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Janeiro 2007

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Janeiro 2007

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Propriedade Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal Tel: (+351) 214 524 156 Fax: (+351) 214 528 922 E-mail: [email protected] Web: http://www.apfisio.pt NIF: 501790411 Órgãos Director: Marco Jardim Director Adjunto: Raúl Oliveira Sub-Director: José Esteves Editor Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Alexandra Amorim, João Ribeiro, Luís Ribeiro, Marco Jardim, Marc Reis, Ricardo Pinto e Telmo Firmino. Conselho Editorial António Cartucho Hospital da CUF Descobertas António Carvalhais Figueiredo Clínica CUF – Stª Maria de Belém Fernando Pereira Faculdade de Motricidade Humana Henrique Relvas Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Jacob Friscknetch Federação Portuguesa de Judo Jan Cabri Faculdade de Motricidade Humana João Paulo Sousa Faculdade de Motricidade Humana José Esteves Escola Superior de Saúde do Alcoitão Maria António Castro Escola Superior de Saúde de Coimbra Paulo Carvalho Escola Superior de Saúde do Porto Paulo Amado Hospital de Stª Mª da Feira Orlando Fernandes Faculdade de Motricidade Humana Raúl Oliveira Faculdade de Motricidade Humana Ricardo Matias Escola Superior de Saúde de Setúbal Rui Torres Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa Rui Soles Gonçalves Escola Superior de Saúde de Coimbra Susana Veloso Universidade Lusófona Themudo Barata Faculdade de Motricidade Humana

Objectivo A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação oficial do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Esta revista pretende divulgar um conjunto de informações indispensáveis para a prática clínica e desenvolvimento profissional contínuo dos fisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem como, temas de áreas relacionadas. Pretende-se abranger temáticas relevantes sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento de lesões resultantes da prática desportiva. Contempla estudos experimentais, quasi-experimentais, descritivos/observacionais (levantamentos epidemiológicos, estudos de caso, descrição de experiências), revisões sistemáticas de literatura, meta-análises e artigos de opinião sobre a prática da fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Os artigos a publicar são submetidos a análise criteriosa pelo Conselho Editorial da revista. Esta publicação dirige-se a todos os fisioterapeutas, bem como a outros profissionais da área da Saúde e do Desporto. Submissão de Trabalhos Para submissão de trabalhos por favor consulte http://www.apfisio.pt/gifd_revista Através deste endereço poderá ter acesso a todas as informações e procedimentos necessários para submeter o seu trabalho a publicação. Para enviar o seu trabalho utilize o seguinte endereço electrónico: [email protected]. Para informações adicionais contacte o Editor – Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto – [email protected] Subscrição A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto é uma publicação de distribuição livre para todos os sócios da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas. Periodicidade Semestral (Janeiro e Julho) Projecto Gráfico e Conteúdos Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Publicidade Para anunciar na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto deverá entrar em contacto com: Decoder – Tecnologias Criativas em Merketing e Publicidade, Lda. Tel. 214 358 596 – Fax: 214 358 598. ISSN 1646-6586 Registo I.C.S nº 125207 Copyrigtht © Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto © 2007. Todos os direitos reservados.Esta publicação e todo o seu conteúdo estão protegidos pelos direitos do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto. Tiragem 3000 Exemplares Contactos Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto E-mail: [email protected] Sede de Redacção Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Tipografia Sogapal, S.A. Tel. 214 347 100 – Fax: 214 347 155

Page 3: Janeiro 2007

I Volume 1 I Número 1I Janeiro 2007

ÍNDICE

Editorial

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto: O nosso desafio…! Jardim, M.

3

Estudos Originais

A Força Muscular do Tronco e as Queixas de Raquialgias no Início da Adolescência. Vital, E.; Melo, MJ.; Nascimento, AI.; Roque, AL.

5

Determinação do Erro Padrão da Medição e da Mínima Mudança Detectável para os Testes Squat Jump, Countermovement Jump e Drop Jump – estudo piloto. Gonçalves, RS.

13

Análise Tridimensional da Posição Inicial da Omoplata em Indivíduos Assintomáticos. Guerreiro, M.; Matias, R.

18

Influência da Corrente Interferencial na Dor Induzida pelo Alongamento dos Músculos Ísquio-Tibiais. Firmino; T.; Esteves, J.

26

Lesões no Sistema Músculo-Esquelético em Bailarinos Profissionais, em Portugal, na Temporada 2004/2005 Azevedo, AP.; Oliveira, R., Fonseca, JP.

33

Revisão Sistemática

Estudos de Caso em Fisioterapia no Desporto: Uma Revisão Sistemática Sousa, JP.; Cabri, J.; Donaghy, M.

39

Page 4: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

3 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 3 – 3

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto – O nosso desafio…!

Marco Jardim 1

Presidente do Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto 1

Bem vindos!

É com enorme satisfação e agrado que o Grupo de

Interesse em Fisioterapia no Desporto da Associação

Portuguesa de Fisioterapeutas criou a Revista

Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. Ao longo de muitos anos esta iniciativa foi sempre um

denominador comum entre os objectivos do Grupo de

Interesse em Fisioterapia no Desporto, não só por poder

ser mais um forte contributo para a sua projecção,

credibilidade cientifica e visibilidade externa, mas

principalmente constituir uma mais valia para o

desenvolvimento do exercício profissional do

Fisioterapeuta nesta área de intervenção.

Sabemos que a nível internacional existem muitas

publicações sobre esta temática, algumas adoptadas ou

editadas como publicações oficiais dos grupos de

interesse em Fisioterapia no Desporto. Vejam-se os

exemplos da revista Physical Therapy in Sports

adoptada pelos grupos de interesse inglês (Association

of Chartered Physiotherapists in Sports) e australiano

(Australian Physiotherapy Association - Sports

Physiotherapy Australia), do Journal of Orthopaedic &

Sports Physical Therapy editado pelo grupo norte-

americano (Sports Physical Therapy Section of the

American Physical Therapy Association) e mais

recentemente o North American Journal of Sports

Physical Therapy editado pelo grupo canadiano (Sports

Physiotherapy Canada).

É neste âmbito, que o Grupo de Interesse em

Fisioterapia no Desporto decidiu lançar, provavelmente,

um dos seus maiores desafios – a Revista Portuguesa

de Fisioterapia no Desporto.

No seu essencial, esta publicação periódica - semestral

neste ano de arranque - pretende ser um espaço

privilegiado na divulgação de um conjunto de

informações indispensáveis para a prática clínica e

desenvolvimento profissional contínuo dos

fisioterapeutas que actuam na área do desporto, bem

como, temas relacionados com as ciências do desporto

em geral. Este nosso desafio pretende ainda ser um

contributo para a partilha de experiências clínicas e de

investigação, não só entre fisioterapeutas, mas também

um cruzamento de saberes com outros profissionais da

Saúde e do Desporto. Por isso será uma revista aberta

à participação multidisciplinar de todos aqueles que

"respiram" desporto.

No conteúdo deste número inaugural, para além de

outros artigos, contamos com a publicação de trabalhos

premiados no evento que assinalou as duas décadas de

actividade do Grupo de Interesse em Fisioterapia.

Acreditamos que a Revista Portuguesa de

Fisioterapia no Desporto seja o primeiro reflexo e uma

resposta adequada ao trabalho que pretendemos

continuar a desenvolver em prol da valorização e

afirmação do Fisioterapeuta no desporto.

Junte-se a este nosso desafio e participe activamente

na implementação e desenvolvimento da Revista

Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. Esperamos

que com o contributo de todos possamos criar e

desenvolver uma revista de elevado prestígio científico.

EDITORIAL

Page 5: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

4 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

A Força Muscular do Tronco e as Queixas de Raquialgias no Início da

Adolescência

Emanuel Vital 1, Maria João Melo 2, Ana Isabel Nascimento 3, Ana Luísa Roque 4

Mestre em Ciências da Fisioterapia pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa. Fisioterapeuta especialista no Centro de Saúde do Bombarral – Sub-Região de Saúde de Leiria. 1

Correspondência para: [email protected]

Licenciada em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Assistente de Saúde Pública no Centro de Saúde do Bombarral – Sub-Região de Saúde de Leiria. 2

Licenciada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.

Assistente de Saúde Pública no Centro de Saúde de Figueiró dos Vinhos – Sub-Região de Saúde de Leiria. Directora do Centro de Saúde de Figueiró dos Vinhos. 3

Licenciada em Fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologias de Saúde de Coimbra.

Fisioterapeuta 2ª Classe no Centro de Saúde de Figueiró dos Vinhos – Sub-Região de Saúde de Leiria. 4

Resumo Introdução: As raquialgias constituem um importante problema de saúde nos jovens, no contexto de vida habitual ou no meio desportivo, não existindo ainda respostas adequadas para lidar com esta situação. A influência que a força dos músculos do tronco tem nas raquialgias não é clara. Objectivo: Determinar o papel da força de resistência dos músculos do tronco nas raquialgias no início da adolescência. Relevância: O controlo dos factores de risco das raquialgias requer uma intervenção de fisioterapia baseada na evidência. Amostra: 215 sujeitos (rapazes=120; raparigas=95; idade=11,1 ±0,8 anos), alunos do 5º ano de escolaridade de 2 Concelhos de Portugal. Material e Métodos: A força isométrica de resistência de 3 grupos musculares (abdominais, extensores e flexores laterais do tronco) foi avaliada segundo o protocolo de McGill modificado; um questionário validado caracterizou as variáveis psicossociais. Análise Estatística: O teste Qui-quadrado testou as associações entre variáveis e o Odds Ratio quantificou aquelas associações. Resultados: Os sujeitos com raquialgias apresentavam rácios extensores/flexores mais elevados. O grupo de sujeitos com rácio igual ou superior a 4,8 tinha 7,9 vezes mais probabilidade de referir dores nas costas que o grupo com rácio igual ou inferior a 1,0. Conclusões: Nesta amostra, o “desequilíbrio” muscular revelou estar associado a queixas de dores nas costas nos adolescentes estudados. Deve-se notar, contudo, que as raquialgias constituem um problema multi-dimensional e que vários factores podem influenciar esta condição. Estes achados introduzem um novo dado ao problema abrindo novas possibilidades de intervenção de fisioterapia nesta área. Palavras-chave: Adolescentes; Força Muscular; Tronco; Raquialgias. Abstract Background: Back pain complaints are becoming a serious health problem in the young people in sports or habitual living environment, and there are no adequate strategies to deal with this condition. The role of the trunk muscle strength is so far unclear. Objective: To study the role of endurance strength of the trunk muscles in back pain complaints in early adolescence. Relevance: There is a need for an evidence-based physical therapy intervention aimed at controlling reduction the risk factors for back pain. Sample: 215 subjects (male=120; female=95; age=11,1 ±0,8 years old), five grade students of two Portuguese municipalities. Material and Methods: Endurance muscle strength of the trunk (flexors, extensors and lateral flexors) was evaluated through a modified McGill protocol; a self-answered survey collected psychosocial data. Statistical Analysis: The Qui-square test looked for association between variables and the Odds Ratio quantified those relations. Results: Subjects with back pain had higher extensors/flexors ratios. The group of subjects with extensors/flexors ratios over 4, 8 had 7, 9 more probability to complaint of back pain than the group with ratios under 1,0. Conclusions: In this sample, muscle “imbalance” was associated with more back pain complaints in this sample. It should be emphasized, however, that back pain complaints is a multi-dimensional problem and several others factors may influence this health condition. These findings add new knowledge to understand this health condition, and open a path for physical therapy intervention in this field. Key Words: Adolescents; Muscle strength; Trunk; Back pain. Introdução

A prevalência das dores nas costas na população jovem

está a aumentar em todo o mundo conforme revelam

vários estudos (Duggleby & Kumar, 1997; Hakala,

Rimpela, Salminen, Virtanen, e Rimpela, 2002; Matos e

equipa do projecto "Aventura Social e Saúde", 2003;

McMeeken, Tully, Stillman, Nattrass, L., e Story, 2001;

Olsen, Anderson, Dearwater, Kriska, Cauley, Aaron et

al., 1992; Shehab & Al-Jarallah, 2005; Volinn, 1997;

Watson, Papageorgiou, Jones, Taylor, Symmons,

ARTIGO ORIGINAL

Page 6: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

5 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

Silman et al., 2002; Wedderkopp, Leboeuf-Yde,

Andersen, Froberg, e Hansen, 2001).

A existência de associação entre dores nas costas em

crianças e as mesmas queixas no início da idade adulta

verificada por Brattberg, 2004, confere a esta condição

de saúde uma relevância maior pelo impacto socio-

económico que se lhe reconhece. Vários factores têm

sido referidos por diversos autores como estando

associados a esta condição na população jovem

(Bosma, van de Mheen, e Mackenbach, 1999;

Chansirinukor, Wilson, Grimmer, e Dansie, 2001;

Coelho, Almeida, e Oliveira, 2005; Feldman, Shrier,

Rossignol, e Abenhaim, 2001; Jones, Watson, Silman,

Symmons, e Macfarlane, 2003; Lee, Hoshino,

Nakamura, Kariya, Saita, e Ito, 1999; Negrini &

Carabalona, 2002; Salminen, Maki, Oksanen, e Penti,

1992; Sjölie & Ljunggren, 2001; Southwood, 1995;

Watson, Papageorgiou, Jones, Taylor, Symmons,

Silman et al., 2003), sugerindo que este é um problema

multi-dimensional afectado por factores biológicos e

psicossociais, num padrão que reflecte a mesma

condição na população adulta. Alguns estudos, contudo,

apresentam resultados contraditórios relativamente aos

factores que influenciam as queixas de dores nas costas

(Balagué, Damidot, Nordin, Parnianpour, e Waldburger,

1993; Kovacs, Gestoso, Gil del Real, Lopez, Mufraggi, e

Mendez, 2003; Wall, Foad, e Spears, 2003; Watson et

al., 2003; Widhe, 2001). Este problema está também

presente no meio desportivo e constitui um factor

limitativo do rendimento no jovem atleta.

Reconhecendo que as estruturas músculo-esqueléticas

do eixo do corpo estão fisiologicamente envolvidas

nesta condição, foram realizados estudos para

esclarecer o seu papel. Os músculos do tronco têm um

papel importante na estabilidade dinâmica, na

mobilidade funcional e na protecção do tronco nas

tarefas do dia-a-dia. Os principais grupos musculares

envolvidos no controlo do tronco são os flexores, os

extensores e os flexores laterais (direito e esquerdo). A

sua contribuição para a estabilização do tronco foi

clarificada pelos trabalhos de Cholewicki & McGill, 1996;

Cholewicki, Panjabi, e Khachatryan, 1997; Cholewicki,

Juluru, e McGill, 1999, Stokes & Gardner-Morse, 1994,

Juker, McGill, Kropf, e Steffen, 1998 e McGill, Juker, e

Kropf, 1996; Hodges & Richardson, 1996; Lee et al.,

1999; Mayer, Smith, Keeley, e Mooney, 1985).

Em amostras de jovens, Salminen et al., 1992,

verificaram existir uma diminuição da força muscular de

resistência dos abdominais e extensores do tronco no

grupo com lombalgias confirmando resultados obtidos

por Mayer et al., 1985, que avaliaram adultos com

equipamento isocinético. Relativamente à força

dinâmica dos abdominais Salminen et al., 1992 não

encontraram diferenças entre os grupos de jovens.

Balagué et al., 1993, utilizando equipamento de medição

da força isocinética dos músculos do tronco, não

encontraram associação entre fraqueza muscular e

lombalgias. O mesmo resultado obteve Feldman et al.,

2001 utilizando um protocolo de avaliação de força

muscular isométrica máxima. Com recurso a

equipamento isocinético Lee et al., 1999, constataram

não existir diferenças de força muscular entre grupos de

jovens com ou sem lombalgias. Contudo, e este é um

facto sublinhado nesse estudo por aqueles autores, os

jovens com lombalgias apresentavam rácios

extensores/flexores significativamente mais baixos que

os jovens assintomáticos. Sjölie & Ljunggren, 2001,

determinaram que a fraqueza muscular dos extensores

do tronco estava associada com as lombalgias, não

conseguindo, contudo, determinar o papel dos

abdominais devido aos baixos níveis de fidedignidade

do respectivo teste muscular. A incerteza ou conflito de

resultados dos estudos acima referidos pode estar

relacionada com a utilização de diferentes protocolos de

avaliação, diferentes definições da condição de saúde e

às dificuldades operacionais inerentes aos trabalhos

realizados na população jovem.

Estudos acima mencionados, realizados na população

adulta sugerem que, comparativamente à capacidade

de produção de força máxima, a força de resistência dos

músculos do tronco é mais importante na protecção de

lesões músculo-esqueléticas do eixo do corpo. Foi a

partir da investigação na população adulta que alguns

programas de condicionamento físico e de reabilitação

dos músculos do tronco foram desenvolvidos, dando

especial ênfase à força muscular de resistência. Em

relação aos adolescentes os dados relativos à

prevenção das raquialgias são ainda escassos e os

testes normalmente utilizados na avaliação da aptidão

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

6 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

física nos jovens que iniciam uma prática desportiva

regular são inconclusivos relativamente à predição

daquela situação. Na nossa prática, no âmbito dos

cuidados de saúde primários, foi implementado um

programa de vigilância epidemiológica para identificar os

factores que poderão estar a condicionar as queixas de

dores nas costas em jovens adolescentes (Vital, Melo,

Nascimento, e Roque, no prelo). Adoptou-se a definição

utilizada por Feldman et al., 2001 e outros (Mikkelson et

al, 1997; Brattberg, 1993, cit. Feldman et al., 2001) para

caracterizar as raquialgias: ocorrência de dores nas

costas com uma frequência de pelo menos uma vez por

semana nos últimos seis meses. Foram avaliadas

variáveis psicossociais e antropométricas através de um

questionário validado e de um protocolo de exame físico

elaborado para o efeito.

O presente trabalho estuda a relação entre a força

muscular de resistência do tronco e as queixas de

raquialgias no início da adolescência.

Métodos

Duzentos e quinze sujeitos (120 rapazes, 95 raparigas)

de uma população de 221 de alunos do quinto ano de

escolaridade do concelho do Bombarral e de Figueiró

dos Vinhos participaram neste estudo. O consentimento

para participar no estudo foi obtido através dos

procedimentos estabelecidos pela escola.

Figura 1 – Posição de teste para os flexores do tronco.

Foi utilizado um questionário de auto-preenchimento

que é uma parte do instrumento utilizado pela

Organização Mundial de Saúde para avaliar os

comportamentos de saúde dos jovens em idade escolar

(OMS-HBSC), cedido especificamente para este estudo

pela equipa do projecto “Aventura Social e Saúde”

coordenada pela Profª Margarida de Matos. O

questionário aplicado permitiu caracterizar aspectos

relacionados com hábitos e comportamentos, contexto

socio-económico e condição de saúde.

O protocolo de exame físico procurou identificar

características antropométricas dos sujeitos, despistar

desvios axiais e determinar a capacidade física dos

músculos do tronco. Para avaliar a força muscular de

resistência do tronco foi utilizado o protocolo de McGill

modificado por Vital, Melo, Nascimento, e Roque, (no

prelo), que apresentava bons níveis de fidedignidade. O

tempo de resistência era registado em segundos, desde

o momento que o sujeito assumia a posição de teste até

ao momento em que deixava de conseguir manter essa

posição. Era concedido um tempo de repouso de pelo

menos três minutos entre cada teste, que era realizado

apenas quando os sujeitos referissem estar aptos e sem

cansaço. O teste de resistência dos flexores do tronco

consistia numa modificação do teste dos flexores do

protocolo de McGill e é ilustrado na Figura 1. Os sujeitos

assumiam uma posição de semi-sentado; os membros

inferiores mantinham-se em extensão total e eram

estabilizados no terço médio das pernas com as mãos

de um colega; o tronco posicionava-se a 45º

relativamente à superfície do colchão (no protocolo de

McGill o ângulo era de 60º). O tronco era alinhado com

uma linha horizontal que passava à frente do sujeito e

que servia de referência para a posição que o tronco

deveria manter durante o teste; os braços dos sujeitos

mantinham-se cruzados junto ao tronco e as mãos

repousavam em contacto com peito. Os sujeitos eram

instruídos para levantar o tronco logo que era dado

ordem para iniciar o teste e manter o seu tronco

alinhado com a linha de referência durante o teste.

O teste de resistência dos extensores (Figura 2) era o

mesmo proposto no protocolo de McGill. Os sujeitos

deitavam-se em decúbito ventral com a parte inferior do

corpo (abaixo da crista ilíaca) no colchão, com membros

inferiores a serem estabilizados por um colega; a parte

superior do tronco ficava fora do colchão que se

localizava cerca de 20 cm acima da superfície do chão;

o chão era coberto por um colchão no qual os sujeitos

descansavam a parte superior do corpo antes de iniciar

o teste. À ordem de iniciar o teste, os sujeitos

levantavam o tronco e deviam mantê-lo numa posição

horizontal, paralela ao chão. Os braços dos sujeitos

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

7 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

permaneciam cruzados junto ao tronco e as mãos

mantinham-se em contacto com peito. O teste da “ponte

de lado” avaliava os flexores laterais e replicava o

protocolo de McGill. Neste teste (Figura 3) os sujeitos

deitavam-se em decúbito lateral sobre o colchão de

ginástica com os membros inferiores em extensão e

usando meias.

Figura 2 – Posição de teste para os extensores do tronco.

O pé do membro inferior que estava por cima era

colocado imediatamente à frente do outro pé. Os

sujeitos eram instruídos a levantar a sua anca e a

manter todo o tronco estático como uma linha recta. O

cotovelo e antebraço homolateral e os bordos dos pés

eram os únicos pontos de contacto com o colchão e

serviam de suporte ao corpo durante o teste. A mão do

membro superior contra-lateral repousava no peito (não

repousava no ombro como proposto por McGill et al.).

Figura 3 – Posição de teste para os flexores laterais do

tronco.

Na análise estatística foram utilizados o teste Qui-

quadrado (χ2) para testar associações entre variáveis e

o Odds Ratio (OR) para quantificar aquelas

associações. O teste t determinou as diferenças entre

os valores médios dos grupos estudados. Foi adoptado

o nível de significância 0,05 e os valores apresentados

encontravam-se num intervalo de confiança de 95%.

Resultados

Cento e vinte rapazes e 95 raparigas com uma média de

idade de 11,1 (±0,8) anos compunham a amostra em

estudo. Treze sujeitos não realizaram o exame físico

(três não estiveram presentes, e dez não o

completaram), e oito não preencheram o questionário na

totalidade ou em parte (faltaram ou não responderam).

A Tabela 1 apresenta os principais dados descritivos da

amostra. Os tempos de resistência foram registados em

segundos.

Foi criada a variável “flexores laterais” que corresponde

ao melhor tempo que os sujeitos tiveram no conjunto

dos dois testes dos flexores laterais (direito e esquerdo).

Esta medida revelou ser mais estável e foi utilizada para

o cálculo da força muscular normalizada. A força

muscular normalizada corresponde ao rácio entre a

soma dos tempos de resistência (flexores+extensores+o

melhor tempo dos flexores laterais) com o IMC; este

parâmetro juntamente com o rácio extensores/flexores

(E/F), permite-nos obter medidas de comparabilidade

entre os sujeitos.

Os dados apresentados revelam uma grande amplitude

amostral tanto na altura, como no peso e nos testes

musculares de resistência. Na análise por sexo e em

relação às variáveis que a tabela 1 apresenta,

registaram-se diferenças estatisticamente significativas

nos flexores do tronco, flexores laterais e na força

muscular normalizada: comparativamente aos rapazes

as raparigas apresentaram em média,

Tabela 1 – Dados antropométricos e força muscular de resistência dos músculos do tronco.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

8 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

menos 21,9 segundos no teste dos flexores, menos 16,5

segundos no melhor tempo dos flexores laterais e

menos 2,3 pontos na força muscular normalizada. Na

altura, no peso, no IMC, nos extensores do tronco e no

rácio extensores/flexores, não se registaram diferenças

significativas entre rapazes e raparigas (Teste t=2,775;

p=0,007; 95%IC=0,510; 3,124). Apesar de não ser

estatisticamente significativo, o grupo “casos”

apresentava no teste dos flexores, em média, menos

17,7 segundos (Teste t=-1,924; p=0,056; 95%IC=-

35,794; 0,445); no teste dos extensores aquele grupo

apresentava em média mais 7,3 segundos (Teste

t=0,719; p=0,473; 95%IC=-12,646; 27,148).

Procurou-se determinar em que medida é que a

diferença de rácio extensores/flexores estava associada

às queixas de dores nas costas nesta amostra. Criaram-

se dois grupos para análise que correspondiam

aproximadamente a 40% da amostra. O grupo 1 incluía

os sujeitos com valores de rácio acima do percentil 80

(rácio extensores/flexores ≥4,8), num total de 39

indivíduos; o grupo 2 incluía os sujeitos com rácio

abaixo do percentil 20 (rácio extensores/flexores ≤1,0),

perfazendo um total de 41 indivíduos (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Comparação de ocorrência de queixas de

raquialgias em grupos com rácios extensores/flexores distintos.

Os resultados obtidos revelaram que no grupo 1, com

rácios elevados, se verificava uma probabilidade de

ocorrência de queixas de dores nas costas cerca de 7,9

vezes superior ao grupo 2, (χ2=14,058: p=0,000;

OR=7,929; 95%IC=2,368; 26,549). O grupo 1

apresentava uma diferença negativa do valor médio de -

109,4 segundos no teste dos flexores (Teste t=8,794;

p=0,000; 95%IC= -134,549; -84,331), e uma diferença

positiva do valor médio de +48,2 segundos no teste dos

extensores (Teste t=3,338; p=0,001; 95%IC=19,443;

76,882).

Discussão

Vários trabalhos têm estudado a força muscular do

tronco e a sua suposta influência nas queixas de

raquialgias. Quando se avalia uma capacidade é

necessário saber se os resultados estão dentro do

padrão esperado ou se eles se desviam da norma. Num

sujeito, é possível comparar a força de um membro com

a força do membro oposto e determinarmos as

diferenças.

O tronco, contudo não permite comparar resultados,

pelo menos quando se avalia os flexores e extensores.

Uma forma de se obter uma estimativa do desempenho

ao nível individual é utilizar um rácio muscular, como o

rácio extensores/flexores (E/F). Lee et al., 1999,

defendem que o rácio E/F pode ser usado para avaliar

os equilíbrios musculares. McGill et al., 1999,

estabeleceram valores normativos dos rácios E/F numa

amostra de adultos. Os rácios musculares foram

apresentados no trabalho de McGill et al. para servir de

referência na avaliação da força do tronco e orientar nas

decisões clínicas dirigidas à recuperação da função

normal. Qual o rácio normal do ponto de vista clínico é

uma questão ainda em debate. Uma questão é o valor

normativo de uma distribuição na população, outra

questão é saber qual o valor-alvo de rácio

muscular que é protector de raquialgias. Neste ponto o

presente trabalho dá uma contribuição ao apresentar

valores (E/F≤1,0) que estão associados a uma menor

frequência de queixas de dores nas costas. que referem

dores nas costas, estão em concordância com os

achados de Salminen et al., 1992 e Mayer et al., 1985.

Relativamente à força de resistência dos extensores o

presente trabalho está em desacordo com todos os

estudos analisados. Os trabalhos de Mayer et al., 1985,

e de Lee et al., 1999, avaliaram a força isocinética e por

isso as comparações são limitadas. Salminen et al.,

1992, e Sjölie & Ljunggren, 2001, utilizaram a mesma

metodologia de avaliação mas o protocolo para os

extensores tinha um tempo limite.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

9 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

Tabela 2 – Queixas de dores nas costas

É possível que este aspecto possa esconder o real valor

da força muscular dos extensores uma vez que no

protocolo do presente estudo não foi aplicado nenhum

tempo limite e foi registado o tempo máximo de

resistência que os sujeitos podiam aguentar na posição

de teste. Pensamos que o protocolo usado neste estudo

reflecte melhor a real capacidade muscular.

No nosso estudo um outro parâmetro de força muscular

foi utilizado – a força muscular normalizada. Julgamos

que a utilização de uma abordagem global (ao nível da

força muscular normalizada) e analítica (ao nível de

cada grupo muscular) pode constituir a estratégia mais

adequada quando se avalia a força muscular do tronco.

No presente estudo o grupo de sujeitos com rácios E/F

elevados (≥4,8) apresentava em média menos 3,5

pontos de força muscular normalizada que os sujeitos

com rácios ≤1,0. Esta diferença, próxima de valores

estatisticamente significativos, recomenda análises

futuras em amostras maiores.

Limitações do Estudo

A principal limitação encontrada neste trabalho diz

respeito à dimensão da amostra. Uma amostra maior e

seguida ao longo do tempo (estudo longitudinal)

permitiria aumentar a validade externa dos resultados e

sobretudo analisar a evolução real dos rácios ao longo

do processo de crescimento, particularmente durante o

período do “salto pubertário”. Uma amostra com maior

dimensão permitiria elaborar um melhor desenho de

estudo, com sub-amostras aleatórias de casos-

combinados reduzindo desta forma os erros de

amostragem.

Conclusão

O presente trabalho apresenta uma janela de

observação para uma condição de saúde – as

raquialgias. Os dados reportam-se a uma amostra de

adolescentes, alunos do 5º ano de escolaridade. Este

grupo de adolescentes é constituído por sujeitos de

diferentes idades, com diferentes níveis de

desenvolvimento físico, mental e psicológico que, de

algum modo, poderão ter influenciado os resultados

obtidos. Apesar da força muscular de ter sido

apresentada como um factor que está associado às

queixas de dores nas costas, não se deve esquecer que

este problema de saúde é, contudo, multi-dimensional.

De facto, esta amostra apresentava outros factores

como queixas psicossomáticas, hábitos de actividade

física, exposição a cargas e tempos de transporte da

mochila, e características físicas que também estavam

associados a esta condição.

Este estudo faz parte de um trabalho que pretende

acompanhar os adolescentes no seu desenvolvimento

ao longo de cinco anos. Os resultados são por isso

preliminares e não permitem neste momento

estabelecer uma relação de causalidade entre

desequilíbrios musculares e raquialgias. O alargamento

da amostra e uma análise longitudinal permitirão

esclarecer os dados agora apresentados. Os resultados

obtidos com este protocolo de avaliação, ao sugerirem

que os desequilíbrios musculares estão associados às

queixas de dores nas costas e que os sujeitos com

rácios extensores/flexores do tronco mais baixos eram

aqueles que apresentavam menos queixas,

acrescentam novos dados para o aprofundamento do

conhecimento deste problema.

Page 11: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

10 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 4 – 11

A se confirmarem estes resultados em estudos

posteriores podemos estar na presença de um factor

importante a merecer intervenção no âmbito da

intervenção da Fisioterapia nesta área. O

estabelecimento de valores normativos poderão

assumir-se como referência na avaliação da aptidão

física do tronco em jovens adolescentes, em especial

junto daqueles que pretendem iniciar uma carreira

desportiva. A elaboração de programas de re-equilíbrio

muscular em jovens atletas poderá suportar-se nos

dados que agora começam a surgir.

Agradecimentos:

Os autores manifestam a sua gratidão às escolas,

professores e estudantes que tornaram possível este

trabalho.

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Trabalho recebido a: 17 Setembro 2006 Trabalho revisto a: 25 Setembro 2006 Trabalho aceite a: 01 Outubro 2006

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12 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 12 -16

Determinação do Erro Padrão da Medição e da Mínima Mudança

Detectável para os Testes Squat Jump, Countermovement Jump e Drop Jump – estudo piloto

Rui Soles Gonçalves 1

Fisioterapeuta. Mestre em Biocinética do Desenvolvimento.

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra 1

Correspondência para: [email protected]

Resumo Introdução: Os testes de salto de impulsão vertical são utilizados em fisioterapia para avaliar as capacidades pliométricas e a mudança nas capacidades pliométricas dos membros inferiores. Objectivos: Determinar o erro padrão da medição (EPM) e a mínima mudança detectável (MMD) para os testes squat jump (SJ), countermovement jump (CJ) e drop jump (DJ). Relevância: O conhecimento do erro da medição (ou das medições) associado a estes testes é fundamental para decidir sobre a sua utilidade clínica. Metodologia: Participaram 10 alunos de Fisioterapia (sexo: 3 masculino, 7 feminino; idade: 19,60±2,01 anos; estatura: 171,50±8,00 cm; peso: 60,00±9,57 kg). Os testes foram aplicados em duas ocasiões separadas, com um intervalo de sete dias. A medição da distância vertical entre a posição inicial e a posição final foi realizada com um quadro biométrico. As pontuações médias de três repetições, para cada teste, foram utilizadas na análise estatística. O desvio padrão (das duas aplicações) e o coeficiente de correlação intra-classe (CCI) entre as pontuações das duas aplicações foram utilizados para estimar o EPM. O EPM foi utilizado para estimar a MMD. Resultados: Foram obtidos os EPMs 1,29 cm, 2,32 cm e 2,08 cm; e as MMDs 1,82 cm, 3,29 cm e 2,95 cm; respectivamente para os testes SJ, CJ e DJ. Discussão/Conclusões: Os testes SJ, CJ e DJ parecem ter utilidade clínica, uma vez que lhes está associado um nível aceitável de erro da medição (ou das medições). Palavras-chave: squat jump, countermovement jump, drop jump, erro padrão da medição, mínima mudança detectável. Abstract Introduction: The vertical impulsion jump tests are used in physical therapy to evaluate the plyometric capacities and the change in plyometric capacities of lower limbs. Aims: To determine the standard error of measurement (SEM) and the minimal detectable change (MDC) for the squat jump (SJ), countermovement jump (CJ) e drop jump (DJ) tests. Relevance: The knowledge of the error of measurement (or of measurements) associated to these tests is essential to decide upon its clinical utility. Methodology: Ten physical therapy students have participated (gender: 3 males, 7 females; age: 19.60±2.01 years; height: 171.50±8.00 cm; weight: 60.00±9.57 kg). The tests were applied on two separated occasions, with an interval of seven days. The measurement of the vertical distance between the initial position and the final position was realized with a biometric board. The average scores of the three repetitions, for each test, were used in statistical analyse. The standard deviation (from the two applications) and the intra-classe correlation coefficient (ICC) between the scores of the two applications were used to estimate the SEM. The SEM was used to estimate the MDC. Results: Were obtained the SEM’s 1.29 cm, 2.32 cm e 2.08 cm; and the MDC’s 1.82 cm, 3.29 cm e 2.95 cm; respectively for the SJ, CJ and DJ tests. Discussion/Conclusions: The SJ, CJ and DJ tests seem to have clinical utility, since that is associated them an acceptable level of error of measurement (or of measurements). Key Words: squat jump, countermovement jump, drop jump, standard error of measurement, minimal detectable change. Introdução

Os testes de salto de impulsão vertical são aplicáveis

em fisioterapia para avaliar a capacidade pliométrica e a

mudança na capacidade pliométrica dos membros

inferiores (Desoutter, 1993; Gonçalves, 2003; Houglum,

2001; Voight & Draovitch, 1991). De entre estes testes,

destacam-se o squat jump, o countermovement jump e

o drop jump (Quesnot, 2003a, 2003b). O squat jump é

executado a partir da posição semi-agachada (com os

joelhos flectidos). Sem qualquer tipo de contra

movimento, o indivíduo tenta saltar o mais alto possível.

O countermovement jump é executado a partir da

posição erecta, com os joelhos em extensão. A partir

desta posição o indivíduo executa um contra movimento

(flectindo os joelho) antes de tentar saltar o mais alto

possível. O drop jump é executado de cima de uma

caixa com determinada altura (ex.: 30 cm). A partir desta

posição o indivíduo salta para o solo executando um

contra movimento e de forma reactiva tenta saltar o

mais alto possível (Chu, 1998). Estes testes apresentam

elevada fiabilidade intra-observador, adequada precisão

das medições e não são influenciados pelo efeito de

aprendizagem (Machado & Gonçalves, 2005).

ARTIGO ORIGINAL

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

13 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 12 -16

Actualmente existe um interesse crescente na aplicação

dos resultados destes testes no processo de tomada de

decisão relativo a pacientes individuais. Neste contexto,

torna-se fundamental decidir sobre a sua utilidade

clínica. Para isso, tal como proposto para outros tipos de

medidas (Stratford, 1997; Stratford & Binkley, 1999), é

necessário encontrar respostas para, pelo menos, três

questões essenciais:

1) Qual é a capacidade pliométrica de um indivíduo num

dado momento?

De facto, tal como acontece para outras medidas, a

aplicação repetida dos testes de salto de impulsão

vertical, por um período de tempo em que a capacidade

pliométrica do indivíduo não muda verdadeiramente,

pode resultar na obtenção de várias pontuações

diferentes. Isto deve-se à variabilidade intra-individual e

não à alteração da capacidade pliométrica. O erro

padrão da medição representa a variabilidade intra-

individual associada à aplicação repetida de um teste no

mesmo indivíduo (Finch, Brooks, Stratford & Mayo,

2002). Esta ferramenta estatística pode ser utilizada

para definir um intervalo de confiança para a verdadeira

pontuação de um indivíduo num dado momento.

2) A mudança na capacidade pliométrica de um

indivíduo é verdadeira?

Considera-se que um indivíduo teve uma mudança

verdadeira quando a diferença entre a pontuação

anterior e a pontuação actual excede a combinação da

variabilidade intra-individual associada a ambas as

medições. A magnitude deste erro designa-se de

mínima mudança detectável (Finch, Brooks, Stratford &

Mayo, 2002). A mínima mudança detectável é estimada

a partir do erro padrão da medição da pontuação

anterior e da pontuação actual.

3) A mudança na capacidade pliométrica de um

indivíduo é clinicamente importante?

Considera-se que um indivíduo teve uma mudança

clinicamente importante quando a diferença entre a

pontuação anterior e a pontuação actual é relevante

para o indivíduo. A magnitude desta diferença designa-

se de mínima diferença clinicamente importante (Finch,

Brooks, Stratford & Mayo, 2002). Os métodos utilizados

para estimar a mínima diferença clinicamente importante

envolvem a utilização de uma medida padrão de ouro

que defina e quantifique a mudança do indivíduo.

Assim, com o intuito de tentar dar resposta às primeiras

duas questões apresentadas, foi objectivo deste estudo

piloto determinar o erro padrão da medição e a mínima

mudança detectável para os testes squat jump,

countermovement jump e drop jump. Os métodos

necessários para tentar dar resposta à terceira questão

apresentada são extremamente complexos pelo que

não foram abordados no presente estudo piloto.

Métodos

Amostra

Participaram 10 alunos do Curso de Fisioterapia da

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

(sexo: 3 masculino, 7 feminino), sem história de

disfunção dos membros inferiores. A estatística

descritiva da idade, estatura e peso dos participantes é

apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis idade, peso e

estatura.

Idade (anos) Estatura (cm) Peso (kg) N 10 Média 19,60 Desvio padrão 2,01 Mínimo 18 Máximo 25

10 171,50

8,00 163 188

10 60,00 9,57

51 84

Instrumentos e procedimentos

Os testes squat jump, countermovement jump e drop

jump, como descritos por Quesnot (2003a; 2003b),

foram aplicados em duas ocasiões separadas, com um

intervalo de sete dias. O drop jump foi realizado a partir

de uma caixa com 30 cm de altura. A ordem de

aplicação dos testes foi determinada aleatoriamente. A

medição da distância vertical entre a posição inicial e a

posição final foi realizada com um quadro biométrico.

Após um período de aquecimento, que incluiu 5 minutos

em ciclo-ergómetro (resistência equivalente a 2% da

massa corporal; velocidade de 50 rpm) e 3 minutos de

alongamentos estáticos das cadeias musculares dos

membros inferiores, foram obtidas as pontuações de

três repetições válidas (sem balanço dos membros

superiores; intervalo de tempo entre repetições de 15

segundos), para cada teste.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

14 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 12 -16

Análise estatística

As pontuações médias das três repetições, para cada

teste, foram utilizadas na análise estatística, que foi

realizada com o Statistical Package for the Social

Science (SPSS), versão 13.0 para Windows (SPSS

Inc.). O desvio padrão (DP), das duas aplicações, e o

coeficiente de correlação intra-classe (CCI), fórmula

(2,k), entre as pontuações das duas aplicações, foram

utilizados para estimar o erro padrão da medição (EPM).

Foi utilizada a fórmula: CCIDPEPM −= 1 . Para o

erro padrão da medição foi definido um intervalo de

confiança a 90% (considerado adequado quando o

paciente individual é a unidade de interesse (Stratford &

Binkley, 1999)) para uma qualquer pontuação média (X)

obtida nos testes em estudo, tendo sido calculado o

limite superior (LS) com a fórmula: LS = X + 1,65(EPM);

e o limite inferior (LI) com a fórmula: LI = X - 1,65(EPM).

O erro padrão da medição foi utilizado para estimar a

mínima mudança detectável (MMD). Foi utilizada a

fórmula: 2×= EPMMMD . Para a mínima mudança

detectável foi definido um intervalo de confiança a 90%

para uma qualquer pontuação média (X) obtida nos

testes em estudo, tendo sido calculado o limite superior

(LS) com a fórmula: LS = X + 1,65 (MMD); e o limite

inferior (LI) com a fórmula: LI = X – 1,65 (MMD). Resultados

As pontuações médias obtidas na primeira aplicação e

na segunda aplicação, para os três testes, estão

expostas nas Tabelas 2 e 3, respectivamente.

Tabela 2 – Pontuações médias, de cada um dos três testes, obtidas na primeira aplicação.

Squat

jump (cm) Countermovement

jump (cm) Drop

jump (cm) N Média Desvio padrão Mínimo Máximo

10 26,43 7,00 16,8 34,9

10 30,84 9,64 17,4 43,1

10 30,64 9,57 17,4 45,6

Tabela 3 – Pontuações médias, de cada um dos três testes, obtidas na segunda aplicação.

Squat

jump (cm) Countermovement

jump (cm) Drop

jump (cm) N Média Desvio padrão Mínimo Máximo

10 25,41 6,35 15,8 35,2

10 33,27 11,13 21,1 53,7

10 32,85 10,04 20,7 50,9

Na Tabela 4 são apresentados os valores do coeficiente

de correlação intra-classe, entre as pontuações médias

das duas aplicações, para os três testes.

Tabela 4 – Coeficiente de correlação intra-classe (CCI) para cada um dos três testes.

Teste CCI

Squat jump Countermovement jump Drop jump

0,96 0,95 0,95

Nas Tabelas 5 e 6 são apresentados os valores do erro

padrão da medição e da mínima mudança detectável,

bem como dos respectivos intervalos de confiança a

90%, para os três testes.

Tabela 5 – Erro padrão da medição (EPM) e respectivo intervalo de confiança (IC) a 90% para cada um dos três

testes.

Teste EPM (cm) 90% IC (cm)

Squat jump 1,29 ± 2,12

Countermovement jump 2,32 ± 3,84

Drop jump 2,08 ± 3,44

Tabela 6 – Mínima mudança detectável (MMD) e respectivo intervalo de confiança (IC) a 90% para cada um dos três

testes.

Teste MMD (cm) 90% IC (cm)

Squat jump 1,82 ± 3,00

Countermovement jump 3,29 ± 5,42

Drop jump 2,95 ± 4,86

Discussão

Os resultados deste estudo revelam valores aceitáveis

de erro padrão da medição para os testes squat jump,

countermovement jump e drop jump. Os intervalos de

confiança a 90% definidos permitem a leitura da

verdadeira pontuação de um indivíduo a partir da

pontuação média observada, isto para qualquer um dos

testes examinados. Por exemplo, se para um indivíduo a

pontuação média observada no teste squat jump, num

dado momento, é de 30 cm, o fisioterapeuta pode ter

90% de certeza de que a verdadeira pontuação do

indivíduo cai entre 27,88 e 32,12 cm (Tabela 7). A

variação da pontuação média obtida dentro deste

intervalo de confiança deve-se à variabilidade intra-

individual e não à mudança da capacidade pliométrica.

Na Tabela 8 é possível observar o erro padrão da

medição e o respectivo intervalo de confiança a 90%,

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

15 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 12 -16

para os testes squat jump, countermovement jump e

drop jump, calculados a partir dos dados do estudo de

Machado & Gonçalves (2005), que se revelaram muito

similares aos obtidos no presente estudo.

Tabela 7 – Limite inferior e limite superior do intervalo de confiança (IC) a 90% para o erro padrão da medição

respeitante a uma pontuação média fictícia de 30 cm.

Teste Limite

Inferior 90% IC (cm)

X (cm)

Limite Superior

90% IC (cm) Squat jump 27,88 30 32,12 Countermovement jump 26,16 30 33,84 Drop jump 26,56 30 33,44

Tabela 8 – Erro padrão da medição (EPM) e respectivo intervalo de confiança (IC) a 90% para os testes squat

jump, countermovement jump e drop jump, calculados dos dados do estudo de Machado & Gonçalves (2005).

Teste EPM (cm) 90% IC

Squat jump 1,80 ± 2,98 Countermovement jump 1,57 ± 2,59 Drop jump 1,65 ± 2,73

Os dados desse mesmo estudo (Machado & Gonçalves,

2005) foram ainda utilizados para calcular a mínima

mudança detectável e o correspondente intervalo de

confiança (IC) a 90%, para os testes squat jump,

countermovement jump e drop jump, para que

pudessem ser comparados com os indicadores

correspondentes obtidos no presente estudo.

Igualmente neste caso, os valores obtidos nos dois

estudos são muito semelhantes (Tabela 9), podendo ser

também considerados aceitáveis. Os intervalos de

confiança a 90% determinados para a mínima mudança

detectável, para qualquer um dos testes em análise,

permitem perceber se uma determinada alteração das

pontuações médias observadas pode ser considerada

uma mudança real da capacidade pliométrica ou se,

pelo contrário, deverá ser atribuída à variabilidade intra-

individual associada às duas medições necessárias para

avaliar a pontuação média anterior e a pontuação média

actual. Por exemplo, se um indivíduo obteve uma

pontuação média anterior de 30 cm, no teste squat

jump, deverá alcançar uma pontuação média actual de

27,00 cm ou menos, ou 33,00 cm ou mais para que o

fisioterapeuta possa ter 90% de certeza de que a

capacidade pliométrica do individuo, mensurada através

deste teste, mudou verdadeiramente (Tabela 10).

Tabela 9 – Mínima mudança detectável (MMD) e respectivo intervalo de confiança (IC) a 90% para os testes squat

jump, countermovement jump e drop jump, calculados dos dados do estudo de Machado & Gonçalves (2005).

Teste MMD (cm) 90% IC (cm)

Squat jump 2,55 ± 4,21 Countermovement jump 2,22 ± 3,66 Drop jump 2,34 ± 3,85

Tabela 10 – Limite inferior e limite superior do intervalo de confiança (IC) a 90% para a mínima mudança detectável

respeitante a uma pontuação média fictícia de 30 cm.

Teste Limite

Inferior 90% IC (cm)

X (cm)

Limite Superior

90% IC (cm) Squat jump 27,00 30 33,00 Countermovement jump 24,58 30 35,42 Drop jump 25,14 30 34,86

Conclusões

Os testes squat jump, countermovement jump e drop

jump parecem ter utilidade clínica para o fisioterapeuta,

uma vez que permitem a avaliação da capacidade

pliométrica e da mudança na capacidade pliométrica,

dos membros inferiores, com um nível aceitável de erro

da medição (ou das medições). Porque incorporam

habilidades e acções motoras específicas das

modalidades desportivas, estes testes de avaliação do

desempenho funcional podem ser utilizados quer no

contexto clínico quer no contexto desportivo, tendo em

vista a monitorização do desenvolvimento das

potencialidades neuromusculares e da reprogramação

neuromotora pós lesão do desportista. Recomendam-se

investigações adicionais para a determinação da mínima

diferença clinicamente importante.

Bibliografia Chu, D. A. (1998). Jumping into plyometrics (2nd ed.). Champaign: Human Kinetics. Desoutter, P. (1993). La pliométrie: utilisable en rééducation? Kinésithér Scientif, 320, 25-28. Finch, E., Brooks, D., Stratford, P. W., & Mayo, N. E. (2002). Physical rehabilitation outcome measures: a guide to enhanced clinical decision making (2nd ed.). Ontario: Lippincott Williams & Wilkins. Gonçalves, R. S. (2003). Pliometria na recuperação de lesões e reintegração na actividade do desportista. Revista Portuguesa de Medicina Desportiva, 21(107), 95-98. Houglum, P. A. (2001). Therapeutic exercise for athletic injuries. Champaign: Human Kinetics. Machado, P., & Gonçalves, R. S. (2005). Fiabilidade teste-reteste de três provas de salto de impulsão vertical – estudo

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

16 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 12 -16

piloto. Paper presented at the 6º Congresso Nacional de Fisioterapeutas, Figueira da Foz. Quesnot, A. (2003a). Les tests utilisés pour évaluer la pliometrie (deuxième partie). Kinésithér Scientif, 430, 52-53. Quesnot, A. (2003b). Les tests utilisés pour évaluer la pliometrie (première partie). Kinésithér Scientif, 429, 49-50. Stratford, P. W. (1997). Applying functional status measures to individual patients. Clin J Sport Med, 7(3), 226. Stratford, P. W., & Binkley, J. M. (1999). Applying the results of self-report measures to individual patients: an example using

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Trabalho recebido a: 02 Outubro 2006 Trabalho revisto a: 20 Novemvro 2006 Trabalho aceite a: 22 Dezembro 2006

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

17

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 17 – 24

Análise Tridimensional da Posição Inicial da Omoplata em Indivíduos

Assintomáticos

Marisa Guerreiro 1, Ricardo Matias 2

Fisioterapeuta. Grupo de Estudo da Efectividade da Intervenção da Fisioterapia nas Disfunções do Complexo articular do Ombro ESS-IPS. Mestranda em Ergonomia na Segurança no Trabalho na Faculdade de Motricidade Humana – UTL1

Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Assistente na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal. Grupo de Estudo da Efectividade da Intervenção da Fisioterapia nas Disfunções do Complexo articular do Ombro ESS-IPS.

Doutorando em Ciências da Fisioterapia na Faculdade de Motricidade Humana – UTL.2

Resumo Introdução: O equilíbrio do binómio estabilidade/mobilidade é frequentemente colocado em causa por factores como a repetição de gestos desportivos na procura da sua melhor performance e/ou a utilização frequente de actividades acima dos 90º de elevação do braço. Estes, entre outros factores, parecem contribuir para as disfunções do complexo articular do ombro. O papel da omoplata nessa estabilidade é fundamental, sendo a sua posição relativa ao tórax um factor decisivo para a correcta função do membro superior. Relevância: Apesar da crescente evidência nesta área permanece um vazio tanto no conhecimento da posição inicial da omoplata, como no desenvolvimento de metodologias de avaliação em Fisioterapia validas, fidedignas e exequíveis na prática clínica. Objectivo: Descrever tridimensionalmente a posição inicial da omoplata em indivíduos assintomáticos. Metodologia: Fizeram parte do estudo cerca de 20 sujeitos assintomáticos seleccionados por conveniência e caracterizados através de um questionário individual e um protocolo de observação. Os parâmetros cinemáticos referentes à posição inicial da omoplata foram recolhidos por intermédio de um instrumento de varrimento electromagnético - Flock of Birds System. Resultados e Discussão: A posição inicial da omoplata, em média, caracterizou-se por 32,74º de protracção, 11,02º de rotação superior e 4,32º de báscula anterior. A distância média da omoplata à coluna foi de 9 cm do ângulo inferior a T8 e de 8 cm da raíz da espinha a T1. O valor médio referente à área da omoplata foi de 72,62 cm2. Os resultados obtidos neste estudo não são totalmente concordantes com escassa literatura existente, ficando em aberto a existência de uma variabilidade inter-sujeitos. Conclusão:. Não nos parece fazer sentido referir a uma posição como a normal, mas a um espectro de normalidade. Tendo em conta os valores de correlação encontrados, perspectivamos para um futuro próximo, o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação em Fisioterapia da articulação escápulo-torácica em repouso. Palavras-Chave: complexo articular do ombro, posição inicial da omoplata, análise cinemática. Abstract Background: Complexity inherent to the shoulder complex (SC) represents a challenge to the physiotherapist, since it stability is often sacrificed by repetition of sport movements, forcing the need to maximize a performance above the 90 degrees of shoulder elevation. These factors, among others, seem to contribute to SC dysfunction. Scapula role is important for stability and it relation to the thorax is a crucial issue to the normal function of the upper limb. Although there is growing evidence in this area, the scapula resting position remains uncharacterized, as the development of objective methods for the evaluation the SC in physiotherapy. Purpose: Three-dimensional analysis of scapula resting position in asymptomatic subjects. Subjects: 20 asymptomatic subjects selected by convenience. Methods: Kinematics parameters referring to the scapula resting position were recorded using an electromagnetic tracking device – Flock of Birds System – while the subjects remained stand on the most comfortable position. Two more instruments were used to help characterizing the sample (an individual questionnaire and an observation protocol). Results: Scapula resting position was characterized by 32.74º of protraction, 11.02º of lateral rotation and 4.32º of anterior tilt. The mean distance of scapula to the vertebral column was 8 cm from the trigonum spinae to T1 and 9 cm from the angulus inferior to T8. There mean value concerning scapula area was 72.62 cm2. The correlation analysis demonstrated that bigger the thorax, biggest the scapula areas. Bigger the scapula dimensions, biggest the dislocation of the inferior angle in the sagital plane. Discussion and Conclusion: The results from this study seem to stand out the existence of a spectrum of normality rather then a normal standard position of the scapula resting position. Concerning these results, we are developing a clinical method to assess the shoulder complex, in particular, the scapular stationary positions during different arm elevation tasks. Keywords: shoulder complex, scapula initial position, kinematic analysis Introdução O complexo articular do ombro (CAO) é o elo funcional

entre o membro superior e o tronco. A elevada

amplitude de movimento torna-o instável, sendo

estruturas como os tecidos moles a promoverem algum

suporte (DePalma, Johnson, 2003). Relativamente a

outras articulações, o ombro é um desafio. Até

determinado nível, a estabilidade estrutural do CAO é

sacrificada para atingir amplitude de movimento (Walton

et al., 2002). No desporto, este aspecto pode significar

um mau desempenho técnico e/ou a lesão do atleta.

ARTIGO ORIGINAL

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 17 – 24

A orientação da omoplata relativamente ao tórax

corresponde tridimensionalmente ao movimento

escapulotorácico (Karduna et al., 2001, citados em

Ebaugh, McClure, Karduna, 2005). As rotações que

descrevem essa orientação relativamente ao tórax são

definidas pelos ângulos Euler: rotação superior/inferior,

protracção/retracção, báscula posterior/anterior –

Figura1 (Karduna et al., 2001, citados em Ebaugh,

McClure, Karduna, 2005).

Figura 1 – Rotações da Omoplata: Rotação Superior/Inferior;

Protracção/Retracção; Báscula Posterior/Anterior

Estas especificidades levam a que para o CAO haja

necessidade de nos focarmos na omoplata, a fim de se

desenvolverem estratégias de reabilitação. No contexto

clínico, os utentes que apresentam disfunção de

movimento do CAO têm um controlo dinâmico da

omoplata muito pobre (Host, 1995, citado por Mottram,

1997). Sublinha-se por isso a necessidade de avaliar a

posição de repouso (inicial) da omoplata, para que

consequentemente se avalie o ombro (Kibler, 1991; Host,

1995; Kibler 1998, citados em Lewis, 2002).

Alguns estudos epidemiológicos identificam

especificamente a postura como um factor para as

desordens músculo-esqueléticas do ombro (Bernard,

1997), já que o alinhamento postural inadequado pode

conduzir a alterações do tónus muscular e aumentar o

stress biomecânico (Lardner, 2001). Se os segmentos

corporais estiverem fora do alinhamento normal por

períodos extensos, os músculos encurtam ou alongam

(Hrysomallis, Goodman, 2001).

A actividade do indivíduo, ocupacional ou de lazer, os

aspectos inerentes ao mesmo e a adaptação tecidular

parecem ter alguma repercussão a nível articular.

Partindo desta premissa, além da falta de instrumentos

que ajudem a fidelizar a avaliação da posição inicial da

omoplata, outro aspecto que dificulta a abordagem do

fisioterapeuta é a posição descrita como normal. De

acordo com a literatura, define-se uma determinada

localização no espaço para a omoplata, mas subjacente

a essa estarão diversas hipóteses, sugerindo a

variabilidade entre sujeitos (Jull, s.d.).

A hipótese de existir mais do que uma posição inicial na

população assintomática e o facto da mesma poder

estar interligada com a variabilidade inter-sujeitos,

conduz à necessidade de se compreender melhor todos

os aspectos inerentes à posição inicial da omoplata.

Metodologia A abordagem é quantitativa e do tipo não experimental,

pretendendo-se recolher informações acerca da

temática em estudo, na tentativa de se conhecer melhor

a realidade (Silva, 2002). O desenho metodológico

deste trabalho é descritivo.

Amostra. A amostra em estudo foi seleccionada por

conveniência, entre as populações residentes na área

de Setúbal e da Grande Lisboa. Constituiu-se por 20

indivíduos assintomáticos (12 sexo feminino, 8 sexo

masculino), com uma média de idades de 26 anos (DP

= ± 8,90). Todos os sujeitos com história clínica actual

e/ou anterior de sintomatologia ao nível do CAO foram

excluídos do estudo. Todos os sujeitos foram voluntários

e assinaram um consentimento informado.

Tarefa. Após o preenchimento do consentimento

informado e de um questionário individual por parte dos

sujeitos, o investigador principal aplicou um protocolo de

observação e marcou previamente 3 dos pontos

necessários para a recolha cinemática (T1,T8,T12).

Após esta fase os sujeitos foram encaminhados para o

local de recolha cinemática, onde se explicitou todo o

processo. Foi pedido a cada sujeito que se mantivesse

numa posição de pé confortável (com o seu peso

igualmente distribuído ao nível dos membros inferiores),

de forma a conseguir mantê-la durante alguns minutos.

Instrumentos. Para auxílio na caracterização da

amostra foram desenvolvidos: um questionário individual

e um protocolo de observação, ambos aplicados antes

da recolha cinemática (o questionário serviu para

auxiliar na caracterização da amostra e o protocolo para

avaliar o enquadramento postural). Os parâmetros

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cinemáticos foram recolhidos através de um dispositivo

de varrimento electromagnético (Hardware – “Flock of

Birds System Ascension Technology, www.ascension-

tech.com; Software – MotionMonitor, www.innsport.com)

constituído por um transmissor electromagnético de

longo alcance e um conjunto de quatro sensores

electromagnéticos. O sistema permite o registo da

posição e orientação (posição 3D) dos sensores

electromagnéticos quando estes estão inseridos num

campo electromagnético gerado pelo transmissor. No

presente estudo os quatro sensores electromagnéticos

foram distribuídos do seguinte modo: três no registo da

posição tridimensional do tórax, omoplata

(scapulalocator) e úmero, e um para o stylus. O sistema

foi previamente calibrado no sentido de identificar e

corrigir as distorções do campo electromagnético na

zona de registo., para um área (x,y,z) de 60/90/120cm

(RMS = 0.004378), seguindo o procedimentos idêntico

ao proposto pelo fabricante (www.innsport.com).

Registo Cinemático. Para o registo cinemático foram

utilizados três sensores electromagnéticos para estimar

a posição tridimensional do tórax, omoplata e úmero: o

sensor do tórax foi colocado perto da apófise espinhosa

de T1; o do úmero foi montado numa braçadeira de

plástico, firmemente ajustada à face externa do braço

através de uma banda de velcro; e, por último, o sensor

da omoplata foi montado num dispositivo especialmente

concebido para identificar a posição da omoplata: o

scapulalocator (Figura 2). Este dispositivo é composto

Figura 2 – Scapulalocator

por duas hastes de acrílico transparente que se

articulam através de um parafuso ajustável, em três das

extremidades das hastes encontram-se três ponteiros

do mesmo material que permitem, após ajustamento,

um contacto simultâneo em três referências ósseas

(ângulo acromial - AA - , ângulo inferior da omoplata –

AI - e raiz da espinha da omoplata - RS), tornando a

digitalização mais fidedigna (Barnett, Duncan, Johnson,

1999).

Um quarto sensor electromagnético foi montado num

ponteiro de acrílico transparente, o stylus, o qual, depois

de calibrado, permitiu o registo da posição

tridimensional de várias referências ósseas do tórax,

úmero e omoplata, previamente identificadas por

palpação e posteriormente utilizadas na determinação

dos sistemas de coordenadas locais daqueles

segmentos ósseos. Neste registo a extremidade

pontiaguda do stylus foi colocada sobre a referência

óssea a estudar. Este procedimento foi efectuado com o

sujeito na posição de pé anteriormente descrita, sendo

acompanhado do posicionamento do scapulalocator

(Figura 3). A posição tridimensional da omoplata foi

obtida segundo o protocolo proposto por Wu et al.

(2005). Para além dos procedimentos descritos no

protocolo foram adicionados 5 pontos, por

proporcionarem mais informação relativamente ao tórax

e altura da cabeça em relação ao tronco: os dois

mastóides, os dois pontos médios de cada hemitórax e

T12.

Figura 3 – Aspecto geral da colocação dos sensores

electromagnéticos

Processamento Estatístico. Foi utilizada uma

estatística descritiva para os valores referentes à

posição inicial da omoplata e uma estatística não-

paramétrica, através coeficiente de correlação de

Spearman, com recurso a software especifico (SPSS®

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

20

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 17 – 24

versão 12), para um nível de significância de 1%

(α<0,01) e 5% (α<0,05), para averiguar a correlação

entre as variáveis em estudo.

Resultados

Os resultados obtidos permitiram conhecer as

coordenadas tridimensionais de cada ponto no espaço e

a posição inicial da omoplata de cada indivíduo. A partir

dessas foi possível conhecer as dimensões do tórax e

omoplata, e a distância desta à coluna (através da

distância entre pontos, após normalização das

coordenadas a T1).

Os valores médios das rotações da omoplata foram

32,74º para a protracção, 4,32º para a báscula anterior e

11,02º para a rotação superior. Na figura 4 estão

representados os valores médios obtidos para cada

ponto da omoplata.

Figura 4 – Representação gráfica dos valores médios para a posição da omoplata

As dimensões médias para o tórax e omoplata estão

representadas nas Figuras 5 e 6, respectivamente.

Figura 5 – Dimensões do Tórax

Figura 6 – Dimensões Omoplata

Relativamente à área da omoplata, o valor médio foi de

72,62 cm2 (DP = + 13,44 cm2), correspondendo ao sexo

masculino os maiores valores.

A distância média da omoplata à coluna foi de 9 cm de

AI a T8 e de 8 cm de RS a T1 (Figura 7).

Figura 7 – Distâncias da Omoplata à Coluna

A análise correlacional efectuada evidenciou a distância

de AI à coluna e a rotação superior como as mais

correlacionáveis em relação a outros pontos e rotações

da omoplata. Verificaram-se correlações positivas entre

a omoplata e o tórax; entre estas, determinou-se que

quanto maior a dimensão do tórax, maior a dimensão da

omoplata (correlações positivas fortes de 0.642 entre a

distancia do apêndice xifóide a T8 e a área da omoplata,

e desta com a distância da Fúrcula do esterno a T1:

0,674). A esta associação parece estar inerente um

maior afastamento de AI a T8 (correlações de 0.481), e

uma deslocação negativa de AI em y (-0.633).

Os instrumentos para caracterização da amostra

demonstraram que 50% dos sujeitos estão em posturas

mantidas (2 a 5 horas) e que apresentam alinhamentos

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extremos: hiperlordose cervical e lombar, acentuada

cifose dorsal.

Discussão

A amostra utilizada apresentou-se heterogénea, não só

relativamente ao género, como também à idade e

profissão (50% estudantes, 50% profissões várias). O

facto de 3 dos indivíduos não terem o lado direito como

dominante pode de alguma forma enviesar alguns

dados, na medida em que a lateralidade deve ser tida

em conta, já que o membro dominante será o mais

especializado para a função e, consequentemente, o

mais predisposto à lesão, pois os níveis de stress físico

exigem a resposta adaptativa dos tecidos (Mueller,

Maluf, 2002).

Os resultados referentes às rotações da omoplata

apresentam a báscula anterior como a menos variável

dentro da amostra, sendo a protracção a que representa

maior variação. Comparando com a literatura, a báscula

anterior apresenta diferenças em 5º, sendo que a

protracção se aproxima dos valores já descritos. Não

foram encontrados dados que possibilitassem a

comparação para a rotação superior.

As distâncias da omoplata à coluna estão acima do

referido na bibliografia (Culham, Peat, 1993, e Kapandji,

1998, mencionam que o bordo interno estará afastado 5

a 6 cm da coluna vertebral, enquanto que os nossos

resultados apresentam as distâncias de 9 cm a 8 cm),

embora para a distância de RS a T1 não haja forma de

comparar, uma vez que os pontos utilizados foram

diferentes.

As dimensões do tórax e omoplata encontrados não são

também comparáveis, ou pela literatura ser pouco

recente, ou por muitos dos artigos se referirem a

medições efectuadas em cadáveres. Contudo, os

valores obtidos para o bordo externo parecem ser

semelhantes aos descritos (Shroeder et al., 2001

referem 15,5 cm, em oposição aos 15,02 cm deste

estudo).

A relação entre omoplata e tórax parece ser evidente; a

omoplata “interage” com o tórax de forma a que a sua

posição inicial estará associada às dimensões do tórax

do sujeito. Dimensões maiores do tórax estão

relacionadas com dimensões maiores da omoplata,

sendo que o bordo interno parece ser o mais variável

neste caso. Além disso, o deslocamento negativo do

ângulo inferior em y, em conjunto com menos variação

de RS e maior afastamento de AI a T8, parece indicar

que omoplatas maiores terão tendência a posicionar-se

em rotação superior. O facto de omoplatas maiores

corresponderem ao sexo masculino poderá estar

associado às características antropométricas

(Bellemare, Jeanneret, Couture, 2003).

Estes dados parecem vir reforçar a complexidade do

CAO, não só no conjunto articular, como mais

especificamente no caso da omoplata. Esta, como todo

o complexo articular, infere estabilidade para o

movimento do úmero (Kibler, Herring, 1998, Jobe et al.,

1987, citados em DePalma, Johnson, 2003). Sendo o

CAO muitas vezes sacrificado em estabilidade por

causa da sua mobilidade (Tennent et al., 2003),

aumenta o desafio para o fisioterapeuta. Inicialmente,

esse passava por controlar o movimento, permitindo a

função e estabilidade. Agora, parece-nos que o desafio

cresce para “um olhar” para o CAO mais analítico, mais

exploratório, mais variável.

A análise 3D da posição inicial da omoplata em

indivíduos assintomáticos foi efectuada.

Comparativamente com a literatura há diferenças,

nomeadamente nas amplitudes de báscula anterior e

distâncias à coluna. Estas variações, tanto podem ser

alusivas a erros inerentes a este estudo, como à

variabilidade inter-sujeitos inicialmente avançada. A

posição inicial continua envolta de demasiadas

hipóteses, que podem efectivamente ser o reflexo da

variabilidade existente.

Ao serem conhecidas as dimensões do tórax, da

omoplata e a interacção entre ambos, especula-se que

a omoplata comportar-se-á de forma “submissa” em

relação ao tórax, correspondendo a variações do

mesmo. Hoje sabe-se que o aumento da cifose torácica

e/ou existência de escoliose é um factor prejudicial para

a postura e orientação da omoplata (Kibler, 2003),

conforme é verificável pela relação entre cifose dorsal e

protracção da omoplata (Lewis, Green, Wright, 2005).

Indubitavelmente, faz-se também a relação para as

características antropométricas, exemplo disso são as

maiores dimensões da omoplata e do tórax no sexo

masculino.

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Um dos resultados para nós mais interessante será a

possibilidade de omoplatas com maiores áreas estarem

associadas ao aumento da distância entre AI e T8.

Como este resultado não se aplica à distância entre a

raíz da espinha e T1, poderá pensar-se que omoplatas

de maior área tenderão a posicionar-se em rotação

superior. Esta é uma hipótese reforçada pela pouca

variação de RS com a área da omoplata e ainda pela

correlação da rotação superior com a última. O mesmo

ocorre para a hipótese de que uma omoplata menor

estará mais associada à báscula anterior. São dados

que necessitam mais investigação, mas que comprovam

a complexidade que rodeia o CAO.

Relativamente aos resultados correspondentes à

avaliação postural, a dificuldade de observação do CAO

é enfatizada por não se conseguir diferenciar muitas

vezes a protracção e báscula anterior. Ao invés, a

rotação superior poderá ser mais simples de identificar e

avaliar.

A verdade é que se o fisioterapeuta pretende

desempenhar uma intervenção de qualidade, existe

cada vez mais a necessidade de se desenvolverem

instrumentos de avaliação (Watson et al., 2005). Para o

CAO é imperativo que se criem meios fidedignos e

práticos para quantificar a posição da omoplata

(T’Jonck, L. et al., s.d.).

Um dos pontos a focar é que a omoplata, ao

desempenhar um papel tão importante no CAO, deve

ser avaliada e continuar a ser alvo de investigação,

tanto nas formas possíveis de avaliação, como na

obtenção de mais dados relativos ao normal. Quando

falamos em reabilitação do CAO, os dados normativos

são essenciais para melhor desenvolvimento da

situação clínica (Watson et al. 2005). À semelhança de

instrumentos como o scapulolocator, parece-nos

fundamental o desenvolvimento de uma metodologia

que nele se apoie mas exequível na prática clínica. Esta

necessidade/motivação impulsionou um projecto que se

encontra em actual desenvolvimento pelo Grupo de

investigação do qual decorreu este trabalho.

Alguns cuidados devem ser tidos em consideração na

leitura dos resultados deste estudo: o tamanho da

amostra, pouco representativo para um trabalho deste

tipo; e alguns dos procedimentos metodológicos,

nomeadamente, o facto de a palpação e respectivas

medições ter sido apenas realizada por um investigador,

sendo que no futuro será aconselhável que essa seja

feita pelo menos por dois.

Conclusão

Em suma, os resultados obtidos parecem vir enriquecer

a realidade acerca do CAO e, especificamente, da

posição inicial da omoplata.

A realidade que se nos depara é que continua a ser

controverso e complexo definir uma posição como a

normal. A variabilidade inter-individual, além da

variabilidade de estímulos que rodeiam cada indivíduo,

influencia o normal de cada um. Assim, dizer que uma

posição é a normal, não nos parece claro, mas

incompleto. Os resultados apresentados traduzem uma

interacção de características; a posição inicial da

omoplata estará dependente de aspectos

antropométricos, de factores individuais. A postura é um

comportamento e o meio para concretizarmos a função.

A actividade laboral é de longe uma das maiores

responsáveis pelas posturas adoptadas, colocando

várias vezes exigências tecidulares que, com o tempo,

desenvolvem problemas neuromusculoesqueléticos.

A premissa-base que se defende neste trabalho é que

não há posturas ideais. Esta assenta no facto da

postura como comportamento não ter uma

representação estática no espaço; pelo contrário, é

dinâmica.

Por tudo isto, fica então lançado o desafio de

modificarmos a compreensão da posição inicial da

omoplata, de um conceito estanque e rígido entendido

como “A posição normal” para um mais abrangente,

como “espectro da normalidade”.

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AA EEXXEECCUUÇÇÃÃOO DDEESSTTEE EESSTTUUDDOO..

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Trabalho recebido a: 12 Dezembro 2006 Trabalho revisto a: 17 Dezembro 2006 Trabalho aceite a: 28 Dezembro 2006

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Influência da Corrente Interferencial na Dor Induzida pelo

Alongamento dos Músculos Isquio-Tibiais

Telmo Firmino 1, José Esteves 2

Licenciado em Fisioterapia. Mestrando em Ciências da Fala. Escola Superior de Saúde do Alcoitão. Sport Lisboa e Benfica 1 Correspondência para: [email protected]

Licenciado em Fisioterapia. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Escola Superior de Saúde do Alcoitão 2

Resumo Introdução: A dor constitui um problema frequentemente abordado pelo Fisioterapeuta no desporto. Objectivo: Investigar os efeitos da aplicação da corrente interferencial (CI), com frequência de batimento (FB) de 100 Hz e corrente portadora de 4000 Hz, na intensidade da dor induzida pelo alongamento dos músculos ísquio-tibiais em sujeitos com retracções deste grupo muscular. Relevância: A revisão de literatura realizada permitiu constatar que não existe evidência suficiente que suporte os efeitos da CI na dor. Este estudo, é um contributo para a utilização da CI, na prática clínica dos fisioterapeutas. Metodologia: A amostra, seleccionada por conveniência, foi constituída por 32 sujeitos com retracções nos ísquio-tibiais e sem história anterior de lesões musculares. O protocolo apresenta uma fase experimental onde se aplica a CI e uma fase de controlo. Os sujeitos foram colocados passivamente em alongamento estático dos ísquio-tibiais até à amplitude de flexão da anca que produzia a dor máxima tolerável. Determinou-se a intensidade da dor utilizando a escala visual análoga. A avaliação da dor nas duas fases do protocolo foi realizada em 6 momentos para cada sujeito. Resultados: Verificou-se uma diminuição estatisticamente significativa da dor com a aplicação da CI comparativamente com todas as restantes observações (p=0,000). Discussão: Os resultados estão de acordo com a literatura consultada que refere a diminuição da dor utilizando CI com FB de 100Hz. Conclusão: Os resultados permitem sugerir a utilização da CI na dor. Palavras-Chave: Dor; Alongamento; Corrente Interferencial. Abstract Introduction: Pain management is a frequent problem for sports physiotherapists. Objective: The present study investigates the effects of interferential currents (IFC) on experimentally induced pain, produced throughout hamstrings stretch in subjects with muscle shortening, applied with an amplitude modulated frequency of 100Hz and a carrier of 4000Hz. Relevance: The available research shows that there is not enough evidence to sustain the use of IFC in pain management, in detriment of another technique. This research is a contribute for the use of IFC, on clinical practice of physiotherapists. Methods: The sample was chosen by convenience consisting on 32 subjects with harmstring muscle shortening and without previous muscle injuries. The experimental protocol has 2 phases, one, called experimental, were IFC is applied, and another, called control. The subjects were passively placed in a static stretch position in a hip flexion amplitude that produced the maximum tolerable pain. Pain intensity was measured using the analogue visual scale. The first assessment on both phases was always performed 6 times for each subject. Results: There was statistical significance for pain reduction with IFC comparing with all other assessments (p=0,000). Discussion: The results are sustained by the literature, stating that IFC with an AMF of 100Hz diminishes the pain. Conclusions: The results suggest the use of IFC on pain management

Key Words: Pain; Stretching; Interferential Currents

Introdução

A utilização de correntes terapêuticas, é uma prática

usual entre os fisioterapeutas, que relatam resultados

positivos ao nível da diminuição da dor. Das várias

formas de correntes, a corrente interferencial (CI) é,

juntamente com a estimulação eléctrica nervosa

transcutânea (TENS), uma das modalidades mais

utilizadas na prática clínica. Esta preferência, poderá

pressupor a existência de evidência científica que

sustente a aplicação destas modalidades, identificando

os mecanismos subjacentes à diminuição da dor. No

entanto, grande parte dos estudos, abordam os efeitos e

mecanismos de acção do TENS, extrapolando os seus

resultados para a CI.

Alguns autores defendem que a CI, terá o mesmo efeito

que o TENS (Johnson & Tabasam, 1999) com a

vantagem de obter maior penetração (Low, 1988), pelo

facto de ser uma corrente de média frequência

modulada a baixa frequência.

Johnson e Tabasam, (2002), demonstraram num estudo

cego, com grupo controlo e placebo, que a aplicação de

CI, com uma FB de 100Hz, produz uma significativa

diminuição da dor isquémica, induzida

experimentalmente. A frequência de cerca de 100 Hz

estimula preferencialmente as fibras Aβ, de grande

ARTIGO ORIGINAL

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26 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 25 -31

diâmetro (Low & Reed, 2001; Palmer & Martin, 2002),

que segundo vários autores (Melzack & Wall, 1987;

Wood, 2002), permite diminuir a dor através da inibição

pré sináptica das fibras transmissoras, mecanismo

designado como teoria do portão da dor.

Para estimular selectivamente estas fibras é necessário

escolher a frequência, tendo por base o período

refractário da célula alvo. Fibras de grande diâmetro

(Aβ) vão ter um período refractário menor e maior

velocidade de condução, sendo estimuladas com

frequências entre 80 e 120 Hz. As fibras de pequeno

diâmetro (Aδ) vão ser estimuladas com frequências

entre 4 e 10 Hz (Low & Reed, 2001; Martin, 1996;

Palmer & Martin, 2002; Palmer, Martin, Steedman &

Ravey, 1999).

Os estudos realizados utilizam situações patológicas,

como por exemplo dor no joelho (Taylor & Newton, 1987

citado por Nelson, 1999) ou situações de dor induzida

experimentalmente em sujeitos saudáveis através de

fadiga muscular (Minder, et al, 2002), de isquemia

(Johnson & Tabasam, 2002), de estímulo mecânico

suficientemente forte para atingir o limiar nociceptivo

(Alves-Guerreiro, Noble, Lowe e Walsh, 2001) e através

do frio (Johnson & Tabasam, 1999; Johnson &

Tabasam, 2003).

Métodos

Objectivo

Este estudo teve como principal objectivo, estudar os

efeitos da aplicação da corrente interferencial na

intensidade da dor, mais especificamente ao nível da

dor induzida pelo alongamento dos músculos ísquio-

tibiais.

O estudo é quasi-experimental, pois apesar de existir

uma relação de causa efeito em que são manipuladas

variáveis a selecção da amostra não é aleatória, mas

por conveniência

Amostra

Este estudo foi realizado com uma amostra retirada da

população de alunos do da Escola Superior de Saúde

do Alcoitão. A amostra foi constituída por 32 indivíduos

(tabela 1), seleccionados por conveniência de acordo

com os critérios de selecção: dor durante o alongamento

dos músculos ísquio-tibiais; não realizar a extensão

completa do joelho, com a anca estabilizada a 90º de

flexão e a tíbio-társica em posição neutra, por

encurtamento dos ísquio-tibiais; sem história de lesões

nos músculos ísquio-tibiais e gémeos; sem contra-

indicações à aplicação de CI.

Os indivíduos foram devidamente esclarecidos sobre o

estudo, sendo que todos deram o seu consentimento

informado.

Tabela 1 – Caracterização da amostra

N Mínimo Máximo Média Desv. Padrão Idade 32 18 27 19,8 2,1 Altura 32 1,48 1,82 1,68 0,08 Peso 32 45,0 85,0 62,3 10,5

N (válidos) 32

Corrente interferencial

Neste estudo foi utilizado o aparelho combinado de

correntes Phyaction796® (GymnaUniphy®, Bilzen,

Bélgica), que cumpre as directivas do Comité Europeu

para equipamentos médicos, 93/42/EEC. Utilizou-se a

técnica bipolar, sendo a interferência produzida pelo

processador no interior do aparelho.

Utilizaram-se 2 eléctrodos de silicone (8cm x 12cm), 2

almofadas de espuma, (Refs. 112.492 e 100.659 da

GymnaUniphy®, Bilzen, Bélgica) e um cabo de 1,5

metros.

A corrente foi aplicada com uma FB de 100 Hz

estimulando essencialmente as fibras Aβ. Utilizou-se um

espectro de zero, mantendo a frequência constante,

sem varrimento. A intensidade foi aumentada até atingir

o limiar sensorial, provocando uma parestesia máxima

tolerável, sem atingir o limiar motor. A CI foi mantida

durante 60 segundos.

Dor A variável dependente é a dor provocada pela

manutenção da posição estática de alongamento dos

músculos ísquio-tibiais, realizado passivamente.

A intensidade da dor que se pretendeu atingir com o

alongamento passivo e que determina a amplitude de

alongamento individual, é a máxima tolerável por cada

sujeito.

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27 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 25 -31

Instrumentos

Escala visual análoga (EVA)

A EVA foi utilizada com o objectivo de quantificar a

intensidade da dor, induzida pelo alongamento dos

músculos ísquio-tibiais.

Goniómetro

O goniómetro foi utilizado para determinar a amplitude

articular de flexão da anca correspondente a posição

inicial e a posição final, confirmando a manutenção da

posição ao longo do protocolo experimental.

Procedimentos

Todos os sujeitos foram submetidos a um protocolo

experimental com duas fases, uma denominada

experimental, em que se aplicou a CI e outra,

denominada controlo, em que não foi aplicada a CI,

funcionando assim como controlo. Todo o protocolo foi

realizado no mesmo dia, tendo uma duração média de

30 minutos por sujeito.

A ordem de aplicação de cada fase foi aleatória, sendo

que a aleatorização foi feita pelo software de tratamento

estatístico SPSS® for Windows V.11.5 (SPSS® Inc.,

Chicago, IL, E.U.A.). Entre as duas fases, estabeleceu-

se um intervalo de 15 minutos, de acordo com o estudo

de Weijer, Gorniak e Shamus (2003) sobre a duração

dos efeitos do alongamento.

Protocolo experimental O protocolo teve os mesmos procedimentos para as

duas fases. Seguiu-se o desenho da pesquisa, que

previa 6 momentos de avaliação da dor, isto é, três

medições cada das duas fases. As medições foram

previstas para serem temporalmente coincidentes.

Ao longo das observações todos os sujeitos se

apresentaram de calções e t-shirt (figura 1). As

medições foram realizadas numa gaiola de Rochet. O protocolo de aplicação da CI foi o seguinte:

Os eléctrodos, dentro das almofadas de espuma

humedecidas, foram colocados ou mantidos ao nível da

origem e inserção dos ísquio-tibiais do membro em

teste, sendo fixos com bandas com Velcro®. A

colocação dos eléctrodos foi efectuada antes de

determinar a posição de alongamento. Figura 1 – Aplicação do protocolo experimental.

Seguidamente era colocada uma tala posterior curta no

membro, para estabilizar a tíbio-társica em posição

neutra e depois uma tala posterior longa para estabilizar

o joelho em extensão completa. Foi utilizado um

quadrado de plástico isolador para evitar o contacto dos

eléctrodos com o metal das talas.

Através de um sistema de corda e roldana, realizou-se a

flexão da anca passivamente para determinar a

amplitude em que o sujeito refere a dor máxima

tolerável, aferindo a posição da roldana para que a

corda fique perpendicular com o membro na posição

final. Posicionava-se passivamente o membro em teste

na posição previamente determinada. Essa posição era

mantida fixando a corda na gaiola recorrendo a um

sistema de travão. Verificava-se a amplitude com o

goniómetro.

Após alcançar a posição em que o sujeito referia a dor

máxima tolerável, aplicava-se de imediato a EVA (E1),

seguindo-se a aplicação da CI durante 60 segundos.

Ao fim de 55 segundos de estimulação aplicou-se

novamente a EVA (E2), desligando-se a CI quando esta

completava 60 segundos de estimulação.

A EVA tornava a ser aplicada 60 segundos após o

desligar da corrente (E3), determinando-se, a amplitude

articular com o goniómetro. Finalmente, eram

desconectados os eléctrodos. Os sujeitos repousavam,

pelo menos, 15 minutos passavam a outra fase ou

finalizavam os testes.

Na fase de controlo, os procedimentos foram os

mesmos, com a excepção da aplicação da CI. No

entanto as medições da dor foram realizadas ao fim dos

mesmos tempos, isto é, após alcançar a posição em

que o sujeito referia a dor máxima tolerável (C1), 55

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

28 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 25 -31

segundos depois (C2) e 65 segundos após a última

medição (C3). Tratamento dos dados

Foi utilizado o software de tratamento estatístico SPSS®

for Windows V.11.5.

Existe alguma controvérsia sobre a classificação dos

dados recolhidos pela EVA (Bellamy 1993; Hicks 1995),

o que influencia a escolha dos testes estatísticos.

Devido a esta falta de consenso entre os autores

consultados, optámos por tratar os dados aplicando

testes não paramétricos.

Utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, para amostras não

emparelhadas, de forma a verificar a existência de

diferenças significativas entre as seis observações e o

teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas, para

verificar a existência de diferenças significativas entre

cada uma das duas observações. Os testes foram

realizados após a verificação da normalidade dos dados

através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Foi utilizado

para todos os testes um nível de significância de 95%

(p<0,05).

Resultados

Neste estudo cada um dos 32 sujeitos realizou um total

de seis registos da intensidade da dor. Estes registos

são agrupados em duas fases, uma em que existe a

aplicação da corrente (E1,E2 e E3), e outra

correspondendo ao controlo que cada sujeito constitui

de si próprio (C1,C2 e C3).

Intensidade da dor

A intensidade da dor na primeira medição de controlo

(C1) teve como média 5,4cm, tendo os valores variado

entre um mínimo de 6 cm e um máximo de 7,7cm,

apresentando um desvio padrão de 1,8 cm (tabela 2).

Na segunda medição (C2) a média foi de 5,4cm tendo

os valores variado entre um mínimo de 1,1cm e um

máximo de 8,2 cm, apresentando um desvio padrão de

1,7.

Na terceira medição (C3) a média foi de 5,8cm, tendo os

valores variado entre um mínimo de 1,8 e um máximo

de 8,8 cm, apresentando um desvio padrão de 2,0.

Na primeira medição da fase experimental (E1), a média

foi de 5,2 cm, variando entre um mínimo de 1,6 cm e um

máximo de 8,6 cm, apresentando um desvio padrão de

1,9.

Na segunda medição (E2) a média foi de 3,6 cm,

variando entre um mínimo de 0 e um máximo de 8 cm,

apresentando um desvio padrão de 2,6.

A terceira medição (E3) teve uma média de 4,7 cm, com

um mínimo de 0 cm e um máximo de 9 cm,

apresentando um desvio padrão de 2,6.

Tabela 2 – Intensidade da dor.

Observações N Média Mínimo Máximo Desvio

Padrão

C1 32 5,4 ,6 7,7 1,8

C2 32 5,4 1,1 8,2 1,7

C3 32 5,8 1,8 8,8 2,0

E1 32 5,2 1,6 8,6 1,9

E2 32 3,6 ,0 8,0 2,6

E3 32 4,7 ,0 9,0 2,6

Valid N (listwise) 32

A média da observação E1 (antes da aplicação da

técnica) é semelhante ás médias das observações

C1,C2 e C3, parece também existir uma maior variação

da média da dor nas observações experimentais do que

nas observações de controlo como podemos observar

pelo gráfico 1.

Gráfico 1 – Variação da intensidade da dor entre as medições de controlo e as medições experimentais.

Variação da dor

0123456789

10

C1 C2 C3 E1 E2 E3

Antes de aplicar os testes inferenciais averiguou-se a

distribuição normal na variável intensidade da dor, para

cada uma das seis observações, recorrendo-se ao teste

de Kolmogorov-Smirnov. Este teste demonstrou a

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

29 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 25 -31

existência de uma distribuição normal, uma vez que em

todas as observações o p>0,05.

Teste Kruskal-Wallis

Recorreu-se ao teste de Kruskall-Wallis no sentido de

comparar as seis observações. Através das médias de

Rank (tabela 3), verifica-se quais as observações em

que se registou uma maior intensidade da dor. A

medição onde se registou a maior intensidade de dor foi,

por ordem decrescente, C3 (114,61), C1 (105,33), C2

(103,22), E1 (99,88), E3 (90,08), e E2 (65,89).

Tabela 3 – Tabela das médias de Rank.

Observações N Médias de Rank

Amostra C1 32 105,33

C2 32 103,22

C3 32 114,61

E1 32 99,88

E2 32 65,89

E3 32 90,08

Total 192

Através da aplicação do teste constata-se que p<0,05,

concluindo que nas seis observações da intensidade da

dor, existem diferenças estatisticamente significativas

(tabela 4).

Tabela 4 – Análise estatística do teste de Kruskal-Wallis

Amostra

Chi-Square 14,934

Df 5

Asymp. Sig. ,011

Este teste não paramétrico, não permite constatar entre

que medições existem diferenças, dessa forma, tornou-

se necessário aplicar o teste de Wilcoxon que compara

dois momentos de avaliação.

Teste de Wilcoxon

O teste de Wilcoxon mostra que para p<0,05:

- Existem diferenças estatisticamente significativas entre

E2, a observação realizada durante a aplicação da CI e

todas as restantes cinco observações com p=0,000

(tabela 5).

- Existem diferenças estatisticamente significativas

entre: C3 e C1 com p=0,031; C3 e C2 com p=0,031; C3

e E1 com p=0,046 e entre C3 e E3 com p=0,012.

Tabela 5 – Significâncias do teste de Wilcoxon

E2-C1 p=0,000

E2-C2, p=0,000

E2-C3, p=0,000

E2-E1 p=0,000

E2-E3 p=0,000

C3–C1 p=0,031

C3–C2 p=0,031

C3–E1 p=0,046

C3–E3 p=0,012

Discussão

A CI é utilizada na prática clínica com o objectivo de

diminuir a dor. No entanto, existem poucos estudos

realizados ao nível do seu efeito na dor.

Johnson e Tabasam (2002), num estudo cego, com

controlo e placebo, demonstraram que a CI é eficaz na

diminuição da dor isquémica induzida,

comparativamente com o grupo controlo.

Neste estudo, pretendia-se investigar os efeitos

provocados pela aplicação de uma CI bipolar, na

intensidade da dor, produzida durante o alongamento

dos músculos ísquio-tibiais em sujeitos com retracções

e sem contra-indicações à aplicação de correntes.

Constitui objectivo deste estudo, comparar o

comportamento da dor dentro da amostra entre as

medições experimentais (E1, E2 e E3) e as de controlo

(C1, C2 e C3)

Os valores encontrados através da estatística descritiva,

revelam que as médias das medições da fase de

controlo são semelhantes mantendo-se os valores de

C1 para C2 e seguindo-se um aumento de C2 para C3.

No entanto, se compararmos com as três medições da

fase experimental houve uma diminuição de E1 para E2,

seguindo-se um aumento de E2 para E3 embora para

um valor inferior a E1 (gráfico 1). A conclusão de que a

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CI diminui a intensidade da dor, é reforçada pelos

valores mínimos obtidos pelas observações E2 e E3

(sem dor).

A estatística inferencial confirma, através do teste de

Kruskall-Wallis, que existem diferenças estatisticamente

significativas (p<0,05) nos valores das seis observações

realizadas (p=0,011). As médias de Rank revelam que

E2 (durante a aplicação da CI) é a medição onde se

registou menor intensidade de dor.

Com o teste de Wilcoxon comparou-se as observações

duas a duas, que permitiu constatar a existência de

diferenças estatisticamente significativas entre E2 e as

restantes cinco medições (p=0,000), verificando que a

CI produziu uma diminuição na média da intensidade da

dor.

Este resultado vai de encontro ao do estudo realizado

por Johnson e Tabasam (2002), que demonstraram num

estudo cego, com grupo controlo e placebo, que a

aplicação de CI produz uma significativa diminuição da

dor isquémica induzida, utilizando uma FB de 100 Hz.

No entanto Johnson e Tabasam (2003) compararam o

efeito da CI utilizando seis FB (20, 60, 100, 140, 180 e

220 Hz), não tendo encontrado diferenças significativas

entre elas.

Pode-se também constatar a existência de diferenças

estatisticamente significativas entre C3 e C1 (p=0,031),

C3 e C2 (p=0,031) que tendo em vista o comportamento

da intensidade da dor no grupo de controlo (gráfico 1),

indica uma tendência de aumento da média intensidade

da dor com a manutenção do alongamento.

Apesar da literatura não o referir directamente,

subentendesse que a manutenção do alongamento

estático diminui a intensidade da dor. Segundo Bandy e

Irion (1994), a manutenção de um alongamento passivo

mantido durante trinta segundos, é suficiente para obter

aumento da mobilidade. Halbertsma et al. (1996),

estudou o efeito de um alongamento de dez minutos em

músculos ísquio-tibiais encurtados, concluindo que o

aumento da amplitude de movimento, resulta de um

aumento da tolerância ao alongamento e não de uma

alteração do encurtamento passivo dos ísquio-tibiais,

pelo que seria de esperar, que a intensidade da dor

diminuísse progressivamente.

A existência de uma diferença estatisticamente

significativa entre E1 e C3 (p=0,046) demonstra,

conjuntamente com a análise do gráfico 1, que a média

da intensidade da dor de C3 é superior à média de E1, o

que reforça a conclusão, de que a dor tende a aumentar

com a manutenção do alongamento, uma vez que E1

(antes da aplicação da CI) pode-se considerar uma

observação de controlo dentro da fase experimental.

O facto de E3 e C3 serem estatisticamente significativos

(p=0,012), demonstra que o efeito da aplicação de CI se

mantém no tempo.

Prevalece assim a hipótese experimental sobre a nula,

concluindo-se que a aplicação da CI durante o

alongamento dos ísquio-tibiais, medida através da EVA,

induz uma diminuição da dor.

Conclusões

Este estudo pretendeu fornecer mais informação sobre

o efeito da CI na dor, contribuindo para uma prática

baseada na evidência.

Os objectivos foram atingidos, sendo os resultados

conclusivos ao revelarem diferenças estatisticamente

significativas, no que se refere à observação realizada

durante a manipulação da variável independente, com

as restantes observações.

A confirmação da hipótese experimental, permite ao

nível da prática clínica, sugerir a associação desta

modalidade a técnicas de alongamento muscular,

tornando-as mais toleráveis. Da mesma forma, estes

resultados poderão sustentar, a utilização de

frequências de 100 Hz em situações de dor.

O estudo apresentou como limitações, o facto de incidir

sobre a dor, variável subjectiva, bem como o facto de

utilizar a EVA, instrumento pouco objectivo. A

localização estandardizada dos eléctrodos pode fazer

com que a aplicação não produza, em alguns

indivíduos, a despolarização das fibras Aβ, não se

obtendo parestesia no local da dor, o que compromete a

inibição pré sináptica das fibras transmissoras. O estudo

não ser cego constitui outra limitação.

Os resultados apontam para a existência de uma

tendência de aumento da dor, durante a manutenção do

alongamento.

Page 32: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

31 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 25 -31

Não se encontrou suporte bibliográfico que sustentasse

esta conclusão. Esta tendência pode reflectir um

comportamento de curto prazo, sendo por isso

importante a elaboração de estudos dirigidos para

avaliar a variação da dor, durante o alongamento

estático, mantido para além dos 2 minutos.

A utilização de um grupo placebo, poderia ser

importante para avaliar esta dimensão.

Bibliografia Alves-Guerreiro, J., Noble, J., Lowe, A. & Walsh, D. (2001). The effect of three electrotherapeutic modalities upon peripheral nerve conduction and mechanical pain threshold. Clinical Physiology 21 (6), 704-711. Bandy, W. & Irion, J. (1994). The effect of time on static stretch on the flexibility of the hamstring muscles. Physical Therapy, 74 (9), 845-850. Bellamy, N. (1993). Musculoskeletal clinical metrology. Lancaster: Kluwer Academic Publishers. Halbertsma, J., Van Bolhuis, A., & Goeken, L. (1996). Sport stretching: effect on passive muscle stifness of short hamstrings. Archives Physical Medicine and Rehabilitation, 77, 688-692. Hicks, C. (1995). Research for physiotherapist: project design and analisis (second edition). Edinburgh: Churchill Livingstone. Johnson, M. & Tabasam, G. (1999). A double blind placebo controlled investigation into the analgesic effects of Interferential currents (IFC) and transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) on cold induced pain in healthy subjects. Physiotherapy Theory and Practice, 15, 217-233. Johnson, M. & Tabasam, G. (2002). A single-blind placebo-controlled investigation into the analgesic effects of interferential currents on experimentally induced ischaemic pain in healthy subjects. Clinical Physiology and Functional Imaging, 22, 187-196. Johnson, M. & Tabasam, G. (2003). An investigation into the analgesic effect of different frequencies of the amplitude-modulated wave of interferential current therapy on cold-induced pain in normal subjects. Archives of Physical Medecine and Rehabilitation, 9 (84) 1387-1394.

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Trabalho recebido a: 19 Setembro 2006 Trabalho revisto a: 20 Dezembro 2006 Trabalho aceite a: 28 Dezembro 2006

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

32 Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 32 -37

Lesões no Sistema Músculo-Esquelético em Bailarinos Profissionais,

em Portugal, na Temporada 2004/2005

Ana Paula Azevedo 1, Raúl Oliveira 2, João Pedro Fonseca 3

Fisioterapeuta. Prática Privada 1 Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Mestre e Professor da Faculdade de Motricidade Humana e Escola Superior de Saúde de Alcoitão 2

Fisioterapeuta. Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. Prática Privada 3

Resumo Introdução: A dança é uma actividade predisponente para a ocorrência de lesões, sendo exigente física e psicologicamente, com variados riscos causadores de lesão. Objectivos: Determinar a prevalência anual de lesões em bailarinos profissionais (em Portugal) e caracterizar o seu padrão de ocorrência, severidade e factores de risco (temporada 2004/2005). Relevância: Analisar as lesões e respectivos factores de risco, de modo a apostar-se na prevenção e, consequente, diminuição do número de lesões. Metodologia: Através do questionário de auto-preenchimento, recolheu-se informação sobre a caracterização do bailarino, actividade profissional e lesões ocorridas. Distribuíram-se 193 questionários a 17 companhias de dança nacionais. Resultados: Dos 100 bailarinos (adesão: 51,8%), 68 sofreram, pelo menos, uma lesão (prevalência: 68%). O membro inferior foi o mais lesionado, com 56,9% de todas as lesões, onde 16,9% foram no joelho. Ocorreram mais lesões nos ensaios (46,3%). E a causa de lesão mais referida foi o cansaço e fadiga geral (53,0%). Discussão: Confirma-se que a dança, a nível profissional, é uma actividade de alto risco, com um elevado número de lesões e uma etiologia multifactorial. É necessário que o bailarino se consciencialize da prevenção e tratamento das suas lesões. Conclusões: Deve-se apostar na prevenção de lesões na dança, para minimizar os factores de risco e promover uma carreira profissional longa e saudável ao bailarino. Palavras-Chave: Dança, Lesões músculo-esqueléticas, Estudo epidemiológico, Prevalência, Bailarinos.

Abstract Introduction: Dance is a predisposing activity to the occurrence of injury, being physically and psychologically demanding, with various injuries’ risks. General purpose: To determine the annual injuries prevalence in professional dancers (in Portugal) and to characterize the occurrence pattern and severity and risk factors (2004/2005 season). Relevance: To analyse injuries and respective risk factors, in order to bet itself in the prevention and, consequent, reduction of the number of injuries. Methodology: By means of a self-completing questionnaire information was collected about the dancer's characterisation, professional activity and injuries occurrence. 193 questionnaires were distributed among 17 national dance companies. Results: From the 100 dancers (approbation 51,8%), 68 suffered, at least, one injury (prevalence: 68%). The lower limb was the most injured, with 56,9% of all injuries, 16,9% of which were in the knee. More injuries occurred in the rehearsals (46,3%). And weariness and general fatigue were the most mentioned causes of injury (53,0%). Discussion: One confirms that the dance (professional level) is a high risk activity, with one raised number of injuries and a multifactorial aetiology. It’s necessary that dancer if awareness of the prevention and treatment of its injuries. Conclusions: One should invest in the prevention of dance injuries, to reduce the risk factors and to promote a long and healthy professional career for the dancer. Key Words: Dance, Musculoskeletal injuries, Epidemiologic study, Prevalence, Dancers.

Introdução

Os bailarinos profissionais de elevado nível são o

resultado de um exigente processo de selecção

(Hardaker, 1989; Hamilton, Hamilton, Marshall &

Molnar, 1992). Os movimentos realizados pelos

bailarinos são, frequentemente, antagónicos aos

movimentos corporais típicos e envolvem acções

exageradas, favorecendo o aparecimento de lesões

(Arnheim, 1991; Ryan, 1988). Os bailarinos

negligenciam a prevenção e o tratamento das suas

próprias lesões, ignorando frequentemente os alertas

que os seus corpos exprimem sobre as mesmas

(Arnheim, 1991).

A dança apresenta um elevado risco de ocorrência de

lesões. Estudos epidemiológicos sobre lesões em

bailarinos profissionais têm demonstrado uma taxa de

incidência de lesões músculo-esqueléticas entre 1.0

por bailarino, num período de sete meses e 4.2 num

período de 12 meses (Bowling, 1989, Garrick & Requa,

1993, Ramel & Moritz, 1994, Solomon et al., 1995,

Evans et al., 1996, Bronner & Brownstein, 1997, Ramel,

ARTIGO ORIGINAL

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

33

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 33 -37

1999, cit. por Byhring & Bo, 2002). Bowling (1989),

referiu que em 141 bailarinos de 7 companhias, 42%

sofreram, pelo menos, uma lesão num período de seis

meses; em 1994, no Reino Unido (Brinson & Dick,

2001), de 658 bailarinos, 83% dos profissionais de

ballet, 84% dos profissionais do contemporâneo e 83%

dos estudantes sofreram, pelo menos, uma lesão num

período de 12 meses; oito anos depois, numa réplica

do mesmo estudo, em 1056 bailarinos, 80% sofreram,

pelo menos, uma lesão no mesmo período de tempo

(81% profissionais e 80% estudantes) (Laws, 2004); no

estudo prospectivo norueguês de Byhring et al. (2002),

75% dos bailarinos sofreram, pelo menos, uma lesão

num período de 5 meses.

Métodos Tipo de estudo – Epidemiológico, descritivo, que

caracterizou e descreveu os bailarinos profissionais

quanto à ocorrência de lesões. Foi realizada uma

recolha de dados transversal e retrospectiva, apelando-

se à memória dos bailarinos sobre as lesões sofridas

na temporada anterior (Setembro/2004 a Julho/2005).

Critérios de selecção/caracterização da amostra –

Amostra com 100 bailarinos profissionais, de várias

companhias de dança nacionais (Alcobaça, Almada,

Aveiro, Mafra, Estarreja, Évora, Lisboa, Montemor-o-

Novo e Viseu), que responderam ao questionário. Os

indicadores de caracterização da amostra foram: idade,

sexo, peso, altura, número de horas média por aulas e

ensaios por semana e bailados por mês, preparação

necessária antes e depois da prática de dança, número

de bailados na temporada, técnica de pontas e outras

actividades complementares.

Instrumento de recolha de dados – Os estudos de

lesões na dança são frequentemente baseados em

questionários de auto-preenchimento (Bowling, 1989;

Ramel & Moritz, 1994, Solomon et al., 1995; cit. por

Byhring et al., 2002). Para compreender a frequência

de lesões em bailarinos profissionais, analisar a

quantidade e distribuição das mesmas e a percepção

dos factores de risco, realizou-se a recolha de dados

através de um questionário de auto-preenchimento,

construído e validado (22 questões).

Procedimentos – O questionário foi aplicado aos

bailarinos profissionais entre Julho e Setembro de 2005

de uma lista de 17 companhias de dança nacionais,

que o Instituto das Artes nos disponibilizou. A definição

de lesão foi adaptada de Caine & Garrick (1996) e

Lysens et al. (1991, cit. por Byhring et al., 2002).

Análise estatística – Foi realizada no programa

estatístico SPSS® for Windows versão 13.0. No

tratamento dos dados, foi utilizada estatística descritiva

e estatística inferencial (testes de correlação de

Spearman e de associação Qui-quadrado). A

significância estatística foi avaliada com um nível de

significância de p≤0,05.

Resultados

Distribuímos 193 questionários e recebemos 104 (taxa

de respostas=53,9%), mas 4 questionários foram

expurgados por estarem incompletos. Obteve-se assim

uma adesão de 51,8%.

A amostra era maioritariamente feminina (65%). A

média de idades foi de 26,88 ± 5,40 anos. A maior

percentagem de bailarinos profissionais (76%) era

maioritariamente jovem (18 e 30 anos).

Dos 100 bailarinos participantes, 76% referiram como

principal tipo de dança o contemporâneo e 24% a

dança clássica. Quase 1/3 da amostra (31,3%) era

profissional há 10 ou mais anos, mais de 1/3 da

amostra era profissional entre 4 e 9 anos (38,4%) e os

restantes bailarinos (21,2%) eram profissionais há

menos de 4 anos.

A carga horária média de aulas por semana foi de

10,14 h; a dos ensaios foi de 24,18 h, sendo mais do

dobro da carga horária de aulas semanal. Mais de ¾ da

amostra (76,1%) teve menos de 10 h de carga horária

média de bailados por mês.

Obtivemos uma prevalência anual de 68% (68

bailarinos sofreram, pelo menos, uma lesão músculo-

esquelética na temporada 2004/2005). Destes, 24

bailarinos sofreram apenas uma lesão, 26 sofreram

duas lesões e 18 sofreram três ou quatro lesões.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

34

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 33 -37

O joelho foi o local anatómico mais lesionado, com

16,8% das lesões, seguindo-se o pé/dedos com 14,7%

e a coluna lombo-sagrada e cóccix com 13,1% (Quadro

1) Quadro 1 – Distribuição das lesões músculo-esqueléticas

por local anatómico.

Local Anatómico % Total de

lesões

Pescoço (inclui coluna cervical) 10,7%

Coluna Dorsal 6,1%

Coluna lombo-sagrada e cóccix 13,1%

Tórax 1,5%

Pélvis 3,1%

Ombro e Braço 5,4%

Cotovelo, antebraço, Punho e mão 2,4%

Anca e Coxa 7,6%

Joelho 16,8%

Perna 7,7%

Tíbio-társica 10,1%

Pé/dedos 14,7% Outro 0,8%

Quase metade das lesões (46,3%) ocorreram nos

ensaios, e ¼ das mesmas (24,4%) foram nas aulas,

10,5% nos bailados, 8,1% noutras situações e em

10,6% não sabiam ou não se lembravam onde tinham

ocorrido as lesões.

Numa parte significativa das lesões ocorridas (44,5%),

os bailarinos não interromperam por nenhum dia a sua

actividade profissional (apesar de condicionada ou

procurarem um profissional de saúde). As restantes

lesões (55,5%) obrigaram à paragem da actividade

profissional (25,6% pararam até 7 dias; 16,2% até 30

dias e 13,7% mais de 30 dias).

Na maioria das lesões sofridas (77,6%), os bailarinos

tiveram de recorrer a, pelo menos, um profissional de

saúde. O fisioterapeuta foi o mais consultado (28,3%),

tal como o médico (27%), seguindo-se o osteopata

(22,3%) e o massagista (15,1%). Em 48,7% das lesões

necessitaram de Fisioterapia, das quais 30,5% foram

percepcionadas como as mais graves.

Os factores intrínsecos que, na opinião dos bailarinos,

causaram mais lesões foram: cansaço físico e fadiga

geral (53%), factor psicológico/emocional (22,7%) e

aquecimento corporal insuficiente (21,2%). Os factores

extrínsecos referidos foram: palcos e solos impróprios

para a prática de dança (43,9%), coreografias com

repetição contínua de movimentos difíceis – overuse

(43,9%), elevada intensidade de treino (37,9%), salas

mal aquecidas (21,2%), elevada frequência de treino

(19,7%) e coreografias com movimentos novos – new-

use (15,2%). E noutros factores salientaram a

recuperação inadequada de lesões

anteriores/recorrência de lesões antigas (22,7%) e

quedas durante a prática de dança (22,7%).

Quanto aos testes de correlação (Spearman) e

associação (Qui-quadrado), não se verificaram

diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05) entre

a prevalência de lesões na temporada de 2004/2005 e

o sexo, a faixa etária, os anos de profissão e o principal

tipo de dança dos bailarinos profissionais. Nem entre o

principal tipo de dança e os locais anatómicos mais

lesionados. Apesar da amostra ser maioritariamente

feminina (65%) o risco estimado de ocorrência de lesão

foi semelhante quer em ambos os sexos (LR= 125,37;

p=0,928; OR=0,96; IC= 0,397;2,322) quer no principal

tipo de dança (LR= 121,66; p=0,73; OR=2,917; IC=

0,905;9,401)

Discussão A elevada prevalência anual de lesões músculo-

esqueléticas (68%) nos bailarinos profissionais, em

Portugal, enquadra-se nos valores apontados por

estudos semelhantes no Reino Unido, Austrália, Suécia

e Noruega (Bowling, 1989; Geeves, 1990, Ramel et al.,

1994; cit. por Brinson et al., 2001; Byhring et al., 2002;

Laws, 2004).

A grande maioria das lesões ocorreu no membro

inferior (56,9%); 33,0% ocorreram na coluna vertebral,

7,8% no membro superior e 2,3% noutros locais

anatómicos. Estes dados são confirmados por Ryan &

Stephens (1987) e Caine et al. (1996), que apontaram

respectivamente entre 60% a 80% e 60,9% a 73,3% de

lesões no membro inferior, demonstrando a elevada

exigência técnica e física nesta região para a prática de

dança, a nível profissional.

A região anatómica mais afectada foi o joelho (16,8%

do total das lesões na dança), indo de encontro à

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

35

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 33 -37

opinião de Caine et al. (1996). De acordo com Milan,

baseado em vários autores (Bowling, 1989, Quirk,

1983, Reid, 1988, Rovere et al., 1983, Sohl et al., 1990,

Washington, 1978; cit. por Milan, 1994) estas lesões

variam entre 14 e 20%. A incidência de lesões do

joelho no estudo norueguês foi de 15% (Byhring et al.,

2002). Somente o estudo inglês, de 1994 (Brinson et

al., 2001), refere um valor mais elevado (34%) de

lesões no joelho. Como Huwyler (2002) salientou, o

joelho está constantemente em risco de sofrer lesão,

seja pelo bailarino aplicar incorrectamente a técnica,

como o en dehors forçado no joelho, seja por

hiperextensão dos joelhos ou por alteração no

alinhamento dos segmentos articulares do membro

inferior.

Segundo Byhring et al. (2002), a maioria das lesões na

dança ocorrem no pé, tendo sido o segundo local mais

afectado (14,7%) neste estudo. No estudo de Brinson

et al. (2001) ocorreram 22% de lesões no pé. Já

Weisler et al. (1996, cit. por Stretanski & Weber, 2002)

salientaram um valor mais elevado, entre 20% e 42%.

Na articulação tíbio-társica ocorreu um maior número

de lesões no sexo feminino (22,7% do total das lesões

nesta região), comparativamente ao masculino (12,5%

do total das lesões nesta região).

O terceiro local mais lesionado foi a coluna lombo-

sagrada e cóccix (13,1%). Quanto à prevalência de

lesões na coluna lombar, DeMann (1997), baseado em

vários autores (Quirk, 1983, Stephens, 1986, Reid,

1987, Schafle et al., 1990, Garrick & Requa, 1993,

Solomon et al., 1995; cit. por DeMann, 1997), relata

uma média de 12%. No estudo de Brinson et al. (2001),

44% das lesões atingiram a coluna lombar.

Somente as bailarinas sofreram lesão ao nível da

coluna dorsal (18,2% do total de lesões nesta região).

Há mais bailarinos do sexo masculino que sofreram

lesões no ombro e braço (16,7% do total das lesões

nesta região); e no cotovelo, somente um bailarino

sofreu lesão (4,2%). Estes dois resultados relacionam-

se com o trabalho desenvolvido pelos bailarinos no que

diz respeito ao suportar e elevar as bailarinas,

frequentemente acima do nível da cabeça. O facto de

ocorrer um maior número de lesões no ombro dos

bailarinos é corroborado por Brinson et al. (2001).

Segundo Caine et al. (1996), há lesões específicas e

respectivas localizações anatómicas que podem ser

atribuídas a técnicas específicas de dança. DeMann

(1997) refere que não se tem demonstrado que

bailarinos de uma técnica de dança sejam mais

susceptíveis de sofrer lesão que outros de outra

técnica. De facto, neste estudo não se verificaram

diferenças estatisticamente significativas entre a

prevalência de lesões e o tipo de dança predominante

dos bailarinos (p=0,052) e o risco estimado foi

semelhante. Todavia, a dimensão reduzida da nossa

amostra limita-nos as análises absolutas em relação a

este ponto. Apesar de não haver uma possível relação,

salienta-se que cada estilo de dança, cada técnica e

cada tipo de horários terão um efeito diferente na

biomecânica corporal, que se traduz numa pequena

diferença e que se poderá observar em populações

maiores. Por exemplo, no estudo do Reino Unido

(2002), os bailarinos profissionais de dança clássica,

estiveram mais susceptíveis de sofrer lesão do que os

bailarinos de outros estilos (84% vs 78%) (Laws, 2004).

Não foi possível estabelecer uma relação entre a

prevalência de lesões por faixa etária (p=0,076) e sexo

(p=0,557), pois não se apuraram diferenças

estatisticamente significativas, tal como Bowling (1989)

também verificou.

Os bailarinos, segundo Brinson et al. (2001), são mais

vulneráveis a sofrer lesão durante os ensaios, com

risco de lesão de duas vezes maior do que nos

bailados e três vezes e meia maior do que nas aulas.

Neste estudo, somente a primeira parte da afirmação

se verifica. Houve uma maior tendência para ocorrer

lesões nas aulas (24,4%) do que nos bailados (10,5%).

Talvez devido ao facto dos bailarinos estarem mais

expostos a trabalhar continuamente nas aulas (até 10h

por semana) do que nos bailados (até 10h por mês),

mesmo que fatigados ou familiarizados com os

movimentos executados. E foi nos ensaios (46,3%) que

ocorreu o maior número de lesões. É quando os

bailarinos se confrontam com o maior número de horas

passadas a dançar, aperfeiçoando as coreografias.

No presente estudo, em quase metade (44,5%) das

lesões, os bailarinos não interromperam por nenhum

dia a sua actividade profissional (apesar desta ter sido

condicionada ou procurarem um profissional de saúde).

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

36

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 33 -37

Apenas, 13,7% das lesões é que fizeram os bailarinos

parar por mais de 30 dias. Bowling (1989) apresentou

um resultado similar, em 54% das lesões os bailarinos

não pararam de dançar. Mas no estudo de Byhring et

al. (2002), somente 16% das lesões é que provocaram

interrupção da actividade profissional, justificada talvez

por só terem utilizado uma companhia profissional num

estudo de 19 semanas. Há pesquisas que sugerem que

os bailarinos não param porque têm medo de perder os

seus lugares na companhia (Krasnow & Chatfield,

1996, cit. por Byhring et al., 2002). E este é um factor

que pesa muito para os bailarinos, pois a dança é a sua

profissão. As célebres frases “The show must go on” (o

espectáculo tem de continuar) ou “Work it out”

(continuar a trabalhar) reflectem a necessidade da

prática da actividade profissional, mesmo com lesão.

No nosso estudo, apesar do fisioterapeuta ter sido o

mais procurado, é em menor percentagem do que nos

estudos realizados no Reino Unido (Bowling, 1989;

Brinson et al., 2001). Possivelmente, porque muitas

companhias de dança profissionais inglesas

apresentam na sua equipa clínica, pelo menos, um

fisioterapeuta.

Como as lesões na dança apresentam uma etiologia

multifactorial, os bailarinos seleccionaram a(s) causa(s)

que considerassem factor de risco: cansaço físico e

fadiga geral (53%), palcos e solos impróprios para a

prática de dança (43,9%) e coreografias com repetição

contínua de movimentos difíceis – overuse (43,9%).

Estes resultados coincidem com o estudo de Brinson et

al. (2001), onde a maior causa de lesões referida foi a

fadiga e excesso de trabalho, seguido de solos

impróprios para a prática de dança e movimentos

repetitivos. Laws (2004) salientou novamente a fadiga,

o excesso de trabalho e os movimentos repetitivos.

Na dança é fundamental incorporar momentos de

descanso, necessários para o corpo recuperar da

intensa actividade física a que é sujeito. Os coreógrafos

fazem os bailarinos ensaiar até à exaustão, o que é

claramente contraproducente a longo termo (Brinson et

al., 2001). Há também tendência do bailarino para

superar constantemente as suas próprias exigências ao

querer atingir a perfeição do movimento. A repetição é

um factor-chave para as lesões por overuse (DeMann,

1997). Os solos onde se pratica dança devem ser

construídos de modo a não se deformarem

permanentemente nem serem flexíveis a ponto de

actuar como um trampolim (Milan, 1994).

Na prevenção de lesões, os bailarinos referiram: solos

apropriados nos palcos e estúdios para a prática de

dança (74,2%) e a necessidade de profissionais de

saúde integrados na companhia de dança (71,2%).

Solomon (2001; cit. por Bronner, Ojofeitimi & Rose,

2003) refere que, num período de cinco anos, através

da instituição de serviços clínicos e de Fisioterapia

próprios, ocorreu uma diminuição anual de lesões de

94% para 75%, poupando-se $1.2 milhões.

Conclusão

Este estudo revelou uma elevada prevalência anual de

lesões nos bailarinos profissionais (quase sete

bailarinos com lesões em cada dez), onde o membro

inferior foi a região mais afectada e neste, o joelho o

local anatómico mais lesionado. Quase metade das

lesões ocorreu nos ensaios.

Novas pesquisas são necessárias para determinar as

causas directas ou indirectas das lesões mais

frequentes em bailarinos profissionais, relacionar a

importância da Fisioterapia no sucesso da recuperação

de lesões e do tempo necessário de interrupção da

actividade profissional. Deve-se apostar na

implementação de estratégias de prevenção de lesões

e, consequentemente, no reconhecimento, análise e

gestão dos factores de risco, de modo a proporcionar

uma carreira profissional longa e saudável ao bailarino.

Bibliografia Arnheim, D. - Dance Injuries – their prevention and care. (3ª Edição). Pennington: Dance Horizons/Princeton Book Company; 1991.

Bowling, A. - Injuries to dancers: prevalence, treatment, and perception of causes. British Medical Journal (1989); 298: 731-734.

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37

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 33 -37

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Trabalho recebido a: 12 Dezembro 2006 Trabalho revisto a: 16 Dezembro 2006 Trabalho aceite a: 20 Dezembro 2006

Page 39: Janeiro 2007

Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

38

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Estudos de Caso em Fisioterapia no Desporto: Uma Revisão

Sistemática

João Paulo Sousa 1, Jan Cabri 2, Marie Donaghy 3

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Fisioterapia. Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa1 Correspondência para: [email protected]

Fisioterapeuta. Doutorado em Fisioterapia. Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa2

Fisioterapeuta. Doutorada em Fisioterapia. Queen Margaret University College3

Resumo Introdução: Os estudos de caso podem ser considerados como uma fonte de dados enriquecida, que pode ser utilizada na avaliação directa da prática e servir como meio de criação e desenvolvimento de novas teorias. Os objectivos deste estudo compreendem a revisão metodológica deste tipo de métodos científicos, a exploração dos materiais publicados e a discussão da sua contribuição para a fisioterapia no desporto. Metodologia: Uma revisão de literatura foi conduzida utilizando uma abordagem sistemática para a selecção de estudos publicados e para a extracção de dados. No total, 2468 registos foram escrutinados dos quais 51 cumpriram na totalidade os critérios de inclusão. Resultados e Discussão: Os estudos de caso relacionados com a intervenção em lesões do membro inferior correspondem a 55,3% da literatura disponível, dos quais 25% estavam relacionados com lesões do joelho. Desportos como futebol, corrida, e basquetebol foram os mais representados. A tentativa de descrever os efeitos da intervenção está presente em 51% dos casos, uma abordagem inovadora em 27,5% e a apresentação de uma situação fora do comum em 21,6%. Somente 8,3% dos casos estão relacionados com a apresentação de intervenções mal sucedidas. Algumas limitações deste estudo estão relacionadas com a utilização de uma categorização inconsistente e com a informação limitada acerca da aplicação destas metodologias de investigação aplicada à fisioterapia desportiva. Conclusões: A sobreposição e convergência de definições, bem como, a falta de regras de desenvolvimento destas metodologias de estudo podem, juntamente com a baixa qualidade metodológica dos materiais publicados limitar a relevância deste trabalho de investigação e o seu subsequente impacto na prática. A ausência de uma abordagem sistemática e padronizada por parte do fisioterapeuta não permite retirar conclusões clínicas generalizadas. Palavras-Chave: relatórios de caso, estudos de caso, sistemas de design único, fisioterapia no desporto Abstract Background: Case description methods can provide a rich source of data, which can be used to evaluate practice and to act as a mean to create and develop new theories. The aims of this study were to review the methodological aspects of these methods, explore the published papers findings and to discuss its contribution to sports physiotherapy. Methods: A review of literature was conducted using a systematic approach to the searching, selection of papers and extraction of data. In total, 2468 records were screened of which 51 fully met the inclusion criteria. Results: Case descriptions of the lower limb accounted for 55, 3% of the literature of which 25% were knee injuries. Soccer, running, and basketball were the most frequently reported sports. Effects of intervention were described in 51% of cases, innovative approach in 27, 5% and unusual findings in 21, 6%. Only 8, 3% of the reports dealt with unsuccessful cases. Some of the limitations include inconsistent use of categorization and limited information on application of case description methods applied to sports physiotherapy. Conclusions: The overlapping of definitions and lack of development rules can, together with published papers with low methodological strengths, limit the relevance of this research study and subsequently its impact on practice. The absence of a systematic approach to the intervention by the sports physiotherapist disabled the possibility to draw more clinical findings. Key Words: case report, case study, single system, sports physiotherapy

Introdução

Os fisioterapeutas a actuar no desporto são

considerados especialistas no seu campo de prática, na

medida em que demonstram avançadas competências

juntamente com altos padrões de prática e de ética

profissional. Estes padrões são atingidos pela constante

auto-avaliação da sua prática, pelo desenvolvimento de

conhecimento através do estimulo à investigação

cientifica e pela disseminação deste entendimento de

modo a iniciar mudanças na prática clínica (Bulley &

Donaghy, 2005). O desenvolvimento e aplicação de

estudos de caso, aplicados à fisioterapia no desporto,

podem ser usados como um contributo significativo para

este desenvolvimento.

A aplicação de métodos de estudo de caso pode

também contribuir directa ou indirectamente para

alterações na prática, através da sua contribuição para o

desenvolvimento e testar de novas teorias, da revisão

da teoria e da sugestão de áreas futuras para investigar

REVISÃO SISTEMÁTICA

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

(Bork, 1993; Domholdt, 2005). As experiências de

ambos, paciente e terapeuta (desportivo) dentro e ao

longo de um processo de reabilitação, fornecem uma

fonte rica de dados que podem ser alvo de análise

comparativa para populações (especificas ou múltiplas)

e intervenções. Ao descrever as características do

paciente, o ambiente terapêutico e a intervenção, os

estudos de caso podem facilitar o desenvolvimento de

teorias base na fisioterapia desportiva (Bork, 1993).

Metodologias de Estudo de Caso

Como métodos legítimos de inquérito cientifico,

individual ou em grupos pequenos, sob a forma de um

relatório de caso, um estudo de caso ou um sistema de

design único, estes possuem um papel importante na

avaliação das intervenções em reabilitação (Backman &

Harris, 1999). Estes métodos requerem que o

investigador especifique o problema a ser estudado,

mas o método a ser escolhido vai depender do tipo de

problema e das questões a serem respondidas

(Backman & Harris, 1999; Stake, 2000). Como métodos

de investigação individual ou de grupos reduzidos

podem ser abordados quer de uma perspectiva

qualitativa quer de uma perspectiva quantitativa, ou

mesmo de ambas.

Tipicamente, a abordagem qualitativa está materializada

em dois designs metodológicos, o relatório de caso e o

estudo de caso. Estes designs são considerados

descrições sistemáticas da prática, ilustrando assim

formas de investigação não experimental, focando a sua

atenção em eventos que não podem ser quantificados e

analisados em termos de expressões numéricas. A

abordagem quantitativa adquire a forma de um sistema

de design único, focando a sua atenção em aspectos

quantificáveis que podem ser medidos e analisados

numericamente (Bork, 1993). Esta abordagem envolve a

manipulação controlada de uma variável independente

com a aplicação de medidas repetidas, seguindo assim

uma metodologia quasi-experimental (Backman &

Harris, 1999).

Apesar de todas as metodologias de estudo de caso

possuírem métodos, procedimentos e padrões distintos

(Domholdt, 2005; McEwen, 2001), as suas definições

são normalmente usadas intrincadamente.

Os métodos não experimentais podem representar uma

ferramenta de geração de hipóteses enquanto que os

métodos quasi-experimentais permitem não só a

geração mas também o testar de hipóteses (Domholdt,

2005).

O objectivo principal da descrição de um caso é a

apresentação do estudo do caso em si com todos os

seus detalhes (Ritchie, 2001), além de um comentário

final acerca da eficácia da intervenção. Alguns autores

(Jenicek, 1999; Pujari, 2004; Vandenbroucke, 2001)

alertam para o facto de que apesar de serem

consideradas o nível mais baixo de evidência, as

descrições de casos permanecem como sendo a

primeira linha de evidência. Estes métodos, apesar de

apresentarem erros de selecção e de limites de

generalização e reprodução (Hoffman, 1999; Jenicek,

1999) que questionam a sua utilidade, podem tornar-se

num meio útil para estimular a especulação sobre os

efeitos inesperados de certa intervenção

(Vandenbroucke, 1999, 2001). Além do mais, os limites

de generalização podem ser melhorados através da

replicação do estudo com mais sujeitos, noutro contexto

e com outros terapeutas ou profissionais de saúde

(Backman & Harris, 1999).

Os relatórios de caso possuem um impacto significativo,

não só na literatura médica mas também na prática

médica. Na verdade, os relatórios de caso podem ser

considerados como a base para o inicio do “continuum”

da investigação cientifica, devido aos seus simples

requisitos em termos de estrutura e de desenvolvimento

(Domholdt, 2005; Pujari, 2004).

Se após o desenvolvimento de um relatório de caso, um

estudo de caso ou uma série de estudos de caso, o

investigador sentir que um certo efeito pode ser

atribuído à sua intervenção, o próximo passo lógico a

tomar poderá ser o desenvolvimento de um design

quasi-experimental bem controlado com um sujeito

(único) ou com mais de um sujeito (desenho múltiplo). A

aplicação deste tipo de design pode levar à conclusão

de que a intervenção tem efeito no sujeito ou nos

sujeitos, através da variabilidade dos resultados entre o

sujeito ou sujeitos, podendo ainda fornecer indicações

sobre a consistência dos efeitos positivos (Backman &

Harris, 1999; Backman et al., 1997; Bates, 1996;

Reboussin & Morgan, 1996; Zhan & Ottenbacher, 2001).

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

40

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Os objectivos deste trabalho pretendiam, (1) explorar as

metodologias usadas na elaboração de estudos de caso

(2) explorar e discutir os resultados dos materiais

publicados e a sua contribuição para a fisioterapia

desportiva.

Metodologia

Estratégia de Busca e Procedimentos

Uma pesquisa computorizada da literatura foi realizada

utilizando as mais usadas bases de dados relacionadas

com a saúde: Pubmed, Embase, Wiley Interscience, e

Science Direct. Os termos de busca mais utilizados

incluíram “case study”, “case report”, “single system” ou

“single subject”, e “N of 1 trial” combinados com

“physiotherapy” ou “physical therapy” ou “rehabilitation”

e “sport”. De modo a assegurar uma maior acuidade de

resultados, os termos de pesquisa foram utilizados

como “medical subject heading” (MeSH) e como texto

simples. Para os termos de MeSH, utilizados na

pesquisa na National Library of Medicine (Pubmed), a

seguinte estratégia foi usada: "case reports" [Publication

Type] AND "sports" [MeSH] AND “physical therapy

modalities" [MeSH].

Os resultados em bruto foram filtrados primariamente de

acordo com a presença de duplicados nas referências

nas diferentes bases de dados, relevância, e língua.

Procedeu-se então ao re-filtrar de modo a verificar se os

critérios de inclusão estavam a ser cumpridos na sua

totalidade Uma vez obtidos, os artigos finais a serem

incluídos neste trabalho foram verificados nas suas

referências de modo a identificar outros estudos

relevantes.

Critérios de Selecção

Os artigos identificados foram seleccionados e incluídos

se os seguintes critérios de inclusão fossem cumpridos:

artigos categorizados nas bases de dados cientificas

como “case study”, “case report”, “single system design”,

“single subject design” e “N of 1 trial”; artigos referentes

a uma intervenção em fisioterapia numa modalidade

desportiva especifica, num atleta ou lesão desportiva;

artigos escritos em língua inglesa; artigos publicados de

Janeiro de 1999 até Jumho de 2006.

Extracção de Dados e Estratégia de Síntese

Para cada artigo, 13 itens foram extraídos (Tabela 1);

um item adicional foi também extraído relacionado com

a presença de uma estrutura científica (introdução,

métodos, resultados e discussão - IMRD). Para o

propósito de armazenamento e tratamento dos dados

recolhidos, uma base de dados foi construída no

“Statistical Package for the Social Sciences – Versão 11

– Mac OSX” (SPSS Inc., USA), de maneira a permitir a

análise da estatística descritiva (tabelas de frequências).

Resultados

Os resultados finais incluíram 51 artigos (Tabela 1 –

página 47) que cumpriam os critérios de inclusão na sua

totalidade e que estavam disponíveis para consulta.

As modalidades desportivas mais reportadas incluíam o

futebol – 15%, corrida/jogging – 11,7%, e basquetebol –

10%. A intervenção em lesões do membro inferior

preencheu 60% dos resultados, com as lesões do joelho

a corresponderem a 25% dos casos. A lesão do

ligamento cruzado anterior apresentou-se como a lesão

mais frequente.

Num total de 60 sujeitos, foi encontrada uma distribuição

uniforme no que diz respeito ao atleta de recreação

(36,7%) e ao atleta profissional (36,7%), enquanto que o

atleta colegial só foi representado em 16,7% dos casos.

O racional demonstrado pelos artigos mostra uma

preocupação na demonstração de uma abordagem

inovadora (27,5%) ou descoberta invulgar (21,6%),

enquanto que a maioria tentou demonstrar o efeito da

intervenção (51%).

Os resultados indicam também que os fisioterapeutas a

actuar no desporto constroem a sua intervenção

baseada num protocolo de tratamentos (54,9%). Um

facto a realçar diz respeito ao follow up do paciente que

variou entre as 4 semanas e os 5 anos.

A maioria dos artigos utiliza a descrição única (86,3%)

deixando de parte os desenhos múltiplos. Existe

também uma tendência para a descrição de somente

intervenções com sucesso (68,3%) e/ou melhoria

(23,3%). Apenas 8,3% (n=5) descreveram o insucesso

da intervenção ou tratamento.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

41

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Cerca de doze artigos tentaram apresentar uma

abordagem quasi-experimental (23,5%) utilizando o

próprio sujeito como controle (comparando com o

membro não afectado) ou através da literatura existente,

e por vezes ainda com a aplicação de medições antes e

depois da intervenção, num esforço para gerar e testar

hipóteses (23,5%).

Ao analisarmos os anos de publicação verificamos que

o pico de publicação foi obtido em 2004 com cerca de

13 artigos (21,7%). Somente três jornais científicos; o

“Journal of Orthopaedic and Sports Physiotherapy”

(25,5%), o “Physical Therapy in Sports” (13,7%), e o

“Manual Therapy” (9,8%) revelaram uma tendência em

publicar regularmente artigos que sigam este tipo de

métodos científicos relacionados com a fisioterapia

desportiva.

A estrutura científica dos artigos apresentou-se com

variação ao nível da qualidade, no entanto, uma

estrutura completa IMRD, mas por vezes não

claramente definida, foi desenvolvida na maioria dos

artigos (76,5%).

O número de vezes em que estes artigos são citados

em estudos recentes foi também extraído. De um total

de 51 artigos, 25 foram citados em estudos recentes.

Dentro das citações, 62 (75,6%) estão presentes em

estudos não experimentais, 16 (19,5%) em quasi

experimentais, e 4 (4,9%) em experimentais.

Discussão

Baseado nos resultados deste estudo de revisão

podemos reflectir na utilidade dos estudos de caso e na

sua possível contribuição para a fisioterapia desportiva e

para as outras áreas da fisioterapia em geral. Ritchie

(2001) sugere que os estudos de caso possuem um

papel importante na recolha de evidência para uma

melhoria da prática, especialmente em relação à

fisioterapia, onde é comum encontrarmos intervenções

que são dependentes do contexto em que estão

inseridas e por vezes multifacetadas. Cousin (2005)

afirma que os fisioterapeutas podem identificar-se mais

facilmente com os resultados apresentados em estudos

de caso pois estes apresentam o ambiente terapêutico

“natural”.

Em relação aos desportos mais representados, os

nossos resultados não demonstram qualquer tipo de

surpresa. Futebol, basquetebol e jogging são facilmente

identificáveis como actividades desportivas com um

nível elevado de participantes a nível mundial. No que

diz respeito às lesões, encontramos resultados naturais

em relação ao número elevado de lesões do membro

inferior, com as lesões do joelho e do cruzado anterior a

serem as mais reportadas, o que por sua vez

corresponde com a literatura disponível em relação aos

desportos mais reportados (Bahr et al., 2003; Majewski

et al., 2006).

A maioria dos artigos reporta somente intervenções

positivas (sucesso ou melhoria), o que por sua vez deve

ser considerado um erro de publicação (Albrecht et al.,

2005). Os resultados deste estudo indicam que apesar

de ser extremamente útil apresentar relatórios de

intervenções mal sucedidas, estas são na maioria das

vezes consideradas com não sendo interessantes para

publicar.

O racional dos estudos apresentou alguns resultados

inesperados. Existe uma tendência para demonstrar o

efeito do tratamento, o que contradiz a literatura

disponível que defende a utilização de estudos de caso

para reportar descobertas invulgares (Bork, 1993;

Hoffman, 1999). McEwen (2001) alerta para o facto de

que os estudos de caso não necessitam de estar

confinados à descrição de algo invulgar para ter uma

contribuição válida. Outros (Albrecht et al., 2005; Pujari,

2004; Vandenbroucke, 2001) são concludentes em

opinar que o principal objectivo é o estudar dos efeitos

inesperados das intervenções.

Na nossa opinião os métodos de estudo de caso podem

ser usados para descrever os efeitos das intervenções,

mas as conclusões devem ser tratadas com algum

cuidado, pois estas não podem produzir evidência

relativamente à relação causal entre intervenção e

resultado (Carey & Boden, 2003; Grimes & Schulz,

2002; Ritchie, 2001). Os nossos resultados demonstram

também, que ao tentar estabelecer o efeito da

intervenção (McEwen, 2001), os artigos apresentados

não conseguem concluir se a intervenção teve mais do

que efeito a curto prazo, devido ao facto de que não é

feito o follow up em diferentes períodos no tempo.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

42

Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

No que diz respeito à intervenção, a utilização de um

“protocolo de tratamentos” é consensual e revela

também uma tendência para justificar as decisões num

racional de interpretação da evidência clínica que é

apresentada. Esta opção suporta o movimento de

“evidence based practice” que encoraja o uso de

protocolos de tratamento. Embora estes protocolos

possuem óbvias vantagens terapêuticas, eles podem

também ser fonte de dificuldades, visto que limitam a

observação de padrões de comportamento (patologia e

intervenção) para comparação. Não foram permitidas

comparações, neste estudo, em termos de intervenção

devido a este facto. Devido ao carácter único de cada

ambiente e e da respectiva intervenção terapêutica

também singular.

A possibilidade de estabelecer comparações em

estudos individuais não deve ser visto como algo

impossível de atingir, deve sim ser visto como uma

“questão de tempo”. Uma maneira para tentar chegar a

uma comparação de casos seria a promoção de

descrições completas e detalhadas da intervenção ou

tratamento, melhorando assim a capacidade de

replicação dos estudos (Backman & Harris, 1999;

Backman et al., 1997; Ritchie, 2001; Vandenbroucke,

2001). Através de constantes comparações o poder de

impacto destes métodos pode ser significativamente

aumentado (Hasson, 1996).

A preferência por estudos individuais pode ser vistos

como uma fraqueza metodológica. A aplicação de

desenhos múltiplos pode ser usada como um caminho

para atingir a comparação e estabelecimento de

padrões, melhorando assim a generalização de

resultados destes métodos (Backman & Harris, 1999;

Backman et al., 1997; Ritchie, 2001; Vandenbroucke,

2001).

A implementação, controle e planeamento das

intervenções pode encorajar ao desenvolvimento de

estudos de caso com um design quasi-experimental. Os

nossos resultados demonstram que a utilização de

desenhos retrospectivos, por parte dos autores nos

artigos apresentados, conduziu ao desenvolvimento de

designs não experimentais. Na nossa opinião, a opção

de desenvolver um design não experimental ou quasi-

experimental deve ser considerada como uma questão

de experiência em investigação, disponibilidade

financeira ou estrutural. Os designs quasi-experimentais

podem parecer complexos à primeira vista conduzindo

os investigadores a optar por métodos não

experimentais. Mas se a opção permanecer sobre os

designs não experimentais, é possível aumentar a sua

qualidade juntando dados qualitativos com dados

quantitativos(Ritchie, 2001).

No que diz respeito à adopção do modelo IMRD, os

resultados demonstraram que muitos dos estudos não

seguem na totalidade esta estrutura e que esta não é

compatível com os guidelines disponíveis (Bork, 1993;

Chelvarajah & Bycroft, 2004; Domholdt, 2005; L. H.

McCarthy & Reilly, 2000; McEwen, 2001; Pujari, 2004;

Stake, 2000; Tellis, 1997; Yin, 2003).

As metodologias de estudo de caso podem ser vistas

como uma excelente ferramenta para gerar hipóteses

(Bork, 1993; Carey & Boden, 2003; Domholdt, 2005;

Hoffman, 1999; Jenicek, 1999; Sorinola et al., 2004) o

que por sua vez pode ser útil para o desenvolvimento de

ideias para novas áreas de investigação. No nosso

estudo, todos os artigos foram capazes de gerar um

qualquer tipo de hipótese, mesmo que por vezes não

fossem bem definidas. Alguns dos artigos tentaram

ainda ir mais além e testaram algumas hipóteses

através da aplicação de um design quasi-experimental.

Apesar de terem sido escolhidos artigos a partir de 1999

até ao presente, o que à partida poderia parecer curto,

foi verificado que já existia um número elevado de

citações destes artigos em estudos desenvolvidos

posteriormente. Cerca de 82 citações numa janela

temporal de 7 anos, em relação a este tipo de

metodologias, pode ser considerado elevado e diz algo

sobre o possível valor científico destes métodos. Este

facto foi também verificado por Albrecht et al (2005) num

estudo sobre relatórios de caso e o seu impacto na

literatura médica.

Limitações

Durante a pesquisa de literatura, duas dificuldades

inesperadas ocorreram: primeiro, não foi encontrado

material substantivo sobre as metodologias de estudo

de caso aplicadas à fisioterapia ou à fisioterapia

desportiva; segundo, uma categorização inconsistente

atribuída pelas bases de dados científicas foi detectada.

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Por vezes um estudo de caso é classificado como um

relatório de caso, ou vice-versa.

Os resultados da nossa revisão são específicos da

fisioterapia desportiva; o foco do nosso estudo está

definido na metodologia e está restrito à língua inglesa.

Devido a este facto, os resultados desta revisão podem

não representar toda a investigação existente nesta

área, mas podem ser, na nossa opinião, considerados

como sendo representativos em relação à nossa

amostra.

A falta de uma ferramenta para avaliação critica e de

qualidade dos artigos pode ser considerado também

como uma limitação a este estudo, conduzindo à

inclusão de artigos sem uma clara avaliação de

qualidade metodológica.

Conclusões

A conclusão principal que podemos retirar desta revisão

diz respeito à necessidade existente de publicar mais

artigos que sigam este tipo de metodologia científica em

relação à fisioterapia no desporto. Podemos concluir

ainda que, não é possível chegar a uma conclusão geral

em relação às descobertas clínicas dos artigos

disponíveis devido à utilização de uma metodologia

inconsistente, o que não permite estabelecer

comparações.

Na nossa opinião, os estudos de caso podem ser

importantes para a criação de um padrão de actuação

ao nível da intervenção do fisioterapeuta no desporto.

Este padrão permitiria melhorar a capacidade de

comparação de estudos de caso em situações

semelhantes melhorando a capacidade destes métodos

para tirar conclusões clínicas, e permitiriam também

optimizar a eficácia da intervenção do fisioterapeuta

com atletas e desportistas. A ausência de uma

abordagem sistemática e padronizada por parte dos

fisioterapeutas não permitiu que conclusões clínicas

mais generalizadas fossem tiradas deste estudo.

Muita da incerteza que existe à volta do

desenvolvimento de estudos de caso, é devida à

literatura existente que se apresenta limitada e confusa

em relação a aspectos metodológicos e ao valor

científico atribuído a estes métodos de investigação.

Mais estudos devem ser feitos para o desenvolvimento

adicional de manuais que permitam aumentar a

qualidade dos estudos de caso.

Esta área de investigação ainda necessita de ser

melhorada, não somente no que diz respeito à

fisioterapia no desporto mas também em relação à

fisioterapia em geral. Os estudos de caso a serem

desenvolvidos devem incluir, preferencialmente, um

modelo completo IMRD, com mais de um sujeito, em

que as descrições e intervenções sigam um design

prospectivo quasi-experimental. Os investigadores

devem estar preocupados não só em reportar

intervenções positivas, mas também intervenções

negativas. Existe também a necessidade de fornecer

uma melhor descrição das ferramentas de recolha de

dados e usar dados qualitativos e quantitativos para os

resultados. Deve ser apresentada uma análise

compreensiva e sintética de todos os dados

Ao elaborar uma descrição detalhada e completa da sua

intervenção, o investigador vai estar a aumentar os

limites de generalização deste tipo métodos. O

seguimento a longo prazo e a inclusão de outros

estudos de caso nas referências pode também contribuir

para o aumentar o valor científico destes métodos.

Estamos convencidos de que as bases de dados dos

jornais científicos deveriam fazer um esforço para

chegar a um consenso em relação à categorização

destes métodos de investigação, de maneira a evitar a

sobreposição de conceitos e definição de regras mais

claras e objectivas, permitindo melhorar o impacto na

prática clínica. Este consenso pode também contribuir

para aumentar a visibilidade e reconhecimento do valor

científico destas metodologias.

Bibliografia

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Zhan, S., & Ottenbacher, K. J. (2001). Single subject research designs for disability research. Disabil Rehabil, 23(1), 1-8.

Trabalho recebido a: 12 Dezembro 2006 Trabalho revisto a: 16 Dezembro 2006 Trabalho aceite a: 20 Dezembro 2006

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Autor (Ano) Jornal Tipo Design Modalidade Lesão Atleta Racional Intervenção Resultado Hipóteses Follow Up Citações

Tyler et al. (2001) JOSPT n=1 Não Exp. Hóquei no Gelo Lesão LCA Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 4

De Carlo et al. (1999) JOSPT n=1 Não Exp.. Basquetebol Lesão LCA Colegial Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 14

Glasoe et al. (1999) JOSPT n=1 Quasi Exp. Basquetebol Entorse do

Tornozelo Colegial Efeito da Intervenção

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera e Testa Sim 5

Roberston et al. (2002) JOSPT n=1 Não Exp. Ginásio

Lesão da cartilagem e

menisco (joelho) Recreação Efeito da

Intervenção Estimulação

Eléctrica Melhoria Gera Não 1

Wilcox et al. (2005) JOSPT n=1 Quasi Exp. Ski Lesão do Ombro Recreação Abordagem

Inovadora Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera e Testa Sim -

Goss et al. (2004) JOSPT n=1 Não Exp. Futebol

Americano Fractura do

Peróneo Colegial Descoberta Invulgar

Protocolo de Tratamentos Melhoria Gera Sim 3

Muller et al. (2000) JOSPT n=1 Não Exp. Jogging

Lesão da cartilagem e

menisco (joelho) Recreação Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Melhoria Gera Sim 1

Bizzini et al. (2006) JOSPT n=1 Quasi Exp. Hóquei no Gelo

Lesão da cartilagem e

menisco (joelho) Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera e Testa Sim -

Howard (2000) JOSPT n=1 Não Exp. Racquetball Distensão do

Flexor Longo do Hallux

Recreação Descoberta Invulgar

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 1

Roi et al. (2005) JOSPT n=1 Não Exp. Futebol Lesão LCA Professional Efeito da Intervenção

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 3

Wadsworth et al. (2005) JOSPT n=1 Não Exp. Basquetebol Lesão de Lisfranc Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim -

Kern.Steiner et al. (1999) JOSPT n=1 Quasi Exp Futebol Entorse do

Tornozelo Recreação Efeito da Intervenção

Programa de Exercícios Específicos

Sucesso Gera e Testa Não 4

Wilk et al. (2000) JOSPT n=1 Não Exp. Triatlo Fascite Plantar Professional Descoberta Invulgar

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 11

Whitman et al. (2005)

Man Ther n=1 Não Exp. Voleibol Entorse do

Tornozelo Recreação Abordagem Inovadora

Manipulação / Mobilização Sucesso Gera Sim -

Carson (1999) Man Ther n=1 Não Exp. Natação Remada

Assimétrica Professional Abordagem Inovadora

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 1

Austin et al. (2000)

Man Ther n=1 Não Exp. Corrida Dor Torácica Colegial Descoberta

Invulgar Manipulação / Mobilização Sucesso Gera Não -

Taylor et al. (2001)

Man Ther n=2 Não Exp. Ciclismo

Dor na Perna Induzida pelo

Exercício

Professional/ Professional

Descoberta Invulgar

Protocolo de Tratamentos

Sucesso / Melhoria Gera Sim 4

McCarthy et al. (2003)

Man Ther n=1 Não Exp. Futebol

Gaélico Osteitis Pubis Colegial Abordagem Inovadora

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 1

Griffiths (2003) PTiS n=1 Não Exp. Cricket Dor no Epicôndilo Semi Professional

Abordagem Inovadora

Protocolo de Tratamentos Melhoria Gera Não -

Herrington (2004) PTiS n=2 Quasi Exp. Ski / Futebol Lesão LCA Recreação /

Recreação Abordagem Inovadora

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera e Testa Sim -

Booth (2005) PTiS n=1 Quasi Exp. Golfe Alterações Posturais Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera e Testa Sim -

Nobes et al. (2000) PTiS n=1 Não Exp. Futebol Lesão LLI Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Não -

Kermode (2004) PTiS n=1 Não Exp. Futebol Dor Lombar Professional Abordagem Inovadora

Programa de Exercícios Específicos

Sucesso Gera Sim 3

Taylor (2002) PTiS n=1 Não Exp. Futebol Trombose Venosa Profunda Recreação Descoberta

Invulgar Follow Up Insucesso Gera Sim -

Peek et al. (2005) PTiS n=1 Quasi Exp. Rugby Lesão Cervical Professional Efeito da

Intervenção Programa de

Alongamentos Sucesso Gera e Testa Sim -

Davis et al. (2001) APMR n=1 Não Exp. Halterofilismo Lesão no Ombro Recreação Descoberta

Invulgar Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim -

Shin et al. (2005) APMR n=1 Não Exp. Dança Luxação da Rótula Professional Descoberta

Invulgar Protocolo de Tratamentos Melhoria Gera Sim -

Ingber (2000) APMR n=3 Não Exp. Ténis / Racquetball Lesão do Ombro

Recreação / Recreação / Recreação

Efeito da Intervenção Terapia Miofascial Sucesso Gera Sim 5

Miller et al. (2006) APMR n=1 Não Exp. Softball Miosite Ossificante Semi

Professional Descoberta

Invulgar Protocolo de Tratamentos Insucesso Gera Sim -

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

Lehman et al. (1999) JMPT n=1 Quasi Exp. Golfe Dor Lombar Professional Efeito da

Intervenção Manipulação / Mobilização Melhoria Gera e Testa Não 4

Green et al. (1999) JMPT n=1 Não Exp. Ciclismo Síndrome do

Glúteo Médio Amador Abordagem Inovadora

Modificação do Gesto Desportivo Sucesso Gera Sim 1

Driscoll et al. (2000) JMPT n=1 Quasi Exp. Ginástica Dor Lombar Professional Efeito da

Intervenção Manipulação / Mobilização Melhoria Gera e Testa Não 2

Lapp (2000) JMPT n=1 Não Exp. Corrida Fractura Pélvica de Stress Recreação Descoberta

Invulgar Protocolo de Tratamentos Insucesso Gera Não 4

Chu et al. (2004) BJSM n=1 Não Exp. Futebol Americano Dor Lombar Colegial Abordagem

Inovadora Estimulação

Eléctrica Melhoria Gera Sim -

Beneka et al. (2003) BJSM n=1 Não Exp. Corrida Tendinopatia

Aquiliana Professional Efeito da Intervenção Terapia Aquática Sucesso Gera Não -

Constantinou et al. (2004) BJSM n=1 Não Exp. Futebol

Gaélico Rotura do Tibial

Anterior Recreação Efeito da Intervenção

Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim -

Pettitt et al. (2000) JAT n=1 Não Exp. Corrida

Síndrome de Fricção da Banda

Iliotibial Professional Abordagem

Inovadora Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim 1

Cook et al. (1999) JAT n=1 Quasi Exp. Basquetebol Lesão LCA Colegial Abordagem

Inovadora

Treino Neuromuscular

Reactivo Melhoria Gera e Testa Sim -

Keskula et al. (1999) JAT n=1 Não Exp. Corrida Resalto do Tendão

do Iliopsoas Recreação Efeito da Intervenção

Programa de Alongamentos Sucesso Gera Sim -

Fujioka et al. (2004) KSSTA n=2 Não Exp. Baseball Fractura do

Unciforme Colegial / Colegial

Efeito da Intervenção Ultra-sons Sucesso Gera Sim 2

Baltaci et al. (2004) KSSTA n=1 Não Exp. Basquetebol

Fractura da Tuberosidade

Anterior da Tibia Recreação Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim -

Peer et al. (2005) ON n=1 Não Exp. Corrida Osteoporose Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Melhoria Gera Não -

Leech (2003) ON n=1 Não Exp. Basquetebol Lesão LCA Colegial Efeito da Intervenção

Programa Pré Pós Cirúrgico Sucesso Gera Sim 1

Giannini et al. (2004) AJPMR n=1 Não Exp. Futebol Fractura da Mão Professional Abordagem

Inovadora Ultra-sons Sucesso Gera Sim -

Grieve (2005) JBMT n=1 Não Exp.. Ski Aquático Rotura dos Isquiotibiais

Semi Professional

Efeito da Intervenção Terapia Miofascial Sucesso Gera Sim -

Smith et al. (2004) AJP n=1 Quasi Exp. Futebol Tendinopatia

Aquiliana Professional Abordagem Inovadora Técnica de Taping Sucesso Gera e Testa Não 2

Osterhues (2004) PTP n=1 Quasi Exp. Ski Luxação da Rótula Recreação Abordagem

Inovadora Técnica de Taping Melhoria Gera e Testa Sim -

Newton et al. (2004) EN n=1 Não Exp. Equitação Lesão do

Quadricipete Recreação Descoberta Invulgar

Protocolo de Tratamentos Insucesso Gera Sim -

Iwamoto et al. (2004) Knee n=2 Não Exp. Baseball Lesão LCP Professional/

Professional Efeito da

Intervenção Protocolo de Tratamentos Sucesso Gera Sim -

Grimshaw et al. (2002) SM n=2 Não Exp. Golfe Dor Lombar /

Epicondilopatia

Semi Professional/

Semi Professional

Efeito da Intervenção

Programa de Exercícios Específicos

Sucesso Gera Sim 3

George et al. (2002) CSM n=3 Não Exp. Ténis / Futebol

/ Ginástica Dor Lombar Recreação / Recreação / Recreação

Efeito da Intervenção

Tratamento baseado num Sistema de

Classificação

Melhoria /Insucesso /

Melhoria Gera Não 1

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Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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Janeiro 2007 I Vol. 1 I Nº 1 I 38 – 48

INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES

A Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto saúda-o e congratula-se pelo interesse na publicação do seu artigo. Antes de o enviar, sugerimos que leia atentemente todas as instruções que se seguem: SUBMISSÃO DOS ARTIGOS Todos artigos para submissão na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto são realizados por correio electrónico. Comece por guardar o seu trabalho como documento Word da seguinte forma: data_nome do autor (exemplo: janeiro2006_antónio manuel silva) • Enviar o documento em anexo para o seguinte

endereço electrónico: [email protected] • Após a recepção do documento, o Editor, através de

e-mail, enviará o aviso de recepção do mesmo. Nesse mesmo aviso receberá o número do código atribuído ao seu trabalho (Consultar – www.apfisio.pt/gifd_revista/revisoes.htm)

• Este processo deverá ser acompanhado pelo

preenchimento do documento “Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do Artigo” (disponível para download em www.apfisio.pt/gifd_revista/edicao.htm). Depois de preenchido, certifique-se que constam as assinaturas de todos os autores e envie-o por correio para a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (consultar a morada neste documento).

• Após estes procedimentos o Coordenador do

Conselho Editorial enviará uma cópia do trabalho para dois ou mais elementos do Conselho Editorial para iniciar-se o processo de revisão (Consultar – www.apfisio.pt/gifd_revista/revisoes.htm)

REQUISITOS GERAIS • Os resultados e/ou dados apresentados no trabalho

nunca deverão ter sido publicados noutros jornais ou revistas quer de carácter geral quer de natureza científica.

• O artigo deve estar sobre revisão exclusiva da Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

• O trabalho deve estar relacionado com aspectos científicos, clínicos, profissionais relevantes para a fisioterapia no desporto em particular e para as ciências do desporto em geral.

• Os artigos devem ser redigidos de acordo com as Normas de Redacção e Formatação da Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto.

TIPOLOGIA DOS ARTIGOS Estudos Experimentais e Quasi-Experimentais – Trabalhos originais sobre a fisioterapia no desporto ou

sobre áreas relacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo, os critérios de selecção e a caracterização da amostra, os instrumentos aplicados, os procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo de 3500 palavras. Estes tipos de estudos devem de ter um resumo/abstract estruturado. Estudos Descritivos / Observacionais – Trabalhos originais sobre a fisioterapia no desporto ou sobre áreas relacionadas. Descrever de forma clara o tipo de estudo (pode incluir estudos de levantamento epidemiológico, estudos de caso, descrição de experiências, entre outros), os critérios de selecção e a caracterização da amostra, os instrumentos aplicados, os procedimentos seguidos e a análise estatística efectuada. Máximo de 3500 palavras e resumo/abstract estruturado.

Levantamento Epidemiológico – Estudos retrospectivos ou prospectivos para determinação da prevalência, incidência de lesões e caracterização dos factores de risco associados ás lesões das diferentes modalidades desportivas e/ou actividades físicas. Máximo de 3000 palavras e resumo/abstract estruturado.

Estudos de Caso – Descrição detalhada de um

caso clínico, contendo características relevantes do utente, avaliação e diagnóstico em fisioterapia bem como a descrição da intervenção. No conjunto devem existir, pelo menos, 10 referências bibliográficas distintas. Máximo de 850 palavras e resumo/abstract estruturado.

Descrição de Experiências – Descrever de

forma clara os aspectos inovadores da experiência e as bases teóricas em que esta se enquadra ou a descrição de novos instrumentos, procedimentos ou tecnologias relevantes para a prática ou investigação clínica em fisioterapia no desporto ou áreas relacionadas. Máximo de 1500 palavras e resumo/abstract estruturado.

Revisões Sistemáticas da Literatura e Meta-Análises – Revisões detalhadas sobre novas temáticas ou temáticas estabelecidas na área da fisioterapia no desporto, bem como em áreas relacionadas. Descrever de forma clara os procedimentos e meios utilizados no decorrer da revisão, explicitando se esta foi sistemática, exaustiva e actualizada. Máximo de 4000 palavras e resumo/abstract estruturado Artigos de Opinião: Ponto de vista de um expert sobre um artigo publicado na revista. Os comentários surgem a título de convite por parte do Editor. Os autores do artigo sob comentário têm a oportunidade de responder ao ponto de vista do expert. Máximo de 750 palavras. NORMAS DE REDACÇÃO E FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS Todos os artigos sujeitos a submissão à Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto devem seguir as seguintes normas de redacção e formatação:

• Devem ser escritos em português.

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• Todas as páginas numeradas (incluindo a página de rosto) com margens laterais, superior e inferior de 2,5 cm. • Texto escrito em documento Word, com alinhamento justificado e espaçamento entre linhas de 1,5 cm. Tipo de letra: Arial com tamanho 12. • Não podem ser utilizados outros procedimentos de formatação, como por exemplo, rodapés, cabeçalhos, etc.

Página de Rosto

• Título do artigo. • Nome de cada um dos autores com o respectivo título profissional e/ou académico e a instituição a que pertencem. • Endereço do correio electrónico ou morada de um dos autores, para correspondência.

Resumo / Abstract

• Não deve exceder as 250 palavras e deve estar estruturado da seguinte forma: Introdução, Objectivos, Relevância, Metodologia, Resultados, Discussão, Conclusão e Palavras-chave. Deve-se fazer igualmente um resumo/abstract em inglês com a mesma estrutura.

Texto

• Estudos Experimentais, Quasi-Experimentais, Descritivos/Observacionais (levantamentos epidemiológicos, descrição de experiências) Revisões Sistemáticas de Literatura e Meta-Análises devem estar estruturados da seguinte forma: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusões. • Estudos de Caso devem estar estruturado da seguinte forma: Introdução, Descrição do Caso, Resultados e Discussão.

Citações e Referências Bibliográficas

• Todas as referências que fazem parte da lista final de Referências Bibliográficas devem estar citadas no texto (Consultar o documento: Normas de Citações e da Lista Final de Referências Bibliográficas disponível para download em www.apfisio.pt/gifd_revista/autores.htm) • As referências citadas durante o texto devem contemplar o nome do autor (apelido), seguido de vírgula e o ano de publicação (ex. Campbell, 1999). Se a referência for de dois autores deve-se colocar a ligação “&” entre os nomes dos mesmos, seguido de vírgula e o ano de publicação (ex. Campbell & Fortis, 2000). Se a referência for mais de dois até seis autores, deve citar-se todos os nomes numa primeira vez e nas subsequentes, o apelido do primeiro autor seguido de “et al”. Quando são mais de seis autores utiliza-se sempre “et al” (ex. Garth et al, 1997). • Na lista final de Referências Bibliográficas, quando a referência tem 7 ou mais autores, citam-se os primeiros três seguido de “et al”.

• Regra geral, as entradas da lista final de Referências Bibliográficas devem ser ordenadas por ordem alfabética do apelido do primeiro autor. • Caso existam vários trabalhos do mesmo autor, coloca-se em primeiro lugar os trabalhos individuais, seguidos dos trabalhos colectivos, utilizando o apelido do segundo autor como critério de ordenação. Para vários trabalhos do mesmo autor utiliza-se o ano de publicação como critério de ordenação (do mais antigo para mais recente). • Referências a trabalhos aceites mas não publicados devem ser designados como “in press”. Teses de Doutoramento ou de Mestrado são considerados trabalhos publicados. Não são aceites informações provenientes de documentos, apresentações ou apontamentos pessoais. • Todas as normas de citações e de referências bibliográficas devem de ser verificadas pelo(s) autor(es). Quaisquer erros ou omissões sobre as mesmas são da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

Tabelas, Quadros e Gráficos

• As tabelas, quadros e gráficos devem estar inseridas no texto e apresentadas como imagem em formato JPEG. Devem de ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e um tamanho máximo de 80 kb (bytes) • Todas as tabelas, quadros e gráficos devem ser numeradas sequencialmente e ter o respectivo título. Este deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra – Arial de tamanho 10 com espaçamento entre linhas de 1,0. • No caso de existirem abreviaturas, a respectiva legenda deve figurar fora e imediatamente abaixo das tabelas, quadros e gráficos. Estas devem de ser escritas em Arial de tamanho 9. • Todas as tabelas, quadros e gráficos devem estar referidas no texto. • As tabelas e quadros não devem ter linhas verticais. Usar sempre linhas horizontais para o cabeçalho e finalização das mesmas.

Figuras, Imagens e Fotos

• As figuras, imagens e fotos devem estar inseridas no texto. Devem ser digitais com resolução mínima de 150 dpi e um tamanho máximo de 80 kb (bytes) • Todas as figuras, imagens e fotos devem estar em formato JPEG (JPG). • Todas as figuras, imagens e fotos devem ser numeradas sequencialmente e ter o respectivo título. Este deve ser colocado acima das mesmas com o tipo de letra – Arial de tamanho 10 e com espaçamento entre linhas de 1,0. • Todas as figuras, imagens e fotos devem de ser referidas algures pelo texto. • São excluídas quaisquer figuras, imagens e fotos não originais, que sejam retiradas de livros ou outras fontes desde que não tenham a autorização expressa dos autores e/ou editores.

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DOCUMENTOS ADICIONAIS Para publicação dos artigos os autores devem de preencher o Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do Artigo (disponível para download em www.apfisio.pt/gifd_revista/edicao.htm) e envia-lo por correio para seguinte morada:

Por um lado, este documento formaliza a autorização de todos os autores para a publicação do artigo na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto assegurando a originalidade de todo o seu conteúdo (imagens, fotos, quadros, tabelas, etc), a exclusividade e os direitos de publicação por parte do Editor. Por outro, certifica uma participação activa do (s) autor (es) na realização do estudo/trabalho, e que este, envolveu a obtenção do consentimento informado de todos os sujeitos envolvidos no mesmo (quando aplicável) e que uma entidade competente e responsável aprovou este projecto de investigação (quando aplicável). Este mesmo documento pretende ainda refutar, qualquer interesse comercial e/ou outro tipo de conflito de interesses.

POLITICAS EDITORIAIS

• É responsabilidade exclusiva do Director pronunciar-se sobre a decisão final de publicação do artigo. • Os autores devem estar disponíveis para realizarem as alterações propostas ao seu artigo antes da decisão formal para publicação.

• Em caso de necessidade, os revisores podem partilhar ou recorrer a outros profissionais para complementarem a sua revisão. • Os autores não estão autorizados a fazer qualquer alteração ao artigo proposto para publicação, durante o processo de revisão, excepto para corrigir erros ou omissões. • O Editor pode recusar-se a publicar, se o autor efectuar alterações substanciais ao artigo depois do mesmo ter sido sujeito ao processo de revisão e aceite para publicação. • O Editor pode solicitar revisões adicionais para complementar as opiniões do Conselho Editorial.

SUGESTÕES Quando submeter o artigo certifique-se que:

• Tem uma cópia do e-mail enviado para a Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. • Tem uma cópia do seu artigo guardada no disco rígido do seu computador e que fez uma cópia para uma disquete, CD ou outro tipo de dispositivo. • Enviou o Formulário de Autorização dos Autores para Publicação do Artigo com as assinaturas originais de todos os autores. • Fez um resumo/abstract estruturado em português e um outro em inglês. • Todas as referências que fazem parte da lista final de Referências Bibliográficas estão citadas no texto e que se encontram ordenadas por ordem alfabética.

Para informações adicionais consulte o seguinte endereço: www.apfisio.pt/gifd_revista. Para qualquer outro esclarecimento contacte o Director ou o Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto através do seguinte endereço electrónico: [email protected]

Associação Portuguesa de Fisioterapeutas Grupo de Interesse em Fisioterapia no Desporto Rua João Villarett, 285 A Urbanização Terplana 2785-679 – São Domingos de Rana Portugal

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