Information competence and the librarian as a mediator of the reading process in public libraries

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Information literacy (Information competence) is at the core of lifelong learning. Its conceptconveys the need of having control over the increasing informational universe, covering threedimensions: knowledge, skills and attitudes. As mediators of reading, librarians should seekcontinuous learning and improvement of their qualifications and skills, engaging andcollaborating with the growing demand noticed in various segments of society, such as schooland public library. In his role as a socializing agent of information, the librarian will help in thelearning process of individuals through various forms of media and readings, but also in theirpractices, helping the reader to achieve a greater level of complexity in the process ofreading/writing and in the production of meaning. Reflecting on the role of the librarian as aneducational agent and on public libraries as multicultural, plural facilities as well as a learningenvironment, become the basis of this transformation, showing that the public library is not aplace of tight inventories, but rather a place of possibilities of transformation.

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    Encontros Bibli: revista eletrnica de biblioteconomia e cincia da informao, v. 18, n. 36, p. 157-180, jan./abr., 2013. ISSN 1518-2924. DOI: 10.5007/1518-2924.2013v18n36p157

    A competncia em informao e o bibliotecrio mediador da leitura em biblioteca pblica

    Information competence and the librarian as a mediator of the reading process in public libraries

    Alessandro RASTELI1

    Lidia Eugenia CAVALCANTE 2

    RESUMO

    A competncia em informao (information literacy) est no ncleo do aprendizado ao longo da

    vida. Seu conceito vincula-se necessidade de se exercer o domnio sobre o sempre crescente

    universo informacional, abrangendo trs dimenses: conhecimento, habilidades e atitudes.

    Como mediadores de leitura, os bibliotecrios devem buscar o aprendizado contnuo e a

    melhoria de suas qualificaes e competncias, envolvendo-se e colaborando com a crescente

    demanda evidenciada nos diversos segmentos da sociedade, a exemplo da escola e da biblioteca

    pblica. Na funo de agente socializador da informao, o bibliotecrio contribuir no processo

    de aprendizagem dos indivduos atravs das mais diversas formas de leituras e suportes, como

    tambm em suas prticas, ajudando o leitor a atingir nvel elevado de complexidade no processo

    de leitura/escrita e na produo de sentido. Refletir o papel do bibliotecrio como agente

    educacional e a biblioteca pblica enquanto equipamento multicultural, pluralista e aprendente

    torna-se a base desta transformao, demonstrando que a biblioteca pblica no lugar de

    acervos estanques, mas sim um espao de possibilidades de transformao.

    PALAVRAS-CHAVE: Information Literacy. Competncia em Informao. Leitura. Mediao de

    Leitura. Biblioteca Pblica.

    ABSTRACT

    Information literacy (Information competence) is at the core of lifelong learning. Its concept

    conveys the need of having control over the increasing informational universe, covering three

    1 Universidade Estadual Paulista - [email protected] Universidade Federal do Cear - [email protected] 2 Universidade Federal do Cear - [email protected]

    Esta obra est licenciada sob uma Licena Creative Commons

    ARTIGO

    Recebido em: 07/03/2012

    Aceito em:

    29/01/2013

    v. 18, n. 36, 2013.

    p. 157-180 ISSN 1518-2924

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    dimensions: knowledge, skills and attitudes. As mediators of reading, librarians should seek

    continuous learning and improvement of their qualifications and skills, engaging and

    collaborating with the growing demand noticed in various segments of society, such as school

    and public library. In his role as a socializing agent of information, the librarian will help in the

    learning process of individuals through various forms of media and readings, but also in their

    practices, helping the reader to achieve a greater level of complexity in the process of

    reading/writing and in the production of meaning. Reflecting on the role of the librarian as an

    educational agent and on public libraries as multicultural, plural facilities as well as a learning

    environment, become the basis of this transformation, showing that the public library is not a

    place of tight inventories, but rather a place of possibilities of transformation.

    KEYWORDS: Information Literacy. Information Competence. Reading. Mediation Reading.

    Public Library.

    1 INTRODUCO

    Vivemos numa poca marcada por transformaes em todos os

    domnios. As mudanas sociais, polticas, econmicas e culturais verificadas na

    sociedade, usualmente conhecida por Sociedade da Informao, nos levam a

    repensar as polticas educacionais e as prticas pedaggicas implementadas nas

    bibliotecas pblicas brasileiras, visando atrelar essas prticas s novas

    configuraes sociais e s exigncias do contexto informacional. Observa-se que

    a sociedade ps-moderna tem sua configurao social ligada velocidade,

    simultaneidade, ao tempo e ao espao que exigem um novo perfil do leitor e,

    consequentemente, a implementao de aes educacionais que envolvam as

    diferentes etapas do aprendizado.

    Essas transformaes tm ocorrido principalmente com o

    desenvolvimento das Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) e os seus

    reflexos nos habitus e padres de leitura e acesso informao, permitindo

    legitimamente levantar questes pertinentes ao futuro das bibliotecas e dos

    seus profissionais. O acesso informao ultrapassou as leituras tradicionais

    perpetuadas atravs de vrias geraes, realizadas em tempo real.

    Os novos modos de informar com uso das TIC possibilitam a gerao da

    informao digital instantnea. Nesse aspecto, as atuais possibilidades de leitura

  • 159

    surgem no ambiente digital, na internet, formatando um cenrio de

    virtualidades e requerendo novos aprendizados. A sociedade da informao

    exige espaos de aprendizagem cada vez mais abertos, seja na escola,

    universidade, ou em ambientes informacionais de educao (CAVALCANTE,

    2006, p. 60).

    Nessa sociedade, o papel educativo do bibliotecrio torna-se mais

    evidente, tendo em vista suas competncias especficas para atuar como

    mediador de leitura. Dessa forma, os profissionais que atuam nos equipamentos

    informacionais pblicos podem implementar aes para o desenvolvimento de

    habilidades nos usos da informao, contribuindo para a melhoria das

    capacidades de leitura dos atores sociais.

    No Brasil, o problema da leitura pode ser compreendido ao constatar-se

    que parte da populao, mesmo tendo sido alfabetizada, no domina as

    habilidades de leitura e de escrita que possibilitariam uma participao efetiva e

    competente nas prticas sociais e profissionais que envolvem a lngua escrita.

    Refletir, portanto, sobre o papel do bibliotecrio e da funo educativa das

    bibliotecas pblicas na formao do leitor so projetos que envolvem o

    letramento.

    Nessa perspectiva, Campello (2009, p. 71) diz que programas de

    letramento informacional incluem tanto a leitura de textos de no fico, os

    chamados textos informativos, quanto a leitura liter|ria, de textos ficcionais.

    Alm dos textos impressos, as atividades de mediao de leitura buscam

    introduzir a realidade virtual na rotina do leitor, despertando o gosto pelo ato

    de ler, permitindo aos leitores amplo acesso informao e tratando a leitura no

    dilogo com as diversas tecnologias existentes.

    Assim, a competncia em informao localiza-se no cerne do aprendizado

    ao longo da vida, compondo direito humano bsico em um mundo digital,

    necessrio para gerar o desenvolvimento, a prosperidade e a liberdade, criando

    condies plenas de incluso social e cultural.

    Os bibliotecrios, por conseguinte, necessitam estar atentos ao

    desenvolvimento de suas competncias, para que sejam capazes de situarem-se

    no centro da organizao, sendo elementos fundamentais para a transformao

  • 160

    e adequao desses ambientes s novas tendncias e expectativas da sociedade

    (BELLUZZO, 2011, p. 59).

    Nessa proposta, os bibliotecrios podem transformar os equipamentos

    em que atuam em ambientes e espaos voltados para a aprendizagem e

    construo de conhecimentos, cujo processo reconhece a leitura como via de

    acesso informao, que fundamenta a construo desses conhecimentos.

    Desse modo, as aes de mediao de leitura so vistas como processos de

    incluso cultural e de emancipao de grupos e indivduos.

    Questes referentes formao do bibliotecrio como mediador de

    leitura traz tona as competncias necessrias para formar cidados leitores.

    Considerando, portanto, a incluso da competncia em informao como um dos

    contedos importantes para a formao do bibliotecrio, este trabalho tem

    como objetivo mapear os atributos de competncias (conhecimentos,

    habilidades e atitudes) necessrios atuao do profissional bibliotecrio como

    mediador de leitura em bibliotecas pblicas.

    2 LEITURA E BIBLIOTECA PBLICA

    Desde o surgimento da imprensa, a leitura considerada um importante

    instrumento na aquisio de informaes, as quais, segundo Barreto (2005, p.

    116), se forem significadas pelo sujeito e apropriadas para seus diferentes

    contextos, constituir-se-o em conhecimento.

    Assim, o texto concebido como um processo discursivo e a leitura como

    um processo de produo de significados, fazendo parte do ncleo da

    apropriao da informao. Nesse sentido, de acordo com Almeida Jnior (2009,

    p. 192),

    a informao, por ser intangvel, precisa de um suporte para ser

    veiculada e apropriada, e a decodificao desse documento pela

    leitura permite a apropriao da informao, possibilitando a

    transformao do conhecimento de quem l.

    Essa apropriao da informao gera conhecimento, cujo processo

    denominado pelo autor como mediao da informao. Nessa esfera, o ato de ler

  • 161

    revela-se como propulsor do desenvolvimento humano, resultando num

    instrumento para a aquisio de novas aprendizagens, construo e

    fortalecimento de ideias e aes.

    Como o significado produzido pelo leitor, cada individuo l o texto e

    cada mente o concebe de uma forma diversa. Isso se d em funo de existir um

    repertrio cultural especifico em cada sujeito leitor, da as inmeras

    possibilidades de produo de significados. Nesse contexto, Ribeiro (2010, p.

    46) aponta que

    em vez de resgatar um suposto sentido inerente obra, o leitor

    atualiza, de acordo com seu repertrio lingustico, semntico e

    cultural, algumas das inmeras possibilidades interpretativas do

    signo literrio, dando significado obra.

    Nessa perspectiva, no existe na leitura nenhum critrio apriorstico,

    sendo assim entendida como atividade social e interativa, voltada construo

    de sentidos, gerados na interlocuo autor-texto-leitor. A partir desses

    argumentos, a leitura no pode mais ser vista sob uma perspectiva mecanicista.

    Ribeiro (2010, p. 39) novamente expe esse agravante, explicando que

    proibir que um aluno, no instante em que l, esquea tudo o que o

    constitui enquanto sujeito, consiste em privar-lhe do acesso

    leitura. Considerar uma leitura correta ou incorreta defender o

    ideal do logocentrismo, que pressupe a origem do significado como

    algo presente na palavra. Nesse equvoco pode estar uma das causas

    para alguns dos problemas ligados ao ensino de leitura nas escolas

    em geral, como a falta de interesse dos alunos e metodologias de

    ensino de leitura inadequadas.

    Ainda que biblioteca pblica seja um espao adequado para o contato dos

    atores sociais com as prticas leitoras, pesquisas como Retratos de Leitura no

    Brasil (AMORIM, 2008) provam que esse ambiente no tem sido explorado

    adequadamente para colaborar em sua formao. O baixo ndice de leitura no

    Brasil talvez seja o obstculo mais comprometedor para a superao das

    dificuldades e uma consequncia das condies socioeconmicas e

    educacionais da populao do pas (ROSA; ODDONE, 2006, p. 183).

  • 162

    Por outro lado, transformar o Brasil em um pas de leitores no tarefa

    simples,

    sobretudo no contexto da sociedade da informao, no qual novos

    suportes informacionais direcionam as polticas no apenas para as

    prticas leitoras e para a alfabetizao cidad, mas principalmente

    para o domnio das novas tecnologias, muitas vezes distantes da

    formao do cidado leitor e apenas instrumentalizadoras de

    habilidades primrias que tem como objetivo incluir o cidado nessa

    sociedade. (ROSA; ODDONE, 2006, p. 185)

    De qualquer modo, desde as ltimas dcadas h expectativa crescente de

    que a biblioteca pblica extrapole os objetivos bsicos de armazenagem,

    ordenao e referenciao de documentos para consulta e emprstimo, para

    constituir-se em espao cultural de formao de leitores, tornando-se uma

    instituio de valorizao da leitura e de suas prticas culturais. Atualmente,

    entende-se que cada vez mais evidente que El eje del movimento recursivo

    em el espacio de la biblioteca entre usu|rio y bibliotec|rio es la lectura

    (ALFARO LPEZ, s/d, p. 12).

    Cavalcante (2010) salienta que cabe biblioteca pblica a

    responsabilidade de fornecer comunidade o acesso informao e leitura, de

    modo democrtico e com qualidade. A insero do sujeito numa sociedade

    leitora depende de polticas e de dispositivos socioculturais, no ocorrendo

    espontaneamente. Apostar em polticas, estratgias e articulaes que envolvam

    governos, setores pblico e privado e sociedade civil so consideradas

    estratgias eficazes para uma consolidao no desempenho de formar leitores.

    Retrospectivamente, importante mencionar que os programas de

    leitura no Brasil iniciam-se em 1937 com a criao do Instituto Nacional do

    Livro (INL). Em 1961 surge o Servio Nacional de Bibliotecas (SNB), com o

    objetivo de criar, organizar e estruturar bibliotecas pblicas em todo o pas.

    O Sistema de Bibliotecas Pblicas do Estado de So Paulo criado em

    1984, tendo frente Luis A. Milanesi, propondo trabalhos essencialmente na

    rea cultural. No ano de 1987 o INL e a Biblioteca Nacional passam a integrar a

    Fundao Pr-Leitura. Entretanto, sua vigncia curta, em 1990, no governo

    Collor, suas atribuies e acervo so transferidos para a Biblioteca Nacional.

  • 163

    Caldas e Tlamo (2005) observam que a preocupao da poltica dos programas

    de incentivo leitura relacionada biblioteca pblica, durante a histria

    nacional, se concentrou no controle de todo o material escrito, entendendo que

    faz parte da veiculao de uma ideologia.

    Em todo caso, em 1992 criado o Sistema Nacional de Bibliotecas

    Pblicas (SNBP) e o Programa Nacional de Incentivo a Leitura (PROLER). Nessa

    mesma dcada, comea a ganhar fora a ideia de que a biblioteca tem um papel

    a cumprir em relao s prticas de leitura na sociedade, de modo mais atuante

    e presente.

    Desse modo, em meados da dcada de 1990, a UNESCO, em cooperao

    com a Federao Internacional das Associaes de Bibliotecrios e de

    Bibliotecas (IFLA), aprova o manifesto para a biblioteca pblica, entendendo-se

    que as misses-chave dessa instituio relacionam-se com a informao, a

    alfabetizao, a educao e a cultura, conforme elencado a seguir:

    1) Criar e fortalecer os hbitos de leitura nas crianas, desde a primeira

    infncia;

    2) Apoiar a educao individual e a auto-formao, assim como a educao

    formal a todos os nveis;

    3) Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;

    4) Estimular a imaginao e criatividade das crianas e dos jovens;

    5) Promover o conhecimento sobre a herana cultural, o apreo pelas artes

    e pelas realizaes e inovaes cientficas;

    6) Possibilitar o acesso a todas as formas de expresso cultural das artes do

    espetculo;

    7) Fomentar o dilogo inter-cultural e a diversidade cultural;

    8) Apoiar a tradio oral;

    9) Assegurar o acesso dos cidados a todos os tipos de informao da

    comunidade local;

    10) Proporcionar servios de informao adequados s empresas locais,

    associaes e grupos de interesse;

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    11) Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informao e a

    informtica;

    12) Apoiar, participar e, se necessrio, criar programas e atividades de

    alfabetizao para os diferentes grupos etrios (IFLA: UNESCO, 1994).

    Vinculada ou no s necessidades dos leitores, o atendimento a essas

    demandas pelas bibliotecas pblicas ainda delicado.

    De qualquer maneira, em 2006 lanado o Plano Nacional do Livro e

    Leitura (PNLL), que se foca na transformao do Brasil em um pas de leitores. O

    PNLL possui quatro eixos estratgicos, vinte linhas de ao e um calendrio

    anual de eventos. Suas diretrizes, alm de voltadas leitura, ao livro e

    biblioteca, definem estratgias quanto formao de mediadores. O destaque

    dado pelo Plano leitura associa-se estreitamente { quest~o geral da

    competncia em informao (information literacy) e do aprendizado ao longo da

    vida, [...]. (BRASIL, 2010, p. 31).

    Assim, a leitura e a escrita so, na contemporaneidade, ferramentas

    decisivas para que os atores sociais possam desenvolver de maneira plena seu

    potencial humano.

    3 A FORMAO DO BIBLIOTECRIO COMO MEDIADOR DE LEITURA

    So diversas as variveis e condicionantes que dificultam o acesso dos

    leitores s bibliotecas e a outros equipamentos culturais. Entre estas, pode-se

    elencar a ausncia de recursos, a inexistncia desses equipamentos prximos

    aos locais onde vivem e o desconhecimento do papel que a cultura pode

    representar na melhoria de qualidade de vida da populao (CAVALCANTE,

    2010).

    Prximo a esses fatores, Becker e Grosch (2008, p. 42) nos chamam a

    ateno para o exerccio da profisso do bibliotecrio, que

    est, ainda, muito regrada por conceitos de organizao e

    administrao de centros de informao, pouco expondo sua funo

    educativa no sentido de auxiliar a comunidade de usurios na

    utilizao correta das fontes de informao, de incentivar o

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    estudante ou pesquisador a ler e frequentar a biblioteca e,

    principalmente, de desenvolver o gosto pela leitura.

    Essa realidade apresentada ainda pode estar associada ao enfoque dado

    pelas escolas na formao tcnica dos estudantes. Com intensidade, vrios

    cursos de Biblioteconomia no Brasil preocupam-se principalmente com o

    processamento da informao e raramente com a sua disseminao e com a

    formao de leitores. Tal aspecto salientado por Martins (2001, p. 336),

    quando lembra que entre as disciplinas de cultura geral e as aquelas

    propriamente tcnicas,

    preciso introduzir um sincero e real equilbrio entre essas duas

    solicitaes e fazer dos estudos biblioteconmicos no apenas a

    fonte de conhecimentos especializados de catalogao e

    classificao, mas tambm a origem de largos conhecimentos

    humansticos que se costumam designar pelo nome de cultura

    geral.

    Apostar na formao com nfase tambm nas questes que se

    relacionam com a cultura geral fundamental para o equilbrio das propostas

    curriculares, diante do processo de formao do bibliotecrio como mediador

    de leitura.

    Nesse aspecto, Martins (2001) infere que quando se atribui ao

    bibliotecrio a misso de estimular o interesse pela leitura, de contribuir para o

    desenvolvimento intelectual de cada um em benefcio de todos, s pode ser

    desempenhada por profissionais que tenham recebido larga formao cultural,

    o que ultrapassa, em muito, a formao essencialmente tcnica.

    Em se tratando da biblioteca pblica como equipamento cultural,

    conveniente, ainda, mencionar outro importante fator, de acordo com Becker e

    Grosch (2008, p. 43), sobre o papel do bibliotecrio:

    o histrico das bibliotecas pblicas contribui para alguns desses

    procedimentos, j que o bibliotecrio teve em alguns perodos da

    histria das bibliotecas no Brasil, o fim de sua autoridade e a

    descontinuidade de seus trabalhos.

  • 166

    Outro aspecto pertinente na conduta do bibliotecrio diz respeito s suas

    habilidades que, na maioria das vezes, ainda se encontram centradas no

    documento e no no acesso propriamente dito. Essa situao pode se agravar

    pela diversidade de formas digitais com as quais esses profissionais precisam

    estar interagindo cotidianamente, como por exemplo, as imagens e os arquivos

    hipertextuais.

    Na tica da cultura informacional, as bibliotecas pblicas devem

    destacar-se como espaos de conquista do direito informao, leitura e

    cidadania elementos cada vez mais indispensveis na sociedade, diante das

    exigncias do mundo contemporneo (CAVALCANTE, 2010).

    Ainda que os obstculos sejam vrios, Belluzzo (2008, p. 12) proclama

    que a biblioteca sem a educa~o, ou seja, sem a tentativa de estimular,

    coordenar e organizar a leitura e a pesquisa ser, por seu lado, um instrumento

    vago e incerto.

    Abarcando essa proposta, as bibliotecas pblicas podem transformar-se

    em agncias mediadoras, pois, segundo Bortolin (2010, p. 115),

    [...] o bibliotecrio no pode se esquivar da mediao da leitura, visto

    que o ato de ler precede o ato de se informar, descobrir e investigar.

    Portanto, a tarefa de mediar leitura to fundamental quanto

    disponibilizar documentos (impressos e eletrnicos) aos leitores de

    uma biblioteca.

    Nessa era digital, os formatos impressos esto sendo cada vez mais

    substitudos por textos virtuais. A realidade do mundo fsico caminha lado a

    lado com o universo virtual, derivado do desenvolvimento crescente das novas

    tecnologias, que introduzem mltiplas possibilidades nas prticas de leitura,

    fornecendo um cenrio complexo de diferentes linguagens.

    Diante dessa dimenso, torna-se necessrio ao bibliotecrio que atua em

    bibliotecas pblicas, incorporar ao seu cotidiano competncias que possibilitem

    uma nova viso do conhecimento, oportunizando mudanas para melhor

    entender e situar-se como profissional da informao, cuja finalidade a

    formao de cidados leitores competentes e includos na sociedade.

  • 167

    4 COMPETNCIA EM INFORMAO

    O termo information literacy, cunhado pelo bibliotecrio norte-americano

    Paul Zurkowski, aparece na literatura em 1974 atravs de um relatrio que

    descreve produtos e servios por instituies privadas e suas relaes com as

    bibliotecas (DUDZIAK, 2003). J nesse perodo, Zurkowski previa um cenrio de

    mudanas, sugerindo que se iniciasse um movimento em direo information

    literacy. Desde essa poca, o bibliotecrio nos EUA visto como um profissional

    da informao. Entretanto, esse perfil est associado ao profissional que no

    apenas executa trabalhos tcnicos e administrativos, ou seja, est relacionado

    quele que promove a disseminao e a mediao da informao (BECKER;

    GROSH, 2008, p. 37).

    No cenrio brasileiro, os estudos sobre competncia em informao,

    relacionados Biblioteconomia e Cincia da Informao, repercutiram a partir

    dos estudos de Caregnato (2000), Belluzzo (2001), Hatschbach (2002),

    Campello (2003) e Dudziak (2003), que apresentaram em suas pesquisas

    questes sobre os conceitos da competncia em informao e sua aplicabilidade

    como funo pedaggica na educao dos usurios.

    Como no existe uma traduo exata e definio oficial para a

    terminologia information literacy em lngua portuguesa, diferentes

    terminologias vm sendo utilizadas no contexto nacional para designar essa

    competncia, sendo encontradas na literatura especializada vrias

    denominaes, como: competncia informacional, letramento informacional,

    alfabetizao em informao, alfabetizao informacional e competncia em

    informao. No entanto, optou-se pelo emprego do termo competncia em

    informao por estar em consonncia com as ideias de Belluzzo (2012), quando

    discursa que:

    o termo Competncia Informacional, por exemplo, um neologismo,

    alm de ser tambm uma adjetivao e remete, originalmente,

    tecnologia de informao (TI). O bibliotecrio tem como objeto a

    informao, embora possa trabalhar com apoio da tecnologia, por

    isto deve-se considerar o uso de Competncia em Informao como

    o mais recomendado. Os termos Alfabetizao Informacional e

    Letramento Informacional, alm de serem tambm neologismos e

    adjetivaes, ainda tm provocado rudos em relao aos

  • 168

    professores e educadores que no aceitam que o bibliotecrio possa

    ser um alfabetizador, por considerar que essa uma prerrogativa da

    rea de educao.

    Diante disso, muitos so os enfoques que abordam a competncia em

    informao, porm, atualmente, acompanha-se a concepo de competncia em

    informao voltada ao aprendizado ao longo da vida, sendo definida por

    Dudziak (2003, p. 28)

    como o processo contnuo de internalizao de fundamentos

    conceituais, atitudinais e de habilidades necessrio compreenso e

    interao permanente com o universo informacional e sua distncia,

    de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida.

    Os componentes que sustentam o conceito de competncia em

    informao so: o processo investigativo; o aprendizado ativo; o aprendizado

    independente; o pensamento crtico; o aprender a aprender e o aprendizado ao

    longo da vida.

    Dessa maneira, entende-se que a competncia em informao deva ser

    compreendida como uma das reas que requer um aprendizado. Constitui-se em

    processo contnuo de interao e internalizao de fundamentos conceituais,

    atitudinais e de habilidades especficas como referenciais compreenso da

    informao e de sua abrangncia, em busca da fluncia e das capacidades

    necessrias gerao do conhecimento novo e sua aplicabilidade ao cotidiano

    das pessoas e das comunidades ao longo da vida (BELLUZZO, 2007).

    Refletir o papel do bibliotecrio como agente educacional e a biblioteca

    pblica enquanto equipamento multicultural, pluralista e aprendente torna-se a

    base dessa transformao, voltada para a competncia em informao na

    mediao de leitura.

    4.1 Perfis de competncia do bibliotecrio mediador de leitura

    Como mediadores de leitura, os bibliotecrios devem buscar o

    aprendizado contnuo e a melhoria de suas qualificaes e competncias,

    envolvendo-se e colaborando com a crescente demanda evidenciada nos

  • 169

    diversos segmentos da sociedade, a exemplo da escola e da biblioteca pblica.

    Para Dudziak (2003, p.31), os bibliotecrios tratam-se de

    profissionais flexveis, multicapacitados, capazes de aprender ao

    longo da vida. Informao, conhecimento e habilidade de lidar com

    grandes massas de informaes, assim como demandas pessoais e

    profissionais, transformaram-se nos maiores determinantes dos

    avanos sociais e econmicos.

    Dada essa extenso, o papel do bibliotecrio est embutido na funo de

    agente socializador da informao, contribuindo no processo de aprendizagem

    dos indivduos atravs das mais diversas formas de leitura, como tambm em

    suas prticas, ajudando o leitor a atingir um nvel maior de complexidade no

    processo de ler/escrever e de produzir sentidos.

    A ao cultural se reflete para o bibliotecrio como estmulo para a

    aquisio de competncias, saberes, fazeres e compartilhamento de

    experincias que potencializam suas capacidades de atuao como mediador de

    leitura. A seguir, elencam-se alguns tpicos que giram em torno das

    competncias, habilidades e atitudes do mediador da leitura:

    Ser leitor ativo

    Somente um leitor efetivo, entusiasmado e convicto pode assumir o

    desafio de formar outros leitores emancipados, crticos e sensveis, envolvendo

    toda a comunidade e contribuindo para mudar a realidade. Mas interessante

    tambm observar com Barros (2006, p. 123), que

    o gosto pelo livro e pela leitura no vem com a profissionalizao,

    nem se encerra nela: se estende nela; se irradia nela; se locupleta

    nela. Neste aspecto, o bibliotecrio que no l se castra consciente ou

    inconscientemente. No avana e no promove conhecimento.

    Como profissional da informao, o bibliotecrio precisa estar atento

    sua constante atualizao. Atuando como leitor efetivo e afetivo, pode tambm

    gerar encontros e comunicaes entre o acesso aos bens e servios culturais

    diversos e o pblico, pois a leitura implica troca, ddiva e partilha entre os

    sujeitos: bibliotecrios, autores, leitores e comunidade.

  • 170

    Conhecer as teorias da leitura

    O ato de ler implica dimenses ao mesmo tempo simples e complexas.

    Portanto, importante que o bibliotecrio, mediador da leitura, seja um

    pesquisador vido por descobertas para o enriquecimento constante de sua

    formao. O papel do leitor tem sido constantemente redefinido e isso

    continuamente acompanhado pelos estudiosos dessa temtica, gerando teorias

    da leitura fundamentais, que inspiram as prticas implementadas pelos

    mediadores em suas aes.

    A leitura, nesse sentido, instrumento fundamental para a cultura, assim

    como as teorias que a constroem. Nesse propsito, acompanhou-se Marques

    Neto (2009, p. 67-68) na recomendao da Declarao do Seminrio Nacional

    Formao de Mediadores de Leitura, organizado pelo PNLL em maro de 2009.

    Infere o autor:

    nos paradigmas de formao de mediadores de leitura fique

    explicitamente assentado e proporcionalmente garantido um tempo

    para que os indivduos, alm de estudar estratgias metodolgicas

    de leitura, possam ler de verdade e ter a oportunidade de associar

    as suas leituras a outros processos culturais.

    O universo dinmico da mediao da leitura, portanto, requer leituras

    prvias por parte do mediador. Isso deve ocorrer de modo corriqueiro,

    suscitando descobertas, outros textos, aes criativas e criadoras e,

    especialmente, o pensamento crtico.

    Valorizar as narrativas orais (Mediao Oral da Literatura)

    Bortolin (2010, p. 205) define Mediao Oral da Literatura (MOL) como

    toda interven~o espont}nea ou planejada de um mediador de leitura visando a

    aproximar o leitor-ouvinte de textos literrios seja por meio da voz viva ou da

    voz mediatizada.

    As mediaes orais em biblioteca pblica podem contribuir para a

    ampliao do espao de discusso de textos e ideias, tornando-a instituio

    dinmica, ativa e pulsante. Bortolin (2010, p. 204) destaca tambm que as

  • 171

    narrativas orais, quando realizadas de maneira envolvente, provocam forte

    efeito nos ouvintes. Pode-se, portanto, explorar as vrias temticas que

    envolvem a mediao oral, como: nova oralidade, narrativas orais de histrias,

    leitor-narrador, leitor-ouvinte, esttica da recepo, leitura literria, mediao e

    mediadores, oralisfera etc.

    Outro ponto importante que as narrativas aproximam grupos diversos

    como crianas, jovens e idosos, permitindo trocas entre passado e presente,

    experincias e expectativas, fomentando o gosto pela expresso e descoberta do

    outro.

    Viabilizar o acesso { informao em seus diferentes suportes

    No contexto atual, a leitura deve ser tratada no dilogo com as diversas

    tecnologias, incluindo o livro e a internet. O mediador da leitura, portanto, deve

    se familiarizar com as diferentes possibilidades de interlocuo entre os

    suportes, a informao neles veiculadas e a ao do leitor em termos de

    apropriao e recriao. De acordo com Nbrega (2002, p. 129), [...] a

    materialidade dos suportes de leitura/informao/conhecimento est

    imbricada com os modos de ler, com os gestos de leitura.

    Dessa forma, alm do acesso, importante a dinamizao do acervo, de

    modo a propiciar o dilogo entre suportes, linguagens e sujeito-leitor.

    Desenvolver a Advocacy em biblioteca pblica

    Refere-se aos aspectos da importncia da introduo das bibliotecas nas

    agendas governamentais e nos rgos de deciso em diferentes nveis. A

    advocacy pode ser vista como um processo poltico, visando influenciar as

    polticas pblicas e as decises de alocao de recursos dentro de sistemas

    polticos. Nesse caso, especialmente para dar maior visibilidade ao papel que as

    bibliotecas desempenham na sociedade.

    Desse modo, a representao das bibliotecas se faz necessria nos planos

    dos governos local, regional e nacional. As bibliotecas devem estar includas no

    planejamento, oramento e nas decises poltico-institucionais. Cabe aos

    bibliotecrios, portanto, a ao poltica de interveno junto a esses gestores, de

  • 172

    modo a relacionar continuamente o desenvolvimento da populao ao acesso

    informao e aos bens culturais, garantindo que recursos sejam

    disponibilizados para a ampla valorizao destes.

    Ainda sobre esse aspecto,

    um excelente caminho para a introduo da biblioteca na agenda

    pode ser o de enfatizar o papel que a mesma pode ter para uma

    avaliao institucional positiva. Um outro elemento importante para

    esta introduo na nossa sociedade o prprio bibliotecrio. Mas,

    uma coisa certa: quanto maior for o nvel profissional do

    bibliotecrio, melhor pode ser o seu trabalho representativo.

    Tambm importante criar imagens positivas nos coraes dos

    polticos e administradores para que eles possam aportar e destinar

    recursos pblicos para as bibliotecas (LUX, 2007, p. 19).

    Nesse sentido, envolver concretamente as bibliotecas pblicas nas aes

    polticas, sociais e culturais de cada municpio certamente contribuir para a

    valorizao desses espaos e de suas manifestaes em termos de interlocuo

    entre seus atores sociais para alm da governana local.

    Conhecer as polticas pblicas para o livro e a leitura

    Nos ltimos anos intensificaram-se as discusses sobre o enfoque

    assumido pelo poder pblico no tocante s polticas pblicas de leitura e acesso

    informao (CAVALCANTE, 2010). Conhecer essas polticas faz-se importante

    para obteno de recursos para variados fins, como ampliao do acervo,

    projetos culturais e capacitaes.

    Estar atento {s multiplicidades culturais

    As multiplicidades culturais referem-se varincia de contextos sociais

    nos quais cada leitor est inserido. Nesse mbito, pode-se focar em prticas

    cujos objetivos estabelecidos envolvem a expresso da multiplicidade de vises

    de mundo, que se reporta a amplos contextos, sem preconceitos e elitizao.

  • 173

    Estabelecer relaes afetivas com o leitor

    Silva e Landengue (2010, p. 95) acreditam que a emo~o e a afetividade

    so aspectos fundamentais do processo de significao da leitura e de formao

    do leitor. Desenvolver, portanto, relaes afetivas com o leitor estabelecer

    relaes positivas com a leitura, com inteno de fazer o leitor descobrir o ato

    de ler como atividade de prazer e lazer.

    Trabalhar em equipe

    A competncia converge cada vez mais para as aes colaborativas.

    Nesse sentido, o trabalho em equipe nas bibliotecas pblicas deve envolver

    diferentes profissionais, permitindo o amplo desenvolvimento de aes que

    visem ao atendimento com qualidade do pblico leitor, intervindo de forma

    competente e dinmica.

    Para Becker e Grosch (2008, p. 43), necess|ria a realiza~o de aes

    conjuntas entre os bibliotecrios, criando e reivindicando propostas para a

    forma~o de leitores [...]. Assim, o mediador competente valoriza o papel da

    comunicao pelo dilogo, o aprendizado da convivncia e a construo de

    processos sociais de promoo da cultura com solidariedade.

    Estabelecer parcerias

    Ser competente no mbito social envolve o estabelecimento de parcerias.

    A associao com talentos mltiplos, grupos de teatro e animadores culturais

    pode ampliar a convergncia de papeis entre diferentes profissionais. Nesse

    contexto, o teatro, por exemplo, pode ser uma ferramenta forte de ao cultural

    nas bibliotecas, pois faz o indivduo refletir sobre a sua realidade.

    Outras parcerias importantes podem ser estimuladas na comunidade

    com associaes de moradores, grupos de jovens, igrejas, escolas etc., de modo a

    criar condies para a implementao de projetos sociais e culturais que

    promovam valores, atitudes e estimulem o enriquecimento coletivo.

  • 174

    Ter competncias aplicadas {s TIC

    Nesse contexto, as competncias esto ligadas ao aprendizado sobre

    questes de cunho tecnolgico. Abarcam o aprendizado de habilidades de

    operao e comunicao por meio de computadores, a compreenso do

    funcionamento de equipamentos (hardware), seus programas (softwares) e

    suas aplicaes, e, ainda, a produo, organizao, disseminao e acesso s

    informaes de forma automatizada, com vistas a resolver problemas por meio

    do uso da tecnologia. As habilidades tecnolgicas assumem cinco reas, a saber:

    a) Mdia Literacy: habilidades para decodificar, analisar, avaliar e

    produzir informao em vrios meios: impresso, udio, filmes/vdeo,

    Internet, etc.;

    b) Digital Literacy: habilidades para usar os sistemas digitais com

    nfase na forma de como a informao apresentada. Por exemplo,

    qual a diferena entre uma informao recebida via e-mail e outra

    recebida via pgina web?;

    c) Network Literacy: habilidades para trabalhar em um ambiente

    de rede, tal como World Wide Web:

    uso dos recursos e servios da rede global de informao;

    entendimento do sistema que gera, gerencia e disponibiliza a

    informao;

    habilidade para manipular informaes encontradas na rede,

    combinando-as com outros recursos e incrementando-as.

    d) Visual Literacy: habilidades para entender o significado e os

    componentes da imagem, como veculo de informao;

    e) Computer Literacy: habilidade no uso do computador e seus

    softwares para a realizao de tarefas. Pode-se perceber a evoluo

    da information literacy, pois as cinco reas afins referem-se

    importncia da competncia informacional, sendo que a mesma

    permite analisar e avaliar a informao encontrada, incluindo as

    habilidades tecnolgicas para a compreenso e avaliao das

    informaes (LISTON e SANTOS, 2008, p. 291).

    Conhecer e utilizar as ferramentas da Web 2.0

    A segunda verso da internet, a Web 2.0, reconfigurou a internet esttica,

    impulsionando a comunicao por causa, inclusive, de seus princpios

    colaborativos e participativos nas mais diversas atividades humanas.

  • 175

    As Redes Sociais (Facebook, Orkut, Twitter, Fotolog, Blog etc.) possuem

    forte mecanismo para a disseminao da informao: divulgao e fotos de

    eventos, sugestes de autores, concursos e promoo de discusses, entre

    outros.

    O impacto da internet, ou melhor, das inmeras possibilidades de

    recursos disponibilizados pela Web social, pode ser bastante significativo nas

    bibliotecas pblicas para a democratizao do acesso s novas tecnologias,

    incluso digital e disseminao virtual da informao.

    Buscar a educao continuada

    A formao do bibliotecrio como mediador implica no desenvolvimento

    de aes e uso da criatividade, conduta pautada pela tica, reflexo crtica sobre

    o real e a busca pelo aprimoramento constante.

    Nesse caminho, vale a proposio do aprendizado ao longo da vida que

    d ao sujeito a oportunidade de compreender que necessrio aprender

    sempre. A educao , portanto, veculo de crescimento constante, auxiliando,

    inclusive, a desenvolver a base terica para a implementao das prticas

    pedaggicas de mediao da leitura.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    O fomento leitura, formao de leitores e formao de mediadores

    de leitura um caminho longo a ser percorrido, tanto pelas instituies pblicas

    quanto pelos profissionais da informao. Entretanto, esse percurso pode seguir

    rumos inesperados e satisfatrios quando os profissionais de bibliotecas

    pblicas assumirem sua efetiva participao como mediadores de leitura

    integrados ao processo de transformao social.

    As prticas leitoras e informacionais de apropriao do conhecimento

    das vrias comunidades atendidas pelos equipamentos informacionais podem

    modificar e produzir outros sentidos que resultaram em outros textos, num

    processo de releituras, numa polifonia de vozes e reflexos (NBREGA, 2009).

  • 176

    Outro fator importante a se destacar a formao-em-servio do

    bibliotecrio como mediador, que se constitui em um processo educativo

    contnuo com o objetivo de integrar pessoas ao ambiente de trabalho para

    garantir o seu bem-estar e a qualidade dos servios prestados.

    Em suma, a formao dos mediadores de leitura consiste no

    desenvolvimento contnuo de construo e experimentao de conhecimentos,

    contedos, procedimentos e habilidades em torno da sensibilizao e pedagogia

    da leitura, dinamizao do acervo literrio, conscincia e expresso corporal,

    literatura e contao de histrias, saberes comunitrios, produo textual e

    criao literria, registro e difuso de contos populares, criao de clubes de

    leitura, cultura, ao cultural, incluso social e cidadania cultural (SANTOS,

    2009, p. 42).

    Assim, o cotidiano da biblioteca pblica vai provando que a ideia de lugar

    de estoques estanques no se sobrepe ideia de espao de possibilidades de

    transformao.

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