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Estudos Feministas, Florianópolis, 19(3): 392, setembro-dezembro/2011 1005 Resenhas Resenhas Resenhas Resenhas Resenhas Lília Maria Clara Carrière Momplé nasceu em 19 de março de 1935, na mítica Ilha de Moçambique, localizada ao norte do país, na província de Nampula. Concluiu seus estudos secundários na capital da colônia, na cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo). Na universidade, frequentou durante dois anos o curso de Filologia Germânica, deixando-o para formar- se em Serviço Social no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Depois de uma temporada na Grã-Bretanha (durante 1964) e de outra no Brasil (de 1968 a 1971), a escritora regressa definitivamente a Moçambique no ano de 1972. Encerrados os seus estudos em Lisboa, Lília Momplé trabalhou como funcionária da Secretaria de Estado da Cultura como diretora do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural de Moçambique (Fundac) e como secretária-geral da Associação de Escritores de Moçambique (AEMO), durante o período de 1995 a 2001. De 1997 a 2001, acumulou, juntamente com a função de secretária-geral da Aemo, a função de presidente da Instituição. Durante o período em que esteve na Presidência da Associação, não mediu esforços para aumentar a visibilidade das mulheres nas publicações da Instituição. Foi também representante do Conselho Executivo da Unesco, no período compreendido entre 2001 e 2005. Apesar de suas colaborações dispersas na imprensa, Lília Momplé destaca-se no cenário da literatura moçambicana por seus três livros: A ficcionalização da história moçambicana A ficcionalização da história moçambicana A ficcionalização da história moçambicana A ficcionalização da história moçambicana A ficcionalização da história moçambicana nos contos de Lília Momplé nos contos de Lília Momplé nos contos de Lília Momplé nos contos de Lília Momplé nos contos de Lília Momplé Ninguém matou Suhura: estórias que ilustram a história. MOMPLÉ, Lília Maria Clara Carrière. 3. ed. Maputo: Edição da Autora, 2007. 104 p. Ninguém matou Suhura (contos, 1988), Neighbours (romance, 1996) e Os olhos da cobra verde (contos, 1997). Em 2001, foi agraciada com o Prêmio Caine para Escritores de África, com o conto “O baile de Celina”. Além desse prêmio, recebeu também o 1º Prêmio de Novelística no Concurso Literário do Centenário da Cidade de Maputo, com o conto “Caniço”. Esses dois contos foram originalmente publicados em seu primeiro livro, Ninguém matou Suhura. Lília Momplé tem livros traduzidos para o inglês e o alemão por editoras de reconhecido prestígio, tal como a Heinman. Ninguém matou Suhura, finalmente, recebe uma merecida reedição, ainda que arcada pela sua própria autora. Esse é um livro de contos composto de maneira singular. As cinco narrativas que o compõem podem ser lidas de maneira independente, mas, ao mesmo tempo, estão interconectadas de maneira temática, através da representação e da denúncia da violenta experiência colonial dos povos de Moçambique e Angola ao longo do século XX. Cada um dos contos retrata um aspecto singular do colonialismo português em África, cobrindo uma linha temporal que se estende de 1935 a 1974. Cada um dos contos inicia com uma data precisa e, à exceção de “Aconteceu em Saua-Saua” (narrativa que abre o livro), cada um deles emerge do universo retratado pela escritora com uma demarcação geográfica precisa, indicando-se a cidade na qual os eventos narrados desenrolam-se. Excetuando-se a última narrativa, intitulada “O último pesadelo”, a qual se passa em Luanda, todos os outros contos estão ambientados em Lourenço Marques (a antiga capital colonial, que, após a independência moçambicana, em 1975, passa a chamar-se Maputo e torna-se a capital do país) ou na Ilha de Moçambique (terra natal da escritora). Em todos os contos, a autora adora um narrador em terceira pessoa e onisciente, e a focalização narrativa oscila entre a focalização interna (na qual a voz narrativa

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  • Estudos Feministas, Florianpolis, 19(3): 392, setembro-dezembro/2011 1005

    ResenhasResenhasResenhasResenhasResenhas

    Llia Maria Clara Carrire Mompl nasceuem 19 de maro de 1935, na mtica Ilha deMoambique, localizada ao norte do pas, naprovncia de Nampula. Concluiu seus estudossecundrios na capital da colnia, na cidade deLoureno Marques (hoje Maputo). Nauniversidade, frequentou durante dois anos o cursode Filologia Germnica, deixando-o para formar-se em Servio Social no Instituto Superior de ServioSocial de Lisboa. Depois de uma temporada naGr-Bretanha (durante 1964) e de outra no Brasil(de 1968 a 1971), a escritora regressadefinitivamente a Moambique no ano de 1972.

    Encerrados os seus estudos em Lisboa, LliaMompl trabalhou como funcionria daSecretaria de Estado da Cultura como diretorado Fundo para o Desenvolvimento Artstico eCultural de Moambique (Fundac) e comosecretria-geral da Associao de Escritores deMoambique (AEMO), durante o perodo de1995 a 2001. De 1997 a 2001, acumulou,juntamente com a funo de secretria-geralda Aemo, a funo de presidente da Instituio.Durante o perodo em que esteve na Presidnciada Associao, no mediu esforos paraaumentar a visibilidade das mulheres naspublicaes da Instituio. Foi tambmrepresentante do Conselho Executivo da Unesco,no perodo compreendido entre 2001 e 2005.

    Apesar de suas colaboraes dispersas naimprensa, Llia Mompl destaca-se no cenrioda literatura moambicana por seus trs livros:

    A ficcionalizao da histria moambicanaA ficcionalizao da histria moambicanaA ficcionalizao da histria moambicanaA ficcionalizao da histria moambicanaA ficcionalizao da histria moambicananos contos de Llia Momplnos contos de Llia Momplnos contos de Llia Momplnos contos de Llia Momplnos contos de Llia MomplNingum matou Suhura: estriasque ilustram a histria.

    MOMPL, Llia Maria Clara Carrire.

    3. ed. Maputo: Edio da Autora, 2007.104 p.

    Ningum matou Suhura (contos, 1988),Neighbours (romance, 1996) e Os olhos dacobra verde (contos, 1997). Em 2001, foiagraciada com o Prmio Caine para Escritoresde frica, com o conto O baile de Celina.Alm desse prmio, recebeu tambm o 1Prmio de Novelstica no Concurso Literrio doCentenrio da Cidade de Maputo, com o contoCanio. Esses dois contos foram originalmentepublicados em seu primeiro livro, Ningum matouSuhura. Llia Mompl tem livros traduzidos para oingls e o alemo por editoras de reconhecidoprestgio, tal como a Heinman.

    Ningum matou Suhura, finalmente,recebe uma merecida reedio, ainda quearcada pela sua prpria autora. Esse um livrode contos composto de maneira singular. Ascinco narrativas que o compem podem serlidas de maneira independente, mas, ao mesmotempo, esto interconectadas de maneiratemtica, atravs da representao e dadenncia da violenta experincia colonial dospovos de Moambique e Angola ao longo dosculo XX. Cada um dos contos retrata umaspecto singular do colonialismo portugus emfrica, cobrindo uma linha temporal que seestende de 1935 a 1974. Cada um dos contosinicia com uma data precisa e, exceo deAconteceu em Saua-Saua (narrativa que abreo livro), cada um deles emerge do universoretratado pela escritora com uma demarcaogeogrfica precisa, indicando-se a cidade naqual os eventos narrados desenrolam-se.Excetuando-se a ltima narrativa, intitulada Oltimo pesadelo, a qual se passa em Luanda,todos os outros contos esto ambientados emLoureno Marques (a antiga capital colonial,que, aps a independncia moambicana, em1975, passa a chamar-se Maputo e torna-se acapital do pas) ou na Ilha de Moambique (terranatal da escritora). Em todos os contos, a autoraadora um narrador em terceira pessoa eonisciente, e a focalizao narrativa oscila entrea focalizao interna (na qual a voz narrativa

  • 1006 Estudos Feministas, Florianpolis, 19(3): 1005-1026, setembro-dezembro/2011

    tem acesso aos pensamentos e ao universointerior das personagens) e a narrativa externa(na qual, a partir de um locus exterior ao universodiegtico instaurado pelos eventos narrados, avoz narrativa emite seus juzos e comentriosacerca dos eventos que vo sendoapresentados ao leitor). mister ressaltar queessa tcnica narrativa uma constante ao longode todas as obras de Llia Mompl.

    Em Aconteceu em Saua-Saua, relata-sea trgica experincia de Mussa Racua, umhumilde campons recrutado pela administra-o colonial para cultivar arroz. A administraocolonial, arbitrariamente, demarcava as terras aserem cultivadas e distribua as sementes,estabelecendo tambm as metas deprodutividade agrcola. Caso o campons emquesto no alcanasse a meta, corria o riscode ser recrutado, em nome do pagamento dadvida, para trabalhar nos campos de sisal. essa a situao na qual se encontra Mussa Racua,que desesperadamente tenta pedir a seusvizinhos dois sacos de arroz para completar a suacota de produo:

    Mas tu j viste, irmo, que vida a nossa? interrompe Mussa Racua vem essa gente daAdministrao e marca-te um terreno. Do-tesementes que no pediste e dizem: tens quetirar daqui trs ou seis ou sete sacos, conformelhes d na cabea. E se por qualquer razoadoecemos ou no cai chuva ou a semente ruim, e no conseguimos entregar o arroz queeles querem, l vamos ns parar s plantaes.E os donos das plantaes ficam contentesporque conseguem uma data de homens paratrabalhar de graa. E a gente da Administraofica contente porque recebe dos donos dasplantaes um tanto por cabea que entrega.E ns que vamos rebentando de medo e detrabalho todos os anos. E mal podemos cuidardas nossas machambas que nem do paracomer (p. 12-13).

    A preocupao de Mussa Racua emcumprir com a cota estabelecida pelaadministrao colonial no surge em vo. Ele jexperienciou na prpria pele as agruras dotrabalho nas plantaes de sisal. Diante dodesespero, Mussa Racua divide com o amigoAbudo as amargas recordaes do trabalhonos campos:

    Escuta! continua Mussa Racua, numaexaltao febril eu nunca te falei daquelesofrimento. Todos os que experimentaram aplantao no querem mais falar daquilo. Acomida sabe a merda! E mesmo assim s osuficiente para um homem agentar o trabalho.

    E aquele sisal que nunca mais acaba. Aquelesisal tem sangue, irmo, est cheio de sangue!A trabalhar sempre doente. Doente e a apanharporrada. E depois de tanto tempo, vir de lsem nada... Sem nada, irmo! (p. 13).

    Como se j no fosse suficiente atemporada de trabalhos forados, em condiesprecrias e sem remunerao nenhuma, depoisde sua primeira temporada nos campos de sisal,Mussa Racua, ao regressar para a aldeia de Saua-Saua, descobre que sua humilde palhota decampons foi saqueada e seus poucospertences roubados, assim como os poucoscabritos que possua. A esposa tambm oabandona, pois no aguentara a longaausncia, sem notcias e sem dinheiro (p. 17).Tais recordaes o deixam aflito, e o inevitvelmedo de perder a segunda esposa em umanova temporada de trabalhos forados naplantao de sisal leva Mussa Racua a umadeciso desesperada: no meio da noite,abandona sua palhota e suicida-se, enforcando-se com o auxlio de uma corda em um dos galhosde uma frondosa mangueira beira da estrada.O administrador colonial da aldeia, aps ouvir orelato, contado em lngua macua por um senhortranseunte ao Lngua (o tradutor local doadministrador), expressa sua raiva e impacincia: Estes ces assim que lhes cheira a trabalho,arranjam sempre chatices. Ou fogem ousuicidam-se. Maldita raa! (p. 21).

    A grande ironia do conto est no seuencerramento, o qual desvela a violnciacolonialista e o racismo a ela subjacente, atravsdas palavras do administrador. Aps o relato datrajetria de Mussa Racua, a voz narrativa podeisentar-se de manifestar seu posicionamentoperante a atitude desesperada do protagonista.Desfralda-se assim, a partir do gesto suicida doprotagonista, a denncia da experinciacolonial, e o leitor conduzido a interpretar aautodestruio do protagonista como a nicaatitude de resistncia possvel. As palavras doadministrador, por sua vez, no marcam apenassua indiferena com as populaes autctonesde Moambique. O seu gesto de resistnciaanticolonialista de Mussa Racua, ao ser lido einterpretado como preguia e indolncia porparte do administrador, vilipendia o cadver doprotagonista, roubando o sentido de seu gestodesesperado: em vez de marcar o espaosimblico como um germe de resistncia, danica resistncia possvel s arbitrariedadesdaquele momento histrico, o gesto doprotagonista rasurado e apagado pelaepisteme colonialista.

  • Estudos Feministas, Florianpolis, 19(3): 1005-1026, setembro-dezembro/2011 1007

    O conto Canio traz memria do leitor,j em seu ttulo, as reverberaes dos bairrosde canio, aglomerados de pequenaspalhotas construdas com canio e, por vezes,cobertos com folhas de coqueiro, nos quaisresidiam as populaes negras mais humildes,espoliadas pelo jugo colonialista, e que selocalizam, em grande quantidade, ainda hoje,nos arredores mais distantes da antiga LourenoMarques. Cronologicamente situada no ano de1945, a narrativa inicia nos apresentando ahistria da famlia do jovem Naftal, que aindacriana perde o pai em funo de umatuberculose contrada nas profundezas das minasda frica do Sul, onde trabalhava. Com a mortedo pai, a situao de pobreza da famliaagrava-se e Aidinha, a irm mais velha de Naftal,cansada da vida miservel que leva com afamlia no bairro de canio, acaba entregando-se prostituio. A me, ao descobrir o destinode Aidinha, tenta resgat-la:

    Vamos para casa, minha filha.Aidinha no lhe disse que est farta da misriae que sendo negra, no tinha outro caminhopara se livrar dela. S tornando-se puta. Nodisse nada disso, mas respondeu com a friaserenidade de quem h muito tinha feito umaopo: No, me, deixe-me viver assim. Para apalhota eu no volto mais. Nunca mais (p. 28).

    Para ajudar a famlia, o jovem Naftal comeaa trabalhar como empregado domstico juntoa uma famlia de brancos, na parte rica dacidade. Tudo corre bem at o dia em quedesaparece o relgio de ouro de sua patroa:Ouve l, Naftal, no viste meu relgio de ouro?(p. 34). Naftal entra em pnico, pois sabe quetipo de acusao est subliminarmente presentenessas palavras. Ao fim do dia, quando o patrochega, ele e o cozinheiro da casa so levados esquadra policial, e o patro encarrega a polciade resolver a questo. Quando o patro chegaem casa, sua esposa j havia resolvido o mistrio:sua filha, Mila, havia encontrado o relgio nobanheiro e decidido lev-lo escola paraimpressionar as colegas. Todavia, mesmo com omistrio resolvido, o patro se nega a ir at aesquadra para esclarecer o mal-entendido: Aqueixa j est l, no podemos voltar atrs. Deixa-os l apanhar. pelas vezes que nos roubam eno so descobertos (p. 35).

    A partir de uma cena aparentementebanal, a voz narrativa explicita o clima dedesconfiana e bestializao da populaonegra ante o racismo dos colonos portugueses.Naftal, por sua vez, retratado ao longo do conto

    de maneira a enfatizar sua agonstica existencial:mesmo sendo um trabalhador honesto ededicado, o colonialismo racista coloca todosos autctones sob a suspeita dos instintosroubadores dos moambicanos.

    J em O baile de Celina, conto que sepassa em 1950, retrata-se a dolorosaexperincia de Celina, jovem aluna do LiceuSalazar que est prestes a se formar. Emborafilha de uma famlia de poucas posses, Cliatem uma vantagem: sua me modista, o quelhe permitiu no apenas estudar no Liceu dosbrancos, como tambm lhe possibilitou ter umvestido vaporoso e elegante para a celebraodo fim de seus estudos. Entretanto, chegadas asvsperas do baile, Celina chamada pelodiretor da instituio e proibida de participar dobaile de finalistas por ser negra. Indignada como fato, retorna a casa, senta-se em sua cama e,com uma tesoura, picota o vestido, em meio slgrimas oriundas da frustrao de no poderparticipar do baile.

    Ningum matou Suhura conto que dttulo ao livro , talvez, o que mais explicitamentedenuncie as arbitrariedades do colonialismoportugus em terras moambicanas. Na primeiraparte do conto, relata-se o dia do SenhorAdministrador, que mantm uma garonire emuma regio afastada da cidade, para a qualleva as garotas virgens que frequentementeencontra pelas ruas no intuito de violent-las. Nasegunda parte, conta-se o quotidiano de Suhura,uma jovem humilde que mora com a av e quetermina sua tarde sendo escolhida pelo SenhorAdministrador em um dos seus passeios pelas ruasda Ilha de Moambique, na provncia deNampula, em uma tarde de 1970. Finalmente,na ltima parte do conto, relata-se o estupro deSuhura, seguido de seu assassinato por parte doSenhor Administrador e da entrega do corpo deSuhura sua av, que nada pode fazer senosepultar, em silncio, o corpo da neta assassinada.

    Finalmente, no ltimo conto do livro,intitulado O ltimo pesadelo e ambientado emLuanda, no ano de 1974, so apresentados osrecorrentes pesadelos de Eugnio, um colonoportugus que viveu durante algum tempo noHotel Guaran, na zona da Gabela, onde seencontrava trabalhando como designer paraum rico agrimensor local. As tenses geradaspelos conflitos internos entre os colonosportugueses e os militantes do MovimentoPopular pela Libertao de Angola (MPLA)fomentam tal grau de desconfiana por partedos portugueses residentes em Gabela que, emdada noite, os hspedes do Hotel Guaran

  • 1008 Estudos Feministas, Florianpolis, 19(3): 1005-1026, setembro-dezembro/2011

    renem todos os funcionrios negros doestabelecimento e assassinam-nos a pauladas,chutes e pontaps. Eugnio, que nuncaescondeu sua simpatia pelo MPLA, tomadopelos outros hspedes do Hotel e obrigado aassistir carnificina, sendo, em seguida, expulsoda Gabela com toda a sua famlia, tendo de serefugiar em Luanda.

    No projeto ficcional de Llia Mompl, torna-se evidente um esforo de vencer a amnsiasocial, com vistas a manter vivas as recordaesdas violncias e das arbitrariedades colonialistas.A beleza de seus contos diametralmenteproporcional crueza da violncia descrita aolongo das pginas de Ningum matou Suhura. recorrente, em suas narrativas, a presena deuma melancolia histrica, provocada peloapagamento das agruras da luta pelaindependncia das ex-colnias africanas, e deum atento olhar para os desfavorecidos quemais sofreram durante a histria moambicanaao longo do sculo XX. Por trs de personagenscomo Mussa Racua, Naftal, Aidinha, Celina,Suhura, Eugnio e suas trgicas trajetrias, possvel para o leitor de hoje vislumbrar um poucoda experincia colonial moambicana atravsda perspectiva dos sujeitos silenciados ao longoda histria recente.

    RefernciasRefernciasRefernciasRefernciasReferncias

    ALS, Anselmo Peres. Histrias lusfonas dasmargens do ndico: As mos dos pretos(antologia do conto moambicano). Revista

    frica e Africanidades, ano 2, n. 7, p. 1-6,nov. 2009. Afro-brasileiros: construindo ereconstruindo os rumos da histria. Disponvelem: .Acesso em: 10 jun. 2010.

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    MOMPL, Llia. Ningum matou Suhura. Maputo:Associao dos Escritores Moambicanos,1988. 82 p. (Coleo Karingana, n. 7).

    _____. Neighbours. Maputo: Associao dos Es-critores Moambicanos, 1995. 109 p.(Coleo Karingana, n. 16).

    _____. Os olhos da cobra verde. Maputo: Asso-ciao dos Escritores Moambicanos, 1997.89 p. (Coleo Karingana, n. 18).

    _____. Ningum matou Suhura. 3. ed. Maputo:Edio da Autora, 2007. 104 p.

    _____. Stress. In: SATE, Nelson (Org.). As mosdos pretos: antologia do conto moambi-cano. Lisboa: Dom Quixote, 2000. p. 123-142.

    ROTHWELL, Phillip. Mompls Melancholia:Mourning for Mozambique. PortugueseStudies Review, v. 10, n. 1, p. 185-193, 2002.

    Anselmo Peres Als Universidade Federal da Integrao

    Latino-Americana