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Introdução à Educação a Distância Josias Ricardo Hack Florianópolis, 2014. Período

Introdução à Educação a Distância

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Page 1: Introdução à Educação a Distância

Introdução à Educação a Distância

Josias Ricardo Hack

Florianópolis, 2014.

1° Período

Page 2: Introdução à Educação a Distância
Page 3: Introdução à Educação a Distância

Governo Federal

Presidente da República: Dilma Vana Rousseff Ministro de Educação: José Henrique Paim FernandesUniversidade Aberta do Brasil (UAB)

Universidade Federal de Santa Catarina

Reitora: Roselane NeckelVice-reitora: Lúcia Helena Martins PachecoPró-reitora de Graduação: Roselane Fátima CamposPró-reitora de Pós-Graduação: Joana Maria PedroPró-reitor de Pesquisa: Jamil AssreuyPró-reitor de Extensão: Edison da RosaPró-reitor de Planejamento e Orçamento: Beatriz Augusto de Paiva Pró-reitor de Administração: Antônio Carlos Montezuma BritoPró-reitora de Assuntos Estudantis: Lauro Francisco Mattei Diretor do Centro de Comunicação e Expressão: Felício Wessling MargottiDiretor do Centro de Ciências da Educação: Nestor Manoel Habkost

Curso de Licenciatura em Letras-Espanhol na Modalidade a DistânciaDiretor Unidade de Ensino: Felício Wessling MargottiChefe do Departamento: Silvana de GaspariCoordenadoras de Curso: Vera Regina de Aquino Vieira Maria José Damiani Costa Coordenadora de Tutoria: Raquel Carolina Souza Ferraz D’Ely

Projeto Gráfico

Coordenação: Luiz Salomão Ribas GomezEquipe: Gabriela Medved Vieira Pricila Cristina da SilvaAdaptação: Laura Martins Rodrigues

Comissão Editorial

Adriana Kuerten DellagnelloMaria José Damiani CostaMeta Elisabeth ZipserVera Regina de Aquino VieiraLiliana Reales

Page 4: Introdução à Educação a Distância

Equipe de Desenvolvimento de Materiais

Laboratório de Novas Tecnologias - LANTEC/CEDCoordenação Geral: Andrea LapaCoordenação Pedagógica: Roseli Zen Cerny

Produção Gráfica e HipermídiaDesign Gráfico e Editorial: Ana Clara Miranda Gern; Kelly Cristine SuzukiCoordenação: Juliana Cristina Faggion BergmannSupervisão: Thiago Rocha Oliveira, Laura Martins RodriguesAdaptação do Projeto Gráfico: Laura Martins Rodrigues, Thiago Rocha OliveiraDiagramação: Maiara Ornellas Ariño, Thiago Rocha Oliveira, Thiago F. VictorinoFiguras: Gustavo Barbosa Apocalypse de MelloCapa: Gustavo Barbosa Apocalypse de MelloRevisão gramatical: Mirna SaidyDesign InstrucionalSupervisão: Vanessa Gonzaga Nunes Designer Instrucional: Maria Luiza Rosa Barbosa

2º edição (2011)/ 3º edição (2014)

Laboratório Multimídia/CCE - Material Impresso e Hipermídia

Coordenação: Ane GirondiDiagramação: Letícia Beatriz Folster, Grasiele Fernandes HoffmannSupervisão do AVEA: Maíra Tonelli SantosDesign Instrucional: Paula Balbis GarciaRevisão: Rosangela Santos de SouzaRevisão ABNT: Juliana de Abreu

Copyright@2014, Universidade Federal de Santa Catarina/LLV/CCE/UFSC. Nenhuma parte deste material poderá ser comercializada, reproduzida, transmitida e gravada sem a prévia autorização, por escrito, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Ficha catalográfica

Catalogação na fonte elaborada na DECTI da BU/UFSC

H118p Hack, Josias Ricardo 1. período : introdução à educação a distância / Josias Ricardo Hack. Florianópolis : UFSC/CCE/DLLE, c2014. 136 p. : il., grafs., tabs.

Inclui bibliografia. Licenciatura em Letras, Português na Modalidade à Distância. ISBN 978-85-61483-86-9

1. Ensino a distância. 2. Tecnologia educacional. I. Título.

CDU: 37.018.43

Page 5: Introdução à Educação a Distância

Sumário

Unidade A - A Educação a Distância em detalhes ........................................................... 11

Introdução ........................................................................13

1 Definições e características da EaD ...............................................................................15

2 O ensino superior a distância no mundo .....................212.1 A experiência da África do Sul ........................................................222.2 A proposta dos Estados Unidos ....................................................252.3 O investimento alemão em EaD no ensino superior ..............282.4 As estratégias da University of the Air no Japão ........................302.5 A experiência consorciada de universidades canadenses ...312.6 O ensino superior a distância via internet na Espanha .........33

3 O ensino superior a distância no Brasil .......................373.1 A Universidade Aberta do Brasil (UAB) ........................................39Sugestão de leitura.................................................................................... 48

Unidade B - A comunicação educativa a distância .......................................................... 49

Introdução ........................................................................51

4 Múltiplas tecnologias em processos educativos ...........534.1 Reflexões sobre diferentes tecnologias no contexto educacional brasileiro ..............................................................................54

Page 6: Introdução à Educação a Distância

5 A construção do conhecimento a distância .................71

6 Comunicação dialógica na EaD ...................................77Sugestão de leitura.................................................................................... 83

Unidade C - O processo de ensinar e aprender na EaD ............................................ 85

Introdução ........................................................................87

7 Autonomia, cooperação e afetividade na EaD .............897.1 Autonomia e cooperação .................................................................977.2 Afetividade .........................................................................................104

8 Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem ...........1138.1 A linguagem hipertextual no AVEA ...........................................1168.2 Recursos dinamizadores em um AVEA .....................................117

9 Organização do cotidiano de estudos na EaD ...........121Sugestão de leitura..................................................................................128

Considerações finais .......................................................129

Referências ......................................................................131

Page 7: Introdução à Educação a Distância

Apresentação

Iniciar sua graduação na modalidade de Educação a Distância exigirá alguns

conhecimentos e habilidades específicos, e o presente livro pretende ser uma

Introdução à Educação a Distância. Então, seja muito bem-vindo à experiência

de construção do conhecimento de forma autônoma e cooperativa, em um

processo de comunicação educativa com múltiplas tecnologias!

Nosso objetivo central com essa obra é proporcionar o contato com

importantes fundamentos, definições, características e curiosidades

históricas sobre a Educação a Distância no Brasil e no mundo. Para tanto,

apresentaremos conceitos e informações que o acompanharão durante

toda a sua graduação.

Em muitos momentos faremos uma retrospectiva histórica sobre o

uso de múltiplas tecnologias no processo educacional e a respeito de

experiências nacionais e internacionais de Educação a Distância no Brasil.

Nosso intuito é colocá-lo em contato com estratégias diferenciadas de

ensinar e aprender a distância.

Aqui, você perceberá que nossa compreensão sobre a construção do

conhecimento a distância está intimamente ligada à utilização crítica e criativa

da tecnologia em ambientes escolares. Algo que também se ancora em um

processo de ensino e aprendizagem que pretende promover a emancipação

dos estudantes.

Quando você concluir a disciplina, palavras como autonomia, cooperação

e afetividade, no contexto educacional mediado por tecnologias, farão

parte de seu vocabulário. Afinal, você será constantemente motivado a

pensar sobre como organizar sua vida acadêmica e seu cotidiano, para

potencializar sua formação de forma continuada.

Cada final de Unidade apresentará a “Sugestão de leitura” que contém dicas

de leitura, selecionadas dentre as obras que nos inspiraram durante a escrita

do livro. Você poderá consultá-las a fim de aprofundar seu conhecimento

sobre as temáticas.

Page 8: Introdução à Educação a Distância

Perceba que são muitos desafios! Mas você não está sozinho! Ao longo

da disciplina, ficará claro quem são os envolvidos com o curso e como

você pode trabalhar cooperativamente na Educação a Distância. Essa

disciplina foi, por isso, escolhida para introduzir seu curso de graduação.

Entendemos, todavia, que este livro é apenas uma das ferramentas

didáticas de sua Introdução à Educação a Distância. Seu estudo também se

dará nas discussões dos encontros presenciais, durante videoconferências,

no acesso a outros materiais audiovisuais e nas atividades disponibilizadas

no ambiente virtual de ensino e aprendizagem.

Para encerrar nossa apresentação, gostaríamos de sugerir que você

organizasse seu estudo da seguinte forma:

• Leia as unidades pausadamente. Faça paradas ao final de cada

capítulo ou seção e aprofunde as reflexões propostas;

• Realize as tarefas práticas, as atividades e os exercícios propostos

para as três unidades, mesmo que não sejam de caráter obrigatório;

• Busque leituras complementares em outros materiais impressos ou

virtuais (livros, revistas, materiais da internet) e partilhe o resultado

de seus aprofundamentos com a equipe docente e com os colegas;

• Assista a audiovisuais (filmes, videoaulas, videoconferências) que

possam exemplificar com outras palavras e ilustrações as temáticas

que não ficaram claras;

• Participe intensamente do curso, envolvendo-se em uma

comunicação educativa dialógica com a equipe docente e com

os colegas. Envolva-se verdadeiramente em fóruns de discussão

virtual, participe de bate-papos, enfim, interaja;

• Execute com zelo todas as atividades planejadas pela equipe

docente para o curso.

Nas páginas seguintes, você entenderá, com detalhes, as características dos diferentes

materiais didáticos utiliza-dos no processo de ensino e

aprendizagem a distância.

Page 9: Introdução à Educação a Distância

Agora, elabore sua agenda de estudos, escolha um local agradável e inicie

o processo de aprendizagem! Quando precisar de ajuda ou de um compa-

nheiro para partilhar suas experiências e conquistas, entre em contato com

a equipe docente.

Vamos aos Estudos!

Prof. Josias Ricardo Hack

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Unidade AA Educação a Distância em detalhes

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Introdução

Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobrea Educação a Distância? Está em um local agradável e propício àaprendizagem?

A Unidade A do livro Introdução à Educação a Distânciaproporcionará o contato com importantes fundamentos, definições,característicasecuriosidadeshistóricassobreaEducaçãoaDistâncianoBrasilenomundo.Asinformaçõestalvezrepresentemnovidadesparavocê.Então,procurecontextualizarasdiscussõesdentrodesuaprópriarealidadeformandogruposdeestudoparaaprofundarasanálises.

AprimeirapartedaUnidadeAtraráasdefiniçõesecaracterísticasdaEducaçãoaDistância,queapartirdeagorachamaremosapenasdeEaD.Osconceitosaosquaisvocêteráacessosãobastantedifundidos,e entendemos ser de suma importância apresentá-los, pois oacompanharãodurantetodooprocessodeformaçãoadistância,desdeseuprimeirodiadeaulaatésuaformatura.Perceba,então,comoessadisciplinaéimportante!

Dando sequência à sua leitura, você encontraráumhistóricodaEaD nomundo e no Brasil.Nosso objetivo é demonstrar estratégiasdiferenciadasdeensinareaprenderadistância.Nãoesqueça:abusedasanotaçõesedoscomentáriossobreotexto.Paraisso,utilizeosespaçosdisponíveisnoprópriolivroouelaboreumresumo.Depois,umaboaestratégia para fixar os conteúdos estudados é compartilhar as suasanotações,questionamentoseconquistascomoscolegas,tutoresecomoprofessordadisciplina.

Boaleitura!

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Definições e características da EaD

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Capítulo 01

1 Definições e características

da EaD

AbuscadaorigemdaexpressãoEaDnoslevaaumdospioneirosnoestudodatemática,oeducadorsuecoBörjeHolmberg,queconfessoua Niskier (2000) ter ouvido a expressão na universidade alemã deTübingen. Para Holmberg (apud NISKIER, 2000), em vez de citar“estudoporcorrespondência”,osalemãesusavamostermos Fernstudium(EducaçãoaDistância)ouFernunterricht (EnsinoaDistância).Niskier(2000)aindadestacaqueomundoinglêsconheceuaexpressãoapartirdeDesmondKeeganeCharlesWedemeyer.

ParaAretio(1996),estudiosoespanholdaEaD,apesardeexistiremdiferentes denominações para a modalidade, atualmente se aceita,de forma generalizada, o nomedeEducação aDistância. Inclusive oorganismomundialqueagrupaasinstituiçõesdeEaD,denominadodesdeasuafundaçãoem1938comoInternational Council for Correspondence Education (ICCE) – Conselho Internacional de Educação por Cor-respondência–,trocouseunomena12ªConferênciaMundial,noanode 1982, para International Council for Distance Education (ICDE) –ConselhoInternacionaldeEducaçãoaDistância.Omesmoautor(1997,p.15)defineaterminologiadaseguinteforma:

Podríamos, por tanto, definirla como un sistema tecnológico de

comunicación bidireccional, que puede ser masivo y que sustituye la

interacción personal en el aula de formador y alumno como medio

preferente de enseñanza, por la acción sistemática y conjunta de

diversos recursos didácticos y el apoyo de una organización y tutoría,

que propician el aprendizaje independiente y flexible de los estudiantes.

Es decir, en esta modalidad de enseñanza no existe una dependencia y

supervisión directa y sistemática del formador, aunque el estudiante se

beneficia del apoyo de una organización de asistencia que se encarga

de diseñar los materiales (impresos, audiovisuales, informáticos...),

Como mencionamos ante-riormente, daqui para frente utilizaremos apenas a sigla EaD sempre que quisermos nos referir à Educação a Distância.

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Introdução à Educação a Distância

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elaborarlos, producirlos y distribuirlos y guiar el aprendizaje de los

alumnos mediante las diversas formas de tutoría existentes (presencial,

postal, telefónica, informática...), que garantiza una fluida comunicación

bidireccional, en contra de la, supuesta por algunos, comunicación en

un solo sentido.

No Brasil, oDecreto nº 2.494 da Presidência da República, queregulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional(LDB),destacaemseuprimeiroartigoque

Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita

a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos

sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de

informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos

diversos meios de comunicação. (BRASIL, 1998, não paginado).

UmgrupointerinstitucionaldepesquisadoresemEaDdoCanadáobservou que os modelos conhecidos possuem todos o mesmo

As palavras sublinhadas, na citação da página anterior, sãodestaque do próprio Aretio, e a tradução livre do texto emespanhol é: “Poderia, portanto, ser descrita como um sistematecnológicodecomunicaçãobidirecional,quepodesermassivoequedesviadasaladeaulaapreferênciadainteraçãoentredocenteseestudantes,pelaaçãosistemáticaeconjuntadediversosrecursoseducacionaisedeapoiodeumaorganizaçãotutorialqueincentivaaaprendizagem independenteeflexíveldosalunos. Istoé,nestamodalidade de ensino não há dependência direta e supervisãosistemáticadodocente,masoalunorecebeoapoiodeumaequipemultidisciplinarqueéresponsávelpeloplanejamentodomaterial,seu desenvolvimento, produção e distribuição, além de guiar aaprendizagemdosestudantesatravésdasdiversasformasexistentesdetutoria,quegaranteumacomunicaçãofluidaemduasvias,aocontráriodacomunicaçãodesentidoúnico,supostaporalguns”.

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Definições e características da EaD

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Capítulo 01

alvo: facilitar o acesso ao saber para um número maior de pessoas,privilegiando,paraisso,caminhosdeaprendizagemqueaproximemoconhecimentodosaprendizes.Seriaumamaneiradefacilitareflexibilizaro acesso ao saber, favorecendo a contextualização e a diversificaçãodas interações(DESCHÊNES,1998).Emoutraspalavras,aEaDseriauma formadeensinareaprenderqueproporcionaaoalunoquenãopossuicondiçõesdecomparecerdiariamenteàescolaaoportunidadedeadquirirosconteúdosquesãorepassadosaosestudantesdaeducaçãopresencial.Umamodalidadequepossibilitaaeliminaçãodedistânciasgeográficasetemporaisaoproporcionaraoalunoaorganizaçãodoseutempoelocaldeestudos.

Ao ressaltar a importância desta modalidade de educação, opesquisadorbrasileiroPedroDemofazumadistinçãoentreostermosEnsinoeEducaçãoaDistância:

A educação à distância será parte natural do futuro da escola e da

universidade. Valerá ainda o uso do correio, mas parece definitivo

que o meio eletrônico dominará a cena. Para se falar em educação

à distância é mister superar o mero ensino e a mera ilustração. Talvez

fosse o caso distinguir os momentos, sem dicotomia. Ensino à distância

é uma proposta para socializar informação, transmitindo-a de maneira

mais hábil possível. Educação à distância, por sua vez, exige aprender

a aprender, elaboração e conseqüente avaliação. Pode até conferir

diploma ou certificado, prevendo momentos presenciais de avaliação.

(DEMO, 1994, p. 60).

Então, por considerarmos a definição de Educação a DistânciamaisabrangentedoqueEnsino aDistância,ao implicarnãosomentea transmissão de informação, mas também o processo permanentedeconstruçãoeavaliaçãodoconhecimentoadquirido,doravanteserápresumidatalnomenclaturaquandoutilizarmosasiglaEaD.OtermoEnsino a Distância seráusadounicamenteonde for indispensávelemfunçãodocontextoouemcasosdecitaçãoliteraldealgumautor.

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Introdução à Educação a Distância

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Não aceitaremos aqui a definição de EaD como uma educaçãodistante,emqueoalunoestejaisolado,poisentendemosquesemanteráainteratividadeconstantecomoscolegas,tutoreseprofessores,emumprocessode comunicaçãodialógica.Mesmoque sejapossível ensinara distância e considerar o aluno um mero receptor das mensagenseducativas,ratificamosoentendimentodeAretio(1996,p.47)dequepara existir educação deve se estabelecer comunicação completa, demãodupla,comapossibilidadedefeedbackentredocenteediscente:“Laposibilidaddediálogoesconsustancialalprocesodeoptimizaciónquecomportaelhacereducativo”.

Em nossas reflexões também entenderemos a EaD comoconscientizaçãoepráxissocial,naperspectivadoeducadorbrasileiro,derenomeinternacional,PauloFreire:ummomentodereflexãorigorosaecoletivasobrearealidadeemquesevive,deondeemergiráoprojetodeaçãoaserexecutado.Umacompreensãodeeducaçãocomoumprocessopermanente,porqueaaçãodepoisdeexecutadadeveránovamenteserdiscutida,dondesurgiráumnovoprojeto,umanovareflexãoe,assim,ininterruptamente.NaspalavrasdeFreire(1979,p.78),

A “educação como prática da liberdade” não é transferência ou a trans-

missão do saber nem da cultura; não é a extensão de conhecimentos

técnicos; não é o ato de depositar informes ou fatos nos educandos; não

é a “perpetuação dos valores de uma cultura dada”; não é o “esforço de

adaptação do educando a seu meio”.

Para nós, a “educação como prática da liberdade” é, sobretudo e antes

de tudo, uma situação verdadeiramente gnosiológica. Aquela em que

AEaDseráentendida,portanto,comoumamodalidadederealizaroprocessodeconstruçãodoconhecimentodeformacrítica,criativaecontextualizada,nomomentoemqueoencontropresencialdoeducador e do educando não ocorrer, promovendo-se, então, acomunicaçãoeducativaatravésdemúltiplastecnologias.Feedback

Palavra em inglês que significa “realimentação”.

É como se fosse um processo de conferência

da informação, em que o emissor busca certificar-se de que a mensagem

foi codificada por ele e decodificada pelo

interlocutor da forma desejada. Para Berlo (1999),

é um “bom” efeito na comunicação humana, pois,

ao se comunicar, a pessoa constantemente procura o

feedback.

A tradução livre da frase em espanhol é: “a possibilidade de diálogo é consubstancial ao processo de otimização

que comporta o fazer educativo”.

Práxis

O termo práxis é definido por Aranha (1996, p. 22) como: “união dialética da teoria e

da prática”, em que dialética é entendida como “a relação entre teoria e prática porque não existe anterioridade nem

superioridade entre uma e outra, mas sim reciprocidade.

Ou seja, uma não pode ser compreendida sem a outra,

pois ambas se encontram numa constante relação de

troca mútua”.

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Definições e características da EaD

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Capítulo 01

o ato cognoscente não termina no objeto cognoscível, visto que se co-

munica a outros sujeitos, igualmente cognoscentes.

Combasenaabordagem construtivista,entenderemosaEaDcomoumaprática educativaquebusca aproximaro saberdo aprendiz.Ouseja, o conhecimento é construído pelo aprendiz em cada uma dassituaçõesemqueeleestáutilizadoouexperimentado.Umdosaspectosimportantes do construtivismo está no fato de que a realidade podeser abordada sob várias perspectivas para possibilitar ao aprendiz aapropriação de tal realidade, segundo as diversas óticas sob as quaiselapodeserconsiderada.Assim,osprocessoseosresultadosdeumapráticaconstrutivistasãodiferentesdeumindivíduoedeumcontextoa outro, pois a aprendizagemacontecepela interaçãoqueo aprendizestabeleceentreosdiversoscomponentesdoseumeioambiente.

AindaqueremosadicionarànossadefiniçãodeEaDacompreensãoqueencontramosemVygotsky(1993,1998)dequeainteraçãosocialé imprescindível para a aprendizagem e o desenvolvimento do serhumano. Em outras palavras: as pessoas adquirem novos saberes apartirde suasvárias relaçõescomomeio.Naconcepçãodoautor,amediaçãoéprimordialnaconstruçãodoconhecimentoeocorre,entreoutras formas, pela linguagem.Assim, a singularidade do indivíduocomosujeitosócio-históricoseconstituiemsuasrelaçõesnasociedade,eomododepensarouagirdaspessoasdependedeinteraçõessociaiseculturaiscomoambiente.

O construtivismo é uma teoria do conhecimento que tem sua fundamentação no contexto em que a aprendi-zagem acontece. Em síntese, para a proposta construti-vista, o conhecimento nunca está pronto ou finalizado, pois ele se constrói continua-mente, em um processo dia-lético. Volte no comentário anterior, se você ainda não entendeu o significado da palavra dialética. O construti-vismo tem sua base principal-mente nos estudos de Jean Piaget e Lev Vygotsky.

Também chamaremos a mediação na EaD por comunicaçãoeducativa.Aoauxiliaroalunonaconstruçãodoconhecimentopelacomunicaçãodialógicacomousodemúltiplasmídias,odocenteestá fazendo a mediação do conhecimento. Para tanto, podemser utilizadas ferramentas tecnológicas que auxiliemo alunonaconstruçãodoconhecimentopelacomunicaçãodialógica.

Page 20: Introdução à Educação a Distância

Introdução à Educação a Distância

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Na EaD, o docente tem papel imprescindível na comunicaçãoeducativa que se estabelece no processo de ensino e aprendizagem adistância,poiselecooperacomoalunoaoformularproblemas,provocarinterrogaçõesouincentivaraformaçãodeequipesdeestudo.Odocentesetornamemóriavivadeumaeducaçãoquevalorizaepossibilitaodiálogoentre culturas e gerações (MARTIN-BARBERO, 1997). Ao mediara construção do conhecimento, com o uso de múltiplas tecnologiassemmuitas vezes poder visualizar, ouvir as palavras nem perceber asreações imediatas do interlocutor, o docente precisa potencializar osprocessoscomunicacionaisparaquehajadialogicidade,cumplicidadeeafetividadeentreosenvolvidos.Tais formasde lidarcomaconstruçãodoconhecimentoeseusdesdobramentosexigemmetodologiaseaçõesdiferenciadas,quesãoinéditasparaalgumaspessoas.Porisso,apesardemuitosdocentescompreenderemaimportânciadosmeiosdecomunicaçãoe dasmúltiplas tecnologias na história social contemporânea, ainda énecessáriopotencializardeterminadasmediaçõesqueacontecemcomousodediferentestecnologiasnocontextoeducativoadistância.

Por fim, concordamos com Vigneron ao enunciar que não hápossibilidadedeconcretizarumaexperiênciadeEaDnoensinosuperiorseacriatividadenãoestivernopoderafimdeinstituirosmodelos.OautorjádestacavaemseusprimeirostextossobreEaDquepensarnoensinosuperioradistância,alémdeumapropostaaotrabalhadorqueestuda,“[...]éacreditaremnovaspossibilidades,emnovosconteúdos,novosprocedimentosenovosrecursos.Éacreditarnopoderenovalordosmass-media”(VIGNERON,1986,p.358-359).

Outros apontamentos poderiam ser destacados,mas nosso intuito,noprimeirocapítulodaUnidadeA,foiapresentarumabrevedefiniçãoecaracterizaçãodaEaD,queservissecomoprelúdioparaasreflexõesqueseseguirão.Porisso,daquiparafrente,lembre-sedequenossoentendimentosobreEaDpartedeumavisãodeeducaçãocomoumprocessoculturaldeconstruçãodoconhecimento,comousodemúltiplastecnologiasetambémcomo“práticadaliberdade”(FREIRE,1979).Algoqueestáintimamentevinculadoàapropriaçãocrítica,criativaecontextualizadadoconhecimento.Aquelaqueimpeleoalunoaseenvolvernaaprendizagem a distância.

Quando utilizarmos a pala-vra docente em nosso texto,

estaremos nos referindo às pessoas responsáveis pelo

ensino na EaD, quais sejam: professores e tutores, que

podem estar em contato com os alunos presencialmente ou

virtualmente.

Mass-media

A palavra em inglês mass media é uma forma utilizada

por alguns autores para se referir ao conceito de meios de comunicação de massa. Alguns exemplos de meios de comunicação de massa:

cinema, jornal, revista, rádio, televisão, etc.

Sabemos que você foi apresentado a inúmeros conceitos nessas poucas

páginas introdutórias. Mas não se preocupe! Tais conceitos voltarão à tona

novamente, e teremos a oportunidade de aprofundá-

los.

Page 21: Introdução à Educação a Distância

O ensino superior a distância no mundo

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Capítulo 02

2 O ensino superior a distância

no mundo

Podemos dizer que o ensino superior a distância é uma práticaaindarecente,secomparadaàsuniversidadespresenciais.Ospaísespas-saramainvestirnaEaDsomentequandoaconteceramobarateamentoearegularizaçãodosserviçospostais,aproximadamentenoanode1840,quandofoilançado,naInglaterra,oprimeiroselodahistóriadocorreio.Naoportunidade,inclusive,estabeleceu-seumatarifaúnicaparatodooterritóriobritânico.

Dadoopassoinicialquepossibilitouoenviodecorrespondências,começarama surgir experiências comcursosde extensão adistâncianos Estados Unidos, na Austrália e no Canadá. Quanto aos cursosde graduação por correspondência, o ponto de partida foi o final dadécadade1920,naantigaUniãodasRepúblicasSocialistasSoviéticasenaÁfricadoSul(RUMBLE,2000).Atualmente,oensinosuperioradistânciaestábemdifundidomundialmente,eexistemgrandescentroslocalizadosemtodososcontinentes.

Na sequência, destacaremos sete países e suas experiênciasinternacionaisdeensinosuperiorexclusivamenteadistância.Ospaísesforamescolhidosporsecaracterizaremcomoprecursoresnosestudosdaárea,aoutilizaremdiferentesmétodosetecnologiasnoprocessodeensinoeaprendizagemadistância.Aanáliseque faremosdaatuaçãoque aÁfrica do Sul, a Inglaterra, os EstadosUnidos, aAlemanha, oJapão,oCanadáeaEspanhativerametêmnaEaDseráemsuamaioriareferenciadaemdoisestudos:Peters(2001)eHack(2009).

Importa salientar que a escolha da obra dePeters para basear aexplanaçãosobreasexperiênciasqueserãoapresentadasdeve-seaograndeenvolvimentodoautorcomaEaD.OprofessorOttoPeters

Page 22: Introdução à Educação a Distância

Introdução à Educação a Distância

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2.1 A experiência da África do Sul

AÁfricadoSuléopaísondeencontramosainstituiçãoqueatuahámaistempoexclusivamentecomoensinosuperioradistânciaeatéoiníciodadécadade1970eraaúnicauniversidadeadistânciaautônoma.A instituição leva o nome do seu país, University of South Africa, efuncionadesde1946,antesmesmoqueseestabelecessemasdiscussõessobre a EaD no ensino superior com o emprego demídias, como orádio e a TV, bem como do computador na educação. Sua tradiçãoe confiabilidade seoriginamdaUniversity of the Cape of Good Hope,fundadaem1873,queapenasrealizavaexames.

AestratégiametodológicadeensinonaUniversity of South Africaestá baseada em cursos pelos quais são responsáveis exclusivamenteosrespectivosprofessores,quefazemaredaçãodasinstruçõesparaoestudoeascartasdeaconselhamento,utilizadasgeralmenteparaindicaraspartesaseremlidasnasobrasselecionadas.Emcadacursoexistemtarefas a serem executadas, para então serem corrigidas, avaliadas ecomentadas pelo docente. Caso os estudantes necessitem de auxílionoestudo,elespodemprocurarosdocentesnocampus,nacidadedePretória, bemcomopodemcontatá-lospor telefoneoupor carta.Os

fundou a primeira universidade a distância da Alemanha,Fernuniversität,bemcomofoioseuprimeiroreitor.OsestudosdePeterssobreaEaDnaAlemanhaenomundoiniciaramem1963.Eleéautordediversosartigos,capítuloselivrossobreatemática.VocêpodeencontrarareferênciabibliográficadeumaimportanteobradePetersnofinaldenossolivro.

Sobreasegundaobra:em2009foipublicadoumlivrodeminhaautoriasobreGestãodaEducaçãoaDistância.No textoabordo,entre outras coisas, algumas experiências de gerenciamento deinstituições de EaD nomundo. Tal relato se originou demeusestudosduranteodoutoramento.

Page 23: Introdução à Educação a Distância

O ensino superior a distância no mundo

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Capítulo 02

examespodemserrealizadosem400centrosdeapoiodauniversidade,espalhadospelopaís(HACK,2009).

AsetapasutilizadaspelosdocentesnaconduçãodeumcursonaUniversity of South Africasãocompostas,segundoPeters(2001),de:

• redaçãodomaterialparaocurso;

• correçãodastarefasenviadas;

• compilaçãodastarefasparaexame;

• atribuiçãodenotaaostrabalhosdeexame;

• prestaçãodeassistênciaeaconselhamentoaosalunos;

• mediaçãodegruposdediscussão.

Comopodemosobservar,dosaspectosdestacadosanteriormente,trêsestãointimamenteligadosàsestratégiascomunicacionaisutilizadaspelodocentenacomunicaçãoeducativacomoestudante,quaissejam:

• a redação domaterial para o curso – que exige do professora habilidade comunicacional escrita, para o planejamento e aproduçãodemateriaisautoinstrutivos;

• o aconselhamento e a assistência – que trazem à tona aimportânciadacapacidadedeconduzirdemaneiradiplomáticaacomunicaçãointerpessoalentreosenvolvidosnoprocessodeensinoeaprendizagemadistância;

• amediaçãodegruposdediscussão–queenvolveahabilidadedeadministrar,conduziresintetizarosapontamentos levantadospelaequipe(HACK,2009).

Page 24: Introdução à Educação a Distância

Introdução à Educação a Distância

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AprocurapelaOpen University foigrande,desdesua fundação:no primeiro ano se admitiram 24 mil estudantes, e o número decandidatoseramaiorqueonúmerodevagas.NoiníciodoséculoXXI,30 anos após a fundação da universidade, havia 210mil estudantesmatriculados(HACK,2009).

AsduassituaçõesdeensinoeaprendizagemquepodemocorrernaOpen UniversitysãocaracterizadasporPeters(2001)como:

• oensinoquevisaaumaconclusão(porexemplo,asgradu-ações),que está baseado em cursos de EaD estruturados, planejadose desenvolvidos por equipes multidisciplinares formadas pordocentes,cientistaseespecialistasemtecnologia.Asunidadesdeestudopodemsertransmissõeseducativasnatelevisão,norádioounoformatodevídeoeáudio.Emtaiscursosoestudantetemumtutorqueoacompanha,dirigeasatividadespresenciaisemantémcomunicaçãoconstanteporcartaouportelefone.Aorganizaçãodoestudocontaaindacomaparticipaçãoobrigatóriaemencontrospresenciais que reúnemdocentes e discentes por cerca de umasemananocampusdeumauniversidade.Emsíntese,sãooscursosregularesdeEaD,emqueoprocessodeensinoeaprendizagemconsistenotrabalhopessoalcomomaterialimpressoeprogramasveiculados pormúltiplasmídias, bem como a participação emfasespresenciaisnoscentrosdeestudoeaconselhamento;

• os cursos de extensão, que introduziram o trabalho compacotes de estudo commaterial de trabalho em áudio, vídeo

Peters (2001) destaca que a University of South Africa foio lugar onde houve maior amadurecimento do estudo porcorrespondência, a pontode alcançarummétodo aceitável pelacomunidadeinternacional.Aconcepçãoeasestratégiasdeestudopor correspondência ainda determinavam a estrutura didáticae as práticas comunicacionais a distância da universidade até omomentoemqueseescreviaopresentelivro–anode2010.

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Capítulo 02

e, se necessário, softwares didáticos. Nos cursos de extensão,osestudantes têma tarefade trabalharopacotedidático sema assessoriade tutores,maspodem formar gruposde estudo.As possibilidades de uma elaboração autônoma do processodeaprendizagemsãomaiores,os cursosnão seestendempormuitotempoeseconcentramnumtemaespecífico.

A partir dos destaques anteriores, podemos concluir que ascaracterísticasnecessáriasaosenvolvidoscomoprocessodeconstruçãodo conhecimento a distância na Open University são: a) espíritocolaborativo,paraatuarcomequipesmultidisciplinaresquepreparamos materiais do curso; b) habilidade de comunicação dialógica viatecnologias,parapotencializarasestratégiasutilizadasparasocializaçãoediscussãodeconteúdos;ec)capacidadeadministrativaeorganizativa,paragerenciarasatividadesacadêmicas(HACK,2009).

2.2 A proposta dos Estados Unidos

OMinistériodaEducaçãodoestadodeNovaIorque,nosEstadosUnidos, fundouoEmpire State Collegenoanode1971.O intuitoeraampliar o acesso ao ensino superior, principalmente aos adultosprofissionalmenteativos,donasdecasaemembrosdeminoriasétnicas.A organização da universidade levou em conta as circunstâncias eexigênciasdosfuturosalunos:comoosalunosestudariamemcasaeemseuslocaisdetrabalho,nãofoiprevistoumcampusparaainstituição,porémforaminstalados26centrosdeapoionoestadodeNovaIorque.

O desafio eramotivar o estudante à aprendizagem autônoma. Atarefaseriaassumidaporprofessoresemonitores,queseadequariamàs situações iniciais e necessidades dos estudantes. Como conse-quência,odiálogosetornouoprincipal fundamentodoprocessodeensinoeaprendizagemnoEmpire State College,criando-seumaestruturadeaconselhamentoeajudanoestudoautodirigido.

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A estrutura da instituição funciona a partir de um contrato as-sinadopeloalunoquandoingressanauniversidade.Odocumentovisagarantiraadesãodoestudanteeoenvolvecomumdocente.Ocontratocompromete as partes com serviços detalhadamente descritos: “[...]o estudante com a elaboração autônoma de determinadas tarefas, odocentecomoaconselhamentoeaassistênciaregulares,eauniversidadecomoreconhecimentodecréditos,seastarefasdeestudodeterminadasforemcomprovadamenterealizadas”(PETERS,2001,p.348).

Como estamos muito acostumados ao ensino expositivo e àaprendizagem receptiva, a proposta de estudar de forma autônomaencontracertasresistênciaseimplicamodificaçõesnocomportamentode docentes e alunos. Como se trata de uma realidade desafiante aocontextobrasileiroequeinteressamuitoavocê,queingressaagoraemumaexperiênciadeEaD,aseguirdestacaremosumpanoramadecomoocorreaexperiênciadeestudoautônomonoEmpire State College.

Peters(2001),ratificadoporHack(2009),identificaalgumasfasesseguidas no Empire State College para a execução bem-sucedida doprocessodeensinoeaprendizagemdeformaautônomaealgumasdelasinclusiveantecedemaentradadoalunonainstituição:

• aexploraçãopreparatória–queocorreduranteumdiálogoen-treoassessordeestudoseocandidatoàvagaacadêmica,quan-dosediscutemasoportunidadesdedesenvolvimentodofuturoacadêmicoparaverificaraexistênciadasqualidadesnecessáriasaoestudoautônomoporcontrato;

• aorientação–queacontecenomomentoemqueoscandidatosparticipamdeumseminárioparaconhecerauniversidadeeametodologiadetrabalho.Aomesmotempo,auniversidadetentaentenderamentalidadeeosinteressesdosfuturosalunos;

• oenquadramento–nessaetapaseverificamosconhecimentosacadêmicos preliminares ou qualificações profissionais que ocandidatojápossui,paraadaptaroplanejamentodoestudooutalvezreduzirsuaduração;

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Capítulo 02

• a confecçãodocontratode estudo–quedeverá conter: a)osobjetivosdoestudo;b)ostemascientíficosaseremtrabalhados;c)otempoprevistoparaaexecuçãodocurso;d)adescriçãodamaneiracomootrabalhodeveseravaliadoejulgado;e)umalistadebibliografia;f)osdadossobreodesempenhoqueseesperadoorientador;g)onúmerodecréditosqueserãoreconhecidosdepoisdocumprimentodocontrato,entreoutrasinformaçõespertinentes;

• aexecuçãodoestudoautônomo–queserácaracterizadapelasseguintes atividades: a) estudodabibliografia;b)participaçãoemcursosdeEaD;c)dedicaçãoaumconjuntodeatividades;d) conversas com profissionais da área; e) participação deum seminário intensivo em uma escola superior local; f)aconselhamentos regulares com o orientador ou com tutorescompetentesnaárea;

• aavaliação–otrabalhodoestudanteéavaliadocontinuamen-teduranteosaconselhamentos,enametadedocursoumaco-missão analisa se o estudo corresponde ao nível científico dauniversidade,comointuitodeperceberseocaminhotomadolevaráàgraduação.

AanáliseanteriornoslevaaperceberqueafunçãododocentenoEmpire State Collegepassaaser:

• assessoraroacadêmiconaconstruçãodoconhecimentoadis-tância;

• motivaroaluno,ouseja,seruminterlocutorpresente,quemos-trainteresseeboavontadeemauxiliar;

• intermediaraaprendizagemetodososprocessosenvolvidosnavidaacadêmica,aofazeraligaçãoentreosestudantesindividu-almenteeauniversidade.

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Em suma, tanto docentes quanto discentes se concentram nacomunicaçãointerpessoal,caracterizadapelodiálogointensivo,emqueseconstróiosaber,comaartepedagógicaeaexperiênciadevidadecadaprofessoroututor.Aquiéimportantedestacarumacaracterísticacuriosadomodelo:osprofessores somenteaconselhamapedidodosestudantes individualmente.A iniciativa é dos alunos: eles planejam,dirigemecontrolamseuestudo.

2.3 O investimento alemão em EaD no ensino superior

Em 1974, por uma lei da Assembleia Legislativa do estado daRenânia,naAlemanha,foicriadaaFernuniversität.Oobjetivoeraaliviarasuperlotaçãodasuniversidadespresenciais.AsatividadesdocentesdaFernuniversitätiniciaramem1975comfinanciamentodoEstado,comoquasetodasasuniversidadesalemãs.AmissãoqueainstituiçãorecebeudoEstadofoi:ocultivoeodesenvolvimentodasciênciaspormeiodepesquisa,ensinoeestudo.

Desde a criação daFernuniversität há uma preocupação com aspesquisasrealizadaspelosprofessoresqueatuarãonainstituição,esuasnomeações dependerão dos estudos acadêmicos que desenvolvem.Peters(2001),quefoioprimeiroreitordauniversidade,acentuaqueoscomponentesdesejáveis ao comportamentodocentepara a conduçãodoprocessodeensinoeaprendizagemadistânciasão:

• ahabilidadedeescrevermateriaisparaaEaD;

• adisponibilidadedetrabalharcomequipesmultidisciplinares,poispartedosmateriais,comosoftwaresdidáticoseoutrospro-dutosmultimídia,serãoproduzidosemcooperaçãocomoutrosprofissionais;

• acapacidadedeadministrareacompanharoprocessodeensinoeaprendizagemadistância,emconjuntocomostutores;

Estamos em um bom mo-mento para refletir sobre as

seguintes perguntas: 1) Você já pensou se tem as

características necessárias para o estudo autônomo?

2) Você consegue planejar, di-rigir e controlar seus estudos?Pense sobre isso! Na Unidade

C, aprofundaremos o assunto.

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Capítulo 02

• adinamicidadepararealizaraulaspresenciaisediasdeestudocompequenosougrandesgruposdealunos.

NaFernuniversität, o ensino acontece principalmente em cursosenviadosaosestudantesacadaduassemanas.Taiscursospossuemtextosdidáticos,conteúdosteóricos,glossáriosequestõesparaautoavaliação.Oalunotambémpodeencontrarnotasbibliográficasqueincentivamotrabalhoautônomoparaaprofundamentodas temáticas.Para realizarasprovas escritas,que sãoaplicadasnospolosdeapoiopresencial,oestudanteprecisadesenvolvermetadedastarefasquecompõemocurso.Ainstituiçãotambéminvestenacomplementaçãodoensinopormeiodeprodutosaudiovisuaiseeletrônicos,como:a)programasregularesnatelevisão;b)softwaresdidáticos;c)arquivosdidáticosemCDeDVD.AFernuniversitättambémpossibilitaarealizaçãodeatividadespresenciais,comosemináriosediasdeestudosobaorientaçãodeprofessores.Essasatividadespodemacontecertantonocampusdauniversidade,quantonoscentrosdeapoioouemoutrosambientes(PETERS,2001).

PraticamentetodososcomponentesdesejáveisaocomportamentodocenteediscentenaFernuniversitätsevinculamahabilidadesparaacomunicaçãoeducativadoconhecimentoadistância.Por isso,entendemosserimperiosaaformaçãocontinuadadosenvolvidosnoprocessodeensinoeaprendizagem,paraquesealcanceumautilizaçãopotencializadadasmúltiplastecnologiasdisponíveisnaconstruçãodoconhecimentoadistância.Afinal,alémdaformaçãoparaomanuseiodeinstrumentoscomputacionaisquepossibilitemaconfecçãodeprodutoseducativose/ousuautilização,odocentee o discente precisarão aprender diferentes estratégias para aotimizaçãodacomunicaçãoeducativadialógica(HACK,2009).

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2.4 As estratégias da University of the Air no Japão

O governo japonês fundou a University of the Air no ano de1983, comos seguintes objetivos: 1) desenvolver uma escola superiorque estimulasse o aprendizado permanente, flexível e para todos; 2)possibilitarumaoportunidade aos formandosdas escolas secundáriasquenãoforamadmitidosemuniversidadespresenciais;e3)desenvolverumaformaçãoacadêmicaquecorrespondesseàsexigênciasdaatualidadeepromovesseoprogressodapesquisaedastécnicasdeensino–porissofoiescolhidaatelevisãocomomeioprincipaldedifusão(PETERS,2001).

O acesso à University of the Air não é livre, já que se exige aconclusão do ensinomédio.Contudo, aqueles quenão concluíramoensinomédiopodemseinscrevercomoestudantesespeciaise,depoisdecompletaremdezesseiscréditosnessascondições(oquecorrespondeaaproximadamenteumanodeestudo),podemefetivarsuamatrículacomoestudantedoensinosuperior.

SegundoPeters(2001),aatuaçãodeumdocentenaUniversity of the Airécompostadasseguintesações:

• oplanejamentodoscursoseapreparaçãodaspreleções,emco-laboraçãocomespecialistasdoNational Institute of Multi Media Education,queproduzosprogramastelevisivoseradiofônicos;

• aapresentaçãodaspreleçõesdiantedeumacâmeraeummicro-fone,emalgumestúdioaudiovisual;

• aredaçãodostextoscomplementareseaseleçãodasbibliogra-fiasqueservirãodesuporteàstransmissõestelevisivaseradio-fônicas;

• adireçãodeumgrupodeestudospresencialemumasalanoscentrosdeapoioespalhadospelopaís;

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Capítulo 02

• acorreçãodostrabalhosenviadospelosalunos;

• oaconselhamentodosestudantes,nasmaisdiversasetapasdeevoluçãodoprocessodeaprendizagem.

2.5 A experiência consorciada de universidades canadenses

No Canadá, existe uma experiência consorciada entreuniversidades do estado de Ontário, chamada Contact North. Oconsórcio foi criado em 1986 e objetivava: a) melhorar o acesso àuniversidade na parte norte do estado, através da EaD; b) colherexperiências paramelhorar o emprego demúltiplas tecnologias noprocessoeducacional.Comonenhumauniversidadereunia todasascaracterísticasnecessáriasesuficientesparaaconcretizaçãodoprojetoisoladamente,ogovernodeOntárioconvidouquatroinstituições,porissoumconsórcio,paraplanejaremeimplementaremoprojeto,quaissejam:Laurentius University,Lakehead University,Cambrian CollegeeConfederation College.

Comosepodeabstrairdasinformaçõesanteriores,umacaracterísticamarcantedaUniversity of the Airéautilizaçãoestratégicadorádioeda televisão.Aocontráriodeoutras instituições,comoaOpen University,ondeasprogramaçõesdidáticaspor rádioe televisãopossuem uma função complementar em relação ao materialimpresso, na University of the Air a função complementar éatribuídaaomaterial impresso.Sabemosquemuitosprofessoresnãopossuemahabilidadeparaatuarespontaneamentenafrentedeumacâmeradevídeo,mas,naUniversity of the Air,talhabilidadeérequerida.Écertoquetaldiferençaserefletetantonaestruturadidática da EaD praticada na universidade quanto na maneiracomoseensinaeseestuda(HACK,2009).

O norte do Canadá se loca-liza em uma região muito fria do planeta e sofre com baixas temperaturas que impedem as pessoas de circularem livremente durante alguns períodos do ano.

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A rede foi montada com o auxílio de diferentes tecnologias quepossibilitaram alcançar as localidades mais remotas, onde foi precisoinstalar postos de trabalho com o equipamento necessário para oprojeto. As tecnologias utilizadas pelo consórcio proporcionaram:audioconferência,conferênciaaudiográfica,videoconferênciacompactaeconferênciaporcomputador.Nasequência,explicaremoscadaestratégia.

No caso da audioconferência, a interação é de base auditiva:professores e alunos se interligam pelo telefone e desenvolvem umdiálogodidático.Naconferênciaaudiográfica,alémdapossibilidadedodiálogodidático,osestudantesdispõemdeumquadroeletrônico,noqualtambémpodemserapresentadasfiguras.Ousodavideoconferênciacompactaocorreparainteraçõesaovivo,emaulasqueinterligamváriosgruposdeestudopormeiodetelevisãoacaboouporsatélite.Nessescasos, os estudantes e docentes recebem mais informações sobre aspessoasquefalam,pelapossibilidadededirecionamentodacâmera,masperde-sequalidadedeimagemnaapresentaçãodedeterminadosobjetos,devido à utilização de vídeo comprimido, que diminui a resoluçãodasimagens.Porfim,aúltimaestratégiautilizadaéaconferênciaporcomputador:oparticipantequedispõedoequipamentopodepartilhar,individualmenteouemgrupos,informaçãosobreoprocessodeensinoe aprendizagem, e o diálogo assume o caráter de uma troca de cor-respondência(HACK,2009).

Peters(2001)caracterizaaatividadedocentenoContact Northdaseguinteforma:

• ensinonuma salade estúdio, comaqual estãoconectadosospolosdeapoioondeseencontramosestudantes;

• planejamento,preparoeexposiçãoderepresentaçõesgráficaseilustraçõesque serãoutilizadasnoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistância;

• ensino por seminário virtual, conversações individuais comgruposoucomtodososestudantesemconjunto;

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Capítulo 02

• discussãopormenorizadaeaprofundadadeperguntasemani-festaçõesdosestudantes.

Aqui consideramos relevante destacar que a saída utilizadapelo norte do Canadá para se implementar o ensino superior adistância, através do consórcioContact North, encontra ressonâncianas neces-sidades de várias universidades que estão interessadas nodesenvolvimento e no aperfeiçoamento dos processos de ensino eaprendizagem,principalmentenospaísesemdesenvolvimentocomooBrasil.Afinal,existeumdilemaasersuperado:ouasinstituiçõessesatisfazemcomsuaspropostasdeEaDacustobaixo,mastecnicamenteatrasadas e didaticamente pobres, ou desenvolvem materiaisdidaticamenteadequadosàEaDeempregammúltiplastecnologiasdeformacontextualizada,mascomgastos(financeiroseinfraestruturais)geralmenteacimadassuaspossibilidades.

2.6 O ensino superior a distância via internet na Espanha

AUniversitat Oberta de Catalunya,naEspanha,foicriadaem1995comointuitodeimpulsionaramodalidadedeensinosuperioradistânciaecomamissãodefacilitaraformaçãoaolongodavida,tendooestudantecomoocentrodoprocessodeensinoeaprendizagem.AUOCalmejaquecadapessoapossasatisfazersuasnecessidadesdeaprendizageme,paratanto,empregamúltiplastecnologiasdemaneiraintensiva.

No Brasil, algumas experiên-cias de consórcios interinsti-tucionais de ensino superior a distância já estão em andamento desde 1999. No último capítulo da Unidade A, você conhecerá o sistema Universidade Aberta do Bra-sil, uma proposta do Governo Federal, pela qual instituições públicas se reúnem de forma consorciada para a formação superior.

Emnossainterpretação,acriaçãodeconsórciosedeumtrabalhocooperativoentreasuniversidadespodeampliarconsideravelmenteo número de alunos a serem atendidos, bem como serve paraincrementaraproduçãodemateriaisdidáticosparaaEaD,devidoaoaumentodonúmerodedocentes,especialistaseprofissionaisdiversosenvolvidoscomoprojeto.

As informações sobre a Uni-versitat Oberta de Catalunya não se encontram na obra de Peters (2001), apenas em Hack (2009). Parte das infor-mações foi obtida no portal eletrônico da instituição: <www.uoc.edu/>.

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OmodeloeducativodaUOCsebaseianapersonalizaçãodoestudoe acompanhamento integral do aluno.Os interlocutores do processodeensinoeaprendizagemadistância(estudantes,docentesegestores)interagemecooperamemumambiente virtual de EaDquedenominamCampus Virtual,porissoainstituiçãoéconsideradaumauniversidadevirtual,semumcampusfísico.Acomunicaçãoentreaspartesbaseia-senainteratividadepossibilitadaprincipalmentepelainternet,atravésdoCampus Virtual,ecaracteriza-sepelomodeloassíncrono,quepermiteaoestudanteaindependênciadehorários.

OsalunosdaUOCrecebemumplanodeensinonoiníciodecadadisciplina,noqualseexplicitaametodologiadetrabalho,adistribuiçãotemporal do estudo, bem como se orienta o trabalho do estudanteduranteo semestre e se expõeo sistemadeavaliação continuada.Osdiscentes também contam com o material didático, que apresentaas propostas para a obtenção dos conhecimentos, competências ehabilidadesdecadadisciplina.Taismateriaissãoelaboradosporumaequipemultidisciplinar,compostadeprofessores,técnicoseespecialistasnosdiversoscamposdoconhecimentoedadidáticaeducativa.

NaUOC,existemdoispersonagensdocentes:

• professor-tutor: é o primeiro contato do estudante com ainstituição e serve de guia em todos os processos, desde a

Os ambientes virtuais de en-sino e aprendizagem (AVEA)

são bastante difundidos atu-almente para a realização da EaD. Na Unidade C, teremos

um capítulo especial para estudarmos as características

de um AVEA.

Valelembrarqueexistemduasformasdeserealizaracomunicaçãoeducativaadistância:1)aformasíncrona,queocorrecomsincroniadetempoentreosinterlocutores,porexemploumchatousaladebate-papo,ondeaspessoasprecisamestarconectadasaomesmotempopara interagirem; 2) a forma assíncrona, que ocorre semsincroniadetempoentreosinterlocutores,porexemplo,ofórum,onde cada participante pode postar mensagens e comentáriosàs mensagens dos outros em momentos distintos, enquanto aatividadeestiverdisponível.

O sistema de avaliação conti-nuada consiste na realização de um conjunto de atividades

que serão acompanhadas e avaliadas pelos professores

das disciplinas durante toda a execução da disciplina

ou do curso. O sistema de avaliação continuada permite

fazer um acompanhamento constante do processo de

aprendizagem e do progresso do aluno.

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O ensino superior a distância no mundo

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Capítulo 02

matrícula,conduçãodavidaacadêmicaedemaisinstâncias.Oprofessor-tutor ajuda o estudante a se adaptar à comunidadeuniversitáriavirtualeinteragecomosalunospelainternet,viaCampus Virtual;

• professor-consultor: é aquele que acompanha e avaliacontinuadamenteoprogressodaaprendizagemdosestudantesna disciplina sob sua responsabilidade.O professor-consultortambémestruturaosplanosdeensinodasdisciplinaseelaboramateriaisdidáticos,emconjuntocomaequipemultidisciplinardeespecialistas.Parainteragircomosalunosemotivá-losemsuaaprendizagem,oprofessor-consultorutilizaasferramentasdisponíveisnoCampus Virtual.

NitidamenteseobservaaimportânciadoprocessocomunicacionaldialógicoentredocentesediscentesnacomunicaçãoeducativadoconhecimentonomodelodaUOC.Algoqueressaltaanecessidadede preparação dos interlocutores à efetiva e eficiente interaçãoem ambientes virtuais de ensino e aprendizagem. Afinal, alémdeutilizarosmeiosnecessáriosparaodiálogovirtual,éprecisotambém criar estratégias que promovam a permanência e amanutençãodoritmodeestudo(HACK,2009).

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O ensino superior a distância no Brasil

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Capítulo 03

3 O ensino superior a distância

no Brasil

AaberturalegalparaoensinosuperioradistânciaaconteceunanovaLeideDiretrizeseBasesdaEducaçãoNacional(LDB),Leinº9.394,de20dedezembrode1996.EmsuasDisposiçõesGerais,Artigo80,aLDBatribuiuaoPoderPúblicoopapeldeincentivar“[...]odesenvolvimento[...]deprogramasdeensinoadistância,emtodososníveisemodalidades[...], e de educação continuada” (BRASIL, 1996, não paginado). EssaleidelegouàUniãoacompetênciaaocredenciamentodasinstituiçõesqueoferecerãoprogramasadistânciaeadefiniçãodos“[...]requisitosparaarealizaçãodeexameseregistrodediplomasrelativosacursosdeeducaçãoadistância” (BRASIL,1996,nãopaginado).Então,aLeino9.394apresentouàEaDumpontodepartidaàbuscadealternativasquetornemviáveisarealizaçãodecursosaosalunosqueresidememlocaisdistantesdasinstituiçõeseducativasouqueestãoforadosistemaregulardeensinoporalgummotivo.ALDBtambémdispôsqueaEaDdevereceber um tratamento diferenciado com “[...] custos de transmissãoreduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons eimagens[...]”(BRASIL,1996,nãopaginado).

Mesmo com a abertura proposta pela Lei nº 9.394, ainda faltavaregulamentarenormatizaroArtigo80,oqueaconteceupeloDecretonº

A caminhada brasileira no ensino superior a distância parte deuma experiência iniciada em 1998 e está conquistando espaçospaulatinamente. O primeiro curso universitário a distância emnosso país foi encabeçado pela Universidade Federal de MatoGrosso(UFMT).OprojetopioneirocriadopelaUFMTem1998visavaformarprofessoresdaredepúblicaapartirdaLicenciaturaemEducaçãoBásica,da1ªà4ªsérieadistância.

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5.622,publicadonoDiárioOficialdaUnião(DOU),de20dedezembrode2005(querevogouoDecretonº2.494,de10defevereirode1998,eoDecretonº2.561,de27deabrilde1998),epelaPortariaMinisterialnº4.361,de2004(querevogouaPortariaMinisterialnº301,de7deabrilde1998).Em3deabrilde2001,aResoluçãonº1,doConselhoNacionaldeEducação,estabeleceuasnormasparaapós-graduaçãolatoestricto sensu.

LogoqueoprocessoderegulamentaçãoenormatizaçãodaEaDnoBrasilcomeçouaocorrer,oMinistériodaEducação(MEC)produziuumdocumentoemparceriacomaSecretariadeEducaçãoaDistância(SEED),comosPadrões de Qualidade para Cursos de Graduação a Distância.Odocumentofoielaboradonosegundosemestrede1998etinhaointuitodeapresentarcritériosàsinstituiçõesquepretendiamelaborarseusprojetosdeEaD,bemcomoserviaparaascomissõesdeespecialistasanalisaremassolicitações.Nosanosde2003e2007,taldocumentorecebeurevisõesepassouasechamarReferenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância.Segundoaversãoatualizadaem2007,existemoitoreferenciaisdequalidadequeprecisamestarexpressosnoProjetoPolítico-PedagógicodoscursosnamodalidadeadistâncianoBrasil,quaissejam:

• Concepção de educação e currículo no processo de ensino eaprendizagem;

• Sistemasdecomunicação;

• Materialdidático;

• Avaliação;

• Equipemultidisciplinar;

• Infraestruturadeapoio;

• Gestãoacadêmico-administrativa;

• Sustentabilidadefinanceira(BRASIL,2007).

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O ensino superior a distância no Brasil

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Capítulo 03

Comopodemosobservar,osdocumentosqueregulamentamaEaDnoBrasildeixamexplícitoqueatuarcomessamodalidadedeensinoeaprendizageméumgrandedesafio.

3.1 A Universidade Aberta do Brasil (UAB)

Paraampliaroacessoediversificaraofertadeensinosuperioremnossopaís,noanode2005oMECcriouosistemaUniversidadeAbertadoBrasil (UAB).TendocomobaseoaprimoramentodaEaD,aUABvisa expandir e interiorizar aofertade cursospela ampla articulaçãoentreinstituiçõespúblicasdeeducaçãosuperior,estadosemunicípiosbrasileiros, para promover, através dametodologia da EaD, acesso àformaçãoespecializadaparacamadasdapopulaçãoqueestãoexcluídasdoprocessoeducacional.

AUABseorientaporcincoeixosfundamentais:

• expansãopúblicada educação superior, considerandoospro-cessos de democratização e acesso às camadas da populaçãocomdificuldadedeacessoàuniversidade;

• aperfeiçoamentodosprocessosdegestãodasinstituiçõesdeen-sinosuperior,possibilitandosuaexpansãoemconsonânciacomaspropostaseducacionaisdosestadosemunicípios;

• avaliaçãodaeducaçãosuperioradistânciatendoporbaseospro-cessosdeflexibilizaçãoeregulaçãoemimplementaçãopeloMEC;

• contribuiçõesparaainvestigaçãoemeducaçãosuperioradis-tâncianopaís;

• financiamento dos processos de implantação, execução e for-maçãoderecursoshumanosemeducaçãosuperioradistância(UNIVERSIDADEABERTADOBRASIL,2010).

Você pode aproveitar a oportunidade para fazer uma pesquisa de aprofundamento sobre a regulamentação da EaD em nosso país. Sugiro que você acesse o site: http://portal.mec.gov.br/seed.

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Sãoatribuiçõesdocoordenadordepolo:

• representaromunicípio/estadojuntoaoMECeàsinstituiçõesdeensinosuperior,emrelaçãoàsaçõesdesenvolvidasnoâmbitodaUAB;

• mediaracomunicaçãodomunicípio/estadocomoMEC;

• participardereuniões,encontroseeventosrelativosaosistemaUAB;

• coordenar a articulação e comunicação com os partícipes dosistemaUAB;

• coordenaraimplantaçãodeprojetoseaçõesnoâmbitodopolodeapoiopresencial,bemcomoocontatocomasinstituiçõesdeensinosuperiorqueatuamnopolo;

• criarmecanismosdearticulaçãojuntoàsinstituiçõesdeensinosuperior,mantendo a comunicação comos coordenadoresdaUABdessasinstituições;

• acompanhareapoiaraexecuçãodasatividadespedagógicasdoscursosofertadosnospolosdeapoiopresencialpelasinstituiçõesdeensinosuperior,garantindocondiçõestécnicas,operacionaiseadministrativasadequadas;

O sistema UAB vincula as universidades públicas a polos deapoio presencial localizados em diversas localidades. Tais polossãomontados em prédios que pertencem ao poder público, e asprefeiturasmunicipais precisaram equipá-los com: computadorescomacessoàinternet,equipamentodevideoconferência,projetoresmultimídiaparaencontrospresenciaisebiblioteca.Cadapolopossuicoordenação,serviçodesecretaria,serviçotécnicodeinformática,atendimentonabibliotecaetutorespresenciaisdecadacurso.

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Capítulo 03

• realizarreuniõesperiódicascomocorpotécnicodopoloparaaavaliaçãodosistemaUAB,afimdepromoveremanteraqua-lidadedoscursosetraçarestratégiasparaamelhoriadosser-viçosoferecidosàpopulação(UNIVERSIDADEABERTADOBRASIL,2010).

ParaogerenciamentoeaviabilizaçãodasatividadesdecadacursodosistemaUABnasinstituiçõesdeensinosuperior,existeafiguradocoordenadordecursoeoserviçodesecretaria,ambosresponsáveispeloestabelecimentodofluxodecontatosinstitucionais.Aresponsabilidadedacoordenaçãodocursoestáem:

• selecionarasequipesdetrabalho;

• acompanharaconstruçãodosmateriaisdidáticosdocurso;

• definirosprofessoresenvolvidosnocurso;

• organizaroprocessodeingressoseletivoespecial;

• organizarosprocedimentosreferentesàseleção,àmatrículaeaoacompanhamentoacadêmicodosalunosdocurso;

• presidirocolegiadodocurso;

• realizarreuniõespedagógicassemprequenecessárias;

• assumirasdemaisfunçõesdefinidasnoregulamentogeraldoscursosdegraduaçãodasinstituiçõesdeensinosuperior(UNI-VERSIDADEABERTADOBRASIL,2010).

PelaUAB,osprofessoresdoscursospresenciaisdasinstituiçõesde ensino superior foram estimulados a se engajarem em projetosde EaD. Para o planejamento e a efetivação do curso a distância, aequipedocente recebeuo suportedeespecialistasdaáreadodesigninstrucional, do audiovisual, bem como apoio pedagógico. Para

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Introdução à Educação a Distância

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executarumadisciplina,cadaprofessor,acompanhadodeseustutores,tem a possibilidade de fazer videoconferências e tambémde gravarvideoaulasouarquivosdeáudiosobredeterminadosconteúdos,paradisponibilizá-losaosalunosviaDVDoupelaweb.OscursospossuemosuportedeumAmbiente Virtual de Ensino e Aprendizagem(AVEA)comferramentasqueauxiliamnacomunicaçãoentreaspartes.

Para a realização de videoconferências, os professores e seustutores são orientados a planejá-las com antecedência, elaborandoum roteiro para potencializar as duas horas disponíveis em cadamomento.Sugere-sequeaprimeiravideoconferênciasejautilizadaparadetalharametodologiadadisciplinaeosprincipaisobjetivosaseremalcançados,traçandoumpanoramadosconteúdosqueserãoabordadose destacando as atividades avaliativas que o alunoprecisará cumprir.Na segunda videoconferência, sugere-se tratar sobre um assunto queo professor julga merecer uma explanação aprofundada. A terceiravideoconferência de cada disciplina serve para esclarecer as dúvidassobre os conteúdos lecionados; tal evento ocorre geralmente algunsdiasantesdaprovafinalpresencial.Oprofessorouseustutorestambémpodem gravar videoaulas ou arquivos de áudio sobre determinadosconteúdos,paradisponibilizá-losaosalunosviaDVDoupelainternet.

Para se adequarem à comunicaçãomidiatizada do conhecimentoviaAVEA,osprofessores, tutores e alunosprecisamse adaptar aousodo ambiente virtual como um recurso didático em que todos sãocooperadores na construção do conhecimento pelo uso de múltiplastecnologias(PALLOFF;PRATT,2002).TodososenvolvidosnocursosãomotivadosafazerasinterlocuçõesnecessáriasutilizandooAVEA,poisosistemaregistratodasasmensagenstrocadaspeloambientevirtual.Talprocedimento permite a criação de umamemória histórica virtual docursoetambémserveparaoesclarecimentosobrequaisencaminhamentosforamdadosàsdificuldades enfrentadas e levantadaspelos estudantes.Emalgunscursos,asatividadesiniciamsemprecomumadisciplinadeIntroduçãoàEaD,queinsereoalunonocontextodoestudoautônomocomousodeAVEAeoutrasestratégiasdidáticasmidiatizadas.

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O ensino superior a distância no Brasil

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Capítulo 03

Paradarsuporteàpreparaçãodosmateriaisemmúltiplastecnologias,a UAB definiu uma equipe multidisciplinar, na qual atuam: a) osprofessoresconteudistasdediversasáreasdoconhecimento,encarregadosda elaboração domaterial didático, do conteúdo a serministrado nasdisciplinas,dasaulas,dasupervisãodostutoresadistânciaepresenciais;b)aequipededesigninstrucional,queplanejaeconfeccionaomaterialimpresso e on-line; c) a equipe de produção gráfica e de hipermídia,cujafunçãoéodesenvolvimentoeamanutençãodoAVEA;d)aequipede videoconferência e videoaula, que dirige os passos relacionados aoplanejamento,execuçãoedifusãodosprodutosaudiovisuais.

Existe uma coordenação pedagógica que gerencia tal equipemultidisciplinareorientaaproduçãodosmateriaiseoplanejamentodasatividadesdesenvolvidasadistância.Essacoordenaçãotemasseguintesatividades:

• criaraarquiteturapedagógicadocursodentrodamodalidadeadistância;

• implementarapropostapedagógicanosmateriaisdidáticos;

• coordenar a produção dosmateriais didáticos (impresso eon-line);

• identificar problemas relativos àmodalidadedaEaD, a partirdasobservaçõesedascríticasrecebidasdosprofessores,alunosetutoresebuscarencaminhamentosdesoluçãojuntoaoco-or-denadordocurso;

• organizareexecutaroprocessodepesquisaeavaliaçãodocurso;

• realizarestudossobreaEaD;

• participardoprogramadeformaçãodasequipesdetrabalho(pro-fessores,alunos,tutores,técnicos)paraatuaremnamodalidadeadistância(UNIVERSIDADEABERTADOBRASIL,2010).

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Introdução à Educação a Distância

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NaconcepçãodosistemaUAB,afigurado tutoréprimordialeatua como ummediador entre os professores, alunos e a instituição.Em outras palavras, ele cumpre o papel de auxiliar no processo deensino e aprendizagemao esclarecer dúvidas de conteúdo, reforçar aaprendizagem,coletarinformaçõessobreosestudanteseprestarauxílioparamanter e ampliar amotivação dos estudantes.Há dois tipos detutores:otutorpresencial,queficanopolodeapoio,eotutoradistância,queatuajuntoaoprofessor,nainstituiçãodeensinosuperior.Otutorpresencialmantémcontato como alunopor ferramentasdisponíveisno AVEA, por telefone, softwares de comunicação instantânea ediretamente, ao realizar encontros presenciais obrigatórios com seugrupoouatendersolicitaçõesindividuaisdealunosquesedeslocamatéopoloàprocuradeorientaçãoparaseusestudos.Otutoradistânciaéoorientadordeconteúdodeumadisciplinaespecíficaesecomunicacomacomunidadequecompõeocursopelosmesmosmeiosqueotutordepolo,comexceçãodacomunicaçãopresencial.

AseleçãodostutorespresenciaiséfeitaporEditalpúblicoecompõe-sedeanálisedecurrículoeprova.Apósaseleção,ostutorespresenciaissãochamadosparaexercerafunçãoportempoindeterminado,ouseja,atéqueasatividadesdoprojetoseencerremnacidadeondeexerceráafunçãooudevidoaalgumaincompatibilidadecomaproposta.Asaçõesqueseesperamdeumtutordepolosão:

• organizar grupos de estudo comos alunos que estão sob suaresponsabilidade;

• realizar as atividades de aprendizagem presenciais indicadaspeloprofessordadisciplina, comoapresentaçõesde trabalhosemequipe;

• acompanharegerenciar,juntamentecomocoordenadordopolo,asinteraçõesentreosalunoseoprofessornasvideoconferências;

• esclarecer os alunos sobre regulamentos e procedimentos docurso;

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O ensino superior a distância no Brasil

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Capítulo 03

• representarosalunosjuntoaosresponsáveispelocurso;

• manter o contato constante como aluno, ampliando relaçõesafetivasquepotencializemoprocessodeensinoeaprendizagem;afinal, comunicamo-nos melhor com aqueles que nos sãopróximos;

• aplicarasavaliaçõespresenciaisdasdisciplinas;

• auxiliar o professor a dirimir dúvidas sobre o envolvimentodoalunonocotidianoacadêmico,afinal,jáoconhecehámaistempoepessoalmente;

• participar do processo de avaliação institucional do curso edasformaçõesquebuscampotencializarseutrabalho(HACK,2010b).

Ostutoresadistância,queseencontramnasinstituiçõesdeensinosuperior,tambémsãoselecionadosporEditalpúblico.Asatribuiçõesdotutoradistânciasão:

• orientarosalunosnoplanejamentodeseustrabalhos;

• esclarecerdúvidassobreoconteúdodasdisciplinas;

• auxiliarnacompreensãoderegulamentoseprocedimentosdocurso;

• proporcionarfeedbackdostrabalhosedasavaliaçõesrealizadas.O tutor a distância do curso deve devolver as atividadescorrigidasecomentadasematédezdiasúteisapósotérminodoprazofinaldeentregadatarefa;

• manterocontatovirtualconstantecomosalunos,pelousodasferramentasdisponibilizadasnoAVEA.Os tutoresadistânciasão orientados a responder rapidamente os questionamentos

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dosalunos,mesmoquearespostasejaparadizeraoalunoqueaequipedocentesereuniráparaconversarsobreadúvidaousolicitaçãodoaluno.Emalgunscursos,oprazomáximoparaum tutor responder a umamensagem eletrônica noAVEA équarentaeoitohoras,devidoaosfinaisdesemana;

• participar do processo de avaliação institucional do curso edasformaçõesquebuscampotencializarseutrabalho(HACK,2010b).

No início das atividades do sistema UAB, a coexistência decompreensõesdiferentesdopapeldotutorpresencial,tambémchamadodetutordepolo,trouxealgunsconflitos.Otutorpresencialéformadonaáreadeconhecimentodocurso,massuafunção,geralmente,nãoéministraraulasoucorrigiravaliaçõesdosalunos.Otutordepoloorganizaasatividadesplanejadaspeloprofessor,assisteàsvideoconferências,àsaulaspresenciais, interagecomosalunos, conhece-ospessoalmenteeacompanhadepertosuavidaacadêmica.Éclaroqueo tutordepolotambémpode tirar dúvidas de conteúdo, no entanto essanão é umaatribuição específica. O tira-dúvidas de conteúdos das disciplinas éo tutorqueestána instituiçãodeensinosuperior, juntoaoprofessor,chamadodetutoradistância.

OutrafiguradedestaquenosistemaUABéocoordenadordetutoria.Asatividadesdesenvolvidasporessecoordenador,queéumprofessordauniversidade,envolvemvisitasaospolosregionaisparaacompanharo trabalhodo tutor presencial, realizaçãode reuniões virtuais comogrupodetutoresdocurso,proposiçãodeprocessosdeformaçãoparaostutoressemprequeconsiderarnecessário,coordenaçãodasequipesdetutorespresenciaiseacompanhamentoqualitativoequantitativododesempenhodostutores.

A coordenadoria de tutoria realiza ações que visam fortalecer acomunicaçãodialógicaentreosenvolvidos,quaissejam:

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O ensino superior a distância no Brasil

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Capítulo 03

• oportunizar as primeiras reuniões entre os professores dasdisciplinaseostutoresparaorientarsobreousodoAVEAcomoferramentadidática,bemcomoparaauxiliarnoplanejamentodasvideoconferênciasedarorientaçõesparaoencaminhamentodadisciplina;

• acompanharosprofessoresetutoresdurantetodooperíodole-tivo–desdeaprimeirasemanadeaulaatéarealizaçãodade-pendência–incentivandoqueseestabeleçaumprocessodeco-municaçãodemãodupla;

• visitarospolosdeapoiopresencialparatratardequestõesge-raiscomosalunosetutores.Talatividadepromoveaintegraçãoentreaadministraçãodocurso,osdiscentesetutoresdopoloaoesclareceraestruturaeorganizaçãodocurso;

• manterumacomunicaçãoestratégicaconstantecomostutoresdospolos,paraorientarnaresoluçãodepossíveisconflitos;

• buscar,juntoaossetorescompetentes,aresoluçãodeproblemastécnicosrelacionadosaoAVEA(HACK,2010b).

Em suma, no sistema UAB os tutores a distância e os tutorespresenciais desempenham funções complementares e não funçõessobrepostas: o tutor a distância é o responsável pelo conteúdo,enquanto o tutor presencial ajuda o aluno a administrar sua vidaacadêmicaeseorganizarparadarcontadetodasasetapasdeestudo.Enfim, todos os envolvidos no processo, desde o coordenador dopoloatéotutor,desenvolvemsuasatividadesdeamparomútuo,emqueapalavra-chaveque sintetizabemessa relaçãoé: cooperação.Ecooperaçãonoprocessoeducativoseconstróipeloestabelecimentodeumacomunicação dialógica.

A comunicação dialógica, parte essencial do processo comunicacional que envolve as relações em um sistema de EaD, será discutida com mais detalhes na Unidade B. Mas, antes de continuar seu estudo, descanse um pouco ou faça um exercício físico!

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Introdução à Educação a Distância

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Sugestão de leitura

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na Unidade A,

sugerimos as seguintes obras:

LITTO, F. M; FORMIGA, M. Educação a distância. São Paulo: Prentice Hall,

2008.

MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância. São Paulo: Thomson

Pioneira, 2007.

PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: UNISINOS,

2001.

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Unidade BA comunicação educativa a distância

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Introdução

Na Unidade B, apresentaremos reflexões sobre o processocomunicacionalcomousodemúltiplastecnologias,queseestabeleceentreosenvolvidosnaconstruçãodoconhecimentoadistância.Paratanto,dividimososeuestudoemtrêscapítulos.

No primeiro capítulo, você conhecerá algumas experiênciasnacionaisdeutilizaçãodediferentesmídiasetecnologiasnoprocessoeducativo, como: o cinema, o rádio, a televisão, o computador, ateleconferência, a videoconferência e a webconferência. Tal leituraservirácomoumapreparaçãoparaasreflexõesqueseseguirãosobre:

• aconstruçãodoconhecimentoadistância–queocorrecomautilizaçãocríticaecriativadastecnologiasdisponíveis;

• acomunicaçãodialógica–quedeveserabasedoprocessodeensino e aprendizagem em um sistema de EaD que pretendepromoveraemancipaçãodosestudantes.

Então,prepare-separaentenderoutrasfacetasqueenvolvemesseuniversodoqualvocêpassaafazerparteaoingressaremumcursonamodalidadeadistância.AntesdeiniciaraleituradasegundaUnidadedolivroIntrodução à Educação a Distância,queremoslembrá-lo,contudo,dequeainteratividadeéimportantíssimanoestudoautônomo.Sempreque surgir alguma dúvida entre em contato com a equipe docente(professor e tutores) através do ambiente virtual ou procure o polodeapoiopresencial.Conversecomseuscolegaseorganizegruposdeestudo,poissempreéumamotivaçãoamais.

Bomestudo!

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Múltiplas tecnologias em processos educativos

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Capítulo 04

4 Múltiplas tecnologias em

processos educativos

Odesenvolvimentodasmídiascriouocontextoda“historicidademediada”, que, paraThompson (1998), torna o passado dependentedas formassimbólicasmediadasexistenteseemcrescenteexpansão.Vamosexplicarcomoutraspalavras:oautorquerdizerqueaspessoasestãocadavezmaischegandoaosentidodosprincipaisacontecimentosatravés de livros, revistas, jornais, filmes, programas televisivos erecentemente pela internet, entre outras tantas possibilidades queavultamcotidianamente.

Emnossainterpretação,odesenvolvimentodasmídiasmodificouo sentido de pertencimento dos indivíduos, pois eles passaram a sercosmopolitas–oucidadãosdomundo.Países, cidadesepessoasqueanteriormentepareciamtãoremotos,estãoagoraligadosaredesglobaisquepodemseracessadasem“umclique”ecomvelocidadescadavezmaisrápidas.Contudo,tambémécertoquemuitasdessaspessoasquepassarama ser cosmopolitas estãoaomesmo tempo isoladas emseusquartos,talvezatémesmosesentindosozinhas.

Se revisarmos historicamente a evolução da tecnologia,verificaremos que essa mudança toda teve início com a revoluçãoeletromecânica,quepossibilitouaproduçãoereproduçãodelinguagens

Se você não lembra mais do significado da palavra mídia, volte à Unidade A.

Ser cidadão do mundo e ao mesmo tempo estar isolado em seu quarto ou em sua casa parece um parado-xo, não é mesmo? Você já pensou sobre isso? Reflita sobre sua lida cotidiana com a tecnologia. Quem domina: você ou a tecnologia? Ainda aprofundaremos esse assun-to em outros momentos da nossa disciplina.

Mesmoqueatradiçãooraleainteraçãofaceafacecontinuemadesempenharumpapelimportantenaelaboraçãodacompreensãodopassado,acompreensãopessoaldomundopareceserconstruídacadavezmaisporconteúdosmidiatizados.Taisconteúdosdilatamos horizontes espaciais, pois não é mais preciso estar presentefisicamenteaoslugaresondeosfenômenosobservadosocorrem.

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Introdução à Educação a Distância

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–comdestaqueparaaimpressão,afotografiaeocinema–eampliouexponencialmente o crescimento da complexidade da midiatizaçãodoconhecimento.Talcrescimentoficoumaisacentuadoaindacomastecnologiasdarevoluçãoeletrônica–comoorádioeatelevisão–,capazesdeumapotênciadedifusãomuitomaior.Nocontextoatual, quandosevivenciaapassagemdarevoluçãoeletrônicaparaa revolução digitala exponenciação da complexidade damidiatização do conhecimentoatingemúltiplastecnologiasaomesmotempoeemproporçõesglobais(SANTAELLA,2001).

Em síntese, a revolução digital modificou a vida em geral: atémesmo as populações mais carentes precisam aprender a lidar, porexemplo, commáquinasde autoatendimentobancáriopara, com seucartãomagnético,retirarosbenefíciosquerecebemmensalmente.Comaeducaçãonãofoidiferente:arededecomputadoressubverteuaclássicanoçãodacomunicaçãodemassaemqueháumemissordamensageme um receptor apenas e ampliou as possibilidades de comunicaçãomidiatizada do conhecimento. Através da internet, o processo deconstruçãodoconhecimentoentrouemumsistemadetrocasemqueaspessoasaprendementresieproduzemumaconcorrênciadosdiferentespontosdevista(LÉVY1993,2001).Autilizaçãoderecursosdidáticosetecnológicosvariados–quevãodesdeoensinoporcorrespondência,programas de rádio eTV até a divulgaçãode cursos interativos pelainternet–permiteaconstrução do conhecimento a distância.

4.1 Reflexões sobre diferentes tecnologias no contexto educacional brasileiro

Desde o início do séculoXX amídia tem sido alvo de estudo dediferenciadas correntes de análise que, em sua maioria, entendem oprocessocomunicacionalcomointegradordassociedadeshumanasecomoofatorquepossibilitaráagestãodasmultidõeshumanas(MATELLART;MATELLART, 1999; BERLO, 1999). Assim, o estudo dos meios decomunicaçãosocialpassouaocorrer sobdiversosprismas: tecnológico,linguístico, histórico, educacional, entre outros. Na retrospectiva

As tecnologias digitais aliam as tecnologias da informática

com as telecomunicações e possibilitam o armazenamen-

to e a transmissão de texto, áudio, vídeo, etc., através de computadores, redes e

múltiplos acessórios, como o CD, DVD, pen-drive, telefone

celular, etc.

Quantas informações em poucas linhas, não é mesmo?

Então, faça uma pausa em sua leitura e pesquise na internet sobre o assunto.

Você pode buscar artigos e livros no site da Biblioteca

Universitária da UFSC (www.bu.ufsc.br), onde você

também encontrará o acesso ao site Periódicos e outros

que permitem o contato com textos acadêmicos. Depois, partilhe o resultado de seu

aprofundamento com os colegas e tutores.

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Múltiplas tecnologias em processos educativos

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Capítulo 04

históricasobreaintroduçãodamídianosprocessoseducativosemnossopaís (HACK, 2009, 2010), fica notório que ométodo que se utiliza dacorrespondênciaassincrônica precedeu a forma sincrônica conseguidapormeiodosurgimentoedautilizaçãodemídias,comoatelevisãoeorádio.Entretanto,écertoqueatualmentetantoasincroniaquantoaassincronianosestudosviatecnologiasãopermitidascomocomputador.

Então, motivados pela discussão sobre a introdução das mídiascontemporâneasnoprocessodeensinoeaprendizagem,apresentamosa seguir alguns exemplos do uso do cinema, do rádio, da televisão,do computador, da teleconferência, da videoconferência e dawebconferêncianocontextoeducacionalbrasileiro.

4.1.1 Cinema

ArelaçãoentrecinemaeeducaçãonoBrasilganhaintensidadenoiníciodoséculoXX,quandodiversossegmentossociaispassamadefenderestevínculo,como:osregimesnacionalistas,setoresdaIgrejaCatólicaeoseducadoresdaEscola Nova.Aideiadecinemaeducativoeradefendidaempublicaçõesdaimprensadiária,artigosderevistasespecializadasdecinema,comotambémemalgunslivros,comoaobradeJoaquimCanutodeAlmeida, Cinema contra Cinema,publicadaem1931.

QuandoGetúlioVargasassumeopoderem1930,elelogopercebeaascensãoeacorrentepopularizaçãodemeiosdecomunicaçãosocial,comoo rádio e o cinema.Assim, ele inicia um intenso contato comorganizações que obtiveram enorme sucesso na produção de filmeseducativosde caráternacionalistana Itália (L’Unione CinematograficaEducativa –LUCE –, criada por Mussolini com o intuito de setransformaremumInstitutoInternacionaldeCinemaEducativo)enaAlemanha(Universum Film Aktien Gesellschaft –UFA–,queproduziaosKulturfilms, filmes documentais e didáticos).No início da décadade 1930, os produtores cobravamdo governobrasileiroumaposturasemelhanteàadotadaporpaíseseuropeusquepriorizavamaproduçãonacionalemdetrimentodocinemaestrangeiro.Eracomumencontrar

Se você não lembra mais o conceito de sincronismo e o de assincronismo, volte à Unidade A.

A Escola Nova foi um movi-mento de renovação do ensi-no na Europa e na América, na primeira metade do século XX. No Brasil, o movimento era visto como a alternativa que possibilitaria ao país acompanhar o desenvolvi-mento industrial. Em obras sobre didática, você poderá encontrar mais informação sobre a Escola Nova.

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Introdução à Educação a Distância

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elogios à política audiovisual nacionalista deHitler eGoebbels comoumaformadelegitimaralgodomesmogêneronoBrasil(HACK,2010).

OprimeiroincentivoàproduçãoprivadadefilmeseducativosnoBrasilveioatravésdoDecretonº21.240,de1932.Masaquestãotomouforçaem1936,momentoemqueogovernodeVargascriaoInstitutoNacionaldeCinemaEducativo(INCE).OINCEfoipresididoporEdgarRoquettePinto,queconvidouocineastaHumbertoMauroparadirigirgrande parte dos filmes produzidos pelo instituto. Para Schvarzman(2004),afilmografiadeMauronoINCE,quetotalizou357filmesentre1936e1964,podeserdivididaemdoismomentos:

• Primeiro momento – de 1936 a 1947: período que coincidequaseemsuatotalidadecomoEstadoNovodeGetúlioVargas,quandooINCEestavasobatuteladeRoquettePinto,queeraapessoaquedefiniaostemas.Sãorealizados239filmes;

• Segundomomento–de1947a1964:sãoproduzidos118filmes,nãomaissobainfluênciadeRoquettePinto.Apartirde1950,oINCEperdeforçanocenárioeducativoenoprópriogoverno.

Durante o período emqueo INCE esteve sob a coordenaçãodeRoquettePinto,de1936a1947,ostemaseramselecionadosoupordemandaexternaoupelanecessidadedogoverno.SegundoSchvarzman(2004),asgravaçõeseramfeitascomoapoiodeespecialistasepersonalidadesdedestaquedo estado getulista:AffonsodeTaunay (MuseuPaulista),AgnaldoAlvesFilho(InstitutoPasteur),VitalBrasil,CarlosChagasFilhoeHeitorVilla-Lobos.AautoraidentificouquinzecategoriasnaproduçãodoINCE:1)divulgaçãotécnicaecientífica;2)preventivo-sanitário;3)escolar;4)reportagem;5)oficial;6)educaçãofísica;7)vultosnacionais;8)culturapopularefolclore;9)riquezasnaturais;10)locaisdeinteresse;11)pesquisacientífica;12)artesaplicadas;13)meiorural;14)atividadeseconômicas;15)outros.Osfilmeserampensadosparausoeducacional,masnãomostravamligaçõescomprogramaspedagógicos.

Joseph Goebbels assumiu o Ministério do Povo e da Pro-paganda no governo nazista

de Adolf Hitler.

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Múltiplas tecnologias em processos educativos

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Capítulo 04

Noanode1961,oINCEpassaàdireçãodeFlávioTambellini,que,segundoSchvarzman (2004), removeo caráter educativodo institutopara transformá-lo em Instituto Nacional de Cinema, em 1966,abandonandodefinitivamentearealizaçãodefilmeseducativos.

4.1.2 Rádio e dispositivos de áudio

OcineastaHumbertoMaurocomungavadosprincípiosorientadoresdacriaçãodoINCE,queprivilegiavamanecessidadedeeducaropovo.Segundoocineasta,ofilmedeveria transportarparaa telao ambiente brasileiro, para assimdisseminar os fundamentosdanacionalidade em toda a nação, pois pelo cinema seria possívelconheceroscostumes,asriquezasepossibilidadeseconômicasdasdiferentesregiõesdoBrasil.Paraele,odocumentárioseriaomelhorcaminhoparaalcançartalobjetivo,jáquepoderiaproporcionarumintercâmbiocultural.Maurodefendiaofilmeeducativocomarte,sem amadorismo.Durante o período em queHumbertoMauropermaneceunoINCE,suasproduçõesnãoforamexclusivamentede caráter pedagógico, já que defendia a produção de filmesindustriaisdequalidadequepoderiamtergrandealcancesobreopúblicoeserviràeducaçãodopovo.

Amídiaradiofônicaofereceasseguintesvantagens:a)cobreumavasta região geográfica; b) éde fácil transporte; c)nãodependeda existência de instalações de energia elétrica. Geralmenteos automóveis possuem aparelhos de rádio que nos fazemcompanhia quando ficamos algumas horas em viagens ou noscongestionamentos das zonas urbanas. Além disso, a dona decasa,acriança,oadolescente,afaxineira,opedreiro;enfim,quemquiser,podeteraoseuladoo“radinho”comocompanhiaemsuasatividades.Afinal,orádioestádisponívelemdispositivoscadavezmenores,inclusiveemcelulares(HACK,2009).

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Orádiopassouaserlargamenteempregadonoprocessoeducativoadistânciadevidoàsuaversatilidadeeaoseualcance.OBrasildeuseusprimeirospassosemdireçãoàradiodifusãocomfinalidadeseducativasem 1923, quando Edgard Roquette Pinto e um grupo de amigosfundaramaRádioSociedadedoRiodeJaneiro.AemissoraeraoperadapeloDepartamentodeCorreioseTelégrafos,quetransmitiaprogramasde:1) literatura;2) radiotelegrafiae telefonia;3) línguas;4) literaturainfantil;5)outrastemáticasdeinteressecomunitário.Noanode1936,aemissorafoidoadaaoMinistériodaEducaçãopeloseufundador.

Nasdécadasde1950e1960,tambémforamfeitasexperiênciascomradiodifusão educativa,mas os projetos naquele períodonão tinhamcontinuidade e foram interrompidos por motivos como a falta deinfraestruturafinanceiraouadministrativa e a ausênciadeavaliaçõessistemáticasdaspropostas(NISKIER,1993).Aohistoriararadiodifusãono Brasil, Piovesan (1986) observa que a opção da erradicação doanalfabetismoviarádiofoitomadaváriasvezesnodecorrerdahistóriabrasileira,comoseverificanasseguintesexperiênciasdecaráterregional:

• oMovimentodeEducaçãodeBase(MEB),em1961;

• aFundaçãoEducacionalPadreLandell(FEPLAN),em1967;

• aFundaçãoPadreAnchieta(FPA),em1967;

• oInstitutodeRadiodifusãoEducativadaBahia(IRDEB),em1969.

Nadécadade1970,tivemosumprojetodeiniciativadaRádioMEC,oProjetoMinerva,quetinhaointuitodeproporcionarainteriorizaçãoda educação básica, buscando suprir as deficiências que existiam naeducação formal em regiões onde onúmerode escolas e professoresera escasso. Pelo projeto, pretendia-se preparar os radiouvintes paraprovasdeexamessupletivoscomoosantigos“examesdemadureza”.ApropostadoProjetoMinervatevealgunsresultadosnegativos,como:a)aflutuaçãodematrícula;b)aevasão;c)aimpossibilidadedeavaliarorendimentodosalunos(HACK,2009).

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Múltiplas tecnologias em processos educativos

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Capítulo 04

Hojeemdia,orádiodificilmenteéamídiaexclusivadeumcursoadistância,mas,indiscutivelmente,podeserumdoselementosdeumconjuntode alternativas que permitirão ao aluno variadas formas deacesso ao conhecimentomidiatizado.EmalgunsmomentosdenossaexperiênciacomaEaD,tivemosaoportunidadedeproduzirprogramasexclusivamente para áudio, e o planejamento de radionovelas comconteúdosdidáticosdeubonsresultados.

Porfim,antesdeencerrarocapítulo,queremosressaltarqueadi-minuiçãodotamanhodosdispositivosdeacessoaorádioouaarqui-vosemáudiotemfacilitadoseutransporteaosmaisdiversosambien-tes.Épossívelacessarorádioouosarquivosdeáudioemaparelhosespecíficospelocomputadorouportantosoutrosdispositivosportá-teisquepodeminclusivenosacompanharemnossosexercíciosfísicosdiários.Porisso,entendemosqueousodearquivosdeáudionaEaDpodeserumbomdiferencial emdeterminadoscursos,dependendodopúblico-alvoque sepretendeatingir:umalunoqueprecisaficarmuitashorasemtrânsitoparaotrabalhopodeouviraulas,depoimen-toseoutras exemplificações em áudioenquantosedesloca.

4.1.3 Televisão

São muitos os brasileiros que possuem familiaridade com atelevisãodesdequenasceram.Emmuitosambientes,oespaçofísicoonde a televisão está instalada é privilegiado, e algumas famíliaspossuem vários aparelhos distribuídos pelos cômodos da casa.Alguns telespectadores gostam tanto de assistir à televisão que sãocapazes de interromper conversas com amigos e familiares ou atémesmocancelarpasseiosparadaratençãoaoseuprogramapredileto.Enfim,atelevisãoestáefetivamenteinseridaemnossoslareseportalmotivopodeserempregadacomsucessonaEaD,desdequeutilizadadeformaadequada.

Como você observou nes-te capítulo, o uso do rádio como ferramenta didática não é uma prática recente em nosso país, e a análise dos exemplos expostos é im-portante como ponto de par-tida à reflexão sobre o uso de múltiplas tecnologias em processos educativos. Agora, você pode aprofundar seu estudo sobre rádio e produ-tos de áudio na EaD fazendo uma pesquisa nos projetos governamentais e privados que utilizam mídias sonoras. Assim, sugiro que você inicie pelo site do Ministério da Educação (www.mec.gov.br). Boa navegação!

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Aofazerumabreveretrospectivadousodatelevisãoemprocessoseducativosemnossopaís,chegamosàexperiênciainiciadaem1962paraprepararjovenseadultosparaasprovasdoexamesupletivodoantigoprimeiro grau, conhecidas como “exames de madureza”. Tal projeto,denominado Universidade de Cultura Popular, produzia videoaulasna extinta TVTupi, com o patrocínio da Shell. Ainda na década de1960,foiimplantadaaprimeiraemissoradeTVeducativa:aTelevisãoUniversitária do Recife, administrada pela Universidade Federal dePernambuco.Em1967,surgeaFundaçãoCentroBrasileirodeTelevisãoEducativa,queem1973recebeaoutorgadocanal,denominando-seapartirdeentãodeTelevisãoEducativa(TVE).

• Comoéohábitodeassistiràtelevisãoemsuacasa?• Ondeoequipamentoestáinstalado?• Quantotempovocêeseusfamiliaresdedicamàsprogramações

televisivas?• Maisumapergunta:datotalidadedotempodedicadoàtelevisão,

quantoédedicadoaprogramascomcunhoeducativo?

Responda às perguntas anteriores comoum estímulo à reflexãopessoalsobreatemática!

Em nossa interpretação, a utilização da televisão no processoeducativo, privado ou público, precisa estar envolvida em umambiente crítico e criativo para que resulte em experiênciasconstrutivas (HACK, 2009). Para Litto (1986), a televisãoeducativa deveria envolver o desenvolvimento da mente edo poder imaginativo do espectador. Segundo o autor, existeuma diferença entre a televisão educativa e a não educativa: aprimeira tem o direito de transmitir apenas os conteúdos querepresentam um passo à frente para o espectador, enquantoa segunda reforça aquilo que é banal, de conhecimentopúblico e consequentemente não obriga a mente a trabalhar.

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Capítulo 04

UmexemplobemconhecidosobreautilizaçãodatelevisãocomorecursoeducacionaladistânciaemnossopaíssãoosTelecursos,parceriaentre a FundaçãoRobertoMarinho e aFundação Padre Anchieta.OprimeiroTelecursodaFundaçãoRobertoMarinhofoilançadoem1978e sofreu importantes remodelações em dois momentos: 1) em 1994e 1995, passando a se chamarTelecurso 2000; 2) em2006, passandoa se chamar Novo Telecurso. O público-alvo dos programas são osmilhõesdebrasileirosacimade15anosqueporalgummotivoforamexcluídosdosistemaregulardeensinofundamentalemédio(HACK,2009). A proposta sistematiza o ensino produzindo e distribuindofascículossemanais,comointuitodeprepararoalunoespecialmenteparaosexamessupletivosoficiais.AprimeiraversãodoTelecursofoilançadanoestadodeSãoPaulo,emjaneirode1978,masaexperiênciaassumiucaráternacional,comoenvolvimentodeemissorasdetelevisãoeducativasecomerciais(NISKIER,1993).

Agora,queremos chamar sua atençãoaumapropostaque fazusodeumcanaldetelevisãoexclusivoparaatividadeseducacionaisemnossopaís:aTVEscola.Oprojetofoiimplantadonosegundosemestrede1995,quandoforamdistribuídososkitstecnológicos(umtelevisor,umaantenaparabólica,umvideocasseteefitas)paracadaescolapública,commaisde100alunos.Inicialmente,previa-sequeasprogramaçõesiriampartirdeumcanaldetelevisãoemcircuitofechado,voltadoparaaescolabrasileira.Ointuitoeraquecadainstituiçãodeensinopúblico,dotadadokittecnológico,gravariaosprogramasrepassadospelaTVEscolaeutilizariaessematerialcomoumabibliotecaaudiovisual.Entretanto,emmatériapublicadapelaFolhadeS.Paulonodia23de fevereirode1997,oentãosecretáriodeEducaçãoaDistânciadoMEC,PedroPauloPoppovic,reconheceuqueoprojetoTVEscolacometeualgunsequívocos.Oprincipaldelesfoioenviodoskits tecnológicosantesmesmodeprepararosprofessorese semterinformaçõesprecisassobreascondiçõesdasescolasparaadequaroprojetoàsrealidadesespecíficas(HACK,2009).Desde2006,existeumprojetodoMECdenominadoDVD Escola,quevisaincrementarautilizaçãodaTVEscola;paratanto,ofereceàsinstituiçõespúblicasdeeducaçãobásica:1)umaparelhoreprodutordeDVD;2)umacaixacom50mídiasDVD,queapresentamalgunsexcertosdaprogramaçãoproduzidapelaTVEscola.

A Fundação Padre Anchieta é composta por Rádio e TV Educativas, instituído pelo governo do Estado de São Paulo em 1967. Para saber mais, acesse o site: www2.tvcultura.com.br/fpa/.

Até o momento da escrita do presente livro, em 2010, mais de 75 mil escolas haviam recebido o kit do projeto DVD Escola, com aproximadamen-te 150 horas de programas educativos.

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Poderíamoscontinuarcitandooutrosexemplosnacionaisdeusodatelevisãonoprocessoeducativo,como:1)osistemanacionaldeemis-soras educativas, a TV Educativa do governo, que opera em redenacionalháanos;2)oCanalFutura,criadoem1997efinanciadopelainiciativa privada. Nosso objetivo, contudo, é encerrar a explanaçãosobreatelevisãonocontextoeducacionalapontandoqueaintroduçãodamídianoprocessodeensinoeaprendizageméimperativadevidoàinserçãodoveículoemnossocotidiano,poréméimprescindíveldiscutireavaliaramelhormaneiraderealizaressatarefadesafiadora.

4.1.4 Computador

No Brasil, a primeira tentativa de adaptar a informática naeducação de crianças partiu daUniversidade Estadual de Campinas(UNICAMP).OprojetoinicioulogoapósavisitadeSeymourPapert,criadordalinguagem Logo,àUNICAMP,nadécadade1970.Noanode1975,oprofessorArmandoValente,daFaculdadedeEducaçãodaUNICAMP, foi ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), nosEstadosUnidos, como intuito de pesquisar o uso de computadores

Autilizaçãodocomputadorcomorecursotecnológiconoprocessoeducativo encontra força em sua flexibilidade e amplitude derecursos.Apossibilidadedeagregarmúltiplasmídiaseperiféricosem um mesmo equipamento torna o computador um grandealiado do docente e do estudante da EaD. Assim, é possíveldifundir mensagens e aulas completas aos alunos que residemlongedasinstituiçõesdeensino,sejaatravésdeCD,DVD,internetou em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, criadosexclusivamenteparaoacessoaatividadesdeformação.Atualmente,existemcursosdeextensãoemqueoestudantenuncaprecisasedeslocaràinstituiçãoqueestápromovendosuacapacitação.Bastaadquiriromaterial, ter a tecnologia em sua casaparaoperar asatividadese,naturalmente,investirnoaprendizado.

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Capítulo 04

coma linguagemLogona educação infantil, experiência que trouxeposteriormenteaonossopaís.

Motivado pelo movimento que ocorria em alguns países,principalmente nos Estados Unidos, de inclusão do computador nocontexto educacional, o governo brasileiro criou, no ano de 1979, aSecretaria Especial de Informática. O organismo visava não apenasdebater,mastambémviabilizarainformatizaçãodasescolasbrasileirascomoapoiodoMEC,doCNPqedaFINEP.Outrointuitoeradesenvolvera pesquisa em hardware e software através da Política Nacional deInformática.ComoresultadodosencontrospromovidospelaSecretariaEspecialdeInformática,ogovernobrasileirodesenvolveuumapolíticadeinformatizaçãonaeducação.

O primeiro projeto oficial que visava à informatização daeducação noBrasil surgiu em 1984 e foi denominado EDUCOM.Ainiciativa partiu do MEC e outros órgãos federais, que tinham ointuito de fomentar a pesquisa e a formação de recursos humanospara a futura implantação de computadores nas escolas da redepúblicadeensino.Noanode1986,oMECcriouumprogramapara

É importante assinalarmos que o Conselho Nacional deDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq)éumaagênciadoMinistério daCiência e Tecnologia que financia pesquisas eoferecebolsasdeestudos.OsrecursosdoCNPqsãodistribuídospor editais e contemplamdesde a iniciação científica atéopós-doutorado. O site do CNPq é: www.cnpq.br. Já a FinanciadoradeEstudoseProjetos (FINEP)éumaempresapública, tambémvinculadaaoMinistériodaCiênciaeTecnologia,quesurgiuparainstitucionalizaroFundodeFinanciamentodeEstudoseProjetos.Aempresafinanciaprojetosligadosàciência,tecnologiaeinovaçãoatravésdechamadaspúblicasvoltadasaempresas,universidades,institutostecnológicoseoutrasinstituiçõespúblicasouprivadas.OsitedaFINEPé:www.finep.gov.br.

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capacitarprofessoresatravésdoEDUCOM:oFORMARI,sediadonaUNICAMP.Acapacitaçãopretendiadarsuportetécnicoàssecretariasestaduaisdeeducação,escolastécnicaseuniversidades.Arepercussãodesseprimeirocursooficialfoiboaeresultounacriaçãodecentrosdeinformáticaemdiversosestadosbrasileiros.

Em1996,oMECanunciouoProjetoEspecialdeInformática,quepretendia disponibilizar aomenos 10 computadores em cada escolacommais de 300 alunos.O projeto foi alvo de críticas da imprensaedeespecialistas,levando-oaváriasrevisões,principalmenteporquepreviaacompraedistribuiçãodoscomputadoresantesdotreinamentodos professores. Em 1997, o Programa Nacional de Informática naEducação (PROINFO), da Secretaria de Educação a Distância doMEC,estabeleceudiretrizesparainiciaroprocessodeuniversalizaçãodouso de tecnologia de ponta no sistema público de ensino.Paratanto,enfatizou a capacitação dos docentes que utilizariam os recursos epropôs a implementação descentralizada do programa, para evitarriscosporignorarpeculiaridadeslocais(HACK,2009).

4.1.5 Teleconferência, videoconferência e webconferência

Até aqui destacamos algumas experiências brasileiras de uso docinema,dorádio,datelevisãoedocomputadornoprocessoeducativo.Agora, queremos apresentar a definição de três tecnologias que sãolargamenteutilizadasnaEaDemtodoomundoedasquaisosistemaUABtambémfazuso:ateleconferência,avideoconferênciaeawebconferência.

Antes de expormos as particularidades de cada tecnologia,queremos destacar que, independentemente do formato do produtoaudiovisual,algunscuidadosserãosempreindispensáveisàquelesquesepropõematalprodução,quaissejam:

• planejaromomentoaudiovisualcomantecedênciaelaborandoumroteiroparapotencializarotempodisponíveleorganizarasestratégiasaseremempreendidas;

Como você pode perceber, historicamente, a utilização

do computador na educação recebeu impulsos governa-mentais e aqui destacamos alguns projetos. Sugerimos

que você acesse o site do Mi-nistério da Educação (www.

mec.gov.br) para conhecer outras propostas.

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Capítulo 04

• respeitarosdireitosautoraisdeimagens,sons,vídeoseoutrosrecursosqueserãoutilizadoseporventurapossamterrestriçãodeuso;

• visitar,comantecedência,asalaondeseráagravaçãodeáudioevídeoparaconhecerolocaleseambientar,aproveitandoparapegardicassobrevestuárioemaquiagemcomostécnicos;

• testar na sala de gravação apresentações, esquemas, tabelas,imagensedemaisilustrações,paraverificarcomoseráarecep-çãonatela,observandoaspectoscomocores,tamanhodefonte,quantidadedeinformação,entreoutros(HACK,2010).

Existemrelatossobreousodateleconferência,videoconferênciaewebconferênciaemexperiênciasnacionaisdeEaDnaobraorganizadaporLittoeFormiga(2008).

Teleconferência

A teleconferência possui algumas peculiaridades e suaestrutura de produção e difusão geralmente envolve trêsmomentosdistintos:a)agravaçãodaconferênciaaovivoemumestúdiodetelevisão;b)atransmissão,emsuamaioriaviasatélite;c)arecepção,geralmenteviaredeabertadetelevisãoou por antena parabólica, podendo ocorrer em telecentros,com a presença de tutores que mediarão a discussão datemática. Em termos de organização de tempo e estruturade execução, as teleconferências geralmente seguem umpadrão: a) iniciam com uma palestra, entrevista ou debateentre um grupo de preletores; b) na sequência, cria-se apossibilidadedeparticipaçãodaaudiência,comperguntasouopiniões,pormeiode telefone, faxoue-mail (HACK,2010).

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Comosurgimentodavideoconferência,ateleconferênciaacabouperdendopartede seuespaço,poiséumaviademãoúnica,ouseja,a audiência assiste ao conferencista, mas o conferencista não vê aaudiência. Contudo, a teleconferência continua sendo utilizada emnossopaísporvárias instituições (ministérios,bancos,universidades,etc.)parafazerolançamentodenovaspropostas,projetos,bemcomoparapalestrasemlugaresremotos,semanecessidadededeslocamentodopalestrante.

Videoconferência

Existembasicamenteduasformasderealizarumavideoconferência:1) ela pode ser ponto a ponto, quando liga apenas duas salas; 2)ela pode ser multiponto, quando há três ou mais salas interligadas.Na transmissão multiponto, é preferível que haja o gerenciamentoda videoconferência no local onde se encontra o professor. Assim,mesmoquetodososdemaislocaispossamenviarsomeimagemparaosoutrospolos integrantes,haveráumaordenaçãogerencial.Seumavideoconferência é realizada commuitos polos ao mesmo tempo, oprofessorougerenciadorprecisaráinteragirdemaneiradinâmicacomtodososlocais,paraquesemantenhaamotivação(HACK,2010).

Comodestacadoanteriormente,adiferençaentreateleconferênciaeavideoconferênciaéqueasegundapossibilitaaconversaemduasvias.Assim,aspessoasqueparticipamdeumavideoconferênciaconseguemver-seeouvir-sesimultaneamente.Talbenefíciocriaapos-sibilidadedetirarasdúvidasdaaudiênciaemtemporeal.Avideoconferência foi amplamenteutilizadaporgrandepartedasinstituiçõesdosistemaUABnosprimeirosanosdeimplementaçãodoprojeto.

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Capítulo 04

Webconferência

Em uma sala de webconferência existe sempre a figura dogerenciador.Talpessoaconseguehabilitaroudesabilitarovídeo,oáudioeasmensagensdetextodetodososparticipantes.Ogerenciadortambémtemapossibilidadedeutilizarehabilitarousoaosdemaisparticipantesdemúltiplasferramentas,àsemelhançadeumalousadigital,quepermiteprojetardocumentos,imagens,apresentações,vídeos,sitesouatémesmoa tela do computador de quem está no comando da aula. O próprioprofessordadisciplinapodeserogerenciadordasaladewebconferência,poisamaioriadosrecursosutilizadospodeseraprendidafacilmenteporaquelesquepossuemcertafamiliaridadecomumAVEA.OsistemaUABtambémutilizaawebconferênciaemalgumasexperiênciasnacionais.

4.1.6 Tantas outras coisas e-mais

Otítuloacimaéumabrincadeiracomaspalavrasqueapareceramna atualidade, antecedidas pelo “e”, de “eletrônico”. Palavras como:e-mail,e-learning,e-messenger,e-gov,etc.Issoéapenasumaprovocaçãoàreflexãosobreaspossibilidadesdeutilizaçãoderecursostecnológicosnoprocessodeensinoeaprendizagem.Taispossibilidadessãomúltiplase certamente continuarão em constante avanço, pois a cada instante

A webconferência tem algumas semelhanças com avideoconferência,poispermitequetodasaspessoasenvolvidassevejameseouçam.Comoopróprionomeindica,awebconferênciaétransmitidapelawebepodeseracessadapeloalunodequalquercomputadorligadoàinternet.Énecessárioqueoscomputadorestenhamcâmeraemicrofoneparaque todospossamutilizar taisrecursos,mas o alunoquenãopossui essas ferramentas poderáinteragir com a turma utilizando ferramentas demensagens detexto, disponibilizadas no próprio ambiente da webconferência,semelhantesaumasaladebate-papodainternet.

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asempresasdetecnologianossurpreendemcomnovasferramentasedispositivos.Contudo,ouso eficientedemúltiplas tecnologias e seusrecursos no processo educativo é um aspecto que deve ser discutidointensamentepelasequipesqueosproduzirão.

Como vimos até aqui, o cinema, o rádio, a TV, o computador, ateleconferência, a videoconferência, a webconferência e tantas outrastecnologiaspodemdinamizar oprocessode ensino e aprendizagemnaEaD,pois

• quebramamonotonia;

• exemplificamatemáticacomrecursosdiferentes(texto,áudio,imagem,etc.)etornammaisclarososobjetivosdeaprendizagempropostospelodocente;

• motivamosestudantesadarcontinuidadeaosestudos,poisosestimulamaampliarasreflexõesemoutrosmateriais;

• ampliam e amplificam as possibilidades de comunicação(HACK,2010).

O primordial é a maneira como se combinam as funções docomunicar,doexplicaredoorientarnostextos didáticos.Porisso,elesprecisamestarestruturadosadequadamente,comvistasàsnecessidadescognitivasdosestudantes(PETERS,2001).Paratanto,entramemcenaaspectoscomo:

• anecessidadedetodososenvolvidosdominarematecnologia,sujeitando-aaosobjetivospessoaisoucoletivos,semsedeixarescravizar;

• a importância do uso crítico, criativo e contextualizado dasmúltiplastecnologiasquenoscercam(HACK,2009).

Queremos lembrá-lo de que os textos didáticos na EaD

podem ser impressos, em áu-dio, vídeo ou outros suportes.

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Capítulo 04

A tecnologiaprecisa ajudaro alunoadesenvolver suasprópriasestratégiasde estudo, levando-oa conhecer sua estrutura e suashabilidades cognitivas, ou seja, como ele aprende melhor. Atecnologiadeverásempreserummeioenãoofimdoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistância.

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A construção do conhecimento a distância

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Capítulo 05

5 A construção do

conhecimento a distância

No capítulo anterior, foi possível verificar que existem múltiplastecnologiasdisponíveisàEaD,eelasestãosendocadavezmaisutilizadasdeformaintegrada.Osmateriaisimpressos,osprodutosaudiovisuaiseos ambientes virtuais têm liberado as pessoas da frequência cotidianaepresencialaumasaladeaula,poisaeducação temchegadoaondeoalunoquiserestudarequandolheformaisconveniente.SegundoRumble(2000),apressãoparaaadoçãodemúltiplastecnologiasnoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistânciasurgedetrêsfatoresintimamenteligadosàcomunicaçãonecessáriaentreosinterlocutores,quaissejam:

• proporcionardiálogointerativocomamaiorrapidezpossível;

• criaroportunidadesparaainterlocuçãoeainteratividade;

• ampliarcadavezmaisavelocidadenacomunicaçãoeducativaadistância.

Vale lembrar que os fundamentos da interatividade, segundoSilva(2003,p.58),podemserencontradosemsuacomplexidadena informática, no ciberespaço, na teoria da comunicação e emoutrosespaços.Paraoautor,épossívelidentificartrêsfacetasnainteratividade: 1) a participação-intervenção, em que participarnão é apenas responder “sim” ou “não”,mas significamodificara mensagem; 2) a bidirecionalidade-hibridação, que entende oprocesso comunicacional como produção conjunta e cocriaçãoentreemissorereceptor;3)permutabilidade-potencialidade,queapontaparaa comunicaçãoemmúltiplas redesarticulatóriasdeconexões,comliberdadedetroca,associaçãoesignificação.

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Assim,umcenáriocomunicacionaldiferenciadoganhacentralidade,epassaaocorreraquiloqueSilva(2003)descrevecomoatransiçãodalógicadadistribuição,baseadanatransmissão,paraa lógicadacomunicação,baseadanainteratividade.Taltransiçãoprovocaabuscaporestratégiasdiferenciadasdaquelasutilizadasoutrorapormídias,comoorádioeatelevisão,emseuplanejamentoeorganização,quegeralmenteapontavamparaatransmissão unidirecional, não dialógica.

AbuscaportecnologiasquepromovessemainterlocuçãoentreosenvolvidosnaEaDpassouporalgumasfases.

• 1ªfase–SegundoRumble(2000),éoperíodoemqueoprocessocomunicacionalentreaspartesaconteciaviamaterialimpressoou escrito à mão. Tal fase distinguia-se principalmente pelotermoeducação por correspondênciaedispunhadeumaindústriagráfica relativamente barata,mas apenas pôde se desenvolverapós o barateamento dos serviços postais, principalmente apartirde1840,momentoemqueotransporteferroviáriotrouxeconfiabilidadeeagilidadeaocorreio.A1ªfasedaEaDrecebeuum incrementono séculoXX comautilizaçãodo transporterodoviário e aéreo, bem como com a revolução causada pelainformatizaçãodaindústriagráfica.Paraofuturo,oaumentodetecnologiasdeimpressãonasresidênciasdosusuárioseacriaçãodedispositivosquefacilitemaleituraemtelapodemservirdeestímuloàsubstituiçãodedeterminadosprodutosimpressos.

• 2ª fase – Para Rumble (2000), é a fase em que o processocomunicacional tem seu suporte principal na tecnologia darádioeteledifusão.Tudocomeçoucomacaptaçãoetransmissãovia rádioe televisãode leiturasaovivo,na saladeaulaondese encontrava o professor, a grupos de alunos em salas deaula distantes. Em alguns casos, existiam linhas telefônicas àdisposiçãodo alunopara este se comunicar comoprofessordurante o momento da aula. A 2ª fase foi impulsionadaquando as redes de transmissão terrestres começaram a sersubstituídas ou amparadas por sistemas de transmissão por

A televisão que conhecemos até o momento da escrita

do presente livro, 2010, é um exemplo de mídia

unidirecional e não dialógica, afinal nós somos apenas

receptores das mensagens e não podemos interagir

com os conteúdos. No entanto, as tecnologias evoluem! É possível que dentro de algum tempo as pessoas efetivamente possam interagir com os

conteúdos veiculados por mídias que hoje consideramos

unidirecionais.

A amplitude de cobertura das redes terrestres de trans-

missão de rádio e televisão dependia de fatores como:

potência dos transmisso-res; número e alcance das

estações de repetição. A existência de barreiras físicas,

como, por exemplo, monta-nhas, causava problemas de

recepção.

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A construção do conhecimento a distância

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Capítulo 05

satélite.As transmissõesradiofônicase televisivasporsatéliteproporcionaram uma cobertura geográfica mais ampla etrouxeramapossibilidadedecriaçãodesistemasinternacionaisdeEaD.

• 3ª fase – É quando, segundo Rumble (2000), o processocomunicacional começa a utilizar tecnologiasmultimídia: comtexto, áudio e vídeo ao mesmo tempo. Em suma, ela junta aprimeira e a segunda fasedaEaD, e a transmissão audiovisualtendeaserusadacomoummeiodeapoioaomaterialimpresso.Existemcontatospresenciais,masoensinoépredominantementeviamídias.OssistemasdaterceirafasedaEaDevoluemconformea evolução da informática e contam com toda uma gama detecnologias–dasmaisbaratasàsmaisdispendiosas.Autilizaçãodastecnologiaségeralmenteflexível,eoquepodeserfeitocomumatecnologiatambémpodeserobtidopelousodeoutramídia.

• 4ª fase – É aquela que se baseia na comunicação mediadapor computador (RUMBLE, 2000). A quarta fase da EaD écaracterizada pela utilização de conferência por computador,correio eletrônico, acesso a bancos de dados, pesquisas embibliotecas eletrônicas, utilização de ambientes virtuais, entreoutrascoisas.AquartafasedaEaDganhaimpulsonadécadade1990,einicialmenteoscustosparaasuaadoçãoeramelevados,jáquedemandavaacompradecomputador,softwaresespecíficoseconexãocomainternet.Noanode2010,avelocidadedaredeparaprocessaras transaçõesaindaéumgrandeproblemaemdeterminados locais,mas, indiscutivelmente, a quarta fase daEaDéverdadeiramenteglobal.

• 5ªfase–ÉomomentoemqueaEaDcomeçaautilizarprocessoscomunicacionais envolvendo agentes e sistemas de respostasinteligentes, baseados em pesquisa no campo da inteligênciaartificial (TAYLOR, 2001). A quinta fase da EaD precisa deequipamentos sofisticados e linhas de transmissão eficientespara funcionar adequadamente, mas a disseminação e o

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barateamentodessatecnologiaocorrerãocomotempo.OusodeagentesinteligentesnaEaDproporcionaaoalunoainteraçãocompersonagensvirtuaisque respondemàs suasquestõesdeformapersonalizadaecontextualizada,agindocomoumtutorvirtual. Tais personagens virtuais podem assumir múltiplasformas:homem,mulher,animalouqualqueroutramascote.Osagentesesistemasderespostasinteligentesabordamosusuárioschamando-os pelo nome e identificam quais os caminhostrilhados no ambiente virtual antes da dúvida se estabelecer.Assim, utiliza um processo de comparação para identificar aestratégiaquelevaráoalunoaresolveroimpassepeloqualestápassando. As mascotes virtuais podem ser acessadas sempreque necessário, criando inclusive rotinas de abordagem pelasquaisousuáriopodedefinirosmomentosemquenãoquerserinterpeladopeloagentevirtual(HACK,2010).

A ordem das fases da EaD que apresentamos anteriormentedeterminaasmudançasapartirdastecnologiasutilizadasnoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistância.Comooacessoamúltiplastecnologias acontece paulatinamente, sem seguir umpadrão rígido econformecadacontexto,apossibilidadedequetodasasfasesdaEaDcoexistaméreal.Emalgunsmomentos,podemocorrersituaçõesemquesedesenvolvaumcursomultimídiaparaalgumaslocalidades,enquantoemoutrasrealidadesomesmocursopreciseseraplicadoapenascomênfasenomaterialimpresso.

Perceba, então, que a adoção de múltiplas tecnologias permiteque o processo de construção do conhecimento a distância sejaparticularizado e personalizado. Por isso, é necessário que asferramentastecnológicasestejamadaptadasacadacontextoepermitamquedocentesediscentesutilizem-nasdeformaotimizadanoensinoeaprendizagem.Seoambientedeestudodosalunosadistânciaestiverequipado com as tecnologias necessárias e uma conexão rápida paraa comunicação educativa, a distância será apenas física, pois alunos,tutores,professores,enfim,todaacomunidadeacadêmicavirtualestaráconectadaeconstruiráumprocesso comunicacional dialógico.

No próximo capítulo, apro-fundaremos a discussão

teórica sobre a importância da comunicação educativa

dialógica na EaD.

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A construção do conhecimento a distância

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Capítulo 05

Comovisto,écertoqueastecnologiasinovadoraspodemtrazerpos-sibilidadesdemediaçãocadavezmaisimediatasdainformação,masaomesmotempoadicionamcomplexidadeaoprocesso,poishádificuldadesaseremvencidasparaumautilizaçãodemúltiplasmídiascomopotencia-lizadorasdoprocessodeconstruçãodoconhecimento.ParaPeters(2001),muitosanossepassarãoatéquealcancemosodomíniodaspossibilidadestecnológicasnaEaDemuitosempecilhosprecisarãoservencidos.

Duranteotempodeescritadopresentelivro,osegundosemestrede 2010, a internet ainda era considerada como o prático caminhoque levaria à informação e à comunicação, pois ela integra telefonia,radiodifusão, sistemas televisivos, mídia impressa, bem comopossibilita a manifestação daqueles que outrora apenas recebiam acomunicação emitida pela mídia. Contudo, como se trata de umaáreaemqueaevoluçãotecnológicaéconstante,a formadeensinareaprenderadistânciapoderáganhar,embreve,contornosedimensõesnuncaantesimaginadas.Sebemaplicadas,taiscaracterísticastornarãoa aprendizagemmais atraente e eficiente para o estudante, enquantoaodocente se apresentará apossibilidadede ampliaçãodo espaçodeescolhaegestãodenovaspráticasdidáticas(HACK,2010).

Caberessaltarquearapideznastransformaçõeseatualizaçõesdasinovações tecnológicas traz aobsolescênciaquase imediatadede-terminados equipamentos que, consequentemente, deixam de ser“novos”logoqueoscompramoselevamosparanossascasas.Alémdisso,paraalgumaspessoas,certastecnologiasaindasão“novas”,en-quantoparaoutrasjásetornaramultrapassadas:paraumadolescen-te,atelevisãoanalógicapodeserultrapassada,enquantoumapessoade60anos,queacompanhouaintroduçãodatelevisãonasociedadebrasileira,podeconsiderá-lacomoumanovatecnologia.Noentanto,independentementedeser“nova”ounão,namaioriadoslares,algu-mastecnologias,comoaTVdigital,estãoemvárioscômodos,eemcertascasasocomputadorjáhabitamaisdeumlugar.

Reflitaumpoucosobresuaprópriaexperiência.Esseéumbomexercíciodeaprendizagem.

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Em suma, devido às suas características técnicas, as tecnologiasdigitais oferecem cada vez maiores possibilidades de interaçãomidiatizada entre as partes envolvidas no processo de ensino eaprendizagem, bem como permitem a interatividade com materiaisdeboaemáqualidade,emgrandevariedade.Astécnicasdeinteraçãomidiatizada(e-mail,listas,gruposdediscussão,sites,ambientesvirtuaisdeensinoeaprendizagem,entreoutros)apresentamgrandesvantagensno gerenciamento do processo de construção do conhecimento adistância,poispermitemcombinaraflexibilidadedainteraçãohumanacomaindependêncianotempoenoespaço.

Na discussão do papel das múltiplas tecnologias e também nasmuitastentativasdeexperimentá-las,estáemjogosuautilizaçãocomopotencializadoradaconstruçãodoconhecimentonaEaD.Ninguémsabeaocertooquepoderáserrealizadonofuturo,sejapormotivosfinanceiros,logísticos,pragmáticosoutambémpedagógicos.Todavia,sãoprementesalgumasprovidênciastécnicas,àsvezesfinanceiramentedispendiosas,aosquepretendempossibilitar a realizaçãodedeterminadasmidiatizaçõesdeprocessoseducativosadistância.Assimcomoexistemoutrostantosquestionamentos no que tange ao tempo que os envolvidos com oconhecimentomidiatizadoprecisarãopara seacostumaràexperiência.Por isso, destacamos a importância que o senso crítico e a percepçãocriativa para o desenvolvimento de uma compreensão equilibrada têmsobreasmudançasadvindasaoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistânciacomousodemúltiplastecnologias.

Mesmoqueousode ferramentascomoocomputadorrepresentesaltossignificativosnagestãodoprocessoeducacional,oserhumanoprecisasentir-sesujeitodasmudanças,poisatecnologiaéapenasumimpulsoparaahumanidadeempreendermudançasqueobjetivemaampliaçãodaqualidadedevidadetodasaspessoas(HACK,2009).

A importância do senso críti-co, da percepção criativa, da autonomia e da cooperação

na EaD será abordada em mais detalhes na Unidade C.

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Comunicação dialógica na EaD

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Capítulo 06

6 Comunicação dialógica na EaD

Asmudançasnoprocessocomunicacionaldevidoaousodemúltiplastecnologias alcançaram a educação e trouxeram importantes desafiosàpráticadentroe forada saladeaula.Algumas literaturas sobreEaD(PRETI,2000;PETERS,2001;MOORE;KEARSLEY,2007)apontamqueacomunicaçãodialógicaéatônicadasboaspropostasdeconstruçãodoconhecimentoadistância.Issosignificaqueasimplesdifusãodeconceitosnãoésuficienteparaseinstauraroprocessodeensinoeaprendizagem.Então,vamosentenderoqueécomunicaçãodialógicanaEaD,partindodacompreensãodecomofuncionaoprocessocomunicacional.

NossaconcepçãopartedoentendimentopropostoporBordenave(1998) para a comunicação: um processo natural, uma arte, umatecnologia,umsistemaeumaciênciasocial.Paraoautor,acomunicaçãopodetantoseroinstrumentolegitimadordasestruturassociaiscomotambém pode ser a força contestadora e transformadora. SegundoBordenave, o processo comunicacional pode ser instrumento deautoexpressãoederelacionamentopacíficoentreaspessoas,aomesmotempoemquepodeserumrecursodeopressãopsicológicaemoral.Emsuma,atravésdoprocessocomunicacionalaspessoasdialogam,lutam,sonham,choram,amameconstroemoconhecimentoadistância.

ApósaspalavrasintrodutóriasdeBordenave,queremosacrescentarànossadefiniçãodeprocessocomunicacionaloingredientedainteração(feedback),queparaBerlo(1999)éum“bom”efeitonacomunicaçãohumana, pois, ao se comunicar, a pessoa constantemente procura ofeedback.Emoutraspalavras,ofeedbackéumprocessodeconferênciadainformação:oemissorbuscacertificar-sedequeconseguiucodificarcorretamenteamensagemequeointerlocutordecodificou-adaformadesejadapeloemissor.

Prosseguindoemnossaconceituaçãodeprocessocomunicacional,além da significação dada por Bordenave (1998) e por Berlo (1999),

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adicionamos o pensamento de Freire (1997). Para o autor, o termocomunicar assume o entendimento de uma filosofia voltada à trocaentre as pessoas envolvidas no processo educacional, inspirada nasexperiênciasculturais.OpensamentodoeducadorbrasileiroPaulo Freireobtevedifusãoe repercussãomundial,poisabrigaapropostadequeaeducação deve ser um processo revelador e habilitador, ou seja, umapermanentedescoberta,ummovimentoparaepela liberdade,noqualoprocesso comunicacional é imprescindível e inseparável.AcrescentaropensamentodeFreireemnossadefiniçãosignificacolocarsubjacentea perspectiva de uma prática comunicacional educativa voltada aogerenciamentodoprocessodeensinoeaprendizagemdeformacríticaecriativa,natransformaçãosocial(HACK,2009).

Apósentendermoscomofuncionaoprocessocomunicacional,ficapatenteque:falarsobrecomunicaçãodialógicanaEaDsignificafalardapotencializaçãodasestratégiascomunicacionaiscommúltiplastecnologiasparaaconstruçãodoconhecimento.Aquestãonãoéinteiramentenova,poisdecertaformaoprofessorpresencialjámidiatizaoconhecimentoao preparar aulas emateriais, por exemplo, ao preparar os tópicos desuaexposiçãooral,organizá-losnocomputador,emslidescomimagensestáticas ou emmovimento e depois projetá-los emuma tela, durantea aula presencial. O quemuda é a quantidade demídias disponíveis,renovadas cotidianamente, que acarretam uma crescente exigência deconhecimentostécnicosdapartedosdocentesediscentes,bemcomoacapacidadedegerenciardeformadialógicatalprocesso(HACK,2009).

Além de Paulo Freire, esta-mos apresentando, desde o início da Unidade A, vários

autores. Aos poucos você está construindo sua própria concepção sobre o processo

de ensino e aprendizagem na EaD. Uma dica: a leitura de

alguma obra completa ou de capítulos de textos sugeridos

aqui é uma boa estratégia para ampliar suas reflexões

sobre o assunto.

O docente midiatiza o co-nhecimento ao codificar as

mensagens educativas e tra-duzi-las sob diversas formas, conforme a mídia escolhida,

em colaboração com uma equipe multidisciplinar. Além disso, ele também comunica o conhecimento midiatizado

utilizando ferramentas sín-cronas e assíncronas, tarefa que também é chamada de

mediação do conhecimento. SabemosqueacomunicaçãodialógicanaEaDnãoéumatarefafácil, porque um número significativo de docentes e discentesainda não dispõe das competências necessárias. O processocomunicacionalnoensinopresencialestá tãoalicerçadonaaulaexpositiva que muitos professores e alunos avaliam com certadescrença a utilização de múltiplas tecnologias em contextoseducativos. Por isso, aquele que pretende assumir uma posturainterativanaEaDprecisarádesenvolverhabilidadescomo:

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Capítulo 06

Aquiéimportantedestacarmosanecessidadedevalorizarcadavezmaisoladohumanoparanãocairnoriscodeconotarastecnologiascomosubstitutasdacomunicaçãodialógicaentreosenvolvidosnoprocessodeensinoeaprendizagemadistância.Afinal,mesmocomararefaçãodocontatopresencial,oprocessodeobtençãodoconhecimentonãodeixadeserumavia de mão duplaemqueoalunoaprendecomodocenteevice-versa.OsuportedacomunicaçãoeducativanaEaDseráoestudosistemático, por intermédiodemateriaismidiatizados, facilitadopelainteração do aluno com docentes e especialistas, em que o processocomunicacionalérepensadocontinuamenteparaapotencializaçãodosmomentosdetrocadialógicaentreosenvolvidos.

• identificar quais tecnologias são indispensáveis levando emcontaocontextoondeserãoutilizadas;

• dominarasferramentastecnológicasenvolvidasnoprocessodeensinoeaprendizagemadistânciadoqualestáparticipando;

• fomentar estratégias que potencializem a aprendizagem commúltiplosrecursostecnológicos(HACK,2009).

A educação sempre foi e continua a ser um processo complexo que utiliza meios de comunicação para fun-damentar, complementar ou apoiar a ação do docente em sua interação com os estudantes. Na educação presencial, o quadro negro, o giz, o livro, entre outros, são instrumentos pedagógi-cos que fazem a ponte entre o conhecimento e o aluno. Na EaD, a interação com o docente passa a ser indireta, por isso torna-se necessária a comunicação dialógica por uma combinação de diferen-tes tecnologias.

Neste capítulo da Unidade B, trataremos de vários aspectosrelacionados ao processo comunicacional dialógico na EaD, comênfase no papel do docente. Na Unidade C, você encontrará asreflexõesreferentesaopapeldoalunoeaimportânciadaautonomiana construção do conhecimento a distância. Agora, antes decontinuarsualeitura,temosumapergunta:vocêjáparouparapensarqueredimensionaroseuprocessocomunicacionalparaadequá-loàEaDexigiráumbomtempodededicaçãode suaparte?Afinal, éumaformadepensaraeducaçãocomaqualvocêpodenãoestarhabituado.Então,reflitasobreoassunto.Depois,volteaoestudo.

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Nocontextoapresentado,oconhecimentoéconstruídocoletivamente,eodocenteprecisarepensarseupapelnagestãocomunicacional.NossaexperiênciacomaEaD,queiniciouem1997,demonstraqueasmudançasnoprocessocomunicacionaldocentedevidoàintroduçãodastecnologiasocorrem tantonaEaDquantonoensinopresencial.Atravésdealgunsinstrumentos de comunicação e interação, por exemplo, o e-mail, oestudante pode, agora, receber com antecedência o roteiro da aula,as apostilas,osvídeosdigitalizados,os sons, entreoutros recursosquesubsidiarãoseuestudoparaoencontropessoal.Casooalunonãopossacomparecer,terámaterialparaestudar,easdúvidasquesurgiremserãoesclarecidas no contato com a comunidade virtual de interlocutores,formadapeloscolegas,tutoreseprofessoresquesereunirãovirtualmenteutilizandoferramentasdoAVEA,comoofórumouasaladebate-papo,etambéminteragirãopore-mail(HACK,2009).

Comotantosoutrosrecursoseducacionais(livros,apostilas,etc.)constituem-seeminstrumentosdeauxílionoprocessodeconstruçãodo conhecimento a distância, as múltiplas tecnologias servirão paramotivar, ilustrarereforçarasatividadesoutorná-lasmais interativas.Porisso,opapeldodocentenaEaDéredimensionado,eelepassaráa:

• validar,maisdoqueanunciar,ainformação;

• proporcionar momentos de triagem das informações, para areflexãocrítica,odebateeaidentificaçãodaqualidadedoqueéoferecidopelasmúltiplasmídias;

• orientar e promover a discussão sobre as informaçõesselecionadasevalidadas;

• auxiliarnacompreensão,utilização,aplicaçãoeavaliaçãocríticadasinovações;

• possibilitaraanálisedesituaçõescomplexaseinesperadas;

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Capítulo 06

• permitir a utilização de outros tipos de “racionalidade”: aimaginação criadora, a sensibilidade táctil, visual e auditiva,entreoutras(KENSKI,2003).

Sedimenta-se, então, a necessidade de repensar as nuances dacomunicação educativa no processo de ensino e aprendizagem adistância, afinal, o conhecimento será construído coletivamente ecooperativamente, com a participação de todos. Algo que exigirá dedocentes e discentes a criação de um ambiente, mesmo que virtual,propícioaodiálogoeque:

• incremente a utilização de ferramentas de comunicação,instantâneasounão,paracontatoentretodosemumprocessomaisobjetivo,pontualeplanejado,comfeedbackrápido;

• melhorea interaçãopelousodemúltiplas tecnologias, comoaumentodaspossibilidadesdediscussãoadistânciadealgumastemáticasembuscadeumacomunicaçãodialógicaconstante;

• entenda a prática docente como articuladora, orientadora eauxiliadoranaconstruçãodoconhecimentoatravésdoprocesso

Aomediar o conhecimento, semmuitas vezes poder visualizar,ouviraspalavrasnemperceberasreaçõesimediatasdoaluno,odocente buscará potencializar o processo comunicacional paraqueseestabeleçaumarelaçãodialógicaqueincentiveoestudantena construção do conhecimento a distância. Essas formasdiferenciadasdelidarcomaconstruçãodoconhecimentoeseusdesdobramentos exigirão metodologias e ações diferenciadas,poisemambientesvirtuaisdeensinoeaprendizagemaaquisiçãode conhecimentos deixa de se fazer exclusivamente por meiode leituras de textos para se transformar em experimentos commúltiplaspercepçõesesensibilidades.Paratanto,seráindispensávelpriorizaracomunicaçãofluida,constanteebidirecional.

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de comunicação de mão dupla, em contraposição à antigavisãododocentedetentordoconhecimento,querepassavaosconteúdosexclusivamentedeformaexpositiva;

• abra novos horizontes, ao buscar a familiaridade e depois acriatividadenautilizaçãodemúltiplastecnologiasnaEaD,semmodismoserotinasdescontextualizadas;

• mude a postura paternalista, tão comumno ensinopresencial,substituindo-apeloincentivoaoestudoautônomoecooperativo,com base na pesquisa e na mediação multimidiática (HACK,2009).

Enfim,aoassumirmosumapropostadecomunicaçãodialógicanaEaD,estamosaceitandoapropostadequeoconhecimentoéumconstruto que resulta da ação de todos e precisa ser gerido. Nessavisão, o processo de ensino e aprendizagem a distância passa a sercaracterizado não pelo discurso expositivo, da distribuição, maspela perspectiva de participação e cooperação, na qual o estudantecontribui como um coautor ativo. A comunicação educativa deixade ser voltada especificamente para a oratória quase exclusiva do“professorrepassadordeinformações”epassaaserguiadopelodiálogointerativo entre aspartes.Odocente torna-seo agenteorganizador,dinamizadoreorientadordaconstruçãodoconhecimentoatravésdoauxíliocríticoecriativonaseleçãodasinúmerasinformaçõesàsquaisoalunoésubmetidocotidianamente.

Éumareorientaçãodospapéisdodocenteedodiscente,aosquaissãoacrescidasfunçõesrelacionadascomabusca,seleçãoeexploraçãode informações existentes nas múltiplas tecnologias disponíveis.Em outras palavras, na caminhada educacional, docente e discenteestabelecemumdiálogoconstantedecooperaçãomútuanaconstruçãodoconhecimento.

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Capítulo 06

Sugestão de leitura

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na Unidade B,

sugerimos as seguintes obras:

BERLO, D. K. O processo da comunicação: introdução à teoria e à práti-

ca. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era

da informática. São Paulo: Editora 34, 1993.

MARTIN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e

hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

THOMPSON, J. A mídia e a modernidade. Petrópolis: Vozes, 1998.

Quantos autores nós apresentamos e quantos conceitos nósdefinimosnessaUnidade,nãoémesmo?

Inúmerasinformaçõesforamexpostaseagoraprecisamosdeumtempoparaprocessá-lasdaformadevida!Então,antesdefazeraleituradaúltimaUnidadedo livrode IntroduçãoàEaD, realizealgumaatividadediferente:pratiquealgumesporte,váaocinema,váaoteatroouatémesmoprepareumaxícaradecháoucaféparaum gostoso bate-papo com amigos ou familiares. O descansosempreébem-vindodepoisdelongosperíodosdeestudo!

Depoisdedescansar,leiaapróximaUnidade.Lá,vocêencontraráoaprofundamentosobrealgumascaracterísticas importantesaoalunodaEaD,como:aautonomia,acooperação,acriticidade,acriatividade,etc.

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Unidade CO processo de ensinar e aprender na EaD

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Introdução

Sejabem-vindoàúltimaUnidadequecompõeolivrodadisciplinaIntroduçãoàEducaçãoaDistância.

Aqui, você terá acesso a reflexões relevantes para a efetivaçãodo processo de ensino e aprendizagem na EaD, que, em nossacompreensão, pauta-se na construção continuada e ininterrupta doconhecimento. Talvez as informações representem novidades, entãoprocurecontextualizarasdiscussõeslevantadasdentrodesuaprópriarealidade,comoscolegasdeestudo,tutoreseprofessores.

NoprimeirocapítulodestaUnidade,vocêcompreenderámelhora significação das palavras autonomia, cooperação e afetividade, nocontexto educacional. Na oportunidade, estimularemos seu contatocomváriosautoresquerefletiramsobreascaracterísticasdoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistância.

No segundo capítulo, abordaremos algumas características dosambientesvirtuaisdeensinoeaprendizagem,tãolargamenteutilizadosna EaD em nossos dias. Além de entender como funciona umaplataformainformatizadaparaensinareaprenderadistância,queremosarrazoarsobreousocríticoecriativodetalferramentaeducacional.

Nasequência,vocêserámotivadoapensarsobrecomoprocedernaorganizaçãodeseucotidianodeestudosparaotimizarsuaaprendizagemna EaD. No terceiro capítulo, apresentaremos algumas dicas que oajudarãoaconstruir,cooperativamente,suaagendadeestudos.

Por fim, o último capítulo da Unidade C recebeu o nome deConsideraçõesFinais,poiséomomentoemquepretendemossintetizarosprincipaiseixosquenortearamapresenteobra.

Então,vocêtemmuitosdesafiospelafrente!Boaleitura!

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Capítulo 07

7 Autonomia, cooperação e

afetividade na EaD

Para abrir o primeiro capítulo da Unidade C, gostaríamos deapresentar o resultado de um estudo que desenvolvemos durante oMestrado em Comunicação Social, realizado entre 1997 e 1999, naUniversidadeMetodistadeSãoPaulo.Naquelaoportunidade,enviamospore-mailseteperguntasabertassobreEaDaalgunspesquisadoresdaáreaesolicitamosquediscorressemsobreastemáticaspropostas.Oestudotambém foipublicado emuma revista acadêmica (HACK,2000), comalgumascaracterísticasdiferentesdaquelasquedestacamosnasequência.

A escolha dos nomes dos entrevistados se deu em função dasrelevantes contribuições acadêmicas de tais estudiosos nas áreas queabrangemTecnologia,ComunicaçãoeEducação,emordemalfabética:

• AdilsonCitelli–professortitulardaEscoladeComunicaçãoeArtesdaUniversidadedeSãoPaulo.Livre-docentecomtesenainter-relaçãoComunicaçãoeEducação;

• Davi Betts – professor e diretor de Tecnologia e Informaçãoda UniversidadeMetodista de São Paulo. Atua em áreas queenvolvem tecnologias de informação principalmente nocontextouniversitário;

• Domingo J. Gallego Gil – professor titular da Universidad Nacional de Educación a DistanciadaEspanha.Estudaassuntoscomotecnologiaeducativa,e-learning,gestãodoconhecimentoeestilosdeaprendizagem;

• HermanoDuarte de Almeida e Carmo – professor catedráticodaUniversidadeAbertadePortugal.TemdiversostrabalhosnosdomíniosdasCiênciasdaEducação,CiênciasSociaiseCiênciasPolíticas;

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• JoséManuelMoranCostas–doutoremCiênciasdaComunicaçãopelaUniversidadedeSãoPaulo.Temestudossobreoapoiodastecnologiasnaeducaçãopresencialeadistância;

• Tânia Maria Esperon Porto – pedagoga, com pós-doutoradonaUniversidadeFederaldeSantaCatarina.Atuanaslinhasdepesquisa Educação, Comunicação, tecnologias e formação deprofessores.

A seguir, destacam-se as perguntas que compuseram o estudoe algumas das respostas obtidas. Salienta-se que os excertos não sãorecortesreagrupadoserespeitamaíntegradasrespostasenviadaspelosentrevistados.

Primeira questão: Quais as vantagens e desvantagens da EaD? Em que circunstância deve ser aplicada? É desejável ser usada como complemento à educação presencial, tendo em vista um mercado de trabalho cada vez mais exigente com relação à formação permanente e continuada dos profissionais?

Adilson Citelli: As vantagens são de otimização de recursos naárea educativa, assim como permitir a formação permanente emserviço,exigênciaprofissional importantenomundocontemporâneo.Considere-se, ainda, as possibilidades de atingir populações quedificilmenteteriamcondiçõesdesedirigiraosespaçosescolaresformais.Adesvantageméumcertoisolamentodoeducando,domesmomodoque anãopresença–oupelomenos a rarefaçãodela–doprofessorcriaproblemasparaodesenvolvimentoderelaçõesintersubjetivasmaisricasentreosestudantes.

JoséManuelMoranCostas:Hojemuitoscursospresenciaispodemserampliadoscomformasdecomunicaçãoadistância.Eatendênciano ensino presencial é para incorporar processos de educação ecomunicaçãoadistância.Poroutrolado,oscursosadistânciatambémestãotransformando-sedecursos“a la carte”,ondecadapessoaacessaindividualmente quando quiser para aproveitar todas as formas deinteração que a internet propicia para que tenhamos muito maior

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Autonomia, cooperação e afetividade na EaD

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Capítulo 07

participaçãodosalunos,paraquetrabalhememprojetoscolaborativos,conversem com professores, tutores e colegas. Tanto o ensinoconvencionalcomooadistânciacomeçamaexperimentarmudançassubstanciaisquesetornarãomaisvisíveisnospróximosanos.

AsrespostasdosestudiososratificamqueaEaD,sebemplanejada,podeserarespostaparaatenderváriascamadasdapopulação:aquelasque estão excluídas do sistema regular de ensino, como os alunos etrabalhadoresqueresidemlongedeumainstituiçãodeensinosuperioreteriammuitodesgastefísico,mentalefinanceiroparafrequentarumcurso diariamente, além dos profissionais que precisam se atualizarenãopodemdeixarsuas funçõescotidianas.Todavia,épreciso levarem conta o isolamento ao qual se submete um alunodaEaD, o queocasiona a necessidade de buscar, com instância, alternativas quepromovam interatividadenas relaçõesdocente/alunoou aluno/aluno.Éimprescindívelaatençãoàsconstantesmudançasqueocorremnestaáreadoconhecimento.

Segunda questão: Com a internet e as mídias via satélite, as fronteiras do conhecimento foram derrubadas. De que maneira as tecnologias e a EAD podem contribuir para a educação permanente?

DaviBetts:Responderaestaperguntajáfoieétemaparamuitasdissertações e teses. Sinteticamente respondendo, creio que as novastecnologias de comunicação simplesmente oferecem um meio maisrápido e interativo para a construção do conhecimento. Existemalgumaspalavras-chavesquecaracterizamofenômeno:conectividade,acesso,autodisciplinaemetodologia.

Tânia Maria Esperon Porto: Acredito que em muito podemcontribuir, como um elemento a mais, não como único e exclusivocaminho de ensino.As novas tecnologias estão presentes na educaçãoe na escola em geral, não apenas na forma de recursos auxiliares,mas nas diferentes formas de expressão que compõem o universosocioculturaldeprofessoresealunos.Emminha atual pesquisa,observoque as tecnologias, apesarde fazerempartedo cotidianodos cidadãos

Na oportunidade, a autora enviou um artigo de sua autoria para explicitar melhor algumas respostas. A refe-rência do artigo enviado é: PORTO, Tânia Maria Esperon. A organização do trabalho na escola: pedagogia da comunicação como espaço coletivo. In: Anais da Reu-nião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED. GT Educação e Comu-nicação (disquete). Caxambu: ANPED, 1998.

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professores,nãoconstamdasfalasdosprofessorescomoobjetodeestudosoudetrabalho.Aparecem,esporadicamente,emcomentáriosaleatóriossobreacontecimentosmostradosnatelevisãoecomentadospelosalunosnas salasde aula.Amaioriadas escolaspúblicasdoBrasil recebeudoGovernoFederal equipamentos (TV, videocassete e antenaparabólica)para gravação, organização de videoteca e posterior utilização pelosprofessores.Aspesquisas indicamque,mesmodepoisdedois anosdeimplantaçãodoProjetodenominadoTVEscola(educaçãoadistância),estekittecnológicoencontra-seesquecidonumcanto,semumplanodetrabalho efetivoque auxilieoprofessor a lidar comas tecnologiasqueestãonaescolaounasociedadeemgeral.Eutrabalhocommídiascomoformas de aprendizagem tanto como portadoras de conteúdo em simesmas,comoveiculadorasdemensagensqueprecisamseranalisadassegundoaconcepçãodequemasvê(consome)edequemasproduzecomoformasdesatisfaçãoeenvolvimentoemocional,quenosindicamcaminhosa seremdesbravados.Eacreditoqueaqualificaçãoparaqueo profissional amplie suas visões, adquira consciência de seu papelsociopedagógico e modifique suas atitudes, implica, assim, uma açãovoltadaparaa(re)construçãodeconhecimentosapartirdeinvestigaçõesna prática, discussão de teorias e narrativas por nós vividas comoindivíduospesquisadoresoucomogrupodeestudos.

Como observamos nas ponderações anteriores, é indubitável acontribuição que as múltiplas tecnologias podem trazer ao ensinopresencialeàEaD.Contudo,aintroduçãodeferramentastecnológicasdevepartirdeumadiscussãoinicialedaprópriautilizaçãocríticaporparte dos docentes. Os professores e alunos precisam ser os sujeitosdo processo, por isso a necessidade de qualificação e requalificaçãoconstantedoeducadoredoeducando.

Terceira questão: O Brasil é um país de proporções continentais, com discrepâncias de realidades econômicas e sociais, onde muitos professores não sabem sequer usar equipamentos eletrônicos simples, quanto mais os sofisticados. No caso das populações de baixa renda, que não dispõem, em suas casas, dos equipamentos mínimos (telefone, televisão, vídeo e computador) usados na EaD, como essa modalidade pode ser

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Capítulo 07

implementada para acelerar e inserir esses grupos marginalizados no processo educacional do país?

Adilson Citelli: Você está colocando um problema que não dizrespeitoprimeirae imediatamenteàsnovas tecnologias, senãoaumaestruturasocietáriadesigualecomaspectosdramáticosqueconhecemos.No entanto, creio que, mesmo no contexto que você corretamenteindica,seriapossível,atravésdepolíticaspúblicasmaiscompromissadassocialmente, implementar alternativas capazes de disponibilizar osnovossistemasparaaredeescolarouentidadescompromissadascomaformaçãoeducacionaldosgruposmarginalizados.

José Manuel Moran Costas: É necessário que o governo e asorganizações sociais e empresariais se unam para providenciar ainfraestruturatecnológicaàsescolaseaoscentroscomunitáriosparaqueoscidadãostenhamacessoaessastecnologiaseinvistamefetivamentenaformaçãodosprofessoresparaqueasutilizemdeformacriativa.Semisso,aumentaráadistânciaqueseparaospoucosprivilegiadosnoBrasildagrandemaioria.

Épreocupantequandoseobservaasituaçãoeducacionaldeparteconsiderável da população brasileira que está excluída do sistema regular de ensino por vários motivos.Sabe-sequeaeducaçãoéamelhoralternativa para o desenvolvimento de um país. A mudança não éimpossível,masexigevontadepolítica.

Quarta questão: O rendimento dos discentes da EaD, se comparado com o ensino presencial, é melhor, igual ou inferior? Apresente suas ponderações.

Davi Betts: As pesquisas que eu tenho visto não indicam umdiferencialqualitativosignificativoentreasduasmodalidades.Eucreioquefaltatalvezumacompreensãomelhordatecnologiadisponívelesuautilização,tantoporpartedodocentequantododiscenteedasprópriasinstituiçõeseducacionais.Éumoutroparadigma.

O EaD no Brasil atinge uma importância fundamental face ao grande contingente de estudantes que foram obrigados a parar de estudar para trabalhar.

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DomingoJ.GallegoGil:Dependedelprofesornodelamodalidaddeenseñanza.Dependedesusactitudesysusaptitudes.Puedesermejor,igualoinferior.

HermanoDuartedeAlmeidaeCarmo:Estudosdiversos(ver,porexemplo,trabalhosdeLorenzoGarciaAretio,daUNED–UniversidadNacional deEducación aDistancia)mostramqueos resultados sãosemelhantes.

Os demais estudiosos entrevistados não quiseram se posicionarpor estarem desprovidos de subsídios que pudessem sustentar suascolocações. Entretanto, fica saliente que uma EaD bem planejada,dimensionadaegerenciadapodeterumrendimentoigualouatésuperioraoensinopresencial,dependendomaisdaqualidadedosgruposedasinstituiçõesqueaspromovemdoquedasmodalidadesdeensino.

Quinta questão: Existe algum perfil de aluno e professor ideal para que a EaD funcione? Por quê?

Adilson Citelli: Não me parece. Trata-se, apenas, de ajustar osprocedimentos da EaD aos educandos alvos (sejam eles professores/formadores,sejamalunosaseremformados).

DaviBetts:Nãopoderiadefiniroqueseriaoperfilidealdealuno,mascreioqueexistemalgunsfatoresquecertamentecontribuemparaumaexperiênciabem-sucedida.Aautodisciplinaeacapacitaçãoparao uso das tecnologias são fundamentais. Além destas característicasexistemasnecessáriasaqualqueraluno,taiscomo:termetodologiadeestudo,vontadedeaprender,disponibilidadedetempo,etc.

Hermano Duarte de Almeida e Carmo: O aluno tem de seremocionalmente maduro para aguentar a solidão em que trabalha.O professor tem de ter critérios, não só acadêmicos (rigor e clarezacientífica), mas também empresariais (por exemplo, tem de sabercumprirprazoseestimarcustos).

A tradução livre da resposta em espanhol é: “Depende

do professor e não da modalidade de ensino.

Depende de suas atitudes e habilidades. Pode ser melhor,

igual ou inferior”.

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Capítulo 07

Comoobservamosnasrespostasanteriores,aquestãodaeficáciada EaD e sua eventual relação com um perfil de aluno divide osestudiosos.ConcordamoscomosapontamentosdeHermanoDuartedeAlmeidaeCarmo,daUniversidadeAbertadePortugal,queapresentaalgumascaracterísticasnecessáriasaosalunoseprofessoresqueestãoenvolvidoscomamodalidadedeEaD.Aproveitamosparadestacarque,emsuamaioria,osestudantesdecursosadistânciacomosrequisitosnecessários para acompanhar um curso com essas características sãoessencialmenteadultos.

Sexta questão: Que dificuldades os alunos e professores podem encontrar estudando e ensinando a distância? Como vencer essas barreiras?

Adilson Citelli: Trata-se, como já afirmei, de um problema deadequaçãodeformasnovasdeproduzirconhecimento.Assim,passardemecanismospresenciaisemuitocentradosnaculturadolivro,paravariáveisquepodemincluirdimensõesvocovisuais[sic]equerequisitamenvolvimentos diferenciados dos educandos, devem apresentar,evidentemente, algumas dificuldades. Entendo, contudo, que se tratade implementar procedimentos que reorientemo aprendizado, agoraconsiderandoasmediaçõestécnicas.

HermanoDuartedeAlmeidaeCarmo:Aprincipaldificuldadeéasolidãodoestudante.Paravencê-la,énecessário:bonsmateriais(comqualidade científica e pedagógica) e boa interação (usando todos osmeiosdisponíveisquerpresenciais–centrosdeapoio,cursosintensivosdefimdesemanaoudeférias–queradistância–correio,telefone,redederadioamadores,radiodifusão,televisão,etc.).

José Manuel Moran Costas: Falta de planejamento, falta deorientação,dificuldadesdeacessoàstecnologias,concepçõespedagógicasultrapassadas. A educação a distância de qualidade – assim como apresencial–écara,nãopodeserepetiroconteúdodoensinopresencialsomente.Écaroparainiciaroprocessoetambémécarooacompanhamento.Creioquecadauniversidadedeveriainvestiremalgumasmodalidadesdeensinoadistânciaondefosseforte,ondetivessealgumacontribuiçãoenão

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oferecertodososcursoscomonoensinoconvencional.Asuniversidadesprecisam associar-se a outras organizações empresariais e do trabalhoparaestarmaispertodosalunosetermaisrecursos.

TâniaMariaEsperonPorto:Creioqueasdificuldadesinerentesàfaltadeumgrupo,deinteração,dediálogoparareflexão.

Fica saliente que a solidão e a dificuldade em adaptar-se àsferramentas utilizadas são, talvez, osmaiores empecilhos quepodemlevar um estudante de um curso a distância a desistir dos estudos.Existem formas de repensar a interatividade entre docente e alunos,bemcomoentrealunosealunos(comoassalasdebate-papovirtualeaulaspresenciaisouconfraternizações esporádicas),queprecisamserconsideradasparaqueoisolamentosejarompido.

Sétima questão: Com a disseminação da internet, que oferece apos-sibilidadedeinteratividade(atravésdelistasdediscussões,trocadee-mailsentrealunoseprofessores),quaisasreaismudançasnoprocessodeEaD?

Adilson Citelli: Trata-se, mesmo, de repensar os paradigmasdaEaD. Já nãobasta um televisor ou aparelhode rádioministrandoaulas.OsfluxosdialógicoseinterativosdevemserpensadosnosnovosmodelosdeEaD,inclusivepelasfacilidadestécnicasquevocêaponta.

HermanoDuartedeAlmeidaeCarmo:Ameuver,nãohámudançade paradigma, mas apenas (e já é muito) um reforço do paradigmaexistente que confere ao aprendiz o papel de gestor da sua própriaaprendizagemeaoensinanteacondiçãodeorientadordoaprendiz.

TâniaMariaEsperonPorto:Asexperiênciasqueconheçopermitem-meapenasdizerqueéumaformaamaisparaampliarouniversodeconhecimentodossujeitos,comasdevidaslimitaçõesdavirtualidade.

Maioroumenor transformação,mudançaounãodeparadigma:a divergência entre os estudiosos entrevistados não é de fundo,mas

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Capítulo 07

dematiz.SãotodosunânimesemargumentarqueadisseminaçãodainternetéumauxílioimportanteparaaEaD.Destacamos,entretanto,que ainda falta a popularização da rede, permitindo o acesso àscamadasmenosprivilegiadas.Ou,pelomenos,acriaçãodecentrosdeatendimento,ondeosestudantesadistânciamaiscarentespossamdispordatecnologianecessáriaparaautilizaçãodainternetnoshorárioslivres.

Percebemosnovamenteaimportânciadainterneteseusrecursosnarealizaçãodasmaisdiversasatividades.Aprópriaentrevistarealizadaviae-mailéumexemplodecomoaredeaproximapesquisadoresqueseencontramemcontinentesdiferentesebarateiaoscustos, alémdeabolirotempogastonodeslocamento.

7.1 Autonomia e cooperação

Em sua obra sobre didática da EaD, Peters (2001) faz umaretrospectiva histórica e destaca que a prática autônoma de

Emsíntese,asentrevistascomospesquisadores trazemà tonaesalientamosseguintesfatores:

• É imprescindível a introdução de múltiplas tecnologias nosdiversosníveisemodalidadesdeensino,maséprecisolevaremcontaaspeculiaridadesdecadaregião;

• É necessário discutir de forma multidisciplinar e projetarexperiênciasquevenhamacontribuirnabuscadaexcelêncianautilizaçãodemídias,redes,softwareseoutrasferramentasnaeducaçãopresencialeadistância;

• É preciso caminhar, permeados pela discussão crítica datemática, evitando a simples reprodução de modelos jáexistentes. As realidades locais devem ser respeitadas, e acriatividadedeveimperarnestabusca.

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aprendizagem ganhou importância na pedagogia alemã há muitosanos.Oautorsalientaquenadécadade1970adefiniçãodeestudanteautônomoera:aquelequeestáemcondiçõesdedecidirporiniciativaprópria sobre seu aprendizado. Tal concepção foi se aperfeiçoandodurante os anos ao se considerar o ensino e a aprendizagem comoprocessuais. Peters (2001) aponta que essa prática significamais doqueestudoautodirigidooumeramenteumaparticularidadetécnico-organizacional da configuração do ensino. Para ele, os estudantessãoautônomosquandoconseguemreconhecersuasnecessidadesdeestudo,formulamobjetivosdeaprendizagem,selecionamconteúdos,planejam estratégias de estudo, selecionam materiais didáticos,identificam fontes adicionais de pesquisa e fazem uso delas, bemcomo quando eles ordenam, conduzem e avaliam o processo daaprendizagem.A autonomia é uma característicamuito importanteàquela pessoa que pretende gerenciar seu próprio estudo, mas aomesmo tempodeseja trabalharde formacooperativana construçãodoconhecimentoadistância.

Peters(2001)apontaquebuscaraautonomiaéumatarefaquepoderáassustaralgunsalunos,poisestudarseguindoessapropostaimplica:a)construiroutransformarestruturascognitivas;b)transformarestruturasdesuperfícieemestruturasdeprofundidade;c)refletirsimultaneamentesobretodoesseprocesso.Oautorsalientaqueoestudoautônomodemodonenhumsetratadeumaconstruçãoindividualeisolada,poislevaaformasdeensinoeaprendizagemdialógicas, trabalhosemprojetoscoletivoseaprendizagemcooperativapelapesquisa.Apropostaéretirarodocentedo primeiro plano para colocar o aluno nessa posição, modificandorelaçõestendenciosamenteautoritáriasentreambos.Entretanto,comonocontextoeducacionalaindasesobressaiainfluênciadomodeloexpositivode ensino, a resistência levamuitos docentes e discentes a julgarem-sedespreparadosparaessesexperimentos.

Em nossos estudos (HACK, 2009, 2010c) verificamos que umaspectoprimordialnabuscadaautonomiaedacooperaçãonaEaDéacriticidade.Castells(2000)afirmaqueaselitesaprendemfazendo,ecomissomodificamasutilizaçõesdatecnologia,enquantoamaiorpartedas

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Capítulo 07

pessoas aprendeusandoe, assim,permanecemdentrodos limitesdo“pacote”datecnologiaquecompraram.

Emsíntese,pensarnoperfilcríticodousuárioautônomoeco-opera-tivoemumsistemadeEaDépensarempessoasquetenhamsuaprática

A pessoa que pretende estudar com autonomia e de formacooperativaprecisasepredisporamudançasqueexigirãoreflexãoeaçãocríticassobredeterminadaspráticasque,emalgunscasos,aindanãoestãoincorporadasàsuaposturanoprocessodeensinoeaprendizagem,porexemplo:

• participar efetivamente das atividades desenvolvidas emambientes virtuais (fóruns, salas de bate-papo, realização deatividadesonline).Muitaspessoasnãoseenvolvemnaspropostasde estudos virtuais e têm uma participação qualitativamentesuperficial, com apenas comentários óbvios, mesmo quequantitativamente a participação seja expressiva. Envolver-se efetivamente no processo permitirá o desenvolvimentodemecanismosque levarão à construçãodo conhecimento adistânciaenãoàmerareproduçãodeconteúdos;

• administrar o tempo e as atividades cotidianas com vistasa dar conta das interações e conseguir um relacionamentomaisintensocomoscolegas,tutoreseprofessores.Talatitudeaproximará todos os integrantes do sistema de EaD para aformaçãodeumacomunidadevirtualrelevante;

• aprender a selecionar as inúmeras informações midiatizadasàs quais é submetido diariamente, devido à introdução demúltiplas tecnologias em nosso cotidiano. Os envolvidos noprocesso de ensino e aprendizagem a distância precisarãosujeitaratecnologiaàssuasnecessidadesenãosesujeitaraela,paraentãoconstruirumacompreensãocrítica sobreaediçãodomundopelasmídias.

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fundamentadanopensamentodesenvolvidoporFreire(1975,1979,1997).Paraoautor,precisamosconstantementerefletirsobrearealidadeemquevivemosparaquenossoprojetodeaçãosejaoreflexodeumpensamentocomprometidocomoaprimoramentopessoaledacoletividade.

OutracaracterísticaessencialaquemquerdesenvolveraautonomiaeacooperaçãoemsuapráticanaEaD, tambémdestacadaemnossosestudos(HACK,2009,2010c),éacriatividade.Háalgunsanosfomosapresentados aum textoda consultora emRecursosHumanosOlenideOliveiraLobo(2002),queemnossainterpretaçãopermaneceatual:

Meu orientador durante meu doutoramento em ComunicaçãoSocial,naUniversidadeMetodistadeSãoPaulo,eraumfrancês:o educador JacquesVigneron. Suas experiênciasme ajudaramaperceber, de forma mais refinada, a riqueza que encontramosnas diferenças culturais e aperfeiçoaramminhas habilidades decomunicaçãomidiatizada.Emumadesuasobras,Vigneron(1997)apontaqueasociedadeprecisadedocentescomumanovaposturacomunicacional,queobjetivemajudaroeducandoamudarassuaspercepções, suas atitudes, e a chegar a uma compreensãomaisampladasociedadeemqueviveedastecnologiasqueorodeiam.

Qualseupensamentosobreoassunto?Qualaimportânciadaleituracríticadosconteúdosdifundidospelamídiaemumasociedadeondeainformaçãoaumentaexponencialmente?Quemhabilitaráasfuturasgeraçõesàárduatarefadefiltrarasinformaçõesrelevanteseválidas,separando-asdosexcessoseboatarias?Quemajudaráainterpretarcomoaconteceaediçãodomundopelasdiferentesmídias?

Quem ensinará a desligar a tecnologia no momento certo edesligar-se dela completamente em certas oportunidades, comoumaespéciede“desintoxicação”tecnológica?SãoboasperguntasparaoúltimocapítulodeumlivrosobreEaD!

Você sabia que uma boa forma de construir conhecimentoconsistente é pelo questionamento? Sócrates gostava de ensinarassim,naGréciaAntiga.

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Capítulo 07

Criatividade é o que também está na em moda, inclusive ouvimos por

aí: “temos que ser criativos”. Nós não temos, nós somos, todos nós já

nascemos equipados para isto. O período mais criativo e rico de nossas

vidas se encontra quando temos entre quatro e cinco anos de idade. É

a idade em que estamos curiosos, que fuçamos, que perguntamos,

que mexemos procurando fazer algo diferente. Qual criança que já não

desmontou seu brinquedo para tentar conhecê-lo e modificá-lo? Pelo

lúdico, pela liberdade de ação e pelo livre pensar, a criança cresce, aprende

e amadurece. Com a idade, ficamos com medo de sermos audaciosos,

medo das críticas e acabamos nos transformando em uma grande massa,

patinando em conceitos antigos, alterando apenas os designers, e não

gerando novos conceitos. Criatividade é se utilizar da espontaneidade e da

visão holística, e dar vazão a loucuras de idéias, que lapidadas podem se

tornar grandes cúmplices e aliadas de nosso desenvolvimento.

Como visto, a criatividade precisa ser cultivada para que depoisdealgumtempodêbonsfrutos.Elapodeedevefazerpartedonossocotidiano,tornando-seumaaliadaimportantíssimaemnossaatuaçãoprofissional, em nossos estudos, enfim, em todas as atividades,representando atémesmoumdiferencial. Por isso, ao introduzirmosas práticas autônomas e cooperativas em nossa experiência de EaD,precisamostambémdesenvolverasensibilidadecriativa.

Éclaroquenãobastaapenas“boavontade”parafazereacontecer.Nãopodemosnoslimitaràquiloqueaprendemosnosbancosdasescolasoucomostécnicosdosmaisdiversosassuntos.Precisamoster coragem de ousar. É necessário acompanhar asmudanças etorná-lassignificativasànossavivência.Contudo,aomesmotempoéprecisocuidarparanãocairemoutroextremo,ouseja,aderiranovosmodelossomentepormodismo.Porisso,oequilíbrioentrecriticidade,criatividade,cooperaçãoecontextualizaçãoéessencial,e,nocentrodetodooprocesso,devemsemprefiguraraspessoas,comseustalentosesuascapacidades.

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Enfim, nosso entendimento é que, comuma boa e criativa basehumana, poderá se instituir uma dinâmica no processo educativo,que permitirá a todos um maior envolvimento no sistema de EaDpara a construção do conhecimento de forma cooperativa, mesmolonge fisicamente. É dessa forma que se tornará possível enunciar aaçãodialógicadacomunicaçãoeducativacomoumprocessoqueéaomesmotempoconstruçãocriativadoconhecimento,culturaepráticadaliberdade(FREIRE,1975).

Uma última característica essencial a quem quer desenvolver aautonomiaeacooperaçãoemsuapráticanaEaD,igualmentereferenciadaemnossosestudos (HACK2009,2010c), é adialogicidade.ParaMooreeKearsley (2007),oacessoà informaçãoeàsaptidõesnecessáriasparaconverter tais informações em conhecimento tem se tornado o grandeimpulsionador do desenvolvimento pessoal, econômico, social e atémesmopolíticoemváriospaíses.Segundoosautores,umdosresultadosmais imediatosda explosãode informações é queparteda informaçãogeradasetornaobsoletacomrapidez,criandoanecessidadedefrequenteatualização:“Metadedaquiloquefoiaprendidopeloalunodeengenharia,por exemplo, fica desatualizado 18 meses após a conclusão do curso.”(MOORE;KEARSLEY,2007,p.313).Comtantanecessidadedeatualização,vemà tonaa importânciadaconstruçãoautônomaeaomesmotempocooperativadoconhecimentoe,paratanto,acapacidadededesenvolverumacomunicaçãoeducativadialógicaefetivapassaaseressencial.

Ressaltamosquecriaréumverbodeaçãoepressupõemovimentoem busca de algo inovador. É claro que as pessoas podemesbarrarnacriatividadesubjugadapelascartilhasprontasepelospensamentoscopiados,ideiasqueapenasengendramaapatiaeareproduçãodefórmulasquederamcertoemalgumcontexto.Masatémesmoaquelesquesesentempresosàsvelhasamarraspodeminiciaroprocessodecriar,jáqueacriatividadeéumexercícioequantomaisexercitá-la,melhorseráseuresultado.Bastacomeçar!

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Capítulo 07

NaEaD,odocentetempapelimprescindívelnacomunicaçãoeduca-tivaqueseestabelecenoprocessodeensinoeaprendizagemadistância,poiselecooperacomoalunoaoformularproblemas,provocarinterroga-çõesouincentivaraformaçãodeequipesdeestudo.Emoutraspalavras,elesetornamemóriavivadeumaeducaçãoquevalorizaepossibilitaodiálogoentreculturasegerações(MARTIN-BARBERO,1997).

Éimportantedestacarmosqueindependentementedosdiferentescontextospossíveis,ogerenciamentoautônomodeprocessosdeEaDobterásucessoseproporcionaracolaboraçãoeacooperaçãoentreaspartes,oqueseconseguecommecanismosdecomunicaçãodemãodupla,que potencializem a interação entre aluno/sistema, aluno/conteúdo,aluno/docente,aluno/aluno.Emsíntese,adialogicidadepotencializaráapráticaautônomaaopromoveraaprendizagemcooperativaadistância,pois ao cooperar com outras pessoas se estabelecerão possibilidadesreaisdecomunicaçãoeducativadoconhecimento.

Enfim, tudo o que apontamos neste capítulo indicia o quanto éprimordial a dialogicidade, a autonomia e a cooperação no processode ensino e aprendizagem na educação superior a distância e traz aosenvolvidosemumsistemadeEaDapremênciaderepensarnuancesafetivasde sua comunicação educativa. Em nossa interpretação, tal premênciapoderá impulsionar a criação de ambientesmotivadores e acolhedores,ondeoequilíbrioafetivoajudaráoalunoavenceromedodesecomunicarouapresentarsuasideias,expondo-asàinterpretaçãoeaoquestionamentodosdemaisparticipantesdocurso.Noentanto,hádeseressaltarqueoequilíbrionasrelaçõesafetivasqueenvolvemacomunicaçãoeducativaé

Queremos lembrá-lo de que o docente na EaD pode ser o professor da disciplina, autor do livro e dos conteúdos midiatizados, bem como pode ser o tutor que faz a mediação do conhecimento.

Aomediaraconstruçãodoconhecimento,comousodemúltiplastecnologias semmuitas vezespodervisualizar, ouvir aspalavrasnem perceber as reações imediatas do interlocutor, o docenteprecisapotencializarosprocessoscomunicacionaisparaquehajacooperação, dialogicidade, cumplicidade e afetividade entre osenvolvidos.

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imperativo.Cadaenvolvidonoprocessodeensinareaprenderadistânciaprecisaentendersuaresponsabilidadenosistema,paraentãoencontraradevidaequanimidadeentreseusdireitosedeveres.

No próximo capítulo, exploraremos com mais detalhes aimportância da afetividade na criação de um ambiente autônomo ecooperativonaEaD.

7.2 Afetividade

Vygotsky(1993)enunciaquea interaçãosocialé imprescindívelpara a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano, pois aspessoasadquiremnovossaberesapartirdesuasváriasrelaçõescom

Mas você deve estar se perguntando: que estratégia adotar paracriarumambientecooperativoentreosparticipantesdoprocessodeensinoeaprendizagemadistância?

Em nossa interpretação, essa questão apenas encontrará respostasebuscarmosumapropostacontextualizadaparacadasituação.Asolução não está ancorada simplesmente na produção de vídeos,utilizaçãoderádio,canaisdetelevisão,introduçãodetextoseoutrosmateriais didáticos na internet de forma combinada ou isolada.A resposta está em conhecer as especificidades de cada contextoe adaptar as estratégias de comunicação educativa para que aconstruçãodoconhecimentoaconteçaemumaviademãodupla.

Por exemplo, será inútil adquirir tecnologias de ponta para umprocessocomunicacionaldeinteraçãoviarededecomputadoresparaumarealidadeemqueoacessoabonsprovedoresdeinternetinexiste.Aoseestabelecerasestratégiasdecomunicaçãodialógicaé preciso levar em conta que um programa bem-sucedido noNordeste do país pode ser um fracasso no Sul se não foremapuradasinlocoaspeculiaridadeshumanas,estruturais,climáticas,culturais,etc.

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Capítulo 07

o meio. Na concepção sócio-histórica (VYGOTSKY et al., 1988), amediação,quetambémchamamosdecomunicaçãoeducativaemnossotexto, é primordial na construção do conhecimento e ocorre, entreoutras formas, pela linguagem.Assim, a singularidade do indivíduocomosujeitosócio-históricoseconstituiemsuasrelaçõesnasociedade,eomododepensarouagirdaspessoasdependedeinteraçõessociaiseculturaiscomoambiente.

Noquetangeàdicotomiaentreocognitivoeoafetivo,Vygotsky(1993)apontaqueacogniçãopossuiestreitarelaçãocomaafetividade,ouseja,sesepararmosopensamentodoafeto,fecharemosapossibilidadede explicar as causas do pensamento. Para o autor, quem separa opensamentodoafetonegaapossibilidadedeestudarainfluênciainversado pensamento no plano afetivo, bem como impossibilita a análisequepermitiriadescobrirosmotivos,asnecessidades,osinteresses,osimpulsoseastendênciasqueregemomovimentodopensamento.

Apósessabrevecontextualização,apresentamosoresultadodeumestudo (HACK, 2010a) cujo objetivo era identificar as bases afetivasnecessáriasparaseinstituirumadinâmicadecomunicaçãodialógicanaEaD,ondeoestudantesesintacooperandocomtodososparticipantesdosistemaeducacional.Paraencontrarrespostaatalquestionamento,algumas perguntas foram norteadoras: (1) o que se considera umarelaçãobaseadanaafetividadeentredocente/aluno,aluno/aluno?; (2)qualaimportânciaderelaçõeseducativasbaseadasnaafetividade?;(3)oqueéimportantefazerparagarantirumbomambientenosmomentospresenciaisqueocorremduranteoperíodoletivodecadadistância?;(4)quemanifestaçõesdeafetividadetêmboaemárepercussãonoprocessodeensinoeaprendizagem?

A metodologia utilizada no estudo foi qualitativa (BAUER;GASKELL,2007),eatécnicadepesquisaparaacoletadedadosfoiaentrevistasemiestruturada,realizadapore-mail.Aamostrafoicompostadetutorespresenciais,aqueleslocalizadosnospolosdeapoiodoscursosda UAB, especificamente da Licenciatura em Letras Português namodalidadeadistância,daUniversidadeFederaldeSantaCatarina.No

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total,foramentrevistados10tutores,queserãoidentificadosadianteporT1(tutor1),T2(tutor2)eassimsucessivamente.Umdostutoreshaviainiciado suas atividades naEaDhá setemeses,mas amaioria (70%)estavana funçãohámaisdedois anos.Na sequência, sãodestacadasas perguntas norteadoras, algumas respostas apresentadas pelosentrevistadosenossasreflexõessobreatemática.

Quandoostutoresforamquestionadossobreoqueelesconsideramumarelaçãobaseadanaafetividadeentredocente/aluno,aluno/aluno,foramfeitososseguintescomentários:

T1: Considero aquela em que o educador não tem o aluno apenas

como clientela, mas o reconhece como um ser que sofre, chora, erra,

possui limitações e dificuldades em certos conteúdos que precisam

ser superados. O educador deve dar apoio constante, porém jamais

deixar a afetividade superar a ética educacional.

T4: Uma relação baseada no respeito mútuo, onde cada um, docente ou

aluno tem consciência de sua função e respectivas responsabilidades

próprias ou para o bem comum.

T6: Aquela que se constrói através do respeito, da compreensão, da

responsabilidade e do diálogo.

T8: Esta afetividade entre docente/aluno começa nas participações

de todos nos polos, cada um respondendo por suas obrigações

e respeitando suas funções. E entre aluno/aluno na partilha e no

companheirismo nas atividades obrigatórias em grupos.

Comoseobserva,háclarezasobreoquecaracterizaumarelaçãoafetiva entre os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.Palavras como apoio, respeito, consciência, responsabilidade,compreensão,diálogoecompanheirismoforamchavesnaconstruçãododiscursodosentrevistados.

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Capítulo 07

Aoseremquestionadossobreaimportânciaderelaçõeseducativasbaseadas na afetividade, os tutores dos polos de apoio do curso deLicenciaturaemLetrasPortuguêsadistânciaresponderam:

T2: Considero importante sim, no entanto, é claro que o conceito de

afetividade muda um pouco quando se trata da EaD, já que o próprio

nome explicita a distância. Mas aí é que entram os polos, responsáveis

por estreitar um pouco mais os vínculos entre as pessoas que fazem

parte do processo.

T3: Acho importante e motivador, pois já que se trata de uma relação

distante fisicamente, o professor deve mostrar interesse pelo aluno,

acompanhá-lo mais de perto, questioná-lo, interessar-se em saber

como está este aluno, quais são suas dificuldades.

T5: Considero fundamental as relações educativas baseadas na

afetividade na EaD, pois assim o processo não parece tão distante e

aproxima mais o educando, motivando a continuar o curso.

T7: A afetividade é importante, porém na EaD fica um pouco mais

complicado devido à distância. O que podemos fazer sempre é motivar

os alunos dando abertura para sua expressão sempre que necessário.

As reflexões feitas pelos respondentes da entrevista ratificarama importância da relação afetiva entre os envolvidos no processo deensinoeaprendizagemadistância.Segundoosentrevistados,comumacomunicaçãoeducativabaseadanaafetividade,oalunosesentiráaceitoe pertencente a um grupo,mesmoque a distância física o separe decolegasedocentes.Assim,eleinclusivesesentiráàvontadeparacometerequívocosdeaprendizagem,poisentenderáqueoerronãointencionalfazpartedoprocessodeconstruçãodoconhecimento.

Nasequência,aentrevistabuscavaidentificaroqueeraimportantefazer para garantir um bom ambiente nos encontros presenciais queocorremduranteoperíodoletivodecadadisciplina.Algumasrespostasdadaspelosentrevistadosforam:

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T1: Tenho a mesma disponibilidade e atenção com todos, procuro

conscientizá-los da importância das videoconferências e aulas por

serem os únicos momentos em contato direto com o professor

da disciplina. Não dispenso a conversa descontraída e o cafezinho,

mesmo muitas vezes estando sozinha para fazê-lo.

T2: Procuro mostrar alegria em estar no polo, mostrar disposição em

auxiliar. Ao voltarmos, no início do ano, eu e a minha colega de

tutoria fizemos um bilhetinho para cada aluno, com uma mensagem

de incentivo e também com um bombom, tudo muito simbólico,

mas com o intuito de renovar o ânimo dos alunos!

T5: Depende do que vamos fazer: se é um filme, nós combinamos

para trazer pipoca, café, refrigerante; se é um mural, apresentação,

procuramos sempre conversar com os alunos e animá-los.

T9: Tratando-os de igual para igual.

Aqui, ficou patente a importância de atitudes afetivas como apreparaçãoadequadadoespaçoondeosacadêmicosestudarãonopolo,bem comoficou saliente a necessidade de se estar aberto à conversainformal, como aquela que ocorre nomomento do “cafezinho”. Paraosentrevistados,taispráticasauxiliamnabuscadeumacomunicaçãofluida,constanteebidirecional,quepodeincentivaraquelediscentequeérelapsonodiálogodoensinoeaprendizagem.

Osúltimosquestionamentosapresentadosaosentrevistadostinhamo intuito de identificar manifestações de afetividade com boa e márepercussãonoprocessodeensinoeaprendizagem.Algumasrespostasqueapontarammanifestaçõescomboareceptividadedosalunosforam:

T1: Incentivar o estudo em grupo, mostrar interesse nas dificuldades

encontradas, auxiliar na assimilação de conteúdos e desenvolvimento

de atividades, estar sempre atento para evitar o afastamento e o

desânimo nos estudos, atendê-los diariamente via Moodle.

Moodle (Modular Object--Oriented Dynamic Learning Environment) é o nome do

sistema computacional que algumas universidades que

aderiram à UAB escolheram como AVEA. Desenvolvido

pelo australiano Martin Dou-giamas, o Moodle é consi-

derado um software livre. O software livre é um programa de computador que não pos-

sui nenhuma restrição ao uso. No próximo capítulo, esclare-

ceremos melhor o funciona-mento de um AVEA.

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Capítulo 07

T3: Proporcionar momentos de recreação no polo, atividades extracur-

riculares, o interesse em saber como está o meu aluno, conhecer o

aluno, saber de seus problemas e tornar mais prazerosos e de fato sig-

nificativos os momentos em que ocorrem os encontros presenciais.

T4: Conversas coletivas, que envolvam todos, sem exceção. Interagir com

eles procurando colaborar com as mais diversas situações: dificuldade

em compreender ou realizar alguma atividade; sanar dúvidas referen-

tes ao andamento do curso, das disciplinas; e muitas vezes tentando

contribuir de forma saudável com aqueles que também trazem pro-

blemas pessoais e de relacionamento entre colegas do curso.

T7: Acredito que, no ambiente escolar, ter afetividade é aproximar-se do

aluno, saber ouvi-lo, valorizá-lo e acreditar nele, dando abertura para

a sua expressão.

As respostas apresentadas pelos tutores sobre manifestações deafetividadecomboareceptividadeentreosalunosfortalecemoresultadode outro estudo (HACK, 2010b), ao destacar a imprescindibilidade,porpartedotutor,daadministraçãodotempoedogerenciamentodasatividades acadêmicas, para que os estudantes recebam os feedbackscom a maior brevidade possível, sempre em busca de um processocomunicacionaldialógico,mesmoquedistantefisicamente.Alémdisso,ficousalientequeosmomentosderecreação,deatividadesextras,deconversascoletivasedecolaboraçãoajudamadesenvolveroespíritodeequipe,bemcomoampliamashabilidadesdecomunicaçãointerpessoal.

Algumas respostas que apontaram manifestações de afetividadecom má receptividade entre os alunos no processo de ensino eaprendizagemadistânciaforam:

T2: Acredito que as manifestações de afetividade que possam ter má

repercussão são aquelas em que o aluno confunde a tua disponibili-

dade em ajudar com a tua função de tutor em si. Muitos pensam que

o fato de você ser tutor pode “aliviar” o lado deles, que você vai per-

mitir coisas que a UFSC não permite, essas coisas. Mas nessas horas

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é preciso deixar bem clara qual a sua verdadeira função no processo,

porque é o teu profissionalismo que está em jogo. A partir daí tudo

transcorre muito bem.

T5: Se distanciar do aluno, não respondendo suas questões, não ouvin-

do. Não conhecendo sua realidade e também não deixando que nos

conheça.

T6: Proximidade excessiva, pois torna o aluno dependente.

T10: Falta de união entre diferentes grupos de alunos. Competitividade

de notas. Divergência de opinião e atitudes entre tutores presenciais.

Falha na comunicação entre tutor/aluno (demora ou ausência de res-

postas dos e-mails enviados, gerando dúvidas quanto ao recebimento/

conhecimento de determinadas situações).

Oscomentáriosanterioresfortalecemaimportânciadealgumasmanifestações de afetividade na construção das relações sociais emprocessosdeensinoeaprendizagemadistância,bemcomoexpõemanecessidadedeosalunosentenderemopapeldotutoremumpolo,jáqueemcertosmomentossuaaçãoseassemelhaàdoprofessoremsaladeaula.Émuitosalutarqueoalunotenhaclarezasobrequaléopapeldo tutor, para que não exista nenhumdesconforto quando houver anecessidadederepreensãoaoestudanteporalgumainfraçãocometida.Emmuitosmomentos,otutordopoloseráaextensãodos“olhos”,dos“ouvidos”eda“boca”doprofessor.

As respostas aos dois últimos questionamentos da entrevistaapontampararesultadosjáidentificadosemoutrosestudos(BELLONI,2001;MOORE;KEARSLEY, 2007;LITTO;FORMIGA,2008;HACK,2010c):queaEaDéumamodalidadedeeducaçãoqueexigematuridadedopúblico-alvoeodesenvolvimentodealgumascaracterísticascomooautodidatismo,ocomportamentoautônomoeotrabalhocooperativo.No entanto, geralmente tais características não são devidamenteestimuladasduranteaformaçãododiscentenaeducaçãofundamentalemédianoBrasil.

Como visto na Unidade A, o tutor presencial da UAB é aquele que desenvolve suas

atividades nos polos de apoio presencial, localizados em

várias cidades.

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Capítulo 07

Como percebemos nos relatos transcritos anteriormente, oestudopermitiuareflexãosobrea importânciadainteraçãosocialnaaprendizagemenodesenvolvimentodoserhumano,bemcomopropicioua visualização dessa estreita relação existente entre a afetividade, opensamento,acomunicaçãoeaconstruçãodoconhecimento.

Pelas respostas dos entrevistados que formaram a amostra doestudofoipossível identificarasseguintesbasesparase instituirumacomunicaçãoeducativadialógicacomumgrauequilibradodeafetividade:

• Primeira base para uma comunicação dialógica afetiva – ahabilidadedeconvivercomasdiferenças.Apesquisaapontoua importância de se criar ambientes onde o aluno se sintapertencenteaumacomunidade,bemcomoaprendaaseexpor,ouvirosoutroserespeitarospensamentosdivergentes;

• Segunda base para uma comunicação dialógica afetiva – aassiduidadenacomunicaçãonãopresencial.Ficousalientequeostutoresprecisamadministrarbemoseutempoeasatividadesacadêmicas, paraqueos estudantes recebamos feedbacks emtempo hábil. O aluno precisa perceber com clareza que háalguém do outro lado da tecnologia e que essa pessoa é seuinterlocutornoprocessodeconstruçãodoconhecimento;

• Terceira base para uma comunicação dialógica afetiva – aproximidade e a identidade entre as partes envolvidas. Osrespondentes destacaram a necessidade da conversa e docontato informal com o discente (por exemplo, aquele bate-papo acompanhado de um café, sobre assuntos corriqueiros ecotidianos), para o estabelecimento de uma comunicação queaproximeaspessoaspelodiálogoabertoentrepares,sempredeformarespeitosa;

• Quarta base para uma comunicação dialógica afetiva – adescontraçãoeventual.Osmomentosrecreativoseasatividades

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Introdução à Educação a Distância

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Emsuma,apesquisa identificouqueoprocessocomunicacionaldialógiconaeducaçãosuperioradistância,quandobalizadoporatitudesafetivas equilibradas como as descritas anteriormente, incrementa ainteração social, até mesmo aquela que ocorre via tecnologia. Paratanto, é importante que os envolvidos na EaD fomentem de formacontínuaacomunicaçãoeducativa,utilizando-sedeestratégiasvariadaspara promover o diálogo construtivo e afetivo entre todos. Assim,se valorizará o respeito às múltiplas interações sociais e culturais,por movimentos individuais e coletivos, tão salutar no processo deconstruçãodoconhecimentoemqualquerníveloumodalidade.

• extracurriculares, espaços que referendam a existência de umacomunidade,foramidentificadoscomoestratégiasqueauxiliamtodos os envolvidos a desenvolverem o espírito de equipe.Tais práticas também ampliam as habilidades de comunicaçãointerpessoal;

• Quinta base para uma comunicação dialógica afetiva –a maturidade e a responsabilidade individual. O estudoidentificouoquantoéimprescindívelquecadapessoaentendasuaresponsabilidadeeencontreoequilíbrioentreseusdireitosedeveresnosistemadeEaDdoqualfazparte.Docentesediscentesprecisamcolaborarnodesenvolvimentodaautonomia.

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Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem

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Capítulo 08

8 Ambiente Virtual de Ensino e

Aprendizagem

OsprocessosdeensinoeaprendizagemnaEaD,emsuamaioria,nãoocorrememespaçosfísicoscompartilhadosporalunosedocentes,bemcomonemsemprehásincronicidadeentreotempoemquecadaumrealizasuasatividades.Então,asdisciplinasoucursosoferecidosnessamodalidadebuscamseapoiaremmateriaisimpressosouemambientesvirtuais,oquetornaaleituraumadasatividadesmaisimportantesparaqueoalunopossaacessaras informaçõesorganizadasnessesmeiosetransformá-lasemconhecimento.

Como já enunciamos em outro estudo (HACK, 2010c), otexto geralmente é a base para outros materiais didáticos, sejameles impressos ou não, e para cadameio há um tipo de linguagemapropriada. O rádio e a TV, por exemplo, trabalham com padrõesquemisturamlinguagemformalecoloquial,dependendodotipodeprogramaedamensagemqueseprocuratransmitir.ComoAmbiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA)nãoédiferente.ParaqueumAVEAalcanceseusobjetivoseestimuleoalunoadesenvolverascompetênciasplanejadaspelodocente,seuplanejamentoeelaboraçãodeverão levar em conta algumas características e cuidados iniciaisbásicos,como:

• a adequação das estratégias de comunicação educativaadotadas no AVEA com o perfil do aluno, seus interesses,seus conhecimentos anteriores, suas preocupações, suasdificuldades;

• acomposiçãoeorganizaçãodasunidades textuais,atividades,dosfórunsvirtuaiseoutrasestratégiasapartirdashabilidadesecompetênciasquesepretendeestimular;

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• alinguagem,quedeveserclara,diretaeexpressiva,aopontodetransmitiraoalunoaideiadequeeleestáeminterlocuçãoper-manentecomodocenteequeambosparticipamdaconstruçãodoconhecimentoadistância;

• anecessidadedeorganizaroAVEAdeformahipertextual,desa-fiandooalunocontinuamente,atravésdelinks,dicasdeleituracomplementar,atividades,etc.(HACK,2010c).

ExistemváriasplataformasousistemasinformatizadosparaEaDnomercadoenemtodossãogratuitos.Emlinhasgerais,umAVEAécons-tituídodeferramentasqueobjetivamestabelecerrelaçõescomunicativasentreosenvolvidosnoprocessodeensinoeaprendizagemadistância.

NoAVEA,osalunosgeralmentepodem:

• acessar os textos que compõem a página de apresentação dadisciplinaede cada tópico– espaçosquedão ritmoaocursoe aproximam o aluno dos demais envolvidos no processo deensinoeaprendizagem;

• administrar certos aspectosdo layout doAVEA– ferramentaquepermiteaoalunospersonalizarseuambiente;

• visualizar espaços que funcionam como murais de notíciase novidades – ferramentas para a comunicação de recados eavisosàturma;

• participardefórunsdediscussão–ferramentaquepossibilitaacriaçãodeespaçosparaoaprofundamentoedebatedetemáticas.Ofórumvirtualtambémpodeserutilizadocomoumtira-dúvidas,ondeoalunoexpõeseusquestionamentoscoletivamente;

• realizaravaliaçõeson-lineeoffline–ferramentasquepermitemacriaçãodequestõesobjetivas,somatóriasediscursivasparaumaavaliaçãoon-lineouquepermiteoenviodetrabalhosescritosparaumacorreçãooffline;

Link

Se fizéssemos uma tradução livre da palavra link, uma boa

definição poderia ser “atalho”. Daí, a explicação sobre o que um link seria: em uma página

da internet, o link é um objeto, um texto, uma figura, etc. que

ao ser selecionado serve de atalho para levar o usuário a

outro objeto, texto, figura, etc. na mesma ou em outra página

da internet.

O hipertexto em um AVEA permite associar arquivos de um computador ou de uma

página da internet com uma palavra, frase ou figura que

compõe o documento hiper-textual. Assim, estabelece-se

o rápido acesso a diferen-tes recursos, como páginas na internet, vídeos, áudios,

imagens e textos em um único documento.

As palavras on-line e offli-ne, aqui, têm relação com

sincronicidade. As atividades on-line são realizadas com

sincronia de tempo, em um horário preestabelecido. As atividades offline não care-cem de sincronia de tempo

para sua realização, e os alu-nos apenas precisam respei-tar o prazo final estipulado para o envio da atividade.

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Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem

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Capítulo 08

• colaborar com as outras pessoas indicando materiais –ferramenta disponível para a publicação de links e materiaisque possam interessar a turma. Os espaços de colaboraçãofuncionam como uma “cafeteria virtual”, onde, à semelhançado que ocorre nas cafeterias das universidades, o aluno podepostar assuntos extraclasse, que possam interessar os demaisenvolvidoscomocurso;

• organizarcalendários,agendasoucronogramasdeatividades–ferramentaqueapresentaasdatasdeentregadasatividades,oprazoparaleituras,entreoutros;

• participardesalasdebate-papo–ferramentaquepermiteatro-cademensagensentreosmembrosdaturmadeformasíncrona;

• enviarmensagens–ferramentaquepermiteoenvioderecadosque, além de serem encaminhados ao e-mail do destinatário,tambémficamgravadosnoAVEA,comoumhistórico;

• acessarpastasvirtuaiscomomaterialdidáticodocurso–ferra-mentaquepermiteaoalunovisualizarapostilas,slides,gabari-tos,leiturascomplementares,entreoutrosmateriaisdisponibili-zadospelodocente(HACK,2010c).

Oprofessor,tutorouresponsávelpelaconfecçãodoAVEApossuito-dososrecursosdisponíveisaosalunos,comoacréscimodapossibilidadedeediçãoegerenciamentodocurso.AatribuiçãodopapeldeeditordeumAVEApermiteavisualizaçãodasferramentasquecriamoshipertex-tosedemaisrecursosquecomporãooambientedeestudosvirtual.Tam-bémestádisponívelaoseditoresdeAVEAapossibilidadedeacompanharoprogressodosalunosemseusestudos,atravésdeferramentasqueapre-sentamestatísticaserelatóriosdeacessoouparticipaçãonasatividades.

Particularmente,gostamosdeolharparaoAVEAcomoumsistemacomputacional de aprendizagem cooperativa e interativa que ajudaos alunos a comunicarem suas ideias e a cooperarem em atividadescomuns. Assim, todos os integrantes da equipe interagem entre si,

Nosso entendimento de aprendizagem cooperativa e interativa é: aquela que se desenvolve em um ambiente que incentiva o trabalho em equipe e respeita as diferen-ças individuais. A vivência em um grupo cooperativo e interativo deve permitir o desenvolvimento de compe-tências pessoais e, de igual modo, o desenvolvimento de competências de equipe como: participação, coorde-nação, acompanhamento e avaliação.

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emumprocessoemqueoalunoéumsujeitoativonaconstruçãodoconhecimentoeoeducadoréomediador.

8.1 A linguagem hipertextual no AVEA

Os materiais didáticos que compõem um AVEA praticamenteocupamolugardoprofessore,porisso,apreocupaçãocomalinguagemdos hipertextos educativos é salutar. Na sequência, destacamos ascaracterísticasdaescritahipertextual,algumasadaptadasdapropostadeLaaser(1997)paraaproduçãodemateriaisimpressoseoutrasadvindasdenossapráticacomaEaD(HACK,2010c).

• AlinguagemhipertextualnoAVEAtemumestiloconversacional.O intuito é criar uma comunicação bidirecional, essencial naEaD.Maséprecisocuidarparanão“infantilizar”alinguagem,poispoderepercutirnegativamente.Ohipertexto“fala”comoaluno,envolvendo-oemumdiálogoquetemointuitodefazê-lo considerar as questões levantadas pelo professor, criticare complementar o que o curso está oferecendo, entre outrascoisas.Usualmente,ohipertextodeumAVEAchamaoalunopor“você”,buscandomaiorproximidade.

• AlinguagemhipertextualnoAVEAcombinaoestilododocentecomoassunto,ecadatemáticapodeterumaformadiferentedeabordagemeilustração.Porexemplo,umprofessordeLiteraturaBrasileira poderá introduzir a temática com um conto, umahistóriaemquadrinhos,umfilmeouumamúsica.

• AlinguagemhipertextualnoAVEAapresentalinkscompistaspara que o aluno saiba onde pode encontrar informaçõesadicionaissobredeterminadosassuntos.Afinal,elepodenãoterestudadoaquiloquepresumimosqueeleconheça.

• A linguagem hipertextual no AVEA incentiva o aluno aoquestionamento,provocando-oàreflexãocríticasobreatemática

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Capítulo 08

eàconstruçãodenovasinquietaçõessobreoassunto.Porexemplo,oshipertextoseducativosdevemprovocaroestudanteaproduzirquestõesaoinvésderespostas.Daí,oscolegaspodemtrocarasperguntasentresioupostá-lasemumfórumdediscussão.

• AlinguagemhipertextualnoAVEAincentivaoalunoaseautoa-valiarconstantemente,comexercíciosejogosquenãosãoobriga-tórios.Algunsexemplossão:análisedecasos,resoluçãodeproble-mas,jogoscomopalavrascruzadas,fórunsvirtuais,wikis,blogs.

• A linguagemhipertextual noAVEA é desafiadora e instiga oaluno à aprendizagem. Para tanto, são utilizadas alternativascriativasdeexemplificaçãoaosalunos.Ouseja,écomo“falar”amesmacoisausandorecursosdiferentes:apresentaroconteúdoutilizando links internos, links externos, vídeos, áudios,atividades, fotos, músicas, jogos, realidade virtual, fórunsvirtuais,salasdebate-papo,entreoutrosrecursos.

Emlinhasgerais,alinguagemdostextosdidáticosnoAVEAdeveserestruturadaadequadamente,comvistasàsnecessidadescognitivasdosestudantes,combinandoasfunçõesdocomunicar,doexplicaredoorientar.Ohipertextoeducativoprecisaajudaroalunoadesenvolversuaspróprias estratégiasdeestudo, levando-oaconhecer suashabilidadescognitivas,ouseja,comoeleaprendemelhor.

8.2 Recursos dinamizadores em um AVEA

OsrecursosdinamizadoresutilizadosemumAVEAsãoelaboradosgeralmentecomointuitodepromoveracooperação.Algunsexemplos:jogosdeperguntas,exercíciosqueprovoquemainteraçãodasequipesdeestudo,análisescoletivasdeaudiovisuais,produçãodeblogsousitesemequipe.SãoprovocaçõesparaqueoalunoexerçaopapeldepesquisadorativonaEaD.Certasestratégiaspodemserutilizadasparafacilitaracom-preensãodeumhipertextoeatémesmoparadinamizá-lo,porexemplo:figuras,fotos,gráficos,fluxogramas,áudios,vídeos,músicasejogos.

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Introdução à Educação a Distância

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Umestudoquedesenvolvemos sobre a temática (HACK,2010c)apontouqueousoeficientederecursosdinamizadoreséessencialemqualquer curso que utiliza a linguagem hipertextual no processo deensinoeaprendizagem.Produtoscomo imagem,somevídeopodemdinamizarumAVEAao:

• quebraramonotoniadeumhipertextoquenãoutilizemúltiplosrecursosaudiovisuais;

• exemplificardediversasformasumamesmatemáticaetornarmais claros os objetivos de aprendizagem propostos pelodocente;

• motivarosestudantesadarcontinuidadeaosestudos;

• ajudarosalunosacriarrelaçõesparalembrarmaisfacilmentedeinformaçõesprioritárias;

• ilustraretornarohipertextomaisatrativo.

Entretanto, o mesmo estudo (HACK, 2010c) enunciou que, aose utilizar audiovisuais, figuras e outros recursos ilustrativos em umAVEA,éprecisotomaralgunscuidados,como:

• conhecerosdireitosautoraisdaobra,obedecendo-oscasosejaumareprodução.Emalgunscasos,énecessáriopagarparaseobterodireitodeusodeumprodutoaudiovisual,umafiguraouilustração;

• verificar se o recurso escolhido não irá descaracterizar ohipertexto,poisfiguras,sons,vídeoseilustraçõesdesconexasouapenasparapreencherespaçosvaziosdevemserevitados.Nãoháqualquerproblemaemespaçosembranco,poiso ambiente clean é comum na contemporaneidade;

• nãoseesquecerdeindicarafonteondeoaudiovisual,afiguraou a ilustração está depositado, quando for utilizar recursos

A tradução da palavra clean é “limpo”. Então, um ambiente

limpo é caracterizado pela leveza, sobriedade e funcio-nalidade. Em um hipertexto clean encontramos espaços

em branco com funções específicas. Na composição

de um AVEA “limpo”, deve-se cuidar para que a quantidade de informações geradas pelos

múltiplos recursos não crie a sensação de poluição audiovi-sual. É melhor um AVEA clean,

com divisões claras entre as seções, do que um ambiente

poluído, com uma quantidade de recursos que dificultam a

compreensão do objetivo que se quer atingir.

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Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem

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Capítulo 08

de domínio público. No entanto, nossa experiência temdemonstrado que a inserção de figurasmuito comuns, comoaquelasqueacompanhamalgunssoftwaresdeediçãodetexto,devemserevitadas.

O ideal é que os recursos dinamizadores de um AVEA sejamcaracterizadospelaoriginalidadeecriatividade.Confeccionartaisrecursoséumatarefaquerequerumaorganizaçãodiferenciada,comoapoiodeuma equipe multidisciplinarquepossadarmaiorqualidadeaotrabalho.Produziraudiovisuais,imagenseilustraçõesparafinseducativossignificatrabalharinformaçõesemateriaisdereferênciacommetodologiaspróprias,semprecomaclarezasobreatecnologiamaisadequadaàsnecessidadesdopúblicoquesepretendeatingir(HACK,2010c).

Uma equipe multidisciplinar para a produção de audiovi-suais, imagens e ilustrações educativas é formada por pe-dagogos, designers instrucio-nais, especialistas no conteú-do a ser abordado, técnicos em informática, entre outras áreas do conhecimento. Existem projetos menos am-biciosos, nos quais o próprio professor edita seus materiais audiovisuais e o AVEA. Aqui é importante salientar que as ferramentas de edição estão cada vez mais intuitivas e isso facilita a aprendizagem de seu manuseio aos novatos.

Gostaríamos de destacar que o término das atividades de umcursoemumAVEAnãosignificanecessariamenteacondenaçãodo ambiente virtual ao esquecimento. Quando as atividades deformaçãonoAVEAinstitucionalfinalizarem-se,algunsenvolvidos(alunos,docentesetécnicos)poderãodarcontinuidadeàinteraçãoparticipando de listas, grupos de discussão ou comunidadesvirtuais criadas durante as disciplinas. Em nossa interpretação,umcursoadistânciapoderáinclusivesetransformaremumaredesocialdeaprendizagemabertaouumespaçointerdisciplinarondeosegressospossamfomentarnovosprojetos.

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Organização do cotidiano de estudos na EaD

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Capítulo 09

9 Organização do cotidiano de

estudos na EaD

Belloni (2001) discute em sua obra que as características dasociedade contemporânea que mais causam impacto na educaçãosão: a) a complexidade; b) a tecnologia; c) asmudançasnas relaçõesde espaço e tempo; d) a exigência de um trabalhador commúltiplascompetênciasequalificações,capazdegerirequipeseprontoaaprender.Paraaautora,porsuascaracterísticasintrínsecas,aEaD,maisdoqueasinstituiçõespresenciaisdeensinosuperior,poderácontribuirparaaformaçãodealunosmaisautônomos.Noentanto,aimagemquemuitosconstroemdoestudantetípicodaEaDnãopareceresponderaesteideal,poismuitosdiscentes tendema realizaruma aprendizagempassiva esemcomprometimentoao imaginarqueconseguirãoevoluiremseusestudossemmuitoesforçoededicação.

Lembre-sedeque, segundoPeters (2001),os estudantes sãoautô-nomosquandoconseguemreconhecersuasnecessidadesdeestudo,formulamobjetivosdeaprendizagem,selecionamconteúdos,plane-jamestratégiasdeestudo,selecionammateriaisdidáticos,identificamfontesadicionaisdepesquisaefazemusodelas,bemcomoquandoelesordenam,conduzemeavaliamoprocessodaaprendizagem.

Queremosratificar,aqui,tambémacompreensãoqueencontramosemBelloni(2001),quenaaprendizagemautônomaoestudantenãoé objeto ou produto, pois atua como sujeito ativo ao realizar suaprópriaaprendizagem.Mesmoqueestejamoslongedoidealdeumaprendentecomperfilautônomo,queabstraiosconhecimentoseosaplicaemsituaçõesnovas,énecessárioinvestirnessaproposta.A formação ao longoda vidaparece ser omelhor caminhoparaalcançar ou manter condições de competitividade ao estudantetrabalhador adulto, que geralmente é opúblicoqueprocura commaiorfrequênciaoensinosuperioradistância.

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Introdução à Educação a Distância

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AEaD,sebemplanejadaegerenciada,podeserumarespostaviávelparaatenderváriascamadasdapopulação:a)asqueestãoexcluídasdosistemapresencialdeensino,comoosalunosetrabalhadoresqueresidemlonge de uma instituição de ensino superior e teriammuito desgastefísico,mentalefinanceiroparafrequentarumcursodiariamente;b)osprofissionais que precisamde formação permanente em serviço e nãopodemdeixarsuasfunçõescotidianas;c)aspessoasqueoptampelaEaDporgostaremdamodalidadeeseidentificaremcomoperfilautônomo.Todavia,concordamoscomBelloni(2001),queapráticadaaprendizagemautônomaéembrionária,poisoestudanteverdadeiramenteautônomoéaindaumaexceçãoemnossasuniversidades.

Aquele que estuda a distância precisará passar de mecanismospresenciaisemuitocentradosnaculturado livroedoprofessorparavariáveis que podem incluir dimensões audiovisuais. Tais mudançasse apresentarão como desafios a alguns discentes, pois durante aeducaçãofundamentalemédiapoucoseestimulamascaracterísticasdaaprendizagemautônoma.Contudo,tambémprecisamoslevaremcontao isolamentoaoqualpodese submeterumalunoadistância,devidoàdiminuiçãodosencontrospresenciais comosdocentes.Umestudoque desenvolvemos (HACK, 2009) apontou algumas necessidadesprimordiaisparavenceroisolamentonaEaD:

1.materiaiscomboaqualidadecientíficaepedagógica;

2.sistemadetutoriaeficiente,quepromovarelaçõesintersubjeti-vas e a comunicação dialógica nas relações docente/aluno oualuno/aluno;

3.centros de apoio para a realização de atividades presenciais,comoaulas,gruposdeestudo,videoconferências,etc.

Se o assunto ainda não está claro para você, volte ao primeirocapítulodaUnidadeC.

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Organização do cotidiano de estudos na EaD

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Capítulo 09

Mesmo cercado de bons materiais, de um sistema de tutoriaeficienteeumcentrodeapoiopresencial,oiníciodeumcursosuperiorna modalidade a distância trará consigo alguns desafios, por causadaadaptaçãoànovapropostadeensinoeaprendizagemporpartedeprofessores,tutoresealunos,bemcomodevidoàinabilidadedealgunsdiscentesemorganizarotempoeumambientepropícioaosestudos.

Operfilqueseesperadeumalunoquepretendeingressarnoprocessodeconstruçãodoconhecimentoadistânciaé compostode requisitosquetambémsãofundamentaisaoprofissionaldacontemporaneidade.Conformenossoestudo(HACK,2009),taisrequisitosseancoramem14aspectos.

4.Foconosobjetivosaalcançar–oalunodaEaDprecisaaprendera centrar forças na realizaçãode todas as atividades para ob-tersucessonasmaisdiversasetapasquecompõemocurrículo,mesmoaquelasquenãodespertamgrandeeuforia.

ÉfatoqueapenasaoingressaremumcursodeEaDalgunsalunospercebemqueelesprecisamestudareparticipardesuaformaçãoefetivamente, pois uma EaD com qualidade não é sinônimo deeducação facilitada. Em nossa experiência com ensino superiora distância já encontramos estudantes que desistiram de suaformação nas primeiras semanas do curso e posteriormentejustificaramsuaatitudedizendoquetinhampensadoquenãoserianecessárioestudarparaterodiploma(HACK,2009).

Certo!Mas,pontualmente,quaissãoasmudançasqueseesperamde um estudante da EaD para a efetivação do processo deaprendizagemautônomaecooperativa?

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5.Maturidade e consciência – o estudante a distância deveencontrar o equilíbrio entre seus direitos e deveres comoestudante.

6.Dedicaçãoeesforçoparaenfrentarosdesafioscomacertezadavitória–odiscenteautônomodevepersistir,mesmodiantededificuldadestécnicasouoperacionais.

7.Capacidadedeadministrarotempodisponível–éimprescindívelaoalunoadistânciaahabilidadedeorganizarsuaprópriaagendadecompromissosehoráriosdeestudoparacompletarosalvosestabelecidosemcadacomponentecurricular.

8.Disciplinaparacumpriroscompromissosagendados–apráticadeestudocomautonomiaprecisadecadênciaefluência,poismesmodiantedocansaçocotidianoedosinsistentesapelosdasatividadesdelazer,odiscenteprecisarádarcontinuidadeaoseuplanodeestudos.

9.Empenhonarealizaçãodepesquisaemnovasfontes–oalunodaEaDnãopodeficarrefémapenasdosmateriaisdisponibilizadospelocurso,eainiciativanabuscadeoutrasreferênciaséessencial.

10.Motivaçãoeestímuloparainteragircomoscolegas,docentesetécnicos–parapermaneceremumcursosuperioradistânciaaté sua conclusão, é necessário entender que todos sãocolaboradoresnoprocessodecapacitaçãocontinuada.

11.Seriedade e honestidade – aquele que estuda emum curso deEaDprecisacompreenderqueoplágiodeoutrostrabalhosouacópiaderespostasdoscolegaséumenganoparasimesmo,umproblemaéticoeumainfraçãocontraosdireitosautorais.

12.Iniciativaparasanarsuasdúvidas–oalunoquealmejaoperfilautônomodeveráquebrar vícios comoode esperar respostasprontasdosprofessoresetutores.

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Organização do cotidiano de estudos na EaD

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Capítulo 09

13.Autodidatismo,ouseja,acapacidadedeestudarsozinho,semacobrançadeumprofessorouumalistadechamada–odiscentedaEaDprecisaráidentificarsuascaracterísticaspessoaiseassimincrementarsuasprópriasmetodologiasdeaprendizagem.

14.Responsabilidadeepontualidadenasleituras,entregadeativi-dadeserealizaçãodeexercícios–geralmenteoAVEAencerraapossibilidadedepostagemouacessoaumatarefadepoisdadataprevistapelodocente,obrigandoosalunosaseorganiza-remparacumprirastarefasnoprazoproposto.

15.Persistência e perseverança diante das dificuldades de estudoquesurgirem–oalunodaEaDbuscaocontatoconstantecomtutores,docentes,colegas,amigoefamiliaresqueoincentivemeajudemamanteremaltaavontadedeconcluirocurso.

16.Cooperação–noensinosuperioradistância,aestratégiadefor-maçãodeequipesdeestudoajudanaresoluçãodeproblemasedúvidas,poisumestudantemotivaooutroeservedeapoiofor-talecendolaçosafetivosquetendemafacilitaraaprendizagem.

17.Superaçãodosbloqueiospessoaisdeaprendizagem–oestudan-tedaEaDestáatentoàscondiçõesquefacilitamsuaaprendiza-gemidentificando,porexemplo,qualomelhorlocalehoráriodeestudoemsuacasa,entreoutrascoisas.

Quando uma pessoa inicia seu estudo na EaD, muitas vezes afamília e os amigos não entendem que em alguns momentosserá necessária certa reclusão para realizar leituras e atividades.Jáouvimosdepoimentos sobrefilhos, esposas, espososeamigosquese sentiramdeixadosde ladopelapessoaquerealizavaseusestudos a distância. Ou seja, faltou sensibilidade por parte docônjuge,dosfilhosoudosamigosparacompreenderqueemcertashorasapessoaestaráemumlocalespecíficodacasadedicando-seexclusivamenteaoestudo.Maséclaroqueprecisamosencontrarumequilíbrio,poistodosprecisamdelazer.

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Oquevocêpensasobreisso?Suafamíliaeseusamigosentenderamsua opção pelo estudo a distância e têm respeitado os seusmomentosdeestudoemcasa?

Se tentarmos sintetizar tudo o que se pontuou anteriormente,identificaremos dois grandes polos aglutinadores dasmudançasimprescindíveisaoalunoquepretendeorganizarseucotidianodeestudosnaEaD(HACK,2009).

O primeiro polo aglutina as mudanças relacionadas a aspectosinstrumentais, como a necessidade urgente de introduzircriticamente e criativamente asmúltiplas tecnologias na práticacotidiana, nos mais diversos ambientes, para potencializar oprocessocomunicacional.

O domínio mínimo de técnicas ligadas ao audiovisual e àinformática é indispensável em situações educativas cada vezmaismidiatizadas, nas quais a competência de interlocução viatecnologiasefaznecessáriaparaacomunicaçãoeducativadialógicacomaequipedocenteecomoscolegasdasequipesdeestudo.

Osegundopoloaglutinaasmudançasreflexivas,dopensamento,daepistemologia,queacontecempelareflexãosobreosconhecimentoshumanísticos, metodológicos e didáticos necessários para queo processo de ensino e aprendizagem seja realizado de formacrítica,criativaepromovaaconstruçãoautônomaecooperativado conhecimento. A capacidade de trabalhar com método, ouseja,ahabilidadeparasistematizareformalizarprocedimentosemétodos será necessária tanto para o trabalho em equipe comopara alcançar os objetivos de qualidade e de produtividade nosestudosindividuais.Nessecontexto,éimprescindívelopoderdesínteseeapresentaçãodeseussabereseexperiênciasdemodoqueoutrospossamaproveitá-losemumaaprendizagemcooperativa.

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Organização do cotidiano de estudos na EaD

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Capítulo 09

Nossointuitonãofoiapresentarumalistadechecagemdehabilidadesnecessáriasaoalunoquepretendeorganizarseuestudoadistância.Oquequeríamosera:proporcionar uma oportunidade para que você pudesse identificar a importância do gerenciamento estratégico do processo de ensino e aprendizagem na EaD para, assim, ampliar as possibilidades de desenvolvimento de um perfil crítico, criativo, autônomo e cooperativo, perfil esse indispensável a uma sociedade saudável.Inclusive, alguns estudos (HACK, 2004, 2009; MOORE; KEARSLEY,2007;LITTO;FORMIGA,2008)apontamque,aodesenvolvertalperfil,odesempenhodoestudantedaEaDnoseufuturomercadodetrabalhopoderásersuperioraodoalunodoensinopresencial.

Emsuma,podemosdizerqueoalunodeumcursosuperioradistânciapossuiumperfildiferenciadodoestudantedeumcursouniversitáriopresencial.Afinal,namodalidadedeEaD,aresponsabilidadedoalunoporsuaaprendizagemémaior,poiseleprópriodeverácoordenarseutempodeestudos,semaimposiçãodeumalistadechamada,bemcomoprecisará desenvolver a autodisciplina e as estratégias motivacionaisparaapermanêncianoprocessodeformaçãocontinuada.

Vocêestácientedequeprecisaráencontrarespaçoemsuaagendapara desenvolver com qualidade as atividades de aprendizagempropostaspelocurso?

Emumagraduaçãoadistância,geralmentesededicam20horassemanais ao estudo, por isso organize sua agenda pessoal eprofissional.Mas, atenção, não se esqueçada importância de sedivertircomaspessoasquevocêama.

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Introdução à Educação a Distância

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Sugestão de leitura

Para aprofundar seu estudo sobre as temáticas abordadas na Unidade A,

sugerimos as seguintes obras:

BELLONI, M. L. Educação a distância. 2. ed. Campinas: Autores Associa-

dos, 2001.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática edu-

cativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

PALLOFF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades de aprendiza-gem no ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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Considerações finais

Considerações finais

Nosso objetivo na presente obra era introduzi-lo na temáti-ca:Educação aDistância.Para tanto,nosutilizamosde reflexões so-breoprocessodeensinoeaprendizagemcomousodemúltiplasfer-ramentastecnológicas,principalmentenoensinosuperioradistância,emexperiênciasnacionaiseinternacionais.Algumasdasconsideraçõeslevantadasaquinosajudaramaperceberqueacomunicaçãoeducativaemcursossuperioresadistâncianãopodeserentendidaapenascomoumrepassardeconteúdospelasmídias,afinaloprocessodeensinoeaprendizagemacontecepeladiscussão,pelaconversa,pelodebatecríti-co,pelodiálogo.Aorompercomaprevalênciadatransmissãomono-lógicadeconteúdos,tãocomumemalgumassalasdeaulaeemcertasexperiências de EaD, a comunicação educativa a distância inicia umprocessoquevalorizaepossibilitaodiálogoentreculturasegerações(MARTIN-BARBERO,1997).

Apartirdosaspectospontuadosnestaobra,ficoupatentequeosenvolvidosnosistemadeEaDprecisamestabelecerumainterlocuçãoconstanteatravésdoAVEAedeoutrastecnologiasquepermitamumacomunicaçãodemãoduplaentreaspartes.Comousodeumavarie-dadecadavezmaisampladedispositivoscommúltiplasmídias,aaqui-

Aoconstruiroconhecimentoadistância,odocenteeodiscenteprecisarãoaprenderausarmídias interativasparaqueodiálogoocorra,semfronteirastemporaiseespaciais.Algoque,conformeapontamosdurantetodaaobra,precisaestarbaseadoempressu-postos,comoacriticidade,acriatividade,aautonomia,acoope-ração e a afetividade. Somenteumaboa e criativabasehumanapoderáinstituiradinâmicadacomunicaçãodialógicanaEaD,emqueoestudantesesentiráenvolvidonosistemaeducacionalecria-rálaçosafetivosqueoauxiliarãonocomplexoprocessodecons-truçãocooperativadoconhecimentoemparceriacomoprofessor,otutoreoscolegas,mesmolongefisicamente.

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siçãodeconhecimentodeixade se fazer exclusivamentepormeiodeleiturasde textospara se transformaremexperimentos tambémcommúltiplaspercepções e sensibilidades.Por isso, se faltarodiálogonoprocessoeducacional,restringindo-seàcomunicaçãoescritadosaber–comoestudobaseadoapenasemprovas,tarefasetrabalhosfinais–,sereduzirásensivelmenteaestruturadoestudoacadêmico(PETERS,2001). Então, como ressaltado em outras seções, a ideia de processocomunicacionaleducativodefendidaconstrói-seapartirdanoçãodefeedback(BERLO,1999;BORDENAVE,1998),emqueoestudantecon-tribuicomoumcoautorativo.

Queremosdizerquefoiumprazerpartilharpartedosresultadosdenossaspesquisas,bemcomoapresentarcertas inquietaçõesqueaindanoscomovem.NãotivemosapretensãodeapresentarroteirosprontosdecomoalcançarosucessoemsuaexperiêncianaEaD.Nossointuitofinalfoiprovocá-loaleiturasereflexõesquepudessemfazerdiferençaemseudiaadiaequiçáproporcionaranseiosdemudançaemsuabuscapelaautonomia,cooperaçãoeafetividadeequilibradaemumaexperi-ênciadeEaDcrítica,criativaecontextualizada.

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