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121 ANAIS • Ano I • Volume 1 Izalci Lucas A política de Ciência e Tecnologia do Governo do Dis- trito Federal tem grandes desaos, pela frente, mas talvez o maior deles seja, justamente, aproximar a academia do setor empresarial e do governo. No Brasil temos uma cultura de que o conhecimento está apenas na universidade. Não temos tradição de inovação e pesquisa nas empresas. Temos conheci- mento demais nas universidades, mas não conseguimos ainda transformá-lo em produtos, em qualidade de vida. Lembro-me de que quando foi criada a Secretaria de Ciência e Tecnolo- gia, foram chamadas para integrarem sua composição diversas representações, entre outras a empresarial e acadêmica. Uma observação interessante ocorrida na primeira reunião foi a de descobrimos que elas não se falavam - enquanto o mercado precisava de prossionais para determinadas áreas, a academia preparava prossionais para aquelas que não estavam sendo exigidas pelo mercado. No caso especíco da tecnologia cito, por exemplo, que as empresas estavam precisando de pros- sionais que dominassem a linguagem Java, mas as universida- des os preparavam para uma linguagem até já ultrapassada. No Governo do Distrito Federal o principal objetivo é au- mentar o Índice de Desenvolvimento Humano e principalmente diminuir as diferenças existentes entre as regiões administra-

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ANAIS • Ano I • Volume 1

Izalci Lucas

A política de Ciência e Tecnologia do Governo do Dis-

trito Federal tem grandes desafi os, pela frente, mas

talvez o maior deles seja, justamente, aproximar a academia do

setor empresarial e do governo. No Brasil temos uma cultura de

que o conhecimento está apenas na universidade. Não temos

tradição de inovação e pesquisa nas empresas. Temos conheci-

mento demais nas universidades, mas não conseguimos ainda

transformá-lo em produtos, em qualidade de vida. Lembro-me

de que quando foi criada a Secretaria de Ciência e Tecnolo-

gia, foram chamadas para integrarem sua composição diversas

representações, entre outras a empresarial e acadêmica. Uma

observação interessante ocorrida na primeira reunião foi a de

descobrimos que elas não se falavam - enquanto o mercado

precisava de profi ssionais para determinadas áreas, a academia

preparava profi ssionais para aquelas que não estavam sendo

exigidas pelo mercado. No caso específi co da tecnologia cito,

por exemplo, que as empresas estavam precisando de profi s-

sionais que dominassem a linguagem Java, mas as universida-

des os preparavam para uma linguagem até já ultrapassada.

No Governo do Distrito Federal o principal objetivo é au-

mentar o Índice de Desenvolvimento Humano e principalmente

diminuir as diferenças existentes entre as regiões administra-

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tivas. Regiões como os Lagos Norte e Sul têm índices equiva-

lentes aos melhores do mundo, porém temos regiões com os

piores, como Arapoanga e Estrutural. A tecnologia, na prática,

é um agravante nesse sentido, pois se não conseguirmos uni-

versalizar o acesso à tecnologia essas diferenças só tenderão a

aumentar. Registre-se o papel da Secretaria de Ciência e Tecno-

logia, bem como o da Fundação de Apoio à Pesquisa, na missão

de liderar, promover e fomentar ações de ciência, tecnologia e

inovação para induzir o desenvolvimento no Distrito Federal.

Na Secretaria há um processo em andamento no qual sis-

tematizamos a política de Ciência e Tecnologia em três grandes

programas: Construindo Cidadania com Ciência e Tecnologia,

que é mais voltado para a área de inclusão social e digital; Em-

preendendo Cidadania, na área de geração de emprego, em

que também entram os parques tecnológicos; e a Difusão da

Ciência, também como um programa importante dessa política.

Na área da inclusão social através da inclusão digital há

vários projetos, como a Escola Digital Integrada, que é um pro-

jeto de inclusão nas escolas públicas e o Geração III, programa

voltado para a inclusão digital na terceira idade, com cursos

específi cos para as pessoas com mais de 60 anos. O DF Digital

é o maior programa de inclusão digital que temos no Brasil.

De 2007 até o presente foram expedidas 122 mil certifi cações,

capacitando mais de 35 mil alunos em parceria com o setor em-

presarial. O Expresso Digital é mais um de nossos projetos, uma

espécie de inclusão digital para a área rural por meio de um ôni-

bus com laboratório da informática e rede de internet sem fi o.

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ANAIS • Ano I • Volume 1

Outro projeto de lei em fase bastante adiantada é o que

cria a Universidade Regional de Brasília e Entorno (URBE), enti-

dade que incluirá a atual Escola Superior de Ciências da Saúde

(ESCS) e dá em janeiro do próximo ano, a de Enfermagem. O

Polo de Conhecimento faz parte desse projeto.

Existe também um acordo com a Embrapa e com a UnB

para a criação do Parque de Biotecnologia e Agronegócios.

Esse projeto é diferente da Cidade Digital, pois irá trabalhar

mais com as incubadoras. Será um espaço para desenvolvimen-

to de pesquisas nas áreas de fármacos e agroenergia, e para

isso, temos que estar preparados para dar capacitação e for-

mação que as sustente. A Secretaria de Ciência e Tecnologia

também participa do programa de biodiesel e a ideia é criar

algumas usinas no entorno. Há ainda o Programa de Iniciação

Científi ca Júnior, que tem como objetivo despertar os alunos do

segundo grau (CNPQ exige o acompanhamento por parte de

um pesquisador), enquanto o Pronex é mais voltado para a área

da Saúde.

A vocação do Distrito Federal é a tecnologia de informa-

ção, uma indústria limpa. Para tanto estão destinados 123 hec-

tares próximos à Granja do Torto, para a instalação do Parque

Tecnológico Capital Digital, que abrigará empresas de tecno-

logia de informação, comunicação e telecomunicações. Quere-

mos trabalhar com inovação. O objetivo é tornar a indústria de

tecnologia uma das mais evoluídas, promover o desenvolvimen-

to da economia nessa área, atrair investimentos, transformar o

parque em um agente indutor de políticas de tecnologia e ino-

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vação no país e estimular a integração do setor produtivo com

a academia e o governo.

Finalmente, uma última palavra quanto aos Centros Co-

munitários do DF Digital – foi feita uma parceria com a Igreja

Católica por meio do Programa Previdência, que dessa forma

disponibiliza espaço físico em 46 paróquias para o programa de

inclusão digital.

Izalci Lucas Ferreira: Contador/auditor e Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia do Distrito Federal.