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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE EM BIODANZA ROSAURA BERNI e ARTUR ALMEIDA CRESCENDO JUNTOS A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO FACILITADOR DE BIODANZA Porto Alegre 2005

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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATIONCURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE EM BIODANZA

ROSAURA BERNI e ARTUR ALMEIDA

CRESCENDO JUNTOS

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DOFACILITADOR DE BIODANZA

Porto Alegre

2005

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O encontro humano é um ato de sensibilizaçãodas funções expressivas e de comunicação,

que põe em ação os circuitos de vínculo em feed-back .

Rolando Toro

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................3

1 O QUE É A BIODANZA............................................................................................61.1 O Princípio Biocêntrico .......................................................................................71.2 O Inconsciente Vital............................................................................................81.3 Música, Movimento e Dança ..............................................................................91.4 A Vivência ........................................................................................................101.5 O grupo de Biodanza........................................................................................11

2 FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM BIODANZA ..................................................14

3 FORMAÇÃO DO GRUPO NA CIA DE ARTES E RELATOS DOS PARTICIPANTES .243.1 A Cia de Arte ....................................................................................................243.2 A Formação do Grupo ......................................................................................253.3 Relato de Integrantes do Grupo .......................................................................30

4 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO FACILITADOR .................45

CONCLUSÃO............................................................................................................52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................54

ANEXOS ...................................................................................................................55

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INTRODUÇÃO

Estamos vivendo uma época em que o individualismo, a solidão e a

competição com o respectivo stress da chamada “vida moderna” atingiram níveis

considerados insuportáveis, de certo modo, transformando-nos numa sociedade de

neuróticos não anônimos, mas filhos, pais, vizinhos, amigos, colegas, onde a troca

diária passa por estes filtros e a intolerância, a violência, fazem cada vez mais parte

do dia a dia das grandes e médias cidades do mundo.

Nesta realidade torna-se cada vez mais imprescindível atividades

integradoras como a Biodanza, onde propomos um reaprendizado de convivência

em grupo, uma redescoberta de nossa essência e respeito como seres humanos,

como contraponto a este cotidiano de miséria e carência, no qual estamos inseridos.

Esta monografia é requisito para a conclusão do curso em formação docente

no sistema Biodanza, pela Escola de Formação de Facilitadores Rolando

Toro/Pelotas, filiada à Biocentric Fundation. Nosso objetivo é descrever o processo

de estruturação de um grupo semanal no centro de Porto Alegre (Cia de Arte),

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ressaltando a importância do estágio na formação do facilitador e estimular aos

futuros facilitadores que repitam esta experiência. O grupo iniciou em outubro de

2001 sendo o período desta análise até Março de 2003.

Para realização desta monografia utilizamos como metodologia o relato de

experiências dos participantes através de um questionário com as seguintes

questões: 1. Onde vivo?, 2. Com quem vivo? e 3. O que faço? Estas três questões

foram avaliadas em relação a situação vivida antes e depois de praticar Biodanza.

Também fizemos nosso relato pessoal sobre as transformações trazidas no

processo de facilitar o grupo e relatos de colegas que também passaram pelo

processo de estágio em suas formações. Para estes (assim como para nós) foi

colocada a questão a respeito da importância do estágio na formação do facilitador.

Pela natureza da formação/prática da Biodanza, somos diretamente afetados

em cada encontro realizado devido à postura horizontal que se mantém na relação

entre facilitador e integrantes do grupo.

No capítulo inicial deste trabalho fizemos a revisão bibliográfica enfocando: a)

o Princípio Biocêntrico, b) o Inconsciente Vital, c) Música, Movimento e Dança, d) a

Vivência e) as três questões existenciais e f) o grupo de Biodanza. No segundo,

enfatizamos os principais aspectos referentes à formação do facilitador em biodanza.

O capítulo três é dedicado a explicitar como se deu a formação do grupo de

Biodanza na Cia de Arte, bem como, os relatos dos participantes. No derradeiro

capítulo que antecede à conclusão é enfatizada a importância do estágio na

formação do facilitador.

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Os anexos desta monografia, são constituídos dos relatos na íntegra, dos

integrantes do grupo e dos colegas de formação. Também apresentamos o

programa para a formação de facilitadores, através das escolas de formação da

Internacional Biocentric Foundation.

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1 O QUE É A BIODANZA

Através da Biodanza, um sistema que lida com as paralisias perceptivas e

corporais que nos distanciam de nós mesmos, através da integração afetiva,

renovação orgânica e reaprendizagem das funções originais da vida, baseada em

vivências induzidas pela dança, o canto e situações de encontro em grupo é que

propomos um novo caminho. Este passa por uma renovação orgânica, que

entendemos passar pela ação sobre a auto-regulação orgânica, que é induzida

principalmente pelos estados de alterações de consciência, produzidas pelos

exercícios, vinculados com a música, que têm a capacidade de ativar os processos

de reparação celular e regulação global das funções biológicas, diminuindo os

fatores de desorganização e stress. É com o objetivo da reintegração destas funções

que a biodanza é definida por Rolando Toro como sendo:

A Biodanza é um sistema de integração humana, de renovaçãoorgânica, de reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções originaisda vida. A sua metodologia consiste em induzir vivências integradoras pormeio da música, do canto, do movimento e de situações de encontro emgrupo (2002, p. 33).

Favorecer a retomada do auto cuidado e as possibilidades de negociações

internas são, portanto, dois objetivos importantes de nosso trabalho. Uma ação de

cuidado consigo mesmo, dirigida especificamente ao território das pressões internas,

possibilita a retomada de funções "sufocadas", tais como o pensar, o agir a partir de

si o alívio dos estados confusionais, a vitalidade corporal, etc. Ao mesmo tempo,

tornam-se mais claros os desacordos internos, também abafados devido ao alto

nível de pressão. Pois de nada adianta favorecer mudanças de estado, se não

pudermos, simultaneamente, acessar a maneira pela qual perpetuamos as guerras

internas. Essas difíceis batalhas pessoais estão enraizadas, gravadas em

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movimentos que fazemos com o corpo e a percepção, e são capazes de alterar as

bases de nosso metabolismo energético. São movimentos viciados, repetitivos,

automáticos, sempre acionados quando não dispomos de recursos internos mais

eficazes e personalizados.

O "estar pressionado" entrava vários níveis do funcionamento psíquico,

corporal e existencial e estende-se, também, ao território social, invadindo as

relações quotidianas. Nas casas, nas ruas, nas instituições sentimos, com maior ou

menor freqüência ou intensidade, os efeitos da vida sob pressão. Pois "qualidade de

vida", signifique isso o que significar para cada um, não é um luxo ou uma questão

menor. É uma necessidade vital. A ponto de nos perguntarmos se a reformulação da

ecologia planetária, tão necessária e agora na pauta do dia, não está diretamente

ligada à reciclagem da "ecologia pessoal". Afinal, não há desequilíbrio apenas na

natureza externa, há um forte desequilíbrio, também, na "natureza humana". Há

"desumanização" ou, em outras palavras, os efeitos da perda do humano em cada

um de nós.

1.1 O PRINCÍPIO BIOCÊNTRICO

A compreensão do que vem a ser a, de forma mais profunda a biodanza,

passa pelo conceito de princípio biocêntrico, noção que é central na obra de Toro e,

a partir da qual se estrutura todo o seu pensamento.

Para este autor:

O princípio biocêntrico estabelece um modo de sentir e de pensarque toma como referência existencial a vivência. Ele surge, assim, de uma

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proposta anterior à cultura e se nutre das informações que temos sobre osseres vivos. Tal proposta pode parecer surpreendente, já que somoshabituados ao uso da lógica dedutiva: isto é, somos avessos a tirarconclusões pré-estabelecidas de certos fatos. O método usado aqui, aoinvés, não é preestabelecido: ele parte do fato inquestionável da existênciada vida “aqui e agora” para interrogar-se sobre a origem do cosmo. Minhaabordagem da consciência parte da vivência de estar vivo e da certeza queesta vivência fornece como dado inicial.

O princípio biocêntrico coloca seu interesse em um universocompreendido como um sistema vivo. O reino da vida abrange muito maisdo que os vegetais, os animais e o homem. Tudo o que existe, dosneutrinos aos quasar, da pedra ao pensamento mais sutil, faz parte destesistema vivo prodigioso. Segundo o princípio biocêntrico, o universo existeporque existe vida, e não o contrário (TORO, 2002, p. 51).

Segundo o autor, o princípio biocêntrico, além de ser um princípio universal

que determina e estrutura a vida saudável, é também, o ponto de partida para as

novas percepções da realidade e da ciência.

1.2 O INCONSCIENTE VITAL

Outro conceito crucial na arquitetura teórica da biodanza é o inconsciente

vital. Buscando superar o inconsciente freudiano, que tem no indivíduo seu ponto de

inflexão e, também, o inconsciente coletivo postulado por Jung, Toro identifica na

vida uma origem para muitas de nossas estruturas psicológicas. Para tanto define

inconsciente vital da seguinte forma:

O inconsciente vital se expressa pelo humor endógeno (euforia edepressão), pelo bem-estar cenestésico, pelo estado geral de saúde, pelasreações de imunossupressão frente às perdas, pelas reações alérgicas epela capacidade de cicatrização dos tecidos. As vias de acesso aoinconsciente vital são: a alimentação; as brincadeiras, o bom-humor e asrisadas; as carícias e o erotismo; a ligação com a natureza; os banhos demar; os banhos de lama, as massagens; as vivências da Biodanza em gerale, particularmente, as de regressão mediante o transe na água, induzido noambiente da Biodanza aquática (TORO,2002, p. 57).

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É a este nível inconsciente que Toro entende ser possível acessar com as

práticas da biodanza calcadas na música, no movimento e na dança, como veremos

a seguir.

1.3 MÚSICA, MOVIMENTO E DANÇA

A música na biodanza, aliada aos exercícios específicos, propõe a vivência, o

acesso ao sistema límbico-hipotalâmico, isto é, aos princípios originais da vida,

remetendo o participante a reconexão com seus potenciais de auto-regulação de

saúde, de respeito e reconhecimento de seu próprio ritmo, onde ele(a) passa a agir

e interagir com o meio de maneira mais serena e centrada. A pessoa redescobre-se

em meio a esta confusão de sentimentos, amadurecendo emocionalmente, agindo

com mais segurança e, em conseqüência sendo criativo e pró-ativo e não somente

reativo às situações que o circundam.

Um exercício básico da biodanza é o caminhar. A postura corporal reflete

como a pessoa se posiciona dentro de sua vida. Neste reaprendizado, de, pouco a

pouco, levantar a cabeça soltar os ombros, integrar os três eixos físicos corporais:

cabeça, tronco e membros, faz toda uma diferença na maneira de como se passa a

perceber o entorno e/ou, se a passa a ser percebido. No entanto é a através da

dança, o supremo movimento, que o ser humano pode experimentar uma religação

como algo maior que o compreende.

Toro define a dança como sendo:

A dança, assim como o canto e o grito, é uma das condições inatasdo ser humano. O primeiro conhecimento do mundo, anterior à palavra, é

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aquele que chega a cada um de nós por meio do movimento. Num sentidooriginal, a dança surge das profundezas do ser humano: é movimento devida, de intimidade; é impulso de união à espécie.

É, portanto um modo de ser no mundo que representa uma viaprivilegiada de acesso à nossa identidade original, e, também, a expressãoda unidade orgânica do homem com o universo (TORO, 2002, p. 13).

Pesquisas demonstram, que a comunicação corporal responde pela maior

parte das mensagens que enviamos em nossa comunicação interpessoal. A postura

corporal, apesar de não ser percebida conscientemente na maioria dos encontros e

convivência quotidianos, respondem inconscientemente a esta forma comunicação.

A biodança vem integrar a fala, o pensamento com a expressão corporal, permitindo

que a pessoa perceba a sua individualidade, ou seja, no sentido de ser único em sua

manifestação e como pertencente ao grupo do qual faz parte nos diferentes

momentos do seu quotidiano.

1.4 A VIVÊNCIA

Vivência, segundo a Biodanza, são efêmeros momentos de presença no “aqui

e agora”, com sensações cenestésicas envolvendo todo o organismo.

A vivência é o objetivo do exercício da Biodanza, junto com a música e a

consigna do facilitador, que são os estímulos para que ela ocorra.

A intensidade da integração do sujeito ao momento presente, vai depender do

momento do indivíduo e destes estímulos, podendo produzir uma integração tão

profunda com determinados aspectos do ser em todos os níveis – cognitivo,

emocional e visceral.Quando isto acontece temos a “cura” do sujeito, dada sua

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integração naquele aspecto que não está mais dissociado, não provocando mais

angústias ou somatizações, pois aquele aspecto passa a ser parte integrante do

indivíduo em questão.

E muito difícil falar da vivência, porque é uma sensação de presente absoluto

onde tudo é e está no seu lugar e, quando nos afastamos do momento para refleti-

la, já é outro momento vivido e o (momento) refletido passou a ser experiência.

Segundo a teoria de Rolando Toro, a vivência independe da consciência, pois

ela vem antes, ela já está. É um sentido ligado diretamente aos instintos e a esta

percepção de estar vivo, e a consciência pode dar-se imediatamente ou depois; nós

primeiro “vivemos” para depois “saber” que vivemos.

A Vivência surge no instante em que se está vivendo. Como a águade uma nascente as vivencias surgem com espontaneidade e frescura.Possuem a qualidade do originário e tem uma forçai de realidade quecompromete todo o corpo.As vivencias não estão sob o controle daconsciência.Podem ser “evocadas” mas não dirigidas pela vontade.dealguma maneira, estão fora do tempo, da memória, da aprendizagem e docondicionamento (GÓIS, 2002, p. 73).

1.5 O GRUPO DE BIODANZA

“Toda instituição começa no outro. A família ou qualquer grupo humano é

matriz biológica e instituição social de base, assim como a linguagem” (GÓIS,1997,

p.24).

“Uma identidade necessita de outra identidade, da presença de membros da

mesma espécie e, não somente um, mas muitos mais, um grupo ou coletividade.

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Esta é a razão principal porque a Biodanza é uma abordagem de grupo e não

individual” (GÓIS,2002, p. 105).

O grupo é fundamental, na medida em que o outro age como

espelho.Subitamente nos vemos nos gestos de outra pessoa, reconhecemos nossa

emoção no olhar de um companheiro(a), vibramos na mesma sintonia musical, nos

sentimos pertencentes ao universo e a nos mesmos, através de um grupo disponível

na caminhada natural de evolução no planeta.

O conhecimento e a percepção se dão do individuo ao coletivo e vice-versa,

pois ao mesmo tempo em que o grupo contém um indivíduo, este mesmo indivíduo

contém todo o grupo.No grupo de Biodanza, aprende-se a viver a compaixão e a

empatia, transitando do diferenciado para o indiferenciado, em uma sessão, por

exemplo, pode-se dissolver quatro ou cinco pares de mãos em um exercício e,

aquele instante estamos trocando cariciais com toda a humanidade.Pouco a pouco,

se torna mais fácil para um integrante de um grupo, por exemplo, sentir-se

pertencente ao meio em que vive e a humanidade, pois viveu aquela experiência em

um ambiente construído para tal. O que ocorre é que quando estava vivenciando

aquela situação, podemos dizer mais distante da forma cortical, pois está sendo

induzido através da música, ambiente adequado, consigna do (a) facilitador (a),

pode, dependendo do seu momento, já estar sendo possível mergulhar na emoção e

conectar-se com o aqui e agora, deflagrando a vivência e imprimindo indelevelmente

esta sensação ao seu sistema físico e psicológico, transformando primeiro hábitos e

atitudes, chegando com a continuidade do processo a transformar comportamentos.

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Nada disto seria possível sem a ocorrência do grupo, pois a Biodanza

trabalha com o foco no feed back de pronto ou conceito de espelho, onde se

aprende também a ver-se através do outro.

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2 FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM BIODANZA

A seguir, apresentamos o processo de formação de facilitadores em Biodanza

– Sistema Rolando Toro, através das Escolas de Formação ligadas à International

Biocentric Foundation. O programa completo desta formação, encontra-se no Anexo

C, desta Monografia.

CRITÉRIOS DE ADMISSÃO PARA INGRESSAR NAS ESCOLAS DE

FORMAÇÃO DE BIODANZA

• Ser participante de um grupo regular cujo Professor seja Titular. Haver

realizado um mínimo de 50 horas de vivência de Biodanza;

• Apresentar por escrito as motivações pessoais para entrar na Escola de

Formação Docente de Biodanza;

• Grau de Escolaridade: 2º grau completo (ou aprendizado médio completo),

salvo casos de exceção;

• Não apresentar dissociações ostensivas, segundo os critérios de Biodanza;

• Quando se iniciam as Maratonas de Metodologia, não podem entrar novos

alunos; estes devem esperar o início de um novo Curso de Formação.

PLANO DE ESTUDOS

O ciclo de Formação em Biodanza tem uma duração mínima de três anos e

consiste de vinte e sete Maratonas, distribuídas em um mínimo de oito e um máximo

de dez Maratonas por ano; três Conferências sobre temas teóricos afins ao Sistema

de Biodanza; Relatório Teórico referente ao tema de cada Maratona; Grupos de

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Estudos; Condução de Grupos sob Supervisão no terceiro ano e depois da

Metodologia III; Apresentação da Monografia de Titulação. Cada Maratona será

acompanhada de uma apostila redigida pelo Professor Rolando Toro Araneda sobre

o tema correspondente.

Os alunos das Escolas de Formação devem freqüentar as Maratonas de sua

própria Escola. Maratonas que tenham perdido, com justificações aceitáveis, devem

ser recuperadas no seguinte curso de formação da mesma Escola. Há, também, a

possibilidade de recuperar em outras Escolas um número máximo de duas

Maratonas por ano.

1. Estudos Teóricos:

Conhecimento sobre a teoria de Biodanza e seus fundamentos, em relação às

ciências da vida. Os conteúdos teóricos serão ministrados na ordem indicada no

“Programa Único de Formação Docente em Biodanza”. A carga horária de cada

Maratona é de um mínimo de doze horas e um máximo de quinze horas e devem ser

ministradas por Professores Didatas.

O aluno deve apresentar, em Maratonas seguintes, um breve relatório do

tema teórico tratado na Maratona anterior. O objetivo é o de possibilitar ao aluno

expressar corretamente os conceitos teóricos de Biodanza através de seu próprio

discurso.

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2. Conferências sobre Temas Afins:

As Conferências, em número de três, serão realizadas por especialistas na

respectiva área. Os três temas serão escolhidos pelo Diretor, entre aqueles

indicados no Programa Único de Formação Docente em Biodanza.

A carga horária de cada Conferência será de três horas e a data para sua

realização será determinada pela Direção de cada Escola.

3. Aprofundamento Vivencial:

Aprofundamento das vivências a nível individual e de grupo. Durante as

Maratonas de formação deverá ser dada grande importância à relação entre as

vivências e o tema teórico tratado.

É muito importante que o aluno faça paralelamente um curso de Biodanza

semanal para aprofundar as vivências ou um stage mensal nas cidades onde não

haja Professor Titular de Biodanza. Esta é uma exigência obrigatória.

4. Metodologia:

Abordagem dos recursos metodológicos para a condução de Grupos de

Biodanza.

O Programa Único de Formação de Biodanza compreende 6 Maratonas de

Metodologia. Em cada uma destas deve ser ensinado o tema específico tratado na

respectiva apostila.

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Em cada uma das Maratonas de Metodologia deve ser dedicado um módulo à

aprendizagem correta dos exercícios do Elenco Oficial de Exercícios, Consignas e

Músicas de Biodanza. Cada exercício deve ser ensinado com seu nome correto, sua

respectiva consigna e a(s) música(s) recomendada(s).

Os exercícios e músicas específicas para as Extensões e Aplicações não

devem ser introduzidos no Programa de Formação de Professores de Biodanza.

Nas Maratonas de Metodologia III, IV e VI, além do módulo dedicado à

aprendizagem dos exercícios, outro módulo deverá ser dedicado à estruturação e

condução experimental de uma aula de Biodanza. Este trabalho deve ser realizado

em pequenos grupos formados pela subdivisão do grupo de alunos presentes.

O objetivo das Maratonas de Metodologia é que o aluno em formação saia

profissionalmente capacitado para exercer sua tarefa.

5. Aulas Supervisadas:

Experiência prática de condução de um grupo semanal de Biodanza sob

supervisão, com um mínimo de oito aulas supervisadas de duas horas de duração

cada uma.

A experiência prática deve ter duração mínima de dois meses, com quatro

supervisões cada mês, e duração máxima de oito meses com uma supervisão

mensal.

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Ao final da experiência prática, o Supervisor responsável deverá apresentar à

Direção da Escola sua avaliação do aluno supervisado, através da ficha anexa, a

qual contém os critérios de supervisão.

As supervisões só podem ser realizadas por Professores Didatas. Durante a

aula de supervisão o Supervisor deverá estar presente. Supervisões feitas fora de

aula não devem ser consideradas válidas.

Em um dos dias seguintes a cada supervisão, o Supervisor fará um

comentário detalhado (feed-back) ao praticante sobre sua respectiva prática.

Os honorários do Supervisor não estão compreendidos no custo das

Maratonas da Escola de Formação. Devem ser pagos separadamente e ser

estabelecidos em relação a cada hora de trabalho, incluindo o tempo dedicado ao

comentário (feed-back).

Se, depois de oito supervisões, o aluno não demonstra que está capacitado

profissionalmente, a Escola está autorizada para exigir o número de supervisões que

sejam necessárias.

O período de supervisão só pode começar depois do aluno ter realizado a

Maratona sobre o tema Metodologia III.

O aluno supervisado pode cobrar, do grupo em que trabalha, honorários que

lhe permitam pagar o local e o Professor Didata que fará a supervisão.

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A Escola deve ter o controle das supervisões aprovadas através da assinatura

do supervisor.

6. Ação Social:

Os alunos praticantes podem realizar, optativamente, trabalhos de ação

social, oferecendo sessões de Biodanza em populações marginalizadas, grupos de

anciãos, instituições de proteção à infância, etc. Esta ação social formará parte

importante do curriculum para optar mais tarde pela introdução de Biodanza em

Instituições.

As Escolas que desejam poderão organizar um programa de Ação Social de

acordo com as possibilidades locais e, neste caso, deverão fazer um controle de

qualidade das atividades, como também de sua continuidade nos diferentes grupos.

7. Monografia:

Elaboração de uma monografia sobre um aspecto teórico ou prático de

Biodanza.

A monografia será realizada sob a orientação de um Supervisor (Professor

Didata). O orientador da monografia não tem que ser, necessariamente, o mesmo

Didata que fez a supervisão.

A monografia deve ser enviada à Direção da Escola e aos membros da mesa

examinadora com um mínimo de trinta dias antes da data da Titulação, para que a

Direção da Escola possa propor eventuais correções e sugestões.

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Se a Monografia apresenta erros conceituais graves, a Direção da Escola não

autorizará sua apresentação à mesa examinadora. O aluno deverá refazê-la, sob

estrito controle do supervisor e do Diretor da Escola e determinar, junto com a

Escola, uma nova data de exame.

8. Titulação:

Consiste na apresentação da monografia frente a uma mesa examinadora,

composta pelo Diretor da Escola e dois Didatas convidados. O Diretor da Escola

será o Presidente da mesa examinadora e fará a coordenação da cerimônia de

exame.

O exame se realizará frente a uma mesa examinadora organizada pela

Escola a que o aluno pertence, ou durante um evento de Biodanza. Este exame será

aberto ao público.

O tempo destinado à apresentação da Monografia será de um máximo de

trinta minutos, e os trinta minutos seguintes serão usados para perguntas e

comentários de parte dos integrantes da mesa.

Devem ser considerados os seguintes aspectos para a avaliação:

• Consistência teórica;

• Coerência com o Princípio Biocêntrico;

• Argumentação pertinente à teoria e prática de Biodanza;

• Clareza na exposição;

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• Apresentação estética do trabalho e correta redação.

Uma vez alcançado o consenso da comissão para a aprovação do aluno, o

Presidente da mesa fará a proclamação, junto com os comentários concernentes ao

exame.

O prazo máximo para titular-se será de um ano, uma vez realizadas todas as

Maratonas do Programa Único e a experiência prática de um mínimo de oito

supervisões. Em caso de não cumprimento deste prazo, o aluno deverá submeter-

se a uma avaliação da Escola, que examinará sua situação.

Dependendo de quais sejam as razões expostas, o aluno deverá participar de

Maratonas de Docência para atualizar-se.

9. Diploma de Professor de Biodanza:

Para conseguir o diploma de Professor de Biodanza, uma vez realizadas

todas as etapas do Programa Único de Formação, o aluno deve inscrever-se na

International Biocentric Foundation que lhe atribuirá o Número de Registro

Profissional.

O Professor Titular não poderá ministrar aulas sobre temas pertinentes a

Especializações e Extensões de Biodanza sem haver realizado Cursos Especiais

que o facultem para tanto.

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O Diploma de Professor de Biodanza dá direito a:

• Usar o nome Biodanza® – Sistema Rolando Toro e seu logotipo, registrados

em todo o mundo;

• Exercer a profissão de Professor de Biodanza em qualquer parte do mundo;

• Aplicar a Metodologia de Biodanza, ensinada em Escola sistematizada, em

relação ao Princípio Biocêntrico e a seu Modelo Teórico;

• Criar centros privados de Biodanza para realizar cursos semanais ou

oficinas de Biodanza;

• Ministrar cursos semanais e oficinas de Biodanza em instituições privadas

ou públicas;

• Fazer publicidade de seus cursos semanais e oficinas através de jornais,

revistas ou outros meios de comunicação;

• O Professor Titular gozará de um desconto de 50% nas Maratonas de

Docência para facilitar sua atualização e seu contato com as Escolas.

Atribuições exclusivas do Professor Rolando Toro Araneda:

• A orientação metodológica;

• Supervisão e fiscalização do funcionamento das Escolas de Formação de

Professores de Biodanza;

• Criação e fechamento de Escolas de Formação;

• Nomeação e demissão de Diretores das Escolas de Formação;

• Elaboração do Programa de Formação;

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• Concessão de Diplomas;

• Realização Cursos de Especialização e Extensões de Biodanza;

• Formação de Professores Didatas.

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3 FORMAÇÃO DO GRUPO NA CIA DE ARTES E RELATOS DOSPARTICIPANTES

3.1 A CIA DE ARTE

Em setembro de 1985, a Associação de pessoal da Caixa Econômica Federal

(APCEF/RS), criou a Cia de Arte, um espaço cultural situado a rua dos Andradas,

1780. O prédio, de propriedade da CEF, foi cedido em regime de comodato,

abrigando também a sede administrativa da entidade ate 1993, quando foi

transferida para o bairro Ipanema. A continuidade do trabalho cultural manteve-se,

preservando o patrimônio e o trabalho artístico, com a permanência neste espaço do

grupo teatral Caixa de Pandora, mantido pela APCEF.

A partir daí, muitos profissionais de diversas áreas realizaram na Cia de Arte

suas atividades, tornando-se o espaço referência junto a comunidade artística. A

eles se somaram as Associações representativas das artes cênicas, atuando no

espaço para as realizações de ações organizativas e culturais.

Preocupados com a possibilidade de fechamento deste espaço, em virtude da

intenção da Caixa Econômica Federal de vender o prédio, os artistas fizeram várias

reivindicações pela sua continuidade, pautaram os plenários de esferas municipais,

estaduais e federais.

Movimentos para sua permanência foram realizados, na Cia de Arte, na rua,

nos gabinetes e fóruns populares. Ate que em 2001, a Prefeitura Municipal adquire o

prédio e junto com a Associação Gaúcha de Teatro de Bonecos (AGTB), Associação

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Gaúcha de Dança (ASGADAN), Associação de Pessoal da Caixa Federal

(APCEF/RS) e Sindicato dos Artistas e Técnicos em Diversão (SATED), assinaram

um termo de compromisso para mantê-lo como um espaço cultural, criando o Centro

Cultural Cia de Arte.

Este espaço possui um teatro com capacidade para 108 lugares, um café,

uma galeria para exposições e nove andares com salas amplas para ensaios,

oficinas, desenvolvimento de pesquisas e atividades organizacionais das entidades

que consolidaram este espaço cultural.

3.2 A FORMAÇÃO DO GRUPO

O trabalho que desenvolvemos tem como característica desde o principio

fomentar a autonomia das pessoas.E claro que vem junto uma gama de situações e

transformações que vão tornando isto possível, mas fundamentalmente as pessoas

começam a descobrir que podem com elas mesmas. O ser humano é realmente

uma riqueza de possibilidades e escolhas infindas e poder escolher o que melhor se

encaixa no momento presente para cada um torna-se cada vez mais um desafio

cotidiano, dadas as infinitas possibilidades que se nos apresentam a cada dia neste

mundo globalizado, onde mesclam-se valores e culturas tão diversas, onde vamos

incorporando modelos diferentes a cada momento, linguagens diferentes, o que de

algum modo nos transforma ou nos descobre como um só povo habitante do

planeta. Isto confunde uma sociedade que baseia seus fundamentos sócio-

psicológicos na sua capacidade de fazer e absorver coisas e novidades externas e

massificantes ao invés de redescobrir a essência como ser humano e solidário

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participante da rede planetária, no nosso entendimento o grande paradigma em

desenvolvimento para nossa permanência como espécie, no planeta.

Segundo a facilitadora Liliana Viotti não nascemos humanos, mas vamos nos

tornando humanos na medida em que crescemos - Como estamos vivendo este

aprendizado? De que maneira estamos nos colocando em nossos papeis de gênero,

de pais, educadores e formadores de opinião, que tipo de humanização estamos

conseguindo formar? Quando as pessoas descobrem que podem -ser- literalmente

o que escolherem a perspectiva de toda uma vida esta redescoberta, a segurança e

a consciência de estar vivo e de pertencimento é palpável; neste momento

começamos a agir como agentes transformadores em nosso meio, não para decretar

o que pode ser melhor para este(a) ou aquele(a) grupo ou pessoa, mas para facilitar

o desabrochar das características que estes(as)consideram apropriadas a seu

desenvolvimento.

Nossas primeiras experiências facilitando grupos, ocorreram na Caixa

Federal, a partir de Julho/01, na Agência Menino Deus, em POA, supervisionados

pela diretora da Escola, Myrthes Gonzalez. Impulsionados pelos resultados obtidos

de abertura perceptiva, união do grupo e com incentivo da diretora, nos lançamos no

desafio de estruturarmos um grupo semanal de biodanza, como requisito dentro da

formação em facilitadores, conforme descrito no capítulo 3 desta Monografia. Para

isto, apresentamos um projeto para a Associação de pessoal da Caixa Econômica

Federal (APCEF), através da sua diretoria de saúde. O objetivo deste projeto, era a

cedência de espaço, por parte desta associação, situado no centro de Porto Alegre

(Rua dos Andradas, 1780). Esta cedência, propiciou a estruturação de um estágio

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de cunho social, onde as pessoas doavam um kg de alimento não perecível, para

participação em cada encontro.

Também utilizamos um horário alternativo, dentro das opções então

existentes, na cidade, que era às 18h30min. Com isso, visávamos que as pessoas

saíssem diretamente de seu trabalho, para freqüentarem o grupo de biodanza.

Nosso primeiro encontro, ocorreu em 29/10/01, composto basicamente por

colegas da Escola e dos grupos regulares que freqüentávamos, contando com

apenas 1 componente que não conhecia a biodanza.

No encontro seguinte, esta pessoa retornou, o que para nós foi uma

celebração. Nos encontros seguintes, tivemos ainda o apoio dos colegas mas já com

maior numero de pessoas que não conheciam a biodanza. E assim, fomos

estruturando o grupo regular, sem interrupções, mesmo durante o verão de 2002,

sempre com número de pessoas suficiente para realizarmos o encontro e com a

presença mais constante de alguns integrantes, inclusive o primeiro, formando o

núcleo inicial d o grupo.

Ao trabalharmos pela doação de alimentos em um espaço central na cidade,

tivemos a oportunidade de apresentar a Biodanza a pessoas que não teriam

condições financeiras de freqüentarem os grupos regulares. A partir do momento

que estruturou-se o núcleo inicial do grupo, foi desafiante manter a proposta atraente

para estes integrantes e que ao mesmo tempo permitisse, a qualquer momento, a

entrada e acolhimento de novos integrantes.

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Tanto a teoria, quanto os exercícios básicos, eram transmitidos, com

diferentes abordagens, visando este objetivo. Neste período, foi fundamental a

supervisão e apoio incondicionais da parte de Myrthes Gonzalez, que recebia os

relatórios, visitava o grupo e estava sempre disponível para esclarecimento de

eventuais dúvidas que surgissem no decorrer do trabalho. O fato de termos iniciado

o grupo durante a formação, nos possibilitou a interrelação teórico-prática, que foi

feita como proposta de estágio supervisionado em biodanza, sempre explicitado

para os integrantes do grupo. Esta transparência criou uma cumplicidade entre os

integrantes e facilitadores, tanto que percebíamos a satisfação de cada um, por

auxiliarem nosso processo de aprendizagem. Inicialmente a parte verbal, era

fundamentalmente teórica, visto que os integrante não tinham intimidade para

relatos mais pessoais.

Também era esta parte que predominava, uma vez que trabalhávamos

poucos exercícios, até pela falta de experiência dos facilitadores.Com o passar do

tempo, o vínculo e a confiança entre os integrantes foram fortalecidos, passando a

uma maior integração com reflexos tanto na intimidade verbal, quanto na parte

vivencial, inclusive com aumento no numero de exercícios propostos. A entrada de

dois participantes que possuíam experiência de biodanza, em marco de 2002,

qualificou e fortaleceu o grupo, permitindo o aprofundamento da proposta.

Etapas do estágio desenvolvido:

Out/01 a mar/02- encontros caracterizaram-se pela rotatividade dos

participantes; depois disto percebemos que estávamos com a estrutura básica do

grupo formada, tendo que direcionar a proposta para a profissionalização, ou seja,

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sair do caráter de trabalho social para o de grupo semanal, com pagamento de

mensalidade. Esta transição foi feita, respeitando-se o ritmo do grupo, já que os

facilitadores possuíam habilitação para uma proposta remunerada, por já haverem

cursado todas as maratonas exigidas para este fim.

Este respeito ao ritmo do grupo foi fundamental para o sucesso de nossa

transição. Fomos sinalizando ao grupo esta nova fase e conduzindo o processo para

a realização do primeiro curso de iniciação, que foi nosso ritual de passagem. Este

curso de biodanza para iniciantes, ocorreu em julho/02, sendo o grupo preparado

previamente para esta atividade. Este preparo ocorreu tanto de forma teórica,

quanto vivencial. Para isto, trabalhamos fortemente o tema abertura para o novo e o

respeito a diferença.

Progressivamente, fomos incentivando os integrantes a participarem desta

atividade, e convidarem pessoas que desejassem conhecer a biodanza. Esta

estratégia mostrou-se acertada, pela grande participação dos integrantes do até

então estágio social e também pela presença de novas pessoas. Esta iniciação

marcou uma nova etapa do grupo, que passou da contribuição de alimentos para o

pagamento de mensalidade. Somente 2 pessoas desistiram da atividade, pelo

motivo de não terem condições financeiras para tanto, porque foi oferecido para

todos a possibilidade continuar participando, sendo aceita a negociação, como

fazemos até hoje.

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GRUPO

DESCRIÇÃO

Participaram do grupo a partir do seu início, 34 integrantes, sendo que destes

14 pelo período de 01 a 04 encontros, 02 participaram de 08 encontros e 03 de

cerca de 20 encontros.

Participaram regularmente do grupo, 15 integrantes, sendo que 3 integrantes

ingressaram na Escola de Formação de Facilitadores.

Deste grupo, 05 participaram por cerca de um ano, 04 por 02 anos, 02 por 3

anos e quatro integrantes permanecem no grupo, desde sua formação.

3.3 RELATO DE INTEGRANTES DO GRUPO

• Integrante: 37 anos, sexo feminino, 2 anos de Biodanza.

Breve Biografia

“Eu sou nutricionista, trabalho na prefeitura de Cachoeirinha, trabalho há 3

anos,faço além do meu trabalho de nutricionista, trabalho como diretora da casa de

convivência em um trabalho com os idosos”.

Antes da Biodanza

“Eu moro num apartamento, sozinha, um lugar que eu sonhei bastante e

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consegui adquirir.Gosto muito deste lugar. É bem agradável para morar, para

receber meus amigos”.

Depois da Biodanza

“Eu diria que pela primeira vez, estou bem, nestes 10 anos que trabalho nesta

profissão. É o melhor momento em termos de satisfação, talvez não no aspecto

financeiro, mas de satisfação é o melhor momento.

Agora, estou retornando ao trabalho, no mesmo local, não mais trabalhando

com idosos, somente como nutricionista, e adaptando-me a este meu

momento.Gosto do local, gosto do que faço.Faço uma atividade que me dá muito

prazer.

Hoje eu moro no mesmo bairro, mesmo condomínio, diferente apartamento.

Mudei para um desde dezembro, desde que meu nenê nasceu, pela necessidade de

ter um pouco mais de espaço, mas ainda assim, continua sendo uma casa para

receber os amigos, estou transformando num cantinho que eu gosto muito, para

mim, para minha família e para receber meus amigos.

Hoje eu moro com meu companheiro, com minha filha Helena, todos na

mesma casa, a gente está muito feliz, a gente esta construindo, agora não é mais o

meu cantinho é o nosso”.

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Contribuições da Biodanza para a trajetória

“Eu sempre coloco que a Biodanza para mim foi um instrumento muito forte,

muito útil, juntamente com outras coisas que vinham acontecendo na minha vida,

sem duvida nenhuma uma grande mudança.Eu vinha já numa caminhada e num

determinado momento algumas coisas foram acontecendo e a Biodanza teve uma

importância muito grande.

Eu diria que especialmente na questão da comunicação com as

pessoas.Poder me comunicar melhor com as pessoas, eu acho que esta foi a maior

mudança.Eu já era uma pessoa um pouco comunicativa, mas ainda tinha muita

coisa trancada, eu acredito que com a Biodanza me ajudou a soltar bastante e me

comunicar melhor”.

• Integrante: 39 anos, sexo masculino, 3 anos de Biodanza.

Breve Biografia

“Trabalho na Fundação Banrisul, setor de assistência médica, para mim

satisfatório.

Morava com meus pais, numa casa, local excelente, bom de morar”.

Depois da Biodanza

“O trabalho permanece o mesmo, mas começou a me incomodar.O

ambiente...e comecei a procurar outras alternativas, não moro mais com meus pais,

moro com uma pessoa excelente, em outro local, também excelente.

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Fiz vestibular para artes visuais, uma coisa que eu queria muito, que me abriu

bastante também, pratico exercícios, antes não praticava. A biodanza me abriu o

mundo, coisas que eu não conhecia e hoje estou conhecendo, estou percebendo, a

própria faculdade está me dando outra visão Não tenho como explicar, mas a

Biodanza me ajudou a ver a vida de outra forma”.

Contribuições da Biodanza para a trajetória

“Percepção. Vamos falar de percepção, que eu gosto de falar muito, comer

um alimento e saber o que esta comendo, sentir o sabor, andar na rua, perceber

uma árvore, um dia lindo de sol, céu, começa a perceber mais o que antes a rotina,

o trabalho não deixavam a gente perceber.Hoje eu consigo apreciar as coisas de

uma forma melhor. Além da percepção. O abrir para as pessoas, antes eu era uma

pessoa fechada, ninguém se aproximava de mim .Hoje eu tenho amigos que eu não

sei quantos, de tantos amigos que eu tenho, antes eu não tinha amigos, pelo fato de

se abrir para o mundo para as pessoas, as pessoas descobrirem quem tu és, eu

acredito que isto mexeu muito comigo

E difícil de explicar, mas é bom de sentir o que aconteceu.Eu melhorei neste

tempo todo.Logo quero retomar”!

• Integrante: 52 anos, sexo feminino, 3 anos de Biodanza

Breve Biografia

“A minha vida antes de começar a biodança era muito difícil, muito

complicada,eu não me encontrava em nada eu fazia mil coisas e não fazia nada.Eu

queria viajar, depois viajando, já queria voltar para casa. Totalmente perdida, sem

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dar limite para nada nem para ninguém, nem para mim mesma, travada e muito

vitima dos outros, vítima dos amigos, da família dos namorados.Aí eu passava

dando voltas, não me encontrava em nada. Se estava num apartamento já queria

mudar, fazia 50 mudanças. Fiz mudanças enormes na minha vida, perdi muito

fazendo mudanças sem saber o que queria”.

Antes da Biodanza

“Nunca gostava de onde morava. Morei 20 anos em Sta Maria, odiava Sta

Maria, me separei, morei 4 anos na Argentina. Bem, da Argentina eu gostava, mas

estava sempre no Brasil, todos os meses eu dava uma desculpa para vir ao Brasil

Depois vim morar em Porto Alegre, mas detestava Porto Alegre achava Poá uma

porcaria, não gostava, o apartamento que eu morava também não gostava, e isso ai.

Eu sempre morei sozinha, desde que me separei, mas odiava morar sozinha,

detestava e era isso. E era horrível minha relação com meus filhos, só me

queixando, de que não me davam atenção...”

Depois da Biodanza

“Eu comecei a fazer Biodanca depois de 3 anos que estava em POA,

continuei morando neste apartamento, me sinto muito bem, o apartamento eu acho

maravilhoso.

Fiz uma reforma enorme, mudei móveis, mudei tudo, me sinto muito bem.

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Eu continuo morando sozinha, gosto. Não posso dizer que amo morar

sozinha, mas me sinto muito bem, convivo ótimo, ótimo comigo, me sinto muito bem,

não tenho problema comigo,não dependo dos outros para me sentir feliz”.

Contribuições da Biodanza para a trajetória

“Antes não prestava atenção em nada, estava sempre querendo me mudar.

Depois mudou tudo, a vista, minha maneira de ser dentro de casa, tudo

simplesmente diferente, de outro ângulo, completamente diferente.

Eu me sinto muito bem, eu saio, eu consegui dar um rumo p minha vida,

passei a trabalhar com meu filho... o que eu faço para eles... meu relacionamento

com eles mudou completamente...vejo que eles estão a mesma coisa, sempre foram

a mesma coisa, eu e que estou mudando bastante..Eu consegui conviver comigo

muito bem. Estive sozinha dentro de casa praticamente 45 dias, consegui passar os

dias tranqüila sem depressão, sem nada disso, muito bem.

Tive que conviver comigo.Há muito tempo eu tinha um problema bastante

grave de joanetes, um tumorzinho nos pés, não me animava a tirar, não tinha

coragem... criei coragem, fiz cirurgia nos dois pés,fiquei sozinha em casa. Tive

coragem de ficar sozinha me dei conta de que eu posso realmente conviver comigo”.

• Integrante: 24 anos, sexo masculino, 4 anos de Biodanza

Breve Biografia

“A partir dos meus dezessete anos em diante, foi quando eu comecei a ter a

minha opinião, ver o que eu queria mesmo, que foi quando eu saí de casa, quando

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comecei a morar sozinho. A partir daí eu sempre tive uma vontade muito grande de

contribuir com a minha parte, vamos dizer assim, para a humanidade, que é o

mundo, mas não sabia como. Eu queria tanto isto que a primeira coisa que eu fiz foi

sair de casa, porque eu achei que primeiro eu teria que mudar a minha vida para

depois querer mudar alguma coisa nos outros. Então eu comecei a morar com um

amigo com dezessete anos, eu não conhecia a biodança ainda, a partir daí as coisas

começaram a mudar, digamos que eu dei um pontapé inicial. Também eu lia muitos

livros de auto-ajuda, falava algo sobre isso. Daí, morando sozinho, eu e este amigo,

a gente começou..., a gente conheceu muitas coisas antes”.

Antes da Biodanza

“Eu tive que batalhar muito atrás dos meus ideais, atrás das minhas coisas.

Passei muita dificuldade que eu não precisava passar até, se eu não quisesse. Até

por ter saído de casa, tudo. Apesar da minha família não ser tão estruturada, mas

com certeza eles me davam um acolhimento. Eu cheguei antes da biodança,

cheguei no kardecismo, que foi algo também que me, digamos, tirou muitas dúvidas

que eu tinha, existenciais. Porque eu era muito revoltado na época que eu era

adolescente, tinha muitas coisas que eu não concordava, que eu queria mudar e não

conseguia, ao mesmo tempo era tudo muito novo para mim. E aí, aos vinte eu

cheguei à biodança. Que foi onde eu conheci a biodança, no caso, com a tua turma.

Mas foi quase que por acaso, eu não acredito em acaso. Foi quando eu apareci lá

na Companhia de Arte e tinha um cartaz na parede”.

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Depois da Biodanza / Contribuições da Biodanza para a trajetória

“Hoje consegui trabalhar num emprego que eu acho que está de acordo

comigo, que eu sinto prazer em trabalhar. Eu tinha também muitos empregos que eu

trabalhava por necessidade, não que eu gostava. A biodança mudou muita coisa na

minha vida, no sentido de caráter existencial mesmo, os propósitos. Eu acho que é

uma ferramenta muito eficaz assim no sentido de conseguir chegar até as pessoas,

passar alguma coisa, e que realmente faz efeito. Hoje em dia eu estou fazendo a

escola. Pretendo terminar ela, não sei, acho que faltam uns dois anos ainda, mais ou

menos. E pretendo realmente ser um facilitador de biodança, coisa que eu nunca

imaginava antes de conhecer a biodança. Hoje em dia faço trabalho social, que foi

uma coisa que me direcionou também, que eu tinha muita dificuldade de saber como

eu ia ajudar as pessoas, como eu ia conseguir fazer isso. Trabalho social é uma

coisa que eu pretendo fazer para o resto da minha vida, mesmo que eu tenha

trabalho com a biodança remunerado, trabalho social é uma coisa que eu quero

manter sempre. É algo que faz eu me sentir mais humano também, faz eu me sentir

gente. Quero ser um grande facilitador de biodança, realmente isso eu quero ser, e

vou batalhar, estou batalhando para isso. E quero realmente rodar o mundo, isso eu

tenho certeza que eu vou fazer, não sei quando, mas vou fazer isso, rodar o mundo

propagando a biodança e também passando a minha visão pessoal, assim e quero

seguir assim, esse caminho mais alternativo”.

• Integrante: 62 anos, sexo feminino, 4 anos de Biodanza

Breve Biografia

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Antes da Biodanza

“Vivi com a mãe por 10 anos, ela teve esclerose, eu vivia só em função dela e

trabalhava na associação dos servidores municipais, mas eu não tinha como pensar

em mim, era só nos outros. Eu vivia com a Rosaura em São Jerônimo, depois

viemos para Porto Alegre e aí que ela me convidou para fazer Biodanza”.

Depois da Biodanza / Contribuições da Biodanza para a trajetória

“A partir daí eu tenho tempo de olhar para mim também, foi muito importante

o apoio do grupo, aprender a ouvir os outros, quando vem as tempestades, aprende

a lidar com as coisas, sem violência, com o apoio do grupo e dos facilitadores a

gente se sente cada vez melhor. Hoje eu sou muito feliz, depois que eu comecei a

fazer biodanza a diferença é enorme, de olhar os horizontes que eu não olhava, hoje

eu caminho na rua de cabeça erguida, hoje eu vejo as coisas, vendo as arvores o

que não olhava. Agradeço a biodanza esta esta minha transformação, esta

felicidade que eu aprendi a sentir. As pessoas percebem a minha transformação,

muita gente pergunta o que aconteceu, que eu me transformei, renovei depois que

comecei a fazer biodanza”.

Apresentamos a seguir, relatos pessoais dos estagiários:

RELATO PESSOAL – Artur Almeida:

“Esta proposta de estágio com caráter social na Cia de Arte, foi muito

enriquecedora e fundamental em minha formação como facilitador de Biodanza. O

próprio espaço em que buscamos concretizar esta proposta, tem muito significado

para mim. Nele, freqüentei o primeiro curso de teatro que realizei, em 1990 e a partir

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do ano seguinte, passei a integrar o grupo teatral Caixa de Pandora, que realizava

na Cia de Arte, seus ensaios e apresentações. Quando a sede administrativa da

APCEF foi transferida para Ipanema, somente este grupo continuou a utilizar o

prédio. Tínhamos a chave do prédio e fomos responsáveis pela continuidade de sua

utilização como pólo cultural, por mantermos nossas atividades e começarmos a

ceder o espaço para ensaios e atividades de outros grupos da cidade. Assim, ao

procurarmos espaço para nosso estágio, a Cia de Arte já era uma referência, já

tínhamos um relacionamento com a diretoria da APCEF.

Iniciamos a facilitar grupos, como estágio na formação, incentivado e

supervisionados por Myrthes Gonzalez, diretora da Escola Rolando Toro/Pelotas. A

possibilidade de atuar em dupla, com Rosaura Berni, foi muito enriquecedora, pela

possibilidade de um outro olhar e sobre a ótica feminina, para a construção da

proposta. O companheirismo, amizade e complementaridade de nossa atuação em

dupla, é muito significativa para mim. A partir da insegurança inicial,

progressivamente fomos adquirindo confiança e aprendendo na prática a operação

do aparelho de som, formas de consignas e a percepção do grupo e do momento de

cada integrante.

Neste período, cada questionamento dos participantes, trouxe profundas

reflexões e também a possibilidade de perceber diferentes modos de agir sobre

determinada situação. Durante o estágio, o grupo foi importante para o período de

perdas vivenciado, com o falecimento do meu pai, em 2002 e meu irmão, em 2003.

Foi formado um núcleo afetivo, muito nutridor para os integrantes e para nós, que

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facilitávamos o processo.Passamos a nos reunir em festas, viagens, sendo muito

gratificante esta convivência.

Fiquei orgulhoso em termos três integrantes do grupo ingressando na Escola

de formação de facilitadores. Este foi um sinal de que estávamos no caminho certo,

que conseguimos despertar o interesse e desejo para que buscassem aprofundar na

proposta da Biodanza! Hoje, após 2 anos da finalização da Escola, sinto que

estamos constantemente resignificando, que o aprendizado é contínuo, nunca

estamos "prontos", mas que esta vivência do grupo na Cia de arte, é uma bagagem

importante, um acúmulo de experiências que são os pilares desta construção feita

no dia-a-dia. Quando iniciamos, montávamos 6, 8 propostas de encontros, para

supervisão. Mas percebemos que ao aplicar, no segundo encontro, a resposta do

grupo nos levava a estruturas totalmente diferentes do que tínhamos planejado.

Assim, passamos a montar de encontro a encontro, percebendo o momento e

movimento do grupo. Estas reuniões para montagem da estrutura de trabalho,

sempre foram muito ricas, em discussões e estudo. No início, despendíamos muito

tempo nesta estrutura e também para escolha das músicas. Com o passar do tempo,

foi ficando mais ágil o processo, por nos conhecermos melhor, conhecimento do

grupo e maior tempo na formação, onde cada maratona nos trazia novos

conhecimentos, mostrando caminhos para seguir. Na supervisão, apresentávamos

as estruturas dos encontros, com as músicas propostas e discutíamos sobre

determinados exercícios ou situações que se apresentavam no grupo. Em nossa

forma de trabalhar, começamos intercalando entre nós dois as consignas dos

exercícios, mas percebemos que isto provocava uma quebra, tanto para nós, quanto

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para o grupo. Assim, passamos a dividir cada encontro ao meio, sendo que cada um

facilitava em seqüência. Desta forma, percebemos que entrávamos mais em sintonia

com o grupo, percebendo melhor cada momento. Procuramos sempre revezar,

quem começa ou termina a cada encontro. Desta forma, sempre estamos

trabalhando nos dois pólos, ativação e regressão.

A montagem dos encontros, segue sendo em parceria, com encontros aos

finais de semana para este fim. Lembro da insegurança de facilitar pela primeira vez

sozinho no grupo. A Rosaura foi viajar a serviço, ficando fora cerca de um mês. No

primeiro encontro, convidei alguns amigos da formação, para me sentir mais seguro.

Esta presença foi importante para me sentir acolhido ou como reforço em caso de

problemas com o aparelho de som ou outro tipo de ocorrência. Com o passar do

tempo, já não existe esta insegurança, alternamos períodos de férias, viagens, com

tranqüilidade.

Quando iniciamos, foi muito importante a participação e apoio dos colegas de

formação, através do incentivo e das visitas ao grupo, pois a presença de quem

conhece a Biodanza, proporciona outra dinâmica a um grupo de iniciantes.

Esta experiência foi e está sendo muito rica, desafiadora e trazendo grande

crescimento pessoal e profissional”.

RELATO PESSOAL – Rosaura Berni:

“O Significado do estágio no grupo regular foi uma experiência extremamente

rica, no sentido em que podia estar aprendendo com o aval do grupo, que sempre foi

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informado que era um período de estágio supervisionado pela diretora da escola

Myrthes Gonzalez e que eu ainda não tinha a formação completa como profissional,

e, mesmo assim houve uma entrega e aproveitamento de um grupo de pessoas que

vivenciou nossa proposta, pois sempre trabalhei em dupla com um colega de escola,

Artur Almeida, que hoje além de colega de profissão é um amigo caríssimo e

continuamos numa proposta de trabalho de dupla, o que é muito enriquecedor e

permite, a meu ver, um crescimento no aprendizado, pois temos sempre duas visões

e percepções diferentes.

Penso que o grupo em si já propicia um crescimento e transformação muito

grande, mas trabalhar como facilitador, com a responsabilidade de estar cuidando de

um grupo, isto se multiplica, então, vejo que aprender a ouvir, aprender a estudar de

uma maneira holística, aprender a transcender tabus e julgamentos, a colocar-se de

modo mais coerente possível, isto o processo de facilitação me trouxe.

Por exemplo, eu fumava ainda durante o inicio de minha formação.Quando eu

falava no grupo em qualidade de vida, percepção e depois que acabava a aula,

quando entrava no carro a primeira coisa que fazia era acender um cigarro, aquilo

começou a me incomodar, porque literalmente eu estava dizendo uma coisa e

fazendo outra.Eram as cortinas se afastando e eu não tinha mais controle sobre

elas, eu não podia mais fazer de conta que não estava vendo.E, assim, foi com

tantas outras atitudes, que a meu ver, eu tive ganhos através das transformações,

pelo aumento de percepção.

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Eu falava no grupo sobre transparência, por exemplo, que era muito

importante limpar qualquer situação com a própria pessoa, que por acaso viéssemos

a ter algum conflito, e que este conflito dizia respeito a nós diretamente e somente

àquelas pessoas que ‘enganchavam’ na situação; e depois me pilhava ‘fofocando’

com outra pessoa sobre algo que me havia tocado especialmente e que eu não tinha

coragem de resolver com a pessoa que dizia respeito.

Acredito que um maior sentido de compaixão comigo e com os outros, de

acreditar que através do auto-conhecimento é possível a transformação sim, de que

‘pau que nasce torto não morre torto’ não senhor(a). Posso hoje testemunhar com a

minha vida e com tantas pessoas que dançaram comigo e o Artur, com colegas de

Escola. O estágio possibilitou esta entrada progressiva num universo muito delicado

que e a entrega de outras pessoas a um trabalho de vivência e transformação e

mudanças de atitudes muitas vezes radicais na vida de quem o faz, e a

responsabilidade de estar facilitando este processo foi muito impactante no sentido

de que eu estou sempre questionando e buscando estar o mais próxima possível,

dentro da minha percepção do que eu facilito , do que eu transmito como integrante

também deste sistema, até porque sabemos que o sistema Biodanza é

essencialmente vivencial comprometendo todo o organismo no processo de

aprendizagem, e se não évivenciado pelo facilitador, acaba se transformando

apenas em mais uma técnica dentre as tantas existentes.

Refletir sobre este período, sobre as inseguranças, os medos, as dificuldades,

os erros do começo, os acertos, a confiança na intuição, o apoio dos amigos, a

criação da Escola (fui aluna da primeira turma da Escola de Facilitadores Rolando

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Toro de Pelotas), das aulas discutidas exaustivamente se dariam certo ou não, me

trazem uma certeza: que esta possibilidade de estágio, formando um grupo, é

essencial para a progressividade deste aprendizado. É uma grande

responsabilidade, dar um retorno as pessoas que nos procuram, dentro do que

aprendemos e que continuamos a aprender, porque como qualquer profissão ou

disciplina necessitamos de constante abertura e aprendizado, até porque é

fundamentada no auto-conhecimento de ser humano”.

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4 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO FACILITADOR

Nossa experiência como estagiários em Biodanza e o relato de colegas que

também passaram por este processo, é de que o estágio é fundamental no processo

de formação do facilitador.

É somente através desta experiência, que temos a dimensão real do processo

de facilitar um grupo.

Neste momento, é que o referencial teórico efetivamente se concretiza em

ação.

A ansiedade, sensação de estar tateando, buscando referências no

referencial teórico, junto à supervisão e facilitadores mais experientes e mesmo a

troca entre os colegas é muito rica, um período de efervescência, crescimento muito

grande.

Foi um período muito rico, no sentido que era um mundo novo que se abria.

O que significava para nós trabalhar com biodanza?

Como cuidar de um grupo que expressava fundamentalmente suas emoções?

Certo, tínhamos a técnica, o modelo teórico e um curso quase completo, mas

o desafio continuava muito grande, porque a o mesmo tempo em que propunhamos

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ao grupo uma entrega e uma confiança, nós também estávamos juntos no processo,

experimentando esta emoções, principalmente a dúvida – Será que vai funcionar?

Vivemos um período intenso de transformações, como apresentado em

nossos relatos e dos integrantes. Estas descobertas, somente foram possíveis,

porque nos lançamos neste desafio, tendo o acolhimento e resposta do grupo.

Para que o período de estágio fosse avaliado pelos colegas de formação,

propomos a seguinte questão: Qual o significado/ importância de participar em

atividades de estágio, com grupos de Biodanza para a tua formação como

facilitador?

Segue abaixo um recorte das respostas obtidas, estando o relato completo

nos anexos desta monografia.

Jorge Roberto dos Santos:

“O estágio pra mim foi importante e ainda está sendo, porque ainda não

apresentei a monografia. Com o estágio, no início comecei com aulas

supervisionadas e com o tempo fui criando autonomia de começar a montar as aulas

e de fazer a sessão. É um aprendizado, uma bagagem que a gente vai adquirindo,

um conhecimento. E tem uma característica que comecei a trabalhar com ação

social, trabalhei com as crianças do CEDEL. Ainda continuo e também com os

portadores de necessidades especiais e agora com um grupo de adultos. Então,

este estagio na ação social com as crianças e com os portadores me deu muita

experiência. Depois que agente passa por lá, a gente tem mais segurança de

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trabalhar com os adultos, entre aspas normais, é mais tranquilo, então estes três

grupos estão me dando um aprendizado tremendo”.

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio, com

grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?

Lilian Rocha:

“Acredito, com certeza, que o estágio propicia o contato com a realidade, até

então meramente teórica da metodologia da sessão de Biodanza; uma coisa bem

clara é por mais que tenhamos vivência como alunos, nunca será a mesma coisa,

quando estamos no papel de facilitador, aquele que é capaz de desencadear um

processo vivencial, através de sua postura, da escolha correta da curva da aula, da

músicas escolhidas, da consigna clara e afetiva. É no estágio que aprendemos o

significado da palavra grupo, pois é ai que começamos a vivenciar o diferente, pois

as mais diferentes pessoas nos procuram para iniciar um processo vivencial, e só ai

percebemos o quanto é importante o outro como espelho.

É no estágio que começamos a perceber a importância da coerência

existencial, pois o grupo percebe as nossas intenções e questionamentos, e nesta

hora a veracidade de nossas ações são fundamentais. Manter um grupo não é fácil,

são muitos interesses que se apresentam; não basta ser um facilitador carismático,

os tema s escolhidos tem que permear as necessidades do grupo e não do

facilitador, o grupo tem que se oxigenar e se modificar, se não cristaliza e passa a

não ser um processo transformador. Sem falar em todo investimento que se

aprende, durante o estágio, a fazer com publicidade: e-mail, folder, cartazes, aulas

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abertas, cursos de iniciação, cursos de aprofundamento, cursos de radicalização de

vivências”.

Rejane Peixoto:

“Bem, esta experiência que tive e ainda estou tendo está sendo fundamental

para minha formação como facilitadora de Biodanza. Depois que comecei a pensar

como facilitar uma aula, que exercícios deveria escolher, quais as músicas e qual a

consigna, adaptar para público alvo, muita coisa mudou. Eu sinto que dei um salto,

um avanço significativo. Com a prática é que o entendimento da parte teórica faz

muito mais sentido. A minha tão falada, por mim mesmo, percepção, ficou muito

mais aguçada, comecei perceber coisas que antes ainda não tinha percebido. Acho

que todo aluno de formação deveria fazer um estágio antes de receber o certificado

de Facilitador de Biodanza. Acho que isso daria mais segurança tanto para o

facilitador como para os primeiros facilitados após o término da formação. Assim o

facilitador sairia mais apto para formar seu grupo”.

Cleonara Bedin:

“A importância do estágio de ação social em biodanza para minha formação

como facilitadora foi a relação da percepção de crescimento do vínculo de afeto

entre eu, meus parceiros de trabalho e os alunos. Meu estágio em ação social foi

realizado em 2003 com crianças de 7 a 10 anos em situação de risco social, ou seja,

crianças em situação de abandono familiar, violência e trabalho infantil. Vivenciei um

estranhamento com a minha realidade por um lado quando aconteciam situações de

violência dentro da classe e uma identificação com as situações de abandono. O

meu aprendizado se deu e continua acontecendo, pois continuo hoje em 2005

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trabalhando no mesmo projeto, na vivência permanente da aceitação, do respeito e

do não julgamento dos alunos e de mim mesma. Esta construção do momento

presente é que facilita o desenvolvimento dos potenciais de crescimento individuais,

meus e dos alunos. A relação do facilitador acontece no vínculo de afeto, que é

progressivo, sem controle, permanente e construído na relação mútua”.

SOBRE ESTÁGIOS – fases da vida, fases do aprender!

Rute Rodrigues:

“Meu estágio como facilitadora de Biodanza aconteceu na creche que meu

filho freqüenta e perdura até hoje, com a turminha do jardim. Da sementinha nasceu

uma árvore linda, as crianças aguardam o dia da Biodanza como um momento

especial. Costumo dizer que tenho hoje um grupo avançado de Biodanza infantil,

pois há três anos que estamos juntos. Minha proposta foi acolhida com muita

abertura e amorosidade. E então me vi ali com doze crianças entre 3 anos e meio e

5 anos. Era o caos, eu não sabia como fazer e eles não sabiam o quê fazer.

Cheguei cheia de boas intenções, aula preparada, músicas escolhidas, só esqueci

de um pequeno detalhe, criança não pára o movimento para ouvir e depois seguir

fazendo a sugestão da consigna como um adulto. Tive que me remexer, ir buscar

soluções, porque propunha uma coisa e nem dava tempo de terminar de dizer

estavam pulando, conversando, um batendo no outro, gritando: ‘Tia, fulaninho me

empurrou!’ e choro daqui e dali. Tinha dias que eu saia com total sensação de

frustração. Sabia que tinha que fazer diferente, sabia que tinha que descobrir que a

técnica da Biodanza não podia ser mais importante que a própria condição infantil de

liberdade e espontaneidade. Mas tinha também, momentos belíssimos, quando as

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crianças expressavam suas questões com a delicadeza e entrega que não

encontramos facilmente no mundo adulto.

Fui saindo do mundo da teoria e despencando no mundo da prática,

descobrindo uma outra biodanza que não aquela que eu dancei e que aprendi a

compor. Conhecendo de mim e de quem eu sou diante da falta de controle, do caos,

diante do diferente, diante da minha criança que queria brincar mas obedecia a mãe

para ser aprovada!!! Aprendi que aula de criança tem conversa, tem interrupção e

que isto não impede que a criança vivencie intensamente. Aprendi que o objetivo

não é o re-aprendizado das funções orgânicas mas a manutenção das mesmas. Que

o afetivo-motor na criança está surgindo assim como ela compõe seus movimentos

para calçar ou amarrar seus calçados. Aprendi que a linguagem infantil não tem

função de fuga cortical, mas está integradíssima com suas sensações e emoções.

Fui vivenciando que muitas vezes as crianças não batem porque são más,

mas porque ainda não conseguem se colocar no lugar do outro que sente dor; que a

defesa é o melhor ataque; que era só uma lutinha, como no desenho animado que

algum adulto desestruturado resolveu dizer que era desenho infantil e apregoa BUM,

CRAFT, POW, como coisas comuns, naturalizadas e nós do mundo

subdesenvolvido compramos como suprassumo do país desenvolvido. Puro lixo.

Fui percebendo que se não entendesse na prática o egocentrismo,

confundindo com egoísmo, aí sim contribuiria para criar egoístas. O perigo é a visão,

o julgamento e o rótulo de adultos impedir que a criança, no percorrer do

desenvolvimento, transponha esta condição e isto não vai acontecer se recebe a

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tarja sobre sua identidade de que ela é assim e ponto, ao invés de considerarmos

que está assim, em aprendizagem.

Para minha surpresa, hoje conseguimos realizar aulas inteirinhas, sem gritos

ou grandes paradas, todos curtem e se divertem, tudo muito parecido com uma aula

de adulto. O vínculo comigo é grande com todos os alunos e fui percebendo que

minha impaciência quando colocava limites tinha a ver com aquela visão idealizada

das crianças e que hoje já não preciso me esgoelar, mas conversar firme entender o

que acontece e seguirmos dançando. Quando alguém não consegue se expressar

de outra forma que não seja chute e socos, combinamos um tempo da Biodanza,

não como punição, mas explicando que ele não consegue, neste momento, fazer de

outra forma e que assim atrapalha toda a aula e eles aceitam e o que acontece é

que retornam sedentos ao grupo, mas cada vez menos isto acontece.

Então, descer até a altura da criança e entender o que se passa, olhar de

onde ela olha, voltar a ser criança e sair do lugar de juiz, do mantenedor do status

quo que diz que sempre o adulto tem razão e que nossas regras são as melhores e

devem ser sempre seguidas, tem sido um dos maiores aprendizados, ou até cura

pessoal do estágio que virou trabalho, nada sério, do ponto de vista de abarcar

prazer, diversão, abertura e expansão, muito saudável, do meu mundo adulto”.

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CONCLUSÃO

Com este trabalho, esperamos contribuir para o processo de formação e

fundamentar a importância do estágio dos alunos nas escolas de formação de

facilitadores em Biodanza. Segundo nossa experiência, o estágio mais prolongado

nos possibilitou uma maior maturação e segurança na aplicação do sistema.O relato

dos colegas entrevistados também ratifica esta posição, pois entendemos que é um

momento de intenso aprendizado, de mergulho profundo em interações com

diferentes personalidades e visões de mundo, numa abordagem onde o convívio

com as diferenças e a prática de uma convivência pacífica e integradora dos

contrários, dentro de um processo dialógico (MORIN, 2002), é um dos pilares do

sistema Biodanza. Pelos motivos apontados, sugerimos que o estágio na formação

do facilitador tenha sua carga horária aumentada, passando dos atuais 2 meses

para um período entre 6 a 12 meses de duração, dependendo do processo de cada

aluno.

Ressaltamos também, que apesar do caráter de estágio da formação de

facilitadores em Biodanza, os relatos dos integrantes do grupo e dos colegas de

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formação, demonstrou a potência do Sistema, as transformações e benefícios que

este proporcionou aos integrantes do grupo de pessoas experienciaram à técnica.

De acordo com o apresentado nesta monografia, sugerimos também que seja

utilizada a rede do terceiro setor que se estrutura neste momento no mundo,

trazendo para a sociedade organizada um novo conceito, chamado

“responsabilidade social”, onde uma técnica como a Biodanza vem ao encontro

destas grandes necessidades de olhar e vivência solidária que estes espaços estão

solicitando e nos quais ainda temos tão pouca efetividade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPBELL, Dom G. O Efeito Mozart: explorando o poder da música para curar ocorpo, fortalecer a mente, e liberar a criatividade. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas. São Paulo: Cultrix, 2002.

GÓIS, Cezar Wagner de Lima. Biodanza. Porto Alegre, 1997.

_____ . Vivência e Identidade: uma visão biocêntrica. Porto Alegre: 2002.

MELO NETO, Francisco de Paula de. Empreendedorismo Social: a transição paraa sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

ROGER. Carl R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

TORO, Rolando. Biodanza. São Paulo: Olavobrás, 2002.

_____ . Apostilas de Formação de Facilitadores de Biodanza. Santiago (Chile),2001.

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ANEXOS

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO PARA OS INTEGRANTES DO GRUPO

Integrante: 52 anos, sexo feminino, 3 anos de Biodanza

O que tu fazias antes de começar biodanza?

A minha vida antes de começar a biodança era muito difícil, muito

complicada,eu não me encontrava em nada eu fazia mil coisas e não fazia nada.eu

queria viajar, depois viajando, já queria voltar apara casa.totalmente perdida, sem

dar limite para nada nem para ninguém, nem para mim mesma. travada e muito

vítima dos outros, vítima dos amigos, da família dos namorados.Ai eu passava

dando voltas, não me encontrava em nada. Se estava num apartamento já queria

mudar fazia 50 mudanças. Fiz mudanças enormes na minha vida, perdi muito

fazendo mudanças sem saber o que queria.

Onde tu moravas,antes de começar a biodanza, tu gostavas?

Não, de maneira nenhuma nunca gostava de onde morava. Morei 20 anos em

Sta Maria,odiava sta Maria. Me separei, morei 4 anos na Argentina.Bem da

Argentina eu gostava, mas estava sempre no Brasil, todos os meses eu dava uma

desculpa para vir ao Brasil Depois vim morar em Porto Alegre, mas detestava Porto

Alegre achava uma porcaria, não gostava, o apartamento que eu morava também

não gostava, é isso aí.

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Com quem tu moravas, antes de vir fazer Biodanza? Como era isto para

ti?

Eu sempre morei sozinha, desde que me separei, mas odiava morar sozinha,

detestava e era isso. E era horrível minha relação com meus filhos, só me

queixando, não me davam atenção...

Depois que tu começas a fazer Biodanza, onde tu moras?

Eu comecei a fazer Biodança depois de 3 anos que estava em POA, continuei

morando neste apartamento, me sinto muito muito bem, o ap eu acho

maravilhoso.Continua tudo do mesmo jeito. Fiz uma reforma enorme no

apartamento, mudei moveis, mudei tudo, me sinto muito bem.

Antes quando eu estava elogiando a vista aqui , tu disseste que ama a

vista, e antes, tu não notavas?

Não prestava atenção em nada, estava sempre querendo me mudar. Depois

mudou tudo, a vista, minha maneira de ser dentro de casa, tudo simplesmente

diferente, de outro ângulo completamente diferente.

Depois que tu começaste a fazer Biodanza, com quem tu moras?

Eu continuo morando sozinha, gosto. Não posso dizer que amo morar

sozinha, mas me sinto muito bem, convivo ótimo comigo, me sinto muito bem, não

tenho problema comigo. Não dependo dos outros para me sentir feliz..

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O que tu fazes depois que começas a fazer biodanza?

Eu me sinto muito bem, eu saio, eu consegui dar um rumo para a minha vida,

passei a trabalhar com meu filho... o que eu faço para eles... meu relacionamento

com eles mudou completamente...vejo que eles estão a mesma coisa, sempre foram

a mesma coisa, eu e que estou mudando bastante..Eu consegui conviver comigo

muito bem. Estive sozinha dentro de casa praticamente 45 dias, consegui passar os

dias tranqüila, sem depressão, sem nada disso, muito bem.

Tive que conviver comigo.Há muito tempo eu tinha um problema bastante

grave de joanetes, um tumorzinho nos pés, não me animava a tirar, não tinha

coragem... criei coragem, fiz cirurgia nos dois pés,fiquei sozinha em casa. Tive

coragem de ficar sozinha me dei conta conta de que eu posso realmente conviver

comigo. Foi um período que eu achei muito legal.

* * *

Integrante: 62 anos, sexo feminino, 4 anos de Biodanza

Eu vivo em Conoas e POA! Canoas com os filhos e aqui com a Rosaura. Eu

me encontrei foi na Biodanza. Antes eu não tinha visão de mundo. Eu vivia só para a

família. Vivi com a mãe por 10 anos, ela teve esclerose, eu vivia só em função dela e

trabalhava na associação dos servidores municipais, mas eu não tinha como pensar

em mim, era só nos outros. Eu vivia com a a Rosaura em São Jerônimo, depois

viemos para Porto Alegre e aí que ela me convidou para fazer Biodanza. A partir daí

eu tenho tempo de olhar para mim também, foi muito importante o apoio do grupo,

aprender a ouvir os outros, quando vem as tempestades, aprende a lidar com as

coisas, sem violência, com o apoio do grupo e dos facilitadores a gente se sente

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cada vez melhor. Hoje eu sou muito feliz, depois que eu comecei a fazer biodanza a

diferença é enorme, de olhar os horizontes que eu não olhava, hoje eu caminho na

rua de cabeça erguida, hoje eu vejo as coisas, vendo as arvores o que não olhava.

Agradeço a biodanza esta minha transformação, esta felicidade que eu aprendi a

sentir, felicidade é uma coisa, estar feliz, vivendo é outra bem diferente. A gente

pode dizer eu estou feliz, mas viver aqueles momentos de felicidade, muitas vezes a

gente se encontra numa festinha, ri e tudo mas é uma coisa de mais prazer, aquela

felicidade, aqueles momento que a gente vive ali, mais presente, primeiro eu não

sentia isto e agora eu sinto. As pessoas percebem a minha transformação, muita

gente pergunta o que aconteceu, que eu me transformei, renovei depois que

comecei a fazer biodanza. A Biodanza é a dança da vida para mim, a gente

descobre muitas coisas e naquelas aulas que a gente vai aprofundando a gente vai

durante a semana, a gente vai sentindo uma transformação, a partir das aulas que a

gente teve.

* * *

Integrante: 24 anos, sexo masculino, 4 anos de Biodanza

Como era a tua vida antes de conhecer a biodanza, assim no sentido do

onde quero viver, com quem quero viver e o que quero fazer.

Bem eu vou partir dos meus dezessete anos em diante, quando eu esta mais.

Que foi quando eu comecei a ter a minha opinião, ver o que eu queria mesmo, que

foi quando eu saí de casa, quando comecei a morar sozinho. A partir daí eu sempre

tive uma vontade muito grande de contribuir com a minha parte, vamos dizer assim,

para a humanidade, que é o mundo, mas não sabia como. Eu queria tanto isto que a

primeira coisa que eu fiz foi sair de casa, porque eu achei que primeiro eu teria que

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mudar a minha vida para depois querer mudar alguma coisa nos outros. Então eu

comecei a morar, eu e o Anderson, com dezessete anos eu não conhecia a

biodança ainda, a partir daí as coisas começaram a mudar, digamos que eu dei um

pontapé inicial. Também eu lia muitos livros de auto-ajuda, falava algo sobre isso.

Daí, morando sozinho, eu e um amigo, a gente começou..., a gente conheceu muitas

coisas antes. Eu cheguei antes da biodança, cheguei no kardecismo, que foi algo

também que me, digamos, tirou muitas dúvidas que eu tinha existenciais. Porque eu

era muito revoltado na época que eu era adolescente, tinha muitas coisas que eu

não concordava, que eu queria mudar e não conseguia, ao mesmo tempo era tudo

muito novo para mim. E aí, aos vinte eu cheguei à biodança. Que foi onde eu

conheci a biodança, no caso, com a tua turma. Mas foi quase que por acaso, eu não

acredito em acaso. Foi quando eu apareci lá na Companhia de Arte e tinha um

cartaz na parede. Onde eu queria viver? Eu sempre quis muito, assim, viver em

grandes comunidades, sempre estar, digamos, sempre quis estar, digamos

transitando entre pessoas, conhecendo novas pessoas, novas culturas e outras

coisas assim. Isto onde eu que queria viver. Com quem eu queria viver? Com

pessoas que também partilhassem o meu pensamento, a minha opinião...E qual

seria a outra?

O que queria fazer?

O que eu queria fazer era algo nesse sentido, em caráter humanitário, vamos

dizer assim, algo que eu conseguisse contribuir de alguma forma para o mundo, nem

que seja com um pingo d’água, que nem o beija flor. E a biodança se encaixa muito

bem nisso. Eu conheci a biodança, eu vi que tinha esse caráter assim, que poderia

atingir muitas pessoas através da biodança. Foi aí que depois de um tempo eu

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resolvi entrar na escola por causa disto. Eu quero me tornar facilitador justamente

por isso, por que eu quero se possível rodar o mundo espalhando a biodança e

conhecendo pessoas... Digamos, tentando contribuir com um pouco da minha parte.

E digamos que a biodança mudou muita coisa na minha vida, no sentido de caráter

existencial mesmo, os propósitos... Porque eu me lembro que no começo era uma

coisa um pouco adolescente, aquela coisa de..., nós chegamos até a montar uma

banda dce rock, eu e um amigo, porque a gente chegou a conclusão que através de

uma banda, se a gente conseguisse fazer algum tipo de sucesso, poderia passar

uma mensagem através das letras das músicas. Que eu sempre gostei muito de

Legião Urbana, e me inspirei muito nas letras do Renato Russo até para me

ambientar na minha adolescência. Tá, isso foi até uma coisa mais adolescente, e

tudo, e passou. Daí depois o espiritismo, que é uma coisa que até hoje eu sigo. E

por último a biodança, que também eu achei que fosse..., eu achei, não, eu acho

que é uma ferramenta muito eficaz assim no sentido de conseguir chegar até as

pessoas, passar alguma coisa, e que realmente faz efeito. E me espelhei em vocês

também que, desde o começo vocês comentavam lá como era o caráter do trabalho

de vocês, vocês estavam fazendo estágio na escola, aquela coisa toda... O que fez

eu também assim tomar essa decisão e entrar na escola, uns tempos depois, foi

aquele encontro em São Lourenço, em 2002. Foi o primeiro congresso de biodança

que eu fui, eu tinha uns oito meses de biodança. E ali eu vi realmente o que era a

biodança, como é que funcionava, os facilitadores, toda aquela, digamos, união de

pessoas, ..., por um fim em comum. E hoje em dia eu estou fazendo a escola.

Pretendo terminar ela, não sei, acho que faltam uns dois anos ainda, mais ou

menos. E pretendo realmente ser um facilitador de biodança, coisa que eu nunca

imaginava antes de conhecer a biodança. Foi uma coisa que realmente... Hoje em

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dia faço trabalho social, que foi uma coisa que me direcionou também, que eu tinha

muita dificuldade de saber como eu ia ajudar as pessoas, como eu ia conseguir fazer

isso. E até mesmo porque eu também passei muitas dificuldades... na minha

adolescência..., na minha infância não, mas na minha adolescência, a família já se

desestruturou, aquela coisa toda. Hoje em dia meus pais são falecidos. Bem dizer eu

não tenho família, tenho só uma irmã, que a gente é meio distante um do outro.

Então digamos que eu, mais ou menos, eu sempre tive aquilo comigo, de seguir meu

caminho, minha proposta, mesmo que fosse só ou acompanhado. E estou seguindo

até hoje. Hoje consegui trabalhar num emprego que eu acho que está de acordo

comigo, que eu sinto prazer em trabalhar. Eu tinha também muitos empregos que eu

trabalhava por necessidade, não que eu gostava. E pretendo dai para frente crescer

mais em questão profissional. A biodança é uma coisa assim que eu não sei te dizer

se eu vou viver de biodança. É uma coisa que é meio incógnita, mas que eu vou

trabalhar com biodança, isso é certo. E até também, de certa forma, eu não gostaria

de depender totalmente da biodança para viver, para, digamos, tirar meu caráter

financeiro. Pretendo continuar com um trabalho paralelo assim, até para não ter

esse... porque eu quero fazer essa social. O meu forte é esse, eu quero muito. Acho

que até agora eu vou começar a trabalhar com transplantados.

E para te falar a verdade, eu, se eu pudesse, é que realmente..., eu tenho que

trabalhar para me sustentar, mas se eu pudesse, eu estaria acho que inserido em

todos os trabalhos assim. Porque eu me interesso, todos os trabalhos que aparecem

assim eu tenho vontade de fazer parte, mas não tenho tempo. Porque realmente

hoje em dia eu ando muito apertado de tempo... É reunião para cá, é trabalho para

lá. E à medida que as pessoas vão sabendo também, tem um amigo meu que

também conheceu uma creche em Canoas (que a esposa dele trabalha na ULBRA),

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e é uma creche da prefeitura que abriga só crianças, não é que nem o CEDEL.

Abriga crianças e as mães. Só crianças vítimas de violência, e até violência sexual.

E daí esse meu amigo também queria fazer alguma coisa e ele resolveu..., eles

estão precisando de coisas básicas, pintar a creche, por exemplo. Daí ele combinou

comigo e nós vamos pintar a creche. Ele vai comprar as tintas e depois a gente vai

pintar essa creche. Eu estou esperando ele voltar de viagem para a gente combinar.

Daí eu não sei ... Pergunta mais que daí eu vou...

Não... Acho que é isso, acho que é bem o quanto a biodança te transformou,

te trouxe essa possibilidade de transformação, acho que o nosso ponto é esse.

É, é bem assim, realmente desenvolveram-se vários potenciais, vários

potenciais que eu sabia, que sempre eu tive uma coisa comigo também. Que eu

sempre fui atrás, sempre achei que eu era merecedor e sou, e que eu era capaz

também. Só faltavam os meios, né. Isso aí eu não sei, eu tinha comigo. Eu sou meio

convencido nesse sentido.E realmente a biodança foi o que me proporcionou muitos

meios para isso, desenvolver meus potenciais nesse sentido. Trabalho social é uma

coisa que eu pretendo fazer para o resto da minha vida, mesmo que eu tenha

trabalho com a biodança remunerado, trabalho social é uma coisa que eu quero

manter sempre. E algo que faz eu me sentir mais humano também, faz eu me sentir

vivo.

Quero te agradecer e parabenizar por essa tua visão assim! E

atualmente, nos dias de hoje, as três perguntas existenciais, onde quero viver,

com quero viver e o que quero fazer.

Hoje onde eu quero viver, digamos que, onde tiver pessoas que compartilhem

dessa minha idéia, que eu devo fazer, estender a mão para o próximo. Poder viver

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num mundo menos egoísta, menos mecânico, vamos dizer assim. Pessoas que...

Quero viver com quem quer ir atrás do seu sonho mesmo, quer ser uma pessoa

íntegra consigo, não ser distanciada, fazer alguma coisa, mas no fundo não é aquilo.

Com quem eu quero viver? Quero viver com pessoas da biodança, mas não só da

biodança, mas pessoas que tem esse caráter, que tem essa visão mais ampla, mais

comunitária, mais de igualdade, mais de irmandade, fraternidade. E o que eu quero

ser? Um grande facilitador de biodança, realmente isso eu quero ser, e vou batalhar,

estou batalhando para isso. E quero realmente rodar o mundo, isso eu tenho certeza

que eu vou fazer, não sei quando, mas vou fazer isso, rodar o mundo propagando a

biodança e também passando a minha visão pessoal, assim, e quero seguir assim

esse caminho mais alternativo. Não quero ser um grande empresário, não quero ser

um grande nada, assim. Quero ser um grande humanitário, um grande, digamos...

Até no filme do Che Guevara eu vi uma frase, não vou dizer, isso aí é um auto-

convencimento meu, mas tipo assim, um colega dele numa entrevista estava

dizendo que, o Che Guevara, ele era médico, né, mas ele não era médico de

pessoas ele era médico de almas, era uma pessoa que arriscava o próprio pêlo,

vamos dizer assim, pelos outros. Claro que hoje em dia os tempos são outros, né.

Muita coisa mudou...Para ser sincero eu me baseio muito na história do Che

Guevara, foi uma coisa que assim, desde criança eu lia os livros dele. Eu considero

ele um grande humanitário. Digamos, eu considero ele até um biodanceiro, assim,

sem saber, porque ele era uma pessoa que ele rodou a América Latina, até teve

aquele filme, Os Diários da Motocicleta, e dali em diante ele mudou a vida dele,

porque ele viu assim... O que mais sacudiu ele foi a injustiça, a desigualdade, o

quanto as pessoas são reduzidas a nada. Isso aí é uma coisa que me incomoda

muito também, de certa forma assim.Eu não consigo ficar, digamos, em paz assim

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de ver, pessoas assim vivendo tão mal, pessoas pela rua. Eu sei que isso aí é um

problema do sistema, e tudo. Mas eu acho que se cada um se conscientizasse e

fizesse sua parte um dia isso sanaria, pelo menos um pouco, não digo totalmente,

né. Mas a princípio, a nível de conscientização, é aí que eu acho que entra a

biodança. Porque não adianta tu querer dar o peixe, eu acho que tem que ensinar a

pescar. Foi assim que eu aprendi também, de certa forma, agradeço, na época até

não gostava tanto. Eu tive que batalhar muito para..., atrás dos meus ideais, atrás

das minhas coisas. Passei muita dificuldade que eu não precisava passar até se eu

não quisesse. Até por ter saído de casa, tudo. Apesar da minha família não ser tão

estruturada, mas com certeza eles me davam um acolhimento. Mas eu joguei tudo

para o alto, mesmo sem saber o que ia dar, e fui atrás, e estou aí até hoje. E é assim

que eu realmente sigo a minha vida. Eu não quero saber se eu vou me dar mal ou

me dar bem. E eu não me arrependo do que eu faço, me arrependo de não fazer.

Sinceramente eu não tenho medo mesmo de realmente arriscar muita coisa para ver

se realmente meu sonho vai dar certo, se não vai dar, se... Eu acho que é por aí, né,

Artur. Eu acho que tu tens que desejar profundo e ir atrás. E aí tem um pouco do

destino, tem um pouco de muita coisa. Mas pelo menos eu fico tranqüilo que a

minha parte eu estou fazendo.

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ANEXO B

QUESTÃO FORMULADA AOS FACILITADORES

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?

Lilian Rocha:

Acredito, com certeza, que o estágio propicia o contato com a realidade, até

então meramente teórica da metodologia da sessão de Biodanza; uma coisa bem

clara é por mais que tenhamos vivência como alunos, nunca será a mesma coisa,

quando estamos no papel de facilitador, aquele que é capaz de desencadear um

processo vivencial, através de sua postura, da escolha correta da curva da aula, da

músicas escolhidas, da consigna clara e afetiva. É no estágio que aprendemos o

significado da palavra grupo, pois é ai que começamos a vivenciar o diferente, pois

as mais diferentes pessoas nos procuram para iniciar um processo vivencial, e só ai

percebemos o quanto é importante o outro como espelho. Neste caminho tive

oportunidade de facilitar diferentes grupos: 3ª idade, crianças, adolescentes, adultos,

profissionais de instituição; e cada um com as suas características proporcionaram-

me desafios que certamente me fizeram crescer e amadurecer como profissional. O

estágio faz com que tenhamos a necessidade do estudo constante, da aprimoração

da técnica, da troca insessante com outros colegas que estão na mesma fase; assim

como a busca de auxílio com profissionais mais habilitados. É nesta fase que ainda

podemos cometer alguns erros básicos e fazem parte do nosso processo de

crescimento, admitindo, corrigindo e seguindo adiante. É no estágio que começamos

a perceber a importância da coerência existencial, pois o grupo percebe as nossas

intenções e questionamentos, e nesta hora a veracidade de nossas ações são

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fundamentais. Manter um grupo não é fácil, são muitos interesses que se

apresentam; não basta ser um facilitador carismático, os tema s escolhidos tem que

permear as necessidades do grupo e não do facilitador, o grupo tem que se oxigenar

e se modificar, se não cristaliza e passa a não ser um processo transformador. Sem

falar em todo investimento que se aprende, durante o estágio, a fazer com

publicidade: e-mail, foulder, cartazes, aulas abertas, cursos de iniciação, cursos de

aprofundamento, cursos de radicalização de vivências. Tive oportunidade de fazer

estágio em ação social e em empresas privadas, as demandas de trabalho se

equiparam: preparação e realização das aulas, manutenção do grupo. O que

realmente diferencia e que na empresa privada a publicidade tem que ser muito

intensa, já na ação social temos que ter cuidado para não cair na comodidade, pois

sabemos que aquele grupo é certo e que podemos efetuar um trabalho a longo

prazo, já que são sempre as mesmas pessoas; o que em um grupo inicial em uma

empresa privada nem sempre acontece. Sendo assim para mim foi extremamente

válido ter facilitado Biodanza em grupos de Ação Social, pois durante um longo

prazo eu pude trabalhar grupos, onde pude verificar mudanças estruturais de vida:

3ª idade, pré-adolescentes, adultos, profissionais de instiutuição, o que foi de grande

valia para mim como facilitadora.

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?

Rejane Peixoto:

A minha participação em trabalhos de Ação Social começou com a Escola

Aberta que não teve uma continuidade, mas foi a minha primeira experiência

facilitando uma aula, foi junto contigo, fui como estagiária, lembra? Depois surgiu a

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oportunidade de convidar (18/05/2004) pessoas do grupo Conviver (da 3ª idade) do

Posto de Saúde do IAPI, dica da Nilza, para iniciarmos um grupo de Biodanza.

Assim surgiu o grupo que facilito desde 20/05/2004. Em 2004 também participei

facilitando junto com a Nilza, as mulheres do Projeto Pró-Maria e várias aulas como

participante do grupo também. Facilitei também as crianças desse mesmo projeto.

Estou inscrita também para participar do Projeto de Planejamento Familiar contigo,

que a reunião será dia 17/06/2005, que irei trabalhar com adultos e será uma nova

experiência.

Bem, essa experiência que tive e ainda estou tendo está sendo fundamental

para minha formação como facilitadora de Biodanza. Depois que comecei a pensar

como facilitar uma aula, que exercícios deveria escolher, quais as músicas e qual a

consigna, adaptar para público alvo, muita coisa mudou. Eu sinto que dei um salto,

um avanço significativo. Com a prática é que o entendimento da parte teórica faz

muito mais sentido. A minha tão falada, por mim mesmo, percepção, ficou muito

mais aguçada, comecei perceber coisas que antes ainda não tinha percebido. Acho

que todo aluno de formação deveria fazer um estágio antes de receber o certificado

de Facilitador de Biodanza. Acho que isso daria mais segurança tanto para o

facilitador como para os primeiros facilitados após o término da formação. Assim o

facilitador sairia mais apto para formar seu grupo.

Qual o significado/ importância de participar em atividades de estágio,

com grupos de Biodanza para a tua formação como facilitador?

SOBRE ESTÁGIOS – fases da vida, fases do aprender!

Rute Rodrigues:

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Um amigo meu sempre me dizia: “Na vida passamos por fases, agora estou

nesta, depois acaba e vem outra fase, tudo é fase!”. E na caminhada de

aprendizagem, de algo tão envolvente e desafiante como se tornar uma facilitadora

de Biodanza, tive a fase de estágio. Que ilusão que isto acabou, estou sempre

diante do novo quando se trata da relação com o ser humano, com a vida, sua

dinâmica e seus desafios.

Meu estágio como facilitadora de Biodanza aconteceu na creche que meu

filho freqüenta e perdura até hoje, com a turminha do jardim. Da sementinha nasceu

uma árvore linda, as crianças aguardam o dia da Biodanza como um momento

especial. Costumo dizer que tenho hoje um grupo avançado de Biodanza infantil,

pois há três anos que estamos juntos. Minha proposta foi acolhida com muita

abertura e amorosidade. E então me vi ali com doze crianças entre 3 anos e meio e

5 anos. Era o caos, eu não sabia como fazer e eles não sabiam o quê fazer.

Cheguei cheia de boas intenções, aula preparada, músicas escolhidas, só esqueci

de um pequeno detalhe, criança não pára para o movimento para ouvir e depois

seguir fazendo a sugestão da consigna como um adulto. Tive que me remexer, ir

buscar soluções, porque propunha uma coisa e nem dava tempo de terminar de

dizer estavam pulando, conversando, um batendo no outro, gritando: ”Tia, fulaninho

me empurrou!” e choro daqui e dali. Tinha dias que eu saia com total sensação de

frustração. Sabia que tinha que fazer diferente, sabia que tinha que descobrir que a

técnica da Biodanza não podia ser mais importante que a própria condição infantil de

liberdade e espontaneidade. Mas tinha também, momentos belíssimos, quando as

crianças expressavam suas questões com a delicadeza e entrega que não

encontramos facilmente no mundo adulto.

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Eu ouvia um convite cada vez maior de me tornar mais criança. Toda vez que

punha limites com muita impaciência, percebia uma rachadura dentro de mim: mas a

biodanza não trabalha amorosidade? Como você dá estes gritos? E minha proposta

não era amorosidade e este caos de gritos e bagunça? E os alunos terríveis, os

impulsivos, que na melhor das intenções sempre machucam o coleguinha e se

machucam? Tira para fora? Exclui? E diante daqueles que possuem liderança mas

resolvem comandar a aula? O que fazer? Reprimir? Os mesmos também são

mestres em boicotar e levar dois ou três amiguinhos com eles... sentam num canto

de bico e não há o que os faça voltar a se integrar. Então, houveram fases em que

três ou quatro crianças estavam dançando e as outras correndo, se batendo,

brincando com um jogo (no início fazíamos a aula numa sala cheia de jogos e

brinquedos, para meu desespero).

Com toda a dispersão da aula, pensava que mais parecia momento bagunça,

que momento integração. Achava que eles não queriam dançar. Perguntava para a

diretora como eles ficavam depois da aula e sempre me garantiam que todos

ficavam muito bem e vinham correndo me abraçar a cada início de encontro. Passei

um tempo – uma fase – duvidando que aquela uma hora pudesse trazer algum

benefício ao grupo. Mas temia que o efeito que eu desejava não se realizasse - que

eles se tratassem com carinho, amor e respeito, dentro do meu modelo destas

expressões. Milhões de questionamentos vinham me mostrar a minha exigência em

fazer direitinho, em ter uma aula com começo, meio e fim. O que ainda não percebia

é que todos as aulas com este grupo tinha tudo isto e muito mais.

Veio uma fase de angústia: eu tinha vontade de parar, era o dia de maior

prazer e de grandes dificuldades: o dia da Biodanza com as crianças. Prazer em

conviver em sentir a troca amorosa espontânea, em ouvir comentários bárbaros das

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crianças, ver aqueles rostinhos cálidos na hora do ninho, receber todos os abraços

juntos até cair no chão... como deixar isto? Eu, uma psicóloga, com formação em

Ludoterapia, em grupos, em Biodanza e ainda assim vivenciando tamanha

frustração? O que não queria mais lidar era com a minha avaliação de

incompetência.

Minha exigência que julga e massacra, também me fez ser tenaz e aprofundar

estratégias para fazer a aula legal para mim e para as crianças. Fui conversando

sobre regras, propus outras atividades para estarmos juntos como contar histórias

inventando sons, colagens, desenhos, cartazes. Inventei histórias para a aula e fui

buscando o mundo de fantasias. Um dia preparei uma aula de circo e me vesti com

uma calça larga e lilás, uma blusa coloridíssima e uma aluna quando me viu,

perguntou: “Esta calça é de palhaço?”. Outra vez pedi que eles dissessem o que

iríamos fazer na aula e montaram toda a seqüência com os exercícios que mais

gostavam. Na Páscoa propus uma aula em que o coelhinho mandou uma carta para

eles sobre o significado do ovo e da sua busca em resgatar este significado e eles

tinham que cumprir várias etapas – os exercícios – para ajudar o coelhinho, tudo

com muito mistério e quando o coelhinho perguntava se eles tinham entendido o que

havia dentro do ovo, uma menina, rapidamente disse: AMOR!

Acho que quando ouvi minha criança que gritava: “Rute, te solta, dá risada,

não leva tudo tão pesado, não entra no desespero, pára de querer que eles sejam

adultos!!!” as coisas começaram a mudar de figura.

Percebi que o mundo deles é muito diferente do de adulto e que a Biodanza

não podia reproduzir as mesmas demandas sociais de abandono e de seqüestro da

criança do seu mundo, mas sim de reforçar, qualificar e incentivar que estas crianças

continuem integradas com este mundo quando alcançarem a idade adulta. Não

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como fuga diante dos desafios da vida, mas como um repositório de leveza,

vitalidade, conexão com nossa essência. Percebi que eu tinha uma visão da infância

como as figuras de propaganda de sabonete infantil: todas doces e queridas.

Confundia inocência, com ingenuidade. Criança bate, chuta, agride, grita, diz o que

pensa de ti:

E agora chega, todo mundo nesta roda e deu! – meu primeiro grito com o

grupo.

Você é assim braba com teu filho também? – perguntou uma menina com

olhos arregalados. Como não desmontar?

Outra mais genial da mesma garota:

Porque só você pode falar? – nas tentativas de dar aula de Biodanza para

adulto para crianças, levei a regra do evitar falar durante a aula, quem foi ingênua fui

eu!!!

Fui saindo do mundo da teoria e despencando no mundo da prática,

descobrindo uma outra biodanza que não aquela que eu dancei e que aprendi a

compor. Conhecendo de mim e de quem eu sou diante da falta de controle, do caos,

diante do diferente, diante da minha criança que queria brincar mas obedecia a mãe

para ser aprovada!!! Aprendi que aula de criança tem conversa, tem interrupção e

que isto não impede que a criança vivencie intensamente. Aprendi que o objetivo

não é o re-aprendizado das funções orgânicas mas a manutenção das mesmas. Que

o afetivo-motor na criança está surgindo assim como ela compõe seus movimentos

para calçar ou amarrar seus calçados. Aprendi que a linguagem infantil não tem

função de fuga cortical, mas está integradíssima com suas sensações e emoções.

Fui vivenciando que muitas vezes as crianças não batem porque são más,

mas porque ainda não conseguem se colocar no lugar do outro que sente dor; que a

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defesa é o melhor ataque; que era só uma lutinha, como no desenho animado que

algum adulto desestruturado resolveu dizer que era desenho infantil e apregoa BUM,

CRAFT, POW, como coisas comuns, naturalizadas e nós do mundo

subdesenvolvido compramos como suprassumo do país desenvolvido. Puro lixo.

Fui percebendo que se não entendesse na prática o egocentrismo,

confundindo com egoísmo, aí sim contribuiria para criar egoístas. O perigo é a visão,

o julgamento e o rótulo de adultos impedir que a criança, no percorrer do

desenvolvimento, transponha esta condição e isto não vai acontecer se recebe a

tarja sobre sua identidade de que ela é assim e ponto, ao invés de considerarmos

que está assim, em aprendizagem.

Para minha surpresa, hoje conseguimos realizar aulas inteirinhas, sem gritos

ou grandes paradas, todos curtem e se divertem, tudo muito parecido com uma aula

de adulto. O vínculo comigo é grande com todos os alunos e fui percebendo que

minha impaciência quando colocava limites tinha a ver com aquela visão idealizada

das crianças e que hoje já não preciso me esgoelar, mas conversar firme entender o

que acontece e seguirmos dançando. Quando alguém não consegue se expressar

de outra forma que não seja chute e socos, combinamos um tempo da Biodanza,

não como punição, mas explicando que ele não consegue, neste momento, fazer de

outra forma e que assim atrapalha toda a aula e eles aceitam e o que acontece é

que retornam sedentos ao grupo, mas cada vez menos isto acontece.

Então, descer até a altura da criança e entender o que se passa, olhar de

onde ela olha, voltar a ser criança e sair do lugar de juiz, do mantenedor do status

quo que diz que sempre o adulto tem razão e que nossas regras são as melhores e

devem ser sempre seguidas, tem sido um dos maiores aprendizados, ou até cura

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pessoal do estágio que virou trabalho, nada sério, do ponto de vista de abarcar

prazer, diversão, abertura e expansão, muito saudável, do meu mundo adulto.

Jorge Roberto dos Santos:

“O estágio pra mim foi importante e ainda está sendo, porque ainda não

apresentei a monografia. Com o estágio, no início comecei com aulas

supervisionadas e com o tempo fui criando autonomia de começar a montar as aulas

e de fazer a sessão. É um aprendizado, uma bagagem que a gente vai adquirindo,

um conhecimento. E tem uma característica que comecei a trabalhar com ação

social, trabalhei com as crianças do CEDEL. Ainda continuo e também com os

portadores de necessidades especiais e agora com um grupo de adultos. Então,

este estagio na ação social com as crianças e com os portadores me deu muita

experiência. Depois que agente passa por lá, a gente tem mais segurança de

trabalhar com os adultos, entre aspas normais, é mais tranquilo, então estes três

grupos estão me dando um aprendizado tremendo.

Cleonara Bedin:

A importância do estágio de ação social em biodanza para minha formação

como facilitadora foi a relação da percepção de crescimento do vínculo de afeto

entre eu, meus parceiros de trabalho e os alunos. Meu estágio em ação social foi

realizado em 2003 com crianças de 7 a 10 anos em situação de risco social, ou seja,

crianças em situação de abandono familiar, violência e trabalho infantil. Vivenciei um

estranhamento com a minha realidade por um lado quando aconteciam situações de

violência dentro da classe e uma identificação com as situações de abandono. O

meu aprendizado se deu e continua acontecendo, pois continuo hoje em 2005

trabalhando no mesmo projeto, na vivência permanente da aceitação, do respeito e

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do não julgamento dos alunos e de mim mesma. Esta construção do momento

presente é que facilita o desenvolvimento dos potenciais de crescimento individuais,

meus e dos alunos. A relação do facilitador acontece no vínculo de afeto, que é

progressivo, sem controle, permanente e construído na relação mútua.

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ANEXO C

PROGRAMA ÚNICO DE FORMAÇÃO

DOCENTE EM BIODANZA

SISTEMA ROLANDO TORO

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PROGRAMA ÚNICO DE FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE BIODANZA

1 Definição e Modelo Teórico de Biodanza

Capítulo I: Definição de Biodanza

• Definição de Biodanza

• Conceitos Estruturais de Biodanza

• Biodanza: Psicoterapia e Educação

• Estudo Diferencial entre Biodanza e outros Sistemas Terapêuticos

• Biodanza no Contexto das Terapias

• Bibliografia

Capítulo II: Modelo Teórico de Biodanza

• Conceito de “Modelo” em Ciências

• Evolução dos Modelos Teóricos

• Origem do Modelo Teórico de Biodanza

• Evolução do Modelo Teórico de Biodanza

• Protovivências

• Linhas de Vivências

• Ecofatores

• Estrutura do Modelo Teórico de Biodanza

• Expressão Genética

• Cofatores

• Regressão no Modelo Teórico de Biodanza

• Regresso à Origem

• Nomenclatura do Modelo Teórico de Biodanza

• Esquema: Ecologia Humana; Integração às Linhas de Vivência

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• Esquema do Modelo Teórico de Biodanza

• Descrição do Modelo Teórico de Biodanza (1998)

2 Inconsciente Vital e Princípio Biocêntrico

Capítulo I: O Inconsciente Vital

• Conceito de Inconsciente Vital

• Inconsciente Vital e Humor Endógeno

• Mudanças de Humor e Variações de Estrógenos

• Inconsciente Vital e Doença

• Princípio Biocêntrico

• A Teoria de Santiago

• Esquema: Duas Vertentes Filosóficas no Conceito de Inconsciente Vital

• O Pacto Prévio

• A Música e o Humor Endógeno

• A Pintura como Espelho do Humor

• Holograma e Inconsciente Vital

• Substâncias Enteógenas e Inconsciente Vital

• Esquema: Fatores que Influem Negativamente sobre o Inconsciente Vital

• Esquema: Fatores que Influem na Vitalidade do Inconsc. Vital”

• O Desejo de Viver

• Esquema: Manifestações do Inconsciente Vital

• Filhos das Estrelas

Capítulo II: O Princípio Biocêntrico

• O Princípio Biocêntrico

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• Sacralidade da Vida

• Reflexão sobre os Valores de Nossa Cultura

• Quatro Vertentes Culturais

• Esquemas Comparativos entre a Cultura Ocidental e uma Nova Civilização

• Cultura Cindida e Cultura Biocêntrica

• Desenho do Apocalipse

• Conceitos Teóricos de Valor Heurístico

3 A Vivência

• Definição de Vivência

• Prioridade da Vivência em Biodanza

• Características das Vivências

• Fisiologia das Vivências

• Embriologia das Vivências

• Protovivências

• As Linhas de Vivência

• Relação das Vivências com o Comportamento e a Experiência Vivida

• Principais Exercícios de cada Linha de Vivência

• Relações entre as Linhas de Vivência

• Integração

• O Gozo de Viver

• Níveis De Integração

• Características das Combinações

• Epistemologia da Vivência

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• Relatos de Vivência

4 Aspectos Biológicos de Biodanza

• Princípios Universais do Ser Vivo

• Filiação Biológica do Ser Vivo

• Replicação

• Auto-organização. Conceito de Autopoiese

• Novas Idéias sobre Evolução

• Invariância Reprodutiva

• Seletividade. Relação com o Ambiente

• Diferenciação

• Memória

• Auto-regulação

• Características Especiais de alguns Processos Biológicos da Vida Humana

• Existe Progresso Biológico?

5 Aspectos Fisiológicos de Biodanza

• Introdução: "O Corpo como Holograma".

• O Sistema Integrador–Adaptativo–Límbico–Hipotalâmico

• Sistemas de Integração

• Sistema Nervoso Neurovegetativo

• Ação do Sistema Nervoso Autônomo

• O Sistema Imunológico

• O Sistema Neuro–Endócrino–Imunitário

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• O Sistema Endócrino

• Efeitos de Biodanza sobre o SN–SE–SI

• Bibliografia

6 Aspectos Psicológicos de Biodanza

• Introdução

• Antecedentes Psicológicos de Biodanza: Freud, Jung, Reich, Lacan,

Bachelard, Fornari, Rogers, Hillman

• Escala de Desenvolvimento do Instinto à Emoção

• Teoria dos Instintos

• Biodanza: o Resgate dos Instintos

• Auto-avaliação segundo o Esquema dos Instintos

• As Emoções: para uma Fenomenologia das Emoções

• Origem Biológica e Desenvolvimento Primal das Emoções

• O Córtex Cerebral e a Região Límbico-Hipotalâmica

• Centros Neurológicos das Emoções

• Experiências sobre Emoção e Expressão

• Estudos Antropológicos

• Neurofisiologia e Psicologia das Emoções

• Psicologia das Emoções

• Expressão das Emoções em Psicoterapia

• Expressão de Emoções pelo Pranto

• Sorriso Verdadeiro e Sorriso Falso

• Respostas Psicossomáticas às Emoções

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• Emoção e Doenças Psicossomáticas

• Considerações Antropológicas sobre Agressividade e Violência

• Reflexões sobre Emoções e Ecologia

• Bibliografia

7 Antecedentes Míticos e Filosóficos de Biodanza

• Introdução

• Aplicação dos Mitos e Arquétipos no Sistema de Biodanza

• Os Mitos de Morte e Ressurreição, Identificação do Homem com a Natureza

• Antecedentes Filosóficos

• Heráclito, Filósofo do Eterno Devir

• O Pensamento de Heráclito e o Princípio Biocêntrico

• Epílogo

• Bibliografia

8 Identidade e Integração

• Introdução

• Definição de Identidade

• Diversas Concepções sobre Identidade

• Vivência de Estar Vivo

• Consciência de Si Mesmo

• Esquema Dinâmico da Identidade

• Auto-estima e Auto-imagem

• Identidade Normal

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• Auto-avaliação da Identidade

• Identidade Patológica

• Identidade e Vínculo

• Identidade Sexual e Papéis

• Identidade e Amor

• Identidade e Música

• Identidade e Alteridade

• Identidade e Diversidade

• Identidade e Consciência Cósmica

• Identidade e Biodanza

• Biodanza, Expansão da Identidade

• Integração

• Psicopatologia da Dissociação

9 Transe e Regressão

• Conceito de Transe

• Conceito de Regressão

• Diferentes Tipos de Transe (Esquema)

• Exercícios para Cinco Níveis de Transe em Biodanza

• O Transe Poético

• Indicações

10 Contato e Carícias

• Introdução

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• Conceito de “Contato”

• A Carícia

• Aproximação e Contato em “Feed-back”

• Qualidade do Contato

• Fenomenologia da Carícia

• Reconhecimento Corporal e Acariciamento

• Respostas de Inibição e Repressão

• Sobre a Forma da Carícia

• Fundamento das Terapias de Contato

• Princípios de Encontro Corporal

Anexos:

a) Proposta de uma Oficina sobre a Arte da Carícia (Maite Bernardelle)

b) Texto sobre a Carícia e seu Poder Integrador (Sandra Salmazo)

11 Movimento Humano

• Ciência e Movimento

• Descrição do Modelo Sistêmico do Movimento

• Categorias do Movimento

• O Movimento Humano

• O Sistema Nervoso Autônomo

• Ritmos Orgânicos e Motricidade

• Psicodiagnóstico de Cinesias

• Movimento em Câmara Lenta

• Marcha como Expressão Existencial

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• A Postura Corporal

• O Essencial em Reabilitação

• O Corpo é uma Expressão Existencial

12 Vitalidade

• Definição de Vitalidade

• Conexão à Vida

• Índices de Vitalidade

• Pressão Arterial

• Respiração

• Auto-regulação da Temperatura

• Resposta Imunológica

• O Sistema Neuro-Endócrino-Imunitário

• O Culto do Corpo

• Para uma Visão Integral da Vitalidade

• Bibliografia

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios

específicos da Linha de Vitalidade.

13 Sexualidade

• Definição de Sexualidade

• A Vivência Sexual e o Inconsciente Vital

• Evolução da Sexualidade Adulta através de Biodanza

• O Desejo na Gênese do Prazer

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• O Corpo: Fonte de Prazer

• Masturbação

• Busca Persistente do Prazer do Movimento

• Da Fonte Instintiva à Integração

• Impulso Sexual e Identidade

• Fetiche e Âmnios

• Erotismo Indiferenciado e Diferenciado

• Escolha do Par: Decisão ou Preferência

• Amor Exclusivo e Amor ao Mundo

• O Par Ecológico

• Bases Fisiológicas

• Hormônios e Neuromoduladores da Sexualidade

• Mudanças Fisiológicas durante a Aproximação Sexual

• Curvas do Orgasmo Masculino e Feminino

• Fecundação

• Aspectos Míticos e Antropológicos

• Vagina e Falo como Expressões Cósmicas

• Função Ritual da Orgia

• A Revolução Sexual

• Idealismo e Genitalização

• Esquema sobre Valores Culturais Castradores

• Esquema sobre a Repressão–Liberação

• Transtornos da Sexualidade

• Tabela sobre Transtornos da Sexualidade na Mulher

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• Tabela sobre Fatores Determinantes de Patologia Sexual

• Tabela de Sintomas para o Diagnóstico da Sexualidade

• Pautas para Conhecer a Qualidade da Identidade Sexual

• Biodanza e Sexualidade

• Efeitos de Biodanza sobre a Vivência Sexual

• Exercícios da Linha de Sexualidade e seus Efeitos

• Progressividade

• Leituras Recomendadas

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios

específicos da Linha de Sexualidade.

14 Criatividade

• Definição de Criatividade

• Esplendor Criativo

• A Criatividade: uma Função Natural

• Criatividade Existencial

• Repressão da Criatividade

• Aspectos Biológicos da Função Criativa

• A Criatividade como Expressão de Superabundância

• Biodanza e o Desenvolvimento da Função Criativa

• Linha de Criatividade: Patologia e Prescrições

• A Criatividade e o Modelo Teórico

• A Dança da Criação

• Expressão Artística

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• Arte e Princípio Biocêntrico

• Ver e Amar

• Grafismo Infantil

• Biodanza, Desenho e Pintura

• Biodanza e Poesia

• Biodanza e Expressão em Argila

• Expressão de Sensações Cenestésicas e Vivências pela Argila

• Criatividade a partir da Vivência

• Danças Criativas

• Dança e Estilos de Pintura

• Como Criar uma Canção

• Nós Somos a Mensagem

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios

específicos da Linha de Criatividade.

15 Afetividade

• Definição de Afetividade (Mundo dos Sentimentos)

• Para uma Fenomenologia da Afetividade

• Renovação Biológica e Reprogressão

• Aspectos Biológicos da Afetividade

• Componentes Estruturais da Afetividade:

• Identidade

• Nível de Consciência

• Nível de Comunicação

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• Ecofatores e Antecedentes Biográficos

• A Afetividade é a Inteligência Biocósmica

• Alexitimia: Emoções Confusas

• Alexitimia e Biodanza

• Patologia da Afetividade

• A Auto-Opressão

• Afetividade e Argumentos de Vida Patológicos

• Afetividade e Auto-regulação

• Percepção Estética do “Outro”

• Importância do Abraço

• Modelo de Encontro

• Índices de Afetividade

• Sofrimento e Felicidade

• Do Sofrimento à Plenitude

• Fundamentos de Ecologia Humana

• A Amizade

• A Ética, um Absoluto Humano

• Bibliografia

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios

específicos da Linha de Afetividade.

16 Transcendência

• Conceito de Transcendência

• Transe e Regressão

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• Indução de Transe em Biodanza

• Estados de Consciência Suprema

• Acesso ao Maravilhoso

• Sacralidade da Vida

• A Essência Divina

• A Vivência Mística

• Biodanza: Transformação do Indivíduo em Dança

• Autocontrole Evolutivo

• Dinâmica da Malignidade e da Bondade

• Bibliografia

Obs.: Deverão formar parte do Programa Vivencial deste tema os exercícios

específicos da Linha de Transcendência.

17 Mecanismos de Ação de Biodanza

• Prefácio

• Expressão da Identidade

• Exercícios de Ação Integradora

• Ação de Biodanza sobre a Vitalidade e a Saúde

• Ação de Biodanza sobre a Sexualidade

• Ação de Biodanza sobre a Criatividade

• Ação de Biodanza sobre a Afetividade

• Ação de Biodanza sobre a Linha de Transcendência

• Mecanismos Neurofisiológicos

• Ação Terapêutica e Reabilitação Existencial

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• Mecanismos de Ação sobre Grupos Específicos

• Diálogos Silenciosos induzidos pela Proximidade e o Contato

• Ação sobre a Estrutura Sociocultural

18 Educação Biocêntrica

• Introdução

Capítulo I: Educação Biocêntrica

• Conceito de Educação Biocêntrica

• Fins da Educação Biocêntrica

• Estrutura Teórica da Educação Biocêntrica

• Inteligência Afetiva

• Educação Biocêntrica e Imagem do Homem

• Aprender a Construir o Conhecimento

• Necessidade Social

• Enfoque Epistemológico da Educação Biocêntrica

Capítulo II: Biodanza como Mediação

• Biodanza como Mediação

• Definição de Biodanza

• O Princípio Biocêntrico

• A Imagem Ampliada do Homem na Educação

• O Corpo em Educação

• A Criança em Movimento

• Educação Biocêntrica e Expressão de Potenciais

• Biodanza e Profilaxia

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Capítulo III: A Criança

• Frederick Leboyer: Nascimento com Amor

• O Contato Primal

• Arnold Gessel: Embriologia da Conduta

• A Deriva do Desenvolvimento Ontogenético

• René Spitz: Doenças por Carência Afetiva

• Rof Carballo: Integração Córtico-Diencefálica

• Jean Piaget: A Identidade e a Construção do Mundo

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: Etologia da Criança e da Família

• O Instinto e a Educação Biocêntrica

Capítulo IV: O Adolescente

• Crise da Identidade

• Características da Adolescência

• Iniciação e Ritos de Passagem

• Biodanza com Adolescentes em Situação de Risco

Capítulo V: A Criatividade e a Educação Biocêntrica

• A Criatividade das Crianças a partir da Vivência

• Evolução do Desenho Infantil

Capítulo VI: Reinventar a História

• Reinventar a História

• Educação, Cultura, Alienação

• Cultura Cindida e Cultura Biocêntrica

• Patologia Social, Teratologia Mental

• Uma Civilização a Deriva

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Capítulo VII: Para uma Cultura da Vida

• Sacralização da Vida

• Conexão à Vida

Capítulo VII: Conteúdo Programático da Educação Biocêntrica

• Programa de Exercícios

• Processo de Integração e Exercícios de Biodanza

• Variações para Grupos mais Adiantados

• Músicas Usadas em Biodanza com Crianças e Adolescentes

• Documentação Fotográfica de Sessões de Biodanza

• Bibliografia

19 Aplicações e Extensões de Biodanza

Advertência: Este tema tem por objetivo oferecer um panorama geral através

de breves resumos sobre cada aplicação e extensão de Biodanza. Os exercícios e

músicas específicos para Extensões e Aplicações de Biodanza não devem ser

introduzidos no Programa do Curso de Formação de Professor de Biodanza, porque

formam parte dos Programas Específicos dos cursos especiais de habilitação nas

Aplicações e Extensões de Biodanza.

Aplicações:

• Biodanza para Crianças

• Biodanza para Anciãos

• Biodanza para Casais

• Biodanza Familiar

• Biodanza para Mulheres Grávidas

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• Biodanza em Empresas

Aplicações Clínicas e Reabilitação Existencial:

• Biodanza e Estresse

• Biodanza para Doentes Psicossomáticos

• Biodanza para Doentes Mentais

• Biodanza para Doentes de Parkinson

• Biodanza para Doentes de Alzheimer

• Biodanza em Anorexia e Bulimia

• Biodanza para Deficientes Sensoriais

• Biodanza para Deficientes Motores

• Biodanza em Transtornos Sexuais

• Biodanza para Toxicômanos

• Reabilitação Existencial

Extensões:

• Projeto Minotauro

• O Árvore dos Desejos

• Missão Argonauta

• O Círculo dos Arquétipos

• Pressentimento do Anjo

• Dançar o I Ching

• Retorno de Dionísio

• Neoxamanismo

• Biodanza, Identidade e os Quatro Elementos

• Caminhos do Êxtase

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• Biodanza na Natureza

• Biodanza Aquática

• Biodanza e Argila

• Biodanza e Massagem

• O Jardim do Paraíso

• Laboratório de Criatividade

20 Biodanza: Ars Magna

• Todos Somos Um

• Arte da Vida

• Atuar Sobre a Parte Sã

• O Ato Íntimo de Curar

• Para uma Visão Integral do Homem

• Uma Terapia para "Doentes de Civilização"

• Fenomenologia: Modos de Sentir-se Doente

• Doenças Psicossomáticas

• Mecanismo de Adaptação ao Estresse

• O Sistema Imunitário e as Emoções

• Biodanza e Doenças Psicossomáticas

• Referências

21 Metodologia I (Semântica Musical)

• Modelo Teórico de Biodanza e Música

• Para uma Semântica Musical

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• Música – Movimento – Vivência: uma Estrutura Unitária

• Critérios de Seleção das Músicas para Biodanza

• Exemplo Esquemático da Relação entre Emoção e Música

• Exemplos de Exercícios e Músicas em Relação ao Processo de Integração

e as Linhas de Vivência

22 Metodologia II (A Sessão de Biodanza)

• A Sessão de Biodanza:

Significado Antropológico

Objetivo

Níveis

Demonstrações Públicas e Aulas Abertas

Duração

Estrutura

• Os Exercícios de Biodanza:

Efeitos Fisiológicos

Exercícios Básicos e Exercícios Específicos

Classificação

A Consigna

A Música

• Estruturação da Parte Vivencial:

Exemplos de Exercícios de Integração, Comunicação Afetiva e

Comunicação e onde colocá-los na Estrutura da Vivência

Exemplos de Exercícios Específicos de Expressão dos Potenciais Genéticos

A Passagem de um Exercício a Outro

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Ativação Final

23 Metodologia III (A Sessão de Biodanza - Continuação)

• Sessões de Iniciação

• Exemplos de Estruturas de Vivências de Iniciação

• Sessões de Aprofundamento e de Radicalização de Vivências

• Intensidade da Vivência

• Exemplos de Estruturas de Vivências de Aprofundamento e Radicalização

nas Cinco Linhas

• Dificuldades e Erros Metodológicos

• Código para alcançar uma Lucidez Discriminativa que Permita Diferenciar o

Sistema Biodanza de outras Propostas de Desenvolvimento Humano

24 Metodologia IV (Curso Semanal e Maratona de Biodanza)

• Curso Semanal de Biodanza

Níveis

Cursos de Iniciação

Curso de Aprofundamento e Radicalização de Vivências

Duração

• Programa de um Curso Semanal de Biodanza

Objetivos Globais

Objetivos Específicos

Explicações Teóricas

Exemplos de Argumentos Teóricos para o Programa de um Curso Semanal

de Biodanza

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Seqüência de Vivências

• Programa de um Curso de Iniciação

Parte Teórica

Parte Vivencial

Exemplos de Exercícios de Integração

Exemplos de Exercícios de Comunicação Afetiva, Regressão e Transe que

podem ser inseridos no Programa de um Curso de Iniciação

• Programa de um Curso de Aprofundamento e Radicalização de Vivências

Parte Teórica

Parte Vivencial

Exemplos de Exercícios Específicos de um Programa de Aprofundamento e

Radicalização de Vivências

• Maratona de Biodanza

Níveis

Duração

Estrutura

25 Metodologia V (O Grupo de Biodanza)

• O Grupo de Biodanza: Matriz de Renascimento

O Grupo de Biodanza

Funções do Grupo de Biodanza

• Integração do Grupo de Biodanza

Primeiros Momentos

Integração Orgânica de Base Afetiva

Dinâmica do Grupo de Biodanza

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Atuar sobre a Parte Sã

Sobre a Participação no Curso Semanal e a Superação dos Mecanismos de

Defesa

Função da Parte Teórica na Integração do Grupo

Relato de Vivências

Entrevista Individual

• Participação do Professor de Biodanza nas Sessões que Dirige

Atitude do Professor durante as Sessões que Dirige

• Relação entre o Micro-Mundo Grupal e o Macro-Mundo Social

• Aspectos Experimentais e Fenomenológicos de Biodanza

26 Metodologia VI (Critérios de Avaliação do Processo Evolutivo em

Biodanza)

• Introdução

• Ímpeto Vital

• Postura

• Ritmo

• Leveza

• Tônus Muscular

• Fluidez

• Equilíbrio

• Oscilação

• Eutonia

• Capacidade de Contato

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• Expressividade

• Feedback (Reciprocidade)

• Sintonização

• Iniciativa Recíproca

• Sensibilidade do Movimento

• Sensualidade

• Capacidade de Regressão

• Sinergismo

• Controle Voluntário (Intencional)

• Elasticidade

• Extensão

• Flexibilidade

• Resistência

27 Metodologia VII (Aprofundamento da Aprendizagem do Elenco Oficial

de Exercícios, Consignas e Músicas de Biodanza)

PROGRAMA DE CONFERÊNCIAS

O Programa Único de Formação em Biodanza inclui três Conferências. Cada

Conferência terá a duração de três horas. Os temas podem ser escolhidos entre os

que são detalhados a seguir:

1 Estrutura e Evolução do Universo

• Carl Sagan: "Cosmos".

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• Paul Davies: "Il Cosmo Inteligente". Milano (Italia): Editora Arnaldo Montadori,

1988.

• Rolando Toro Araneda: "El Principio Biocéntrico". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

• Ken Wilber (Org.) "O Paradigma Holográfico e outros paradoxos". São Paulo:

Cultrix, 1994.

2 Teorias sobre a Origem da Vida

• Fritjof Capra: "A Teia da Vida". São Paulo: Cultrix, 1997.

• Rupert Sheldrake: "Una nueva ciencia de la vida. La hipótesis de la causación

formativa".

• Rupert Sheldrake: "O Renascimento da Natureza”. São Paulo: Cultrix, 1993.

• Rolando Toro e Cecilia Toro: "Morfogenesis biológica y Creatividad". Editora da

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

3 A Vida

• Rolando Toro Araneda: "Características universales de los seres vivos.

Autopoyesis y autonomía". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 -

Chile.

• H. Maturana e F. Varela: "Autopoiesis e cognizione". Veneza (Italia): Editora

Marzilio, 1985.

• F. Varela: "Principles of Biological Autonomy". New York (EEUU): Editora

Elsevier North Holland, 1979.

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• F. Varela: "Autonomie et Connaissance: Essai sur le vivant". Paris (France):

Editora Seuil, 1987.

• Henri Atlan: "Entre o cristal e a fumaça: ensaio sobre a organização do ser vivo".

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.

4 Do Caos à Ordem. Fractais

• Ilya Prigogine: "¿Tan sólo una ilusión? Una exploración del caos al orden".

Barcelona (España): Tusquets Eds. S.A, 1988.

• E. Morin: "Introduzione al pensiero complesso. Gli strumenti per affrontare a sfida

della complessita". Editora Sperling & Kupfer, 1993. Milano - Italia.

• E. Morin: "O Método" (3 tomos). Editora Publicações Europa América, 1997 - São

Paulo, Brasil.

• David Bohm: "A Totalidade e a Ordem Implicada". São Paulo: Cultrix, 1998.

• René Thom: "Parábolas y catástrofes". Barcelona (Es-paña): Tusquets Eds. S.A,

1985.

• Roger Lewin: "Complexidade: A vida no limite do caos". Rio de Janeiro (Brasil):

Editora Rocco, 1994.

5 Biodanza, uma Nova Epistemologia

• Rolando Toro: "Inversión de la estrategia epistemológica". Editora da

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

• Eugenio Pintor: "Biodanza una nueva epistemología". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Italia.

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• Foerster, Heinz von: "Nota para uma Epistemologia dos objetos vivos". A

Unidade do Homem, vol. II. São Paulo, Brasil: Editora Cultrix, Universidade de São

Paulo, 1978.

• Francisco Varela: "Scienza Tecnologia della cognizione". Editora Hopeful

Monster, 1987 - Firenze, Italia.

6 Evolução da Imagem do Homem desde a Pré-história até Nossos Dias

• Rolando Toro Araneda: "La imagen del hombre en la medicina y la antropología

del siglo XX". Editora da International Biocentric Foundation, 1998, Chile.

• Konrad Lorenz: "Evolución y modificación de la conducta". Editora Siglo XX, 1971

- México.

• Fritjof Capra e David Steindl-Rast: "Pertenecer al universo". Buenos Aires

(Argentina): Editorial Planeta, 1993.

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: "El hombre preprogramado". Editora Alianza, 1983 -

Madrid, España.

• António R. Damásio: "O erro de Descartes". São Paulo: Companhia das Letras,

1996.

• Irenäus Eibl-Eibesfeldt: "Etología Humana. Le basi biológiche e cultural del

comportamento". Editora Bollati Boringhieri, 1993 - Torino, Italia.

• Rolando Toro Araneda: "Determinismo y libertad humana según algunos

pensadores contemporáneos: Teilhard de Chardin, Heidegger, Sartre, Cioran e

Jaspers". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

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7 Temas de Psicologia Teórica para serem estudados

• C. G. Jung: "Aplicação da teoria dos arquétipos em Biodanza".

• Wilhem Reich: "Sexualidade e repressão".

• Bion: "Categorias para compreender as linhas de psicopatologia".

• C. G. Jung: "Símbolos e transformação". Petrópolis (RJ): Vozes, 1986.

• Michel Maffesoli: "L'ombra di Dionisio. Una sociología de las pasiones". Editora

Garzanti, 1990 - Italia.

• James Hillman: "Saggio su pan". Editora Adelphi, Piccola Biblioteca, 1991 -

Milano, Italia.

8 Ética

• James Hillman e Michael Ventura: "Cento anni di Psicoterapia e il mondo va

sempre peggio". Editora Garzanti, 1993, Italia.

• James Hillman: "Paranoia". Editora Vozes, 1993 - Petrópolis, Brasil.

• Martin Buber: "Eu e Tu”. São Paulo: Editora Moraes, s.d.

• Rolando Toro e Carlos García: "Vivência ética y conducta ética". Editora da

International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

9 Reabilitação Existencial

• Rolando Toro Araneda: "Rehabilitación Existencial". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

• Carl Sagan: "El mundo y sus demonios". Editora Planeta, 1997 - Buenos Aires,

Argentina.

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• Rolando Toro Araneda: "Clasificación de las terapias". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

• Rolando Toro Araneda: "El retorno del Centauro Quirón". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

10 Motivações para Viver

• Rolando Toro e Carlos García: "Análisis existencial según las líneas de vivencia.

La existencia e sus configuraciones corporales". Editora da International Biocentric

Foundation, 1998 - Chile.

• Rolando Toro Araneda: "Ontología del deseo". Editora da International Biocentric

Foundation, 1998 - Chile.

11 Linguagem e Expressão

• Charles Darwin: "_Expression des emotions ches l'homme et les animaux".

Editora Reimvald, 1987 - Paris, France.

• Rolando Toro Araneda e Marcelo Mur: "Función del lenguaje verbal en

Biodanza". Editora da International Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

• Rolando Toro Araneda e Eliane Matuk: "El lenguaje musical. Evolución cualitativa

de la música de Biodanza". Editora da International Biocentric Foundation, 1998,

Chile.

• Rolando Toro Araneda: “Los diálogos corporales". Editora da International

Biocentric Foundation, 1998 - Chile.

Page 107: INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION CURSO DE …pwweb2.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/rinaci/usu_doc/estagio.pdf · de reparação celular e regulação global das funções biológicas,

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12 Antropologia da Dança

• Serge Lifar: Editora Nueva Colección Labor, 1968 - Barcelona, España.

• Roger Garaudy: "Dançar a Vida". Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

• Rolando Toro: "Danza y Mito". Editora da International Biocentric Foundation,

1998 - Chile.

• Friedrich Nietzsche: "El nacimiento de la tragedia". Editora Alianza, 1997.