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Izalci lucas
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ANAIS • Ano I • Volume 1
Izalci Lucas
A política de Ciência e Tecnologia do Governo do Dis-
trito Federal tem grandes desafi os, pela frente, mas
talvez o maior deles seja, justamente, aproximar a academia do
setor empresarial e do governo. No Brasil temos uma cultura de
que o conhecimento está apenas na universidade. Não temos
tradição de inovação e pesquisa nas empresas. Temos conheci-
mento demais nas universidades, mas não conseguimos ainda
transformá-lo em produtos, em qualidade de vida. Lembro-me
de que quando foi criada a Secretaria de Ciência e Tecnolo-
gia, foram chamadas para integrarem sua composição diversas
representações, entre outras a empresarial e acadêmica. Uma
observação interessante ocorrida na primeira reunião foi a de
descobrimos que elas não se falavam - enquanto o mercado
precisava de profi ssionais para determinadas áreas, a academia
preparava profi ssionais para aquelas que não estavam sendo
exigidas pelo mercado. No caso específi co da tecnologia cito,
por exemplo, que as empresas estavam precisando de profi s-
sionais que dominassem a linguagem Java, mas as universida-
des os preparavam para uma linguagem até já ultrapassada.
No Governo do Distrito Federal o principal objetivo é au-
mentar o Índice de Desenvolvimento Humano e principalmente
diminuir as diferenças existentes entre as regiões administra-
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ACADEMIA DE MEDICINA DE BRASÍLIA
tivas. Regiões como os Lagos Norte e Sul têm índices equiva-
lentes aos melhores do mundo, porém temos regiões com os
piores, como Arapoanga e Estrutural. A tecnologia, na prática,
é um agravante nesse sentido, pois se não conseguirmos uni-
versalizar o acesso à tecnologia essas diferenças só tenderão a
aumentar. Registre-se o papel da Secretaria de Ciência e Tecno-
logia, bem como o da Fundação de Apoio à Pesquisa, na missão
de liderar, promover e fomentar ações de ciência, tecnologia e
inovação para induzir o desenvolvimento no Distrito Federal.
Na Secretaria há um processo em andamento no qual sis-
tematizamos a política de Ciência e Tecnologia em três grandes
programas: Construindo Cidadania com Ciência e Tecnologia,
que é mais voltado para a área de inclusão social e digital; Em-
preendendo Cidadania, na área de geração de emprego, em
que também entram os parques tecnológicos; e a Difusão da
Ciência, também como um programa importante dessa política.
Na área da inclusão social através da inclusão digital há
vários projetos, como a Escola Digital Integrada, que é um pro-
jeto de inclusão nas escolas públicas e o Geração III, programa
voltado para a inclusão digital na terceira idade, com cursos
específi cos para as pessoas com mais de 60 anos. O DF Digital
é o maior programa de inclusão digital que temos no Brasil.
De 2007 até o presente foram expedidas 122 mil certifi cações,
capacitando mais de 35 mil alunos em parceria com o setor em-
presarial. O Expresso Digital é mais um de nossos projetos, uma
espécie de inclusão digital para a área rural por meio de um ôni-
bus com laboratório da informática e rede de internet sem fi o.
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ANAIS • Ano I • Volume 1
Outro projeto de lei em fase bastante adiantada é o que
cria a Universidade Regional de Brasília e Entorno (URBE), enti-
dade que incluirá a atual Escola Superior de Ciências da Saúde
(ESCS) e dá em janeiro do próximo ano, a de Enfermagem. O
Polo de Conhecimento faz parte desse projeto.
Existe também um acordo com a Embrapa e com a UnB
para a criação do Parque de Biotecnologia e Agronegócios.
Esse projeto é diferente da Cidade Digital, pois irá trabalhar
mais com as incubadoras. Será um espaço para desenvolvimen-
to de pesquisas nas áreas de fármacos e agroenergia, e para
isso, temos que estar preparados para dar capacitação e for-
mação que as sustente. A Secretaria de Ciência e Tecnologia
também participa do programa de biodiesel e a ideia é criar
algumas usinas no entorno. Há ainda o Programa de Iniciação
Científi ca Júnior, que tem como objetivo despertar os alunos do
segundo grau (CNPQ exige o acompanhamento por parte de
um pesquisador), enquanto o Pronex é mais voltado para a área
da Saúde.
A vocação do Distrito Federal é a tecnologia de informa-
ção, uma indústria limpa. Para tanto estão destinados 123 hec-
tares próximos à Granja do Torto, para a instalação do Parque
Tecnológico Capital Digital, que abrigará empresas de tecno-
logia de informação, comunicação e telecomunicações. Quere-
mos trabalhar com inovação. O objetivo é tornar a indústria de
tecnologia uma das mais evoluídas, promover o desenvolvimen-
to da economia nessa área, atrair investimentos, transformar o
parque em um agente indutor de políticas de tecnologia e ino-
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ACADEMIA DE MEDICINA DE BRASÍLIA
vação no país e estimular a integração do setor produtivo com
a academia e o governo.
Finalmente, uma última palavra quanto aos Centros Co-
munitários do DF Digital – foi feita uma parceria com a Igreja
Católica por meio do Programa Previdência, que dessa forma
disponibiliza espaço físico em 46 paróquias para o programa de
inclusão digital.
Izalci Lucas Ferreira: Contador/auditor e Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia do Distrito Federal.