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Porquê o nome “A Poronga” Na noite escura era preciso avançar, cortar o negrume e enfrentar a selva para tirar a seringa, ou o rio para pescar. Nada melhor que uma Poronga, que alumiava sempre para a frente, mostrando o caminho, tornando mais amiga a noite. Na cabeça, na mão, ou na proa da canoa, a poronga nunca falhava. Ali- mentada a querosene ou a carbureto, mostrava a vereda ao castanheiro, ao seringueiro, ao caçador; mostrava o varador, o furo, o lago ao pescador. A sua luz era sempre para a frente sem encadear os olhos, como outras lampa- rinas. Luz aumentada pelo reflexo na lata de querosene, ou leite ninho. O Jornal A Poronga, também quer ser uma luz, sabemos que pequena e trémula, mas uma luz que ajude a irmos em frente em nosso compromisso com a missão de Discípulos Missionários em defesa da vida. Não queremos ter a pretensão de sermos um grande jornal. Não temos a pretensão de termos grandes articulistas e desenvolver grandes temas. A única pretensão é lançar um pouco de luz, sem encadear os olhos do leitor, sobre a realidade e ajudar a pensar esta realidade do Baixo Amazonas, sob a ótica cristão: em primeiro lugar a vida e a dignidade de cada pessoa. A comunicação autêntica tem o dever rigoroso, diz João Paulo II, de pro- mover a justiça e a solidariedade nos relacionamentos humanos, a todos os níveis da sociedade. Isto não significa que os meios de comunicação devam atenuar indevidamente as injustiças e as divisões, mas ir até suas origens, de tal maneira que as mesmas possam ser postas a nu, compre- endidas e superadas. A verdadeira comunicação a serviço da vida e da paz, deve ser uma comunicação livre, acima das solicitudes meramente comerciais e servir as verdadeiras necessidades e interesses da vida humana com dignidade. Os comunicadores cristãos , diz João Paulo II, na sua comunicação de 2003 para o dia da comunicação social, têm o grave dever de seguir as Instânci- as da sua consciência moral e de resistir às pressões da “adaptar” a ver- dade para satisfazer as exigências da riqueza ou do poder político. Deve-se encontrar modos não só de permitir que os setores mais frágeis da sociedade tenham acesso às informações de que precisam para o seu desenvolvimento individual e social, mas também de assegurar que eles não sejam excluídos de um papel efectivo e responsável em ordem a decidir os conteúdos mediáticos e a determinar as estruturas e políticas das comunica- ções sociais, continua João Paulo II. Finalmente, Diz o papa no mesmo documento: Neste sentido, os homens e as mulheres que trabalham nos mass media devem contribuir de maneira especial para a paz em todas as partes do mundo, rompendo as barreiras da desconfiança, promovendo a consideração dos pontos de vista dos outros, procurando sempre aproximar os povos e as nações na compreensão e no respeito recíprocos e - para além da compreensão e do respeito – na reconci- liação e na misericórdia! «Onde predominam o ódio e a sede de vingança, onde a guerra causa o sofrimento e a morte dos inocentes, é necessária a graça da misericórdia para aplacar as mentes e os corações, e para fazer rei- nar a paz com justiça.” Pe. José Cortes Informativo das Pastorais Sociais - Diocese de Santarém - Santarém - Pará Jornal Nº 01 - Agosto 2011. Diocese realiza Missão de Evangelização. Pág. 08 Pe. Edilberto comenta sobre divisão do Estado. Leia na Pág. 05 Saúde, Educação e Infraestrutura discutidas em Seminário. leia na pág. 07 Territórios Quilombolas no Baixo Amazonas. Uma análise da organização “Terra de Direitos”. Pág. 03

Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

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Jornal das Pastorais sociais da Diocese de Santarém

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Page 1: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

Porquê o nome “A Poronga”Na noite escura era preciso avançar, cortar o negrume e enfrentar a selva

para tirar a seringa, ou o rio para pescar. Nada melhor que uma Poronga, que alumiava sempre para a frente, mostrando o caminho, tornando mais amiga a noite.

Na cabeça, na mão, ou na proa da canoa, a poronga nunca falhava. Ali-mentada a querosene ou a carbureto, mostrava a vereda ao castanheiro, ao seringueiro, ao caçador; mostrava o varador, o furo, o lago ao pescador. A sua luz era sempre para a frente sem encadear os olhos, como outras lampa-rinas. Luz aumentada pelo reflexo na lata de querosene, ou leite ninho.

O Jornal A Poronga, também quer ser uma luz, sabemos que pequena e trémula, mas uma luz que ajude a irmos em frente em nosso compromisso com a missão de Discípulos Missionários em defesa da vida.

Não queremos ter a pretensão de sermos um grande jornal. Não temos a pretensão de termos grandes articulistas e desenvolver grandes temas. A única pretensão é lançar um pouco de luz, sem encadear os olhos do leitor, sobre a realidade e ajudar a pensar esta realidade do Baixo Amazonas, sob a ótica cristão: em primeiro lugar a vida e a dignidade de cada pessoa.

A comunicação autêntica tem o dever rigoroso, diz João Paulo II, de pro-mover a justiça e a solidariedade nos relacionamentos humanos, a todos os níveis da sociedade. Isto não significa que os meios de comunicação devam atenuar indevidamente as injustiças e as divisões, mas ir até suas origens, de tal maneira que as mesmas possam ser postas a nu, compre-endidas e superadas.

A verdadeira comunicação a serviço da vida e da paz, deve ser uma comunicação livre, acima das solicitudes meramente comerciais e servir as verdadeiras necessidades e interesses da vida humana com dignidade. Os comunicadores cristãos , diz João Paulo II, na sua comunicação de 2003 para o dia da comunicação social, têm o grave dever de seguir as Instânci-as da sua consciência moral e de resistir às pressões da “adaptar” a ver-dade para satisfazer as exigências da riqueza ou do poder político.

Deve-se encontrar modos não só de permitir que os setores mais frágeis da sociedade tenham acesso às informações de que precisam para o seu desenvolvimento individual e social, mas também de assegurar que eles não sejam excluídos de um papel efectivo e responsável em ordem a decidir os conteúdos mediáticos e a determinar as estruturas e políticas das comunica-ções sociais, continua João Paulo II.

Finalmente, Diz o papa no mesmo documento: Neste sentido, os homens e as mulheres que trabalham nos mass media devem contribuir de maneira especial para a paz em todas as partes do mundo, rompendo as barreiras da desconfiança, promovendo a consideração dos pontos de vista dos outros, procurando sempre aproximar os povos e as nações na compreensão e no respeito recíprocos e - para além da compreensão e do respeito – na reconci-liação e na misericórdia! «Onde predominam o ódio e a sede de vingança, onde a guerra causa o sofrimento e a morte dos inocentes, é necessária a graça da misericórdia para aplacar as mentes e os corações, e para fazer rei-nar a paz com justiça.”

Pe. José Cortes

Informativo das Pastorais Sociais - Diocese de Santarém - Santarém - Pará

Jornal

Nº 01 - Agosto 2011.

Diocese realiza Missãode Evangelização. Pág. 08

Pe. Edilberto comenta sobredivisão do Estado.

Leia na Pág. 05

Saúde, Educação e Infraestruturadiscutidas em Seminário.

leia na pág. 07

Territórios Quilombolas no BaixoAmazonas. Uma análise da

organização “Terra de Direitos”. Pág. 03

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Sabemos que, numa sociedade onde a imagem predomina e o hábito de ler não é um costume diário, é uma temeridade dar à luz mais uma publicação. Mas também sabemos que a palavra e a opinião são imprescindíveis, principalmente num tempo nebuloso como este, onde se quer passar a ideia de que tudo se pode resolver com um toque de mágica e a felicidade está logo aí, ao dobrar da esquina, bastando simplesmente deixar o progresso entrar.

Para que o paraíso se estabeleça neste mundo caótico e miserável, basta que deixemos emparedar, poluir e privatizar nossas águas, desnudar nossos territórios, mecanizar nossa agricultura, desventrar a terra mãe, entregarmos nossos terri-tórios, instalar-nos nas periferias das cidades como sobrantes do sistema e ver passar, para bem longe, as nossas riquezas. Sim, o progresso, o desenvolvimento, o bem-estar social e espiritual estão bem à mão de semear. Estabeleceu-se na região uma opinião de sentido único que nos quer levar a crer que, depois de termos perdido tudo, até nossa dignidade, seremos felizes.

O Jornal A Poronga quer ser veículo de outros pensamen-tos e opiniões e, sobretudo, quer pensar a região a partir dos interesses de suas populações e territórios e não a partir de interesses particulares e do capital internacional.

Numa sociedade onde tudo é descartável, principalmente as pessoas – os indígenas, quilombolas, populações tradicio-nais, com seus habitats e expressões culturais e espirituais - A PORONGA, se compromete a respeitar e defender sua alteri-dade.

Como jornal de inspiração cristã terá o Evangelho e sua mensagem como bússola norteadora e a promoção e defesa da dignidade humana como centro de toda a sua atuação. Terá uma visão crítica de tudo o que acontece na região a par-tir do compromisso com a verdade e a vida em todas as suas formas e expressões.

O jornal A PORONGA, como jornal das Pastorais Sociais da Diocese de Santarém, estará a serviço do objetivo principal da Igreja: “Evangelizar a partir de Jesus Cristo e na Força do Espí-rito Santo como igreja discípula, missionária e profética, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo.

Como diz o documento da CNBB, (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011 – 2015 (Doc.94) Brasília 2011),” a ação evangelizadora da Igreja trabalha pela reconciliação, mas isso não significa pactuar com a impunidade, a corrupção e todas as formas de desres-peito aos direitos básicos de toda a pessoa. Diante das graves situações que fazem sofrer o irmão, o coração do cristão se enche de compaixão e clama por justiça e paz.”

Esta publicação será, por enquanto, trimestral e, resumin-do, traz consigo alguns compromissos de que não abre mão:

A serviço da vida plena para todos Defesa, cuidado e promoção da vida em todas as suas

expressões Respeito, defesa e promoção da dignidade da pessoa

humana. Respeito à diversidade de povos e culturas na Amazônia

e defesa de seus direitos inalienáveis. Promover uma sociedade que respeite as diferenças,

combatendo o preconceito e a descriminação nas suas diversas esferas, promovendo a convivência entre etni-as, culturas e expressões religiosas.

Educar para a preservação da vida, para a ética do cuida-do e a participação social e político dos cidadãos.

Editorial O que são as Pastorais sociais?

Irmão Ronaldo Hein, CSCA igreja e os problemas do mundo atual

A Igreja não é fuga do mundo mas presen- comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja ça no mundo. O Reino de Deus não é espera sente-se real e intimamente ligada no gênero passiva, mas construção dele aqui e agora. humano e a sua história.Devemos ser presença esperançosa que, com Por isso, o Concílio Vaticano II, tendo Cristo, podemos construir o Reino que Ele investigado mais profundamente o mistério propõe, colaborando com os esforços da da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua sociedade civil e das outras Igrejas Cristãs palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a para o bem estar dos nossos irmãos e irmãs quantos invocam o nome de Cristo, mas a de toda a raça humana. todos os homens, e deseja expor-lhes o seu

O documento do Concílio Vaticano II, modo de conceber a presença e atividade da Gaudium Et Spes, sobre a Igreja no mundo Igreja no mundo de hoje.de hoje, mostra a renovada atitude da Igreja Tem, portanto, diante dos olhos o mundo perante os problemas do mundo atual. dos homens, ou seja, a inteira família huma-

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e na, com todas as realidades no meio das as angústias dos homens de hoje, sobretudo quais vive; esse mundo que é teatro da histó-dos pobres e de todos aqueles que sofrem, ria da humanidade, marcando pelo seu enge-são também as alegrias e as esperanças, as nho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, tristezas e as angústias dos discípulos de que os cristãos acreditam ser criado e conser-Cristo; e não há realidade alguma verdadei- vado pelo amor do Criador; caído, sem dúvi-ramente humana que não encontre eco no da, sob a escravidão do pecado, mas liberta-seu coração. Porque a sua comunidade é do pela cruz e ressurreição de Cristo, vence-formada por homens, que, reunidos em Cris- dor do poder do maligno, mundo, finalmente, to, são guiados pelo Espírito Santo na sua destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser peregrinação em demanda do Reino do Pai, e transformado, e, alcançar a própria realiza-receberam a mensagem da salvação para a ção.” (Gaudium Et Spes, Nº 1-2)

EXPEDIENTEEXPEDIENTE

Informativo das Pastorais Sociais da Diocese de Santarém

Rua Floriano Peixoto, 634 | Altos | CEP: 68005-060Santarém - Pará

Fone: (93) 3522-1777E-mail: [email protected]

Responsáveis: Pe. José Cortes, Valda Oliveira, Ir. Ronaldo Hein

As opiniões emitidas nos artigos desta publicaçãosão de inteira responsabilidade dos articulistas.

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Perspectivas da lutaquilombola na região

Oeste do ParáO modo de vida e uso da terra e dos recursos naturais verificado na maioria das

comunidades remanescentes de quilombo sinaliza um dos múltiplos caminhos para a emancipação social, com democracia fundiária, economia solidária e susten-tabilidade ambiental. Como ocorrre com diversas outras formas de organização e trabalho alternativas à sociedade do capital e da exclusão social, os quilombos são alvo de violências e sistemáticos esforços políticos que intencionam sufocar o seu desenvolvimento.

Na Superintendência do INCRA em Santarém (SR-30) existem hoje 19 processos de titulação de terras de comunidades remanescentes de quilombos abertos. Esses procedimentos abarcam um total de 31 comunidades, localizadas em quatro muni-cípios do Baixo Amazonas. O quadro a seguir resume a situação atual da tramitação desses pedidos de reconhecimento:

Municípios(Processos abertos)

Santarém (8)

Oriximiná (3)

Óbidos (6)

Monte Alegre (2)

Total (19)

Protocolo

Fase atual

RTID publicado

Portaria de Reconhecimento Título

5

3

6

2

16

1

-

-

-

1

2

-

-

-

2

-

-

-

-

0

Antes da análise deste quadro, um primeiro adas em Santarém. Todavia, esses procedimen- município, os quilombos são vistos como obstá-fator a ser considerado é que os processos acima tos estão paralisados por falta de definição do culos aos interesses de especuladores imobiliári-listados não esgotam a demanda quilombola por INCRA sobre a forma de desintrusão e indeniza- os, latifundiários e fazendeiros locais, pois se reconhecimento étnico na região Oeste do Pará, ção de posseiros localizados em terras quilombo- localizam às margens da Rodovia Curuá-una, do havendo dezenas de comunidades ainda “invisí- las em área federal. Outro quilombo que se Lago do Maicá e próximos ao perímetro urbano, veis” para o Governo e sem acesso às políticas encontra mais adiantado é o de Bom Jardim, que sendo, por isso, áreas grande potencial econômi-públicas concretizadoras de seus direitos. teve RTID finalizado e cujo processo encontra-se co e detentoras de importantes recursos naturais.

em termos, aguardando apenas a publicação.A Federação das Organizações Quilombolas Os conflitos sócio-ambientais e as violações a

de Santarém (FOQS) informa que, se considerar- Além disso, depois de anos de espera, e gra- direitos humanos surgem, destarte, na medida mos as comunidades tituladas, em processo e as ças a uma forte intervenção do movimento social em que as terras dos remanescentes não podem ainda não organizadas, existem hoje 105 quilom- e da sociedade civil, iniciou-se em 2010 a elabo- ser objeto de contratos imobiliários, o que impor-bos no Baixo Amazonas, que abrange os municí- ração dos relatórios técnicos das 07 comunida- ta na retirada dessas “áreas rurais nobres” do pios de Almeirim, Alenquer, Monte Alegre, Prai- des restantes no município de Santarém, que mercado de terras, frustrando assim a especula-nha, Óbidos e Oriximiná. estão com a publicação prevista para 2011. ção e a expansão do agronegócio, além de repre-

sentarem a possibilidade de retirada ou a desa-A partir desse ano, a entidade irá desenvolver Atualmente, há apenas 01 servidor no INCRA

propriação de proprietários individuais não-um projeto específico voltado para as comunida- para responder às demandas quilombolas de

quilombolas de dentro das áreas.des que ainda não dispõem de qualquer apoio do toda a região, que incluem: o andamento dos INCRA ou da Fundação Palmares, como explica processos de titulação, elaboração de documen- Merece especial destaque, dentre os múlti-Aldo Luciano, assessor da FOQS: “Estamos pre- tos técnicos e trabalhos de georreferenciamento, plos aspectos dessa realidade de conflitos, a tendendo, agora, com o projeto, estender o tra- cadastro de famílias, levantamento ocupacional resistência incansável das comunidades contra a balho para outros municípios, principalmente e fundiário, defesa da posse das comunidades em apropriação e a degradação ambiental de seus Monte Alegre. Mas a Federação tem o levanta- processo de titulação, visitas às comunidades territórios. Os quilombos da várzea lutam contra mento de que em Almeirim tem 38 comunida- para esclarecimento de seus direitos e procedi- a ocupação das áreas de pastagem por criadores des; 06 comunidades em processo de organiza- mentos do INCRA, reuniões, dentre outros. Essa de gado e búfalo, animais que destroem os ecos-ção em Óbidos; 02 em Santarém e 03 em Prainha. situação é absolutamente inaceitável, ressaltan- sistemas e prejudicam a saúde da população. Nas São essas que estão precisando de suporte, orga- do que não há nenhum antropólogo lotado na paragens ao redor do Lago do Maicá, os quilom-nização e constituição de associações.” SR-30 e existem graves deficiências por falta de bolas pescadores denunciam e fazem fiscalização

especialização dos servidores na temática qui- comunitária da pesca predatória, correndo riscos Quanto aos processos em curso, o quadro

lombola. de retaliações pelos criminosos ambientais. Nos revela que a Superintendência Regional de San-

territórios negros situados em terra firme, o pro-tarém não emitiu, até o momento, nenhum título Esses são dados extremamente preocupantes,

blema do desmatamento e do cercamento de de propriedade coletiva para as comunidades porquanto refletem o abandono da política qui-

suas terras por latifundiários e sojeiros tem susci-quilombolas sob sua circunscrição. Do total de lombola na região Oeste do Pará, notadamente

tado denúncias às autoridades. processos abertos na região (19), 16 ainda não dos processos de titulação de terras coletivas. Por passaram sequer a primeira fase do procedimen- outro lado, o Governo Federal investe pesada- A principal consequência da resistência tem to, referente à publicação do Relatório Técnico mente e desloca seus quadros de servidores para sido a criminalização sistemática dos defensores de Identificação e Delimitação (RTID). fazer titulação de lotes individuais através do de direitos humanos quilombolas pelas autorida-

Programa Terra Legal, que promete disponibili- des e as ameaças por parte dos criminosos ambi-No município de Santarém existem 08 proce-

zar rapidamente milhares títulos de propriedade entais, que se transformam em inquéritos polici-dimentos de titulação de terras quilombolas em

que abrirão caminho para a mercantilização da ais e processos criminais. Isso só demonstra que a andamento, que abrangem um total de 10 comu-

terra e da floresta amazônica, para o avanço do defesa contra a dilapidação dos recursos naturais nidades, sendo que a maioria deles iniciou a tra-

agronegócio, o aquecimento do mercado de ter- nos territórios quilombolas de Santarém não mitação em dezembro de 2003.

ras e a expulsão de indígenas, quilombolas e pode ficar apenas a cargo das comunidades, e Com todos esses entraves e lentidão, o ano de povos tradicionais do campo. que a solução desse e outros problemas, como a

2010 foi marcado por algumas vitórias, ainda pressão fundiária, reside, fundamentalmente, na Estima-se que os territórios negros em Santa-

que parciais. Foram publicadas as 02 primeiras titulação definitiva de suas terras e na realização rém totalizem uma área próxima de 20 mil hecta-

Portarias de Reconhecimento na região, referen- de políticas públicas de acesso a serviços públicos res. Embora não cheguem a representar 1% do

tes às comunidades de Arapemã e Saracura, situ- básicos.

Terra de Direitos

Page 4: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

Gn 1 e 2 – A criação dos céus, da terra e das águasares; os animais terrestres e o ser humano — Ao abrir as Sagradas Escrituras, deparamo-nos “Dominar a terra” não nos autoriza a fazer o homem e mulher — povoam a terra. Tudo numa com a narração da criação dos céus, da terra e das que queremos com a natureza; não nos dá a liber-perfeita harmonia e integração, vida gerando vida, águas (cf. Gn 1 e 2). As últimas páginas bíblicas, dade de explorar, de destruir, de devastar. “Domi-onde tudo está feito para ser bom, muito bom.por sua vez, nos falam de novos céus e nova terra, nar”, no sentido bíblico, é a capacidade de conti-

nos falam da nova Jerusalém que desce do céu, nuar, ao longo dos séculos, a cuidar, a zelar por A criação, segundo o olhar de Deus, é, assim, ao cujas portas estão abertas para todas as pessoas nossa casa comum à semelhança do cuidado amo-mesmo tempo, mãe — da terra nasceste —, dom, que tenham seu nome escrito no livro da vida (cf. roso do Deus Criador. É a obra criadora permanen-casa e jardim onde tudo convive em paz, onde Ap 21 e 22). O início e o fim das Sagradas Escritu- te da humanidade quando luta contra todas as tudo é parte essencial do todo, onde homem e ras nos falam de terra, de água, de frutos e de vida forças caóticas da morte, transformando-as em luz, mulher podem se amar, imagem viva e exclusiva para toda a humanidade, como sinal da presença água e terra boa para viver. Só assim a humanida-de Deus, com o poder de “dominar a terra”, por sua criadora e salvadora de Deus na história. de será a imagem verdadeira do Deus da vida.paixão criadora e amorosa em vista da felicidade

de todas as pessoas e de todos os seres vivos.O fato de essas páginas estarem carregadas de uma forte dimensão simbólica lhes confere uma Uma interpretação fundamentalista desse “do-autoridade incomum, pois nelas estão condensa- mínio”, porém, acabou justificando a propriedade dos, com toda sua força poética, o resultado de privada, legitimando uma equivocada centralida-séculos de reflexão popular, os princípios éticos, de do homem sobre a natureza, justificando, teolo-teológicos e antropológicos que devem orientar a gicamente, a chamada “civilização” que produziu maneira de nos relacionar com a vida, a natureza e a concentração de terra, a devastação ambiental e tudo o que existe. a violência exploradora e assassina do ser humano

sobre outros seres humanos. O ser humano, “ima- O livro do Gênesis nos fala de Deus que, desde gem de Deus”, não pode se tornar grileiro de terras, o princípio, com seu poder criador, vence as trevas, destruidor de florestas, explorador do trabalho as águas dos abismos e o deserto — antigos símbo-escravo e financiador da pistolagem. Esse verda-los mesopotâmicos da ausência de vida — e gera deiro exército de devastadores e assassinos, cuja vida: as trevas viram luz, as águas viram rios, violência está retratada em todas as páginas da mares e chuvas, o deserto vira terra verde cheia de história humana, nada tem a ver com a mensagem vida. O sol, a lua e os astros povoam o mundo de bíblica da criação.luz; os peixes povoam as águas; os pássaros os

Em grupos:

1. Ler Gn 1 e 22. Partilhar o que mais nos chamou

a atenção no texto bíblico.3. O que pensamos do texto que

temos para estudo? Há no texto alguma afirmação com a qual eu não estou de acordo? Qual? E o que me chamou mais a atenção no texto de estudo? Por quê?

A Pastoral Carcerária:presença da Igreja nos cárceres

Sua ação torna-se parte integrante da atividade as e atender suas necessidades pessoais e famili- • Parceria e relacionamento de trabalho com os missionária da igreja, constituindo um dever Pas- ares; poderes públicos e com o Ministério Público. toral para todos os cristãos. O Serviço da Pastoral •Verificar as condições de vida e sobrevivência dos Carcerária é voltado ao combate à tortura, assis- presos; tência religiosa, social e Jurídica aos presos. •Priorizar a defesa intransigente da vida, bem ATIVIDADES SANTARÉM:

como a integridade física e moral dos presos; •Visitas no Centro de Recuperação Cucurunã (Ce-A Pastoral Carcerária é a presença de Cristo e de • Estar atenta e encaminhar as denúncias de tortu- lebrações, louvor, partilha da Palavra e diálogo sua Igreja no mundo dos cárceres e desenvolve

ras, maus-tratos, corrupção, etc, praticados con-todos os trabalhos que essa presença vem a exigir. com os detentos)tra os presos; • Visitas na Funcap e Centro de Presos Provisórios A Pastoral mantém contatos e relações de tra- • Intermediar relações entre presos e familiares;

– CPPbalho e parceria com organismo do poder executi-vo e do poder legislativo, com ONG's locais, nacio- • Apoio as famílias dos detentos (quando solicita-

Atividades permanentes a nível nacional: nais e internacionais; com a OEA (Organização dos)• Visitas aos presos, especialmente quando doen-dos Estados Americanos); com a Anistia Internaci- • Biblioteca Ambulantetes, nas enfermarias ou nas celas de castigo ou onal; com o MNDH (Movimento Nacional de Dire- de “seguro”; itos Humanos); com o CDH da ONU (Comissão de Participar da Pastoral Carcerária é tomar parte • Celebrações e encontros de reflexões (eucaristia, Direitos Humanos das Nações Unidas); com ativa na missão e evangelização de Jesus Cristo. É círculos bíblicos, novenas, CF's...); ICCPC (Pastoral Carcerária Internacional) e “libertar os cativos” (Lc. 4,18); é “visitar os que • Atenção especial as áreas de extrema violência outras entidades afins. estão nas prisões” (Mt. 25,36). nas prisões;

Objetivos gerais: • Sensibilização das comunidades sobre os proble-•Acompanhar os presos em todas as circunstânci- mas dos presos e o valor da Pastoral Carcerária;

Venha participar conosco nesse serviço de amor e misericórdia. REUNIÃO SEMANAL ÀS SEGUNDAS FEIRAS, ÀS 8:30 NO CENTRO DE PASTORAL DA DIOCESE DE SANTARÉM.

Pe. José Cortes

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Page 5: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

1. O número maior ou menor de estados

numa federação nacional não empo-

brece o país, pelo contrário, com mais

estados num país com 195 milhões de

habitantes, diminui a desigualdade de

distribuição de renda e pode, facilitar a

participação da sociedade civil na admi-

nistração do patrimônio comum da

nação. O argumento do senador

Suplicy, de São Paulo é falacioso, de

que não será justo dois novos pequenos

estados terem tantos senadores e deputa-

dos federais, tirando o domínio políti-

co/econômico de São Paulo.

2. Belém também não tem razão para ser contra os

dois novos estados, a não ser pelo mesquinho interes-

se de quem sempre usufruiu da ideologia do Cen-

tro/Periferia, quando a arrecadação do Estado do Pará,

sempre foi aplicada em maior parte na estrutura da capi-

tal, em detrimento dos municípios mais distantes. Uma

coisa é puro separatismo, motivado por litígios, outra

coisa é a emancipação, ato que sustenta a maturidade

de uma região para caminhar com seus próprios pés.

3. Dizer que os dois novos estados não têm viabilidade

econômica para se sustentar, é tapar os olhos com

peneira. Afinal, as maiores riquezas naturais do

Pará estão exatamente nas regiões sul e Oeste:

minerais, florestas, rios, turismo, cultura,

populações. Mais de um milhão de habitan-

tes em cada uma das duas regiões. O que

pleiteiam é emancipação, caminhar com

seus próprios recursos, construindo sua pró-

pria história. Assim fizeram o Amazonas a seu

tempo, quando se emancipou da Província do

grão Pará, e assim também Amapá, Roraima,

sem que morressem de inanição, ou até hoje esti-

vessem dependendo dos recursos do tesouro naci-

onal.

4. Falso é também o argumento de que os dois novos estados

teriam gastos insuportáveis à nação. Hoje o tesouro nacional

é generoso às obras do Programa de aceleração do crescimento econô-

mico, o PAC e ninguém reclama. Mesmo sabendo que tais gastos são em

sua maioria para atender aos interesses do grande capital, para exportar

as riquezas da Amazônia, pelos oceanos Atlântico e Pacífico, para os

ricos mercados asiáticos, europeus e norte americanos. Ninguém recla-

ma que os cofres do Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e

Social, o BNDES estejam jorrando fortunas em função da Copa do

mundo e dos jogos olímpicos de 2016. O Senador paulista e a senadora

alenquerense não questionam tais gastos nacionais.

5. Criar o Estado do Tapajós é uma necessidade para a possibilidade de

desenvolvimento dos povos da região, até hoje fadada ao atrazo, como

colônia de saque do sul e do capital estrangeiro. Basta ver as grandes

empresas aqui presentes, Cargill, ALCOA, MRN, Serabi, Golden, Vale,

Caulin/celulose de Monte Dourado, entre outras. Levam as riquezas e

deixam os buracos e a destruição da natureza. Os grandes desafios para

o novo Estado do Tapajós são mais internos que externos à região. São

eles:

· A despolitização da sociedade civil;

· O jogo de interesses da elite econômica de visão curta;

· A fome de poder de políticos oportunistas;

· A pretensão visível de Santarém ser capital;

6. O primeiro desafio, se não for superado com muitos seminários promovi-

dos pelos formadores de opinião, igrejas, sindicatos, associações para

que a sociedade assimile o significado de uma nova constituição, de

Estados do Tapajós e Carajás por que issoé bom para a democracia no Brasil

preparação de novas lideranças comprometidas e competentes, o

risco será de ela não tomar parte ativa na construção da coisa

pública; não se pode esperar para depois do plebiscito, é

preciso logo ao mesmo tempo, que se motiva o voto do SIM,

se promova a compreensão da verdadeira democracia do

Nov Estado.

7. O segundo desafio é muito perigoso. A elite econômi-

ca tem manifestado visão oportunista e míope.

Olha o que pode lhe trazer vantagens imediatas.

Por isso, hoje aplaude os projetos das minera-

doras, das empresas forasteiras que inva-

dem a frente da cidade de Santarém, des-

truindo praias, instalando armazéns. A

elite econômica vê desenvolvimento, onde

só acontece crescimento econômico de

poucos e lhes sobra migalhas para seus

cofres. Isso é muito ruim para o novo Estado

porque é uma visão corporativista e ignora

o bem comum da sociedade.

8. O terceiro desafio é superar a fome de

poder dos políticos profissionais que até

hoje nada têm feito para implantar políti-

cas públicas urgentes para o bem estar da

população. A safra que se tem hoje é

muito pobre de espírito público, pobre de

cidadania. Basta ver a pobreza das adminis-

trações municipais da região, basta acompa-

nhar a ausência de deputados e senadores para-

enses na defesa da soberania do Estado. Nenhum

se levanta contra a lei Kandir que extorque os cofres

do Pará, com a isenção de impostos de exportação,

nenhum se levanta contra os projetos federais de

construir monstros hidrelétricos nas bacias do Xingu,

Tapajós e Jari. Se se deixar a construção do novo

Estado só nas mãos dos políticos profissionais, eles

farão o que os políticos de Tocantins e de Roraima

fizeram de seus novos estados. Hoje eles dominam

lá como suas capitanias hereditárias. É urgente se

criar cursos de administração pública, de política

para que surja nova geração de políticos, “ficha

limpa” e competentes.

9. Por fim, um desafio a mais, a ser superado, a capital do novo Estado. Uns

dizem que não se deve preocupar com isso agora, porque se o SIM ganhar

ainda se terá mais uns 5 a 8 anos até a constituição do novo Estado. Falsa

estratégia. A construção do estado do Tapajós não é como uma escada a ser

escalada, um degrau, depois o outro. E Santarém, precisa levar em conta

que outros municípios também podem ser a capital. Por isso, muitos habi-

tantes da periferia geográfica, como Faro, Trairão, Novo Progresso, os

municípios ao longo da Transamazônica provavelmente não olham com

bons olhos essa sem cerimônia dos mocorongos anunciarem Santarém

com naturalmente A Capital do Tapajós. Isso pode até ser um motivo para

desinteresse com a luta pelo Novo Estado. É preciso sim se admitir que

outra cidade pode ser a capital sem detrimento da cidade de Santarém.

Pode ser Rurópolis, geograficamente mais central, por que não?

10 Finalmente, como se quer mesmo o novo Estado para ser realmente novo?

Algumas pistas podem ser explicitadas:

• Uma sociedade civil participativa, consciente, com direito inclusive a

referendos em casos de decisões que envolvam os direitos da maioria;

com conselhos estaduais com participação direta de representantes

da sociedade civil dos pólos estaduais e que sejam conselhos delibera-

tivos, com maioria de membros da sociedade e não do poder público;

Uma constituição cidadã, construída em amplos seminários nos diversos

municípios do novo Estados. Que leve em conta priorização de políticas públi-

cas

Pe. Edilberto Sena

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Page 6: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

Campanha da Fraternidade 2012A Comissão Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB lançará a Campanha da

Fraternidade de 2012, que discutirá questões sobre a saúde e tem como tema “ Fraternidade e saúde pública” e o lema: “ Que a saúde se difunda sobre a terra”.

Comissão Pastoral de Pescadores – CPPCOLÔNIAS DE PESCADORES/AS SE REÚNEM EM PRAIA GRANDE

Nos dias 4, 5, e 6 de julho aconteceu em São Paulo, mas especifica-mente na cidade de Praia Grande, uma Conferência com representantes de um pouco mais de quinhentas Colônias de Pescadores e Pescadoras de todo Brasil para discutir a real situação em que se encontra a referida categoria. Se fizeram presente entre outros as assessorias dos ministros da Pesca; Trabalho e Previdência Social, visto que os titulares por qual-quer razão não compareceram ao encontro.

Segundo Jander Ilson, Diretor Financeiro da Colônia Z-20 de San-tarém ao olhar dos três ministérios a situação dos pescadores e das pes-cadoras artesanais está uma maravilha, seus direitos sociais sendo res-peitados pelo governo, saúde, educação e moradia de qualidade, finan-ciamentos disponíveis, assistência e direitos previdenciários religiosa-mente sendo cumpridos. Segundo os assessores a vida desses homens e mulheres dos mares, rios, mangues, lagos, etc. Está muito melhor do que a dez anos atrás.

Após a conclusão das falas dos assessores Jande Ilson fazendo uso da palavra relato a verdadeira realidade da pesca artesanal, dos pesca-dores, pescadoras e das comunidades pesqueiras foi aplaudido e apoia-do pelos representantes de todas as Colônias presentes ao encontro. Falou das Carteiras antes da SEAP, hoje do Ministério que a mais de seis anos que esses trabalhadores e trabalhadoras não tem em suas mãos o que este ano resultou no não recebimento do Seguro Defeso, colocando em risco a vida dos diretores, Coordenadores e/ou capatazes. Falou das ações que a Z-20 impetrou no Ministério Público Federal e que infeliz-mente até agora ainda não obtiveram uma resposta satisfatória e finali-zou dizendo “Nós pensávamos que essa situação era apenas dos pesca-dores e pescadoras do Pará, hoje estou vendo que é a mesma em todo o Brasil!”

CNBB sugere proposta para reforma política

A programação consta de um debate com os bispos da CONSEP e a Deputada Luiza Erundina, será no dia 10/08/0211, que discutirá as implicações da reforma política, seguido de uma mesa redonda que tem como tema: Reforma Política para Quê? O debate acontecerá no Centro Cultural de Brasília (CCB) Brasília( DF) tem como convidados: coordenador: Dom Joaquim Mol, Senador Antonio Carlos Valadares, Deputado Henrique Fontana (Relator) Deputado Ronaldo Caiado e a Socióloga Maria Vitória Benevides. O evento é aberto ao público.

Fonte: CEFEP

Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém

Encontro regional, será no dias 11 e 12 de novembro de 2011, no centro de formação da Paróquia Nossa Senhora do Rasário, bairro do Santarenzinho. Devem participar as comissões das Prelazias de Óbidos, Itaituba, Altamira e da coordenadora de comissão de Justiça e Paz do regional N2 Irmã Henriqueta Cavalcante. As Paróquias que tem implantada o setor da Pastoral Social podem encaminhar 02 (dois) representante, assim como representações dos Comitês 9.840.

Pescadores e Pescadoras se revoltamcontra Presidente

No dia dois de julho de 2011, Pescadores e Pescadoras do Município de Aveiro se revoltam contra os Diretores da Colônia Z-52 pela falta de respeito que vem tendo para com os associados e associadas da referida entidade. Depois de várias denúncias e constatações de irregularidades, até mesmo ameaças de expulsão do quadro social por parte do Presidente Executivo José Julião, o Sr Presidente do Conselho Fiscal usando de seus direitos estatutários, convocou os associados para uma Assembléia Geral Extraordinária na sede da entidade. Baixou o Edital de Convocação, deu conhecimento aos diretores executivos, e para surpresa de todos simplesmente nem o presidente e nem os demais diretores se dignaram a abrir as portas para que se realizasse a Assembléia.

Enquanto muitos diretores e presidentes de Colônias se reúnem para discutir a situação da classe outros se escondem com medo de enfrentar a realidade.

CPP nacional realiza Assembleia GeralNos dias 1 a 4 de agosto, aconteceu no Recanto do Pescador em Olinda a

primeira Assembléia Nacional sob a direção de Maria José Pacheco. Fizeram parte todos os representantes dos CPPs regionais que fazem

parte do Nacional e também convidados. Reflexão sobre perspectivas política, metodologia e monitoramento. Atualização do papel e atuação dos agentes. Avaliação do 1º semestre e planejamento do 2º semestre além da estrutura da organização e articulação dos pescadores foram assuntos em pauta.

Antecedendo a Assembléia o Conselho Fiscal da Entidade se reúniu para definir uma proposta de ação em todos os CPPs regionais no período 2011- 2014.

Meio Ambiente e o Ser Humano: Ecologia da Pessoa Humana“A glória de Deus é o homem plenamente vivo.” (Santo Irineu, Séc. II)“A glória de Deus é o homem plenamente vivo.” (Santo Irineu, Séc. II)

Toda a criação revela a grandeza de Deus. Deus, Pai-Criador, criou o Ser Desrespeitando a natureza, visando somente lucrar dela, é desrespeitar o Humano na sua imagem e semelhança, com inteligência e vontade, para cul- Ser Humano. Colocando o bem estar da humanidade em primeiro lugar, tivar e guardar esta criação. Dentro deste projeto de Deus, o homem e a implica, respeito pela natureza, que faz parte essencial da realização integral mulher são o ponto mais alto, o centro, de toda a criação. dos filhos e filhas de Deus. Por isso existem leis e governantes, para garantir

os direitos do Ser Humano para uma vida digna. Governar é coordenar as O Ser Humano foi criado para conviver em harmonia com a criação, consi-ações e os relacionamentos da sociedade, e administrar os recursos terrenos, go mesmo, com o outro e com o Criador. Pela desobediência rompe esta har-para que todos possam alcançar condições para um desenvolvimento inte-monia de relacionamento, e, desde lá, corre o perigo de optar por caminhos gral.que, em vez de promoverem a harmonia, promovem a divisão e a destruição.

“A cultura atual tende a propor estilos de ser e viver contrários à natureza e A criatividade humana é capaz disso: construir ou destruir aquilo que é dignidade do ser humano. O impacto dominante dos ídolos do poder, da indispensável para o seu desenvolvimento integral. O relacionamento har-riqueza e do prazer efêmero se transformaram, acima do valor da pessoa, em mônico do Ser Humano com a criação enriquece o seu relacionamento consi-norma máxima de funcionamento e em critério decisivo na organização soci-go mesmo, com o outro, e com Deus. Destruindo a natureza é tirar as condi-al. Diante dessa realidade, anunciamos, uma vez mais, o valor supremo de ções da pessoa para ter um relacionamento integral consigo, com o outro e cada homem e de cada mulher. Na verdade, o Criador, ao colocar a serviço de com Deus; é tirar um pedaço dela mesma, algo que é necessário para conse-ser humano tudo o que foi criado, manifesta a dignidade da pessoa humana e guir alcançar uma felicidade terrena mais completa.convida a respeitá-la. “ (Documento de Aparecida, Nº 387)

Irmão Ronaldo Hein CSC

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Page 7: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

Nos dias 22 e 23 de Julho de 2011 a Diocese de Santarém realizou um seminário sobre políticas públicas na escola São Francisco, onde contou com cerca de 60 lidernaçsa dos movimentos populares . No final foi elaborado um documento com as conclusões do seminário, do qual transcrevemos alguns excertos:

Os participantes no seminário POLÍTICAS PÚBLICAS, realizado em Santarém, na escola São Francisco nos dias 22 e 23 de Julho de 2011.

RECONHECEM QUE:· A verdadeira maneira de se alcançar desenvolvimento sustentável consiste na elaboração e implementação de políticas públicas, orientadoras das ações do poder público, que afetarão a vida de todas a comunidade e devem partir de uma construção coletiva.

· È a partir desse processo que se torna possível produzir um cenário de cresciento verdadeiramente humano e eliminar ou diminuir a exclusão social.

· È necessário priorizar o desenvolvimento humano e social enão somente o plano meramente econômico, como é apregoado por vários novos atores econômicos locais.

· As políticas públicas priorizando a saúde, educação, habitação, infra-estrutura… são o caminho para uma qualidade de vida pra cada família.

· Que as políticas publicas na área social requerem a intervenção do estado, de forma a atender a demanda da sociedade civil e promover o bem estar do cidadão.

CONSTATAM QUE:· O SUS vive hoje sérios impasses. Não tem uma coordenação que garanta equidade

no atendimento aos municípios. Na prática, prevalece a lógica privada: os setores privados recebem recursos para atender setores sociais não carentes e, além disso, o sistema de remuneração dos serviços à base de fatura permite a corrupção e o descaso com custo e qualidade de serviços. A política de redução dos gastos leva à deterioração cada vez maior do atendimento à população carente.

· Na educação permanece a centralização institucional, os recursos centralizados no Fundo Nacional de Educação (FNDE) e na Fundação de Apoio ao Estudante (livro didático e transporte escolar) e utilizados ao sabor dasconveniências político-eleitorais e da resistência dos burocratas.

· Vivemos num descaso com relação a saúde, educação e infra-estrutura em todos os municípios da região Oeste do Pará.

· O Sistemas de Saúde e a Educação na teoria parecem muito bem estruturados, com várias leis implementando essasduas áreas vitais porém, com enormes deficiências na prática.

· Atendimento desumano, médicos não escutam, não cumprem plantão.· Atendimento em clínicas privadas é diferente do atendimento na rede pública,

mesmo sendo o mesmo profissional a fazer o atendimento.· Comunidades rurais sem agente de saúde, sem vacina e saúde vinculada a bolsa

família.· O Hospital Regional Vive sob tutela de empresa particular, apesar de ser

responsabilidade do poder público; o mesmo acontece com o hospital regional. Assim acabamos por privatizar a saude pública.

· Conselhos municipais têm sua ação fiscalizadora restriginda pela própria legislação e alguns conselheiros dos diversos conselhos são cooptados pelo poder público, com empregos e cargos nas diversas esferas do poder.

· A população não conhece seus direitos ou tem medo e fica calada e os movimentos sociais vivem tempos difíceis com fraca atuação, com várias lideranças atreladas ao poder.

· Falta material nos hospitais e postos de saúde, tendo o paciente que adquirir o necessário para seu tratamento em farmácias; chega-se ao cúmulo de transportar material de um posto par outro só para se fazer a inauguração.

· Assim a população está refém de um sistema falho e de médicos que têm mais interesse em fazer negócio com a medicina, do que cuidar dos cidadãos.

· Existe corrupção e apadrinhamentos no agendamento de consultas e exames, o que prejudica a outros que têm maior necessidade.

· Faltam Postos de saúde em todo o Baixo Amazonas e os que existem não têm o minimo necessário para seu funcionamento.

· Existem muitos recursos para a educação, mas o dinheiro não chega às escolas e alunos devido ao alto grau de corrupção existente no país.

DIANTE DESTA REALIDADE PROPOMOS:· Continuar fazendo oficinas de debate nos bairros, sobre estes temas· Que o poder Público se preocupe mais com a saúde preventiva e saúde básica.· Estabelecer debates sobre políticas Públicas em todos os municípios que compôem a Diocese de Santarém, levando em conta as particularidades de cidade e interior.

· Apoiar os conselhos municipais para que não se tornem aparelhos do estado. da Comunidade Escolar. Ex. Seminários;· Encontro a sociedade civil e profissionais da saúde, educação e outros, para · Reunir com a Diretoria da Casa Familiar Rural de Santarém para discutir as debate sobre atendimento, divergências, perspectivas… demandas de garantia de recursos no Plano de Educação no Campo pelo

· Valorizar o remédio caseiro e lutar pela medicina alternativa como prevenção a município;doenças. · Criação de um conselho cidadão para fiscalizar obras do projeto minha casa

· Estudar legislação da saúde, estudar nossos direitos para poder exigí-los . minha vida;· Produzir material para fomar uma política de saúde dos movimentos sociais e · Pesquisar junto a caixa econômica federal o percentual da loteria ( casa lotéricas) fazer uma avaliação conjunta que é destinado a construção de praças e quadra poliesportiva;

· definir nossa política de saúde para o Estado e Municípios, Juntar todos os · Pesquisar nomes de pessoas que estão ganhando pela prefeitura sem trabalhar.movimentos populares em prol de uma saúde pública digna.

· Reunir com SINPROSAN e SINTEPP para dialogar sobre o processo de politização

Diocese realiza seminário sobre políticas públicas

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Page 8: Jornal da Diocese de Santarém PA Brasil

Missão de Evangelização inicia Nova FaseA Partir deste mês de Agosto ,a Participe como missionário na Missão

missão de Evangelização iniciada este de Evangelização da Diocese de Santarém.

ano pela Diocese de Santarém, inicia Se ofereça como missionário. A sua

nova fase. Agora começam as visitas de comunidade precisa de você.

evangelização propriamente ditas. Você leitor, se receber a visita da

Os missionários vão passar de casa equipe missionária de sua comunidfade

em casa, de família em famílai e fazer escute com atenção a mensagem que

uma proposta bem objetiva: “Quer trazem para si e deixe-se apaixonar por

conhecer Jesus Cristo? Então participe Cristo e sua Palavra.

de sua comunidade de fé e das escolas Para você missionário deixamos um

Bíblicas de sua comunidade.” Esta é a conselho que vem na Cartilha da

proposta que os missionários estão Visitação: “Em nossas visitas, não deixemos levando a todos os recantos da diocese.

que os preconceitos nos bloqueiem, mas Mas o que é visitar e como visitar? também não podemos ser ingênuos. É Como se deve dar uma visita preciso levar em conta as situações sociais missionária na casa de um irmão da e culturais das pessoas, das famílias.

comunidade? A estas perguntas tentou Escutar anseios e preocupações, sonhos e

responder, com êxito, a cartilha que a alegrias, vitórias e derrotas, sacrifícios e

diocese de Santarém editou para a Com esse objetivo na mente e no coração os fragilidades. Em qualquer situação, é importante formação dos misssionários. Nela se diz missionários/as visitam as pessoas não somente manter atitudes e palavras livres, acolhedoras, textualmente: nas casas: pois vão encontrá-las e conversar com inteligentes, sábias, abertas e respeitosas a fim de

“Há vários tipos de visitas: para festejar, para sermos uma presença viva de Jesus, mensageiro elas na rua, na casa, nos hospitais, no trabalho, no da paz que é resumo de todos os bens: “A paz esteja socorrer, outras ainda, para partilhar sonhos e lazer. nesta casa!” (Lc. 10,5).”preocupações comuns, outras simplesmente para Sem formalismos ou acanhamentos, nos

escutar, para confortar... As visitas não são aproximamos com amizade, com simplicidade, José Cortessupérfluas, mas uma necessidade. deixando que as pessoas se sintam à vontade.

Nas visitas, crescemos todos: os que visitam e Carregamos o mesmo sonho de Jesus, os que recebem a visita, pois é o amor que faz isso. escutando as pessoas, dando atenção à sua As visitas, que fazem bem, partem da vida, dos história, descobrindo sinais da ação do Espírito anseios, dos sonhos que carregamos, das derrotas Santo, fortalecendo esperança, despertando que amargamos, levando em conta a vida das caminhos de conversão, denunciando o mal e pessoas com sua história e a luz de Deus por meio despertando novas energias.de sua Palavra salvadora. Em qualquer IINCENTIVAMOS À PARTICIPAÇÃO, circunstância, não pode faltar a Palavra de Deus, MOTIVANDO E DESPERTANDO O desde que haja ambiente para ser acolhida. DESEJO DE PARTICIPAR NAS ESCOLAS

A visita é um sinal de que a comunidade está BÍBLICAS QUE VÃO ACONTECER EM consciente de sua missão; um modo de ir ao VÁRIOS LUGARES DA COMUNIDADE.encontro das pessoas para manifestar-lhes Visitar é uma arte que exige profundidade, solidariedade, fraternidade, gratuidade. A visita sensibilidade, atenção à situação das pessoas. não é tudo, porém faz ver que a comunidade não As boas visitas deixam as pessoas à vontade, se esquece daqueles a quem é chamada a servir a derrubam barreiras, quebram preconceitos, fim de que possam tomar consciência da despertam sentimentos autênticos, criam laços, importância da vida comunitária e dela abrem caminhos antes impensáveis.participarem. Jesus não visitava repetindo as mesmas

Outra razão da visita é o objetivo da missão: coisas. Suas visitas eram marcadas pela “Ir ao encontro das pessoas para despertar nelas o situação concreta das pessoas. Eram visitas desejo e o sentido de encontrar-se com Jesus e de “situadas”, não aéreas. Também nós precisamos pertencer à comunidade eclesial, comprometida estar atentos às histórias de vida daqueles que na construção do reino, celebrando e animando a visitamos. Para tanto, precisamos privilegiar caminhada e a comunhão de todas as a escuta.”comunidades”.

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