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    A criana gozar de proteo contra at osque possam suscitar discriminao racial,religiosa ou de qualquer outra natureza.Criar-se- num ambiente de compreenso,de tolerncia, de amizade entre os povos,de paz e de fraternidade universal e emplena conscincia de que seu esforo eaptido devem ser postos a servio de

    seus semelhantes.

    (Declarao dos Direitos das Crianas -Princpio 10, Assemblia das Naes

    Unidas, 20 de novembro de 1959)

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    Pedimoslicena aosmais velhos... Dona, Senhora Rezadeira,Sinh Dona, Senhora Curandeira

    Sabe o segredo das plantasQue faz saudvel esta gente,

    Com banho de erva santa,Resina, casca e sementeTraz mistrio nas palavrasNas oraes ancestraiss minha flor no jardimDos seres elementais...Martnio Holanda, Coco para Rezadeira

    ...aos mais novos,e aos que viro.

    Viva toda a molecadaViva Cosme e DamioViva toda esta sadeViva a grande perfeioDe ser, amar, crescer,Multiplicar o gro...P de Moleque,ChicoNogueira

    Ficha Tcnica

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

    Non nonon no non no

    Non nonon no non no no o

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    Kiambe Kiatunda (energia vital) Crianas emharmonia com a natureza, a ancestralidade e asade um produto das Ofic inas realizadas com ascrianas da Comunidade Quilombola de Conceiodas Crioulas, em Salgueiro, Pernambuco, durantea execuo do projeto Promovendo Direitos dasCrianas Quilombolas e suas Famlias.

    A princpio, as aes previstas no projeto nocontemplavam um trabalho realizado diretamentecom as crianas; no entanto, durante a fase deexecuo, percebemos que o objetivo do projetoseria melhor alcanado a partir do aprofundamentosobre o protagonismo das prprias crianas

    quilombolas na ateno sade, o que nos fez optarpela incluso de uma atividade especificamentedirigida a elas.

    O trabalho realizado com as crianas dialoga coma importncia ocupada pelas crianas na culturade origem africana, visvel na comunidade deConceio das Crioulas atravs dos cuidadosdispensados pelos adultos e pela forma coletiva dese ocupar das crianas. Em nenhum momento, apresena das crianas nas atividades foi vista comestranheza, impacincia ou pelos adultos. Elas eramsimplesmente integradas pelos pais, tios, avs;ocupavam os colos disponveis, participavam dasatividades possveis sua idade (desenhar, cantar).

    Na mitologia iorubana, os ibjis so orixs crianas,reverenciados como representantes da renovao davida.

    Num tempo muito antigo,tudo transcorria normalmentena aldeia. Todos faziam seutrabalho, as lavouras davam bons frutos, osanimais procriavam, crianas nasciam fortes esadias. Mas, de repente, tudo comeou a dar errado.As lavouras ficaram infrteis, as fontes e correntesde gua secaram, tudo que era bicho de criaodefinhou. Quase no havia mais o que comer e beber.No desespero da difcil sobrevivncia, as pessoasse agrediam uma s outras, ningum se entendia,qualquer coisa virava uma guerra.

    As pessoas comearam a morrer aos montes.

    Instalada no povoado, a Morte vivia rondando todos,especialmente os mais fracos, velhos e doentes.Na aldeia, morria-se de todas as causas possveis: dedoenas, de velhice e at mesmo ao nascer. Morria-se afogado, por causa de acidentes, por maus tratose violncia, e tambm de fome e sede. Mas tambmse morria de tristeza, de saudade e de amor. A Mortefazia o seu grande banquete. Havia luto em todas ascasas. Todas as famlias choravam.

    O rei enviou muitos emissrios para falarem com aMorte, que dava sempre a mesma resposta: no faziaacordos. Ela estava apenas cumprindo seu papel:destruir um por um, sem piedade. Afinal, a culpano era dela; algum desgovernara o mundo. Sehouvesse algum forte o suficiente para enfrent-la,que tentasse, s que seu fim seria ainda mais sofridoe penoso.

    Mas como tambm gostava de jogar, a Mortemandou dizer ao rei que daria uma chance aldeia.

    ApresentaoForam estas as suas palavras:

    Se algum daqui me fizer agir contra minha vontade,eu irei embora.

    Se a Morte fosse contrariada, o feitio seriaquebrado, explicou a av de Adetutu. Parecia que acausa de tantas mortes era mesmo obra de feitiaria.

    Aos mensageiros do rei, a Morte disse ainda quehavia uma condio: quem desejasse enfrent-la teriade fazer isso sozinho.Esse era um detalhe importantepara o desencantamento funcionar.

    Mas quem se atreveria a enfrentar a Morte? Os maisbravos guerreiros estavam mortos ou ardiam emfebre em suas ltimas horas de vida. Os mais astutosdiplomatas haviam muito tinham partido para outro

    mundo.Foi ento que dois meninos, os gmeos Tai eCaiand, resolveram pregar uma pea na Morte edar um basta aos seus ataques. Os Ibejis, nomeioruba que significa gmeos, pegaram seus tamboresmgicos, que tocavam como ningum, e saram aprocura da Morte.

    No foi difcil ach-la numa estrada prxima, poronde ela perambulava em busca de mais vtimaNo tardou e a Morte foi chegando.

    Numa curva do caminho, um dos irmos soltou domato para a estrada a poucos passos da Morte.Tocava o tambor mgico com ritmo e graa comonunca tocara antes. Com determinao e prazer, l foio menino estrada afora com o tambor. O outro gmeopermaneceu escondido, seguindo o irmo por dentrodo mato.

    A Morte se encantou com o ritmo, ensaiou com

    passos trpegos uma dana desengonada e foi atrsdo tambor, danando sem parar.

    Passou-se uma hora, passou-se outra e mais outra.O menino no fazia pausa, e a Morte comeou a secansar. O sol j ia alto, os dois seguiam pela estrada,e o tambor batucando sem cessar. O dia deu lugar noite, e o tambor batucando sem cessar. E assim ia acoisa, madrugada adentro. O menino tocava, a Mortedanava. O menino na frente, ligeiro e folgazo,a Morte atrs, em sua dana pattica. S que elaestava exausta, no agentava mais.

    Pare de tocar, menino, vamos descansar um pouco,ela pediu mais de uma vez.

    Ele no parava.

    Pare essa porcaria de tambor, moleque, ou vai mepagar com a vida agora mesmo, ela ameaou maisde uma vez.

    Ele no parava.

    Pare que eu no suporto mais, implorou a morterepetidas vezes.

    O menino no parava.

    Tai e Caiand eram gmeos idnticos. Ningumsabia diferenciar um do outro, muito menos a Morte,que sempre foi cega e burra. Pois bem, o molequeque a Morte via tocando na estrada sem parar noera sempre o mesmo. Enquanto um irmo tocava,o outro seguia por dentro do mato, sem se deixarver. Passada uma hora, trocavam de posio, seaproveitando de uma curva da estrada, com cuidadopara a Morte no perceber nada. No mato, o irmoque descansava podia fazer suas necessidades,beber a gua depositada nas folhas dos arbustos e

    enganar a fome comendo as frutinhas silvestres querestavam. Os gmeos se revezavam, e o tambor noparava um minuto sequer. Mas a Morte, coitada, notinha substituto, no podia descansar, mal conseguiarespirar. Nem suspeitava do ardil dos gmeos.

    E assim foi, por dias e dias. Por fim, no agentandomais, a Morte gritou.

    Pare com esse tambor maldito, e eu fao qualquercoisa que me pedir.

    O menino virou para trs e disse:

    Pois ento v embora e deixe minha aldeia em paz.

    Aceito, ela berrou, e depois vomitou na e strada.

    O menino parou de tocar e ouviu a Morte se lamentar:

    Ah! Que fracasso, o meu. Vencida por um pirralho.Eu me odeio. Eu me odeio.

    Ento a Morte se virou e foi embora para longe do povoado. Tocando e danando, os gmeosforam levar a boa-nova aldeia, onde foramrecebidos com festas de agradecimento.

    Muitas homenagens foram feitas aos valentes Ibejis.E em pouco tempo a vida normal voltou a reina nopovoado, a sade retornou s casas, e a alegriareapareceu nas ruas.

    Mais tarde, quando chegou a hora de Tai e Caiandmorrerem, a Morte no veio busc-los. E assim osgmeos, os Ibejis, foram transformados em orixs,e desde ento as crianas tm no Cu algum parazelar por elas.

    Fonte: Contos e Lendas Afro-brasileiros: a Criao do Mundo,

    Reginaldo Prandi Cia. Das Letras, pg.118-129.

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    Ao destacarmos a expresso valorescivilizatrios afrobrasileiros, temosa inteno de destacar a frica, na suadiversidade, e que os africanos e africa nastrazidos ou vindos para o Brasil e seus esuas descendentes brasileiras implantaram,marcaram, instituram valores civilizatriosneste pas de dimenses continentais, que o Brasil. Valores inscritos na nossa memria,no nosso modo de ser, na nossa msica, na

    nossa literatura, na nossa cincia, arquitetura,gastronomia, religio, na nossa pele, nonosso corao. A frica e seus descendentesimprimiram e imprimem no Brasil valorescivilizatrios ou seja, princpios e normasque corporificam um conjunto de aspectose caractersticas existenciais, espirituais,intelectuais e materiais, objetivas e subjetivas,que se constituram e se constituem numprocesso histrico, social e cultural. E apesardo racismo, das injustias e desigualdadessociais, essa populao afrodescendentesempre afirmou a vida e, conseqentemente,constitui o/s modo/os de sermos brasileiros ebrasileiras.

    Azoilda Loretto da Trindade,Valores Civilizatrios Afro-Brasileiros na Educao Infantil

    A metodologia desenvolvida para o trabalho com ascrianas visa atender a uma demanda evidenciada naconsulta comunidade, durante a primeira oficinarealizada, a Oficina de Identificao de Perfil:

    Como preservar os nossos conhecimentos

    tradicionais em promoo da sade?

    A pergunta formulada pelas lideranas e adultosda comunidadde evidencia a tenso causada peloconfronto entre a necessidade de acesso a polticaspblicas de sade que incluam o atendimentomdico de qualidade e a presena de equipamentos

    sanitrios no territrio e a necessidade depreservao da identidade quilombola, presentenos conhecimentos tradicionais de promoo desade herdados dos mais velhos e identificados nossaberes das/os parteiras/os e benzedeiras/os.A participao voluntria e significativa das crianasde Conceio das Crioulas nas atividades iniciaisdo projeto mostrou que as elas j detm uma partesignificativa deste conhecimento pela vivnciaprtica, uma vez que so as c rianas os principaisdestinatrios dos cuidados tradicionais empromoo da sade atravs da utilizao das ervas edas rezas.

    A partir desta constatao, desenvolvemos umametodologia que visa contribuir para a potencializao

    deste conhecimento, buscando tanto a suapreservao para as futuras geraes

    quanto o desenvolvimento deste saber, medida que ele passe a constituir um

    elemento valorizado pelas crianas atuais depositrias do futuro

    do conhecimento tradicional dacomunidade.Conscientes que o conhecimentotradicional tem suas razes nosaber trazido pelos ancestraisafricanos e repassado de geraoem gerao, a metodologiadesenvolvida encontrasua referncia nos ValoresCivilizatrios Afro Brasileiros:

    Metodologia Circularidade utilizao daroda como elemento agregador,presente nas dinmicas ebrincadeiras;

    Religiosidade explicitadano respeito vida (norelacionado s religies);

    Corporeidade respeito edilogo com o corpo, atravsdo movimento;

    Musicalidade utilizao damsica como recurso ampliador econdutor da sensibilidade;

    Cooperativismo/comunitarismo elemento valorizado nasbrincadeiras e nos trabalhos;

    Ancestralidade trazendo o conhecimento tradicional, aprendido dosmais velhos, como centralidade do trabalho desenvolvido;

    Memria buscando avivar a africanidade, como instrumento defortalecimento individual e coletivo contra o racismo;

    Ludicidade utilizando os jogos e brincadeiras como instrumentos deaprendizado;

    Energia vital (Ax) incentivando a vontade de viver e aprender;

    Oralidade utilizando a fala como principal forma de transmisso deconhecimentos, presente na contao de historias, nas msicas e navalorizao do uso da palavra pelas crianas.

    valo

    resciv

    ilizatriosafrobrasileiros

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    O trabalho com as crianas se desenvolveu em trspartes:

    Auto-identificao e auto-referenciamento

    quanto famlia e comunidade

    Famlia - Atravs de desenhos, pedimos s cri-anas que representassem a si mesmas e s suasfamlias, que nos contassem sobre a comunidade deConceio das Crioulas. Os desenhos mostram queas crianas identificam-se de forma positiva comomembros de uma famlia extensa (que inclui tios,tias, avs, primos e p rimas). A unidade familiar ede objetivos aparece sob a form a das mos dadas,homens, mulheres e crianas que caminham numamesma direo. O amor entre as pessoas aparecesimbolizado na forma do corao.

    Percebe-se uma forte ligao com a natureza, coma terra, representado pelas nuvens, sol, plantas epaisagens como referencia ao ambiente que no en-torno de seu lar. Os desenhos demonstram uma forterelao entre vida e natureza. So desenhos alegres,coloridos, demonstrando o bem estar com a famlia ecom o lugar em que vivem.

    Comunidade - Os desenhos sobre a comunidaderevelam uma percepo afinada com os eixos cen-trais de mobilizao da luta quilombola, centrando-sena conscincia do territrio como um pertencimentocomum. A comunidade de Conceio das Crioulas representada pelas crianas a partir de componentescaractersticos da regio como: paisagem com a na-

    tureza presente; estradas que ligam um canto a outroda comunidade; numerosas habitaes prximasumas das outras e a valorizao da cultura local.

    Percebe-se o componente histrico presente nestasprodues, demonstrando que o passado est vivo epresente em suas vidas. Como tambm est presenteo sonho da comunidade no futuro.

    FamliaPesquisa e classificao (taxonomia) de plan-

    tas medicinais utilizadas na comunidade

    valorizando o conhecimento das crianas sobre asplantas e seu uso.

    Os desenhos e a taxonomia das plantas utilizadaspara curar e para benzer demonstram um vastoconhecimento das crianas de ambos os sexos,independente da idade, sobre sintomas, manipulaoe uso. Apresentam um grande nmero de plantasdisponveis na regio, muitas delas podendo ser uti-lizada para tratar vrios sintomas. Tal conhecimentorevela a presena do uso das plantas tradicionais nacultura familiar.

    Incentivo brincadeira

    visando desenvolver espaos de dilogos entreas famlias e lideranas da comunidade com suascrianas, com a utilizao de meios tradicionalmenteempregados na comunidade (contao de estrias,passeios, brincadeiras) para repassar valores aosmais novos.

    O produto deste trabalho ser apresentado a seguir,nos desenhos e material produzido pelas crianas.

    A criana precisa de amor e compreenso para o pleno e harmonioso desenvolvimentoda sua personalidade. Na medida do possvel, dever crescer com os cuidados e sob aresponsabilidade dos seus pais e, em qualquer caso, num ambiente de afecto e seguranamoral e material; salvo em circunstncias excepcionais, a criana de tenra idade no deveser separada da sua me. A sociedade e as autoridades pblicas tm o dever de cuidarespecialmente das crianas sem famlia e das que caream de meios de subsistncia. Para amanuteno dos filhos de famlias numerosas conveniente a atribuio de subsdios estataisou outra assistncia.(Declarao dos Direitos das Crianas - Princpio 6, Assemblia das Naes Unidas, 20 de novembro de 1959)

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    Michel, 3 anos

    Patrcia, 8 anos Thais, 12 anos Micheli, 12 anos

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    Nos Estados em que existam minoriastnicas, religiosas ou lingusticas ou pessoasde origem indgena, nenhuma crianaindgena ou que pertena a uma dessasminorias poder ser privada do direito de,conjuntamente com membros do seu grupo,

    ter a sua prpria vida cultural, professar epraticar a sua prpria religio ou utilizar a suaprpria lngua..

    (Conveno pelos Direitos das Crianas Art. 30,Assemblia Geral das Naes Unidas, em 20 denovembro de 1989 - ratificada pelo Brasil em 20 de

    setembro e 1990.)

    Comunidade

    Girlene, 9 anos

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    Mapa da Comunidade

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    19Stio PaulaValores naturais

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    Promoo da sade

    Uso dasplantas

    tradicionais

    Viso de futuro: preservao do aude, transporte escolar digno, escola digna.

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    AlecrimRosmarinus officinalis

    um arbusto comum na regio doMediterrneo ocorrendo dos 0 a 1500m de altitude, preferencialmente emsolos de origem calcria. Devido aoseu aroma caracterstico, os romanosdesignavam-no como rosmarinus, queem latim significa orvalho do mar.

    Como qualquer outro nome vernculo,o nome alecrim por vezes usado parareferir outras espcies, nomeadamenteo rosmaninho, que possui exactamenteo timo rosmarinus. No entantoestas espcies de plantas, alecrime rosmaninho, pertencem a doisgneros distintos, Rosmarinus eLavandula, respectivamente, e as suasmorfologias denotam diferenas entreas duas espcies, em particular, aforma, colorao e insero da flor.

    correta a indicao de usopara problemas do aparelho

    respiratrio. O alecrim, almde pertencer ao grupo dasaromticas, tendo seus leosessenciais aplicao comofluidificantes de secrees, uma planta com propriedadestnicas, promovendo uma melhorcirculao das energias, trazendomelhoras no estado geral doindivduo.

    Serve para tosse(Micheli Vivia)

    O que as crianas dizem

    Parecer TcnicoParecer Tcnico

    um excelente vermicida, pormno deve ser usado por gestantes

    por ser abortivo. A planta tem tox-icidade elevada, contra indicandoseu uso em crianas menores dedois anos. Em crianas maiorese adultos, no deve ser tomadopor mais de sete dias, e s devese repetir depois de trs a quatrosemanas.

    Serve para verme (Cntia)

    O que as crianas dizem

    Mastruz o nome genrico, popular,dado a um conjunto de plantasdiversas. O seu nome provm do latimnasturtium (das palavras nasus, narize torquere, torcer - fazendo refernciaao cheiro desagradvel que exalam,fazendo torcer o nariz).

    Mastruz

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    Parecer Tcnico

    Schinus terebinthifolia RaddiAroeira

    Serve para dor de barriga(Josilene)

    O que as crianas dizem

    O uso dos frutos, como digestivo, uma bela constatao do que

    o povo, na sua simplicidade,percebe na natureza sua volta.Os frutos da aroeira so o que osgourmets denominam pimentarosa. Como tantas outrassubstncias utilizadas comotempero, esta um digestivoexcelente.

    O seu uso em casos deinflamao e infeco referendado por seu umaplanta riqussima em taninos substncia largamente pesquisadaem todo o mundo por suaspropriedades antiinflamatrias,hemostticas e cicatrizantes.

    Muitas espcies no Brasil so

    conhecidas como Aroeira. A Schinusterebinthifolia Raddi nativa de vriasformaes vegetais do nordeste,centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. conhecida com os seguintesnomes populares: Aroeira brasileira,Aroeira vermelha, Aroeira mansa,Cabuy, Cambuy, Fruto-de-sabi,Aguaraba, Aroeira da praia, Aroeira dobrejo, Aroeira-pimenteira, Blsamo ,Corneba, Aroeira do Paran, Aroeirado serto.

    Hortel

    Tambm conhecida como hortel-das-hortas, hortel-comum, hortel-das-cozinhas, hortel-dos-temperosou simplesmente hortel, umaplanta herbcea perene, da famliaLamiaceae (Labiadas), atingindo 30-100 cm. Existem inmeras variedadescultivadas.

    uma planta originria da sia,mas h muito cultivada em todoo mundo, devido s essnciasaromticas presentes em toda a planta,principalmente nas folhas. Tolera bemmuitas condies climatricas, desdeque no falte gua.

    Mentha spicata

    serve para dor de ouvido(Micheli Vivia)

    O que as crianas dizem

    Parecer Tcnico

    Temos vrias plantas de-nominadas hortel. A chamada

    hortel grada tem, realmente,a propriedade de trazer alviopara dores de ouvido. Mas nodeve ser introduzida no orifcioauricular. Deve-se simplesmentetapar o ouvido com algodomolhado no sumo da planta.

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    serve para dor de barriga/gripe(Jlia)

    MacelaO que as crianas dizem

    Parecer Tcnico

    A macela (Achyrocline satureioides) uma erva da flora brasileira tambm

    conhecida por macela-do-campo,macelinha, macela de travesseiro,carrapichinho-de-agulha, camomilanacional etc. Popularmente, emalgumas regies, incorretamentechamada de marcela.

    um arbusto perene que atinge cercade um metro de altura. As flores soamarelas, com cerca de um centmetrode dimetro, florescendo em pequenoscachos. As folhas so finas e de corverde-claro, meio acinzentada, quese destaca do restante da vegetaodo campo. No Nordeste elas florecemem setembro e geralmente soindicadoras de solos acidificados edegradados.

    Achyrocline satureioidesAmburana cearensis (Allemao) A. C. Sm.

    Parecer Tcnico

    Serve para lavar a cabeaquando se est gripado (Yara)

    O que as crianas dizem

    Imburana

    Alivia clicas menstruais edor de cabea porque alm

    de ser vasodilatador temefeito calmante. Com relaoao uso em casos de diarria,desconheo, alm de noencontrar nenhuma justificativapara esse uso.

    Excelente medicamento, ricoem cumarinas, substncias com

    largo emprego em casos de gripee tosse.Falta texto

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    OliveiraOlea europaea

    So rvores baixas de tronco retorcido

    nativas da parte oriental do MarMediterrneo. De seus frutos, asazeitonas, os homens no final doperodo neoltico aprenderam a extrairo azeite. Este leo era empregadocomo unguento, combustvel ouna alimentao, e por todas estasutilidades, tornou-se uma rvorevenerada por diversos povos.

    A civilizao minoana, que floresceu naIlha de Creta at 1500 a.C., prosperoucom o comrcio do azeite de oliva, queeles primeiro aprenderam a cultivar. Jos gregos, que possivelmente herdaramas tcnicas de cultivo da oliveira dosMinicos, associavam a rvore forae vida. A oliveira tambm citadana Bblia em vrios passagens, tanto a

    rvore como seus produtos

    O que as crianas dizem

    Parecer Tcnico

    As crianas referem o uso igual

    ao da mamona, prendendo-seas folhas na testa, para dor decabea. uma boa maneirade aliviar a dor sem que sejanecessrio ingerir nada.

    Tambm rica em taninos, o

    que valida sua indicao parainflamaes de garganta, emgargarejos.

    serve para garganta inflamada(Cntia).

    O que as crianas dizem

    Punica granatum

    Rom

    A rom o fruto da romzeira (Punica

    granatum). O seu interior subdivididopor finas pelculas, que formampequenas sementes possuidoras deuma polpa comestvel.

    Segundo pesquisadores russos, aromzeira provm do centro do OrientePrximo, que inclui o interior da siaMenor, a Transcaucsia, o Ir e asterras altas do Turcomenisto.

    Parecer Tcnico

    Serve para dor de cabea. Usa-secolocando a folha direto na cabeaprendendo com um pano. (M doSocorro de Nize Lira)

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    MussambCleome spinosaJacq

    Parecer Tcnico

    Conhecido tambm como cleome,

    sete-marias, planta-aranha, mussamb-fedorento, beijo-fedorento o mussamb uma planta da famlia da Cleomaceae. um arbusto semi-herbceo e muitoflorfero, de ramagem ereta, ramificadae espinhenta, que pode alcanar de0,6 a 1,5 metros de altura. Suas folhaspalmadas so compostas por cincofololos cada. Estes fololos apresentamtextura rugosa e membrancea, eexalam um cheiro forte caracterstico.As delicadas inflorescncias terminais,despontam na primavera e no vero.Elas apresentam formato globoso eso compostas por flores de coloraorsea, branca ou creme, com longosestames. Atualmente ocorrem variedadesde diversas tonalidades de rosa, desde orosa pink at o rosa beb.

    No entendo de reza. Sei que uma planta que se oferecea Iemanj em rituais. Comofitoterpico conheo o uso emdores de ouvido. Amassa umasfolhas e tapa o ouvido comelas. Faz uma aplicao antesde dormir durante tres dias.

    A Aloe vera, conhecida popularmente

    no Brasil como babosa e e m Portugalcomo alos, uma espcie de planta dognero Aloe, nativa do norte de frica.Encontram-se catalogadas mais de200 espcies de Aloe. Deste universo,apenas 4 espcies so seguras parauso em seres humanos, dentre as quaisdestacam-se a Aloe arborensis e a Aloebarbadensis Miller, sendo esta ltimareconhecida como a espcie de maiorconcentrao de nutrientes no gel dafolha.

    Aloe barbadensis conhecido comoAloe vera (do latim vera, verdadeira)ou alos, tem um aspecto de um cactode cor verde, mas este pertence famlia dos lrios. Esta planta por dentrotem um lquido viscoso e macio.

    Parecer Tcnico

    O uso para hemorragia deve-se alta concentrao de taninosda planta. Mas s deve serutilizada em casos de hemorragiaexternas, em casos provocadospor ferimentos. O uso internodeve ser evitado, j que a dosetxica muito prxima da doseteraputica, alm de ser umlaxante drstico.

    Aloe vera

    BabosaO que as crianas dizem

    O que as crianas dizem

    O que as crianas dizem

    serve para dor de ouvido(Adne Adalmir).

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    O que as crianas dizem O que as crianas dizem

    serve para ajudar a nascer osdentes das crianas (Cntia).

    PapaconhaCephaelis ipecacuanha

    Parecer Tcnico

    Prefiro a denominao Pepa-conha por ser mais conhecida.

    usada, sabiamente, para facilitara primeira dentio.

    MalvaMalva Silvestris

    Parecer Tcnico

    usa-se para febre. Tambm refrescante, trazendo alvio.

    serve para febre. Usa-se olambedor (Micheli Vivia)

    Malva L. um gnero botnico, bemcomo o nome vulgar de diversasespcies de plantas herbceas dafamlia Malvaceae. O gnero distribui-se geograficamente pelas regiestropicais, subtropicais e temperadas defrica, sia e Europa. As suas folhasso alternadas, lobadas e palmadas.As flores medem de meio a 5 cm, comcinco ptalas rosa ou brancas.

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    Cinthia - 8 anos

    serve para gastura (Cntia).

    Mameleiro

    O Juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.;

    Rhamnaceae), tambm conhecido porjo, larajeira-de-vaqueiro, ju-fruta, jue ju-espinho, uma rvore tpica doNordeste brasileiro.

    Seus frutos, do tamanho de umacereja, so comestveis e utilizadospara fazer gelias, alm de possuremuma casca rica em saponina (usadapara fazer sabo e produtos delimpeza para os dentes). So tambmutilizados na alimentao do gado napoca seca.

    JuZiziphus joazeiro Mart. Falta Nome

    serve para ferida na cabea.Usa-se a raspa em um pano(Cntia).

    Parecer Tcnico

    O que as crianas dizem

    A referncia do uso para

    ferida na cabea correta, oju serve para caspa e sebor-ria. antiinflamatrio e, porser rico em saponinas, servebem para higiene do courocabeludo e, sob a forma dep, pode tambm ser utilizadopara escovao dos dentes.

    O que as crianas dizem

    Parecer Tcnico

    Planta muito comum no inte-

    rior do nosso estado, tem seuuso para alvio em casos deazias com bons resultados.

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    Parecer Tcnico

    Ricinus communis L.

    Mamona

    Mamona a semente da mamoneira

    (Ricinus communis L.), uma euforbicea.Recebe outras designaes, conformea regio: no Nordeste brasileiro,carrapateira; em algumas regies dafrica, abelmeluco; na lngua inglesa,como castor bean. O seu principalproduto derivado o leo de mamona,tambm chamado leo de rcino.Embora seja usado na medicina popularcomo purgativo este leo possui largoemprego na industria qumica devido auma caracterstica peculiar: possui umahidroxila (OH) ligada na cadeia de carbono.No existe outro leo vegetal produzidocomercialmente com esta propriedade.Isto lhe confere uma alta viscosidade esolubilidade em lcool a baixa temperatura.Pode tambm ser utilizado como matriaprima para o biodiesel.

    Usam-se, com sucesso, as fol-

    has presas na testa para aliviardores de cabea. refrescante.

    Parecer Tcnico

    serve para ferida de boca.Usa-se machucando a folhae pingando o sumo direto naferida (Josivnia)

    O que as crianas dizem

    Foi citado para ferimentos naboca. Desconheo esse uso, eacho bem perigoso, porque muito custico e txico.

    Pinho RoxoJatropha gossypiifolia L.

    O que as crianas dizem

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    Cidreira serve para abrir o apetite. Usa-se o ch(Daniel de Oliveira)

    Oliveira serve para dor de cabea. Usa-secolocando a folha direto na cabea prendendo c omum pano. (M do Socorro de Nize Lira)

    Macela serve para dor de barriga/gripe (Jlia)

    Hortel serve para dor de ouvido (Micheli Vivia)

    Alecrim serve para tosse (Micheli Vivia)

    Frutos da Aroeira serve para dor de barriga(Josilene)

    Pimenta serve para cabea de prego, ajudando asair o carnego. Usa-se a folha coloc ando direto naferida (Girlene).

    Malva Santa serve para febre. Usa-se o lambedor(Micheli Vivia)

    Imburana de Cheiro serve para lavar a cabeaquando se est gripado (Yara)

    Pinho Roxo serve para ferida de boca. Usa-semachucando a folha e pingando o s umo direto naferida (Josivnia)

    Melozinho serve para curar ferida. Usa-semolhando a folha e colocando direto na ferida(Maycon).

    Mussamb serve para dor de ouvido (AdneAdalmir).

    Mastruz serve para verme (Cntia).

    Casca de Rom serve para garganta inflamada(Cntia).

    Mameleiro maduro serve para gastura (Cntia).

    Papaconha serve para ajudar a nascer os d entesdas crianas (Cntia).

    Ju serve para ferida na cabea. Usa-se a raspaem um pano (Cntia).

    Mamoeiro serve para dor de barriga (Yara).

    Mastruz serve para verme (Cntia).

    Plantas usadas para cura de doenas tambm atravsda reza:

    Mussamb serve para dor de ouvido (Kaline Myriade Souza)

    Pio Roxo serve para ferida de boca (Daniela)

    Obs. Algumas crianas possuem o conhecimentode como preparar a erva para a cura do problema desade a que se destina.

    Conhecimento dascrianas sobreo uso de plantasmedicinais ...e para quem quiser recomear esta histria

    com outra comunidade quilombola, saiba queaprendemos um tanto com as crianas de Conceiodas Crioulas.

    Em primeiro lugar, aprendemos que as crianas,como principal sujeito do projeto PromovendoDireitos das Crianas Quilombolas e suas Famliastm muito, mas muito mesmo, a dizer sobre comocuidar da sade. Se, por uma necessidade ou umahiptese (dessas bem hipotticas) todos os adultosprecisassem se ausentar de Conceio das Crioulas,as crianas saberiam perfeitamente como se c urardas doenas comuns de sua idade: dor de dente, dorde barriga, resfriado, dor de cabea, f ebre. Tambmsaberiam cuidar do dentinho nascendo nas c rianasmenores. Algumas dessas crianas aprenderam arezar com os mais velhos: a av, o av, a me, o pai.

    As crianas de Conceio das Crioulas no tmdificuldade em se identificarem como quilombolas.Isto porque sua identidade maior como membrode suas famlias: uma famlia extensa, que inclui,alm de pai, me, irmos e irms, tambm tios, tias,

    avs, avs, primos, primas s vezes sob o mesmoteto. E s vezes na casa vizinha, ou a algumas casasde distncia. No importa: elas tm o sentimentoque toda a comunidade pertence mesma famlia.E da mesma forma que outras mes e outros paisse responsabilizam por elas, elas tambm seresponsabilizam, cuidam, se importam com as outrascrianas da mesma idade, mais velhas, mais novas.Seus desenhos sobre a famlia mostram a felicidade

    e a segurana que esta famlia exte ndida proporciona.

    Tambm aprendemos com as crianas a importnciada terra comum a esta grande famlia. na terra queesto as esperanas da comunidade, e as crianas jsabem expressar este valor em sua vivncia. Afinal,foi por insistncia delas que fomos conhecer osvalores naturais da comunidade: o aude, a PedraPreta, a Pedra da Mo. As crianas nos levarampara colher mussamb, uma das tantas plantas quecuram. Elas tambm nos mostraram onde encontraro pinho roxo, o alecrim, a hortel, a oliveira. Foramelas que nos mostraram, com o seu domnio sobreeste conhecimento, que

    Entrou

    pela

    per

    nado

    pinto,saiu

    pelaperna

    dopato...

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    PARECER TCNICO DE FITOTERAPIA

    O observatrio Negro enviou um material para parecer tcnico de Fitoterapia, contendo desenhos e lis ta deplantas, folhas e frutos utilizadas para curar diversos tipos de doenas, descritas por crianas e adultos dacomunidade de Conceio das Crioulas Salgueiro /PE.

    Abaixo analiso todo material enviado.

    Alecrim - correta a indicao de uso para problemas do aparelho respiratrio. O alecrim, alm de pertencer ao grupodas aromticas, tendo seus leos essenciais aplicao como fluidificantes de secrees, uma planta com propriedadestnicas, promovendo uma melhor circulao das energias, trazendo melhoras no estado geral do indivduo.

    Alfazema - Para dor de cabea, interessante, porque uma planta refrescante, alm de aromtica.

    Ameixa - O uso para garganta inflamada interessante, se houver presena de tosse, j que o ch e o lambedor de ameixaso calmantes da tosse. Mas a maior indicao da ameixa em casos de constipao intestinal. Talvez por isso, tenha sidocitada para casos de inflamao, j que a constipao deixa o organismo presa de elementos txicos, o que contribui para oagravamento do problema.

    Aroeira - O uso dos frutos, como digestivo, uma bela constatao do que o povo, na sua simplicidade, percebe nanatureza sua volta. Os frutos da aroeira so o que os gourmets denominam pimenta rosa. Como tantas outras substnciasutilizadas como tempero, esta um digestivo excelente.

    O seu uso em c asos de inflamao e infeco referendado por seu uma planta riqussima em taninos s ubstncialargamente pesquisada em todo o mundo por suas propriedades antiinflamatrias, hemostticas e cic atrizantes.

    Babosa O uso para hemorragia deve-se alta concentrao de taninos da planta. Mas s deve ser utilizada em casosde hemorragia externas, em casos provocados por ferimentos. O uso interno deve s er evitado, j que a dose txica muitoprxima da dose teraputica, alm de ser um laxante drstico.

    Banha de ti Essa a maneira que o grupo em estudo se refere ao tej, lagarto encontrado naquela regio.Este um animal que consumido como alimento. Acontece que, por estar ameaado de extino, seu uso no deve

    ser estimulado.

    Berinjela Os entrevistados referem o seu uso em casos de disenteria. Desconheo essa indicao. Como esse fruto adstringente (trava na lngua), pode ser que promova uma melhora.

    Beterraba Esse um alimento rico em ferro, desde que seja preservada a casca. Nesse caso, vai contribuir para melhora.

    Cajueiro Assim como a aroeira, rico em taninos. Portanto, tambm tem sua indicao referendada.

    Cansao uma planta que promove uma limpeza no organismo, por ser depurativo. Como na fase da primeiradentio a criana se encontra com as defesas baixas, esse tipo de planta faz com que ela atravesse esse momento maisfacilmente.

    Catingueira - A catingueira faz parte de uma famlia botnica que tem outras plantas que so utilizadas paraproblemas intestinais. Por isso, acredito que proceda a informao.

    Endro O uso da planta em casos de febre est correto.

    Eucalipto O ch dessa planta no deve ser utilizado em preparaes para uso interno. Em casos de febre emcrianas, deve-se fazer um ch e usar em banho de imerso com temperatura tpida.. Em adultos, o vapor interessante.

    Feijo Pode ser adicionado dieta, no apenas na forma de caldo, conforme foi citado. Por ser rico em ferro, vaiauxiliar na reverso de quadros de anemia.

    Gergelim - O gergelim contra indicado, j que rico em clcio, elemento que compete com o ferro,comprometendo a absoro.

    Hortel - Temos vrias plantas denominadas hortel. A chamada hortel grada tem, realmente, a propriedade detrazer alvio para dores de ouvido. Mas no deve ser introduzida no orifcio auricular. Deve-se simplesmente tapar oouvido com algodo molhado no sumo da planta.

    Imbira Desde que no seja ingerida, no uso em hemorragias na pele, est bem.

    Imburana Excelente medicamento, rico em cumarinas, substncias com largo emprego em casos de gripe e tosse.

    Jatob Pode ser utilizado em casos de anemia, porque estimulante do apetite. Como associado anemia comum a inapetncia, funciona como coadjuvante.

    Ju A referncia do uso para ferida na cabea correta, o ju s erve para caspa e seborria. antiinflamatrioe, por ser rico em saponinas, serve bem para higiene do couro cabeludo e, sob a forma de p, pode tambm serutilizado para escovao dos dentes.

    Macela Alivia clicas menstruais e dor de cabea porque alm de ser vasodilatador tem efeito calmante. Comrelao ao uso em casos de diarria, desconheo, alm de no encontrar nenhuma justificativa para esse uso.

    Malva usa-se para febre. Tambm refrescante, trazendo alvio.

    Mamona - Usam-se, com sucesso, as folhas presas na testa para aliviar dores de cabea. refrescante.

    Mameleiro - Planta muito comum no interior do nosso estado, tem seu uso para alvio em casos de azias com bonsresultados.

    Mastruz um excelente vermicida, porm no deve ser usado por gestantes por ser abortivo. A planta temtoxicidade elevada, contra indicando seu uso em crianas menores de dois anos. Em crianas maiores e adultos, nodeve ser tomado por mais de sete dias, e s deve se repetir depois de trs a quatro semanas.

    Melancia O uso do ch feito com as sementes de melancia um recurso interessante.

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    Mussamb - No entendo de reza. Sei que uma planta que se oferece a Iemanj em rituais. Como fitoterpico conheoo uso em dores de ouvido. Amassa umas folhas e tapa o ouvido com elas. Faz uma aplicao antes de dormir durante tresdias.

    Noz Moscada - O ch de noz moscada no aconselhavel, porque contm uma toxicidade, s devendo ser usada empequenas quantidades, como em preparaes culinrias.

    Oliveira As crianas referem o uso igual ao da mamona, prendendo-se as folhas na testa, para dor de cabea. umaboa maneira de aliviar a dor sem que seja necessrio ingerir nada.

    Papaconha Prefiro a denominao Pepaconha por ser mais conhecida. usada, sabiamente, para facilitar a primeiradentio.

    Pinho Roxo Foi citado para ferimentos na boca. Desconheo esse uso, e acho bem perigoso, porque muito custicoe txico.

    Quip No conheo essa planta, no podendo opinar quanto ao seu uso.

    Quixabeira O seu uso bastante interessante no caso de i nflamao de garganta, pelo seu alto teor de taninos.

    Rom Tambm rica em taninos, o que valida sua indicao para inflamaes de garganta, em gargarejos.

    Urtiga Geralmente, quando a criana est nessa fase, apresenta uma srie de problemas relacionados a deficinciaimunolgica. No entender das terapias naturais, de uma maneira geral, a sada dos dentes exige um esforo grandedo organismo, requer muita fora. Na interpretao popular, a criana est reimosa, ou com o sangue reimoso.Na indicao da pessoa entrevistada, consta esta planta, um fitoterpico que proporciona aumento da funo renal,limpando o organismo.

    Recife, 14 de Novembro de 2009.

    MARIA INS MOREIRA DE MELOFarmacutica industrial, fitoterapeuta e homeopata.CRF - 0791

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