, um pouco ao estilo Judas Priest - temos imediatamente a cons-ciência do que nos espera: um poderoso disco de metal clássi-co de alto nível. Passando pe-los riffs absolutamente geniais de “Metal Messiah” e “All Hail”, às proporções épicas de “The 8th Gate” e do tema título e com espaço para as influências blues em “Devil”, a soma de todas as partes revela-se bem mais pertinente que qualquer um dos últimos álbuns dos Ve-nom. Deixando a sensação de ser um disco “à moda antiga”, feito por quem domina com mestria o seu ofício, “Hell to the Holy” é um trabalho muito bem conseguido e, sobretudo,sincero. Por vezes, a antiguida-de é mesmo um posto.[8/10] Jaime Ferreira

M-PIRE OF EVILHELL TO THE HOLLYSCARLET RECORDS

Não é fácil enveredar pelo árduo caminho do metal progressivo. Para além da complexidade da composição dos temas e dos conceitos, o género teve na sua génese grandes bandas, tais como uns Led Zeppelin ou Pink Floyd (comparações à parte) que pela sua genialidade e origina-lidade, marcaram uma época e se tornaram pedras basilares da música para os seus contem-porâneos, bem como as gera-ções de músicos seguintes. Os Oddland, finlandeses de gema, vencedores do prémio do júri Suomi Metal Star, conseguiram contrato com a Century Media e lançaram-se de cabeça nes-te projecto megalómano que é The Treachery of Senses. É um álbum bem conseguido! Tem a sua complexidade q.b. e uma produção de Dan Swanö (envol-vido em dezenas de projectos de âmbitos tão distintos como Edge of Sanity, Bloodbath, Ope-th ou Millencollin). Lá pelo meio poderemos encontrar belíssimos dedilhados de guitarra, um bai-xo eximiamente bem tocado e alguns ritmos que ficam bem no ouvido. Sem dúvida, merece ser ouvido atentamente, porque não é um daqueles registos que ficam no ouvido à primeira, tal-vez devido à sua complexidade. Mas, quem for capaz de quebrar a primeira barreira, encontrará mais um bom projeto/álbum/banda vindo desse país que nos habituou a excelentes e memo-ráveis bandas.[8.5/10] Narciso Antunes

ODDLANDTHE TREACHERY OF SENSESCENTURY MEDIA RECORDS

Com um pé no Death Metal e com outro no Black Metal, este quinteto australiano assina em “Inverse”, o seu álbum de es-treia, um registo interessante que poderá vir a conferir-lhes alguma notoriedade. Ao lon-go de sete faixas, os Order of Orias percorrem diversas at-mosferas, variando entre debi-tar pura violência e ferocidade, a alguma obscuridade latente e atmosférica. Aliás, a grande virtude da banda está nas dinâ-micas que vai introduzindo no álbum. Nestas, consegue espe-lhar na perfeição a atitude de confronto e de contracorrente do Death Metal puro e duro, e, ao mesmo tempo, contrastar com o iluminismo e a transcen-dência através de típicos riffs de Black Metal. As estruturas das músicas são bastante tra-balhadas, impelindo o ouvin-te a acompanhar o desenro-lar destas autênticas viagens através do caos e da opressão. Talvez o ponto menos positivo sejam os momentos inócuos mid-tempo, mais atmosféricos, que não acrescentam nada aos temas e que tornam algo dese-quilibrados os 50 minutos pe-los quais se estende o álbum. Nota positiva para a qualidade da gravação e do artwork final desta nova aquisição da editora germânica World Terror Com-mittee. Uma banda que revela potencial dentro do género e que pode apelar, entre outros, aos fãs dos seus companheiros de editora Ascension. [6.5/10] José Branco

ORDER OF ORIASINVERSEWORLD TERROR COMMITTEE

O quinteto de Hardcore oriun-do da cidade de Lisboa, “Re-ality Slap”, lança agora o novo álbum “Necks & Ropes” atra-vés da Hell Xis Records. O disco composto por 14 faixas foi gra-vado nos Poison Apple Studios em Lisboa e conta com várias participaçãoes especiais como é o caso de Winston Mcall (Pa-rkway Drive), de Justice Tripp (Trapped under ice), de Mike Ghost (Men Eater) e de Poli (Devil in Me). “Necks & Ropes” é um disco frenético, de veloci-dade alucinante, em que cada faixa (de duração bastante curta) encaixa perfeitamente na seguinte, mantendo uma coerência e uma intensidade impressionantes e conseguin-do manter a individualidade da cada canção como se fosse única. Faixas a ter em aten-ção são: “Silence”, “When you were dead”, “Check yout pul-se” “Re-Animator”, “The calm”, faixa instrumental, “Crowds” e “Eyes wide shut”. O disco con-ta com um trabalho de guitar-ras muito intenso, com uma secção ritmica bastante pode-rosa e com um desempenho vocal irrepreensível, fazendo lembrar as bandas de hardco-re e Punk mais Oldschool. Em suma: excelente trabalho! Para ouvir com muita atenção![8/10] Rute Gonçalves

REALITY SLAPNECKS & ROPESHELL XIS RECORDS

Page 70: Infektion Magazine #13 - Abril 2012

Aí está mais um álbum assusta-dor, denso e brutal desta banda sueca. Depois do anterior tra-balho ter feito furor na comu-nidade death metal, este “In-curso” mostra-se com um som mais rápido, limpo e com uma construção mais progressista. E agora, com os novos elemen-tos Erland Caspersen no baixo e Christian Muenzner nas gui-tarras, os Spawn of Possession, podem ser hoje, considerados “a” banda do death metal téc-nico, actualmente. “Incurso” não é um álbum para qualquer fã deste género de música. Dífi-cil de digerir, não aconselhado a ouvir todo seguido, é pesado, com riffs que mudam constan-temente, onde raramente há repetições e onde as regras--padrão de construção de can-ções são abandonadas. E é jus-tamente isso que os Spawn of Possession procuram e é por isso que este álbum é tão bom. Com uma bateria estrondosa, vocais precisos e um baixo cor-pulento, não é um registo re-volucionário, mas a maturação da banda é evidente. O death metal “tradicional” continua cá, mas a experimentação é óbvia, principalmente em can-ções como “The Evangelist” ou “Apparition”. Construções musicais inteligentes, bastante complexas, tecnicismos acima da média e alguns elementos tirados do jazz, vai fazer deste, um dos álbuns de death metal, mais falados do ano.[8.5/10] Ivan Santos

SPAWN OF POSSESSIONINCURSORELAPSE RECORDS

Diretamente de Itália, mais pro-priamente de Roma, os “The Foreshadowing” são uma banda de Gothic e Doom Metal, nasci-da em 2005, mas que remonta já a 1998 e a uma ideia inicial de Alessandro Pace (aka Alex Veja), que juntou vários amigos para criar um projeto inspirado na sonoridade de bandas como “My Dying Bride”, “Katatonia” ou “Anathema”. Depois de “Days of Nothing”, o conceptual ál-bum de estreia e de “Oionos” de 2010, o coletivo surge agora com o terceiro disco da sua carreira: “Second World”. Este é um dis-co que claramente, transporta influências dos trabalhos ante-riores, misturando o ambiente obscuro e complexo de “Oionos” com uma maior simplicidade e objetividade, que traz á memó-ria, algumas faixas do primeiro disco. De facto, trata-se de um disco que vive de ambientes bastante melódicos em especial os que são criados pela guitarra acústica e pelos cantos gregoria-nos, mas nunca esquecendo os riffs mais pesados. Faixas a ter em atenção são: “The Forsaken son”, “Ground Zero”, “Reverie is a Tyrant” e “Friends of Pain”. “Se-cond World” é, em suma, uma obra bastante completa, que consegue surpreender quem ouve e que marca uma clara evo-lução dos “The Foreshadowing” no plano musical. A banda surge muito mais madura, mais coesa e mais sólida, conseguindo intro-duzir elementos inovadores na sua sonoridade e continuando a deixar a sua marca única. Um bom trabalho para ouvir com atenção.[7.5/10] Rute Gonçalves

THE FORESHADOWINGSECOND WORLDCYCLONE EMPIRE

Coletivo de death metal com-posto por dois suecos, um no-rueguês e um americano, os The Grotesquery formaram-se em 2009 e apresentam-nos já o seu segundo álbum, ostentan-do o título completo de “The Facts and Terrifying Testament of Mason Hamilton: Tsathoggua Tales”. Um disco conceptual, no qual nos contam a história do in-vestigador Mason Hamilton, da Miskatonic University - universi-dade fictícia idealizada por H. P. Lovecraft em 1922 e populariza-da nos anos 80 pela adaptação cinematográfica do seu conto “Herbert West—Reanimator” - encarcerado em 1946 após uma expedição a uma ilha ao largo da costa islandesa, da qual foi o úni-co sobrevivente. A proposta da banda é um death metal muito próximo do praticado na Suécia na década de 90, extremamen-te coeso e bem executado. Sa-bendo intercalar com sucesso a brutalidade e a melodia - sendo disso “Gaze of Ghatanathoa” um excelente exemplo - seguem competentemente as pisadas de ícones da NWOSDM como Dark Tranquillity ou At the Gates. O tecnicismo inerente ao género não é menosprezado, tal como se constata com maior relevo em temas como “The Chtullhu Pro-phecy” ou “Dreams of Terrors in Darkness & Horrors out of Sha-dows”. Apesar de não atribuir qualquer tipo de nova roupagem ao estilo, este é um trabalho que demonstra ter sido pensado ao mais ínfimo pormenor, deveras completo e digno de nota.[7/10] Jaime Ferreira

THE GROTESQUERYTHE FACTS AND TERRIFYING...CYCLONE EMPIRE

Ao quinto álbum o projeto italia-no deu por ventura o passo mais ousado da carreira. Pela primei-ra vez em colaboração com uma editora, em “Here the Day Co-mes”, um disco que levou três anos a ser preparado, Valkiria mostra evolução. Longe das raí-zes Black Metal, temos hoje Dark Epic/Gothic Metal de boa quali-dade. Ao longo de sete temas, onde viajamos pelos diferentes momentos de um dia (que vão desde o nascer do sol à noi-te), percebemos que o foco da composição incide na melodia e atmosfera - no fundo a grande imagem de marca do projeto. A grande referência sonora é clara-mente Katatonia da fase “Brave Murder Day” (de onde existem riffs praticamente decalcados). Apesar da frieza nórdica, na sua perspetiva mais contemplativa e sorumbática, em “Here the Day Comes” é possível encon-trar uma faceta emocional que só uma banda mediterrânica poderia acrescentar (tal como fazem, por exemplo, os Novem-bre). Aliás, foi aos préstimos do baterista desta banda, Giuse-ppe Orlando, que Valkus Valkiria (multinstrumentista deste que é praticamente um projeto a solo) recorreu para a mistura e gravar as partes de bateria. Tal tem su-cedido com outras bandas que passam pelas mãos de Orlando, o som final é bastante cheio e orgânico. Assinalável melhoria também no tratamento da ima-gem da banda, artwork e magní-fico videoclip preparado para o tema “Sunrise”.[7/10] José Branco

VALKIRIAHERE THE DAY COMESBAKERTEAM RECORDS

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