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editorial

Há detalhes explícitos nas fachadas das residências e outros guardados no interior de obras arquitetônicas singulares. Esta é a Uberaba que se rende ao talento dos profi ssionais de decoração. Tudo começou com a infl uência do ciclo do zebu, quando o requinte do mobiliário evidenciava o alto poder aquisitivo, no fi nal do século XIX e início do XX.

O bom gosto ganhava vida na tradição familiar. Era o tempo em que as tias experientes ajudavam as sobrinhas a organizar suas casas. Foi assim com a fa-mília Carvalho. Aliás, as diferentes gerações apresen-tam um requinte nato, que parece cravado no DNA.

O empenho em ciceronear bem, em escolher os objetos com signifi cado emocional e estético e o cui-dado na seleção dos quadros de bons pintores exigi-ram a profi ssionalização.

Em meados dos anos 70, José Duarte Aguiar che-gou de São Paulo apresentando o novo mobiliário elaborado. Germano Gultzgoff surgiu com traços modernistas e Wagner Schroden combinou funciona-lidade e estética. Cada qual ao seu estilo conquistou uma porção de seguidores. Gente com sensibilidade afl orada, que sempre esteve envolvida com a arte, op-tou por impregnar com bom gosto a profi ssão.

Talentosos, os arquitetos e decoradores nos apre-sentam a evolução dos detalhes. A modernidade está em cores, acabamento, iluminação, revestimentos, adornos, cortinas, espelhos, gravuras e até nos jardins. O verde conquistou o telhado, as paredes, distintos vasos no interior dos apartamentos, e as árvores frutí-feras retornam aos quintais com sucesso.

Estes gênios na arte de combinar vão levar você, leitor, a um passeio pelo tempo até uma casa que, certa-mente, povoa seus sonhos.

Você conhecerá também o Museu de Arte Deco-rativa (MADA). O espaço guarda 300 objetos que res-gatam a identidade da família brasileira nos últimos cem anos.

Obrigada pela companhia.

Apresentação

Ficha TécnicaProjeto editorial: Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação - mtb 6308Equipe: César Antônio, Eduardo Idaló, Gisele Barcelos, Larissa Vieira, Margareth Dias Ribeiro, Mara Santos e Rona Abdalla

Projeto gráfico: Dudu Assis • Fotos: Roberto Pimenta

Esta é uma publicação exclusiva do JORNAL DA MANHÃ - Junho de 2011Rio Grande Artes Gráficas Ltda. Av. Dr. Fidélis Reis, 820 - Centro Fone: (34) 3331-7900 - Uberaba/MG

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Nossa capa: Paula Hueb Abdalla, Demilton Dib, Luciana Aragão, Danuza Buzollo, Marcondes Nunes de Freitas, Gabriela Sabino, Rosemary Ribeiro, Daniela Cunha Carvalho, Luiz Carlos Souza Campos, Maria Inês Rodrigues da Cunha, Cláudia Ribeiro, Alexandra Rôso, Bruna Carvalho e Renato Marajó.

Os primeiros passosda decoração em Uberaba ...............................07

Fachadas fascinantes........................................10

Decoração correndo nas veias ..........................23

Os precursores do bom gosto...........................31

A evolução dos detalhes ao longo dos tempos........................................43

Novos conceitos de paisagismomesclam tecnologia e tradição..........................53

Casas dos sonhos II..........................................59

Museu de Arte Decorativa de Uberaba .............71

JM Extra indica................................................. 74

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Os primeiros passos da decoração em Uberaba

A influência europeia viabilizada graças ao zebu

Não foi apenas na pecuária uberabense que a impor-tação do gado zebuíno teve um forte impacto.

A riqueza gerada pela comercialização do zebu possibilitou aos fazendeiros da cidade construir suntuosos casarões e decorá-los com o que havia de mais moderno na Europa do início do século 20. O impacto dessa economia foi tão grande que a arquitetura da época ficou conhecida como “Ecletismo do zebu”.

Um símbolo desse tempo áureo é o Palacete do Coronel José Caetano

Borges, localizado à Rua Tristão de Castro, que possuía padrões modernos de arquitetura para a época. Considera-do um homem à frente do seu tempo, o pecuarista gostava de escolher pessoal-mente os objetos e móveis para decorar o palacete. “Sempre que viajava com a família ao exterior ou aos grandes centros brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, ele trazia peças de de-coração. De gosto refinado, ele tinha a preocupação de adquirir peças de quali-dade. Boa parte da mobília e dos ador-nos veio da França e de outros países

da Europa. Até os vitrais da casa foram importados”, conta Ana Maria Borges Ribeiro, neta do criador. Ela passou a maior porção da vida no palacete. Há sete anos, mudou-se do imóvel, mas não abriu mão de decorar o novo lar com móveis e objetos adquiridos pelo avô.

A religiosidade também influenciou a decoração dos tempos das primeiras importações de zebu. Oratórios, ima-gens e crucifixos enfeitavam as casas. José Caetano, por exemplo, era devoto de Nossa Senhora das Dores e mantinha em sua residência na cidade e também

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cordão de São Francisco, franjas. Seguindo a linha luxuosa de móveis

e adornos, as construções abusavam do gesso para decorar o teto. “Era um exa-gero! Teto, roda-teto, teto total, sancas, rondel... Quanto mais gesso, mais po-der”, explica Regina.

E foram construtores e arquitetos, vindos principalmente da Itália e da Es-panha, que ajudaram a dar nova cara à Uberaba das primeiras décadas do sécu-lo 20. O imóvel de José Caetano Borges é um bom exemplo desta “importação” de mão-de-obra. O construtor, ornador e revestidor português José Mendes Reis ajudou a erguer o palacete. “Uberaba se-guia as tendências, tanto na decoração quanto na arquitetura, ditadas pela França. Os fazendeiros acompanha-vam as novidades pelas revistas ou durante as viagens a São Paulo. Geral-mente, eles voltavam da capital pau-lista com projetos arquitetônicos para a construção de suas casas”, explica Marília Brasileiro do Vale, arquiteta e professora da Universidade Federal de Uberlândia, que junto com a his-toriadora Maria Antonieta Borges Lo-pes realizou um trabalho mostrando a arquitetura das fazendas de Uberaba. Segundo ela, não só a pecuária, mas também a lavoura, garantiu aos pro-dutores rurais daquela época recursos para erguer belas e grandiosas casas com decorações luxuosas.

As construções coloniais de taipa ou madeira foram substituídas, na época, por construções neoclássicas, tijolos e cimento armado. Os imóveis eram compostos por grandes bibliotecas, sa-las de visitas com três, quatro ou mais ambientes, sala de chá, sala de jogos, duas cozinhas, varanda social para reu-nião dos homens, varanda interna para mulheres (que não podiam participar dos assuntos masculinos), uma infi -nidade de quartos com apenas um ou dois banheiros para atender a todos.

Com medalhões decorativos mais pró-ximos do rococó e pisos de madeira, as casas eram pintadas em tons pastel, que iam do branco ao amarelo. “As pinturas residenciais antigamente não tinham mui-to recurso em relação a opções de cores, efeitos e materiais. Usavam-se terra e cal para pintar e colorir a área externa, onde as cores eram primárias. Já em seus in-teriores eram pinturas artísticas a óleo em paredes e tetos, com diversos temas. Assim surgiram grandes pintores, que se eternizaram”, conta a decoradora Regi-na Carvalho. Para iluminar os ambientes eram usados grandes lustres e arandelas de cristais, além, é claro, de muitas velas.

Outro grande diferencial entre as ca-sas do século 20 e as atuais está na área externa. Antigamente, ter uma piscina em casa era coisa rara, mesmo nos palacetes. O dia de sol era curtido com muito charme e glamour, mas nas piscinas dos clubes.

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história&decoração

na fazenda belos oratórios e crucifi xos. Até mesmo fora de Uberaba, essas e outras peças de época decoram as casas de netos e bisnetos do coronel. Segundo Ana Maria, a nova geração dos Caetano Borges tem demonstrado interesse em preservar o mobiliário e os adornos. “Como meu avô conseguiu transmitir a todos nós a importância dos valores humanos, da religiosidade e da honesti-dade, os netos e bisnetos querem ter em casa esses objetos não pelo valor eco-nômico, mas sim porque representam a história da família”, atesta Ana Maria.

A valorização de adornos de época pode ser sentida nos antiquários. Hoje, muitos deles se tornaram artigos de luxo, requisitados por decoradores renoma-dos em famosos brechós e antiquários

de Nova York, Londres, Paris e Bra-sil. Na opinião da decoradora Regina

Carvalho, os móveis foram os que mais sofreram mudanças ao longo das déca-

das, passando por estilos bem variados,

como: renascentistas, Luiz XV, Luiz XVI,

anos 50 (pés palitos), entalhados, barrocos, es-tilo Bauhaus. O tipo de

matéria-prima usada na confecção do mobiliário tam-bém mudou. Os

móveis de madeira maciça que deco-

ravam as casas são hoje peças raras e valiosas.

As cortinas só eram consi-deradas sinô-nimo de ele-

gância se fossem confeccionadas em

veludo, tivessem voil e muitas pas-samanarias, pendentes, pingentes,

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cultura&história

Fachadas fascinantesCaminhar pelas ruas de Uberaba é uma oportunidade de apreciar alguns dos mais belos projetos arquitetônicos da região

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Na terra do zebu, o estilo predominante é o eclé-tico, segundo especia-listas. Trata-se de uma

mistura de linguagens arquitetônicas de várias épocas e culturas. Passar em frente a essas casas e encontrar uma porta ou janela aberta é um convite para dar aquela espiadinha, que até os olhares mais discretos, vez ou outra,

se permitem. Não só por uma fútil curiosidade, para ver o que há do lado de dentro, mas também para tentar descobrir de que forma o bom gos-to das fachadas imponentes foi re-fletido nos mais simples objetos de decoração. Mesmo porque decorar um ambiente, seja a sala, o quarto ou até mesmo o lavabo, não depen-de apenas de boas peças. Requer um

Todos os cantos do mundo juntosNo roteiro das vias uberabenses

com as casas mais bonitas está a ave-nida Santos Dumont. Destaca-se a imensa casa branca, com esculturas e colunas greco-romanas na fachada. A acrópole uberabense pertence ao ca-sal Julieta e Munir Salum. O consagrado médico e a esposa conseguiram traduzir bem as histórias da família nos espaços da residência, erguida há quatro décadas. São três andares e quase 20 ambientes.

A convite da JM Extra, dona Julie-ta abriu as portas das quatro salas da

toque de bom gosto, aliado à sofis-ticação e, claro, às boas histórias so-bre a origem do objeto.

Elementos simples, mas bem combinados, oferecem ar especial à composição de espaços aconchegan-tes, traduzindo muito da personalida-de de quem ali mora. Porcelanas, pin-turas e mobiliários escondem tradi-ções de décadas e até mesmo séculos.

casa, os espaços preferidos da família. Começamos pelas três que fi cam no primeiro andar: duas de estar e uma de jantar. As peças que decoram o am-biente retratam a cultura de dezenas de países visitados pelos Salum. Em cada desembarque, um adorno, que hoje forma uma bela composição de obje-tos com alto valor estimativo.

O acesso às salas é por um hall, de-corado com imponente tapete persa, lustre de cristal e grande escultura em mármore branco.

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O casal Julieta e Munir Sallum com a filha Viviane e a neta Fernanda Sallum de Rezende

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cultura&história

As duas salas de estar são delica-damente divididas por grandes portas brancas de madeira com detalhes em vi-dro, contrastando com paredes em azul nórdico, um tom claro de azul, e piso em mármore de Carrara, na mesma tonali-dade. Ao entrar na primeira delas, o que mais chama a atenção são duas grandes cantoneiras francesas, que ostentam im-ponentes vasos em porcelana chinesa na cor azul royal. As peças foram trazidas pelo casal em viagem à Ásia. Somando o tamanho dos dois objetos, chega-se a quase dois metros de altura, de pura arte. “A forma como esses vasos chega-ram até aqui ainda hoje me faz rir. Fiz o Munir trazê-los na mão, para não correr o risco de quebrá-los. Agora, imagina o transtorno de se carregarem duas peças dessas da Ásia ao Brasil, mas valeu a pena”, relembra dona Julieta.

A imponência dos elementos não ofusca a beleza das duas poltronas

Luiz XV, com estruturas em madeira e encostos e assentos com estampas florais, e muito menos do conjunto de vasos de cristal na mesa de centro, como também da coleção com cerca de 30 peças japonesas, entre elas esta-tuetas em marfim e porcelanas e bo-necas de madeira, seguramente guar-dadas dentro de uma cristaleira.

Na outra sala de estar o destaque é o conjunto de cadeiras libanesas, que cha-ma a atenção pela rusticidade da madeira e por sua história. As peças foram her-dadas de uma das avós de dona Julieta e combinam perfeitamente com o quadro importado, que retrata um jardim fran-cês e mulheres do século passado. “Este quadro também tem uma história mui-to interessante. Quando fui comprá-lo, em uma das minhas viagens à França, na década de 70, outras turistas busca-vam estampas menores, enquanto eu queria essa de quase quatro metros de

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cultura&história

diâmetro. A vendedora, inclusive, acha-va que eu não estava conseguindo ex-plicar bem o tamanho do quadro que queria, mesmo falando em francês com ela”, conta dona Julieta.

Passamos para a sala de jantar, onde o tapete persa, em tons aver-melhados, compõe cenário com uma peça em madeira que acomoda um raro aparelho de chá, vindo do Japão. Trata-se de uma louça tão fina, que pode ser comparada à casca de ovo. Entretanto, o que realmente chama a atenção é o lustre. Com cerca de um metro de comprimento, a lumi-nária é rica em detalhes, com várias gotas de cristal, que ajudam a distri-buir a iluminação e sofisticação. No centro do cômodo fica uma grande mesa de madeira, que acomoda cer-ca de dez pessoas.

Para chegar à quarta sala da resi-dência, que fica no segundo andar, é preciso passar por mais um hall, que também dá acesso aos quartos. No lo-cal, uma raridade: o jogo de cadeiras em madeira entalhada com mais de um século, trazido por Dom Pedro II como presente ao antigo Colégio Fe-minino Sion, de Petrópolis, onde estu-dou dona Julieta.

A peça veio parar em Uberaba, após a transferência do prédio esco-lar, em 1968, quando alguns móveis foram ofertados a famílias tradicio-nais de ex-alunas da instituição. Os encostos e acentos ainda mantêm as fibras originais vindas de Portugal. Na parede em frente às cadeiras, um

quadro com cerca de dois metros reproduz a imagem de Nossa Se-nhora de Guadalupe, mostrando a religiosidade da família.

Chegamos, então, à última sala da residência, que também é usada para

refeições. Um pouco menor que a sala de jantar do piso inferior, o local é dia-riamente ponto de encontro da famí-lia. O charme por aqui fica por conta da coleção de bandejas em porcela-na, um dos orgulhos da matriarca.

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“Algumas vieram da Tchecoslováquia e outras da Áustria. Uma das minhas preferidas retrata a antiga imagem do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, an-tes de o Cristo Redentor ser constru-ído”, ressalta.

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A França é aquiAinda no centro de Uberaba está

outra imponente casa, responsável por atiçar a curiosidade de quase to-dos que passam à sua porta. Trata-se da residência batizada de “Vila Ma-riana”, na Rua Vigário Silva.

Construído na década de 30, o pa-lacete, eleito cartão postal da cidade, foi erguido como prova de amor. Um presente do doutor Carlos Terra à es-posa, Mariana Carvalho Terra. Daí o nome “Vila Mariana”.

Atualmente, quem vive na casa de dois andares é dona Stella Terra Ce-cílio, filha do casal. Apesar de expor sua personalidade em várias peças, a herdeira ainda mantém grande parte da decoração original, feita por Cla-rice Gifone, especialista que decorou também a casa de Sarah Kubitschek, esposa de Juscelino Kubitschek, ex-presidente do Brasil.

O mobiliário segue a influên-cia das culturas inglesa e francesa. Para matar nossa curiosidade, dona Stella e as filhas abriram as portas de dois dos principais ambientes da casa: o living e o escritório. Na gran-de sala, os garden seats ou bancos de jardim fazen a diferença. Entretan-to, as peças orientais em porcelana

cultura&história

azul e branca ajudam na composi-ção do ambiente interno da casa. Destaque para a cômoda bombée, no estilo Luís XV, na cor natural da ma-deira, ostentando, entre outras pe-ças, um vaso, também francês, em porcelana azul de Sèvres. Ainda no living, duas das obras de arte pen-duradas na parede foram pintadas

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Stella Terra Cecílio

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por dona Stella, retratando mo-mentos vividos pelos netos. Em uma, as crianças brincam de roda. O aconchego fica por conta dos abajures, bem característicos das residências inglesas, sempre acesos para receber as visitas. Dois deles, com quase um metro de altura, têm a base de madeira policromada.

Da sala para o escritório não há portas. A divisão dos ambientes é feita apenas por um portal. Vários livros e fotos dividem espaço na grande estande, que ocupa quase toda a parede. O local talvez seja o que mais abrigue objetos que retra-tam a história da família Terra. En-tre as relíquias, o assento no estilo canapé, que vez ou outra o pai de dona Stella utilizava para atender os pacientes que o procuravam em casa, e a mesa onde o médico regis-trava os prontuários e aprofunda-va os estudos em livros antigos da medicina, ainda na estante.

Uma das relíquias dessa casa, impregnada de história, é uma foto antiga do imóvel, pendurada em uma das paredes. Tirada poucos anos após a construção, compro-va como a arquitetura do local está bem preservada. “Preservar as pe-ças, desde as mais simples, como as bailarinas de porcelana, ao mais so-fisticado mobiliário, é manter viva um pouco da história dos meus pais e o que vivemos aqui durante tantos anos”, relembra dona Stella.

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Não há como se poupar dos impo-nentes casarões de Uberaba na avenida Leopoldino de Oliveira, na parte central da cidade. Muitos preservam apenas as riquezas incorporadas à construção, já que estão sem moradores, só com vi-gias. Uma das explicações seria o alto custo para manter casas daquele porte.

Os retratos de Uberaba na avenidaA casa, quase no cruzamento com

a Avenida Guilherme Ferreira, foi construída na década de 30, sendo que a família Cardoso se mudou para o lo-cal só em 1963. “Quando era prefeito em Nova Ponte, meu marido sempre vinha a Uberaba. Tinha muita von-tade de se mudar para cá. Foi então que teve a oportunidade de comprar esse casarão. Além do imóvel, adqui-riu todo o mobiliário que estava aqui dentro”, explica dona Cota.

Em função disso, a família não sabe ao certo a origem de muitas peças que integram a decoração, o que não deixa a casa menos charmosa. Logo no hall, há uma lareira, que indica a sofisticação do espaço. Pouco usada para o real fim, serve também como aparador para dois pratos coloridos de porcelana com ilustrações chinesas, além de um vaso no mesmo ma-terial, só que nas cores azul e branca.

MF Arquitetos

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Esse fato ainda não intimidou Maria Montes Cardoso, carinhosamente co-nhecida como “dona Cota”. A viúva do empresário e pecuarista Manoel Pereira Cardoso, que também foi pre-feito de Nova Ponte na década de 60, é uma das mais tradicionais moradoras daquele endereço.

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As peças sobre a lareira, assim como a maioria dos objetos da casa, fazem parte da decoração original. Mas, para adquirir a personalidade da família, al-guns elementos foram acrescidos em quase todos os ambientes, com o passar dos anos, como na grande sala de estar, no primeiro andar.

O quadro com a imagem do Imacu-lado Coração de Maria, pendurado em uma das paredes, é um bom exemplo. A obra de arte centenária é herança que dona Cota recebeu da mãe, Maria Dominda Montes.

Outro elemento que também foi incorporado é o grande tapete buchara,

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Dona Cota com a filha Ilzabeth e a Neta Maria Carolina

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cultura&história

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que está no centro da sala. Com a cor vermelha, predominando estampas em formas geométricas, a peça com-plementa a beleza do sofá vinho de veludo, com pés de madeira trabalha-dos no estilo Luiz XV, que também já estavam na casa quando a família se mudou para lá.

Ainda na lista dos objetos ad-quiridos junto com o casarão está o lustre em alabastro e bronze, com grande luminária central. Na sala de jantar, outro lustre idêntico, sob a mesa de madeira para 12 pessoas. No encosto e assento das cadeiras, o charme fica por conta do couro em tom salmão. Cortinas brancas com bandô de madeira comple-mentam o ambiente.

A passagem para o segundo andar da casa é por um hall. A escada, co-berta por uma passadeira de carpete marrom, leva-nos até ele. Aí encon-tramos um jogo de cadeiras inglesas,

com estampas florais, e um exótico bar sob um armário espelhado e bancos rústicos, feitos em granito nos tons de verde e vermelho.

“Já se passaram tantos anos des-de que viemos pra cá, tantas histórias e confraternizações. A casa por si só e pelo que vivemos já tem a cara da família. Mesmo assim, há dias em que algumas peças me roubam o pensa-mento... O que será que há por detrás delas?! Que histórias elas têm para contar?... Afinal, grande parte do mo-biliário já estava aqui quando cheguei... Mas acredito que esse segredo dá um ar ainda mais interessante à casa”, co-menta dona Cota.

Assim como nas outras casas visi-tadas pela JM Extra, encerramos na sala nossa visita à residência dos Car-doso. Os detalhes dos demais ambien-tes certamente continuarão a povoar a nossa imaginação a cada passeio pelas ruas da Princesa do Sertão.

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Decoração correndo nas veias

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Casa cheia, família reunida. Hora de arregaçar as mangas e começar a produção do cardápio, de enfeites, arranjos e dos demais preparativos para o próximo evento do clã. Quem carrega o sobrenome Carvalho não resume encontro de família à simples macarronada de domingo. O programa envolvia um sistema de manufatura que englobava tias, avós, sobrinhas e mães. Numa época sem a interferência da televisão, do computador e de tantas outras novidades

tecnológicas, o gosto por “fazer arte” unia a nova e a velha geração

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Sob o olhar atento do patriar-ca Francisco José Carvalho, primeiro as meninas viram a avó, dona Chiquinha, preparar

a mesa, de dar água na boca e encher os olhos. Os quitutes entravam em harmonia com as toalhas, louças, cristais, guardana-pos e prataria, propositalmente dispostos juntos para ornamentar cada refeição. E aí, se um dia o zelo era menor, logo o avô dava um puxão de orelha: “Chiquinha, você está deixando a desejar...”

Francisco não abria mão desse capri-cho, pois trouxe na bagagem o requinte da Corte Portuguesa, quando aportou no Brasil há quase 100 anos. Felizmen-te, a família esbanjava criatividade nata para transformar o almoço, lanche e jan-

tar em arte. Logo, a mesa bem posta se tornou tradição entre as meninas Carvalho, que aprenderam rápido a combinar peças de diversos estilos, não apenas na cozinha como nos de-mais cômodos da casa.

A artista Maria Cláudia Carvalho Bar-bosa tinha apenas sete anos na época e já reconhecia o talento da família. “Essa técnica de decoração ainda não existia, nem curso para isso, mas na casa da mi-nha tia Aparecida todos os ambientes eram projetados por ela”, descreve.

E o toque dos Carvalho não se li-mitava a selecionar e organizar ob-jetos para criar espaços personaliza-dos. As mãos também eram adestra-das para bordado, pintura e outras

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Maria Cláudia Carvalho Barbosa

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experiências com artesanato. As tias e sobrinhas trabalhavam como uma pequena cooperativa para atender as festas e os eventos sociais familiares. Maria Cláudia conta que a agenda lotada demandava, no mínimo, dois encontros por semana. O que era fá-cil, pois os parentes dominavam a vi-zinhança na Rua Antônio Carlos. No embalo da radiola e entre as conver-sas ao redor da mesa, o serviço saía com perfeição.

“Era muito bom. A gente sentava junto e até os homens ajudavam um pouco, ali na casa da minha avó. Tinha batismo, aniversário... Não me esque-ço de um casamento em que enfeita-mos a Igreja Catedral toda com flores de parafina. Não tinha buffet, não tinha arranjo nem flor natural. Então, foi

tudo a gente que fez. Foram meses para terminar... Até meu pai montou umas folhas”, relembra Maria Cláu-dia, com bom humor.

Apesar das oficinas junto à família do pai, a moça tentou fazer carrei-ra num ramo diferente e chegou a cursar Faculdade de Economia. Por fim, retornou às origens. “Eu era uma boa aluna, mas aquela não era minha paixão”, completa.

Hoje a artista une a habilidade para lidar com tintas e o gosto pela costura, herdado da avó materna na criação de modelos exclusivos. Ao observar a loja repleta de blusas, ves-tidos e saias da nova coleção, o senti-mento nem é de dever cumprido, de satisfação por horas bem investidas na diversão predileta.

Não tinha buffet, não tinha arranjo nem flor natural. Então, foi tudo a gente que fez. Foram meses para terminar... Até meu pai montou umas folhas” ”

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Quando abandonaram as brincadei-ras de roda e os chás de boneca para estar junto às tias, recortando moldes e fazendo colagens, as primas Regina Carvalho e Maria Inez Carvalho Mar-zola sequer imaginavam que, a partir dali, desenvolveriam um ofício capaz de levar o sobrenome da família a diversos lugares do mundo.

Maria Inez casou-se e Regina tam-bém se ocupou de cuidar do marido e dos filhos. Aos poucos, porém, transpa-reciam vestígios do traço artístico lapi-dado na infância.

Para Maria Inez, a chance surgiu quando começou a dar aulas de pintu-ra no Barraco da Porcelana. A estrutu-ra foi montada dentro de casa mesmo, com o incentivo da sogra e da cunha-da. Pouco depois, durante os prepara-tivos para a festa de Natal, a parceria

Da rua Antônio Carlos para o mundode sucesso com a prima nascia em tom de brincadeira.

Regina decidiu presentear os con-vidados com algo feito à mão. Apren-diz na técnica do vidro jateado com areia, ela criou potes decorativos e personalizados para os parentes e amigos mais chegados. As peças chamaram tanta atenção que Regina fez troça durante o encontro: “Vou ficar rica com isso!”. Ela só não es-perava a réplica imediata da prima: “Então, vou ser sua sócia!”.

Lançada a ideia, as duas iniciaram um sistema compartilhado de produ-ção. Maria Inez riscava as criações no papel, enquanto Regina tinha a tarefa de dar forma tridimensional à peça. Assim, a primeira loja Reginez foi instalada na casa de Regina, com a ex-posição improvisada na área de lazer

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próxima à piscina. A dupla promovia bazares, arrecadava o dinheiro, re-partia o lucro e encerrava o ano de trabalho dando-se por satisfeita com o resultado. Transformar a ativida-de em negócio sério não estava nos planos, entretanto uma propaganda inesperada atraiu novos clientes e deu projeção à marca.

“A revista Casa Claudia veio foto-grafar minha casa, um dos primeiros projetos do arquiteto Demilton Dib. A equipe de produção estava fazendo as imagens e, ao ver o trabalho com jato de areia, pediu autorização para tirar fotos também e colocar na revista. Então, saiu nosso nome e os contatos. Foi quan-do o número de fregueses começou a crescer... Por isso, tivemos que mudar”, registra a sócia-fundadora da Reginez, hoje já aposentada da vida empresarial.

As atividades foram transferidas para uma casa alugada. No espaço fun-cionavam a loja e a fábrica artesanal.

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A cada coleção lançada, eu arrepiava por ver duas donas-de-casa darem conta de criar coisas tão bonitas””

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Com o crescimento, mais uma inte-grante da família entrou para a equipe. Sílvia Maria deixou o emprego na loja de armarinhos e passou a comandar o setor de vendas para a mãe, Regina. Mais que comercializar as peças expostas no showroom, a ideia era dar um toque espe-cial à decoração na casa do cliente. As-sim, as mulheres Carvalho retornaram às suas raízes, honrando a tradição da avó Chiquinha e da tia Aparecida.

“A cada coleção lançada, eu arre-piava por ver duas donas-de-casa da-rem conta de criar coisas tão bonitas, mesmo sem formação no Ensino Su-perior”, lembra Sílvia.

Com a experiência, Sílvia descobriu a real vocação e logo se matriculou no curso de Design de Interiores. Hoje, mesmo fora da empresa, ela continua

seguindo os passos da família Carvalho e arquiteta combinações para dar uma pitada especial na casa das pessoas.

Enquanto a Reginez crescia, foi ne-cessário separar a loja e a fábrica para receber melhor os clientes e ampliar a produção. O sucesso trouxe também os filhos de Maria Inez para a equipe. O mais velho, Roberto, assumiu o departa-mento financeiro e comercial; Giovana cuida da linha produtiva da indústria, e o caçula, Cristiano, seguiu o lado criativo da mãe e tem, inclusive, móveis premia-dos em exposições internacionais.

De um cubículo apertado nas exposições, agora, aos 25 anos, são mais de 100 metros quadrados de es-tande, com peças e ambientes “made in Uberaba”. O tino para decoração dos Carvalho conquistou não só o

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Brasil, como também Estados Uni-dos, Espanha, Portugal, Angola, Arábia Saudita e América do Sul. “Se Deus quiser, a nossa marca vai continuar nas próximas gerações. Tenho uma neta que está honrando o talento da família!”, comemora Maria Inez.

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Maria Inez Carvalho Marzola e Regina Carvalho

Quem faz questão de imprimir o sobrenome da família em suas cria-ções é a designer Maria Elina Carva-lho Pena. Ela atua na “ponte aérea Uberaba-São Paulo” e leva para a capital paulista as peças talhadas com o talento das Carvalho. A decorado-ra explica que a escolha não é uma obrigação, mas acontece pela harmo-nia que os objetos proporcionam aos ambientes por ela elaborados.

Há 40 anos atuando na área, Maria Elina combinou a experiência das tardes criativas com as tias e avós às técnicas do curso de Design para Interiores. Esse mix lhe conferiu um estilo único, marcado pela diversidade. “Sou clássica com toque de moderno, um contemporâneo. Não gosto de uma casa inteira moderna ou inteira clássica. Opto muito pela tendên-

Defendendo a prata da casa

cia rústica, acredito que devido à minha origem. Um ambiente mais simples, des-pojado e proporcional para mim é mais bonito”, resume Maria Elina.

A decoradora reconhece que teve a oportunidade de aprender, desde pe-quena, como valorizar os detalhes da casa e dar requinte à decoração. “Te-nho alguns clientes há 20 anos, como o Cláudio Junqueira. Recentemente, trabalhamos no projeto da casa em que ele mora. É um trabalho muito gratifi -cante. Essa é a minha realidade, minha escolha, minha opção de vida”, revela.

Defendendo a prata da casa

cia rústica, acredito que devido à minha

Maria Elina Carvalho Pena

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Uma simples caminhada na vizi-nhança, à tarde, era a oportunidade perfeita para a colecionadora Anita Válio encontrar raridades para seu an-tiquário. A filha, Lourdinha, lembra-se com alegria de como a mãe espichava o pescoço para avistar pela janela se as salas continham alguma peça de de-coração atraente. Acompanhante nas andanças, ela se cansou de repreender a falta de educação, sempre ouvindo a defesa: “Mas eles não mostram se eu bater à porta e pedir”.

Lourdinha desconhece as con-quistas provenientes da espionagem. Entretanto, ela desenvolveu a aptidão da mãe para reconhecer o que vale a pena apreciar. Herdeira do antiquário, Lourdinha vive literalmente no meio das peças selecionadas com dedicação.

Bom gosto como herança de família

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Lourdinha Válio

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A breve visita revela que é difícil se-parar os itens da casa e o mostruário da loja, dando um ar aconchegante aos fregueses. “Às vezes, fico até um pouco triste ao dispor de alguns obje-tos. Fazem parte do meu lar, mas fico contente quando vejo a pessoa curtir a peça e querer valorizar a própria casa com ela”, revela.

A decoração rústica, típica das fa-zendas no interior de Minas Gerais, poderia ser a especialidade do antiquá-rio Válio. De acordo com Lourdinha, o estilo foi criado a partir do gosto da matriarca, pois recordavam a infância de Anita na fazenda. Porém, o toque de re-quinte também se fez presente. Após o casamento, ela conheceu com a família do marido o fino do Velho Mundo e da própria burguesia nacional. E essa for-mação se vê registrada na loja.

As primeiras peças da coleção Vá-lio foram cuidadosamente trazidas de

Campinas, onde Anita já mantinha contato com fornecedores. A filha conta que nenhuma delas continua em estoque, pois todas foram vendidas durante o auge do antiquário, por vol-ta da década de 60.

Atualmente, Lourdinha percebe que os artigos históricos perderam o valor. Segundo ela, o antiquário reúne móveis

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e objetos de São Paulo, Sergipe e do in-terior da Bahia, porém os fregueses são escassos. Entre as maiores conquistas ela exibe os lustres resgatados de um navio marroquino no fundo do mar de Santos. “Pena que hoje as pessoas só querem comprar roupas, bolsas e sapatos de gri-fe, em vez de investir em algo único para ornamentar suas casas”, finaliza.

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Os precursores do bom gostoDecorar é mais do que combinar móveis, cortinas, cores e texturas. Imaginar uma casa nos mínimos detalhes e muito antes de as paredes serem erguidas é coisa de artista. Criar cenários marcantes e ambientes que encantam até os olhos de quem não sabe distinguir um piso comum de um porcelanato é papel de decoradores e arquitetos. Uberaba pode se orgulhar. O município é um celeiro de bons profissionais nas duas áreas. É gente que teve e tem importante papel na urbanização da cidade. Alguns inovaram, ditaram moda. Outros se destacam pelo requinte ou pela objetividade. Cada um com seu estilo, mas todos com muito bom gosto

O arquiteto e decorador José Duarte de Aguiar (1938-1994) fez história na década de 70. Ganhou até o título de “decorador ultra chic” ao fazer traba-lhos para a alta sociedade paulistana. Quem o conheceu na intimidade ga-rante que ele era um dos homens mais elegantes que a sociedade uberabense já teve o prazer de conhecer. “Era requin-tado, o que dava para perceber na postu-ra, no jeito de se vestir e se portar em pú-blico. Lógico que os trabalhos realizados por ele só podiam ser elegantíssimos”, descreve o arquiteto Demilton Dib.

Entre os trabalhos de Aguiar em Uberaba estão mansões da rua Doutor José Ferreira, no Centro, as residências dos casais Antônio Joaquim Duarte e Lauanda, Manoel Carlos Barbosa e Dadaça, no condomínio Recanto das Torres. A ousadia era sua característica marcante. Ele inovou com o uso de mui-ta madeira nos acabamentos e nas for-mas singulares, como o teto abobadado.

JOSÉ DUARTE AGUIAR

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GERMANO GULTZGOFFDos anos 50 até o início da dé-

cada de 80, o arquiteto Germa-no Gultzgoff (1922- 2007) usou e abusou dos traços modernistas. A referência vem da escola Macken-zie, onde ele se formou em 1950. Mas sua principal inspiração eram os trabalhos de Oswaldo Bratke, conhecido arquiteto com escritório em São Paulo. Por um curto perío-do, Gultzgoff foi estagiário de Bra-tke. Em Uberaba, ele homenageou o mestre em uma de suas obras: o edifício Pedro Salomão, instalado na esquina entre as ruas Sátyro Silva Oliveira e Manoel Borges, no Cen-tro. A construção, de 1964, quebrou paradigma ao unir área residencial

WAGNER SCHRODENFilho de imigrante alemão, o

arquiteto e engenheiro Wagner Schroden (1938-1987) teve uma criação rígida, mas voltada para a arte. Aos seis anos, pintou sua pri-meira tela em aquarela. Na adoles-cência foi fotógrafo. Na fase adul-ta, mesmo dedicando a maior parte do tempo à arquitetura e engenha-ria, não deixava de lado outras ar-tes: tocava piano, violino, violão, fl auta, gaita e acordeão. Morreu jovem, aos 49 anos, mas deixou um importante legado para Uberaba. Várias residências na região central da cidade foram projetadas e cons-truídas por ele. Entre elas, a casa de Rivaldo Machado Borges, na aveni-da Leopoldino de Oliveira, e a de Albano Bruno, na Santos Dumont.

Seus projetos se tornaram exemplares únicos no contexto ur-bano, cada qual com sua particulari-dade. Em se tratando de linguagem arquitetônica, pode-se dizer que Schroden fez parte do movimento modernista, mas sempre utilizou seu próprio estilo, empregando sua personalidade, buscando har-monia, conforto, funcionalidade e estética, preservando ao máximo o verde nas edifi cações.

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e comercial, aproveitando o espa-ço. Foi, também, um dos primeiros edifícios da cidade, com 12 andares. As influências de Bratke estão tanto no desenho das elevações quanto na escolha dos materiais: cobogós, lam-bris, tijolos cerâmicos.

No currículo do arquiteto tam-bém está a reforma e decoração do Jockey Club de Uberaba, reinaugura-do em 1961. Cinquenta anos depois, o prédio clássico ainda guarda deta-lhes criados pelas mãos de Gultzgoff. Outros dois grandes trabalhos são o edifício Chapadão e a sede do Jornal da Manhã, construída na década de 70 e repaginada nos anos 90 pela ar-quiteta Paula Hueb Abdala.

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DEMILTON DIBQuando saiu de Uberaba para es-

tudar engenharia civil em São Paulo, Demilton Dib não imaginava o que seria da sua vida dali para a frente. O diploma ele conquistou em 1969. No mesmo ano, especializou-se em Arquitetura, mas, muito antes, sua vocação era evidente. “Sempre adorei teatro e, juntamente com alguns ami-gos, formei um grupo na adolescência e nós fazíamos montagens de peças. Isso durou uns dez anos, de 1962 até o início dos anos 70. Criei muitos ce-nários e adorava pensar em ambientes diferentes, imaginar a cena e depois ver tudo pronto. Sempre me deu mui-to prazer”, relembra Demilton.

Do teatro, direto para o canteiro de obras. Com seis meses de formado, Demilton chegou à cidade de Ouro Pre-to com um desafio e tanto. “Meu primei-ro projeto foi um prédio da Caixa Eco-nômica Federal”, conta o engenheiro. O trabalho foi tão bem executado que, um ano depois, veio nova encomenda: a sede do Banco do Brasil, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Na época, Dib desenvolveu até uma estratégia para enfrentar a má

vontade dos operários. “Pedreiro co-rintiano eu colocava para trabalhar com servente que torcia para o mes-mo time. Os palmeirenses ficavam em outro setor. Também contratei muitos pais e filhos para trabalharem juntos. A harmonia acelerava o ritmo da obra”, analisa.

A conclusão do prédio, em 1972, coincidiu com a morte de sua irmã. Foi quando retornou para Uberaba. Entre os grandes trabalhos que exe-cutou na cidade estão as reformas da Catedral Metropolitana e do Santuá-rio de Nossa Senhora da Abadia.

Mas é na área residencial que Demilton deixa mais evidente a sua marca: a inovação. “Já inco-modei muita gente ao lançar ten-dências. Não gosto do óbvio. O que me faz criar é a história do cliente. Ninguém é igual a ninguém. A casa precisa ter a cara de quem vai morar nela. Não tenho um estilo úni-co. Se me pedem um castelo, vou pro-curar fazer o melhor castelo”, explica, sem saber dizer ao certo quantas casas de uberabenses já projetou e decorou.

Romper padrões é uma especia-DECORAÇÃO Edição Especial 33

lidade de Demilton. Em 1980, ao projetar a sala da casa do seu irmão, no bairro Mercês, fez um salão de 10 por 11 metros quadrados sem nenhum pilar. O local compreende quatro ambientes, integrando sala de visitas e sala de jantar – o que hoje chamam de lounge. “Na época fui muito criticado, acharam a sala um exagero. Também fiz uma cozinha na varanda, que hoje os chiques chamam de espaço gourmet”.

Demilton também trouxe da épo-ca do teatro o gosto pela decoração. Nos anos 80, especializou-se e che-gou, inclusive, a ser designer de peças decorativas e móveis para uma em-presa uberabense. Para quem já esteve à frente de tantos trabalhos e desen-volveu todos com classe, refinamento e genialidade, continuar inovando é sempre um prazer. “Tem sempre um projeto novo na minha mesa. Agora, estou terminando um bistrô em Bra-sília e acompanhando a construção de uma casa, com pé direito de oito me-tros. Em todos esses anos, só deixei de atender um cliente, porque perdi a paciência”, encerra Dib.

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Quem disse que não dá para ser chi-que e prático ao mesmo tempo? Quem duvidar pode conferir os trabalhos do designer de interiores e artista plástico Luiz Carlos Souza Campos. Pioneiro em Uberaba, Luiz Carlos teve forma-ção clássica. Fez Faculdade de Belas Artes e especializou-se em Desenho Industrial de Móveis. “Essa experiên-cia com a movelaria me deu suporte para a decoração. Cheguei a atuar em lojas específicas de decoração durante vários anos”, afirma.

Ainda nos anos 80, predominava o estilo clássico, com tudo combinado.

As cores, as madeiras e o traço eram de-finidos e formais. “O mercado move-leiro me deu a base para me libertar das amarras do conservadorismo. Pude cir-cular com muita propriedade por tudo que a nova tendência da decoração per-mitia, ou seja, a mistura de materiais e estilos e também prevalecendo o con-forto e a função dos espaços”, explica.

A projeção profissional veio ao as-sumir o departamento de decoração da Brasilar Móveis, assim como a elabora-ção de seu showroom. “Fizemos na época uma revolução e consegui conquistar o espaço que ocupo hoje”, observa.

LUIZ CARLOS SOUZA CAMPOS

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“Por influência da minha mãe, apaixonei-me por arquitetura e resol-vi seguir a profissão. Meu primeiro projeto foi a casa dos meus pais, no início dos anos 80”, conta Danuza Buzollo. Na época, ela ainda estava na faculdade e resolveu rabiscar a planta da residência, que foi constru-ída no condomínio fechado Recanto das Torres. A obra foi tão bem suce-dida que seus pais moram lá até hoje.

Depois de se formar na Universi-dade Gama Filho, no Rio de Janeiro, Danuzza retornou a Uberaba, onde se casou. No início de carreira, divi-diu grandes projetos com a arquiteta Maria Inês Rodrigues da Cunha. Jun-tas, conceberam seis edifícios.

Os traços retos são característi-cos desta arquiteta. A portaria princi-

pal da Uniube, na avenida Nenê Sabi-no, e a sede da Clínica Radiológica de Uberaba, na rua Santo Antônio, são alguns de seus projetos.

Danuza define seu trabalho como clássico contemporâneo. “É possível usar em um mesmo espaço o mármo-re e o porcelanato, um material que nunca vai sair de moda com outro que é a tendência do momento. Tento, ao máximo, evitar o modis-mo, a não ser quando o cliente exi-ge”, explica.

O projeto mais recente – revela a arquiteta – é um teatro para 1.500 lugares, encomendado pelo Colégio Cenecista Doutor José Ferreira. Mas os detalhes são mantidos em segredo por Danuza. A obra deve começar ainda este ano.

DANUZA BUZOLLO

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Os arranha-céus são a especialida-de e a paixão da arquiteta uberabense Paula Hueb Abdala. Em 26 anos de car-reira, a lista de edifícios assinados por ela, em Uberaba, é extensa. Os condomínios Cap Ferrat, Cap D’antibes e Nas Rocas são como cartões de visita da profi ssional.

O mais recente trabalho, em fase de acabamento, é o edifício Santa Beatriz, próximo ao Shopping Center Uberaba. Ter estudado arquitetura em São Paulo lhe rendeu bons clientes. Mesmo vol-tando pra casa em 1994, não deixou de trabalhar fora. Executou obras na capi-tal paulista, Jundiaí, Paulínia, Vinhedo, Campinas, Uberlândia, Brasília, Ribeirão Preto, Orlândia, Araguari e Araxá. “Meu maior desafi o é realizar os sonhos de meus clientes. Por isso, não tenho um estilo defi nido. Transito do clássico ao moderno”, revela Paula.

Fora do país, ela desenvolveu proje-tos de estandes para a Feira Internacional de Joias de Las Vegas e de um escritório comercial com todos os móveis em São Petersburgo, na Rússia.

PAULA HUEB ABDALA

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“Não sigo estilos. Tento captar o perfil dos meus clientes e fazer projeto à expressão de seu jeito de viver, seus sonhos, sua realidade”. É com essa sensibilidade que a arquiteta Maria Inês cria ambientes de conforto, aconchego, beleza e pra-ticidade. Segundo ela, não existe um único traba-lho que marcou sua carreira. “Cada projeto em que estou envolvida é único e naquele momento é meu queridinho”, afirma.

Após se formar em Arquitetura, em 1980, por uma universidade carioca, Maria Inês voltou para Uberaba e construiu sua carreira. Por aqui, trabalhou em importantes obras na área de saú-de, como o Ambulatório Maria da Glória, o pré-dio do Hemocentro e a Clínica Civil, hoje parte do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). “Já fiz de capela até motel, passando por casas, fazendas, escolas, laboratórios, clínicas, prédios residenciais e co-merciais. Se me perguntar do que eu mais gostei, digo: do meu cliente, dos sonhos que partilha-mos, dos apuros que passamos e da alegria em vê-lo feliz e realizado”, declara Maria Inês.

MARIA INÊS RODRIGUES DA CUNHA

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Além de arquiteto, Marcondes especializou-se em restauro de monumentos, pela Univer-sidade de Roma, na Itália. Estudou fora até o início dos anos 80 e retornou ao Brasil em 1984. Depois de rápida passagem por Belo Horizonte, começou a atuar em Uberaba.

Em sua pasta de projetos estão obras mar-cantes, como a fazenda Nova Índia, as sedes dos laboratórios Alta Genetics e Geneal, na área de biotecnologia animal; o prédio da Unimed Ube-raba, o Centro de Pesquisas Paleontológicas, em Peirópolis; a reestruturação da entrada do Co-légio Nossa Senhora das Dores e tantos outros grandes trabalhos.

Para Marcondes, cada projeto é único, onde as variáveis do lugar, como topografia, clima, o sistema construtivo e as questões de sustenta-bilidade são determinantes na elaboração e na execução da obra. “O arquiteto é o profissional que materializa os sonhos de seus clientes, respei-tando os princípios, conceitos e normas técnicas. Quanto mais sinergia existir entre o cliente e o arquiteto, melhor será o resultado final”, avalia Marcondes, que recentemente concebeu uma casa totalmente sustentável para sua família, na região central da cidade, provando que é possível aliar bem-estar e responsabilidade social.

MARCONDES NUNES DE FREITAS

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A evolução dos detalhes ao longo dos tempos

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A evolução dos detalhes ao longo dos tempos

Com o brasileiro investindo cada vez mais em imóveis, os projetos de design de interiores ganharam evidência. Não basta preocupar com a parte estrutural da casa ou apartamento, os detalhes fazem toda a diferença quando aliam economia, praticidade e requinte

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A decoração hoje é algo muito mutável. Deixou de ser luxo e privilégio de poucos para ser prazer e uma

necessidade para facilitar o dia-a-dia das pessoas”, explica a decoradora Regina Carvalho, que desenvolve projetos de arquitetura, decoração de festas e paisagismo, em conjunto com a sócia e designer de interiores, Bruna Carvalho.

Essa tendência de decorar os es-paços com foco na praticidade, mas sem abrir mão do conforto, reflete o atual papel da mulher na sociedade. Se antes elas apenas cuidavam da fa-mília e da organização da casa, hoje estão no mercado de trabalho e pre-cisam de uma casa funcional e fácil de organizar. “O espaço das casas tem de ser muito melhor aproveita-do que antigamente. Salas que eram pouco usadas deixaram de existir, dando lugar a outras mais amplas, que a família aproveita no dia-a-dia. As tevês estão indo para os livings ou salas de visita para que esses espa-ços se revitalizem e ganhem novas funções e mais vida. Quartos de hóspedes viraram home offices, com sofás-camas, fazendo com que o cômodo tenha dupla função”, enfa-tiza Luciana Araújo Aragão Andra-de, que já fez cursos de design nos

Estados Unidos e na Itália e há mais de 20 anos trabalha com de-coração na Brasilar Móveis.

Seguindo a linha dos ambien-tes funcionais, há atualmente a tendência de integrar vários am-bientes. Há séculos, a cozinha é um local delicioso para um bom bate-papo com os amigos enquan-to o jantar é preparado. Agora, o cômodo aparentemente sem char-

me ganhou nova roupagem: é espa-ço gourmet, que apresenta todos os objetos da cozinha, mais a sala de jantar e/ou varanda.

A iluminação também faz toda a diferença em um ambiente. “Na hora de elaborar um projeto, sem-pre levo em conta a iluminação natural para definir a decoração. Em lugares mais escuros, a dica é usar a luz artificial para real-

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Bruna e Regina Carvalho

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çar as peças e proporcionar conforto, como, por exemplo, em cima da mesa de centro e nas paredes, para destacar um quadro”, ensina a arquiteta Daniela Cunha Carvalho.

Segundo ela, vale a pena tam-bém investir em plantas naturais para proporcionar graça ao am-biente. Entre as mais indicadas estão a bromélia, a avenca, a costela-de-adão e as orquídeas. “Esqueça as plantas artificiais”, alerta Daniela.

O estilo alegre e colorido do brasileiro também tem influencia-do a decoração das casas. “Além do conforto e da qualidade, o que está em alta é o nosso país. Estamos ditando moda e tendência. Somos um país de bom astral. O design, a moda e o artesanato, aliados ao nosso sorriso e à nossa simpatia, colocam-nos em alta no mercado”,

garante o designer de interiores Renato Marajó, que desenvolve projetos em todo o Brasil e até na África.

Ele faz questão de frisar que não existe uma única tendência quan-do o assunto é design e decoração. “Quando se misturam peças clás-sicas com as de design, o resultado é fantástico. O que se usa mais é a mistura de cores, estampas e textu-ras, desde que você siga a mesma linha”, explica Marajó, frisando que o setor de móveis aposta nas fibras e as cores que estão em alta são o verde, o vermelho e o laranja.

Durante a Expo Revestir, feira conhecida como a Fashion Week da Arquitetura e Construção, realizada em São Paulo no primeiro semes-tre, entre as tendências apresenta-das para este ano está o revival de cores e designs. Além do vintage, há a releitura do clássico, a influência do design marcante e a preocupação

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Luciana Aragão

Renato Marajó

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arquiteta Cláudia Ribeiro, o porce-lanato extrafino, lançado em 2010, vem agora com novos tons e nuan-ces, sempre discretas e sutis. “Para pisos e revestimentos, continuam em alta os porcelanatos, que tentam chegar o mais próximo possível de materiais naturais, como pedras e madeiras”, diz a arquiteta.

As duas maiores feiras do setor trouxeram uma infinidade de op-ções em várias áreas da arquitetura e construção, mas a dica dos profis-sionais é aproveitar as opções que o mercado oferece para desenvolver um projeto com a sua cara. “Você tem que descobrir qual é o refe-rencial da pessoa e encontrar, jun-

tamente com ela, os objetos que irão preencher as expectativas e realizar o sonho dela. Em segui-da, mostrar as novas opções que o mercado oferece em tecidos, com tratamentos especiais; novas madeiras, que são ecologicamente corretas e com medidas ergono-micamente mais adequadas, dan-do mais conforto e qualidade de vida”, ensina Luciana Aragão.

Há 11 anos no ramo, Gabriela Sabino faz o alerta: “Em decora-ção, menos é sempre mais, ou seja, use o básico em termos de cores. Prefira os tons neutros e ouse na cor da almofada ou do vaso, por exemplo. Outra questão a ser ob-servada refere-se à ergonomia dos objetos. Muitas vezes, a mesa é lin-da, o sofá e a cama confortáveis, mas enormes. São peças que não cabem no ambiente. Atualmente, como o design é bastante democrá-tico, essas observações são funda-mentais para não errar”.

Confira a seguir as dicas essen-ciais na definição de um projeto, se-gundo os especialistas Cláudia Ribei-ro, Daniela Cunha Carvalho, Gabrie-la Sabino, Rosemary Ribeiro, Renato Marajó, Bruna Carvalho, Regina Carvalho e Luciana Aragão.

A busca hoje é por materiais que dão ao usuário conforto e praticidade, simultaneamente. A preocupação em utilizar produtos da natureza sem agredi-la está sendo adotada em vários projetos arquitetônicos”

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com o meio ambiente. A arquiteta Rosemary Ribeiro esteve na Expo Revestir para acompanhar as novi-dades do setor. “A busca hoje é por materiais que dão ao usuário con-forto e praticidade, simultaneamen-te. O uso de produtos sustentáveis e recicláveis tem destaque especial. A preocupação em utilizar produ-tos da natureza sem agredi-la vem sendo adotada em vários projetos arquitetônicos”, destaca Rosemary.

A Fashion Week da Arquitetura e Construção trouxe como forte ten-dência na linha de revestimentos a customização, com a utilização da tecnologia digital. Os desenhos são transformados em revestimentos, permitindo fazer um trabalho úni-co para cada proposta. Segundo a Associação Nacional dos Fabrican-tes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), as vendas de revestimen-tos cerâmicos devem crescer 6%, chegando a 739,1 milhões de metros quadrados. Essa alta será embalada pela construção civil, cuja expectati-va de crescimento do setor em 2011 está entre 10% e 12%.

Outra feira que atraiu profissio-nais do setor foi o Salão Internacio-nal da Construção, a Feicon Bati-mat, na capital paulista. Segundo a

Cláudia Ribeiro

Daniela Cunha Carvalho

Rosemary Ribeiro

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ILUMINAÇÃO• A tecnologia LED, que ilumina mais, sem consumir muita energia, está dominando o mercado. • Os pendentes estão cada vez mais elaborados.

ACABAMENTOS• Bancadas feitas desde porcelana-tos a pastilhas de madrepérolas. • O alumínio, que tem colaborado bastante com o design, e os amadei-rados feitos de MDF ou MDP.• A tendência da decoração traz um mix de padrões: o vintage, o retrô aliado à tecnologia e o básico com um toque de requinte são apostas para um luxo despretensioso.

TINTAS• Cores suaves e secas, tons pastel, terrosos e os tons frescos, calmos e brilhantes, como, por exemplo, o amarelo-canário e verde-limão. Vale experimentar ainda os verdes misturados aos tons de terra, amarelos aos de cinza, azuis com marrons.• As cores cinza-claro e castanhos levando ao chocolate deixam o ambiente aconchegante. • Vermelhos e azuis safi ra dão charme à decoração.• Invista também nas cores suaves, como off white, branco, bege ou fendi, que são sempre bem aceitas.• Outra opção são as tintas totalmente ecológicas, sintéticas, metálicas, imantadas.• Recursos que propocionam efeitos de jeans, linho, concreto, areia, perolados, couro, palha, aço e escovados podem ser alternativas.• Se optar por cores fortes em alguma parede, estude bastante para valorizar o ambiente.• Se quiser brincar, utilize estampas e listrados.

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MÓVEIS• Aposte nos trabalhos com madeiras de demolição. Esque-ça os brilhos. • Clássicos com pitadas de modernidade estão retornando.• Cores diferenciadas ou madeiras com tonalidades tipo imbuia ou castanho inglês fazem a cena. • Faça uma releitura de estilos, mesclando o antigo e o atual. A madeira, a pedra e a textura contrapondo com a tecnologia.• Sofás com múltiplas funções permitem maiores possibilida-des de movimento e posições de conforto. • Nos quartos, invista em camas maiores, de molas ou de espumas, elaboradas com novas tecnologias. • Móveis com motivos étnicos, como os tailandeses, dão char-me ao ambiente.

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CORTINAS• Ambientes clean pedem cortinas sem muito volume, mas sempre com tecidos fi nos, sedas e aqueles compostos com fi bras naturais de coqueiros, bananeiras, palhas, tábuas, bambu, sisal. Os modelos vão das romanas às vignette, com ou sem black-out. • Se quiser mais conforto, aposte nas automatizadas.• Persiana de tela solar ou com black-out pode ser nas cores preta, prata e em tons de bege.

ADORNOSTrocar as almofadas da sala pode ser uma ótima forma de dar uma cara nova ao sofá.• Abajures, esculturas e porta-retratos enfeitam a casa, mas muitas vezes essas peças só fi cam bonitas em conjunto. • É hora de tirar peças de época do armário, como vasos de cristal colorido ou com pó de ouro.

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tendências

PISOS E REVESTIMENTOS Mercado oferece vários tipos, formas e tamanhos de porcelana-tos. Usam-se mais os porcelanatos que são réplicas de mármores ou madeira, uma vez que a resistência do porcelanato é muito maior que a das pedras. • O porcelanato pode ser usado na fachada, na escada e até nas paredes da sala.• Peças de formatos grandes (porcelanatos) contrastando com as peças pequenas (pastilhas). • Peças neutras de acabamento acetinado, cores fortes, pisos à base de quartzo, limestone, pisos cimentícios também inovam o mercado de revestimentos.• Pisos com brilho (polido) deixa-ram de ser tão usados.

• Esqueça os quadros rústicos com coqueiros e palmeiras. Estão em voga aqueles com molduras espelhadas com vários temas de gravura, que saem dos pássaros, passam pelas fl ores e podem fi na-lizar com o abstrato ou moderno. • Quadros modernos muitas vezes necessitam de molduras.• Quadros de pintores renomados merecem exclusividade, ou seja, devem fi car sozinhos em uma parede da sala ou do quarto.• As gravuras podem decorar espaços como varanda e copa.• Tapeçarias fazem as vezes de um quadro no living.• Quadros menores podem ser usados juntos (pares ou de quatro em quatro).

QUADROS E GRAVURAS

ESPELHOS• Bisotados. Sem muitos rococós. • Espelhos rebuscados só se forem tradicionais da família.• Os venezianos vêm repaginados, em preto ou em vermelho.• Podem ser colocados no hall de entrada, nos quartos e, é claro, nos banheiros.

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GESSOS• Para dar acabamento sem curvas e usando apenas o necessário ou réguas.• Use o gesso como artifício para aplicação de iluminação para forros e paredes e divisó-rias, chamados de dry wall.

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Novos conceitos de paisagismo mesclam tecnologia e tradição

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A arquitetura da paisagem ou paisagismo é a arte de promover um projeto com gestão e preservação de espaços livres, urbanos ou não. Essa arte não se limita ao desenho de jardins e praças como originalmente. A arquitetura paisagista moderna abrange desde o projeto arquitetônico, passando pelos cuidados com a preservação do meio ambiente

natural até o planejamento de sistemas de lazer e recreação

Para sustentar tantos pila-res, a tecnologia é aliada principal. “Utilizar siste-mas computadorizados,

que favorecem a preservação do es-paço criado pelo paisagismo, é neces-sidade para quem investe em plan-tas mais valiosas, inspiradas pelos jardins europeus”, explica Leandro da Silva, especialista em irrigação

automatizada para paisagismo.De acordo com ele, a tecnologia

norte-americana leva água a todos os pontos do jardim, evitando manchas ou falhas, em especial nos meses de agosto, setembro e outubro. “Muitas vezes, o projeto de paisagismo custa caro, mas as plantas acabam morren-do por falta de distribuição homogê-nea de água”, enfatiza Leandro.

A irrigação automatizada é pro-gramada, mas, em caso de chuva, o equipamento não é ativado, pois um sensor avisa sobre a mudança climá-tica. Outra facilidade que a irrigação automática oferece é a própria ins-talação em pequenos espaços, como apartamentos. Leandro observa que a automação pode ser desenvolvida até em meia dúzia de vasos.

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paisagismo

Quem é apaixonado pela natureza apresenta a criatividade aflorada. Para os profissionais desta área, foi-se o tempo em que lugar de planta era só no jardim, varanda, quintal ou dentro de casa. Há quem cultiva um belo jardim no telhado. Pode até parecer estranho, mas a pro-posta antiga em países como Alemanha começa a se expandir no Brasil.

O paisagista Paulo Sérgio Alexandre Costa explica que a ideia é substituir as telhas pelo verde, o que traz vantagens tanto para o morador quanto para o planeta. Conhecedores do assunto ga-rantem que o jardim no teto aumenta o conforto térmico. “As plantas evitam a retenção de calor, deixando os ambien-tes com temperatura bastante agradável, já que este teto reduz o uso de mate-riais como o concreto”, explica. Outras propostas já surgiram, como jardins em paredes, fachadas e até tetos de ônibus.

Natureza em alta

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Como qualquer outro jardim, o ver-tical pode melhorar a sensação térmi-ca, a qualidade do ar, pois além de pro-duzir oxigênio, torna o ar mais úmido e cria uma atmosfera muito agradável, com a combinação das plantas, flores e aromas. Questionada sobre o tema, a paisagista Nália Cristina Gonçalves alerta que antes é preciso identificar se o local reúne as condições ideais para a implantação do projeto, como tecnologia, irrigação, condições de lu-minosidade, ventilação, incidência do sol, umidade, o substrato para plantio e, principalmente, as espécies de plan-tas selecionadas para cada projeto. “As plantas mais adequadas para esse am-biente são as pendentes, como samam-baias, espargos e outras espécies desta linha, mas é preciso atentar-se para o tipo de irrigação, pois, em geral, nos jardins verticais, teremos muita drena-gem e perda de água”, esclarece.

A boa iluminação e manutenção, assim como nos jardins tradicionais, são fundamentais, já que a intenção é cobrir toda a estrutura. Interessante também é a contribuição com o meio ambiente. As plantas absorvem o car-bono do ar (CO2) que necessitam para o processo de fotossíntese e liberam oxigênio, renovando o ar.

O charme do jardim vertical

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Árvores frutíferas estão na modaOs engenheiros agrônomos e paisa-

gistas Alexandre Lico e Fernanda Detoni usaram e abusaram da criatividade no pro-jeto de um playground. Na opinião do casal, criança também merece um lugar aconche-gante e em contato direto com a natureza.

Na área de lazer projetada para um condomínio fechado em Uberaba, as plantas frutíferas ganharam espaço. São pés de carambola, acerola, romã, jabutica-ba e pitanga. “A ideia de colocar plantas frutíferas na área de lazer é para resgatar nas crianças o conhecimento e o gosto por frutas que, geralmente, elas só veem no comércio especializado na venda des-ses produtos”, define Alexandre.

Quando a noite chega, o objetivo é garantir o contraste da coloração de cada planta com os holofotes espalhados pelo condomínio. Na opinião do paisagista, al-guns detalhes não podem ser deixados de lado, como o estudo da fisiologia e morfo-logia de cada árvore a ser plantada.

Há espécies que podem levar mui-tos anos para crescer. Seu tamanho adulto pode atingir mais de 30 metros e sua copa pode variar de três e 20 metros de diâme-tro (como a canela-preta, por exemplo). Por isso, na elaboração de um projeto é preciso considerar não somente o porte de plantio, mas, principalmente, o porte adulto. Isso evitará transtornos futuros, como proble-mas com fiação elétrica, encanamentos ou invasão de galhos e folhagens em janelas e vias de acesso das construções.

A espécie pau-ferro, por exemplo, tem galhos fortes, mas, dependendo do local onde for plantada, pode trazer da-nos irreversíveis. “Este tipo de planta não é recomendado para um playground, por exemplo. A copa é gigantesca e, em caso

de vento muito forte, pode ter os galhos quebrados e acabar atingindo uma crian-ça”, previne Lico.

Mas essas árvores de grande porte têm suas vantagens. Como uma planta peque-na leva tempo para crescer, a alternativa é comprar aquelas já formadas. A palmeira está entre as campeãs na preferência dos moradores de condomínios verticais ou horizontais. Como se trata de uma planta com altura diferenciada, o trabalho para garantir a sua vida útil é redobrado. Esco-ramentos adequados são o primeiro passo para evitar a perda da árvore por motivo de queda. Esta estratégia, na maioria das vezes, dura até um ano, tempo necessário para que a planta esteja realmente firme.

Para valorizar ainda mais o jardim, os paisagistas sugerem usar e abusar de ele-mentos como esculturas e dormentes. Es-ses acessórios oferecem charme ao espaço.

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paisagismo

Quem não tem espaço para mon-tar um amplo jardim coloca a imagina-ção para funcionar. O segredo para ter plantas bonitas e saudáveis em casa é oferecer condições próximas às de seu habitat de origem, ou seja, pensar na composição da terra, na incidência de luz, na água e na nutrição.

A sugestão para ambientes de pouca luminosidade é a Zamioculca. A paisagista Fernanda Detoni explica que essa planta necessita de poucos cui-dados, mas deve ficar protegida do sol direto. “Você deve regar esta planta mo-deradamente e só fazer a próxima rega quando o solo estiver levemente seco”.

No caso do cultivo em vasos, a orientação dos profissionais é de que você prefira recipientes de barro ou ce-râmica, por imitarem o solo, possibili-tando que as raízes respirem mais facil-mente. À noite, evite deixar as espécies sob a iluminação artificial: assim como as pessoas, elas precisam passar ho-ras no escuro. Quando chove, sempre

Jardim dentro de casa

que possível, coloque os vasos debaixo d’água – as plantas ganham viço depois de um bom banho de chuva.

“É importante fazer um dreno no fun-do dos vasos, utilizando materiais porosos, como argila expandida, pedra brita e pedaços de cerâmica. O substrato para plantio deve ser composto por uma mistura de 70% de terra já adubada e 30% de matéria orgânica: esterco, húmus”, explica Fernando.

Para varandas, a dica é decorar com plantas de folhas mais duras. A jiboia gi-gante (verde e amarela), que é resistente e não se afeta muito com o sol, é uma dica.

Já para apartamentos ou casas de pouco espaço, a recomendação são as plantas Cycas revoluta (cica), Pleomele reflexa (dracena-malaia), Areca triandra (areca), Sansevieria cylindrica (sansevéria) e Strelitzia reginae (estrelítzia).

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CASAS DOS SONHOS II CASAS DOS SONHOS II

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Na última edição da JM Extra, dedicada à Casa & Construção, publicada em novembro do ano passado, trouxemos 18 páginas dedicadas à Casa dos Sonhos, ou seja, espaços elaborados com o máximo de bom gosto pelos profissionais mais reconhecidos do mercado de Uberaba. Neste especial sobre Decoração, apresentamos outros ambientes. Além dos decoradores, algumas leitoras, que entendem do assunto, também exibem o

charme e a sofisticação que povoam os desejos de quem sabe que a decoração está entre as artes mais nobres

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Uma varanda ampla, dividida em ambientes cuidadosamente de-corados, dá vista para a piscina e para o exuberante jardim na casa de Ana Paula Sabino Ciabotti e Luciano Ciabotti. Ela própria se encarre-gou da decoração, apostando em móveis de recepção. Mesa redonda em madeira maciça, com confortáveis cadeiras, compõe um dos am-bientes onde o casal tem o prazer de receber amigos. Móveis étnicos, com profusão de almofadas multicoloridas, conferem um charme es-pecial ao outro ambiente, com destaque para os bancos tailandeses, diferentes garden seats e lanternas de diferentes tamanhos.

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Com o toque pessoal da proprietária, a varanda gourmet tornou-se um ambien-te aconchegante e receptivo fora de casa. É um espaço funcional e charmoso, onde o proprietário exerce seus dons de chef. A bancada serve de apoio para pia e fo-gão, mas recebe objetos de estilo, como uma antiga balança de precisão vermelha e branca. O detalhe das pastilhas em tom escuro faz a diferença, em contraste com a madeira de demolição do painel. Repa-re como o ladrilho hidráulico customiza-do, assim como a cristaleira repaginada equilibraram o ambiente.

O toque intimista e pessoal predo-minou também na decoração do lavabo e seus tons tropicais. O capricho com revestimentos, louças, toalhas individu-ais, sabonetes e aromas fez do pequeno cômodo um belíssimo cartão de visita. Destaque para o cuidado com os deta-lhes desse ambiente organizado, prático e especialmente agradável.

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Não há nada melhor que um espaço bem elaborado para o lazer, com sofistica-ção, aconchego e cheio de personalidade. O projeto da residência de Renata Vieira, elaborado pela arquiteta Alexandra Rôso, segue a linguagem informal e contempo-rânea que destaca o quiosque, ou seja, o espaço contemplativo e relaxante. O belo deck em madeira une este espaço à piscina. Destacam-se o revestimento em cerâmica Gail e a moldura em porcelanato rústico. Na varanda gourmet, do balcão-bar, revesti-do de pastilha de vidro, avista-se o paisa-gismo clean. Estilo na medida certa.

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O projeto da varanda ou terraço, como também é chamado este am-biente, foi criado pela própria Vera Derenusson em sua residência. Ela cursa Arquitetura e sempre se dedi-cou à decoração. Inspirada pelo es-tilo Bleu & Blanc, Vera trabalhou a composição com sofás em fibras na-turais e estofados brancos. O colorido ficou por conta das almofadas listradas e estamparias, que seguem a mesma paleta de cor. O clima bem descontra-ído vem do estilo tropical. Para com-plementar, a ambientação apresenta um mix de objetos, evidenciando esti-los e materiais de preferência da pro-prietária. “Estou sempre reciclando a minha casa, criando novas coisas e atenta às tendências”, salienta Vera.

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A sacada do apartamento de Denise e Delcides Barbosa Borges foi trans-formada pelas experts Bruna e Regina Carvalho. O estilo clássico renovou-se e, hoje, aparece moderno e clean. O mármore permaneceu, assim como os tons sóbrios mesclados com sofás em couro lavado marrom. O antigo living ganhou ares de home theater, com um bar central. O blindex já existia, em função do vento forte, mas a troca de piso nivelou toda a sacada, tornan-do-a integrada à sala. No lugar da pare-de que dividia o ambiente há apenas a coluna estrutural, atualmente abraçada pelo bar. Poltronas confortáveis apre-sentam um ambiente descontraído, de conversação. A atualização do clássico mostra a tendência de que tudo na vida se transforma, conforme define Bruna.

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Juliana Melo investe na decoração da sala para evi-denciar o conceito do projeto arquitetônico de in-tegração. A meta foi trabalhar espaços amplos, com mobiliário de design personalizado, porém clean, a par-tir de tons neutros e amadeirados, mesclando o pre-to na laca. A leveza possibilitou o uso de estampas para destacar o ambiente. Sinônimo de personalidade e modernidade, sem deixar o aconchego e a quali-dade do convívio da família. O paisagismo é outro diferencial. Na área interna, os decoradores desen-volveram um jardim seco e vertical, fantástico para compor a decoração de todo o ambiente.

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O estilo moderno contemporâneo é a marca da sala elaborada por Paula Hueb Abdalla. Observando intima-mente a personalidade de sua cliente, Beatriz Hueb Mattar, a profissional percebeu que a sofisticação deveria estar combinada com um visual clean. O uso da cor vermelha no veludo e nos objetos dá a tônica e a emoção do pro-jeto. O par de mesas de centro iguais, trabalhadas em vidro, proporciona brilho e leveza ao ambiente. É o re-quinte revelado a partir da sutileza.

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Na sala de jantar elaborada por Renato Marajó, o estilo clássico predomina. As cadeiras em modelo medalhão, com acabamento pro-vençal e tecidos florais, determinam a originalidade. A porcelana antiga na parede e os demais objetos de época oferecem toque requinta-do ao ambiente. No lugar do buffet convencional, Renato optou pelo mármore crema marfil e pela madeira laqueada, que combina perfeitamente com o piso em porcelanato. O armá-rio espelha a leveza que vem do con-temporâneo. Destaque para o pen-dente com fios de seda na cor prata e para o tapete de sisal, com borda, que estabelece o aconchego da sala.

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Uberaba tem Museu de Arte DecorativaA visita à antiga Vila dos Eucaliptos é um retorno no tempo. O casarão de 1916, construído sobre largos porões de pedra tapiocanga, apresenta a admirável arquitetura mantida por anos

Com o quintal, o lugar de 3.170 metros quadrados tem ares de fazenda. As sementes das lichieiras e

mangueiras, plantadas em 1922, vieram diretamente da Índia. Hoje, frondosas, oferecem sombra aos visitantes. Dois leões feitos de gesso, posicionados logo na entrada, mostram a força da família do antigo proprietário, José Maria dos Reis, um influente político, agropecua-rista e engenheiro agrônomo. Em abril de 2002, todo o complexo da vila foi doado pelos herdeiros Niobe Reis e Evaldo Batista dos Santos. Tombado pelo Conselho Deliberativo Municipal

do Patrimônio Artístico e Cultural de Uberaba (Codemphau), o patrimônio transformou-se no Museu de Arte De-corativa (MADA).

É um museu dedicado à preserva-ção da casa. São cerca de 300 objetos, incluindo mobiliário, que resgatam os costumes dos antigos proprietários, ou seja, a identidade da família brasileira no último século.

“Meu pai foi o Abel Reis, irmão do José Maria. Tenho certeza de que onde estiver ele ficou feliz com o nosso ges-to”, diz Niobe. Ela recorda que a família costumava passar as férias, finais de se-mana e também as datas comemorativas

no casarão. “A gente corria aquilo tudo, andava de bicicleta, era muito bom”, re-lembra a herdeira, com saudades.

Segundo a historiadora Sônia Maria Fontoura, que atuou no processo de tom-bamento do imóvel, há indícios de que o casarão abrigou, no passado, uma senza-la. “São muitas as histórias em torno do local, mas, para mim, as pinturas artesa-nais das paredes são as preciosidades”.

Olhando bem rápido, tem-se a sen-sação de que as paredes são aveludadas. E não é só isso, as paredes guardam uma infinidade de obras de arte.

Na sala de jantar, a pintura da réplica da Santa Ceia, de Leonardo

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museu

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Da Vinci, e um barrado de estilo art déco chamam a atenção. A pintura assinada por Reis Júnior, filho de José Maria dos Reis, e já restaurada por profissionais contratados pela Fundação Cultural, parece intacta. Segundo Niobe, seu tio possuía um dom especial. “Ele pintou quando tinha 17 anos porque gostava. Era como se fosse um dom, bem natu-ral”, revela a sobrinha, orgulhosa.

No museu, encontram-se dez obras do artista, como paisagem do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro; a cena do interior da residência do pintor no Leblon; dois autorretratos (um mancha e um dese-nho), e os retratos do pai, da mãe, da irmã Sara e da cunhada Teresa Hussar.

Teresa é a mãe de Niobe. “Esta obra é muito especial para mim, mas, como fazia parte do acervo, optamos por deixar no museu”, enfatiza Niobe.

Na parede azul da sala de visitas, mais pinturas com desenhos abstratos. O piso de madeira e o teto conservado revelam a origem antiga e os cuidados com que tudo é mantido.

O acervo de livros, na biblioteca, contabiliza cerca de três mil obras. Em outra sala, a coleção de porcelana ingle-sa, da década de 20, integra o que há de mais raro entre tantas relíquias da casa.

Segundo o coordenador do MADA, Paulo Miranda, o museu é aberto ao pú-blico gratuitamente e, para fomentar ain-da mais a visitação, a equipe desenvolve projetos. “Com o projeto As Escolas Vi-sitam os Museus, trazemos em excursões

os alunos de escolas públicas e particula-res para que conheçam o museu e a sua história”, explica o coordenador.

O MADA sobrevive com verbas da Fundação Cultural de Uberaba e está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h. A entrada é gra-tuita. O endereço é Rua Maria de Lour-des Melo Colli s/nº - Bairro Estados Unidos. Para informações, basta ligar para (34) 3338-9409.

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