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Intro Bioquimica Cap32

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  • 32.1 Quais so os fluidos corporaisimportantes?

    Organismos unicelulares recebem seus nutrientes diretamente do ambiente e tambm neledescartam diretamente as excrees. Em organismos multicelulares, a situao no tosimples. Nestes, cada clula igualmente precisa de nutrientes e produz excrees, mas amaioria das clulas no se encontra em contato direto com o ambiente. Os fluidos corpo-rais servem como um meio que transporta nutrientes e excrees e tambm como comu-nicadores qumicos (Captulo 24) que coordenam as atividades entre as clulas.

    Fluidos corporais 32Questes-chave

    32.1 Quais so os fluidoscorporais importantes?

    32.2 Quais so as funes dosangue e qual suacomposio?

    32.3 Como o sanguetransporta oxignio?

    32.4 Como ocorre o transportede dixido de carbono nosangue?

    32.5 Qual o papel dos rinsna depurao do sangue?

    32.6 Qual o papel dos rinsnos tampes doorganismo?

    32.7 Como so mantidos osequilbrios de gua e salno sangue e nos rins?

    32.8 Como so a bioqumica ea fisiologia da pressosangunea?

    Clulas do sistema circulatrio humano: clulas vermelhas, plaquetas e clulas brancas.

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    cap32:Layout 1 4/12/12 8:23 AM Page 783

  • 784 Introduo bioqumica

    Os fluidos corporais que no esto no interior das clulas so chamados coletivamentede fluidos extracelulares. Esses fluidos compem aproximadamente um quarto do peso deuma pessoa. O mais abundante o fluido intersticial, que circunda diretamente a maioriadas clulas e preenche os espaos entre elas. Outro fluido corporal o plasma sanguneo,que flui nas artrias e nas veias. Representa cerca de 5% do peso do corpo. Outros fluidoscorporais que ocorrem em quantidades menores so a urina, linfa, fluido cerebroespinhal,humor aquoso e fluido sinovial. Todos os fluidos corporais so solues aquosas a gua o nico solvente no organismo.

    O plasma sanguneo circula no corpo e entra em contato com outros fluidos corporaisatravs das membranas semipermeveis dos vasos sanguneos (Figura 32.1). Assim, o san-gue pode trocar compostos qumicos com outros fluidos corporais, como a linfa e o fluidointersticial, e, atravs deles, com as clulas e os rgos do corpo.

    As trocas entre o sangue e o fluido cerebroespinhal e o fluido intersticial do crebro,so, porm, limitadas. Esse limite chamado barreira hematoenceflica. Essa barreira permevel a gua, oxignio, dixido de carbono, glicose, alcois e a maioria dos anestti-cos, mas apenas ligeiramente permevel a eletrlitos como os ons Na, K e Cl. Muitoscompostos de massa molecular maior tambm so excludos.

    A barreira hematoenceflica protege o tecido cerebral de substncias nocivas presen-tes no sangue, permitindo a manuteno de uma baixa concentrao de K, necessria paragerar o alto potencial eltrico essencial para a neurotransmisso. vital que o corpo man-tenha um equilbrio adequado dos nveis de sais, protenas e todos os outros componentesdo sangue. Homeostase o processo de conservao dos nveis de nutrientes no sangue,bem como da temperatura do corpo.

    Os fluidos corporais tm importncia especial para os profissionais de sade. Amostrasdesses fluidos podem ser coletadas com relativa facilidade. A anlise qumica do plasma edo soro sanguneo, urina e ocasionalmente do fluido cerebroespinhal de grande impor-tncia para diagnosticar doenas.

    32.2 Quais so as funes do sangue e qual sua composio?

    H sculos que se sabe que o sangue essencial vida humana. O sangue tem muitas fun-es, entre as quais:

    1. Transportar O2 dos pulmes para os tecidos.2. Transportar CO2 dos tecidos para os pulmes.3. Transportar nutrientes do sistema digestivo para os tecidos.4. Transportar excrees dos tecidos para os rgos excretores.5. Com seus sistemas de tampes, manter o pH do organismo (com a ajuda dos rins).6. Manter constante a temperatura do corpo.7. Transportar hormnios das glndulas endcrinas para onde for necessrio.8. Transportar clulas brancas (leuccitos), que combatem a infeco, e anticorpos.

    Conexes qumicas 32A

    Utilizando a barreira hematoenceflica para eliminar efeitos colaterais indesejveis de frmacos

    Muitos frmacos apresentam efeitos colaterais indesejveis. Por exem-plo, vrios anti-histamnicos como a Dramamina e o Benadril (Seo24.5) causam sonolncia. Supe-se que esses anti-histamnicos atuem nosreceptores perifricos de histamina H1 para aliviar enjoo, rinite ou asma.Como penetram na barreira hematoenceflica, tambm agem como an-tagonistas dos receptores H1 no crebro, causando sonolncia.

    Um frmaco que age nos receptores perifricos H1, a fexofenadina(cujo nome comercial Allegra), no pode penetrar na barreira hema-toenceflica. Esse anti-histamnico alivia o enjoo e a asma do mesmomodo que os antigos, mas no causa sonolncia como efeito colateral.

    O fluido existente dentro da clula chamado fluido intracelular.

    Fluido intersticial Fluido queenvolve as clulas e preenche osespaos entre elas.

    Plasma sanguneo Poro nocelular do sangue.

    Barreira hematoenceflicaBarreira que permite a passagemde alguns componentes do sangue,como gua, dixido de carbono,glicose e outras molculaspequenas, para os fluidoscerebroespinhal e intersticial docrebro, excluindo, porm,eletrlitos e molculas grandes.

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:23 AM Page 784

  • Fluidos corporais 785

    Figura 32.1 Nutrientes, oxignio e outros materiais deixam o sangue por difuso,penetrando no fluido tecidual que envolve as clulas. Dixido de carbono e outrasexcrees deixam as clulas e entram na corrente sangunea atravessando as paredes dos capilares.

    A Figura 32.1 mostra algumas dessas funes. O restante do captulo descreve comoo sangue executa algumas dessas funes.

    O sangue total uma mistura complicada. Contm vrios tipos de clulas (Figura 32.2),alm de uma poro lquida no celular chamada plasma, em que muitas substncias sodissolvidas (Tabela 32.1). Os trs pincipais tipos de elementos celulares do sangue so: eri-trcitos, leuccitos e plaquetas.

    A. Eritrcitos

    As clulas sanguneas mais numerosas so as clulas vermelhas, tambm chamadas eri-trcitos. Existem cerca de 5 milhes de clulas vermelhas em cada milmetro cbico desangue, ou aproximadamente 100 milhes em cada gota. Os eritrcitos so clulas muitoespecializadas. No possuem ncleo e, portanto, no tm DNA. Sua principal funo transportar oxignio para as clulas e retirar dixido de carbono delas.

    Alimento

    Clulas do tecido

    Fluidotecidual

    O2

    CO2

    Excrees Capilar

    Um homem de 68 kg temaproximadamente 6 L de sanguetotal, sendo 50% a 60% de plasma.

    Eritrcitos Clulas vermelhas dosangue; transportam gases.

    Eritrcitos Trombcitos(plaquetas)

    7 m 1 a 2 m

    LeuccitosGranulcitos

    Leuccitosno granulares

    8 a 10 mLinfcito

    15 a 20 mMoncito

    10 a 14 mNeutrfilo

    Figura 32.2 Alguns componentes celulares do sangue. As dimenses aparecem emmcrons ou micrmetros (m).

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:23 AM Page 785

  • 786 Introduo bioqumica

    Tabela 32.1 Componentes do sangue e algumas doenas associadas a sua presenaanormal no sangue

    Sangue Total

    Plasma

    Componentes celulares Fibrinognio Soro

    Eritrcitos (elevada: policitemia; baixa:anemia)

    Leuccitos (elevada: leucemia; baixa: febretifoide)

    Plaquetas (baixa: trombocitopenia)

    gua (elevada: edema; baixa: desidratao)Albumina (baixa: edema)Globulinas (elevada: rejeio a transplante;

    baixa: infeco)Fatores de coagulao (baixa: hemofilia)Glicose (elevada: diabetes; baixa:

    hipoglicemia)Colesterol (elevada: clculo biliar,

    aterosclerose)UreiaSais inorgnicosGases (N2, O2, CO2)Enzimas, hormnios, vitaminas

    Os eritrcitos so formados na medula ssea e permanecem na corrente sangunea porcerca de 120 dias. Os eritrcitos antigos, removidos pelo fgado e pelo bao, so destru-dos. A constante formao e destruio das clulas vermelhas do sangue mantm um n-mero estvel de eritrcitos no organismo.

    B. Leuccitos

    Leuccitos (clulas brancas do sangue) so componentes celulares presentes em quanti-dade relativamente pequena. Sua funo, porm, importante. Para cada mil clulas ver-melhas existe apenas uma ou duas clulas brancas. A maioria dos leuccitos destri bac-trias invasoras ou outras substncias exgenas devorando-as (fagocitose).

    Assim como os eritrcitos, os leuccitos so produzidos na medula ssea. Clulas bran-cas especializadas, formadas nos nodos linfticos e no bao, so chamadas linfcitos. Elassintetizam e armazenam imunoglobulinas (anticorpos; ver Seo 31.4).

    C. Plaquetas

    Quando um vaso sanguneo cortado ou danificado, o sangramento controlado por umterceiro tipo de componente celular: as plaquetas (tambm chamadas trombcitos). Elasso formadas na medula ssea e no bao e so mais numerosas que os leuccitos, pormmenos que os eritrcitos.

    D. Plasma

    Se todos os componentes celulares do sangue total forem removidos por centrifugao, olquido resultante o plasma. Os componentes celulares principalmente clulas verme-lhas, que se precipitam no fundo do tubo de centrifugao representam entre 40% e 50%do volume do sangue.

    O plasma sanguneo contm 92% de gua. Os slidos ali dissolvidos so principalmenteprotenas (7%). O restante 1% contm glicose, lipdeos, enzimas, vitaminas, hormnios eexcrees como ureia e CO2. Das protenas do plasma, 55% so de albumina; 38,5%, glo-bulina; e 6,5%, fibrinognio. O plasma em repouso forma um cogulo, uma substncia ge-latinosa. Podemos extrair do cogulo um lquido transparente, o soro. Este contm todosos componentes do plasma, exceto o fibrinognio. Essa protena est envolvida no com-plicado processo de formao do cogulo (Conexes qumicas 32B).

    Quanto s outras protenas do plasma, a maior parte das globulinas participa das rea-es imunolgicas (Seo 31.4), e a albumina proporciona a presso osmtica apropriada.Se a concentrao de albumina diminuir (em razo de desnutrio ou doenas renais, porexemplo), a gua do sangue exsuda no fluido intersticial, provocando uma inchao nos te-cidos conhecida como edema.

    Em um homem adulto, haproximadamente 30 trilhes deeritrcitos.

    Leuccitos Clulas brancas dosangue; fazem parte do sistemaimunolgico.

    Plaquetas Componente celular dosangue; essencial formao decogulo.

    So aproximadamente 300.000plaquetas em cada mm3 de sangue,ou uma para cada 10 ou 20 clulasvermelhas.

    Um cogulo ressecado torna-seuma crosta (casca de ferida).

    Soro Plasma sanguneo do qual seremoveu o fibrinognio.

    Ver discusso sobre pressoosmtica na Seo 6.8.

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  • Fluidos corporais 787

    32.3 Como o sangue transporta oxignio?Uma das mais importantes funes do sangue transportar oxignio dos pulmes para ostecidos. Essa tarefa realizada pelas molculas de hemoglobina localizadas no interior doseritrcitos. Como vimos na Seo 22.11, a hemoglobina formada por quatro cadeias deprotena, duas alfa e duas beta, cada uma delas ligada a uma molcula de heme.

    Os stios ativos so as hemes, e no centro de cada heme h um on de ferro (II). A hemecom seu on central de Fe2 forma um plano. Como cada molcula de hemoglobina temquatro hemes, ela pode conter um total de quatro molculas de O2. Na verdade, a capaci-dade da hemoglobina de conter O2 depende de quanto oxignio h disponvel no ambiente.Considere a Figura 32.3, que mostra como essa capacidade de transportar oxignio depende

    Conexes qumicas 32B

    Coagulao

    Quando os tecidos do organismo so danificados, o fluxo sanguneodeve ser interrompido, ou ento uma grande parte vazar para fora,causando a morte. O mecanismo utilizado pelo organismo para detero vazamento nos vasos sanguneos a coagulao. Esse complicadoprocesso envolve muitos fatores. Aqui mencionaremos apenas algu-mas etapas importantes.

    Quando um vaso sanguneo sofre leses, a primeira linha de defesaso as plaquetas, que circulam constantemente no sangue. Elas chegamao local da leso e aderem s molculas de colgeno da parede capilarexpostas pelo corte, formando uma tampa gelatinosa. Ao sinal datromboxana A2, chegam mais plaquetas, que aumentam o tamanho docogulo (Seo 21.12). Essa tampa, no entanto, porosa, sendo ne-cessrio um gel mais firme (um cogulo) para vedar o local. O cogulo uma rede tridimensional de molculas de fibrina e que tambm con-tm plaquetas. A rede de fibrina formada pela enzima trombina a par-tir do fibrinognio do sangue. Junto com as plaquetas incrustadas, elaconstitui o cogulo sanguneo.

    Por que, em condies normais (na ausncia de ferimentos oudoenas), no se formam cogulos nos vasos sanguneos? Porque a en-zima que d incio formao do cogulo, a trombina, existe no san-gue apenas em sua forma inativa, chamada protrombina. A protrombina produzida no fgado e precisa da vitamina K para ser formada.Mesmo quando a quantidade de protrombina suficiente, vrias pro-tenas so necessrias para transform-la em trombina. Essas protenas

    recebem o nome coletivo de tromboplastina. Qualquer substncia trom-boplstica pode ativar a protrombina na presena de ons Ca2. Subs-tncias tromboplsticas existem nas plaquetas, no plasma e no prpriotecido danificado.

    A coagulao como a natureza nos protege da perda de sangue.No queremos, porm, que o sangue coagule durante transfuses por-que isso interromperia o fluxo. Para evitar esse problema, adicionamoscitrato de sdio ao sangue. O citrato de sdio interage com os onsCa2, removendo-os da soluo. Assim, as substncias tromboplsti-cas no podero ativar a protrombina e nenhum cogulo ser formado.

    O cogulo no ser perigoso se permanecer prximo ao ferimentoporque, uma vez que o organismo repare o tecido, o cogulo ser di-gerido e removido. No entanto, um cogulo formado em uma partequalquer do corpo poder se soltar e dirigir-se a outras partes, onde po-der alojar-se em uma artria. Essa condio chamada trombose. Seo cogulo bloquear a passagem de oxignio e nutrientes para o cora-o e para o crebro, isso poder resultar em paralisia e morte. Apsuma cirurgia, drogas anticoagulantes s vezes so administradaspara impedir a formao de cogulos.

    Os antigoagulantes mais utilizados so a heparina e o dicumarol.A heparina aumenta a inibio da trombina pela antitrombina (Seo20.6B), e o dicumarol bloqueia o transporte da vitamina K para o f-gado, impedindo a formao de protrombina.

    Molculas de fibrina

    Artria

    Colgeno

    Clulas vermelhas

    Clulas vermelhas

    Fibrina

    Plaquetas

    Clula da musculatura lisa

    Componentes de um cogulo sanguneo. (Extrado de The Functioning of Blood Platelets, de M.B. Zuc-ker. Copyright 1980 by Scientific American, Inc. All rights reserved.)

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 787

  • da presso do oxignio. Quando o oxignio penetra nos pulmes, a presso alta (100 mmHg). A essa presso, todos os ons de Fe2+ dos hemes se ligam s molculas de oxignio;eles se tornam totalmente saturados. No momento em que o sangue chega aos msculosatravs dos capilares, a presso do oxignio no msculo de apenas 20 mm Hg (Cone-xes qumicas 32C). A essa presso, somente 30% dos stios de ligao transportam oxi-gnio. Assim, 70% do oxignio transportado ser liberado nos tecidos. A forma em S dacurva de ligao (dissociao) (Figura 32.3) implica que a reao no uma simples rea-o de equilbrio.

    HbO2 54 Hb O2Na hemoglobina, cada heme tem um efeito cooperativo sobre as outras hemes. Essa ao

    cooperativa permite que a hemoglobina libere o dobro de oxignio aos tecidos, se compa-rada a cada heme agindo independentemente. A razo para isso a seguinte: quando umamolcula de hemoglobina no transporta nenhum oxignio, as quatro unidades de globinase enrolam compondo um certo formato (Seo 22.11). Quando a primeira molcula de oxi-gnio se liga a uma das subunidades heme, ela muda o formato no apenas daquela subuni-dade, mas tambm de uma segunda subunidade, o que torna mais fcil a ligao da segundasubunidade ao oxignio. Quando o segundo heme se liga, o formato muda novamente, e acapacidade das duas subunidades restantes de se ligar ao oxignio aumenta ainda mais.

    788 Introduo bioqumica

    Modelo de heme com on Fe2+.

    O O2 captado pela hemoglobinaliga-se ao Fe2+.

    Esse efeito alostrico (Seo 22.6)explica a curva em forma de Smostrada na Figura 32.3.

    Satu

    ra

    o (%

    )

    200 40 60 80 100Presso de O2 (mm Hg)

    PO2 em capilares de msculos ativos

    PO2 nos alvolosdos pulmes

    30

    50

    100

    FIGURA 32.3 Curva de dissociao do oxignio. Saturao (%) significa a porcentagem deons Fe2+ que transportam molculas de O2.

    A diminuio do pH faz decrescer acapacidade da hemoglobina de seligar ao oxignio.

    Efeito de Bohr Efeito causadopela mudana de pH nacapacidade da hemoglobina detransportar oxignio.

    assim que o organismo liberamais oxignio para aqueles tecidosque precisam.

    A capacidade da hemoglobina de liberar oxignio tambm afetada pelo ambiente.Uma ligeira mudana de pH no ambiente altera a capacidade de ligao ao oxignio, umfenmeno chamado efeito de Bohr. Um aumento na presso de CO2 tambm diminui acapacidade da hemoglobina de se ligar ao oxignio. Quando h contrao muscular, soproduzidos ons H e CO2. O CO2 recm-produzido aumenta a liberao de oxignio. Aomesmo tempo, ons H baixam o pH do msculo. Assim, mesma presso (20 mm Hg),mais oxignio liberado para um msculo ativo que para um msculo em repouso.

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  • 32.4 Como ocorre o transporte de dixido decarbono no sangue?

    O que acontece ao CO2 e H produzidos em clulas metabolicamente ativas? Eles se ligam hemoglobina dos eritrcitos, formando carbamino-hemoglobina. Esta uma reao deequilbrio.

    O CO2 est ligado aos grupos terminais -NH2 das quatro cadeias de polipeptdeos, por-tanto cada hemoglobina pode transportar no mximo quatro molculas de CO2, uma paracada cadeia. Quanto CO2 cada hemoglobina de fato transporta depende da presso do CO2.Quanto mais alta a presso, mais carbamino-hemoglobinas so formadas.

    Somente 25% do total de CO2 produzido pelas clulas transportado para os pulmesna forma de carbamino-hemoglobina. Outros 70% so convertidos, nas clulas vermelhas,em cido carbnico pela enzima anidrase carbnica. Uma grande parte desse H2CO3 trans-portada para os pulmes como HCO3 e H associados hemoglobina, onde so conver-tidos novamente a CO2 pela anidrase carbnica, que ento liberado. Os restantes 5% doCO2 total transportado no plasma como gs dissolvido.

    Fluidos corporais 789

    Conexes qumicas 32C

    Respirao e lei de Dalton

    Um gs flui naturalmente de uma rea de maior presso para outra demenor presso. Esse fato responsvel pela respirao, embora deva-mos observar no a presso total do ar, mas apenas a presso parcialde O2 e CO2 (ver discusso sobre a lei de Dalton na Seo 5.5). Res-pirao o processo pelo qual o sangue transporta O2 dos pulmes paraos tecidos e coleta o CO2 produzido pelas clulas, levando-o para ospulmes, onde expirado.

    O ar que respiramos contm cerca de 21% de O2 a uma pressoparcial de aproximadamente 159 mm Hg. A presso parcial de O2 nosalvolos (pequenas bolsas de ar) dos pulmes em torno de 100 mmHg. Como a presso parcial mais alta no ar inalado, o O2 flui paraos alvolos. Nesse ponto, passa sangue venoso pelos alvolos. A pres-so parcial de O2 no sangue venoso de apenas 40 mm Hg, portantoo O2 flui dos alvolos para o sangue venoso. Esse novo suplemento deO2 eleva a presso parcial para cerca de 100 mm Hg, e o sangue torna--se sangue arterial e flui para os tecidos do organismo. Ali, a pressoparcial do O2 de 30 mm Hg ou menos (porque a atividade metab-lica das clulas do tecido gastou boa parte do oxignio para proverenergia). O oxignio agora flui do sangue arterial para os tecidos doorganismo. A presso parcial de O2 no sangue diminui (para cerca de40 mm Hg), e o sangue torna-se venoso mais uma vez e retorna aospulmes para um novo suplemento de O2. A cada etapa do ciclo, O2 fluide uma regio de presso parcial mais alta para outra de presso par-cial mais baixa.

    Enquanto isso, o CO2 segue o caminho oposto pela mesma razo.A presso parcial de CO2 como resultado da atividade metablica deaproximadamente 60 mm Hg nos tecidos. O CO2 flui dos tecidos parao sangue arterial, transformando-o em sangue venoso e atingindo umapresso de 46 mm Hg. O sangue ento flui para os pulmes. A pressode CO2 nos alvolos de 400 mm Hg e, portanto, o CO2 flui para osalvolos. Como a presso parcial do CO2 no ar de apenas 0,3 mm Hg,o CO2 flui dos alvolos e exalado.

    Msculocardaco

    Ar respirado emPCO2 = 0,3 mm HgPO2 = 159 mm Hg

    TecidosPCO2 = 60 mm HgPO2 = 30 mm Hg

    Sangue arterialPCO2 = 40 mm HgPO2 = 100 mm HgSangue venoso

    PCO2 = 46 mm HgPO2 = 40 mm Hg

    Das artrias para o corpo(Rico em O2)

    Cabea

    Capilares

    Metadedireita Metade

    esquerda

    CO2

    CO2

    O2

    O2

    CO2

    O2

    Capilares do pulmo

    Circulao sangunea mostrando as presses parciais de O2 e CO2 nasdiferentes partes do sistema.

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 789

  • 32.5 Qual o papel dos rins na depurao do sangue?

    J vimos que uma das funes do sangue manter o pH em 7,4 (Seo 8.10). Outra trans-portar excrees para fora das clulas. O CO2, uma das principais excrees da respirao, transportado pelo sangue para os pulmes, e dali exalado. As outras excrees so fil-tradas pelos rins e eliminadas na urina.

    Os rins so uma mquina de superfiltrao. No caso de um colapso renal, a filtrao podeser feita por hemodilise (Figura 32.4). Em um dia, aproximadamente 100 L de sangue atra-vessam um rim humano normal. Dessa quantidade, somente cerca de 1,5 L excretado comourina. Obviamente, no se trata de um simples sistema de filtrao em que as molculas pe-quenas passam livremente e as molculas grandes so retidas. Os rins tambm reabsorvemda urina aquelas molculas pequenas que no so excrees.

    A. Rins

    As unidades biolgicas que, dentro dos rins, executam essas funes so os nfrons. E cadaum dos rins contm em torno de 1 milho deles. Um nfron formado por uma cabea defiltrao chamada cpsula de Bowman conectada a um pequeno tubo em forma de U outbulo. A parte do tbulo prximo cpsula de Bowman o tbulo proximal, a toroem forma de U a ala de Henle, e a parte do tbulo mais distante da cpsula o tbulodistal (Figura 32.5).

    Os vasos sanguneos penetram por todo o rim. As artrias ramificam-se em capilares,e em cada cpsula de Bowman entra um minsculo capilar. No interior da cpsula, o ca-pilar primeiro se ramifica em vasos ainda menores chamados glomrulos, e depois sai dacpsula. O sangue entra nos glomrulos em cada batimento cardaco e a presso fora aentrada de gua, ons e pequenas molculas (ureia, acares, sais, aminocidos) atravs dasparedes dos glomrulos e da cpsula de Bowman. Essas molculas e ons entram no t-bulo proximal. Clulas sanguneas e molculas grandes (protenas) so retidas no capilare saem com o sangue.

    Como mostra a Figura 32.5, os tbulos e a ala de Henle so circundados por vasos san-guneos; esses vasos reabsorvem nutrientes vitais. Oitenta por cento da gua reabsorvidano tbulo proximal. Quase toda a glicose e aminocidos so reabsorvidos aqui. Quando hexcesso de acar no sangue (diabetes; ver Conexes qumicas 24F), uma parte passapara a urina. Como consequncia, a medida de concentrao da glicose na urina usadano diagnstico do diabetes.

    No momento em que o filtrado glomerular chega ala de Henle, os slidos e a maiorparte da gua j foram reabsorvidos. Somente as excrees (ureia, creatina, cido rico,amnia e alguns sais) passam para os tbulos coletores que levam a urina para o ureter, deonde segue para a bexiga, como se pode ver na Figura 32.5(a).

    790 Introduo bioqumica

    2CO2 2H2O

    Tecidos perifricos

    2H2CO3

    2HCO3 2H

    Anidrasecarbnica

    Sangue

    Hb 4O2

    Hb 2H

    2CO2 2H2O

    Pulmes

    2H2CO3

    2H 2HCO3

    4O2

    4O2

    Anidrasecarbnica

    A hemodilise discutida emConexes qumicas 6F.

    Figura 32.4 Paciente submetendo-se hemodilise emrazo de uma doena nos rins.

    O equilbrio entre filtrao ereabsoro controlado por vrioshormnios.

    As artrias so vasos sanguneosque transportam sangueoxigenado do corao para orestante do corpo.

    Glomrulos Parte da clula defiltrao dos rins ou nfron; umemaranhado de capilarescircundado por um espao cheiode fluido.

    Esta reao leva produo de CO2(topo) porque a perda de CO2 dospulmes desloca o equilbrio pararep-lo, segundo o princpio de Le Chatelier.

    Picf

    ire/S

    hutt

    erst

    ock

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 790

  • Fluidos corporais 791

    Veia cava

    Rimdireito

    Rimesquerdo

    Nfron

    Arterolade entrada

    Bexiga

    Ureter

    Uretra

    Aorta

    Glomrulo

    Rede capilar

    Ala de Henle

    Tbulodistal

    Tbulocoletor

    Vnula

    Veia

    Artria

    Cpsula de Bowman

    Arterolade sada

    Tbuloproximal

    (a) (b)

    Figura 32.5 Excreo atravs dos rins. (a) Sistema urinrio humano. (b) O nfron e seuscomponentes, com o sistema circulatrio circundante.

    B. Urina

    A urina normal contm em torno de 4% de excrees dissolvidas; o restante gua. Em-bora a quantidade diria de urina sofra uma grande variao, a mdia est em torno de 1,5L por dia. O pH varia de 5,5 a 7,5. O soluto principal a ureia, produto final do metabo-lismo da protena (Seo 28.8). Outras excrees como creatina, creatinina, amnia e cidohiprico tambm esto presentes, embora em quantidades bem menores.

    CH3

    H2N~C~N~CH2~COONH2

    C~NH~CH2~COOO

    Creatina Creatinina cido hiprico

    N

    NO

    CH3

    NH

    H

    Alm disso, a urina normal contm ons inorgnicos como Na, Ca2, Mg2, Cl, PO43,SO42 e HCO3.

    Em certas condies patolgicas, outras substncias podem aparecer na urina. Essa pos-sibilidade torna a anlise da urina um aspecto altamente importante do diagnstico mdico.J notamos que a presena da glicose e de corpos cetnicos uma indicao de diabetes.Outros constituintes anormais podem incluir protenas, o que pode indicar doenas renaiscomo a nefrite.

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 791

  • 792 Introduo bioqumica

    32.6 Qual o papel dos rins nos tampes do organismo?

    Entre as excrees enviadas pelos tecidos ao sangue esto os ons H. Eles so neutrali-zados pelos ons HCO3 que fazem parte do sistema tamponal do sangue:

    H HCO3 54 H2CO3Quando o sangue chega aos pulmes, como vimos na Seo 32.4, o H2CO3 decomposto

    pela anidrase carbnica, e o CO2 exalado. Se o organismo no tivesse nenhum mecanismopara substituir o HCO3, perderamos a maior parte do tampo de bicarbonato do sangue,e o pH do sangue finalmente diminuiria (acidose). Na verdade, os ons liberados de HCO3so continuamente substitudos pelos rins outra importante funo desse rgo. Essa subs-tituio ocorre nos tbulos distais. As clulas que recobrem as paredes dos tbulos distaisreabsorvem o CO2 liberado nos glomrulos. Com o auxlio da anidrase carbnica, forma--se rapidamente o cido carbnico, que depois se dissocia em ons HCO3 e H:

    CO2 H2O 54 H2CO3 54 H HCO3

    Os ons H passam das clulas para a urina no tbulo, onde so parcialmente neutrali-zados por um tampo de fosfato. Para compensar a perda dos ons positivos, ons Na dotbulo entram nas clulas. Quando isso acontece, os ons Na e HCO3 passam das clulaspara os capilares. Dessa maneira, os ons H captados nos tecidos e temporariamente neu-tralizados no sangue por HCO3 so finalmente bombeados na urina. Ao mesmo tempo, osons HCO3 liberados nos pulmes so recuperados pelo sangue nos tbulos distais.

    32.7 Como so mantidos os equilbrios de guae sal no sangue e nos rins?

    Na Seo 32.5, mencionamos que h um equilbrio nos rins entre filtrao reabsoro. Esseequilbrio est sob controle hormonal. A reabsoro da gua promovida pela vasopres-sina, um pequeno hormnio peptdico produzido na glndula hipfise (Figura 24.2). Na au-sncia desse hormnio, apenas os tbulos proximais e no os tbulos distais ou os tbu-los coletores reabsorvem a gua. Consequentemente, sem a vasopressina, uma quantidademuito grande de gua passar para a urina. Na presena da vasopressina, a gua reab-sorvida nessas partes dos nfrons; assim, a vasopressina faz o sangue reter mais gua, pro-duzindo uma urina mais concentrada. A produo de urina chamada diurese. Qualqueragente que reduz o volume da urina um antidiurtico.

    Geralmente, o nvel de vasopressina no organismo suficiente para manter uma quan-tidade adequada de gua nos tecidos sob vrios nveis de ingesto de gua. No entanto,quando ocorre uma desidratao severa (como resultado de diarreia, suor excessivo ou in-gesto insuficiente de gua), outro hormnio ajuda a manter o nvel apropriado de fluido.Esse hormnio, a aldosterona (Seo 21.10), controla a concentrao dos ons Na no san-gue. Na presena de aldosterona, a reabsoro dos ons Na aumenta. Quando mais onsNa entram no sangue, mais ons Cl seguem atrs (para manter a eletroneutralidade), etambm mais gua para solvatar esses ons. Assim, o aumento da produo de aldosteronapermite ao organismo reter mais gua. Quando os nveis do on Na e da gua no sanguevoltam ao normal, a produo de aldosterona interrompida.

    32.8 Como so a bioqumica e a fisiologia dapresso sangunea?

    A presso sangunea produzida pelo bombeamento do corao. Nos terminais capilaresdas artrias essa presso est em torno de 32 mm Hg, um nvel mais alto que a presso os-mtica do sangue (18 mm Hg). A presso osmtica do sangue causada pelo fato de mais

    Uma alta concentrao de slidosna urina um sintoma de diabetesinsipidus.

    Diurese aumento da excreo degua na urina.

    Por essa razo, a vasopressina tambm chamada de hormnioantidiurtico (ADH, na sigla emingls).

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 792

  • solutos estarem dissolvidos no sangue que no fluido intersticial. Nos terminais capilares,portanto, os solutos nutrientes fluem dos capilares para o fluido intersticial e dali para asclulas (ver Figura 32.1). Diferentemente, a presso sangunea nos capilares venosos deaproximadamente 12 mm Hg. Esse nvel menor que a presso osmtica, portanto os so-lutos (excrees) do fluido intersticial fluem para os capilares.

    A presso sangunea mantida pelo volume total de sangue, bombeamento do coraoe os msculos que circundam os vasos sanguneos e que apresentam a devida resistnciaao fluxo sanguneo (ver Conexes qumicas 5D). A presso sangunea controlada porvrios sistemas bastante complexos alguns agindo em questo de segundos e outros le-vando dias para responder aps a ocorrncia de uma mudana na presso sangunea. Porexemplo, se um paciente tiver uma hemorragia, trs sistemas de controle nervoso come-am a funcionar em segundos. Primeiro, os barorreceptores no pescoo detectam a con-sequente diminuio na presso e enviam sinais apropriados para o corao bombear commais intensidade, e levam os msculos que circundam os vasos sanguneos a contrareme, assim, restauram a presso. Em seguida, receptores qumicos das clulas que detectama diminuio do O2 ou a remoo de CO2 enviam sinais nervosos. Finalmente, o sistemanervoso central reage deficincia de oxignio com um mecanismo de feedback (retro-alimentao).

    Os controles hormonais agem um pouco mais lentamente, levando alguns minutos oumesmo dias. Os rins secretam uma enzima chamada renina que age em uma protena inativado sangue, o angiotensinognio, convertendo-o em angiotensina, um potente vasoconstri-tor. A ao desse peptdeo aumenta a presso sangunea. A aldosterona (Seo 32.7) tambmaumenta a presso sangunea elevando os nveis de Na e a reabsoro da gua nos rins.

    Finalmente, h um controle de longo prazo para o sangue renal que envolve volume epresso. Quando cai a presso sangunea, os rins retm mais gua e sal, aumentando as-sim o volume e a presso do sangue.

    Fluidos corporais 793

    Conexes qumicas 32D

    Os hormnios sexuais e a velhice

    Os mesmos hormnios sexuais que proporcionam uma vida reprodu-tiva saudvel s pessoas jovens podem causar e causam problemas nocorpo envelhecido. Para a fertilidade masculina, a prstata e os test-culos fornecem o smen. A prstata, uma glndula, est situada nasada da bexiga, em volta do ureter. Seu crescimento promovido pelaconverso do hormnio sexual masculino, a testosterona, em 5-a--di-hidrotestosterona pela enzima 5-a-redutase. A maioria dos homenscom mais de 50 anos apresenta um aumento da prstata, condio co-nhecida como hiperplasia prosttica benigna. De fato, essa condioafeta mais de 90% dos homens com mais de 70 anos. A prstata dila-tada pressiona o ureter, causando uma diminuio do fluxo de urina.

    Esse sintoma pode ser parcialmente aliviado por um frmaco de in-gesto oral chamado terazosina (cujo nome comercial Hitrina). Ori-ginalmente, essa droga foi aprovada para o tratamento de presso alta,sua ao resultando da capacidade de bloquear os adrenorreceptores a--1, reduzindo assim a constrio em torno dos vasos sanguneos perif-ricos. Do mesmo modo, reduz a constrio em volta do ureter (duto quetransporta a urina dos rins para a bexiga), permitindo um fluxo livre paraa urina. Recentemente, a terazosina tem sido minuciosamente investigadaquando ingerida como nico anti-hipertensivo ou como medicamentopara prstata. Um estudo publicado em 2000 concluiu que esse frmacopode contribuir para a ocorrncia de ataques cardacos.

    A medida de concentrao do antgeno especfico para a prstata(PSA) no soro sanguneo pode indicar a possibilidade de desenvolvi-mento de cncer na prstata. Um PSA de 4,0 ng/mL ou menos con-siderado normal ou um indicador de hiperplasia prosttica benigna.Uma concentrao de PSA de mais de 10 ng/mL um indicador decncer na prstata. A rea entre 4,0 e 10 ng/mL uma rea cinzentaque merece ser monitorada com ateno.

    Uma medida mais acurada de cncer na prstata a porcentagemde PSA livre (no ligada). Quando esse nvel for mais alto que 15%,a probabilidade de cncer diminui com o aumento da porcentagem.Quando for de 9% ou menos, o cncer na prstata provavelmente j seespalhou. A confirmao mais segura do cncer o exame microsc-pico de tecido extrado por bipsia.

    O estradiol e a progesterona controlam as caractersticas sexuaisdo corpo feminino (Seo 21.10). Com o incio da menopausa, so se-cretadas quantidades menores desses e de outros hormnios sexuais.Essa diminuio no s interrompe a fertilidade, mas ocasionalmentecria problemas de sade. A complicao mais grave a osteoporose,que a perda de tecido sseo atravs da absoro. O resultado umaestrutura ssea quebradia e s vezes deformada.

    Os estrgenos (nome genrico para os hormnios sexuais femi-ninos, com exceo da progesterona) na quantidade apropriada podemajudar na absoro do clcio da dieta e assim evitar a osteoporose. Afalta de hormnios sexuais femininos tambm pode resultar em vagi-nite atrfica e uretrite atrfica.

    Um grande nmero de mulheres na menopausa toma plulas quecontm uma progesterona sinttica anloga e estrgenos naturais. Noentanto, a ingesto contnua dessas plulas por exemplo, Premarina(mistura de estrgenos) e Provera (anlogo da progesterona) tem lseus riscos. Um ligeiro mas significativo aumento na ocorrncia de cn-cer no tero tem sido relatado em mulheres que usam esse medica-mento aps a menopausa. Um pequeno risco de problemas cardacostambm foi observado em mulheres que fazem uso desses frmacos.Para considerar a relao risco-benefcio preciso procurar um mdico.

    Barorreceptores Mecanismo deretroalimentao (feedback),localizado no pescoo, que detectamudanas na presso sangunea eenvia sinais ao corao para queeste se contraponha a essasalteraes, bombeando mais ou menos intensamente, conformea necessidade.

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 793

  • 794 Introduo bioqumica

    Conexes qumicas 32E

    Hipertenso e seu controle

    Quase um tero da populao dos Estados Unidos sofre de presso alta(hipertenso). Estudos epidemiolgicos mostram que mesmo uma hi-pertenso moderada (presso diastlica entre 90 e 104 mm Hg) correo risco de evoluir para uma doena cardiovascular. Pode levar a umataque cardaco, derrame ou insuficincia renal. A hipertenso podeser devidamente controlada com dieta e medicamentos. Conforme seobserva no texto, a presso sangunea controlada por um sistemacomplexo, portanto a hipertenso deve ser tratada em mais de um n-vel. As recomendaes dietticas dirias so baixa ingesto de onsNa e absteno de cafena e lcool.

    As drogas mais utilizadas para baixar a presso sangunea so osdiurticos. Vrios compostos orgnicos sintticos (a maior parte tia-zidas como Diuril e Enduron) aumentam a excreo da urina. Aofaz-lo, diminuem o volume do sangue, bem como a concentrao deons Na+, baixando assim a presso sangunea.

    Outras drogas anti-hipertensivas afetam o controle nervoso dapresso sangunea. O hidrocloreto de propanol bloqueia os stiosadrenorreceptores de neurotransmissores beta-adrenrgicos (Seo24.5). Ao faz-lo, reduz o fluxo de sinais nervosos, bem como a sadade sangue do corao; e tambm afeta as respostas de barorrecepto-res e quimiorreceptores no sistema nervoso central e receptores adre-nrgicos na musculatura lisa em torno dos vasos sanguneos. O pro-panolol e outros beta bloqueadores (como o metoprolol) no sbaixam a presso sangunea como tambm reduzem o risco de infar-

    tao miocrdica. Semelhante diminuio da presso sangunea ob-tida por frmacos que bloqueiam os canais de clcio (por exemplo, ni-fedipina/Adalat ou hidrocloreto de diltiazem/Cardizem). Para queocorra a contrao muscular, ons de clcio devem atravessar as mem-branas da clula muscular, uma atividade facilitada pelos canais de cl-cio. Se uma droga bloquear esses canais, a musculatura cardaca ircontrair com menos frequncia, bombeando menos sangue e reduzindoa presso sangunea.

    Outras drogas que reduzem a hipertenso incluem os vasodilata-dores, que relaxam a musculatura lisa dos vasos sanguneos. Muitosdesses agentes, porm, apresentam efeitos colaterais como aceleraodo batimento cardaco (taquicardia) e reteno de Na+ e gua. Algunsfrmacos agem em um stio especfico e no em muitos stios como fa-zem os bloqueadores, o que obviamente reduz possveis efeitos cola-terais. Um exemplo um inibidor de enzima que impede a produode angiotensina. O Captopril (Conexes qumicas 15A) e o Acupril soambos inibidores de ACE (enzima de converso para a angiotensina,na sigla em ingls), que baixam a presso sangunea somente se a nicacausa da hipertenso for a produo de angiotensina. As prostaglan-dinas PGE e PGA (Seo 1.12) baixam a presso sangunea e, quandoingeridas oralmente, apresentam ao prolongada. Sendo a hiperten-so um problema to comum, e tratvel com medicao, h umagrande atividade na pesquisa farmacutica para encontrar drogas anti--hipertensivas ainda mais eficazes e seguras.

    Resumo das questes-chave

    Seo 32.1 Quais so os fluidos corporais importantes? O mais importante fluido corporal o plasma sanguneo,

    ou sangue total do qual foram removidos os componentescelulares.

    Outros importantes fluidos corporais so a urina e os flui-dos intersticiais que circundam diretamente as clulas dostecidos.

    Seo 32.2 Quais so as funes do sangue e qual a suacomposio? Os componentes celulares do sangue so as clulas ver-

    melhas (eritrcitos), que transportam O2 para os tecidos eCO2 para fora dos tecidos; as clulas brancas (leuccitos),que combatem a infeco; e as plaquetas, que controlamo sangramento.

    O plasma contm fibrinognio, que necessrio para a coa-gulao do sangue. Quando o fibrinognio removido doplasma, o que permanece o soro. Este contm albuminas,globulinas, nutrientes, excrees, sais inorgnicos, enzimas,hormnios e vitaminas dissolvidos em gua. O organismoutiliza o sangue para manter a homeostase.

    Seo 32.3 Como o sangue transporta oxignio? As clulas vermelhas transportam O2. O Fe (II) da poro heme da hemoglobina liga-se ao oxi-

    gnio, que ento liberado nos tecidos por uma combina-o de fatores: baixa presso de O2 nas clulas do tecido,

    alta concentrao de ons H+ (efeito de Bohr) e alta con-centrao de CO2.

    Seo 32.4 Como ocorre o transporte de dixido de carbonono sangue? Do total de CO2 no sangue, 25% ligam-se ao ~NH2 ter-

    minal das cadeias polipeptdicas da hemoglobina formandocarbamino-hemoglobina, 70% so transportados no plasmacomo H2CO3, e 5% so transportados como gs dissolvido.

    Seo 32.5 Qual o papel dos rins na depurao do sangue? Excrees so removidas do sangue para os rins. As unidades de filtrao nfrons contm um vaso san-

    guneo que se ramifica em vasos mais finos chamados glo-mrulos.

    A gua e todas as molculas pequenas que, por difuso,saem dos glomrulos entram nas cpsulas de Bowman dosnfrons e dali seguem para os tbulos. As clulas sangu-neas e as molculas grandes permanecem nos vasos san-guneos.

    gua, sais inorgnicos e nutrientes orgnicos so entoreabsorvidos nos vasos sanguneos. As excrees e mais agua formam a urina, que vai do tbulo para o ureter, che-gando finalmente bexiga.

    Seo 32.6 Qual o papel dos rins nos tampes do organismo? Os rins no s filtram as excrees, mas tambm produzem

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 794

  • ons HCO3 para tamponagem, substituindo aqueles libe-rados atravs dos pulmes.

    Seo 32.7 Como so mantidos os equilbrios de gua e salno sangue e nos rins? O equilbrio de gua e sal contidos no sangue e na urina

    est sob controle hormonal.

    A vasopressina ajuda a reter gua e a aldosterona aumentaa concentrao de ons Na+ no sangue por reabsoro.

    Seo 32.8 Como so a bioqumica e a fisiologia da pressosangunea? A presso sangunea controlada por um grande nmero

    de fatores.

    Fluidos corporais 795

    Problemas

    Seo 32.1 Quais so os fluidos corporais importantes?

    32.1 Quais so os fluidos corporais importantes?32.1 O que barreira hematoenceflica?32.2 Qual a porcentagem de plasma sanguneo em nosso

    peso corporal?32.3 (a) O plasma sanguneo est em contato com os outros

    fluidos corporais?(b) Em caso positivo, de que maneira?

    Seo 32.2 Quais so as funes do sangue e qual sua com-posio?

    32.4 Qual a clula sangunea mais abundante?32.5 Qual a funo dos eritrcitos?32.6 Qual a maior clula sangunea?32.7 Defina:

    (a) Fluido intersticial (b) Plasma(c) Soro (d) Componentes celulares

    32.8 Onde so produzidos os seguintes componentes celu-lares?(a) Eritrcitos (b) Leuccitos(c) Linfcitos (d) Plaquetas

    32.9 Como preparado o plasma a partir do sangue total?32.10 Diga qual a funo das seguintes molculas:

    (a) Albumina (b) Globulina(c) Fibrinognio

    32.11 Qual o componente do plasma que protege contra in-feces?

    32.12 Como o soro preparado a partir do plasma sanguneo?

    Seo 32.3 Como o sangue transporta oxignio?

    32.13 Quantas molculas de O2 esto ligadas a uma molculade hemoglobina na saturao plena?

    32.14 Um qumico analisa o ar contaminado por um acidenteindustrial e descobre que a presso parcial do oxignio de apenas 38 mm Hg. Quantas molculas de O2, emmdia, cada molcula de hemoglobina transportarquando algum respirar esse ar? (Consultar a Figura32.3.)

    32.15 Qual o on inorgnico envolvido na definio de satu-rao percentual? Explique.

    32.16 Considerando a Figura 32.3, preveja a presso de O2 emque a molcula de hemoglobina liga quatro, trs, duas,uma e nenhuma molcula de O2 a sua heme.

    32.17 Explique como a absoro de O2 em um stio de liga-o na hemoglobina aumenta a capacidade de absoroem outros stios.

    32.18 (a) O que acontece capacidade da hemoglobina detransportar oxignio quando se baixa o pH?

    (b) Qual o nome desse efeito?Seo 32.4 Como ocorre o transporte de dixido de carbonono sangue?32.19 (a) Onde o CO2 se liga hemoglobina?

    (b) Qual o nome do complexo formado?32.20 Na carbamino-hemoglobina, as extremidades N-termi-

    nais das cadeias de globina transportam um grupo car-bamato, R~NH~COO. O stio aninico pode formaruma ponte salina com um grupo amina catinico emuma cadeia lateral da molcula de globina e estabiliz--la. Desenhe a frmula da ponte salina.

    32.21 Se o plasma transporta 70% de seu dixido de carbonona forma de H2CO3 e 5% na forma de gs CO2 dissol-vido, calcule a constante de equilbrio da reao cata-lisada pela anidrase carbnica:

    H2O CO2 54 H2CO3(Suponha que a concentrao de H2O est includa naconstante de equilbrio.)

    32.22 Como a reao de equilbrio da formao de carba-mino-hemoglobina influenciada pela concentrao deCO2 ao seu redor? Aplique o princpio de Le Chatelier.

    Seo 32.5 Qual o papel dos rins na depurao do sangue?32.23 Em que parte do rim reabsorvida a maior parte da

    gua?32.24 Quais so as excrees nitrogenadas eliminadas na

    urina?32.25 Alm das excrees nitrogenadas, que outros compo-

    nentes so constituintes normais da urina?32.26 Qual a diferena entre glomrulos e nfrons?Seo 32.6 Qual o papel dos rins nos tampes do organismo?32.27 O que acontece aos ons H enviados como excrees

    ao sangue pelas clulas dos tecidos?

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 795

  • 32.28 O pH do sangue mantido em 7,4. Qual seria o pH deuma clula muscular ativa em comparao a uma clulasangunea? Qual o componente e o processo que geraesse pH?

    Seo 32.7 Como so mantidos os equilbrios de gua e salno sangue e nos rins?32.29 Em que parte dos rins a vasopressina altera a permea-

    bilidade das membranas?32.30 Como a produo de aldosterona se contrape ao suor

    excessivo que geralmente acompanha uma febre alta?32.31 A cafena um diurtico. Qual ser o efeito sobre a gra-

    vidade especfica da urina se voc tomar muito caf?

    Seo 32.8 Como so a bioqumica e a fisiologia da pressosangunea?32.32 Qual a funo dos barorreceptores?32.33 O que aconteceria glicose em um capilar arterial se a

    presso sangunea na extremidade do capilar fosse de12 mm Hg e no os normais 32 mm Hg?

    32.34 Alguns medicamentos usados como agentes anti-hi-pertensivos por exemplo, Captopril (Conexes qu-micas 32E) inibem a enzima que ativa o angiotensi-nognio. Qual o modo de ao dessas drogas nadiminuio da presso sangunea?

    32.35 Vrias drogas utilizadas para baixar a presso sanguneaso classificadas como inibidores de ACE (enzima deconverso para a angiotensina). Um paciente toma diu-rticos e inibidores de ACE. Como essas drogas baixama presso sangunea?

    Conexes qumicas32.36 (Conexes qumicas 32A) Qual o efeito colateral dos

    anti-histamnicos que pode ser evitado com o uso da fe-xofenadina?

    32.37 (Conexes qumicas 32B) Quais as molculas que aju-dam a fixar as plaquetas quando um vaso sanguneo so-fre um corte?

    32.38 (Conexes qumicas 32B) Quais so as funes da (a)trombina, (b) vitamina K e (c) tromboplastina na for-mao do cogulo?

    32.39 (Conexes qumicas 32B) Qual a primeira linha dedefesa quando um vaso sanguneo sofre um corte?

    32.40 (Conexes qumicas 32C) No sangue circulante, ondea presso parcial do CO2 maior? E onde menor?

    32.41 (Conexes qumicas 32D) Quais so os sintomas deuma prstata dilatada (hiperplasia prosttica benigna)?

    32.42 (Conexes qumicas 32D) Qual a causa da osteopo-rose em mulheres na menopausa?

    32.43 (Conexes qumicas 32E) Como agem os bloqueadoresdo canal de clcio para baixar a presso sangunea?

    32.44 (Conexes qumicas 32E) Pessoas com presso san-gunea elevada so aconselhadas a seguir uma dietacom pouco sdio. Como essa dieta faz baixar a pressosangunea?

    Problemas adicionais32.45 A albumina compe 55% do contedo proteico do

    plasma. Sua concentrao no soro mais alta, maisbaixa ou igual do plasma? Explique.

    32.46 Qual a excreo nitrogenada do organismo que podeser classificada como aminocido?

    32.47 O que acontece capacidade da hemoglobina de trans-portar oxignio quando ocorre acidose no sangue?

    32.48 A heme da hemoglobina participa do transporte deCO2 assim como de O2?

    32.49 A barreira hematoenceflica permevel insulina?Explique.

    32.50 Quando ocorre a falncia dos rins, o corpo incha, umacondio chamada edema. Por que e onde a gua seacumula?

    32.51 Qual o hormnio que controla a reteno da gua nocorpo?

    32.52 Descreva a ao da renina.32.53 A curva de dissociao do oxignio da hemoglobina fe-

    tal mais alta que a da hemoglobina de um adulto. Comoo feto obtm seu suplemento de oxignio do sangue ma-terno quando as duas circulaes se encontram?

    796 Introduo bioqumica

    cap32:Layout 1 4/12/12 8:24 AM Page 796