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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
8,5
AÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ALAÍDE MORAIS DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
PRIMAVERA DO LESTE/2013
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
AÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ALAÍDE MORAIS DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO
"Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil."
PRIMAVERA DO LESTE/2013
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade de frequentar este curso e realizar o sonho de
obter uma especialização.
A nossa família pela confiança em mim depositada. Ao esposo e filhos, que
me acompanhou e compreendeu nos momentos em que me dediquei aos estudos.
Agradecer também ao professor Ilso Fernandes do Carmo pela dedicação e
eficiência que teve durante essa jornada
A todos os colegas pela amizade que cultivamos.
RESUMO
A escolha deste tema para este estudo tem como objetivo principal analisar
criticamente, a trajetória histórica das instituições de atendimento das crianças de 0
a 6 anos de idade que frequentam a escola de Educação Infantil, bem como discutir
os avanços e retrocessos dessa modalidade educacional no Brasil. Entendo que
este trabalho, ao priorizar o movimento de investigar o passado, permite
compreender os desafios que se colocam na sociedade contemporânea, sobretudo,
no que diz respeito a ação didática pedagógica, os professores que atuam junto a
esse nível de ensino, que é a Educação Infantil. Para seu desenvolvimento optei
pela pesquisa bibliográfica, tomando por base o método histórico, por considerar que
por meio dele, é possível conhecer a origem das primeiras instituições de
atendimento à criança e suas funções no decorrer da história até sua propagação
pelos outros continentes. É importante mencionar que as escolas infantis no Brasil
sofreram, no decorrer dos tempos, diferentes mudanças em suas funções, as quais
passaram pelo assistencialismo, custódia e privação cultural até a função educativa.
Os resultados da pesquisa apontam que, do ponto de vista histórico, houve um
avanço justificativo da legislação quando esta reconheceu a criança como cidadão,
com sujeito de direitos a educação de qualidade desde o nascimento.
Palavras-chave: Educação Infantil. Ação Didática Pedagógica. Projeto Educativo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................05
1 EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................................... 07
2 AÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................ 13
3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ................................ 21
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 28
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a educação é um segmento indispensável para o
desenvolvimento da sociedade. Fenômenos como a mundialização e a globalização
exercem, atualmente, uma enorme pressão sobre os sistemas educacionais, os
quais são constantemente analisados, avaliados e comparados.
Neste sentido, planejar as atividades adequadas com a faixa etária dos
alunos, formar agrupamentos produtivos, são meios indispensáveis para se obter
uma ação didática expressiva e competente.
O estudo ora proposto traz como tema “Ação didática pedagógica nos anos
iniciais fundamental na educação infantil.” Buscando resposta para a seguinte
problemática: A ação didática pedagógica constitui no Plano Político Educacional a
força para uma educação transformadora que visa à formação integral do sujeito,
buscando, portanto novas práticas educativas que contemplem essa meta?
O presente trabalho será realizado através de pesquisas bibliográficas,
procedendo à leitura, e síntese de todos os materiais, análise de dados de
informação; sistematização de ideias; construção de um novo texto, que incluirá a
reconstrução dos argumentos dos autores analisados, apropriação de ideias de
outrem, devidamente citados, posicionamentos críticos e exposição de novos
argumentos e respectivamente novas soluções para o problema levantado. Expondo
o necessário para que se consiga esclarecer o problema aqui proposto.
A pesquisa aqui suscitada tem por objetivo estabelecer um conhecimento,
sobre a problemática da ação didática pedagógica, levantando hipóteses, que
deverão ser esclarecidas no elaborar do trabalho.
O presente trabalho se justifica por propor entender a ação didática, com o
objetivo de conhecer a realidade deste processo e sua importância, uma vez que o
professor é um informante privilegiado na sala de aula e deve utilizar este benefício
em prol do desenvolvimento do educando.
Pesquisas mostram que Educação Infantil teve pouca preocupação na
construção de um desenvolvimento saudável da criança pequena, a partir de uma
postura crítica e reflexiva. Contudo, atualmente, muito se discute sobre essa
primeira etapa da educação básica. O planejamento é o primeiro passo ação
didática e prática pedagógica, facilitando o trabalho educativo do professor e
preparando a criança para sua vida futura.
Sabe-se que ao planejar as atividades pedagógicas, o professor pensa e
organiza o que vai fazer durante a aula, para que tenha em mente tudo que
acontecerá no decorrer do dia.
A educação precisa servir como um instrumento para mudar consciências e
posturas e desencadear novas maneiras de enxergar o mundo à sua volta.
A educação precisa-se oxigenar, oxigenando ideias, alunos, professores,
mestres e doutores. Por isso, professores que fazem da ação didática sua prática,
esse sim, poderá ser chamado de mestre, chamado de professor pesquisador hoje e
sempre.
Do ponto de vista histórico, a educação da criança esteve sobre a
responsabilidade exclusiva da família durante séculos, porque no convívio com os
adultos e outras crianças que ela participa das tradições e aprendem as regras e
suas culturas. Na sociedade contemporânea, por sua vez a criança tem a
oportunidade de frequentar um ambiente de socialização, convivendo e aprendendo
sobre sua cultura mediante de diferentes interações com seus pares.
Do desenvolvimento desta questão, originou-se o presente estudo sobre a
ação pedagógica na Educação Infantil dividida em três partes. Na primeira
apresentarei a configuração da preocupação com a educação das crianças em
instituições regulamentares. Na segunda parte analisei seu processo histórico no
Brasil, enfatizando sua origem. Na terceira parte, destaquei a criação da legislação
para regulamentar e garantir a oferta da educação infantil e a criança de diferentes
classes sociais.
06
1 EDUCAÇÃO INFANTIL
Há mais de cem anos, segundo BARRETO (1998), apud MARTINS (2013),
já existiam no Brasil iniciativas para a expansão da Educação Infantil. Porém, foi
somente nas últimas décadas que ela foi reconhecida realmente.
Até o século XVII, a criança nem era reconhecida por suas particularidades.
Ela era vista como um brinquedo, do qual os adultos só gostavam pelo prazer e
distração que proporcionava. Quando crescia e não distraía mais os adultos, deixava
de interessar aos mesmos. Foi somente a partir do século XVIII que os adultos
começaram a modificar sua concepção de criança. Mas, assim mesmo, seu lugar
ainda não era o mais privilegiado na família BARRETO (1998), apud MARTINS
(2013).
Com a Proclamação da República, conforme BARRETO (1998), apud
MARTINS (2013), o Brasil começou a passar por um processo de grande
modernização e industrialização. As mulheres passaram a fazer parte do mercado
de trabalho e as crianças não tinham para onde ir.
Surgiram então as "mães mercenárias", que cuidavam de várias crianças
juntas para suas mães trabalharem fora. Nesse período, aumentou-se o número de
mortalidade infantil devido às péssimas condições de higiene nas casas onde as
crianças ficavam e também à ausência da mãe, que tornava a criança mais triste e
vulnerável (BARRETO (1998), apud MARTINS (2013).
Foi nesse contexto que surgiram as primeiras creches e pré-escolas. No
começo elas eram filantrópicas ou mantidas pelos próprios usuários e, somente mais
tarde, elas se tornaram públicas. (BARRETO (1998), apud MARTINS (2013).
A princípio, as creches e pré-escolas, de acordo com BARRETO (1998),
tinham um caráter assistencialista, visando somente o guardar e o cuidar da criança
na falta da família. Essa concepção, tratava a criança como um ser frágil, indefeso e
completamente dependente. Os profissionais não tinham formação e sua atuação
era restrita aos cuidados básicos de higiene e regras de bom comportamento.
Segundo o mesmo autor, atualmente a situação é completamente diferente.
Com o avanço tecnológico e a ascensão profissional da mulher, as crianças são
levadas à escola cada vez mais cedo. Se antigamente apenas algumas deixavam o
ambiente doméstico aos quatro anos para brincar no “jardim de Infância”, agora
várias frequentam as escolas de educação infantil desde bebês.
Neste novo contexto, a educação infantil, é considerada a etapa mais
importante na escolarização da criança de zero a seis anos, uma vez que ela é o
alicerce do processo educativo, cuja finalidade é desenvolver a criança
integralmente em todos os níveis: sociais, psicológicos, emocionais e cognitivos, é
onde entra o importante papel do educador infantil, pois esse fazer educacional
depende em muito do preparo do professor e da boa utilização da sua ação didática
pedagógica. Assunto que será tratado na sequência. (BARRETO, 1998).
A Educação Infantil tem avançado muito com o passar do tempo, sua origem
na sociedade ocidental, de acordo com DIDONET (2001), baseia-se no trinômio:
mulher-trabalho-criança.
As creches, escolas maternais e jardins de infância tiveram somente no seu
início objetivo assistencialista, cujo enfoque era a guarda, higiene, alimentação e os
cuidados físicos da criança. Apesar de seu início estar mais voltado para as
questões assistenciais e de custódia.
KUHLMANN JÚNIOR (2001, p. 8), ressalta que essas instituições se
preocuparam com questões não só de cuidados, mas de educação, visto se
apresentarem como pedagógicos já em seu início. Naquela época criou-se uma
escola com o nome de “Escola de Principiantes”, para crianças de 2 a 6 anos de
idade, criou-se apenas um programa de passeios, trabalhos manuais e histórias
contadas com gravuras, nas quais suas escolas tinham com objetivos por meio do
trabalho de mulheres de comunidade, tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler
a Bíblia e a tricotar.
Os materiais didáticos tinham um propósito educativo, porque possibilitavam
as crianças o desenvolvimento do raciocínio e o julgamento correto diante das
situações propostas pelo professor.
Do ponto de vista histórico, a própria literatura traz o jardim de infância como
uma instituição exclusivamente pedagógica, e que, desde sua origem teve pouca
preocupação com os cuidados físicos da criança. No entanto vale ressaltar que o
primeiro Jardim da Infância, criado em meados de 1840, de Blankenburgo por
Froebel, tinha uma preocupação não só de educar e cuidar das crianças, mas de
08
transformar a estrutura familiar de modo que as famílias pudessem cuidar melhor de
seus filhos.
Os estudos que atribuem aos jardins de infância uma dimensão educacional e não assistencial, como outras instituições de educação infantil, deixam de levar em conta as tendências históricas que mostram uma estreita relação entre ambos os aspectos, o que a assistência é que passou, no final do século XIX, a privilegiar políticos de atendimento a infância em instituições educacionais e o jardim de infância foi uma delas, assim como as creches e escolas maternais. (KUHLMANN JUNIOR, 2001, p. 26).
A partir da segunda metade do século XIX, o quadro de instituições
destinadas a primeira infância, eram formadas basicamente da creche e do jardim
de infância ao lado de outras modalidades educacionais, que foram absorvidas
como modelos em diferentes países.
Para VIEIRA (1999), a trajetória das creches e escolas maternais foi
marcada pela tradição assistencial, destinada às crianças das famílias
pobres.Segundo essa autora, em nosso país, enquanto modalidade de guarda diária
de crianças pequenas, as creches surgiram para atender às necessidades do
trabalho feminino industrial, respondendo assim a questões como o abandono, a
desnutrição, a mortalidade infantil, a formação de hábitos higiênicos e a moralização
das famílias operárias.
A concepção assistencialista de creche permeou a maioria das instituições
de atendimento infantil conveniadas com órgãos de bem estar social, onde a
preocupação educacional, quando existia, era secundária, essa perspectiva política
do atendimento assistencialista nas creches sofreu modificações. Segundo
OLIVEIRA (2000, p.18)
Apenas quando segmentos da classe média foram procurar atendimento em creche para seus filhos é que esta instituição recebeu força de pressão suficiente para aprofundar a discussão de uma proposta verdadeiramente pedagógica, compromissada com o desenvolvimento total e com a construção de conhecimentos pela criança pequena.
Assim, essas formas de concluir a prática pedagógica vêm sendo
insatisfatória para o professor e desmobilizadora para as crianças. Na tentativa de
superar essa insatisfação, buscamos resgatar as contribuições de Ireinet,
confirmando-as por meio de JOLIBERT e colaboradores (1994 „a‟ e „b‟), para serem
construídas, no movimento da prática cotidiana da educação infantil, novas
possibilidades metodológicas, cujo procedimentos e técnicos encontram-se
ancorados em algumas concepções sobre as quais considera-se importante refletir.
09
De acordo com KUHLMANN JUNIOR (1998), o atendimento à criança com
concepção assistencialista considera três tipos de influência - a médico-higienista, a
jurídico-policial e a religiosa -, todas com o objetivo de educar para a submissão
sendo,portanto, educativas.
Nesse sentindo, vemos as instituições de educação infantil enquanto espaço
educativo que possibilita a vivência da cidadania, as trocas sociais, culturais e
afetivas, bem como a construção de valores, habilidades e conhecimentos,
favorecendo ao mesmo tempo o acesso aos bens culturais, construí das
historicamente pela humanidade. A função pedagógica na educação infantil, pode-se
oferecer às crianças condições para aprendizagem que ocorrem nas brincadeiras e
aquelas advinhas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagem
orientadas pelos alunos, um dos objetivos da educação infantil também utiliza-se do
curricular nacional para educação infantil para nortear seu conteúdo, sendo que a
prática da educação infantil deve ser organizada de modo a proporcionar aos alunos
condições de: desenvolver uma imagem positiva de si; descobrir e conhecer
progressivamente seu próprio corpo, estabelecer vínculos afetivos de troca com
adultos e crianças etc..
Verificando as mudanças que ocorreram durante este período, percebemos
que suas concepções foram se modificando. Hoje, as instituições de Educação
Infantil têm como objetivo desempenhar um papel importante na formação do
indivíduo, não apenas de “cuidar”, mas de educar. Nesse sentido a instituição de
educação infantil, deve dar condições materiais, pedagógicas, culturais, sociais,
humanas, alimentares, espaciais, para que a criança experimente as diferenças
vivências, planejando atividades que sejam de interesse da criança e que
correspondam ao seu nível de desenvolvimento. Recorremos a Santa Catarina
(2005, p. 49) para compreender que: "O papel das instituições educacionais junto à
infância é fundamental para possibilitar espaços de brincadeiras, conversas,
argumentações, negociações, expressão de sentimento, ideias, sensações."
Conforme este documento (2005) a função social da escola é de garantir a
todos o acesso à cultura e ao conhecimento cientifico, na perspectiva da cidadania.
A escola desempenhará bem seu papel, na medida em que, partindo daquilo que a
criança já sabe o conhecimento que ela traz de seu cotidiano, suas ideias a respeito
10
dos fatos e fenômenos, ela for capaz de ampliar e desafiar a construção de novos
conhecimentos. Segundo PANIAGUA; PALACIOS (2007, p. 11).
A educação infantil deve proporciona experiências e interações com o mundo social e físico, de forma ajustados de acordo com as suas idades,seguindo princípios pedagógicos, quando isso não ocorre às experiências educativas não são interessantes, criando dificuldades aos alunos, e,assim, não obter deles a potencialidade que possuem.
A fase da Educação Infantil é muito importante e deve ser desenvolvida a
partir dos conhecimentos já adquiridos pelas crianças. Cabe ao professor a ajudar
no desenvolvimento de suas habilidades, e criar condições para que se tornem
autônomas que é um objetivo primordial na Educação Infantil, contextualizando o
cuidar, e principalmente o educar.
Em outras palavras, muito mais que transmitir conteúdos de matérias
curriculares organizadas/programadas para o desenvolvimento intelectual da
humanidade, é preciso ensinar a ser cidadão, mostrar aos alunos seus direitos e
seus deveres, subsidiando-os para que saibam defende-los quando for preciso.
Por isso é importante que o professor de educação infantil trabalhe valores,
fazendo seus alunos perceberem o outro, perceberem quem está ao seu redor,
formando crianças que saibam a importância de respeitar, ouvir, ajudar e amar o
próximo.
Neste contexto, FREIRE (1996, p. 77) diz:
Me movo como educador porque primeiro me movo como gente, acreditamos que o professor pode levar os educandos a terem curiosidade de querer fazer, querer aprender; que ainda está em tempo de nos desprendermos do tradicionalismo arcaico e da quantificação da educação, a partir da formação e valorização do professor, capaz de olhar uma mesma situação de diversos ângulos e saber a hora certa de intervir e reagir às dificuldades, mobilizando esforços para melhorar a situação (e a sua própria situação), propiciando aos alunos momentos que os levem a querer buscar o saber e, dessa forma, possibilitando que não sejam simplesmente os espectadores do processo de ensino e aprendizagem, mas sim protagonistas conscientes e capazes, vivenciando na sociedade as experiências significativas desenvolvidas na sala de aula, esse espaço- vida do ensino.
Para que isso se torne realidade é necessário que os governantes olhem
com mais carinho para a educação brasileira, e valorizem a dedicação dos
professores que lutam com as armas que possuem para desenvolver uma aula
agradável. Afirmam: “quem não ama o que faz, dá pouco de si” (Ruben Alves, apud
JUNQUEIRA, 2013).
11
E completam: O nosso trabalho é realizado com gente miúda, jovem ou
adulto, mas gente em permanente processo de busca. Gente formando-se,
mudando, crescendo e orientando-se, melhorando, porque gente capaz de negar os
valores, de distorcer-se, de recuar, de transgredir. (FREIRE, 1996, p. 162).
12
2 AÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Define-se Didática como sendo a Arte de Ensinar; o procedimento pelo qual o mundo da experiência e da cultura é transmitido pelo educador ao educando, nas escolas ou em obras especializadas. / Conjunto de teorias e técnicas relativas à transmissão do conhecimento. (BOUZAN, 2011).
A Didática, portanto, Segundo PILETTI (1991, p.42), “estuda a técnica de
ensino em todos os seus aspectos práticos e operacionais.”
Os educadores, conforme descreve PILETTI (1986, p. 43)
se depara com a Didática Geral aquela que estuda os princípios, normas e técnicas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. E a Didática Especial àquela que analisa os problemas e dificuldades que o aluno de cada disciplina apresenta e organiza os meios e sugestões para resolvê-los.
O que vale dizer que o objetivo primeiro da Didática de uma disciplina situa
se fundamentalmente nas relações entre saber e aprender e conhecimento do
aprendiz.
Isso vem ao encontro dos objetivos da educação, pois segundo os autores
LEITE, SIQUEIRA e LIMA (2002), “pode se dizer que a eficiência do ensino se
traduz no progresso dos alunos.”
Neste sentido, os professores, em todas as épocas, têm-se preocupado com
a avaliação do trabalho escolar, e agora, particularmente, direcionada aos docentes
atuantes na Educação Infantil, sabendo o nível de conhecimento das crianças no
momento em que estas lhes são entregues, para poderem determinar com
convicção seus progressos depois de certo tempo, verificar a quantidade de
aprendizagem e o modo como ela vem se desenvolvendo com o intuito de saber
dosar e distribuir os trabalhos de aula, conhecendo e respeitando as habilidades e
limitações de cada criança (dentro de sua faixa etária), podendo proporcionar o
auxílio que individualmente necessitam. (LEITE, SIQUEIRA E LIMA, 2002).
Neste contexto a ação didática é de suma importância para o bom
desempenho do trabalho pedagógico. Portanto torna se necessário que os
formadores educacionais, de uma maneira geral, conheçam dispositivos legais,
diretrizes, objetivos e metas educacionais, bem como algumas teorias pedagógicas
da educação, colaborando assim, para a sua formação acadêmica, uma vez que:
A concepção da Educação Infantil é centrada no projeto educativo e tem como
objetivo, fazer do ambiente da instituição um local agradável, com profissionais que
executam, atendem e entendam os vários pontos de vista dos educandos, para
interferirem a partir deles. (BRASIL, 1998).
Verifica-se a extrema necessidade de o professor estar sempre buscando
descobrir e elaborar, dentro de sua concepção de ensino, a forma mais adequada
para transmitir e ensinar os conteúdos propostos, pois educação é definida como:
“ato ou efeito de educar (se). Processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a melhor
integração individual e social.” (FERREIRA, 1999, p. 718).
É a partir do meio que a criança circunda, que ela compreende o mundo em
que vive e as relações contraditórias que presenciam, transferindo e captando para
seu cotidiano todos os momentos e condições em que estão submetidos. Esse
processo de construção do raciocínio depende fortemente da interação social,
cabendo ao professor proporcionar situações de conversa, brincadeiras e de
aprendizagens orientadas que possibilitem a troca de experiências entre as crianças,
de forma que possam comunicar-se e a expressar-se, demonstrando seus modos de
agir, de pensar e de sentir. (NASCIMENTO, 2007).
Neste contexto PAES (2010), afirma que:
Uma situação didática é formada pelas múltiplas relações pedagógicas estabelecidas entre professor, alunos e o saber, com a finalidade de desenvolver atividades voltadas para o ensino e para a aprendizagem de um conteúdo específico. Somente com estes três elementos é que teremos uma situação didática.
E o autor continua:
Porém estes três elementos, ou a situação didática, não são suficientes para entender por completo o conteúdo em questão: precisa-se de uma vinculação com outros recursos didáticos, para que se entenda realmente a matéria, como por exemplo, a forma como o professor ensina, os métodos utilizados, a disposição da matéria. É muito importante que o professor saiba apresentar o conteúdo para que os alunos se interessem e veja o conteúdo em sua realidade, caso contrário os alunos ficarão cada vez mais distantes e não entenderão nada.
Diante do exposto, entende-se que é importante a criação de um ambiente
que se dê o encontro humano em todas as suas dimensões. Para alcançar esses
objetivos, deverão ser utilizados certos conteúdos ou experiências, que serão
extremamente variados, como são variados os objetivos e as situações humanas.
Inclusive deverão apresentar grande flexibilidade, pois as pessoas são diferentes
entre si e nos diversos momentos da vida de cada um.
14
Selecionados e dispostos os conteúdos inspirados nos objetivos, procede se
a sua operacionalização, isto é, escolhem se procedimento e métodos julgados
adequados.
Estabelecidos os procedimentos, segundo a autora MELO (2007), eles
precisam ser levados a efeito, necessitando se para isso de determinados recursos
ou meios, que deverão ser os mais variados, de acordo com as características e
exigências do momento da educação, dos conteúdos e objetivos, especialmente das
pessoas. Um recurso pode ser bom à medida que auxilia as pessoas a obterem os
resultados que pretendem, ajudando as a executar as tarefas que realizam.
Neste sentido a didática pode ser entendida como a arte de ensinar, saber
"como", "entender", "refletir". Muitos dizem que é um saber técnico, a razão técnica
ou instrumental, é aquela que faz a melhor adequação entre os meios e os fins
escolhidos (GHIRALDELLI JUNIOR, 2012).
O que faz com que o professor observe as necessidades de cada criança
para desenvolver seus projetos, e assim se tornar melhor a aprendizagem das
mesmas.
Nesse aspecto, ZABALZA, reforça que:
Embora o crescimento infantil seja um processo global e interligado, não se produz nem de maneira homogênea nem automática. Cada área do desenvolvimento exige intervenções que o reforcem e vão estabelecendo as bases de um progresso equilibrado do conjunto (1998, p. 52.).
No intuito de proporcionar condições adequadas à este processo, para
ZABALZA (1998), a sala de aula de Educação Infantil deve ser, antes de qualquer
coisa, um cenário estimulante, capaz de facilitar e sugerir múltiplas possibilidades de
ação. Deve conter materiais de todos os tipos de condições, comerciais e
construídos. Costuma-se dizer que uma das tarefas de um professor de educação
infantil é saber organizar um ambiente estimulante e possibilitar às crianças ação,
ampliando, assim as suas vivências de descobrimento e consolidação de
experiências. Deve também estar de acordo para que haja diferenciação de
atividades, para que sejam abordadas todas as dimensões do desenvolvimento e
todas as capacidades.
A caminhada nessa direção, a reflexão didática deve ser elaborada segundo
a autora CANDAU (2008, p. 20), a partir da análise de experiências concretas,
15
procurando se trabalhar continuamente a relação teoria e prática. Essa relação não
deve ser entendida de forma dicotômica, quer dissociativa ou associativa, e sim
numa visão de unidade.
A busca da eficiência não é negada. Muito pelo contrário. Mas a própria
eficiência pedagógica é repensada, segundo CANDAU (1984, p. 106), “quando se
parte do compromisso com a transformação social que exige práticas pedagógicas
adequadas à maioria da população do país.”
Para que isso possa ocorrer, entende se que o professor deva ter boa
formação pedagógica. Por formação pedagógica pode se entender aquela que
possibilita ao professor manejar as teorias das quais ele se apropriou na academia,
basicamente, as relacionadas à sua preparação técnico-política. Quanto a esta
questão diz ARANHA (1996, p. 152),
É fundamental que se saiba selecionar o conteúdo a partir dos objetivos concebidos de antemão, visando garantir a eficácia da ação. Nesse caso, o professor precisa ter acesso às contribuições das ciências auxiliares da educação, da filosofia da educação e da história da educação. Deve dominar também, além dos aspectos teóricos, os recursos técnicos, desenvolvendo as habilidades que viabilizem a atividade docente.
Já por formação política quer se entender neste trabalho a presença da
criticidade para uma contraleitura desconstrutiva das realidades com que o docente
depara na sua prática e de sua capacidade politicamente criativa de reconstrução de
práticas, fundadas em análises e reflexões sobre seu trabalho e sobre a dinâmica de
todo o processo educativo das crianças.
Nesta perspectiva, o papel da didática seria o de possibilitar ao professor a
capacidade de sintetizar em prática pedagógica todos os conhecimentos adquiridos
em sua formação acadêmica, no cotidiano de suas experiências, na leitura do
mundo, no vaivém do fazer e do refazer, no tateamento e com isso ser capaz de
explicar os vieses ideológicos, analisar o que revela e o que oculta os discursos do
professor, apontando na didática como um sujeito histórico reflexivo. (CANDAU,
1984).
Esses entendimentos revelam o objetivo maior da Educação Infantil, que é o
de promover o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças de zero a seis anos.
O Educador Infantil deve compreender que o trabalho docente é uma
atividade intencional, planejada conscientemente, visando atingir objetos de
16
aprendizagem. Por isso precisa ser pedagogicamente pensada e estruturada
(LIBÂNEO, 1994, p. 96).
Atualmente pode se dizer que ensinar é uma troca que acontece entre o
aluno e professor, pois este último não se deve considerar o detentor de todo saber,
enquanto o aluno, numa atitude passiva, apenas recebe e armazena informações.
Toda pessoa possui conhecimentos, que vão ser complementados ao longo da vida
e o professor é o mediador que auxilia o aluno na construção permanente desse
conhecimento. Portanto o educador deve sempre estar preparado para expressar
com facilidade suas aulas, de forma a fazer com que os alunos entenda e interage
com as aulas.
Ao relacionar o ensino aprendizagem na educação infantil com as relações
do triângulo simbólico, onde se coloca: alunos, professores, conteúdo de
aprendizagem, podem ser representados simbolicamente pelas três vértices de um
triângulo. Cada um das vértices desse triângulo representa um dos polos, sobre os
quais pode se desenvolver uma reflexão didática, na realidade esses três polos
estão inseridos no quadro de uma ação orientada para uma finalidade. Eles estão
reunidos para viver juntos uma experiência que será específica deles; a de realizar
uma aprendizagem escolar (ou qualquer outra atividade escolar) a propósito de um
conteúdo específico em geral um saber codificado. Esse conteúdo está inserido em
uma disciplina escolar particular, pode tratar-se de conteúdos matemáticos,
biológicos, históricos, físicos e etc. Os outros dois parceiros, o professor e os alunos,
mantêm relações particulares com esse conteúdo.
Diante disso o educador deve ter a consciência da dimensão do ensino
aprendizagem, levando se em consideração que não é só na sala de aula que
aprende ou ensina. Em casa, na rua, no trabalho, no lazer, com a tecnologia, a
natureza, enfim em todos os ambientes e situações podemos aprender e ensinar.
Neste contexto, entende se que o ensino existe para motivar a
aprendizagem, orienta-la, dirigi-la, existe sempre para a eficiência da aprendizagem.
Neste ponto de vista o ensino de qualidade é aquele que apresenta condições do
aprendiz aprender o esperado e o educador é um fator importante pra este
aprendizado.
17
Promover educação em um país como o Brasil é a maior prova de cidadania
que podemos dar a essa nação. Proporcionar educação, visando formação de
professores, vai além desta visão, pois educar docentes significa contribuir para a
transformação do panorama social do país. O professor sozinho, segundo LIBÂNEO
(1994), é capaz de fluir desde que esse seja observador, pesquisador, planejador só
assim o mesmo consegue desenvolver a ação pedagógica e teorias em sala de aula.
Dessa forma, a prática pedagógica na Educação Infantil exige um continuo
processo de reflexão e discussão, percebendo a criança como um ponto de partida e
de chegada de todas as ações. Para tanto é preciso que a instituição de Educação
Infantil adapte os tempos e espaços pedagógicos de acordo com as necessidades
das crianças e a faixa etária que atende.
Nesse sentido, é fundamental entender a criança da Educação Infantil como
um ser humano com identidade própria, que exige uma ação pedagógica adequada
a suas especialidades, utilizando a brincadeira como um instrumento para a
construção da aprendizagem.
É preciso sempre lembrar que a Educação Infantil deve possibilitar o
desenvolvimento da criança pequena por meio da brincadeira, do faz-de-conta, do
lúdico efetivando ações que ampliem sua vivência social e dos conhecimentos
construídos historicamente, potencializando a condições de interação com o mundo.
CERISARA (2002, p. 91) finaliza:
O que reivindicamos é o espaço para a vida, para vivência dos afetos, alegrias e tristezas, para as relações entre coetâneas e não coetâneas para os conflitos e encontros, para ampliação do repertorio vivencial e cultural das crianças a partir de um compromisso dos adultos que se responsabilizam por organizar o estar das crianças em instituições que lhes permitam construir sentimentos de respeito, troca, compreensão, alegria, apoio, amor, confiança, solidariedade entre tantos outros. Que lhes ajudem a acreditar em si mesmo e no seu direito de viver de forma digna e prazerosa.
A educação infantil é o primeiro degrau que a criança passa depois veio
surgindo novas inovações até a vida adulta. É preciso definir também que a
aprendizagem é uma tarefa pedagógica que exige um certo espaço de tempo para
que possa concretizar-se. Ou seja, todo objeto de estudo precisa ser manipulado e
compreendido em seus pormenores. Somente assim, na relação sujeito, objeto,
teoria e prática seja possível caracterizar o processo de aprendizagem.
18
Como salienta VASCONCELOS (1994, p. 63) “o aluno vai construir o
conhecimento a partir do seu contato, de usa interação com a realidade [...]. o aluno
não aprende só na escola.”
Desta forma, podemos observar que o aluno tem todo uma realidade e um
mundo a sua volta para poder aprender, não vendo somente na escola onde ela
adquire conhecimento e sim, em todo o seu contato com a vida e com o mundo, nas
ruas, com as amigas, com a família.
Segundo FREIRE (1996, p. 22), “aprender para nós é construir, reconstruir,
contestar para mudar, o que não faz sem abertura ao risco é a aventura do espírito.”
Com estas declarações iniciamos dizendo que o processo de aprendizagem
é como uma construção contínua e mutável, onde requer de nós constantes
adaptações para que possamos retirar deste processo o melhor e aproveitar todas
as suas etapas.
Temos também a afirmação de SEVERINO (2000, p. 85):
...tudo é constituído de múltiplas partes que se relacionam entre si, à unidade é sempre resultado e resultante de uma interação e de equilíbrio das partes que integram entre si. Ela nunca é uma massa uniforme, monolítico e homogênea de uma identidade pura.
Diante de tais abordagens, a aprendizagem é considerada uma mudança na
forma de comportamento, sendo esta decorrente do estágio de maturação de cada
indivíduo, o processo de aprendizagem, desta forma vai tornando-se cada vez mais
amplo, considerando que existe uma diversidade enorme de oportunidades que nos
induzem para a apropriação dos saber. Na escola por exemplo, o que acontece é a
sistematização dos conteúdos com o propósito de promover a aprendizagem pelo
educando.
Destaca-se também, que a aprendizagem, segundo SEVERINO (2000), é
um processo interativo que ocorre através da pesquisa, da mobilização para o
conhecimento e por meio da construção do saber, através das oportunidades que
são desencadeadas, sem dúvida, a aprendizagem é o resultado do esforço humano
aplicado para atribuir significados nas suas relações com o mundo.
No momento em que se fala de aprendizagem, segundo SEVERINO (2000),
unimos essa palavra à palavra educação, onde se vê o processo de aprendizagem
sendo executado através da educação. Quer estejamos falando de uma educação
19
familiar, social ou educacional, estamos sempre ligando-a a aprendizagem. E tanto o
processo de educação como o processo de aprendizagem, executam-se no decorrer
da via, continuamente, e no decorrer das ações que praticamos no dia-a-dia.
O professor não pode ser visto somente como aquele que passa deveres e
explica no quadro negro a lição do dia, ele não traz consigo somente aula, traz
conhecimentos pedagógicos científicos, atitude e valores, crenças, estratégia. “O
educador educa a dor da fala cognitiva e afetiva, para a construção do prazer”
(FREIRE, 1996).
Cada professor possui uma forma de trabalhar com crianças, esse por sua
vez deve ser observador, pesquisador, deve buscar inovações desde que respeita a
faixa etária de idade da sua turma.
O professor deve estimular o aluno a explorar os objetos de sua realidade
para aprender sobre eles, oferecendo oportunidade para que represente está
realidade, trocando ideias com os colegas sobre o que pensa, conversando,
desenhando, dramatizando, escrevendo, enfim, assimilando fatos, os objetos do
mundo real de acordo com sua compreensão, mas de modo criativo.
Temos neste ponto a visão de SEABRA citado por BEHRENS (1996, p. 67):
O professor do final do século deve saber orientar os educandos sobre onde colher informações, como tratar essa informação, como utilizar a informação obtida. Esse educador será o encaminhador da auto informação e o conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de pequenos grupos reunidos por áreas de interesses.
20
3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Do ponto de vista histórico, segundo OLIVEIRA (2011), foi preciso quase um
século para que a criança tivesse garantindo seu direito à educação na legislação,
foi somente a Carta Constitucional de 1988 que esse direito foi efetivamente
reconhecido.
De acordo com BITTAR (2003, p. 302), “o esforço coletivo dos diversos
segmentos, visava assegurar na Constituição, os princípios e as obrigações do
Estado com as crianças.” Assim foi possível sensibilizar a maioria dos parlamentares
e assegurar na Constituição Brasileira o direito da criança a educação. A pressão
desses movimentos na Assembleia Constituinte possibilitou a inclusão da creche e
da pré-escola no sistema educativo ao inserir, na Constituição Federal de 1988, em
seu artigo 208, o inciso IV, “O dever do Estado para com a Educação será efetivada
mediante a garantia de oferta de creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos de
idade” (BRASIL, 1988).
A partir dessa lei, as creches, anteriormente vinculadas, à área de
assistência social, passaram a ser de responsabilidade da educação, tornou-se por
orientação o princípio de que essas instituições não apenas cuidam das crianças,
mas devem prioritariamente desenvolver um trabalho educacional.
A Constituição representa uma valiosa contribuição na garantia de nossos
direitos, visto que, por ser fruto de um grande momento de discussão e participação
da população civil e Poder Público, “foi um marco decisivo na afirmação dos direitos
da criança no Brasil.” (LEITE FILHO, 2001, p. 31).
Na realidade, foi somente com a Constituição que a criança de 0 a 6 anos foi
conhecida como sujeito de direitos. Nos anos seguintes veio à aprovação do
Estatuto da Criança e do Adolescente, entre anos de 1994 a 1996, foi publicado pelo
Ministério da Educação uma série de documentos importantes intitulado: “Política
Nacional de Educação Infantil”. Tais documentos estabeleceram as diretrizes
pedagógicas e de recursos humanos com o objetivo de expandir a oferta de vagas e
promover a melhoria da qualidade de atendimento nesse nível de ensino. Critério
para atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais da criança, que
discute a organização e o funcionamento interno dessa instituição.
Por uma política de formação do profissional de educação infantil, que
reafirma a necessidade e a importância de um profissional qualificado e um nível
mínimo de escolaridade para atuar nas instituições de educação infantil para que
haja um bom aprendizado o professor deve sempre estar observando seus
pequenos,pois diante destas observações que ele educador vai ver que tipo de
clientela de educandos ele possui.Portanto o professor deve ser criativo,para
desempenhar papéis que forneça progresso para seus alunos.
A nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB, Lei n°9394 de 1996, incorporou a
educação infantil no primeiro nível da educação básica. Inserida no Sistema
educacional, a educação infantil é desenvolvida em regime de colaboração nas
diferentes instâncias União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
De acordo com o Ministério da Educação, o tratamento de vários aspectos,
como dimensões do desenvolvimento e não áreas separadas, foi fundamental, já
que “evidenciou a necessidade de se considerar a criança como um todo, para
promover seu desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública.” (BRASIL,
2006, p. 101).
Desse modo, verifica-se um grande avanço no que diz respeito aos direitos
da criança pequena, uma vez que a educação infantil, além de ser considerada a
primeira etapa da Educação Básica, embora não obrigatória, é um direito da criança
e tem o objetivo de proporcionar condições adequadas para o desenvolvimento do
bem-estar infantil, como o desenvolvimento físico, motor, emocional, social,
intelectual e a ampliação de suas experiências. Diante dessa nova perspectiva, três
importantes objetivos, devem, necessariamente, coroar essa modalidade
educacional:
objetivo social: associado à questões da mulher enquanto participante da vida
social, econômica, cultural e politica;
objetivo educativo: organizado para promover a construção de novos
conhecimentos e habilidades da crianças;
objetivo político: associado a formação da cidadania infantil, em que, por meio
deste, a criança tem o direito de falar e de ouvir, de colaborar e de respeitar e ser
respeitada pelos outros (DIDONET, 2001).
22
Em consonância com a Legislação, o Ministério da Educação publicou em
1998 dois anos após a aprovação da LDB, os documentos “subsídios para o
credenciamento e o financiamento das instituições de educação infantil” (BRASIL,
1998b), que contribuiu significativamente para a formulação de diretrizes e normas
da educação da criança pequena em todo o país, e o “Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil” (BRASIL, 1998), com objetivo de contribuir para a
implementação de práticas educativas de qualidade no interior dos centros de
Educação Infantil. Este último foi concebido de maneira a servir como um guia de
reflexão de cunho educacional sobre os objetivos conteúdos e orientações didáticas
para os profissionais que atuam com crianças de zero a seis anos de idade.
Sobre os objetivos gerais da educação infantil, esse documento ressalta que
a prática desenvolvida nessas instituições deve-se organizar de modo que as
crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
desenvolver uma imagem positiva de si, aluando de forma cada vez mais
independente com confiança em sua capacidade e percepções de suas
limitações;
descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades,
e seus limites, desenvolvimento e valorizando hábitos de cuidado com a própria
saúde e bem-estar;
estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e criança, fortalecendo sua
autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e
interação social;
brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades;
conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse,
respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade;
utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita), ajustadas
à diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e
ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidade e desejos e
avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez
mais sua capacidade expressiva. (BRASIL, 1998, p. 63).
23
3
Para que esses objetivos sejam alcançados de modo integrado, o
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL,1998ª), sugere que
as atividades devem ser oferecidas para as crianças, não só por meio das
brincadeiras, mas aquelas advinhas de situações pedagógicas orientadas. Nesse
sentido, a integração entre ambos os aspectos, é relevante no desenvolvimento do
trabalho do professor, uma vez que:
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras, e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998ª, p. 23).
BARRETO (1998), ressalta que, apesar do avanço da legislação no que diz
respeito ao reconhecimento da criança, a educação nos seus primeiros anos de
vida, também é importante considerar os inúmeros desafios impostos para o efetivo
atendimento desse direito, que podem ser resumidos em duas grandes questões: a
de acesso e a da qualidade do atendimento. Quanto ao acesso, a autora enfatiza
que, mesmo tendo havido, nas ultimas décadas, uma significativa expansão do
atendimento, a entrada da criança na creche ainda deixa a desejar, em especial
porque as crianças de famílias de baixa renda estão tendo menores oportunidades
que as de nível socioeconômico mais elevado.
Sobre a qualidade do atendimento, ressalta:
As instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrões bastante aquém dos desejados [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais pedagógicos, a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da creche, a separação entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar (BARRETO, 1998, p. 25).
Não é tarefa fácil, discutir sobre questões que tratam do trabalho pedagógico
em instituições de educação infantil, uma vez que o cotidiano aponta para as muitas
dificuldades do professor na organização desse trabalho, especialmente no que
tange à rotina das crianças, em geral, a própria literatura, quando aborda está
questão, centra-se mais no recorte de um ou outro aspecto que envolve o cotidiano
da instituição, mas não fornece aos professores uma visão mais globalizante dos
elementos que constituem o seu trabalho diário. No entanto, apesar de toda a
problemática que ainda permeia uma grande maioria de instituições de atendimento
24
à criança e apesar de terem tido no seu início uma função mais voltada para as
questões assistenciais, apresentando, ainda hoje, muitos desses problemas,
avançam ao longo da década, apresentando diferentes funções no seu interior, até
se consolidar como um espaço de educação para criança pequena.
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como educador infantil, o professor precisa ter consciência do seu trabalho
enquanto uma função também social. É preciso valorizar a infância como ela é e
conhecer suas diferentes fases de maneira a oferecer uma educação adequada e
compatível com a criança.
A educação infantil não pode ser mais considerada como um lugar de
cuidados básicos, onde se preocupa apenas com a higiene e boa educação, ou
como um curso preparatório para o ingresso no ensino fundamental. A escola de
educação infantil deve preparar o aluno para ser um cidadão participativo e
consciente na sociedade onde vive.
O professor deve ser antes de tudo, um estudante, pois a visão de quem
aprende é sempre mais ampla; deve saber que a criança nos primeiros cinco, seis
anos de idade tem construída as bases da sua personalidade.
Diante do que foi levantado pela pesquisa, entende-se que o presente
trabalho atingiu satisfatoriamente seus objetivos, esclarecendo o problema proposto
e evidenciando a hipótese inicial, uma vez que ficou claro que a ação didática no
ensino existe para motivar a aprendizagem, orientá-la, dirigi-la, sempre na busca
pela eficiência da aprendizagem.
Assim, diante do referencial teórico estudado, bem como as observações do
trabalho docente e das orientações do sistema no que diz respeito ao tema
abordado, fica claro que a existência de um trabalho participativo, que busque
atender as necessidades das crianças e pais, sem deixar de lado a proposta
educativa é essencial.
Enfim, a ação didática na Educação Infantil, nos leva a uma reflexão acerca
do relevante papel que o educador tem a desempenhar nesse aspecto,
proporcionando possibilidades e oportunidades para que a criança brinque e, ao
mesmo tempo, aprenda, e seja educada em toda a plenitude de seu
desenvolvimento.
Professores, alunos, comunidade escolar identificam a educação como uma
concepção de crise num sentido negativo, fornece a ilusão de caos, de perda de
significados, de fim. Fala-se muito em crise na educação, a crise parece ser de
racionalidade, isto acontece porque refletir sobre a educação atual não é tarefa das
mais fáceis em época caracterizada pela diversidade de pensamentos, paradigmas,
ações.
Nesse sentido, não haverá mudanças efetivas, enquanto a elite intelectual
do campo científico da educação e os educadores profissionais não se derem conta
de algo muito simples: escola existe para formar sujeitos preparados para sobreviver
nesta sociedade e para isso precisam da ciência, da cultura, da arte, precisam saber
cosias, saber resolver dilemas, ter autonomia e responsabilidade, saber dos seus
direitos e deveres, construir sua dignidade humana para ser um cidadão
competente.
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