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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
EFEITOS AMBIENTAIS E DE GRUPOS GENÉTICOS SOBRE
CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO DE SÊMEN EM TOUROS MESTIÇOS (Bos taurus x Bos indicus)
Rafael Ribeiro Coelho de Paula Souza
Nova Odessa Janeiro, 2012
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
EFEITOS AMBIENTAIS E DE GRUPOS GENÉTICOS SOBRE CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO DE SÊMEN EM TOUROS
MESTIÇOS (Bos taurus x Bos indicus)
Rafael Ribeiro Coelho de Paula Souza Orientadora Profª. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz
Co-orientador Prof. Dr. Aníbal Eugênio Vercesi Filho
Nova Odessa Janeiro, 2012
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.
Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166
Souza, Rafael Ribeiro Coelho de Paula S729e Efeitos ambientais e de grupos genéticos sobre características de
produção de sêmen em touros mestiços (Bos taurus x Bos indicus). / Rafael Ribeiro Coelho de Paula Souza. Nova Odessa - SP, 2012.
54p. : il.
Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA. Orientador: Prof. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz.
1. Bovinos – Reprodução animal. 2. Sêmen - Avaliação. 3. Inseminação artificial. I. Paz, Claudia Cristina Paro de. II. Título.
CDD 636.20824
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: EFEITOS AMBIENTAIS E DE GRUPOS GENÉTICOS SOBRE
CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO DE SÊMEN EM TOUROS
MESTIÇOS (Bos taurus x Bos indicus)
AUTOR: RAFAEL RIBEIRO COELHO DE PAULA SOUZA
Orientadora: Profª. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz
Co-orientador: Prof. Dr. Aníbal Eugênio Vercesi Filho
Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção
Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:
Profª. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz
Profª. Dra.Lenira El Faro APTA/SAA
Dr. Luiz Carlos Roma Júnior APTA/SAA
Data da realização: 27 de janeiro de 2012
Presidente da Comissão Examinadora Profª. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz
i
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar oportunidades;
A Georgina, Adriana, Fabrícia, Thalita, João e Rafael, pela compreensão e por servirem de exemplo e motivação para continuar; A minha orientadora pela paciência, amizade, dedicação e ensinamentos; Ao meu co-orinetador pela confiança em mim depositada; Aos membros das bancas examinadoras, Dra. Lenira El Faro, Dra. Maria Lúcia Pereira Lima, Dr. Luiz Carlos Roma Júnior, pelos comentários e sugestões, que aperfeiçoaram este trabalho; A todos os professores e colegas do curso de pós graduação, pelos ensinamentos, amizade e dedicação; A todos os funcionários do Instituto de Zootecnia, principalmente aos da biblioteca e da secretaria da pós graduação; E a todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho.
iii
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. vi
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. viii
RESUMO.................................................................................................................... x
ABSTRACT............................................................................................................... xii
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 5
2.1. Inseminação Artificial......................................................................................... 6
2.2. Exame Andrológico............................................................................................ 7
2.3. Efeitos Genéticos............................................................................................... 9
2.4. Efeitos Ambientais.............................................................................................. 10
2.5. Maturidade Sexual.............................................................................................. 12
3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 15
3.1 Animais e Dados Climáticos................................................................................ 15
3.2 Produção e Qualidade do Sêmen....................................................................... 16
3.3 Análises Estatísticas............................................................................................ 17
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 19
4.1 Grupo Genético................................................................................................... 22
4.2 Idade do Touro.................................................................................................... 24
4.3 Época de Coleta.................................................................................................. 29
4.4 Ano de Coleta...................................................................................................... 31
4.5 Intervalo de Dias entre Coletas........................................................................... 32
5. CONCLUSÕES..................................................................................................... 35
6. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 37
v
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Volume da produção do sêmen (a), motilidade (b) e concentração espermática (c) e número total de espermatozóides viáveis (d), em função do ano da coleta de sêmen ..........................................................................................
32
vii
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Médias de dados climáticos, referentes ao período de 1992 a 2010, na Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP ..................
16
TABELA 2 Número de observações, o coeficiente de variação, as médias e o desvios-padrão para as características volume (VOL), concentração (CONC), motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis (NTZV), para o sêmen de touros leiteiros mestiços em diferentes coletas ........................................
20
TABELA 3 Correlação entre as características volume (VOL), concentração (CONC), motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) ...............................................................................
22
TABELA 4 Médias seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT), concentração do sêmen (CONC), e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) em função dos grupos genéticos dos touros ......................................................................
22
TABELA 5 Média seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT), concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) em função das classes de idade do touro na coleta de sêmen (CIDTC) ............................
24
TABELA 6 Frequência observada para a motilidade do sêmen nas diferentes classes de idades na coleta de sêmen de touros mestiços B.taurus x B.indicus ........................................................
27
TABELA 7 Frequência observada para a motilidade do sêmen nas diferentes classes de idades na coleta de sêmen de touros mestiços B.taurus x B.indicus ........................................................
28
TABELA 8 Média seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT), concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) em função da época de coleta do sêmen .............................................................................
30
TABELA 9 Médias estimadas, seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT), concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides viáveis (NTZV), em função do intervalo entre coletas do sêmen, para touros mestiços leiteiros ..
33
ix
x
EFEITOS AMBIENTAIS E DE GRUPOS GENÉTICOS SOBRE CARACTERÍSTICAS DE PRODUÇÃO DE SÊMEN EM TOUROS
MESTIÇOS (Bos taurus x Bos indicus)
RESUMO
Os objetivos deste estudo foram avaliar a produção do sêmen de reprodutores mestiços Bos taurus x Bos indicus, avaliando o potencial reprodutivo e verificar quais efeitos influenciaram a produção do sêmen destes reprodutores. Este estudo foi realizado com o conjunto de dados coletado no período de 1979 a 1990 do projeto “Desenvolvimento do Mestiço Leiteiro Brasileiro” implantado pelo CNPGL – EMBRAPA. Os dados se referem a 13. 092 coletas de sêmen de 156 touros com fração de genes de Bos taurus variando entre 5/8 e 7/8, nascidos nos anos de 1968 a 1987, sendo que as coletas foram realizadas entre 1979 a 1990. As médias encontradas neste estudo foram: volume (4,84 ml), concentração (0,93x109/ml), motilidade (46,51%) e número de espermatozóides viáveis (239,14 x109/ml). O grupo genético influenciou (P<0,01), o volume do ejaculado, o número de espermatozóides viáveis e a motilidade, exceto a concentração espermática. Os touros 7/8 e 5/8 apresentaram melhores resultados para a concentração e para a motilidade seminal, e os touros 3/4 tiveram um maior volume e número de espermatozóides viáveis por ejaculado. Os efeitos das classes de idade do touro a coleta, intervalo entre coletas e de ano foram significativos (P<0,01) para o volume, concentração, motilidade e número de espermatozóides viáveis. O efeito da estação foi significativo sobre o volume e sobre o número de espermatozóides viáveis, no entanto, não foi significativo sobre a concentração e a motilidade.
PALAVRAS CHAVE: avaliação de sêmen, bovinos leiteiros, qualidade do sêmen, touros mestiços Bos taurus x Bos indicus
xi
xii
GENETIC GROUPS AND ENVIRONMENTAL EFFECTS ON CHARACTERISTICS OF SEMEN PRODUCTION IN CROSSBREDS BULLS (Bos taurus x Bos indicus) ABSTRACT
The objectives of this study were to evaluate the production of semen of crossbred bulls Bos taurus x Bos indicus, and evaluating the effects which influenced the production of semen of bulls. This study was conducted with the data set collected in the period 1979 to 1990 the project "Development of the Crossbred Brazilian Dairy " deployed by CNPGL - EMBRAPA. The data refer to 13. 092 samples of semen collected from 1979 to 1990, from 156 bulls with a fraction of genes from Bos taurus ranging from 5/8 and 7/8, born in the years 1968 to 1987. The mean values found in this study were: volume (4.84 ml), concentration (0.93 x109/ml), motility (46.51%) and number of viable sperm (239.14 x109/ml). The genetic group affected (P <0.01), ejaculate volume, the number of viable sperm motility, except the sperm concentration. Bulls 7/8 showed better results for the concentration and motility. Bulls 5/8 had an intermediate production in the different characteristics analyzed and bulls 3/4 had a higher semen volume and number of viable sperm. The effects of classes, age of bull on collection, interval between samples and years were significant (P <0.01) for volume, sperm concentration, motility and number of viable sperm. The effect of season was significant on the volume and the number of viable sperm, however, was not significant on the concentration and motility.
KEYWORDS: crossbred bulls Bos taurus x Bos indicus, dairy cattle, quality of the semen, semen evaluate
xiii
1
1. INTRODUÇÃO
As taxas reprodutivas em regiões tropicais são geralmente mais baixas do
que as de regiões mais temperadas. As razões para isso são complexas e incluem
os efeitos de estresse ambiental, gestão e possíveis efeitos de raças, além de
ocorrer diferenças nos indicadores da fertilidade dos touros entre diferentes sistemas
de produção, época de colheita, idade e peso corporal. Touros Bos indicus e
mestiços (Bos indicus x Bos taurus) têm sido amplamente utilizados nessas regiões
devido a sua adaptação, no entanto, o uso destes animais tem sido associado a
baixa fertilidade (CHENOWETH et al., 1996).
O touro mestiço é uma opção para introduzir material genético de raças
especializadas em ambientes tropicais. Entretanto, o seu uso só será vantajoso se
forem utilizados touros mestiços comprovadamente superiores, visando o aumento
dos índices produtivos e reprodutivos.
A manutenção de rebanhos mestiços por meio do uso de touros mestiços
provados para produção de leite pode ser uma boa estratégia para diminuir as
dificuldades operacionais encontradas pelos produtores, principalmente aquela
referente à produção de animais com grande variação na composição genética ou
no potencial de produção de leite (BARBOSA, 2006).
2
Um touro representa metade da composição genética de sua progênie assim,
sua contribuição é muito importante porque deixa inúmeros descendentes. Devido à
ênfase para características produtivas, uma menor atenção está sendo dada ao
desempenho reprodutivo dos touros (MARTINEZ et al., 2000). A seleção de touros
deve ser baseada na excelência genética para características produtivas e
reprodutivas, considerando o ambiente e o mercado (GALLOWAY, 1989).
As características produtivas (produção de leite, porcentagem de gordura e
proteína, vida produtiva) e reprodutivas (circunferência escrotal, características
físicas e morfológicas do sêmen) dos touros devem ser cuidadosamente avaliadas
antes de seu uso generalizado.
Como não é possível testar a fertilidade de um grande número de touros
jovens devido ao tempo necessário para avaliar a progênie e também em razão do
limitado número de vacas disponíveis, a avaliação das características do sêmen se
torna uma alternativa necessária (MARTINEZ et al., 2000). O objetivo é otimizar o
uso de touros com bom desempenho no exame andrológico, maximizando a
produção total de espermatozóides e o número de espermatozóides por
inseminação artificial, podendo assim inseminar diversas vacas sem diminuir a taxa
de prenhez (DEN DAAS et al., 1998).
A utilização de reprodutores selecionados pelo exame andrológico tem como
finalidade a garantia da qualidade seminal e a melhoria da eficiência reprodutiva do
rebanho, visando aumentar a lucratividade (SILVEIRA et al., 2010).
Touros que produzem sêmen com qualidade média ou abaixo da média
alcançam níveis de fertilidade abaixo da média, mesmo que seja aumentado o
número de espermatozóides por dose na tentativa de compensar os baixos níveis de
qualidade. Em contraste, os touros que produzem sêmen com qualidade acima da
média atingem níveis de fertilidade acima da média mesmo com um número menor
de espermatozóides por dose (DeJARNETTE et al., 2004).
A aquisição de touros melhoradores deve ser associada à otimização de seu
uso, pois os custos por concepção aumentam muito quando a relação touro/vacas é
desfavorável. Quando se emprega a proporção touro/vaca de 1:40, 1:60, 1:80 e
1:100, reduz-se em 37,5; 57,5; 67,5 e 75%, respectivamente, o valor para aquisição
do touro (BERGMANN, 1993, citado por PIRES, 2010). Segundo Amaral et al.
3
(2003), o custo por concepção de um touro de R$ 1.700,00 servindo 20 fêmeas é
semelhante ao de um touro de R$ 4.000,00 que serve a 40 fêmeas.
Existe necessidade de utilizar touros avaliados pelo exame andrológico, pois
os animais subférteis podem gerar descendentes, e mesmo que esta condição
clínica seja afetada por fatores ambientais esta alteração pode ser de caráter
genético, sendo assim indesejável o uso destes animais.
Segundo Tyagi et al. (2006), citados por (MANDAL et al., 2009), a produção
com qualidade de doses de sêmen congelado de touros mestiços mantidos em
ambiente tropical é um sério problema e cerca de 60% dos touros mestiços (Bos
taurus x Bos indicus) são rejeitados das centrais de coleta de inseminação artificial
na Índia, devido à baixa qualidade ou insatisfatória congelabilidade do seu sêmen.
Quando há problema de infertilidade numa propriedade, três aspectos devem
ser considerados, tais como, problemas no macho, problemas na fêmea e problemas
de manejo, onde o homem e o ambiente exercem um importante papel (PIMENTEL,
2008). Efeitos ambientais são causados por diversos fatores, como temperatura ou
umidade ambiental, fotoperíodo, qualidade dos alimentos ou instalações, sendo
assim a variação ambiental na produção de sêmen não bem compreendida
(MATHEVON et al., 1998).
Os objetivos deste estudo foram avaliar a produção do sêmen de
reprodutores mestiços Bos taurus x Bos indicus, avaliando o potencial reprodutivo
desses touros e verificar quais efeitos influenciam a produção e a qualidade do
sêmen destes reprodutores.
4
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A produtividade dos sistemas de produção de leite em áreas de clima tropical,
quando comparada aos sistemas de clima temperado é caracteristicamente baixa
em todo o mundo. Na tentativa de melhorar a produtividade destes sistemas tem-se
utilizado, em larga escala, o cruzamento entre raças zebuínas (ou nativas
adaptadas), com raças de origem européia especializadas para produção de leite,
onde o principal objetivo deste de cruzamento é utilizar-se da expressão da heterose
e da complementaridade entre estes tipos zootécnicos para a obtenção de animais
mais adaptados e produtivos sob tais condições (FACÓ et al., 2002).
A combinação de raças zebuínas e européias foi responsável pelo o aumento
da produção de leite, maior regularidade de parição e produção mais econômica
desde, aproximadamente, o ano de 1945 (VILLARES et al., 1947).
Devido a uma menor exigência esses animais adaptam-se melhor às
limitações de meio, prevalecendo na maioria das fazendas devido a uma menor
necessidade energética para a mantença e pela maior resistência a doenças,
parasitas e ao stress térmico, podendo assim demonstrar toda a sua capacidade
produtiva, reprodutiva e adaptativa.
6
Visando integrar os esforços que diversos criadores e instituições vinham
realizando, o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de leite (CNPGL) da Embrapa
implantou, em 1977, o projeto Desenvolvimento do Mestiço leiteiro Brasileiro (MLB),
combinando por meio de cruzamento entre raças, as características de produção de
Bos taurus com as características de adaptação do Bos indicus. Este programa
produziu touros avaliados para resistência aos carrapatos e com teste de progênie
para produção e composição do leite e ganho de peso. Alguns desses touros foram
utilizados comercialmente em centrais de inseminação, provando a existência de
demanda no mercado de sêmen de touros tropicais provados, fato que não era
sabido anteriormente (MADALENA, 1992).
2.1. Inseminação Artificial
É de grande importância avaliar a contribuição do touro em relação ao
progresso genético e a fertilidade do rebanho, pois o uso da inseminação artificial é,
de forma geral, pouco usada e a monta natural prevalece sendo que somente cerca
de 9% das fêmeas em idade de reprodução são inseminadas (ASBIA, 2010).
A inseminação artificial é a principal ferramenta utilizada para o melhoramento
genético do gado leiteiro. Através da inseminação artificial podem ser produzidas
filhas de touros superiores nos rebanhos, melhorando as características de
importância econômica (MATHEVON et al., 1998), promovendo o melhoramento
genético rápido e aumentando a lucratividade (BRITO et al., 2002a). Outra vantagem
é a viabilização do cruzamento sem os problemas da monta natural com touros
europeus, mantidos em regiões tropicais (AMARAL et al., 2003).
Os touros de origem européia de produção leiteira encontrados no Brasil são
principalmente das raças Holandesa, Pardo Suíça e Jersey, geneticamente
constituídos para clima temperado. Em clima tropical estes animais sofrem com os
efeitos do meio ambiente, seja pela elevada temperatura, umidade relativa do ar,
presença de ectoparasitas e da redução de pastagens na seca (VALE FILHO, 1997).
Comparando touros Holandeses com touros Curraleiros (raça naturalizada
brasileira) estes se mostraram mais tolerantes aos efeitos da insulação escrotal, com
melhores resultados nas características seminais do que os touros Holandeses.
7
Assim, o uso de raças bovinas adaptadas é uma alternativa promissora em
condições ambientais desfavoráveis, como altas temperaturas ou baixa oferta de
alimentos (PEZZINI et al., 2006).
Devido a estes e a outros fatores, atualmente a raça Girolando é a que mais
cresce na venda de sêmen no Brasil, alcançando mais de 291.000 doses
comercializadas no ano de 2010, com um aumento de 38,12% em relação ao ano de
2009 e de 164,72% em relação ao ano de 2006 (ASBIA, 2010).
A raça Girolando possui grande aceitação no Brasil, sendo que 80% do leite
produzido provêm de animais mestiços, por serem capazes de manter um bom nível
de produção em diferentes sistemas de manejo e de condições climáticas. Outro
dado importante desta raça é o crescente aumento na produção de leite (305 dias)
das vacas primíparas, de 3.657kg no ano de 2000 para 4.144kg em 2010,
representando um aumento de 13,3%, na produção leiteira (SILVA et al., 2011).
2.2. Exame Andrológico
O exame andrológico completo é composto pelo exame clínico geral, exame
específico dos órgãos reprodutivos, mensuração do perímetro escrotal, avaliação do
comportamento sexual, avaliação dos aspectos físicos e morfológicos do sêmen,
(BARBOSA et al., 2007) e pelo exame microbiológico (PIMENTEL, 2008).
Entretanto, para que seja considerado viável e potencialmente fértil é necessário que
o sêmen possua morfologia, atividade metabólica e membranas plasmáticas normais
(ARRUDA et al., 2004).
A qualidade do sêmen reflete a saúde dos túbulos seminíferos, epidídimos e
glândulas acessórias (SINGH, 2006). Os aspectos físicos de um sêmen com alto
poder fecundante, apresenta alta concentração de espermatozóides por ejaculação
(> 10 bilhões), motilidade progressiva acima de 70% e vigor 5, além de um alto
trubilhonamento (VALE FILHO, 1997).
O sêmen com baixo poder fecundante pode ter sua limitação no plasma,
devido à insuficiência de açúcares necessários para a combustão energética dos
espermatozóides, nos aspectos morfológicos, devido a níveis elevados de
8
espermatozóides anormais ou por a uma baixa condição metabólica (VALE FILHO,
1997), sendo resultante da disfunção dos testículos, dos epidídimos ou de origem
genética (SINGH, 2006).
A ocorrência de patologia nos espermatozóides é o primeiro sinal de
alterações degenerativas no epitélio seminífero (SINGH, 2006), geralmente causada
por clima ou trimestres quentes, alta umidade, animais com sobrepeso, baixa
circulação de ar ou alimentação com altas porcentagens de concentrados
(GALLOWAY, 1989). A subfertilidade genética geralmente está relacionada à
hipoplasia testicular (VALE FILHO, 1997).
Para Singh (2006), na degeneração testicular o aparecimento de
espermatozóides anormais é, frequentemente, acompanhado por outros sinais como
a diminuição da concentração e motilidade dos espermatozóides, assim como,
diminuição no tônus e no tamanho dos testículos, indicando perdas na
gametogênese, baixa eficiência nos processos de mitose e meiose (VALE FILHO,
1997).
O uso dos touros depende da obtenção máxima de crescimento testicular, do
equilíbrio da produção de células de esperma, e do desenvolvimento completo do
impulso sexual, além de uma condição física adequada para assegurar o sucesso da
monta (FONSECA, 2000). No entanto, a fertilidade do touro é apenas um dos muitos
fatores que contribuem para o desempenho reprodutivo dos rebanhos.
Na avaliação do potencial da fertilidade dos touros, os testes estabelecidos,
como o exame físico, exame de sêmen e avaliação da libido são usados para
eliminar touros de baixa fertilidade, para estimar a proporção touro/vaca
(PARKINSON, 2004). Além disso, é uma forma de agregar valor ao touro (PINEDA,
1997).
Como a eficiência econômica do sistema de gado de leite está diretamente
ligada ao desempenho reprodutivo do rebanho, o exame andrológico se torna
necessário pois, conforme Menegassi (2010), se trata de uma prática de manejo de
baixo custo que proporciona um aumento da rentabilidade da atividade.
Segundo Menegassi (2010), a realização do exame andrológico dos touros
aumentou a produção de bezerros em 31%, com uma produtividade estimada do
touro durante sua vida útil em 13,8 bezerros. Isso aumentou a receita líquida por
9
vaca e por touro, tendo uma relação benefício/custo de R$35,84. Esse aumento na
receita proporciona um valor adicional que pode ser utilizado na aquisição de novos
touros.
Pineda (1997) e Fonseca et al. (1997), selecionaram touros com alta
fertilidade, avaliados com uma proporção de 60 a 94 vacas, e que foram capazes de
alcançar taxas de até 95% de prenhez dentro de estações de monta que variaram
de 63 a 120 dias. Pode-se gerar uma economia de 18,66% do custo por bezerro
desmamado aumentando a proporção touro vaca de 1:25 para 1:60, demonstrando
assim, a necessidade da avaliação andrológica (FONSECA et al., 1997).
2.3. Efeitos Genéticos
As contribuições dos touros em relação à baixa fertilidade de um rebanho são
frequentemente mal definidas, especialmente as que envolvem genótipos tropicais
mantidos em ambientes quentes (CHENOWETH et al., 1996).
Segundo Koivisto et al. (2009), os animais Bos indicus são conhecidos por
serem mais termotolerantes. Assim, a espermatogênese e a maturação do
espermatozóide no epidídimo são mais afetadas nos touros B. Taurus do que B.
Indicus, sob altas temperaturas ambientais.
Touros B. indicus e seus mestiços possuem um maior fornecimento de
sangue e uma maior capacidade de termorregulação testicular quando comparado
aos touros B. taurus, devido a diferenças morfológicas na vascularização nos
testículos (BRITO et al., 2003).
No entanto estudos tem demonstrado que touros B. Indicus apresentam uma
puberdade atrasada, deficiencias endócrinas, baixa libido, testículos pequenos e
uma menor produção e qualidade seminal quando comparados aos touros B.
Taurus (FIELDS, 1979; GALINA;ARTHUR, 1991; CHENOWETH et al., 1996;
ANCHIETA et al., 2005).
Porém, em ambiente tropical sob as mesmas condições, touros Bos indicus
tiveram uma produção de espermatozóides igual ou superior aos Bos Taurus, sendo
10
a sua melhor adaptação às condições ambientais a responsável para essa
observação (BRITO et al., 2002a).
Nas condições térmicas, pluviométricas e de umidade relativa do ar do
Sudeste brasileiro, os taurinos apresentam uma maior eficiência no processo de
congelação de sêmen do que os zebuínos. Também apresentam, na pré-
congelação, melhores indicadores de avaliação do sêmen, sugerindo pouca
susceptibilidade a efeitos climáticos mais severos do que os observados em climas
temperados (ANCHIETA et al., 2005).
Brito et al. (2002a) verificaram que a produção e a qualidade do sêmen foram
influenciadas pelo genótipo dos animais. Diferenças significativas foram encontradas
nos touros B. indicus, pois estes apresentaram uma concentração espermática maior
e nos touros B. taurus menos espermatozóides com defeitos.
No entanto, Brito et al. (2002b) avaliando o efeito da idade nas
características de produção e qualidade seminal de touros Bos indicus, Bos taurus e
mestiços (Bos indicus x Bos taurus), em três centrais de inseminação artificial no
Brasil, verificaram que não houve efeito significativo de grupo genético sobre a
qualidade do sêmen. Os touros Bos indicus apresentaram maiores resultados
(P<0,01) na concentração e no número de espermatozóides viáveis que os Bos
taurus, com resultados intermediários para os mestiços. No entanto, os touros
mestiços apresentaram uma maior motilidade, mantendo desta forma uma maior
qualidade seminal.
Segundo Mandal et al. (2009) há indicação de uma possível incompatibilidade
genética nos animais mestiços (Bos taurus x Bos indicus), pelo baixo desempenho
reprodutivo, baixa qualidade seminal e alta anomalias morfológicas, quando
comparado aos Bos taurus e Bos indicus puros, sob as mesmas condições
ambientais, e se não for geral, é evidentemente particular nos cruzamentos
Holandes x Sahiwal.
11
2.4. Efeitos Ambientais
Como diferentes resultados são encontrados nos exames andrológicos, a
idade e o período de colheita de sêmen podem afetar a qualidade do sêmen
(características físicas e morfológicas) e a quantidade de doses produzidas por
touros.
Dairra et al. (1997), investigaram a influência da idade de bovinos europeus
sobre a qualidade do sêmen e constataram que a idade do touro afetou
significativamente o volume de sêmen ejaculado, a concentração espermática, as
anormalidades espermáticas e a quantidade de doses por ejaculado.
A idade do touro foi positivamente associada com espermatozóides normais
(P<0,001), e negativamente associada com anormalidades primárias (P<0,001). A
motilidade aumentou e os espermatozóides com anormalidades primárias
diminuíram com o aumento da idade dos touros. Neste estudo, o peso corporal, a
circunferência escrotal e as características de qualidade de sêmen melhoraram com
o aumento da idade do touro (CHENOWETH et al., 1996).
Silva et al. (2009), encontraram similaridades avaliando as características do
sêmen de touros nas duas subespécies com idade intermediária. Entretanto, as
maiores porcentagens de anormalidades totais, nas duas subespécies, foram
observadas nos animais mais jovens (12 a 36 meses) e nos mais velhos (109 e 142
meses).
Informações da idade relacionada às alterações no espermiograma de touros
mestiços (Bos taurus x Bos indicus) são insuficientes e os problemas como a alta
prevalência de anormalidades morfológicas, baixa qualidade e congelabilidade
seminal não foram investigadas extensivamente (MANDAL et al., 2009).
Avaliando touros das raças Nelore, Gir e Holandês, Oliveira et al. (2006),
verificaram que as características físicas e morfológicas do sêmen variam entre as
estações seca e chuvosa e dentro da mesma estação, interferindo na qualidade do
sêmen de touros doadores em central de inseminação artificial e na sua eficiência
para congelação.
12
Brito et al. (2002a), avaliando touros B. indicus e B. taurus, verificaram que a
produção ou a qualidade de sêmen não foram significativamente afetadas pela
temperatura e umidade ambiental ou pela estação na coleta.
Segundo Silva et al. (2009), os resultados de avaliações microscópicas
dependem de diversos fatores, como o meio utilizado para diluir o sêmen, as taxas
de diluição e da sua congelabilidade, além da influência dos fatores climáticos como
as estações do ano e da má nutrição que podem influenciar negativamente o
crescimento testicular e a qualidade do sêmen durante a coleta.
Sendo asim uma melhor compreensão do efeito de fatores como idade do
animal, estação de coleta e freqüência da coleta sobre a produção de sêmen de
touros é importante, e com o conhecimento destes efeitos, pode-se adaptar a gestão
dos touros para melhorar a produção de sêmen (MATHEVON et al., 1998).
2.5. Precocidade Sexual
Segundo Siddiqui et al. (2008), touros jovens devem ser o mais rápido
possível avaliados e descartados caso não apresentem bons resultados. Esta prática
é desejável por identificar touros superiores precocemente e pela seleção de novos
touros com um melhor pedigree em um menor período, além de avançar o
desenvolvimento genético do gado leiteiro através da disseminação rápida e
eficiente de nova genética.
A variabilidade da idade merece uma maior investigação para verificar com
exatidão em que idade a produção normal de esperma é atingida, a fim de usa-lá
como indicador da fertilidade (TORRES-JUNIOR; HENRY, 2005) e de seleção.
A seleção de animais para reprodução visa atualmente não só a qualidade
seminal, mas a precocidade dos reprodutores (OSORIO, 2010). Destacam-se como
indicativos da eficiência reprodutiva dos touros, os relacionados com a puberdade e
a maturidade sexual precoce, por ter reflexos na idade ao primeiro parto das filhas
destes animais (GRESSLER, 2000).
Existe suporte na literatura para se concluir que os fatores hormonais que
promovem o desenvolvimento inicial testicular nos machos são os mesmos que
13
promovem o desenvolvimento inicial ovariano nas fêmeas, e a seleção para a
puberdade precoce em um sexo resultará em associada redução da idade a
puberdade do outro sexo (MACKINNON et al., 1990).
Toelle e Robison (1985), e Gallloway (1989), relataram que touros com maior
circunferência escrotal produziram filhas com maior eficiência reprodutiva. Assim a
seleção para maiores valores de circunferência escrotal em touros resulta em
melhoramento dos índices reprodutivos das fêmeas, filhas desses indivíduos.
A circunferência escrotal, associada às outras medidas que determinam a
fertilidade do touro, como as características físicas e morfológicas do sêmen,
constituem-se em ponto básico para direcionamento dos processos de seleção de
reprodutores e suas descendências (SALVADOR, 2001).
A concentração, a motilidade e o vigor foram negativamente correlacionados
com a idade ao primeiro parto. Assim, a seleção de touros que produzem sêmen de
maior qualidade pode trazer, como resposta correlacionada, menor idade ao primeiro
parto de suas filhas (SANTANA-JUNIOR et al., 2010).
Valentim et al. (2002), avaliando as diferenças entre as médias de
circunferência escrotal de zebuínos e cruzados, demonstraram que o início da
puberdade é mais tardio nos zebuínos do que nos cruzados.
O desenvolvimento sexual de touros B. Indicus e de touros mestiços B.
indicus x B. taurus parece ser atrasado quando comparado ao desenvolvimento dos
touros B. taurus (BRITO et al., 2004).
No entanto, touros das raças Holandesa e Pardo Suíça, mantidos em
ambiente tropical mexicano, apresentaram idade a puberdade maior do que as
verificadas em ambientes temperados (JIMÉNEZ-SEVERIANO, 2002).
Portanto, o manejo, o clima e o fotoperíodo podem contribuir para o atraso no
desenvolvimento sexual em touros mantidos em ambientes tropicais (BRITO et al.,
2004).
A maturidade sexual é altamente influenciada por fatores ambientais, e
quando touros zebuínos são submetidos a um manejo adequado pode–se observar
precocidade semelhante aos touros europeus (PIRES, 2010).
14
Touros mestiços criados em ambientes tropicais e selecionados com base na
circunferência escrotal irão melhorar as características reprodutivas e de
crescimento na progênie, pois o impacto genético de touros superiores é limitado
pelo número de espermatozóides produzidos, o qual é uma função direta do
tamanho testicular (SIDDIQUI et al., 2008).
A seleção para a precocidade sexual em touros B. Indicus e touros mestiços
B. taurus x B. Indicus, pode diminuir os custos de produção, reduzir o intervalo entre
gerações, aumentando o ganho genético e a produtividade (BRITO et al., 2004).
15
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Animais e Dados Climáticos
Este estudo foi realizado com o conjunto de dados coletado no período de
1979 a 1990, referente ao projeto “Desenvolvimento do Mestiço Leiteiro Brasileiro”,
implantado pelo CNPGL - EMBRAPA, devido à necessidade de um gado leiteiro
adaptado as diferentes condições tropicais e de produção do Brasil. Sendo
executado desde 1977, este programa consistia em realizar pesquisas na área de
melhoramento genético, com base no teste de progênie dos melhores tourinhos
mestiços de diferentes rebanhos. Estes reprodutores eram filhos de vacas elite com
maiores valores genéticos para produção, selecionadas pela produção de leite com
base nos controles leiteiros existentes nas fazendas. O grupo genético das vacas
variava entre 1/2 a 3/4 de proporção de genes de raças européias, independente da
composição racial, cor, tipo ou conformação (MADALENA, 1992).
Os dados se referem a 13.092 coletas de sêmen de 156 touros com fração de
genes de Bos taurus variando entre 5/8 e 7/8, nascidos entre os anos de 1968 a
1987. As coletas foram realizadas entre os anos de 1979 a 1990, no laboratório da
Fazenda Canchim, localizada na cidade de São Carlos (Latitude: 21°57'42"(S),
16
Longitude: 47°50'28”(W), Altitude: 860m), sob o registro EP: 00023. BR-0 do
Ministério da Agricultura, para produzir e comercializar sêmen.
O clima local é considerado como tropical de altitude, que, segundo a
classificação de Koeppen, é o Cwa, clima quente com inverno seco, sendo o mês de
janeiro o mais chuvoso, com 274,7 mm em média e, agosto o menos chuvoso, com
22,8 mm. (Tabela 1). A temperatura máxima anual foi de 27,1ºC e a mínima anual de
15,9ºC. A temperatura média anual foi de 21,5ºC, sendo os meses de junho e julho
mais frios (12ºC) e fevereiro o mais quente (28ºC) (CPPSE-EMBRAPA, 2011).
Tabela 1 - Médias de dados climáticos, referentes ao período de 1992 a 2010, na
Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP
Mês UR (%)
Temperatura Máxima (ºC)
Temperatura Mínima (ºC)
Temperatura Média (ºC)
Precipitação (mm)
Janeiro 81,5 28,1 18,7 23,4 274,7
Fevereiro 80,8 28,7 18,7 23,7 224,4
Março 79,0 28,4 18,1 23,3 142,9
Abril 74,6 27,5 16,6 22,1 62,7
Maio 74,3 24,7 13,6 19,2 50,9
Junho 73,4 24,3 12,4 18,4 28,6
Julho 69,2 24,9 12,1 18,5 28,3
Agosto 64,6 26,9 13,1 20,0 22,8
Setembro 67,1 27,5 15,0 21,3 60,2
Outubro 71,2 27,3 15,9 21,7 102,6
Novembro 75,6 28,3 17,3 22,8 144,5
Dezembro 80,4 28,2 18,1 23,2 218,8
Média anual 74,3 27,1 15,8 21,5 1361,6 *
UR = umidade relativa do ar; Fonte: Adaptado de http://www.cppse.embrapa.br/dados-meteorologicos * precipitação acumulada
3.2. Produção e Qualidade do Sêmen
Neste experimento os touros só foram considerados aptos a doar sêmen
quando apresentaram laudos zootécnicos reprodutivos e sanitários adequados, após
a realização de exames de brucelose, tuberculose, tricomonose, campilobacteriose,
17
leptospirose, leucose bovina, febre aftosa, IBR/BVD e língua azul, além do exame
semiológico completo dos órgãos genitais internos e externos.
Os touros permaneceram em baias individuais com 16m² de área coberta e
com acesso a piquete de 60,0 m², contendo cocho para volumoso e sal mineral além
de bebedouro. Os mesmos apresentavam condições corporais adequadas com
alimentação controlada para que o peso não aumentasse excessivamente, sendo
esta baseada em volumoso, principalmente silagem de milho e capim picado.
O sêmen foi obtido em diferentes frequências de coletas, em intervalos
variando de 0 a 30 dias por meio da vagina artificial sendo feita as avaliações físicas
como aspecto, cor, volume, turbilhonamento, motilidade, concentração e morfologia
logo após a coleta. O sêmen que apresentasse 60% de motilidade foi diluído com
uma concentração mínima de 20 milhões de células viáveis por dose, sendo o citrato
de sódio o diluente mais usado. Entretanto, em determinadas épocas, o citrato foi
substituído por lactose, leite ou Tris-gema (Tris-hidroximetil-amino metano, gema de
ovo). Foram congeladas 2.700 doses de sêmen de cada touro, das quais 600 foram
utilizadas no teste de progênie e as 2.100 doses restantes, estocadas na central da
fazenda.
3.3. Análises Estatísticas
Os touros foram agrupados em três grupos genéticos, com fração de genes
de Bos taurus variando entre 5/8, 3/4 e 7/8, com 37, 74 e 45 animais,
respectivamente. As observações foram agrupadas em nove classes de idade à
coleta (cidtc), determinadas da seguinte maneira: cidtc 1 (≤ 660 dias), cidtc 2 (661-
780 dias), cidtc 3 (781-900 dias), cidtc 4 (901-1020 dias), cidtc 5 (1021-1140 dias),
cidtc 6 (1141-1260 dias), cidtc 7 (1261-1500 dias), cidtc 8 (1501-1800 dias) e cidtc 9
(> 1801 dias). As classes trimestrais de coleta (ctric) foram: ctric 1 (dezembro,
janeiro e fevereiro), ctric 2 (março, abril e maio), ctric 3 (junho, julho e agosto), ctric 4
(setembro, outubro e novembro). Os intervalos de dias entre as coletas (cintdiac)
foram agrupados por meio das seguintes classes: cintdiac 0 (sem intervalo), cintdiac
1 (1-7 dias), cintdiac 2 (8-14 dias), cintdiac 3 (15-30 dias) e cintdiac 4 (>30 dias).
18
Conforme Martinez et al. (2000), foi calculado o número total de
espermatozóides (NTZ = vol*concentração) e o número total de espermatozóides
viáveis (NTZV = NTZ*motilidade), assim como as características físicas do sêmen. A
motilidade e a concentração foram transformadas para 100/y , o volume e o NTZV
foram transformados para y , para que a normalidade dos dados fosse obedecida.
As análises de variância foram realizadas para as variáveis volume,
motilidade, concentração e número total de espermatozóides viáveis (NTZV), usando
o PROC MIXED do programa estatístico SAS. O modelo incluiu os efeitos fixos de
grupo genético, idade do touro na coleta, ano de coleta, classe trimestre de coleta,
classe intervalo de dias entre coletas, as interações entre touro e grupo genético e o
efeito aleatório do touro.
As estimativas das correlações entre as variáveis as variáveis volume,
motilidade, concentração e número total de espermatozóides viáveis (NTZV), foram
realizadas utilizando o PROC CORR do programa estatístico SAS.
19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de observações (N), o coeficiente de variação (CV), as médias e o
desvios-padrão (DP) para as características volume (VOL), concentração (CONC),
motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) são
apresentados na Tabela 2.
Os valores encontrados neste estudo, para as características, volume (4,84
mL), concentração (0,93 x109 esptz mL-1 ), motilidade (46,51%) e número total de
espermatozóides viáveis (239,14 x109 esptz mL-1), podem ser considerados como
regular, e provavelmente ocorreram devido a grande variação da idade neste
estudo. Sendo que as médias foram influenciadas pelos valores inferiores das
características seminais dos touros jovens ou dos touros com idade avançada.
As coletas, assim como as avaliações laboratoriais, foram realizadas por
cerca de 11 anos e por diferentes técnicos, aumentando a subjetividade dos valores
encontrados, o que também pode ter influenciado negativamente os resultados.
Estes resultados sugerem uma produção e qualidade seminal regular, no
entanto, se tratam de valores médios. Não podemos esquecer que na avaliação
andrológica, o objetivo é a avaliação individual, e que na comparação entre raças, e
20
até mesmo dentro da mesma raça, os animais apresentam diferentes resultados e
atingem a maturidade sexual em diferentes épocas.
Mesmo apresentando resultados regulares, estes animais seriam
classificados como inaptos temporários (FONSECA, 1997), sendo necessário uma
nova avaliação.
Tabela 2 - Número de observações, o coeficiente de variação, as médias e o
desvios-padrão para as características volume (VOL), concentração
(CONC), motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis
(NTZV), para o sêmen de touros leiteiros mestiços em diferentes coletas
Característica
N
Média
(escala
original)
DP
(escala
original)
CV
(variável na escala
original)
CV
(variável na escala
transformada)
VOL (mL) 12267 4,84 1,59 33,01 16,65
CONC
11238
0,93
0,28
30,32
26,43
(x109 esptz mL-1) MOT 12197 46,51 14,24 30,61 20,70 (%) NTZV 11235 239,14
135,46 56,64 36,24
(x109 esptz mL-1)
A média do volume por ejaculado encontrado neste experimento (4,84 mL)
foi menor que a encontrada em touros zebuínos e taurinos (BRITO et al., 2002a);
em touros da raça Gir leiteiro (MARTINEZ et al., 2000); em touros das raças
Holandesa e Pardo Suíça, mantidos em ambientes tropicais, com idade entre 27 e
63 meses (JIMÉNEZ-SEVERIANO, 2002); porém maior do que o volume
encontrado por Siddiqui et al. (2008), em touros mestiços Holandês x Sahiwal com
17,9 meses de idade; em touros da raça Nelore (FONSECA, 1997). Mandal et al.
(2009), avaliando touros mestiço Holandês x Sahiwal encontrou valores
intermediários, menores nos touros jovens (< 30 meses), e maiores nos touros
adultos (31 a 70 meses).
A concentração média encontrada neste estudo (0,93 x109 esptz mL-1) foi
maior que a verificada em touros das raças Holandesa e Pardo Suíça, mantidos em
ambientes tropicais, com idade entre 27 e 63 meses (JIMÉNEZ-SEVERIANO,
21
2002); em touros da raça Guzerá com idade variando de 12 a 36 meses (OSORIO,
2010); porém menor que a encontrada em touros zebuínos e em touros taurinos
(BRITO et al. 2002a); em touros da raça Gir leiteiro (MARTINEZ et al., 2000); e nos
touros mestiços Holandês x Sahiwal (MANDAL et al., 2009).
A motilidade média antes do congelamento observada neste estudo
(46,51%) foi menor do que a verificada em touros da raça Nelore (FONSECA,
1997); em touros da raça Gir leiteiro (MARTINEZ et al., 2000); em touros zebuínos
e taurinos (BRITO et al., 2002a); em touros mestiços Holandês x Sahiwal (MANDAL
et al., 2009); porém maior que a observada em touros das raças Holandesa e
Pardo Suíça, mantidos em ambientes tropicais, com idade entre 27 e 63 meses
(JIMÉNEZ-SEVERIANO, 2002); e em touros da raça Guzerá com idade variando de
12 a 36 meses (OSORIO, 2010).
O número total de espermatozóides viáveis (NTZV) encontrado neste estudo
(239,14 x109 esptz mL-1), foi menor do que o verificado em touros da raça Gir
leiteiro (MARTINEZ et al., 2000); em touros mestiços Holandês x Sahiwal (MANDAL
et al., 2009); em touros zebuínos e europeus (KOIVISTO et al., 2009); porém maior
que a observada em touros das raças Holandesa e Pardo Suíça, mantidos em
ambientes tropicais, com idade entre 27 e 63 meses (JIMÉNEZ-SEVERIANO,
2002).
Devido aos problemas de fertilidade dos touros europeus mantidos em
regiões tropicais, os resultados encontrados neste estudo, demonstram a
importância dos touros mestiços como uma opção para introduzir material genético
de raças especializadas em ambientes tropicais.
As estimativas das correlações entre as variáveis estudadas (Tabela 3),
embora significativas, foram médias – altas apenas entre NTZV e as demais
variáveis, o que era de se esperar, já que para o cálculo do NTZV são utilizadas as
demais variáveis.
A correlação média entre MOT e CONC, pode ser explicada por serem
variáveis dependentes do metabolismo espermático, logo, ambas se modificam
quando ocorre alteração metabólica, concordando com Folhadela (2006).
A correlação muito baixa entre VOL e CONC, indica que touros mestiços que
produzem maiores volumes no ejaculado apresentam uma menor concentração de
22
espermatozóides por ejaculado, resultado que já era esperado, e está de acordo
com o verificado em touros leiteiros taurinos (DEEN DASS et al., 1998) e zebuínos
(MARTINEZ et al., 2000).
Tabela 3 – Correlação entre as características volume (VOL), concentração (CONC),
motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis (NTZV)
VOL CONC MOT NTZV VOL ------ 0,02 0,25 0,64 0,03 <,0001 <,0001
CONC ------ 0,31 0,50 <,0001 <,0001
MOT ------ 0,65 <,0001
4.1. Grupo Genético
As comparações entre os diferentes grupos genéticos com relação às
características do sêmen (volume, concentração, motilidade e número total de
espermatozóides viáveis) estão apresentadas na Tabela 4.
Tabela 4 - Médias seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade
(MOT), concentração do sêmen (CONC), e número total de
espermatozóides viáveis (NTZV) em função dos grupos genéticos dos
touros
GG N VOL (ml)
MOT (%)
CONC (x109 esptz mL-1)
NTZV (x109 esptz mL-1)
5/8 37 5,4962 ± 0,070 b 50,0137 ± 0,795 a 0,9082 ± 0,012 ª 282,59 ± 5,968 b
3/4 74 5,9461 ± 0,058 ª 47,4863 ± 0,650 b 0,8929 ± 0,011 ª 301,34 ± 5,123 a
7/8 45 5,4889 ± 0,071 b 51,2519 ± 0,796 a 0,9162 ± 0,012 ª 296,85 ± 5,940 ª b
Valores seguidos por letras distintas na mesma coluna diferem estatisticamente entre si (P<0,01)
O grupo genético teve influência significativa sobre o volume do ejaculado, o
NTZV e a motilidade (Tabela 4). Para a concentração espermática o efeito do grupo
genético não foi significativo. Ao contrário do que foi verificado por Brito et al. (2002a),
onde o efeito de grupo genético foi significativamente diferente para concentração e
não para o volume, motilidade e número total de espermatozóides viáveis.
23
Os touros 7/8 apresentaram melhores resultados na concentração e na
motilidade, no entanto, estes resultados não foram significativamente diferentes aos
dos touros 5/8, não havendo também diferença significativa entre os touros 7/8 e 5/8
para o volume e número total de espermatozóides viáveis por ejaculado.
Demonstrando desta maneira, não haver diferença na produção e na qualidade
seminal entre os touros mestiços com maior fração de genes Bos Taurus (7/8), com os
touros de menor fração (5/8).
Os touros 3/4 tiveram um maior volume, sendo significativamente diferente
dos touros 5/8 e 7/8. Também apresentaram um maior número total de
espermatozóides viáveis por ejaculado, havendo diferença significativa apenas com os
touros 5/8. No entanto, os touros 3/4 apresentaram um menor resultado na motilidade
(significativamente diferente dos touros 5/8 e 7/8), e também na concentração (não
havendo diferença significativa com os touros 5/8 e 7/8). Indicando desta maneira uma
maior produção seminal, porém, com uma menor qualidade. Resultado que está de
acordo com a baixa correlação entre VOL e CONC encontrada na Tabela 3.
Asad et al. (2004), estudaram o efeito de sete diferentes grupos genéticos
sobre as características do sêmen (volume, concentração e motilidade), e observou
diferenças significativas (P<0,001), nas características seminais de touros de
diferentes grupos genéticos, do cruzamento entre as raças Sahiwal x Holandesa.
Brito et al. (2002b) avaliando as características de produção e qualidade
seminal de touros Bos indicus, Bos taurus e mestiços (Bos indicus x Bos taurus) em
três centrais de inseminação artificial no Brasil, verificaram que o efeito de grupo
genético não foi significativo para produção e qualidade do sêmen. Os touros Bos
indicus apresentaram um menor volume seminal, entretanto, uma maior concentração,
um maior número total de espermatozóides e um maior número total de
espermatozóides viáveis, do que os touros Bos taurus e que os touros mestiços. Os
touros mestiços apresentaram uma maior motilidade, seguido pelos touros Bos indicus
e dos touros Bos taurus, mantendo desta forma, uma produção de sêmen
intermediária, porém com uma maior qualidade.
Diferentemente do que foi verificado por Mathew et al. (1982), citado por
Mandal et al. (2009), onde verificaram uma menor qualidade seminal nos touros
mestiços Pardo Suíço x Zebu do que nos touros da raça Pardo Suíça mantidos sob
um mesmo manejo e em condições climáticas tropicais na Índia, 28,3% dos touros da
24
raça Pardo Suíça foram rejeitados devido à baixa qualidade e desempenho sexual,
enquanto nos touros mestiços a taxa foi de 63.9%, 73.8% e 76.9% nos touros 3/4, 5/8
e 1/2 Pardo Suíço, respectivamente.
4.2. Idade do Touro
O efeito da classe de idade do touro na coleta (CIDTC) foi significativo
(P<0,0001) para o volume, concentração, motilidade e NTZV (Tabela 5).
Tabela 5 - Média seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT),
concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides
viáveis (NTZV) em função das classes de idade do touro na coleta de
sêmen (CIDTC)
CIDTC VOL MOT CONC NTZV (mL) (%) (x109 esptz mL-1) (x109 esptz mL-1)
1 (≤22 meses) 4,3860 ± 0,102 a 36,6003 ± 1,134 a 0,7379 ± 0,018 ª 178,07 ± 8,414 ª
2 (22 -26 meses) 4,8910 ± 0,093 b 43,1005 ± 1,016 b 0,8504 ± 0,017 b 234,73 ± 7,950 b
3 (26 - 30 meses) 5,3066 ± 0,087 c 48,9034 ± 0,948 c 0,9093 ± 0,015 c 273,03 ± 7,344 c
4 (30 -34 meses) 5,6216 ± 0,086 d 51,2855 ± 0,938 d 0,9400 ± 0,015 d 302,79 ± 7,245 d
5 (34 - 38 meses) 5,9318 ± 0,088 e 53,4034 ± 0,946 d e 0,9346 ± 0,015 c d 323,75 ± 7,356 ef
6 (38 - 42 meses) 6,0871 ± 0,091 ef 53,1295 ± 0,978 d e 0,9411 ± 0,016 d 325,92 ± 7,547 ef
7 (42 - 50 meses) 6,0882 ± 0,072 ef 52,2714 ± 1,011 d e 0,9385 ± 0,016 c d 320,62 ± 7,753 e
8 (50 - 60 meses) 6,1720 ± 0,104 ef 54,5990 ± 1,154 e 0,9557 ± 0,018 d 343,93 ± 8,659 f
9 (> 60 meses) 6,3093 ± 0,103 f 52,9627 ± 1,160 d e 0,9445 ± 0,018 d 339,51 ± 8,576 ef
Valores seguidos por letras distintas na mesma coluna diferem estatisticamente entre si (P<0,05)
Resultados semelhantes foram encontrados por Dairra et al. (1997), que
avaliaram a influência da idade de touros da raça Holandesa sobre a qualidade do
sêmen, verificaram que a idade influenciou significativamente o volume, a
concentração, o número de doses e anormalidades. E por Asad et al. (2004),
estudaram o efeito da idade em touros (divididos em três grupos, de 4 a 6, 6 a 9 e 9
a 12 anos) sobre as características do sêmen em sete diferentes grupos genéticos.
Os autores verificaram que o volume, a concentração e a motilidade, foram
significativamente diferentes (P<0,001), para as diferentes classes de idade.
25
No entanto, Brito et al. (2002b) avaliaram o efeito da idade nas características
de produção e qualidade seminal de touros Bos indicus, Bos taurus e mestiços em
três centrais de inseminação. Os autores verificaram que o volume (mL) e o número
total de espermatozóides viáveis (NTZV), aumentaram com a idade (P<0,05), porém
não houve efeito significativo da idade na concentração e na motilidade.
Neste estudo, o volume aumentou com o aumento da idade e a partir da
CIDTC 5 (34 - 38 meses), a diferença entre as idades deixou de ser significativa, o
que também ocorreu com o NTZV. A concentração aumentou com o aumento da
idade e, a partir da CIDTC 4 (30 - 34 meses), as diferenças deixaram de ser
significativas. Esse comportamento também ocorreu com a motilidade, com exceção
da diferença entre as CIDTC 4 e 8, onde a CIDTC 8 (50 - 60 meses), apresentou a
maior motilidade.
Como as diferenças encontradas para motilidade e concentração seminal
deixaram de ser significativas a partir dos 30 meses, ou seja, CIDTC 4 (30 - 34
meses), e as diferenças encontradas para volume e número total de
espermatozóides viáveis (NTZV), deixaram de ser significativas a partir dos 34
meses, ou seja, CIDTC 5 (34 - 38 meses), estes resultados sugerem, que esses
touros tenham atingido a maturidade sexual a partir dos 34 meses idade.
Fato que não pode ser desconsiderado, é que na maioria dos trabalhos, a
maturidade sexual é determinada pela porcentagem de defeitos morfológicos dos
espermatozóides ejaculados. Ou seja, diz-se que um touro atingiu a maturidade
sexual quando além de boa motilidade e concentração espermática no ejaculado,
ele tenha até no máximo 15% de defeitos maiores e não mais de 24% de menores
nos espermatozóides ejaculados, e com no máximo 30% de defeitos totais (VALE
FILHO, 1997).
Neste estudo, somente as características físicas do sêmen foram avaliadas, e
foi determinada a maturidade sexual quando as diferenças entre as idades deixaram
de ser significativas, mas, analisando outros trabalhos a maturidade sexual de touros
mestiços se mostra diferente.
A maturidade sexual em touros das raças Holandesa, Gir e seus mestiços
ocorreu aos 16,5±0,9, 20,3±2,1 e >19,0 meses, respectivamente (FRENEAU, 1992,
e GUIMARÃES, 1993, citados por VALE FILHO, 1997). Estudos definiram a
26
maturidade sexual das raças Holandesa e Mestiços F1 (Holandês – Gir e Nelore)
aos 18 meses (FRENEAU, 2011), aos 19 – 22,9 meses em touros Gir (SILVA et al.,
2007); uma maior proporção de animais aptos à reprodução ocorreu após 24 meses
de idade (FOLHADELA et al., 2006), aos 19 – 18 meses em touros Gir e Guzerá
(SCHMIDT-HEBEL et al., 2000); e aos 24 meses em touros guzerá (PACHECO et
al., 2007).
Neste estudo, a única característica qualitativa seminal avaliada foi a
motilidade, sendo inclusive utilizada como critério para diluição e preparação das
doses, onde o sêmen que apresentasse 60% de motilidade foi diluído com uma
concentração mínima de 20 milhões de células viáveis por dose.
Testes de motilidade, morfologia e metabolismo seminal estão relacionados à
fertilidade do sêmen. A avaliação da motilidade espermática é o teste mais
amplamente utilizado, para avaliar a qualidade do sêmen, pois pode ser feito
rapidamente, além da porcentagem de espermatozóides móveis estar relacionada à
fertilidade (FOOTE, 2003); (ASAD et al., 2004).
O plasma seminal bioquimicamente alterado, poderá apresentar alta
concentração de espermatozóides no ejaculado com baixa patologia morfológica, no
entanto, com motilidade também baixa (VALE FILHO, 1997).
Visando realizar uma avaliação mais justa, a motilidade do sêmen, em
porcentagem observada nas diferentes classes de idades na coleta de sêmen, em
diferentes categorias, de acordo com a composição genética está apresentada na
Tabela 6.
Foram considerados como muito bom, os resultados que apresentassem uma
motilidade maior que 60% (categoria 1), e bons resultados aqueles que
apresentassem uma motilidade entre 30 a 50% (categorias 2, 3 e 4), segundo
(FONSECA, 1997).
Os resultados encontrados na Tabela 5 sugerem que a partir dos 34 meses
de idade, os touros tenham atingido a maturidade sexual, mas ao se analisar a idade
com que estes animais se tornam aptos à reprodução e com bons índices
reprodutivos, (Tabela 6), pode-se verificar que 43,4% dos touros produziram sêmen
com mais de 60% de motilidade com menos de 22 meses de idade, demonstrando
27
uma produção seminal com qualidade e uma boa precocidade sexual, inclusive, esta
idade pode ser utilizada como critério de seleção em touros mestiços.
Tabela 6 - Frequência observada para a motilidade do sêmen nas diferentes
classes de idades na coleta de sêmen de touros mestiços B.taurus x
B.indicus Idade Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4
(meses) Geral 5/8 3/4 7/8 Geral 5/8 3/4 7/8 Geral 5/8 3/4 7/8 Geral 5/8 3/4 7/8
≤ 22 43,4 27,7 42,4 48,2 11,3 13,8 11,2 10,9 19,4 13,8 21,0 18,6 25,8 44,4 25,2 22,1
23 – 36 60,8 57,8 57,1 67,5 7,1 7,6 8,1 5,6 17,3 19,3 18,6 14,4 14,6 15,2 16,1 12,3
37 – 48 69,9 69,1 66,7 75,9 8,6 6,8 11,7 6,3 9,9 9,5 10,6 9,3 11,4 14,4 10,8 8,3
49 – 60 71,1 69,4 74,0 69,4 7,0 6,5 7,0 6,5 13,9 16,8 9,8 16,8 7,8 7,1 9,0 7,1
> 60 67,2 69,4 64,4 71,4 8,2 10,3 5,1 17,1 14,7 10,7 20,2 2,8 9,7 9,5 10,1 8,5
Categoria 1: motilidade ≥ 60%, Categoria 2: motilidade = 50%, Categoria 3: motilidade = 40%, Categoria 4: motilidade = 30%
Valores de motilidade espermática aceitáveis são atingidos após a
puberdade, na faixa de idade de 9 aos 12 meses de idade em Bos taurus taurus e,
aos 20 a 25 meses, em Bos taurus indicus de várias raças (OSORIO, 2010).
Fonseca et al. (1997), que avaliaram as qualidades físicas e morfológicas de
2.474 touros zebus de diferentes idades, verificaram que a motilidade foi maior na
faixa etária de 18 a 24 meses (64,15%), não significativamente diferente (P<0,01),
das faixas etárias de 24-36 meses (59,95%), 36-48 meses (59,30%), 48-60 meses
(63,85%) e ≥60 meses (60,34%), porém significativamente diferente da faixa etária
12-18 (42,22%). Demonstrando que os touros zebus atingem a maturidade sexual
mais precocemente que os touros mestiços avaliados neste estudo.
Os touros 7/8 foram mais precoces e os 5/8 menos. Aos 22 meses de idade
48,2% dos touros 7/8 produziram sêmen com mais de 60% de motilidade, enquanto
somente 27,7% dos touros 5/8 atingiram esta produção.
Os touros 3/4 mantiveram uma precocidade sexual intermediária. Aos 22
meses de idade 42,4% dos touros 3/4 produziram sêmen com mais de 60% de
motilidade, obtendo inclusive, uma maior porcentagem em relação aos touros 7/8
na faixa etária dos 49 aos 60 meses.
28
Estes resultados foram encontrados, provavelmente devido ao grau de
sangue da raça holandesa, onde touros mestiços com maior fração de genes Bos
Taurus (7/8 e 3/4), se mostraram sexualmente mais precoces.
A porcentagem de touros em relação ao potencial reprodutivo aumentou de
acordo com a idade, sendo que de forma geral, esses touros atingiram uma
produção seminal com mais de 60% de motilidade entre 37 e 48 meses,
concordando com a maturidade sexual sugerida pela Tabela 5.
Com menos de 22 meses de idade também foram encontrados os maiores
valores para as correlações entre todas as variáveis (Tabela 7).
Tabela 7 – Correlação entre as características volume (VOL), concentração (CONC),
motilidade (MOT) e número total de espermatozóides viáveis (NTZV) VOL CONC MOT NTZV
CIDTC 1 VOL ------ 0,09 0,20 0,57
(≤22 meses) CONC ------ 0,56 0,57
MOT ------ 0,77
CIDTC 2 VOL ------ 0,06 0,20 0,57
(22 -26 meses) CONC ------ 0,46 0,53
MOT ------ 0,73
CIDTC 3 VOL ------ 0,00 0,21 0,62
(26 - 30 meses) CONC ------ 0,28 0,48
MOT ------ 0,67
CIDTC 4 VOL ------ 0,02 0,20 0,68
(30 -34 meses) CONC ------ 0,21 0,41
MOT ------ 0,68
CIDTC 5 VOL ------ -0,03 0,17 0,58
(34 - 38 meses) CONC ------ 0,14 0,54
MOT ------ 0,61
CIDTC 6 VOL ------ -0,12 0,11 0,56
(38 - 42 meses) CONC ------ 0,06 0,50
MOT ------ 0,56
CIDTC 7 VOL ------ -0,09 0,09 0,59
(42 - 50 meses) CONC ------ 0,14 0,52
MOT ------ 0,56
CIDTC 8 VOL ------ -0,10 0,19 0,58
(50 - 60 meses) CONC ------ 0,20 0,59
MOT ------ 0,47
CIDTC 9 VOL ------ -0,08 0,19 0,65
(> 60 meses) CONC ------ 0,23 0,46
MOT ------ 0,52
29
No entanto, as correlações médias – altas foram encontradas entre MOT e
CONC e entre NTZV com VOL, CONC e MOT.
A baixa correlação entre VOL e MOT e a muito baixa entre VOL e CONC,
indica que touros mestiços que produzem maiores volumes no ejaculado
apresentam uma menor concentração e motilidade por ejaculado, ou seja, maior
produção menor qualidade.
De forma geral, ocorreu uma diminuição dos valores das correlações entre
as variáveis VOL x CONC, VOL x MOT e MOT x CONC com o aumento da idade
dos touros.
Segundo Taylor et al. (1985); Almquist e Amann, (1976), citados por
Mathevon et al. (1998), touros maduros apresentam maiores volumes seminais.
Porém a concentração e a motilidade diferem significativamente com a idade do
touro, tendo a tendência de aumentar somente até os 22 meses de idade,
concordando com os valores encontrados neste estudo.
Fato que não ocorreu apenas entre NTZV e as demais variáveis, o que era
de se esperar, já que para o cálculo do NTZV são utilizadas as demais variáveis.
Os resultados para as correlações entre NTZV e VOL e entre NTZV e MOT
encontrados neste estudo, estão e acordo com as verificadas em touros leiteiros
taurinos (DEEN DASS et al., 1998); e zebuínos (MARTINEZ et al., 2000).
4.3. Época de Coleta
As comparações do efeito das diferentes classes de época de coleta de
sêmen sobre as características do sêmen (VOL, MOT, COM e NTZV) estão
apresentadas na Tabela 8.
O efeito do trimestre de coleta foi significativo sobre o volume e sobre NTZV,
no entanto, não foi significativo sobre a concentração e a motilidade. Isto pode ter
ocorrido devido a pouca variação das condições climáticas como, umidade relativa
do ar e temperatura ambiental da região em que as coletas foram realizadas (Tabela
1).
30
Tabela 8 - Média seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT),
concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides
viáveis (NTZV) em função da época de coleta do sêmen Trimestre
VOL
(mL)
MOT
(%)
CONC
(x109 esptz mL-1)
NTZV
(x109 esptz mL-1)
1 (dez, jan e fev) 5,8405 ± 0,076 a 50,540 ± 0,810 a 0,9238 ± 0,014 a 309,15 ± 6,658 a
2 (março, abril e maio) 5,5529 ± 0,067 b 48,509 ± 0,720 b 0,9081 ± 0,012 ab 283,64 ± 5,798 b
3 (junho, julho e agosto) 5,4623 ± 0,063 b 49,228 ± 0,680 ab 0,8949 ± 0,011 b 278,87 ± 5,513 b
4 (set, out e nov) 5,7193 ± 0,064 a 50,057 ± 0,693 ab 0,8960 ± 0,011 b 302,71 ± 5,519 a
Valores seguidos por letras distintas na mesma coluna diferem significativamente entre si (P<0,05)
O trimestre 1 (dezembro, janeiro e fevereiro) e o 4 (setembro, outubro e
novembro) foram os que apresentaram maior produção e maior qualidade de sêmen
mesmo sendo meses mais quentes, com maior umidade e em períodos chuvosos.
Provavelmente em razão do período das águas favorecer o crescimento da
pastagem, melhorando o aporte forrageiro aos animais. No entanto, estes resultados
não estão de acordo com a maioria dos trabalhos realizados em ambientes tropicais.
Umidade excessiva durante uma época específica pode reduzir a produção
de sêmen (MATHEVON et al., 1998), o que também foi observado por Fields et al.
(1979), onde a produção e a qualidade do sêmen dos touros taurinos e seus
mestiços mantidos em ambiente tropical diminuiu nas estações mais quentes e
úmidas.
Avaliando touros em centrais de inseminação artificial, Anchieta et al. (2005)
verificaram que tanto os touros de raças zebuínas quanto os de raças taurinas
tiveram mais ejaculados congelados na estação seca do que na estação chuvosa, o
que também foi verificado por Silva et al. (2009), que constataram que o sêmen
obtido nos meses mais úmidos apresentou menor qualidade.
Altas temperaturas nos períodos anteriores a coleta, afetaram
significativamente todas as características seminais nos touros jovens, no entanto,
não influenciaram o volume e a motilidade nos touros adultos (MATHEVON et al.,
1998).
Segundo Koivisto et al. (2009), as características seminais variaram durante o
ano entre os touros B. indicus e B. taurus. Com exceção do volume do ejaculado, os
31
touros zebuínos não foram afetados pela estação de coleta e apresentaram maiores
valores na concentração e motilidade espermática comparados com os touros
europeus. Neste estudo os zebuínos apresentaram uma maior motilidade durante o
verão indicando uma maior resistência, que ficou comprovada, pois nos touros
taurinos a motilidade diminuiu significativamente nos meses de verão 51,1%
(Janeiro, Fevereiro, Março) e outono 53,7% (Abril, Maio e Junho), comparando com
os meses de inverno 58,5% (Julho, Agosto e Setembro) e primavera 56,7%
(Outubro, Novembro e Dezembro).
Brito et al. (2002a), não verificaram efeito significativo de umidade,
temperatura ambiental e de estação na produção e qualidade do sêmen. Oliveira et
al. (2006), obtiveram resultados mostrando uma possível maior influência da estação
nos aspectos morfológicos do que nos físicos.
Os valores das médias anuais encontrados na Tabela 1, temperatura média
de 21,5 ºC e umidade relativa do ar de 74,3%, e os resultados encontrados neste
estudo, sugerem que, para a cidade de São Carlos, qualquer época do ano seria
indicada para coleta de sêmen.
4.4. Ano de Coleta
O efeito de ano da coleta foi significativo sobre o volume, a motilidade, a
concentração e no número total de espermatozóides viáveis (Figura 1).
No intervalo entre os anos de 1979 a 1980, houve um aumento em todas as
variáveis analisadas, que se manteve até o ano de 1983, com exceção da motilidade
e NTZV, onde os valores dessas características diminuíram entre os anos de 1980 a
1983.
Em geral, entre os anos de 1983 a 1986, houve um aumento em todas as
variáveis analisadas, com exceção da concentração do ejaculado. Este aumento foi
seguido por uma oscilação em todas as variáveis analisadas até 1988. Entre os
anos de 1988 a 1989, ocorreu uma diminuição nos valores, seguido por um aumento
no ano de 1990, em todas as variáveis analisadas.
32
3,54
4,55
5,56
6,57
7,5
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
30
35
40
45
50
55
60
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
a) Volume da produção de sêmen em função
do ano da coleta
b) Motilidade espermática em função do ano da coleta
0,7
0,75
0,8
0,85
0,9
0,95
1
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
200,00220,00240,00260,00280,00300,00320,00340,00360,00380,00400,00
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
c) Concentração espermática em função do ano
da coleta d) Número total de espermatozóides viáveis
em função do ano da coleta
Figura 1: Volume da produção do sêmen (a), motilidade (b) e concentração
espermática (c) e número total de espermatozóides viáveis (d), em função do ano da
coleta de sêmen.
Os intervalos entre os diferentes anos de coleta, podem ter interferido nos
resultados das avaliações andrológicas, devido a diferenças entre os anos, no
manejo nutricional, na pastagem ou silagem, nas coletas e avaliações laboratoriais
(por terem sido realizadas por cerca de 11 anos e por diferentes técnicos), ou
também por diferenças climáticas bruscas entre os anos.
4.5. Intervalo de Dias entre Coletas
As comparações do efeito das classes de intervalo de dias entre as coletas
sobre as características do sêmen (VOL, MOT, COM e NTZV) estão apresentadas
0,07
0,075
0,08
0,085
0,09
0,095
0,1
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
33
na Tabela 9.
Tabela 9 – Médias estimadas, seguidas pelos erros-padrão para volume (VOL), motilidade (MOT), concentração (CONC) do sêmen e número total de espermatozóides viáveis (NTZV), em função do intervalo entre coletas do sêmen, para touros mestiços leiteiros
Classes de intervalo de dias entre as coletas
VOL (mL)
MOT (%)
CONC (x109 esptz mL-1)
NTZV (x109 esptz mL-1)
0 (sem intervalo) 5,1129 ± 0,052 a 48,393 ± 0,570 a 0,8488 ± 0,010 a 254,27 ± 4,770 a
1 (1-7 dias) 5,4324 ± 0,050 b 51,537 ± 0,552 b 0,9397 ± 0,009 b 301,45 ± 4,396 b
2 (8-14 dias) 5,7566 ± 0,065 c 50,419 ± 0,657 c 0,9340 ± 0,012 bc 309,81 ± 5,802 b
3 (15-30 dias) 5,7612 ± 0,097 c 48,920 ± 0,903 ac 0,8893 ± 0,019 c 300,35 ± 9,195 b
4 (>30 dias) 6,1557 ± 0,096 d 48,649 ± 0,902 ac 0,9170 ± 0,018 bc 302,09 ± 8,961 b
Valores seguidos por letras distintas na mesma coluna diferem entre si (P<0,05)
O efeito do intervalo entre coleta foi significativo sobre o volume,
concentração, motilidade e NTZV. A classe 0, ou seja, duas coletas diárias,
apresentou os piores resultados em todas as características avaliadas.
Ejaculações frequentes não resultam somente em um baixo volume, mas
afetam também a qualidade do sêmen, e quando são feitas duas ejaculações
consecutivas no mesmo dia, a segunda usualmente apresenta um menor volume e
qualidade (ASAD et al., 2004).
Somente o volume aumentou com o aumento no intervalo entre as coletas. A
classe 4 (intervalo >30 dias) apresentou a maior média do volume seminal e foi
significativamente diferente das outras classes. As diferenças entre todas as classes
foram significativas com exceção das classes 2 (intervalo de 8 a 14 dias) e 3
(intervalo de 15 a 30 dias).
Na concentração a classe 1 (intervalo de 1 a 7 dias) também apresentou a
maior média, porém sem diferença significativa com as classes 2 (intervalo de 8 a 14
dias) e 4 (intervalo >30 dias).
Diferentemente que o verificado por Mathevon et al. (1998), onde a duração
do intervalo entre coletas afetou significativamente as características seminais de
touros jovens e maduros, e para ambas as categorias, o volume e a concentração
de espermatozóides em uma ejaculação foram maiores, geralmente, usando um
intervalo de 4 a 7 dias nos touros jovens e, de 5 dias para os touros maduros.
34
Na motilidade a classe 1 (intervalo de 1 a 7 dias) apresentou o maior
resultado sendo significativamente diferente das outras classes. O número total de
espermatozóides viáveis foi maior na classe 2 porém sem ser significativamente
diferente das classes 1, 3 e 4.
Como o objetivo principal das centrais de coleta de sêmen, é maximizar a
produção de espermatozóides móveis, por unidade de tempo, afim de determinar
qual intervalo produz mais espermatozóides por mês (MATHEVON et al., 1998).
Neste estudo, o menor intervalo entre coletas, classe 1, produziu ejaculados
com uma maior motilidade, maior concentração e um maior número total de
espermatozóides viáveis por ejaculado, sendo assim o mais indicado para touros
mestiços.
35
5. CONCLUSÃO
Este estudo sugere que a avaliação e a seleção andrológica em touros
mestiços devem iniciar antes dos 22 meses de idade, diminuindo os custos de
produção, reduzindo o intervalo entre gerações, aumentando o ganho genético e a
produtividade. Os touros 7/8 foram mais precoces, os 3/4 mantiveram uma
precocidade sexual intermediária e os 5/8 menos precoces. Estes touros
apresentaram maior produção de sêmen nos meses mais quentes e em períodos
chuvosos, demonstrando desta maneira, uma boa capacidade adaptativa em
ambientes tropicais. Os touros 7/8 e 5/8 apresentaram uma maior qualidade
seminal, no entanto, os touros 3/4 uma maior produção. Os resultados encontrados
neste estudo demonstram a importância e a capacidade dos touros mestiços, como
uma opção para introduzir material genético de raças especializadas em ambientes
tropicais.
36
37
6. REFERÊNCIAS
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