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Sandra Maria Dias Rocha Mendes Carneiro INFLUÊNCIA DO PSOAS ILÍACO NAS DISFUNÇÕES LOMBO PÉLVICAS E O TRATAMENTO OSTEOPÁTICO BELO HORIZONTE 2005

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Sandra Maria Dias Rocha Mendes Carneiro

INFLUÊNCIA DO PSOAS ILÍACO NAS DISFUNÇÕES

LOMBO PÉLVICAS E O TRATAMENTO

OSTEOPÁTICO

BELO HORIZONTE

2005

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Sandra Maria Dias Rocha Mendes Carneiro

INFLUÊNCIA DO PSOAS ILÍACO NAS DISFUNÇÕES

LOMBO PÉLVICAS E O TRATAMENTO

OSTEOPÁTICO

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Especialista em Osteopatia pelo

CPG – Centro de Pesquisa e Pós Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais

Orientadora: Cecília Ferreira de Aquino (Ms)

Co-Orientadora: Laís Cristina Almeida ( Esp)

BELO HORIZONTE

2005

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Sandra Maria Dias Rocha Mendes Carneiro

INFLUÊNCIA DO PSOAS ILÍACO NAS DISFUNÇÕES LOMBO PÉLVICAS E O

TRATAMENTO OSTEOPÁTICO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de

Especialista em Osteopatia pelo CPG – Centro de Pesquisa e Pós Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais

Aprovada em 22/11/2005

Banca Examinadora:

_________________________________________

Laís Cristina Almeida

Especialista em Osteopatia – FCMMG

Examinadora

________________________________________

Cecília Ferreira de Aquino

Mestre em Ciências da Reabilitação - UFMG

. Examinadora

_______________________________________

Cecília Ferreira de Aquino

Orientadora

________________________________________

Laís Cristina Almeida

Co-Orientadora

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Dedico este trabalho à razão da minha vida: meus filhos, Fernando Filho,

Sandro e ao meu esposo, companheiro em todos os momentos.

Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e por se fazer presente na

minha existência.

Aos meus pais, que estiveram ao meu lado apoiando todos os meus

passos e ajudando a me levantar quando estes não estavam firmes.

Aos meus irmãos, por estarem juntos nesta caminhada.

A todos meus amigos, principalmente Aline, Renata e Aroldo Jr. que me

mostraram excelentes fontes de estudos.

À minha orientadora Laís, pelo apoio e dedicação durante todos os

momentos de estudo.

Aos meus professores, por me ensinarem a amar esta profissão.

Ao meu professor Philippe Manuard, a quem eu admiro muito pela sua

competência, dedicação e simplicidade.

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“L’ ostéopathe est une machiniste que vérifie

et qui ramène lês parties endommagées

dans leurs condicion première. la nature fait

le reste...”

(Still)

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RESUMO

Este estudo teve como finalidade comprovar as técnicas osteopáticas das dores

lombo-pélvicas, causadas pelo encurtamento dos psoas ilíaco. A amostra abrange

seis indivíduos compreendidos na faixa etária de 20 a 50 anos, no padrão clássico

sem grupo controle. Os dados foram organizados em forma de quadros para análise

dos mesmos, onde ficou comprovado que o método utilizado tem sua eficácia, como

mostram os resultados. Pode-se constatar a importância do psoas ilíaco na

biomecânica da região lombo-pélvica, como as suas outras importantes funções, a

sua influência nas algias lombo-pélvicas e quando tratadas pela Osteopatia, os

resultados rápidos e evidentes.

Palavra-chaves: Psoas ilíaco, Osteopatia, alongamento, dores lombares.

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ABSTRACT

This work has the objective to confirm the osteopathic tecniches of lumbar-pelvic

pains caused by the shortening of the Iliac Psoas. The sample involves six

individuals aging between 20 and 50, in the classical patern without control group.

The data were organized in the form of pictures in order to make their analyses easy.

It is then proved that the method which was used has its effectiveness, as it is

observed in the results of the research. It is possible to certify how important the Iliac

Psoas is in the biomechanic of the lumbar-pelvic region, since it´s influence in the

lumbar-pelvic pains, which when treated by osteopathy, soon the results are seen.

Key words: Iliac Psoas, Osteopathy, Stretching, Lumbar Pains.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Membro Inferior: Músculo do Quadril ..................................................... 16 Figura 2 – Escala Visual Analógica da Dor ............................................................. 22 Figura 3 – Teste do Alongamento do Psoas ........................................................... 22 Figura 4 - Técnica Articulatória ............................................................................... 34 Figura 5 – Músculo Energia de Mitchell para Alongamento do Psoas ..................... 35 Figura 6 – Técnica Jones para liberar o Espasmo e a Tensão do Psoas .............. 36 Figura 7 – Técnica Stretching do Diafragma .......................................................... 37 Figura 8 – Técnica de Escuta Fascial do Sacro ...................................................... 38 Figura 9 – Técnica de Thrust .................................................................................. 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Mensuração da Extensão da Coxa ....................................................... 26

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SUMÁRIO

1. Introdução .......................................................................................................... 12

2.Revisão de Literatura ......................................................................................... 14

2.1.Anatomia e Biomecânica do Psoas Ilíaco ..................................................... 14

2.1.1.Relação com o Sistema Nervoso ............................................................... 17

2.1.2. Relação com o Sistema Vascular ............................................................. 17

2.1.3.Relação com a Respiração ........................................................................ 17

2.1.4.Relação com as Vísceras .......................................................................... 18

2.1.5.Relação com a Marcha .............................................................................. 19

2.1.6.Relação com Problemas Lombares ........................................................... 19

2.1.7.Relação com a Pelve ................................................................................. 20

3.Casuística e Metodologia .................................................................................. 21

3.1.Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 21

3.2.Procedimento ................................................................................................ 21

3.2.1.Técnica Articulatória Global para liberação da Sacro-ilíaca .................. 23

3.2.2. Músculo-Energia de Mitchell para alongar Psoas ................................. 23

3.2.3.Técnica de Jones para liberar trigger point do Psoas ............................. 23

3.2.4.Técnica de Stretching do Diafragma ...................................................... 24

3.2.5. Técnica de Escuta Fascial do Sacro ..................................................... 24

3.2.6. Técnica de Thrust ................................................................................. 25

4.Resultado ............................................................................................................. 26

5.Discussão ............................................................................................................. 28

6.Conclusão ............................................................................................................ 31

Referências Bibliográficas ................................................................................... 32

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Anexos ...................................................................................................................34

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1. INTRODUÇÃO

O psoas é um dos músculos mais importantes do corpo, pois desempenha

um papel primordial na sustentação total da estrutura corporal. No entanto, talvez

seja na sustentação do plexo lombar autônomo que desempenha seu maior papel.

Através das vísceras inervadas por esse plexo, ele pode exercer perfeitamente uma

influência vital no bem-estar do corpo. (LEDERMAN, 2001)

Devido à sua localização anatômica, com origem muito próxima das abas

do diafragma chamadas pilares, o psoas ilíaco pode influenciar no padrão

respiratório. O tendão do psoas insere-se na cabeça do fêmur, no trocanter menor,

existindo assim uma ponte entre a parte superior do corpo e os membros inferiores.

(ROLF, 1999)

Originando-se nas vértebras lombares, o psoas atravessa em diagonal a

cavidade pélvica, cruza a crista do púbis e continua obliquamente para baixo através

da cápsula da articulação do quadril. Por meio de um tendão compartilhado com o

Ilíaco insere-se no trocanter menor no fêmur. O músculo ilíaco acompanha o ílio, o

maior osso da pelve. Qualquer estímulo que afete o tônus do psoas afetará também

por meio do ilíaco, a pelve e o seu conteúdo. Inversamente, qualquer estímulo que

influencie o ilíaco afetará o funcionamento do psoas. (ROLF, 1999)

Segundo Rolf (1999), se um corpo é normal o psoas deve alongar-se

durante a flexão do tronco e deslizar para trás em direção à coluna. Em virtude

disso, o psoas normal forma uma parte importante de uma trama de sustentação que

preserva os espaços intervertebrais lombares. Mantendo a distância adequada entre

cada vértebra lombar garante o comprimento da coluna vertebral como um todo,

independente da posição global do corpo. Desta forma, qualquer alteração do psoas

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provocará a compressão e desalinhamento das vértebras iniciando os males da

parte inferior da coluna.

Portanto, diante do que foi descrito acima pode-se estimar a influência do

psoas ilíaco em todo o corpo. É necessário estar ciente desta realidade e buscar os

problemas à distância, detendo-se à anatomia e à biomecânica do corpo.

Segundo Bienfait (2000), o psoas ilíaco é um músculo misto dinâmico e

tônico, de sustentação e de movimento. Devido a sua função na marcha é um

músculo predisposto ao encurtamento e por conseqüência desencadeador de lesões

osteopáticas. Um encurtamento muscular inicial pode ser responsável por uma

sucessão de encurtamentos e compensações.

Bienfait (2000) diz que não há deformidade única, isolada ou localizada,

não pode haver correção única ou localizada. Todo tratamento osteopático de uma

deformidade ou de uma simples lesão articular só pode ser global.

Este estudo tem, portanto, como objetivo mostrar a relação do psoas Ilíaco

na preservação das estruturas no corpo e principalmente a sua importância nas

disfunções lombo-pélvicas, bem como verificar a eficácia das técnicas osteopáticas

para normalizar tais disfunções.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Anatomia e Biomecânica do psoas ilíaco

O músculo psoas maior subdivide-se em uma parte superficial e uma

profunda. A parte superficial origina-se na face lateral da 12ª vértebra e do 1º ao 4º

corpo vertebral, assim como dos respectivos discos intervertebrais. A parte profunda

origina-se do processo costal da 1ª à 5ª vértebra lombar.

O músculo psoas maior une-se ao músculo Ilíaco e estende-se envolvido

pela fáscia ilíaca, como músculo psoas ilíaco, sobre a eminência púbica passando

pela lacuna muscular, até o trocânter menor onde se insere. (PLATZER, KHALE,

LEONHARDT, 2000)

Na eminência iliopúbica, entre o músculo e o osso, localiza-se uma bolsa

que alcança até a superfície anterior da cápsula da articulação do quadril. Uma

bolsa subtendínea ilíaca localiza-se entre o trocânter menor e a inserção do músculo

Íliopsoas, com a finalidade de evitar os atritos. (PLATZER, KHALE, LEONHARDT,

2000)

O músculo Ilíaco origina-se na fossa ilíaca interna e também na região da

espinha ilíaca antero inferior e une-se ao psoas maior formando o músculo Íliopsoas.

Insere-se também no trocânter menor, a mesma inserção do psoas maior.

(PLATZER, KHALE, LEONHARDT, 2000)

Dentre as ações do músculo psoas ilíaco pode-se destacar:

-É o músculo principal para a flexão anterior da coxa, possibilita a marcha,

ajuda na flexão do tronco e na elevação do tronco a partir da posição deitada. Se o

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fêmur é o ponto fixo, atuando dos dois lados ao mesmo tempo efetua a anteversão

da pelve; (CALAIS-GERMAIN, 1992)

O psoas maior é um músculo poliarticular, cruza as articulações das

vértebras lombares e a articulação sacro-ilíaca. Com isso, age discretamente na

flexão lateral da coluna lombar. (CALAIS-GERMAIN, 1992)

Segundo Bienfait (2000), o psoas é um músculo misto, tônico e dinâmico.

Suas porções fásicas e tônicas são perfeitamente separadas. O referido autor

classifica a porção superficial constituída de fibras longas (fásicas) que vão dos

corpos vertebrais lombares ao trocanter menor e a porção profunda, constituída de

fibras curtas (tônicas) que vão das apófises transversas lombares ao tendão central

que penetra no interior do músculo.

O psoas maior e o ilíaco são freqüentemente descritos como um único

músculo, por causa de suas inserções vizinhas e de sua ação comum sobre o fêmur.

Porém sua ação sobre suas origens ósseas é diferente: o ilíaco é um músculo do

quadril, ao passo que o psoas é um músculo lombar. (CALAIS-GERMAIN, 1992)

Segundo Rolf (1999), o psoas é um dos músculos mais importantes, pois

liga a parte superior do corpo aos membros inferiores, através das suas inserções

inferiores. Nas vértebras, através da vizinhança com os pilares do diafragma

influência a respiração. De acordo com o seu trajeto atua na sustentação do corpo,

passa pelo conteúdo pélvico, podendo afetar fisiologicamente o funcionamento das

vísceras, passando pelo ilíaco acima das artérias ilíacas e do nervo crural. Por fim,

com sua inserção no trocânter, participa da marcha proporcionando a graça e a

beleza do andar harmônico.

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Figura 1 – Membro Inferior: Músculos do Quadril

Fonte: PLATZER, W; KHALE, W; LEONHARDT, H. 2000, p.231

A

Músculos dorsais do quadril, com inserção no trocânter menor.

B

Esquema (origem, trajeto e inserção dos músculos)

3 3

3

2

2

2

2 2

6

4

6

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2.1.1. Relação com o Sistema Nervoso

O plexo lombar é constituído pelos ramos ventrais de L1 a L3 e um ramo

ventral de L4, situa-se no interior do músculo psoas. (PLATZER, KHALE,

LEONHARDT, 2000)

O nervo crural é formado na altura de L5, segue entre dois feixes do

músculo psoas, passando ao longo de sua borda externa para descer na fossa ilíaca

interna, passando pela bainha do psoas-ilíaco. O espasmo do psoas ilíaco pode ter

repercussões no trajeto do nervo crural. (RICARD, 2001)

2.1.2. Relação com o Sistema Vascular

A artéria ilíaca externa desce na parte ântero-interna do psoas até a

arcada crural onde ela se torna artéria femoral e pode ser comprimida na sua

passagem através da lacuna vascular constituída pela arcada crural e fáscia ilíaca.

(DALLEY,& MOORE, 1999)

2.1.3. Relação com a Respiração

O diafragma se fixa nas vértebras lombares L1, L2 e L3, adjacente às fibras

do psoas. As tensões do psoas e também do diafragma, que são vizinhos miofaciais,

podem aderir-se ao limitar de destruir a liberdade individual do movimento,

interferindo no padrão normal da respiração. (ROLF, 1999)

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2.1.4. Relação com as Vísceras

O plexo lombar é um plexo espinhal e está inserido no psoas, que permite

a intercomunicação entre o plexo lombar e os nervos espinhais que emergem da

coluna, onde o psoas se origina. As conexões do plexo lombar com o sistema

autônomo são extensivas e íntimas. Uma interferência mecânica do psoas afeta,

portanto, o metabolismo geral. Se o psoas é encurtado a taxa metabólica no

intestino é comprometida

O grande plexo solar que é um centro de integração de elementos

nervosos associados é chamado de cérebro abdominal. Ele fica no nível onde o

psoas e o diafragma se justapõem. O plexo lombar, com sua rede para

intercomunicação visceral e muscular é vizinho contíguo e está inserido no próprio

psoas. Se o psoas está encurtado a troca nutricional local é alterada, assim como a

taxa metabólica do trato digestivo inferior é comprometida, especificamente na

excreção.

Restrições musculares afetam quase exclusivamente os órgãos ocos.

Espasmos musculares produzem estases de trânsito significativas, alterando a

função do órgão vizinho. Em se tratando do colo sigmóide, é o psoas que pode estar

diretamente envolvido. Parte do colo que passa anteriormente ao psoas é sensível a

um encurtamento significativo deste músculo podendo desencadear alterações no

trânsito do colo sigmóide, provocando por sua vez uma constipação.(BARRAL,

2004)

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2.1.5. Relação com a Marcha

Segundo Rolf (1999), quando o músculo se fixa no trocanter menor do

fêmur, já reforçou a coluna lombar atravessou a pelve e cruzou o púbis. Desse

modo, o psoas une o tronco à coxa. Um andar equilibrado e vivaz, no qual o membro

inferior é flexionado pela ativação do psoas envolve o corpo todo. Cada passo é

iniciado na 12ª vértebra dorsal e os membros inferiores movimentam-se

conseqüentemente. Pode-se observar, portanto, que um andar desorganizado

influencia tanto os membros inferiores como a coluna lombar e a respiração. Esta é

mais uma confirmação de que o corpo não é feito de segmentos isolados.

2.1.6. Relação com Problemas Lombares

Espasmo bilaterais do psoas podem provocar uma hiperlordose e dores

crônicas. Espasmo ou encurtamento unilateral pode provocar uma látero-flexão do

mesmo lado e rotação oposta. A linha da gravidade desloca-se para o lado da látero-

flexão provocando dores. Neste caso, o psoas contra-lateral está estirado e tenso

podendo provocar uma fibrose para resistir melhor à tração do psoas lesionado.

Espasmos do psoas unilateral produzem uma disfunção lombar em NSR (posição

neutra, látero-flexão e rotação oposta) de L1 a L5 com manifestação antálgica direta

ou cruzada, agravando a compressão e podendo levar a uma protusão discal.

(RICARD, 2001)

.

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2.1.7. Relação com a Pelve

Durante o apoio uni - podal, o ilio do mesmo lado posterioriza-se e eleva-

se. O sacro homolateral adapta-se em uma posição relativa de ântero-inferioridade.

Do lado oposto, o ílio anterioriza-se e o sacro adotará a posição relativa em póstero-

superioridade. ( ALMEIDA, 2004)

A pelve é a chave para o bem-estar do homem, como dizem os sábios desde os tempos imemoriais. Mas não é a pelve em si que é a chave desse benefício. É a relação do ser humano, através da pelve, com o campo gravitacional da terra. Talvez a lendária sede da alma dos antigos não se referisse a uma entidade estrutural, mas a uma relação – a relação da pelve com o campo gravitacional. (ROLF,1999:p.125)

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3. CASUÍSTICA E METODOLOGIA

3.1. Tipo de Pesquisa

A pesquisa foi realizada através de estudo de casos, de natureza quase

experimental.

3.2. Procedimento

Foram estudados seis pacientes (cinco mulheres e um homem) entre 22 a

50 anos. Todos os pacientes sedentários apresentavam hiperlordose lombar, dor

lombar e sacro-ilíaca, com considerável encurtamento do psoas bilateralmente,

porém com mais intensidade de um lado. Quatro pacientes apresentavam disfunção

do ilíaco anterior, um apresentou escoliose lombar à esquerda.

Dois dos pacientes (sexo feminino) apresentavam dores inguinais

associadas ao quadro e um deles com sobrecarga de peso.

Foi excluída toda e qualquer patologia que poderia estar causando dores

lombares, como hérnia de disco, espondilólise, entre outros, através de exames

como Radiografias e Tomografia Computadorizada.

Todos os pacientes apresentavam lombalgias, dores sacro-ilíacas,

encurtamento do músculo psoas e o grau de lordose mais acentuado que o

fisiológico.

Na avaliação osteopática, realizou-se testes como Bragar, Teste de Flexão

Sentada (TFS), Teste de Flexão de Pé (TFP), GILLET (Teste de Flexão do Quadril),

21

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que comprovaram que o grupo de estudo apresentava disfunções osteopáticas da

pelve.

Para a avaliação, o desenvolvimento e a análise dos dados foram

utilizados:

Dor: Escala Analógica Visual (EVA) que é aceita pela Associação

Internacional para o estudo da dor (TEIXEIRA 2001, BORG 2000, RANNEY 2000).

Figura 2 – Escala Visual Analógica da Dor

Para avaliação da Amplitude de Movimento (ADM) foi utilizada uma régua

para a seguinte medida nos testes do psoas. Paciente em decúbito dorsal faz a

tríplice flexão de um membro inferior, segura o joelho flexionado com as mãos sobre

o abdômen fixando a coluna lombar. A coxa contra-lateral que cai sobre a mesa é

mensurada pela régua, indicando o grau de encurtamento do músculo psoas.

Figura 3 – Teste do Alongamento do Psoas

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O estudo foi realizado na Clínica de Desenvolvimento Infantil (CDI) Dr.

Grijalba no período de outubro a dezembro de 2004.

O protocolo de tratamento osteopático aplicado no projeto de pesquisa

utilizou as seguintes técnicas:

1.Técnica articulatória global para liberação da sacro-ilíaca

Técnicas Articulatórias restauram os movimentos liberando as restrições

capsulares, rompem as aderências, separam tecidos ou articulações coaptadas,

além de proporcionar lubrificação da cartilagem articular, reduzindo a dor e

diminuindo a tensão articular através das fibras de condução rápida bloqueando as

pequenas fibras dolorosas, ativando os mecanoreceptores dinâmicos a fim de

produzir um relaxamento reflexo. (LEDERMAN, 2001)

2. Músculo – energia de Mitchell para alongar o psoas

Nas técnicas de Mitchell durante a contração isométrica, há estimulação

dos fusos neuromusculares e dos órgãos tendinosos de Golgi: em cada nova

amplitude obtida, os receptores anuloespirais param de descarregar.” (KOOR &

MITCHELL, 1988).

3. Técnica de Jones para liberar trigger point do psoas

Nessa técnica, localiza-se a tensão ou o trigger point com o dedo, procura-

se a posição da articulação, que diminui a dor do trigger (ocorre igualmente uma

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diminuição de tensão nos tecidos) com a aproximação das inserções. Na medida em

que se vai no sentido da facilidade, a disparidade entre as fibras infra-fusais e

extrafusais diminuem. O sistema nervoso central diminui a atividade gama, o que

permite ao músculo encontrar de novo sua amplitude inicial. (TRAVELL,1992).

3. Técnica de stretching do diafragma

Alonga ligamentos, fáscias, músculos e tendões, utilizando alavancas. A

força deve ser aplicada de forma lenta e gradual com a finalidade de produzir uma

mudança e um relaxamento nos tecidos e, à medida que os tecidos mudam,

intensifica-se o alongamento com o objetivo de aproveitar o novo comprimento

adquirido. (RICARD, 2001)

4. Técnica de escuta fascial do sacro

O princípio da técnica é ir no sentido da lesão, ou seja, no sentido da

facilidade para o ponto neutro da mobilidade, still point (mobilidade fascial rítmica) e

manter esta posição de equilíbrio tridimensional até a liberação total dos elementos

periarticulares. Estas técnicas, que objetivam a redução do espasmo articular e da

hiperatividade gama utilizam como ajuda a respiração e as forças bio-cinéticas do

paciente. No plano medular permite obter o silêncio neurológico sensorial que

favorece a normalização do tônus muscular. (CHAITOW, 1996)

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5. Técnica de Thrust

Provoca alongamento da cápsula articular (corpúsculo de Ruffini) e dos

músculos mono-articulares (corpúsculos de Golgi) provocando um reflexo aferente

até a medula espinhal que, como resposta, inibe os motoneurônios alfa e gama.

Depois da manipulação ocorre uma estimulação maciça das fibras

nervosas grossas que promovem a separação das facetas articulares, e de forma

reflexa é bloqueada a estimulação das fibras de pequeno diâmetro que transmitem a

dor. O paciente sentirá menos dor e mais mobilidade. (RICARD,2001)

O tratamento foi realizado duas vezes por semana num total de dez

sessões. Após as sessões foram realizados os testes novamente para coleta de

dados.

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4. RESULTADOS

Tomando como base a escala da dor e aplicando as técnicas citadas,

obteve-se os resultados apresentados na tabela a seguir:

Tabela 1: Mensuração da extensão da coxa (alongamento do psoas após oito

sessões)

POPULAÇÃO IDADE/SEXO MENSURAÇÃO PRÉ-OSTEOPATIA PÓS-OSTEOPATIA

Indivíduo

1 22 / F

D = 7,5

E = 7,0

D = 1,0

E = 1,0

Indivíduo

2 36 / F

D = 9,5

E = 8,0

D = 2,5

E = 1,0

Indivíduo

3 50 / F

D = 11,5

E = 8,5

D = 3,5

E = 2,0

Indivíduo

4 24 / F

D = 8,5

E = 7,5

D = 1,5

E = 1,0

Indivíduo

5 44 / F

D = 10,5

E = 7,0

D = 3,0

E = 2,5

Indivíduo

6 30 / M

D = 6,5

E = 5,5

D = 2,0

E = 1,7

A dor é subjetiva, logo sua medição não é fácil. Foi solicitado que os

pacientes assinalassem, dentre as dez opções, aquela que mais se assemelhasse a

sua dor e todos obtiveram melhora do quadro álgico em relação à sua avaliação. Foi

tão evidente a validade do tratamento, que após 04 sessões, os pacientes

interromperam a medicação por conta própria.

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Quanto à amplitude ou o ganho de alongamento do psoas, o resultado

também foi satisfatório, porém dois pacientes que apresentaram hiperlordose

obtiveram um ganho menor, como mostra a tabela 1.

Todavia todos os pacientes relataram melhora clínica e funcional.

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5. DISCUSSÃO

Segundo Roulier.(1997), a existência de varias fontes dolorosas na coluna

vertebral é descrita por vários autores, sendo esta multifatoriedade um empecilho ao

tratamento, pois tais problemas (dores) podem ter origem de desordem estrutural,

desvios biomecânicos e modificação vascular ou mesmo a interação destes três

fatores e ainda ter um componente somato-emocional. Os casos do presente estudo

restringiram-se às dores dos desequilíbrios lombo-pélvicos relacionados ao

encurtamento do psoas ilíaco. (LEDERMAN, 2001)

Lederman (2001) descreve que muitos aspectos da dor podem ser

atenuados por varias formas de manipulação. A analgesia induzida manualmente

pode estar relacionada a um bloqueio sensorial, no qual o processamento e a

percepção podem ser reduzidos por um estímulo concomitante sobre o outro.

De acordo com Lederman (2001), o músculo é o tecido que mais sofre

encurtamento responsável pela restrição da amplitude de movimento, acarretando

dores e problemas biomecânicos. Foi comprovado que um músculo imobilizado em

seu comprimento, ou seja, sem flexibilidade, sofre uma redução de 40% do número

de sarcômeros em poucos dias.

Segundo Bienfait (2000), no estado de repouso, o músculo encontra-se

sempre em uma tensão de 10-20% de seu comprimento. Se alongado, a variação de

comprimento acontece em dois tempos: um alongamento instantâneo, depois um

alongamento tardio. No primeiro momento, os elementos elásticos em série,

alongam-se e no segundo a viscoplasticidade dos elementos contráteis faz com que

eles se deixem estirar.

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No aspecto de grau de amplitude foi considerado como normal o

alongamento de 0 a 2 cm do psoas, obtido pela média observada em 50 pessoas

sadias que praticavam academia no estabelecimento em estudo. Neste caso, os

resultados obtidos após o tratamento osteopático foram considerados satisfatórios,

pois somente dois casos, um de hiperlordose acentuada crônica associada à

escoliose e o outro com sobrecarga de peso, obtiveram um ganho relativo de

amplitude.

Segundo Lapierre (1982), a hiperlordose lombar do adulto provoca

retração dos ligamentos posteriores, dos músculos das goteiras lombares, dos

músculos espinhais e psoas ilíaco, o que favorece o aparecimento das dores.

A sobrecarga de peso faz com que mude o eixo da coluna, ou seja, altera-

se o centro da gravidade na postura estática, além de contribuir para o efeito de

coaptação das vértebras, provocando dores a nível lombo-sacro. (LAPIERRE, 1982)

Quanto às dores lombo-pélvicas, apesar da análise subjetiva, obteve-se

melhora em todos os casos, pois os movimentos da coluna lombar e da sacro-ilíaca

foram restabelecidos.

As dores pélvicas oriundas de causas músculo-esqueléticas são

agravadas pelo exercício e pela sobrecarga de peso e são aliviadas pelo

alongamento e liberação dos pontos gatilhos (BAKER,1998).

Os pacientes com dores inguinais ou pélvicas obtiveram melhora no início

do tratamento. Foram observados dois pacientes, o primeiro, do sexo feminino, 36

anos, apresentava queixas de constipações crônicas. Verificou-se que o psoas do

lado esquerdo encontrava-se encurtado com espasmo e o paciente apresentava dor

aguda à palpação. Neste caso, suspeitou-se de compressão do sigmóide pelo

espasmo do psoas e com as manobras osteopáticas a função do órgão foi

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normalizada. O segundo paciente, sexo feminino, 44 anos, apresentava hiperlordose

crônica e, além da dor sacro-ilíaca queixava-se de dor aguda na região inguinal

direita. A mesma já tinha sido avaliada por vários médicos com suspeita de

apendicite ou qualquer outra patologia no conteúdo pélvico. Foram realizados

exames ginecológicos, ultra–som, sem esclarecimento do diagnóstico. Durante a

avaliação osteopática verificou-se um espasmo crônico do psoas provocando uma

escoliose antálgica e sintomatologia. Foram realizadas as técnicas osteopáticas com

resultados significativos no alongamento e o alívio das dores pela descompressão e

liberdade articular foi obtido na terceira sessão.

No caso de NSR associada à hiperlordose crônica e excesso de peso

sabe-se que existem outros comprometimentos musculares como o quadrado

lombar, espinhais, diafragma, além do psoas, sendo necessário tratar toda

musculatura envolvida, bem como uma atenção especial ao controle do peso.

Souchard (1996), ressalta que a hiperlordose crônica mantém os espinhais

em tensão contínua além da sua própria condição de ser músculos tônicos

(estáticos), provocando quadro antálgico lombar, que pode ser tratado por posturas

globais de alongamento.

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6. CONCLUSÃO

O presente estudo verificou que o encurtamento (disfunção do psoas

ilíaco) não só acompanha como pode ser a causa das dores lombo-pélvicas. O alívio

das dores foi obtido após a normalização das disfunções articulares e musculares

através das técnicas propostas.

Sugere-se ainda, que as técnicas manuais podem ser úteis no tratamento

das dores lombo-pélvicas e que o psoas deve ser considerado nas avaliações e nos

tratamentos por suas correlações significativas e que a aplicação das técnicas

manuais proporcionam uma melhora na sintomatologia da dor e amplitude de

movimento.

Não sendo a ciência estática, mas sim dinâmica, futuras pesquisas

envolvendo amostras maiores e com análises mais elaboradas poderão acrescentar

subsídios aos resultados obtidos.

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Anexos

DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS

1. Técnica Articulatória Global para Liberação da Sacro-ilíaca

Paciente em decúbito ventral.

Osteopata do lado oposto ao membro inferior a ser mobilizado.

Mão cefálica fixa o sacro e mão caudal segura o membro inferior na altura

do tornozelo.

Realizam-se movimentos circulares no membro inferior do paciente

chegando à tensão da sacro-ilíaca

Figura 4: Técnica Articulatória

2. Músculo Energia de Mitchell para Alongamento do Psoas

Paciente em decúbito dorsal na borda da mesa, flexiona-se o membro

inferior saudável e o mantém em tríplice flexão com suas duas mãos a fim de

proteger a coluna lombar neutralizando a lordose.

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Osteopata em pé, ao lado do paciente em finta anterior. Mão cefálica

segura o joelho flexionado do lado saudável aumentando a flexão da bacia. Mão

caudal repousa do lado lesionado sobre a extremidade inferior do fêmur.

Técnica:

1º tempo – Mão caudal empurra a coxa que está fora da mesa em direção

ao chão até chegar à tensão máxima da fáscia.

2º tempo - Pede-se ao paciente que empurre a sua coxa em direção ao

teto em flexão de quadril contra a resistência do osteopata. A contração isométrica é

mantida em 3 a 4 segundos, o que provoca a descarga dos receptores de Golgi. O

exercício é repetido de três a quatro vezes e repete-se estes três tempos.

Figura 5: Técnica de Mitchell

3. Técnica de Jones para Liberar o Espasmo e a Tensão do Psoas

Paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado a 90º do lado lesionado.

Osteopata em pé, finta anterior ao lado do músculo lesionado. Mão caudal

segura o joelho flexionado do paciente e provoca uma rotação interna da bacia. Mão

cefálica palpa com a ponta dos dedos (indicador, médio e anular) a área da junção

músculo-tendínea.

Técnica:

1º tempo – A mão cefálica provoca dor no trigger point.

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2º Tempo – A Mão caudal coloca membro inferior flexionado de forma que

a dor desapareça. Mantém a postura por 90 segundos.

3º Tempo – Osteopata volta a estender o membro inferior do paciente

sobre a mesa lentamente com o intuito de não ativar a hiperatividade gama do

músculo psoas.

Figura 6 – Técnica de Jones

4. Técnica de Stretching do Diafragma

Paciente em decúbito dorsal.

Osteopata em finta anterior na cabeceira da mesa. Flexiona-se o tronco

para ficar no mesmo plano do paciente.

Paciente com braços elevados segura a cintura do osteopata.

Osteopata empalma as últimas costelas do paciente, pede-se uma

inspiração e na expiração faz-se o stretching ou alongamento do Diafragma,

abaixando as costelas do paciente, enquanto o osteopata leva seu tronco para trás,

provocando uma maior alongamento. (ALMEIDA, 2000)

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Figura 7 - Técnica de Stretching do Diafragma

5. Técnica de Escuta Fascial do Sacro

Paciente em decúbito dorsal.

Osteopata sentado desliza sua mão na base do sacro. O antebraço e o

cotovelo devem estar descansando confortavelmente na superfície da mesa de

tratamento. A mão livre deve ser colocada sobre a pelve anteriormente, de modo

que o antebraço descanse de uma Espinha Ilíaca Antero Superior (EIAS) à outra.

Esta posição aumenta a percepção do movimento pélvico.

Osteopata concentrado percebe a flutuação do Movimento Respiratório

Primário (MRP) – movimentos fluidos em forma de ondas ritmadas gerados por

forças biocinéticas do paciente. Caso existam alterações neste ritmo, espera-se até

atingir o “still point”, ou seja, encontrar o ponto de equilíbrio. Isto libera as tensões

internas e reequilibra as funções. (CHAITOW, 1996)

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Figura 8 – Técnica de Escuta Fascial do Sacro

6. Técnica de Thrust

Paciente decúbito dorsal na borda da mesa. Mãos cruzadas atrás da

cabeça. Tornozelos superpostos, o esquerdo sobre o direito para correção do Ilíaco

anterior esquerdo.

Osteopata em finta anterior ao nível da pelve do lado oposto da disfunção.

Osteopata coloca a cintura escapular do paciente num plano perpendicular

ao da mesa, exerce uma tração discreta no eixo vertebral, fixa esta posição com a

ajuda da mão e antebraço esquerdo. Empalma a mão cefálica na EIAS e empurra a

pelve contra a mesa, busca a barreira motora realiza o Thrust na mesma direção.

Figura 9: Técnica de Thrust

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