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    Joana Elbein dos Santos, no livro Os Ng e a Morte, em sua tese deDoutorado em Etnologia na Universidade de Sorbonne, em Paris,traduzida pela Universidade Federal da Bahia, forneceu-me os dados

    necessrios sobre os dois princpios responsveis pela Gnese doUniverso,Obtl e Oddw, que disputam o ttulo de rs daCriao, revelando-me que houve um embate pela supremacia entreestes dois princpios; sendo assim, um fator constante em todos osmitos e textos litrgicos Ng. Segundo ela, em alguns mitos,Oddw, tambm chamado Oda, a representao deificada das Iy-mi, a representao coletiva das mes ancestrais e princpio feminino

    onde tudo se origina. Assim, Od corresponde a Obtl ou rsl,que o princpio criativo masculino.

    Desejo, atravs deste trabalho, mostrar o significado dos rs-funfunna Gnese do Universo, no seu Cosmo-Gnese, como tambm, o seusignificado psicolgico e humano, atravs do tn gb-nd i,revelado pelo Od-If trpn-wnrn; assim como, demonstrarque os mitos cosmognicos no descrevem o incio absoluto do mundo,mas, o surgimento da conscincia como segunda criao. Observemque ningum percebe que sem uma mente reflexiva no h mundo, eque, por conseguinte, a conscincia um segundo criador do mundo.Carl Gustav Jung.

    O fato de ter feito analogias com textos bblicos cristos, taostas,budistas, teosficos, esotricos, exotricos e psicolgicos para

    decodificar a mensagem mtica deste tn, teve por finalidadeesclarecer aos leitores com os seus acervos culturais, psicolgicos ereligiosos, que todos os vasos so de ouro puro, como dizem osmestres budistas. Ou seja, a Verdade Una, chegou para todos deforma diferenciada apenas na sua forma,conforme a sua cultura.

    Observei que a cosmo viso religiosa do Candombl fortemente

    influenciada pela concepo de mundo na tradio Yorub, e que essatradio possui uma grande complexidade devido falta de

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    uniformidade, permitindo assim um grande nmero de conceitos einterpretaes por no ter nenhuma instncia que sirva de referncia emedida para o todo. Em compensao, h uma viso unitria bsica da

    existncia que compartilhada pelos filhos de santo. A concepoYorub de mundo existe em dois nveis denominados dubl, iy eOrn, que no so locais separados existencialmente, mas, formas epossibilidades diferenciadas entre si, que no se ope uma a outra,existindo de forma paralela apenas. Logo, o iy no um nvel deexistncia fora do Orn, mas, um tero que o fecunda e manifesta todaa sua criatividade ilimitada, gerando um equilbrio. Um no subsiste

    sem o outro, e desta harmonia depende todo universo e suas formas devida. A manuteno deste equilbrio harmnico na natureza e no ser o objetivo do Candombl atravs de suas atividades religiosas.

    A Gnese Ng Yorub retrata atravs do mito Igb-Od a luta travadaentre os princpios responsveis pela Criao, Obtl e Oddw parao restabelecimento dessa harmonia partir do conflito gerado por suaspolaridades complementares. Obtl o elemento criativo idealizador,Oddw, o elemento gestor de toda a existncia material, fsica ehumana. A mensagem deste belssimo Itn tem a finalidade de nosmostrar que s atravs da individuao e integralidade dos opostos possvel gerarmos algo criativo com sucesso e harmonia.

    Algumas pessoas no decorrer deste trabalho, no discerniram comfacilidade o termo individuao criado por Carl Gustav Jung, por isso,

    tentarei esclarec-lo para uma melhor compreenso.

    H uma enorme diferena entre individuao e individualismo, pois, aindividuao respeita as normas coletivas de uma sociedade e, oindividualismo as combate. A individuao um processo no qual oego visa tornar-se diferenciado da coletividade com tendnciasinconscientes, apesar de nela viver e ainda assim, ampliar as suas

    relaes sociais. J o individualismo, cede tendncias egocntricas enarcisistas, identificando-se com papis coletivos inconscientes. A

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    individuao integra o ser levando-o realizao espiritual e ao Self ouEu superior, ao invs da satisfao egtica. Este processo, porm, s alcanado atravs de uma grande resistncia e defesa do ego, que gera

    assim, um grande conflito. Muitas vezes, sonhamos com figuras quetendem a demonstrar a necessidade de uma integralidade com apolarizao oposta nossa conscincia. Precisamos a partir da saber deforma consciente o recado que o nosso inconsciente nos d,integralizando-nos, acabando assim com o conflito que bloqueia ocrescimento espiritual exigido. Como exemplo, darei o sonho Bblicode Jac, em Gnesis 28:10 onde o mesmo, depois de uma cansativa

    viagem pelo deserto, deita-se e recosta sua cabea sobre uma pedrapara dormir. Depara-se em sonho com a imagem de uma grande escadaque se apoia na terra e chega aos cus. Os anjos do Senhor sobem edescem os seus degraus! Eis que Iahweh estava de p diante dele e lhedisse: Eu sou o Deus de Abrao. A terra sobre a qual dormiste, eu adou t e a tua descendncia. Eu estou contigo e te guardarei em todo olugar onde fores, e te reconduzirei a esta terra, porque no teabandonarei enquanto no tiver realizado o que prometi.Este sonhoarquetpico nos revela a ajuda que o Self nos d atravs de imagensonricas que intermediam essa jornada de crescimento e integralidade,vencendo em primeira instncia as contendas do inconsciente pessoalpara depois ir para o coletivo, sua nova etapa, aquela que Deusescolhera para ele. Observe, que Jac ao acordar deduz assustado: Naverdade o Senhor est neste lugar, e eu no o sabia! Teve medo edisse: Este lugar terrvel! O local deste encontro Bblico sombrio

    e terrvel, como relata Jac, porm, s a a casa de Deus,oinconsciente, onde o sonho a porta dos cus! Portanto, sede vsperfeitos, como perfeito o vosso Pai Celeste. Esta a proposta deJesus em Matheus 5:48, uma meta que deve ser aspirada por todos osseres para a sua evoluo espiritual, trocando o conceito de bem e malpor algo que lhe convm ou no para a sua evoluo. Essa perfeio fruto de um consenso espiritual entre os seres humanos, a partir da

    Graa que o Consolador nos intermedia.

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    Agradecimentos

    Agradeo, em memria, ao pai Cludio Alexandrino dos Santos de

    gun, minha iniciao e feitura para sl no Ketu em 16 de Maro de1989, assim como, ao pai Benedito de sl, a me Menininha degun, minha madrinha; a me Xica de sl, matriarca do As, emEdson Passos, na Avenida Nicia. Especial lembrana em memria, aMeneses de smr, arteso de jias de prata da Praa GeneralOsrio, que me apresentou ao professor Agenor Miranda da Rocha. Aopai Agenor, em memria, que olhou e confirmou os meus rs,aconselhando-me a assentar o Caboclo Flexeiro em primeiro lugarUma experincia nica para um abi.

    me Gisele Bion Crossard, Omindrew, por ter com ela realizadouma obrigao trs anos aps, j que o meu pai j estava adoentado;assim como, ter recebido de Yemanj, em sua casa, um cargo anosdepois, na festa das Yabs.

    Zezito da sun, patriarca do Ijes no Rio de Janeiro, abnegado edevocional zelador, dos poucos que representam o Candombl daBahia com fidelidade. Quem o conhece, sabe bem o que estou dizendo,um pequeno grande homem, dedicado exclusivamente ao rs. Aospais: Alcir de sl e Nelson da sun, filhos de santo de Zezito; peloincentivo dado minha iniciativa de fazer esta pesquiza. Ao pai JorgeF. Santanna, por ajudar-me atravs dos seus sbios questionamentos,

    que alm de prestimoso amigo, tem a qualidade rara da dedicaodevocional s entidades e, aos rs. Um exemplo de ser humano a serseguido. Ao apoio e estmulo que a amiga Conceio da sun me deupara a finalizao desta obra de pesquisa literria.

    Juana Elbein dos Santos, Descoredes Maximiliano dos Santos, PierreVerger, Roger Bastide, Jos Beniste, Jlio Braga, Lydia Cabrera, Zeca

    Ligiero, Muniz Sodr, Raul Lody, Altair Togun, Reginaldo Prandi, NeyLopes, Clo Martins, Adilson de sl, Maria das Graas de Santana

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    Rodrigu, e a Gisele Crossard, pelos belssimos trabalhos literrios quefizeram, divulgando a cultura religiosa Yorub, que me serviram debase para a pesquisa e realizao deste trabalho.

    Ao esclarecedor psiclogo Junguiano, Robert A. Jonson, moderno eprofundo conhecedor da alma humana. Ao acervo analtico eteraputico deixado por C. G. Jung queme levou a expandir o escopodo meu trabalho, e me serviu para avaliar que a nossa cultura ocidentalpode estar de certa forma pronta para receber uma segunda viso sobrea tradio religiosa Yorub, que tanto sentido e luz trouxeram minhaviagem chamada vida.

    Introduo

    H sempre a oportunidade de fazermos uma oferenda para aqualidade momento que estamos vivenciando.

    O mito Ng Yorub, Igb-Od, uma Gnese que retrata esse sbio

    conselho, necessrio ao nosso desenvolvimento pessoal e umaanteviso do caminho a ser percorrido. Juana Elbein dos Santos.

    A religio Nag Yorub rica em contos mticos, fazendo-senecessrio lembrar que o mito uma entidade viva que existe dentro dens, como um arqutipo ancestral coletivo do nosso inconsciente. Se oimaginarmos como um espiral, girando de baixo para cima, como

    principio dinmico de evoluo no nosso interior, seremos ns capazesde captar a sua verdadeira forma e sentir como ele est vivo dentro dens. J.Elbein

    Quando apresentamos um mito como este, existe para a pessoa que ovivencia, um efeito curativo; devido sua participao enquadradonela um arqutipo de comportamento e, desse modo pode chegar

    pessoalmente integralidade. Se esses arqutipos, fatos pr-existentes epr-formadores da nossa psique forem considerados como simples

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    instintos, como demnios ou deuses, em nada altera o fato de suapresena atuante em ns. Mas far certamente uma grande diferena, sens os desvalorizarmos com simples instintos, os reprimindo como

    demnios, ou os supervalorizarmos como deuses. Carl G. Jung.Espero que esse conto mtico produza insights compreensveis ao meio,o povo do santo do Candombl, como tambm a todos que buscamuma integrao com o grupo como caminho de individuao ecrescimento espiritual.

    Os mitos, assim como toda cultura Yorub religiosa, no foram criadospor um indivduo, so experincias e produtos da imaginao de umpovo em todas as suas geraes. medida que so contados,recontados e vividos, vo agregando novas experincias eaperfeioando-se de forma lapidar. Dessa forma, expressam as imagensdo inconsciente coletivo de toda uma cultura e descrevem nveis derealidade que exprimem o mundo, sua manifestao exterior, racional econsciente, assim como, os mundos interiores, inconscientes, pouco

    compreensveis por ns. Quero crer que sentimentos fortes iro aflorarquando alcanarmos o insight psicolgico que os mitos nos trazem.Por serem imagens arcaicas e distanciadas da nossa realidade, primeira vista, no nos so compreensveis, porm, iro aflorando conscincia e sero discernidos prazerosamente, ajudando assim a nosintegrarmos.

    Existem segundo recentes pesquisas, diferentes enfoques e versessobre a Criao do Mundo no conceito Yorub. As mais conhecidasso as de Juana Elbein dos Santos, esposa de Mestre Didi; o belssimotrabalho do Fatumbi,Pierre Verger, com alguns renomados nomes,como seguidores; o de Ney Lopes, profundo conhecedor e pesquisadorda cultura negra e africana; o esclarecedor trabalho de Adilson desl, apresentando-o de forma acessvel para os menos esclarecidos; o

    do dedicado e profundo conhecedor,o pesquisador Jos Beniste, a

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    quem hoje o Candombl deve a sua divulgao e profunda pesquisa, e,o mais atual, o de Gisele Omndarew Crossard,AW.

    Me Gisele, relatou-me que em suas viagens constantes ao continenteafricano, em suas pesquisas de campo com babalas africanos, queObtl criou o mundo com a ajuda de Yeyemowo, sua esposa, e, que oprimeiro ser criado por ele chamava-se Lamurudu, fundador da cidadede If. Que, no se dando bem por l, foi badalar pelo mundo. Nas suasandanas, teve um filho a quem deu o nome de Oddw. Antes demorrer, Lamurudu aconselhou seu filho Oddw a ir at f, o que elefez prontamente.

    Oddw, em If teve um filho chamado Okambi e esse teve setefilhos, que a partir deles criaram outros reinos no pas Yorub. Disse-me ela, que na Nigria, as escolas ensinam para as crianas nos livros,que Oddw o fundador de If e considerado um ancestraldivinizado.

    Continuando o seu relato, conta-me ela, que encontrou em Cotonu,cidade africana, uma mocinha feita para Oddw. Disse-me tambmque ao se aprofundar nos fundamentos Yorubs, mais perplexa ficouevitando por isso construir uma tese como esta, sobre a dualidademasculino-feminina de Obtl, na Gnese da Criao, e o Caminhode Volta

    Agradeo a ela o incentivo dado ao ler em primeira mo, via e-mail,este trabalho aqui apresentado, como tambm, a sua elegncia ehumildade em consider-lo. Por que ento escolhi a pesquisa de campode Joana Elbein dos Santos como referncia? Para mim, em se tratandode uma Gnese, suponho que nada antes existia de forma manifesta ematerial, logo, no devo confundir o dedo que aponta para a luz, com aprpria luz.

    J. Alfredo Bio Oberg

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    Definies

    Os mitos foram primeira expresso da eterna busca de compreenso

    do homem acerca do mundo e de si mesmo. Diferentes da cincia, quebusca o como, os mitos explicam porque as coisas so assim. ,por isso, a forma mais concreta da verdade.Alan Watts (escritor e conferencista).

    O mito encarna a abordagem mais prxima da verdade absoluta quepode ser expressa em palavras.Ananda Coomacaswamy (1877-1947) Filsofo indiano.

    O mito o estgio intermedirio natural e indispensvel entre acognio inconsciente e a consciente. Compreendi subitamente o quesignifica viver com um mito e o que significa viver sem ele. Portanto, ohomem que pensa que pode viver sem o mito, ou fora dele, umaexceo. como uma pessoa desenraizada, sem um verdadeiro vnculocom o passado, com a vida ancestral dentro dela, ou com a vida

    contempornea.Carl Gustav Jung (Psicanalista).

    Criar um mito, isto , aventurar-se por traz da realidade dos sentidoscom o intuito de encontrar uma realidade superior, o sinal maismanifesto da grandeza da alma humana e a prova de sua capacidade deinfinito crescimento e desenvolvimento.

    Louis Auguste Sabatier (18391901) Telogo protestante francs.

    O Mito

    Esta histria-mtica (tn), sobre a criao do mundo encontra-serevelada no livro Os Ng e a Morte, de Juana Elbein dos Santos e,faz parte do conjunto de textos oraculares de If, segundo ela.

    Representando um dos duzentos e cinqenta e seis signos,denominados Od. Segundo Juana, este tan pertence ao od-If

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    trpn-wnrn, sendo apenas uma verso resumida devido aotamanho do seu texto e a riqueza de dados.

    Tento aqui apenas ilustrar ao leitor a origem, assim como mostrar abeleza dos seus fundamentos que me serviram de base para umaviagem arquetpica com os seus personagens mticos.

    tn gb-nd iy: Quando Olrun decidiu criar a terra, chamouObtl e entregou-lhe o saco da existncia, p-iw, e deu-lhe ainstruo necessria para a realizao da magna tarefa. Obtl reuniutodos os rs e preparou-se sem perda de tempo. De sada, encontrou-se com Oda que lhe disse que s o acompanharia aps realizar suasobrigaes rituais. J no na-run,caminho, Obtl passou diantepor s, este, grande controlador e transportador de sacrifcios, quedomina os caminhos, perguntou-lhe se ele j tinha feito as oferendaspropiciatrias. Sem se deter, Obtl respondeu-lhe que no tinha feitonada e seguiu o seu caminho sem dar mais importncia questo. E foiassim que s sentenciou que nada do que ele se propunha

    empreender seria realizado.

    Com efeito, enquanto Obtl seguia seu caminho, comeou a ter sedepassou perto de um rio, mas no parou. Passou por uma aldeia onde lheofereceram leite, mas ele no aceitou. Continuou andando. Sua sedeaumentava e era insuportvel. De repente, viu diante de s umapalmeira Ig-pe e, sem se poder conter, plantou no tronco da arvore o

    seu cajado ritual, o p-sr, e bebeu a seiva (vinho de palmeira).Bebeu insaciavelmente at que suas foras o abandonaram, at perderos sentidos e ficou estendido no meio do caminho. Nesse meio tempo,Oda, que foi consultar If, fazia suas oferendas a s. Seguindo osconselhos dos babalwos, ela trouxera cinco galinhas, das que temcinco dedos em cada pata, cinco pombos, um camaleo, dois mil elosde cadeia e todos os outros elementos que acompanham o sacrifcio.

    s apanhou estes ltimos e uma pena da cabea de cada ave edevolveu a Oda a cadeia, as aves e o camaleo vivos. Oda consultou

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    outra vez os babalwos que lhe indicaram ser necessrio, agora, efetuarum eb, isto , um sacrifcio, aos ps de Olrun, de duzentos gbin,os caracis que contm sangue branco, a gua que apazigua,

    omi-r.Quando Oda levou o cesto com os gbin, lrun aborreceu-se vendoque Oda ainda no tinha partido com os outros. Oda no perdeu asua calma e explicou que estava obedecendo ordem de If.

    Foi assim que lrun decidiu aceitar a oferenda, e ao abrir o seupre-odespcie de grande almofada onde geralmente Ele estsentado, para colocar a gua dos gbin, viu, com surpresa, que nohavia colocado no p-wbolsa da existnciaentregue a Obtl,um pequeno saco contendo a terra. Ele entregou a terra nas mos deOda, para que ela por sua vez a remetesse a Obtl.

    Oda partiu para alcanar Obtl. Ela o encontrou inanimado ao p dapalmeira, contornado por todos os rs que no sabiam que fazer.

    Depois de tentar em vo acord-lo, ela apanhou o p-w que estavano cho e voltou para entreg-lo a Olrun. Este decidiu, ento,encarregar Oda da criao da Terra. Na volta de Oda, Obtl aindadormia; ela reuniu todos Ors e, explicou-lhes o que fora delegado porOlrun e eles, dirigiram-se todos juntos para o run ks por ondedeviam passar para assim alcanar o lugar determinado por lrun paraa criao da terra. s, gn, ssi e ja conheciam o caminho que

    leva s guas onde iam caar e pescar. gn ofereceu-se para mostrar ocaminho e converteu-se no Asiwaj e no Ollnaquele que est navanguarda e aquele que desbrava os caminhos. Chegando diante dop-run-on-iy, o pilar que une o run ao mundo, eles colocarama cadeia ao longo da qual Oda deslizou at o lugar indicado por cimadas guas. Ela lanou a terra e enviou Eyel, a pomba, para esparram-la. Eyel trabalhou muito tempo. Para apressar a tarefa, Oda enviou as

    cinco galinhas de cinco dedos em cada pata. Estas removeram eespalharam a terra imediatamente em todas as direes, direita,

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    esquerda e ao centro, a perder de vista. Elas continuaram durante algumtempo. Oda quis saber se a terra estava firme. Enviou o camaleo que,com muita precauo, colocou primeiro a pata, tateando, apoiando-se

    sobre esta pata, colocou a outra e assim sucessivamente at que sentiu aterra firme sob suas as patas.

    Ole? Kole? Ela esta firme? Ela no est firme?

    Quando o camaleo pisou por todos os lados, Oda tentou por sua vez.Oda foi a primeira entidade a pisar na terra, marcando-a com suaprimeira pegada. Essa marca chamada es ntaiy Oddw.

    Atrs de Oda, vieram todos os outros rs colocando-se sob suaautoridade. Comearam a instalar-se. Todos os dias rnmlpatrodo orculo consultava If para Oda. Nesse meio tempo Obtlacordou e vendo-se s sem o p-w, retornou a lrun, lamentando-se de ter sido despojado do p.

    lrun tentou apazigu-lo e em compensao transmitiu-lhe o saberprofundo e o poder que lhe permitia criar todos os tipos de seres queiriam povoar a terra.

    A narrao diz textualmente:

    Is jlo y nni seda, ti fi mo seda won nyn ti orsirsi ohun

    gbogbo t m de iy un ti igi gbogbo, tkn, koriko, eranko,eie, eja, ati won nyn.

    Os trabalhos transcendentais de criao permitir-lhe-iam criar todos osseres humanos e as mltiplas variedades de espcies que povoariam osespaos do mundo: todas as rvores, plantas, ervas, animais, aves,pssaros, peixes, e todos os tipos de humanos.

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    Foi assim que Obtl aprendeu e foi delegado para executar essesimportantes trabalhos. Ento, ele se preparou para chegar a terra.Reuniu os rs que esperavam por ele, Olfn, Eteko, Olorogbo,

    Olwofin, gyn e o resto dos rs-funfun.No dia em que estavam para chegar, rnml, que estava consultandoIf para Oda, anunciou-lhe o acontecimento. Obtl, ele mesmo, eseu squito vinham dos espaos do rn. rnml, fez com que Odasoubesse que se ela quizesse que a terra fosse firmemente estabelecidae que a existncia se desenvolvesse e crescesse como ela haviaprojetado, ela devia receber Obtl com reverncia e todos deveriamconsider-lo como seu pai.

    No dia de sua chegada, rsnl, foi recebido e saudado com granderespeito:1. Oba-l o k b!2. Oba nl m w d oo!3. O k rn!

    4. Er w dj.5. Er w dj6. Olw iy wny .

    1. Oba-l, seja bem-vindo!2. Oba nl (o grande rei) acaba de chegar!3. Saudaes por ocasio da viagem que acaba de fazer!

    4. Os escravos vieram servir seu mestre.5. Os escravos vieram servir seu mestre.6. Oh! Senhor dos habitantes do mundo!

    Oda e Obtl ficaram sentados face a face, at o momento em queObtl decidiu que iria instalar-se com sua gente e ocupariam umlugar chamado dta. Construram uma cidade e rodearam-na de

    vigias. Segue-se um longo texto, segundo o qual os dois grupos seinterrogavam a fim de saber quem realmente devia reinar. Se Obtl

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    poderoso, Oddw chegou primeiro e criou a terra sobre as guas,onde todos moram. Mas tambm foi Obtl quem criou as espcies etodos os seres. Os grupos no chegavam a um acordo e as divergncias

    e atritos se fizeram cada vez mais srios at terminar em escaramuas.As opinies no eram constantes e os partidrios de um ou de outrotanto aumentavam ou diminuam de acordo com o que parecia ser maispoderoso, at que explodiu uma verdadeira guerra, colocando emperigo toda a criao. rnml interveio e um novo Od, wor-gbr, trouxe a soluo. Esse signo apareceu no dia em que rnmlconsultou If a fim de que solucionasse a luta entre rsnl e Oda.rnml usou de toda sua sabedoria para fazer Oda e Obtl virema Oropo, onde conseguiu sent-los face a face, assinalando aimportncia da tarefa de cada um deles; reconfortou Obtl, dizendoque ele era o mais velho, que Oda havia criado a terra em seu lugar eque ele tinha vindo para ajudar e para consolidar a criao e no erajusto que ele botasse tudo a perder. Depois, convenceu Oda a seramvel com Obtl: no tinha sido ela quem havia criado a terra? Poracaso Obtl no tinha vindo do rn para que convivessem juntos?Por acaso, todas as criaturas, rvores, animais e seres humanos nosabiam que a terra lhe pertencia?

    In Oda ro,

    In Orixal naa a si ro.

    Oda apazigou-se, Obtl tambm se apazigou.

    Foi assim que ele fez Oda sentar-se sua esquerda e Obtl suadireita e colocando-se no centro, realizou os sacrifcios prescritos paraselar o acordo. a partir desse acontecimento, que celebramanualmente os sacrifcios e o festival com repasto (ododn sise), que

    rene os dois grupos que cultuam Oddw e Obtl, revivendo eritualizando a relao harmoniosa entre o poder feminino e o poder

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    masculino, entre o iy e o rn, o que permitir a sobrevivncia douniverso e a continuao da existncia nos dois nveis.

    O feminino e o masculino complementando-se para poder conter oselementos-signo que permitem a procriao e a continuidade daexistncia.

    Juana Elbein dos Santos

    Primeiro Captulo

    A Criao

    Nosso tn towdw,conto dos tempos imemoriais, comea comotodos os outros: Era uma vez um reino E, como sempre, existe umreino que o incio de tudo.Em termos prticos, esse reino significa anossa vida interior, pois nesse tn se expressa um conhecimentoimediato da nossa alma, por assim dizer, um conhecimento que ela

    trouxe consigo, pois o mais velho do mundo, simblico, umaparbola para o caminho do ser humano no reino interior, que no desse mundoComo sempre, nesse reino h um rei, aqui chamadoOldmar, conhecido como jlrn e lrun, Senhor ou Rei dorn, o Alblxe - Senhor que tem o poder de sugerir e realizar; aFora Vital e o Universo; ou seja, um Ob arinn-rde, - Senhorque concentra em si mesmo tudo o que interior e exterior, tudo o que

    oculto e o que manifesto. Assim, lrun criou Obtl, Oddw,If e Ltp; criando assim, o principio masculinocriativo e oprincipio femininoreceptivo, o princpio do conhecimento esabedoria e o princpio dinmico.

    Vivia Ele, na companhia de muitos filhos, estes, por um lado,expressavam as suas manifestaes, seus atributos e obedeciam a uma

    hierarquia de funes. Dividiam-se princpio, em dois gruposprincipais: rs e bora.

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    O filho que ocupa a mais alta funo hierrquica neste panteo Adjgunal ou rnml, como mais conhecido; outro funfun que originrio da fuso de duas energias femininas, Tor e Geg,o

    Sacerdote do Reino, o Gbiy-gbrun, aquele que vive tanto no Cucomo na Terra, aquele que representa a sabedoria expressa do paiOldmar, o princpio do conhecimento expresso; o Elrpntestemunha do destino, ou Altnxe iy,aquele que coloca omundo em ordem. Seu nome significa: o Cu conhece a salvao.

    quem estabelece os desgnios atravs do orculo chamado If,depositrio do princpio de conhecimento e sabedoria de lrun,sistema que nos deixou como legado atravs dos tempos.

    O princpio no qual se baseia o sistema If, com o seu opl ou orindilogum, chamado jogo de bzios, o qual se encontraaparentemente em profunda contradio com a concepo do mundoocidental, cientfica e tecnolgica. Apesar de ser arcaico, tem umsistema binrio, onde seus 16 Omo-Od consultam-se com os 16 Od

    principais, totalizando assim, 256 combinaes; igual ao conceito docomputador de hoje. Em outras palavras, arrisco dizer, proibido, umavez que incompreensvel e, foge ao nosso juzo racional. O sistemaIf no se baseia no princpio da casualidade, e sim, num princpio queCarl Gustav Jung denominou de princpio de sincronicidade; poisexistem manifestaes paralelas e comuns entre si que no serelacionam absolutamente de modo caus al. Tal conexo baseia-se

    essencialmente na simultaneidade de eventos. Ou seja, tudo o queacontece no iy simultaneamente ocorre no rn, pois l a matrizespiritual do que se manifesta aqui. Longe de ser uma abstrao, otempo apresenta-se como continuidade concreta, contendo qualidades econdies bsicas que se manifestam em locais diferentes comsimultaneidade, num paralelismo que no se explica de forma causal.Sendo assim apresentado no conceito Yorub de dobl, o assim na

    terra como no cu, ocidental e cristo.

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    Se considerarmos a existncia dos diagnsticos do orculo If corretos,estes sem dvida, no se baseiam nas influncias dos Od, mas, nashipotticas qualidades-momento do tempo, que os representa. Ou seja,

    o que nasce ou criado num dado momento, adquire as qualidadesdeste momento. Carl G.Jung.

    Esta a frmula bsica do orculo If, atravs de rnml, ou, orndilogum, onde o patrono s.

    s leva como mensageiro para rnml o problema, e, sun revela-o, atravs do quadro de Od a soluo, ao manifest-lo na cada dosbzios. Sabe-se que o conhecimento do Od o que reproduz aqualidade do momento e, que obtido atravs da manipulaopuramente causal do opel ou dos bzios. Os bzios caem conforme seapresenta qualidade-momento dobl. A qualidade oculta domomento expressa e revelada atravs do signo smbolo do Od If,tornando-se ento legvel atravs do seu tn,estria arquetpica, quenos mostra o caminho e a soluo, atravs da sua mensagem metafrica

    e, do ritual propiciatrio, - ebo.

    O nascimento de uma situao corresponde configurao dos bzioscados, o signo-smbolo-od e, a qualidade-momento ao tn,contomtico que o apresenta como um caminho indicado pelo Od If. Esselegado oracular que hoje em dia usado pelas tradicionais casas, denominado Sistema Bmgbs.

    Todavia, essa sabedoria fica imobilizada sem o princpio dinmico s, o filho mais irreverente e poderoso do panteo africano, pois nadapode existir sem a sua participao e colaborao, o que bvio. Almdisso, para ns ocidentais, to racionalistas, necessrio ter f paraaceitar os desgnios de um orculo, ou de um sonho com umamensagem arquetpica.

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    Para elucidar melhor o conceito de sincronicidade acima descrito, dareicomo exemplo a estria que Shree Braghavan RascheneeshOsho, nosrelata em um dos seus livros.

    Havia um rabino chamado Eisik filho do rabino Yekel, da cidade deCracvia.

    Assim comea o relato:

    O rabino Eisik era um homem muito pobre e, h trs dias, estava tendoum sonho que relatava para ele haver na cidade de Praga, um tesouroenterrado embaixo de uma ponte que liga a cidade ao castelo do rei.Eisik resolveu ento viajar durante trs dias e trs noites at a referidacapital. L chegando, descobriu que a ponte que dava acesso ao casteloera bem guardada pelos guardas do rei. Dia e noite, estava ele rondandoa ponte para ver a possibilidade de descer at as suas bases e cavar.Seis dias se passaram, no stimo, foi repentinamente abordado pelocapito da guarda local, que j o observava h dias. O capito,

    dirigindo-se a ele gentilmente, perguntou-lhe se esperava algum ou seprocurava alguma coisa ali, naquele lugar.

    Eisik contou-lhe o sonho que tivera h seis dias. O capito riu-se dele,dizendo: amigo, voc ainda acredita em sonhos, a ponto de gastar osseus sapatos e ter que viajar uma distncia to longa, s para ver se oseu sonho verdadeiro? Imagine, pois eu tive a mesma experincia

    que voc, h seis dias. Sonhei que havia um tesouro enterrado em baixode um fogo na casa de um rabino chamado Eisik, filho de Yekel dacidade de Cracvia. Agora, observe bem, disse sorrindo, se euacreditasse em sonhos, teria que ir at Cracvia, onde a metade dosjudeus chama-se Eisik e a outra metade Yekel.

    O rabino Eisik ao ouvir o capito da guarda, agradeceu fazendo uma

    reverncia, saindo de volta sua casa na cidade de Cracvia.

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    Trs dias depois, cansado da viagem, cavou em baixo do seu fogo eachou ento o seu tesouro enterrado. Construiu ento uma bela casa deoraes com o nome: O Shul do rabino Eisik.

    Ambos tiveram o mesmo sonho arquetpico, porm um s acreditou epartiu para a sua realizao. O pressgio foi o mesmo, a diferenaquem fez foi f. O mesmo se d quando um quadro de Od seconfigura numa cada e um ebo estabelecido; precisamos agir semdemora, doravante.

    Bem, voltando ao nosso tn: Diz o mito Yorub, que lrun noestava satisfeito com tanta perfeio sua volta, tudo era eterno no seumundo inconsciente e, com isso, a ociosidade era reinante. Algoprecisava ser feito urgentemente para reverter esse quadro. Foi quandoteve uma grande idia, que seria sem dvida alguma, o fim daquelasituao. Cogitou ento, criar um mundo diferente do seu, mas, quefosse tambm uma extenso deste. Seria habitado por seres mortais,passveis de erros e com nveis de discernimento diferentes. Iria criar

    um mundo consciente, manifesto e cclico, - algo bem dinmico!

    Convoca lrun, para esclarecer detalhes e estabelecer critrios, osrs e bora no seu projeto, pois, cada um deles possua umacaracterstica sua, assim como, um atributo e um princpio seu.

    Segundo o conto mtico, lrun escolheu ento Obtl, seu filho mais

    velho, que significa: o rei da pureza tica, que reunia seu princpioativo-masculino e criativo, assim como, o princpio passivo-femininoOddw, sua contraparte e irmo. Possua, ele, Obtl, umanatureza andrgina por excelncia, pois continha essa fuso doestado primordial. Reservou-lhe ento lrun, por suas qualidadesintrnsecas, a grande misso de criar um mundo manifesto e consciente,assim como, comandar todos os outros rs nesta importante

    empreitada.

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    Observem que doravante nem sempre tudo caminhar s milmaravilhas, compreensvel; especialmente se ns considerarmos aancestralidade dos responsveis por essa misso e que os problemas

    que fundamentaram essa Criao j estavam nos planos de lrun: aidia de livre arbtrio e estgios de evoluo espiritual.

    Os rs possuem uma hierarquia maior que os bora, por seremprincpios comuns a toda existncia, o princpio criativo-masculino e, oprincpio receptivo-feminino que, em maior ou menor grau, estopresentes em toda manifestao. So denominados rs funfum, porserem ligados ao branco e, nossos pais celestiais, pois personificam oestado original: masculino e feminino, no mbito celeste, ou seja, nomundo das idias e sentimentos; so, pois, a expresso de doisprincpios primordiais, que se tornam unos quando justapostos.

    Devo esclarecer que aqui, a justaposio, tem a ver com integralidade etotalidade, no com perfeio conceitual. J os bora so os atributospresentes em toda manifestao, envolvendo assim, a qualidade da

    energia, a personalidade e o tipo fsico. So os nossos pais terrenos.Ficando entendido, serem ambos considerados os nossos genitoresmticose terrenos.

    Obtl, o mais velho, reunia em si todos os princpios necessrios misso de criar um mundo dinmico chamado Aiy e habit-lo. Tinhaele a capacidade de tornar visvel o contedo do mundo interior,

    dando-lhe forma, plasmando-o. Alm de possuir os princpiosmasculino-criativo e feminino-receptivo, possua tambm o Iw,princpio de existncia genrica, o se, princpio de realizao, e ob, princpio que induz um sentido, um objetivo e uma direo. Ele,Obtl, a qualidade da configurao energtica que antecede ocontexto dinmico de cada situao. O contexto dinmico provm des, e sua configurao e manifestao, de Oddw. Um, idealiza, o

    outro germina e, o outro cria.

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    Faltava a ele, entretanto, para concretizar a sua importante misso,considerar o princpio mais importante para que a Criao pudesse setornar possvel: s Latop,o elemento catalisador, que mobiliza,

    desenvolve, transforma, comunica, faz crescer e coloca todos os outrosprincpios manifestos em ao; sendo gerador de s Sigidi, sBarb e s Yangiprotomatria do Universo, responsvel por todosos outros s provenientes do Big-Bang. Por estar correlacionados,virem de uma mesma origem, e, a partir da exploso, separados;continuam correlacionados entre si nas novemoradas, comoprincpio dinmico do Universo.

    lrun, seu pai, rene-os, e passa para ele Obtl, o p-w, saco daexistncia, que continha o material mtico e simblico, necessrio paraa criao do iy, a Terra e, dos ra-aiy; ou seja: de seus habitantes.

    Nas suas precisas instrues, observou ao seu filho Obtl, seremnecessrios certos preceitos para a realizao da grande misso; sendoo primeiro deles, a proibio de beber da seiva da palmeira do

    dendezeiro Igu-pe, chamado vinho de palma, que o elemento-atributo e genitor da prpria constituio de Obtl, que representa osangue branco vegetal.

    Veremos mais tarde, o porqu dessa proibio e suas conseqncias,quando no observada com a devida considerao. A segunda instruo Obtl buscar os fundamentos necessrios Criao com rnml,

    o sacerdote, que detm o princpio do conhecimento, pois elerepresenta a Vontade do Pai, revelada atravs do sistema f.

    Logo aps as recomendaes do seu Pai, Obtl foi procura dernml Bb If para saber os desgnios da sua misso, mas, aopassar por Oddw, seu irmo, no lhe deu a menor ateno,ignorando-o. Ele sentindo a sua indiferena, avisou a Obtal que s o

    acompanharia aps ele realizar suas obrigaes rituais a s, conformeo que o orculo If estabelecesse.

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    Aqui, Obtl ao tomar conscincia de sua importncia e da suaimportante misso, de forma unilateral, torna-se soberbo e vaidoso. Suaavaliao agora apenas intelectual, desconsiderando a sua contraparte

    feminina, sentimental e emocional,Oddw, sua anima.Precisamos saber que, em Obtl, sua contraparte, sua alma, precisaele de um momento de considerao, reconhecimento, recolhimento eavaliao interna, isto , contatando-se internamente, verificando osseus verdadeiros desejos, e sentimentos. Ou seja, Obtl precisavanaquele momento resgatar a sua polaridade feminina, to importantepara que a sua misso desse certo. Assim, perderia a angstia de estarseparado de si mesmo, tornando-se silencioso, meditativo, conscientedo seu rico interior e aberto vida. Oddw, personifica o que ele noadmite, no reconhece e que, no entanto, sempre se impe a ele, diretaou indiretamente. a sua personalidade oculta que tem um valorafetivo negativo em virtude dele se contrapor com seu ego aflorado einflacionado. agora, aquilo que ele recusa reconhecer nele por ser seuoposto, incompatvel com as suas ambies egticas. Obtl no sabeque quanto menos ele a incorporar sua vida, negando-a, mais escura edensa ela ser. Assim, se tornar uma trava inconsciente que frustraseus objetivos e intenses. Nessa aparente dicotomia dos dois eus, aocorrncia se d porque Obtl no toma conhecimento do outro deforma consciente, chegando mesmo a negar a sua importanteexistncia.

    Obtl inteiramente Criativo, enquanto o rumo do destino natural seencaminha para sua meia-noite, as suas foras ativas e criativasinsistem em permanecer despertas, entretanto. A luta com Oddwrepresenta o destino de mutaes inevitveis, e o ego de Obtl tendea permanecer vivo e definido apesar das circunstncias SegundoCarl Gustav Jung: Onde o amor impera, no h desejo de poder; eonde o poder predomina, h falta de amor. Um a sombra do outro.

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    Depois de muito tempo destinado aos preparativos da consulta aoorculo If, rnml abre a mesa de jogo com o signo Od-Ifresponsvel pela qualidade-momento daquela misso,j Ogb, o

    Od da vida, que simboliza o princpio masculino, rege o sol, o dia e aabbada celeste. Foi aquele que recebeu a incumbncia de administraruma parte do Universo, o Oriente. responsvel pelo movimento derotao da Terra. Ele controla os rios, as chuvas e os mares, a cabeahumana e as dos animais, o pssaro Ieklek consagrado a sl, oelefante, o co, a rvore Irko e as montanhas. A Terra e o Marpertencem a este signo; assim como todas as coisas brancas pertencem

    a ele. Rege o sistema respiratrio e tem tambm, sob suas ordens, acoluna vertebral, todos os vasos sangineos, apezar do sanguepertencer a Os Mej.

    Para que tudo desse certo, segundo o orculo If, Obtl deveria fazerum sacrifcio-oferenda a s Elgbra, o princpio dinmico quefaltava e que era necessrio misso da Gnese.

    Tudo parecia favorvel, caso o consulente Obtl tivesse consideradoa recomendao do sacerdote, fazendo a oferenda recomendada a sElgbra, Senhor do Poder do Corpo, filho de rnml e Yebru e,companheiro inseparvel de gn.

    Ao ouvir a recomendao do seu sacerdote, Obtl ficou indignado!Ter que fazer oferendas sagradas para s era para ele uma

    humilhao. No via a menor necessidade de fazer os sacrifciospropiciatrios recomendados para que a sua misso tivesse xito. Eracomo se tivesse que renunciar aos seus poderes e direitos, e agora,tivesse de reconhecer os dele.

    Ora, s o princpio da existncia diferenciada, em conseqncia desua funo de elemento dinmico e catalisador, que o leva a

    propulsionar, desenvolver, mobilizar, crescer, transformar e comunicar;

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    tudo o que era necessrio Criao de um mundo manifesto e cclico,segundo a Vontade de lrun.

    De acordo com o mito, rnml ou Adjgunal, seu conselheiro, oadvertiu dizendo que o orculo no se equivocava e, que cabia agora aele, Obtl, cumprir o veredicto, ou manter a postura precipitada quetinha tomado, arcando naturalmente com as conseqncias OuObtl serve a Olrun, seu Self ou a seu ego, o gerador da crise. Ora,sabemos que o ritual nosso instrumento para fazer uma sntese daspolaridades da realidade humana. a arte que consegue unir nossasduas metades. O espiritual precisa ser unido nossa natureza terrenamtica e ancestral. O esprito masculino que est to abstrado na teoriaprecisa ser ancorado na feminina alma terrena, para poder se manifestare tornar sagrado o que sagrado. Quem poderia imaginar que Obtlfosse ficar inflado e cheio de si, a ponto de no considerar a suaalma e contraparte Odduw, e no querer fazer as oferendaspropiciatrias e sagradas a s?

    Sabemos agora, de antemo, que Obtl criou dois problemas antes departir: primeiro, o de no ter levado em considerao a sua alma aparticipar da sua misso numa posio de destaque, considerando-asagrada e especial, para fazer germinar o seu poder criativo masculino.Como conseqncia, foi seduzido pela carncia dela, pois ficou mal-humorado, sentindo-se desprestigiado ao ter que considerar s. Emsegundo lugar, isolou o ego em relao ao inconsciente ao no

    consider-lo, pois, em cada ser, masculino ou feminino, este princpiodinmico est presente, e sua funo de atuar como umpsicopompo, aquele que guia o ego ao mundo interior, e que servede mensageiro e mediador entre o inconsciente e o ego. Deveria saber,que

    Qualquer elemento seu interior, deve ser reconhecido, honrado e

    vivenciado em um nvel apropriado. Sentia-se supervalorizado com aescolha feita por seu Pai entre os demais, o que j uma possesso

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    psicolgica perigosa. Quando agimos com um nico lado da nossapolaridade, enveredamos pelo caminho errado.

    Para gerarmos um ato criativo psicologicamente saudvel e produtivotemos que solicitar a aprovao dos opostos. A cabea precisa doconsentimento do corao, o ego do Self, o espiritual do fsico, a animado animus. Atos desequilibrados trazem sempre desastre em seu rastro.

    Como Obtl trocou o amor em servir pelo poder, devido ao seu Euinterior ainda imaturo, sofre o efeito desse ego dominador, por atribuir-se mritos que no possui ainda, acreditando ser credor de todas asbenesses que lhe foram concedidas, anelando sempre por mais poder erecursos que no o plenificam

    Temos sempre que enfrentar problemas como este, focalizando a nossaenergia psicolgica atravs de um ritual, um trabalho interiorritualizado. Como no conhecemos o problema, ainda conscientemente,precisamos personific-lo no smbolo materialmente, trazendo mente

    as imagens e conversando com elas com seriedade.

    Personificar o problema , atravs do ritual da consulta ao orculo,procurar no Od com o seu signo, o tan, e, o seu caminhoes, quevai represent-lo no smbolo; procurando saber quem so, e o quequerem, deixando fluir os sentimentos ao conversar com essaspersonalidades interiores. Depois, faa o ritual de oferenda: Oferea um

    sacrifcio causa do problema, pretenso, depresso, ou a qualquerideal. Isso, ritualmente, o que Obtl deveria ter feito: Despachars. Isto , dar atendimento prioritrio e consciente ao idealimaginado e desejado, atravs de um ritual fsico e propiciatrio,representado fisicamente no smbolo.

    A batalha travada com a sombra, portanto, contnua Quando se

    ama, se respeita e se atende aos compromissos em servir, a sombra

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    perde a oportunidade de interferir, mas quando se reage, mantendo oego aflorado egoisticamente a sombra triunfa.

    Em Josu 6, um texto bblico do Antigo Testamento, esta experinciaest explicita, quando Jhav orienta ao fiel Josu a fazer um ritualsistemtico, durante sete dias, para que as muralhas de Jeric viessem aruir e, ela ser tomada de assalto.

    S, que dentro dessa muralha havia uma prostituta de nome Raabe queno poderia ser morta, pois ajudara aos mensageiros de Josu. Comopodemos ver, Deus nos recomenda dar voltas em torno do problema,consultar nossas personalidades interiores pedindo sua ajuda, sempreconceitos morais, at aparecer uma soluo, ao invs de ficarmosdando voltas em torno de Deus porque temos um problema

    Obtl o andrgeno dos tempos imemoriais. Podemos assimdefinir esse ser a partir da criao dos seres. Como um smbolo daenergia psquico-primitiva e indiferenciada, to logo essa energia

    assume uma identidade egtica e comea a criar o seu prprio mundo.

    Oddw princpio feminino, mas, Obtl, logo se volta contra o seuirmo e, arrogantemente declara a sua independncia em relao aomistrio inconsciente do qual ele surgiu. agora um ego alienado,definido pelo seu prprio sentido de identidade. Essa entidade psquicaafasta-se da sabedoria de Oddw, que representa a sua alma contida

    no inconsciente, e, se declara criador e regente por direito, de formaunilateral. Ela o seu plo oposto, um princpio receptivo, adisposio de se deixar conduzir, de esperar o momento certo, a formaadequada para poder reagir ao impulso do seu irmo Obtl. Comela, as coisas possuem uma forma e um espao para acontecerem.

    Ela a voz interior de Obtl que d a forma digna de confiana:

    quando, onde, e como ele deve agir. Ela no separa nem avalia, que

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    nem seu irmo Obtl, porm sabe que s com a unio dos dois,resulta no todo, que a Vontade do Pai revelada.

    Sabemos, entretanto, que Obtl no teve a menor considerao comesse importantssimo detalhe

    Um psiclogo junguiano chamado Edward Edinger descreve assim essefenmeno: Todo tipo de motivao, de poder, sintoma de inflao.Sempre que algum age movido pelo poder, a onipotncia estimplcita; mas a onipotncia um atributo apenas de Deus. A rigidezintelectual que tenta equacionar sua prpria verdade ou opinio com averdade universal, tambm inflao. a presuno de oniscincia

    Todo desejo que d sua prpria satisfao, um valor central quetranscende os limites da realidade do ego e, em conseqncia, assumeos atributos dos poderes transpessoais.

    Obtl no desejava partilhar com ningum esse direito e essa escolha,

    reduzindo-se ao no se integrar sua contraparte Oddw, atravs des. Com isso, perde a sua unidade original encontrando em si sunilateralidade, em vez de clareza. Sem saber, mata a sua ltimaoportunidade de realizao; pois ao lutar contra s, que aquirepresenta o seu instinto de preservao e mobilizao acabatransportando uma quantidade maior dessa energia para si prprio,como ego.

    Deveria saber que esse ego tem que estar a servio do seu Pai, seu EuSuperior - Oldmar, e que no devia reprimir s, pois, assim ele setornar agressivo e descontrolado, passando agora a ser sua sombra,por ser o lado negado e negligenciado.

    Ao desconsiderar sua alma Oddw, Obtl usou apenas o intelecto,

    pois, pensou sobre a importncia que passara a ter, fez uma apreciaointelectual a respeito, no considerando a falta de um sentido de

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    julgamento, no sendo ento conferido por ele Obtl, um valor real.Com isso, no houve um envolvimento total em si.

    Sabe-se, que o ato de pensar bem diferente do de sentir, que darvalor a um sentimento. No soube manter um relacionamentosatisfatrio com sua alma, Oddw, com os seus sentimentos; tantoque, segundo o conto mtico, Oddw queixa-se com o seu paiOldmar por no ter dado a ele uma participao honrosa na presentemisso. Acredito que tenha sido proposital, pois aquele que noconsegue harmonizar os dois polos em uma totalidade, invariavelmentefaz-se vtima das expresses desorganizadas do sentimento, induzindoo ego s emoes fortes e descontroladas.

    Caso Obtl tivesse feito a oferenda a s, teria usado esse podermasculino para abrir caminho no mundo adulto, tornando-se vitorioso,fazendo-o forte o suficiente para no ser vencido pela ira e pelaarrogncia. Agora, tudo o que Obtl deixou acontecer interiormente,acontecer exteriormente, em contrapartida a essa sua atitude de

    carncia e arrogncia.

    O que o mito nos mostra que, tanto a genialidade quanto acriatividade, so manifestaes da sua alma, Oddw, que lhe d acapacidade de dar a luz. A sua masculinidade permitir-lhe- propiciarapenas a forma ao que faz nascer de si, no mundo exterior e manifesto.

    Obstinado, Obtl resolveu assim mesmo, preparar a comitiva ders-funfum para essa jornada; como se fosse um jovem que descobree impe a sua masculinidade a qualquer preo.

    Ornml j sabia o que iria acontecer, pois conhecia o poder do seufilho s Elgbra, assim como, sabia que no podia intervir naquiloque Oldmr, seu pai, chamava de livre arbtrio e estgios de

    evoluo.

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    Segundo o nosso tn, Obtl salvou o jogo, isto : retribuiu comum pagamento o que recebera como aviso e pressgio para a realizaoda sua misso, sem dar considerao alguma s recomendaes

    recebidas, saindo imediatamente para preparar e reunir a sua comitiva,pois tinha ele muitas tarefas para cuidar

    O caminho, na-rn, era longo, rido e desconhecido dele, como nopodia deixar de ser, o sol era inclemente O Od j Ogb tem o solcomo regente principal, logo, sabe-se o que se podia esperar

    Os rs no esto acostumados ao sol e ao calor, e tinham no seucomando, o teimoso Obtl, que os liderava com todo o af. Todos, jno agentavam com tanto sol, calor e sede e, j pensavam em desistirem virtude de tanto sofrimento e desconforto.

    s, enquanto isso, j tramava uma retaliao, pois o momento seapresentava o mais propcio possvel para pr em prtica o plano quebolara com Oddw.

    Pegou o seu cajado chamado og, que tinha o poder de bi-locao, ecolocou-o a girar acima da sua cabea, com a finalidade de colocar-se frente da comitiva de Obtl. Isso foi logo realizado, para que nopasso seguinte, fosse criar uma frondosa palmeira chamada Ig-pe,uma qualidade de dendezeiro bem frondoso e bonito.

    A estratgia de s era chamar a ateno de Obtl de que havia umosis, e, como conseqncia natural, a gua estaria presente para matara sede dos rs-fumfum.

    Dito e feito, logo Obtl o avistou e, tratou de correr com o gruponaquela direo. S que ao chegar ao local, percebeu que estavaenganado, pois no havia o menor indcio de gua naquele lugar, tudo

    no passara de uma projeo sua, uma miragem, j que estavaobstinado e desesperado de sede.

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    Irado e frustrado, no pensou duas vezes, cravou o seu cajado, opsn,com toda a sua fora no tronco da palmeira, quando a percebeu quelogo correu um lquido incolor pelo furo que fizera. Pegou a sua

    cabaa, e comeou a aparar o precioso e oportuno lquido, tratando debeber at aplacar a sua sede. Acabara de cometer o segundo desatino,que tanto seu Pai recomendara evitar.

    Sabe-se que esse lquido tem grande poder alcolico e efeito imediato. uma bebida chamada em, um vinho de palma muito forte, que foraproibido por seu Pai de ser ingerido como recomendao, antes deiniciar a jornada, pois representa um atributo da sua prpriaconstituio, ou seja, estava proibido de beber de si, ficarensimesmado, ou cheio de si.

    Obtl estava agora embriagado completamente e, impossibilitadode prosseguir viagem, inviabilizando assim, a sua misso.

    Tentou, mas foi logo vencido por aquela embriagus, deitando-se em

    total abandono e sono profundo. Todos, no comeo, tentaram em voacord-lo, mas a carraspana foi daquelas

    Logo, os seus seguidores comearam a regressar, deixando-o s ecado. Ao seu lado, o precioso saco da existncia jazia cado eabandonado.

    Oddw vendo quela cena ridcula que ele e s provocaram,aproveitou para pegar o saco da existncia e retornar ao rn.Estavam agora vingados da desconsiderao infligida por Obtl.

    Note-se, que h muito que se aprender com o Ig-pe, rvore doconhecimento, smbolo da Gnese Nag Yorub: Na busca derealizao e, vivenciando uma experincia nova, Obtl prova algo da

    sua natureza ingnua no seu ntimo, sendo seu processo deconscientizao e, caminho de encontro consigo mesmo, depois da sua

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    queda. Ao ser, no entanto impossibilitado por ele, cai embriagado;como conseqncia,conscientizou-se a partir da.

    Quebrou a unidade primordial da sua inconscincia original. ComoAdo, no Jardim do den, aprendeu a se ver como unidade distinta dosdemais, e do mundo sua volta.

    Agora, aprender a dividir o mundo em categorias e a classific-lo.Dessa forma, chegou a um sentido de si prprio como indivduodesgarrado do rebanho.

    Mas, ao ter provado do em, saciado a sua sede e provado o seu sabor,jamais esquecer essa experincia, que mais tarde ser a sua redeno;mas, que a princpio causou-lhe um impedimento e uma humilhao. Oprimeiro lampejo ao acordar, ser uma tomada de conscincia sobforma de queda e de perda. Mas, se assim no fosse, comoconseguiria ter conscincia?

    A viagem desse nosso heri, o padro arquetpico de um proceder quefoi tecido e engendrado com essas imagens primordiais e, que foiherdado por ns.

    Interessante notar que Obtl no comea como um ser dotado detoda a sabedoria, porm, ele amadurecer e tomar na sua volta umapostura simples e modesta, entretanto sbia. o processo de

    crescimento e conscientizao.

    A princpio um tolo ingnuo, que tenta o novo sem consideraes,pois tem como objetivo a alegria de viver, de juntar experinciasCom isso corre o risco de agregar mal entendidos por sua insensatez

    Obtl ter agora que vivenciar um processo, - a evoluo dainconscincia pura e ingnua, total conscincia de si mesmo,o cairem si.

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    Potencialmente tudo isso foi necessrio, segundo a Vontade do PaiOldmar, para o desenvolvimento dos trs estgios psicolgicos dohomem que Obtl iria criar: agora, tinha de passar da perfeio

    inconsciente que antes se encontrava, de ovelha arrebanhada,inocente e pura, para a imperfeio consciente que agora se encontra.

    Mais tarde, Obtl ir atingir a perfeio consciente, indo ao encontrodo seu Pai para servi-lo, resgatando assim a sua unidade. Eu e o Paisomos Um! Caminhou da plenitude da pureza do mundo interior eexterior, ainda unidos, para um estgio em que se d a separao dessesdois mundos, denotando a a dualidade da vida; para depois, encontrar-se e atingir a iluminao, que nada mais , que uma sntese harmoniosado exterior com o interior. o que os meus ilustres amigos cristoschamam de caminho da conscincia Crstica e, o que os meusamados mestres taostas chamam de caminho do Tao.

    Infelizmente a sociedade ocidental no entendeu a mensagem de Jesus,pois alcanamos um ponto no qual tentamos prosseguir sem o menor

    reconhecimento da vida interior, a nossa alma. H um exemplo Bblicoem que Pedro, juntamente com os outros discpulos, aps a ceia,reuniu-se com Jesus, pois o mestre pretendia orient-los sobre a formacomo deveriam dar a boa nova. Dizia ele, que ao falarem aos outros,em seu nome, deveriam ser o menor de todos, ou seja,humildes!Pedro, de pronto concordou com ele; porm, o mestre que conhecia aPedro, apanhou uma vasilha, colocou gua e foi lavar os seus ps.

    Pedro ao ver aquela atitude de Jesus, afastou com rapidez o p para queo seu rabi no se humilhasse diante dele. Jesus chamou sua ateno arespeito do que acabara de orient-lo, pois, apesar de concordarintelectualmente com o seu mestre, no tinha na sua alma a mesmaconcordncia. Tornara-se apenas conceitual a sua apreciao

    Agimos como Obtl no incio da sua jornada, como se no houvesse

    o reino da alma, a sua anima, na morada do Pai, o inconsciente.Como se pudssemos viver vidas completas, fixando-nos totalmente no

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    mundo exterior, conceitual, material, intelectual e doutrinrio apenas.Deveramos discernir melhor quando Ele nos diz: meu reino no desse mundo.

    Acabaremos por descobrir que o mundo interior uma realidade e queteremos de enfrent-lo, apesar de tardiamente, no final dos tempos,ou quem sabe, quando Ele voltar

    No sabemos ainda o suficiente. O isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da alma e morada do esprito. A perda danossa verdadeira vida religiosa resultado dessa separao. Com isso,o mundo, que a est o testemunho visvel das neuroses e dosconflitos interiores que no pode ser harmonizado apenas com ointelecto.

    Aqui estamos testemunhando atravs da mitologia Yorub, o primeirodesenvolvimento desse estgio, o primeiro passo do ser ao sair doden espiritual e entrar no mundo da dualidade.

    Obtl, aqui comea a ser agora algum por si prprio ao ter queassumir essa conscientizao, ter agora que superar a sua queda,sofrimento e alienao. Observe que aqui, antes da fundao do mundo,houve um sacrifcio, e que Obtl foi a oferenda de sacrifcio paraque o processo da Criao pudesse vir a se estabelecer.

    O processo aqui no se completou, est longe de ser completado; seurelacionamento com o grupo, agora est destrudo e ele ainda no setornou um indivduo para que possa relacionar-se bem com a vida.Sente-se s, culpado e alienado a princpio, e essa alienao queexprime bem essa situao. Ele no considerou as advertncias doorculo If, atravs de rnml, sacerdote de Oldmar. Obtlusou sua contra parte, Odduw, sua Anima, na forma de maus

    humores, queixosa, vaidosa e orgulhosa. Enfrentou tambm s, deforma sombria, agressiva e arrogante, que para ser dominado, precisa

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    primeiro ser reconhecido e considerado e, a sim, controlado. Foiderrotado por s, psicologicamente no seu interior.

    Agora, ao acordar com o seu ego prostrado, descobrir que foi vencidopor s e Oddw para a sua surpresa No devia t-los reprimido edesconsiderado. J que o leite foi derramado, agora no adiantaqueixar-se; ter agora que tornar o seu ego forte o bastante para no servencido pela ira, arrogncia e mau humor. Por desconhec-la que assuas intenes ficaram contaminadas por ela, sendo por isso boicotado,faltando os insights realistas necessrios para que seus projetos possamse realizar.

    Com o saco da existncia s costas, Oddw sabe que parte da suatrama com s tinha se concretizado; afinal, algo precisava ser feitopara equilibrar o inflado ego de Obtl.

    Tinha como desculpa, a negligncia e a desconsiderao sdeterminaes dadas por rnml, atravs do sistema If. A lei

    precisava se cumprir e ele Oddw, dela fazia parte.

    Oldmar, ento parte para a segunda fase da sua idia: chamaOddw, para que d prosseguimento misso que dera a Obtl, e,manda reunir o seu grupo, que era composto de bora, o mais rpidopossvel.

    Oddw pede permisso para consultar If antes de partir com ogrupo, pois ele precisava saber qual a gide do Od-If, responsvelpela sua misso.

    rnml,Elr pntestemunha dos destinos, fez os ors deabertura e joga o opel sobre a esteira,Oyku Mj! Od-f ligado Morte, noite, e ao ponto cardeal oeste, o poente. a contraparte

    complementar do primeiro signo Od-If, j-Ogb. o ocidente, amorte, o fim de um ciclo, o esgotamento de todas as possibilidades.

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    J que as trevas existiam antes que fosse criada a luz, consideradomais velho que j-Ogb, perdendo, porm o lugar para este, passandoento a ser sua complementao. Oyku Mj introduziu a morte,

    dependendo dele o chamamento das almas. quem comanda eparticipa dos rituais fnebres. quem comanda a abbada celestedurante a noite e o crepsculo. Tem uma influncia direta sobre aagricultura e a terra em oposio a j-Ogb, que comanda o cu.rnml joga ainda duas vezes mais e alegremente revela a Oddwque o caminho que o Od o conduz, o mesmo de Ik, o rs daMorte, ou seja, ele iria criar um mundo material, perecvel e cclico.

    Aonde, tudo o que vier a existir ter corpos materiais, com maior oumenor densidade, porm feitos da mesma essncia. A k caber o ritode passagem, de devolver a terra os corpos antes animados peloEsprito do Pai, o Ipr.

    Recomendou ainda, que ele vestisse roupas negras, em considerao ak e ao iy, o mundo manifesto que ele iria criar. Deu conhecimentoa Oddw para que sua misso chegasse a um bom termo, deveria eledar uma oferenda a s Elgbra.

    Depois de prescrito o b, Oddw saudou o sacerdote rnml, esalvou a previso do orculo com 16bzios, como pagamento.

    Quero aqui esclarecer, que Oddw ao ouvir as consideraes doorculo If, no acredita literalmente nos textos, porm, sente o

    verdadeiro sentido por traz de tudo o que dito. Em outro livro famosoa histria se repete: Assim como Maria, me de Jesus, que ao avisar aofilho que o vinho acabara, ouve o seu amado filho dizer: Mulher, quetenho eu contigo? Ainda no chegou minha hora. Sua me, porm dizaos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. Ela a fonte dainspirao profunda, que brota mais viva, quando decresce aconscincia cheia de critrios, por isso, no considera e nem d ouvidos

    ao seu conceito racionalista naquele momento. Quem sabe como ela nontimo,faz a hora

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    Sob as bnos de lrun, Oddw chama s para partilhar de tudo,juntamente com gun, conhecedor dos caminhos, o grande Asiwaj eOllon aquele que est na vanguarda e aquele que desbrava o

    caminho. Sabia ela, que sem eles nada se consegue levar a caboSegundo o mito, os rs e os bora ficaram escandalizados quandoviram Oddw vestido de preto, com vestes masculinas, chegar aoptio para conduzi-los nessa grande misso.

    Quanta simbologia interessante a ser observada! A Criao comea nosmbolo do renascimento, pois houve sacrifcios de morte antes

    Os primeiros passos no caminho de crescimento, porm, evocam fortesresistncias do ego tirnico.

    O desenvolvimento espiritual nunca ocorre sem uma luta gerada pelaarrogncia e desejo de poder do ego. Assim, quando s, enviado porOdduw, esconde-se primeiro em Obtal, finalmente se separa dele e

    torna-se exterior, em forma de uma palmeira, que o representa. agorasua projeo egtica. Odduw, como uma puno interior,permanece como instrutora e inspirao em Obtl

    a analogia psicolgica aparece na importncia do valor da alma, nonas, enquanto reconhecida dentro da psique masculina de Obtl, masbm, quando projetada e aparecendo sobreposta em algo material, como a

    re gu-pe. Ela no fsica, um ser etreo e, ainda assim, suas pegadasero ser vistas, tanto na queda de Obtl, quanto na concepo dodo manifesto, o iy. Ela tem substncia, o poder que d ao mundoado matria do smbolo. Ela tira o sagrado do nvel da teoria, do abstratofigura de retrica. Ela o torna acessvel no aqui-e-agora para ser tocado,

    ido e vivenciado.

    O mundo de Obtl s se far instantneo e palpvel atravs daexperincia simblica e sagrada, que antes ele rejeitara.

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    Algo feito sagrado, no apenas porque o em si mesmo, mas,tambm pela nossa atitude com relao a ele. Ao reconhec-lo e trat-lo como tal, incorporamos seu poder genitor e criativo.

    Agora, mergulhado em Oddw, sua sombra, esse ladodesconsiderado e obscuro de sua personalidade, sobressai-se e passa aimpulsionar as aes que esto destitudas de razo, de considerao ede compaixo, desnaturadas nas bases dominantes da essnciainstintiva.

    Esse tn maravilhoso nos mostra que a evoluo do cosmo feita deparceria entre Obtl e Oddw, entre Deus e a humanidade, entre oesprito e a alma; o sagrado sempre est presente, o mais prximopossvel, mas ele s tem o poder de dar significado e valor a nossavida, quando nos inclinamos humildemente com reverncia e respeito.

    O mistrio revelado a nossa conscincia, o nosso ato dereconhecimento; pois, ele tem o poder de fazer com que as coisas sejam

    o que so e, de tornar sagrado o que sagrado.

    A maioria das pessoas no mundo ocidental moderno aprendeu desdecriana que nada sagrado, nada merece ser reverenciado, que tudopode ser reduzido posse fsica, sexual, intelectualizada e conceitual.Resta-me perguntar essas pessoas: Como possvel construir aimortalidade da alma atravs das referncias de um corpo mortal?

    Os pensamentos de Obtl foram considerados pecados pelo pailrun, porque ele foi posto frente a frente com o que espiritual,sagrado, transpessoal, e, tentou trat-lo como se fosse algo conceitual,racional, fsico e pessoal. Tentou reduzir Oddw e s a umacessrio para o mundo do seu ego inflado. Agora ele ir gastartempo e energia aprendendo a vivenciar suas personalidades

    interiores, que se manifestam por rituais simblicos, como realidadesinteriores dele mesmo.

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    Vejamos agora, Obtl com o seu lado masculino e criativo, perde aoportunidade de comear o processo da Criao, cedendo o lugar aoprincpio feminino e irmo, Oddw.

    O signo Od-If, j-Ogb, smbolo da vida, d lugar a Oyk-Mj,smbolo da morte, para que a Criao possa ter incio. atransformao do ego, que ao penetrar no reino do inconsciente,encontra-se com a alma e se integra a ela, desistindo do seu minsculodomnio, para viver na vastido de um imprio muito maior. E amorte do ego.

    Observe, que desde os tempos primordiais, a morte foi concebida comoum visto de sada da dimenso limitada do tempo e espao, para umuniverso ilimitado e imensurvel do esprito na eternidade. Estaliberao do fsico para o inconsciente um smbolo mais sutil: aliberao do ego dos limites do seu mundo pequeno e dos seus pontosde vista mesquinhos, para um universo interior livre e ilimitado.

    Sem as vises restritas do ego, que a associa com o fim, a morte umsmbolo de transformaes.

    A Morte aqui simboliza um limiar. Ela representa mudana profunda,graas ao fato da conscincia no mais ser dominada por um egocarente e sedento de poder.

    O eu agora se torna humilde e entrega a direo a uma instnciasuperior, o Si mesmo Oldmar.

    A nica e verdadeira soluo quem d Oldmar, com umamudana de conscincia e valores,com a morte do ego, ou seja,com o sacrifcio de Obtl, do seu velho ponto de vista, e, suas velhasatitudes enraizadas. Para nos libertar das energias krmicas da priso

    do destino, no podemos ter uma conscincia apoiada nas energias das

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    polaridades, pois, todas essas referncias so apoiadas sobre o corpomortal e impermanente.

    Naturalmente o verdadeiro potencial criativo est na profundidade, noreino interior; naquele que Obtl no olhou antes e nem considerou.O que se encontra na superfcie j foi assimilado pelo ego, agora,somente os conhecimentos intuitivos do reino inconsciente, evitado ato momento, rompero as estruturas existentes e possibilitaro novasperspectivas, novas esperanas e novos horizontes. Dentro da filosofiamstica chinesa Taosta: O Tudo Um, e o Zero a me do Um.

    O Zero o Absoluto; o Vazio a me da Onipotncia. Antes de tudo,o Zero j estava presente; depois de tudo, o Zero continuar presente.

    O Um a Onipotncia, o pai de todas as coisas. Na existnciahumana, muitos buscam o encontro com esse pai do poder. Durante aexistncia de todas as coisas, o Zero e o Um coexistem no sechocando, mas se completando. Que analogia interessante! Observe

    que semelhana entre Obtl e Oddw, onde o elemento masculinoe criativo precisa mergulhar no elemento feminino e receptivo parapoder gerar a transformao sntese exigida,o elemento procriado,o iy e os ara-iy, ou seja, o mundo manifesto e seus habitantes.

    Por fim, Oddw, rs funfum do branco, e, princpio feminino, temque se vestir de homem e de preto para poder chefiar os bora, que

    passam agora frente dos rs no processo da Criao.

    O princpio feminino e receptivo Oddw traz o sublime sucesso,propiciado atravs da perseverana devocional. Se ele empreender algoe tentar dirigir, se desviar; porm, se ele seguir o criativo Obtl,encontrar orientao.

    O branco agora est oculto no interior, representando o esprito imortale genitor espiritual, o preto, representando a natureza manifesta no

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    exterior, mortal e cclica. A roupa masculina representa exteriormenteOddw, o ser masculino manifesto, o agente imprescindvel Criao.

    A viagem do autoconhecimento no foi interrompida, apenas tomouuma direo diferente, o aprendizado agora ser feito atravs dasexperincias vivenciadas no mundo manifesto. Interessante essamudana, pois, agora o caminho para a Iluminao no mais pelasnuvens, pelas idias ou ideais.

    Agora, ter que estar expresso na realidade simblica da encarnao,atravs da conscincia. E, essa encarnao nos fala do paradoxo deduas naturezas: divina e terrena.

    Outro smbolo de renascimento aparece, quando Obtl fura a rvoreg-pe com o seu cajado, o psn, uma vara lisa, com apenas unssininhos na sua extremidade, que representa os mundos ainda unidos, eque se transforma agora em outro smbolo mais complexo, o p-sr

    cajado que a representao simblica de diferenciao entre o rne o iy e, que estabelece os diferentes nveis de evoluo entre estesdois mundos de existncia. A sua extremidade agora representada porum pombo branco, - Obtl, elemento Criador, smbolo damanifestao do Esprito, que possui agora mais trs pratos metlicosabaixo, espaados entre si, que representam outros mundos habitados,com graus de densidade material e de evoluo diferentes, a casa do

    Pai tem muitas moradas. Representa tambm, morte e renascimentoreal, ritualstico e simblico. A Terra, onde o cajado se apia, oquinto prato, tendo ainda, mais quatro abaixo dela, - rn nsalmrrin, com nveis nferos de espiritualidade, onde habitam as y-me os Aparok. Totalizam-se assim nove rn, rn msn, ou seja,nove moradas.

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    Para ns ocidentais, o grande smbolo dessas duas naturezas emintegrao, Jesus, o Cristo, pois nela dito que Deus veio habitar omundo fsico e o redimiu, tornando-se humano.

    Simbolicamente, representam que este mundo fsico, este corpo fsico eesta vida mundana que levamos na terra, tambm so sagrados.Significa que os demais seres humanos tm o seu prprio valorintrnseco: eles no esto aqui meramente para que possamos perceberrefletida neles a nossa fantasia de um mundo mais perfeito,transportando assim as nossas projees de alma.

    Os mundos fsicos, mundanos e comuns tm sua prpria beleza, suavalidade prpria e suas leis para serem observadas. o da a Cezar oque de Cezar, e a Deus o que de Deus.

    Acho uma inflao descomunal do ego humano, julgar a criaomaterial de Deus, como sendo algo cado que possa ser melhoradoa partir de ns mesmos.

    Agora, que a alma de Obtl est oportunamente reconsiderada,significa a personificao do seu mundo interior, portanto, tenhocerteza que ela nos levar a uma jornada por esse mundo, pois ela queexpressa o reino mtico e terreno.

    Observem que os animais sacrificados a Obtl so sempre do sexo

    feminino, e que a galinha dangola a representao sntese deObtl e Oddw, pois possui o branco e o preto em suas penas,participando efetivamente da criao do iy.

    Os elementos signos-smbolo de oferenda estabelecida pelo orculo as foram: cinco galinhas dangola, com cinco dedos em cada pata,cinco pombos, um camaleo e uma corrente de 2.000 elos para s,

    alm de 200 caracis igbim, que contm sangue branco, a gua queapazigua, om-r, que seriam sacrificados aos ps de Oldmar.

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    Segundo o relato mtico, Oddw fez as oferendas a s, que entolhe devolveu uma galinha, uma pomba e o camaleo, retirando apenasum elo da corrente para us-la como adorno. Recomendou ento s,

    que Oddw soltasse os bichos na metade do caminho e, a levarconsigo a corrente, pois todos seriam muito teis na misso.

    Oddw toma um banho de amac, ervas frescas, e vai ao encontro doseu pai lrun, levando os 200 caracis igbin para serem sacrificadospor determinao do Sistema If, - orculo de rnml.

    Feita a recomendao, seu pai lrun lhe devolve um igbin, abrindo opre-od, almofada na qual se sentava e coloca o restante dentro.Neste exato momento, descobre que havia uma pequena cabaa quecontinha o elemento terra, que estava faltando no saco da existncia, o p-w; entregando-o ento a Oddw, para que ele pudesse agoraconcretizar o projeto de seu Pai.

    Interessante notar que, no relato acima, s, ao receber uma oferenda,

    restitui de tudo o que comeu para restabelecer a harmoniafecundante, fator de expanso, crescimento e transmisso do agbra -,fora que se propaga de forma inesgotvel, tendo como signo-smboloo d-ran, uma cabaa de pescoo bem longo. Este poder foi delegadoa s Elgbra por seu pai Oldmar.

    Essa uma etapa importante, porque ajuda a integrar a experincia de

    lrun no inconsciente, na vida consciente e desperta de Obtl,atravs da sua alma irm Oddw. Foi chegada a hora de fazeralguma coisa fsica,um ritual que traga para a realidade do cotidianode forma poderosa, o significado da Vontade do Pai, que vive noinconsciente.

    O ritual uma representao fsica do princpio dinmicos, da

    mudana de atitude interior, que o inconsciente est solicitando. Este o nvel de mudana que est sendo requisitado por Oldmar. s

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    aconselha tambm Oddw a no falar a ningum sobre o desejo deseu pai lrun, e, sobre o ritual prescrito, ou seja, no uma boa idiarevelarmos o nosso inconsciente e o ritual, pois o falar tende a pr toda

    experincia por gua abaixo, em um nvel abstrato.Voc acaba estragando tudo, pelo desejo de se apresentar sob melhorngulo, em vez de uma experincia vivida e ntima, termina-se em umbate-papo amorfo e coletivo. Toda verso com inteno foge verdade

    O ritual tira o entendimento do nvel puramente abstrato doinconsciente e lhe confere uma realidade imediata e concreta, umaforma de colocar o inconsciente e seus contedos, no aqui e agora davida fsica,no smbolo. So atos simblicos que estabelecem umaconexo entre o consciente e o inconsciente e, ele nos fornecer ummeio de tirar os princpios do inconsciente e os imprimir luz, namente consciente. O princpio dinmico s o veculo e mensageiroentre esses dois nveis.

    Deveramos sobrepujar os preconceitos culturais para melhor nosaproximarmos do inconscienteOldmar, e respeitarmos os rituais,nos desligando de certos preconceitos arraigados e racionalistas.

    Acreditam algumas pessoas que os rituais nada mais so queremanescentes de um passado arcaico e supersticioso, ou de crenas

    religiosas profanas, fora de moda. Com isso, ficamos empobrecidosao abandonarmos aquilo que nossos ancestrais tinham como partenatural de sua vida espiritual cotidiana.

    O psiclogo junguiano Robert A. Johnson assim diz: Nossa nsiainstintiva para o ritual expressivo permanece nos dias de hoje, mesmotendo perdido o senso do seu papel psicolgico e espiritual em nossa

    vida.

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    Oddw, ento reuniu o grupo de bora liderados por s, gn ess, que j conheciam o caminho para o rn ks, lugar ondelrum determinara para a criao do iy, mundo manifesto.

    Juntamente com todos os outros bora:syn, Omolu, sumr, Nana, rk, sun, Ymj, Ynsn, Sng,Oba, Iyewa, Lgun de, Ibji e egun Elbaj, dirigiu-se para o lugaronde havia um pilar de ligao, chamado p-rm-on-iy.

    Oddw parou e viu que era exatamente ali o local indicado, onde,por Obra e Graa do seu Pai, tudo comearia

    Enquanto tudo isso ia tomando forma, s e rnml conversavamsobre os grandes fundamentos que estavam por trs de todo aqueletrabalho, que ora se realizava atravs de Oddw.

    rnml fazia chegar ao conhecimento de s, a qualidade dos doissignos-smbolo ods, que se apresentaram mesa do orculo, quando

    Oddw foi se consultar. Dizia ele para s, que logo aps OykuMj ter apresentado os seus desgnios, jogara mais duas vezes, sendoque, o primeiro Od a se apresentar fora d Mj, que corresponde posio Norte dos pontos cardeais, representa o aprisionamento doesprito matria para que a vida possa se tornar manifesta e surgir nomundo o que estava sendo criado.

    Com isso, os rs teriam tambm que abdicar de viverem para sempreno rn. Agora, nesta primeira fase, viveriam de forma espiritual comoainda se encontram, mas que, aps a concluso dela, iriam tambmpossuir um corpo material, denominado Ar, desta mesma matria queOddw estava usando na confeco do mundo e, sujeitando-se ssuas necessidades inerentes.

    Explicava rnml a s, que uma vez presos a corpos materiais, nohavia meios de regressarem ao rn, a no ser que o seu tempo

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    estivesse terminado no iy. Explicou tambm, que os rs, porrepresentarem uma fora universal, seriam os genitores divinos, e, osbora, matria de origem dos seres humanos, quando Iy-nl, a Terra

    acabasse de ser criada.Sobre o segundo Od que se apresentou mesa do jogo,wr Mj:representa o ponto cardeal Sul, fala dos caminhos do esprito, e quemdetermina sua liberao do jugo da matria, podendo o esprito agoravoltar ao rn, desligando-se assim dos corpos que iro compor essesseres, chamados humanos.

    Esses corpos, segundo o tn, so quatro: fsico, emocional, mental eespiritual, que o pnr, partcula divina e imortal que pertence ao pailrun. E, que os outros corpos: Ar (corpo fsico), Ojj (emocional), epor fim m (mental), criados em co-participao com a terra, atravsda lama, eerpematria prima que ku, o rs da Morte retirou paraa confeco do ser humano, entregando-a a Oldmar, para quersl, Olgama e Bab Ajl, o modelem segundo: NossaImagem, conforme a Nossa Semelhana Depois ento, sopraria oSeu hlito divino, o em, sopro de Oldmar, - o ar da vida.

    Explicou ainda, o sbio sacerdote a s: que todos tero um corpo quese chamar ar e, o que daria vida a esse corpo seria o em; que aindividualidade seria dada por or, a cabea, que a qualidade-momentodo nascimento determinaria o od.

    Quando o ser humano morresse, eles retornariam sua origem,axex.

    O corpo voltaria para y-nl, donde foi tirado juntamente com oemocional, o ar, voltaria para a atmosfera,smm e, que Orretornaria ao Ok pr, lugar de origem do seu as individual, seugenitor divino, rs. Ornml, conta tambm a s, que esses

    primeiros seres, j ancios,gb, ao morrerem, seus espritospassariam a ser Ok-run, ancestrais, ou Irnmal-ancestre. Os seus

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    descendentes-filhos, Irnmal-Omo ancestre, seriam chamados egun,explicando assim, o conceito de tnwa, de muitas reencarnaes, queretrata na verdade, a continuidade da vida atravs dos seus

    descendentes, ancestres familiares. Alguns desses Irnmal Omo-ancestres, gns, depois de muitas vidas por diferentes corpos, serevoltariam e criariam uma confraria denominada Egb rn Abiku,pois no estariam dispostos a passar provaes espirituais aqui na terra,provocando assim a sua prpria morte prematuramente.

    s estava interessadssimo com o relato feito pelo seu sacerdote,quando todos interromperam a conversa deles.

    Acho importante, mais a frente, explicar melhor o conceito yorub,atnw, pois existe uma grande confuso a respeito. Muito diferente detransmigrao budista e reencarnao esprita Kardecista, ainda assim, considerada semelhante,o que um grande engano.

    Segundo Captulo

    A Concepo

    Todos os bora dirigidos por Oddw dirigiram-se para o rnks, lugar onde estariam diante do p-run-on-iy, pilar deligao entre o rn e o espao, onde o iy ia ser criado.

    Os bora ficaram aterrorizados com o que viam eram trevas e

    escurido absolutas!

    Em sinal de profundo respeito e reverncia, ao lado misterioso edesconhecido do pai Oldmar, prostraram-se ao solo humildemente.Oddw levantou-se e comeou a dar incio ao projeto do seu Pai.rnml, ento explica para s as funes desses espaos criados:Aktl, dimenso e orientao; Orsunr, noo de tempo;

    Olmtutu, a essncia da gua e sua umidade e Agbnid, a energiado fogo, essncia de Oy. Gisle Omindarew Crossard.

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    Segundo o tn, ele chamou snyn e Aroni, o ano perneta, para queachassem para ele uma cabaa bem grande, cortassem ao meio e acolocassem sua disposio.

    Observem que a cabaa teria agora que ser cortada, smbolo daseparao e da dualidade do mundo que estava sendo criado.

    Logo, que o smbolo do Igb-Od,uma cabaa, com os seus doisgomos, foram cortados ao meio por syn e Aroni, separando o ladosuperior do inferior. De agora em diante, ao unirmos as suas duasmetades, uma linha divisria aparece, dividindo o espao no acima,superior e espiritual; no abaixo, inferior e terreno. Essa linha, ao seposicionar na manifestao, surge como resultado, a dualidade polar.

    Separado est tambm o principio masculino do princpio feminino.Simbolicamente esse momento tambm representa o conceito denecessidade, pois o sol no Od j-Ogb estava no nascente oriental e,viajou para o poente, no horizonte ocidental, um quadro de mudana da

    luz para o plo escuro, at agora negligenciado pelo princpiomasculino Obtl, com relao sua contraparte Oddw; comotambm, o momento da mudana que o sol tem inevitavelmente derealizar.

    Tambm, necessrias so as experincias nesta qualidade-momento decaminho.

    Simbolicamente, o que separa, corresponde ao princpio masculino e oque une ao feminino. Igualmente, o trecho do caminho masculino deObtl, nos separa da origem, ao passo que agora o trecho do caminho feminino em Oddw, por critrio de escolha feita, pelo paiOldmar, para nos reconduzir origem.

    O pensamento masculino separador, diferenciador, analtico e sempreestabelece novos limites, com isso, determina diferenas cada vez mais

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    sutis, ao passo que o pensamento feminino, anlogo, integral,reconhece e acentua as coisas em comum e,

    extingue os limites anteriormente estabelecidos.Obtl considera Oddw ambguo, porm, ele sabe que a realidade complexa demais para se submeter clareza de uma nica frmulainequvoca.

    Se o caminho de Obtl nos levou para fora da unidade de origem,para a multiplicidade, em que o ego desperto, em desenvolvimento e,em constante esforo pela clareza, se tornou unilateral; assim, o inciodo trecho deste caminho nossa frente, muitas vezes ambguo, noslevar em Oddw aos conhecimentos paradoxais, para finalmentenos levar unidade total e conciliatria. Essa mudana de direoestabelecida por Oldmar, que se torna manifesta e necessria, noagrada nem um pouco ao ego de Obtl. Com a maior m vontade, eletem que desistir de tentar esclarecer e determinar tudo de forma to

    inequvoca. Agora em Oddw, sua contraparte, ele estar sempresendo esclarecido atravs do orculo If por rnml, quais asdeterminaes do seu Pai, quanto tarefa da Criao. Agora, ter quese deixar ser conduzido pelo Self.

    Aqui, Obtl desenvolver a compreenso das suas necessidades e,com isso, compreender que o caminho o obriga ao desenvolvimento e

    ao crescimento. Agora, ele ser confrontado com experinciaspalpveis e ambguas que dever assimilar para poder amadurecer comsabedoria.

    A qualidade arquetpica deste caminho a previso do orculo, suadisposio ntima em aceit-lo; a vivncia e as experincias quepermitem a cura e o renascimento. Agora, o ego precisa estar forte e

    amadurecer nos primeiros trechos deste caminho. Ele tem de estarsolidamente enraizado na realidade exterior e ser capaz de dialogar

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    com as foras do inconsciente, a fim de poder ficar firme no encontroque ir se realizar.

    Para se manter no longo caminho de realizaes materiais, aconscincia precisa encontrar a posio correta diante do inconsciente.Obtl ter de aprender a se deixar conduzir confiantemente por suacontraparte Oddw e, sobretudo, no prosseguir em quaisquerobjetivos egostas ou gananciosos do eu.

    Se o ego de Obtl, recusar esse exerccio de humildade e, em vezdisso, tentar roubar a fora mgica do inconsciente, - sua contraparteOddw, por meio de truques, a fim de se apoderar desse poder; eleperde o que verdadeiro e torna-se vtima da sua fantasia de poder,fracassando em sua jornada de volta, aps a sua queda.

    A Bblia nos conta que o rei Nabucodonosor, ao receber um aviso emsonho, se enalteceu vaidosamente no telhado do seu palcio: No esta a grandiosa Babilnia que edifiquei para a capital do meu reino,

    com a fora do meu poder, para minha honra e glria? Daniel 4:27.

    Essas palavras ainda estavam ecoando quando se transformou numanimal e deram-lhe grama para comer, como aos bois Daniel 5:21.

    Quando Oddw assume agora a direo, mostra-nos o que Obtlter de abandonar aos poucos todos os smbolos de poder masculinos

    que foram penosamente colocados prova nos trechos anteriores docaminho. O ego, agora, fortalecido ir amadurecendo, mas sedento depoder, tem que reconhecer seus limites e se tornar outra vez humilde emodesto. Antes, precisava fazer experincias, mas agora o desafio ficar sinceramente aberto s experincias. Agora, nada acontecequando e por que o eu quer, mas quando e por que o seu Pai quer e, ocaminho exige.

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    A segunda metade do caminho que se inicia aqui, s pode levar Obtl viso superior, porm, somente quando tiver dominado as exignciasnegligenciadas da primeira metade do caminho,suas sombras.

    Novamente o desconhecido est diante dele.Muita apreenso, medo, h de vir nesta fase do caminho. A soma dassuas possibilidades no vividas e, na maioria das vezes, no amadasser agora o seu lado sombra. o encontro pela primeira vez com oseu lado feminino Oddw, at ento oculto em sua alma, espritoencarnado.

    Quanto mais fraco for o seu ego, tanto mais ter ele medo de fracassarna misso e, tanto mais ser tentado em mostrar-se duro paracompensar sua fragilidade. Em vez de desenvolver uma firmezainterior, ele demonstrar uma dureza exterior, por trs da qual escondeinstabilidade e sensibilidade de uma flor.

    Ter que reverter situao, sendo firme interiormente e flexvel

    exteriormente, domesticando assim o seu lado instintivo.

    H pouco, ele acreditava que tudo estava em ordem e sob seucontrole E, agora isso!

    Jung nos leva a refletir quando diz: No podemosviver tarde da vidacom o mesmo programa com que vivemos a manh, pois o que pouco

    pela manh, noite ser muito.

    O Criativo conhece os grandes comeos e o Receptivo, completa ascoisas concludo-as.

    O princpio criativo Obtl produz as sementes invisveis de todo o vira ser. Estas sementes so a princpio, puramente espirituais; por isso,sobre elas no possvel se exercer qualquer ao ou procedimento;nesse mbito, o conhecimento que age de forma criadora.

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    Enquanto o Criativo Obtl atua no mundo do invisvel, tendo comocampo o esprito e o tempo, o Receptivo Odduw, sua contraparte eirmo opera sobre a matria distribuda no espao e completa as

    coisas concludas e concretizadas. Aqui, acompanha-se o processo degerao e procriao at as suas ltimas profundezas metafsicas.

    O Criativo Obtl em sua essncia, movimento lento e sem esforo;atravs desse seu movimento, ele consegue unir o que est dividido,pois o Criativo Obtl age atravs do fcil, enquanto a sua contraparte,o Receptivo Odduw, age atravs do simples.

    Como a direo do movimento,o ba, determinado ainda no seuestado germinal do vir a ser, tudo o mais se desenvolve com facilidade,de forma espontnea, segundo as leis de sua prpria natureza.

    O Criativo Obtl, cuja tendncia almeja dirigir-se frente, o tempo;porm Odduw no se movimenta externamente, pois seu movimento interno, o espao. Seu gesto deve ser concebido como uma

    autodiviso e o estado de repouso devem ser entendidos como umfechar-se em si mesmo; por isso no se trata de um movimentoorientado para um objeto, para fora. Esta a oposio fundamental queexiste no mundo: entre o princpio Criativo Obtl,a Criao, e oprincpio Receptivo Odduw,a Concepo.

    Perfeito, em verdade, a condio sublime do Receptivo Oddw,

    pois todos lhe

    devem seu nascimento; pois ele recebe e acolhe o elemento celestialcom devoo, pois, assim perfeito aquilo que atinge o ideal. Issosignifica que Oddw depende do Criativo Obtl. Enquanto oCriativo o princpio gerador masculino, ao qual, todos devem os seuscomeos, o princpio Receptivo e feminino, o que parteja e acolhe em

    si a semente do Criativo Obtl e d aos seres forma corprea,tornando-os omo-Oddwfilhos de Oddw. Em sua riqueza, ele

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    portador de todas as coisas, sua essncia est em harmonia com oilimitado. Em sua amplitude, abrange todas as coisas e em suagrandeza, a tudo ilumina e manifesta. Atravs dele, todos alcanam o

    sucesso. Enquanto o Criativo Obtl protege do alto as coisas e osseres, cobrindo-as com o seu Al, ar divino, furuf, que separa osdois nveis de existncia; o Receptivo Oddw quem os carrega,como fundamento que sempre subsiste. A sua essncia o ilimitadoacordo com o Criativo Obtl. Esta a causa do seu sucesso.

    Enquanto o movimento lento do Criativo dirige-se para adiante, emlinha reta, e seu estado de repouso a imobilidade; o repouso doReceptivo Oddw o fechar-se, e, seu movimento,