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ANO III N O 16 MARÇO/2008 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Impresso Impresso Impresso Impresso Impresso Especial Especial Especial Especial Especial 580/2004-DR/GT UFG CORREIOS Foto: Vinícius Batista Calouros e veteranos participam da programação unificada (DCE, CAs e outros) de abertura do semestre letivo, que contempla palestras e debates sobre temas relevantes da educação e sociedade, além de atividades culturais. Com a mesma finalidade, a Pró-reitoria de Graduação promove o seminário “Políticas de Acesso ao Ensino Superior: aprofundando o debate na UFG.” O retorno às aulas pode ter diferentes significados para os acadêmicos. A psicóloga Susie Amâncio analisa a questão. Págs. 4 e 10 Universidade inicia semestre com debates Orlando de Castro revela fatos da história da UFG Págs. 3 e 4 União de esforços pelo controle da febre amarela Págs. 8 e 9 Recursos do Reuni começam a chegar Pág. 5

Jornal da ufg2 - Universidade Federal de GoiásJornal UFG MEMÓRIA Goiânia, março de 2008 3 lém dos números e cálculos, o professor aposentado da Uni-versidade Federal de Goi-ás

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ANO III NO 16 MARÇO/2008

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

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580/2004-DR/GTUFG

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Calouros e veteranos participam da programação unificada (DCE, CAs e outros) de abertura dosemestre letivo, que contempla palestras e debates sobre temas relevantes da educação e sociedade,além de atividades culturais. Com a mesma finalidade, a Pró-reitoria de Graduação promove o seminário“Políticas de Acesso ao Ensino Superior: aprofundando o debate na UFG.”

O retorno às aulas pode ter diferentes significados para os acadêmicos. A psicóloga Susie Amâncioanalisa a questão. Págs. 4 e 10

Universidade inicia semestre com debates

Orlando de Castrorevela fatos dahistória da UFG

Págs. 3 e 4

União de esforçospelo controle da

febre amarelaPágs. 8 e 9

Recursos doReuni começam

a chegarPág. 5

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PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO III – NO 16 – MARÇO 2008

Jornal UFGAssessor de imprensa e editor-geral: Magno Medeiros; Editora executiva:Silvana Coleta Santos Pereira; Editora assistente: Silvânia de Cássia Lima;Conselho Editorial: Angelita Pereira, Goiamérico Felício Santos, Maria dasGraças Castro, Silvana Coleta Santos Pereira, Venerando Ribeiro de Campos,Mercês Pietsch Cunha Mendonça; Suplentes: Valéria Maria Soledade deAlmeida e Ellen Synthia Fernandes de Oliveira.Revisão: Ana Paula Ribeiro Lopes; Projeto gráfico e editoração eletrônica:Cleomar Gomes Nogueira; Fotografia: Carlos Siqueira, Repórteres: AlfredoMergulhão e Maria Glória; Colaboração: Maria das Graças Gonçalves, ThalíziaSouza; Equipe administrativa: Amália Magalhães e Leny Borges.Bolsistas: Antonio Caixeta, (Design Gráfico); Vinícius Batista (Fotografia)e Ana Paula Vieira, Ana Flávia Alberton, José Eduardo Umbelino, MayaraJordana, Pedro Ivo Freire, Carollyne Almeida (Jornalismo).

Impressão: Centro Editorial e Gráfico da UFG (Cegraf)

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – [email protected] – www.ascom.ufg.br

ReitoriaReitor: Edward Madureira Brasil;Vice-reitor: Benedito Ferreira Mar-ques; Pró-reitora de Graduação:Sandramara Matias Chaves; Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Gradua-ção: Divina das Dores de Paula Car-doso; Pró-reitor de Extensão e Cul-tura: Anselmo Pessoa Neto; Pró-rei-tor de Administração e Finanças:Orlando Afonso Valle do Amaral; Pró-reitor de Desenvolvimento Institu-cional e Recursos Humanos: JeblinAntônio Abraão; Pró-reitor de Assun-tos da Comunidade Universitária:Ernando Melo Filizzola.

OPINIÃO Goiânia, março de 2008Jornal UFG

CÂMPUS EM FOCOEDITORIAL

MAGNOMEDEIROS *

“Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!”. Em-bora curta, a frase de Mário Quintana sintetiza imensasabedoria. Na vida – como no trabalho e na arte – nãoexiste uma trajetória linear e seqüencial. Viver, traba-lhar, sentir, pensar, tudo isso requer luta permanenteentre o velho e o novo, entre a continuação e a inova-ção. Por isso, o poeta afirma: tudo é recomeço. Esse é ovetor da vida humana, pautada, fundamentalmente, pelatransformação dinâmica, muito mais do que pelocontinuísmo estático.

Tomamos a frase de Quintana como princípio devida e de trabalho. A cada dia, um novo dia. A cada gotade chuva, um novo rio. Com base na dialética do perma-nente recomeço, a Assessoria de Comunicação (Ascom)da UFG está lançando ou relançando novos produtos: arevista UFG Afirmativa, o novo Portal UFG, o Informati-vo do Estudante e este Jornal UFG (ano III - edição mar-ço 2008).

A revista UFG Afirmativa retrata, em dezenas depáginas coloridas, o crescimento da universidade nosúltimos anos, destacando as principais realizações de-senvolvidas no ensino, na pesquisa e na extensão e cul-tura. Com layout, design e conteúdo reformulados, o Por-tal UFG apresenta-se, hoje, como a principal vitrine vir-tual da instituição. Já o Informativo do Estudante, umapublicação dirigida, reúne, de forma objetiva, informa-ções e orientações sobre os serviços prestados pelas uni-dades acadêmicas e órgãos administrativos.

O Jornal UFG ressurge com novo projeto gráfico.Além disso, criamos a seção “Memória”, cujo objetivo éresgatar a história da universidade por meio de depoi-mentos de personalidades que ocupam ou ocuparam lu-gar de destaque na existência da instituição. Outra se-ção importante é a “Mesa-redonda”, que visa promover odebate de idéias sobre questões instigantes da vida uni-versitária.

As reformulações têm por objetivo deixar o jornalmais arejado do ponto de vista gráfico e mais consisten-te em seu conteúdo informativo. Dedicaremos mais es-paço ao jornalismo científico e menos às matérias me-ramente factuais. Queremos mais reportagens de cará-ter histórico, aprofundando o debate sobre grandes ques-tões do mundo acadêmico e registrando atos e fatos quese cristalizam na memória da universidade.

Em suma, nosso objetivo maior é divulgar a produ-ção acadêmico-científica e cultural da UFG, com linhaeditorial focada no jornalismo científico, institucional ecidadão. Acreditamos ser este um bom recomeço.

Assessor de imprensa, editor-geral do Jornal UFG e professor da Facomb-UFG

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Dia 31 de janeiro, data dadivulgação do resultado do

vestibular, o Centro de Seleçãofoi movimentado por candidatos efamiliares que queriam conferir a

lista dos aprovados

Sempre atentos àsexplicações dos

coordenadores de curso oscalouros fizeram matrícula

nos dias 14 e 15 defevereiro

A divulgação do resultado doprocesso 2008 levou milhares dejovens ao Parque Vaca Brava emGoiânia, onde comemoraram aconquista de uma vaga na UFG

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3MEMÓRIA Goiânia, março de 2008Jornal UFG

lém dos números ecálculos, o professoraposentado da Uni-

versidade Federal de Goi-ás (UFG), Orlando Ferrei-ra de Castro, tem outrapaixão: a música, em es-pecial, a ópera. Guardaem seu escritório parti-cular uma coleção de CDse DVDs musicais de fazerinveja a qualquer coleci-onador do gênero. Emcasa, quando não está ou-vindo música, gosta deocupar o seu tempo compesquisas e anotações dotempo de academia.

Natural de Buriti deGoiás, formado pela Esco-la de Engenharia do Bra-sil Central, em 1959, foium dos fundadores da Fa-culdade de Engenharia e doInstituto de Belas Artes deGoiás (hoje denominadaFaculdade de Artes Visuaisda UFG). Participou, comolíder estudantil, do movi-mento pela criação, em Goi-ás, de uma universidade pú-blica, federalizada e de qua-lidade, por meio da FrenteUniversitária Pró- EnsinoFederal.

Antes mesmo de seformar, em 1957, Orlan-do de Castro foi dar aulasno curso de Engenharia,por vocação. Em 1962, elepassou a ser professortambém do Instituto deArtes, na época, por ne-cessidade. “Tínhamos queformar um quadro de pro-fessores para o curso deBelas Artes. Era uma exi-gência para a implantaçãode uma universidade fede-ralizada. E mais: foi na Es-cola de Artes que comeceia apreciar ópera”, acres-centa o professor.

Orlando relata, nestaentrevista, um pouco da sua

Uma vida entre osnúmeros, a política e a músicaNatural de Buriti de Goiás,formado pela Escola deEngenharia do Brasil Central, em1959, foi um dos fundadores daFaculdade de Engenharia e doInstituto de Belas Artes de Goiás– hoje denominada Faculdade deArtes Visuais da UFG

história no mundo da aca-demia, onde foi líder estu-dantil, atuou em movimen-tos sociais, fez protestos pú-blicos, tornou-se professorde mecânica e de desenhotécnico, contribuiu, de for-ma marcante, para a im-plantação da UFG e aindaaprendeu a apreciar ópera.

Antes de começar aentrevista, o professor fezquestão de fazer um apeloàs pessoas que detêm asedições do jornal 4º Poder,implantado em 1962: “Este

material é muito rico eminformações. Nele vocêencontra partes importan-tes da história de Goiás e,mais especificamente, daUFG. Seria bom se essematerial fosse de domíniopúblico. Que tal fazer umadoação para a universida-de?”, sugere.

Jornal UFG – Como foi aexperiência de pertencerà primeira turma de alu-nos do curso de Engenha-ria Civil, na década de 50?

Professor Orlando –A nossa turma foi, sem ne-

nhuma contestação, a fun-dadora da Escola de Enge-nharia, em 1952. Um gru-po de cinco alunos liderouesse movimento pela cri-ação da Escola: ArgelinoFerreira do Amaral, JúlioCesário de Sousa, BrazLudovico de Almeida, Hé-lio Naves e eu. Todos vi-vos até hoje. Elaboramosprocessos, relatórios. Fi-cávamos em contatoconstante com o ConselhoNacional de Educação noMinistério de Educação,que funcionava naquelaépoca no Rio de Janeiro.Foi um trabalho muitogrande. Os conselheirosdo Ministério faziam mui-tas exigências e tínha-mos que cumpri-las. Enós cumprimos, tendoque arcar com dinheiro donosso próprio bolso as des-pesas que surgiam nesseprocesso. Enfim, no dia 6de janeiro de 1954 foi as-sinado o decreto autori-zando o funcionamentoda Escola de Engenharia.Mas as coisas não foramtão simples depois disso.

Jornal UFG – Quais fo-ram os problemas surgi-dos após a implantaçãooficial da Escola de En-genharia?

Professor Orlando –Em 1957, a Escola passoupor uma crise muito gran-de e quase fechou as suasportas. Nessa época fuieleito presidente do Dire-tório Acadêmico do cursode Engenharia com a pro-messa de salvar a Escola.Ocorreu que o diretor daEscola, professor Oton Nas-cimento – altamente capa-citado e trabalhador – foinomeado, pelo governo doestado, presidente da Celg.

Ele tinha uma grande mis-são: construir as usinas doRochedo e da CachoeiraDourada. Ele renunciou àdireção da Escola no dia 16de abril de 1957, indo acampo para cumprir suaárdua e difícil tarefa. Aotérmino de quatro anos, oprofessor Oton inauguroua Usina de Cachoeira Dou-rada. Logo após a sua re-núncia, vários professoresda Escola também saíram,em solidariedade. Eles po-diam renunciar, pois nãorecebiam nada pelo traba-lho. Eles lecionavam gra-tuitamente, por idealismo.No princípio foi assim. Eulecionei assim em muitoslugares.

Jornal UFG – A escola en-tão parou as suas ativida-des?

Professor Orlando –Parou quase tudo, por qua-se um semestre. Tinha sóum professor dando aula.Nós tínhamos quatro tur-mas, com 38 alunos – to-das sem aulas. A soluçãoencontrada para salvar aEscola foi aluno dar aulapara aluno. Estudantes doquarto ano vão dar aulaspara estudantes do tercei-ro ano. Alunos do terceiroano serão professores dosalunos do segundo ano...Eu fui dar aulas de dese-nho técnico. Enquanto dá-vamos aulas, fomos embusca de novos professorespara a Escola. Consegui-mos então reativar as ati-vidades acadêmicas. Emdezembro de 1959, o cursode Engenharia foi, oficial-mente, reconhecido peloMinistério da Educação.

Jornal UFG – No final dadécada de 50 já existiam

importantes escolas de en-sino superior na capital.Nesse período também co-meçou a se falar muito nacriação de uma universi-dade em Goiás. Como foiesse movimento?

Professor Orlando –Realmente, se falava mui-to sobre isso. Em Goiâniajá funcionavam as facul-dades de Direito (já federa-lizada), Engenharia, Filo-sofia, Farmácia e Odonto-logia, Ciências Econômi-cas e de Enfermagem, a Es-cola Goiana de Belas Artese o Conservatório de Mú-sica. Na época, ao perce-bermos a importância dacriação de uma universi-dade para Goiás, resolve-mos então in ic iar ummovimento político de es-tudantes. No dia 23 deabril de 1959, nós fizemosa primeira reunião, numprédio localizado no cen-tro de Goiânia. Para mim,a gestação da UFG ocor-reu naquele espaço. Foi látambém que nasceu aFrente Universitária Pró-Ensino Federal, do qualera o presidente. EssaFrente se deparou comum forte opositor, o arce-bispo de Goiânia, domFernando, que pregava acriação de uma universi-dade católica. Ele conta-va com pontos fortes aseu favor: a igreja católi-ca já mantinha as facul-dades de Filosofia, de Far-mácia e Odontologia, asescolas de Enfermagem ede Belas Artes. Mesmoassim, prosseguimos comnossa missão, nada fácil:criar uma universidadepública, federalizada e dequalidade. Aliás, a nossaFrente foi a primeira aempregar a denominação

Professor Orlando em suabiblioteca particular

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Orlando Ferreira de CastroPor Maria Glória

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4 MEMÓRIA/EVENTOS Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Universidade Federal deGoiás. Falava-se em Uni-versidade Pública, Univer-sidade Nacional, Univer-sidade do Governo Fede-ral, Universidade Federa-lizada, Universidade doBrasil Central. Foi a nos-sa turma também quetrabalhou e conseguiucom o presidente Jusce-lino Kubitschek a assina-tura da lei de criação daUniversidade Federal, emdezembro de 1960.

Jornal UFG – A FrenteUniversitária Pró-EnsinoFederal encontrou, alémde grandes obstáculos,aliados importantes?

Professor Orlando –Essa luta não foi fácil. Hou-ve até brigas e agressõesfísicas. Mas conseguimos oapoio de boa parte dos alu-nos da Faculdade de Direi-to, que vestiu a nossa ca-misa e passou a tomar con-ta do movimento de estu-dantes. Só que o então di-retor, professor JerônimoGeraldo de Queiroz, eracontra a criação da UFG. Ofato é que, depois de umsério incidente entre pro-fessores e alunos, Jerôni-mo de Queiroz se afastouda direção da Faculdade deDireito. Sorte nossa, poisassumiu o posto do profes-

sor Jerônimo o professorColemar Natal e Silva – umgrande aliado da Frente Uni-versitária, que se tornou,em pouco tempo, nosso lídernúmero um. Quando eleentrou na luta pró-ensinofederal, nós, estudantes, játínhamos encaminhado oprojeto de criação da Uni-versidade de Goiás por meiodo deputado federal Gersonde Castro Costa.

Jornal UFG – Com a ade-são do professor ColemarNatal, a Frente Universi-tária conseguiu novosavanços?

Professor Orlando –Um fato marcou esse perí-odo. Mesmo com as coisascaminhando bem rumo àcriação da UFG, o movi-mento da igreja católicasaiu na frente e conse-guiu implantar primeiro aUniversidade Católica deGoiás, no dia 17 de outu-bro de 1959. Surgiram, naépoca, muitos boatos deque o arcebispo da Arqui-diocese de Goiás, D. Fer-nando Gomes dos Santos,tinha sabotado a criação dauniversidade federal. AFrente Universitária deci-diu então protestar, fazen-do o enterro simbólico doarcebispo, no dia 21 de ou-tubro de 1959. Foi um mo-

vimento polít ico muitogrande, talvez o maior denossa época – comparadoao das Diretas Já.

Jornal UFG – A criação daUCG desmobilizou a Fren-te Universitária?

Professor Orlando –A igreja tentou rotular osestudantes de comunistas.Nós éramos, além dos ma-çônicos e protestantes,seus grandes inimigos.Mas essa estratégia nãosurtiu muito efeito. Nossomovimento se sentiu, emum primeiro momento,derrotado. Mas não desis-timos. Os estudantes, en-tão, seguiram com a pro-posta de criação da univer-sidade federal até o fim. Apartir do evento “O Enter-ro do Bispo”, o professor Co-lemar Natal entrou de pei-to na nossa campanha. Eleera a pessoa certa, na horacerta, no local certo. Ele ti-nha um conhecimentomuito grande das questõesburocráticas. Isso contri-buiu para a agilidade de al-guns processos. Nós tínha-mos muita pressa em cri-ar a UFG porque o nossoprazo limite vencia com aposse do Jânio Quadros,que prometeu acabar comtudo que o então presiden-te Juscelino tinha feito.

Corria o boato de que o Jâ-nio não instalaria a UFG.Tínhamos que ser rápidos.O professor Colemar foimuito ágil, providenciandotudo – de questões burocrá-ticas a verbas para a ins-talação da universidadefederal. Ele chegou a con-seguir, não sei como, umaverba de 121 milhões decruzeiros para a universi-dade. Enfim, depois de mui-ta correria, a lei de criaçãoda UFG foi aprovada no Con-gresso Nacional no dia 14 dedezembro e assinada pelopresidente Juscelino no dia18 de dezembro de 1960.Faltava agora efetivar Cole-mar Natal como reitor dainstituição. Essa medidatambém teria que ser antesda posse de Jânio.

Jornal UFG – O senhoracompanhou essa parteda história?

Professor Orlando –Sim. E essa história foi ro-cambolesca. Colemar Na-tal teve que se virar, an-tes que vencesse seu pra-zo (com a posse de Jânio),para pegar as assinaturasque lhe davam o direito deassumir o cargo de reitor.Foi à Brasília, seqüestrouo livro de posse, viajouclandestinamente de aviãopara o Rio de Janeiro, onde

morava e se encontrava oministro da Educação, Cló-vis Salgado, acordou-o nomeio da noite, pegou a suaassinatura, voltou paraBrasília e devolveu o livrono Ministério da Educação– como havia prometido.Tudo isso feito em poucashoras. Colemar conseguiuvoltar a Goiânia já nos úl-timos minutos do dia 31 dejaneiro de 1960 – devida-mente empossado pelo mi-nistro. O Jânio Quadrosassumiu a presidêncianesse mesmo dia. MasColemar Natal tinha umasorte muito grande. A che-fia de gabinete da Casa Ci-vil foi assumida por umgrande colega de Colemar,Ademar Martins, professorcatedrático de Direito daUniversidade do EspíritoSanto. Eles foram colegasde curso (de Direito) na dé-cada de 20, no Rio de Ja-neiro. Ao ser procuradopelo reitor, Ademar Mar-tins disse: “Não se preocu-pe. Deixa as coisas por mi-nha conta”. Bom, a partirdaí, as coisas realmenteforam facilitadas e no dia3 de fevereiro de 1961 aUniversidade Federal deGoiás foi instalada em Goi-ânia, na Faculdade de Di-reito, naquela época, naRua 20, no centro.

SEGUNDA-FEIRA (10/3)

TERÇA-FEIRA(11/3)

QUARTA-FEIRA (12/3)

QUINTA-FEIRA (13/3)

SEXTA-FEIRA (14/3)

• 8h - 12h: Debate: Cultura Popular na Sociedade – Mesa: Representantes do Movimento de Cultura Popular de Goiás, do DCE e estudantes da Escola de Música e Artes Cênicas(Emac) – Local: Auditório da FAV/EMAC

• 8h - 12h: Vídeo e debate – Local: Cine UFG/Faculdade de Letras

• 14h - 18h: Mostra e debates sobre vídeos goianos – Local: Cine UFG/Faculdade de Letras

• 19h30: Seminário Políticas de Acesso ao Ensino Superior. Aprofundando o debate na UFG – Conferência: O principio constitucional da igualdade e as ações afirmativas: DoraLúcia de Lima Bertúlio (Procuradora da UFPR) – Local: Auditório da Faculdade de Direito (Câmpus I)

• 8h - 12h: Seminário Políticas de Acesso ao Ensino Superior: aprofundando o debate na UFG – Lançamento da revista “UFG Afirmativa”, edição março/2008 do “Jornal UFG”e novo Portal da UFG e do Informativo do Estudante. – Mesa 1: Experiências de Inclusão em curso nas universidades brasileiras: Timothy Mulholand (Reitor da UnB) e SelmaGarrido Pimenta ( pró-reitora de Graduação da USP) – Local: Auditório da Faculdade de Letras (Câmpus II)

• 8h - 12h: Seminário Políticas de acesso ao ensino superior: aprofundando o debate na UFG – Mesa 2: Os impactos das políticas de acesso nas universidades brasileiras:Marcelo Tragtenberg (UFSC) e Leandro Russovski Tessler (coordenador executivo da Comvest/ Unicamp) – Local: Auditório da Faculdade de Letras (Câmpus II)

• 14h - 18h: Debate: Universidade popular: Enfrentamento a ordem vigente – Mesa: DCE/UFG, Conlute, Prof. Robson de Moraes (Intersindical) – Tenda Unidade e Ação (Câmpus II)

• A partir das 17h: “Samambaia Cultural” Lançamento do site do DCE/UFG – Atividades Culturais: “Octavio Sscapin”, “Cleiton Pereira”, “Mistura e Manda com: ArnaldoFreire e Kaloni Sharnoviski”, Robson Alves e Chico Junior, apresentações teatrais, poéticas e dança. – Local: Tenda Unidade e Ação (Câmpus II)

• A partir das 21h: Festa “Calourada Unificada UFG” – Local: Sede do DCE/UFG, no Câmpus I, Praça Universitária

Programação de início de semestre ativa debates na UFGSilvânia Lima

A Pró-reitoria de Gradu-ação (Prograd), em conjuntocom o Diretório Central dosEstudantes (DCE), centrosacadêmicos e outros gruposestudantis organizados naUniversidade, realizam umaprogramação unificada de re-cepção aos calouros e vete-ranos, no início do primeirosemestre letivo de 2008. De

3 a 7 de março, aconteceramatividades junto às coordena-ções dos cursos, palestras edebates sobre diversos te-mas de interesse da comu-nidade universitária, como oplano de expansão da univer-sidade; a regulamentação dalei de estágios; licenciaturas;transformação do HC em fun-dação; movimentos sociais equestão agrária; movimentoestudantil; raça, gênero e

sexualidade; além de um atopúblico em defesa da univer-sidade pública e atividadesculturais, que marcaram olançamento do Festival Ma-téria Prima, da Rádio Univer-sitária.

A semana seguinte, de 10a 14 de março, prossegue coma programação com destaquepara o “Seminário Políticas deAcesso ao Ensino Superior:aprofundando o debate na

UFG”, uma promoção da Pro-grad, nos dias 11, 12 e 13, comconferência e debates, quecontribuam para a discussãosobre o tema. Dentre os pa-lestrantes e debatedores es-tão profissionais e dirigentesdas universidades de São Pau-lo (USP), de Brasília (UnB), Fe-derais do Paraná (UFPR) e deSanta Catarina (UFSC) e daEstadual de Campinas (Uni-camp). Na oportunidade, a As-

sessoria de Comunicação daUFG fará o lançamento da re-vista “UFG Afirmativa”, dasnovas edições do Jornal UFGe do Portal UFG, e do Infor-mativo do Estudante.

Da mesma forma comoocorre em Goiânia, os câm-pus do interior, em Jataí,Catalão e cidade de Goiás,também realizam sua pro-gramação de recepção aca-dêmica.

“Da Universidade que temos à Universidade que queremos”Calourada Unificada (DCE e CAs) – Seminário Políticas de Acesso ao Ensino Superior (Prograd)

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5ADMINISTRAÇÃO Goiânia, março de 2008Jornal UFG

já conta comrecursos do ReuniUFG

Além do orçamento anual,universidade conta com verbaextra-orçamentária

De acordo com o pró-reitor de Administra-ção e Finanças, o orçamento da UFG em 2008deve passar de R$ 400 milhões: “Ao longo doano, a universidade, pela ação da Reitoria e deseus pesquisadores, consegue recursos adicio-nais, via convênios, emendas parlamentares, en-tão isso faz crescer o nosso orçamento”.

Em 2007, ano considerado por OrlandoAmaral “excepcional” quanto ao volume de re-cursos extra-orçamentários, só em dezembroa UFG recebeu R$ 26 milhões, dos quais R$5,6 milhões correspondem ao adiantamento derecursos previstos pelo Reuni. Ainda nessemontante, estão R$ 6 milhões, conseguidos pormeio de emenda parlamentar apresentada pelabancada goiana no Congresso e destinados àconstrução do bloco de internações do Hospi-tal das Clínicas. Outros R$ 2 milhões e 59 milserão utilizados na adaptação de prédios daUFG, visando a acessibilidade de portadoresde necessidades especiais e R$ 2,6 milhõesdevem ser administrados pela universidade, eaplicados em parceria com a Secretaria de Edu-cação do Estado, em projetos de ensino bási-co. Os quase R$ 10 milhões restantes estãodistribuídos entre diversas unidades acadêmi-cas para o financiamento de planos de traba-lho, de caráter acadêmico e/ou físico. Diantede tais números, o pró-reitor destaca: “O tra-

Ana Paula Vieira

epois que o Ministério da Educação(MEC) aprovou a proposta da Universi-dade Federal de Goiás para o Progra-

ma de Apoio a Planos de Reestruturação eExpansão das Universidades Federais, oReuni, em 27 de novembro do último ano, ocaixa da universidade já começa 2008 como orçamento reforçado por 60% dos recur-sos previstos pelo programa para este ano.No final de 2007, o governo federal repas-sou à universidade cerca de R$ 5,6 mi-lhões, parte dos R$ 9,3 milhões destina-dos a investimentos em obras, equipa-mentos e infra-estrutura.

Ainda por meio do Reuni, a UFG es-pera ao longo deste ano os 40% restan-tes da parte de investimentos, e o valorreferente ao custeio, que é de cerca deR$ 4 milhões, totalizando mais de R$13milhões para a universidade. Segundoo pró-reitor de Administração e Finan-ças, professor Orlando Afonso Valle doAmaral, ainda em fevereiro será feita umareunião para a Reitoria discutir as aplicaçõesdo dinheiro. “Possivelmente, como neste pri-meiro ano os recursos do Reuni não serão su-ficientes para contemplar as demandas decada unidade, esse montante inicial deve serusado para construção de obras que atendama todos, como blocos de salas de aula”, prevêo pró-reitor.

Além dos recursos adicionais garantidospelo Reuni, a proposta orçamentária da UFGpara este ano é de R$ 387.828.391 milhões,

5% maior que a de 2007. De acordo com Or-lando Amaral, apesar das mudanças implí-citas no corte da CPMF, a proposta deve seraprovada. Como explica o pró-reitor, essaprojeção do orçamento já é encaminhadacom os recursos pré-determinados: “85% sãopara pagamento de pessoal, salário, benefí-cios, aposentadorias, pensionistas; então oque ‘sobra’ para a universidade se manter,investir, construir, ampliar e reformar é ocorrespondente a 15%, o que equivale a R$47 milhões”.

Verba extra fortalece estrutura e programasbalho extra-orçamentário é permanente, temque ser feito anualmente. A cada ano, ele dáresultado, como a gente tem verificado nosanos de 2006 e principalmente de 2007. En-tão, esse trabalho vai ser feito e intensifica-do em 2008”.

Orlando Amaral ressalta ainda que me-didas para a otimização de recursos adotadasna UFG em 2007 devem se repetir neste ano,como programas de economia, contratos deterceirização e redução de gastos internos,como reprografia, telefonia, luz, vigilância:“Nós temos procurado economizar com essasdespesas para que haja sobra de recursos paraoutras finalidades”, afirma. No ano passado,mais de R$ 4 milhões, originalmente destina-dos para custeio da universidade, foram trans-feridos e aproveitados em investimentos.

A lista de prioridades para a UFG em 2008ainda será definida. Orlando Amaral afirma que,apesar de já ter sido procurado pelo Centro Ges-tor do Espaço Físico (Cegef), ainda é cedo paradefinir investimentos, já que eles ainda nãoforam discutidos com a Reitoria. Porém, o pró-reitor adianta: “Poderíamos elencar várias pri-oridades, como a construção da Casa do Estu-dante no Câmpus II, por exemplo. Se não tiver-mos como fazer com o recurso do Reuni, fare-mos com os recursos próprios da UFG”.

COMUNIDADE PERGUNTA

As recentes denúncias envolvendo o mauuso do cartão corporativo em casos específicosem alguns órgãos federais, não podem sergeneralisadas e inviabilizar o uso de um instru-mento de gestão tão útil como esse. É bom es-clarecer que, antes da implantação do cartão,os órgãos federais possuíam um instrumento quecumpria o mesmo papel, de realizar com agilidadepequenas despesas emergenciais, chamado “su-primento de fundos”. O Cartão de Pagamento doGoverno Federal, ou cartão corporativo, foi implan-tado por orientação da Controladoria Geral daUnião (CGU), na UFG, em 2007. Trata-se de uminstrumento moderno e transparente.

Os gastos totais com os 19 cartões desti-nados à UFG corresponderam a uma parcela mí-nima da sua execução financeira em 2007 (AReitoria publicou nota na página eletrônica daUFG – www.ufg.br). A maioria dos nossos car-tões é utilizada pelos motoristas, em suas via-gens, para abastecimento e reparos emergenci-ais de veículos e pagamento de pedágios. Os de-mais cartões são utilizados, entre outros, peloCentro de Manutenção de Equipamentos (Cemeq)e pelo Hospital das Clínicas.

Todas as despesas realizadas com os car-tões são devidamente comprovadas por notas/cupons fiscais e passam por rigorosa análisedo Conselho de Curadores da UFG e são aces-síveis a todos no Portal da CGU. Portanto, amenos que haja uma determinação em con-trário por parte do governo federal a UFG con-tinuará sim a utilizar esse instrumento, ze-lando, como de praxe, pelo bom uso dos re-cursos públicos que lhes são destinados.

Com o objetivo deapoiar a capacitação depessoal técnico e acadê-mico, bem como incenti-var a criação de estrutu-ra logística para váriasmodalidades de coopera-ção internacional, oMEC/Sesu lançou o edi-tal para as universidadefederais apresentaremprojetos com essa finali-dade. A UFG está entreas três instituições con-templadas do Centro-Oeste – além das univer-sidades de Brasília (UnB)e da Grande Dourados

Após denúncias de uso indevido doscartões corporativos, o senhor acha queeles devem ser cancelados? A UFGcontinuará usando os cartões?

Professor JoãomarCarvalho de BritoNeto, diretor daFaculdade deComunicação eBiblioteconomia daUFG (Facomb)

ProfessorOrlando AfonsoValle do Amaral,

pró-reitor deAdministração e

Finanças da UFG

Cooperação internacional contacom recurso para capacitação

(UFGD) – e obteve recur-so superior a R$ 53 mil aser aplicado na aquisiçãode equipamentos tecno-lógicos, mobiliário e ma-terial de consumo e didá-tico, bem como na elabo-ração de material infor-mativo. A equipe da CAIjá trabalha na confecçãode um Guia para Estu-dante Estrangeiro naUFG. De acordo com ostermos do edital, foi ve-dada a utilização do re-curso para o pagamentode despesas com passa-gens e diárias.

Parte do montante previsto para obras,equipamentos e infra-estrutura já está nauniversidade

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6 MESA-REDONDA Goiânia, março de 2008Jornal UFG

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Ações de extensão e cultura incrementaminteração da UFG com a sociedade

partir desta edição o Jornal UFGdebaterá mensalmente um temaimportante para a academia e para a

sociedade. Nessa primeira mesa-redonda opró-reitor de Extensão e Cultura AnselmoPessoa Neto, a coordenadora de ExtensãoGiselle Ottoni, o professor de Cinema daFaculdade de Comunicação eBiblioteconomia Lisandro Nogueira e oeditor da Revista UFG Wolney Unesdiscutiram com as jornalistas SilvanaColeta e Silvânia Lima a importância dasações de extensão e cultura paraaproximar ainda mais a universidadeda comunidade.

A definição de exten-são universitária e cultu-ra é complexa e geralmen-te pessoal. Quais são osconceitos que norteiam asações da Pró-reitoria de Ex-tensão e Cultura (Proec)?

Giselle – Se formosanalisar a terminologia dapalavra, há diversos cami-nhos e cada um vai pensar àsua maneira. A gente não sepreocupa muito com isso aquina Proec. Temos ações de ex-tensão e de cultura que mos-tram a interação da univer-sidade com a comunidade,tanto levando conhecimentopor meio de capacitações ecultura, como também pegan-do na comunidade o conhe-cimento que ela tem. Vemosa extensão como uma troca.

Anselmo – Nós decidi-mos não reforçar essa dis-cussão conceitual nem decultura, nem de extensão. Otrabalho da Proec é tentaroferecer condições para queas pessoas que trabalham naárea possam desenvolversuas atividades. A intençãoé respeitar a visão de cadaunidade, cada área do conhe-cimento sobre extensão ecultura. Nós, por meio da re-solução que regulamenta aextensão e cultura na UFG,estabelecemos regras bási-cas que são de comum acor-do entre todas as áreas doconhecimento.

A extensão já foi vis-ta como o “Patinho Feio”da academia. Na opinião devocês isso procede na atu-alidade?

Anselmo – Temos anossa auto-estima extrema-mente elevada. Na gestão doprofessor Edward, temos re-cursos e oferecemos servi-ços. Nosso papel é desburo-cratizar, facilitar o acesso,incentivar. Aqui, as pessoas

que querem efetuar projetosde extensão e cultura têmapoio como, por exemplo, naprodução e impressão de ma-terial gráfico. Os editais dogoverno federal, atualmente,são em maior número e tam-bém têm ajudado.

Giselle – Há que se res-saltar o incentivo desta ges-tão na área. De 2006 para cá,notamos que a porcentagemde estudantes que partici-pam de ações de extensãoestá crescendo e a expecta-tiva é aumentar ainda mais.A nossa bolsa de extensão(Probec), paga com o orça-mento da UFG, hoje tem omesmo valor da bolsa de ini-ciação científica (Pibic), pagapelo governo federal. O pró-prio CNPq, por meio do cur-rículo Lattes, atualmentetem espaço para a extensão.Vivemos um momento ímparde crescimento da extensãouniversitária.

Lisandro – Eu conside-ro essa área extremamenteimportante. Não adianta terum ensino muito bom, nãoadianta ter uma pesquisa in-teressante, porque isso sóforma “pesquiseiro”, comoMilton Santos falou, ou seja,aquele que só fica atrás deverbas, escreve alguns tex-tos, mas não tem uma gran-de ressonância na socieda-de. Se a extensão não esti-ver fomentada, como é quenós vamos disseminar o nos-so conhecimento? O que seobserva hoje, no Brasil, é queos trabalhos de pesquisa fi-cam restritos ao mundo aca-dêmico, e na verdade, o gran-de público não as conhece.Então, esse lugar aqui, deextensão e cultura, ele é fun-damental na instituição.

Wolney – Incomoda mui-to essa coisa de “patinho feio”da educação. A universidadedeve partir para a identifica-

ção do corpo docente e discen-te com a comunidade. Preci-samos nos fazer importantes,estar presente em todos osdebates, inclusive politica-mente, junto com os gover-nos, nas grandes ações cultu-rais. Isso tudo é interação.

Lisandro – O mundomudou muito dos anos 80para cá. Hoje, se o intelec-tual não interagir com a so-ciedade, ele perde o poder deintegração. Hoje, o professoruniversitário tem que fazerum esforço enorme para con-seguir ser pesquisador e paralevar sua pesquisa, seu co-nhecimento, seu processo deensino para a cidade, para acomunidade.

Giselle – Eu acho que agente ainda ouve que a exten-são fica em segundo plano, emrelação à pesquisa, porque,tradicionalmente, a pesquisatem a sua metodologia de ava-liação e de quantificação jáestabelecida. A gente sabequantos trabalhos o pesqui-sador publicou, quantas vezeso nome dele foi citado na lite-ratura internacional. A exten-são ainda está em processo deelaboração desse sistema deavaliação. É difícil você saberqual é o resultado gerado pelaextensão. A partir do momen-to em que avaliarmos a nossaextensão, ela poderá ser quan-tificada e assim, também, con-siderada na distribuição derecursos e vagas.

Lisandro – As únicascapazes de discutir a matema-tização do conhecimento sãoa cultura e a extensão. Esseé o grande desafio da área den-tro do sistema acadêmico. Poroutro lado, é uma faca de doisgumes entrar nesse processo,porque várias ações e váriosempreendimentos são simbó-licos e de difícil codificação.Então, o processo de avalia-ção do curso de extensão, den-

tro do âmbito acadêmico bra-sileiro, tem que ser diferenci-ado. Senão, o que vai aconte-cer? A manifestação culturalé muito mais importante, por-que quando atinge a comuni-dade através desses proces-sos, ela tem uma eficácia, levaconhecimento e leva o nomeda instituição. Esse é o gran-de desafio.

Ainda sobre o relacio-namento universidade/co-munidade, eventos como oFestcine, o Fica e o Goiâ-nia em Cena têm cumpri-do de fato essa aproxima-ção? As parcerias com osgovernos do estado e domunicípio têm garantidoeficiência neste sentido?

Wolney – O que a gentevê hoje é que, quando se pen-sa em realizar um evento,muitas vezes os organizado-res buscam a universidade,porque aqui estão as idéias.Agora, uma coisa que a gentediscute, é que muitas vezesvemos uma participação iso-lada do “professor x”, do “pro-fessor y”, com isso a institui-ção perde um pouco a força.

Anselmo – Eu acho queessas parcerias são para ten-tar institucionalizar o que jávinha acontecendo. Os pro-fessores da UFG, pelo menosem alguns aspectos, sempreestiveram envolvidos com avida da comunidade local,regional e, às vezes, até in-ternacional. Assim, estamostentando levar esse conhe-cimento, que está aqui den-tro da universidade, de for-ma mais institucional e, comisso, tentando dar uma melhorformatação para esses even-tos, que são de extrema im-portância social, cultural eeconômica para o estado. Éum trabalho de articulação, deconvencimento, de discussão,para que as nossas idéias, se

elas forem boas, sejam acei-tas e ajudem a melhorar oseventos. Apesar das deficiên-cias, é melhor a gente lutarpara que eles se aperfeiçoem,do que acabar. Nós queremosmelhorá-los e criar outros nocalendário goiano.

Lisandro – Eu sou con-sultor do Fica desde 2003. OFica é o que é hoje, mesmocom alguns problemas, graçasao quadro de professores etécnicos da UFG que criou ospilares do evento. Cada ele-mento da UFG que foi para lá,foi importante pra criar a sus-tentação que o Fica tem hoje,sua estrutura de idéias, a gra-de de programação. Eu garan-to que o festival não seria oque é hoje se não fosse a UFGpor meio desses servidores. Omesmo ocorre com o Festici-ne. Essa é a importância daUFG na cultura.

Wolney – O ideal é aparceria. Esse grupo aquicuida das idéias, esse outrocuida da organização. A ins-t itucionalização permitemanter o tripé ensino, pes-quisa e extensão. A univer-sidade é o único lugar ondevocê recebe para ter idéias.

Giselle – Vale ressaltaroutras formas de parceria,que também ocorrem, porexemplo, em que a UFG par-tilha das idéias de outrosparceiros, de outras institui-ções. Também temos algo aaprender com aquele queestá do lado de fora. Umexemplo é o Agro Centro Oes-te. Nós montamos o conteú-do de palestras, a programa-ção e os temas do evento jun-to com os parceiros, porquesão eles que vão nortear oevento, que estão mais emcontato com o agricultor fa-miliar. Durante os encontrospodem surgir idéias para oprofessores pesquisarem.Outro exemplo é o Programa

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7MESA-REDONDA Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Lisandro Nogueira

Anselmo Pessoa Neto

Wolney Unes

Giselle Ottoni

de Mastologia, coordenadopelo professor Ruffo de Frei-tas Júnior, da Faculdade deMedicina, que realizou pes-quisa cienttífica a partir desua participação no eventopara agricultura familiar. En-tão, dependendo da ação, essatroca é bastante importante,inclusive para a credibilidadeda universidade.

A Universidade aindaé vanguarda nas mudançassociais?

Lisandro – Penso quesim. E vou citar um exemplo.As universidades estão den-tro da “Sociedade do espetá-culo”, na qual a rapidez dasinformações e o fluxo dasimagens ocupam o lugar dopensamento e da reflexão.Dentro das suas possibilida-des, a UFG faz a intervençãonesse processo e cria seu

Centro de Cultura e Eventos.As formaturas se tornaram um“espetáculo”, uma pobrezasimbólica sem tamanho. Da-qui prá frente, esse espetácu-lo deixa de existir. Os alunosvão colar grau dentro do “es-pirito iluminista”. Esse tipo deexemplo tem uma enorme re-percussão porque intervemnesse processo de superfici-alização dos conteúdos cultu-rais. A criação do cinema éoutro exemplo.

Fale sobre as ações deextensão na UFG.

Anselmo – Do ponto devista do gestor, nós quere-mos descentralizar e estimu-lar o debate sobre extensãoe cultura. Nesse sentido, re-alizamos algumas ações prá-ticas como a implantação donovo sistema de gestão deextensão e cultura na insti-tuição, diminuindo, conside-ravelmente, obstáculos deordem burocrática para quemqueira realizar, de fato, açõesna área. Brevemente, deveráser apreciado e votado peloConselho Universitário umanova resolução que regula-menta essas ações, cujo prin-cipal intuito é facilitar o ca-dastramento e, ao mesmotempo, fomentar as ações deextensão e cultura. Estamostambém procurando ampliare criar novos espaços cultu-rais adequados para que asmanifestações culturais ocor-

ram. O Espaço Cultural daUFG, na Praça Universitária,está sendo reformado. A in-tenção é transformá-lo emum centro de excelência paraas manifestações da produ-ção cultural goiana, brasilei-ra e, quem sabe, internacio-nal. No Câmpus Samambaia,o Cine UFG está sendo fina-lizado. O Centro de Culturae Eventos, com capacidadepara quatro mil pessoas, estáem fase de construção. ARevista UFG tem sido edita-da regularmente. Quem temuma idéia e quer fazer qual-quer tipo de ação e precisade apoio, basta cadastrar oevento na Proec. Também jácolocamos no ar o Sistema deInformação de Extensão eCultura (SIEC), que possibili-ta, por exemplo, que cada açãode extensão e cultura tenhasua página na Internet e quepossa gerenciar suas ativida-des por meio dela.

E a Revista UFG, qualé a sua proposta e comofunciona a distribuição?

Wolney – Para mim évalioso o diálogo com a co-munidade e a proposta daRevista UFG é essa. É mos-trar o que está sendo discu-tido dentro da universidade,que tipo de conhecimentoestá sendo produzido e levarisso para fora da universida-de. Ela é primariamente ummeio de divulgação científicaque quer dialogar com asruas, ela quer mostrar a carada universidade, até mesmopara dar uma satisfação doque estamos fazendo. Elatem uma linguagem voltadapara o mais amplo, por exem-plo, tem um artigo da área deAgronomia que a gente espe-ra que vá interessar a al-

guém de Letras ou das Artes.A idéia é fazer esse diálogouniversal. A gente investiumuito no projeto gráfico, parater uma revista atraente, quefique no meio do caminhoentre a divulgação científicae o suplemento cultural deviés acadêmico.

Anselmo – A tiragem danossa revista é de quatro milexemplares. Ela é distribuí-da internamente, para asunidades e órgãos. Uma par-te é vendida em bancas eoutra é distribuída para ins-tituições de ensino público e

outros setores de interesseno Brasil.

Quais são os recursosdisponíveis hoje para a ex-tensão?

Anselmo – Já está noestatuto e regimento da UFGque 2% da sua verba orçamen-tária e 6% dessa mesma ver-ba seriam destinados para asPró-reitorias de Extensão eCultura e de Pesquisa e Pós-graduação, respectivamente.

A administração do professorEdward, já desde o primeirodia, colocou isso em prática.Então, pela rubrica Custeio -depois que a UFG faz todos ospagamentos, como o dos ser-viços de limpeza, vigilância,fotocópia, energia, água, etc,quando é feito o cálculo coma verba restante – são repas-sados os montantes para es-sas Pró-reitorias. No caso daProec, o que nós recebemosdessa verba atualmente é emtorno de R$ 300 mil. Com oReuni, esses recursos tam-bém crescem. Mas isso, só éuma parte do que a Proec ope-ra no momento. Porque, porexemplo, a reforma do espaçocultural não está dentro des-ses recursos. É uma outra ru-brica, da própria Reitoria, quepela compreensão da impor-tância, está destinando R$400 mil, em um primeiro mo-mento, para a reforma.

Giselle – Além dos 2%que são recebidos, as açõesde extensão buscam recursosfora da universidade. Nóstemos procurado manter oscoordenadores de extensãoinformados dos editais e des-sa forma nós temos conse-guido um aumento de recur-sos para a universidade viaapoio à extensão.

Vocês dão uma espéciede assessoria na confecçãodesses projetos?

Giselle – Estamos dan-do um incentivo. A gente in-forma e ajuda a esclarecer aspropostas de acordo com oseditais lá fora. Nós direcio-namos o nosso formulário decadastro de extensão e cul-tura que é feito na página daProec pela internet, muitoparecido com o que o solici-tante tem que fazer para con-

seguir recurso fora. Nós in-cluímos no nosso formulárioum item no qual o interessa-do vai ter que mostrar comoele vai avaliar se a ação é efi-caz ou não. Tem que estar pre-parado para isso. Nós não te-mos uma equipe para ajudara elaborar projetos, mas nósincentivamos professores etécnicos-administrativos, in-clusive aposentados, a parti-ciparem como coordenadores.

Parece que temos me-nos projetos cadastrados doque o que a gente vê ocor-rendo pela universidade.Dessa forma, a instituiçãonão perde o controle sobreos dados do seu relaciona-mento com a sociedade?

Anselmo – É verdade. Adesburocratização é para isso.O que queremos é dar incen-tivos concretos para que asações, primeiro facilitandoesse cadastramento, a apro-vação da proposta e, depoisapoiando com serviços, comoa confecção de material gráfi-co, a possibilidade de publicara página do projeto na inter-net, em suma, ajudar na efe-tiva realização da ação da me-lhor forma possível.

Não falta também porparte do professor, lá nasala de aula com o estu-dante, mostrar a importân-cia do relacionamento coma sociedade? De que formaisso poderia ser feito,como atuar nessa questãodo ensino, ajudando a ex-tensão e a cultura?

Anselmo – O que nósprecisamos fazer e estamosfazendo é estimular, proporações e debates sobre essetema. Acreditamos que a pre-ocupação por parte do ensi-no com extensão e cultura jáexista. Temos consciência deque nós não somos a exten-são e cultura da UFG. Temosque estabelecer parceriasque estimulem a atuação nes-sa área. Temos que valorizaras ações bem realizadas, asações de extensão e culturaque oferecem um retorno donosso trabalho na Universi-dade para a sociedade e que,simultaneamente, de algumaforma, acaba enriquecendo-se com esse contato. O pro-fessor e o aluno têm que sesentir bem. Se estimular-mos, mais gente irá se incor-porar às ações de extensãoe cultura. Já sentimos essamudança aqui na UFG.

Os pro jetos estãofuncionando bem, nessesentido?

Giselle – A universida-de tem programas de exten-são e cultura que envolvemdiversas ações. Todas asações de extensão devemenvolver alunos, porque con-tribuem para a formação doestudante. Não tem sentidouma ação de extensão ape-nas pelo docente. A gentesempre faz uns questionári-

os ao final da extensão, per-guntando se aquela ativida-de trouxe algum enriqueci-mento. E a gente vê depoimen-tos interessantes, por exem-plo, alguns estudantes da Fa-culdade de Artes Visuais quenão tiveram no seu currículodisciplinas com relação ao ar-tesanato goiano. Eles foramtrabalhar em um projeto deextensão na Cidade de Goiás

e lá eles interagiram com asartesãs, aprenderam muitascoisas com elas. O que maiscolocaram no depoimento-re-latório foi que não teriamchance de aprender aqueletipo de artesanato aqui na uni-versidade. Quem participa efe-tivamente, percebe esse cres-cimento.

Anselmo – O Centro deLínguas (CL) também é umexemplo da diversidade daextensão e cultura. Lá naFaculdade de Letras forma-mos o professor, mas aqueleestudante que tem a oportu-nidade de ser professor no CLsai com um “quê” a mais doque aquele que não tem essaexperiência. Outro exemplo éa Banda Pequi, que tambémé um projeto de extensão.Ela é composta por professo-res, estudantes e músicos dacomunidade que tem umaatuação tanto dentro da UFG,quanto fora dela. O músicoque passa pela Banda Pequi,ou projeto similar, sai comuma formação diferenciada.

Quais são os projetosde extensão realizadosfora da universidade?

Giselle – O programa dedesenvolvimento sustentávelpara a agricultura familiar trazpara dentro da universidade oenvolvimento com 100 muni-cípios do estado de Goiás. Oprograma de direitos humanostrabalha também com outrosmunicípios. Diversas açõessão realizadas fora de Goiânia,em Catalão e Jataí

Anselmo – Em Apare-cida de Goiânia, a vacina-ção contra a raiva envolvetoda a cidade. Os programasda Rádio Universitária tam-bém envolvem a comunida-de. O programa do açafrãomudou toda a cultura doproduto em Goiás.

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8 PATOLOGIA TROPICAL Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Alfredo Mergulhão

assado o alarde cau-sado pelo surgimen-to de pessoas conta-

minadas pela febre amare-la no final de 2007 e iníciode 2008, que levou cercade 3,5 milhões – de um to-tal de 5,8 milhões – de goi-anos a postos de vacina-ção, a Universidade Fede-ral de Goiás (UFG) e a Se-cretaria Estadual de Saú-de (SES) estabeleceramuma parceria com o obje-tivo de realizar ações pre-ventivas de controle da pa-tologia e antecipar o sur-gimento de novos surtos dadoença no estado. Em reu-nião realizada no dia 11 defevereiro, no Instituto dePatologia Tropical e SaúdePública (IPTSP) da UFG, foiformado um grupo de tra-balho composto por técni-cos da SES e especialistasda UFG que irá analisaraspectos epidemiológicos,imunológicos, biológicos eambientais que envolvema enfermidade.

Dentre as prioridadesdo grupo estão estudos so-bre reações vacinais, mo-nitoramento de macacos(principal hospedeiro ani-mal do vírus), formas deaprimorar a realização de

Universidade e Estadose unem pelo controle e erradicação da fEsforço envolvetrabalho integrado emultidisciplinar entretécnicos da academiae de órgãos públicosde saúde

exames e controle dos ve-tores de transmissão (osmosquitos Haemagogus eAedes aegypti). “A idéia éestudar o contexto da febreamarela de forma mais in-tegrada e aproveitar o co-nhecimento acumulado naárea pelos pesquisadoresda UFG”, afirma ReginaBringel, diretora do IPTSP.O secretário estadual deSaúde, Cairo de Freitas,assegurou que as linhas depesquisa serão contempla-das com editais de finan-ciamento.

Também participa-ram da reunião o coorde-nador do Núcleo de Estudosem Saúde Coletiva daUFG, Elias Rassi, o coorde-nador de transferência einovação tecnológica dainstituição, João TeodoroPádua, professores de imu-nologia, virologia e patolo-gia e saúde coletiva da ins-tituição, o coordenador deVigi lância de DoençasTransmissíveis do Minis-tério da Saúde, RicardoMarins, e técnicos da SES.

Desde 1987, mais de100 casos da doença foramregistrados em Goiás. Deze-nove deles nos meses dedezembro do ano passado ejaneiro de 2008, com 12 óbi-tos e sete regressões dequadro. Outros oito casosestão sob investigação. Oestado responde por mais de80% dos casos de febre ama-rela confirmados no país em2007, de acordo com o Mi-nistério da Saúde, e 79 mu-nicípios goianos tiveram ca-sos de epizootia (morte demacacos, relacionada ounão com a doença).

Ciclos da doença

A febre amarela éuma doença infecciosa queencontra nos países de cli-ma tropical e sub-tropicalum nicho ecológico vigoro-so para sua proliferação.As condições geoclimáti-cas do Brasil, com climaquente, cobertura vegetalconstituída por matas (asquais são habitadas poranimais selvagens, comomacacos, aves e por mos-quitos), favorecem a propa-gação do vírus. Existemmais de 500 tipos de vírusreconhecidos e inúmerosoutros a serem classifica-

dos. Cerca de 60 podemcausar doenças no ho-mem.

Em humanos, o vírusda febre amarela causainfecção aguda com febre,icterícia (coloração amare-la dos tecidos), hemorra-gia, insuficiência hepáti-ca e renal, e pode levar àmorte em uma semana.Como só ocorre em regiõestropicais do planeta – quese localizam principal-mente no hemisfério sul ecorrespondem à maioriados países subdesenvolvi-dos do globo – os centros depesquisa do primeiro mun-do têm pouco interesse

em investigar a doença. NoBrasil, algumas universi-dades e institutos desen-volvem pesquisas com ar-bovírus (transmitidos porartrópodes), sendo o Insti-tuto Evandro Chagas, loca-lizado na cidade de Belém,o centro de referência na-cional.

O ciclo urbano do ví-rus, erradicado do Brasilna década de 1940 pormeio da eliminação dosvetores nas cidades, é dotipo homem-mosquito, noqual o Aedes aegypti é o res-ponsável pela dissemina-ção da doença. Já a formasilvestre continua endê-

Profissionais da UFG e da Secretaria Estadual de Saúde reunidos no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) decidem formar um grupo de trabalho

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9Goiânia, março de 2008Jornal UFG

ebre amarelamica nas áreas próximasàs florestas. Nessas regi-ões, os mosquitos preser-vam o vírus em mamíferos,principalmente nos maca-cos. Alguns primatas adqui-rem resistência, mas, àmedida que nascem outrasgerações, são substituídospor outros vulneráveis (queainda não adquiriram imu-nidade) e o agente infecci-oso volta a circular no ni-cho ecológico. Concomitan-temente, alterações genô-micas possibilitam o retor-no da incidência viral. Poresse motivo, a patologia semanifesta em intervalosmédios de seis anos, que é

o período necessário para ovírus percorrer sofrem hos-pedeiros vertebrados susce-tíveis.

Macacos tambémsão vítimas

No entanto, esta clas-sificação está em desuso,pois não é mais possíveldefinir o urbano e o ruralcom clareza. Hoje, as cida-des têm regiões entremea-das por áreas preservadas,como parques e bosques. Asáreas nativas, por sua vez,têm sido substituídas poredificações, que comprimi-ram os espaços florestais,que agora são espaços devisitação. Desde a década de1960, aumentaram consi-deravelmente os desmata-mentos, a abertura de es-tradas e a formação de re-presas em Goiás. “Algumasdessas mudanças, oriundasde um processo socioeconô-mico que destrói o meio am-biente, trazem ameaças àsaúde pública”, afirma Eli-as Rassi.

Com a diminuição doshabitats naturais dos ma-cacos, os animais têm fi-cado mais próximos e ex-postos às ações do homem.E com o registro de mortescausadas pela febre ama-rela nos primatas e emhumanos, logo a culpa caiusobre os primeiros. Mas osmacacos não propagam ovírus da doença, pelo con-trário, eles são as primei-ras vítimas, pois quem defato a transmite são osmosquitos.

Os macacos são con-siderados pelos biólogos

como as “sentinelas” dafebre amarela si lvestre,pois, ao morrerem, sinali-zam ao homem sobre anecessidade de se protegercontra a doença e alertamas autoridades para asmedidas preventivas ade-quadas. “A forma de con-trole do vírus é por meio davacinação da população, dapreservação do meio ambi-ente e da erradicação domosquito nas áreas urba-nas”, afirma Divina dasDores de Paula Cardoso,microbiologista do IPTSP epró-reitora de Pesquisa ePós-Graduação.

UFG fará campanhade educação ambiental

Exemplo de área urba-na que se confunde com arural é o Câmpus Samam-baia da UFG, cercado pormatas nativas e com o Bos-que Auguste Saint-Hilaireno meio da sua área edifi-cada. No local, vivem gru-pos de macacos-prego, quecom as relações mantidascom os homens. Os danosdessa convivência podemser verificados, sobretudo,nos animais. Seus hábitostêm se modificado e exem-plo disso são as constantesinvasões de laboratórios elixeiras, ataque às pessoas,e atropelamentos causadospelo aumento do trânsitonas vias de tráfego.

A UFG, entretanto,mantém em parceria como Ibama, desde agosto de2007, um projeto de inter-venção no seu bosque como objetivo de diminuir asinterações negativas en-tre humanos e primatas. Otrabalho está na fase de co-leta de dados comportamen-tais dos bichos. Posterior-mente, os macacos serãocapturados por meio de ar-madilhas para a realizaçãode exames clínicos e labo-ratoriais. Na oportunidade,receberão também assis-tência médico-veterinária,com a finalidade de quanti-ficar os riscos de transmis-

são de doenças para a popu-lação humana. Uma conta-gem inicial somou 43 ani-mais vivendo no câmpus, ecaso fique constatada umasuperpopulação, será feitocontrole populacional pormeio de cirurgia.

Já está em andamen-to um trabalho de educa-ção ambiental no local,com melhorias na coleta delixo, para reduzir o acessodos macacos às lixeiras.Uma campanha tambémserá preparada para dimi-nuir a oferta de alimenta-ção inadequada. “As pesso-as precisam entender queos animais são silvestres,e a oferta de comida modi-fica a realidade deles. É

preciso estabelecer umaboa relação com esses bi-chos, uma vez que elescompõem uma cadeia ali-mentar que mantém oequilíbrio ambiental”, ob-serva o professor FabianoRodrigues de Melo, do cur-so de Biologia do Câmpusde Jataí e presidente daSociedade Brasileira dePrimatologia.

Também será feitoum acompanhamento dasrelações entre as pessoasque freqüentam o espaçodo câmpus (professores,estudantes, técnico-admi-nistrativos e população ge-ral dos bairros vizinhos),para verificar como elaspercebem a natureza e serelacionam com os prima-tas. Com essas informa-ções, os pesquisadores po-derão “negociar” trocas deconhecimento com o públi-co que passa pelo bosque,e oferecêr-los novos ele-mentos advindos da ciên-cia. “Será um estudo derepresentações sociaisque servirá de base paraum trabalho inédito deeducação ambiental, queminimizará as interaçõesnegativas entre homens emacacos”, destaca umadas coordenadoras do pro-jeto, Marilda Schuvartz, doInstituto de Ciências Bio-lógicas (ICB) da UFG.

PATOLOGIA TROPICAL

para análise de todos os aspectos que envolvem a doença

Os macacos convivem com a doença, alternando gerações mais emenos resistentes. Elementos menos resistentes podem vir a

desenvolvê-la, incorporando o ciclo silvestre

A vacinação é a principal medida preventiva contra a doença

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Ana Paula Vieira

u espero que os me-lhores anos da mi-nha vida comecem a

partir de agora”. Essa é aexpectativa da caloura docurso de Engenharia Civilda UFG, Verônica RibeiroBrandão, de 17 anos. De-pois das salas lotadas doscursinhos, estudos inter-mináveis, dúvidas e umaespera angustiante peloresultado, 3.732 jovensconseguiram a tão sonha-da vaga na UniversidadeFederal de Goiás. Segundoa vice-diretora da Faculda-de de Educação, a psicólo-ga Susie Amâncio, essaempolgação não é em vão:“Eles chegam à universi-dade felizes e com todo oônus de terem passado porum processo seletivo ex-tremamente perverso, poishá uma pressão enorme,já que a UFG significa re-almente um ensino dife-renciado, então há umpeso muito grande”.

Além da dificuldade doprocesso seletivo, SusieAmâncio destaca que umagrande preocupação é achegada cada vez maisprecoce dos jovens à uni-versidade. De acordo coma psicóloga, muitos dessesjovens estão pressionadospela urgência em teremque optar por uma profis-são: “Eles assumem res-ponsabilidades, têm quefazer sacrifícios e opçõesmuito sérias bem cedo”,afirma. A estudante Verô-

COMPORTAMENTO Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Mistura de sentimentos na volta às aulasCalouros eveteranos alternamempolgação emedo quando oassunto éuniversidade

Com o lema “Trotenão é brincadeira, a UFGrealiza campanha para ori-entação de calouros e ve-teranos em relação à temi-da prática do trote, na vol-ta às aulas. O Egrégio Con-selho Universitário dispôsem 23 de fevereiro de 1996a proibição a “todas equaisquer manifestaçõescontra o aluno calouro queviolem sua liberdade indi-

Campanha da UFG orienta sobre o trotevidual, que o submeta aqualquer constrangimentoou humilhação, por meiode palavras, gestos, agres-sões”.

A assessora da Pró-reitoria de Graduação, Dal-va Eterna Gonçalves expli-cou a intenção da Pró-rei-toria de Graduação (Pro-grad): “O papel da Progradé orientar para que hajauma recepção cordial, ami-

gável e calorosa, além deadvertir sobre ações quecausem danos físicos e/oumorais”. Dalva ressaltouque os coordenadores decursos e professores sãoincentivados a divulgarema resolução e suas pena-lidades. As penas discipli-nares previstas vão deadvertência, repreensão,suspensão, ao desliga-mento da universidade.

para lidar com vida, mor-te e sofrimento”.

Rito de passagem - Passa-da essa fase e escolhido ocurso, vem outra dúvida:será que a escolha foi cer-ta? Rosana Guimarães, 19anos, aluna do terceiro pe-ríodo de Farmácia, afirmacom toda certeza que sim:“Não me imagino fazendooutra coisa”. Para os quenão tiveram a mesma “sor-te” que Rosana, a psicólo-ga tranqüiliza, dizendo queé normal começar um cur-so, perceber que não era oque se esperava e tentaroutra carreira.

Susie Amâncio desta-ca que a universidade re-presenta um rito de passa-

gem. Segundoela, quando osjovens chegama uma universi-dade federal,onde o estudopor si só já en-seja autonomia,eles ficam mui-to maravilha-dos: “A genteverifica que háuma certa valo-rização mesmo,por terem con-seguido passaressa etapa, oque gera umasensação de li-berdade, e isso émuito impor-tante”.

No decorrerdo curso, algunsalunos sentema diferença.Apesar de a UFGtentar mudar afilosofia das pro-vas de vestibu-lar, para que oconteúdo nãoseja tão massi-f icado, Susie

Amâncio percebe nos ca-louros dificuldade, porexemplo, de lidar com aautonomia de pensamen-to, com o pensamento crí-tico e com algumas refle-xões um pouco mais com-plexas que eles têm quefazer, por conta da antigarotina que viveram no se-gundo grau, quando o co-nhecimento exigia maismemória do que reflexão.A estudante Rosana já sediz adaptada, depois de umimpacto maior no primei-ro semestre: “A faculdadeé completamente diferen-te, no ensino médio é mui-ta pressão, aqui não temisso, a gente que tem queir atrás, procurar livros,ter mais iniciativa”.

Mesmo com todos osconflitos implícitos à en-trada na universidade,tem aluno que sente sau-dade. Como explica a psi-cóloga Susie Amâncio, auniversidade ultrapassa aformação acadêmica: “Osuniversitários estão seconstituindo como pesso-as, reavaliando valores,desenvolvendo novas vi-sões de mundo, uma novaperspectiva da própriavida”. Segundo Susie, cri-am-se grupos de identifi-cação, formam-se vínculoscom muita intensidade, já

que os alunos convivemmuito entre si devido à pe-sada rotina de estudos,portanto, nas férias, logo dávontade de voltar para re-ver os amigos: “Eu fico comvontade de ir pra faculda-de, pelo curso, que eu ado-ro e pelos meus amigos”,conta Rosana.

Formatura – Há quemdiga que é mais fácil en-trar na universidade doque sair. A formatura tam-bém assusta os estudan-tes. Segundo Susie Amân-cio, o grande problema é aquestão do mercado de tra-balho, uma angústia queeles já começam a viven-ciar a partir dos estágios.Mesmo com toda a pres-são gerada pela competi-tividade por empregos,para a psicóloga é um pro-cesso que gera tem me-nos angústia e mais umsentimento de v i tór ia,pela etapa concluída. “Éuma época bem incerta”,pondera Danielle do Car-mo, 20 anos, estudantedo último ano de História.

Porém, a tendênciaé haver uma mudançanesse processo de forma-tura. Sobre os estudantesda UFG, Susie afirma: “Nopróprio processo de forma-ção do aluno, ele já inter-nalizou a idéia de que umapós-graduação é uma exi-gência. Então, para umagrande parte dos nossosalunos o processo formati-vo não se completa com aformatura, muitos delestêm clara a necessidade defazer mestrado, doutorado,por exemplo”. Danielle doCarmo já cogita a possibili-dade de fazer mestrado, semesconder o medo do merca-do de trabalho: “Não tenhoum objetivo fixo, espero es-clarecer esse ano”.

Para aqueles de-sesperados com a idéia deque a faculdade vai acabar,e que agora, sim, a idadeadulta chegou, cheia deresponsabilidades, SusieAmancio lembra que esseé só o começo: “A própriamaturidade e o envolvi-mento com o curso vão fa-zendo com que eles perce-bam que o processo forma-tivo é para a vida toda, e queas etapas a serem vencidashoje, como a formatura, nãosignificam estagnação,mas que novas etapas vãose constituindo”.

nica reflete bem essa pre-ocupação: “A escolha domeu curso foi um grandemomento de medo e incer-teza, pois não havia umamatéria favorita, gosto dehumanas, exatas e bioló-gicas. Além disso, gostomuito de arte e poderiatambém escolher uma car-reira artística. Então eucheguei ao terceiro anototalmente desnorteadaquando o assunto era quecarreira seguir”. Segun-do Susie Amâncio , deuma certa forma esseconflito tira um pouco da-quilo que os estudantespoderiam viver na juven-tude: “Um estudante deMedicina, por exemplo, de17, 18 anos, é muito novo

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Mayara Jordana

Faculdade de Ciên-cias Humanas e Fi-losofia (FCHF) da

Universidade Federal deGoiás (UFG) é um exemplode que um corpo docentequalificado fortifica a rea-lização de pesquisas cien-tí f icas e promove oengajamento de graduan-dos na produção de conhe-cimento. Situada no Câm-pus II, reúne em um sóprédio três áreas de co-nhecimento concentradasnos departamentos de His-tória, de Ciências Sociaise de Filosofia. São cercade 800 graduandos perten-centes aos três cursos commodalidades em licencia-tura e bacharelado.

Com a missão deproduzir conhecimento deelevado nível sobre a soci-edade, englobando práticassociais à cultura, às idéi-as, à história material enão material, a faculdadeconta com uma equipe de57 docentes, sendo 52 dou-tores e cinco mestres. Ogrande número de doutoresresulta, segundo o diretor daFCHF, Fausto Miziara, dapolítica da universidade queproporciona aos professoreslicença para se qualifica-rem, com salário e com bol-sas. Além disso, atualmen-te, a faculdade somenteabre concursos docentespara doutores.

As atividades aca-dêmicas realizadas pelaFCHF contemplam progra-mas de pós-graduação, com

VIDA ACADÊMICA Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Os cursos daFaculdade deCiências Humanas eFilosofia (FCHF) daUFG possuem 52doutores entre os 57pertencentes ao corpodocente da unidadee o resultado dissoé o expressivodesempenho dasatividades científicas

mestrado em Sociologia eFilosofia e mestrado e dou-torado em História.

Na graduação tam-bém há a preocupação emvalorizar a produção de tra-balhos científicos. De acor-do com a chefe do Departa-mento de Ciências Sociaisda UFG, Cintya Maria Ro-drigues, desde o primeiroano, os alunos das Ciênci-as Sociais são estimuladosa participarem de trabalhosde iniciação científica. Se-gundo a professora, cada do-cente do departamento re-aliza pesquisas, com a par-ticipação de estudantes bol-sistas, o que incentiva apermanência nos grupos depesquisas.

Os estudantes do cur-so de Ciências Sociais pro-duzem há dois anos a re-vista Senso Comum quetraz matérias e artigos es-critos pelos alunos. O de-partamento realiza a Se-mana das Ciências Soci-ais todos os anos, e o even-to já se consolidou na pro-gramação de atividades deextensão do curso.

Formação e mercado - Aprofessora Cintya Rodri-gues lembrou que a apro-vação da obrigatoriedadedo ensino da Sociologiano ens ino médio ve iopara reforçar a procurapela área, a partir do mo-mento que forem realiza-dos mais concursos públi-cos para a contratação deprofissionais sociólogosna rede estadual de ensi-no. Além das Ciências So-

ciais, o ensino de Filosofiano ensino médio tambémse tornou obrigatório.

A chefe do departa-mento de Filosofia, MárciaZebina, destacou que, antesda lei nacional, os graduan-dos tinham um mercado detrabalho restrito na licenci-atura. A professora adian-tou que, com a nova pers-pectiva de mercado de tra-balho para os filósofos, pas-sa a vigorar em 2008 umanova adequação curriculara partir da alteração no Re-gulamento Geral dos Cursosda Graduação (RGCG).

A mudança tem comoobjetivo estabelecer ummaior número de discipli-nas obrigatórias aos estu-dantes de Filosofia. MárciaZebina explicou que, desdea alteração do regime anu-al para semestral, a forma-ção ficou muito livre e osalunos puderam escolhermuitas disciplinas optati-vas, tendo somente cincoobrigatórias ofertadas noprimeiro ano do curso. Coma alteração, serão 15 disci-plinas obrigatórias ofereci-das ao longo dos dois primei-ros anos, tornando a gradecurricular mais linear.

Laboratórios - A FCHF pos-sui mais de três mil me-tros quadrados construídose dispõe de laboratório deinformática, auditório eminiauditório, além de sa-las de aulas e de estudos egabinetes dos professores.As Ciências Sociais, porexemplo, contam com doislaboratórios.

O primeiro é o Labora-tório de Imagem, Som eTexto (List) que abriga oacervo de apoio às pesqui-sas. Segundo o coordenadordo List, Francisco Rabelo, oespaço foi criado em 1997 epossui livros, periódicos,monografias e dissertaçõesrelacionadas às CiênciasSociais. Todos os documen-tos foram obtidos a partir dedoações e podem ser con-sultados pelos estudantes docurso, por meio de um sis-tema de empréstimo.

Também há o Labora-tório de Metodologia e Pes-quisa em Ciências Sociais(Lampcs) que atende aosalunos e professores da gra-duação e pós-graduação econta com cerca de 20 ter-minais em rede. O Lampcstem por objetivo proporcio-nar um espaço para incor-poração de recurso compu-tacional, a partir de um es-paço técnico-metodológicodestinado ao ensino, pes-quisa e extensão em Ciên-cias Sociais.

A FCHF é provedora doCentro de Documentação eInformação da Memória(CDIM) da UFG, cuja sedejá está concluída, ao ladoda Biblioteca Central, comtodos os equipamentos ne-cessários, aguardando ape-nas recursos humanospara começar a funcionar.Fausto Miziara, responsá-vel pelo projeto, lembra quepela característica, oCDIM envolve dados detoda a Universidade e seráligado à Reitoria. A idéiae montar um banco de da-

dos em rede, alimentadopor todas as unidades daUFG, bem como por órgãosestadual e municipal, comacesso informatizado paratoda a comunidade.

Estudos reconhecidos - Aprodução científica da FCHFextrapola as paredes da fa-culdade. Um exemplo dissoé o Centro de Estudos doCaribe no Brasil (Cecab),coordenado pela professoraOlga Cabrera, do departa-mento de História. Segundoo secretário do grupo, Leo-nardo Melo, o Cecab con-siste em um centro de es-tudos sobre o Caribe for-mado em 1998. Inicial-mente, o objetivo era fazerum centro de documenta-ção com materiais quepossibilitassem estudar oCaribe aqui do Brasil.

O Cecab tem convêni-os com universidades dePorto Rico, Haiti e Jamaica.Produz uma revista semes-tral, Revista Brasileira doCaribe, desde 1999. Nesteano, irá ocorrer entre 30 desetembro a 3 de outubro, oV Simpósio Internacionaldo Centro de Estudos doCaribe no Brasil, na Uni-versidade Federal da Bahia(UFBA) .

Nas Ciências Sociais,há também a pesquisa co-ordenada pela professoraDalva Maria Borges, sobrea Violência Urbana no Es-tado de Goiás. Na Filosofia,o professor André Silva Por-to coordena o Grupo de Pes-quisa em Semântica e Fi-losofia da Lógica.

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Doutores elevam produçãocientífica e garantemmérito à FCHF

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12 INSTITUCIONAL Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Acesso à saúde é realidade na UFGUniversidade oferece mais de uma operadora

de plano de saúde, visando contemplar um maior número de servidores

Pedro Ivo Freire

A Reitoria da UFG lan-çou, no dia 14 de dezem-bro do ano passado, noCâmpus II, a pedra funda-mental do Centro de Cul-tura e Eventos. O reitorEdward Brasil e sua equi-pe administrativa recebe-ram o governador de GoiásAlcides Rodrigues, a secre-tária estadual de Educaçãoe ex-reitoria da UFG, MilcaSeverino, deputados fede-rais, dentre outras autori-dades. A solenidade marcouo 47º aniversário da UFG.

O Centro de Cultura eEventos é um espaço mul-tiuso, com capacidade paraquatro mil pessoas, proje-tado para realização decongressos, feiras, apre-sentações culturais, cola-ções de grau. Com o novoespaço, não haverá maissolenidades de formaturafora da universidade.O custo total da primeiraetapa da obra é de R$ 6,5milhões.

Ao cumprimentar aReitoria pela iniciativa, ogovernador Alcides Rodri-gues afirmou que a obra éum dos maiores desafiosda atual gestão em face danecessidade de tal espaçopara atender à velocidadede crescimento que a UFG

Autoridades prestigiam lançamento da obra do Centro de Cultura e Eventos

experimenta. O reitorEdward Brasil agradeceu aparceria que a UFG man-tém com o governo do es-tado, além do apoio da ban-cada goiana no CongressoNacional, por meio deemendas parlamentares,que têm possibi l i tadoobras como essa. “A UFGchega ao final do ano commuitas vitórias a comemo-rar, principalmente noâmbito acadêmico e emsua reestruturação física”,afirmou.

Representando os par-lamentares goianos, a de-putada federal Raquel Tei-xeira ressaltou a impor-tância da obra, que possi-bilitará que as cerimôniasde colação de grau sejamfeitas sem custo algum,retomando assim o seu

verdadeiro espírito acadê-mico. “E isso acontece coma colaboração da bancadafederal, em Brasília, nummomento novo, de parceri-as consolidadas entre auniversidade e as forçaspolíticas”, afirmou.

Segundo Fábio Torkar-ski, o assessor parlamentardo ministro da Fazenda,Guido Mantega, o Centro deCultura e Eventos é um pro-duto da própria história daUFG. “Ela não se coloca so-mente como uma univer-sidade pública federal esim como uma universida-de dos goianos. Essa ges-tão consegue dialogar coma sociedade, discutir osproblemas e as potenciali-dades”, disse. O deputadofederal Pedro Wilson decla-rou que “o reitor Edward

revive o sonho de ColemarNatal e Silva, de trazerpara dentro do Câmpus umlugar de eventos que pos-sibilitará o contato da ci-ência e da academia coma sociedade”.

O vice-presidente daCaixa Econômica Federal,Fábio Lenza, lembrou a par-ticipação da Caixa na uni-versidade, prestando servi-ços à comunidade, e que“mais uma vez está presen-te em obras de infra-estru-tura no câmpus”. O eventofoi prestigiado ainda pelodeputado federal SandesJúnior, os representantesdos senadores Marconi Pe-rillo e Lúcia Vânia, além dovice-reitor Benedito Mar-ques, pró-reitores, assesso-res e diretores de unidadese órgãos da UFG.

A pedra fundamental -Num tom de descontração,o reitor Edward Brasil con-vidou a todos para parti-ciparem da festa do cen-tenário da UFG, previstapara 2060, quando seráreaberta a urna de alumí-nio insta lada na pedrafundamental do Centro deCultura e Eventos. No in-terior da urna foram de-pos i tados documentos ,jornais goianos, um CDcom fotografias e outrosmateriais de divulgaçãoda UFG, além de um ce-lular e um cartão telefô-nico. “A intenção da cáp-sula é guardar um pou-quinho da UFG de hojepara que daqui a 50 anosas pessoas entendamcomo as coisas funciona-vam por aqui”, disse o as-sessor de Relações Públi-cas, Venerando Ribeirode Campos.

Como os papéis vãoconseguir resistir a tantotempo? A funcionária doMuseu da UFG, responsá-vel pela conservação dedocumentos e outros ma-teriais, Mônica Lima, tra-tou todas as páginas im-pressas depositadas nacápsula com métodos deconservação especial paraque estejam em perfeitoestado no futuro.

Ana Flávia Alberton

arantir meios de per-mitir o acesso dosservidores à saúde

faz parte dos planos da atu-al gestão da UniversidadeFederal de Goiás (UFG).Com o apoio do governo fe-deral, a UFG passa a ofere-cer plano de saúde aos ser-vidores – uma antiga rei-vindicação da categoria.Para o Pró-reitor de Assun-tos da Comunidade Univer-sitária (Procom), ErnandoFilizzola, o plano de saúde éfundamental, pois permiteque o servidor tenha aces-so a um atendimento rápi-do e de qualidade.

A fim de viabilizar obenefício, a Secretaria deRecursos Humanos do Mi-nistério do Planejamentoeditou portaria que prevêquatro modalidades para aassistência à saúde do ser-vidor público federal: gestão

própria, em que a universi-dade iria gerir os recursose promover assistência;contrato com apenas umaoperadora de plano de saú-de, por meio do processo delicitação; o ressarcimentoou indenização, o que tra-ria dificuldades operacio-nais, contábeis e não aten-deria à maioria dos servi-dores; e a modalidade con-vênio, que permite quemais de uma operadora deserviços ofereça assistên-cia à saúde. Como cabe acada instituição escolheruma modalidade, a UFG op-tou pelo convênio, que pos-sibilita a adesão de um nú-mero maior de servidores.

Ernando Filizzola infor-ma que já há quem estejausufruindo do benefício. “Auniversidade aproveitou oconvênio em vigência como Instituto de Previdência eAssistência dos Servidoresdo Estado de Goiás (Ipasgo)

e solicitou os recursos dogoverno. Assim, o servidorque já tinha o plano de saú-de Ipasgo vem recebendo osubsídio desde novembro”,disse.

Novos convênios tam-bém estão sendo firmados,como o da Fundação de Se-guridade Social (Geap), eoutras operadoras, como aCassi, do Banco do Brasil,e a Capes Saúde, estãosendo sondadas. A adesãodo servidor é espontânea.“Não vamos medir esforçospara atender ao maior nú-mero de servidores. Paratanto, contamos com a co-laboração do Sindicato dosTrabalhadores (Sint-UFG),especialmente na divulga-ção das informações à ca-tegoria”, disse o pró-reitor.

Nova Portaria - No final dedezembro, o governo fede-ral editou nova portariaque alterou alguns artigos

da anterior, obrigando asoperadoras a se adequa-rem. No caso do Ipasgo,apesar de já estar benefi-ciando os servidores que jáeram associados, o Institu-to também deve se ade-quar a essa nova normati-va. Assim, a UFG reco-menda aos servidores in-teressados em se ligar aoIpasgo que aguardem en-quanto durar essa fase deadequação, prevista paraaté o dia 30 de junho. Oplano de saúde da Geap jáestá adequado e os servi-dores que quiserem asso-ciar-se podem fazê-lo a par-tir deste mês.

A Unimed está pre-sente na universidade pormeio de contrato com aAssociação dos Docentesda UFG (Adufg). Como amodalidade escolhida pelaUFG foi convênio, para queos técnicos-administrati-vos pudessem se ligar a

esse plano de saúde, serianecessário que a Adufg secredenciasse à AgênciaNacional de Saúde, comoas demais operadoras,para assim se conveniarcom a UFG e receber o re-curso do governo”, anteci-pa o pró-reitor, que fazquestão de ressaltar a ex-periência da entidade nes-se tipo de negociação.

A cobertura dos planosde saúde, prevista pelaAgência Nacional de Saú-de, contempla procedimen-tos mais simples, comoconsultas e exames com-plementares, aos maiscomplexos, como trans-plantes de córnea e rins,e tratamentos reparadoresoncológicos. Ernando lem-bra que “a portaria prevêum plano Enfermaria, nãoplano de Apartamento. Maso servidor que quiser pagarum pouco mais, poderámudar de acomodação”.

Edward Brasil ressaltou os ganhos da Universidade nos últimos dois anos, em especial com o apoiodos parlamentares goianos que têm contribuido para realização de obras como o Centro de Cultura

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13PESQUISA Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Pedro Ivo Freire

fim dos efeitos colaterais dosmedicamentos. Essa é umadas inúmeras promessas da

nanotecnologia para a indústria far-macêutica moderna e um dos gran-des desafios dos pesquisadores daárea para desenvolver melhoriasnos métodos de tratamentos de do-enças graves como o câncer.

É necessário lembrar que al-guns medicamentos hoje usadoscontra esse tipo de doença só de-vem ser usados sob supervisão deum médico especialista e que al-gumas associações com outrassubstâncias são tóxicas e até mes-mo letais.

Dependendo do seu princípioativo, pode ser necessário aindaesperar vários dias para começarum tratamento diferente, além derestringir o consumo de algunsalimentos ou mesmo a retirada douso de outros fármacos. Pensandonisso, como acabar então com osefeitos colaterais desses medica-mentos de forma viável e baratasem diminuir o seu grau de eficá-cia no combate às doenças?

É o que diversos grupos depesquisadores ao redor do mundovêm tentando descobrir, aplican-do o uso da nanotecnologia à pro-dução de fármacos e medicamen-tos. As ciências biomédicas, com-panhias farmacêuticas e investi-dores no mundo todo estão aten-tos ao potencial impacto destecampo em franco crescimento so-bre a Medicina.

A nanotecnologia – A definiçãobásica de nanotecnologia envolvea pesquisa em materiais e siste-mas cujas dimensões encontram-se em escalas submicroscópicas.Essa tecnologia se caracteriza

Grupo de pesquisainterdisciplinar daUFG desenvolveestudos denanotecnologia parao barateamento demedicamentos,redução de efeitoscolaterais e novasformas de tratamentodo câncer

também por utilizar técnicas e fer-ramentas desenvolvidas para colo-car cada átomo e cada moléculaem um lugar desejado. Por isso, aspesquisas nessa área não se cons-tituem num campo isolado da ci-ência, e sim na união multidisci-plinar da Química, Física, Biologia,Farmácia, Engenharia, Ciênciados Materiais etc.

Em 2004, investimentos pú-blicos em todo o mundo em na-notecnologia foram estimadosem cerca de US$ 8,6 bilhões, eem 2005, o governo dos EstadosUnidos investiu neste campo depesquisa cerca de US$ 1 bilhão.Parte significativa desse recursofoi destinada à pesquisa biomédi-ca por meio do NIH (National Insti-tute of Health), dentro da recém-criada National Nanotechnology Ini-tiative (Iniciativa Nacional de Na-notecnologia).

UFG em destaque – Na disputa dedestaque entre as universidadescom pesquisas nessa área, a UFGsai na frente, mais uma vez, comum grupo de pesquisas em Nano-tecnologias e Partículas Magnéti-cas, coordenado pelos professoresEliana Martins Lima, da Faculda-de de Farmácia, responsável pelafabricação de lipossomas e encap-sulação de fármacos e nanopartí-culas magnéticas; Andris Baku-zis, do Instituto de Física, respon-sável pelo estudo das propriedadesmagnéticas, magneto-ópticas edeterminação do número de nano-partículas magnéticas encapsula-das nesses nanodispositivos; e Pa-trícia Pomme Confessori Sartorat-to, do Instituto de Química, respon-sável pela síntese de nanopartícu-las magnéticas.

Embora alguns outros gruposde pesquisa do país estejam tam-

bém desenvolvendo magnetolipos-somas para pesquisa e aplicaçãode medicamentos com a nanotec-nologia, a UFG mantém um impor-tante detalhe que a diferencia detodas as outras do país: “Não de-pendemos de outras instituiçõespara fazer os magnetolipossomas.Dominamos todas as etapas de suaprodução dentro da UFG. Nenhu-ma outra universidade brasileirapossui essa característica”, reve-la o professor Andris Bakuzis.

O grupo desenvolve via nano-tecnologia os chamados magneto-lipossomas com aplicação na ad-ministração de medicamentos viadrug delivery systems, ou sistemasde liberação de fármacos. Para en-tender como isso funciona é pre-ciso primeiro compreender comoos medicamentos convencionaisatuam no nosso corpo. Quando en-golimos algum analgésico para cu-rar a dor de dente, por exemplo, es-tamos na verdade fazendo com queo analgésico seja absorvido pelosistema digestivo e espalhado pelosangue até chegar à cabeça, queé o verdadeiro alvo do medicamen-to. No entanto, pelo fato da subs-tância estar na corrente sanguí-nea, ela acaba atingindo outraspartes do corpo que não deveriamser atingidas. É por isso que sur-gem os efeitos colaterais.

Isso significa que a dose quetomamos de medicamentos hoje,sempre é maior do que a realmen-te necessária para surtir tal efei-to na área desejada, pois como asubstância acaba sendo espalha-da por todo o corpo, é necessárioque uma quantidade grandiosade fármaco seja introduzida nosangue.

A proposta dos pesquisadorespara acabar com esses efeitos éentão criar, com os mesmos com-

ponentes que constituem a mem-brana plasmática das células hu-manas, os chamados lipossomas,uma espécie de esferas ocas ou“microvesículas”, que contêm emseu interior as moléculas da subs-tância medicamentosa e diversos“ímãs” microscópicos denomina-dos nanopartículas magnéticas.A esse conjunto de elementos(cápsula + remédio + ímãs) foidada a denominação de magne-tolipossoma.

Dessa forma, é possível fazercom que o remédio surta efeito so-mente onde ele deve fazê-lo. Apósa administração do medicamentopara curar uma doença localizadano braço, por exemplo, aplica-seum campo magnético externo nolocal. Assim, as partículas magné-ticas do magnetolipossoma sãoatraídas pelo ímã posicionado nobraço, fazendo com que o medica-mento, ao cair na corrente san-guínea, seja conduzido somentepara o braço, não sendo distribuí-do ou desviado para outras partesdo corpo.

“Com o uso da nanotecnolo-gia, buscamos o direcionamento dofármaco para as células alvo, paraque o efeito farmacológico seja es-pecífico, o que pode levar à redu-ção das doses necessárias para otratamento, com o mínimo de efei-tos colaterais”, afirma a professo-ra Eliana. Essa técnica de indica-ção do local específico de atuaçãodo fármaco é denominada vetori-zação de fármacos.

Segundo essa mesma técni-ca de vetorização, pelo uso dos sis-temas de liberação de fármacos, omedicamento também passará afazer efeito no local desejado ape-nas quando o médico quiser.

Combate ao câncer – Além da re-dução dos efeitos colaterais, do ba-rateamento dos remédios e do con-trole total do seu efeito, a pesqui-sa ainda traz resultados animado-res para o combate ao câncer. Pes-quisadores do Japão demonstra-ram recentemente, em camun-dongos, resultados convincentespara o tratamento de tumores uti-lizando os magnetolipossomas e atécnica de magnetohipertermia,que consiste no aquecimento lo-cal da célula cancerígena por meiode campo magnético oscilante.

“Aparentemente esses resul-tados não somente demonstram aredução de tumores, mas tambémsugere o acionamento de processosapoptóticos, ou seja, é como se osistema de defesa dos camundon-gos tivesse aprendido como atacaro câncer”, revela o professor AndrisBakuzis, que ainda complementa:“Nossa expectativa agora é conse-guir implantar essa técnica na UFGde seis a nove meses próximos.Contamos para isso com a colabo-ração de outros colegas, em parti-cular, da professora Emília Celmade Oliveira Lima, do Instituto deQuímica da UFG”.

Nanotecnologia,magnetismo e saúde

Montagem experimental para o estudo de propriedades magneto-ópticas,no laboratório da área, no Instituto de Física

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14 INTERCÂMBIO Goiânia, março de 2008Jornal UFG

Instituições participantes do Programa de Mobilidade Estudantil

CEFET MACEFET MGFURGUFACUFALUFAMUFBAUFC

UFCGUFERSAUFESUFFUFGUFJFUFMAUFMG

UFMSUFMTUFOPUFPAUFPBUFPEUFPelUFPI

UFPRUFRAUFRGSUFRJUFRNUFRPEUFRRUFRRJ

UFSUFSCUFSCarUFSJUFSMUFTUFUUFV

UFVJMUnBUnifalUNIFEIUNIFESPUNIRUNIRIOUTFPR

Além de intercâmbios no exterior, alunos da UFGtêm a oportunidade de estudar em outrasuniversidades brasileiras e conhecer novasmetodologias

Carollyne Almeida

érias emCuritiba e avontade de

conhecer a Uni-versidade Fede-ral do Paraná(UFPR). Foi assimque a jornalistaDaniella Barbosa,na época aindaestudante, co-nheceu o Progra-ma de MobilidadeEstudantil (PME).O PME organizadopela AssociaçãoNacional dos Di-

Estudantes dos EstadosUnidos e da França estão na

Universidade Federal de Goiás(UFG) para cursar disciplinas e realizar

estágio na instituição, em 2008. Os alunossão todos de graduação e participam de progra-

mas financiados pela Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelos

governos estadunidense e francês.Três alunos dos Estados Unidos que participam do Pro-

grama Capes/Fipse, coordenado pelo professor Francisco Qua-resma de Figueiredo, realizarão atividades acadêmicas na Faculdade

de Letras (FL), Faculdade de Artes Visuais (FAV) e na Escola de Músicae Artes Cênicas (Emac) da UFG. Os alunos franceses participarão de ativi-

dades na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos (EA), sob a coorde-nação dos professores Larissa Leandro Pires e Robson Maia Gerandine, responsá-

veis, respectivamente, pelos programas Capes/Brafagri e Capes/Brafitec.Dentre as atividades de recepção a esses estudantes, houve um encontro com o

reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, visita ao Museu Antropológico e a lugareshistóricos e culturais de Goiânia, assim como uma viagem à Cidade de Goiás.

Ainda este ano, a UFG receberá estudantes de países da América Lati-na e da África, dentro do Programa Estudante Convênio de Gradua-

ção e de Pós-Graduação (PEC-G e PEC-PG), para a realiza-ção de todo o curso na universidade.

Alunos estrangeiros na UFG

r igentesdas Institui-

ções Federaisde Ensino Superior

(Andifes) em 2003, eimplantado na Universida-de Federal de Goiás (UFG)em 2004, é um convêniocelebrado entre as univer-sidades públicas federaisque propicia aos estudan-tes, regularmente matri-culados, a possibilidade deestudar em outra institui-ção por um período de doissemestres letivos.

Quando voltou à UFG,Daniella procurou se infor-mar mais sobre o progra-ma, o que segundo ela, foio mais difícil. “O complica-do foi descobrir como o PMEfuncionava, porque nunca

tinha ouvido fa-lar.” Já a estudante de Jor-nalismo, Luisa Maranhão,que foi para Florianópolisno final de fevereiro e fi-cará seis meses na Uni-versidade Federal de San-ta Catarina (UFSC), disseque conheceu o PME na co-ordenação do curso, du-rante a apresentação domanual dos calouros.“Sempre tive interesseem sair de Goiânia. Então,quando ouvi falar dessapossibilidade, já fiquei in-teressada. Porém, eu con-cordo que a divulgação épouca. Muitos dos meusamigos de curso só desco-briram sobre o PME depoisque eu falei que ia fazer oprograma”, afirma.

Para tentar solucio-

nar o problema da falta de in-formação sobre o PME, no iní-

cio do semestre, a UFG irá dis-tribuir folderes explicativos sobre

o que é, como funciona e quempode participar do programa. O coor-

denador de Cursos de Bacharelado eEspecíficas da Profissão e coordenador

do PME, Getúlio de Deus Júnior, espera queo material ajude a melhorar a divulgação do

projeto, mas, segundo ele, a maioria dos alunos des-cobre a oportunidade de estudar fora por meio do boca-a-boca, assim como os amigos de Luisa.

Ele ainda salienta o valor do programa e a impor-tância da participação dos alunos, já que o número departicipantes do PME ainda é pequeno. Em quatro anos,apenas 27 estudantes foram estudar em outras uni-versidades e 17 vieram de outras instituições para aUFG. “O número vem aumentando muito timidamen-te. A gente tem muito o que fazer para melhorar. Éimportante que o estudante conheça outra universi-dade, tenha aula com outros professores, conheçanovas formas de ensino.”

Ao todo, 48 instituições participam da mobilidadeacadêmica. Para entrar no PME é preciso que o alunoesteja devidamente matriculado, que tenha integraliza-do todas as disciplinas previstas para o primeiro e se-gundo semestres do seu curso e que possua no máximouma reprovação por período letivo. O interessado aindadeve construir um plano de estudos, com a ajuda de umprofessor, para ser desenvolvido no período em que esti-ver em outra universidade.

Porém, segundo Daniella, não é tão simples traçarum plano de estudos, pois as grades curriculares das uni-versidades não são as mesmas. “O problema é o aprovei-tamento de matérias. Isso dificulta muito, às vezes atra-sa nosso curso. Se a grade fosse igual, melhoraria mui-to, viabilizaria mais intercâmbios.”

O Ministério da Educação (MEC) discute melhoriaspara o sistema de mobilidade entre as universidades fe-derais. A proposta é que ele inclua não somente alunos,mas também professores, e que a burocracia chegue aopatamar zero. Mas para que isso aconteça, são necessá-rios convênios mais sólidos. “O MEC gostaria que a mo-bilidade fosse feita de uma forma mais ampla, baseadono modelo da comunidade européia. Não é do dia para anoite que a gente consegue isso.”, explica Getúlio.

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Mesmo nasproduçõesregionalizadasa culturapermanecesob a lógicada agendacultural

JORNALISMO E CULTURA:uma pauta a serrecriada

ANGELITA LIMA*

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DEBATE Goiânia, março de 2008Jornal UFG

* Professora do curso deJornalismo da Faculdadede Comunicação eBiblioteconomia da UFG

nquanto, na salaao lado, meus dois filhos jáadolescentes tentam, emvão, aplacar a sede do caçu-la de dois anos que quer a re-petição da leitura de históri-as já tantas vezes lidas, co-meço a construir um fio con-dutor para a reflexão entrecultura e jornalismo. Recor-ro à cena privada porque nãoconsigo desvincular o temade dois elementos que en-volvem a realidade culturalbrasileira, a vida das pesso-as, as políticas públicas e amídia, mais especificamen-te o jornalismo.

O primeiro trata-se dofato comprovado de que umacriança que tem acesso a li-vros e leitura na primeirainfância terá, aos seis anosde idade, vocabulário atéseis vezes maior do que o deuma criança que não temesse tipo de acesso. No Bra-sil, a histórica ausência debibliotecas nas escolas públi-cas, nos bairros e nas cida-des de menor porte, bemcomo a ausência de educa-ção infantil pública e gratui-ta, é um indicador de como oacesso a determinados bensculturais interfere cotidia-namente na formação e “se-paração” cultural brasileira,que está baseada no poder decompra individual.

O segundo, intrinseca-mente ligado a esse, refere-se ao levantamento feito peloMinistério da Cultura acercado consumo de produtos cul-turais no Brasil. Publicado re-centemente, o estudo causaperplexidade ao revelar que,independentemente do estra-to social, do investimento to-tal em cultura que atinge emmédia 3% da renda familiar,84% são destinados a práti-cas realizadas dentro dos do-micílios, com a televisão fi-

gurando como a principalatriz neste cenário. O levan-tamento revela, também, umBrasil que quase não vai aocinema (60% da população);nem ao teatro e nem a mu-seus (70% da população).

O retrato do Brasil cul-tural em números confirmauma realidade inegável e atécerto ponto inevitável: a qua-lidade do acesso a bens cultu-rais está mediada pela tele-visão e pelo rádio. E, logica-mente, pela cobertura jorna-lística feita pelo chamado Jor-nalismo Cultural, existentenesses veículos, reforçadapelos impressos, principal-mente os jornais diários. Fru-to de uma estrutura de comu-nicação concentrada e alta-mente vinculada às esferas deinteresse econômico e políti-co, o jornalismo praticado pelaimprensa brasileira tradicio-nal torna-se majoritariamen-te refém de uma estruturaempresarial padronizadora dainformação e da linguagem.

Sob essa lógica, o jorna-lismo culturalafirma e reafir-ma a fragmen-tação da cultu-ra, com o focovoltado priori-t a r i a m e n t epara o mercadoe para o consu-mo padroniza-do de produtosculturais. Enão raras vezesnos deparamos,nesse campo,com a publici-dade travestidade jornalismo. Ao problema-tizar a “cultura” que fre-qüenta os cadernos e progra-mas culturais, pode-se dizerque a relação entre culturae jornalismo é uma pauta aser recriada. Falta experi-mentar no jornalismo aquiloque é próprio da cultura: rom-pimento de paradigmas, pro-dução de estranhamentos desentidos e formas. Falta re-conhecer os diferentes e de-siguais sujeitos da cultura.Falta religar vida, economia,política, ética e estética. Fal-ta compreender e revelar aprópria cultura da mídia.

Assim como as criançase os adolescentes, todos nós

também desejamos ter e per-petuar a experiência da frui-ção, na tentativa de fixar enão perder aquele momentosublime que produziu umsignificado novo para a vida,independentemente de clas-se, raça, sexo, idade a quepertencemos. O desafio dojornalismo cultural é darconta dessa realidade sem serender às tentações reduci-onistas. É constituir umaagenda cultural de fato cida-dã. É transparecer as tensõesexistentes nos diferentesambientes de cultura e per-mitir o conhecimento paraque o acesso a bens e produ-tos culturais seja o mais am-plo possível. No fim, trata-se,na verdade, de uma luta con-tra a padronização: a inimi-ga fatal de toda a criação(com perdão à rima pobre).

A pauta do jornalismocultural no Brasil está em dí-vida com a população brasi-leira por se abster do poten-cial transformador existentena cultura ao reduzi-la a va-

lores estéti-cos do consu-mo. E, tam-bém, por seabster de im-primir o con-teúdo de cida-dania neces-sário ao cam-po da cultura.É certo que oproblema ex-trapola o âm-bito da con-cepção e exe-cução da pau-ta. Tem a ver

com fato de que as estrutu-ras de comunicação preci-sam ser democratizadas.Mas modificar a qualidade ea extensão da cobertura jor-nalística é urgente, para quenessa ou em outra estrutu-ra de comunicação que viera existir o jornalismo seconstitua, ele próprio, em umproduto cultural cidadão.(Texto publicado no site www.culturaemercado.com. br/culturaepensamento

O jornalismocultural afirma e

reafirma afragmentação da

cultura, com o focovoltado

prioritariamentepara o mercado epara o consumopadronizado de

produtos culturais

CURIOSIDADES CIENTÍFICAS

CIÊNCIA DOMINA GENE DO GUARANÁPesquisadores brasileiros, da Realgene –

Rede da Amazônia Legal de Pesquisas Genômi-cas –, realizaram o seqüenciamento genético doguaraná, um dos símbolos da Amazônia. Os re-sultados foram publicados na edição de janeirodo periódico científico Plant Cell Reports.

O grande desafio para a realização do tra-balho, de acordo com Spartaco Astolfi-Filho, lí-der da pesquisa, “foi construir e equipar labora-tórios de biologia molecular em todos os esta-

dos da Amazônia,assim como treinar eeducar bolsistas eestudantes das ins-tituições participan-tes da pesquisa”. Osequipamentos ne-cessários para reve-lar o genoma doguaraná, os chama-dos seqüenciadores,já haviam sido ad-quiridos pelo proje-

to genoma nacional, e ficaram alocados nas Uni-versidades Federais do Amazonas (UFAM) e doPará (UFPA), e também no Instituto Nacional dePesquisa da Amazônia (INPA).

O trabalho levou quatro anos para ser con-cluído e contou com a participação de pesquisa-dores de Manaus, Brasília, Belém, São Luís, BoaVista, Macapá, Palmas, Porto Velho, RibeirãoPreto e Rio Branco.

“Dar início ao estudo de alguns genes vi-sando futuras aplicações biotecnológicas é umdos próximos passos do trabalho”, destacaAstoli-Filho, indicando a utilidade do estudo.

TETO VERDESe as temperaturas andam altas em gran-

des centros urbanos, dois pesquisadores da Uni-versidade Cardiff, do País de Gales, dão as di-cas para contornar o problema. Philip Jones eEleftheria Alexandri (arquitetos) simularam nocomputador os efeitos na temperatura, em novemetrópoles, caso elas cobrissem o teto de todosos seus edifícios com vegetação. Resultado: de-pendendo do lugar, a temperatura local poderiacair de 3,6 a 11,3 graus. De acordo com os estu-diosos, isso ocorre por dois motivos. Primeiro,a vegetação absorve menos calor do que o con-creto. Segundo, a transpiração das árvores au-menta a umidade do ar e, dessa forma, tambémreduz a temperatura.

JOFFRE MARCONDES DE REZENDEFigura nos quadros de ex-

celência da UFG, o doutor Jo-ffre Marcondes de Rezende. Emplena atividade, aos 85 anos, Jo-ffre é responsável por muitascontribuições para a medicinabrasileira e mundial. Gastroen-terologista, ocupou-se da pes-quisa, exercida em conjuntocom a clínica, quando provou o comprometimentodo megaesôfago na Doença de Chagas, o que lherendeu mais de uma centena de trabalhos cientí-ficos, no Brasil e exterior, como autor e co-autor.

Foi um dos fundadores da Faculdade deMedicina (FM) e da Sociedade Brasileira da His-tória da Medicina, fundador da Editora da UFG,primeiro editor da Revista Goiana de Medicina (de1955 a 1990); presidiu diversas entidades de suacategoria e é autor dos livros Linguagem Médica eVertentes da Medicina.

Atualmente é professor voluntário na FMe mantém o sítio http://usuarios. cultura.com.br/jmrezende sobre História da Medicinae Linguagem Médica. Dentre as diversas hon-rarias estão os títulos de Professor Emérito daUFG (1992) e Professor Honoris causa, pela Uni-versidade de Brasília (2007), sendo o quarto areceber esse título na história da UnB.

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16 Goiânia, março de 2008Jornal UFG

José EduardoUmbelino Filho

s Ligas Acadêmicas daFaculdade de Medicina(FM) da UFG são pro-

jetos de extensão que permi-tem ampla vinculação entreo meio acadêmico e a comu-nidade externa. Atualmente,a Faculdade conta com 19 Li-gas formadas por professorese estudantes que desenvol-vem atividades relacionadasàs áreas específicas da Me-dicina. Os projetos, além deextensão, envolvem tambémensino e pesquisa. Em 2008,já foram iniciados os traba-lhos das Ligas de Epilepsia,de Saúde Mental, Oncologia,Diabetes, Hematologia, Of-talmologia, Mama, CirurgiaPlástica, Geriatria e Geron-tologia, Trauma, Puericultu-ra, Pulmão, EmergênciasClínicas, Adolescente e Ju-ventude, Saúde e Espiritu-alidade, Medicina e Exercí-cio do Esporte, Obstetrícia,Genética Clínica e Teleme-dicina.

De acordo com a coorde-nadora de Extensão da Facul-dade de Medicina, Vera LúciaNaves, cada Liga possui umestatuto próprio e age de ma-neira independente. As coor-denações internas são com-partilhadas entre estudantese professores. Ela explica quesão os estudantes, como co-ordenadores acadêmicos, quedinamizam as atividades das

LIGAS ACADÊMICASFaculdade deMedicina promoveensino, pesquisa eextensão, por meiodas LigasAcadêmicas

Ligas. “Todas elas promovemcursos anuais abertos à comu-nidade. Esses cursos ocorremno período noturno e duram detrês a quatro dias, variando deacordo com as diretrizes decada estatuto”, informa a co-ordenadora. Segundo ela, achance de integrar uma liga éaguardada pelos estudantescomo se fosse um pequenovestibular, por meio de provade admissão.

O estudante de Medici-na do sétimo período, mem-bro da Liga do Trauma, Er-nesto Quaresma Mendonça,explica que as Ligas são in-teressantes por tratarem deassuntos que muitas vezesnão são aprofundados duran-te o curso. Ele também frisaa importância das Ligas comoincentivo à realização de tra-balhos científicos e comocontato para estágios. “Euprocuro fazer parte de algu-ma liga pela qual eu sintainteresse em seguir futura-mente. Praticamente todasas ligas oferecem estágios,os quais normalmente agente não faria se não es-tivesse ali”, diz Ernesto. Oestudante Higor ChagasCardoso, membro do CentroAcadêmico de Medicina eex-presidente da Liga de Ci-rurgia Plástica, reforça aimportância do projeto deextensão como uma formado es tudante entrar emcontato direto com a comu-nidade. Para ele, esse con-

tato durante a fase univer-sitária é essencial.

Anualmente, acontece oEncontro de Ligas Acadêmi-cas da Faculdade de Medici-na, cuja programação ocorresimultaneamente ao Encon-tro Científico dos Acadêmicosde Medicina (ECAM). Nesseevento, estudantes e profes-sores desenvolvem ativida-des de integração e vínculocom a classe médica e a co-munidade. Os alunos mon-tam estandes e prestam ser-viços de saúde relacionados adiversas áreas. Há seis anos,ocorre simultaneamente o En-contro das Ligas. No eventodo ano passado, a Liga de Di-abetes foi a vencedora do me-lhor estande do XIX ECAM,quando realizou exames deglicemia capilar, do pé diabé-tico, educação em diabetes eoficina de culinária dietética,com noções básicas para umaboa alimentação.

A Liga de Diabetes man-tém contato com associaçõesde diabéticos no estado, pormeio de oficinas de esclare-cimento à comunidade. Alémdos exames realizados du-rante o XIX ECAM, essas ofi-cinas também abarcam ou-tros temas da doença, comoa aplicação de insulina, ta-bagismo e etilismo no diabe-tes. Entre os grupos favore-cidos por esse trabalho, des-tacam-se as Associações deDiabéticos do Vale do SãoPatrício e a de Itapuranga.

Ligas da Mama e do Trau-ma – A Liga da Mama é umprojeto de extensão de mas-tologia da Faculdade de Medi-cina da UFG, vinculado ao De-partamento de Ginecologia eObstetrícia. É uma Liga decaráter multidisciplinar e con-ta com acadêmicos de Medici-na, Enfermagem e Psicologia.Possui frentes de ensino, ex-tensão, pesquisa e ambulato-rial, sendo o principal objeti-vo levar o conhecimento sobreo câncer de mama à comuni-dade, orientando as mulheresa respeito da importância dodiagnóstico precoce.

As atividades da Liga doTrauma se estendem por trêsanos e representam um gran-de campo de aprendizagempara os estudantes. Em 2007,a Liga do Trauma desenvolveuum projeto de esclarecimentosobre a escoliose em escolaspúblicas, com o auxílio da So-ciedade Brasileira de Ortope-dia e Traumatologia (SBOT). Oprograma da Liga também co-bre áreas de pesquisa com en-foques voltados à população,tais como acidentes com mo-tos, suas estimativas e por-menores (faixa etária, tipo deacidente, traumas ocorridosetc). No terceiro ano de ativi-dades, os estudantes têm aoportunidade de estagiar noHospital de Urgências de Goi-ânia (Hugo), participando doatendimento a pacientes emesmo de pequenas e gran-des cirurgias.

vinculam estudantesà comunidade

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EXTENSÃO

No encontro anual das ligas, estudantes montam estandes eprestam serviços em diversas áreas da saúde