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ÍSIS SEM VÉU_Vol.I_H.P.BLAVATSKY

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Obra escrita a partir de setembro de 1875 e publicado em 1877.

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ffiTS SEM YEU

a

YOLUME

I

.IT CTfuCT,

Digitalizado por:

Os filhos de Hermes

SUMARIO

Introduo: Como foi escrita "sis sem Vu"

t3

PREFCIO

67

ANTE O VUPretenses dogmticas da cincia e da teologia modernas A filosofia platnica fornece o nico terreno mdio Retrospecto dos antigos sistemas filosficos Um manuscrito siraco sobre Simo, o Mago Glossrio dos terinos u :lizados neste livro

7l

A. "INFALIBILIDADE" DA CIENCIA MODERNA

CAPTULO

I.

COISAS VELHAS COM NOMES NOVOS

101

A Cabala Oriental Tradies antigas confirmadas por pesquisas modernas O progresso da humanidade caracteizado por ciclos Cincia secreta antiga O valor inestimvel dosVedas Mutilaes dos livros sagrados judaicos traduzidos A Magia vista sempre como uma cincia divina As conquistas de seus adeptos e as hipteses de seus detratores modernos O anseio do homem pela imortalidade

CAPTULO

II.

FENMENOS

E

FORAS

r33

O servilismo da sociedadePreconceito e fanatismo dos homens de cinciaEles so perseguidos pelos fenmenos psquicos As artes perdidas O desejo humano, a fora mestra das foras Generzaes superficiais dos savants franceses Fenmenos medinicos, a que atribu-losSua relao com o crime

CAPfULO III. CONDUTORES CEGOS DOS CBGOSA descendncia do Orohppas segundo HuxleyComte, seu sistema e seus discpulosOs materialistas de Londres Os mantos emprestados Emanao do universo objetivo a partir do subjetivo

160

CAPTULO IV. TEORIAS A RESPEITO DOS FENMENOSTeoria Teoria Teoria Teoria Teoria Teoriade Gasparin de Thury de dps Mousseaux, de Mirlle de Babinet de Houdin dos srs. Royer e Jobert de Lamballe

PSQUICOS

181

Os gmeos - "cerebrao inconsciente" e "ventriloquismo inconsciente" Teoria de Crookes Teoria de Faraday

Teoria de Crevreuil A comisso Mendeleyeff de 1876

A cegueira

da alma

CAPTULO V.

o

TER OV *LUZ ASTRAL.

202

Uma fora primordial mas muitas correlaes Tyndall escapa por pouco duma grande descoberta A impossibilidade do milagre Natureza da substncia primordial Interpretao de certos mitos antigos Experincias dos faquires A evoluo na alegoria hindu

CAPTULO VI. FENMENOS PSICOFSICOSA dvida que temos para com ParacelsoMesmerismo

233

-

origem, acolhimento e potencialidade

"Psicometria"Tempo, espao, eternidade Transferncia de energia do universo visvel para o invisvel As experincias de Crookes e a teoria de Cox

CAPTULO VII. OS ELEMENTOS, OS ELEMENTAIS E

OS 267

ELEMENTARESAtrao e repulso universal em todos os reinos danatureza Os fenmenos psquicos dependem do meio f'rsico Observaes em Sio A msica nas disfunes nervoss A "alma do mundo" e suas potencialidades

A cura pelo toque e os curandeiros "Diakka" e os maus demnios de Porfrio A lmpada inextinguvelA ignorncia moderna da fora vitalAntigidade da teoria da correlao de foras Universalidade da crena na magia

CAPTULO

VIII. ALGUNS

MISTRIOS

DA NATUREZA

308

Os planetas afetam o destino humano? Passagens muito curiosas de Hermes A inquietao da matria A profecia cumprida de Nostradamus Simpatias entre os planetas e as plantas

O conhecimento hindu da propriedade das cores "Coincidncias" , a paracia da cincia moderna

A lua e as marsDisfunes epidmicas mentais e morais Os deuses dos Pantees, apenas foras naturaisProvas dos poderes mgicos de Pitgoras

As raas sem viso do espao etreo As "quatro verdades" do Budismo

AGRADECIMENTOS

O Organizador deseja expressar a sua gratido a todos aqueles que o auxaram

na preparao desta edio de sis sem vu,colegas:

especiaknente os seguintes amigos e

Irene R. Ponsonby, que analisou e melhorou o material editorial e leu cuidadosamente as provas e cujo conhecimento cabal de estilo e de mtodos literirios foi deauxlio inestimvel. Margaret Chamberlain Rathbun e Lina Psaltis, que leram as provzs em vrias fases de produo. W. Emmett Small, cujos muitos anos de experincia editorial e literria foram de grande benefcio na leitura das provas finais e no fazer sugestes valiosas. Mary L. Stanley, de Londres, Inglaterra, que, durante um perodo de mtos anos at a sua morte, conferiu inmeras citaes e referncias nos acervos do Museu Britnico, prestando enorne contribo em termos de pacincia aplicada e habilidade

literria.Marianne Winder, cujo conhecimento amplo de Literatura, Lnguas angas e Filosofia oriental tornou possvel continuar e levar a uma concluso satisfatria o trabalho de pesquisa no Museu Britnico" Dara R. Eklund, cujo conhecimento de Biblioteconomia e de tcnicas de citao bibliogrfica auxou consideravelmente na localizao de muitas passagens e referncias obscuras ao longo de toda a obra. Clarence Q. Wesner, falecido, cuja famiiaridade completa com os escritos dos evangelistas e com a histria primitiva do Cristianismo auxiliou n legliz41 e a conferir: um grande nmero de citaes e a esclarecer vrios pontos de incerteza' Radha Burnier e Seetha Neelakantan, bibliotecrias competentes e eruditas da Biblioteca e Centro de Pesqsas de Aydar, cujo conhecimento multiforrne de Literatura e de Lnguas orientais foi essencial conferncia e correo de um grande nmero de termos tcnicos e de nomes prprios que so abundantes emsis semvu. Geoffrey A. Barborka, que conferiu um grande nmero de termos snscritos e tibetanos e ofereceu sugestes valiosas com relao ao material editorial. Frances Ziegenmeyer, que auxou competentemente na preparao da Seo Bibogrca. Charles R. Clark e Dara Eklund, por redesenharem e melhorarem os diagramas e gravuras contidos nesses volumes. Em relao a vrios outros aspectos do trabalho editorial, um dbito de gratido devido a: Dr. Herbert B. Hoffleit, Depaltamento de Lnguas Clssicas, Universidade11

da Califrnia, Los Angeles, pela pronta assistncia em conferir termos e expresses em grego; Dr. Abraham Berger, Chefe da Diviso Judaica, na Biboteca Pblica de Nova York, por fazer sugestes valiosas com relao a termos hebraicos; Sra. Bulbul Abdel Meguid, do Departamento Egpcio de Antiguidades, pelas explanaes e alteraes sugeridas em relao a termos e nomes egpcios angos; Sra. Esther Euler, antiga Chefe da Seo de Emprstimos Interbibliotecas do Departmento de Consulta, Universidade da Califrnia, Los Angeles, pela cooperao inesgotvel em assegurar o emprstimo de um grande nmero de obras raras. Um agradecimento reconhecido Fundao Kernpelas generosas doaes feitas Sociedade Teosfica da Amrica, que possibilitaram a publicao da presente edio. O Organizador tambm deseja expressar a sua grado s Srtas. Joy Mills, Presidente Nacional da Sociedade Teosfica da Amrica, e Helen Y . Zahara, Coordenado-

ra de Programas da Fundao Kern, pelo seu interesse vital pelo trabalho de produo, e pelo seu apoio continuado a ele, pela sua ajuda financeira e por vrios detalhes dapubcao.

Outros amigos de vez em quando contriburam de virias maneiras paa o sucesso desta obra literria. A sua assistncia foi altamente considerada e no presenteagradecida.

12

INTRODUO COMO FOI ESCRITA "SIS SEM YU''

orle

T r,ro xat r oopeva x.dl ra ^1e^7ovro \, ep.t. Tv pv ytr;va rizorvl'ev. 'Ov ^1 xapzrv rexov {ros 1vero.

Sou tudo o que foi, tudo o que , tudo o que ser.

Nenhum mortal jamais rne alou o vu. O fruto que gereiconverteu-seno

Soll.

A 29 de setembro de 187'1 , um sbado, a primeia obra monumental de H' P. Blavatsky, sis sem vu, foi publicada em Nova York por J. W. Bouton. Seu frontispciodeclarava ser ela "Uma chave para os mistrios da Cincia e da Teologia antigas e modernas", e os mil exemplares da primeira impresso foram vendidos em 10 dias. Alguns dos assinantes tiveram de esperar pela segunda impresso2. Participando da nascente onda de interesse pelo oculto, que naquela pocaatraia as mentes de um nmero cada vez maior de pessoas, e vindo, como ocoreu, na esteira das controvrsias mto difundidas criadas pelos artigos e ensaios provocantes de H. P. Blavatsky, publicados intermitentemente num perodo de trs anos em alguns dos dirios de Nova York e nos jomais do movimento espiritualista, sis sem vu causou um poderoso impacto a patir do dia mesmo do seu aparecimento. A reao da imprensa foi, de um modo geral, favorvel. O Dr. Shelton Mackenzie, um dos crticos literirios mais capazes da poca, escreveu toPhiladelphia Press, de 7 de outubro de 1877, que "est uma das obras mais noveis, pela originalidade de pensamento, mincia de pesquisa, profundidade de exposio filosfica e variedade e extenso de erudio, que aparecerm em muitos anos". O Herald de Nova York, de 30 de setembro de 1877, disse que as mentes independentes "acolhero com prazer a nova publicao como uma contribuio valiosssima para a literatura filoshca" e que ela "suplemenar. o Anacalypsis de Godfrey Higgins", Encontrando uma grande semelhana entre ambas, deciarou que a obra em exame, "com suas peculiaridades notveis, sua audcia, sua versatilidade e a prodigiosa variedade de assuntos que ela menciona e de que trata (. . .), uma das mais extraordinrias produes do sculo". O Dr. G. Bloede, um ilustre erudito 4lemo, disse que, "em todos os sentidos, ela se alinhar entre as contribuies mais importantes para a literatura da moderna cincia do espritoe ser digna da ateno de todo estudioso desse campo" . O World de Nova York considerou-a "um ensaio exaustivo e extremamente agradvel de se ler sobre a importn-

cia suprema do restabelecimento da Filosofia Hermtica num mundo que acreditat3

cegamente que a superou".

"a vendagem completa foi esgotada

o Amercan Bookseller de outubro de 1877 confirmou que (,. .) no tem procedentes para uma obra dessa espcie, pois a edio

em dez dias aps a data da publicao". Ele tambm a comparou ao Anacalypsi.s de Higgins, e aflrmou que a sua procura estava "muito acima das expectativas dos seus editores". Algumas das notas foram suficientemente irreverentes e parciais, deixando claro que os crticos no haviar lido a obra; e o editor do Times de Nova York escreveu a Bouton dizendo que sentiam muito no poderem tocar /sls sem vu, pois "tinham um

verdadeiro horror por Mme. Blavatsky e por seus escritos". Um dos endossos mais delicados veio de Bernard Quaritch, famoso vreiro e editor, que escreveu a Bouton, de Londres, a27 de dezembro de 1877: "O livro evidentemente far carreira na Inglaterra e se tornar um clissico. Estou muito satisfeito de ser o seu agente ingls". Escrevendo sobre o fato nas suas Olcl Dary Leaves (vol'I, p. 296, rodap), o Cel. Olcott acrescenta: "(. . .) estamos mais satisfeitos do que ele poderia esta, pois conhecemos a reputao de sua energia indmita e de seus altos princPios"s. De acordo com o Cel. Olcott, "o primeiro dinheiro recebido por um exemplar de sis sem vu foi-me enviado por uma senhora de Styria, jtlntarnente com o seu pedido; ns o guardamos 'para dar sorte', e e1e agora est dependurado, emoldurado, nas paredes do escritt'ro da The Theosophist em Aydar. A coisa mais verdadeira que se disse sobre lsls partiu de um autor americano, que afirmou ser ele 'urn livro que contm uma revoluo dentro de si"'. Parece que J.W. Bouton ficou to surpreso e satisfeito com a situao que, num domingo, a 10 de fevereiro de 1878, na presena do Cel. Olcott, "ofereceu [a H. P. B.] 5.000 dlares como direitos autorais pela edio de um livro em um volume que desvelasse sjs um pouco mais; se ela pudesse escrev-lo, ele pretendia imprimir apenas celn exempares e vend-los ao preo de cem dlares cada um. Embora precisasse muito de dinheiro, ela recusou a oferta sob o pretexto de que no tinha permisso naquela poca para divulgar mais segredos arcanos do que fizera em lsrs (. . )*4. Para entender a natueza desse impacto, e pzra compreender suas repercusses em vrios setores do pensamento humano, necessrio recordar anateza da poca em que sis sem vu fo publicada. No que diz respeito ao Ocidente, a paisagern era a de um materialismo excessivo e obtuso que perrneava a maioria das avenidas do esforo humano. Um clima em que a negao cienfica de toda espiritualidade, a preSuno farisaica da religio organizada, a respeitabilidade artifrcial dos costumes sociais e a esterilidade da especulao intelectuai, que eram as furfluncias predominantes na poca, apresentavam dihculdades que os homens de hoje no poderiam compreender facilmente. A existncia mesma do conhecimento octto, de homens aperfeioados e iniiados, doS poderes latentes no ser humano e de um carninho secreto que leva consecuo daquele conhecirento, era praticamente desconhecida, exceto entre alguns raros indivduos que conservavrm para Si o que conheciam e se mantinham no anonimato. Apenas um movimento - conhecido corno Espiitualismo na Amrica e como Espiritismo na Europa - exibiu um certo grau de liberalidade para com fatos da Natureza pouco conhecidos, embora o interesse dos seus devotos estivesse preso a merosfenmenos, sem uma filosofia que os sustentasse. Pessoas em nmero cada vez maior, algumas das quais muito conhecidas e influentes em vrios crculos, forarn atradas pila esse aspecto do fenomenalismo

t4

medinico, que, a despeito de seus artecedetes confusos e muito incertos, fomeceu urn solo frtil para a nova especulao, para a expresso de novas idias e para o exerccio de uma intuio at ento insuspeitada nas mentes dos homens.

Contra este pano de fundo de negao materialista e de curiosidade pelo oculto, aparecimento de sis sem vu foi algo semelhante exploso de uma bomba, cujas reo percusses sacudiram muitas opinies firmadas, dogmas entrincheirados e crenas materializadas em toda a extenso do pensamento em voga,Considerando-se o seu contedo extenso e variado e as circunstncias do seu aparecimento, muito natural pergunta como esta obra foi escrita.

Um registro abrangente da redao de sis semvu estnas Old Diat"y Leaves do Cel. F{enry S. Olcott, vol. I, caps. XIII-XVII, embora aigumas imprecises se tenham insinuado em seu relato, principalrnente porque foi escrito de memria e no a partir dos seus Diaries de ento. O manuscrito dos Drtries para os anos 1874-1877 havradesaparecido misteriosamente e o autor no pde ter acesso a ele. Olcott escreveu:

"(. . .) Um dia, no vero de 1875, H. P. B. mostrou-me algurnas folhas de um manuscrito que ela escrevera e disse: 'Escrevi isto a noite passada'a mando', mas no sei para que diacho deve ser. Talvez para um artigo de jornal, talvez para um livro, talvez para nada: todavia, fiz o que foi ordenado'. E ela o gtrardou numa gaveta e durante algum ternpo no se falou mais nisso. Mas no ms de setembro - se minha memria no falha * ela foi a Siracusa (N. Y.)5, para uma visita a seus novos amigos, o Prof. Corson e Sra., da Universidade de Cornell, e o trabalho foi retomado. EIa escreveu-me que seria um livro sobre ahistriae a filosofia das escolas orientais e as suas relaes com as da nossa poca. Disse que estava escrevendo sobre coisas que nunca havia estudado e f,azendo citaes de livros que nunca havia lido em toda a sua vida; que, para testar a sua exatido, o Frof. Corson comparara as suas citaes com obras clissicas da Biblioteca da Universidade e achavaque ela estava certa (. . .)"6.Na proca en que H. P. B. visitou o Prof, Hiram Corson e Sra., eles moravam e1 Ithaca, N. Y., ocupando temporariamente o charnado "Richardson Cottage", na Heuslis Street, onde H. P. B. se demorou aproximadamente trs senanas. Parece que ela deixou Nova York a 15 de setembro de 1875, tomando o barco vespertino para Albany, N. Y. Chegou a lthaca, ou no dia seguinte ou no dia 17. Mas na segunda semana de outubro j regressava a Nova York. O Dr. Eugene Rollin Corson, filho do Prof. Hiram Corson, fala da permanncia de H. P. B. em Ithaca, N. Y., e diz que:

"Ela passava o seu tempo escrivaninha, escrevendo, escrevendo, escrevendo a maior parte do dia e avanava pela noite, mantendo ainda uma enorne correspondncia. Aq ela comeou sis sem vu, preenchendo totalmente cerca de 25 pginas de papel almao por dia. No tinha livros para consultar; a biblioteca muito ampla de meu pai era quase toda sobre literatura inglesa, ingls antigo, anglo-saxo, poesia inglesa e literatura clssica, e elia raramente a consultavasobre alguma coisa"7.15

Em apoio s prprias palavras do Cel. Olcott sobre o incio de sis sem vu, temos a seguinte afirmao da prpria H. P. B.: "Quando comecei a escrever aquilo que mais tarde evoluiu pata sis sem veu, eu sabia menos do que um selenita sobre o que sairia dali. Eu no tinha nenhum plano; no sabia se aquilo seria um ensaio, um panfleto, um livro ou um atigo. Sabia qve tinha de escrev-lo, nada mais. Comecei a obra antes de conhecer bem o Cel. Olcott, e alguns meses artes da formao da Sociedade Teosfica"8.

A afirmao sobre o fato de no conhecer "bem" o Cel. Olcott est, todavia, sujeita a dvidas, pois H. P. B e o Cel. conheceram-se a 14 de outubro de 1814, em Chittenden, Vermont, e esse perodo de cerca de um ano foi marcado por un constantecolaborao ente eles em vrios campos de avidade. Na poca em que H. P. B. comeou a escrever sis sem vu, isto , aproximadamente no vero de 1875, ela estava se tornando rapidamente conhecida como uma vigorosa escritora, principalmente por suas contribuies ao The Spiritual Scientist de 'de Nova York. Durante o seu labor no manuscrito da Boston e ao Thz Daily Graphic sua prxima obra, publicou alguns dos seus artigos mais desafiadores, tais como "A cincia da Magia", "uma histria da Mstica", "Metafsica indiana", "uma crise para

o Espiritualismo" e outros, que apareceram em jornais espiritualistas e peridicosNova Yorke.

de

portanto, completamente claro em seu pano de fundo histrico, embora muitos detalhes sejam incompletos e os dados genunos, um pouco indistintos. , ento, com grande surpresa que o estudioso l, nas The Mahanw Letters to A'P. Siwett, p.289, a inequvoca afirmao do Mestre K. H. no sentido de que "(...) foi ento que lhe foi ordenado escrever lsls - apenas um ano depois de a Sociedade ter sido fundada"10. Essa afirmao perrnanecer, por enquanto, como um dos mais curiosos quebra-cabeas com que se pode topar na literatura teosfica dos primrdios. impossvel dizer exatamente quanto de 1sr foi escrito em Ithaca, mas interessante notar que H. P. 8., escrevendo dali para N. A. Aksakov, a 2o de setembro de 1875, menciona o primeiro tulo pretendido para a obra. Ela afirma:

O incio de

sis ,

"Estou escrevendo agora um grande livro, que chamo, a conselho de John .chave para portes misteriosos'. Eu os desnrascarei, 'seus' [John King],homens de cincia europeus e americanos, papistas, jesutas, e essa raa de semieruditos, les chtrs de la science, que destroem tudo sem criar nada, e so incapazes de

criar"

1

,

Depois de H. P. B. ter retornado de Ithaca a Nova York, ela e o Cel. C)lcott tomram dois apartamentos no nmero 4O3 da West 34ft Street, ela no primeiro e ele no segundo andar, e desde ento a redao de,lsls prosseguiu sem demora ou interrupo at o seu trmino1z. A maior parte da obra, todavi;a, foi feita em outro endereo, dado que os Fundadores muito cedo se transferiram para o nmero 3O2 da West 47 Street, a "Lamaseria", como o local se tornou conhecido mais tarde. O desenho do edifcio, aqui includo, e a sua descrio, ambos feitos por William Quan Judge, ajudaro a recriar o ambiente:

l6

Casa da Rua

47, 302, Nova York

Desenho de Wiiliam Quan Judge.

Rua 47

]'@ '@

oDo D$\

Planta do apartamento na Rua 47, 302, em Nova York. Desenho do Cel. H. S. Olcott.

"(...) Um apartanento foi tomado posteriormente na esquina da 47thStreet com a Eighth Avenue, na casa mostrada na grawrafachada da casa que d para a Eighth Averua de negcios que vai da baixa Nova York at a l55th Street. O nue, uma edifcio tinha apartamentos muito espaosos, com uma loja no trreo. A entrada para os apartamentos feita pela 47th Street sob os cmodos dos fundos, H. P. B. tinha o apartanento que comea no meio do edifcio e vai at a Bighth Avenue, imediatamente acima da loja. O edifcio es hoje [1983] nas meslnas condies e com a mesma arrumao de quando H. P. B. ali viveu13.

..4 ilustrao mostfa a estreita

outras sobre a loja.

"Seu escritri o efa a sala da frente, ocupando a janela da esquina e as duas A terceira janela da frente de um pequeno quarto que foi usado com virios propsitos, s vezes para o desjejum, outras para dormir. Nesse lado, internamente, o corredor levava porta de entrada do apartamento com cmodos na seguinte ordem: junto ao escritrio e sala de estar ficava o seu quarto de dormir, que tinha uma porta que dava para o corredor, e era isolado do refeitrio, numa sala contgua, por uma slida parede. Depois da sala de estar fica a cozinha, que d para a 47th Street. No outro lado do corredor est primeiramente o banheiro, de frente para a cozinha, e, depois, voltando-se para trs, est um pequeno quarto escuro em que o Cel. Olcott dormia. No andar de cima morou por algum tempo a Sra. I. C. Mitchell, irm do Cel' Olcott. O escritrio e opequeno quarto referidos acima interceptam o corredor"14.

Escrevendo sobre o mesmo assunto, o Cel. Olcott apresenta a seguinte planta da e dela faz uma descrio que difere em um ou dois pontos da do Sr. Judge. Ele diz (veja-se a planta aqui includa):

"Lamaseria"

"(. . .) A, nossa nica sala de trabalho e de recepo; B, quarto de dormir de H. P. B.; C, meu quarto de dormir; D, um quarto de dormir pequeno' escuro; E, corredor; F, coztnha; G, sala de jantar; ll, banheiro; 1, armrio embutido; "I, porta exterior do apartamento, que se abre para o saguo das escadas, sempre fechada com um trinco de molas e aferrolhada noite. No meu quarto, a a cadeira onde me sentava para ler; b, a mesa; c, acadeira em que meu visitante [Mestre M.l tomava assento durante o colquio; d, minha cama de campanha. Em nossa sala de trabalho, e, onde estava pendurado o relgio cuco, eJ o lugar das prateleiras.suspensas nas quais me machuquei. Em B, g representa o lugar da camade H. P. B.

(..

.)"15.e na decorao de nosso apar-

"No havia nada fora do comum na mobflia

tarnento, a no ser na sala de jantar e na sala de trabalho - que era ao mesmo tempo nossa sala de visitas e biblioteca - e elas erim certamente bastante singulares. A parede morta da sala de jantar, que a separava do quarto de dormir de H. P. 8., estava totalmente coberta com um quadro feito de folhas Jecal que representava uma cena de jngal tropical. Vindo do fundo, um tigre lanava-se sobe um elefante imvel, que ruminava ao lado de um poo de gua, e uma serpente gigantesca estava enrolada ao redor do tronco de uma palmeira. . . Nunca ouvi falar de outro quadro de parede desse tipo, e ele parecia impressionar todos os nossos convidados, que o consideravam inteiramente adequado a um lar como a

t9

"Lamaseria". Toda a paisagem de floresta provinha da cobertura de folhas de outono, e da figura de um elefante recortado em papel marrom. FL outra inveno similar na sala de trabalho. A porta de entrada situava-se num nguio feito pela interceptao de um canto, e acma dela a parede formava um quadritero de talvez 1,30 m x 1,70 m. Certo dia encontrei numa loja de antiguidades uma cabea de ieo esplendidamente montada; os olhos fulgurantes, as mandbulas mto abertas, a lngua retrda, os dentes brancos e ameaadores. Levando-a para casa e procurando um lugar para aloj-ia, este quadriltero de parede impressionou meu olhar e ali dependurei o meu trofu, Graas a um arranjo de grama alta e seca, eu o fiz parecer uma leoa zangadaque estivesse se arrastandopelo jngai e pronta para se lanar sobre os visitantes que tivessem a oportunidade de olhar para ela. Era uma das nossas brincadeiras ter recm-chegados sentados em uma cadeira confortvel que estava de frente para a porta e apreciar-lhes o sobressalto quando os seus olhos se desviavam de H. P. B. para dar uma olhadela ao redor da sala. Se por acaso o visitante fosse uma velhinha histrica que gritasse ao ver o trofu, H. P. B. riria entusiasticamente. Em dois cantos da sala

instalei folhas de palmeira que tocavam o teto e inclinei as suas pontas em curvas graciosas; pequenos macacos empalhados assomavam das cornijas das cortinas; uma delgada serpente empalhada repousava no topo do espelho do consolo da lareira, pendendo sua cabea sobre uma das quinas; um grande babuno empalhado, enfeitado com um colarinho, uma gravata branca e um par de meus culos, carregando sob um brao o manuscrito de uma conferncia sobre'A evoluo das espcies', e apelidado 'Professor Fiske', permanecia ereto num canto; uma grande coruja deiicada estava empoleirada sobre uma estante de livros; um ou dois filhotes de lagarto rastejavam pela parede; um relgio cuco suo pendia esquerda da lareira; pequenos escrnios japoneses, imagens do Senhor Buddha em madeira lavracla e urr talape siams, curiosidades de vrios tipos, ocupavam a tampa do piano de armrio, as prateleiras das paredes, as tagres dos cantos e outros espaos adequados; uma grande escrivaninha ocupava o centro da saia; algumas estantes de livros com nossa minguada biboteca subiam pelas paredes, entre as duas janelas da Eighth Avenue; e cadeiras e um ou dois divs tanto enchiam o espao do recinto que era preciso abrr caminho para se chegar ao outro lado do cmodo. Um lustre a grs de quatro bicos e com uma lmpada pendurada sobre a mesa dava-nos a iluminao fsica necessria; a outra, FI. P. B. fornecia. Um par de portas de vidro de correr (freqentemente fechadas) separava a saia de tabalho do seu pequeno quarto de dormir, e sobre a parede acirna das portas construmos um enorme tringulo duplo de leves lminas de ao. No conjunto, a sala era muito artstica e agradvel para os seus ocupates e convidados, tema de mais de uma descrio em peridicos e de conversas entre nossos amigos. Nenhuma moldura teria sido mais apropriada para realar a personalidade bizarra de sua misteriosa ocupante, H. P. B. (. . .)"16. Retomando a descrio do Sr. Judge:

"Foi nesse apartamento, na sala maior da frente, que sis sem vu. foi escrita e terminada. Ali ocorreram tantos fenmenos extraordinrios que muitos volumes seriam necessrios para descrev-los. Aqui 'a msica astral e os sinos'20

eram freqentemente ouvidos, e pretensos crticos sbios afirmavam que eles eram produzidos por uma donzela que subia e descia pelo corredor com um instrumento: um despropsito para aqueles que, como eu, estiveram aq e ouviram todas estas coisas. Aqui, no canto da sala sobre a Eighth Avenue, a coruja empalhada estava pousada e s vezes piscava. Ela pertence agora a uma senhora que vive perto da Loja de Nova York. E aqui, quando ,sls foi terminada, H. P. B.sentou-se entre os seus poucos pertences e viu o leiloeiro vend-los ao arrematador; daqui ela, fnalmente, em dezembro de 1878, dirigiu-se ao vapor que a levou a Londres, de onde zarpou para a ndia para nunca mais voltar terra em que foi sempre motivo de perplexidade e de entretenimento para a gente da metrpole. um modesto lugar numa pequena e tumultuada parte de uma grande cidade; contudo, quanto foi feito ali e que poderosas foras se moveram entre aquelas quatro paredes enquanto a imensa personalidade conhecida como Helena P. Blavatsky a residiu!" 1 7

Escrevendo sobre esses primeiros dias em Nova York, a Sra. Laura Langford Holloway fala de James C. Robinson como sendo:

outro brilhante jovem advogado irlands, que tinha tanto interesse em estudar o ocultismo quanto o Sr. Judge, e que estudou e serviu com entusiasmo e zelo rnfatigvel. O primeiro exemplar de sis sem vu, que saiu do prelo, o jovem Robinson o obteve e o levou ao escritrio de um peridico onde tinha um amigo e pediu-lhe uma nota pra. Esta foi concedida com a condio deque ele a redigisse, o que fez, e ele teve a satisfao de levar a Mme. Blavatsky o primeiro reconhecimento de seu livro impresso num diirio. Tivesse sido a sua vida prolongada, a Teosofia teria tido nele um hbil expoente, pois, de todo o grupo de advogados de Nova York daquela poca, James Robinson era o mais culto. A sua famia tinha riqueza e influncia - das quais ele havia tirado o maior proveito - e ele era um nobre espcime de um advogado irlands-americano. A sua morte sbita ocorreu no final do primeiro ano da sua convivncia com Ntlme. Blavatsky e representou uma marcada perda para a obra e para os obreiros"lB.

"(...)

Outro fato interessante sobre esse perodo Barborka, que escreve:

mencionado por Geoffrey A.

"Em todos os relatos, que falam da redao de sis sem vy'a, nenhum deu crdito a um apaz que auxou H. P. B. de maneira extremamente capaz. Assim, o autor considera um privilgio honrar a memria de John, o jovem irmo de William Q. Judge, pelo servio prestado no tocante preparao do manuscritode Mme. Blavatsky para a impresso, copiando uma boa parte da obra. Essa tae era necessrio preparar os originais para publicao mediante cpias manuscritas.

refa no foi suave, pois no existiam datilgrafos naquela poca

"O jovem John H. Judge conheceu H. P. B. quando ele estava com apenas 17 anos de idade, como relatou aos estudantes que se reuniram para receb-lo por ocasio de sua visita ao 'Rja-Yoga College and School' da Loja Teosfica de Point Loma, na Califrnia. Ele prossegu dizendo que tinha grande admirao por H. P. B. e considerava um grande privilgio t-la auxiliado na21

preparao de sis sem vu para o e