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Análise jornais diários online portugueses
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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Caso Dominique Strauss-Kahn
Análise jornais diários online portugueses
Sara Gerivaz T2 Jornalismo
Ano letivo 2013/2014
Unidade Curricular: Jornalismo Comparado | Docentes: Ana Isabel Reis e Fernando Zamith Licenciatura Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia [3ºano]
2
Índice
Introdução.................................................................................................................................... 3
Enquadramento Teórico – Revisão da Literatura .................................................................... 6
Análise Caso Dominique Strauss-Kahn .................................................................................... 8
Conclusões ................................................................................................................................. 13
Bibliografia ................................................................................................................................. 14
Webgrafia................................................................................................................................... 15
Notícias mencionadas no trabalho: .................................................................................... 15
Anexos ........................................................................................................................................ 16
Anexo 1 Notícias Contabilizadas ........................................................................................ 16
Anexo 2 Tabela Público ........................................................................................................ 17
Anexo 3 Tabela Jornal de Notícias ..................................................................................... 19
Anexo 4 Tabela Correio da Manhã ..................................................................................... 20
3
Introdução
Em 2011 o FMI intervém pela terceira vez em Portugal. Em 2011 o diretor-geral do FMI é
acusado de agressão sexual.
A crescente pressão dos mercados financeiros e a reduzida sustentabilidade das finanças
públicas do país aliada ao afastamento do financiamento pelo mercado internacional no setor
bancário fez com que Portugal pedisse assistência financeira à União Europeia, aos Estados-
Membros e ao FMI. Assim, 2011 é o ano que marca a terceira entrada do Fundo Monetário
Internacional no país.
Assim, a crise, a austeridade, o FMI, a Troika foram os temas que definiram a atualidade das
notícias. A intervenção do FMI levantou bastantes dúvidas e foi tema de debates, de
comentários, de fóruns. Questionou-se a necessidade de intervenção, o empobrecimento
crescente do país, a conjuntura económica e financeira do mesmo.
Uma vez que estes foram (e continuam a ser) grandes temas da agenda noticiosa dos meios de
comunicação social, o envolvimento do diretor-geral do Fundo Monetário Internacional num
caso de agressão sexual seria, com certeza, um tema que iria dar de falar. Mas até que ponto há
necessidade de um acompanhamento ao pormenor no nosso país?
Dominique Strauss-Kahn nasceu em 1949 em Neuilly-sur-Seine, próximo de Pais, em França. É
um conhecido economista e político francês, tendo sido ministro da Indústria e do Comércio
Exterior, das Finanças e da Economia. Em 2007 foi escolhido para dirigir o FMI. Já no Fundo
Monetário Internacional teve uma advertência por ter tido um caso amoroso com uma colega
de trabalho, mas a polémica surge em 2011 quando é acusado de agressão sexual a uma
empregada do hotel Sofitel, em Nova Iorque, a 14 de Maio de 2011. Era considerado um
possível candidato pelo Partido Socialista nas eleições presidenciais francesas de 2012 quando
deflagrou o caso.
Esta polémica foi noticiada em todos os órgãos de Comunicação Social, não só pelo cargo que
ocupava, bem como pela envolvência em casos anteriores. Assim, a 18 de Maio renuncia do
cargo de diretor-geral do FMI e em Julho há uma reviravolta no caso, quando a defesa de DSK
(como é conhecido no seu país) apela à falta de credibilidade da alegada vítima.
Inicialmente, o meu estudo de caso pretendia comparar as notícias de diários franceses e
portugueses para perceber qual o enfoque dado ao caso. Uma vez que Strauss-Kahn era, na
altura, o favorito às eleições francesas de 2012, seria de esperar que esse seria o enfoque dado
às notícias na imprensa francesa e o facto do mesmo ser diretor do FMI, o enfoque na imprensa
portuguesa.
No entanto tive de alterar o meu estudo de caso, uma vez que não tive acesso às notícias dos
diários franceses e alterei as questões que gostaria de ver respondidas. Sendo um caso
internacional, o meu objetivo é ver como é que o mesmo é retratado em Portugal. E isto implica
ver se o enfoque dado foi ele ser Diretor-Geral do FMI, se a questão do judicial teve mais valor,
quais os critérios notícia por de trás do relato do acontecimento e como é que os jornais
portugueses têm acesso à informação internacional. Por agência, por comunicado, por trabalho
jornalístico puro.
4
Assim, penso que a pertinência deste estudo de caso se baseia na relação direta entre Portugal
e o FMI, e, consequentemente, como é que o Diretor Geral do Fundo Monetário Internacional é
visto em Portugal após o deflagrar deste caso. Se num universo mais amplo se trata de uma
notícia internacional, num contexto mais específico trata das implicações diretas para o país.
Porquê que a imprensa portuguesa deu tanto destaque ao caso? É isto que pretendo entender.
Ainda nos dias de hoje este caso continua a dar que falar não só nos Órgãos de Comunicação
Social, como já foi realizado uma peça de teatro para retratar o acontecimento, “Suite 2806”. O
assunto ganhou um mediatismo enorme a nível internacional e envolveu inúmeros meios de
comunicação social.
Em suma, o presente estudo pretende investigar a cobertura noticiosa dada caso de Dominique
Strauss-Kahn e perceber se há uma relação com o FMI e Portugal. Assim proponho-me a
analisar três diários portugueses online a fim de envolver a componente multimédia.
Metodologia
Para qualquer trabalho de investigação, a presença de uma metodologia é fundamental, uma
vez que traça as linhas orientadoras de análise e permite acompanhar uma linha de pensamento
coerente e contínua. Para a realização de uma análise fiel à realidade é importante analisar não
só o órgão de comunicação escolhido, isto é, ver qual é o tipo de jornalismo que pratica, o
modelo em que está inserido, qual a propriedade; como também o contexto do fenómeno e
ainda o conhecimento científico anterior, ou seja, um enquadramento teórico que defina e
esclarecer os conceitos principais de abordagem.
Deste modo, para esta análise de estudo a amostra recaiu em três diários portugueses, na
versão online no sentido de tentar uma representação mais diversificada possível daí a escolha
de um jornal de referência, um popular e um sensacionalista. A opção de seleção prendeu-se
com o facto de terem formas distintas de fazer jornalismo e, por isso, apresentariam resultados
interessantes de analisar acerca do mesmo acontecimento.
Apesar de terem um tipo de jornalismo distinto têm um modelo de jornalismo idêntico: o
Mediterrânico ou Pluralista Polarizado, de acordo com Hallin e Mancini “Os media mostram
características ligadas a este padrão: proximidade da relação entre os atores políticos e os media,
enfoque destes na vida política e natureza relativamente elitista do jornalismo, dirigidos mais aos
políticos profissionais do que a um largo público.”
Propriedade da Sonaecom, o diário Público foi criado em 1990 e é considerado por muitos o
único diário de referência em Portugal. Dadas as constantes evoluções na área da tecnologia,
cinco anos após o lançamento em papel do jornal, houve uma adaptação do jornal, tendo sido
criada a edição imprensa. “A necessidade, a modernidade e o carácter prático foram valores que
os responsáveis tiveram em conta no momento de alargar o âmbito da informação” (Monteiro e
Viera, 2008: 16). Através do Estatuto Editorial do jornal, este define-se como um diário de
“grande informação”, orientado por critérios de “rigor e criatividade editorial, sem qualquer
dependência de ordem ideológica, política e económica” e reconhece-se como uma responsável
pelos seus leitores “numa relação rigorosa, transparente e autónoma.” Recusa o sensacionalismo
e aposta na “informação diversificada”.
5
O Jornal de Notícias, por outro lado, faz um jornalismo diferente. Este diário da Controlinveste
foi criado em 1988. A edição online surge em 1995 e como se pode ler no site “O Jornal de
Notícias é, com 120 anos de existência, um título incontornável no panorama da imprensa
portuguesa. Pautando desde sempre pelo rigor da sua informação, o JN é um jornal popular de
qualidade que pratica um jornalismo que coloca como protagonista o interesse dos leitores. É
também uma referência nos temas locais e é um importante difusor de publicidade,
nomeadamente nos classificados.” (Jornal de Notícias)
Por fim, o Correio da Manhã, propriedade da Cofina é o jornal com mais tiragem e mais lido em
Portugal. Criado em 1979 é destinado a uma classe média e média-baixa sendo considerado um
tabloide/sensacionalista. De acordo com Barnett existem três tipos de tabloidização: diminuição
de notícias objetivas a favor de infotainment, tendência para as notícias serem apresentadas
segundo um registo mais leve e popular e destaque de conteúdos de entretenimento em
detrimento de jornalismo de investigação. Estes três pontos verificam-se no jornal diário CM.
Para complementar o meu estudo e justificar a escolha desta amostra, apoio-me no trabalho de
Ana Horta “Uma única Europa? O tratamento das questões europeias em quatro jornais
nacionais (1985-2003)” onde a mesma compara os três jornais de análise da minha investigação.
Ana Horta afirma que o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã“disputam o estatuto de diário
mais lido do país. Ambos têm como vocação serem jornais populares, embora o Jornal de Notícias,
à semelhança do seu tradicional formato broadsheet, entretanto abandonado, «não ceda ao
sensacionalismo» (Mesquita, 1994: 387), enquanto o Correio da Manhã poderá ser considerado o
melhor sucedido diário nacional dentro do estilo popular-sensacionalista.” (Horta, 2005: 432) Por
outro lado diz que o Público, apesar de ter um número bastante mais reduzido de circulação
“foi concebido como um diário inovador, de qualidade, projetado para tornar-se o principal jornal
de referência do país” (Horta, 2005: 432)
Definida a amostra é também fulcral definir o universo de análise de modo a impor limites
temporais e espaciais ao corpo do trabalho. O período de análise selecionado é de 14 de Maio
de 2011 (dia em que Dominique Strauss-Kahn foi acusado de agressão sexual) a 22 de Maio de
2011 e de 1 de Julho de 2011 a 5 de Julho de 2011. Defini dois períodos diferentes de análise,
uma vez que o primeiro diz respeito à acusação e à renúncia do cargo no FMI e o segundo à
reviravolta que o caso sofreu. Tendo em conta Fontcuberta “O Jornalismo encontra a sua razão
de ser em dois conceitos-chave: acontecimento e atualidade. A partir do primeiro, os meios de
comunicação social constroem a história; o segundo divide o tempo em períodos idênticos (horas,
dias, semanas, ou meses) que servem de marco para a difusão de uma série de factos e valores,
selecionados entre todos os que ocorreram entre sucessivos intervalos” (Fontcuberta, 2002)
Após determinado o período de análise e a amostra e tendo em conta o objetivo do trabalho,
lanço a seguinte questão de partida: De que forma é que o caso de agressão sexual de
Dominique Struass-Kahn foi tratado nos diários online portugueses? Assim, para responder
a esta questão de partida geral, delineei algumas sub-questões: O Critério Editorial influenciou a
forma como foi noticiado o caso? Qual a cobertura feita ao caso? Qual a autoria das notícias?
Assim, para responder a estas questões terei de ter em conta os critérios de noticiabilidade, o
Código Deontológico dos Jornalistas, os temas predominantes das notícias e as principais fontes
das mesmas.
6
Não obstante, a formulação de hipóteses foca os principais pontos do trabalho, circunscrevendo
o objeto concreto de análise. As hipóteses traçadas são:
1. O Público é o jornal diário que mais destaque dá à questão económica inerente ao caso.
[FMI - Portugal];
2. O Correio da Manhã foca-se mais no «escândalo sexual»;
3. As eleições presidenciais francesas de 2012 são um tema pouco referido nas notícias;
4. Predominância de notícias de agência internacionais no Jornal de Notícias e no Correio
da Manhã.
5. As características WEB são aproveitadas [infografias, som, imagem, vídeo].
6. O Jornal de Notícias preocupa-se com a questão portuguesa.
Após a descrição da amostra, do universo de análise e das questões que pretendo clarificar é
necessário optar por um método. A análise de conteúdo e discurso respondem, no meu ponto
de vista, de uma maneira completa ao pretendido. O essencial será, sempre tendo em conta o
contexto do acontecimento, orientar a pesquisa de forma a obter resultados o mais fiel possível
à realidade.
“Quando a análise do discurso é quantitativa, pode ser denominada análise de discurso. Quando é
qualitativa, usualmente denomina-se de análise de discurso. De qualquer modo, seja qualitativa
ou quantitativa, uma análise de discurso é sempre, em essência, uma análise de discurso.” (Sousa,
2006:660)
Berelson definiu a análise de conteúdo como uma técnica de investigação que permite “a
descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson,
1952:18) enquanto John Fiske diz que a análise de conteúdo “destina-se a produzir uma
explicação objetiva, mensurável, verificável, do conteúdo manifesto nas mensagens. Analisa a
ordem de significação denotativa. Funciona melhor a grande escolha: quanto mais tiver que
analisar, mais exata é. Opera através da identificação e contagem de unidades escolhidas num
sistema de comunicação” (Fiske, 1993:182)
Desta forma a análise de conteúdo possibilita uma primeira investigação, quantifica o que será,
posteriormente analisado. É uma boa técnica de investigação uma vez que organiza o trabalho e
permite um procedimento rigoroso e imparcial. Após a categorização dos resultados procede-se
a uma análise interpretativa dos resultados quantificados acrescentando o meu ponto de vista.
Enquadramento Teórico – Revisão da Literatura
Antes de partir para uma análise rigorosa e profunda do caso em estudo é imprescindível o
esclarecimento de alguns conceitos chave, presentes na questão-problema. Uma vez que o meu
estudo se debruça nos jornais online considera-se importante uma breve abordagem à noção
de jornalismo online.
“A tecnologia também tem potenciado a difusão da notícia. Contribui mesmo para a sua sobre
difusão, para um turbilhão onde o excesso tende para o zero, porque informação de atualidade
sem recetor é realidade que não existe” (Bastos, 2010:8)
7
Com o desenvolvimento das tecnologias houve a necessidade do jornalismo evoluir e adaptar-
se à inovação. A tecnologia veio alterar a forma como o jornalista faz o seu trabalho, alterando
toda a estrutura e conteúdo de uma notícia. Com o digital, as notícias deixam de ser “apenas”
texto e há uma convergência de meios possíveis para tornar uma notícia apelativa e
interessante. Ainda assim, Canavilhas diz que o jornalismo na web pode ser muito mais do que
o atual “com base na convergência entre texto, som e imagem em movimento, o webjornalismo
pode explorar todas as potencialidades que a internet oferece, oferecendo um produto
completamente novo, a webnotícia” (Canavilhas).
Segundo o mesmo, “a introdução de novos elementos não-textuais permite ao leitor explorar a
notícia de uma forma pessoal, mas obriga o jornalista a produzi-la segundo um guião de
navegação análogo ao que é preparado para outro documento multimédia. O jornalista passa a
ser um produtor de conteúdos multimédia de cariz jornalístico – webjornalista” (Canavilhas)
Para ver respondida a hipótese 5 [As características WEB são aproveitadas] é importante ter em
conta a tremenda evolução do digital e do digital nos meios de comunicação social e perceber
se os recursos e a interatividade são, de facto, utilizados. O vídeo, o som, as infografias, o
hipertexto são elementos novos que potenciam o meio online.
Uma vez que se pretende saber de que forma é que o caso foi abordado, o conceito de critério
de noticiabilidade é fundamental para construir um pensamento. Afinal o que é notícia?
“Para um informação ser notícia requer a conjugação de três fatores: a) ser recente; b) ser
imediata; c) que circule. Isto é, que acabe de se produzir (ou que acabe de ser descoberta), que se
dê a conhecer no mínimo de espaço de tempo possível, e que esse conhecimento circule num
público vasto e massivo” (Fontcuberta, 2002)
Os critérios de noticiabilidade definem o que é, de facto, notícia. Embora alguns sejam base
para todos os meios de comunicação social, a grande parte adapta-se às circunstâncias e aos
contextos. De acordo com Jorge Pedro Sousa (2001:39) os critérios de noticiabilidade descritos
por Galtung e Ruge (1965) são a proximidade, o momento do acontecimento, a significância, a
proeminência social dos sujeitos envolvidos, a prominência das nações envolvidas nas notícias, a
consonância, a imprevisibilidade, a continuidade, a composição e a negatividade.
Porém, “os critérios de noticiabilidade não são rígidos nem universais. (…) Funcionam
conjuntamente em todo o processo de fabrico e difusão das notícias e dependem da forma de
operar da organização noticiosa, da sua hierarquia interna e da maneira como ela confere ordem
ao aparente caos da realidade” (Sousa, 2001:39) Desta forma, uma vez que não há uma regra
que dite o que é ou não um valor notícia, o papel do jornalista está na seleção dos factos
possíveis de ser notícia, na sua transformação e difusão. O quê que tem valor notícia e porquê.
Relacionado com os critérios notícia está o newsmaking. Após ser definido que um
acontecimento é notícia, como é que são produzidas as mesmas? Cada meio de comunicação
social utiliza diferentes formas para contar uma história. Mas porquê escolher uma ao invés da
outra? Segundo Wolf (2007: 197) o newsmaking articula-se em dois elementos: a cultura
profissional do jornalista, isto é, a forma como o jornalista produz a informação, relacionada
com os seus princípios e a organização do trabalho e dos processos de produção.
8
“Segundo Schudson, a acção pessoal, a acção social e a acção cultural, em inter-relação, são as
três principais explicações para que as notícias sejam como são. Em conformidade com a
acção pessoal, as notícias são vistas como um produto das pessoas e das suas intenções; a
acção social dá ênfase ao papel das organizações (vistas como mais do que a soma das pessoas
que as constituem) e dos seus constrangimentos na conformação da notícia; a acção cultural
perspectiva as notícias como um produto da cultura e dos limites do que é culturalmente
concebível no seio dessa cultura: isto é, uma dada sociedade, num determinado momento, só
consegue produzir uma determinada classe de notícias. (Schudson, 1988: 20) Esta última
asserção vai ao encontro do que diz McQuail (1991: 256), que refere que grande parte dos
conteúdos das notícias resultam da reelaboração de temas e imagens procedentes do passado
cultural.” (Sousa, 1999)
Por fim e para entender melhor a hipótese 4 [Predominância de notícias de agência
internacionais no Jornal de Notícias e no Correio da Manhã] é necessário ter em conta um
conceito-chave. As fontes. Qual a fonte principal da notícia? Uma vez que este acontecimento
é internacional é de prever que grandes partes das notícias sejam redigidas com base em
comunicados oficiais e agências noticiosas. “A fidelidade da comunicação é determinada pela
capacidade do codificador expressar perfeitamente o que a fonte quer dizer” (Berlo, 2003: 41)1
Grande parte das vezes, o jornalista não é testemunha presencial do acontecimento e dos
factos sobre os quais escreve. Em acontecimentos anunciados e públicos será com certeza, no
entanto nem todos os acontecimentos são possíveis de presenciar. Daí a necessidade de
fontes de informação que relatem os factos de forma verdadeira. “As fontes de informação são,
portanto, pessoas, instituições e organismos de todo o tipo que facilitam a informação de que os
meios de comunicação necessitam para elaborar notícias. Esta informação é de dois tipos: a que o
meio procura através dos seus contactos; e a que o meio recebe por iniciativa dos vários setores
interessados.” (Fontcuberta, 2002)
Tendo em conta o contexto em que o acontecimento em estudo se insere, o conceito de
agências noticiosas passa pelas “ empresas que procuram e distribuem notícias às empresas
jornalísticas e a outras entidades, privadas ou públicas, com o fim de lhes assegurar “um serviço
de informação tão completo quanto possível (Lusa, 1992: 7)” (Sousa, 2006: 164).
Espalhadas por todo o mundo, são gestoras importantes das informações que circulam. “O
enorme poder que as agências de notícias mundiais detiveram no tocante à seleção da informação
consumida em todo o mundo gerou críticas à sua ação.” (Sousa, 2006: 165)
Análise Caso Dominique Strauss-Kahn
A 14 de maio de 2011 o diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn foi
acusado de ter agredido sexualmente uma empregada de um hotel em Nova Iorque. No mesmo
dia foi detido e passado nem uma semana renunciou o cargo que ocupava no FMI. Esta
polémica foi uma forte presença nos órgãos de comunicação social. Ainda assim, o destaque
1 Consultado em “Fontes Sofisticadas de Informação” (Ribeiro, 2006:11)
9
dado ao caso bem como o teor/fundamento das notícias alteraram de jornal para jornal
analisado. O que importava saber do caso?
Cada jornal online analisado teve diferentes abordagens ao caso, no entanto, como vamos
verificar, uma vez que muitas notícias resultam de agência, os factos são explicados de forma
parecida. Ainda assim, cada diário apresenta diferentes preocupações no conteúdo a transmitir,
o que estará relacionado, com certeza, com o tipo de público a que cada um se destina.
Para uma análise mais rigorosa defini algumas categorias de análise a fim de comparar os
resultados de cada jornal. Alguns apresentam resultados curiosos que serão, com certeza,
mencionados ao longo da apresentação de resultados.
“As categorias são elementos chave do código do analista. Hogenradd (1984) define uma
categoria como um certo número de sinais de linguagem que representam uma variável na teoria
do analista. Nesse sentido, uma categoria é habitualmente composta por um termo-chave que
indica a significação central do conceito que se quer apreender, e de outros indicadores que
descrevem o campo semântico do conceito” (Pinto e Silva, 2009:110)
Uma vez proposta uma análise quantitativa, a primeira coisa a ser feita foi, de facto, quantificar
o número de notícias presentes em cada jornal: total e diário. Assim, verifica-se que o Correio da
Manhã é o jornal que apresenta mais notícias [48], seguido do Público [41] e, por fim, do Jornal
de Notícias [37]2. No que diz respeito à presença de notícias em cada dia do universo analisado
constata-se que no dia do acontecimento (14 de maio de 2011) não há notícias. Apesar do JN
ser o jornal que apresenta um total de notícias menor é o que, no dia seguinte ao
acontecimento (15 de maio) apresenta mais notícias [9], ao contrário do CM que sendo o jornal
que apresenta um total de notícias maior tem o menor número de notícias dia 15 de maio [5].
Nos dias que seguintes, o Correio da Manhã oferece quase sempre um maior número de
notícias, com a exceção dos dias 19 de maio e 1 e 5 de Julho.
Para além da contabilização do número de notícias [126 no total] foram outros os parâmetros
analisados nos três jornais, nomeadamente a sua dimensão (contabilizada pelo número de
linhas de texto), a editoria, o género jornalístico, a presença de fotografia, a autoria e os temas
predominantes.
Desta forma o jornal Público3, num universo de 41 notícias analisadas apresenta uma média de
50 linhas de texto por notícia. No que diz respeito à editoria, 27 notícias são da editoria Mundo
e as restantes 14 da editoria Economia, ou seja, sensivelmente 35% das notícias são da editoria
Economia. Como seria de esperar, visto o acontecimento ser internacional, existem apenas 3
reportagens e 39 notícias. A fotografia está presente em quase todos os artigos apresentados,
com a exceção de apenas um. No que diz respeito à autoria, sensivelmente 50% das notícias
[20] são assinadas por jornalistas do Público, 12 por agências, 6 pelo Público e por agências e 3
não estão identificadas. Por fim, o tema predominante das notícias é, sem dúvida o Caso DSK
(incluí as acusações, o julgamento, a prisão, a libertação). Ainda assim, existem outros temas em
destaque, como a demissão de Strauss-Kahn [7] e a liderança do FMI [7], dois temas
2 Consultar Anexo 1
3 Consultar Anexo 2
10
intimamente ligados e depois outros como a biografia do político e as relações entre os EUA e a
França.
Paralelamente, 85% das notícias do Jornal de Notícias são da editoria Mundo [32] e as cinco
restantes dividem-se entre Economia [4] e Opinião [1]. Com uma média de 30 linhas de texto, o
JN apresenta igualmente um maior número de notícias [35] e apenas um vídeo e uma crónica.
Quanto à fotografia, esta aparece apenas em cerca de metade das notícias [19]. Ao contrário do
Público, o JN apresenta um maior número de notícias não identificadas [19] e apenas 6 são
redigidas unicamente pelo jornal. As agências e os comunicados também têm uma importância
considerável. Tal como no jornal Público, o Caso DSK é o tema predominante, com cerca de 23
notícias e os temas repetem-se: FMI [4], demissão de DSK [3], liderança FMI [5], entre outros4.
Por fim, o Correio da Manhã5 apresenta igualmente um número idêntico de linhas de texto por
notícias que o Público, ou seja, cerca de 50. O CM é o que variou mais no género jornalístico,
apresentando apenas uma reportagem, 41 notícias, 5 breves e duas crónicas. Mais de 90% das
notícias são da editoria Mundo e os restantes 10% concentram-se na Economia e na Opinião.
Todas as notícias do CM apresentam fotografia e tal como no JN, grande parte das notícias não
estão identificadas [29]. De 48 notícias apenas 5 estão assinadas por jornalistas e as restantes
divergem entre agências, comunicados, jornais internacionais. Uma vez mais o tema
predominante é o Caso DSK [38], embora Portugal seja destaque numa notícia.
Para uma melhor compreensão do caso foram eleitas algumas palavras-chave, contabilizadas
em todas as notícias dos jornais: Dominique Strauss-Kahn/DSK/Strauss-Kahn; FMI; França; EUA;
Portugal; Eleições Presidenciais; PS/socialismo; agressão sexual; emprega; hotel; vítima;
escândalo e crise.
Como seria de esperar a palavra mais mencionada é, sem dúvida, o nome do político envolvido
na polémica, Dominique Strauss-Kahn, mencionado 863 vezes [364 no Público, 223 no Jornal de
Notícias e 276 no Correio da Manhã] e de seguida a instituição que representa, o FMI,
mencionada 541 vezes [238 no Público, 152 do JN e 151 no CM].
Desta forma, a análise quantitativa apresenta resultados curiosos que vale a pena analisar.
Inicialmente e tratando-se de jornais online é necessário tocar no assunto dos conteúdos
multimédia. Como seria de esperar num contexto online, a interatividade estaria presente. No
entanto, não foi isso o verificado. Dia 14 de maio, dia em que Strauss-Kahn foi acusado, nenhum
dos três diários em análise fez referência ao caso, o que vai contra a característica WEB referida
por Javier Díaz Noci e reproduzida por Ramón Salaverría, a instantaneidade6. Apesar de grande
parte dos conteúdos analisados apresentarem fotografia (com a exceção do JN, que só
apresenta sensivelmente metade), este é o único conteúdo multimédia a ter destaque.
Conteúdos como infografias, vídeos, som ou hipertexto são desprezados. Isto acontece, na
minha opinião, primeiro por ser um caso internacional e segundo por haver desenvolvimentos
bastante próximos, não havendo tempo para dedicar mais espaço a estes conteúdos.
4 Consultar Anexo 3
5 Consultar Anexo 4
6 Informação consultada em “A Contextualização no Ciberjornalismo” (Zamith, 2011)
11
Analisando com detalhe o jornal Público verifica-se que, de facto, este apresenta um caráter
mais sério e rigoroso. Embora o destaque óbvio tenha sido o caso de agressão sexual, limita-se
a uma mera exposição dos factos que iam sendo notícia: a acusação de DSK, a prisão, a defesa,
a libertação. Paralelamente a este caso, o Público teve também como enfoque as implicações
entre o caso, o FMI e Portugal. A questão da ajuda do Fundo Monetário Internacional a Portugal
foi mencionada no decorrer das notícias, sendo que no primeiro dia em que o caso foi
noticiado, surge de imediato uma notícia relacionada com as implicações na Zona Euro, com o
título “Detenção de Strauss-Kahn acontece num mau momento para a zona euro”7. A questão do
financiamento a Portugal é referida logo no segundo dia em que o caso foi noticiado. Apesar do
género jornalístico predominante ser a notícia, existem também 3 reportagens que explicam ao
pormenor o caso, traçam o perfil de DSK (pequena biografia, política em França, restantes
políticos), o FMI, entre outros. O Público é o único dos três jornais analisados que faz um artigo
sobre as relações estabelecidas entre a França e os EUA e as implicações que o caso de DSK
poderá levantar entre os países. “Efeito secundário do escândalo Dominique Strauss-Kahn:
palavras como "antiamericanismo" ou "francofobia" voltaram à ordem do dia. O caso colocou
frente a frente culturas completamente diferentes. Nenhuma das partes está disposta a ceder.
Qualquer uma das partes julga que é superior à outra. Os correspondentes franceses nos EUA
estão no centro do fogo cruzado. “8 (Público, 2011) As reações e comentários dos políticos são
também destaque em algumas notícias, entre os quais estão Pedro Passos Coelho e François
Hollande. Outro facto curioso diz respeito às palavras-chave recolhidas pelo Público. O objetivo
da seleção das palavras foi definir algumas mais sérias e outras mais sensacionalistas. Assim,
como é possível notar, o Público é o jornal que refere mais os termos «França», «EUA» e
«Portugal». Ora, uma vez que este jornal é considerado de referência, procura ouvir todas as
partes intervenientes no caso, bem como as implicações para todos os países envolvidos. A
palavra «crise» aparece mais vezes do que no jornal Correio da Manhã o que complementa a
existência de notícias relacionadas com a ajuda financeira a Portugal por parte do FMI. As
«eleições presidenciais» e o «socialismo» (partido político de Strauss-Kahn) também são
mencionados algumas vezes, fruto uma vez mais da parte contextual que está por de trás da
mera transposição dos acontecimentos. Este assunto, de pouca importância para Portugal, foi
no entanto mencionado e explicado.
Após a análise ao Público é possível relacionar o seu público-alvo com os conteúdos
apresentados, uma vez que há a preocupação crítica (patente na notícia dos EUA e França),
contextual (eleições, perfil do envolvido) e global (FMI, reações dos “grandes”). A presença
significativa da economia é também um sinal de que o público-alvo molda os conteúdos.
Atentando aos valor-notícia, os que mais se destacaram no Público foram a proeminência social
dos sujeitos envolvidos, devido à personagem influente de DSK, a proeminência das nações
envolvidas, devido à proximidade das eleições presidenciais francesas às quais Strauss-Kahn era
favorito, a continuidade do caso, uma vez que todos os dias havia desenvolvimentos e a
proximidade, devido à relação FMI – Portugal.
7 As notícias mencionadas ao longo da análise poderão ser consultadas na bibliografia em “Notícias
Mencionadas 8 Versão Integral em: http://www.publico.pt/mundo/noticia/dsk-ou-a-franca-numa-serie-policial-
americana-1501041
12
Paralelamente, o modo como o Jornal de Notícias aborda o caso diverge do Público. Ao
contrário do que seria de esperar é o JN que apresenta menos quantidade de informação: quer
no número de notícias quer na dimensão das mesmas. No entanto este não pode ser
considerado um ponto negativo, uma vez que o teor das notícias pode ser mais sério e rigoroso.
Dos três jornais analisados, o JN é o único que não dedica um grande espaço ao caso: não tem
qualquer reportagem e não contextualiza o acontecimento, como os restantes diários. A
diferença de tratamento noticioso é possível de verificar com recurso aos temas predominantes.
O JN é o único jornal que apenas trata os acontecimentos factuais, ou seja: a acusação de
Struass-Kahn, o julgamento, a prisão, a libertação; a demissão do cargo de diretor-geral do FMI
e a consequente liderança do FMI por Lagarde.
Assim, o JN é o jornal com menos contexto e crítica, sendo os valor-notícia da atualidade e da
continuidade os mais enfatizados. Embora nas palavras-chave o termo «crise» seja mais
contabilizado no JN, este não dedica uma única notícia à situação portuguesa com o Fundo
Monetário Internacional, o que não seria de esperar uma vez que o JN dá bastante importante
ao caráter nacional dos acontecimentos. Palavras como «vítima» e «escândalo», sensacionalistas
são bastante referidas, mesmo antes de DSK ser condenado. Uma vez que o JN não apresenta
contexto relativamente ao envolvido, as palavras «eleições presidenciais» e «PS/socialismo» são
pouco abordadas. Das 37 notícias analisadas apenas 6 foram redigidas unicamente pelo jornal,
o que mostra, uma vez mais, que as notícias se resumiram a uma exposição dos
acontecimentos. Ao contrário da descrição do próprio jornal como “pautado desde sempre pelo
rigor da sua informação, o Jornal de Notícias apresenta ainda títulos sensacionalista com
nenhum teor jornalístico, como são exemplo “Apetite sexual de Strauss-Kahn conhecido e com
bastos incidentes” e “Strauss-Kahn na mesma prisão de Renato Seabra”. Como é de notar, a
preocupação com fait-divers foi superior à de relacionar o caso com a situação financeira ou,
por exemplo, perceber as tensões entre os dois países envolvidos, França e EUA.
Por fim, o jornal conhecido por ser sensacionalista é o caso mais curioso nesta análise. O Correio
da Manhã é o jornal que apresenta uma maior variedade de géneros jornalísticos e de temas
abordados. No entanto é um caso ambíguo: se por um lado tem o cuidado de contextualizar o
acontecimento e o seu principal envolvido (com uma biografia, principais ideias, percurso, etc.)
devido ao seu passado importante na política, a vida da alegada vítima é um ponto de interesse
também para o CM. Assim, o facto de existirem mais notícias e do número médio de linhas de
texto ser de 50 relaciona-se com a quantidade de fait-divers acerca da vítima, informações
irrelevantes e sem interesse jornalístico.
Ainda assim, ao contrário do que seria esperado, dá destaque às eleições presidenciais e a
Portugal, nem que apenas uma notícia para cada. Isto para explicar que não se reduz a notícias
meramente factuais e de evolução do caso, como também contextualiza, dando, tal como o
Público, uso à característica de “memória” possível na web. Tocando no contexto web, todas as
notícias do CM apresentam fotografia mas, no entanto, nada mais é apresentado.
Os valor-notícia evidenciados acabam por ser os mesmo que no Público, nomeadamente a
proeminência social dos sujeitos e das nações envolvidas, a proximidade, atualidade e
continuidade. No entanto e apesar de existir mais contexto acerca do caso, o CM fica a perder
com o caráter sensacionalista que rege muitas das suas notícias, com conteúdos pobres
jornalisticamente. São o exemplo notícias como: “Vítima de Strauss-Kahn viveu em casa para
13
seropositivos”; “Strauss-Kahn no inferno de Rikers Island”; “Strauss-Kahn proibido de ver tv” ou
“Strauss-Kahn comemora liberdade com jantar”. O caráter sensacionalista do jornal é
demonstrado com alguns termos empregues e contabilizados, nomeadamente «escândalo».
Conclusões
O objetivo principal deste estudo era perceber de que forma é que o caso de agressão sexual
do ex-diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn foi tratado em três diários online
portugueses. Para responder a esta questão apoiei-me em algumas questões complementares,
relacionadas com os valor-notícia, a cobertura dada ao caso e a autoria das notícias.
Tendo em conta a análise quantitativa e qualitativa bem como o contexto teórico por de trás do
trabalho posso concluir que o caso foi, na sua generalidade abordado como meramente factual
com a evolução dos acontecimentos. Tratando-se de um caso internacional não houve, por
parte dos media portugueses uma cobertura com desenvolvimento aprofundado do tema, uma
vez que as notícias se regem, em grande parte, pela presença de comunicados oficiais, agências
e jornais internacionais. Ainda que o Público, por exemplo, tenha grande parte das notícias em
sua autoria, os factos acabam por ser apresentados de forma simples e direta, com auxílio às
fontes acima descritas. O Correio da Manhã faz uma exposição do caso mais sensacionalista,
dando aso a assuntos sem fundamento jornalístico. Ainda assim Portugal é referido algumas
vezes, ou seja, há a preocupação em enquadrar o financiamento atribuído pelo FMI ao país com
o caso que envolveu o seu diretor. Os valor-notícia claros deste caso foram, sem dúvida, a
atualidade e a continuidade, uma vez que o caso teve vários pontos notícia, como a acusação, o
julgamento, a renúncia ao cargo do FMI, a prisão, a nova liderança do FMI, a libertação e as
novas acusações. De certa forma todos os media noticiaram esta evolução de acontecimentos.
Como era de esperar, uma vez que é considerado o jornal de referência português, o Público
primou pela contextualização, pela multiplicidade de vozes (uma vez que «ouviu» diversas
opiniões sobre o caso), pela crítica e pelo estabelecimento de relações entre os acontecimentos.
Evidenciou o seu lado global ao dar destaque também às eleições presidenciais francesas no
ano seguinte, 2012 e esclareceu o papel de Dominique Strauss-Kahn no socialismo e na vida
política em França. De certa forma o Jornal de Notícias foi o que apresentou, dos três, um
percurso mais linear com ausência do contexto necessário.
Não obstante, as hipóteses ajudaram a que o trabalho fosse conduzido sempre na mesma linha
de pensamento, o que permitiu confirmar ou refutar o inicialmente apontado.
1. O Público é o jornal diário que mais destaque dá à questão económica inerente ao caso.
[FMI - Portugal]; Confirmada
2. O Correio da Manhã foca-se mais no «escândalo sexual»; Confirmada
3. As eleições presidenciais francesas de 2012 são um tema pouco referido nas notícias;
Confirmada
4. Predominância de notícias de agência internacionais no Jornal de Notícias e no Correio
da Manhã. Confirmada
5. As características WEB são aproveitadas [infografias, som, imagem, vídeo]. Refutada
6. O Jornal de Notícias preocupa-se com a questão portuguesa. Refutada
14
Como é possível verificar simplesmente com as editorias predominantes o Público é o que
apresenta de facto, mais notícias relacionadas com a economia e com Portugal e o FMI. A forte
presença de notícias económicas deve-se, também, à linha editorial do próprio jornal bem como
os seus leitores. O Correio da Manhã apesar de mencionar factos para além do caso, como as
eleições presidenciais francesas ou Portugal dedica-se, ainda assim, ao escândalo sexual e a fait-
divers recorrentes. Uma vez que a amostra se baseia em jornais diários portugueses, as eleições
presidenciais francesas de 2012 são um assunto, ainda que referido, com pouco destaque em
relação ao «escândalo» em si.
As notícias de agências são a principal fonte dos jornais JN e CM e embora grande parte das
notícias não apareçam assinadas, grande parte dos jornais recorre a essa prática quando as
notícias não foram por eles redigidas. Ao contrário do que seria à espera, uma vez que estamos
perante um meio online, ajustável, interativo e dinâmico as características WEB são muito pouco
aproveitadas, recorrendo essencialmente à fotografia (grande parte das vezes apenas
ilustrativa). Por fim o Jornal de Notícias não dá importância a Portugal e o FMI, ao invés do
esperado, visto ser um jornal mais popular e próximo dos portugueses.
Bibliografia
Bastos, Hélder (2010) “Origens e evolução do Ciberjornalismo em Portugal” Edições
Afrontamento, Porto.
Canavilhas, João Messias (2003) “Webjornalismo. Considerações gerais sobre o
jornalismo na web” Universidade da Beira Interior.
Fiske, John (1999) “Introdução ao estudo da Comunicação” ASA Editores, Lisboa.
Fontcuberta, Mar (2002) “Pistas para compreender o Mundo: A Notícia” Editorial
Notícias, Lisboa.
Lakatos, Eva Maria. Marconi, Marina de Andrade (1991) “Metodologia Científica” Atlas
S.A., São Paulo.
MCQUAIL, Denis (2003) “Teoria da Comunicação de Massas”, Fundação Calouste
Gulbenkian.
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Ribeiro, Vasco (2006) “Fontes Sofisticadas de Informação”, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, Porto.
Silva, Augusto Santos. Pinto, José Madureira (2009) “Metodologia das Ciências Sociais”
Edições Afrontamento, Porto.
Sousa, Helena. Pinto, Manuel (2007) “Casos em que o jornalismo foi notícia” Campo
das Letras, Porto.
15
Webgrafia
Gradim, Anabela “Os Géneros e a Convergência: O Jornalista Multimédia do Século
XXI” in http://www.labcom.ubi.pt/files/agoranet/02/gradim-anabela-generos-
convergencia.pdf [Consultado em Dezembro de 2013]
Horta, Ana (2005) “Uma única Europa? o tratamento das questões europeias em
quatro jornais nacionais (1985-2003)”, in http://www.bocc.ubi.pt/pag/horta-ana-uma-
unica-europa-o-tratamento-das%20questoes-europeias-em-quatro-jornais-
nacionais.pdf [Consultado em Dezembro de 2013]
Sousa, Jorge Pedro (2001) “Elementos do Jornalismo Impresso”, in
http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-
impresso.pdf [Consultado em Dezembro de 2013]
Sousa, Jorge Pedro (2006) “Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e dos
Media”, in http://bocc.unisinos.br/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-teoria-pequisa-
comunicacao-media.pdf [Consultado em Dezembro de 2013]
Vieira, Joana. Monteiro, Dina “Dossier do Jornal Público” in
http://comunicamos.files.wordpress.com/2008/03/ocs_publico.pdf [Consultado em
Dezembro de 2013]
Zamith, Fernando (2011) “Contextualização no Ciberjornalismo” in http://repositorio-
aberto.up.pt/bitstream/10216/57280/2/zamith000148443.pdf [Consultado em
Dezembro de 2013]
Notícias mencionadas no trabalho:
Público (2011) “Detenção de Strauss-Kahn acontece num mau momento para a zona
euro” in http://www.publico.pt/economia/noticia/detencao-de-strausskahn-acontece-
num-mau-momento-para-a-zona-euro-1494219 [Consultado em Dezembro de 2013]
Público (2011) “Ministros das Finanças da Zona Euro deverão aprovar ajuda a
Portugal” in http://www.publico.pt/economia/noticia/ministros-das-financas-da-zona-
euro-deverao-aprovar-ajuda-a-portugal-1494291 [Consultado em Dezembro de 2013]
Público (2011) “DSK ou a França numa série policial americana” in
http://www.publico.pt/mundo/noticia/dsk-ou-a-franca-numa-serie-policial-
americana-1501041 [Consultado em Dezembro de 2013]
Jornal de Notícias (2011) “Apetite sexual de Strauss-Kahn conhecido e com bastos
incidentes” in
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/interior.aspx?content_id=1852937
[Consultado em Dezembro de 2013]
Jornal de Notícias (2011) “Strauss-Kahn na mesma prisão de Renato Seabra” in
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/interior.aspx?content_id=1853479
[Consultado em Dezembro de 2013]
Correio da Manhã (2011) “Vítima de Strauss-Kahn viveu em casa para seropositivos” in
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/internacional/mundo/vitima-de-strauss-
kahn-viveu-em-casa-para-seropositivos [Consultado em Dezembro de 2013]
16
Correio da Manhã (2011) “Strauss-Kahn no inferno de Rikers Island” in
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/atualidade/strauss-kahn-no-
inferno-de-rikers-island [Consultado em Dezembro de 2013]
Correio da Manhã (2011) “Strauss-Kahn proibido de ver TV” in
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/internacional/mundo/strauss-kahn-
proibido-de-ver-tv [Consultado em Dezembro de 2013]
Correio da Manhã (2011) “Strauss-Kahn comemora liberdade com jantar” in
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/internacional/mundo/strauss-kahn-
comemora-liberdade-com-jantar [Consultado em Dezembro de 2013]
Anexos
Anexo 1 Notícias Contabilizadas
Notícias por dia [Mês de Maio]
0
6
7
3
7
8
3
2
0 0
9
5
4
1
5 5
2
0 0
5
8
7
6
8 8 8 8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Notícias p/ dia [MAIO]
Público
Jornal de Notícias
Correio da Manhã
17
Notícias por dia [Mês de Julho]
Notícias Contabilizadas [Total]
Anexo 2 Tabela Público
Público Dimensão Variáveis Quantificação
Número total de Notícias 41
4
0 0
2
3
0
1 1
2 2 2 2 2 2 2
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
1.JULHO 2.JULHO 3.JULHO 4.JULHO 5.JULHO
Notícias p/ dia [JULHO]
Público
Jornal de Notícias
Correio da Manhã
41
37
48
0
10
20
30
40
50
60
Nº TOTAL de notícias
Público
Jornal de Notícias
Correio da Manhã
18
Género Jornalístico
Notícia 39
Reportagem 3
Breve -
Crónica -
Vídeo -
Infografia -
Opinião -
Editorial -
Fotografia
Sim 40
Não 1
Temas Predominantes
Caso DSK [em geral] 19
FMI 5
Demissão DSK do FMI 7
Liderança FMI 7
Biografia 2
Eleições Presidenciais 2
Repercussões 3
Portugal 4
EUA e França 2
Outros 3
Editoria
Mundo 27
Economia 14
Outra -
Autoria
Jornal 20
Comunicados -
Agências 12
Jornal + Agência 6
Jornais Estrangeiros -
Jornal + Jornais Estrangeiros -
Não Identificado 3
Palavras-chave
Dominique Strauss-Kahn 364
FMI 238
França 155
EUA 141
Portugal 33
Eleições Presidenciais 35
Socialismo/PS 32
Vítima 10
Escândalo 3
Hotel 34
Empregada 34
Crise 9
19
Agressão-sexual 72
Linhas de Texto 50
Anexo 3 Tabela Jornal de Notícias
Jornal de Notícias Dimensão Variáveis Quantificação
Número total de Notícias 37
Género Jornalístico
Notícia 35
Reportagem -
Breve -
Crónica 1
Vídeo 1
Infografia -
Opinião -
Editorial -
Fotografia
Sim 19
Não 16
Temas Predominantes
Caso DSK [em geral] 23
FMI 4
Demissão DSK do FMI 3
Liderança FMI 5
Biografia -
Eleições Presidenciais -
Repercussões -
Portugal -
EUA e França -
Outros 2
Editoria
Mundo 32
Economia 4
Outra 1
Autoria
Jornal 6
Comunicados 5
Agências 4
Jornal + Agência 3
Jornais Estrangeiros -
Jornal + Jornais Estrangeiros -
Não Identificado 19
Palavras-chave
Dominique Strauss-Kahn 223
FMI 152
20
França 78
EUA 115
Portugal 16
Eleições Presidenciais 10
Socialismo/PS 13
Vítima 18
Escândalo 9
Hotel 45
Empregada 32
Crise 10
Agressão-sexual 77
Linhas de Texto 30
Anexo 4 Tabela Correio da Manhã
Correio da Manhã Dimensão Variáveis Quantificação
Número total de Notícias 48
Género Jornalístico
Notícia 41
Reportagem 1
Breve 5
Crónica 2
Vídeo -
Infografia -
Opinião -
Editorial -
Fotografia
Sim 48
Não -
Temas Predominantes
Caso DSK [em geral] 38
FMI -
Demissão DSK do FMI 2
Liderança FMI 7
Biografia -
Eleições Presidenciais 1
Repercussões -
Portugal 1
EUA e França -
Outros -
Editoria
Mundo 44
Economia 3
Outra 2
Autoria
21
Jornal 5
Comunicados 4
Agências 4
Jornal + Agência 3
Jornais Estrangeiros 3
Jornal + Jornais Estrangeiros -
Não Identificado 29
Palavras-chave
Dominique Strauss-Kahn 276
FMI 151
França 127
EUA 113
Portugal 16
Eleições Presidenciais 25
Socialismo/PS 42
Vítima 12
Escândalo 9
Hotel 70
Empregada 54
Crise -
Agressão-sexual 89
Linhas de Texto 50