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398 Estudos Feministas, Florianópolis, 21(1): 395-412, janeiro-abril/2013 Uma leitura a contrapelo do colonialismo Uma leitura a contrapelo do colonialismo Uma leitura a contrapelo do colonialismo Uma leitura a contrapelo do colonialismo Uma leitura a contrapelo do colonialismo em terras moçambicanas em terras moçambicanas em terras moçambicanas em terras moçambicanas em terras moçambicanas Os olhos da cobra verde. 2. ed. Maputo: Edição da autora, 2008. 96 p. MOMPLÉ, Lília. Lília Maria Clara Carrière Momplé nasceu em 19 de março de 1935, na mítica Ilha de Moçambique, localizada ao norte do país, na província de Nampula. Concluiu seus estudos secundários na capital da colônia, na cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo). Na universidade, frequentou durante dois anos o curso de Filologia Germânica, deixando-o para formar- se em Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Depois de uma temporada na Grã-Bretanha (durante 1964) e de outra no Brasil (de 1968 a 1971), a escritora regressa definitiva- mente a Moçambique, no ano de 1972. Apesar de suas colaborações dispersas na imprensa, Lília Momplé destaca-se no cenário da literatura moçambicana por seus três livros: Ninguém matou Suhura (contos, 1988), Neighbours (romance, 1996) e Os olhos da cobra verde (contos, 1997). Em 2001, foi agraciada com o Prêmio Caine para Escritores da África, com o conto “O baile de Celina” (publicado no volume Ninguém matou Suhura). Além deste prêmio, recebeu também o 1º Prêmio de Novelística no Concurso Literário do Centenário da Cidade de Maputo, com o conto “Caniço” (também publicado em Ninguém matou Suhura). Estes dois contos foram originalmente publicados em seu

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    Uma leitura a contrapelo do colonialismoUma leitura a contrapelo do colonialismoUma leitura a contrapelo do colonialismoUma leitura a contrapelo do colonialismoUma leitura a contrapelo do colonialismoem terras moambicanasem terras moambicanasem terras moambicanasem terras moambicanasem terras moambicanas

    Os olhos da cobra verde. 2. ed.

    Maputo: Edio da autora, 2008. 96 p.

    MOMPL, Llia.

    Llia Maria Clara Carrire Mompl nasceuem 19 de maro de 1935, na mtica Ilha deMoambique, localizada ao norte do pas, naprovncia de Nampula. Concluiu seus estudossecundrios na capital da colnia, na cidade deLoureno Marques (hoje Maputo). Nauniversidade, frequentou durante dois anos o cursode Filologia Germnica, deixando-o para formar-se em Servio Social no Instituto Superior de Servio

    Social de Lisboa. Depois de uma temporada naGr-Bretanha (durante 1964) e de outra no Brasil(de 1968 a 1971), a escritora regressa definitiva-mente a Moambique, no ano de 1972.

    Apesar de suas colaboraes dispersas naimprensa, Llia Mompl destaca-se no cenrioda literatura moambicana por seus trs livros:Ningum matou Suhura (contos, 1988),Neighbours (romance, 1996) e Os olhos da cobraverde (contos, 1997). Em 2001, foi agraciada como Prmio Caine para Escritores da frica, com oconto O baile de Celina (publicado no volumeNingum matou Suhura). Alm deste prmio,recebeu tambm o 1 Prmio de Novelstica noConcurso Literrio do Centenrio da Cidade deMaputo, com o conto Canio (tambmpublicado em Ningum matou Suhura). Estes doiscontos foram originalmente publicados em seu

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    primeiro livro, Ningum matou Suhura. LliaMompl tem livros traduzidos para o ingls e oalemo, por editoras de reconhecido prestgio,tal como a Heinman. Depois de 11 anos semreedio, vem a lume, em 2008, a segundaedio de seu segundo livro de conto, intituladoOs olhos da cobra verde.

    Os olhos da cobra verde um livro com-posto por seis contos, todos eles baseados emfactos verdicos ocorridos em Moambique (p.94), como a prpria autora afirma ao final dacoletnea. Todos eles esto ambientados emMoambique, em um perodo situado desde osfins da guerra civil que se seguiu independncianacional que ocorreu em 1975 (como O sonhode Alima ou Os olhos da cobra verde) at operodo imediatamente posterior assinatura doAcordo Geral de Paz, em Roma, no ano de 1992(como em Stress ou Um canto para morrer).

    No conto Stress, so narradas duas histriaspararelas, que se entrecruzam em um momentotrgico. De um lado, conta-se a histria daamante do major-general, e de como estaconsegue sair de Malhangalene (um dos bairrospobres e perifricos de Maputo) e estabelecer-se na Polana, o bairro mais caro da capitalmoambicana, graas s benesses que lhe sopropiciadas pelo amante. De outro, conta-se ahistria de um professor annimo que, nas tardesde domingo, toma sua cerveja, tentando afogaras agruras orindas das preocupaes, com osouvidos colados em seu xirico (um pequenoradinho de pilhas) e s vistas da amante do major-general, que olha entediada para este quadrotodas as tardes de domingo.

    A indiferena do professor aos olharesprovocantes da amante leva-a a depor contrao mesmo quando este condenado, emfuno do assassinato da prpria esposa:

    Neste dia, a amante do major-general ser anica testemunha de acusao. Nem mesmoos familiares da esposa do ru se prestaro adepor contra ele, porque, apesar de campniosanalfabetos, carregam em si uma sabedoriaantiga que lhes permite distinguir um criminosode um homem acuado pelo desespero.A amante do major-general, porm, logo quetiver conhecimento da tragdia, ousandomesmo contrariar o amante, apresentar-se-como testemunha de acusao, aproveitando-se da privilegiada situao de vizinha do ru.E, nessa hora de vingana, incriminar oprofessor com afirmaes temerrias e falsas.E, a certa altura, dir mesmo, peremptria: Oru cometeu o crime premeditadamente. Eleno gosta de mulheres, eu acho! (p. 12).

    Em Os olhos da cobra verde, a narradorafala dos augrios prenunciados pela apariode uma cobra verde a sinalizar boas notcias.Entretanto, a leitura dos sinais da tradio apenas o pretexto para que Vov Facacherelembre os ltimos anos de sua vida, desde afuga de sua terra natal at o seu presente,vivendo na Mafalala:

    s ento tu a Cobra Verde, da terra do meupai? Vieste aqui parar, talvez como eu, fugidade tanta guerra, no ?, pergunta ela, em vozalta pois tem a estranha sensao de serentendida pela Cobra (p. 23).

    Vov Facache uma velha senhora negramoambicana, originria do norte do pas, quemigrou para o sul em funo dos conflitos entre aFrente de Libertao de Moambique (FRELIMO)e a Resistncia Nacional de Moambique(RENAMO) ao longo da Guerra dos 16 anos,conflito civil que seguiu logo aps aindependncia do pas em 1975. A partir domotivo mtico tradicional, a voz narrativa vaiarticulando as dificuldades, lembranas e tristezasde Vov Facache com o perodo histrico noqual se estendeu a Guerra dos 16 anos. O lirismocom o qual a voz narrativa constri a imagem dapersonagem Vov Facache, colocando umamulher simples e humilde em um lugar privilegiadoao colaborar para a construo da identidadenacional moambicana, ecoa simultaneamenteos procedimentos utilizados em Sangue negro(2001), volume pstumo de poemas de Nomiade Souza. O bom augrio dado pela aparioda Cobra Verde, j no fim da Vida de VovFacache, configura-se como uma importanteestratgia narrativa, no sentido de recuperar evalorizar as tradies ancestrais dos moambica-nos autctones, embora funcione como ogatilho que aciona a memria da protagonista,da mesma maneira que a madeleine de MarcelProust:

    Que pode acontecer-me de bom, agora queminha vida j quase terminou? No s pelaidade, mas tambm por esta guerra estpidaque tudo me roubou. De tantos filhos quecriei nem sei quais esto ainda vivos ou semorreram todos. Nem eles sabem de mim, aquiperdida, nesta terra que no conhecem. Mas,no entando, a Cobra Verde... Tudo isso pensaVov Facache a caminho da sua palhota,decrpita como ela, precrio refgio dos seusltimos anos. Construda por ela prpria com aafricana solidariedade de alguns vizinhos, nopassa de um casinhoto de canoi coberto decolmo, mas nela que Vov Facache repousadas noites sofridas no esconderijo da praia e

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    tambm nela que prepara as refeies frugaiscom o pouco que consegue arrancar daexgua machamba (p. 24).

    Repisando todos os seus passos, desde suajuventude no norte at a vida pobre e precriana periferia de Maputo, na Mafalala, o contoculmina ento com uma mensagem deesperana: pouco tempo depois do encontrocom a Cobra Verde, surgem dois delegadosdistritais, trazendo as notcias do selamento doAcordo Geral de Paz e do fim da Guerra, talcomo anunciado pela chegada da Cobra Verde.

    J no conto O sonho de Alima, a voznarrativa conta a histria de Alima Momade, eda sua tardia festa de formatura na quarta classe,j com mais de quarenta anos. Alima, mulher deorigem humilde, eleita por Mompl parametonimicamente representar as dificuldadesenfrentadas pelas mulheres na machistasociedade moambicana. Os percalosenfrentados pela protagonista em seu obstinadopriplo para aprender a escrever ilustram asdificuldades enfrentadas pelas moambicanasna sua busca por direitos bsicos, tais como oacesso educao e o tratamento igualitriopor parte de seus companheiros. A protagonistado conto, Alima Momade, se v proibida defrequentar as aulas de alfabetizao em funode seu marido, que v em uma mulheralfabetizada uma ameaa. Para ele aalfabetizao vista como uma maneira deassimilao da esposa cultura colonialista, euma vez assimilada Alima pode no mais respeitaros costumes tradicionais. Um elemento formalimportante aqui que, enquanto a personagemfeminina Alima Momade tem nome esobrenome, o marido mencionado ao longode todo o conto apenas como o marido. Emum gesto estratgico, Llia Mompl no atribuinome ao marido, evidenciando assim, e no semum tanto de ironia, o apagamento daindividualidade das mulheres que,reiteradamente, so reduzidas ao papel deesposas, com a eliso do prprio nome, sendochamadas por seus companheiros simplesmentede esposa ou mamana.

    Mas Alima no desiste do seu senho deadentrar o mundo letrado: abandona o maridoe vai viver sozinha, com todas as dificuldadesque esta ao implicam para uma mulher emuma comunidade moambicana de valorestradicionais, apenas para poder comcluir seusestudos. Depois de muito sofrer pela ausnciada esposa, o marido implora que ela retornepara casa, e aceita como condio permitirque Alima continue frequentando a escola

    noturna. A questo das dificuldades enfrentadaspelas mulheres moambicanas por ocasio desua insero no universo escolar tambm tematizada por Llia Mompl em seu livro anterior,Ningum matou Suhura, particularmente noconto O baile de Celina, no qual explora aquesto do racismo institucionalizado noaparelho ideolgico escolar.1 Em Um cantopara morrer, tambm retratado o problemadas assimetrias das relaes de gnero emMoambique, enfocando agora no a questodo acesso educao, mas a da submissodas esposas aos maridos em um contextobastante particular: o dos arrendamentos,compra e venda de imveis em Maputo.

    Em Xirove, Llia Mompl conta a histriade Salimo, jovem que acabou juntando-se stropas de guerrilha da RENAMO, lembradas aindahoje em Moambique pela crueldade nostempos de guerra, quando tomavam esaqueavam as pequenas aldeias, estuprando asmulheres, assassinando todos os adultos esequestrando as crianas para serem treinadase colocadas na linha de frente de batalha. Nofoi o caso de Salimo, que abandonou sua famliae sua aldeia para fugir ao amor proibido quesentia por Rafa, a prometida de seu irmo e que,posteriormente, terminou por se juntar s tropasda RENAMO. Retornando ao seio de sua famlia,comeam os preparativos para o seu xirove.

    O xirove um rito tradicional dos Macua (ogrupo tnico mais numeroso em Moambique),que tem como finalidade reintegrar comunida-de algum que cometeu um grave delito. Chirove(grafado com ch) tambm o nome de umdos rios de Nampula, uma das provncias commaior populao Macua de Moambique, o queleva a crer que o nome do ritual tenha suas origensna toponmia da regio na qual se passa o conto.Ao tomar o xirove (uma espcie de beberagempreparada com ervas), o criminoso aceita aculpa pelos seus crimes, compromentendo-se anunca mais os repetir. Em seguida, j purificado,o indivduo deve participar do primeiro batuqueou festa realizado pela comunidade, para que areintegrao do indivduo ao grupo sejaconsolidada. Este rito, dotado da fora simblicacomum a todos os rituais ancestrais, reabilitaSalimo a viver na sua aldeia natal. Entretanto, umoutro motivo leva Salimo a abandonar a aldeiapela manh, logo cedo, aps a festa depromoo de sua reintegrao comunidade:Salimo est apaixonado pela esposa de seu irmoe, imaginando-se incapaz de resistir beleza deRafa, deixa logo cedo a aldeira, como umandarilho:

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    Assim, nesta manh brumosa e quente, acabade despedir-se da famlia que se aglomera porta da palhota e o v partir pelo carreiro queleva estrada principal. De repente,relmpagos em cadeia incendeiam os cus euma chuva oblqua e densa comea a cair.Salimo, entretanto, indiferente tempestadeque se aproxima, prossegue seu caminho (p.78).

    No conto que encerra o livro, intitulado Eraoutra guerra, so colocadas em confronto duasexperincias beligerantes distintas: a GuerraColonial, que levou Moambique independncia, e a Guerra dos 16 Anos, conflitointerno que se estabeleceu pela tomada dopoder na nao. O eixo da narrativa dadopela percepo de Alberto e Assuno Cereja,um casal de camponeses pobres de Bragana,em Portugal, que foram para Moambiquetentar a vida como pequenos comerciantes.Como em outros contos do volume, o tempoda narrao o presente, e o espao umanao j apaziguada, tentando se reergueraps dcadas de conflitos. Fora de Maputo,entretanto, nas bermas das estradas, ainda sovisveis as cicatrizes destes conflitos:

    Os campos espraiam-se em matizes de verdee exalam o fresco odor da terra molhada pelachuva recente. Todavia, os sinais da guerraque h meses terminou esto ainda patentesno capim alto que invadiu as machambasabandonadas, nas palhotas e casas destrudase tambm nos carros e machimbombosqueimados, macabras sentinelas ao longo daestrada (p. 81).

    A lembrana da Guerra dos 16 Anos,acionada pelas carcaas dos automveisqueimados ao longo da estrada, conflito quefez com que o casal tivesse de permanecervrios anos sitiados em Maputo, os leva aindamais longe: aos tempos coloniais, quando aGuerra Colonial estava desenrolando-se. Nestaocasio, os prprios guerrilheiros da FRELIMO,momento antes de tomar a regio na qual ocasal Alberto e Assuno Cereja tinham seuestabelecimento comercial, orientam o casala abandonar a regio, pois teriam problemasem explicar s autoridades coloniaisportuguesas sua opo em permanecer emuma regio sob o domnio da FRELIMO. Ao finaldo conto, o casal rememora as palavras dosguerrilheiros:

    Ns sabemos como se torna difcil para vocssair daqui. Mas para vos proteger que estamosa pedir que vo embora. Podem levar tudo o

    que voz pertence: dinheiro, produtos, moblia,tudo. At podemos apoiar, se for preciso. Maspara Vossa segurana devem sair daqui. Eles,os colonos portugueses, compreenderam asrazes dos guerrilheiros que os queriam protegerda prpria tropa colonial. E, seguindo os seusconselhos, uma semana mais tarde, chegaramsos e salvos Ilha de Moambique, com todosos seus haveres (p. 89-90).

    Russell Hamilton, ao realizar um apanhadogeral sobre a produo literria dos PasesAfricanos de Lngua Oficial Portuguesa (PALOP),ainda de 1999, afirma o seguinte:

    As peculiaridades da histria das cinco colniastambm tm contribudo para a singularidadeda expresso literria dos PALOP. Se bem queseja de certo modo uma simplificao, constaque mais ou menos durante as trs derradeirasdcadas da poca colonial era a expressoliterria de reivindicao cultural, protestosocial e combatividade que vinha preparandoa cena nos cinco PALOP para a atual escritaps-colonial.2

    Llia Momple, atravs de seus contos,resgata os dilemas da nao moambicanaatravs das experincias de sujeitossubalternizados, dos cidados de segundacategoria, daqueles que dificilmente teriam suashistrias contadas, e isso redimensiona acompreenso que o leitor tem da realidade ps-colonial moambicana. Hamilton nomenciona, ao longo do seu artigo, nenhumaobra de Llia Mompl. Curioso fato, uma vez queos trs livros da escritora j se encontravampublicados quela altura. Por que esta ausncia?Compreender esta ausncia compreendermuito do que est atravacado no meio do longocaminho que separa o pblico leitor brasileirodas literaturas africanas de lngua portuguesa, eem especial da literatura moambicana: acirculao de livros e a lgica do mercadoeditorial.

    No tasNotasNotasNotasNotas1 ALS, 2011a; 2011b.2 HAMILTON, 1999, p. 16.

    Refernc iasRefernciasRefernciasRefernciasReferncias

    ALS, Anselmo Peres. Memria cultural eimaginrio ps-colonial: o lugar de LliaMompl na literatura moambicana.Caligrama, Belo Horizonte: UFMG, v. 16, n. 1,p. 137-158, 2011a.

    ______. A ficcionalizao da histria moambi-cana nos contos de Llia Mompl. RevistaEstudos Feministas, Florianpolis: UFSC, v. 19,n. 3, p. 1005-1008, 2011b.

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    HAMILTON, Russel G. A literatura dos PALOP e acrtica ps-colonial. Via Atlntica, SoPaulo: USP), n. 3, p. 11-22, 1999.

    MOMPL, Llia. Ningum matou Suhura. 1. ed.Maputo: Associao dos Escritores Moam-bicanos, 1988.

    _____. Ningum matou Suhura. 3. ed. Maputo:Edio da autora, 2007.

    _____. Neighbours. 1. ed. Maputo: Associaodos Escritores Moambicanos, 1995.

    _____. Os olhos da cobra verde. 1. ed. Maputo:Associao dos Escritores Moambicanos, 1997.

    _____. Os olhos da cobra verde. 2. ed. Maputo:Edio da autora, 2008.

    Anselmo Peres Als Universidade Federal do Rio Grande do Sul