LER = APAGAR_Leila DANZIGER

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A ser publicado em: Quinet, Raquel. (org.) “Encontros com arte”, Juiz de Fora: EDUFJF, 2015.

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  • Ler = apagar1 Leila Danziger

    Somente a mo que apaga pode escrever.2

    J.L.Godard

    Ler diariamente um determinado jornal significa compartilhar valores

    tico-estticos transmitidos pela pgina impressa, cuja inteligibilidade

    depreendida, no apenas do contedo das informaes, mas do conjunto de

    signos grficos, imagens, formato, qualidade do papel, entre outros elementos.

    H tempos compartilho a certeza de Giulio Argan que alm de historiador da

    arte foi prefeito de Roma de que todas as pesquisas visuais deveriam ser

    organizadas como pesquisa urbanstica: faz urbanismo o escultor, faz

    urbanismo o pintor, faz urbanismo at mesmo quem compe uma pgina

    tipogrfica 3, pois esta se inscreve como um valor, mesmo que em escalas

    mnimas, no sistema de valores. No h dvidas de que a palavra inscrita no

    espao da cidade um dos componentes de nossa partilha do sensvel, para

    usar a bela e contundente expresso de Jacques Rancire. Esta a convico

    que anima extensa srie de trabalhos que desenvolvo desde meados da

    dcada de 2000, e que orientou uma experincia com jornais israelenses em

    um perodo de seis meses em que vivi em Tel Aviv4.

    Tornar-se leitor de um jornal no local onde ele produzido constitui-se

    em experincia radicalmente distinta quela de acompanhar uma publicao a

    partir de um pas estrangeiro mesmo que seja possvel o acesso pela Internet

    (o que implica outra cultura material e cdigos diversos) , pois, distncia, a

    notcia isolada do rumor da lngua e das informaes que, ao circularem,

    1 Este texto se constitui a partir de dois registros de escrita: anotaes feitas em forma de dirio (escrito entre Tel Aviv e Jerusalm em 2011) e reflexes sobre o trabalho realizado. Publicado em: Quinet, Raquel. (org.) Encontros com arte, Juiz de For a: EDUFJF, 2015. 2 Seule la main qui efface peut crire. GODARD, Jean-Luc. Histoire(s) du Cinma, 1998. 3 ARGAN. G.C. O Espao visual da cidade, in: Histria da Arte como histria da cidade, So Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 224. 4 Em janeiro a junho de 2011, realizei estgio de ps-doutorado junto Bezalel Academy of Arts and Design Jerusalm, com a superviso de Nahum Tevet e bolsa do CNPq.

  • constituem seu ambiente fsico. Implica igualmente integrar efetivamente uma

    certa comunidade de leitores, com determinadas orientaes polticas e

    ideolgicas, reunidos de alguma forma por aquela publicao. Em Israel,

    interessava-me ainda observar e refletir sobre a insero da mdia na

    constituio da paisagem urbana e tambm a paisagem sonora que envolve a

    experincia miditica. Minha experincia era orientada pelo fato de que desde

    o final do sculo XIX, as bancas e os quiosques de jornais fizeram parte

    indelvel do espao da cidade com suas configuraes efmeras e infindveis

    variantes. Os surrealistas se entregaram cidade e fizeram dos textos urbanos

    guias de suas derivas. Mais tarde, j na dcada de 1960, a paisagem-texto

    adquiriu forma contundente nos escritos de Robert Smithson, por exemplo.

    Basta lembrarmos Um passeio pelos monumentos de Passaic (1967), em que o

    artista americano descrevia a perfeita continuidade entre o mundo que v pela

    janela do nibus em movimento e as imagens e textos impressos em um

    exemplar de jornal recm-adquirido.5 Essa continuidade ou indiscernibilidade

    entre imagem e mundo uma das articulaes que persigo. Em Tel Aviv,

    busquei apreender a paisagem miditica no contexto mais amplo daquele

    urbanismo e das diversas comunidades de leitores constitudas pelos

    diferentes jornais impressos.

    Em Israel, as publicaes so vendidas em lojas de convenincia ou

    supermercados. No h quiosques, estes castelos de informaes que

    integram a paisagem em tantas cidades brasileiras, onde alguns ainda cultivam

    o hbito de ler as manchetes em frente banca, de p, sem comprar o jornal,

    realizando performances de leitura bem singulares. Compreendo que o ato da

    leitura significa bem mais do que a decodificao de um grafismo, tendo em

    vista a coleta de uma informao. A leitura implica sempre um ato de

    recepo que pressupe a presena concreta de um participante com seu

    corpo e seus gestos.

    Desacelero o passo ao ver um jornal cado sobre a

    calada. No sem esforo, leio a palavra Post, escrita em

    5 SMITHSON, Robert. Um passeio pelos monumentos de Passaic, Nova Jersey. In: Arte & Ensaios, Revista do programa de Ps-Graduao em Artes Visuais EBA, UFRJ, nmero 19, dezembro de 2009, pp. 163 164.

  • hebraico. Trata-se de um tablide gratuito, distribudo em

    vrios pontos de Tel Aviv. Inutilmente, tento decifrar algo

    do texto que o acaso me oferece. Estou no fim da rua em

    que moro, quase na esquina da grande avenida que beira

    o mar Mediterrneo. Procuro a filmadora em minha bolsa,

    na tentativa de registrar aquele encontro com o jornal,

    transformando-o em uma ao efetiva de leitura. Em vo.

    O vento golpeia as pginas e as dispersa no asfalto. Os

    carros passam. Perco de vista o jornal, mas este o

    primeiro de uma srie de encontros e desencontros com

    as informaes no espao da cidade.

    O que procurava na mdia impressa israelense era uma via de acesso a

    este espao pblico privilegiado constitudo pelos jornais, e um meio de

    interagir com a profunda heterogeneidade daquela sociedade, refletida em

    suas inmeras publicaes cotidianas em diferentes lnguas. E quando penso

    na pluralidade e nos desafios de coexistncia, no me refiro exclusivamente

    tenso extrema e insuportvel entre judeus e palestinos, mas tambm s

    inmeras tenses internas entre as diversas comunidades judaicas em Israel.

    Guardadas as devidas propores, no creio que as tenses sejam, por

    princpio, negativas. Como observa Guattari ao delinear uma ecologia social,

    longe de buscar um consenso cretinizante e infantilizante, a questo ser, no

    futuro, a de cultivar o dissenso e a produo singular de existncia.6 E o

    pensador continua, afirmando que preciso desenvolver uma inventividade

    permanente para imaginarizar os diversos avatares da violncia, sem os

    quais, a sociedade corre o risco de faz-los cristalizar-se no real.7

    Minhas leituras dos jornais foram realizadas tendo como fundo a

    experincia do trnsito entre lnguas estrangeiras (hebraico, rabe, ingls,

    russo, francs). Busquei dar forma ao rumor contnuo que me envolvia,

    obrigando-me a um esforo constante de tradues sgnicas, intuitivas e

    sumrias, identificando rudos e sonoridades. E mesmo que o hebraico

    moderno tenha se afirmado como lngua oficial em Israel, vale lembrar que ela 6 GUATTARI, Felix. As trs ecologias. Campinas: Papirus, 1990, p. 46. 7 Idem, p. 43.

  • surge sobre os destroos de uma outra lngua, o diche, falada pelos judeus do

    leste europeu, desaparecida como lngua falante na segunda grande guerra.

    Para Kafka, o idiche revela uma forma de contato com a alteridade que

    mantm asperezas produtivas, pois compem-se somente de palavras

    estrangeiras, que conservam a urgncia e a vivacidade com as quais foram

    acolhidas. O idiche percorrido (...) pelas migraes dos povos. Tudo aquilo,

    alemo, judaico, francs, ingls, eslavo, holands, romeno e at latino (...),

    preciso uma certa energia para manter unidas vrias lnguas dessa forma. 8

    Mantendo em meu horizonte essa afirmao de Kafka, busquei elaborar

    narrativas feitas de rudos diversos, sons do mundo, registros de jornais

    televisivos, acrescentando-lhes uma camada decisiva, que foi a voz de Paul

    Celan, poeta romeno de lngua alem, originrio da Mitteleuropa como Kafka e

    Elias Canetti. Celan nunca foi cidado alemo, mas nem mesmo a poltica de

    extermnio e a violncia manifesta na linguagem administrativa do Terceiro

    Reich foram incapazes de faz-lo abandonar sua lngua materna.

    Reconhecendo o carter degradado da lngua alem e negando-se

    simplesmente a no mais pronunci-la, Celan afirma o esforo daquele que vai

    lngua com seu ser ferido de realidade e em busca de realidade.9

    Num jogo de transmisses feito de apagamentos e acrscimos, recolhi

    uma palavra de um poema de Paul Celan que me acompanha em vrios

    trabalhos. Trata-se da palavra Pallaksch, que finaliza o poema Tbingen,

    Janeiro, escrito por Celan em homenagem a outro poeta Friedrich Hlderlin

    , autor de clebres elegias e hinos em lngua alem, e que viveu mais de trs

    dcadas recluso em uma torre s margens do rio Neckar. Nesses anos,

    Hlderlin inventou uma espcie de lngua prpria e, nessa lngua, a palavra

    pallaksch poderia significar ao mesmo tempo sim e no. No poema

    Tbingen, Janeiro, Celan sugere que o nico modo de se falar da atualidade

    seria a lalao (lallen und lallen), uma fala balbuciante, aqum das palavras e

    do sentido. Creio que venho construindo narrativas pelo silenciamento da fala

    8 KAKFA, Rede ber die jidische Sprache (1912) apud. ZEVI, Bruno. O judasmo e a concepo espao-temporal da arte, in: Arquitetura e Judasmo: Mendelsohn, So Paulo: Perspectiva: 2002, p.17. 9 CELAN, Paul. Ansprache anlsslich der Entgegennahme des Literaturpreises der Freien Hansestadt Bremen, in: Ausgewhlte Gedichte. Frankfurt: Suhrkamp, 1968, p. 129.

  • excessivamente desenvolta, incansvel e exaustiva dos jornais, e em seu lugar

    carimbo o incompreensvel pallaksch. A sonoridade de pallaksch, duplicada

    como surge no poema de Celan, me pareceu um ttulo apropriado para alguns

    trabalhos que surgiram a partir de gestos repetitivos (apagar os jornais e em

    seguida carimb-los com a palavra potica), e que desejam assim fazer surgir

    uma fala mais prxima do indizvel que nos move. As instalaes realizadas em

    torno dessas questes so voltadas para a espacializao dos resduos

    (materiais e sonoros) produzidos a partir desse processo de apagamento e

    reedio dos jornais impressos. Em um dos videos realizados com os jornais

    isrelenses a voz de Celan, lendo seu poema, mistura-se a diversas camadas

    de vozes extraidas de noticirios televisivos. O que quero fazer surgir um

    rumor contnuo, ritmado pela voz do poeta, que se mistura ao rudo repetitivo,

    excessivo e descartvel das informaes que nos envolvem.

    Filmo os jornais. Tento inseri-los em outro regime de

    tempo. Escolho uma srie de pginas que trazem

    imagens de crianas israelenses de origem etope (negras

    portanto), fantasiadas para a festa de Purim. E retiro, do

    mesmo jornal, cenas memorveis da Praa Tahrir, no

    Cairo, tomada pela multido em revoluo esperanosa.

    Ao filmar, no h como impedir que os sons da cidade se

    integrem aos rudos da ao de apagar os jornais e

    silenciar o excesso de informaes. Reajo mal a essas

    contaminaes de rudos. Inicialmente, preferiria guardar

    a pureza dos sons de minha performance de leitura. Mas

    pouco a pouco compreendo que as interferncias so

    bem vindas. Oraes de uma mesquita, barulho de sinos,

    vozes em uma lngua indistinta. mesmo importante que

    o espao sonoro, ao menos, no seja divido por nenhuma

    fronteira instransponvel.

    O esforo de elaborao da noo de leitura foi sendo delineado ao

    longo de minha prtica artstica, cujo gesto construtivo essencial uma

  • experincia fsica, concreta, material de leitura. Pois se a escrita manual um

    trabalho que exige o corpo todo (como to bem observou Barthes ao escrever

    sobre a pintura de Cy Twombly), o mesmo vlido para a leitura, que

    realizada com o corpo em integridade. A leitura aqui praticada um processo

    de extrao, em que os jornais so apagados, esvaziados, descascados, em

    operaes que devem ser precisas, exatas ou tudo se perde. A produo de

    vdeos em que o aspecto material, efetivamente fsico da leitura realizada com

    os jornais, registrado e editado, revela certo carter performativo da

    experincia realizada e que procura dar forma uma narrativa composta de

    gestos e rudos, uma modalidade de escritura elaborada a partir do excesso e

    da entropia de informaes.

    Em Jerusalm, hospedo-me em um pequeno (quase

    secreto) hotel familiar dentro dos muros da cidade velha.

    Em busca de uma luminosidade favorvel que me permita

    realizar o trabalho, encontro uma mesa de cimento no

    parque infantil do bairro judaico. minha frente, um

    pequeno campo de futebol, que, mesmo vazio, confere

    alguma leveza e esperana quele fascinante canto do

    mundo, ameaado pelo excesso de (suposta) santidade.

    Em minha estadia em Israel, a ausncia de um ateli, ou

    seja, de um lugar especfico dedicado prtica artstica,

    me fez compreender e acentuar a permeabilidade do

    processo de registro da leitura dos jornais. Ao contrrio de

    um lugar que propiciasse condies ideais de um

    laboratrio (controle de luz e de som adequado ao

    registro das imagens), a leitura dos jornais israelenses se

    deu a partir de uma inevitvel contaminao com o

    espao da vida. O que a princpio foi uma grande

    estranheza a necessidade de trabalhar em diferentes

    lugares improvisados e no isolados de rudos externos

    transformou-se na possibilidade mesma de conferir nova

    camada de sentido ao trabalho.

  • Apagar os jornais anim-los, fazer com que cintilem por dois ou trs

    segundos, silenciados e afastados da urgncia da informao. Os

    apagamentos geram imagens em movimento. O momento da filmagem de

    fato o momento da leitura, intermediada pela cmera afixada a um discreto

    trip. E o trabalho s se torna possvel pelas dimenses da cmera digital, sua

    capacidade de integrao ao meu prprio corpo.

    30 de maro de 2011. Pouco antes das trs da tarde em

    Jerusalm. Enquanto almoo em um restaurante

    vegetariano na Jaffa Road, a inglesa Mary Jane Gardner

    estava em um ponto de nibus em frente rodoviria.

    Chegamos a Israel na mesma poca, com o propsito de

    permanecer o mesmo perodo de tempo. Ela viveu 20

    anos no Togo e seu projeto era aprender hebraico para

    traduzir a Bblia em uma lngua africana. Sua fotografia

    no deveria estar no pequeno artigo que a identificava

    como a nica vtima fatal de um ataque terrorista na

    cidade aps trs anos. Tristemente, na forma de uma

    homenagem impotente, integro-a narrativa que construo

    daqueles dias.

    Na frase de Godard inserida como epgrafe deste texto j existe um

    apagamento, pois trata-se de uma citao de Matre Eckhart, mstico medieval,

    em que o cineasta francs suprimiu a parte final da sentena que originalmente

    afirmava: Somente a mo que apaga escreve a verdade. Com Godard, a

    pretenso de escrever a verdade deixada de lado e o que est em jogo a

    prpria condio de possibilidade da escrita. Somente quem apaga, consegue

    escrever, desprendendo-se daquilo que exerce autoridade. Em meu trabalho,

    apagar significa escolher, selecionar, colocar em destaque essa ou aquela

    informao, palavra, imagem ou apenas deixar que restos de cor subsistam,

    como na srie Para Irineu Funes (2006), dedicada ao personagem do conto

  • de Borges que era incapaz de esquecer. Nestes trabalhos, todo o texto

    informativo dos jornais foi efetivamente extrado, pois buscava transformar os

    jornais em um murmrio de informaes cromticas. No lugar da informao,

    carimbei frases retiradas de conto: Mis sueos son como la vigilia de ustedes.

    Mi memoria, seor, es como un vaciadero de basuras. E ainda: Ms

    recuerdos tengo yo que los que habr tenido todos los hombres desde que el

    mundo es mundo.

    A aquisio da hiper memria pelo personagem surge aps uma queda

    de cavalo que deixa o jovem Irineu Funes paralisado, preso para sempre ao

    leito. A memria totalizadora do personagem de fato incompatvel com a

    mobilidade da vida. No apagamento no esquecimento seletivo - surge a

    possibilidade mesma do movimento, do fluxo, da narrativa, e creio que toda a

    dificuldade est na construo dos valores capazes de nortear o que lembrar e

    o que esquecer (configuraes sempre provisrias, espera de novas

    configuraes e sentidos).

    Caminhando no centro de Jerusalm, encontro um banco

    de jardim que um monumento: discreto, singelo, sem

    distinguir-se de outro banco qualquer. Trata-se do banco

    de Julia Goldmuntz, homenageada por ocasio de seu

    85 aniversrio, comemorado em janeiro de 1983. Ela no

    lembrada na condio de personalidade pblica, como

    compreenderia o senso comum, mas apenas como

    afetuosa amiga da cidade. Embora o banco no aspire

    condio de obra artstica, nele se manifesta a

    conscincia que percorre certo nmero de obras

    realizadas em espao pblico desde as ltimas dcadas

    do sculo XX. Tais obras no sobrecarregam a memria

    da cidade com formas e monumentos tradicionais, mas

    abrem novas visadas e horizontes, que propiciam

    mediaes ou, ainda, inscrevem datas, nomes e senhas

    na cidade h tempos compreendida como um texto

    inesgotvel. O discreto banco dedicado Julia

  • Goldmuntz, idntico a qualquer outro banco de jardim,

    escapa nostalgia sentimento cujo risco nos

    imobilizar em um passado idealizado na medida em

    que sugere a possibilidade de que qualquer habitante,

    efetivamente compromissado tanto com a histria da

    cidade quanto com seus desafios futuros, poderia ter sua

    memria afirmada de modo delicado e potente no

    espao da vida.

    Leila Danziger

    Artista plstica, professora do Instituto de Artes da UERJ e pesquisadora do CNPq. doutora em histria pela Puc-Rio (2003), com ps-doutorado na Bezalel Academy of Arts and Design Jerusalem, Israel (CNPq, 2011) e na Universidade de Rennes 2, Frana (CAPES, 2015). Publicou Dirios pblicos (Contra Capa, 2013), Todos os nomes da melancolia (Apicuri, 2012), e Trs ensaios de fala (7Letras, 2012). Entre suas exposies recentes, destaca-se a individual O que desaparece, o que resiste (FUNARTE, Belo Horizonte, 2014) e a coletiva H escolas que so gaiolas e h escolas que so asas. (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, 2014).