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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Carlos Alberto de Sousa Neves INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO RESIDUAL E MICROGEOMETRIA NA FABRICAÇÃO DE ENGRENAGEM HELICOIDAL Belo Horizonte 2019

INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

Carlos Alberto de Sousa Neves

INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO RESIDUAL E

MICROGEOMETRIA NA FABRICAÇÃO DE ENGRENAGEM HELICOIDAL

Belo Horizonte

2019

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Carlos Alberto de Sousa Neves

INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO RESIDUAL E

MICROGEOMETRIA NA FABRICAÇÃO DE ENGRENAGEM HELICOIDAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como

requisito parcial para obtenção do Título de Mestre

em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. José Rubens Gonçalves

Carneiro

Coorientador: Prof. Dr. Gilmar Cordeiro da Silva

Área de concentração: Processo de Fabricação

Belo Horizonte

2019

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Neves, Carlos Alberto de Sousa

N519i Influência de parâmetros de usinagem na tensão residual e microgeometria

na fabricação de engrenagem helicoidal / Carlos Alberto de Sousa Neves. Belo

Horizonte, 2019.

162 f. : il.

Orientador: José Rubens Gonçalves Carneiro

Coorientador: Gilmar Cordeiro da Silva

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

1. Tensões residuais. 2. Engrenagens. 3. Revestimentos. 4. Ligas de aço. 5.

Aço - Tratamento térmico. 6. Raios X - Difração. I. Carneiro, José Rubens

Gonçalves. II. Silva, Gilmar Cordeiro da. III. Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. IV. Título.

CDU: 621.7

Ficha catalográfica elaborada por Fabiana Marques de Souza e Silva - CRB 6/2086

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Carlos Alberto de Sousa Neves

INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO RESIDUAL E

MICROGEOMETRIA NA FABRICAÇÃO DE ENGRENAGEM HELICOIDAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como parte

dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

______________________________________________________

Prof. Dr. José Rubens Gonçalves Carneiro (Orientador) – PUC Minas

______________________________________________________

Prof. Dr. Gilmar Cordeiro da Silva (Coorientador) – PUC Minas

______________________________________________________

Prof. Dr. Pedro Paiva Brito – PUC Minas

______________________________________________________

Prof. Dr. Jefferson José Vilela - (Banca Examinadora Externa)

Belo Horizonte, 31 de julho de 2019.

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Dedico este trabalho à minha amada esposa Elaine e

ao meu filho Petrus Emanuel.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus Pai, a Jesus Filho e ao Espírito Santo por ter me dado o fôlego

de vida até aqui para o cumprimento de mais esta vitória em minha vida. “Todo ser que

respira, louve ao Senhor”. Portanto, primeiramente, glória, louvor e honra ao Pai Eterno.

À minha amada e querida esposa, Elaine Sousa, que sempre me despertou para os

estudos. Se estou obtendo esta conquista, devo muito, mas muito mesmo a ela, que sempre

acreditou no meu potencial. “Mulher virtuosa, quem a achará?!”, eu achei e, por isso, sou

muito bem-aventurado!

Aos meus pais que, de modo peculiar, me incentivaram a sempre prosseguir. Eles têm

esse poder de, quase anonimamente, estimular minha motivação na busca de ser alguém

sempre melhor.

Ao Prof. Dr. José Rubens e ao Prof. Dr. Gilmar Cordeiro, não somente pela orientação

e pelo suporte desprendidos nessa minha etapa acadêmica, mas também por toda minha

formação como Engenheiro Mecânico. Muito obrigado por tudo!

Ao amigo, Prof. Dr. Paulo Sérgio Martins, pelo incentivo e pela ajuda em tudo o que

precisei. Obrigado pela disponibilidade e por todas as oportunidades que você me deu para o

meu crescimento profissional.

Ao Sr. Vicente Paz, um agradecimento especial, não somente pelas contribuições

nessa caminhada rumo à conclusão do Mestrado, mas, principalmente, pelos 22 anos de

trabalho na Fiat Chrysler Automobiles - FCA- e por todos os ensinamentos. Um profissional

de excelência, um mentor em processos de fabricação de engrenagem, que está sempre

disposto a dar todo auxílio técnico, de forma generosa, a todos que o circunda, e não foi

diferente nessa etapa da minha vida acadêmica. Aos demais amigos e colegas da FCA: se

fosse citar os nomes aqui, estes seriam muitos e, talvez, até me esquecesse de alguém,

portanto, a todos, o meu muito obrigado, seja no suporte para a construção das amostras, seja

nas análises para caracterização dos materiais seja no processo de tratamento termoquímico e

nas análises de tensão residual dos materiais ou na afiação de ferramentas e controle

dimensional das engrenagens.

Não poderia deixar de agradecer à Fiat Chrysler Automobiles, especificamente à

Industrial Transmissões e à PUC Minas pela base para a conquista deste objetivo.

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“Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda

nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das

tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher

será como a videira frutífera ao lado da tua casa; os

teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua

mesa. Eis que assim será abençoado o homem que

teme ao Senhor. O Senhor te abençoará desde Sião,

e tua verás o bem de Jerusalém em todos os dias da

tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz

sobre Israel”.

Salmos 128 – Bíblia Sagrada

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RESUMO

Nos processos de fabricação de engrenagens na indústria automotiva, existem várias etapas de

construção as quais podem provocar níveis de distorção na geometria do dente. Dentre elas, o

foco muitas vezes está atrelado ao processo de tratamento termoquímico, que deveria

assegurar baixos níveis de distorções na microgeometria devido ao seu alto nível de precisão

mecânica. Em processos de fabricação de engrenagem onde se tem os erros de perfil e hélice

definidos em operações que antecedem o tratamento termoquímico é desafiador para um

projetista de processo assegurar os níveis de qualidade do dente. Mesmo que a experiência

possa prever os níveis de distorções após o processo de carbonitretação, ela se torna limitada

haja vista a complexidade para se controlar esse fenômeno. Esta complexidade se dá pela

própria natureza inerente ao processo termoquímico, como também pelas hipóteses de níveis

de tensão residual gerados nas operações de fabricação do dente da engrenagem antes desse

processo, tais como o Hobbing e o Shaving. Além desses fatores, tem-se uma variável

associada ao material de construção de engrenagem, geralmente liga de aço, que possui

estrutura ferrita/perlita e suas memórias de tensão residual oriundas do processo de

forjamento. Este projeto experimental aborda um estudo da influência de alguns fatores no

processo de fabricação de engrenagem e a microestrutura da liga de aço, nos níveis de

distorções geométricos no perfil e hélice. Todos os experimentos foram realizados em um

processo de manufatura controlada, observando o comportamento de parâmetros

microgeometricos em cada fase de fabricação, os níveis de tensão residual impresso no dente,

a potência de corte exigida no processo Hobbing e avaliada a influência da microestrutura

ferrita/perlita nos processos Hobbing, Shaving e após a carbonitretação. Estas análises foram

realizadas em dois tipos de microestrutura de amostras de aço liga DIN 19MnCr5. Todas as

análises de tensão residual em cada fase do processo de fabricação foram mensuradas através

do método de difração de Raio-X e a microgeometria avaliada em um tridimensional Wenzel.

Os níveis de tensões residuais não foram apenas medidos na superfície do dente, além disso,

estudou-se a taxa de variação desses níveis ao longo da profundidade do dente em direção ao

seu núcleo. Essas observações permitem que decisões importantes no processo de fabricação

possam ser tomadas afim de propiciar melhorias no produto e processo no que tange aos

parâmetros de perfil e hélice além de poder tomar decisões para otimização dos processos de

fabricação.

Palavras-chave: Tensão Residual. Velocidade de corte. Avanço. Material. Engrenagem.

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ABSTRACT

In the gear production process of the automotive industry, several construction steps can

cause distortions in the tooth geometry. Among them, the focus is often linked to the

thermochemical treatment process, which should ensure low levels of microgeometry

distortion due to the high level of mechanical accuracy requested. In gear manufacturing

processes, where the profile and helix errors are defined prior than the thermochemical

treatment, is challenging for a process designer ensures tooth quality levels. Even if there is

experience to predict distortion levels after the heat treatment, it becomes limited due to the

complexity to control this phenomenon. That complexity occurs either by the features

inherent to the thermochemical process or by the hypotheses of residual stress levels

generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the

thermochemical process, such as Hobbing and Shaving. In addition to those points, there is a

variable associated with the gear building material, usually steel alloy, which has a ferrite /

perlite structure and its residual stress memories from the forging process. This experimental

project deals with a study of the influence of some factors in the process of construction and

finishing of gear tooth and the microstructure of the steel alloy on the profile and helix

geometric distortions levels. All the experiments processes was carried out in a controlled

manufacturing process, observing the behavior of microgeometric parameters in each

manufacturing phase, the levels of tooth residual stress, the cutting power required by the

Hobbing process and evaluated the influence of the ferrite / perlite microstructure for

Hobbing, Shaving and carbonitriding processes. The analysis was performed in samples of

DIN 19MnCr5 alloy steel whose microstructures are different. All residual stress analyzes at

each stage of the manufacturing process were measured by the X-ray diffraction method and

the microgeometry evaluated in a CMM (coordinate measuring machine) Wenzel. The

residual stress levels were not only measured on the tooth surface, in addition it was studied

the rate of variation of these levels along the tooth depth towards its core. That conclusion

allows that important decisions in the manufacturing process can be taken in order to provide

improvements on the product and process respecting the profile and helix parameters allowing

to take decisions in order to optimize manufacturing processes.

Keywords: Residual stress. Cutting speed. Feeding. Material. Gear.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Par de engrenagens helicoidais – Eixo e Coroa Cilíndrica ..................................... 40

Figura 2 – Ilustração do perfil (evolvente) A ........................................................................... 41

Figura 3 – Ilustração do perfil (evolvente) B ........................................................................... 42

Figura 4 – Hélice de uma engrenagem ..................................................................................... 42

Figura 5 – Direção das hélices – Esquerda e Direita ................................................................ 43

Figura 6 – Desvios do perfil evolvente ..................................................................................... 45

Figura 7 – Desvios de hélice..................................................................................................... 46

Figura 8 – Sistema de medição de engrenagens – Evolventímetro Wenzel WGT 350 ............ 47

Figura 9 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente A ................................... 48

Figura 10 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente B ................................. 48

Figura 11 – Divisões de um diagrama de controle do perfil evolvente .................................... 49

Figura 12 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente C ................................. 49

Figura 13 – Medição do perfil evolvente de 4 dentes A ........................................................... 50

Figura 14 – Medição do perfil evolvente de 4 dentes B ........................................................... 51

Figura 15 – Geração de um diagrama de controle de hélice A................................................. 52

Figura 16 – Geração de um diagrama de controle de hélice B ................................................. 53

Figura 17 – Medição de hélice de 4 dentes A........................................................................... 53

Figura 18 – Medição de hélice de 4 dentes B ........................................................................... 54

Figura 19 – Exemplo de processo de fabricação de engrenagem ............................................. 57

Figura 20 – Fresamento de dentes com fresa tipo Hob ............................................................ 58

Figura 21 – Fresa a caracol (Tipo Hob) .................................................................................... 59

Figura 22 – Forças de corte previstas durante geração de cavaco ............................................ 60

Figura 23 – Processo de rasqueteamento (Shaving) ................................................................. 61

Figura 24 – Indicação dos pontos de contato entre engrenagem e a ferramenta ...................... 62

Figura 25 – Indicação das forças atuantes em cada ponto de contato ...................................... 63

Figura 26 – Comparação entre os procedimentos de rasqueteamento (Shaving) ..................... 64

Figura 27 - Princípio do processo mecânico de “shot peening” ............................................... 68

Figura 28 – Efeitos da Tensão Residual em Componentes Mecânicos e Eletrônicos .............. 71

Figura 29 – Ilustração de fatores físicos que impactam nas distorções de engrenagens .......... 72

Figura 30 – Ilustração de uma célula primitiva com os seus vetores de base .......................... 74

Figura 31 - 14 células de Bravais ............................................................................................. 75

Figura 32 – Difração de raios-X em cristal não deformado ..................................................... 76

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Figura 33 – Geometria de Bragg para a reflexão por planos cristalográficos sucessivos ........ 77

Figura 34 – Difração de raios x em cristal deformado ............................................................. 78

Figura 35 – Distâncias interplanares no estado inicial (a) e sob carga (b) ............................... 79

Figura 36 – Ilustração de diferentes ângulos [ψ] ...................................................................... 80

Figura 37 – Fluxograma da metodologia aplicada nos experimentos ...................................... 83

Figura 38 – Modelo de eixo secundário para aplicações automotivas ..................................... 83

Figura 39 - Fresa a caracol empregada para construção das amostras deste estudo ................ 84

Figura 40 – Fluxograma das etapas experimentais ................................................................... 85

Figura 41 – Desenho esquemático matriz do plano experimental ............................................ 86

Figura 42 – Processo Hobbing – Fresadora de engrenagem Gleason ...................................... 87

Figura 43 Processo Shaving – Raspadora de engrenagem Hurth ............................................. 87

Figura 44 – Processo Carbonitretação – Forno contínuo ......................................................... 88

Figura 45 – Fresa a caracol tipo Hob empregada nos experimentos ........................................ 88

Figura 46 – Faca Shaving empregada nos experimentos ......................................................... 89

Figura 47 – Potência Efetiva – Painel CNC Dentadora Gleason ............................................. 90

Figura 48 – Sistema de medição de engrenagens – Evolventímetro Wenzel WGT 350 .......... 90

Figura 49 – Difratômetro de raio-X .......................................................................................... 91

Figura 50 – Condição de difração para Ferrita ......................................................................... 92

Figura 51 – Preparação das amostras para análise de tensão residual ...................................... 93

Figura 52 – Equipamento Magnatest 3.610 .............................................................................. 95

Figura 53 – Amostra padrão G5 ............................................................................................... 95

Figura 54 – Amostras G1 a G5 enviadas para laboratório químico e metalúrgico .................. 97

Figura 55 – Fases de preparação das amostras para o estudo ................................................... 98

Figura 56– Equipamentos utilizados para os ensaios Laboratoriais nos Corpos de Prova

– G1 a G5 ............................................................................................................... 99

Figura 57 – Microestrutura da amostra G4 do aço DIN 19MnCr5 ........................................ 101

Figura 58 – Microdureza com carga de 98 mN na Ferrita e Perlita da amostra G4 ............... 102

Figura 59 – Microestrutura da amostra G2 do aço DIN 19MnCr5 ........................................ 103

Figura 60 – Imagem por elétrons secundários MEV da amostra G2...................................... 103

Figura 61 – Microdureza com carga de 98 mN na Ferrita e Perlita da amostra G2 ............... 104

Figura 62 – Valor de Potência obtido na tela do CNC da Fresadora Gleason ....................... 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Composição química dos aços utilizados na fabricação de engrenagem, em

percentagem em peso ............................................................................................. 56

Tabela 2 - Dados da fresa a caracol .......................................................................................... 85

Tabela 3 - Parâmetros de difração utilizados – Aço Ferrítico .................................................. 92

Tabela 4 – Dados das amostras segregadas por corrente parasita (Magnatest) ........................ 96

Tabela 5 – Dados das amostras da análise da composição química do aço DIN 19MnCr5 ... 100

Tabela 6 - Resultado da análise metalográfica das amostras G1 a G4 do aço DIN

19MnCr5 .............................................................................................................. 100

Tabela7 – Resultado da análise da Microdureza da amostra G4 do aço DIN 19MnCr5 ........ 102

Tabela 8 – Resultado da análise da Microdureza da amostra G2 do aço DIN 19MnCr5 ....... 105

Tabela 9 – Dados de Velocidade de Corte (Vc) das amostras G2 e G4 do processo

Hobbing com avanço constante (f=2,2mm/rot) ................................................... 106

Tabela 10 – Dados de Avanço [f] das amostras G2 e G4 do processo Hobbing com

Velocidade de Corte constante [V_c =170 m\min] ............................................. 107

Tabela 11 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo Hobbing ............. 108

Tabela 12 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo Shaving.............. 110

Tabela 13 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo de

carbonitretação ..................................................................................................... 111

Tabela 14 – Dados das amostras G2 e G4 – Correlação das variáveis [Vc], [f], Potência

Efetiva e Tensão Residual (IC = ±50 MPa) ......................................................... 112

Tabela 15 – Tensão residual na direção radial e sentido ao núcleo do dente nos

processos Hobbing, Shaving e Carbonitretadas................................................... 114

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Teste de normalidade das amostras G2 e G4 [Vc] x [W] .................................... 116

Gráfico 2 – Teste de normalidade das amostras G2 e G4 [f] x [W] ....................................... 117

Gráfico 3 – Potência de corte [W] em função do material e velocidade de corte [V_C] ....... 118

Gráfico 4 – Potência efetiva [W] de corte em função do material e Avanço [f] .................... 118

Gráfico 5 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus velocidade de

corte [V_C]- Processo Hobbing........................................................................... 119

Gráfico 6 – Dados de erro angular do perfil evolvente [f_Hα] versus velocidade de corte

[V_C]- Processo Hobbing.................................................................................... 120

Gráfico 7 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus velocidade de corte [V_C]-

Processo Hobbing ................................................................................................ 121

Gráfico 8 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus velocidade de corte

[V_C] -Processo Hobbing.................................................................................... 121

Gráfico 9 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus avanço [f]-

Processo Hobbing ................................................................................................ 122

Gráfico 10 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_Hα] versus avanço [f] –

Processo Hobbing ................................................................................................ 123

Gráfico 11 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus avanço [f]- Processo

Hobbing ............................................................................................................... 123

Gráfico 12 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus avanço [f]- Processo

Hobbing ............................................................................................................... 124

Gráfico 13 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus material –

Processo Shaving ................................................................................................. 125

Gráfico 14 Dados de erro de inclinação do perfil evolvente [f_Hα] versus material –

Processo Shaving ................................................................................................. 126

Gráfico 15 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus material – Processo

Shaving ................................................................................................................ 127

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Gráfico 16 – Dados de erro de forma da hélice [f_Hβ] versus material – Processo

Shaving ................................................................................................................ 128

Gráfico 17 – Dados de erro de forma do perfil [f_fα] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado ......................................................... 129

Gráfico 18 – Dados de erro de inclinação do perfil [f_Hα] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado ......................................................... 130

Gráfico 19 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado ......................................................... 131

Gráfico 20 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado ......................................................... 132

Gráfico 21 – Análise Difratômetro [d] x [〖sen〗^2 ψ] Amostra G2 08 – Processo

Shaving ................................................................................................................ 133

Gráfico 22 – Ângulo de difração [ψ] x ângulo [2θ] – Processo Shaving ............................... 134

Gráfico 23 – Intensidade x ângulo [2θ] – Processo Shaving .................................................. 134

Gráfico 24 – [d] x [〖sen〗^2 ψ] Amostra G2 08 – Processo Hobbing .................................... 135

Gráfico 25 – Ângulo de difração [ψ] x ângulo [2θ] – Processo Hobbing .............................. 135

Gráfico 26 – Intensidade x ângulo [2θ] – Processo Hobbing ................................................. 136

Gráfico 27 - Tensão residual x [V_c] após processo de Hobbing .......................................... 136

Gráfico 28 - Tensão residual x [f] após processo de Hobbing ............................................... 137

Gráfico 29 - Tensão residual para as amostras G2 e G4 após processo de Shaving .............. 138

Gráfico 30 – Distribuição normal da tensão residual a 0,08mm de profundidade da

superfície do dente ............................................................................................... 139

Gráfico 31 - Tensão residual a 0,08mm para as amostras após processo de Hobbing ........... 139

Gráfico 32 – Taxa de variação da tensão residual a um 0,10mm da profundidade do

dente ..................................................................................................................... 140

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LISTA DE SÍMBOLOS

Ângulo de inclinação do Cavaco

Ângulo de saída do cavaco

Diâmetro da peça (mm) [mm]

f Avanço por rotação mm/ver [mm/rot]

pa Profundidade de corte (mm) [mm]

cv Velocidade de corte (m/min) [m/min]

α Ângulo de perfil evolvente mm

β Ângulo de hélice [µm]

𝐹𝛼 Erro total do perfil [µm]

𝑓𝐻𝛼 Erro angular do perfil [µm]

𝑓𝑓𝛼 Erro de forma do perfil [µm]

𝐹𝛽 Erro total de hélice [µm]

𝑓𝐻𝛽 Erro angular de hélice [µm]

𝑓𝑓𝛽 Erro de forma de hélice [µm]

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CB Círculo Base

CP Círculo Primitivo

DIN Deutsches Institut fur Normung

HB Hardness Brinell

HV Hardness Vickers

ISO International Standard Organization

CNC Comando numérico computadorizado

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 33 1.1 Justificava ................................................................................................................ 36 1.2 Objetivos .................................................................................................................. 36 1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 36 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 36

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 39 2.1 Engrenagem ............................................................................................................ 39 2.1.1 Conceito geral .......................................................................................................... 39 2.1.2 Engrenagens helicoidais e paralelas........................................................................ 40 2.1.3 Microgeometria de um dente de engrenagem .......................................................... 43

2.1.3.1 Erros de perfil evolvente .......................................................................................... 43 2.1.3.2 Erros de hélice ......................................................................................................... 45 2.1.4 Inspeção dimensional de um dente de engrenagem ................................................. 47

2.1.4.1 Inspeção do Perfil Evolvente ................................................................................... 48 2.1.4.2 Inspeção da hélice ................................................................................................... 51 2.1.4.2.1 Desvio total da linha de flancos ................................................................................ 52

2.1.4.2.2 Desvio angular da linha de flancos ........................................................................... 52

2.1.4.3 Material de fabricação de engrenagem .................................................................. 54

2.2 Processo de fabricação de engrenagem ................................................................ 56 2.2.1 Tipos de processo ..................................................................................................... 56

2.2.2 Sequenciamento lógico de um processo de engrenagem ......................................... 56 2.2.3 Fresamento dos dentes ............................................................................................. 57

2.2.3.1 Hobbing .................................................................................................................... 57 2.2.4 Acabamento de dentes .............................................................................................. 60

2.2.4.1 Shaving..................................................................................................................... 60 2.2.4.1.1 Procedimentos de trabalho no Shaving ..................................................................... 63

2.2.4.1.2 Velocidade e avanço de corte para Shaving ............................................................. 65

2.2.5 Processo de Tratamento termoquímico .................................................................... 65 2.2.6 Processo de Shot Peening ........................................................................................ 68 2.2.7 Tensões residuais em processos de fabricação de engrenagens .............................. 69

2.2.7.1 Processos de Medições de tensões superficiais – Difratômetro Raios-X ............... 74

3 METODOLOGIA................................................................................................... 83 3.1 Definição do Material ............................................................................................. 83

3.2 Definição da Ferramenta ....................................................................................... 84 3.3 Definição do escopo: Análise das etapas experimentais ...................................... 85 3.4 Critérios de estudo e separação de amostras ....................................................... 89

4 EXPERIMENTAÇÃO ........................................................................................... 95

4.1 Caracterização do material ................................................................................... 95 4.1.1 Dados das análises do material ............................................................................... 99

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4.1.1.1 Análise da Composição Química ............................................................................ 99

4.1.1.2 Análise Metalográfica ........................................................................................... 100 4.1.2 Dados das Potências de Usinagem em função das variáveis estudadas................ 105 4.1.3 Dados dimensionais do perfil e hélice do dente ..................................................... 108 4.1.4 Tensões residuais do dente ..................................................................................... 112

4.1.4.1 Dados de tensões na superfície do dente............................................................... 112

4.1.4.2 Dados de tensões na direção radial e sentido ao núcleo do dente ....................... 113

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................. 115

5.1 Influência da velocidade de corte [𝑽𝒄], avanço [f] e material na potência de

corte [W] ................................................................................................................ 115

5.2 Influência do material e dos parâmetros de corte nas distorções

microgeométricas do perfil (Evolvente) e hélice do dente ................................ 119 5.2.1 Distorções microgeométricas em função da velocidade de corte e material –

processo Hobbing ................................................................................................... 119 5.2.2 Distorções microgeométricas em função do avanço [f] e material – processo

Hobbing .................................................................................................................. 122

5.2.3 Distorções microgeométricas em função do material – processo Shaving ............ 124 5.2.4 Distorções microgeométricas em função do material – processo de Tratamento

Termoquímico Carbonitretado ............................................................................... 128

5.3 Análise da tensão residual no dente .................................................................... 132 5.3.1 Influência dos parâmetros de usinagem na tensão residual na superfície ............ 132

5.3.2 Tensão residual na superfície do dente para as amostras G2 e G4 – processo

Shaving ................................................................................................................... 137 5.3.3 Tensão residual a 0,08mm de profundidade da superfície do dente - sobremetal do

Hobbing para o Shaving ......................................................................................... 138

5.3.4 Variação da tensão residual na direção radial no sentido superficial ao núcleo do

dente ....................................................................................................................... 140

6 CONCLUSÃO....................................................................................................... 141

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 143

APÊNDICE A – RELATÓRIO DO TRIDIMENSIONAL WENZEL

HOBBING ............................................................................................................. 147

APÊNDICE B – RELATÓRIO DO TRIDIMENSIONAL WENZEL

SHAVING ............................................................................................................. 151 APÊNDICE C – RELATÓRIO DO TRIDIMENSIONAL WENZEL

CARBONITRETADO ......................................................................................... 155 APÊNDICE D – RELATÓRIO DA ANÁLISE DE TENSÃO RESIDUAL –

DIFRATÔMETRO DE RAIO-X ........................................................................ 159

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33

1 INTRODUÇÃO

As engrenagens de transmissão utilizadas no setor automobilístico são desenvolvidas

por engenheiros projetistas com o objetivo de transmitir o torque, a velocidade e suas

proporções especificadas em projeto, havendo, também, restrições impostas por design,

espaço, peso e pelas limitações de custo (HEWITT, 1992).

Para a fabricação dessas engrenagens a indústria automobilística utiliza o aço forjado a

quente em substituição ao ferros fundidos e ligas leves. Seu processo de fabricação envolve

etapas tais como lingotamento contínuo, laminação a quente, forjamento, seguido por

recozimento isotérmico para produzir microestrutura de ferrita/perlita para garantir uma boa

usinabilidade. Em virtude da variabilidade de processos de fabricação do forjado, há

parâmetros indesejáveis que compõe a microestrutura do aço que podem requerer maiores

esforços na usinagem da engrenagem, aumentando a potência de corte durante o fresamento e

podem afetar a microgeometria do dente. Além disso, as tensões residuais oriundas desse

processo podem ser afetadas por este fenômeno. Este tipo de usinagem de engrenagem

envolve operações distintas tais como fresamento em desbaste (Hobbing) e acabamento

(Shaving), além da carbocementação para garantir dureza superficial e exigem um estudo de

inúmeras variáveis para que se alcance a excelência em seus resultados produtivos. Essa

perfeição é alvo de todos os profissionais da indústria metal-mecânica. Dentre os vários

aspectos compreendidos, a fim de propor melhorias nos processos de fabricação, está o

domínio dos parâmetros de corte e suas influências nas características do produto. Sabe-se,

ainda, que forças de usinagem interagem com o produto usinado e provocam características

indesejáveis, dentre elas, as tensões residuais, sendo que essa característica física pode

contribuir para as distorções do produto em função das tensões geradas ao longo do processo

de fabricação (HUSSON et al., 2012).

Após o resfriamento controlado do forjado bruto das amostras utilizadas nesse

experimento, foi possível fazer a previsibilidade da usinabilidade por comparação com

experimentos de corte e adoção do método numérico.

Atraszkiewicz et al. 2012 reportam que cerca de 50-60% de distorções finais são

causadas por seleção imprópria de material tais como composição química, estrutura e

geometria.

A usinabilidade pode ser entendida de uma forma geral, como o grau de dificuldade de

se cortar um determinado material, levando-se em consideração grandezas mensuráveis tais

como, vida da ferramenta, acabamento superficial da peça, os esforços de corte envolvidos,

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34

temperatura de corte, produtividade, características do cavaco, taxa máxima de remoção de

material (MACHADO et al., 1999). A usinabilidade depende das propriedades mecânicas do

material, condições de refrigeração, rigidez da máquina ferramenta, natureza do processo,

condições de entrada e saída da ferramenta entre outros. Em processos de usinagem

avançados, a não utilização de refrigerantes líquidos oferece vantagens econômicas e

ambientais. A ausência de refrigerante de corte leva aumento na temperatura na zona de corte

e no material próximo com formação de tensões residuais de usinagem. As mudanças de

dimensão e forma das peças se designam como distorção. Dependendo da rigidez da peça,

tensões residuais podem ser dominantes quando se considera distorção. Embora modelos para

a previsão das tensões residuais existam e cálculo dos desvios de forma resultantes seja

possível, esse método tem como desvantagem o alto custo das medições de tensões residuais

em profundidade (GULPAK; SOLTER; BRINKSMEIER, 2013). Essas mudanças são

internas na peça, originárias da sua história, temperatura, tempo e dependentes das

transformações de fase.

O processo de usinagem gera uma camada superficial de material deformado

plasticamente que atua como uma fonte para tensões residuais sobre a peça inteira. As tensões

têm um efeito principal nas propriedades físicas, mecânicas e química da camada superficial.

Durante a usinagem, o material é deformado plasticamente e em etapas de fabricação prévia é

removida. Em etapas de fabricação subsequentes, tal como endurecimento, tensões residuais e

desvios de forma causada por usinagem podem influenciar a distorção da peça (NOWAG;

SÖLTER; BRINKSMEIER, 2007).

A história de fabricação dos componentes determina a grandeza e distribuição das

tensões residuais no componente. Em muitos casos, as tensões residuais podem ser

controladas pela otimização dos parâmetros e características do processo. Processos abrasivos

tendem a resultar em elevadas tensões residuais, e, especialmente, quando a aplicação de

refrigeração não é eficiente, há chances de as tensões residuais levar à formação de trincas

(SALONITIS; KOLIOS, 2015).

Em cadeias de processos para fabricação de engrenagem, usinagem de acabamento é a

etapa definidora de qualidade na fabricação de engrenagem. Usinagem de acabamento de

engrenagens ocorre nas condições de peça de alta e baixa dureza. Para acabamento duro,

retífica ou “honing” são os processos mais comuns. Processos de acabamento macios

“shaving” e “hobbing” oferecem uma alternativa na usinagem de acabamento. Comparado ao

“shaving”, hobbing oferece potencial para realizar processo de acabamento econômico e

ecológico pela utilização de corte a seco. O processo “hobbing” de acabamento de

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35

engrenagem é dividido nas etapas de desbaste e acabamento. Durante a usinagem de desbaste

uma quantidade maior de material é usinado. A exatidão dimensional e a qualidade da

superfície desejada é colocada no corte de acabamento. Para manter forças de usinagem baixa

no corte de acabamento e assim garantir precisão dimensional, o sobremetal deixado pelo

corte de desbaste pode ser reduzido o que conduz a possibilidade de usar velocidades de corte

elevadas nesse acabamento. Alterando-se a velocidade de corte [𝑉𝑐] ou avanço da ferramenta

[f], espera-se uma resposta na qualidade do produto, na produtividade da ferramenta ou, até

mesmo, na manutenabilidade da máquina.

O nível e tipo de distorções criadas no processo de fabricação de engrenagens são o

efeito da influência de diversos fenômenos em diferentes estágios de tratamento térmico e

produção. Tensão residual pode ser definida como as tensões que permanecem no interior de

um corpo após fabricação e processamento na ausência de forças externas ou gradientes

térmicos. Essas tensões podem, também, ser produzidas pelo carregamento em serviço,

levando a deformação plástica heterogênea na peça ou corpo de prova (ROSSINI et al., 2012).

As técnicas de medição de tensão podem ser de natureza destrutiva, semidestrutiva ou não

destrutiva. Essas técnicas podem medir algum parâmetro que se relaciona à tensão. Métodos

de difração se baseiam na determinação da deformação elástica que causa mudanças no

espaçamento interplanar, d, do valor de livre de tensão, d0. Assim, a deformação pode ser

calculada pela utilização da lei de Bragg e do conhecimento do espaçamento interplanar livre

de tensão. As propriedades dos materiais de engenharia e componentes estruturais,

notadamente vida à fadiga, distorção, estabilidade dimensional, resistência à corrosão e

fratura podem ser influenciadas pela tensão residual. Tensões residuais superficiais em peças

retificadas é um resultado da deformação térmica devido à dissipação de calor na zona de

retífica, a pressão entre a ferramenta e a peça, e a transformação de fase do material. O

balanço entre esses três fenômenos diferentes define se as tensões residuais finais são

compressivas ou residuais. A pressão aplicada pela ferramenta na peça induz tensões

compressivas. Por outro lado, deformação térmica devido à dissipação de calor induz tensões

residuais trativas. O desafio é incorporar as tensões residuais resultantes devido às

transformações de fase. Mudança de fase resulta em mudança de volume, dependendo se a

nova estrutura ocupa mais espaço que a original, as tensões residuais podem ser compressivas

ou trativas. Transformação de fase martensítica resulta em tensões residuais compressivas e

reduzida em valor comparada as tensões devido as deformações térmicas (SALONITIS,

2014).

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36

Objetiva-se nesse trabalho estudar a influência dos parâmetros de corte na tensão

residual e microgeometria nos processos de usinagem de engrenagem “hobbing” e “shaving”.

1.1 Justificava

A tensão residual é um fenômeno inerente aos processos de fabricação de engrenagens

e podem causar efeitos indesejáveis nas características do produto. A busca pela compreensão

desse fenômeno nos processos de fabricação mecânica cresce substancialmente a fim de que

um maior domínio das pessoas, sobre os processos, seja alcançado, possibilitando a elas uma

atuação eficaz e eficiente. Portanto, neste estudo, são abordados a tensão residual e seus

impactos, buscando propor subsídios técnico-científicos para melhorar o entendimento do

engenheiro, de como se comporta um determinado material ao variar parâmetros de processos

factíveis e/ou possíveis de se alterar, do ponto de vista operacional, além de se observar o

resultado nas características do produto. Desse modo, ao se ter esse entendimento, decisões

poderão ser adotadas para correção ou melhoramento contínuo do processo, inclusive

elaboração de propostas para redução de custos.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Estudar a influência dos parâmetros de usinagem empregados no fresamento de dentes

de engrenagem helicoidal e seus efeitos no estado de tensões produzidas na superfície do

material e na qualidade do perfil de envolvente e hélice da engrenagem.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Avaliar a potência de corte durante o fresamento do dente da engrenagem (processo

Hobbing) em função da dureza (HB) e microestrutura do aço DIN 19MnCr5 e

também em função dos parâmetros velocidade de corte e avanço de corte;

b) Avaliar a tensão residual na superfície e ao longo da profundidade do dente da

engrenagem helicoidal após os processos Hobbing, Shaving e carbonitretação e

suas influências na microgeometria do dente (perfil evolvente e hélice).

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37

c) Avaliar a tensão residual a 0,08mm de profundidade após o processo Hobbing e

verificar se há presença dessa tensão na linha de sobremetal para o Shaving

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39

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Algumas bases teóricas que sustentam a natureza desta pesquisa experimental são

abordadas, apoiando-se nos principais conceitos, definições e características do processo de

fabricação de engrenagens, dos materiais empregados durante a produção e suas

características construtivas, facilitando, assim, a compreensão do objeto de estudo e a

interpretação dos resultados obtidos.

2.1 Engrenagem

2.1.1 Conceito geral

As engrenagens de transmissão utilizadas no setor automobilístico são desenvolvidas

por engenheiros projetistas com o objetivo de transmitir o torque, a velocidade e a proporção

especificados em projeto, havendo, também, restrições impostas por design, espaço, peso e

pelas limitações de custo (HEWITT, 1992).

Engrenagem de aço forjado a quente são utilizados na indústria automobilística em

substituição ao ferros fundidos e ligas leves. Seu processo de fabricação envolve etapas tais

como lingotamento contínuo, laminação a quente, forjamento, seguido por recozimento

isotérmico para produzir microestrutura de ferrita/perlita para usinagem. Em alguns tipos de

ligas, são admissíveis também, após o forjamento, o resfriamento controlado, conhecido nas

indústrias por perlítico de forja. Este tipo de tratamento pós forjamento, depende muito da

curva de temperabilidade do material, para assegurar a microestrutura ferrita/perlita.

Segundo Niemann (1995), uma engrenagem nada mais é do que uma roda dentada. Já

Mazzo (2013) nos traz uma definição mais completa e interessante, afirmando que:

“Engrenagem é um substantivo que nomeia um conjugado, uma vez que, para engrenar algo,

são necessários pelo menos dois componentes, ou seja, um motriz e outro movido, quando se

trata de uma transmissão mecânica” (MAZZO, 2013).

Para que uma engrenagem movimente outra, estas devem estar engrenadas. Assim, ao

girar o eixo de uma engrenagem, os dentes dessa resvalam sobre a outra, movimentando-a. Do

ponto de vista de velocidade, os perfis dos dentes são desenhados de tal forma que permitem

que a relação entre as velocidades lineares sejam sempre as mesmas. Mazzo (2013), em sua

obra “Engrenagens Cilíndricas”, afirma que “as engrenagens oferecem a mais prática e

confiável maneira de se transmitir movimento angular uniforme”. Com esse tipo de aplicação

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40

da engenharia, o engenheiro consegue obter a máxima eficiência dos motores, convertendo

uma boa parte da sua energia potencial em torque ou em velocidade de forma confortável para

o condutor de um veículo.

2.1.2 Engrenagens helicoidais e paralelas

Segundo Norton e Stavropoulos (2013), as engrenagens helicoidais movimentam-se a

partir de uma combinação de rolamento e deslizamento com contato começando em uma

extremidade do dente e “varrendo” cruzado pela largura de sua face. Isso é bastante distinto

do contato de engrenagens de dentes retos que ocorre de uma vez ao longo de uma linha que

cruza a face do dente no instante do contato do dente. Observa-se, na Figura 1, um exemplo

de engrenagens helicoidais:

Figura 1 – Par de engrenagens helicoidais – Eixo e Coroa Cilíndrica

Fonte: Fotografia do autor.

A engrenagem de dentes retos é um caso particular das engrenagens helicoidais em

que o ângulo de hélice é zero. As engrenagens helicoidais são mais silenciosas e apresentam

menor vibração, se comparadas às engrenagens retas, devido ao contato gradual dos dentes.

As transmissões automotivas utilizam engrenagens helicoidais, a fim de se obter uma

operação silenciosa, exceto em alguns casos em que a engrenagem de retrocesso são

engrenagens retas. Em uma transmissão desse tipo, um ruído de engrenamento pode ser

ouvido ao retroceder o veículo, devido à ressonância dos dentes da engrenagem reta, estes

movidos por impactos repentinos de dente contra dente na linha de contato.

O perfil (evolvente) largamente empregado nos dentes de engrenagens exibe, como

principal característica, o contato entre os dentes conjugado sempre sobre uma linha de ação,

a qual é tangente aos diâmetros de base e perpendicular à tangente do perfil do dente no ponto

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41

de contato. O diâmetro de base é um diâmetro imaginário, a partir do qual o perfil (evolvente)

é gerado, conforme ilustrado na Figura 2, Wink (2006):

Figura 2 – Ilustração do perfil (evolvente) A

Fonte: Wink (2006).

Na Figura 3, alguns pontos devem ser observados no princípio de construção da

evolvente:

a) Para cada ponto existe uma reta correspondente, que é tangente ao diâmetro de

base;

b) Essas retas são perpendiculares à tangente no ponto do perfil;

c) É conceitualmente impossível existir perfil evolvente abaixo do diâmetro de base.

A engrenagem de dentes helicoidais apresenta um componente adicional em relação à

engrenagem de dentes retos: o ângulo de hélice é maior que zero (Beta >0). Com isso, podem

ser transmitidas potências maiores e com menor nível de ruído em relação às engrenagens de

dentes retos. No engrenamento helicoidal, o esforço é transmitido progressivamente sobre a

largura do dente, ou seja, vários dentes permanecem em contato, de forma simultânea,

havendo maior regularidade no movimento.

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42

Figura 3 – Ilustração do perfil (evolvente) B

Fonte: Wink (2006).

Os dentes das engrenagens helicoidais seguem uma trajetória em forma de hélice ao

longo da largura da engrenagem, sendo o ângulo de hélice medido em relação ao eixo de

rotação da engrenagem e em um dado diâmetro. É possível observar uma ilustração de uma

engrenagem helicoidal e do ângulo de hélice na Figura 4:

Figura 4 – Hélice de uma engrenagem

Fonte: Wink (2006).

Além disso, em um par de engrenagens, uma destas sempre estará em sentido oposto

ao seu par, seja movida, seja motora. Mazzo (2013, p.114) aborda a questão sobre o sentido

do par de engrenagens do seguinte modo: “À direita, se ao posicionar a roda com seu eixo na

posição vertical, a extremidade do dente no lado superior estiver à direita da extremidade do

mesmo dente no lado inferior” (MAZZO, 2013, p.114). O conceito para hélice à esquerda,

obviamente, é o oposto ao da direita. Assim, o ângulo produzido a partir dessa inclinação é

denominado pela letra grega beta (β). Quando esse ângulo for igual a zero, conclui-se que a

engrenagem apresenta dente reto (β=0).

Evolvente

Ponto de

tangente

do perfil

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43

Na Figura 5, há um exemplo de hélice com sentido direito e um exemplo de hélice

com sentido esquerdo:

Figura 5 – Direção das hélices – Esquerda e Direita

Fonte: Wink (2006).

2.1.3 Microgeometria de um dente de engrenagem

2.1.3.1 Erros de perfil evolvente

Em uma roda dentada, o perfil é chamado perfil do flanco do dente, ou seja, uma curva

evolvente, já apresentada neste trabalho. Os controles do perfil são realizados por um sistema

de medição tridimensional, o qual é empregado para mensuração de todos os erros

microgeométricos (MAZZO, 2013, p. 284).

Os desvios do perfil evolvente são especificados pela Norma DIN 3962 e variam de

acordo com a qualidade especificada pela engenharia. Já os desvios considerados para o perfil

evolvente são: Desvio total do perfil [𝐹𝛼], Desvio angular do perfil [𝑓𝐻𝛼] e Desvio de forma

do perfil [𝑓𝑓𝛼].

O Desvio total do perfil evolvente [𝐹𝛼] “é a diferença entre duas paralelas à evolvente

teórica, que delimitam toda a curva de perfil real, compreendida dentro da área de avaliação”

(MAZZO, 2013, p. 284).

Conforme a Norma DIN 3961, o Desvio total do perfil evolvente é determinado pela

Equação (1).

𝐹𝛼 = √𝑓2𝐻𝛼

+ 𝑓2𝑓𝛼

(1)

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44

O Desvio angular do perfil evolvente [𝑓𝐻𝛼] “é a diferença entre o ângulo de perfil real

e o teórico e/ou entre o círculo base real e o teórico, verificada a partir da curva compensadora

dentro da área de avaliação” (MAZZO, 2013, p. 285).

Conforme a Norma DIN 3961, o Desvio angular do perfil evolvente é determinado

pela Equação (2).

𝑓𝐻𝛼 = 𝑖𝑛𝑡{1,4𝑄−5[2,5 + 0,25(𝑚𝑛𝑝 + 3. √𝑚𝑛𝑝)]+0,5} (2)

Onde [mnp] é o módulo normal e ‘Q’ é grau de qualidade requerido pelas normas

DIN/ISO. Já o Desvio de forma do perfil evolvente [𝑓𝑓𝛼] “é a distância entre os dois perfis de

referência que delimitam a curva do perfil real” (MAZZO, 2013, p. 285). Um dos possíveis

impactos desse desvio são vibrações e ruídos, principalmente em engrenagens para aplicações

em altas velocidades.

Conforme a Norma DIN 3961, o Desvio de forma do perfil evolvente é determinado

pela Equação (3).

𝑓𝑓𝛼 = 𝑖𝑛𝑡{1,4𝑄−5[1,5 + 0,25. (𝑚𝑛𝑝 + 9. √𝑚𝑛𝑝)]+0,5} (3)

As equações (2) e (3) podem variar em função de Q. Para ambos os casos, essa

variação é de Q≤9.

Todos esses desvios podem ser observados na Figura 6:

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45

Figura 6 – Desvios do perfil evolvente

Fonte: Mazzo (2013, p. 288).

2.1.3.2 Erros de hélice

De acordo com Mazzo (2013, p. 276), a hélice é definida por meio de seu passo

medido na direção axial e por um círculo, normalmente o círculo de referência, sobre o qual o

ângulo é calculado. Nas rodas com dentes retos considera-se o passo infinito e o ângulo igual

a zero. A Norma DIN 3962 define os parâmetros de hélice em função da largura do dentado e

do nível de qualidade. Esses parâmetros são: Desvio total na linha dos flancos [𝐹𝛽], Desvio

angular na linha dos flancos [𝑓𝐻𝛽] e Desvio de forma na linha dos flancos [𝑓𝑓𝛽].

Sendo assim, o Desvio total [𝐹𝛽] é dado pela diferença entre duas curvas paralelas à

linha teórica de flanco, que delimitam a linha de flanco real, compreendida dentro da área de

avaliação. Também, pela Norma DIN 3961, tem-se a Equação (4) para o Desvio Total.

𝐹𝛽 = 𝑖𝑛𝑡[1,25𝑄−5(0,8. √𝑏𝑝 + 4) + 5] (4)

Onde ‘Q’ é o nível de qualidade DIN e ‘b’ é a largura do dentado preferencial. Vale

ressaltar que a Norma DIN traz diferentes níveis de qualidade. Portanto, para o citado

exemplo, aplicou-se Q≤6.

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46

O Desvio angular [𝐹𝐻𝛽], segundo Mazzo (2013) é a diferença verificada entre o

ângulo de hélice real e o teórico, a partir da curva compensadora que está compreendida em

todo o comprimento do diagrama. Assim, a Equação (5) determina o valor desse desvio para

Q≤6.

𝐹𝐻𝛽 = 𝑖𝑛𝑡[1,32𝑄−5(4,16. 𝑏𝑝0,14) + 0,5] (5)

O Desvio de forma [𝑓𝑓𝛽] é a distância entre duas linhas de flanco de referência, as

quais delimitam a linha de flanco real, sendo este dado pela Equação (6).

𝑓𝑓𝛽 = √𝐹𝛽2 + 𝑓𝐻𝛽

2 (6)

Todos esses desvios de hélice podem ser observados na Figura 7:

Figura 7 – Desvios de hélice

Fonte: Mazzo (2013, p. 288).

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47

2.1.4 Inspeção dimensional de um dente de engrenagem

Para atender a todas as suas funções, a engrenagem deve considerar os requisitos de

projeto, ou seja, as suas especificações de engenharia, pois somente haverá um engrenamento

perfeito se o que está sendo construído estiver conforme as especificações teóricas. De acordo

com Mazzo (2013, p. 253), “A precisão da engrenagem é determinada pela exatidão de cada

perfil evolvente que a compõe e, também, pela exatidão do espaçamento entre os dentes ao

redor do cilindro, que é chamado passo” (MAZZO, 2013, p. 253). Nota-se, aqui, o autor

direcionando sua atenção para dois pontos cruciais com relação à qualidade de uma

engrenagem, que são o perfil (evolvente) e o passo, que está diretamente associado a hélice. A

forma de se inspecionar a qualidade do perfil e da hélice será definida nos próximos tópicos.

Abaixo, na Figura 8, é possível observar um tipo de sistema de medição, de perfil e de

hélice, aplicado dentro das indústrias. Trata-se de um tridimensional Wenzel WGT 350 para

inspeção de engrenagens de alta precisão projetado para medir engrenagens de até 400 mm de

diâmetro. Todos os eixos são feitos de granito natural escuro, garantindo excelente

comportamento térmico e rolamentos de ar em todos os eixos para garantir um funcionamento

suave e um desempenho de alta precisão. O WGT possui um contraponto totalmente

contrabalançado, permitindo o suporte de engrenagens de pinhão, ferramentas e eixos.

Figura 8 – Sistema de medição de engrenagens – Evolventímetro Wenzel WGT 350

Fonte: ACME GEAR (2014).

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48

2.1.4.1 Inspeção do Perfil Evolvente

A inspeção do perfil é realizada quando se compara o perfil medido com o perfil

evolvente teórico. Assim, os desvios do perfil (evolvente) são: os Desvios de forma geral ou

global e os Desvios do ângulo (inclinação). Usualmente, para a forma geral do perfil, é

especificada uma faixa (gabarito) dentro da qual a forma do perfil é considerada aprovada.

Observam-se, nas Figuras 9 e 10, exemplos de como se obtém o Desvio de forma geral do

perfil:

Figura 9 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente A

Fonte: Wink (2006).

Figura 10 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente B

Fonte: Wink (2006).

O gabarito se divide em alguns pontos importantes para tomadas de decisões de

atendimento às especificações de engenharia. A Figura 11 mostra quais são esses pontos e o

que significa cada um deles:

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49

Figura 11 – Divisões de um diagrama de controle do perfil evolvente

Fonte: Wink (2006).

Desse modo, tem-se a avaliação do erro de inclinação [𝑓𝐻𝛼], conforme a Figura 12:

Figura 12 – Geração de um diagrama de controle do perfil evolvente C

Fonte: Wink (2006).

De acordo com a Figura 12, a medição se faz da seguinte forma: traça-se uma linha do

SAP (Start Active Profile) ao HP (High Point) e essa mesma linha é estendida até o EAP (End

of Active Profile). A distância medida no EAP, entre a linha vertical e a linha traçada,

corresponde ao valor do [𝑓𝐻𝛼].

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50

Sobre a convenção de sinais, observa-se que para os pontos do perfil com uma maior

quantidade de material aplica-se sinal positivo e para os pontos com uma menor quantidade

de material aplica-se sinal negativo.

Quanto ao procedimento para a inspeção do perfil, considera-se adequada a medição

de alguns dentes da engrenagem, ou seja, por amostragem, e, normalmente, são medidos

quatro (4) dentes igualmente espaçados, Figura 13:

Figura 13 – Medição do perfil evolvente de 4 dentes A

Fonte: Wink (2006).

Quanto ao critério de avaliação, em algumas normas, como a DIN 3961 e 3962, a

média aritmética dos 4 dentes medidos deve atender à especificação de engenharia.

Seguindo as recomendações das normas DIN 3961 (1978) e DIN 3962 (1978), com

base nos valores ilustrados na Figura 13, tem-se a média dos erros angulares do perfil

evolvente dada pela Equação (7).

∑ 𝑓𝐻𝛼

4=

(−3)+7+(−2)+5

4= 1.75 (7)

Aplicando como critério de avaliação somente a Equação (7), pode-se incidir em erro,

por se tratar de uma análise por média aritmética. Na Figura 14, tem-se um exemplo que

constata tal possibilidade. Nesse caso, é sugerida uma análise de dispersão dos pontos

medidos, a qual se denomina variação de range ou embaralhamento de perfil. Portanto

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51

aplicando-se a Equação (7) nos dados do exemplo da Figura 14 e avaliando o

embaralhamento de perfil com a Equação (8) tem-se eliminada essa possiblidade de erro:

Figura 14 – Medição do perfil evolvente de 4 dentes B

Fonte: Wink (2006).

𝑓𝐻𝛼 =(−50)+100+(−100)+50

4= 0 (8)

Caso a avaliação ocorresse somente por meio da Equação (8), seria possível afirmar

que os desvios estariam dentro dos limites admissíveis e isso seria um erro. Dessa forma, é

necessário que se aplique a Equação (9) para certificar-se de que não há o fenômeno de

embaralhamento. A Equação (9), em suma, é uma avaliação de amplitude dos erros dentro do

perfil.

𝑅𝑎𝑛𝑔𝑒 = 100 − (−100) = 200

(9)

2.1.4.2 Inspeção da hélice

Mazzo (2013 p. 276) afirma que “A hélice, em uma roda dentada, é definida pelo seu

passo, medido na direção axial e por um círculo, normalmente o círculo de referência, sobre o

qual calculamos o ângulo. Nas rodas com dentes retos, consideramos o passo infinito e o

ângulo igual a zero” (MAZZO, 2013, p. 276). Sendo assim, os parâmetros atrelados aos

desvios de hélice são especificados pela Norma DIN 3962 (1978) e estão sempre associados

aos níveis de qualidade requeridos e à largura do dentado.

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52

2.1.4.2.1 Desvio total da linha de flancos

Por definição, esse desvio é a diferença entre duas curvas paralelas à linha de flanco

teórica, que delimitam a linha de flanco real, compreendida dentro da área de avaliação

(MAZZO, 2013, p. 277). Em suma, ao copiar a hélice de um dente, traçam-se duas retas

paralelas, tocando o ponto máximo (pico) e o mínimo (vale), observando a área de avaliação

que, no caso de processos rasqueteados (Shaving), é de 80% da largura do dente concentrado

no centro, desprezando-se, dessa forma, 10% em cada um dos lados. A distância linear dessas

duas paralelas expressa o Desvio total dos flancos [𝐹𝛽]. A Figura 15 mostra como é

controlada a hélice de um dente.

Figura 15 – Geração de um diagrama de controle de hélice A

Fonte: Wink (2006).

2.1.4.2.2 Desvio angular da linha de flancos

Na Figura 16, tem-se ilustrada, de uma outra forma, a geração do diagrama de controle

da hélice. A partir da Figura 17, percebe-se uma linha descontando 10% da largura do dente

em cada extremidade, esta normalmente aplicada em processos nos quais não há retificação

dos dentes. A distância dessa linha em relação à linha vertical corresponde ao valor do [𝑓𝐻𝛽].

Em geral, os valores de [𝑓𝐻𝛽] são especificados por polegada de largura da engrenagem. No

que tange à questão de convenção de sinais, adotam-se os mesmos critérios aplicados no perfil

evolvente, ou seja, para os pontos da hélice com uma maior quantidade de material aplica-se

sinal positivo, e para os pontos com uma menor quantidade de material aplica-se sinal

negativo.

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53

Figura 16 – Geração de um diagrama de controle de hélice B

Fonte: Wink (2006).

Quanto ao procedimento para a inspeção do passo, considera-se adequada a medição

de alguns dentes da engrenagem por amostragem. Regularmente, são medidos quatro (4)

dentes igualmente espaçados, figuras 17 e 18. Quanto ao critério de avaliação, em algumas

normas, como a DIN 3961 (1978) e DIN 3962 (1978), a média aritmética dos 4 dentes

medidos deve atender à especificação de engenharia, conforme equação (10).

Figura 17 – Medição de hélice de 4 dentes A

Fonte: Wink (2006).

𝑅𝑓𝐻𝛽 =(−6)+9+(−5)+10

4= 2 (10)

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54

Quando os desvios são analisados por média aritmética, a avaliação da dispersão entre

as medições é necessária. Desse modo, sugere-se uma especificação de engenharia para a

variação máxima entre os desvios do ângulo de hélice medidos nos 4 dentes. Essa variação é

denominada variação de range ou embaralhamento de passo e o critério adotado é o mesmo

aplicado ao range do perfil evolvente, conforme pode-se observar na equação (11).

Figura 18 – Medição de hélice de 4 dentes B

Fonte: Wink (2006).

𝑅𝑎𝑛𝑔𝑒 = 100 − (−100) = 200 (11)

2.1.4.3 Material de fabricação de engrenagem

Segundo Norton e Stavropoulos (2013), aços são comumente empregados durante a

fabricação de engrenagens por apresentarem resistência à tensão superior à do ferro fundido e

competirem em termos de custo, quando em suas formas de baixas ligas. Esses tipos de aços

necessitam de tratamento térmico para que se obtenha uma dureza superficial que resistirá ao

desgaste. Existe, também, a fabricação de engrenagens com determinados tipos de aço para

aplicações de baixas cargas, de baixa velocidade ou em casos nos quais a longevidade da peça

pode não ser uma preocupação preponderante. Assim, para os últimos, não há necessidade de

tratamento térmico.

Para que haja tratamento térmico, é necessário um aço de média ou de alta

porcentagem de carbono puro (0,35 a 0,60%). Engrenagens pequenas, geralmente, passam por

endurecimento completo e engrenagens maiores são endurecidas por chama ou por indução,

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55

com o intuito de a distorção ser minimizada. Aços de baixo carbono podem ter superfície

endurecida por meio de cementação, pelo carbono ou pelo nitrogênio (nitretação). Assim, uma

engrenagem com superfície endurecida tem a vantagem de exibir um núcleo forte e uma

superfície dura, porém se o tratamento não for profundo o suficiente para resistir aos esforços

de engrenamento, os dentes podem falhar, devido à fadiga de flexão abaixo da superfície

tratada.

De acordo com Mazzo (2013):

Os dentes das rodas produzidas com aço cementado, temperado e revenido, possuem

grande resistência à pressão, ao desgaste e à flexão, por concederem certa

flexibilidade em relação à baixa dureza do núcleo. Por essas razões, é o material

mais utilizado na produção de engrenagens (MAZZO, 2013, p. 436).

Um dos pontos críticos citados por Mazzo (2013) acerca do processo de cementação

para a construção de engrenagem são as distorções causadas pelo tratamento termoquímico.

Nesse caso, deve haver especial atenção do engenheiro responsável pelo processo quando este

definir o posicionamento das peças ao aplicar o choque térmico. Em locais em que se desejam

níveis de qualidade mais precisos, recomenda-se a aplicação de métodos de acabamento

secundários, como retífica, lapidação e polimento, a fim de remover a distorção do tratamento

térmico de engrenagens endurecidas.

Para a produção de uma engrenagem, o processo se inicia a partir de um blanque de

aços forjados, nas condições de recozimento isotérmico ou de resfriamento controlado, cujas

composições químicas estão expostas na Tabela 1. Há outros tipos de aços de baixa liga que,

de mesmo modo, podem ser adotados para a citada fabricação, mas estes não serão o foco

neste trabalho.

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56

Tabela 1– Composição química dos aços utilizados na fabricação de engrenagem, em

percentagem em peso

Tipo de Aço C Mn Si P S Al Cr Ni Mo

8620 0,18

0,23

0,70

0,90

0,15

0,30

0,00000

0,0035

0,000

0,040

0,020

0,060

0,40

0,60

0,40

0,60

0,15

0,25

4320 0 ,17

0,22

0,45

0,65

0,15

0,35

0,000

0,035

0,000

0,040 ------

0,40

0,60

1,65

2,00

0,20

0,30

17MnCr5B 0,15

0,20

0,45

0,65

0,15

0,35

<=

0,035

0,020

0,040

0,020

0,050

0,40

0,60

1,65

2,00

0,20

0,30

19MnCr5 0,15

0,21

1,00

1,30

0,15

0,35

<=

0,035

0,020

0,040

0,020

0,050

0,80

1,10 ---- ----

Fonte – Adaptado pelo autor.

2.2 Processo de fabricação de engrenagem

2.2.1 Tipos de processo

Segundo Mazzo (2013, p. 345) existem alguns tipos de processos para a fabricação de

engrenagens, desde os mais tradicionais e clássicos aos mais inovadores e tecnológicos,

podendo ser realizados, ou não, com remoção de materiais (cavacos). Dentre esses processos,

alguns exemplos, sem remoção de cavacos, podem ser citados, tais como: fusão, estampagem,

moldagem com rolos laminadores, sinterização, injeção de resinas plásticas e forjados. Já com

remoção de cavacos têm-se os processos por forma ou por geração. O primeiro (por forma) é

utilizado, a princípio, na fabricação de dentes retos e inclui fresamento e brochamento. O

segundo (por geração), utilizado para dentes retos e helicoidais, inclui fresamento com

ferramentas tipo Hob (caracol), tipo Shaper (faca circular) e tipo rack (pente). A escolha do

tipo de processo está diretamente associada ao nível de qualidade requerido pelo projeto do

produto, à produtividade desejada pela indústria e à limitação técnica de construção ligada à

geometria do produto.

2.2.2 Sequenciamento lógico de um processo de engrenagem

Uma abordagem clássica de um processo de fabricação de engrenagem aplicando

usinagem pode ser observada na Figura 19:

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57

Figura 19 – Exemplo de processo de fabricação de engrenagem

Fonte: Elaborado pelo autor.

Basicamente, a sequência lógica do processo exposto na Figura 19 pode ser descrita da

seguinte forma: parte-se de um blank, que pode ser forjado a quente ou a frio, seguido de um

tratamento térmico para alívio de tensões de forjaria e normalização do material. Após a

obtenção do forjado, usina-se a furação de centro, com a finalidade de viabilizar a usinagem

do produto ao longo do processo. Gera-se, portanto, o torneamento completo, a geração do

dentado em desbaste e o acabamento do dente. Para obtenção de propriedades mecânicas

aplicam-se o tratamento termoquímico. Para processos em que o acabamento do dente da

engrenagem é feito após o tratamento termoquímico, aplica-se a retificação. Assim, conforme

Mazzo (2013, p. 340), a qualidade do produto acabado, inclusive a geração e o acabamento do

dente, depende, fundamentalmente, da qualidade do blank.

2.2.3 Fresamento dos dentes

2.2.3.1 Hobbing

Os processos mais empregados nas indústrias são os processos de geração, tipo

Shaping ou Hobbing. O primeiro se aplica somente quando há limitação técnica,

principalmente, devido à geometria da peça. Já o segundo é o mais almejado pelas indústrias,

em virtude da alta produtividade e ao atendimento às necessidades qualitativas do projeto. De

acordo com Klocke (2011), “devido à sua alta eficiência, o processo tipo Hobbing é o

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58

processo de usinagem dominante para produção de engrenagens cilíndricas com dentes

externos” (KLOCKE, 2011, p. 405). Para Mazzo (2013), “A ferramenta tipo Hob, conhecida

também como caracol, é a mais utilizada para o corte de dentes nas engrenagens cilíndricas

retas e helicoidais” (MAZZO, 2013, p. 347). Assim, em ambas as citações, os autores

apontam para o uso do processo tipo Hobbing por tornar a fabricação de engrenagem mais

eficiente. Vale ressaltar que em cada projeto deve-se atentar às limitações técnicas sobre o

emprego de determinada ferramenta de corte.

O processo conhecido por Hobbing é utilizado na fabricação de engrenagens

cilíndricas retas e helicoidais (MAZZO, 2013). Nesse tipo de fresamento, a ferramenta Hob e

a peça (Figura 20) trabalham em conjunto na máquina geradora, de forma similar a um par

composto por uma coroa e um sem-fim (KLOCKE, 2011), sendo que o Hob desempenha o

papel do sem-fim. Os movimentos de rotação da placa, em conjunto com os movimentos de

translação da ferramenta, axial, tangencial e radial, no intuito de atingir a profundidade de

corte, resultam em fresamento com avanço axial, axial-radial, tangencial e fresamento

diagonal.

Figura 20 – Fresamento de dentes com fresa tipo Hob

Fonte: Mazzo (2013 p. 348).

Segundo Mazzo (2013), “o Hob nada mais é do que um parafuso sem-fim, cujas

espirais possuem sulcos igualmente espaçados no sentido axial, de maneira a formar lâminas

de corte” (MAZZO, 2013, p. 352). Como se trata de uma rosca sem-fim é perfeitamente

possível construir a ferramenta Hob (Figura 21) contendo uma ou mais entradas, a fim de

reduzir, de modo considerável, o tempo de produção (KALPAKJIAN; SCHMID, 2000).

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59

Figura 21 – Fresa a caracol (Tipo Hob)

Fonte – Klocke (2011).

Para ganhos de produtividade de uma ferramenta Hob, aplica-se um revestimento

superficial, a uma determinada profundidade, com o objetivo de atribuir características

múltiplas às ferramentas de corte, proporcionando a estas uma performance superior se

comparada a uma ferramenta sem revestimento na usinagem de materiais ferrosos. Dentre

essas características, destacam-se a grande proteção contra os desgastes, a redução do atrito

no corte, que possibilita a usinagem com corte a seco, e o aumento da sua vida útil. As

camadas de revestimento podem variar de 0,2 a 0,5 mm conforme o fabricante (OERLIKON

BALZERS, 2011).

Estima-se que 95% das ferramentas de usinagem utilizadas na indústria sejam

revestidas. Dessa forma, o maior domínio das técnicas de revestimento e os custos de

fabricação cada vez menores apontam para um aumento desse percentual de ferramentas

revestidas (MACHADO et al., 2009). Diversos tipos de revestimento estão disponíveis no

mercado. Segundo Mazzo (2013):

As ferramentas podem ser produzidas com diversas opções de materiais e

revestimentos como, por exemplo, o TiN (Nitreto de Titânio), TiAlN (Nitreto de

Titânio-Alumínio) e AlCrN (Nitreto de Cromo-Alumínio) que lhes conferem

rendimentos excepcionais, mesmo operando em altíssimas velocidades de corte

(MAZZO, 2013, p. 347).

O revestimento da ferramenta com o material TiAlN é caracterizado, principalmente,

pelo aumento da resistência da ferramenta ao desgaste abrasivo, garantindo, assim, um

acréscimo em sua vida útil quando comparado a outros tipos de revestimentos. Além dessa

característica, o revestimento de material TiAlN é mais resistente à oxidação, possui dureza

de até 3.200 HV (OERLIKON BALZERS, 2011) e pode ser produzido tanto pelo processo

PVD (deposição física) quanto CVD (deposição química), com camadas de 1 a 5µm, com boa

proteção por desgaste à adesão e excelente resistência aos desgastes por difusão e por

Page 45: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

60

oxidação, suportando temperaturas de trabalho de até 700°C, sem efeitos de desgaste por

oxidação (KLOCKE, 2011).

Neste tipo de fresamento (Hobbing) tem havido uma extensa pesquisa na formação de

cavacos e também nas forças de corte, no entanto, no que tange ao estudo da deflexão e

vibrações durante este processo, esta linha de pesquisa é menor. Klocke et al. (2012),

desenvolveu um software capaz de calcular o engate da ferramenta e as forças de corte

durante o fresamento de engrenagens. Tapoglou e Aantoniadis (2012) criou um modelo

similar que usa um software CAD comercial para calcular o engate da peça de corte e é capaz

de calcular as forças de corte. As seções de cavacos são divididas em retângulos e forças de

corte incrementais são determinadas. Esse fenômeno pode ser observado na Figura 22.

Figura 22 – Forças de corte previstas durante geração de cavaco

Fonte: Adaptado de Tapoglou e Aantoniadis (2012).

2.2.4 Acabamento de dentes

Não se consegue, dependendo do nível de qualidade requerido para uma engrenagem,

atender às especificações de projeto a partir do processo de Hob e, tampouco, com o de

Shaper. Para isso, são necessários processos com maior grau de precisão, tais como o shaving,

o Honing ou a retífica de dente.

2.2.4.1 Shaving

O processo de acabamento por Shaving (rasqueteamento), segundo Mazzo (2013), é

“uma operação de acabamento com remoção de cavacos que tem por objetivo melhorar a

superfície de dentes e aumentar a qualidade da peça como um todo (MAZZO, 2013, p. 392)”.

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61

Este processo é uma operação de acabamento de engrenagem de corte com remoção de

pequenas quantidades de metal da superfície do dente com o objetivo de corrigir os erros do

ângulo helicoidal ou ângulo de hélice, o perfil evolvente, erro de excentricidade e ainda o grau

de acabamento desta superfície (DUGAS, 1986). A operação é realizada com a utilização de

uma roda dentada, também chamada de cortador shaving, cujos flancos dos dentes possuem

diversas ranhuras em forma de arestas cortantes. O engrenamento não possui folga e trabalha

sob pressão. O sentido de rotação é revertido a cada passe, sendo realizados vários passes,

conforme a qualidade desejada (MAZZO, 2013). Sendo assim, a Figura 23 demonstra o

processo de acabamento por Shaving:

Figura 23 – Processo de rasqueteamento (Shaving)

Fonte: Mazzo (2013 p. 393).

De acordo com Mazzo (2013, p. 392) um processo de Shaving corrige ou modifica os

erros do perfil cortado em até 40%. Portanto se há um erro de forma no perfil de 100µm, no

Hob, após a engrenagem ser acabada no Shaving, este passará a ter um erro de 60µm. Já

Dugas (1986), afirma que estes erros podem ser corrigidos de 65 a 80% e ressalta que, no

processo de fresamento do dente, é de suma importância atender aos níveis de qualidade

consideráveis, pois o Shaving não terá a robustez suficiente para corrigir todo o erro da

operação de Hobbing e/ou Shapping.

Bianco e Radzevich (2000) apresenta um método aplicado ao shaving denominado

Método de contatos pares. Este método consiste em estudar a usinagem shaving de tal modo

que durante o contato e/ou acoplamento da ferramenta com a engrenagem a ser usinada esteja

constantemente com um número par de pontos de contatos entre os flancos do dente e a

ferramenta. Observe na Figura 24 na condição ‘a’ tem-se 4 pontos em contato, ou seja, dois

pares. Já na condição ‘b’, por ser uma condição de contato ímpar, tem-se apenas 3 pontos em

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62

contato. Bianco e Radzevich (2000) afirma que esta condição de contato par é importante para

uma melhor distribuição das forças durante a usinagem.

Figura 24 – Indicação dos pontos de contato entre engrenagem e a ferramenta

Fonte: Bianco e Radzevich (2000 p. 27).

Se considerarmos a Figura 25, entende-se que a força F vem sobre a engrenagem e se

desdobra em duas componentes principais, duas que exerce compressão no flanco esquerdo e

outras duas no flanco direito. Se observarmos a Figura 25b, a componente F3 é a soma dos

vetores F1 e F2, evidentemente então o esforço será maior e então esta região do flanco do

dente terá uma irregularidade do perfil, Bianco e Radzevich (2000).

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63

Figura 25 – Indicação das forças atuantes em cada ponto de contato

Fonte: Bianco e Radzevich (2000 p. 28).

2.2.4.1.1 Procedimentos de trabalho no Shaving

Basicamente, os procedimentos de trabalho no processo de acabamento de dentes de

engrenagens referem-se às direções dos movimentos de translação entre a peça e a ferramenta

de corte, também chamada de cortador Shaving.

Mazzo (2013, p. 398), expõe cinco tipos de procedimentos:

a) Longitudinal, também conhecido por Paralelo e Convencional;

b) Diagonal;

c) Diagonal Transversal, também chamado de Traverpass;

d) Transversal ou Underpass;

e) Mergulho ou Plunge.

Na Figura 26, são citados alguns parâmetros desses procedimentos de trabalho:

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64

Figura 26 – Comparação entre os procedimentos de rasqueteamento (Shaving)

Fonte: Mazzo (2013, p. 398).

Todos os procedimentos de trabalho têm vantagens e desvantagens que devem ser

analisadas em cada tipo de processo e de aplicação, buscando sempre o melhor custo-

benefício. Alguns fabricantes de máquinas fazem combinações entre esses procedimentos

quando, por exemplo, se quer maior velocidade no ciclo de trabalho: em corte por desbaste

usa-se o Plunge e na fase de acabamento final aplica-se o Underpass e, por isso, este último

passa a ser denominado Plunge D. Como se adotam os procedimentos Underpass e Plunge

neste trabalho, apenas estes serão considerados durante as discussões.

O procedimento Underpass é aplicado na fabricação de engrenagens em que o espaço

para a saída da ferramenta é pequeno. A mesa porta-peça se desloca na direção perpendicular

em relação ao eixo da peça e, portanto, não há deslocamento longitudinal. Assim, o

acabamento superficial gerado por esse procedimento e o tempo de ciclo são inferiores aos

demais procedimentos, os quais não serão abordados neste trabalho.

Já o procedimento Plunge é bem similar ao Underpass, porém se torna limitado em

grau de liberdade para ajustes e regulagens, pois não há movimento algum na mesa porta-

peça. Outra desvantagem em relação ao Underpass é o acabamento superficial que, de acordo

com Mazzo (2013), é o pior desempenho entre todos os procedimentos de trabalho. Este,

geralmente, é aplicado em operações de semi-usinado, nas quais se exige pouco em termos de

alta precisão.

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65

2.2.4.1.2 Velocidade e avanço de corte para Shaving

A velocidade de corte, ou rotação da ferramenta, para shaving não é algo que se possa

definir com exatidão se comparado a outros processos de usinagem. Existem vários fatores

que dificultam esta definição, tais como tamanho e formato da peça, diâmetro da ferramenta,

procedimento de corte, como os citados na seção anterior (2.2.4.1.1), largura, geometria,

inclinação do dente, entre outros (MAZZO, 2013). Normalmente, o que indica a condição

ideal de trabalho é a experiência prática que, de forma empírica, ajusta-se a melhor condição.

Mazzo (2013) sugere, como ponto de partida, alguns valores de velocidade de corte, a partir

do formato do produto a ser usinado:

a) Peças com formato de disco: entre 120 e 150m/min;

b) Peças com formado de eixo: entre 80 e 120 m/min;

c) Peças com dentes grandes (com módulo normal maior ou igual a 3): entre 80 e

120m/min.

Como em qualquer outro processo de usinagem, no processo Shaving o avanço é

fundamental para garantir o acabamento superficial do dente. Como na velocidade de corte os

parâmetros para avanço no Shaving são obtidos a partir de experiência prática, melhores

resultados, segundo Mazzo (2013), têm sido alcançados com os seguintes valores:

a) Para ângulos entre eixos de 10° a 15°: f=0,25 mm/rot;

b) Para ângulos entre eixos de 5° a 9°: f=0,12 mm/rot.

2.2.5 Processo de Tratamento termoquímico

O processo de tratamento termoquímico é bastante empregado nos processos de

fabricação de engrenagem na indústria automotiva afim de obter propriedades mecânicas para

estes componentes. Embora este processo tenha o objetivo de agregar valores qualitativos aos

componentes mecânicos, tem-se em contrapartida efeitos colaterais na geometria das peças

em níveis global e local (HUSSON et al., 2014). Estas distorções na geometria se dá, segundo

Husson et al. (2014) devido a três fenômenos principais:

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66

a) Heterogeneidades espaciais e temporais da temperatura durante o aquecimento e

têmpera levando a expansão heterogênea;

b) Tempo de transformação de fase, por exemplo, de austenita a martensita;

c) Diminuição da força de rendimento quando a temperatura aumenta causando alívio do

estresse por deformação plástica.

A distorção durante o tratamento térmico não é apenas devido ao tratamento térmico,

mas também devido ás etapas ou operações de fabricação anteriores a ele. Sendo assim, lidar

com a distorção do tratamento térmico não é fácil e requer que se leve em consideração todo o

processo de manufatura (HUSSON et al., 2014).

A cementação é um tratamento termoquímico de endurecimento superficial obtido

mediante difusão de carbono na superfície da peça, com o objetivo de se obter uma superfície

enriquecida em carbono que, posteriormente, passará por um tratamento de têmpera e

revenimento. A fase termoquímica do tratamento é a difusão à alta temperatura do carbono na

superfície, com concentração inicial entre 0,1-0, 2%, atingindo uma concentração final em

torno de 0,7-1, 2%.

Durante o processo de cementação, ocorrem as reações do carbono com a superfície da

peça e, em seguida, acontece a difusão do carbono no volume do componente (CAVALIERE;

ZAVARISE; PERILLO, 2009). A espessura da camada de cementação obtida dependerá da

temperatura, do tempo, da atmosfera do forno e do tipo de processo, além de esta variar com a

aplicação do componente mecânico. Ademais, a têmpera faz com que se criem tensões

residuais de compressão na superfície da peça, e de tração em seu interior, melhorando, assim,

a resistência à fadiga.

A cementação gasosa é aplicada em plantas industriais, em fornos tradicionais

contínuos, com atmosfera controlada, ou em fornos a vácuo, de baixa pressão. Os dentes das

engrenagens produzidas com aço cementado, temperado e revenido possuem grande

resistência à pressão, ao desgaste e à flexão, por concederem certa flexibilidade devido à

baixa dureza do núcleo. Por essas razões, o aço é o material mais utilizado na produção de

engrenagens (MAZZO, 2013, p. 436).

Na fabricação de aços liga, durante o resfriamento de lingote, há uma tendência de

formação de bandas de ferrita e perlita devido à segregação dos elementos de liga.

Primeiramente, alguns elementos de liga segregam-se previamente nos braços dendríticos

durante a solidificação e alinham-se com a direção de deformação no trabalho a quente. Essa

segregação causa uma alteração na taxa de difusão do carbono na austenita, alterando também

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67

o teor de carbono ao redor dos elementos segregados e alinhados. Quanto maior o teor de

carbono, menor a temperatura de início de nucleação da ferrita e vice-versa, assim produzindo

uma estrutura bandeada a uma temperatura ambiente. É comum durante a segregação de

cromo, o carbono também segregar nas bandas mais ricas em cromo devido a afinidade desses

dois elementos. As bandas ricas nos elementos de liga produzem uma maior quantidade de

martensita após resfriamento mais rápido e maior dureza (GARCÍA NAVAS et al., 2011).

Essa estrutura altera a potência de corte e a distorção após tratamento térmico.

Após recozimento isotérmico, é possível fazer a previsibilidade da usinabilidade por

comparação com experimentos de corte com a adoção do método de multiescala. Esse

método, também, correlaciona propriedades mecânicas à microestrutura dos aços DIN

18CrNiMo7-6 e DIN 21CrMoNb6-5-4 (MUSTAPHA et al., 2017).

A usinabilidade pode ser entendida de uma forma geral, como o grau de dificuldade de

se cortar um determinado material, levando-se em consideração grandezas mensuráveis tais

como, vida da ferramenta, acabamento superficial da peça, os esforços de corte envolvidos,

temperatura de corte, produtividade, características do cavaco, taxa máxima de remoção de

material (MACHADO et al., 2009). A usinabilidade depende das propriedades mecânicas do

material, condições de refrigeração, rigidez da máquina ferramenta, tipo de usinagem,

condições de entrada e saída da ferramenta entre outros. Em processos de usinagem

avançados, a não utilização de refrigerantes líquidos oferece vantagens econômicas e

ambientais. A ausência de refrigerante de corte leva aumento na temperatura na zona de corte

e no material próximo com formação de tensões residuais de usinagem. Dependendo da

rigidez da peça, tensões residuais podem ser dominantes quando se considera distorção. As

mudanças de dimensão e forma se designam como distorção. Embora modelos para a

previsão das tensões residuais existam e cálculo dos desvios de forma resultantes seja

possível, esse método não prevalece. O principal drawback é o alto custo das medições de

tensões residuais em profundidade (GULPAK; SOLTER; BRINKSMEIER, 2013).

Quando não houver retificação dos flancos ou outro processo de acabamento após o

tratamento térmico, as engrenagens ficam suscetíveis às deformações causadas pelo choque

térmico durante o processo de têmpera. Portanto deve haver um controle rigoroso para

assegurar a qualidade dos perfis e das hélices nesse tipo de processo, pois, do contrário, não se

consegue obter os níveis de qualidade requeridos pela especificação do produto.

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68

2.2.6 Processo de Shot Peening

No processo de fabricação de engrenagens, o “shot peening” é aplicado após o

tratamento termoquímico ou tratamento térmico. O “shot peening” é um tratamento mecânico

superficial que consiste no bombardeamento em alta velocidade de partículas de esferas de

aço metálicas ou de carboneto de silício sobre a superfície da peça (LI; LIU, 2018). A Figura

27 ilustra o impacto da micropartícula com a superfície e a região deformada plasticamente:

Figura 27 - Princípio do processo mecânico de “shot peening”

Fonte: Adaptado de Rakhit (2000).

O “shot peening” é um tratamento mecânico superficial que consiste no

bombardeamento em alta velocidade de partículas, de esferas metálicas ou de carboneto de

silício sobre a superfície da peça (LI; LIU, 2018). O ganho em propriedade mecânica acontece

em virtude de indução de tensões residuais compressivas em peça metálica limitada à

profundidade de 50µm da superfície (KLOTZ et al., 2018; JAYALAKSHMI et al., 2018). A

técnica de difração de raios-X é cada vez mais utilizada para a avaliação quantitativa das

tensões internas e de suas direções (CATALÃO et al., 2015; COSTA et al., 2014). A

vantagem do método de difração de raios-X está em sua capacidade de medir a tensão residual

de maneira direta e não destrutiva. Assim, este pode ser aplicado em uma faixa de espessura

de 0,5 a 350μm.

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69

2.2.7 Tensões residuais em processos de fabricação de engrenagens

Tensão residual pode ser definida como as tensões que permanecem no interior de um

corpo após fabricação e processamento na ausência de forças externas ou gradientes térmicos.

Essas tensões podem também ser produzidas pelo carregamento em serviço, levando a

deformação plástica heterogênea na peça ou corpo de prova (ROSSINI et al., 2012). Nos

últimos anos, diferentes métodos foram desenvolvidos para medir tensão residual dos

componentes mecânicos. As técnicas de medição de tensão podem ser de natureza destrutiva,

semidestrutiva ou não destrutiva. Essas técnicas podem medir algum parâmetro que se

relaciona à tensão. Métodos de difração se baseiam na determinação da deformação elástica

que causa mudanças no espaçamento interplanar, [d], do valor de livre de tensão, [d0]. Assim,

a deformação pode ser calculada pela utilização da lei de Bragg e do conhecimento do

espaçamento interplanar livre de tensão. As propriedades dos materiais de engenharia e

componentes estruturais, notadamente vida à fadiga, distorção, estabilidade dimensional,

resistência à corrosão e fratura podem ser influenciadas pela tensão residual. A usinagem e

retífica em particular induzem tensões residuais em razão da natureza termomecânica do

primeiro e pelo endurecimento e transformação de fase em retífica. Esses grupos podem levar

a instabilidade dimensional através da distorção e, também, a desempenho mecânico

imprevisível quando tensões residuais ambas compressivas e trativas afetam as propriedades

mecânicas da peça final. Um estudo feito pela Boeing, baseado em custo de retrabalho e peças

rejeitadas relacionado a distorção em peças encontrou exceder a quantidade de 290 milhões de

dólares anual. Em outra pesquisa, foi estimado que distorção em peça causa uma perda

econômica anual de 850milhões para as indústrias automotiva, de ferramenta de usinagem e

de transmissão na Alemanha (D’ALVISE et al., 2015).

Tensões residuais superficiais em peças retificadas são originadas devido à

combinação de fatores tais como a deformação térmica devido à dissipação de calor na zona

de retífica, a pressão entre a ferramenta e a peça, e a transformação de fase do material. O

equilíbrio entre esses três mecanismos diferentes define se as tensões residuais finais são

compressivas ou de tração. A pressão aplicada pela ferramenta na peça induz tensões

compressivas. Por outro lado, deformação térmica devido à dissipação de calor induz tensões

residuais de tração. O desafio é incorporar as tensões residuais resultantes devido às

transformações de fase. Mudança de fase resulta em mudança de volume, dependendo se a

nova estrutura ocupa mais espaço que a original, as tensões residuais podem ser compressivas

ou trativas. Transformação de fase martensítica resulta em tensões residuais compressivas e

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70

reduzida em valor comparada as tensões devido as deformações térmicas (SALONITIS,

2014).

As causas dessas mudanças são internas na peça, originando da história da peça, tão

bem quanto da temperatura, e tempo, dependente das transformações de fase e segregação da

peça. O processo de usinagem gera uma camada superficial de material deformado

plasticamente que atua como uma fonte para tensões residuais sobre a peça inteira. As tensões

têm um efeito principal nas propriedades físicas, mecânicas e química da camada superficial.

Durante a usinagem, o material é deformado plasticamente e em etapas de fabricação prévia é

removida que podia causar deformação da peça. Em etapas de fabricação subsequente, tal

como endurecimento, tensões residuais e desvios de forma causada por usinagem podem

influenciar a distorção da peça (NOWAG; SÖLTER; BRINKSMEIER, 2007).

A história de fabricação dos componentes determina a grandeza e distribuição das

tensões residuais no componente. Em muitos casos, as tensões residuais podem ser

controladas pela otimização dos parâmetros e características do processo. Processos

abrasivos tendem a resultar em elevadas tensões residuais, e, especialmente, quando a

aplicação de refrigeração não é eficiente, há chances de as tensões residuais levar à formação

de trincas (SALONITIS; KOLIOS, 2015).

O nível e tipo de distorções criadas no processo de fabricação de engrenagens são o

efeito da influência de diversos fenômenos em diferentes estágios de tratamento térmico e

produção. Atraszkiewicz et al. 2012 reportam que cerca de 50-60% de distorções finais são

causadas por seleção imprópria de material tais como composição química, estrutura e

geometria (ATRASZKIEWICZ et al., 2012).

As tensões residuais ocorrem em um corpo sem que haja forças externas ou momentos

atuantes. Esse corpo encontra-se em um sistema de equilíbrio gerado pela atuação de forças

internas e que quando tem parte de seu corpo removidas, por exemplo, por remoção de

cavacos em uma usinagem, esse sistema é geralmente perturbado e reage por deformação, que

é proporcional à seção transversal removida do material (BRINKSMEIER et al., 1982).

Assim, o processo de usinagem gera tensões residuais por deformação plástica e/ou por

transformações metalúrgicas em função de influências térmicas.

As tensões residuais em uma engrenagem em estado final de construção podem ser

oriundas desde as fases de forjamento, de usinagem e de tratamento térmico até a fase de

retífica, em alguns casos. De modo similar, Brinksmeier et al. (1982) descreve que as tensões

residuais em uma peça usinada ocorrem em função do processamento do material e, também,

pelo histórico de usinagem que ele sofreu, ou seja, essas tensões podem ser benéficas ou

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maléficas para o funcionamento da peça, dependendo da sua aplicação. Na Figura 28,

Brinksmeier et al. (1982) ilustra alguns dos efeitos das tensões residuais:

Figura 28 – Efeitos da Tensão Residual em Componentes Mecânicos e Eletrônicos

Fonte: Brinksmeier et al. (1982).

Husson et al. (2012), em seu artigo Evaluation of process causes and influences of

residual stress on gear distortion, cita:

A distorção após o tratamento térmico pode ser vista como resultado do potencial de

distorção gradualmente armazenado no material ao longo de todo o processo. Cada

fase de fabricação contribui para o potencial de distorção fisicamente relacionado

com os portadores físicos (HUSSON et al., 2012).

Na Figura 29, Husson et al. (2012) ilustra algumas dessas características físicas que

podem contribuir para as distorções do produto em função das tensões geradas ao longo do

processo de fabricação:

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72

Figura 29 – Ilustração de fatores físicos que impactam nas distorções de engrenagens

Fonte – Adaptado de Husson et al. (2012).

Ainda sobre a influência de fatores que impactam na tensão residual durante os

processos de fabricação de componentes mecânicos, Rego et al. (2018) afirma que: “Ao longo

das fases de um processo de fabricação, o produto é modificado, deixando registrado em suas

formas geométricas obtidas traços em forma de estresse” (REGO et al., 2018). É de grande

importância que se entendam as origens dessas tensões em cada fase do processo para que o

engenheiro de processo proponha mudanças que reflitam positivamente nas características de

projeto do produto final. Funatani (2002) realizou um amplo estudo de tensões residuais em

processos de fabricação de engrenagem, porém com uma abordagem individual de processo.

Sob uma motivação semelhante a esse estudo, Brinksmeier et al. (2011) analisou todas

as fases de um processo de fabricação de engrenagem destacando a distorção geométrica do

dente, ou seja, o autor avaliou as distorções microgeométricas no dente da engrenagem após a

usinagem e a posterior submissão ao tratamento térmico. De acordo com Brinksmeier et al.

(2011) em processo de fabricação de engrenagem podem existir mais de 200 parâmetros que

podem afetar os níveis de distorções. Nesse experimento, Brinksmeier et al. (2011) varia a

taxa de remoção de material (feed rate) e avalia os níveis de tensão residual em cada um

desses parâmetros do ponto de vista de material, usinagem, forjaria e tratamento térmico. Do

ponto de vista de corte (cutting) o controle da taxa de remoção do material permite controlar a

amplitude e a direção dos níveis de distorções. Além da taxa de remoção de material, se for

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73

trabalhado na simetria da forma do material, mesmo se este não for homogêneo, pode-se

minimizar os níveis de distorção. Mesmo que haja homogeneidade na composição do

material, este pode influenciar em níveis de distorções do material, Brinksmeier et al. (2011).

Muitos profissionais abordam a questão da tensão residual em um processo individual,

como se esta não apresentasse nenhuma influência dos processos anteriores. Vale ressaltar

que apenas algumas pesquisas focaram análises de tensões em uma sequência de processos

(REGO et al., 2018). Funatani (2002), por exemplo, realizou um amplo estudo de tensões

residuais em processos de fabricação de engrenagem, porém com uma abordagem individual

de processo.

Sob uma motivação semelhante a esse estudo, Brinksmeier et al. (2011) analisou todas

as fases de um processo de fabricação de engrenagem destacando a distorção geométrica do

dente, ou seja, o autor avaliou as distorções microgeométricas no dente da engrenagem após a

usinagem e a posterior submissão ao tratamento térmico.

Já Rego et al. (2018), em seu artigo Residual stress interaction on gear, concluiu que

o modo pelo qual a energia é rearranjada é uma função da fonte de distúrbio. A perda da

estabilidade do sistema resulta uma distorção geométrica ou uma mudança no estado de

tensão residual. No processo de retífica, esse distúrbio é dado pela remoção de material,

devido ao seu constante contato com a ferramenta. As tensões residuais, antes do tratamento

térmico, são basicamente convertidas em distorção geométrica. Já no tratamento térmico, a

carga térmica, seguida pela fase de transformação, representa uma perturbação na estrutura

cristalina superficial e isso acontece na ausência de quaisquer restrições dos graus de

liberdade da superfície, sendo toda essa energia lançada como uma distorção.

A relação entre a transformação de martensita na distribuição resultante de tensão

residual é complexa, porque a cinética desse fenômeno é influenciada pelo teor de carbono

que varia ao longo da espessura da superfície em direção ao núcleo da peça, dependendo da

difusividade do carbono, da carburização, do tempo e da temperatura. Além disso, espera-se

que os históricos de tempo e de temperatura variem em determinados locais da engrenagem

durante o processo de têmpera, pois estes históricos dependem da geometria da peça e das

características de transferência de calor (LINGAMANAIK; CHEN, 2012). Lingamanaik e

Chen (2012) mencionam a complexidade de se avaliar a tensão residual, em detrimento à

mudança de fase do aço, e atribui essa complexidade às várias características intrínsecas no

processo de fabricação de engrenagem, entre elas as propriedades do material e sua geometria.

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74

2.2.7.1 Processos de Medições de tensões superficiais – Difratômetro Raios-X

Antes de prosseguir com o entendimento deste processo de medição, embora de modo

não aprofundado, é importante destacar alguns pontos teóricos da estrutura cristalina simétrica

dos materiais. O posicionamento dos átomos dentro da estrutura de um cristal é descrito em

termos de eixos cristalográficos definidos por três vetores de base (MASSA, 2004). Esses

vetores, associados aos seus respectivos ângulos, representam um sistema reticulado, como é

visto na Figura 30. Assim, os parâmetros são classificados, usualmente, como parâmetros da

célula unitária ou parâmetros do reticulado (MASSA, 2004):

Figura 30 – Ilustração de uma célula primitiva com os seus vetores de base

Fonte – Adaptado (TEIXEIRA, 2014).

A sistemática de descrever e enumerar os reticulados espaciais foi realizada,

inicialmente, por Frankenheim, em 1835. Bravais, em 1848, deu continuidade aos estudos

dessa sistemática e, assim, enumerou 14 reticulados tridimensionais básicos (HAMMOND,

2009). A partir desses trabalhos, foi possível a dedução das simetrias espaciais realizada pelo

cristalógrafo russo E.S. Fedorov e pelo matemático inglês A. Schoenflies (BORGES, 1980).

Esses grupos espaciais organizados segundo uma estrutura espacial periódica são o cerne

investigativo das pesquisas utilizando difração de raios-X.

A combinação dos reticulados de Bravais (Figura 31) com o estudo dos padrões de

simetria espacial conduz a possíveis estruturas tridimensionais observadas na natureza e

denominadas grupos espaciais. A importância dos grupos espaciais foi revelada pelo trabalho

de W.H. Bragg e W.L. Bragg, em 1912, e iniciou o estudo de estruturas cristalinas, mediante a

utilização de raios x (BORGES, 1980). Os 230 grupos espaciais são sistematicamente

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75

descritos nas Tabelas Internacionais para Cristalografia, Volume A, baseadas no trabalho

anterior realizado por Henry e Losdale (1952):

Figura 31 - 14 células de Bravais

Fonte: Henry e Losdale (1952).

De acordo com Gurova e Leontiev (2009), os princípios da tensiometria por raios-X

baseiam-se na teoria de difração de raios-X para materiais cristalinos, na mecânica dos

materiais e, em particular, na teoria da elasticidade do corpo sólido. Os métodos para medição

de tensões residuais podem ser classificados como destrutivos e não destrutivos (GUROVA,

1997). Ressalta-se que será abordado, nesta pesquisa, apenas o método direto de análise de

tensão residual. Dentre essas técnicas de medição direta, a mais aplicada é a técnica de raios-

X (BRINKSMEIER et al., 1982). Existem outros métodos de análise direta, como o

magnético e o ultrassônico, que não serão estudados neste momento, porém são interessantes

para a aplicação de análise direta em processos de fabricação.

A Difração de raios-X é uma técnica experimental utilizada para medir diferentes

propriedades de materiais cristalinos, inclusive as tensões residuais. Em seu estado inicial,

sem deformação, um corpo possui distância interplanar (𝑑0) entre seus planos cristalinos,

como pode ser observado na Figura 32:

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76

Figura 32 – Difração de raios-X em cristal não deformado

Fonte: Baldwin (1949).

Com isso, tem-se a interpretação do fenômeno de difração, dada por Bragg, em que a

radiação é difratada através de planos naturais do material analisado. Os planos que

proporcionam as reflexões são chamados de planos do reticulado e sua orientação relativa é

descrita pelos índices de Miller, usualmente chamados de h, k, l (MASSA, 2004). Esse

princípio de difração realiza-se a partir de um feixe paralelo de raios x, com o comprimento

de onda do feixe de radiação aplicado λ, recaindo na superfície de um determinado material,

segundo um ângulo de incidência 𝜃0 (idêntico ao ângulo de reflexão), um espaçamento entre

os planos de reflexão do cristal ‘d’ e uma ordem de reflexão ‘n’. Caso a relação de Bragg,

observada na Equação (12), seja satisfeita, este feixe é difratado sob o mesmo ângulo 𝜃0.

2𝑑0𝑠𝑒𝑛𝜃0 = 𝑛𝜆 (12)

Vale destacar que os elementos mencionados na equação de Bragg podem ser

ilustrados na Figura 33:

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77

Figura 33 – Geometria de Bragg para a reflexão por planos cristalográficos sucessivos

Fonte: Massa (2004).

Uma vez satisfeitas estas condições ao aplicar raios-X monocromáticos (λ =

Constante), o ângulo 𝜃0, referente a uma intensidade máxima de difração, dependerá da

distância interplanar (𝑑0).

Entendida a situação com o corpo sem deformações, ou seja, em seu estado inicial,

avalia-se o mesmo corpo sob uma tensão σ. Quando se aplica essa tensão, a distância

interplanar (𝑑0) gera um valor∆𝑑 = 𝑑 − 𝑑0, como pode ser observado na Figura 34 em que

d é a distância interplanar do material deformado. Desse modo, tem-se a deformação da rede

cristalina do material e esta é demonstrada pela Equação (13).

𝜀 =∆𝑑

𝑑

(13)

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78

Figura 34 – Difração de raios x em cristal deformado

Fonte: BALDWIN (1949).

Sob as condições anteriormente citadas, o ângulo de difração 𝜃0 também varia do seu

estado inicial (corpo sem deformações) e essa variação pode ser mensurada pela técnica de

tensiometria por raios-X. Assim, aplicando a diferenciação da Lei de Bragg obtém-se a

relação entre a deformação 𝜀 e o ângulo de difração 𝜃0, dada pela Equação (14).

𝜀 =∆𝑑

𝑑= −∆𝜃. 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃0

(14)

De modo que quanto maior for o ângulo θ, maior será a exatidão para determinar a

deformação ocorrida no material.

Uma vez mensurado o ângulo de difração, têm-se as deformações elásticas obtidas por

meio das constantes de elasticidade do material e, com isso, é possível que se chegue a

valores de tensões atuantes no corpo. Um caso mais simples dessa relação é apresentado pela

Equação (15).

𝜀 = −𝜎

𝐸 (15)

Das equações (14) e (15) pode-se obter a Equação (16).

𝜎 =𝐸

𝜈∆𝜃. 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃0

(16)

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79

Onde,

ν é o coeficiente de Poisson, e

E é o módulo de elasticidade do material.

Para determinar o valor de tensão em qualquer direção paralela à superfície aplica-se o

método denominado método de 𝑠𝑒𝑛2𝜓. Observe o exemplo de um material policristalino em

seu estado inicial na Figura 35a). Se assumido que os grãos, cujos planos atômicos têm os

mesmos índices (hkl), mas com orientações diferentes, então a distância interplanar (d) será

idêntica para todos os grãos independentemente da orientação destes em relação à superfície

do material analisado. Por outro lado, quando o material estiver sob uma determinada tensão

𝜎, (Figura 35b), a distância dos planos atômicos variará.

Nos planos paralelos à direção da carga, a distância diminui e nos planos

perpendiculares, esta aumenta, devido ao coeficiente de Poisson. Nesse fenômeno, a distância

interplanar 𝑑𝜓 para os planos inclinados possui valores intermediários. Desse modo, percebe-

se que o método de avaliação de tensões por raios-X permite medir as deformações dos

cristais, sendo estas orientadas segundo diferentes ângulos 𝜓 em relação à normal da

superfície (Figura 35). Com isso, se um material estiver sob tensões, o ângulo de difração será

diferente do ângulo inicial, de acordo com a Equação (17).

Figura 35 – Distâncias interplanares no estado inicial (a) e sob carga (b)

Fonte: KRAUS (1988).

Uma ilustração de diferentes ângulos [𝜓] pode ser observada na Figura 36:

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80

Figura 36 – Ilustração de diferentes ângulos [ψ]

Fonte: Adaptado pelo autor (GNR – ANALYTICAL INSTRUMENTS GROUP TRAINNING, 2015).

Quando se usam raios-X de pouca penetração, o problema da análise de tensões por

esse meio é simplificado, ou seja, aplicando a radiação de 𝐶𝑟 𝐾𝛼 para medir as deformações

no ferro, a profundidade de penetração efetiva da radiação no Fe é de aproximadamente

11µm, conforme se observa na Equação (17).

𝑡𝑒𝑓 =𝑠𝑒𝑛𝜃

𝜇=

𝑠𝑒𝑛 78,1

0,090= 11𝜇𝑚

(17)

Esta profundidade de penetração foi adotada sob algumas condições, pois ela depende,

inclusive, da intensidade da fonte de raios-X. No entanto a profundidade é pequena, sendo

possível concluir que as tensões em seus limites não conseguem se modificar em comparação

às tensões na superfície do material. Pode-se, então, admitir que na superfície da área

analisada haja uma condição de tensão plana.

Para casos de biaxial de tensões existe a possibilidade de excluir o valor inicial da

distância interplanar, caso haja, também, uma condição de tensão plana. Desse modo, tem-se

a Equação (18).

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81

𝜀𝜑𝜓 =1 + 𝜈

𝐸𝜎𝜑𝑠𝑒𝑛2𝜓 −

𝜈

𝐸(𝜎11 − 𝜎22)

(18)

Onde 𝜎𝜑 é o valor das tensões que atuam ao longo da superfície do material na direção

arbitrada e 𝜈 é o coeficiente de Poisson.

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83

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada neste experimento foi seguida conforme Figura 37 abaixo:

Figura 37 – Fluxograma da metodologia aplicada nos experimentos

Fonte: Elaboração pelo autor.

3.1 Definição do Material

Para a realização da análise da tensão residual no perfil e hélice da engrenagem,

definiu-se o aço DIN 19MnCr5, empregado na usinagem do eixo secundário (Figura 38) e

aplicado em transmissões automotivas.

Figura 38 – Modelo de eixo secundário para aplicações automotivas

Fonte: Fotografia do autor.

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84

Aplicou-se um critério de separação por corrente parasita em um lote de 200 peças,

separando-os em dois grupos, G2 e G4. O material foi caracterizado, seguindo os critérios de

avaliação de laboratório para análise química, metalografia e ensaios de dureza. Todas as

análises para caracterização do material foram realizadas em Laboratório Químico e

Metalúrgico, seguindo normas FCA – Fiat Chrysler Automobiles (1995), aplicáveis.

3.2 Definição da Ferramenta

Neste experimento, a ferramenta empregada no processo de fresamento dos dentes da

engrenagem do eixo secundário foi uma fresa a caracol, tipo Hob, como demonstra a Figura

39:

Figura 39 - Fresa a caracol empregada para construção das amostras deste estudo

Fonte: Fotografia do autor.

Sua característica construtiva se resume a uma fresa com duas entradas, substrato de

aço sinterizado, revestimento tribológico de TiAlN de multicamadas, cuja espessura pode

atingir até 5µm, com capacidade de trabalho a temperaturas de até 900°C. A Tabela 2 contém

alguns dados técnicos da ferramenta:

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85

Tabela 2 - Dados da fresa a caracol

FRESA A CARACOL – COM REVESTIMENTO TRIBOLÓGICO

Material de Revestimento TiAlN (multicamadas)

Microdureza HV 0,05 3.300

Atrito contra o aço (a seco) 0.3 a 0.4

Espessura da camada (µm) 1-5

Estrutura da Camada Nano estruturado

Tensão interna da camada (Gpa) -1.3/-1.5

Temperatura máxima de utilização (°C) 900

Processo de revestimento (°C) 450

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3 Definição do escopo: Análise das etapas experimentais

Após uma análise do processo de fabricação do eixo secundário, foram definidos o

escopo do experimento, seus pontos críticos, onde seriam coletadas as amostras, as inspeções

dimensionais e os ensaios pertinentes ao objetivo deste estudo. Observe na Figura 40 que os

processos críticos definidos nesse experimento foram o processo de forjaria, Hobbing,

Shaving e o processo de carbonitretação, que podem impactar nas distorções de perfil e hélice

do dente.

Figura 40 – Fluxograma das etapas experimentais

Fonte: Elaborado pelo autor.

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86

No processo Hobbing, as taxas de velocidade de corte [𝑉𝑐] aplicadas no experimento

foram de 150, 170 e 190 m/min e as taxas de avanço de corte (f) foram de 1,9; 2,2 e 2,5

mm/rot. Como variáveis-resposta do experimento, definiram-se as características

microgeométricas do dente da engrenagem (perfil e hélice) e a tensão residual na superfície

do dente. Além dessas variáveis de resposta, avaliou-se também a tensão residual a uma

profundidade de 0,08mm que é o ponto de intercessão para o sobremetal previsto para o

Shaving.

No processo Shaving e no Tratamento Termoquímico Carbonitretado avaliou-se as

tensões residuais na superfície do dente e a microgeometria em função da microestrutura e

Microdureza do material.

Para os três processos em estudo (Hobbing, Shaving e carbonitretação), avaliou-se a

taxa de variação da tensão residual da superfície do dente até uma profundidade de 0,10mm,

sendo esta medição realizada a cada 0,01mm.

A matriz desse experimento é vista no desenho esquemático na Figura 41 abaixo:

Figura 41 – Desenho esquemático matriz do plano experimental

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os processos de fresamento do dente da engrenagem (Hobbing), acabamento do dente

(Shaving), além de o processo de Tratamento Termoquímico Carbonitretado estão ilustrados

nas Figuras 42, 43 e 44, respectivamente.

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87

Figura 42 – Processo Hobbing – Fresadora de engrenagem Gleason

Fonte: Fotografia do autor.

Figura 43 Processo Shaving – Raspadora de engrenagem Hurth

Fonte: Fotografia do autor.

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88

Figura 44 – Processo Carbonitretação – Forno contínuo

Fonte: Fotografia do autor.

As ferramentas de corte empregadas nos processos Hobbing e Shaving foram a fresa a

caracol (Figura 45) e a Faca Shaving (Figura 46), respectivamente:

Figura 45 – Fresa a caracol tipo Hob empregada nos experimentos

Fonte: Fotografia do autor.

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89

Figura 46 – Faca Shaving empregada nos experimentos

Fonte: Fotografia do autor.

3.4 Critérios de estudo e separação de amostras

Os critérios de estudo para este experimento foram definidos da seguinte forma:

Um lote de duzentas peças do material DIN 19MnCr5 foram selecionadas, com o

objetivo de serem analisadas, por comparação, em equipamento de corrente parasita, a fim de

se observar a homogeneidade do lote e caracterizar, de forma amostral, suas propriedades

químicas e metalúrgicas.

As amostras dos grupos G2 e G$ foram separadas, sendo estes divididos em subgrupos

de 7 peças, as quais foram usinadas na fresadora Gleason, com as taxas de velocidade de corte

[𝑉𝑐] de 150, 170 e 190 m/min, e taxas de avanço de corte [f] de 1,9; 2,2 e 2,5 mm/rot.

Durante a usinagem dos dentes da engrenagem do eixo, a potência de corte foi

monitorada e utilizada para a geração dos dentes, por meio do método de leitura direta na tela

do CNC (Comando Numérico Computadorizado) da máquina. O valor de potência

considerado nos experimentos foi o de maior pico, conforme demonstra a Figura 47:

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90

Figura 47 – Potência Efetiva – Painel CNC Dentadora Gleason

Fonte: Elaborado pelo autor.

Depois de concluídas as etapas de Hobbing, de Shaving e de carbonitretação do

processo de fabricação da engrenagem, os parâmetros microgeométricos [𝑓𝑓𝛼; 𝑓𝐻𝛼; 𝑓𝑓𝛽; 𝑓𝐻𝛽]

foram mensurados em um tridimensional Wenzel WGT, Figura 47:

Figura 48 – Sistema de medição de engrenagens – Evolventímetro Wenzel WGT 350

Fonte: Fotografia do autor.

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91

A tensiometria por difração de raio-X foi obtida através de técnica de difração por

raio-X. O Difratômetro de raios-X empregado nos experimentos é do Fabricante GNR –

Analytical Instruments Group, Figura 49. A Incerteza de Medição (IC) do Difratômetro é de

±50 MPa. O robô possui seis eixos, tubo cerâmico de raios x dos elementos Cr, Cu e Mn, um

gerador de raios-X de 300W, com sistema de refrigeração integrado, um sistema de detecção

rápida e um sistema de alinhamento automático a laser. As condições de difração para análise

no aço DIN 19MnCr5 (aço ferrítico) são com o comprimento de onda a λ Cr= 2.289 Å, 2θ da

Ferrita = 156º, como se observa na Figura 50 e Tabela 3.

Figura 49 – Difratômetro de raio-X

Fonte: Elaborado pelo autor.

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92

Tabela 3 - Parâmetros de difração utilizados – Aço Ferrítico

Método de avaliação 𝑆𝑖𝑛2𝜓

Fonte de Radiação Cr-Kα

Filtro (k-β) V

Estrutura do Cristal Cúbica

Ângulo 2θ (aproximado) 156.1

Profundidade média de informação de raios x para ψ=0 5,8µm

Comprimento de onda 2.2897

Plano de difração (hkl) (211)

Modulo de Young 210 GPa

Relação de Poisson 0,30

Fonte: GNR – Analytical Instruments Group (2015)

Figura 50 – Condição de difração para Ferrita

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os corpos de prova para análise de difração foram preparados conforme a Figura 51.

As análises da tensão residual foram realizadas na superfície do dente, da superfície em

direção ao núcleo do dente até atingir uma profundidade de 0,10mm, medindo-se a tensão

residual a cada 0,01mm e por fim, medida também a uma profundidade de 0,08mm na linha

de intercessão do sobremetal do Hobbing para o Shaving.

Para as análises das tensões residuais com decréscimo de 0,01mm até atingir 0,10mm

e também a análise dessas tensões a 0,08mm as amostras foram preparadas da seguinte forma:

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93

após o corte, inicia-se a corrosão superficial. A composição química da solução utilizada para

o ataque foi 10% 𝐻2𝑆𝑂4+ 10% HF + 10% 𝐻2𝑂+ 70% 𝐻2𝑂2. A velocidade de corrosão média

foi de 6 s/μm. Ao término de 60s de ataque, trocou-se a solução. Após o ataque, fez-se a

limpeza com a solução de 85% 𝐻2𝑂2+ 10% 𝐻2𝑂+ 5% HF. Verifica-se a profundidade de

ataque através da utilização de um perfilômetro, marca Mahr Gmbh, modelo MarSurfXC.

Figura 51 – Preparação das amostras para análise de tensão residual

Fonte: Fotografia do autor.

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95

4 EXPERIMENTAÇÃO

4.1 Caracterização do material

O lote de 200 peças do material (Aço DIN 19MnCr5) foi submetido a um critério de

separação por corrente parasita, aplicado no Equipamento Magnatest (Figura 52).

Aleatoriamente, uma amostra (G5) foi escolhida dentre o lote de 200 peças, a qual foi usada

como padrão para atingir a curva zero do dispositivo (Figura 53) e, a partir dela, foram

obtidos quatro subgrupos distintos de material, conforme a Tabela 4:

Figura 52 – Equipamento Magnatest 3.610

Fonte: Fotografia do autor.

Figura 53 – Amostra padrão G5

Fonte: Fotografia do autor.

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96

Tabela 4 – Dados das amostras segregadas por corrente parasita (Magnatest)

Código das

Amostras

Escala do dispositivo de

corrente parasita Quantidade Imagem do Magnatest

Amostras do

Grupo 01

‘G1’

40 (20 A 40) 6

Amostras do

Grupo 02

‘G2’

-40 (-20 A -40) 108

Amostras do

Grupo 03

‘G3’

-50 (-50 A -54)

5

Amostras do

Grupo 04

‘G4’

98 (80 A 100) 77

Amostras do

Grupo 05

‘G5’

Peça padrão ‘0’ 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

Concluída a segregação, uma amostra de cada grupo, de G1 a G5, foi enviada para

análise no laboratório, seguindo-se com a caracterização do material, conforme Figura 54.

Desse modo, foram obtidas, por representatividade amostral, as características do material de

cada grupo:

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97

Figura 54 – Amostras G1 a G5 enviadas para laboratório químico e metalúrgico

Fonte: Fotografia do autor.

Para realizar as análises metalográficas e química foram preparados os corpos de

prova (CP) de dimensões 50x12,5mm. Estes foram cortados na direção normal ao forjamento

(Figura 55 ‘a’ e ‘b’). Após o corte, os corpos de prova foram preparados com lixas com

granulometrias de 180, 220, 320, 400, 600 e 1200 Mesh (Figura 55 ‘c’ até ‘f’) e, em seguida,

foi executado um polimento com feltro impregnado com pasta de diamante, contendo

dimensões 9, 3 e 1 mícron (Figura 55 ‘g’ e ‘h’). Para a análise da microestrutura, essas

amostras foram atacadas com nital 5%, e, posteriormente, analisadas em microscópio ótico

(Zeiss), com aumento máximo de 1000X:

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98

Figura 55 – Fases de preparação das amostras para o estudo

Fonte: Fotografia do autor.

Após a preparação das amostras, as análises de dureza Brinell, constituinte e

composição química do material foram realizadas em um laboratório químico e metalúrgico

nos equipamentos, Durômetro Brinell Leco / Modelo: DTLC -3000, Espectrômetro de

emissão ótica Shimadzu / Modelo: OES.5500II e em Microscópio ótico Aristomet Leitz /

Modelo: Variophot , Figura 56.

a) Preparação para corte b) Corte das amostras c) Lixamento inicial

d) Resultado lixamento inicial e) Lixamento parcial f) Resultado lixamento parcial

g) Polimento da amostra h) Resultado polimento

i) Amostras analisadas após

preparação

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99

Figura 56– Equipamentos utilizados para os ensaios Laboratoriais nos Corpos de Prova

– G1 a G5

Fonte: Fotografia do autor.

4.1.1 Dados das análises do material

Das amostras enviadas para os ensaios em laboratório, os seguintes resultados foram

obtidos.

4.1.1.1 Análise da Composição Química

A análise química do material DIN 19MnCr5, utilizado para realização dos estudos,

pode ser observada na Tabela 5. Enfatiza-se, assim, que os dados foram distribuídos em

grupos, de G1 a G5:

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100

Tabela 5 – Dados das amostras da análise da composição química do aço DIN 19MnCr5

Elemento C Mn Cr Si Cu S P Al

Especificação 0,15 a

0,21

1,00 a

1,30

0,80 a

1,10

0,15 a

0,35

0,030

0,02 a

0,04

0,035

0,02 a

0,05

G1 0,17 1,13 0,98 0,20 0,21 0,03 0,020 0,02

G2 0,16 1,06 0,94 0,19 0,20 0,04 0,018 0,02

G3 0,15 1,08 0,96 0,19 0,20 0,03 0,019 0,02

G4 0,16 1,11 0,97 0,19 0,20 0,03 0,020 0,02

G5 0,15 1,09 0,96 0,19 0,20 0,02 0,010 0,02

Fonte: Elaborado pelo autor.

Analisando a Tabela 5, nota-se pouquíssima variação na composição química entre as

amostras avaliadas. O elemento Carbono (C) está dentro da especificação (0,15 – 0,21),

porém está próximo do limite mínimo. Os elementos de liga Mn e Cr estão dentro da

especificação, mas percebe-se que o Manganês apresenta uma dispersão maior entre as

amostras, ainda que não desperte preocupações para os estudos propostos. As impurezas

presentes nas amostras estão dentro dos limites aceitáveis e com tendência a valores mínimos.

4.1.1.2 Análise Metalográfica

A análise metalográfica do material DIN 19MnCr5 pode ser observada na Tabela 6,

por meio dos dados das amostras G1, G2, G3, G4 e G5:

Tabela 6 - Resultado da análise metalográfica das amostras G1 a G4 do aço DIN

19MnCr5

Características Especificações Encontrado

G1 G2 G3 G4 G5

Dureza (HB) 140 a 185 161 a 162 192 a

194

197 a

198 147 a 150

193 a

195

Microestrutura

Ferrita e Perlita

lamelar

compacta

Ferrita e

Perlita

lamelar

compacta

Acicular Acicular

Ferrita e

Perlita

lamelar

compacta

Acicular

Fonte: Elaborado pelo autor.

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101

Observa-se que as amostras G1 e G4 estão com valores de dureza Brinell (HB) mais

próximos da média especificada pela Norma para Aços para Cementação – 52423 (FCA,

NORMA DE MATERIAIS, 1995) e apresentam microestrutura, segundo o especificado. As

amostras G2 e G3 estão com valores mais elevados de dureza (HB), sendo bastante similares

à peça padrão, G5. Além disso, notou-se que a microestrutura não está consoante ao que se

especifica em Norma.

A partir das análises supracitadas e com base na quantidade de amostras dos grupos

G2 e G4, optou-se por avaliar de um modo mais detalhado esses materiais. Assim, a Figura 57

mostra a microestrutura presente na amostra G4 do aço DIN 19MnCr5, evidenciando o

bandeamento da estrutura e a presença de perlita e de ferrita:

Figura 57 – Microestrutura da amostra G4 do aço DIN 19MnCr5

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 58 mostra a impressão de microdureza com carga de 98 mN na ferrita, assim

como na perlita.

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102

Figura 58 – Microdureza com carga de 98 mN na Ferrita e Perlita da amostra G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Tabela 7 mostra os resultados de média e de desvio padrão da microdureza obtidos

nas duas diferentes fases da amostra G4 do aço 19MnCr5:

Tabela7 – Resultado da análise da Microdureza da amostra G4 do aço DIN 19MnCr5

Constituinte Média Desvio padrão

Perlita 326,8 27,1

Ferrita 168,6 20,5

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 59 mostra a microestrutura presente na amostra G2 do aço DIN 19Mn Cr5,

evidenciando a presença de perlita, de ferrita pró-eutetóide no contorno de grão e de uma fase

acicular:

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103

Figura 59 – Microestrutura da amostra G2 do aço DIN 19MnCr5

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 60 obtida por elétrons secundários no microscópio eletrônico de varredura da

fase acicular mostrou partículas em formato de bastonete, possivelmente Fe3C (Cementita):

Figura 60 – Imagem por elétrons secundários MEV da amostra G2

Fonte: Elaborado pelo autor.

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104

A Figura 61 expõe a impressão de microdureza com carga de 98 mN na estrutura em

forma de bastonetes (a), evidenciando, inclusive, a ferrita (b) e a perlita (c):

Figura 61 – Microdureza com carga de 98 mN na Ferrita e Perlita da amostra G2

(a)

(b)

(c) Fonte: Elaborado pelo autor.

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105

A Tabela 8 mostra as microdurezas (média e desvio padrão) das fases perlita, ferrita e

a fase em forma de bastonetes:

Tabela 8 – Resultado da análise da Microdureza da amostra G2 do aço DIN 19MnCr5

Constituinte Média Desvio padrão

Perlita 338,9 37,2

Ferrita 161,6 9,7

Estrutura heterogênea

(bastonetes)

374,6 49,6

Fonte: Elaborado pelo autor.

A estrutura em forma de bastonetes apresentou uma distribuição de valor de dureza

superior, quando comparada à perlita, ao nível de confiança de 95%. Como esse aço é de

baixo carbono e de baixa liga, possivelmente a microestrutura de difícil resolução (bastonetes)

é consequência de um resfriamento mais acelerado, após o forjamento.

4.1.2 Dados das Potências de Usinagem em função das variáveis estudadas

Os produtos foram submetidos ao processo de fabricação e, nessa etapa, focou-se no

processo de geração de dentes do dentado (Hobbing). Segundo critérios pré-estabelecidos na

metodologia já apresentada neste trabalho, partiu-se, então, para a usinagem e coleta dos

resultados, utilizando o material DIN 19MnCr5. O objetivo nesta fase dos experimentos foi

variar parâmetros e coletar os dados da potência requerida da máquina para execução do ciclo

de usinagem. As velocidades de corte [𝑉𝑐] de 150, 170 e 190 m/min e o avanço de corte [f] de

1,9; 2,2 e 2,5 mm/rot foram utilizados e os dados obtidos podem ser observados nas Tabelas 9

e 10:

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106

Tabela 9 – Dados de Velocidade de Corte (Vc) das amostras G2 e G4 do processo

Hobbing com avanço constante (f=2,2mm/rot)

Amostra Dureza

(HB) Microestrutura

Código de

Rastreabilidade

Vc

(m/min)

Potência de

corte (Watt)

G4 147 a 162

Ferrita + Perlita

lamelar

compacta

G4 01

170

5684

G4 02 5422

G4 03 5926

G4 04 5728

G4 05 5599

G4 06 5704

G4 07 5845

G4 08

190

5966

G4 09 6030

G4 10 5958

G4 11 6300

G4 12 6059

G4 13 6204

G4 14 5986

G4 15

150

5072

G4 16 4959

G4 17 4911

G4 18 4862

G4 19 4858

G4 20 4822

G4 21 4814

G2 192 a 198 Acicular

G2 01

170

5309

G2 02 5333

G2 03 5257

G2 04 5164

G2 05 5193

G2 06 5261

G2 07 5257

G2 08

190

6429

G2 09 6272

G2 10 6264

G2 11 6337

G2 12 6365

G2 13 6316

G2 14 6192

G2 15

150

5390

G2 16 5104

G2 17 5180

G2 18 4951

G2 19 4999

G2 20 5015

G2 21 4858

Fonte: Elaborado pelo autor.

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107

Tabela 10 – Dados de Avanço [f] das amostras G2 e G4 do processo Hobbing com

Velocidade de Corte constante [V_c =170 m\min]

Amostra Dureza

(HB) Microestrutura

Código de

Rastreabilidade Vc

f

(mm/rot)

Potência de

corte (Watt)

G4 147 a 162 Ferrita + Perlita

lamelar compacta

G4 22 170 m/min

2,5

5366

G4 23 170 m/min 5285

G4 24 170 m/min 5479

G4 25 170 m/min 5092

G4 26 170 m/min 5229

G4 27 170 m/min 5245

G4 28 170 m/min 5273

G4 29 170 m/min

1,9

5213

G4 30 170 m/min 5329

G4 31 170 m/min 5221

G4 32 170 m/min 5491

G4 33 170 m/min 5237

G4 34 170 m/min 5136

G4 35 170 m/min 5470

G2 192 a 198 Acicular

G2 22 170 m/min

2,5

5664

G2 23 170 m/min 5740

G2 24 170 m/min 5394

G2 25 170 m/min 5551

G2 26 170 m/min 5434

G2 27 170 m/min 5418

G2 28 170 m/min 5555

G2 29 170 m/min

1,9

5756

G2 30 170 m/min 5708

G2 31 170 m/min 5636

G2 32 170 m/min 5446

G2 33 170 m/min 5644

G2 34 170 m/min 5603

G2 35 170 m/min 5499

Fonte: Elaborado pelo autor.

A leitura da potência efetiva de usinagem é obtida diretamente no software da

fresadora tipo Hobbing. O eixo X da fresadora avança no sentido radial para definir o dentado

(ponto ‘0’ da abscissa da Figura 62). No instante em que a fresa (Hob) toca a peça, aumenta-

se a potência na medida em que a máquina se mantém constante no eixo X, e avança no eixo

Z. Quando a fresa atinge o máximo ponto de contato, tem-se a máxima potência efetiva de

usinagem, sendo este o ponto definido para a leitura da potência dos experimentos:

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108

Figura 62 – Valor de Potência obtido na tela do CNC da Fresadora Gleason

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.3 Dados dimensionais do perfil e hélice do dente

Após as usinagens nos processos Hobbing e Shaving, seguidas de tratamento

termoquímico (Carbonitretado), foram avaliados os dados dimensionais de perfil evolvente e

hélice, os quais podem ser visualizados nas Tabelas 11, 12 e 13:

Tabela 11 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo Hobbing

Amostra ffα

(µm)

fhα

(µm)

ffβ

(µm)

fhβ

(µm)

Vc

(m/min)

f

(mm/rot)

Potência

de Corte

(Watt)

G2 01 13,0 1,9 10,1 12,5 170,0 2,2 5309,3

G2 02 12,8 -0,3 9,5 13,3 170,0 2,2 5333,5

G2 03 16,2 0,0 11,1 14,2 170,0 2,2 5257,0

G2 04 13,7 3,1 10,4 12,3 170,0 2,2 5164,3

G2 05 15,5 0,9 9,5 12,5 170,0 2,2 5192,5

G2 06 16,2 -1,3 10,8 12,7 170,0 2,2 5261,0

G2 07 13,2 -2,2 8,0 13,0 170,0 2,2 5257,0

G2 08 16,1 -3,3 12,6 10,1 190,0 2,2 6429,2

G2 09 13,0 -0,6 9,0 7,7 190,0 2,2 6272,1

G2 10 12,4 -2,6 9,9 9,9 190,0 2,2 6264,0

G2 11 14,1 0,5 11,1 10,7 190,0 2,2 6336,5

G2 12 14,0 -1,2 8,6 9,3 190,0 2,2 6364,7

G2 13 12,5 -3,8 9,7 8,5 190,0 2,2 6316,4

G2 14 14,6 -2,2 11,3 8,4 190,0 2,2 6191,5

Page 92: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

109

(continuação)

G2 15 13,3 -3,8 9,8 11,1 150,0 2,2 5389,9

G2 16 13,3 0,4 9,3 11,7 150,0 2,2 5103,9

G2 17 12,5 -1,4 9,4 11,1 150,0 2,2 5180,4

G2 18 12,4 3,0 9,4 12,9 150,0 2,2 4950,8

G2 19 16,1 -0,1 8,5 11,9 150,0 2,2 4999,1

G2 20 17,2 -1,0 10,6 10,9 150,0 2,2 5015,3

G2 21 13,0 -0,2 8,8 11,2 150,0 2,2 4858,2

G2 22 14,1 -0,7 9,9 11,2 170,0 2,5 5664,0

G2 23 18,0 -2,4 9,9 2,2 170,0 2,5 5740,4

G2 24 14,9 -1,9 11,8 5,9 170,0 2,5 5393,9

G2 25 17,3 -3,3 9,6 3,4 170,0 2,5 5551,0

G2 26 17,7 2,1 8,8 4,2 170,0 2,5 5434,2

G2 27 14,5 -1,9 11,8 5,2 170,0 2,5 5418,1

G2 28 15,8 -1,9 8,8 4,1 170,0 2,5 5555,1

G2 29 14,0 -7,1 7,1 20,3 170,0 1,9 5756,5

G2 30 12,9 0,6 8,9 20,5 170,0 1,9 5708,1

G2 31 11,0 1,7 9,0 21,9 170,0 1,9 5635,6

G2 32 11,4 1,7 7,0 19,1 170,0 1,9 5446,3

G2 33 12,4 2,4 8,3 20,0 170,0 1,9 5643,7

G2 34 14,7 2,6 8,6 21,2 170,0 1,9 5603,4

G2 35 12,0 1,7 7,9 21,1 170,0 1,9 5498,7

G4 01 13,8 -0,3 7,3 13,8 170,0 2,2 5684,0

G4 02 14,3 -1,4 11,3 14,6 170,0 2,2 5422,1

G4 03 15,9 0,4 7,8 13,7 170,0 2,2 5925,7

G4 04 11,5 -2,0 8,6 14,2 170,0 2,2 5728,3

G4 05 14,0 -2,5 8,6 11,5 170,0 2,2 5599,4

G4 06 15,6 -1,4 9,6 10,0 170,0 2,2 5704,1

G4 07 13,4 1,0 11,5 13,2 170,0 2,2 5845,1

G4 08 12,6 -6,9 10,8 9,8 190,0 2,2 5965,9

G4 09 11,4 -8,8 9,4 12,2 190,0 2,2 6030,4

G4 10 12,1 0,9 9,6 9,7 190,0 2,2 5957,9

G4 11 12,0 -4,9 7,7 10,3 190,0 2,2 6300,3

G4 12 14,6 -4,0 10,7 8,4 190,0 2,2 6058,6

G4 13 11,6 -1,5 7,8 9,7 190,0 2,2 6203,6

G4 14 12,1 -2,7 8,4 8,6 190,0 2,2 5986,1

G4 15 18,1 2,0 7,8 13,4 150,0 2,2 5071,7

G4 16 15,3 -0,2 11,5 12,3 150,0 2,2 4958,9

G4 17 13,1 3,1 9,3 14,4 150,0 2,2 4910,5

G4 18 12,7 0,0 8,4 13,6 150,0 2,2 4862,2

G4 19 16,6 0,2 11,4 12,8 150,0 2,2 4858,2

G4 20 14,7 1,2 7,5 14,6 150,0 2,2 4821,9

G4 21 13,5 1,0 8,2 13,0 150,0 2,2 4813,8

G4 22 16,9 -5,9 10,6 2,9 170,0 2,5 5365,7

G4 23 17,5 -5,3 10,5 4,3 170,0 2,5 5285,2

G4 24 15,0 -5,1 9,4 2,0 170,0 2,5 5478,5

Page 93: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

110

(continuação)

G4 25 13,7 -4,8 9,6 2,8 170,0 2,5 5091,8

G4 26 13,6 -5,1 9,7 3,1 170,0 2,5 5228,8

G4 27 13,8 -6,0 10,9 5,5 170,0 2,5 5244,9

G4 28 16,4 -3,5 12,5 5,9 170,0 2,5 5273,1

G4 29 12,2 4,0 7,6 21,7 170,0 1,9 5212,6

G4 30 12,4 4,8 8,2 19,9 170,0 1,9 5329,5

G4 31 13,4 4,1 7,7 21,6 170,0 1,9 5220,7

G4 32 14,1 3,8 7,4 21,9 170,0 1,9 5490,6

G4 33 13,2 3,9 9,7 24,3 170,0 1,9 5236,8

G4 34 14,0 4,9 7,9 22,9 170,0 1,9 5136,1

G4 35 13,9 4,4 7,7 22,1 170,0 1,9 5470,5

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 12 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo Shaving

Amostra ffα

(µm)

fhα

(µm)

ffβ

(µm)

fhβ

(µm)

Tensão

Residual na

Superfície

(MPa)

G2 01 2,8 -6,6 2,0 25,2 -415

G2 03 3,6 -5,4 2,4 26,4 -403

G2 04 3,0 -5,8 2,0 25,8 -391

G2 05 2,8 -4,9 2,1 25,2 -424

G2 08 3,0 -5,3 2,5 22,1 -436

G2 10 2,9 -5,3 1,9 25,7 -352

G2 11 3,0 -5,2 1,9 24,8

G2 17 2,8 -5,7 2,2 23,9 -461

G2 21 4,0 -6,0 1,8 23,5 -438

G2 22 2,6 -6,3 2,3 23,7 -422

G2 30 2,6 -4,3 2,1 25,7 -449

G4 07 2,5 -5,1 2,1 24,9 -406

G4 09 2,3 -5,6 3,0 25,5 -350

G4 10 2,5 -6,0 2,0 25,9

G4 12 2,7 -5,5 2,4 25,3

G4 13 2,4 -5,5 2,4 25,4 -379

G4 14 2,3 -5,3 2,2 25,6 -373

G4 16 2,4 -5,3 1,8 25,2 -361

G4 20 2,6 -6,2 1,9 26,0 361

G4 21 2,3 -5,5 1,8 25,3

G4 22 2,5 -7,0 1,9 25,0 -370

G4 26 2,5 -5,0 2,8 24,4 -353

G4 28 2,9 -5,4 1,7 24,2 -383

G4 35 2,8 -5,2 1,8 27,2 -387

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 94: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

111

Tabela 13 – Dados dimensionais de perfil evolvente e hélice no processo de

carbonitretação

Amostra ffα

(µm)

fhα

(µm)

ffβ

(µm)

fhβ

(µm)

G2 03 4,9 -15,7 3,0 13,9

G2 04 5,3 -16,7 4,0 13,6

G2 05 4,8 -15,6 3,3 10,9

G2 06 4,2 -14,6 3,0 10,9

G2 07 5,6 -16,7 3,3 9,9

G2 10 5,2 -18,1 3,0 15,6

G2 11 4,7 -17,6 2,9 8,8

G2 12 5,0 -15,1 3,1 11,7

G2 13 5,8 -16,1 2,5 9,7

G2 14 4,6 -15,7 3,1 13,9

G2 16 5,1 -16,8 3,1 13,0

G2 18 4,6 -15,3 3,3 9,7

G2 19 4,9 -15,4 3,2 8,5

G2 20 4,8 -17,4 2,8 10,7

G2 21 5,1 -17,5 3,3 10,0

G2 24 5,0 -17,0 2,9 6,8

G2 25 4,8 -13,6 3,2 8,1

G2 26 5,1 -14,8 3,3 9,9

G2 27 4,5 -16,2 4,0 9,6

G2 28 4,3 -17,5 4,5 10,7

G2 31 4,8 -14,2 3,4 12,0

G2 32 4,4 -16,6 2,8 13,1

G2 33 5,3 -15,9 2,8 11,7

G2 34 4,7 -15,3 2,9 10,4

G2 35 5,0 -17,6 3,2 15,6

G4 01 4,6 -17,6 3,8 7,8

G4 02 4,0 -22,1 2,9 10,0

G4 04 4,2 -17,8 2,6 6,4

G4 05 5,0 -18,9 3,2 11,4

G4 06 4,9 -15,8 2,8 9,4

G4 08 4,5 -16,9 3,0 10,0

G4 09 4,8 -18,5 2,8 7,6

G4 10 5,0 -16,3 2,8 8,0

G4 12 5,0 -17,5 3,0 6,6

G4 14 4,4 -16,7 2,7 5,8

G4 17 4,6 -20,4 3,5 7,1

G4 18 4,9 -19,0 2,9 8,9

G4 19 5,0 -15,9 2,9 4,7

G4 21 4,6 -17,1 3,2 3,7

G4 23 3,8 -17,0 2,7 6,9

Page 95: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

112

(continuação)

G4 25 4,7 -21,0 3,4 12,5

G4 26 4,5 -15,0 3,2 6,8

G4 27 4,8 -20,0 2,7 9,8

G4 28 4,8 -19,8 3,4 11,9

G4 29 5,1 -17,1 3,6 8,2

G4 30 5,7 -20,1 2,8 9,7

G4 31 4,7 -20,0 2,3 10,0

G4 32 5,3 -17,6 3,1 6,4

G4 33 5,1 -14,6 3,1 8,4

G4 34 5,1 -17,3 2,8 9,3

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.4 Tensões residuais do dente

4.1.4.1 Dados de tensões na superfície do dente

Para o processo Hobbing os dados de tensão residual na superfície do dente e na linha

de intercessão de sobremetal para o shaving (0,08mm de profundidade a partir da superfície)

foram registrados na Tabela 14. Vinculados a estes dados também, a Tabela 14 mostra a

correlação deles com os parâmetros de usinagem empregados no experimento:

Tabela 14 – Dados das amostras G2 e G4 – Correlação das variáveis [Vc], [f], Potência

Efetiva e Tensão Residual (IC = ±50 MPa)

Amostra Vc

(m/min)

f

(mm/rot)

Potência

de Corte

(Watt)

Tensão Residual

na Superfície

(MPa)

Tensão Residual a

0,08mm

(MPa)

G2 02 170,0 2,2 5333,5 331 38

G2 03 170,0 2,2 5257,0 405 32

G2 04 170,0 2,2 5164,3 369

G2 05 170,0 2,2 5192,5 404

G2 09 190,0 2,2 6272,1 388 -4

G2 10 190,0 2,2 6264,0 467 53

G2 11 190,0 2,2 6336,5 440

G2 12 190,0 2,2 6364,7 452

G2 15 150,0 2,2 5389,9 375 -18

G2 16 150,0 2,2 5103,9 436 -67

G2 17 150,0 2,2 5180,4 353

G2 18 150,0 2,2 4950,8 420

G2 23 170,0 2,5 5740,4 385 -13

Page 96: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

113

(continuação)

G2 24 170,0 2,5 5393,9 453 -39

G2 25 170,0 2,5 5551,0 415

G2 26 170,0 2,5 5434,2 441

G2 29 170,0 1,9 5756,5 376 -58

G2 30 170,0 1,9 5708,1 427 -18

G2 31 170,0 1,9 5635,6 482

G2 32 170,0 1,9 5446,3 384

G4 03 170,0 2,2 5925,7 413 98

G4 04 170,0 2,2 5728,3 448 -56

G4 05 170,0 2,2 5599,4 380

G4 06 170,0 2,2 5704,1 396

G4 11 190,0 2,2 6300,3 437 -12

G4 12 190,0 2,2 6058,6 439 140

G4 13 190,0 2,2 6203,6 459

G4 14 190,0 2,2 5986,1 423

G4 15 150,0 2,2 5071,7 398 -97

G4 16 150,0 2,2 4958,9 360 51

G4 17 150,0 2,2 4910,5 436

G4 18 150,0 2,2 4862,2 370

G4 24 170,0 2,5 5478,5 375 -34

G4 25 170,0 2,5 5091,8 436 81

G4 26 170,0 2,5 5228,8 365

G4 27 170,0 2,5 5244,9 457

G4 32 170,0 1,9 5490,6 415 36

G4 33 170,0 1,9 5236,8 456 43

G4 34 170,0 1,9 5136,1 416

G4 35 170,0 1,9 5470,5 456

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.1.4.2 Dados de tensões na direção radial e sentido ao núcleo do dente

A Tabela 15 apresenta os valores de tensão residual, obtidos a partir dos processos

Hobbing, Shaving e Tratamento Termoquímico Carbonitretado. Os valores foram medidos a

cada 0,010mm até atingir uma profundidade de 0,10mm.

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114

Tabela 15 – Tensão residual na direção radial e sentido ao núcleo do dente nos processos

Hobbing, Shaving e Carbonitretadas

Profundidade

(mm)

Tensão Residual (MPa)

G2-105

Hobbing

G4-40

Hobbing

G2-36

Shaving

G4-39

Shaving

G2-37

Carbonitretadas

G4-37

Carbonitretadas

0 712 593 -389 -383 -336 -392

0,01 366 251 -238 -225 -400 -390

0,02 169 239 -189 -229 -536 -346

0,03 51 112 -166 -212 -473 -441

0,04 4 39 -158 -120 -368 -293

0,05 -48 -9 -121 -124 -314 -416

0,06 -21 7 -117 -188 -381 -371

0,07 -30 6 -139 -118 -270 -420

0,08 -30 15 -158 -142 -286 -253

0,09 -41 -74 -143 -184 -328 -313

0,10 -34 0 -63 -103 -305 -322

Fonte: Elaborado pelo autor.

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115

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a realização dos experimentos, os dados foram submetidos a uma análise

estatística, avaliados e discutidos. Essas análises foram aplicadas nas relações de avanço de

corte, de velocidade de corte e material com os resultados de microgeometria do dente e

tensão residual. Uma análise, embora oriunda dos parâmetros de corte, foi realizada da

relação entre a tensão residual e a potência de corte.

5.1 Influência da velocidade de corte [𝑽𝒄], avanço [f] e material na potência de corte [W]

Com todos os dados das taxas de variação de velocidade de corte e avanço aplicados

nas amostras G2 e G4, foram obtidos, nos experimentos, os valores de potência de corte.

Antes de entender a influência desses parâmetros na potência de corte, aplicou-se o teste de

normalidade (Shapiro Wilk) para avaliar se as amostras apresentavam uma distribuição

normal, constando-se que todas as amostras se comportam desta forma. Os resultados desse

teste estão nos Gráficos 1 e 2.

Page 99: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

116

Gráfico 1 – Teste de normalidade das amostras G2 e G4 [Vc] x [W]

Fonte: Elaborado pelo autor.

a) G2 Vc 150m/min b) G2 170m/min

c) G2 190m/min d) G4 170m/min

e) G4 170m/min f) G4 170m/min

Histogram: G2 - Potência (W) - Vc=150m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,94545, p=,68821

Expected Normal

4800 4900 5000 5100 5200 5300 5400

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: G2 - Potência (W) - Vc=170m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,93981, p=,63699

Expected Normal

5100 5150 5200 5250 5300 5350

X <= Category Boundary

0

1

2

3

No. of obs.

Histogram: G2 - Potência (W) - Vc=190m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,99157, p=,99577

Expected Normal

6150 6200 6250 6300 6350 6400 6450

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: G4 - Potência (W) - Vc=150m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,88264, p=,23844

Expected Normal

4750 4800 4850 4900 4950 5000 5050 5100

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: G4 - Potência (W) - Vc=170m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,97024, p=,90017

Expected Normal

5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: G4 - Potência (W) - Vc=190m/min.; f=2,2mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,84838, p=,11876

Expected Normal

5900 5950 6000 6050 6100 6150 6200 6250 6300 6350

X <= Category Boundary

0

1

2

3

No. of obs.

Page 100: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

117

Gráfico 2 – Teste de normalidade das amostras G2 e G4 [f] x [W]

Fonte: Elaborado pelo autor.

Avaliando-se o Gráfico 3 percebe-se que as amostras G2 apresentam uma dispersão

maior de potência de corte, além de potências mais elevadas, em comparação com as amostras

de G4, quando se usina com [𝑉𝑐] =150m/min. Em função dessa dispersão, é vista, também,

uma maior margem de erro para G2. Quando se aumenta a velocidade de corte para [𝑉𝑐] =170

m/min essa situação é revertida, pois G2 fica com dispersão reduzida em relação a G4, além

de ter potência de corte menor, como demonstra o Gráfico 3. Os maiores valores de potência

foram identificados para as amostras usinadas com [𝑉𝑐] =190m/min, tendo G2 predominante

com esta característica, segundo o Gráfico 3. De um modo geral, percebe-se um aumento na

potência de corte à medida que a velocidade [𝑉𝑐] aumenta para ambas as amostras de

materiais avaliadas.

a) Amostra G4 - f= 1,9 mm/rot b) Amostra G4 - f= 2,5 mm/rot

a) Amostra G2 - f= 1,9 mm/rot b) Amostra G2 - f= 2,5 mm/rot

Histogram: Grupos G1 e G4 - Potência de corte (W) - f = 1,9 mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,89010, p=,27518

Expected Normal

5100 5150 5200 5250 5300 5350 5400 5450 5500

X <= Category Boundary

0

1

2

3

No. of obs.

Histogram: Grupos G1 e G4 - Potência de corte (W) - f = 2,5 mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,96435, p=,85508

Expected Normal

5050 5100 5150 5200 5250 5300 5350 5400 5450 5500

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: Grupos G2, G3 e G5 - Potência de corte (W) - f = 1,9 mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,95596, p=,78345

Expected Normal

5400 5450 5500 5550 5600 5650 5700 5750 5800

X <= Category Boundary

0

1

2

3

No. of obs.

Histogram: Grupos G2, G3 e G5 - Potência de corte (W) - f = 2,5 mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,91610, p=,43974

Expected Normal

5350 5400 5450 5500 5550 5600 5650 5700 5750

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Histogram: Grupos G1 e G4 - Potência de corte (W) - f = 2,5 mm/rot.

Shapiro-Wilk W=,96435, p=,85508

Expected Normal

5050 5100 5150 5200 5250 5300 5350 5400 5450 5500

X <= Category Boundary

0

1

2

No. of obs.

Page 101: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

118

Gráfico 3 – Potência de corte [W] em função do material e velocidade de corte [V_C]

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observe-se, no Gráfico 4, que quando mantida a velocidade de corte constante

[𝑉𝑐]=170m/min e variando-se o avanço [f] de 1.9 a 2.5 mm/rot, a potência de corte do sistema

se conserva com valores muito próximos. Comparando-se as amostras G2 e G4, nota-se o

mesmo comportamento anteriormente mencionado em relação à variação de velocidade, isto

é, G2 tende a exigir maior potência que as amostras G4.

Gráfico 4 – Potência efetiva [W] de corte em função do material e Avanço [f]

Fonte: Elaborado pelo autor.

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119

5.2 Influência do material e dos parâmetros de corte nas distorções microgeométricas do

perfil (Evolvente) e hélice do dente

Foram avaliados os níveis de distorção do perfil (evolvente) e da hélice no dente da

engrenagem. Os parâmetros de material considerados como importantes para o estudo foram a

microestrutura (ferrita/perlita x acicular) e a Microdureza (HB). Já os parâmetros de corte

foram a velocidade de corte [𝑉𝑐] e o avanço [f]. Com esta configuração, o processo Hobbing

foi avaliado. Especificamente para os processos Shaving e Tratamento Termoquímico

Carbonitretado somente a influência do material e da tensão residual na microgeometria do

dente foi avaliada.

5.2.1 Distorções microgeométricas em função da velocidade de corte e material – processo

Hobbing

O Gráfico 5 mostra os níveis de distorções do erro de forma do perfil evolvente [𝑓𝑓𝛼]

no processo Hobbing, demonstrando ser mais estável com as amostras G2. Nas amostras G4,

na medida em que se aumenta a velocidade de corte [𝑉𝑐] nota-se uma redução desse erro:

Gráfico 5 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus velocidade de corte

[V_C]- Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Gráfico 6 expõe os níveis de distorções do erro de inclinação do perfil evolvente

[𝑓𝐻𝛼] no processo Hobbing, demonstrando-se mais estável com as amostras G2. Nas amostras

Page 103: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

120

G4, na medida em que se aumenta a velocidade de corte [𝑉𝑐] há uma redução desse erro,

porém a dispersão aumenta de modo significativo. Observa-se que, no Gráfico 4 b), quando se

tem uma velocidade de corte [𝑉𝑐] de 190m/min, a margem de erro em função do desvio

padrão eleva-se substancialmente.

Gráfico 6 – Dados de erro angular do perfil evolvente [f_Hα] versus velocidade de corte

[V_C]- Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os principais erros microgeométricos da hélice do dente são o erro de forma de hélice

[𝑓𝑓𝛽] e o erro de inclinação [𝑓𝐻𝛽]. Os dados estatísticos desses erros podem ser observados

nos Gráficos 7 e 8.

O Gráfico 7 apresenta os dados do erro de forma da hélice [𝑓𝑓𝛽] das amostras dos

materiais G2 e G4. Nota-se que não há variações em elevada escala a partir da variação da

taxa de velocidade de corte [𝑉𝑐].

Page 104: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

121

Gráfico 7 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus velocidade de corte [V_C]-

Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 8 estão expostos os dados de [𝑓𝐻𝛽] das amostras G2 e G4, demonstrando

que não há grande discrepância entre os dois materiais. No que tange à velocidade de corte

tem-se um comportamento inversamente proporcional, ou seja, na medida em que se aumenta

a velocidade de corte, tem-se erros menores no ângulo de inclinação [𝑓𝐻𝛽].

Gráfico 8 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus velocidade de corte

[V_C] -Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

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122

5.2.2 Distorções microgeométricas em função do avanço [f] e material – processo Hobbing

Seguindo com o experimento, taxas de variação do avanço foram aplicadas, além de o

comportamento das distorções microgeométricas nas amostras de G2 e G4, no processo

Hobbing, ser avaliado.

O Gráfico 9 expõe os níveis de distorções do erro de forma do perfil evolvente [𝑓𝑓𝛼]

no processo Hobbing quando se varia a taxa de avanço. Em ambas as amostras, G2 e G4, na

medida em que se aumenta o avanço [f] há, também, um aumento do erro microgeométrico.

Gráfico 9 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus avanço [f]- Processo

Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Gráfico 10 apresenta os níveis de distorções do erro de inclinação do perfil

evolvente [𝑓𝐻𝛼] no processo Hobbing. Para as amostras G2, a margem de erro em função do

desvio padrão são mais elevadas quando comparadas às amostras G4, no entanto a média

desses erros se mantém mais estável em G2, na medida em que se aumenta o avanço. É

possível observar uma inversão de sinal dos erros angulares para as duas amostras quando o

avanço está com 2,5mm/rot.

Page 106: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

123

Gráfico 10 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_Hα] versus avanço [f] –

Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor

Os erros microgeométricos principais da hélice do dente são o erro de forma de hélice

[𝑓𝑓𝛽] e o erro de inclinação [𝑓𝐻𝛽]. Os dados estatísticos desses erros podem ser observados

nos Gráfico 11 e 12.

Observa-se, no Gráfico 11, que o erro de forma da hélice não sofre influências

significativas em função do avanço de corte. Há uma dispersão maior nas amostras de G4

quando o avanço está em 2,2mm/rot, mas não tão representativa quando se compara com a

mesma taxa de avanço aplicada nas amostras de G2.

Gráfico 11 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus avanço [f]- Processo

Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

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124

No Gráfico 12 são apresentados os dados das amostras G2 e G4, sendo perceptível,

também, que não há grande discrepância entre os dois materiais. No que tange às taxas de

avanço de corte [f], nota-se que com o avanço de corte maior, há erros menores no ângulo de

inclinação [𝑓𝐻𝛽], ou seja, apresenta um comportamento inversamente proporcional.

Gráfico 12 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus avanço [f]- Processo

Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.2.3 Distorções microgeométricas em função do material – processo Shaving

No processo Shaving as distorções microgeométricas [𝑓𝑓𝛼; 𝑓𝐻𝛼; 𝑓𝑓𝛽; 𝑓𝐻𝛽] foram

avaliadas somente do ponto de vista do material. Seguindo a mesma metodologia, o teste de

normalidade foi aplicado, a fim de verificar a distribuição dos dados. Assim, o Gráfico 13 [a e

b] mostra os resultados obtidos para o erro de forma [𝑓𝑓𝛼]:

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125

Gráfico 13 – Dados de erro de forma do perfil evolvente [f_fα] versus material –

Processo Shaving

a)

b)

c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Embora os valores desses erros microgeométricos sejam baixos sob o ponto de vista

mecânico, não levando em consideração o campo de tolerância de engenharia, percebe-se, no

Gráfico 13 c), que as amostras G4 apresentaram uma distorção do erro de forma menor que as

amostras G2, além de a dispersão dos dados também se mostrar menor. Uma propriedade

mecânica que pode ter contribuído para esse fenômeno é a dureza do material que, por estar

menor que as amostras G2, permite um maior grau de compressão realizada pela ferramenta

Shaving e, com isso, uma forma microgeométrica melhor ao perfil do dente é dada.

O Gráfico 14 expõe os dados do erro de inclinação do perfil evolvente [𝑓𝐻𝛼]. Com

relação a esse parâmetro do perfil do dente, diferenças significativas entre as amostras G2 e

G4 não foram apresentadas:

Page 109: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

126

Gráfico 14 Dados de erro de inclinação do perfil evolvente [f_Hα] versus material –

Processo Shaving

a)

b)

c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após as análises do perfil gerado pelo processo Shaving, os dados de hélice foram

analisados, tanto o erro de forma [𝑓𝑓𝛽] quanto o erro de inclinação [𝑓𝐻𝛽] para esse mesmo

processo. Os dados de erro de forma da hélice podem ser observados no Gráfico 15:

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127

Gráfico 15 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus material – Processo Shaving

a)

b)

c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados de erro de forma das amostras avaliadas apresentam distribuição normal,

como apontam os Gráficos 15a e 15b. No Gráfico 15c evidenciam-se as dispersões e a

margem de erro onde se observa que G4 possui erros maiores em comparação às amostras G2,

além de os dados estarem mais dispersos. De igual modo, uma análise foi realizada no erro de

inclinação da hélice para ambas as amostras, o que pode ser observado no Gráfico 16. Os

erros de inclinação das amostras G4 foram superiores aos erros das amostras G2, no entanto

G4 mostrou-se com uma dispersão menor.

Page 111: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

128

Gráfico 16 – Dados de erro de forma da hélice [f_Hβ] versus material – Processo

Shaving

a)

b)

c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.2.4 Distorções microgeométricas em função do material – processo de Tratamento

Termoquímico Carbonitretado

Os dados de distorções microgeométricas foram avaliados em função das

características do material empregado nas amostras G2 e G4 no processo de Tratamento

Termoquímico Carbonitretado. As amostras foram submetidas a este processo logo após o

processo Shaving e depois de controladas as dimensões no tridimensional Wenzel, obtendo-

se, dessa forma, os dados os quais foram submetidos às análises estatísticas. O Gráfico 17

expõe os resultados estatísticos das amostras G2 e G4 para o erro de forma do perfil evolvente

[𝑓𝑓𝛼]:

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129

Gráfico 17 – Dados de erro de forma do perfil [f_fα] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado

a) Material G2

b) Material G4

c) Materiais G2 e G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 17c nota-se que as distorções de erro de forma no perfil evolvente são bem

similares e ambas as curvas demostram uma distribuição normal, Gráfico 17a e 17b. Já o

Gráfico 18 expõe os dados do erro de inclinação do perfil e apresentam distribuição normal,

sendo que erros maiores, em módulo, e mais dispersos podem ser vistos nas amostras G4 em

comparação às amostras de G2:

Page 113: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

130

Gráfico 18 – Dados de erro de inclinação do perfil [f_Hα] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado

a) Material G2

b) Material G4

c) Materiais G2 e G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os erros microgeométricos da hélice do dente estão demonstrados a seguir. No

Gráfico 19, os dados do erro de forma da hélice [𝑓𝑓𝛽] são vistos, sendo os erros e dispersão

maiores nas amostras G2 em comparação à G4, mas não tão discrepantes:

Page 114: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

131

Gráfico 19 – Dados de erro de forma da hélice [f_fβ] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado

a) Material G2

b) Material G4

c) Materiais G2 e G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 20 estão expostos os dados do erro de inclinação do dente [𝑓𝐻𝛽].

Observam-se erros maiores para as amostras G2, mas, com relação às dispersões, estas

apresentam similaridades para ambas as amostras:

Page 115: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

132

Gráfico 20 – Dados de erro de inclinação da hélice [f_Hβ] versus material – Processo de

Tratamento Termoquímico Carbonitretado

a) Material G2

b) Material G4

c) Materiais G2 e G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.3 Análise da tensão residual no dente

5.3.1 Influência dos parâmetros de usinagem na tensão residual na superfície

Após as análises dimensionais de perfil (evolvente) e de hélice, algumas amostras

foram submetidas à análise de tensão residual no Difratômetro de Raios-X (Figura 62a. a

preparação das amostras seguiu o padrão apresentado na Figura 62c. O método empregado

para a análise supracitada foi o método de 𝑠𝑒𝑛2𝜓:

As análises, segundo o método de 𝑠𝑒𝑛2𝜓, geram gráficos específicos que se

correlacionam à intensidade versus o ângulo 2θ, ao ângulo 𝜓 versus ângulo 2θ e, por fim, à

Page 116: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

133

distância ‘d’ versus o 𝑠𝑒𝑛2𝜓. Uma análise foi realizada em amostras durante os processos

Hobbing e Shaving.

O Gráfico 21 mostra o espaçamento entre os planos [211] [d] da estrutura cristalina em

relação ao valor de [𝑠𝑒𝑛2𝜓], em radianos, no processo Shaving.

Gráfico 21 – Análise Difratômetro [d] x [〖sen〗^2 ψ] Amostra G2 08 – Processo

Shaving

Fonte: Elaborado pelo autor.

É possível observar a relação do ângulo de difração [𝜓] com o ângulo [2θ] no Gráfico

22. Na amostra usinada no Shaving, quando o ângulo [𝜓] coincide com a normal ao plano da

amostra avaliada, o ângulo 2θ é o menor encontrado. Na medida em que se varia o ângulo de

difração (positivo ou negativo), os valores de 2θ aumentam, formando uma parábola côncava,

caracterizando, assim, uma tensão de compressão.

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134

Gráfico 22 – Ângulo de difração [ψ] x ângulo [2θ] – Processo Shaving

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para cada ângulo de difração [𝜓] existe uma avaliação da intensidade, conforme

aponta o Gráfico 23:

Gráfico 23 – Intensidade x ângulo [2θ] – Processo Shaving

Fonte: Elaborado pelo autor.

No processo Hobbing, a inclinação das duas retas não é a mesma e essa diferença de

inclinação caracteriza tensão de cisalhamento, sendo possível perceber, no Gráfico 24, que há

um distanciamento do parâmetro [d] das retas positiva e negativa, conforme ângulo [𝜓]:

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135

Gráfico 24 – [d] x [〖sen〗^2 ψ] Amostra G2 08 – Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

Além disso, é observado, no Gráfico 25, que a parábola gerada entre o ângulo de

difração e o ângulo 2θ é convexa, caracterizando, dessa forma, a tensão de tração. É bem

sugestivo atribuir este fenômeno à característica de corte da ferramenta Hob, que é um corte

de cisalhamento entre o movimento relativo do eixo da ferramenta e o eixo da peça que

promove o corte:

Gráfico 25 – Ângulo de difração [ψ] x ângulo [2θ] – Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

Seguindo o mesmo critério utilizado no processo Shaving, para cada ângulo de

difração [𝜓] há uma avaliação da intensidade, conforme demonstra o Gráfico 26:

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136

Gráfico 26 – Intensidade x ângulo [2θ] – Processo Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

As análises de tensiometria foram realizadas nos materiais das amostras G2 e de G4,

sendo observado um comportamento comum entre elas. O que se destaca é a característica

peculiar entre os processos Shaving e Hobbing. Alguns dos gráficos das análises

tensiométricas realizadas neste experimento estão disponíveis no Apêndice como exemplo.

Os dados das tensões residuais obtidos a partir da variação da taxa de avanço e da

velocidade de corte no processo Hobbing podem ser observados nos Gráficos 27 e 28:

Gráfico 27 - Tensão residual x [V_c] após processo de Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 120: INFLUÊNCIA DE PARAMETROS DE USINAGEM NA TENSÃO … · generated in the operations of gear’s teeth manufacturing that happens before the thermochemical process, such as Hobbing

137

Gráfico 28 - Tensão residual x [f] após processo de Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tensões residuais de tração foram obtidas nas amostras G2 e G4 durante o processo de

Hobbing, tanto para as variações de taxas de velocidade de corte quanto para as variações nas

taxas de avanços (Gráficos 27 e 28). Em ambas as situações, percebe-se que a dispersão da

tensão residual entre as amostras avaliadas está muito próxima.

5.3.2 Tensão residual na superfície do dente para as amostras G2 e G4 – processo Shaving

Como o processo Shaving possui uma característica de corte distinta em relação ao

processo Hobbing, avaliou-se a influência desse processo na geração de tensão residual no

dente. O teste de normalidade foi aplicado para as amostras G2 e G4, como é visto nos

Gráfico 29a e 29b. Os demais resultados estatísticos dessa análise podem ser avaliados no

Gráfico 29c:

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138

Gráfico 29 - Tensão residual para as amostras G2 e G4 após processo de Shaving

a) Material G2

b) Material G4

c) Materiais G2 e G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como se observa no Gráfico 29a e 29b ambas as amostras apresentam uma

distribuição normal. O Gráfico 29c mostra que os níveis de tensão das amostras G4 são

inferiores aos níveis das amostras G2, além de apresentarem uma estabilidade menor.

Ressalta-se que as tensões residuais impressas na superfície do dente são de compressão, ou

seja, diferem das tensões do processo Hobbing, sendo estas tensões de tração.

5.3.3 Tensão residual a 0,08mm de profundidade da superfície do dente - sobremetal do

Hobbing para o Shaving

A análise de distribuição normal desses dados foi realizada e dada como positiva –

Gráfico 30a e 30b. Os dados estatísticos de tensão residual na linha de sobremetal do Shaving,

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139

isto é, a 0,08mm de profundidade da superfície do dente, podem ser avaliados no Gráfico 31c.

Esta análise foi realizada em dois grupos de amostras, G2 e G4:

Gráfico 30 – Distribuição normal da tensão residual a 0,08mm de profundidade da

superfície do dente

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Gráfico 31 apresenta os dados da tensão residual a 0,08mm, após o processo

Hobbing. Observa-se que a tensão residual, em média, fica em torno de zero, ou seja, a tensão

de tração oriunda do processo de fabricação do dente da engrenagem não atinge a linha de

corte do processo Shaving:

Gráfico 31 - Tensão residual a 0,08mm para as amostras após processo de Hobbing

Fonte: Elaborado pelo autor.

a) Amostras G2 b) Amostras G4

Histogram: G2 - Tensão residual a 0,08mm da superfície (MPa) - Geral

Shapiro-Wilk W=,94666, p=,62915

Expected Normal

-80 -60 -40 -20 0 20 40 60

X <= Category Boundary

0

1

2

3

4

No. of obs.

Histogram: G4 - Tensão residual a 0,08mm da superfície (MPa) - Geral

Shapiro-Wilk W=,97935, p=,96157

Expected Normal

-150 -100 -50 0 50 100 150

X <= Category Boundary

0

1

2

3

No. of obs.

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140

5.3.4 Variação da tensão residual na direção radial no sentido superficial ao núcleo do dente

A tensão residual ao longo da profundidade do dente, ou seja, no sentido da superfície

para o núcleo do dente foi avaliada, com o objetivo de se entender a taxa de variação da

tensão residual nos processos de geração do dente (Hobbing), o acabamento do perfil

evolvente e hélice (Shaving), e o processo de Tratamento Termoquímico Carbonitretado. As

curvas dessa taxa de variação estão no Gráfico 32:

Gráfico 32 – Taxa de variação da tensão residual a um 0,10mm da profundidade do

dente

Fonte: Elaborado pelo autor.

No processo Hobbing, é observada uma curva exponencial negativa, na medida em

que esta se desloca em sentido ao núcleo do dente da engrenagem. Com uma profundidade de

0,04mm, esse fenômeno é alterado e valores de tensão próximos de zero são vistos. No

Shaving, essa mesma curva inverte o sinal e apresenta uma exponencial positiva, com

tendência a zero, também a partir dos 0,04mm de profundidade. Já para a estrutura cristalina

martensítica, ou seja, após o processo de carbonitretação, as tensões residuais de compressão

de mantem estáveis, em torno de zero, ou praticamente constantes até a profundidade de

0,10mm.

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141

6 CONCLUSÃO

As taxas de velocidade de corte [Vc] aplicadas nesse experimento (150 / 170 e 190

m/min) causaram aumento da potência de corte [W] na medida em que se eleva a rotação da

ferramenta;

As taxas de avanço de corte [f] aplicadas neste experimento (1,9 / 2,2 / 2,5 mm/rot)

não influenciaram a potência de corte (W);

As durezas e microestruturas dos materiais aplicadas neste experimento não

influenciaram a potência de corte no processo Hobbing.

A velocidade [Vc] e o Avanço [f] aplicadas neste experimento não impactaram nos

erros de perfil e hélice do dente, exceto no 𝑓𝐻β, que tiveram os valores de desvio angulares

reduzidos, na medida em que se aumentou as taxas de avanço. E esse fenômeno também foi

independente das durezas e microestruturas dos materiais aplicados.

A microestrutura e dureza (HB) dos materiais empregados neste experimento não

afetaram os desvios de perfil e hélice do dente.

A tensão residual, na superfície do dente, gerada no processo Hobbing foi

independente dos parâmetros de usinagem (Vc e f), das durezas e microestruturas do material

aplicados neste experimento;

A tensão residual na linha de sobremetal, gerada do Hobbing para o Shaving (0,08mm

de profundidade a partir da superfície do dente) foi provavelmente oriunda do forjado após o

tratamento térmico; sugere-se isto porque os valores médios dessas tensões foram próximo de

zero;

A taxa de variação da tensão residual em direção ao núcleo do dente para este

experimento:

a) Foram independentes das microestruturas e durezas dos materiais empregados;

b) A 0,04mm de profundidade a partir da superfície do dente, a tensão residual medida

tende-se a zero e sugere-se que já é uma tensão oriunda de forjaria;

c) As taxas de tensão residual no material carbonitretado (estrutura martensítica) se

mantém estável até 0,10mm de profundidade. Estima-se que estas taxas se

mantenham uniforme até atingir toda a camada carbocementada, mas são

necessários estudos futuros para afirmar tal condição.

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APÊNDICE A – Relatório do Tridimensional Wenzel Hobbing

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APÊNDICE B – Relatório do Tridimensional Wenzel Shaving

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APÊNDICE C – Relatório do Tridimensional Wenzel Carbonitretado

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APÊNDICE D – Relatório da Análise de Tensão Residual – Difratômetro de Raio-X

Identificação da amostra: Eixo Secundário G2-01 – Shaving

Local da medição: Superfície

Resultado

Tensão encontrada: -403 +/- 5 MPa

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Identificação da amostra: Eixo Secundário G2-08– Shaving

Local da medição: Superfície

Resultado

Tensão encontrada: -352 +/- 5 MPa

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Identificação da amostra: Eixo Secundário G2-29 – Hobbing

Local da medição: Superfície

Resultado

Tensão encontrada: 376 +/- 5 MPa

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Identificação da amostra: Eixo Secundário G2-23 – Hobbing

Local da medição: Superfície

Resultado

Tensão encontrada: 385 +/- 5 MPa