Upload
nguyendan
View
216
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
0
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
Monique Mota da Conceição
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA E SUA RELAÇÃO COM O APOIO PARENTAL PARA AS
ATIVIDADES ESCOLARES
Salvador 2009
1
MONIQUE MOTA DA CONCEIÇÃO
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA E SUA RELAÇÃO COM O APOIO PARENTAL PARA AS ATIVIDADES
ESCOLARES
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção da graduação em pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação do Profª. Drª. Isnáia Freire.
Salvador 2009
2
MONIQUE MOTA DA CONCEIÇÃO
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA E SUA RELAÇÃO COM O APOIO PARENTAL PARA AS ATIVIDADES
ESCOLARES
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, para avaliação em 08 / 09 / 2009.
Orientadora: Professora Drª. Isnáia Freire
Departamento de Educação - UNEB/Campus I
Banca:
Professora Adelaide Badaró______________________________________________________
Professora Ana Lúcia Oliveira____________________________________________________
3
Dedico esse trabalho monográfico a minha mãe, fonte de amor e ternura, por me ensinar a trilhar mais suavemente nos caminhos da vida e por me fazer acreditar em mim mesma quando tudo parecia impossível.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, maravilhoso pai, agradeço por me presentear com o dom da vida e por me permitir vivenciar este período de valioso enriquecimento pessoal, pude sentir os teus braços de amor a me envolver em todos os momentos desta longa trajetória. A minha Orientadora Professora Dr.ª Isnáia Freire por ter me ensinando a buscar novas dimensões do saber, com inestimável apoio, dedicação e por ter contribuído significativamente para a concretização deste trabalho. Aos meus pais Waldomiro da Conceição e Maria Regina Mota, pelo amor, carinho, dedicação e apoio oferecidos para que pudesse concretizar o meu objetivo. Aos meus irmãos, Daniele Mota e Giancarlo Mota, pela verdadeira amizade, incentivo e suporte em momentos tão decisivos. A Marcos, meu noivo, pelo amor, cumplicidade, atenção e apoio ofertados... As minhas amigas (Alane Peixoto, Patrícia Teles e Viviane Bezerra) que durante anos de convívio me permitiram desfrutar de bons momentos, me mostrando que é possível superar as dificuldades e enriquecemos nossas vidas com o aprendizado que as mesmas proporcionam... A minha eterna equipe, o meu carinho, companheirismo e infinito amor. A minha família e a todos que contribuíram para que pudesse construir este trabalho, muito obrigada!
5
“Encontrar-se é próprio daqueles que se (re)conhecem companheiros, que têm prazer de sentirem-se semelhantes; daqueles que se sentem diferentes, mas que nas riquezas de suas diferenças, vão construindo um espaço comum, no qual circulam idéias, projetos, crenças e utopias”. (SILVA, 1995, p.89).
6
RESUMO
Neste trabalho em que as intervenções pedagógicas e sua relação com o apoio parental para as atividades escolares estão em foco, apresentamos uma discussão sobre a relevância da parceria entre a família e a escola e o fundamental papel do educador junto a crianças que não dispõem desse apoio. A pesquisa tem como objetivos compreender de que forma as intervenções pedagógicas em sala de aula e o apoio parental para as atividades escolares implicam sobre o desempenho escolar da criança, analisar a postura do professor diante dos alunos com baixo rendimento escolar em conseqüência da ausência desse apoio e trazer reflexões e contribuições significativas a cerca do tema discutido, buscando oferecer aos leitores, informações e reflexões, no que se refere a importância da interação família e escola no processo de ensino-aprendizagem das crianças. E foram através das lentes da abordagem qualitativa que pudemos observar as dificuldades que estas crianças encontram no seu percurso escolar e a prática docente no que se refere às intervenções pedagógicas realizadas com estes educandos. Abordamos além da estrutura e das funções da família e da escola as transformações que estão ocorrendo na sociedade moderna e as suas implicações no âmbito escolar. Assim, a pesquisa busca ressaltar a relação família-escola, que é de extrema importância na construção da identidade e autonomia do aluno, a partir do momento em que o acompanhamento desta, durante o processo educacional, leva a obtenção de benefícios por parte dos educandos que se sentem duplamente amparados, ora pelos pais, ora pelos professores, o que irá incidir positivamente no seu processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Família. Escola. Apoio parental. Intervenções pedagógicas. Criança.
7
ABSTRACT
In this work whose pedagogic interventions and its relation with parental support in school activities are focused, it's presented the discussion about the importance of partnership between family, school and the fundamental educator´s function beside children who have not this support. The research’s objective is understand how pedagogic interventions in class and parental support reflect on school performance of the child, analyze the teacher's posture in front of schoolchildren with low performance as a consequence of this absence of support, bring reflections and significant contributions about the theme under discussion, in order to offers to readers, information and reflections related to the importance of the interaction; family and school in the process of children's apprenticeship. It's possible to observe from the perspective of the qualitative method the difficulties that these children find in their school process and the teaching practice related to pedagogic interventions realized with these students. It´s discussed beyond the structure of the family and school functions, the modern society changes and its consequences in school environment. Under this focus, this research pursues to stand out the relation between family and school that is extremely important for the student's identity and autonomy constructions, from the moment that this support during this educational process, brings benefits for students who feel doubly supported for the parents and also by the teachers, this fact will reflect in a positive way on their apprenticeship process. Keywords: Family, School, Parental Support, Pedagogic Interventions, Child.
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................09 2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................13 2.1 A FAMÍLIA COMO AGENTE SOCIALIZADOR..........................................................13
2.1.1 A CONSTUTIÇÃO FAMÍLIAR E SUA TRANSFORMAÇÃO AO LONGO DO TEMPO................................................................................................................................15
2.2 ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PARCERIA NECESSÁRIA............................................18 2.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS POSSÍVEIS INTERVENÇÕES...........................24 3. METODOLOGIA.............................................................................................................29 4. APRESENTAÇÃO E DUSCUSSÃO DOS DADOS..............................................33 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................49 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................52 APÊNDICE A – QUADRO REFERENTE ÀS ATIVIDADES EXTRA-CLASSE QUE A PROFESORA PROPÕE AOS EDUCANDOS........................................................................55 APÊNDICE B – QUADRO REFERENTE ÀS REAÇÕES DA PROFESSORA.................58
9
1. INTRODUÇÃO
Educar crianças não é uma tarefa simples, pois exige grandes responsabilidades e constantes
reflexões em torno das decisões que permeiam este processo. Ao decidirmos ser pais, não
podemos perder de vista as responsabilidades na formação de um novo ser humano. Da mesma
forma, quando somos educadores devemos ter total consciência de nossa tarefa e do referencial
que nos tornamos para nossos educandos. Por compreender que ambas as instituições
desempenham papéis imprescindíveis para a formação da criança, procuro pautar reflexões
referentes a participação ativa dos pais na vida escolar de seus filhos, bem como refletirmos
sobre o papel da escola no fortalecimento dessa relação.
Assim, ao compreendermos a importância de se estabelecer a parceria entre a família e a escola,
suas implicações e contribuições para o desempenho escolar da criança, buscamos investigar o
que a escola pode fazer para vencer as dificuldades apresentadas ao educando na ausência desta
parceria. Quais as contribuições que a escola pode oferecer através de intervenções pedagógicas
em sala de aula junto a estas crianças que não dispõem de apoio parental para realização de
atividades escolares. Buscamos ainda compreender em que a escola pode interferir para suprir
esta ausência que tem impedido a escola de alcançar o sucesso em suas atividades que
desempenharia melhor com a participação ativa da família.
Desse modo, a necessidade de se edificar uma relação entre escola e família, deve ser para
delinear compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com
qualidade tanto em casa quanto na escola. Uma parceria que sustente o papel da família no
desempenho escolar dos filhos e o papel da escola na co-participação da formação de um
cidadão autônomo deve ser estabelecida. Essa parceria é que será responsável por formar
educandos capazes de contribuir com o mundo a sua volta.
Para tanto, o educador deve estar atento para diagnosticar e interferir positivamente no
desempenho escolar das crianças que são desfavorecidas de apoio parental. Nesse contexto, o
fazer pedagógico precisa estar bem fundamentado em uma abordagem que possibilite a
compreensão de aspectos cognitivos, afetivos, sócio-econômicos e culturais, constituindo uma
10
prática socialmente contextualizada. Dessa forma, família e escola devem priorizar que as
crianças disponham de intervenções pedagógicas e apoio parental para as atividades escolares a
fim de criar no processo de ensino-aprendizagem possibilidades de construções que favoreçam o
aprendizado do educando.
Acreditamos que, é condição para uma educação eficiente e equilibrada que pais e educadores
não estejam em campos opostos. Deve ficar claro para estas instituições o direcionamento de
seus esforços e atenções para a criança, no intuito de proporcionar a ela uma formação
completa. O rompimento desta parceria entre essas instituições que possuem o mesmo objetivo,
de contribuir positivamente para a formação da criança, nos mostra um embate entre estas, que
deveriam unidas alimentar-se mutuamente, assumindo as suas imprescindíveis funções não
somente na estabilidade emocional da criança como também no seu desempenho escolar.
Por tanto, é indispensável que escola e família atuem juntas, criem forças para superar as suas
dificuldades e se reconheçam como parceiras, só assim estas instituições atuarão como agentes
facilitadores do desenvolvimento pleno do educando, pois é por meio da educação que vão se
estabelecer em agentes institucionais competentes para desempenhar seu papel, contribuindo
para o desempenho escolar da criança.
Assim, se faz indispensável que educadores, familiares e comunidade reconheçam a necessidade
que a escola, por sua complexidade, tem em contar com a participação de todos. Assim, faremos
com que o educando encontre nessas instituições uma sintonia capaz de dar solidez ao seu
desenvolvimento.
Dessa maneira, a necessidade de se estudar a relação família-escola se apóia e é reafirmada
quando o educador considera o educando, sem perder de vista a totalidade da pessoa, ou seja,
compreendendo que quando se ingressa no sistema escolar, não se deixa de ser filho, irmão,
amigo dentre outros. Os atores sociais envolvidos na educação da criança precisam estar cientes
de suas responsabilidades na contribuição benéfica na formação deste novo ser.
11
A relação família-escola se estabelece com respeito mútuo, o que constitui tornar
interdependentes os papéis de pais e professores, para que os pais garantam as possibilidades de
exporem suas opiniões, ouvirem os professores sem receio de serem criticados, trocarem pontos
de vista e vice-versa. O importante é que estas instituições busquem a construção dessa parceria:
a intervenção pedagógica nessas questões deve ser no sentido de considerar a necessidade da
família vivenciar reflexões que lhes possibilitem primeiramente compreendidos e não acusados,
recepcionados e não recusados, pela instituição escolar, além de que esta última possa fazê-los
sentir-se reconhecidos enquanto parceiros nesta relação.
Logo, juntas, com relação estabelecida, se vendo como aliadas e não como oponentes, família e
escola formarão uma ponte para a concretização de uma aprendizagem significativa para as
crianças, contribuindo de maneira positiva para o desenvolvimento sócio-educativo das mesmas.
Ao entender que o problema investigado é de grande relevância social pretende-se a partir do
estudo trazer contribuições significativas no sentido de apontar possíveis soluções para o
problema existente, favorecendo a ampliação de formulações teóricas referentes a esta temática
para auxiliar na transformação da realidade apresentada. Para isso, temos como objetivos:
compreender de que forma as intervenções pedagógicas em sala de aula e o apoio parental para
as atividades escolares implicam sobre o desempenho escolar da criança; analisar a postura do
professor diante dos alunos com baixo rendimento escolar em conseqüência da ausência desse
apoio; e, finalmente, instigar reflexões e contribuições significativas acerca do tema discutido.
O interesse na realização deste estudo, referente à questão da participação da família na escola
surgiu a partir de vivências em estágios realizados em escola pública e particular em que
pudemos constatar a falta de apoio efetivo por parte dos pais na vida escolar de seus filhos e
como a escola lida com essa situação. Desde então passamos a questionar o que o educador
pode fazer para reverter esta situação e as intervenções pedagógicas que podem ser realizadas
em sala de aula, junto a estas crianças, com a finalidade de sanar as dificuldades destes
educandos.
12
Desta forma, esta pesquisa se justifica pela importância de se entender de que forma a relação
dos pais com a escola implica sobre o desenvolvimento sócio-educativo da criança, buscando
assim compreender as contribuições que esta relação pode oferecer ao desenvolvimento do
educando.
No próximo capítulo, apresentamos uma discussão teórica do problema investigado, a fim de
fundamentá-lo nas teorias existentes. Está em foco o papel da família e da escola no
desempenho escolar da criança, a importância da parceria destas instituições para o
favorecimento de um suporte sólido para o seu pleno desenvolvimento. A discussão teórica
apresentada serve de base para a análise e interpretação dos dados coletados que serão
apresentados no capítulo IV desse trabalho monográfico.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A FAMÍLIA COMO AGENTE SOCIALIZADOR
A Família - Autoria de Tarsila do Amaral
Desde o nascimento a criança é inserida no contexto familiar que se torna responsável pelos
cuidados físicos, higiene, valores, moral, cultura e educação deste novo ser social. É através
dessa interação que a criança vai desenvolvendo as capacidades motoras, cognitivas, lingüísticas
e afetivas.
É no ambiente familiar que primeiro a criança estabelecerá relações com os indivíduos, neste
ambiente a criança iniciará suas ligações afetivas mais próximas e intensas, sendo estas
imprescindíveis para o estabelecimento de relações com o seu mundo interior. Isto contribuirá
de forma significativa para o desenvolvimento da personalidade desta criança. Para Médice
estes primeiros contatos são determinantes:
[...] Todo o seu progresso psicológico foi realizado até então, através das relações com outrem, principalmente os pais. De começo, a criança
14
fundiu-se com as pessoas que a rodeiam, identificou-se com elas, foi invadida pela sua presença [...] (MÉDICI, 1961, p.40).
Assim, a família é responsável por apresentar a criança ao seu mundo exterior e por ter um
importante papel na formas de representação deste mundo. Ao pertencer a um determinado
grupo familiar a criança fica sujeita a adaptar-se aos padrões de vida deste núcleo. É neste
contexto que a criança aprende a colaborar, disputar, fazer amigos e aliados, a alcançar o
sucesso, a lidar com os fracassos, e assim a ter oportunidade de vivenciar distintas experiências
que lhe trarão aprendizados. Logo, se faz necessário que o relacionamento entre pais e filhos
seja de segurança permitindo que a criança tenha confiança para explorar as suas futuras
experiências.
As vivências e os sentimentos nascidos no ambiente familiar influenciarão o comportamento da
criança, podendo norteá-la quando esta se tornar adulta e assim funcionar como base para as
futuras relações que serão estabelecidas com companheiros escolares. Assim, podemos perceber
o quanto as primeiras ligações emocionais são necessárias para o desenvolvimento da
personalidade da criança.
O relacionamento familiar e o convívio são fatores fundamentais para o desenvolvimento
pessoal, a inclusão da criança no universo coletivo, a mediação entre ela e o mundo, entre ela e
o conhecimento, sua adaptação ao ambiente escolar, o relacionamento com os professores e com
toda a escola, a convivência com os colegas, são fatores definitivos para o seu desenvolvimento
social.
Desta forma, podemos observar que a família funciona como o mais importante agente
socializador, pois este é o primeiro ambiente da criança, contexto este no qual ela inicia o
desenvolvimento dos seus modelos de socializações e se relaciona com todo o conhecimento
obtido durante estes primeiros anos de experiências que irão se refletir na sua vida escolar.
Independente de como a família é constituída, esta é uma instituição fundamental da sociedade, pois é nela que se espera que ocorra o processo de socialização primária, onde ocorrerá a formação de valores.
15
Este sistema de valores só será confrontado no processo de socialização secundário, isto é, através da escolarização e profissionalização, principalmente na adolescência. (SANTOS e VALADÃO, 1997, p.22).
Sendo assim, a família se mostra como fator imprescindível na sustentação emocional da
criança como também na sua educação, o que nos faz perceber a importância da participação
ativa da família para o sucesso das atividades realizadas pela escola. Na medida em que a
criança tem ao seu lado uma pessoa carinhosa, atenciosa e de confiança para cuidar dela,
acredita-se que não exista motivos para que ela sofra pelo fato de a mãe se ausentar em grande
parte do tempo. Os pais devem se responsabilizar em fazer o possível para impedir que os filhos
sofram por não tê-los constantemente ao seu lado. O tempo que a família tiver para se encontrar
deve ser aproveitado ao máximo, a qualidade do tempo deve superar a sua quantidade.
Segundo Gesell (2002), “a unidade familiar é uma instituição complexa” que necessita ser
desenhada melhor do que geralmente é. A formação deste corpo político é uma grande
responsabilidade, pois é este formada por uma rede de relações interpessoais submetidas a
inúmeras situações que favorecem ou não a sua convivência. É desta maneira que a criança vai
desenvolvendo a sua idéia de família, é a partir das suas vivências que surgirão orientações para
a construção do conceito de família, o que poderá ocorrer de forma positiva ou negativa, isto
dependerá das influências do ambiente familiar.
2.1.1 A CONSTUTIÇÃO FAMÍLIAR E SUA TRANSFORMAÇÃO AO LONGO DO TEMPO
A palavra família no sentido popular, como também nos dicionários, conforme o Novo
Dicionário da Língua Portuguesa significa:
Pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos; pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem ou admitidos por adoção. Ou ainda, comunidade constituída por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união. (1986, p. 755)
16
Ao adotarmos uma definição como esta abraçamos a idéia dos modelos familiares, o discurso do
ideal e pensamos na família como um lugar feito sob medida para receber um novo ser. Se
levarmos em conta somente esta definição estaremos excluindo as milhares de famílias
atualmente estruturadas de maneira diferente da apresentada pela definição dada acima.
Na realidade, todos sabemos o que é uma família já que todos nós somos parte integrante de
alguma família. No entanto, para qualquer pessoa é difícil definir esta palavra e mais
exatamente o conceito que a engloba, que vai além de simples e breves definições. A maioria
das pessoas, por isso, quando aborda questões familiares, refere-se espontaneamente a uma
realidade bem próxima, partindo do conhecimento da própria família, realidade que crêem
semelhante para todos, e daí acabam generalizando ao falar das famílias em abstrato.
Segundo Macedo (1996), a família hoje suscita muitas polêmicas: para alguns, família é a base
da sociedade e garantia de uma vida social equilibrada, célula sagrada que deve ser mantida
intocável a qualquer custo, para outros, porém, a instituição familiar deve ser combatida, pois
representa um entrave ao desenvolvimento social, é onde se exerce a mais implacável
dominação sobre as crianças e mulheres. No entanto, o que não pode ser negado é a importância
da família tanto ao nível das relações sociais, nas quais ela se inscreve, quanto ao nível da vida
emocional de seus membros. É na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade, que
aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele.
No decorrer dos anos, podemos perceber a mudança da estrutura familiar que vem ocorrendo
em nossa sociedade, hoje a família está menor, fato que deveria favorecer para que os filhos
recebam os cuidados de sua mãe em maior tempo. Mas, não é o que tem ocorrido, devido a
saída da mulher em busca de trabalho para ajudar no sustento do lar, isso não tem ocorrido e
tem feito com que esses cuidados tenham sido transferidos para outros. Acredita-se que a
mulher tem se sentindo realizada ao trabalhar fora de casa, mas a escola tem reclamado a
participação desta mãe na vida escolar de seu filho. Por outro lado, grande parte destas
mulheres, efetivamente, não dispõe de mais tempo para as atividades escolares do seu filho.
17
É fato que, as mulheres ganharam mais espaço e também mais responsabilidades com as suas
conquistas. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que
houve crescimento das famílias que são chefiadas pelas mulheres. Isso acontece devido ao fato
de o sexo feminino ter conquistado maior inserção no mercado de trabalho, mesmo tendo a
presença do cônjuge em casa.
Assim, passamos por períodos de rápidas mudanças. A escola mudou, a família está em
constante mudança, a sociedade mudou. Na relação entre a família e a escola poderíamos
apontar a transição de uma fase em que a família confiava plenamente na escola, estabelecendo
até uma boa cumplicidade. Hoje, em grande parte, notamos a ausência de companheirismo entre
ambas.
Atualmente, acusa-se muito a família pelos problemas educacionais. Mas é importante refletir
sobre o porquê isto está acontecendo com a família. Ao nosso ver, dois fatores influenciam: a
concentração de renda no país e a ânsia de consumo, que trazem como conseqüências: o
homem ter que trabalhar mais, a mulher ir para o mercado de trabalho, a preocupação com o
desemprego e como conseqüência geral de tudo isso, o pouco tempo para a convivência
familiar.
Segundo Zagury (2002), pais e educadores devem procurar informações que levem a
reconsiderar esse tipo de postura, buscando reviver esse ideal relacionamento que vigorava até
recentemente, tentar promover o reencontro, a parceria, a confiança mútua, já que o essencial é
compreender que ambas as instituições educacionais zelam e perseguem o mesmo objetivo: a
formação integral das novas gerações, seja do ponto de vista cultural e de saber, seja do ponto
de vista da formação pessoal, da ética e da cidadania.
Por essa razão, é imprescindível que os educadores tenham uma ampla visão das atuais
estruturas familiares e busquem lidar com cada situação ocorrida na escola respeitando a
estrutura familiar daquele aluno e não orientando os pais de acordo com um modelo fixo que
têm em mente de uma única estrutura familiar ideal.
18
Conseqüentemente, o hábito de dialogar é, portanto a maneira de se estabelecer uma relação, um
senso de companheirismo entre pais e educadores. As duas devem juntas descobrir caminhos
possíveis para se viver melhor e para que o processo educativo gire em torno de uma verdadeira
parceria que determine benefícios para todos os envolvidos neste processo.
2.2 ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PARCERIA NECESSÁRIA
A escola e a família têm papéis parecidos, porém distintos. Uma completa a outra, e não adianta
os pais deixarem para a escola a tarefa de educar a criança, pois estarão omitindo-se e errando
na tarefa de educadores. Por outro lado, não adianta a escola culpabilizar os pais por suas
ausências na vida escolar dos seus filhos. Os fenômenos decorrentes da atuação dessas duas
instituições são de uma complexidade que está para além dessa visão dicotômica e cristalizada
do que possam ser as funções desses dois contextos sociais. Assim, ambas têm a função de
educar visando desenvolver a moral na criança, a noção do que é certo e errado, os valores
éticos, a afetividade, o amor, carinho, auto-estima e respeito a si mesmo e ao próximo. Embora
a escola tenha como sua principal função ensinar conteúdos e habilidades necessárias à
participação do indivíduo na sociedade, fazendo com que o aluno compreenda a sua realidade,
situando-se nela e a interpretando de maneira que contribua para sua transformação.
Atualmente, percebe-se a dificuldade que estas instituições têm tido em manter a cumplicidade,
elas não tem se visto como aliadas, e este rompimento tem agregado uma série de malefícios
para o desenvolvimento sócio-educativo das crianças.
Os pais carregam a importante tarefa de acompanhar e cooperar para o crescimento de seus
filhos, tarefa esta, que em virtude das dificuldades encontradas ao se educar filhos não poderia
ser simples. Para Maldonado:
Esta é uma “tarefa complexa: cada nova etapa do desenvolvimento da criança é um desafio à criatividade e a flexibilidade dos pais, pelo muito que deles exige em termos de mudança de padrões de conduta e
19
de atendimento às necessidades e solicitações do filho”. (MALDONADO, 1987, p. 9).
Esta tarefa em muito exige dos pais e estes devem estar dispostos a oferecer tempo e condições
necessárias que contribuam de maneira significativa para a formação integral de seus filhos.
Pois, as experiências e sentimentos nascidos no decorrer do relacionamento familiar têm ampla
influência no comportamento da criança, podendo norteá-la nas suas atividades escolares e
assim servir como base para as suas futuras relações estabelecidas no seu meio social.
A escola necessita da concretização desta parceria para que possa criar espaços de reflexão em
que a formação integral do filho/educando esteja em foco, estabelecendo assim um vínculo com
a família, para conhecer e compreender o contexto cultural vivenciado pelos educandos, pois
segundo Freire:
Não é possível respeito aos educandos, a sua dignidade, a seu ser formando-se, a sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração às condições em que eles vêm existindo (...), (FREIRE, 1997, p. 71).
Conforme já mencionamos anteriormente, a família por sua vez tem transferido para a escola a
sua responsabilidade de educar e com isso tem competido aos educadores a transmissão de
valores morais e éticos, delegando exclusivamente a escola o papel de educar a criança em
sentido amplo.
Em conseqüência dessa transferência de responsabilidade, a escola assegura que em muito está
prejudicado o processo educacional da criança, pois este depende do desempenho e participação
da família, que é tão responsável pelo desenvolvimento da criança quanto a escola que declara
que esta situação desviou a sua principal função de transmitir conhecimentos de natureza
cognitiva. Desta maneira, pode-se perceber as dificuldades em se ter a família e a escola como
aliadas.
A responsabilidade não pode tornar-se mútua sem existir um ponto de vista comum acerca do bem-estar da criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Isso exige algo mais do que provas escolares de aquisição de
20
conhecimentos, certificados de níveis de inteligência e de aproveitamento, diplomas. Tanto a família como a escola devem dar menos importância à competição e preocupar-se de uma forma mais autêntica com a natureza e as necessidades da personalidade da criança. (GESELL, 2002,p. 22).
É certo que ambas as instituições sociais apresentam insatisfações em relação a outra. Os
educadores reclamam que os pais não impõem limites aos seus filhos e não lhes ensina valores
morais e éticos, o que tem sobrecarregado a escola. Já a reclamação da família referente a escola
é que ao comparecer a escola os discursos são sempre os mesmos, que os pais devem
acompanhar o cotidiano escolar dos seu filhos e criar condições que contribuam para
aprendizagem dos mesmos, sendo que os pais esperam que estas funções sejam desenvolvidas
satisfatoriamente pela escola.
Acreditamos que, escola e família devem procurar cumprir as suas insubstituíveis funções e
quando existe uma integração entre ambas, uma completa a outra de maneira admirável e
eficiente, contribuindo significativamente para o bem-estar e a formação integral da criança.
Quando esta parceria não acontece os prejuízos são nitidamente perceptíveis, e aos educandos é
negligenciado o direito de uma completa formação sócio-educativa de qualidade, direito este
que é prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).
Dessa maneira, o que se tem verificado são constantes reclamações feitas pela escola em relação
à ausência dos pais na vida escolar do educando, e a família por outro lado também tem
reclamado do excesso de cobranças feitas pela escola para que esta se responsabilize mais pelo
desenvolvimento sócio-educativo da criança, da ausência de um currículo voltado para
transmissão de valores e para o preparo do aluno para diversas outras situações que serão
experienciadas fora da escola.
Por outro lado, o estabelecimento da parceria enquanto uma relação de cooperação entre as
agências educativas família e escola, implica em colocar-se no lugar do outro, e não apenas na
troca de opiniões ou serviços, como aquela colaboração tão conhecida do pai que se sente
participativo do cotidiano escolar do seu filho por apenas contribuir financeiramente com a
21
escola quando esta solicita. Enquanto sabemos que a relação entre a escola e a família vai além
deste simples ato de contribuir financeiramente, ação esta que pode ser realizada por qualquer
pessoa da comunidade.
Hoje já é possível presenciar algumas escolas que abrem espaços para dialogar com a família e
já conseguem fazer com que os pais participem ativamente de decisões administrativas e
pedagógicas, o que tem se estabelecido como início de uma parceria que muito tem a contribuir
pela formação dos alunos.
Portanto, se faz necessário que a parceria entre família e escola aconteça para que ambas se
apóiem e facilitam o cumprimento de seus papéis no desempenho sócio educativo da criança,
pois é a partir deste vínculo fortalecido que os educandos terão assistência, acompanhamento e
segurança em todo o seu processo de aprendizagem.
Assim é imprescindível que haja uma conscientização por parte dos atores sociais que atuam
nessas instituições para que busquem estratégias em que a construção desse vínculo esteja em
foco, visando assim o total aproveitamento dos benefícios que esta parceria tem ao oferecer uma
estrutura sólida e segura para a formação integral das crianças.
É necessário que a família esteja preparada para solucionar juntamente com a escola os
problemas que podem se apresentar no decorrer do processo educativo da criança. A exemplo
disto, temos atualmente os pais que não têm sabido lidar com a indisciplina dos filhos, o que
tem lançado para a escola a responsabilidade de enfrentar questões referentes ao ato de educar
que não depende só dela e sim da família, da escola e de toda a sociedade.
A transferência de funções em muito tem prejudicado a relação entre essas instituições afetando
significativamente no processo educativo da criança. Ambas precisam conscientizar-se de que
só uma parceria dará sustentação ao desenvolvimento sócio-educativo da criança. É uma relação
que deve ter um estreito vínculo que permita unir as experiências vivenciadas pela criança
nestes distintos espaços.
22
Como citado acima, este vínculo família/escola é prescrito no Parágrafo único do Capítulo IV
do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), é direito dos pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais, o que
significa que este é um direito que está sendo negado a criança e ao adolescente e por isso
precisa ser efetivado de maneira satisfatória.
Ao negligenciar a vida escolar dos filhos, os pais estão negando-lhes o direito deste
acompanhamento previsto no estatuto. Para tanto, o professor e os profissionais que trabalham
na Educação Infantil precisam assegurar para a criança o seu direito a uma educação que lhes
permita serem autônomos e críticos no exercício da sua cidadania.
Nesse contexto, é papel da escola estabelecer o respeito pelos conhecimentos e valores que as
famílias possuem, impedir qualquer tipo de preconceito e beneficiar a participação dos pais em
diversas oportunidades, estimulando o diálogo com os pais e oportunizando-lhes, também,
alcançar um ganho enquanto sujeitos interessados em evoluir como seres humanos e cidadãos
compromissados com a modificação da realidade.
Paulo Freire (1998), no seu livro Pedagogia do Oprimido, afirma que é função da escola, através
do processo educativo, conscientizar seus alunos e suas famílias da sua condição na sociedade
em que vivem para que liberação e educação, no completo sentido da palavra, ocorram. Uma
forma pela qual a escola pode cooperar para o desenvolvimento desta conscientização e através
da participação dos pais e alunos nos processos de tomada de decisão da escola. Este
engajamento pode impulsionar pais e estudantes a saírem de um estado de alienação, fazendo-os
sentirem-se mais capazes no processo educacional e mais participativos na sua comunidade e
sociedade.
A construção desta relação implica em estabelecer um diálogo mútuo, em que cada um tenha a
sua fala respeitada que permita uma rica troca de saberes, diálogo este que exige entendimento
da mensagem que o outro quer transmitir, buscando assim, o acordo entre os interessados que
favoreça a compreensão dos conceitos e dos valores que podem ser distintos um dos outros. A
23
exemplo disto, a família e a escola podem apresentar crenças religiosas diferentes e neste
momento, ambas precisarão estar abertas ao diálogo, respeitando sempre a voz do outro.
Segundo a pesquisa realizada pela revista Nova Escola, em parceria com o Instituto Brasileiro
de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), com 500 professores de redes públicas em todas as
capitais brasileiras que tivera seus dados recentemente divulgados pela revista Nova Escola
(ABRIL/2008) entre os principais problemas da sala de aula a ausência dos pais é o campeão
com 77% dos votos dos professores. A não participação dos pais no dia a dia da escola tem feito
com que a família tenha sido mal vista pelos professores. Para 25% dos educadores
entrevistados “a escola está no lugar da família”. E outros 38% reforçam que, na escola pública,
“o professor não ensina, mas ajuda o aluno a sobreviver”.
A pesquisa revela que quando acontece o envolvimento familiar com a escola isso traz, também,
benefícios aos professores que sentem que o seu trabalho é valorizado pelos pais e se esforçam
para que o nível de satisfação dos pais seja maior. A escola também ganha porque passa a dispor
de mais recursos comunitários para exercer as suas funções, sobretudo com a contribuição dos
pais na realização de atividades de complemento curricular.
Como vimos, a escola e a família são instituições que se complementam, pois perseguem o
mesmo objetivo e juntas nessa busca devem tornar-se lugares favoráveis ao desenvolvimento
pleno da criança. Uma não deveria viver sem o apoio da outra. A proximidade de tais
instituições deve visar a formação do sujeito que está sob a responsabilidade de ambas
estruturas sociais. É de extrema importância que a criança se sinta pertencente a uma família e
sinta o acompanhamento da família em todo desenvolvimento do seu processo sócio-educativo.
O educando deve sentir que ao seu lado tem um grupo de pessoas que se unem em prol do seu
benefício.
Família e escola são as bases que sustentam e apóiam o indivíduo, são pontos de referência
existencial. Quanto maior for a parceria entre ambas, mais positivas e significativos serão as
contribuições na formação do sujeito. A participação efetiva dos pais na educação dos filhos
necessita ser contínua e sólida. Para Piaget:
24
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades (...) (1972/2000, p.50)
Assim, para o benefício do educando estar em evidência se faz necessário que estas instituições
se aliem com a finalidade de contribuir significativamente com o processo educativo da criança,
buscando sempre facilitar os caminhos por ele trilhados nesse percurso. A criança precisa sentir-
se amparada por ambas as instituições. A família é a instituição responsável em estabelecer o
contato da criança com o mundo que a cerca, e a mesma deve ter bem clara a importância dos
seus deveres para com a formação da criança, esta deve buscar garantir a uma socialização
favorável no contexto em que a criança está inserida. A instituição escolar também deve assumir
as suas fundamentais responsabilidades no processo de formação deste novo cidadão. Ela deve
cumprir os seus deveres e se utilizar de estratégias que visem priorizar o estabelecimento dessa
parceria que venha resultar em benefícios para o desempenho escolar da criança.
2.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
A educação infantil ao longo do tempo passou por diversas modificações com o objetivo de se
alcançar o modelo mais justo e igualitário possível, e nos dias atuais ainda podemos perceber
que ainda assim carece de inúmeros ajustes que caminhem com a intenção de atender a todos os
sujeitos que precisem do suporte educacional das instituições escolares.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a função da
Educação Infantil, no âmbito pedagógico, deve estar associada a padrões de qualidade que
advém de concepções de desenvolvimento que considere as crianças nos seus contextos sociais,
ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes forneçam
elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados
conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma.
25
O RCNEI se constitui em um rico material pedagógico para o educador, mostra possibilidades e
orientações propícias para o alcance de uma aprendizagem expressiva. Traz importantes
contribuições no que tange o aspecto do cuidar, brincar e educar na primeira etapa da educação
básica. Mostra que a ação docente na Educação Infantil deve ser baseada nestes três
pressupostos. Assim, o professor precisa considerar, no desenvolvimento da sua práxis,
atividades educativas que abarquem essas três dimensões de forma interligada, dando suporte
para que o educando aprimore suas percepções acerca do mundo a sua volta e se potencialize
como sujeito construtor de saberes.
É de fundamental importância que o espaço educativo seja organizado em beneficio às
necessidades das crianças que o compõe, considerando-se as faixas etárias, e para isso ele
precisa ser visto como parte integrante da ação pedagógica visando proporcionar a guarda,
alimentação e cuidados essenciais com a saúde e a formação educativa, e não mais considerado
como um depósito de crianças sem fins educativos, como eram vistos a priori.
A educação pré-escolar visa a criação de condições para satisfazer as necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo-social e intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que promovam a curiosidade e a espontaneidade, estimulando novas descobertas e o estabelecimento de novas relações a partir do que já se conhece. (MACHADO, p. 21)
Desta forma, faz-se necessário preparar profissionais competentes, habilitados ao eficiente
desempenho de suas funções, com senso de responsabilidade e solidariedade. A Educação
Infantil precisa estender à comunidade as atividades de ensino e pesquisa visando a elevação do
nível de educação e cultura, promovendo assim o intercâmbio das escolas com outras
instituições educacionais.
É indispensável que as atividades sejam organizadas no tempo e no espaço, isso inclui o horário
da chegada, da alimentação, das brincadeiras, da higiene dentre outros. Esses aspectos devem
ser considerados dentro do respeito às necessidades sociais e históricas referentes à cultura de
cada criança, sua autonomia, incluindo seus ritmos específicos para a realização das atividades
propostas pelo professor. Os materiais pedagógicos devem ser acessíveis às crianças,
26
obedecendo às características específicas de cada faixa etária. É indispensável que as atividades
na educação infantil efetivem-se a partir da utilização das distintas linguagens: musical,
corporal, artística etc.
A Educação Infantil possui dois importantes aspectos que não devem ser dissociados jamais, o
cuidar e o educar, de forma que não podem ser desconsideradas as particularidades desta etapa
de desenvolvimento da criança. Deste modo, as creches recentemente abandonaram o simples
caráter assistencial e se transformam em instituições educacionais, visando dar atendimento a
crianças de zero a cinco anos.
O RECNEI, nos alerta para o papel do profissional da educação infantil, pois neste contexto o
educador necessita dispor de recursos que propiciem ao educando um melhor desempenho nas
atividades escolares, ele deve atentar para as necessidades das crianças ao apresentarem as suas
respectivas dificuldades em acompanhar o ritmo de ensino. A atuação do professor torna-se
indispensável para que os alunos avancem, construam e desenvolvam suas competências, em
situações didáticas projetadas, com finalidades previamente determinadas, em atividades que
propõem desafios, com preparo das formas de trabalho, previsão do tempo a ser empregado e
intervenções pedagógicas consistentes.
Ao saber das dificuldades encontradas na educação infantil e se deparar com pais que não
participam ativamente da vida escolar de seus filhos, a escola não pode ignorar estes educandos,
culpabilizando-os pela situação. Neste contexto, o educador deve construir estratégias para
facilitar a aprendizagem dessas crianças visando suprir esta ausência deixada pela família. Ao
detectar esta ausência a escola deve estar atenta para buscar maneiras de fazer com que este
aluno transponha as barreiras colocadas em seu percurso escolar.
As dificuldades de aprendizagem na escola podem ser consideradas uma das causas que podem
conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não podemos desconsiderar que o fracasso do aluno
também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade
dos seus alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há
muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos
27
com os seus alunos através das atividades cotidianas significativas, construindo e reconstruindo
sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.
Para Candau (2005), não existem procedimentos mágicos, nem receitas a serem adotadas para
que os educadores possam garantir que seus alunos aprendam. Mas, existem alguns
pressupostos imprescindíveis, que precisam ser considerados no processo de ensino e
aprendizagem e que podem ajudar na reflexão sobre como proceder para que a aprendizagem
aconteça. Para tomar decisões didáticas e planejar as atividades para serem boas situações de
aprendizagem, o professor deve considerar: o nível de desafio das atividades; as intervenções
pedagógicas mais adequadas e a seleção dos materiais.
O educador deve ter a preocupação em torno de como alcançar intervenções pedagógicas
adequadas para que os alunos avancem em seus conhecimentos. Estas são assuntos que rodam o
dia-a-dia dos educadores compromissados com sua prática, que almejam que seus educandos
estejam envolvidos em uma realidade de sucesso escolar e não do fracasso.
Deste modo, a compreensão e reflexão do educador sobre a sua prática é fundamental para que
o mesmo avalie sua ação produzindo estratégias capazes de favorecer o aprendizado dos alunos.
Assim, precisa estar atento a como os alunos estão respondendo às suas intervenções
pedagógicas. Outro aspecto relevante de ser apontado é que, na maioria das vezes, o educador,
ao não registra suas ações pedagógicas, fica impedido de refletir sobre a sua prática, deixando
de compartilhar o que fez e como fez e seus efeitos sobre os alunos.
O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca do conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizá-lo para assumir seus créditos, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um corpo teórico que dê sustentação para a realização de seu fazer. (OLIVEIRA, 1995, p.64).
A inquietação do educador no que diz respeito a sua prática deve ser em criar possibilidades
para o desenvolvimento progressivo da autonomia do educando, oferecer-lhe atividades
28
específicas para ampliação das capacidades de ordem física, cognitiva, ética, religiosa, afetiva,
interpessoal e de inserção social.
Ao proporcionar a interação entre os alunos e também com o educador, as situações de
aprendizagem proporcionam a troca de conhecimentos. Segundo Luck e Carneiro (1983), nesta
interação os alunos discutem e refletem possibilidades de respostas e de perguntas, questionam e
explicam como estão pensando determinada questão e trocam opiniões. Nessas ocasiões os
alunos, por terem conhecimentos diferenciados, podem entrar em contato com formas variadas
de resolução ou obterem informações que sozinhos não teriam.
Neste sentido, é importante pensar e escrever sobre intervenções pedagógicas já que exige uma
reflexão sobre o processo de ensino e de aprendizagem pelos quais passam os sujeitos professor
e aluno nos seus processos de ação no cotidiano escolar. Consideramos que as mediações
pedagógicas são propulsoras das aprendizagens, tanto para os que ensinam como para os que
aprendem. É importante destacar, também, que o papel do professor é o de acompanhar o aluno
na sua trajetória e levá-lo a superação de suas dificuldades, buscando sempre uma de prática
pedagógica centrada na estimulação ou no desenvolvimento das habilidades das crianças. Desta
maneira, fica explícita a importância da participação efetiva dos pais no desempenho escolar das
crianças, visto que esta união favorece significativamente o processo de aprendizagem das
crianças.
Este estudo apresenta um recorte no contexto da interação família/escola e está centrado na
parceria que estas instituições podem estabelecer entre si e as implicações da ausência da
família sobre o processo educativo das crianças. Também, buscamos investigar como a
professora observada lida com as tarefas escolares propostas que retornam à sala de aula
completas e/ou incompletas ou ainda sem serem realizadas.
No capítulo seguinte apresentamos a metodologia, descrevendo todos os caminhos adotados
para tornar possível a pesquisa. Apresentamos o tipo de pesquisa realizada, os instrumentos
utilizados para coleta de dados, a sua seqüência e o porquê da escolha por estes métodos.
29
3. METODOLOGIA
No presente trabalho em que as intervenções pedagógicas em sala de aula junto a crianças que
não dispõem de apoio parental para o seu desempenho escolar estão em foco, utilizarei as lentes
da abordagem qualitativa para analisar as questões que envolvem esta temática.
A pesquisa qualitativa compreende um grupo de técnicas que visam apresentar e interpretar os
significados de um fenômeno social, buscando abreviar a distância entre os dados e a teoria.
Esta abordagem figura o contexto buscando melhor compreensão do fenômeno. Segundo Fachin
(2006), a pesquisa com cunho social baseia-se em uma variedade de métodos e técnicas para
obter elementos que indiquem a descoberta de conhecimentos relevantes nesta área.
Para a construção do referencial teórico, foi necessário realizar a revisão de literatura, na qual
utilizamos como fonte primária diversos materiais, como livros, teses, documentos entre outros.
Esta é uma tarefa contínua, por mostrar-se imprescindível para uma reflexão significativa, que
subsidiou a construção do texto monográfico. Para Fachin (2006) as fontes primárias são
constituídas pela bibliografia que propicia o embasamento teórico do assunto pesquisado, ou
seja, é a bibliografia básica para aquele assunto.
O material que subsidia as análises realizadas nesta pesquisa é fruto de observações realizadas
em uma instituição escolar. As observações foram realizadas visando obter dados consistentes
para análise do fenômeno estudado. A observação se institui como instrumento essencial para
investigação social.
A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Desempenha papel importante nos processos observacionais, no contexto da descoberta, e obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade. É o ponto de partida da investigação. (MARCONI e LAKATOS, 2002, p.88).
Desse modo, a pesquisa foi realizada em uma escola que pertence a rede privada do Município
de Salvador e atende da educação infantil ao ensino médio. A turma em que se realizou a
30
observação possui uma professora e uma auxiliar de classe e é composta por vinte crianças que
tem entre quatro e cinco anos. O grupo em que foquei as observações é composto por seis
crianças com a idade de cinco anos que não dispõem de apoio parental para o seu desempenho
escolar. Desta forma, estas crianças apresentam dificuldades para acompanhar o ritmo do
restante da turma.
O grupo de crianças de seis alunos selecionados entre as vinte pertencentes a sala, foi escolhido
a partir dos seguintes critérios: desempenho dos alunos, realização das atividades, índice de erro
das atividades, informações da professora no que diz respeito a participação dos pais na reunião,
comparecimento à escola fora das reuniões e resposta a comunicados e relatórios.
Para que fosse identificado o grupo de alunos que não disponibiliza de apoio familiar foi
necessário realizar uma entrevista semi-estruturada com a professora regente da sala a fim de
recolher informações necessárias para esta identificação. Nesta entrevista, utilizei-me de uma
lista de questões e pontos a serem investigados para compor este grupo. Nesta entrevista, a
educadora expôs os desafios de se estabelecer uma parceria com os pais de alunos da educação
infantil, e as implicações desta relação sobre o desempenho escolar da criança, que será aquela
sobre a qual toda a pesquisa se debruçará.
Em seguida, foram utilizadas para análise, as atividades feitas em casa. Diariamente, os
classificadores das crianças com as estas atividades eram estudados, a realização destas tarefas,
a participação dos pais e o desempenho dos alunos nessas tarefas; as intervenções pedagógicas
da professora em sala de aula a partir dos erros destes alunos e o seu papel na elaboração de
atividades que visassem sanar as dificuldades destes alunos; a participação ativa dos pais na
vida escolar dos educandos.
Foram utilizadas várias fontes e meios de coleta de dados para que se pudesse confirmar ou
confrontar informações, descobrir novos dados e assim procurar mostrar a realidade na sua
complexidade, em todos os seus aspectos, bem como as suas relações existentes. O estudo dos
relatórios dos educandos permitiu uma maior visibilidade do seu desempenho escolar, pois o
parecer que constava em cada relatório veio para dar maior suporte para a identificação do
31
grupo de estudo. Os relatórios das crianças fazem parte do método avaliativo da escola, neles
estão escritos os desempenhos dos alunos durante o bimestre e o parecer da professora no que se
refere ao desenvolvimento destes alunos. O relatório das seis crianças selecionadas possui
informações de extrema importância para melhor entendimento do desempenho escolar destas
crianças. Assim, a análise das atividades foi feita diariamente através do estudo destes
documentos produzidos pelos educandos em sala de aula com a professora e atividades
realizadas em casa com ou sem o auxílio de seus pais. Toda informação referente à realização
dessas atividades e de que forma o apoio parental se apresentava para cumprir tais atividades
foram coletadas com o objetivo de reunir o maior número possível de informações consistentes
que apoiassem a pesquisa.
A participação ativa dos pais na vida escolar das crianças também foi coletada a partir de
informações cedidas pela professora no que diz respeito a presença desses responsáveis nas
reuniões marcadas pela escola, a presença dos mesmos na instituição sem o chamado da escola e
suas respostas aos relatórios e comunicados enviados, respostas a pesquisa realizadas pela
escola no intuito de saber a opinião dos pais para tomada de importantes decisões, dentre outras
formas de contato com os pais das crianças.
A prática docente também esteve em análise, durante as observações realizadas, as ações da
professora diante as dificuldades dos alunos foram levantadas e as suas intervenções
pedagógicas no que se refere a procura de superação para as dificuldades dos alunos e a busca
de um melhor aprendizado para estes educandos.
A escolha dos métodos e técnicas se deu porque os mesmos revelam-se uma estratégia de
pesquisa vantajosa pela possibilidade que ofereceram ao pesquisador um contato direto com o
objeto. Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de
caráter social e não pretende à quantificação. Normalmente, são utilizados quando o
entendimento do contexto social e cultural é um componente significante para a pesquisa.
No próximo capítulo apresentaremos os dados coletados na pesquisa e faremos a discussão dos
resultados alcançados a partir das observações realizadas no ambiente de escolar referentes a
32
realização de atividades extraclasse propostas, o apoio que os educandos recebem para
realização das mesmas e as intervenções aplicadas pela educadora com estes educandos.
33
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, apresentamos os dados coletados e a análise feita à luz das teorias discutidas no
segundo capítulo. Através das observações realizadas em sala de aula, das tarefas propostas aos
alunos, dos materiais utilizados e das intervenções feitas pela professora com a turma pode-se
reunir elementos que subsidiam a pesquisa. Assim, as seções subseqüentes abordarão os
resultados encontrados a partir da utilização dos diferentes instrumentos de coleta de dados por
nós utilizados e apresentados no capítulo III que trata da metodologia desse estudo.
Os gráficos e quadros abaixo demonstram as ações da professora no que diz respeito às
atividades que a mesma propõe para que os educandos realizem em casa, conforme consta nos
apêndices. As suas reações frente a falta de apoio parental destas crianças para realizar estas
atividades e suas intervenções diante de tal situação, já que podemos perceber nitidamente os
prejuízos acarretados ao desempenho escolar das crianças que vivenciam esta circunstância.
Solicitação de atividades
87,5
12,5
Sim
Não
34
A partir do estudo do gráfico anterior é coerente afirmar que a solicitação de atividades
extraclasse faz parte da prática desta educadora. Na maioria dos dias, ela faz solicitações de
atividades para que os educandos realizem em casa. Atividades estas que resgatam os conteúdos
aplicados em sala de aula e devem servir como instrumento de estudo para as crianças.
Dolle (1995) nos alerta para a importância das realizações de atividades no contexto da
educação infantil, pois, para que a criança aprenda é fundamental um processo de aprendizagem
construído a partir das suas demandas e que seja correspondente com a fase mental que ela
esteja vivendo. Ressalta a importante atuação do professor na sala de aula, que deve ser mais
observador e atento ao desenvolvimento de cada criança, elaborando atividades que provoquem
um aluno participativo, questionador, que não seja passivo frente ao que lhe é ensinado,
considerando as particularidades de cada uma delas, expressas no convívio sócio-educativo.
Este é um dos grandes desafios da educação, cujo dever é intensificar uma aprendizagem efetiva
e significativa para a criança. Sendo que é papel do educador é buscar, juntamente com o
educando, construir pontes para que as barreiras que venham interferir direta ou indiretamente
no processo de ensino-aprendizagem possam ser encaradas e superadas conjuntamente.
Ao se utilizar de tarefas com finalidades pedagógicas, o educador está se apropriando de uma
forma orientada de fazer com que o aluno estude e constate o seu ritmo de acompanhamento
com o restante da turma, bem como facilita na identificação das suas dúvidas e dificuldades,
informações estas que subsidiam a busca do professor por intervenções positivas que visam o
alcance da aprendizagem por todos os alunos.
35
Correção das atividades
50
21,44
14,28
14,28
Professora corrige
Auxiliar corrige
Visto sem correção
Nenhuma correção
Neste gráfico apresentamos como a professora trata as correções das atividades solicitadas.
Apenas a metade das atividades pedidas é corrigida pela educadora e recebe a necessária
atenção, grande parte destas atividades é corrigida pela auxiliar de classe ou é corrigida pela
educadora sem que esta dedique a devida atenção para este importante trabalho e há ainda uma
parte das atividades que não recebem nenhum tipo de correção. Vale ressaltar que, quando a
educadora corrige as atividades de maneira atenciosa a mesma não inclui o educando neste
momento, ela corrige as atividades e não os chama para que ele possa juntamente com ela
participar de um importante momento de aprendizagem, através de uma intervenção pedagógica
significativa que deveria ser aplicada por ela.
Podemos detectar na prática desta professora que das atividades que são mandadas para casa é
cobrado apenas a sua realização, as mesmas não são utilizadas como termômetro e/ou recurso
pedagógico para alcançar a aprendizagem dos educandos. As atividades pedagógicas devem ser
voltadas para sanar as dificuldades identificadas no processo de aquisição de conhecimento do
indivíduo, não devem ser utilizadas sem finalidades pedagógicas.
36
Atividades corrigidas
80%
20%
Advertências
Não receberamadvertências
O gráfico acima representa a freqüência com que a professora faz advertências escritas nas
atividades das crianças que chegam a escola com os deveres sem serem feitos, sem estarem
completos ou que foram realizados com altos índices de erros e representa também as
advertências que a professora faz verbalmente a estes educando e a seus pais. Estes dados
também nos mostram que a professora ao corrigir as atividades deixa quase sempre um recado
para os pais, porém no dia seguinte não se recorda do comunicado, fazendo com que o mesmo
não passe de uma mera advertência. Nessa situação, ela requer dos pais dos educandos a sua
colaboração para que os alunos realizem suas atividades, mas não se preocupa em verificar as
justificativas dos pais, tão pouco se preocupa em criar uma verdadeira parceria com estes, já que
somente adverte-os sem realizar nenhum tipo de intervenção significativa que provoque
mudança nas diversas situações vivenciadas em sala de aula.
37
40
60
Advertências
Verbais
Escritas
Das advertências dadas aos alunos pela professora 60% são comunicados deixados nas
atividades dos mesmos: “Mamãe, o aluno precisa do seu auxílio”, “Mamãe, as letras não são do
aluno”, “A partir de agora só escreveremos em letras cursivas”. E 40% representam as
advertências dadas por ela verbalmente aos alunos quando verifica que estes não realizaram as
atividades. Normalmente, ela chama o grupo e diz: “Amanhã quero as atividades feitas”. Estas
situações encontram-se nos apêndices A e B com maiores detalhes.
Ao se dar conta que os alunos não fizeram as atividades ou fizeram com altos índices de erros a
educadora não realiza intervenções pedagógicas a partir das dificuldades do aluno demonstradas
nos erros destas atividades. As atividades são corrigidas, as falhas são constatadas e medidas
benéficas em prol dos educandos não são tomadas. A aprendizagem que as crianças perdem por
não realizar as suas atividades, não é recuperada.
Segundo Zagury (2002), é imprescindível que o educador especializado em educação infantil
promova intervenções pedagógicas dirigidas ao desenvolvimento intelectual da criança,
atividades estas elaboradas a partir das necessidades destes educandos e aplicadas com a
finalidade de intervir de maneira significativa nas suas dificuldades, para a autora a ausência da
aplicação destas intervenções dirigidas influenciará toda a vida da criança na escola.
38
Sabemos da importância do papel do professor na aprendizagem das crianças, pois é através
dele que acontece a mediação, ou seja, o professor precisa proporcionar um momento onde suas
relações produzirão resultados significativos para a aprendizagem, deixando o ensino mais
proveitoso, estimulante e facilitando a compreensão do educando. É dever do professor atender
a estes alunos de maneira que os conflitos causados pela ausência dos pais na vida escolar sejam
superados.
Nesse contexto, em que as dificuldades na aprendizagem dos educandos estão presentes e
ausência dos pais na participação da vida escolar dos filhos é constante, o professor deve ter
plena consciência da importância das suas mediações, este não pode ignorar o seu papel. O
professor deve arquitetar estratégias que busquem beneficiar a aprendizagem dessas crianças de
maneira que os educandos consigam superar as dificuldades que interferem negativamente no
seu processo escolar.
Tipos de Advertência
30%
30%
30%
10%
Refazer a atividade
As letras não são doaluno
Conversa com oresponsável
Mais atenção ao realizara atividade
39
O gráfico anterior apresenta os tipos de advertência aplicados pela professora. Ao detectar que o
educando não fez a atividade, a professora costuma chamar o aluno e escrever na sua atividade
pedindo que ele refaça as atividades em casa e as traga pronta no dia seguinte. Os alunos
trazerem as atividades feitas com as letras de outra pessoa é outra situação muito presente no
cotidiano desta turma. Ao perceber que as letras não são do aluno, a educadora faz uma
sinalização nas atividades: “as letras não são do aluno”. Quando os educandos trazem as
atividades feitas, porém com altos índices de erros, a educadora também faz o mesmo tipo de
sinalização, apenas escrevendo a advertência na atividade. E quando possível, a professora
estabelece um rápido diálogo com os responsáveis das crianças, em que ela tenta mostrá-los o
quanto a sua ajuda é necessária no processo educativo dos seus filhos.
A partir das análises dos gráficos acima, é possível notar a importância do apoio parental para as
atividades escolares e as lacunas deixadas pela ausência da família no processo educativo das
crianças e pelo educador quando este não realiza intervenções pedagógicas para sanar o
problema. Assim, para que a aprendizagem dos educandos esteja em foco, é necessário o olhar
atento do professor a todos os alunos, pois através de seus gestos, sua fala, as construções
coletivas do conhecimento são estabelecidas, considerando que a intervenção que ele
proporciona levará a perceber o processo de aprendizagem do aluno ou as dificuldades geradas
por ele. O professor deve ser alguém que está na sala de aula com o objetivo de contribuir para o
pleno desenvolvimento dos seus alunos, assim, percebendo as dificuldades dos mesmos deve
intervir sobre estas com a finalidade de vencê-las.
Nas próximas seções apresentamos os dados que tratam de demonstrar no geral, como é a
prática da educadora em sala de aula e a sua dinâmica de trabalho com as crianças, com a
finalidade de nos situarmos acerca do seu cotidiano escolar, para subsidiar posteriores
discussões em torno da sua postura em sala de aula. Avaliaremos o que esta educadora realiza
em benefício dos educandos, bem como, procuraremos identificar as mediações que visem a
superação das dificuldades apresentadas pelos alunos e as implicações que estas tem no
desempenho escolar dos mesmos. Assim, os quadros 01,02, 03, 04, 05, 06, 07 e 08 apresentam
cada atividade realizada com os alunos, a reação comportamental dos alunos e da professora no
que diz respeito às suas ações pedagógicas, que é alvo da nossa pesquisa.
40
Quadro 01 Descrições de intervenções pedagógicas da professora do grupo 5 Atividade: Escreva com que vogal se iniciam os desenhos. Os alunos devem escrever embaixo dos desenhos a letra inicial dos mesmos. Alunos Professora
Inicialmente a professora pede para cada aluno escrever o seu respectivo nome na atividade.
A1: chama a professora e diz que não sabe escrever o seu nome.
A1: após ajuda da professora A1 copia o seu nome.
A professora vai até a mesa de A1 e escreve o nome da aluna em uma folha de papel e pede que ela copie na atividade.
A3: chama a professora e diz que não lembra como escreve o seu nome. A3: chama novamente a professora e diz que não sabe escrever o seu nome.
A professora pede a A3 que tente lembrar como escreve o seu nome. A professora se dirige até a mesa e ajuda A3 a escrever o seu nome pegando na sua mão. Ao explicar a atividade, a professora percebe que os alunos A6, A5 e A4 ainda não conseguiram escrever os seus respectivos nomes. Então, ela vai à mesa destes alunos e os ajuda segurando em suas mãos. Ao dar continuidade a atividade a professora chama a atenção do grupo focal (A1, A2, A3, A4, A5 e A6) e diz que eles são desinteressados. Neste momento a professora passa novamente nas mesas e auxilia o grupo focal segurando na mão de cada um para que eles escrevam as vogais embaixo dos desenhos.
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A3, A4, A5 e A6. Nesta atividade é possível perceber a dificuldade encontrada pelo grupo focal para acompanhar
as atividades. A todo momento, este grupo depende das intervenções da professora par dar
continuidade a atividade. Nesta tarefa a professora auxilia os educandos, individualmente,
segurando em suas mãos, fazendo com que as crianças respondam a atividade da maneira que
considera correta. Para Drouet, esta é uma atitude que pode ser prejudicial às crianças:
Devido ao despreparo de muitos professores, algumas crianças carregam, por toda a sua vida escolar, erros difíceis de superar, têm problemas emocionais sérios e chegam mesmo a não gostar dos estudos e detestar a escola. São formas de violência que, inconscientemente, o professor comete, como por exemplo, ao negar a oportunidade à criança de: fazer uma tarefa a seu modo;
41
experimentar um brinquedo fora do horário programado. Para nós, adultos, estes fatos podem parecer insignificantes, porém, para uma criança pequena, eles chegam a atingir as proporções de uma tragédia (DROUET, 1990, p. 102).
Ao auxiliar os alunos segurando as suas mãos, a professora faz com que os alunos terminem a
tarefa rapidamente sem dar a eles a oportunidade de demonstrar suas reais dificuldades na
atividade proposta, eliminando assim a oportunidade de realizar uma mediação significativa
com essas crianças a partir das suas necessidades. Vale ressaltar, a forma como a professora
chama a atenção das crianças os rotulando de desinteressados.
Para o professor, esse comportamento discriminativo e preconceituoso é indesculpável. Pois, como educador, ele deve estar bem consciente de que todo ser humano tem um potencial a ser desenvolvido e respeitado. Em razão das diferenças individuais, cada pessoa tem uma reação diferente a um mesmo estímulo. Portanto, é preciso ter muito cuidado para não rotular os alunos, isto é, para não enquadrá-los em categorias como “inteligente”, “burro”, “preguiçoso” etc., visto que, uma vez que, estabelecido um determinado conceito do aluno, muito dificilmente o professor poderá julgá-lo de forma imparcial. (DROUET, 1990, p.110).
É de extrema importância para o indivíduo a relação com o outro, através do vínculo afetivo a
criança sente-se segura para interagir no contexto em que está inserida, através de uma interação
agradável entre professor e alunos ambos podem conquistar avanços significativos no âmbito
cognitivo. Nesse sentido, para a criança, torna-se importante e fundamental o papel do vínculo
afetivo, no transcorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão expandindo-se e a figura do
educador aparece com ampla relevância na relação de ensino-aprendizagem escolar.
42
Quadro 02 Atividade: Copie o alfabeto. Os alunos devem olhar a letra e escrevê-la na linha de baixo. Alunos Professora
Inicialmente a professora pede que os alunos escrevam os seus respectivos nomes na atividade proposta.
A2 e A4: chamam a professora para ajudá-los. A2 e A4: rabiscam a atividade.
A professora diz que A2 e A4 precisam tentar fazer sozinhos e não os atende.
A1 não consegue escrever o seu nome. A1 copia o nome.
Ao perceber que A1 ainda não escreveu o nome, a professora a ajuda escrevendo o nome da aluna em uma folha de papel pedindo que ela copie.
A6 não se interessa pela atividade e faz alguns rabiscos no papel. A6 faz a atividade escrevendo as letras do alfabeto de forma aleatória.
A professora chama a atenção de A6 e a coloca em uma mesa separada. A professora recolhe a atividade de A6 e diz que ela fará após o lanche.
A4: chama a professora e pede que ela ajude. A4: copia o alfabeto.
A professora ajuda A4 ditando as letras e mostrando no varal da sala para que ela escreva o alfabeto.
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A4 e A6.
Na maior parte do tempo desta atividade os alunos demonstram-se desinteressados. Ao
perceberem que apresentam dificuldades em sua aprendizagem, os alunos começam a
demonstrar falta de atenção e de interesse pela atividade. Esta dificuldade acarreta sofrimentos
para o aluno, por isso educador deve estar atento a esta situação. É papel do educador se mostrar
preparado para lidar com o problema apresentado, bem como atender as solicitações dos alunos
com a finalidade de sanar as suas dificuldades.
Para Freire (1997), é preciso considerar que o saber docente define-se construtivamente no
decorrer das experiências cotidianas do educador, levando em conta a realidade social como
resultado de um processo histórico e social. Então, ensinar é uma ação que requer deste
profissional comprometimento, pois ele precisa estar consciente do seu papel como mediador no
43
processo de ensino-aprendizagem e de que deve respeito a autonomia e identidade do educando,
considerando as dimensões tanto teóricas quanto práticas que estão atreladas em sua atuação.
Quadro 03
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A2, A5 e A6.
Atividade: Pinte os objetos que começam com a vogal O. Os alunos devem procurar entre os diversos objetos os que se iniciam com a vogal O e pintá-los. Alunos Professora
A professora pede que os alunos procurem os objetos que começam com a vogal O e pede que eles pintem.
A5 chama a professora e pergunta quais objetos é para serem pintados.
A5 pinta um objeto correto e chama a professora para ver se está certo.
A professora explica novamente para A5.
A5 e A2 começam a pintar os desenhos aleatoriamente.
A professora não atende A5.
A professora olha a atividade de A5 e deixa que ele termine da forma em que está fazendo. No final, recolhe as atividades sem intervir com os alunos que não fizeram corretamente a atividade (A2, A5 E A6).
44
Quadro 04
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A5 e A6. Em diversos momentos é possível constatar a ausência de intervenções pedagógicas em
situações tão necessárias. Nesse contexto em que as intervenções pedagógicas são
indispensáveis para impulsionar o processo de ensino e de aprendizagem, é dever do professor
buscar mediações que tragam como resultado a estimulação e o bom andamento do
desenvolvimento escolar das crianças.
Para contribuir, positivamente, com o desempenho escolar da criança o professor precisa
perseguir o objetivo de desenvolver integralmente o educando. Segundo o documento da
prefeitura municipal de Salvador (SMEC, 2008), o professor deste segmento deve estar atento
para o tipo de atividades que elabora para as crianças, este deve priorizar atividades
significativas, nas quais as crianças possam ser estimuladas a se relacionarem com o outro, a
explorar os materiais educativos da sala assim como outros materiais que o professor
disponibilizar para a elas, propiciando a integração e ampliação de saberes, em favor da
construção das diversas formas de aprendizagem.
Atividade: Conte os elementos do conjunto. Os alunos devem contar os elementos dos conjuntos e colocar o numeral ao lado.
Alunos Professora A professora explica a atividade e conta os elementos
juntamente com os alunos. A3 chama a professora e diz que não sabe fazer o numeral 3.
A professora pede que ela tente fazer sozinha e não a auxilia.
A6 diz que não sabe fazer os numerais. Maria mostra a A6 como se faz o numeral 2 e ela tenta fazer.
A professora diz que A6 é desinteressada e pede que um colega da mesa dela a ensine.
A5 não sabe escrever os numerais.
A professora segura na mão de A5 e lhe ensina alguns números.
Ao recolher as atividades a professora percebe que as atividades de A1,A2,A5 E A6 tem um alto nível de erro, balança a cabeça e sorrí.
45
Quadro 05
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A2, A3, A4 e A5. Neste contexto, podemos perceber que as crianças pertencentes ao grupo focal apresentam
dificuldades para realizar esta atividade. Os alunos realizam a atividade com o auxílio da
professora, ela faz a leitura e pede que seus alunos repitam. Percebemos uma educadora numa
situação em que demonstra estar desprovida de estratégias educativas. Em que demonstra está
diante de um grupo de crianças supondo que elas vão aprender simplesmente escutando e
repetindo a sua leitura. A repetição feita pelas crianças, neste caso, apenas fez com que as
crianças terminassem a atividade da forma e no tempo estipulado pela professora.
Atividade: Leitura individual das junções: ai, ei, eu, ou, au, uai.
Alunos Professora A professora chama cada aluno para ler as junções.
A3 confunde as vogais A e O. A professora percebe que A3 não está reconhecendo bem todas as vogais e lê as junções para que A3 repita.
A2 conhece as vogais, mas se confunde um pouco na hora de ler as junções.
A professora diz que A2 precisa estudar mais.
A4 conhece as vogais e consegue com o auxílio da professora fazer a leitura.
A professora lê as junções e A4 repete.
A5 não identifica todas as vogais e não lê as junções.
A professora lê as junções e A5 repete.
46
Quadro 06
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A3, A4, A5 e A6. Neste quadro podemos observar a descrição de uma atividade em que a professora faz um
atendimento individualizado com os alunos, atendimento este que deve ser utilizado como
possibilidade de avaliação das reais dificuldades apresentadas pelos alunos, já que a professora
nesta atividade consegue perceber o nível de compreensão dos alunos acerca do assunto
estudado. Vale ressaltar, que a educadora deveria se utilizar das anotações para melhor
visualizar o desempenho dos educandos, por possuir vinte alunos em classe, recorrer a um diário
de anotações seria uma eficiente forma de contribuir com a avaliação do rendimento dos
mesmos.
Nas duas seções seguintes, a professora toma atitudes que são questionáveis, se pensarmos no
educando como sujeito a ser beneficiado no processo de ensino-aprendizagem. Ao olhar a
atividade do aluno ela o vê rabiscando e não interfere, não o ajuda, se dirige a outro educando
apaga seus rabiscos e pede que ele refaça sem que a mesma dê qualquer orientação ao mesmo.
Atividade: A professora escreve as vogais em letras cursivas no quadro e pergunta a todos os alunos da sala letra por letra.
Alunos Professora A professora pede que A1 identifique as vogais.
A1 reconhece quatro vogais. A professora diz que A1 precisa estudar.
A2 e A4 identificam todas as vogais.
A professora incentiva A2 e A4. “Muito bem!”.
A3 confunde as vogais A e O. A3 escreve as vogais no quadro e identifica a diferença que há entre elas.
A professora chama A3 ao quadro e escreve as vogais A e O para que A3 perceba a diferença. A professora elogia A3. “Parabéns!”.
A5 e A6 não identificam todas as vogais.
A professora diz que A5 e A6 precisam se interessar pelos estudos e diz que eles não irão para o parque porque terão que estudar com ela.
Ao término da aula A5 e A6 vão para o parque.
47
Ao chamar atenção do aluno a professora o chama de desinteressado, rótulo este utilizado em
outras situações e já discutido por nós anteriormente.
Ainda nestas duas seções a educadora coloca um aluno sozinho numa mesa alegando que ele
não está prestando atenção na atividade, enquanto sabemos que ao sentir dificuldades para
realizar a atividade e não ter tido auxílio para cumprí – la a falta de interesse é algo normal.
Outra atitude é o fato de a professora fazer anotações nas atividades dos educandos como, por
exemplo: “Refazer a atividade” e “Fez a atividade com o auxílio da professora” e não buscar
intervir nestas dificuldades apresentadas pelos educandos, fazendo com que as suas anotações
não possuam relevância pedagógica, assim, fica em evidência que muitas das suas atitudes não
condizem com o papel do facilitador da aprendizagem.
A partir do que vemos nas seções apresentadas acima, notamos incoerências na prática desta
educadora, que posem ser evidenciadas nas constantes advertências enviadas aos pais dos
alunos cobrando significativo apoio junto as crianças no seu processo educativo e a conduta da
mesma ao ignorar o seu auxílio a estes educandos em situações necessárias. As atividades
propostas, as advertências e anotações sem fins pedagógicos, nos revelam uma prática bem
diferente do seu discurso, o que nos remete a uma profunda reflexão acerca da nossa
responsabilidade como educadores, facilitadores da aprendizagem que devemos ter sempre
como objetivo o benefício do educando.
48
Quadro 07
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A3 e A5 Quadro 08
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A2, A3, A4 e A6.
Atividade: Observe as cenas e escreva as junções.
Alunos Professora A professora escreve no quadro algumas junções, verifica
se os alunos identificam as vogais e pede que alguns alunos as leiam, nenhum dos alunos do grupo focal é perguntado. Em seguida, a professora distribui as atividades em os alunos terão que observar as cenas e escrever as junções nos balões.
A2 chama a professora e diz que não sabe fazer a atividade.
A professora pede que ele tente fazer do seu jeito.
A5 pergunta a professora o que é para ser escrito no desenho.
A professora diz que acabou de explicar: “Meu filho, preste atenção! Você é desinteressado.” e não explica a atividade para A5.
A1 rabisca atividade. A professora percebe que A1 rabisca a atividade e não interfere.
A3 recebe o auxílio de uma colega para fazer a atividade.
Ao recolher a atividade a professora escreve nas atividades de A1: “não conseguiu fazer a atividade” e A3: “fez com o auxílio da colega”.
Atividade: Vamos contar?- Os alunos devem contar os elementos e escrever o numeral de acordo com a quantidade.
Alunos Professora A professora vê que o numeral está escrito de forma
errada e pede que A4 apague e reescreva. A3 chama a professora e diz que não sabe fazer o numeral 3.
A professora pede que ele olhe para o quadro, identifique o numeral e o escreva.
A6 levanta para mostrar a atividade a professora.
A professora olha a atividade de A6, vê diversos erros e diz que ele não está prestando atenção na aula e o coloca sozinho em uma mesa separada.
A2 rabisca atividade. A professora apaga os rabiscos da atividade e pede que ele escreva corretamente.
A4 faz parte da atividade e a entrega a professora.
A professora olha a atividade de A4 e escreve refazer.
49
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo buscamos ressaltar a grande importância da parceria entre a família e a escola, esta
é uma relação que em muito tem a contribuir com o processo educativo das crianças. A escola e
a família possuem relevantes papéis na formação da criança e ambas devem perseguir o
cumprimento dos seus deveres da melhor forma possível. Considerando que o ser humano
aprende o tempo todo, nas mais distintas situações que a vida lhe proporciona, o papel destas
instituições é fundamental, pois elas tomarão decisões sobre o que a criança precisará conhecer
para fazer escolhas que posteriormente lhe favorecerá.
Ao nos depararmos com crianças desprovidas de apoio parental na sua vida escolar vale a pena
refletirmos o que o educador pode e deve fazer para superar esta situação. Essas crianças
desamparadas pela família não podem também serem abandonadas pela escola. O problema
existe e os responsáveis devem buscar reverter a situação a favor destas crianças. Nesse
contexto, a escola precisa procurar meios para estabelecer um forte elo com a família, criando
programas e atividades que visem o aprimoramento dessa interação, não basta apenas a escola
marcar reuniões para colocarem os pais a par das notas dos alunos e sim promover encontros
significativos que apontem os benefícios desta relação e a elaboração de atividades que
despertem na família o prazer em assumir as suas responsabilidades dentro do desempenho
escolar da criança. A escola deve mostrar aos pais a relevância da sua participação ativa na vida
escolar dos filhos e proporcionar condições para que isso aconteça de maneira que os pais
sintam a importância da sua participação neste processo. O educador surge nesse cenário como
um dos elos entre a escola e a família e tendo este papel deve refletir profundamente sobre sua
atuação, preocupar-se em também criar situações favoráveis para superar as dificuldades
estabelecidas por esta situação.
A pesquisa demonstra nitidamente as dificuldades encontradas pelas crianças em decorrência da
lacuna deixada em seu percurso escolar quando os pais não oferecem o necessário suporte para
elas. Desta forma, foi possível perceber crianças sem qualquer tipo de orientação para realização
das suas atividades escolares enviadas para casa, encontramos pais ausentes ou distantes de
fornecer este auxílio. Nos deparamos com educandos com o processo educativo desestruturado,
50
baixo rendimento escolar em virtude desta lacuna deixada pelos seus responsáveis. Estes
educandos solicitam a ajuda da professora com freqüência e sentem-se desmotivadas para
realizar as atividades, são crianças que não conseguem acompanhar o ritmo da turma e
necessitam de maior atenção para que possam recuperar o que têm deixado de adquirir se assim
usufruíssem desse apoio.
A partir das observações, pudemos ver uma educadora desatenta no que diz respeito ao trabalho
especializado que ela precisa desempenhar com os alunos que não dispõem de apoio parental
para a realização das suas atividades escolares. A educadora apenas faz advertências aos pais
quanto ao auxílio que deveriam oferecer aos seus filhos, sem intervir significativamente neste
problema com o objetivo de eliminar as dificuldades dos seus alunos. Vale ressaltar, que o
educador precisa assumir o seu papel de facilitador da aprendizagem, buscando criar meios de
dar maior suporte aos educandos, instituindo intervenções pedagógicas a partir das necessidades
desses alunos.
Nesse contexto, as atividades devem ser apresentadas como recurso pedagógico, que permitam
auxiliar a professora a diagnosticar as dificuldades dos alunos e através das mesmas a educadora
deve buscar meios de trazer para sala de aula o que estes alunos realmente necessitam.
Embora pouco discutido, a atividade de casa é uma prática educacional que há muito associa as
relações família–escola e a divisão de tarefa educacional entre estas instituições. Deve ser
adotada como uma necessidade educacional, reconhecida por pais e educadores, sendo
idealizado como uma tarefa adaptada para as crianças em casa que pode ser considerada um
elemento imprescindível do processo ensino–aprendizagem e do currículo escolar.
Na relação família/escola, um indivíduo espera algo do outro. Para que isto de fato aconteça é
necessário que sejamos competentes para edificar de modo consistente uma relação de diálogo
mútuo, onde cada elemento envolvido tenha o seu momento de fala respeitado, onde aconteça
uma efetiva troca de saberes. O estabelecimento dessa relação implica em uma habilidade de
comunicação que demanda o entendimento da mensagem que o outro quer transmitir, e para
51
tanto, se faz necessário, a competência e o anseio de ouvir o que está sendo dito, bem como a
flexibilidade para apreender e respeitar opiniões e valores que podem ser distintos dos nossos.
Os dados apresentados a partir das observações nos mostram o quanto é necessário o apoio
parental para as crianças realizarem as suas atividades e as conseqüências que a ausência deste
apoio acarreta no desempenho escolar das crianças. Pudemos notar crianças com problemas
para acompanhar o ritmo da turma e com notáveis dificuldades para cumprir as tarefas propostas
pela educadora, o que nos permitiu ver claramente o que a ausência do suporte familiar pode
trazer de modo negativo para o desempenho escolar da criança.
Desta forma, é notável, o grande valor que um bom relacionamento prevaleça no contexto
família-escola, pois como já foi mencionado, dentro do processo educativo da criança existem
muitas tarefas a serem cumpridas pela família e pela escola. Ambas devem buscar realizar com
motivação as suas tarefas. A escola estudando meios de trazer os pais para o seu convívio e a
família se esforçando para dar o suporte necessário que os educandos precisam para ter um bom
andamento no seu processo escolar.
52
REFERÊNCIAS
BRASIL. Estatuto da criança e do Adolescente. Lei nº 8069, de julho de 1990. _______. Ministério da Educação, SEF, (2002). Educar é uma tarefa de todos nós. Um guia para a família participar, no dia-a-dia, da educação de nossas crianças. Brasília: Secretaria de Ensino Fundamental, Assessoria Nacional do Programa Parâmetros em Ação. _______. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. III. Brasília, DF: MEC, 1998. CANDAU, Vera Maria (Org.). A Didática em Questão. 25ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2005. DOLLE, Jean Marie. Essas crianças que não aprendem. Petrópolis: Vozes, 1995. DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Fundamentos da educação Pré-escolar. São Paulo: Ática, 1990. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 5ª edição, 2006.
FERREIRA, Aurélio B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro, 1986.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 1988. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 31ª edição, 1997. GESELL, Arnold. A Criança dos 5 aos 10 anos. São Paulo: Martins Fontes, 2002. KRAMER, Sonia. Educação Infantil: comemorando as lutas. In: Revista de Educação CEAP, ano X, no. 36, Salvador, março/maio, 2002. LAKATOS, E.M. & MARCONI, M.A. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 5ª edição, 2002.
53
LUCK e CARNEIRO. H. D. Desenvolvimento afetivo na escola: Promoção, Media e Avaliação. Rio de Janeiro: Vozes, 1983. LUDKE, Menga; André, Marli E.D. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACEDO, Rosa M. A família diante das dificuldades escolares dos filhos. In: BARROS DE OLIVEIRA, VERA, BOSSA, N. (orgs.). Petrópolis: Vozes, 1996. MALDONADO, Maria Tereza. Comunicação entre pais e filhos – A linguagem do sentir. Petrópolis: Vozes, 9ª edição, 1987. MEDICI, Ângela. A escola e a criança. Rio De Janeiro: Fundo de Cultura S.A, 2ª edição, 1961. MONTEIRO, Filomena de Maria Arruda (org.). O trabalho docente na educação básica. Cuiabá: EDUFMT, 2007. MACHADO, Nicolau, Marieta Lúcia. A Educação Pré-Escolar: Fundamentos e didáticas. São Paulo: Ática, 10ª edição, 2000. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos (org.). Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 2ª edição, 1995. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. José Olympio ed. 15ª edição. Rio de Janeiro, 1972/2000. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Novembro, 2007. SANTOS, Regina de Fátima Mendes; VALADÃO, Cláudia Regina, e. Família e escola: Visitando seus discursos. (Trabalho de Conclusão d e Curso apresentada a UNESP-França), 1997. SILVA, José Gilberto. A parceria ausente: a escola na perspectiva dos pais. Dissertação de mestrado. PUC – SP, 1995.
54
SMEC, Secretaria Municipal de Educação e Cultura - CMEI: novas perspectivas para a Educação Infantil no Município de Salvador/ Referenciais e Orientações Pedagógicas para subsidiar o trabalho educativo dos Centros Municipais de Educação Infantil, 2008. ZAGURY, Tania. Escola sem conflito: Parceria com os pais. Rio de Janeiro: Record, 2002.
55
APÊNDICE A – QUADRO REFERENTE ÀS ATIVIDADES EXTRA-CLASSE QUE A PROFESORA PROPÕE AOS EDUCANDOS E AS REAÇÕES QUE ELA APRESENTA FRENTE A AUSÊNCIA DE APOIO PARENTAL NO DESEMPENHO ESCOLAR DOS MESMOS. Solicitação de dever de casa
Atividade solicitada
Grupo focal/ Realização das atividades
Reação da professora
EPISÓDIO: 01 Sim Copie as
vogais. A1 e A3 levam as atividades de casa sem responder.
A professora corrige as atividades e pede que A1 e A3 refaçam as atividades em casa.
EPISÓDIO: 02 Sim Ligue as vogais
maiúsculas às vogais minúsculas.
A2, A3 e A6 fizeram as atividades de maneira incorreta.
A professora passa um visto nas atividades sem fazer uma atenciosa correção.
EPISÓDIO: 03 Sim Conte os
elementos dos conjuntos.
A2, A4, A5 e A6 não fizeram as atividades e A1 respondeu com alto índice de erro.
A professora chama o grupo focal e lhes pergunta o porquê de não terem feito as atividades e diz que no dia seguinte quer as atividades feitas.
EPISÓDIO: 04 Sim Escreva com
que letra começa os objetos.
A2, A4, A5 e A6 não fizeram as atividades de casa.
A professora deixa um recado na atividade destes alunos: “Mamãe o aluno precisa de seu auxílio para fazer as atividades”.
EPISÓDIO: 05 Sim Pinte os meios
de transporte encontrados em sua cidade./Escreva seu nome completo.
A3 e A5 fizeram as atividades incompletas.
A professora pede que a auxiliar corrija as atividades e não recorda do recado deixado nas atividades de A2, A4, A5 e A6.
EPISÓDIO: 06 Sim Copie o
alfabeto em letras cursivas.
A4, A6 não levaram as atividades e A1 está com a
A professora não olha as atividades em que ela deixou um recado para as mães no dia anterior. Ao corrigir as atividades de casa a
56
atividade feita com as letras de outra pessoa. A4 diz que esqueceu a atividade, A6 diz que procurou a atividade para fazer, mas não sabia onde estava o classificador e A1 diz que as letras da atividade são suas e que sua mãe pegou na sua mão.
professora deixa um recado na atividade de A1: “Mamãe as letras não são da aluna”.
EPISÓDIO: 07 Não A professora conversa pessoalmente
com a mãe de A1 sobre as atividades que não estão sendo feitas pela aluna.
EPISÓDIO: 08 Sim Recorte e cole
objetos que iniciem com as vogais./Conte o pirulitos que estão nas mãos de Aninha e Pedrinho.
A2, A3 e A5 fizeram as atividades incompletas
A professora corrige as atividades e pede a A2, A3 e A5 que atualizem as atividades.
EPISÓDIO: 09 Sim Escreva o seu
nome e circule as vogais que ele possui.
Todos fizeram as atividades com exceção de A1 que não estava presente na aula.
A professora conversa pessoalmente com a mãe de A4 sobre a s atividades que a aluna tem esquecido em casa. A professora corrige as atividades colocando a resposta certa ao lado da respostas dos alunos.
EPISÓDIO: 10 Sim Copie o
alfabeto. A1 passa 02 dias sem ir à escola e aparece sem o livro e as atividades recentes no classificador.
A professora pergunta a A1 pelas atividades. A professora pede que a auxiliar corrija as atividades e que ela escreve nas atividades de A6:” Mais atenção ao fazer as atividades”.
57
A2 e A5 esquecem as atividades em casa.
EPISÓDIO: 11 Sim Ligue os
órgãos dos sentidos as suas funções.
A6 traz na agenda um recado para professora escrito por sua mãe. Todos fizeram as atividades.
A professora responde o recado.
EPISÓDIO: 12 Sim Cubra os
numerais e continue escrevendo.
A5 faz as atividades incompletas. A1 responde as atividades, mas as letras não são dela.
A professora pede que a auxiliar corrija as atividades. A auxiliar mostra a professora as atividades de A1 ela diz que depois olhará, mas isso não acontece. Nas atividades de A1 ela escreve: “Mamãe, as letras não são da aluna” e A5: atividade incompleta, favor atualizar”.
EPISÓDIO: 13 Sim Copie o
alfabeto nas letras cursivas
A1 e A3 fazem a atividade em letras de imprensa.
A professora não busca retorno do recado deixado na atividade de A1 no dia anterior. Ela escreve nas atividades de A1, A3e A4: “A partir de agora só escreveremos em letras cursivas”.
EPISÓDIO: 14 Sim Leia as junções A professora não corrige as atividades. EPISÓDIO: 15 Não EPISÓDIO: 16 Sim Represente
uma dezena nos balões abaixo.
Somente A5 e A6 estavam presentes na aula. Fizeram as atividades com alguns erros.
A professora passa o visto nas atividades sem fazer considerações.
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A3, A4, A5 e A6.
58
APÊNDICE B – QUADRO REFERENTE ÀS REAÇÕES DA PROFESSORA FRENTE AOS EDUCANDOS QUE NÃO REALIZAM AS ATIVIDADES DE CASA. EPISÓDIO 01
Alunos Professora A professora chama o grupo focal e lhes pergunta o
porquê de não terem feito as atividades. A2 responde que esqueceu a atividade em casa.
A4 diz que não fez a atividade por isso não levou.
A5 diz que estava com sono, por isso não pode fazer. “A minha mãe saiu e quando ela chegou já era de noite” A5 responde a professora: “Eu faço meu dever de casa a noite, porque de tarde minha mãe toma conta do meu primo”.
A professora pergunta a a5 em que horário ele faz as atividades?
A6 diz que a mãe e a irmã não a chamou para fazer a atividade.
A1 diz que não fez porque a tia não a levou para banca.
A professora diz para o grupo que quer as atividades feitas no dia seguinte.
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1, A2, A4, A5 e A6.
59
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1.
EPISÓDIO 02
Ao corrigir as atividades de casa, novamente a professora vê que os alunos A4 e A6 não levaram as atividades e A1 está com a atividade feita com as letras de outra pessoa.
Professora Alunos A professora deixa um recado na atividade de A1. “mamãe as letras não são da aluna”.
A professora chama A1 e pergunta quem a ajudou nas atividades de casa?
A1 diz que foi sua mãe que a ajudou.
A professora pergunta de quem são as letras?
A1 diz que as letras são suas.
Novamente a professora pergunta a A1 de quem são as letras?
A1 diz que as letras são suas e que sua mãe pegou na sua mão.
A professora pergunta a A4 e A6 onde estão as suas atividades.
A4 responde que a esqueceu a atividade em casa.
A6 diz que procurou a atividade para fazer, mas, não sabia onde estava o classificador.
60
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e a mãe de A1.
Fonte: dados da pesquisa de campo Participantes: Professora e A1.
EPISÓDIO 03
A mãe de A1 a traz para a escola e a professora a chama para conversar. Professora Mãe de A1
Maria, a sua filha não está trazendo as atividades que mando para casa e quando traz não estão feitas. O que está acontecendo?
Eu organizei as atividades dela na semana passada. Como não estão vindo? Só se ela tirou sem eu ver. Quanto às atividades que ela não tem feito, é que eu ainda não conseguí uma banca para ela.
Maria procure essa banca o quanto antes. Pois nós estamos escrevendo nas letras cursivas e A1 ainda não está sabendo.
Ela não quer escrever com letras cursivas, já tentei, mas ela não quer.
Mas, não é ela não quer Maria, A1 precisa acompanhar a turma, a maioria já está escrevendo com letras cursivas.
Quem sabe na banca ela não consegue? Tenho andando muito ocupada pró, mas vou ver isso essa semana.
Vou cobrar um retorno, certo? Tá certo pró.
EPISÓDIO 04
Após 02 dias sem ir a escola A1 aparece sem o livro e com o classificador sem as atividades recentes..
Professora Aluno A1 cadê suas atividades? Tá em casa, minha mãe tirou.
A1 sua mãe está em casa? Ela ta em casa, não foi pra escola não.
Você fez as atividades? Só a do livro.
Quem ensinou o seu dever? Foi Lia, a moça que trabalha lá em casa.
Obs: A1 não foi para a escola durante 02 dias, não fez todas as atividades de casa e não levou para escola todas as tarefas enviadas para casa.