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Nas asas do destino On a wing and a prayer Jackie Weger Darling nº 03 A violência da tempestade de neve combina com o amor que os une Parnell não consegue dormir, no quarto da cabana perdida em algum lugar. Inquieto, levanta se e, na outra divisão, encontra Rebecca tomando banho numa velha tina de madeira. Seu corpo nu brilha com pinceladas douradas das chamas que ardem no velho fogão a lenha. O desejo explode !ntregam"se a  atra#ão selvagem de seus corpos ansiosos e descobrem  juntos a paixão e o $xtase. % e mem a volta & civili'a #ão( o que o s une ) amor ou o desespero de dois seres perdidos no mundo* 1

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Nas asas do destinoOn a wing and a prayer 

Jackie Weger

Darling nº 03

A violência da tempestade de neve combina com o amor que os uneParnell não consegue dormir, no quarto da cabana perdida em algum lugar.Inquieto, levanta se e, na outra divisão, encontra Rebecca tomando banho

numa velha tina de madeira. Seu corpo nu brilha com pinceladasdouradas das chamas que ardem no velho fogão a lenha. O desejo explode

!ntregam"se a atra#ão selvagem de seus corpos ansiosos e descobrem juntos a paixão e o $xtase. %emem a volta & civili'a#ão( o que os une )

amor ou o desespero de dois seres perdidos no mundo*

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Título original: On a wing and a prayer 

Copyright © by Jackie Weger 

Publicado originalmente em 19

 pela !arle"uin #nterpri$e$ %imited& Toronto& Canad'

Tradu()o: *yl+io ,- .eut$ch

Copyright para a língua portugue$a 1991

#./TO0 2O3 C4%T40% %T.-

+- 5rigadeiro 6aria %ima& 7888 ; andar 

C#P 81<=7 *)o Paulo *P

#$ta obra >oi compo$ta na #ditora 2o+a Cultural %tda-

impre$$)o e acabamento no Círculo do %i+ro *--

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Capítulo 1

— Santee, dê a mão para o Nicholas — ordenou Rebecca, alinhando os cincoórfãos junto à porta do hangar.

 Auele lugar imenso e escuro parecia amea!ador. A mo!a sentiu um tremor."esde o in#cio esta$a com uma sensa!ão estranha em rela!ão àuela $iagem. Acha$aue no fim os órfãos se sentiriam decepcionados mais uma $e%. Al&m disso, não sabiase conseguiria, so%inha, controlar as cinco crian!as. 'las pareciam ter uma incr#$eltendência para se meter em encrencas.

— 'stou com fome — disse (ones). — "e$#amos ter parado numa lanchonetepara comer um sandu#che.

— Não h* nenhuma lanchonete aberta a essa hora da madrugada. ', al&mdisso, $ocê tomou um caf& bem refor!ado.

— 'stou com frio — reclamou +anc).

— iue se me-endo. 'u $olto j*. Não saiam daui. ou procurar o escritório.

/Na $erdade não est* mais uente dentro desse hangar, mas pelo menos elesestão protegidos do $ento/, pensou Rebecca.

oltando0se, ela e-aminou as sombras. 1onseguia perceber o barulho do motor de um peueno a$ião e $ia o ue parecia ser os peda!os desmantelados de um outro.2* no fundo do hangar ha$ia lu% em duas janelas. "epois de di%er mais uma $e% paraas crian!as não se mo$erem, ela caminhou at& as janelas e olhou l* dentro.

endo o escritório da companhia de a$ia!ão, a sensa!ão de mal0estar cresceu. A sala tinha in3meros mó$eis ue não possu#am nada em comum uns com os outros, anão ser a $elhice e a poeira. 4m auecedor a óleo esta$a regulado tão no m#nimo uenão causa$a nenhum efeito no gelo ue se forma$a nos $idros.

'ntre toda auela confusão ha$ia um homem dormindo numa cadeira. 5inha acabe!a ca#da para tr*s, mostrando o ma-ilar coberto por barba rala, de alguns dias. 'leparecia um ser composto por partes de $*rios outros6 um e-cedente de guerra. 'ra anega!ão $i$a da humanidade. 7elo menos na opinião de Rebecca, ue era muitointolerante com homens. Não ha$ia nenhum homem em sua $ida e ela não esta$aansiosa para ue hou$esse. ' se isso significa$a noites de solidão... 8em, seus diaseram muito agitados.

9 ue a entristecia era como a unda!ão 5)nan $inha agindo, implorando ajudapara aueles ue pareciam ser os menos capacitados para prest*0la. Se ti$esse umm#nimo de bom senso, o ue faria nauele momento seria pegar as crian!as e $oltar para o orfanato, di%endo à diretora ue tinham perdido o a$ião. 7oderia praticar o uediria durante todo o caminho de $olta a 8oise, assim tal$e% não ficasse e$idente emseu rosto ue esta$a mentindo.

4m grito ecoou na escuridão do hangar. 9lhando para tr*s, Rebecca constatouue as crian!as j* esta$am discutindo entre si. 'la soltou um suspiro. 'les não

dei-ariam ue a mentira desse certo. :unindo0se de coragem, bateu na janela e testoua porta met*lica, ue não esta$a trancada.

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9 homem acordou e piscou para afastar o sono. 'la esperou ue os olhossonolentos a focali%assem, antes de falar;

— 'stou procurando o sr. Stillman.

<mediatamente o olhar dele tornou0se atento e desconfiado.

— ocê & uma cobradora=— Rebecca >ollis, da unda!ão 5)nan. Abigail 5)nan contratou um $?o na

$iagem do correio. 7ara San rancisco. Sei ue estamos um pouco adiantados, mas,se me disser onde est* o sr. Stillman, gostaria de a$is*0lo de ue estamos aui.

— 1apitão Stillman.

— 8em, então capitão Stillman.

9 homem tirou os p&s de cima da mesa, le$antou0se e se espregui!ou.

— ocê est* olhando para ele, e eu não.

— :as...

Rebecca se dete$e antes de di%er ue era imposs#$el ue fosse ele o piloto edeu um passo para tr*s. "e p&, o sujeito era mais alto do ue parecia, mas o modocomo as roupas amassadas ca#am em seu corpo fa%iam com ue ficasse ainda menosrespeit*$el. 9 tipo de homem ue algu&m atra$essaria a rua para não ficar perto ou, sefosse uma pessoa bondosa, jogaria uma moeda em sua caneuinha.

— ocê não... 9 uê= — indagou ela, por fim.

— Não esta$a esperando por $ocê.— 'ntão, não pode ser o capitão Stillman. @aranto ue nós somos esperados.

— ocê demora para compreender as coisas= 'u sou Stillman — afirmou ele,perguntando0se por ue auela mulher so%inha fala$a no plural. — Nós. uem sãonós?

— 'u e as crian!as — respondeu ela, fa%endo for!a para controlar a rai$a uesentia. — "a unda!ão, o orfanatoB

— 1rian!asB — gritou 7arnell Stillman, pegando uma prancheta ue esta$a

dependurada na parede e e-aminando rapidamente as p*ginas presas nela. — 5enhoanotado aui um grupo de assistentes sociais, indo para uma con$en!ão.

— 'u sou a assistente social.

— São seis de $ocês.

— Não, h* só uma assistente social. 5enho certe%a de ue Abigail não disse uesomos todos assistentes sociais — afirmou Rebecca, sabendo ue na $erdade era bemposs#$el ue a diretora da unda!ão ti$esse confundido tudo com seu uso de g#ria edi*logo criati$o.

uando se trata$a de pechinchar, Abigail usa$a toda sua criati$idade. :as,pechinchar com algu&m como Stillman=, pensou.

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8em, sim, ela sempre afirma$a ue pechincharia com o próprio diabo, se issosignificasse algo de bom para as crian!as.

7arnell Stillman continua$a a folhear sua notas.

— Sua Abigail disse /pessoas importantes, grande fa$or, pre!o bai-o/. 'u anoteitudo.

— 8em, somos nós — concordou a mo!a, sorrindo o mais ama$elmente uepodia.

— 'sue!a. Não $ou le$ar $ocês. ' ponto final. Nada de mulheres ou crian!as.'las fa%em muita confusão. 5odo mundo sabe disso. 'u nem mesmo gosto de ser gentil com mulheres e crian!as. a% meu est?mago doer. ocê pode ir embora agoramesmo. "iga a Abigail ue o trato est* desfeito. 'u só concordei porue ela disse ueera amiga do meu tio >enr).

 Auilo era e-atamente a escapatória ue ela esta$a procurando. 7oderia $oltar para a unda!ão e di%er a $erdade a Abigail. :as, por outro lado, auele homemesta$a sendo muito rude, e isso a enfureceu.

— 'u não $ou embora. ocê foi pago e concordou com o trabalho.

— ou fa%er meu contador de$ol$er o dinheiro.

>a$ia algo no modo como ele pronunciou /contador/. Rebecca olhou para aspilhas desordenadas de en$elopes fechados sobre a mesa, todos cobertos por muitapoeira, e concluiu ue não ha$ia contador algum. 9 tom com ue ele falara era omesmo ue Abigail usa$a uando prometia sal*rios mais altos, enuanto sabia muitobem ue a conta da unda!ão no banco esta$a no $ermelho. @ra!as a esse treino ela

 j* conhecia o modo de agir para lidar com o piloto.— 1reio ue isso não ser* poss#$el. 7reciso do dinheiro j*, para pagar outra

companhia pelo $?o at& San rancisco. A $iagem & important#ssima.

— Não posso fa%er o reembolso. C contra a pol#tica da empresa fa%er reembolsos em dinheiro. Al&m disso, não tenho dinheiro $i$o aui. C muito perigoso.7osso ser assaltado.

— :e parece ue $ocê não se preocupa muito com a possibilidade de ser roubado. 9 portão na entrada esta$a aberto, as portas destrancadas. ' h* um a$ião napista sem ningu&m tomando conta. uantas $e%es $ocê j* foi roubado=

— Sempre h* uma primeira $e%.

— Nenhum ladrão respeit*$el iria sair com um tempo desses. ' não e-iste umalei ue di% ue, se um passageiro não for transportado, a companhia a&rea de$ereembols*0lo em dobro=

 A e-pressão beligerante no rosto de 7arnell Stillman disse a Rebecca ue tinhaacertado no al$o.

— uem se importa com as regras do go$erno=

— Não precisa ser gentil conosco, capitão Stillman. Não uero ser a causa daperfura!ão de sua 3lcera. As crian!as e eu estamos acostumados a nos $irar semajuda.

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'le olhou para a mo!a e o modo como ela falara o fe% lembrar de um erro uecometera no passado.

— 4ma $e% fui casado com uma mulher como $ocê. 'la passou todo o tempoue esti$emos juntos tentando fa%er com ue eu me sentisse mal.

<ncr#$el como esse sujeito & con$encido, pensou ela. 'ntão, eu lembro a e-0

esposa dele= 8om, ele me lembra um certo sujeito ue era tamb&m muito con$encido,com cabe!a e cora!ão $a%iosB

1om os pensamentos fer$ilhando na mente, Rebecca atacou, ir?nica;

— C mesmo= ' uanto tempo durou seu casamento, capitão Stillman= inteminutos=

— <gual%inha a elaB

— ico orgulhosa ue pense assim — disse Rebecca, num tom ue só poderiaindicar uma coisa; sarcasmo. 'ntão, chamou as crian!as e as fe% sentar num banco

dentro do escritório. — Sentem0se a#. ' não le$antem. ocês podem...

— 'u uero fa%er -i-iB — disse :oll).

9 rosto da mo!a ficou $ermelho. Sem outra sa#da, ela te$e de se $oltar para7arnell.

— 9nde fica o banheiro das mulheres=

Sentado detr*s de sua mesa, ele apontou com a caneta, enuanto fa%ia for!apara ignorar os passageiros não desejados. :as, apesar disso, olhou com o canto dosolhos enuanto Rebecca tira$a o casaco e o gorro. 'la parecia jo$em e $ibrante com

os cabelos negros soltos, escorrendo ondulados at& os ombros. ' tamb&m suas formaseram bem melhores sem o casaco. :uito melhores. :ulheres como ela sempretenta$am usar as formas em pro$eito próprio. :as ele não da$a importDncia a isso. 9scontornos ou bele%a de uma mulher não mais o atra#am. ' j* fa%ia anos.

'le conhecia tudo sobre as estrat&gias femininas, aueles jogos de pro$oca!ãode mostrar um pouuinho ali e outro tanto l*, ue fa%iam um homem babar como umbebê faminto. 4ma $e% se $ira nessa situa!ão. ' prometera a si mesmo ue isso nuncamais aconteceria.

Na &poca em ue ainda era ingênuo em rela!ão às mulheres, ele esta$a na

:arinha, lotado na 7ensacola Na$al Air Station. A bele%a ue o capturara acabara sere$elando uma pobre $iu$inha com duas doces crian!as para criar. ' só de pensar nisso 7arnell sentia um frio na boca do est?mago. Acreditara em cada pala$ra doceue ou$ira e se casara com a mulher. :as tudo ue ela fa%ia era causar um escDndaloatr*s do outro, enuanto as doces criancinhas não eram mais ue pirralhosespecialistas em chantagem emocional.

9 casamento perturbara os três 3ltimos dos $inte anos ue passara na :arinha.1om trinta e sete anos e sem ter para onde ir, Stillman seguira para <daho, onde seu tio>enr) tinha uma companhia de transporte a&reo. "ois anos depois o tio falecera.7arnell notou ue herdara a empresa. A empresa e todas as d#$idas.

9 ue precisa$a, ele sabia, era de um secret*rio0contador esperto. :as sabiatamb&m ue, com o ue poderia pagar, um homem com fam#lia para alimentar nunca

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aceitaria o cargo. >a$ia a possibilidade de contratar uma mulher, mas isso ele nãopodia se for!ar a fa%er.

Stillman situa$a a si mesmo no honrado grupo de homens ue gosta$am decachorros, eram gentis com os mais $elhos e tinham grande controle sobre asnecessidades da carne. 5al controle era f*cil. 9 casamento ue falhara o dei-ara comuma grande animosidade contra mulheres. Não ueria ningu&m de saias por perto,

fosse secret*ria ou passageira.

9 celibato auto0imposto era estranho, mas não de$astador. Nas poucas $e%esem ue o desejo o fa%ia procurar uma mulher, ia àueles locais onde conseguia o ueueria sem problemas, com piadas francas, risadas altas e con$ersa fiada. Se umamulher menciona$a a pala$ra casamento, ele olha$a feio. Se ela falasse em crian!as,ele desaparecia tão depressa uanto um a$ião supers?nico. A $i3$a tinha sido atra#dapelas suas co$inhas. 7or isso ele mantinha a barba rala para escondê0las. ' sabia por e-periência própria ue não se pode ser bondoso com mulheres. 2ogo elastransforma$am seu sentimento re$elado de forma não intencional em pala$ras oua!Ees. 2* no fundo, ele acha$a ue mulheres só e-istiam para causar a mis&ria dos

homens. 'ra ir?nico ue "eus ti$esse tirado uma costela do homem para fa%er amulher. 7arnell decidira h* muito tempo ue preferia a costela de $olta.

Sua aten!ão foi chamada por dois garotinhos ue se apro-imaram da mesa. 9controle ue possu#a sobre a libido não se aplica$a à disposi!ão; irrita$a0se com amaior facilidade.

— Saiam os dois da#B

— Nós somos órfãos — disse (ones).

— Sei.

— 1om o ue ele se parece= — sussurrou Nicholas.

— 1om o $agabundo ue a $elha Abigail dei-ou dormir na co%inha, na semanapassada.

— agabundoB — e-clamou 7arnell, furioso. — oltem para auele banco,pirralhosB

(ones) não se mo$eu, continuando a olhar para o homem.

— Nicholas & cego — informou ele. — Não consegue $er nada al&m de

sombras.

— <sso & uma pena — disse Stillman, chocado mas tentando parecer firme. — 'eu não me pare!o com um $agabundo. Sou um a$iador.

— 7osso tocar nas suas mãos e rosto= — pediu Nicholas.

— ue diabosB NãoB

(ones) abra!ou de forma protetora o garoto menor.

— amos para San rancisco $er se l* encontramos algu&m ue ueira nos

adotar. ai ha$er uma dauelas reuniEes de pessoas ue pegam crian!as comdefeitos.

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7arnell olhou bem para cada uma das crian!as e, sem ue notasse, acuriosidade o dominou.

— ' o ue h* de errado com $ocê= — perguntou para (ones).

— 'u sou gordo. Ningu&m uer um garoto gordo. A alimenta!ão fica muito cara.

— ' uanto a ele= — uis saber o homem, apontando para +anc).— 'le tem um amigo chamado Scrapp).

— ' da#=

— Scrapp) não & de $erdade.

— Ah.

— ' o Santee tem sangue #ndio. 'le não fica na cidade. Ningu&m uer adot*0loporue ele foge e $ai $i$er no mato. :oll) & manca. ocê tem filhos=

— Não e não uero ter... amos, $oltem para o banco. ocês não sabemcumprir ordens=

— Nós nunca entramos num a$ião.

— 'u ueria ue $ocês... — come!ou 7arnell, e então uma id&ia surgiu em suamente. — C mesmo= ' $ocê tem medo de $oar=

(ones) deu de ombros.

— oar & perigoso= — perguntou Nicholas. — 1omo & ue &= 9 ue a gentesente=

— 7ode ser perigoso — afirmou o homem, com um sorriso. — Sim, pode ser mesmo muito perigoso.

9lhando para os lados, 7arnell concluiu ue não teria nada a perder tentando aid&ia com a... 7egando a prancheta, ele conferiu o nome; Rebecca >ollis.

— Srta. >ollis — disse ele, assim ue a mulher e :oll) $oltaram do banheiro —,preciso e-plicar tudo sobre o $?o.

"i%endo isso, ele abriu dois mapas, um topogr*fico e outro meteorológico, sobrea mesa.

— A $iagem ser* muito dif#cil, muito frio, muitos sacolejos. Não ha$er* comida...

— 'u sei, trou-emos nossa comida.

7arnell e$itou um suspiro.

— ocê não est* entendendo. eja, olhe esse mapa. Aui est* o trajeto de8oise a San rancisco. amos estar sobre$oando a *rea mais desolada do pa#s...

— ' da#= Não $amos fa%er o trajeto a p&.

Stillman dei-ou0se cair na cadeira. Sua id&ia não esta$a dando certo. 'ntão,tentou o ponto mais efeti$o.

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— <sso & $erdade, mas $amos pegar $entos de lado, tal$e% at& ne$e. 9 temponão est* bom...

— ocê est* cancelando o $?o=

— Não posso. 5enho de le$ar o malote do correio. ocê conhece o $elho ditado;/Nem chu$a nem ne$e o carteiro impede.../

— Se $ocê acha ue & seguro o suficiente para le$ar o malote...

— Sou pago para correr riscos.

— ' tamb&m foi pago para nos le$ar à San rancisco. ' para nos tra%er de$olta.

5odos os pala$rEes ue ele conhecia brilharam em seus olhos.

— Não uero uma mulher e crian!as no meu a$ião. :ulheres dão a%ar ecrian!as são problemas.

Rebecca fe% :oll) ir para o banco, onde não poderia ou$ir a con$ersa. ' bai-ouo tom de $o%.

— 5enho certe%a de ue j* ou$iu isso antes, capitão Stillman. 'st* agindo comoum idiota. Se não uer nos le$ar, basta me dar nosso dinheiro em dobro e $amosembora. A $erdade & ue $ocê não parece ser capa% de fa%er $oar nem mesmo uma$ião%inho de papel. ' isso me dei-a ner$osa.

— Sua tontaB 9 ue $ocê sabe sobre a$iEes= 'u $oa$a com jatos aos $inte edois anosB ui criado num a$ião, literalmente. Não me diga ue eu pare!o incapa% depilotar um a$ião ou eu lhe digo o ue $ocê parece ser incapa% de fa%erB

— 'u não pretendia insultar $ocê — disse a mo!a com tal do!ura ue dei-a$aclaro ue o objeti$o ha$ia sido atingido.

— C claro ue ueriaB

— 1erto. 'ntão, eu ueria ofender $ocê. 2amento. amos ficar aui sentadinhosat& a hora de embarcar. Se $ocê concordar.

 A $ontade dele era gritar ue não concorda$a. :as sabia ue não tinha op!ão.

oar era sua liberdade, era o ue lhe da$a dignidade. :as tamb&m era o ue o

afasta$a da parte de negócios da empresa. Sim, 7arnell era um sujeito doce uandoueria, principalmente uando procura$a conseguir trabalho como o do correio, masnão gosta$a de papeladas. "e algum modo, uando ha$ia dinheiro em cai-a, ele eragasto em algo in3til. 1omo o pagamento da unda!ão 5)nan, ue fora usado parapagar o sal*rio do mecDnico ue se negara a trabalhar se não recebesse.

Nunca de$ia ter permitido ue auela $elha, a tal de Abigail, o con$encesse ale$ar seus /clientes/. :as ela disse ter sido grande amiga do tio >enr), aben!oada sejasua alma cheia de d#$idasB, e ue ele fi%era muitos $?os para ela antes ue $endesse afa%enda e fundasse o orfanato. 1onformou0se;

— 'st* bemB 'u mando algu&m $ir chamar $ocês, uando for hora de embarcar.ão ter de carregar a própria bagagem. A Stillman não fornece esse ser$i!o.

— 7ode dei-ar ue cuidamos das nossas coisas. 9brigada.

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estindo um blusão de couro forrado de pele de carneiro, 7arnell dei-ou oescritório.

— Aposto ue ele $ai decolar sem a gente — disse Santee.

— Não se preocupe, ele não $ai não — garantiu Rebecca, sem saber por uetinha tal certe%a.

'ntão, ela notou ue o rosto moreno0oli$a do menino esta$a p*lido. Sem d3$idaele tinha medo de $oar e fa%ia for!a para não mostrar isso.

— 'le não $ai me obrigar a dei-ar o Scrapp) aui, não &= — perguntou +anc).

— Não, claro ue não. ai ha$er espa!o para o Scrapp). Rebecca sabia uenão de$eria encorajar +anc) nessa história sobre Scrapp), mas acha$a ue todomundo precisa$a de um amigo.

1ada uma dauelas crian!as tinha sofrido pelo menos um golpe duro, ue lhesensinara a passar sempre despercebidas, a manter a cabe!a bai-a. Nauele ano em

ue $inha trabalhando na unda!ão 5)nan as crian!as acabaram por confiar nela, at&onde se permitiam confiar num adulto. 7ara Rebecca, essa confian!a era uma boamedida de progresso.

"edicou um pensamento à reunião em San rancisco. 5inha sido meses deplanejamento, telefonemas e cartas. :ais de cinco orfanatos do 'stado e do%eparticulares tinham reunido recursos para reali%ar o e$ento. 'la torcia para ue dessecerto. 5orcia para ue... 9lhou para as crian!as... Rejeitadas pela sociedade, mancas,cegas, sem amor.

4ma s3bita seFência de lembran!as passou por sua mente. Sem amor.

5al$e% minha afinidade com essas crian!as $enha do fato de eu mesma ter sidorejeitada, pensou.

:as ela aprendera a amar a si mesma. 9 ue não fora f*cil, pois muito cedodescobrira ue não ha$ia nada a ser amado em si. ' trabalhar com os órfãos tinhapreenchido certas necessidades, como troca de afeto, de ternura, de calor humano.

 Assim ue a unda!ão encontrasse lares para essas cinco crian!as, Abigail iriafechar o orfanato.

C uma pena ue eu não possa arrumar algu&m para me adotar tamb&m, pensou

a mo!a. "epois de um ano trabalhando no orfanato iria ficar so%inha de no$o. Semtrabalho, sem casa, sem crian!as.

' tamb&m sem nenhum homem em sua $ida.

:as eu não uero nenhum homemB, rebelou0se mentalmente.

 A $erdade era ue sua determina!ão uanto a isso fica$a cada $e% mais fraca.7rincipalmente nos sonhos. :as encontrar auele piloto aumentou suas for!as. 'le erao perfeito e-emplo do se-o oposto; arrogante, ego#sta, insens#$el. Rebecca $i$iadi%endo às crian!as para esuecerem o passado, para aprenderem a depender só desi mesmas, a aceitarem a realidade. ' agora conclu#a ue tinha de seguir seu próprio

conselho.

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 Abandonando os pensamentos, ela retornou à realidade. Santee esta$acome!ando a ficar agitado, Rebecca lhe dirigiu um sorriso encorajador.

4m homem mais $elho, com o rosto enrugado e todo encolhido por causa dofrio, entrou na sala.

— 9 capitão disse ue $ocês podem embarcar.

— 9nde ele est*=

— a%endo as $erifica!Ees antes do $?o.

— 8em, então l* $amos nós, crian!as. 7ara nossa grande a$enturaB

— Scrapp) est* com medo de entrar no a$ião — disse +anc).

— 'le pode ir comigo — disse :oll). — 'u não estou com medo.

— 'le não est* assim com tanto medo — retrucou o menino. — ai comigo,mesmo.

— 1om o ue se parece $oar= — uis saber Nicholas, ansioso.

7egando o casaco, Rebecca come!ou a andar para a porta.

— Santee, ajude o Nicholas. :oll), +anc), (ones), fiuem juntos.

9 $elho abriu e fechou a boca. Rebecca imaginou ue ele ueria oferecer ajuda,mas tinha ordens para não fa%ê0lo. Assistindo, com ar embara!ado, ele mante$e aporta do hangar aberta enuanto os seis sa#am.

9 cal!amento da pista esta$a escorregadio por causa da ne$e, e o $ento fortefa%ia com ue ficassem sem ar. As lu%es de pouso indica$am o caminho. uandochega$am à escadinha do a$ião, :oll) escorregou, incapa% de manter o euil#brio por causa das botas correti$as ue usa$a.

7arnell, ue esta$a no a$ião, desceu a escada correndo e ergueu a meninacomo faria com um saco de farinha, gritando;

— 'u não sou respons*$el por acidentesB

— Ningu&m disse ue &B — rebateu Rebecca, %angada. 2utando para manter0seem p&, a mo!a olhou para :oll), ue, nas alturas, sorria, gostando de ser o centro das

aten!Ees.Sem perceber a alegria da menina, 7arnell murmura$a para si mesmo, di%endo

ue sem d3$ida auele $?o esta$a amaldi!oado. 7ro$a$elmente todas as crian!as$omitariam dentro do a$ião.

5odos subiram e o $elho ajudante apro-imou0se com o trator%inho ue pu-a$a aescada.

— ocê tem certe%a de ue consegue $oar com esse tempo= — perguntouRebecca ao piloto.

— uer mudar de id&ia= ou chamar o Amos...— NãoB Se $ocê $ai $oar, nós tamb&m $amosB

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— 7reciso entregar as cartas.

5inha assinado um contrato muito bom, para le$ar o malote do correio e acorrespondência para os militares do 7ac#fico. Se fi%esse todos os $?os, apenas opagamento da correspondência seria suficiente para tirar a empresa do $ermelho.7arnell fechou a porta de correr, trancou0a e olhou para Rebecca. Seu est?magocome!ou a doer.

— 1olouem os cintos — comandou ele.

'nuanto se senta$a na poltrona de pilotagem, ele decidiu ue dei-aria de ser gentil com os mais $elhos. ora gentil com Abigail 5)nan e ali esta$a o resultado.

1om tal decisão tomada, Stillman se concentrou nauilo ue o fa%ia feli%; $oar.'-aminou o plano de $?o e mapas, apesar de j* ter h* muito os dois na memória. 9primeiro motor come!ou a girar, sendo logo seguido pelos outros três. Recebeu o sinalde ue as tra$as das rodas tinham sido tiradas. Soltou os freios e le$ou as ala$ancasde acelera!ão at& o m*-imo. :irou o bico do a$ião para o $ento e come!ou a percorrer 

a fai-a escura da pista. 9s limpadores de p*ra0brisa trabalha$am furiosamente, aslu%es da pista passando $elo%es pelas asas, sua luminescência desaparecendo sob ane$e.

9 tempo não o preocupa$a. 1onhecia bem, sua habilidade e sabia ue eracapa% de $oar atra$&s de ualuer coisa.

7arnell sorriu. oar era mara$ilhosoB

Capítulo 2

:as $ocê não precisa sentar na janela, Nicholas — argumentou (ones). — ocê& cegoB Não pode $er nada mesmoB

— 'u sentei aui primeiroB

Rebecca interrompeu a discussão.

— 'scutem aui, $ocês doisB 7odem muito bem se re$e%ar, de $e% em uando,não=

— :as Nicholas pode sentar em ualuer lugar. Não $ai fa%er diferen!anenhumaB

— 'le tem tanto direito de sentar na janela uanto $ocê.

— 5odo mundo abusa de mim porue sou gordo — reclamou (ones).

— 'u nãoB — reclamou Nicholas. — 'u não posso $er ue $ocê & gordo. 'stousó cuidando de mim mesmoB

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9 a$ião tremeu e todos ficaram uietos. Rebecca suspirou.

 A 3nica lu% na cabine era um brilho es$erdeado $indo do painel de instrumentose o frio parecia se erguer do metal da na$e. A mo!a ergueu a gola do casaco,lamentando ue ti$essem de sentir tanto frio durante todo o $?o.

'ra respons*$el pelo bem0estar e seguran!a dauelas crian!as. ' se uma delas

ficasse doente por causa do frio e acabasse ficando de cama durante a con$en!ão=<sso acabaria com ela. Afastando o pensamento, Rebecca se concentrou em 7arnell,aguardando o momento certo de se apro-imar dele. 4m pouco de calor humano nãofaria mal a ningu&m.

9 trem de pouso penetrou no corpo do a$ião com um baue surdo. 9 pilotofala$a no r*dio. uando pareceu ue terminara a comunica!ão, a mo!a dei-ou seuassento e se apro-imou dele. 4m jato de ar uente atingiu seu rosto. 7erceber ue eleesta$a bem confort*$el no calor enuanto os passageiros congela$am a ener$ou.

— >* algum modo de nos auecer l* atr*s= 'stamos todos batendo os dentes.

7arnell $oltou0se na cadeira. Sabia ue auele $?o não seria dos maisagrad*$eis. :esmo a decolagem não fora f*cil. ueria se concentrar no trabalho,ignorando os passageiros.

— SeiB "aui a pouco $ocê $ai perguntar uando as bebidas serão ser$idas.

 A rai$a dela cresceu. (* tinha suportado o suficiente da arrogDncia do sujeito.

— 'iB 5udo o ue fi%emos foi contratar $ocê para nos le$ar a San rancisco.'st* agindo como se f?ssemos criminosos ou algo do tipo. 'st* muito frio l* atr*s. 'escuro. "uas das crian!as têm medo do escuro.

— 'u sou um piloto, não uma bab* — disse ele, mas girou um botão e umafileira de lu%es fracas se acendeu no teto do a$ião.

— 9brigada. ' uanto ao auecimento=

— ocê uer calor= Abra as sa#das de ar ao lado dos assentos.

— 9brigada. ' me desculpe por incomodar $ocê.

"e s3bito o a$ião sacudiu e Rebecca caiu de joelhos, agarrando0se à poltrona eàs pernas do piloto.

'la fora contra ir à con$en!ão e perdera. ora contra $oar. :as as ne$es dede%embro impediam a passagem pelas estradas e isso era definiti$o. Agora não tinhanada a fa%er, al&m de re%ar. 4m r*pido olhar para tr*s mostrou as crian!as sentadasr#gidas e uietas, com olhos assustados nos rostinhos p*lidos.

— :e solte e $* se sentar — gritou 7arnell, enuanto suas mãos anda$am pelopainel.

— ocê & inacredit*$elB

:as ela deu um jeito de se le$antar e $oltar para sua poltrona, considerando ue

 Abigail de$ia estar louca uando negociara com tal sujeito. Num bre$e momento deestabilidade, encontrou a sa#da da $entila!ão e a abriu, mostrando como fa%er para ascrian!as.

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— 7ergunte a ele onde estão os p*ra0uedas — sussurrou Santee.

— Não seja bobo. 'stamos muito seguros aui. (* $oei $*rias $e%es com tempopior ue esse — afirmou Rebecca.

C claro ue ela não conseguia se lembrar de uando fora isso. Recorda$aapenas das aeromo!as andando de um lado para outro, tranFili%ando passageiros, e

da $o% do comandante no alto0falante, e-plicando o ue esta$a acontecendo. 'rae$idente ue a atitude do capitão Stillman era do tipo /os passageiros ue se danemB/

— Scrapp) não gosta de $oar — disse +anc), abra!ando o amigo imagin*rio. —'le est* com medo de cair do c&u.

— 8em, ele não $ai cair e nós tamb&m nãoB — garantiu a mo!a, com $o% forte,tentando tranFili%ar tanto as crian!as uanto a si mesma.

uando por fim o a$ião parou de balan!ar, ela passou a distribuir sandu#ches.

'ntão, a na$e sacudiu e come!ou a desli%ar de lado. "urante longos segundos

os motores trabalharam sob pressão. 9s passageiros foram empurrados, sacudidos,empurrados de no$o. As crian!as mais no$as gritaram.

— ocê pode sentar na janela agora, (ones)B — guinchou Nicholas.

— a!a os pirralhos ficarem uietos — berrou o piloto. — 'les parecembe%erros indo para o matadouroB

Rebecca olhou para a nuca de Stillman com hostilidade defensi$a e ordenou;

— 2e$e0nos de $olta para o aeroportoB

— Não posso $oltar agora. :as, se uiser, dei-o $ocês na primeira esuinaB A mo!a ou$iu0o rindo da própria piada. Não se conte$e;

— ocê tem um senso de humor doentioB

uando os motores $oltaram ao normal, :oll) tinha o rosto p*lido. Rebecca afe% bai-ar a cabe!a e recomendou aos outros ue fi%essem o mesmo, caso sesentissem mal.

"o lado de fora das janelas o c&u escuro ficou cin%ento, e eles ti$eram algunsminutos de tranFilidade. Aos poucos as crian!as ficaram melhor e comeram os

sandu#ches. Rebecca distribuiu copos de suco, depois abriu sua garrafa t&rmica e seser$iu.

7arnell sentiu o cheiro de caf&. 'ntão, lembrou0se de ue pretendera tomar uma-#cara antes de le$antar $?o, mas com toda auela confusão na sua sala se esuecera.Sentiu ue não de$ia pedir, mas acabou concluindo ue o cheiro esta$a ótimo.

— 'iB ocê pode abrir mão de um gole disso a#=

— Na $erdade, não. :as se $ocê uiser parar no pró-imo bar, não $amosreclamar pela demora.

Stillman $oltou0se para olh*0la.

— 1erto, eu mereci essa. 'stamos empatados.

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Rebecca chegou a abrir a boca para fa%er outro coment*rio sarc*stico, masresol$eu se calar. 7or ue se rebai-ar ao n#$el dele= Ainda assim, uando ser$iu maisum pouco de caf& na tampa da garrafa ue usa$a como -#cara e a passa$a por sobre oombro do piloto, ela disse, sarc*stica;

— 'u não sou uma aeromo!a, $ocê sabe.

— ocês me perturbaram. Se não fosse por isso, eu não teria esuecido detomar meu caf& antes de subir.

— oi $ocê uem se distraiu. ' essa cadeira $a%ia do seu lado= 4m a$ião dessetamanho não de$eria ter um co0piloto= ' se acontecer alguma coisa com $ocê=

— "e$eria ter se preocupado com isso antes de decolarmos.

9 piloto es$a%iou a tampa e a de$ol$eu. 'ntraram numa no$a %ona deperturba!ão, mas dessa $e% Rebecca apoiou uma das mãos no teto bai-o do aparelhoe se mante$e firme.

— >* algo errado=

— Só turbulências. 'u a$isei.

:as o rosto de 7arnell mostra$a preocupa!ão. 9 tempo esta$a pior do ue oboletim ha$ia pre$isto. ' o a$ião ganha$a peso. Amos tinha tirado o gelo das asas, masera f*cil perceber ue no$as camadas se forma$am sobre o a!o. 'sta$am perdendo$elocidade e o piloto acelerou os motores para compensar.

— ocê não falou sobre perigo de $erdade. ueria nos con$encer a não $oar porue não gostou de nós.

— ' continuo não gostando.

 Apesar do coment*rio desagrad*$el, Stillman esta$a preocupado era com acondi!ão do tempo, ue piora$a $isi$elmente. A tempestade a$an!a$a, penetrando nocurso ue pretendia seguir. 'ra perigoso confiar na nature%a e dessa $e% ele foramesmo enganado. 4ma e-pressão ainda mais sombria tomou seu rosto, o ue nãopassou despercebido por Rebecca.

— ocê est* preocupado, não est*= 7odemos $oltar. 'stou falando s&rio.

— Nada disso. amos $oar direto atra$&s da tempestade. 'stamos apenas a

$inte minutos de Reno. 7odemos descer l* e esperar at& o tempo melhorar. "epoisser* f*cil passar pela Sierra Ne$ada e descer em San rancisco.

7arnell iniciou a cur$a muito aberta ue os colocaria no rumo sul.

— * se sentar e prenda o cinto — pediu ele.

 Antes ue terminasse a cur$a, o a$ião come!ou a $ibrar. Rebecca perdeu oeuil#brio e foi jogada no chão. As crian!as emitiram um grito coleti$o.

7arecia ue o aparelho esta$a se desfa%endo em peda!os.

 A mo!a se le$antou, sentindo o coto$elo como se ti$esse sido picado por umacentena de $espas. A dor fe% sugir l*grimas em seus olhos, mas ela se agarrou àcadeira do co0piloto.

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— 9 ue hou$e= — indagou, ansiosa.

7arnell segura$a o controle do leme com tanta for!a ue os nós dos dedosesta$am brancos. 9 modo como o a$ião se comporta$a confirma$a suas pioressuspeitas.

— 4mas das h&lices perdeu uma p* — disse ele, diminuindo a acelera!ão

dauele motor e fa%endo a $ibra!ão diminuir. 'ntão testou os controles e sentiu o corpogelar; os ailerons e o leme não respondiam. 9 a$ião perdia altitude depressa. —7arece ue a maldita p* atra$essou uma asa ou tal$e% tenha arrancado parte dacauda.

Rebecca reprimiu o pDnico ue come!a$a a sentir.

— 9 ue isso uer di%er=

— <sso uer di%er ue estamos perdendo altitude.

— :as... $ocê não pode ir para um aeroporto= 'm algum lugar=

1om a perda dos ailerons e do leme era poss#$el subir e descer, mas não da$apara terminar a cur$a, nem ni$elar. uanto mais alto pior o tempo e o peso do gelo ospu-a$a cada $e% com mais for!a para bai-o. 'le sentia ue os outros três motoresratea$am por causa do ar rarefeito. 9 melhor ue se podia esperar era uma descidaue não terminasse numa montanha.

— ou ter de descer.

— Aui nas Rochosas= — perguntou Rebecca, mal podendo acreditar no ueacontecia.

7arnell pensou em corrigir a mulher, di%endo; /não, na Sierra Ne$ada/, mas em$e% disso colocou o fone e come!ou a chamar Reno. 5udo o ue ou$ia era est*tica,mas ele forneceu sua posi!ão e Dngulo de descida. Se Reno o ou$ia, a est*ticaencobria as resposta. 5entou 8oise, depois Sacramento. :as esta$am fora do espa!oa&reo de 8oise e bai-o demais para falar com Sacramento, do outro lado dasmontanhas.

7or um instante Rebecca ficou como ue hipnoti%ada pela s&rie de mostradores$erdes e lu%es $ermelhas. 'ntão, afastou os olhos dos instrumentos.

— Não podemos jogar parte da carga fora= 5al$e%...

— ocê anda $endo filmes demais. Se uma das portas de carga for aberta,todos seremos sugados para fora.

— ocê não pode chamar algu&m=

7arnell uase riu.

— 1laro, ligue GHH para ajuda.

(* esta$am numa altura ue impedia ualuer radar de locali%ar o aparelho.

— 7are com issoB Nós $amos morrer e $ocê continua bancando o engra!adinhoB

— ocê acha mesmo ue sua hora chegou=

1?

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— amos bater na encosta da montanhaB

— 'u não acho ue minha hora tenha chegado. (* passei por isso antes. 8astater f&.

— 'm $ocê= — perguntou ela, com ironia.

'le sorriu, olhando rapidamente para Rebecca.— 2amento, mas sou sua 3nica chance. Agora $* l* para tr*s e fa!a os garotos

ficarem uietos, $erifiue os cintos e se prenda tamb&m. 5odos com as cabe!asabai-adas. "ei-e a dire!ão comigo.

7arnell sabia ue não ha$ia como impedir o aparelho de descer. Se não fossemdetidos por uma montanha, teriam alguma chance.

 A $ontade de Rebecca era pegar cada uma das crian!as no colo, confortar todaselas.

:orrer dauele jeito, pensa$a ela, por causa do orgulhoB /:eu maldito orgulhoue me fe% tentar ser mais esperta ue 7arnell Stillman. ' esse meu maldito orgulho$ai matar a mim e as crian!asB ' eles ainda nem ti$eram chance de $i$er.../

— 1rian!as, $amos ter de pousar. 7ode ser um pouco complicado, por issofiuem todos com as cabe!as abai-adas.

— Nós $amos morrer= — perguntou (ones).

— Ningu&m $ai ter saudade da gente se morrermos — comentou Santee.

— Não $amos morrerB amos só pousarB ' agora abai-em as cabe!as ou $ou

esuentar alguns traseirosB'ra uma amea!a bem dif#cil de ser cumprida, mas as crian!as obedeceram a

ordem.

'sta$am todos uietos e apa$orados. 'sperando, apenas esperando.

7arnell trabalha$a nos controles. "epois de dois minutos o a$ião ni$elou, os trêsmotores fa%endo for!a para manter o pesado aparelho no ar. 'le definiu um Dngulo dedescida e mante$e firme o leme. 9 alt#metro desceu abai-o da marca de de% mil p&s. 9piloto acendeu as lu%es de pouso e tentou en-ergar o ue $inha pela frente.

Rebecca e as crian!as esta$am imó$eis, esperando tensos pela ine$it*$elbatida. Acima do %umbido agudo dos motores, ela ou$ia 7arnell falando com o a$ião,como se fosse uma mulher, uma fala doce ue hipoteticamente poderia conseguir om*-imo esfor!o do aparelho. I certa altura ele suspirou como um amante saciado.

7ela janela Rebecca $ia *r$ores saindo da ne$e ue cobria as montanhas. Imedida ue o a$ião descia mais e mais, seu desespero aumenta$a. 1ome!ou a re%ar,implorando pelas crian!as, murmurando pala$ras de conforto para elas, tão jo$ensB

— 7or fa$or "eus, não as le$eB — sussurrou, bai-inho. 4m medo terr#$el adominou, um medo ue impedia ualuer pensamento.

— 9lha só ue bele%aB — e-clamou 7arnell.

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5inha encontrado o ue procura$a uando fi%era o a$ião penetrar num $ale; umterreno relati$amente plano, coberto de ne$e. Seria uma apro-ima!ão do tipo ou $ai ouracha, sem trem de pouso. Não ha$ia tempo de fa%er a $erifica!ão formal para descida,nem tempo para confortar Rebecca >ollis ou as crian!as. 'le apenas gritou para uetodos manti$essem as cabe!as abai-adas.

9 mar de *r$ores desapareceu por bai-o do nari% do a$ião. Agradecido por sua

percep!ão, 7arnell desligou os motores e mante$e a na$e a pouco mais de $inte ecinco metros do solo. 'ntão o a$ião caiu, a parte de bai-o tocando a ne$e, um pousode barriga capa% de gelar o sangue e fa%er ranger os dentes. 7ulou uma $e%,depoisdesli%ou na ne$e, girando, ganhando $elocidade, como se o fundo do $ale fosse umagrande pista de esui.

'ntão, o cone formado pelo nari% da na$e penetrou na ne$e, jogando0a nash&lices e nas asas, at& ue todo o a$ião parecia ser uma gigantesca bola de ne$e. 9terreno termina$a numa fileira de *r$ores. 7arnell soltou os controles e ergueu as mãospara proteger o rosto. Nunca decidira se era um presbiteriano ou episcopaliano. Ao seproteger, chegou à conclusão de ue era os dois. Re%ou para ue seus passageiros

sobre$i$essem, torcendo para ue "eus le$asse em conta ue na 3ltima $e% em uere%ara fora para o bem dos outros, sem ego#smo. 9 nari% do a$ião le$antou nainclina!ão do terreno e, rabeando, o aparelho dirigiu0se para a floresta. 'ntão a$elocidade diminuiu, a na$e tremeu, rangendo, e parou. Stillman bai-ou os bra!os.

4m silêncio s3bito engolfou o aparelho.

Santee foi o primeiro a reagir. 'le soltou a respira!ão, ue soou muito alto nosilêncio.

7arnell $oltou0se lentamente e olhou para Rebecca.

— 1onseguimos.

— @ra!as a "eusB — respondeu ela. :oll) $omitou.

Capítulo 3

— Nós estamos mortos= — sussurrou Nicholas.

Seus olhos, ue não $iam, esta$am bem abertos, enuanto as mãos toca$am opróprio nari%, boca, orelhas. Rebecca sentiu o rosto molhado. 'ra de l*grimas, esta$achorando.

— Não, não estamos — respondeu, dominando os solu!os. Santee continua$ar#gido, mas mantinha0se sentado durinho, com ar estóico, como (ones) e +anc).

— Algum ferido= — perguntou 7arnell.

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— 1reio ue não — respondeu a mo!a, fa%endo seus olhos se encontrarem comos dele.

9 piloto recuperara parte de sua compostura e praticamente oitenta por cento desuas pernas esta$am sob controle e tremiam só um pouuinho... 5odos seus sentidosentraram em opera!ão de emergência. arejou fuma!a e combust#$el.

 A ne$e de$e ter agido como retardador, ou então j* de$er#amos estar emchamas, pensou ele.

 A $ontade de Rebecca era perguntar /e agora=/, mas ela ficou uieta. "e algummodo lhe parecia suficiente ue esti$essem todos $i$os. 'ntão le$antou0se e, se nãofosse :oll) precisar de ajuda, teria sentado de no$o.

'sta$a escuro ali dentro do a$ião. 1om e-ce!ão das janelas da cabine decomando, as outras esta$am bloueadas pela ne$e. Rebecca le$ou :oll) para a partede tr*s. 5i$eram de passar sobre alguns sacos de cartas ue ha$iam ca#do, parachegar ao banheiro. Não sa#a *gua da torneira, por isso ela usou apenas toalhas de

papel.— Nós uase $imos "eus, não foi= — perguntou :oll).

— uase — concordou Rebecca, surpreendida por sua $o% soar normal.

— 'u ueria ue ti$&ssemos mesmo ido. 'u ueria falar com 'le.

— :as 'le ou$e suas preces, sempre ue $ocê re%a.

— Não, não ou$e — declarou a menina com toda a decisão de crian!as de cincoanos ue $êem tudo ou preto ou branco, sem nenhuma cor intermedi*ria.

 As crian!as se dirigiram, uma a uma, para o banheiro. Rebecca dei-ou0os l* e$oltou para a frente do a$ião. 7arnell esta$a tentando abrir a porta.

— 7osso ajudar= — perguntou ela.

— 'stou conseguindo, obrigado.

 A porta se abriu um pouco e do lado de fora ha$ia apenas ne$e. Rebeccatremeu com o $ento frio ue entrou. 9 piloto foi at& uma cai-a presa à parede dacabine e tirou de l* um machado0p* dobr*$el. Abriu a ferramenta e atacou a ne$e.2e$ou de% minutos para abrir um buraco com tamanho suficiente para passar.

— ue drogaB — e-clamou 7arnell.

5inha descoberto ue era p&ssima id&ia passar com a cabe!a à frente. Acamada superior da ne$e esta$a muito macia e ele escorregou cerca de sete metrospela ne$e ue se acumulara junto ao a$ião. "e uatro, retornou para o alto, foi at& aasa e obser$ou o rastro dei-ado pela aerona$e no $ale. 'm alguns pontos ha$iammanchas escuras, onde o a$ião ha$ia tirado toda a ne$e, e-pondo terra.

Subitamente, uma $ibra!ão fe% tremer o aparelho, seguida por um barulho derachar. 7arnell perdeu o euil#brio. icou ca#do na asa coberta de gelo, então ergueu acabe!a. 9 solo por bai-o da fuselagem esta$a rachando, se abrindoB 'le não

conseguia acreditar no ue $ia. 9 buraco no chão aumenta$a, e come!ou, lentamente,a engolir a cauda do aparelho.

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— 7ara foraB 5odosB — ele gritou.

— :as... — come!ou a protestar a mulher.

(ones) $eio do banheiro.

— 5em *gua subindo pela pri$ada — disse ele. 9 a$ião se inclinou e o garoto

caiu.— 7ousamos num lago geladoB 9 gelo est* se partindo e o a$ião est*

afundandoB

Rebecca era uem esta$a mais pró-ima e 7arnell a pu-ou para fora. 'laescorregou pela ne$e, gritando;

— As crian!asB

Stillman as pu-ou para fora tão depressa ue umas ca#am sobre as outras.(ones) foi o 3ltimo a $ir, rolando pela ne$e.

— amos, r*pidoB — gritou 7arnell, pegando a crian!a mais pró-ima no colo ecorrendo. — At& as *r$oresB

5odos correram at& solo firme e ali pararam, sentindo as pernas tremerem.

9 piloto fe% a contagem. Satisfeito com o n3mero final, ficou obser$andoenuanto cauda e fuselagem de seu a$ião afunda$am na *gua escura, ue subia peloburaco ue tinha ca$ado na ne$e e penetra$a na cabine. icou esperando ue todo oa$ião afundasse no buraco escuro, mas não foi o ue aconteceu. Apenas três uartosdo aparelho afundaram. 9 cone do nari% ficou do lado de fora, como o focinho de umtubarão prateado, mantido assim pelo ar ue ha$ia dentro ou então pelo fundo do lago.

— 'sse & o fim da StillmanJs — comentou ele.

uando $oltasse a 8oise teria de suportar uma in$estiga!ão e inspe!ão atr*s daoutra, at& ue o go$erno decidisse se ele podia ou não fa%er contratos de transporte.7oderia le$ar anos. 'le dirigiu um olhar negro para a assistente social. 'la da$amesmo a%ar. Se não ti$esse permitido ue a mo!a e aueles mini monstros entrassemem seu a$ião, àuela altura estaria pousando em San rancisco. "e repente Rebeccafalou, %angada;

— C só nisso ue $ocê consegue pensar= 'm $ocê mesmo=

— Não fale comigoB

— 'u $ou falar com $ocê, simB 'stamos nisso juntos, uer $ocê ueira, uer não. ', agora, uanto tempo $ai passar at& sermos resgatados= 9 ue temos de fa%er=Não podemos simplesmente ficar aui parados. amos congelar.

— >* um transmissor especial de locali%a!ão na cauda do a$ião. 'le come!a afuncionar em caso de acidente. ' os sinais são pegos pelo SARSA5, um sat&litecolocado l* em cima e-atamente para isso.

— 'ntão, & como uma esp&cie de r*dio ue di% onde estamos=

— Algo assim. Se as baterias esti$erem funcionando, se ele funcionar debai-odJ*gua, se o sinal for forte o suficiente...

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7arnell não mencionou ue no$enta e sete por cento desses sinais eramalarmes falsos e, mesmo uando não eram, le$a$a um bom tempo at& se descobrir ual a$ião, de ue aeroporto, esta$a perdido. Se o sinali%ador esti$esse funcionando,um grupo de terra conseguiria a locali%a!ão e-ata fa%endo medi!Ees a partir deno$enta uil?metros de distDncia, em condi!Ees ideais. <nfeli%mente nada nascondi!Ees deles era ideal; nem o tempo nem o fato de a maior parte do a$ião estar debai-o dJ*gua. :esmo com as melhores condi!Ees, le$aria alguns dias para seremcoordenados os esfor!os de buscas. '-aminando o terreno incri$elmente inóspito ueos rodea$a, concluiu ue se passariam muitos dias antes de sa#rem dali. 4m olhar parao rosto de Rebecca fe% com ue não mencionasse isso.

2e$ou alguns segundos at& ue ela compreendesse o ue acabara de ou$ir.

— ocê uer di%er ue ningu&m sabe onde estamos=

— Não com precisão. 1reio ue estamos entre cento e cinFenta e tre%entosuil?metros da rota. :as podem conseguir nos locali%ar... e$entualmente.

— ocê sabe onde estamos=— :ais ou menos. 7osso di%er com a precisão de alguns graus. 'sta$am

pro$a$elmente a sessenta uil?metros da ci$ili%a!ão em ualuer dire!ão. uenauele terreno poderia bem significar cento e cinFenta. 'le olhou para o c&u. Aabertura ue antes ha$ia nas nu$ens tinha sumido. 'sta$a frio. ' ia ficar mais frio.

— amos para perto do a$ião — decidiu ele. — 1aso o pessoal de Reno tenha$isto ue desaparecemos do radar, eles $êm procurar a gente...

+anc) limpou o nari% ue escorria na manga do casaco.

— Não fa!a isso — ad$ertiu Rebecca, pegando um len!o no bolso eentregando0o ao menino.

— 'sse lugar & bom — declarou Santee.

— iue onde eu possa $er $ocê, Santee — Rebecca falou. oltando0se para7arnell, prosseguiu; — amos precisar de fogo.

8asta dei-ar ue as mulheres di%em o ób$io, pensou o piloto.

— 1erto. ocê tem fósforos=

— Não. ' $ocê=Stillman deu de ombros. Auele não era mesmo o seu dia. Sabia ue teria de

$oltar à cabine do a$ião para recuperar mapas, sinali%adores, o kit de sobre$i$ência etudo o mais ue pudesse ser 3til. :urmurando uma s&rie de pala$rEes, ele come!ou aandar na dire!ão do aparelho.

— Não use esse linguajar diante das crian!asB

— 7or "eusB :e desculpeB ocê teria pala$ras melhores para a situa!ão em ueestamos= 2he digo uma coisa, mo!aB Se não fosse por $ocê, eu j* estaria saindodaui. Se não ti$esse de me preocupar com sua seguran!a, teria tido tempo para

pegar o kit e meus mapas.

Rebecca abra!ou Nicholas e :oll), enuanto e-plodia;

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— 4m coment*rio como esse não merece resposta. Se lhe ser$ir de consolo,não tenho id&ia do ue fi% para merecer o castigo de estar aui com $ocêB

— 8em, poderia ser pior...

— Não $ejo comoB

— A gente podia ter morridoB — lembrou (ones). A $erdade dessas pala$ras não podia ser contestada.

— Abotoe sua jaueta — disse0lhe Rebecca, com dure%a.

(ones) trocou um olhar com os outros garotos, di%endo sem pala$ras; uementende os adultos=

 A mo!a fechou0se dentro de si mesma, tentando imaginar como sair dauelasitua!ão. (* sofrera re$eses emocionais e financeiros durante a $ida, mas tinham sidonada se comparados com o ue enfrenta$a nauele momento. 1ada $e% ue respira$a

o ar gelado era uma tortura para seus pulmEes. A $erdade era ue suas $idas agoradependiam de um sujeito desagrad*$el e egocêntrico.

7arnell esta$a concentrado no lago gelado, sabendo ue teria de mergulhar para alcan!ar a porta. 5eria de se concentrar muito para conseguir. 2ogo ele uedetesta$a banhos frios, mesmo no auge do $erãoB No e-tremo da percep!ão, sentiu osolhos de Rebecca pousarem nele. 'la o olha$a como se conseguisse perceber seuspensamentos, o ue pro$a$elmente conseguia mesmo. /1om uma mulher $ocê nuncapode saber onde est* o perigo/, pensou, desanimado. 'ntão, notou ue ela o fita$a.

— 9 ue est* olhando= — indagou, agressi$o.

— NadaB 'sta$a só pensando ue $ocê podia ter conseguido pousar o a$ião emchão firme.

— A encosta da montanha teria sido sólida o suficiente para $ocê=

— 'u ueria ue $ocê parasse de interpretar mal tudo o ue digoB

— 'u estou só ou$indo. oi $ocê uem falou.

— 'ntão, ou!a isso; não acha ue de$ia parar de me agredir e come!ar apensar em como $amos fa%er para sair desta enrascadaB

7arnell bateu os calcanhares e fe% uma continência.

— 1laro, se & o ue deseja, madame. Agora mesmo, madame. "ei-e todos osdetalhes comigo. ou assobiar e a S&tima 1a$alaria desce por auele lado ali. 9 ue$ocê pensa ue & isso= 4m filme de (ohn Ka)ne=

Rebecca fe% for!a para controlar a $ontade de esbofete*0lo.

— Não $ou me dei-ar le$ar pelo seu sarcasmo. oi $ocê uem nos fe% $ir parar aui. Agora, se não tem nenhuma id&ia, pelo menos aponte a dire!ão certa. Nós nos$iramos para sair daui.

— 'ssa & a coisa mais est3pida ue ou$i em toda minha $ida. 9lhe para o c&u.'ssas nu$ens estão se juntando para soltar mais ne$e do ue $ocê jamais $iu. ' esses

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garotos não conseguiriam percorrer um uil?metro. ocês todos iriam congelar. 9 uesabe sobre sobre$i$ência=

— 9 suficiente para saber ue não podemos ficar parados aui discutindo.

— C $erdade — concordou ele, encarando mais uma $e% a *gua escura ue osepara$a do a$ião.

1onsiderou ue pro$a$elmente iria morrer e seria enterrado como herói, umm*rtir, se os passageiros sobre$i$essem para contar a história.

No entanto, se "eus pretendia le$*0lo, não ueria ue isso acontecesse nafrente das crian!as. 1hamou o garoto ue parecia ser o mais $elho, menos assustadoe mais esperto.

— ual & o seu nome=

— Santee.

— ocê & meio #ndio, não=— Sim. 5enho sangue siou-.

— Ltimo. 1hegou a hora de fa%er seus ancestrais se orgulharem de $ocê. 'st*$endo auela *r$ore= Ande cem passos para longe dela, marue o lugar e, partindodele, ande cem passos e marue, depois $olte a ele e conte cem passos de no$o, e $*repetindo, partindo sempre do mesmo ponto, como ue fa%endo os raios de uma rodade bicicleta. a!a uns do%e raios, junte as pontas com um risco, fa%endo um c#rculo. A#fa!a todos pegarem lenha para uma fogueira. A madeira de$e ser posta no centro doc#rculo e ningu&m pode sair do c#rculo, entendeu=

— 'ntendi, sim.

— As crian!as podem se perderB — protestou Rebecca.

— Acabo de di%er o modo de isso não acontecer — falou o piloto, com umsuspiro.

— 'u sou respons*$el por elesB

— >* uma 3nica pessoa respons*$el pelas pessoas aui, e o respons*$el soueu — afirmou 7arnell, enuanto pensa$a ue continuaria sendo at& o fim da a$entura,a menos ue morresse.

— 'u sou mais capacitada para lidar com as crian!as.

— uer comandar= 1erto, $ou lhe di%er onde estão os fósforos e $ocê $aibusc*0los.

— arei isso com pra%er.

7arnell apontou para o a$ião.

— :as... não h* como chegar l*.

— >*, sim. Nadando.— 'ntão, não posso ir. Não sei nadar.

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— 1reio ue isso resol$e a uestão em definiti$o, não &= Santee, fa!a o ue eudisse.

 As crian!as foram para perto da *r$ore, transformando a missão numabrincadeira.

— 'u $ou com eles — disse a assistente social, determinada.

Stillman segurou0a pelo bra!o. Rebecca soltou um gritinho.

— ocê est* machucada=

— 8ati o coto$elo.

9 piloto olhou0a, admirado, achando formid*$el ela não ter reclamado domachucado. No entanto, achou ue era tarde demais para come!ar a ser simp*tico.

— :ais tarde $ejo como est* seu bra!o — disse, seco.

'm seguida, contou a ela ue pretendia recuperar no a$ião e disse o ue de$iaser feito se ele não $oltasse.

— 7or fa$or, capitão, não tente ir se não ti$er certe%a de ue $ai conseguir.

 A id&ia de ficar so%inha com as crian!as nauele lugar, de não ter um homempara cuidar de tudo e sal$*0los a dei-ou apa$orada.

 As nu$ens escuras esta$am bai-ando. "es$iando os olhos do c&u paraRebecca, 7arnell percebeu ue de algum modo a preocupa!ão dela lhe fa%ia bem.'-ceto o tio >enr), ningu&m jamais se preocupara com ele.

— Se eu não $oltar, lembre0se de ue no m*-imo em uma semana o lago estar*congelado de no$o. 'ntão, $ocê poder* simplesmente andar at& o a$ião.

— 4ma semana= 1omo $amos fa%er para sobre$i$er uma semana=

— 8em, esse & o problema — disse ele, com um sorriso triste. 9 $ento esta$aficando mais forte. A ne$e era carregada na dire!ão do lago onde esta$a submerso oa$ião.

— 9 ue uer ue eu fa!a, capitão=

— uero ue siga as ordens.

— ou tentar.

— 5udo o ue tem a fa%er agora & ficar olhando para mim. ' se... bem, diga ao$elho Amos ue eu disse... Ah, ue diaboB

Rebecca engoliu em seco. :as sabia por puro instinto ue não podia permitir ue a realidade a $encesse. :orte era uma possibilidade ue não de$ia le$ar emconta, nem a do piloto nem a sua nem a de nenhuma das crian!as. 5inha de se agarrar à id&ia de ue o resgate esta$a a caminho. 5inha de ser pr*tica.

— ocê uer roupas para trocar e um batom= 9 ue preciso di%er para ue

compreenda a seriedade da situa!ão= — disse, brusco, para se li$rar da emo!ão, e elapercebeu isso.

7<

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— >* alguns sandu#ches na minha sacola. ' caf& na garrafa t&rmica.

— 1erto — concordou ele, for!ando0se a falar em tom normal. — ou tentar achar os sandu#ches e o caf&.

7arnell andou at& a margem do lago, sendo acompanhado pela mo!a.

 A distDncia ou$iram as $o%es das crian!as, comandadas por Santee.— ...do%e, tre%e, cator%e...

Stillman come!ou a desamarrar as botas, depois abriu o %#per do casaco. oientregando as pe!as de roupas para ela. 'ntão, hesitou. 9s dedos do p& j* esta$amficando a%uis. 5inha manchas ro-as por todos os lados. Se conseguisse $oltar, iaprecisar do abrigo de suas roupas e meias de lã...

— ire0se para l*.

— ocê não $ai...

— 7reciso.

'nuanto se despia, ele $oltou a olhar para o lago, torcendo para ue fosse issomesmo e não um rio com corrente forte, ue poderia arrast*0lo para debai-o do gelo.Rebecca fechou os olhos e estendeu a mão para recolher a roupa de bai-o dele.

1omo a maioria dos pilotos, ue eram romDnticos incur*$eis, 7arnell sonhara$*rias $e%es ue esta$a reali%ando sal$amentos. ', agora ue a oportunidade seapresenta$a, ele ueria ue tudo ti$esse ficado nos sonhos. 'nfiou a ponta do p& na*gua, a$aliando a temperatura. 9 frio intenso fe% a respira!ão ficar dif#cil e o cora!ãoacelerar. :as era tarde demais para $oltar atr*s.

— 'spero ue meu nari% não congele — disse ele, e em seguida saltou na *guagelada.

9 grito ue se formou em sua garganta foi detido pelo frio, ue fe% todos osm3sculos se contra#rem.

Rebecca $islumbrou o corpo branco entrando na *gua, registrando de formauase subliminar ue a pele do traseiro dele era um pouco mais clara ue a das costase pernas, sem d3$ida um resu#cio do bron%eado de $erão. :ante$e os olhos fi-os nohomem, re%ando desesperadamente para ue ele conseguisse. 7arnell batia os p&s

com muita rapide%, erguendo uma nu$em de *gua, e batia os bra!os com for!a nasuperf#cie. Achou ue ele tamb&m não sabia nadar, mas então percebeu ue, apesar disso, a$an!a$a e ue pro$a$elmente toda auela agita!ão ser$ia para defendê0lo dofrio, fa%endo o sangue circular. 'la se sentia impotente ali, parada na margem, sempoder fa%er nada.

1olocou o casaco dele nos ombros, agradecida pelo calor e-tra, depois sesentiu culpada por ter auele calor enuanto ele esta$a uase morrendo gelado. 'ntão,abriu o casaco e colocou a roupa de 7arnell por dentro, considerando ue isso seria 3tilpara uando ele as $estisse de no$o. I medida ue o frio foi dei-ando a malha, ocheiro masculino de sabonete e óleo foi se impregnando nela.

 A cabe!a de 7arnell sumiu na *gua e os bra!os pararam de se mo$er. 'leafundou. Rebecca prendeu a respira!ão e, como ele não $oltasse, ela gritou.

7=

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 As crian!as ficaram uietas, imó$eis. 'ntão, correram at& onde ela esta$a e ae-pressão assustada de seu rosto respondeu às perguntas deles.

 A cabe!a de 7arnell reapareceu e eles ou$iram os sons ue fe% uando $oltou arespirar. "e forma impulsi$a as crian!as aplaudiram. 7or um bre$e momento o capitão$oltou0se para eles. 'ntão, apoiou uma das mãos no flap e se mo$eu ao longo da asa,indo ficar junto ao corpo do a$ião. A *gua tinha entrado na cabine antes de o a$ião ficar 

na $ertical. ' o gelo se forma$a por todos os lados. Só na segunda tentati$a eleconseguiu se erguer para a cabine.

Rebecca ficou imaginando ue for!a ele não teria para conseguir fa%er auilo,enuanto $ia o corpo nu tremer de forma incontrol*$el junto à porta da aerona$e,atra$&s da ual desapareceu.

— 9 ue est* acontecendo= — perguntou Nicholas.

— 9 capitão Stillman entrou no a$ião.

— 'le tirou as roupas — disse :oll). — ' est* a%ulB

Santee, lembrando0se de ue era o chefe da brigada do fogo, ordenou aosoutros ue $oltassem ao trabalho.

— >* algumas *r$ores tombadas — disse ele para Rebecca. — 7odemosarrancar a casca e galhos delas.

— Ltimo, Santee.

— uer ue eu fiue com $ocê= — perguntou o menino.

— Não. ualuer coisa, eu grito. 2enha para o fogo & mais importante.

— amos precisar de um abrigo, tamb&m — a$isou, s&rio.

— Sim, & $erdade. :as temos de fa%er uma coisa por $e%. amos esperar at&ue o capitão Stillman nos diga onde ser* melhor construir o abrigo. 1reio ue ele uer ue fiuemos perto do a$ião.

Santee correu para se juntar aos outros, enuanto a mo!a pensa$a ue, pelaseguran!a ue ele demonstra$a, parecia saber e-atamente para onde a $ida o le$a$a.:oll) e +anc), os dois menores, trabalha$am mais lentamente ue os outros. :as pelomenos tinham algo para fa%er. 'sta$am participando da a$entura. <n$ejando a ati$idade

das crian!as, ela $oltou a olhar para o a$ião, esperando ue o piloto reaparecesse.

7arnell tinha *gua at& as co-as. 5entou pu-ar um dos sacos de cartas, mas opeso do papel en-arcado era demais para ele. Não podia alcan!ar o arm*rio ondeesta$a a balsa infl*$el, com as bolsas cheias de latas de ra!ão. ' cada $e% ueaspira$a o ar, seus m3sculos se retesa$am e os dentes batiam.

1oncentre0seB 4se a cabe!aB 9 a$ião não $ai embora. ósforos. Não esue!ados fósforos. :apas. A sacola.

>a$ia um mapa com moldura de madeira. 'le o pegou e le$ou at& a porta.1olocou as coisas sobre ele, então percebeu ue esta$a cometendo uma asneira. Nãopodia jogar o mapa do lado de fora.

7?

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Não estou conseguindo pensar direito. C melhor parar para planejar. (untar tudona porta. 1olocar a jangada impro$isada na *gua e, então, p?r tudo nela, enuanto amantinha euilibrada com os p&s. <sso funcionaria. "epois, empurraria a jangada edesceria para a *gua por tr*s dela.

7or um instante seus olhos se fi-aram em Rebecca, ue anda$a de um ladopara o outro, impaciente. A distDncia, ele ou$ia as crian!as contando. 5orceu para

conseguir $oltar para perto deles. :as, mesmo se não conseguisse, tal$e% a jangadaflutuasse at& a margem, onde Rebecca poderia peg*0la. Seus dentes batiam a pontode doer.

9 frio era uase insuport*$el, os dedos dos p&s esta$am tão gelados ue elenão os sentia mais. ualuer mo$imento pro$oca$a dores. :as $oltou at& a cabine,pegando o restante dos mapas, o kit pessoal de sobre$i$ência e tudo o mais uepoderia ser 3til.

8ateu o dedão em algum lugar. A princ#pio não sentiu nada, mas pouco depois ador era terr#$el. 'rgueu a perna, perdeu o euil#brio, caiu e come!ou a escorregar pelochão inclinado. 9 a!o era cheio de irregularidade e cabe!as de rebites, uepenetra$am na pele de suas costas como peuenas lDminas. 'scorregando, ele foi cair no$amente na *gua, batendo nas sacolas de cartas. 'ntão, gritou. 5arde demaispercebeu a besteira ue era fa%er isso, uando a *gua fria entrou em sua boca e nari%.'rgueu a cabe!a, cuspindo, procurando respirar.

icou parado por um instante, sabendo ue esta$a congelando.

'u posso simplesmente ficar aui, imó$el. "epois $irão buscar meu corpo. Nu...pensou e imaginou a cena.

7arnell não gostou da id&ia. 'ra muito indigno. :orrer nu numa cama era umacoisa, mas em ualuer outro lugar, um homem de$eria estar $estido para morrer. 7elomenos com as cal!as.

7ensou em Rebecca. uando o lago congelasse de no$o ela $iria at& o a$ião eo encontraria. Nu e horr#$el. Nada dissoB

or!ando0se a mo$er uma das mãos, agarrou o p& de uma das poltronas ecome!ou a erguer o corpo, saindo da *gua. 'ntão, engatinhou at& a cabine decomando. <mpro$isou uma jangada com as almofadas dos assentos e colocou0as junto

à porta do a$ião, sobre a *gua. 7?s tudo ue conseguira juntar sobre ela e empurrou0apara longe com sua$idade, para não $ir*0la uando saltasse.

'ntão, reunindo for!as e coragem, saltou.

'ngasgou, gemeu, rangeu os dentes, a *gua gelada castigando0lhe o corpodolorido, mas conseguiu nadar, empurrando a jangada à frente. 9 trajeto foi irregular,pois não $ia para onde ia e de $e% em uando tinha de parar, olhar e corrigir a dire!ão."epois de uma eternidade sentiu uma sua$e batida uando a embarca!ão impro$isadatocou a terra.

5inha conseguidoB 4ma sensa!ão de al#$io tomou conta dele e afundou.

Rebecca uase gritara uando $ira o piloto reaparecer. 7ara ela, ele ha$ia ficadouma eternidade dentro do a$ião. Afinal, sua cabe!a e ombros ha$iam aparecido pela

7@

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abertura da porta. 'le colocara algo flutuante sobre a *gua, em seguida ajeitara $*riascoisas em cima. A#, saltara na *gua e desaparecera no$amente, escondido atr*s do$olume ue empurra$a.

'la ficou imó$el, obser$ando, enuanto a jangada impro$isada $inha em suadire!ão, lentamente.

uando a estranha embarca!ão tocou a margem, esperou ue o homem sele$antasse, mas não foi o ue aconteceu. 7or tr*s da jangada, $iu0o afundar. 1orreupara dentro do lago, sentindo um choue uando a *gua gelada penetrou pelo alto dasbotas. Achou incr#$el ele ter conseguido suportar tanto tempo auele frio intenso.'ntão, segurou0o pelos cabelos e pu-ou, at& 7arnell ficar estendido na ne$e.

Capítulo 4

Rebecca não sabia o ue fa%er primeiro. 9 piloto esta$a ca#do na ne$e diantedela, a pele com um esuisito tom a%ulado. Apesar da situa!ão, ela não p?de e$itar denotar os m3sculos do homem, reconhecendo ue ele tinha um belo corpo.

C um corpo ue uma mulher...

Seu pensamento foi detido pelo frio intenso ue sentia nos p&s molhados.7arnell precisa$a de ajuda, mas a jangada esta$a se afastando da margem.

Rapidamente a mo!a cobriu o piloto com o casaco dele e entrou de no$o na *gua,pu-ando a jangada.

'nuanto isso as crian!as rodearam Stillman. Seus rostinhos, $ermelhos de frioe esfor!o, espelha$am espanto e medo. icaram olhando0o em silêncio, por algumtempo.

— 'le est* morto — disse +anc), bai-inho.

— Não est* nãoB — gritou Rebecca, achando a própria $o% estranha. — Santee,descarregue a jangada. 7rocure o kit de sobre$i$ência e os fósforos. ocê sabe fa%er fogueira= — Ao aceno positi$o do menino, continuou; — 'ntão, fa!a. 1uidado...

5ocando 7arnell, ela constatou ue o pulso esta$a lento, mas forte. Respira$acom regularidade. 7recisa$a só de calor. oi então ue ela percebeu ue a ne$e por bai-o dele esta$a ficando $ermelha escuro.

— 'le est* sangrando — disse (ones), assustado.

1om a ajuda do garoto, Rebecca $irou o piloto de costas.

— 4auu — e-clamou :oll).

— ão os dois ajudar o Santee — disse Rebecca, uando conseguiu falar.

7

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 Ajoelhando0se na ne$e ela, tentou $estir 7arnell, sem, no entanto, conseguir.'ntão percebeu ue suas mãos trêmulas & ue torna$am a tarefa dif#cil. 'nrolou0o nasroupas e deu um jeito de $estir as meias nos p&s gelados. :as ele continua$a com aspernas e-postas. Abrindo sua sacola, pegou o pijama de flanela e usou0o para enrolar nas pernas dele.

— Achei os fósforosB — gritou Santee, animado.

— @ra!as a "eusB — falou Rebecca, enuanto coloca$a uma das mãos de7arnell nas de Nicholas. — 'sfregue as mãos dele, Nicholas. (ones), $ocê e +anc)ficam cada um com um p&. Não parem. C importante manter o sangue circulando. ouajudar Santee com o fogo.

— 'u não uero fa%er nada, estou cansada — disse :oll).

— Sei ue est*, uerida. 5odos estamos. :as $ocê tamb&m tem de ajudar.'sfregue a outra mão do capitão.

— uando $amos comer= — uis saber (ones). — 'u estou com fome.

1omida. A imagina!ão de Rebecca produ%iu a imagem de todos eles redu%idosa pele e ossos, famintos. 1ongelados, mortos, em poses grotescas. >a$ia apenasalguns sandu#ches e sete cai-inhas de suco.

— amos comer depois de acendermos o fogo.

Nossa 3ltima refei!ão at& sermos encontrados, pensou, angustiada. 'm seguidatratou de afastar auela sensa!ão ruim. A lenha reunida pelas crian!as eraridiculamente pouca.

— 5em uma *r$ore grande ca#da, podemos fa%er um abrigo debai-o dela —disse Santee, todo compenetrado.

— 'mbai-o da *r$ore=

— 'la não caiu at& o chão, ficou apoiada em outra. 7odemos encostar $*riosgalhos no tronco.

— :ostre0me essa *r$ore.

7ara ela o lugar não pareceu promissor.

— 7odemos fa%er o fogo ali e posso cortar galhos com o machado para fa%er oabrigo — prop?s Santee, sol#cito.

— 7rimeiro, $amos cuidar do fogo — decidiu Rebecca, sentindo $ontade de $er como esta$a o piloto.

4m floco de ne$e caiu em seu rosto, e Rebecca percebeu como a condi!ãodeles era dif#cil.

oi muito complicado fa%er fogo. 9 garoto tirou um amontoado de galhinhossecos do bolso.

— C um ninho de passarinho — contou ele com orgulho. — 'st* seco.

 A mo!a sorriu. Sabia ue o conhecimento do folclore ind#gena do menino $inhados li$ros, pois ele nunca esti$era numa reser$a. @astaram uatro fósforos at&

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conseguir acender uns galhinhos. Santee garantia ue o fogo iria pegar. A ne$e aoredor do buraco onde esta$a a fogueira come!ou a derreter. 9s dois afastaram0na,temendo ue apagasse as chamas. ' pensando em como o fogo era importante para oser humano, Rebecca $iu como as pessoas le$a$am $idas pri$ilegiadas, sem lhes dar $alor. A# passaram0lhe pela mente imagens de homens e mulheres miser*$eis,enrolados em jornais e peda!os de papelão. uanto a ela, ti$era uma infDnciaagrad*$el e toda a sua $ida fora relati$amente boa. :as, sem moti$o real, se dei-aratomar pela autopiedade.

"ei-ando o menino cuidar do fogo, ela retornou para a margem do lago. :oll)esta$a sentada, com o dedão na boca. +anc) con$ersa$a com seu amigo imagin*rio.7arnell esta$a enrolado em posi!ão fetal.

— 'le come!ou a gemer e ficou assim — disse (ones). — Não conseguimosfa%er mais nada.

— 'le disse ue ueria dormir — informou Nicholas.

— 'le falou=— Sim.

 A mo!a se ajoelhou e come!ou a chamar 7arnell.

— :e esue!a — grunhiu ele. — ' se sal$e.

— 'stamos todos sal$os. Nós acendemos o fogo. ocê consegue andar= 9solhos de Stillman pestanejaram e se abriram, mas mal conseguiram entrar em foco.

— Andar= Não...

— Só at& perto da colina — encorajou a mo!a, passando o bra!o por debai-odos ombros dele e erguendo0o. — 1rian!as, peguem as coisas e $ão para perto dofogo. 'u $ou ajudar o capitão a subir.

>a$ia muita ne$e caindo. 9 $ento esta$a mais forte e mais frio, %unindo pelo$ale, sobre o lago gelado. Rebecca olhou para o a$ião, lamentando ue não pudesseus*0lo como abrigo. A paisagem era a mais desoladora poss#$el. A mesma paisagemue apareceria como algo belo num cartão de Natal. Sentindo0se muito peuena efraca, tratou de reagir contra o desDnimo. 1ome!ou a desenrolar as roupas ueabriga$am 7arnell.

— 'iB — e-clamou ele, procurando escapar.— Não consegui $estir as roupas em $ocê. ai ter de me ajudarB

9 homem tentou protestar, mas tremia tanto ue não podia nem mesmo ficar emp& so%inho. 7or isso te$e de suportar a humilha!ão de $er Rebecca subir o %#per desua cal!a.

— 7u-a, ue drogaB — e-clamou Stillman, bufando.

 A mo!a olhou0o e sorriu, depois e-aminou mais uma $e% as costas dele. 9sferimentos não eram s&rios, mas de$iam doer muito. 'la acha$a ue nunca conseguiria

fa%er o ue ele tinha feito. 7arnell arriscara a $ida por eles.

— Nunca conheci um homem tão corajoso como $ocê.

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9s l*bios do rapa%, a%uis de frio, subitamente readuiriram cor, assim como apele do rosto. Ningu&m nunca o considerara corajoso antes, nem mesmo na :arinha.

oi dif#cil cal!ar as botas. 'm seguida ele te$e de se apoiar em Rebecca parasubir a colina. ' cada passo causa$a dor. uando chegaram junto ao fogo, a testa de7arnell esta$a coberta de suor. "ei-ou0se cair de joelhos, então deitou de lado,apoiando a cabe!a no bra!o.

— A $erdade & ue estou acabado — declarou, e-austo.

— ' eu estou cada $e% mais faminto — disse (ones).

— 'u tamb&m — disseram os outros.

Santee tinha pu-ado um tronco para perto do fogo e Rebecca sentou0se nele. Acha$a ue era melhor esperar o uanto fosse poss#$el antes de comerem o poucoue ha$ia. Assim todos dormiriam com o est?mago relati$amente cheio... 7egou umpouco de ne$e e p?s na boca.

— ocê não de$ia fa%ei isso — a$isou +anc). — oi o Santee ue disse.

— C $erdade, a ne$e fa% sua temperatura interna diminuir — e-plicou o garotomais $elho.

— 8om, j* temos fogo para nos mantermos auecidos. C bom matarmos a sedecom ne$e derretida... — Rebecca disse, como se pensasse alto. 'ntão, sentiuagulhadas nos p&s. — Agora, $amos tirar as meias molhadas e cal!ar meias secas."epois, temos de tratar de impro$isar um abrigo, porue a ne$e j* est* come!ando apassar pela folhagem da *r$ore.

— Nós podemos fa%er um forteB — e-clamou Nicholas, ue gosta$a de assuntosde guerra.

— amos comer primeiro — insistiu (ones), determinado.

— amos comer depois de termos um teto sobre nossas cabe!as, e não antes— ordenou Rebecca, firme.

+anc) me-ia em suas coisas e constatou ue esta$am tudo molhado. 1adacrian!a tinha uma mochila ou sacola, com apenas uma muda de roupa.

— Ser* ue todo mundo acha ue morremos= — conjeturou Nicholas,

pensati$o.— ' uem se importaria= — retrucou Santee, s&rio.

Rebecca pensa$a o mesmo. 5inha sido pouco mais ue um inc?modo para ospais. Seu e-0marido era grato porue o casamento fora desfeito. Sabia uanto issodo#a e e-clamou;

— 'u me importoB ' Abigail tamb&m. 5enho certe%a de ue j* estão nosprocurando. ' $amos escapar dessaB

— 'stou cansado de procurar coisas. ' Scrapp) tamb&m — disse +anc),

largando a mochila.— Algu&m $em nos buscar antes de escurecer= — perguntar :oll), tirando o

dedo da boca.

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— Não sei. amos torcer para ue sim, mas temos de nos preparar para apossibilidade de não sermos resgatados hoje. 5ome +anc), calce as minhas meias.Santee, me ajude a rolar o tronco para mais perto do fogo. Assim secamos as roupas.

"epois de cuidar disso, ela tentou tirar o piloto do estupor em ue seencontra$a, di%endo0lhe ue se erguesse e andasse.

— "epois — resmungou ele, com $o% rouca.— 'i, capitão, $ocê ueria comandar tudoB 'st* na hora de le$antar e fa%er issoB

'le fe% ue sim, mas não se mo$eu. Rebecca come!ou a ficar irritadano$amente. 'sta$a com os p&s e o coto$elo doendo, mas teria de construir um abrigoenuanto ele dormia. ' tudo ue deseja$a era algu&m ue ficasse alucinado porueela desaparecera, algu&m ue se preocupasse com ela e ue fi%esse as autoridadesencontr*0la.

Rapidamente Rebecca dete$e a linha de pensamento, percebendo ue ia caindode no$o na autopiedade. 9 ue deseja$a era ser o centro da $ida de algu&m. Sim, eraissoB

'ntão, olhou para 7arnell. Não, ele não era o centro de sua $ida, auele sujeitomagricela e ego#staB 'nuanto se $olta$a para ajudar :oll) com o sapato correti$o,percebeu ue ha$ia algo de errado no pensamento; ele não era magricela. Na $erdadeera... 'la se dete$e no$amente, considerando ue não ia le$ar tal id&ia em conta, nemmesmo se auele fosse o 3ltimo homem no mundoB

:as ele pode ser o 3ltimo homem adulto ue jamais $erei. 7ara mim, ele podemesmo ser o 3ltimo homem do mundo, pensou.

5al id&ia fe% suas for!as crescerem. ' sentiu0se culpada por tentar acord*0lo. 'lemerecia dormir depois do ue tinha feito.

4ma rajada de $ento balan!ou as *r$ores e a ne$e caiu sobre eles.

— 'st* bem, crian!as, $amos nos me-er. 5emos de construir um abrigo.

2e$ou duas horas at& ue encontrassem galhos peuenos o suficiente paraserem cortados com o machadinho ue possu#am. Rebecca se re$e%ou com Santee notrabalho de cortar galhos das *r$ores, ue ser$iriam para fa%er as /paredes/. 'm meioao trabalho encontraram arbustos ue dariam um bom forro para o chão gelado.

:oll) h* muito desistira do trabalho e ficara perto do fogo, assim como Nicholas,ue não podia ajudar. 9s outros esta$am a uma boa distDncia uando Rebecca ou$iu amenina gritar;

— Não foi minha culpaB

 A mulher largou os galhos ue carrega$a e correu perto da fogueira. 7arnellesta$a de p&, amea!ador, junto das duas crian!as.

— 9 ue $ocê est* fa%endo= — gritou a mo!a.

1om os olhos lacrimejantes, ele apontou para a fogueira, de onde subia fuma!a.

— 'les colocaram auilo no fogoB

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— Não colocamosB — afirmou a menina. — oi a Rebecca ue p?s esse troncoa#, para secar nossas meiasB

— 'u poderia ter pegado fogoB — resumiu Stillman.

— ' eu gostaria ue pegasse mesmoB — Rebecca disse. — ocê dei-ou uefi%&ssemos tudo so%... ohB As meias ueimaram=

7arnell esta$a bra$o. A fuma!a o acordara do melhor sono ue ti$era em anos. Adormecera ou$indo Rebecca di%er ue era corajoso e criara um sonho no ual era umidolatrado herói. A# acordara, atordoado. Ao le$antar batera a cabe!a no tronco da*r$ore, ca#ra de uatro e se debatera para achar a sa#da da ca$erna de galhos, cheiade fuma!a. ' ela pensa$a em meiasB

— 7odemos nos $irar sem meias — grunhiu, notando ue o casaco de Rebeccaesta$a aberto e a blusa rasgada, re$elando uma $isão de grande interesse est&tico.

:as eu sou um homem capa% de superar essa armadilhaB, pensou ele. ' asl*grimas tamb&mB

— ocê di% isso porue suas meias estão secas. :as as minhas não estãoB

— 8em, fiue com as minhasB

"i%endo isso ele se abai-ou e de imediato desejou não ter feito auilo. Suascostas pareciam estar em chamas e Rebecca $iu a dor passar pelo rosto do piloto.

— iue com a porcaria das suas meiasB — disse ela.

 As crian!as trocaram olhares cautelosos. Nicholas não podia participar dessesolhares, mas sentia a tensão no ar.

— Acho ue estamos com problemas s&rios — disse, bai-inho, por entre asmãos em concha.

— C melhor terminarmos o abrigo — lembrou Santee, fa%endo os dois adultosse calarem.

— 'u ajudo — prontificou0se a mo!a, animada.

— 'u tamb&m — afirmou 7arnell, e foram $er o trabalho j* feito.

— amos ter de come!ar tudo de no$o. ocês esueceram a sa#da para a

fuma!a.

— 5anto trabalho para nadaB — reclamou ela, suspirando.

— Se uer fa%er alguma coisa, & melhor fa%er direito da primeira $e% — disse opiloto. — 'ra isso ue meu tio >enr) $i$ia di%endo.

— Nenhum de nós est* interessado nos di%eres da fam#lia StillmanB

— C uma ingrata, sabia= 'u uase morri por $ocê. "ei-ei boa parte de minhamelhor pele nauele a$ião. 9 ue mais $ocê uer=

— 'star em San rancisco seria ótimo.

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— Aposto ue durante toda a $ida $ocê ou$iu di%er ue não & uma pessoara%o*$el.

— C $erdade, e uem di%ia isso eram malditos d&spotas ue sempre tenta$amme con$encer de ue esta$am certos. '-atamente como $ocê est* fa%endo.

9 est?mago de Stillman parecia ueimar. 'le considerou ue teria uma 3lcera

supurada antes de conseguir le$ar aueles seis de $olta à ci$ili%a!ão.— 'u estou certo porue sei mais ue $ocê.

— Não & $erdadeB

— amos $er — disse ele, $oltando0se, e come!ou gritar ordens para ualuer das crian!as ue esti$esse disposta a ou$ir.

 A $ontade de Rebecca era praguejar, mas se controlou. Sua rai$a diminuiuuando olhou para as mãos, constatando ue tinha todas as unhas uebradas. :assua determina!ão continua$a a mesma. Não ia permitir ue nem o medo nem 7arnell

Stillman lhe ditassem o ue fa%er.

9 abrigo foi reconstru#do, com um peueno buraco no alto para dei-ar sair afuma!a, e reuniram lenha para alimentar o fogo.

7or fim, com a tempestade à toda for!a em $olta deles, não ha$ia mais o uefa%er al&m de entrar no abrigo e se colocar junto ao fogo.

'ra apertado e escuro dentro do abrigo, sendo as chamas a 3nica fonte de lu%.Rebecca se sentia sufocada pela fuma!a e galhos à toda $olta. 7euenos galhos

abriam caminho entre a folhagem dos arbustos ue forra$am o chão e pinica$am0lhe otraseiro. 'sta$a sentada de pernas cru%adas, olhando desanimada para a poucacomida ue tinham.

— 'st* tudo completo — comentou, desalentada.

7arnell pegou um galho grosso e colocou0o perto do fogo, depois disse a ela;

— 7onha os sandu#ches a# em cima. ' $amos ficar $igiando, desta $e%.

— 7are de me pro$ocarB ueimamos as meias sem uererB

— Sei... 5amb&m foi sem uerer ue perdi o a$ião.

9 piloto in$eja$a a capacidade de Rebecca de ficar tanto tempo sentada depernas cru%adas, enuanto ele não conseguia agFentar os malditos galhinhos ue lheespeta$am o traseiro. As crian!as se ha$iam acomodado no fundo do abrigo, restandopara ele o lado da entrada, ue era o mais frio.

Rebecca tinha impressão de ue en$elhecera de% anos desde a manhã. Sabiaue de$eria estar tão abatida e acabada como o piloto esta$a. ' não ajuda$a nadasaber ue a tempestade de ne$e impediria ue fossem locali%ados. icariam presos alino m#nimo enuanto auela ne$asca durasse. ', se ueriam sobre$i$er, ela e Stillman

precisa$am entrar num acordo.Suspirou fundo e disse;

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— Não acha ue de$er#amos parar de nos atacar= 'u sei ue a ueda do a$iãofoi um acidente. '... achei muito corajoso de sua parte ter nadado at& ele para buscar as coisas.

— 8em...

— ' a $erdade & ue eu não teria reclamado tanto se $ocê não fosse tão

cabe!a0dura.— 7u-a, $ocê tinha de di%er isso= Não consegue falar algo agrad*$el sem

acabar com tudo depois. 'st* embirrando comigo de propósitoB

— Nada dissoB ocê & ue me persegueB ' não $ou ficar uieta agFentando otempo todo.

7assaram mais trinta minutos discutindo. As crian!as ficaram olhando auelesadultos malucos com os rostinhos ine-pressi$os.

— uando $amos comer= — perguntou (ones), com $o% fraca, uando 7arnell

parou de falar para respirar.

1om um 3ltimo olhar rai$oso para o piloto, ela $irou0se e foi pegar ossandu#ches.

— Ainda nãoB — disse ele, segurando a mão dela.

— Não encoste em mimB

Stilman tirou um cani$ete do bolso, abriu0o e mostrou a lDmina.

— Não toue na comida.

— <magino ue uer tudo para $ocê. Sobre$i$ência dos mais capa%es e coisasassim, não &=

— 7recisamos matar a fome com o ue temos aui — e-plicou ele, cortando ossandu#ches em peda!os peuenos. — 7or isso, coloue um peda!o na boca, conte at&de% e só depois mastigue. ' mastiguem $inte $e%es antes de engolir.

— 'le est* certo — concordou Santee. — <sso fa% a comida durar mais. oi oue li num dos meus li$ros.

— 'u não consigo ficar com a comida na boca — disse (ones). — 'u tenho de

engolir.

7arnell estendeu a mão e segurou a garganta do menino logo abai-o do ma-ilar.

— amos, conteB ' mastigue... agora engulaB 9 garoto come!ou a chorar bai-inho.

— ocê tinha de fa%er isso= — gritou Rebecca. — Não consegue ser delicado='ssas crian!as sempre foram maltratadas por adultos. 'les são órfãosB

— 'les podem ser órfãos $i$os ou órfãos mortos. 'scolhaB ' pare de falar assim. Só porue algu&m & órfão não & moti$o para esperar ue todo mundo tenha

penaB 4m órfão precisa aprender a lidar com a $ida. 'u sei... por e-periência própria.

— ocê... ficou órfão ainda crian!a=

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— '-atamente. ' me $irei muito bem.

— 'ntendo — disse ela, com $ontade de falar mais, por&m sabia ue se ofi%esse passariam o resto da noite discutindo.

— 8om senso & tudo o ue se precisa — declarou ele.

Rebecca assentiu. 1olocou um peda!o de sandu#che na boca, contou at& de% edepois mastigou. 9 gosto era melhor do ue ualuer outra coisa ue j* ha$iae-perimentado.

Capítulo 5

uando o sol se p?s, ou na hora em ue Rebecca julga$a ser o p?r0do0sol, j*ue seu relógio tinha parado desde ue o enfiara dentro da *gua para sal$ar 7arnell, oc&u da$a impressão de come!ar a abrir. "o lado de fora do abrigo a escuridão eraopressi$a, a ne$e parecia ser p3rpura e não branca. 'sta$am ali ha$ia no m*-imo de%horas, mas da$a a impressão de dias.

"entro do abrigo, todos se mantinham perto do fogo, muito juntos uns dosoutros, procurando se auecer. :as não era nada parecido com ficar na sala do

orfanato, depois do jantar. Não ha$ia Abigail para con$ersar, nem tele$isão nem li$rosou brinuedos. Apenas as crian!as fala$am. ' pelo tom das $o%es delas Rebeca sabiaue considera$am auilo tudo como uma grande a$entura.

9 e-cedente de adrenalina ue a manti$era ati$a at& ali esta$a acabando.Sentia0se cansada, ueria dormir, mas não o faria antes das crian!as. ' nenhumaparecia estar com sono.

— 'u uero ir ao banheiro — disse :oll), de repente.

— 'u tamb&m — falou Nicholas.

7arnell olha$a o ue ha$ia no kit de sobre$i$ência, lamentando não ter conseguido pegar o bote de borracha com suas latas de comida, *gua e o cobertor isolante.

— ocês de$iam ter cuidado disso antes de escurecer e de a tempestade ter piorado — resmungou, mal0humorado.

— ' só agora $ocê nos di%B — retrucou Rebecca, com sarcasmo.

— 7ensando com mero bom senso...

— 'u não consigo usar nenhum bom sensoB — gritou ela. — ' uem poderia,

nesta situa!ão=

— "roga. Não precisa ter outro ataue.

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Rebecca fe% grande esfor!o para não retrucar.

— 'u preciso mesmo ir — a$isou :oll).

Stillman se le$antou, mantendo0se cur$ado para não bater a cabe!a. 'ntão,olhou para fora. 1om toda auela ne$e, a $isibilidade não era de mais de sete metros.

— 5* bem, t* bem. 'ntão, se preparem. Ser* melhor irmos todos juntos,— amos precisar de alguma pri$acidade — Rebecca falou.

— :as ue droga, isso aui não & nenhum >ilton. Sigam0me e não se separem.1onheci um sujeito ue se perdeu na ne$e e morreu congelado a dois metros da portade casa.

Na $erdade ele não conhecia ningu&m com uem isso acontecera, mas... bem,tinha ou$ido ou lido isso em algum lugar.

— 'u retiro tudo de bom ue falei sobre $ocê — disse Rebecca, com rai$a.

— Não tem problema. 'u não presto mesmo aten!ão ao ue as mulheresdi%em...

'le percebeu ue fora atingido pelo tom com ue ela falara. Ao nadar no lagotinha agido de forma galante, sem ego#smo. ' uase morrera congelado. A atitudedela, agora, só $inha confirmar o ue sempre pensara; as mulheres são rudes e semnenhuma sinceridade.

Rebecca e as meninas conseguiram alguma pri$acidade entre os arbustos dafloresta. 7or&m o frio era terr#$el.

 A tempestade piorou, assobiando entre as *r$ores, e os galhos rangiam, acimada cabe!a deles.

— Amanhã dou um jeito de fa%er algum tipo de pri$ada — murmurou 7arnell,depois de $oltarem para o abrigo.

— 'u agrade!o — disse Rebecca. — ' $ocê acha ue podemos tirar os sapatospara dormir=

— 'u não recomendaria isso. Al&m do perigo de congelamento, pode acontecer alguma coisa e termos de correr daui, então, não ha$eria tempo para cal!*0losno$amente.

Rebecca pegou :oll) no colo e come!ou a soltar as botas correti$as,considerando ue não ha$eria problema algum em dar alguns minutos de al#$io para amenina.

— Scrapp)B 'u esueci o Scrapp)B — gritou +anc), passando por cima dosoutros em dire!ão a sa#da.

Stillman segurou0o e contou as crian!as.

— :as estamos todos aui.

— Scrapp) não — disse +anc). — 'u o amarrei num arbusto l* fora e...

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— uem diabos & Scrapp)B — e-clamou o homem. — Não, não precisa medi%er. ocês trou-eram um maldito cachorro ou algo assim escondido para o a$ião.

— Scrapp) &... — come!ou a e-plicar Santee.

— 'le $ai congelarB — desesperou0se +anc).

— 'u lhe contei sobre Scrapp) — disse (ones).— 'u $ou l* fora busc*0lo — ofereceu0se Santee.

— Nada dissoB — contestou 7arnell. — 'u & ue $ou.

Rebecca, só me diga uma coisa; o ue tenho de procurar=

— 4m... ca$alo — disse ela com um suspiro.

— 4m o uê= — e-clamou o homem, certo de ue não ou$ira direito.

— 4m ca$alo.

(ones) se apro-imou e murmurou no ou$ido de 7arnell. 9 olhar do piloto fi-ou0se na mo!a e ela re%ou para ue ele não contestasse a e-istência do animal.

— 'st* $endo por ue não gosto de mulheres e crian!as=

 Apesar de seu tom de $o%, l* no fundo da memória ele lembra$a0se de suaprópria infDncia e do caubói ue in$entara como companheiro. 'ntão, saiu do abrigo,deu uma $olta l* fora e $oltou, passando as r&deas imagin*rias para +anc).

— 7ronto, aui est*. No futuro... seja mais respons*$el. "iabosB

— 9brigada... — murmurou Rebecca, emocionada.

— Não me agrade!aB Não gosto de fa%er coisas pelas uais me agrade!amB

— Sim, capitãoB — concordou ela com um sorriso, decidindo ue não era assimtão imposs#$el gostar dauele sujeito.

Rebecca ficou olhando para ele por alguns segundos, considerando uenenhum dos outros homens ue conhecia teria sa#do num tempo desses para buscar um animal imagin*rio, apenas para satisfa%er uma crian!a. 1oncluiu ue ha$iagentile%a nele, só ue não de forma aparente. Na $erdade, era um romDntico e temiaue isso fosse descoberto.

— "o ue $ocê est* rindo= — perguntou 7arnell, agressi$o.

— uem, eu= 'u esta$a rindo=

— Sim, esta$a sorrindo. ' era de mim.

— :e desculpe.

— ocê parece feli%.

— :as não estou. :e sinto miser*$el.

7or um instante ela pensou em falar ue o compreendera, ue $ira o ue ha$iapor detr*s da fachada de durão. :as resol$eu ue era melhor ficar uieta.

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7or fim, embrulhadas nos casacos e umas encostadas às outras, as crian!asdormiram. 9 abrigo cheira$a a fuma!a.

'm outras circunstDncias, pensou Rebecca, o cheiro, com o crepitar do fogo eas brasas $ermelhas, seria agrad*$el.

Stillman ainda esta$a acordado, com os olhos só um pouco abertos. Rebeccapercebeu ue ele a olha$a. Sentiu0se como uando se est* no ele$ador com outra,pessoa ue fica nos olhando. ' isso a fe% pensar em como estaria sua aparência.

7egando duas das cai-inlias $a%ias de suco, ela as abriu no alto e encheu dene$e, colocando0as perto do fogo. uando a ne$e derreteu, usou a *gua morna parala$ar as mãos e o rosto. Seus cabelos esta$am desarrumados. 'ntão, penteou0se.'sse era um ato tão normal e cotidiano ue ela nunca ha$ia notado uanto pra%er podia dar.

"o outro lado do fogo 7arnell a olha$a com uma e-pressão tensa no rosto.9bser$a$a a fluide% dos cabelos, tenta$a lembrar a cor dos olhos por debai-o dasp*lpebras fechadas, $ia os seios ue subiam e desciam com a mo$imenta!ão dobra!o. 9 modo como ela senta$a, como se mo$ia, re$ela$a uma sensualidade ue elenão ha$ia percebido antes. 4m homem mais fraco não resistiria. :as não ele.

'ntão, Stillman percebeu ue prendera a respira!ão e ue seu cora!ãoacelerara. Antes ue pudesse des$iar os olhos, os dela se abriram e fi-aram0se nele.No mesmo instante Rebecca ergueu o uei-o e des$iou o olhar, pondo o pente de lado. Antes ue ele decidisse se a e-pressão dela era de con$ite ou desd&m, Rebecca falou;

— ocê não tem nenhuma mochila para usar como tra$esseiro, como as

crian!as. uer usar isto= — ' passou para o rapa% algumas pe!as de roupa.

— 9brigado — agradeceu ele, aceitando sem muita $ontade a oferta.

— 8oa noite — disse Rebecca com sua$idade.

— 7ra $ocê tamb&m — respondeu 7arnell, decidindo ue, da pró-ima $e% ueela tentasse fa%er algo para ele, iria ignor*0la completamente.

Suas costas do#am, e ele agradeceu pela dor. Ser$ia para distra#0lo do cheirofeminino do tra$esseiro impro$isado.

9 barulho penetrou no sono de Rebecca. 7rosseguiu durante certo tempo antesue ela o notasse e aumentou, at& perceber ue se trata$a de uma $o%. Notou uetinha dormido durante toda a noite, apesar de ter achado ue nunca o conseguiria.5e$e consciência do frio e das dores por todo o corpo. 9 $ento tinha parado.

9 barulho come!ou de no$o. 'la abriu os olhos na escuridão. As crian!asesta$am deitadas lado a lado, todas dormindo. 9 barulho $inha de 7arnell. 'le esta$ade p&, $irado para o outro lado. As brasas da fogueira forneciam pouca lu%, mas era osuficiente para ue ela $isse ue ele esta$a com a cal!a abai-ada e me-ia na roupa de

bai-o. ' emitia gemidos.— 9 ue hou$e= — sussurrou ela.

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Stillman se endireitou de um salto, batendo a cabe!a no tronco.

— 9h, drogaB :eta0se com a sua $idaB

— 7or ue est* com a cal!a abai-ada= — perguntou ela, se sentando. — 'st*fa%endo algo $ulgar=

— 'u podia passar sem essa — retrucou ele, dei-ando de lutar com as roupas ese deitando de no$o, cobrindo a cabe!a com o casaco.

9s ru#dos em sua garganta come!aram de no$o, um pouco abafados pelocasaco. Rebecca foi at& perto dele e ergueu o canto do casaco.

— 'u não ueria te acusar de nada. 7or ue est* fa%endo esses barulhos=

— :e dei-e em pa%.

— 'st* sentindo dores=

— 'stou bem — disse ele, num tom ue denota$a bastante ang3stia.

— 'st* gripado= 9 ue hou$e= "ei-e0me $er como est*.

— 'iB

:as Rebecca j* tinha erguido o casaco. >a$ia pouca lu%, por isso ela passou amão com delicade%a pelas costas dele. uando o tocou sentiu os m3sculos de 7arnellse contra#rem, o ue pro$ocou no$o gemido.

— Sua roupa de bai-o grudou na pele, com o sangue, e est* machucando...

— "iga algo ue eu ainda não saiba — resmungou ele.

— uer parar de bancar o espertinho= Suponha ue esses machucadosinfeccionem e $ocê morra=

— 5udo bem, morrer me parece uma boa.

— 9h, fiue uieto e me dei-e pensar. ou auecer *gua como fi% antes edesgrudo os tecidos. <sso $ai...

— Não.

 A decisão dele era inapel*$el. uando esta$a inconsciente, na beira do lado,

não ti$era op!ão. :as agora não permitiria.

— 'i, $eja...

— Não uero $ocê brincando comigo.

— /8rincando/ com $ocê= C mesmo o sujeito mais arrogante ue j* conheci. 'unão me interessaria por $ocê nem se esti$esse barbeado e $estido de terno e gra$ata.

7arnell tentou des$endar a e-pressão de Rebecca, mas ela esta$a de costaspara o fogo.

— :as tal$e% $ocê mude de id&ia. 7ode acontecer, não=

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— 'u não uero nem mesmo ser sua amigaB 5udo ue desejo & ue nos le$e de$olta para 8oise. ' depois espero nunca mais $oltar a $ê0loB

— 1erto, então estamos combinados — disse ele, apoiando o rosto notra$esseiro impro$isado, tentando ignorar o cheiro ue $inha dele. — 5em uma pomadana cai-a de primeiros socorros. ' tenha cuidado.

Rebecca alimentou o fogo, depois encheu as cai-inhas com ne$e. A primeiraue derreteu eles dois beberam. A garrafa t&rmica não esta$a entre as coisas ueha$iam sido tra%idas do a$ião, e ambos lamentaram sua falta. Ainda ha$ia muito caf&nela.

1om a *gua auecida, Rebecca foi soltando, peda!o por peda!o, a roupagrudada na pele dele, enuanto 7arnell mordia uma lasca de madeira para não gritar de dor. A rai$a ue Rebecca sentia durou at& ela $er o estado em ue esta$am ascostas e o traseiro dele.

— ai doer um pouco — a$isou.

— 'u agFento.

'le come!ou a gemer de no$o. :as, pouco depois, algo nos gemidos fe%Rebecca parar. 9s olhos de 7arnell esta$am fechados, os l*bios sem a tensão uetinham antes. A pomada era um anest&sico misturado com antibiótico. "e$ia acabar com a dor, mas, ainda assim... 5estando0o, ela passou outra camada da pomada pelascostas dele e perguntou, atenta;

— 'st* melhor agora=

— :ara$ilhoso.

— 'u poderia apostar ue simB Seu per$ertidoB

9s olhos de 7arnell se abriram e ele olhou0a com ar de culpa.

— 'ra a dor indo emboraB 'u juroB

— >omensB ocês são todos iguaisB "esafio $ocê a se $irar e erguer a cal!a,agora mesmoB

Sem se mo$er, tudo ue Stillman ueria era ganhar tempo.

— ocê tem uma mente sujaB — tentou se defender, encabulado.

— Nada dissoB Apenas sei uando um homem se assanhaB

— 9 ue temos para o caf& da manhã= — indagou ele de repente, pigarreando.

Rebecca olhou para tr*s. 'sta$am sendo obser$ados por cinco pares de olhosbem abertos. 'la ficou $ermelha.

7arnell apro$eitou a chance e ergueu a cueca e a cal!a, sem se $irar.

Na cai-a do kit de sobre$i$ência ha$ia barras de chocolate amargo. "epois dela$ar as mãos com ne$e, ele partiu as barras e distribuiu os peda!os.

— 'u ueria ue a gente ti$esse o$os fritos com bacon — disse (ones).

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— Não imagine comida — a$isou Santee. — 'ssa & a pior coisa a fa%er uandose est* com fome. Al&m disso, uerer ualuer coisa nunca nos ajudou em nada, não &mesmo=

— 7are de ser tão c#nico, Santee — ad$ertiu Rebecca.

9 peda!o de chocolate gruda$a em sua l#ngua. 'sta$a $elho e tinha um gosto

horr#$el. :as o efeito final, depois de tomar mais *gua de ne$e derretida, foisatisfatório. 'stendeu as pernas e o corpo num espregui!ar felino, rela-ando, entãonotou ue 7arnell tinha os olhos fi-os nela. 9 nome ue ela da$a para a e-pressão ue$ia neles era; famintaB

— 5ire essa id&ia da cabe!a — ordenou ela em tom firme.

:as a $erdade era ue uma parte, l* no fundo de sua mente, lembra$a comosuas mãos tinham tocado os m3sculos rijos das costas dauele homem. ' comogostara do contato f#sico.

Stillman olhou para outro lado, mas a imagem de Rebecca ficou em seus olhos.:urmurando algo inintelig#$el, $estiu o casaco e saiu para o ar frio da madrugada.

— amos ser sal$os hoje= — perguntou +anc).

— 'spero ue sim... Acho, mesmo, ue simB — ' a resposta de Rebecca erauase uma prece.

— 4ma pessoa esperta pode se $irar muito bem por aui — comentou Santee.— Na floresta tem animais para pegar com armadilhas, depois tirar as peles e comer. 'de$e ter pei-es no lago...

Rebecca ia di%er ue não esta$am num acampamento de f&rias, mas ficouuieta. At& ue as id&ias não eram m*sB 9 rosto de Stillman apareceu na entrada doabrigo.

— amos, todos para fora. 7arou de ne$ar. 7odemos fa%er um S9S no lago.

"i%endo isso, ele abriu a cai-a de primeiros socorros e pegou a lata de aerossolfosforescente, cor de laranja. 1oloc*0la no kit de sobre$i$ência fora id&ia de tio >enr).

— ocê acha ue eles estão nos procurando= — perguntou Rebecca.

— Sei ue estão. Só precisamos torcer para ue se dirijam ao local em ue nos

encontramos.— ' onde estamos=

— ou descobrir isso mais tarde.

5odos sa#ram, indo em dire!ão ao lago. 9 ue não era f*cil, pois a ne$e chega$aà altura do joelho de Rebecca, o ue significa$a uase at& a cintura das crian!asmenores. Rebecca j* tinha imaginado ue mais cedo ou mais tarde teria de en-ugar todas elas. ' :oll) j* come!a$a a tossir.

uando chegaram ao e-tremo da inclina!ão ue le$a$a ao lago, a mulher le$ou

um susto.— 9nde est* o a$ião=

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— A ne$e cobriu — respondeu 7arnell, apontando para um proeminente montede ne$e.

Seguindo a dire!ão ue ele aponta$a, ela conseguiu $er a forma do aparelho,coberto pela ne$e. 9 nari% era apenas um monte branco, as asas mal se nota$am.

— Algu&m conseguiria perceber ue & um a$ião, olhando do alto=

 A lu% da madrugada da$a tons perolados à pele da mo!a e seu cabelo soltodescia at& os ombros. >a$ia uma e-pressão de grande $ulnerabilidade em seu rosto.7ara 7arnell, era uma no$idade pensar numa mulher como algu&m $ulner*$el. :asisso não o impediu de $er ue ela esta$a p*lida e assustada.

uer ela uisesse uer não, precisa$a ser protegida. "a f3ria da nature%a e deseus próprios medos, pensou ele.

— "o alto fica f*cil perceber ue & um a$ião — mentiu o piloto, respondendo àpergunta.

Rebecca notou um elemento no$o no tom em ue ele falou. 9lhou rapidamentepara 7arnell, mas ele se $irara e esta$a falando com as crian!as.

— A inclina!ão $ai nos ajudar — disse Stillman. — 9 S9S $ai aparecer comoum carta% de rua.

Nicholas continua$a a$an!ando, fora da trilha formada pelos outros.

— 'i, $ocêB — gritou 7arnell, segurando o garoto. — 9nde pensa ue $ai=

— 8em, eu não posso $er, $ocê sabe. "ê a bronca na :oll). 'la & uem est*me guiando.

— C melhor $ocê não brigar comigo. 'u sou a menor de todos, e se fi%er isso$ou chorar.

' foi e-atamente o ue a menininha fe%. Sentando0se na ne$e, come!ou achorar.

— Ah, ue diabosB — e-clamou o piloto, $oltando0se para Rebecca. — Ser* ueela não $ai parar com isso=

Rebecca fe% ue não ou$iu e mudou de assunto;

— 8em, est* muito frio. Não podemos fa%er uma fogueira aui=

Stillman a$aliou o c&u. 1in%ento. 'm algum ponto entre sul e leste os grupos deresgate procura$am. A fuma!a de uma fogueira peuena não seria percebida comauele tempo. ' se passassem por ali sem $ê0los, le$aria dias para $oltarem. 9 S9Sfosforescente poderia ser a 3nica chance.

— "epois de escre$ermos o S9S podemos fa%er uma fogueira — disse ele, indoat& onde :oll) ainda chora$a. — amos, pare de chorar e $olte para a fila. Se não,$ocê $ai ganhar uma $erruga na ponta do nari%.

 As outras crian!as riram. :oll) chorou ainda mais. Rebecca desandou a criticar 7arnell por causa do modo ue ele falara com a garotinha. 'nuanto isso, Santeeajoelhou0se ao lado da menina e con$ersou com ela, ue acabou se le$antando.

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uando o enorme S9S ficou pronto, o piloto pediu ue todos ajudassem acompactar a ne$e onde esta$am desenhadas as letras, para ue pudessem limpar olocal se ne$asse de no$o. irou brincadeira pisotear a ne$e para firm*0la.

— oi um bom trabalho — disse Rebecca mais tarde, uando todos seesuenta$am junto à fogueira ue Stillman acendera. 1olocando0se ao lado dele,Rebecca tocou0lhe o bra!o, perguntando;

— ' agora=

9 peso da mão dela no bra!o de Stillman era nenhum. :as ainda assim elesentiu um calor irradiar dali. "e modo tão casual uanto conseguiu fa%er parecer, comose fosse a coisa mais natural do mundo, apoiou sua outra mão sobre a dela, enuantoe-amina$a o c&u. Não ha$ia nenhuma a$e, inseto ou a$ião ali.

— Agora, só nos resta esperar...

Capítulo 6

— Sabe o ue eu ueria= — disse (ones). — 4m cachorro0uente de um metrode comprimento. 1om muita mostarda e tanto ketchup ue escorra pelos dois lados.

— 'u ueria o meu com um pratão de batatas fritasB — completou +anc).

— :eia d3%ia de hamb3rgueres para mim — imaginou :oll).

— 'stou com tanta fome ue comeria at& mingau de a$eiaB — falou Nicholas. —' olha ue destesto issoB

Rebecca foi imaginando os pedidos. Sua garganta sofria mo$imentos de engolir in$olunt*rios. A fome torna$a0se um inimigo terr#$el. 9 almo!o consistira apenas em umpeueno peda!o do chocolate para cada um. ' no jantar eles acabaram com ochocolate. 7ara diminuir a sensa!ão de fome, todos tinham tomado tanta *gua de ne$e

auecida uanto agFentaram. "epois disso, :oll) come!ou a reclamar e Rebeccacalculou ue eram cólicas.

— Se $ocê ti$er linha de pesca — disse Santee para 7arnell —, amanhã possofa%er armadilhas para coelhos.

— 5enho linha, mas est* no a$ião. 5al$e% pela manhã possamos ir at& l*.

Rebecca não gostou da con$ersa dos dois.

— 1om certe%a $amos ser resgatados amanhã.

— Se o tempo permitir, e dependendo de como as buscas foram organi%adas.

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Stillman estudara seus mapas e tinha a terr#$el suspeita de ue a tempestade osle$ara muito mais para o sudeste do ue imaginara. Sabia ue as buscas come!ariampela rota ue de$eriam ter seguido. :as pelo menos o dia ficara limpo durante todas ashoras de sol. A conclusão lógica era ue tinham descido muito longe da rota, j* uenão ha$iam $isto ou ou$ido nenhum a$ião.

9 piloto suspeita$a de ue auele lago era pouco mais ue uma po!a dJ*gua,

seco em alguns anos, com *gua em outros, pois não ha$ia rio algum ue oalimentasse. Não de$ia nem constar nos mapas.

'le percebeu ue Rebecca o olha$a com ansiedade. Sabia ue teria de contar aela ual era a situa!ão, mais cedo ou mais tarde. :as por causa da intensidadeemocional da e-pressão do rosto de Rebecca decidiu ue era melhor dei-ar isso paradepois.

— * descansar um pouco — recomendou ele, com seu melhor sorriso. 9sorriso de Stillman surpreendeu Rebecca. Seu rosto dei-a$a de ter o habitual ar amea!ador, tomando0se aristocr*tico e sens#$el. Se ele fi%esse a barba, poderia at&

consider*0lo atraente.— 7apai Noel $ai nos achar aui — disse :oll). — Santee disse ue ele $ai $er 

o S9S e tra%er nossos presentes.

— 7apai NoelB — e-clamou a mo!a, abra!ando a menina. — 9 Natal & daui aduas semanas. amos estar em casa bem antes disso.

— :as se não esti$ermos...

— amos estar — garantiu Rebecca, erguendo os olhos para o piloto,esperando ue ele a apoiasse.

:as Stillman ficou em silêncio. Rebecca, ue não tinha nenhuma $ontade dedormir como fa%iam as crian!as, foi ficar mais perto dele, junto ao fogo.

— 2* no orfanato — come!ou ela, pu-ando con$ersa —, se eu os mandasse pracama assim cedo, teria de dar pelo menos $inte bons moti$os.

— 'les estão cansados.

— ' $ocê=

"urante todo o dia, Stillman e Santee tinham ficado de $igia perto do sinal

fosforescente. 'la e os outros ha$iam $oltado para o abrigo uando a temperaturacome!ara a cair.

— 'stou habituado a dormir tarde.

'le esta$a derretendo ne$e nas cai-inhas e se inclinou para $ir*0las com o outrolado para o fogo. 5udo era complicado na situa!ão em ue esta$am. Rebecca tentaraesco$ar os dentes com creme dental e ne$e, mas o frio do#a muito. >a$iam constru#doum segundo abrigo, peueno, para funcionar como banheiro, mas não tinham materialde toalete, al&m do pouco ue ela le$ara para a $iagem. ', pior ue tudo, agora nãotinham mais nenhuma comida.

— 9 ue $amos fa%er= — perguntou a mo!a, num murm3rio, sabendo ue sua$o% re$ela$a o medo ue sentia.

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7arnell pegou a cai-a de primeiros socorros e tirou dela uma garrafinha.

— 'u esta$a guardando isto, mas acho ue $ocê precisa de um gole.

4#sueB er a bebida trou-e à mente de Rebecca $elhas memórias,desapontamentos amargos. A indulgência do pai fora a marca registrada de suainfDncia. 'le ha$ia sido um bêbado charmoso, mas ainda assim um bêbado,

dependente dos outros.— Se ti$esse comida nessa cai-inha — disse ela, em tom acusador —, se fosse

mais respons*$el... $ocê teria...

4m estranho brilho de beligerDncia surgiu nos olhos dele.

— Não comece de no$o. >* latas de ra!ão no a$ião, mas não consegui peg*0las. 'sta lata aui &, por assim di%er, meu kit de sobre$i$ência pessoal — e-plicou ele,abrindo a garrafa e tomando um bom gole. — Não & dos melhores, mas $ai ajudar adormir.

9 silêncio se prolongou por alguns bons segundos antes de ele $oltar a falar.

— 1erto, se & comida ue $ocê uer, & comida ue ter*. ou atr*s da ra!ãoamanhã.

— ocê acha ue o gelo do lago $ai estar duro o suficiente para suportar seupeso= — perguntou ela, sentindo a rai$a se es$air.

— 'spero ue sim.

— :as... não est* pensando em nadar at& l* de no$o, não &= 'st* mais frioagora do ue uando nós... Suponha... ocê não pode irB 'u não $ou dei-arB

— >* algumas coisas ue $ocê pode me impedir de fa%er, mas essa não & umadelas. amos, tome só um gole disto.

— Não, obrigada.

— 1erto, então se sir$a se uiser — disse ele, colocando a garrafa no chão.

— 9 ue mais $ocê tem nessa cai-inha=

— 7#lulas analg&sicas. ' uma arma.

— 1om balas=— Não teria utilidade nenhuma sem balas.

— ' para uê $ocê a colocou a#=

— :edo do fogo, eu acho.

— ocê est* di%endo coisas sem sentido. (* est* bêbado — disse ela,lembrando0se de ue 7arnell não participara da di$isão do 3ltimo peda!o de chocolate.— ocê não de$ia beber com o est?mago $a%io.

— Rebecca, se $ocê tem algum problema com bebida, não o descarregue sobremim.

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— 'u não tenho problema algum — retrucou ela, ficando p*lida. — :as beber nunca ajuda.

— ocê te$e um marido ue bebia e batia em $ocê=

— Não. 5i$e um pai ue este$e bêbado durante meus primeiros do%e anos de$ida.

— ' então=

— 'ntão, meu irmão nasceu.

— "esculpe, mas não entendo a cone-ão.

— :eu pai parou de beber porue tinha um filho para criar.

'la nunca sentira in$eja do irmão, mas ele crescera num ambiente saud*$el,e-atamente o oposto dela. 5udo ue ele ueria, conseguia. 'la só percebera como orapa% ficara possessi$o depois ue fora trabalhar com os órfãos.

— Sei. Seu pai não gosta$a de $ocê. 'le feria seus sentimentos e $ocê atribuiisso à bebida. :ulheres pensam de um jeito estranho... :as $ocê tem algu&m em8oise ue poderia pressionar as autoridades para nos procurar=

— Só Abigail.

— Nenhum namorado... marido=

— Não. (* fui casada, mas ele era muito ego#sta e me acha$a aborrecida. "eualuer modo, est* casado de no$o. ' nunca se preocupou mesmo comigo.7ro$a$elmente $ai gostar uando souber ue eu... desapareci. ui seu maior erro na

$ida, e ele não gosta de ser lembrado disso.Surgiu uma e-pressão de satisfa!ão no rosto de 7arnell.

— Não acho ue $ocê seja aborrecida. 5al$e% um tanto briguenta.

'ntão, ela percebeu ue tinha falado demais. Sua $ida não interessa$a, àuelaaltura.

— 'st*$amos falando da sua arma.

Stillman cru%ou as pernas, fa%endo uma careta, porue isso pro$oca$a um dor 

aguda nos joelhos.— 4ma coisa ue nenhum piloto uer pensar & na possibilidade de ficar preso

numa cabine em chamas. 9 fogo & terr#$el. Não & e-atamente r*pido, se entende oue uero di%er. C por isso ue tenho a arma.

'le $erificou a cai-inha com *gua, bebeu um pouco e guardou o 3ltimo gole paraRebecca.

— ocê est* di%endo ue guarda$a essa arma para se matar=

— 7ara terminar uma situa!ão horr#$el, se fosse o caso.

Rebecca ficou olhando para ele por um momento. Não sabia se auilosignifica$a for!a ou fraue%a.

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— Suponha ue o a$ião ti$esse pegado fogo uando ca#mos=

— Não aconteceu.

— :as, e se ti$esse acontecido=

— Não aconteceu. ', de ualuer modo, não ca#mos no sentido literal da

pala$ra — disse ele, torcendo para ue ela percebesse toda a habilidade ue forapreciso para isso. — oi um perfeito pouso de barriga.

— :as o a$ião afundou no lago.

'la não percebeu, pensou ele, um tanto decepcionado.

— ' no caso de $ocê estar preocupada, saiba ue nunca bebo demais.

— Acho ue eu e-agerei...

— ou lhe di%er uma coisa, $ocê & diferente.

— 9 ue uer di%er=

— ocê & a primeira mulher ue conhe!o ue uase se desculpa uando est*errada.

— ocê & o primeiro homem ue conhe!o ue parece deslei-ado, mas não e...ou uase.

— 1oment*rios como esse de$iam me le$ar a fa%er a barba.

— ' por ue não fa%=

— Não ia suportar as mulheres me perseguindo.

— ocê & doenteB Não passa de mais um macho arrogante. 7recisa aprender aser humilde.

— ' suponho ue $ocê seja a pessoa certa para me ensinar.

— 'u nãoB Não dou a m#nima.

— 'st* partindo meu cora!ão.

— 1omo se $ocê ti$esse um...

— 'i, essa machucouB 'u não disse ue não me importa$a, não &= —perguntou ele, estendendo a mão e colocando0a no ombro de Rebecca. 'la seempertigou, mas não afastou a mão.

— amos, deite0se — falou 7arnell, ajeitando os arbustos para ela. — ocê est*sentindo frio. 7ude $er ue tremia.

— 'stou bem.

— ocê me parece um pouco esgotada. ', de$o di%er, cuidou das coisas muitobem, hoje.

9 elogio foi tão bem recebido ue ela não resistiu uando ele a fe% deitar e acobriu com seu casaco. 'nuanto isso, Stillman tenta$a descobrir de onde tinham

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$indo aueles gestos simp*ticos ue acabara de reali%ar. Nunca soubera ue eracapa% disso.

— 1omo est* o seu coto$elo=

— :eu o uê= Ah, est* bem. ' uanto ao seu... 'st* bem=

— :elhor, bem melhor.'le ficou esperando e uando achou ue ela adormecera, deitou0se ao lado da

mo!a. 'la não se mo$eu, e 7arnell sentiu um pra%er absurdo. 'sperou mais de%minutos, então passou o bra!o por sobre o corpo dela, ue parecia se encai-ar perfeitamente no dele, mesmo com todas auelas roupas.

:as ue diabo, pensou, isso não uer di%er nada, a não ser ue o u#sue mesubiu à cabe!aB ' come!ou a se sentir e-citado.

/"iabosB C a segunda $e% em do%e horas ue ela me-e com a minhasensualidadeB/

Rebecca precisou de todo seu autocontrole para fingir ue esta$a dormindo.Não se arriscou a se mo$er, apesar de estar incri$elmente alerta. 9 fogo crepita$a, ascrian!as ressona$am. No alto, os galhos rangiam sob o peso da ne$e.

'la sentia o cheiro doce de óleo e sabonete de 7arnell, sentia o corpo cansadotirar energia sabe0se l* de onde.

Não posso dei-ar isto continuar, pensou ela. :as dei-ou, e com pra%er.

Não conseguia entender como permitira ue o piloto a manobrasse para sedeitar ao lado dele. "e$ia ser a necessidade muito humana de companhia durante umacrise.

Não, isso era mentira. @osta$a de $er ue ele ueria toc*0la, ficar perto dela,ue a deseja$a.

:as ue droga, pensou ela, à beira das l*grimas, toda minha $ida, meus trinta edois anos, senti falta de afei!ão. Sempre. 'sse & meu calcanhar0de0auiles.

"esde o di$órcio nunca encorajara a apro-ima!ão de nenhum homem. 5al$e% asitua!ão ue esta$a $i$endo fosse uma armadilha do destino.

/7reste aten!ão em si mesma, sua idiotaB 9 ue acontece com o c&rebrouando o corpo est* sem alimento= 4m est?mago $a%io pro$oca id&ias malucas=/

'ntão, ela sentiu ue 7arnell esta$a e-citado e controlou a e-clama!ão uecresceu em sua garganta. 1omo se j* não ti$essem problemas suficientesB

2oucura ou não, gosta$a de saber ue ainda podia e-citar um homem. 'ra bomser acariciada, protegida. Sentia os seios ficando r#gidos, um calor entre as pernas.

:eu "eus, pensou ela, como eu preciso de algu&m ue precise de mimB

1omo se esti$esse se ajeitando durante o sono, ela pressionou o corpo contra ode 7arnell. Sentiu ue ele se enrijecia, mantendo0se completamente imó$el, e ueprendia a respira!ão.

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Rebecca decidiu ue, pela manhã, a primeira coisa ue faria seria dar umaolhada nos ferimentos dele. 'ra o m#nimo ue poderia fa%er.

— Não, obrigado. 'u estou bem — disse 7arnell, sem olhar para ela. — :as$ocê podia me emprestar seu creme dental. :inha boca est* com um gosto horr#$el.

— Não precisa bancar o t#mido, $ocê sabe — comentou ela, passando0lhe otubo de pasta.

'le a olhou com suspeita, mas Rebecca continuou;

— eja, o sol est* brilhando. 'u mando os garotos para fora. Não $ai le$ar maisue um minuto. ' se $ocê ti$er uma infec!ão=

Sim, claro, pensou ele, e se eu ti$er alguma outra coisa, como um impulso$iolento de abra!ar uma mulher e...

Não, ele não podia correr o risco. Rebecca j* esta$a pro$ocando algo nele, algoue nunca sentira antes. Agora, à lu% do dia, lembra$a ue não gosta$a de mulheres. 'lembra$a tamb&m do moti$o disso. "e ualuer modo, por causa dela a noite foramiser*$el, auele cabelo todo o tempo fa%endo cócegas em seu nari%, auele cheirode -ampu misturado com fuma!a, sem falar no modo como ela ficara mais e maisencostada nele...

— 7ode dei-ar, posso tirar e p?r a cueca sem problema. Não preciso de ajuda.

— 'i, Rebecca $eja issoB — chamou (ones), agitado. — 'u ti$e de ajustar maiso cinto. 'stou emagrecendo.

— Não tem problema, (ones) — disse 7arnell. — ocê pode mesmo perder unsuilinhos.

— 'ncontrei pegadas de coelho saindo do nosso banheiro — informou Santee,$indo dali guiando Nicholas. — Se conseguirmos a linha de pesca, eu fa!o umaarmadilha. 1oelho assado parece uma boa id&ia, não &=

— ualuer coisa, assada ou não, me parece uma boa id&ia — declarou(ones). — :eu est?mago est* fa%endo tanto barulho ue eu poderia comer um ca$alo.

— NãoBB — gritou +anc).

— Nossa, eu não esta$a pensando no Scrapp)B

— Ningu&m de$ia comer ca$alo...

— 'i, algu&mB — chamou Nicholas. — :eu %#per prendeu e meus dedos estãogelados demais, não consigo fechar a cal!a.

— :inha garganta est* doendo — reclamou :oll), chorosa.

— :e dei-e sair dauiB — gritou 7arnell, correndo tão depressa ue derrubouduas das cai-inhas com *gua.

— 'i, olha o ue $ocê fe%, seu trapalhãoB — reclamou Rebecca.

"o lado de fora, o piloto colocou a cabe!a pela abertura.

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— amos ser resgatados hoje. 5emos de serB :ais um dia com $ocês e euenlouue!oB Acalme esses monstrinhos antes ue eles cheguem perto de mim deno$o.

Rebecca tamb&m saiu do abrigo e parou diante de Stillman.

— São apenas crian!asB ' boas crian!as. "ificilmente reclamam. ' de uem & a

culpa por estarmos aui=— Sua. 'u disse ue $ocê da$a a%ar.

— Sabe= Não sei como pude pensar ue $ocê poderia ser outra coisa al&mdauilo ue parece ser; um maldito Neanderthal sem c&rebro nenhumB

— Ah, $amos come!ar o jogo de adi$inha!ão de no$oB 8em, mo!a, tamb&mtenho um nome para $ocê; ca!adoraB icar se encostando em mim durante a noiteB Seibem do ue est* atr*sB

— ocê não tem nada ue me interesse. 'u j* o $i todinho, lembra= Al&m disso,

foi $ocê uem se deitou perto de mim.

— oi um momento de fraue%a. 2amento por $ocê.

— 'ntão, $* para auele lago e dê um jeito de se afogarB

— "ei-a comigoB

7arnell se $irou e afastou0se. oltando0se, Rebecca $iu as crian!as paradas dolado de fora do abrigo, olhando. 'la se sentiu culpada.

— 2amento, crian!as. 9 capitão est* ner$oso. 5odos pra dentro. 5emos de

terminar a limpe%a. 5enho certe%a de ue $amos ser sal$os hoje. C bom ficarmos bembonitos.

'la fe% todos pentearem os cabelos e esco$arem os dentes, trocarem as meiasde um p& com o outro, $estirem camisas limpas. 5odos tomaram *gua uente e :oll)recebeu uma p#lula da cai-a de 7arnell. A arma não esta$a mais ali. 'la considerou uepelo menos ele não fora est3pido de dei-ar o re$ól$er ao alcance das crian!as. :asera est3pido em $*rios outros aspectos.

— Se nós j* não esti$&ssemos perdidos — disse +anc) —, eu e Scrapp) #amosfugir.

— 'u ueria ue minha mãe esti$esse aui — declarou :oll).

— 'la est* no c&u, uerida. ocê sabe disso.

— C, eu sei ue "eus a le$ou. :as ele tem a mãe dele e podia de$ol$er aminha.

— 'u e o (ones) podemos ir cortar lenha, Rebecca=

— 7odem sim, Santee. :as não $ão longe. Não uero ue se percam.

— :as nós j* estamos perdidosB

— Nada disso. 9s homens ue estão nos procurando sabem ue estamos aui.

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— Não sabem, não. 'les de$em & pensar ue estamos mortos.

9 modo como o garoto fala$a da$a a sensa!ão de ue para ele não fa%iadiferen!a se não fossem resgatados e passassem o resto das $idas ali.

— 8em, não estamos mortos nem $amos estar. 7are de falar assim. ', agora,$ão procurar lenhaB

— 'sse creme dental & bem gostoso — declarou Nicholas.

Rebecca mante$e as crian!as menores ao seu lado o uanto p?de. :as a lu% dosol as atra#a para fora. ' uando sa#ram ueriam era brincar, o ue significa$a bolas ebonecos de ne$e.

7arnell fi%era uma fogueira em umas pedras perto da margem do lago. Apesar de não uerer a companhia dele, a mulher preferia ficar perto do fogo.

Stillman esta$a se costas para ela, consciente de sua presen!a, mas tinhadecidido ue Rebecca & uem de$ia uebrar o silêncio. 'la o olha$a pensando ue,

apesar de tudo, seu medo diminu#ra. 9 ue significa$a ue come!a$a a confiar nele. 'tal$e% at& esti$esse se interessando por auele homem, por mais absurda ue fosse aid&ia. 5inha de ficar lembrando a si mesma ue se encontra$am juntos por mero acasoe ue a $ontade de se ligar a ele era apenas natural.

:as, e essa estranha sensa!ão na boca do est?mago=, pensou ela. 9ra, isso &fomeB

— ocê acha ue eles $irão hoje= — perguntou, incapa% de manter o silêncio.— 9s a$iEes de resgate=

7arnell $oltou0se e olhou0a, sentindo sua determina!ão se es$air. 9s olhos damulher eram grandes e o frio fi%era suas faces ficarem $ermelhas. 5e$e uma sensa!ãoestranha no $entre e sabia ue auilo não tinha nada a $er com a fome.

— ocê acha ue nós $amos morrer, não acha= — insistiu ela.

— Não, não acho. ' pode não ha$er a$iEes. Is $e%es tudo & feito por computador.

— 9 uê=

— Se o '25 esti$er funcionando, eles fa%em as leituras, calculam latitude,

longitude, e depois mandam uma euipe por terra.— 7or terra= :as como= ' uanto tempo isso pode le$ar= 7arnell, nós estamos

famintosB

'le não dei-ou de notar o uso de seu nome. ' gostou disso. 7ara esconder opra%er ue sentia, olhou para cima.

— 7ode le$ar alguns dias, por&m & mais eficiente.

— ' uanto às ra!Ees ue estão no a$ião= ' o gelo= ocê $erificou= AgFentaseu peso=

— Ainda não. 5al$e% à noite.

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9 rosto de Rebecca empalideceu. 'la parecia muito peuena e fr*gil, parada alicom ne$e pelos joelhos. Stillman não conseguiu se conter. oi at& ela e a abra!ou.

Rebecca soltou o peso contra o homem, enterrando o rosto no casaco dele.

— 1alculo ue $ocê est* com pena de mim de no$o.

— 8em, não — afirmou ele. — Não e-atamente.— 'ntão, o ue sente=

— "iabos, eu não sei. Acho ue & se-o.

'la se afastou com um empurrão.

— :as $ocê perguntouB — reclamou ele. — 9 ue eu de$ia di%er=

— Nada.

— "rogaB ocê fica bra$a com ualuer coisinhaB Seu eu fosse casado com

$ocê, pediria di$órcio. a% um homem uerer issoB 'u preciso de coopera!ão, não deum pa$io curtoB

— ue coisa terr#$el de se di%erB 'u não afastei meu maridoB 'le fugiu. 1asoude no$o e j* tra#a a segunda esposa depois de seis meses.

— Aposto ue ela era igual%inha a $ocêB

— 'iB ue golpe bai-o. :as era e-atamente o ue eu espera$a de algu&m doseu tipoB

— ' ual & o meu tipo=

— 7omposo, sem considera!ão, $a%io.

— C ób$io ue $ocê só est* olhando a superf#cie. Sou bem mais ue isso.

— :ais /disso/, $ocê uis di%er. ' pode saber ue estamos terminadosB

— 5erminados= ' uando come!amos=

— 9ra, não banue o ingênuoB

— 'u não disse nadaB "isse alguma coisa=

— 2inguagem corporal & muito e-pressi$a.

9 rosto dele se transformou. 9s ossos ao redor dos olhos pareceram maisproeminentes.

— ocê me usou uando eu esta$a dormindoB

 A acusa!ão mentirosa dei-ou Rebecca sem fala.

— 'i, $amos l*B — prosseguiu ele. — oi seu melhor golpe.

— Seu maldito gauche! 

— 7u-aB Não sei o ue isso uer di%er.

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— 4m sujeito sem nenhum tatoB 4m... um grosseirãoB

— 9paB 'ssa foi boa. 8oa mesmoB

— 'u posso $er atra$&s de $ocê, 7arnell — disse ela, olhando0o de alto a bai-o.

Stillman obser$ou o sorriso de Rebecca. 9lhar para aueles l*bios carnudos lhe

deu $ontade de beij*0la.— 9 ue isso uer di%er=

— Nada.

'le ponderou se de$ia usar a tal linguagem corporal. Seu est?mago do#a.

', de ualuer modo, pensou o piloto, o ue & ue ela sabe sobre homens= 9pai foi um bêbado e o marido um mulherengo. Não saberia notar um bom homem,mesmo se ca#sse em cima delaB 'la $ê atra$&s de mimB Só porue minha sensualidadese agitou um pouco, não perco a cabe!aB ' $ou dar um jeito nessa mulherB

Nesse momento (ones) saiu da floresta, correndo, e escorregou pela inclina!ãoat& perto deles.

— 'i, RebeccaB 1apitãoB 'ncontramos uma casaB

Capítulo 7

— 'stamos sal$osB — e-clamou a mo!a.

— Não fiue tão certa — ad$ertiu 7arnell. — 7ousamos praticamente na$aranda da casa. ocê $iu algu&m $ir $er o ue tinha acontecido=

— Não seja tão pessimistaB Sempre ue acontece algo de bom $ocê d* um jeitode estragar tudoB

— ' o ue aconteceu de bom at& agora= ocê est* falando em eu ter perdido oa$ião= 9u do mergulho na *gua gelada= A fome= 'ncontrar $ocê=

— Só pensa em $ocê mesmoB

— Não & $erdade. Sou respons*$el por $ocês todos.

— 4ma responsabilidade ue $ocê não precisa assumirB

— Não h* pecado nenhum nisso. 'u gosto...

— Não uero ou$ir isso — afirmou ela, dando a mão para (ones) e subindo aencosta, onde Santee os chama$a.

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— 'u só ia di%er ue gosto de pa% e tranFilidade — disse 7arnell, paraningu&m.

:oll) se agarrou na manga dele.

— ocê me carrega at& l* em cima=

— Não. ' me solte.— Se $ocê não me le$ar, eu $ou berrar e chorar. ou di%er pra Rebecca ue

$ocê bateu em mim.

— Não se atre$a, sua coisinha de nadaB

2ogo depois ele chega$a ao alto, com a garotinha, sorridente, nos ombros.

er os dois dauela maneira diminuiu a rai$a de Rebecca.

— 4ma casaB — e-clamou ela uando Stillman a alcan!ou. — 9h, espero ue l*tenha caf&B

— 'spero ue tenha algu&m ue possa nos di%er onde fica a estrada maispró-ima.

Na $erdade ele não espera$a nada dauilo. 'ra poss#$el ue ti$esse pousado oa$ião numa reser$a florestal e a casa seria algum tipo de posto de guarda. Nesse caso,teria muitos cobertores e comida. Se fosse assim, poderia dei-ar Rebecca e ascrian!as ali e sair atr*s de ajuda.

' estariam todos sal$os. A id&ia o alegra$a muito.

Santee, (ones) e +anc) seguiam na frente, dei-ando pegadas na ne$e. Subirama encosta e, depois de andar bastante, Rebecca parou, cansada.

— Ainda est* longe=

— Não, & ali atr*s dauelas pedras — apontou Santee.

2* chegando, todos pararam.

7arnell colocou :oll) no chão e se apro-imou de Rebecca.

— 8em, acho ue não $ai encontrar caf& ali — disse ele, obser$ando a peuenacabana ue parecia muito $elha.

— Não tem mais porta, nem parte do telhado — informou (ones), agitado —,mas Santee e eu podemos consertar.

— 8em, $amos l* dar uma olhada — disse 7arnell.

 As crian!as correram na frente.

— 7u-a, eu esta$a com tanta esperan!a... — lamentou Rebecca.

9 piloto hesitou. 1onsidera$a sua responsabilidade manter o moral ele$ado.:as não sabia o ue fa%er. "epois de um instante, passou o bra!o pelos ombros dela.

— 7odemos achar algo 3til, e esse barraco me parece bem melhor ue nossoabrigo.

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— 7u-a, uanto otimismo assim de repenteB

9s dois come!aram a andar e ele se surpreendeu ao $er ue Rebecca nãorepelia seu bra!o. <sso significa$a ue ela come!a$a a gostar dele. ', nesse caso... Afastou a id&ia e tirou o bra!o do ombro dela.

— C uma $elha cabana de ca!a. Aposto ue precisaram de uma d3%ia de mulas

para tra%er o material e constru#0la...Rebecca percebeu a mudan!a na $o% dele e notou ue 7arnell luta$a contra o

ue sentia. 'la tamb&m. 1omo poderia se apai-onar por um homem ue declararadetestar mulheres e crian!as= 5al id&ia de$ia ser causada pela fome e pelo medo. :asainda assim seu desejo era ue algo de bom acontecesse.

7arnell tocou em seu bra!o.

— ocê não ou$iu uma pala$ra do ue eu disse.

— 'u... eu esta$a sonhando com um caf&.

— A$isei pra $ocê não se animar...

 Al&m do fogão à lenha na primeira sala, ha$ia uma lareira no peueno uarto,ue tinha beliches em duas paredes. (unto ao fogão ha$ia uma prateleira com latas$a%ias, uma panela de ferro, um garfo com dentes tortos. ' uma mesa com uma pernafaltando.

— ue bagun!a — disse Rebecca. — ' h* um cheiro estranho.

— A senhora uer $er a outra casa ue temos para alugar=

— :uito go%adoB— 8em, podemos mesmo consertar o teto. ' $amos nos mudar para c*. >oje à

noite $ai esfriar, eu estou sentindo.

— ' eu gostaria muito de comer alguma coisa — lembrou (ones).

— :as para ue $ir para c*= — Rebecca indagou. — amos embora hoje ou nom*-imo amanhã. ' o trabalho...

— eja, não tenho a menor id&ia de uando seremos encontrados. 7ode ser hoje, pode ser daui a uma semana. Al&m disso, se eu ti$er de sair daui para procurar 

ajuda, $ou me sentir melhor se $ocês esti$erem num lugar mais protegido do ueauele abrigo fr*gil.

— Sair daui= Não. ocê não pode nos dei-arB ' se morrer= 9u for ferido=

— ocê se importa=

— Se me importo com $ocê= C claro ue sim. 1om todos nós.

Stillman não gostou da resposta. 'ra gen&rica demais.

— :as ontem $ocê disse ue me acha$a agrad*$el e...

— Não, não disse. 'u não disse issoB

— "isse, simB

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— ocê entendeu errado.

— 'st* brincando demais comigo, mo!aB

— Sobre$i$er a uma ueda de a$ião e estar perdida num lugar sel$agem & umabrincadeira=

— Agora, parece ue uer brigar. Não entendo. 'st*$amos indo bem...— uando=

— 'sue!a. :as eu comando o grupo. amos mudar para c*.

— 1erto, $ocê manda.

— :uito bem. 'ntão, esfregue o con$&s.

— 'sfregar o uê=

— 9 con$&s. 1omo nos barcos. uer di%er; limpe tudo.

— ocê & terr#$elB ' eu sou mais ue uma dona de casa.

— C mesmo= uer pro$ar o ue est* di%endo=

— 7ois não, capitão Stillman. 2ogo depois do ch*.

— "roga. Não se pode nem fa%er uma piada com $ocê= eja, eu sou o chefe,por isso tenho de di%er a 3ltima pala$ra.

— 5* bem, então diga.

'le não tinha nada a di%er. 'sta$a concentrado mais uma $e% nos l*bios dela.'ram mara$ilhosos. ' pareciam cada $e% mais distantes.

— 'sue!a.

— Seu problema & ue pensa ue uma mulher tem de cair de joelhos uando$ocê abre a boca.

— Não acredito no ue estou ou$indoB — afirmou ele, enuanto sa#a da cabanaà procura de Santee e (ones).

Nunca se sentira tão ner$oso como nauele momento. 5al$e% porue fa%ia anos

ue não passa$a tanto tempo junto com uma mulher. ' fica$a sonhando, imaginando0se fa%endo amor com ela. 5entou afastar a id&ia.

Nicholas contornou o lado da cabana e colidiu com ele.

— 'i, garoto, $eja aonde $ai.

— Não posso.

— 9h, me desculpe.

— 5udo bem. 'stou come!ando a me acostumar com a cabana. "e ue lado

estamos=— 2este.

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— 'ntão a porta fica a norte=

— <sso.

— ' o banheiro=

— ica a $inte e cinco passos encosta abai-o em diagonal a partir do canto

esuerdo da cabana.— 'ntendido.

— amos, eu le$o $ocê.

— Não — disse o garoto, afastando0se dele. — ou so%inho.

— 8ancando o independente, hein=

— 8ancando não, eu tenho de ser independente.

Nicholas foi at& o canto da casa e come!ou a contar os passos. 7arnell esperou

at& ue ele entrasse no banheiro, admirando o garoto. "iabosB, pensou ele, agora at&os garotos estão me atraindoB 'ntão, foi procurar as outras crian!as.

'nuanto a noite se apro-ima$a, Rebecca imagina$a, não pela primeira $e%,como as mulheres dos desbra$adores do pa#s teriam feito para se $irar em taiscircunstDncias. Não lamenta$a tanto a falta de eletricidade e *gua encanada, mas simdas peuenas coisas, como $assouras, p*s de li-o e papel higiênico.

4m galho peueno foi utili%ado para tirar as antigas teias de aranhas dos cantos,

depois ue o fogão foi aceso e as crian!as se amontoaram diante dele. Santee saiucom Stillman para buscar mais lenha.

' iam precisar. 9 fogo mal auecia a sala e as nu$ens ha$iam encoberto o sol.Sem d3$ida ia ne$ar. :as o trabalho os fe% esuecer ue tinham fome. (* esta$aescuro uando os dois retornaram. 7arnell fechou a abertura da porta com uma s&riede peuenos troncos de cedro, ue conferiam um cheiro agrad*$el ao lugar.

— imos um $eado — disse Santee. — 9 capitão disse ue tal$e% possa mat*0lo com um tiro.

— :atar um $eado= — disse a mo!a, não gostando da id&ia.

— 'le parecia $elho, mas não precisa se preocupar. Sou melhor piloto ueatirador — sossegou0a o capitão.

— ' o gelo= (* cobriu o lago=

— Sim, mas ainda não est* sólido. 1reio ue $ou tentar ir at& o a$ião daui aumas horas.

— :as est* escuroB

— 'u sei... 7odemos fa%er uma fogueira na margem...

9 piloto sabia ue se o gelo uebrasse estaria perdido. :as tamb&m sabia uetodos eles esta$am ficando fracos por causa da fome. As crian!as esta$am perdendo a

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cor, como ele obser$ou olhando para as menores, ue j* dormiam num dos beliches junto da lareira.

7reocupada, Rebecca perguntou;

— ocê tem certe%a de ue h* comida no a$ião=

— Sim. >* tabletes de leite maltado, pasta de bacon, caf& instantDneo...— 1af&= :esmo=

:oll) tossiu e Rebecca colocou a mão em sua testa.

— 'la est* ficando com febre.

— :antenha0a auecida e seca. 7rincipalmente os p&s. "i%endo isso, elelembrou ue seus p&s tamb&m esta$am molhados.

' considerou ue teria de pedir suas meias, ue esta$am com a mo!a, paratentar chegar ao a$ião. ' nauele momento lamentou não a ter dei-ado cuidar de seusmachucados pela manhã. Sentia muitas dores agora.

Rebecca fe% os mais $elhos se deitarem. Santee reclamou, at& ue ela lhe disseue o chamaria na hora de tentar a tra$essia do lago. echou a porta do uarto e$oltou para a sala. 7arnell se cur$a$a para desamarrar as botas e notou ue ele sentiador nos p&s. <sso foi decisi$o. Reconheceu ue esta$a ficando apai-onada por umsujeito c#nico, ue ainda sofria por causa de um casamento terminado ha$ia muito. :assabia ue, caso se tornasse meiga de repente, ele a rejeitaria. 9 3nico jeito era manter a l#ngua afiada at& peg*0lo com a defesa bai-a. ' um desses momentos ha$iachegado. 7ensou depressa, aruitetando o plano de ataue.

— "ei-e0me ajudar $ocê — disse ela, se apro-imando.

— 7ode não ser uma $isão das melhores — a$isou ele, sem for!as para recusar.

— 'u sei. Ajudei os meninos a secarem as meias e sapatos de tarde —comentou ela. :as uando $iu os p&s dele, ue por estarem sem meia encontra$am0secompletamente a%uis, ela não agFentou; — Seu malucoB Não de$ia bancar o heróiB

7egando a camiseta ue $irara pano de chão, ela molhou0a na *gua auecidano fogão e come!ou a la$ar e massagear os p&s do piloto.

— <sso & embara!oso — disse ele, sentindo tamb&m ue era muito erótico.

uando a sensibilidade $oltou aos p&s enregelados, ele soltou um gemidoin$olunt*rio. A primeira rea!ão de Rebecca foi um olhar duro, mas então ela rela-ou,considerando ue precisa$a usar toda chance para $encer a resistência dele. Suasmãos subiram dos p&s para a barriga da perna.

— :elhor=

— 7u-a, isso & mara$ilhoso. 5al$e% fosse melhor $ocê parar.

— 7or ue não tira a jaueta e se deita de bru!os=

— 7ra uê=

— 7ara ue eu fa!a massagem nos seus ombros e pesco!o.

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— ' por ue $ocê uer fa%er isso=

— 9h, só para passar o tempo, para me distrair da fome.

1onsiderando ue auilo poderia lhe fa%er bem, ele se deitou e logo depoisesta$a mordendo a l#ngua para se impedir de emitir e-clama!Ees de pra%er. Rebeccaesta$a tão perto ue ele sentia sua respira!ão no pesco!o. Sentindo a e-cita!ão

crescer, ele for!ou0se a lembrar uais eram os efeitos do amor; fa% $ocê se abrir para arejei!ão, sem falar na domina!ão. ' uanto mais se ama, mais tais coisas ferem. :asentão... drogaB 9 ue ela esta$a fa%endo= 8eijando sua orelha=

— 'iB — protestou ele. — 7are... com... isso...

7ara Rebecca, o protesto pareceu mais um pedido para continuar. Sua l#nguatocou a orelha dele.

— ocê não gosta=

— @osto, mas...

— Mas o uê=

— 'stou ficando e-citado. 4ma certa parte de mim est* a ponto de e-plodir.

— 5udo bem.

7arnell $irou0se um pouco, apreciando a imagem da mulher iluminada em tom$ermelho pelo fogo. 9lhando rapidamente para o resto da cabana, constatou ue ospeuenos b*rbaros esta$am dormindo. 2ogo agora ue ele não precisa$a de confusãoB

— 'scute — disse bai-inho —, não acho ue sua proposta seja &tica. Não

nessas circunstDncias.— 'u não estou propondo nada —0 Rebecca falou, fingindo inocência. — :e

dei-e le$ar...

— Sei... $ocê esta$a era me estimulando...

— Não esta$a não — defendeu0se, ficando $ermelha.

— Nada disso. Sei perceber muito bem.

— 8em, $ocê tem de admitir ue tem um corpo bonito. Aposto ue j*

e-perimentou muitas coisas...— 8om, às $e%es... :as $ocê não esta$a uerendo me conuistar=

— Ah, não. 1laro ue não. 'sta$a apenas admirando $ocê.

— 'ntão tudo bem — disse ele, com o ego inflado. — ' $ocê tamb&m não &nada m*.

(* con$encida de ue auele era o homem certo para ela, Rebecca decidiu ueprecisa$a dei-ar nele uma tal impressão ue uando $oltassem para 8oise, 7arnell nãodei-aria de pensar nela.

— 8em, obrigada — agradeceu, come!ando a tirar as botas. — Acho ueprecisamos descansar um pouco, não &=

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7arnell relutou em concordar. Se ela deitasse do seu lado, não iria conseguir secontrolar.

— ocê não est* pensando em tirar a roupa, não &=

— 9 ue h* com $ocê, 7arnell= ou só secar suas meiasB ocê $ai precisar delas no lago. 'u tenho outras de n*ilon, ue posso usar.

— 1erto, eu só uero dormir um pouco.

— 5* bem. ou deitar com :oll), assim ela fica mais auecida. ocê me chamana hora de ir testar o gelo=

— 7ode dei-ar.

Rebecca foi para o uarto e se ajeitou da maneira mais confort*$el poss#$el, nat*bua dura do beliche, junto com a menina. Sabia ue tinha chamado a aten!ão dele eisso era bem mais do ue espera$a. :as na $erdade seria isso ue ueria, mesmo=Sob pressão, com medo, a gente pode fa%er coisas estranhas. Não seria esse o caso=

icou pensando em 7arnell, at& ue adormeceu, sem mais prestar aten!ão nos ru#dosesuisitos produ%idos por seu est?mago $a%io.

"eitado de lado, com a cabe!a apoiada no bra!o, Stillman tenta$a encontrar ummoti$o para o comportamento de Rebecca. :as não conseguiu. Só sabia de umacoisa; mulheres são os seres mais estranhos jamais in$entados por "eus. Nummomento odeiam $ocê, depois...

Só para passar o tempo, tentou imaginar como seria a sua $ida ao lado de umamulher como Rebecca. :as nenhuma imagem surgiu. A id&ia era tão estranha, tãodistante da realidade, tão assustadora, ue sua mente permaneceu em branco.

'ntão, decidiu ue o melhor era ficar de olhos bem abertos. ualuer mulher ue chama$a sua aten!ão com algo mais ue a $ontade de passar um curto per#odo juntos, sem d3$ida tinha alguma outra coisa em mente.

'specialmente se essa mulher se chamasse Rebecca >ollisB

Capítulo 8

1ome!ara a ne$ar e não ha$ia lua. 7arnell anda$a na frente, cur$ado para seproteger do $ento, e Rebecca mal conseguia $er sua silhueta. Santee era o 3ltimo dafila.

1hegando à margem do lago, o piloto rea$i$ou a fogueira nas pedras, mas ocalor das chamas era todo carregado pelo $ento. Rebecca ficou sacudindo os bra!os epulando para tentar se auecer.

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— 'stou congelandoB — e-clamou ela, tremendo.

— 'u a$isei. olte para a cabana.

— Não, eu $ou ficar.

— ocê não precisa ser corajosa a ponto de morrer.

— 'u não ia agFentar o ner$osismo, se ficasse na cabana.

— ' eu estou ficando acostumado com essa preocupa!ão toda — comentou ele,com um sorriso. — 8em, acho ue est* na hora de testar o gelo.

— 'u $ou com $ocê.

— Nada disso, Rebecca. ' se o gelo não resistir=

— "ois terão uma chance melhor. 7odemos ajudar um ao outro.

— Sim, mas se nós dois nos afogarmos, as crian!as não terão nenhuma

chance.

— 'ntão, $amos esperar at& clarear. Não morreremos de fome se ficarmos maisalgumas horas sem comer. 'stamos nos acostumando.

— A tempestade est* piorando, Rebecca — lembrou ele, considerando ue seficasse mais um pouco sem comer, isso o dei-aria enfrauecido demais. — 'u $ou.

— 'spereB — gritou ela.

— 'sperar o uê=

Rebecca se adiantou e abra!ou0o.

— 8oa sorte.

7arnell apertou0a ao peito por algum tempo, pensando ue era ótimo ter algu&mue se preocupasse com ele.

— ou estar bem. ai le$ar só $inte minutos.

Rebecca e Santee o acompanharam com a $ista durante parte do trajeto sobre ogelo. ' logo depois Stillman esta$a fora de $ista, encoberto pela ne$e ue ca#a. Ambosretornaram para perto da fogueira.

 A tempestade piora$a e depois de meia hora os dois tremiam muito, com osdentes batendo.

— 7u-a, por ue ele ainda não $oltou= — Rebecca esta$a aflita.

— Acho melhor fa%er outra fogueira — disse Santee. — Assim sentamos entreas duas.

Não foi o frio em si ue fe% com ue demorassem para juntar a lenha, mas afome. Rebecca tinha a impressão de ue podia sentir o sangue correndo mais$agarosamente nas $eias.

Se eu mal consigo me mo$er, pensou ela, como estar* 7arnell=

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Stillman soltou a respira!ão contida. 5udo bem; o gelo resistia.

9 nari% do a$ião fora h* muito coberto pela ne$e. 8ranco contra branco, eradif#cil de $er. 9 piloto conseguiu encontrar a asa e seguiu0a para chegar ao corpo doaparelho.

4m cheiro indefinido $inha do interior, mas ele não o identificou. 'sta$a maispreocupado em distinguir as formas na escuridão, lamentando não ter uma lanterna.

9 gerador de emergênciaB 5ateando at& a cabine, ele sentiu os botEes do painelcom dedos enregelados. As lu%es se acenderam. Sentou0se por um momento napoltrona de pilotagem, sentindo ue era como $oltar para casa. 5estou o r*dio, ue nãofuncionou. 'ntão, as lu%es come!aram a piscar e diminu#ram de intensidade, por issoele se apressou em procurar a comida.

Num dos assentos de passageiros, $iu um par de lu$as e a garrafa t&rmica. Anotou o local, planejando peg*0las na $olta.

9s sacos de correspondência encontra$am0se jogados uns sobre os outros e osde bai-o esta$am solidamente presos no gelo, encobrindo a parte de bai-o da porta doarm*rio onde esta$a o bote com a comida. 2e$aria horas para remo$er os sacos e ogelo. 2embrando ue Rebecca e Santee esta$am no meio da tempestade, ue piora$aa cada instante, ele abriu os arm*rios do alto. 'ncontrou papel higiênico, sabonetes,uma cha$e de fenda e um $idro de tabletes de sal. Nada de comida. :as achoutamb&m sua sacola de $iagem, conseguindo roupas limpas e sua esco$a de dentes.'nfiou tudo na sacola, retornou à cabine, desligou o gerador au-iliar e esta$a à porta,pensando se de$ia ou não fech*0la uando reconheceu o cheiro.

'le tocou e balan!ou o bra!o de Rebecca. 'la não respondeu.

— RebeccaB — gritou, sacudindo0a.

— :e dei-e em pa%B

— 9 ue $ocê est* tentando fa%er= Se matar= amos, le$anteB

— 'stou com sono.

— ocê não de$ia ter se dei-ado dormirBora mais f*cil acordar Santee, tal$e% porue era mais jo$em e o corpo reagisse

mais depressa.

— ocês de$iam ter mantido um ao outro acordados, cuidando do fogoB

— Nós não uer#amos dormir. 5entamos só nos auecer.

7arnell descobriu0se em pDnico. Se Rebecca morresse... 'le tirou a ne$e dorosto da mo!a e obrigou0a a se le$antar.

— 'u estou com fome — gemeu ela.

— 'u sei. amos, ajudo $ocê a andar. Santee, pegue auela cai-a.

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'ra dif#cil caminhar contra o $ento. 7arnell disse alguns dos piores pala$rEesue sabia e com isso conseguiu alguma rea!ão da mo!a, ue come!ou a mo$er aspernas. 2e$aram uase uma hora para chegar à base das pedras, e ali Santee caiu.Stillman le$ou Rebecca para a cabana, dei-ando0a junto ao fogo, e $oltou para buscar o menino.

Retornando à cabana, ele colocou os galhos para fechar a entrada, sabendo

ue a tempestade acumularia ne$e por todos os lados, isolando0os do mundo do ladode fora.

Rebecca acordou de repente.

— 9 ue hou$e=

:oll) sentou0se ao lado dela e falou em seu ou$ido.

— 9 capitão est* furioso. 'le est* tentando arrumar o fogão. 'u uero ficar 

perto de $ocê.

— urioso= 1om uem=

— Ah, então $ocê resol$eu finalmente acordarB — e-clamou o piloto.

— 'u... bem... — balbuciou Rebecca, lembrando0se do ue acontecera junto aolago. — 'u de$o...

— "e$e uma o$aB ocê dormiu no meio de uma tempestade. <sso & completafalta de sensoB Achei ue ti$esse morridoB

— ' Santee=— 'st* bem. 'u & ue estou mal. iuei de bab* e... drogaB ocê $ai come!ar a

chorar de no$oB — e-clamou ele, ajoelhando0se diante da mulher. — 'u poderia bater em $ocê durante horas. ocê me assustou demaisB

:oll) se afastou, sabendo ue o melhor lugar era auele onde o capitão nãoesti$esse.

— 7arnell...

— Não me olhe desse jeitoB

— 'u... eu sinto muito...

— Ainda bemB Não se pode ignorar os elementos. Se uer fingir, pelas crian!as,ue isto & um passeio, tudo bem. :as o perigo & real. 4m mo$imento em falso e $amostodos congelar at& a morte. Não se esue!a disso.

— Não me esuecerei.

— "rogaB — e-clamou ele, se afastando rapidamente antes ue cometessealguma loucura, como cobri0la de beijos.

Rebecca considerou ue era bom mesmo 7arnell ter se afastado, ou então teriase pendurado no pesco!o dele.

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— ocê conseguiu pegar as ra!Ees=

— Não, mas encontrei algumas ma!ãs. Algu&m tinha en$iado uma cai-a delaspara @uam. 1omemos duas cada um.

— NãoB — disse ela e, sem conseguir e$itar, come!ou a chorar.

— "rogaB 'u sabiaB — comentou 7arnell, indo at& o fogão onde dei-ara agarrafa t&rmica em banho0maria para degelar. — Se as ma!ãs causaram esse efeito,fico só imaginando o ue isso aui far*B

"i%endo isso ele ser$iu o caf& para Rebecca.

— 9brigada — disse ela, pegando a tampa da garrafa com mãos trêmulas.

+anc) le$ou duas ma!ãs para ela. Seguindo as recomenda!Ees do piloto,mastigou de$agar e recusou uando 7arnell sugeriu ue comesse uma terceira.

— 7u-a, sinto como se ti$esse comido um $erdadeiro banuete... 7arnell, $ocê

sal$ou minha $ida. A de todos nós, mais uma $e%.— 'u esta$a tamb&m sal$ando o meu pesco!o — disse ele, com mod&stia,

lembrando0se do momento em ue encontrara a mo!a enrodilhada sobre si mesma,congelando...

4ma emo!ão muito forte o dominou e ele considerou ue então o ue sentia por ela era mais do ue simples anseio de se-o.

:as somos completos estranhos um para o outro, pensou. uando isto acabar,$amos cada um para seu lado, e eu seria um idiota se esperasse ue ela fi%esse outracoisa.

— 8em, eu esta$a consertando o fogão e creio ue & melhor terminar — disseele, subitamente distante. — Ah, sim, e uanto a sal$ar sua $ida, agora estamosempatados.

Rebecca ficou surpresa com a transforma!ão s3bita e, relutante, dei-ou0o ir.

 A tempestade durou três dias. 9 $ento %unia nos cantos da cabana, fa%endo umbarulho constante.

7ara triste%a de Rebecca, 7arnell continua$a a se manter a distDncia. Semsaber o ue tinha feito para causar auela rea!ão, tentou $*rias $e%es pu-ar con$ersa,mas tudo o ue conseguiu foram respostas muito bem0educadas.

uando a tempestade diminu#a, ele sa#a so%inho para recolher lenha.

7recisa$am comer algo uente e Rebecca co%inhou algumas ma!ãs, fa%endoum caldo, ue eles tomaram na tampa da garrafa e nas latas ue encontraram nacabana.

4saram os sabonetes tra%idos por 7arnell para se manterem relati$amentelimpos, o ue ajudou a passar o tempo.

 As crian!as pediam ue o piloto lhes contasse histórias sobre a$iEes. A princ#pioele narrou acontecimentos sem muita gra!a, mas logo Stillman se $iu descre$endo

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como um a$ião & catapultado de um porta0a$iEes ou os perigos de $oar num furacão.'m pouco tempo, os meninos olha$am para ele como um herói, fa%endo0o considerar muito boa essa sensa!ão no$a, ue uase o dei-ou de bom humor.

 I certa altura, Rebecca $iu0o olhando para ela e tentou se apro-imar, mas ele sele$antou e foi ajudar Santee, ue tenta$a melhorar o remendo no telhado.

 A cada $e% ue se apro-ima$a, 7arnell encontra$a algum moti$o para se afastar.' era tão educado ue não ha$ia d3$idas de ue se comporta$a assim de propósito.

Rebecca considerou a possibilidade de usar o material de mauilagem ue tinhana sacola, mas calculou ue isso ficaria ób$io demais. 'la tamb&m gosta$a dashistórias ue o piloto conta$a e nota$a, com orgulho, como ele respondia com pra%er às perguntas das crian!as. :as se ela fi%esse uma pergunta, 7arnell não respondia, oue a for!a$a a ficar uieta ou então ele se manteria em silêncio, pri$ando as crian!asdas histórias.

Na terceira noite de tempestade, o $ento parou e o s3bito silêncio a fe% acordar.

1omo de h*bito, prestou aten!ão na respira!ão de :oll), ue j* esta$a uase boa.Ningu&m mais acordara. 9s meninos compartilha$am dois beliches, para dei-ar umpara o piloto e outro para ela e :oll).

7orue considera$a a coisa certa a fa%er, e pelo aspecto de normalidade uecria$a, ela insistira ue todos usassem os pijamas para dormir. 9s casacos eramusados como cobertores. ', apesar da condi!ão primiti$a, a cabana era chamada de/lar/.

1riando coragem, le$antou0se e foi colocar mais madeira no fogo. oi entãofa%er o mesmo com o fogão, na outra sala. :anter os fogos acesos era a segundatarefa mais dif#cil, perdendo apenas para a de conser$ar as crian!as limpas.

oltando para o beliche, sentou0se com as costas na parede, as pernasdobradas sob o corpo e o uei-o apoiado nos joelhos. icou imaginando se o mundo l*fora j* os da$a como mortos ou se continua$am as buscas. Sentiu uma pontada defome, mas des$iou a aten!ão, pensando ue tinha grande $ontade de tomar um bombanho.

7arnell esta$a desperto. 1urioso com a mo$imenta!ão de Rebecca, ele secolocou em posi!ão para obser$*0la.

(* não usa$a as roupas dela como tra$esseiro. :as o cheiro continua$a em suamemória. ', apesar do desejo se-ual, a id&ia de ue esta$a apai-onado por auelamulher não dei-a$a sua mente. 'nuanto isso, obser$a$a0a me-er na sacola, depois ir para o outro c?modo, sem nenhum ru#do. ' então te$e uma boa $isão das pernas dela,iluminadas pela lu% do fogo. 8elas pernas.

7ouco depois ou$iu barulho de *gua. 'le se le$antou, uerendo $er o ueesta$a acontecendo. "ecidiu não falar com Rebecca, calculando ue ela nãocompreenderia ue o ue o mo$ia era simples curiosidade. A porta do forno do $elhofogão esta$a aberta, e por ali sa#a lu%. 'la dei-a$a a *gua escorrer sobre o corpo,usando uma latinha. 7arnell inspirou rapidamente e sem uerer murmurou o nomedela.

Rebecca não se $oltou, mas seu cora!ão se acelerou.

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— 'stou tomando banho. Não ueria acordar $ocê.

— ocê não me acordou — afirmou ele, sentindo ue seu desejo por ela crescia.— 'u não conseguia dormir.

— C mesmo= — comentou Rebecca, desejando ue ele desse algum ind#cio deue a deseja$a, enuanto procura$a, tateando, o pijama ue dei-ara ao lado.

— ocê & lindaB — disse 7arnell, percebendo ue não eram as pala$ras certas,sabendo ue ou fa%ia o ue tinha $ontade de fa%er ou sa#a da cabana. 'ntão, deu doispassos e colocou a mão sobre a dela. — Não se $ista...

Nauele instante a tensão entre eles era praticamente tang#$el. Rebecca sentiaa emo!ão como se fosse a calmaria antes da tempestade. A po!a de *gua ue fi%erano chão esta$a come!ando a ficar fria, mas ela mal notou. 'm $e% disso tocou o rostode 7arnell com a ponta dos dedos. 9s l*bios esta$am mornos e 3midos, a barba, agorabastante crescida, lhe causou uma sensa!ão de pra%er.

7arnell ergueu a mão e tocou os cabelos dela.

— 'u uero $ocê. 'stou uerendo $ocê j* fa% tempo. ', a menos ue $* para ouarto, isso $ai acontecer.

Rebecca não se mo$eu.

9s segundos passaram, marcados apenas pela respira!ão dos dois. uando,por fim, ela sentiu ue Stillman encosta$a seu corpo ao dela, esta$a prestes a gritar."ominou0se.

— 4m instante — pediu ele, indo ao uarto e retornando com seu casaco eoutras roupas, ue estendeu no chão ao lado do fogão. — "eite0se aui — murmuroue ajudou0a a deitar.

— 5al$e% nós... — sussurrou ela. — ' se uma das crian!as acordar=

'le estendeu a mão e tocou0lhe o rosto.

— 'les estão dormindo profundamente. 'u $erifiuei. amos, se enrole nessasroupas. Não uero ue fiue gelada.

— 'u não estou nem um pouco gelada. 7elo contr*rioB

9 n#$el do desejo ue a toma$a era assustador. 9 se-o comanda$a seu corpo.

 A princ#pio, 7arnell apenas pensou em abra!*0la e em seus corpos se tocarem.<sso era tudo ue importa$a. 2entamente, ele passou a l#ngua pelos l*bios de Rebecca,sentindo seu membro enrijecido e uente de encontro à co-a c*lida, macia. 'la pensouem beij*0lo, mas não ainda, não nauele momento. 'ntão, as mãos fortes delecome!aram a e-plorar0lhe o corpo. 7arnell acariciou0lhe os seios e ualuer tipo depensamento abandonou a mente de Rebecca.

 A e-cita!ão crescia. Apesar de ter sido casada, ela não conhecera nada assim.Nunca antes sentira o sangue correndo nas $eias, o cora!ão acelerado dauele modo.

'le a penetrou. Rebecca ergueu os uadris, uerendo senti0lo inteiro dentro desi, e come!aram a se mo$er no mesmo ritmo. 'ntão, pelos mo$imentosdescoordenados dele, percebeu ue esta$a chegando ao cl#ma- muito depressa.

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"o lado de fora, uma rajada de $ento %uniu. 7arecia o som de uma catarata adistDncia. Rebecca reparou ue o barulho era dentro de sua cabe!a, pulsante.

— 7arnell... — murmurou ela, entre gemidos.

'la acelerou os mo$imentos. ' juntos conseguiram alcan!ar o m*-imo do pra%er  jamais imaginado.

 A sensa!ão de se descobrir apai-onado era demais para Stillman.

— ocê me sedu%iu — acusou o piloto, de repente.

9 tom de $o% era tão triste ue Rebecca percebeu ue le$aria algum tempo at&ue ele se acostumasse com o ue esta$a sentindo. 7arnell luta$a contra o destino eainda não descobrira ue não poderia ganhar auela luta.

— @o%ado, não &= 7or ue só agora $ocê est* reclamando=

— Não podemos dei-ar isso ir mais longe. ocê de$e saber; sou um co$ardeB

— >* co$ardes e co$ardes — comentou ela, com um sorriso.

— ' tamb&m não sou bom em jogos de pala$ras. 5udo ue sei fa%er & $oar.

— Sim, $ocê sem d3$ida me fe% ir muito alto.

— 'u fi%= uer di%er, e da#=

— "a#, nada. Não precisamos fa%er isso de no$o.

 A mão de Rebecca esta$a no peito dele e foi descendo, descendo, at& acariciar a parte interna da co-a de Stillman.

— 8om, então est* bem — disse 7arnell, com a garganta apertada.

— Al&m disso, foi só um acontecimento circunstancial. Somos adultos. 1reio uea tensão de estarmos perdidos e a fome nos atingiu — disse ela, enuanto passa$a aacarici*0lo. — Agora acho ue & melhor eu terminar de la$ar o cabelo. "etesto uandofica duro por causa do -ampu.

 Antes ue ele pudesse fa%er algo mais al&m de emitir um gemido, ela seafastou, abriu a porta do fogão e colocou mais uma acha de lenha no fogo.

7arnell sentou0se. Seu se-o do#a, esperando pela continua!ão das car#cias ueela come!ara. "eseja$a0a de no$o. :as como poderia admitir isso=

— 5em mais *gua uente, se $ocê uiser tomar banho. C só ficar parado aui.5em uma rachadura no chão, por onde a *gua escorre.

'ntão, ela $estiu o paletó do pijama e passou a en-ugar o cabelo com umacamiseta.

— ocê est* me pro$ocando — acusou ele, sentindo ue não conseguia mais

controlar o desejo.— Nada dissoB 'stou apenas respeitando sua $ontade.

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9 barulho do machadinho uebrando o gelo ecoa$a pelo a$ião.

— 'sse barulho machuca o meu ou$ido — reclamou :oll). — 'u uero ir fa%er um boneco de ne$e.

Rebecca concordou e ficou olhando enuanto a menina caminha$a com suasbotas correti$as pelo gelo, chegando à margem.

9 $ento tirara a ne$e solta de cima do gelo, ue refletia a lu% do sol. 9s garotosmenores tira$am a ne$e de cima do S9S. Santee esta$a na floresta colocando duasarmadilhas para coelhos. 9 contraste entre as risadas dos garotos na margem e ohumor de Stillman era e$idente. Não era de impressionar o fato de :oll) uerer escapar dali. "esde ue tinha acordado, 7arnell e-ibia o olhar de algu&m ue sofrerauma grande injusti!a e não sabia uem culpar por sua desgra!a.

 A /S#ndrome da :anhã Seguinte/, pensou Rebecca. 'u só não sabia ue umhomem tamb&m podia sofrer disso.

ê0lo uebrar o gelo a fe% perceber por ue as roupas fica$am tão desajeitadasnele. 7arnell trabalha$a com todos os m3sculos, fa%endo a malha se enrolar no corpo,a camisa sair de dentro da cal!a.

9 pobre%inho est* at& com olheiras, pensou ela.

— "o ue & ue $ocê est* rindo, Rebecca=

— 'stou feli%. :e sinto mara$ilhosaB ocê não=

'la est* e-ultanteB, pensou 7arnell. (* fincou as garras em mimB

Na noite anterior, depois ue Rebecca fora para o beliche ue di$idia com :oll),

Stillman se le$antara e literalmente se arrastou at& a cama. 5inha as pernas moles.icou toda a noite pensando ue ela dominara sua mente de um modo ue nãoconseguira fa%er igual. 9 ue aconteceu entre eles ficou preso na imagina!ão de7arnell, fa%endo0o imaginar ue poderia $i$er para sempre com ela.

— ocê de$ia estar pegando a correspondência e não ficar por a#, rindo.

— 1erto — concordou Rebecca, mantendo o sorriso. — ' se ningu&m $ier buscar os sacos=

— ocê não conhece os inspetores do correio. ualuer coisa ue ti$er um selo

grudado acham ue & propriedade deles.— Ser* ue pode ter mais comida nessas cai-as a#=

— Se ficarmos sem comida de no$o eu $enho $er. :as dei-e0me di%er umacoisa; $ou tentar sair daui, a p&, assim ue puder.

— NãoB

— Sim, eu $ou.

— ocê não pode nos dei-ar so%inhosB

— ou procurar ajuda. 'stamos aui h* seis dias. Não, sete. ocê não percebe='les pararam de procurar. "e$em imaginar ue não conseguimos sobre$i$er àtempestade. ' de$em achar at& ue não sobre$i$emos nem mesmo à ueda do a$ião.

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— :as $ocê disse...

— Agora estou di%endo outra coisa.

— C de mim ue $ocê est* fugindo. C de mim ue uer escapar.

7arnell não conseguiu pronunciar as pala$ras necess*rias para negar auela

$erdade. Rebecca parecia fa%er parte dele, apesar de ser irracional acreditar ueauela rela!ão pudesse continuar uando $oltassem para 8oise.

— ou garantir ue $ocês fiuem com muita comida e lenha antes de ir.

— :as se ti$ermos bastante comida e lenha podemos todos sobre$i$er auidurante muito tempoB

— 'u tenho uma empresa para cuidar, Rebecca. Somos prisioneiros aui, nãodesbra$adores. >* uma diferen!a.

— A diferen!a & ue $ocê fe% amor comigo. ' agora gostaria de não ter feitoB

— 'u me dei-ei le$ar. Se $ocê não ti$esse andado nua por a#, isso não teriaacontecido. :as hoje pela manhã eu me lembrei por ue não posso gostar de $ocê. Amar destrói um homem.

Rebecca não sabia se de$ia rir ou chorar.

— ocê era um sujeito acabado uando o conheci. ' ainda &. a%er amor não omudou, em nadaB

— C $erdade. ' $ejo /auela/ e-pressão nos seus olhos. ' est* esperando achance para me mudar. :as não $ai ter essa chance.

— Acontece ue gosto de $ocê e-atamente como &.

— (* ou$i essa história antes.

— 'stou apai-onada por $ocê.

7arnell ficou p*lido e Rebecca percebeu ue cru%ara uma fronteira ue ele aindanão esta$a pronto para reconhecer.

— No entanto — prosseguiu ela —, isso & problema meu. ' eu lido com ele. 9spsicólogos sem d3$ida e-plicariam isso com grande facilidade. omos apro-imados por 

uma situa!ão incomum, sem nenhuma pri$acidade... :as $ou logo a$isando, eu nãosou um peueno trope!o ue $ocê $ai conseguir esuecer.

— oi lu-3ria, pura e simples. Apenas isso.

— "ê o nome ue uiser. 'nergia se-ual, lu-3ria ou o ue for. Nós doisgostamos.

— 5enho de uebrar este gelo.

"i%endo isso ele se $irou, mas antes de recome!ar o trabalho olhou0a. 'laparecia mais desconsolada do ue ele.

— ', se $ai come!ar a chorar — disse ele —, $ou a$isando; te dou uma surraB

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— ' por ue eu iria chorar= Não tenho por ue chorar, a não ser ue estar perdida numa floresta, no in$erno, com um completo idiota, seja moti$o para chorar.ou $er como estão as crian!as.

 A# est*, pensou ele, olhando sem $er para o gelo. 'la não me ama de $erdade.'ntão percebeu ue Rebecca, %angada, esta$a fa%endo uso de alguns adjeti$os poucogentis para classific*0lo.

— 7essoas apai-onadas não ficam brigando — lembrou ele.

— uantos anos $ocê tem, 7arnell=

— 5rinta e no$e...

— <ncr#$elB

>a$ia um olhar de compreensão nela ue fe% Stillman sentir ue de algum mododestru#ra suas próprias defesas. :as não sabia como. 'ntão, pegou a garrafa deu#sue do bolso de tr*s e tomou um gole.

— 7ronto — murmurou, desanimado. — 'u sabiaB 'la j* est* me fa%endo beberB

Rebecca chegou a abrir a boca para protestar, mas então imaginou ue a bebidapoderia diminuir o impacto da $erdade.

— Amantes podem sem d3$ida brigar, discutir, se separar e come!ar de no$o.Sua id&ia de amar e ser amado & uma ilusão. As grandes pai-Ees não são como lemosnos li$ros.

— Nisso $ocê est* certa. 'las sempre destroem os homens.

— ocê tem de aprender muito, 7arnell. Amor & o sentimento m*-imo dos sereshumanos. ' $ocê age como se fosse uma afli!ão terr#$el.

— Não estou interessado nessas tolas teorias femininas. Se um homem seinteressa por uma mulher, a primeira coisa ue ela fa% & dissecar cada pala$ra dele.

— C assim ue $ocê designa um pouco de aten!ão= 8em, creio ue não podemesmo $er as coisas de outro modo e conser$ar a imagem ue fa% de si mesmo.

'le se $oltou e desceu o machado no gelo.

Rebecca se afastou, ponderando como ele desconsidera$a detalhes

importantes, tal como o fato de ue o se-o entre eles era ótimo. :as não ha$iae-atamente o ue se chama de total identifica!ão mental. Não. alar em /batalha/ seriamais adeuado.

8em, pensou ela, se eu tentar $er as coisas mais do jeito dele, tal$e%...

(* esta$a a meio caminho da margem uando parou e $oltou para o a$ião.

— amos, me dê essa garrafa — pediu ela, estendendo a mão.

— Nada disso. Não temos 2ei Seca por aui, $ocê sabe.

— 'u uero tomar um gole.— C mesmo= ' eu sou o piloto particular do presidente.

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— C $erdade. 'u uero. uero $er o ue $ai acontecer com minha mente.

— Nesse caso... — concordou ele, destampando a garrafa e entregando0a paraRebecca. — Sou a fa$or de ualuer iniciati$a para desen$ol$er a mente feminina.

 A bebida ueimou ao descer0lhe pela garganta.

— 9... obrigada.— "e nada. (* sentiu alguma melhora=

— Algumas — disse ela, sentindo os olhos lacrimejarem. — A principal & umaclare%a na mente. Agora $ejo as coisas muuuuito mais claras. ocê & desagrad*$el,insens#$el, egocêntrico. ' se apro$eitou de mim.

— 'u sabia ue ia terminar assimB 7or "eus, eu sabiaB <sso não passou dedesperd#cio de bom u#sue.

Rebecca olhou para ele por um instante e depois saiu do a$ião. oi para a

margem, onde :oll) e Nicholas fa%iam um boneco de ne$e, e seguiu com eles para acabana.

 As ra!Ees encontradas continham coisas mara$ilhosas, indo de talheres a umafrigideira.

Rebecca preparou uma $erdadeira festa.

>a$ia leite em pó, caf& em pó e tubos de pasta de bacon. 5inha pacotes dea!3car, sal, chocolate amargo e doce, fatias de carne0seca, tabletes de malte e $*rias

latas sem rótulo ue ela dei-ou para descobrir o ue eram depois. >a$ia apenas uatrocopinhos. 7or isso ela toma$a seu caf& com leite na tampa da garrafa t&rmica.

7arnell usa$a uma das latinhas. "esde a discussão ele esta$a silencioso,enuanto ela parecia muito alegre, at& ria.

Rebecca le$ou0lhe um prato e se sentou ao lado dele para comer.

— Não precisa sentar em cima de mim — reclamou o piloto.

— Se eu ti$esse sentada em cima de $ocê — comentou ela, com um sorriso —,não estaria interessado na comida.

— Não & educado uma mulher ficar se gabando de suas proe%as se-uais —protestou ele, perturbado com a lembran!a e$ocada pelo coment*rio dela.

 Apesar de ter o rosto uente e $ermelho, assim como esta$am outras partes deseu corpo, Rebecca sorriu mais e falou num sussurro;

— ocê est* di%endo ue tudo bem falar sobre se-o enuanto fa%emos, masantes ou depois não pode=

— Só certos tipos de mulheres falam...

— ' ual & esse tipo=— ocê sabe.

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— Não, não sei. 5al$e% $ocê possa me e-plicar, depois ue as crian!asdormirem.

5oda a prudência de Stillman não foi suficiente para impedir ue respondesse.

— 'st* bem.

1ada bocado de comida era saboreado ao m*-imo pelas crian!as.— 1reio ue essa & a primeira refei!ão na nossa própria casa — comentou

(ones).

— 'sta não & nossa casa, (ones) — lembrou Rebecca. — 'stamos apenasemprestando essa cabana.

— Nós j* decidimos — informou Nicholas. — ueremos ficar aui.

— Sim — concordou +anc). — Scrapp) gosta daui. 'le tem muito espa!o paragalopar.

— ocê pode ir buscar a Abigail, não pode Rebecca= — disse :oll). — 'la$inha para c* e tudo ia ser perfeito. 'la não ia precisar mais se preocupar comdinheiro.

— 'stou orgulhosa de $ocês — disse a mo!a, olhando para as crian!as, muitos&rias. — 'stão enfrentando a ad$ersidade muito melhor do ue eu imagina$a uefariam. :as nós temos de $oltar.

— 7or ue temos de $oltar= — uestionou Santee. — Nenhum de nós uer $oltar. 7odemos ficar aui. 7odemos conseguir li$ros e estudar so%inhos. 7odemos$i$er da terra. Sei ue podemos. Aposto ue amanhã ha$er* coelhos nas minhas

armadilhas. ' o $eado continua por perto. i pegadas dele de no$o.

— ' eu estou me $irando muito bem — disse Nicholas orgulhoso. — (* conhe!oo caminho da cabana at& o lago.

— ' eu não molhei a cama nem uma $e% desde ue chegamos — lembrou:oll).

Rebecca olhou para 7arnell, pedindo ajuda, mas ele ficou ali sentado, fingindoser in$is#$el. Apenas ergueu sua latinha um pouco, como num brinde.

Sim, ótimoB, pensou a mo!a. Sou a 3nica aui a conser$ar algum senso. 'leespera ue um romance seja um mar de rosas e, agora, as crian!as estão $i$endo umconto de fadasB

— 'scutem, todos $ocês. amos $oltar para 8oise. Se não formos resgatados,então $amos ter de dar um jeito de $oltar so%inhos. 9 capitão Stillman est* planejandoir procurar ajuda. ' nós $amos com ele.

— Não, $ocês não $ão — contestou o piloto.

— ocê não pode nos impedir de irB amos seguir $ocê.

— 'u não $ou a lugar nenhum antes de o 7apai Noel chegar — afirmou :oll).— Se ficarmos andando por a#, $ai saber onde ele deixa os meus presentesB Santeedisse ue se ele não en-ergar o S9S, os anEes dele $ão $er.

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— amos estar de $olta a 8oise no Natal — garantiu Rebecca. — ' $amos ficar todos juntos. 'ntramos nisso juntos e $amos sair juntos.

— Nós gostamos daui — insistiu Santee, tristonho.

— 5al$e% a gente possa $oltar depois — tentou Rebecca.

— Não podemos — disse (ones). — 'les não dei-am órfãos fa%erem reuniEes."epois ue formos separados, acabou0se.

No orfanato, Rebecca era a principal encarregada de uase tudo, mas na$erdade ela não era uma assistente social licenciada e sim apenas uma ajudante.'stando nauele esuema h* mais tempo, as crian!as sabiam mais da mecDnica doprocesso ue ela.

— Nessas circunstDncias, considerando tudo pelo ue $ocês passaram, essaregra não se aplica.

— uantos dias faltam para o Natal= — uis saber :oll).

Rebecca olhou para 7arnell.

— 1inco — disse ele, pegando o rolo de mapas e cartas topogr*ficas.

— 7ensem em como Abigail de$e estar triste — arriscou Rebecca, juntando ospratos. — Não & legal da nossa parte em rela!ão a ela ficar aui um minuto al&m doue for preciso. <maginem como o Natal dela ser* triste sem a gente.

— 'la esta$a mandando a gente para encontrar no$os pais, porue tem de seli$rar de nós. 'la não tem mais dinheiro para nos sustentar.

— <sso não uer di%er ue ela não ame $ocês.— Ningu&m ama a gente — garantiu (ones).

— 'u amo — Rebecca afirmou.

— ocê recebe um sal*rio para isso — rebateu Santee.

— Não, não recebo. Não se pode p?r um pre!o no amor.

— 8em, se $ocê nos ama — obser$ou :oll), com o dedo na boca —, $ai dei-ar ue a gente fiue aui at& o 7apai Noel chegar.

Rebecca largou os pratos e pegou a menina no colo.

— 'u amo $ocê. Se um dia eu ti$er uma filha, uero ue ela seja e-atamentecomo $ocê. 9u tal$e% eu prefira ue ela não seja tão emburrada.

— ocê uer uma filha manca=

— 4m dia suas pernas $ão ficar boas.

— ocê $ai dei-ar ela chupar o dedo=

— 1reio ue sim.

— 'la $ai ter de tomar cuidado. Não & muito bom ser a filhinha de algu&m. "euspode le$ar a mãe da gente para o c&u — disse a menina, triste.

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Rebecca notou ue sua dor de cabe!a esta$a $oltando. "isse;

— "eus sempre cuida de todo mundo ue $ai para perto dele. C um bom lugar para se ficar. '-istem lugares ue não são bons...

ue desculpa mais esfarrapada, pensou ela, sentindo0se en$ergonhada.

— Sim — concordou a menina. — ' um deles & onde não est* o 7apai Noel.

 A mesa de três pernas agora tinha uatro, de tamanhos diferentes. 7arnellcortara todos os p&s pelo meio e usara uma das metades como a uarta perna,fa%endo a mesa ficar digna de um restaurante chinês. :as era uma superf#cieadeuada para abrir os mapas. As crian!as reuniram0se a sua $olta e o pilotodescobriu0se pensando em $o% alta, por causa de Nicholas. 9s outros seguiam semproblemas o trajeto ue fa%ia com o dedo no mapa.

— 9nde & ue nós estamos= — perguntou Santee.

— 'm algum lugar por aui, acima de uarenta graus de latitude e cento e $integraus de longitude.

<sso significa$a pelo menos trinta uil?metros da estrada mais pró-ima, emterreno montanhoso, floresta, ne$e.

— 1omo $ocê sabe ue estamos mesmo a#=

— Não sei — confessou ele, fa%endo o dedo descer pelas Sierras Ne$adas at& o"esolation alle).

Não, não podemos estar aui, pensou ele. C muito para o sul.— ' como $ocê sabe em ue dire!ão andar=

— Se eu for para sudoeste, acabo chegando a uma estrada. Norte me fariaentrar mais na floresta.

— Norte & onde eu ueria estar.

7arnell se concentrou nos olhos escuros de Santee.

— Nem mesmo pense nisso. uero ue $ocê fiue com Rebecca at& eu tra%er 

ajuda. 'la não iria conseguir sem $ocê.— Não uero $oltar. Abigail não pode mais ficar com a gente. ' eu fugi tantas

$e%es ue $ão me mandar para um reformatório.

— 8em, Santee, chegou a hora de parar de fugir. 'i, uando sairmos dessa, eute ajudo, tal$e% at& te ensine a $oar. Sempre pensei em montar um negócio depul$eri%a!ão de colheitas, e $ocê pode me ajudar.

— ' depois=

— "epois, eu não sei. Ningu&m pode predi%er o futuro.

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— 'u posso — disse Rebeca, le$ando :oll) para a cama. — No futuro pró-imo,todos $ão dormir, menos os adultos. ' o futuro distante & ue nós todos $amos ficar  juntos, aui ou indo embora.

— Rapa%es, eu cuido disso — garantiu 7arnell.

— Não $ejo como — disse (ones). — Rebecca acha ue ela & o chefe.

— Não seja bobo — contestou +anc). — Se o capitão di% ue $ai cuidar disso,então ele $ai mesmo.

— ou arrumar outra coisa para ela pensar — resmungou 7arnell, os m3sculosda face tensos sob a barba crescida.

Rebecca não tinha nenhuma inten!ão de debater ualuer coisa com o pilotoenuanto as crian!as esti$essem acordadas. Só uma hora depois esta$a pronta paradar a ele a oportunidade de /arrumar outra coisa para ela pensar/.

'nuanto esfrega$a os pratos com ne$e, à porta, ela percebia ue o piloto a

obser$a$a.

7arnell esta$a cada $e% mais impaciente. Rebecca la$ou o rosto, esco$ou osdentes, p?s ne$e para derreter e depois pegou seu peueno estojo para manicure esentou0se, come!ando por li-ar as unhas destro!adas.

7ara ele o barulho era o mesmo de um gi% raspando numa lousa.

— ocê precisa fa%er isso=

— :inhas unhas estão horr#$eis.

— 'st* me dei-ando malucoB9 desejo dele era de brigar, mas a e-pressão no rosto de Rebecca era de

inocência. 9u uase. 7arnell bai-ou os olhos e uando os ergueu de no$o ela o olha$a.'le temeu ue Rebecca fosse capa% de compreender inteiramente o ue se passa$aem sua mente. 'la colocou a li-a e o estojo de lado.

— 1erto. 'ntão, continue com a sua demonstra!ão de hero#smo. C isso ue$ocê uer=

— 'u só esta$a distraindo as crian!as.

— 1omo $ocês, homens, são indiferentes...

— Não sei do ue est* me acusando agora, mas, se uer brigar, então eu topoB

— @rite mais um pouco. As crian!as ainda não acordaram.

— 'u $ou procurar ajuda e $ocê não $ai juntoB

— Só para ser bem0educada, eu $ou ou$ir seus moti$os.

— So%inho posso ir mais depressa. ' $ocê sem d3$ida percebeu a ne$e. 'st*em camadas, e & esse o tipo ue causa a$alanches. uem sabe ual ser* o tamanho

das montanhas ue terei de subir... A menina não iria conseguir.

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— ocê pode ir fa%endo marcas pelo caminho e nós $amos seguindo, maisatr*s...

— C imposs#$el con$encer $ocê seja do ue forB

— 'u só acho ue de$emos ficar juntos. ' temos de estar em 8oise antes doNatal.

— 9 ue & o Natal= Só mais um dia, como os outros.

— ocê me fa% lembrar os meninos. 'les fa%em assim, fingem ue o Natal nãoe-iste. :as $ocê precisa$a $er as carinhas deles na manhã de Natal, abrindo ospresentes. ' a ansiedade antes de descobrir o ue h* nos pacotesB

— Não, isso não & comigo.

— Ah, eu acho ue &, sim. ocê uer essas coisas, mas tem medo de nãoconseguir.

— <sso & loucura.— :e conte, como foi ue ficou órfão=

— 1omo muitos outros garotos. :eu pai morreu na @uerra da 1or&ia, minhamãe continuou... seguindo as tropas, por assim di%er. 4m dia ela foi e me dei-ou paratr*s.

— uantos anos $ocê tinha=

— 5re%e.

— 2amento — disse ela, apoiando a mão no joelho de 7arnell.— Não lamente. 'u me ajeitei.

— 1omo=

— 1a# na estrada. Nauela &poca era mais f*cil. Sempre ha$ia grupos dehippies numa comunidade, ou algo assim, para ajudar a gente. 5io >enr) ficou comigodois anos depois. 'le me ensinou a $oar. 7ul$eri%amos montes de planta!Ees efi%emos alguns shoMs a&reos. 'u ueria mais ue isso e me alistei na :arinha uandotinha de%essete anos. Sa# depois de outros $inte. ' a# não tinha para onde ir, a não ser procurar o tio >enr) de no$o. 'le morreu e largou e a empresa de transportes a&reos

nas minhas mãos.

— 2argou= ocê adora esse trabalho.

— Agora ela & propriedade dos credores.

 A mão de Rebecca permanecia no joelho do piloto.

— ocê pode sair dessa, se uiser mesmoB

— Ah, claro ue ueroB — confirmou 7arnell.

' uero muito mais ue auele aeroporto, pensou olhando para a mão da mo!a.'ntão, ergueu a dele e colocou0a sobre a dela.

9 brilho no olhar de Rebecca indica$a ue sabia algo incri$elmente satisfatório.

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— ' se formos bater um papo na outra sala= — sugeriu ela.

— Sim, claro. 7or ue não=

Capítulo 10

4m dos itens mais 3teis encontrados no arm*rio do a$ião foi o cobertor t&rmico.7arnell o ha$ia pendurado no meio do uarto, a fim de conser$ar o calor do local. 9utracoisa importante eram os cobertores de lã. 'ram suficientes para cobrir as crian!as,sobrando um para ele e outro para Rebecca. Nauela noite, fi%eram uma confort*$elcama com os cobertores no chão do ue chama$am de sala. A porta do forno do fogãodei-ada aberta fornecia uma luminosidade suficiente para se en-ergarem.

— ocê fica bem de barba — disse ela, acariciando0lhe o rosto.

— "rogaB 8arba não ser$e para nada.

— ' estou $endo ue h* alguns pêlos brancos. ocê não & daueles sujeitosue se incomodam em en$elhecer, &= Acho ue um homem com têmporas brancas ficamuito distinto.

'le passou as mãos pelas costas nuas da mo!a. 'sta$a mara$ilhado com ocorpo de Rebecca, fascinado com o modo pelo ual se encai-a$a no dele. <nclinou0separa beij*0la na testa, murmurando;

— ocê me enlouuece, Rebecca. Acaba comigo. Não consigo nem saber uemfoi ue come!ou isto. oi $ocê=

— Acho ue foi uma combina!ão — respondeu ela, beijando0o.

— 4ma combustão, & o ue $ocê uis di%er. ' me beijando desse jeito, tudo ue$ai conseguir & me fa%er come!ar de no$o.

— C mesmo= ' se eu fi%er isso='ntão, ela tocou com a l#ngua o peito de Stillman.

— 'iB

— uieto. ocê tamb&m fe% isso comigo.

— :as... a#, & diferente...

 A id&ia de ter tais est#mulos, dia após dia, esta$a se solidificando na mente dele.ica$a imaginando como ela não seria numa cama de $erdade, com pri$acidade...

 A boca ardente de Rebecca desli%ou e 7arnell sentiu a l#ngua passar pelascostelas. A mão ue en$ol$ia seu pesco!o soltou0se, indo agir sua$emente entre suaspernas. 'le come!ou a gemer.

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— Acho ue isso & o necess*rio para tra%er $ocê de $olta, 7arnell.

— "e $olta=

— ocê não esta$a aui. :eu jeito de fa%er amor o aborrece=

— Se me aborrece= ocê & a coisa mais e-citante ue jamais me aconteceuB

— 'ntão, no ue esta$a pensando=

— 'sta$a me perguntando uanto tempo eu ainda conseguiria agFentar.

— 8em, eu gostaria de agFentar tudo ue $ocê uisesse me dar.

— ' se me desse inteira a $ocê=

9 est?mago do piloto emitiu um sinal de alarme, contraindo0se. Auilo era umauestão de dois n#$eis. 7referia cortar a l#ngua a admitir amar. Assim ueregressassem à ci$ili%a!ão, ela $oltaria para sua $ida doce e ele para suas m*uinascheias de óleo. ' o ue lhe aconteceria= 2* estaria, com o cora!ão partido. ' le$ariameses para controlar a sensualidade de no$o.

— 'ntão= :e res...

'le a fe% calar0se, pu-ando0a para si e beijando0a com pai-ão. Sentindo ouanto ele esta$a ansioso, Rebecca ondulou o corpo, desli%ando sobre os m3sculostensos dele e se fe% possuir. 9fegante, 7arnell imobili%ou0se.

— Algo errado= — perguntou ela.

— Nada.

— Nós $amos sempre nos lembrar disto, não &=

— 'u não conseguiria $i$er o suficiente para esuecer.

— 'u amo $ocê.

— 'u... eu... esta$a pensando nos meus machucados nos joelhos e coto$elos...

'le parecia inseguro e $ulner*$el. Rebecca riu, e o som de sua risada, bai-inha,misturou0se ao crepitar do fogo.

— C mesmo= 1oitadinho... Seu corpo realmente sofre mais... uer parar= —

perguntou, marota, fingindo se le$antar.

— Não brinue assimB

'la contraiu os m3sculos, sentindo a resposta dele dentro de si, então se cur$oue beijou0lhe a orelha.

— ocê & tão forte... ' eu o uero tanto, 7arnellB

— 7are. iue parada.

— :as eu te uero tanto... ' se eu fi%er assim?

— 9h, "eus — e-clamou ele, e suas costas aruearam.

— omos feitos um para o outro. ocê sabe disso, não sabe, uerido=

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— 'u não sei nada. Não consigo pensar.

— 5al$e% fosse melhor se eu o dei-asse dormir...

— Se $ocê sair da# eu uebro todos os seus ossos.

— 'u não sou uma pessoa $iolenta.

— uer ficar uieta=

— :as eu pensei ue $ocê uisesse con$ersarB

— 9 ue eu uero & isto — disse ele.

' ele girou o corpo, le$ando0a consigo, fa%endo0a ficar por bai-o. 5udo o maisdesapareceu, a não ser o amor intenso, doce e ao mesmo tempo desesperado ue osunia.

Rebecca despertou lentamente. 9 cheiro de caf& espalha$a0se pelo ar. 7or umbre$e instante ela achou ue esta$a no orfanato, imaginou ue ou$ia as crian!asbrincando l* em bai-o, na grande co%inha da casa de fa%enda. <maginou ue ou$ia Abigail repreendendo um dos meninos, ensinando bons modos à mesa. 'ntão sentiu adure%a do beliche. :as o cheiro de caf& permanecia e a cabana esta$a em silêncio.uieta demais. 'rguendo a cabe!a, percebeu ue se encontra$a so%inha.

est#u0se, r*pida, e ainda punha o casaco uando saiu. 'ra f*cil perceber aspegadas de :oll) na ne$e, indo para o banheiro.

— :oll)= — chamou, batendo na porta do banheiro.

— im aui so%inhaB — respondeu a menina, orgulhosa.

— 9nde estão os outros=

— Não sei. :as eles não me dei-aram ir junto.

— 9 ue o capitão disse para $ocê=

— 'le disse para eu ficar com $ocê, at& ue acordasse.

— ' então=

— 'ntão, eu uis $ir ao banheiro.

— >* uanto tempo eles sa#ram=

— Não sei. ocê $ai me dar caf&, agora=

— Num minuto. 'u ajudo $ocê a $oltar para a cabana. Se os garotosaparecerem, diga ue & para esperarem at& eu $oltar.

— 'u não uero ficar so%inha. 4m urso pode $ir me pegar.

— 5odos os ursos estão dormindo.

— 9 Santee disse ue só as mamães0urso dormem todo o in$erno.

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— 8em, Santee não & um grande especialista em ursos. Agora, eu preciso ir encontrar o capitão — disse ela, preocupada com a possibilidade de ele ter ido embora.

2e$ou a menina para a cabana e $oltou para a porta.

— 4m urso $ai $ir me pegar, eu $ou morrer e $ocê $ai se sentir culpada.Rebecca resol$eu tomar um gole de caf& para rebater a ansiedade ue come!a$a a

sentir.— 'u só $ou at& o lago e $olto j* — assegurou a mo!a.

 A caminhada foi in3til. Não ha$ia ningu&m l*. A porta do a$ião esta$a fechada eela não conseguiu abri0la. ' o S9S continua$a brilhando solit*rio na ne$e.

uando $oltou à cabana, os garotos esta$am l*. Só falta$a Santee.

— eja, RebeccaB — e-ultou (ones), mostrando a carca!a de um coelho sem apele no chão. — Santee de$e ter pego esse coelho na armadilha.

— 9nde ele est*= ' o capitão= 'les foram embora, não foram= ' nos dei-aramaui= — indagou ela, dei-ando0se le$ar pelos ner$os.

— Santee disse ue não ia $oltar. ocê $ai ter de encontrar ele primeiro.

— ' o capitão= 9 ue ele disse=

— ue & melhor a gente obedecer $ocê ou ele arranca nossas peles — disse(ones), encostando a ponta da bota no coelho. — C assim ue a gente fica sem apele=

— 'le disse ue $ai le$ar Scrapp) para a f*brica de sabão se eu não for 

bon%inho — informou +anc).— ' ue não tinha nada contra chicotear um menino cego — completou

Nicholas.

Rebecca imaginou o piloto alinhando as crian!as e fa%endo amea!as, com carade mau, depois indo embora e dei-ando0a com as conseFências. A essa altura elede$ia estar rindo muito disso.

— ocê sabe como co%inhar um coelho= — uis saber (ones), preocupado coma fome.

— Não — respondeu ela, pensando furiosamente no ue fa%er.

— 'le tem prote#nas. ' $ocê disse ue nós precisamos de prote#nasB — insistiuo menino.

— 'u ueria saber o ue o Santee fe% com a pele — disse Nicholas.

— Acho ue ele $ai fa%er um casaco — arriscou +anc).

— 7ra um casaco precisa de mais ue uma pele, est3pidoB

— 7arem com issoB — ordenou Rebecca, obser$ando ue o coelho tinha feito

:oll) fugir para a cama, com o dedão na boca. — Ltimos pioneiros $ocês iriam darBNós $amos co%inhar esse coelhoB ' ele $ai ficar ótimo, $ão $er.

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— Nos filmes de caubói eles sempre colocam o coelho em cima da fogueira,enfiado num espeto e...

— 8em, nós não estamos num filme de caubóis. 'stamos só perdidos. 'stamosperdidos e $amos permanecer perdidos. Nós $amos morrerB — gritou ela, fora de si,não acreditando ue auela $o% hist&rica, descontrolada, era a sua.

'ntão, sem conseguir se conter, chorou. Alarmados, os garotos se afastaram e:oll) cobriu o rosto. A custo ela parou de chorar e disse, tentando acalmar as crian!as;

— 'i, não prestem aten!ão no ue eu disse... C ue só estou com medo. Nãosei como encontrar o Santee. ' estou bra$a com o capitão por ter ido sem a gente.

— 'le $ai $oltar — garantiu Nicholas. — 'le gosta da gente.

— 'spero ue goste mesmo... — suspirou +anc).

7or meia d3%ia de $e%es ela saiu para obser$ar os arredores da cabana,procurando encontrar Santee e chegou a ir at& o $elho abrigo, imaginando ue ele

poderia estar l*. :as a ne$e ao redor não tinha pegada alguma. 'ntão, disse a simesma ue ele $oltaria uando escurecesse. "o lado de tr*s da cabana encontroupegadas ue iam para o sul, e pelo tamanho eram de 7arnell.

Sentia falta do piloto. Sentia ue algo muito importante fora separado de si.icou ali olhando as pegadas at& ue não as $isse mais por causa da escuridão.'sta$a apreensi$a, mas não se permitiu pensar ue tinha medo por Stillman. 'le de$iaestar bem. Sabia se cuidar. Afinal, fora treinado na :arinha. A apreensão era por simesma e pelas crian!as.

 Abra!ando a si mesma, parada ali sem saber o ue fa%er, só sentia falta dos

bra!os de 7arnell apertando0a.5ire a gente daui, todos $i$os, pensou ela, falando com "eus, e juro ue nunca

mais $ou reclamar, pelo menos não com ocê. uando eu encontrar 7arnell Stillman,de no$o, $ou cuidar dele so%inhaB

— Nós $amos ficar bem — disse ela, $oltando para dentro da cabana.

— ' o Santee=

— 'le tamb&m $ai ficar bem. C esperto. 7ode se cuidar. ' tenho certe%a de ueaparece a ualuer hora, sabe ue estamos preocupados com ele.

— ' o capitão=

Rebecca testou o coelho com o garfo.

— 9 capitão= 'le & o sujeito mais est3pido ue eu conhe!oB ' $ou di%er isso aele na primeira chanceB

 A primeira chance aconteceu uando ela esta$a e-aminando o coelho de no$o.7arnell entrou cabana adentro, tra%endo pelo bra!o um Santee ue não tinha nada dealegre.

— 'sse & o agradecimento ue consigoB 7rometi ajudar esse garoto, ensin*0lo a$oarB 'le me deu sua pala$ra de ue não ia fugir. ' fui encontr*0lo do outro lado dolago.

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9 garoto e-ultou com isso e acabou con$encendo 7arnell de ue perdera a horafa%endo a armadilha para o $eado.

"epois ue as crian!as foram para a cama, o piloto $oltou a estudar os mapas,desenhando o melhor trajeto para sair dali, mas Rebecca percebeu ue ele fica$auase todo o tempo olhando para ela.

'sta$a impressionada com o modo ca$alheiresco com ue ele a trata$a agora.:as continua$a bra$a.

— amos, fale de uma $e% — pediu 7arnell, mantendo os olhos no mapa.

— ocê uer mesmo saber=

— 'u perguntei, não foi=

— 'stou bra$a, & isso.

— C mesmo=

— ocê est* sendo condescendente.

Stillman ficou uieto.

— 'stou impressionada com sua atitude comigo e por $ocê ter passado o diafora sem me a$isar. <sso foi falta de considera!ão.

— ocê esta$a dormindo.

— 7odia ter me acordado.

— 'u tentei, mas $ocê parecia tão...

— 5ão o uê=

— r*gil, eu acho. ' não espere ue eu fiue di%endo esse tipo de coisas.

r*gil=, pensou ela. Nunca me senti assim. <sso implicaria em ue algu&mcuidasse de mim e sempre fui eu ue cuidei de mim mesma.

— iuei preocupada. Sa# para procurar $ocê.

— 'u não estou acostumado a ue se preocupem comigo.

7arnell ficou algum tempo olhando para o fogo, e Rebecca, de s3bito, te$e medodo ue ele diria a seguir. 'ntão, ele ergueu os olhos e os fi-ou nela.

— Acho ue eu conhe!o a cura para a preocupa!ão.

— C mesmo=

— ou fa%er chocolate uente para nós.

Rebecca olhou0o com alguma decep!ão.

— 7odemos tomar o chocolate l* — disse ele, apontando para a sala.

— ocê só uer se-oB — reclamou, fingindo0se ainda bra$a.

— uero fa%er algo ue alegre $ocê.

=

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— 1erto... 'u tamb&m uero ue $ocê fa!a algo ue me alegre, mas 7arnell...

— Sim=

— 'sue!a o chocolate.

2e$ou dois dias para ue a $iagem fosse preparada. 5udo ue não conseguiamcarregar foi le$ado para o a$ião e guardado. As lancheiras e sacolas foram con$ertidasem mochilas para transportar as ra!Ees. oram preparados bastEes fortes para todos.9 grande bote amarelo foi aberto na ne$e e cortado em uadrados, ue $iraramponchos. 7arnell fe% todos $estirem pelo menos duas pe!as de roupa, uma por cima daoutra. "eu suas meias no$amente para Rebecca e protegeu os p&s com uma camiseta,di$idindo0a em duas partes.

9 sol era apenas um brilho laranja no c&u uando o fogão a lenha foi alimentadopela 3ltima $e%. Stillman tomou o 3ltimo gole de caf& e olhou para Rebecca. Nãoesta$a de muito bom humor.

— 'ntão, & isso... — disse ele, desalentado.

— "e certo modo lamento ter de ir, agora ue nos acostumamos com as coisasaui... — foi o coment*rio triste de Rebecca.

Santee pendurou suas armadilhas nos pregos da parede da cabana. Não tinhapego nada nauela noite.

— 'u $ou $oltar aui um dia — disse ele.

— 'u tamb&m uero $oltar — afirmou Rebecca. — 5al$e% num $erão...

— Se $amos mesmo, então tem de ser agoraB — disse :oll). — 7reciso estar em algum lugar antes do NatalB

— 'ntão, $amosB — gritou 7arnell.

— ocê precisa gritar assim= — reclamou Rebecca, com um sorriso. — Afinal,nenhum de nós & surdo. ' $ocê, est* bem=

— Sim, sinto0me ótimo. amos.

9 piloto esta$a apreensi$o. Acha$a ue Rebecca iria $ê0lo de um modo diferente

uando $oltassem para a cidade, acha$a ue ela não iria mais uerer saber dele."urante a 3ltima noite sonhara todo o tempo com a mo!a, ue a beija$a, ue dormiam juntos. Sentiu ue ela o olha$a enuanto $erifica$a os mapas dobrados, os fósforos nobolso6 a b3ssola, o machado e o re$ól$er no cinto.

— 9 ue $ocê est* olhando=

— NadaB

— oi o ue eu pensei.

— 7or ue uer brigar logo agora=

?

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— Não, nada disso. amos, $amos embora. Santee, nós dois $amos nosre$e%ar na frente e atr*s da fila. ocê come!a na frente. ' $amos andar depressa.uero estar no alto da primeira encosta uando a noite chegar. 5odos prontos=

— 'u pare!o um boneco de ne$e com todas estas roupas — disse Rebecca. —:e sinto rid#cula.

— C, só uma mulher para se preocupar com sua aparência no meio do nada. aiagradecer pelo calor mais tarde.

'le saiu da cabana, di%endo a si mesmo ue teria de lidar com o ue $iesse aacontecer.

Rebecca percebeu ue ha$ia algo se interpondo entre eles. 1alculou ue 7arnellesta$a considerando a possibilidade de mudar de id&ia sobre ela. 'ntão, $oltou0se etocou na parede da cabana, uma parte terminada de suas $idas. :as fora ali ueencontrara algo ue sempre procurara. ' não ia dei-ar ue auilo lhe escapasse semlutar.

:oll) pegou a mão de Nicholas e enfiou o bastão na ne$e.

— 'ntão, $amos — disse a menina.

9s uil?metros iam passando à medida ue seguiam a trilha escolhida por Santee, e para Rebecca parecia ue tinham de parar a cada minuto para recuperar of?lego. uando por fim 7arnell anunciou uma parada, ela se dei-ou cair na ne$e e ficouobser$ando suas pernas, ue tremiam. Stillman se ajoelhou ao lado dela e massageou0as com $igor.

— 1omo se sente=

— 'ssa massagem & ótimaB Se hou$esse uma sauna aui...

— ocê gosta desse tipo de coisa=

— Se hou$er, & gostoso. :as $i$o bem sem isso. 7or uê=

— 7or nada. Só estou con$ersando.

— 'conomi%e seu f?lego.

uando as sobrancelhas dele se ergueram, Rebecca come!ou a sorrir, masentão decidiu não fa%ê0lo. Se 7arnell esta$a mudando de id&ia uanto a ela, podiafa%er o mesmo.

— 'u acho ue $ou me li$rar do Scrapp) — disse +anc), com um longo suspiro.— 'le & um ca$alo e não posso nem mesmo mont*0lo. 'u ueria ter um ca$alo de$erdadeB 'ntão, eu poderia andar bem depressa por essas montanhasB

— Scrapp) sempre foi um bom amigo seu — disse Rebecca, com cautela.

— 'u sei, mas ele d* muito trabalho. ' al&m disso ningu&m o $ê al&m de mim. Abigail sempre di% ue eu de$ia dei-*0lo num pasto. Se eu ficar preocupado, posso ir l*e falar com ele.

— uando $oltarmos $ocê pode con$ersar com Abigail sobre isso.

@

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— 'u uero só $er a cara dela uando nos $ir $i$osB — comentou (ones).

— Aposto ue todo mundo pensa ue estamos mortosB — disse Nicholas,alegre.

— Se 7apai Noel pensar ue eu estou morta, ele $ai dar meus presentes paraoutra meninaB

— 7apai Noel & como "eus — disse 7arnell. — 'le sempre sabe se $ocê est*$i$a ou morta.

— 7arnellB — e-ultou Rebecca. — ue coisa doce ue $ocê disseB

9 rosto do piloto ficou $ermelho./

— 'u só ueria e$itar choros. amos, todos de p&. amos continuar.

"epois de duas horas, :oll) não conseguia mais andar. Stillman passou acarreg*0la nos ombros. Ao p?r0do0sol, todos tinham os rostos e mãos ueimados pelo

$ento e as orelhas tão geladas ue só tocar nelas causa$a muita dor. 2e$ou de% horaspara subirem a encosta ue Stillman subira antes em uatro.

'ncontraram abrigo embai-o de uma pedra grande do lado sul da montanha.Não era bem uma ca$erna, mas o chão não tinha ne$e e esta$a cheio de galhos efolhas secas. >a$ia um $ago cheiro de animais.

— 4m belo abrigo para passarmos a noite — gemeu o piloto, colocando :oll)no chão.

'ntre /aaahhs/ e /oooohs/ todos se sentaram, largando a carga.

— Se eu me sentar, nunca mais me le$anto — disse Rebecca.— 'u posso fa%er uma fogueira — prop?s Santee, recolhendo os galhos.

— :eu nari% est* gelado — anunciou Nicholas.

Stillman e-aminou o nari% do menino, depois os p&s de (ones), ue reclama$amuito.

— C... — declarou ele —, $amos ter de encontrar um modo melhor de nosprotegermos do congelamento.

— :eu nari% $ai cair=— Não, não $ai não. Rebecca, $ocê pode dar uma olhada nos p&s de todos= As

bolhas podem ser tão perigosas uanto o frio.

— 'u não de$ia ter insistido para $irmos todos — lamentou ela. — 'sta$aerrada. As crian!as não $ão conseguir. C suic#dioB

— 7are com isso, mulherB A decisão foi minha e só minha. Se eu achasse ue$ocês não conseguiriam, não os teria tra%ido. 7asse auele anest&sico nos p&s detodos.

— :as $eja como estamosB— ou imaginar alguma coisa, um modo melhor de $iajarmos.

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— Algo como prender uma maca no Scrapp)= — ironi%ou Rebecca.

— 7arece ue $ocê não est* assim tão mal. Sua l#ngua continua a mesma desempreB — %angou0se o piloto.

— A l#ngua & sempre a 3ltima coisa a cairB — rebateu ela.

Stillman abriu a sacola e pegou as panelas e comida. :o$ia0se lentamente, seusombros do#am.

— Rebecca, descanse por uma hora. 'u preparo a comida.

'la ergueu uma sobrancelha, mas chamou os menores para ficarem a seu lado.9 fato de não reclamarem da dure%a das pedras torna$a e$idente o uanto esta$amcansados. Rebecca abriu o cobertor t&rmico e colocou0o sobre todos eles.

 Acordou com 7arnell sacudindo0a.

— :e dei-e dormir.

— "e jeito nenhum. 'u fi% isso uma $e% e $ocê me acordou. Agora, $* comer.

7assando pelas crian!as ue dormiam, sentindo dores em m3sculos ue nuncaantes imaginara possuir, ela foi at& a ne$e e a esfregou no rosto. 'nuanto comia,7arnell ficou olhando o fogo. Não parecia feli%.

— ocê est* preocupado, não &=

'le não a olhou, sentindo $ontade de se abrir com ela, só para $er o ue diria.ia0se com um p& no inferno e outro no para#so, sem saber para onde pular. :ascontinua$a a notar ue a cada passo ue os afasta$a da cabana Rebecca fica$a mais

e mais parecida com auelas mulheres ue fa%iam seu est?mago doer. Se conseguisseser mais direto... :as esse não era seu jeito. :esmo sabendo disso, não podia e$itar de ser atra#do por ela. Sentia isso entre as pernas, na cabe!a, no cora!ão.

— 'sta$a só pensando no a$ião.

— 'le não esta$a no seguro= 'u pensei...

— 7osso substitu#0lo, mas comprar um a$ião usado não & como ir à loja decarros usados da esuina. ' a 8oeing não fabrica mais esse tipo de a$ião. 9 ue &uma pena. Amos e eu recondicionamos auele aparelho.

>a$ia algo estranho no modo como falara. Rebecca tentou definir o ue era,mas não conseguiu.

— Sabe, estou um pouco assustada... sobre $oltar.

— 7or uê=

— Não $ai ha$er entre$istas e coisas assim=

— I essa altura j* somos not#cias antigas.

— Seja pr*tico. 1inco órfãos, uma mulher, um homem, passando duas semanas

perdidos...— Se lhe perguntarem, concentre0se no b*sico. Não mencione...

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— Não mencionar o uê=

:as ela sabia o ue Stillman ueria di%er. 'suecer a rela!ão ue ti$eram.'suecer ue tinham se apai-onado.

— 'ntendo o ue uer di%er, 7arnell.

— 8om, não ia ficar bem, não acha= — disse ele, sabendo ue não da$a am#nima se ela resol$esse gritar contando tudo a uem uer ue fosse.

— Não. Não ia mesmo...

9s olhos deles se encontraram.

Rebecca ficou esperando ue ele dissesse ue não importa$a o ue os outrospensassem, ue iam ficar juntos, ue iam se casar.

7arnell ficou esperando ue ela dissesse ue o ama$a e não da$a a m#nimapara o ue os outros achassem disso.

'le ergueu os ombros porue sentia os m3sculos doloridos. 'la interpretou malo gesto e olhou para outro lado.

— 8em, então & isso.

 A mo!a olhou para o prato $a%io ue tinha no colo. 1omera sem sentir o gostode nada.

— Acho melhor eu cuidar dos meus p&s tamb&m.

— 'u ajudo $ocê — ofereceu 7arnell.

— Não precisa.

— 'u não me importo.

— Não uero ue $ocê toue em mimB

— 5* bem, t* bemB 'u compreendo.

'st* $endo=, pensou ele. 'u sabia. Amar sempre machucaB

Capítulo 11

9 melhor modo de seguir $iagem, na opinião de 7arnell, era ele indo na frente eescolhendo locais para o descanso do meio0dia e para o acampamento noturno.

Rebecca acha$a ue ele só fa%ia isso para ficar longe dela, j* ue àuela altura elesnão se olha$am nem mesmo uando fala$am.

—. Não gosto disso. ' se algu&m se ferir=

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— :ande Santee me buscar.

— ' se for o Santee uem se machucar=

— :as ue drogaB 7are de in$entar problemas. C só isso ue $ocês mulheressabem fa%er= 'st* me dando a maldita dor de est?mago, de no$oB

Rebecca não gosta$a de ser comparada com as outras mulheres ue eleconhecera, mas for!ou0se a manter a calma.

— 8em, espero ue uando o alcan!armos $ocê j* tenha preparado oacampamento, feito as camas e a comida. amos estar muito cansados, $ocê sabe.

— :uito engra!ado.

— 7arnell, por ue $ocê est* fa%endo isso comigo... com a gente=

— ocê uer $oltar para 8oise, não uer=

— Não & disso ue estou falando.

— ' do ue & ue $ocê est* falando, então=

— ocê nunca me disse como se sente em rela!ão a nadaB

— 9 ue eu sinto & $ontade de sair daui. <sso a satisfa%=

— 7or ue est* sendo tão cabe!a0dura, tão grosseiro=

— uero dar o fora daui.

 A $erdade, pensou ele, & ue nunca antes uis dar tanto de mim a uma mulher.

' não só se-o...

' isso não se encai-a$a na imagem ue ele tinha de si mesmo. Rebeccaconsidera$a ue di%er mais seria como implorar, coisa ue fi%era muito uando jo$em.:as agora tinha auto0estima e não faria isso.

— 1erto, 7arnell, então $amos dar o fora daui. 'm ue dire!ão seguimos hoje=

"urante uma hora eles caminharam juntos, mas logo :oll) ficou cansada e asbolhas de (ones) come!aram a incomodar. 7arnell seguiu adiante e Rebecca sentiu0seabandonada.

1ontinuaram a seguir as pegadas dele. A paisagem era cada $e% maisimpressionante. A certa altura chegaram a um ponto onde Stillman $oltara e tomaraoutra dire!ão, desenhando uma seta na ne$e para indicar a dire!ão a seguir. 5al gestofe% Rebecca se sentir melhor. 7ouco depois encontraram outra seta, apontando parauma peuena ca$erna, onde Stillman dei-ara um pouco de lenha.

— uem est* com fome= — perguntou a mo!a, depois de acender o fogo.

Ningu&m esta$a. 'ntão, ela estendeu o cobertor t&rmico e todos se juntaram sobele.

Rebecca decidiu ue assim ue alcan!assem o capitão não dei-aria ue eleseguisse na frente de no$o. Não se importa$a com independência e não conseguiacontinuar estimulando as crian!as todo o tempo. Não liga$a mais para seu orgulho.

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9 fogo apagou. 4sou o bastão para se le$antar. 'sta$a tão cansada ue foiSantee uem os condu%iu adiante. uando ficou escuro, ela achou ue era melhor pararem.

— 9lhemB — disse Santee. — AliB 4m brilho. Aposto ue & a fogueira do capitãoB

— 'u ou$i $ocês — disse 7arnell, $indo da escuridão.

— Se $ocê ti$esse andado mais um uil?metro, nenhum de nós teria conseguido— disse Rebecca.

— 'ncontrei uma estrada — declarou ele com a seriedade habitual, mas elapercebeu uma agita!ão mal disfar!ada.

— 8em... ue ótimo.

icaram ali parados por um momento, então Stillman pegou :oll) no colo eseguiu para o acampamento.

— 'i, capitão — chamou (ones). — ocê $ai $oltar para me carregar tamb&m=— Amigo, acho ue $ocê $ai ter de ir so%inho.

— 5* $endo= Ningu&m gosta de um garoto gordo.

5odos os $elhos medos estão $oltando, percebeu Rebecca.

— 7ode tirar os sapatos, (ones). ocê não $ai pegar pneumonia se andar at& l*descal!o.

— 1erto. :as aposto ue sou o 3nico órfão do mundo ue & corajoso o

suficiente para andar na ne$e com bolhas nos p&s.— C $erdade. 7ara todos $ocês, & $erdade. i$em uma a$entura ue outros

garotos dariam tudo para $i$er.

— C mesmo=

— 1laro. ocês são todos heróis.

— 'iB 5al$e% eles fa!am um filme sobre nósB

— Não, Nicholas, não chamamos tanta aten!ão assim.

uando chegaram ao acampamento, Stillman cuida$a do jantar. i%era umapeuena cabana, apro$eitando o contorno de duas pedras, de modo a protegê0los do$ento. Rebecca derreteu ne$e para fa%er chocolate uente.

— 7arece os $elhos tempos — comentou ela. — oi assim ue come!amos;derretendo ne$e. 1reio ue demos a $olta completa.

— ocê uer comer ou falar= — perguntou Stillman, estendendo o prato paraela.

— Não fale comigo nesse tom. Não & minha culpa estarmos aui.

— 7arece ue j* ou$i essa m3sica antes.

— 'u tamb&m — murmurou Santee.

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— iue fora disso — disse 7arnell ao garoto, em tom r#spido.

— 7or ue $ocês $ão come!ar a brigar de no$o= — perguntou Nicholas.

— 'stamos só tendo uma discussão. ' isso não tem nada a $er com $ocês.:as, em nome da harmonia, o capitão e eu $amos con$ersar mais tarde, certo,capitão=

— 'st* bem — concordou o homem.

7arnell colocou mais lenha no fogo, ue cresceu a ponto de não poder mais $er a mo!a do outro lado. uando as chamas diminu#ram, as crian!as esta$am dormindodebai-o do cobertor t&rmico. Ao erguer a $ista, 7arnell deu com o olhar de acusa!ão deRebecca.

— Não tente me fa%er de bode e-piatório — a$isou ele, em atitude agressi$a.

— ocê est* falando sobre a ueda do a$ião=

— 'u assumo toda a responsabilidade uanto a isso. :as não & do ue estoufalando.

— 'u não $ou mencionar nada, se $ocê tamb&m não falar — declarou ela,sentindo o peito apertado.

— 9s garotos não notaram nada.

— 7ro$a$elmente não.

— omos discretos.

— Ah, fiue uieto, 7arnellB — pediu ela, a ponto de chorar.4m suor frio surgiu na testa de Stillman. Sentia necessidade de abra!*0la, de

di%er coisas doces, de colocar a mão por debai-o da malha dela. :as tinha de fa%er alguma coisa, então foi preparar a cama para Rebecca, ao lado de :oll).

— ocê precisa dormir.

— ocê tamb&m — disse ela, indo logo se deitar.

— ou ficar cuidando do fogo mais um pouco — declarou ele, sentindo ue eramelhor dar menos tempo para os sonhos, considerando ue não ha$ia sentido em se

dei-ar dominar por uma fantasia.:as logo a lua surgiu no c&u e a fantasia $eio de ualuer modo. iu a si

mesmo acordando pela manhã, com Rebecca deitada na cama dele, seus corposperfeitamente encai-ados. Só ue pro$a$elmente teria de casar com ela para reali%ar esse sonho. "a primeira $e% ue se casara, não ti$era tempo nem de pensar sobre oassunto. 4ma noite, rieda disse ue tinha con$ersado com o jui% e ele não te$e nemmesmo de buscar suas roupas, ue j* esta$am, na maioria, na casa dela. No entanto,não conseguia $er Rebecca tomando tal atitude. Não, com ela teria de ser uma decisãoconjunta.

"rogaB 7osso at& me $er fa%endo a perguntaB, pensou ele. /uerida, $ocêgostaria de se prender=/ Não, isso & horr#$elB 5al$e%; /8em, Rebecca, como j*estamos... $ocê sabe... uer se casar=/ Não, não & romDntico, e as mulheres gostamde romances. ' /:eu amor.../. Não, assim & demaisBB 'la iria rir na minha caraB

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7arnell olhou para as mãos. 'sta$am trêmulas. 'ntão, olhou para a mulher uedormia.

Não, a $erdadeira fantasia foi o ue $i$emos nauela cabana...

9 sol surgiu brilhante e alegre como se não hou$esse mis&ria ou fome emnenhum ponto do mundo. Rebecca olhou para o c&u como se ti$esse sido tra#da.uando $oltou0se para 7arnell, ele bai-ou a $ista. 9 sono tinha reno$ado a coragemdela e decidira ue não o dei-aria escapar assim f*cil.

— 7arnell, não $ai funcionar fingirmos ue não h* nada entre nós.

— Não sei do ue $ocê est* falando.

— Sabe sim. ' & isso ue uero pro$ar.

— 'ssa id&ia não & realista.

— Ah, então $ocê pensou nisso= 8em, eu pensei. ' o modo como nosentregamos um ao outro, não a princ#pio, mas depois... 8em, tem de ha$er algumacoisa...

— oi como $ocê disse. omos unidos por acidente. C só.

— Não, não acho. :as não $amos brigar. ue tal nos encontrarmos para discutir isso depois ue $oltarmos para 8oise= 7odemos sair para tomar um caf& ou algoassim.

— 'st* bem — concordou ele.

7arnell não ia at& 8oise mais ue cinco $e%es por ano. 'ra Amos uem fa%iatodas as compras. :as, & claro, Rebecca não sabia disso. 9s garotos $ieram das*r$ores, onde era o banheiro tempor*rio.

— :oll) est* chamando $ocê, RebeccaB — gritou Santee. — 9 %#per delaprendeu e ela não uer me dei-ar ajudar. C melhor correr. 'la tem medo ue um urso apegue enuanto esti$er com as cal!as abai-adasB

— 4m urso= — repetiu ela, come!ando a correr. — Nenhum urso ue pense umpouco iria se apro-imar de mim hojeB

— Am&m para issoB — disse Stillman, bai-inho, mas ela ou$iu.

— 7arnell, não & sua $e% de cuidar dos pratos=

— Sabe, tem mesmo ursos por aui... — a$isou ele.

— Ah, me ajuda muito saber dissoB — %angou0se a mo!a.

Stillman ficou obser$ando0a correr, gostando dos mo$imentos sua$es do corpodela.

— :as não nessa &poca do ano — sussurrou ele, para si mesmo, sorrindo.

— "o ue $ocê est* rindo= — perguntou +anc).

9<

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— "e nadaB amos, $ista o poncho antes ue eu separe sua cabe!a dopesco!o.

9 piloto julga$a ue auela era uma amea!a das melhores. Nos 3ltimos diasaperfei!oara $*rias delas, mas não funcionou; o menino nem se me-eu.

— ocê & surdo ou algo assim= ista issoB amos sair j* daui.

— 7u-aB 'u odeio adultos. 'u ueria continuar crian!a para sempre.

— <sso pode ser arranjado.

— ocê & um $elho bem esuisito.

Não foi o /esuisito/ ue o ofendeu, mas o /$elho/.

— 'u não sou $elhoB

— 7arece. 5em rugas nos olhos.

— São causadas por risadas.

— ocê não est* rindo agora e as rugas continuam a#.

— Seu dia $ai chegar. ' espero ue tenha um filho igual%inho a $ocê.

— 'u nunca $ou ter filhos. 9s acasalamentos são um saco. ', al&m disso, &preciso de uma garota.

— Acasalamento= AcasalaB... 9nde $ocê aprendeu essa pala$ra=

— Na escola.

— Se ti$&ssemos sabão sobrando, eu ia la$ar sua boca. Não se aprendemessas coisas na escolaB

— Se aprendem simB Na aula de educa!ão se-ual.

— No meu tempo a gente aprendia essas coisas na ruaB

— 'u falei ue $ocê era $elhoB

7arnell pensou em lan!ar uma s&rie de pala$rEes um tanto desagrad*$eis, mas,mal ha$ia come!ado, Rebecca interferiu;

— 'sse tipo de linguagem indica um $ocabul*rio muito pobre — declarou ela,chegando com :oll) no colo. — +anc), $ista o poncho... — ordenou, calma.

9 menino obedeceu, sem di%er nada.

7arnell esta$a furioso. 5er de agFentar aueles fedelhos lhe faltando com orespeito era demaisB <sso sem falar nos ataues de RebeccaB

— C muito desagrad*$elB 1rian!as desse tamanho falando em se-oB

Rebecca cobriu as orelhas de :oll) com as mãos.

— ocê ficou louco= Se-o não & assunto para eles, 7arnellB

— Não= C só não falar, então. 8asta $ocê mostrar o ue sabeB

9=

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— ocê & pior ue crian!aB Não fica feli% se não esti$er brigando. Não agFentomais issoB uanto mais cedo nos separarmos, melhorB :e mostre onde fica a talestradaB

— 1om pra%erB — disse ele, cur$ando0se uase at& o chão.

— ocê disse ue era uma estradaB — e-clamou Rebecca, acusadora.

Na $erdade, trata$a0se de pouco mais ue uma trilha, coberta pela ne$e namaior parte.

— :as & uma estrada. 'u não disse ue era a 2os Angeles reeMa). 9 ue$ocê ueria=

— Asfalto, com linha tracejada no meio, placas, carros, um hotel, um banheiro,um telefone. 4ma estrada de $erdade. Não uma trilha no meio do nada.

— 1arambaB 5em gente ue nunca fica satisfeita, mesmoB Auilo & uma estradade $erdade. ' pro$a$elmente foi constru#da por uma empresa para transportar troncos.

— 7elo menos ela & plana — disse (ones). — 'u não ia agFentar subir maisnem numa pedraB

— 8em... — come!ou 7arnell — $amos ficar aui con$ersando ou seguimos emfrente=

7u-ando Nicholas, Santee foi at& o meio da estrada.

— 7ra ue lado $amos=

— amos continuar seguindo para sudoeste — decidiu Stillman, apontando paraa esuerda. 'le foi pegar o bra!o de Rebecca mas se conte$e. — :e dê sua sacola,assim $ocê fica li$re para ajudar a :oll).

'ra um oferta ue Rebecca não p?de recusar. As al!as finas esta$ammachucando seu ombro, apesar do casaco.

9 piloto obser$ou o rosto dela, mas não conseguiu perceber nada. Se ti$essecerte%a do ue ela diria, então... mas e se a resposta fosse negati$a=

7arnell tentou se tranFili%ar di%endo ue costuma$a ter sorte, e as

probabilidades esta$am do seu lado. :as uem acredita$a em probabilidades=

— Anime0se, Rebecca. ai estar na sala de $isitas de Abigail antes de perceber o ue est* acontecendo. "iante dauela grande lareira...

— 7arece ue sim — concordou ela, mas ao mesmo tempo sabia ue não erano orfanato ue pretendia passar o resto da $ida. Abigail a acolhera uase como sefosse uma órfã... — :as não $ou ficar l* muito tempo. Abigail est* fechando o orfanato. A unda!ão não tem mais dinheiro.

— C mesmo= — e-clamou ele, sentindo cada fibra de seu corpo ficar alerta. —' o ue $ocê $ai fa%er=

— 7rocurar outro emprego.

9?

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9 c&rebro dele come!ou a funcionar à toda $elocidade.

— ' as crian!as=

— 9 'stado $ai encontrar lares adoti$os para elas.

— 1oitados...

— ocê est* uerendo alguma coisa de mim, 7arnell. 7osso sentir.

— Não — garantiu, mas no #ntimo agora ele tinha certe%a de ue auela mulher conseguia ler sua mente.

— ocê uer ue eu diga ao mundo como $ocê foi um homemmara$ilhosamente heróico.

— 1laro ue nãoB

 Apesar de di%er isso, em sua mente apareceram manchetes como /7iloto sal$aassistente social e cinco órfãos/.

— Nauele dia em ue entrei no seu escritório, lembra=, e encontrei $ocêdormindo, de$ia ter $irado as costas e ido embora.

— Nesse caso eu estaria aui so%inho.

— 9 ue significa...

— Significa= 9 ue significa= 1omo isso tudo aconteceu= — protestou ele,girando sobre si mesmo, apontando para a paisagem ao redor. — 8em, eu ueria ue$ocê soubesse ue gostei da sua companhia. 'm parte do tempo...

— <sso me parece um bilhete di%endo um /obrigado/, com alguma reser$a.

— 4ma pessoa não pode ficar cada segundo do dia ao lado de outra. <sso &imposs#$el.

— 'u não poderia concordar mais com $ocê.

uando a olhou no$amente, Rebecca esta$a muito concentrada em seuspensamentos, então trope!ou. 'le estendeu o bra!o, segurando0a pela cintura. 1omoRebecca não o abra!ou, 7arnell transformou o rosto numa m*scara para encobrir opra%er ue sentiu com o contato.

Capítulo 12

 A $antagem de seguirem pela estrada, al&m da certe%a de encontrar aci$ili%a!ão mais cedo ou mais tarde, esta$a no fato de poderem se $er uns aos outrostodo o tempo. Rebecca, com :oll) e (ones), por causa das bolhas, ficaram para tr*s.

9@

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7or fim, 7arnell declarou ue era hora de parar. 5odos se juntaram, rela-ando osm3sculos e-austos.

— 7or ue eles não nos encontraram= 7or ue não continuaram nosprocurando= — reclamou Rebecca, subitamente come!ando a chorar.

Stillman foi para o lado dela, procurando tranFili%*0la.

— amos, calma. ocê foi ótima. 'u só briguei com $ocê para ter algo parafa%er. 7ara me assegurar de ue $ocê continua$a ao meu lado. Agora, tudo ue precisa& mais um pouco de $ontade para seguir em frente. 'stamos perto do fim disto, eugaranto.

— 'st* bem — concordou ela, por fim, j* mais calma. — :as não podemosfa%er uma fogueira= Só uma peuenininha=

— 8om, tudo bem. :as não podemos fa%er fogueiras em cada parada ou $amosficar sem fósforos.

'nuanto Stillman distribu#a os 3ltimos tabletes de malte, Rebecca reuniu galhose folhas. 7ouco depois todos se reuniam ao redor da fogueira.

9mbros esta$am machucados pelas al!as das mochilas impro$isadas, meiasesta$am gastas e cal!as rasgadas. (ones) tinha emagrecido tanto ue at& os sapatosficaram largos e as bolhas tinham piorado muito. Rebecca tirou as meias em trapos dogaroto.

— 'le pode ficar com as minhas meias — ofereceu Santee.

— ' as minhas — disse 7arnell.

"epois ue (ones) cal!ou as uatro meias, ficando com os sapatos maisfirmes nos p&s, seguiram $iagem.

— (* estamos chegando l*= — perguntou :oll).

— 2* onde= — uis saber Santee.

— 'stamos numa estrada — declarou 7arnell. — ' cada uil?metro uea$an!amos significa um uil?metro mais perto de algu&m.

9 almo!o foi r*pido, feito no meio da estrada. "epois, estenderam o cobertor.'m cinco minutos as crian!as e Rebecca dormiam profundamente.

4ma hora mais tarde Stillman acorda$a Rebecca.

— 5emos de seguir. amos l*, garotosB

oltaram a andar. A tarde ca#a, as sombras se alonga$am. "epois de uma cur$aas *r$ores se abriam um pouco, re$elando um $ale de colinas cobertas de ne$e. :eiouil?metro e as *r$ores en$ol$iam a estrada de no$o.

— 1rian!as, fiuem longe dessa beiradaB "rogaB Só falta$a algu&m cair montanha abai-o.

— <sso não de$e ser muito pior ue cair do c&u — disse Rebecca.

— 1ontinuem andandoB

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 A estrada se estreita$a e a ne$e se acumula$a junto à encosta. Stillman olhoupara auela parede de ne$e, o ue fe% um alarme disparar em seu c&rebro.

(ones), parado a uma distDncia segura da beirada, emitiu um grito, ue foiecoando pelo $ale.

— Não fa!a issoB — ordenou 7arnell com tal sua$idade ue alarmou Rebecca.

— 9 ue hou$e=

— Não sei. 5al$e% não seja nada, mas não gosto da cara desta encosta — disseele, colocando :oll) nos ombros.

2* na frente, na estrada, à sombra das *r$ores, um mo$imento chamou aaten!ão de Rebecca. 'ra um homem, agitando os bra!os e gritando.

— 9hB — gritou ela. — omos encontradosB 7arnellB omos encontradosB

9s joelhos dela amoleceram, fa%endo com ue se sentasse. Stillman a ergueu.

— 1ontinue andandoB

— 5em de ser o grupo de resgateB

:as Nicholas, ue por ser cego tinha uma audi!ão in$ej*$el, declarou;

— 'le est* nos chamando de idiotas.

4m ressoar profundo chamou a aten!ão de todos. 7arnell olhou para cima. 4magrande parede de ne$e parecia come!ar a cair lentamente do alto da encosta.

 Agora eram dois homens gritando para eles. Stillman empurrou Nicholas nadire!ão de Rebecca.

— 1orramB 5odos, $amosB 1orramB

Santee pegou a mão de +anc) e os dois correram para a frente. 9 pilotoempurrou (ones) com tanta for!a ue o garoto foi jogado fora dos sapatos largos. Aprinc#pio Rebecca ou$ia sua respira!ão ofegante, os gritinhos de Nicholas, as botasbatendo no chão, mas logo um outro som foi crescendo rapidamente. (ones) passoupor ela à toda.

9s homens $ieram da floresta na dire!ão deles, com as mãos para cima. 4m

deles pegou Nicholas dos bra!os da mo!a, o outro a pu-ou. Atr*s, o barulho era comose o mundo esti$esse acabando. 'ntão ela caiu e ficou no chão, ofegante. "epoisergueu a cabe!a.

7arecia ue a montanha inteira $inha caindo. 7arnell corria a toda $elocidade,com :oll) gritando nos ombros.

— 1ara, ele não $ai conseguir — disse uma $o% gra$e acima dela.

4m peda!o grande de gelo $eio rolando e bateu nas pernas de 7arnell, uecaiu. :oll) foi lan!ada para a frente e, então, a ne$e en$ol$eu os dois. 2e$ou uase umminuto para Rebecca perceber ue o grito ue ou$ia era seu mesmo. or!ou0se a

parar. 'ntão, restou o silêncio.

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Rebecca olha$a todo o tempo para a escuridão, andando de um lado para outrona estrada. 9u$ia os homens ue procura$am, gritando uns para os outros, mas nãoos $ia. A escarpa de rocha ue fora dinamitada agora parecia nua, sem ne$e. 9 medoue a toma$a concentra$a0se como um nó na garganta.

uando ou$iu uma agita!ão $indo l* de bai-o, na encosta, seu cora!ãoacelerou.

Santee $eio correndo em sua dire!ão.

— C :oll)B 'les a acharam. 'st* $i$aB

:oll) esta$a algo mais ue $i$a. 'sta$a muito bra$a, furiosa. Rebecca pegou0ano colo e $oltou para a perua. A ne$e jogara a menina dentro de um buraco de ondeela não conseguira sair. 'la gritara at& ficar sem $o% e agora reclama$a, rouca;

— Não gostei disso. iuei so%inha e achei ue um urso ia me pegar, minhasroupas ficaram todas rasgadas e eu fi% -i-i nas cal!as, mas eu não ueria fa%er.

— 'st* tudo bem, uerida. 'st* tudo bem — assegurou Rebecca, olhandoagradecida para o homem ue trou-era :oll) do local onde fora encontrada.

'le $oltou a se unir aos outros, ue procura$am 7arnell. Santee mostra$a0seinuieto, esta$a p*lido, ner$oso. Rebecca entregou :oll) para o garoto. ia ue eleprecisa$a tocar a menina. 7ara ter certe%a de ue esta$a sal$a. Assim como eladeseja$a tocar 7arnell. oltou a andar de um lado para outro na estrada.

9 homem ue primeiro falara com ela se apro-imou. Rebecca sabia o ue ele ialhe di%er. ueriam parar de procurar porue a noite esta$a fria, o $ento ficando maisforte.

— Se $ocês pararem agora, $ão mat*0loB

— :o!a, não percebe ue foi um milagre termos encontrado a menina= :andeium dos meus rapa%es a$isar as autoridades. Não temos uma 3nica chance em cem deencontrarmos seu amigo... 7elo menos, não o encontraremos $i$o.

— 'le est* $i$oB (* passou por coisas piores. oou por um furacão esobre$i$eu... 7ousou em porta0a$iEes em todos os mares, fe% pousos for!ados edesceu de barriga numa planta!ão de milho. Não me diga ue 7arnell est* mortoB

— ocê est* ner$osa. ' tem o direito de estar, considerando...

— :e dê aui essa lanternaB 'u $ou continuar procurandoB

— 7or "eus, mo!a...

'ntão, ou$iu0se um grito $indo da encosta, bem l* em bai-o. 2ogo conseguiu0seentender o ue grita$am, com as pala$ras ecoando na escuridão.

— 'ncontramos o sujeitoB 'le est* respirandoB

— 'u sabiaB — gritou ela, agarrando o casaco do homem. — 'st* $endo=

'm seguida, suas pernas não sustentaram mais o corpo e Rebecca se sentouno chão, chorando.

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— 9 moti$o por ue gosto do meu trabalho — disse o homem, para ningu&m emparticular —, & ue não h* nenhuma mulher a menos de sessenta uil?metros dedistDncia.

1ur$ando0se, ele ajudou Rebecca a se le$antar e ficou surpreso ao constatar ue ela sorria por entre as l*grimas.

— 1onhe!o um homem ue pensa e-atamente do mesmo modo — afirmou ela,com $o% trêmula.

Capítulo 13

:oll) salta$a e dan!a$a ao redor de Rebecca, como um cachorrinho agitado,perguntando, sem parar;

— >* alguma carta para mim=

— amos $er.

— "ei-e todas na mesa — sugeriu Abigail. — ' $amos separ*0las antes do jantar.

— ocê & pior ue a :oll) — disse Rebecca, rindo. — Não pode $er cartas semabrirB

 A $elha senhora sorriu e passou o bra!o pelo ombro da menina, perguntando0lhe, enuanto acaricia$a a cabecinha;

— uais são as pala$ras mais famosas do mundo=

— 7apai Noel j* $eio= — disse a menina, rindo muito.

— 7recisamos con$idar auela repórter para jantar um dia desses — comentou Abigail. — A reportagem ue ela escre$eu conuistou muitos cora!Ees e tem nosajudado.

Rebecca balan!ou a cabe!a, com ar de d3$ida.

— ocê não se incomoda ue continuem e-plorando a situa!ão das crian!as=

— :e incomodar= 9nde, minha jo$em amiga, est* seu senso de justi!a= Auiestamos nós, a unda!ão, sem dinheiro, tentando colocar as crian!as em sabe "eusue tipo de casas e então essa oportunidade cai do c&u... 9lhe para todas essascartasB :uitas delas contêm cheues. >* dinheiro para ue Nicholas opere os olhos.ocê negaria a ele a chance de $er= C dinheiro para ue :oll) tenha as pernas

curadas. "inheiro para comida e para a poupan!a de cada uma das crian!as. Significaestudo garantido para eles, at& a faculdade. C o futuro delesB

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— 'u sei, mas...

Rebecca recorda$a a agita!ão uando tinham chegado em 8oise, todos auelesflashes espocando ao mesmo tempo, cDmeras, microfones, perguntas gritadas detodas as dire!Ees. ' lembra$a mortificada da foto de si mesma. 9 cabelo tododesgrenhado, os olhos fundos, as roupas rasgadas. 5inha :oll) no colo e um repórter esta$a do lado de tr*s perguntando à menina como eles tinham celebrado o Natal na

floresta. A e-pressão chocada de :oll), suas agora famosas pala$ras tristes; /7apaiNoel j* $eio=/, foram transmitidas pelas esta!Ees de te$ê de todo o pa#s. Auilo fora nodia seguinte ao Natal. A id&ia de ue os órfãos tinham perdido o Natal pegara a na!ãopelo cora!ão e abrira carteiras, enuanto a maioria das pessoas ainda esta$a en$ol$idapelo esp#rito natalino.

1hegaram ofertas de ado!ão para todas as crian!as. :as Abigail encontra$adefeitos em todos os poss#$eis pais. A unda!ão 5)nan agora podia escolher.

<sso para não mencionar outros detalhes. "e acordo com o Ato sobre 1ondi!Eesde 5ratamento para 1rian!as <nd#genas, a ado!ão de Santee tinha de ser apro$ada por 

um 1onselho 5ribal, coisa ue às $e%es le$a$a anos. ' Abigail não admitia a id&ia deseparar Santee e :oll). 'le sem d3$ida teria de estar à cabeceira da menina uandoela fosse operada, no $erão seguinte. Nicholas iria passar por um transplante decórneas. Abigail reser$a$a para si mesma o pra%er de mostrar a ele as bele%as domundo. ' não seria gentil tirar (ones) e +anc) da fam#lia 5)nan, enuanto todas essascoisas e-citantes aconteciam, não & mesmo=

— ocê podia dar uma entre$ista — arriscou Abigail, então.

— As crian!as j* disseram tudo. 'u só iria repetir.

7arnell tamb&m não ueria dar entre$istas. 'sta$a respondendo às

in$estiga!Ees da Agência ederal de A$ia!ão e dos inspetores postais. 'ncontra$a0seinconsciente uando fora le$ado para a perua. Rebecca não o $ira, nem tinha not#ciasdiretas dele desde ue fora le$ado por uma ambulDncia. Sabia apenas o ue lera nos jornais. 'le ti$era um ombro deslocado e algumas manchas ro-as. a%ia uatro diasue sa#ra do hospital. 5i$era muito tempo para telefonar, mas não o fi%era. ' Rebeccaimaginara uma grande lista de moti$os para isso.

"e$ia andar ocupado com os formul*rios do seguro. A AA poderia estar nosseus calcanhares. 9u então ele poderia estar com amn&sia e nem se lembra$a ue elae-istia. 9u seu telefone fora desligado.

1om olhos sempre atentos, Abigail anota$a cada e-pressão ue passa$a pelorosto da amiga.

— :oll), minha uerida, $ou dei-ar para $ocê o trabalho de separar acorrespondência. 1oloue todos os en$elopes com o seu nome numa pilha, depois euajudo a abrir. Rebecca, $enha aui. Acho ue est* na hora de termos uma con$ersa.amos tomar um ch* junto à lareira.

 A sala cheira$a a crisDntemos, ue enfeita$am uma grande *r$ore de Natal,presente de um doador. A posi!ão dos mó$eis era a mesma ha$ia uarenta anos. 9s$elhos sof* e poltronas eram elegantes e confort*$eis. ' sem tele$isão. 9 ponto central

da sala era a grande lareira de pedra.

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— Sempre gostei desta sala — comentou Abigail, passando a delicada -#cara deporcelana chinesa para a mo!a. — Sempre me pareceu o lugar certo para algu&m falar de seus problemas e $er tudo de uma perspecti$a mais fa$or*$el.

— 'u não tenho problemas.

— :inha uerida, 7arnell Stillman & sem d3$ida um problema. 1onhe!o0o desde

ue era adolescente. 1laro, não o $i enuanto esta$a na :arinha, mas seu tio >enr)fala$a muito nele.

— 5enho certe%a de ue não lhe dei nenhum ind#cio

— Rebecca, uerida, $ocê falou muito por omissão. 1ada $e% ue o nome dele& mencionado na te$ê, $ocê ficar olhando muito atenta. 1ada $e% ue o telefone toca,$ocê fica tensa. 2ê e relê cada reportagem feita sobre ele, depois fica com o olhar perdido. 7osso ser $elha, mas meus olhos e ou$idos continuam muito bons. A principiopensei ue seu jeito se de$ia ao ue tinha passado, mas à medida ue ou$ia o ue ascrian!as conta$am, percebi ue ha$ia um sentido de a$entura e encanto por tr*s das

coisas terr#$eis ue aconteceram. Santee mal consegue ficar uieto, umcomportamento totalmente oposto ao ue $inha tendo. 'le era uase um mudo, e-cetono ue se referia a :oll). Agora fala, ri e se mo$imenta como as outras crian!as. :asisso & passado. 9 ue uero di%er & ue $ocê encontrou sua cara0metade em 7arnell.

— <sso não uer di%er...

— uer, sim. ocê est* apai-onada por ele. 9s Stillman sempre foram sujeitosdif#ceis. 7arnell & igual%inho ao tio. ' isso atrai as mulheres. ' sem d3$ida me atraiu,confesso... 9 dif#cil & fa%er um deles se casar.

Rebecca se dei-ou afundar no sof* e seu rosto formou um sorriso t#mido.

— 9 ue eu posso fa%er=

— 'u o con$idei para jantar.

— ' ele aceitou= — e-clamou ela, se empertigando.

— Não podia recusar. Afinal de contas, eu o contratei para le$ar $ocês à Sanrancisco. A mudan!a de rota não me agradou. iuei muito deprimida. Semmencionar o uanto fiuei assustada. Nunca pensei ue pudessem estar mortos, masachei ue esta$am muito feridos. 'le est* em d&bito comigo.

— uando=— 'sta noite. 1alculei ue não seria um grande problema, agora ue temos

dinheiro para contratar um co%inheira...

— 9hB — e-clamou Rebecca, batendo a -#cara ao coloc*0la no pires.

— uerida precisa se lembrar de ter cuidado com essa porcelana. 'ra da minhaa$?, $ocê sabe. <nsubstitu#$el. — "epois disso, Abigail saiu da sala com um sorrisomaroto.

5inha de estar com a melhor aparência poss#$el, com o melhor cheiro, tinha deusar a roupa de bai-o mais jeitosa. 5inha de tomar banho e arrumar o cabelo. 'scolher 

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— ocê est* com um copo na mão.

— 8em, outra dose, então — corrigiu ele, pu-ando o nó da gra$ata com umgesto sel$agem.

— 'u sou uma companhia tão ruim ue...

'le passou os dedos pelos cabelos, despenteando0se. Rebecca não conseguiaafastar os olhos dele. 4ma inspe!ão mais detalhada mostra$a ue as abotoaduras nãoeram iguais e ue falta$a o botão do colarinho por debai-o da gra$ata. 'ra uase omesmo 7arnell ue ela conhecia e ama$a.

— ocê não & m* companhia. 9 ue a fa% pensar assim= C ue... ocê est*mara$ilhosa. ' eu sabia ue estaria. Sempre pensei em $ocê como seda, imaginei$ocê...

"rogaB, pensou ele, não de$ia ter dito issoB

— :esmo= — e-clamou Rebecca, sorrindo. 1omo 7arnell permaneceu uieto,

ela procurou um assunto menos comprometedor. — 1omo est* seu ombro=

— Não & nada ue possa me afastar do trabalho.

— ' como $ai o seu trabalho= 9 campo de pouso=

— 'stou enterrado em pap&is. inte e cinto tipos diferentes de formul*rios parapreencher. Acho ue nunca mais $ou ter um a$ião.

— ' $ocê aceitaria alguma ajuda=

— ocê= — indagou ele, rouco, sem conseguir di%er mais nada. 'la fe% ue sim.

Stillman olhou0a por um momento, então balan!ou a cabe!a.— Não acho ue seja o tipo de trabalho ue $ocê iria gostar. Não & e-citante.

Rebecca sentiu o cora!ão acelerar. 'le não esta$a falando do trabalho, mas simda própria $idaB

— Se $ocê me d* licen!a, $ou $er se Abigail...

— 'spereB

 Apro-imando0se, 7arnell pegou0a pelos bra!os. 'ntão, lembrou0se de ue se

prometera nem chegar perto. Agora esta$a sentindo o cheiro dela, sentindo a te-turada pele. 9 feiti!o pegara de no$o e, ofegante, sabia ue não conseguiria escapar.

— Rebecca... — come!ou a di%er, e então seus bra!os esta$am ao redor damo!a, apertando0a com for!a, com f3ria uase sel$agem.

'la apoiou a cabe!a no ombro de Stillman, fa%endo nada al&m de absor$er aessência do homem, com medo de se mo$er, com medo de acordar e descobrir ueesti$era apenas sonhando.

— "rogaB Senti sua falta. 'ra como se eu ti$esse dei-ado metade de mimnauela floresta — murmurou ele, emocionado.

— ' por ue não me ligou, seu tonto=

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— 7or ue $ocê não foi me $er no hospital=

— 'sta$a com medo.

— :edo= ocê= "e uê=

— 'u pensei ue $ocê poderia não uerer me $er. 9 ue fi%emos, as

circunstDncias...— 'u tamb&m. ' $ocê est* cheirando tão bem ue... amos, $amos sair dauiB

'les sa#ram, parando apenas para pegar o capote dele e um casaco deRebecca.

 Abigail ou$iu a porta da frente bater, depois o motor do caminhão de 7arnellfuncionar. 1orreu at& a entrada da casa e olhou pela janela.

— 4ma perfeita pe!a de carne assada desperdi!ada — disse, com um suspiro.

'ntão, come!ou a pensar em toda a publicidade ue o casamento entre os doisnão traria. :oll) como dama de honra, Santee de padrinho. ' tamb&m ha$ia auelaador*$el oferta da re$ista, auela carta ue escondera no fundo da 3ltima ga$eta. Nãoue Rebecca e 7arnell fossem concordar... :as não lhes pediria permissão paraaceitarB

 Abigail, uerida, pensou ela, $ocê & uma $elha metida. Não. C melhor di%er; uma$elha romDntica metida.

4m pouco de culpa pesa$a sobre seus ombros fracos uando $oltou para a

co%inha, procurando algum castigo para tranFili%ar a consciência.— 7asse a mostarda, Santee — pediu ela. — Acho ue $ou e-perimentar um

desses terr#$eis sandu#ches.

Capítulo 14

'le acaricia$a o cabelo de Rebecca, seu rosto, beija$a0lhe o pesco!o, orelhas,l*bios, como se fosse morrer se não a ti$esse. Não a dei-ara se afastar desde ueha$iam entrado no trailer. 2e$ara0a para o uarto, acendera a lu% e tirara0lhe a roupa.

— 'u sabia ue ia ser assim — disse 7arnell, depois do amor. — iueisonhando sobre como seria numa cama, sem nos preocuparmos com ue algu&mou$isse. ' $ocê recuperou alguns uilinhos.

— <sso não & nada romDntico — murmurou ela, passando o dedo pelo rostodele. — Não sabia ue $ocê tinha co$inhas.

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— :antenho0as escondidas. uando tudo o mais falha...

— ' $ocê pensa$a ue ia dar certo=

— 'u não sabia o ue pensar...

'le parou de falar e come!ou a acarici*0la de no$o, desta $e% sem o desespero

da primeira. ueria ue Rebecca não pensasse, ue apenas sentisse e ue o uisessecom loucura.

'la se afastou e ergueu um pouco o corpo, olhando0o, inteirinho, os ombrosmusculosos, os uadris estreitos e a masculinidade pulsante, ardente contra seu$entre, demonstrando o uanto ele precisa$a dela. Acariciou0o, de le$e.

7arnell gemeu. 1obriu0lhe os l*bios com beijos famintos. 'la esta$a tão sedentade amor uanto ele, e correspondeu, ardente e amorosa.

' $ai ser assim para sempre, prometeu0se Rebecca.

'la não sabia o ue pensar depois da escapada r*pida at& o trailer. 7arnell nãodissera ue a ama$a. ' ela tamb&m não. :as nauele momento tudo o ue importa$aera estarem um nos bra!os do outro.

— "esligue a lu% — pediu Rebecca.

— "e jeito nenhum — contestou ele.

— 'ntão, feche os olhos.

— Não consigo. 5enho medo de ue $ocê suma. 5enho de ficar com as mãosem $ocê. 5enho de... drogaB Nunca antes precisei tanto de algu&mB

'le girou o corpo, fa%endo0a ficar por bai-o e separando0lhe as pernas com os joelhos, mas penetrou0a com sua$idade, de$agar. uando Rebecca sentiu ue Stillmandeti$era os mo$imentos, contraiu todos os m3sculos. Seus dedos e bocase-perimenta$am, testa$am, procura$am0se. 2*bios e l#ngua dele concentraram0se nosseios dela, primeiro um, depois outro. 'ntão, perderam a no!ão de tudo o mais fi-ando0se em seus corpos unidos e no mar denso de pra%er ue os en$ol$ia.

— :e abrace, Rebecca, me abraceB — implorou ele.

— 7arnell, dei-e0me le$antar. 7reciso me $estir.

>a$ia pouca con$ic!ão na $o% dela, mas o piloto colocou seu robe nos ombrosde Rebecca.

— 9deio cobrir seu corpo, mas, est* bem, $ista isso.

— Não posso $oltar para o orfanato, $estindo seu robe.

— uero ue fiue aui. ocê foi raptada.

— Não brinue — disse ela, s&ria, mas $estindo o robe e amarrando o cinto.

— 9 ue $ocê acha do trailer?

— 5udo o ue $i foi este uarto. A cama & ótima.

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 A cerim?nia foi r*pida. 9 noi$o parecia estar fora do ar, com uma e-pressãoparada, como uem não entende o ue acontece.

— Não foi assim tão ruim, foi= — indagou a noi$a.

— At& ue não. ' espero ue o restante seja muito bom, porue $ai ser para oresto da minha $ida...

— "a minha tamb&m... — murmurou ela.

9 piloto passou um bra!o pela cintura de Rebecca.

— amos embora. uero descobrir o ue os noi$os fa%em na noite de n3pcias.

— 9 ue &, hein= — perguntou (ones) ue, como todos os outros, esta$a muitoelegante com as roupas no$as.

— ocê $ai ter de crescer e descobrir so%inho, amigo — disse Stillman. — Amenos ue continue a bisbilhotar, e, nesse caso, $ai morrer.

— >ora de cortar o boloB — cantarolou Abigail.

9 bolo foi cortado, o champanhe ser$ido, fotos tiradas, com :oll) de algummodo conseguindo aparecer em todas.

— :uito bem. A cerim?nia est* oficialmente encerrada. amos embora — disse7arnell, come!ando a ficar impaciente.

— Não se apresse tanto — pediu Abigail. — Ainda não lhes dei meu presente decasamento. enho guardando isso para fa%er uma surpresa.

'ntão, ela entregou ao piloto um en$elope grande.— Não $ou aceitar nenhuma parte do saue, $ou a$isandoB

— Não seja mal0educado, mocinho. Abra.

— 7arnellB São passagens a&reasB

— 7ara o >a$a# — adiantou0se a $elha senhora.

— uem pagou isso= — perguntou ele, olhando desconfiado para Abigail.

— Não seja curioso. ' se apressem. 9 a$ião sai em duas horas. amos, $amosB

— Não podemos... — come!ou a protestar Stillman.

— 7odemos simB — disse Rebecca. — ocê j* preparou tudo para passar uatro dias fora do trabalho. ' eu fi% as malas. :inhas coisa estão prontinhas.

— As suas tamb&m, rapa%. — disse Abigail, alegre. — ' eu pedi para o Amosfa%er as suas malas. 'stão a# na entrada.

— 9h, 7arnell, diga ue simB 7ense. 9 sol, as praias... 9lhe pela janela e uero$er $ocê di%er nãoB "o lado de fora ne$a$a.

— 1erto, $ocês $enceramB

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— 'u j* planejei tudo. As crian!as e eu $amos nos despedir no aeroporto... —e-plicou a $elha senhora.

— 7or ue sinto ue fui tapeado= — perguntou 7arnell. — 'stou com umasensa!ão muito esuisita...

— 7orue $ocê acaba de se casar, meu rapa% — disse o jui% Stanle), dando0lhe

tapinhas nas costas. — ' essa sensa!ão não $ai desaparecer nunca mais.No aeroporto, o grupo atraiu uma multidão com o fotógrafo registrando as cenas

e as crian!as jogando arro% no casal. :ortificado, 7arnell correu uando soou ochamado para o $?o e empurrou, apressado, Rebecca para a 3ltima fileira de poltronasdo a$ião.

— At& ue enfimB — e-clamou ele.

— oi um casamento mara$ilhosoB

— Acho ue o champanhe me dei-ou sonolento.

— eche os olhos e durma, se uiser. Não me importo.

— Não $ai achar ue eu sou um cara chato=

— uerido, $ocê & muitas coisas, mas chato, nuncaB Não. ou imaginar ueest* se preparando para um passeio noturno na praia. 'stou ansiosa. ai ser tãoromDnticoB A lua, o mar, as ondas na areia...

— >oje a noite $ai ser romDntica, mas garanto ue não $ou passar minha noitede n3pcias fa%endo castelinhos na areia. ' se $ocê não me dei-ar tirar uma soneca, secontinuar falando, uando descermos do a$ião $amos ter de...

— 'ntão, durma logoB — ' Rebecca segurou, carinhosa, a mão do marido.

'nuanto os outros passageiros embarca$am, ela ficou olhando para Stillman ep?s0se a imaginar. uando chegassem à ilha teriam de comprar roupas de banho. (*sentia o calor do sol no corpo. 7arnell abriu os olhos na decolagem, mas logo dormiude no$o. Rebecca passou o tempo lendo e olhando pela janela. oi um $?o agrad*$el.Saber ue era agora a sra. Stillman a auecia tanto uanto imaginar o sol.

— 9i — disse uma $o%inha ao lado dela.

Rebecca olhou para o corredor. Seus olhos se arregalaram.

— 9 ue $ocê est* fa%endo neste a$ião=

:oll) soltou uma risada e e-plicou, toda alegre;

— Nós estamos na primeira classe, ali atr*s...

7arnell abriu os olhos, não acreditando no ue $ia. 9 fotógrafo se apro-imou ecome!ou a bater fotos.

— 1omo $ocê consegue ficar assim calma= A $elha maldita nos enganouB /1laroue o casamento $ai ser auiB 1laro, sem imprensa. Só um fotógrado./ 'la nos $endeuB

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Rebecca foi at& a janela do uarto do hotel e olhou para fora. A lua douradarefletia0se nas *guas do 7ac#fico e ilumina$a a areia da praia. Suspirou e come!ou afalar, calma;

— amos passar a noite toda reclamando= 7osso imaginar algo muito maisinteressante para fa%er. ', de ualuer modo, Abigail esta$a pensando em nós. 'la nosdeu a $iagem, não foi= Sem isso ter#amos passado uatro dias num hotel de beira de

estrada.

— "eu= 'la $endeu a nós e as crian!as para uma reportagem e-clusi$aB oi da#ue $eio o dinheiro. 'u de$ia ter imaginado. ' $ocê ou$iu o ue a :oll) disse= /9capitão tirou todas suas roupas, foi para o lago, machucou o traseiro e Rebecca te$ede passar rem&dio neleB/ 9 ue as pessoas $ão pensar= Nossas fotos $ão aparecer em... 'iB 9 ue est* fa%endo=

— 'stou tirando a roupa...

— ue lua0de0melB 4m monte de crian!as e um fotógrafo seguindo a gente por 

todos os ladosB— 'stão três andares abai-o. ocê não ia uerer ue recusassem alguns dias

de sol, ia= As crian!as tamb&m merecem alguma di$ersão. Abigail te$e de batalhar muito para conseguir permissão para eles faltarem nas aulas.

9 $estido caiu no chão. 9 sorriso de Rebecca era mara$ilhoso.

— 'la de$ia ter pedido minha autori%a!ãoB — resmungou ele.

— ocê não teria concordado. Al&m disso, sempre encontra $inte e cincomoti$os diferentes como argumentos.

— 'ntão, por ue eu sempre perco=

— ocê esta$a tão elegante no casamento — declarou ela, soltando a gra$atadele. — Aposto ue a capa da re$ista $ai ser uma foto sua. ' eu serei in$ejada por todas as mulheres da Am&ricaB

— 'u nunca $ou $encer uma discussão com $ocê. Suas t*ticas, como essasmãos descendo pelo meu corpo, são poderosas demais. 9 ue eu esta$a di%endo,mesmo=

— ocê tem de se conter, mo!a. C muito assanhadaB

Rebecca recuou dois passos em dire!ão à cama.

— "e$o colocar o $estido de no$o=

7arnell a$an!ou e enla!ou0a pela cintura.

— "e jeito nenhum. Se for esse o modo ue $ai usar sempre para conseguir oue uer de mim, creio ue consigo suportar.

9s dois deram, juntos, os dois passos at& a cama e dei-aram se cair sobre ela.

— Ser* ue depois de casados & diferente= — indagou Rebecca.

— amos $erificar isso agora mesmoB

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"arling n OP

NQ9 7'R1A A 7RL<:A '"<Q9

UM AMOR EM AZULicTi 2eMis 5hompson

Anna fugia o a!o"# at$ %n&ont"a" 'a! (a""i)on***

 Anna prende a respira!ão, sentindo a cabe!a girar. Sam beijou0a e a sensa!ão incr#$elfluiu, incendiando0lhe o corpo todo. 9 de$aneio criado pela lu% a%ulada e o ritmo

sensual fa%em Sam perder o controle. 'nterra os dedos na carne macia, sussurrando onome dela. 'ste momento & para sempreB 9 pensamento cru%a o c&rebro dele comoum cometa, enuanto os gemidos de ê-tase ecoam no a%ul. Sam não imagina ue

 Anna não pode pertencer a mais ningu&mB

"arling n OU

NQ9 7'R1A A 7RL<:A '"<Q9

CA'AME+,O' E -./RC.O'7amela Roth

El% u%" p"oa" u% o a!o" no %i)t%# ) o )%o

uando os bra!os fortes de Ralf en$ol$em Killle, o mundo desaparece.

Seus beijos são toues de fogo e suas car#cias enlouuecem... :as a realidade se<mpEe; para Ralf o relacionamento entre um homem e uma mulher só pode significar 

uma coisa; cama. ' Killie sabe ue não h* futuro para eles enuanto Ralf nãoconseguir se li$rar dos fantasmas de seu fracassado casamentoB