Upload
others
View
7
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACENTRO DE CIΓNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PΓS-GRADUAΓΓO EM MATEMΓTICA
Juliana Borges Pedrotti
O ANEL DE GREEN DA ΓLGEBRA DE TAFT
Santa Maria, RS2019
Juliana Borges Pedrotti
O ANEL DE GREEN DA ΓLGEBRA DE TAFT
Dissertação apresentada ao Curso dePós-Graduação em MatemÑtica, daUniversidade Federal de Santa Maria(UFSM, RS), como requisito parcialpara a obtenção do grau de Mestre emMatemÑtica.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Daiana Aparecida da Silva FlΓ΄resCOORIENTADORA: Profa. Dra. Saradia Sturza Della Flora
Santa Maria, RS2019
Sistema de geração automÑtica de ficha catalogrÑfica da UFSM. Dados fornecidos pelo autor(a). Sob supervisão da Direção da Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central. BibliotecÑria responsÑvel Paula Schoenfeldt Patta CRB 10/1728.
Borges Pedrotti, Juliana O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft / Juliana BorgesPedrotti.- 2019. 99 f.; 30 cm
Orientadora: Daiana Aparecida da Silva FlΓ΄res Coorientadora: Saradia Sturza Della Flora Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de SantaMaria, Centro de CiΓͺncias Naturais e Exatas, Programa dePΓ³s-Graduação em MatemΓ‘tica, RS, 2019
1. Γlgebra de Taft 2. Anel de Green 3. MΓ³dulosIndecomponΓveis 4. Produto Tensorial de MΓ³dulos I.Aparecida da Silva FlΓ΄res, Daiana II. Sturza DellaFlora, Saradia III. TΓtulo.
Juliana Borges Pedrotti
O ANEL DE GREEN DA ΓT,Γ§EBRA DE TAFT
Dissertaçã;o apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em MatemÑtica, da
Universidade Federal de Sanla Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
MatemΓ‘tica,
Aprovado em 28 de junho de 2019;
ΓPresidenta/ Orientadoqa)
Saradia (uFsM)(Coorientadora)
BΓ‘rbara Seelig Pogorelsky (UFRGS)
Santa Maria, RS
201S
Γ£iana Aparecida da Sihxa FlΓ΄res (UFSM)
'Γ©rto Lazzarin (UFSM)
Agradecimentos
AgradeΓ§o Γ Deus, por sempre me guiar e mostrar que Γ© possΓvel.
Aos meus pais Rita e Manoel, e aos meus irmΓ£os, por todo carinho que semprerecebi, principalmente nestes anos em que estive distante.
Ao Leonardo, pelo companheirismo e incentivo desde o inΓcio da minha jornadana matemΓ‘tica. Obrigada por sempre estar disposto a me ajudar, me ouvir e viver estesonho comigo.
Γ famΓlia do Leonardo, por todo amparo e apoio.
Aos meus colegas de mestrado pelos momentos de descontração, pelas jantas, jogosde truco, estudos e pela parceria durante estes anos. Em especial Γ Poli e Γ Ste pelaamizade, por me acalmar nos momentos difΓceis e por tornarem meus dias em SantaMaria mais felizes.
As minhas orientadoras Daiana e Saradia, por todos os ensinamentos, dedicaçãoe confianΓ§a que depositaram em mim quando aceitaram me orientar. Obrigada pelapaciΓͺncia e compreensΓ£o durante essa caminhada.
Ao professor MaurΓcio, por todo auxΓlio e incentivo durante o mestrado.
Aos professores da UFPel, Giovanni, Lisandra e Camila, que sempre estiveramdispostos a me ajudar e ensinar. Em especial, a professora Andrea por me mostrar abeleza da Γlgebra e por me motivar a continuar os estudos.
Agradeço a professora BÑrbara Seelig Pogorelsky e ao professor João RobertoLazzarin por terem aceitado participar da banca, e pelas sugestáes e correçáes dadas.
Γ CAPES, pelo apoio financeiro.
"Se vocΓͺ jΓ‘ passou a noite toda acordado e chorou atΓ© acabarem as lΓ‘grimas...EntΓ£o, sabe que no fim somos acometidos por uma grande calma."
(C. S. Lewis - O LeΓ£o, a Feiticeira e o Guarda-Roupa).
RESUMOO ANEL DE GREEN DA ΓLGEBRA DE TAFT
AUTORA: Juliana Borges PedrottiORIENTADORA: Daiana Aparecida da Silva FlΓ΄res
COORIENTADORA: Saradia Sturza Della Flora
O objetivo deste trabalho Γ© caracterizar o anel de Green da Γ‘lgebra de Taft, denotada porππ(π), onde π Γ© um inteiro positivo maior que 1 e π Γ© uma raiz π -Γ©sima primitiva daunidade. O anel de Green, denotado por π(ππ(π)), Γ© gerado pelas classes de isomorfismos[π ] de ππ(π)-mΓ³dulos de dimensΓ£o finita com adição dada por [π ] + [π ] = [π β π ]e multiplicação dada pelo produto tensorial e possui uma Z-base dada pelas classes deisomorfismos de ππ(π)-mΓ³dulos indecomponΓveis de dimensΓ£o finita. Neste trabalho des-crevemos os ππ(π)-mΓ³dulos indecomponΓveis e o produto tensorial entre estes. A partirdisto mostramos que π(ππ(π)) Γ© um anel comutativo gerado por dois elementos sujeitos adeterminadas relaçáes.
Palavras-chaves: Γlgebra de Taft. Anel de Green. MΓ³dulos IndecomponΓveis. ProdutoTensorial de MΓ³dulos.
ABSTRACTTHE GREEN RING OF TAFT ALGEBRA
AUTHOR: Juliana Borges PedrottiADVISOR: Daiana Aparecida da Silva FlΓ΄resCO-ADVISOR: Saradia Sturza Della Flora
The aim of this work is to characterize the Green ring of Taft algebra, denoted by ππ(π),where π is a positive integer greater than 1 and π is a primitive root of unity of orderπ . The Green ring, denoted by π(ππ(π)), is generated by the isomorphism classes [π ]of finite dimensional ππ(π)-modules with addition given by [π ] + [π ] = [π β π ] andmultiplication given by the tensor product and it has a -basis given by the classes of iso-morphisms of indecomposable finite dimensional ππ(π)-modules. In this work we describethe indecomposable ππ(π)-modules and the tensorial product between these. From thatwe show that π(ππ(π)) is a commutative ring generated by two elements subject to certainrelations.
Key-words: Taft Algebra. Green Ring. Indecomposable Modules. Tensor Product ofModules.
SumΓ‘rio
1 INTRODUΓΓO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 PRΓ-REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.1 Γlgebras e Γ‘lgebras livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.2 MΓ³dulos sobre Γ‘lgebras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202.2.1 MΓ³dulos livres, projetivos e injetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252.2.2 MΓ³dulos indecomponΓveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302.2.3 Semissimplicidade e radical de Jacobson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372.2.4 O radical de um mΓ³dulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452.3 Γlgebras de Hopf . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 492.3.1 Γlgebra de Taft . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.3.2 O Teorema de Maschke . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 622.3.3 O anel de Green de uma Γ‘lgebra de Hopf . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3 O ANEL DE GREEN DA ΓLGEBRA DE TAFT. . . . . . . . . . . . 693.1 MΓ³dulos de dimensΓ£o finita da Γ‘lgebra de Taft . . . . . . . . . . . . 693.1.1 MΓ³dulos simples de dimensΓ£o finita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 693.1.2 MΓ³dulos indecomponΓveis de dimensΓ£o finita . . . . . . . . . . . . . . . . 733.2 O produto tensorial de mΓ³dulos indecomponΓveis . . . . . . . . . . . 79
REFERΓNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
10
1 Introdução
Na teoria de representaçáes finito-dimensionais de uma Γ‘lgebra de Hopf π» as re-presentaçáes indecomponΓveis e o produto tensorial entre estas desempenham um papelde destaque. Entretanto, o cΓ‘lculo de ambos nΓ£o Γ©, em geral, uma tarefa fΓ‘cil. AlΓ©m disso,a decomposição do produto tensorial de representaçáes indecomponΓveis em soma diretade indecomponΓveis tem sido explorada em diversos trabalhos, (CHEN, 2002), (GUNN-LAUGSDΓTTIR, 2003), (CIBILS, 1993) e (LI, L.; ZHANG, Y., 2013). Tendo calculadoestes ingredientes podemos resumir estas informaçáes no anel de representaçáes finito-dimensionais de π», denotado por π(π»). Precisamente π(π») Γ© gerado pelas classes de iso-morfismos [π ] de π»-mΓ³dulos de dimensΓ£o finita com adição dada por [π ]+[π ] = [πβπ ]e multiplicação dada pelo produto tensorial. Mais ainda, o anel π(π») Γ© gerado pelas classesde isomorfismos de π»-mΓ³dulos indecomponΓveis de dimensΓ£o finita.
O anel de representaçáes finito-dimensionais tambΓ©m Γ© chamado de anel de Green,por conta dos trabalhos pioneiros de J.A. Green (GREEN, 1962) e (GRENN, 1964) nestadireção, para o caso de Γ‘lgebras de grupo. O interessante desta abordagem Γ© que podemosobter resultados sobre a Γ‘lgebra a partir das propriedades da estrutura multiplicativa desteanel. Por exemplo, a Γ‘lgebra de grupo kπΊ Γ© de tipo finito se e somente se nΓ£o existemelementos nilpotentes em π(kπΊ) (BENSON, 1996).
Pode-se dizer que o anel de Green é tão interessante quanto o anel de Grothendi-eck, outra ferramenta interessante na teoria de representaçáes. Em (LORENZ, 1997) e(WITHERSPOON, 1996) os autores mostram que para uma Ñlgebra de Hopf semissim-ples de dimensão finita, o anel de Green é igual ao anel de Grothendieck. No caso geral,entretanto, calcular o anel de Green costuma ter um grau de complexidade um poucomaior que calcular o anel de Grothendieck.
Neste trabalho calculamos o anel de Green da Γ‘lgebra de Taft ππ(π), conforme otrabalho de (CHEN, H.; VAN OYSTAEYEN F.; ZHANG, Y., 2014). Destacamos queeste foi o primeiro exemplo calculado explicitamente de um anel de Green que difere doanel de Grothendieck, uma vez que a Γ‘lgebra de Taft nΓ£o Γ© semissimples. Este trabalhoestΓ‘ organizado da seguinte maneira. No primeiro capΓtulo abordaremos os prΓ©-requisitosnecessΓ‘rios para o desenvolvimento do capΓtulo subsequente. Este aborda, em particular,as noçáes de Γ‘lgebras livres e Γ‘lgebras de Hopf, uma vez que a Γ‘lgebra de Taft Γ© o quo-ciente de uma Γ‘lgebra livre, a qual Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf. AlΓ©m disso, tendo em vistanosso objetivo, necessitamos tratar de resultados clΓ‘ssicos da teoria de mΓ³dulos sobreuma Γ‘lgebra, sobretudo abordamos as noçáes de mΓ³dulos livres, projetivos, injetivos esemissimples; bem como da noção de radical de um mΓ³dulo. Para encerrar este capΓtulo,
CapΓtulo 1. Introdução 11
introduzimos o anel de Green de uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£o finita. O segundo capΓ-tulo Γ© inteiramente dedicado ao cΓ‘lculo do anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. Os resultadossΓ£o desenvolvidos conforme (CHEN, H.; VAN OYSTAEYEN F.; ZHANG, Y., 2014). Naprimeira seção sΓ£o calculados os ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda simples e indecomponΓveis dedimensΓ£o finita. Mostramos que existem π2 ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveisde dimensΓ£o finita nΓ£o isomorfos (ver Teorema 3.1.11). A seguir apresentamos uma des-crição do produto tensorial destes mΓ³dulos indecomponΓveis, com base nos trabalhos de(CIBILS, 1993) e (GUNNLAUGSDΓTTIR, 2003). Por fim, descrevemos o anel de Greenπ(ππ(π)), mostrando que este Γ© um anel comutativo gerado por dois elementos, sujeito acertas relaçáes.
Ao longo deste trabalho k denota um corpo, todos os espaΓ§os vetoriais aqui consi-derados sΓ£o sobre k e todas as aplicaçáes sΓ£o transformaçáes k-lineares. Denotaremos oproduto tensorial sobre k simplesmente por β. AlΓ©m disso, para cada π inteiro positivo,denotaremos por πΌπ = {0, 1, Β· Β· Β· , π}, e para quaisquer π , π‘ inteiros positivos tais que π β€ π‘,denotaremos por πΌπ ,π‘ = {π β Z | π β€ π β€ π‘}. AlΓ©m disso, para cada π subconjunto de umk-espaΓ§o vetorial π denotaremos por π πππ{π} = {βπβπΌπ
πΌππ π | πΌπ β k, π π β π}.
12
2 PrΓ©-Requisitos
Neste capΓtulo iremos introduzir as ferramentas necessΓ‘rias para o desenvolvimentodeste trabalho que tem por objetivo principal calcular os mΓ³dulos Γ esquerda indecompo-nΓveis da Γ‘lgebra de Taft.
ComeΓ§aremos este capΓtulo com os conceitos de Γ‘lgebras e Γ‘lgebras livres. A cercadestes provaremos resultados que serΓ£o fundamentais para mostrarmos que a Γ‘lgebra deTaft Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf. Posteriormente, daremos a definição de mΓ³dulos sobreuma Γ‘lgebra, com o intuito de estudarmos propriedades sobre os mΓ³dulos projetivos eindecomponΓveis. AlΓ©m disso, apresentaremos alguns resultados importantes da teoria deΓ‘lgebras de Hopf de dimensΓ£o finita e de semissimplicidade.
2.1 Γlgebras e Γ‘lgebras livresNesta seção iremos definir, bem como apresentar alguns resultados e exemplos
importantes sobre Ñlgebras e Ñlgebras livres. Além disso, nosso principal objetivo serÑintroduzir o objeto de estudo deste trabalho, a Ñlgebra de Taft, a qual é um quocientede uma Ñlgebra livre. Os resultados apresentados nesta seção podem ser encontrados em(KASSEL, 1995) e (COHN, 2003).
Definição 2.1.1. Uma Γ‘lgebra sobre um corpo k, ou simplesmente uma k-Γ‘lgebra, Γ© um k-espaΓ§o vetorial π΄ munido de duas transformaçáes lineares π : π΄βπ΄ ββ π΄ e π’ : k ββ π΄,tais que os seguintes diagramas sΓ£o comutativos:
π΄β π΄β π΄πβπΌππ΄ //
πΌππ΄βπ
οΏ½οΏ½
π΄β π΄
π
οΏ½οΏ½π΄β π΄ π
// π΄
π΄β π΄
π
οΏ½οΏ½
kβ π΄
π%%
π’βπΌππ΄
99
π΄β k
πyy
πΌππ΄βπ’ee
π΄.
As aplicaçáes π e π’ sΓ£o chamadas de multiplicação e unidade, respectivamente, edenotaremos π’(1k) = 1π΄. A aplicação π : kβπ΄ ββ π΄ denota o isomorfismo canΓ΄nico, ouseja, π(1k β π) = π, para todo π β π΄. Notemos que o primeiro diagrama Γ© a relação deassociatividade da multiplicação, enquanto o segundo, descreve a existΓͺncia da unidadede π΄.
Exemplo 2.1.2. O corpo k é uma k-Ñlgebra com as operaçáes usuais.
Exemplo 2.1.3. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra com multiplicação π e unidade π’. Definimosπππ = π β π , onde π :π΄βπ΄ ββ π΄βπ΄ Γ© a transformação twist dada por π(πβ π) = πβ π,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 13
para quaisquer π, π β π΄. EntΓ£o, (π΄,πππ, π’) Γ© uma k-Γ‘lgebra, a qual chamaremos deΓ‘lgebra aposta e denotaremos por π΄ππ.
Exemplo 2.1.4. Sejam π΄ e π΅ duas k-Γ‘lgebras com multiplicaçáes ππ΄ e ππ΅ e unidadesπ’π΄ e π’π΅, respectivamente. EntΓ£o, π΄ β π΅ Γ© uma k-Γ‘lgebra com multiplicação dada porππ΄βπ΅ = (ππ΄ β ππ΅) β (πΌππ΄ β π β πΌππ΅) e unidade dada por π’π΄βπ΅ = (π’π΄ β π’π΅) β π, ondeπ :π΅ βπ΄ ββ π΄βπ΅ Γ© a transformação twist e π : k ββ kβ k Γ© o isomorfismo canΓ΄nico.
Exemplo 2.1.5. Seja (πΊ, Β·) um grupo multiplicativo. Denotamos por kπΊ o k-espaΓ§ovetorial com base {π | π β πΊ}. Definimos π : kπΊ β kπΊ ββ kπΊ por π(π β β) = πβ, paraquaisquer π, β β πΊ, e π’ : k ββ kπΊ por π’(1k) = 1πΊ. Claramente kπΊ Γ© uma k-Γ‘lgebra viaπ e π’, chamada de Γ‘lgebra de grupo.
Exemplo 2.1.6. Seja ππ(k) o conjunto das matrizes π Γ π com entradas em k. EntΓ£o,ππ(k) tem uma estrutura de k-Γ‘lgebra com a multiplicação usual de matrizes e unidadedada pela aplicação que associa 1k a matriz identidade.
Exemplo 2.1.7. Seja k um corpo que contΓ©m uma raiz π -Γ©sima primitiva da unidadeπ. Considere kπ2 β ππ(k) como k-espaΓ§o vetorial. Iremos munir kπ2 com um produto,diferente do produto usual de matrizes. Seja {ππ,π | π, π β πΌπβ1} a base canΓ΄nica de kπ2 , ouseja, ππ,π Γ© a matriz que tem 1 na posição ππ e 0 nas demais. Definimos π : kπ2 βkπ2 β kπ2
por
π(ππ,π β ππ ,π‘) = ππ,πππ ,π‘ =
β§βͺβ¨βͺβ©πππ ππβπ ,π+π‘, se π + π‘ < π,
0, se π + π‘ β₯ π ;
onde β indica a soma de Zπ . Seja πΎ := πΎπΌπβ1 a função πΎ = πΎπΌπβ1 : N ββ {0, 1} dada porπΎ(π) = 1 se π β πΌπβ1 e πΎ(π) = 0 se π /β πΌπβ1. Com isso, e convencionando que ππ,π = 0 seπ > π , o produto Γ© dado por ππ,πππ ,π‘ = πΎ(π+ π‘)πππ ππβπ ,π+π‘. Vejamos que kπ2 Γ© uma Γ‘lgebraassociativa e unitΓ‘ria com esta multiplicação. De fato,
(ππ,πππ ,π‘)ππ’,π£ = (πΎ(π + π‘)πππ ππβπ ,π+π‘)ππ’,π£= πΎ(π + π‘)πΎ((π + π‘) + π£)πππ π(π+π‘)π’π(πβπ )βπ’,(π+π‘)+π£.
Por outro lado,
ππ,π(ππ ,π‘ππ’,π£) = ππ,π(πΎ(π‘+ π£)ππ‘π’ππ βπ’,π‘+π£)
= πΎ(π‘+ π£)πΎ(π + (π‘+ π£))ππ‘π’ππ(π βπ’)ππβ(π βπ’),π+(π‘+π£).
Como (π + π‘) + π£ = π + (π‘+ π£) e π + π‘+ π£ β πΌπβ1 implica que π + π‘ β πΌπβ1 e π‘+ π£ β πΌπβ1,segue que πΎ(π + π‘)πΎ((π + π‘) + π£) = πΎ(π + π‘+ π£) = πΎ(π‘+ π£)πΎ(π + (π‘+ π£)). TambΓ©m Γ© claroque (π β π ) β π’ = π β (π β π’). AlΓ©m disso, como π Γ© uma raiz π -Γ©sima (primitiva) da
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 14
unidade, segue que ππ(π βπ’) = ππ(π +π’) = πππ +ππ’, e assim ππ‘π’ππ(π βπ’) = ππ‘π’+ππ +ππ’ = πππ π(π+π‘)π’.Portanto, (ππ,πππ ,π‘)ππ’,π£ = ππ,π(ππ ,π‘ππ’,π£). Vejamos que π0,0 Γ© a unidade. De fato,
π0,0ππ,π = πΎ(0 + π)π0.ππ0βπ,0+π = πΎ(π)π0ππ,π = ππ,π
e, ππ,ππ0,0 = πΎ(π+ 0)ππ.0ππβ0,π+0πΎ(π)π0ππ,π = ππ,π. Esta Γ‘lgebra serΓ‘ denotada por ππ2 .
Lema 2.1.8. Em ππ2 valem as seguintes relaçáes:
(i) π0,1π1,0 = ππ1,0π0,1;
(ii) (π1,0)π = πππππ(π),0, para todo π β N;
(iii) (π0,1)π = πΎ(π)π0,π, para todo π β N. Em particular, (π0,1)π = 0.
Demonstração. (i) Note que π0,1π1,0 = πΎ(1 + 0)π1.1π0β1,1+0 = πΎ(1)π1π1,1 = ππ1,1. Por outrolado, π1,0π0,1 = πΎ(0 + 1)π0.0π1β0,0+1 = πΎ(1)π0π1,1 = π1,1. Logo, π0,1π1,0 = ππ1,0π0,1.
(ii) FaΓ§amos indução sobre π. Para π = 0 e π = 1 Γ© claro. Suponhamos o resultado vΓ‘lidopara π e provemos para π + 1. De fato,
(π1,0)π+1 =(π1,0)ππ1,0 = πππππ(π),0π1,0 = πΎ(0 + 0)π0.1πππππ(π)β1,0+0
=πΎ(0)π0ππ+1πππ(π),0 = ππ+1πππ(π),0.
(iii) Faremos indução sobre π. Para π = 0 e π = 1 Γ© claro. Suponhamos o resultado vΓ‘lidopara π e provemos para π + 1. Com efeito,
(π0,1)π+1 =(π0,1)ππ0,1 = πΎ(π)π0,ππ0,1
=πΎ(π)πΎ(π + 1)ππ.0π0β0,π+1 = πΎ(π + 1)π0,π+1.
Definição 2.1.9. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π΅ um k-subespaΓ§o vetorial de π΄. Dizemosque π΅ Γ© uma k-subΓ‘lgebra de π΄ se π(π΅ βπ΅) β π΅ e π’(1k) β π΅.
Definição 2.1.10. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e πΌ um k-subespaΓ§o vetorial de π΄. Dizemosque πΌ Γ© um ideal Γ esquerda de π΄ se π(π΄ β πΌ) β πΌ. Analogamente, define-se ideal Γ direita de π΄. Diremos que πΌ Γ© um ideal bilateral, ou simplesmente um ideal de π΄ se πΌ Γ©um ideal Γ esquerda e Γ direita de π΄.
Exemplo 2.1.11. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um subconjunto nΓ£o vazio de π΄. O ideal Γ esquerda gerado por π Γ© o conjunto π΄π = {βπβπΌ1,π
πππ π | ππ β π΄ e π π β π}. Analogamente,definimos o ideal Γ direita gerado por π, ππ΄; e o ideal bilateral gerado por π, π΄ππ΄.
Observação 2.1.12. Se π΄π = ππ΄, entΓ£o claramente o ideal Γ esquerda gerado por π Γ©um ideal bilateral de π΄ e neste caso serΓ‘ denotado por β¨πβ©. No caso que π tem um ΓΊnicoelemento π , entΓ£o β¨πβ© Γ© o ideal principal gerado por π o qual serΓ‘ denotado por β¨π β©.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 15
Definição 2.1.13. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e πΌ um ideal Γ esquerda de π΄, πΌ = π΄. Dizemosque πΌ Γ© um ideal Γ esquerda maximal de π΄ se para qualquer ideal Γ esquerda π½ de π΄
satisfazendo πΌ β π½ β π΄, entΓ£o πΌ = π½ ou π½ = π΄. Dizemos ainda que πΌ = {0} Γ© umideal Γ esquerda minimal de π΄ se para qualquer ideal Γ esquerda π½ de π΄ satisfazendo{0} β π½ β πΌ, entΓ£o π½ = {0} ou π½ = πΌ.
Observação 2.1.14. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π΅π, π β πΌ1,π, ideais Γ esquerda de π΄.Suponha que π΄ = β¨
πβπΌ1,ππ΅π. Assim, 1π΄ = β
πβπΌ1,πππ, com ππ β π΅π, π β πΌ1,π. Notemos
que 1π΄ππ = βπβπΌ1,π
ππππ e pela unicidade da escrita, segue que ππππ = ππ2 = ππ e ππππ = 0,
para todo π = π, π, π β πΌ1,π. AlΓ©m disso, temos que π΅π = π΄ππ, pois ππ β π΅π, e π΅π Γ©ideal Γ esquerda de π΄, π β πΌ1,π, assim π΄ππ β π΅π. Reciprocamente, seja π β π΅π, entΓ£oπ = π1π΄ = β
πβπΌ1,ππππ. Logo, πππ = π, ou seja, π΅π β π΄ππ. Consequentemente, π΅π = π΄ππ.
Por outro lado, suponha que existem ππ β π΄, π β πΌ1,π, cuja soma Γ© igual a 1π΄, ππππ = 0, paratodo π = π β πΌ1,π, ππ2 = ππ, π β πΌ1,π e considere π΅π = π΄ππ. Vejamos que π΄ = β¨
πβπΌ1,ππ΅π.
Seja π β π΄, entΓ£o π1π΄ = πβπβπΌ1,π
ππ = βπβπΌ1,π
πππ, e desta forma π΄ = βππ=1 π΅π. Mais
ainda, seja π β π΅π β© (βπ =πβπΌ1,ππ΅π), entΓ£o π = ππππ β π΅π e π = βπβπΌ1,π
ππππ β βπ =πβπΌ1,ππ΅π,
π = π. Assim, πππ = ππππππ = ππππ2 = ππππ = π e πππ = β
πβπΌ1,πππππππ = 0, pois ππππ = 0, para
todo π = π β πΌ1,π. Portanto, π = 0 e π΄ = β¨πβπΌπ
π΅π.
Com isso mostramos que dados π΅π, π β πΌ1,π ideais Γ esquerda de π΄, π΄ = β¨πβπΌπ
π΅π
se e somente se existem idempotentes ππ β π΄, π β πΌ1,π tais que βπβπΌ1,πππ = 1π΄, ππππ = 0,
para todo π = π β πΌ1,π e π΅π = π΄ππ.
Definição 2.1.15. Sejam π΄ e π΅ k-Γ‘lgebras com multiplicaçáes ππ΄ e ππ΅ e unidades π’π΄e π’π΅, respectivamente. Uma transformação linear π : π΄ ββ π΅ Γ© um homomorfismo dek-Γ‘lgebras se os seguintes diagramas sΓ£o comutativos:
π΄β π΄πβπ //
ππ΄
οΏ½οΏ½
π΅ βπ΅
ππ΅
οΏ½οΏ½π΄
π// π΅
k π’π΄ //
π’π΅
οΏ½οΏ½
π΄
π
οΏ½οΏ½π΅.
A comutatividade do primeiro diagrama acima pode ser reescrita da seguinte ma-neira:
π(ππ) = π(π)π(π)
para quaisquer π,π β π΄. JΓ‘ a comutatividade do segundo diagrama significa simplesmenteque
π(1π΄) = 1π΅.
Assim como no caso de grupos e anΓ©is, dado um homomorfismo de k-Γ‘lgebrasπ :π΄ ββ π΅ definimos o nΓΊcleo de π por πΎππ(π) = {π β π΄ | π(π) = 0} e a imagem de π
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 16
por πΌπ(π) = {π(π) | π β π΄}. Γ fΓ‘cil ver que, πΎππ(π) Γ© um ideal de π΄ e πΌπ(π) Γ© uma k-subΓ‘lgebra de π΅. AlΓ©m disso, se πΌ Γ© um ideal de π΄ tal que πΌ β πΎππ(π), podemos mostrarque existe uma ΓΊnica estrutura de k-Γ‘lgebra no k-espaΓ§o vetorial π΄/πΌ tal que a funçãoπ :π΄/πΌ ββ π΅ dada por π(π) = π(π), para todo π β π΄, Γ© um homomorfismo de k-Γ‘lgebras.Um homomorfismo injetor de k-Γ‘lgebras Γ© dito um monomorfismo, um homomorfismosobrejetor Γ© dito um epimorfismo e um homomorfismo bijetor Γ© dito um isomorfismo. Nocaso que π Γ© um isomorfismo, as k-Γ‘lgebras π΄ e π΅ sΓ£o ditas isomorfas e denotaremos porπ΄ β π΅. Em particular, se π Γ© um homomorfismo injetor entΓ£o π΄/πΎππ(π) β πΌπ(π), queΓ© conhecido como o teorema do isomorfismo.
Nosso objetivo com este trabalho serÑ descrever o anel de Green da Ñlgebra de Taft,a qual é o quociente de uma Ñlgebra livre. Por esta razão, vamos apresentar a definiçãoe alguns resultados sobre Ñlgebras livres, a qual serÑ dada pela seguinte propriedadeuniversal.
Definição 2.1.16. Uma Γ‘lgebra livre sobre um conjunto nΓ£o vazio π Γ© um par (πΏ, πΌ),onde πΏ Γ© uma k-Γ‘lgebra e πΌ : π ββ πΏ Γ© uma função tal que para qualquer k-Γ‘lgebra π΄ equalquer função π :π ββ π΄ existe um ΓΊnico homomorfismo de k-Γ‘lgebras π :πΏ ββ π΄ talque o seguinte diagrama Γ© comutativo:
ππ //
πΌ
οΏ½οΏ½
π΄
πΏ.
π
??
Dado π um conjunto nΓ£o vazio, vejamos que existe uma Γ‘lgebra livre sobre X.Dizemos que uma palavra de tamanho π em π, π β N Γ© uma π-upla (π₯1, π₯2, ..., π₯π) β ππ.Uma palavra de tamanho zero Γ© a palavra vazia. A fim de facilitar a escrita, denotaremosuma palavra (π₯1, π₯2, ..., π₯π) por π₯1π₯2...π₯π. AlΓ©m disso, se π₯1 = π₯2 = ... = π₯π, denotamosπ₯1π₯2...π₯π = π₯π1 . Consideremos kβ¨πβ© o k-espaΓ§o vetorial com base dada pelo conjunto detodas as palavras sobre π. Definimos a multiplicação em kβ¨πβ© pela concatenação, isto Γ©,dadas π₯1π₯2...π₯π, π¦1π¦2...π¦π β kβ¨πβ© temos que
π₯1π₯2...π₯π Β· π¦1π¦2...π¦π = π₯1π₯2...π₯ππ¦1...π¦π,
a qual Γ© uma palavra de tamanho π + π em kβ¨πβ©. Observemos que a concatenação depalavras Γ© associativa, assim a multiplicação tambΓ©m o Γ©. AlΓ©m disso, a palavra vazia Γ©a unidade. Notemos que (kβ¨πβ©, π), onde π Γ© a inclusΓ£o canΓ΄nica de π em kβ¨πβ©, satisfaza Definição 2.1.16. Com efeito, sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π : π ββ π΄ uma função.Considere π : kβ¨πβ© ββ π΄ dada por π(π₯1π₯2...π₯π) = π(π₯1)π(π₯2) Β· Β· Β· π(π₯π) e π aplicada napalavra vazia igual a 1π΄. Claramente π Γ© um homomorfismo de Γ‘lgebras. Para mostrar
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 17
a unicidade, suponhamos que exista π : kβ¨πβ© ββ π΄ homomorfismo de Γ‘lgebras tal queπ β π = π . EntΓ£o, para qualquer π₯1π₯2 Β· Β· Β·π₯π β kβ¨πβ© temos
π(π₯1π₯2...π₯π) = π(π₯1)π(π₯2) Β· Β· Β· π(π₯π) = π(π(π₯1))π(π(π₯2)) Β· Β· Β· π(π(π₯π))
= π(π₯1)π(π₯2) Β· Β· Β· π(π₯π) = π(π₯1π₯2...π₯π).
Logo, π Γ© o ΓΊnico homomorfismo de Γ‘lgebras tal que π β π = π . Portanto, (kβ¨πβ©, π) Γ©uma Γ‘lgebra livre. Mais ainda, vejamos que (kβ¨πβ©, π) Γ© a ΓΊnica Γ‘lgebra livre a menos deisomorfismo. Para isso, suponhamos que (πΏ, π) seja outra Γ‘lgebra livre. Como (kβ¨πβ©, π) Γ©uma Γ‘lgebra livre, entΓ£o existe um ΓΊnico homomorfismo de k-Γ‘lgebras tal que o seguintediagrama Γ© comutativo:
ππ //
π
οΏ½οΏ½
πΏ
kβ¨πβ©.
π
==
Por outro lado, como (πΏ, π) Γ© uma Γ‘lgebra livre, existe um ΓΊnico homomorfismo de k-Γ‘lgebras tal que o seguinte diagrama Γ© comutativo:
ππ //
π
οΏ½οΏ½
kβ¨πβ©
πΏ.
β
==
Assim, como πβ π = π e ββπ = π entΓ£o, (πββ)βπ = π e consequentemente, πββ = πΌπkβ¨πβ©.Analogamente, β β π = πΌππΏ.
Exemplo 2.1.17. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Em particular, π΄ Γ© um conjunto e assimpodemos considerar a Γ‘lgebra livre (kβ¨π΄β©, π). Considerando a função identidade de A,πΌππ΄ :π΄ ββ π΄, entΓ£o pela propriedade universal da Γ‘lgebra livre temos que existe ΓΊnicohomomorfismo de k-Γ‘lgebras πΌππ΄ : kβ¨π΄β© ββ π΄ tal que πΌππ΄ β π = πΌππ΄. Assim, peloteorema do isomorfismo, segue que, kβ¨π΄β©/πΎππ(πΌπ) β π΄. Isso nos diz que toda Γ‘lgebra Γ©o quociente de uma Γ‘lgebra livre.
Definição 2.1.18. Sejam π um conjunto e π β kβ¨πβ©. A Γ‘lgebra livre gerada por π erelaçáes π Γ© o quociente kβ¨πβ©/β¨πβ©.
A partir da Definição 2.1.16 Γ© natural nos perguntarmos se o homomorfismo dek-Γ‘lgebras π pode induzir um homomorfismo de Γ‘lgebras π : kβ¨πβ©/β¨πβ© ββ π΄. Veremosna proposição a seguir que sob determinadas condiçáes isto Γ© possΓvel.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 18
Proposição 2.1.19. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra, π um subconjunto nΓ£o vazio de kβ¨πβ© eπ :π ββ π΄ uma função. Se π :kβ¨πβ© ββ π΄ satisfaz π(π) = {0}, entΓ£o existe um ΓΊnicohomomorfismo de k-Γ‘lgebras π :kβ¨πβ©/β¨πβ© ββ π΄ tal que π β π = π , onde π Γ© a projeçãocanΓ΄nica de kβ¨πβ© em kβ¨πβ©/β¨πβ©.
Demonstração. Seja π :π ββ π΄ uma função, entΓ£o pela propriedade universal da Γ‘lgebralivre existe π : kβ¨πβ© ββ π΄ um homomorfismo de k-Γ‘lgebras tal que π β π = π . Seπ(π) = {0} mostremos que β¨πβ© β πΎππ(π). Seja π₯ = β
πβπΌ1,ππ₯ππ ππ¦π β β¨πβ©, onde π₯π,
π¦π β kβ¨πβ© e π π β π entΓ£o
π(π₯) = π(βπβπΌ1,π
π₯ππ ππ¦π) =βπβπΌ1,π
π(π₯π)π(π π)π(π¦π) = 0.
Assim, segue do teorema do isomorfismo que existe um ΓΊnico homomorfismo de Γ‘lgebrasπ :kβ¨πβ©/β¨πβ© ββ π΄ tal que π β π = π . Logo, (π β π)(π₯) = π(π₯) = π(πΌ(π₯)) = π(π₯), paratodo π₯ β π. Portanto, π β π = π .
Exemplo 2.1.20. Fixe um inteiro π β₯ 2 e suponha que k Γ© um corpo contendo umaraiz π -Γ©sima primitiva da unidade π. Sejam π = {β, π} e π = {βπ , ππ β 1, βπ β ππβ}.Definimos a Γ‘lgebra de Taft, denotada por ππ(π), como sendo a Γ‘lgebra gerada por π erelaçáes π , ou seja
ππ(π) = kβ¨ π, β | ππ = 1, βπ = 0, βπ = ππβ β©.
Lema 2.1.21. Seja ππ(π) a Γ‘lgebra de Taft. EntΓ£o,
(i) {ππβπ | π, π β πΌπβ1} Γ© uma base de ππ(π) sobre k;
(ii) βπππ = πππππβπ, para quaisquer π, π β πΌπβ1;
(iii) (βπβ1ππβ1β)π = (β1)ππβπππ(πβ1)2
2 ππ(πβ1)βπ, para todo π β N.
Demonstração. (i) Vejamos que ππ(π) β ππ2 como Γ‘lgebra, onde ππ2 Γ© a Γ‘lgebra intro-duzida no Exemplo 2.1.7. Definimos π :π ββ kπ2 por π(π) = π1,0 e π(β) = π0,1. Assim,pela propriedade universal da Γ‘lgebra livre, existe um ΓΊnico homomorfismo de Γ‘lgebrasπ : kβ¨πβ© ββ kπ2 tal que π(π) = π1,0 e π(β) = π0,1. AlΓ©m disso, pelo Lema 2.1.8, temosque
π(ππ β 1) = π(π)π β π(1) = (π1,0)π β π0,0 = πππππ(π),0 β π0,0 = π0,0 β π0,0 = 0,
π(βπ β ππβ) = π(β)π(π) β ππ(π)π(β) = π0,1π1,0 β ππ1,0π0,1 = 0,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 19
e, π(βπ) = π(β)π = (π0,1)π = 0. Portanto, π induz um ΓΊnico homomorfismo de Γ‘lgebrasπ β² : ππ(π) ββ kπ2 , satisfazendo π β²(π) = π1,0 e π β²(β) = π0,1. Definimos π : ππ2 ββ ππ(π)por π(ππ,π) = ππβπ, para todo π, π β πΌπβ1. Pelo Lema 2.1.8,
π β² β π(ππ,π) = π β²(ππβπ) = π β²(π)ππ β²(β)π = (π1,0)π(π0,1)π
= ππ,0π0,π = πΎ(0 + π)π0.0ππβ0,0+π = πΎ(π)ππ,π = ππ,π,
ou seja, π β² β π = πΌπππ2 . Por outro lado, temos que π β π β²(π) = π(π1,0) = π1β0 = π e(π β π β²)(β) = π(π0,1) = π0β1 = β, ou seja, π β π β² = πΌπππ (π). Logo, ππ(π) β ππ2 comok-Γ‘lgebra, e em particular, concluΓmos que dimk(ππ(π)) = π2 e {ππβπ | π, π β πΌπβ1} Γ©base de ππ(π).
(ii) Provemos que o resultado vale por indução sobre π. Claramente se π = 0, entΓ£oππ = π0ππ, para todo π β πΌπβ1. Se π = 1, vejamos que βππ = ππππβ, para todo π β πΌπβ1.De fato, para π = 0 Γ© claro, e para π = 1 temos que βπ = ππβ. Suponha que βππ = ππππβ emostremos que βππ+1 = ππ+1ππ+1β, para todo π β πΌπβ1. EntΓ£o,
βππ+1 = ππππβπ = (ππππβ)π = ππππππβ = ππ+1ππ+1β.
Com isso, suponha que o resultado vale para π e mostremos que vale para π + 1. Assim,
βπ+1ππ = ββπππ = β(πππππβπ) = πππ(βππ)βπ = (πππππππβ)βπ = ππ(π+1)ππβπ+1.
(iii) Faremos a prova por indução sobre π. PorΓ©m inicialmente provaremos algumas afir-maçáes que serΓ£o utilizadas para tal. Tomemos π§ = βπβ1ππβ1β e notemos que π§π = πππ§.Com efeito,
π§π = (βπβ1ππβ1β)π = βπβ1ππβ1βπ = βπβ1ππβ1ππβ = βππβ.
Por outro lado, πππ§ = ππ(βπβ1ππβ1β) = βππβ. AlΓ©m disso, pelo mesmo argumentoutilizado no item (ii), podemos ver que π§ππ = ππππ§π, para todo π β N. Mostremos porindução sobre π que (ππ§)π = π
π(πβ1)2 πππ§π, para todo π β N. Claramente vale para π = 1.
Suponha que seja vΓ‘lido para π e mostremos que vale para π+ 1. De fato,
(ππ§)π+1 = (ππ§)π(ππ§) = (ππ(πβ1)
2 πππ§π)(ππ§) = ππ(πβ1)
2 ππ(π§ππ)π§
= ππ(πβ1)
2 ππππππ§ππ§ = ππ(πβ1)
2 +πππ+1π§π+1 = π(π+1)π
2 ππ+1π§π+1.
Finalmente, provemos que (βπβ1ππβ1β)π = (β1)ππβπππ(πβ1)2
2 ππ(πβ1)βπ, para todo πβN. Paraπ = 1 Γ© claro. Suponhamos que o resultado seja vΓ‘lido para π e vejamos que vale paraπ+ 1.
(βπβ1ππβ)π+1 = (βπβ1ππβ)(βπβ1ππβ)π = (βπβ1ππβ)(π(βπβ1ππβ1β))π
= (βπβ1ππβ)(ππ§)π = (βπβ1ππβ)(ππ(πβ1)
2 πππ§π)
= βπβ1ππ(πβ1)
2 ππ(βππ)π§π = βπβ1ππ(πβ1)
2 ππ(ππππβ)π§π
= (βπβ1ππ(πβ1)
2 πππ2πβ)(βπβ1ππβ1β)π.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 20
Pela hipótese de indução, temos
(βπβ1ππβ)π+1 = (βπβ1π(πβ1)π
2 πππ2πβ)((β1)ππβπππ(πβ1)2
2 ππ(πβ1)βπ)
= β(β1)ππβ1π(πβ1)π
2 ππ(πβ1)2
2 π2π(βππ(πβ1))βπ
= (β1)π+1πβ1π(πβ1)π
2 ππ(πβ1)2
2 π2πππ(πβ1)ππ(πβ1)ββπ
= (β1)π+1πβ1π(πβ1)π
2 ππ(πβ1)2
2 ππ(πβ1)π2πππ(πβ1)βπ+1
= (β1)π+1πβπβ1π(π+1)π2
2 π2π+π(πβ1)βπ+1
= (β1)π+1πβ(π+1)π(π+1)π2
2 π(π+1)πβπ+1,
como querΓamos.
Lema 2.1.22. O ideal Γ esquerda gerado por β Γ© um ideal bilateral de ππ(π).
Demonstração. Seja π₯ = βπ,πβπΌπβ1 πΌπππ
πβπ β ππ(π), πΌππ β k, π, π β πΌπβ1. EntΓ£o, peloLema 2.1.21 (ii), temos
βπ₯ = β(β
π,πβπΌπβ1
πΌππππβπ) =
βπ,πβπΌπβ1
πππΌππππβπ+1 β ππ(π)β,
π₯β = (β
π,πβπΌπβ1
πΌππππβπ)β = β
βπ,πβπΌπβ1
πβππΌππππβπ β βππ(π).
Logo, pela Observação 2.1.12 temos que ππ(π)β Γ© um ideal bilateral de ππ(π).
A Γ‘lgebra de Taft definida no exemplo acima tem uma estrutura adicional, Γ sabera de Γ‘lgebra de Hopf, o que serΓ‘ mostrado na terceira seção deste capΓtulo.
2.2 Módulos sobre ÑlgebrasNesta seção apresentaremos a definição e alguns resultados importantes de módulos
sobre uma Γ‘lgebra. O objetivo Γ© estabelecer algumas propriedades que serΓ£o fundamen-tais ao longo deste trabalho e que envolvem classes especiais de mΓ³dulos, mΓ³dulos livres,projetivos, injetivos e indecomponΓveis. Por fim, introduziremos o conceito de semissim-plicidade e desenvolveremos um pouco da teoria necessΓ‘ria para o prΓ³ximo capΓtulo. Osresultados apresentados nesta seção podem ser encontrados em (MILIES, 1972), (LAM,1991), (ROTMAN, 2009), (SKOWRΓNSKI; YAMAGATA, 2011), (ASSEM; SIMSON;SKOWROΕSKI, 2006), (LINCKELMANN, 2018), (LEINSTER, 2014) e (CHEN, 2002).
Definição 2.2.1. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© um par (π,ππ)onde π Γ© um k-espaΓ§o vetorial e ππ : π΄βπ ββ π Γ© uma transformação linear tal que
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 21
os seguintes diagramas sΓ£o comutativos:
π΄β π΄βππΌππ΄βππ //
ππ΄βπΌππ
οΏ½οΏ½
π΄βπ
ππ
οΏ½οΏ½π΄βπ ππ
//π
kβππ’π΄βπΌππ //
π
##
π΄βπ
ππ
οΏ½οΏ½π.
A aplicação ππ Γ© chamada de ação de π΄ sobre π , diremos tambΓ©m que π΄ agesobre π . Denotaremos ππ(πβπ) simplesmente por ππ, para quaisquer π β π΄ e π β π .Assim, a comutatividade do primeiro diagrama da Definição 2.2.1 pode ser reescrita naforma:
(ππ)π = π(ππ),
para quaisquer π, π β π΄ e π β π . Enquanto, a comutatividade do segundo diagramasignifica simplesmente que:
1π΄π = π,
para todo π β π .
De maneira anΓ‘loga podemos definir π΄-mΓ³dulo Γ direita. Os resultados que serΓ£oapresentados neste trabalho valem tanto para π΄-mΓ³dulos Γ esquerda quanto para π΄-mΓ³dulos Γ direita, e as demonstraçáes sΓ£o feitas de maneira anΓ‘loga.
Exemplo 2.2.2. Todo k-espaço vetorial é um k-módulo à esquerda com as operaçáesusuais.
Exemplo 2.2.3. Toda k-Γ‘lgebra π΄ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda via multiplicação.
Denotaremos π΄ com estrutura de π΄-mΓ³dulo Γ esquerda (respectivamente Γ direita)por π΄π΄ (respectivamente π΄π΄).
Definição 2.2.4. Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π um k-subespaΓ§o vetorial de π .Dizemos que π Γ© um π΄-submΓ³dulo Γ esquerda de π , ou simplesmente, um submΓ³dulo Γ esquerda de π se ππ(π΄βπ) β π .
Exemplo 2.2.5. Claramente os π΄-submΓ³dulos Γ esquerda de uma k-Γ‘lgebra π΄ sΓ£o osideais Γ esquerda de π΄.
Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π β π um submΓ³dulo Γ esquerda de π .Considere π/π como k-espaΓ§o vetorial, e definimos ππ/π : π΄ β π/π ββ π/π porππ/π(πβπ) = ππ. Dessa forma, π/π possui estrutura de π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. AlΓ©mdisso, podemos notar que existe uma correspondΓͺncia biunΓvoca entre os submΓ³dulos Γ esquerda do quociente π/π e os submΓ³dulos Γ esquerda de π que contΓ©m π . Ou seja,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 22
para cada π΄-submΓ³dulo Γ esquerda πΎ de π com πΎ β π estΓ‘ associado um π΄-submΓ³duloΓ esquerda π de π/π . Reciprocamente, para cada π΄-submΓ³dulo Γ esquerda π de π/π
estΓ‘ associado um π΄-submΓ³dulo Γ esquerda πΎ de π com πΎ β π .
Observação 2.2.6. Sejam πΌ um ideal de π΄ e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, π Γ©π΄/πΌ-mΓ³dulo Γ esquerda via ππ=ππ, para todo πβπ΄,πβπ , se e somente se πΌπ={0}.Com efeito, suponha que π seja um π΄/πΌ-mΓ³dulo Γ esquerda via ππ = ππ, para todoπ β π΄,π β π . Em particular, para todo π₯ β πΌ,π β π , temos que π₯π = π₯π = 0π = 0.Logo, πΌπ = {0}. Reciprocamente, considere a aplicação π : π΄/πΌ Γ π β π dada porπ(π,π)=ππ, para quaisquer πβπ΄ e πβπ . Note que π estΓ‘ bem definida, pois dadosπ, πβπ΄/πΌ tais que π= π, entΓ£o π β πβπΌ. Logo, 0=(π β π)π=ππ β ππ=ππ β ππ, paratodo π β π . Γ fΓ‘cil ver que π Γ© uma função bilinear, entΓ£o pela propriedade universaldo produto tensorial segue que existe uma ΓΊnica transformação linear π : π΄/πΌ βπ β π
tal que π β π = π, onde π : π΄/πΌ Γ π β π΄/πΌ β π Γ© uma função bilinear. Claramenteπ(ππ) = (ππ)π e 1π΄π = π, para quaisquer π, π β π΄/πΌ e π β π .
Vejamos a seguir algumas definiçáes que serão importantes no decorrer desta seção.
Definição 2.2.7. Sejam π um π΄-mΓ³dulo e π um submΓ³dulo Γ esquerda de π , π = π .Dizemos que π Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda maximal de π se para qualquer submΓ³dulo Γ esquerda π β² de π , satisfazendo π β π β² β π , entΓ£o π β² = π ou π β² = π .
Exemplo 2.2.8. Os submΓ³dulos Γ esquerda maximais de π΄π΄ sΓ£o precisamente os ideaisΓ esquerda maximais de π΄.
Definição 2.2.9. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. O anulador deπ Γ© o conjunto
π΄πππ΄(π) = {π β π΄ | ππ = 0, para todo π β π}.
Observemos que dados π β π΄ e π₯ β π΄πππ΄(π) temos (ππ₯)π = π(π₯π) = 0 e(π₯π)π = π₯(ππ) = 0, para todo π β π . Logo, ππ₯ β π΄πππ΄(π) e π₯π β π΄πππ΄(π), ou seja,o anulador de π Γ© um ideal de π΄. Pela Observação 2.2.6, π Γ© um π΄/π΄πππ΄(π)-mΓ³duloΓ esquerda via οΏ½οΏ½π = ππ, para quaisquer π β π΄ e π β π .
Definição 2.2.10. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra, (π,ππ) e (π,ππ) π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.Uma transformação linear π :π ββ π Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda seo seguinte diagrama Γ© comutativo:
π΄βππΌππ΄βπ //
ππ
οΏ½οΏ½
π΄βπ
ππ
οΏ½οΏ½π
π// π.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 23
Ou seja, π(ππ) = ππ(π), para todo π β π΄ e π β π .
Exemplo 2.2.11. Seja π :π΄ ββ π΅ um homomorfismo sobrejetor de k-Γ‘lgebras. Se π Γ©um π΅-mΓ³dulo Γ esquerda, entΓ£o π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda via ação induzida por π ,ou seja, dados π β π΄ e π β π , ππ = π(π)π.
Exemplo 2.2.12. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e πΌ um ideal de π΄, entΓ£o π :π΄ β π΄/πΌ Γ© umhomomorfismo sobrejetor de k-Γ‘lgebras. Assim, se π Γ© um π΄/πΌ-mΓ³dulo Γ esquerda, entΓ£oπ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda via ππ = π(π)π, para quaisquer π β π΄ e π β π .
Observação 2.2.13. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um k-espaΓ§o vetorial. ConsidereπΈππ(π ) = {π : π ββ π | π Γ© transformação linear}. Γ fΓ‘cil ver que, πΈππ(π ) Γ© umak-Γ‘lgebra com a multiplicação dada pela composição e unidade dada pela identidade. Noteque se π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda via π(π β π£) = ππ£, para todo π β π΄ e π£ β π entΓ£oexiste π :π΄ ββ πΈππ(π ) homomorfismo de Γ‘lgebras. Com efeito, defina π :π΄ ββ πΈππ(π )por π(π)(π£) = ππ(π£) = ππ£, para todo π β π΄ e π£ β π . Sejam π, π β π΄ e π£ β π temos que,
πππ(π£) = (ππ)π£ = (ππ)π£ = π(ππ£) = ππ(ππ(π£)) = (ππ β ππ)(π£).
Assim, π(ππ) = πππ = ππ β ππ = π(π) β π(π). AlΓ©m disso,
π(1π΄) = π1π΄(π£) = 1π΄π£ = π£ = πΌππΈππ(π )(π£),
para todo π£ β π . Portanto, π Γ© um homomorfismo de Γ‘lgebras. Reciprocamente, seπ :π΄ ββ πΈππ(π ) Γ© um homomorfismo de Γ‘lgebras entΓ£o, Γ© fΓ‘cil verificar que, π Γ© umπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda via ππ£ = ππ(π£), para todo π β π΄ e π£ β π .
A seguir iremos discutir brevemente sobre sequΓͺncias exatas de mΓ³dulos.
Definição 2.2.14. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Sejam {ππ}πβπΌ uma famΓlia de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e {ππ : ππ ββ ππ+1}πβπΌ uma famΓlia de homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.Dizemos que o diagrama
Β· Β· Β· ππβ1ββ ππππββ ππ+1
ππ+1ββ Β· Β· Β·
Γ© uma sequΓͺncia exata se, πΌπ(ππ) = πΎππ(ππ+1), para todo π β πΌ.
Exemplo 2.2.15. Sejam π e π π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. A sequΓͺncia 0 πββ ππββ π
Γ© exata se e somente se π Γ© um monomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. De fato, se asequΓͺncia 0 πββ π
πββ π Γ© exata entΓ£o, πΌπ(π) = πΎππ(π). Como πΌπ(π) = {0} temosque, πΎππ(π) = {0} e, consequentemente, π Γ© injetora. Reciprocamente, se π Γ© injetoraentΓ£o, πΎππ(π) = {0}. Como πΌπ(π) = {0} segue que πΌπ(π) = πΎππ(π).
De maneira anΓ‘loga, podemos mostrar que a sequΓͺncia π πββ ππββ 0 Γ© exata se e
somente se π Γ© um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Disso decorre que, a sequΓͺncia0 ββ π
πββ πββ 0 Γ© exata se e somente se π Γ© um isomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 24
Definição 2.2.16. Uma sequΓͺncia exata do tipo 0 ββ ππββ π
πββ πΎ ββ 0 Γ© ditauma sequΓͺncia exata curta.
Exemplo 2.2.17. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra, π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π um submΓ³-dulo Γ esquerda de π . EntΓ£o, a sequΓͺncia 0 ββ π
πββ ππββ π/π ββ 0, onde π Γ© a
projeção canΓ΄nica, Γ© claramente uma sequΓͺncia exata curta.
Observação 2.2.18. Dada a sequΓͺncia exata curta 0 ββ ππββ π
πββ πΎ ββ 0.Considere π β² = πΌπ(π). Claramente π β² Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π . Como π Γ©sobrejetora, π/πΎππ(π) β πΎ. Mas, πΎππ(π) = πΌπ(π) e assim π/πΌπ(π) β πΎ. AlΓ©m disso,π/πΎππ(π) β πΌπ(π) e como πΎππ(π) = {0}, temos que, π β π β². Logo, a sequΓͺncia0 ββ π β² πββ π
πββ π/π β² ββ 0 Γ© exata. Isso nos diz que, toda sequΓͺncia exata curtatem a forma da sequΓͺncia do Exemplo 2.2.17.
Proposição 2.2.19. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Consideremos a seguinte sequΓͺncia exatacurta de π΄-mΓ³dulos
0 ββ ππββ π
πββ πΎ ββ 0.
Então as seguintes afirmaçáes são equivalentes:
(i) π β π βπΎ;
(ii) Existe um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π : π ββ π tal que πβπ = πΌππ ;
(iii) Existe um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π : πΎ ββ π tal que πβπ = πΌππΎ .
Demonstração. (i) β (ii) Suponhamos que π β π β πΎ. Como π Γ© injetora segue peloteorema do homomorfismo de mΓ³dulos que, π β πΌπ(π). Dessa forma, dado π β π ,temos π = π1 +π2, onde π1 β πΌπ(π) e π2 β πΎ. Assim, existe um ΓΊnico π β π tal queπ(π) = π1. Definimos π : π ββ π por π(π) = π. Assim, π estΓ‘ bem definida e Γ© umhomomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. De fato, sejam π,πβ² β π entΓ£o π = π1 +π2,com π1 β πΌπ(π) e π2 β πΎ e πβ² = πβ²
1 + πβ²2, com πβ²
1 β πΌπ(π) e πβ²2 β πΎ. EntΓ£o,
π(π + πβ²) = π(π1 + π2 + πβ²1 + πβ²
2) = π¦, onde π(π¦) = π1 + πβ²1. Por outro lado,
π(π) + π(πβ²) = π§ + π§β², onde π(π§) = π1 e π(π§β²) = πβ²1. EntΓ£o,
π(π¦) = π1 +πβ²1 = π(π§) + π(π§β²) = π(π§ + π§β²).
Como π Γ© injetora, π¦ = π§ + π§β². Logo, π(π + πβ²) = π(π) + π(πβ²). Agora, dado π β π΄
e π = π1 + π2 β π , π(ππ) = π(ππ1 + ππ2) = π€, onde π(π€) = ππ1. Por outrolado, ππ(π) = ππ§, onde π(π§) = π1. Assim, ππ1 = ππ(π§) = π(ππ§) e como π Γ© injetoraπ€ = ππ§, ou seja, π(ππ) = ππ(π). AlΓ©m disso, para todo π β π , temos que π(π) seescreve unicamente como π(π) + 0 β πΌπ(π) βπΎ, logo
(π β π)(π) = π(π(π)) = π(π(π) + 0) = π = πΌππ(π).
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 25
(ii) β (i) Suponhamos que exista π : π ββ π tal que π β π = πΌππ . Vejamos agoraque π β πΌπ(π) β πΎππ(π). Seja π β π , tomamos π₯ = π(π(π)) β π e consideramosπ¦ = πβ π₯ β π . EntΓ£o,
π(π¦) = π(πβ π₯) = π(π) β π(π₯) = π(π) β π(π(π(π))) = π(π) β π(π) = 0,
ou seja, π¦ β πΎππ(π). Logo, π = π₯ + π¦ β πΌπ(π) + πΎππ(π). Seja π§ β πΌπ(π) β© πΎππ(π)entΓ£o, existe π β π tal que π(π) = π§ e assim π = π(π(π)) = π(π§) = 0, donde segue queπ§ = 0. Portanto, π β πΌπ(π) β πΎππ(π). Como π Γ© injetora, π β πΌπ(π). Pelo teoremado homomorfismo de mΓ³dulos Γ esquerda, temos que πΎ β π/πΎππ(π), e pela sequΓͺnciaser exata, πΎππ(π) = πΌπ(π). Logo, πΎ β (πΌπ(π) βπΎππ(π))/πΌπ(π) β πΎππ(π).
Analogamente, (i) Γ© equivalente a (iii).
Definição 2.2.20. Uma sequΓͺncia exata curta que satisfaz uma, e portanto todas, ascondiçáes da Proposição 2.2.19 Γ© dita uma sequΓͺncia exata curta que cinde.
2.2.1 MΓ³dulos livres, projetivos e injetivos
ComeΓ§aremos esta subseção introduzindo o conceito de mΓ³dulos livres e mos-trando algumas propriedades importantes sobre estes mΓ³dulos. Posteriormente, iremosdefinir e apresentar alguns resultados sobre mΓ³dulos projetivos e injetivos. Os resultadosapresentados nesta subseção podem ser encontrados em (MILIES, 1972), (LAM, 1991),(ROTMAN, 2009), (SKOWRΓNSKI; YAMAGATA, 2011) e (LEINSTER, 2014).
Dado uma k-Γ‘lgebra π΄, denotaremos por π΄(πΌ) o conjunto de todas as sequΓͺnciasquase nulas (ππ)πβπΌ onde ππ β π΄, para todo π β πΌ, ou seja, ππ = 0 exceto para um nΓΊmerofinito de Γndices π β πΌ. Notemos que π΄(πΌ) Γ© a soma direta βπβπΌπ΄π, onde cada somando Γ©igual a π΄.
Seja {ππ}πβπΌ um conjunto de elementos de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π . Umelemento π β π Γ© uma combinação linear de {ππ}πβπΌ se existe (ππ)πβπΌ β π΄(πΌ) tal queπ = β
πβπΌ ππππ. Notemos que esta soma estΓ‘ bem definida, pois sΓ³ um nΓΊmero finito desomandos Γ© nΓ£o nulo. Dizemos que {ππ}πβπΌ gera π se qualquer elemento de π podeser escrito como uma combinação linear finita de elementos de {ππ}πβπΌ . AlΓ©m disso, umconjunto {ππ}πβπΌ de elementos de π Γ© dito linearmente independente ou livre se paratoda sequΓͺncia quase nula (ππ)πβπΌ β π΄(πΌ) tal que βπβπΌ ππππ = 0 tivermos que ππ = 0, paratodo π β πΌ.
Definição 2.2.21. Um conjunto {ππ}πβπΌ de elementos de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π Γ©uma base de π se Γ© linearmente independente e gera π . Dizemos ainda, que π Γ© livrese existe uma base para π .
Observação 2.2.22. Notemos que sempre existe um conjunto de geradores de M, aomenos o prΓ³prio π .
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 26
Exemplo 2.2.23. O π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π΄ Γ© um mΓ³dulo livre com base {1π΄}.
Exemplo 2.2.24. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um inteiro tal que π β₯ 1 entΓ£o o produtocartesiano de π΄π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre com base {ππ}πβπΌ , onde ππ Γ© a π-uplaque tem 1 na posição π e zero nas demais.
Mais geralmente, dada uma k-Γ‘lgebra π΄, consideremos a soma direta π΄(πΌ). Indi-caremos por ππ o elemento ππ = (ππ)πβπΌ tal que ππ = 1 e ππ = 0 se π = π. O conjunto{ππ}πβπΌ Γ© uma base de π΄(πΌ), chamada de base canΓ΄nica. Portanto, π΄(πΌ) Γ© um π΄-mΓ³dulolivre.
Definição 2.2.25. Um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π Γ© dito finitamente gerado se existe umconjunto finito de elementos que gera π .
A proposição a seguir mostra que para definirmos um homomorfismo de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda π :π ββ π , onde π Γ© livre, Γ© suficiente defini-lo na base.
Proposição 2.2.26. Sejam π e π π΄-mΓ³dulos Γ esquerda, {ππ}πβπΌ uma base de π e{ππ}πβπΌ um subconjunto qualquer de π . EntΓ£o, existe um ΓΊnico homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ π tal que π(ππ) = ππ, para todo π β πΌ.
Demonstração. Seja π = βπβπΌ ππππβπ , com (ππ)πβπΌ βπ΄(πΌ). Definimos π(π) = β
πβπΌ ππππ.Sejam π1 = β
πβπΌ ππππ,π2 = βπβπΌ π
β²πππ β π e πΌ β k. EntΓ£o,
π(πΌπ1 +π2) =βπβπΌ
(πΌππ + πβ²π)ππ = πΌ
βπβπΌ
ππππ +βπβπΌ
πβ²πππ
= πΌβπβπΌ
ππππ +βπβπΌ
πβ²πππ = πΌπ(π1) + π(π2).
Portanto, π Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Suponha que exista outrohomomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π β² : π ββ π tal que π β²(ππ) = ππ, para todoπ β πΌ. EntΓ£o, dado π = β
πβπΌ ππππ, temos
π β²(π) = π(βπβπΌ
ππππ) =βπβπΌ
πππβ²(ππ) =
βπβπΌ
ππππ = π(π).
Portanto, π = π β².
Proposição 2.2.27. Todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π Γ© uma imagem epimΓ³rfica de ummΓ³dulo livre.
Demonstração. Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π = {ππ}πβπΌ um conjunto de ge-radores de π . Considere {ππ}πβπΌ base de π΄(πΌ). Pela Proposição 2.2.26, π : π΄(πΌ) ββ π
dada por π(βπβπΌ ππππ) = βπβπΌ ππππ Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Resta
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 27
mostrar que, π Γ© sobrejetora. De fato, seja π¦ = βπβπΌ ππππ β π . Tome βπβπΌ ππππ β π΄(πΌ),
entΓ£oπ(βπβπΌ
ππππ) =βπβπΌ
ππππ = π¦.
Definição 2.2.28. Sejam π e π π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Dizemos que um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π Γ© projetivo se dado um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ π eum homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ π existe um ΓΊnico homomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda β :π ββ π tal que o seguinte diagrama Γ© comutativo
πβ
~~ποΏ½οΏ½
ππ // π // 0.
Exemplo 2.2.29. Todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre Γ© projetivo. Com efeito, seja πΏ umπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre com base {π₯π}πβπΌ . Dados dois π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π e π ,π :π ββ π um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e π :πΏ ββ π um homomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Mostremos que sempre existe um homomorfismo de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda β :πΏ ββ π tal que o seguinte diagrama Γ© comutativo
πΏβ
~~ποΏ½οΏ½
ππ // π // 0.
Para cada π₯π da base de πΏ, temos que π(π₯π) β π e como π Γ© sobrejetora entΓ£oexiste ππ β π tal que π(ππ) = π(π₯π), π β πΌ. Defina β(π₯π) = ππ. Pela Proposição 2.2.26β : πΏ ββ π Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Vejamos que π β β = π.EntΓ£o, π(β(π₯π)) = π(ππ) = π(π₯π), para todo π β πΌ. Logo, o diagrama acima Γ© comutativoe consequentemente, πΏ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo.
Em particular, segue do exemplo acima que toda k-Γ‘lgebra vista como π΄-mΓ³duloΓ esquerda Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo.
Proposição 2.2.30. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, asseguintes afirmaçáes sΓ£o equivalentes:
(i) π Γ© projetivo;
(ii) Se existe um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π e π :π ββ π um epimorfismo de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda, entΓ£o π Γ© isomorfo a um somando direto de π ;
(iii) Existe um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre πΏ tal que πΏ = π βπ, para algum π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 28
Demonstração. (i) β (ii) Suponha que π seja um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo. Sejamπ um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π :π ββ π um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.Como π Γ© projetivo, temos que o seguinte diagrama Γ© comutativo
πβ
~~πΌπποΏ½οΏ½
ππ // π // 0.
Assim, a seguinte sequΓͺncia exata curta de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda
0 ββ πΎππ(π) πββ ππββ π ββ 0
cinde. Pela Proposição 2.2.19 temos que π β πΎππ(π) β π .
(ii) β (iii) Pela Proposição 2.2.27 existe um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre π e um epimor-fismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π : π ββ π . Logo, por hipΓ³tese π Γ© isomorfo a umsomando direto de π .
(iii) β (i) Seja πΏ um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda livre tal que πΏ = π βπ para algum π΄-mΓ³duloΓ esquerda π. Sejam π , π π΄-mΓ³dulos Γ esquerda, π :π ββ π um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e π :π ββ π um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Provemosque existe um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda β : π ββ π tal que π β β = π.Como πΏ = π βπ, todo π₯ β πΏ se escreve de forma ΓΊnica como π₯ = π₯1 + π₯2 onde π₯1 β π eπ₯2 β π. Claramente π :πΏ ββ π dada por π(π₯) = π(π₯1 + π₯2) = π(π₯1) Γ© um homomorfismode π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Pelo Exemplo 2.2.29 temos que πΏ Γ© projetivo. Dessa forma,temos o seguinte diagrama
πΏ
ββ²
οΏ½οΏ½
π
ππoo
ποΏ½οΏ½
ππ// π // 0.
Definindo β = ββ² β π temos,
(π β β)(π¦) = (π β (ββ² β π))(π¦) = ((π β ββ²) β π)(π¦) = (π β π)(π¦) = π(π(π¦)) = π(π¦),
para todo π¦ β π . Logo, π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo.
Definição 2.2.31. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Uma cobertura projetiva para π
Γ© um par (π, π), onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e π : π ββ π Γ© umepimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda tal que se π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivoe π : π ββ π Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda com π β π : π ββ π
um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda, entΓ£o π Γ© um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.
A seguir iremos enunciar um teorema que garante a existΓͺncia da cobertura pro-jetiva para todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 29
Teorema 2.2.32. ([Teorema 8.4., SKOWRΓNSKI; YAMAGATA, 2011]) Todo π΄-mΓ³duloΓ esquerda possui uma cobertura projetiva.
Observação 2.2.33. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo. EntΓ£o (π, πΌππ ) Γ© acobertura projetiva de π . De fato, seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e π :π ββ π
um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda tal que πΌππ βπ :π ββ π Γ© um epimorfismo deπ΄-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o, claramente π Γ© um epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.
Proposição 2.2.34. Sejam (π1, π1) e (π2, π2) coberturas projetivas de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π . EntΓ£o, π1 β π2.
Demonstração. Sejam π1 : π1 ββ π e π2 : π2 ββ π dois epimorfismos de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda. Como π1 e π2 sΓ£o π΄-mΓ³dulos Γ esquerda projetivos temos que os seguintesdiagramas sΓ£o comutativos
π1β
~~π1οΏ½οΏ½
π2π2 //π // 0,
π2ββ²
~~π2οΏ½οΏ½
π1π1 //π // 0.
Ou seja, π2 β β = π1 e π1 β ββ² = π2. Assim, π2 β β : π1 ββ π e π1 β ββ² : π2 ββ π sΓ£oepimorfismos de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Como (π1, π1) e (π2, π2) sΓ£o coberturas projetivasde π , β e ββ² sΓ£o epimorfismos de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. AlΓ©m disso,
π1 = π2 β β = (π1 β ββ²) β β = π1 β (ββ² β β).
Logo, ββ² β β = πΌππ1 . Por outro lado, π2 = π1 β ββ² = (π2 β β) β ββ² = π2 β (β β ββ²). Assim,β β ββ² = πΌππ2 . Logo, π1 β π2.
Definição 2.2.35. Sejam π e π π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Dizemos que um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda πΌ Γ© injetivo se dado um monomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ π eum homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ πΌ, existe um ΓΊnico homomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda β :π ββ πΌ tal que o seguinte diagrama Γ© comutativo
0 //ππ //
ποΏ½οΏ½
π
β~~πΌ.
Exemplo 2.2.36. Todo k-espaΓ§o vetorial π Γ© um k-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo. De fato,sejam π e π dois k-espaΓ§os vetoriais tais que π :π ββ π Γ© uma transformação linearinjetora e π :π ββ π uma transformação linear. Seja {π’π}πβπΌ uma base de π . Como πΓ© injetora, {π(π’π)}πβπΌ Γ© linearmente independente em π . Estendendo {π(π’π)}πβπΌ a umabase de π , {π(π’π)}πβπΌ βͺ {π€π}πβπ½ e escolhendo {π£π}πβπ½ um conjunto qualquer de vetores
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 30
de π , defina β :π ββ π por β(π(π’π)) = π(π’π), para todo π β πΌ e β(π€π) = π£π, para todoπ β π½ . Assim, claramente o seguinte diagrama Γ© comutativo
0 // ππ //
ποΏ½οΏ½
π
β~~π.
Logo, π Γ© k-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo.
Definição 2.2.37. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Um fecho injetivo para π Γ© umpar (πΌ, π), onde πΌ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo e π :π ββ πΌ Γ© um monomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda tal que se π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo e π :πΌ ββ π Γ©um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda tal que π β π :π ββ π Γ© um monomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda, entΓ£o π Γ© um monomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.
Observação 2.2.38. Seja πΌ um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo. EntΓ£o (πΌ, πΌππΌ) Γ© o fechoinjetivo de πΌ. De fato, seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo e π : πΌ ββ π umhomomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda tal que π β πΌππΌ : πΌ ββ π Γ© um monomorfismode π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o, claramente π Γ© um monomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda.
Assim como na cobertura projetiva existe um teorema que garante a existΓͺnciado fecho injetivo, e de maneira anΓ‘loga ao que foi feita na Proposição 2.2.34 podemosmostrar que o fecho injetivo de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© ΓΊnico a menos de isomorfismo.Denotaremos a cobertura projetiva e o fecho injetivo de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π porπ (π) e πΈ(π), respectivamente.
Definição 2.2.39. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Dizemos que π΄ Γ© auto-injetiva se π΄ comoπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© injetivo.
2.2.2 MΓ³dulos indecomponΓveis.
Nesta subseção iremos introduzir a definição de mΓ³dulos simples, mΓ³dulos inde-componΓveis, mΓ³dulos uniseriais e mostrar algumas propriedades sobre estes mΓ³dulos queserΓ£o fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. AlΓ©m disso, iremos definir emostrar alguns resultados importantes sobre mΓ³dulos artinianos e noetherianos. Os re-sultados apresentados nesta subseção podem ser vistos em (MILIES, 1972), (LAM, 1991)e (LEINSTER, 2014).
Definição 2.2.40. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda nΓ£o nulo. Dizemos que π Γ© simplesse os ΓΊnicos submΓ³dulos Γ esquerda de π sΓ£o os triviais.
Exemplo 2.2.41. Os ideais Γ esquerda minimais de uma k-Γ‘lgebra π΄ sΓ£o precisamenteos π΄-submΓ³dulos Γ esquerda simples de π΄.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 31
Exemplo 2.2.42. Considere Z como Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Sabemos que todo Z-submΓ³duloΓ esquerda de Z Γ© da forma πZ = {ππ₯ | π₯ β Z}, onde π β N. Logo, Z nΓ£o Γ© simples comoZ-mΓ³dulo Γ esquerda.
Proposição 2.2.43. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o π/π Γ© simples se esomente se π Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda maximal de π .
Demonstração. Suponhamos que π/π seja simples. Consideremos π : π ββ π/π aprojeção canΓ΄nica de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e π β² um submΓ³dulo Γ esquerda de π tal queπ ( π β² β π . Notemos que π(π β²) = π β²/π Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π/π , entΓ£oπ β²/π = {0} ou π β²/π = π/π . Como π ( π β², π β²/π = {0}, e assim π β²/π = π/π .Logo, pela correspondΓͺncia entre os submΓ³dulos Γ esquerda de π/π e os submΓ³dulos Γ esquerda de π que contΓ©m π , π β² = π , e consequentemente, π Γ© submΓ³dulo Γ esquerdamaximal de π . Reciprocamente, suponha que π Γ© submΓ³dulo Γ esquerda maximal da πe seja πΏ = {0} submΓ³dulo Γ esquerda de π/π . Pela correspondΓͺncia, segue que π/π Γ©simples.
Definição 2.2.44. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda nΓ£o nulo. Dizemos que π Γ© indecom-ponΓvel se nΓ£o existem submΓ³dulos Γ esquerda nΓ£o triviais π1 e π2 tais que π = π1 βπ2.
Notemos que todo mΓ³dulo simples Γ© tambΓ©m um mΓ³dulo indecomponΓvel. PorΓ©m,a recΓproca nΓ£o Γ© verdadeira. Vimos no Exemplo 2.2.42 que Z nΓ£o Γ© simples como Z-mΓ³dulo Γ esquerda, mas Z Γ© indecomponΓvel como Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Suponhamosque existem submΓ³dulos Γ esquerda π1, π2 β Z tais que Z = π1βπ2. Consequentemente,π1 = π1Z e π2 = π2Z, com π1,π2 β Z. Assim, tomando π = π1π2 = π2π1, segue queπ β π1 e π β π2. Logo, π1π2 = 0, e isto implica que π1 = 0 ou π2 = 0. Portanto,π1 = {0} ou π2 = {0}.
Definição 2.2.45. Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π , πΎ β π submΓ³dulos Γ es-querda de π . Dizemos que π Γ© um mΓ³dulo uniserial se π β πΎ ou πΎ β π .
Observação 2.2.46. Seja π um submΓ³dulo Γ esquerda de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda uni-serial π . Considere πΏ,πΎ β π submΓ³dulos Γ esquerda de π . Consequentemente, πΏ e πΎsΓ£o submΓ³dulos Γ esquerda de π , e como π Γ© uniserial segue que πΏ β πΎ ou πΎ β πΏ.Logo, π Γ© uniserial e, portanto, todo submΓ³dulo Γ esquerda de um mΓ³dulo Γ esquerdauniserial Γ© uniserial.
Notemos que todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda uniserial π Γ© indecomponΓvel. Comefeito, suponhamos que π seja decomponΓvel. EntΓ£o π = π1 β π2 onde π1, π2 β π
sΓ£o submΓ³dulos Γ esquerda de π . Como π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda uniserial temosque π1 β π2 ou π2 β π1. Assim, em qualquer um dos casos π1 β©π2 = {0}, o que Γ© uma
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 32
contradição. Portanto, π Γ© indecomponΓvel. Notemos que a recΓproca nΓ£o vale, pois Z Γ©indecomponΓvel e claramente nΓ£o Γ© uniserial.
No que segue, trataremos brevemente da noção de condiçáes de cadeia com ointuito de definir módulos à esquerda artinianos e noetherianos, bem como dar algumaspropriedades e resultados sobre estes.
Definição 2.2.47. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Dizemos que π satisfaz a condiçãode cadeia ascendente (CCA) se nΓ£o existe uma cadeia ascendente infinita de submΓ³dulosΓ esquerda de π . Isto Γ©, se
π1 β π2 β Β· Β· Β· β ππ Β· Β· Β·
Γ© uma cadeia ascendente, existe um nΓΊmero inteiro π tal que ππ = ππ+π, π β₯ 1. Nessecaso, dizemos que a cadeia Γ© estacionΓ‘ria.
De maneira analóga, podemos definir condição de cadeia descendente (CCD).
Definição 2.2.48. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Dizemos que π Γ© noetheriano (res-pectivamente artiniano) se a famΓlia de todos os π΄-submΓ³dulos Γ esquerda de π satisfazCCA (respectivamente CCD).
Exemplo 2.2.49. O corpo k visto como k-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© artiniano e noetheriano,visto que a ΓΊnica cadeia possΓvel de submΓ³dulos Γ esquerda de k Γ© {0} β k.
Exemplo 2.2.50. Consideremos Z como Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Sabemos que os Z-submΓ³dulos Γ esquerda de Z sΓ£o da forma πZ, π β Z. Observe que a cadeia descendente2Z β 4Z β Β· Β· Β· 2πZ β Β· Β· Β· nΓ£o Γ© finita, ou seja, Z nΓ£o Γ© artiniano. Por outro lado, temosque πZ β πZ se e somente se π divide π. Como o conjunto dos divisores de um nΓΊmerointeiro Γ© finito, segue que Z Γ© um Z-mΓ³dulo Γ esquerda noetheriano.
Proposição 2.2.51. Se π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda artiniano, entΓ£o π contΓ©m umsubmΓ³dulo Γ esquerda simples.
Demonstração. Suponhamos que π nΓ£o contenha um submΓ³dulo Γ esquerda simples. Emparticular, π nΓ£o Γ© simples. EntΓ£o existe π1 = {0} tal que π )π1, e π1 nΓ£o Γ© simples.EntΓ£o, existe π2 = {0} tal que π ) π1 ) π2, e π2 nΓ£o Γ© simples. Procedendo destaforma, obtemos uma cadeia infinita de submΓ³dulos distintos, ou seja, π nΓ£o satisfazCCD. Logo, π nΓ£o Γ© artiniano.
Observação 2.2.52. Se π Γ© noetheriano, entΓ£o a Proposição anterior nΓ£o Γ© vΓ‘lida pois,Z Γ© um Z-mΓ³dulo Γ esquerda noetheriano que nΓ£o contΓ©m submΓ³dulos Γ esquerda simples.
Proposição 2.2.53. Seja 0 ββ π1πββ π
πββ π2 ββ 0 uma sequΓͺncia exata curta deπ΄-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o, π Γ© noetheriano (respectivamente artiniano) se e somentese π1 e π2 sΓ£o noetherianos (respectivamente artinianos).
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 33
Demonstração. Faremos a prova para o caso noetheriano. O caso artiniano é feito demaneira anÑloga.
Consideremos π1 β π2 β Β· Β· Β· β ππ‘ β Β· Β· Β· uma cadeia de submΓ³dulos Γ esquerdade π1 e πΎ1 β πΎ2 β Β· Β· Β·πΎπ‘ β Β· Β· Β· uma cadeia de submΓ³dulos Γ esquerda de π2. Logo,π(π1) β π(π2) β Β· Β· Β· β π(ππ‘) βΒ· Β· Β· e πβ1(πΎ1) β πβ1(πΎ2) β Β· Β· Β· πβ1(πΎπ‘) β Β· Β· Β· sΓ£o cadeiasde submΓ³dulos Γ esquerda de π . Como π Γ© noetheriano, estas cadeias de submΓ³dulos Γ esquerda sΓ£o estacionΓ‘rias, ou seja, π(ππ) = π(ππ+π) e πβ1(πΎπ) = πβ1(πΎπ+π), para todoπ β₯ 1. Como π Γ© injetora, temos que ππ =ππ+π, para todo π β₯ 1 e consequentemente,π1 Γ© noetheriano. Desde que, π Γ© sobrejetora, temos que πΎπ = πΎπ+π, para todo π β₯1. Logo, π2 Γ© noetheriano. Reciprocamente, seja πΏ1 β πΏ2 β Β· Β· Β· β πΏπ‘ β Β· Β· Β· umacadeia ascendente de submΓ³dulos Γ esquerda de π . Esta induz as seguintes cadeias,πβ1(πΏ1) β πβ1(πΏ2) β Β· Β· Β·πβ1(πΏπ‘) β Β· Β· Β· em π1 e π(πΏ1) β π(πΏ2) β Β· Β· Β· β π(πΏπ‘) β Β· Β· Β·em π2. Como π1 e π2 sΓ£o noetherianos, temos que existem Γndices π e π tais queπβ1(πΏπ) = πβ1(πΏπ+π) e π(πΏπ) = π(πΏπ+π), para todo π > 0. Tomando π = πππ₯{π,π},obtemos πβ1(πΏπ) = πβ1(πΏπ+π) e π(πΏπ) = π(πΏπ+π), para todo π > 0. Mostremos que,πΏπ = πΏπ+1, para todo π > 0. Seja π₯ β πΏπ+1. Assim, π(π₯) β πΏπ, isto Γ©, existe π¦ β πΏπ talque π(π₯) = π(π¦), de modo que, π¦ β π₯ β πΎππ(π) = πΌπ(π). Logo, existe π§ β πβ1(πΏπ+π) talque π¦ β π₯ = π(π§). Como πβ1(πΏπ+π) = πβ1(πΏπ) temos que, π¦ β π₯ = π(π§) β πΏπ. Assim,π₯ = π¦ β π(π§) β πΏπ, ou seja, πΏπ = πΏπ+π, para todo π > 0. Logo, π Γ© noetheriano.
CorolΓ‘rio 2.2.54. Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda e π um submΓ³dulo Γ esquerda deπ . EntΓ£o, π Γ© noetheriano (respectivamente artiniano) se e somente se π e π/π sΓ£onoetherianos (respectivamente artinianos).
Demonstração. Basta considerar a sequΓͺncia exata curta 0 ββ π βΛππββ π/π ββ 0
e aplicar o resultado acima.
Definição 2.2.55. Uma k-Γ‘lgebra π΄ Γ© artiniana (respectivamente, noetheriana) se π΄
visto como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© artiniano (respectivamente, noetheriano).
Observação 2.2.56. Notemos que se π΄ Γ© artiniana pela Proposição 2.2.51, π΄ contΓ©m umsubmΓ³dulo Γ esquerda simples. Assim, pelo Exemplo 2.2.41 π΄ contΓ©m um ideal Γ esquerdaminimal.
A seguir vejamos algumas definiçáes e resultados que serão fundamentais paramostrarmos uma caracterização importante sobre módulos à esquerda artinianos e no-etherianos.
Definição 2.2.57. Sejam π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Consideremos duas cadeias desubmΓ³dulos Γ esquerda de π da forma:
π = π0 )π1 ) Β· Β· Β· )ππ = {0} (π)
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 34
π β² = π β²0 )π β²
1 ) Β· Β· Β· )π β²π‘ = {0} (π β²).
Dizemos que π β² Γ© um refinamento de π se todo submΓ³dulo Γ esquerda de π Γ© um membrode π β². AlΓ©m disso, π e π β² sΓ£o equivalentes, se π = π‘ e apΓ³s uma reordenação dos Γndices,se necessΓ‘rio, ππ/ππ+1 β π β²
π/πβ²π+1, π β πΌ1,π‘β1.
Definição 2.2.58. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. A cadeia de submΓ³dulos Γ esquerda
π = π0 )π1 ) Β· Β· Β· )ππ = {0}
Γ© uma sΓ©rie de composição de π se o quociente ππ/ππ+1 Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda sim-ples, para cada π β πΌπβ1. O inteiro π Γ© chamado de comprimento da sΓ©rie de composição.
Exemplo 2.2.59. Seja π um k-espaΓ§o vetorial de dimensΓ£o finita com base {π£π | πβπΌ1,π}.Como π Γ© um k-mΓ³dulo Γ esquerda, consideremos a seguinte cadeia de submΓ³dulos Γ esquerda de π
π = π0 ) π1 ) Β· Β· Β· ) ππ = {0}
onde π0 = π , ππ = π πππ{π£π+1, ..., π£π}, π β πΌπβ1 e ππ = {0}. Como cada ππ/ππ+1 Γ© um k-mΓ³dulo Γ esquerda simples, para todo π β πΌπβ1, entΓ£o a cadeia de submΓ³dulos Γ esquerdade π acima Γ© uma sΓ©rie de composição de π de comprimento π.
Observemos que se π possui uma sΓ©rie de composição de comprimento π, entΓ£opodemos mostrar que qualquer outra sΓ©rie de composição de π tambΓ©m terΓ‘ comprimentoπ. Isto Γ© provado no seguinte teorema, conhecido como Teorema de Jordan-HΓΆlder, cujademonstração nΓ£o serΓ‘ apresentada, porΓ©m este Γ© um resultado clΓ‘ssico da Teoria deMΓ³dulos.
Teorema 2.2.60. ([Teorema VI.3.1, MILIES, 1972]) Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerdaque admite uma sΓ©rie de composição. EntΓ£o,
(i) toda cadeia de submódulos à esquerda estritamente descrescente é finita e admiteum refinamento que é uma série de composição;
(ii) duas sΓ©ries de composição de π sΓ£o equivalentes.
O teorema acima nos permite definir o comprimento de um mΓ³dulo Γ esquerda.
Definição 2.2.61. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Se π admite uma sΓ©rie de com-posição de comprimento π, entΓ£o dizemos que π possui comprimento π e denotamos porβ(π) = π.
Teorema 2.2.62. Um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π tem comprimento finito se e somente seΓ© artiniano e noetheriano.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 35
Demonstração. Suponhamos que o comprimento de π seja finito, ou seja, β(π) = π. Setivermos uma cadeia estritamente decrescente de submΓ³dulos Γ esquerda de π , entΓ£opelo Teorema de Jordan-HΓΆlder esta cadeia deve ser finita. Logo, π Γ© artiniano. Sejaπ0 β π1 β Β· Β· Β· uma cadeia crescente de submΓ³dulos Γ esquerda de π . Para cada π‘ β Npodemos considerar a cadeia finita π β ππ‘ β ππ‘β1 β Β· Β· Β· β π0 β {0} (π). Assim,segue do Teorema de Jordan-HΓΆlder que π pode ser refinada a uma sΓ©rie de composiçãoque tem comprimento π. Logo, π‘ β€ π = β(π). Como π‘ Γ© arbitrΓ‘rio a cadeia π deveser finita, e portanto π Γ© noetheriano. Reciprocamente, suponha que π = {0} sejaartiniano e noetheriano. Entre todos os submΓ³dulos Γ esquerda de π , escolhemos umsubmΓ³dulo Γ esquerda maximal π1, o qual existe jΓ‘ que π satisfaz CCA. Se π1 = {0},entΓ£o π β π1 = {0} Γ© uma sΓ©rie de composição jΓ‘ que π1 Γ© maximal. Se π1 = {0},escolhemos um submΓ³dulo Γ esquerda maximal π2 de π1 e se π2 = {0}, entΓ£o π =π0 β π1 β π2 = {0} Γ© uma sΓ©rie de composição de π . Se π2 = {0}, entΓ£o continuamoso processo obtendo a seguinte cadeia π = π0 β π1 β Β· Β· Β· β ππ = {0} jΓ‘ que π Γ©artiniano. Devido a escolha de cada ππ maximal, para todo 0 β€ π β€ π β π, o mΓ³duloΓ esquerda ππ/ππ+1 Γ© simples. Portanto, a cadeia acima Γ© uma sΓ©rie de composição deπ .
Proposição 2.2.63. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. EntΓ£o,
(π) π tem dimensΓ£o finita como k-espaΓ§o vetorial;
(ππ) π tem comprimento finito como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda.
Demonstração. (i) Suponhamos que {π£π | π β πΌ1,π} seja uma base de π΄ como k-espaΓ§ovetorial e que {ππ | π β πΌ1,π} gera π como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Denotemos porπ€ππ = π£πππ, π β πΌ1,π e π β πΌ1,π, e mostremos que o conjunto {π€ππ | π β πΌ1,π, π β πΌ1,π} geraπ como k-espaΓ§o vetorial. Seja π₯ β π . EntΓ£o, existem ππ β π΄ tais que π₯ = β
πβπΌ1,πππππ.
Para cada ππ, existem πΌππ β k tais que ππ = βπβπΌ1,π
πΌπππ£π. Portanto,
π₯ =βπβπΌ1,π‘
ππππ =βπβπΌ1,π
(βπβπΌ1,π
πΌπππ£π)ππ =β
πβπΌ1,π,πβπΌ1,π
πΌπππ£πππ =β
πβπΌ1,π,πβπΌ1,π
πΌπππ€ππ.
(ii) Suponha que π nΓ£o tem comprimento finito como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda, ou seja, queexiste uma cadeia π = π0 ) π1 ) Β· Β· Β· ) ππ ) Β· Β· Β· infinita de submΓ³dulos Γ esquerdade π . Como todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π Γ© um k-espaΓ§o vetorial via πΌπ = πΌ1π΄π, paraquaisquer πΌ β k e π β π , temos que todo π΄-submΓ³dulo Γ esquerda de π Γ©, em particular,um k-subespaΓ§o vetorial de π . Assim, qualquer cadeia de π΄-submΓ³dulos Γ esquerda deπ Γ©, em particular, uma cadeia de k-subespaΓ§os vetoriais de π . AlΓ©m disso, π Γ© umk-espaΓ§o vetorial de dimensΓ£o finita pelo item (i). Digamos que πππkπ = π. Da cadeiaacima temos que πππkππ β€ πβ π, para todo π. EntΓ£o πππkππ = 0 e, consequentemente,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 36
ππ = {0}, o que Γ© uma contradição. Portanto, π tem comprimento finito como π΄-mΓ³duloΓ esquerda.
Observação 2.2.64. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. Pela Proposi-ção anterior, π tem dimensΓ£o finita como k-espaΓ§o vetorial. Assim, se πππkπ = π peloExemplo 2.2.59, π possui comprimento finito π. Consequentemente, β(π) = πππkπ .
O seguinte resultado nos dÑ uma importante caracterização de módulos à esquerdauniseriais via série de composição.
Proposição 2.2.65. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. EntΓ£o, π Γ©uniserial se e somente se π possui uma ΓΊnica sΓ©rie de composição.
Demonstração. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda uniserial. Suponha que π possui duassΓ©ries de composiçáes π = π0 ) π1 ) Β· Β· Β· ) ππ = {0} eπ = π β²
0 ) π β²1 ) Β· Β· Β· ) π β²
π = {0}distintas de comprimento π, ou seja, β(π) = π. Assim, existe π β πΌπ tal que ππ = π β²
π .Como π Γ© uniserial, ππ β π β²
π ou π β²π β ππ. Suponha sem perda de generalidade que
ππ β π β²π entΓ£o temos a seguinte cadeia de submΓ³dulos Γ esquerda de π
π = π β²0 ) π β²
1 ) Β· Β· Β· ) π β²π ) ππ ) ππ+1 ) Β· Β· Β· ) ππ = {0} (π).
Pelo Teorema de Jorder-HΓΆlder (π) pode ser refinada a uma sΓ©rie de composição, e as-sim β(π) β₯ π + 1, o que Γ© uma contradição. Portanto, π possui uma ΓΊnica sΓ©riede composição. Reciprocamente, suponha que π tem uma ΓΊnica sΓ©rie de composiçãoπ = π0 ) π1 ) Β· Β· Β· ) ππ = {0}. Sejam π e π β² π΄-submΓ³dulos Γ esquerda prΓ³priosde π . Em particular, π ) π ) {0} Γ© uma cadeia, consequentemente, pelo Teorema deJordan-HΓΆlder, esta pode ser refinada a uma sΓ©rie de composição de π . Logo, π β ππ,para algum π β πΌ1,π. Analogamente, π β² β ππ, para algum π β πΌ1,π. Portanto, π β π β² ouπ β² β π .
A seguir enunciaremos o clΓ‘ssico Teorema de Krull-Schmidt, que garante que todoπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda π de comprimento finito tem uma decomposição em soma diretade submΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis. E mais ainda, esta decomposição Γ© ΓΊnicaa menos de isomorfismo. Optamos por nΓ£o apresentar a demonstração deste resultado,visto que, assim como o Teorema de Jorder-HΓΆlder este Γ© um clΓ‘ssico resultado da Teoriade MΓ³dulos.
Teorema 2.2.66. ([Teorema 19.21, LAM, 1991]) Todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π = {0}de comprimento finito tem uma decomposição em soma direta de submΓ³dulos
π = π1 βπ2 β Β· Β· Β· βππ (π·)
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 37
onde cada ππ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda indecomponΓvel de π, para π β πΌ1,π. AlΓ©m disso,essa decomposição Γ© ΓΊnica a menos de isomorfismo, isto Γ©, se tivermos tambΓ©m
π = π1 βπ2 β Β· Β· Β· βππ (π·β²)
onde cada ππ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda indecomponΓvel de π, para π β πΌ1,π , entΓ£o π = π
e reindexando os Γndices se necessΓ‘rio, temos ππβΌ= ππ, para cada π β πΌ1,π.
Se π΄ Γ© uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita, em particular, π΄π΄ = π1 β π2 β ...β ππ,onde ππ, π β πΌ1,π sΓ£o π΄-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis unicamente determinados.AlΓ©m disso, pela Proposição 2.2.30 cada ππ Γ© projetivo. Por outro lado, pelo Exemplo2.1.14 temos que ππ β π΄ππ, onde {ππ | π β πΌ1,π} Γ© um conjunto de idempotentes ortogonaistais que βπβπΌ1,π
ππ = 1π΄.
A seguir enunciaremos um importante lema que nos diz que todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e indecomponΓvel Γ© isomorfo a algum π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivoque aparece na decomposição de π΄ como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. A demonstração desteresultado Γ© bem construtiva, e envolve vΓ‘rias propriedades sobre mΓ³dulos Γ esquerdasimples e indecomponΓveis, por estΓ‘ razΓ£o optamos por omitΓ-la do texto. AlΓ©m disso,utilizaremos apenas a caracterização apresentada no resultado, cuja prova pode ser vistaem (LEINSTER, 2014).
Lema 2.2.67. ([Lema 9.5, LEINSTER, 2014]) Com as notaçáes estabelecidas acima, todoπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e indecomponΓvel Γ© isomorfo Γ ππ, para algum π β πΌ1,π.
2.2.3 Semissimplicidade e radical de Jacobson
Apresentaremos nesta seção a definição de k-Γ‘lgebra semissimples e de radicalde Jacobson de uma k-Γ‘lgebra. Discutiremos algumas propriedades importantes sobreesses conceitos, a fim de introduzir a noção de π½-semissimplicidade. Para isso, utiliza-remos alguns resultados sobre mΓ³dulos artinianos e noetherianos vistos anteriormente.As definiçáes e resultados expostos nesta subseção podem ser encontrados em (MILIES,1972), (LAM, 1991), (SKOWRΓNSKI; YAMAGATA, 2011), (ASSEM; SIMSON; SKO-WROΕSKI, 2006) e (LINCKELMANN, 2018).
Definição 2.2.68. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Dizemos que π Γ© semissimples setodo submΓ³dulo Γ esquerda de π Γ© um somando direto de π .
Claramente se π Γ© simples, entΓ£o π Γ© semissimples, pois se π Γ© simples os ΓΊnicossubmΓ³dulos Γ esquerda de π sΓ£o os triviais, assim π = πβ{0}. Mas, {0} Γ© semissimplese nΓ£o Γ© simples, logo a recΓproca nΓ£o Γ© vΓ‘lida.
Exemplo 2.2.69. O corpo k visto como k-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© simples, consequente-mente Γ© semissimples.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 38
Definição 2.2.70. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. O socle deπ , denotado por π ππ(π), Γ© a soma de todos os submΓ³dulos Γ esquerda simples de π .
Observação 2.2.71. Se π nΓ£o possui submΓ³dulos simples, entΓ£o π ππ(π) = {0}.
Exemplo 2.2.72. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, π ππ(π) Γ© um π΄-submΓ³duloΓ esquerda semissimples de π . Mais ainda, o π ππ(π) Γ© o maior submΓ³dulo Γ esquerdasemissimples de π .
Apresentaremos agora uma sΓ©rie de resultados sobre mΓ³dulos Γ esquerda semis-simples, resultados estes que serΓ£o ΓΊteis no decorrer deste trabalho.
Lema 2.2.73. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples. EntΓ£o,
(i) todo submΓ³dulo Γ esquerda de π Γ© semissimples;
(ii) toda imagem epimΓ³rfica de π Γ© semissimples.
Demonstração. (i) Suponha que π seja um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples e que πΓ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π . Se πΏ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π temos que πΏΓ© submΓ³dulo Γ esquerda de π e como π semissimples, existe um submΓ³dulo Γ esquerdaπΎ de π tal que π = πΏβπΎ. Assim,
π = π β©π = (πΏβπΎ) β©π = (πΏ β©π) β (πΎ β©π) = πΏβ (πΎ β©π).
Logo, π Γ© semissimples.
(ii) Sejam π : π ββ π um homomorfismo sobrejetor de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e πΏ umsubmΓ³dulo Γ esquerda de π . Notemos que πβ1(πΏ) Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π ,pois ππ(π) = π(ππ) β πβ1(πΏ), para quaisquer π β π΄ e π β π . Como π Γ© semissimples,existe um submΓ³dulo Γ esquerda πΎ de π tal que π = πβ1(πΏ) β πΎ. Por hipΓ³tese π Γ©um homomorfismo sobrejetor entΓ£o, dado π β π , existe π β π tal que π(π) = π. Logo,π = π1 +π2 com π1 β πβ1(πΏ) e π2 β πΎ, donde
π = π(π) = π(π1) + π(π2) β πΏ+ π(πΎ).
Logo, π = πΏ+π(πΎ). AlΓ©m disso, se π¦ β πΏβ©π(πΎ) entΓ£o, existe π₯ β πΎ tal que π(π₯) = π¦,ou seja, π₯ β πβ1(πΏ) β©πΎ = {0}. Portanto, π¦ = π(0) = 0 e assim π = πΏβ π(πΎ).
Em particular, segue do item (ii) do lema anterior que todo quociente de ummΓ³dulo Γ esquerda semissimples Γ© semissimples. Basta considerar, π : π ββ π/π aprojeção canΓ΄nica.
Lema 2.2.74. Todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π semissimples nΓ£o nulo contΓ©m um submΓ³duloΓ esquerda simples.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 39
Demonstração. Suponha que π seja um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples, e seja π β π
tal que π = 0. Considere o submΓ³dulo Γ esquerda π΄π de π , o qual Γ© semissimples peloLema 2.2.73 (i). Seja β± = {π | π Γ© submΓ³dulo Γ esquerda de π΄π e π β π}. Noteque β± = β pois {0} β β± . Considere uma cadeia de submΓ³dulos Γ esquerda distintosde β± ordenada pela inclusΓ£o, claramente a uniΓ£o destes submΓ³dulos Γ esquerda Γ© umacota superior para esta cadeia. Pelo Lema de Zorn, existe π um elemento maximalem β± . Como π΄π Γ© semissimples, existe um submΓ³dulo Γ esquerda πΎ de π΄π tal queπ΄π = π β πΎ. Vejamos que, πΎ Γ© um mΓ³dulo Γ esquerda simples. Primeiramente, noteque como π β π entΓ£o π = π + π com π β π e 0 = π β πΎ. AlΓ©m disso, se πΎ β² = {0} Γ©um submΓ³dulo Γ esquerda de πΎ, devemos ter que πΎ = πΎ β² βπΏ, para algum πΏ submΓ³duloΓ esquerda de πΎ. Pela maximalidade de π , π β π β πΎ β² de modo que π β πΎ β² = π΄π.EntΓ£o, π β πΎ β² = π΄π = π β πΎ = π β (πΎ β² β πΏ) e assim segue que πΏ = {0}. Portanto,πΎ β² = πΎ e temos que πΎ Γ© um mΓ³dulo Γ esquerda simples.
Teorema 2.2.75. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda nΓ£o nulo. EntΓ£o, as seguintes afir-maçáes sΓ£o equivalentes:
(i) π Γ© semissimples;
(ii) π Γ© escrito como soma direta de uma famΓlia de submΓ³dulos Γ esquerda simples;
(iii) π Γ© soma de uma famΓlia de submΓ³dulos Γ esquerda simples.
Demonstração. (i) β (iii) Suponha que π seja semissimples. Seja π1 a soma de todosos submΓ³dulos Γ esquerda simples de π . Como π Γ© semissimples entΓ£o, π = π1 βπ2,para algum π2 submΓ³dulo Γ esquerda de π . Se π2 = {0}, pelo Lema 2.2.74, π2 contΓ©mum submΓ³dulo Γ esquerda simples π . Como π tambΓ©m Γ© submΓ³dulo Γ esquerda de π ,entΓ£o π β π1 β© π2. Ou seja, este submΓ³dulo Γ esquerda deve estar contido em π1, oque Γ© uma contradição. Logo, π2 = {0} e assim π = π1.
(iii) β (i) Suponha que π = βπβπΌππ, onde cada ππ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda sim-
ples de π , e seja π um submΓ³dulo Γ esquerda de π . Considere a seguinte famΓlia desubconjuntos π½ β πΌ:
β± = {π½ β πΌ |β¨πβπ½
ππ Γ© uma soma direta eπ β©β¨πβπ½
ππ = {0}}.
Notemos que β± = β , pois {0} β β± . Podemos aplicar o Lema de Zorn em β± , pois seconsiderar a relação de ordem parcial em β± temos que π½1 β π½2 β ... β π½π β ... Γ© umacadeia em β± que possui uma cota superior, assim obtemos um elemento π½ maximal nessafamΓlia.
Seja π β² = π β (βπβπ½ππ), e vejamos que π β² = π . Claramente π β² β π jΓ‘ que,π e ππ, para todo π β π½ sΓ£o submΓ³dulos Γ esquerda de π . Resta mostrar que π β π β².
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 40
Para isso provemos que ππ β π β², para todo π β πΌ. Suponha que ππ ( π β² para algumπβ² β πΌ. Como a interseção de submΓ³dulos Γ esquerda Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda e ππβ² Γ©simples, entΓ£o ππβ² β©π β² = {0}. Assim,
π β² +ππβ² = π β² βππβ² = (π βπβπ½ ππ) βππβ²
o que contradiz a maximalidade de π½ , pois πβ² β π½ . Logo, ππ β π β² para todo π β πΌ econsequentemente π Γ© semissimples.
(iii) β (ii) Suponha que π = βπβπΌππ, onde cada ππ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda
simples de π . Considere a famΓlia β± = {π½ β πΌ | βπβπ½ππ Γ© uma soma direta}. Usandoum argumento anΓ‘logo ao de cima, existe πΌ β² elemento maximal em β± . Seja π β² = βπβπΌβ²ππ,e mostremos que π β² = π . Como ππ Γ© mΓ³dulo Γ esquerda simples para cada π β πΌ temosque, ππ β© π β² = ππ ou ππ β© π β² = {0}. Se ocorrer ππ β© π β² = {0} entΓ£o, πΌ β² βͺ {π} ) πΌ β² oque contradiz a maximalidade de πΌ β². Logo, ππ β π β² para todo π β πΌ, e como claramenteπ β² β π segue que π = π β².
(ii) β (iii) Imediato.
Definição 2.2.76. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Dizemos que π΄ Γ© uma k-Γ‘lgebra semissimplesΓ esquerda, se π΄ como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© semissimples.
Vejamos Γ seguir duas propriedades importantes sobre Γ‘lgebras semissimples.
Proposição 2.2.77. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. EntΓ£o, π΄ Γ© semissimples Γ esquerda se esomente se todos os π΄-mΓ³dulos Γ esquerda sΓ£o semissimples.
Demonstração. Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Se π = {0}, claramente π Γ© semissim-ples Γ esquerda. Suponha que π = {0} entΓ£o existe 0 = π β π . Consideremos o submΓ³-dulo Γ esquerda π΄π de π e o epimorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π : π΄ ββ π΄π dadapor π(π) = ππ. Assim, pelo teorema do isomorfismo de mΓ³dulos Γ esquerda temos queπ΄/πΎππ(π) β π΄π. Como π΄ Γ© semissimples Γ esquerda, podemos escrever π΄ = πΎππ(π)βπΌ,com πΌ submΓ³dulo Γ esquerda de π΄ e assim, pelo Teorema 2.2.74 πΌ Γ© semissimples. Logo,π΄π β πΎππ(π) β πΌ/πΎππ(π) β πΌ e, consequentemente, π΄π Γ© semissimples. Pela Proposi-ção 2.2.75, π΄π Γ© uma soma de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda simples. Como π = β
πβπ π΄π,segue novamente da Proposição 2.2.75 que π Γ© semissimples. A recΓproca Γ© imediata.
Proposição 2.2.78. Toda k-Ñlgebra semissimples é simultaneamente artiniana e noethe-riana.
Demonstração. Suponhamos que π΄ seja uma k-Γ‘lgebra semissimples Γ esquerda. EntΓ£oπ΄ visto como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© semissimples. Pelo Teorema 2.2.75 π΄ = βπβπ½ππ,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 41
onde cada ππ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda simples de π΄. Assim, 1π΄ = βπβπΌ1,π
ππ, ondeππ β ππ, π β πΌ1,π. Logo, dado π β π΄
π = π1π΄ = πβπβπΌ1,π
ππ =βπβπΌ1,π
πππ ββπβπΌ1,π
ππ.
Portanto, π΄ = βπβπΌ1,πππ, e desta decomposição finita, podemos escrever uma sequΓͺnciade composição de submΓ³dulos Γ esquerda de π΄.
No que segue, introduziremos o conceito de radical de Jacobson de π΄ e provaremosalgumas de suas propriedades.
Definição 2.2.79. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Definimos o radical de Jacobson de π΄ comosendo a interseção de todos os ideais Γ esquerda maximais de π΄, o qual serΓ‘ denotado porπ½(π΄). Ou seja,
π½(π΄) =β
β³
onde β³ percorre todos ideais Γ esquerda maximais de π΄.
Proposição 2.2.80. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π β π΄. EntΓ£o, as seguintes afirmaçáessΓ£o equivalentes:
(i) π β π½(π΄);
(ii) 1 β π₯π Γ© inversΓvel Γ esquerda, para qualquer π₯ β π΄;
(iii) ππ = {0}, para qualquer π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples π .
Demonstração. (i) β (ii) Seja π β π½(π΄). Suponha por absurdo que existe π₯ β π΄ talque 1 β π₯π nΓ£o Γ© inversΓvel Γ esquerda. EntΓ£o, existe β³0 ideal maximal de π΄ tal que1 β π₯π β β³0, pois π΄(1 β π₯π) Γ© um ideal prΓ³prio de π΄ e assim deve existir β³0 idealmaximal de π΄ tal que π΄(1 β π₯π) β β³0. Como π β π½(π΄) = ββ³, para todo β³ idealmaximal de π΄, temos que π β β³0, e portanto π₯π β β³0. Logo, 1 = (1 β π₯π) + π₯π β β³0,o que Γ© um absurdo. Portanto, 1 β π₯π Γ© inversΓvel Γ esquerda para qualquer π₯ β π΄.
(ii) β (iii) Sejam 1 β π₯π inversΓvel Γ esquerda, para qualquer π₯ β π΄, e π um π΄-mΓ³duloΓ esquerda simples. Suponha por absurdo que exista π β π tal que ππ = 0.Como π΄(ππ) = {π₯(ππ) = (π₯π)π |π₯ β π΄} Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π e π Γ©simples, temos que π΄(ππ) = {0} ou π΄(ππ) = π . Como ππ β π΄(ππ) e 0 = ππ,concluΓmos que π΄(ππ) = π . Assim, existe π₯ β π΄ tal que π = π₯ππ. Logo, (1βπ₯π)π = 0.Por hipΓ³tese, 1 β π₯π Γ© inversΓvel, entΓ£o π = 0. Absurdo, pois ππ = 0.
(iii) β (i) Suponhamos que ππ = {0} para qualquer π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π simples.Notemos que para qualquer β³ ideal maximal de π΄, temos que π΄/β³ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. De fato, desde que todo π΄-submΓ³dulo Γ esquerda de π΄/β³ Γ© da forma
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 42
π/β³ onde π Γ© um ideal de π΄ que contΓ©m β³, assim π = π΄ ou π = β³, e portantoπ/β³ = π΄/β³ ou π/β³ β {0}. Logo, π΄/β³ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Assim,π(π΄/β³). Em particular, π(1 +π) = π+π = 0 e consequentemente, π β π . Portanto,π β ββ³ = π½(π΄).
Notemos que o item (iii) acima Γ© equivalente, π β π΄πππ΄(π), para qualquer π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples π e π β π½(π΄). Dessa forma, segue imediatamente da propo-sição anterior o seguinte corolΓ‘rio.
CorolΓ‘rio 2.2.81. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. EntΓ£o, π½(π΄) = βπ΄πππ΄(π), onde π percorre
todos os π΄-mΓ³dulos Γ esquerda simples.
O resultado Γ seguir Γ© conhecido como o Lema de Nakayama e Γ© muito utilizadonos estudos de radical de Jacobson, e serΓ‘ importante para mostrarmos que o radical deJacobson Γ© nilpotente.
Lema 2.2.82. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra, π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente geradoe πΌ β π½(π΄), onde πΌ Γ© um ideal de π΄. Se πΌπ = π , entΓ£o π = {0}.
Demonstração. Suponha que π seja finitamente gerado e π = πΌπ . Provaremos o re-sultado por indução sobre o nΓΊmero de geradores de π . Se πΌπ = π = π΄π1, comπ1 β π , entΓ£o π1 = π₯1π1, para algum π₯1 β πΌ, e consequentemente, (1 β π₯1)π1 = 0.Logo, π1 = 0, pois 1 β π₯1 Γ© um elemento inversΓvel Γ esquerda pela Proposição 2.2.80.Portanto, π = {0}. Suponha o resultado vΓ‘lido se π Γ© gerado por π elementos. Su-ponha que {ππ β π | π β πΌ1,π+1} gera π . Desde π = πΌπ , entΓ£o existem elementosπ₯π β πΌ, π β πΌ1,π+1, tais que π1 = β
πβπΌ1,π+1 π₯πππ. Assim, (1 β π₯1)π1 = βπβπΌ2,π+1 π₯πππ e,
consequentemente por (1 β π₯1) ser inversΓvel Γ esquerda, π1 = βπβπΌ2,π+1 π¦π₯πππ, onde π¦ Γ© o
inverso Γ esquerda de (1 β π₯1). Logo, π1 β βπβπΌ2,π+1 π΄ππ. Portanto, π = β
πβπΌ2,π+1 π΄ππ
e pela hipΓ³tese de indução π = {0}.
Definição 2.2.83. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e πΌ um ideal Γ esquerda de π΄. Dizemos queπΌ Γ© um ideal Γ esquerda nilpotente, se existir π β₯ 1 tal que πΌπ = {0}. Dizemos ainda, queum elemento de uma k-Γ‘lgebra π΄ Γ© nilpotente, se existir π β₯ 1 tal que ππ = 0. O menorinteiro π tal que πΌπ = {0} e ππ = 0 Γ© chamado de Γndice de nilpotΓͺncia.
Proposição 2.2.84. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita. EntΓ£o, π½(π΄) Γ© um idealΓ esquerda nilpotente.
Demonstração. Considere a seguinte cadeia decrescente de ideais Γ esquerda de π΄
π΄π΄ β π½(π΄) β π½(π΄)2 β Β· Β· Β· β π½(π΄)π β π½(π΄)π+1 Β· Β· Β· .
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 43
Como π΄ Γ© uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita entΓ£o π΄π΄ tem comprimento finito, entΓ£oexiste π β₯ 1 tal que π½(π΄)π = π½(π΄)π+1. Assim, π½(π΄)π = π½(π΄)π½(π΄)π, logo aplicando oLema 2.2.82, π½(π΄)π = {0}.
Definição 2.2.85. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e πΌ um ideal Γ esquerda de π΄. Dizemos queπΌ Γ© um nil ideal Γ esquerda de π΄ se todo elemento de πΌ Γ© nilpotente.
Proposição 2.2.86. Seja πΌ um nil ideal Γ esquerda de uma k-Γ‘lgebra π΄. EntΓ£o, πΌβπ½(π΄).
Demonstração. Sejam π₯ β πΌ e π β π΄. Como πΌ Γ© nil ideal de π΄, temos que ππ₯ Γ© umelemento nilpotente, pois ππ₯ β πΌ. Consideremos o Γndice de nilpotΓͺncia de ππ₯ igual a π,isto Γ©, (ππ₯)π = 0, π β₯ 1 e (ππ₯)πβ1 = 0. EntΓ£o, temos
(1 + ππ₯+ (ππ₯)2 + ...+ (ππ₯)πβ1)(1 β ππ₯) = 1,
onde segue que 1 β ππ₯ possui inverso Γ esquerda. Logo, pela Proposição 2.2.80 temos queπ₯ β π½(π΄).
Definição 2.2.87. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Dizemos que π΄ Γ© Jacobson semissimples, ousimplesmente π½-semissimples, se π½(π΄) = {0}.
O prΓ³ximo teorema nos dΓ‘ uma relação entre as k-Γ‘lgebras semissimples e a noçãode π½-semissimplicidade.
Teorema 2.2.88. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. EntΓ£o, as seguintes afirmaçáes sΓ£o equivalentes:
(i) π΄ Γ© semissimples;
(ii) π΄ Γ© π½-semissimples e artiniano Γ esquerda.
Demonstração. Suponhamos que π΄ seja semissimples. Pela Proposição 2.2.78, π΄ Γ© arti-niano, e pelo Teorema 2.2.75, temos que π΄ Γ© uma soma direta de π΄-mΓ³dulos Γ esquerdasimples. Se π β π½(π΄), π anula todos estes mΓ³dulos Γ esquerda simples, ou seja, ππ΄ = 0.Logo, π = 0. Reciprocamente, suponhamos que π΄ Γ© artiniano Γ esquerda e π½(π΄) = 0.Consideremos πΌ1 um ideal Γ esquerda minimal de π΄π΄, que sempre existe pela Observação2.2.56. Mostremos que πΌ1 Γ© um somando direto de π΄. Vejamos primeiro que deve existirπ1 ideal Γ esquerda maximal de π΄ tal que πΌ1 (π1. De fato, se πΌ1 estiver contido em to-dos os ideais Γ esquerda maximais de π΄, entΓ£o πΌ1 β π½(π΄) = {0}, o que Γ© uma contradição.Como πΌ1 Γ© minimal entΓ£o π1 β© πΌ1 = {0}. AlΓ©m disso, pela maximalidade de π1 temosque π1 + πΌ1 = π΄. Consequentemente, π΄ = π1 β πΌ1. Notemos que π1 Γ© artiniano, pois Γ©um submΓ³dulo Γ esquerda de um mΓ³dulo Γ esquerda artiniano. Repetindo o argumentoacima, com π1 em lugar de π΄, obtemos que π΄ = πΌ1 β πΌ2 β Β· Β· Β· β πΌπ, onde πΌπ Γ© um ideal Γ esquerda minimal de π΄. Portanto, π΄ Γ© semissimples.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 44
Lema 2.2.89. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra artiniana. EntΓ£o, π΄/π½(π΄) Γ© uma k-Γ‘lgebra artinianae π½-semissimples.
Demonstração. Como π΄ Γ© artiniana e π½(π΄) Γ© um ideal Γ esquerda de π΄, pelo CorolΓ‘rio2.2.54, π΄/π½(π΄) Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda artiniano. Vejamos que π΄/π½(π΄) Γ© um π΄/π½(π΄)-mΓ³dulo Γ esquerda artiniano. Pela Observação 2.2.6 π΄/π½(π΄) Γ© um π΄/π½(π΄)-mΓ³dulo Γ esquerda, pois π½(π΄)(π΄/π½(π΄)) = {0}. Considere a seguinte cadeia de π΄/π½(π΄)-submΓ³dulosΓ esquerda de π΄/π½(π΄)
π΄/π½(π΄) = π0 β π1 β π2 β Β· Β· Β· β ππ β Β· Β· Β· (π).
Pelo Exemplo 2.2.12 cada ππ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda, entΓ£o a cadeia acima Γ© umacadeia de π΄-submΓ³dulos Γ esquerda. Como π΄/π½(π΄) Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda artiniano,(π) Γ© estacionΓ‘ria, ou seja, existe um inteiro π tal que ππ = ππ+π, para todo π β₯ 1.Consequentemente, (π) Γ© estacionΓ‘ria como π΄/π½(π΄)-mΓ³dulo e, portanto, π΄/π½(π΄) Γ© umπ΄/π½(π΄)-mΓ³dulo Γ esquerda artiniano. Resta mostrar que, π΄/π½(π΄) Γ© uma k-Γ‘lgebra π½-semissimples. De fato, basta observar que todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples, com açãodada por ππ = ππ, para todo π β π, onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Estaação estΓ‘ bem definida, pois por definição, π½(π΄) β π΄πππ΄(π).
Para finalizar esta subseção provaremos um resultado que serÑ uma ferramentaimportante para desenvolver a próxima subseção.
Proposição 2.2.90. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra artiniana e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerdafinitamente gerado. EntΓ£o, π Γ© semissimples se e somente se π½(π΄)π = {0}.
Demonstração. Suponha que π seja um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples. EntΓ£o, πΓ© uma soma de submΓ³dulos Γ esquerda simples. Assim, se π β π½(π΄), π anula todos estessubmΓ³dulos Γ esquerda simples e, consequentemente, π½(π΄)π = {0}. Reciprocamente,suponha que π½(π΄)π = {0}. EntΓ£o, pela Observação 2.2.6 π Γ© um π΄/π½(π΄)-mΓ³duloΓ esquerda via ππ = ππ. AlΓ©m disso, pelo lema anterior temos que π΄/π½(π΄) Γ© uma k-Γ‘lgebra artiniana e π½-semissimples. Logo, pela Proposição 2.2.77 π Γ© um π΄/π½(π΄)-mΓ³duloΓ esquerda semissimples, ou seja, π = βπβπΌ1,πππ, onde cada ππ Γ© um π΄/π½(π΄)-submΓ³duloΓ esquerda simples de π . Basta mostrar que cada ππ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples,para todo π β πΌπβ1. Como cada ππ Γ© um π΄/π½(π΄)-submΓ³dulo Γ esquerda de π , entΓ£opelo Exemplo 2.2.12 cada ππ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Considere πΏ um π΄-submΓ³duloΓ esquerda de ππ, π β πΌ1,π entΓ£o π½(π΄)πΏ β π½(π΄)ππ. Note que pela Observação 2.2.6temos π½(π΄)ππ = {0}, consequentemente, π½(π΄)πΏ = {0}. Logo, pela Observação 2.2.6 πΏ
Γ© um π΄/π½(π΄)-submΓ³dulo Γ esquerda de ππ, π β πΌ1,π e como cada ππ Γ© π΄/π½(π΄)-mΓ³duloΓ esquerda simples temos que πΏ = {0} ou πΏ = ππ, π β πΌ1,π. Portanto, cada ππ Γ© umπ΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 45
2.2.4 O radical de um mΓ³dulo
Nesta subseção definiremos o radical de um mΓ³dulo Γ esquerda e apresentaremosalgumas propriedades sobre este, com o objetivo de introduzirmos uma classe especial dek-Γ‘lgebras de dimensΓ£o finita, Γ saber, as Γ‘lgebras de Nakayama. Os resultados expostosnesta subseção podem ser encontrados em (ASSEM; SIMSON; SKOWROΕSKI, 2006).
Definição 2.2.91. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. O radical deπ , denotado por πππ(π), Γ© a interseção de todos os submΓ³dulos Γ esquerda maximais deπ .
Exemplo 2.2.92. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra. Considere π΄ como π΄-mΓ³dulo Γ esquerda. Cla-ramente πππ(π΄π΄) = π½(π΄).
Vejamos agora algumas propriedades do radical de um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda.
Proposição 2.2.93. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π e π dois π΄-mΓ³dulosΓ esquerda finitamente gerados. EntΓ£o, as seguintes afirmaçáes sΓ£o vΓ‘lidas.
(i) Seja π β π . EntΓ£o, π β πππ(π) se e somente se π(π) = 0, para qualquerhomomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π : π ββ π, onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples;
(ii) πππ(π βπ) = πππ(π) β πππ(π);
(iii) Considere π : π ββ π um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o,π(πππ(π)) β πππ(π);
(iv) πππ(π) = π½(π΄)π .
Demonstração. (i) Seja π :π ββ π um homomorfismo nΓ£o nulo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda,onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Vejamos que πΎππ(π) Γ© um submΓ³dulo Γ es-querda maximal de π . De fato, considere π :π ββ π/πΎππ(π), entΓ£o pelo teorema dohomomorfismo, existe um monomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda π :π/πΎππ(π) ββ π
tal que π β π = π . Assim, π(π/πΎππ(π)) Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π. Comoπ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples, π(π/πΎππ(π)) = {0} ou π(π/πΎππ(π)) = π.PorΓ©m, πΎππ(π) = {π}, pois π Γ© nΓ£o nula. Logo, π(π/πΎππ(π)) = π e, consequen-temente, pela Proposição 2.2.43 πΎππ(π) Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda maximal de π .Logo, πππ(π) β πΎππ(π). Reciprocamente, seja πΏ um submΓ³dulo Γ esquerda maximalde π . Pela Proposição 2.2.43 π/πΏ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Considereπ : π ββ π/πΏ a projeção canΓ΄nica. Por hipΓ³tese, π(π) = 0 entΓ£o π β πΏ, poisπΎππ(π) = πΏ. Logo, π β πππ(π).
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 46
(ii) Seja π₯ = (π,π) β πππ(π β π), com π β π e π β π . Consideremos π :π ββ π
um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda, onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda sim-ples. Definimos, πΉ : π β π ββ π por πΉ (πβ², πβ²) = π(πβ²). Γ fΓ‘cil ver que, πΉ Γ©um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Como π₯ β πππ(π β π), pelo item (i),0 = πΉ (π₯) = πΉ (π,π) = π(π). Logo, π β πππ(π). De maneira anΓ‘loga, mostramosque π β πππ(π). Portanto, π₯ β πππ(π) β πππ(π). Reciprocamente, seja π₯ = (π,π) βπππ(π) β πππ(π). Consideremos π : π β π ββ π um homomorfismo de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda, onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Definimos πΉ : π ββ π porπΉ (πβ²) = π(πβ², 0). Γ fΓ‘cil ver que, πΉ Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Comoπ β πππ(π) temos que 0 = πΉ (π) = π(π, 0). Analogamente, definimos πΊ :π ββ π porπΊ(π) = π(0, π). Claramente πΊ Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos e como π β πππ(π)temos que 0 = πΊ(π) = π(0, π). Logo, π(π,π) = π(π, 0) + π(0, π) = 0, e portanto peloitem (i) π₯ β πππ(π βπ).
(iii) Seja π₯ β πππ(π). Consideremos π : π ββ π um homomorfismo de π΄-mΓ³dulosΓ esquerda, onde π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Definimos, πΉ : π ββ π porπΉ (π) = (π β π)(π). Claramente πΉ Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda e comoπ₯ β πππ(π) temos que 0 = πΉ (π₯) = (π β π)(π₯) = π(π(π₯)). Portanto, π(π₯) β πππ(π).
(iv) Seja π um submΓ³dulo Γ esquerda maximal de π . Pela Proposição 2.2.43 temos queπ/π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. EntΓ£o, π(π + π) = ππ + π = 0, para todoπ β π½(π΄) e π β π , assim, ππ β π e π½(π΄)π β π . Portanto, π½(π΄)π β β
πββ³ππ₯(π) π ,onde β³ππ₯(π) denota o conjunto de todos os submΓ³dulos Γ esquerda maximais de π .Resta mostrarmos que π½(π΄)π β πππ(π). Seja π β π e consideramos ππ : π΄ ββ π
dada por ππ(π) = ππ, para todo π β π΄. Vejamos que ππ Γ© um homomorfismo de π΄-mΓ³dulos Γ esquerda. Sejam π, π β π΄ e π β π , entΓ£o ππ(ππ) = (ππ)π = π(ππ) = πππ(π).Sejam π β πππ(π΄π΄) = π½(π΄) e π β π . Assim, pelo item (iii), temos que ππ = ππ(π) βππ(πππ(π΄π΄)) = πππ(π).
Observação 2.2.94. Prova-se por indução que πππ(βπβπΌπππ) = βπβπΌππππ(ππ).
Lema 2.2.95. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerdafinitamente gerado. Se π Γ© semissimples, entΓ£o πππ(π) = {0}.
Demonstração. Suponhamos queπ seja umπ΄-mΓ³dulo semissimples. EntΓ£o, π = βπβπΌ1,πππ,onde cada ππ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Pela Observação 2.2.94 temos queπππ(π) = βπβπΌ1,ππππ(ππ). Como π½(π΄)ππ = {0}, π β πΌ1,π, entΓ£o πππ(ππ) = {0}, π β πΌ1,π.Portanto, πππ(π) = {0}.
Proposição 2.2.96. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. EntΓ£o, as seguintes afirmaçáes sΓ£o vΓ‘lidas
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 47
(i) O π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π/πππ(π) Γ© semissimples e Γ© um π΄/π½(π΄)-mΓ³dulo Γ es-querda;
(ii) Se πΏ Γ© um submΓ³dulo Γ esquerda de π tal que π/πΏ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerdasemissimples, entΓ£o πππ(π) β πΏ.
Demonstração. (i) Como πππ(π) = π½(π΄)π , vejamos que π½(π΄)(π/πππ(π)) = {0}. Defato, sejam π β π½(π΄) e π β π . Assim, ππ = ππ = 0, para todo π β π/πππ(π). Logo,π½(π΄)(π/π½(π΄)π) = {0} e, pela Proposição 2.2.90 π/πππ(π) Γ© semissimples. AlΓ©m disso,pela Observação 2.2.6 segue que π Γ© π΄/π½(π΄)-mΓ³dulo Γ esquerda.
(ii) Suponha que πΏ seja um submΓ³dulo Γ esquerda de π tal que π/πΏ Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples. Considere π : π ββ π/πΏ a projeção canΓ΄nica. Pelo item (iii) daProposição 2.2.93, π(πππ(π)) β πππ(π/πΏ). Como π/πΏ Γ© semissimples entΓ£o pelo Lema2.2.96, πππ(π/πΏ) = {0}. Assim, π(πππ(π)) β {0}, e assim πππ(π) β πΎππ(π) = πΏ.
Como consequΓͺncia das proposiçáes anteriores temos o seguinte corolΓ‘rio que nadamais Γ© que a recΓproca do Lema 2.2.95.
CorolΓ‘rio 2.2.97. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. Se πππ(π) = {0}, entΓ£o π Γ© semissimples.
Demonstração. Suponha que πππ(π) = {0}. Assim, π β π/πππ(π) e pela Proposição2.2.96 (i) temos que π β π/πππ(π) Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples. Logo, πΓ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples.
Seja π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. Note que para cada π β₯ 1,definimos ππππ(π) = π½(π΄)ππ e πππ0(π) = π . EntΓ£o, ππππ(π) = πππ(ππππβ1(π)), pois
ππππ(π) = π½(π΄)ππ = π½(π΄)π½(π΄)πβ1π = π½(π΄)ππππβ1(π) = πππ(ππππβ1(π)).
EntΓ£o, ππππ+1(π) = πππ(ππππ(π)) = π½(π΄)ππππ(π), e assim ππππ+1(π) β ππππ(π). Maisainda, se ππππ+1(π) = ππππ(π), para algum πβ₯0 entΓ£o π½(π΄)(ππππ(π)) = ππππ(π). Logo,pelo Lema 2.2.82 temos que ππππ(π) = {0}. AlΓ©m disso, ππππ(π) = {0}, para algumπβ₯ 1, visto que, π½(π΄) um ideal Γ esquerda nilpotente. Agora, se ππππ(π) = ππππ+1(π),ππππ(π)/ππππ+1(π) Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda semissimples. Com efeito, sabemos que
πππ(ππππ(π)/ππππ+1(π)) = π½(π΄)(ππππ(π)/ππππ+1(π))
= π½(π΄)(π½(π΄)ππ/π½(π΄)π+1π) = {0}.
Logo, pelo CorolΓ‘rio 2.2.97, ππππ(π)/ππππ+1(π) Γ© semissimples.
A partir da discussΓ£o feita acima, temos a seguinte cadeia decrescente de submΓ³-dulos Γ esquerda de π , existe um π (mΓnimo) tal que π
π ) πππ(π) ) πππ2(π) ) Β· Β· Β· ) ππππβ1(π) ) ππππ(π) = {0},
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 48
tal que os π΄-mΓ³dulos Γ esquerda ππππ(π)/ππππ+1(π), π β πΌπβ1 sΓ£o semissimples. Cha-mamos estΓ‘ cadeia de sΓ©rie radical de π ou de sΓ©rie de Loewy de π . O nΓΊmero π Γ© ditoo comprimento de Loewy do mΓ³dulo Γ esquerda π , e denotaremos por ββ(π). Com isso,podemos concluir que os π΄-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerados semissimples sΓ£o osπ΄-mΓ³dulos Γ esquerda de comprimento de Loewy igual a 1.
Observação 2.2.98. Sejam ππ e ππ, π β πΌ1,π, π΄-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerados.Pela Observação 2.2.94, ββ(βπβπΌ1,πππ) = πππ₯{ββ(ππ) | π β πΌ1,π}.
CorolΓ‘rio 2.2.99. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado. EntΓ£o, ββ(π) β€ ββ(π΄π΄).
Demonstração. Consideremos ββ(π) = π e ββ(π΄π΄) = π. Assim, ππππ(π) = {0} eππππ(π΄π΄) = π½(π΄)π = {0}. Como ππππ(π) = π½(π΄)ππ = πππ(π΄π΄)ππ , para todo π β₯ 0,entΓ£o π β€ π.
A seguir veremos uma importante caracterização de mΓ³dulos uniseriais a partir dasΓ©rie radical do π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π .
Proposição 2.2.100. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e π um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamentegerado. EntΓ£o, as seguintes condiçáes sΓ£o equivalentes
(i) π Γ© uniserial;
(ii) a sΓ©rie radical Γ© uma sΓ©rie de composição de π ;
(iii) β(π) = ββ(π).
Demonstração. (i) β (ii) Suponhamos que π seja uniserial e consideremos
π = π0 β π1 β Β· Β· Β· β ππ = {0}
a ΓΊnica sΓ©rie de composição de π . Em particular, π1 Γ© o ΓΊnico submΓ³dulo Γ esquerdamaximal de π , jΓ‘ que todo submΓ³dulo Γ esquerda de π Γ© um termo em uma sΓ©rie decomposição. Consequentemente, π1 = πππ(π). AlΓ©m disso, como π Γ© uniserial entΓ£oπ1 tambΓ©m Γ© uniserial. Assim, de maneira anΓ‘loga temos que π2 = πππ(π1), dondesegue que π2 = πππ(πππ(π)) = πππ2(π). Repetindo este argumento segue que a sΓ©rieπ = π0 β π1 β Β· Β· Β· β ππ = {0} Γ© a sΓ©rie radical de π .
(ii) β (iii) Imediato.
(iii) β (i) Como β(π)=ββ(π)=π. EntΓ£o, π=πππ(π) β πππ2(π) βΒ· Β· Β·β ππππ(π)={0}Γ© uma sΓ©rie de composição de π . Logo, ππππ(π)/ππππ+1(π), para todo π β πΌ1,πβ1 Γ©simples. Pela Proposição 2.2.43, ππππ+1(π) Γ© submΓ³dulo Γ esquerda maximal de ππππ(π).Desde que ππππ+1(π) = πππ(ππππ(π)) Γ© a interseção de todos os submΓ³dulos Γ esquerda
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 49
maximais de ππππ(π) temos que ππππ+1(π) Γ© o ΓΊnico submΓ³dulo Γ esquerda maximal deππππ(π). Em particular, πππ(π) Γ© o ΓΊnico submΓ³dulo Γ esquerda maximal de π . Sejaπ um submΓ³dulo Γ esquerda nΓ£o trivial de π . EntΓ£o, π β πππ(π). Seja π β πΌ1,πβ1 omaior Γndice tal que π β ππππ(π). Como ππππ+1(π) Γ© o ΓΊnico submΓ³dulo Γ esquerdamaximal de ππππ(π) e π ππππ+1(π) temos que π = ππππ(π). Logo, a sΓ©rie radical deπ Γ© formada por todos os submΓ³dulos Γ esquerda de π , ou seja, ela Γ© a ΓΊnica. Portanto,π Γ© uniserial.
A seguir enunciaremos um lema que nos diz que se o comprimento de Loewy deπ΄π΄ Γ© igual ao comprimento de Loewy do π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π e π Γ© indecomponΓvel,entΓ£o π Γ© projetivo e injetivo. A demonstração deste resultado Γ© bem construtiva, eenvolve vΓ‘rias propriedades sobre mΓ³dulos indecomponΓveis, projetivos, injetivos e outrosconceitos que nΓ£o foram apresentados neste trabalho, por esta razΓ£o optamos por omitΓ-lado texto. A demonstração deste resultado pode ser vista em (CHEN, 2002).
Lema 2.2.101. ([Lema 3.5. CHEN, 2002]) Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finitaauto-injetiva com ββ(π΄π΄) = π. Se π Γ© um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda com ββ(π) = π, entΓ£oπ contΓ©m um somando direto projetivo e indecomponΓvel. Mais ainda, se π Γ© indecom-ponΓvel, entΓ£o π Γ© projetivo e injetivo.
Para finalizar esta subseção vamos apresentar a definição de Ñlgebra de Nakayama.
Definição 2.2.102. Seja π΄ uma k-Γ‘lgebra de dimensΓ£o finita. Dizemos que π΄ Γ© umaΓ‘lgebra de Nakayama se todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e indecomponΓvel Γ© uniseriale todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda injetivo e indecomponΓvel Γ© uniserial.
O teorema a seguir serΓ‘ fundamental para garantir que os mΓ³dulos indecompo-nΓveis da Γ‘lgebra de Taft que serΓ£o calculados no Lema 3.1.9 (ii) sΓ£o os ΓΊnicos mΓ³dulosindecomponΓveis nesta Γ‘lgebra.
Teorema 2.2.103. ([Teorema 3.5, ASSEM; SIMSON; SKOWROΕSKI, 2006 ]) Seja π΄
uma k-Γ‘lgebra de Nakayama. EntΓ£o, todo π΄-mΓ³dulo Γ esquerda π finitamente gerado eindecomponΓvel Γ© isomorfo a um π΄-mΓ³dulo Γ esquerda da forma π/ππππ(π ), para algumπ π΄-mΓ³dulo Γ esquerda finitamente gerado, projetivo e indecomponΓvel com π β πΌ1,ββ(π ).
2.3 Γlgebras de HopfNesta seção daremos a definição de Γ‘lgebra de Hopf, bem como algumas proprie-
dades importantes. Além disso, nossos objetivos nesta seção serão mostrar que a Ñlgebrade Taft é uma Ñlgebra de Hopf e demonstrar um resultado importante sobre Ñlgebrasde Hopf de dimensão finita, à saber, o teorema de Maschke. Por fim, introduziremos o
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 50
anel de Green de uma Ñlgebra de Hopf de dimensão finita. Os resultados expostos nestaseção podem ser encontrados em (DASCALESCUS; RAIANU; NASTASESCUS, 2001),(RADFORD, 2012), (KASSEL, 1995), (KLIMYK; SCHMUDGEN, 1997), (SCHNEIDER,1995) e (ARMSTRONG, 1988) e (LANG, 2002).
Definição 2.3.1. Uma coΓ‘lgebra sobre um corpo k, ou simplesmente uma k-coΓ‘lgebra,Γ© um k-espaΓ§o vetorial πΆ munido de duas transformaçáes lineares, Ξ : πΆ ββ πΆ β πΆ eπ : πΆ ββ k, tais que os seguintes diagramas sΓ£o comutativos:
πΆΞ //
Ξ
οΏ½οΏ½
πΆ β πΆ
ΞβπΌππΆ
οΏ½οΏ½πΆ β πΆ
πΌππΆβΞ// πΆ β πΆ β πΆ
πΆπβ1
%%
πβ1
yyΞ
οΏ½οΏ½
kβ πΆ πΆ β k
πΆ β πΆ.πβπΌππΆ
ee
πΌππΆβπ
99
As aplicaçáes Ξ e π sΓ£o chamadas de comultiplicação e counidade, respectiva-mente. AlΓ©m disso, notemos que a comutatividade do primeiro diagrama Γ© a relação quechamamos de coassociatividade, ou seja:
(Ξ β πΌππΆ) β Ξ = (πΌππΆ β Ξ) β Ξ.
JΓ‘ a comutatividade do segundo diagrama Γ© a existΓͺncia da counidade de πΆ, ou seja,
(πβ πΌππΆ)(Ξ(π)) = 1k β π e (πΌππΆ β π)(Ξ(π)) = πβ 1k,
para todo π β πΆ.
Observação 2.3.2. Seja (πΆ,Ξ, π) uma k-coΓ‘lgebra, para qualquer π β πΆ temos que
Ξ(π) =πβπ=1
ππ1 β ππ2 onde ππ1, ππ2 β πΆ, π β πΌ1,π.
Para denotar a imagem de um elemento π β πΆ pela aplicação Ξ, usaremos anotação de Sweedler (ou notação sigma) a qual suprime os Γndices π e nos permite escrever:
Ξ(π) =πβπ=1
ππ1 β ππ2 :=β
π1 β π2.
Como Ξ(π) β πΆ β πΆ temos duas maneiras possΓveis de reaplicar a função Ξ,Ξ β πΌππΆ e πΌππΆ β Ξ. Utilizando a notação estabelecida na Observação acima, obtemosque Ξ β πΌππΆ(Ξ(π)) = β
π11 β π12 β π2 e tambΓ©m que πΌππΆ β Ξ(Ξ(π)) = βπ1 β π21 β π22. A
comutatividade do primeiro diagrama na Definição 2.3.1 diz que estes sΓ£o iguais. PodemosentΓ£o definir Ξ2 : πΆ ββ πΆ β πΆ β πΆ por Ξ2 = Ξ β πΌππΆ = πΌππΆ β Ξ e estendemos nossanotação para
Ξ2(π) =β
π11 β π12 β π2 =β
π1 β π21 β π22 :=β
π1 β π2 β π3.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 51
Definindo recursivamente Ξπ : πΆ ββ πΆ β Β· Β· Β· β πΆ, onde πΆ aparece π + 1-vezes,por Ξ1 = Ξ e Ξπ = (Ξ β πΌππβ1
πΆ ) β Ξπβ1 para π β₯ 2, enunciamos o seguinte resultado,que Γ© conhecido como coassociatividade generalizada.
Proposição 2.3.3. ([Proposição 1.1.7, DASCALESCUS; RAIANU; NASTASESCUS,2001]) Seja (πΆ,Ξ, π) uma k-coΓ‘lgebra. EntΓ£o, para todo π β₯ 2 e 0 β€ π β€ π β 1, vale aseguinte equação Ξπ = (πΌπππΆ β Ξ β πΌππβπβ1
πΆ ) β Ξπβ1.
Neste trabalho optamos por não apresentar a demonstração da Proposição acima,visto que, este é um resultado clÑssico da Teoria de Ñlgebras de Hopf. A prova desseresultado pode ser encontrada com detalhes em (DASCALESCUS; RAIANU; NASTA-SESCUS, 2001).
Exemplo 2.3.4. O corpo k tem uma estrutura de k-coΓ‘lgebra dada por Ξ(1k) = 1k β 1ke π(1k) = 1k.
Exemplo 2.3.5. Sejam πΆ e π· k-coΓ‘lgebras com comultiplicaçáes ΞπΆ e Ξπ· e counidadesππΆ e ππ·, respectivamente. EntΓ£o, πΆ β π· Γ© uma k-coΓ‘lgebra com comultiplicação dadapor ΞπΆβπ· = (πΌππΆ β π β πΌππ·) β (ΞπΆ β Ξπ·) e counidade dada por ππΆβπ· = πβ² β (ΞπΆ β Ξπ·),onde π : πΆβπ· ββ π·βπΆ Γ© a aplicação twist e π : kβk ββ k Γ© o isomorfismo canΓ΄nico.
Exemplo 2.3.6. A Γ‘lgebra de grupo kπΊ Γ© uma k-cΓ³algebra com comultiplicação dadapor Ξ(π) = π β π e counidade por π(π) = 1k, para todo π β πΊ.
Definição 2.3.7. Sejam πΆ uma coΓ‘lgebra e πΈ um k-subespaΓ§o vetorial de πΆ. Dizemosque πΈ Γ© uma subcoΓ‘lgebra de πΆ se Ξ(πΈ) β πΈ β πΈ.
Definição 2.3.8. Sejam πΆ uma k-cΓ³algebra e π· um k-subespaΓ§o vetorial de πΆ. Dizemosque
(i) π· Γ© um coideal Γ esquerda se Ξ(π·) β πΆ βπ·;
(ii) π· Γ© um coideal Γ direita se Ξ(π·) β π· β πΆ;
(iii) π· Γ© um coideal se Ξ(π·) β πΆ βπ· +π· β πΆ e π(π·) = 0.
Definição 2.3.9. Sejam πΆ uma k-cΓ³algebra e π β πΆ tal que π = 0. Dizemos que π Γ© umelemento de tipo grupo se Ξ(π) = π β π, e denotamos por πΊ(πΆ) o conjunto de todos oselementos de tipo grupo de πΆ.
Observação 2.3.10. Uma consequΓͺncia imediata da definição acima Γ© que π(π) = 1, paratodo π β πΊ(πΆ), pois π = π1k = ππ(π) e consequentemente (1 β π(π))π = 0.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 52
Definição 2.3.11. Sejam πΆ e π· k-coΓ‘lgebras com comultiplicaçáes ΞπΆ e Ξπ· e counidadesππΆ e ππ·, respectivamente. Uma transformação linear π : πΆ β π· Γ© um homomorfismo dek-coΓ‘lgebras se os seguintes diagramas sΓ£o comutativos:
πΆπ //
ΞπΆ
οΏ½οΏ½
π·
Ξπ·
οΏ½οΏ½πΆ β πΆ
πβπ// π· βπ·
πΆπ //
ππΆ
οΏ½οΏ½
π·
ππ·
οΏ½οΏ½k.
As comutatividades dos diagramas acima, podem ser reescritas das seguintes ma-neiras: β
π(π1) β π(π2) =β
(π(π))1 β (π(π))2 e ππ·(π(π)) = ππΆ(π),
para todo π β πΆ.
Seja π : πΆ β π· um homomorfismo de coΓ‘lgebras. Γ fΓ‘cil ver que πΎππ(π) Γ© umcoideal πΆ. AlΓ©m disso, se πΈ β πΎππ(π), entΓ£o existe ΓΊnica estrutura de k-coΓ‘lgebra πΆ/πΈtal que π : πΆ β πΆ/πΈ Γ© um homomorfismo de k-coΓ‘lgebras.
Quando um k-espaΓ§o vetorial possui tanto a estrutura de k-Γ‘lgebra quanto a es-trutura de k-coΓ‘lgebra, e se estas estruturas sΓ£o compatΓveis obtemos uma nova estrutura,chamada de biΓ‘lgebra, conforme a seguinte definição.
Definição 2.3.12. Seja π» um k-espaΓ§o vetorial. Dizemos que uma quΓntupla (π»,π, π’,Ξ, π)Γ© uma k-biΓ‘lgebra, ou simplesmente uma biΓ‘lgebra, se
(i) (π»,π, π’) Γ© uma k-Γ‘lgebra;
(ii) (π»,Ξ, π) Γ© uma k-coΓ‘lgebra;
(iii) Ξ e π sΓ£o homomorfismos de k-Γ‘lgebras.
Exemplo 2.3.13. Dos Exemplos 2.1.5 e 2.3.6 vimos que a Γ‘lgebra de grupo kπΊ Γ© umaΓ‘lgebra e uma cΓ³algebra. Para verificar que kπΊ Γ© uma biΓ‘lgebra, devemos mostrar queπ e Ξ sΓ£o homomorfismos de Γ‘lgebras. Com efeito, para quaisquer π, β β πΊ, temos queΞ(πβ) = πβ β πβ = (π β π)(β β β) = Ξ(π)Ξ(β) e Ξ(1πΊ) = 1πΊ β 1πΊ, e portanto Ξ Γ© umhomomorfismo de Γ‘lgebras. E tambΓ©m π(πβ) = 1k = 1k1k = π(π)π(β) e π(1πΊ) = 1k, eportanto π Γ© tambΓ©m um homomorfismo de Γ‘lgebras.
Definição 2.3.14. Sejam π» e πΏ k-biΓ‘lgebras. Uma transformação linear π :π» β πΏ Γ©homomorfismo de k-biΓ‘lgebras se π Γ© um homomorfismo de k-Γ‘lgebras e de k-cΓ³algebras.
Sejam (π΄,π, π’) uma k-Γ‘lgebra e (πΆ,Ξ, π) uma k-cΓ³algebra. Considereπ»ππk(πΆ,π΄)o conjunto de todas as transformaçáes k-lineares de πΆ em π΄. Este Γ© um k-espaΓ§o veto-rial com a soma pontual e a multiplicação por escalar dada por (πΌπ)(π₯) = π(πΌπ₯), para
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 53
quaisquer π β π»ππk(πΆ,π΄), πΌ β k e π₯ β πΆ. Dados π, π β π»ππk(πΆ,π΄) podemos definirem π»ππk(πΆ,π΄) uma multiplicação, chamada de produto convolução, por:
(π * π)(π) = (π β (π β π) β Ξ)(π) = π(π1)π(π2),
para todo π β πΆ, e uma unidade dada por π’π»ππk(πΆ,π΄)(1k) = π’ β π. Γ fΓ‘cil verificar, queπ»ππk(πΆ,π΄) tem estrutura de k-Γ‘lgebra.
Considerando π» uma biΓ‘lgebra e denotando por π»πΆ o k-espaΓ§o vetorial π» comestrutura de cΓ³algebra e π»π΄ o k- espaΓ§o vetorial π» com estrutura de Γ‘lgebra, pelo quevimos acima, π»ππk(π»πΆ , π»π΄) Γ© uma Γ‘lgebra com o produto convolução. Mais ainda,notemos que πΌππ» β π»ππk(π»πΆ , π»π΄). Com isso, podemos dar a seguinte definição.
Definição 2.3.15. Seja π» uma k-biΓ‘lgebra. Uma transformação linear π :π» ββ π» Γ©chamada de antΓpoda de π» se π Γ© a inversa da identidade com relação ao produto deconvolução, ou seja, π * πΌππ» = πΌππ» * π = π’ β π.
Da definição acima temos: (π * πΌππ»)(β) = (π β (π β πΌππ») β Ξ)(β) = βπ(β1)β2,
para todo β β π». Analogamente, (πΌππ» * π)(β) = ββ1π(β2), para todo β β π».
Definição 2.3.16. Uma Γ‘lgebra de Hopf Γ© uma biΓ‘lgebra π» que possui uma antΓpoda.
Exemplo 2.3.17. Vimos que kπΊ Γ© uma biΓ‘lgebra. Para que kπΊ seja uma Γ‘lgebra deHopf, resta apenas definir a antΓpoda. Seja π : kπΊ ββ kπΊ dada por π(π) = πβ1, ondeπβ1 denota o elemento inverso de π com relação a operação do grupo. Vejamos que π Γ© aantΓpoda de kπΊ. Seja π β kπΊ entΓ£o,
(π’kπΊ β πkπΊ)(π) = π’kπΊ(πkπΊ(π)) = π’kπΊ(1k) = 1πΊ.
Por outro lado,
(π * πΌπkπΊ)(π) = π(π)πΌπkπΊ(π) = π(π)π = πβ1π = 1πΊ.
Assim, π * πΌπkπΊ = π’kπΊ β πkπΊ. Analogamente, πΌπkπΊ * π = π’kπΊ β πkπΊ. Logo, π Γ© a antΓpodade kπΊ.
Definição 2.3.18. Sejam π» uma Γ‘lgebra de Hopf com antΓpoda π e πΎ um k-subespaΓ§ovetorial de π». Dizemos que πΎ Γ© uma subΓ‘lgebra de Hopf de π» se πΎ Γ© uma subΓ‘lgebra euma subcoΓ‘lgebra de π» satisfazendo π(πΎ) β πΎ.
Definição 2.3.19. Sejam π» uma Γ‘lgebra de Hopf com antΓpoda π e πΌ um k-subespaΓ§ovetorial de π». Dizemos que πΌ Γ© um ideal de Hopf de π» se πΌ Γ© um ideal e um coideal deπ» tal que π(πΌ) β πΌ.
Definição 2.3.20. Sejam π» e πΏ Γ‘lgebras de Hopf. Dizemos que π : π» ββ πΏ Γ© umhomomorfismo de Γ‘lgebras de Hopf se π Γ© um homomorfismo de biΓ‘lgebras.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 54
A proposição a seguir prova que todo homomorfismo de Γ‘lgebras de Hopf preservaa antΓpoda.
Proposição 2.3.21. Sejam π» e πΏ Γ‘lgebras de Hopf e π : π» ββ πΏ um homomorfismo debiΓ‘lgebras. EntΓ£o, π β ππ» = ππΏ β π .
Demonstração. Considere a k-Γ‘lgebra π»ππk(π»,πΏ) com o produto convolução. Mostre-mos que π β ππ» Γ© um inverso Γ direita de π e ππΏ β π um inverso Γ esquerda de π emπ»ππk(π»,πΏ). Com efeito, para qualquer β β π», temos que
(π * (π β ππ»))(β) =β
π(β1)(π β ππ»)(β2) =β
π(β1)π(ππ»(β2)) = π(β
β1ππ»(β2))
= π(ππ»(β)1π») = ππ»(β)π(1π») = ππ»(β)1πΏ = (π’πΏ β ππ»)(1k)
Analogamente, temos que ((ππΏβπ)*π)(β) = (π’πΏβππ»)(1k). Logo, πβ1 = ππΏβπ = πβππ» .
Seja π :π» β πΏ um homomorfismo de Γ‘lgebras de Hopf. Γ fΓ‘cil ver que πΎππ(π)Γ© um ideal de Hopf de π». AlΓ©m disso, se πΌ β πΎππ(π), entΓ£o existe ΓΊnica estrutura deΓ‘lgebra de Hopf sobre π»/πΌ tal que π : π» β π»/πΌ Γ© um homomorfismo de Γ‘lgebras deHopf.
Vejamos a seguir alguns resultados importantes sobre Γ‘lgebras de Hopf.
Proposição 2.3.22. Seja (π»,π, π’,Ξ, π, π) uma Γ‘lgebra de Hopf. EntΓ£o, para quaisquerπ, β β π», temos
(i) π(βπ) = π(π)π(β);
(ii) π(1π») = 1π» ;
(iii) Ξ(π(β)) = βπ(β2) β π(β1);
(iv) π(π(β)) = π(β).
Demonstração. (i) Considere a k-Γ‘lgebra π΅ = π»ππk(π» βπ»,π») com o produto convolu-ção. Sejam πΉ,πΊ,π : π» βπ» ββ π» dadas por πΉ (ββ π) = π(π)π(β), πΊ(ββ π) = π(βπ) eπ(π β β) = πβ para quaisquer π, β β π». Vamos provar que π Γ© a inversa Γ esquerda deπΉ e Γ© a inversa Γ direita de πΊ. Dados π, β β π», entΓ£o
(π * πΉ )(π β β) =β
π((π β β)1)πΉ ((π β β)2) =β
π(π1 β β1)πΉ (π2 β β2)
=β
(π1β1)(π(β2)π(π2)) =β
π1π(β)1π»π(π2) = π(β)π(π)1π»= ππ»βπ»(π β β)1π» = ππ»βπ»(π β β)π’(1k) = (π’π» β ππ»βπ»)(π β β)
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 55
Por outro lado,
(πΊ *π)(π β β) =β
πΊ((π β β)1)π((π β β)2) =β
πΊ(π1 β β1)π(π2 β β2)
=β
π(π1β1)((β2)(π2)) =β
π((πβ)1)((πβ)2) = π(πβ)1π»= π(π)π(β)1π» = ππ»βπ»(π β β)1π» = ππ»βπ»(π β β)π’(1k)
= (π’π» β ππ»βπ»)(π β β)
Portanto, πΉ = πΊ.
(ii) Como Ξ(1π») = 1π»βπ» , temos que π(1π»)1π» = π(1π») = 1k1π» = 1π» .
Os itens (iii) e (iv) sΓ£o feitos de maneira anΓ‘loga.
Observamos que os itens (i) e (ii) da proposição acima dizem que π Γ© um anti-homomorfismo de k-Γ‘lgebras, e os itens (iii) e (iv) dizem que π Γ© tambΓ©m um anti-homomorfismo de k-coΓ‘lgebras.
Lema 2.3.23. Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf. EntΓ£o, πΊ(π») tem estrutura de grupo com amultiplicação induzida de π».
Demonstração. Como π» Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf, entΓ£o Ξ : π» ββ π» β π» Γ© um homo-morfismo de Γ‘lgebras. Assim, Ξ(1π») = 1π» β 1π» , ou seja, 1π» β πΊ(π»). Se π β β πΊ(π»),entΓ£o
Ξ(πβ) = Ξ(π)Ξ(β) = (π β π)(ββ β) = πββ πβ,
consequentemente, πβ β πΊ(π»). Por fim, como π Γ© anti-homomorfismo de cΓ³algebrastemos que, Ξ(π(π)) = π(π) β π(π) donde π(π) β πΊ(π»), para todo π β π». AlΓ©m disso, seπ β πΊ(π»), entΓ£o πβ1 = π(π) β πΊ(π») pois, pela definição da antΓpoda π temos
π(π)π = ππ(π) = π(π)1π» = 1π» ,
Analogamente, ππ(π) = 1π» .
Exemplo 2.3.24. Seja πΊ(π») o conjunto dos elementos de tipo grupo de uma Γ‘lgebra deHopf π». EntΓ£o, pelo lema acima kπΊ(π») Γ© uma subΓ‘lgebra de Hopf de π».
Proposição 2.3.25. Seja π um conjunto nΓ£o vazio. EntΓ£o, a Γ‘lgebra livre kβ¨πβ© Γ© umaΓ‘lgebra de Hopf.
Demonstração. Para mostrarmos que kβ¨πβ© Γ© uma k-Γ‘lgebra de Hopf precisamos definirΞ, π e π, de tal maneira que Ξ e π sejam homomorfismos de k-Γ‘lgebras e π seja anti-homomorfismo de k-Γ‘lgebras e de k-coΓ‘lgebras. Seja Ξβ² : π ββ kβ¨πβ© β kβ¨πβ© a funçãodada por Ξβ²(π₯) = π₯ β 1 + 1 β π₯. Pela Definição 2.1.16 existe ΓΊnico homomorfismo deΓ‘lgebras Ξ : kβ¨πβ© ββ kβ¨πβ© β kβ¨πβ© tal que Ξ β πΌ = Ξβ². Analogamente, existe um ΓΊnico
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 56
homomorfismo de k-Γ‘lgebras π : kβ¨πβ© ββ k induzido por π(π₯) = 0, para todo π₯ β π.Mostremos que (kβ¨πβ©,Ξ, π) Γ© uma k-coΓ‘lgebra, ou seja, que valem as seguintes igualdades(Ξ β πΌπ) β Ξ = (πΌπβ Ξ) β Ξ, ((πβ πΌπ) β Ξ)(π₯) = 1k β π₯ e ((πΌπβ π β Ξ)(π₯) = π₯β 1k paratodo π₯ β kβ¨πβ©. Basta provar que estas valem para os elementos da base de kβ¨πβ©. Sejaπ₯ β π, entΓ£o
(Ξ β πΌπkβ¨πβ©)(Ξ(π₯)) = (Ξ β πΌπkβ¨πβ©)(π₯β 1 + 1 β π₯)
= Ξ(π₯) β 1 + Ξ(1) β π₯ = (π₯β 1 + 1 β π₯) β 1 + 1 β 1 β π₯
= π₯β 1 β 1 + 1 β π₯β 1 + 1 β 1 β π₯.
Por outro lado,
(πΌπkβ¨πβ© β Ξ)(Ξ(π₯)) = (πΌπkβ¨πβ© β Ξ)(π₯β 1 + 1 β π₯)
= π₯β Ξ(1) + 1 β Ξ(π₯) = π₯β 1 β 1 + 1 β (π₯β 1 + 1 β π₯)
= π₯β 1 β 1 + 1 β π₯β 1 + 1 β 1 β π₯.
AlΓ©m disso,
(πβ πΌπkβ¨πβ©)(Ξ(π₯)) = (πβ πΌπkβ¨πβ©)(π₯β 1 + 1 β π₯) = π(π₯) β 1 + π(1) β π₯ = 1k β π₯.
Analogamente, ((πΌπkβ¨πβ© β π β Ξ)(π₯) = π₯β 1k. Logo kβ¨πβ© Γ© uma coΓ‘lgebra.
Como Ξ e π sΓ£o homomorfismos de Γ‘lgebras, segue que kβ¨πβ© Γ© uma biΓ‘lgebra.Resta mostrar que existe uma antΓpoda para kβ¨πβ©. Seja π β² : π ββ kβ¨πβ©ππ a função defi-nida por π β²(π₯) = βπ₯, para todo π₯ β π. Pela Definição 2.1.16 existe ΓΊnico homomorfismode Γ‘lgebras π : kβ¨πβ© ββ kβ¨πβ©ππ tal que π βπΌ = π β². Vejamos que π Γ© a antΓpoda de kβ¨πβ©,ou seja, que (π * πΌπkβ¨πβ©) = π’ β π = (πΌπkβ¨πβ© *π). Da mesma forma que feito anteriormente,se mostrarmos as igualdades para os elementos de π, entΓ£o essas igualdades se estendempara elementos de kβ¨πβ©. Seja π₯ β π, entΓ£o
(π * πΌπkβ¨πβ©)(π₯) = (π β (π β πΌπkβ¨πβ©))(Ξ(π₯)) = (π β (π β πΌπkβ¨πβ©))(π₯β 1 + 1 β π₯)
= π(π(π₯) β 1 + π(1) β π₯) = π(π₯)1 + 1π₯ = βπ₯+ π₯ = 0 = π’(π(π₯)).
Logo, (π * πΌπkβ¨πβ©) = π’ β π. Analogamente, (πΌπkβ¨πβ© * π) = π’ β π. Portanto, kβ¨πβ© Γ© umaΓ‘lgebra de Hopf.
A seguir apresentaremos um teorema que garante a injetividade de Ñlgebras deHopf de dimensão finita. Este é um resultado bem conhecido da Teoria de Ñlgebras deHopf. De fato, encontramos na literatura que este vale em uma situação mais geral.Entretanto, enunciaremos a versão mais adequada ao nosso interesse.
Teorema 2.3.26. ([Teorema 1.4.13, SILVA, 2014]) Toda Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£ofinita Γ© auto-injetiva.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 57
2.3.1 Γlgebra de Taft
Nesta subseção mostraremos que a Γ‘lgebra de Taft introduzida no Exemplo 2.1.20Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf. Para isso, vamos usar os resultados sobre Γ‘lgebras livres vistosanteriormente, definir o conceito de π-binomial e provarmos alguns resultados sobre este.Os resultados apresentados nesta subseção podem ser encontrados em (KASSEL, 1995) e(KLIMYK; SCHMUDGEN, 1997).
Para cada π β N e 0 = π β k, considere
(π)π = 1 + π + ...+ ππβ1.
Se π = 1, entΓ£o claramente (π)π = π. AlΓ©m disso, se π = 1, entΓ£o (π)π = ππβ1πβ1 .
Definição 2.3.27. Seja π β N, o π-fatorial de π Γ© dado por
(0)π! = 1, (π)π! = (π)π(πβ 1)π...(1)π.
Claramente se π = 1, entΓ£o (π)π! = π!.
Definição 2.3.28. Seja π β N. Para cada π, 1 β€ 0 β€ π β 1, o coeficiente π-binomial deπ Γ© dado por (
π
π
)π
= (π)π!(πβ π)π!(π)π!
.
AlΓ©m disso,(π0
)π
= 1 =(ππ
)π.
Observação 2.3.29. Se π Γ© uma raiz π-Γ©sima primitiva da unidade e π |π, entΓ£o
ππ = πππ = (ππ)π = 1,
onde π β Z. Consequentemente, (π)π = 0 e(ππ
)π
= 0, 1 β€ π β€ πβ 1.
Proposição 2.3.30. Sejam π β N tal que 0 = π β k e 0 β€ π β€ π. EntΓ£o,
ππ(π
π
)π
+(
π
πβ 1
)π
=(π+ 1π
)π
.
Demonstração. Sejam π β N e 0 β€ π β€ πβ 1. Faremos por indução em π.
Se π = 1 entΓ£o, π = 0 e π = 1. Assim, para π = 0, π0(
10
)π
= 1. Por outro lado,(20
)π
= 1. Para π = 1, temos que π(
11
)π+(
10
)π
= π+1. Por outro lado,(
21
)π
= (2)π! = 1+π.Logo, vale para π = 1. Suponha o resultado vΓ‘lido para π e mostremos que vale paraπ+ 1.
ππ(π
π
)π
+(
π
πβ 1
)π
= ππ(π)π!(πβ π)π!(π)π!
+ (π)π!(πβ π+ 1)π!(πβ 1)π!
= ππ(π)π!(πβ π+ 1)π + (π)π!(π)π!(πβ π+ 1)π!(π)π!
= (π)π!(πβ π+ 1)π!(π)π!
(ππ(πβ π+ 1)π + (π)π)
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 58
Como π β€ π entΓ£o,
ππ(πβ π+ 1)π + (π)π = ππ + ππ+1 + ...+ ππ + 1 + π + ...+ ππβ1 = (π+ 1)π.
Assim,
(π)π!(πβ π+ 1)π!(π)π!
(π+ 1)π = (π+ 1)π!(πβ π+ π)π!(π)π!
=(π+ 1π
)π
.
Proposição 2.3.31. Sejam π΄ uma k-Γ‘lgebra e 0 = π β k e π₯, π¦ β π΄ tais que π₯π¦ = ππ¦π₯.EntΓ£o,
(π₯+ π¦)π =βπβπΌπ
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ.
Demonstração. Faremos por indução em π. Claramente vale para π = 1. Suponhamosque vale para π e mostremos que vale para π+ 1.
(π₯+ π¦)π+1 = (π₯+ π¦)π(π₯+ π¦) = (βπβπΌπ
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ)(π₯+ π¦)
=βπβπΌπ
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ+1 +βπβπΌπ
(π
π
)π
π¦ππ₯πβππ¦
=βπβπΌπ
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ+1 +βπβπΌπ
(π
π
)π
ππβππ¦π+1π₯πβπ
=ββ(0
π
)π
π₯π+1 +βπβπΌ1,π
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ+1
ββ +ββ(π
π
)π
π¦π+1 +β
πβπΌπβ1
(π
π
)π
ππβππ¦π+1π₯πβπ
ββ = π₯π+1+π¦π+1+
βπβπΌ1,π
(π
π
)π
π¦ππ₯πβπ+1+βπβπΌ1,π
(π
π β 1
)π
ππβπ+1π¦ππ₯πβπ+1.
Notemos que,(ππβ1
)π
= ππ !(πβ1)π !(πβπ+1)π ! =
(π
πβπ+1
)π
e(ππ
)π
=(
ππβπ
)π. Assim,
(π₯+ π¦)π+1 = π₯π+1 + π¦π+1 +βπβπΌ1,π
((
π
πβ π
)π
(π
πβ π + 1
)π
ππβπ+1)π¦ππ₯πβπ+1
= π₯π+1 + π¦π+1 +βπβπΌ1,π
(π+ 1
πβ π + 1
)π
π¦ππ₯πβπ+1
=β
πβπΌπ+1
(π+ 1
πβ π + 1
)π
π¦ππ₯πβπ+1.
Como(
π+1πβπ+1
)π
=(π+1π
)π
entΓ£o, (π₯+ π¦)π+1 = βπβπΌπ+1
(π+1π
)ππ¦ππ₯πβπ+1.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 59
Pelo Exemplo 2.1.20 a Γ‘lgebra de Taft Γ© definida como o quociente da Γ‘lgebralivre kβ¨πβ©, onde π = {π, β}. Considere Ξβ² : π ββ ππ(π) β ππ(π), πβ² : π ββ k eπ β² : π ββ ππ(π) definidas, respectivamente, por:
Ξβ²(β) = 1 β β+ ββ π, Ξβ²(π) = π β π,
πβ²(β) = 0, πβ²(π) = 1,
π β²(π) = ππβ1, π β²(β) = βπβ1ππβ1β.
Pela propriedade universal das Γ‘lgebras livres, existem Ξβ²β² : kβ¨πβ© ββ ππ(π) β ππ(π),πβ²β² : kβ¨πβ© ββ k e π β²β² : kβ¨πβ© ββ ππ(π)ππ homomorfismos de k-Γ‘lgebras tais que:
Ξβ²β² β π = Ξβ², πβ²β² β π = πβ² e π β²β² β π = π β².
Do Exemplo 2.1.20 sabemos que ππ(π) = kβ¨πβ©/β¨π β©, onde π = {βπ , ππ β 1, βπ β ππβ}.Logo, pela Proposição 2.1.19 resta mostrar que Ξβ²β²(π )=0, πβ²β²(π )=0 e π β²β²(π )=0. Vejamosinicialmente que vale para πβ²β² e π β²β². De fato, πβ²β²(βπβ ππβ)= πβ²β²(β)πβ²β²(π) β ππβ²β²(π)πβ²β²(β)) = 0,πβ²β²(ππ β1) = (πβ²β²(π))π β1 = 0 e πβ²β²(βπ) = (πβ²β²(β))π = 0. AlΓ©m disso, pela Proposição 2.1.21(iii) temos
π β²β²(βπ) = (π β²β²(β))π = (βπβ1ππβ1β)π = (β1)ππβπππ(πβ1)2
2 ππ(πβ1)βπ = 0,
e,
π β²β²(ππ β 1) = (π β²β²(π))π β 1 = (ππβ1)π β 1 = (ππ)πβ1 β 1 = 0.Finalmente,
π β²β²(βπ β ππβ) = π β²β²(π)π β²β²(β) β π(π β²β²(β)π β²β²(π))
= ((βπβ1ππβ1β)ππβ1) β π((ππβ1)(βπβ1ππβ1β))
= βπβ1ππβ1βππβ1 + ππβ1(ππβ1β)
= βπβ1ππβ1βππβ1 + πβ1ππβ1βππβ1 = 0.
Consequentemente, π :ππ(π) ββ ππ(π) β ππ(π) e π :ππ(π) ββ ππ(π) sΓ£o homo-morfismo de k-Γ‘lgebras tais que π β π = πβ²β² e π β π = π β²β². Para mostrar que Ξβ²β²(π ) = 0,utilizaremos os resultados sobre o coeficiente π-binomial.
Notemos que (1ββ)(ββπ) = βββπ = ββππβ = π(ββπ)(1ββ). Pela Proposição2.3.31 temos
Ξβ²β²(βπ) = (Ξβ²β²(β))π = (1 β β+ ββ π)π =βπβπΌ1,π
(π
π
)π
(1 β β)π(ββ π)πβπ
(*)=(π
0
)π
(1 β β)0(ββ π)π +(π
π
)π
(1 β β)π(ββ π)0
= (ββ π)π + (1 β β)π = βπ β ππ + 1 β βπ = 0.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 60
Como π Γ© uma raΓz π -Γ©sima primitiva da unidade, pela Observação 2.3.29(ππ
)π
= 0, paratodo π β πΌ1,πβ1, isto foi usado em (*). AlΓ©m disso,
Ξβ²β²(ππ β 1) = Ξβ²β²(π)π β Ξβ²β²(1) = (π β π)π β 1 β 1
= ππ β ππ β 1 β 1 = ππ β ππ β 1 β ππ + 1 β ππ β (1 β 1)
= (ππ β 1) β ππ + 1 β (ππ β 1) = 0.
Finalmente,
Ξβ²β²(βπ β ππβ) = Ξβ²β²(β)Ξβ²β²(π) β π(Ξβ²β²(π)Ξβ²β²(β))
= (1 β β+ ββ π)(π β π) β π((π β π)(1 β β+ ββ π))
= π β βπ + βπ β π2 β π β ππββ ππββ π2
= (βπ β ππβ) β π2 + π β (βπ β ππβ) = 0.
Assim, existe ΓΊnico homomorfismo de Γ‘lgebras Ξ : ππ(π) ββ ππ(π) β ππ(π) tal queΞ β π = Ξβ²β². Para que ππ(π) seja uma k-coΓ‘lgebra, resta mostrar que Ξ Γ© coassociativa eπ satisfaz a propriedade da counidade. Γ suficiente provarmos para π = {π, β}. De fato,para β β π temos:
(πΌπππ (π) β Ξ)(Ξ(β)) = (πΌπππ (π) β Ξ)(1 β β+ ββ π)
= πΌπππ (π)(1) β Ξ(β) + πΌπππ (π)(β) β Ξ(π)
= 1 β (1 β β+ ββ π) + ββ π β π
= 1 β 1 β β+ 1 β ββ π + ββ π β π.
Por outro lado,
(Ξ β πΌπππ (π))(Ξ(β)) = (Ξ β πΌπππ (π))(1 β β+ ββ π)
= Ξ(1) β πΌπππ (π)(β) + Ξ(β) β πΌπππ(π)(π)
= 1 β 1 β β+ (1 β β+ ββ π) β π
= 1 β 1 β β+ 1 β ββ π + ββ π β π
Mais ainda,
(πΌπππ (π) β π)(Ξ(β)) = (πΌπππ (π) β π)(1 β β+ ββ π)
= πΌπππ (π)(1) β π(β) + πΌπππ (π)(β) β π(π) = ββ 1k.
Analogamente, (πβ πΌπππ (π))(Ξ(β)) = 1k β β.
Para β β π,
(πΌπππ (π) * π)(β) = (π β (πΌπππ (π) β π))(1 β β+ ββ π)
= π((πΌπππ (π) β π)(1 β β) + (πΌπππ (π) β π)(ββ π))
= π(β) + βπ(π) = (βπβ1ππβ1β) + βππβ1
= βπβ1ππβ1β+ πβ1ππβ1β = 0 = π(β) = (π’ β π)(β).
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 61
Analogamente, (π * πΌπππ (π))(β) = (π’ β π)(β).
Para π β π,
(πΌπππ (π) * π)(π) = (π β (πΌπππ (π) β π))(π β π) = ππ(π) = πππβ1
= ππ = 1 = π(π) = (π’ β π)(π).
Da mesma forma, (π * πΌπππ (π))(π) = (π’ β π)(π). Logo π Γ© a antΓpoda de ππ(π), e portantoππ(π) Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf.
Observação 2.3.32. (i) Pelo Lema 2.1.21 (i) sabemos que, {ππβπ | π, π β πΌπβ1} formauma base para ππ(π) sobre k, entΓ£o πππkππ(π) = π2. Assim, pelo Teorema 2.3.26,ππ(π) Γ© auto-injetiva. AlΓ©m disso, como (1 β β)(ββ π) = ββ βπ = π(ββ π)(1 β β),entΓ£o pela Proposição 2.3.31 temos que Ξ(ππβπ) = β
πβπΌπ
(ππ
)πππβπ β ππ+πβπβπ, para
quaisquer π, π β πΌπβ1.
(ii) Claramente β¨ββ© Γ© um ideal de Hopf de ππ(π).
A prΓ³xima proposição mostra que o conjunto dos elementos de tipo grupo de ππ(π)Γ© um grupo cΓclico.
Proposição 2.3.33. O conjunto πΊ(ππ(π)) formado pelos elementos de tipo grupo deππ(π) Γ© um grupo cΓclico gerado por π.
Demonstração. Como Ξ Γ© multiplicativa, entΓ£o toda potΓͺncia de π pertence a πΊ(ππ(π)).Reciprocamente, seja π = β
π,πβπΌπβ1 πΌππππβπ β πΊ(ππ(π)). Pela Observação 2.3.32 (ii) segue
que
Ξ(π) =β
π,πβπΌπβ1
βπβπΌπ
(π
π
)π
πΌππππβπ β ππ+ππβπβπ.
Por outro lado,
Ξ(π) = πβ π =β
π,πβπΌπβ1
πΌππππβπ β
βπ,πβπΌπβ1
πΌππππβπ =
βπ,π,π,πβπΌπβ1
πΌπππΌπ,πππβπ β ππβπ. (2.1)
Como {ππβπ β ππβπ | 0 β€ π, π, π, π β€ π β 1} Γ© uma base de ππ(π) β ππ(π), entΓ£o tomandoπ = π e π = π β₯ 1, temos que πΌ2
ππ = 0, pois o termo ππβπ β ππβπ nΓ£o ocorre na primeiraparcela da igualdade acima. Logo, πΌππ = 0 para todo π β πΌπβ1 e π β πΌ1,πβ1. Logo,π = β
π πΌπ0ππ e de (2.1) temos βπβπΌπβ1 πΌπ0π
π β ππ = βπ,π βπΌ1,πβ1 πΌπ0πΌπ 0π
π β ππ . Note que seπ = π , entΓ£o πΌ2
π0 = πΌπ0 para todo π β πΌ1,πβ1. Se πΌπ0 = 0 para todo π β πΌπβ1, entΓ£o π = 0, oque Γ© uma contradição. Logo, existe algum π β πΌπβ1 tal que πΌπ0 = 1. Mais ainda, existeΓΊnico π β πΌπβ1 tal que πΌπ0 = 1, pois se π = π temos que πΌπππΌπ 0 = 0, e consequentementeπΌπ 0 = 0. Portanto, π = πΌπ0π
π = ππ.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 62
2.3.2 O Teorema de Maschke
Nesta subseção introduziremos o conceito de integral em uma Ñlgebra de Hopf como objetivo de demonstrar o teorema de Maschke para Ñlgebras de Hopf de dimensão finita,o qual apresenta uma caracterização para Ñlgebras de Hopf semissimples. Os resultadosapresentados nesta subseção podem ser encontrados em (DASCALESCUS; RAIANU;NASTASESCUS, 2001), (RADFORD, 2012) e (SCHNEIDER, 1995).
Definição 2.3.34. Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf. Uma integral Γ esquerda em π» Γ© umelemento π‘ β π» que satisfaz βπ‘ = π(β)π‘, para todo β β π». Denotamos por
β« ππ» o conjunto
dos elementos integrais Γ esquerda em π». Analogamente, podemos definir uma integral Γ direita em π».
Observação 2.3.35. O conjunto das integrais em π» Γ© um ideal de π». De fato, sejamπ‘ β
β« ππ» e π, β β π» entΓ£o,
π(π‘β) = (ππ‘)β = (π(π)π‘)β = π(π)π‘β,
ou seja, π‘β ββ« ππ» . Analogamente, βπ‘ β
β« ππ» . Portanto,
β« ππ» Γ© um ideal de π». Similarmente,β« π
π» o conjunto das integrais Γ direita de π», Γ© um ideal de π».
Exemplo 2.3.36. Seja (πΊ, Β·) um grupo multiplicativo finito e considere a Γ‘lgebra de HopfkπΊ. EntΓ£o, π‘ = β
πβπΊ π Γ© um elemento integral Γ esquerda e Γ direita em kπΊ. Com efeito,seja β β πΊ, entΓ£o
βπ‘ = ββπβπΊ
π =βπβπΊ
βπ =βπβπΊ
π = π‘.
Por outro lado, temos que π‘ = 1kπ‘ = π(β)π‘. Logo, βπ‘ = π(β)π‘, para todo β β πΊ. Analoga-mente, π‘β = π(β)π‘, para todo β β πΊ.
O resultado a seguir Γ© conhecido como Teorema de Larson-Sweedler, e nos diz que oespaΓ§o das integrais tem dimensΓ£o 1 e que a antΓpoda Γ© bijetora, quando π» tem dimensΓ£ofinita. Optamos por nΓ£o apresentar sua demonstração, pois a mesma demandaria exibiralguns resultados auxiliares. A demonstração pode ser vista em (SCHNEIDER, 1995).
Teorema 2.3.37. ([Teorema 2.3, SCHNEIDER, 1995]) Seja π» Γ‘lgebra de Hopf de di-mensΓ£o finita. EntΓ£o:
(i) dim(β« ππ») = dim(
β« ππ») = 1;
(ii) A antΓpoda π Γ© bijetora e π(β« ππ») =
β« ππ» ;
(iii) Para todo 0 = π ββ« ππ»*, a aplicação π : π» ββ π»*, dada por π(β) = βπ Γ© um
isomorfismo de k-espaços vetoriais.
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 63
Observação 2.3.38. Seja πΊ um grupo multiplicativo finito. O teorema acima nos garanteque qualquer outra integral em kπΊ Γ© mΓΊltipla escalar de π‘ = β
πβπΊ π.
Definição 2.3.39. Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf. Dizemos que π» Γ© uma Γ‘lgebra de Hopfsemissimples se π»π» Γ© semissimples.
A observação a seguir serÑ necessÑria para a demonstração do Teorema de Maschke.
Observação 2.3.40. Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf. Sabemos que π» Γ© um π»-mΓ³duloΓ esquerda via multiplicação de π» e notemos que k Γ© um π»-mΓ³dulo Γ esquerda via π,ou seja, βπ = π(β)π, para quaisquer β β π» e π β k. Assim, π Γ© um homomorfismo deπ»-mΓ³dulos Γ esquerda. Com efeito, π(βπ) = π(β)π(π) = βπ(π), para quaisquer β, π β π».
Teorema 2.3.41. ([Teorema de Maschke]) Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£ofinita π. EntΓ£o, π» Γ© semissimples se e somente se π(π‘) = 0, para algum π‘ β
β« ππ» .
Demonstração. Suponhamos que π» seja semissimples. Como π» Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf,entΓ£o π :π» ββ k Γ© um homomorfismo de Γ‘lgebras. AlΓ©m disso, pelo Exemplo 2.3.40 π Γ©um homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Assim, π = πΎππ(π) Γ© um π»-submΓ³duloΓ esquerda e pelo teorema do nΓΊcleo e da imagem, segue que πππkπ = π β 1. Comoπ» Γ© semissimples, existe πΌ submΓ³dulo Γ esquerda de π» tal que π» = π β πΌ. Assim,πππkπ» = πππkπ + πππkπΌ, ou seja, πππkπΌ = 1. Notemos que 1π» = π + π‘, com π β π ,0 = π‘ β πΌ, pois 1π» β πΎππ(π). Consequentemente, πΌ = kπ‘. Vejamos que, π‘ β
β« ππ» . Seja
β β π» entΓ£o βπ‘ = 0+βπ‘. Por outro lado, βπ‘ = βπ‘βπ(β)π‘+π(β)π‘. Notemos que π(β)π‘ β πΌ eβπ‘βπ(β)π‘ β πΎππ(π), pois π(βπ‘βπ(β)π‘) = π(βπ‘)βπ(β)π(π‘) = π(β)π(π‘)βπ(β)π(π‘) = 0. Comoπ» = π β πΌ segue que βπ‘ = π(β)π‘. Assim, π‘ β
β« ππ» . Como πΌ Γ© precisamente o complemento
de π entΓ£o π(π‘) = 0.
Reciprocamente, suponhamos que exista π‘ ββ« ππ» tal que π(π‘) = 0. Podemos supor
que, π(π‘) = 1k. Usaremos esse elemento para mostrar que todo π»-mΓ³dulo Γ esquerdaΓ© semissimples. Seja π um π»-mΓ³dulo Γ esquerda e π um submΓ³dulo Γ esquerda deπ . Considere π : π ββ π a projeção canΓ΄nica de k-espaΓ§os vetoriais de π sobre π .Definimos Ξ : π ββ π por Ξ (π) = β
π‘1π(π(π‘2)π), para todo π β π . Temos que Ξ Γ©um homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda, pois dado π β π e β β π»:
βΞ (π) = β(β
π‘1π(π(π‘2)π)) =β
βπ‘1π(π(π‘2)π)
=β
β1π(β2)π‘1π(π(π‘2)π) =β
β1π‘1π(π(π‘2)π(β2)π)
=β
β1π‘1π(π(π‘2)π(β2)β3π) =β
β1π‘1π(π(β2π‘2)β3π)
=β
(β1π‘)1π(π(β1π‘)2β2π).
Como π‘ ββ«π»π entΓ£o, Ξ(β1π‘) = Ξ(π(β1)π‘) = (π(β1)π‘1) β π‘2. Logo, π(β1)π‘1 = (β1π‘)1 e
π‘2 = (β1π‘)2. Assim,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 64
β(π(β1)π‘)1π(π((π(β1)π‘)2β2π) =
βπ‘1π(π(π(β1)π‘2)β2π)
=β
π‘1π(π(π‘2)π(β1)β2π)
=β
π‘1π(π(π‘2)βπ) = Ξ (βπ).
Portanto, βΞ (π) = Ξ (βπ). AlΓ©m disso, se π β π , entΓ£o
Ξ (π) =β
π‘1π(π(π‘2)π) =β
π‘1π(π‘2)π =(β
π‘1π(π‘2))π =π(π‘)1π»π = π.
Logo, Ξ Γ© projeção sobre π como π»-mΓ³dulo Γ esquerda. Vejamos que, π = πβπΎππ(Ξ ),como π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Com efeito, seja π β π entΓ£o π = π β Ξ (π) + Ξ (π),onde Ξ (π) β π e πβ Ξ (π) β πΎππ(Ξ ), pois
Ξ (πβ Ξ (π)) = Ξ (π) β Ξ 2(π) = Ξ (π) β Ξ (π) = 0.
Agora, se π₯ β π β©πΎππ(Ξ ) temos que π₯ = Ξ (π¦), para algum π¦ β π e Ξ (π₯) = 0, donde
0 = Ξ (π₯) = Ξ (Ξ (π¦)) = Ξ 2(π¦) = Ξ (π¦) = π₯.
Logo, π₯ = 0 e consequentemente, π» Γ© uma Γ‘lgebra de Hopf semissimples.
CorolΓ‘rio 2.3.42. Seja πΊ um grupo multiplicativo finito. EntΓ£o, kπΊ Γ© uma Γ‘lgebrasemissimples se e somente se a caracterΓstica de k nΓ£o divide a ordem de πΊ.
Demonstração. Pela Observação 2.3.38 sabemos que,β« πkπΊ =
β« πkπΊ = π πππ{π‘}, π‘ = β
πβπΊ π.Assim,
π(π‘) = π(βπβπΊ
π) =βπβπΊ
π(π) =βπβπΊ
1k = |πΊ|1k,
onde |πΊ| Γ© a ordem do grupo. Pelo Teorema de Maschke, kπΊ Γ© semissimples se e somentese a caracterΓstica de k nΓ£o divide a ordem de πΊ.
Proposição 2.3.43. A Γ‘lgebra de grupo kπΊ(ππ(π)) Γ© semissimples.
Demonstração. Pelo Proposição 2.3.33 sabemos que πΊ(ππ(π)) Γ© o grupo cΓclico geradopor π. Como k contΓ©m uma raΓz π -Γ©sima primitiva da unidade, entΓ£o π(k) nΓ£o divide π ,donde segue pelo CorolΓ‘rio 2.3.42 que kπΊ(ππ(π)) Γ© semissimples.
2.3.3 O anel de Green de uma Γ‘lgebra de Hopf
Nesta subseção apresentaremos uma construção para o anel de Green de uma Γ‘l-gebra de Hopf de dimensΓ£o finita π». Com este objetivo, iniciaremos enunciando umaproposição clΓ‘ssica que garante a existΓͺncia de um grupo abeliano livre a partir de ummonΓ³ide, a qual serΓ‘ fundamental para provarmos que o anel de Green Γ© um grupo abeli-ano. Os resultados apresentados nesta seção podem ser encontrados em (ARMSTRONG,1988) e (LANG, 2002).
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 65
Proposição 2.3.44. Seja Ξ um monΓ³ide comutativo. EntΓ£o, existe um grupo abelianoπΎ(Ξ) e um homomorfismo de monΓ³ides πΎ : Ξ ββ πΎ(Ξ) com a seguinte propriedadeuniversal: para qualquer par (πΊ, π), onde πΊ Γ© um grupo abeliano e π : Ξ ββ πΊ Γ© umhomomorfismo de monΓ³ides, existe um ΓΊnico homomorfismo de grupos π :πΎ(Ξ) ββ πΊ talque π β πΎ = π .
Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£o finita. Considere π o conjunto de todosos π»-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerados. Definimos a seguinte relação sobre π
π βΌ π se e somente se π β π,
para quaisquer π,π β π. Claramente βΌ Γ© uma relação de equivalΓͺncia sobre π. Assim,podemos considerar [π ] = {π β π | π βΌ π}, a classe de equivalΓͺncia de um elementoπ β π, e o quociente π/ βΌ = {[π ] |π β π}.
Lema 2.3.45. O conjunto quociente π/ βΌ Γ© um monΓ³ide comutativo com a seguinteoperação [π ] + [π ] = [π βπ ].
Demonstração. Sejam [π ], [π ], [π β²] π [π β²] β π/ βΌ tais que [π ] = [π β²] e [π ] = [π β²].Assim, existem π : π ββ π β² e π : π ββ π β² isomorfismos de π»-mΓ³dulos Γ esquerda.Definimos π : π β π ββ π β² β π β² por π(π,π) = (π(π), π(π)), para quaisquer π β π
e π β π . Claramente π Γ© um isomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Assim, temos que[π βπ ] = [π β² βπ β²], ou seja, a operação estΓ‘ bem definida. AlΓ©m disso, Γ© fΓ‘cil ver que
π β {0} β π,π β (π β πΏ) β (π βπ) β πΏ e π βπ β π βπ,
para quaisquer π,π e πΏ β π. Portanto, [π ] + [{0}] = [π ], [π ] + [π ] = [π ] + [π ] e[π ] + ([π ] + [πΏ]) = ([π ] + [π ]) + [πΏ], para quaisquer [π ], [π ] e [πΏ] β π/ βΌ.
Considerando Ξ = π/ βΌ, entΓ£o pela Proposição 2.3.44, existe um grupo abelianoπΎ(Ξ) e um homomorfismo de monΓ³ides πΎ :Ξ ββ πΎ(Ξ) que satisfaz a propriedade univer-sal. Denotaremos πΎ(Ξ) por π(π»). Vejamos que π(π») possui uma estrutura de anel. Paratanto, necessitamos dos seguintes resultados.
Lema 2.3.46. Sejam π» uma Γ‘lgebra de Hopf, π e π π»-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o,π βπ Γ© um π»-mΓ³dulo Γ esquerda via Ξ.
Demonstração. Vejamos que (βββ²)(π β π) = β(ββ²(π β π)) e 1π»(π β π) = π β π, paraquaisquer β, ββ² β π» e πβ π β π βπ , onde β(πβ π) = β
β1πβ β2π. De fato,
(βββ²)(πβ π) =β
(βββ²)1πβ (βββ²)2π =β
β1ββ²1πβ β2β
β²2π
= β(β
ββ²1πβ ββ²
2π) = β(ββ²(πβ π)),
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 66
pois usamos na segunda igualdade que Ξ Γ© multiplicativa. AlΓ©m disso,
1π»(πβ π) =β
1π»πβ 1π»π = 1π»πβ 1π»π = πβ π.
Proposição 2.3.47. Sejam π» uma Γ‘lgebra de Hopf, π,π,πΏ π»-mΓ³dulos Γ esquerda.EntΓ£o, temos os seguintes isomorfismos de π»-mΓ³dulos Γ esquerda.
(i) π β k β π β kβπ ;
(ii) π β (π β πΏ) β (π βπ) β πΏ;
(iii) π β (π β πΏ) β (π βπ) β (π β πΏ).
Demonstração. Lembremos que, pela Observação 2.3.40, k Γ© um π»-mΓ³dulo Γ esquerdavia π. AlΓ©m disso, pelo Lema (2.3.46) o produto tensorial de π»-mΓ³dulos Γ esquerda Γ© umπ»-mΓ³dulo Γ esquerda.
(i) Seja π : π β k ββ π dado por π(πβ 1k) = π. Como π Γ© isomorfismo de k-espaΓ§osvetoriais, resta ver que π Γ© um homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Seja β β π»,entΓ£o
π(β(πβ 1k)) = π(β1πβ β21k) =β
π(β1πβ π(β2)) =β
π(π(β2)β1πβ 1k)
=β
(π(β2)β1)π = βπ = βπ(πβ 1k).
Analogamente, kβπ β π .
(ii) Considere π : π β (π βπΏ) ββ (π βπ) βπΏ dada por π(πβ (πβ π£)) = (πβπ) β π£,para quaisquer π β π , π β π e π£ β πΏ. Como π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais,resta ver que π Γ© um homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Seja β β π», entΓ£o
βπ(πβ (πβ π£)) = β((πβ π) β π£) =β
β1(πβ π) β β2π£
=β
β11πβ β12πβ β2π£ =β
β1πβ β2πβ β3π£.
Por outro lado,
π(β(πβ π) β π£) = π(β
β1(πβ π) β β2π£)
=β
π((β11πβ β12π) β β2π£)
=β
β11πβ (β12πβ β2π£) =β
β1πβ β2πβ β3π£,
para quaisquer π β π , π β π e π£ β πΏ.
(iii) Seja π : π β (π βπΏ) ββ π βπ βπ βπΏ dada por π(πβ (π, π£)) = (πβπ,πβ π£),para quaisquer π β π , π β π e π£ β πΏ. Como π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais,
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 67
resta ver que π Γ© um homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Seja β β π», entΓ£o
π(β(πβ (π, π£))) = π(β
β1πβ β2(π, π£)) =β
π(β1πβ (β2π, β2π£))
=β
(β1πβ β2π, β1πβ β2π£) = (β(πβ π), β(πβ π£))
= β(πβ π,πβ π£) = βπ(πβ (π, π£)),
para quaisquer π β π , π β π e π£ β πΏ.
Observação 2.3.48. Sejam π,π π»-mΓ³dulos Γ esquerda, Em geral, π β π nΓ£o Γ© iso-morfo Γ πβπ como π»-mΓ³dulos Γ esquerda. PorΓ©m, pelo menos para uma classe especialde Γ‘lgebras de Hopf, as Γ‘lgebras de Hopf quase-triangulares, temos que π βπ β π βπ
como π»-mΓ³dulos Γ esquerda.
Proposição 2.3.49. O grupo abeliano π(π») Γ© um anel com unidade com a seguinteoperação [π ][π ] = [π βπ ].
Demonstração. Inicialmente provemos que a operação dada estΓ‘ bem definida. Sejam[π ], [π ], [π β²] e [π β²] β π(π») tais que [π ] = [π β²] e [π ] = [π β²]. Assim, existem isomorfismosde π»-mΓ³dulos Γ esquerda π :π ββ π β² e π :π ββ π β². Para ver que [πβπ ] = [π β² βπ β²],consideremos a função π : π Γ π ββ π β² β π β² dada por π(π,π) = π(π) β π(π), paraquaisquer π β π e π β π . Claramente π Γ© bilinear. EntΓ£o, pela propriedade universaldo produto tensorial, existe uma ΓΊnica transformação k-linear π : π β π ββ π β² β π β²
tal que π(π β π) = π(π) β π(π), para quaisquer π β π e π β π . Vejamos que π Γ©homomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda.
π(β(πβ π)) = π(β
β1πβ β2π) =β
π(β1πβ β2π) =β
π(β1π) β π(β2π)
=β
β1π(π) β β2π(π) = β(π(π) β π(π)) = βπ(πβ π),
para quaisquer π β π , π β π e β β π». AlΓ©m disso, note que πβ² : π β² β π β² ββ π β π
definida por πβ²(πβ²βπβ²) = πβ1(π)βπβ1(π), para quaisquerπ β π e π β π , Γ© inversa de π.Logo, π Γ© isomorfismo de π»-mΓ³dulos Γ esquerda. Para quaisquer π»-mΓ³dulos Γ esquerdaπ,π e πΏ, pela Proposição 2.3.47 temos que [π ]([π ][πΏ]) = ([π ][π ])[πΏ], [π ][k] = [π ],[π ]([π ] + [πΏ]) = [π ][π ] + [π ][πΏ] e ([π ] + [πΏ])[π ] = [π ][π ] + [πΏ][π ]. Portanto, π(π») Γ©um anel com unidade.
Definição 2.3.50. Seja π» uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£o finita. O conjunto π(π»)das classes de isomorfismos de π»-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerado com as seguintesoperaçáes [π ] + [π ] = [π βπ ] e [π ][π ] = [π βπ ] Γ© um anel com unidade [k] chamadode anel de Green.
Exemplo 2.3.51. Considerando π» = k, temos que k Γ© uma k-Γ‘lgebra de Hopf dedimensΓ£o finita. Assim, os k-mΓ³dulos Γ esquerda sΓ£o k-espaΓ§os vetoriais. Como em π(π»)consideramos os π»-mΓ³dulos finitamente gerados, neste caso, os k-mΓ³dulos Γ esquerda
CapΓtulo 2. PrΓ©-Requisitos 68
finitamente gerados sΓ£o k-espaΓ§os vetoriais de dimensΓ£o finita. Portanto, π(π») Γ© o anelformado pelas classes de isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais de dimensΓ£o finita. Comodois k-espaΓ§os vetoriais π e π de dimensΓ£o finita sΓ£o isomorfos se e somente se tΓͺm amesma dimensΓ£o, entΓ£o, denotando π por ππ, onde π Γ© a dimensΓ£o de π , obtemos que[ππ] = [kπ]. Portanto,
π(π») = π πππ{[kπ] |π β N} = π πππ{[k]} = Z,
pois [kπ] = [kβ kβ Β· Β· Β· β k] = π[k].
Para concluir esta subseção, veremos a seguir que para toda Γ‘lgebra de Hopf dedimensΓ£o finita π», π(π») possui uma Z-base. De fato, sabemos que todo grupo abelianoΓ© um Z-mΓ³dulo Γ esquerda entΓ£o π(π») Γ© um Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Mais ainda, π(π»)possui uma base como Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Precisamente, temos o seguinte resultado.
Lema 2.3.52. O anel de Green da Γ‘lgebra de Hopf π» Γ© um grupo abeliano livre comZ-base dada por {[π ] |π β πππ(π»)}, onde πππ(π») denota o conjunto dos π»-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de dimensΓ£o finita.
Demonstração. Mostremos que {[π ] |π β πππ(π»)} Γ© uma base para π(π») como Z-mΓ³dulo Γ esquerda. Considere [π ] β π(π»). Em particular, pela Proposição 2.2.63 π Γ©um π»-mΓ³dulo Γ esquerda de comprimento finito entΓ£o, pelo Teorema de Krull-Schmidt,[π ] = [π1]+[π2]+Β· Β· Β·+[ππ], onde cada ππ, 1 β€ π β€ π Γ© um π»-submΓ³dulo Γ esquerda inde-componΓvel de π . AlΓ©m disso, essa decomposição Γ© ΓΊnica a menos de isomorfismo, o quegarante a independΓͺncia linear da famΓlia {[π ] |π β πππ(π»)}. Logo, {[π ] |π β πππ(π»)}Γ© uma Z-base de π(π»).
O lema anterior nos diz que para descrevermos π(π») basta descrevermos as classesde isomorfismos dos π»-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de dimensΓ£o finita.
69
3 O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft.
Neste capΓtulo descreveremos o anel de Green da Γ‘lgebra de Taft ππ(π). No capΓ-tulo anterior, introduzimos o anel de Green de uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£o finitaπ» e mostramos que este Γ© um Z-mΓ³dulo livre, cuja base Γ© formada pelos π»-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis finitamente gerados. Com isso, Γ© natural que iniciemos este ca-pΓtulo determinando todos os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de ππ(π). AlΓ©m disso,Γ© necessΓ‘rio calcular o produto tensorial entre os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis deππ(π), isto serΓ‘ feito na Seção 3.2.
3.1 MΓ³dulos de dimensΓ£o finita da Γ‘lgebra de TaftNeste seção descreveremos os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de dimensΓ£o fi-
nita da Γ‘lgebra de Taft ππ(π), conforme o desenvolvimento apresentado no artigo (CHEN;VAN OYSTAEYEN; ZHANG, 2014).
3.1.1 MΓ³dulos simples de dimensΓ£o finita
Inicialmente iremos determinar todos os mΓ³dulos Γ esquerda simples da Γ‘lgebra deTaft, com este intuito estabeleceremos uma relação entre os mΓ³dulos Γ esquerda simplesda Γ‘lgebra de grupo kπΊ(ππ(π)) e da Γ‘lgebra de Taft ππ(π). Pelo Exemplo 2.3.24, temosque kπΊ(ππ(π)) Γ© uma subΓ‘lgebra de Hopf de ππ(π).
Vejamos primeiro que existe π : ππ(π) ββ kπΊ(ππ(π)) um homomorfismo sobre-jetor de k-Γ‘lgebras. Lembremos que π = {π, β} Γ© o conjunto de geradores de ππ(π).Seja πβ² : π ββ kπΊ(ππ(π)) a função dada por πβ²(π) = π e πβ²(β) = 0. Pela proprie-dade universal da Γ‘lgebra livre, temos que existe um ΓΊnico homomorfismo de k-Γ‘lgebrasπ : kβ¨πβ© ββ kπΊ(ππ(π)) tal que π β π = πβ², onde π Γ© a inclusΓ£o canΓ΄nica de π em kβ¨πβ©.Notemos que
π(βπ) = (π(β))π = πβ²(β)π = 0,
π(βπ β ππβ) = π(βπ) β π(ππβ) = π(β)π(π) β ππ(π)π(β) = πβ²(β)πβ²(π) β ππβ²(π)πβ²(β) = 0.
AlΓ©m disso,
π(ππ β 1) = π(ππ) β π(1) = π(π)π β 1 = πβ²(π)π β 1 = ππ β 1 = 0.
Assim, π(π ) = 0. Portanto, pela Proposição 2.1.19 existe um ΓΊnico homomorfismo dek-Γ‘lgebras π : ππ(π) ββ kπΊ(ππ(π)). Claramente π Γ© sobrejetor. Pelo Exemplo 2.2.11,kπΊ(ππ(π)) possui estrutura de ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda via π. Mais ainda, kπΊ(ππ(π)) Γ©um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda simples como mostra o seguinte resultado.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 70
Proposição 3.1.1. A Γ‘lgebra de grupo kπΊ(ππ(π)) Γ© um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda simples.
Demonstração. Seja πΏ = {0} um submΓ³dulo Γ esquerda de kπΊ(ππ(π)). EntΓ£o, existeπ₯ = ππ β πΏ, com π β πΌπβ1. Assim, dado π = ππβπ β ππ(π), para todo π β πΌπβ1, temos que
ππ₯ = ππβπππ = ππ β πΏ. (3.1)
Portanto, πΏ = kπΊ(ππ(π)).
A prΓ³xima proposição mostra que π : ππ(π) ββ kπΊ(ππ(π)) Γ© um homomorfismode Γ‘lgebras de Hopf com nΓΊcleo igual ao gerado por β, β¨ββ©.
Proposição 3.1.2. O homomorfismo de k-Γ‘lgebras π : ππ(π) ββ kπΊ(ππ(π)) Γ© um ho-momorfismo sobrejetor de Γ‘lgebras de Hopf com πΎππ(π) = β¨ββ©.
Demonstração. Resta mostrar que π Γ© homomorfismo de k-cΓ³algebras. Como Ξ e π sΓ£ohomomorfismo de Γ‘lgebras entΓ£o Ξ β π e (π β π) β Ξ sΓ£o homomorfismo de Γ‘lgebras.Assim, Γ© suficiente mostrar que (Ξ βπ)(π) = (πβπ) β Ξ(π) e (Ξ βπ)(β) = (πβπ) β Ξ(β).De fato,
(Ξ β π)(π) = Ξ(π) = π β π = π(π) β π(π) = (π β π) β Ξ(π),
(π β π β Ξ)(β) = (π β π)(1 β β+ ββ π) = 0 = Ξ(0) = (Ξ β π)(β).
AlΓ©m disso, (πβπ)(π) = π(π) = 1 = π(π) e (πβπ)(β) = π(β) = 0 = π(β). Portanto, π Γ© umhomomorfismo de k-coΓ‘lgebras. Finalmente, mostremos que πΎππ(π) = β¨ββ©. Claramenteβ¨ββ© β πΎππ(π). Reciprocamente, seja π = β
π,πβπΌπβ1 πΌππππβπ β ππ(π) tal que π(π) = 0.
Assim,
0 = π
ββ βπ,πβπΌπβ1
πΌππππβπ
ββ =β
π,πβπΌπβ1
πΌπππ(π)ππ(β)π =β
πβπΌπβ1
πΌπ0ππ.
Como {ππ |π β πΌπβ1} Γ© um conjunto linearmente independente, temos que πΌππ = 0, paratodo π β πΌπβ1. Logo,
π =β
πβπΌπβ1,πβπΌ1,πβ1
πΌππππβπ =
βπβπΌπβ1,πβπΌ1,πβ1
πΌππππβπβ1β
=ββ βπβπΌπβ1,πβπΌ1,πβ1
πΌππππβπβ1
ββ β β β¨ββ©.
A seguir apresentaremos alguns fatos importantes a respeito do radical de Jacobsonde ππ(π) que serΓ£o fundamentais para descrever os mΓ³dulos Γ esquerda simples destaΓ‘lgebra.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 71
Proposição 3.1.3. O radical de Jacobson de ππ(π) Γ© o nΓΊcleo da transformação π, ouseja, π½(ππ(π)) = πΎππ(π).
Demonstração. Seja π=βπ,πβπΌπβ1 πΌπππ
πβπ β π½(ππ(π)), entΓ£o πβπ΄ππππ (π)(π), para qual-quer ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda simples π . Em particular, ππ=0, para π = kπΊ(ππ(π)).Assim,
0 = πππ‘ = π(π)ππ‘ =ββπ
ββ βπ,πβπΌπβ1
πΌπ,πππβπ
ββ ββ ππ‘ =β
π,πβπΌπβ1
πΌππ(π(π)ππ(β)π)ππ‘ =β
πβπΌπβ1
πΌπ0ππ+π‘.
Logo πΌπ0 = 0, para todo π β πΌπβ1, e consequentemente π β β¨ββ© = πΎππ(π). Reciproca-mente, seja π₯ β πΎππ(π) = β¨ββ©. EntΓ£o, π₯π = 0, pois β¨ββ© = ππ(π)β = βππ(π). Ou seja, β¨ββ©Γ© um nil ideal de ππ(π). Assim, pela Proposição 2.2.86, πΎππ(π) = β¨ββ© β π½(ππ(π)).
CorolΓ‘rio 3.1.4. Para todo π β₯ 1, π½(ππ(π))π = ππ(π)βπ = β¨βπβ©.
Demonstração. Vejamos que ππ(π)βπ = βπππ(π), para todo π β₯ 1. Para isso, faremosindução sobre π. Para π = 1 o resultado segue diretamente do Lema 2.1.22. Suponhaque, ππ(π)βπ = βπππ(π), π β₯ 1 e mostremos que vale para π+ 1. EntΓ£o,
βπ+1ππ(π) = ββπππ(π) = βππ(π)βπ = ππ(π)ββπ = ππ(π)βπ+1.
Disso decorre que β¨βπβ© Γ© um ideal bilateral de ππ(π).
Agora, mostremos que π½(ππ(π))π = β¨βπβ© por indução sobre π. Pela Proposição3.1.3, o resultado vale para π = 1. Suponha que π½(ππ(π))π = β¨βπβ©, para todo π β₯ 1e mostremos que π½(ππ(π))π+1 = β¨βπ+1β©. Seja π₯ β π½(ππ(π))π+1 = π½(ππ(π))ππ½(ππ(π)).Ou seja, π₯ = ππ onde π = π¦βπ β π½(ππ(π))π e π = π§β β π½(ππ(π)), com π¦, π§ β ππ(π). Assim π₯ = ππ = (π¦βπ)(π§β) = π₯(βππ§)β = π¦(π§β²βπ)β = (π¦π§β²)βπ+1, onde π§β² β ππ(π).Portanto, π₯ β β¨βπ+1β©. A inclusΓ£o contrΓ‘ria se verifica, pois
β¨βπ+1β© β β¨βπβ©β¨β1β© = π½(ππ(π))ππ½(ππ(π)) = π½(ππ(π))π+1.
Como uma consequΓͺncia da proposição acima temos que π½(ππ(π))πβ1 = 0 eπ½(ππ(π))π = 0. Como πππ(ππ (π)ππ(π))π = π½(ππ(π))π = 0, entΓ£o o comprimento Lo-ewy de ππ(π) como ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© π .
CorolΓ‘rio 3.1.5. Seja π um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, π Γ© semissimples se esomente se βπ = {0}.
Demonstração. Pela Proposição 2.2.90 Γ© suficiente provar que π½(ππ(π))π = βπ . Defato, seja π¦ = π₯π β π½(ππ(π))π , ou seja, π₯ = πβ β π½(ππ(π)) = β¨ββ©, com π β ππ(π).EntΓ£o, π¦ = πβπ = βπβ²π β βπ , onde πβ² β ππ(π). Claramente βπ β β¨ββ©π .
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 72
Notemos que todo kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda Γ© um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerdavia π : ππ(π) ββ ππΊ(ππ(π)). Reciprocamente, todo ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda semis-simples π Γ© um kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda, pois pela Proposição 3.1.5 βπ = {0} eβ¨ββ© = πΎππ(π).
Proposição 3.1.6. Seja π um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, π Γ© simples se esomente se π Γ© um kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda simples e βπ = {0}.
Demonstração. Suponhamos que π seja um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda simples. Em par-ticular, π Γ© semissimples. Pela correspondΓͺncia estabelecida acima, temos que π Γ© umkπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda. Vejamos que π Γ© simples como kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ es-querda. De fato, seja {0} ( π β π um kπΊ(ππ(π))-submΓ³dulo Γ esquerda. EntΓ£o, π Γ©um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda via π e como π Γ© simples como ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerdaentΓ£o π = π . Reciprocamente, suponhamos π seja um kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerdasimples e βπ = {0}, entΓ£o pela correspondΓͺncia estabelecida π Γ© um ππ(π)-mΓ³duloΓ esquerda, com βπ = {0}. Resta mostrarmos que π Γ© simples como ππ(π)-mΓ³duloΓ esquerda. Seja {0} ( π β π um ππ(π)-submΓ³dulo Γ esquerda, e assim, βπ = {0}.Novamente pela correspondΓͺncia, π Γ© um kπΊ(ππ(π))-submΓ³dulo Γ esquerda de π . Comoπ Γ© simples, π = π .
A partir disto conseguimos estabelecer uma relação entre os mΓ³dulos Γ esquerdasimples da Γ‘lgebra de grupo kπΊ(ππ(π)) e os mΓ³dulos Γ esquerda simples de ππ(π).
Lema 3.1.7. Existem π ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda simples ππ nΓ£o isomorfos, onde cadaππ Γ© unidimensional e determinado por
ππ£ = πππ£, βπ£ = 0, π£ β ππ, (3.2)
onde π β Zπ := Z/πZ.
Demonstração. Inicialmente provemos que os ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda simples sΓ£o uni-dimensionais e determinados por (3.2). Seja π um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda simples. PelaProposição 3.1.6, temos que π Γ© um kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda simples e βπ = {0}.Definimos a transformação linear π :π ββ π por π (π£) = ππ£, para todo π£ β π. Notemosque ππ = πΌππ. Logo, o polinΓ΄mio π(π₯) = π₯π β 1 anula π . Como k contΓ©m uma raizπ -Γ©sima primitiva da unidade π, entΓ£o π(π₯) = (π₯ β 1)(π₯ β π) Β· Β· Β· (π₯ β ππβ1). Como opolinΓ΄mio minimal de π , ππ divide qualquer polinΓ΄mio que anula π , entΓ£o ππ Γ© produtode fatores lineares e consequentemente π Γ© diagonalizΓ‘vel. Assim, existe uma base π½ de πformada por autovetores de π , entΓ£o π (π£) = πΌπ£, ou seja, ππ£ = πΌπ£. Logo, β¨π£β© = π πππ{π£}.Como π Γ© um kπΊ(ππ(π))-mΓ³dulo Γ esquerda simples, temos que π = π πππ{π£} e portantoπ Γ© unidimensional. AlΓ©m disso, πππ£ = πΌππ£. Por outro lado, πππ£ = π£, pois ππ = 1.EntΓ£o, πΌππ£ = π£ e assim πΌπ = 1. Isso significa, que πΌ Γ© uma raiz π -Γ©sima da unidade.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 73
Logo, πΌ = ππ, para algum π β Zπ . Portanto, ππ£ = πππ£, onde π β Zπ . Por fim, sejam π eπ β² ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda simples determinados, respectivamente, por
ππ£ = πππ£, βπ£ = 0, π£ β π,
ππ£β² = πππ£β², βπ£β² = 0, π£β² β π β².
Suponhamos que o isomorfismo linear π : π ββ π β² definido por π(π£) = π£β² seja umisomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. EntΓ£o, π(ππ£) = ππ(π£) = ππ£β² = πππ£β². Por outrolado, π(ππ£) = π(πππ£) = πππ(π£) = πππ£β². Logo, ππβπ = 0 e como π Γ© uma raiz π -Γ©simaprimitiva da unidade, π = π.
3.1.2 MΓ³dulos indecomponΓveis de dimensΓ£o finita
Nesta subseção descreveremos os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de ππ(π).
Lema 3.1.8. Sejam π β πΌ1,π e π β Z. EntΓ£o, existe um homomorfismo de k-Γ‘lgebrasππ,π : ππ(π) ββ ππ(k) dado por
ππ,π(π) =
βββββββββββ
ππ
ππβ1
ππβ2
. . .ππβπ+1
βββββββββββ , ππ,π(β) =
ββββββββββββ
01 0
1 . . .. . . 0
1 0
ββββββββββββ .
Demonstração. Considere a função πβ² : π ββ ππ(k) dada por
πβ²(π) =
βββββββββββ
ππ
ππβ1
ππβ2
. . .ππβπ+1
βββββββββββ , πβ²(β) =
ββββββββββββ
01 0
1 . . .. . . 0
1 0
ββββββββββββ .
Pela propriedade universal da Γ‘lgebra livre, temos que existe um ΓΊnico homomorfismode k-Γ‘lgebras π : kβ¨πβ© ββ ππ(k) tal que π β² β π = π , onde π : π β kβ¨πβ© Γ© a inclusΓ£ocanΓ΄nica. Uma vez que π(π) Γ© uma matriz diagonal e π Γ© uma raiz π -Γ©sima da unidade,entΓ£o π(π)π = πΌππ. AlΓ©m disso, como π(β) Γ© nilpotente e π β€ π , entΓ£o π(β)π = 0. Porfim,
π(β)π(π) =
βββββββββββ
0ππ 00 ππβ1
. . .ππβπ+2 0
βββββββββββ = ππ(π)π(β).
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 74
Pela Proposição 2.1.19 existe ΓΊnico homomorfismo de k-Γ‘lgebras ππ,π : ππ(π) ββ ππ(k).
Na Observação 2.2.13 vimos que existe uma correspondΓͺncia entre os mΓ³dulos deuma k-Γ‘lgebra π΄ e os homomorfismos de k-Γ‘lgebras de π΄ em πΈππ(π ), onde π Γ© um k-espaΓ§o vetorial. Em particular, se π tem dimensΓ£o finita π, entΓ£o a Γ‘lgebra de matrizesππ(k) Γ© isomorfa a πΈππ(π ). Denote por π(π, π) o ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda obtido poresta correspondΓͺncia. Explicitamente, seja {π£π | π β πΌ1,π} base de π(π, π) tal que:
βπ£π =
β§βͺβ¨βͺβ©π£π+1, 1 β€ π β€ π β 1
0, π = π, ππ£π = ππβπ+1π£π,
para todo π β πΌ1,π. Claramente π£π = βπβ1π£1, para todo π β πΌ2,π. Chamamos esta base debase canΓ΄nica de π(π, π). Para qualquer inteiro π, iremos considerar π como sua imagemsobre a projeção canΓ΄nica de Z em Zπ .
Lema 3.1.9. Para π, πβ² β πΌ1,π e π, πβ² β Zπ , seja π(π, π) o ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda definidono Lema 3.1.8. EntΓ£o,
(i) π ππ(π(π, π)) = kπ£π β ππβπ+1 e π(π, π)/πππ(π(π, π)) β ππ;
(ii) π(π, π) Γ© indecomponΓvel e uniserial;
(iii) π(π, π) β π(πβ², πβ²) se e somente se πβ² = π e πβ² = π β Z.
Demonstração. (i) Como π ππ(π(π, π)) Γ© o maior ππ(π)-submΓ³dulo Γ esquerda semissimplesde π(π, π), pela Proposição 2.2.90, βπ ππ(π(π, π)) = {0}. Logo, π ππ(π(π, π)) = {π β π |βπ=0}. Vejamos que, π ππ(π(π, π)) = kπ£π. Seja π = β
πβπΌ1,ππΌππ£π β π ππ(π(π, π)). EntΓ£o,
0 = βπ = ββπβπΌ1,π
πΌππ£π =βπβπΌ1,π
πΌπβπ£π =β
πβπΌ1,πβ1
πΌππ£π+1.
EntΓ£o, πΌπ = 0 para todo π β πΌ1,πβ1, consequentemente, π β kπ£π. A outra inclusΓ£o Γ©imediata. Portanto, π ππ(π(π, π)) = kπ£π e pelo Lema 3.1.7, π ππ(π(π, π)) β ππβπ+1. AlΓ©mdisso, πππ(π(π, π)) = βπ(π, π) entΓ£o πππ(π(π, π)) = π πππ{π£2, ..., π£π}. Consideremos atransformação π : π(π, π) ββ ππ definida por π(π£1) = π£ e π(π£π) = 0, se π β πΌ2,π. Assim,π(ππ£1) = π(πππ£1) = πππ(π£1) = πππ£ = ππ£ = ππ(π£1) e π(βπ£1) = π(π£2) = 0 = βπ(π£1). Paraπ β₯ 2, π(ππ£π) = π(ππβπ+1π£π) = ππβπ+1π(π£π) = 0 = ππ(π£π) e π(βπ£π) = π(π£π+1) = 0 = βπ(π£π).Logo, π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda e πΎππ(π) = π πππ{π£2, ..., π£π}.Portanto, pelo teorema do homomorfismo, π(π, π)/πππ(π(π, π)) β ππ.
(ii) Note que βπβ1π£1 = π£π entΓ£o βπβ1π(π, π) = 0. Mas βππ£1 = 0, assim βππ(π, π) = 0.Logo, ββ(π(π, π)) = π, pois πππ(π(π, π))π = π½(ππ(π))ππ(π, π) = β¨βπβ©π(π, π) = 0. Assim,pela Proposição 2.2.100 π(π, π) Γ© uniserial e, desta forma Γ© indecomponΓvel.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 75
(iii) Seja π :π(π, π) ββ π(πβ², πβ²) um isomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Em parti-cular, π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais, entΓ£o π=πππkπ(π, π)=πππkπ(πβ², πβ²)= πβ².AlΓ©m disso, notemos que π(π£π) = β
πβπΌ1,ππΌπππ£
β²π, onde {π£β²
π | π β πΌ1,π} Γ© a base canΓ΄nica deπ(πβ², πβ²). Assim,
0 = π(βπ£π) = βπ(π£π) = ββπβπΌ1,π
πΌπππ£β²π =
βπβπΌ1,π
πΌππ(βπ£β²π) =
βπβπΌ1,πβ1
πΌπππ£β²π+1.
Logo, πΌππ = 0, para todo π β πΌ1,πβ1. Portanto, π(π£π) = πΌπππ£β²π. Como πΌππ = 0, pois π Γ©
isomorfismo. EntΓ£o, π(ππ£π) = π(ππβπ+1π£π) = ππβπ+1π(π£π) = ππ=π+1πΌπππ£β²π. Por outro lado,
π(ππ£π) = ππ(π£π) = π(πΌπππ£β²π) = πΌππ(ππ£β²
π) = πΌππππβ²βπ+1π£β²
π. Logo, ππβπ+1πΌπππΌππ = ππβ²βπ+1πΌππ e
consequentemente ππ = ππβ² . Como π Γ© uma raiz π -Γ©sima primitiva da unidade, segue que
π = πβ². A recΓproca Γ© imediata.
Mais adiante veremos que os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis dados no lemaacima sΓ£o todos os mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de ππ(π). Antes, como con-sequΓͺncia do Lema 3.1.9 obtemos o seguinte resultado.
CorolΓ‘rio 3.1.10. Sejam π β πΌ1,π e π β Z. EntΓ£o,
(i) π(π, π) Γ© simples se e somente se π = 1. Nesse caso, π(1, π) β ππ;
(ii) π(π, π) Γ© projetivo (injetivo) se e somente se π = π ;
(iii) π(π, π) β π (ππ) β πΌ(ππ+1).
Demonstração. (i) Suponha que π β₯ 2. Claramente π πππ{π£2, ..., π£π} = πππ(π(π, π)) Γ© umsubmΓ³dulo nΓ£o trivial de π(π, π) e consequentemente π(π, π) nΓ£o Γ© simples. A reciproca Γ©imediata. Pelo Lema 3.1.9 temos que ππ β π(1, π)/πππ(π(1, π)) β π(1, π)/{0} β π(1, π).(ii) Inicialmente, mostremos que {ππ | π β πΌπβ1}, onde ππ = 1
π
βπβπΌπβ1 π
βππππ, para todoπ β πΌπβ1 Γ© um conjunto de idempotentes ortogonais tal que 1 = β
πβπΌπβ1 ππ, ou seja,ππ = ππ
2 e ππππ = 0, para todo π = π onde π, π β πΌπβ1. Com efeito,
π2π = 1
π2
βπ,πβπΌπβ1
πβππβππππ+π = 1π2
βπβπΌπβ1
ββ βπβπΌπβ1
πβπ(π+π)ππ+π
ββ = 1π2
βπβπΌπβ1
ββ βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ = 1π2
βπβπΌπβ1
πππ = 1π
βπβπΌπβ1
ππ = 1ππππ = ππ.
Na quarta igualdade temos que fixado π, podemos substituir π + π por π, pois tanto π
quanto π sΓ£o cΓclicos. AlΓ©m disso,
ππππ =ββ 1π
βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ ββ 1π
βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ = 1π2
βπ,πβπΌπβ1
πβ(ππ+ππ)ππ+π.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 76
Fixado π e substituindo π por π‘β π, obtemos
ππππ = 1π2
βπβπΌπβ1
ββ βπ‘βπΌπβ1
πβ(ππ+(π‘βπ)π)ππ+(π‘βπ)
ββ = 1π2
βπβπΌπβ1
ββ βπ‘βπΌπβ1
πβππ+ππβπ‘π)ππ‘
ββ = 1π2
βπ‘βπΌπβ1
ββ βπβπΌπβ1
(π(πβπ)π)πβπ‘πππ‘
ββ = 1π2
βπ‘βπΌπβ1
ββ βπβπΌπβ1
(π(πβπ)π)ββ πβπ‘πππ‘.
Como π = π, temos que ππβπ Γ© uma raiz π -Γ©sima da unidade, portanto βπβπΌπβ1(π(πβπ))π =0.Consequentemente, ππππ = 0, para todo π = π com π, π β πΌπβ1. Por fim,
βπβπΌπβ1
ππ =β
πβπΌπβ1
ββ 1π
βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ =β
πβπΌπβ1
ββ 1π
βπβπΌπβ1
(πβπ)πββ ππ
= 1π
ββ βπβπΌπβ1
(π0)ππ0 +β
πβπΌ1,πβ1
ββ βπβπΌπβ1
(πβπ)πββ ππ
ββ = 1π
ββ βπβπΌπβ1
1πββ = 1
ππ = 1.
Como π = 0 entΓ£o ππ Γ© uma raiz π -Γ©sima primitiva da unidade, logo βπβπΌπβ1(πβπ)π = 0.Pelo Exemplo 2.1.14 temos que ππ(π) β βπβπΌ1,πβ1ππ(π)ππ.
Desde que βπβ1 = 0 temos
βπβ1ππ = βπβ1
ββ 1π
βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ = 1π
βπβπΌπβ1
βπβ1πβππππ = 1π
βπβπΌπβ1
πβππβπβ1ππ = 0.
Vejamos que ππ(π)ππ=π πππ{βπππ |πβπΌπβ1}. Claramente π πππ{βπππ | πβπΌπβ1}βππ(π)ππ.Para a outra inclusΓ£o, iniciaremos por provar via indução sobre π β πΌ1,πβ1 que ππππ = πππππ.Para π = 1 obtemos
πππ = 1π
βπβπΌπβ1
πβππππ+1 = ππ
ββ1π
βπβπΌπβ1
πβπ(π+1)ππ+1
ββ = ππ
ββ 1π
βπβπΌ1,π
πβππππ
ββ = ππ
ββ1π
βπβπΌπβ1
πβππππ
ββ = ππππ
Suponha que ππππ = πππππ, para todo π β₯ 1. Assim,
ππ+1ππ = π(ππππ) = π(πππππ) = ππππππ = πππππππ = ππ(π+1)ππ.
Γ suficiente provar que ππ βπ‘ππ β ππ(π)ππ pertence ao π πππ{βπππ | π β πΌπβ1}. Pelo Lema2.1.21, ππ βπ‘ππ = πβπ π‘βπ‘ππ ππ = πβπ π‘ππ πβπ‘ππ = ππ (πβπ‘)βπ‘ππ.
Agora, definindo π : π(π, π) ββ π πππ{βπππ | π β πΌπβ1} por π(π£π) = βπβ1ππ paratodo π β πΌ1,π , onde {π£π | π β πΌ1,π} Γ© a base canΓ΄nica de π(π, π). A aplicação π Γ© umisomorfismo linear, pois {βπππ | π β πΌπβ1} Γ© linearmente independente. Mostremos que πΓ© um isomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Com efeito,
π(ππ£π) = π(ππβπ+1π£π) = ππβπ+1π(π£π) = ππβπ+1βπβ1ππ.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 77
Por outro lado,
ππ(π£π) = π(βπβ1ππ) = πβ(πβ1)βπβ1πππ = π1βπβπβ1ππππ = ππβπ+1βπβ1ππ.
Logo, π(ππ£π) = ππ(π£π), para todo π β πΌ1,π . AlΓ©m disso,
π(βπ£π) = π(π£π+1) = βπππ = ββπβ1ππ = βπ(π£π).
Portanto, ππ(π) β βπβπΌ1,πβ1ππ(π)ππ β βπβπΌπβ1π(π, π), ou seja, π(π, π) Γ© so-mando direto de um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda e, consequentemente, pela Proposição2.2.30 π(π, π) Γ© projetivo. Note que do Lema 3.1.9 (ii) ββ(π(π, π)) = π . AlΓ©m disso,sabemos que ββ(ππ(π)) = π e pela Observação 2.3.32 ππ(π) Γ© auto-injetiva. Logo, doLema 2.2.101, π(π, π) Γ© injetivo. Reciprocamente, suponha que π(π, π) projetivo. PeloLema 3.1.9 (ii) temos que π(π, π) Γ© indecomponΓvel, entΓ£o pelo Lema 2.2.67 π(π, π) Γ©isomorfo Γ algum ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e indecomponΓvel que aparece nadecomposição de ππ(π) como ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda. Como ππ(π) β βπβπΌ1,πβ1π(π, π)entΓ£o π(π, π) β π(π, π), Lema 3.1.9 (iii) segue que π = π .
(iii) Seja π (ππ) a cobertura projetiva de ππ. Considere π : π(π, π) ββ ππ dada porπ(π£1) = π£ e π(π£π) = 0, se π β πΌ2,π. Note que π Γ© um epimorfismo e pelo item (ii) π(π, π)Γ© projetivo. Dados πΏ um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e π : πΏ ββ π(π, π) umhomomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda tal que π β π : πΏ ββ ππ Γ© um epimorfismode ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Devemos mostrar que π Γ© um epimorfismo. Como π(π, π)Γ© projetivo o seguinte diagrama Γ© comutativo
π(π, π)β
{{π
οΏ½οΏ½πΏ
πβπ // ππ // 0.
Ou seja, existe β : π(π, π) ββ πΏ homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda tal queπ = (π β π) β β = π β (π β β). Assim, π β β = πΌππ(π,π), entΓ£o π Γ© um epimorfismo deππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Portanto, (π(π, π), π) Γ© a cobertura projetiva de ππ, dondesegue pela Proposição 2.2.34 que π(π, π) β π (ππ). De maneira anΓ‘loga podemos mostrarque (π(π, π), π), onde π : ππ ββ π(π, π) dada por π(π£) = π£1 Γ© o fecho injetivo de ππ.Logo π(π, π) β πΈ(ππ), e consequentemente, π(π, π) β π (ππ) β πΈ(ππ).
Notemos que do Lema 3.1.9 e do CorolΓ‘rio 3.1.10 π(π, π), π β πΌπβ1 sΓ£o todos osππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda projetivos (injetivos) e indecomponΓveis que nΓ£o sΓ£o isomorfosentre si. Assim, desde que os ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda projetivos (injetivos) e inde-componΓveis sΓ£o uniseriais, entΓ£o ππ(π) Γ© uma Γ‘lgebra de Nakayama. Com isso, temos oseguinte resultado.
Teorema 3.1.11. Existem, a menos de isomorfismo, π2 ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda in-decomponΓveis de dimensΓ£o finita, Γ saber {π(π, π) | π β πΌ1,π , π β πΌπβ1}.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 78
Demonstração. Pela Proposição 2.2.103 temos que todo ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda fini-tamente gerado e indecomponΓvel Γ© isomorfo π/ππππ(π ), com π β πΌ1,β€ββ(π ), para algumum ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerda projetivo e indecomponΓvel π . Considere {π£π | π β πΌ1,π} abase canΓ΄nica de π(π, π) e {π£β²
π | π β πΌ1,π} a base canΓ΄nica de π(π, π). Considere a trans-formação linear sobrejetora π : π(π, π) ββ π(π, π) dada por π(π£π) = π£β²
π, para π β πΌ1,π
e π(π£π) = 0, para π β πΌπ+1,π . Vejamos que π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. De fato,
π(ππ£π) = π(ππβπ+1π£π) = ππβπ+1π(π£π) = ππβπ+1π£β²π,
para todo π β πΌ1,π. Por outro lado, ππ(π£π) = ππ£β²π = ππβπ+1π£β²
π, para todo π β πΌ1,π. AlΓ©mdisso, π(βπ£π) = π(π£π+1) = π£β²
π+1 = βπ(π£π). Agora se π β πΌπ+1,π temos que
π(βπ£π) = π(π£π+1) = 0 = βπ(π£π)
eπ(ππ£π) = ππβπ+1π(π£π) = 0 = ππ(π£π).
AlΓ©m disso, πΎππ(π) = ππππ(π(π, π)). De fato, notemos que pela Proposição 2.2.93 eCorolΓ‘rio 3.1.4 temos que ππππ(π(π, π)) = π½(ππ(π))ππ(π, π) = β¨βπβ©π(π, π). Assim,basta mostrarmos que πΎππ(π) = β¨βπβ©π(π, π). Seja π₯ = β
πβπΌ1,ππΌππ£π β π(π, π) tal que
π(π₯) = 0. EntΓ£o,
0 = π(π₯) =βπβπΌ1,π
πΌππ(π£π) =βπβπΌ1,π
πΌππ(π£π) +β
πβπΌπ+1,π
πΌππ(π£π) =βπβπΌ1,π
πΌππ£β²π.
Logo πΌπ = 0, para todo π β πΌ1,π, e consequentemente, π₯ = βπβπΌ1+π,π
πΌππ£π. Portanto,β
πβπΌ1,πβ1
πΌπ+ππ£π+π =β
πβπΌ1,πβπ
πΌπ+πβππ£π = βπ
βπβπΌ1,πβπ
πΌπ+ππ£π β β¨βπβ©π(π, π).
Seja π₯ = πβππ β ππππ(π(π, π)) = β¨βπβ©π(π, π), ou seja, π β ππ(π) eπ = βπβπΌ1,π
πΌππ£π β π ,πΌπ β k para π β πΌ1,π . EntΓ£o, π(π₯) = 0 pois
π₯ = πβππ = πβπ
ββ βπβπΌ1,π
πΌππ£π
ββ = π
ββ βπβπΌ1,π
πΌπβππ£π
ββ = π
ββ βπβπΌ1,πβπ
πΌπβππ£π +
βπβπΌπβπ+1,π
πΌπβππ£π
ββ = π
ββ βπβπΌ1,πβπ
πΌπβππ£π + 0
ββ = π
βπβπΌ1,πβπ
πΌπβππ£π = π
βπβπΌ1,πβπ
πΌππ£π+π.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 79
3.2 O produto tensorial de mΓ³dulos indecomponΓveisNesta seção provaremos algumas propriedades sobre o produto tensorial dos mΓ³-
dulos Γ esquerda indecomponΓveis da Γ‘lgebra de Taft ππ(π), os quais foram totalmentedescritos na subseção anterior. Os resultados que mostraremos serΓ£o fundamentais paradescrever o anel de Green da Γlgebra de Taft, visto que, estes mΓ³dulos formam umaZ-base para o anel de Green de uma Γ‘lgebra de Hopf de dimensΓ£o finita.
Lema 3.2.1. Sejam π β πΌ1,π e π, πβ² β Z. EntΓ£o,
π(π, π) β ππβ² β ππβ² βπ(π, π) β π(π, π + πβ²).
Demonstração. Definimos π :π(π, π)βππβ² ββ ππβ²βπ(π, π) por π(π£πβπ£) = πβππβ²π£βπ£π, para
todo π β πΌ1,π. Claramente π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais. Resta mostrarmosque π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Para tanto, Γ© suficiente provarpara os geradores de ππ(π) e para a base de π(π, π) β ππβ² . De fato,
π(π(π£π β π£)) = π(ππ£π β ππ£) = π(ππβπ+1π£π β ππβ²π£) = ππβπ+1ππ
β²π(π£π β π£)
= (ππ+πβ²βπ+1)πβππβ²π£ β π£π = ππ+π
β²βπ(1+πβ²)+1π£ β π£π = πβππβ²(ππβ²π£ β ππβπ+1π£π)
= πβππβ²(ππ£ β ππ£π) = π(πβππβ²π£ β π£π) = ππ(π£π β π£),
Logo, π(π(π£π β π£)) = ππ(π£π β π£). AlΓ©m disso,
π(β(π£π β π£)) = π(π£π β βπ£ + βπ£π β ππ£) = π(π£π+1 β πππ£) = πππ(π£π+1 β π£)
= ππβ²(πβ(π+1)πβ²
π£ β π£π+1) = πβππβ²π£ β π£π+1.
Por outro lado,
βπ(π£π β π£) = β(πβππβ²π£ β π£π) = πβππβ²
β(π£ β π£π) = πβππβ²(π£ β βπ£π + βπ£ β ππ£π)
= πβππβ²π£ β π£π+1.
Para ver que ππβ² βπ(π, π) β π(π, π + πβ²), consideremos π : ππβ² βπ(π, π) ββ π(π, π + πβ²)dada por π(π£β π£π) = π£π. Facilmente se vΓͺ que π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais.Mostremos que π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. De fato,
π(π(π£ β π£π)) = ππβ²ππβπ+1π(π£ β π£π) = ππ+π
β²βπ+1π£π = ππ£π = ππ(π£ β π£π).
π(β(π£ β π£π)) = π(π£ β βπ£π + βπ£ β ππ£π) = π(π£ β π£π+1) = π£π+1 = βπ£π = βπ(π£ β π£π).
Observação 3.2.2. Note que como π(1, π) = ππ, em particular, pelo lema acima temosque ππ β ππβ² β ππ+πβ² e ππ βπ(π, 0) β π(π, 0) β ππ β π(π, π).
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 80
O lema anterior diz que o produto tensorial de um ππ(π)-mΓ³dulo Γ esquerdasimples por um indecomponΓvel Γ© comutativo, bem como prova que este continua sendoindecomponΓvel.
Proposição 3.2.3. Sejam π β πΌ2,π e π, πβ² β Z. EntΓ£o, temos os seguintes isomorfismosde ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda
π(π, π) βπ(π, πβ²) β π(π, πβ²) βπ(π, π) β βπβπΌ1,ππ(π, π + πβ² + πβ π).
Demonstração. Sejam {π£π | π β πΌ1,π} e {π’π | π β πΌ1,π} as bases canΓ΄nicas de π(π, π) e deπ(π, πβ²), respectivamente. Mostremos que πΎ = {π€π,π, βπβ1π€πβ(π β1),1 | π β πΌ1,π , π β πΌ2,π},Γ© base de π(π, π) β π(π, πβ²), onde π€π,π := π£π β π’π. Primeiramente, vejamos que πΎ Γ© umconjunto linearmente independente. Sejam πΌπ, π½π,π β k, π β πΌ1,π , π β πΌ2,π, tais que
0 =β
πβπΌ1,π
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,π
βπ βπΌ2,π
π½π,π βπβ1π€πβ(π β1),1
=β
πβπΌ1,π
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,π
βπ βπΌ2,π
π½π,π βπβ1π£πβ(π β1) β π’1
=β
πβπΌ1,π
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,π
βπ βπΌ2,π
π½π,π β
πβπΌπβ1
(π β 1π
)π
βπβ1βππ£πβ(π β1) β ππβ1βπβππ’1
=β
πβπΌ1,π
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,π
βπ βπΌ2,π
π½π,π β
πβπΌπβ1
(π β 1π
)π
π£πβπ +πβπ β π(πβ1βπ)(πβ²βπ)π’π+1
=β
πβπΌ1,π
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,π
ββ βπβπΌπβ1
(π β 1π
)π
ββ βπ βπΌ2,π
π½π,π π£πβπ +πβπ
ββ β π(πβ1βπ)(πβ²βπ)π’π+1
ββ .Na equação acima vamos separar os termos π£π β π’π , π β πΌ1,π dos demais. Note que noΓΊltimo somatΓ³rio isto ocorre quando π + 1 = π , ou equivalentemente quando π = π eπ = π β 1. Assim,
0 =β
πβπΌ1,πβ1
πΌππ€π,π +β
πβπΌ1,πβ1
ββ βπβπΌπβ1
(π β 1π
)π
ββ βπ βπΌ2,π
π½π,π π£πβπ +πβπ
ββ β π(πβ1βπ)(πβ²βπ)π’π+1
ββ +
βπβπΌπβ2
β‘β£(π β 1π
)π
ββ βπ βπΌ2,π
π½π,π π£πβπ +πβπ
ββ β π(πβ1βπ)(πβ²βπ)π’π+1
β€β¦+
πΌππ£π β π’π +ββ βπ βπΌ2,π
π½π,π π£πβπ +1
ββ β π’π .
Como {π£πβπ’π | π β πΌ1,π, π β πΌ1,π} Γ© base de π(π, π)βπ(π, πβ²), entΓ£o πΌπ = π½π,π = 0, paratodo π β πΌ2,π. Procedendo desta forma indutivamente, isto Γ©, destacando os termos queacompanham o maior Γndice de π’, concluΓmos que πΌπβπ = π½πβπ,π = 0, para cada π β πΌ2,π,π β πΌπβ1. Portanto, πΌπ = π½π,π = 0, para cada π β πΌ1,π , π β πΌ2,π, e consequentemente πΎ Γ©linearmente independente. Como πΎ Γ© linearmente independente e a cardinalidade de πΎ Γ©igual a dimensΓ£o de π(π, π) βπ(π, πβ²), entΓ£o πΎ Γ© base de π(π, π) βπ(π, πβ²).
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 81
Seja π½ = βπβπΌ1,π
π½π, onde π½π = {π₯ππ | π β πΌ1,π} Γ© a base canΓ΄nica deπ(π, π+πβ²+πβπ).A aplicação π : π(π, π) βπ(π, πβ²) ββ βπβπΌ1,π0
π(π, π+ πβ² + πβ π) dada por π(π€ππ) = π₯1π e
π(βπβ1π€πβ(π β1)1) = π₯π π+π(π β1), π β πΌ2,π Γ© claramente um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais.Para provar que π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda basta mostrar paraos geradores de ππ(π). De fato,
π(ππ€π,π) = π(π(π£π β π’π)) = π(ππβπ+1π£π β ππβ²βπ+1π’π) = ππβπ+1ππ
β²βπ+1π(π£π β π’π)
= ππ+πβ²+1βπβπ+1π₯1
π = ππ+πβ²βπβπ+2π₯1
π = ππ₯1π = ππ(π€π,π),
π(βπ€π,π) = π(β(π£π β π’π)) = π(π£π β βπ’π + βπ£π β ππ’π) = π(π£π β π’π+1) = π₯1π+1
= βπ₯1π = βπ(π€ππ).
AlΓ©m disso,
π(πβπβ1π€πβ(π β1),1) = π(π1βπβπβ1ππ€πβ(π β1),1) = π1βππ(βπβ1(ππ£πβ(π β1) β ππ’1))
= π1βπππβπ+π ππβ²π(βπβ1π£πβ(π β1) β π’1) = ππ+π
β²βπβπ+π +1π(βπβ1π€πβ(π β1),1)
= ππ+πβ²βπβπ+π +1π₯π π+π(π β1) = ππ+π
β²+π βπβ(π+π(π β1))+1π₯π π+π(π β1)
= ππ₯π π+π(π β1) = ππ(βπβ1π€πβ(π β1),1),
π(β(βπβ1π€πβ(π β1),1)) = π(βππ€πβ(π β1),1) = π₯π π+1+π(π β1) = βπ₯π π+π(π β1)
= βπ(βπβ1π€πβ(π β1),1).
Finalmente, para mostrar que π(π, π) β π(π, πβ²) β π(π, πβ²) β π(π, π) note quede maneira anΓ‘loga ao que foi feito para mostrar que πΎ Γ© base de π(π, π) β π(π, πβ²),podemos mostrar que πΎ = {οΏ½οΏ½π,π, βπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1) | π β πΌ1,π , π β πΌ2,π}, Γ© uma base deπ(π, πβ²) β π(π, π), onde οΏ½οΏ½π,π := π’π β π£π, para quaisquer π β πΌ1,π , π β π β πΌ1,π. Definimosπ : π(π, π) β π(π, πβ²) ββ π(π, πβ²) β π(π, πβ²) por π(π€π,π) = ππ(πβπ+1)οΏ½οΏ½π,π, π β πΌ1,π eπ(βπβ1π€πβ(π β1),1) = βπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1), π β πΌπ ,π. Claramente π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§osvetoriais. Resta mostrar que π Γ© um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Defato,
π(βπ€π,π) = π(β(π£π β π’π)) = π(π£π β π’π+1) = π(π€π,π+1) = π(π+1)(πβπ+1)οΏ½οΏ½π+1,π,
π(ππ€π,π) = π(π(π£π β π’π)) = π(ππ£π β ππ’π) = π(ππβπ+1π£π β ππβ²βπ+1π’π)
= ππβπ+1+πβ²βπ+1π(π£π β π’π) = ππβπ+1+πβ²βπ+1π(π€π,π)
= ππβπ+1+πβ²βπ+1ππ(πβπ+1)οΏ½οΏ½π,π.
Por outro lado,
βπ(π€π,π) = β(ππ(πβπ+1)οΏ½οΏ½π,π) = ππ(πβπ+1)βοΏ½οΏ½π,π = ππ(πβπ+1)β(π’π β π£π)
= ππ(πβπ+1)(π’π+1 β ππ£π) = ππ(πβπ+1)(π’π+1 β ππβπ+1π£π)
= ππ(πβπ+1)ππβπ+1(π’π+1 β π£π) = ππ(πβπ+1)+(πβπ+1)(π’π+1 β π£π)
= π(π+1)(πβπ+1)οΏ½οΏ½π+1,π,
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 82
ππ(π€π,π) = π(ππ(πβπ+1)οΏ½οΏ½π,π) = ππ(πβπ+1)π(π’π β π£π) = ππ(πβπ+1)(ππ’π β ππ£π)
= ππ(πβπ+1)(ππβ²βπ+1π’π β ππβπ+1π£π) = ππ(πβπ+1)ππβ²+πβπβπ+2(π’π β π£π)
= ππ(πβπ+1)ππβ²+πβπβπ+2οΏ½οΏ½π,π.
AlΓ©m disso,
π(β(βπβ1π€πβ(π β1),1)) = π(βππ€πβ(π β1),1)) = βποΏ½οΏ½1,πβ(π β1) = ββπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1)
= βπ(βπβ1π€πβ(π β1),1),
π(πβπβ1π€πβ(π β1),1) = π(πβ(πβ1)βπβ1ππ€πβ(π β1),1) = π(πβ(πβ1)βπβ1π(π£πβ(π β1) β π’1))
= πβ(πβ1)π(βπβ1(ππβπ+(π β1)+1π£πβ(π β1) β ππβ²π’1))
= πβ(πβ1)ππβπ+(π β1)+1ππβ²π(βπβ1π£πβ(π β1) β π’1)
= πβ(πβ1)+πβπ+(π β1)+1+πβ²π(βπβ1π€πβ(π β1),1)
= πβ(πβ1)+πβπ+(π β1)+1+πβ²βπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1).
Por outro lado,
ππ(βπβ1π€πβ(π β1),1) = π(βπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1)) = πβ(πβ1)βπβ1ποΏ½οΏ½1,πβ(π β1)
= πβ(πβ1)βπβ1π(π’1 β π£πβ(π β1))
= πβ(πβ1)βπβ1(ππ’1 β ππ£πβ(π β1))
= πβ(πβ1)βπβ1(πππ’1 β ππβ(πβ(π β1))+1π£πβ(π β1))
= πβ(πβ1)ππβ²ππβπβ(π β1)+1βπβ1π’1 β π£πβ(π β1)
= πβ(πβ1)ππβ²+πβπ+(π β1)+1βπβ1οΏ½οΏ½1,πβ(π β1).
Portanto, π Γ© um isomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda.
Segue do Lema 3.2.1 e da Proposição 3.2.3 que o produto tensorial entre dois ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis π(π, π) e π(πβ², πβ²) Γ© comutativo quando πβ² = 1 ouπβ² = π . Queremos mostrar que isto vale para quaisquer π, πβ² β πΌ1,π . Para isso, iremosutilizar o seguinte lema.
Lema 3.2.4. Sejam π β πΌ2,πβ1 e π β Z. EntΓ£o,
(i) π(π, π) βπ(2, 0) β π(2, 0) βπ(π, π) β π(π, π β 1) βπ(π, π);
(ii) π(2, πβ²) βπ(π, π) β π(π, π) βπ(2, πβ²) β π(π + 1, π + πβ²) βπ(π β 1, π + πβ² β 1).
Demonstração. (i) Segue imediatamente da Proposição 3.2.3, para π = 2.
(ii) Sejam {π£π | π β πΌ1,2} e {π’π | π β πΌ1,π} bases canΓ΄nicas de π(2, πβ²) e de π(π, π),respectivamente. Mostremos que π(2, πβ²)βπ(π, π) β π(π+1, π+πβ²)βπ(πβ1, π+πβ² β1).
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 83
Considere π1 = π πππ{βπ(π£1 β π’1) | π β πΌπ} e π2 = π πππ{βπ(π€) | π β πΌπβ2}, ondeπ€ = π£1 β π’2 β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))π£2 β π’1. Vejamos que π1, π2 sΓ£o ππ(π)-submΓ³dulosΓ esquerda de π(2, πβ²) β π(π, π). Claramente β(βπ(π£1 β π’1)) β π1, para todo π β πΌπ.Provemos que βπ+1(π£1 β π’1) = 0. De fato, pela Proposição 2.3.31
βπ+1(π£1 β π’1) =βπβπΌπ+1
(π + 1π
)π
βππ£1 β ππβ(π+1)βππ’1
=(π + 1
0
)π
π£1 β βπ+1π’1 +(π + 1
1
)π
βπ£1 β πβππ’1
= π£1 β 0 + (π + 1)π π£2 β 0 = 0.
AlΓ©m disso,
πβπ(π£1 β π’1) = πβπβππ(π£1 β π’1) = πβπβπ(ππ£1 β ππ’1) = πβπβπ(ππβ²π£1 β πππ’1)
= πβπ+πβ²+πβπ(π£1 β π’1) β π1, (3.3)
para todo π β πΌπ. Portanto, π1 Γ© um ππ(π)-submΓ³dulo Γ esquerda de π(2, πβ²) βπ(π, π).Γ claro que ββπ(π€) β π2, para todo π β πΌπβ3. Vejamos que βπβ1(π€) = 0. De fato,
βπβ1(π€) = βπβ1(π£1 β π’2 β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))π£2 β π’1)
= βπβ1(π£1 β π’2) β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))βπβ1(π£2 β π’1).
Considere π = (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1)) = ππβ(πβ1)(1 + π + Β· Β· Β· + ππβ2) = ππβ(πβ1)(π β 1)π naigualdade acima, assim
βπβ1(π€) =βπβπΌπβ1
(π β 1π
)π
βππ£1 β ππβ(πβ1)βππ’2 β πβπβπΌπβ1
(π β 1π
)π
βππ£2 β ππβ(πβ1)βππ’1
=(π β 1
0
)π
π£1 β βπβ1π’2 +(π β 1
1
)π
βπ£1 β πβπβ2π’2
β π
ββ(π β 10
)π
π£2 β βπβ1π’1 +(π β 1
1
)π
βπ£2 β πβπβ2π’1
ββ = (π£1 β 0 + (π β 1)π π£2 β ππ’π) β π(π£2 β π’π + (π β 1)π 0 β ππ’π)
= (π β 1)πππβπ+1 (π£2 β π’π) β π(π£2 β π’π)
= (π β 1)πππβπ+1 (π£2 β π’π) β (π β 1)πππβπ+1 (π£2 β π’π) = 0.
Temos ainda,
πβπ(π€) = πβπβππ(π£1 β π’2 β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))π£2 β π’1)
= πβπβπ(π(π£1 β π’2) β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))π(π£2 β π’1))
= πβπβπ((ππβ²π£1 β ππβ1π’2) β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))(ππβ²β1π£2 β πππ’1))
= πβπβπ(ππβ²+πβ1(π£1 β π’2) β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))ππβ²+πβ1(π£2 β π’1)
= ππβ²+πβπβ1βπ(π£1 β π’1 β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))(π£2 β π’1))
= ππβ²+πβπβ1βπ(π€) β π2, (3.4)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 84
para todo π β πΌπβ2. Logo, π2 Γ© um ππ(π)-submΓ³dulo Γ esquerda de π(2, πβ²) β π(π, π).Consequentemente, π1 + π2 Γ© um ππ(π)-submΓ³dulo Γ esquerda de π(2, πβ²) β π(π, π).AlΓ©m disso, π1 β©π2 = {0}. De fato, seja π₯ β π1 β©π2 entΓ£o
π₯ =βπβπΌπ
πΌπβπ(π£1 β π’1) =
βπ=βπΌπβ2
π½πβπ(π€).
Vejamos,
π₯ =βπβπΌπ
πΌπβπ(π£1 β π’1) =
βπβπΌπ
πΌπ
βββπβπΌπ
(π
π
)π
βππ£1 β ππβπβππ’1
ββ = πΌ0(π£1 β π’1) +
βπβπΌ1,π
πΌπ
βββπβπΌπ
(π
π
)π
βππ£1 β ππβπβππ’1
ββ = πΌ0(π£1 β π’1) +
ββ βπβπΌ1,π
πΌπ(π£1 β βππ’1 + (π)π π£2 β πβπβ1π’1)ββ
= πΌ0(π£1 β π’1) +βπβπΌ1,π
πΌπ(π£1 β βππ’1 + (π)π π£2 β π1βπβπβ1ππ’1)
= πΌ0(π£1 β π’1) +βπβπΌ1,π
πΌπ(π£1 β βππ’1 + (π)π π£2 β π1βπβπβ1πππ’1)
= πΌ0(π£1 β π’1) +βπβπΌ1,π
πΌπ(π£1 β βππ’1 + (π)π π£2 β π1βπ+πβπβ1π’1)
= π£1 β
βββπβπΌπ
πΌπβππ’1
ββ + π£2 β
ββ βπβπΌ1,π
πΌππ1βπ+π(π)π βπβ1π’1
ββ = π£1 β
ββ βπβπΌπβ1
πΌππ’π+1
ββ + π£2 β
ββ βπβπΌ1,π
πΌππ1βπ+π(π)π π’π
ββ . (3.5)
Por outro lado, de maneira anΓ‘loga ao que foi feito acima, temos
π₯ =β
πβπΌ1,πβ2
π½πβπ(π€) =
βπβπΌ1,πβ2
π½πβπ(π£1 β π’2 β (ππβ1 + Β· Β· Β· + ππβ(πβ1))(π£2 β π’1))
= π½0(π£1 β π’2) β π½0(ππβ(πβ1)(π β 1)π π£2 β π’1)+βπβπΌ1,πβ2
π½π
βββπβπΌπ
(π
π
)π
βππ£1 β ππβπβππ’2 β (ππβ(πβ1)(π β 1)π)βπβπΌπ
(π
π
)π
βππ£2 β ππβπβππ’1
ββ = π½0(π£1 β π’2 β π½0(ππβ(πβ1)(π β 1)π π£2 β π’1)+βπβπΌ1,πβ2
π½π
ββββπ£1 β βππ’2 +(π
1
)π
βπ£1 β πβπβ1π’2
ββ β ππβ(πβ1)(π β 1)π π£2 β βππ’1)ββ
= π½0(π£1 β π’2 β π½0(ππβ(πβ1)(π β 1)π π£2 β π’1)+βπβπΌ1,πβ2
π½π(π£1 β π’π+2 + (π)π π£2 β πβπ+ππ’π+1 β ππβ(πβ1)(π β 1)π (π£2 β π’π+1)
)
= π£1 β
ββ βπβπΌ1,πβ2
π½ππ’π+2
ββ + π£2 β
ββ βπβπΌ1,πβ2
π½π((π)π πβπ+ππ₯β ππβ(πβ1)(π β 1)π) π’π+1)ββ .
(3.6)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 85
De (3.5) e (3.6) segue que πΌ0 = 0, πΌπ = π½πβ1, para todo π β πΌ1,πβ1, πΌππ1βπ(π)π = 0e πΌππ
1βπ(π)π = π½πβ1((π β 1)π πβ(πβ1)) β πβ(πβ1)(π β 1)π), π β πΌ1,πβ1. Assim πΌπ = 0 eπΌπ[1 + πβ(πβ1)(π β 1)π] = 0. Note que 1 + πβ(πβ1)(π β 1)π = 0 e consequentemente π₯ = 0.
Vejamos que π1 β π(π + 1, π + πβ²). Note que π½ = {βπ(π£1 β π’1) | π β πΌπ} Γ© umabase de π1, pois dado π₯ = β
πβπΌππΌπβ
π(π£1 β π’1) = 0, onde πΌπ β k, π β πΌπ. Por (3.5) temosque
0 = π₯ = π£1 β
ββ βπβπΌπβ1
πΌππ’π+1
ββ + π£2 β
ββ βπβπΌ1,π
πΌππ1βπ+π(π)ππ’π
ββ .Como {π£π β π’π+1 | π β πΌ1,2, π β πΌ1,π} Γ© uma base de π(2, πβ²) β π(π, π), entΓ£o πΌπ = 0,para todo π β πΌπ. Defina π : π1 ββ π(π + 1, π + πβ²) por π(βπ(π£1 β π’1))) = π₯π+1,π β πΌπ. Claramente π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais. Resta mostrar que π Γ©um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda, para isso Γ© suficiente mostrar para osgeradores π e β de ππ(π). EntΓ£o por (3.3) temos que π(πβπ(π£1 β π’1)) = ππ+π
β²βππ(βπ(π£1 βπ’1)) = ππ+π
β²βππ₯π+1. Por outro lado,
ππ(βπ(π£1 β π’1)) = ππ₯π+1 = ππ+πβ²β(π+1)+1π₯π+1 = ππ+π
β²βππ₯π+1.
Se π β πΌπβ1, entΓ£o
π(ββπ(π£1 β π’1)) = π(βπ+1(π£1 β π’1)) = π₯π+2 = βπ₯π+1 = βπ(βπ(π£1 β π’1))
Agora se π = π, entΓ£o
π(ββπ(π£1 β π’1)) = π(βπ+1(π£1 β π’1)) = 0 = βπ(βπ(π£1 β π’1)).
Portanto, π Γ© um isomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos.
Finalmente, mostremos que π2 β π(π β 1, π + πβ² β 1). De fato, notemos queπΌ = {βπ(π€) | π β πΌπβ2} Γ© uma base de π2, a prova Γ© feita de maneira anΓ‘loga aoque foi realizado para provar que π½ Γ© uma base de π1. Definimos o isomorfismo linearπ : π2 ββ π(π β 1, π + πβ² β 1) por π(βπ(π€)) = π¦π+1, π β πΌπβ2. Da mesma forma, paramostrar que π um homomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda Γ© suficiente mostrar paraos geradores π e β de ππ(π). Por (3.4) temos
π(πβπ(π€)) = ππβ²+πβπβ1π(βπ(π€)) = ππ
β²+πβπβ1π¦π+1.
Por outro lado,
ππ(βπ(π€)) = ππ¦π+1 = ππ+πβ²β1β(π+1)+1π¦π+1 = ππ+π
β²βπβ1π¦π+1.
Se π β πΌπβ3, entΓ£o π(ββπ(π£1 β π’1)) = π(βπ+1(π€)) = π¦π+2 = βπ₯π+1 = βπ(βπ(π€)). Agora,se π = π β 2, entΓ£o π(ββπβ2(π€)) = π(βπβ2(π€)) = 0 = βπ(βπβ1(π€)). Portanto π Γ© umisomorfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Como πππkπ1βπ2 = πππkπ1+πππkπ2 = 2π,
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 86
ou seja, πππkπ1 β π2 = πππkπ(2, πβ²) β π(π, π). Logo, π1 β π2 = π(2, πβ²) β π(π, π)como k-espaΓ§o vetorial. Logo, como π1 β π(π + 1, π + πβ²) e π2 β π(π β 1, π + πβ² β 1),segue que π(π+1, π+ πβ²) βπ(π+ 1, π+ πβ² β 1) β π(2, πβ²) βπ(π, π), como ππ(π)-mΓ³dulosΓ esquerda.
Para mostrar que π(π, π) βπ(2, πβ²) β π(π+ 1, π+ πβ²) βπ(π+ 1, π+ πβ² β 1), noteque se definirmos π β² = {βπ(π€β²) | π β πΌπβ2}, onde π€β² = (π β 1)π πβ(πβ²β1)π’1 β π£2 β π’2 β π£1,entΓ£o de maneira anΓ‘loga ao que foi feito acima, apenas trocando π2 por π β² teremos oresultado.
As duas prΓ³ximas proposiçáes serΓ£o necessΓ‘rias para provar que o produto tensorialentre π(π, π) e π(πβ², πβ²) comuta. Provaremos que π(π, π) β π(πβ², πβ²) Γ© soma direta demΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis, para tanto serΓ‘ necessΓ‘rio analisarmos os casosπ + πβ² β€ π e π + πβ² > π .
Proposição 3.2.5. Sejam π, πβ² β πΌ1,πβ1 e π, πβ² β Z. Se π + πβ² β€ π , entΓ£o
π(π, π) βπ(πβ², πβ²) β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π0),
onde π0 = πππ{π, πβ²}.
Demonstração. Convencionemos que π(0, π) = {0}. Suponha que πβ² + π β€ π . Provemoso resultado por indução sobre πβ². Para πβ² = 1 temos pelo Lema 3.2.1 que
π(π, π) βπ(1, πβ²) β π(π, π) β ππβ² β ππβ² βπ(π, π) β π(π, π + πβ²).
Por outro lado, como πβ² = 1 entΓ£o π0 = πππ{π, 1} = 1, e |π β 1| = π β 1. Assim,βπβπΌ1,1π(|π β 1| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ 1) = π(π, π + πβ²). Suponhamos que o resultado sejavΓ‘lido para πβ² β πΌ1,πβ2 e mostremos que vale para πβ² + 1 onde πβ² + π + 1 β€ π , ou seja,queremos provar que
π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²) β βπβπΌ1,ππ(|π β πβ² β 1| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π), (3.7)
onde π = πππ{π, πβ² + 1}.
Iremos analisar o seguinte produto tensorial π(2, 0) βπ(π, π) βπ(πβ², πβ²) de duasmaneiras. Pelo Lema 3.2.4 (ii) e pela hipΓ³tese de indução temos que:
π(2, 0) βπ(π, π) βπ(πβ², πβ²) β (π(2, 0) βπ(π, π)) βπ(πβ², πβ²)
β (π(π, π) βπ(2, 0)) βπ(πβ², πβ²)
β π(π, π) β (π(2, 0) βπ(πβ², πβ²))
β π(π, π) β (π(πβ² + 1, πβ²) βπ(πβ² β 1, πβ² β 1)
β (π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²)) β
βπβπΌ1,π‘ π(|π β πβ² + 1| β 1 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ π‘), (3.8)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 87
onde π‘ = πππ{π, πβ² β 1}. Por outro lado, aplicando a hipΓ³tese de indução e o Lema 3.2.4(ii) temos que:
π(2, 0) βπ(π, π) βπ(πβ², πβ²) β π(2, 0) β (π(π, π) βπ(πβ², πβ²))
β π(2, 0) β(βπβπΌ1,π0
π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π0))
β βπβπΌ1,π0(π(2, 0) βπ(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π0))
β βπβπΌ1,π0(π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + πβ π0)β
π(|π β πβ²| β 2 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ π0))
β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + πβ π0)β
βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| β 2 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ π0). (3.9)
Para provar (3.7) vamos dividir a anΓ‘lise em trΓͺs casos:1o Caso: π β€ πβ² β 1.
Neste caso temos que π‘=πππ{π, πβ²β1}= π, π0 =πππ{π, πβ²}= π e π=πππ{π, πβ²+1}= π.AlΓ©m disso, |π β πβ² + 1| = (πβ² β 1) β π e |π β πβ²| = πβ² β π. Assim,
βπβπΌ1,π‘π(|πβπβ²+1|β1+2π, π+πβ²β1+πβπ‘) = βπβπΌ1,ππ(πβ²β1βπβ1+2π, π+πβ²β1+πβπ)
= βπβπΌ1,ππ(πβ² β π β 2 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ π)
= βπβπΌ1,π0π(|πβπβ²|β2+2π, π + πβ² β 1 + πβ π0).
Consequentemente, de (3.8) e (3.9) temos que
π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²) β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + πβ π0)
= βπβπΌ1,ππ(|π β πβ² β 1| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π)
= βπβπΌ1,ππ(|π β πβ² β 1| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π),
pois |π β πβ² β 1| β 1 + 2π = βπ + πβ² + 1 β 1 + 2π = π β πβ² + 2π = |π β πβ²| + 2π.2o Caso: π = πβ².
Neste caso temos π‘=πππ{π, πβ²β1}= πβ²β1, π0 =πππ{π, πβ²}= πβ² e π=πππ{π, πβ²+1}= πβ².Assim,
βπβπΌ1,π‘π(|πβπβ²+1|β1+2π, π+πβ²β1+πβπ‘) = βπβπΌ1,πβ²β1π(|1|β1+2π, π+πβ²β1+πβπβ²+1)
= βπβπΌ1,πβ²β1π(2π, π + πβ² + πβ πβ²),
e, alΓ©m disso
βπβπΌ1,π0π(|πβπβ²|β2+2π, π+πβ²β1+πβπ0) = βπβπΌ1,πβ²
π(β2+2π, π+πβ²β1+πβπβ²)
= π(0, π+πβ²β1+1β πβ²) β(βπβπΌ2,πβ²
π(2(πβ 1), π + πβ² β πβ² + (πβ 1)))
= βπβπΌ1,πβ²β1π(2π, π + πβ² + π β πβ²)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 88
Consequentemente, de (3.8) e (3.9) temos que
π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²) β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + πβ π0)
= βπβπΌ1,ππ(|π β πβ² + 1| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π).
3o Caso: π β₯ πβ² + 1.
Neste caso temos π‘=πππ{π, πβ²β1}= πβ²β1, π0 =πππ{π, πβ²}= πβ² e π=πππ{π, πβ²+1}= πβ²+1.AlΓ©m disso, |π β πβ² + 1| = π β πβ² + 1. Assim,
βπβπΌ1,π‘π(|πβπβ²+1|β1+2π, π+πβ²β1+πβπ‘)=βπβπΌ1,πβ²β1π(πβπβ²+1β1+2π, π+πβ²β1+πβπβ²+1)
= βπβπΌ1,πβ²β1π(π β πβ² + 2π, π + πβ² + πβ πβ²).(3.10)
AlΓ©m disso, como |π β πβ²| = π β πβ², entΓ£o
βπβπΌ1,π0π(|πβπβ²|β 2+ 2π, π+ πβ²β 1+ πβπ0) = βπβπΌ1,πβ²
π(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ πβ²)
= π(π β πβ², π + πβ² β πβ²)β(βπβπΌ2,πβ²
π(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² β 1 + πβ πβ²))
= π(π β πβ², π + πβ² β πβ²) β(βπβπΌ2,πβ²
π(π β πβ²+2(πβ 1), π + πβ² β πβ² + πβ 1))
= (π(π β πβ², π + πβ² β πβ²)) β(βπβπΌ1,πβ²β1π(π β πβ² + 2π, π + πβ² β πβ² + π)
).
(3.11)
Logo por (3.8) e (3.9), temos que
π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²) β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + πβ π0) βπ(π β πβ², π + πβ² β πβ²).
Mas,
βπβπΌ1,ππ(|πβπβ²β1|β1+2π, π+πβ²+πβπ) =βπβπΌ1,πβ²+1π(πβπβ²β1β1+2π, π+πβ²+πβπβ²β1)
= βπβπΌ1,πβ²+1π(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² + πβ πβ² β 1)
= (π(π β πβ², π + πβ² + πβ²)) β(βπβπΌ2,πβ²+1π(π β πβ² + 2(πβ 1), π+πβ²+(πβ1)βπβ²)
)= (π(π β πβ², π + πβ² + πβ²)) β(βπβπΌ1,π0
π(π β πβ² + 2π, π + πβ² + πβ πβ² β 1)),
entΓ£o segue o resultado.
Proposição 3.2.6. Sejam π, πβ² β πΌ1,πβ1 e π, πβ² β Z. Se π + πβ² > π , entΓ£o
π(π, π)βπ(πβ², πβ²) β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|πβπβ²|β1+2π, π+πβ²+πβπ0))
β(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
onde π0 = πππ{π, πβ²} e π1 = πππ₯{π, πβ²}.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 89
Demonstração. Convencionemos que βπβπΌ1,π‘π(ππ, π π)={0}, quando π‘ β€ 0 e π(π, π)={0},quando π β€ 0. Suponhamos que πβ² + π > π . Provaremos o resultado por indução sobreπβ². Observemos que se πβ² = 1, entΓ£o π + 1 > π , o que Γ© uma contradição pois π β€ π β 1.Logo, πβ² > 1. Suponhamos que πβ² = 2. Como π + 2 > π , entΓ£o π > π β 2. PorΓ©m, π < π ,consequentemente π = π β 1. Se π = 2, entΓ£o π0 = π = 1 e π1 = 2. Neste caso, pelo Lema3.2.4 (ii), temos
π(1, π) βπ(2, πβ²) β π(2, π + πβ²) βπ(0, π + πβ² β 1) β π(2, π + πβ²).
Por outro lado,(βπβπΌ1,2β2π(|1 β 2| β 1 + 2π, π + πβ² + π β 2)
)β(βπβπΌ1,1π(2, π + πβ² + 1 β π)
)β π(2, π + πβ²).
Consequentemente, o resultado vale. Se π β₯ 3, entΓ£o π1 = πππ₯{2, π β 1} = π β 1 eπ0 = πππ{2, π β 1} = 2. Pelo Lema 3.2.4 (i), temos
π(π β 1, π) βπ(2, πβ²) β π(π, π + πβ²) βπ(π β 2, π + πβ² β 1).
Por outro lado,(βπβπΌ1,1π(|πβ3|β1+ 2π, π+πβ²+πβ2)
)β(βπβπΌ1,1π(π, π+πβ²+1βπ)
)β π(πβ2, π+πβ²β1)
βπ(π, π + πβ²).
Assim, o resultado tambΓ©m Γ© vΓ‘lido neste caso. Portanto, o resultado Γ© vΓ‘lido quandoπβ² = 2 e π β₯ 3. Suponhamos que o resultado Γ© vΓ‘lido para πβ² e mostremos que vale paraπβ² + 1, ou seja, devemos provar que
π(π, π) βπ(πβ² + 1, πβ²) β(βπβπΌ1,πβπΏ1
π(|π β (πβ² + 1)| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ πΏ0))
β(βπβπΌ1,π+(πβ²+1)βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π)), (3.12)
onde πΏ0 = πππ{π, πβ²+1} e πΏ1 = πππ₯{π, πβ²+1}. Assim como foi feito na proposição anterior,iremos analisar o produto tensorial π(2, 0) β π(π, π) β π(πβ², πβ²) de duas maneiras. PeloLema 3.2.4 e pela hipΓ³tese de indução temos
(π(π, π) β π(πβ², πβ²)) β π(2, 0) β((
βπβπΌ1,πβπ1π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + π β π0)
)β(
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² + 1 β π)
))β π(2, 0)
β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + π β π0) β π(2, 0))
β(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π) β π(2, 0))
β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|π β πβ²| + 2π, π + πβ² + π β π0))
β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|π β πβ²| β 2 + 2π, π + πβ² + π β 1 β π0))
β(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
β(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²βπ))
(3.13)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 90
onde π0 = πππ{π, πβ²} e π1 = πππ₯{π, πβ²}. Por outro lado, aplicando a hipΓ³tese de indução eo Lema 3.2.4 (ii) temos
π(π, π) β ((π(πβ², πβ²) β π(2, 0)) β π(π, π) β (π(πβ² + 1, πβ²) β π(πβ² β 1, πβ² β 1))
β (π(π, π) β π(πβ² + 1, πβ²)) β (π(π, π) β π(πβ² β 1, πβ² β 1))
β (π(π, π) β π(πβ² + 1, πβ²)) β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|πβ(πβ²β1)|β1+2π, π+(πβ²β1)+πβπ0))
β(βπβπΌ1,π+(πβ²β1)βπ
π(π, π+(πβ²β1)+1βπ)), (3.14)
onde π0 = πππ{π, πβ² β 1} e π1 = πππ₯{π, πβ² β 1}. Como na proposição anterior, dividiremosa anΓ‘lise em casos.1o Caso: π β₯ πβ² + 1 e π + πβ² = π + 1.
Neste caso, π0 = πβ², π0 = πβ² β 1, πΏ0 = πβ² + 1 e π1 = π1 = πΏ1 = π. AlΓ©m disso,|π β πβ²| = π β πβ² e |π β (πβ² β 1)| = π β πβ² + 1. Assim,
βπβπΌ1,πβπ1π(|πβπβ²|+2π, π+πβ²+πβπ0) = (βπβπΌ1,πβπ
π(π β πβ² + 2π, π + πβ² + πβ πβ²))β
= (βπβπΌ1,πβπ1π(|πβ(πβ²β1)|β1+2π, π+(πβ²β1)+πβπ0)),
(3.15)
e, βπβπΌ1,π+πβ²β1βππ(π, π + πβ² β π) = {0}. Assim, de (3.13) e (3.14) temos
π(π, π) β π(πβ²+1, πβ²) β (βπβπΌ1,πβππ(πβπβ²β2+2π, π+πβ²+ πβ1βπβ²)) β
(π(π, π+πβ²) β π(π, π+πβ²β1))
= (βπβπΌ1,πβππ(πβπβ²β 2+ 2π, π+πβ²+ πβ1βπβ²)) β (βπβπΌ1,2π(π, π+πβ²+1βπ))
= (βπβπΌ1,πβ²β1π(πβπβ²β 2+ 2π, π+πβ²+ πβ1βπβ²)) β (βπβπΌ1,2π(π, π+πβ²+1βπ)).
como querΓamos.2o Caso: π β₯ πβ² + 1 e π + πβ² β₯ π + 2.
Neste caso, ainda temos que π0 = πβ², π0 = πβ² β 1, πΏ0 = πβ² + 1 e π1 = π1 = πΏ1 = π.AlΓ©m disso, |π β πβ²| = π β πβ² e |π β (πβ² β 1)| = π β πβ² + 1. EntΓ£o,(
βπβπΌ1,πβπΏ1π(|πβ(πβ²+1)|β1+2π, π+πβ²+πβπΏ0)
)β(βπβπΌ1,π+(πβ²+1)βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
= βπβπΌ1,πβππ(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² + πβ 1 β πβ²) β
(βπβπΌ1,π+πβ²+1βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π)).
(3.16)
Notemos que
βπβπΌ1,π+πβ²+1βππ(π, π+πβ²+1βπ) = βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²+1βπ)β (3.17)
π(π, π + πβ² + 1 β (π + πβ² + 1 βπ))
= βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π+πβ²+1βπ)βπ(π, π+πβ²+πβ(π+πβ²))
= βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π+πβ²+1βπ)βπ(π, π+πβ²+πβ(π+πβ²)),
(3.18)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 91
e,
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² β π) = βπβπΌ1,π+πβ²β1βπ
π(π, π + πβ² β π) βπ(π, π + πβ² β π)
= βπβπΌ1,π+πβ²β1βππ(π, π + πβ² β π) βπ(π, π + πβ² +π β π β πβ²).
(3.19)
Logo, de (3.17) e (3.19)
βπβπΌ1,π+πβ²+1βππ(π, π + πβ² + 1 β π) β βπβπΌ1,π+πβ²β1βπ
π(π, π + πβ² β π)
= βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² + 1 β π) β βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π + πβ² β π). (3.20)
Temos de (3.16) e (3.17) que(βπβπΌ1,πβπΏ1
π(|πβ(πβ²+1)|β1+2π, π+πβ²+πβπΏ0))
β(βπβπΌ1,π+(πβ²+1)βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
= βπβπΌ1,πβππ(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² + πβ 1 β πβ²) β βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π) β
π(π, π + πβ² +π β (π + πβ²)).
Com isso, de (3.20),(βπβπΌ1,πβπΏ1
π(|πβ(πβ²+1)|β1+2π, π+πβ²+πβπΏ0))
β(βπβπΌ1,π+(πβ²+1)βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
= βπβπΌ1,πβππ(π β πβ² β 2 + 2π, π + πβ² + πβ 1 β πβ²) β βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π)β
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² β π).
Da igualdade acima e de (3.15), temos que o resultado segue de (3.13) e (3.14).3o Caso: π = πβ².
Neste caso, π0 = πβ², π0 = πβ² β 1, πΏ0 = π, π1 = πβ², π1 = π e πΏ1 = πβ² + 1. Assim,
βπβπΌ1,πβπ1π(|π β πβ²|+2π, π+πβ²+πβπ0) = βπβπΌ1,πβπβ²
π(2π, π + πβ² + πβ πβ²)
= βπβπΌ1,πβππ(2π, π + πβ² β πβ πβ²). (3.21)
AlΓ©m disso,((βπβπΌ1,πβπβ²β1π(2π, π + πβ² + πβ π)
)β(βπβπΌ1,π+πβ²+1βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π)))
β(βπβπΌ1,π+πβ²β1βπ
π(π, π + πβ² β π)). (3.22)
Notemos que π + πβ² = π + 1 entΓ£o π + πβ² βπ = 1. Consequentemente, (3.22) se torna(βπβπΌ1,πβπβ²β1π(2π, π + πβ² + πβ π)
)βπ(π, π + πβ²) βπ(π, π + πβ² β 1).
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 92
Logo, de (3.21) e da igualdade acima temos que o resultado segue de (3.13) e (3.14).Agora, se π + πβ² β₯ π + 2 temos
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² β π) β
(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π))
=((
βπβπΌ1,π+πβ²βπβ1π(π, π+πβ²βπ))
βπ(π, π+πβ²βπβπβ²+π))
β
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π+πβ²+1βπ)
=(βπβπΌ1,π+πβ²βπβ1π(π, π + πβ² β π)
)β
ββπ(π, π + πβ² β π β πβ² +π)β
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² + 1 β π)
ββ =(βπβπΌ1,π+πβ²βπβ1π(π, π + πβ² β π)
)β(βπβπΌ1,π+πβ²βπ+1π(π, π + πβ² + 1 β π)
).
Portanto usando a igualdade acima em (3.22) temos que o resultado segue por (3.13) e(3.14).4o Caso: π β€ πβ² β 1.
Neste caso, π0 = π, π0 = π, πΏ0 = π, π1 = πβ², π1 = πβ² β 1 e πΏ1 = πβ² + 1. AlΓ©m disso,|π β πβ²| = πβ² β π. Assim,
βπβπΌ1,πβπ1π(|πβ(πβ²β1)|β1+2π, π+(πβ²β1)+πβπ0) = βπβπΌ1,πβπβ²+1π(πβ²β1βπβ1+2π, π+πβ²β1+πβπ)
= π(πβ²βπ, π+πβ²βπ)β(βπβπΌ2,πβπβ²+1π(πβ²βπβ2+2π, π+πβ²β1+πβπ)
)= π(πβ²βπ, π+πβ²βπ)β(βπβπΌ1,πβπβ² π(πβ²βπ+2π, π+πβ²+πβπ)
)(3.23)
Notemos que
βπβπΌ1,πβπ1π(|πβπβ²|β2+2π, π+πβ²+πβ1βπ0) = βπβπΌ1,πβπβ² π(πβ²βπβ2+2π, π+πβ²+πβ1βπ)
=(βπβπΌ1,πβπβ² π(πβ²βπβ2+2π, π+πβ²+πβ1 βπ)
)β
π(πβ²βπ, π+πβ²βπ)
=(βπβπβ²β1π=1 π(πβ²βπβ2π, π+πβ²+πβπ)
)β π(πβ²βπ, π+πβ²βπ), (3.24)
e
βπβπΌ1,π+πβ²+1βππ(π, π+πβ²+1βπ) =
(βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
β π(π, π + πβ² + π β π β πβ²)
= βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² + 1 β π) β π(π, π + πβ² + π β π β πβ²).
(3.25)
AlΓ©m disso,
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² β π) =
(βπβπΌ1,π+πβ²βπβ1π(π, π+πβ²βπ)
)β π(π, π + πβ² + π β π β πβ²).
(3.26)
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 93
Logo, de (3.25) e (3.26) temos
βπβπΌ1,π+πβ²+1βππ(π, π+πβ²+1βπ)β
(βπβπΌ1,π+πβ²βπβ1π(π, π+πβ²βπ)
)=βπβπΌ1,π+πβ²βπ
π(π, π+πβ²+1βπ)β
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π+πβ²+1βπ).
Portanto de (3.13) e (3.14) temos(βπβπΌ1,πβπβ²β1π(πβ²βπβ2π, π+πβ²+πβπ)
)β(βπβπΌ1,π+πβ²+1βπ
π(π, π+πβ²+1βπ))
βπ(π, π)βπ(πβ²+1, πβ²).
Logo, em ambos os casos, temos que vale
π(π, π) β π(πβ² + 1, πβ²) β(βπβπΌ1,πβπΏ1
π(|π β (πβ² + 1)| β 1 + 2π, π + πβ² + π β πΏ0))
β(βπβπΌ1,π+(πβ²+1)βπ
π(π, π + πβ² + 1 β π))
, (3.27)
onde πΏ0 = πππ{π, πβ² + 1} e πΏ1 = πππ₯{π, πβ² + 1}.
Do Lema 3.2.1 e das Proposiçáes 3.2.3, 3.2.5 e 3.2.6 segue imediatamente o seguintecorolÑrio.
CorolΓ‘rio 3.2.7. Sejam π, πβ² β πΌ1,π e π, πβ² β Z. EntΓ£o,
π(π, π) βπ(πβ², πβ²) β π(πβ², πβ²) βπ(π, π).
Demonstração. Se π, πβ² β πΌ1,πβ1, entΓ£o o resultado segue das Proposiçáes 3.2.5 e 3.2.6, umavez que πππ{π, πβ²} = πππ{πβ², π}, πππ₯{π, πβ²} = πππ₯{πβ², π} e |π β πβ²| = |πβ² β π|. Se π β πΌ2,π eπβ² = π ou πβ² β πΌ2,π e π = π , entΓ£o o resultado segue do Lema 3.2.3. Por fim, se π = πβ² = 1,entΓ£o o resultado segue do Lema 3.2.1.
CorolΓ‘rio 3.2.8. Sejam π e π ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerados. EntΓ£o,
π βπ β π βπ.
Demonstração. Como π e π sΓ£o ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda finitamente gerados entΓ£o πe π possuem comprimento finito como ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Assim, pelo Teoremade Krull-Schmidt temos π β βπ‘βπΌ1,πππ‘ e π β βπβπΌ1,π ππ, onde cada ππ‘, ππ sΓ£o ππ(π)-submΓ³dulos Γ esquerda indecomponΓveis de π e π , respectivamente. Pelo Teorema 3.1.11segue que ππ‘ β π(ππ‘, ππ‘), para ππ‘ β πΌ1,π , ππ‘ β πΌπβ1 e ππ β π(πβ²π, πβ²π), para πβ²π‘ β πΌ1,π ,πβ²π‘ β πΌπβ1. Assim,
π βπ β(βπ‘βπΌ1,πππ‘
)β(βπβπΌ1,π ππ
)β βπ‘βπΌ1,π βπβπΌ1,π (ππ‘ βππ)
β βπβπΌ1,π βπ‘βπΌ1,π π(ππ‘, ππ‘) βπ(πβ²π, πβ²π) β βπβπΌ1,π βπ‘βπΌ1,π π(πβ²π, πβ²π) βπ(ππ‘, ππ‘)
β βπβπΌ1,π βπ‘βπΌ1,π ππ βππ‘ β(βπβπΌ1,π ππ
)β(βπ‘βπΌ1,πππ‘
)β π βπ.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 94
CorolΓ‘rio 3.2.9. Sejam π, πβ² β πΌ1,πβ1 e π, πβ² β Z. EntΓ£o, π(π, π) β π(πβ², πβ²) tem umsomando simples se e somente se π = πβ².
Demonstração. Suponhamos que π = πβ². Se 2π β€ π , entΓ£o pela Proposição 3.2.5 temosque
π(π, π) βπ(πβ², πβ²) β βπβπΌ1,π0π(β1 + 2π, π + πβ² + πβ π0)
= π(1, π + πβ² + 1 β π0) β βπβπΌ2,π0π(1 + 2π, π + πβ² + πβ π0)
onde π0 = πππ{π, π} = π. Agora, se 2π > π pela Proposição 3.2.6
π(π, π)βπ(πβ², πβ²)β(βπβπΌ1,πβπ
π(β1+2π, π+πβ²+πβπ))β(βπβπΌ1,2πβπ
π(π, π+πβ²+1+π))
β(π(1, π + πβ² + 1 β π) β βπβπΌ2,πβπ
π(β1 + 2π, π + πβ² + πβ π))
β(βπβπΌ1,2πβπ
π(π, π + πβ² + 1 + π)),
onde π0 = πππ{π, π} = π e π1 = πππ₯{π, π} = π.
Reciprocamente, suponhamos que π(π, π) β π(πβ², πβ²) possui um somando diretosimples. Se π + πβ² β€ π pela Proposição 3.2.5,
π(π, π) βπ(πβ², πβ²) β βπβπΌ1,π0π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π0),
onde π0 = πππ{π, πβ²}. Assim, como π(π, π) βπ(πβ², πβ²) possui um somando simples, existeπ β₯ 1 tal que |πβ πβ²| β 1 + 2π = 1. Consequentemente, |πβ πβ²| = 2(1 β π). Para π β₯ 2, temosque 2(1 β π) β€ 0, o que nΓ£o ocorre, pois |π β πβ²| β₯ 0. EntΓ£o, π = 1 e assim |π β πβ²| = 0.Portanto, π = πβ². Agora, se π + πβ² < π pela Proposição 3.2.6, temos
π(π, π)βπ(πβ², πβ²) β(βπβπΌ1,πβπ1
π(|π β πβ²| β 1 + 2π, π + πβ² + πβ π0))β(
βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π + πβ² + 1 + π)
),
onde π0 = πππ{π, πβ²} e π1 = πΓ‘π₯{π, πβ²}. Como π β₯ 2, a soma βπβπΌ1,π+πβ²βππ(π, π+πβ²+1+π)
nΓ£o possui um somando simples, consequentemente, βπβπΌ1,πβπ1π(|πβπβ²|β1+2π, π+πβ²+πβπ0)
possui um somando simples. Logo, pelo mesmo argumento utilizado anteriormente, temosπ = πβ².
Consideremos π(ππ(π)) o anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. Notemos que dadosquaisquer elementos [π ] e [π ] β π(ππ(π)), [π ][π ] = [π ][π ], pois vimos no CorolΓ‘rio3.2.8 que π βπ β π βπ , para quaisquer π e π ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. Com isso,segue imediatamente o seguinte resultado.
Lema 3.2.10. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft, π(ππ(π)) Γ© um anel comutativo.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 95
Observemos que a unidade de π(ππ(π)) Γ© o ππ(π)-mΓ³dulo simples π0.
Os prΓ³ximos resultados irΓ£o na direção de caracterizar o anel de Green da Γ‘lgebrade Taft. Veremos que π(ππ(π)) Γ© isomorfo a um quociente do anel de polinΓ΄mios sobreZ nas variΓ‘veis π¦ e π§, Z[π¦, π§]. Por conta disto introduzimos algumas notaçáes que irΓ£ofacilitar na identificação. Denote π = [πβ1] e π₯ = [π(2, 0)].
Lema 3.2.11. Com as notaçáes anteriores, valem as seguintes afirmaçáes:
(i) ππ = 1 e [π(π, π)] = ππβπ[π(π, 0)], para todo π β πΌ2,π e π β Zπ ;
(ii) se π > 2 entΓ£o [π(π + 1, 0)] = π₯[π(π, 0)] β π[π(π β 1, 0)], para todo π β πΌ2,πβ1;
(iii) π₯[π(π, 0)] = (π+ 1)[π(π, 0)];
(iv) π(ππ(π)) Γ© gerado por π e π₯ como anel.
Demonstração. (i) Iniciaremos provando que [π]π = [πβπ], para todo π β N. Com efeito,provemos por indução sobre π. Como πβ π β πβ1 β πβ1 β πβ2, entΓ£o
[π]2 = [πβ1 β πβ1] = [πβ2].
Suponhamos que o resultado seja vΓ‘lido para π e provemos que vale para π + 1. EntΓ£o,
[π]π+1 = [π]π[π] = [πβπ][πβ1] = [πβπ β πβ1] = [πβ(π+1)],
pois πβπ β πβ1 β πβ(π+1). Assim, ππ = [πβ1]π = [ππ ], consequentemente basta provarque πβπ β π0 como ππ(π)-mΓ³dulo. Definimos π : πβπ ββ π0 dada por π(π£) = π£β².Claramente π Γ© um isomorfismo de k-espaΓ§os vetoriais. Resta mostrar que π Γ© um homo-morfismo de ππ(π)-mΓ³dulos Γ esquerda. De fato, Γ© suficiente provar para o gerador π deππ(π), pelo Lema 3.1.7. De fato, como π Γ© uma raiz π -Γ©sima primitiva da unidade temosque
π(ππ£) = π(πβππ£) = πβππ(π£) = π£β² = π0π£β² = π0π(π£) = ππ(π£).
Por fim,
ππβπ[π(π, 0)] = [πβ1]πβπ[π(π, 0)] = ([πβ1]π [πβ1]βπ)[π(π, 0)]
= ([π0][πβ1]βπ)[π(π, 0)] = [ππ][π(π, 0)] = [π(π, π)],
pois ππ βπ(π, 0) β π(π, π).
(ii) Note que pelos Lemas 3.2.1 e 3.2.4 (ii) temos
π(2, 0) βπ(π, 0) β π(π + 1, 0) βπ(π β 1,β1) β π(π + 1, 0) β (π1 βπ(π β 1, 0)).
Logo, [π(π + 1, 0)] + π[π(π β 1, 0)] = π₯[π(π, 0)].
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 96
(iii) Pela Proposição 3.2.3 e pelo Lema 3.2.4 (i), temos
π(2, 0) βπ(π, 0) β (πβ1 βπ(π, 0)) βπ(π, 0) β (πβ1 βπ(π, 0)) β (π0 βπ(π, 0))
β (πβ1 β π0) βπ(π, 0).
E o resultado segue.
(iv) Pelos itens (i), (ii) e (iii) temos que π = [πβ1] e π₯ = [π(2, 0)] geram π(ππ(π)) comoanel.
A seguir definiremos os elementos π’π, π β N, que juntamente com os elementos πe π₯ caracterizarΓ£o um ideal πΌ de Z[π¦, π§] tal que π(ππ(π)) β Z[π¦, π§]/πΌ.
CorolΓ‘rio 3.2.12. Seja π’π β π(ππ(π)), π β N, definido recursivamente por π’1 = 1, π’2 = π₯
e π’π = π₯π’πβ1 β ππ’πβ2, π β₯ 3. EntΓ£o, [π(π, 0)] = π’π, para todo π β πΌ1,π e (π₯β πβ 1)π’π = 0.
Demonstração. Mostremos que [π(π, 0)] = π’π por indução sobre π. Notemos que π’1 = [π0]e π’2 = [π(2, 0)]. Suponhamos que o resultado seja vΓ‘lido para π e provaremos que valepara π + 1. Pelo Lema 3.2.11 (ii) segue que
π’π+1 = π₯π’π β ππ’πβ1 = π₯[π(π, 0)] β π[π(π β 1, 0)] = [π(π + 1, 0)],
e pelo item (iii) do lema anterior temos que π₯[π(π, 0)] = (π + 1)[π(π, 0)], portanto0 = (π₯β πβ 1)[π(π, 0)] = (π₯β πβ 1)π’π .
Definimos o polinΓ΄mio de Fibonacci generalizado ππ(π¦, π§) β Z[π¦, π§], π β₯ 1, recursi-vamente por
π1(π¦, π§) = 1, π2(π¦, π§) = π§ e ππ(π¦, π§) = π§ππβ1(π¦, π§) β π¦ππβ2(π¦, π§), π β₯ 3.
Considere πΌ o ideal de Z[π¦, π§] gerado pelos polinΓ΄mios π¦π β 1 e (π§ β π¦ β 1)ππ(π¦, π§).
Teorema 3.2.13. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft Γ© isomorfo a Z[π¦, π§]/πΌ.
Demonstração. Pelo Lema 3.2.11 (iv), π e π₯ geram π(ππ(π)) como anel. Logo, existeum ΓΊnico homomorfismo sobrejetor de anΓ©is π :Z[π¦, π§] ββ π(ππ(π)) tal que π(π¦) = π eπ(π§) = π₯. Vejamos que πΌ β πΎππ(π). De fato, pelo Lema 3.2.11 (iv) temos que
π(π¦π β 1) = π(π¦π) β π(1) = π(π¦)π β 1 = ππ β 1 = 0.
Observe que π(π1(π¦, π§)) = π(1) = 1 = π’1 e π(π2(π¦, π§)) = π(π§) = π₯ = π’2. Agora, seja π β₯ 3e suponha que π(ππβ2(π¦, π§)) = π’πβ2 e π(ππβ1(π¦, π§)) = π’πβ1. EntΓ£o,
π(ππ(π¦, π§)) = π(π§ππβ1(π¦, π§) β π¦π(ππβ2(π¦, π§)) = π(π§)π(ππβ1(π¦, π§)) β π(π¦)π(ππβ2(π¦, π§))
= π₯π’πβ1 β ππ’πβ2 = π’π.
CapΓtulo 3. O anel de Green da Γ‘lgebra de Taft. 97
Logo, π(ππ(π¦, π§)) = π’π, para todo π β₯ 1. Em particular, π(ππ(π¦, π§)) = π’π . EntΓ£o, peloCorolΓ‘rio 3.2.12
π((π§ β π¦ β 1)ππ(π¦, π§)) = π(π§ β π¦ β 1)π(ππ(π¦, π§)) = (π(π§) β π(π¦) β π(1))π’π= (π₯β πβ 1)π’π = 0.
Pelo teorema do homomorfismo existe um ΓΊnico homomorfismo π : Z[π¦, π§]/πΌ ββ π(ππ(π))tal que π β π = π onde π : Z[π¦, π§] ββ Z[π¦, π§]/πΌ Γ© a projeção canΓ΄nica.
Iremos determinar uma inversa para π. Notemos que,π΄ = {1, π, π2, ..., ππβ1} Γ©um subanel de π(ππ(π)). AlΓ©m disso, β¨πβ© = {1, π, ..., ππβ1} Γ© um grupo, entΓ£o podemosconsiderar o anel Zβ¨πβ© o anel do grupo cΓclico β¨πβ© sobre Z, o qual coincide com π΄. Vejamosque π’π β π΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ1, para todo π β₯ 1. Faremos isto por indução sobre π. PeloCorolΓ‘rio 3.2.12 sabemos que π’1 = 1 β π΄ e π’2 = π₯ β π΄π₯. Suponhamos que o resultadoseja vΓ‘lido para π e mostremos que vale para π+1. Como π’π+1 = π₯π’πβππ’πβ1, pela hipΓ³tesede indução π₯π’π β π΄π₯+ π΄π₯2 + Β· Β· Β· + π΄π₯π e ππ’πβ1 β π΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ2. Logo,
π’π+1 = π₯π’π β ππ’πβ1 β π΄π₯+ π΄π₯2 + Β· Β· Β· + π΄π₯π + π΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ2.
Assim, π’π+1 = π₯π’πβππ’πβ1 β π΄+π΄π₯+π΄π₯2 + Β· Β· Β·+π΄π₯π+1. Logo, π’π β π΄+π΄π₯+ Β· Β· Β·+π΄π₯πβ1,para todo π β πΌ1,π . Pelo Lema 3.2.11 (i) e pelo CorolΓ‘rio 3.2.12 temos que
[π(π, π)] = ππβπ[π(π, 0)] = ππβππ’π β π΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ1,
para todo π β πΌ1,π e π β Zπ . Logo, π(ππ(π)) β π΄ + π΄π₯ + Β· Β· Β· + π΄π₯πβ1 e claramenteπ΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ1 β π(ππ(π)). Portanto, π(ππ(π)) = π΄+ π΄π₯+ Β· Β· Β· + π΄π₯πβ1.
Como π΄ Γ© um grupo cΓclico e π(ππ(π)) Γ© um grupo abeliano, entΓ£o π΄ e π(ππ(π))sΓ£o Z-mΓ³dulos. Como π = {ππ | π β πΌπβ1} Γ© uma base de π΄ como Z-mΓ³dulo, entΓ£oπ = {πππ₯π | π, π β πΌπβ1} Γ© uma base de π(ππ(π)) como Z-mΓ³dulo, visto que o anel deGreen de ππ(π) Γ© livre de posto π2. AlΓ©m disso, claramente Z[π¦, π§]/πΌ Γ© gerado peloselementos π¦ππ§π, π, π β πΌ0,πβ1. Com isso, podemos definir π : π(ππ(π)) ββ Z[π¦, π§]/πΌ porπ(πππ₯π) = π¦ππ§π, para todo π, π β πΌ0,πβ1. Notemos que
π β π(π¦ππ§π) = π(π(π¦ππ§π)) = π(πππ₯π) = π¦ππ§π
para todo π¦ππ§π β Z[π¦, π§]/πΌ. Assim, π β π = πΌπZ[π¦,π§]/πΌ . Por outro lado,
π β π(πππ₯π) = π(π(πππ₯π)) = π(π¦ππ§π) = πππ₯π,
para todo πππ₯π β π(ππ(π)), assim π β π = πΌππ(ππ (π)). Portanto π(ππ(π)) β Z[π¦, π§]/πΌ.
98
ReferΓͺncias
ARMSTRONG, M.A, Groups and Symmetry, Undergraduate Texts in Mathematics,Springer-Verlag, New York, 1988.
ASSEM, I; SIMSON, D; SKOWROΕSKI, A. Elements of the RepresentationTheory of Associative Algebras, Cambridge University Press, UK, 2006.
BENSON, D. J; CARLSON, J. F, Nilpotent elements in the Green ring, J. Algebra104 (1986), 329-350.
BENSON, D. J; PARKER, R. A, The Green ring of a finite group, J. Algebra 87(1984), 290-331.
CHEN, H. Finite-dimensional representations of a quantum double, J. Algebra251 (2002),751-789.
CHEN, H.; VAN OYSTAEYEN F.; ZHANG, Y. The Green rings of Taft algebras,Proc. Amer. Math. Soc. 142 (2014), 765-775.
CIBILS, C. A quiver quantum groups, Commun. Math. Phys. 157 (1993), 459-477.
COHN, P. M. Basic Algebra, Springer-Verlag, London, 2003.
DASCALESCU, S., NASTASESCU C.; RAIANU, S.; Hopf Algebras: AnIntroduction, Monographs and textbooks in pure and applied mathematics 235, MarcelDekker, 2001.
GREEN, J. A The modular representation algebra of a finite group, Ill. J. Math.6 (1962), 607-619.
GREEN, J. A A transfer theorem for modular representations, J. Algebra. 1(1964), 73-84.
GUNNLAUGSDΓTTIR, E. Monoidal structure of the category of π’+π -modules,
Linear Algebra and its Applications 365 (2003), 183-199.
HOFFMAN, K.; KUNZE, R. Γlgebra Linear, Ed. Univ. de S. Paulo e PolΓgono, SΓ£oPaulo, 1970.
KASSEL, C. Quantum groups, Graduate Texts in Mathematics 155, Springer-Verlag,New York, 1995.
KLIMYK, A.; SCHMΓDGEN, K. Quantum Groups and Their Representations,Springer-Verlag, Berlin, 1997.
ReferΓͺncias 99
LAM, T. Y. A First Course in Noncommutative Rings, Graduate Texts inMathematics 131, Springer-Verlag, New York, 2001.
LANG. S, Algebra, Graduate Texts in Mathematics, 3 ed, Springer-Verlag, New York,2002.
LEINSTER, T. The bijection between projective indecomposable and simplemodules, Bulletin of the Belgian Mathematical Society - Simon Stevin 22, (2014),725-735.
LI, L.; ZHANG, Y. The Green rings of the generalized Taft Hopf algebras,Hopf Algebras and Tensor Categories, Contemp. Math. 585, Amer. Math. Soc., (2013),275β288.
LINCKELMANN, M. The Block Theory of Finite Group Algebras, LondonMathematical Society Student Texts 91, Cambridge University Press, Cambridge, 2018.
LORENZ, M. Representations of finite-dimensional Hopfalgebras, J. Alg. 188(1997), 476-505.
MILIES, F. C. P. AnΓ©is e MΓ³dulos, USP, SΓ£o Paulo, 1972.
RADFORD. D. E. Hopf Algebras, World Scientific 49, Singapore, 2012.
ROTMAN, J., An Introduction to Homological Algebra, Universitext, 2 ed,Springer-Verlag, New York, 2009.
SCHNEIDER, H. J. Lectures on Hopf Algebras, Notes by Sonia Natale,Trabajos de Matematica 31/95, FaMAF, 1995. https://www.famaf.unc.edu.ar/ an-drus/papers/Schn1.pdf.
SILVA, L. D. O Teorema de Nichols-ZΓΆeller, Instituto de MatemΓ‘tica e EstatΓsticada UFRGS, Dissertação de Mestrado, Porto Alegre, 2014.
SKOWROΕSKI, A; YAMAGATA, K. Frobenius Algebra I, EMS Textbooks inMathematics, European Mathematical Society, ZΓΌrich, 2011.
TAFT, E.J; The order of the antipode of a finite-dimensional Hopf algebra,Proc. Nat. Acad. Sci. USA 68 (1971), 2631-263.
WITHERSPOON, S. J., The representation ring of the quantum double of afinite group, J. Algebra 179 (1996), 305-329.