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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/273 Leandro de Oliveira Coelho Edmundo de Werna Magalhães São Paulo – 2001 A PROVISÃO HABITACIONAL E A ANÁLISE DE SEU PRODUTO

Leandro de Oliveira Coelho Edmundo de Werna Magalhães · política habitacional dirigida à baixa renda é garantir que os recursos sejam transferidos, o mais efetivamente possível,

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/273

Leandro de Oliveira CoelhoEdmundo de Werna Magalhães

São Paulo – 2001

A PROVISÃO HABITACIONALE A ANÁLISE DE SEU PRODUTO

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Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Construção CivilBoletim Técnico - Série BT/PCC

Diretor: Prof. Dr. Antônio Marcos de Aguirra MassolaVice-Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya AbikoSuplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. João da Rocha Lima Junior

Conselho EditorialProf. Dr. Alex AbikoProf. Dr. Francisco CardosoProf. Dr. João da Rocha Lima Jr.Prof. Dr. Orestes Marraccini GonçalvesProf. Dr. Antônio Domingues de FigueiredoProf. Dr. Cheng Liang Yee

Coordenador TécnicoProf. Dr. Alex Abiko

O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/Departamento de Engenharia deConstrução Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade.

Este texto faz parte da dissertação de mestrado de mesmo título, que se encontra à disposição comos autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.

FICHA CATALOGRÁFICA

Coelho, Leandro de Oliveira A provisão habitacional e a análise de seu produto / L.O. Coelho, E.W. Magalhães. -- São Paulo : EPUSP, 2001. 32 p. – (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, De- partamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/273)

1. Habitação popular 2. Avaliação pós-ocupação 3. Pro- duto habitacional I. Magalhães, Edmundo de Werna II. Universi- dade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge- nharia de Construção Civil III. Título IV. Série ISSN 0103-9830 CDU 728.222 728 728

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680È5,2

680È5,2

RESUMO

$%675$&7

&$3Ë78/2����,1752'8d­2 ����������

1.1 PROVISÃO E PRODUÇÃO HABITACIONAL 1

1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO 4

&$3Ë78/2����48$/,'$'(�(�352'872�+$%,7$&,21$/ ��������

2.1 O ESTUDO DA QUALIDADE HABITACIONAL 5

2.1.1 Conceitos da Qualidade 5

2.1.2 Desempenho Habitacional 6

2.1.3 APO-Avaliação Pós-Ocupação 7

2.2 MÉTODOS UTILIZADOS NA PESQUISA SOBRE PRODUTO

HABITACIONAL 10

2.3 CONCLUSÕES SOBRE A REVISÃO DA LITERATURA 13

&$3Ë78/2����,1)250$d®(6�&2/(7$'$6 ���������

3.1 MODOS DE PROVISÃO PARA ESTUDO DE CASO 14

3.2 INFORMAÇÕES COLETADAS 15

3.2.1 Dados de apoio 17

3.2.2 Dados sobre Produto Habitacional 18

3.2.3 Resumo das Respostas sobre Satisfação dos Moradores 21

3.3 RESULTADOS 22

&$3Ë78/2���±�&21&/86­2 �� � � ���

4.1 PRODUTO HABITACIONAL 25

4.2 EQÜIDADE E PÚBLICO ALVO 27

4.3 ATORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO 28

5()(5Ç1&,$6�%,%/,2*5È),&$6 ���������

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5(6802

Este artigo, intitulado “A Provisão Habitacional e a Análise de seu Produto”, apresenta

a metodologia e os resultados de um estudo sobre a provisão de moradias na Região

Metropolitana de São Paulo. Para tanto, a partir do enfoque da qualidade do produto

habitacional, e utilizando-se algumas ferramentas da Avaliação Pós-Ocupação (APO), é

feita uma investigação em seis conjuntos habitacionais produzidos por diferentes modos

de provisão. Assim, com a abordagem da unidade habitacional, do conjunto, do entorno

e de sua relação com a cidade, associada a uma análise de outras características dos

programas de moradias - como eqüidade, escolha do público-alvo e o papel dos diversos

atores envolvidos -, essa pesquisa visa fazer algumas recomendações para o

aprimoramento de políticas nesse setor.

$%675$&7

This paper, named “Housing Provision and its Analysis of Product” presents the

methodology and results of a study on São Paulo Metropolitan Area housing provision,

concerning the product quality. The study, concerning to the product quality, uses some

Post-Occupancy Evaluation tools to investigate six housing projects implemented by

different provision modes. Therefore, researching the unit, the group, the surrounding

and its relation to the City, associated to analysis of housing programs characteristics -

as equity, target people choice and role of involved social actors -, this survey aims to

elaborate some recommendations to this sector policies development.

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�&$3Ë78/2���� ,1752'8d­2

Este artigo é baseado na dissertação de mestrado “A provisão habitacional e a análise

de produto”, desenvolvido pelo aluno Leandro de Oliveira Coelho sob orientação do

Prof. Dr. Edmundo Werna. Pretende analisar os requisitos de produto habitacional de

conjuntos populares com o intuito de elaborar propostas para a formulação de políticas

nesta área. A dissertação, utiliza, como dados de campo, parte das informações

coletadas quando do desenvolvimento do projeto de pesquisa ‘O Novo Papel do Estado

na Oferta de Habitação: Parcerias entre Agentes Públicos e Não Públicos’. Tal projeto

foi financiado pela FINEP-Financiadora de Estudos e Projetos com recursos do BID-

Banco Interamenricano de Desenvolvimento, com início em janeiro de 1997, e cuja

pesquisa de campo foi feita a partir do mês de setembro daquele ano.

Cabe neste capítulo abordar os conceitos que envolvem o tema SURYLVmR�KDELWDFLRQDO e

os objetivos da pesquisa

��� 3529,6­2�(�352'8d­2�+$%,7$&,21$/

Ao trabalhar o conceito de SURYLVmR� KDELWDFLRQDO, convém entender o significado de

SURYLVLRQ, que segundo DAG-HPU-ODG (1994) “é o ato de assegurar que um

determinado bem esteja disponível e deve envolver decisões sobre quantidades e

qualidades, arranjos para a produção, financiamentos, regulação e habilitação de

produtores”. A SURYLVmR, juntamente com a SURGXomR, seriam os dois componentes da

RIHUWD.

Para a dissertação que deu origem a este artigo, o termo SURYLVmR� KDELWDFLRQDO será

utilizado como sendo o conjunto de ações, formais ou não, que interferem diretamente

nas condições de moradia. Esse conjunto de ações pode objetivar a construção de

conjuntos ou de unidades residenciais isoladas, ou mesmo atuar por meio de outras

modalidades, como o fornecimento de lotes ou o melhoramento de edificações já

existentes. O conjunto de modos de provisão empreendidos por um determinado ator

social, normalmente representado por uma determinada esfera do poder público, reflete

a sua forma de atuação frente à questão habitacional e/ou sua política como um todo.

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As diversas características que podem ser observadas em cada modo de provisão,

devem ser conseqüência das políticas que o originaram. Variantes podem ocorrer nos

mais diferentes aspectos, como na escolha do público-alvo, na localização geográfica

dos empreendimentos, nas soluções tecnológicas adotadas, no papel a ser

desempenhado pelos diferentes atores sociais envolvidos com o processo, na existência

de subsídios, entre outros.

Um importante aspecto da organização industrial é o grau de participação do setor

público na produção de moradias. Estudos realizados em países industrializados e em

desenvolvimento, mostram que geralmente há uma ineficiência do setor público como

produtor de habitações, que resultam em altos custos e baixa qualidade quando

comparados à produção privada. Difundiu-se, então, a idéia de que o papel dos

governos não deve ser o de produtor direto de habitação, e que tal tarefa deveria ser

necessariamente desempenhada pelo setor privado formal e informal, incluindo ONGs-

organizações não-governamentais e OCBs-organizações comunitárias de base. Assim,

alguns governos têm-se afastado dos ambiciosos programas habitacionais públicos que

demandavam pesados e insustentáveis subsídios, e têm crescentemente optado por

programas que enfocam a assistência, ao invés da produção. Em alguns casos, deixou-

se de produzir apartamentos de baixo custo para prover lotes urbanizados em que as

pessoas possam construir suas próprias casas, por exemplo. Outros governos têm

abandonado completamente os projetos de moradias e têm se concentrado em

providenciar financiamentos. Em geral, a tendência tem sido o estado assumir uma

nova missão: ser habilitador, facilitador e incentivador da atuação do setor privado nas

atividades habitacionais (WORLD BANK, 1993).

WERNA (1996), a partir de uma pesquisa feita em Belo Horizonte, mostra um tipo de

produtor de moradias muito comum: o SHTXHQR�FRQVWUXWRU. O trabalho revela que estes

profissionais atendem a demanda por habitações de baixo custo, principalmente por

causa do preço de seus serviços e do grau de flexibilidade com que trabalham,

adaptando-se à diversidade, descontinuidade e pequena escala de produção.

Um outro aspecto mencionado, é que embora o mercado privado produza a maioria das

habitações nos países em desenvolvimento, isso não significa necessariamente que ele é

eficiente e eqüitativo. Nem significa que esse mercado satisfaz completamente as

necessidades de moradia, ou ajuda a alcançar suas amplas metas de desenvolvimento.

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Assim, as políticas habitacionais devem também se embasar numa visão positiva de

como o setor, como um todo, atua num determinado contexto, e ainda, ter noções

específicas da melhor forma de atuação (UNCHS, 1993; WORLD BANK, 1993).

Como revela WORLD BANK (1993), o setor habitacional deve sofrer, pelo poder

público, intervenções apropriadas para que atinja muitas das normas fixadas. Afinal, se

as políticas habitacionais forem realmente apropriadas, elas podem ajudar a alcançar as

metas de bom funcionamento do setor, caso contrário, elas podem reprimir o setor,

atrapalhar a oferta e frustrar a demanda, reduzindo a qualidade e variedade,

aumentando custos, e prejudicando a economia como um todo.

Diversas das possíveis ações a serem adotadas para interferir nas condições de

habitabilidade podem ter reflexos bom e ruins. WORLD BANK (1993) exemplifica,

que o controle de aluguéis pode ser vantajoso para os atuais inquilinos, mas pode

desencorajar os novos investimentos nessa área, o que pode ser ruim para quem

futuramente necessitar de imóveis para locação. Adotar posturas duras contra os

inadimplentes pode fazer com que haja maior disponibilidade de financiamento para

novos mutuários, às custas do despejo de outros. Aumentar a oferta de terra pode causar

problemas ambientais. Portanto, resolver esses questões é uma das tarefas fundamentais

de uma política habitacional.

WORLD BANK (1993) defende, ainda, que os países em desenvolvimento precisam

melhorar suas políticas orientadas para a provisão de melhores condições de habitação

para os pobres, incentivando o mercado local a prover mais moradias, melhores e mais

baratas; e melhorando a eficácia dos sistemas de subsídios. A principal tarefa de uma

política habitacional dirigida à baixa renda é garantir que os recursos sejam

transferidos, o mais efetivamente possível, para a melhoria das condições de residência

desse extrato, e que isso propicie um aumento do bem-estar dessa faixa da população.

Além disso, ASIAN DEVELOPMENT BANK (1987), a partir de estudos dirigidos

àquele continente, sugere a seus governos a adoção de normas construtivas mais

adequadas às realidades econômicas, e defende que o setor público deva estimular a

provisão de terra e infra-estrutura para que o setor privado promova um

desenvolvimento habitacional e econômico a fim de gerar empregos.

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��� 2%-(7,926�'2�75$%$/+2

Pelo que pode ser observado acima, existem muitos aspectos que devem ser

considerados quando da adoção de medidas que visem contemplar a questão

habitacional. Também, analisando-se os custos de provisão baseados nos processos

convencionais de atendimento às famílias de baixa renda, percebe-se que os volumes

possíveis de serem produzidos são limitados. Disso parte a importância de que os

recursos financeiros aplicados resultem num melhor SURGXWR�KDELWDFLRQDO possível, sem

que os custos sejam ampliados. Deve-se lembrar, ainda, que a qualidade da habitação

deve contemplar um estudo dos vários contextos na qual é inserida, além de abordar

conceitos de eficiência, visto que o déficit se manifesta tanto quantitativa como

qualitativamente.

Desta forma, o objetivo do trabalho é avaliar os modos de provisão de moradias mais

representativos e significativos no contexto brasileiro, e a partir disso, analisar a

pertinência de suas características de maior importância. Para tanto, a pesquisa

pretende, a partir do estudo do SURGXWR�KDELWDFLRQDO de um grupo de intervenções já

realizadas na Grande de São Paulo, detectar as vantagens e desvantagens dos

programas abordados.

As características a serem contempladas nessa reflexão serão aquelas inerentes aos

modos de provisão, isto é, os aspectos físicos mais importantes (como localização

espacial, tipologia construtiva e grau de acabamento das moradias), o papel

desempenhado pelos diferentes atores sociais, a escolha do público-alvo, o nível de

subsídios, entre outros. Por conseguinte, embora a pesquisa seja feita a partir de uma

avaliação do produto habitacional, suas conclusões pretendem extrapolar este nível de

análise, e propor não somente requisitos de projeto para o planejamento de programas

ou intervenções específicas, mas também critérios mais abrangentes que poderão

contribuir para a melhoria das ações que visam amenizar essa problemática.

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&$3Ë78/2����48$/,'$'(�(�352'872�+$%,7$&,21$/

����2�(678'2�'$�48$/,'$'(�+$%,7$&,21$/

������&RQFHLWRV�GD�4XDOLGDGH

Para uma maior percepção do assunto, convém observar os conceitos que envolvem a

qualidade, em sua visão ampla. PICCHI (1993) mostra que a evolução da abordagem da

qualidade utilizada pelas empresas, fez com que um conceito restrito e específico, como

“conformidade com requisitos”, que pode ser entendido como “atendimento às normas”,

fosse continuamente sendo ampliado, adquirindo cada vez mais complexidade.

Conforme se analisa os níveis mais amplos desse conceito, percebe-se que a qualidade,

cada vez mais, depende da resposta (percepção) dada pelo usuário. Também é possível

observar, que além da preocupação em satisfazer o cliente de uma maneira mais

completa, existem outros critérios a serem obedecidos como a preocupações social,

econômica e de melhor relação custo-benefício do produto.

Para inserir este tema no contexto do capítulo, pode-se citar OLIVEIRA et al. (1995),

pelo livro Sistema de Indicadores de Qualidade e Produtividade para a Construção

Civil. Os autores dividem o processo de atuação da indústria construtora em diversas

etapas, dentre elas “assistência técnica” e “planejamento e vendas”, que além de

enfocarem o processo que envolve a provisão de moradias, também trazem informações

importantes a respeito do “produto habitacional”, principalmente quando abordam,

respectivamente, o Índice de Reclamações e o Nível de Satisfação do Cliente, e Pós-

Ocupação.

Num outro documento que aborda a questão da qualidade na construção, MESEGUER

(1991) transcreve o texto da DOCE-Diário Oficial da Comunidade Européia, no qual é

ressaltado que os requisitos essenciais devem considerar a adequação ao uso, a

economia e sua estabilidade num período de vida economicamente razoável.

As Componentes da qualidade relacionadas ao setor habitacional são basicamente o

SURMHWR; a FRQIRUPDomR, associada ao cumprimento das especificações, ao orçamento e

ao cronograma; e aos VHUYLoRV, que incluem atendimento ao cliente e assistência técnica.

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Esta divisão também permite abordar a diferenciação entre qualidade e grau ou classe,

que no meio da construção, normalmente é denominado “padrão”, termo até certo ponto

associado a necessidades, expectativas e poder aquisitivo do cliente. Afinal, um

apartamento de alto padrão pode ter qualidade de projeto, conformação e/ou serviços

inferior a uma casa popular (PICCHI, 1993).

Já com relação aos serviços públicos, ABIKO (1995) ressalta a existência de cinco

princípios que devem envolver sua oferta: SHUPDQrQFLD, JHQHUDOLGDGH, HILFLrQFLD,

PRGLFLGDGH e FRUWHVLD. O primeiro princípio estaria relacionado à necessidade de que os

serviços não sejam interrompidos, enquanto que a JHQHUDOLGDGH impõe que ele seja

prestado com a mesma qualidade para todos. Já o princípio da HILFLrQFLD envolve a

atualização e modernização das técnicas e instalações visando a maximização dos

resultados. A PRGLFLGDGH impõe a prática de tarifas razoáveis e justas, assim como o

princípio da FRUWHVLD está relacionado com o bom tratamento para o usuário.

Nos próximos itens, será aborado o estudo do produto habitacional, que neste trabalho

foi dividido em DYDOLDomR�GH�GHVHPSHQKR e $32�DYDOLDomR�SyV�RFXSDomR. No entanto,

não se pode afirmar que a sistematização aqui utilizada seja rígida, visto que muitos dos

trabalhos mostrados a seguir, quando apresentam seus processos de mensuração da

qualidade, acabam por utilizar um desses processos de avaliação associado a alguns

conceitos do outro.

������'HVHPSHQKR�+DELWDFLRQDO

Abordando especificamente o assunto do desempenho aplicado às habitações térreas de

interesse social, IPT (1998) sugere a análise dos seguintes itens:

. desempenho estrutural;

. segurança ao fogo;

. estanqueidade à água;

. conforto térmico;

. conforto acústico;

. durabilidade.

Para cada um desses elementos, o trabalho desenvolve critérios mínimos de

desempenho, a partir de vários processos de avaliação, como análise de projeto, das

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propriedades dos materiais, climáticas; ensaios em protótipos e componentes; provas de

carga, entre outros. Como base para estipular esses critérios, são utilizadas as diversas

normas brasileiras e estrangeiras que tratam de cada item.

SOUZA (1997), quando explana sobre a gestão da qualidade em empresas construtoras,

coloca “conformidade de produtos” como um dos indicadores de desempenho, além de

associar a qualidade (sub-item do desempenho) à eficácia atingida pelos produtos e

serviços, relativos à necessidade dos clientes. Como forma de avaliar a conformidade da

edificação, o autor sugere a inspeção no apartamento antes de sua entrega. Tal FKHFN�OLVW

aborda aspectos estéticos e de utilização, enquanto que para contemplar questões como

satisfação do usuário e durabilidade, são enumeradas um conjunto de perguntas, a título

de exemplo, a serem respondidas pelo cliente após a entrega dos apartamentos.

Pelos exemplos expostos neste item, pode-se observar que IPT (1998) propõe uma

análise de desempenho “puro”, isto é, sem que o desempenho seja medido

preponderantemente pela “resposta” do usuário. Neste caso, faz-se necessária a

utilização de um aparato técnico complexo, exigindo, entre outras coisas, um alto custo

de análise, além de ter aplicação, muitas vezes, extremamente pontual. Já SOUZA

(1997), apresenta uma série de indicadores que enfocam o desempenho em um sentido

mais amplo, enfocando o nível de gestão da qualidade, inclusive considerando a

percepção do usuário. Portanto, estes documentos mostram que uma avaliação de

desempenho pode envolver, conforme o caso, diferentes níveis e enfoques de análise.

������$32�$YDOLDomR�3yV�2FXSDomR

A Avaliação Pós-Ocupação, como destaca ORNSTEIN; ROMÉRO (1992), é uma área

do conhecimento que combina avaliação técnica – que abrange ensaios de laboratório

ou LQ� ORFR – e o ponto de vista dos usuários; pretendendo se configurar em uma

avaliação global do meio a ser estudado. As variáveis a serem consideradas podem ser

complementadas, reduzidas e/ou alteradas, se necessário, em função da tipologia

edificada, características e objetivos de cada pesquisa. Como ponto de partida para uma

avaliação, o documento relaciona, entre outras, as seguintes variáveis:

. $YDOLDomR�7pFQLFR�&RQVWUXWLYD�H�&RQIRUWR�$PELHQWDO, que é detalhada pela equipe de

pesquisadores, visando o reconhecimento especializado do ambiente, que fornecerá

subsídios para a interpretação da avaliação do ponto de vista dos usuários.

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. $YDOLDomR� 7pFQLFR�)XQFLRQDO, que diz respeito à avaliação do projeto arquitetônico

pelos pesquisadores, quanto ao desempenho funcional dos espaços.

. $YDOLDomR�7pFQLFR�(FRQ{PLFD, referente aos parâmetros de custo da produção (projeto

e construção) e uso (uso, operação e manutenção) do ambiente construído, que podem

ser relacionados com sua eficiência (MASCARÓ, 1985 apud ORNSTEIN; ROMÉRO,

1992).

. $YDOLDomR�7pFQLFR�(VWpWLFD, pretende aferir formas, volumes, “o belo”, à questão do

estilo e da percepção ambiental, do ponto de vista do avaliador-arquiteto e do usuário

(HERSHBERGER; CASS, 1988 apud ORNSTEIN; ROMÉRO, 1992).

. $YDOLDomR�&RPSRUWDPHQWDO, que lida com o ponto de vista das várias categorias ou

extratos de usuários.

Segundo ORNSTEIN; ROMÉRO (1992), as variáveis acima, mais o item “estrutura

organizacional”, foram inicialmente propostos por RABINOWITZ (1984) e

posteriormente foram adaptados e complementados por ROMÉRO (1990) e

ORNSTEIN (1991).

Um dos documentos que tratam de avaliação pós-ocupação em conjuntos habitacionais,

é LAY et al. (1993), que relata sucintamente as metodologias e os critérios utilizados

quando do estudo de cinco empreendimentos localizados no Rio Grande do Sul. Tal

trabalho objetivou fundamentalmente detectar os elementos de desenho e as

características ambientais mais importantes para o desempenho do conjunto e o nível de

satisfação dos moradores.

GALSTER (1987) apud LAY et al. (1993) defende que o significado de “satisfação”

não pode ser dissociado do fato de que as pessoas baseiam sua opinião em parâmetros

de comparação entre seu ambiente atual e suas aspirações. Por conseguinte,

características como classe social e faixa etária, por exemplo, são fatores influentes da

satisfação de um usuário com sua habitação.

Para determinação do tamanho das amostras na abordagem do conceito de satisfação, a

literatura especializada indica tratamento pela estatística não-paramétrica (SIEGEL,

1946; NEALE; LIEBERT, 1986; LEEDY, 1989 apud LAY et al., 1993). Desta forma,

uma representatividade da população seria obtida com, no mínimo, 30 elementos.

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Segundo ORNSTEIN; ROMÉRO (1992), para um intervalo de confiança de 95,5% para

as médias, índice bastante utilizado nas pesquisas de APO, a margem de erro H pode ser

obtida pela fórmula simplificada H �Y���Q�, onde Q é o tamanho da amostra. Para que

tal proposição possa ser válida, a amostra deve ter uma distribuição considerada QRUPDO,

isto é, com Q!30. Por esta razão, este documento vem confirmar a informação do

parágrafo acima, isto é, de que amostras menores que 30 devem ser evitadas.

A respeito da apresentação dos questionários, LAY et al. (1993) menciona que

diferentes escalas de medição têm sido utilizadas, das bipolares, com alternativas “bom-

ruim”, até as de sete pontos, com vários níveis de graduação de satisfação. Além disso,

quando da análise de várias questões, é importante identificar coeficientes de correlação

que mostram quando duas variáveis movem-se simultaneamente, seja na mesma, seja

em direções contrárias (SIEGEL, 1956; KERLINGER, 1970; VAN DALEN, 1979 apud

LAY et al.,1993).

Visando o aperfeiçoamento dos métodos e técnicas de APO em conjuntos

habitacionais, ORNSTEIN et al. (1998) elenca, entre outros aspectos, que a obtenção de

resultados quantitativos e qualitativos, e a comparação entre eles, aumenta a

confiabilidade dos diagnósticos finais e seus cruzamentos. Também, os processos

estatísticos para análise de dados podem ser caso a caso, ajustados e aprimorados.

Para determinar as características prioritárias e conseqüentemente fornecer valores que

expressem diferentes pesos para os critérios a serem considerados numa análise de

resultados, MOREIRA et al. (1998) propõe a aplicação de uma Matriz de Prioridades.

Nessa ferramenta, confronta-se 2 a 2 os itens numa matriz “L” comparando-os por meio

de uma escala numérica associada a avaliações qualitativas. Percebe-se que este método

de análise de dados pode ser útil em situações onde são apontados um pequeno número

de critérios, como foi o caso prático abordado nesse artigo, que aborda apenas o

conforto térmico, lumínico e ergonômico. No entanto, em casos onde utiliza-se dezenas

de critérios, esse procedimento pode se tornar inviável, tanto pelo número e

complexidade das operações de análise, como pela própria dificuldade de obtenção de

tais informações dos usuários.

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���� 0e72'26� 87,/,=$'26� 1$� 3(648,6$� 62%5(� 352'872

+$%,7$&,21$/

De forma a se obter informações básicas sobre os diversos modos de provisão existentes

na Região Metropolitana de São Paulo, e que já tenham produzido unidades

habitacionais; e para definir quais as instituições responderiam sobre cada modo de

provisão; foi efetuada anteriormente uma tomada prévia de informações por meio de

entrevistas e consultas à literatura. A partir disso, do objetivo desta pesquisa, e da base

teórica desenvolvida, fez-se a opção pelos programas mais adequados para serem

abordados, e dentro de cada um deles escolheu-se aleatoriamente apenas um conjunto

habitacional para ser investigado.

Os itens que compõem a análise de produto habitacional, podem tanto ser aqueles

diretamente relacionados a determinado fator físico, como outros, baseados em questões

que servem para a reflexão sobre fatores intervenientes na satisfação. Com isso, a

observação de outros trabalhos à luz dos objetivos aqui pretendidos, levou à adoção dos

itens a seguir:

Dados de apoio:

. população;

. tempo de moradia;

. renda familiar;

. participação no projeto;

. custo e preço.

Unidade habitacional:

. aspectos de projeto (dimensão, número de unidades, tipologia);

. cobertura;

. segurança;

. manutenção;

. revestimento / acabamento;

. instalações hidráulicas e elétricas;

. esquadrias;

. aparência;

. disposição arquitetônica;

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. conforto (térmico, acústico, ventilação e luz natural).

Conjunto habitacional:

. aspectos de projeto (dimensão);

. drenagem;

. acessos;

. aparência;

. iluminação pública.

Conjunto em relação ao entorno:

. equipamentos públicos;

. acessos;

. manutenção;

. saúde;

. educação;

. segurança;

. lazer;

. abastecimento;

. transporte;

. localização;

. poluição.

Como forma de tornar acessível uma abordagem tão abrangente, adotou-se como

referencial da pesquisa algumas das ferramentas propostas pela APO. Assim, para

facilitar a obtenção dos diversos dados referentes aos itens acima, foi elaborada uma

relação de questões, sempre com o cuidado de se usar termos objetivos e de fácil

compreensão por parte das pessoas que seriam questionadas.

A coleta de dados final para a pesquisa, cujas informações estão relacionadas no

próximo capítulo, foi feita a partir de consultas a diversos tipos de agentes, coletadas

através de questionários. Estes foram divididos de acordo com os denominados “agentes

respondedores”. Assim, elaboraram-se questionários separados com as perguntas que

devem ser respondidas por:

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(i) mutuários;

(ii) técnicos que participaram da coleta de dados para a presente pesquisa - através

de observação LQ�ORFR�

(iii) provedora principal (agente empreendedor);

(iv) provedora secundária (associações comunitárias);

(v) empreiteiras.

Para as questões de ponto-de-vista/satisfação utiliza-se uma escala de quatro pontos,

com alternativas “péssimo-ruim-bom-ótimo”, devido à relativa facilidade de

compreensão dos termos, além da razoável possibilidade de se graduar os conceitos. A

adoção de um número par de alternativas é justificada por poder proporcionar uma

opinião não neutra sobre os diversos itens, afinal uma escala destas “obriga” o

entrevistado a optar por uma resposta desfavorável (péssimo ou ruim) ou favorável

(bom ou ótimo). Para processamento das respostas, associa-se a essas alternativas à

escala de valores de 0 a 3, sendo que a média obtida foi multiplicada por 3,33

resultando num conceito ou “nota” entre 0 e 10, mais facilmente compreendida e

analisada. Os resultados são paralelamente apresentados em forma numérica de

freqüência, para melhor se observar a distribuição das opiniões.

Antes do “fechamento” da versão definitiva dos questionários para os mutuários, fez-se

um breve “piloto” em um dos conjuntos habitacionais. Além disso, realizou-se algumas

reuniões com os técnicos/entrevistadores, com o intuito de fazer alterações e

esclarecimentos a respeito das questões.

Nesta pesquisa, optou-se por efetuar o levantamento de informações sobre conforto

ambiental, qualidade de materiais, serviços e projetos, principalmente a partir do nível

de satisfação relatado pelos moradores. Já os dados sobre aspectos que puderam ser

“medidos” mais objetivamente, como distância, áreas, especificações técnicas e valores

financeiros, foram buscados fundamentalmente nas agências provedoras e nas

instituições que participaram tecnicamente dos empreendimentos. Em qualquer dos

casos, os técnicos que participaram da pesquisa e o mestrando atuaram paralelamente na

verificação das informações.

A idéia central é identificar com detalhe onde estão os pontos fortes e os problemas em

cada um dos modos de provisão a partir dos aspectos físicos observados nos conjuntos

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13

habitacionais - e não chegar a um ‘ranking’ dos mesmos. Além disso, não pretende-se

estudar especificamente falhas de projeto ou de execução, ao menos que seja perceptível

alguma correlação de tais fatos com as características gerais dos respectivos modos.

����&21&/86®(6�62%5(�$�5(9,6­2�'$�/,7(5$785$

Ficou claro que o estado-da-arte sobre a avaliação de assentamentos residenciais

normalmente tem um nível de enfoque que extrapola o conjunto habitacional em si.

Desta forma, excetuando-se os casos em que a pesquisa se preocupa apenas com um ou

poucos aspectos específicos, a literatura aponta um nível de abordagem que inclui o

entorno, com equipamentos e serviços urbanos.

No que se refere à forma de análise dos dados, vários métodos foram apresentados,

sendo que boa parte deles utilizaram avaliações qualitativas associadas à quantitativas,

uns com maior ênfase para estas, outros para aquelas. A observação de alterações e

melhorias empreendidas pelos mutuários, bem como sua análise comportamental, são

ferramentas muitas vezes utilizadas.

Cabe ressaltar, que um ponto ainda a ser desenvolvido, se refere j� GHWHUPLQDomR� GH

SHVRV para os diferentes aspectos abordados. Afinal, na literatura consultada, os

exemplos que se utilizaram de tal mecanismo o fizeram de maneira quase que empírica,

além de que suas explicações são envolvidas por uma certa complexidade que

inviabiliza sua utilização em estudos que abrangem um grande número de aspectos.

Outra conclusão a que se pode chegar neste capítulo, é que a análise dos estudos

desenvolvidos sobre o tema revela uma considerável variedade de processos

investigativos utilizados, podendo-se observar, por exemplo, estudos amplos ou

específicos, superficiais ou profundos. Portanto, percebe-se que não existe uma “norma

geral” para a avaliação do produto habitacional, fato que dá ao pesquisador uma relativa

liberdade para a adoção de mecanismos de abordagem e de processamento das

informações que considere mais apropriados ao contexto de cada pesquisa.

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14

&$3Ë78/2����,1)250$d®(6�&2/(7$'$6

����02'26�'(�3529,6­2�3$5$�(678'2�'(�&$62

Com base num levantamento prévio de informações sobre a provisão habitacional como

um todo na Região Metropolitana de São Paulo, e visando adequar a pesquisa de campo

aos objetivos da dissertação, procedeu-se a escolha dos programas que constituem o

objeto de estudo desta pesquisa. Primeiramente, buscou-se abordar um conjunto de

modos de provisão que apresentem um certo grau de diferenciação entre si no que diz

respeito às características do produto habitacional e do processo, visando desenvolver

uma melhor análise comparativa dos resultados. Assim, baseou-se nos aspectos físicos

mais importantes (como localização espacial, tipologia construtiva e grau de

acabamento das moradias), no papel desempenhado pelos diferentes atores sociais, na

escolha do público-alvo, no nível de subsídios, entre outros. A relevância do modo de

provisão no que diz respeito aos volumes produzidos também foi determinante na

escolha. Outro critério utilizado na seleção dos estudos de caso foi a acessibilidade para

a coleta de dados. Assim, buscou-se programas habitacionais que já tivessem

empreendimentos concluídos, e que estes estivessem situados na Grande São Paulo.

Além disso, a limitação de recursos e o próprio processo de avaliação do produto,

levaram à decisão pela abordagem de apenas um empreendimento, a ser aleatoriamente

selecionado, dentro de cada programa.

Por conseguinte, a partir dos critérios apresentados acima, escolheu-se os 6 conjuntos

habitacionais, enumerados na tabela 3.1, com os respectivos modos de provisão e

provedoras.

7DEHOD�������(QXPHUDomR�RV�FRQMXQWRV�KDELWDFLRQDLV

NÚMERO CONJUNTO MODO DE PROVISÃO PROVEDORA

I Garra e Lutas Programa Mutirão CDHU

II Paraíso Programa de Mutirão COHAB-SP

III Padre Bento Programa Empreitada Global CDHU

IV Barão de Mauá Cooperativas Habitacionais Paulicoop

V Jd. das Camélias Plano Empresário COHAB-SP

VI Zaki Narchi Projeto Cingapura HABI-SP

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15

Os conjuntos I e II foram edificados por meio de mutirão, processo que envolve a

atuação em parceria de quatro atores sociais: setor público, privado, ONGs e OCBs. No

que se refere à tipologia construtiva, o conjunto II é constituído por VREUDGRV

JHPLQDGRV, enquanto que os demais se apresentam como HGLItFLRV�GH�DSDUWDPHQWRV. Os

programas representados pelos conjuntos III, V e VI são caracterizados pelo

envolvimento apenas dos setores público e privado, conforme definidos no capítulo

anterior. Destes, apenas o modo de provisão VI apresenta uma maior diferenciação, que

se refere aos critérios técnicos de projeto, contemplando a intervenção em áreas de

favelas. O conjunto IV apresenta, basicamente, a particularidade de ser financiado pelo

próprio mutuário, sendo que em todos os outros casos o financiamento é concedido por

meio governamental.

Cabe aqui mencionar, que dos 6 empreendimentos abordados, 4 situam-se no Município

de São Paulo, sendo os conjuntos I, II e V na periferia e o conjunto VI numa região

próxima ao centro. Os conjuntos habitacionais III e IV estão respectivamente

localizados próximos aos centros de Guarulhos e Mauá, dois Municípios que também

compõem a Região Metropolitana de São Paulo.

Assim, pelas características acima, torna-se possível uma abordagem comparativa dos

modos de provisão de acordo com os critérios adotados na pesquisa.

����,1)250$d®(6�&2/(7$'$6

Para a abordagem específica dos itens relacionados à investigação do produto

habitacional, este trabalho utiliza 26 questionários, que estão relacionados na 7DEHOD

���.

7DEHOD�������5HODomR�GRV�TXHVWLRQiULRV�DSOLFDGRV

Questionário 1 CDHU - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do Programa

Mutirão: Conjunto Paraíso

Questionário 2 CDHU - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do Programa

Empreitada Global: Conjunto Padre Bento I

Questionário 3 COHAB-SP - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do

Programa Mutirão: Conjunto Garra e Lutas

Questionário 4 COHAB-SP - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do Plano

Empresário: Conjunto Jardim das Camélias

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Questionário 5 Programa Mutirão da CDHU - Associação Garra e Lutas

Questionário 6 Programa Mutirão da CDHU - Mutuários de Conjunto Garra e Lutas

Questionário 7 Programa Mutirão da CDHU - Aspectos técnicos do Conjunto Garra e Lutas

Questionário 8 Programa Mutirão da COHAB-SP - Associação Paraíso

Questionário 9 Programa Mutirão da CDHU - Ambiente Assessoria Técnica

Questionário 10 Programa Mutirão da COHAB-SP - Mutuários do Conjunto Paraíso

Questionário 11 Programa Mutirão da COHAB-SP - Aspectos técnicos do Conjunto Paraíso

Questionário 12 Programa Mutirão da COHAB-SP - Assessoria Técnica Oficina de Habitação

Questionário 13 HABI - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do Projeto

Cingapura

Questionário 14 PAULICOOP - Exclusivamente sobre o empreendimento selecionado do

Sistema de Cooperativas Habitacionais

Questionário 15 Programa Empreitada Global da CDHU - Mutuários do Conjunto Padre Bento I

Questionário 16 Programa Empreitada Global da CDHU - Aspectos técnicos do Conjunto Padre

Bento I

Questionário 17 Sistema de Cooperativas Habitacionais da PAULICOOP - Mutuários do

Conjunto Barão de Mauá I

Questionário 18 Sistema de Cooperativas Habitacionais da PAULICOOP - Aspectos técnicos do

Conjunto Barão de Mauá I

Questionário 19 Plano Empresário da COHAB-SP - Mutuários do Conjunto Jardim das Camélias

Questionário 20 Plano Empresário da COHAB-SP - Aspectos técnicos do Conjunto Jardim das

Camélias

Questionário 21 Projeto Cingapura da HABI - Mutuários do Conjunto

Questionário 22 Projeto Cingapura da HABI - Aspectos técnicos do Conjunto

Questionário 23 Plano Empresário da COHAB-SP - Empreiteira

Questionário 24 Projeto Cingapura da HABI - Empreiteira

Questionário 25 Sistema de Cooperativas Habitacionais da PAULICOOP - Empreiteira

Questionário 26 Programa Empreitada Global da CDHU - Empreiteira

Os questionários enviados às provedoras, associações de moradores, empreiteiras e

assessorias técnicas, foram devolvidos total ou parcialmente respondidos, com exceção

do questionário 12, visto que o representante daquela assessoria técnica não foi

localizado. A quantidade de questionários respondidos pelos mutuários, juntamente com

aqueles utilizados pelos técnicos do projeto para uma breve avaliação das unidades

habitacionais, foi de 39, 32, 39, 40, 46 e 45, respectivamente nos conjuntos I, II, III, IV,

V e VI.

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17

As respostas das questões dirigidas aos mutuários estão aqui apresentadas em tabelas

que mostram o número de respostas para cada faixa de valores. Tal índice, na

Estatística, é denominado IUHT�rQFLD� DEVROXWD. Na última linha da tabela aparece

sempre a média aritmética dos valores respondidos. Já para as respostas obtidas dos

outros agentes, as tabelas exibem apenas uma linha de resposta, visto que nesses casos

só foi apresentado um questionário por agente respondedor em cada um dos conjuntos.

Antes de iniciar a exposição dos dados diretamente relacionados ao Produto

Habitacional, serão apresentadas as respostas de algumas questões utilizadas para a

reflexão sobre fatores intervenientes na satisfação. Esse conjunto de informações

recebeu aqui o nome de 'DGRV� GH� $SRLR, e servirá como auxiliar para a análise do

Produto Habitacional.

������'DGRV�GH�$SRLR

3.2.1.1 Renda familiar

7DEHOD�����±�1~PHUR�GH�UHVSRVWDV��SRU�IDL[D�GH�UHQGD��GDGDV�SHORV�PXWXiULRV�j�TXHVWmR

³4XDO�p�D�VXD�UHQGD�IDPLOLDU"´��H�D�UHQGD�IDPLOLDU�PpGLD�

&RQMXQWR

5HQGD

, ,, ,,, ,9 9 9,

DWp�5����� 5 2 0 0 1 7

5������D�5����� 22 17 1 0 3 21

5������D�5������� 10 5 13 7 20 10

5��������RX�� 2 5 24 39 20 3

2XWUD�UHVSRVWD 0 3 1 1 2 4

0e',$��5�� 465,46 613,96 1.435,79 1.647,82 1.207,95 448,15

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3.2.1.2 Preço

7DEHOD�����±�1~PHUR�GH�UHVSRVWDV�GDGDV�SHORV�PXWXiULRV�j�TXHVWmR�³4XDQWR�D�SURYHGRUD

FREURX�SHOD�VXD�PRUDGLD"´�H�D�PpGLD�GRV�SUHoRV�

&RQMXQWR

3UHoR

, ,, ,,, ,9 9 9,

$Wp�5�������� 0 0 0 0 0 0

5���������D�5�������� 2 1 0 0 0 0

5���������D�5�������� 26 0 0 0 1 2

5���������D�5�������� 2 0 4 0 4 4

5���������RX�� 1 0 18 35 30 0

2XWUD�UHVSRVWD 8 31 17 5 11 39

0e',$��5�� 14.402 12.182* 28.464 41.444 29.186 17.000

* 1.200 UPFs reajustadas para set./97.

7DEHOD�������5HVSRVWDV�GDGDV�SHODV�SURYHGRUDV�SULQFLSDLV�j�TXHVWmR�³4XDO�R�YDORU�WRWDO�GRV

UHFXUVRV�GHVWLQDGRV���XQLGDGH�KDELWDFLRQDO"´

&RQMXQWR

9DORU��5��

, ,, ,,, ,9 9 9,

14.000 7.424,14 23.130,44

(em geral)

outra

resposta

13.718,84

(jul./94)*

21.165,59

* Atualizado pela UFIR em set./97: R$ 22.417,05

������'DGRV�VREUH�3URGXWR�+DELWDFLRQDO

Neste item se dirige à apresentação e análise dos dados referentes a Produto

Habitacional, feita, quando necessário, com base nos dados de apoio relacionados no

item anterior.

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3.2.2.1 Aspectos de projeto

7DEHOD�����±�1~PHUR�GH� UHVSRVWDV�� SRU� IDL[DV�GH� iUHD�� GDGDV�SHORV�PXWXiULRV� j�TXHVWmR

³4XDO�D�iUHD�~WLO�FRQVWUXtGD�GH�VXD�PRUDGLD"´�H�D�iUHD�~WLO�PpGLD�FRQVWUXtGD�

&RQMXQWR

ÈUHD

, ,, ,,, ,9 9 9,

$Wp����P� 0 0 9 1 8 5

���D����P� 5 0 20 4 22 8

���D����P� 19 0 2 24 2 0

���D����P� 0 3 0 3 0 0

���P��RX�PDLV 0 10 0 2 0 0

2XWUD�UHVSRVWD 15 19 8 6 14 32

0e',$��iUHD�P�� 52,71 74,08 44,35 57,41 43,16 41,62

7DEHOD� ���� �� 5HVSRVWDV� GDGDV� SHODV� SURYHGRUDV� SULQFLSDLV� j� TXHVWmR� ³4XDO� D� iUHD� ~WLO

FRQVWUXtGD�GD�XQLGDGH�KDELWDFLRQDO"´

&RQMXQWR

ÈUHD��P��

, ,, ,,, ,9 9 9,

53,40 79,60 s/dados 55.85 43,00 45,88

7DEHOD� ���� �� 5HVSRVWDV� GDGDV� SHODV� FRQVWUXWRUDV�DVVHVVRULDV� WpFQLFDV� j� TXHVWmR� ³4XDO� D

iUHD�~WLO�FRQVWUXtGD�GD�XQLGDGH�KDELWDFLRQDO"´

&RQMXQWR

ÈUHD��P��

, ,, ,,, ,9 9 9,

54,00 s/dados 45,00 65,00 43,45 50,00

O dado que se refere à área útil da moradia possui, sem dúvida, uma incontestável

importância para sua qualidade. Além disso, quando há um cruzamento desse dado com

o valor do imóvel, obtém-se “preço por metro quadrado” indicado na tabela. Sob esse

prisma, o Conjunto II se destaca dos demais pelo menor preço da área, que é de R$

93,27 a R$ 164,44 dependendo da fonte de informação considerada. O segundo

colocado é o Conjunto I, cujo metro quadrado vale de R$ 259,26 a R$ 273,23.

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20

Excluindo-se os casos nos quais a construção foi feita por mutirão, tem-se um preço

mais baixo no Conjunto VI, que varia de R$ 408,46 a R$ 461,32 o metro quadrado,

também dependendo da fonte de informação. Esses valores são relativamente inferiores

aos dos Conjuntos III e V, cujo metro quadrado corresponde respectivamente aos

valores de R$ 514,01 a R$ 641,80, e de R$ 515,93 a R$ 678,75. No que diz respeito ao

Conjunto IV, a informação é de que seu preço é de R$ 637,60 a R$ 742.03 pela unidade

de área. De qualquer modo, embora seja possível traçar algumas conclusões sobre esse

indicador a partir desses dados, é notável que a variação de informações dependendo da

fonte pode gerar falhas na avaliação.

3.2.2.2 Manutenção

7DEHOD�����±�1~PHUR�GH�UHVSRVWDV�GDGDV�SHORV�PXWXiULRV�j�TXHVWmR�³4XDQWR� Mi�VH�JDVWRX

HP�FRQVHUWRV�QD�VXD�PRUDGLD"´�H�YDORU�PpGLR�GDV�UHVSRVWDV�SRVLWLYDV�

&RQMXQWR

&RQVHUWR

, ,, ,,, ,9 9 9,

6LP 10 7 18 0 2 3

1mR 26 18 17 40 43 42

1mR�VH�OHPEUD 3 7 4 0 1 0

0e',$��5�� 72,08 622,80 433,43 0,00 141,86 44,77

* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se lembram.

7DEHOD������±�1~PHUR�GH�UHVSRVWDV�GDGDV�SHORV�PXWXiULRV�j�TXHVWmR�³4XDQWR�Mi�VH�JDVWRX

HP�PHOKRULDV�QD�VXD�PRUDGLD"´��H�R�YDORU�PpGLR�GDV�UHVSRVWDV�SRVLWLYDV�

&RQMXQWR

0HOKRULD

, ,, ,,, ,9 9 9,

6LP 32 9 28 34 31 17

1mR 4 17 7 5 14 25

1mR�VH�OHPEUD 3 6 4 1 1 3

0e',$��5�� 3.844,00 691,45 1.868,57 2.908,97 1.809,78 345,60

* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se lembram.

A análise das informações sobre os gastos em consertos, considerando que esse

montante normalmente é crescente com a idade do imóvel, deve-se destacar o pequeno

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21

valor aportado no Conjunto VI, e o fato de que não houve desembolso para esse fim no

Conjunto IV. Os Conjuntos II e V revelaram informações não muito consistentes, no

primeiro caso devido a uma falha no questionário, e no outro caso devido ao fato de que

apenas dois moradores expressaram gastos, que foram excessivamente altos.

Sobre as melhorias realizadas nas unidades, observa-se uma proporcionalidade entre os

gastos efetuados e a renda familiar dos moradores. Apenas o Conjunto I parece chamar

mais atenção pelo excesso de desembolso feito, em contraposição ao baixo nível de

renda e o tempo de moradia, que é relativamente curto em relação aos demais.

Os dados obtidos a partir das questões que buscam respostas sobre a satisfação dos

moradores com os diversos aspectos de habitação estão sintetizados a seguir.

������5HVXPR�GDV�5HVSRVWDV�VREUH�6DWLVIDomR�GRV�0RUDGRUHV

Para uma avaliação geral dos resultados comparativos entre os diferentes conjuntos,

com base exclusivamente na satisfação dos seus usuários, segue a Tabela 3.11, que

sintetiza a média aritmética dos conceitos das diversas questões, separadas entre

unidade, conjunto e entorno. Nesses cálculos são contemplados apenas os aspectos que

puderam ser medidos em conceitos, não tendo sido tampouco considerados pesos

diferentes para cada item. Portanto, a tabela que se segue consiste numa análise

relativamente simplificada da questão do Produto Habitacional, que pode servir como

um dos elementos propiciadores de reflexão sobre o assunto.

7DEHOD�������0pGLD�DULWPpWLFD�GDV�UHVSRVWDV�VREUH�VDWLVIDomR�GRV�PRUDGRUHV

&RQMXQWR

6DWLVIDomR

, ,, ,,, ,9 9 9,

8QLGDGH 5,29 7,03 4,94 6,16 5,83 5,77

&RQMXQWR 4,79 6,65 5,02 5,57 5,50 6,64

(QWRUQR 4,63 4,87 5,16 4,92 3,67 5,70

0pGLD�$ULWPpWLFD 4,90 6,18 5,04 5,55 5,00 6,04

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22

����5(68/7$'26

Quando a análise é restringida ao âmbito da unidade habitacional, observa-se que o

Conjunto II, de nome Paraíso, provido pelo Programa de Mutirão da COHAB-SP,

destaca-se tanto no que diz respeito à área da moradia como à satisfação relatada pelos

usuários. Outro conjunto que se sobressai é o Conjunto IV, Barão de Mauá,

empreendido sob a forma de cooperativa pela Paulicoop. Este é o segundo colocado em

área útil e satisfação dos moradores nos itens abordados, além de apresentar o maior

conceito relativo ao acabamento e um gasto nulo em consertos. Sobre os demais

empreendimentos, quando os requisitos básicos considerados acima são examinados,

pode-se concluir que todos se situam num patamar inferior aos Conjuntos II e IV, e com

qualidade da unidade semelhantes entre si.

No estudo de produto a partir da qualidade, no âmbito do conjunto habitacional, tem-se

novamente um conceito mais alto atribuído ao Conjunto II, tecnicamente empatado com

o Conjunto VI, identificado como Zaki Narchi, do Projeto Cingapura da HABI-SP. Os

Conjuntos IV e V, este último denominado Jardim das Camélias e construído por

intermédio do Plano Empresário da COHAB-SP, apresentam satisfações semelhantes e

estão num nível um pouco superior ao dos Conjuntos I e III, Garra e Lutas, do Programa

Mutirão da CDHU, e Padre Bento, do Programa Empreitada Global da CDHU,

respectivamente.

Ao analisar-se os empreendimentos do ponto de vista de seu entorno e da relação com a

cidade, tem-se uma relativa mudança de configuração na distribuição de qualidade dos

mesmos. Aqui, o Conjunto VI apresenta-se isoladamente como o melhor, uma vez que

foi construído numa região quase central da cidade de São Paulo e privilegiada

principalmente no que diz respeito ao acesso a transporte, abastecimento e serviços. Os

Conjuntos I, II, III e IV tiveram uma avaliação regular para esse requisito, da mesma

forma que o Conjunto V teve o pior conceito, certamente por sua má localização, não só

dada a distância do centro, mas também dada a insuficiência de infra-estrutura e

serviços em seu entorno.

Num estudo abrangente dos aspectos da unidade habitacional, conjunto e entorno,

percebe-se que o Conjunto II é o melhor, seguido do Conjunto VI, o primeiro

destacando-se por um bom desempenho da unidade, e o segundo pelo desempenho de

seu entorno, o que propicia uma boa qualidade de vida a seus usuários. Ainda baseando-

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23

se nos dados obtidos nas seções do questionários relativas à qualidade do produto como

um todo, observa-se que os Conjuntos I, III e V tiveram os piores conceitos atribuídos

pelos moradores, com a ressalva de que o primeiro possui uma área útil

consideravelmente superior à dos outros dois. Enquanto isso, o Conjunto IV ocupou um

grau médio entre os dois blocos: o que engloba os dois casos estudados que tiveram

maior destaque e o outro com os três casos de menor satisfação nessa avaliação global

do desempenho físico dos conjuntos.

Cabe lembrar que os conjuntos Padre Bento, Barão de Mauá e Jardim das Camélias são

ocupados por moradores de uma faixa de renda bem superior à daqueles que habitam os

demais conjuntos, o que pode ter influído na diminuição do grau de satisfação.

Paralelamente, ao se observar os conceitos dados para os conjuntos nos diferentes níveis

de abordagem, constata-se que em geral a satisfação com os itens do entorno é menor

que aquela das análises restritas do conjunto e da unidade habitacional.

Quando se avalia os conjuntos pelo indicador relativo a preço por metro quadrado,

pode-se verificar que os conjuntos construídos em regime de mutirão contribuem

enormemente para a economia de recursos financeiros. Mesmo já tendo se sobressaído

no aspecto satisfação, o conjunto Paraíso obteve o conceito mais alto também nesse

indicador, com um gasto por área bem inferior ao segundo colocado, o conjunto Garra e

Lutas. O conjunto desenvolvido pelo Projeto Cingapura também destacou-se dos demais

com relação ao produto porque, embora tenha sido construído por empreiteiras, isto é,

tendo a incidência total da despesa financeira com a mão-de-obra, teve um preço bem

razoável. Já os Conjuntos III e V têm um preço parecido entre si e consideravelmente

superior ao dos três outros conjuntos já mencionados neste parágrafo. Ainda um pouco

mais caro que todos os anteriores, o Conjunto IV, claramente sem qualquer subsídio

público, tem como desvantagem o fato de que seu sistema de autofinanciamento, que

funciona como uma espécie de consórcio, pode levar o mutuário a ter que esperar pela

entrega do imóvel de dois a cinco anos, efetuando ao mesmo tempo um desembolso

financeiro.

Num cruzamento de dados sobre a qualidade de cada conjunto, com seu preço por metro

quadrado, conclui-se que o Conjunto II foi o melhor e o mais barato para seu

empreendedor, no caso a Prefeitura de São Paulo. Os Conjuntos I e VI, de acordo com

esse critério aparecem em segundo lugar, sendo que os empreendimentos III e V estão

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num patamar ainda inferior. O Conjunto IV, apesar do preço elevado e dos moradores

não lhe atribuírem um conceito positivo notável de satisfação, chamou a atenção como

uma alternativa para a classe média. Afinal, seu preço por metro quadrado foi pouco

superior ao dos conjuntos Padre Bento e Jardim das Camélias, enquanto sua qualidade é

razoavelmente superior, com maior área disponível, melhor acabamento, inclusive

possuindo elevador.

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25

&$3Ë78/2�����&21&/86­2

Com a finalidade de proporcionar uma maior clareza na exposição dos resultados deste

trabalho, optou-se por apresentar suas conclusões sob a forma de “itens”, de acordo com

aspectos como o produto habitacional, a política de eqüidade e o público-alvo

contemplado, e o envolvimento dos diferentes atores sociais.

Um dos entraves enfrentados quando procedeu-se a coleta de informações, foi a

dificuldade de obtenção de dados que pudessem proporcionar uma análise da eqüidade

dos programas no que se refere à concessão de subsídios. Isto acontece porque,

primeiramente, na maioria dos casos, observa-se uma falta de clareza a cerca dos

valores utilizados na produção das unidades habitacionais, isto é, o volume real que

teria sido gasto, contemplando as despesas operacionais das provedoras, por exemplo, e

não só os valores contratuais. Além disso, não foi possível compreender, nos programas

públicos, como se processa a política de subsídios para as diferentes faixas de renda,

juros praticados, etc. No caso do Mutirão da COHAB-SP, por exemplo, essa questão

ainda carecia de regulamentação, apesar de já se ter alguns empreendimentos concluídos

e ocupados na ocasião do levantamento de dados. Outro aspecto que carece de

esclarecimento é a forma como se processa a transferência da residência, se por “venda”

ou “direito de uso”, entre outras.

A seguir, o texto apresenta os itens que sistematizam as conclusões desta dissertação.

����352'872�+$%,7$&,21$/

A pesquisa sobre produto habitacional desenvolvida nesta dissertação revelou que, em

geral, não existe uma forte discrepância entre o nível de satisfação nas moradias

produzidas em cada um desses seis conjuntos, nem uma importante diferença entre as

opiniões dos moradores e as respectivas informações que puderam ser paralelamente

levantadas pelos técnicos que participaram da coleta de dados. Além disso, pode-se

afirmar que o nível de qualidade constatado nas residências produzidas não decepcionou

em nenhum dos casos, podendo inclusive ser considerada de razoável a boa.

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Constata-se uma satisfação de média a ótima no que se refere aos elementos básicos da

construção, tais como estanqueidade, estrutura e instalações hidráulicas e elétricas, o

que pode ser associado à informação sobre a baixa incidência de consertos. No entanto,

um aspecto essencial, que se refere às condições de acesso para os deficientes físicos,

destoou dos demais, revelando um conceito baixíssimo. Já nos itens relativos a

acabamento, quando comparados aos elementos básicos, percebe-se claramente a

existência de um menor grau de contentamento, fato também ratificado pelos

consideráveis investimentos em melhorias. Frente a isso, como recomendação geral,

pode-se destacar a necessidade da manutenção de uma fiscalização técnica eficaz no que

concerne ao projeto e à obra.

No item relativo à tipologia construtiva, salienta-se dois pontos. Primeiramente, a opção

pela edificação em forma de sobrados - ou mesmo unidades térreas isoladas -

geralmente possibilita uma maior facilidade para a adoção de melhorias e ampliações,

algo que pode ser encarado como vantajoso do ponto de vista de adequação ao tamanho

das famílias e ao aumento de renda das mesmas. No entanto, tal possibilidade

normalmente leva à execução aleatória e pouco profissional de ampliações e até de

alterações nas configurações originais das moradias. Tal situação implica no desrespeito

às condições de segurança, conforto, salubridade, estética, meio ambiente, e até mesmo

aos requisitos legais de recuos, taxa de ocupação, etc. Esse problema, existente

principalmente quando se opta por uma provisão habitacional em moradias isoladas ou

geminadas, poderia ser contornado se a provedora fornecesse projetos adequados para

algumas alternativas de ampliação e acompanhamento técnico para os serviços.

Com relação à satisfação com o conjunto habitacional, o único item da infra-estrutura

que apresentou um predomínio de respostas inferior a “bom” foi a iluminação pública.

Além disso, os itens que compreendem o nível de análise do agrupamento de moradias e

sua inserção na cidade demonstram haver, em geral, uma satisfação razoável em relação

à localização do conjunto, no entanto, inferior àquela relativa à unidade. Isto indica, a

princípio, que o processo de determinação do sítio de implantação deve ser um pouco

mais aprimorado.

A problemática que envolve esse assunto, incluindo sua relação com a proximidade dos

equipamentos urbanos, pode ser determinante na elevação dos gastos de dinheiro e

tempo em transportes, principalmente para os trajetos cotidianos, como para o trabalho e

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para a escola, o que muitas vezes pode inviabilizar tais atividades. Pela análise dos

conjuntos percebeu-se que, em geral, as distâncias não se apresentaram tão

desfavoráveis, a não ser no que diz respeito ao item OD]HU que, com exceção do

Conjunto VI, resultou numa condição ruim. Portanto, é razoável uma recomendação no

sentido de não se ignorar esse aspecto quando do planejamento de implantação de

conjuntos habitacionais. Afinal, equipamentos de lazer como teatros, cinemas e praças

de esportes, contribuem de modo significativo para a melhoria da qualidade de vida de

pessoas de todas as faixas etárias, e mesmo para o aprimoramento das relações sociais,

cuja carência pode estar associada ao vandalismo e à criminalidade.

Além disso, diversos pontos que se apresentaram como críticos nesta análise de produto

habitacional, como localização e acesso a equipamentos urbanos, encaminham a

discussão sobre alternativas de moradia popular em áreas centrais da cidade de São

Paulo. Isso viria proporcionar benefícios tanto para a própria cidade, pela melhor

otimização dos espaços urbanos e da infra-estrutura, como para os mutuários, que

poderão gozar de um entorno e de uma localização que normalmente não existe nos

conjuntos de periferia. Todavia, é necessário que tal processo, e mesmo a provisão

habitacional como um todo, estejam inseridos num estudo urbano que considere as

demandas de utilização da infra-estrutura existente.

Uma analogia deste de tipo de intervenção com a proposta do Programa Cingapura,

abordado nesta pesquisa, pode ser feita se tomarmos como base algumas de suas

características (ver capítulos 3 e 4). Afinal, tal modo de provisão preconiza a utilização

de áreas visando sua melhoria e melhor aproveitamento espacial. No entanto, o processo

destina-se a regiões “favelizadas”, normalmente em terrenos públicos e cujo

planejamento urbano e ambiental previamente o reservava para outros fins,

diferentemente do que costuma ocorrer quando da opção pela recuperação de prédios

desocupados.

����(4h,'$'(�(�3Ò%/,&2�$/92

Nos empreendimentos pesquisados, verificou-se uma divisão bem nítida entre dois

grupos de renda familiar média distinta: conjuntos I, II e VI entre R$ 448,15 e 613,96; e

os conjuntos III, IV e V com renda média entre R$ 1.207,95 e 1.647,82. Isso mostra que

em dois casos onde foi utilizado financiamento governamental, atendeu-se um público-

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alvo com renda média superior a 10 salários mínimos, na época da pesquisa. Com isso,

conclui-se que, dada a gravidade do atual déficit de moradias, optou-se por destinar uma

parcela das poucas unidades que são providas pelo poder público, a uma parcela da

população que, mesmo que enfrente dificuldades, não faz parte daqueles grupos em que

o problema é mais severo. Tal situação, no entanto, reflete de certa forma a postura dos

órgãos financiadores, cuja preocupação principal, normalmente, é a garantia de retorno

dos recursos emprestados. De qualquer forma, como já foi mencionado no início deste

capítulo, não foi possível obter informações mais precisas sobre subsídios que

permitissem uma análise mais objetiva sobre os critérios de eqüidade que permeiam

essa questão.

Outra questão que se refere à escolha do público-alvo, mas é oriunda da abordagem do

produto habitacional, é o grau de acabamento a ser efetuado quando da produção de

moradias populares. Afinal, deve-se oferecer soluções diferenciadas dependendo das

condições específicas de cada grupo. Famílias com pessoas habilidosas na execução de

serviços, e que apresentem disponibilidades financeiras após a ocupação de sua nova

residência, poderiam receber sua unidade habitacional com um acabamento mais bruto,

apenas imprescindível para a habitabilidade temporária, até que as melhorias possam ser

feitas. A redução de custos decorrente de se repassar esse ônus para os mutuários pode

ser revertida para a redução das prestações ou incremento da área da casa ou

apartamento.

Por outro lado, quando a demanda for representada por famílias sem condições mínimas

para realizar serviços de acabamento na moradia, é aconselhável que a residência seja

entregue em melhores condições de acabamento. Cabe ressaltar que estas

recomendações advém da observação, feita nos conjuntos estudados, de que algumas

unidades habitacionais apresentavam-se com revestimentos e acessórios instalados de

boa qualidade, inclusive com substituição de materiais originais por outros melhores,

enquanto que outras, mesmo após anos de ocupação, continuavam com o acabamento

original, ainda que esse fosse de baixa qualidade.

����$725(6�(192/9,'26�12�352&(662

Uma das características que diferencia alguns dos modos de provisão pesquisados, é o

fato de que os atores sociais – poder público, setor privado, ONGs, OCBs – apresentam

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papéis distintos. Além disso, essa questão vem fazendo parte do debate sobre a melhoria

dos indicadores habitacionais, como foi abordado no capítulo 1 desta dissertação.

Pela avaliação comparativa entre os empreendimentos, mostrada no capítulo 4, é fácil

concluir que, do ponto de vista da qualidade do produto, há diferenças, mas elas não são

significativas. Um ponto que ficou nítido, refere-se à melhor relação custo/qualidade

nos conjuntos I e II, que em cujo processo, tiveram envolvimento de ONGs e OCBs –

respectivamente representadas pelas assessorias técnicas e associações de moradores.

No entanto, eles agregam em seus verdadeiros custos um valor não computado, que é

relativo ao trabalho dos mutirantes. Assim, pelos critérios de análise utilizados, não é

possível inferir sobre o impacto da participação desses atores. Alem disso, baseando-se

nos quesitos estética, disposição arquitetônica e conforto ambiental, observa-se que não

existe um vínculo claro entre a participação dos associados na elaboração dos projetos,

que foi detectada nesses programas, e a qualidade do produto final.

Quando se compara os dados sobre os conjuntos III, IV, V e VI - e se considera os

parâmetros qualidade, tamanho e preço - percebe-se também a existência de pouca

diferenciação. A única diferença considerável entre eles, no que diz respeito aos atores

envolvidos, é que o conjunto IV é empreendido pelo setor privado, enquanto que nos

demais a provisão é pública. Portanto, tal comparação mostra que a troca de setores para

o papel de provedor não resultou em diferença significativa na qualidade e eficiência.

No entanto, como já foi ressaltado, as provedoras públicas normalmente têm gastos

“ocultos”, com a própria manutenção de sua estrutura, sendo que tais valores

normalmente não são somados aos custos dos imóveis produzidos.

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BOLETINS TÉCNICOS PUBLICADOS

BT/PCC/254 O Conceito de Tempo Útil das Pastas de Gesso. RUBIANE PAZ DO NASCIMENTOANTUNES, VANDERLEY MOACYR JOHN.15p.

BT/PCC/255 Impactos Ambientais Causados por Resíduos Sólidos Urbanos: O Caso de Maringá/PR.GENEROSO DE ANGELIS NETO, WITOLD ZMITROWICZ. 24p.

BT/PCC/256 Produção e Obtenção de Barras de Fios de Aço para Concreto Armado. OSWALDOCASCUDO MATOS, PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 16p.

BT/PCC/257 Influência do Tipo de Cal Hidratada na Reologia de Pastas. FABÍOLA RAGO, MARIAALBA CINCOTTO. 25p.

BT/PCC/258 Metodologia para Análises Ergonométricas de Projetos Arquitetônicos com Base na Teoriados Sistemas Nebulosos. ANA LÚCIA NOGUEIRA DE CAMARGO HARRIS, CHENGLIANG-YEE. 33p.

BT/PCC/259 Estudo da Água do Poro de Pastas de Cimento de Escória pelo Método da Água deEquilíbrio. CLÁUDIA T. A. OLIVEIRA, VAHAN AGOPYAN. 12p.

BT/PCC/260 Concreto com Fibras de Aço. ANTÔNIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO. 68p.

BT/PCC/261 Alocação de Espaços em Arquitetura: Uma nova metodologia utilizando lógica nebulosa ealgoritmos genéticos. MARIO MASAGÃO ANDREOLI, DANTE FRANCISCOVICTÓRIO GUELPA. 24p.

BT/PCC/262 Contribuição ao Estudo da Resistência à Corrosão de Armaduras de Aço Inoxidável.LEONEL TULA, PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 20p.

BT/PCC/263 Ferramentas e Diretrizes para a Gestão da Logística no Processo de Produção de Edifícios.FRED BORGES DA SILVA, FRANCISCO FERREIRA CARDOSO. 25p.

BT/PCC/264 Indicadores de Salubridade Ambiental em Favelas Localizadas em Áreas de Proteção aosMananciais: O caso da favela Jardim Floresta. MARCO ANTONIO PLÁCIDO DEALMEIDA, ALEX KENYA ABIKO. 28p.

BT/PCC/265 Difusão de Cloretos e a Influência do Grau de Saturação do Concreto: Ensaio em laboratórioe medição de obra em uso. ANDRÉ T. C. GUIMARÃES, PAULO ROBERTO DO LAGOHELENE. 19p.

BT/PCC/266 Análise Econômica de Empreendimentos de Longo Horizonte de Maturação: Taxa deRetorno Compensada. JOÃO DA ROCHA LIMA JR. 15p.

BT/PCC/267 Arbitragem de Valor de Hotéis. JOÃO DA ROCHA LIMA JR. 55p.

BT/PCC/268 Diretrizes para Produção de Contrapisos Estanques. EDUARDO HENRIQUE PINHEIRODE GODOY, MERCIA M. S. BOTTURA DE BARROS. 36p.

BT/PCC/269 Produtividade da mão-de-obra na execução de alvenaria: detecção e quantificação de fatoresinfluenciadores. LUÍS OTÁVIO COCITO DE ARAÚJO, UBIRACI ESPINELLI LEMESDE SOUZA. 24p

BT/PCC/270 Influência do volume de pasta na zona de transição pasta/agregado com relação àspropriedades mecânicas e de durabilidade do concreto. ELIANE PEREIRA DE LIMA,PAULO R. L. HELENE. 13p.

BT/PCC/271 Análise Econômica de Empreendimentos de Longo Horizonte de Maturação - IndicadoresAvançados para Análise da Qualidade do Investimento. JOÃO DA ROCHA LIMA JR. 24p.

BT/PCC/272 Resistência à corrosão no concreto dos tipos de armaduras brasileiras para concreto armado.OSWALDO CASCUDO, PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 20p.

BT/PCC/273 A provisão habitacional e a análise de seu produto. LEANDRO DE OLIVEIRA COELHO.EDMUNDO DE WERNA MAGALHÃES. 32p.

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Escola Politécnica da USP - Deptº de Engenharia de Construção CivilEdifício de Engenharia Civil - Av. Prof. Almeida Prado, Travessa 2

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