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i
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido
PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO A BASE DE CASCA DO FRUTO DE
CUPUAÇUZEIRO E SUA UTILIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE
TUCUMÃZEIRO
LUZIA CORRÊA DIAS
MANAUS, AMAZONAS
AGOSTO, 2012
ii
LUZIA CORRÊA DIAS
PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO A BASE DE CASCA DO FRUTO DE
CUPUAÇUZEIRO E SUA UTILIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DE MUDAS DE
TUCUMÃZEIRO
Orientador: Dr. Sidney Alberto do Nascimento Ferreira
Coorientadora: Dra. Sônia Sena Alfaia
MANAUS, AMAZONAS
AGOSTO, 2012
Dissertação apresentada ao Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Agricultura no Trópico Úmido.
iii
D541 Dias, Luzia Corrêa
Produção de composto orgânico a base de casca do fruto de cupuaçuzeiro e sua
utilização na formação de mudas de tucumãzeiro / Luzia Corrêa Dias. --- Manaus :
[s.n.], 2012.
viii, 51 f. : il.
Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2012.
Orientador : Sidney Alberto do Nascimento Ferreira
Coorientadora : Sonia Sena Alfaia
Área de Concentração : Ciências Biológicas, Agrárias e Humanas
1. Substratos de casca de cupuaçu – Produção. 2. Substratos de casca de cupuaçu
– Uso. 2. Compostagem. 3. Mesofauna. 4. Mudas de tucumã – Crescimento. 5.
Mudas de tucumã – Estado nutricional. I. Título.
CDD 19. ed. 634.6
Sinopse:
Em dois ensaios, estudou-se a produção e uso de composto orgânico a base
da casca do fruto de cupuaçu, associada a cinco matérias orgânicas, como fontes
adicionais de nitrogênio. No primeiro, avaliaram-se as características físicas,
químicas e nutricionais dos compostos produzidos, além da fauna de invertebrados
presentes. No outro, analisou-se o crescimento e estado nutricional de mudas de
tucumã, produzidas utilizando os compostos orgânicos gerados no primeiro ensaio.
Palavras-chave: Compostagem, nutrientes, mesofauna, palmeira, calagem.
iv
DEDICATÓRIA A Deus ser supremo no qual eu acredito,
a minha querida mãe Maria Corrêa da
Silva, e a José Simionato (in memorian).
v
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em agricultura no trópico Úmido do INPA, pela
oportunidade de realizar esse trabalho.
Ao Prof. Dr. Sidney Alberto do Nascimento Ferreira pela orientação, paciência,
ensinamentos e grande ajuda sempre!
A Profa. Dra. Sonia Sena Alfaia pela co-orientação, contribuição e ajuda com as
análises químicas laboratoriais.
A Profa. Dra. Elisiana Pereira de Oliveira pelos ensinamentos transmitidos.
A Dra. Patrícia Nazário e Dra. Suely Costa, pelo auxílio nas análises estatísticas,
avaliações dos experimentos e pelas sugestões.
Ao Sr. Walderico, pela amizade e por ter sido o meu braço forte na quebra dos
endocarpos e no viveiro.
A Dra. Beth Chilson do Laboratório de Entomologia INPA e Dr. Jeferson Mineiro do
Instituto Biológico de São Paulo pela à ajuda na identificação do ácaro fitófago ocorrido no
experimento.
Aos laboratoristas e demais funcionários do Laboratório Temático de Solos e plantas e
Laboratório de pedobiologia II, do INPA.
Ao técnico do Laboratório de Fitopatologia do INPA, Luiz Assis, pela identificação
dos fungos.
Ao corpo docente do Curso de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido
(ATU), pelas grandes aulas e os ensinamentos transmitidos.
Ao coordenador do curso ATU, Dr. Rogério Hanada, pelo incentivo e dedicação para a
melhoria do nosso curso.
vi
RESUMO
Este trabalho objetivou avaliar a compostagem da casca do fruto de cupuaçu
(Theobroma grandiflorum), associada com outras matérias orgânicas [esterco bovino, cama
de aviário, esterco ovino, ramos de gliricidia (Gliricidia sepium) e ramos de ingá-cipó (Inga
edulis)], e a utilização deste composto na formulação de substrato para formação de mudas de
tucumã (Astrocaryum aculeatum). O estudo foi desenvolvido em dois ensaios. O primeiro
adotou o delineamento inteiramente casualizado, constituído de 5 tratamentos, com 4
repetições. Os tratamentos resultaram da mistura da casca de fruto de cupuaçu triturada com
cada uma das outras cinco matérias orgânicas, na proporção de 3:1 (v:v), respectivamente.
Durante a compostagem, a temperatura, o pH e a umidade apresentaram comportamentos
evolutivos semelhantes. As associações da casca de cupuaçu com esterco bovino e com ramos
de ingá-cipó apresentaram as mais altas relações iniciais carbono/nitrogênio. Ramos de ingá-
cipó e esterco bovino, adicionados à casca de cupuaçu, proporcionaram os maiores
rendimentos, em massa e volume, de compostos produzidos. Cama de aviário, seguida do
esterco bovino e, depois, esterco ovino, adicionados à casca de cupuaçu, proporcionaram os
compostos orgânicos com os níveis de nutrientes mais elevados. As subclasses Acari e
Colembolla foram os animais da mesofauna em maior quantidade na fase inicial da
compostagem das diferentes misturas, enquanto a classe Insecta apresentou maior
diversidade, tanto no início quanto no final do processo. No segundo experimento, avaliou-se
o crescimento de mudas de tucumã utilizando compostos orgânicos produzidos à base de
casca do fruto de cupuaçu, associada com outras matérias orgânicas, sem e com aplicação de
calcário dolomítico. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 5 (substratos) x 2 (aplicação de calcário), mais 2 tratamentos adicionais
(testemunhas - terriço sem e com calcário), com quatro repetições. Os substratos,
acondicionados em tubetes de 300 cm3, foram formulados utilizando a relação de 3:1 (v:v)
entre terriço e diferentes compostos orgânicos a base de casca de frutos de cupuaçu (os
mesmos produzidos no experimento acima). Nos tratamentos com calcário, aplicou-se a base
de 2 kg de calcário dolomítico por metro cúbico de substrato. Os diferentes substratos,
contendo compostos orgânicos produzidos a base de casca de frutos de cupuaçu, independente
da matéria orgânica associada, ou da aplicação de calcário dolomítico, favoreceram o
crescimento de mudas de tucumãzeiro. Os mesmos permitiram uma maior disponibilidade de
N, P e K nas folhas de tucumãzeiro, ao mesmo tempo em que reduziram os níveis de Ca e
Mg, com destaque para o composto contendo cama de aviário que superou os demais em
relação P, K, Ca e Mg. A aplicação do calcário dolamítico, nos diferentes substratos, contendo
os diferentes compostos orgânicos, permitiu uma maior disponibilidade N e Mg nas folhas de
tucumãzeiro, e situação inversa em relação ao K.
Palavras-chave: Compostagem, nutrientes, mesofauna, palmeira, calagem.
vii
ABSTRACT
This study evaluated the composting of cupuaçu fruit rinds (Theobroma
grandiflorum), combined with other organic materials [cattle manure, poultry manure, sheep
manure, branches of gliricidia (Gliricidia sepium) and branches of vine-inga (Inga edulis)],
and use of this compound in the formulation of substrate for formation of tucuman seedlings
(Astrocaryum aculeatum). The study was conducted in two trials. The first adopted a
completely randomized design, consisting of five treatments with four replications. The
treatments consisted of mixing the cupuaçu fruit peel triturated with each of the five other
organic materials in a 3:1 (v: v), respectively. During composting, the temperature, pH and
moisture had similar evolutionary behaviors. The combinations of cupuaçu bark with manure
and with branches of vine-inga had the highest initial carbon / nitrogen relationships. Inga-
vine branches and cow manure, added to the cupuaçu shell had the highest yield, mass and
volume of compounds produced. Poultry litter, cattle manure, and then, sheep manure, added
to the cupuaçu shell, provided the organic compounds with the highest levels of nutrients. The
Insect class showed greater diversity, in both the beginning and end of the process. The
subclass Acari and Colembolla mesofauna were observed in greater quantity in the initial
phase of the composting of different blends. The second experiment evaluated the growth of
seedlings of tucumã produced using organic compounds based on the cupuaçu fruit skin
combined with other organic materials, with and without application of dolomitic limestone.
The experimental design was completely randomized in factorial scheme 5 (substrates) x 2
(liming), plus two additional treatments (control - no humus and limestone), with four
replications. The substrates, packed in tubes of 300 cm 3 were formulated using 3:1 (v: v) and
humus from different organic compounds to cupuassu fruit shell base (produced in the same
experiment above). The treatments of lime were applied to the base in the ratio of 2 kg of
lime per cubic meter of substrate. Different substrates containing organic compounds
produced cupuaçu fruit peel bases independent of associated organic matter, or the application
of dolomitic lime, favored the growth of tucumãzeiro seedlings. They allowed a greater
availability of N, P and K in tucumãzeiro leaves and at the same time, reduced levels of Ca
and Mg, especially the compound containing litter, which surpassed the others in the levels of
P, K, Ca, and Mg. Dolomitic liming in different substrates containing different organic
compounds, allowed a greater N, and Mg, availability in tucumãzeiro leaves, and the reverse
situation with respect to K.
Keywords: Composting, nutrients, mesofauna, palm, lime.
viii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ iv AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... v
RESUMO .................................................................................................................................. vi ABSTRACT ............................................................................................................................. vii SUMÁRIO ............................................................................................................................... viii 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 5 2.1 Objetivo geral ....................................................................................................................... 5 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................................ 5 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 6
CAPÍTULO I .............................................................................................................................. 9 Produção de composto orgânico a base de casca do fruto de cupuaçuzeiro......................... 10
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12
Material e Métodos ................................................................................................................... 13 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 15
Variação da temperatura ....................................................................................................... 15
Variação do pH ..................................................................................................................... 16
Variação da umidade ............................................................................................................ 18 Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) ...................................................................................... 18 Rendimento em massa e volume .......................................................................................... 20
Nutrientes nos diferentes substratos compostados ............................................................... 20 Fauna durante a compostagem ............................................................................................. 22
Conclusões ................................................................................................................................ 24 Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 24 CAPITULO II ........................................................................................................................... 29
Crescimento de mudas de tucumã sob diferentes compostos orgânicos a base de casca do
fruto de cupuaçu ................................................................................................................... 30 Introdução ............................................................................................................................. 32 Material e Métodos ............................................................................................................... 33
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 35
Conclusão ............................................................................................................................. 39 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 40
Conclusão Geral ....................................................................................................................... 42
1
1 INTRODUÇÃO
O aumento da população na região Amazônica no século passado, decorrente de
incentivos governamentais e outros fatores, geraram um conseqüente aumento na demanda
por alimentos levando a expansão do desenvolvimento agrícola na região (Homma 2003).
Porém, quimicamente, a maioria dos solos Amazônicos são distróficos ou álicos, ou seja, os
teores dos elementos essenciais estão abaixo dos valores críticos, os quais, juntamente com o
elevado teor de alumínio (Al), representam hoje uma das maiores dificuldades para o
desenvolvimento da agricultura nos solos da região (Moreira e Malavolta 2004). Por outro
lado, merece destaque a produção de frutas na região, cujos estudos recentes revelam que o
setor, a exemplo da produção nacional, tem crescido muito nos últimos anos (Homma 2006).
A produção brasileira de frutas está entre as três maiores do mundo, totalizando 6%
do que é colhido mundialmente. O setor de frutas produziu 40 milhões de toneladas em 2008,
sendo que o mercado de frutas frescas deteve cerca de 47% do total produzido (IBGE 2009).
No Brasil a fruticultura hoje gera em média dois empregos diretos em cada hectare
plantado. Considerando que o país possui uma área de 2,5 milhões de hectares cultivadas com
frutas a estimativa é de 5 milhões de empregos diretos gerados (EMBRAPA 2008).
A expansão do mercado de frutas nativas é crescente nos últimos anos, com grande
participação na renda dos pequenos agricultores da região Norte. Esse crescimento pode ser
atribuído principalmente às características organolépticas e sabor típico desses frutos (Souza
1999). Dentre essas espécies, os frutos do tucumã-do-Amazonas (Astrocaryum aculeatum)
tem se destacado pelo sabor, valor nutricional e grande importância econômica, cultural e
ecológica para a região Amazônica, onde as condições edafoclimáticas favorecem seu cultivo
e produção (Revilla 2000). Esses têm participação crescente no agronegócio da região Norte
principalmente pela comercialização para consumo como fruto fresco e processamento de
polpa, com boas características agroindustriais, no preparo de picolés, sanduíches e sorvetes
(Revilla 2000). No entanto, a falta de pomares comerciais, deixa as agroindústrias totalmente
2
dependentes da produção obtida do extrativismo, que é insuficiente para operacionalização
das fábricas durante todo o ano (Costa e Van Leeuwen 2002).
No município de Manaus o fruto tem maior preferência, consumo e também onde
obtém um alto preço, despertando o interesse para o cultivo da espécie, que ainda é
considerada em fase de domesticação, com poucas informações disponíveis sobre o manejo
dessa cultura. Entretanto, por ser uma espécie regional (nativa), os fatores mais limitantes
para o seu cultivo é a falta de sementes selecionadas, inexistência de mudas nos viveiros para
plantio comercial, estudos relacionados às exigências nutricionais na produção de mudas e
demora na primeira frutificação (Costa e Van Leeuwen 2002).
O sistema de produção de mudas de palmeiras tem se mostrado como uma atividade
relevante no processo de produção devido aos cuidados nutricionais da planta em seu estágio
inicial, redução do choque quando no transplante e resistência fitossanitária. Neste segmento,
o substrato se constitui num dos fatores mais complexo podendo ocasionar má formação das
mudas e o aparecimento de sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes essenciais à
planta. Num empreendimento, a qualidade da muda se reflete diretamente na precocidade e na
maior produção na fase jovem, assim como no maior potencial de produção na fase adulta
(Texeira et al. 2005).
O nitrogênio (N), potássio (K) e fósforo (P) são fatores limitantes da produção
agrícola nos solos amazônicos, devido aos seus baixos níveis na solução do solo, requerendo,
consequentemente, que a adubação nitrogenada, potássica e fosfatada seja uma prática
constante. A adubação química mineral promove rápida disponibilização dos nutrientes N, P e
K às plantas, mas, posteriormente são lixiviados levando o solo ao empobrecimento inicial de
antes (Lehmann 2002). Além da baixa fertilidade outro fator que impede o aumento da
produtividade é a exportação dos nutrientes durante o período de safra, com a colheita (Santos
2003).
Uma das alternativas considerada potencialmente adequada para a minimização
desse problema é o uso de composto orgânico. No processo de produção do composto
orgânico é possível empregar materiais tais como estrume animal, casca de frutos, aparas de
plantas e cama de aviário (Kiehl 1985). Na região Norte, um material empregado no
composto orgânico é casca do fruto do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), uma matéria
prima abundante na agricultura local com elevado teores de nutrientes que, associada a outras
fontes de nutrientes ricos em N e aplicados com calcário, promovem melhorias nas qualidades
3
químicas, físicas e biológicas do solo, propiciando bom desenvolvimento às plantas (Alfaia et
al. 2008).
Plantas leguminosas também são usadas nesse sistema de adubação para reduzir a
deficiência do nitrogênio nos solos amazônicos. Alfaia e Souza (2002) observaram que a
incorporação no solo de biomassa de leguminosas arbóreas (Gliricidia sepium e Inga edulis)
na cultura de arroz, favoreceu tanto o incremento de matéria seca quanto a absorção de N. O
beneficio desta prática é que o N leva um tempo maior para ser mineralizado e liberado do
que os fertilizantes químicos, podendo assim reduzir as perdas por lixiviação (Alfaia et al.
2008). A casca do fruto de cupuaçu e leguminosas, atualmente utilizadas como adubos
orgânicos, são trituradas e submetidas a um processo de compostagem (Alfaia et al. 2009).
A compostagem pode ser conceituada como um processo aeróbico controlado sob
ação de uma diversificada população de microrganismos, contendo duas fases distintas. A
primeira fase é a de degradação ativa ou termófila, com temperaturas entre 40 a 70º C. Nesta
fase ocorre a eliminação de fitopatógenos e de sementes invasoras. A segunda é a maturação
ou cura com temperaturas entre 20 a 30º C (Kieh 1998; Bombilio 2005; Wild et al. 2010).
O composto orgânico possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo,
potássio, magnésio e enxofre, que são assimilados em maior quantidade pelas raízes, além de
ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos em quantidades menores e,
por isso, denominado de micronutrientes (Silva 2001). Por sua vez a adubação orgânica
melhora a aeração, a capacidade de trocas catiônicas e as propriedades físicas do solo
(Lehmann 2002). Além disso, a presença de matéria orgânica no solo produz um ambiente
adequado para a colonização de espécies da fauna responsáveis pela degradação do material
vegetal existente no solo (Mayer 2009).
A fração biológica é um dos principais componentes do solo, sendo composto por
pequenos animais (mesofauna) e microrganismos (microfauna e microflora). A mesofauna
abrange os organismos entre 0,2 a 2,0 mm que inclui, por exemplo, ácaros, colêmbolos e
outros animais. As atividades tróficas desses animais incluem tanto o consumo de organismos
da microfauna, como a fragmentação de material vegetal em decomposição. As
transformações que eles promovem exercem efeitos diretos e indiretos na qualidade dos
produtos agrícolas. Neste sentido, os microrganismos do solo são frações importantes e
responsáveis pela manutenção das funções do solo, sendo também responsável pela
manutenção de sua qualidade (Santos 2010).
4
A utilização de um substrato contendo diversificados nutrientes e ótimo teor de
matéria orgânica favorece a obtenção de mudas de alta qualidade agronômica e condições de
serem levadas a campo na época apropriada. Na etapa da produção de mudas normalmente é
recomendado o uso de terra local, esterco e areia. No estado do Amazonas, onde os solos
apresentam carência de nutrientes, torna-se necessário à avaliação de outros materiais,
especialmente, orgânicos para a composição de substrato na produção de mudas (Teixeira
2005).
Estudos têm comprovado que a propagação de palmeiras, geralmente, apresenta
germinação lenta, irregular e em baixa proporção. Por outro lado, o emprego de substrato
alternativo, a base de esterco bovino, tem se mostrado como ótima fonte de matéria orgânica
para a formação de mudas de palmeiras (Martins Filho et al. 2007). Neste sentido, focalizar
estudos sobre a compostagem à base de casca de cupuaçu pode ser vantajoso para o
tratamento e posterior destinação de resíduo do fruto de cupuaçu na produção de mudas da
palmeira tucumã.
5
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a compostagem da casca do fruto de cupuaçu, associada com outras matérias
orgânicas, e a utilização deste composto na formulação de substrato para formação de mudas
de tucumã.
2.2 Objetivos específicos
- Avaliar características físicas, químicas e nutricionais, além da fauna presente, com
relação à compostagem a base da casca do fruto de cupuaçu, associada com outras matérias
orgânicas (esterco bovino, esterco ovino, cama de aviário, ramos de inda-cipó e ramos de
gliricidia);
- Avaliar o crescimento de mudas de tucumã utilizando compostos orgânicos
produzidos à base de casca do fruto de cupuaçu, associada com outras matérias orgânicas,
sem e com aplicação de calcário.
6
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7
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small – and large – scale composting on dissipation of pesticide residues in a biopurification
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9
CAPÍTULO I
Produção de composto orgânico a base de casca do fruto de cupuaçuzeiro
(Artigo conforme as normas da Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental)
10
Produção de composto orgânico a base de casca do fruto de cupuaçuzeiro
Resumo: Objetivou-se avaliar características físicas, químicas e nutricionais, além da
fauna presente, em compostagem da casca do fruto de cupuaçu (Theobroma grandiflorum),
associada com esterco bovino, cama de aviário, esterco ovino, ramos de gliricidia (Gliricidia
sepium) e ramos de ingá-cipó (Inga edulis). O delineamento experimental foi inteiramente
casualisado, com 5 tratamentos e 4 repetições. Cada unidade experimental foi constituída por
uma caixa plástica (60 cm x 40 cm x 18 cm). Os tratamentos resultaram da mistura da casca
de fruto de cupuaçu triturada com cada uma das outras cinco matérias orgânicas, na proporção
de 3:1 (v:v), respectivamente. A temperatura, o pH e a umidade apresentaram comportamento
evolutivo semelhante, com pequenas diferenças entre os substratos. Os compostos com
esterco bovino e ramos de ingá-cipó apresentaram as mais altas relações iniciais
carbono/nitrogênio, bem como maiores rendimentos, em massa e volume, de compostos
produzidos; cama de aviário obteve os menores rendimentos. Cama de aviário, seguida do
esterco bovino e, depois, esterco ovino, adicionados à casca de cupuaçu, proporcionaram os
compostos orgânicos com os níveis mais elevados de nutrientes. Na fase inicial, as subclasses
Acari e Colêmbola foram os grupos predominantes, enquanto a classe Insecta apresentou
maior diversidade no início e final da compostagem.
Palavras-chave: casca do cupuaçu, compostagem, nutrientes, mesofauna.
11
Production of organic compound based on the cupuassu fruit peel
Abstract: This study aimed to evaluate the physical, chemical and nutritional addition
fauna present in the bark compost fruit cupuaçu (Theobroma grandiflorum), associated with
cattle manure, poultry manure, sheep manure, branches gliricidia (Gliricidia sepium) and
branches of vine-inga (Inga edulis). The experimental design was completely randomized
design with 5 treatments and 4 replications. Each experimental unit consisted of a plastic box
(60 cm x 40 cm x 18 cm). Treatments resulted from the mixture of fruit peel cupuaçu crushed
with each of the five other organic materials in the proportion of 3:1 (v:v), respectively. The
temperature, pH and moisture were similar evolution, with small differences between the
substrates. Compounds with manure and branches of Inga-vine showed the highest initial
relationships carbon / nitrogen, as well as higher yields, mass and volume of compounds
produced; litter obtained the lowest incomes. Poultry litter, cattle manure, and then, later,
sheep manure, added to the bark cupuaçu, provided the organic compounds with the highest
levels of nutrients. In the initial phase, subclasses and Colêmbola Acari were the predominant
groups, while the class Insecta showed greater diversity at the beginning and end of
composting.
Key words: shell cupuassu, composting, nutrients, mesofauna
12
INTRODUÇÃO
O cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.) é uma das
espécies nativas cultivadas amplamente por toda a região norte do Brasil, quer seja em
cultivos solteiros ou associados com outras espécies (Cavalcante, 1991). Seu principal
produto é a polpa, de sabor marcante e agradável, e, recentemente, suas sementes vêm sendo
utilizadas para a produção do cupulate, produto semelhante ao chocolate obtido das sementes
do cacau (Theobroma cacao L.), e para extração de gordura, de emprego nas indústrias de
cosméticos (Barbosa, 2008). Os resíduos orgânicos do fruto do cupuaçu (casca, semente,
restos de polpa) estão sendo utilizados em solo, sob cultivo, pois com esta prática é possível
recuperar ou manter as características químicas, físicas e biológicas do solo (Santos, 2003;
Alfaia et al., 2009).
A intensa exploração do cupuaçu tem gerado quantidades cada vez maiores de
cascas dos frutos que, em geral, são amontoadas junto às indústrias de beneficiamento, ou
mesmo nos quintais, servindo, muitas vezes, de abrigo para insetos transmissores de doenças.
Este material, assim como a torta resultante do beneficiamento das sementes, tem
demonstrado ser excelente fonte de nutrientes. Análises químicas das cascas, recém colhidas,
têm revelado os seguintes elementos: 11,48 g.kg-1 de N, 1,34 g.kg-1 de P, 19,98 g.kg-1 de K,
2,51 g.kg-1 de Ca e 2,80 g.kg-1 de Mg (Dupin, 2005). Essas, se trituradas, ou compostada, e
incorporada ao solo poderá minimizar a exportação de minerais decorrente da colheita e
comercialização dos frutos. A alta disponibilidade e seu baixo custo são vantagens adicionais
apresentadas por esse tipo de matéria prima para a produção de adubo orgânico. Portanto, a
utilização da casca de cupuaçu além da importância econômica e social, é também importante
do ponto de vista ambiental (Alfaia et al., 2009).
As características de todos os hábitats nos diversos tipos de solo determinam quais os
grupos da fauna estarão presentes e as respectivas densidades. O processo de sucessão destes
grupos, abundância relativa e a diversidade das espécies são considerados bons indicadores
das características do meio (Mayer, 2009). No entanto, é a associação entre os organismos da
fauna e os materiais existentes na superfície do solo que promovem uma eficiente
decomposição e ciclagem de nutrientes (Santos, 2010).
A diversidade biológica da fauna no solo é definida como a variabilidade entre os
organismos vivos e geralmente está atribuída a diversidade de espécies que ocupam os
13
diversos nichos ecológicos. Com base em seu tamanho (0,1 a 80 mm), esta fauna pode ser
dividida em micro, meso e macrofauna (Bachelier, 1978).
A mesofauna, organismos entre 0,2 a 2,0 mm, esta representada por um grande
número de invertebrados, constituídos em sua maioria por Acari e Colêmbola, ambos
caracterizados por elevada diversidade de espécies em solos florestais (Oliveira & Deharveng,
1995; Oliveira, 2009). Em função desta diversificação, esses grupos conquistaram vários
nichos ecológicos (Richards, 1979). A interação entre a vegetação/solo é fundamental para a
diversidade biológica, cujos organismos são sensíveis às alterações no meio ambiente, porém
são capazes de colonizar outros tipos de ambientes sem, entretanto, alcançar a diversidade
registrada em florestas (Oliveira et al., 2008).
Em função desta elevada diversidade, esta fauna edáfica é eficiente na função de
decompositores da matéria orgânica no solo e ciclagem de nutrientes (Fitkau & Klinge, 1973).
As condições climáticas como temperatura e umidade na superfície do solo, regulam,
decisivamente, a distribuição e a abundância dos organismos que vivem à sua dependência. A
presença ou ausência de organismos em um determinado ambiente é facultada pelo grau de
tolerância das espécies a diferentes fatores climáticos, indicando condições de um micro-
ambiente. Na região Amazônica estudos têm mostrado que Colêmbola sobrevive a uma faixa
de temperatura entre 27 a 40 ºC (Oliveira, 1983).
Trabalhos conduzidos por Foutain & Hopkin (2005) comprovaram a importância dos
colêmbolos em solos, ao demonstrar por meio de experimento, que seu metabolismo é capaz
de decompor tecidos vegetais, dissipar moléculas tóxicas ou metais pesados, quando estes
passam pelo trato digestivo, e disponibilizar nutrientes ao solo, por suas fezes.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi de avaliar características físicas, químicas
e nutricionais, além da fauna presente, com relação à compostagem a base da casca do fruto
de cupuaçu, associada com outras matérias orgânicas (esterco bovino, esterco ovino, cama de
aviário, ramos de inda-cipó e ramos de gliricidia).
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
(INPA), Campus do V8, em Manaus/AM. O clima da região é do tipo Afi, conforme
classificação de Köppen, com médias das temperaturas máximas e mínimas ao redor de
33,8ºC e 20,3ºC, respectivamente (Ribeiro, 1976).
14
Para a produção dos compostos orgânicos, foram elaboradas cinco misturas a base
de cascas de frutos do cupuaçu trituradas, como fonte de carbono, associada a outras cinco
matérias orgânicas, ricas em nitrogênio: esterco bovino, cama de aviário, esterco ovino, ramos
de gliricidia (Gliricidia sepium) e ramos de ingá-cipó (Inga edulis).
As cascas dos frutos de cupuaçu utilizadas foram adquiridas na Cooperativa
Agroindustrial de Produtores do Projeto UATUMÃ, no município de Presidente
Figueiredo/AM. Essas foram fragmentadas, manualmente, com o auxílio de um pilão e, em
seguida, trituradas (triturador de resíduo orgânico marca TRAPP, modelo TR 200). O esterco
bovino e a cama de aviário foram adquiridos junto a Fazenda Experimental e o Setor de
Avicultura da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), respectivamente. O esterco de
ovino foi adquirido na Comunidade do Brasileirinho, em Manaus/AM. E os ramos de ingá-
cipó e gliricídia foram coletados de plantas existentes no Campus do INPA V8, sendo esses
triturados no mesmo equipamento empregado para a trituração das cascas de cupuaçu.
O experimento adotou o delineamento inteiramente casualisado, constituído de 5
tratamentos, com 4 repetições. Cada unidade experimental foi constituída por uma caixa
plástica (60 cm comprimento x 40 cm largura x 18 cm altura), com nove furos de 9 mm de
diâmetro. Os tratamentos resultaram da mistura da casca de fruto de cupuaçu triturada com
cada uma das outras cinco matérias orgânicas, na proporção de 3:1 (v:v), respectivamente.
Inicialmente, as matérias orgânicas utilizadas, foram acomodadas nas caixas em camadas
alternadas, iniciando, no fundo da caixa, e terminando, na superfície, com uma camada de
casca de frutos de cupuaçu triturada.
Todo o experimento foi coberto com lona plástica a fim de evitar umidade excessiva,
devido às chuvas ocasionais, atendendo recomendações de Orrico Júnior et al. (2010). A cada
quinze dias, todas as caixas plásticas tiveram o seu substrato revolvido e, quando pareceu
necessário, foi adicionada a mesma quantidade de água em todas as parcelas. Periodicamente,
durante 52 dias, as 08:00 h, foi mensurada a temperatura do substrato, conforme
recomendação de Maragno et al. (2007). Uma vez por semana, durante 18 semanas, foi
determinada a umidade dos substratos, por tratamento, conforme Kiehl (1985). Mensalmente
foram coletadas amostras para determinação do pH em água. Na instalação do experimento e
cinco meses depois foram retiradas amostras para determinação do carbono e nitrogênio, a
fim de cálculo da relação C/N.
No início (17 dias após instalação) e final (5 meses após a instalação) da
compostagem, de cada unidade experimental (caixa plástica), foi retirada uma amostra de 436
15
cm3 do substrato. Após a coleta, estas foram imediatamente colocadas no aparelho extrator de
Berlese-Tullgren (Melo, 2002), onde permaneceram por oito dias, a fim de obtenção dos
diferentes grupos da fauna. Em seguida, os animais foram fixados em álcool (96%) e
acondicionados em frascos de 67 ml, os quais foram submetidos a banho-maria a fim de
efetuar a quebra da tensão superficial do líquido, fazendo com que os mesmos descessem para
o fundo do frasco. A identificação dos grupos foi realizada ao nível de ordem, com base em
Borror & DeLong (1969).
Após cinco meses de compostagem o experimento foi encerrado e então avaliado o
rendimento do composto produzido. Para tanto, o material de cada parcela (caixa plástica) foi
peneirado sobre malha de 10 mm, e então, com base na massa e no volume de material
peneirado e total, foram calculados os rendimentos percentuais.
Uma amostra de cada material peneirado foi utilizada para análise química dos
substratos. Os macro e micronutrientes foram analisados no Laboratório de Análise de Solos e
Plantas da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus/AM. Após oxidação dos mesmos, pela
digestão nitro-perclórica, os nutrientes foram quantificados por espectrofotometria de
absorção atômica (Malavolta et al., 1997; EMBRAPA, 1999). O carbono e o nitrogênio, para
fins do cálculo da relação C/N, foram determinados no Laboratório Temático de Solos e
Plantas do INPA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Variação da temperatura
Nos diferentes substratos, ou combinações de matérias orgânicas, as temperaturas
médias apresentaram comportamentos semelhantes ao longo de todo o período de
compostagem (Figura 1). A fase termofílica (40° a 56°C), que iniciou no segundo dia, durou
aproximadamente sete dias. Durante a fase mesofílica, a partir do momento em que a
temperatura alcançou por volta de 30ºC, observou-se uma queda na temperatura de todos os
substratos, entre o 28º e 31º dia de compostagem, o que foi devido a um período de friagem
(temperatura abaixo da média, durante um período curto), que normalmente ocorre durante o
mês de julho na região.
Em ensaio utilizando serragem, com volume inferior a 3 m3, Maragno et al. (2007)
também observaram um período curto da fase termofílica, ao contrario do que aconteceu
16
quando se trabalhou com volume superior a 3 m3, cuja fase termofílica teve maior duração
(Brito, 2008). Conforme Pereira Neto (1989), Kiehl (2002), Magalhães et al. (2005) e Wilde
et al. (2010), esta fase é importante para que ocorra a eliminação de microrganismos
patogênicos.
20
25
30
35
40
45
50
55
60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Período de compostagem (dias)
Tem
pera
tura
(oC
)
EB CA EO GL IN
Figura 1. Comportamento da temperatura, as 08:00 h, das diferentes compostagens a base de casca de frutos de cupuaçu,
associada com outras fontes de matéria orgânica: EB – esterco bovino; CA – cama de aviário; EO – esterco ovino; GL –
ramos de gliricídia; IN – ramos de ingá-cipó, em Manaus/AM.
O perfil evolutivo da temperatura para este ensaio mostra que o processo foi muito
rápido (fase termofílica e mesofilica), resultado que pode ser atribuído aos materiais utilizados
nas misturas para as compostagens, alguns dos quais já foram testados por Alfaia et al.
(2009), com resultados satisfatórios.
Variação do pH
O pH, de um modo geral, apresentou um padrão de comportamento semelhante entre
os diferentes substratos, com exceção da compostagem em que foi adicionado ramos de ingá-
17
cipó que teve uma evolução um tanto mais lenta (Figura 2). Em média, inicialmente o pH
esteve por volta de 6, alcançou 7 após dois meses de compostagem, com mais um mês,
atingiu 8, e, com tendência de estabilização, chegou ao redor de 9 no final do experimento
(cinco meses de compostagem). Esse resultado vai de encontro aos trabalhos de Kiehl (2002)
e Souza et al. (2010) onde observaram que na fase inicial da compostagem, o material tende a
ficar em meio ácido em virtude da formação de ácidos orgânicos, podendo atingir pH próximo
de 4,5. No processo de compostagem, o pH tende a oscilar na faixa alcalina, variando de 7,5 a
9,0, devido a presença de nitrogênio amoniacal, baixando um pouco em seguida, quando este
passar para a forma de nitrato. Kiehl (2002) afirma ainda que, valores abaixo de 6,0 são
indesejáveis, entre 6,0 e 7,5 bons e acima de 7,5 ótimos. Assim, os compostos orgânicos da
presente pesquisa estão de acordo com os padrões da Legislação Brasileira que considera
valor de pH acima de 6,0, sendo aceito até 5,4 (ABNT, 2004).
4
5
6
7
8
9
10
0 1 2 3 4 5
Período de compostagem (meses)
pH
EB CA EO GL IN
Figura 2. Comportamento do pH (em água) das compostagens a base de casca de frutos de cupuaçu, associada com outras
matérias orgânicas: EB – esterco bovino; EO – esterco ovino; CA – cama de aviário; GL – ramos de gliricídia; IN – ramos de
ingá-cipó, em Manaus/AM.
18
Variação da umidade
Os teores de umidade, das diferentes associações entre matérias orgânicas,
apresentaram variações consideráveis da primeira à nona semana de decomposição (Figura 3).
Durante a fase termofílica, quando a temperatura ultrapassou 45C, observou-se intensa
liberação de vapor de água. O teor de umidade foi mais elevado nos tratamentos em que a
casca de frutos de cupuaçu foi associada com os ramos de gliricídia e ramos de ingá-cipo, o
que pode ser explicado devido à utilização de materiais frescos, situação também observada
por Daí Prá (2006) que trabalhou com resíduos de árvores recém cortadas.
A partir da décima semana de compostagem, as umidades dos deferentes substratos
tiveram valores mais próximos e reduzidos: na décima semana variou de 52-55% e, a partir da
décima quarta semana, teve uma média de 50% de umidade. Este último valor é um pouco
abaixo do considerado ideal (55%) para uma compostagem satisfatória (Kiehl, 1985; Pereira
Neto, 1989).
40
45
50
55
60
65
70
75
80
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Período de compostagem (semana)
Um
ida
de (
%)
EB CA EO GL IN
Figura 3. Comportamento da umidade das compostagens a base de casca de frutos de cupuaçu, associada com outras matérias
orgânicas: EB – esterco bovino; CA – cama de aviário; EO – esterco ovino; GL – ramos de gliricídia; IN – ramos de ingá-
cipó, em Manaus/AM.
Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)
19
Os substratos com associação de esterco bovino e ingá-cipó foram os únicos que
apresentaram diferenças significativas entre a relação C/N inicial e final, após cinco meses de
compostagem (Tabela 1). Aqueles contendo esterco ovino, cama de aviário e ramos de
gliricídia, além das relações C/N inicial e final não diferirem, apresentaram os menores
valores iniciais absolutos (19,9-24,5). Os compostos associados com cama de aviário e ramos
de gliricidia chegaram a apresentar relação C/N final ligeiramente superior a inicial. Dai Prá
(2006) também verificou aumento da relação C/N na compostagem com cama de aviário,
assim como Wisniewski e Holtz (1997) observaram o mesmo comportamento da relação C/N
na decomposição da palhada de aveia e soja. Estes últimos autores acreditam que isto pode
ocorrer em função da heterogênese das matérias primas.
Tabela 1. Relação carbono nitrogênio (C/N) dos compostos a base de casca de frutos de
cupuaçu, associados com outras matérias orgânicas, no início e no final do processo de
compostagem (após cinco meses), em Manaus/AM.
Relação C/N Esterco bovino Esterco ovino Cama de aviário Ramos de
gliricídia
Ramos de ingá-
cipó
Inicial 46,2 aA 19,9 cA 24,5 bcA 23,5 bcA 30,2 bA
Final 32,8 aB 18,4 bA 25,3 abA 24,3 abA 21,5 bB
Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e mesma letra maiúscula na coluna não diferem significativamente entre
si ao nível de 5% pelo teste de Tukey.
De modo geral os resultados estão de acordo com os de outros trabalhos desenvolvidos
na região, onde tem sido observado que a relação C/N predominante, em compostos à base de
casca de cupuaçu, varia entre 52,2 a 17,8 (Santos, 2003; Alfaia et al. 2009; Silva et al. 2009).
O composto contendo esterco ovino foi único que se aproximou das normas brasileira
(ABNT, 2004) que prevêem uma relação C/N máxima de 20:1 para um composto
bioestabilizado. Para Jimenez e Garcia (1989), não se pode afirmar com certeza, que uma
relação C/N igual a 20:1 não indique um composto bioestabilizado ou uma relação 10:1
signifique um composto bioestabilizado. Caso aconteça uma redução da relação C/N inicial
para a final o composto pode ser considerado bioestabilizado. Para Souza & Resende (2003)
não há restrição para usar um composto de relação C/N elevado em lavora, porém para a
comercialização como adubo orgânico, é necessário que o produto passe por um período
maior de maturação, afim de reduzir a relação C/N.
20
Rendimento em massa e volume
As aferições dos rendimentos dos compostos, em relação a massa (kg) e ao volume
(m3) produzidos para cada associação (casca de cupuaçu mais outra matéria orgânica),
mostram valores muito próximos, o que sugere que tanto um quanto o outro procedimento
pode ser utilizado para tal averiguação (Tabela 2). Os substratos contendo ramos de ingá-cipó
(58%) e esterco ovino (56%) apresentaram os melhores rendimentos, seguidos daqueles
contendo ramos de gliricídia (52%) e esterco bovino (51%), que não diferiram
significativamente dos dois anteriores, e, por último, o de menor rendimento foi com cama de
aviário (36%). Na compostagem de lixo urbano, e levando em conta a matéria seca inicial e
final do substrato, Vespa & Lucas Junior (2006) obtiveram rendimento de 41,5%.
Tabela 2. Rendimento percentual em relação a massa e ao volume de compostos produzidos
a base de casca de frutos de cupuaçu, associada com esterco bovino, esterco ovino, cama de
aviário, ramos de gliricídia e ramos de ingá-cipó, em Manaus/AM.
Esterco
bovino
Esterco ovino Cama de
aviário
Ramos de
gliricídia
Ramos de
ingá-cipó
C.V.
(%)
Massa (%) 52,8 ab 57,0 a 36,2 b 52,8 ab 58,2 a 18,3
Volume (%) 49,7 ab 54,4 ab 36,7 b 51,1 ab 58,3 a 18,1
Médias, na linha, seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste
de Tukey.
Nutrientes nos diferentes substratos compostados
As diferentes associações entre a casca de frutos de cupuaçu e as demais matérias
orgânicas proporcionaram resultados distintos quanto aos nutrientes existentes em cada
composto produzido (Tabela 3).
O teor de nitrogênio foi superior no composto orgânico produzido com esterco ovino
(18,2 g.kg-1), sem que este tenha diferido significativamente dos compostos elaborados com
ramos de ingá-cipó (17,4 g.kg-1) e esterco bovino (14,1 g.kg-1). Os compostos que envolveram
cama de aviário (13,2 g.kg-1) e ramos de gliricídia (12,7 g.kg-1) tiveram os menores valores de
nitrogênio. Santos (2003) e Dupin (2005), também compostando casca de cupuaçu,
21
encontraram valores inferiores, valendo salientar que em seus trabalhos não houve adição de
outras matérias orgânicas.
Tabela 3. Nutrientes em compostos orgânicos produzidos a base de casca de frutos de
cupuaçu, associadas com outras matérias orgânicas (esterco bovino, cama de aviário, esterco
ovino, ramos de gliricídia e ramos de ingá-cipó), em Manaus/AM.
Matéria orgânica
associada
N P K Ca Mg Cu Fe Mn Zn
--------------------- g.kg-1 -------------------- -------------- mg.kg-1 --------------
Esterco bovino 14,1abc 7,5b 10,5b 11,5b 4,8b 63,8b 6508a 120,6b 238,2a
Cama de aviário 13,2bc 9,9a 15,5ª 53,3a 5,5a 176,7a 4534ab 248,8a 220,9a
Esterco ovino 18,2a 3,5c 11,2b 6,1bc 3,5c 24,7c 4353b 98,0b 89,7b
R. de gliricídia 12,7c 1,2d 10,9b 4,8c 2,3d 19,1c 4408b 33,9c 39,2c
R. de ingá-cipó 17,4ab 1,2d 11,3b 3,3c 2,1d 21,7c 3795b 33,2c 39,7c
C.V. (%) 13,6 9,3 8,7 18,0 7,3 9,7 19,5 9,7 14,0
Médias seguidas da mesma letra, na vertical, não diferem significativamente entre si ao nível de 5%, pelo teste de Tukey.
O teor de fósforo foi significativamente elevado na combinação com cama de aviário
(9,9 g.kg-1), seguido do composto associado com esterco bovino (7,5 g.kg-1) e esterco ovino
(3,5 g.kg-1). Os teores de fósforo foram bem menores nos compostos que envolveram ramos
de gliricídia e ramos de ingá-cipó, ambos com 1,2 g.kg-1. Este último resultado se aproxima
do valor P (1,16 g.kg-1) encontrado por Lima et al. (2010).
O teor de K foi superior significativamente no composto associado com cama de
aviário (15,5 g.kg-1). Os teores de potássio dos demais substratos, além de inferiores, não
diferiram entre si e apresentaram variação entre 10,5-11,3 g.kg-1. Os valores mais baixos
encontrados para K são superiores aos de Santos (2003), porém os valores mais elevados do
presente trabalho foram menores quando comparado com os de Dupin (2005).
Cálcio foi extremamente elevado no composto elaborado com cama de aviário (53,3
g.kg-1) e, em seguida, posicionou-se o substrato que utilizou esterco bovino (11,5 g.kg-1). Nos
demais substratos, além de inferiores, os teores de cálcio não diferiram entre si, e
apresentaram valores entre 6,1-3,3 g.kg-1. Os teores de magnésio tiveram comportamentos
semelhantes em relação aos diferentes compostos, apesar de seus valores serem inferiores aos
de cálcio. Santos (2003) e Silva et al. (2009), em composto de casca de cupuaçu, encontraram
valores bem menores, tanto para Ca quanto Mg.
Os teores de Cu e Mn foram mais expressivos nos substratos que envolveram cama de
aviário, seguido do composto com esterco bovino. Os substratos com esterco ovino, ramos de
22
gliricídia e ramos de ingá-cipó apresentaram valores inferiores para Cu e Mn. No trabalho de
Santos (2003) o teor de cobre foi bastante inferior em relação ao encontrado em todos os
substratos, enquanto Mn foi ligeiramente superior aos teores encontrados em composto com
ramos de gliricídia e ingá-cipó.
O teor de Fe no composto que associou esterco bovino (6508 mg.kg-1) foi
significativamente superior ao encontrado nos outros substratos, com exceção do substrato
que envolveu cama de aviário. Os teores de Fé encontrados nos outros substratos não
diferiram entre si e foram mais baixos, entre 4408 mg.kg-1 e 3795 mg.kg-1. De um modo geral,
os teores de Fe foram elevados e se aproximaram dos resultados de Lima et al. (2010) que
também produziram composto orgânico à base de casca de cupuaçu.
Nos compostos produzidos com associação de esterco bovino e cama de aviário os
teores de Zn não diferiram significativamente entre si. Porém, estes, em relação aos teores dos
outros substratos, foram superiores cerca de 3 a 6 vezes. O resultado do teor de Zn para cama
de aviário, esterco bovino e esterco ovino foram superiores ao relatado por Lima et al. (2010),
que encontrou 49 mg.kg-1.
Fauna durante a compostagem
Observou-se predominância da classe Insecta, tanto no inicio quanto no final do
processo de compostagem (Tabela 4). Entretanto, durante a fase inicial, Acari (351 a 565/
dm3) e Colêmbola (3925 a 6684/dm3) contribuíram com as médias mais elevadas, em todas as
combinações da casca de frutos de cupuaçu com as outras matérias orgânicas, sem que estas
apresentassem diferenças significativas entre si. De um modo geral, após cinco meses de
compostagem, estas mesmas subclasses tiveram suas freqüências bastante reduzidas. As
participações elevadas das subclasses Acari e Colêmbola, como foram observadas no presente
experimento, também é comum no solo, sob cultivo (Giracca et al, 2008; Rosa & Dalmalin,
2009; Silva et al, 2009). A densidade apresentada pelas Colêmbola é semelhante aos
encontradas por Almeida & Correia (2008) e Mayer (2009). Contudo, esse resultado é
diferente do encontrado em trabalhos avaliando a densidade em solos de matas e pastagens,
onde houve predominância de Acari sobre os demais invertebrados (Oliveira, 1983; Oliveira
& Franklin, 1993).
23
Tabela 4. Grupos de fauna (indivíduos/dm3), por subclasse/ordem, encontrados na fase inicial
(17 dias após instalação) e final da compostagem (5 meses após instalação) a base de casca
de frutos de cupuaçu, associada com outras cinco matérias orgânicas, em Manaus/AM.
Grupo de fauna Esterco bovino Cama de
aviário
Esterco ovino Ramos de
gliricídia
Ramos de ingá-
cipó
Início da compostagem
Acari 1 418,4a 564,6a 554,4a 487,5a 351,5a
Collembola2 3925,0a 5471,7a 6166,1a 5746,0a 6683,7a
Coleoptera imaturo2 2,3a 21,5a 11,9a 11,9a 0,0a
Coleoptera1 4,0b 7,4ab 14,7a 5,7ab 1,7b
Diptera imatura1 15,3b 53,9ab 53,9ab 212,6a 61,2ab
Diptera1 0,6c 6,8bc 10,2ab 10,2ab 22,7a
Hemiptera2 3,4b 11,9a 8,5a 0,6c 0,6c
Homoptera2 9,1a 1,2a 3,4a 1,1a 1,1a
Hymenoptera2 0,0a 1,1a 1,7a 1,7a 2,3a
Final da compostagem
Acari ² 2,7a 2,3ab 2,1ab 1,9b 2,2ab
Colembola 1 2,6ab 2,9a 2,0c 1,9c 2,3b
Coleoptera imaturo1 3,3a 3,3a 2,0a 0,8a 2,3a
Coleoptera2 3,0b 7,3a 2,5b 1,8b 2,3b
Diptera imaturo 1 31,0a 58,3a 11,5a 15,5a 24,0a
Diptera 1 1,1a 0,8ab 0,3b 0,9ab 0,9ab
Hemiptera² 1,0a 1,2a 0,8b 0,2b 0,2b
Homoptera² 6,7a 4,0ab 2,0ab 1,5b 1,2b
Hymenoptera 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
1Dados com distribuição normal, com as médias, nas linhas, comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. 2Dados sem distribuição normal, com as médias, nas linhas, comparadas pelo teste de Kruskal-Wallis ao nível de 5% de
probabilidade.
Dentre os insetos, os mais frequentes foram das ordens Diptera e Coleoptera, seguidas
de Hemiptera e Homoptera e, em menor número, Hymenoptera. Na fase inicial, as frequências
das ordens Coleoptera, Diptera e Hemiptera, foram diferenciadas em função dos substratos,
ou misturas, compostados. Diptera imaturo aparece com média elevada (212,6/dm3) no
substrato casca de cupuaçu com ramos de gliricídia e com o menor valor (15,3/dm3) na
mistura com esterco bovino, que não diferem significativamente das compostagens contendo
cama de aviário (53,9/dm3), esterco ovino (53,9/dm3) e ramos de ingá-cipó (61,2/dm3).
Diptera adulto aparece com média muito menor que os imaturos, obtendo-se o maior valor em
ramos de ingá-cipó (22,7/dm3) e o menor em esterco bovino (0,6/dm3). As misturas entre
casca de cupuaçu e ramos de ingá-cipó e casca de cupuaçu com esterco bovino apresentaram
números reduzidos para Coleoptera adultos (1,7 e 4,0/dm3, respectivamente), não havendo
24
diferença para os imaturos nos diferentes substratos. Após cinco meses de compostagem, os
insetos tiveram sua participação reduzida, não tão expressivamente como foram os casos de
Acari e Colêmbola. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Mayer (2009),
trabalhando com vermicompostagem.
Conclusões Considerando as condições em que o experimento foi desenvolvido, chegou-se as
seguintes conclusões:
a) A temperatura o pH e a umidade, durante a compostagem das diferentes misturas,
apresentaram comportamentos evolutivos semelhantes, com pequenas diferenças entre os
substratos;
b) As associações da casca de cupuaçu com esterco bovino e com ramos de ingá-cipó
apresentaram as mais altas relações iniciais carbono/nitrogênio (C/N);
c) Ramos de ingá-cipó e esterco bovino, adicionados à casca de cupuaçu,
proporcionaram os maiores rendimentos, em massa e volume, de compostos produzidos,
enquanto a cama de aviário apresentou os menores índices;
d) Cama de aviário, seguida do esterco bovino e, depois, esterco ovino, adicionados a
casca de cupuaçu, proporcionaram os comportos orgânicos com os níveis de nutrientes mais
elevados;
e) As subclasses Acari e Colêmbola foram os animais da mesofauna em maior
quantidade na fase inicial da compostagem das diferentes misturas, enquanto a classe Insecta
apresentou maior diversidade, tanto no inicio quanto no final do processo.
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29
CAPITULO II
CRESCIMENTO DE MUDAS DE TUCUMÃ SOB DIFERENTES COMPOSTOS
ORGÂNICOS A BASE DE CASCA DO FRUTO DE CUPUAÇU
(Artigo conforme as normas da Revista Brasileira de Fruticultura)
30
CRESCIMENTO DE MUDAS DE TUCUMÃ SOB DIFERENTES COMPOSTOS
ORGÂNICOS A BASE DE CASCA DO FRUTO DE CUPUAÇU
Resumo – Objetivou-se avaliar o crescimento de mudas de tucumã (Astrocaryum aculeatum
G. Mey.) utilizando compostos orgânicos produzidos à base de casca do fruto de cupuaçu
(Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.), associada com outras matérias
orgânicas, sem e com aplicação de calcário. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 (substratos) x 2 (aplicação de calcário), mais
2 tratamentos adicionais (testemunhas - terriço sem e com calcário), com quatro repetições,
cada uma com seis plantas. Os substratos, acondicionados em tubetes de 300 cm3, foram
formulados utilizando a relação de 3:1 (v:v) entre terriço e diferentes compostos orgânicos a
base de casca de frutos de cupuaçu. Os compostos orgânicos foram obtidos pela compostagem
da casca de frutos de cupuaçu trituradas, associada com outras matérias orgânicas [esterco
bovino, cama de aviário, esterco ovino, ramos de gliricidia (Gliricidia sepium) e ramos de
ingá-cipó (Inga edulis)], também utilizando a relação de 3:1 (v:v), respectivamente. Nos
tratamentos com calcário, aplicou-se a base de 2 kg de calcário dolomítico por metro cúbico
de substrato. Os diferentes substratos, contendo compostos orgânicos produzidos a base de
casca de frutos de cupuaçu, independente da matéria orgânica associada, ou da aplicação de
calcário dolomítico, favoreceram o crescimento de mudas de tucumãzeiro. Os mesmos
permitiram uma maior disponibilidade de N, P e K nas folhas de tucumãzeiro, ao mesmo
tempo em que reduziram os níveis de Ca e Mg, com destaque para o composto contendo cama
de aviário que superou os demais em relação P, K, Ca e Mg. A aplicação do calcário
dolomítico, nos diferentes substratos, contendo os diferentes compostos orgânicos, permitiu
uma maior disponibilidade N e Mg nas folhas de tucumãzeiro, e situação inversa em relação
ao K.
Palavras-chaves: palmeira, produção de muda, adubo orgânico, calagem.
31
GROWTH OF SEEDLINGS UNDER DIFFERENT ORGANIC COMPOUNDS
TUCUMÃ THE BASIS OF THE FRUIT PEEL CUPUAÇU
Abstract - This study aimed to evaluate the growth of tucuman seedlings (Astrocaryum
aculeatum G. Mey.), produced using organic compounds based on the cupuaçu fruit skin
(Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.), combined with other organic
materials, with and without lime application. The experimental design was completely
randomized in factorial scheme 5 (substrates) x 2 (liming), plus two additional treatments
(control - no humus and limestone), with four replications, each with six plants. The
substrates, packed in tubes of 300 cm 3 were formulated using 3:1 (v: v) and humus from
different organic compounds to cupuassu fruit peel bases. Organic compounds were obtained
by the composting of ground cupuaçu fruit bark, combined with other organic materials
[cattle manure, poultry manure, sheep manure, branches of gliricidia (Gliricidia sepium) and
branches of vine-inga (Inga edulis)] also using 3:1 (v: v), respectively. The treatments of lime
were applied to the base in the ratio of 2 kg of lime per cubic meter of substrate. Different
substrates containing organic compounds produced cupuaçu fruit peel bases independent of
combined organic matter, or the application of dolomitic lime, favored the growth of
tucumãzeiro seedlings. They allowed a greater availability of N, P and K in tucumãzeiro
leaves and at the same time, reduced levels of Ca, and Mg. Especially the compound
containing litter, which surpassed the others in the P, K, Ca, and Mg, levels. Dolomitic liming
in different substrates, containing different organic compounds, allowed greater N, and Mg,
availability in tucumãzeiro leaves, and reversed the situation with respect to K.
Key words: palm trees, seedling production, organic fertilizer, lime.
32
INTRODUÇÃO
O tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey.), pertencente à família Arecaceae, é
uma espécie encontrada, naturalmente, no norte do Brasil (MIRANTDA et al. 2001). Esta
ocorre esporadicamente em pequenas densidades no interior da floresta e com grande
abundância em áreas abertas como capoeiras, savanas, pastagens abandonadas e margens de
estradas, podendo chegar a uma densidade de 50 indivíduos por hectare (CAVALCANTE,
1991).
A planta é uma palmeira monocaule que alcança até 25 m de altura, caule de até 25
cm de diâmetro, com presença de espinhos nos entrenós. Apresenta frutificação durante todo
o ano, mas o pico de produção ocorre nos meses de janeiro a junho (MIRANDA et al. 2001;
OLIVEIRA, 2003). Possui folhas do tipo pinada, variando de 8 a 15 por planta. Os frutos,
normalmente, elipisóide, alaranjado, quando maduros, apresentam de 3 a 5 cm de
cumprimento e possuem um aroma e sabor, característico. A polpa alaranjada, de 2 a 4 mm de
espessura, é de consistência pastoso-oleosa, e em geral, fibrosa (CAVALCANTE, 1991).
Essa, rica β caroteno (YUYAMA et al. 2008), é consumida isoladamente, ou misturada com
farinha de mandioca, também usada como recheio de sanduíches e tapiocas, e na confecção de
sorvetes e tortas.
A maior parte da produção de frutos de tucumã, encontrados nas feiras e mercados
da região, advém da coleta extrativista, tendo em vista os poucos plantios comerciais
existentes (REVILLA, 2000). Este fato, em parte, decorre do pouco conhecimento disponível
sobre a espécie, o que envolve desde assuntos relacionados à germinação e produção de
mudas, até sobre o manejo adequado da planta no campo.
A propagação do tucumã é realizada por semente e sua germinação é, normalmente,
lenta, irregular e frequentemente em baixa porcentagem (GENTIL e FERREIRA, 2005). Por
outro lado, estudos com embebição das sementes e alternância de temperatura têm reduzido
significativamente o período de germinação (FERREIRA e GENTIL, 2006; FERREIRA et al.
2010), facilitando, assim, a formação de mudas desta espécie.
A utilização de mudas de boa qualidade é um dos fatores de grande importância no
estabelecimento de uma cultura. Assim, o substrato se destaca por apresentar as funções
básicas de sustentação da planta e fornecimento de nutrientes, além da necessidade de prover
umidade e oxigênio em níveis adequados (GOMES e PAIVA, 2004).
33
O uso de composto orgânico na formulação de substrato para produção de mudas é
uma prática comum entre os viveiristas. E, na escolha de um determinado material,
normalmente se leva em conta a facilidade de sua obtenção, o custo de aquisição, além da
fertilidade, ou disponibilidade de nutrientes, do mesmo. Na Amazônia, a casca do fruto de
cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.) é um resíduo do
beneficiamento da polpa, ou semente, deste fruto que, em geral, é amontoado em grandes
quantidades junto às indústrias ou quintais, servindo muitas vezes de abrigo para insetos
transmissores de doenças. Esta, quando compostada, ou triturada, torna-se uma excelente
fonte de nutrientes, capaz de atender a boa parte das exigências nutricionais de muitas
espécies (ALFAIA et al. 2009).
Na região, dependendo da cultura, é imprescindível a utilização de calcário para
corrigir acidez do solo. Este procedimento aumenta o pH e a disponibilidade dos nutrientes
nos diversos tipos de solos existente na região (ALFAIA et al. 2008).
Diante das boas perspectivas que o tucumã apresenta para a expansão do
agronegócio na região, bem como, da necessidade de ampliação do conhecimento sobre o
manejo desta espécie, este trabalho tem por objetivo avaliar o crescimento de mudas de
tucumã utilizando compostos orgânicos produzidos à base de casca do fruto de cupuaçu,
associada com outras matérias orgânicas, com e sem aplicação de calcário.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no viveiro de mudas no Campus III (V8) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, AM. Esse é coberto com tela de
sombreamento que permite 50% de luminosidade no seu interior.
Inicialmente, foram adquiridos pirenos de tucumã, caracterizados como uma mistura
de progênie (vários racemos e plantas). Para a limpeza dos mesmos, extração e embebição das
sementes se seguiram as recomendações de Ferreira e Gentil (2006).
A semeadura foi feita em sacos de polietileno fechados, contendo, na mesma
proporção do volume das sementes, vermiculita de textura grossa, umedecida com água o
equivalente a 60% de sua massa seca. Os sacos, contendo as sementes, foram acondicionados
em estufa, com temperaturas de 24 e 40ºC, pelos períodos de 18 e 6 horas, respectivamente,
conforme Ferreira et al. (2010).
Após três meses, as plântulas que atingiram o início da formação da segunda bainha
(catáfilo) foram repicadas para tubetes de 300 cm3, contendo diferentes substratos. Estes
34
foram formulados utilizando a relação de 3:1 (v:v) entre terriço (camada superficial de um
Latossolo Amarelo distrófico de textura argilosa) e diferentes compostos orgânicos a base de
casca de frutos de cupuaçu. Por sua vez, os compostos orgânicos foram obtidos pela
compostagem da casca de frutos de cupuaçu trituradas, associada com outras matérias
orgânicas [esterco bovino, cama de aviário, esterco ovino, ramos de gliricidia (Gliricidia
sepium) e ramos de ingá-cipó (Inga edulis)], também utilizando a relação de 3:1 (v:v),
respectivamente.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5
(substratos) x 2 (aplicação de calcário dolomítico – sem e com), mais tratamentos adicionais
(duas testemunhas), com quatro repetições, cada uma com 6 plântulas (ou mudas em
formação). As composições químicas dos substratos estão na Tabela 1. Nos tratamentos com
calcário, foi aplicada a base de 2 kg de calcário dolomítico por metro cúbico de substrato.
Após a instalação do experimento, periodicamente foi feita irrigação dos substratos,
assim como o controle de plantas invasoras e pragas, conforme a necessidade.
Tabela 1. Análise química dos substratos, mistura de terriço (T) com composto (C) orgânico
(3:1, v:v) a base de casca do fruto de cupuaçu, associada com outras diferentes matérias
orgânicas, utilizados na formação de mudas de tucumã, em Manaus/AM.
Substrato pH
(H2O)
P K Ca Mg Al Zn Fe Mn
mg.kg-1 -------- cmolc.kg-1 -------- ----- mg.kg-1 -----
T+C ramos ingá-cipó s/cal. 5,9 0,44 1,84 4,40 2,19 1,06 7,5 194 2,0
T+C ramos ingá-cipó c/cal. 6,1 0,45 1,83 5,54 2,53 0,38 7,2 167 6,0
T+C ramos gliricídia s/cal. 5,6 0,45 1,83 5,79 2,42 0,39 9,1 196 6,5
T+C ramos gliricídia c/cal. 6,3 0,42 1,78 7,45 3,14 0,21 7,6 155 5,3
T+C esterco bovino s/cal. 6,3 0,45 2,00 9,69 4,21 0,27 52,0 187 17,4
T+C esterco bovino c/cal. 6,4 0,46 2,04 9,78 4,31 0,04 52,0 161 18,0
T+C esterco ovino s/cal. 5,9 0,45 1,65 6,65 3,19 0,03 13,0 183 9,6
T+C esterco ovino c/cal. 6,1 0,45 1,81 8,38 3,90 0,11 5,2 163 10,6
T+C cama de aviário s/cal. 7,0 0,44 2,09 11,9 3,29 2,25 36,0 68 29,7
T+C cama de aviário c/cal. 7,0 0,45 1,83 12,6 3,41 0,06 28,0 88 25,4
Terriço sem calcário 5,0 0,45 0,10 3,59 0,28 9,03 1,4 230 1,8
Terriço com calcário 5,4 0,43 0,10 6,77 1,02 1,01 1,9 243 2,3
35
No encerramento, de cada unidade experimental, foram utilizadas as três primeiras
plantas (mudas) disponíveis a fim de avaliação da seguintes variáveis: diâmetro de colo (mm),
altura da planta (cm) (considerou-se como altura a distância entre o colo e o início da
angulação entre a última folha emitida e a anterior já expandida) e número de folhas. Em
seguida, as plantas foram removidas do substrato, lavadas e secas em estufa a 65ºC, durante
cinco dias, e então aferidas a massa seca da parte aérea (g), massa seca da lâmina foliar (g) e
massa seca do sistema radicular (g). A partir de toda a massa seca da parte aérea, no
Laboratório de Análise de Solos e Plantas da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus/AM,
foram feitas análises de macro nutrientes (MALAVOLTA et al. 1997; EMBRAPA, 1999).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando detectadas
diferenças significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização dos compostos orgânicos proporcionou resultados favoráveis,
considerando que todas as variáveis relacionadas com o crescimento das mudas de tucumã
apresentaram valores superiores significativamente para o fatorial, ou tratamento (substratos x
calcário), em relação a testemunha (apenas terriço) (Tabela 2).
Com respeito a aplicação de calcário dolomítico, tanto as testemunhas, quanto os
tratamento contendo composto orgânico, nenhuma diferença significativa foi observada em
relação a presença e ausência do calcário, para todas a variáveis. Apesar disto, na testemunha
(terriço) com calcário se observou ligeira superioridade, ou tendência generalizada de melhor
resultado. Esse comportamento corrobora com outros estudos desenvolvidos na região,
comprovando que com o emprego do calcário promove maior capacidade de troca catiônica
(LEHMANN, 2002; SANTOS, 2003; ALFAIA et al. 2008).
Quando se leva em conta os diferentes compostos orgânicos, ou matérias orgânicas
associadas, também não foram encontradas diferenças significativas para todas as variáveis.
E, isto significa que, além dos resultados favoráveis em relação a testemunha (sem composto
orgânico), os diferentes substratos utilizados proporcionaram crescimentos das mudas de
tucumã semelhantes.
36
Tabela 2. Variáveis de mudas de tucumã, após nove meses de desenvolvimento, sob
diferentes substratos, utilizando uma mistura de terriço e composto orgânico a base casca de
frutos de cupuaçu, associada com outras diferentes matérias orgânicas, com e sem aplicação
de calcário dolamítico, em Manaus/AM.
Número
de
folhas
Diâmetro
do colo
(mm)
Altura da
planta
(cm)
Massa seca
parte aérea
(g)
Massa
seca
lâmina
foliar (g)
Massa seca
sistema
radicular
(g)
Testemunha versus Fatorial
Testemunha 3,2 b 9,19 b 4,46 b 1,98 b 1,19 b 2,60 b
Fatorial 3,8 a 11,26 a 6,13 a 3,72 a 2,45 a 3,83 a
Comparação entre Testemunhas (terriço)
Sem calcário 3,1 a 8,80 a 4,35 a 1,61 a 1,01 a 2,10 a
Com calcário 3,3 a 9,57 a 4,58 a 2,34 a 1,38 a 3,10 a
Matéria orgânica associada
Ramos ingá-cipó 3,9 a 11,20 a 5,94 a 3,85 a 2,58 a 4,24 a
Ramos gliricídia 3,8 a 10,77 a 6,16 a 3,50 a 2,22 a 3,30 a
Esterco bovino 3,8 a 12,23 a 6,61 a 4,11 a 2,62 a 3,77 a
Esterco ovino 3,8 a 11,16 a 6,58 a 4,01 a 2,70 a 3,96 a
Cama de aviário 3,6 a 10,92 a 5,38 a 3,15 a 2,15 a 3,87 a
Aplicação de calcário
Sem calcário 3,8 a 11,20 a 6,31 a 3,80 a 1,01 a 4,01 a
Com calcário 3,7 a 11,31 a 5,96 a 3,65 a 1,38 a 3,64 a
C.V. (%) 8,01 11,99 18,90 23,10 24,65 25,25
Médias seguidas por mesmas letras minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Alves et al. (2010) e Souza et al. (2010), trabalhando com palmeira-rápis (Rhapis
excelsa) e macaúba (Acrocomia aculeatum) encontraram resultados semelhantes, em relação a
37
diferentes substratos, o que foi atribuído pelos segundos autores a quantidade de reserva
nutritivas de suas sementes.
O conjunto dos tratamentos (fatorial: substratos x calcário) mostrou superioridade
significativa em relação à testemunha (terriço) para os elementos N, P e K, e situação inversa
para Ca e Mg (Tabela 3). Na comparação entre as testemunha, N, P e K não diferiram em
relação a ausência e presença de calcário dolamítico; para Ca a aplicação do calcário
proporcionou resultado inferior, ao contrario do que ocorreu com Mg.
Com relação aos diferentes substratos, o composto contendo cama de aviário
apresentou os maiores níveis dos nutrientes observados, com exceção de nitrogênio. Os
demais substratos diferiram muito pouco entre si, com exceção do que continha esterco
bovino, cujo teor de P foi bastante elevado.
O comportamento do Ca e Mg podem estar relacionado ao pH do substrato. Lopes et
al. (1983) apoud Fageria (1998) em experimento com culturas agrícolas em solos do cerrado,
certificou que o pH ideal para a disponibilidade dos nutrientes está em torno de 5
corroborando com os resultados deste trabalho.
No experimento como um todo, a aplicação do calcário dolomítico possibilitou uma
maior disponibilidade de N e Mg nas folhas de tucumã; menor teor de K; e foi indiferente
para os elementos P e Ca.
O comportamento dos nutrientes são semelhantes aos observados por Lehmann et al.
(2002) analisando os nutrientes foliar de ingá-cipó, mostraram que por serem constituintes de
enzimas na clorofila Mg tende a apresentar maior concentração. Já o K por se móvel tende a
ser perdido com facilidade.
Nos primeiros meses após a repicagem, foi observada a presença de fungos do
gênero Geotrichomu sp. e Phomops. sp. junto às plântulas em desenvolvimento no substrato
com cama de aviário; Colletotricum sp. nas plântulas do substrato contendo ramos de ingá-
cipó, Fusarium sp., colonizando plântulas do substrato com esterco bovino.
Logo após a instalação do experimento foi observada a presença de ratos domésticos
retirando apenas a semente. Isto obrigou a reposição imediata de novas plântulas, bem como a
instalação de anteparo, feito com telhas de alumínio, de modo a impedir o acesso dos mesmos
as plântulas.
Aos cinco meses de desenvolvimento foi registrada densa população de ácaros do
gênero Tetranychus sp. na parte abaxial das folhas de tucumã, o que já foi relatado por Feres
38
et al. (2009) em palmeiras ornamentais. Para o controle foi preparada uma calda sufocálcica
conforme recomendação de Souza e Rezende (2003).
Tabela 3. Nutrientes em folhas de muda de tucumã, após nove meses de desenvolvimento,
sob diferentes substratos, utilizando uma mistura de terriço e composto orgânico (3:1, v:v) a
base de casca de frutos de cupuaçu, associada com outras diferentes matérias orgânicas,
com e sem aplicação de calcário dolamítico, em Manaus/AM.
N P K Ca Mg
g.kg-1
Testemunha versus fatorial
Testemunha 11,44 b 1,03 b 7,53 b 1,95 a 1,42 a
Fatorial 12,81 a 1,60 a 8,40 a 1,72 b 1,35 b
Comparação entre as testemunhas
Sem calcário 12,12 a 1,29 a 8,18 a 1,93 a 1,25 b
Com calcário 12,13 a 1,31 a 7,56 a 1,73 b 1,54 a
Matéria orgânica associada
Ramos de ingá-cipó 12,12 b 0,99 b 7,13 b 1,41 b 1,36 ab
Ramos de gliricídia 13,02 ab 1,01 b 7,10 b 1,30 b 1,27 b
Esterco bovino 13,12 ab 2,25 a 6,83 b 1,59 b 1,32 ab
Esterco ovino 13,94 a 1,20 b 6,64 b 1,48 b 1,38 ab
Cama de aviário 11,86 b 2,40 a 9,01 a 2,84 a 1,55 a
Aplicação de calcário
Sem calcário 12,45 b 1,48 a 7,78 a 1,79 a 1,30 b
Com calcário 12,72 a 1,49 a 7,27 b 1,73 a 1,47 a
C.V (%) 8,4 16,7 14,3 16,35 12,61
Médias seguidas por mesmas letras minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
39
CONCLUSÃO
Após nove meses de desenvolvimento das mudas e considerando as condições em
que o experimento foi realizado, chegou-se as seguintes conclusões:
a) Os diferentes substratos, contendo compostos orgânicos produzidos a base de
casca de frutos de cupuaçu, independente da matéria orgânica associada, ou da aplicação de
calcário dolamítico, favoreceram o crescimento de mudas de tucumãzeiro;
b) Os diferentes substratos, contendo diferentes compostos orgânicos a base de casca
de cupuaçu, permitiram uma maior disponibilidade de N, P e K nas folhas de tucumãzeiro, ao
mesmo tempo em que reduziram os níveis de Ca e Mg, com destaque para o composto
contendo cama de aviário que superou os demais em relação P, K, Ca e Mg;
c) A aplicação do calcário dolamítico, nos diferentes substratos contendo os
diferentes compostos orgânicos, permitiu uma maior disponibilidade N e Mg nas folhas de
tucumãzeiro, e situação inversa em relação ao K.
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Conclusão Geral Os compostos apresentaram temperatura, pH e a umidade, durante a compostagem
das diferentes misturas, comportamentos evolutivos semelhantes, com pequenas diferenças
entre os substratos.
As associações da casca de cupuaçu com esterco bovino e com ramos de ingá-cipó
apresentaram as mais altas relações iniciais carbono/nitrogênio (C/N).
Ramos de ingá-cipó e esterco bovino, adicionados à casca de cupuaçu,
proporcionaram os maiores rendimentos, em massa e volume, de compostos produzidos,
enquanto a cama de aviário apresentou os menores índices;
Cama de aviário, seguida do esterco bovino e, depois, esterco ovino, adicionados a
casca de cupuaçu, proporcionaram os comportos orgânicos com os níveis de nutrientes mais
elevados;
As subclasses Acari e Colembolla foram os animais da mesofauna em maior
quantidade na fase inicial da compostagem das diferentes misturas, enquanto a classe Insecta
apresentou maior diversidade, tanto no inicio quanto no final do processo.
Após nove meses de desenvolvimento das mudas e considerando as condições em que o
experimento foi realizado detectou que os diferentes substratos, contendo compostos
orgânicos produzidos a base de casca de frutos de cupuaçu, independente da matéria orgânica
associada, ou da aplicação de calcário dolamítico, favoreceram o crescimento de mudas de
tucumãzeiro;
Os diferentes substratos, contendo diferentes compostos orgânicos a base de casca
de cupuaçu, permitiram uma maior disponibilidade de N, P e K nas folhas de tucumãzeiro, ao
mesmo tempo em que reduziram os níveis de Ca e Mg, com destaque para o composto
contendo cama de aviário que superou os demais em relação P, K, Ca e Mg;
43
A aplicação do calcário dolomítico, nos diferentes substratos contendo os diferentes
compostos orgânicos, permitiu uma maior disponibilidade N e Mg nas folhas de tucumãzeiro,
e situação inversa em relação ao K. Constituindo assim boa alternativa para os produtores da
região amazônica, pois além de evitar poluição por acúmulo destes materiais em depósitos de
lixos, pátios de agroindústria, entre outros locais, poderá auxiliar, de forma sustentável, e
econômica a produção de mudas, confecção de canteiros para jardinagem e preparo de covas
para plantio de árvores.