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Jonas o eremita que desceu iluminado 189 1 A descida do eremita Jb.campos APRECIAÇÕES PREFACIAIS Para corroborar com o sentido, o teor, a riqueza e a abrangência da mensagem contidos nesta obra, desejo, de início, tecer algumas palavras a respeito do autor do livro, meu bondoso e dedicado ami- go João Batista de Campos. O primeiro contacto social com o Campos foi tão marcante que mantemos até hoje uma sólida e fecunda amizade. Desde que o co- nheci e até hoje, dificilmente passamos uma semana sem nos falar- mos. Na maior parte dos nossos contactos telefônicos, abordamos assun- tos bíblicos, área de grande conhecimento do Campos, já que em sua juventude foi um dedicado pregador protestante. Por este moti- vo, todas as vezes que preparo os sermões a serem apresentados nas igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e metodista) nas quais exerço o meu ministério, nunca deixo de consultar o Cam- pos que, com bondade, tolerância e espírito verdadeiramente cris- tão, sempre me orienta com muita competência na estruturação da

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Jonas o eremita que desceu iluminado

189 1

A descida do eremita

Jb.campos

APRECIAÇÕES PREFACIAIS

Para corroborar com o sentido, o teor, a riqueza e a abrangência da

mensagem contidos nesta obra, desejo, de início, tecer algumas

palavras a respeito do autor do livro, meu bondoso e dedicado ami-

go João Batista de Campos.

O primeiro contacto social com o Campos foi tão marcante que

mantemos até hoje uma sólida e fecunda amizade. Desde que o co-

nheci e até hoje, dificilmente passamos uma semana sem nos falar-

mos.

Na maior parte dos nossos contactos telefônicos, abordamos assun-

tos bíblicos, área de grande conhecimento do Campos, já que em

sua juventude foi um dedicado pregador protestante. Por este moti-

vo, todas as vezes que preparo os sermões a serem apresentados

nas igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e metodista)

nas quais exerço o meu ministério, nunca deixo de consultar o Cam-

pos que, com bondade, tolerância e espírito verdadeiramente cris-

tão, sempre me orienta com muita competência na estruturação da

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mensagem a ser levada ao meu aprisco. Ainda que não quisesse, a

divina providência se encarregaria de fazer com que o Campos es-

crevesse esta obra de auto-ajuda a todos os que dela tomarem co-

nhecimento. Uma mensagem que vale a pena ser lida e, sobretudo,

vivida.

Muito do que aqui está escrito e proposto ajudou-me na superação

da fase crítica da minha vida.

Hoje, estou convencido de que os ensinamentos sábios e cristãos,

contidos nesta obra foram os responsáveis pelo meu reencontro na

e com a vida. Sou reconhecido, portanto, pela honra em produzir

este prefácio e agradecido ao irmão Campos que me fez ver o mun-

do sob uma nova óptica e até ousar ser feliz.

São Paulo, 10.01.2000

Paulo Q. Marques

Ph. D - Livre-docente da Universidade de São Paulo -

(USP)

João Batista de Campos, ou Campos, para os amigos, tem o dom da

palavra – e da audição, ele traz para o papel, ou melhor dizendo,

para as teclas do seu computador, livros inteiros, com muita facili-

dade, sempre levando uma mensagem dignificante e terapêutica, a

quem dela necessita.

Seu autor é tão claro e cristalino como a mais pura água que brota

de uma nascente: nada esconde. Ele é! Campos não nos furta da

fonte de seus aprendizados / ensinamentos, mostrando-nos ainda, o

modo como chegar a eles.

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Ao término do livro, e ainda sob o impacto do tamanho de sua hu-

mildade, pude perceber um dos alcances profundos de suas pala-

vras, no que se refere a identificações que existem entre duas ou

mais almas. Como ele mesmo diz, nada deve ser tão importante

como o nosso irmão e, ajudando o próximo, estamos ajudando a nós

mesmos, galgando degraus em nossa escalada espiritual.

Vejo ainda, que o mais importante, é cair a semente em terra fecun-

da, e que possa vivificar e dar frutos. É o que propõe a obra de

J.B.Campos nessa mensagem recebida. Que possa o Divino Mestre

iluminá-lo para que possamos receber em breve outras obras tão

valiosas.

São Paulo, 14-01-2000

Cleide Monteiro Mourão

Psicóloga Clínica

Às vezes, até mesmo acidentalmente, nos deparamos com coisas tão

grandes e tão formidáveis que a nossa primeira reação é ficar man-

samente observando, procurando entender seu significado, sua

mensagem e o porquê de nos ter sido dada a oportunidade de pre-

senciá-las. Parece-me que quanto mais evoluímos na senda da vida,

mais expostos ficamos a acontecimentos singulares, verdadeira-

mente mágicos e que encerram, em sí só, sabedoria e ensinamentos

que efetivamente não são nem deste tempo nem deste mundo.

Porém, neste quadrante de tempo em que nos é dado viver, é co-

mum olhar-se e não ver; ouvir-se e não escutar. Na verdade, agindo

como máquinas (insensíveis e irracionais) nos vemos predispostos

por condicionamentos físicos, culturais e psicológicos na mais total

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e absurda descrença, reduzindo os mais fantásticos acontecimentos

à simples fatos normais da vida.

E é em meio a esse mundo mágico e maravilhoso que devo necessa-

riamente inserir esse insigne mestre, o meu amigo e companheiro

de jornada João Batista de Campos, que apenas num toque de mão

e num abraço – ao nos cumprimentar - nos transmite força, energi-

a, otimismo. E com suas palavras, quase sempre eivadas da mais

primitiva simplicidade, nos lança num vôo estratosférico a planos e

mundos pelos quais passamos repetidas vezes e que a vida presente

nos fez esquecer.

Vale a pena conferir.

SP - 19/01/2000

Nicodemo Sposato Neto

Advogado - Jornalista, Assessor de Imprensa da Escola Politécnica

da Universidade de São Paulo - (USP). Presidente da Avilesp.

Agradecimentos.

Não tenho palavras para exprimir aos amigos que apreciaram esta

modesta obra, e já que a emoção me estouva a mente, resumo o meu

grande desejo, que brota do mais profundo de minh’alma - tudo de

bom a esses generosos irmãos de missão.

Sem cabotinismo, ou jactância, esforço-me para deixar toda a hon-

ra e glória aos nossos Amparadores e principalmente ao nosso Pai,

Deus o Criador de todas as coisas.

Com abraços campônios,

Campos

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A DESCIDA DO EREMITA

- Amigo leitor, de onde viemos e para onde vamos?

Estes escritos têm a pretensão de lhe mostrar o caminho pelo qual,

você, caro amigo leitor, encontrará o seu próprio caminho rumo à

tão almejada felicidade.

Você poderá achar este intróito um tanto petulante, porém, afir-

mamos-lhe, que nasceu do ímo da nossa alma, creia!

Desejamos-lhe prazerosa leitura, com a honra desta dedicatória,

pois, você é o causador maior do nosso ensejo de escrever.

A DESCIDA DO EREMITA

Capítulo 1

A MONTANHA DOIRADA

Lá do alto, bem do alto da montanha descia o homem, também co-

nhecido pela alcunha de: “O Homem da Montanha”.

Descia para viver seu aprendizado, que era realmente muito dife-

rente do convencional.

Houvera vivido longos dias no cume daquela montanha de porte

médio, pouco admirada pelos homens, talvez pelo desinteresse mi-

neral exploratório, oxalá, interesses latentes e futurólogos por pe-

dras britadas, mesmo assim lá estava vivendo o eremita.

Vegetariano por força circunstancial.

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189 6

Jonas, o nome do profeta-horticultor, muito jovem ainda, subira ao

monte e descobrira uma gruta, buraco da natureza, o qual, sem a

menor sombra de dúvida, passou a figurar como objeto de sua pai-

xão.

Seu grande sonho, como ele próprio dizia, era a paleontologia.

Sendo residente contumaz daquela loca incrustada no granito re-

fratário e gélido, sem fazer o menor sentido para alguns poucos

conhecedores deste seu novo endereço que, somente por este simples

fato, proferiam palavras ignominiosas a seu respeito, referenciando

ao seu modo de vida tão incomum.

Ao lado esquerdo daquela enxovia, a alguns metros, um escarpado

com suas bordas floridas e uma beleza verdejante central, faziam-se

notórios os valores vegetarianos de Jonas.

Um veio d’água da grossora de polegar de pessoa normal, escorria

de dentro da gruta, como se fosse gente grande em sua perenidade,

cujo curso fora direcionado para o belo escarpado vergel, sendo

pelo sistema de irrigação hidráulico, natural e por gravidade, con-

feccionado em mangueiras, imerso sob a Alameda das Formigas,

com placa indicativa, estando grafado na entrada da caverna, so-

mente um número, o: 1 (um).

Alameda das Formigas, nome este que Jonas arranjou para endere-

ço, inspirado no grande formigueiro que existia no caminho que

levava à entrada daquela enorme caverna.

Então, Jonas, movido pelo seu espírito parnasiano, escreveu estes

versos inspirado nas formigas trabalhadeiras daquele local.

FORMIGA

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Perturbas o homem

Tirando-lhe o alimento.

Atribulas o tanto,

Sem alento.

Atrás de inventos,

Ensacando vento.

Que não o socorrem.

Partindo para brigas,

Quais só lhe traz fadigas.

Em vão, luta inglória,

Estás na história.

Na inocência,

Haja sementes.

No teu conjunto

És um exército

No teu exercício.

Ao sono de anjo

De homem-arcanjo.

Trabalhas,

Perturbas,

Derrubas.

E, o anjo dorme.

És operosa

Na inoperância,

Passa indelével,

O anjo acorda irritado.

- E, o seu invento?

Granulado ao relento.

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Ou enterrado

Em forma líquida,

Porém, não liquida.

Oh. formiga,

Vê se te liga.,

Tenhas piedade.

O anjo, já foi à Lua,

Avenidas e ruas,

Não encontrou remédio.

Caiu no tédio,

Sem cair em si.

Coitado, não sabe nada,

É aleijado

Pobre coitado,

À um Saci.

Mas, tu formiga,

És a ferida,

Tenhas piedade.

Pobre do homem,

Anjo se acha.

- E agora?

Já era hora.

Eis a pergunta:

Que aqui se encaixa:

- Quem é o malvado?

- Quem luta por cima?

Eis nossa cisma:

- Quem luta por baixo?

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Jonas, há anos fora pesquisar aquelas paredes graníticas, e no seu

encanto de viajor daquelas entranhas terrestres, não mais pensava

em retorno, porém, agora descia ermitão, extra-sensorial mais do

que nunca, como que renascendo do útero empedernido daquela

montanha encantada, das alturas de seus mil e oitocentos metros do

nível do mar.

E, lá vinha ele para uma nova maneira de conduzir sua vida cá

embaixo, junto de outros mortais, e chegava com outros conheci-

mentos, os quais muitas pessoas ditas normais, nem imaginavam

conhecê-los

Vivendo por longos 14 anos de reclusão intensa, por livre e espontâ-

nea vontade, dentro daquele submundo.

Para sua razoável sobrevivência, Jonas se obrigara ao plantio de

uma hortícola para o seu sustento, e como o tempo lhe era sobejo,

não se esqueceu das flores, deixando assim o pátio de sua residência

requintado de muito egoísmo, já que ali estava vivendo em plena

solidão, apesar de miríades de espíritos estarem juntos dele, admi-

rando suas odoríficas e verdejantes plantas.

Não recebia visita alguma, salvo: “uma na vida, outra na morte”.

Ratificamos: o local era povoado por seus mentores espitirituais.

Consorciou a beleza e a utilidade daquelas plantas, pois, este rodeio

de flores em volta de suas hortaliças, era impregnado de muita sa-

bedoria, pois, além de evitar as pragas, embelezava o lugar encan-

tado.

Jonas aprendera que, o Cravo de Defunto, nome vulgar desta bela

flor, combatia vários tipos de insetos nocivos às suas verduras, e

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que o Gergelim dizimava as formigas cortadeiras, e que o Girassol e

a batata-doce cumpriam o mesmo papel etc.

A Montanha Doirada, como ele mesmo a batizara, era o seu verda-

deiro paraíso terrestre.

Porém, lá vinha o ermitão acompanhado do seu profundo esoteris-

mo, montanha abaixo.

Nos seus primeiros dias de hábitat montanhês, notou que o local

compunha-se de enorme quantidade de calcário, proporcionando

enormes galerias e largos corredores, fossado pela própria nature-

za.

Jonas teve de se haver com o medo, frio, fome e outras preocupa-

ções rotineiras de pessoas comuns, e até mesmo com a saudade que

sentia da família, ao qual implorava o retorno de filho pródigo,

porém, não perdulário como fora aquele jovem da parábola do

Mestre Maior, o Cristo. até porque, naquela situação nem tinha

como gastar.

LUCAS [15]

13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo,

partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, viven-

do dissolutamente.

14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma

grande fome, e começou a passar necessidades.

15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o

qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.

16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os

porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.

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17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu

pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai,

pequei contra o céu e diante de ti;

19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me co-

mo um dos teus empregados.

20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe,

seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao

pescoço e o beijou.

21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou

digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa,

e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;

23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozi-

jemo-nos,

24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido,

e foi achado. E começaram a regozijar-se.

32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este

teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.

Quiçá, o bom-senso e a santimônia de Jonas, teria um futuro seme-

lhante ao filho pródigo, desta bela parábola de Jesus.

Já na sua maioridade, nada pudera ser feito contra a sua própria

vontade, por parte da família, a qual muito se empenhara para tal.

Seus pais, tentaram discretamente interná-lo numa clínica de re-

pouso, alegando que o querido filho necessitava de um tratamento,

por ser usuário de drogas, como se ele fosse dependente químico, e

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este fato o deixou muito entristecido com seus pais, embora, não

houvesse má intenção pelas partes genitoras.

Jonas, ruminou muito aquela escabrosa acusação paterna, que lhe

doera n’alma, somente por amor aos pais, ele esqueceria o aconte-

cido, e assim o fez.

Porém, naqueles momentos, Jonas ainda não estava preparado

para perdoar aquele constrangimento, posto que estava ali para

um aprimoramento espiritual.

Todavia, até entendeu o desentendimento dos seus queridos pais,

que de tudo são capazes por um filho, pois, esperavam um futuro

promissor e extraordinário do garoto.

Mas, este, após o encontro com o buraco da montanha, abandonara

até seus estudos de egiptologia, e outros, que por ventura fossem o

de fossar a terra

E, lá descia o homem, após 14 anos de pleno isolamento.

- Por que vinha Jonas, e para quê?

Pois bem, Jonas quando chegou lá na caverna para seus estudos

fósseis, passionalmente acabou encontrando algumas pedras semi-

preciosas, porém, elas não o impressionaram tanto, quanto a paz

do lugar encantado.

(A paz em si, lhe era a maior riqueza, portanto, amava profunda-

mente aquela paz.)

Escreveu ele, que aquela gruta era de grande magia, e que provo-

cava delírio sobre o ser humano.

Enfronhado na idéia de encontrar alguma coisa interessante que,

pudesse acrescentar aos seus estudos, acabou achando outros valo-

res.

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No dia em que ali chegou, acabou envolvendo-se tanto com suas

pesquisas que, notou já ser alta hora da noite, e apenas cochilou por

pouco tempo, acabando por findar o seu pernoite, sem ter sido esta

a sua intenção, pois não pretendia ali permanecer.

Mas, no dia subseqüente se achou dormindo, recostado sobre uma

lápide de pedra fria, pois, nela a natureza havia feito um trabalho

realmente artístico e inigualável, tornando-a reluzente e de rara

beleza, que o mancebo ao ver a si mesmo refletido nela, ficou mara-

vilhado, e se comparou a Narciso, o pai do narcisismo. Narciso,

aquele que se vendo no reflexo d’água, se acha o máximo.

Pensativo, recordando de seus sonhos, associando os acontecimen-

tos como pura realidade, onde tudo se fundia.

Neste encantamento, Jonas se absteve da sua vida de muito luxo e

mordomia, e por que não dizermos: luxúria.

Abdicando de seus bens, que eram tantos, sendo um dos herdeiros

mais jovens dos irmãos, perdendo apenas pora o caçula, fazendo

parte de uma família abastada, e grande empresária, não vacilou

em viver no ostracismo, rico em outras heranças que pertencem de

fato e de direito a todos os filhos da grande mãe natureza.

Assim como qualquer herança leva certo tempo para que o seu her-

deiro a receba, o mesmo acontece com a herança natural, que todos

nós num determinado dia haveremos de recebê-la.

No seu segundo dia de habitante de caverna, começara sua grande

atividade para se tornar um troglodita.

Sentiu fome, e teria de retornar ao seu lar, porém, seu pai o procu-

rou, levando-lhe alimentos.

Havia ele, combinado com o próprio pai para ali fazerem aquela

visita, porém, seu progenitor, não pôde acompanhá-lo a contento,

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189 14

por motivos de compromissos com negócios, mas reapresentou-se

ao filho, impregnado de muitas preocupações.

Ali naquele reencontro, Jonas procurou explicar ao pai que, gosta-

ria muito de voltar ao seio familiar, porém, uma força maior exigia

que permanecesse por mais tempo no local, e o pai ficou abismado

com tal atitude, repreendendo-o rigidamente, mostrando as neces-

sidades de se preparar nos estudos, e na administração das em-

presas da família:

- Jonas, fizemos de tudo para mantermo-lo dentro dos moldes nor-

mais de um ser comum, e, é isso que você nos dá como retorno?

Pobre pai, estava chocado com aquela atitude do filho.

Porém, o jovem filho respondeu ao pai:

- Perdoe-me, papai, estou muito bem, não se preocupe, estou em

casa, posto que toda esta terra lhe pertence.

Nisto, ele tinha toda razão, pois, aquela montanha repousava sobre

as terras de uma das fazendas de seu pai, próxima à uma cidadela.

Estagiando por mais um dia, que se prolongou por outros tantos,

Jonas começava o estudo da introspecção, inteligentemente não

perdera aquela oportunidade, imbuído de um enorme desejo de

saber.

- Saber o quê? – Se os seu estudos empíricos, ficaram bem longe do

sopé daquela montanha.

O silêncio, e o frio daquele local solitário, desajustaria qualquer

cidadão.

Em compensação, o Sol, conhecido pelos pobres mortais, como o Rei

dos astros, visitava-o como se fosse o primeiro ser entre os rurais e

urbanos, que o deixava em exultante regozijo.

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189 15

Jonas, levantava-se lá pelas 6 horas da manhã, o que não tinha a

menor importância, pois, não era como seus irmãos e pais, os quais

tinham uma enorme obrigação social dentro das empresas, com a

dura sina de prestar contas aos seus empregados e subordinados,

além das infindáveis tributações da vida, enfim não passavam de

meros: “senhores-escravos”.

Aos praticar seus relaxamentos, admirava os belos animais, que a

fauna lhe presenteava, ao alcance de sua jovem visão, e que os mais

atrevidos vinham até suas mãos para delas receberem certos tipos

de alimentos.

Capítulo 2

O MAGNETISMO DAS PEDRAS

Naquela solidão preciosa, olhando para as pedras, que apenas lhes

serviam de talismãs, com suas magnitudes magnéticas, Jonas, pen-

sava agora em assuntos que lhe eram novos, e começava a conjetu-

rar consigo mesmo, sobre a vida humana e seu verdadeiro sentido.

- De onde teria ele vindo, como e por quê?

Naquela indagação que se fazia naqueles comenos (momentos),

enquanto perfurava aquelas pedras com suas ferramentas manu-

ais, ao mesmo tempo em que uma britadeira mental como se fosse

elétrica, perfurava-lhe o cérebro.

Agora, um fato estranho lhe acontecia ao dormitar.

Na passagem do estado de consciência ao estado de sono profundo,

apareciam-lhe pessoas que elucidavam suas intrigantes perguntas.

- Como? – Isso parece pura idiotice.

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189 16

Idiotice, ou não, o homem iluminado descia.

No limiar do aprendizado, sofria muito com sua luta interior, ora se

achando desequilibrado, ora crendo piamente nos seus devaneios.

Às vezes, discutindo rispidamente com os personagens de suas vi-

sões, achando que seus ensinamentos lhe eram impostos.

Aqueles momentos de sonhos acordados, fizeram com que Jonas

lutasse mais ainda, pois, eram desafiadores.

Pelejou demais com seu subconsciente, já meio desacreditando em

suas visões, e julgando-as frutos de suas alucinações, demência ou

qualquer coisa do gênero.

Na sua grande teimosia, resolveu arriscar tudo, para ver o final

daquela história, se é que teria condições para tal façanha, jogando

tudo, não perdera nada na sua pertinácia, segurando firmemente a

idéia deste desafio, pensou:

- Como pode; o homem lutar tanto?

Estando ele no meio de pessoas e coisas, tem suas preocupações e se

estiver em completo isolamento, como é o meu próprio caso, idem.

- Quantos problemos temos para resolver, hein?

Ali, iniciava uma luta renhida entre Jonas e seu interior, seu Eu

Maior, seu Substrato, sua Essência, seu Espírito.

Houveram muitas discussões entres eles e seus mentores, ampara-

dores, enfim orientadores espirituais, bem como com os atrevidos e

atrasados irmãos do mundo etéreo os quais necessitam de nossas

luzes, tal qual nós de nossos mentores.

Ou melhor expressando: entidades menos esclarecidas e outras

refertas de sabedoria e bondade.

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Aqui vai uma adenda de Jonas: nada de alusivo, ou pejorativo a

nenhuma alma existente, posto que apenas optamos e apelamos ao

amor divino!

Perturbado, pensou: jogarei o que possuo para ver o final de tudo

isto.

- Pois, de que me vale esta vida?

- De quanto tempo me valerei dela?

Tudo aqui me parece passageiro e muito rápido, não ficarei atrela-

do aos bons ensinamentos de meus pais, parentes e amigos. Quero

mais!

A vida não pode se resumir em assuntos tacanhos, chatos e perecí-

veis como vencer meus adversários ou derrotar meus semelhante e

depois erguer minha bandeira de vitória sobre humilhadas criatu-

ras de minha própria convivência.

Já vi isso antes, há milênios, pai vem sendo derrotado pelo filho,

irmão matando irmão, e vai por aí afora.

- Que vitórias são essas?

Podemos começar lá nos primórdios do Velho Testamento bíblico,

Caim matou Abel, seu irmão.

Gênesis ; 4

8 Falou [Caim] com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo,

[Caim] se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.

A descida continuava, lá vinha ele.

Capítulo 3

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BATISMO DO LAGO

Jonas se deleitava com o lago, que do lado destro da gruta, se fir-

mava com o peso de grandes paquidermes, eram águas vindas de

várias vertentes, cujo peso de milhões de quilogramas, em litros,

deixava o lugar muito leve e de uma beleza esplendorosa.

Jonas, deixara suas finíssimas banheiras de hidromassagens, e até

suas massagistas domésticas para desfrutar do Lago Verde, nome

este testemunhado pelos seus amigos de aparições constantes, que

numa bela noite estrelada, e na presença da tríade, que forma as

Trê Marias, da Constelação Estelar de Órion, às margens do grande

lago, confirmaram onomasticamente (referente a nome) em come-

moração batismal de : Lago Verde.

Existia nas profundezas daquele lago, uma passagem que saía para

dentro da caverna, por um túnel sifonado, situando-se ao mesmo

nível de um enorme salão subterrâneo, posto que o lago situava-se

num local mais baixo do que a entrada daquela gruta.

Aquelas águas eram de pureza assoberbada, realmente cristalina, e

uma certa vez, Jonas mergulhou de olhos abertos e, qual sua sur-

presa ao notar o sifão forjado pela própria natureza, e corajosa-

mente foi investigar aquela passagem, e acabou saindo para o lado

interno do salão e, ficou deslumbrado com tanta beleza natural.

Retornou pelo mesmo caminho, chegando novamente ao lago.

Jonas, durante o dia estudava as rochas, ouvindo os murmúrios de

muitas entidades desencarnadas que conheciam muito sobre pe-

dras, e que lhe transmitiam seus conhecimentos de grandes utilida-

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des, e que jamais aprenderia em lugares normais, onde habita a

massa humana.

Estamos falando das energias rupestres, (das pedras).

Também, estava sempre pronto a receber de muitos mentores espi-

rituais, mensagens de ordem ética e moral, as quais lhe trouxeram

a grande estabilidade emocional de mestre extra-sensorial, que fora

o valoroso Jonas.

E, a descida continuava, lá vinha o conselheiro Jonas.

- Como é possível, alguém deixar o amor familiar para se filiar ao

nada?

O nada não existe, por isto ele se juntava ao todo universal, sem se

preocupar com qualquer objeção que se lhe pudesse ser feita.

Forças estranhas seguravam-no ali, pois, era uma pessoa talhada

para tais atividades, este aprendizado é muito simples, porém, o ser

humano, estando sempre envolvido com valores opostos, agem em

suas lutas incessantes pela sobrevivência, ou seja: pela ânsia de

muito possuir, sem se preocupar se vai sobrar aos famélicos e se-

quiosos irmãos necessitados.

Por estas deduções todas, é que Jonas descia montanha abaixo para

passar seus conhecimentos na prática, as suas grandes teorias já

praticadas no mundos astral.

Já acostumando-se ao o silêncio natural, atendo-se aos cantos dos

pássaros e ao zunir dos ventos, e às atitudes de outros animais,

estava muito feliz com a ausência humana, provando a si mesmo,

que o homem é um ser muito adaptável às situações diversas, sendo

tudo possível na vida de um homem ou mulher, desde de que te-

nham boa vontade.

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Solitário, conversava consigo mesmo, até atingir o ápice da concen-

tração, pela qual encontrava-se com seres evoluídos, que para se

evoluírem mais, teriam de transmitir seus ensinamentos aos seres

preparados, como era o caso de Jonas.

Ensinos pragmáticos e fiéis, sem aumentar nem tirar, como nos

ensina a cosmoética da verdade etérica.

E, isto tudo, para a evolução de mestre e discípulo, ambos com o

privilégio de receber e transmitir aprendizados, no afã de galgarem

os degraus da eternidade.

Pensava Jonas, como é possível tantos seres humanos se acotove-

rem, e atropelando uns aos outros, na maioria das vezes em solidão

total, através do estresse que muito coopera através de desespera-

das preocupações do cotidiano, e com tantas escolas, não aprende-

rem os procedimentos essenciais da vida simples de pessoas felizes,

como os que tenho aprendido nesta minha pseudo solidão, junto de

meus verdadeiros companheiros de estrada eterna.

Longe de tudo, e de todos, obtenho tudo graciosamente, como o ar

puro que respiro, a água cristalina que bebo, a vista maravilhosa

da paisagem natural que Deus Pai me tem concedido e incontáveis

bens.

Em sintonia com ondas etéricas de vários rótulos, vivendo em ou-

tras dimensões, Jonas aprendia desde a mais simples matemática,

ou aritmética à mais profunda anatomia humana.

Conseguindo, em muitas projeções andar por muitos hospitais, in-

dústrias e escolas deste nosso planeta, onde desaprovava o como-

dismo humano, pois, no estado em que se encontrava, tinha muito

mais entusiasmo energético para desenvolver a própria evolução de

profissional deste nosso mundo.

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Em outras esferas, aprendia muito sobre naves ocultas de locomo-

ções espaciais, conhecidas aqui pelos humanos como Discos Voado-

res, desenvolvendo esses estudos todos, sem arredar os pés daquela

loca, onde agora era o seu lar e laboratório de ordem cósmica, ou

seja: laboratório, que se encontra dentro de cada ser humano que,

porventura queira aprender a usá-lo.

Os salões naturais daquela loca eram fenomenais, com medidas

gigantescas para estarem dentro de rochas de pedra.

Chegavam a medir 80 metros de largura por 110 de comprimento

por 100 de altura, e traziam em si verdadeiras obras de arte, escul-

pidas pela natureza, brotando de seus átrios estalagmites, como

plantas que cresciam através de milênios, bem como estalactites,

expondo lindíssimos candelabros, que cintilavam pela luz advinda

das aberturas de algumas fendas, abastecidas pela estrela menor e

de quinta grandeza.

Lagos tranparentes, apresentavam suas águas cristalinas em tons

azulados, formando outros matizes, conforme o sol ou a lua em

tempos beneplácitos, iluminavam suas covas de alguns metros de

profundidade.

Aquele lugar mistico, era considerado de singela beleza, ao rivalizá-

lo com outros que Jonas já conhecera no mundo astral, sem sair de

dentro daquela fortaleza.

Viajando por lugares espetaculares, a exemplo de um plano no qual

esteve, visitando uma fábrica de alimentos sintéticos, e do aprovei-

tamento cíclico da natureza daquele lugar, onde a união daquele

povo adiantado, era simplesmente invejável.

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Recepcionando muitos seres diferentes em suas aparências, não se

vexava em pedir conselhos, ajuda em sabedoria para para prestar

auxílio aos seus irmãos humanos, quiçá, à humanidade.

Relatava Jonas somente em pensamento aos seus visitantes, que

muitas vezes agraciavam-no com ótimas receitas de fazer o bem,

através dos pensamentos energéticos, que culminam em energizar

ambientes, independentemente de distância.

Assim, procurava influenciar seus pais e irmãos em seus negócios,

bem como nas suas atitudes humanitárias, sendo que nestas encon-

tra-se a maior bem-aventurança humana, segundo os conceitos do

eremita, e dos grandes luminares da humanidade.

Encontrava-se com músicos renomados, da clássica erudição musi-

cal, ouvia Chopin, List, Lobo e tantos outros e, até trocava idéias

com eles, sempre aprendendo com esses mestres melodiosos, atre-

vendo-se até em escrever algumas melodias, com seus parcos co-

nhecimentos de fusas e semifusas mescladas com colcheias.

Agora, descia o eremita, para aplicar seus conhecimentos os quais

aprendera no mundo extrafísico.

Estava por chegar o homem.

Aos descer, pensava sobremaneira num dos seus mais fiéis compa-

nheiros, Ciríaco, um cão selvagem que, a mais de 7 anos apareceu

no local para lhe fazer companhia, mais conhecido por Ciro, pois,

este cognome (apelido) soava mais suave e lépido.

Na sua sabedoria, Jonas era amigo de Ciro, porém nem tanto ínti-

mo, para não condicioná-lo à dependência da amizade protecionis-

ta, como agem homens, países e povos, onde o mais forte, torna-se

mais forte ainda, e o mais fraco, mais fraco.

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Capítulo 4

ALA DAS PESQUISAS

Certo dia, Jonas encontrou um rocha de cor rosada e começou a

olhá-la de maneira que sua visão ficou turva, baralhada, e naquele

torpor foi transportado a um lugar de indescritível beleza e confor-

to.

Maravilhado, menos desejo tinha de se retirar de dentro da caver-

na, como se existissem verdadeiros tesouros no âmago daquelas

rochas.

Chegando a um lugar chamado: Alas de Pesquisas Cibernéticas,

compostas de muitos mestres nestes assuntos.

Aprendeu muito com Tino, um grande mestre que lhe mostrou o

mundo do futuro, através de um telão em outras dimensões, onde

eles podiam adentrá-lo e participar de todos os movimentos daque-

las pessoas e, na prática extrafísica, aprendeu muito sobre cáculos

aritméticos e financeiros, que o fez pensar:

- Nostradamus, Pitágoras, Sócrates, Decartes. deveriam ter fre-

qüentados tais lugares, nos quais tenho me metido ultimamente,

prevendo um futuro de maneira quase precisa, deixando escritas de

suas visões, bem como outros seres iluminados, que vaticinaram o

futuro da terra, porém, os homens estão extremamente distraídos

em seus negócios, para se darem conta destes fatos, realmente são o

inconsciente coletivo que atravanca o progresso da humanidade,

posto que a maioria pensa mal.

O que significa, ter eu saído lá do ensino convencional, para vir

aprender aqui no nada, num lugar extremamente diferente, assun-

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tos ou matérias nas quais não tinha o mínimo prazer, e, aqui ao

fazê-lo, sinto-me na maior alegria.

E, este povo maravilhoso de senso e atitude simples, sem ferir uns

aos outros, todas trabalhando em prol do próximo, isto deve ser o

tão decantado paraíso divino do mundo religioso, onde se “conse-

gue” pelo dízimo e ofertas, as indulgências (compra do perdão) de

pecados, aqui o mestre ironizou, pode crer.

Toda essa maravilha, dentro de um pequeno espaço, representando

os universos, como nada sabemos de nada.

Resmungou o ermitão.

Até então, não se apercebera de quanta amplidão de consciência

estava ganhando com essas experiências.

Como uma pessoa da Idade da Pedra, transladada a uma megaló-

pole em sua parafernália, com certeza ficaria apavorada dentro de

seus parcos conhecimentos, diante de tantas máquinas, pois, seria

plenamente subserviente a tantos deuses de aço.

Desta maneira, Jonas se preparava, até a contragosto para assom-

brar os mortais, cá embaixo da Montanha Doirada.

E agora, mais do que nunca, descia o iluminado.

Naquela solitude clausura, que lhe daria um futuro promissor de

grande alegria, continuava a visitar e ser visitado por seres que,

estão bem perto dos humanos, esperando uma chance para se co-

municarem, porém, a cegueira humana está realmente de portas

fechadas para um resgate carmico mais rápido, o qual poderá se

procrastinar (prorrogar) por séculos, e até milênios, que pena, tan-

ta cegueira.

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Sempre acontece, de surgir um bom pensamento criativo em algu-

ma cabeça, e aí se ouve: Eureca, eureca, (achei) ascendeu-se a fa-

mosa luzinha da inteligência humana.

Quem recebe essa gloriosa luz nem sempre sabe o que está aconte-

cendo, muito menos o seu processo criador, que logo cai no esque-

cimento.

Oxalá, se pergunte a um psicólogo, que logo vai dando sua sábia

explicação, revestida de grande autoridade:

“- Esse é, o processo mnemônico aflorado do subconsciente. coisa e

tal!”

Sendo sempre um diagnóstico cheio de lógica, porém, sem maiores

detalhes e explicações convincentes, apenas, palavras de um profis-

sional que passou a vida toda estudando para expressar dizeres bo-

nitos e verdadeiros, dentro de seus conceitos acadêmicos padroni-

zados.

Capítulo 5

AS APARIÇÕES

Jonas, pouco se importando com os ditos e os não ditos, aprofunda-

va-se em seus estudos esotéricos, dizendo para si, que os homens

sempre sofismam sobre seus pensamentos e, em suas patranhas não

deixam que outros pobres mortais possam unir outras cabeças,

também mortais, para se instruírem unilateralmente, pelo medo de

serem sobrepujados. (é, a malévola concorrência invejosa dos hu-

manos).

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No entanto, impondo seus ensinos aos seres condicionados, posto

que o homem aculturado já fez coisas absurdas e destrutivas no

decorrer da história da humanidade.

Porém, Jonas estava pronto e descia pelos caminhos íngremes da

montanha.

Existia bem defronte à boca da caverna, uma plataforma na qual

Jonas trabalhara com as próprias mãos, lapindando o granito,

quem sabe o que é cinzelar um material tão duro, pode imaginar o

que deve ter passado o nosso obstinado ermitão, transformando-o

em uma confortável poltrona de pedra, para troglodita (morador

de caverna). é claro.

Localizava-se na direção do sol poente, ali passava longas horas em

contemplativa meditação extrafísica, afrouxava suas poucas peças

de roupa, e mirando a verdejante paisagem, respirava profunda-

mente, até entrar em êxtase e ser conduzido à esferas inefáveis,

Ciro, seu fiel guardião também o fitava em profunda concentração,

e como fiel vigia postava-se dele a uns 20 metros de distância.

E, às vezes o próprio guru, se dizia: - Como gostaria de ter a fideli-

dade de Ciro!

Ciro, vivia normalmente da caça e de legumes que Jonas lhe oferta-

va de quando em quando.

Jonas, tinha também um plantel de galinhas caipiras, que

completava sua dieta ovo-vegetariana.

Suas poedeiras tinham nomes como: Zefa – Zenaide – Romilda e,

outros respeitáveis, e elas ficavam bem guardadas de Ciro e de ou-

tros animais silvestres como raposas, jaguatiricas etc. Precatada-

mente, Jonas evitava os gatunos noctívagos, sem se esquecer de

velar por Terêncio, o rei do galinheiro.

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Suprimento de apoio era fornecido pelo seu nababo (ricaço) papai,

que prontamente o mandava através de seus motoristas, que deixa-

vam sob a responsabilidade de alguns moradores do local, que e-

ram especialistas em escalar aquela pequena montanha, com pa-

gamento à vista pela entrega do suprimento.

E, também atuavam como mensageiro ao guru, o qual chamavam

de: “O Guru Maluco”.

Voltando a falar de seus galináceos, moradores em repartições bem

organizadas, divisando com outras, onde ficavam algumas codor-

nas, angolas e perus, aquele galinheiro era bem construído, induzi-

da por mãos mestras vindas do cosmo, sendo um verdadeiro arte-

sanato, coisa de artista mesmo.

E, lá se encontrava Jonas em seu areópago (“tribuna”), distituído

da presença humana, porém, em estado alterado de consciência,

vislumbrava uma multidão, e falava a uma nação, um grande povo,

dissertando sobre suas visões para outras visões, porém, aquilo era

de uma realeza sem limites, a ponto do guru pensar viver puras ilu-

sões nesta vida de homens mortais e, que a própria realidade de

tudo seria suas verdadeiras visões.

- E, não seriam mesmas?

Jonas, tinha consciência de que quase todos humanos, teriam e te-

rão de chegar àqueles conhecimetos, mesmo que parcialmente, ou

seja, na sua essência têm a grande potencialidade em lidar com coi-

sas extra-sensoriais, extrafísicas, ou com assuntos do mundo invisí-

vel, do espírito etc. como ele estivera lidando em toda sua vida.

Nesta visão específica, Jonas testemunhava aquelas pessoas com

seus conhecimentos, atuava como um líder do mundo espiritual,

bem como recebia também seus ensinamentos, deixando aquela

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tribuna, penetrava entre eles, cedendo o seu lugar de mestre para o

de discípulo.

- Que surpresa seria tudo isso?

E, lá vinha o iluminado.

Jonas, na curiosidade de poucas pessoas que o visitavam, descrevia

suas visões, exortando-as de como e, quando deveriam agir no seu

dia-a-dia, tornando-as mais felizes e bem com a vida.

Pregava que, somente através da meditação e da introspecção pro-

funda, o ser humano chegaria ao autoconhecimento para desfrutar

do equilíbrio, paz, alegria, amor e uma enorme verborragia, se

assim o quisermos.

Essas atitudes, concorriam ainda mais para chamá-lo de estafermo,

mentecapto, energúmeno, louco, desvairado, bem. seus adjetivos

eram muitos, pelo simples fato de terem ciúme de alguém que che-

gou mais perto de Deus, assim falaram do Filho do Homem, de Só-

crates, Gandhi, Buda, Maomé, e tantos mil.

A inveja, sobre o ser que se ilumina, é sacrificial pela própria igno-

rância do homem, que faz sofrer aquele que já sabe sofrer, mas não

resiste o sofrimento da dor de sua própria inveja por falta de sabe-

doria”

Ser invejoso, é ser burro em demasia, e perdoe-nos os animais, que

são inteligentes perto desses burros específicos.

Com o passar do tempo, seus amigos e familiares já o tachavam

como uma pessoa de mente doentia, procurando evitar aquele as-

sunto esdrúxulo e hilário, como costumavam-se expressar e às vezes

escapava um verbete. “estapafúrdio”, sinonímia de pessoas metidas

à bestas, já que anteriormente aventamos sobre o tão útil amigo do

homem, o burro, aliás, um verbete que deveria ser banido do pejo-

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rativo, já que uma espécie de burro menor ainda, um jumento fez a

Entrada Triunfal de Jesus à cidade de Jerusalém:

Mateus: 21

MATEUS [21]

5 Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado

em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.

6 Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,

7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus

mantos, e Jesus montou.

8 E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo cami-

nho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo

caminho.

9 E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam,

clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem

em nome do Senhor! Hosana nas alturas!

Capítulo 6

O LARÁPIO

Numa de suas visões, Jonas saiu em projeção astral, (semelhante a

um sonho, embora, careça de profunda explicação ao laico no as-

sunto), continuando: e pairou sobre uma cidade a ele desconhecida.

Porém, leu na sua entrada a já conhecida frase: “Bem-vindo” a Ma-

rajó.

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E das alturas, com olhar aquilino, (olhar de águia), via a movimen-

tação do povo, descontraidamente notava as atitudes mais triviais

das pessoas.

Ao espiar uma feira-livre, notou que um senhor, já de certa idade,

roubava algumas frutas, colocando-as sutilmente em uma sacola.

Tomou a decisão de seguir aquele velho, larápio, na curiosidade de

averiguar ainda mais aquele senhor em suas atitudes.

Era um senhor de cabelos brancos, e de boa postura, bem trajado e

dentro da moda, acima de qualquer suspeita.

O mestre se perguntou:

- O que levaria tal criatura agir àquela maneira compulsiva?

Após vários furtos, o gatuno enveredou-se por um lugar ermo da

cidade, indo ter com uma família paupérrima, encontrando-se com

muitas crianças maltrapilhas e desnutridas.

Qual foi a surpresa de Jonas, aquele homem de certa elegância e

respeitabilidade, simplesmente distribuiu o fruto do furto com aque-

las crianças, que alegremente se atiravam em seus braços.

Porém, o “Robin Wood” (personagem que roubava dos ricos para

distribuir aos pobres) evadira-se rapidamente do local, enquanto,

Jonas continuou a segui-lo em espírito, por assim dizer, o gatuno

adentrou-se numa casa normal de pessoas simples, e Jonas tomou

outro destino que não ferisse a cosmoética de projetor de mundos

astrais, invadindo sua privacidade familiar.

Pensou muito, sobre aquela projeção e, decidiu que continuaria com

suas investigações, porém, com anuência de seus mentores astrais,

assim que os encontrasse, como de fato era uma ocorrência corri-

queira na vida do projetor-eremita encontrá-los, e assim o fez.

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- Sirkis, por acaso, você conhece um senhor que reside na rua Ta-

moyo, na cidade de Marajó?

- Sim, o senhor Freijó!

- A sua curiosidade sobre essa pessoa é bastante interessante, pois,

este é um homem que serve de exemplo às religões.

À estas, pelos seus próprios ensinos, fatalmente são induzidas a um

julgamento prévio, como é o caso de Freijó.

Porém, quero frisar e muito bem frisado, que jamais tive a intenção

de aludir que os atos desse senhor sejam corretos.

Mas, deixo para você, meu caro conservo Jonas, que medite sobre

coisas como essas, que são anômalas aos ensinos apregoados pelos

religiosos, e até mesmo pelos ensinos das leis, que regem os homens

em suas jurisprudências.

Falarei sobre esse senhor Freijó, que conceitua seus atos como se

eles fossem os mais íntegros de todos, ele é um homem aposentado,

tendo um modesto salário.

Esse vício, que alguns chamam de doença de cleptomania, Freijó o

adquiriu em sua juventude, na nefasta intenção de ajudar aos me-

nos favorecidos, embora, não entenda a lei de causas e efeitos, já

que nem tudo é possível ser feito antes de seu tempo, conquanto,

tenhamos de dispender esforços no elã de trazer o bem e a paz em

todos os planos de vidas universais.

Se está pensando, que somente você viu Freijó furtando, está redon-

damente enganado, ele já foi pego muitas vezes e até já ficou preso

pelos seus atos de furtar alimentos para repartir com os pobres, po-

rém, depois que a população teve ciência de sua cleptomania e a sua

causa, hipocritamente passou a fazer vistas grossas, colocando

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panos quentes sobre suas atitudes em função dos miseráveis daque-

la cidade.

- Será que, os lesados feirantes não cometem o mesmo delito, sem

sequer dividir com mais ninguém o produto de seus roubos camu-

flados pelas qualidades, medidas, pesos e preços de suas mercado-

rias?

- Sem nenhuma alusão à indução ao crime, não existe nessas situa-

ções todas, nenhuma espécie de compensação?

- Quem poderia ser o justo pretor dessas causas?

Pois, Jonas descia montanha abaixo, justamente para expor seu

aprendizado aos ignorantes irmãos, que faziam uso de muita hipo-

crisia, que é a maneira mais cruel de se pregar mentiras, ou mentir

a si próprio, sem nenhuma repulsa ou mazela àqueles que tanto o

pejoraram em suas atitudes de anacoreta (eremita – ermitão –

isolado).

Jonas, num de seus encontros com Agnelo, um desses seres de alta

evolução espiritual, dotado de grande sabedoria cósmica e de espi-

rituosidade fora de série, porém, com peso em seus ditames, pois,

jamais fora leviano em suas palavras e, Jonas aprendeu mais uma

lição.

Ambos, andarilhavam aleatoriamente por uma bela e tranqüila

avenida arborizada, criada com muita arte e paciência ecológica,

quando repentinamente, foram convidados por alguém, a visitarem

uma fábrica de máquinas de confeccionar roupas, aceitando aquele

convite puderam testificar a simplicidade artesanal daquele eficien-

te trabalho, apesar de serem computadorizados, fez com que Jonas

ficasse meditativo, fazendo-o se perguntar:

- Por que um automóvel terreno, tem de ter tantas peças?

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- Será, mesmo necessário tanta complicação?

Aqueles teares eram de uma simplicidade tão grande, que o deixou

deveras incomodado, ao ver seus testes “in loco” a rapidez e a per-

feição daquela produção de teste que o deixou pasmo.

Conduziram Jonas a uma sala, pedindo sempre a sua autorização,

no que sempre foi muito cordato, introduziram em sua caixa crani-

ana um minúsculo aparelho, como se fora um “chip” de computador

e, lhe disseram que após aquela pequena e simples cirurgia, ele en-

tenderia melhor aqueles processos, mas sua curiosidade era tanta

que o fez perguntar:

- Mestre Crispim, por que tanto ritual, tantos dogmas, tendo em

vista tanta potencialidade, ou poder em suas mãos?

Apesar de Jonas, não ter se expressado corretamente, Crispim lia

muito bem seus pensamentos e lhe respondeu:

- Meu filho Jonas, até no acasalamento, que representa a maior

simbologia da criação divina, existem os rituais, principalmente no

mundo animal, sendo que no ato sexual entre homem e mulher nada

deixa a desejar, pois, sem o jogo do amor, o prazer não teria a

mesma intensidade virtual, ou etérica, sentimentos inexplicáveis

pela sabedoria humana.

Na dança, no ato de ouvir maviosas melodias, tudo isto tem a fun-

ção de alimentar a alma, até nas refeições convencionais, se não

houver uma espécie de ritual, uma preparação psicossomática,

certamente o alimento não terá uma boa digestão, pois, se tudo

fosse simplificado de modo que dispensássemos o tempo a ser usa-

do, estaríamos em plena ociosidade psicofisiológica, e não vamos

esquecer o velho ditado: “cabeça fazia é, oficina do Diabo”.

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- Quanto a esta cirurgia, Jonas, é muito normal a praticarmos em

cérebros humanos, que são inconscientes, e que por aqui passaram

sem se dar conta, e hoje são prósperos em diversas áreas humanas,

desde o mais alto altruísta ao nababo senhor de muitos bens.

- Você terá de aprender tanto, até seus irmãos o chamarem de: O

Iluminado, porém, não se envaideça, posto que você não passa de

mais um deles, simples mortal, portanto, seja humilde!

Receberá intuição muito aguçada, que deixará os sábios boquiaber-

tos, pois, terá o seu campo vibracional aberto somente para as boas

e inteligentes manifestações, que o farão um ser maravilhoso aos

olhos de seus semelhante, mas jamais se esqueça, cuidado com a

vaidade, mormente aquela recheada de hipocrisia.

Eis, uma adenda de relevada importância consciencial: “enquanto,

você se regozijar no bem do seu próximo, este mesmo irmão, não

terá o seu nobre sentimento, pois, enciumado tentará atribuir-lhe

prejuízos”.

Seus irmãos não enxergam muito bem, são caolhos, de espíritos

medíocres, por este motivo deverá descer Jonas, desça desse seu

pedestal chamado: Montanha Doirada, é chegada a sua hora.

O verdadeiro artista não tem apego às suas obras, tanto que tudo o

que pensarmos já existem plasmados em alguma parte dos univer-

sos, qualquer de nossos pensamentos ficam registrados no etéreo,

nunca mais desaparecem, são seres vivos, somos deuses e, deus é na

sua essência criador, creia, e analise bem o que nos disse o salmista

Davi, ratificado por Jesus: “ Vós sois deuses filhos do Altíssimo”.

Salmos: 82

6 Eu disse: [Vós sois deuses], e filhos do Altíssimo, todos vós.

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João: 10

34 Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: [Vós

sois deuses]?

Tudo aquilo que você tem visto, ouvido, e pronunciado fica gravado

no seu subconsciente, ou alma, ou no cosmo.

Você, no seu pouco tempo em que viver, será tão ínfimo perto da

longevidade que terá em outras esferas astrais.

Ao retornar ao seu plano físico, será um ser de grande versatilida-

de, podendo exercer muitas profissões, principalmente a de ensinar

coisas duradouras, que alentarão muitas almas cambaias pelo so-

frimento material.

Será de extrema criativida, porém, não pense que estará criando

alguma coisa nova, não se envaideça, tudo o que fizer já é criação

divina, e apenas será transmitido a você, que é um privilegiado

instrumento nas mãos de Deus.

Esta é, uma verdade quase absoluta, porém, paradoxal, tudo está aí

bem perto de você, como se você estivesse debaixo de um pé de fru-

tas, porém, como existem muitas árvores frutíferas, sobejam muitos

frutos e passam desapercebidos pela fartura, e no seu desinteresse,

esses frutos despencam de seus galhos, apodrecendo, trasformam-

se em húmus, composto orgânico que alimentará muitas outras

espécies de vidas, portanto, este, é o ciclo de eterna movimentação,

onde nada se perde e tudo se transforma, como já afirmava o gran-

de “Darwin”.

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Tudo está em constante movimento, as pedras, os homens, sua pele,

nada é, ou está estático, esta estagnação não existe na natureza

cósmica.

Porém, essa aparência cíclica não se repete na realidade, o tempo e

o espaço fazem grandes mudanças nessas aparentes repetições.

Jonas, depois de outras andanças, voltou e recordou dos neurônios.

Capítulo 7

OS NEURÔNIOS

Certa feita, sob o teto de pedra de sua residência, econtrava-se Jo-

nas em estado alterado de consciência, como costumeiramente pra-

ticava, estimulando seu eu maior a deixar seu corpo, com muita

consciência, pois, esta prática estava lhe dando muita sabedoria e,

como haveria de ser bastante óbvio, estava radiante.

Saindo para um passeio ali no interior uterino de pedra, que era seu

vestibular, o qual estava prestando para transmissor de consciên-

cia, ou seja: mestre em projeciologia consciencial, ou melhor, ensi-

nar como se viver em consciência quase plena, senão, plena mesmo,

ao padrão humano.

Cujo aprendizado, dá ao aprendiz uma aura personalizada, forte e

suave ao mesmo tempo, e de sabedoria, quanto à ética pessoal.

Seria a arte de espargir energia sobre outras entidades, a fim de

ajudá-las e também receber ajuda.

Somente a simples presença de pessoas destas práticas, até mesmo

inconscientemente, já deixa qualquer ambiente impregnado de rara

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tranqüilidade e racionalidade, donde procede o bom-senso e o equi-

líbrio, reinando a paz no local.

Inibindo qualquer resquício de sentimentos baixos, que assaltam as

pessoas supreendentemente.

Daí, fato notório, porém, imperceptível pela maioria, na admiração

das pessoas ditas carismáticas.

Naquela divagação, foi tomado de súbito por um clarão muito in-

tenso, porém, suportável, e seres reluzentes em cores variadas lo-

comoviam cumprimentando-se mutuamente com suas mão, porém,

muito rapidamente. Jonas apreciando aqueles movimentos, colo-

cou-se entre eles, e como um deles, mas longe de acompanhá-los em

sua agilidade, e teceu comparações:

- Seriam estes seres, neurônios de alguma cabeça inteligente?

Notava que, aquelas criaturas de formato meio homem, meio robô,

pois, suas fisionomias diferenciavam e muito da de Jonas, levavam

e traziam informaçoes em suas mãos, semelhantemente aos antigos

carteiros, porém, com uma rapidez indescritível.

Correspondendo entre si de forma anacrônica e sem sincronismo

convencional, algo bastante estranho, pois ao confrontar em sua

mente, com a maquinária por ele conhecida, nada batia com nada,

diferente por não seguir um rítmo compassado, próprio e peculiar

ao executar determinado serviço em série, ali aqueles correspon-

dentes agiam de forma totalmente descompassada e, nem por isto

havia alguma colisão, a exemplo do trânsito automobilístico que

Jonas conhecia muito bem, em seus antigos passeios pelas belas

avenidas de grandes cidades, apesar das desastrosas e mortais

colisões.

Voltou a repetir a mesma frase:

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- Como não sabemos nada de nada!

E lá vinha o visionário.

Rivalizou tudo aquilo com elétrodo, ou eletródio também conhecido

vulgarmente pelos professores e engenheiros como eletrodo, fazen-

do uma comparação entre o prazer e a dor, o sofrer e o gozar, en-

tendendo-se que se faz necessário esse eletrodo, o qual pode provo-

car estímulo de prazer ou dor, e conforme sua dosagem podem re-

dundar no mesmo efeito.

Concluindo que, o perigo do desequilíbrio do prazer, pode se trans-

formar em dor e vice-versa.

Daí o sistema penitenciário estar falido, posto que não reabilita pelo

processo fustigatório, pois, o criminoso é realmente sadomasoquis-

ta, sentindo o prazer de sofrer e de fazer sofrer.

Estas condições impostas pela desgraçada filosofia do egoísmo hu-

mano, estraçalha até com a constituição de uma nação.

Conjeturou com seus botões:

- O que daria maior prazer ao homem, ingerir 5 quilogramas de

mel de uma só vez, ou outro tanto do mais puro molho de pimenta?

Neste momento uma voz lhe fala:

- Descerá em breve, neurônio Jonas, pois terá de expor aquilo que

aprendeu aqui em seus dias graníticos.

Jonas, achava muito mais confortável o seu aprendizado do que ir

ensinar à muitas cabeças ocas, que certamente o chamariam de

aloprado.

Tentou ali uma discussão com aquela voz, debaixo da fortaleza de

pedra, porém, amistosamente entendeu que deveria deixar o seu

egoísmo de apenas aprender confortavelmente, ficando no anoni-

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mato e, que deveria distribuir o que aprendera graciosamente com

seus irmãos, somente isto validaria seus conhecimentos.

E, foi lhe dito também:

- Meu caro Jonas, preste muito atenção!

- De que lhe valeriam muitos bens dessa vida terrena, se somente

você habitasse a face desse planeta?

- Apenas seria o herdeiro de tudo, e daí, para que lhe serviriam tan-

tos bens?

- Portanto, descerá meu querido irmão e, verá quanta alegria o

espera.

Sair do seu aconchego petrificado, lhe seria desconfortante sobre-

maneira, porém, recordou-se de suas primeiras lições, do frio cor-

tante lhe fustigando o corpo, a fome lhe assolando o estômago, a

falta de algum remédio que, de costume sempre usava, até então

não tinha consciência que a doença é um fantasma do psicossoma.

Acostumara-se de tal maneira com a nova vida que relutara em

voltar.

- Mas, lá vinha o sábio Jonas.

Rapidamente confirmou, tanto faz dar na cabeça, como na cabeça

dar, no fundo tanto fez como tanto faz. dor, prazer, céus e infernos,

o meu e todos os problemas humanos residem na ignorância e no

medo.

Capítulo 8

A DESCIDA

Compenetrado descia Jonas.

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O caminho era um tanto complicado e o seu coração estava um

tanto apertado por ter de deixar o lugar que tanto lhe aprazia.

Juntou um pouco das galinhas que lhe sobraram, pois, já havia

doado uma parte delas aos rapazes que às vezes lhe traziam rações

e outros alimentos e até correspondências etc.

Despediu-se de Ciro – desta vez descia mesmo!

A passos lentos deslizava lá de cima, no caminho encontrou com

algumas pessoas que o cumprimentaram, e Jonas lhes perguntou

como faria para chegar até a próxima cidadela, pois, há muito não

andava por aquele caminho.

Sua prosa era somente para chamar atenção daqueles campesinos,

para poder conversar com aquelas pessoas simples e humildes.

Então, Jonas faz uma oferta aos rapazes:

- Vamos negociar, vocês me ensinam o caminho e, em troca lhes dou

duas dessas minhas galinhas a cada um de vocês. feito?

Responde-lhe o mais afoito dos três rapazes:

- Não é necessário não, senhor, nós lhe ensinaremos o caminho ao

senhor, de graça.

Jonas retrucou:

- Tá bom, então vou dar uma galinha para cada um de vocês, tá

certo?

Responde o mais velho:

- Já que o senhor insiste!

Estava doido para se livrar daquelas galinhas, que lhes pesam os

ombros, posto que estavam dependuradas num varapau improvi-

sado pelo eremita.

Andou um bocado, a uma altitude de 800 metros, avistou lá embai-

xo alguns barracos que davam a impressão de uma favela com suas

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antenas de televisão, que o deixou encabulado, pois, quando chegou

ali, jamais imaginou, um dia encontrar alguém morando nas ime-

diações.

Chegando até aqueles casebres, soltou o que lhe restava de galiná-

ceos para regalo daquelas pessoas, e o seu também, enquanto al-

guns curiosos vinham encontrá-lo, e, logo surgiu a pegunta:

- O senhor é o homem lá de cima?

- Sou, por quê?

- Porque temos a curiosidade de conhecê-lo.

- Muito prazer, eu sou Jonas.

- O prazer é nosso, eu sou Nelson e esse é o Moacir.

- Eu morei 14 anos lá em cima e, por que nunca recebi a visita de

vocês?

- Por que o doutor Tiago, o pai do senhor, nos permitiu que morás-

semos aqui, com uma condição incondicional, a de nunca subirmos

a molestar seu filho Jonas, o senhor.

- Muito obrigado seu Jonas por nos dar atenção.

- Por nada, pois, esta é a minha obrigação!

Pensou Jonas, é o progresso avançando por todos os lados.

Caminhou por alguns quilômetros até chegar à cidadezinha, e pro-

curou uma condução que o levasse até a sua cidade, porém, sem

usar a influência familiar.

Indicaram-lhe um motorista de praça que peremptoriamente se

negou ao préstimo, já que Jonas confessou não ter dinheiro para a

corrida e, que a acertaria quando chegasse na residência de seus

pais.

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189 42

Ficou por ali, no único posto de gasolina existente, esperando por

uma carona, quando repentinamente vai encostando uma cami-

nhão para reabastecer, e estava com uma carga bem grande.

Apesar de ser um caminhão baú, dava para perceber seu peso pelo

ranger do seu molejo, e pelas marcas no chão de seus pneus.

Pediu carona ao motorista, dizendo, que em troca lhe descarregaria

o caminhão, já que o mesmo ía exatamente para sua cidade.

Porém, o motorista se desculpando, falou:

- Amigo, gostaria muito de ajudá-lo, mas não o conhecendo não me

arriscaria, desculpe-me, mas tem havido muitos crimes por aí, o

senhor me entende, não é.

- Sim, naturalmente que sim, de qualquer maneira lhe fico agrade-

cido, só pelo fato do senhor me dispensar sua honrosa atenção.

Imitando o campônio, que lhe dirigira quase a mesma frase.

Encostou-se num muro a espera de uma nova oportunidade, quan-

do o motorista do caminhão cismou em chamá-lo, e:

- Venha cá, amigo, vou arriscar um olho, vou lhe conceder esta ca-

rona, conquanto, o senhor terá realmente de descarregar minha

carga, que não é nada fácil. Combinado!

- Sim, vamos lá!

E, lá se foram rumo à cidade de onde Jonas partira há 14 anos.

Jonas viajava junto a carga, enquanto, o motorista e sua família

composta de mulher e um filho íam na boléia do caminhão.

O caminhão pesado, subia uma estrada asfaltada, lentamente.

Repentinamente o caminhão parou, enquanto, Jonas se encontrava

em profunda meditação ali dentro do baú, como bom projeciologis-

ta que o era, já estava sabendo do que se tratava.

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Quando abriu-se a porta do baú, e entraram alguns homens por-

tando armas de alto calibre e olhando para todos os lados não vi-

ram Jonas inerte na sua meditação profunda, pois, ele praticava a

arte de se passar por algo de menor significância, portanto, sem

despertar o menor interesse em quem quer que fosse.

Uma criatura insignificante em seu valor.

Jonas, com o que aprendera saiu do baú sem que ninguém o visse e

mexeu na parte elétrica do caminhão, de modo que, impossibilitou o

roubo daquela carga valiosa, e assim os bandidos desistiram de

suas maléficas ações.

Jonas, conseguia praticar a desintegração molecular de seu corpo

físico, tornando-se um espírito, numa explicação assim bem gros-

seira, como acontecera com o apóstolo Pedro quando esteve numa

prisão:

ATOS [12]

1 Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre

alguns da igreja, para os maltratar;

2 e matou à espada Tiago, irmão de João.

3 Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando pren-

der também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.)

4 E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a qua-

tro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencio-

nando apresentá-lo ao povo depois da páscoa.

5 Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com

insistência a Deus por ele.

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6 Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noi-

te estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com

duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.

7 E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na

prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Le-

vanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.

8 Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o

fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.

9 Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o

que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma vi-

são.

10 Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, che-

garam à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu

por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se

apartou dele.

Logo após a retirada dos gatunos, Jonas saiu ao socorro do moto-

rista e sua família, econtrando-os amarrados em uns tronco de

árvores a uns poucos metros do veículo.

Estando tudo em ordem, partiram para seus destinos.

Veja amigo leitor, que tratamos muito sobre nossos amparadores,

mentores espirituais, ou anjos da guarda, como queira entender, e

quando referimo-nos a Deus nos ajudar, com certeza estamos tra-

tando de seus anjos que nos auxiliam.

E até para refrescar sua memória, anteriormente lhe foi dito:

- “Vós sois deuses, filho do Altíssimo”.

Capítulo 9

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O REENCONTRO

Chegaram na cidade onde morava a família de Jonas.

O caminhão encostou numa enorme fábrica para a devida descar-

ga, e o motorista que já notara alguma virtude energética em Jo-

nas, e compadecido, começou ajudá-lo a descarregar a carga.

Terminado aquele serviço, e para surpresa de Jonas, lá vinha uma

pessoa muito conhecida, era o doutor Tiago, que saíra de dentro da

fábrica dirigindo-se ao escritório pelo átrio do estabelecimento.

Ao passar pelo caminhão nem se deu conta do filho, que por detrás

do pai lhe bateu no seu ombro esquerdo, e lhe disse:

- Doutor Tiago, por que tanto orgulho, já não conhece mais o seu

insurgente filho?

O impacto foi tão grande, que o velho quase teve uma síncope, e

chorando copiosamente lhe respondeu:

- Jonas, meu amado filho, que prazer enorme em revê-lo!

Chorando, ficou abraçado ao filho que também lacrimejava, en-

quanto o canhestro (desajeitado) motorista, abismado assistia a

cena.

Aquele momento emocionante ficou marcado na memória do moto-

rista, que mesmo sem entender nada, mais tarde desandou a narrar

a história do desconhecido que o livrara dos ladrões, e que descar-

regara a carga do próprio pai. e até acrescentava um pouco mais

para valorizá-la.

A família, deu uma festa comemorativa pela chegada de Jonas, que

a aceitou normalmente, deixando a todos perplexos.

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189 46

Estava irreconhecível, não podia ser o mesmo, categoricamente não

podia ser o mesmo menino Jonas, raquítico e doentio de outrora,

hoje um homem de 1,80 m esbanjando saúde, carisma e inteligên-

cia, aliás, muita sabedoria.

Seus irmãos foram refratários ao aceitá-lo como novo membro da

família, até que se convenceram pelas evidências naturais de ir-

mãos e fatos.

Na festa, que fora no dia seguinte de sua chegada, houve muita

curiosidade por parte de suas belas primas, tios, parentes e velhos

amigos, pois, Jonas dera um verdadeiro “show” de conhecimentos

na noite anterior na presença de boa parte deles, deixando seus

irmãos de queixos caídos.

O próprio pai, estava tão orgulhoso, que ordenou aos criados que o

vestissem decentemente para a respectiva festa.

Na grande festa, pomposa e requintada, com toda etiqueta, lá esta-

va o homem todo arrumado.

O orador era o diretor jurídico das empresas de Tiago, encarregado

de fazer as apresentações.

Jonas, um ser diferente, radiante, com tamanha paz e serenidade

começava a contagiar a todos.

- Quem seria aquela pessoa bem apessoada a ser homenageada?

Esta era a pergunta de muitos, que ignoravam o fato.

Era um dos herdeiros de tamanha fortuna, que despreocupadamen-

te estava emanando suas energias contagiantes ao ambiente.

Logo, lhe ofereceram o uso da palavra, que o fez com muita desen-

voltura, contagiando mais ainda pela sua maneira carismática de

tratar com aquele público, respondendo sabiamente todas as per-

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189 47

guntas sobre assuntos intrincados, porém, não para o guru ilumi-

nado, Jonas.

Discursou inspiradamente, como sempre o fizera aos seus irmãos

do mundo astral.

Após as festividades, reuniu-se a família, e o assunto era um só:

- O que fazer com Jonas?

- Ficaria morando com a família? – até aí tudo bem.

- Mas, e o seu trabalho?

Alguns sugeriram, deixá-lo ocupando a vacância de uma diretoria,

até para encher lingüiça, ou apenas para preencher uma vaga de

um velho diretor que negava-se a morrer, tal a sua longevidade.

Sem que ninguém esperasse, lá estava Jonas integrando o cargo de

conselheiro das empresas.

Pediu apenas para opinar sobre qualquer assunto inerente aos seus

conhecimentos, junto das empresas.

Pediu carta branca para tomar tal atitude, e que politicamente lhe

deram.

Enquanto, seus irmãos conjecturavam jocosamente:

- Quais conhecimentos?

Capítulo 10

A FÁBRICA DE BISCOITOS

O primeiro dia de trabalho de Jonas, foi numa fábrica de biscoitos,

que não estava indo nada bem.

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189 48

Começou visitando todos os departamentos, desde os departamen-

tos mais sofisticados até o departamento de sucateamento de biscoi-

tos, onde ficavam os refugos.

Logo de cara, como se diz na gíria, ficou invocado com tanto des-

perdício de biscoitos defeituosos e quebrados.

Providenciou imediatamente sua reciclagem, e logo de cara foi ar-

rumando enguiço com os engenheiros de alimentos e nutricionistas,

porém, pedia sempre a presença de seu mentor maior: Ovídio, que

realmente era de alta evolução e que dava assistência ao guru Jo-

nas, nos laboratórios astrais sempre tinha um jeito de acertar os

erros daquele departamento, que colocavam aqueles profissionais

sob a égide moral de Jonas, que era um emissário especial.

Aquela providência tomada pelo conselheiro Jonas, acabou redun-

dando numa enorme economia para aquela unidade do conglome-

rado.

Aquelas atitudes de Jonas, foram tomadas sem consultar o conselho

de diretoria, e foi convocado e chamado a atenção, pela qual pediu

suas desculpas, justificando sua boa intenção etc.

Em contrapartida, humildemente explicou que seus resultados fala-

riam mais alto do que qualquer tertúlia flácida para adormecer

vacum, (conversa mole para boi dormir) frase que emcabulou a

diretoria, que se fechou em copa para não dar azo à sapiência do

guru.

Após, passados dois meses, chegaram os resultados daquele seu

trabalho específico, pois, convocaram uma reunião e simplesmente

tiveram de elogiar seus serviços, posto que “contra fatos não há ar-

gumentos”, tiveram de se dobrar ante a humildade de Jonas, o Con-

selheiro.

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Cumprindo-se aqui, um sábio provérbio do rei Salomão: “Aonde a

humildade vai a honra chega primeiro”.

No setor de produção, dialogou com muitos funcionários, sentindo

na própria pele seus problemas.

Convocou uma reunião de diretoria e, pediu que retirassem o siste-

ma fechado de televisão, posto que aquilo era um fator inibidor à

produção dos funcionários etc.

Aquele pedido causou enorme celeuma no grupo todo, afinal era um

pedido afoito, porém, advindo de um herdeiro das empresas. e que

se conceituara com a elevação econômica da fábrica de biscoitos

que, já estava quase abrindo o bico (quase falindo), tal a monta de

seus prejuízos, além do que, também descobrira algumas falcatruas

de grande monta, que caiu o queixo da diretoria, enfim, o conselhei-

ro era realmente um coringa atuando em todas as áreas das empre-

sas.

Aquele seu pedido, foi aceito e lavrado em ata.

Exigia que, suas opiniões fossem documentadas de forma sucinta e

clara.

Tornou-se o conselheiro mais carismático das empresas, ía almoçar

com os funcionários no restaurante da fábrica, o que não condizia

muito com a filosofia das empresas, porém, o homem estava fazen-

do acontecer.

Tratava com todos os setores, das vendas, compras, contabilidade,

estoque, logística, custos e muito mais.

Com muita sutileza, falava com todos os funcionários de per si, in-

teirando-se de seus problemas, mesmos os de ordem particular,

claro que, no elã de prestar ajuda.

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189 50

Com mente firme e auspiciosa convocou nova reunião, lavrando em

ata novo pedido, concessão de 45 minutos diários para uma reunião

com todos os funcionários.

Nova polêmica, mas foi assim concedido, posto que suas práticas

davam mais que certo.

Nesse horário concedido, o conselheiro reunia-se com os funcioná-

rios para praticar um relaxamento psicofisiológico, e também for-

necia-lhes um formulário para que eles levassem para suas casas e

o preenchessem com suas sugestões sobre o melhoramento da fábri-

ca etc.

Com muita perseverança e paciência, transimitia-lhes um pouco de

consciência coletiva, não se colocava como líder, e sim como a um

deles e tudo que lhe sugeriam, respeitava profundamente, tanto

prós como contra.

No dia em que aventou este assunto, começou discursando assim:

Amigos e amigas, sou um operário, e quero estar integrado na con-

fiança de vocês.

- Tudo bem?

Expectativa e silêncio total.

Peço a todos; prestarem bastante atenção.

Convoquei uma reunião de diretoria, e empenhei minha palavra na

cooperação de todos.

Pois bem, com toda liberdade, que quero todos tenham, peço àque-

les que não quiserem participar deste nosso diálogo de 45 minutos,

retomem seus lugares de trabalho sem o menor constrangimento,

deixo claro também que, estes 45 minutos serão remunerados pela

empresa.

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189 51

O período será escolhido por vocês, e por votação, se de manhã, ou

à tarde.

Acho imprescindível a presença de todos, para que dialoguemos

sobre assuntos do nosso bem-estar pessoal e do grupo, pois, trata-se

de qualidade de vida.

No entanto, repito será o nosso, e o meu particular prazer em tro-

carmos idéias, pois, creio que será de real valia a presença de todos,

se for possível.

Peço também a todos, que não se vexem em fazer qualquer pergun-

ta, mesmo que vocês não achem suas perguntas pertinentes nem

muito inteligentes, pois, muitos de nós chegamos a nos menosprezar

com algumas infantilidades, pela falta de auto-estima, como esta

por exemplo, de não acharmo-las muito inteligentes.

Pura bobagem, temos 45 minutos para uma conversa descontraída

e, todos os dias.

Podemos, talvez ampliá-la para 1 hora, dependendo do nosso pro-

gresso.

Explicou que, sem querer interferir no horário daquela reunião, o

qual seria escolhido por votação secreta, e que sua opinião seria de

que se fosse realizadas nas primeiras horas da manhã, um tanto

melhor, pois, a intenção era uma psicoterapia de grupo.

E, foi além, se vocês estiverem dispostos a darem mais 1/2 hora de

seus tempos, poderemos praticar o relaxamento e a meditação, que

é um relaxamento psicossomático (mente e físico) profundo, para

enfrentarmos o dia com mais força e equilíbrio emocional, pensem.

se vocês fossem pagar um tratamento terapêutico e todos os dias,

isto lhes custaria muito dinheiro, no entanto, aqui ele estará sendo

gratuito, ou melhor, vocês estão ganhando literalmente, sendo re-

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munerados, posto que, servirá para o enfrentamento do dia-a-dia

no nosso mundo profissional, bem como no segmento de nossa vida

familiar e particular.

- E, o que aconteceu?

O profeta, que desceu da Montanha Doirada, com o apoio dos fun-

cionários, fez com que aquela unidade prosperasse sobremaneira,

com muito trabalho, paz e união entre os seus colaboradores.

Naquela promissora liderança, seus pais e irmãos começaram a

freqüentar tais reuniões, ouvindo as palavras de Jonas, que muda-

vam as personalidades humanas, modificando as atitudes dos fun-

cionários, e se perguntavam, onde teria o ermitão aprendido tanto

para modificar o estado de espírito dos homens.

Naquelas reuniões, até curas físicas foram plasmadas, ele teve de

tomar muito cuidado, sempre explicando que, ali estava Deus junto

aos homens de bem e que se davam ao trabalho, posto que Deus tra-

balhava incessantemente para manter o seu poder universal, e que

ali não era igreja e sim, um lugar abençoado e chamado “pão nosso

de cada dia”, como reza o Pai Nosso, sinônimo de trabalho prazero-

so.

E citava os trechos bíblicos, posto que, leu os envangelhos de ponta

à ponta, nos seus dias de clausuras lá na montanha:

Êxodo: 20

9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu [trabalho];

Enciumados com a sabedoria, e o carisma do profeta, alguns subi-

ram à Montanha Doirada atrás de alguma pista, que lhes indicasse

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tanta educação e polidez tão poderosa, e que pudessem habitar num

só ser.

Porém, decepcionados nada puderam encontrar, pois, tais virtudes

encontravam-se no interior de Jonas, o Iluminado.

Pois, o guru continuava em suas peregrinações ocultas, aprendendo

mais e mais, era ávido discípulo e mestre.

Após 10 anos de convivência com a família, foi compelido a aban-

donar o cargo de Conselheiro-Executivo das empresas, deixando-as

em ótima situação financeiro-social.

Agora sim, era o filho-irmão querido, que prestava serviços inesti-

máveis às empresas, ao grupo. No segmento das finanças e sociais,

posto que os funcionários não mais faziam greves, e aumentaram a

produção sobremaneira, reduzindo as reclamações drasticamente.

Realmente um milagre acontecera, o grupo parecia mais um con-

glomerado religioso, ou melhor, uma família que permanecia uni-

da, através dos aconselhamentos de Jonas, sabedoria vinda das

esferas cósmicas, dos mundos esotéricos, ou extrafísicos, que a ciên-

cia, ou cientistas podem explicar, pois, são conhecimentos inefáveis,

porém, são fatos e, “contra fatos não há argumentos”.

Jonas, já descera da montanha e cumprira aquela sua etapa junto à

sua querida família, aparentemente tão estranha, como aquela do

mecânico que, às vezes sujava-se todo consertando máquinas, como

prensas, tornos e até computadores lá das indústrias, que emperra-

vam, bem como encontrava-se numa reunião de diretoria ou de

vendas e “marketing”.

E os elogios lhe eram constantes, sua fama continuava em alta, e o

iluminado mestre, como era revenciado nas empresas, título que

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considerava tão desprezível perto de tantos mestres-mentores, com

os quais contatava freqüentemente no mundo astral.

Chegou incontáveis vezes ministrar aulas de vendas, tendo conse-

guido grande melhoria no faturamento das empresas.

Certa vez, mandaram chamá-lo, como último recurso para uma

reunião com o departamento de vendas, pois, o pessoal carecia de

ânimo, estímulo, entusiasmo.

Lá, chega Jonas trajando um macacão puído e sujo de graxa, en-

quanto, o diretor daquele departamento fazia um longo discurso,

chamando a atenção dos vendedores diante de um quadro de ano-

tações sobre índices, cotas, metas a serem cumpridas etc.

Alguns vendedores, vendo aquele mecânico ali, esboçavam certo ar

de riso e de desprezo e se perguntavam:

- O que faz entre nós um mecânico, será que quebrou o carro do

chefe?

Respondia outro:

- Não, veio para engraxar nossas vendas, para que elas deslisem

melhor.

- Mas, dormindo assim, acho que não vai engraxar nada aqui.

E, a galhofaria continuava durante o longo discurso do marketólo-

go diretor.

Jonas, quando não fazia alguma coisa, meditava, portanto, perma-

necia de olhos fechados em suas projeções pelo ambiente.

Terminado aquele discurso, o diretor dirigiu-se com todo respeito a

Jonas, apresentando-o aos funcionários que, eram no total de 50

pessoas.

Os engraçadinhos se amofinaram, quando lhes foi dito que Jonas

era um dos donos do grupo.

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Jonas, começa o diálogo, e usa verbetes eruditos, que faz com que

haja sempre uma pergunta sobre tal palavra, já no intuíto de puxar

um diálogo com a rapazida das vendas.

- Meus amigos, o que vocês acham da concorrência?

- Creio que, vocês sentem ojeriza por ela.

É bem possível, que os primeiros colocados em vendas até façam

apologia à ela.

Quero me pactuar com vocês, porém, me parece um tanto difícil, sei

que o que falarei, lhes parecerá utópico, mas apenas parecerá.

Fez uma pausa, e continuou.

Como alguns de vocês aventaram sobre minhas graxas e, que estou

aqui para engraxar suas vendas, e que estou aqui também para

dormir, quiçá, para consertar o carro do chefe, vejam amigos, vocês

estão em um número de 50 profissionais da melhor qualidade, mas

falo de meia dúzia de vocês, que nada deixam a desejar, porém, este

assunto, eu trago à baila para lhes mostrar que o bom vendedor

terá de usar o sexto sentido, pois, estando sentado na frente, perto

da tribuna e de costas à platéia, pude saber perfeitamente da goza-

ção que me fizeram nas últimas poltronas desta sala, e até gostei

bastante das galhofas que me fizeram, acho que a vida deve ser

uma comédia e não um drama, parabéns.

Neste exato momento páro, para que alguém se manifeste com suas

perguntas.

Levantou-se um vendedor de aparentemente 35 anos e:

- Prezado diretor, realmente essa fala confirma nossa brincadeira

toda, pela qual lhe peço desculpas em nome dos demais, embora, o

faça sem seus consentimentos, sem declinar nomes, pela ética do

bom-senso.

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Responde o eremita:

- Gostei muito da sua franqueza, amigo.

- Antonio João, senhor!

- Não me chame de senhor, sou um companheiro que gosta de ven-

der também, apenas quero acrescentar que, no momento não posso

derimir dúvidas sobre o fato ocorrido, pois, trata-se de projeciolo-

gia, assunto que se distende muito, mas um dia qualquer, se houver

interesse posso conversar amiúde com quem for laico no assunto.

Após, alguns meses, Jonas formou um grupo da área de comunição

das empresas, enfim, de relações públicas, e fundou um curso de

projeciologia, e os extra-sensoriais foram aproveitados nas áreas

de vendas, marketing, propaganda, relações humanas e até mesmo

da área de produção, como engenharia etc.

Aquele curso, foi providencial, pois, o grupo alçou vôo espetacular

rumo ao progresso.

Continuou o eremita:

Voltemos a falar da concorrência.

- Que tal se usarmos o bom-senso e a ética, se deixarmos a ganância

e nos atermos somente ao trabalho, como um objeto de prazerosa

responsabilidade.

Perdoem-me, jamais chamaria alguém de irresponsável, sem ter

um forte motivo, e neste particular, o irresponsável aqui sou eu,

pois, enquanto, vocês todos mantêm uma boa aparência em seus

ternos e gravatas, apresento-me engraxado, liso como quiabo, nem

podendo me aproximar de vocês, para não borrá-los.

A platéia mexeu-se, diante de um discurso tão formal e informal,

simultâneo, advindo de uma roupa cheia de graxa, fato raro naque-

le setor.

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Bem, Jonas prosseguiu:

- Para aqueles que não sabem, ocupo o espaço de conselheiro do

grupo “Couch”, treinador talvez. tendo livre acesso a qualquer de-

partamento, podendo opinar sobre qualquer assunto que suponha

ter algum conhecimento, e o mais importante é: tudo é anotado e

depois votado para um sim ou um não.

Quero deixar claro que, a mim pouco me importa o resultado do

meu trabalho de instrutor-conselheiro, já que o faço de coração

aberto, na mais íntegra sinceridade.

O doutor Fred, naturalmente fará um relatório sobre esta minha

fala nesta reunião.

Doutor Fred, era o diretor de “marketing” que o precedera em seu

longo discurso.

Obviamente já estava no local a secretária de Fred, fazendo as de-

vidas anotações.

Novo burburinho e, Jonas continuou:

Voltemos às vendas, amigos, este tema é, realmente fascinante.

Qualquer profissional, que não venda os seus serviços ou produtos

jamais terá algum sucesso na vida.

Até num namoro, se não vender a imagem ao parceiro, não se obte-

rá o sucesso, e neste caso vende-se de tudo.

O velho, discretamente “inocente”, vende seus bens para uma bela

jovem, ou vice-versa.

O jovem, negocia sua beleza, saúde, status, e até mesmo a honesti-

dade.

O pai, ao chantagear o filho para conservá-lo dentro de um bom e

saudável padrão, vende-lhe alguma idéia ilusória ou não, pois, tra-

ta-se do seu querido herdeiro.

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E assim. em tudo está a danada da venda, às vezes dissimulada de

propaganda.

Na religião, esporte, escola, família enfim em qualquer setor social

configura-se disfarçadamente a venda.

A venda, meus colegas, é a alavanca em qualquer setor da vida

humana, creiam!

A venda, é o progresso!

Vejam meus amigos, aqui um mecânico vendendo a vocês a própria

idéia da venda.

Educadamente, um vendedor chamado Eduardo, faz uma pergun-

ta:

- Jonas, me chamo Eduardo, e a verdade nisso tudo como é que fica,

se me parece tudo sofisma (mentira) uma boa venda, aos moldes do

seu discurso.

- Obrigado pela pergunta, Eduardo, em primeiro lugar devemos

saber realmente o que é verdade, existe a relativa, que verdadeira-

mente existe, e a absoluta, que realmente não existe.

- Como? - Não entendi.

- Vou ser sucinto e, todos vão entender: se todos aqui fossem mu-

çulmanos, e todas suas esposas estivessem aqui de biquini, mesmo

que aqui fosse uma praia, posto que, no islamismo ortodoxo a mu-

lher, é peremptoriamente proibida de mostrar seu rosto, e o seu

corpo então. pelo amor de Alá, meus amigos.

– O que aconteceria?

No entanto, se vocês todos fossem católicos, nada aconteceria, com

certeza!

- Então eu faço a pergunta, o que é verdade?

A minha verdade, pode ser a mais escabrosa mentira ao meu irmão.

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Aliás, este assunto levantado pelo Eduardo foi providencial, pois, o

bom vendedor na realidade não vende, deixa o comprador com-

prar, assim ele compra a sua verdade e fica com sua mentira, dei-

xando o vendedor praticamente livre de responsabilidades.

Mas, para isto necessita-se de muita arte de vender.

- Vocês, não acham mesmo, que vender a própria arte de vender, a

grandes vendedores, é muito difícil?

- Existe o lado reverso da moeda, tem-se na venda um preconceito

de que ela se presta a indivíduo falaz, trapaceiro, mentiroso, for-

mando um cataclismo dentro da nossa classe, afora meu macacão,

é claro.

Risos.

Amigos, o setor social do nosso grupo está intimamente atrelado ao

departamento o qual vocês são responsáveis.

Necessitamos de vendas, pois, delas depende o meu salário, os seus

salários, e o que é mais notável ainda, o setor produtivo, sendo o

mais sofrido de todos, posto que lá estão as pessoas mais humildes e

necessitadas, depende de vocês, porque venda é sinônimo de fatu-

ramento e este, representa dinheiro, remédio, comida etc.

Alguém vociferou:

- Falar é fácil, o senhor conhece o que diz, na prática?

- Amigo, se falar é fácil, é exatamente isso que você deve fazer, pois,

terá grande êxito nas suas vendas!

- E. Como nós; infelizmente não tivemos a oportunicade de nos co-

nhecermos intimamente, eximiu-se-lhe o direito de me fazer essa

pergunta, portanto, afirmo-lhe pleonasticamente, tendo em vista o

que pronunciei anteriormente.

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Se falar é fácil, ou não, nesta profissão torna-se preponderante a

fala, de outra maneira tornar-se-ia muito difícil.

Jonas representava muito bem, parecendo que os deuses do palcos

agiam e falavam por ele, pois, o seu interesse não era totalmente

materializado, não tendo muitas necessidades de bens materiais,

despojado de vaidades, apenas cumpria os seus compromissos as-

trais, na orientação de seus semelhantes, já que era solteiro, portan-

to, tendo de preocupar-se consigo mesmo.

Mais uma vez, seus conselhos foram úteis às vendas, e elas aumen-

taram substancialmente.

E, Jonas pensou:

- Não faz muito sentido tantas preocupações, mesmo pelas nobres

causas, a tranqüilidade deve imperar nos nossos corações, pois, ela

é a maior riqueza, já que esta vida é mesmo curta demais.

Lembrou-se de sua infância, como se fosse hoje, jogando bolinha de

gude com seus coleguinhas de infância.

Chegou a hora de uma nova separação.

Abraços e choros, e tudo aquilo que acontece em despedidas, lá se ía

o nosso ermitão à outras plagas.

Tomaria um avião e, desceria como acontecera quando desceu da

montanha, porém, desta vez seria bem diferente.

Uma nova etapa a se cumprir.

Não levaria consigo muitas coisas, pouco dinheiro, pouca roupa,

sementes de hortaliças e outros quetais.

Tendo viajado por muitos lugares a serviço das empresas, conheceu

uma ilha que o deixou encantado.

Notou em seus habitantes muita simplicidade, pessoas autênticas e

felizes, e humildes em todos os sentidos.

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Em uma de suas meditações esteve também naquela ilha, pesqui-

sando a energia emanante daquele povo.

Palestrou com muitas pessoas, saboreou muitas frutas tropicais, e a

atividade principal dos ilhéus era o plantio do mamão.

Capítulo 11

A PANE

Sem mais nem porquê, iniciou-se sua retirada perplexa, somente

aos olhos de seus amigos e parentes, que não entendiam a sua re-

pentina saída missioneira, uma constante em sua vida de ilumina-

ção sensitiva.

Dentro daquele avião, que o levaria para aquela ilha encantadora,

sentado ao lado de uma formosa donzela, que começou a lhe dizer

palavras que indubitavelmente eram fora de série.

Sem nunca tê-lo visto, ela lhe disse:

- Jonas, você tem-se conduzido à maneira muito especial, embora,

também tenha praticado atos triviais, peculiares aos humanos.

Porém, sem envolvência, desvencilhado de seus valores humanos,

você está de parabéns.

Esteja preparado, sua jornada é longa.

Continue assim, pois, está recebendo aquilo que tem plantado, aliás

a única verdade que se pode dizer absoluta é esta: “Colherás aquilo

que plantares” – como relata o livro eclesial, o qual o apóstolo Paulo

escreveu aos “Gálatas”:

Gálatas: 6

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7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o

homem semear, isso também ceifará.

Terá de continuar a ajudar muitas pessoas, tanto neste plano como

no plano astral.

E, ela continuou:

- Você se encontra nesta nave pelos desígnios cósmicos, e nessa sua

instrospecção poderá ver o futuro que lhe espera muito em breve,

verá perfeitamente os próximos acontecimentos, podendo visualizar

os motivos, bem como a conduta que terá de tomar para se safar de

situações difíceis, nem tanto por você, mas por aqueles que estarão

com você e sob a sua égide espiritual.

Todos serão surpreendidos pelos flagelos desta vida, creia, minha

missão é ajudá-lo.

Não tema, nem se atemorize diante da luta, combata o bom comba-

te e guarde a fé, como bem disse novamente o apósto Paulo, na car-

ta que escreveu ao irmão Timóteo, seu “filho na fé” cristã.

II-Timóteo: 4

7 Combati o [bom combate], acabei a carreira, guardei a fé.

Depois de uma pequena pausa, continuou a jovem:

- Lembra-se das plantações de mamões, e da sua grande safra, e da

sua colheita?

Tratava-se uma visão, onde Jonas convivera no plano astral com

aquela gente e seus plantios,

Pois, eis novamente a descida do eremita.

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Jonas ouvia atentamente aquela rapariga, que nem lhe revelara o

seu nome.

Identificando-se com tais fatos, ajeitou-se na poltrona, cerrou seus

olhos pensando amistosamente na linda jovem que lhe dizia aquelas

palavras, porém, logo que ressuscitou seu olhar, viu que alguns

passageiros estavam a olhá-lo com olhares abismados, atônitos e

murmurando entre si.

Resolveu olhar à bela donzela, mas no canto esquerdo daquele as-

sento, o que viu foi um velho de barbas brancas, que dormia pacifi-

camente um sono de anjo.

Sem muita admiração, voltou à prática de sua costumeira medita-

ção.

O seu eu interior, exteriorizou-se do seu invólucro carnal, e desceu

até uma mata e numa cordilheira localizou uma enorme árvore,

parecendo-se com uma sequóia milenar, com muitos metros de al-

tura.

Porém, aquela região não era apropriada àquela espécie.

Volatilizando sobre a mata, chegou à uma bela cachoeira, com um

porém, aquele véu de águas distava a uns 3 quilômetros daquela

enorme árvore.

Enquanto voltava ao seu estado normal, sentiu um forte sacolejar

no avião, e a tripulação em pânico, e fez se ouvir a voz trêmula da

aeromoça, a dizer:

- Senhores passageiros, não fiquem preocupados, ouve um pequeno

problema com a nossa nave, que será sanado em alguns minutos.

Enquanto, o avião pegava um vácuo, e os passageiros ficavam com

seus corações a saírem pelas suas bocas.

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O comissário, um jovem que era também apaixonado pelo assunto

esotérico, e notando aquela serenidade de Jonas, aproximou-se-lhe

e, perguntou:

- Desculpe-me, mas o senhor não entra em pânico, não?

- Sim, meu jovem, fico com muito medo do medo, que deixa esses

cidadãos com tanto medo!

Enquanto conversavam o avião perdia altitude, e aqueles passagei-

ros já estavam para complicar ainda mais aquela situação.

Em desespero, alguns tentavam retirar seus cintos de segurança,

cada um querendo resolver o seu problema particular.

Ouviu-se um estrondo, e em seguida o raspar dos galhos das árvo-

res nas asas do aparelho.

Aquilo, durou alguns segundos, até que tudo ficasse estático, inclu-

sive a nave.

De imediato, ouviram-se os agradecimentos aos santos e a Deus.

Pessoas importantes, que pareciam deuses em seus altares, chora-

vam abraçadas, sem o menor preconceito.

Um pudico senhor, engravatado à italiana, e vestido à inglesa, cho-

rava copiosamente no ombro de um travesti, enquanto uma fervo-

rosa senhora, negava-se a desatar seu forte abraço a uma prostitu-

ta, “strip” de cabaré.

- Seria amor?

- Arrependimento?

- Medo?

O comissário que parlamentava com Jonas, deslizara sobre o cor-

redor do avião, indo amontoar-se com muitas bagagens, perto dos

pilotos.

Jonas, ria de alegria e de sarcasmo, e exclamava:

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- Como somos insignificantes em nossos sentimentos egoísticos.

Logo que, se acalmaram os ânimos, sem nenhuma vítima fatal,

somente escoriações e luxações, começaram os primeiros socorros.

Presentes, três médicos, puseram-se a trabalhar sobre os machuca-

dos e, lá estava o homem que havia descido da Montanha Doirada,

e agora por força oculta encontrava-se numa outra bela montanha,

e com muita gente necessitando de seus préstimos.

O avião estava em destroços, e os relógios da população marcavam

9,30 horas, e, como o dia estava começando, teriam de trabalhar

rapidamente no aproveitamento do tempo. Tanto que, ouviu-se

uma voz grave, pedindo calma, porém, advertindo:

- Minha gente, tempo é vida, apressemo-nos!

Era a voz do profeta Jonas.

Realmente, o dia estava ensolarado de alegria, apesar dos pesares.

Alguns dos tripulantes saíram em busca de socorro, embrenhando-

se na mata, porém, logo se deram conta de que a situação era muito

mais complicada do que parecia.

Jonas, recordando e confirmando suas visões sobre a grande árvo-

re, que na realidade servira de breque àquela aeronave, falou:

- Senhoras e senhores, estamos todos no mesmo barco, ou avião, ou

na mesma mata, estamos realmente “perdidos no mato e sem ca-

chorro”.

Peço aos amigos, que poupem seus esforços, pois, temos de nos ar-

rumarmos por aqui mesmo, com muita calma e sutileza, não so-

mente pelo momento hostil no qual vivemos, bem como no trata-

mento de um para com o outro.

Nada de jactância, cabotinismo, empáfia, orgulho, temos de apren-

der que: aqui somos todos iguais, somos todos “iguais”.

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As pessoas queriam ouvi-lo e, ele prosseguiu:

Para começar, temos de eleger um líder, que deverá ser escolhido

por votação, e na minha modesta opinião, isso dever ser feito da

maneira mais rápida possível.

Quem sabe se, pedindo para que todos levantem os braços, para que

se configure o eleito, e para isto teremos de ter candidatos.

Urge, que se faça uma rápida pesquisa com respeito curricular dos

candidatos, que mais se aproxime de sobrevivência, principalmente

em selva.

Depois desta eleiçaõ, sugiro que se faça uma cartilha básica, no que

tanja à ética, moral e bom-senso para que haja respeito mútuo en-

tre nós.

Ao pronunciar tais palavras, foi vaiado por alguns, que concluí-

ram:

- Está pensando que somos selvagens?

Veio a réplica, incontinenti:

- Não, ainda não, é muito cedo para conclusões, mas daqui a algum

tempo saberemos, apesar de estamos numa selva, não quer dizer

que sejamos selvagens, porém, quero recobrar suas memórias, cri-

me hediondo pratica-se nos centros urbanos de pessoas pseudo civi-

lizadas, onde certamente o índio desfaleceria somente de pensar em

habitar tal ambiente “inóspito”.

E Jonas, proseguiu:

Notem bem, meus senhores, que cuidado absurdo é este.

Porém, com o passar dos dias, irão estar mais cautelosos do que eu

estou neste momento.

Foi interrompido por uma dama muito bem vestida, e pelo tipo, era

uma perua daquelas, cricri, como se diz na gíria.

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Jonas o eremita que desceu iluminado

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- Senhor.

- Jonas, seu criado!

Senhor Jonas, provavelmente o senhor está tomando nosso precioso

tempo com suas palavras sensacionalistas, querendo chamar a

nossa atenção para o senhor.

Daqui a algumas horas estaremos a salvo, posto que estarão à nos-

sa procura.

Quero que saiba, sou uma pessoa de muito dinheiro e de relevada

importância social para ficar neste esquecimento.

Então, replica o mestre Jonas:

- Meus amigos, não querendo polemizar com ninguém, tampouco

me importa a importância com a qual os senhores se apresentem

aqui, já que somos todos iguais, peço rapidez na votação para se

eleger o líder, antes que anoiteça, pois, aqui há pessoas que não

sabem nem nunca sentiram o que é, um crepuscular selvagem, exis-

tem os animais noctívagos etc.

- Cadê nosso líder?

Pergunta Jonas.

Um senhor empresário, pede a palavra:

- Meus amigos, estou com o senhor Jonas, tem ele o meu apoio, es-

tamos num lugar onde nossas vaidades não têm a menor importân-

cia., teremos de objetivar essa votação de maneira rápida, estamos

perdendo muito tempo.

E, para começar, tomo a liberdade em convocá-los, começando por

mim:

Sou engenheiro químico e, trabalho na industrialização farmacêuti-

ca, sem a menor experiência em sobrevivência, apesar de certa vez

ter sido seqüestrado, mas tive sorte, após um longo sofrimento,

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escapei por um descuido qualquer dos bandidos que eram pés-de-

chinelos.

E o empresário concluiu: pedindo que cada um fizesse sua ficha

curricular, conforme surgerira Jonas, e assim o fizeram.

Porém, antes perguntou a Jonas:

- E o senhor, Jonas?

- Fui Conselheiro Empresarial, e já tive alguma experiência em mo-

rar em mata.

O empresário, aparentava seus 65 anos, e devolveu a palavra a

Jonas, após ter dado muita força às palavras de Jonas, seu nome

era Jarbas.

- Como disse o senhor Jarbas, tomem cada um dos senhores um

papel e anotem suas profissões e experiências que julgarem úteis à

nossa convivência e sobrevivência.

Não nos esqueçamos do provérbio:

“A união faz a força”.

Naquele mesmo dia, organizaram o sistema de votação, analisaram

o currículo de cada um e, elegeram o líder, pura formalidade, posto

que, quem liderou tudo fora o eremita, que ali estava para tal fina-

lidade, como acontece com nossos governadores, que sempre são

dirigidos pelo próprio sistema cósmico, e jamais têm consciência

deste fato.

Quiseram colocar Jonas numa das chapas, porém, ele não aceitou.

O sol já se punha, e Jonas tomou o devido cuidado em arrumar le-

nha para uma duradoura fogueira.

Bandearam-se junto ao fogo, e ali pernoitaram.

Uns, amedrontados com os movimentos que faziam os animais de

hábitos noturnos, mal cochilaram naquela primeira noite.

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No dia seguinte, a maior preocupação era com os produtos enlata-

dos que sobraram da malfadada viagem, pois, em pouco menos de

um dia já estavam pela metade, talvez, dando para mais um dia e

meio ao máximo.

Jonas, aproveitanto a reunião matinal, falou:

- Amigos, tenho uma proposta a fazer a todos.

Ao lado norte, existe um belo e saudável lençol de água, de onde

poderemos sobreviver sem maiores traumas.

Minha proposta, é bem simples: é pedir para que todos rumemos

para lá, e sendo apenas realista, devo lhes alertar que, estamos

isolados nestas cordilheiras, e quanto antes construírmos nossas

cabanas, melhor!

Aquelas pessoas ouviram atententamente suas palavras, porém,

alguém bradou:

- Esse cara tá bêbado, para não dizer desvairado.

Era um jovem estudante, e parecia ser um mancebo revel (rebelde).

- Amigo, não estou bêbado, estou muito sóbrio e convicto do que

estou falando.

- O senhor tem jeitão de mapoteca mesmo!

- Não precisará se desculpar, meu ancho jovem, após confirmar

tudo aquilo que aqui estou afirmando.

- Como pode o senhor, saber do que há nesta mata?

Responde o eremita:

- Intuição, meu jovem. intuição.

Quando Jonas deu esta resposta, ouviu-se em uníssono aquelas

pessoas exclamarem: - Oh. Ele, também é profeta.

Em seguida o jovem, o inquire:

- O que o senhor quer dizer com: ancho jovem?

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- Sem nenhuma ofensa, quero dizer ensimesmado efebo (jovem). que

sem dúvida, é melhor que: embriagado rapaz.

As pessoas, ouvindo o palavreado de Jonas, começaram se atinar

mais aos seus conselhos.

Alguém interveio:

- Nisto todos somos unânimes, quem pode nos garantir que existe

mesmo água no lado norte, como disse o senhor Jonas?

Agora era a voz de Paulo, o atleta ao qual, Jonas respondeu:

- Paulo, só existe uma maneira de sabermos, é irmos constatar.

Paulo, era uma atleta internacional, com várias medalhas, até de

ouro.

Vamos senhor Jonas, eu o acompanharei, e tomara; exista mesmo

essa “fonte da juventude” como o senhor aludiu.

Depois, nada tenho a perder, tenho de praticar exercício mesmo.

Andaram 3 km guiados por uma bússula de bolso, que Jonas carre-

gava consigo.

O jovem quase não falava, mas quando chegaram na zona das á-

guas, começou a inquisição por parte do atleta, que fazia toda sorte

de pergunta sobre o local paradisíaco.

- Como o senhor sabia da existência deste maravilhoso local, seu

Jonas?

- Paulo, pode me tratar por você, e sobre suas perguntas terei o

maior prazer em respondê-las.

Lentamente, voltaram carregando vasilhas com o precioso líquido e

Jonas ía respondendo as curiosas perguntas de Paulo.

- Paulo, o fato de estarmos a sós, é providencial, pois, você foi o

escolhido para testificar minhas visões e anunciá-las.

- Farei isto de muito boa vontade, Jonas.

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- Fico-lhe muito grato, Paulo.

Paulo escutou aquela prosa, meio céptico, porém, nada podendo

fazer diante dos fatos.

Chegaram sorrateiramente e ouviram o murmúrio daquela gente, e

Paulo tomado por um espírito brincalhão, fez uma brincadeira de

mau-gosto, o que até foi bom para que Jonas avaliasse o estado de

espírito daquela gente.

Paulo, falou:

- Minha gente, tenho uma péssima notícia, não existe o tal rio cau-

daloso e mais coisa nenhuma.

Aquelas pessoas foram afetadas em suas emoções e, lançaram pa-

lavras de baixo calão sobre Jonas e, até ameaçaram açoitá-lo com

alguns cipós e pedaços de paus.

Jonas, tomou a frente e:

- Calma amigos, há bem pouco tempo, quando aqui chegamos, fa-

lamos sobre selvageria.

– Lembram-se?

Jonas continuou, pois bem, amigos, peço-lhes muita calma, posto

que o nosso atleta Paulo acaba de fazer uma brincadeira, que nem

mesmo eu esperava, fui pego de surpresa.

Paulo, meio envergonhado, redime-se de seu gesto, e explica a ver-

dade dos fatos.

- Senhores, é incrível, porém, veraz, está tudo lá como predisse o

nosso profeta Jonas, e para provar os fatos, trouxemos águas, que

estão embaixo daqueles arbustos, e desculpem-me a bricadeira de

mau-gosto.

Capítulo 12

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A CACHOEIRA

Cada um, pegou sua bagagem, e partiram rumo ao local da cacho-

eira, seguindo o cicerone Jonas.

Alguns íam trocando idéias, e até duvidando de tudo aquilo, ao

mesmo tempo em que aventavam: é impossível que duas pessoas

aparentemente idôneas estejam tramando uma farsa tão desastro-

sa.

- E, a troco de quê?

Para Jonas, aquele lugar era como a Montanha Doirada, um ma-

ravilhoso paraíso verde, com suas águas cristalinas.

Fizeram muitas tentativas para se safarem daquela situação.

O comandante havia feito um esforço descomunal para falar ao

rádio do avião, e nada conseguira, pois, um robusto galho de uma

árvore perfurara a fuselagem da nave atingindo em cheio o rádio,

danificando-o por completo.

Nada mal, tinham água, muita água.

E a comida?

Bem, junto deles havia um botânico de madura idade, que muito os

ajudou com brotos de bambu, raízes. além dos tubérculos, outras

ervas comestíveis etc.

Jonas, tinha as sementes que trouxe para semear onde imaginava

ficar, na formosa ilha, e era um bocado delas, hortaliças, legumino-

sas, e teria de usá-las ali para a sobrevivência de tanta gente.

Com um pouco de sacrifício, chegaram ao fim da marcha, e estupe-

fatos exclamaram:

- Oh. que maravilha!

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Extasiados, contemplavam a cortina prateada que descia de uma

montanha, numa queda de mais de 40 metros de altura.

Mais um pernoite e, no dia seguinte começaram a preparar o a-

campamento, utilizando as madeiras de espessura mediana, até

para facilitar o trabalho, aquele dia se pôs e mais uma noite nascia,

acompanhada de uma lua cheia, que substituia o alvorecer.

Alvoreceu e, logo bem cedo, mãos à obra.

Jonas pediu, que se apresentasse um voluntário para que fossem

atrás de alimentos, enquanto alguns engenheiros e construtores

cuidavam das cabanas etc.

Um senhor dispôs-se acompanhá-lo, era Demóstenes, um médico de

muitas cirurgias.

Jonas, ía mostrando algumas plantas e falando de suas utilidades.

Curioso, o companheiro o inquiriu:

- Jonas, você estudou botânica?

Responde-lhe, Jonas:

- Sinto desapontá-lo doutor Demóstenes, estudei sim, porém, não à

maneira empírica, e com estas momenclaturas.

- Jonas, dá para você se explicar melhor?

- Sim, doutor, desde a minha mais tenra idade, costumava praticar

uma meditação profunda, que muito intrigava meus pais, e profes-

sores, que nada podiam fazer, uma vez que minhas notas escolares

eram exemplares.

Relaxando e concentrando minha mente, meus trabalhos e estudos

atingiam seus fins colimados.

- Como isso é possível, de uma maneira tão simples?

- Demóstenes, posso tratá-la à maneira informal?

- Sim, claro.

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- Desmóstenes, o que vou lhe dizer, espero não escarnecê-lo, tendo

em vista sua inteligência e cultura.

É perfeitamente possível, aqui, neste instante contatarmo-nos com

seres completamente desconhecidos da maioria das pessoas, atra-

vés da nossa mente, nosso espírito, nosso eu maior, inconsciente,

subconsciente, conciex, enfim espero, tenha entendido até aqui, pois,

são frases simples e corriqueiras do nosso cotidiano.

Dentro de uma comunição muito rápida, muito além do que imagi-

namos, a exemplo da velocidade da luz, do pensamento e até mesmo

atemporal, ou simultânea.

São fatos extremamente peculiares, ligamos o rádio e, ouvimos a

voz de alguém quase sem limite de distância aqui na Terra, trans-

mitindo mensagens, fatos que alucinariam qualquer um de nossos

ancestrais.

Nós, temos o mau hábito de dissociarmos tudo. através de classifi-

cações.

Exemplo: corpo da alma, alma do corpo, corpo do espírito, espírito

corpo, alma do espírito, mente da consciência, e por aí vai.

Ou seja: estamos classificando coisas que, ainda não são do nosso

inteiro conhecimento, embora, as nomenclaturas médicas sejam

extremamente úteis à medicina.

Mas, na classe médica, existe também uma concorrência tacanha,

entre alopata e homeopata por exemplo, ao invés de se digradia-

rem, porque não se unirem.

Agora, fala o doutor:

- É bem interessante ouvir alguém, neste fim de mundo, falando

sobre assuntos tão simples e que, não conseguimos enxergar no

nosso ambiente de trabalho.

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- Isto acontece aqui, pelo simples fato de no seu dia-a-dia, você, não

dispender de tempo para tratar de assuntos aparentemente desin-

teressantes.

Eis os motivos de cair uma aeronave, para que possamos ter uma

lição de vida mais profícua já que, quem está vivo tem de saber so-

breviver.

O condicionamento mercantilizado e convencional humano, é que

leva o homem a não pensar, eu diria a ele para: despnotizar-se.

Repentinamente, Jonas exclamou:

- Estamos salvos.

- Estamos é, perdidos, balbuciou o médico.

- Araucária, Demóstenes, araucária.

- Vamos fabricar algum artefato de madeira, Jonas?

- Veja aquelas árvores, com seus 35 metros de altura mais ou me-

nos, e com diâmetro de até 3 metros.

- Você não gosta de pinhão cozido, Demóstenes?

- Claro que sim, ainda mais nesta situação, em tais circunstâncias.

- Pois é, teremos de tomar cuidado, para não nos congestionarmos

de tanto comê-los, podemos até nos adoecer. Embora, tenhamos

alguém junto de nós, que fez o juramento hipocrático.

Jonas, pronunciou aquela frase, sem saber muito bem se era cor-

respondente ao pai da medicina, Hipócrates.

O médico, pensou logo num futuro distante:

- Jonas, essa planta pode ser cultivada?

- Não, absolutamente, somente a mãe natureza pode encarregar-se

dessa agricultura, através de uma ave chamada Gralha Azul, esta

ave enterra suas sementes no solo, para depois desenterrá-las para

se alimentar delas, porém, a natureza faz com que elas se esqueçam

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de algumas, que brotarão maravilhosamente para o bem geral do

ecossistema.

Como faz com a nossa memória, impondo sobre ela muitos lapsos,

para que outros nossos irmãos possam tirar proveito da nossa falha

mental.

Chamo isso de: distração de concorrência.

Demóstenes, o clima aqui é de temperado para frio.

- Como pode você saber sobre o clima daqui?

- Pura dedução, doutor, pois este é o clima do verdadeiro hábitat

dessa magnífica espécie de árvore.

- Como poderemos apanhar aquelas pinhas, Jonas?

- Não se preocupe, é somente olhar ao chão e encontrará uma infi-

nidade delas.

- Para nossa sorte, Demóstenes, é como tomar doce de criança, ou

bater em bêbado.

Encheram 4 sacolas, que outrora serviram para transportar coisas

muito importantes, porém, agora nada mais importante do que um

simples amontoados de pinhões.

Prontos para o retorno, Jonas fez uma brincadeira:

- Estamos perdidos, Demóstenes.

- Como, você é o nosso guia, e as suas visões?

Voltearam e voltearam, e o vate (profeta) preconizou:

- Eis aqui minhas visões, Demóstenes, mostrando-lhe a bússula

sacada de seu bolso.

Jonas, havia tomado todos os cuidados no que se dizia respeito aos

pontos cardeais.

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Chegaram ao acampamento com as sacolas cheias, e ao serem vis-

tos, foram aclamados pelas suas perspicácias por tirarem bom pro-

veito daquela situação.

Fizeram um belo assado dos pinhões daquelas araucárias, e todos

compartilharam daquele banquete.

Alguns religiosos, para ser mais preciso, dois padres e dois pastores

evangélicos, faziam parte do grupo.

Um deles, não contendo a curiosidade, perguntou a Jonas:

E, logo surgiram perguntas do tipo:

- Desculpe-me senhor Jonas, mas corre entre nós que o senhor se diz

um profeta, um visionário.

- Poderia nos falar a respeito?

Era o padre Frederico, argüindo o ermitão.

- Sim, com o maior prazer, e insisto que ninguém me trate de se-

nhor, pois, o Senhor está nos céus.

- Quero esclarecer que, desde a minha mais tenra idade, cotumava-

me entregar às profundas meditações, com minha mente limpa à

maneira evangélica, como disse o Mestre Jesus: “Aquele que olhar a

uma mulher com olhar impuro, já adulterou com ela”, querendo

ensinar que a maior maldade humana está no pensamento, posto

que o ato de orar é comungar com Deus, é estar em comunhão com

o Amor, até porque Deus é, Amor!

Como realmente está escrito:

I-João:4

8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque [Deus é amor].

Mateus: 5

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28 Eu, porém, vos digo que todo [aquele que olhar] para uma mu-

lher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.

E, como fazia Jesus, sem a menor comparação ao Mestre dos mes-

tres, gosto de me insular em orações profundas, tendo o privilégio

de me encontrar com meus irmãos do mundo astral e, às vezes vou

até planos maravilhosos que, não dá para explicar aos meus ir-

mãos, como relatou o poliglota Saulo, da cidade de Tarso, o apósto-

lo Paulo à igreja de Corintho:

Fui arrebatado até o terceiro céu, e vi e ouvi coisas inefáveis, as

quais não são possíveis relatar aos homens.

Corínthios: 12

2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo

não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi [arrebatado] até o

terceiro céu.

4 que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras [inefáveis], as

quais não é lícito ao homem referir.

Mateus: 17

3 E eis que lhes apareceram[ Moisés e Elias], falando com ele.

Lucas: 19

30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram[ Moisés

e Elias],

Mateus: 14

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23 Tendo-as despedido, [subiu] ao monte para orar à parte. Ao

anoitecer, estava ali sozinho.

Lucas: 9

28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou

Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e [subiu] ao monte para

orar.

Aliás, Jesus apregoou muito a sabedoria divina, e desprezou a dos

aculturados homens das letras:

Lucas: 10

21 Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse:

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste

estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos [pequeni-

nos]; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.

Porém, voltando às minhas narrativas, quando entro em estado de

êxtase, ou em catarse, ou em alfa, como queiram entender, apesar

de saber que se trata de projeção astral, recebo informações, as

quais devo transmiti-las no afã de ajudar o meu próximo. Como se

fosse uma profecia.

Quero afirmar que, estes dotes não são privilégios meus, são de

todos aqueles que se dispuserem a desenvolvê-los, como de fato,

chegará um momento na eternidade que todos teremos de desen-

volver aquilo procrastinarmos, ou adiarmos.

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Quando jovem, no princípio de minha missão, sofri muita discrimi-

nação, muitos me tinham por obsedado, louco e outros adjetivos, os

quais nos dias atuais até me são elogios.

Agora é a vez de Cristóvão, padre mais velho e experiente na her-

menêutica eclesial:

- Meu filho Jonas, insinuas-te a comparar com o profeta Jonas, ou

com o apóstolo Paulo?

Jonas, sentiu estar ouvindo perguntas viperinas, que como relhos,

zurzindo a lhe açoitar seus tímpanos.

- Jonas, grande Jonas, profeta e servo do Deus Altíssimo!

O homem que foi vomitado nos arredores de Nínive, por estar em

desobediência ao Pai.

JONAS [2]

1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe;

10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na ter-

ra.

Quanto ao grande Paulo, “o homem que combateu o bom combate e

guardou a fé,” e que também aprontou lá suas traquinagens, quan-

do encontrava-se em algum aperto, que tal a mentira por exemplo:

O grande Paulo se disse romano de nascimento, quando na verdade

nasceu na Cidade de Tarso da Cilícia na Judéia

Atos: 21

39 Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não

insignificante da [Cilícia]; rogo-te que me permitas falar ao povo.

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Atos: 22

27 Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano?

Respondeu ele: Sim sou.

28 Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri

este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu [o sou de nascimento].

Portanto, não me comparo a ninguém, sou um pobre mortal, aqui

vivendo pela graça, pela qual vós sois salvos, Padre Cristóvão.

Atos: 15

11 Mas cremos que somos salvos [pela graça] do Senhor Jesus, do

mesmo modo que eles também.

Agora é a vez de Clarindo, o pastor:

- Irmão Jonas, a comparação, realmente é um tanto exagerada em

se tratando do apóstolo Paulo.

Jonas, interrompe aquela fala:

- Afirmo a todos vocês, meus companheiros, não ficarei aqui pole-

mizando, discutindo o sexo dos anjos, porém, na casa de nosso Pai

há muitas moradas.

João: 14

2 Na casa de meu Pai há [muitas moradas]; se não fosse assim, eu

vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.

- Jonas, porque você perde tanto tempo com coisas utópicas, como

suas visões?

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- Pois, a mim você me parece uma pessoa inteligente.

- Por que não procura algo produtivo, que possa trazer bens às pes-

soas, bens reais, palpáveis, duradouros, algo concreto, ao invés de

ilusões?

Era Prado, grande goleiro de futebol.

- Meu caro e jovial atleta Prado, vou lhe fazer uma pergunta bem

óbvia, que não poderá negar sua resposta, até porque, não estou

sendo entrevistado por nenhum repórter, onde este se limita apenas

a perguntar, o que facilitaria extremamente sua vida de inquisitor.

- Você gosta de futebol?

- Realmente, é uma pergunta que não posso negar sua resposta,

gosto, é claro que gosto!

- Pois bem, vamos movimentar essa bola, sua bola, por que pertence

ao seu metiê de pessoa ativa e inteligente, além da sua grande utili-

dade como profissional.

- Temos aqui um pessoal, que dá para formar um time e ainda so-

bra torcedores.

Fico feliz e, até agradecido por provocações como dessa natureza,

pois, elas poderão nos dar a oportunidade de explanarmos nossos

conhecimentos.

- Quando, alguém ensina alguma coisa e não a coloca em prática,

então, este alguém não é muito digno de crédito, como a velha má-

xima: “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.

Voltemos ao futebol, caro Prado, você acabou de dizer dos meus

devaneios, das minhas ilusórias visões, e dos meus pensamentos

doentios.

No seu campo de futebol, estão vários atletas, lá onde você é um

goleiro. que há muitas décadas correm sofregamente atrás de uma

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coisa arredondada chamada de bola, e que insitem em movimentá-

la com os pés.

Meu querido Prado, você, sendo uma pessoa inteligente, já está se

apercebendo para onde você vai sendo levado pela minha fala, e já

está se preocupando com suas evasivas - não é verdade?

Porém, como você externou sua fala publicamente, e eu a ouvi pu-

blicamente, espero que a sua educação permita-me concluir a mi-

nha.

Pois, essa bola, lá no meio do campo, qualquer um de nós poderia

pegá-la com as mãos e baldeá-la para o fundo da rede, sem a menor

utilidade, e lembre-se de que você, caro Prado, fez uma grande alu-

são à minha inutilidade.

Digamos até, que houvesse alguma necessidade premente de se

movimentar uma bola, mas mobiliza-se vários jovens fortes, saudá-

veis, que ao invés de estarem fazendo nada correndo atrás de uma

bola, estivessem cuidando de alguma latrina, ou de uma família

pobre, ou estudando, ou praticando alguma coisa palpável e de

utilidade humana, talvez plantar, colher, levantar paredes, medi-

car, enfim trabalhando em alguma profissão mais produtiva e con-

creta.

No entanto, eles estão também mobilizando milhões de ociosos his-

téricos, que se matam entre si, desperdiçando o dinheiro que não

tem, tirando o pão da mesa dos filhos para irem se matar nas ar-

quibancadas dos jogos mais inúteis.

Muitos, ainda morrem de ataques fulminantes, recheados das mais

reles ignorância.

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Movimentam imprensa, aviões, automotivos de todos os tipos, pro-

vocando enormes engarrafamentos, desastres, pancadarias, ecori-

ações, luxações e mortes.

E, ao final de toda essa panacéia (remédio para tudo), que não pas-

sa de pracebo (remédio que não faz nenhum efeito) aos seus anseios

psicológicos, lá está uma inocente bola, causadora de tantos males.

Aliás, quero aproveitar este gancho para descrever o efeito da fé,

“tudo é possível àquele que crê”, são palavras messiânicas, para nos

dizer que, sem a nossa fé, nada se alcança nesta vida.

Testes foram feitos com os tais pracebos, e qual a surpresa, muitos

alcançaram suas curas pela fé em medicamentos plenamente inó-

cuos (que não tem a mínima condição curativa) – uma espécie de

tapeação contra os pacientes, que alcançaram suas curas.

Vejamos então: nem sempre quem é tapeado, realmente o é.

E, Jonas conclui seu pensamento:

Eu, Jonas, o homem das ilusões, professando gratuitamente estes

ensinamentos que são para mim a mais pura verdade, pergunto:

- Prado, você é um profissional de alguma produtividade?

- Eu Jonas, gosto de futebol, e apenas rivalizei perguntas ilusórias,

posto que a própria vida é ilusória, e você, vivendo de jogo, devia

pensar mais em fazer sua pergunta, a quem nada cobra, na inten-

ção apenas de ajudar o próximo, lembrando-se que a palavra cura,

eleva e salva, mas pode machucar, ferir e matar.

Aquele pessoal, ouvindo a preleção de Jonas e sua exegese (versado

em alguma matéria), passaram a chamá-lo de mestre Jonas.

Realmente, o profeta havia descido da Montanha Doirada para

ensinar muitos incautos da palavra, aqueles que inocentemente

olham no rabo do próximo sem olhar ao próprio.

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Jonas convocou uma reunião com 40 pessoas, as quais julgava ap-

tas para o trabalho de sobrevivência, e propôs que todas participas-

sem do plantio e da colheita, quando alguém o interrompeu:

- Jonas, plantar o que, e como?

Era Vieira, um fazendeiro criador de muitas cabeças de gado.

Jonas, sabia o nome de todos eles, neste particular treinava muito

para ser mnemônico, e lhe respondeu:

- Vieira, poderá cooperar conosco nos orientando em nossos planti-

os, pois, trago comigo muitas sementes de hortaliças e leguminosas.

De certa maneira, produziremos húmus, juntando os restos de ali-

mentos, mais as folhas secas e a própria terra virgem e escura, que

indica certa qualidade para uma bela horta, e mais os peixes desse

caudaloso rio, poderemos sobreviver muito bem até o momento em

que achemos um jeito de irmos embora deste paraíso.

- Mas, Jonas, você quererá produzir húmus?

– Faremos um minhocário neste local, sem nenhum recurso, cadê as

vacas e seus estrumes para alimentarmos os invertebrados?

- Vieira, não se apoquente, quiçá, seu conhecimento demonstrado

sobre adubação natural, nos ajude, posto que já comentamos sobre

adubação natural do próprio local.

Jonas, era muito divertido, fazendo associação com palavras (tro-

cadilhos), realmente era muito engraçado e espirituoso o eremita.

- Falando sério, Jonas, e as ferramentas para começarmos?

Pergunta-lhe Vieira.

Todos fizeram muitas perguntas, e puseram mãos à obra.

Foram até os destroços do avião, tiraram todas as peças possíveis, e

as conduziram até o acampamento, forjaram algumas ferramentas

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com o auxílio de algumas outras, que encontraram numa grande

caixa de ferramentas aéreas, se é assim que se pode dizer.

Fabricaram um pequeno forno, para as eventuais fundições de ou-

tras ferramentas, sempre sob a égide de Jonas, que trazia orienta-

ção de seu mentor que, conhecia tudo de fundição.

Um fator muito importante e fundamental, foi quando na primeira

reunião, Jonas pediu que, todos depojassem de seus fósforos e is-

queiros, muitos fumantes ficaram irritadiços, mas lentamente fo-

ram entregando-os sob a proteção de Oswaldo, um evangélico que,

jamais fumou em sua vida, e que ía controlando aqueles objetos

preciosos e necessário à sobrevivência.

Jonas, sempre conversava com seus mentores que, o autorizaram a

praticar a psicopirogenia consciente (produzir fogo através do po-

der mental ou extrafísico), se fosse o caso, porém, que ficasse bem

longe da pirotecnia (demonstração egocêntrica de algum ilusionis-

mo).

Com uma das rodas do avião, fizeram um roda d’água, com bam-

bus de 6 polegadas de diâmetros, cortados em seus respectivos go-

mos, respeitando seus nós, fizeram os cochos de captação de água,

acoplados na roda, conjugado à ela, improvisaram um gerador de

energia, com a grande ajuda de Vicente um engenheiro eletricista

dos bons, que havia se cansado de fabricar gerador em sua fábrica.

As geringonças sucateadas do avião, serviram para gerar força

elétrica, e até fizeram uso das lâmpadas da aeronave.

Aquele trabalho em conjunto, demonstrava a todos uma lição a qual

jamais viram em qualquer faculdade, era a necessidade imperante

que os uniam radicalmente, ela trazia a todos muita disciplina e

respeito.

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Jonas, ministrava os mesmos conceitos que usara na fábrica de

biscoitos, por onde passou por longa experiência de relações huma-

nas, embora, no início lhe fora muito difícil, pois, ali existiam mui-

tos sabichões.

Muitos deles, por força circunstancial de sobrevivência, entraram

em profunda depressão, e Jonas acostumado com as agruras da

vida, usava sua tranqüilidade para amainar o desespero e a dor da-

quelas pessoas, o eremita era tolerante sobremaneira com aqueles

seres deprimidos, pois, era grande conhecedor consciente de suas

vidas pregressas, e de que a dor do espírito suplanta qualquer dor

física.

Uma senhora, estava desvairando, logo aquela que no primeiro dia

de selva se dizia muito rica e importante no seu status social.

Sobre ela, Jonas fez um bondoso trabalho, usando suas energias e

experiências de conselheiro, através de psicoterapia e até terapia de

vidas passadas, coisa difícil de se aplicar em quem está se endoi-

dando de vez.

Como Jonas, já era conceituado, após essas curas, então passou a

ser um fenômeno inexplicável aos doutores e cientistas do acampa-

mento.

Com a TVP – Terapia de Vidas Passadas, que é uma regressão hip-

nótica ao paciente, que retorna às suas vidas pregressas e, passa

pelos seus bons momentos, e também pelos traumas mais cruéis, e

ao passarem pelos seus traumas, são induzidos a tirar de seus sub-

conscientes suas mazelas, e a se conscientizarem de que eles não

pertencem mais à suas vida presentes, e por este motivo, deixam

seus medos, fobias das tragédias de suas outras vidas.

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Roseli, uma adolescente, perambulava pelo acampamento, exigindo

certos cuidados, falava sozinha, e sentia muita falta de seu namo-

rado.

Certo dia, Roseli desapareceu, a busca foi incessante.

Encontraram-na sobre uma árvore de uns 20 metros de altura. Lá

estava ela a saborear as folhas daquela árvore, dizendo-se um pan-

da.

Chamaram um membro do grupo, um psicólogo clínico, para resol-

ver aquele problema inerente à sua profissão, aquela chamada lhe

fora empolgante que, começara a pensar em abrir seu consultório

no acampamento.

Chegando ao pé da árvore, o profissional começou a conversar com

Roseli, na tentativa de que ela descesse da árvore, porém, debalde

foi o seu esforço, enquanto, Roseli continuava a se dizer um panda,

e panda vive nas galhadas das árvores, alimentando de suas deli-

ciosas folhas.

Jonas, cautelosamente aproximou-se e, falou com Roseli:

- Olá, Panda-roseli, tudo bem por aí?

- Oi mestre Jonas, tudo bem!

Jonas repete a pergunta:

- E, com você, tudo em riba?

- Sim, melhor agora!

- Estou-me alimentando destas deliciosas folha.

- Você, Panda-roseli, deve estar tirando uma com a nossa cara,

pois, panda que se preza, com fica aí comendo folha de um ipê roxo,

olhe para suas flores e, verá que estou percebendo sua brincadeira.

Ainda mais você, estudante de agronomia, com especialidade em

folhagens vegetais.

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Desce daí, Panda-roseli, que vou lhe arrumar um belo pé de eucalíp-

to para você degustar suas folhas, elas sim, são: alimento adequado

a um verdadeiro panda.

Roseli, desceu rapidamente e abraçou-se ao mestre Jonas, e ambos

rumaram ao acampamento, embora, pairassem dúvidas sobre a-

quelas cabeças, sobre coala e panda.

Conquanto, os religiosos-fanáticos, acharam que o mestre havia

mentido escrachadamente ao fazer aquele teatro com Roseli, mais

parecendo dores de cotovelos daqueles hipócritas, achando-se muito

verdadeiros.

Porém, logo ouviram de Jonas as palavras de Paulo aos romanos:

“Seja todo o homem mentiroso e somente Deus verdadeiro”, citando

o respectivo verseto bíblico.

Romanos: 3

4 De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem

[mentiroso]; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas

palavras, e venças quando fores julgado.

O pessoal todo testemunhou aqueles feitos de Jonas, e até para pre-

encher o tempo, propuseram reuniões psicoterápicas em determi-

nados dias da semana, e assim foram se adaptando mais às hostili-

dades da selva.

Roseli, foi mais uma que alcançou sua cura.

Diógenes, foi outro caso, era uma pessoa muito forte e consumidora

de drogas, dessas alucinógenas, e ressentindo da sua falta, começou

a entrar em parafuso.

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Um americano chamado “Richard” havia quebrado uma perna, e

fora enfaixada com talas de bambu, improvisadas pelos médicos do

acampamento, e estava em recuperação, e perambulava pelo local

com um par de muletas improvisada em medeira de pau-d’arco,

enquanto, Diógene alucinadamente o abordou:

- Mister “Richard”.

O velho americano, ao ser assolado pelo aloprado, que já detinha

fama de viciado, encostou num amontoado de pessoas, e esperou o

ataque do hercúleo mancebo.

- Deixe de ser egoísta, Míster “Richard”, deixe-me dar uma voltinha

nessas suas muletas.

“Richard”, trêmulo entregou-lhe as muletas, e o jovem obsedado as

usou até dizer chega, devolvendo-as com milhões de agradecimen-

tos.

Aquela palhaça toda, fez a platéia delirar em risos.

Misturado à eles estava um senhor, também psicólogo, que muitas

vezes tentava algumas malvadezas, como não podeira faltar um

espírito de porco. utilizava a hipnose sedutora para aliciar algumas

possíveis jovens do acampamento.

Vivia essa pessoa em sua veleidade libidinosa, (tara sexual).

Sempre que Jonas fazia um prédica, essa pessoa se distanciava e, o

iluminado sempre percebia tal atitude.

Num certo dia, Jonas o procurou para uma conversa amigável,

admoestando-o mostrou-lhe, que ele poderia ser muito útil naquela

comunidade, conversaram tanto que Jonas usou suas técnicas de

impregnação extra-sensorial para acalmar aquela deficência men-

tal, mais uma cura, e o psicólogo passou a ser bastante útil aos seus

irmãos de acampamento.

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Conviviam entre eles, uns atores de teatro e televisão, que ali mon-

taram espetáculos, exercitando seus dons, invocando os espíritos

das artes dramáticas.

Jonas, sempre saía à cata de algum recurso em prol do acampa-

mento, e sua precisão era tamanha, que nunca perdera sua viagem.

Encontrou palmeiras, donde extraíram o palmito, e com suas folhas

revestiram as paredes e a cobertura da cabana e, naquela cobertu-

ra não apareceu um goteira sequer, ficando relativamente confor-

tável.

Construíram latrinas e lacraram-nas com enormes pedras, cinze-

lando-as com ponteiros de aço forjado com alguns metais retirados

do avião.

Jonas, conhecia bastante de fundição e temperava-os com precisão

assustadora.

Deixando-os no fogo, contava o tempo conforme os movimentos de

sua própria respiração, dando a têmpera exata para cada ferra-

menta, conforme o serviço a ser executado, enquanto, os intelectuais

admiravam o ecletismo de um mestre que falava o seu idioma cor-

retamente.

Aquelas fossas, hermeticamenta lacradas, fermentavam os excre-

mentos juntamente com outros dejetos naturais na produção de

gás, o qual era usado para alimentar um fogão improvisado e que

cozinhava para todo o pessoal, suas mangueiras condutoras de gás,

ou melhor sua tubulação, fora confeccionada pelas mangueiras

plásticas que sobraram do avião.

Resumidamente, fizeram um biodigestor.

Além, de um fogão à lenha que, muito contribuía.

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Único problema era produzir o fogo, os acendedores estavam sendo

usados.

Coisa que se resolveria mais tarde, através de um índio, perito em

acender fogo com suas técnicas indígenas, e que ensinaria Jonas o

processo, com as folhas secas e a madeira certa etc.

A água corria pelos centros de taquaras, ou bambus, bem, os bam-

bus eram uma dádiva de Deus, ninguém podia imaginar encontrá-

los ali, graças aos nativos que já os conheciam e deles faziam uso.

Havia ali pelas imediações, uma reserva enorme dos tais bambus, e

deles usava-se tudo, principalmente seu broto que se assemelha com

o palmito, realmente uma delícia.

Logo que começaram a construção da grande cabana, chegaram a

um consenso, contruí-la e dividi-la de acordo com a necessidade de

cada família, ou de cada pessoa.

Neste particular, contaram com o apoio e a experiência do mestre

Jonas, que a eles pediu que lhe cortassem dois cipós nas respectivas

medidas de 12 metros aproximadamente.

Escolheram um lugar mais ou menos plano, e começaram o desma-

tamento, aproveitando algumas madeiras de lei, e de espessura

média para as colunas de sustentação (pilotis), após o desmate que

foi feito em poucas horas, Jonas pegou os cipós, esticando um sobre

o outro em formato de cruz, e com o metro de lasca de bambu, que

havia confeccionado, mediu os ângulos internos e externo no ponto

crucial, e chegou ao ângulo de 90° (ângulo reto), daí pra frente

tudo ficou muito fácil, improvisou um prumo de 2 metros, com um

fino cipó, e uma pedra na ponta, e o nível foi tirando aos poucos,

com um pedaço de mangueira transparente, que logo serviria para

inteirar o condutor de gás.

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O galpão media 100 m2, portanto, um espaço de 2,5 m2 por pessoa,

até que era um belo espaço para quem estava perdido numa selva.

Fizeram divisões com bambus lascados e trançados, revestidos com

folhas de palmeiras. As portas e janelas seguiam o mesmo padrão e

suas dobradiças eram bem simples, porém, suficientes, pelo sistema

pivotante, sendo encaixado um dentro do outro, de modo que abri-

am-se e fechavam-se com muita facilidade.

Ah. Para se fazer o devido metro, a ferramenta principal, Jonas, foi

até o pneu do avião e leu na sua borracha a sua devida medida di-

ametral, e, simplesmente com uma cordinha mediu-o de extremo a

extremo, aquela medida que em geometria é: corda, e que divida em

2, é raio, obtendo uma medida quase exata, e daí foi dobrando até

chegar ao décimo de um metro, e o resto foi confeccionado com me-

didas acima de 10 cm, fácil, não.

Nas reuniões, o mestre começou ensinar àquelas pessoas a medita-

ção com a finalidade de despojá-las do medo condicionado, e isto foi

muito bom, que ao se livrarem do degredo, cada qual formou um

grupo de conhecimentos esotéricos, daí se saber os motivos de tanta

batalha para se chegar ao conhecimento evolutivo humano.

Essas reuniões eram confortáveis, já que, eles adaptaram as poltro-

nas do avião e cada um tomava a sua para assisti-las ao ar livre

nas noites, ou tardes amenas.

À noite, sempre conservava-se uma fogueira e um vigia.

Capítulo 13

O APIÁRIO

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Certa manhã, Jonas, acordara com um zumbido, sentou-se na cama

feita pelas suas próprias mãos, tecidas com cipós e acolchoada com

capim.

Espreguiçando-se, sentiu umas dores pelas costas, sintomas de al-

guma escoliose e, murmurou:

- Se minha cama é dura, meus sonhos são suaves!

Prestando atenção ao zumbido, achou tratar-se de alguma altera-

ção na pressão atmosférica, talvez a sua pressão arterial estivesse

com alguma oscilação. No entanto, levantou-se e colocou suas rou-

pas puídas, que eram compostas por um calção e uma camiseta, e o

antigo, sujo e surrado sapato de cromo alemão, sendo usado apenas

pelas palmilhas que ainda exitiam.

Saiu para fora do acampamento, era uma manhã que prenunciava

um dia ensolarado, pois, esfumaçava aquela cordilheira umedecida

pelo orvalho, e o zumbido continuava persistente. Encasquetado,

percebeu que aquele ruído vinha de uma direção e resolveu rumar à

ela, porém, no meio do caminho, resolveu voltar, e demarcou o lu-

gar, com a intenção de voltar.

Sua caminhada não foi tão curta, posto que andara 1/2 hora, mais

ou menos, e quando chegou, alguns já estavam acordados, e fora

cumprimentado alegremente por Danilo, um farmacêutico que o

ajudava sobremaneira nas preparações de chás aromáticos e medi-

cinais nas horas de necessidades, com a co-adjuvância de Geórgia,

mulher de meia idade, uma nutricionista que se fizera muito neces-

sária também, na alimentação daquela tropa.

Danilo, fumava uma maçaroca de ervas secas, secava-as ao sol, as

quais extraía da mata, folha a folha com o maior desvelo, como

num ritual xamânico.

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Enrolada no capricho daquele ritual, era verdadeiro charuto cuba-

no, só para avaliar a sua qualidade.

Após saudar Jonas, Danilo perguntou:

- Dormiu fora, saiu para alguma gandaia, cuidado Jonas, existem

muitas índias bonitas por aí. Estou de olho em você!

Jonas, riu da brincadeira do amigo, e respondeu-lhe:

- Acordei com um zumbido e, saí ao seu encalço, andei um bocado

sem ver absolutamente nada, porém, aquele som não silenciava.

- Pois, saiba Jonas, também acordei com tal zoada, e até pensei que

fizesse parte da minha labirintite, posto que, após minhas amnésias

sinto um atordoamento seguido de tal zumbido, que sempre me

enerva.

Agora, eram Jonas e Danilo a procurar a causa do tal zumbido,

rumaram até o local demarcado por Jonas, quando exclama:

- Danilo, olhe o que estou vendo.

Danilo, assustado com a exclamação do eremita, retruca:

- O que foi, rapaz, assim você me mata do coração.

- Abelhas, e pelo que me parece, são das boas.

- Se forem tão boas assim, não nos picarão.

Coitado do Danilo, nem terminou a frase, foi ferroado na ponta do

nariz, que o fazia espirrar com constância, enquanto, Jonas o ad-

vertia:

- Pare com isso, assim seremos atacados por todas elas.

- Ham. ham. ham. atchim, não depende de mim. ham. ham.

Apesar da picadas, voltaram felizes ao acampamento.

Estudavam uma forma de cultivá-las, criando uma colméia, sabe-

dores de suas utilidades, no uso de adoçantes, remédios através da

própolis, geléias, compotas gelatinosas etc.

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Apesar de adoçarem com a estévia, erva que substituía o açúcar,

somente o sal ficou fora do contexto.

Guardariam aquele secredo entre os dois, porém, até quando?

Em comum acordo, resolveram precaver o pessoal, pois, seria mui-

to perigoso contar com a sorte, havendo entre eles algumas crian-

ças, ou talvez alguém alérgico às picadas das abelhas etc.

Pegaram alguns cestos tecidos de bambus, e friccionaram algumas

ervas no seus interiores, como chamariz às abelhas.

Umas picadas daqui, outras dali, conseguiram extrair uma quanti-

dade de mel que teria de ser guardada a sete chaves, ao menos na-

queles momentos, até que a produção um dia aumentasse.

As abelhas, até que foram condescendentes com o novo lar, ali por

perto do acampamento.

Jonas, advertiu a todos que, no caso de um ataque, que eles corres-

sem à parte mais rasa do rio, e ficassem submersos o maior tempo

possível.

Também, não se esqueceu de fazer muita apologia sobre elas e suas

utilidades.

Explicou que, sem a rainha, a colméia toda estava perdida.

Falou sobre as operárias, que esterilizavam e produziam o mel.

E, quando uma delas morria, era retirada imediatamente da col-

méia e levada para bem longe.

Referiu-se também às guardiãs, que não permitiam a entrada de

nenhum intruso, mesmo sendo outra abelha, que não pertencesse ao

clã.

Concluiu, elogiando a simetria na construção dos favos, coisa divi-

na, disse ele.

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Capítulo 14

O FELINO

O que estava perturbando realmente aquela gente, eram os felinos,

que a noite vinham à procura de alimentos, restos de comidas e de

caças, e os mais medrosos ao ouvirem o triturar de ossos dos cate-

tos, caíam em horripilante depressão.

Em conversa com o líder do grupo, Jonas fez uma acordo para que

se colocasse um vigia próximo da fogueira, que deveria durar a

noite toda, para evitar ataques de algum animal.

Obviamente, com tantas pessoas, essa vigilância seria revezada de

vigia a cada 2 horas.

Um segurança, tagarela de primeira linha, certa noite dormiu, e o

seu turno prolongou, já que, o segurança da ativa acordava o que

seria seu substituto, e quando acordou, deparou com uma jaguatiri-

ca (oncinha de pequeno porte, mais para um gato selvagem, porém,

muito feroz).

O gabola se borrou todo, fazendo um escândalo, que acordou a co-

munidade toda e que o acudiu em seu histerismo.

No dia seguinte, em conversa, alguém lhe tira um sarro:

- E aí Agnaldo, você é tão garganta, por que se borrou todo com a

presença daquele gato?

O jovem Agnaldo, respondeu:

- De raiva, por não conseguir pegá-lo!

Todos riram, enquanto, Agnaldo dava uma de que não estava en-

tendendo a gozação dos colegas!

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Jonas, achou tempo para artes, explorando uma jazida de calcário,

experiente que era nos tempos da Montanha Doirada, e fez belíssi-

mas esculturas que povoavam os arredores da cabana.

Capítulo 15

A MALÁRIA

Após um ano de vivência naquele lugar, Jonas, teve o grande desejo

de explorar mais o local.

Um belo dia, saiu sozinho mata adentro, andou o dia todo por aque-

las cordilheiras sem qualquer preocupação, esquecendo-se até de

sua bússola.

Saiu do acampamento com pensamentos impolutos, dirigido pelos

seus amparadores.

Aquele dia fora realmente muito curto, quando deu de fé já eram 16

horas, e o guru estava definitivamente perdido, até porque, guru

também se perde.

Repentinamente, começou a sentir um frio descomunal, colocando

sua mão direita sobre sua testa, diagnosticou alto grau de febre.

Cansado, sentou-se sobre um tronco meio chamuscado por um raio

qualquer da mãe-natureza.

Lembrou-se da brincadeira que havia feito com Demóstenes, quan-

do lhe disse que estavam perdidos, lá junto das araucárias e seus

pinhões, e sussurrou:

- Agora sim, estou realmente perdido.

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Tirou de sua bolsa de juta, em pedaço de carne de caça. O silêncio

era cruel e estranho, sentia-se um marujo em plena calmaria, pre-

conizando com certeza uma grande tempestade.

Nenhum vento, apenas o ar gélido acompanhava aquele silêncio.

De súbito, o silêncio foi quebrado pelas quebras de gravetos.

O que será? – pensou: um animal dos grandes.

Jonas, carregava consigo um bordão de madeira, relativamente

leve, porém, de madeira muito resistente, com uma ponta de metal,

tal qual uma lança, para simplificar.

A lâmina da lança, merece um destaque especial, Jonas, capricha-

va, era extremamente cortante e pontiaguda.

Aquele tronco chamuscado, no qual estivera sentado para o ligeiro

lanche, media de 10 a 12 polegadas, portanto, não lhe era uma pro-

teção tão adequada para o tropel que se formara ali nas imedia-

ções.

Jonas, bastante apreensivo, preparou-se para o que desse e viesse.

Logo, se fez ouvir um grito apavorante, com a lança em riste, ele vê

passar à sua frente um indiozinho, um pequeno garoto em desaba-

lada aflição.

Imaginou, que em seguida passaria o famigerado animal selvagem,

dito e feito!

No seu instinto extra-sensorial, lançou sua arma a qual foi atingir

exatamente a jugular de uma enorme onça pintada.

O garoto índio, desaparecera.

Agora, tinha aos seus pés de quirongoze, uma onça imolada.

A noite já dava sinal de sua presença, e a febre e seus calafrios tam-

bém chegavam juntos com ela.

- O que seria aquela tremedeira – malária?

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Jonas, cambaio sentia uma lassidão muito provocativa, tentando se

locomover foi barrado por aquele tremelique beribérico.

Encostou-se sobre um pé de canjerana, entrando num estado de

torpor, nada mais viu, a não ser seus costumeiros trabalhos astrais.

Foi até um plano, onde muitas entidades estavam sofrendo agruras

atrozes, enquanto, prestava ajuda àquelas pessoas, não imaginava

seu corpo febril.

Chegou a um lugar, onde jovens e velhos banhavam-se numa enor-

me lagoa.

Até que estava gostando de ficar ali, mas percebeu que aquelas pes-

soas falavam muitas obscenidades, subiu sobre uma pedra e come-

çou a falar:

- Meus amigos, quero que saibam, estou aqui para ajudar, porém,

espero reciprocidade, pois, ao me permitirem ajudá-los, estarão me

ajudando também.

Depois, de muitos conselhos, tomava aquelas pessoas pelas mãos,

transladava-as aos seus respectivos planos evolutivos.

Notava também a presença de seu amparador a lhe orientar.

Após tanto trabalho, volitando para outros lugares, acordou sobre

uma fornalha de carvão a sapecá-lo na sua totalidade corporal.

Estava entre um estrado de taquara e outro, feito à sanduíche de

mortadela, estava entre duas “fatias de pão”.

Enquanto, um índio jogava no seu corpo, um líquido aromático, e

outro girava-o lentamente, com se fosse uma carne de churrasco,

que o fez imaginar:

- Agora sim, estou sendo temperado para uma bela ceia canibalesca

ao rufar desses tambores, enquanto, esses antropófagos, comedores

de carne humana daçam ao meu redor.

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Jonas, pensou bastante sobre aquela situação, mas nada o fazia

sentir algum desconforto ou dor.

Subitamente, notou a presença daquele indiozinho, qual ele salvara

da onça.

E, ao alcance de sua visão, lá estava esticado o couro da onça com o

furo no pescoço e ao seu lado o seu bordão.

Aquele vislumbre foi alentador, apesar de já estar sentindo bastante

calor.

Percebia que, o fogo era cuidadosamente controlado, para que não

ofendesse seu corpo.

Aqueles índios resmungavam muito entre si, sem ligar a mínima a

Jonas.

Até que enfim, tiraram o eremita daquela sauna e o conduziram à

uma taba, onde um índio cheio de penas e penachos, falava e falava

em sua língua, como que benzendo-o.

Jonas, estava embrulhado em muitas peles de animais, e o suador

lhe parecia infinito.

E, sempre aparecia uma jovem índia a lhe trazer guisados e sopa de

raízes etc.

À medida que o profeta ía se restabelecendo, tentava-se comunicar

com os silvícolas, fazendo desenhos e mímicas obteve relativo suces-

so.

Permaneceu entre eles por dez dias, como hóspede de honra.

Quando estava pronto para regressar, fez desenhos da cordilheira e

da fabulosa cachoeira, mas os indíos não viam a cachoeira com

bons olhos, talvez como mau agouro, índio tem dessas coisas.

Com alguns cocares e flexas, retornou ao acampamento acompa-

nhado de um enorme guerreiro que, ali conhecia como ninguém,

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Jonas o eremita que desceu iluminado

189 102

que o deixou próximo do acampamento, e com seus braços cruzados

batia sobre seu próprio peito em sinal de respeito e agradecimento

ao profeta Jonas, por seu filho o indiozinho salvo por Jonas.

Jonas, muito feliz adentrou o acampamento, seu relógio de pulso

marcava 15 horas, o povo estava reunido discutindo o seu sumiço.

Ganhara Jonas o couro daquela onça como agradecimento dos ín-

dios, e com ela assustava o pessoal do acampamento, que mais uma

vez, se surpreendia com o eremita.

Na realidade, o grande líder ali era Jonas, apesar do eleito oficiali-

zado.

Jonas chorou, emocionado com tantas lágrimas pelo povo derra-

mado pela sua falta.

O ermitão pensou em amor, fraternidade, fidelidade, amizade e em

seguida fez um discurso, até porque, discurso era com ele mesmo,

que homem para gostar de falar.

O mais interessante é, que eles viveram tanto tempo naquele local

sem jamais serem molestados por um indígena sequer.

Muito ao contrário, dali pra frente, Jonas visitava com certa fre-

qüência aquela tribo, até aprender falar o seu idioma, sempre a-

companhado de Danilo com quem tinha bastante afinidade filosófi-

ca.

Nas primeiras visitas àquela tribo, os índios ficaram apreensivos

com a presença de Danilo, porém, com a habilidade de Jonas, co-

municando-se com os nativos, tudo se arranjou.

Num certo dia, um outro americano, “John”, ficou apavorado ao ver

por entres as árvores o índio guardião, rondando o acampamento.

Era exatamente o guerreiro, pai do indiozinho, que havia conduzido

Jonas de volta ao acampamento.

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189 103

Numa das visitas de Jonas a aldeia, descobriu que, aquele índio

estava incumbido de vigiá-los no sentido de vê-los seguros contra

algum mal.

Era o guardião dos caras pálidas.

Capítulo 16

O RETORNO

Certo momento, dois jovens, que já não mais agüentavam aquela

vida na selva, e no desejo de serem resgatados, foram até o que

havia restado do avião e atearam fogo, com um tanto de combustí-

vel que esconderam em um galão hermeticamente fechado, junta-

mente com algumas madeiras que cortaram para o devido fim, às

ocultas, é claro.

Imaginaram que a fumaça desencadearia o desejado resgate.

A carbonização foi grande e, nada do que eles imaginaram aconte-

ceu, continuou como dantes.

Depois de quase 2 anos, ensinando e aprendendo com aquela comu-

nidade, que já estava crendo ser ali o único lugar deste mundo.

Jonas, se manifestou:

- Meus amigos, chegou a hora de partirmos.

O visionário Jonas, literalmente falando, teve uma visão, na qual se

lhe apresentou um senhor muito polido, um sábio desses que inte-

gram a faculdade de manipular a mente humana, os “sábios” deste

mundo, nossos governantes, marionetes das forças cósmicas.

Com consciência plena daquela situação, Jonas lhe pediu uma dica

de como saírem daquela mata, e o espectro então, lhe disse:

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189 104

- Irmão Jonas, até poderia lhe conceder esse seu pedido, mas o ne-

garei não em função de você, mas de toda essa tripulação perdida,

para sua própria evolução, porém, lhe deixo uma prerrogativa,

procure e achará o caminho.

Quero lhe dizer também, que todos fazemos parte de um contexto

evolutivo e, quanto antes você intuir o caminho de volta, estarei

evoluindo mais rapidamente também, ficarei livre de mais um com-

promisso com vocês, você me entende, não é.

Jonas, estava explanando sua visão ao povo, pois, recebera a anu-

ência para fazê-lo.

Atentamente, todos escutavam-no no maior silêncio, pois, o respeito

lhe era grande tendo em vista sua comprovada sabedoria.

Em sua prédica, Jonas, pediu 4 voluntários para começar a busca

do caminho do retorno.

Escolheram uma manhã, bem cedo, e Jonas escolheu o rumo oeste e

partiram.

Sofreram, andando 4 dias e 4 noites, com pequenos intervalos para

o descanso.

Finalmente chegaram a uma praia.

Avistaram um casebre, e um velho fumando num cachimbo, e um

cão a ladrar os visitantes.

De longe, Jonas gritou:

- Oh. Meu senhor.

O velho entrou rapidamente e pegou uma espingarda, e abrindo a

janela retrucou:

- Quem são ôceis?

- Nós estamos perdidos há 2 anos, embrenhados nessa selva, o nos-

so avião caiu!

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- Chegue devagá, e tome cuidado!

Era um velho caiçara ressabiado com presenças estranhas.

- Olhe o cão, ele pode nos atacar.

- Num sinhô, eu tô aqui.

Aproximaram-se:

- Prazer, meu senhor, abaixe essa arma ela pode ferir alguém.

- O que o sinhô qué aqui.

- Meu nome é Jonas.

- O meu é Mingo-pescadô.

- Senhor Mingo, somos tripulantes daquele avião que caiu há 2 anos

nessa mata.

- Proquê o sinhô dexô o bicho caí?

- Não, sei Mingo, nada pudemos fazer.

- Seu Mingo, o senhor pode nos ajudar, existem mais 36 pessoas

perdidas naquelas matas.

O caiçara, meio desconfiado, ficou pensativo por um instante e:

- Sô Mingo, na minha canôa só cabe eu mais o sinhô, posso levá o

sinhô comigo até Curupeba, êta vilinha de gente inchirida sô.

Pousaram ali naquela choupana, e no dia seguinte, bem cedinho

partiram, remaram, por 2 longas horas, enquanto seus 3 compa-

nheiros, desfrutavam de uma bela praia no casebre de Mingo-

pescadô.

Chegaram a um povoado, onde moravam 100 famílias, onde Mingo

barganharia seus pescados por arroz, feijão, pão, fumo etc.

Ali, recomendado por Mingo, pousou novamente na casa de um

chefe da vila, que o acoselhou a procurar recurso na cidade mais

próxima, onde existia polícia, corpo de bombeiros e tudo mais, desta

vez viajaria numa barcaça, mais acomodado.

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Chegou àquela cidade, e foi ter logo com a polícia, que foi muito

cordial com ele.

Voltaram numa bela e confortável lancha, mais parecendo um pe-

queno iate, alguns dias a mais e lá estavam todos reunidos no a-

campamento.

Os policiais e um repórter fotográfico, que instigado pelas autori-

dades juntou-se a eles para fazer uma matéria que repercutiria por

muitos lugares.

Ao chegarem, ficaram encantados com tanta criatividade, filma-

ram tudo e todos.

Aquela matéria alentou muitos corações, que já tinham seus paren-

tes como mortos naquele acidente aéreo.

Aquela tripulação foi levada para Virgínia, e para surpresa de Jo-

nas era exatamente a cidade na qual pretendia morar, antes do

acidente que mudou o curso de sua história.

Ao ali se encontrar, soube que aquela floresta pertencia à própria

ilha, onde moraria por longos anos de sua vida.

Ao chegarem, foram recebidos pela primeira dama e o prefeito da-

quela cidade, o casal estava pratocinando uma estada a todos, no

melhor hotel de Virgínia, até que se encontrassem com seus paren-

tes.

O hotel de luxo tinha vista para o mar.

A primeira dama era Dona Marta, pessoa muito amiga de Jonas,

que veio abraçá-lo com lágrimas nos olhos, juntamente com Dukerk

o prefeito.

Jonas, passou horas relatando ao casal tudo sobre o acidente e suas

sagas na selva.

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Dona Marta, tinha 65 anos e, dedicava-se integralmente aos menos

favorecidos, os pobres de Virgínia.

Jonas, foi morar num cômodo nos fundos da casa do prefeito Du-

kerk, e começava sua nova vida junto aos ilhéus.

Jonas, ao andarilhar pelas ruas de Virgínia, encontrou um senhor

caído sobre uma calçada, tentando soerquer-se, a princípio pensou

Jonas, estar aquela criatura embriagada, observando também que

sua cútis era muito clara, quase caucasiana, logo deduziu que se

tratava de um estrangeiro.

Aproximando-se dele, quis ajudá-lo, porém, foi repudiado com as

seguintes palavras:

- Senhor, não o conheço, mas agradeço a sua intenção.

- Pode deixar-me, levantarei e andarei pelas minhas próprias for-

ças.

Jonas, deixou-o e ficou analisando suas ações, firmando sobre seus

artelhos, com suas pernas trêmulas, cambaio, prosseguiu por uns

40 metros e veio a cair novamente.

Quando Jonas, ameçou ir ao seu socorro, foi interrompido por um

senhor:

- Desculpe-me a intromissão, porém, se fosse o senhor não faria

isso.

- Por quê? – Perguntou Jonas.

- Fui muito íntimo dessa pessoa, seu nome é Fred, ou melhor: “Frie-

drich”, de origem germânica, um gênio da cibernética, conhecido

como: “O Computador Humano”.

A sua história é muito triste.

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Sendo ele, alto executivo nessa área de computação, conheceu o

mundo todo, tal o seu prestígio, a trabalho inclusive, fora muito

requisitado pelos seus próprios méritos.

Morava ele numa mansão, junto com sua bela esposa e filhos.

Não faz muito tempo, sofreu um derrane cerebral, que parece tê-lo

invalidado pelo resto de sua vida.

Ficou internado um bom tempo, e afastado definitivamente de suas

funções.

Foi ferido no seu orgulho de grande profissional, e pessoal.

Não se sabe o porquê, mas ele deixou sua família e todos seus bens

para morar com sua irmã solteira e mais velha, que além de ser sua

procuradora oficial, também cuida de suas frustrações.

Se o senhor for discreto, poderá notar uma senhora de preto do

outro lado da rua, pois, é ela, que de certa forma não se atreveria

em ir ajudá-lo, note que ela usa um chapéu e um véu sobre a face,

assim ela se disfarça todos os dias, acompanhando-o sem que ele se

dê conta da sua presença.

Finalizando, disse que por coincidência veio morar na mesma cida-

de em que estava morando, e se apresentou a Jonas.

- Meu nome é Dirk, sou americano, escolhi esta ilha para morar,

estou aposentado.

- Chamo-me Jonas, às suas ordens e sou também novato por aqui, e

não sou aposentado.

Jonas e Dirk, tornaram-se bons amigos, pois, comungavam da

mesma idéia de ajudar ao próximo.

Dirk o convidou para uma reunião em sua casa, e lá se encontra-

vam pessoas de índole filantrópica.

Porém, eram cidadãos envaidecidos.

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Propuseram um debate sobre filantropia cada um querendo ser

mais altruísta do que outro.

Um dizia que doava isto, e outro aquilo, e dava para se notar que

eram somas elevadas.

Jonas, sendo instigado, falou:

- Meus amigos, bens são bens de várias maneiras e formas.

Comecemos pelos bens desta vida, sendo muito nobre por parte de

todos no desejo de dividir seus bens com os pobres, ou melhor, parte

de seus bens. Mas, vocês não devem se esquecer dos bens de ordem

etérica e cósmica como as boas intenções, como o amor, a paz, a

temperança, tolerância, estes bens abstratos são mais concretos do

que se possa imaginar.

Além, do prato de comida, vem o bom aconselhamente jungido à

boa atenção, acompanhado de um largo sorriso com demonstração

de alegria.

Estes bens, são tão espetaculares que, refazem a saúde psicossomá-

tica do ser humano.

Portanto, pela nossa maneira de ser estaremos influenciando nos-

sos irmãos, e isto é uma grande caridade.

“ O cipó acompanha o pau”.

“Filho de peixe, peixinho e´”

“Dize-me com quem andas, que direi quem és”.

Esta última frase de Jesus, pode nos ensinar, que a grande caridade

está no exemplo, o qual fala mais alto do que as palavras.

Falarei aos amigos, sobre um grão de areia.

Entre o grão de areia e o homem, existe bem pouca diferença, na

multidão de grãos de areia, lá está mais um, formando longas prai-

as.

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Na multidão, também lá esta o homem, metido a importante, leva-

do pelos ventos, pelas águas, sem domínio, sem saber para onde ir.

Na sua insignificante soberbia, vaidade e orgulho, achando-se o

máximo e até pensando que sem ele os demais grãos não vão subsis-

tir.

A caridade torna-se precária, quando não praticada no total ano-

nimato, e um tanto sofismável quando enaltecem o homem, como

Casa de Caridade Fulano de Tal.

Disse-nos Jesus: “O que fizer a mão esquerda, que a direita não

veja”

Mateus: 6

3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua [mão esquerda] o

que faz a direita;

Nas praias e arranha-céus, lá estão eles: o homem e o grão de areia

formando paredes colossais de concreto. São os homens convivendo

com os grãos de areia em plena solidão.

Nestas compilações de idéias concluímos que, somos dirigidos e

pouco dirigimos, pela falta de conscientização mental, pois, deve-

mos buscar a melhor direção para sairmos da contramão.

Os caminhos são difíceis, mas persistindo, eles se amenizarão, tor-

nando-se brando e prazerosos, porque as leis da natureza são in-

quebrantáveis.

E, Jonas prosseguiu:

Nas querências dessas plagas, passaremos como o grão de areia

levado pelo vendaval.

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Todavia, jamais seremos esquecidos, somos ínfimos tanto quanto

importantes!

Somos uma grandiosa partícula universal, jamais podendo ser des-

cartável.

Tal qual:

A flor,

O beija-flor,

O jardim,

A paisagem.

O eterno fim do começo.

O grão de areia.

A eternidade.

Jonas, bem que tentou falar palavras mais racionais, aos seus con-

ceitos, porém, falou o que falou e ponto.

Foi instrumento do seu eu interior, como sempre o foi, e resmungou:

- Sou um grão de areia também, talvez uma pluma que flutua nas

asas da brisa.

Aquelas pessoas entenderam a mensagem, percebendo que o assun-

to era sobre a humildade, que tanto honra o ser humano, que fica

longe da hipocrisia.

Dirk, e os demais, ao término daquela reunião, insistiram para

falar com Jonas e começaram propondo-lhe um cargo numa enti-

dade filantrópica.

Jonas, foi claro e evidente ao dizer-lhes que estava pronto para

cooperar com a entidade, porém, sem nenhum vínculo.

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Neste empenho de ajudar os outros, Jonas deixara tudo, partindo

com afinco rumo à sua meta.

Às vezes, Jonas se projetava em visitas aos seus familiares, não se

esquecendo da Montanha Doirada, que realmente estava em com-

pleto abandono.

Jonas, tentava sempre que podia, o anonimato, porém, as notícias

corriam e como sempre dependia do prefeito e da primeira dama

para efetuar suas caridades, acabava ficando atrelado ao casal e

exposto à língua do povo.

Certo dia, Jonas foi chamado pelo casal para um bate-papo no ga-

binete do prefeito, e foi convidado para participar ativamente da

mundo político do casal.

Jonas, odiava a política.

E, aquela lengalenga continuou:

- Jonas, o que leva um homem bem apessoado, culto e inteligente

agir de maneira tão antagônica à da maioria?

- Eu, como prefeito de Virginia, era assim. Não sei como pude mu-

dar, acho que somente para poder ter como prestar ajuda ao povo,

embora, a máfia da política muito me impeça.

O prefeito foi meio pretensioso na sua fala. mas, sem seguida veio-

lhe a respostas lacônica de Jonas.

- Prefeito Dukerk, por si só, sua pergunta já foi respondida!

Os três continuaram conversando amistosamente, quando o inter-

fone interrompeu a conversa.

Era um dos assessores do prefeito, insistindo num assunto que jul-

gava importante.

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Dukerk atendeu seu assessor, dispensando-o logo em seguida pelo

interfone mesmo, e disse a sua secretária, que aquela tarde não

estava para mais ninguém.

Retomando a conversa com Jonas:

- Caro Jonas, nós pensamos muito para chamá-lo para esta conver-

sa, eu e Marta, ficamos apreensivos, achando uma conversa bas-

tante delicada para tratarmos com você, sendo conhecedores de sua

personalidade e filosofia de vida, mas achamos que valia a pena a

tentativa.

- Muito bem, em que posso ser-lhes útil?

- Propomos a você que ocupe uma das nossas secretarias, exata-

mente a que está vaga, a do Bem-Estar Social.

- Note bem, Jonas, não estamos pedindo nada, absolutamente nada

para nós, e sim para o povo carente de Virgínia, até porque Marta

já tem uma certa idade para assumir esta pasta, portanto, pela

nossa amizade e consideração não vejo como poderá negar esse

grande favor a nós e à Virgínia.

A sutileza do prefeito foi enfática e contundente que desmontou as

respostas de Jonas, que foi direto:

- Se aceitar, assumirei essa secretaria, certo?

- Sim, secretário Jonas, respondeu-lhe o prefeito.

Jonas, naquele momento parou um pouco para pensar, e com a

mão segurando o queixo, pronunciou:

- Amém!

Recordando-se dos seus debates pastorais, fez uso deste verbete de

origem hebraica.

Capítulo 17

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A POLÍTICA

Quem diria, o eremita que desceu da montanha, agora metido em

política.

Politizava-se pela necessidade que se fazia premente.

- Jonas, agora você pode trabalhar melhor em prol de todos - falou

Dukerk

- Desculpem-me, não serei mais um jogral aqui nesta corte?

Perguntou o profeta, sapecando um termo provençal.

- Não nos ofenda - replicou Durkerk.

- Descupem-me, é apenas um brincadeira.

- Saiba Jonas, a nossa intenção é, lançá-lo candidato a prefeito!

Pois, somos idosos, e temos de escolher um candidato à altura do

cargo, esperamos que não haja recusa.

- Prefeito, existem tantas pessoas de confiança e competência, por

que eu?

- Jonas, os fatos não se apresentam apenas como nós queremos.

- Sendo você, espiritualista, ou pensa que nós não temos conheci-

mento disso, então vou lhe dizer o porquê da nossa decisão. Dormí-

amos, eu e Marta, num 5 estrelas lá no Caribe, quando tive uma

espécie de sonho, que em minhas dúvidas era uma fenomenal visão.

Não sei se você vê assim esses acontecimentos, Jonas.

São coisas do espírito, as quais não consigo entender muito bem,

como um vibrátil sutil de um acorde musical que, passa indelével e,

se não nos atentarmos ao fato, não mais lembraremos da sua sono-

ridade.

Dukerk, novamente deu uma pausa pensativa, e continuou:

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- Pois bem, nesta visão eu vi uma silhueta, em seus mínimos deta-

lhes, como posso visualizá-la agora e que me falou:

- Dukerk, sou o eremita Jonas, responsável por Virgínia, a mim me

foi confiada esta responsabilidade, para conduzi-la de acordo com a

dignidade humana.

A silhueta, era o seu biótipo perfeito.

- Despertei-me daquela visão, sonho, sono ou sei lá o que.

Levantei-me, preparei alguns documentos que necessitaria naquela

viagem, enquanto, Marta dormia um sono profundo.

E, curioso é, que ela nunca se levanta depois de mim.

Logo chegou o nosso café, juntamente com ele o jornal e, comecei lê-

lo, no momento em que Marta se aproximava, dizendo:

- Duk, sonhei que um tal Jonas vai sucedê-lo na Prefeitura de Virgí-

nia – o que você acha?

- O mais interessante ainda, foi que no jornal havia um relato que

estava lendo sobre um prefeito que se chamava Jonas em um cidade

qualquer do país, e concluiu:

- Sabe Jonas, isto já faz muito tempo, e nós nem nos conhecíamos

ainda.

Na primeira vez em que nós nos encontramos, lembrei-me nitida-

mente da tal visão, e Marta me fez a já esperada pergunta:

- Duk. Não seria esse o tal Jonas, o novo prefeito de Virgínia?

- Com todo o respeito e consideração que nutrimos por você, como

se fosse o filho que não tivemos, esta identificação não é debalde,

meu filho.

Jonas, já estava apar de seu futuro, apenas, fazia o jogo da humil-

dade, até para dar exemplos aos seus imãos-discípulos.

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- Dukerk, não creio no acaso, tive muitas visões para estar aqui, que

se faça cumprir os desígnios de Deus!

Jonas, começou a notar que o meio político era ao mínimo hilarian-

te ao seu conceito de místico.

Porém, rivalizou com as forças antagônicas universais, porque se-

ria diferente entre homens políticos deste grão de areia, o planeta

Terra.

O tempo passava, e Jonas cuidava de sua secretaria com muita

dignidade, quando morreu o Secretário de Obras.

Lá se foi o guru, acumular mais um cargo interinamente. Teve de se

esforçar muito, pois, não tinha o menor desejo, ou motivação para

assumir aquela responsabilidade.

Resignadamente, entendendo os desígnio das forças extrafísicas, foi

envolvendo-se cada vez mais com os negócios do município tam-

bém.

Através de comparações de preços, (licitações) foi obrigado a ver e

entender sobre as disprepâncias dos valores de antes, aos atuais, e

quantas manipulações escusas e antipatrióticas foram auditadas

nos muitos documentos licitatórios de contratações das grandes e

pequenas obras, e nas compras de seus materiais.

Guardou para si muitos segredos, posto que seus mentores o permi-

taram agir assim, dizendo: - Queremos você vivo para arrumar o

que lhe for possível nesse antro e nessa horda, ou corja de homens

egoístas e desalmados, que pensam em roubar e guardar o produto

do roubo para nada, atrasando assim o desenvolvimento de um

povo, aliás, como continuará sendo o seu planeta todo, por muitos e

muitos anos, até que a natureza necessite repor suas energias, atra-

vés de suas devastadoras forças, através de vendavais, tufões, fura-

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cões e muitos mísseis criados pelo próprio energúmeno ser humano

na sua autopunição.

Agiu inteligentemente, ouvindo os conselhos etéreos, pois, se se en-

volvesse nos escândalos não teria tempo para uma boa gestão, po-

rém, foi comendo pelas beiradas.

Na verdade, julgava-se simples orientador da ordem cósmica para

com os seres humanos e não; austero auditor.

Os fornecedores, tentaram muitas vezes suborná-lo, pois, desconhe-

cia sua idoneidade moral e ética, sempre polido, até se fazendo pas-

sar por inocente, quando lhe ofereciam propina, ele respondia an-

gelical e cinicamente:

- Oh. Meu amigo, esse desconto ainda é pouco, porém, se você der

tal desconto, eu fecho o negócio com a sua empresa. Aquele cinismo

incomodava os fornecedores, porém, não comprometia a vida de

Jonas.

Numa reunião parlamentar, a assembléia estava completa e, o pre-

feito perguntou a Jonas:

- Como vão as secretarias, Jonas?

- Vão Bem, senhor prefeito!

Replica a pergunta, o prefeito:

- E a de Obras?

Naquele momento, muitos ali, tremeram nas suas bases, e alguns

aventaram não ser aquele assunto a pauta da reunião. Eram aque-

les que tinham seus rabos presos às falcatruas e negociatas depre-

ciativas à economia municipal.

- O prefeito Dukerk, foi enfático na pergunta:

Então vem a resposta inteligente do secretário Jonas:

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- Vai muito bem obrigado, haja vista a economia que fizemos nesses

últimos meses, excelência.

- Alguma fraude detectada, meu caro secretário?

- Senhor prefeito, para que isso se confirme necessitaremos de longo

tempo, além do que, a nossa testemunha maior já não está entre

nós, (o secretário falecido) e estamos em fim de mandato, o que

truncaria em breve, qualquer auditoria.

Os mesmos manifestantes, apoiaram Jonas na sua dissertiva e dis-

seram, ufa.

Porém, um deles faz uma provocação:

- Jonas, deixará o barco correr à mercê dos ventos?

Era um vereador, querendo ver o circo pegar fogo.

- Não necessariamente, meu nobre edil, e se estou entendendo, o

colega está propondo uma drástica auditoria, de acordo com sua

autoridade nesta vereança, fica aqui proposto que essa auditoria

seja executada por uma empresa que não pertença ao município de

Virgínia e, que obviamente já deveria ter sido feita, posto que audi-

tar é da alçada desta casa, aliás, vereador é, sinônimo de fiscal.

Aquele vereador aquietou-se até o final daquela reunião e, de vez

em quando, Jonas fazia algumas perguntas capciosas e até insinu-

antes àqueles políticos.

Alguns meses se passaram e Duk adoeceu, já em sua avançada ida-

de, vai se retirando da vida política, deixando Jonas nas mãos do

novo prefeito, o qual vai tirando aquela Secretaria de Obras de sua

égide, e para Jonas aquilo pouca importância tinha, até porque

faltavam apenas 3 meses de mandato àquele prefeito.

Jonas, continuava tranqüilamente com seu altruísmo.

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Marta não tinha filho e, considerava o eremita como seu querido e

único filho.

Um dia ela lhe perguntou:

Meu querido filho Jonas, noto que você não dá a mínima importân-

cia à sua campanha a prefeito.

- Por quê?

- Mamãe Marta, não se preocupe, se este for meu sortilégio, para

não dizer sacrilégio, serei o prefeito virginiano, apesar de ser de

peixes.

Marta, riu meigamente com a brincadeira do eremita, que havia

descido para mais uma liderança.

No dia da apuração dos votos, a ausência de Jonas era perturbado-

ra.

- Estaria ele cuidando de alguma alma desesperada?

Jonas, jamais desejara ser um barnabé elitizado, porém, foi eleito, e

agora “saíra à chuva e teria de se molhar”.

Aceitando cordialmente o leme daquele barco, o timoneiro-eremita

descia para alcançar o ápice de sua gloriosa missão espiritual.

- E a primeira dama, se Jonas era solteiro

Quis que Marta cuidasse da assistência social, mas já estava decré-

pita com a morte do marido, estava realmente muito cansada, aí foi

eleita uma outra senhora caridosa e aquele problema ficou resolvi-

do.

Em uma noite, repousava Jonas em estado letárgico, e notou que da

palma de sua mão surgia uma pequena fumaça, como se fora a de

um cigarro aceso, que o intrigou.

- Fumaça, ora, ora, eu não fumo!

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Porém, aquela fumaça foi plasmando de forma lenta e sucessiva,

até se transformar em um ser de forma horripilante.

Jonas, acostumado com tais visões, brincou:

- Queira-me desculpar, mas você é muito feio.

A réplica foi imediata.

- Você também é horroroso, pena que tenha de estar aqui para atu-

rar tanta feiura.

- Meu amigo Jonas, digamos que você ampliasse uma ameba, que

de tão bela nem dá para ser vista, ou então uma lindíssima borbole-

ta, mas falemos da ameba, dessas que fundem a cabeça dos micro-

biologistas, a exemplo daquelas que colocadas em ambientes herme-

ticamente fechados, sem alimentos, tampouco oxigênio, e elas so-

brevivem e por luxo, constróem seus casulos.

Ficaria você, horrorizado com tamanhas deformações e aberrações

naturais, tanto da inteligente ameba, quanto da líndissima borbole-

ta.

São as visões dos retículos, meu amigo.

Bem, vamos ao que mais interessa, eremita.

Jonas, você tem uma missão para cumprir nesta cidade, não vai ser

fácil, por isso mandaram um ser horripilante como eu, para lhe

dizer que, “quem vê cara não vê coração”.

Ou seja: “o diabo não é tão feio, quanto pintam”.

“Nem tudo que brilha, é ouro” e “nem tudo que balança, cai”.

As aparências enganam!

Trabalhe de maneira honesta, como já está acostumado em toda

sua vida, ajude, pois, é isto que tem feito até agora, está de para-

béns.

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Chame-me de Micro, até porque fiz um esforço danado para ficar

tão feio assim, posto que de forma normal, sou passável, digamos

assim.

O meu mundo é, bem mais evoluído do que o seu, itra-universo, ou

intragalático, se assim você o quiser.

Jonas, entendeu tratar-se de um ser microcósmico.

Ele proseguiu:

- Jonas, estou aqui nesta empreitada de aparelhá-lo psicologica-

mente nessa sua empreitada de gerir Virgínia.

Veja, quanto falta para os homens galgarem esses degraus evoluti-

vos de conhecimentos. Eles nem imaginam um prefeito, conversan-

do com uma entidade tão horripilante, horrível criatura cósmica,

pois, se assim soubessem, você seria um maldoso feiticeiro, e eu,

inocentemente, seria Lúcifer, ou o Diabo.

- E, o que devo fazer, Micro?

- Escreva aí, vai.

- Escrever o quê?

- Oh. Jonas, ditarei a você uma diretriz básica de governo, para lhe

ajudar, se você se interessar, caso contrário, tem o livre-arbítro de

fazê-lo à sua maneira.

Jonas, escreveu muitas páginas daqueles ensinamentos, até que

chegou a hora da despedida do monstro que novamente lhe falou:

- Meu querido amigo, pense mais sobre a história da: “BELA E A

FERA”, e entenderá melhor o amor.

- Jonas, se a maioria soubesse que sofre influência estimulantes de

seres semelhantes a mim – o que fariam, ou pensariam?

Sou feio apenas aos seus olhos, porém, muito belo aos de minha

espécie.

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Quando você se acostumar a me ver com olhos verdadeiros, me

achará um cavalheiro tão elegante e belo, tal qual a você!

Jonas, não seja pretensioso somente pela estética, ou melhor, não

seja por nada.

Você, também estranha a minha voz, pois, saiba, ela é maviosa lá

no meu mundo, aos ouvidos dos meus irmãos.

Jonas, apenas ouvia aquela criatura e se pautava ao silêncio, embo-

ra, ficasse ansioso para dizer alguma coisa.

O estranho ser prosseguiu:

Falemos mais, do que interessa:

Não se esqueça dos homens, pobres arrogantes, que sobrevivem em

deletério.

Aproveite todas as oportunidades para doutriná-los, essa é a sua

maior missão, mostrar aos seus, o caminho da sabedoria, até por-

que, existem apenas 2 maneiras de se alcançar o autoconhecimento:

1. O caminho da DOR

2. O caminho da SABEDORIA

Através da conscientização dessas pseudo importantes pessoas, as

mais humildes serão beneficiadas.

Seja paciente com os “sábios-ignorantes” dessa vida, pois, se apre-

sentarão a você em situações difíceis.

São poucos os homens públicos que não se deixam levar pela ideolo-

gia alheia, e um idealista pode mudar a humanidade, veja o caso de

“Hitler e seu idealismo nazista”, fez muitos estragos, induzindo mui-

tas cabeças de homens “inteligentes” que foram cegos de consciên-

cia.

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Poderia lhe citar Alexandre “O Grande” – Napoleão Bonaparte –

Nero e tantos outros.

Volto a lhe dizer, ensine-os pela escrita, fala, e muito mais pelos seus

bons exemplos.

Aquela aula de Micro para Jonas chegara ao fim e:

- Bem, caudilho Jonas, a prosa está muito boa, mas tenho de voltar

ao meu mundo, fique na paz e no amor do Deus de todos universos.

Aquela criatura foi se desvanecendo, tal qual, quando se apresen-

tou.

Jonas guardou com muito carinho todas aquelas anotações e as

usava oportunamente.

Virgínia, com 70 mil habitantes, vivia da agricultura e da pesca,

motivo pela qual falou-se tanto em sementes.

Jonas, agora, mais do que nunca, se aplicaria em prol daquela gen-

te e sua agricultura.

Jonas, teve uma velha lembrança de quando era muito jovem:

Conhecera Max, um senhor bem-sucedido na sua velha profissão de

vendedor.

Ele era amigo da família de Jonas, e despertara grande curiosidade

no mancebo, em saber daquele sucesso todo, para alguém que co-

meçara do nada, como um modesto servente de pedreiro, profissão

muito honrosa, mas não para quem tinha outras ambições.

Nas horas vagas ele vendia perfumes, que sua esposa fabricava em

casa, e também passou a representar algumas firmas comerciais do

mesmo ramo.

Uma vez, Jonas perguntou a Max:

- Senhor Max, como se faz para obter sucesso com vendas?

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- No meu caso, tenho certeza que foi a meditação, se é que tenho

algum sucesso.

- Poderia o senhor discorrer sobre o assunto?

- Jonas, quando me iniciei no ramo das vendas, antes de ir visitar o

meu prospecto, orava e pedia a Deus que me guiasse até ele.

Porém, começou a me implicar uma idéia. - como poderia eu, um

ínfimo vendedor de perfumes, molestar um Deus tão maravilhoso

com minhas miseráveis vendas?

Não desisti, nas minhas orações, comecei a mudar a maneira de

orar, pedia a Deus o necessário, como que rezasse o Pai Nosso, e

depois imaginava-me fazendo altos negócios com meus clientes, e

aquela meditação transformava-se em sonho, até chegar em proje-

ção consciente.

Usava uma técnica muito natural, visitava o meu cliente como se

fora um grande amigo, sem pensar no que poderia vender a ele, e

naturalmente, me esforçava muito para agir àquela maneira sim-

plista, até que começou a dar um grande resultado, eu não mais era

vendedor, passei a ser artista na arte de fazer o meu cliente com-

prar.

Aquilo fora maravilhoso, era uma mágica, que não saberia lhe ex-

plicar.

E, Max proseguiu:

Meditava durante semanas, encontrando-me a falar com meu clien-

te e, muito mais a ouvir suas façanhas.

Conseqüentemente, recebendo polpudos pedidos.

Com o passar do tempo, comecei a entender que me projetava até o

cliente, que não sendo do metiê extra-sensorial, não tinha a menor

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consciência do que estava acontecendo, somente a sua essência ti-

nha essa consciência.

Como se você sonhasse a noite toda, Jonas, e no outro dia não se

lembrasse de nada de seus sonhos.

Quando a humanidade desenvolver esses dotes latentes em todos

nós, direcionados ao bem-comum, pois, no astral a lucidez é infini-

tamente maior, então a boa intenção propiciará aos humanos um

mundo melhor.

- Max, isso que você está me falando, elimina toda a sorte de mal-

dade.

- Não, em absoluto, não disse nada disso, pois, se se eliminasse todo

o mal, não seria necessária a meditação.

Entenda, Jonas, somente o fato de se colocar no mercado um novo e

interessante produto, já se faz muito trabalhaso, posto que, a con-

corrência irá fazer de tudo para que o produto aborte.

Infelizmente, aí está o sinônimo de muitas maldades humanas, e se

você quer saber, até crime de morte se insere neste contexto.

Basta olhar para as nações e notar sua grande corrida armamen-

tista, principalmente pelo interesse econômico.

Então, Jonas se perguntou:

- Por que não aplicar essa meditação aqui em Virgínia, além do que

já tenho feito.

E não deu outra, longas madrugadas contemplativas se sucederam.

Neste específico caso de homens públicos, era diferente de se tratar,

não era como lá na fábrica de biscoitos.

Carecia-se de muita sutileza, pois, era um sistema hipócrita, onde os

interesses pessoais eram realmente muito aguerridos.

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Jonas, foi ganhando a consciência daqueles parlamentares, fazen-

do-se passar por dominado, deixando que os sabichões comprassem

suas idéias ao invés de vendê-las.

A primeira coisa que fez ao tomar posse, foi lavrar um documento e

registrá-lo em cartório e nele rezando que, ele, o prefeito, por sua

livre e espontânea vontade, ficaria apenas com a metade de seu sa-

lário, e que outra metade seria doada aos pobres da cidade.

Fato que, deveria ser notório, porém, sem hipocrisia, para servir de

exemplo aos maus políticos.

Iniciou o seu trabalho, mexendo logo com a cadeia pública, com a

aquiescência do governo estadual. O que não deixou de gerar gran-

de polêmica. Estava periodicamente com os presos, orientando-os

em suas recuperações.

Trocava muitas idéias jurídicas com os magistrados, até conseguir

que aquele presídio, se encaixasse em um pecúlio aos presidiários,

através de seus próprios trabalhos.

Usou quadras poliesportivas, recuperando crianças das ruas, não

somente de Virgínia, mas das cidades da redondeza, com a coope-

ração de outras prefeituras.

Era participativo, até chegava atuar como árbitro nas partidas de

futebol da rapaziada.

Tendo entre eles um garoto deficiente físico, e Jonas, fez dele um

líder, para aconselhar os atletas em geral.

Alguns intelectuais batiam muito na tecla da educação, e Jonas

fazia-os entender que, primeiro teriam de alimentar os jovens para

depois ensiná-los.

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Num terreno fértil de 1 hectare, pertencente a prefeitura, Jonas,

com a cooperação dos jovens, fez uma enorme horta, com o apoio de

Josafá, um engenheiro agrônomo.

Construíram também, uma cozinha industrial, para atender as

creches e o presídio.

A adubação provinha do lixo reciclado, que a prefeitura comprava

dos moradores, abatendo nos seus impostos, economizando bastan-

te com aquela compostagem orgânica.

Incentivou as artes plásticas, a música, a literatura, e outras mani-

festações artístico-culturais.

Com o decorrer dos anos, Virgínia tornou-se uma cidade modelo,

com sua fama além-mar.

Terminou sua gestão, e ouve grande manifestação para que ele

continuasse na política, porém, o eremita cumpria mais uma etapa

na sua vida de conselheiro do mundo extrafísico.

Jonas, agora escreveria livros sobre suas experiências, no afã de

orientar seus leitores no caminho do bem-estar social.

“O Acampamento dos Deuses” - este foi um de seus “best-sellers”.

Neste livro inspirado, e psicografado por entidades evoluídas, onde

pensava falar de suas experiências, acabou escrevendo sobre expe-

riências de outras entidades, que o fizeram escrever outro livro:

“Guiado Pelo Espírito”, neste ela escreve sobre um personagem que

se deixava levar pelo espírito, que na sua modesta simplicidade

orientava as autoridades, sem que fosse apercebido, através de seus

dons telepáticos e clarividênticos, influenciva os governantes, sem

macular sequer seus carmas, a não ser: melhorá-los.

Morreu Marta, e Jonas resolveu voltar à sua cidade natal.

Fizeram uma grande festa de despedida.

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A contragosto de Jonas, ficaram grafadas em algumas lápides de

Virgínias nas praças públicas, em pedra e bronze, muitas homena-

gens a ele.

Lugar encantador era aquela ilha, com muitos amigos, porém, ja-

mais voltaria para aquela gente boa.

Chegou à sua cidade, mais honrarias: “Bem-vindo eremita Jonas, o

esperamos de braços abertos”.

Seus pais, já eram falecidos, e ele recebera uma grande herança a

qual deixou para seu irmão caçula administrar.

Jonas, agora morava num apartamento de cobertura, com todo

conforto e dedicava-se de corpo e alma às escritas.

Com ele vivia sua tia Lica, que o auxiliava nos afazeres domésticos,

bem como na datilografia de seus livros.

Jonas, saía muito pouco de casa, e quando o fazia, imiscuía-se entre

o povo, sem ser notado, ninguém podia imaginar a saga daquele

ancião em suas experiências de “vidas”.

Seus livros, foram escritos com apurada acuidade, como um calí-

grafo preocupado, redesenhando o esboço do gancho no vórtice de

uma letra na formação de uma palavra.

O talentoso Jonas, escreveu coisas misteriosas sobre a Atlântida,

seu povo e sua sabedoria, teoricamente provando que aqui existi-

ram civilizações muito adiantadas, confirmadas por muitos histori-

adores.

O ermitão que desceu da montanha, escreveu tanto que suas edições

ganharam espaço na imprensa.

Foi muito assediado pelas revistas da época, para que ocupasse

algumas de suas colunas, Televisões namoraram suas palestras,

sendo até convidado para se imortalizar numa Academia de Letras.

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Não aceitou qualquer desses convites, chegando até guardar em

segredo o seu número de telefone para não ser molestado.

Assim agia, e nunca mais deixou de escrever até os fins de seus dias.

Contou em um de seus livros, que ao bater numa pedra, lá na ca-

verna da Montanha Doirada para extrair uma saliência granítica,

ela funcionou como uma maçaneta, abrindo-se uma entrada e, com

curiosidade foi se adentrando à ela, quando foi tomado de surpresa,

caindo num vácuo por alguns minutos, que o colocou em grande

aflição e medo.

Esses acontecimentos também alterariam o curso de sua história,

como se fosse uma reencarnação, ao despencar naquele fosso escuro

após a entrada que se abrira.

Sincronizadamente ele via em “flashs” muitas paisagens em cores

estranhas, como se viajasse num trem bala, talvez.

Aquilo tudo era aterrador, até que a velocidade foi diminuindo, e

planou sobre um piso reluzente, com um enorme portal aberto em

sua frente que dava a um salão que se perdia de vista.

Viu enormes vaga-lumes que bailavam sobre o alto do salão, em

ziguezagues iluminando todo o ambiente com muita luminosidade,

semelhante à luz do dia.

Notou que alguns se enfraqueciam em suas incandescências, en-

quanto, outros se fortaleciam no espaço de alguns segundos.

Jonas, agora mais encantado que preocupado, saindo para o infini-

to salão, viu ao seu lado direito um paredão, que não dava para

mensurar sua altura nem seu comprimento, e nele existiam várias e

enormes portas abertas.

- O que poderia sair daquelas portas?

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O piso era reluzente da cor dourada-envelhecido, os portais eram

patinados puxado para o verde musgo.

Aquele local tão requintado que o fez pensar em: KGB – FBI – CIA –

UFOS – NASA etc.

E a coragem, para se pôr para dentro daquelas enormes portas?

Saiu com determinação para chegar até aquelas portas.

Aproximou-se sorrateiramente e. seja o que Deus quiser.

Encostou em um dos batentes e deu uma olhadela, e estremeceu-se

ao ver um humanóide que sinalizava para que ele se achegasse.

Estavam em uma reunião, e eram criaturas de porte médio.

Encontravam-se num salão de 500 m2 aproximadamente.

Jonas, aprumou-se e dirigiu-se até a criatura que lhe havia acena-

do, e que esboçava um sorriso amigável, como se fora de Jonas um

velho conhecido.

O que deixou Jonas bastante admirado, foi a sua fala, conversava

no idioma de Jonas, e sem a menor dificuldade, lhe disse:

- É coisa rara recebermos visita lá de cima, como é o seu nome?

- Jonas!

- O que veio fazer aqui embaixo?

- Estou aqui por descuido.

Os demais componentes da reunião estavam calmos, e ingeriam

alguma coisa.

- Jonas, você está um tanto nervoso, calma, já o esperávamos, nada

acontece por acaso.

E, o anfitrião continuou:

- Jonas, antes que você pergunte, temos muitas teorias sobre nossa

origem.

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Habitávamos o seu mundo, quando houve uma grande guerra e,

refugiamo-nos aqui pela cratera de um vulcão inativo, tal qual seus

cientistas que alimentam a ilusão de irem para outros planetas

para se livrarem de uma hecatombe terrestre.

- Não é verdade?

- Sim, também acho que sim!

Respondeu-lhe o eremita.

Jonas, naquele momento já encontrava forças, para suas respostas

mais concisas.

Continuou a falar aquela criatura bronzeada.

- Basta você atentar para a “Guerra nas Estrelas”, uma guerra psi-

cológica com um título impressionante imposta pela nação ameri-

cana, como um tigre mostrando suas assustadoras garras à sua

vítima indefesa.

Na caverna aí em cima, por muitos séculos, nossos ancestrais subi-

am até lá para fazer laboratório, como você está fazendo, por uma

outra via.

Temos muitas coisas ocultas que, não poderemos revelar a ninguém

que nos visite.

Portanto, quando você voltar às suas atividades de humano, não se

lembrará de quase nada, apenas o necessário para sua evolução.

Recordará sim, como se fosse um sonho indelével, porém, será pri-

vilegiado em algumas lembraças, porém, não recordará de suas

origens.

Muitos de vocês já estiveram por aqui, nos ensinaram muitas coi-

sas, como também aprenderam, tanto em se tratando de nossos

idiomas, como coisas de ciências e práticas do cotidiano de vocês,

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porém, nada podem lembrar como se estivessem passado por um

estado hipnótico profundo.

E, o sábio concluiu:

- Jonas, tudo isto que estou lhe falando acontece também com seus

irmãos lá da terra, como viajar inconscientemente, bem como com

consciência, para receber e repassar ensinamentos, às vezes lem-

brando-se das ocorrências e outras não.

Jonas se perguntou:

- E o montante de terra tirada daqui?

A resposta veio rapidamente:

- Já lhe falei que, entre nós existem muitos segredos que ainda não

se pode aventar.

Jonas, foi colocado no centro daquela reunião, cofortavelmente, e

ensinaram-lhe muitas coisas, bem como lhe fizeram muitas pergun-

tas, enquanto, Jonas era alimentado por um alimento a ele desco-

nhecido.

Ensinaram ao eremita a técnica de apagar o fogo, escalar e descer

lugares íngremes, transportar grandes volumes e pesos, pois, ali,

viu enormes pedras levitarem sob tais técnicas, que o fez lembrar

das pirâmides do Egito.

- Aqueles blocos, não teriam sido transportados assim? – pensou o

eremita.

Certa vez lá em Virgínia, estava Jonas na praia, quando um navio

cargueiro pegou fogo, enquanto acionava-se o corpo de bombeiros,

Jonas, praticamente apagou aquele que fora um grande começo de

incêndio.

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Este fato, foi muito discutido pela imprensa e pelo povo, e quando

lhe perguntavam, sobre o que tinha feito, ele brincava, assoprei o

fogo com a boca, ela estava cheia de água.

Enquanto, estava nas profundezas da terra, lá em cima sua família

tinha colocado até a polícia para procurá-lo, e já haviam-no consi-

derado morto.

Daí se concluir, como muitas pessoas são transladadas para outros

planos como no caso de Enoque e Elias, como nos diz a Bíblia:

Gênesis: 5

24 [Enoque] andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto

Deus o tomou.

II Reis: 2

11 E, indo eles caminhando e conversando, eis que um [carro de

fogo], com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao

céu num redemoinho.

Jonas, reapareceu depois de alguns meses e teve de arrumar a casa.

Seus animais sumiram do local, sua horta havia secada, e estava

praguejada.

Para sua sorte, seus pais apareceram por ali, na última tentativa de

encontrá-lo

e lhe sossegou o espírito, dizendo que seus animais estavam sendo

cuidados por eles etc.

Relatou ainda que, quando do seu retorno lá das profundezas, colo-

caram-no dentro de um túnel muito iluminado, que na realidade

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ele, não tinha a mínima noção se subia ou descia, até se encontrar

em um outro plano que o confundiu.

Chegou em um lugar todo sintético, ao menos parecia ser assim,

onde existiam luzes de todos os matizes. Eram luzes heterogêneas

em formato de retículos, e conforme o pensamento de Jonas, elas se

movimentavam com rapidez incrível, formando enormes letreiros,

bem como verdadeiras enciclopédias, onde Jonas confortavelmente

sobre a relva, passava horas em deliciosas leituras, estava com uma

vontade incontida de ler e aprender. Ali não sentia dor, fome, sede o

dia era perene, e tudo era substituído por uma paz indescritível.

Era o plano da sabedoria.

Quando Jonas, pensava em artes plásticas, as luzes corriam rapi-

damente homogeneizando-se entre si, e lá plasmava um Dali, Goya

e outros mais.

Se pensasse numa locomoção qualquer, lá estavam as luzes com-

pactando veículos, dos mais modernos e sofisticados se assim fosse

o pensamento, que o conduziam por lugares inacreditáveis.

Este foi o plano mais fascinante que Jonas visitou, este era o princí-

pio real de integração e desintegração atômico-molecular que ja-

mais vira.

Pensou num computador.

Lá estava o danado.

Pensou Jonas:

- Por que computador?

Apareceu escrito no monitor da máquina.

- Você me pediu, use-me se quiser.

Olhou para uma luz, redeada de dourado, e lhe perguntou:

- E, você, quem é?

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- Já fui semelhante a você e me chamei Orlando, hoje, aqui sou co-

nhecido por: Kol.

E, aquela comunicação era mental, além de uma legenda, para de-

rimir qualquer dúvida.

Um som divinal preenchia o local, enquantos os retículos moviam-

se em movimentos precisos e matemáticos-cintilantes.

Jonas, pensou em sua namorada lá dos seus idos 15 anos, e ela se

apresentou a ele com toda realeza de suas lembranças. E o eremita

começou a se inclinar para aquelas idéias apaixonantes de sua jun-

ventude, beijos, abraços, estava sentindo realmente suas paixões

reflorecerem. Usando de toda sua energia, abdicou-se da idéia e

num suspiro profundo, exlamou:

- Como a gente sofre neste mundo.

E em seguida ironizou:

- Mas, que mundo?

Curiosamente, pensou em seu amigo de escola, Renato, as luzes se

juntaram novamente formando o espectro do amigo. Conversaram

muito sobre o tempo

escolar que vivenciaram ali como se fora a maior realidade, mais

que isto.

Renato, então falou:

- Lembra-se da professora Odete?

- Jonas, vou pensar nela!

Nem terminou a frase, apareceu dona Odete, e ali mesmo, fazendo

piegas, quis ministrar aulas aos Jovens, porém, eles pensaram em

outros atrativos e assim mudou o cenário.

Ao retornar daquela viagem, encontrou-se deitado dentro da ca-

verna com uma voz firme falando:

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- Sou a Montanha Doirada.

Jonas, despertou e, achou ter sonhado, porém, quando viu a bagun-

ça que se estabeleceu ali no seu lar, testeficou que, realmente teria se

ausentado por longo tempo do local.

Atordoado ainda, olhou à porta da grande caverna e vislumbrou 6

bugios (macacos de pêlos avermelhados) brincando em algazarra,

como que caçoando do ermitão.

Jonas, cultivava, bananas, amendoím, milho, girassol etc. Daí con-

cluir-se o porquê dos novos amigos, porém, esta dedução fica sem

muito fundamento, até porque sua roça já tinha ido para o beleléu.

Jonas, passou muito tempo analisando, e fazendo anotações. E che-

gou a escrever que viajara para seu próprio inconsciente, após ter

tanto procurado a porta de pedra que, de certa forma o conduzira

ao plano doirado, e ainda se perguntou:

- Afinal, seria coincidência. ter batizado esta montanha com o nome

de Montanha Doirada?

Depois dessas viagens, notou possuir algum poder em forma de

sabedoria, que na verdade é, o maior poder dos universos, “o sa-

ber”. Teve a percepção de que podia exercer quaquer profissão, com

muito pouca experiência, como alguém incorporado por um espírito

de alto conhecimento e exercendo função específica.

Quando seus irmãos leram seus livros, ficaram encabulados com

tudo aquilo, mas em uma coisa foram unânimes:

- Todo gênio, é mesmo maluco!

Não entenderam que, essa maluquice é um privilégio evolutivo, ou

seja: é merecimento.

“A maioria vive para a maioria, para ser maioria”.

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189 137

Capítulo 18

AS PALESTRAS

Em um certo dia, seus irmãos, e até sua tia Lica, que gostavam mui-

to de ouvir as prédicas do preletor Jonas, insistiram para que fosse

até a faculdade de direito do local, que por sinal, ficava bem perto

de seu apartamento. Atendendo a um convite formal pora pales-

trar, Jonas abriu uma exceção, e foi.

Falou sobre o direito penal conjugado à filosofia.

Aquilo, provocou muitas perguntas por parte de alunos e professo-

res, tais como:

- O senhor estou direito?

- Tanto que não estudei direito, que abandonei a escola.

- O senhor estudou filosofia?

- Não fi-lo, porque não qui-lo, frase incorreta, porém, provocativa,

posto que não tendo ninguém para corrigi-lo ele tomou a iniciativa:

- Lá no início da minha preleção, falei qui-lo ao invés de quis, e, não

apareceu nenhum doutor para me corrigir, até me merece, que os

senhores não devem ter estudado direito.

- Desculpem-me, sou auto-didata, e obviamente tenho estudado um

pouco de tudo.

Jonas, era um gozador, como já ratificamos várias vezes, porém,

naquela tribuna, pelo seu jeitão, ía conquistando sua platéia.

Lá nos fundos, alguém grita:

- Li seus livros e os achei muito fantasioso, o que o senhor me diz a

respeito.

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Em seguida, surgiu uma outra pergunta irônica em forma de res-

posta.

- O senhor, é céptico, agnóstico ou ateu?

Respondeu o eremita, vamos-nos organizar e perguntar um de cada

vez.

- Respondendo as perguntas, sou crente em Deus e em seus planos

cósmicos.

- Como. quem, que não se identificou com meus livros, deve tê-los

lidos?

Outra pergunta:

- O que leva o senhor a crer que, fez essas viagens fantásticas feito à

Julio Verne?

- O amigo, acaba de responder, tendo em vista a realidade desse

fantástico escritor que, vaticinou o futuro hoje concretizado!

Continuou sua explicação futurista:

- Todos nós podemos saber do futuro, porém, nem sempre é interes-

sante, pois, também saberíamos do nosso passado, e dos momentos

traumatizantes pelos quais passamos e nos tem deixado resquícios

muito forte de nossa tacanha vida terrena.

Lembranças atrozes nos perturbariam demasiadamente, piorando

ainda mais o nosso futuro de resgates cármicos.

Portanto, não nos é bom sabermos do futuro, e sim somente daquilo

que podemos suportar no momento.

Tomemos por exemplo: alguém que tenha 3 anos de idade. - de que

lhe valeria se visse seu futuro de 80 anos de idade?

Não entenderia nada sobre experiências futuras.

- Portanto, meus amigos, se sei alguma coisa do futuro, como acon-

teceu com Nostradamus e Verne, foi pelo simples fato de me espe-

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189 139

cializar e privisões extra-sensoriais, posto que todos nós somos a-

graciados com a mediunidade natural, apenas depende de nossa

vontade em desenvolvê-la, mais ou menos, de acordo com nossos

instrutores espirituais.

O professor que se prepara para ensinar o aluno, simplesmente está

lhe mostrando um ensino presente, que lhe servirá para aplicar no

futuro que poderá ser de alguns segundos.

E, jonas prosseguiu:

- Falamos da criança e do futuro, pois bem, nos nossos sonhos va-

mos até o futuro, sendo que não nos é negada a oportunidade de

estarmos nele. Porém, se nos especializarmos em vivenciá-lo, e in-

terpretá-lo, logo estaremos vivendo uma realidade diferente de ver

esta vida.

De modo que, deixariam de ser sonhos, para serem verdadeiras

projeções de vidas astrais, nos mundos astrais, ou seja: a verdadei-

ra vida.

Verne, foi um sonhador, que escreveu seus sonhos.

Foi um profeta que viveu o presente no passado, ou o futuro no pre-

sente, como queiramos, somos atemporais no sentido nato da pala-

vra.

Uma outra pergunta:

- Minhas dúvidas são sobre as coisas etéricas, como o senhor bem

as descreve, como se fossem sonhos mesmos.

Respondeu o eremita:

- O senhor deve ter ouvido muitas vezes a frase: “Sonhar, é viver”,

pois, viva meu amigo, viva, repito como digo nos meus livros: A

vida não passa de um sonho. Reafirmo: a vida é mais ilusória do

que o sonho.

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189 140

Aquela conversa durou muito tempo.

Depois daquela palestra, muitas revistas, rádios e outros canais de

comunicação, criticaram a retórica do palestrante e, acusaram o

conferencista de muitas bravatas.

Porém, correram atrás do eremita para novas palestras especulati-

vas.

Neste particular, nada é melhor do que a imprensa.

Na cobertura onde morava, plantou um belo jardim, inspirado nos

jardins suspensos da Babilônia, nos tempos do rei Nabucodonosor,

guardando as devidas proporções, é claro.

E, naquele jardim inspirou-se para escrever mais um livro: “O ho-

mem que pastava”

Daniel: 4

25 serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os

animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás mo-

lhado do orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti;

até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos

homens, e o dá a quem quer.

28 Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonosor.

Nele, Jonas, ralata os encantos dos jardins suspensos do poderoso

Nabucodonosor, bem como seus ambientes, e seus cambiantes per-

fumes. Penetrando, nos registros históricos se viu diante de tão por-

tentosa criatura de sua época, com seus desmandos e despotismos.

Orgulhosamente o rei lhe mostrou os seus palácios, com seus siste-

mas hidráulicos, para abastecer suas riquíssimas banheiras. ali

belas jovens passeavam, com suas sandálias beirando as as bordas

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189 141

das piscinas feitas em mármore branco, banhavam-se também be-

las raparigas que em outras ocasiões amancebavam-se com o rei,

aos sons de reverberantes harpas, manejadas por exímos harpistas

do rei.

Neste momento ouve um grito agônico, era mais um servo da gran-

de e irascível majestade, que despencara das alturas, indo fundir-se

ao chão de belas lajotas de granito polido.

Naquela inescrutável situação, Jonas vê um harpista bamboleando

e, pensou malevolamente, tratar-se de um jovem travestido, en-

quanto, outros reverenciavam a passagem de sua majestade.

O sol se fora, juntamente com a luz celeste, prevalecendo então a

penumbra.

Mergulhado em seus pensamentos, lembrou-se então que aquele

poderoso homem teria como hospício a padaria da região, de onde

tiraria seu alimento, junto à alimária do campo ao crepuscular de

seus dias, por seus sórdidos sentimentos.

Lembrando-se das amostragens bíblicas, enfatizando os céus, para

onde íam os homens bons, associou às idéias de Nabucodonosor de

calçar suas ruas e castelos com as mais finas pedras, talvez como

nos descreve o Livro sobre a paradisíaca Nova Jerusalém, toda

calçada e enfeitada com predras preciosas, conforme o livro do

Apocalipse:

Apocalipse: 21

11 tendo a glória de Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pe-

dra preciosíssima, como se fosse jaspe cristalino;

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12 e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas

doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze

tribos dos filhos de Israel.

13 Ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul três por-

tas, e ao ocidente três portas.

14 O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os

nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

15 E aquele que falava comigo tinha por medida uma cana de ouro,

para medir a cidade, as suas portas e o seu muro.

16 A cidade era quadrangular; e o seu comprimento era igual à sua

largura. E mediu a cidade com a cana e tinha ela doze mil estádios;

e o seu cumprimento, largura e altura eram iguais.

17 Também mediu o seu muro, e era de cento e quarenta e quatro

côvados, segundo a medida de homem, isto é, de anjo.

18 O muro era construído de jaspe, e a cidade era de ouro puro,

semelhante a vidro límpido.

19 Os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda

espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento era de jaspe; o

segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeral-

da;

20 o quinto, de sardônica; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito;

o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o

undécimo, de jacinto; o duodécimo, de ametista.

21 As doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era de

uma só pérola; e a praça da cidade era de ouro puro, transparente

como vidro.

22 Nela não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor Deus

Todo-Poderoso, e o Cordeiro.

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23 A cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela

resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro

é a sua lâmpada.

24 As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a

sua glória.

25 As suas portas não se fecharão de dia, e noite ali não haverá;

26 e a ela trarão a glória e a honra das nações.

Jonas, recordava-se desse assunto, descansando em sua rede, se

perguntou:

- Como será esse céu dos religiosos?

- Sinceramente, se for como está descrito, renego-me peremptoria-

mente ir habitar tal lugar, pois, já temos essas coisa aqui na terra, e

não nos trazem felicidade, pelo contrário, carregam em si mazelas,

e muitas discórdias, e crimes.

- Seria esta, a composição da cidade divina?

- São metáforas, usadas pelos sábios de suas épocas para atraírem

adeptos ao seus rebanhos, com a intenção de praticarem o bem,

endireitando suas veredas através do arrependimento, ou do casti-

go, sabedores do interesse humano nessas coisas ilusórias, tentam

iscá-los através dessas parábolas. Talvez seja este o caso, pois, o ser

humano é vidrado nessas mesquinharias, que geralmente ficam

trancafiadas em cofres, sem nunca serem usadas.

Jonas, estava sempre arredio, sabendo que todo homem desenvol-

vido tem poderes persuasivos, sobre os outros e, assim passa a ser-

vir de muleta para os demais.

Jonas, pregava a auto-evolução, livre dos dogmas, podendo ade-

quar-se à qualquer comunidade.

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Porém, alertava que esses mistérios pertecem a todos, estão dentro

de todos, homens e mulheres.

- Deixem as muletas!

- Deixem as muletas!

- Andem com os próprios pés!

Clamava o profeta Jonas.

Capítulo 19

O DETETIVE

Certa vez, estava Jonas a descansar em sua rede, confeccionada

pelas suas próprias mãos, lá nas proximidades do acampamento da

tripulação perdida, lá na selva, embaixo de 2 árvores que fendiam

uma rocha, a uma altura de 12 metros, lugar este que Jonas tinha

de escalar para descansar e meditar, e o fazia com o máximo pra-

zer.

Dali, ele tinha acesso a uma visão espetacular daquela mata, e do

caudaloso rio, que a cortava.

Sua calma foi quebrada por um horroroso grito: - Soocoorroo!

Era “Rymond”, que invetara esse seu próprio nome, pois, não se

dava muito bem com o verdadeiro, na verdade não era diferente

dessa versão, era somente uma questão de interpretação.

“Rymond” havia seguido Jonas, estava muito curioso com as ausên-

cias do profeta do acampamento. Seguindo seu instinto profissio-

nal, feito a um gato, tentando escalar aquela parede de pedra, para

espionar o eremita, porém, ao subir, se deu mal, sendo ele o caça-

dor, teve de pedir socorro à sua caça.

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Jonas, socorreu aquela curiosa criatura, que muito sem jeito, foi

arranjando uma desculpa esfarrapada:

- Oh. Seu Jonas, que coincidência, o senhor também por aqui.

- Dectetive Raimundo, que sorte a sua, se eu não estivesse aqui,

poderia ter caído, e. Jonas fez questão de enfatizar o C do dectetive,

mais a palavra odiosa: Raimundo, posto que, era inadmissível ao

detetive, que alguém o chamasse pelo próprio nome.

- O senhor me desculpe, mas meu nome é: “Rymond”! – Falou o

detetive, com sotaque inglês.

Respondeu-lhe, Jonas:

- Desculpe-me, “Rymond”.

Jonas, deitou-se sobre a rede balouçante, e tranqüilamente, falou:

- Apesar de termos certo tempo de convívio, ainda não tivemos a

oportunidade de trocarmos alguma idéia. Eis o momento oportuno,

sente-se aí nessa pedra e vamos papear.

- Em primeiro lugar, desejo muito saber porque você me seguiu!

- Não, em absoluto, senhor Jonas, este nosso encontro foi por puro

acaso.

- “Rymond”, você pode me chamar simplesmente de Jonas, como já

o fez em outras ocasiões, e como detetive, é importante que não se

esqueça dos detalhes de uma investigação. Holmes, que também era

inglês como o seu nome, jamais se esqueceria de um detalhe como

este.

- Jonas, eu nutro certa admiração por você, esta é a verdadeira

causa de estar ao seu encalço, pelo que, torno a lhe pedir desculpas.

- Não há de quê!

- Jonas, qual o motivo de você gostar deste isolamento?

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- Bem, vamos lá, subo aqui neste recôndito lugar, para desfrutar e

admirar toda essa riqueza natural.

- Riqueza? – Seria mais uma de suas surpresas, Jonas?

- Surpresas. que nada, sou muito mais rico do que você possa ima-

ginar, “Rymond”.

- Ah. agora, começo a entender, você deve ser o dono desse imenso

lugar.

- Somos donos de tudo, “Rymond”.

- Explique-se melhor, mestre Jonas.

- Deito-me nesta rede, e contemplo toda essa fauna e flora, em toda

essa quietude natural, e, saiba, além de mim, você é o primeiro a vir

aqui bisbilhotar. Porém, não é exatamente você, creia. alguém que

você desconhece o trouxe aqui.

- Eu bem que imaginava, agora sei que você é, o dono de toda essa

terra.

- Grande detetive “Rymond”, sou sim, tanto quanto você o é, aliás,

somos sócios.

- Peço-lhe, para me escutar!

- Aqui neste meu descanso, admiro a grandiosa força da natureza,

pois, o homem que não tem a capacidade de fazer um relaxamento e

contemplar tantas coisas belas, é um pobre coitado.

Preste atenção, o proprietário deste mundo verde, e para fazer um

trocadilho: o próprio-otário destas terras, paga um preço alto para

dividir comigo estas belezas, posto que posso usufruir de tanta

grandeza e energia. Passo aqui horas a fio, recebendo tantas ener-

gias, que me fazem exultar de tanta felicidade.

- E, o proprietário?

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- Talvez, esteja ele neste momento, sofrendo para manter essas ter-

ras, pagando seus impostos, somente para se dizer dono de tudo

isso aí. Porém, o verdadeiro dono é, aquele que desfruta de seus

bens.

- E, quem é esse, que desfruta de tantos bens assim?

Meu caro “Rymond”, antes de você chegar aqui, estava eu, desfru-

tando da beleza daquelas flores amarelas e roxas daqueles pés de

ipês. Veja, quanta beleza.

O detetive desconversou e disse:

- Mestre Jonas, na verdade, alguém do acampamento, me pagou

para segui-lo, tendo muito interesse sobre seus atos.

- Desejo-lhe boa sorte nesse seu empreendimento, mas não me vejo

com tanta valia assim.

- Mestre, não lhe interessa saber quem é?

- Não, sinceramente, não, até porque, você estaria quebrando a lei

do silêncio, como a do padre em seu confessionário.

- Jonas, você pronunciou, padre?

- Meu caro detetive, pouco me importa quem lhe pagou, e como

pagou, já que aqui não se faz nada com dinheiro, estarei à sua dis-

posição, facilitando essa sua investigação, não sendo necessário que

se precipite das alturas para concluir esse seu trabalho.

Rymond, que já tinha certa admiração por Jonas, passou admirá-lo

ainda mais, permanecendo em longa parlamentação ali com o ere-

mita, a ponto de causarem muita preocupação lá no acampamento,

pelo fato de demorarem tanto para o jantar.

Ali, todos tinham uma senha, para o almoço e para o jantar, justa-

mente para que não houvesse algum desaparecimento.

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“Rymond”, por suas aptidões, havia descoberto algum caso de adul-

tério, ali no acampamento, porém, fazia vistas grossas, temendo

alguma fatalidade entre eles.

Seu confidente, doravante era Jonas, que sempre o aconselhava,

para ser bastante discreto, pois, poderia haver uma hecatombe,

caso houvesse alguma fatídica descoberta.

A curiosidade daquele homem era tanta, que deixava Jonas deveras

preocupado.

Ele, estava fuçando a vida de todo mundo, diuturnamente corria

algum risco, posto que, ali ele teria de agir artesanalmente, seus

aparelhos eletrônicos ali não funcionavam, nem tinha linha telefô-

nica a ser grampeada, automóvel, microfone, nada, tinha de ser no

delito-flagrante mesmo.

Por este motivos, foi flagrado, flagrando uma jovem, que tinha um

pai muito macho, nervoso pra dedéu. aí o pau comeu realmente.

“Rymond”, apanhou pra valer até desmaiar, e depois, acabou con-

tando que fora contratado pelo jovem namorado daquela garota,

que estava desconfiado de traição etc.

Mais um fato interessante aconteceu: Um jovem engravidou uma

garota, e houve uma enorme confusão, porém, com padres e pasto-

res, acabaram por realizarem uma cerimônia ecumênica e tudo se

resolveu.

Após, os famosos nove meses, nasceu um garoto, pelas mãos de

Demóstenes, o médico dos pinhões cozidos e das araucárias.

Mais, um rebento a integrar o inóspito planeta azul.

Capítulo 20

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A ASA DELTA

Jonas, em sua juventude, praticava esse esporte, e ali na selva junto

da tripulação perdida, pensou em fazer uma asa delta para planar

sobre a selva, pois, seria de extrema utilidade para exploração do

local.

Passou vários dias, estudando como fazer aquela geringonça, ras-

cunhou de todas as maneiras possíveis e concluiu sua idéia.

Pegou, bambus, cipós, couros de caças que eram muitos, pois, os

tripulantes tinham muito tempo para caçar, e nada ali se desperdi-

çava, costurou as peles, enfim logo, lá estava a asa, que mais pare-

cia uma pipa.

No dia da inauguração de seu invento, lá estavam todos para ver o

“Homem Pássaro”. Uns aconselhavam-no a não se arriscar, outros,

querendo ver mesmo o circo pegar fogo, atiçavam-no para o tal

evento.

Ao píncaro da glória, lá se foi o Ícaro, planando como uma garça

pelos ares, a contemplar as encopadas árvores de um vergel sem

igual.

Retirando-se do local mais próximo rumou a aldeia dos índios, que

já havia contatado por ocasião de sua malária. Aqueles silvícolas

ficaram muito excitado com tudo aquilo, e com suas flechas tenta-

vam abatê-lo como se fosse um pássaro qualquer.

Jonas, arriscou-se, e muito, pois, aterrissou bem no centro daquela

aldeia e foi só índio e pena que voaram por todos os lados, com mais

medo do que brabeza, os índios reconheceram seu amigo Jonas, e

começara a idolatrá-lo como a um deus qualquer de índios, até por-

que índios tem mesmo dessas coisas, haja vista o nosso Caramuru.

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E, para sair dali da aldeia, ele era um deus, e agora?

Os índios, encantados com a tal máquina voadora, faziam tantas

perguntas, e se diziam dispostos a voarem também. Com muita

demora, Jonas convenceu a todos que teria de voltar ao acampa-

mento, e desmontando seu avião de taquaras e peles, pois, ele havia

pensado em tudo, até como descer ali na aldeia e como dela sair, já

com a intenção de impressionar a tribo. Enrolou a sua asa, como se

fora uma mercadoria qualquer e, como um deus, voltou desta vez

acompanhado por 2 índios, que a qualquer movimento, o re-

verenciavam.

Aquela tribo, bem como aqueles 2 guerreiros já tinham grande su-

perstições sobre aquela cachoeira, agora então. Jonas era endeusa-

do, como se tivesse grandes poderes.

Foi grande a admiração, quando Jonas chegou escoltado por dois

índios de tamanha magnitude, que a qualquer movimento de Jonas,

curvavam diante de si, e que pedindo permissão a Jonas em seu

idioma para se retirarem, desapareceram mata adentro, enquanto

Demóstenes tira um sarro, eis aí o nosso Caramuru, não vá botar

fogo no rio agora, hein.

A alegria de todos, não fora em vão, pois, aquela coisa voadora

deveria ter sido feita há muito tempo, tal foi sua utilidade.

Jonas, todos os dias planava juntamente com outros jovens ali do

acampamento, os quais acabaram fazendo as suas asas, com a ori-

entação do mestre Jonas.

Jonas, gostava muito dos índios, e sempre voava sobre eles, jogan-

do sobre a aldeia alguns doces de banana, e outras guloseimas,

prepadas ali no acampamento.

E, aqueles maravilhosos seres o retribuiam com algumas caças.

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Constantemente levavam carnes e peles aos deuses do acampamen-

to, e que resultavam em novas asas deltas.

Jonas, sentia enorme prazer em viver àquela maneira e, jamais

gostaria de sair dali, não vislumbrava mais a nossa civilização,

porém, tinha a consciência de que aquilo era apenas parte de sua

existência aqui no planeta Terra.

Certa vez, estava planando seguindo o curso do rio, quando avistou

uma canoa, eram alguns caçadores, planando o mais baixo possí-

vel, tentou comunicar-se com eles, que lhe deram a dica de como

chegar àquela praia onde encontrou Mingo-pescador.

Deram-lhe a direção cardeal, do que ele muito os agradeceu.

Somente não esperava ser tão longa aquela caminhada para encon-

trar-se com o caiçara.

AMPUTAÇÃO

Como a vida dos seres humanos é cheia de contradições e espinhos,

um dos jovens do acampamento, Miguelito, era um adepto dos vôos

de Asa Delta.

Miguelito ao aterrissar no meio da mata, teve a má sorte de espetar

seu pé esquerdo num estrepe que perfurou seu já surrado tênis e

atingiu-lhe o calcanhar.

Os médicos tiraram o estrepe e, parecia estar tudo normal, porém,

a granguena apareceu no local e já era tarde demais, quando Mi-

guelito foi novamente examinado.

Fizeram uma junta médica com todos os idosos do acampamento

para tomarem uma decisão drástica, amputar o pé de Miguelito.

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Não existia mais anestesia no ambulatório, o pouco que sobrara no

avião já se esgotara por completo.

- E agora?

Jonas, era mesmo uma pessoa especial e preparada para tais even-

tualidades.

Propôs o guru, anestesiar o jovem através de uma hipnose profun-

da, o que foi logo de cara repudiado pelos médicos e psicólogos, que

disseram não entender daquela técnica, e que seria extremamente

perigoso etc.

Jonas, chamou Miguelito, conversou com o jovem, explicando a

situação e, que ele tivesse calma e tudo se daria muito bem.

Na presença médica, começou uma demonstração, hipnotizou o

mancebo e com suas próprias mãos fez-lhe varar a palma de sua

mão uma agulha de tricô, ou de crochê e em seguida perguntou ao

jovem se ele sentia alguma dor, e o jovem afirmou nada sentir, e

também não houve sangramento.

Em seguida disse: eu garanto aos médicos que, tudo correrá perfei-

tamente se, vocês confiarem no meu trabalho de anestesista natu-

ral, o resto fica por conta de suas experiências.

A operação foi um sucesso, tudo correu muito bem, assim salvaram

a vida de Miguelito, embora tivesse perdido o seu pé esquerdo.

Capítulo 21

A TRANSLAÇÃO

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Numa praça pública, Jonas deu uma palestra reconfortante aos

seus ouvintes, que não eram poucos, com mensagens inspiradas, e

que vieram do além.

Depois daquela conferência, Jonas visitou alguns amigos e paren-

tes, atitude rara do eremita que desceu da montanha.

A última pessoa a avistá-lo, foi Lica, sua querida tia.

Relatou ela, que Jonas saiu para o pátio de sua cobertura, como lhe

era de costume, onde permanecia horas a fio em meditação profun-

da. Sentindo sua falta, foi procurá-lo, e não encontrando-o, olhou

para baixo, pensando em alguma queda. Porém, não encontrou

nenhum resquício de Jonas.

Nunca mais, o encontraram!

- Teria sido transladado em um carro de fogo, como foi Elias, ou

como Enoque, que Deus o tomou para si?

Esperamos encontrar muitos Jonas, como de fato já os temos en-

contrados, eles estão em nossos sonhos, devaneios, eles habitam no

nosso interior.

Sonhamos, e isto é inegável, a ciência diz que, é uma necessidade

intrínseca-biológica, e até afirma que não há vida sem sonho.

Quem sonha, e não lembra de seus sonhos, não se conscientiza de

muitas realidades extrafísicas.

- Existe realidade maior do que esta?

A todos os momentos estamos sonhando, e nesta realidade virtual,

tudo é possível, pois, sonhar ainda não paga imposto, e é totalmente

gratuito.

Quantas vezes, pegamo-nos a fazer cálculos sobre assuntos finan-

ceiros do nosso dia-a-dia.

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Nos lugares mais discretos, flagramo-nos a tagarelar com alguém,

no banheiro, no trânsito, ou em outro lugar qualquer.

- Seria isso alguma insanidade?

Estamos, sempre a trocar idéias com algum interlocutor invisível,

às vezes estamos discutindo com nosso chefe, sendo assunto de ser-

viço, ou a xingá-lo, já que não podemos agredi-lo pessoalmente.

Isto também, acontece com nosso chefe, a fazer exatamente com o

seu chefe, e assim por diante. Este sonho acordado, não é privilégio

somente de subalternos.

Somos transladados em carruagens de fogo, aeronaves, espaçona-

ves, de acordo com a realidade de nossos desejos pensantes, somos

até aeronave, quando voamos em nossos sonhos.

Num sonho, Jonas se apresentou a sua querida tia Lica, mostrou-

lhe onde morava, e muitas outras novidades, que ela ficou muito

impressionada, e dizendo a ela que aquilo era um simples sonho aos

seres humanos, explicando a realidade de uma viagem astral cons-

ciente, aquilo tudo para Lica, era mais que real.

Lica, relatou seu sonho a todos amigos e parentes, que dela fizeram

pouco, enquanto, ela fazia um grande esforço para transmitir a

mensagem, por mais simples ou pequena que fosse. Sempre foi as-

sim, vê apenas que tem visão, mas a maioria é cega.

Sonhou novamente com Jonas, que lhe falou em feitio de poesia:

EM FEITIO DE POESIA

Querida titia,

Dir-lhe-ei

Em feitio de poesia.

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Sonhe,

É a maneira de encontrar

Os desencontros dos descrentes.

Continue a sonhar,

Sonhe por eles.

Estarão em seu sonhos

A esperá-la.

Embora não saibam,

Lá estarão.

Puncione-lhes o âmago

Amigo e amargo.

Em sonho, dê-lhes o mel,

Tire-lhes o fel.

Seja fiel,

Ame-os.

Sonhe esse sonho etéreo,

Que é a maneira concreta de amar.

Concretize esse sonho,

Quanto a mim, estou sonhando

Sonhos sem fins.

Grande é, minha felicidade

Em sonhar verdades.

Com você, titía

Mais a humanidade.

Estarei sonhando

Pela eternidade.

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Escreva estes versos, e as demais palavras, que doravante lhe

transmitirei, pois, saiba, fui nomeado porta-voz daqueles que estão

irmanados em mim. Amada tia Lica, oxalá, todos seus leitores en-

tendam que, é através da sabedoria ou dos embates que nos surpre-

endem a todos, chegaremos à CONSCIENTIZAÇÃO.

Sonhar, é continuar nosso trabalho através da nossa alma, que ao

sair do nosso corpo vai às escolas extrafísicas receber instruções, de

instrutores de relevada sabedoria.

Obviamente, todos sonhamos, porém, poucos recordam-se deles,

nem todos têm a consciência de seus sonhos, pois, quando estiver-

mos prontos para vivência de tão grande riqueza, certamente, ga-

nharemos uma enorme dianteira em nossa evolução.

Simplifiquemos um pouco este nosso papo, não podemos esconder o

que é óbvio, pois, milhões e milhões de seres humanos, que desen-

carnaram levaram consigo muitos conhecimentos que angariaram

neste e noutros planos, então é muito simples concluirmos que, se

encontrarmos com eles, indiscutivelmente teremos muito a apren-

der. Isto é muito útil para vida terrena como para vidas extrafísi-

cas, ou extraterrenas.

Fala-se em viagem astral, e projeção astral, e isto é muito simples,

de maneira que se deitarmos para o nosso descanso, dormiremos e

sonharemos, pois, realmente é uma das nossas necessidades bioló-

gicas, sonhos semiconscientes, que rapidamente caem no esqueci-

mento, para não falar dos plenamente inconsciente, dos quais nada

lembramos.

Ao meditarmos com confiança e fé, num sonho que seja do nosso

interesse, provavelmente começaremos a sonhar conscientemente,

até atingirmos uma projeção astral consciente. É bom não insistir-

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mos num desejo irracional, e entendermos que somos limitados em

nossos desejos, e para que ele seja plasmado há de se usar um mí-

nimo de bom-senso, até porque, para tudo paga-se um preço.

Deixemos nossos corpos sobre uma cama, ou poltrona, ou qualquer

outro lugar em que possamos estar confortáveis, e cerremos os o-

lhos de modo que, surgirão em nossa mente, pensamentos de diver-

sas naturezas, porém, devemos fazer uma drástica seleção e ficar-

mos apenas com os bons, se nos for possível, deixando que eles se

transformem em boas visões, e quanto mais nos concentrarmos

nessas visões, mais elas irão se tornando reais, a ponto de vivermos

experiências fabulosas, as quais ficarão na nossa memória, então

teremos conseguido uma faculdade mental de riquíssima utilidade,

a qual no seguirá pela eternidade.

Riqueza astral e verdadeira, como nos ensina o Mestre Jesus, “a

qual nem a traça e a ferrugem podem consumir”:

Mateus: 6

19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a [traça ]e a fer-

rugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;

20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a [traça ]nem a

ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

É esse tipo de riqueza, que mais nos interessa!

A energia etérica, está aí, a todo momento estamos em contato com

ela, mas sempre inconscientemente, pelo simples fato de estarmos

distraídos com problemas do nosso cotidiano, olhemos as energias

coloridas refletidas pelo arco-íris, onde o sol prisma sobre as gotíco-

las da chuva, com seus raios da vida, inclusive o infravermelho.

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Queremos dizer aos incrédulos na vida, que é tão somente prestar

atenção na natureza e, ver quanta riqueza Deus tem nos dispensa-

do, e para quem não despreza as forças ocultas, aquelas que não se

pode ver com os olhos físicos, na constatação matéria-espírito.

Tomemos por exemplo, uma caixinha de controle remoto de uma

televisão, acionando-a para seu respectivo fim, mudamos de canais,

mexemos na sua imagem, aumentamos ou diminuímos o som, mo-

dificamos as cores etc.

Podemos ainda, notar na grande utilidade dos raios invisíveis do

sol, os quais podem matar e dar vida, e se usarmos um espelho para

refletí-los, eles tornar-se-íam mais fortes ainda, bem, poderíamos

ficar aqui falando de raio laser, e de forças invisíveis, como as par-

tículas atômicas etc.

A descarga elétrica do raio, praticamente invisível na sua manifes-

tação, com seus lampejos destruidores, assim como podemos falar

do nosso poder mental, que interfere sobremaneira sobre outra

mente, e vice-versa.

- Querida tia Lica, peço-lhe que faça notória essa nossa conversa,

para que se cumpra nela sua própria função auxiliadora, sobre

aqueles que realmente possam merecê-la.

Despeço-me de você, a quem dispenso meu amor, em nome de Jesus

o Filho de Deus.

Amém

Capítulo 22

A GRANDE VISÃO

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Desta feita, Jonas aparece à Lica, pedindo para que ela escrevesse

sua visão.

Muitas escritas, foram escrita por Lica, psicografada por Jonas.

Psicografia consciente, aquela que o médium tem noção plena das

ocorrências, sem sofrer alterações psicofisológicas.

Foram escritas, sem fins lucrativos, mas para que se cumprisse

missão.

A amanuense (escrevente) anotava tudo, até que um dia, notou que

já havia guardado muitas folhas, e que estavam se empoeirando em

seu armário.

– O que fazer com tudo aquilo?

Às vezes, Lica ficava em dúvida com sua missão.

Na psicografia, o escritor-psicógrafo fica em estado de graça, entra

num relaxamento profundo, e muito gratificante que o leva a escre-

ver mais ainda, cuja satisfação lhe indica o cumprimento de sua

missão.

Já muito idosa, à beira do desfalecimento, Lica, com o maior deven-

cilhamento que um ser moribundo deve ter, teve uma das suas últi-

mas visões:

Vislumbrou Jonas, em uma riquíssima poltrona, não havia explica-

ção para aquela visão, suas vestes eram resplandecentes, somente

estando nela própria talvez se pudesse descrevê-la.

Jonas, volitando com seu trono, aproximou-se do leito de Lica, e

falou:

- Como vai, tia Lica?

Ela respondeu em pensamento:

- Estou muito bem, meu querido sobrinho!

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- Olhe bem para mim e, se lembrará de toda estes acontecimentos, e

depois que se reabilitar da sua enfermidade, escreverá o que terá

visto.

Jonas, desceu de seu trono que, parecia ser de ouro e acompanhado

de um halo também doirado, o que lhe indicava grande evolução

espiritual, aliás, quase todos os fatores de sua existência entre os

humanos, notava-se grande ligação dele com essa cor, que se asse-

melha ao ouro.

Encaminhou-se até Lica, beijou lhe a face, e colocou sua mão direita

sobre a enfermidade de sua tia, com autoridade de grande cirurgi-

ão, e prosseguiu indo em cada leito, tocando nas feridas purulentas

de cada um deles, com grande humildade, fazendo assepsias e em

suas doenças e reverenciando-os como se fossem verdadeiros deu-

ses.

Voltando-se à sua tia, lhe disse:

- Tudo o que faço, não passa de um grande favor que estou prestan-

do a mim mesmo, querida tia, pois, a quem humilharmos havere-

mos de exaltar.

Esta, é a lei do retorno.

- Você, já não precisa destas demonstrações, porém, tem uma im-

portante missão de relatá-las.

- Contar-lhe-ei um fato verídico:

Havia um senhor que gostava de ensinar e, por conseguinte, era

letrado, portanto, falava belas e boas palavras, com as quais pres-

tava grande ajuda aos que ouviam-no.

Sendo dono de uma bela riqueza material, porque lhe era suficiente

para se manter, e ainda sobrava muito para prestar auxílio aos

menos favorecidos.

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Havia nele, um grande equilíbrio, não era avarento nem perdulá-

rio, ou desperdiçador de bens.

Tadeu, era o seu nome, e certo dia esse respeitável senhor, cometeu

um erro.

Um de seus funcionário desrespeitou sua nobre esposa, dirigindo-

lha palavras indecorosas e aliciadoras, (assédio sexual) e, isso foi o

bastante para que o bondoso Tadeu perdesse as estribeiras com

Euclides que, era o seu melhor funcionário.

Travou-se no local do desacato um furioso combare entre os 2 ho-

mens, posto que Tadeu flagrou Euclides em seu ato delituoso, e para

encurtar a história ambos foram parar no hospital, após apartados

e socorridos pelos demais funcionários de Tadeu.

Tadeu, tomado de muita ira, fez a ocorrência policial, acusando

Euclides, despedindo-o sem a menor complacência. Euclides, sumiu

do pedaço.

Porém, o pobre do Tadeu qual fora ofendido, muito se arrependeu,

posto que nunca se imaginava atracado com alguém, apesar de se

sentir traído pela esposa que, na realidade nada tinha a ver com

tudo aquilo, sem culpa naquela história.

Tadeu, foi apossado de um grande e angustioso desespero, que lhe

tirara o sono, porém, não descobria a causa de tudo aquilo, pois,

sempre fora uma pessoa tranqüila.

Decorrido um ano dos acontecimentos, estava em conversa com seu

filho querido, e este lhe falou:

- Papai, não sei como lhe dizer, mas estou apaixonado.

- Isso, é muito bom e normal, meu filho.

- O problema não é estar apaixonado, papai, e sim. por quem.

- Fala aí garoto, ou o seu pai não vai saber quem é a felizarda.

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- Papai, é pela filha do Euclides, aquele com quem você brigou!

O filho ficou surpreso, pela reação do pai.

- Calmamente Tadeu anuiu-lhe o namoro, e até casamento, se fosse

o caso.

O filho, ficou extasiado com a atitude pacífica do pai, e lhe pergun-

tou:

- Não vai ficar frustrado, aqui com seu filho?

- Em absoluto, meu filho, pois, você acabou de me fazer um grande

favor, propiciando-me uma grande cura, após um ano de perturba-

ção mental.

Agora achei a causa de tudo, a qual você me fez ver, filho, soube que

há um ano, Euclides está desempregado, e acredite, sofri muito por

tê-lo despedido, ao invés de perdoá-lo.

Adoraria uma reconciliação, apesar, de estar ainda envergonhado

por tudo o que aconteceu.

Tadeu, teve a coragem de procurar seu ex funcionário para tratar

dos assuntos matrimoniais dos filhos e, Tadeu se curou por comple-

to de sua angústia oculta.

- Titia, pensamos perdoar, porém, lá no nosso âmago, ficam resquí-

cios das nossas dores, produzindo toxinas as quais são as grandes

consumidoras da saúde humana, veja, apenas um dos sentimentos

do homem pode até matá-lo, daí concluirmos que a concorrência,

que tanto valoriza essa vida de matéria densa e viscosa, encurta so-

bremaneira a vida humana.

A verdadeira cura está na sua causa.

O vate continuou a falar:

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- Tia, você ainda viverá para escrever essas história, mas não terá

muito tempo para publicá-las, porém, guarde-as, todas, no armário

da sua cozinha, lá na ultima prateleira, ou melhor: em cima dele!

Jonas se despediu da tia, e Lica logo mais veio a falecer.

Um irmão de Lica, tomou posse do imóvel, e começou a processar

uma reforma geral no local que seria sua residência, incluindo

também o mobiliário.

Um encanador ao passar uma vistoria na rede de água, casualmen-

te achou aqueles papéis sobre o armário, deu uma lida por cima e

notou que era alguns relatos sem importância, na sua cabeça. en-

fim, acabou levando para lê-los em sua casa, após ter lido e relido

as escritas de Lica, versado por Jonas, encostou-o num canto qual-

quer de sua gaveta pessoal, tendo ficado fascinado pelos escritos

anônimos, já que Jonas recomendou à sua tia, que não assinasse

nem por ela nem por ele.

Tempos depois, aquele encanador foi revisar uma rede hidráulica

de uma grande editora, e lá confiou aqueles pergaminhos amarfa-

nhados ao editor daquela casa, apresentando-se como autor, e o

editor também ficou encantado com a pseudo sabedoria do encana-

dor, propondo editá-los.

Os originais, ganharam uma grande edição, que veio a ajudar o

encanador, que inspirado em todos aqueles escritos, tornou-se um

verdadeiro escritor famoso.

Mais tarde deduziu-se que o encanador era o verdadeiro herdeiro

daqueles manuscritos, pois, esta teria sido a vontade de Jonas e

seus mentores.

Coincidência, ou não, o encanador também chamava-se Jonas, e

era partidário dos mesmos ideais filosóficos daqueles escritos.

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E, no despojamento evolutivo, por aqui, passaram Jonas e Lica,

duas almas iluminadas, deixando-nos grandes legados de amor,

desapego, bom-senso etc.

Aqui neste relato, ficou uma pendência; a de usurpar o lugar de

escritor, pois, o encanador apropriou-se dos escritos do eremita, os

quais lhe deram a condição de autor de muitas outras obras. “Deus,

escreve direito por linhas tortas”.

Estas coisas, não tinham a menor importância, como se um filho da

gente tomasse para si um objeto de nosso convívio, com certeza

sequer notaríamos, pelo amor ao filho. No caso em pauta, já estava

tudo programado, para que assim fosse, até para que cada um mos-

trasse como lidaria com seu próprio ego.

O nosso conceito de terráqueo, respeita uma legislação bastante

tacanha, pois, são leis que deixam saídas para todos os problemas,

principalmente para favorecer seus legisladores. Porém, a simplici-

dade do amor, esses homens levarão muito tempo para apren-

derem, o que representará o desvencilhamento da vanglória e da

vaidade de cada um.

CONCLUSÕES

Enquanto, o homem não for feliz com o nada, jamais será feliz com

o tudo.

Seja como uma criança, abstraída com uma pequenina flor, ou uma

pedra sem o menor valor.

Quantos pais, deixam de dar atenção aos seus amados filhos, para

dedicarem-se aos seus negócios, ou outras coisas quaisquer, as

quais consideram mais importantes que sua própria família.

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Pois, se você quer ser feliz, aprenda a gostar e amar intensamente

qualquer objeto de seu pertence, ou não, sem a obcessão de idolatrá-

lo, apenas amá-lo, é o que basta para se sentir feliz.

Por incrível que possa parecer, isto é evolução!

A maioria dos seres humanos, entra e sai dos ambientes, sem a me-

nor consciência, são incapazes de admirar um objeto, uma folha-

gem, uma obra de arte, ou simplesmente às próprias pessoas a

quem se dirige, para não se falar nos transeuntes, em movimentos,

com seus cacoetes, quem dirá nas ditas: pobres criaturas, maltrapi-

lhas que perambulam pelas ruas.

A maioria, está em obcessão pelo seu próprio interesse, egoistica-

mente pensando em resolver seus problemas, estritamente de or-

dem particular, sem se importar com mais nada.

É realmente obtusa, sem visão, e quase sem sentimento, mas tem

como companheira inseparável, a solidão, e mais uma vez não en-

xerga que ela advém de sua maneira de se comportar e, tenta sofre-

gamente uma solução.

O que é a solidão?

Será o medo de conviver com a massa?

A desconfiança do próximo?

Na realidade, temos de nos doar, e para nos doar, temos de nos

entregar de corpo e alma, temos aqui o grande remédio para a do-

ença da solidão.

Posto que, se não nos doarmos, estaremo-nos afastando das pesso-

as, e isto é óbvio!

E, este exemplo serve também para nossa solidão oculta, aquela

secreta, escondida dentro de nós, e que nem nós sabemos que existe,

aquela que habita os nossos corações, esta solidão nos é, um tanto

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pior, pois, se não nos atermos a vigiar os acontecimentos internos

dos nossos pensamentos, do nosso universo interior, como fez Jo-

nas, em suas meditações, onde, com certeza jamais esteve solitário,

sem dúvida, teremos de pagar muito caro pela nossa ignorância.

Conceitos de meditação cósmica, que Jonas adotava.

Jonas, prezava pela meditação vazia, que na verdade não dá para

se explicar com precisão o sentido deste assunto.

Caro irmão-leitor, imagine-se ter alcançado um relaxamento pro-

fundo, e conseguir ficar por algum tempo com sua mente vazia, ou

seja: sem pensar em nada, absolutamente nada, ao contrário do

que se imagina, esse vazio significa existência, e quer dizer exata-

mente: “ser”, daí usar-se a mantram: “eu sou”.

Então, você começa a ter a dimensão da consciência, e perceberá

que faz parte do todo universal, pelo simples fato de se desapegar de

tudo, matar o ego, mesmo que por fração de segundo, posto que no

plano astral, você torna-se atemporal.

Ao se atingir esse estado de espírito, você não será mais a mesma

pessoa, livre do pensamento, do alheamento, e do julgamento, esse é

um estado de santificação, de pureza d’alma.

Não é muito simples chegar-se a esse estado de espírito nirvânico,

porém, é possível, dependendo do menor esforço, veja que contradi-

ção, quanto menos esforço mais inocência, e mais perto de Deus.

Esse estado de consciência, se dá quando se pára de pensar em tu-

do, porém em vigília, sem se estar dormindo, então você estará

lúcido, transparente, e consciente, por estar desapegado dos gri-

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lhões do corpo psicossomático, você venceu seu grande impecílio

que está no seu interior.

A sua consciência, está sempre preocupada com os afazeres do dia-

a-dia, atazanando sua cabeça, fazendo de você um joguete, escravo

desta vida de matéria densa e viscosa, porém, você tem de se dar

descanso, trégua à sua luta, renovando suas forças, recarregando

sua bateria.

Acontece que, ao você se dedicar a essa meditação, você alcança

uma terceira visão, ou melhor ainda, começa a enxergar por todos

os lados, sua percepção se aguçará profundamente.

Os seus sentidos ficarão refinados, ouvirá melhor e mais apurado,

talvez com a audição acurada de um cão, e porque não dizermos do

seu faro também, sua visão será aquilina (de aguia), e você terá de

concordar conosco, terá uma qualidade de vida muito superior à

atual.

Há muitos caminhos para tais condutas, o religioso reza, agradece

e pede a Deus, fazendo de uma maneira para se realizar interior-

mente, o filósofo, pensa, analisa e tira suas conclusões, o esotérico

medita, entrando em contato com seus irmãos do mundo astral, o

ecumênico respeita tudo e todos, enfim, sempre se chega ao deno-

minador comum, mas sempre existe uma maneira mais curta e

rápida como foi a de Jonas do autodesenvolvimento, porém, esta

que foi a maneira pela qual Jonas chegou lá, não é para a maioria,

posto que ela está atrelada ao mundo de matéria densa, pesada, e

viscosa, ainda.

Poucos acordam do profundo sono desta vida, pois, somos desde a

mais tenra idade, condicionados a valorizá-la sobremaneira, como

se aqui fôssemos viver eternamente, hipnotizados pelos conselhos de

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nossos pais, que receberam a mesma orientação hpnoidal de nossos

avós, e assim desencadeia o condicionamento de atitudes humanói-

des, um mundo ensimesmado e robotizado por si só.

E, esta é a imposição da sociedade, e quando quebramos com ela,

estaremos quebrando o grande tabu global. Daí notarmos que, em

qualquer modificação globalizada provoca-se cataclismos e guerras

no planeta.

O homem, há milênio é programado, e somente agora se fala em

programação eletrônica, robótica, etc. Ei-lo, andando pelas ruas,

dentro de suas casas e por aí vai. Muitas máquinas, executadas por

outras máquinas humanas, pois, eles usam uma venda em seus

conscientes e somente fazem aquilo que lhes ordenaram que façam.

- Cadê, o famoso livre-arbítrio?

Em qualquer ideologia existe uma certa padronização, para que

sejamos mais ou menos iguais, satisfazendo assim as metas de nos-

sos líderes, e se não o fizermos seremos extirpados da face da terra,

de uma maneira velada, como se faz na atualidade.

Felizes daqueles que saírem do lugar comum, dos poucos que que-

brarem a barreira da ignorância global.

Escrevemos sobre um personagem que, serve para exemplificar o

dia-a-dia de nossas vidas, bem como foram outros tantos, porém, o

sábio despojamento do eremita Jonas, foi realmente eficaz para que

deixasse de sofrer, bem como sofresse uma enorme evolução com-

parativamente com a maioria.

A maioria que trafega, não alcança o grau de evolução preferencial

dessa vida, pela falta de fé em si mesma.

Fé, este sentimento é, muito importante, pois, muitas leituras fazem

os seres humanos se emocionarem, culminando em torrentes de

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olhares lacrimosos, porém, com a mesma facilidade com a qual se

emociam, tornam-se refratárias à essa emoção.

Existem os eufóricos atletas do ocultimos, que não se preparam com

pertinácia e insistência, e acabam se fatigando sobremaneira rumo

ao pódio, estes terão de retornar ao mesmo caminho até controla-

rem seu impulsos, em novas vidas futuras.

O processo do aprendizado é inevitável.

Devemos aprender no despojamento e na alegria ímpar, que são

exatamente aqueles sentimentos que surgem do nada, como num

passe de mágica da alegria sem causa. A alegria de um novo ama-

nhecer, anoitecer, morrer, viver, ser, estar etc.

Resumindo: alegria da eternidade, de sermos indestrutível na nossa

essência, portanto, somos de suma importância, quando nos consci-

entizamos destas verdades.

Voltemos à fé, pois, se você for intelectual em demasia, e ao mesmo

tempo céptico, incrédulo, ateu. seja ao menos intelectualmente inte-

ligente para aprovar o que não se pode contraditar, porque: “con-

tra fatos não há argumentos”. Você então é instruído em muitos

conhecimentos, jamais poderá ignorar o simples fato científico de

que é possuidor de um cérebro humano.

Pois, existem fatos, que nos mostram, que através desse miolo, mas-

sa encefálica, massa cinzenta, ou qualquer outro nome, você pensa.

Porém, esse seu pensamento é abstrato, portanto, intocável, impal-

pável, do que não poderá discordar.

Continuemos: pelo cérebro se sabe que, sem ele as artes e as ciências

não seriam nada, não existiriam, e assim sendo, você pode deduzir

que existem um Deus nessa nossa conversa, que também você pode

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chamá-lo de Alá, “God”, “Dio”, Deus, Javé e por aí vai, essa força

existe, essa energia é evidente.

Você até pode trocar esses nomes, chamando Jesus de Genésio, não

faz a menor importância, posto que nos seus núcleos são os mesmos.

Ou, então creia apenas em você, o inteligente intelectual, letrado,

poliglota, cientista, Ph.D etc. Pois, essa coisa mental chamada de

pensamento, já culminou em mandar o homem à Lua, há mais de 3

décadas. viagens incríveis através de sistema de automação em

suas importantíssimas informações, já nos fizeram viver realidades

virtuais, e se fôssemos enumerar o que os cérebros semelhantes ao

seu já fizeram, ficaríamos escrevendo um eternidade, somente para

fazer você ter um pouco de fé.

Quiçá, você não queira enxergar, então, sua inteligência desce água

abaixo, doutor.

- Você, já ouviu falar em burrice aguda?

Queira-nos perdoar, estamos-lhe mostrando o óbvio, não estamos

asneando nenhum assunto para encher lingüiça, ou fazendo uma:

tertúlia flácida para adormecer vacum.

Porém, se você não quer enxergar, paciência, terá de caminhar

inexoravelmente por muito tempo, até que venha entender que,

entre você e qualquer outra coisa, “existe muito mais do que imagi-

na sua vã filosofia”.

Jonas, era fiel e ouvia seus pensamentos, que podemos chamar de

alma, espírito, entidade, coração, consciência, conciex, e os mais

estrambóticos (estrambólicos - esquisitos) nomes.

Quando você se recusa a crer no além, você está ouvindo de forma

negativa essas vozes, de ab-rogação às leis etéricas, são deuses, ou

diabos, do mundo astral, ou espíritos menos evoluídos, que não

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querem a sua evolução, pois, perderiam mais um de seus pratos de

sangue-energético para vampirizar.

Elas, não são tão ocultas assim, posto que quando plasmadas cau-

sam estragos, principalmente quando ditam suas normas errôneas

aos menos precatados desses processos mnemônicos (mentais).

Portanto, amigo, creia, porque você mesmo é um deus com poderes

infinitos na eternidade o que depende apenas do tempo terreno e da

sua evolução, baseado que você não teve início nem fim, pois, você

vive na eternidade, e não se esqueça que esta vida é apenas um ín-

fimo estágio.

Deus sim, do bem ou do mal, haja vista o que nos ensina a religião.

Simplificando ainda, vamos às escrituras sagradas, a tão decanta-

da e mais vendida entre os livros, a Bíblia, nela se encontra escrito

que, o mestre Jesus e o seu mais íntimo rival, o tal Lúcifer (anjo de

luz), ambos ladeavam Deus de Israel, O Todo Poderoso, em todos os

universos, explicando melhor: Satanás, acentava-se ao lado sinistro

(esquerdo) de Deus e Jesus a destra (direita) de Deus, e Satanás,

tendo-se rebelado contra Deus, foi expulso às profundezas, seguindo

na prática do mal.

É desta forma que nos explicam as escrituras sagradas.

Não precisávamos ir tão enfaticamente ao assunto de sua particu-

lar fé, pois, até apelamos a alguns ditames eclesiásticos.

Amigo, temos muitas verdades, mas a relativa é a que equilibra, e

não radicaliza.

Pensemos um pouco, ciclicamente temos a impressão de uma eterna

repetitividade constantes, entre o dia e a noite, eles são os mesmos

no decorrer dos séculos, o que é muito enfadonho, dando-nos a vi-

são de que este planeta é muito pobre.

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Como diz, Salomão no seu livro: Eclesiastes: “Debaixo do sol tudo é

vaidade”, sendo dias enjoativos, e sem maiores novidades.

Na realidade é isto mesmo, até porque sentimos assim, mas não

quer dizer que os dias e as noites sejam verdadeiramente iguais.

Nada se equipara exatamente, há mundanças radicais a cada se-

gundo em todos os universos e seus corpos, portanto, o mesmo pôr

do sol de ontem não é o mesmo de hoje e assim sucessivamente.

Justamente, por essas modificações constantes é que temos de nos

moldar com mudanças na vida e na eternidade.

As mentes doentias, ficam batendo na mesma tecla, repisando nas-

cimentos e mortes, e ainda assim nada se repete, apenas atrasa

suas evoluções.

Para modernizar um prédio, às vezes tem-se de implodi-lo, ou seja

destrói um para construir outro mais eficaz e moderno.

Daí, termos essa roupagem, que ao fim de cada vida haveremos de

trocá-la, para que não se permaneça na inércia que não evolui.

Você poderá se especializar em alguma profissão de ciências ou

artes, mas na eternidade terá de aprender e praticar muito mais do

que sua especificidade escolhida para viver na Terra.

No nosso subconsciente existe muita sabedoria latente, que somente

poderemos usá-la quando formos unicientes, que é uma outra for-

ma de energia refinadíssima, jamais densa e grosseira como a do

corpo físico humano.

Muito se fala do primeiro décimo, pois, entenda por isto muito me-

nos, se fizéssemos uso de tamanha quantidade, faríamos coisas que

até Deus duvidaria.

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Nasceu um virtuoso, e sabe tudo sobre violino, belo instrumento

musical em sua maviosidade, e lá está o gênio, tocando com uma

maestria descomunal, deixando os velhos maestros desconcertados.

- Porém, por que tanto violino para uma criança só, será que não

tinha mais nada para se fazer?

Quando, se escolhe voltar para esta vida, é para resgatar alguma

coisa, até porque perderia o sentido esse livre-arbítrio.

Então, o “gênio” que às vezes somente toca o seu violino a vida toda,

veio resgatar apenas uma pendência musical.

Jonas, foi muito sábio, escolhendo viver à maneira muito simples,

sabendo de antemão que, lhe custaria menos, e por isso escolheu o

equilíbrio de ter apenas o necessário, abrindo mão de seus bens, ou

seja: dos seus sofrimentos.

Nesta mesma linha, lemos nos jornais que cientistas se vêem às

contas com os autistas, pois, não conseguem explicar suas especiali-

zações, que surgem do nada.

A exemplo de alguém autista que, ao ouvir uma única vez uma sin-

fonia de “Beethoven”, repete com muita perfeição a mesma melodia

em um piano ou outro instrumento.

O mesmo acontecendo em outras artes e ciências.

Vamos falar um pouco de terapia: no trabalho, encontra-se o maior

lazer humano.

Aqueles que cultivam o ócio, simplesmente estão atrasando suas

evoluções.

Aquele que pensa bem, está arquitetando suas estruturas que fica-

rão sob belos edifícios.

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Certa feita, Jonas estava analisando José, o qual passava por um

crise existencial, ora acabrunhado, ora eufórico, Jonas na sua ma-

estria, escreveu um poema para curar José:

- Ah. Você não sabia que poema cura?

- Então, já ficou sabendo!

PASSOS DA VIDA

Sons de gravetos que se quebram, quando pisados indiscretamente.

Aroma de poesia, inebriando o nosso amor.

Distração lúdica.

Incenso de terra molhada pela chuva temporã.

Susto anafilático de chuva que cai em respingos inesperados.

Mistério, que se faz mister à inocência d’alma.

Sonhos vissareiros da ilusão da vida.

Vida, vinda, finda.

Passos no espaço.

Traços, espaçados e parcos.

Sensibilidade humana inexplicável.

Sente-se sem saber o sentido deste sentimento.

Coisas etéricas, que marcam pelas suas marcas inefáveis.

As crianças sentem, mas não sabem explimi-las.

Os velhos estão sem tempo para explicá-las.

Loucuras de sonhos joviais, nos meandros de passos sem norte.

Nestas incongruências, com fé inabalável, vislumbra-se o promissor

futuro que nos espera.

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Como estas coisas, são sentimentos sem explicativas, Jonas, apenas

psicografou este poema pelo espíriro de M.C., ficando muito grato

pela honraria de ser seu escrevente, e entregou a escrita a José.

Estas palavras quase sem explicações, fez um enorme bem a José,

que doravante sentiu-se ótimo.

Eis, mais uma maneira de se fazer caridade.

Com pensamento que, formula textos e palavras, proferindo-as pela

forma ortográfica, ou verbal, préstimos que não se pode calcular a

peso de ouro, mesmo porque o amor não se compra com somatória

de dinheiro.

Todos nós, temos boas palavras para dizer aos nossos irmãos, e

bons pensamentos para expandir aos universos, sendo dádivas di-

vinas que recebemos em feitio de dons, os quais recebemos da or-

dem etérica e devemos tramsmiti-las com calma e conscientemente

dentro da sábia astúcia que guia nossos passos.

Quando estamos movidos pelo espírito, ou pela inspiração, emiti-

mos sentimentos que calam fundo as almas de nossos interlocuto-

res, ou simplesmente ouvintes. Tal qual a música que numa lingua-

gem toda especial, cura as dores da alma, sem ter de dar expli-

cações.

O mesmo não acontecendo com a cura da ciência convencional, que

ao processar lenitivo contra as doenças se faz acompanhar de recei-

tuários e suas respectivas bulas explicativas.

Em outras plagas estão conhecimentos, os quais nem sempre conhe-

cemos, porém, quando vêm até nós, chegam através de sentimentos,

que muitas vezes tentamos transpô-los ao papel, ou através da fala

e encontramos enormes dificuldades, pois, somos ainda analfabetos

nas comunicações etéricas.

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Somente através do amor se nos fazemos entender.

Os grande líderes da humanidade entendiam muito sobre essas

comunicações, tanto que já lemos muito sobre suas parábolas e

metáforas.

Vejamos um pai; esforçando-se para orientar seu filho, que outrora

também foi pai, agora uma inocente criança, faz perguntas intrin-

cadas e intrigantes, obrigando-o a respondê-las por parábolas, ou

contos de carochinhas.

O ser humano tem muita facilidade em fazer perguntas, porém, não

se importa muito em respondê-las, porém, como bem dotados que

são pela “célula-mater” solerte, inventam suas respostas muitas

vezes recheadas de meias verdades.

É desta maneira que se processam curas espirituais, sem os míni-

mos conhecimentos anatômicos do sensitivo, que é usado pela fé,

mesmo porque, é o espírito do instrumento homem que se encarrega

de processar tudo em seu lugar, até para demonstrar uma peque-

níssima força oculta que, ainda ele não está preparado para saber.

Comparando este espírito a um pai, experiente médico, que não vai

perder tanto tempo explicando medicina ao seu filho de colo, mesmo

que este lhe pergunte a respeito de um determinado exame de cin-

tilografia ao olhar sobre o celulóide colorido etc.

Muitos conhecimentos advindo do espírito antigo e calejado de Jo-

nas, muitas vezes eram transmitidos por metáforas, como fizera

inúmeras vezes o Cristo, em suas pregações, para que o povo pudes-

se entender.

Eis a maneira pela qual Jonas agia para curar almas, acometidas

de doenças psicossomáticas.

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Era um ensinamento persistente de Jonas ao dizer que, a mente do

ser humano deve estar sempre em equilíbrio com o corpo, não per-

mitindo exageros entre o corpo-matéria e o pensamento-mente.

Certa feita, estava Jonas fazendo uma canoa, da casca de um pé de

jatobá, cuja técnica havia aprendido com os indígenas lá das cordi-

lheiras, e pensava com ela buscar uma saída do local através do

grande rio. Porém, em exomatose, (projeção astral) pôde analisar e

perceber que, além das inúmeras cachoeiras perigosas, iria se em-

brenhar mais ainda na mata.

- Aí podemos indagar do por que, se sabia ele de todos os detalhes

daquele caudaloso rio, então por que não saberia de outros detalhes

de como sair dali?

Bem, quando aqui chegamos nesta vida, todos temos uma missão a

cumprir, e isto faz a diferença no contexto geral.

Vejamos como exemplos os grandes luminares da humanidade,

como Gandhi, que até sabia que ía ser assassinado e, não tentou

impedir aquilo que veio fazer aqui na terra.

Jesus, o Cristo, suou gotas de sangue, e pediu ao Pai para livrá-lo de

sua morte de cruz, e teve de suportar como seu discípulo Judas, a

quem se referiu como diabo, além de clamar, dizendo: - “Pai meu,

Pai meu por que me desamparaste?”

Mateus: 26

39 E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e

orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este [cálice];

todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

Lucas: 22

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44 E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tor-

nou-se como grandes gotas de [sangue], que caíam sobre o chão.

João: 6

70 Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo

um de vós [é o diabo].

Mateus: 27

46 Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli,

lamá [sabactani]; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desam-

paraste?

Voltando ao nosso glorioso Jonas, enquanto, trabalhava no fabrico

da canoa, surgiram alguns companheiros a lhe pedir ajuda.

- Jonas, dona Estela, a judia, está passando mal.

- Bem, os médicos fazem o quê?

- Já fizeram de tudo, mas.

Jonas, parou imediatamente com seu artesanato fluvial, e rumou

em direção ao acampamento. Era de manhã, 9 horas, mais ou me-

nos.

- Bom dia dona Estela.

A coitada nem teve a devida força para responder a saudação do

eremita.

Estela estava travada na cama, os médicos diziam que era isto, ou

aquilo etc.

Jonas, antes de começar seu trabalho, conversou muito com Estela

e, depois pediu para que virassem-na com muito cuidado, colocan-

do-a de bruço, seu problema era na coluna vertebral.

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Após, meia hora de trabalho, Estela sentou-se na cama e, em segui-

da pôs-se a caminhar e a chorar de alegria, pelo milagre causado

em sua coluna, um mal muito antigo que a perturbava tanto.

Junto da curiosidade, também vieram as respostas:

- Jonas, você hipnotizou dona Estela, eliminando assim a sua dor

psicologicamente?

- Um pouco de cada coisa, é assim que funciona, não podemos es-

quecer aqui os médicos presentes, que muito fizeram também, em

prol de dona Estela.

- Bem, o que vou lhes dizer, vai chocar as mentes mais inteligentes,

foi necessário que se fizesse a materialização de partículas ósseas,

para compensar as falhas que o tempo e a enfermidade consumi-

ram da coluna de dona Estela.

Logo, surgiu uma pergunta meio cretina:

- Jonas, da maneira como você explica suas curas. se nos parece

que, nossos órgãos físicos, podem ser substituídos, como se substitui

peças de um carro.

Jonas, era muito tolerante e respondeu:

- Sim, meu caro Cícero, é exatamente assim que se processam os

transplantes de órgãos humanos. – Não é?

Agora, pergunta Tiago:

- Jonas, com a evoluçao da medicina, você não acha que um dia

poderemos ser eternos.

- Sim, meu caro Tiago, não só acho, como lhe afirmo: sempre o fo-

mos!

- Falo da matéria humana, caro mestre Jonas.

- Bem, aí são outros quinhentos, a misericórdia dos deuses se limita

a nos comprazer pequenos milagres, como esta nossa vida também

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é irrisória e sua pequenez é desmesurada diante dos universos, e

bem por isto somos mortais.

Porém, com certeza nossa vida terrena será prolongada com o a-

vanço da ciência.

Nos nossos corpos existem outras vidas, possuidoras de visão e ou-

tros órgãos de sentidos, pois, é na unicidade corpórea que se faz um

corpo humano completo.

Vamos faccionar este assunto, esperando que todos alcance o en-

tendimento.

Nos nossos corpos estão outros pequenos corpos com atividades

próprias, quase que independente do corpo, eu disse quase. porém,

eletromagneticamente sofrem interferências de nossas mentes.

Quando se congestiona os espaços dos canais de rádio, acontece que

se interfere no bom andamento das comunicações, como se fechás-

semos um curto-circuito numa rede elétrica, causando um grande

mal aos condutores de eletricidade.

Um infarto do miocárdio, é um bom exemplo, ora. o sangue é a vi-

da, e quando obstrui-se a passagem da vida o corpo humano entra

em colápso, e conseqüentemente em óbito!

Quando ondas eletromagnéticas de nosso cérebro se cruzam dentro

de seus canais, pelos estresses de nossas preocupações, dá-se então

o curto-circuito.

A nossa mente é um quartel general, de onde saem todas as ordens

para as ações do nosso corpo, agora entram muitas vidas, das

quais eu disse, que quase são independentes do nosso corpo, apa-

rentemente independentes. são nossos membros e células, militantes

obedientes em suas escalas hierárquicas, como se fora um exército.

Cada soldado desse exército, tem suas obrigações naturais na pre-

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servação de suas vidas, e conseqüentemente a do nosso corpo, for-

mando uma rede de células vivas nesse universo fantástico, que

ninguém poderá conhecer por inteiro.

Quando nos vemos através desses bloqueios, começamos a perceber

as doenças, pelo desequilíbrio que começam a causar esses solda-

dos, que também adoecem pelas más orientações desses generais da

nossa mente-quartel, note que a nossa mente é a grande causadora

de tudo, a forma pensante é tudo no nosso estado de saúde psicos-

somática.

Podemos estudar esses curto-circuito, pela leitura áurica do corpo

humano.

Imaginemos uma cidade doente (nosso corpo) com milhões de au-

tomotivos e transeuntes congestionando avenidas, provocando coli-

sões, assim podemos rivalizá-la com o nosso corpo.

Temos de enxergar agora, por todas as partes, por todos os mem-

bros, temos de ir à outras dimensões, e in loco analisarmos os acon-

tecimentos, porém, isto só é possível no estado de osmose, através

dos recursos extrafísicos.

Foi exatamente o que fiz, no caso de dona Estela, transportando-me

em espírito, por assim dizer, podendo analisar o que se passava

com os ossos e cartilagens e depois, materializei o que faltava para

que se efetuasse a devida cura.

Devo dizer-lhes que, esta não é exatamente a minha missão, porém,

se fez necessária para que pudesse falar, e explicar os fatos, agora

sim, esta é a minha missão.

Todos nós, temos conhecimentos impregnados nas nossas almas, ou

subconscientes, e, conforme as necessidades vão surgindo, deles

fazemos uso com ajuda da nossa fé.

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Queiramos, ou não, a nossa fé ajuda sobremaneira a nossa igno-

rância, posto que, se tivéssemos a sabedoria das causas, podería-

mos chegar aos efeitos, e esqueceríamos do auxílio divino, despre-

zando a fé.

Porém, o uso integral de nossos conhecimentos somente poderemos

fazê-lo quando nos aproximarmos da consciência plena. A hora em

que exergarmos simultaneamente por todos os nossos membros, daí

o grande mandamento universal de amarmos o nosso próximo co-

mo se fora a nós mesmo, já que ele é mais um membro do corpo

divino chamado: Deus.

Você, caro amigo leitor, deve saber que existem alguns Jonas, espa-

lhados pela face da Terra, exercendo primordiais serviços à huma-

nidade, pois, podem ser pessoas simples e bem comuns, ou não, que

não pode-se notar, a não ser que você seja um evoluído clarividente,

portanto, bem esclarecido nestes assuntos extra-sensoriais.

Quando Jonas se fez passar desapercebido pelos facínoras que fo-

ram roubar aquele caminhão-baú, deixou-nos uma demonstração

de poder sutil, aquele que ninguém imagina existir, a não ser pela

percepção extra-sensorial.

Quando se alcança esta evolução, pode-se passar invisível às tenta-

ções dos espíritos atrasados, que estão à espreita para prender em

suas teias de maldade, os incautos de pensamentos isto dá grande

autonomia para se fazer o bem, sem ser barrado pelas hostes espiri-

tuais, posto que: “o que olho não vê o coração não sente”. Tendo-se

esta evolução, poupa-se grande desgaste energético, já que não há

embate com o inimigo oculto, posto que, agora quem é oculto é o

espírito evoluído.

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Às vezes o espírito semi-evoluído quer nos ajudar nos nossos traba-

lhos, porém, acaba atrapalhando com suas boas intenções, porém,

inexperientes, tendo de ser encaminhados aos nossos irmãos especi-

alizados na doutrinação desses espíritos, qual é, semelhante a nós

nas nossas patranhas (atrapalhadas).

Comparemos uma criança da faixa etária de 8 anos, que seus pais

deixam-na à solta para desenvolver sua criatividade mental e física.

Nesta liberdade, ela se sente sábia ao seu conceito, e se um adulto

experimentado lhe der azo, ou liberdade para que ela se intrometa

nos seus assuntos, se verá enlouquecido com suas traquinagens.

Imagine um cirurgião, fazendo uma operação cardiovascular e,

dando liberdade a esse fedelho, com certeza haverá mais um cadá-

ver na mesa operatória. Certamente, ele quererá ensinar o mestre

em seus mínimos detalhes, pode crer.

Assim pela falta de consciência, essa casta de espíritos infantis, no

seu mundo particular, vislumbra somente o seu meio, se achando

dentro da própria felicidade, e tenta arrastar os demais ao seu ma-

ravilhoso mundo.

Tal comportamento se assemelha ao ser humano que jamais quer

deixar o seu mundo, por ignorar que no cosmo existem infinitos

planos icomparavelmente melhor que esta vida.

“Todos nós queremos ir para o céu, mas não queremos morrer!”

Vendo, e percebendo tais ignorâncias, não temos mais motivos para

a ira, ciúme, inveja, e outros sentimentos baixos, que só fazem pro-

duzir a dor.

- Como poderíamos odiar uma criança, que no colo da mãe pratica

suas traquinagens?

- Ao contrário, rimos de sua inocência!

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Eis o amor-entendimento:

Somente temos a ganhar ao resistirmos com muito amor os anseios

desses espíritos jovens, aos quais faltam experiências. eles nos fa-

zem lembrar de Jesus ao dizer: “perdoa-lhes, pois, não sabem o que

fazem”

Lucas: 23

34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque [não sabem o ]que

fazem.

Tolerância, é uma das últimas etapas da evolução humana, você

sabe “mais”, porém, terá de ter a respectiva paciência para com

aquele que sabe “menos”.

Ao olharmos ao Oriente, veremos de onde se originaram quase to-

das as religiões, e ficaremos perplexos, e cheios de frustrações com

as guerras eternas, desde os primórdios da humanidade as quais

nos relatam a história.

Há milênios, nossos pais não se toleraram e sua descendência con-

tinua na mesma sangüinolência, basta vermos a “Guerra Santa”.

Quando lemos o Velho Testamento, livro baseado no Oriente e seus

costumes, de onde derivamos todos, ficamos extasiados com tantas

guerras por ele narradas, nações e tribos, continuam se matando

até os dias atuais.

As nações do ouro negro, o petróleo, continuam lá com outros no-

mes e com outras guerras, Babilônia, Pérsia, Iraque, Irã, Nabuco-

donosor, Sadan, Chá da Pérsia e nada muda, apenas trocam os

cães, mas as pulgas são as mesmas, com EUA, Inglaterra, França, e

a balbúrdia continua, mísseis e mais mísseis. enfim, povos que já

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viveram na Idade da Pedra, hoje nações andiantadas, se destruindo

por qualquer pedaço de “Terra Santa”.

A hipnose em massa está lançada, veja só o patriotismo idiota, onde

mártires morrem para matar seus inimigos os quais nunca viram,

portanto, não os conheceram, esses idiotas homens-bombas do coti-

diano palestino-hebraico.

- Por que esse patriotismo-religioso-fanático?

Vivemos num só planeta, de onde saíram grandes personalidades

como Buda-Jesus-Maomé-Gandhi-Gilbran e, só por ironia, foram

líderes orientais e mundiais.

Entendamos que, se aqui viemos parar num lugar globalizado e

atrasado, temos de praticar muito a tolerância para sairmos deste

mundo de absurdos, e não mais voltarmos, resgatando nossos car-

mas.

Estamos cansados de criticar as guerras do Oriente Médio, mas não

podemos deixar de fazê-lo com a nossa casta política brasileira, que

matam mais ainda, e à maneira crudelíssima, de fome e sede seus

semelhantes, claro que apoiados pelo desemprego advindo do pri-

meiro mundo que está sempre ávido em vender suas tecnologias

“robotécnicas” que, sem a menor sombra de dúvida usurpa os em-

pregos dos pobres seres humanos, pais de famílias.

De nada adianta sua tecnologia, são beligerantes sobremaneira.

Não estamos falando somente das guerras e suas carnificinas, rati-

ficamos: temos os políticos, as drogas, os cartéis que matam em

quantidade absoluta.

Esta falta de consciência humana, faz a maioria se envolver com

problemas sérios, através da indução hipnótica no interesse do po-

der.

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Não seja prepotente em querer salvar o mundo, contente-se em

salvar a si e aos poucos que lhe forem possíveis.

Jesus, foi um enviado especial, e deixou sua marca registrada na

Terra, cuja marca os homens usam-na em seus interesses espúrios.

Com isto queremos dizer que, até Ele, não deve ter levado muito a

sério este povo, que tem muito o que resgatar na eternidade.

- Agora, quem é você para ser tão idealista assim?

Ora, se pensarmos bem, veremos quanto o ser humano é paraplégi-

co, usando muletas e cadeiras de rodas, apoiando-se nesses aios

chamados: religião, política, sociedade, onde se prega o amor e a

justiça, e se faz a maldade, propagando a pestilência e a fome.

Como é possível, o homem ludibriar-se a si mesmo, em nome de

Deus, e de seus ensinamentos, acometido pelo espírito do ódio.

- É difícil de entender que, se amar o próximo, cumpre-se todas as

leis do planeta?

O amor é, paciente, temperado, tolerante, caridoso, bondoso, res-

peitador, sofredor, trabalhador, honesto, equilibrado, sábio, e todas

as demais virtudes que possam assessorá-lo.

O próximo é, o alvo a ser atingido, porque nada é mais importante

do que o nosso irmão, tudo fazemos por ele, inclusive o mal, infeliz-

mente é isso mesmo que fazemos em prol do nosso irmão, aquele

que pertença ao nosso clã.

Quem é, que não luta ferrenhamente por um filho, irmão, mãe etc.

Este ato de lutar pelos nossos, é instintivo, onde a cegueira é con-

templada pela venda óptica do comodismo humano, sendo a melhor

maneira de se ser idiota, sendo que as demais castas de pessoas

também possuem pai, mãe, filho, irmão etc.

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Aí, arruma-se um belo álibi, uma religião para inculpar sutilmente

àquele que tudo criou, usando-se frases, assim: “Se Deus quiser” –

“Se Deus permitir” – “Foi da vontade de Deus” – “Não cai uma folha

da árvore, sem a permissão de Deus” etc.

Resumindo, matar em nome de suas muletas religiosas, em nome de

Deus, assim agem palestinos, judeus, católicos, protestantes, xiitas,

e vai por aí afora.

Essa grande multidão quer tapar o sol com sua peneira, querendo

enganar a Deus o Criador, dizendo-se sua serva e filha, seguidora

de seus ensinamentos, e Ele é tão misericordioso, que lhe dá o livre-

arbítrio para que ela possa escolher ser até burra. mas, burra mes-

mo, porque: “cego é aquele que não quer ver”.

Vejamos o que o apóstolo Paulo escreve aos gálatas, exortando-os:

Gálatas: 6

7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o

homem semear, isso também ceifará.

Jonas, mostrou-nos como a solidão é benéfica ao ser humano, pois,

ela lhe proporciona a paz para pensar nos assuntos de sua alma,

mas muitos se encostam no triste comodismo de suas ilusões passa-

geiras, “na falta de tempo para pensar”, no entanto, não param de

dizer que, o saber não ocupa lugar, mais uma vez demonstrando a

sua burrice.

Começamos então a entender porque as catástrofes e os cataclismos

assolam regiões do planeta Terra, é para que haja renovação da

espécie, que terão de aprender com as futuras gerações, ou também

pagarão também pelos seus erros.

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A aterradora morte, faz o homem lutar para sobreviver, ou abraçá-

la em forma de suicídio.

O homem faz muita apologia à morte, para que as tragédias im-

pressionem mais ainda, e os meios de comunicações tirem o máxi-

mo de proveito da desgraça alheia.

– Isso é inteligência, ou burrice humana?

No afã de governar e colocar seu irmão à sua subserviência, o ho-

mem não tem sentimento nobre nem escrúpulo. Vai fundo, fazendo-

se crer na sua própria justiça enganosa, acabando por cauterizar

sua própria consciência, e nessa degradação hipócrita, se acha

bondoso, honesto, imparcial e possuidor de todas as boas qualida-

des divinas.

- Eis a forma mais baixa de ser membro da raça humana!

Desejamos a você, bom amigo leitor, muita energia para os bons

plantios e boas colheitas na eternidade!

OBRA DE AUTO-AJUDA

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